Acionamentos de velocidade variável_
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Acionamentos de velocidade variável_ final_pag66a79:Alimentação ininterrupta_contagem.qxd 22/11/2011 10:13 Page 66 MOTORES E CONTROLES Medição de curvas de eficiência de acionamentos de velocidade variável A eficiência dos acionamentos de velocidade variável com motores de indução e motores de ímãs permanentes não tem recebido muita atenção nas normas internacionais. Todavia, sua aplicação tem aumentado rapidamente, com grande potencial de economia de energia. Aqui se apresenta a eficiência dos motores até 15 kW e, por meio de curvas de isoeficiência, comparam-se as máquinas de indução classes Kurt Stockman e Steve Dereyne, da Universidade Técnica de Flandres IE1, IE2 e IE3 da norma IEC Ocidental e Universidade de Ghent; Dirk Vanhooydonck e Wim Symens, com as de ímãs permanentes. do Centro de Tecnologia Mecatrônica de Flandres; Joris Lemmens e Wim Deprez, da Universidade Católica de Leuven (Bélgica) Atlas Copco a indústria, os motores elétricos são responsáveis por aproximadamente 60% do consumo total de energia [1-3]. A maioria dos motores industriais são de indução, e um número cada vez maior tem velocidade controlada, o que possibilita controle preciso da velocidade e do conjugado, ou economia de energia em N 66 EM NOVEMBRO, 2011 aplicações com bombas centrífugas ou ventiladores. Em aplicações com requisitos dinâmicos elevados, os motores de indução são desafiados por outros tipos de motores, como as máquinas síncronas de ímãs permanentes. Esses motores só podem ser operados por meio de um conversor eletrônico ou acionamento de velocidade variável (VSD - Variable Speed Drive, no original em inglês), e têm, muitas vezes, maior eficiência em comparação aos motores de indução. Na Europa, em 2000, o potencial de economia de energia com o uso de motores elétricos de alta eficiência e de VSDs adequados foi estimado em 181 TWh [3]. Para estimular a introdução de sistemas de acionamento com maior eficiência, a norma IEC 60034-30 foi aprovada em 2008 [5]. Ela define as classes de eficiência IE1, IE2 e IE3 para motores de indução de até 375 kW com alimentação direta pela rede. Normas e protocolos de testes aprovados internacionalmente para motores com VSDs não estão disponíveis atualmente. Todavia, algumas iniciativas foram criadas para apoiar o processo de normalização de VSDs [6]. Por conseguinte, este artigo apresenta a iniciativa de três institutos de pesquisa, que se uniram para oferecer orientação às futuras iniciativas de normalização para sistemas VSD [12, 13]. Um VSD pode operar um motor numa extensa faixa de operação. Contrariamente aos motores com alimentação direta, valores de eficiência são exigidos Acionamentos de velocidade variável_ final_pag66a79:Alimentação ininterrupta_contagem.qxd 22/11/2011 10:13 Page 67 para cada ponto de operação do sistema. Para representar a eficiência, é utilizado o conceito de curvas de isoeficiência ou mapas de eficiência (figura 1). Curvas de isoeficiência são freqüentemente utilizadas na tecnologia de motores de combustão e no projeto de sistemas de tração de veículos elétricos [7-9]. A produção dessas curvas baseia-se em um conjunto de pontos de medição da eficiência, distribuídos na região de operação do conjunto motor-acionamento. A determinação do número de pontos de medição necessários para produzir curvas precisas é essencial para limitar o esforço da medição. Em [6], foi discutido que o número de pontos de medição poderia ser limitado a duas zonas, já que somente as aplicações VSD com conjugado constante ou quadrático foram consideradas. Contudo, em muitas aplicações, o VSD opera o motor em toda a faixa conjugado-velocidade. Aplicações típicas são máquinas de movimentação, máquinas de lavar industriais, bobinadeiras, etc. Após algumas considerações teóricas sobre as perdas energéticas dos motores de indução e dos motores