Atividade Motora - Escola Superior de Enfermagem do Porto

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Atividade Motora - Escola Superior de Enfermagem do Porto
ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM DO PORTO
CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM - 2º ANO
Respostas Corporais à Doença II
Atividade Motora
Intervenções de Enfermagem:
1. Executar a Técnica de exercícios articulares (Passivos)
2. Executar a Técnica de exercícios articulares (ativos e ativos/assistidos)
3. Executar a Técnica de posicionamento [Espasticidade]
4. Executar a Técnica de exercícios de recuperação da Mobilidade
5. Instruir a Técnica de marcha
6. Executar/Instruir a Técnica de exercícios musculares (isotónicos)
7. Instruir a Técnica de exercício muscular (isométrico)
8. Executar Técnica de posicionamento [Fratura]
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RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - PROCEDIMENTOS
1. Executar a Técnica de exercícios articulares (Passivos)
São múltiplas as condições fisiopatológicas capazes de comprometer ou comportarem risco de compromisso da
amplitude do movimento articular - Anquilose. Neste contexto, destacam-se todas as situações em que, os
compromissos dos processos corporais relativos ao sistema nervoso e/ou ao sistema musculoesquelético,
provocam limitação ou incapacidade de mover e manter a amplitude articular.
A lógica de execução deste tipo de estratégia terapêutica deve respeitar o princípio: “céfalo – caudal e uma
abordagem proximal / distal”. Aquilo que se procura é a manutenção e “replicação” dos movimentos
articulares fisiológicos das articulações afetadas, preservando a integridade da cápsula articular.
Definição: Intervenção de enfermagem que consiste num conjunto de atividades orientadas para a
manutenção ou recuperação da amplitude do movimento articular, sem a colaboração do cliente.
Procedimento
Atividades
Comentário
Assegurar que a pessoa está
Aumenta a amplitude e facilidade dos movimentos articulares.
com roupa confortável.
Posicionar a pessoa em decúbito
A pessoa deve ter os pés juntos, os membros superiores em extensão ao
dorsal.
longo do tronco, respeitando o alinhamento corporal.
Repetir cada movimento 5 a 10 vezes (utilizar todo a amplitude de movimento da articulação).
Após cada sequência voltar à posição original.
Mobilizar o
•
pescoço
Executar a flexão e extensão do pescoço (colocar uma mão sob a nuca da
pessoa e a outra sob o queixo; mover a cabeça no sentido do queixo tocar no
tórax e depois voltar à posição de repouso).
Executar a flexão lateral do pescoço (colocar uma mão sob a nuca da pessoa e a
outra sob o queixo; mover a cabeça de forma a que pavilhão auricular se
oriente para o ombro).
• Executar a rotação do pescoço (colocar uma mão sob a nuca da pessoa e a
outra sob o queixo; rodar a cabeça de forma a que as faces do utente,
alternadamente, toquem na superfície da cama).
• Executar a hiperextensão do pescoço (colocar, neste particular, a pessoa em
decúbito ventral; apoiar com uma mão a fronte da pessoa e com a outra mão
apoiar a região occipital; dirigir a cabeça para a região posterior do tórax.
Nota: A execução deste exercício e de outros a realizar em decúbito ventral pode
ser efectuada no final de toda a abordagem em decúbito dorsal, dependendo da
situação da pessoa.
•
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RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - PROCEDIMENTOS
Mobilizar ombro e
•
Iniciar cada movimento com o membro superior situado ao longo do tronco.
cotovelo.
•
Suportar o membro com uma mão colocada no punho e outra no cotovelo.
•
Executar a flexão do ombro (mover o membro superior para cima e em direção
à cabeceira da cama).
•
Executar a abdução e rotação externa do ombro (afastar o membro superior do
tronco dirigindo-o em direção à cabeça da pessoa, até que a mão esteja
posicionada junto desta).
•
Executar a adução do ombro (mobilizar o membro sobre o tórax em direção à
mão do membro oposto).
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RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - PROCEDIMENTOS
•
Executar a rotação interna e externa do ombro (colocar o braço ao nível do
ombro – abdução de 90 º - e flexionar o cotovelo de forma a que o antebraço
forme um ângulo reto com a superfície da cama. Mover o antebraço para cima
e para baixo por forma a que a palma da mão e o seu dorso toquem
alternadamente na superfície da cama) – Cfr. Fig. seguinte).
