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ELEIÇÕES NA CÂMARA DO COMÉRCIO DE SOTAVENTO
ALFREDO CARVALHO
a todo o gás
Alfredo Carvalho está numa intensa movimentação em busca de mais
apoiantes para a sua candidatura à presidência da Câmara do
Comércio, Indústria e Serviços de Sotavento. O escrutínio está
agendado para o dia 31 de Março, mas o director-geral da Tecnicil
já está no terreno, divulgando o seu programa eleitoral aos
membros do CCISS antes de apresentar publicamente a sua
ABCDE
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LMNOP
QRSTU
candidatura. A outra lista, liderada por Orlando Mascarenhas,
recusa, por ora, “um confronto de ideias” com o seu adversário.
s eleições para a escolha do novo
presidente da Câmara do Comércio, Indústria e Serviços de
Sotavento acontecem no próximo dia 31 deste mês. Em fase de contagem decrescente e com o sector empresarial no sul
do país a conhecer uma agitação fora do comum,
tanto a candidatura da Tecnicil, liderada por Alfredo Carvalho, como a de OM Trading, encabeçada por Orlando Mascarenhas, ultimam, neste momento, os detalhes finais da campanha.
Movimentação mais intensa verifica-se, entretanto, pelos lados da Tecnicil que deve apresentar publicamente a sua lista daqui a duas semanas. Com o seu programa eleitoral já elaborado, esta candidatura tem-se desdobrado em
contactos e reuniões sectoriais com os diversos
empresários da região, aos quais vai apresentando as suas ideias-força e os seus projectos
para a Câmara do Comércio de Sotavento.
Na sua lista - inclui a Sociedade Cabo-verdiana de Tintas, Sita, como vice-presidente, a Firma
Meno Soares para presidir a Assembleia-Geral e a
Confer no Conselho Fiscal -, a Tecnicil promete
dar um novo rumo à CCISS, assente numa organização eficiente e virada para os empresários. Para
tal, este grupo pensa não só promover comissões
sectoriais para lidar com questões específicas dos
membros, como criar um pelouro de Relações Internacionais e de Negócios.
Alfredo Carvalho promete ainda transformar
a CCISS num centro de serviço especializado e
construir uma Câmara que seja “ouvida e respeitada quer pelo governo, quer pela sociedade civil”. Até porque, salienta o seu “mandatário”, Jorge Benchimol Duarte, “o governo precisa de uma Câmara de Comércio como um
parceiro crítico, que seja capaz de avaliar e
sugerir soluções. Mas para exercer esse papel
a CCISS tem de estar preparada. A nossa lista, pelo menos, está.”
Aquele administrador da Tecnicil explica que
uma das grandes razões desta candidatura tem a
ver com facto de o país entrar agora num novo
processo, desencadeado seja pela adesão à Organização Mundial do Comércio, seja pela redução da Ajuda Pública ao Desenvolvimento e a
classificação de Cabo Verde como País de Desenvolvimento Médio. Cenários que, segundo
Benchimol Duarte, exigem uma forte aposta do
sector privado, onde a Câmara do Comércio tem
um papel preponderante.
“Por isso é preciso uma Câmara mais renovada, com novas ideias e que se descentralize o máximo, aumentando o número de associados”, refere o nosso entrevistado, para quem
um dos maiores projectos da lista encabeçada pela
Tecnicil é construir a sede da CCISS. “Na verdade, o nosso programa eleitoral reflecte os
anseios e as preocupações dos empresários.
Aliás, para a sua elaboração contamos com a
participação directa de mais de 20 empresas”,
indica Benchimol Duarte, antes de acrescentar
que a lista da Tecnicil conta já com o apoio firme
de mais de cem empresas (num universo de pouco mais de 200 membros da CCISS), de entre as
quais a Cimentos de Cabo Verde, VAS, GC Comunicações, Brás de Andrade, Salute, Globo Comercial, Águas de Cabo Verde, Hersil, Infotel…
“Enfim, temos razões de sobra para crer que
esta é uma candidatura ganhadora”, confia o
administrador da Tecnicil.
Outro argumento deste grupo é que o seu
candidato à presidência da CCISS reúne todos
os requisitos que o cargo exige: capacidade de
liderança, visibilidade empresarial, capacidade
comunicativa (que fale francês ou inglês) e espírito empreendedor. “E tudo isso vê-se em Al-
fredo Carvalho”, sustenta Jorge Benchimol Duarte. Este administrador da Tecnicil e homemforte da campanha de Carvalho à presidência
da CCISS, acresce ainda o facto de o actual presidente da Câmara de Comércio de Sotavento
encontrar-se no cargo há oito anos, quando a
Câmara de Barlavento já trocou de líder quatro
vezes.
Enquanto a candidatura da Tecnicil está no
terreno a todo o gás, a lista adversária, liderada
pelo actual presidente da CCISS, Orlando Mascarenhas, apresenta-se mais discreta. A candidatura da OM Trading tem-se pautado por uma postura mais soft, deixando talvez lá para mais perto das eleições uma campanha mais enérgica.
Aliás, quando abordado por este jornal, Orlando Mascarenhas recusou-se por ora a avançar
as linhas programáticas da sua candidatura. “Não
pretendemos nesta altura entrar em confronto de ideias com a lista adversária”, afirmou.
De notar que para esta eleição, Orlando Mascarenhas fez profundas alterações na sua lista,
com a entrada de novas empresas. Mascarenhas
defende uma política de continuidade, sem no
entanto descurar a inovação.
Hermínio Silves
TECNICIL LANÇA “COPACABANA” NO MINDELO
Adesão em alta
O empreendimento Copacabana, um complexo multiuso concebido pela Tecnicil para a zona balnear da Laginha, será executado por uma empresa chinesa em duas
fases. Toda a obra deverá estar concluída no espaço de
trinta meses mas, segundo Fernanda Vieira, o bloco de luxo,
parte dos apartamentos de alto e médio “standing”, e a
zona comercial estarão prontos para uso em um ano e meio,
a contar do mês de Agosto, data marcada para o início da
construção do complexo.
