4 anos de Ciência sem Fronteiras Alemanha

Transcrição

4 anos de Ciência sem Fronteiras Alemanha
4 anos de Ciência sem
Fronteiras Alemanha –
O balanço de uma história de sucesso
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Ficha técnica
Índice
Saudações
Publicado por:
Deutscher Akademischer Austauschdienst (DAAD)
German Academic Exchange Service
Kennedyallee 50, 53175 Bonn
www.daad.de
Referat Lateinamerika/CsF
Campus Alemanha
Um início perfeito para a vida e a carreira
Coordenação do projeto:
Katharina Riehle, Julia Kracht, DAAD
Um lugar no coração – um bolsista CsF sobre sua
experiência na Alemanha
Concepção, redação:
Katja Spross, Carolin Brühl, Uschi Heidel,
Trio Service GmbH, Bonn
www.trio-medien.de
Doutoramento na Alemanha – Vantagem para ambos os lados
Tradução:
Lina Lopes Monteiro
LLM Language Solutions, Aschaffenburg
Paginação e composição:
Stefanie Naumann
Designbüro Lübbeke Naumann Thoben, Köln
www.LNT-design.de
Impressão:
flyerheaven GmbH, Oldenburg
www.flyerheaven.de
Dezembro de 2015 – 1.000
Todos direitos reservados © DAAD
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Acompanhamento social – pessoal e individual
Acompanhamento acadêmico - em perfeita sintonia
Imagens:
Título: Carl Duisberg Centren / Thekla Ehling, Índice: Acima:
Kim Westerich, a meio e abaixo: DAAD / Rainer Hotz, p.4:
Wanka: Serviço de Imprensa e Informação do Governo
Federal, Steffen Kugler, Wintermantel: DAAD / Thilo Vogel,
p. 5: CNPq, p.6: RWTH Aachen, Peter Winandy, p.7:
Herman Luís Lebkuchen, p. 8: Fotograia de grupo: Talles de
Bruno Oliveira, Katharina Riehle: DAAD / Rainer Hotz, p.9:
Augusto Boshammer Piazera, p.10 Claudia Wickleder, p.11:
DAAD / Rainer Hotz, p.12: Stefan Berger, p. 13: particular,
p.14: particular, p.15: particular, p.16: DAAD / Rainer Hotz,
p. 17: DAAD / Rainer Hotz, p. 18/19: novembro de 2015:
DAAD / Betina Soares, março de 2012: Roberto Stuckert
Filho, junho de 2012: DAAD / Pedro Sousa, junho 2013:
DAAD / Katharina Riehle, maio 2014: DAAD / Katharina
Riehle, julho de 2014: DAAD / Rainer Hotz, setembro 2014:
DAAD / Ubivent, novembro 2014: DAAD / Julia Kracht, julho
/ agosto 2015: DAAD / Katharina Latsch, setembro 2015:
DAAD / Rainer Hotz, dezembro 2015: DAAD / Rainer Hotz,
p. 20 acima: Rômulo Andrade, abaixo: Michelle Santos, p.21
acima: Michelle Santos, abaixo: Kärcher, p.22 speak + write,
p.23 speak + write, Lukas Reif, DAAD / Rainer Hotz, DAAD
p.25 / Rainer Hotz
Associações de pesquisa animadas
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No Centro – Eventos
Os benefícios do networking
Destaques dos 4 anos
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No Centro – Estágios em empresas
Uma cooperação muito prática
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No Centro – Aprender alemão
Desde as primeiras palavras até o jargão técnico
Crescente demanda
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DAAD
De mãos dadas pelo Brasil e Alemanha
A equipe do Ciência sem Fronteiras na Alemanha
Fatos e números
Por motivos de melhor legibilidade, será dispensado o uso simultâneo das formas masculina e feminina. Todas as referências
pessoais se referem a ambos os sexos igualmente.
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Saudações
Por muitas décadas, a Alemanha tem sido um
Há décadas que o Brasil é um dos parceiros
Educação, ciência e pesquisa vivem do
intercâmbio de pensamentos, das ideias e do conhecimento – que vão muito além das fronteiras nacionais. A internacionalização da educação e da pesquisa tem se tornado
cada vez mais importante nos últimos anos. No contexto
econômico-tecnológico, o Brasil é um dos países parceiros
sul-americanos mais importantes para a Alemanha. Durante
as primeiras consultas dos governos alemão e brasileiro em
agosto de 2015, ambos países demonstraram um interesse
explícito pela ampliação das cooperações nas áreas da educação e pesquisa.
Desde 2012, o governo brasileiro oferece bolsas a estudantes
e cientistas que estudem e pesquisem no exterior através do
programa de bolsas Ciência sem Fronteiras. Os bolsistas não
só retornam ao Brasil com mais conhecimento e muitas experiências, mas também enriquecem as nossas universidades
de várias formas.
Agradeço às universidades e aos institutos de pesquisa alemães, assim como ao Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD) pelo grande empenho na realização do programa.
Desejo a todos uma leitura interessante.
Prof.ª Dra. Johanna Wanka
Ministério de Educação e
Pesquisa
mais importantes do DAAD. Durante esse tempo, foram criados vários programas de intercâmbio acadêmico que se distinguem por uma ampla orientação temática. O maior e mais
ambicioso programa dos
últimos anos é o Ciência sem
Fronteiras, que é inanciado,
na maior parte, pelo governo brasileiro e apoiado pelo
DAAD. São mais de 100 universidades alemãs que participam do programa. Desde
2012, elas receberam quase
6000 estudantes, doutorandos e pós-doutorandos,
prestando uma assistência acadêmica e social abrangente. O
ensino excelente nas universidades alemãs com os seus cursos orientados para a prática, oferece aos bolsistas condições
únicas de aprendizagem e pesquisa. A relação estreita com
a indústria alemã garante várias possibilidades para estágios
em empresas alemãs que são determinantes para o futuro
proissional dos bolsistas.
Estou convencida que o desenvolvimento contínuo e sustentável do programa será signiicativo para a internacionalização da pesquisa e o fortalecimento das cooperações cientíicas internacionais do Brasil.
Meus agradecimentos às universidades alemãs pelo seu empenho, assim como ao Ministério de Educação e Pesquisa
(BMBF) e o Ministério das Relações Exteriores (AA), pelo
apoio na realização de projetos adicionais ao programa. Espero sinceramente que possamos manter a cooperação com
os nossos parceiros brasileiros CAPES e CNPq e aguardo com
expectativa a segunda fase do CsF que está pela frente.
Prof.ª Dra. Margret Wintermantel
Presidente do DAAD
parceiro importante do Brasil na cooperação internacional educacional. Desde 1984, a CAPES vem trabalhando efetivamente com agências alemãs de fomento na formação conjunta de
educadores e pesquisadores brasileiros. É natural, portanto, que
a Alemanha tenha sido um dos cinco primeiros países a aderirem ao Programa Ciência sem Fronteiras - CsF. Além disso, a
qualidade do ensino e da pesquisa tornam a Alemanha um dos
principais polos do conhecimento e da inovação mundiais, tendo atraído o interesse de 6.865 bolsistas do Programa entre os
anos de 2011 e 2015. Cabe destacar, ainda, que esta cooperação não se limitou à mobilidade acadêmica, permitindo também
que universidades brasileiras e alemãs avançassem no processo
de internacionalização do ensino superior e da pesquisa.
A CAPES vem realizando uma série de atividades de avaliação,
tanto quanto à inovadora experiência desenvolvida juntamente
com o CNPq no envio de 78 mil estudantes de graduação para
universidades do exterior – algo que, nesta escala, nunca havia
ocorrido – como também a de expandir por um fator de 124% o
número de estudantes de pós-graduação e pós-doutorado, em
relação ao período anterior ao CsF.
A CAPES congratula, portanto, o DAAD pela iniciativa de colaborar com esta análise a partir da visão alemã do Programa Ciência sem Fronteiras. Certamente, esta contribuição enriquecerá
o debate e a análise que já foi iniciada no Brasil e tal avaliação
guiará aperfeiçoamentos futuros na cooperação entre os nossos
dois países.
A cooperação educacional, cientíica e tecnológica entre o Brasil e a Alemanha é um modelo de como podemos desenvolver
conhecimento cientíico e tecnológico de forma simétrica, equilibrada e mutuamente benéica, cooperação esta que desejamos
que se mantenha cada vez mais sólida.
