PRODUÇÃO COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS
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PRODUÇÃO COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS
Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Estudo de Baixo Carbono para o Brasil Emissões da Produção dos Combustíveis Fósseis Tema N Relatório Técnico Equipe Técnica: COPPE – UFRJ Roberto Schaeffer Alexandre Szklo David Castelo Branco Bruno Soares Moreira Cesar Borba Gabriel Gomes Diego Malagueta Isabella Costa 2010 page 1/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Índice INTRODUÇÃO 4 1.1. 1.2. 4 5 Refino de petróleo GTL PARTE 2 - METODOLOGIA 9 2.1. Refino 2.1.1. Refino existente 2.1.2. Refino novo 2.2. GTL 9 11 13 17 PARTE 3 - CENÁRIO DE REFERÊNCIA 19 3.1. Refino 3.1.1. Cálculo das emissões de CO2 3.2. Refino novo 3.3. GTL 19 20 23 28 PARTE 4 - OPÇÕES DE MITIGAÇÃO E/OU SEQÜESTRO 29 4.1. Opções de mitigação no refino 29 4.1.1. Integração energética e recuperação de calor 29 4.1.2. Controle de incrustações 31 4.1.3. Sistemas avançados de controle de processo 32 4.1.4. Exemplo de Estimativa de Custos Marginais de Abatimento das Tecnologias Comerciais conforme diferentes cenários de preço de petróleo 32 4.1.5. Quantificação do potencial bruto de mitigação e dos custos marginais de abatimento associados 33 4.1.6. Barreiras e medidas 37 4.2. Opções de mitigação via GTL embarcado 40 4.2.1. Exemplo de aplicação da metodologia para um módulo (1000 barris por dia) conforme premissa de preço de robustez da Petrobras 43 4.2.2. Análise de sensibilidade do exemplo aplicado ao preço de robustez da Petrobras 49 4.2.3. Quantificação do potencial bruto de mitigação e dos custos marginais de abatimento associados 54 4.2.4. Barreiras e medidas 54 PARTE 5 - SÍNTESE DO MIX AJUSTADO DE OPÇÕES DE MITIGAÇÃO OU SEQÜESTRO PROPOSTAS PARA O CENÁRIO DE BAIXO CARBONO (POTENCIAL AJUSTADO/ LÍQUIDO) 58 5.1. 5.2. 58 66 Refino GTL PARTE 6 - TABELA DE SÍNTESE GERAL DAS OPÇÕES PROPOSTAS 69 PARTE 7 - REFERÊNCIAS 70 page 2/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. PARTE 8 - ANEXO 1 79 ALTERNATIVAS TECNOLÓGICAS PROMISSORAS PARA REFINO DE PETRÓLEO 79 8.1. 8.1.1. 8.1.2. 8.1.3. 8.1.4. 8.2. 8.3. 8.3.1. 8.3.2. 8.3.3. 8.3.4. 8.3.5. 8.4. petróleo 8.5. Substituição das colunas de destilação atmosférica e a vácuo Processos de craqueamento térmico Destilação progressiva Dividing-wall distillation Destilação reativa Tecnologia de separação com uso de membranas Processos Alternativos de Tratamento de Diesel, QAV e Gasolina Processo ISAL Processo OATS Processo de dessulfurização oxidativa (ODP) Destilação Catalítica (CD) Biodessulfurização Aplicação de energia nuclear para geração de H2, calor e eletricidade em refinarias de 85 Captura e Armazenamento Geológico de CO2 (CCGS) PARTE 9 - ANEXO 2 - GLOSSÁRIO DE REFINO 91 PARTE 10 - ANEXO 3- GLOSSÁRIO DE GTL 92 page 3/92 79 79 79 80 80 80 81 82 82 82 83 84 86 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Introdução O objetivo do Tema N2 é desenvolver estudos para elaboração de um cenário de referência nacional até 2030, que incorpore potenciais de redução de emissão de gases de efeito estufa no Brasil, nas atividades de refino de petróleo e de produção de gás natural associado. Para o refino de petróleo serão estudadas alternativas tanto para o parque de refino existente quanto para a expansão prevista para este parque. No caso do gás natural, serão consideradas alternativas de monetização de reservas de gás que vêm sendo queimadas ou ventiladas durante a produção de petróleo. Neste caso, será dada ênfase à opção tecnológica gas-to-liquid (GTL). Embora sejam tratados separadamente, estes temas estão correlacionados na medida em que os produtos da rota Gas-to-liquid (GTL) devem se inserir na cadeia dos derivados de petróleo, podendo, inclusive, afetar as estratégias ótimas de refino de petróleo. Não obstante, é interessante distinguir os dois temas de trabalho, de forma a tratá-los com mais rigor. Portanto, este documento tratará separadamente do refino de petróleo e do Setor de Gás Natural, enfatizando, como definido na proposta do estudo, o uso do processo GTL, para redução de queima/ventilação de gás em plataformas. É importante, finalmente, ressaltar que os estudos de refino de petróleo e GTL serão inseridos na análise dos cenários de longo prazo do sistema energético brasileiro, visando contribuir para a avaliação sistêmica das opções de mitigação de emissões de carbono no Brasil. Refino de petróleo Parte do desenvolvimento tecnológico do refino de petróleo no mundo se esteia no fato de que se trata de uma atividade industrial com elevado consumo de combustíveis fósseis (e, conseqüentemente, elevada emissão de CO2). Os processos de refino de petróleo são energo-intensivos, na medida em que requerem considerável aporte de calor (direto ou indireto). Entre 6 e 15% da carga de petróleo de uma refinaria tornase auto-consumo energético. Este fato se acerba na medida em que o recrudescimento das especificações de qualidade ambiental de combustíveis e o maior processamento de petróleos de pior qualidade aumentam o auto-consumo de energia de refinarias no mundo. Este aumento depende do tipo de refinaria, em termos de capacidade de conversão, carga processada e produtos obtidos. É também muito variável, ainda que considerável em ordem de grandeza. Por exemplo, estima-se que ele pode chegar a cerca de 5% do total de óleo processado em uma refinaria, apenas para atender as especificações de diesel e gasolina nos Estados Unidos do início da presente década (Petrick e Pellegrino 1999). Trata-se de um problema de tal relevância que a Shell, por exemplo, atribuiu o aumento de suas emissões de carbono em 2003 (relativamente a 2002) em 18 MtC, especialmente, à adaptação de suas refinarias para produção de derivados com menor teor de enxofre (Shell 2006). Ademais, a crescentemente rigorosa especificação de qualidade ambiental dos derivados de petróleo, especialmente diesel e gasolina, também afeta outras especificações destes derivados, que não ambientais: por exemplo, a lubricidade do diesel ou a octanagem da gasolina. Assim, é possível afirmar que, no atual patamar tecnológico dos parques de refino do mundo, existem desafios associados ao tradeoff entre as emissões de poluentes de impacto local e as emissões de poluente de impacto global derivadas da produção e uso de derivados de petróleo (incluindo as emissões das refinarias de petróleo e da combustão dos derivados de petróleo). Em termos práticos, este tradeoff se resume no fato de que um combustível, diesel ou gasolina, com baixíssimo teor de enxofre, normalmente, requer mais energia para ser produzido, inclusive, de forma a que não perca algumas das propriedades físico-químicas associadas ao seu uso. Em outros termos, uma gasolina “mais limpa”, em termos de enxofre, pode levar a maiores emissões de gases de efeito estufa (GEE) dentro da refinaria. Por exemplo, o Ultra Low Sulphur Diesel (ULSD), com teor de enxofre abaixo de 15 ppm, implica em investimentos adicionais em capital e energia dentro da refinaria. A capacidade nominal atual do parque de refino brasileiro é da ordem de 2 milhões de barris por dia. A complexidade do parque de refino nacional o classifica, sobretudo, no conjunto de refinarias tipo cracking. O crescimento do processamento de cargas de menor grau API no país gera, ainda, uma elevada produção de óleos combustíveis, mostrando a necessidade de inserção de unidades de conversão profunda. Como page 4/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. trataremos, neste estudo, a principal unidade prevista nos planos de investimento do refino brasileiro, neste caso, é o coqueamento retardado. Por sua vez, no lado da especificação dos combustíveis, especialmente diesel para uso doméstico e gasolina, que é crescentemente, exportada, os desafios são ainda maiores, o que explica o elevado investimento dos planos de médio prazo do refino brasileiro nas carteiras de qualidade de diesel e gasolina. Basicamente, o contaminante fundamental, neste caso, é o enxofre, que se pretende reduzir na gasolina para 30 ppm (o que possibilitaria a exportar para os Estados Unidos), e para 50 ppm e futuramente 10 ppm no diesel (o que possibilitaria os motores diesel no Brasil apresentarem padrões de emissão do EURO IV e, futuramente, do EURO V). Esta especificação leva, como antes asseverado, a grandes desafios, particularmente associados às emissões de gases de efeito estufa no refino (Szklo & Schaeffer 2007). Assim, a Petrobras prevê, entre 2007 e 2012, a instalação de novas unidades em refinarias existentes, quer sob o formato de parcerias, quer com a utilização exclusiva de capital próprio. Estão previstos investimentos, para estas adaptações e ampliações, de US$ 8,1 bilhões, sendo US$ 3,7 bilhões em unidades de conversão, US$ 2,7 bilhões em qualidade de gasolina e US$ 1,7 bilhão em qualidade de diesel (EPE 2007). Além da instalação de novas unidades, a evolução esperada no parque de refino nacional considera a instalação de duas unidades de refino até 2015: o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (COMPERJ) e a Refinaria Abreu e Lima (SUAPE/Pernambuco) (EPE 2007). O COMPERJ iniciará a sua produção em 2012. A Unidade de Petroquímicos Básicos (UPB) iniciará o conjunto produtivo e as unidades de segunda operarão posteriormente. Serão investidos na UPB US$ 5,2 bilhões. Com as demais instalações (para produção de petroquímicos de segunda geração), o investimento total atingirá US$ 8,3 bilhões. Projetada para consumir 150.000 b/d de petróleo Marlim, a UPB ofertará 535.000 t/ano de óleo diesel. Além do diesel, haverá a produção de nafta e coque. Nenhum outro derivado será oferecido (EPE 2007). A Refinaria Abreu e Lima, que será construída no Complexo Industrial e Portuário de Suape, no estado de Pernambuco, em parceria com a estatal venezuelana Petróleos de Venezuela SA – PDVSA, terá capacidade nominal estimada em 200.000 barris por dia. A refinaria, que utilizará tecnologia baseada em coqueamento retardado, terá capacidade para processar os óleos pesados brasileiros extraídos basicamente do Campo de Marlim, na Bacia de Campos e venezuelano, tipo Merey. A previsão para o início de sua operação é no segundo semestre de 2011(EPE 2007). Além destas refinarias, estudos indicam a necessidade de expansão do refino brasileiro.1 Assim, este documento objetiva avaliar alternativas potenciais de redução de emissão de gases de efeito estufa no Brasil, para o horizonte de 2030, tanto para o parque de refino existente quanto para a expansão prevista para este parque.2 Para tanto, será usado como cenário de referência, o Plano Nacional de Energia 2030, PNE 2030, desenvolvido pela (EPE 2007). Neste caso, o refino existente no Brasil é mais rígido para inovações (o parque já está instalado e há mesmo limitações de espaço), enquanto a expansão com novas refinarias pode ter na sua função objetivo não apenas a minimização de custo (maximização da rentabilidade), mas também restrições de emissão de gases de efeito estufa. De certo modo, para o parque existente no país, é possível avaliar as faixas de grandeza das possíveis transformações do parque existente. Por sua vez, as expansões com novas refinarias contemplam um maior grau de liberdade das escolhas tecnológicas. GTL Apesar das estimativas de grandes reservas mundiais provadas de gás, mais de um terço dessas reservas é classificado como remotas. Na literatura, reservas remotas são reservas provadas, mas devido a razões que as tornam inviáveis economicamente, não foram desenvolvidas. Isso talvez as classifique como recursos 1 Ver Schaeffer et al. (2008), EPE (2007) e Schaeffer e Szklo (2007) Estudos desenvolvidos no Programa de Planejamento Energético da COPPE/UFRJ e na Empresa de Pesquisa Energética (EPE) apontam para expansão do parque entre 3 e 5 novas de refinarias de cerca de 250 kbpd cada, até 2030 (EPE 2007). Estudo mais recente da COPPE (Schaeffer et al. 2008) indicou que um aumento da produção de óleo bruto no Brasil, devido às descobertas na faixa chamada pré-sal, poderia levar o investimento até 2035 para expansão em 7 novas refinarias. 2 page 5/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. contingentes ou como reservas prováveis / possíveis.3 Por exemplo Thackeray & Leckie (2002), usam os seguintes fatores que classificam uma reserva como remota: O campo é remoto quando há um excesso de oferta potencial para o domínio do mercado viável; O campo é remoto quando a sua distância do mercado potencial é tal que os custos de transporte não são competitivos; O campo está em um país sem litoral com um pequeno mercado de gás e com uma grande distância da costa, dificultando a construção de um terminal GNL (Gás Natural Liquefeito) para a sua exportação; O campo é muito pequeno para justificar o investimento em infra‐estrutura, em uma escala econômica, para explorá‐lo. Assim, a classificação de remoto inclui a parcela do gás natural associado produzido juntamente com a produção offshore de petróleo que não pode ser aproveitada economicamente, o gás associado.4 O volume mundial de gás natural localizado em reservas remotas é considerável e justifica a busca por soluções que tornem possível a sua utilização. Segundo Petrobras (2008) e Rosas (2008), no Brasil, recentes descobertas operadas pela Petrobras, com participação de outras empresas, mostram uma tendência de incorporação de reservas de gás remoto, associado ou não. Quando a reserva de gás é remota e não associada ela simplesmente não é desenvolvida, o que impossibilita o seu aproveitamento econômico. No caso de uma reserva de gás associado, quando a construção da infraestrutura não é viável por razões técnicas ou econômicas, existem três opções técnicas, atualmente, para o gás produzido em conseqüência da produção do petróleo: a queima, a ventilação ou a reinjeção5(Worley Intenational 2000; Nichols 2007). Cada vez mais é reconhecido pelos acionistas e pela própria indústria de petróleo que a queima e a ventilação de gás natural representam uma perda de recursos econômicos. Ainda assim, atualmente, muitos países em desenvolvimento que produzem óleo queimam e ventilam grande quantidade de gás associado (World Bank Group 2003). Esta é uma prática que além de agredir o meio ambiente, incluindo o aumento das emissões de GEE (Gases de Efeito Estufa), priva os consumidores desses países de uma fonte de energia mais limpa e geralmente mais barata que as outras fontes disponíveis. Ainda existe o efeito de redução do potencial das receitas fiscais e saldos comerciais (World Bank Group 2003).6 3 Note-se aqui que a literatura científica usa o termo reserva remota para estes recursos não viáveis economicamente, o que é uma imprecisão na medida em que o próprio conceito de reserva embute em si a condição de economicidade. 4 O gás natural pode ser classificado em gás não associado ou “livre” e gás associado. É classificado como não associado quando produzido em poços com pouco petróleo. Quando a sua produção é realizada em poços com predominância de óleo, onde pode estar dissolvido no petróleo ou acumulado na forma de uma capa de óleo, ele é classificado como gás associado. Neste caso, a sua produção está “associada” à produção do petróleo. Para mais detalhes ver Thomas et al. (2001) e Prates et al. (2006). 5 Para mais informações sobre vantagens, desvantagens e custos de reinjeção ver Worley Intenational (2000) e Ward et al. (2006). 6 Se a razão atual de queima for mantida, a previsão do aumento de produção de óleo implica em um aumento na queima de aproximadamente 60% no período de 2000 a 2020. Compromissos e esforços sugerem que uma redução considerável na queima é possível para o mesmo período. Para que esse cenário seja viável serão necessárias ações políticas, regulatórias e apoio financeiro para que os obstáculos que impedem os investimentos sejam superados (World Bank Group 2003). O Brasil está entre os 20 países com os maiores volumes de gás queimado. A parceria público-privada Global Gas Flaring Reduction (GGFR), iniciativa do Banco Mundial, incentiva e auxilia o uso do gás queimado promovendo page 6/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Existem três principais categorias de projetos visando à redução de emissões de gases de efeito estufa, que implicam características distintas (World Bank Group 2003): Projetos de reinjeção do gás natural associado, particularmente em campos remotos sem mercado para o gás. Projetos para aumentar a eficiência7 dos flares, o que resulta em uma maior parcela do gás natural associado queimado em lugar do gás ventilado; Projetos para viabilizar a utilização do gás natural associado com fins energéticos ou não. A utilização pode ser feita no próprio local ou perto do local de produção ou depois do transporte do gás para o mercado doméstico ou internacional. Visando avaliar alternativas para o aproveitamento econômico do gás associado remoto, que engloba a parcela do gás que não vem sendo aproveitada, a proposta deste trabalho deve considerar alternativas tecnológicas que permitam o transporte do gás ou de produtos dele derivados. Existem diversas tecnologias8 para o aproveitamento do gás natural remoto. Todas apresentam vantagens e desvantagens em relação a sua aplicação para o aproveitamento do gás associado offshore remoto. A principal e distinta vantagem da tecnologia escolhida para este estudo, a tecnologia Gas-to-liquids (GTL), em relação às outras tecnologias é o aproveitamento da infra-estrutura existente.9 Os seus produtos podem ser estocados, manuseados, transportados e comercializados com os métodos convencionais que já estão bem estabelecidos e podem ser utilizados em equipamentos também já estabelecidos, como os motores a combustão interna. Em uma configuração mais básica, sem a última etapa de upgrading do processo, o transporte do produto final pode ser realizado até mesmo misturando-o com o óleo produzido no mesmo campo (de Klerk 2008).10 Além dos problemas citados relacionados com a queima e/ou ventilação ainda existe uma demanda ambiental por combustíveis mais limpos, que requer combustíveis sem enxofre, com o mínimo de aromáticos e geração mínima de óxidos de nitrogênio, fuligem e hidrocarbonetos. Esta demanda está modificando os objetivos tradicionais da indústria de refino. Apesar de ser possível reduzir enxofre, nitrogênio e aromáticos com a adição de unidades de hidrotratamento, estas unidades requerem mais regulamentações e combatendo as restrições sobre utilização de gás, como a infra-estrutura insuficiente e falta de acesso a mercados locais e internacionais de energia, particularmente em países em desenvolvimentoWorld Bank Group (2008). 7 Para mais informações sobre queima em flare e sua eficiência ver University of Alberta (2008), Pagot, Grandmaison e Sobiesiak (2004) e Johnson (2006). 8 Uma das opções atuais de aproveitamento é a utilização de uma estrutura de gasodutos, mas à medida que as distâncias e a profundidade aumentam o seu custo e a complexidade técnica também aumentam (Worley Intenational 2000). Para uma maior discussão sobre gasodutos ver Rojey (2006)Cornot-Gandolphe et al. (2003). Outra opção comercial é a tecnologia de Gás Natural Liquefeito (GNL). Para mais informações sobre a tecnologia e mercado de GNL ver EIA/DOE (2003). Além dessas duas tecnologias podem ser citadas as tecnologias: Gas-to-wire (GTW), Compressed natural gas (CNG), Gas-to-solids (GTS) (Thomas e Dawe 2003; Ward et al. 2006). Para mais detalhes sobre vantagens e desvantagens da tecnologia GTL ver Hutton e Holmes (2005). 9 Parte da competitividade do petróleo também deriva do fato de que há uma infra-estrutura de transporte e consumo final já consolidada para ele. Normalmente, investimentos em infra-estrutura, além de capitalintensivos (representando grande irreversibilidade de investimentos), acabam por constituir “trancamentos tecnológicos” em virtude dos próprios ganhos associados a um maior número de usuários de uma determinada tecnologia ou produto. A infra-estrutura “encaminha” o produto (Alexandre Szklo e Roberto Schaeffer 2006). 10 Neste caso o produto, que não passa pela última etapa de upgrade, é chamado de syncrude. Ver Nichols (2007). page 7/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. energia e reduzem significativamente a eficiência energética das refinarias, sem contar com os custos de investimento e de operação e manutenção (Sousa-Aguiar, Appel, e Mota 2005). Os produtos obtidos pelo processo GTL podem, em parte, atender a essa necessidade ambiental por produtos mais limpos. Por exemplo, o GTL pode viabilizar a obtenção do Ultra Low Sulfur Diesel (ULSD) sem a necessidade de dessulfurização (DOE/EIA 2007). A preocupação com a qualidade do ar em consonância com a busca da melhoria da saúde pública necessita de algumas medidas em relação ao controle de emissões de veículos automotores. Essas medidas envolvem a tecnologia empregada nos motores, a sua manutenção adequada e condições de utilização e a qualidade do combustível utilizado (Kremer 2007). No caso do Brasil, em relação às emissões de combustível, podemos citar a futura obrigatoriedade da utilização do diesel com 50 ppm de enxofre.11 O presente texto busca avaliar o custo de abatimento da redução da queima de gás natural associado no Brasil com o investimento em uma planta offshore para a produção de diesel Premium, por meio da utilização de um balanço energético simplificado entre duas alternativas propostas para a obtenção do diesel com baixo teor de enxofre. 11 Para mais sobre a obrigatoriedade do diesel S50 (50 ppm – partes por milhão) detalhes ver MMA (2009) e Renault-Nissan (2008). page 8/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Metodologia Os estudos de refino de petróleo e GTL serão inseridos na análise dos cenários de longo prazo do sistema energético brasileiro, visando contribuir para a avaliação sistêmica das opções de mitigação de emissões de carbono no Brasil. A Figura 1 mostra um esquema das etapas da metodologia utilizada no estudo. Figura 1 - Esquema da Metodologia Refino Em relação ao refino de petróleo, primeiramente, é mister enfatizar que o Brasil encontra-se atualmente realizando dois movimentos no seu parque de refino: 1. Primeiro, o parque existente está sendo otimizado e adaptado para cargas mais pesadas e ácidas, e para produzir derivados mais especificados; 2. Segundo, há a necessidade de novas refinarias além das duas novas refinarias atualmente previstas até 2012: COMPERJ e RENOR. Neste caso, torna-se necessário tanto avaliar o que pode ser feito no refino existente no Brasil, na medida em que este refino é mais rígido para inovações (o parque já está instalado e há mesmo limitações de espaço); quanto avaliar a expansão com novas refinarias, que tivessem na sua função objetivo não apenas a minimização de custo (maximização da rentabilidade), mas também restrições de emissão. De certo modo, o parque existente no país será avaliado em termos médios, na medida em que não estão disponíveis publicamente dados finos de todas as unidades de cada refinaria (são dados sigilosos da Petrobras). Contudo, é possível avaliar as faixas de grandeza das possíveis transformações do parque existente. Por sua vez, as expansões com novas refinarias contemplarão um maior grau de liberdade das escolhas tecnológicas. Assim, metodologicamente, para o refino de petróleo, este estudo se dividiu em três eixos principais: page 9/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. O primeiro eixo abrangeu o parque de refino existente, seus desafios e alternativas de mitigação de emissão de gases de efeito estufa. Neste caso, o estudo envolveu primeiramente o roadmap tecnológico de alternativas de redução de emissões de gases de efeito estufa nas refinarias existentes no Brasil. A partir deste roadmap estimou-se o potencial de redução de emissões de gases de efeito estufa no parque de refino existente, inclusive com os custos marginais de abatimento envolvidos. Três medidas mereceram destaque, neste primeiro eixo, a otimização energética, o controle de incrustações e o uso de sensores avançados. Estas medidas foram implementadas nas refinarias existentes ou em construção no Brasil, conforme o PNE 2030 (EPE 2007), para o horizonte de 2030. Considerou-se que as medidas seriam implementadas em duas etapas entre 2015 e 2020. O segundo eixo envolveu a otimização de uma possível nova refinaria no Brasil, tendo como função objetivo a minimização do seu custo de produção (incluindo um custo adicional para as emissões de carbono) visando atender a uma determinada demanda do mercado brasileiro. Dessa forma, consideraram-se, no modelo, valores monetários para o custo da emissão de CO2, de forma a buscar soluções viáveis que evitassem a sua emissão. Esta simulação foi realizada através de um modelo de Programação Linear representativo de duas tipologias de novas refinarias no Brasil: uma refinaria com foco em diesel e outra, com foco em petroquímicos. Estas são exatamente as duas tipologias que se encontram listadas no cenário do PNE 2030(EPE 2007), onde se observa a expansão do refino brasileiro, com 7 novas refinarias até 2030 (duas das quais já se encontram em construção), 5 com foco em produtos combustíveis, especialmente o diesel, e 2 com foco em petroquímicos básicos. A modificação do esquema de refino visando redução de emissões de carbono de novas refinarias seguiu exatamente a projeção de investimentos do PNE 2030 (EPE 2007), tendo sido considerados apenas os investimentos adicionais devidos à alteração do esquema das novas refinarias.12 12 Conforme será ainda apresentado, na modelagem de otimização, a inserção de incentivos financeiros associados a um preço de carbono não alterou o rendimentos da nova refinaria em produtos (quantidade e qualidade) nem pôde modificar os custos operacionais de base da refinaria. Assim, a margem operativa da refinaria não se alterou e o modelo enfatizou o investimento adicional para modificação do esquema de refino, em prol da redução das emissões de carbono. page 10/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. O terceiro e último eixo envolveu a análise de alternativas promissoras de redução de emissão de gases de efeito estufa no refino de petróleo, que ainda não estão disponíveis comercialmente ou para as quais não é possível estimar custos de capital e operação – e, portanto, delas derivar custos marginais de abatimento de emissões de gases de efeito estufa. Entre estas alternativas, destacaram-se: processos avançados de dessulfurização, inclusive a biodessulfurização; membranas; uso de energia nuclear em refinarias e CCS no refino de petróleo.13 Como se percebe, todas as alternativas analisadas estão diretamente associadas ao refino de petróleo. Não se analisam, portanto, alternativas para o sistema de produção de combustíveis líquidos que ultrapassam o escopo da refinaria de petróleo, como, por exemplo, a produção de biocombustíveis líquidos complementar ou substituta a um derivado de petróleo. A questão fundamental deste estudo é identificar e analisar alternativas nas fronteiras do refino existente e do possível refino futuro do Brasil. Refino existente Para avaliar as opções de mitigação de emissões de carbono nas unidades existentes no parque de refino brasileiro, visando conservar energia final, torna-se necessário fazer o inventário de consumo de energia e emissão de CO2 das unidades de refino de cada refinaria brasileira. A partir deste inventário e dos dados das opções de mitigação, constrói-se o cenário de baixo carbono, para o primeiro eixo de medidas relacionadas à produção de combustíveis derivados de petróleo. Este trabalho calculou as emissões do parque de refino brasileiro em dois períodos. O primeiro período considerando a configuração atual, baseada no ano de 2007, enquanto que o segundo período foi baseado na configuração prevista para o ano de 2015. As emissões do setor de refino são resultantes da queima de combustível fóssil para a geração de energia e dos processos de refino. 