síncronos de ímãs permanentes, este artigo discute o número mínimo de pontos de medição exigidos para identificar a eficiência em toda a zona operacional. Este procedimento é aplicado a uma campanha de medição em ambos os tipos de motores na faixa de potência de 0,75 até 15 kW. O artigo compara ainda a eficiência da operação com alimentação direta pela rede e a eficiência da operação com VSD, para motores de indução IE1, IE2 e IE3, e também a operação com VSD de motores de indução com otimização de fluxo à de máquinas de ímãs permanentes. Curvas de isoeficiência para motores de indução Motores de indução de gaiola são amplamente utilizados na indústria. A eficiência exigida para essas máquinas operadas com alimentação direta é descrita na norma IEC 60034-30, com distinção entre as clas- Fig. 1 – Curvas analíticas de isoeficiência para um motor de indução de 4 kW, 400 V e 1500 rpm ses de eficiência IE1, IE2 e IE3 [5]. As perdas ôhmicas no estator e rotor são predominantes nos motores de indução. Outras perdas são as no ferro, as na ventilação e perdas suplementares sob carga. A distinção entre as classes de eficiência é obtida pelo uso de material condutor e ferro de melhor qualidade e por um projeto otimizado tanto do estator quanto do rotor. Quando alimentado por um acionamento de velocidade variável (VSD), os motores de indução são propensos a perdas adicionais devido à distorção das formas de onda da tensão e da corrente impostas à máquina. Para ter idéia da eficiência de um motor de indução com velocidade controlada em toda sua faixa de operação, os diferentes componentes de perda são calculados a partir do esquema equivalente da máquina. Assim, as perdas suplementares sob carga e as perdas adicionais devidas à operação do inversor não são consideradas aqui. A figura 1 ilustra os resultados para um motor de indução IE1 de 4 kW, 400 V e 1500 rpm. A melhor eficiência situa-se na faixa de enfraquecimento de campo. A menor corrente de magnetização durante o enfraquecimento de campo resulta na redução das perdas ôhmicas [8]. Em velocidades muito elevadas, a eficiência é reduzida devido ao aumento das perdas por ventilação e atrito. Na faixa de velocidade nominal, as perdas ôhmicas no rotor e as perdas relacionadas à corrente de magnetização reduzem a eficiência em comparação com o valor ótimo na faixa de enfraquecimento de campo. Quando a máquina é operada em velocidade e conjugado reduzidos, as linhas de isoeficiência tornamse mais concentradas. A eficiência cai rapidamente devido às altas perdas no rotor. Do ponto de vista da medição, isso exigirá mais pontos de medição nessas regiões. Para a faixa de potência estudada neste artigo, máquinas síncronas de ímãs permanentes são freqüentemente utilizadas em aplicações com eleFig. 2 – Configuração de medição para avaliação das vados requisitos dinâmicos. A curvas de isoeficiência por meio do método direto excitação magnética nessa NOVEMBRO, 2011 EM 67 Acionamentos de velocidade variável_ final_pag66a79:Alimentação ininterrupta_contagem.qxd 22/11/2011 10:13 Page 68 MOTORES E CONTROLES Fig. 3 – Interpretação gráfica do algoritmo de interpolação para encontrar a linha de eficiência constante C(i) máquina provém dos ímãs permanentes do rotor. Em comparação com o motor de indução, não são necessárias correntes magnéticas no estator nem corrente no rotor. As perdas dominantes são as do ferro, que ocorrem principalmente no estator. Assim, na faixa de velocidade nominal, espera-se que a eficiência dos motores síncronos de ímãs permanentes seja mais elevada em comparação com o motor de indução. Na faixa de enfraquecimento de campo, é necessário corrente suplementar no estator para neutralizar os ímãs permanentes. Conseqüentemente, a eficiência é reduzida em velocidades elevadas. A maior desvantagem em relação ao motor de indução é o custo elevado dos ímãs. Fig. 4 – Distribuição dos pontos de medição e indicação dos