•
Executar a flexão e extensão do cotovelo (flexionar o cotovelo até que os dedos
toquem no queixo).
•
Executar a hiperextensão do ombro (colocar a pessoa em decúbito ventral*;
colocar uma mão sobre o ombro impedindo que este se afaste da superfície da
cama; puxar o antebraço para cima e para trás).
Nota: A execução deste exercício e de outros a realizar em decúbito ventral pode ser
efetuada no final de toda a abordagem em decúbito dorsal, dependendo da situação da
pessoa.
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RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - PROCEDIMENTOS
Executar pronação
e supinação do
• Apoiar o cotovelo da pessoa com uma mão e com a outra apoiar a mão da pessoa
executando os movimentos de pronação e supinação do antebraço, assegurando que
só se movimenta o antebraço e nunca o ombro.
antebraço.
Mobilizar a
articulação do
punho e dedos da
mão
• Flexionar o braço da pessoa ao nível do cotovelo até que o antebraço forme um ângulo reto
com a superfície da cama. Apoiar o antebraço numa região próxima ao punho com uma
mão e, com a outra, mobilizar a articulação do punho e os dedos.
• Executar a hiperextensão do punho e a flexão dos dedos (dobrar o punho para trás e ao
mesmo tempo flexionar os dedos em direção à palma da mão). Alinhar o punho com o braço
colocando os nossos dedos sobre os da pessoa formando um “punho”.
•
Executar a flexão do punho e ao mesmo tempo estender os dedos.
•
Executar a abdução e oponência do polegar.
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RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - PROCEDIMENTOS
Mobilizar o
•
Apoiar o membro ao nível do joelho e articulação do tornozelo.
membro inferior
•
Executar a flexão e extensão do quadril e joelho (levantando a perna e
dobrando o joelho em direção ao tórax. Voltar a baixar a perna, estender o
joelho e apoiar a perna sobre a superfície da cama).
•
Executar abdução e adução da perna (para realizar a abdução da perna deve-se
afastar a perna da linha média; para realizar a adução da perna deve-se cruzála sobre a outra num movimento contrário à abdução).
•
Executar a rotação interna e externa do quadril (rodando a perna para dentro e
depois no sentido contrário).
(Quadril e Joelho)
.
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RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - PROCEDIMENTOS
• Executar a hiperextensão do quadril (colocar a pessoa em decúbito ventral; colocar uma
mão sobre o quadril impedindo que este se afaste da superfície da cama; com a outra
mão sustentar o joelho e apoiar a perna da pessoa sobre o nosso antebraço; elevar o
membro inferior até ao limite do possível)
Nota: A execução deste exercício e de outros a realizar em decúbito ventral pode ser
efetuada no final de toda a abordagem em decúbito dorsal, dependendo da situação da
pessoa.
Mobilizar a
articulação do
tornozelo e do pé
• Executar a dorsiflexão do pé e a extensão do tendão de Aquiles (colocar a mão sob o calcanhar
da pessoa, apoiando a parte interna do antebraço na planta do pé da pessoa; colocar a outra
mão em apoio sobre o joelho, exercer pressão contra o pé em direção à perna).
• Executar a inversão e eversão do pé (colocar uma mão sob o calcanhar e a outra sobre a
região dorsal do pé; girar o pé em direção ao interior e depois no sentido contrário).
• Executar a flexão plantar do pé, e a extensão e flexão dos dedos do pé (colocar uma
mão sobre a região dorsal do pé; colocar os dedos da outra mão sob/sobre os dedos do
pé da pessoa para dirigi-los para cima e para baixo).
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RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - PROCEDIMENTOS
2. Executar a Técnica de exercícios articulares (ativos e ativos/assistidos)
Procedimento
Esta intervenção de enfermagem tem o mesmo enquadramento terapêutico que a anterior, sendo indicada nas situações
em que a pessoa encerra potencial para ter um perfil colaborativo ou, depois de instruído, assegurar, por si só, a realização
das actividades de mobilização das articulações.
No que respeita à natureza dos exercícios, quer os exercícios activos, quer os exercícios activos/assistidos compreendem os
mesmos movimentos articulares que se apresentaram a respeito dos exercícios articulares passivos.