14 Crescentemente as emissões são provenientes das reações químicas (remoção de carbono das moléculas de grande peso molecular) e menos da combustão de energia nas refinarias (Bernard Sigaud 2008). A Figura 2 mostra que cada vez menos as emissões de combustão estão alinhadas com o consumo direto de energia nas refinarias. 13 No caso do CCS, contudo, ele foi analisado não apenas sob o prisma da sua possibilidade de inserção em refinarias, mas também sob o prisma do seu impacto nas decisões do modelo de programação linear para as possíveis novas refinarias. O CCS, neste caso, compôs uma análise de sensibilidade do eixo 2 deste trabalho. 14 Poluentes associados a emissões atmosféricas de refinarias incluem: amônia (NH3), dióxido de carbono (CO2), monóxido de carbono (CO), ácido sulfídrico (H2S), metais, óxidos de nitrogênio (NOx), particulados, ácidos (HF, H2SO4), óxidos de enxofre (SOx), compostos orgânicos voláteis (COVs) e numerosos compostos orgânicos tóxicos. Estas emissões são geradas por várias fontes dentro da refinaria (Mariano 2005). page 11/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. 100 90 % of carbon contained in the crude oil released by the refinery as CO2 80 70 60 50 Energy actually consumed by the refinery (in % of the heating value of crude oil) 40 30 20 10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 (Pure H2) Growing average hydrogen content of the product slate (refinery with growing conversion and hydroprocessing capacities) % of carbon contained in the crude oil released by the refinery as CO2 15 CO2 Emissions due to the difference in average carbon content between the products and the crude oil 10 CO2 Emissions corresponding to the actual energy consumption 5 Energy Consumption 0 13 14 15 % H2 Refinery with a high conversion and hydrotreatment capacity Medium complexity Refinery Hydroskimming Refinery Figura 2 – Relação entre as emissões de CO2 na refinaria e seu consumo de Energia Fonte: Sigaud (2008) É importante ressaltar que o cálculo das emissões, ou inventário de emissões, será baseado apenas nas emissões resultantes da combustão de combustíveis fósseis em função dos dados disponíveis para a análise. 15 15 O dióxido de carbono é emitido nas unidades de combustão tais como aquecedores, caldeiras e flares e sua concentração varia de acordo com a complexidade das próprias refinarias. Refinarias mais complexas tendem a possuir maior porte (processar mais óleo) e ter unidades mais energo-intensivas. No entanto, há casos de refinarias de baixa complexidade e pequeno porte, com alta emissão de CO2, porque essas page 12/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. As emissões de CO2 foram calculadas utilizando-se a energia consumida por volume de carga processada e as respectivas capacidades, em volume, de cada uma das unidades de processo, para cada uma das refinarias nacionais. A primeira etapa da confecção do inventário do setor de refino brasileiro utiliza o perfil de refino baseado no ano de 2007, por meio das capacidades instaladas, para cada uma das unidades de processo de cada uma das refinarias brasileiras. A previsão das capacidades instaladas, para o ano de 2015, foi realizada, com o levantamento baseado nos investimentos previstos nas unidades de refino, divulgados no PNE 2030 (EPE 2007). Para as duas refinarias, RENEST e COMPERJ o perfil de refino, em 2015, foi baseado em Petro&Química (2008), Soares et al. (2008) e dos Santos, Seidl e Guimarães (2008). Note-se aqui que dois anos serviram de base para a análise do parque de refino nacional: 2007 e 2015. O primeiro ano indica o parque de refino atual enquanto que o segundo o parque de refino após as modificações que estão sendo nele introduzidas e foram consideradas no PNE 2030 da EPE. Estas modificações indicam a alteração prevista pela EPE no parque nacional existente atualmente, também até 2030. A simulação do perfil das refinarias brasileiras em 2015 também se baseou no modelo de simulação de refinarias que foi desenvolvido no PPE (Szklo & Uller 2008) e é exatamente o mesmo modelo aplicado no PNE 2030 para projetar o refino nacional. Refino novo Diversos estudos buscam medir a eficiência energética nas refinarias e avaliar políticas de mitigação dessas emissões (Worrell e Galitsky, 2005; Energetics, 2007, Szklo e Schaeffer, 2007). Estes estudos, contudo, normalmente enfatizam ações de eficiência energética e/ou controle de emissões de gases de efeito estufa sobre unidades de processo. Esta era exatamente a ênfase do capítulo anterior. Este capítulo buscou avaliar o impacto sobre a configuração de novas refinarias complexas de restrições às emissões de CO2, ainda na sua fase conceitual, quando existe maior flexibilidade na escolha das unidades de processo e nas rotas alternativas de produção de derivados. Neste caso, o resultado mais relevante da simulação é a escolha do esquema de refino (ou das rotas de produção de derivados), diante da restrição à emissão de GEE. Com esse objetivo, foram realizadas simulações de duas configurações complexas de refino através de um modelo de otimização em Programação Linear – PL. Diversos estudos precedentes utilizaram essa metodologia para analisar a alocação da produção de CO2 entre os produtos do refino (Babusiaux e Pierru 2007; Tehrani 2007) e também para avaliar o impacto de alterações em especificações de produtos e pressões ambientais sobre a indústria de refino e sistemas de co-produtos em geral (Moghaddam e Valérie Saint-Antonin 2008). O presente estudo se distingue dos anteriores, portanto, na medida em que ele avalia a possibilidade de alterar o projeto do esquema de refino, diante da contabilização das emissões de gases de efeito estufa, durante a elaboração deste projeto. O modelo aqui aplicado representa duas configurações possíveis para uma nova refinaria complexa a ser construída no Brasil. As duas configurações propostas são: Refinaria para maximização da produção de diesel de alta qualidade Refinaria produtora de combustíveis e produtos petroquímicos de forma integrada.16 O caso do Brasil é pertinente para o problema em questão, já que foi anunciada a construção de 7 novas refinarias no país destinadas à produção de diesel de alta qualidade e de produtos petroquímicos, para refinarias tendem a operar com processos energeticamente menos eficientes e também menos seletivos (apresentando menor rendimento nos produtos finais almejados, ou consumindo mais energia e emitindo mais CO2 para obter o produto almejado) (Szklo & Uller 2008). 16 Claro está que outras configurações poderiam ser propostas. Não obstante, a análise da expansão do refino de petróleo atualmente no mundo indica tanto a expansão com o foco indicado no presente estudo, quanto um crescimento da demanda por diesel em detrimento da demanda por gasolina (Caruso e Clyde 2008). page 13/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. atender ao crescimento da demanda no mercado interno e para exportação no horizonte de 2030 (EPE 2007). A análise do impacto dos custos de emissão de CO2 sobre os novos projetos no seu estágio de concepção é muito diferente da avaliação de alternativas de redução de emissões em projetos existentes, através de adaptações. Isso porque, em um projeto de uma nova refinaria, toda a sua concepção pode ser alterada, havendo menos restrições técnicas e econômicas do que no caso de uma refinaria em operação. Nesse contexto, esse capítulo pretende averiguar as mudanças no esquema de refino de novas refinarias no Brasil, considerando diferentes valores de preço de carbono, que poderiam servir de incentivo financeiro para uma nova refinaria reduzir suas emissões de gases de efeito estufa. Assim, o presente capítulo busca avaliar, através da utilização de um modelo de otimização, os impactos da adoção de incentivos financeiros associados a um preço de carbono na configuração de dois tipos de refinaria complexa, a serem construídas para atender ao crescimento do mercado de derivados e petroquímicos no Brasil.17 Basicamente, adota-se o seguinte procedimento: 1. Ajuste do modelo PL para duas configurações básicas de refino; 2. Simulação deste modelo para estas duas configurações sem a utilização de incentivos financeiros associados ao preço do carbono emitido 3. Simulação deste modelo para as duas configurações com inserção de incentivos financeiros associados ao preço do carbono emitido. Neste caso, mantiveram-se inalterados os rendimentos das refinarias em produtos (quantidade e qualidade) e seus custos operacionais. Logo, o controle das emissões de carbono, através da modificação do esquema de novas refinarias, baseou-se em investimentos adicionais. 4. Identificação do valor dos incentivos financeiros associados ao preço do carbono que altera o esquema das novas refinarias no modelo otimizado para 15% aa e vida útil de 30 anos. 5. Obtenção do custo marginal a 8% aa e 30 anos, para os esquemas de refino modificados no item 4. Modelagem de refino em programação linear A otimização em programação linear é uma ferramenta adequada de análise de problemas de alocação de recursos complexos. A principal utilização dos modelos de otimização é a programação periódica de produção das refinarias. Dentre as principais aplicações tradicionais destacam-se a escolha das proporções dos petróleos consumidos pela refinaria e a otimização da composição dos produtos da refinaria (Shah 1996; Symonds 1995). Esses modelos de otimização podem ser mono-refinaria (J. M. Pinto, Joly, e Moro 2000)(Moro, Zanin, e J. M. Pinto 1998) ou multi-refinaria, considerando os custos de transporte entre as unidades e os mercados consumidores, de modo a representar uma região de produção de forma agregada (D. Babusiaux, Champlon, e Valais 1983; V. Saint-Antonin 1998). Podem ainda ser estáticos, por exemplo, como em Babusiaux (2003), considerando apenas um único intervalo de tempo, equivalente à referência da capacidade de produção da unidade, ou podem ser dinâmicos, considerando a transferência de estoques e mudanças nas premissas em cada um dos intervalos de tempo propostos (Heeman Lee et al. 1996). Finalmente, diversas técnicas são utilizadas para reduzir as limitações da modelagem linear, simulando relações não lineares (Moro, Zanin, e J. M. Pinto 1998) e inteiras (descontínuas) (Zhang e Hua 2007). 17 Trata-se de um artifício empregado no modelo de otimização. Insere-se um preço de carbono na otimização da refinaria de forma a que a mesma opte por arcar com custos de abatimento até o limite do preço do carbono. Este preço de carbono poderia ser entendido com um incentivo financeiro para reduzir as emissões e a refinaria seria dimensionada com sobrecustos até o limite do valor deste preço de carbono. page 14/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Os modelos de otimização também têm sido utilizados para acompanhar a produção, testar o impacto de novas regras regulatórias e escolher configurações de produção ótimas específicas. Já na década de 50, Manne (1958) propõe uma modelagem em PL para analisar a capacidade, estrutura da oferta e políticas para a indústria americana de refino. Outra questão relevante para a indústria, a alocação das emissões de GEE`s produzidos entre os diversos produtos do refino (Wang, Lee e Molburg 2004) também vem sendo amplamente analisada através de modelos em programação linear. Diversos estudos propõem metodologias para determinar essa alocação através da utilização de modelos de otimização (Babusiaux 2003; Babusiaux e Pierru 2007; Pierru 2007; Tehrani 2007). O modelo elaborado é um modelo em programação linear, estático e mono-refinaria. Ele foi construído a partir do modelo GEMME – Genérateur de Matrices pour Modèles Energie, elaborado no Instituto Francês de Petróleo (IFP). Esse modelo foi alterado para considerar apenas as configurações de refino propostas, seus respectivos rendimentos a partir do consumo de um único tipo básico de petróleo de produção brasileira, e a produção de derivados e petroquímicos adequados ao consumo no mercado brasileiro. A modelagem em programação linear considera uma função objetivo, sujeira a restrições técnicas e econômicas, conforme as equações e inequações descritas na Figura 3. page 15/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Figura 3 - Equações do Modelo de Programação Linear n Max Z = n cj xj , ou Min Z = j 1 Função Objetivo j 1 s.a. n aij xj bi (i = 1, 2, ..., m) j 1 xj 0 (j = 1, 2, ..., n) Restrições No caso de uma refinaria de petróleo, o modelo utilizado pode ser de Maximização de lucros, ou de Minimização de custos, para atender a uma determinada demanda mercado. As duas possibilidades são equivalentes, se existe no segundo caso a possibilidade de exportação e importação de produtos. As variáveis principais são os fluxos de petróleo e produtos intermediários e finais, que circulam entre as unidades de processo. As principais equações do modelo são: Equações de balanço de massa de materiais, estabelecidas de acordo com os rendimentos das unidades de processo; Equações de qualidades de produtos intermediários e finais; Equações de demanda de produtos finais; Equações de capacidade das unidades; Equações de disponibilidade de petróleo. A propriedade de Dualidade é também uma importante característica dos modelos de programação linear. Em essência, ela estabelece uma relação entre os resultados ótimos dos modelos de maximização de lucros e minimização de custos, conforme a Figura 4. Figura 4 - Relação entre as equações dos modelos Primal e Dual PRIMAL Max Z = c.x s.a. A.x b x0 DUAL Min D = bT . s.a. AT . cT 0 x = vetor de quantidade dos produtos vendidos c = vetor de lucros unitários obtido com a venda dos produtos b = vetor de quantidade dos recursos disponíveis para produção dos bens A = matriz de quantidades de recursos consumidos na produção de cada bem = vetor de valores unitários dos recursos (preço sombra) Em um modelo de minimização de custos que satisfaz a demanda, as variáveis associadas às equações de demanda do modelo dual seriam equivalentes ao custo marginal de produção. Esse custo marginal, por sua vez pode ser utilizado como uma forma de alocação de custos em sistemas de produção complexos, como é ocaso de uma refinaria (Babusiaux 2003). Os modelos de otimização em programação linear, além de serem instrumentos poderosos na gestão operacional de curto-prazo de unidades de refino, são também ferramentas utilizadas para a avaliação de decisões de investimentos. page 16/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Definição das configurações de refino O objetivo do modelo elaborado é representar duas configurações possíveis para a implantação de uma nova refinaria a ser construída no Brasil com: 1. Foco na produção de diesel 2. Integração com petroquímica. Com o objetivo de testar a influência de incentivos financeiros associados a um preço de CO2, as duas configurações de refino propostas foram novamente otimizadas, após a inclusão no modelo de diferentes valores para os incentivos financeiros. Também se buscou determinar a magnitude do valor desses incentivos para alterar as emissões das configurações propostas significativamente. Note-se aqui, também, que a introdução de incentivos financeiros é uma análise similar a avaliar uma taxa de emissão de carbono dentro da refinaria e, conseqüentemente, similar a avaliar os custos marginais de abatimento de carbono, para diferentes limites de emissão. Como indica a análise econômica de Turner, Pearce e Bateman (1993), no limite as taxas pigouvianas, como a taxa de carbono, e os custos marginais de abatimento convergem, em seus valores. O agente, de fato, deverá abater suas emissões até o limite de custo marginal que se iguala ao incentivo fincanceiro. Quando o custo marginal de abatimento supera o incentivo financeiro, o agente cessa de abater as emissões. Assim, as configurações propostas foram otimizadas considerando-se incentivos com valores de USS 25/tCO2, US$ 50/tCO2, US$ 100/tCO2 e US$ 150/tCO2. O modelo utilizou uma taxa de desconto de 15% aa e vida útil de 30 anos, valores tipicamente considerados para o investimento em refino de petróleo no Brasil. GTL A proposta do estudo é realizar um balanço de energia e das emissões totais de CO2e entre duas alternativas, que foram elaboradas de forma a permitir uma comparação entre duas possibilidades de obtenção de diesel, mais especificamente o diesel S50. A produção de diesel nacional não é suficiente para atender a demanda atual. O estudo utilizou um balanço de energia simplificado, que se baseou em Sigaud (2008). A primeira alternativa, que será chamada de Alternativa 1 (Figura 5) ao longo do estudo e representa a linha de base, considera que o volume de gás queimado atualmente em flare não será reduzido. Neste caso, o diesel S50 será obtido por meio de investimentos em unidades convencionais de hidrotratamento nas refinarias. Offshore Alternative 1 1 m³ Natural Gas Flare LCO HDT Emissions Onshore Emissions Diesel Premium Emissions Nafta HDS Nafta page 17/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Figura 5 – Esquema da Alternativa 1 A segunda alternativa, ou alternativa 2 (Figura 6), considera a utilização de uma planta GTL embarcada, para a produção de syncrude. Neste caso, seriam necessários investimentos em unidade de hidrocraqueamento (HCC). Essa alternativa permite, portanto, que seja obtido o diesel S50 juntamente com uma significativa redução da queima de gás natural em flare. Além de uma parcela de nafta de alta qualidade. Figura 6 – Esquema da Alternativa 2 Antes da simulação das alternativas propostas será necessário analisar as características do produto da planta GTL, chamado de syncrude ou “cru sintético”, as características das unidades de refino utilizadas e da planta GTL, seus respectivos consumos de energia e custos. Após o levantamento dos dados técnicos das unidades e seus custos de capital e de operação e manutenção (O&M), além da vida útil do projeto18, do período de operação19 no ano, dos preços do petróleo e dos produtos20 considerados na análise, será calculado o custo marginal de abatimento de CO2e, para taxas de desconto de 8 e 25 % a.a.. 18 A vida útil da planta offshore foi estimada em 25 anos (Syntroleum 2006; Almeida, Bomtempo, e Bicalho 2004). O mesmo valor foi utilizado para as unidades de refino. 19 O número de dias em operação foi baseado na operação das plantas GTL onshore, que necessitam de um período para a substituição do catalisador e para realização de manutenções maiores. Assim, considerou-se um o período de 340 dias de operação por ano (Syntroleum 2006; Almeida, Bomtempo, e Bicalho 2004). 20 Os preços dos derivados de petróleo utilizados na análise, diesel S50, gasolina, óleo combustível, nafta tratada e syncrude, foram calculados em relação à média para o ano de 2006 para os EUA. Os valores foram obtidos em EIA (2008). page 18/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Cenário de referência Refino O parque de refino brasileiro possui, atualmente, 13 refinarias concentradas na região sudeste, que detém aproximadamente 60% da capacidade total, e na região sul, que detém aproximadamente 20% da capacidade total (Szklo & Uller 2008). Há quase 30 anos o parque de refino brasileiro não aumenta em número de refinarias. Apesar disso, a Petrobras investiu em ampliações nas unidades aumentando a capacidade, desde a inauguração da Refinaria Henrique Lage, em 1980, de 1,1 milhões de barris para 1,9 milhões de barris por dia (Petro&Química 2008). A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) indica, em seu Plano Nacional de Energia 2030 (EPE 2007) que o Brasil necessita de pelo menos mais sete refinarias até o ano de 2030 para atender o consumo interno. Existem algumas especulações em torno da construção de refinarias exclusivas para a exportação, mas apenas duas refinarias, a Refinaria Abreu Lima (RENEST), 21 em Pernambuco, e o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (COMPERJ), 22 estão efetivamente em construção.23 Neste estudo foram consideradas, no ano de 2007, as refinarias do sistema Petrobras e a refinaria de Manguinhos. 24 Vale lembrar que as refinarias RENEST e COMPERJ serão consideradas no cálculo das emissões do parque de refino brasileiro, apenas no ano de 2015. A Tabela 1 resume as refinarias consideradas e as suas respectivas capacidades instaladas para o ano de 2007 e 2015. O ano de 2015 está associado às modificações previstas e/ou em execução nas atuais refinarias brasileiras, assim como ao ano em que as refinarias atualmente em construção, COMPERJ e RENEST, já estarão em operação. O PNE 2030 não considerou modificações no parque de refino existente no país, além daquelas que já estarão operacionais em 2015. Tabela 1- Refinarias brasileiras e suas respectivas capacidades instaladas Refinarias Refinaria Duque de Caxias – REDUC (RJ) Refinaria Presidente Bernardes - RPBC (SP) Refinaria de Capuava - RECAP (SP) Henrique Lage - REVAP (SP) Alberto Pasqualini - REFAP (RS) Gabriel Passos - REGAP (MG) Refinaria de Paulínia - REPLAN (SP) Landulpho Alves - RLAM (BA) Refinaria de Manaus - REMAN (AM) Lubrificantes do Nordeste - LUBNOR (CE) Presidente Getúlio Vargas - REPAR (PR) 2007 Capacidade Atual (m³/dia) 38.478 27.000 8.500 40.000 30.000 24.000 58.000 52.800 7.300 1.000 30.000 21 2015 Capacidade Prevista (m³/dia) 38.478 27.000 8.500 40.000 30.000 24.000 63.000 54.800 7.300 2.000 35.000 A refinaria Abreu Lima será construída em parceria com a PDVSA e entrará em funcionamento em 2010, com capacidade de 200.000 barris/dia (Petro&Química 2008). 22 A Refinaria Petroquímica (COMPERJ) terá capacidade de 150 mil barris/dia e tem início de operação previsto para 2012 (Petro&Química 2008). 23 As refinarias propostas são: Refinaria Abreu Lima (PE), Refinaria Petroquímica (COMPERJ), Refinaria Premium I (MA), com capacidade de 600 mil barris/dia, voltada para exportação; a Refinaria Premium II (CE), com capacidade de 300 mil barris/dia, voltada para exportação; e a Refinaria Premium II (RN) com capacidade de 300 mil barril/dia, que é um upgrade da planta de tratamento (Petro&Química 2008). 24 A refinaria Ipiranga S.A foi adquirida pela Petrobras (Petro&Química 2008). page 19/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Ipiranga S.A. 2.700 2.700 Manguinhos (RJ) 2.200 2.200 Refinaria Abreu e Lima – RENEST (PE) 0 31.800 Complexo Petroquímico – COMPERJ (RJ) 0 23.850 Total 321.978 390.628 Fonte: Elaboração própria baseado Petrobras (2008b), Petro&Química (2008), Soares et al. (2008) e dos Santos, Seidl e Guimarães (2008) Cálculo das emissões de CO2 As unidades de processo consideradas para no inventário de emissões estão resumidas na Tabela 2. Os processos de refino de petróleo são energo-intensivos e geralmente requerem uma grande quantidade de energia e calor de processo (Energetics 2007b). Apesar de as diferentes refinarias possuírem processos de refino em comum, é importante destacar que a quantidade específica de energia utilizada por cada processo pode variar consideravelmente em função da tecnologia utilizada e da severidade de cada processo. Alguns processos da refinaria, por exemplo, a Destilação Atmosférica , apesar de não serem os processos de maior consumo energético por volume de carga processado, representam a maior parcela do consumo total de refinaria por causa da sua capacidade (Energetics 2007b). As unidades de Destilação Atmosférica (DA) e Destilação a Vácuo (DV) consomem juntas, em média de 35 a 40% da energia de uma refinaria, porque quase todo o volume que é processado em uma refinaria passa pelas unidades de separação topping (Szklo & Uller 2008). As médias nacionais de consumo de energia para a as unidades de DA e DV foram calculadas em 39% e 13%, respectivamente.25 O consumo de energia de cada unidade de processo, expresso pela energia consumida por volume de carga processada (kJ/m³), está resumido na Tabela 2.26 Estes valores foram obtidos em Szklo & Uller (2008), EIPPCB (2001) Energetics (2007), Gary et al. (2007) e Meyers (1997). 25 Se não considerarmos o funcionamento das refinarias RENEST e COMPERJ, os valores de consumo de energia para as unidades de DA e DV são, respectivamente, 24% e 8%, para o ano de 2015. A redução percentual no consumo de energia para as unidades de DA e DV mostra que o aumento da complexidade do parque de refino, com a entrada das duas novas refinarias, eleva o consumo de energia em outros processos consumidores de hidrogênio. 