diagnóstico por imagem da cárie proximal - COESA

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diagnóstico por imagem da cárie proximal - COESA
ENS010 - DIAGNÓSTICO POR IMAGEM DA CÁRIE PROXIMAL:
COMPARAÇÃO ENTRE ESTUDANTES BRASILEIROS
ANALU CORREA DE SOUSA1; PEDRO LUIZ DE CARVALHO2; ANNA PAULA
COSTA PONTE SOUSA CARVALHO ALMEIDA3; KUNIHIRO SAITO2; WAGNER
ALMEIDA DE ANDRADE4
[email protected]
1
Ensino Médio Completo, 2Doutorado, 3Especialização, 4Mestrado
Universidade Federal do Pará (UFPA)
Introdução: Muitas são as dificuldades encontradas ao se realizar um exame para a
detecção precoce das lesões de cárie, em especial nas faces proximais. O exame
radiográfico tornou-se um meio auxiliar indispensável para o diagnóstico da lesão
proximal e a sua qualidade é fundamental. Contudo, a presença de radioluscência reflete
a imagem bidimensional de uma lesão tridimensional, sem a distinção precisa das
superfícies sadias ou cavitadas. Essa imagem é resultado das interações entre fótons de
raios X de diferentes energias e o teor mineral presente nas estruturas irradiadas. Desde
o desenvolvimento de radiografia digital, muitas mudanças ocorreram na área de
diagnóstico por imagem, a radiografia digital tornou-se amplamente aceita na clínica
odontológica (Mileman, 2008). A radiografia digital tem várias vantagens em relação à
analógica dentre elas a menor exposição ao paciente, e a eliminação de erros no
processamento químico. Além, do armazenamento das imagens de forma permanente,
sem qualquer degradação na qualidade da imagem (Naitoh et al., 1998; SCHULZE et
al., 2011). O ensino de Odontologia no Brasil muito tem se dedicado às áreas de
prevenção e diagnóstico precoce das lesões de cárie. O diagnóstico da cárie proximal,
por muitos anos, foi visto como uma lesão de difícil identificação para o estudante de
Odontologia. Dois motivos contribuíam para isto: primeiro, sua difícil visualização
clínica nos estágios iniciais, pois sua localização geralmente é abaixo do ponto de
contato, e segundo, a crença de que sua progressão era mais rápida do que as lesões em
outras superfícies dentais. Objetivos: O propósito deste estudo foi avaliar o
desempenho do estudante de odontologia no diagnóstico por imagem de cáries
proximais, comparando a profundidade das lesões com o exame histológico. Métodos:
A amostra foi constituída de exames radiográficos convencionais e digitalizados, e
avaliações de exames histológicos de 40 dentes humanos, sendo 20 pré-molares e 20
molares com alterações clínicas não tratadas em uma das superfícies proximais, como
lesões de mancha branca ou acastanhada e pequenas cavitações. As radiografias foram
transferidas para um computador usando um Scanner AGFA, modelo SNAPSCAN
1236, em resolução de 300 dpi e armazenadas em arquivo JPEG. Avaliação dos exames
por imagem. Os examinadores foram 68 estudantes de Odontologia que cursavam o
terceiro semestre (21), sétimo semestre (23) e nono semestre (24), passaram pelas etapas
de treinamento teórico e prático para diagnóstico radiográfico de cárie. As radiografias
foram inseridas em molduras plásticas transparentes com a devida identificação e
examinadas à luz de um negatoscópio com o auxílio de uma lupa com aumentos de 2 e
4x (MAKDISSI, 2002; DEEP; PETROPOULOS, 2003), e avaliadas pelos
examinadores, a seguir indicaram as suas decisões de cada face indicada utilizando uma
escala com 5 pontos: 1 = ausência de imagem radiolúcida, 2 = imagem radiolúcida
limitada ao esmalte, até o limite amelodentinário, 3 = imagem radiolúcida limitada a
metade externa da dentina, 4 = imagem radiolúcida limitada a metade interna da
dentina, 5 = imagem radiolúcida atingindo a cavidade pulpar.Trinta dias após, os
exames digitalizados foram inseridos em Monitor SVGA de 17 polegadas, com
Anais do IV Congresso de Educação em Saúde da Amazônia (COESA), Universidade Federal do Pará - 30 de
novembro a 04 de dezembro de 2015. ISSN 2359-084X.