3. Executar a Técnica de posicionamento [Espasticidade]
A implementação da intervenção de enfermagem “Executar técnica de posicionamento” constitui um importante recurso
terapêutico no quadro de Espasticidade, fundamentalmente na perspetiva de prevenção da sua instalação. Trata-se de uma
intervenção de enfermagem que radica na utilização de padrões anti-espásticos (posicionamentos em oposição direta aos
padrões patológicos que tende para o desenvolvimento de espasticidade), capazes de minimizar os efeitos da lesão dos
neurónios motores superiores.
Definição: Intervenção de enfermagem que consiste na implementação da técnica de posicionamento
(decúbito dorsal, decúbito lateral sobre o lado sadio, decúbito lateral sobre o lado afetado e ponte).
Decúbito Dorsal
Procedimento
Nota: Esta variante deve ser utilizada de forma muito criteriosa, na medida em que tem associada a
possibilidade de criar condições muito favoráveis à adoção involuntária do padrão espástico, contrário àquele a
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RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - PROCEDIMENTOS
que obedeceu o posicionamento. Este facto resulta das manifestas dificuldades em manter de forma efetiva
aquele padrão anti-espástico.
Actividades
Assegurar que a pessoa está com roupa
Comentário
Aumenta a amplitude e facilidade dos movimentos corporais.
confortável.
Elevar o ombro afectado
A protração do ombro obtém-se colocando uma almofada que
garanta a sua rotação externa.
Retração / Protração
Colocar as articulações do cotovelo e
A flexão destas articulações é característica da instalação de
punho em extensão.
espasticidade ao nível do membro superior.
Colocar o quadril em protração e flexão.
A protração e flexão do quadril obtêm-se colocando-o sobre uma
almofada, que garante a sua rotação interna e flexão.
Flexionar a articulação do joelho.
A flexão do joelho é de extrema importância, na medida em que
contraria a extensão exagerada do membro inferior, característica
do desenvolvimento de espasticidade neste segmento corporal.
Para este efeito, devem ser colocadas almofadas sob o joelho.
Colocar a cabeça da pessoa em flexão
A
flexão
que
lateral (para o lado sadio).
permanentemente, a cabeça da pessoa em sentido contrário ao
padrão espástico.
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se
pretende
implica
que
se
oriente,
RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - PROCEDIMENTOS
Decúbito lateral sobre o lado sadio
Figura – Rolamento sobre o lado sadio
Figura – Decúbito lateral sobre o lado sadio
Actividades
Vestir a pessoa com roupa confortável.
Comentário
Aumenta a amplitude e facilidade dos movimentos corporais.
Posicionar a pessoa em decúbito lateral
(sobre o lado sadio).
Colocar o ombro afetado em protração.
O ombro deve ser trazido bem para a frente, colocando-o sobre
almofadas.
Colocar as articulações do cotovelo e
A flexão destas articulações é característica da instalação de
punho em extensão.
espasticidade ao nível do membro superior. A extensão destas
articulações é suportada nas almofadas utilizadas na protração do
ombro.
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RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - PROCEDIMENTOS
Colocar o ombro em rotação externa.
Para este efeito, todo o membro superior deve ser rodado
externamente, de modo a que a palma da mão fique voltada para
a cabeceira da cama.
Colocar o quadril em protração e flexão.
A protração e flexão do quadril obtêm-se colocando o membro
inferior bem para a frente.
Flexionar a articulação do joelho.
A flexão do joelho é de extrema importância, na medida em que
contraria a extensão exagerada do membro inferior, característica
do desenvolvimento de espasticidade neste segmento corporal.
Para este efeito, pode ser utilizado o outro membro inferior, como
suporte.
Colocar a cabeça da pessoa em flexão
A
flexão
que
se
pretende
implica
que
se
oriente,
lateral (para o lado sadio).
permanentemente, a cabeça da pessoa em sentido contrário ao
padrão espástico, pelo que não é recomendável a utilização de
qualquer almofada sob a cabeça.
Decúbito lateral sobre o lado afetado
O decúbito sobre o lado afetado é uma variante a considerar no posicionamento da pessoa, tendo por
finalidade a prevenção da Espasticidade e/ou no controlo das suas consequências.