26 Os valores de consumo de energia de cada unidade de refino foram baseados no consumo médio das unidades de processo do setor de refino americano. Apesar das diferenças nas configurações entre as refinarias, o perfil de consumo de cada unidade de processo do parque de refino brasileiro pode ser bem representado pelos valores médios americanos, uma vez que as tecnologias são semelhantes (Linnhoff March 1998). page 20/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Tabela 2 – Unidades de processo consideradas no inventário de emissões do refino nacional, sua energia consumida por volume de carga e emissões por volume de carga Unidades de Processo Destilação Atmosférica Destilação a Vácuo Craqueamento Catalítico Craqueamento Catalítico de Resíduo Reforma Catalítica Hidrocraquemento Catalítico Hidrocraquemento Catalítico Coqueamento Retardado Eterificação Desasfaltação Hidrotramento Hidrotramento Hidrotramento Hidrotramento Instáveis Lubrificantes Hidrodessulfurização de Gasolina Hidrodessulfurização de Diesel Alquilação Sigla DA DV FCC RFCC RC HCC HCC L CR MTBE DSF HDT L HDT Q HDT N HDT I LUB HDS G HDS D ALQ Capacidade em 2007 (m3/dia) 321.978 128.580 78.540 10.000 4.125 0 0 20.600 1.172 12.100 170 9.800 5.000 15.000 3.180 0 20.500 1.000 Capacidade em 2015 (m3/dia) 390.628 167.787 85.740 10.000 12.675 29.817 5.000 70.402 1.172 12.100 340 9.800 29.758 103.097 3.180 49.000 24.500 1.000 Energia Consumida (kJ/m³) 755.088 607.123 1.384.770 2.449.449 -1.394.723 3.512.022 3.512.022 1.103.437 2.676.648 1.096.802 2.066.208 2.066.208 2.066.208 2.066.208 9.995.296 1.960.478 1.869.057 2.222.799 Emissões (tCO2/m³) 0,052 0,042 0,095 0,171 -0,055 0,206 0,206 0,075 0,185 0,075 0,121 0,121 0,121 0,121 0,687 0,113 0,107 0,149 Fonte: Dados da energia consumida por volume de carga (kJ/m³) baseada em Energetics (2007), Gary et al. (2007), EIPPCB (2001) e Szklo & Uller (2008). O valor negativo encontrado para o consumo de energia para a unidade de RC ocorre porque os valores de energia consumida, apresentados na Tabela 3, não representam o consumo direto total de energia da unidade de refino. Na verdade, esse consumo representa o balanço total de energia que é fornecida para a unidade. Isso ocorre porque a quantidade de energia que é realmente consumida pode ser bem diferente da energia fornecida diretamente quando considerados o calor gerado na reação e o balanço de hidrogênio da unidade (Bernard Sigaud 2008). Os produtos das capacidades totais volumétricas de cada unidade de processo, em volume de carga por dia (m³/dia), pelos respectivos dados de consumo de energia por volume de carga, em kJ/m³, mostrados na Tabela 2, resultam na energia consumida por unidade de processo, em GJ/dia, para cada uma das refinarias do parque de refino nacional (Tabela 3). Tabela 3 - Consumo de energia por unidade de processo Unidades DA DV FCC RFCC RC HCC HCCL CR MTBE DSF HDT L HDT Q HDT N HDT I 2007 Consumode Consumo por Energia unidade (%) (GJ/dia) 243.121 39,1 78.063 12,5 108.759 17,5 24.494 3,9 -5.753 -0,9 0 0,0 0 0,0 2.730 3,7 3.137 0,5 13.271 2,1 351 0,1 20.248 0,8 10.331 1,7 30.993 5,0 page 21/92 2015 Consumode Energia (GJ/dia) 294.958 101.867 118.730 24.494 -17.678 104.717 17.560 77.684 3.137 13.271 702 20.248 61.485 213.019 Consumo por unidade (%) 24,4 8,4 9,8 2,0 -1,5 8,7 1,5 6,4 0,3 1,1 0,1 1,7 5,1 17,6 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. LUB 31.785 31.785 5,1 2,6 HDS G 0 96.063 0,0 7,9 HDS D 38.315 45.792 6,2 3,8 ALQ 2.222 2.222 0,4 0,2 Total 560.371 100,0 1.086228 100,0 Nota: O consumo de energia é referente a todo o parque de refino nacional, por unidades de refino. Como as refinarias não trabalham com 100% de sua capacidade anual, a estimativa do consumo de energia para o refino nacional, aplicando-se o fator de utilização (FU) 27 para cada uma das refinarias consideradas no estudo foi estimado em aproximadamente 560.371 GJ/dia, ou aproximadamente 204.536 TJ/ano, para o ano de 2007 e 1.086.228 GJ/dia, ou aproximadamente 396.473 TJ/ano, para o ano de 2015. Para o cálculo das emissões é necessário o conhecimento das fontes utilizadas para a geração da energia que são consumidas pelas unidades de processo. Uma refinaria utiliza calor e eletricidade em uma proporção mais térmica que elétrica. Os combustíveis utilizados para a geração desse vapor e eletricidade são derivados, em grande parte, dos próprios resíduos de processo como o gás de refinaria, óleos residuais (óleo combustível, resíduo de vácuo e resíduo asfáltico) e coque de FCC. Esse perfil é muito variável, sendo este o resultado do balanço entre a quantidade de energia requerida pelos processos, os tipos de carga processadas e os limites de emissão existentes e a análise econômica (Szklo & Schaeffer 2007). Assim, as refinarias utilizam diversos insumos como fonte de energia para os seus processos e o perfil de utilização desses insumos pode variar significativamente entre as refinarias consideradas. No entanto, o perfil de cada unidade de refino nacional não está disponível, por isso, utilizou-se o perfil de consumo de energia médio da refinaria REDUC entre os anos de 2000 e 2005. Utilizando-se o percentual da participação de cada fonte no fornecimento de energia e os respectivos fatores de emissão de CO2, 28 as emissões de cada uma das unidades de processo foram calculadas, em tCO2 por m³ de carga processada.29 As emissões de cada unidade de processo, em tCO2 por m³ de carga processada estão resumidas na Tabela 2. O produto das capacidades diárias, em m³, de cada unidade de processo e o resultado dos valores de emissões de tCO2 por volume processado em m³ (tCO2/m³) (Tabela 2) resulta nos valores diários de emissões para cada unidade de processo, em tCO2/dia. A soma das emissões das unidades de processo de uma determinada refinaria fornece o seu total diário de emissões, em tCO2/dia. Considerou-se, novamente, o fator de utilização (FU) para que seja obtida a emissão total de cada unidade de processo, para cada uma das refinarias, para os anos de 2007 e 2015. Portanto, o resultado anual das emissões de CO2 para cada refinaria deve ser obtido pela multiplicação da emissão diária de tCO2/m³, pelo número de dias do ano e pelo fator de utilização (FU) de cada uma das refinarias.30 Finalmente, a soma das emissões para cada uma das refinarias em funcionamento nos anos considerados, resulta no total de emissões do setor de refino nacional, para os anos de 2007 e 2015. A Tabela 4 resume os 27 A Petrobras divulga os fatores de utilização de cada uma de suas refinarias, ver (Petrobras 2008b). Os dados da refinaria Ipiranga ainda não estão disponíveis no site da Petrobras e o da refinaria de Manguinhos não foi obtido. Nestes dois casos, apesar de serem estimativas altas, foram utilizados um valor de FU igual a 88%, calculado pela média das unidades de refino da Petrobras. 28 Este perfil foi baseado na média dos perfis da REDUC entre os anos de 2000 e 2005 (COPPE/UFRJ 2006). De acordo com os dados disponíveis do perfil da REDUC, as fontes de energia, primárias e secundárias, utilizadas nas unidades de refino consideradas foram: energia elétrica, óleo combustível, gás de refinaria, coque de craqueamento catalítico (FCC) e gás natural GN. Foram criados três grupos para o fornecimento (direto e indireto) de energia aos processos: o grupo do Hidrogênio; o grupo dos Combustíveis, que inclui óleo combustível, gás de refinaria, coque de FCC e gás natural; e o grupo de Energia Elétrica, que inclui a energia elétrica comprada e a geração própria. O aumento do consumo de hidrogênio consumido em alguns processos de refino tem ganhado importância nos processos de refino atuais. Por não ser uma fonte de energia, o hidrogênio foi incluído no grupo de fornecimento indireto, por causa da quantidade significativa de energia consumida em sua produção. Considerou-se que 100% da produção de hidrogênio é obtida pela reforma a vapor; 29 Os fatores de emissões foram baseados em (CentroClima 2003) para os derivados de petróleo e gás natural e em (MCT 2008) para a energia comprada. 30 Os fatores de utilização (FU) foram baseados nos valores divulgados para as refinarias no ano de 2007, obtidos em (Petrobras 2008b). Para as refinarias Ipiranga e Manguinhos foi utilizado um único valor aproximado, que representa a média do FU das refinarias da Petrobras no ano de 2007. page 22/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. resultados obtidos para a as emissões do parque de refino brasileiro para os anos de 2007 e 2015, em MtCO2e. A Tabela 5 resume as emissões por períodos e a emissão acumulada no período da análise para o parque de refino existente em MtCO2e. Tabela 4 – Resultados das emissões do refino nacional para os anos de 2007 e 2015 – parque de refinarias existentes e em construção Emissão MtCO2/ano 2007 13,8 2015 25,5 Tabela 5 – Emissões para o refino existente no cenério referência – parque de refinarias existentes e em construção Refino Existente Total cumulado no período 2010-2014 2015-2019 2020-2024 2025-2030 Emisões (MtCO2e) 518,3 109,7 127,7 127,7 153,2 Refino novo Atualmente, do ponto de vista da oferta de derivados, estão previstas as implantações de 7 refinarias no Brasil, entre 2010 e 2030. As duas primeiras já se encontram em fase de implantação pela Petrobras e têm o inicio de operação previsto para 2012. As demais unidades estão em fase de estudo, sendo que duas deverão iniciar operação entre 2014 e 2020 e outras duas, entre 2020 e 2030 (EPE 2007). Para estas quatro refinarias, os estudos (ou as avaliações preliminares de viabilidade) não incorporam ainda a contabilização das emissões de gases de efeito estufa. O estudo da EPE (2007) aponta em seu cenário mais provável um crescimento da demanda por derivados do petróleo no Brasil de 3,4% a.a. entre 2005 e 2030, com destaque para o querosene de aviação e o diesel, com crescimento acima da média. Por sua vez, o estudo da (ABIQUIM 2007) indica um crescimento da demanda por petroquímicos ainda maior, no horizonte de 2020. Dentre os combustíveis, o maior crescimento é do querosene de aviação (4,7% a.a.), seguido pelo diesel com baixo teor de enxofre (3,6% a.a.). O consumo de produtos petroquímicos cresce ainda mais rapidamente, com destaque para o propeno (7.2% a.a) e o eteno (5,7% a.a.). Os aromáticos crescerão a taxas diversas, porém sua demanda será atendida até 2020 pelo investimento em uma nova refinaria petroquímica prevista para entrar em operação em 2012, no Estado do Rio de Janeiro. O consumo de paraxileno terá um grande crescimento, devido à implantação de novos projetos que irão aumentar em mais de 4 vezes a demanda no Brasil, enquanto o benzeno e o butadieno deverão crescer cerca de 5% a.a. Assim, o objetivo principal das refinarias do presente estudo é o de atender à demanda crescente por derivados e petroquímicos, principalmente querosene, diesel, propeno e eteno. 31 Neste caso, adicionalmente ao que se fez nos planos oficiais do governo brasileiro, serão avaliados os impactos sobre o projeto do esquema básico de refino da contabilização das emissões de carbono da refinaria. As duas configurações de refino propostas no modelo visam atender à demanda crescente por combustíveis e/ou por produtos petroquímicos básicos no Brasil. Os destilados médios e leves produzidos devem atender especificações de qualidade futuras para o mercado brasileiro (diesel e gasolina com 50 ppm de enxofre). Os produtos petroquímicos produzidos nos casos de integração com petroquímica são o eteno, o propeno, C4 (butanos) e aromáticos. 31 O consumo per capta de petroquímicos no Brasil é ainda baixo o que explica o crescimento acelerado previsto para os próximos anos. Enquanto nos Estados Unidos o consumo per capta em 2007 foi de 108 kg por habitante, na Espanha de 87 kg por habitante e na Argentina de 29 kg por habitante, no Brasil ele foi de apenas 26 kg por habitante (ABIQUIM 2007). page 23/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Como configuração de base foi definida uma unidade de destilação atmosférica com capacidade de 10.000 mil t/ano de processamento de petróleo Marlim, com 20 API.32 Neste caso, a definição do tamanho e de uma carga única para a refinaria visa homogeneizar as alternativas propostas para melhorar a comparação entre as alternativas. Note-se, portanto, que não se trata aqui de elucidar a melhor expansão do refino brasileiro diante de diferentes cenários de demanda por derivados, mas sim de averiguar como uma possível configuração de refino, que foi otimizada para uma determinada provável demanda, pode ser alterada diante da introdução do valor das emissões de carbono na modelagem. A Figura 7 apresenta de uma forma simplificada as principais unidades pré-definidas no modelo. Eteno Leve Refinaria Hipotética Pesada Diesel GLP Marlim 10 mil t/ano Destilação Naftas Craqueamento à Vapor GLP Propeno FCC Gasolina Pesada H2 Atmosférica Diesel/QAV Propeno Aromaticos Reforma Oleo FCC Gasolina Catalitica GLP HCC Gasolina Destilação HDT Diesel/QAV à Vacuo Nafta Oleo HCC GLP HDT Gasolina FCC HDT Coqueamento Nafta Retardado Diese/QAV Coque GLP FCC Propeno Petroq. Gasolina Diesel Oleo FCC QAV Figura 7 - Esquema Inicial das Unidades de Refino Propostas A partir dessa configuração básica, foram estabelecidos dois cenários de demanda de mercado, os quais determinaram as configurações de refino, através do modelo de minimização de custos em PL. A primeira configuração foi denominada (a) Refinaria Petroquímica, e a segunda (b) Refinaria Diesel. A Refinaria Petroquímica visa produzir eteno e propeno, a partir de uma unidade de craqueamento a vapor anexa à refinaria convencional, além de empregar uma unidade de FCC petroquímico que opera, sobretudo, no modo “propeno” 33. A Refinaria Diesel visa uma produção de mais de 50% de diesel e querosene de aviação. A Tabela 6 apresenta as demandas de mercado determinadas para as duas configurações. 32 O petróleo tipo Marlim é a principal “marca” utilizada pela Petrobras para exportação e é composto de uma série de óleos produzidos na Bacia de Campos. Representa cerca de 30% da produção brasileira. Seu grau API típico é de 19,6, com teor de enxofre relativamente baixo, de 0,67%, porém índice de acidez alto (TAN médio de 1,09 mg/KOH/g) (Szklo e Uller 2008). 33 Em verdade, a forma mais simples de obter quantidades adicionais de olefinas no FCC convencional sem mudanças drásticas no hardware da unidade se dá através de modificações nas condições operacionais (temperatura de reação, ROT; catalisador; razão catalisador/carga (C/O), etc. Como destacam Szklo e Uller (2008), as unidades convencionais de FCC operam com temperaturas de reação entre 490 e 550°C. O aumento da ROT leva a um aumento no rendimento de coque, de gás combustível e de frações C3 e C4 (GLP), que dimensionam o compressor de gás. A partir de 550°C, a produção de gás inicia uma ascensão exponencial e o GLP aumenta substancialmente por craqueamento da gasolina formada. Em aproximadamente 600°C, inicia-se também o craqueamento do GLP formado e o aumento exponencial da produção de eteno. Portanto, a maximização de propeno exige temperaturas de reação entre 560 e 590°C, enquanto a maximização de eteno exige temperaturas de reação ainda mais elevadas, acima de 600°C (A.R. Pinho 2005). Além de mudanças nas condições operacionais e no sistema catalítico do FCC convencional (uso de catalisadores ZSM-5), existem várias alternativas de FCC petroquímico que abrangem a modificação do hardware da unidade. page 24/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Tabela 6 - Demanda de Produtos inserida no Modelo de Otimização para Módulo de Nova Refinaria Mil t/ano Diesel 50 ppm Diesel 500 ppm Jet Gasolina 50 ppm Gasolina 500ppm Nafta Eteno Propeno Óleo Coque Propano Butano Total Refinaria petroquímica 3500 700 1.000 700 500 500 500 500 150 150 8.200 Refinaria diesel 4000 1.000 700 700 1.000 500 500 500 300 150 9.350 As premissas de preços, custos operacionais e de investimentos, rendimentos das unidades e qualidade dos produtos foram extraídas de fontes diversas, inclusive as informações coletadas e consolidadas pela Direção de Economia do IFP, artigos e livros diversos. O preço do petróleo Brent, de cerca de US$ 70,00, foi utilizado como marcador para a determinação do preço do petróleo Marlim utilizado no modelo. A escolha das configurações otimizadas pelo modelo foi feita levando em conta um fator de investimento nas unidades, o seu custo operacional, assim como o rendimento e a qualidade dos produtos elaborados, simultaneamente, através do sistema de equações da programação linear. O rendimento das unidades seguiu o levantamento realizado no parque de refino brasileiro (Alexandre Szklo e Uller 2008). No caso, de lacuna de informação específica para unidades do país, seguiu-se a literatura científica sobre o assunto (Robert A. Meyers 1997; James H. Gary, Glenn E. Handwerk, e Mark J. Kaiser 2007) Os resultados das otimizações iniciais, sem restrição de emissão de Gases do Efeito Estufa (GEE), para as duas configurações de refino propostas neste estudo são mostrados na Tabela 7. Tabela 7 - Capacidade de carga das Unidades Otimizadas mil t/ano Destilação Atmosférica Destilação à vácuo Reforma Catalítica Craqueamento Catalítico - FCC Hidrocraqueamento - HCC Alkilação Coqueamento Retardado Hidrotratamento de diesel Hidrotratamento de nafta de FCC Hidrodesulfuração de nafta Geração de Hidrogênio Recuperação de Enxofre Craqueamento à vapor Refinaria Petroquímica 10.000 6.450 820 2.175 1.085 120 2.668 3.598 129 487 210 318 1.372 Refinaria Diesel 10.000 6.431 941 845 2.406 69 2.723 3.424 62 272 325 150 - Nota: Resultado para uma taxa de desconto de 15% a.a. Ambas as configurações estão limitadas a uma capacidade de 10 mil t/ano. O modelo estabelece um rendimento direto da destilação atmosférica de cerca de 35% para o Marlim (Szklo e Uller 2008). O resíduo atmosférico é destinado à unidade de destilação a vácuo e o resíduo de vácuo destinado à unidade de coqueamento retardado. Nessas unidades as diferenças entre os dois modelos não são significativas. A primeira diferença entre as duas configurações pode ser observada na unidade de reforma, que recebe a nafta de destilação e de vácuo. Devido à existência do craqueamento a vapor, a quantidade de nafta destinada à reforma diretamente da destilação é menor no caso da Refinaria Petroquímica. page 25/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. A principal diferença entre as duas configurações é a escolha entre as unidades de conversão da refinaria. No caso da refinaria diesel, para ser capaz e atender à demanda elevada por derivados médios, o modelo escolhe o HCC como principal unidade de conversão. Já no caso da Refinaria Petroquímica, a maior unidade de conversão é o FCC. Nas duas unidades, o FCC maximiza a produção de propeno, em detrimento da produção de gasolina, devido à vantagem de preço do primeiro (Pimenta e Pinho 2004; LiZai-Ting et al. 2002). Finalmente, as unidades de hidrotratamento estão configuradas no modelo para atender a uma especificação de enxofre de 50 ppm para o diesel e a gasolina produzidos nas unidades de destilação, coqueamento retardado e FCC. A unidade de HCC produz derivados com percentual de enxofre ainda menor. A demanda por hidrogênio das unidades de hidrotratamento e hidroconversão é contabilizada no modelo, assim como a necessidade de geração in situ de hidrogênio, o que se dá na escolha otimizada através de uma unidade de reforma de gás. As principais características das duas configurações otimizadas são mostradas na Tabela 8. Tabela 8 - Características das Configurações Otimizadas mil t/ano Consumo Petróleo Consumo GN 3 Consumo GN (Mm /dia) (1) Importação Total Produção Total Auto-consumo Emissões CO2 Emissões (kg CO2 / barril) Refinaria Petroquímica 10.000 210 0,80 462 10.672 9.265 1.229 10.494 3.944 54,8 Refinaria Diesel 10.000 325 1,24 474 10.799 9.917 687 10.604 2.210 30,7 Nota: (1) o modelo considera a possibilidade de importação de propano, etanol e outros produtos em pequenas quantidades, para atender à demanda e às especificações de qualidade dos produtos. Resultado para uma taxa de desconto de 15% a.a. (2) Custo ISBL – FOB. O consumo de gás natural nas refinarias obtido na otimização foi de 1,23 milhão m3/d na Refinaria Diesel e 800 mil de m3/d na Refinaria Petroquímica. A estimativa de auto-consumo total de energia é maior na Refinaria Petroquímica, principalmente devido ao alto consumo energético do craqueamento a vapor (Ren, Martin K. Patel, e Blok 2008). O auto-consumo da refinaria diesel, por sua vez, é compatível com o do atual parque de refino existente no Brasil (Gomes, Szklo, Castelo Branco 2008). Ademais, em ambas as configurações existe um FCC petroquímico, o que eleva a produção de propeno pela refinaria. O FCC petroquímico não é adiabático como o FCC convencional. A elevada demanda térmica do riser e a endotermia das reações de craqueamento, no caso do FCC Petroquímico, podem levar a um equilíbrio térmico que torna necessário adicionar calor à unidade. Esta demanda adicional de calor pode ser suprida, por exemplo, através de reciclo das frações mais pesadas geradas no FCC ou pelo uso de óleo de tocha no regenerador (Szklo e Uller 2008). 34 Da mesma forma, as emissões de CO2 são também mais elevadas, da ordem de 55 kg CO2/barril na Refinaria Petroquímica, se comparadas às emissões de 31 kg CO2/barril na Refinaria Diesel. O custo total de produção ISBL minimizado nas duas configurações foi de, 34 Como está em Verstraete et al. (2005) bem detalhado, o FCC convencional trabalha em condições praticamente adiabáticas, na medida em que o calor da reação é fornecido integralmente, em geral, pela queima de coque de FCC, para regeneração do catalisador. O catalisador aquecido retorna ao ambiente reacional provendo o calor necessário à reação. FCC é, portanto, um processo integrado de reação e regeneração, onde o calor produzido na zona de regeneração é transportado pelo catalisador para a zona de reação, para vaporizar a carga líquida do FCC e promover as reações endotérmicas. Estas características muito específicas levam a uma vazão de catalisador no reator que depende não apenas dos requerimentos da reação, mas também dos requerimentos adiabáticos do processo. Assim, uma modificação no balanço de calor da unidade afetará a circulação do catalisador e, conseqüentemente, o próprio rendimento da reação. Isto é especialmente verdadeiro para o rendimento do coque. page 26/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. respectivamente, US$ 4,23 e 4,42 bilhões por ano, para o caso das Refinarias Petroquímica e Diesel. 35 A Tabela 9.mostra as emissões para o refino novo por período e o total acumuldado para o período da análise. Tabela 9 – Emissões do cenário referência – novas refinarias (exceto aquelas em construção) Refino Novo Total cumulado no período 2010-2014 2015-2019 2020-2024 2025-2030 Emisões (MtCO2e) 128,2 0 14,0 43,0 71,2 35 Custo Inside Battery Limits (ISBL). Como definido por Dutra e Szklo (2008), “ISBL and OSBL are defined in engineering economics for performing the profitability evaluation of an industrial plant. ISBL costs, or Inside Battery Limits Costs, include the cost of plant facilities shown on flowsheet. OSBL costs, or Offsite Battery Limits cost, include the cost of supporting facilities such as boilers, waste treatment facilities, laboratories, offices etc”. page 27/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. As emissões totais, incluindo o refino existente e refino novo, para o cenário de referência estão resumidas na Tabela 10. Tabela 10 – Emissões totais do refino para o cenário referência em MtCO2e Cenário Referência Total cumulado no período 2010-2014 2015-2019 2020-2024 2025-2030 Refino Existente e Refino Novo 646,6 109,7 141,7 170,7 224,5 GTL O cenário de referência para o caso GTL, que utiliza a Alternativa 1 (Figura 5), considera que o volume de gás queimado atualmente em flare não será reduzido. Neste caso, o diesel S50 será obtido por meio de investimentos em unidades convencionais de hidrotratamento nas refinarias. As emissões previstas para a obtenção desse volume de diesel por meio de unidades convencionais de refino, somadas às emissões do flare de gás, estão resumidas na Tabela 11. Tabela 11 – Emissões para o caso GTL no cenário referência Cenário Referência Total cumulado no periodo 2010-2014 2015-2019 2020-2024 2025-2030 GTL (MtCO2e) 174,2 0 22,9 45,8 105,4 page 28/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Opções de mitigação e/ou seqüestro Este capítulo apresenta as opções de mitigação utilizadas. Vale ressaltar que não há medidas de mitigação para o setor de refino ou gás natural no Plano Nacional de Mudancas Climáticas (PNMC). Opções de mitigação no refino Conforme (Petrick e Pellegrino 1999), no médio para o longo prazo, é possível estabelecer uma meta de redução de uso de energia em refinarias entre 15 e 20% (e conseqüentemente em emissões de CO2). A recuperação e o reaproveitamento de resíduos térmicos apresentam-se como a principal opção no curto prazo, enquanto a mitigação de incrustações e novas tecnologias de refino têm importância crucial em médio e longo prazos. Integração energética e recuperação de calor A integração energética e a recuperação de calor em refinarias é a principal opção para redução do seu auto-consumo de combustíveis no curto prazo. Não existem grandes esforços de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) associados a estas opções. Mais do que isto, plantas químicas no Brasil e outras partes do mundo já adotam técnicas de integração energética com êxito (Szklo, Soares, e Tolmasquim 2004). Especialmente para refinarias, importantes diferenças de temperatura entre correntes frias e quentes indicam a possibilidade de integração energética, reduzindo a necessidade de aporte externo de calor ou frio. Aliás, um efeito secundário positivo desta integração é a simultânea redução dos efluentes líquidos, sobretudo devido ao menor uso de resfriamento por contato direto – quench; e à menor necessidade de make-up de água de caldeira. Entre as medidas associadas ao gerenciamento da energia térmica de uma refinaria, destacam-se: Uso do calor exausto, de baixa qualidade, em ciclos de refrigeração por absorção (Olim et al. 2002); Uso de resíduos térmicos para pré‐aquecer cargas;36 Integração energética e/ou mássica (água e hidrogênio), usando‐se basicamente Técnicas Pinch (Hallale 2001; CTEC 2003); Melhoria de queimadores associada ao melhor controle de queima (API 2000); Alimentação direta de “produtos intermediários” a processos, sem resfriamento e estocagem, visando recuperar parte do calor residual nestes produtos. Por exemplo, a energia térmica dos produtos da coluna de destilação podem ser recuperados diretamente nas unidades downstream, quando mais contínua for a seqüência de processos, evitando resfriamento e estocagem (EIPPCB 2001); Uso de bombas de calor (Worrell & Galitsky 2005) (Ernst Worrell e Christina Galitsky 2005) Aumento da turbulência nas superfícies de troca térmica 36 Por exemplo, sistemas de recuperação de calor podem recuperar o calor produzido em processos de coqueamento. page 29/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Isolamento de redes de condução de calor Adoção de um sistema de gerenciamento do vapor (Worrell & Galitsky 2005). 37 Em linhas gerais, através do uso de Técnicas Pinch38, foram verificadas reduções no uso de energia em refinarias da ordem de 20% (Petrick e Pellegrino 1999); (EIPPCB 2001). Contudo, conforme (Hallale 2001; CTEC 2003), valores típicos devem se situar entre 10 e 25% (como percentagem do consumo total de combustível apenas). Finalmente, (Alsema 2001) estima que 2% da redução do consumo de combustível em uma refinaria podem advir de uma melhor recuperação de calor; e, implementando-se técnicas Pinch para integração energética, este número chegaria a 6%, segundo este autor. (Beer 1998) concorda com estes números, estimando um potencial de redução com Pinch energético de 5% em refinarias holandesas, a baixo custo (menor do que 10US$/GJ). Por sua vez, dois estudos desenvolvidos na refinaria REPLAN (Amorin 2005; Olim et al. 2002) e um estudo desenvolvido na REDUC (Schor 2006), analisaram o potencial técnico de uso de Técnicas Pinch em refinarias brasileiras para energia (integração energética) e água (integração mássica). Embora ressaltem que as redes de integração energética e mássica são opções viáveis no curto prazo para as duas refinarias brasileiras, os estudos destacam também que nem todas as correntes quentes estão disponíveis para troca térmica. Produtos voláteis que devem ser rapidamente resfriados por contato direto com água (quench), correntes intermitentes (Olim et al. 2002), correntes quentes contendo sólidos em suspensão (como catalisadores), podem ser citados como exemplo. Finalmente, algumas correntes de elevada exergia térmica (como os gases exaustos do FCC) são de difícil recuperação, pois se encontram em partes inacessíveis da refinaria (Olim et al. 2002). De acordo com a simulação de Moreira et al. (2008) da aplicação da técnica Pinch a uma refinaria brasileira, seria possível uma redução de cerca de 60% do consumo na torre de destilação. Considerando-se a participação estimada da DA no consumo de energia final de refinarias brasileiras, média do refino nacional igual a 28%, em 2015, essa redução de consumo na unidade corresponderia a uma redução final de, aproximadamente, 17%. Em algumas refinarias (Amoco, Agip (Itália), BP, Chevron, Exxon (na Holanda e no Reino Unido), e Shell (em várias plantas européias)) onde a técnica Pinch foi aplicada, foram identificas economias entre 20 e 30%, porém a faixa economicamente compensatória seria entre 10 e 15% (Ernst Worrell e Christina Galitsky 2005).39 Assim, a primeira opção para a aplicação de redes de integração energética em refinarias é a coluna de destilação atmosférica, que processa grandes volumes de carga e demanda grande quantidade de energia. Na coluna da REPLAN, por exemplo, a variação de temperatura se dá entre 124 oC e 350oC para o diesel (vazão de 80,5 kg/s), de 165 oC para 350 oC para o QAV (vazão de 16,6 kg/s), de 304 oC para 350 oC para gasóleos leves (vazão de 8,3 kg/s). Os primeiros dois produtos deixam a coluna de destilação para serem hidrotratados, enquanto o último segue para o FCC. Adicionalmente, além da introdução de redes otimizadas de troca térmica em refinarias brasileiras, o uso de calor rejeitado de média para baixa qualidade para gerar frio em ciclos de absorção também pode ser uma alternativa interessante. Neste caso, por exemplo, a corrente fria gerada poderia ser usada no sistema de produção de vácuo da coluna de destilação a vácuo, aumentando também a eficiência desta coluna.40 Em resumo, considerando-se apenas a integração energética e a recuperação de calor em refinarias brasileiras e usando-se os dados obtidos em duas grandes refinarias nacionais, pode-se avaliar um potencial de redução de consumo de combustíveis da ordem de 10% (sobre o total de combustíveis consumido) a um 37 Por exemplo, a qualidade do vapor usado no stripping, na geração de vácuo, atomização, etc, é normalmente perdida para a água de resfriamento ou para atmosfera. Normalmente, vapor para stripping é usado para garantir a especificação de temperatura de ignição (flash point) e melhorar o fracionamento de produtos, aumento o rendimento das unidades de refino. 