“Digamos, quase setenta por cento do empreendimento ficará pronto. A segunda fase será executada
em dezoito meses”, explica a representante da Tecnicil
na cidade do Mindelo, que se mostra satisfeita com o índice de adesão ao projecto por parte dos cabo-verdianos,
4 DE MARÇO DE 2005
residentes e na emigração. Durante os próximos quatro
meses a Tecnicil está a dar facilidades de compra aos clientes, com descontos que começam nos 15 por cento do
custo. Mesmo assim a Tecnicil pretende intensificar a sua
campanha de marketing em torno do projecto, agora mais
virada para o sector empresarial.
“Fizemos a apresentação pública do projecto, no
dia 4 de Fevereiro, a um grupo de 150 convidados e,
logo a seguir, lançámos o ‘Copacabana’ para a praça
mindelense, aproveitando o espírito do carnaval na
cidade. Foi algo interessante, que despertou Mindelo
para a existência desse empreendimento inovador na
ilha”, adianta Vieira, para quem a estância balnear da Laginha ficará mais valorizada com a construção do empre-
endimento.
Orçado em dois milhões de contos, o “Copacabana” é
uma “mini-cidade” composta por 240 apartamentos distribuídos por nove edifícios, um centro comercial, um supermercado, uma área de restauração panorâmica, um salão
de condomínio e parques de estacionamento. O conjunto
residencial inclui 32 apartamentos de luxo, reunidos num
único bloco, 80 habitações de alto padrão e 128 residências de nível médio.
O lançamento do projecto aconteceu no dia 4 de Fevereiro e logo nessa data, começou a demolição de algumas
estruturas instaladas no terreno onde vai nascer o “Copacabana”.
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O L H A R E S
Descolagem
com tripulação
nacional
CA
À espera do novo presidente do
O governo está à procura de um presidente
para o Conselho de Administração dos Correios de Cabo Verde. No cargo por poucos meses,
a economista Georgina Melo encontra-se em
Timor-Leste, onde está a criar um organismo
semelhante ao ex-Promex, por ela dirigido antes de ser transferida para os CCV. O seu substituto nos CCV é, por enquanto Filinto Santos.
Segundo fontes do Cifrão, a saída de Georgina Melo dos Correios de Cabo Verde foi uma
surpresa, não só por causa do pouco tempo que
permaneceu no cargo, como também devido ao
trabalho que vinha realizando na empresa.
“No pouco tempo que cá esteve”, confidencia
um quadro dos CCV, “ela implementou medidas
drásticas no sentido de recuperar financeiramente os Correios - mandou fechar postos em Santo
Antão e Fogo que não eram rentáveis, o que para
a empresa foi bom porque com isso passou-se a
evitar certos desperdícios”.
Ainda que polémica, tendo em conta o impacto da medida junto das populações visadas, as
mudanças introduzidas por Melo incluíram também a orgânica dos CCV e a adopção de novos
métodos de trabalho, em que o espírito de equipa
passou a ser mais sentido. “Com Georgina Melo
passou a haver reuniões quinzenais entre os directores da empresa. Felizmente, a pessoa que
ficou a substituí-la, Filinto Santos, está a seguir
o mesmo caminho dela”.
A saída de Georgina Melo dos CCV ficou a
dever-se, segundo informações colhidas por Cifrão, a uma oferta irrecusável de Timor-Leste que
quer montar um organismo semelhante ao Promex, dirigido por aquela economista antes de ser
transferida para os Correios de Cabo Verde.
Inicialmente pensou-se que a missão de Georgina Melo no país maubere fosse acontecer apenas por uma curta temporada, mas hoje sabe-se
que assim não será. Tanto mais que o governo
procura neste momento um novo presidente para
o CA dos Correios de Cabo Verde. Filinto Santos, que foi para essa empresa com Melo, é um
dos nomes aventados para o lugar. Para todos os
efeitos é ele que tem estado à frente dos CCV.
Entretanto, a continuar no cargo efectivo de Presidente do Conselho de Admistração faltará nomear o terceiro administrador.
Segundo uma fonte autorizada, o assunto deverá ser resolvido dentro de pouco tempo, até
porque há para a empresa importantes projectos,
com vista à sua revitalização e expansão. Um
deles visa multiplicar os serviços prestados pelos CCV, o que inclui a sua possível capacitação
no sentido de funcionar como um banco postal.
Com isso, os CCV poderão cobrar impostos, energia e água, telefone, etc. Até porque, com as novas tecnologias, as atribuições típicas dos correios encontram-se em crise em todo o mundo desenvolvido e não só.
CABO VERDE e FMI
preparam novo entendimento
O governo e o FMI vão encontrar-se na próxima semana,
na Praia, para mais uma avaliação do quadro macro-económico
do país. Isto numa altura em que
a opinião que esse organismo
propalou de Cabo Verde foi crucial na hora de mobilizar avultadas somas para o sector das infra-estruturas e financiamento do
programa de luta contra a pobreza. Só nos últimos 10 dias, o país
conseguiu cerca de 80 milhões
de dólares. Isso quando, pela primeira vez, Cabo Verde fechou um
ano orçamental (2004) com défice zero.
Na próxima segunda-feira,
começa a missão que o FMI realiza todos os semestres a Cabo
Verde, no âmbito da monitorização que faz neste país ao abrigo
do acordo PRGF, - conhecido vulgarmente por ajustamento estrutural -, assinado em 2002. Esta
missão acontece, todavia, sob os
auspícios da última avaliação do
FMI sobre o desempenho macroeconómico do país, considerado
positivo e por isso merecedor de
uma nota elogiosa para a Cidade da Praia.