Figura – Rolamento para o lado afetado
Actividades
Comentário
Planear programa com a Pessoa e Envolver a pessoa em todas as fases da Intervenção promove a sua adesão
outros significativos.
e co-responsabilização no sentido de atingir os objectivos.
Ensinar à pessoa os princípios que
justificam o programa.
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RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - PROCEDIMENTOS
Vestir a pessoa com roupa confortável.
Aumenta a amplitude e facilidade dos movimentos corporais.
Posicionar a pessoa em decúbito
lateral (sobre o lado afectado).
Colocar o ombro afetado em protração.
O ombro deve ser trazido bem para a frente.
Colocar as articulações do cotovelo e A flexão destas articulações é característica da instalação de
punho em extensão.
espasticidade ao nível do membro superior. A extensão destas
articulações é suportada na superfície da cama.
Colocar o ombro em rotação externa.
Para este efeito, todo o membro superior deve ser rodado
externamente, de modo a que a palma da mão fique voltada para cima
(com o dorso apoiado na superfície da cama).
Colocar o quadril em protração e A protração e flexão do quadril obtêm-se colocando o membro inferior para
flexão.
a frente. O facto do membro inferior afetado estar diretamente apoiado na
superfície da cama impede a sua rotação externa.
Flexionar a articulação do joelho.
A flexão do joelho é de extrema importância, na medida em que
contraria a extensão exagerada do membro inferior, característica do
desenvolvimento de espasticidade neste segmento corporal.
Colocar a cabeça da pessoa em flexão A flexão que se pretende implica que se oriente, permanentemente, a
lateral (para o lado sadio).
cabeça da pessoa em sentido contrário ao padrão espástico, pelo que,
aqui, é recomendável a utilização de uma almofada sob a cabeça.
Figura – Decúbito lateral sobre o lado afetado
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RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - PROCEDIMENTOS
A ponte
Esta variante – “ponte” -, no quadro clínico de Risco de Espasticidade, deve ser implementada por duas
grandes ordens de razão: a) em primeiro lugar e numa fase inicial, sabe-se que o decúbito dorsal, com flexão
das articulações dos joelhos e elevação dos quadris, permite obter condições capazes de se oporem à
tendência espástica de extensão do membro inferior afectado; b) por outro lado, a capacidade de suporte do
peso é um requisito essencial no contexto de um programa de (re) condicionamento da atividade motora,
orientado para a recuperação do equilíbrio corporal e do compromisso da Mobilidade, que frequentemente
surgem associados à Espasticidade.
Em rigor, a “ponte” trata-se de um exercício e não de um posicionamento terapêutico.
Figura – “Ponte”
Atividades
Comentário
Assegurar que a pessoa está com roupa Aumenta a amplitude e facilidade dos movimentos corporais.
confortável.
Posicionar a pessoa em decúbito dorsal.
Flexionar ambos os joelhos em simultâneo. Os joelhos devem ser mantidos firmemente juntos (inclusive com apoio do
enfermeiro) de forma a evitar a rotação externa dos quadris.
Elevar os quadris em simultâneo.
A elevação do quadril do lado afetado pode ser A elevação do quadril sadio ajuda à elevação do quadril do lado
mantida com a utilização do pé do lado sadio afetado, razão pela qual é fundamental a simultaneidade deste
sobre o do lado afetado, impedindo assim que exercício.
este deslize ao longo da cama.
Colocar as articulações do cotovelo e A flexão destas articulações é característica da instalação de espasticidade
punho e dedos em extensão.
ao nível do membro superior. A extensão destas articulações é suportada
na superfície da cama e obtém-se estendendo os membros superiores ao
longo do tronco, com as palmas das mãos apoiadas na cama ( o que
impede a rotação interna do ombro).
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RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - PROCEDIMENTOS
4. Executar a Técnica de exercícios de recuperação da Mobilidade
A perturbação da coordenação dos movimentos e do equilíbrio corporal constituem duas dimensões centrais
que condicionam compromissos na mobilidade ou da actividade psicomotora. A recuperação e optimização da
mobilidade fazem-se com recurso a algumas variantes particulares da técnica de posicionamento. Os
posicionamentos a adotar devem levar em consideração o processo progressivo de recuperação da
“Mobilidade” que, como sabemos, progride desde a coordenação dos movimentos na posição de deitado até à
“marcha”.