38 Para maiores detalhes, vide Hallale (2001), Linnhoff et al. (1992) e Linnhoff (1994). 39 Taxa de retorno de cerca de 15% a.a. para vida útil de cerca de 15 anos. 40 Petrick e Pellegrino (1999) descrevem a aplicação de unidades de refrigeração por absorção, com uso de calor residual, para recuperar GLP adicional de reformadores catalíticos. Isto ocorre, por exemplo, em uma refinaria em Denver, Colorado, com payback de 1,5 anos. Os mesmos autores também reportam o uso deste tipo de sistema de refrigeração associado a colunas de destilação atmosférica. page 30/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. custo de implementação, baseado em (Alsema 2001), de aproximadamente 9 EUR/GJ ano, para um projeto de 15 anos de vida útil com taxa de 15% a.a.. Interessa notar que cerca de 90% destes custos derivam de investimentos no início do projeto. Esse valor pode ser considerado ligeiramente conservador se comparado com os valores provenientes da simulação de Moreira et al. (2008), entre 15 a 21%.41 Controle de incrustações A definição da temperatura de approach e do Pinch Point no desenho de redes de troca térmica é bastante afetada pelo controle de incrustações. Em redes de troca térmica com incrustações, o approach pode chegar a 40oC (CTEC 2003), quando valores típicos em refinaria estariam entre 10 e 20oC. A incrustação, que reduz a eficiência térmica e a capacidade de transferência de calor, é de difícil prevenção, pois os mecanismos de sua formação ainda não são completamente conhecidos (API 2000). Assim, importa controlar as incrustações de trocadores de calor em refinarias, que, além de reduzirem a área de troca térmica, causam problemas de manutenção e riscos de acidentes.42 Neste caso, o processo de dessalgação assume importante papel na redução do consumo energético da refinaria, ao remover sais e contaminantes da sua carga. Interessantemente, trata-se de uma situação ambivalente, porque a melhoria da troca térmica também afeta positivamente a dessalgação, porquanto este processo tem sua eficiência associada a operações dentro de uma faixa ótima de temperatura. Trocadores de calor com perda de área de troca térmica, devida a incrustações, não garantem o alcance desta faixa ótima, limitando a capacidade de remoção de sais e metais da unidade de dessalgação (Jacobs 2002). Isto leva a perdas de óleo, que contaminam o efluente líquido da unidade, e a teores de contaminantes relativamente elevados na carga. Uma estimativa do início dos anos 80, para uma refinaria típica de então, com capacidade de processamento primário de 100 Mbpd, indicou que o auto-consumo de energia poderia ser 30% menor na destilação atmosférica, se controlasse o problema das incrustações nos trocadores de calor (Exxon 1981). Um estudo mais recente, porém, levou a um menor potencial de redução do auto-consumo de energia, devido ao controle de incrustações, ainda que significativo, igual a 10% (ANL 1998). Ainda assim, segundo (Bailey 1999), somente a indústria de refino de petróleo dos Estados Unidos gasta 2 bilhões de dólares por ano com problemas associados à incrustação. Contudo, a diversidade cada vez maior da carga processada, com uso freqüente de óleos não convencionais, dificulta o processo de desenvolvimento de métodos anti-incrustação. Particularmente importantes, neste caso, tornam-se os estudos de estabilidade térmica e solubilidade de asfaltenos e ácidos naftênicos e o desenvolvimento de compostos químicos anti-incrustantes e de remoção de escamas, que não afetem a qualidade dos produtos da refinaria. Estes desafios são explicados pelo fato de que o fenômeno da incrustação decorre de diferentes processos e mecanismos (Bott 2001), e também é função do projeto da rede de troca térmica. Em resumo, a incrustação em redes de troca térmica é um gargalo para aplicação de sistemas de recuperação de calor. Os ganhos de redução de consumo de combustíveis apenas com o controle de incrustação foram estimados em 2% para refinarias norte-americanas (Petrick e Pellegrino 1999) – valor que se coaduna com os obtidos em Negrao, Madi e Massoqueti (2004) para o Brasil. Um valor maior, porém, é fornecido em Panchal e Huangfu (2000), indicando a necessidade de novos estudos. Estes autores analisaram os efeitos da incrustação em um uma coluna de destilação atmosférica de 100 kbpd e 41 Os resultados obtidos em Energy Manager Training (2004) referentes a uma refinaria com processamento de 1 MMTa de cru, mostram uma economia de 10% de combustível gasto. Esse valor foi obtido considerando-se um auto-consumo igual a 6,5% (baseado na sua similaridade com a refinaria REGAP). Como o conjunto de medidas associado à otimização energética economiza 6.450 SRFT (Standard Refinery Fuel Tonne ), temos que a otimização energética economizou precisamente 10% do combustível gasto na refinaria (6.450/(1 x 1.000.000 x 6,5%)), ratificando o valor utilizado no trabalho. Os dados de Energy Manager Training (2004) também corroboram a estimativa econômica de Alsema (2001). 42 Para análise de efeito de incrustação em dutos de refinarias brasileiras, vide Negrao, Madi e Massoqueti (2004). page 31/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. encontraram um consumo adicional de 13,0 MJ por barril processado (ou cerca de 3,4% do consumo específico de energia de refinarias brasileiras). Alsema (2001) estima um custo de operação e manutenção de aproximadamente 15 EUR/GJ ano e 15 anos de vida útil da tecnologia, enquanto que o custo de investimento pode ser considerado zero. Entretanto, Worrell e Galitsky (2005) identificaram uma economia de 0,7% através da limpeza dos dutos, com um payback de 0,7 anos. Ou seja, para pequenas reduções, o payback é baixo, porém este valor fica dentro da faixa de incerteza. Sistemas avançados de controle de processo Sistemas avançados de controle de processo baseiam-se em modelos computacionais e uso extensivo de sensores que aumentam a confiabilidade da produção. Estes sistemas também permitem controlar a qualidade da produção, reduzindo as paradas para manutenção e seus custos. Grandes são os potenciais neste caso (Hydrocarbon Processing 2001); por exemplo, Timmons, Jackson e White (2000) combinaram otimizadores em linha com sistemas de controle existentes para melhorar a operação de um FCC na refinaria CITGO em Corpus Christi, Texas, com ganhos de US$0,05/barril. Conforme Alsema (2001), economias de combustível podem ser estimadas, neste caso, entre 2 e 4%. Para Worrell e Galitsky (2005), porém, estas economias ficam entre 2 e 18%, para refinarias norte-americanas, a partir de controles de temperatura, umidade, vazão de oxigênio, ar e vapor, com uso de lógica fuzzy 43. Não existem neste caso estudos de refinarias brasileiras. Sugerimos, portanto, o valor conservador de Alsema (2001) para refinarias holandesas (2% de redução no consumo de combustíveis). Adicionalmente, não existem, igualmente, estimativas de custo; contudo, os custos fixos devem ser relativamente elevados, devido à necessidade de instalar muitos sensores (resistentes amiúde a meios agressivos) e realizar sistemas inteligentes de controle específicos para cada unidade ou planta. Conforme Katzer, Ramage , e Sapre (2000), “the refinery of the future will look more like an automated chemical plant”. Assim sendo, Alsema (2001) assume 25 EUR/GJ ano de custos nivelados de investimento. Exemplo de estimativa de custos marginais de abatimento das tecnologias comerciais conforme diferentes cenários de preço de petróleo Com base nos valores estimados de redução do consumo de energia final das alternativas comercias em refinarias, calcularam-se, a título de exemplificação, os custos marginais de abatimento de CO2 para diferentes cenários de preço de petróleo. Note-se que estes não são os cenários de preço elaborados pelo PNE 2030, que servirão de base para elaboração dos cenários de baixo Trata-se aqui tão-somente de avaliar em que medida diferentes valores de preço de petróleo afetarão os custos de abatimento de emissões de carbono relativos às medidas aqui analisadas. Isto é importante para explicitar quanto os resultados serão afetados pela previsão de uma variável tão incerta quanto o preço do petróleo-marcador. Para as opções comercias de integração energética e recuperação de calor, de controle de incrustações e de sistemas avançados de controle de processo foram utilizados os valores do percentual de redução de energia e o custo de implantação da opção tecnológica por energia reduzida por ano. Os dados utilizados estão resumidos na Tabela 12.44 Tabela 12 – Dados de redução de energia e custo para as opções tecnológicas comerciais Opções Tecnológicas Redução de Energia (%) 43 Custo (US$/GJ ano) Vide também Aprea, Mastrullo, e Renno (2004). Informações detalhadas destes custos foram inseridas nas planilhas desenvolvidas para o estudo do Banco Mundial, no seu Tema N2. 44 page 32/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Integração Energética Controle de Incrustação Controle Avançado 15% 13 2% 21 2% 36 Nota: 15% a.a. e 15 anos de vida útil. A receita resultante da redução dos custos operacionais (redução dos custos energéticos do refino, devido ao menor consumo de energia) foi calculada utilizando-se o preço do petróleo como valor para os energéticos utilizados. Assim, o resultado do custo marginal de abatimento de CO2 é afetado diretamente pelo preço do petróleo considerado. A Tabela 13 resume os valores do custo marginal de abatimento para preços de petróleo entre US$ 35,00 e US$ 75,00. Tabela 13 – Custos marginais de abatimento (US$/tCO2) Preço do Petróleo (US$) 35 40 45 50 55 60 65 70 75 Integração Energética e Controle de Controle Recuperação de Calor Incrustação Avançado 106 240 462 93 226 448 80 213 435 66 199 421 53 186 408 40 173 395 26 159 381 13 146 368 0 133 355 Nota: 15% a.a. e 15 anos de vida útil. A título de exemplificação, vale observar o valor de custo de abatimento, que seria obtido conforme o preço de robustez adotado pela empresa Petrobras.45 Como se nota, a um preço de robustez de petróleo de 55 US$/b, o custo marginal de abatimento da opção de integração energética equivale a cerca de 53 US$/tCO2. Ademais, o valor do custo de abatimento de uma medida de mitigação, como a integração energética, é muito sensível ao preço do petróleo, anulando-se para o preço de 75 US$/b, a partir do qual, aliás, ele se torna negativo (logo, trata-se de um benefício e não de um custo). Percebe-se ainda o elevado custo marginal de abatimento das outras duas opções tecnológicas. Vale notar, finalmente, que os valores apresentados na Tabela 13 são apenas simulações de custo para diferentes valores de preço de petróleo WTI. Quantificação do potencial bruto de mitigação e dos custos marginais de abatimento associados Foram simuladas as alternativas de mitigação relacionadas às unidades da refinaria (especialmente, para refinarias existentes no Brasil) e as alternativas de mitigação relacionadas ao esquema de refino otimizado (para novas refinarias no Brasil). Por sua vez, as alternativas promissoras analisadas no Anexo 1 deste relatório, sob forma de um roadmap tecnológico, não foram incluídas na análise, na medida em que não é possível estimar com precisão os custos associados a estas tecnologias ainda não comerciais. Ademais, a sua não inclusão na análise confere a este último um caráter conservador. Em resumo, como antes afirmado, para as novas refinarias previstas no PNE 2030 (5 novas refinarias, se não se considerarem aquelas em construção), as opções de mitigação estão associadas tanto à possibilidade de revisão/modificação do esquema de refino (escolha de unidades produtivas) quanto a ganhos de 45 O preço de robustez é uma referência de preço utilizado pelas empresas de petróleo na análise de viabilidade de cada um de seus projetos isoladamente. É o preço mínimo que garantirá um VPL líquido positivo para o projeto analisado. page 33/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. eficiência em unidades específicas.46 Para refinarias existentes (12 refinarias) e refinarias em construção (2 refinarias), apenas as opções de mitigação associadas aos ganhos de eficiência em unidades da refinaria serão avaliadas em termos de custo de abatimento, sendo inseridas no Cenário de Baixo Carbono. Para as refinarias existentes e em construção, foram consideradas duas fases de implantação das medidas mitigatórias consideradas no estudo. A primeira fase considerou a implantação das medidas no ano de 2015, nas seguintes refinarias: COMPERJ, RENEST, REPLAN, REDUC e REGAP. A segunda fase, prevista para o ano de 2020, considera a implantação das medidas para as refinarias restantes, que são: RPBC, RECAP, REVAP, REFAP, RLAM, REMAN, LUBNOR, REPAR, IPIRANGA. No caso do refino novo foram consideradas as projeções do PNE apresentadas na Figura 8. Vale ressaltar que as refinarias COMPERJ e RENEST (que aparecem na Figura 8 como refinaria de Itaboraí e refinaria do Nordeste, respectivamente) foram consideradas junto com as refinarias existentes, porque já estão em fase de construção e já possuem os seus esquemas de refino definidos. Figura 8 – Expansão da capacidade de refino no Brasil Fonte: EPE (2007). Também vale destacar que a otimização do refino novo mostrou que o esquema de novas refinarias (diesel ou petroquímica) sofre modificação para um incentivo financeiro associado a um preço do carbono de 100 US$/tCO2. A otimização realizada considerou uma taxa de desconto de 15% a.a., que é a taxa de desconto setorial, para avaliar projetos na área de refino. Para o esquema de refino modificado a 15% aa. de taxa de desconto o custo marginal de abatimento é igual ao valor do incentivo financeiro, portanto é igual a 100 US$/tCO2. Este mesmo esquema otimizado foi submetido a uma taxa de desconto de 8% e apresentou um custo marginal de abatimento de aproximadamente 58 US/tCO2. Os resultados de custo de marginal de abatimento e das reduções de emissões de CO2, obtidos quando considerada uma taxa de desconto de 15%, para cada uma das três medidas de mitigação e para a mudança no esquema de refino do refino novo estão resumidos na Tabela 14.47 46 No caso de refinarias novas, estas duas alternativas não são excludentes, na medida em que tanto se pode atuar no esquema de refino quanto no processo em si. 47 Estes resultados derivam diretamente da inserção de dados técnico-econômicos nas planilhas de simulação de custo nivelado de abatimento adaptadas pela equipe de estudo ao Tema N2. page 34/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Tabela 14 - Mitigation Options (15% discount rate) Marginal Abatement Cost (US$/tCO2) Emission Reduction (MtCO2) 99,9 51,8 Heat integration 77,3 52,3 Fouling mitigation 210,8 7,0 Advanced control 433,2 7,0 Changing design of new refineries Improving energy use of existing refinery units Os resultados das mesmas medidas quando submetidas a uma taxa de desconto de 8% estão resumidos na Tabela 15. Tabela 15 - Mitigation Options (8% discount rate) Marginal Abatement Cost (US$/tCO2) Emission Reduction (MtCO2) 58,3 51,8 Heat integration 20,2 52,3 Fouling mitigation 115,6 7,0 Advanced control 274,6 7,0 Changing design of new refineries Improving energy use of existing refinery units O custo adicional de investimento no período da análise, entre os anos de 2010 e 2030, foram resumidos na Tabela 16, para as taxas de desconto de 8% e 15%. Tabela 16 - Additional Investments (2010-2030) Investments Net Present Values (US$) Changing design of new refineries 8% 15% 1.587.205.770 831.396.231 2.159.889.141 1.332.722.643 Improving energy use of existing refinery units Heat integration page 35/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Fouling mitigation 479.975.365 296.160.587 Advanced control 799.958.941 493.600.979 Note-se finalmente que os valores de custo de abatimento, que foram apresentados nesta seção a partir da simulação do cenário de Baixo Carbono, não são exatamente iguais àqueles que foram apresentados anteriormente para diferentes preços de petróleo WTI (vide Tabela 13) 48. Isto decorre exclusivamente do cenário de preços de petróleo e derivados que foi inserido no Cenário de Baixo Carbono. Este cenário é aquele que foi elaborado no cenário de referência do estudo, o PNE 2030. Como a Tabela 13 mostrou, o valor do custo de abatimento de uma medida de mitigação, como a integração energética, é muito sensível ao cenário de preço do petróleo. Ainda assim, é possível concluir que, considerando-se o atual conjunto de tecnologias de refinação disponíveis, o refino de petróleo no Brasil se depara com custos de abatimento relativamente elevados, especialmente para medidas consideradas promissoras para o médio prazo, como os sensores avançados. A mudança de esquema (configuração) de novas refinarias, sob a percepção de custo de oportunidade do agente privado, se depara com custos de abatimento de cerca de 100 US$/tCO2, o que explica, inclusive, a sua não incorporação nos projetos de novas refinarias que vem sendo desenvolvidos no mundo. Mesmo, à taxa de 8% a.a., os custos de abatimento desta opção de mitigação ainda superam 50 US$/tCO2 – valor, este, normalmente considerado nas análises de cenarização do preço futuro do carbono (Schaeffer et al., 2008). A alternativa que se mostra mais promissora é a integração energética, que, à taxa de 8% a.a., se depara com custos na faixa de 20 US$/tCO2. Porém, sob o prisma do investidor privado, o valor na ordem de 80 US$/tCO2, é ainda elevado e explica porque refinarias européias, para as quais se alocaram permissões de emissão, têm grande dificuldade em reduzir suas emissões de carbono. De certo modo, esta distância entre os valores às taxa de 8% a.a. e 15% a.a. indica uma possibilidade de ação do Estado no sentido de favorecer a adoção de medidas de redução de emissões de carbono em refinarias brasileiras. A Tabela 17 resume os custos e receita para cada uma das medidas consideradas. Tabela 17 – Custos de investimento e receita para as medidas consideradas (US$) Proposta considerada New refineries (1) Improving energy use of existing refinery units (2) Heat integration Fouling mitigation Advanced control Opções do Cenário de Referencia Valor Valor presente do presente Custo da Receita Opções de mitigação ou seqüestro Valor presente do Custo Valor presente da Receita 23.755.349.062 0 24.586.745.293 0 0 0 0 0 0 0 1.499.764.744 371.204.669 555.468.423 1.047.591.235 139.678.831 139.678.831 Nota 1: Como os esquemas de refino têm os mesmos custos operacionais e as mesmas vendas de deriavados, para o cenário de referencia e o cenário baixo carbono, não foi necessário o a utilização de informações que mutuamente se anulariam no fluxo de caixa. Assim o resultado da receita foi nulo. Nota 2: No caso das refinarias existentes, a receita é consequência da redução do consumo de energia com a medida é aplicada. Assim, esta é a receita que pode ser obtida com a redução do consumo de petróleo. Também não foram utilizadas informações que mutuamente se anulariam no fluxo de caixa. Nota (3): Total da receita sem a receita de carbono A Tabela 18 resume os resultados do potencial bruto de redução de emissões e custo marginal de abatimento para o setor de refino. 48 Ainda que estejam na mesma ordem de grandeza. page 36/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Tabela 18 – Resumo do potencial de redução de emissões e custos para o refino 51,8 Custo de abatimento médio no período (US$/tCO2) Taxa de desconto (8%) 58,3 52,3 7,0 7,0 20,2 115,6 274,6 Potencial de redução bruto entre 2010-30 (tCO2e) Opções de Mitigação ou Seqüestro Changing design of new refineries Improving energy use of existing refinery units Heat integration Fouling mitigation Advanced control Break-Even Carbon Price (US$/tCO2) 99,9 77,3 210,8 433,2 Barreiras e medidas A implantação das medidas de mitigação nas refinarias brasileiras para o cenário de baixo carbono apresenta algumas barreiras. Neste caso, as principais barreiras encontradas são: O nível de maturidade de algumas tecnologias consideradas no estudo (por exemplo, o CCS, GTL, ODP, etc) afeta negativamente a percepção de risco dos agentes privados, neste caso a Petrobras, e deverá levar a maiores custos de transação. Mesmo para as tecnologias comercias consideradas no estudo (integração energética, controle de incrustação e controle avançado) existe uma diferença considerável entre as taxas de desconto utilizadas pela iniciativa privada na indústria do petróleo e a taxa de desconto utilizada pelo Estado para comparar investimentos em infra-estrutura. Isso mostra um alto custo de oportunidade das empresas de petróleo. É importante ressaltar que as empresas de petróleo normalmente inventariam suas emissões de carbono e têm capacidade técnica e financeira para agir49, mas geralmente preferem investir em seu negócio principal, que é a descoberta de novas reservas e a produção de petróleo. Apesar das barreiras identificadas, parte do diferencial de custo marginal de abatimento, mostrado na Tabela 14 e na Tabela 15, poderia ser coberto por programas de incentivo à eficiência energética de refinarias. Atualmente, já existem programas deste tipo sob a égide do CONPET. O Programa nacional da Racionalização do Uso dos Derivados de Petróleo e Gás Natural (CONPET) é um programa do Ministério de Minas e Energia, coordenado por representantes de órgãos do Governo Federal e da iniciativa privada. A Petrobras tem a responsabilidade de fornecer recursos técnicos, administrativos e financeiros. A Gerência Executiva de Desenvolvimento Energético / Suporte ao CONPET é o órgão da Companhia que exerce a função de Secretaria Executiva do CONPET, sendo responsável por elaborar projetos, operacionalizar as estratégias, promover a articulação institucional e divulgar as ações do Programa. Esta Gerência é ligada ao diretor da área de Gás e Energia que, conforme decreto presidencial é o Secretário-Executivo do CONPET 49 Este é o caso da Petrobras. page 37/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. (CONPET 2008). Contudo, o orçamento anual do CONPET é relativamente reduzido, abaixo de 5 milhões de reais (REA 2008). Assim, outras fontes de financiamento devem ser implementadas. De fato, o CONPET poderia ser acelerado com auxílio de programas do BNDES. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está vinculado ao Ministério do desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e tem como objetivo apoiar empreendimentos que contribuam para o desenvolvimento do país. O BNDES financia grandes empreendimentos industriais e de infra-estrutura. Tem como posição principal, o apoio a investimentos em agricultura, no comércio e serviço e nas micro, pequenas e médias empresas, e nos investimentos sociais, para a educação e saúde, agricultura familiar, saneamento básico e ambiental e transporte coletivo de massa. O BNDES possui duas subsidiárias, a Agência Especial de Financiamento Industrial FINAME e a BNDES Participações (BNDESPAR), que foram criadas com o objetivo, respectivamente, de financiar a comercialização de máquinas e equipamentos e de possibilitar a subscrição de valores mobiliários no mercado de capitais brasileiro. O conjunto dessas três empresas forma o "Sistema BNDES", como o FINAME (BNDES 2009). Finalmente, outra classe de alternativas de mitigação analisadas para o refino de petróleo esteve associada à modificação do esquema ótimo de refino diante de determinados custos de carbono. Como vimos, o refino somente modificou seu esquema ótimo de refino para elevados valores de carbono, na ordem de 100 US$/tCO2. Houve, porém, uma variação neste resultado, quando se considerou a possibilidade de captura e seqüestro de carbono (CCS) ao custo de 50 US$/tCO2. Neste caso, o esquema de refino passou a se modificar em prol de produção de H2 para HCC (em detrimento da unidade mais energo-intensiva de FCC) e para uso energético na refinaria. O CO2 produzido na unidade de produção de H2 seria capturado. A Tabela 19 apresenta os principais resultados para a sensibilidade de instalação de uma unidade de CCS, nos casos da Refinaria Petroquímica e da Refinaria Diesel. Tabela 19- Refinarias com Taxação de CO2 e Captura de Carbono mil t/ano US$/tCO2 Consumo Petróleo Consumo GN (Mm3/dia) Importação Total Produção Total H2 para combustível Emissões CO2 Petroquímica Diesel 50 50 10.000 3,14 255 11.081 9.468 10.419 136 2.746 10.000 2,19 364 10.940 9.991 10.543 42 1.681 Isto indica que o CCS pode se tornar uma medida-chave de redução de emissões de CO2 de refinarias no futuro, alterando não apenas as operações unitárias do refino, mas, sobretudo, o esquema da refinaria. Para tanto, contudo, esta alternativa deve beneficiar-se de avanços tecnológicos e redução de custo. Mas, não é apenas o CCS que se enquadra nesta categoria. Duas alternativas promissoras deveriam ser desenvolvidas no Brasil: a biodessulfurização e a dessulfurização oxidativa (ODP) de diesel. No primeiro caso, trata-se de processos promissores de redução de teor de enxofre de derivados de petróleo sem hidrog6enio e em condições brandas (com menor consumo de energia). No segundo caso, trata-se de técnica de dessulfurização sem hidrogênio, bastante promissora para diesel, que é o derivado chave da matriz energética brasileira, e cuja redução do teor de enxofre, estabelecida em lei, deverá elevar bastante as emissões de CO2 do refino brasileiro (Szklo e Schaeffer 2007). De fato, o processo ODP, ainda que em fase de desenvolvimento, é bem promissor para o diesel (Lü et al. 2006), mas não para a gasolina, devido às reações competitivas de epoxidação de olefinas (Ali et al. 2006). Alguns estudos recomendam também o uso da técnica ODP conjugada ao HDS brando. O último serve para reduzir o teor de enxofre do diesel de mais de mil ppm para centenas de ppm. A ODP vem em seguida para a dessulfurização profunda do diesel (Ali et al. 2006). Note-se aqui que o uso de técnicas de dessulfurização sem adição de hidrogênio permitiria usar o hidrogênio produzido na refinaria como combustível. Isto reduziria ainda mais as emissões de carbono da unidade industrial, e poderia ser simultâneo ao CCS no refino. Tanto para CCS quanto para as outras alternativas promissoras, torna-se imprescindível a etapa de P&D. Neste caso, novamente o fundo setorial CT- Petro deve ser instrumento fundamental de incentivo através page 38/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. de chamadas dirigidas para estas alternativas. O CT-Petro é um fundo criado em 1999 com o objetivo de estimular a inovação na cadeia produtiva do setor de petróleo e gás natural, além da formação e qualificação de recursos humanos e o desenvolvimento de projetos em parceria entre empresas e universidades, instituições de ensino superior ou centros de pesquisa do País. O objetivo é o aumento da produção e da produtividade, a redução de custos e dos preços e a melhoria da qualidade dos produtos desse setor. O recurso do fundo tem como fonte de financiamento 25% da parcela do valor dos royalties que exceder a 5% da produção de petróleo e gás natural (Finep 2008). A utilização do montante recolhido pelos fundos de ciência e tecnologia e destinados ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) depende, em primeiro lugar, de sua inclusão na proposta orçamentária encaminhada pelo governo, que é feita baseada em previsão de arrecadação, e de sua aprovação pelo Congresso Nacional Pacheco (2007). Mesmo que o montante total recolhido seja idêntico ao valor autorizado na Lei Orçamentária, isto não garante a aplicação deste montante. Durante a execução orçamentária, os recursos ainda são submetidos a limites de empenho, ou contingenciamentos, estabelecidos pelo Poder Executivo. De fato, o financiamento do setor de ciência e tecnologia sofre o problema de estar desvinculado das receitas arrecadadas pelo CT-Petro. Tal fato permite ao Governo Federal, durante o cálculo da previsão da receita arrecadada, descontar os recursos desvinculados. Estas desvinculações e a programação de parcela dos recursos em Reservas de Contingência provocaram um descolamento entre as curvas de crescimento da arrecadação do CT-Petro e dos limites de empenho: por exemplo, como está bem detalhado em Pacheco (2007), mesmo tendo a arrecadação triplicado de 2001 a 2004 (um montante total de R$ 1,6 bilhão), os valores empenhados mantiveram-se quase constantes, atingindo em 2004 apenas R$ 595 milhões (cerca de 37,5% do total arrecadado naquele ano). 