Prof. Dr. Carlos Afonso Nobre
Presidente da CAPES
Com a criação do Programa Ciência sem
Fronteiras (CsF), a cooperação entre o Conselho Nacional de
Desenvolvimento Cientíico e Tecnológico (CNPq) e o Deutscher Akademischer Austauschdienst (DAAD), importante
instrumento de intercâmbio acadêmico entre o Brasil e a Alemanha, foi intensiicada e ampliada. O Ciência sem Fronteiras
alavancou uma maior inserção internacional das instituições
de ensino e pesquisa brasileiras,
abrindo um leque de oportunidades
para que pesquisadores e especialistas em áreas de alta relevância para
o Brasil buscassem formação acadêmica e tecnológica em prestigiosas
instituições na Alemanha, propiciando maior participação e integração
em redes de colaboração nacionais e
internacionais. Parabenizo a iniciativa
do DAAD em realizar um balanço do
Programa CsF, destacando seu impacto na cooperação entre
Alemanha e Brasil e os ganhos proissionais e acadêmicos obtidos pelos bolsistas.
Prof. Dr. Hernan Chaimovich Guralnik
Presidente do CNPq
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Campus Alemanha
Grußwort Frau Alemanha
Prof. Dr. Wintermantel
Campus
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Um início perfeito para a vida e a carreira
Jovens brasileiros consideram estudar na Alemanha uma chance única
para a sua carreira e orientação na vida. Eles recebem uma formação
adicional de primeira classe.
Hermann Luís Lebkuchen recebeu o seu nome do seu bisavô alemão que imigrou
para o Brasil no século XIX. "Eu não tinha nenhuma idéia do país e da cultura do meu
avô e também não sabia falar a língua", diz o jovem brasileiro. Isso mudou no im de
2014, quando veio para a Alemanha através do programa CsF. "Eu segui os passos
dos meus antepassados. Isso foi muito empolgante, mas não foi o motivo mais importante para a minha decisão."
Referências excelentes
Que inluência teve a sua estada na Alemanha no desenvolvimento
Hermann pensou muito mais na sua proissão e
de sua carreira?
carreira ao decidir-se a favor da Alemanha. Para
1,7 % 1,5 %
o estudante de engenharia aeronáutica e de aviaforte
6,8 %
ção da Universidade Federal de Santa Catarina
principalmente forte
(UFSC) o motivo mais importante foi "a excelente
principalmente pouca
35 %
55 %
qualidade das ciências de engenharia nas univerpouca
sidades alemãs". Ele foi para a Universidade Técnão posso avaliar
nica de Berlim como bolsista do CsF e também
fez um curso de alemão. "A combinação entre
Fonte: Inquérito 2015 entre estudantes no inal da bolsa de estudo
ensino acadêmico e aprendizagem do idioma é
perfeita na Alemanha", diz o futuro engenheiro.
"Eu não só amplio o meu horizonte, mas também leio literatura cientíica no idioma
original e, assim, adquiro conhecimentos que servem como excelente referência
n Da teoria à prática: estudantes
para a minha futura vida proissional."
da TU Berlim trabalham em
CsF – UMA VISÃO GERAL DO PROGRAMA
O programa Ciência sem Fronteiras (CsF) foi lançado pelo governo brasileiro em 2011 e tem como objetivo a promoção da mobilidade de estudantes e jovens pesquisadores brasileiros no exterior. 100.000
bolsas para jovens acadêmicos das ciências naturais, biológicas e de engenharia possibilitam a ampliação de seus conhecimentos em universidades estrangeiras em todo o mundo. Depois da primeira fase
do programa, a presidente Dilma Rousseff anunciou o prolongamento do programa até o im de 2018.
O programa é inanciado com verbas do governo brasileiro. Responsáveis pela implementação e coordenação do programa no Brasil são as agências brasileiras de fomento acadêmico CAPES e CNPq. Na Alemanha, o programa recebe apoio inanceiro para medidas de acompanhamento por parte do Ministério
de Educação e Pesquisa (BMBF) e o Ministério das Relações Exteriores (AA).
A Alemanha está atualmente em quinto lugar no ranking dos destinos mais procurados. Desde o início
do programa as universidades alemãs receberam cerca de 6.000 estudantes de graduação, doutorandos
e pós-doutorandos. O DAAD aloca os bolsistas nas universidades e institutos de pesquisa através de um
portal online projetado especíicamente para o programa CsF, organiza cursos de línguas e supervisiona
os bolsistas durante sua estadia. A monitorização do DAAD garante a qualidade e melhoria contínua do
programa na Alemanha. Através de vários eventos, tais como escolas de verão, webinars para os bolsistas
ou roadshows, o escritório regional do DAAD no Rio de Janeiro também apoia o programa.
Para que os bolsistas como Hermann alcancem os seus objetivos pessoais, eles recebem uma ótima assistência das universidades alemãs – na TU Berlim, por exemplo, de Roswitha Paul-Walz do International Ofice. Os 40 bolsistas de bacharelado
têm nela uma pessoa de contato não apenas para as formalidades. Roswitha e sua
equipe também cuidam da organização dos estudos. "Promovemos a integração
dos jovens nos institutos e projetos de pesquisa em andamento", diz ela. Assim, eles
passam a conhecer a universidade alemã como instituição de ensino e pesquisa.
"No caso ideal, eles desenvolvem ideias juntamente com os cientistas alemães para
um possível doutorado - talvez até novamente na Alemanha."
aeromodelos
Interdisciplinar e internacional
A integração dos bolsistas no sistema universitário alemão também tem êxito em outras universidades. O Dr. Joachim Krüger do departamento de ciências espaciais e
ambientais e biogeograia na Universidade de Trier coordena o programa CsF para a
universidade e a Fachhochschule (universidade de ciências aplicadas). São escolhidos
módulos adequados e desenvolvidas grades em harmonia com o curso no Brasil, com
o objetivo de assegurar aos jovens qualiicações adicionais, explica o coordenador. "O
nosso curso de ciências ambientais e geociências é interdisciplinar e envolve projetos
de pesquisa na América do Sul. Assim, os cientistas do Brasil podem obter aqui uma
n Hermann Luís Lebkuchen estuda
engenharia aeronáutica e de aviação
em Berlim desde 2014
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Campus Alemanha
Um lugar no coração – um bolsista CsF
sobre sua experiência na Alemanha
boa especialização." Um deles é Talles
Bruno Oliveira. A diversidade não foi o
único aspecto que o trouxe à Alemanha:
"Eu também escolhi a Alemanha, porque
aqui estudam pessoas do mundo inteiro."
O contato com estudantes internacionais
e alemães o mudou, diz ele. "Hoje sou
mais aberto e tenho mais respeito diante
de culturas diferentes e aprendi a trabalhar de forma mais responsável e proissional."
Ensino e prática se complementam
Os estágios acadêmicos e industriais no
laboratório geobotânico da Universidade
de Trier ou no Centro Aeroespacial Alemão (Deutsches Zentrum für Luft- und
Raumfahrt, DLR) em Göttingen foram
valiosos para Talles e Hermann respectivamente. Os dois valorizam o trabalho
autônomo e independente coniado a
eles e que é cobrado na Alemanha. Na
TU Berlim, Hermann fez o curso sobre
aerolástica, ou seja, forças aerodinâmicas que fazem efeito sobre a estrutura
de um avião. Graças ao seu professor
Wolf Krüger, engenheiro no DLR, ele se
esforçou para conseguir um estágio lá e
o conseguiu. O estágio será considerado
para o seu curso no Brasil. "É necessário
se engajar na causa de forma autônoma
e provar competências sociais – essa é
uma experiência muito importante." O
seu professor está impressionado com o
foco do bolsista. "Para ele, o estudo e o
estágio se complementam perfeitamente. Ele obtém os fundamentos teóricos
em Berlim, aprofunda o conhecimento
de forma prática em um exercício de
simulação, aprende sobre os processos
industriais e consegue acompanhar muito bem as discussões em alemão."
Como o DLR mantém contato com a
Empresa Brasileira de Aeronáutica São
José dos Campos (EMBRAER) perto de
São Paulo, Hermann acha que tem boas
chances de emprego depois de inalizar
seus estudos.. Mas, assim como Talles,
ele também consegue imaginar fazer um
doutorado na Alemanha. "A vontade de
aprender, a abertura e o empenho dos
bolsistas brasileiros são impressionantes", diz Katharina Riehle que coordena o
programa CsF no DAAD. Assim, os jovens
brasileiros, que muitas vezes deixam o
seu país pela primeira vez, enfrentam os
desaios de estudar no exterior da melhor
forma possível. "Muitos bolsistas mantêm
sua mobilidade e voltam a buscar oportunidades de emprego ou um doutoramento no exterior – o programa CsF é o
início perfeito para uma maior internacionalização da pesquisa e desenvolvimento
brasileiros."
n Talles Bruno Oliveira (esquerda) com
colegas de todo o mundo
» Muitos bolsistas mantêm sua mobilidade
e voltam a buscar oportunidades de emprego ou um doutoramento no exterior –
o programa CsF é o início perfeito para
uma maior internacionalização da pesquisa e desenvolvimento brasileiros.«
Katharina Riehle, coordenadora do programa CsF no DAAD
Um país é estranho apenas até o momento em que você o aceita - essa é a
conclusão do relato do estudante Augusto Boshammer Piazera, depois do seu
intercâmbio na Alemanha.
