SISTEMA ORGANIZACIONAL DA EMPRESA DE SEMENTES

Transcrição

SISTEMA ORGANIZACIONAL DA EMPRESA DE SEMENTES
1
SISTEMA ORGANIZACIONAL DA EMPRESA DE SEMENTES
Existem várias sugestões para a estruturação da empresa de produção e
comercialização de sementes de plantas forrageiras. Na Figura 1 encontra-se
uma sugestão para uma pequena empresa e que pode atender às necessidades
do mercado brasileiro. Ela se caracteriza pela divisão em um setor de produção
e outro de marketing e com os seus respectivos componentes organizacionais.
O organograma é auto explicativo.
O gerenciamento da produção, juntamente com a participação percentual
de cada variedade no mercado podem ser visto na tabela 15.
TABELA 15 - Produção de sementes de algumas variedades de uma espécie
hipotética com a respectiva participação percentual de cada
variedade no mercado.
Variedades
V1
V2
V3
V4
V5
V6
V7
V8
V9
V10
V11
V12
V13
1993-94
Ton.
%
31331
88%
2748
8%
746
2%
289
1%
174
0%
100
0%
71
0%
50
0%
24
0%
6
0%
2
0%
0
0%
1
0%
1992-93
ton.
%
23141
88%
1330
5%
1535
6%
3
0%
32
0%
6
0%
2
0%
1
0%
5
0%
66
0%
10
0%
216
1%
0
0%
1991-92
ton.
%
21330
86%
49
0%
2638
11%
0
0%
0
0%
0
0%
0
0%
0
0%
0
0%
158
1%
22
0%
464
2%
85
0%
1990-91
1989-90
Ton.
%
ton.
%
33707
93% 40617 92%
0
0%
0 0%
603
2%
0 0%
0
0%
0 0%
0
0%
0 0%
0
0%
0 0%
0
0%
0 0%
0
0%
0 0%
0
0%
0 0%
916
3% 2029 5%
45
0%
30 0%
880
2% 1650 4%
50
0%
33 0%
Ao participar de um mercado com determinadas variedades, a empresa
deve cuidar para evitar que a concorrência, ao oferecer uma nova variedade,
não venha contribuir com a diminuição dos níveis de participação de suas
variedades existentes. Como a entrada de uma nova variedade diminui a
participação de outras é necessário que cada empresa procure meios de
superar isto. A maneira mais lógica de superar o problema é ter sempre
variedades em lançamento. O mesmo raciocínio deve ser tomada no que diz a
espécies.
É o caso muito comum em Panicum e Brachiaria. É de responsabilidade da
Gerênica da Emprêsa evitar que perdas financeiras ocorram por causa destes
fatos.
2
SÓCIOS OU
PROPRIETÁRIOS
GERENTE
SETOR DE PRODUÇÃO
CONTROLE
DE QUALIDADE
Figura
PRODUÇÃO
AGRONÔMICA
PROCESSAMENTO
SETOR DE MARKETING
ARMAZENAMENTO
DISTRIBUIÇÃO
PROMOÇÃO
. Modelo organizacional para pequenas empresas de produção de sementes.
VENDAS
CONTABILIDADE
3
O perfil do Produtor de Sementes
Ele é caracterizado por adotar um plano racional de rotação de culturas,
efetuar um bom controle de ervas daninhas, ter espírito conservacionista no que
se refere a preservação ambiental, ser responsável, receptivo, dinâmico e idôneo.
A região produtora de sementes
Para cada região existe um grupo de cultivares com melhor desempenho do
que outro. A região compreendida entre o centro do Norte de Minas até o centro
sul da Bahia é considerada como excelente para a produção de sementes de
forrageiras (Hopkinson & Reid, 1979). O Estado de São Paulo, Mato Grosso do
Sul, Paraná e Goiás se destacam como regiões potencialmente produtoras de
sementes de gramíneas forrageiras.
No caso de espécie cuja parte econômica não são as sementes, pode-se
produzi-las numa região e explorar a cultura em outra como é o caso das
forrageiras, Stevia e algumas hortaliças (Carneiro, 1986; Carvalho & Nakagawa,
1983). Existe uma dependência maior dos fatores climáticos do que dos fatores de
solos (Loch, s/d)
A região ideal é caracterizada pela disponibilidade de luminosidade, chuva e
temperatura para o crescimento vegetativo, fotoperiodo favorável para a indução
floral e clima uniforme e seco durante a maturação (Jackson, 1977).
Água
Durante o crescimento e o desenvolvimento das plantas, existem três
estádios nos quais o estresse hídrico interfere no rendimento. O primeiro é a
iniciação floral e desenvolvimento das inflorescências quando o número de
sementes é determinado. O segundo é a antese e a fertilização quando este
potencial é fixado. O terceiro é o enchimento das sementes (Slatyer, 1969).
Espécies que florescem durante longos periodos são parcialmente protegidas de
períodos isolados de estresse.
Pequenos períodos de estresse hídrico, que reduziram o potencial de água
das folhas de Stylozanthes hamata L. Taubert a valores mínimos de -2.5 a -2.8
MPa foram capazes de reduzir o rendimento das sementes de 5.8 para 3.8 g por
planta (Argel & Humphreys, 1983). Umidecimentos infrequentes reduziram a
densidade de inflorescências, o número de floretes e o vingamento das sementes.