erros absolutos da configuração de medição para um motor de indução de 4 kW, 1500 rpm e sensor de conjugado 50 Nm, 0,2% Esboço da campanha de medição Dispositivo de medição O objetivo da campanha de medição é determinar a eficiência de motores de indução e de motores síncronos de ímãs permanentes de velocidade controlada nas faixas de potências de 0,75 a 15 kW e de velocidades de zero a 3000 rpm. Este artigo apresenta os resultados para motores com velocidade nominal de 1500 rpm. Cada combinação de motor e VSD é testada em até 200% da velocidade nominal e, se possível, até 150% do conjugado nominal. O objetivo é realizar medições em estado estacionário, ou seja, com velo- cidade e conjugado de carga constantes. A carga do motor é realizada por meio de uma máquina de indução com VSD em modo de controle de conjugado por orientação de campo e realimentação de velocidade (figura 2). O projeto da configuração de medição garante resultados de medição reproduzíveis e alta precisão. O método direto é utilizado para determinar a eficiência geral das combinações do motor e do acionamento. Métodos de medição de eficiência indiretos, como especificado nas normas de eficiência IEEE e IEC [10,11], não podem ser utilizados aqui. O método direto requer medição precisa da potência de saída mecânica e da potência de entrada elétrica. A potência de Acionamentos de velocidade variável_ final_pag66a79:Alimentação ininterrupta_contagem.qxd 22/11/2011 10:14 Page 70 MOTORES E CONTROLES Fig. 5 – Valores de eficiência para um motor de indução IE1 de 4 kW, 400 V e 1500 rpm para operação com alimentação direta e operação com inversor (eficiência geral e do motor) saída é medida por um sensor de conjugado e de velocidade. Devido à extensa faixa de potências, dois arranjos mecânicos foram realizados: o primeiro para motores de até 4 kW, e o segundo para motores de até 15 kW. Cada arranjo é equipado com um sensor de conjugado específico com precisão de 0,2%. A energia elétrica e a saída dos sensores de conjugado e velocidade são medidas por um analisador de energia Yokogawa WT 1600. Isto permite sincronização das medições de energia de entrada e saída e cálculo de eficiência confiável. As conexões elétricas do analisador de energia também possibilitam a medição da energia elétrica na saída do acionamento de velocidade variável. Assim, as eficiências do VSD e do motor podem ser determinadas separadamente. A fim de garantir a reprodutibilidade, um protocolo de medição é definido. Antes de começar as medições efetivas de eficiência, o motor é carregado no valor nominal até que atinja uma temperatura de operação estável. Durante as medições em diferentes conjugados e velocidades, uma janela de temperatura de 5°C é permitida. Finalmente, a qualidade da tensão de alimentação é também monitorada. Precisão e número de pontos de medição É essencial determinar o número mínimo de pontos de 70 EM NOVEMBRO, 2011 Fig. 6 – Valores de eficiência para um motor de indução IE2 4 kW, 400 V e 1500 rpm para operação com alimentação direta e operação com inversor (eficiência geral e do motor) medição necessário para obter uma curva de isoeficiência precisa para uma combinação de VSD e motor. Um elevado número de pontos resulta numa campanha de medição dispendiosa e demorada. Por outro lado, se o número de pontos for muito pequeno, a precisão para determinar a eficiência geral de um dado perfil de carga pode ser muito baixa. As curvas analíticas de isoeficiência para um motor de indução mostram alta concentração de linhas de isoeficiência próximas aos eixos de velocidade e conjugado. A região de conjugado e velocidade nominais do motor é caracterizada por um gradiente mais baixo. Desta forma, uma maior concentração de pontos de medição próximos aos eixos parece óbvia. Uma primeira medição foi configurada com elevado número de pontos para servir como referência. A eficiência foi determinada para 40 valores de