Há um ano coloquei meus pés na Alemanha
pela primeira vez. Com um sentimento de certa
insegurança e inquietação, mas ao mesmo tempo
de ansiedade e satisfação, cheguei pensando que
meu ano de intercâmbio seria incrível. Bom, ele acabou tornando-se muito mais do que isso. Cheguei
pensando que meu alemão era bom, e percebi que
eu ainda não entendia muita coisa. Acreditava que
tudo seria perfeito, mas isso também não se conirmou. Pensei que não seria tão difícil acompanhar as
aulas da universidade, mas no im acabei penando
para entender o básico.
A Alemanha é, sim, incrível em vários aspectos. O
trem funciona na hora, os serviços públicos são
coniáveis e de qualidade, a educação é imbatível
e a segurança é absolutamente grandiosa. Mesmo
assim, existem pontos fracos: existe lixo nas ruas
como em vários outros países, existe assalto, assassinato, xingamento, brigas e sim, inclusive corrupção – a diferença é que os alemães sentem vergonha disso e levam o assunto muito a sério.
Amizades para vida inteira
Também cheguei pensando que todos os alemães
seriam frios e antipáticos. Mais uma vez, errei. Alguns são exatamente assim. No entanto, outros se
mostraram ser umas das pessoas mais extraordinárias e carismáticas que já tive a oportunidade de
conhecer. E aqui é a parte em que mais me surpreendi: iz amigos de verdade durante essa experiência, que esperançosamente manterei por toda minha vida. Os alemães demoram mais tempo para se
sentirem confortáveis com pessoas que acabaram
de conhecer, mas a partir do momento em que eles
têm outro alguém como amigo, eles se mostram as
pessoas mais gentis e coniáveis que se pode conhecer.
Eu pensei que meu ano no exterior seria ótimo.
Foi além disso: memorável, excitante, desaiador
e esclarecedor. Eu vejo o mundo agora com novos
olhos: esse ano mudou meu modo de pensar e agir.
Gostaria que mais alunos pudessem compartilhar
dessa experiência. Claro que eu senti falta do Brasil
- minha família e amigos, minha casa e tudo o que
o meu belo país tem à oferecer. Na Alemanha eu
aprendi a desfrutar de cada momento e sempre me
policiei para não perder qualquer experiência, dia,
palavra, sorriso ou lágrima. O Brasil terá sempre um
lugar especial no meu coração - mas este espaço
agora é dividido com outro país: a Alemanha.
n AUGUSTO BOSHAMMER PIAZERA
(terceiro a contar da esquerda)
foi, entre agosto de 2013 e julho de 2014 um bolsista CsF. Ele estudou Ciência da Engenharia na Universidade de Ciências Aplicadas na Universidade de Frankfurt. Hoje ele estuda Engenharia Civil na Universidade
Federal de Santa Catarina
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Campus Alemanha
Doutoramento na Alemanha –
vantagem para ambos os lados
Tanto os doutorandos como as universidades alemãs são beneiciados pelo doutorado no âmbito do CsF.
Claudia Wickleder, professora catedrática de Química Inorgânica na Universidade
de Siegen é, graças a uma antiga doutoranda brasileira, responsável por três bolsistas do programa Ciência sem Fronteiras. "Ela que me falou sobre o programa", conta
a professora. Assim que voltou para a sua terra natal, a doutoranda fez propaganda
por todos os lados. E teve sucesso: 22 brasileiros estudaram em Siegen no semestre
de verão de 2015.
Por que você escolheu a Alemanha como país de destino?
15 %
23,5 %
17,6 %
21,4 %
22,5 %
Eu quero ampliar os meus conhecimentos do idioma alemão.
As condições de estudo e pesquisa são boas na Alemanha.
Os cursos oferecidos na Alemanha foram especialmente interessantes para a
minha especialização.
Eu me interesso pela cultura alemã.
Uma estadia na Alemanha poderá me beneiciar proissionalmente no futuro.
Fonte: Inquérito 2015 entre estudantes que acabaram de começar os seus estudos na Alemanha
Métodos modernos para as tecnologias de ponta de amanhã
O departamento de Química Inorgânica de Siegen oferece muito aos bolsistas. Os
laboratórios possuem equipamentos melhores que no Brasil e disponibilizam aos
pesquisadores toda a aparelhagem que precisam para um trabalho excelente. "Essas condições enriquecem a minha pesquisa e permitem o seu avanço", diz Aída
Domithilla da Fonsêca Melo que está fazendo o seu doutorado na universidade.
Nesses laboratórios modernos, os bolsistas aprendem muito e diretamente sobre
as mais novas tecnologias e métodos modernos. "Os doutorandos recebem todo o
conhecimento de meu círculo de trabalho", diz Claudia. Fazem parte, entre outros,
o desenvolvimento de novos materiais para tecnologias óticas, por exemplo células
solares, nanopartículas como marcadores medicinais ou novos materiais luorescentes economizadores de energia para LEDs, pelo qual a Universidade de Siegen
é internacionalmente credenciada. Essas são as melhores condições para os jovens
cientistas , diz Claudia: "A Alemanha é reconhecida pela sua ótima competência na
pesquisa de ciências naturais e de engenharia."
» A Alemanha é reconhecida pela sua ótima
competência na pesquisa de ciências naturais
e de engenharia.«
A Professora Claudia Wickleder recebe no Departamento de Química
Inorgânica da Universidade de Siegen três bolsistas do programa CsF
Barbara Priscila Andreon concorda. Depois de estudar na
Alemanha em 2013, ela voltou ao país para o seu doutorado
CsF em ciências dos materiais no Fraunhofer Institute for
Manufacturing Technology and Advanced Materials (IFAM):
"O IFAM é reconhecido mundialmente pela sua competência na tecnologia de adesivos, que se estende desde a fórmula até a aplicação na indústria." A própria pesquisadora
é beneiciada por esse entrelaçamento estreito entre ciência e economia; a
abordagem interdisciplinar lhe oferece
uma infraestrutura que não encontraria
no Brasil dessa mesma forma.
Diálogos estimulantes
O acompanhamento acadêmico vai muito além do trabalho nos melhores laboratórios. Além de seminários onde os
doutorandos apresentam a sua pesquisa e colóquios com visitantes externos
de todo o mundo, o diálogo intensivo
entre doutorando e orientador tem um
papel particularmente importante. Claudia discute extensivamente com os seus
doutorandos sobre os seus resultados
de pesquisa, o que beneicia ambas as
partes. "Às vezes os meus doutorandos
discordam comigo – e têm razão", diz a
professora de química. Ela, por sua vez,
os auxilia com dicas ou textos cientíicos
quando têm diiculdades com suas experiências.
Os doutorandos também valorizam o
intercâmbio com os seus colegas. "Os
outros doutorandos me ajudam muito",
diz Aída que trabalha com alemães, brasileiros, indianos, chineses, um francês
e um queniano. Essa competência intercultural faz parte das experiências que
os bolsistas levam para o Brasil quando
retornam. Além disso, levam consigo o
conhecimento que obtiveram através de
três anos de estudo prático de métodos
e tecnologias na Alemanha, o qual poderão aplicar no Brasil. Os anitriões também são beneiciados, pois os bolsistas
enriquecem as universidades e institutos de pesquisa alemães, diz Claudia:
"No caso dos bolsistas do CsF, pode-se
ter certeza de que se trata de jovens
pesquisadores excelentes e motivados."
CURTA ENTREVISTA
Fazer contatos, usar competência
Letícia Santos de Lima está fazendo o seu doutorado no Integrative
Research Institute on Transformations of Human-Environment Systems
da Universidade Humboldt de Berlim desde outubro de 2014. Na entrevista ela resume o seu primeiro ano.
Por que você está fazendo o seu doutorado na Alemanha?
A Alemanha possui uma reputação excelente na ciência. Por isso, eu procurei
uma vaga aqui e a encontrei na Universidade Humboldt: um professor aqui
leciona exatamente a mesma área de
pesquisa que me interessa. O que acabou me convencendo foi que um dos
pós-doutorados do instituto pesquisa na
Colômbia, e eu também queria trabalhar
com dados da América do Sul.
O que você mais gosta no doutorado
com o CsF?
Além das exigências acadêmicas, o instituto valoriza muito as competências
sociais como networking e interdisciplinariedade. Eu também aprendi a apresentar melhor as minhas pesquisas, o
que traz vantagens ao realizar seminários
e conferências. Eu também valorizo trabalhar em um ambiente intercultural e
poder, assim, melhorar a minha capacidade de comunicação.
Qual a diferença entre o doutorado na
Alemanha e no Brasil?