resolução na tela de 1280x1024 pixels. O brilho e o contraste das imagens variou de 100
a 0, respectivamente. As imagens foram avaliadas sob condições adequadas de luz e foi
mantida uma distância de observação de 70 cm. O exame histológico (padrão ouro) foi
realizado por 4 professores de histologia, com o auxílio de uma lupa estereoscópica
(CARL ZEISS – JENA), com 2,5x de aumento. Para a classificação das lesões foi
considerada a alteração histológica irreversível dos tecidos dentais, a qual em
intervenção clínica deve ser removida. Os tecidos alterados pela desmineralização
reversível, passíveis de reparação não foram considerados, utilizaram uma escala com 5
pontos: 1 = demineralização envolvendo o esmalte ou ausência de cárie, 2 =
desmineralização envolvendo o esmalte, até o limite amelodentinário, 3 =
desmineralização envolvendo a metade externa da dentina, 4 = desmineralização
envolvendo a metade interna da dentina, 5 = desmineralização envolvendo a cavidade
pulpar. Para avaliar a semelhança entre os escores de diagnóstico de cárie dental e o
padrão-ouro foi aplicado o Coeficiente de Correlação Intraclasse, a qual descreve a
semelhança entre os escores. O nível de significância foi fixado em 5%. Os testes de
hipótese foram executados no software BioEstat versão 5. (Ayres et al., 2007).
Resultados e Discussão: Na avaliação da reprodutibilidade utilizando o coeficiente de
correlação intraclasse, os valores observados foram considerados ruins, com exceção
para a turma do sétimo semestre foi a que mais se aproximou do padrão ouro, na
avaliação dos dentes pré-molares, entretanto, o Coeficiente de Correlação Intraclasse
(0.4762) é considerado satisfatório. A avaliação das imagens relativas aos dentes prémolares os grupos erraram menos em relação aos dentes molares. No presente estudo,
radiografias interproximais de dentes humanos extraídos com lesões proximais foram
utilizadas para avaliar o desempenho dos estudantes de Odontologia, de uma
Universidade Brasileira no diagnóstico por imagem de cáries proximais, comparando as
profundidades das lesões consideradas nestes exames às do exame histológico (padrão
ouro). Nas interpretações das imagens digitalizadas os resultados foram equivalentes
tanto para pré-molares como para molares. Embora o desempenho nas interpretações
das radiografias digitalizadas ter sido semelhante ao das convencionais, as
interpretações da extensão das lesões em molares, mostraram um aumento do número
de subestimações nas imagens digitalizadas concordando com os dados encontrados na
literatura (WICHT, NOACK, 2001; NAIR, NAIR, 2001; SANDEN et al., 2003). Estes
resultados podem ser justificados talvez, mais pela pouca experiência dos acadêmicos
na manipulação das imagens do que pela qualidade da imagem digital. No entanto,
concordamos em afirmar que com os recursos da digitalização das imagens obrigarão os
profissionais a desenvolverem suas habilidades quanto à sua manipulação (HAAK,
WICHT, NOACK, 2001). Isto, provavelmente, justifique os percentuais de
concordância dos exames radiográficos convencionais e digitalizados terem sido
equivalentes. É oportuno citar uma tendência de melhor desempenho dos estudantes nas
interpretações das lesões, em radiografias convencionais. Os acadêmicos conseguiram
identificar a presença da cárie, mas não acertaram a profundidade, a radiografia
digitalizada permitiu o uso de recursos para avaliar melhor a imagem. Entretanto as
características do filme favoreceram uma avaliação melhor. (CARMONA et al, 2006)
Apesar das variações metodológicas dos trabalhos acima citados, todos são enfáticos em
garantir que a experiência e o treinamento profissional melhoram o desempenho no
diagnóstico radiográfico, evidenciando a necessidade dos estudantes de Odontologia de
terem tempo e materiais suficientes para adquirir conhecimentos concretos, que
garantam a sua boa formação e o sucesso de seu futuro exercício profissional.
Conclusão: Os resultados deste estudo apontam para uma eficiência do exame
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radiográfico na determinação da profundidade de lesões de cárie proximal, pelos
percentuais de concordância por eles alcançados em relação ao padrão ouro.
Referências Bibliográficas:
1. NAIR, M. K.; NAIR, U. P. An in- vitro evaluation of Kodak Insight and Ektaspeed
Plus film with a CMOS detector for natural proximal caries: ROC Analysis. Caries Res,
v. 35, n. 5, p. 354-359, 2001.
2. SANDEN, E. et al. Reliability of digital radiography of interproximal dental caries.
Am J Dent, v. 16, n. 3, p. 170-176, 2003.
3. Mileman PA, van den Hout WB. An evaluation by teachers of a decision aid for
viewing bitewing radiographs. Dentomaxillofac Radiol. 2008 Dec;37(8):425-32.
4. Naitoh M, Yuasa H, Toyama M, Shiojima M, Nakamura M, Ushida M, Iida H,
Hayashi M, Ariji E. Observer agreement in the detection of proximal caries with direct
digital intraoral radiography. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 1998
Jan;85(1):107-12.
5. Schulze RK, Grimm S, Schulze D, Voss K, Keller HP, Wedel M. Diagnostic yield of
ink-jet prints from digital radiographs for the assessment of approximal carious lesions:
ROC-analysis. Eur J Radiol.
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novembro a 04 de dezembro de 2015. ISSN 2359-084X.

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