Definição: Intervenção de enfermagem que consiste na adoção de posições corporais promotoras da
propriocepção, por via da estimulação da informação aferente e da coordenação neuromuscular.
Na posição de decúbito dorsal
Esta variante da técnica de posicionamento visa o desenvolvimento e repetição de alguns posicionamentos
específicos, os quais promovem a coordenação da atividade psicomotora.
Atividades
Comentário
Assegurar que a pessoa está com roupa confortável.
Aumenta a amplitude e facilidade dos
movimentos corporais.
Flexionar o quadril e o joelho de cada um dos membros inferiores
separadamente, fazendo deslizar o calcanhar ao longo da cama.
- Adicionar à actividade anterior a abdução do quadril.
Flexionar o quadril e o joelho até sensivelmente metade da
amplitude do movimento;
- adicionando posteriormente abdução e adução
Incentivar a pessoa a flexionar cada um dos membros ao nível do
quadril e joelho, parando a pedido.
Flexionar ambos os membros inferiores simultaneamente,
- adicionando sucessivamente abdução, adução e, finalmente,
extensão.
Repetir a atividade anterior e, na extensão, incentivar a pessoa a
parar sob indicação.
Flexionar cada um dos membros inferiores ao nível do quadril e
joelho, com o calcanhar a cerca de 5 cm da superfície de base.
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RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - PROCEDIMENTOS
Repetir a atividade anterior, repousando o calcanhar sobre a rótula
Progressivamente
devem
oposta.
introduzidos
padrões
novos
ser
nesta
atividade, de forma a aumentar a
coordenação motora. Assim, a pessoa
deve procurar pousar o calcanhar sobre
a tíbia, o pé, os dedos do pé e um e
outro lado da superfície.
Proceder como anteriormente, mas sob comando.
Os pontos a tocar com o calcanhar pela
pessoa
são
indicados
momentaneamente e alternadamente
pelo
enfermeiro,
diminuindo
a
previsibilidade das atividades.
Flexionar o quadril e o joelho com o calcanhar 5 cm acima do leito,
Esta atividade deve ser repetida,
fazendo-o deslocar ao longo da tíbia.
nomeadamente invertendo o sentido
do deslizamento.
Incentivar a pessoa a proceder como anteriormente, parando, num
qualquer ponto, a pedido.
Flexionar ambos os membros inferiores em simultâneo, com os
maléolos e joelhos justapostos, com os calcanhares 5 cm acima do
plano de base.
Incentivar a pessoa a proceder como anteriormente, parando num
qualquer ponto a pedido.
Efetuar flexão e extensão recíproca dos membros inferiores, com os
calcanhares tocando na superfície do leito.
Incentivar a pessoa a proceder como anteriormente, mas com os
calcanhares 5 cm acima da superfície de base.
Incentivar a pessoa a proceder como anteriormente,
- adicionando sucessivamente abdução e adução dos membros.
Incentivar a pessoa a seguir com o hálux o movimento do dedo da
mão do enfermeiro.
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RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - PROCEDIMENTOS
Na posição de sentado
O recurso à variante – “sentado” –, mais exigente que a variante anterior, constitui um excelente exercício de
promoção do equilíbrio corporal, nomeadamente quando utilizado na sequência da variante – “Decúbito Dorsal”.
Actividades
Comentário
Assegurar que a pessoa está com roupa Aumenta a amplitude e facilidade dos movimentos corporais.
confortável.
Incentivar a pessoa a manter a postura de sentado, Este posicionamento deve ser prolongado pelo menos durante 2
em cadeira com braços e apoio para as costas e minutos, se possível com os olhos fechados, o que promove
com os pés totalmente apoiados no solo
Proceder
como
significativamente a propriocepção.
anteriormente,
sem Este posicionamento é facilitado se for disponibilizado um
qualquer apoio para os braços e costas.
espelho grande que permita à pessoa coordenar o equilíbrio
corporal com recurso à imagem, por via da consciencialização do
alinhamento corporal, permitindo ainda a correção de,
eventuais, desvios posturais.
Incentivar a pessoa a rodar o tronco sem
apoio dos membros superiores.