Além de analisar as contas públicas, a missão do FMI vai per-
correr os vários serviços do Estado, contactar operadores privados, etc. E, visto que o PRGF com
Cabo Verde está perto do fim, as
duas partes deverão também recolher elementos para um próximo acordo de cooperação.
Segundo uma fonte, ainda que
as finanças do país já não padeçam dos males de 2002, um acordo “muito mais suave” será rubricado com o FMI, já que a opinião desse organismo é sempre
importante junto dos parceiros e
investidores estrangeiros. “Sempre é melhor o FMI dizer que
Cabo Verde é um país confiável
do que sermos nós a dizê-lo”,
justifica.
Um exemplo disso é o que terá
acontecido com Portugal, que decidiu há dias conceder a Cabo Verde um empréstimo de 45 milhões
de dólares, a aplicar nos sectores
das infra-estruturas - asfaltamento
da estrada São Domingos/Praia e
o anel rodoviário da Praia. A ideia
inicial era Lisboa avalizar um empréstimo ao governo cabo-verdiano junto da banca lusa, mas, segundo uma fonte citada por A Semana Online, a avaliação que o
FMI faz deste arquipélago é de tal
modo positiva que o executivo de
Pedro Santana Lopes decidiu assumir directamente esse compromisso. “Este é praticamente um
dos últimos actos do ministro
das Finanças, Bagão Félix”, diz
a referida fonte. “Nunca Portugal
atribuiu um empréstimo desta
grandeza a Cabo Verde”.
Aos 45 milhões de dólares de
Portugal juntam-se os 15 milhões
que o Banco Mundial decidiu também conceder, na semana passada, a Cabo Verde como ajuda orçamental, bem como os 17 milhões de dólares que a União Europeia, por seu turno, vai avançar
a este arquipélago, conforme
acordo assinado na terça-feira, 01.
O executivo de José Maria
Neves está assim a recolher os
frutos da sua política de estabilidade. Pela primeira vez em trinta
anos de independência, Cabo
Verde fechou um ano económico
(2004) com um défice de 0,1%,
um facto histórico realçado na semana passada pelo porta-voz do
governo, o secretário de Estado
João Baptista Pereira.
Além do défice zero, um sonho perseguido nos seus tempos
de governo por Gualberto do Rosário - cujo reinado terminou com
um défice de 19% do PIB - Cabo
Verde registou em 2004 um crescimento económico de 5,1%, e
uma deflação de -1,9%.
Um outro indicador que atesta a saúde financeira do país é
dado pelas reservas cambiais,
correspondentes neste momento a 2,2 meses de importação.
Isso quando é sabido também
que na fase final da governação
anterior este indicador esteve reduzido a oito dias. A isso se soma
o aumento em 9,8% do crédito à
economia e uma taxa de execução do orçamento de investimento em 56,7%. Estas são, aliás, algumas das razões que levaram
o Banco de Cabo Verde a decretar há dias mais uma queda das
suas taxas para os bancos comerciais, a segunda redução no
espaço de dois meses.
Estes dados foram divulgados
dias depois de o Instituto Nacional de Estatística ter fixado em
6,1% o PIB de 2001 e em 5,1% o
de 2002, registando um “abrandamento” em relação a 2000
quando esse indicador se situou
nos 7,3%. Note-se que, ainda assim, os valores do PIB nos dois
primeiros anos do governo do PAICV ficaram acima das previsões
iniciais do FMI.
Défice zero em 2004, fim do ajustamento
estrutural em Abril, disponibilização de recursos ao país por parceiros internacionais. Sinais que, somados, fazem acreditar na descolagem destas ilhas rumo ao crescimento e
desenvolvimento tão propalados pelos políticos. No entanto, esses sinais não são suficientes para garantir que o avião chamado
Cabo Verde faça uma viagem segura e se
mantenha no ar.
Com certeza o leitor já deve estar a pensar: lá vem ela com a mania do pé atrás, a
colocar mosca no ‘glacé’ do nosso bolo. Ainda que seja verdade que os nossos ouvidos
gostam é de música, é preciso fazer com que
o programa desse voo rumo do desenvolvimento evite certas armadilhas, de modo a
que a nossa aeronave possa ter uma viagem
tranquila.
Mas pelo que se tem notado em discursos e apostas dos diferentes sectores da governação, sobretudo aqueles ligados à promoção do investimento, a ideia é apanhar
boleia, o mais que se poder, em parcerias
estrangeiras. E contactos vários têm sido feitos para atrair, cada vez mais, os investidores nesta nova fase que se desenha para
Cabo Verde.
E enquanto isso, posso até estar enganada, tem-se a sensação, e usando uma gíria brasileira, que o investidor nacional está
“incluído fora desta”. Um sinal disso é que,
até aqui, as taxas de juro para os investimentos continua proibitivas, ainda que se anunciem reduções.
Um outro sinal a reforçar a minha apreensão é que em todos os pacotes de investimento em análise pela agência Cabo Verde
Investimentos não se sente a presença dos
nacionais. Junte-se a isso a falta de notícias
relativas ao crédito para jovens empresários
que há anos foi lançado pelo IADE, e cujos
resultados até hoje o público desconhece.
Esse quadro faz-me lembrar de outras paragens, não muito distantes de Cabo Verde,
onde o investimento estrangeiro, atraído a
todo o custo, transmitiu uma falsa sensação
de desenvolvimento. Falsa porque, diante do
mínimo deslize do país, o investimento volatilizou-se, o investidor sumiu, indo assentar arraiais noutras paragens onde as vantagens para ele, investidor, claro — são mais aliciantes. Pois, a dinâmica desse tipo de negócio
“oblige” deixa para trás centenas de desempregados, estruturas abandonadas (lembramse do caso do Clube 21?) - todas elas feitas
com base em isenções fiscais de longa duração. O seu rico dinheirinho? Fica resguardado em lugar bem seguro, claro. Afinal é a lógica do negócio, precaver-se contra os riscos.