O meu instituto me oferece muita coisa que não seria possível no Brasil, por
exemplo, o contato com cientistas no
país e no exterior. Eu sou incentivada a
realizar seminários e palestras ou a organizar workshops. A autonomia e iniciativa própria são componentes básicos
do doutorado na Alemanha. Ao mesmo
tempo, eu considero o apoio construtivo
e igualitário.
Quais são os seus planos para o futuro?
O meu objetivo é trabalhar em uma universidade brasileira e por em prática as
experiências que iz na Alemanha. Eu
quero promover que a pesquisa se torne
mais lexível e interdisciplinar. Os estudantes também devem ser mais envolvidos nas pesquisas e no intercâmbio,
para que possam ser apoiados de forma
melhor em seus estudos e para criar um
ambiente produtivo.
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Campus Alemanha
Acompanhamento social –
pessoal e individual
Não importa se os bolsistas brasileiros estudam em uma grande ou pequena universidade na
Alemanha – eles sempre são acompanhados de forma individual e intensiva.
"Quando os bolsistas se sentem bem acolhidos, eles começam os seus estudos com uma atitude positiva", airma Conny
Bast, funcionária do International Ofice (IO) da Universidade
de Albstadt-Sigmaringen. Por isso, os novos bolsistas já foram
recebidos na estação de trem. Durante uma Semana de BoasVindas intensiva eles têm a oportunidade de conhecer o novo
ambiente: a equipe do International Ofice auxilia os estudantes em questões administrativas, ajuda a abrir uma conta bancária ou a fazer a primeira compra no supermercado.
O contato pessoal é importante
Conny é a pessoa de contato desde a candidatura: "Eu não
só conheço todos os bolsistas pelo nome, mas também tenho
um contato direto com os professores e posso intermediar, por
exemplo, quando os bolsistas não conseguem acompanhar os
seminários". Quando um professor reclamou que um estudante brasileiro não tinha a coragem de falar com ele depois do
curso, a chefe do IO reagiu. "Eu encorajei o bolsista e ele teve
uma conversa frutífera com o professor. Com 3.300 alunos,
a nossa universidade possui um ambiente familiar – e damos
atenção a cada um.
Apesar de ter 14.000 estudantes, entre eles, 2.000 estudantes internacionais, a assistência pessoal aos bolsistas brasileiros também é prioridade na Universidade Otto von Guericke
em Magdeburg. Isso é possível graças a fundos adicionais
n Bem-vindo à Alemanha: o International Ofice da
Universidade de Magdeburg cumprimenta os novos
alunos internacionais
O quão satisfeito está com o acompanhamento social e apoio por
parte da sua universidade?
do programa Ciências sem Fronteiras. "Cinco tutores cuidam
apenas dos estudantes brasileiros. Eles ajudam na primeira
fase de adaptação, assim como em questões sobre os estudos. Por isso, fazemos questão que os tutores venham do
mesmo curso que os bolsistas", diz Anne-Katrin Behnert do
International Ofice. "Os tutores são como amigos para nós.
Eles nos mostram a cidade e organizam passeios. Eles nos
disponibilizam resumos de aulas e seminários para podermos
estudar melhor", explica Gustavo Rodrigues de Carvalho Leite, que estudou engenharia mecânica em Magdeburg durante
dois semestres.
versidade. Além disso, eles se preparam
para entrevistas e Centros de Avaliação
através de palestras e exercícios. Uma
funcionária do Career Center da universidade veriica todos os documentos
para a candidatura individualmente.
"Assim, todos bolsistas encontram uma
empresa adequada. Como a maioria
dos brasileiros precisa absolver um estágio para o seu curso no Brasil, eles o
fazem aqui", diz Conny.
Através de um endereço de e-mail central, os estudantes brasileiros podem entrar em contato com os tutores enquanto
ainda estão no Brasil. Depois de chegarem em Magdeburg,
eles passam a se conhecer em um "Fim de Semana de BoasVindas": "Transmitimos aos bolsistas que eles se encontram
no mesmo nível que os tutores e que podem procurá-los para
todas perguntas e problemas, seja a elaboração do horário,
a inscrição para cursos, ou com questões sobre o dia-a-dia
na Alemanha", diz Anne-Katrin. Para o melhor intercâmbio de
experiências também contamos com bolsistas do CsF que já
estão na Alemanha há mais tempo: "Depois do im de semana, os brasileiros se sentem mais seguros e têm uma ótima
base para dominar o dia-a-dia em Magdeburg."
Sempre atualizados
O DAAD realiza regularmente workshops
para preparar os responsáveis das universidades alemãs para a chegada dos
visitantes brasileiros. "Informamos sobre
desenvolvimentos atuais no programa
de bolsistas. Mas oferecemos, principalmente, um fórum para o diálogo com o
objetivo de transmitir aos responsáveis
algumas idéias para o seu trabalho",
diz Katharina Latsch da equipe CsF no
DAAD. Em grupos de trabalho, os participantes discutem questões fundamentais como a organização de cursos de
alemão ou o acompanhamento acadêmico. "Por sempre trocarmos idéias e
conversarmos sobre nossas experiências com outras universidades, podemos melhorar a assistência cada vez
mais", resume Anne-Katrin de Magdeburg.
Bem preparados
A adaptação funciona através de uma grande oferta de atividades que faz parte do padrão em Magdeburg, AlbstadtSigmaringen e muitas outras universidades alemãs: encontros
internacionais frequentes, excursões para a região e atividades de lazer comuns. Como o domínio do idioma também é
importante para quem vive e estuda na Alemanha, todos os
bolsistas frequentam cursos de alemão.
O acompanhamento social abrangente vai além do âmbito
universitário. Na universidade de Albstadt-Sigmaringen os
estudantes brasileiros estão tão bem preparados que ousam
sair da universidade e ganhar experiência proissional fazendo um semestre prático. Antes disso, eles fazem os primeiros
contatos com empresas na feira de carreiras da própria uni-
n Alegria de viver brasileira
encontra tradição alemã:
bolsistas na Universidade de
Albstadt-Sigmaringen vêm
conhecer a cultura alemã
0,4%
10,9%
5,3%
49,1%
34,3%
satisfeito
principalmente satisfeito
principalmente insatisfeito
insatisfeito
não posso avaliar
Fonte: Pesquisa 2015 entre estudantes depois do primeiro semestre
O quão satisfeito está com a consulta e assistência acadêmica de
sua universidade?
12,6%
1%
3,3%
41,6%
41,5%
satisfeito
principalmente satisfeito
principalmente insatisfeito
insatisfeito
não posso avaliar
Fonte: Pesquisa 2015 entre estudantes depois do primeiro semestre
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Campus Alemanha
Acompanhamento acadêmico –
em perfeita sintonia
Associações de pesquisa animadas
Pesquisas no laboratório, projetos alemães-brasileiros, ensino empolgante – tudo isso aguarda os
futuros engenheiros civis do Brasil na Universidade Técnica de Kaiserslautern. O Professor Matthias
Pahn faz com que os cursos oferecidos estejam em sintonia com os interesses dos bolsistas do CsF.
O Professor Thomas Stützel é o diretor do departamento de evolução e biodiversidade de vegetação na Ruhr-Universität Bochum e supervisiona os doutorandos do CsF nas modalidades plena
e sanduíche. Os bolsistas formam pontes importantes para a pesquisa alemã-brasileira na RUB.
O que abrange o acompanhamento acadêmico dos bolsistas
no departamento de engenharia civil?
Primeiro, auxiliamos os bolsistas do CsF na escolha das matérias: pergunto sobre os seus interesses e recomendo professores que ofereçam cursos respectivos. Para nós, é importante
que os bolsistas conversem com os professores antes de se
inscreverem para um curso, para discutirem as exigências em
geral e a acreditação. Antes de começar o semestre, fechamos
o Learning Agreement e conferimos mais uma vez a grade curricular elaborada, pois, de acordo com a nossa experiência, os
bolsistas exigem demais de si mesmos. No inal, documentamos
os seus Credit Points alcançados para serem reconhecidos na
universidade no Brasil.
habilidades práticas, como a criação de concreto de alta resistência ou a utilização de tecnologia de medição, e a analisar
resultados de pesquisa.
De que forma vocês respondem às necessidades de estudo
dos bolsistas brasileiros?
Todos os colegas sabem que há estudantes brasileiros participando das aulas e seminários e estão sempre à disposição
para esclarecer perguntas cientíicas e problemas. Além disso, oferecemos aulas com referência ao Brasil. No semestre de verão de 2015, os estudantes alemães e brasileiros
abordaram a questão como eles construiriam no Brasil com
tecnologias europeias. O seminário tinha um motivo concreto:
em uma cooperação de pesquisa atual com uma empresa de
construção brasileira de Rio Claro, nós desenvolvemos um
conceito que permite a construção de milhares de casas em
pouco tempo. Os estudantes desenvolveram componentes e
princípios de construção para tal.