Incentivar a pessoa a contar uma sequência, Este exercício progride até a pessoa ser capaz de proceder à
elevando apenas o calcanhar.
contagem colocando, sucessivamente, o pé exatamente no mesmo
local; podendo, para este efeito, recorrer a uma marcação no solo.
Incentivar a pessoa a deslizar cada um dos
pés
sobre
uma
cruz
(eventualmente,
imaginária) marcada no solo.
Incentivar/Assistir a pessoa a sentar-se e Este exercício é facilitado se a pessoa:
levantar-se, sucessivamente, da cadeira.
•
Colocar os pés sob a borda anterior do assento;
•
Inclinar o tronco ligeiramente para a frente;
•
Levantar-se procurando endireitar o tronco;
•
Sentar-se procurando flexionar os quadris e os joelhos.
Figura – Sentar e levantar da “cadeira” com auxílio
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RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - PROCEDIMENTOS
Na posição de pé
Esta variante, indicada em fases mais avançadas de um programa de treino orientado para a recuperação da
coordenação da atividade psicomotora, fundamenta-se na execução independente, por parte do cliente, de um
conjunto de atividades centradas no refinamento da sua coordenação neuromuscular.
Atividades
Comentário
Assegurar que a pessoa está com roupa
Aumenta a amplitude e facilidade dos movimentos corporais.
confortável.
Incentivar a pessoa a manter a postura de pé,
Este posicionamento deve ser prolongado pelo menos
utilizando os “pés da cama” como ponto de
durante 2 minutos, se possível com os olhos fechados, o que
apoio, com os pés totalmente apoiados no
promove significativamente a propriocepção.
solo e com adequada base de sustentação
(Os “pés da cama” podem ser substituídos por um andarilho
em frente a um espelho)
Manter
a
posição
anterior
estabilizada,
transferindo o peso corporal para o lado
Ajuda a pessoa a adquirir equilíbrio com diferentes
deslocações do peso corporal
afetado e progressivamente tente distribui-lo
equitativamente sobre os dois pés.
Incentivar a pessoa a manter a posição,
Ajuda a pessoa a reforçar o equilíbrio mesmo sujeito a
enquanto o enfermeiro exerce, de forma
pressões vindas de diferentes locais.
alternada, ligeira pressão sobre algumas áreas
(p.ex. quadril, região escapulo-umeral, nuca).
Estas atividades garantem os requisitos essenciais ao treino da marcha que,
frequentemente, é comprometida pelas alterações experimentadas pelo indivíduo, ao nível
dos
processos
corporais
associadas
às
musculoesquelético.
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perturbações
do
sistema
nervoso
e
RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - PROCEDIMENTOS
5. Instruir a técnica de marcha
Esta intervenção de enfermagem visa o desenvolvimento do equilíbrio corporal com recurso a alguns aspetos
particulares da técnica de marcha. A capacidade de andar, em superfícies planas – numa primeira fase – ou
irregulares, bem como de mudar de direção; a velocidade de execução destes movimentos e o padrão de
sustentação utilizado, fornecem dados extremamente relevantes acerca da integridade dos processos
corporais envolvidos na coordenação psicomotora dos movimentos.
Definição: Intervenção de enfermagem que consiste no treino de atividades, que visam desenvolver a
coordenação dos movimentos em posição ereta e, simultaneamente, com movimento.
Procedimento
Actividades
Assegurar que a pessoa está com
Comentário
Aumenta a amplitude e facilidade dos movimentos corporais.
roupa confortável.
Incentivar / Assistir, numa primeira
O equilíbrio é mais fácil durante a marcha de lado porque diminui
fase, a pessoa a andar de lado.
o número de articulações e respetivos músculos envolvidos no
movimento corporal. Este exercício é facilitado se a pessoa:
•
Realizar o exercício na cadência contada pelo enfermeiro;
•
Passar o peso corporal para o pé esquerdo e deslizar o pé
direito 30 cm para a direita;
•
Passar o peso para o pé direito e deslizar o pé esquerdo
para junto daquele.
Incentivar / Assistir a pessoa a
Este exercício fundamenta-se numa base de sustentação alargada
caminhar para a frente sobre duas
e é facilitado se a pessoa:
linhas paralelas, distantes cerca de 40
•
Colocar os pés sobre as duas linhas;
•
Enfatizar a correta colocação dos pés.
a 50 cm.