Porque estas situações se repetem por
todos os lados, é bom aprender com o exemplo dos outros. É verdade que os empresários locais são “tchitcharinhos” no meio da
globalização. Mas já é tempo de ir pensando
em dar-lhes condições - os próprios empresários devem, também, lutar por isso - para
que tenham pedalada para acompanhar este
novo arranque do país. É que no caso deles,
temos a certeza, grande parte do seu investimento vai ficar, mesmo, no país. E é isso
que promove o desenvolvimento sustentado.
Em tempo: O Brasil está a comemorar o
seu maior PIB dos últimos dez anos, todo
ele assente no consumo das famílias brasileiras e no investimento interno em sectores
produtivos. Como se pode ver, é bom e é
possível apostar na prata da casa. Os santos de casa também fazem milagres.
MP
4 DE MARÇO DE 2005
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PIRES CORREIA, presidente da Comissão-Executiva da CVTelecom
Preços não baixam
com concorrência
A Cabo Verde Telecom está preparada para a concorrência. E mais: a
empresa quer continuar a liderar o mercado de telecomunicações
no arquipélago. Quem o diz é o presidente da Comissão-Executiva
da CVT, num exclusivo ao Cifrão. António Pires Correia revela
ainda que a Telecom não irá baixar a tarifa no telemóvel
por causa da concorrência e que a PT está aberta a
renegociar com o governo o contrato de
concessão que lhe dá a exclusividade na rede
fixa até 2021. O que, segundo ele, só não
aconteceu ainda por culpa do executivo. Pires
Correia anuncia também nesta entrevista, a TV
CDE
HIGK
NOP
ifrão - A CVTelecom
comemora o décimo
aniversário num
momento de viragem, com a abertura
do mercado de telecomunicações em Cabo
Verde. Como é que a
CVT, que sempre funcionou
sozinha no sector, está a preparar o surgimento de novos operadores ainda este ano?
Pires Correia - Este é, de facto, um ano especial para a Cabo Verde Telecom. Nós comemoramos dez anos, uma data de referência para
nós, inaugurámos uma nova imagem da empresa
e estamos a preparar a abertura do mercado de
telecomunicações. Por estes factores todos entendemos que devíamos dar um sinal ao mercado,
realçando tudo aquilo que já fizemos.
Agora estamos com uma nova cara, como
uma empresa virada para os clientes. Antes estávamos mais preocupados com os investimentos
e a infra-estruturação do país, processo que já está
concluído - conseguimos levar as telecomunicações a todos os concelhos e localidades. A nossa
rede é moderna, toda ela digitalizada e em fibra
óptica e temos uma taxa de penetração telefónica
de 16 por 100 habitantes. No telemóvel a taxa de
penetração é de 15 por cento e na Internet 6 por
cento.
Com base nessa infra-estruturação feita, não
nos vamos preocupar com os investimentos a esse
nível para investirmos agora na remodelação,
atendimento ao cliente e no rebalanceamento tarifário, com a readequação dos preços.
- No telemóvel ou no telefone fixo?
- Na rede fixa, sobretudo nas chamadas internacionais que, reconhecemos, são caras. Desde
1999 que apresentámos ao governo uma proposta
de rebalanceamento tarifário, mas não foi aceite.
4 DE MARÇO DE 2005
- Faltava o sistema de Contabilidade Analítica, para se avaliar os custos de produção.
- Sim, mas agora já temos o sistema de Contabilidade Analítica e estamos à espera que a
Agência de Regulação Económica e o Instituto
das Comunicações e Novas Tecnologias de Informação (ICTI) dêem o seu aval para nos sentarmos à mesa e negociar os preços.
- A CVT vai manter a sua proposta?
- É claro que não, porque já passaram seis
anos. Houve muitos investimentos feitos na rede,
portanto, os custos de produção, tráfico, etc., são
diferentes.
- Qual será então a percentagem de redução que a CVT vai propor?
- Neste momento não podemos dizer nada,
enquanto as coisas não estiverem assentes e negociadas com o governo. Até porque quem tem
autorização para aprovar as tarifas é o governo.
- O governo anunciou também a criação
de uma Comissão para negociar o contrato de
concessão com a CVT. A empresa está disposta a ceder o monopólio que detém na rede fixa?
- A renegociação do contrato de concessão
não tem propriamente a ver com o tarifário. Tem
a ver com a exclusividade ou não do serviço. E a
realidade é esta: temos um exclusivo no fixo de
25 anos, dos quais oito já passaram, e enquanto
não houver renegociação…
- Sabe-se, também, que um dos entraves à
criação do Mercado Único de telecomunicações da CEDEAO é o facto de em Cabo Verde
o monopólio da PT na rede fixa só terminar
em 2021.
- Sinceramente, é a primeira vez que estou a
ouvir isso. Mas penso que o governo deve ter muitas cautelas a esse respeito, porque Cabo Verde é
um país pequeno.
- Mas a PT saiu da Guiné-Bissau, facilitando a criação deste mercado livre.
Digital - a nova jóia-da-coroa da CVTelecom.
- A Portugal Telecom saiu da Guiné por causa da guerra, porque não tinha condições para funcionar. Mas já lá está outra vez.
- Só que sem o monopólio que detinha na
rede fixa.
- Houve uma renegociação. Mas, repare, foi
a PT quem propôs ao governo de Cabo Verde,
em 2001, a renegociação do contrato de concessão. E desde essa altura estamos à espera que o
executivo defina o âmbito dessa renegociação.
Portanto, não é por causa da CVT que não há renegociação do contrato de exclusividade na rede
fixa. Estamos abertos a renegociar tudo.