Como os estudantes estão respondendo a este acompanhamento?
Depois de um só semestre, os bolsistas já estão tão bem integrados que não precisam de mais nenhuma ajuda de nossa
parte e conseguem acompanhar todas as aulas com êxito. Não
conseguimos imaginar um sucesso maior. Eles gostam dos cursos, conhecem o nosso departamento e os nossos laboratórios.
Quem quiser voltar para fazer o seu doutorado aqui será muito
bem-vindo.
Professor Matthias Pahn n
O Professor Matthias Pahn faz com
que os cursos oferecidos estejam
em sintonia com os interesses dos
bolsistas do CsF
Estágios em laboratórios complementam os seminários e aulas.
Lá os intercambistas aprendem, por exemplo, a determinar experimentalmente a capacidade de carga de componentes novos
desenvolvidos. Cada bolsista é apresentado a um pesquisador,
podendo colaborar no projeto de pesquisa do mesmo. Através
do trabalho em conjunto, muitas vezes são criadas relações intensivas que ajudam os brasileiros a aprimorarem o seu alemão.
Além disso, eles aprendem a pesquisar em equipe, adquirem
Como você é beneiciado com o programa CsF?
Graças ao CsF, o meu departamento recebe muitos doutorandos com ótima
formação. Eles assumem funções em projetos de pesquisa alemães-brasileiros e trabalham de igual para igual com outros cientistas. O meu doutorando
“pleno” do CsF atual, por exemplo, está pesquisando sobre a evolução e o ciclo de vida dos isoetes brasileiros. Tal pesquisa é combinada com o contexto
de um trabalho que já se encontra em andamento na mesma região sobre as
selaginelas que estão estreitamente relacionadas aos isoetes.
Uma vantagem do CsF: quando solicitamos vagas para doutorandos no âmbito do programa, eles geralmente são aceitos. Assim, podemos planejar os
projetos alemães-brasileiros a longo prazo.
O CsF inluenciou a sua relação com o Brasil?
No início dos anos 80, eu mesmo pesquisei no Brasil como
doutorando com uma bolsa do DAAD. Hoje, muitos dos
meus colegas de antigamente também são professores. Com
o programa CsF podemos intensiicar a nossa colaboração
e juntos encaminhar novas pesquisas: os meus parceiros
brasileiros sugerem candidatos para a bolsa e eu já passo
a conhecê-los no Brasil. Depois desenvolvemos um projeto
que combine com os nossos interesses e esteja em perfeita
sintonização com os temas de doutorado dos doutorandos.
Como já existem relações com algumas universidades,
muitas vezes icamos em contato com os bolsistas mesmo
depois da sua estadia. A maioria das minhas publicações
são criadas com a cooperação brasileira, inclusive com os
bolsistas do CsF. Um belo reconhecimento: uma ex-aluna
voltará para pesquisar em Bochum em 2016 como bolsista
da Universidade Alexander von Humboldt.
n Professor Thomas Stützel
O Professor Thomas Stützel é o diretor do
departamento de evolução e biodiversidade
de vegetação na Ruhr-Universität Bochum
O CsF ajuda a criar novas cooperações entre universidades?
O programa CsF ainda é novo – novas cooperações entre universidades precisam de tempo para crescer. Mas o potencial
para cooperações alemãs-brasileiras com certeza aumentou na
Ruhr-Universität Bochum: vários doutorandos do CsF, que estão
bem integrados e que construíram uma rede entre si, pesquisam em todos departamentos. Esperamos que o contato seja
frutífero e que possamos continuar e ampliar as cooperações.
Um programa como o CsF também faz sentido para doutorandos alemães. Eu mesmo aprendi muito como doutorando no
Brasil. Essa experiência inluenciou a minha pesquisa e toda
a minha vida. No lado alemão, também precisamos de jovens
pesquisadores que estabeleçam contatos no Brasil e que mantenham as cooperações existentes.
MONITORAMENTO DO CsF NA ALEMANHA
n Projetos alemães-brasileiros: os bolsistas na TU Kaiserslautern aplicam seus conhecimentos na prática
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Para que as universidades possam oferecer a melhor assistência, todos os anos o DAAD oferece um
workshop para os responsáveis nas universidades pelos bolsistas do CsF, oferecendo assim, uma
plataforma para o intercâmbio e o compartilhamento de experiências e conhecimento. Também
são conduzidas pesquisas de satisfação regulares com as universidades a respeito da realização do
programa.
Os funcionários da equipe do CsF visitam as universidades várias vezes ao ano para discutirem problemas ou conceitos de assistência. Assim é possível analisar os detalhes com os coordenadores no
local e oferecer aos bolsistas a oportunidade de dar um feedback individual.
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No Centro – Eventos
Grußwort
Frau Prof. Dr. Wintermantel
No
Centro
Eventos | Estágios em empresas
Aprender alemão
Os benefícios do networking
Discutir projetos, trocar ideias, fazer contatos – foi com essa inalidade que os
120 jovens pesquisadores brasileiros se reuniram no seminário para doutorandos
do programa CsF.
Desde 2014, Felipe Padilha Leitzke faz o seu doutorado em Bonn, no Instituto Steinmann de Geologia, Mineralogia e Paleontologia. No âmbito do seminário, a expectativa principal do geocientista consistia na possibilidade de fazer contatos com outros
doutorandos que compartilham as suas experiências com o doutorado na Alemanha.
No entanto, os dois dias de seminário em Bonn também o ajudaram no contexto
cientíico. "A maioria dos participantes possui um histórico cientíico diferente do
meu", diz Felipe. "Mesmo assim – ou, talvez, por isso mesmo – trocamos ideias e eu
adotei uma perspectiva totalmente diferente para as minhas pesquisas."
Esse resultado constituiu o foco do seminário desde o início. A Dra. Birgit Klüsener,
Chefe do Departamento de Bolsas, resume a pretensão: "Networking, networking,
networking – em vários sentidos." O DAAD permite que os doutorandos conheçam o
próprio DAAD e o ambiente de pesquisa alemão. "O equilíbrio entre as contribuições
e o intercâmbio era especialmente importante para nós", explica Julia Kracht da equipe CsF e organizadora do evento. Por isso, várias palestras e discussões destacaram
as condições gerais da pesquisa na Alemanha; sejam oportunidades de doutorado
em instituições diferentes, possibilidades de inanciamento ou exemplos de cooperações alemãs-brasileiras.
Apresentando a pesquisa de forma ilustrativa
Os próprios doutorandos participaram ativamente: em sete painéis e apresentações, os jovens cientistas apresentaram as suas diversas áreas de pesquisa. "Os
interesses na pequisa mostram a diversidade da cooperação entre o Brasil e a
Alemanha", enfatiza João Batista do Nascimento Magalhães, Vice-Cônsul do Brasil
em Frankfurt. Além dos puros fatos, os doutorandos também dão muito valor às
competências sociais. No caso de Letícia Santos de Lima, por exemplo, o motivo
para participar do seminário foi o seu interesse em métodos e estratégias. A engenheira ambiental da Humboldt Graduate School em Berlim valoriza a possibilidade
de melhorar a sua forma de fazer apresentações. "Além disso, é importante ser
lembrada por outros cientistas e possíveis parceiros de cooperação", diz Letícia. "O
networking é quase tão importante como a própria pesquisa." E o contato pessoal
com a equipe do CsF no DAAD faz parte dele. Aída Domithilla da Fonsêca Melo,
doutoranda de química na Universidade de Siegen conirma: "Agora posso atribuir
um rosto aos vários endereços de e-mail, isso é muito bom." O produtivo intercâmbio continuará no futuro: o DAAD está planejando outros seminários para jovens
cientistas brasileiros para os próximos anos.
n FELIPE PADILHA LEITZKE
Desde 2014, Felipe Padilha Leitzke faz o seu
doutorado em Bonn
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Destaques de 4 anos
No Centro – Eventos
2011
n ASSINATURA DO ACORDO DE
TRABALHO E WORKSHOP DE
LANÇAMENTO
Novembro de 2011
Ciência sem Fronteiras Alemanha: os
parceiros brasileiros CAPES e CNPq,
representantes de universidades
alemãs e brasileiras, assim como o
DAAD lançam o programa com um
workshop em Bonn.
2014
2012
n LANÇAMENTO DO
PORTAL DO CsF
Final de 2011
O portal foi concebido
para a alocação dos
candidatos nas universidades alemãs. Além disso,
fornece informações para
bolsistas e representantes
de universidades.
n CeBIT
Março de 2012
Brasil é país parceiro da
feira de TI CeBIT. Chanceler
Angela Merkel encontra a
presidente brasileira e os
primeiros bolsistas do CsF.
O presidente da CAPES, Professor
Jorge Guimarães, visita universidades
e institutos alemães.