conjugado e 40 valores de velocidade distribuídos equitativamente sobre os eixos, resultando numa matriz de eficiência de 40 x 40. Um algoritmo de interpolação linear é utilizado para desenhar as linhas de isoeficiência no plano conjugado-velocidade a partir dos pontos de medição. O algoritmo é realizado no Matlab. A figura 3 ilustra o processo. Os valores medidos formam um retângulo. C(i) é uma linha de eficiência constante e é interpolada utilizando pontos de medição adjacentes. Linhas de eficiência com intervalo de 1% são desenhadas. Em seguida, começando pela matriz de eficiência de 40 x 40, o número de pontos de medição foi reduzido gradualmente até encontrar a quantidade ideal. O erro tolerado entre as curvas do arranjo de medição de referência (40 x 40) e do arranjo de medição reduzido é de ±0,5%. A partir dessa análise, constatouse que 16 valores de conjugado e 19 valores de velocidade devem ser considerados, reduzindo o número de pontos de medição de 1600 para 304. Como pode ser Fig. 7 – Valores de eficiência para um motor de indução IE3 visto na figura 4, os pontos 11 kW, 1500 rpm para operação com alimentação direta e de medição não são disoperação com inversor (eficiência geral e do motor) tribuídos uniformemente so- Acionamentos de velocidade variável_ final_pag66a79:Alimentação ininterrupta_contagem.qxd 22/11/2011 10:14 Page 72 MOTORES E CONTROLES Fig. 8 – Curvas de isoeficiência para um motor IE1 de 11 kW, 400 V e 1500 rpm bre toda a área de operação do sistema de acionamento. Uma maior concentração é necessária nas regiões próximas ao conjugado zero e à velocidade zero. A figura também ilustra o erro absoluto de medição nas diferentes regiões da faixa de operação. Motores de indução: alimentação direta vs. acionamento por inversor Os valores de eficiência para motores de indução, como especificados em catálogos e na norma IEC 6003430, são válidos apenas para alimentação direta pela rede. Quando operados por um VSD, a eficiência geral do sistema é menor. Durante as medições, cada motor foi testado tanto em operação com alimentação direta quanto com VSD. Para a operação com VSD, tanto a eficiência do motor quanto a do acionamento foram medidas. Quando são medidos motores com diferentes classes de eficiência e potência nominal idêntica, é utilizado o mesmo VSD. Somente os parâmetros apropriados do motor são modificados em relação aos ajustes de fábrica. A auto-regulagem é executada se estiver disponível no VSD. O VSD opera motores através de controle U/f ou controle por orientação de campo. Para comparar os resultados das operações com alimentação direta e com VSD, as medições são realizadas com valores de velocidade e conjugado idênticos. A freqüência de chaveamento do 72 EM NOVEMBRO, 2011 inversor, ajustada em 5 kHz, não é alterada nessa campanha de medição. Medições para outras freqüências de chaveamento ainda estão em curso e os resultados serão descritos num futuro próximo. As figuras 5 e 6 fornecem os resultados para motores de indução classes IE1 e IE2 de 4 kW, 400 V e 1500 rpm. A linha contínua mostra a eficiência para operação com alimentação direta. Já os pontos vermelhos indicam a eficiência na velocidade e conjugado nominais, como especificado na IEC 6003430. A eficiência máxima é atingida em aproximadamente 60 a 70% do conjugado nominal para ambas as máquinas. A eficiência máxima para o motor de indução IE2 é de 87%, o que representa aumento de 3% em relação à eficiência máxima do IE1. A partir da eficiência máxima, na máquina IE2 a eficiência cai muito mais lentamente com carregamento maior. As linhas pontilhadas mostram a eficiência geral do motor de indução com operação por VSD. A eficiência máxima é reduzida em 2,5% para ambas as máquinas. Em carga nominal, a eficiência é reduzida em 3%. Por fim, a linha tracejada mostra a eficiência do motor de indução quando alimentado por VSD. Em conjugado nominal, a eficiência é reduzida em