-A concorrência que aí vem, fará baixar os
preços no sector do telemóvel?
- No móvel já existe concorrência há muito
tempo, e os preços são fixados pelos concorrentes. Nós, com base nos custos de produção do
móvel, temos esse tarifário. Se alguém conseguir
fazer mais baixo…
- Significa que não haverá baixa de preços
no telemóvel?
- Nós, de vez em quando, temos feito acções
de abaixamento do tarifário no móvel.
- Sim, mas são promoções pontuais.
- A constituição do preço tem a ver com o
investimento feito. E o investimento está feito investimos no móvel, até agora, cerca de 3 milhões de contos. Esse investimento terá que ser
dividido e pago por alguém, que são os clientes.
Se nós tivéssemos o dobro dos clientes neste sector, se calhar, o preço era menor. Consoante o
número de tráfico e de clientes vai aumentando,
é evidente que os custos têm tendência para baixar. Ou seja, enquanto não tivermos uma dimensão em que as receitas cubram os custos não podemos baixar o preço.
- Qual será, então, o trunfo da CVT para
“prender” os seus clientes, quando se prevê que
os novos operadores poderão aplicar uma ta-
Por: HERMÍNIO SILVES
rifa mais reduzida?
- A pergunta que nos compete fazer é esta:
Será? Como vai reduzir os preços se terá que fazer um investimento idêntico à CVT? Esta é a
questão.
- Neste caso, será um investimento redobrado dos novos operadores já que vão alugar
à CVT a infra-estrutura básica para operarem.
- Está bem, mas nós também, no móvel, pagamos à fixa os circuitos que usamos. Portanto,
neste momento eu não sei que preço os novos
operadores vão aplicar. E se o novo concorrente
vier a investir só na Praia não estará a fazer concorrência. Investir só na Praia é fácil.
- De acordo com o regulamento do concurso, o operador terá que ter uma abrangência
nacional.
- Terá que ter, bem disse. Nós estamos à espera para ver isso. Porque se tivermos uma concorrência que vai investir apenas nos grandes centros populacionais, teremos que desinvestir nos
centros mais pequenos onde temos também o móvel, como Brava, Maio, São Nicolau… Se o nosso concorrente não investir nessas ilhas, vamos
ter que desinvestir ali, porque suportaremos um
custo que o nosso concorrente não tem.
- A Telecom corta o acesso às chamadas se
o cliente não gastar tudo a tempo ou não recarregar num prazo curto de um mês. Não
acha que a CVT tem sido inflexível demais
neste aspecto?
- Há, de facto, novas ideias, não para mudar
isso, mas para tornar as coisas mais flexíveis. Estamos a estudá-las. Mas as pessoas reclamam que
têm um tempo activo para recarga, sem fazerem
chamadas. Repare, isso custa. Manter um telefone que não dá nenhuma receita, não paga nenhuma taxa de assinatura, é negativo para nós. O serviço pré-pago do móvel não paga assinaturas,
paga as chamadas que faz. Se o cliente não as
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fizer, não consome, e isso tem custo na mesma
para nós. Este custo vem das chamadas telefónicas que a pessoa tem de fazer.
- A União Internacional de Telecomunicações chegou a apontar Cabo Verde como tendo uma das mais elevadas tarifas telefónicas
do mundo, incluindo Internet. O que diz sobre isso?
- Para já eu não conheço esta indicação. De
todo o modo, eu lhe digo que não.
- Há exemplos concretos de países da nossa região africana com preços muito mais aliciantes.
- Ah, sim!? Procure saber quanto é que pagam por uma chamada local, ou por uma assinatura mensal.
- O problema está na tarifa das chamadas
internacionais que aqui é muito mais cara.
- Está bem. Olhe que eu prefiro ter uma taxa
de assinatura mais elevada, porque é uma receita
fixa, a ter um custo por uma chamada internacional mais barato, mas variável, a depender de usar
ou não o telefone. Nós, a CVT, preferimos ter
receitas fixas a ter receitas variáveis. Mas, o problema é que a nossa estrutura neste momento é
fundamentalmente de receitas variáveis. Nós preferíamos ter receitas fixas, por isso é que estamos interessados no rebalanceamento das tarifas.
Há outro factor importante no custo da chamada
internacional: como nós temos uma tarifa elevada, não são os nossos clientes que efectuam as
chamadas. As chamadas vêm dos outros países
em maior volume e isto é mau para nós.
- Sendo Cabo Verde um país insular que
está a apostar sobretudo nos transportes e nas
telecomunicações para alcançar o desenvolvimento e o acesso à economia global, como será
isto possível com os elevados custos das telecomunicações no arquipélago?
- Só nas chamadas internacionais, o resto não
é. Mas veja, Cabo Verde está entre os cinco países africanos mais desenvolvidos em termos de
telecomunicação, só comparável a territórios com
um desenvolvimento turístico muito grande como
Maurícias, Seychelles e África do Sul. O índice
de penetração na Nigéria ou Angola, que são países ricos, é de um por cento. Aqui a nossa taxa é
de 16 por cento. Mesmo os países do Norte do
África estão abaixo de Cabo Verde. Acho que não
é pelas telecomunicações que Cabo Verde não se
vai desenvolver. Nós já investimos em Cabo Verde, ao longo destes anos, mais de 12 milhões de
contos. O país está preparado para a sociedade
de informação.
A CVT desenvolveu o país equilibradamente
em termos de telecomunicações. Estamos em localidades onde nem sequer há estradas, energia
eléctrica…
- Quando me refiro ao custo das telecomunicações, não falo apenas do telefone fixo e do
telemóvel. Há a Internet e a banda larga
(ADSL)…
- Repare, quando levamos as telecomunicações à encravada localidade de Figueiras, por
exemplo, oferecemos também um computador
com acesso à Internet. Eles também têm direito à
Internet. Tudo isso custa. E quem é que vai pagar? É Figueiras que vai pagar sozinha? Claro
que não, é dividido por todos.