No âmbito das consultas dos
governos alemão e brasileiro, é
assinado um acordo sobre a ampliação do ensino de alemão no Brasil.
n 1º WORKSHOP PARA
TUTORES
Junho de 2012
n VIAGENS DE
MONITORAMENTO
regularmente desde 2013
Até 50 representantes de
IESs alemãs se encontram
anualmente em Bonn para
treinamento.
O DAAD visita as universidades e escolas de línguas
para avaliar a sua qualidade
e conhecer os bolsistas.
4º Workshop para tutores
Novembro de 2014
n 1º CsF-NEWSLETTER
Julho de 2014
n FEIRA VIRTUAL
Setembro 2014
A newsletter é publicada duas vezes
ao ano com relatórios e histórias
de e sobre os bolsistas do CsF na
Alemanha
http://iurl.de/5LE69G3
A feira Meet Your Future University
reúne mais de 1.000 bolsistas e 40
universidades e institutos de pesquisa
alemães em um espaço virtual.
5º Workshop para tutores
Outubro de 2015
n ASSINATURA DO
MoU ALEMÃO SEM FRONTEIRAS
Agosto de 2015
2013
2º CsF Joint Road Show
Maio de 2014
n VISITA DO PRESIDENTE
JORGE GUIMARÃES (CAPES)
Maio de 2014
3º Workshop para tutores
Dezembro de 2013
2º Workshop para tutores
Dezembro de 2012
n 1º CsF JOINT ROAD SHOW
Junho de 2013
Em um Road Show, o DAAD
e outras organizações internacionais fazem promoção para
a Alemanha nas universidades
brasileiras.
2º CsF-Newsletter
Dezembro de 2014
2015
n EVENTO INFORMATIVO
PARA JOVENS EMBAIXADORES
Novembro de 2014
O escritório do DAAD no Rio de Janeiro
instrui ex-bolsistas do CsF que informam sobre o programa de intercâmbio
em universidades brasileiras.
n ENCONTRO DE
BOLSISTAS EM CHEMNITZ
Junho de 2013
Mais de 150 bolsistas do
CsF e mais de 700 bolsistas
internacionais se encontram para discutir sobre o
tema do ano do DAAD "Um
conceito internacional para
a sustentabilidade".
n PARTIDA DOS
ASSISTENTES
DE ENSINO
Outubro de 2013
A Alemanha apoia o
ensino de alemão no
Brasil e envia, pela
primeira vez, assistentes
de ensino para universidades brasileiras
(relatório p. 31).
3º CsF Joint Road Show
Maio de 2015
3º CsF-Newsletter
Junho de 2015
n ESCOLAS DE VERÃO
DO CsF
Julho/agosto de 2015
Até vinte bolsistas do CsF puderam
participar em uma das quatro escolas
de verão oferecidas por IESs na
Alemanha.
4º CsF-Newsletter
Novembro de 2014
2016
n SEMINÁRIO DE ORIENTAÇÃO (PhD)
Setembro 2015
n FEIRA DE CARREIRAS
Novembro de 2015
n WORKSHOP PARA PhDs EM BONN
Dezembro de 2015
n FILME DO CsF
Dezembro de 2015
Mais detalhes na página 17.
Ex-bolsistas do CsF se encontram em São
Paulo com empresas alemãs e brasileiras
e se candidatam a
um estágio
ou ao seu
primeiro
emprego.
Doutorandos e pós-doutorandos do programa
de intercâmbio se encontram. Eles atuarão
como promotores para
o CsF também na área
de pesquisa.
Em ilmes produzidos por
eles mesmos, os bolsistas do
CsF mostram a sua vida na
Alemanha.
19
20
No Centro – Estágios em empresas
Uma cooperação muito prática
Teoria e prática – universidades alemãs mantêm relações estreitas com a indústria para preparar os seus formandos para o mercado de trabalho. Isso também beneicia os bolsistas do CsF.
Na Universidade de Ciências Aplicadas de WürzburgSchweinfurt (FHWS) o "ensino voltado ao mercado de trabalho" signiica muito mais que estágios obrigatórios para estudantes. "Aqui muitas aulas têm uma ligação concreta com a
vida proissional", diz a Professora Elke Stadelmann, responsável por relações internacionais no departamento de ciências da engenharia na FHWS. Nos seminários de projetos, a
universidade mantém uma cooperação estreita com empresas. Pequenos grupos trabalham com questões concretas da
indústria da região da universidade – como por exemplo a
melhoria de sistemas de armazenamento. É quase impossível
criar uma proximidade maior entre o processo de aprendizagem teórico e a sua aplicação, diz a professora. "Nesses
seminários, as empresas
também auxiliam os estudantes e discutem as suas
sugestões."
hora de se candidatarem para um estágio na indústria. No
curso "Internship in German Business Culture" Elke explica
aos bolsistas brasileiros detalhadamente como funciona o
sistema de estágios na Alemanha. Onde se candidatar, como
escrever uma carta e um currículo, é preciso foto ou não?
"Além disso, eu converso com cada um individualmente sobre
as suas intenções e seus objetivos, veriico os documentos e
dou dicas", diz Elke. Foi assim que Rômulo Andrade, que, em
2014, estudava engenharia industrial em Schweinfurt com
uma bolsa do CsF, conseguiu um estágio na área de marketing e vendas da Daimler AG – na sede da Mercedes-Benz em
Stuttgart. Os meses na Alemanha foram "uma das melhores
experiências de minha vida" – especialmente devido ao entrelaçamento de teoria e prática. "Nós sempre trabalhávamos
com exemplos concretos e veriicávamos na prática o que
tínhamos aprendido. É isso que é necessário para tornar-se
um bom engenheiro", diz Rômulo.
Para Elke, o ensino voltado para o mercado de trabalho na Alemanha é valioso por mais um outro motivo. O Brasil também
conhece o ensino voltado para o mercado de trabalho, porém:
"O convívio com culturas diferentes em empresas internacionais é treinado na indústria alemã através de estágios." Para
Rômulo esse é um benefício central: "Foi muito interessante
aprender como soluções diferentes são criadas em grupos interculturais. Eu aprendi a solucionar problemas em um outro
idioma."
n Michelle Coqueiro C. Santos passou a conhecer o
dia-a-dia proissional de uma gerente de ofertas na VW
ENTREVISTA
O estágio com futuro
Os estudantes do Brasil
são beneiciados por esse
sistema e, além disso, são
auxiliados pela FHWS na
A Kärcher, líder de mercado para tecnologias de limpeza, emprega muitos estagiários internacionais. Udo Maumann, Chefe do Marketing de Pessoal, coordena os bolsistas do CsF na central em
Winnenden.
n Para Rômulo de Andrade, a estadia na Alemanha
foi uma das melhores épocas de sua vida
»Na Alemanha, esperam de mim muita iniciativa própria, que eu faça o
melhor possível e que seja comunicativa apesar das barreiras linguísticas
iniciais. Aceitar esse desafio me prepara para o mercado de trabalho brasileiro onde há várias empresas internacionais. «
Michelle Santos estudou engenharia industrial e mecânica na Universidade de Magdeburg.
A bolsista brasileira Michelle Coqueiro C. Santos que estudou engenharia industrial e mecânica na Universidade de
Magdeburg também buscou um estágio numa montadora de
automóveis alemã. Ela trabalhou na gestão de orçamentos da
Volkswagen em Wolfsburg e aprendeu a logística complexa do
abastecimento de componentes plásticos para a fabricação de
automóveis. Lá ela também teve um acompanhamento próximo e útil, pôde trabalhar de forma autônoma, participar de
reuniões e fazer experiências concretas. O alto reconhecimento que recebeu no seu estágio foi motivador para Michelle:
"Na Alemanha, esperam de mim muita iniciativa própria, que
eu faça o melhor possível e que seja comunicativa apesar das
barreiras linguísticas iniciais. Aceitar esse desaio me prepara
para o mercado de trabalho brasileiro onde há várias empresas
internacionais."
Como são organizados os estágios na Kärcher?
Valorizamos um bom acompanhamento. Os estagiários aprendem muito sobre a empresa em eventos de informação e
workshops. Em cada departamento eles são recebidos por um
supervisor com o qual trabalham e que os acompanha durante
todo o estágio. Assim, os bolsistas do CsF que já possuem
uma boa formação cientíica podem mergulhar no dia-a-dia
proissional e colaborar a nível prático.
Por que a sua empresa trabalha com o CsF?
Na nossa empresa, a diversidade é um aspecto importante,
jovens cientistas internacionais são bem-vindos. Além disso,
desde 1975, a Kärcher tem uma fábrica no Brasil. Por isso faz
muito sentido transmitir o espírito da nossa empresa aos futuros engenheiros brasileiros. Seria ideal se os bolsistas do CsF
izessem as suas teses na nossa fábrica no Brasil.
De que forma que os estágios contribuem para a Kärcher?