Este exercício compõe-se de 10 passos, após o que a pessoa deve
descansar. Progressivamente, a base de sustentação deve ir
diminuindo; tendendo para aquilo que corresponde à normalidade
(15 – 20 cm).
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RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - PROCEDIMENTOS
Figuras – Treino progressivo da marcha, com auxílio
6. Executar/Instruir a Técnica de exercícios musculares (isotónicos)
Procedimento
Neste tipo específico de exercícios musculares a tensão muscular é constante, ocorrendo “apenas” alteração
no comprimento das fibras musculares capazes de produzir movimento. Este tipo de exercícios visa sobretudo
o aumento do rendimento muscular. Na realidade, o que distingue estes exercícios dos movimentos articulares
é o facto de aqui o objetivo terapêutico se orientar para a melhoria do rendimento muscular. Neste
enquadramento, sob o ponto de vista instrumental, a realização deste tipo de exercícios musculares está
próxima das considerações que tecemos a respeito dos exercícios articulares passivos.
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RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - PROCEDIMENTOS
7. Instruir a técnica de exercício muscular (isométrico)
Procedimento
Este tipo de exercícios musculares não produz movimento, caracterizando-se por um trabalho de aumento da
tensão muscular, sem alteração do comprimento das fibras musculares. São particularmente indicados para o
aumento da força muscular.
A diminuição ou perda da força muscular é uma condição associada a múltiplas situações fisiopatológicas que
afetam os processos corporais relativos ao sistema nervoso e/ou musculoesquelético.
Definição: Intervenção de enfermagem que consiste num conjunto de atividades orientadas para a
manutenção ou recuperação da força muscular.
Nota: As atividades que aqui se propõem representam os elementos mais básicos de um programa de
fortalecimento muscular.
Actividades
Planear programa com a Pessoa.
Comentário
Envolver a pessoa em todas as fases da Intervenção promove a sua
adesão e co - responsabilização no sentido de atingir os objetivos.
Ensinar à pessoa os princípios que
justificam o programa.
Incentivar a pessoa a adotar uma posição
A realização deste tipo de exercícios implica grande disponibilidade
confortável.
da pessoa, pelo que é essencial que se sinta confortável.
Incentivar a pessoa a consciencializar o
A consciencialização e controlo do tónus muscular é a base da
aumento do tónus muscular (ao nível de
eficiência deste tipo de exercícios musculares.
determinado grupo muscular).
Incentivar a pessoa a realizar 5 contrações
Cada contração deve durar cerca de 5 segundos. Entre cada
isométricas sucessivas.
sequência a pessoa deve aguardar 2 minutos.
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RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - PROCEDIMENTOS
8. Executar técnica de posicionamento [Fractura]
Procedimento
Esta intervenção de enfermagem visa a prevenção da ocorrência de desvio da fratura, através do
posicionamento de um determinado segmento corporal, em particular nas fraturas localizadas ao nível da
região cervical.
Definição: Intervenção de enfermagem que consiste na imobilização de um segmento corporal, afetado por
uma fratura.
Actividades
Comentário
Assegurar alinhamento corporal.
Tomar como referência a posição supina, tendo em consideração a
linha média do corpo.
Efetuar tração das articulações acima e
Para a tração ser eficaz devem ser utilizados dois enfermeiros. No
abaixo do nível da fratura.
particular das fraturas cervicais, a tração exerce-se ao nível da
charneira e dos tornozelos, potenciando, assim, a eficiência do
alinhamento corporal.
Manter/colocar
equipamento
de
O equipamento pode ser um colar cervical ou talas (no caso de
imobilização da fratura.
fraturas situadas noutro segmento corporal, além da região cervical).
Mobilizar a pessoa com um movimento
É fundamental que todos os intervenientes neste posicionamento
único.
estejam em sintonia, podendo para isso recorrer a um
coordenador ou voz de comando; diminuindo, assim, as
mobilizações desnecessárias.
Bibliografia de suporte aos procedimentos:
CAMBIER, Jean; MASSON, Maurice,
Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
co-aut; DEHEN,
Henri,
co-aut – Manual
de
Neurologia. 11ª
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