- A nova cara da CVT vem dar uma imagem de força da empresa?
- Evidentemente. Porque queremos ser líderes
do mercado. Haja mais outros concorrentes ou não,
nós queremos ser os primeiros. Temos tido uma
atitude de inovação em Cabo Verde, e queremos
manter essa atitude. Normalmente somos pró-activos e queremos continuar a sê-lo. E com esta nova
imagem quisemos fazer uma promessa aos nossos
clientes e ao país: aproximar cada vez mais todos
os cabo-verdianos, ao mesmo tempo que aproximamos Cabo Verde do mundo.
- A empresa já criou a sua holding para o
serviço móvel?
- Vamos criar, mas primeiro vamos negociar
com o governo porque há trâmite a seguir: não é
de um dia para o outro que se cria uma empresa
dentro de uma outra já estruturada. Mas o processo está a decorrer, já tivemos um primeiro encontro com o ICTI e estamos a preparar para esta
eventualidade. Precisamos é de tempo, pois a
nossa estrutura de custos estava fundida. Temos
pessoas que estavam tanto ao serviço do móvel
como do fixo e isto vai acabar, para criarmos um
estrutura totalmente autónoma.
- Falando de trabalhadores. Já houve na
CVT alguns desentendimentos entre a administração e os trabalhadores quanto ao aumento salarial. Como está, neste momento, a situação laboral na empresa?
- Os desentendimentos aconteceram só no ano
passado, mas há muito está ultrapassado. Neste
momento, a situação laboral na Telecom é normal. Para este ano, ainda não há nada de concreto porque não iniciamos as negocições. Mas, pelas nossas previsões, não haverá nada de anormal.
- A empresa vai manter o aumento de 5 por
cento como vinha dando?
- É prematuro falar agora em percentagens.
Vamos ter de analisar tudo, porque os valores actuais são diferentes - os números da empresa, a
inflação…
- A CVT anunciou, há muito, a TV por assinatura e agora o mercado foi aberto. A CVT
já apresentou a sua candidatura?
- Estamos no prazo para apresentar a nossa
candidatura.
- Para a TV por assinatura não é obrigatório haver uma nova empresa, porque o operador pode funcionar tanto a nível nacional como
regional e local. A CVT vai manter a TV por
assinatura na actual estrutura ou vai criar uma
nova empresa?
- Não, numa primeira fase não pensamos criar uma unidade de negócios dentro da CVTelecom. No futuro sim, até porque o nosso objectivo é reestruturar toda a empresa. Em princípio,
se formos seleccionados, não pensamos criar uma
simples empresa de distribuição de televisão, mas
sim uma empresa multimédia. Provavelmente vamos ficar só com o telefone fixo na CVTelecom.
- A CVT propõe o quê, no campo da TV
por assinatura?
- Vamos apostar na rede existente (o país não
tem dimensão para que se invista desnecessariamente) e utilizar uma tecnologia baseada em
ADSL. Trata-se do Triple Play, um novo conceito que está a aparecer agora a nível mundial. Este
sistema permite-nos meter no mesmo parque telefónico, televisão, telefone e dados (Internet banda larga). Neste momento temos uma experiência-piloto do Triple Play a funcionar na Praia.
- É a TV Digital?
- Exactamente. Vamos captar as emissões analógicas dos diferentes canais, digitalizá-las e oferecer aos nossos clientes.
- O Presidente do CA da CVT anunciou, há
dias, a construção de um novo edifício para a
empresa. Este novo espaço irá albergar o quê?
- Os serviços administrativos. Nós, neste mo-
mento, estamos um bocado apertados, daí a necessidade de um novo espaço. Além do mais, se
formos licenciados como operador de televisão
vamos ter que meter mais gente e criar um novo
núcleo para este negócio. No actual edifício não
cabe.
- Qual foi o volume de negócios da Telecom em 2004?
- Qualquer coisa como 5,6 milhões de contos. Em 1996, quando iniciámos, o volume de negócios foi de pouco mais de 2 milhões de contos,
mas nessa altura só havia o telefone fixo. Hoje
há fixo, móvel, Internet, videoconferência… portanto toda uma panóplia de serviços que nós lançámos. Aliás, investimos nestes dez anos mais
de 12 milhões de contos.
- O telefone fixo continua a ser o produto
mais rentável da empresa?
- O fixo é o responsável de cerca de 60 por
cento da nossa facturação. O telemóvel está a ganhar algum terreno, representando cerca de 30
por cento da facturação.
- O Telefácil parece que não teve o sucesso
esperado?
- Nem por isso. O Telefácil é o produto que
mais cresce por ano. Infelizmente é um produto
que não é… fácil. Há muitos números que introduzimos como código de segurança do cliente e
isso dificulta as pessoas. Mas está a ter um crescimento bom, porque é muito mais barato. É onde
as pessoas vão poupar. E agora com o Sim, Yes e
Oui, que têm um desconto de 50 por cento nas
chamadas, conheceu um novo crescimento.
- Em Novembro passado houve mais um
corte no cabo submarino Atlantis 2 que deixou o país, muitos dias, com dificuldade de comunicação com o exterior. Há uma solução
para evitar novos cortes?
- Outra solução será um novo cabo submarino. Vamos lá ver uma coisa: os nossos cabos submarinos estão assinalados em todas as cartas internacionais, com o local exacto por onde passa
por exemplo o Atlantis 2. Estão sinalizados por
bóias em todas as ilhas e entradas. Mesmo assim, os comandantes fazem a ancoragem dos seus
navios em cima dos cabos. Não entendo.
- Têm sido punidos por isso?