Tendo em vista a falta de mão de obra com currículo engenheiro-cientíico, a Kärcher está estabelecendo uma rede na
Alemanha e no Brasil. No passado, já contratamos antigos
estagiários quando percebemos que ambas partes combinavam. É uma situação vantajosa para todos, pois passamos a
conhecer a pessoa e ela sabe exatamente se a Kärcher é o empregador de sua escolha. Na maioria das
vezes, esse é o início
de uma ótima relação
de trabalho. Em geral,
os nossos estagiários
têm as melhores condições de encontrar
um bom emprego no
seu país.
n UDO BAUMANN
Chefe do Marketing de Pessoal
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22
No Centro – Aprender alemão
Desde as primeiras palavras até o
jargão técnico
Diversos cursos de alemão preparam os bolsistas do CsF intensivamente para o
ensino acadêmico. Além disso, os jovens recebem um acompanhamento abrangente – isso facilita os primeiros passos na Alemanha.
Quando Jürgen Kalinna, diretor da escola
de idiomas "Speak and Write" em Marburg, e sua principal tutora para o programa CsF, Veronica Silva dos Santos, dão
as boas-vindas a um grupo de bolsistas
do Brasil, a felicidade é grande: inalmente podem se dar as mãos e abraçar-se –
pois eles já se conhecem há algum tempo. "Nós nos comunicamos muito através
de e-mail e das redes sociais previamente
e respondemos muitas perguntas", diz a
tutora brasileira responsável pelos bolsistas do CsF na "Speak and Write".
n Aprender alemão com facilidade: o
instituto de línguas "Speak and Write"
em Marburg apoia o DAAD há mais de
20 anos
Bem-vindos ao país-anitrião de língua
alemã
A renomada escola de línguas de Marburg trabalha com o DAAD há mais de
20 anos, e auxilia grupos de bolsistas que
vêm para a Alemanha através de programas especiais. "No âmbito do CsF, o
DAAD nos contrata não só para os cursos
de alemão, mas também para o transfer
do aeroporto, o alojamento em famílias
alemãs, e um programa de atividades
culturais, orientadoras e de lazer", explica
o diretor. Ele e a sua equipe estão à disposição dos jovens brasileiros para auxiliálos em todas as questões – seja na hora
de abrir uma conta bancária, para uma
consulta médica ou perguntas pessoais.
"Essa assistência abrangente é importante do ponto de vista do DAAD. Pois ela faz
com que os bolsistas já tenham um bom
primeiro contato com o novo idioma e o
dia-a-dia no país antes de começarem as
aulas", diz Juliana Brunello, que organiza
cursos de línguas no DAAD.
Para garantir o maior sucesso de aprendizagem, todos os institutos de línguas com
os quais o DAAD trabalha estão preparados para lidar com os diferentes níveis
de aprendizado dos bolsistas do CsF. Há
cursos desde o ensino sistemático de
alemão básico até aulas com conteúdos
relacionados aos cursos universitários.
Atualmente, o curso intensivo de alemão
dura dois meses. Porém, os bolsistas do
CsF já podem se preparar de antemão
com um teste de avaliação e o curso online DUO (Deutsch-Uni Online). "Nesse
curso patrocinado pelo Ministério das
Relações Exteriores (AA), os bolsistas do
CsF estudam e fazem exercícios online
com um tutor alemão", diz Juliana. Quando começam as aulas, o estudo do idioma continua para os bolsistas: cursos de
alemão e de comunicação preparatórios
ou em acompanhamento na universidade inanciados pelos parceiros brasileiros
CAPES e CNPq contribuem para que a
experiência acadêmica na Alemanha seja
um sucesso. Doutorandos e pós-doutorandos também podem se preparar para
a sua estadia através dos cursos inanciados pelo Ministério das Relações Exteriores (AA).
APRENDENDO ALEMÃO
»O meu curso de alemão no Instituto Goethe em Göttingen foi fantástico. Eu comecei sem falar uma
palavra de alemão – e depois de seis meses o domínio era aceitável. Praticamos leitura, compreensão
auditiva e expressão escrita e oral. Hoje eu posso conversar com alemães e entender informações cotidianas na rua ou no trem. Isso é muito importante para a minha vida aqui, apesar de o meu doutorado
ser em inglês.
Kamila Tomoko Yuyama - Helmholtz-Zentrum für Infektionsforschung (HZI), Braunschweig
«
23
Crescente demanda
Assistentes de ensino alemães complementam o ensino de idiomas em 20 universidades brasileiras e oferecem a potenciais bolsistas do CsF uma boa preparação
para o estudo na Alemanha.
Com o sucesso do "Ciência sem Fronraquara durante dez meses. Das suas
teiras" cresce a demanda por cursos
aulas intensivas faziam parte cursos
de línguas nas universidades brasileide conversação e de preparação para
ras. Para fortalecer o interesse de estestes, uma oicina de redação e aulas
tudantes brasileiros pela Alemanha, o
sobre a história, economia, sociedade
ensino de alemão
também vem sendo
ALEMÃO SEM FRONTEIRAS
apoiado por jovens
assistentes de ensiEm 2015, são quase 13.000 alunos que aprendem alemão nas universidades brasileiras,
no alemães, através
sendo 10.000 de outros departamentos além da germanística. No total, isso representa
de um programa
34 por cento mais estudantes de alemão que em 2010. Em agosto de 2015, um novo
que o DAAD desenprograma "Alemão sem Fronteiras" foi acordado entre o Brasil e a Alemanha como comvolveu para o Brasil
plemento ao CsF. Ele proporcionará oportunidades para o aprendizado da língua alemã a
em 2013. "Desde o
partir do próximo ano, através do fornecimento de licenças online em combinação com
início do programa já
cursos presenciais. Além disso, testes e certiicados serão fornecidos e, em universidades
enviamos 33 profesbrasileiras, serão promovidos o estabelecimento de centros de aprendizagem de línguas.
sores de alemão para
o Brasil", diz Julia
Kracht. Ela coordena
o programa de assistentes de ensino no
DAAD, que é inanciado pelo DAAD juntamente com a CAPES. Os assistentes
de ensino transmitem conhecimentos
básicos da língua. "Além disso, os estudantes são preparados para determinados cursos universitários relevantes
para os bolsistas do CsF, expandindo as
ofertas de cursos também em relação ao
jargão cientíico." Mais uma vantagem:
os jovens assistentes de ensino alemães despertam a curiosidade sobre o
seu país e respondem muitas perguntas
iniciais dos alunos interessados em estudar na Alemanha.
Falar – escrever – entender
Lukas Reif é um desses assistentes de
ensino. Logo depois de se formar, o jovem professor de alemão da Baviera se
candidatou como assistente de ensino
do DAAD e foi lecionar na Universidade Estadual Paulista (UNESP) em Ara-
e cultura alemã. Lukas também despertou o interesse dos estudantes brasileiros pelo estudo no exterior através
de diversas atividades extracurriculares
– ele organizou um festival de cinema e
uma semana temática sobre a literatura
contemporânea alemã na universidade
brasileira. Tendo em vista os potenciais
bolsistas do CsF, também foi criado um
curso de peças radiofônicas. "A compreensão auditiva muitas vezes é insuicientemente tratada nas aulas de alemão comuns", diz Lukas. Mas é isso que
é importante para os jovens brasileiros
que chegam às universidades alemãs e
querem acompanhar as aulas. "Os estudantes ouviram peças radiofônicas alemãs, depois eles mesmos criaram um
roteiro, juntaram sons, gravaram trechos
de fala e produziram tudo sozinhos." A
introdução ao idioma alemão pode ser
tão diversiicada assim.
24
DAAD
De mãos dadas pelo Brasil e Alemanha
O escritório do DAAD no Rio de Janeiro informa e aconselha estudantes interessados, organiza
eventos e estabelece contatos. A diretora Dra. Martina Schulze e o seu predecessor Christian Müller
sobre a execução dessas tarefas.
Como começou o CsF?
CHRISTIAN MÜLLER: O programa foi inspirado pela iniciativa
americana de intercâmbio de estudantes "100,000 Strong",
apresentada pelo Presidente americano Barack Obama durante uma visita ao Brasil em 2011. A Presidente Dilma Rousseff decidiu lançar um programa de mobilidade semelhante
para estudantes brasileiros. Pouco tempo depois, ela falou da
ideia para o então presidente alemão Christian Wulff, que prometeu aceitar um grande número de estudantes brasileiros
nas universidades alemãs.
De que forma é que o escritório no Rio de Janeiro apoia o
programa CsF?
CHRISTIAN MÜLLER: O DAAD esteve envolvido desde o início. O nosso antigo Vice-Presidente, Max Huber, aconselhou
Christian Wulff extensamente durante a sua visita ao Brasil,
apresentando o DAAD como organização implementadora experiente e forte.