apenas 1% com relação à operação com alimentação direta. Também observa-se que, com carga parcial, a eficiência do motor alimentado por VSD é igual à eficiência da operação com Acionamentos de velocidade variável_ final_pag66a79:Alimentação ininterrupta_contagem.qxd 22/11/2011 10:14 Page 74 MOTORES E CONTROLES Fig. 9 – Curvas de isoeficiência para um motor IE2 de 11 kW, 400 V e 1500 rpm alimentação direta. Uma análise cuidadosa das formas de onda de tensão e corrente mostra que o VSD aplica valores de magnetização mais baixos para o motor de indução, resultando em redução das perdas comparado com a alimentação direta. A figura 7 mostra a eficiência de um motor de indução IE3 de 11 kW, 400 V e 1500 rpm. Para conjugados baixos, a eficiência do motor, quando operado por um VSD, é 2% mais elevada do que com a operação com alimentação direta. Todavia, esse efeito é cancelado pela eficiência do próprio VSD, resultando numa eficiência geral mais baixa do que na operação com alimentação direta. Para a máquina IE3 de 11 kW, observa-se ainda que a eficiência máxima de 91,5% é atingida em 100% do conjugado, e permanece próxima a esse valor numa extensa faixa de conjugado. Curvas de isoeficiência Motor de indução de 11 kW São analisadas aqui as curvas de isoeficiência para três motores de indução de 11 kW, 400 V e 1500 rpm com classes de eficiência IE1, IE2 e IE3, ilustradas respectivamente nas figuras 8, 9 e 10. Elas representam a eficiência ge- Fig. 10 – Curvas de isoeficiência para um motor IE3 de 11 kW, 400 V, 1500 rpm 74 EM NOVEMBRO, 2011 Acionamentos de velocidade variável_ final_pag66a79:Alimentação ininterrupta_contagem.qxd 22/11/2011 10:14 Page 76 MOTORES E CONTROLES Fig. 11 – Mapa de curvas da melhoria da eficiência para um motor IE3 vs. um motor IE1 de 11 kW, 400 V e 1500 rpm ral da combinação VSD e motor. Como esperado, após a aproximação analítica da curva apresentada anteriormente, na seção “Curvas de isoeficiência para motores de indução”, a eficiência máxima é atingida principalmente na faixa de enfraquecimento de campo. Os valores de eficiência máxima são de 86%, 87% e 88% para as classes IE1, IE2 e IE3, respectivamente. Na figura 11, as curvas de isoeficiência para os motores IE3 e IE1 de 11 kW são subtraídas para encontrar o mapa de curva da melhoria da eficiência. Observa-se que uma me- lhoria da eficiência de 2% existe em uma grande área de operação. Para valores elevados de conjugado, tanto em baixa quanto em alta velocidade, notase melhoria ainda maior. As mesmas observações podem ser feitas ao se compararem os mapas de curvas do IE2 e IE1 de 11 kW (figura 12). Motor de indução vs. motor de ímãs permanentes Aqui, são discutidos os resultados de medição para um motor de indução de 4 kW e um motor síncrono de ímãs per- Fig. 12 – Mapa de curvas da melhoria da eficiência para um motor IE3 vs. um motor IE1 de 11 kW, 400 V e 1500 rpm. 76 EM NOVEMBRO, 2011 Acionamentos de velocidade variável_ final_pag66a79:Alimentação ininterrupta_contagem.qxd 22/11/2011 10:15 Page 77 manentes na mesma faixa de potência. As curvas de isoeficiência foram medidas para cada motor. A figura 13 mostra o mapa de curva de melhoria da eficiência para os motores de indução IE2 e síncrono de ímãs permanentes, o qual apresenta melhor eficiência. Observa-se melhoria de pelo menos 4,5%. Uma melhoria ainda maior é também observada para pontos de operação com baixos valores de velocidade e conjugado, e pontos de operação com altos valores de velocidade e conjugado. O motor síncrono de ímãs permanentes é testado em até 3000 rpm, e não é utilizado na faixa de enfraquecimento de campo. A maior eficiência resulta principalmente da ausência de corrente de magnetização no motor síncrono de ímãs permanentes. Quando o motor de indução é operado em um conjugado mais baixo do que o nominal, o nível de magnetização pode ser reduzido — isso está geralmente disponível em acionamentos comerciais