- Sim, nos dois casos mais recentes pedimos o
arresto dos barcos, o tribunal acedeu e os navios
estiveram presos até que assumissem a responsabilidade de consertar o cabo. Não assumiram, mas
deram uma garantia bancária em como o vão fazer. Enquanto isso, nós tivemos que pagar à volta
de 70 mil contos para o conserto. O que provocou
o primeiro corte no Atlantis I já pagou.
- Além da TV digital, que outras novidades a Telecom tem previstas para este ano?
- Neste momento, não nos convém anunciar
os novos projectos, porque perderia o efeito surpresa. Devo adiantar, contudo, que o nosso plano
para 2005 prevê algumas inovações quer no telefone fixo, quer no móvel. Bem (abro aqui o jogo)
se formos licenciados como operadores de TV por
assinatura, vamos oferecer aos nossos clientes o
acesso à Internet através da televisão. Isto é, no
mesmo par, no mesmo suporte, na sua televisão
(não no seu computador) o cliente vai poder navegar na Internet. Só a navegação, porque o terminal
é limitado. Nós vamos oferecer o teclado e o set
up box ao cliente para poder navegar na Internet a
partir do televisor que tem em casa. Qualquer pessoa, mesmo não tendo um computador em casa,
poderá navegar na Net através da televisão. Este é
um projecto para arrancar assim que ganharmos o
concurso para a TV por assinatura.
Lucros da CVT
atingem 5,6
milhões
de contos
O volume de negócios da Cabo
Verde Telecom em
2004 atingiu 5,6
milhões de contos, um ligeiro
abrandamento
nos lucros da
empresa face a
2002 e
2003.
Com um
investimento
de 786
mil contos (o segundo mais baixo de sempre), a empresa de telecomunicações obteve
no ano passado um resultado líquido de 1,3 milhões de contos.
De acordo com o relatório de
contas da CVT, a operadora nacional teve um autofinanciamento de
362 por cento, um activo líquido superior a 9 mil contos e um passivo
de cerca de 3.600 contos.
Em termos de indicadores rácios, os dados apontam para uma
margem bruta da empresa em 92,10
por cento, enquanto a rentabilidade
das vendas se situa nos 23,45 por
cento e a rentabilidade dos capitais
próprios em 23,2 pontos percentuais. A autonomia financeira da CVT,
em 2004, foi de 60,8 por cento, a
mais elevada de sempre.
A operadora cabo-verdiana de
telecomunicações viu ainda aumentar a densidade e o seu parque telefónico. Neste momento, a empresa
tem cerca de 73 mil clientes na rede
fixa, 65 mil no telefone móvel e 5.300
na Internet - a ADSL que entrou em
2004 conta com 283 clientes.
A CVT, que comemora este ano
dez anos, já investiu ao longo desse tempo mais de 12 milhões de
contos em infra-estruturas. O sector do móvel, que apareceu em
1998, já consumiu à empresa mais
de 3 milhões de contos em investimentos. A operadora nacional conta agora com 454 funcionários, menos cinco que em 2003.
… foi a PT quem propôs ao governo de Cabo Verde, em 2001, a
renegociação do contrato de concessão. E desde essa altura estamos à
espera que o executivo defina o âmbito dessa renegociação. Portanto,
não é por causa da CVT que não há renegociação do contrato de
exclusividade na rede fixa. Estamos abertos a renegociar tudo.
4 DE MARÇO DE 2005
6 CIFRÃO
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NOSI
Tecnologia mais próxima dos cidadãos
Fim de tarde, uma das equipas de técnicos do NOSI, responsável pela informatização de vários serviços do Estado, está reunida em mais um dos seus encontros semanais. Termos como
versão full, gigas, help desk, free paper, deployment passam
de boca em boca. Para quem não é da área, a conversa - numa
sala de reuniões onde falta o básico, o que inclui cadeiras - é
totalmente em código. Talvez por isso eles falem tão pouco e
produzam tanto, algo visível no dia-a-dia do trabalho dos quadros dessa instituição do Estado, a maioria deles muito jovens, e
que explica a força da sua intervenção em vários serviços do
Estado.
Nesse dia, ultrapassado o bloqueio com os códigos, foi possível captar que o objectivo da reunião era discutir um novo programa a ser instalado no Hospital Agostinho Neto, na Praia, para
gerir o stock de medicamentos dessa estrutura de saúde. Cada
um dos técnicos com a sua tarefa, o grande desafio da equipa era
chegar a um software o mais simples e eficiente possível, ou
seja, adaptado ao perfil dos utentes. “Tem que ficar igualzinho
à terminologia usada no hospital para facilitar a vida ao pessoal”, defende um dos elementos da equipa.
Pouco tempo depois de acompanhar esta reunião, o programa para o HAN já estava pronto, instalado e com os seus utilizadores devidamente formados pela equipa do NOSI. Os resultados, garante a administração do HAN, são visíveis (ver Caixa).
Entretanto, se para o utente directo o trabalho do NOSI é visível,
a instituição, quer se queira quer não, é desconhecida do grande
público, em termos do trabalho feito para o todo da população.
Há quem diga que, mesmo entre os governantes, há aqueles que
não conhecem a verdadeira dimensão dessa instituição que está
na vanguarda da tecnologia em Cabo Verde.
Mas, com o programa de actividades e parcerias que o NOSI
tem para este ano, tudo indica que a instituição vai deixar de ser
mais que um serviço facilitador do acesso ao correio electrónico, ou que faz o site de diversas instituições nacionais. Para começar, o serviço vai ficar mais visível, já que vai mudar de um
espaço limitadíssimo, e nada digno, em que se encontra para novas instalações, no edifício onde funcionava a EMPA.
É nesse espaço, e com a equipa do NOSI, que a Casa do
Cidadão vai deixar de ser um projecto virtual, no conceito negativo da palavra, para tornar-se real. Um documento para a implementação do projecto, que irá funcionar em três grandes alas,
segundo o director-geral do NOSI, Jorge Lopes, já foi aprovado.