MARTINA SCHULZE: Com a ajuda de 14 Jovens Embaixadores, os nossos funcionários oferecem marketing e consultoria à central alemã. Além disso, desde o início da campanha
do CsF, organizamos três grandes roadshows no país inteiro.
Para a organização e conteúdo, obtivemos ajuda de agências
internacionais e das universidades que, assim, se apresentavam ao público. Pela primeira vez, organizamos uma feira de
carreiras em novembro de 2015. Lá os jovens formados com
experiência na Alemanha tiveram a oportunidade de encontrar representantes de empresas alemãs no Brasil.
Quais mudanças o CsF trouxe para as relações alemãs-brasileiras?
MARTINA SCHULZE: Desde o início do programa, o número de
estudantes brasileiros nas universidades alemãs subiu notavelmente. Além disso, as parcerias entre as universidades quase
que dobraram. A atitude diante o idioma alemão também mudou muito. Em 2014, mais de 13.000 estudantes brasileiros
aprenderam alemão. São 34 por cento a mais que no último
levantamento em 2010. A partir de 2016, no âmbito do programa Idiomas sem Fronteiras, o alemão será oferecido em dez
universidades federais como terceiro idioma depois de inglês
e francês.
Como será daqui para a frente?
CHRISTIAN MÜLLER: Compreendo que o DAAD e as universidades alemãs mostraram-se bastante eicientes como parceiros para o programa CsF. Os serviços de assistência e acompanhamento dos bolsistas são excelentes, o que também é
valorizado pelos parceiros brasileiros. Por isso, estou coniante
que a Alemanha terá novamente um papel principal na sua
segunda fase, cujo peril ainda não está claro. Na comparação
internacional, a Alemanha oferece excelentes condições de
ensino e pesquisa a baixo custo.
MARTINA SCHULZE: Na segunda fase, o foco maior deverá
ser o inanciamento de estudantes de mestrado ou doutorado.
Quanto às bolsas de mestrado, o foco será a qualiicação de
estudantes brasileiros em programas de universidades alemãs
que preparam os alunos para o ingresso no mercado de trabalho. Através do programa Idioma sem Fronteiras - alemão
o DAAD também ajuda na preparação linguística de futuros
bolsistas do CsF já no Brasil.
JOVENS EMBAIXADORES
Jovens Embaixadores são ex-bolsistas que compartilham as suas experiências depois de regressarem ao
Brasil e promovem uma estadia na Alemanha. Em webinários e eventos informativos nas universidades,
eles dão dicas sobre a candidatura, a escolha da universidade e a vida na Alemanha. Betina Soares, que
coordena o programa do escritório do DAAD no Rio de Janeiro, os prepara para isso: »No workshop, os
Embaixadores podem fazer perguntas e recebem materiais informativos para os futuros bolsistas«
A equipe do Ciência sem
Fronteiras na Alemanha
KATHARINA RIEHLE Chefe de equipe do CsF-Alemanha
» O DAAD apoia o programa CsF com uma equipe eiciente. É com grande empenho e
satisfação que prestamos assistência aos bolsistas e às universidades alemãs, possibilitando a realização do programa da melhor forma possível para todas as partes.
Estamos empenhados em proporcionar aos bolsistas brasileiros na Alemanha uma das
melhores fases de sua vida, que inluenciará o seu futuro – tanto proissional como
pessoal – de forma decisiva; para que possam ampliar o seu horizonte em todos os
sentidos e tenham a oportunidade de usar as experiências adquiridas para contribuir
ativamente para o futuro do seu país. « Katharina Riehle
DAAD Bonn
JULIA KRACHT
Vice-chefe de equipe do CsF
Alemanha
PEDRO SOUSA CORREIA
Assistência aos bolsistas
FLORIAN HILLNHÜTTER
KATHARINA LATSCH
Responsável pelo portal CsF
Assistência às universidades alemãs
Alemanha
que participam do programa
EVA SEIFERT
Programa de assistentes de
ensino no Brasil
DAAD Rio de Janeiro
JULIANA BRUNELLO
BETINA SOARES
Assistência aos bolsistas
Consulta e marketing
25
Daten und Fakten | Fatos e números
Maschinenbau
Engenharia mecânica
TOP-15-Gasthochschulen in Deutschland für Undergraduates (seit Programmbeginn)
TOP-15-Herkunftshochschulen der Undergraduates
15 principais universidades na Alemanha para estudantes universitários do CsF (desde o início do programa)
15 principais universidades de origem dos estudantes
universitários (desde o início do programa)
(seit Programmbeginn)
4.928
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) 117
Universidade Estadual Paulista (UNESP) 118
Universidade Federal Fluminense (UFF) 122
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) 126
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) 127
Universidade Federal da Bahia (UFBA) 134
Universidade Federal do Paraná (UFPR) 171
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) 143
Universidade de Brasília (UnB) 178
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) 199
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) 240
(desde o início do programa)
Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET - MG) 126
Número de estudantes de graduação na Alemanha
Fachrichtung/ Departamento
Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) 251
(seit Programmbeginn)
(seit Programmbeginn)
Quelle: Umfrage 2015
unter Doktoranden
Fonte: Pesquisa 2015
entre os doutorandos
Já se formou uma cooperação/parceria com o Brasil.
Es ist eine Kooperation
geplant.
27 %
Há planos para uma
cooperação.
30 %
80
1.577
3.271
Forschungsinstitute
Institutos de pesquisa
Hochschule
Universidades de ciências
aplicadas (FH + TH)
Universität
Universidades (U + TU)
241
Uni
FH
136
Elektrotechnik und Informationstechnik/ Eletrotécnica e técnica de informação
161
111
Chemieingenieurwesen und Verfahrenstechnik/ Engenharia química e tecnologia de processos 132
71
Bauingenieurwesen/Engenharia civil
128
43
Wirtschaftsingenieurwesen/ Engenharia industrial
97
63
Mechatronik/ Mecatrônica
64
36
Umweltwissenschaften/ Ciências ambientais
44
15
Materialwissenschaft und Werkstofftechnik/ Ciências dos materiais
38
8
Architektur und Städtebau/ Arquitetura e urbanismo
32
18
Informatik/ Informática
27
6
Wie schätzen Sie rückblickend Ihren Studienfortschritt in Deutschland ein?
Como você avalia o progresso da sua aprendizagem na Alemanha em retrospectiva?
positiv / de forma positiva
eher positiv / de forma relativamente positiva
eher negativ / de forma relativamente negativa
negativ / de forma negativa
weiß nicht / não sei
55 %
Quelle: Umfrage 2015 unter Studierenden nach Stipendienende
Fonte: Pesquisa 2015 entre os estudantes após o término da bolsa
Es hat sich bereits eine
Kooperation/Partnerschaft
mit Brasilien ergeben.
Distribuição dos estudantes de graduação nas instituições
(desde o início do programa)
U
241
36 %
O seu doutorado na Alemanha já contribuiu para a formação de
uma cooperação entre sua IES de origem e de destino alemã?
Verteilung der Undergraduates auf Institutionen
FH
Maschinenbau/ Engenharia mecânica
2% 1%
6%
Hat Ihr Promotionsaufenthalt in Deutschland dazu beigetragen,
dass sich eine Kooperation zwischen Ihrer Gast- und Ihrer
Heimathochschule ergeben hat?
Undergraduate
136
Anzahl der Stipendiaten/ Número de bolsistas
Universidade de São Paulo (USP) 338
TU Chemnitz 101
U Erlangen-Nürnberg 123
TU Darmstadt 130
TU Kaiserslautern 128
FH Schmalkalden 133
FH Deggendorf 152
U Karlsruhe / KIT 153
U Bochum 160
U Magdeburg 154
TU Bergakademie Freiberg 177
TU Ilmenau 184
U Duisburg-Essen 184
TU Dresden 246
RWTH Aachen 218
Anzahl der Undergraduates in Deutschland
TOP-10-Fächerverteilung nach Hochschultypen (2015)
10 principais áreas disciplinares por tipo de IES (2015)
Quelle: Umfrage 2015 unter Studierenden nach Stipendienende
Fonte: Pesquisa 2015 entre os estudantes após o término da bolsa
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) 377
400
350
300
250
200
150
100
50
0
Anzahl der Stipendiaten/ Número de bolsistas
TU München 290
350
300
250
200
150
100
50
0
377
Würden Sie für Ihre wissenschaftliche Ausbildung erneut nach Deutschland kommen?
Você voltaria novamente à Alemanha para o seu formação acadêmica?
2%
4%
19 %
Es ist noch nichts Konkretes
geplant, es besteht aber
Interesse.
75 %
Ainda não há planos concretos,
mas há interesse.
43 %
Quelle: Umfrage 2015 unter Studierenden nach Stipendienende
Fonte: Pesquisa 2015 entre os estudantes após o término da bolsa
ja/ sim
eher ja / possivelmente sim
eher nein / possivelmente não
nein / não

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