e é conhecido como otimização de fluxo. O nível de fluxo é reduzido, diminuindo a corrente do estator, o que ocasiona menores perdas ôhmicas e magnéticas, aumentando assim a eficiência. Os resultados de medição para um motor de indução com algoritmo comercial de otimização de fluxo podem ser encontrados na tabela I. Para diferentes pontos de operação, são fornecidas a melhoria da eficiência referente à eficiência de um motor de indução IE1, utilizado aqui como referência, para um IE2, um IE2 com otimização de fluxo e um motor síncrono de ímãs permanentes. Todos os valores são relacionados a máquinas de indução de 4 kW e 1500 rpm, e motores síncronos de ímãs permanentes de 3000 rpm e 18 Nm. Uma melhoria notável de eficiência do motor síncrono de ímãs permanentes sobre os motores de indução IE1 e IE2 é claramente ilustrada para cada ponto de operação. Quando os resultados para o motor síncrono de ímãs permanentes são comparados com o motor IE2 com otimização de fluxo, valores de eficiência similares são medidos. Conclui-se que, para operação em estado estacionário, não há motivo para utilizar um motor síncrono de ímãs permanentes ao invés de um moNOVEMBRO, 2011 EM 77 Acionamentos de velocidade variável_ final_pag66a79:Alimentação ininterrupta_contagem.qxd 22/11/2011 10:15 Page 78 MOTORES E CONTROLES tor de indução com otimização de fluxo. A desvantagem da otimização de fluxo é a dinâmica relativamente lenta dos níveis de fluxo. Para aplicações que exigem dinâmicas elevadas de conjugado, a otimização de fluxo pode se tornar impossível. Todavia, se os requisitos de conjugado podem ser previstos, a programação do nível de fluxo no motor de indução pode ser considerada como uma técnica promissora para uma otimização maior da eficiência do motor. Conclusão Este artigo apresentou os resultados de uma campanha de medição para identificar a eficiência dos acionamentos de velocidade variável para motores de indução e máquinas síncronas de ímãs permanentes. As curvas de isoeficiência são apresentadas como uma fer- ramenta necessária para visualizar a eficiência do sistema de acionamento em toda a sua região de operação. É discutido o número de pontos de medição necessário para obter curvas de isoeficiência confiáveis com precisão de 1%. Foram apresentadas curvas para motores de indução das classes de efi- ciência IE1, IE2 e IE3 em uma faixa de potência de 0,75 até 15 kW. A eficiência ótima é atingida unicamente na faixa de enfraquecimento de campo. Finalmente, a eficiência do motor de indução é comparada à eficiência de uma máquina síncrona de ímãs permanentes. Devido à excitação por ímãs permanentes, a máquina síncrona tem valores de eficiência bem melhores. Todavia, se o VSD para o motor de indução aplicar um algoritmo de otimização de fluxo, eficiências similares, idênticas às do motor síncrono de ímãs permanentes, podem ser alcançadas. Agradecimentos: A pesquisa descrita neste artigo foi o resultado de uma colaboração entre três institutos de pesquisa: FMTC, Electa (Esat) e Howest. Referências [1] Almeida, A.T.; Ferreira, F.J.T.E.; e Both, D.: Technical and Acionamentos de velocidade variável_ final_pag66a79:Alimentação ininterrupta_contagem.qxd 23/11/2011 11:31 Page 79 Fig. 13 – Mapa de curvas da melhoria da eficiência para um motor síncrono de ímãs permanentes (3000 rpm, 18 Nm) vs. um motor de indução IE2 (4 kW, 400 V, 1500 rpm) economical considerations in the application of variable-speed drives with electric motor systems. IEEE Transactions on Industry Applications, 41(3), p.188-199, Jan.-Fev. de 2005. [2] Belmans, R.; Vergels, F.; Machiels, M.; Driesen, J.; Collard, B.; Honóri, L.; Laurent, M.H.; Zeinhofer, H.; e Evans, M.A.: Electricity for more efficiency: Electric technologies and their energy savings potential. Eurelectric & UIE, Ref: 2004-440-0002, Julho de 2004 [3] De Keulenaer, H.; R. Belmans, P. 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