No caso de Siratro (Macroptilium atropurpureum (DC) Urban), a resposta a dias
curtos pode ser influenciada por efeitos de umidade no solo (Hopkinson, 1977). O
stress hídrico induz florescimento em abundância a medida que o solo vai
secando, mas as plantas vegetam de maneira muito fácil se durante a floração
ocorre chuvas ou se a cultura é irrigada (Hopkinson & Reid, 1979). Regiões com
níveis de precipitações superiores a 800 mm/ano são consideradas adequadas
para a maioria das leguminosas (Loch, s/d). Bons resultados em produtividade são
obtidos em áreas com precipitações entre 1600 - 1800 mm/ano.
4
Luz
A luz exerce influência por causa do fotoperiodo e também por causa da
intensidade luminosa
1. Fotoperíodo
O fotoperíodo condiciona o florescimento e determina o comprimento do
período vegetativo, que é muito importante para a pastagem como um todo
(Rodrigues & Rodrigues, 1987).
As espécies de plantas são classificadas de acordo com a resposta
fotoperiódica em plantas de dias curtos, de dias longos e indeterminadas ou
neutras (Garner & Allard, 1923). As respostas podem ser qualitativa (obrigatória)
ou quantitativa. Stylozanthes humilis H.B.K. cv Gordon é uma planta de dia curto
qualitativa. Só floresce se o comprimento for de 11.5 horas ou menos (Cameron,
1967a). Setaria anceps Stapf ex Massey é quantitativamente uma planta de dias
longos que floresce em 8, 12, 13, 16, e 24 horas (Boice, 1970). No que diz
respeito as braquiárias, observa-se que a Brachiaria mutica (Forsk) Stapf é uma
planta de dia curto qualitativa enquanto Brachiaria ruziziensis R. Germain et
Everard e Chloris gayana Kunth cv Masaba são de dias curtos quantitativas.
Paspalum dilatatum e Paspalum notatum Flugge são obrigatóriamente de dias
longos.
O siratro é uma planta de dias curtos facultativa (Hopkinson, 1977). Ocorre
um florescimento parcial ou nenhum florescimento em fotoperiodos de 16 horas e
uma acelaração do florescimento com a redução do fotoperiodo para menos de 12
horas.
O capim jaraguá (Hyparrhenia rufa (Ness) Stapf) é uma planta de dias curtos
com um fotoperíodo crítico ao redor de 12 horas (Daubenmire, 1972).
2. Intensidade luminosa
A radiação solar estimula a produção das diferentes partes das plantas. Com
a redução da disponibilidade de luz ocorre menor produção de biomassa seca de
forragem, raízes e rizomas e do teor de carboidratos de reserva na planta
(Rodrigues & Rodrigues, 1987). Culturas produzidas em regiões com maior
radiação possuem maior potencial para produzir sementes (Humphreys, 1975). A
redução da luminosidade para cerca de 20 por cento reduziu a produção de
sementes de Stylozanthes hamata (L.) Taubert (Argel & Humphreys, 1983).
Temperatura
Evidências indicam que durante a microsporogênese ocorre a sensibilidade a
baixa temperatura (Heenan, 1984; Lin & Peterson, 1975). No caso de Chloris
gayana Kunth, a porcentagem de vingamento das sementes diminuiu quando a
temperatura de 15º C foi utilizada para o crescimento da cultivar Callide e 10º C
para a cultivar Pioneer cujo periodo de sensibilidade ao frio pode ser durante a
fertilização (Loch & Butler, 1987). Em Pennisetum clandestinum Hochst., 3
5
semanas a 10º C ocorreu diminuição da viabilidade do polén (Youngner, 1961).
Este efeito pode ser observado em cultivares tardios cujas sementes podem sofrer
os efeitos de baixas temperaturas no outono (Loch & Butler, 1987). Por outro lado,
ondas de calor reduzem a fertilidade do polén. Acima de 27º C não ocorre
formação de sementes em Glycine javanica L. (Wutoh, Hutton & Pritchard, 1968).
Existem interações complexas entre temperatura e fotoperiodo. Existem
respostas quanto ao florescimento em um comprimento do dia a uma temperatura
e nenhuma resposta em uma outra (Street & Opik, 1984). O fotoperiodo interage
com temperatura e nível de nitrogênio, conforme resultados obtidos com Siratro,
Macroptilium atropurpureum (DC) Urban, (Imrie, 1973) e capim buffel, Cenchrus
ciliaris L. (Humphreys, 1976). No caso de plantas de dias curtos, a ocorrência de
baixas temperaturas pode aumentar o fotoperíodo crítico que limita a floração
(Humphreys, 1975). No caso de Stylozanthes guianensis (Aublet) Sw. cv Cook, a
iniciação floral foi independente da temperatura enquanto temperaturas maiores
que 21 ºC atrasaram a iniciação da cultivar Schofield e acelerou a da cultivar
Endeavour. A 24 ºC, a produção de espiguetas e o número de floretes por
espigueta foram máximos para as cultivares Cook e Endeavour. A cultivar
Endeavour teve dificuldades de florescer em condições de frio (Ison & Humphreys,
1984). Stylozanthes hamata (L.) Taubert cv Verano teve o máximo de rendimento
a 31/24º C (Argel & Humphreys, 1983). O vingamento de sementes de Zornia
latifolia foi melhor entre 20 e 27º C.