50 A Tabela 20 resume as políticas para o refino nacional.51 Tabela 20 – Resumo das Políticas para o refino nacional Políticas adotadas Classificação Observação Dispêndio anual R$ 600 milhões com C&T através dos fundos setoriais no Brasil. P&DD/CT Petro Retificativa Modificação sensível do esquema de refino para 50 $/tCO2, quando se considera a opção CCS Entre abril de 2007 e abril de 2008, o desembolso do Finame superou 18 bilhões de reais. Em 2008, os desembolsos do BNDES com o setor industrial totalizaram cerca de R$ 40 BNDES/Finame Retificativa bilhões. O mais recente plano de investimento da Petrobras (2009-2013) considera a captação de cerca de 12 bilhões de dólares do BNDES. Dispêndio abaixo de 5 milhões de reais por ano. Valor bem Intensificação do inferior, por exemplo, ao custo nivelado de abatimento na Retificativa Programa CONPET otimização energética de refinaria (na faixa entre US$ 35 a 70 milhões) Com o objetivo de se considerar as implicações e eventuais problemas que possam existir com a adoção das medidas de mitigação, foi realizada a análise, ainda que muito preliminar, dos prováveis ganhadores e perdedores. Pode-se assim visualizar a origem e a intensidade das resistências e apoio às propostas de medidas de mtigação, e, se for o caso, a necessidade de compensações. No caso da intensificação do CONPET, os ganhadores identificados são: a sociedade, o governo e eventualmente a Petrobras, na medida em que a redução do uso final de energia em suas refinarias pode tornar-se uma estratégia do tipo win-win, levando também à redução dos custos operacionais do refino (cerca de 50% destes custos são explicados pelo consumo de energia – Szklo e Uller (2008)). Contudo, 50 Foge ao escopo do presente estudo discutir as virtudes macroeconômicas da manutenção do superávit primário no Brasil, através do contingenciamento de recursos arrecadados, como aqueles que poderiam se destinar ao CT-Petro. Aqui, pretende-se apenas indicar que existe uma arrecadação maior do que aquela efetivamente empenhada no CT-Petro, que poderia se destinar a P&D visando redução de consumo de energia e CCS em refinarias brasileiras. 51 Utilizou-se a seguinte classificação para as políticas: INCREMENTAL – novas políticas; RETIFICATIVA - ajustes em políticas existentes; SUBSTITUTIVA - substitui integralmente as políticas existentes; DERROGATÓRIAS - elimina políticas perversas ou inócuas. page 39/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. dependendo do aporte de recursos que seriam destinados a essas medidas, a Petrobras seria eventualmente o perdedor, uma vez que o orçamento anual do CONPET é relativamente reduzido, abaixo de 5 milhões de reais (REA 2008) Assim, atividades atualmente fincanciadas pelo CONPET poderiam ser comprometidas. Uma possível compensação poderia ser a utilização de benefícios fiscais à Petrobras, para seus investimentos em eficiência energética. Neste caso, o governo perderia parte de sua arrecadação fiscal, como forma de incentivar investimentos da Petrobras em eficiência energética, dentro do Programa CONPET. No caso da utilização do CT-Petro para investimentos em P&DD, os ganhadores seriam os consumidores, os centros de pesquisa, as universidades e a Petrobras. O governo seria o perdedor, por causa da queda de arrecadação para fazer o superávit primário. Neste caso não existiria possibilidade de compensação, salvo por meio de uma melhor aplicação dos recursos públicos. Não obstante, é importante notar que a perda de arrecadação fiscal leva a um efeito de primeira ordem de redução do orçamento do governo, mas pode estimular a atividade econômica e gerar um efeito de segunda ordem (defasado no tempo em relação ao primeiro) de aumento da arrecadação governamental. O financiamento com a utilização do FINAME/BNDES apresenta como ganhadores os consumidores e a Petrobras. Outros setores industriais que pleiteiam e disputam os recursos do FINAME poderão ser os perdedores neste caso. Uma possível medida de de compensação poderia ser a ampliação do FINAME, a abertura de linhas de crédito especiais para os setores que perdessem acesso ao programa e a utilização de benefícios fiscais. Opções de mitigação via GTL embarcado O processo completo de conversão indireta do gás natural, processo GTL, para líquidos pode ser dividido em três seções, representadas cada uma por processos distintos (Vosloo 2001; Basini 2005; Sousa-Aguiar, Appel, e Mota 2005; Breed et al. 2005; Knottenbelt 2002; van der Laan 1999): produção do syngas52, transformação do syngas53 e upgrading54 Os três estágios, quando considerados individualmente, são tecnologias bem estabelecidas, otimizadas e com viabilidade comercial comprovada. Contudo, o uso conjunto das três tecnologias, para formarem o processo GTL, apesar de comprovada comercialmente, ainda não é muito utilizada (Vosloo 2001). Vale ressaltar que a planta GTL considerada neste estudo para operação offshore não possui a última etapa de upgrading, que receberia o produto da etapa de transformação do syngas, o syncrude, para a obtenção dos produtos finais. Apesar da existência de tecnologias disponíveis comercialmente para aplicações onshore, o estudo considera uma tecnologia promissora para a aplicação no ambiente offshore. Este ambiente requer uma planta GTL capaz de operar em condições específicas. O GTL embarcado requer processos nãoconvencionais, mais compactos e com capacidade flexível.55 52 O gás de síntese ou syngas é composto por CO e H2. Para maiores detalhes sobre a etapa de produção do syngas, ver Rice e Mann (2007), Vosloo (2001), Keshav e Basu (2007), Song e Guo (2006), Bharadwaj e Schmidt (1995), Pena, Gómez e Fierro (1996), Rostrup-Nielsen (2005), Copeland, Gershanovich, e Windecker (2005), Fleisch (2006), Wilhelm et al. (2001), Brophy (2004), Tonkovich et al. (2008), Tonkovich et al. (2004), Basini (2005), Aasberg-Petersen et al. (2003), Bakkerud (2005). 53 O estudo considera a síntese de Fischer-Tropsch na etapa de transformação. Para mais detalhes da etapa de transformação do syngas ver Vosloo (2001), van der Laan (1999); Stelmachowski e Nowicki (2003), van der Laan (1999), Sie e Krishna (1999), Tonkovich et al. (2008), Dry (2004); de Klerk (2008). 54 A viabilidade de operação da etapa de upgrading não foi demonstrada nas mesmas condições das etapas de produção do syngas e síntese de FT (Worley Intenational 2000). Assim, a escolha por produtos acabados ou pelo produto utilizado como produto base para esta etapa, o syncrude, pode ser fortemente influenciada pelas condições disponíveis para as plantas offshore. 55 Para maiores detalhes dos requisitos que precisam ser atendidos para que a tecnologia GTL seja utilizada em ambiente offshore ver: de Souza, Jacob, e Ellwanger (1998), Tonkovich et al. (2008), Olsvik (2005), Riches (2007), Ekins, Vanner, e Firebrace (2007), Hutton e Holmes (2005), Stacey e Sharp (2007), Brumby, Verhelst, e Cheret (2005). page 40/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Das tecnologias identificadas em um roadmap56 tecnológico da tecnologia GTL para a aplicação em ambiente offshore, a SMR de microcanais foi a tecnologia que melhor atendeu às condições operacionais para o caso estudado. Serão utilizados, a título de exemplificação, os dados de eficiência, capacidade e custo de capital da tecnologia SMR de microcanais da empresa CompactGTL, que possui um contrato com a Petrobras para desenvolvimento e aplicação dessa tecnologia para o Brasil (CompactGTL 2008). Características do Syncrude O produto da etapa de transformação do syngas vem sendo chamado de syncrude por alguns autores e fabricantes. No entanto, esta denominação não é suficiente para definir com exatidão as características desse produto. A síntese de Fischer-Tropsch (FT), processo considerado neste estudo para a etapa de transformação do syngas na planta GTL, é classificada em duas classes de acordo com a sua temperatura de operação (de Klerk 2008): High-temperature Fischer-Tropsch (HT-FT) e Low-temperature Fischer-Tropsch (LT-FT). A tecnologia da empresa CompactGTL considera a síntese LT-FT.57 Neste caso, o produto que será obtido é uma n-parafina,58 portanto uma cera, com uma pequena parcela de olefinas, oxigenados e aromáticos. O produto pode conter hidrocarbonetos C100 ou maiores dependendo do valor α 59 da síntese LT-FT (de Klerk 2008). Portanto, o produto da síntese de FT, que vem sendo chamado de syncrude, é uma cera. A descrição das características do syncrude é de extrema importância, porque estas características irão indicar qual a melhor emprego desse produto. Uma das opções seria a mistura do syncrude com a carga de óleo produzido na plataforma, aproveitando a estrutura de transporte existente. No entanto, este estudo propõe o envio do syncrude, separadamente do óleo produzido, para etapa de upgrading, uma vez que as suas características, juntamente com a necessidade da produção de diesel S50 no refino brasileiro podem justificar esta utilização. Destino do Syncrude A proposta para a utilização do syncrude não é simplesmente enviá-lo a uma refinaria, mais precisamente para uma unidade de destilação atmosférica, mas sim, seguir para etapas de refino mais a jusante do processo de refino. Considerando as diferentes características do syncrude em relação ao óleo cru, não há a necessidade da carga de syncrude ser submetida às mesmas etapas que a carga de óleo cru, que entra na refinaria na Unidade de Destilação Atmosférica (UDA).60 Apesar de poder ser utilizado o mesmo esquema de refino do petróleo para o syncrude, ele será menos eficiente (de Klerk 2008). O refino do syncrude é mais fácil, ou em outras palavras, consome menos energia e conseqüentemente tem menor potencial para causar impacto ambiental. Considerando o pequeno segmento de mercado que cada tipo de syncrude representa, poucas tecnologias foram desenvolvidas especificamente para o seu hidroprocessamento. Isso pode levar a conclusão errada de 56 Para maiores detalhes sobre os projetos dos fabricantes ver: para CompactGTL ver Nichols (2007), CompactGTL (2008), Riches (2007); para Statoil ver Hansen (2005), Olsvik (2005); para Velocys ver Velocys (2008), Tonkovich et al. (2004), Tonkovich et al. (2008); para Syntroleum Corp. e Bluewater Energy Services BV ver Bluewater (2006); para Syntroleum e Sovereign ver Petroleum Africa Magazine (2004); para Coogee Chemicals e Mogal Marine ver Coogee Chemical (2007); para Heatric Seris et al. (2008); para JOGMEC ver Ondrey (2007), Banister e Rumbold (2005) e Gas e Corporation (2008); Para One Synergy ver Davy Process Technology (2007), Wakamura (2005), Freid, Gamlin e Ashely (2003); para Metaprocess ver Liats (2006) e Metaprocess (2008) . 57 A empresa CompactGTL considera a síntese de F-T ocorrendo a uma temperatura, tipicamente entre 200 e 350°C, por exemplo 280°C e a uma elevada pressão tipicamente entre 2MPa e 4 MPa, por exemplo 2,5 MPa. Para mais detalhes da tecnologia ver as patentes US 7.186.388 B2 / US 7.189.271 B2 / US 7.201.883 B2 / US 7.235.218 B2 / US 7.300.635 B2 / US 7.223.373 B2 disponível em Patentstorm (2008). 58 Por exemplo, a dos produtos da operação do reator Sasol LT-FT em Sasolburg são: gás, condensados e cera. A cera é predominantemente parafínica, com um teor de aproximadamente 94% wt de n-parafinas (Leckel e Liwanga-Ehumbu 2006; Leckel 2007). 59 Para maiores detalhes sobre a distribuição do número de carbonos do syncrude ver Stelmachowski e Nowicki (2003) e de Klerk (2008). 60 Ver Leckel (2007), de Klerk (2008) e Leckel e Liwanga-Ehumbu (2006). page 41/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. que o hidroprocessamento do syncrude e do petróleo são similares, considerando que os mesmo princípios básicos e catalisadores comerciais são utilizados para os dois (de Klerk 2008). De acordo com o derivado que se deseja obter, a carga de syncrude deve seguir para processos distintos. Por exemplo, o syncrude pode seguir para uma unidade de Craqueamento Catalítico (FCC) 61 para atender uma maior necessidade por gasolina ou pode seguir diretamente para uma unidade de Hidrocraqueamento Catalítico (HCC) se os produtos almejados forem o diesel ou lubrificante. No caso brasileiro há a necessidade de produção de diesel. Assim, seria um desperdício misturar o syncrude a carga de cru dada à necessidade do Brasil em produzir diesel S-50. Este estudo considerou na etapa de upgrading uma configuração que inclui o processo de hidrocraqueamento do syncrude.62 O objetivo, aqui, é comparar a viabilidade do hidrocraqueamento do syncrude em termos de consumo de energia e, conseqüentemente emissões de CO2e, com outras possibilidades de obtenção, com a mesma especificação, dos mesmos volumes e produtos obtidos a partir de carga de cru, que é submetida a outros processos de refino. Para que essa comparação seja realizada será foi necessária uma análise mais aprofundada das características dos processos de refino que serão considerados. É importante ressaltar que o hidrocraqueamento do syncrude não resulta em apenas um único produto. Assim, baseado em Holt Campbell Payton (2005), considerou-se o rendimento (vv) de 30% em Nafta e 70% em Diesel. A comparação do consumo final de energia e das emissões para a obtenção do produto final, diesel S50, por meio das duas alternativas consideradas, deverá levar em conta o volume de nafta obtido no HCC. Neste caso, o estudo precisou analisar as seguintes unidades de refino: hidrocraqueameto (HCC), hidrotratamento (HDT) e hidrodessulfurização (HDS). Hidrocraqueamento Catalítico (HCC) O processamento do syncrude no HCC gera algumas peculiaridades. A liberação de energia durante o hidrotratamento é menor devido ao alto teor de parafina presente, resultando em uma operação quase isotérmica (de Klerk 2008). 63 As unidades convencionais de HCC para óleo cru operam tipicamente a temperaturas maiores que 350°C e pressões maiores que 10 MPa, enquanto que o unidades de hidrocraqueamento de syncrude pode operar a baixas temperaturas e pressões para atingir o mesmo nível de conversão (Leckel 2007). A disponibilidade de hidrogênio durante o hidroprocessamento de syncrude é significativamente maior que durante o hidroprocessamento de resíduos derivados de óleo cru porque existem menos aromáticos e heteroátomos para consumir o hidrogênio.64 Além disso, não existe a necessidade de pré-tratamento da carga para 61 A carga do craquemento catalítico é, normalmente, constituída de gasóleos leves e pesados da unidade de destilação atmosférica (ou de destilação a vácuo), da unidade de coqueament e das operações de desasfaltação. No entanto, quanto mais parafínica for a carga (ou com fator KUOP acima de 11,5), mais fácil o seu craqueamento, porque o catalisador dificilmente quebra os anéis aromáticos dos compostos que compõem a carga do FCC (Szklo 2005). 62 Por exemplo, o estudo Marano e Ciferno (2001), que utilizou oito configurações conceituais para uma análise de ciclo de vida (ACV) da síntese de FT, ratifica a hipótese considerada neste estudo, de envio da carga de syncrude diretamente para uma unidade a jusante do processo de refino. O estudo citado considera oito opções que diferem entre si de acordo com a extensão ou complexidade dos processos de upgrading utilizados para converter os produtos da síntese de FT em derivados finais. Não foram considerados outros processos de refino, apenas o HCC para a conversão do syncrude em nafta e destilados. 63 O processo de hidrocaqueamento do syncrude (LT-FT) é quase isotérmico, por causa do balanço resultante entre a reação que craqueamento, que é endotérmica, e a saturação das olefinas, que é uma reação exotérmica. No hidroprocessamento dos resíduos do cru a reação é exotérmica por causa do alto teor de aromáticos e de heteroátomos (de Klerk 2008). 64 O syncrude possui mais oxigênio como heteroátomo em sua composição do que as cargas típicas de um HCC convencional. Como o HDO é mais fácil que o HDN, utilizando-se catalisadores de HDN deve-se obter um bom resultado com o HDO (de Klerk 2008; Leckel 2007). Para componentes isoestruturais a facilidade de hidrogenação dos heteroatomos segue tipicamente a seguinte ordem (de Klerk 2008): hidrodessulfurização (HDS) > hidrodeoxigenação (HDO) > hidrodesnitrogenação (HDN). page 42/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. aumentar a eficiência do processo de hidrocraqueamento (Leckel 2007; Leckel e Liwanga-Ehumbu 2006; R. A Meyers 2003). A operação do HCC a uma baixa pressão (3,5 MPa) aumenta a razão de iso-parafina para n-parafina para a faixa de carbono entre C15 e C22, mas não afeta o grau de isomerização significativamente para faixas maiores que C22. Uma pressão maior (7,0 MPa) diminui a isomerização e a parcela na faixa maior que C23 e aumenta a seletividade do diesel inibindo por meio da inibição do craqueamento secundário (Leckel e Liwanga-Ehumbu 2006).65 Considerou-se, na estimativa do consumo de energia, o HCC de leito fixo UOP Unicraking.66 O processo UOP Unicracking é realizado a temperaturas e pressões moderadas no leito fixo onde o insumo é craqueado em uma atmosfera rica em H2. As condições exatas de processo variam de acordo com as propriedades do insumo utilizado e dos produtos a serem obtidos. Geralmente as reações ocorrem a pressões entre 3,5 e 21,5 MPa e temperaturas entre 280°C e 475°C (R. A Meyers 2003). O consumo de energia foi estimado considerando-se que todo o hidrogênio consumido na unidade é produzido basicamente pela reforma a vapor. Os dados do consumo de energia foram baseados em Energetics (2007), Gary, Handwerk, e Kaiser (2007) e Meyers (2003). Hidrotratamento (HDT) A necessidade de redução do teor de enxofre imposta pela nova legislação brasileira, tornará obrigatória algumas alterações no esquema de refino. A maior parte do diesel brasileiro é straight run 67 e segue para o pool de diesel juntamente com a corrente Light FCC Cycle Oil (LCO), produto da unidade de craqueamento catalítico (FCC). Quando a nova legislação, que obriga a utilização do diesel S50, entrar em vigor, haverá a necessidade do upgrading do LCO para que este continue podendo seguir para o pool do diesel. O LCO é, portanto, a produção marginal ou a parcela do diesel produzido atualmente que deixará der ser classificada como diesel quando submetido às novas especificações para a sua comercialização. Assim, o processo de hidrotratamento (HDT) foi escolhido como a opção para o tratamento do LCO. Os custos de uma unidade para tratamento de LCO são função de diversos fatores como o preço do produto e valores atribuídos a carga de LCO, que varia de acordo com a sua disposição final (Thakkar et al. 2005). Hidrodessulfurização (HDS) Um volume equivalente de nafta, obtida na alternativa 1, precisará ser tratado em uma unidade de hidrodessulfurização (HDS) no refino, para obter as mesmas especificações da nafta que será obtida na alternativa 2, no processamento de syncrude na unidade de HCC. Essa foi a solução encontrada no estudo para que pudesse ser realizada a comparação, em volume e qualidade, entre a alternativas 1 e alternativa 2, em relação aos seus respectivos produtos obtidos e que serão comercializados. Exemplo de aplicação da metodologia para um módulo (1000 barris por dia) conforme premissa de preço de robustez da Petrobras O exemplo apresentado nesta seção não representa o cenário de Baixo Carbono, mas sim a aplicação da sua metodologia para um módulo de 1 kbpd, a partir dos cenários de preço de robustez de petróleo da Petrobras (que não são exatamente os cenários de preço de petróleo do PNE 2030, conforme será visto mais adiante). Nos cálculos da análise das duas alternativas propostas, todos os valores de consumo de energia e produção de insumos de cada tecnologia considerada foram relacionados ao consumo do volume de 1 m³ de gás natural. Por exemplo, considerando-se um consumo de 1780 m³ de gás natural para cada m³ de syncrude 65 Leckel (2007) também reforça a idéia de HCC para diesel a menores pressões (3,5 MPa). Também reforça a idéia de que o consumo de H2 é menor, porque o syncrude não tem aromático. 66 A empresa UOP LCC é o licenciador do processo Unicraking (Trademark and/or service Mark of UOP). 67 Obtido diretamente nas colunas de destilação. page 43/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. produzido,68 teremos para cada m³ de gás natural a produção de 0,000561798 m³ de syncrude com o volume de emissões correspondentes a 0,001156031 tCO2e / m3 de gás natural.69 É importante destacar que não foi considerada no balanço de energia a etapa de transporte do syncrude ou do óleo cru para o refino. Essa etapa não foi incluída no balanço de energia porque foram consideradas desprezíveis as diferenças para o transporte de syncrude e o transporte de óleo cru, que já estaria ocorrendo de qualquer maneira. 70 Considerou-se um perfil de produção (vv) do HCC de 70% de diesel e 30% de nafta Holt Campbell Payton (2005). Assim, considerando o envio de 0,000561798 m³ de syncrude para uma unidade HCC, a produção de diesel e nafta no HCC, em relação ao consumo de 1 m³ de gás natural, será igual a 0,000393258 m³ e 0,000168539 m³, respectivamente. A emissão relativa a essa produção de diesel e nafta no HCC, portanto para 1 m³ de gás natural consumido para a produção de syncrude, é de 0,000102779 tCO2e / m3 de gás natural. Para que a comparação entre as duas alternativas fosse possível, considerou-se na alternativa 2 que os volumes equivalentes de diesel e nafta obtidos pelo tratamento do syncrude no HCC deverão ser obtidos, na alternativa 1, com a utilização de unidades de HDT e de HDS, na refinaria. Neste caso, um determinado volume de LCO segue para a unidade de HDT e um determinado volume de nafta segue para o tratamento na unidade de HDS. As emissões para as unidades de HDT e HDS, processando esses volumes de LCO e nafta, foram estimadas em, respectivamente, 0,000086764 tCO2e/m3 de gás natural e 0,000011831 tCO2e/m3 de gás natural. Assim, o total de emissões para a alternativa 2 é igual à soma das emissões da unidade da planta GTL mais as emissões da unidade HCC. O total de emissões para a alternativa 1 é igual às emissões do flare, da unidade de HDT e da unidade de HDS. É importante ressaltar que a eficiência da queima do flare tem uma influência significativa nas emissões de CO2e. No estudo considerou-se para o caso base uma eficiência de queima de 95%, baseado na eficiência utilizada pela Petrobras em seu inventário (Petrobras 2003).71 Projetos para aumentar a eficiência 72 dos flares resultam em uma maior parcela do gás natural associado queimado em lugar do gás ventilado. Os valores do consumo de energia das unidades HDS, HDT e HCC foram obtidos com base em (J. H Gary, G. E Handwerk, e M. J Kaiser 2007; Energetics 2007a; R. A Meyers 2003). As emissões para cada uma das unidades foi estimada utilizando-se o perfil de consumo de energia médio de uma refinaria típica brasileira, REDUC entre os anos de 2000 e 2005.73 A Figura 9 e a Figura 10 representam os esquemas das duas alternativas consideradas na metodologia. 68 Eficiência baseada na tecnologia da empresa CompactGTL (Riches 2007). No artigo de Almeida, Bomtempo, e Bicalho (2004) utilizou-se um valor entre 260 e 280 m³ de GN/barril de syncrude ou 1635 e 1761 m3 de GN/m3 de syncrude, para a eficiência do processo. 69 Para o cálculo das emissões foram utilizados os fatores de emissão de carbono do IPCC (2006). 70 A idéia foi eliminar etapas idênticas para as duas alternativas. Um maior consumo de energia relacionado à necessidade de uma operação logística para abastecer um ou mais tanques do petroleiro para receber apenas a carga de syncrude não foi considerada no estudo. 71 O Global Warming Potential (GWP) do CO2e é igual a 1. Para o CH4, que corresponde a parcela não queimada, ou seja, aproximadamente 75% do gás natural que segue para o flare, considerou-se um GWP conservador para 100 anos em base mássica igual a 21. A influência da eficiência será avaliada na análise de sensibilidade. 72 Segundo o Grupo de Pesquisa em Combustão e Meio Ambiente do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Alberta, um dos principais problemas do flare é que sua eficiência é essencialmente desconhecida. Estimativas mostram que a eficiência pode variar de 70% a 99%, o que resulta em grandes incertezas quanto aos efeitos da queima sobre o ambiente (University of Alberta 2008). Ver também Pagot, Grandmaison e Sobiesiak (2004) e Johnson (2006). 73 Essa aproximação foi adotada porque o perfil de consumo energético das refinarias brasileiras não está disponível. O perfil da REDUC (Refinaria Duque de Caxias, localizada no Rio de Janeiro, Brasil) foi utilizado por estar disponível em COPPE/UFRJ (2006) e por ser uma das refinarias mais complexas do parque de refino brasileiro. page 44/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Figura 9 – Resultados da Alternativa 1 Figura 10 – Resultados da Alternativa 2 Nota: Está se assumindo aqui que não há qualquer tipo de vazamento físico de CH4 na produção de GTL (e como tal nenhuma emissão). Para o cálculo do custo de abatimento da utilização da tecnologia GTL considerou-se que o custo de capital necessário, portanto o valor que deve ser investido na alternativa 2, é igual a diferença dos custos de capital necessários para a alternativas 1 e a alternativa 2, que representa o cenário de redução de queima em flare por meio da utilização da planta GTL embarcada. Esta diferença será chamada de custo incremental. Os dados de custo de capital e de operação e manutenção74 das unidades simuladas estão apresentados na Tabela 21. 74 A estimativa dos custos operacionais totais, que consideram o custo de aquisição do insumo e os custos com a operação e manutenção (O&M), está sujeita a grande incerteza. A estimativa do custo de O&M não page 45/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Tabela 21 – Custos de Capital e O&M das unidades consideradas no estudo. Unidades HDT HCC HDS GTL Custo de Capital (US$/barril de capacidade) 27.000,00 27.000,00 15.000,00 100.000,00 Custo de O&M (US$/barril) 6,00 8,00 6,00 6,00 Fonte: Os custos das unidades de HDT, HCC e HDS foram estimados com base em Farrar (2004), Farrar (2006), Farrar (2007), Johnston (1996) e Kaiser e Gary (2007). Para a Planta GTL o custo de capital é a estimativa divulgada em CompactGTL (2008) e o custo de O&M foi obtido com base na média das estimativas do custos de O&M de plantas GTL onshore obtidos em Patel (2005), Vosloo (2001), Almeida, Bomtempo e Bicalho (2004), Robertson (1999), Thomas et al. (1996). A Tabela 22 apresenta o preço de petróleo e derivados. Vale notar que não se trata da previsão de preço, mas sim do cenário de preço de robustez de petróleo.75 Finalmente, a taxa de desconto adotada, que também será submetida a uma variação na análise de sensibilidade, foi de 25%, baseada em Pertusier (2008). foi divulgada pelo fabricante e os valores disponíveis na literatura, além de não referenciarem o caso específico da aplicação offshore, variam muito e foram realizadas há alguns anos. Nenhuma das estimativas utilizadas expressa um custo para as características da tecnologia escolhida e das condições de operação do estudo. Além do fato de as estimativas serem relativamente antigas, elas envolvem tecnologias, produtos e capacidades diferentes da condição estudada. Neste caso, o valor de U$S 6,00/barril foi escolhido. 75 O preço de robustez é uma referência de preço utilizado pelas empresas de petróleo na análise de viabilidade de cada um de seus projetos isoladamente. É o preço mínimo que garantirá um VPL líquido positivo para o projeto analisado. A Petrobras fixou para este ano um preço de robustez de aproximadamente US$55,00, US$ 45,00 para o ano de 2009 e US$ 35,00 para o ano de 2010 (Moraes 2008). page 46/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Tabela 22 – Cenário base de preço de petróleo e derivados utilizados no estudo Produto Petróleo (WTI) Diesel ULSD Gasolina Óleo combustível Nafta tratada Syncrude Preço (US$/barril) 40,00 44,80 44,80 30,00 42,56 40,00 Nota: O custo do petróleo foi escolhido em função do preço de robustez adotado pelas empresas de petróleo. Os preços dos derivados foram obtidos com base na relação média entre o preço do petróleo e os preços dos derivados obtidos em EIA (2008). Não foi calculado um Premium para o syncrude em relação ao petróleo WTI. O custo incremental (Equação 1) foi utilizado no cálculo do custo nivelado, que foi estimado em aproximadamente US$ 12.569.500,00 para o período de 25 anos do projeto.76 A receita obtida na alternativa 1 foi calculada com a soma das receitas estimadas que poderiam ser obtidas com a comercialização dos produtos dessa alternativa: o diesel S50, obtido na unidade de HDT e a gasolina obtida pelo tratamento na unidade de HDS. Os custos consideraram os custos de capital das unidades de HDT e HDS e os custos variáveis foram calculados pela soma dos custos de O&M dessas duas unidades. A receita da alternativa 2 foi obtida com a soma das receitas estimadas que poderiam ser obtidas com a comercialização do diesel e da gasolina, produzidos no HCC, além do volume de LCO, equivalente ao volume de diesel produzido no HCC, que não poderá ser mais considerado diesel sem o tratamento no HDT e do volume de nafta tratada, equivalente ao volume de nafta produzida no HCC, que não poderá ser vendida como gasolina sem o tratamento no HDS. Para o cálculo, o preço do LCO será considerado equivalente ao preço do óleo combustível. Os custos incluem os custos de capital da planta de GTL e da unidade de HCC e os custos variáveis foram calculados pela soma dos custos de O&M dessas unidades. É importante ressaltar que o custo de operação do flare não foi incluído em nenhuma das duas alternativas analisadas. O custo marginal de abatimento (Equação 3) foi calculado dividindo-se o custo incremental (Equação 1) da alternativa 2 em relação à alternativa 1, em um determinado período, neste caso um ano, pelas emissões evitadas (Equação 2), ou seja, a massa de CO2e equivalente evitado, na implementação da alternativa 2, em relação à implementação da alternativa 1. Custo Incremental (CI) = Custo de Capital da Alternativa 2 – Custo de Capital da Alternativa 1 (Equação 1) Emissões Evitadas (EE) = Emissões totais da Alternativa 2 – Emissões totais da Alternativa 1 (Equação 2) Custo Marginal de Abatimento (CMga) = Custo Nivelado (US$) / Emissão Evitada (tCO2e ) (Equação 3) 76 A vida da planta GTL foi estimada em 25 anos (Syntroleum 2006; Almeida, Bomtempo, e Bicalho 2004). A mesma estimativa foi utilizada para as unidades de refino. O número de dias em operação foi baseado na operação de plantas GTL onshore, que necessitam de um período para a substituição dos catalisadores e para manutenções maiores, o que reduz o numero dos dias de operações por ano para 340 (Syntroleum 2006). page 47/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. A diferença da massa de CO2e evitado na alternativa 2 em relação à alternativa 1, no período de um ano, foi estimada em aproximadamente 337.237 tCO2e equivalente. Assim, dividindo-se o custo nivelado pela massa de CO2e equivalente evitado, no período de um ano, estimou-se o marginal de abatimento de aproximadamente 37,00 US$/tCO2e.77 A Tabela 23 resume os resultados obtidos. 77 Em uma primeira análise, utilizando-se uma taxa de desconto de 15%, foi obtido um custo marginal de abatimento aproximadamente nulo com o preço do petróleo igual a US$ 55,00/barril. Esse resultado era condizente com aquele obtido em Babusiaux e Bauquis (2007), mas não expressava adequadamente a realidade de um projeto deste tipo no Brasil. page 48/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Tabela 23 – Valores utilizados para o cálculo do custo marginal de abatimento Revenue (US$) O&M Cost (US$) Gross Profit (US$) Capital Cost (US$) tCO2e avoided Levelized Cost (US$) Marginal abatement cost Alternative 1 15.232.000,00 2.040.000,00 13.192.000,00 42.000.000,00 0 Alternative 2 26.713.120,00 4.760.000,00 21.953.120,00 127.000.000,00 337.237 Alternative (1-2) 11.481.120,00 2.720.000,00 8.761.120,00 85.000.000,00 337.237 12.569.465 37,27 US$/tCO2e avoided O valor obtido para o custo marginal de abatimento está acima do valor de US$ 25/tCO2e, corresponde aproximadamente ao valor de mercado do CO2e negociado no mercado europeu, atualmente (World Bank Group 2008) e também acima do cenário de menor custo do IPCC, que considera o valor de US$ 20,00 (IPCC 2006). Análise de sensibilidade do exemplo aplicado ao preço de robustez da Petrobras Uma análise de sensibilidade do exemplo aplicado ao preço de robustez utilizado pela Petrobras foi realizada de forma independente para quatro variáveis do estudo: o preço do petróleo, que influencia diretamente no preço dos derivados e conseqüentemente nas receitas obtidas com a comercialização dos produtos, a taxa de desconto, a eficiência da queima em flare e o custo de capital da planta GTL. Preço do petróleo Na análise de sensibilidade o preço do petróleo foi submetido a uma variação de US$ 30,00 a US$ 80,00. É importante ressaltar que a escolha do preço de petróleo não visa igualar, ou equiparar um possível valor futuro do petróleo, mas sim aproximar esse preço ao atual valor de robustez utilizado pelas empresas de petróleo. No caso da Petrobras o valor estimado do preço de robustez é de US$ 55,00 para o ano de 2008, mas com uma estimativa de US$ 35,00 para 2010. A Figura 11 resume os valores obtidos para esta análise. page 49/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Custo de Abatimento (US$/tCO2e) 50.00 45.78 40.00 37.27 28.76 30.00 20.25 20.00 11.14 10.00 3.23 0.00 30.00 40.00 50.00 60.00 70.00 80.00 Preço do Petróleo (US$/barrill) Figura 11 - Custo marginal de abatimento (US$/tCO2e) em função da variação do preço do petróleo O preço do petróleo WTI que anulou o custo marginal de abatimento de CO2e, tornando viável o GTL sem a necessidade de valorar o carbono evitado, equivale no caso estudado a aproximadamente US$ 85,00 por barril. É um valor muito alto se considerarmos a avaliação de investimentos de companhias de petróleo no mundo, inclusive a própria companhia de petróleo brasileira, Petrobras. Taxa de desconto A taxa desconto foi submetida a uma variação de 8% a 30% a.a. 78 A Figura 12 resume os valores do custo marginal de abatimento para uma variação de 8% a 30% da taxa de desconto. 78 A taxa de 8% representaria a uma taxa de desconto “social”, que seria aplicada uma vez que a parcela de gás natural que é “desperdiçada” na queima é de propriedade da União, conforme a legislação brasileira. A taxa de desconto pode ser utilizada como instrumento de políticas, e será discutida analisada no item 5, sobre políticas para a utilização da tecnologia GTL. page 50/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Custo de Abatimento (US$/tCO2e) 60.00 50.00 49.75 40.00 37.27 30.00 24.96 20.00 13.01 10.00 1.79 0.00 ‐2.37 ‐10.00 8 10 15 20 25 30 Taxa de Desconto (%) Figura 12 – Custo marginal de abatimento (US$/tCO2e) em função da variação da taxa de desconto Um investimento em uma tecnologia que não é convencional, que apresenta mais riscos exige uma taxa de desconto maior, mantendo uma tendência de aumento na taxa de desconto utilizada para a análise do projeto. No caso base, sob a ótica da empresa de petróleo, por exemplo, a Petrobras, uma taxa de desconto de 25% indica valores de cerca de US$ 37,00 por tCO2e evitado. No entanto, este valor pode chegar a cerca de US$50,00/tCO2e evitado, se for utilizada uma taxa de desconto de 30%. Eficiência do flare A eficiência do flare influencia significativamente no cálculo do custo marginal de abatimento, por causa da diferença entre os valores de GWP do CH4 e do CO2e. Quanto menor a eficiência do flare, maior a parcela de gás natural que não será queimada e conseqüentemente, maior a parcela de CH4 que será emitida. A redução de emissões obtida com a utilização da planta GTL é calculada pela diferença entre as emissões de CO2e equivalente das alternativas propostas. Assim, quanto menor a eficiência do flare, maior será a quantidade de CO2e equivalente emitida na alternativa 1 e, conseqüentemente, maior a redução obtida na alternativa 2. A eficiência do flare foi submetida a uma variação entre 70% e 99% (University of Alberta 2008). Os resultados (Figura 13) obtidos mostram uma grande variação do custo marginal de abatimento em função da eficiência do flare. page 51/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Custo de Abatimento (US$/tCO2e) 100 80 79.71 60 40 37.27 20 22.38 15.99 12.44 8.61 0 70 80 85 90 95 99 Eficiência do Flare (%) Figura 13 - Custo marginal de abatimento (US$/tCO2e) em função da variação da eficiência do flare O caso base sob a ótica da empresa de petróleo, tipicamente a Petrobras, indica valores de cerca de US$ 37,00 por tCO2e evitado. Contudo este valor pode chegar a cerca de US$80,00/tCO2e evitado, para uma eficiência de queima no flare igual a 99%. Custo de capital da planta GTL O custo de capital da planta GTL também influencia significativamente o custo marginal de abatimento de emissões de carbono.79 Apesar disso, esse aumento pode não ser representativo no longo prazo porque diversos fatores podem contribuir para a redução dos custos de capital da planta GTL (Robertson 1999): aprendizado dos operadores e projetistas, melhorias técnicas, economias de escala associadas a unidades com maior capacidade e redução dos custos dos insumos. Por exemplo, uma das razões do alto custo do primeiro item é a necessidade de aprendizado sobre a nova tecnologia. A avaliação do custo de capital envolve um elevado grau de incerteza. Existem poucas plantas GTL em funcionamento atualmente e nenhuma delas é localizada offshore, nem tampouco utiliza a mesma tecnologia considerada na análise econômica. Neste caso, o custo de capital poderia ser estimado com base na utilização de um fator de correção aplicado aos custos reais ou as estimativas de custos para plantas onshore. O Fator de Localização ou Fator de Custo de Capital80 deveria ser aplicado a plantas onshore existentes, com a mesma tecnologia. O Fator de Localização considera diversos fatores como a infra-estrutura do local onde a planta será instalada, o custo do transporte e o custo e a eficiência tanto dos trabalhadores quanto do pessoal administrativo. 79 O aumento do seu valor em quase 100% desde 2003, por causa do aumento no preço do aço, interrompeu diversos projetos incluindo plantas GTL de pequena e grande escala. 80 O fator de custo de capital corrige, neste caso, o valor dos investimentos offshore em relação ao ambiente onshore. Por exemplo, o fator de custo de capital utilizado pela empresa Statoil para o seu projeto de “marinização” da planta GTL considera um aumento de custo de 30%, ou seja, um fator de custo de 1,3 em relação ao custo base da planta onshore (Olsvik 2005). No estudo realizado pelo Idaho National Engineering and Environmental Laboratory utilizou-se um fator de custo de capital igual a 1,5 para a instalação de uma planta GTL no Alaska. Neste último caso, o valor base era de US$ 24.000,00/barril para uma planta genérica onshore e US$ 36.000,00/barril, após a aplicação do fator de custo de capital (Robertson 1999). page 52/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. O fator de custo de capital corrige o valor de investimentos offshore em relação a projetos correspondentes localizados onshore. No caso planta GTL offshore, apesar de ser instalada em uma unidade já em funcionamento, que oferecerá a infra-estrutura de operação e transporte necessária, outras condições, como a sua dificuldade de acesso, custos extras, eficiência dos trabalhadores, custo com segurança, aumentam os custos da planta. Apesar de a tecnologia escolhida estar em fase de desenvolvimento, utilizou-se no estudo a estimativa do fabricante para o custo de capital, igual a US$ 100.000,00 por barril de capacidade. O Figura 14 resume os valores do custo marginal de abatimento para uma variação de US$ 70.000,00 a US$120.000,00/tCO2e. Custo de Abatimento (US$/tCO2e) 60 50 52.15 44.71 40 37.27 30 29.83 22.39 20 10 14.95 0 70,000.00 80,000.00 90,000.00 100,000.00 110,000.00 120,000.00 Custo de Capital da Planta GTL (US$/barril de capacidade) Figura 14 - Custo marginal de abatimento (US$/tCO2e) em função da variação do custo de capital da planta GTL page 53/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Quantificação do potencial bruto de mitigação e dos custos marginais de abatimento associados A Tabela 24 resume os custos e a receita para cada uma das medidas consideradas. Tabela 24 – Valor presente do custo e receita para as medidas consideradas (US$) Opções do Cenário de Referencia Proposta considerada Custo Receita GTL embarcado 209.207.868 328.235.667 Opções de mitigação ou seqüestro Receita Custo (sem receita de carbono) 606.729.069 560.469.794 A Tabela 25 apresenta o potentencial de redução de emissões e custos para o caso GTL. Tabela 25 - Resumo do potencial de redução de emissões e custos para o caso GTL Opções de Mitigação Potencial de redução bruto entre 2010-30 (MtCO2e) GTL embarcado 128,1 Custo de abatimento médio no período (US$/tCO2) Taxa de desconto (8%) - 4,4 Break-Even Carbon Price (US$/tCO2) 35,0 Barreiras e medidas O principal fator que inibe o investimento na redução do flare de gás através da planta GTL é o elevado custo de investimento desta tecnologia, assim como sua reduzida maturidade. Esta última característica faz com que o agente privado, no caso o operador da plataforma de produção de petróleo, perceba taxas de desconto elevadas para a tecnologia, na faixa de 25% a.a. As principais barreiras identificadas, relacionadas à implantação da tecnologia GTL são: 1. O GTL offshore ainda não é uma tecnologia comercial. Portanto, terá que enfrentar custos de transação mais elevados e é uma opção mitigação mais arriscada. 2. No entanto, vários fatores podem contribuir para reduzir o custo de capital do GTL, tais como aprendizagem dos operadores das instalações e dos projetistas. Por exemplo, uma das razões para o elevado custo das primeiras plantas é precisamente a aprendizagem relacionada com esta nova tecnologia. 3. O investimento em P&D é crucial O agente mais apropriado para viabilizar projetos GTL seria o BNDES. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está vinculado ao Ministério do desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e tem como objetivo apoiar empreendimentos que contribuam para o desenvolvimento do país. O BNDES financia grandes empreendimentos industriais e de infra-estrutura. Tem como posição principal, o apoio a investimentos em agricultura, no comércio e serviço e nas micro, pequenas e médias empresas, e nos investimentos sociais, para a educação e saúde, agricultura familiar, saneamento básico e ambiental e transporte coletivo de massa. O BNDES possui duas subsidiárias, a page 54/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Agência Especial de Financiamento Industrial FINAME e a BNDES Participações (BNDESPAR), que foram criadas com o objetivo, respectivamente, de financiar a comercialização de máquinas e equipamentos e de possibilitar a subscrição de valores mobiliários no mercado de capitais brasileiro. O conjunto dessas três empresas forma o "Sistema BNDES" (BNDES 2009). Outra forma de tratar o problema seria reduzir as incertezas tecnológicas e promover o aprendizado tecnológico para o GTL offshore. Isto envolve o P&D na opção tecnológica, que deveria ter como agentes não apenas a Petrobras, mas também, e, sobretudo, fundos setoriais do petróleo para desenvolvimento tecnológico. Neste caso, especialmente importante é o CT-Petro. O CT-Petro é um fundo criado em 1999 com o objetivo de estimular a inovação na cadeia produtiva do setor de petróleo e gás natural, além da formação e qualificação de recursos humanos e o desenvolvimento de projetos em parceria entre empresas e universidades, instituições de ensino superior ou centros de pesquisa do País. O objetivo é o aumento da produção e da produtividade, a redução de custos e dos preços e a melhoria da qualidade dos produtos desse setor. O recurso do fundo tem como fonte de financiamento 25% da parcela do valor dos royalties que exceder a 5% da produção de petróleo e gás natural (Finep 2008). A utilização do montante recolhido pelos fundos de ciência e tecnologia e destinados ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) depende, em primeiro lugar, de sua inclusão na proposta orçamentária encaminhada pelo governo, que é feita baseada em previsão de arrecadação, e de sua aprovação pelo Congresso Nacional (C.A.G. Pacheco 2007). Mesmo que o montante total recolhido seja idêntico ao valor autorizado na Lei Orçamentária, isto não garante a aplicação deste montante. Durante a execução orçamentária, os recursos ainda são submetidos a limites de empenho, ou contingenciamentos, estabelecidos pelo Poder Executivo. De fato, o financiamento do setor de ciência e tecnologia sofre o problema de estar desvinculado das receitas arrecadadas pelo CT-petro. Tal fato permite ao Governo Federal, durante o cálculo da previsão da receita arrecadada, descontar os recursos desvinculados (Tavares 2005). Estas desvinculações e a programação de parcela dos recursos em Reservas de Contingência provocaram um descolamento entre as curvas de crescimento da arrecadação do CT-Petro e dos limites de empenho: por exemplo, como está bem detalhado em Pacheco (2007), mesmo tendo a arrecadação triplicado de 2001 a 2004 (um montante total de R$ 1,6 bilhão), os valores empenhados mantiveram-se quase constantes, atingindo em 2004 apenas R$ 595 milhões (cerca de 37,5% do total arrecadado naquele ano). Assim, pode-se dizer que existe arrecadação de recurso para investimento em P&D no Brasil, que poderia beneficiar o investimento em redução de queima de gás através de plantas GTL, desde que estes recursos fossem efetivamente direcionados neste sentido. Neste caso, agentes também importantes se tornam os institutos de pesquisa e as universidades que especialmente poderiam se envolver na elaboração de um projeto em escala piloto de uma planta GTL offshore, de forma a aumentar o aprendizado sobre a tecnologia visando reduzir custos. Por exemplo, uma planta GTL offshore de 1.000 barris/dia teria um custo de investimento de aproximadamente US$ 75.000.000, como se nota, isto corresponde a 25% do dispêndio médio anual (R$ 600 milhões com C&T através dos fundos setoriais no Brasil). Esta estimativa foi realizada utilizando-se a estimativa de US$ 75.000,00/barril de capacidade do fabricante CompactGTL. Esta planta poderia ser utilizada como unidade de demonstração, em projetos induzidos de P&D elaborados por institutos de pesquisa e fabricantes de equipamentos. Uma vantagem da tecnologia de micro-canais é que ela não necessita de scale-up. Assim, sua escala pode ser aumentada em módulos, o que faz com que o aprendizado na unidade de demonstração de 1.000 barris/dia se torne, de fato, o aprendizado em uma unidade comercial. O investimento em uma unidade de demonstração terá, portanto, a possibilidade de rapidamente engendrar investimentos em plantas comerciais. Outra medida poderia se basear na redução gradativa dos limites permitidos de queima de gás, utilizando-se da adoção de metas compulsórias para o aproveitamento do gás natural associado. Medidas similares já foram adotadas no Brasil, mas sem o caráter obrigatório (como ocorreu na Malásia e justificou a planta GTL de Bintulu). Pode ser citado com exemplo o “Plano de Queima Zero” (PQZ)81, onde a ANP ficou encarregada de monitorar a utilização do gás natural nas atividades de produção nos campos do país (ANP 2001). 81 O Programa Queima Zero (PQZ) foi aplicado pela Unidade da Bacia de Campos visando à redução da queima de gás associado, dentro de um cenário de aumento da produção na Bacia de Campos e com a perspectiva de crescimento do mercado de gás natural (Petrobras 2007). page 55/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. As melhores soluções para a redução da queima de gás foram reunidas num plano de ação em 2001, e o controle sobre a queima de gás na Bacia de Campos ficou mais rigoroso por parte da Petrobras e da ANP, o que resultou em ações complementares ao PQZ. Esse quadro resultou no Plano de Otimização do Aproveitamento de Gás (POAG) em 2001 (Petrobras 2007). Assim, poderiam ser implantadas metas progressivas de redução da queima de gás, com aplicação de multas caso estas metas não sejam cumpridas. Por exemplo, estas multas poderiam ter o valor na ordem de grandeza do break-even price do carbono emitido pelo flare de gás (cerca de 35 US$/tCO2 à taxa de 25% a.a, conforme o cenário de preços de petróleo do PNE 2030), o que tornaria atrativa a sua realização. Finalmente, sobre o GN queimado ou ventilado incidem os royalties do petróleo. O royalty é o valor cobrado e é calculado pela multiplicação da taxa de royalties pelo valor de mercado da produção do insumo, no caso o gás natural (C.P. Thomas et al. 1996). O cálculo do royalty é realizado por campo produtor e é obtido multiplicando-se a alíquota pelo valor da produção. O valor da produção total do campo por sua vez é calculado pela soma do valor da produção de petróleo e gás. O valor do petróleo é igual ao volume de petróleo produzido multiplicado pelo preço do petróleo e o valor do gás é obtido pelo volume produzido de gás multiplicado pelo preço do gás. Vale lembrar que deve ser levada em consideração a obrigatoriedade de pagamento de royalties para o gás que é queimado, portanto sem o aproveitamento econômico do insumo. Para um aprofundamento sobre os regimes fiscais petrolíferos e as participações governamentais no Brasil consultar Pacheco (2007). Apenas em situações muito específicas, como emergências, não é necessária a autorização ou o não pagamento de royalties para o gás que é queimado. A Lei Nº 9478, de 06 de Agosto de 1997, conhecida como a Lei do Petróleo, dispõe sobre a política energética nacional, as atividades relativas ao monopólio do petróleo, institui o Conselho Nacional de Política Energética e a Agência Nacional do Petróleo.82 O inciso número III do seu artigo 47 diz: queima de gás em flares, em prejuízo de sua comercialização, e a perda de produto ocorrida sob a responsabilidade do concessionário serão incluídas no volume total da produção a ser computada para cálculo dos royalties devidos (ANP 2008a). Uma possibilidade seria remover o royalty sobre o GN que não fosse queimado, mas sim aproveitado para GTL. Em suma, sobre o GN queimado permaneceria a incidência de royalties, mas não sobre o GN destinado ao GTL. Há exemplos no mundo de royalty relief, sendo talvez o mais emblemático o dos Estados Unidos (Hallwood 2007). Vale ressaltar que esta medida não equivale a uma simples desoneração, mas sim a uma mudança na lei vigente, o que envolverá outros custos e medidas, que não fazem parte do escopo deste estudo. Neste caso, considerando-se royalties de 10% sobre o valor bruto da produção, um preço de GN de R$ 0,70/ m³ de gás e um volume de 96.226.800 m3/ano, ter-se-ia um benefício de R$ 6.735.876 ao ano para a empresa investir em GTL. 83 É importante ressaltar que não estamos discutindo alocação de investimentos devido a políticas públicas, mas sim opções de políticas para a redução da queima de gás associado. A Tabela 26 resume as políticas para o GTL.84 82 Ver ANP (2008b). Aqui foi aplicado um percentual e um preço apenas a título de exemplificação. Os preços e percentuais de royalties aplicados para cada campo pode ser obtido em (ANP 2008c). O volume foi baseado na capacidade de uma planta de 1000 bpd de syncrude. 84 Utilizou-se a seguinte classificação para as políticas: INCREMENTAL – novas políticas; RETIFICATIVA - ajustes em políticas existentes; SUBSTITUTIVA - substitui integralmente as políticas existentes; DERROGATÓRIAS - elimina políticas perversas ou inócuas. 83 page 56/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Tabela 26 – Resumo das Políticas para o GTL Políticas adotadas Classificação Observação Para o abatimento de 337.000 tCO2, relativo a uma planta de 1 BNDES/Finame Retificativa kbpd de capacidade de produção de syncrude, existe um diferencial de US$ 50 milhões ao ano, a ser financiado. Planta GTL de demonstração offshore de 1000 bpd necessita de investimento de US$ 75 milhões. Isto é igual a 25% do P&D/CT Petro Retificativa dispêndio médio anual R$ 600 milhões com C&T através dos fundos setoriais no Brasil) e menos de 10% do total arrecadado anualmente para finalidade do CT-Petro Para royalties de 10% sobre o valor bruto da produção, um Retirada de royalty preço de GN de R$ 0,70/m³ de gás e um volume de para o gás destinado Incremental 96.226.800m3/ano, ter-se-ia um benefício de cerca de US$ 3,5 ao GTL milhões ao ano para a empresa investir em GTL Metas progressivas de redução de queima com a aplicação de Metas progressivas Retificativa multas equivalentes ao valor do carbono emitido. Com o objetivo de considerar as implicações e eventuais problemas que possam existir com a adoção das medidas de mitigação, foi realizada a análise, ainda que muito preliminar, dos prováveis ganhadores e perdedores. No caso da utilização do CT-Petro para financiamento da implementação da tecnologia GTL, os ganhadores seriam os consumidores, os centros de pesquisa e a Petrobras. O governo seria o perdedor, por causa da queda de arrecadação para fazer o superávit primário. Assim como no refino, neste caso não existiria possibilidade de compensação, salvo por meio de uma melhor aplicação dos recursos públicos. Não obstante, o aumento da atividade econômica oriunda das plantas GTL, que seriam implantadas ao longo do cenário de análise, poderia compensar parte da perda do governo. 85 O financiamento com a utilização do FINAME/BNDES apresenta como ganhadores o consumidor e a Petrobras. Outros setores industriais que pleiteiam e disputam os recursos do FINAME poderão ser os perdedores neste caso. Uma possível medida de compensação poderia ser a ampliação do FINAME, a abertura de linhas de crédito especiais para os setores que perdessem acesso ao programa e a utilização de benefícios fiscais. Outra medida poderia se basear na redução gradativa dos limites permitidos de queima de gás, utilizando-se da adoção de metas compulsórias para o aproveitamento do gás natural associado. Neste caso, um posssível ganhador seria o consumidor e o perdedor a Petrobras, na medida em que seria multada quando queimasse gás além das metas estabelecida. O valor da multa poderia equivaler exatamente ao valor da tonelada de CO2 que seria emitida. Finalmente poderia ser utilizado o royalty relief para o GN. Neste caso o ganhador seria a Petrobras. Os perdedores seriam os governos federal, estadual e municipal, que com isso perderão em arrecadação. No entanto, poderia ocorrer como efeito de segunda ordem, um crescimento da atividade econômica. A compensação poderia ser realizada por meio do retorno de parte da perda de receita do royalty. Esta quantia poderia voltar na forma do ICMS do diesel que será produzido via GTL e vendido (idem para nafta). Se for aplicada a multa, o perdedor seria a Petrobras e os ganhadores seriam o governo e o consumidor. 85 É mister enfatizar também que foge ao escopo desta análise avaliar a pertiência e os benefícios do superávit primário para a economia brasileira. Tampouco faz a análise um balanço de como se poderia compensar a perda de receita do superávit primário, que seria gerada pelo contingenciamento do CT-Petro, com outras fontes de receita. page 57/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Síntese do mix ajustado de opções de mitigação ou seqüestro propostas para o Cenário de Baixo Carbono (Potencial AJUSTADO/LÍQUIDO) Refino No caso do refino de petróleo e da opção GTL, não há diferença entre o potencial bruto e o potencial ajustado para as opções de mitigação consideradas no estudo. De fato, mesmo que o Brasil tenha um mercado de derivados de petróleo diferente daquele estimado no PNE (2030), em grande medida, no horizonte de simulação, deve ser considerado que: 1. O parque de refino nacional já está sendo modificado para aumentar a qualidade de produtos e o rendimento em cortes médios; este investimento já está sendo efetuado; 2. Parte substancial do investimento acima mencionado justifica-se não apenas no mercado, mas também no aumento da produção de óleo bruto no Brasil e na necessidade de agregar valor a este óleo; 3. O mercado de diesel no Brasil, que é o combustível focal das modificações no parque de refino nacional, é deficitário, pressionando a matriz energética do país. Dificilmente qualquer cenário alternativo do setor de transportes modificará radicalmente este quadro, até mesmo porque o diesel é o combustível utilizado no transporte coletivo de passageiros. 4. Possíveis superávits de derivados no parque em função de mudanças no mercado podem justificar exportações. A linha diretriz da política energética brasileira atual é melhorar a qualidade de derivados, até mesmo para possibilitar a sua exportação e a agregação de valor ao petróleo brasileiro O caso dos investimentos na carteira da gasolina, atualmente, é emblemático neste sentido: ele mostra que, embora o mercado de gasolina não tenha crescido de forma importante nos últimos anos, o país continua investindo na qualidade deste produto visando exporta-lo. Assim, como antes demonstrado, na construção do Cenário de Baixo Carbono, para as refinarias existentes e em construção, foram consideradas duas fases de implantação das medidas mitigatórias consideradas no estudo. A primeira fase considerou a implantação das medidas no ano de 2015, nas seguintes refinarias: COMPERJ, RENEST, REPLAN, REDUC e REGAP. A segunda fase, prevista para o ano de 2020, considera a implantação das medidas para as refinarias restantes, que são: RPBC, RECAP, REVAP, REFAP, RLAM, REMAN, LUBNOR, REPAR, IPIRANGA. A Tabela 27, a Tabela 28 e a page 58/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Tabela 29 sumarizam os resultados para a aplicação de cada uma das três medidas de mitigação aplicadas para o parque de refino existente. Tabela 27 - Descrição do mix ajustado proposto no cenário de baixo carbono para o refino existente – Medida: Heat integration Refino Existente Heat integration Total cumulado no periodo 2010-2014 2015-2019 2020-2024 2025-2030 10 refinarias RPBC RECAP REVAP REFAP RLAM REMAN LUBNOR REPAR Ipiranga Manguinhos 0 Número de Refinarias 15 0 5 Refinarias COMPERJ RENEST REPLAN REDUC REGAP Custo total ajustado no Cenário Referência 0 0 0 0 0 1.499.764.744 0 996.653.227 467.513.752 35.597.764 (US$ million) 1.499.764.744 0 996.653.227 467.513.752 35.597.764 (Baixo Carbono Referência) Volume de mitigação (MtCO2) 52,3 0 10,1 19,2 23,0 (US$ million) (*) Custo total ajustado no Cenário Baixo Carbono (US$ million) Diferença de Custo total (*) No cenário de referência não existe investimento nesta medida. Tabela 28 - Descrição do mix ajustado proposto no cenário de baixo carbono para o refino existente – Medida: Fouling mitigation Refino Existente Fouling mitigation Número de Refinarias Total cumulado no periodo 15 2010-2014 0 page 59/92 2015-2019 2020-2024 2025-2030 5 Refinarias COMPERJ RENEST REPLAN REDUC REGAP 10 refinarias RPBC RECAP REVAP REFAP RLAM REMAN LUBNOR REPAR Ipiranga Manguinhos 0 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Custo total ajustado no Cenário Referência (US$ million) (*) Custo total ajustado no Cenário Baixo Carbono 0 0 0 0 0 371.204.669 0 151.164.131 140.934.394 79.106.143 371.204.669 0 151.164.131 140.934.394 79.106.143 7,0 0 1,4 2,6 3,0 (US$ million) Diferença de Custo total (US$ million) (Baixo Carbono Referência) Volume de mitigação (MtCO2) (*) No cenário de referência não existe investimento nesta medida. page 60/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Tabela 29 - Descrição do mix ajustado proposto no cenário de baixo carbono para o refino existente – Medida: Advanced control Refino Existente Advanced control Total cumulado no periodo 2010-2014 2015-2019 2020-2024 2025-2030 10 refinarias RPBC RECAP REVAP REFAP RLAM REMAN LUBNOR REPAR Ipiranga Manguinhos 0 Número de Refinarias 15 0 5 Refinarias COMPERJ RENEST REPLAN REDUC REGAP Custo total ajustado no Cenário Referência 0 0 0 0 0 555.468.423 0 369.130.824 173.153.241 13.184.357 555.468.423 0 369.130.824 173.153.241 13.184.357 7,0 0 1,4 2,6 3,0 (US$ million) Custo total ajustado no Cenário Baixo Carbono (US$ million) Diferencia de Custo total (US$ million) (Baixo Carbono Referência) Volume de mitigação (MtCO2) No caso do refino novo foram consideradas as projeções do PNE apresentadas na page 61/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Figura 15. Vale ressaltar que as refinarias COMPERJ e RENEST (que aparecem na page 62/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Figura 15 como refinaria de Itaboraí e refinaria do Nordeste, respectivamente) foram consideradas junto com as refinarias existentes, porque já estão em fase de construção e já possuem os seus esquemas de refino definidos. A Tabela 30 sumariza os resultados para a o parque de refino novo. page 63/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Figura 15 – Expansão da capacidade de refino no Brasil Fonte: EPE (2007). Tabela 30 - Descrição do mix ajustado proposto no cenário de baixo carbono para o refino novo Refino Novo Total cumulado no periodo 2010-2014 2015-2019 2020-2024 2025-2030 1 refinaria petroquímica 1 refinaria diesel 2 refinarias diesel Número de Refinarias 5 refinarias 0 1 refinaria diesel Capacidade (mil bpd) 1.150 0 250 400 500 23.755.349.062 0 11.032.881.358 8.639.427.894 4.083.039.811 24.586.745.293 0 11.539.709.806 8.776.429.014 4.270.606.473 831.396.231 0 506.828.448 137.001.120 187.566.662 6.1 16.9 28.8 Investimento ajustado no Cenário Referência (US$ million) Investimento ajustado no Cenário Baixo Carbono (US$ million) Diferença de investimento (US$ million) (Baixo Carbono Referência) Volume de mitigação (MtCO2) 51.8 A Figura 17 e a page 64/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Figura 15 mostram a emissão de CO2 para o refino existente antes das medidas de mitigação e as reduções estimadas para o refino existente e refino novo após as medidas de mitigação, respectivamente. page 65/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Figura 16 – Emissão de CO2 por refinaria page 66/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Figura 17 – Reduções estimadas de CO2 para o refino existente e refino novo page 67/92 GTL O cenário de baixo carbono considerou a tecnologia GTL. Outras tecnologias poderiam ter sido estudas, mas o trabalho confrontou as opções tecnológicas e os processos de produção do syngas existentes às condições de operação do ambiente offshore e selecionou a tecnologia GTL compacto, mais especificamente a tecnologia microcanais de Reforma a Vapor de Metano (SMR). Conseqüentemente optou-se basicamente pela produção de líquidos, o que permite a utilização da estrutura já existente para o escoamento da produção de petróleo. Os dados utilizados neste estudo precisam ser constantemente revisados. Em estudos futuros, além da revisão dos dados utilizados, também deve ser considerada a perspectiva de aprendizagem e redução de custos da tecnologia GTL. Essa redução envolve fatores como o aprendizado dos operadores e projetistas, desenvolvimentos técnicos e economias de escala. No cenário de baixo carbono foram utilizadas as premissas do PNE 2030. Neste caso, os resultados obtidos são diferentes do exemplo aplicado às premissas de preço de robustez da Petrobras, porque as projeções de preços de petróleo consideradas são diferentes para os dois casos. Ainda assim, valem as lições do exemplo e suas análises de sensibilidade, especialmente no que se refere à sensibilidade dos custos ao valor do investimento na planta GTL e à eficiência do flare. É importante ressaltar que uma planta de 1.000 bpd, o que equivale a um consumo de aproximadamente 283.000 m³ de gás natural por dia, ou 103.295.000 m³ por ano, representa um projeto ou módulo. Segundo o cenário para a produção doméstica de gás natural do PNE 2030, a parcela de reinjeção, consumo próprio e/ou queima/perdas será de aproximadamente 105 milhões de m³ por dia de gás natural. Assim, o volume de gás queimado para 2030 foi estimado em 9.581.250.000 m³ de gás natural. 86 Com os valores do consumo anual de gás natural por projeto GTL e da queima de gás natural associado, estimou-se uma capacidade técnica de 93 plantas para o ano de 2030. No entanto, nem todo o gás queimado poderá ser aproveitado, por razões técnicas, como, por exemplo, a dispersão das unidades offshore. A Tabela 31 resume o potencial estimado para a instalação de projetos GTL utilizado neste estudo e a redução do gás queimado para os respectivos anos. Note-se aqui também a proposição de uma evolução gradativa da inserção de módulos GTL ao longo do cenário, a fim de possibilitar a aprendizagem tecnológica. Tabela 31 - GTL Option for reducing Gas Flare Operational capacity (número de projetos de 1000 bpd de syncrude) Avoided emissions (MtCO2e/year) 2010 2015 2020 2025 2030 0 10 20 35 55 0 3,4 6,7 11,8 18,6 Os resultados obtidos para custo marginal de abatimento utilizando-se as taxas de desconto de 8%, que representaria uma taxa de desconto “social” conforme sugerido em Szklo, Carneiro e Machado (2008) e a taxa de 25%, que representa a visão da empresa, mostram que existe a necessidade de investimentos diferenciados para os dois casos. Para uma taxa de 8%, que também foi a taxa adotada no PNE 2030, o custo de abatimento é negativo, portanto o projeto GTL, neste caso, é um benefício. Os resultados obtidos para os custos marginais de abatimento e para a redução total das emissões para o período analisado estão resumidos na Tabela 32. Tabela 32 - CO2 abatement cost Abatement Cost 86 Emission Reduction Na estimativa do gás queimado considerou-se que os percentuais de consumo próprio e de reinjecão se mantém aproximadamente constantes e a variação seria dada pela redução ou aumento da parcela relativa às queimas ou perdas de gás natural. Utilizou-se um percentual de 40% e consumo próprio de 35% (ANP 2008d). Portanto, 25% do dado agregado são relativos à queima de gás natural, o que equivale a 26.250.000 m³ por dia, ou 9.581.250.000 por ano. O valor utilizado está coerente com a estimativa da EPE de 8,4 milhões de tep, ou 9.651.000.000 m³ no ano de 2030. Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. (US$/tCO2e) (MtCO2e) 8% discount rate -4,4 128,1 25% discount rate 35,2 128,1 O investimento total estimado para o cenário de baixo carbono foi calculado para as taxas de 8% e 25% e os resultados obtidos estão mostrados naTabela 33. Tabela 33 - Additional Investments (2010-2030) Investments Net Present Values (US$) 8% 25% 1.610.306.505 347.455.725 A tabela Tabela 34 mostra a descrição do mix ajustado proposto no cenário de baixo carbono para o GTL page 69/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Tabela 34 – Descrição do mix ajustado proposto no cenário de baixo carbono para o GTL GTL Capacidade operacional (número de projetos de com capacidade de 1.000 barris por dia de syncrude) 2010-2014 2015-2019 2020-2024 2025-2030 55 0 10 10 35 209.207.868 0 128.077.435 47.859.102 33.271.331 606.729.069 0 374.901.876 136.592.787 95.234.407 Diferença de custo (Baixo Carbono - Referência) 397.521.201 0 246.824.441 88.733.685 61.963.076 Volume de mitigação (MtCO2) 128,1 0 16,9 33,7 77,5 Custo ajustado no Cenário Referência (US$ million) Custo ajustado no Cenário Baixo Carbono Total cumulado no periodo (US$ million) page 70/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Tabela de síntese geral das opções propostas Tabela 35 - Tabela de síntese geral das opções propostas Medidas New refineries Benefício/Custo US$ por t/CO2 (*) 58,3 Breakeven price US$ por t/CO2 99,9 Improving energy use of existing refinery units Heat integration Fouling mitigation Advanced control 20,2 Políticas, programas existentes e mecanismos de financiamento Ganhadores P&D/CT Petro Consumidores Centros de Pesquisa Petrobras Governo BNDES/ FINAME Consumidor Petrobras Setores Industriais (que pleiteiam recursos do FINAME) CONPET Consumidor Governo Petrobras Petrobras (Dependendo do valor dos recursos) 77,3 115,6 210,8 274,6 433,2 Consumidor Petrobras BNDES/ FINAME Perdedores GTL -4,5 Centros de Pesquisa Governo Uma das razões para o elevado custo das primeiras plantas é precisamente a aprendizagem relacionada com esta nova tecnologia. O investimento em P&D é crucial Petrobras Petrobras Governos (Federal, estadual e municipal) Consumidor Metas progressivas Governo (*) valores de benefício são negativos. page 71/92 Petrobras Medidas Superar B/I Programas de incentivo à eficiência energética de refinarias Investimentos em P&D Diferença considerável entre as taxas de desconto utilizadas pela iniciativa privada na indústria do petróleo e a taxa de desconto utilizada pelo Estado para comparar investimentos em infra-estrutura. O GTL offshore ainda não é uma tecnologia comercial. Portanto, terá que enfrentar custos de transação mais elevados e é uma opção mitigação mais arriscada. 35,2 Retirada de royalty para o gás destinado ao GTL O nível de maturidade de algumas tecnologias consideradas no estudo afeta negativamente a percepção de risco dos agentes privados. Setores Industriais (que pleiteiam recursos do FINAME) Consumidores P&D/CT Petro Barreiras Investimentos em P&D Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Referências Aasberg-Petersen, K. et al., 2003. Recent developments in autothermal reforming and pre-reforming for synthesis gas production in GTL applications. Fuel Processing Technology, 83(1-3), 253-261. ABIQUIM, 2007. Demanda de matérias-primas petroquímicas e provável origem até 2020 , Associação Brasileira da Indústria Química. ADVFN, 2008. Câmbio. Available at: http://br.advfn.com/. Alexander, B. et al., Sulfur removal process. Available at: http://www.patentstorm.us/patents/6024865/fulltext.html. Ali, M.F. et al., 2006. 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ANEXO 1 Alternativas Tecnológicas Promissoras para refino de petróleo O terceiro e último eixo deste estudo envolveu a análise de alternativas promissoras de redução de emissão de gases de efeito estufa no refino de petróleo, que ainda não estão disponíveis comercialmente ou para as quais não é possível estimar custos de capital e operação – e, portanto, delas derivar custos marginais de abatimento de emissões de gases de efeito estufa. É possível que algumas destas alternativas estejam disponíveis comercialmente, no final do período de análise (2030), contudo uma análise mais conservadora indicaria que seu uso mais intenso se daria após este período. Substituição das colunas de destilação atmosférica e a vácuo Conforme antes mencionado, as colunas de destilação atmosférica e a vácuo são as unidades que mais demandam calor, em termos absolutos, numa refinaria. Naturalmente, elas processam mais carga, e o seu processo físico-químico, por definição, baseia-se no ordenamento das frações de petróleo, sendo, portanto extremamente não-espontâneo (ou com grandes perdas exergéticas). Assim, a grande dependência de refinarias por processos de separação físico-química, com baixos rendimentos termodinâmicos, por definição, leva à necessidade de alternativas de separação menos energointensivas API (2000). Uma possibilidade já avaliada neste documento é aumentar a integração energética na refinaria. No longo prazo, porém, os desenvolvimentos se concentram na integração das diferentes colunas numa única (a chamada Dividing-wall Column – DVW) e nos processos alternativos que combinam conversão e destilação, num mesmo reator (a chamada destilação reativa). A substituição de colunas de destilação por unidades de craqueamento também tem sido aventada API (2000). Processos de craqueamento térmico Uma alternativa aos processos de separação primários de uma refinaria seria o craqueamento térmico controlado, que separaria o cru em frações realizando, simultaneamente, o craqueamento de moléculas pesadas. A operação controlada e o baixo tempo de residência da unidade levariam à separação primária, também reduzindo o teor de contaminantes. Este último efeito também leva a benefícios de segunda ordem, devido à redução de parte da necessidade de consumo de energia em HDT. Petrick e Pellegrino (1999) estimam uma economia de energia de 65 MJ/barril processado. No caso de refinarias brasileiras que consumiram cerca de 228.141 TJ em 2002, ou tiveram um consumo específico de 383 MJ/barril, esta redução representaria 17% de economia de energia (Szklo e Schaeffer 2007).87 Contudo, a substituição completa de colunas de destilação em refinarias existentes não é razoável nem provável no médio prazo, sendo opção de elevadíssimo custo. Destilação progressiva Trata-se da integração das colunas de destilação atmosférica e a vácuo, com economias de energia de quase 30% (Hydrocarbon Processing 2001; EIPPCB 2001). É a extrema troca de calor entre a destilação atmosférica (topping) e a vácuo que reduz a demanda energética e, simultaneamente, evita o 87 O valor encontrado por Alsema (2001) para a média de refinarias holandesas foi 18%. page 81/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. superaquecimento de frações leves. Trata-se novamente de opção para novas refinarias, mas não para as existentes. Dividing‐wall distillation A primeira aplicação comercial se deu no início dos anos 90 (Hallale 2001). A DWC pode levar a ganhos de 30% nos custos energéticos, e apresentar menores custos de capital do que as colunas de separação convencionais (Schultz et al. 2002). Companhias como Kellog Brown & Root, e UOP desenvolveram conceitos de DWC, mas ainda é necessário mais desenvolvimento para sua aplicação em refinarias. Destilação reativa Ao combinar a reação química com a separação num único reator, os custos de capital se reduzem e a eficiência energética aumenta, através da melhor integração entre os processos (Hallale 2001). Vários institutos de pesquisa e desenvolvedores de tecnologia têm buscado aplicações para este conceito. Novos desenvolvimentos incluem o uso de estruturas monolíticas com catalisador (Babich e Moulijn 2003), que reduzem as perdas de catalisador e a queda de pressão. A mais promissora aplicação para refinarias, como ainda veremos neste texto, se dá na substituição de unidades convencionais de HDT. Tecnologia de separação com uso de membranas Membranas representam tecnologias promissoras para purificação de hidrogênio em refinarias (Baker et al. 2000). Vários desenvolvedores e fabricantes, como Air Liquide, Air Products e UOP, têm focado neste desenvolvimento. O teor de H2 da carga deve ser no mínimo igual a 25% para a recuperação com uso de membranas ser viável, levando a recuperação entre 85 e 95% e pureza de 95% (Worrell e Galitsky 2004; Worrell e Galitsky 2005). O percentual mínimo recomendado por (Worrell e Galitsky 2004; Worrell e Galitsky 2005) sugere um grande potencial se observadas as concentrações presentes nos gases de exaustão de diversos processos do refino, conforme Tabela 36. Tabela 36 – Concentração típica de hidrogênio em diferentes gases de exaustão Fonte do gás de exaustão Reformador de nafta Hidroprocessamento Alta pressão Baixa pressão FCC Concentração típica de hidrogênio [%vol] 65-90 75-90 50-75 10-20 Fonte: Pacalowska et al. (1996) apud Grainger 2007. Grainger (2007) simula e compara o uso de uma membrana CMSM (Carbon Molecular Sieve Membrane) com uma membrana de poliamida em operação em 3 exaustões diferentes: no HDT de nafta, no HCC e nos gases de exaustão da dessulfurização de gasóleo. Os resultados obtidos foram resumidos na Tabela 37. Tabela 37 – Faixas simuladas de custo efetivo EUR/kg H2 88 US$/kg H2 HDT de nafta 0,06 a 0,09 0,08 a 0,12 HCC 0,15 a 0,55 0,20 a 0,72 Desulfurização 0,09 a 0,14 0,12 a 0,18 Fonte: Pacalowska et al. (1996) apud Grainger 2007. 88 Câmbio aproximado de 1,00 EUR – 1,30 US$ (ADVFN 2008). page 82/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Para o uso no HDT, Grainger (2007) não identifica uma tecnologia como superior a outra, pois enquanto a poliamida é mais robusta e oferece menos riscos, a CMSM produz um hidrogênio de elevadíssimo grau de pureza. Para uso no HCC, de modo a obter uma mesma pureza (cerca de 90%), foram necessários 2 estágios da membrana de poliamida enquanto apenas 1 da CMSM. Mesmo assim seus custos são equivalentes. A diferença fundamental ocorreu no consumo de energia, de 30 a 55 kJ/mol H2 no processo com poliamida e 25 a 40 kJ/mol H2 no processo CMSM. Contudo, a tecnologia de membrana é a mais custo-efetiva apenas para baixas vazões mássicas de carga e produto, no estágio atual de desenvolvimento. Assim, uma aplicação mais abrangente de membranas de separação em refinarias ainda não é possível, portanto. Economias de energia que derivariam do seu uso mais abrangente são, outrossim, incertas. Petrick e Pellegrino (1999) nem mencionam esta opção, por exemplo. Para Worrell e Galitsky (2004) desenvolvimento ainda se mostra necessário. Processos Alternativos de Tratamento de Diesel, QAV e Gasolina Os processos de hidrotratamento (HDS) vêm ganhando força nos parques de refino que atendem mercados com especificações de combustíveis mais rigorosas. Um contaminante-chave para as especificações é o enxofre. Os compostos de enxofre a serem removidos no hidrotratamento (mais especificamente, na hidrodessulfurização) incluem as mercaptanas, os sulfetos, os tiofenos e os benzotiofenos (BTs). Especificações mais rigorosas para o teor de enxofre dos combustíveis levam a que as refinarias invistam em unidades de hidrodessulfurização severa ou busquem processos alternativos para a dessulfurização. A hidrodessulfurização profunda tem dois grandes problemas, quando usada em correntes de gasolina: 1. Afeta a qualidade da gasolina (índice de octanagem), ao reduzir o seu teor de olefinas. 2. Aumenta o consumo de energia da refinaria, o que leva a maiores custos operacionais e também a maiores impactos ambientais da atividade de refino. Processos alternativos de tratamento visam exatamente reduzir estes problemas. De fato, compostos orgânicos de enxofre estão presentes em quase todas as frações do petróleo na saída da torre de destilação (correntes straight-run). Frações de maior ponto de ebulição (ou maior temperatura de corte) contêm teores relativamente maiores de enxofre e seus compostos de enxofre têm maior peso molecular. Há ainda diferenças na reatividade dos compostos de enxofre, que afetam a eficiência e eficácia da sua remoção no processo de hidrotratamento. Especialmente, para a gasolina de FCC, a alta pressão do HDS severo promove a saturação de olefinas, o que reduz a octanagem da gasolina. Adicionalmente, as temperaturas maiores do HDS severo também aumentam a formação de coque e a desativação do catalisador do hidrotratamento – i.e., reduzem a vida útil do catalisador, o que aumenta o custo operacional do refino. E, por fim, como antes discutimos, o HDS severo aumenta o consumo de energia na refinaria. Assim, em resposta aos problemas acarretados pelo HDS severo, processos alternativos de tratamento vêm sendo propostos. Um foco de pesquisa é o desenvolvimento de catalisadores mais seletivos, ou que reduzem a probabilidade de ocorrência de reações paralelas indesejadas no HDS. Outro foco é o desenvolvimento de reatores avançados, que incluem também suportes especiais para os catalisadores. Uma alternativa interessante é a combinação do processo de tratamento com outros processos, de forma a garantir tanto a dessulfurização quanto a produção de combustíveis de elevada qualidade. page 83/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. Processo ISAL O processo ISAL89, por exemplo, combina o HDS convencional (com uso de catalisadores à base de óxidos de cobalto e molibdênio, em suporte de alumina) com reações de aumento da octanagem da gasolina. Um dos problemas com este processo pode ser a perda de rendimento em gasolina devido ao craqueamento até produtos ainda mais leves. Outra desvantagem diz respeito ao alto consumo de hidrogênio ainda requerido para saturação de olefinas (Brunet et al. 2005). Assim, o processo ISAL per se não representa considerável redução do consumo energia e das emissões de CO2. Ele ainda depende do HDS severo. Sua grande vantagem e justificativa é a correção a jusante da octanagem da gasolina. Processo OATS O processo OATS (Olefin Alkylation of Thiophenic Sulfur) aumenta o ponto de ebulição de compostos de enxofre na gasolina através de reações de alquilação (catálise ácida) – Song (2003). Assim, compostos menos reativos de enxofre tornam-se mais pesados e se concentram nas correntes de fundo da refinaria. Por exemplo, a reação de alquilação do tiofeno e olefinas eleva o ponto de ebulição do primeiro de 86oC para cerca de 250oC (Babich e Moulijn 2003), o que permite a sua separação da gasolina por simples destilação. A reação é simples e ocorre sob condições moderadas (Zekai et al. 2006). Ela também tem pouca influência sobre o índice de octanagem da gasolina (Brunet et al. 2005). Note-se que se trata de processo que elimina a demanda por hidrogênio (não é mais necessário o HDS), o que reduz bastante a demanda de energia da refinaria. O composto de enxofre, com maior peso molecular, é removido por simples destilação e eventualmente pode ser adicionado a frações de gasóleo ou óleo combustível na refinaria. Esta técnica de dessulfurização sem consumo de hidrogênio foi inventada pela BP em 1999 (Alexander et al.), e ainda está na fase de desenvolvimento e teste. A BP construiu uma planta-piloto em pequena escala para teste (Zekai et al. 2006). Ademais, além do tiofeno, na gasolina existem diferentes derivados de tiofeno, como metil-tiofeno, dimetiltiofeno, etil-tiofeno, e assim por diante. Como estes derivados já possuem uma, duas ou mais cadeias alquiladas, as reações de alquilação podem ter menor extensão. Zekai et al. (2006) também destacam que no OATS duas reações paralelas ocorrem (ambas de alquilação): a alquilação de aromáticos e a oligomerização. Ambas competem com a alquilação do tiofeno. Aparentemente, o seu mecanismo é similar ao da alquilação do tiofeno, especialmente no caso da reação para os aromáticos. Finalmente, ainda que a alquilação do tiofeno seja termodinamicamente favorecida, relativamente às outras duas reações paralelas, a alta concentração de alcenos na gasolina pode favorecer a oligomerização. Processo de dessulfurização oxidativa (ODP) O processo ODP ocorre sob condições moderadas de temperatura e pressão - Sampanthar et al. (2006). Como o processo OATS, a ODP não consome hidrogênio. Trata-se de um processo que se baseia na oxidação de compostos orgânicos de enxofre, seguida da extração dos produtos da reação de oxidação, através de simples destilação, extração por solvente, adsorção, etc. A extração, técnica preferida, é possível, porquanto os compostos orgânicos de enxofre, ao serem oxidados, formam compostos sulfônicos, mais polares. Estes compostos polares podem, destarte, ser extraídos do diesel por extração líquido-líquido, com uso de solventes polares solúveis em água, como NMP, DMF, DMSO (Sampanthar et al. 2006). Oxidantes como peróxido de hidrogênio e ácido fórmico têm sido testados com sucesso (Zapata, Pedraza, e Valenzuela 2005). O processo, ainda que em fase de desenvolvimento, é bem promissor para o diesel (Lü et al. 2006), mas não para a gasolina, devido às reações competitivas de epoxidação de olefinas (Ali et al. 2006). Alguns estudos recomendam também o uso da técnica ODP conjugada ao HDS brando. O último 89 O nome da tecnologia vem de ‘isomerization’ e ‘Salazar’ (o seu inventor). page 84/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. serve para reduzir o teor de enxofre do diesel de mais de mil ppm para centenas de ppm. A ODP vem em seguida para a dessulfurização profunda do diesel (Ali et al. 2006). Não existem ainda unidades ODP em operação comercial. Com efeito, esta técnica alternativa de dessulfurização ainda está na fase de desenvolvimento, especialmente visando aprimorar o sistema catalítico (Lü et al. 2006). Não obstante, o uso combinado de HDS e ODP é bem promissor, e resultaria em economias de energia de cerca de 40%, para obtenção do diesel com baixíssimo teor de enxofre (ULSD – Ultra Low Sulfur Diesel), relativamente ao gasto energético de unidades de HDS ultra-severo (Szklo e Schaeffer 2007). Dai et al. (2008) estudaram 4 processos de dessulfurização oxidativa e concluíram que o sistema com reagente Fenton em conjunto com ultrasom é uma tecnologia promissora para a dessulfurização do diesel. De acordo com suas pesquisas, o reagente Fenton aumenta a eficiência do processo, que ainda é melhorado, por efeitos de sinergia, com a utilização de ultra-som. Portanto, se integrado ao HDS, o sistema pode produzir diesel com baixo e/ou baixíssimo teor de enxofre de modo a atender às leis mais severas, sem elevar o consumo de energia e hidrogênio das refinarias. Dhir, Uppaluri, e Purkait (2009) apresentam a modelagem de um processo de dessulfurização oxidativa com uso de H2O2 (com sistema catalítico suportado em tungstênio), baseado em dados experimentais presentes na literatura e consideram que essa tecnologia possui um enorme potencial industrial.90 Apesar de não apresentar custos de implementação, o estudo calcula um índice de custo (em U$/U$/barril) do preço do tungstênio (material mais caro do catalisador) pelo preço do barril. Para uma conversão de 80% e características médias do petróleo, o índice de preço seria aproximadamente: US $ 1,8658 $index US $ / barril preço onde preço é o preço do barril em dólares.91 Como se percebe e os próprios autores apontam esse índice de custo de material ainda é significativamente superior ao dos catalisadores utilizados no HDS convencional. Destilação Catalítica (CD) A destilação catalítica evita a redução da octanagem da gasolina de FCC, ao adequar a severidade do processo de HDS a cada componente da gasolina. A destilação catalítica ocorre em um único equipamento, onde se dá tanto o fracionamento da gasolina de FCC e a dessulfurização de suas frações. Este processo também consome menos energia, sendo severo apenas para as frações mais pesadas da gasolina. A destilação catalítica ocorre num único reator, onde a nafta de FCC é fracionada em diferentes cortes que são dessulfurizados, em condições adequadas à reatividade dos compostos de enxofre, neles, presentes. Assim, CD combina separação (destilação) e HDS num mesmo processo (Brunet et al. 2005).92 Este processo foi desenvolvido pela CD Tech e já foi testado em diferentes refinarias no mundo, como Irving St. John no Canadá, Motiva Port Arthur no Texas (Estados Unidos) e Pembroke Chevron-Texaco no País de Gales.93 Assim, ao contrário de outras técnicas alternativas de dessulfurização, CD já é uma opção quase comercial. Neste sentido, existem dados reais de eficiência de remoção de enxofre e uso de energia. Por exemplo, EIPPCB (2001) registram a redução de 95% do enxofre na nafta de FCC (contendo 1.800 ppm) em refinarias européias. Performance equivalente é identificada por Peninger et al. (2001) em Port Arthur no Texas, enquanto Song (2003) aponta uma eficiência média de remoção de enxofre de 92%. No 90 Para demais tecnologias promissoras, ver também Cedeño-Caero et al. (2008) e Liu et al. (2008). Dhir, Uppaluri, e Purkait (2009) apresentam o índice de preço para o preço do barril de cru igual a 60US$, como esse preço está defasado, o presente trabalho apresenta o índice como uma função do preço. 92 Uma variação deste processo, que aumenta a sua eficiência, se baseia no uso de duas colunas, ao invés de uma. Neste caso, há duas colunas de destilação (CDHydro para frações leves e CDHDS para frações pesadas) - (Chunshan Song 2003). A primeira coluna (CDHydro process) remove, portanto, da nafta leve as mercaptanas e as olefinas. A coluna seguinte (CDHDS) permite, por sua vez, ao refinador produzir a gasolina com baixíssimo teor de enxofre, com alta confiabilidade (Reedy, Schwarz, e Dolan 2002). 93 Para maiores detalhes, vide Peninger et al. (2001), Gardner, Schwarz, e Rock (2001)Pennig (2001) e Reedy, Schwarz, e Dolan (2002) 91 page 85/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. caso da refinaria de Pembroke no País de Gales, uma unidade CD está em operação desde 2002, reduzindo o teor de enxofre de naftas de FCC de 2.800 ppm para 50 ppm (Reedy, Schwarz, e Dolan 2002). A experiência também tem indicado que o ciclo dos catalisadores das unidades de CD é longo (cinco anos de garantia) – Song (2003). Finalmente, a experiência comercial com esta alternativa indica que a perda de octanagem da gasolina esteve sempre abaixo de 1% (Hagiwara 2001; Peninger et al. 2001), e a perda de rendimento em gasolina foi nulal (Hagiwara 2001; Szklo e Schaeffer 2007). Em termos de uso final de energia, para uma unidade com capacidade processamento de 30 kbpd e custando 20 milhões de dólares, Hagiwara (2001) indicou um consumo de hidrogênio de 18 m3/m3, um consumo de eletricidade de 3 kWh/m3, de vapor de 70 kg/m3 e de combustível para calor de processo de 5,3 kg/m3. Assim, comparada às unidades de HDS severo da gasolina, que serão instaladas no Brasil no curto para médio prazo, a planta CD pode reduzir o consumo de hidrogênio em 81% e economizar 52% da energia direta e indireta que seria empregada no HDS de nafta de FCC (Szklo e Schaeffer 2007). Biodessulfurização Finalmente, um conjunto de alternativas promissoras de dessulfurização de gasolina e diesel, em condições moderadas de temperatura e pressão (portanto, com menor consumo final de energia), consiste na biodessulfurização. Esta opção, porém, encontra-se ainda em fase de pesquisa e desenvolvimento (talvez, ainda mais na pesquisa do que no desenvolvimento per se). A sua viabilidade econômica representaria uma mudança radical no tratamento de derivados de petróleo. A estimativa de redução do uso final de energia – e, portanto, de emissões de CO2 – relativamente à opção convencional de HDT, está na faixa de 70 a 80% (Linquist e M. Pacheco 1999).94 Adicionalmente, mostra-se bastante elevada a seletividade das reações bioquímicas, especialmente para compostos pouco reativos como o dibenzotiofeno – DBT – (Kilbane 2006; Guobin et al. 2006; Wei Li et al. 2005). Por exemplo, microorganismos, tais como Rhodococcus erythropolis e espécies correlates (IGTS8), removem enxofre de DBT sem degradar a estrutura molecular do hidrocarboneto (Castorena et al. 2002)95. Em relação ao HDS convencional, o DOE (2003) prevê que unidades de biodessulfurização atingiriam apenas no longo prazo reduções de custo de capital de 50% e de custo operacional de 15 a 25%. Operações em condições moderadas explicam, em grande medida, esta redução, mas também é relevante o fato que a biodessulfurização gera produtos não tóxicos, eliminam a necessidade, por exemplo, que há com HDS, de processamento do ácido sulfídrico (H2S). Entretanto, ainda é necessário maior investimento e sucesso na pesquisa do mecanismo de reação do biocatalisadores, incluindo métodos para controlar sua atividade e seletividade e reduzir seus custos. Biocatalisadores para dessulfurização são normalmente obtidos na cultura de espécies de bactéria em meios com DBT como a única fonte de enxofre (Wei Li et al. 2005). Como destacado por Ma et al. (2006), atualmente, não há ainda método adequado e econômico para preparação em grande escala de biocatalisadores, paradoxalmente devido ao elevado custo do DBT.96 Yang et al. (2008) desenvolveram um novo procedimento, baseado no uso de duas-camadas e bioreatores contínuos, que resultou em um aprimoramento da manutenção da bio-atividade para a biodesulfurização. Com isso, conseguiram uma remoção de 1500 ppm de 250 ml de diesel em 5 dias. Com seu trabalho, portanto, demonstraram que além da melhoria da bio-catálise, a configuração do reator, os processos e a engenharia desempenham um importante papel na biodessulfurização e merecem mais estudos. Adicionalmente, a demanda por água das células requer a criação de um sistema de biodessulfurização com duas fases, sendo especialmente necessária a etapa de quebra das emulsões entre água e hidrocarbonetos, ao final do sistema (Van Hamme, Singh, e O.P. Ward 2003). Assim, o projeto de um bioreactor em duas fases, acoplado a um sistema separação água-óleo (quebra de emulsões), que seja custo-efetivo, ainda 94 Alsema (2001) estimou um potencial de conservação de energia similar, apresentando um consumo específico de energia para biodessulfurização 300 MJ/b. 95 Mohebali et al. (2007) apresentam uma outra espécie de bactéria, Gordonia alkanivorans RIPI90A, que também teria grande potencial para a biocatálise do diesel. 96 Ver também estudo comparativo (Ma et al. 2006) de diferentes métodos de biocatálises quanto à densidade celular, à atividade de dessulfurização, custo do enxofre e percentual de redução de enxofre do óleo diesel. page 86/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. constitui desafio adicional. Alternativas têm sido propostas, por exemplo, buscando acoplar todos os sistemas num único vaso reacional com vários estágios (Van Hamme, Singh, e O.P. Ward 2003; Monticello 1998). Mas, não existe ainda uma solução comercial para o problema. Em suma, a biodessulfurização apresenta perspectivas bem promissoras no longo prazo, para remoção de enxofre sem demanda de hidrogênio e com consumo adicional de energia reduzido (Kilbane 2006). Contudo, apesar de progresso considerável na pesquisa associada ao tema nos últimos anos, a sua aplicação comercial ainda está distante (Guobin et al. 2006). A tecnologia ainda não ultrapassou a fase de teste em laboratório (Kilbane 2006). Aspectos críticos incluem o custo e a especificidade dos biocatalisadores,97 o projeto dos reatores e a separação óleo-água. Finalmente, para que ocorra uma aplicação abrangente desta opção, na escala do refino mundial, será mister também superar o fato de que a biodessulfurização ainda não obteve sucesso com compostos bastante alquilados (Guobin et al. 2006). Como a composição dos compostos orgânicos de enxofre nos derivados de petróleo varia bastante, a biodessulfurização ainda não fornece o nível de confiabilidade requerido por plantas industriais (Kilbane 2006). Aplicação de energia nuclear para geração de H2, calor e eletricidade em refinarias de petróleo Aproximadamente 5% do gás natural consumido nos EUA são destinados à produção de H2, cuja maior parte é utilizada para processos químicos e de refino (Forsberg e Peddicord 2001). Na refinaria, esse hidrogênio é usado para (Forsberg e Peddicord 2001): Produção de óleos mais leves a partir de uma carga de petróleo mais pesada; Redução da toxicidade e mesmo estabilização de produtos intermediários (por exemplo, na conversão do benzeno); Remoção de enxofre (para atender às legislações mais exigentes). Alguns fatores indicam um possível aumento da demanda por H2 em relação ao número de barris processados (Alexandre Szklo e Roberto Schaeffer 2007): Como apresentado neste documento, as leis mais severas quanto aos percentuais de enxofre nos derivados têm aumentado a demanda por H2 para remoção do enxofre menos reativo; O aumento da proporção no mercado de petróleos pesados e extra‐pesados e em sua maioria azedos. Que demandam hidrogênio tanto para remoção de enxofre quanto para processos para obtenção de maiores parcelas de derivados leves a partir desses crus menos nobres. Aliada a esse aumento da demanda está a questão das mudanças climáticas globais, pois países com metas de redução de emissão de gases de efeito estufa, ao usarem maiores quantidades de gás natural para obtenção do gás hidrogênio, enfrentarão maiores dificuldades para atingir suas metas. Portanto, uma das possíveis soluções seria o uso de reatores nucleares em refinarias. 97 Por exemplo, a atividade dos biocatalisadores deveria aumentar 500 vezes (Kilbane 2006). page 87/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. A economicidade da produção de H2 depende da eficiência do método utilizado. Entende-se por eficiência a energia do H2 produzido dividida pela energia gasta para produzi-lo, cerca de 50 a 60%.98 Entretanto, para que tais eficiências sejam atingidas a baixo custo, faz-se necessário o uso de altas temperaturas (entre 800 a 1000°C) (Miyamoto et al. 1998). Ainda não existem estimativas de custo, mas segundo Forsberg e Peddicord (2001) o hidrogênio proveniente de instalações nucleares pode tornar-se economicamente competitivo com o gás natural ao mesmo tempo ou até mesmo antes de a eletricidade gerada por reatores nucleares ser compatível em custo com a proveniente de gás natural. Captura e Armazenamento Geológico de CO2 (CCGS)99 As refinarias, por serem grandes fontes estacionárias emissoras de gases do Efeito Estufa, tornam-se fontes potenciais para implementação de tecnologias para a mitigação dessas emissões. O Seqüestro Geológico de CO2 pode ser uma opção promissora para a mitigação das emissões de CO2 provenientes das refinarias. Como dito anteriormente, as refinarias possuem diferentes níveis de complexidade, ou seja, possuem diferentes unidades de processamento que emitem quantidades e concentrações diferentes de gases. Sendo assim, para realizar a captura e armazenamento geológico do CO2, primeiramente, as quantidades e concentrações de dióxido de carbono emitidos nas unidades de processamento devem ser analisadas. Sabese, porém, que não é possível capturar e armazenar a totalidade das emissões de CO2 em uma refinaria, pois as emissões são muito dispersas. Devido às condições técnicas e econômicas, as principais unidades de processamento em que plantas de captura de CO2 poderiam ser instaladas são as unidades de Destilação Atmosférica e as Unidades de Craqueamento Catalítico Fluido. As emissões nessas unidades representam grande parcela das emissões totais de CO2 das refinarias além de se tratar das unidades com maior emissão de CO2 concentrada em exausto. As emissões das unidades DA e FCC representaram cerca de 58% das emissões totais da refinaria no ano de 2007 e estima-se que em 2015 representarão cerca de 37% das emissões totais. Existem algumas opções para realizar a captura de CO2 nessas unidades: 1. Instalação de uma planta captura utilizando a tecnologia de pós-combustão nas Unidades de Destilação Atmosférica e FCC. As emissões provenientes da torre de destilação atmosférica (CO, NOx, SOx, hidrocarbonetos e particulados) e da unidade de FCC (CO, SOx, NOx, particulados) seriam coletadas e o CO2 separado através de técnicas de separação como absorção química ou membranas. 2. Instalação de uma planta de captura utilizando a tecnologia de oxicombustão (oxy-fuel) que utiliza oxigênio ao invés de ar para fazer a queima e assim capturar o gás. Neste processo, primeiro o oxigênio (O2) é separado do ar em uma planta de separação do ar. A reação do combustível vai ocorrer na presença de O2 e CO2 fazendo com que o gás resultante possua alta concentração de CO2, não possuindo N2. Além disso, são removidos materiais particulados e compostos de enxofre. A 98 Para maiores detalhes sobre diferentes processos e suas eficiências, ver Brown (2002). Carbon Capture and Geologic Storage. Captura e armazenamento geológico devido às opções escolhidas para armazenamento que são formações geológicas. Existe outra forma de seqüestro de CO2 como o seqüestro indireto que se caracteriza pela reabsorção do co2 na biomassa através do processo de fotossíntese 99 page 88/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. concentração de CO2 neste gás é aproximadamente 90% por unidade de volume, o que permite processos de menor custo para captura. Contudo, o que se economiza no processo de captura, em parte ou mesmo totalmente pode ser despendido na unidade de separação do ar. Uma expectativa, neste caso, é o processo de separação por membranas cerâmicas. A Figura 18 mostra um esquema da tecnologia de oxi-combustão, onde o reciclo de CO2 controla a temperatura de queima, fundamentalmente. Figura 18 - Esquema da tecnologia de oxi-combustão Fonte: Figueroa et al. (2008) Outra opção de combustão com o O2 é o Looping Químico ou “Chemical Looping”. A idéia principal é separar a combustão dos hidrocarbonetos em reações de oxidação e redução. Para isso deve ser introduzido um óxido metálico adequado para levar o oxigênio a circular entre os dois reatores, como mostra a Figura 19. Figura 19 – Esquema do Looping Químico Fonte: Metz et al. (2007). A separação do oxigênio do ar não necessita de uma planta específica, pois o oxigênio é transferido do ar para o reator de combustão através de um óxido metálico (reação de oxidação, extremamente exotérmica). O princípio do Looping Químico pode ser implementado em turbinas a gás ou em turbinas a vapor. A vantagem do Looping Químico para separar CO2 é que, ao reagir o combustível com apenas oxigênio, o exausto possuirá alta concentração de CO2 (Metz et al. 2007). Nestas opções de captura através da queima do combustível com oxigênio não são necessárias a instalação de equipamentos de controle de NOx. O gás, então, pode ser comprimido e transportado diretamente para um local de armazenamento seguro reduzindo, inclusive, os custos totais (Yang et al. 2008). Além da instalação de plantas de captura nas unidades da refinaria citadas anteriormente, poderia ser feita a instalação de uma Planta de Gaseificação com turbina de Ciclo Combinado (IGCC), mostrada na Figura 20 -, na refinaria para gerar energia elétrica e produzir de H2 que serão consumidos na própria refinaria (Descamps, Bouallou, e Kanniche 2008). No processo de gaseificação, o CO2 é separado através da page 89/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. tecnologia de captura de pré-combustão100. O coque101 proveniente da refinaria pode ser gasificado. Após esse processo o enxofre é removido e o gás de síntese é basicamente formado por monóxido de carbono e hidrogênio. O monóxido de carbono é, então, convertido para dióxido de carbono na unidade de “Shift Conversion” para seguir para a unidade de separação utilizando, por exemplo, o método de absorção física com metanol. Existem alguns outros métodos para realizar a separação, mas estudos mostram que a absorção física é amplamente utilizada e, portanto um método bem conhecido (Yang et al. 2008). Figura 20 - Planta de Gaseificação com turbina de Ciclo Combinado Fonte: Stiegel e Maxwell (2001). A vantagem de capturar e separar o CO2 numa planta de gaseificação é que o gás possuirá alta concentração de CO2 fazendo com que possa ser comprimido e transportado diretamente para um local de armazenamento. Por outro lado, uma planta de gaseificação com sistema de captura de CO2 diminui sua eficiência102 já que vão ocorrer gastos extras de energia devido às unidades auxiliares instaladas para realizar a captura. As unidades auxiliares extras necessárias para captura são: uma unidade de “shift conversion” para converter CO em CO2 e uma unidade de separação e compressão de dióxido de carbono. A gaseificação para ser uma tecnologia competitiva deve possuir uma eficiência térmica maior do que 60%; deve emitir pouco ou nenhum óxido de nitrogênio e/ou óxido de enxofre; deve produzir grande variedade de produtos com alto valor de mercado além de seqüestrar CO2. Esta parece ser a única tecnologia que possui o potencial de atingir todas essas metas simultaneamente (Stiegel e Maxwell 2001). Porém, ainda é 100 A separação é feita antes da queima. O aproveitamento do coque seria uma boa opção já que é um produto de baixo valor de mercado e que necessita de um fim. Além disso, há outras vantagens de converter o coque verde, como não o ter que dispor como resíduo em um aterro sanitário e com isso economizar o custo de transporte e de disposição final e produzir H2 já que a demanda por H2 em uma refinaria é grande e utilizando o coque verde economizar-se-ia com gastos em gás natural além dos gastos com a disposição final dos resíduos (Szklo e Schaeffer 2006). 102 Comparando-se as eficiências de uma planta com e sem o sistema de captura de CO2 pode-se perceber uma redução de até 12% (Stiegel e Maxwell 2001). 101 page 90/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. uma tecnologia muito cara será visto mais adiante. A Figura 21 ilustra os desafios tecnológicos no processo de gaseificação. Figura 21 - Desafios tecnológicos no processo de gaseificação Fonte: Stiegel e Maxwell (2001). Não obstante, a hipótese de implantar uma unidade de gaseificação de coque em uma refinaria pode aumentar a receita da refinaria em até 55% como no caso estudado da REGAP (Szklo et al. 2007). Isso ocorre, pois o excedente de energia elétrica produzida pode ser vendido para a rede e o resultado operacional médio deve elevar-se devido à redução do consumo de gás natural. Portanto, pode-se dizer que o Seqüestro Geológico de Carbono, do ponto de vista tecnológico, é uma opção viável para reduzir as emissões de CO2 provenientes das refinarias. Porém, seus custos, que ainda são muito altos, tornam as tecnologias aqui apresentadas opções para o longo prazo. Após ser feita a captura na planta de IGCC, o CO2, deve ser comprimido para ser transportado para alguma formação geológica disponível para seu armazenamento. O gás deve estar em condições supercríticas103. O transporte deve ser feito por carbodutos (tubulações para transporte de gás). Existem algumas opções possíveis para o armazenamento geológico do dióxido de carbono proveniente de refinarias: 1. Poços depletados de Petróleo e Gás e poços maduros em que deve ocorrer a Recuperação Avançada de Petróleo (EOR) e Gás 2. Aqüíferos Salinos profundos 3. Camadas de Carvão (ECBM) A primeira opção parece ser a mais viável do ponto de vista técnico, pois a recuperação de petróleo e gás é um procedimento conhecido e realizado há anos. Do ponto de vista econômico a recuperação de petróleo e gás também é viável já que gera um retorno financeiro devido à produção extra de óleo e gás. Além disso, 103 Temperatura de 37ºC e pressão de 150 bar (Descamps, Bouallou, e Kanniche 2008). page 91/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. se as refinarias estiverem localizadas próximas aos poços de exploração, os custos relacionados ao transporte do CO2 seriam minimizados (Phillips 2002). Um projeto de captura de CO2 da Petrobras em escala de demonstração será testado na Unidade de Industrialização de Xisto em São Mateus do Sul (PR). O projeto capturará o dióxido de carbono proveniente da unidade de FCC (Petrobras 2008). No processo de craqueamento catalítico, as frações de destilação de petróleo mais pesadas são quebradas em moléculas menores pela ação de partículas de catalisador, gerando produtos como gasolina e GLP. Esse processo ocorre dentro de um conversor que gera acúmulo de coque na superfície do catalisador. Como o coque desativa o catalisador, é preciso queimá-lo para recuperar a atividade do equipamento. A queima é feita com injeção de ar, o que gera um exausto que contém de 10 a 15 % de CO2 (Petrobras 2008). A tecnologia adotada pela Petrobras para captura do CO2, a oxicombustão, apresentou o potencial de redução de custo de 50% em relação à tecnologia tradicional - ou seja, espera-se que a queima do coque com oxigênio leve à redução de custo em relação à queima do coque com ar. A captura de CO2 nas refinarias pode reduzir as emissões em até 37% (Petrobras 2008). Essa redução esperada nas emissões totais das refinarias condiz com a idéia de capturar basicamente as emissões de FCC ou de DA, se não houver gaseificação na refinaria. Ou seja, confirma que as emissões provenientes dessas unidades representam de fato grande parcela das emissões totais. Parte do CO2 capturado poderá ser usada para a recuperação avançada de petróleo, além de poder ser aplicado na produção de uréia. Em médio ou longo prazo, o CO2 capturado poderá ser usado na produção de microalgas, que, por sua vez, podem ser utilizadas na produção de gasóleos (Petrobras 2008). page 92/92 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. ANEXO 2 - Glossário de Refino API – grau API – classificação do American Petroleum Institute, mais adotada atualmente, para classificar o petróleo de acordo com a sua densidade volumétrica, ou seja, de acordo com o seu grau API. CCS - Captura e Seqüestro de Carbono CO - Monóxido de carbono CO2 – Dióxido de Carbono COMPERJ - Complexo Petroquímico COMPERJ - Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro COVs - Compostos orgânicos voláteis DA - Destilação Atmosférica DV - Destilação a Vácuo EPE - Empresa de Pesquisa Energética FCC - Unidade de Craqueamento Catalítico GEE - Gases de Efeito Estufa GTL – Gas-to-liquids H2S - ácido sulfídrico IFP - Instituto Francês de Petróleo LUBNOR - Lubrificantes do Nordeste NH3 - Amônia NOx - Óxido de Nitrogênio ODP - Processo de Dessulfurização Oxidativa P&D – Pesquisa e desenvolvimento PDVSA - Petróleos de Venezuela SA PL - Programação Linear PNE - Plano Nacional de Energia ppm – Partes por milhão RECAP - Refinaria de Capuava REDUC - Refinaria Duque de Caxias REFAP - Refinaria Alberto Pasqualini REGAP - Refinaria Gabriel Passos REMAN - Refinaria de Manaus RENEST - Refinaria Abreu e Lima RENEST - Refinaria Abreu e Lima REPAR - Presidente Getúlio Vargas REPLAN - Refinaria de Paulínia REVAP - Refinaria Henrique Lage RLAM - Refinaria Landulpho Alves ULSD - Ultra Low Sulphur Diesel UPB - Unidade de Petroquímicos Básicos UPB - Unidade de Petroquímicos Básicos Refinaria Presidente Bernardes - RPBC page 93/93 Please note: part of the data may have been changed between the original reports submitted and the final comprehensive analysis for the Main Report. Por favor note: parte dos dados podêm ter sido modificados entre os relatórios originais e a análise final para o Relatório Principal. ANEXO 3 - Glossário de GTL ACV - Análise de Ciclo de Vida BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BNDESPAR - BNDES Participações bpd – Barris por Dia CH4 – Metano CNG - Compressed natural gas CO – Monóxido de Carbono CO2e – CO2 equivalente FCC - Unidade de Craqueamento Catalítico FINAME - Agência Especial de Financiamento Industrial FNDCT - Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico FT - Fischer-Tropsch GEE - Gases de Efeito Estufa GGFR - Global Gas Flaring Reduction GN – Gás Natural GNL - Gás natural liquefeito GTL - Gas-to-liquids GTS - Gas-to-solids GTW - Gas-to-wire GWP - Global Warming Potential H2 – Hidrogênio HCC –Hidrocraqueamento HCC - Hidrocraqueamento Catalítico HDN - Hidrodesnitrogenação HDO - Hidrodeoxigenação HDS - Hidrodessulfurização HDT - Hidrotratamento HT-FT - High-temperature Fischer-Tropsch LCO - Light FCC Cycle Oil LT-FT - Low-temperature Fischer-Tropsch O&M - Operação e Manutenção P&D – Pesquisa e Desenvolvimento POAG - Plano de Otimização do Aproveitamento de Gás PPM – Partes por Milhão PQZ - Plano de Queima Zero REDUC – Refinaria Duque de Caxias S50 – 50 Partes por Milhão de Enxofre SMR – Steam Methane Reformer - Reforma a Vapor de Metano UDA - Unidade de Destilação Atmosférica ULSD - Ultra Low Sulfur Diesel WTI – West Texas Intermediate page 94/94