E, a dar continuidade ao que tem sido regra para a equipa dessa
instituição, a aposta é capacitar tecnologicamente a Casa do Cidadão para que o atendimento, aí, esteja “voltado para as necessidades individuais” dos utentes.
Projecto que vem sendo cozinhado há alguns anos, a Casa do
Cidadão é, segundo Jorge Lopes, o grande desafio para o NOSI
este ano. Um desafio que vai exigir muito da equipa técnica,
encarregue não só da instalação dos serviços que vão estar disponíveis, como da formação do pessoal e seu acompanhamento.
Aposta a ser, igualmente, efectivada este ano é o Portal do
Governo, que, através de soluções informáticas made in Cabo
Verde, vai determinar a implementação de medidas “para a melhoria da actividade do governo e vai, também, servir ao cidadão, através da disponibilização de serviços online como
compras e pagamento, formação, obtenção de certidões e documentos também por essa via”.
Toda essa revolução informática vai representar, a nível da
gestão do Estado, poupança de tempo, redução da burocracia e
maior transparência, algo muito importante, segundo Jorge Lopes, tendo em conta “os condicionalismos da nova forma de
financiamento do Orçamento do Estado”, aprovada pelos parceiros internacionais.
ADMIRÁVEL MUNDO NOVO
Nesse admirável mundo novo que o NOSI e a sua equipa
estão a estruturar vão entrar, igualmente, “todas as valências da
gestão financeira dos municípios, o que, entre outras coisas,
vai determinar ganhos a nível da transparência da gestão
municipal”. Isto tudo, tanto a nível municipal como a nível das
questões do Estado, porque as informações vão estar centralizadas.
Entretanto, como não há bela sem senão, os vários projectos
do NOSI esbarram em questões financeiras. Pior do que isto,
deixa entender Jorge Lopes, “em barreiras culturais seculares” que emperram todo o processo. É que, se os recursos vão
aparecendo, através de protocolos com parceiros nacionais e in-
ternacionais já assinados ou prontos para ser assinados, no caso
da resistência daqueles que não vêem as novas tecnologias com
bons olhos, a situação é mais difícil.
“O país real não conhece o trabalho do Nosi. Esta é a nossa
maior tristeza e frustração”, diz o entrevistado de Cifrão que
apresenta, como exemplo disso, o facto de que mesmo a nível dos
ministérios mais beneficiados pela acção do Nosi não se tem a
noção da revolução que essa instituição está a operar no país.
Mas, apesar da resistência, e ignorância, de pessoas que não
sabem o quanto, hoje em dia, o país está a depender dos dados
geridos pelo NOSI, esta instituição, vai alçar novos e determinantes voos este ano. A nível da capacitação técnica, quer em
termos materiais quer humanos, os protocolos devem sair do papel. Sinal disto é a visita recente de uma equipa da Microsoft a
Cabo Verde.
No caso particular da Microsoft, revela Jorge Lopes, essa
multinacional “quer trabalhar connosco porque entende que
estamos numa posição privilegiada em termos de desenvolvimento e podemos ser um cartão da empresa” na África Ocidental. Isso com base num protocolo onde o investimento forte
seria no sector da educação e que, paralelamente a todo o investimento a nível das novas tecnologias em Cabo Verde, exige,
como moeda de troca, o fim da situação de pirataria oficial que
vive o país, isso a nível dos softwares.
Para além da concretização de parcerias importantes, nesta nova
fase da sua vida, o NOSI quer apostar na investigação. Até aqui
tem sido possível, apenas, realizar o trabalho de operariado, dando respostas às solicitações dos serviços do Estado e mesmo dos
privados, que ainda procuram o NOSI para estruturar e fazer a
manutenção dos seus sites, algo que já pode ser assumido por serviços privados. Entretanto, “assim que conseguirmos o mínimo
de espaço, vamos transformar a célula de pesquisa que existe
num laboratório de procura de soluções mais adequadas, do
ponto de vista tecnológico”, para a realidade de Cabo Verde.
Toda essa mudança, garante Jorge Lopes, nos carris ou por
concretizar, foi engatilhada a partir do Fórum sobre novas tecnologias realizado no ano passado na Praia. Uma oportunidade para
dar ao grande público a oportunidade de conhecer o NOSI e o
seu trabalho, que hoje “percorre como uma seta”, todos os serviços do Estado. Os subsídios retirados desse Fórum foram de
tal forma importantes que no próximo mês de Maio será realizado um segundo encontro do género.
Até lá, para além de desejar que os protocolos já delineados
saiam todos da gaveta, os responsáveis do NOSI esperam ver
aprovada pelo governo uma regulamentação de utilização da rede.
Para que a rede do Estado, calculada em cerca de três mil computadores, possa servir realmente os interesses públicos e as melhorias das condições de vida do cidadão. Isto porque se sabe de
pessoas, e pouco ou nada escrupulosas, que se apropriam do seu
horário de trabalho e dos recursos disponibilizados pelo Estado
para multiplicar a sua renda mensal. O que, em termos gerais,
significa custos para o Estado, só a nível da Telecom, de cerca de
50 mil contos ano, segundo informações avançadas ao Cifrão.
Mas, enquanto as condições ideais de funcionamento não são
criadas, o NOSI vai contando, acima de tudo, com a “dedicação
total” dos seus funcionários. Esses têm um estatuto, em termos
de remuneração, muito acima do restante do funcionalismo público, “mas muito abaixo do trabalho que apresentam”, garante Jorge Lopes. “Temos uma equipa de gente especial”, que
ultrapassa a hora de trabalho - “tem gente aqui que eu tenho
que mandar para casa” - e que está disponível para trabalhar a
MP
qualquer hora, qualquer que seja a exigência.
INFORMATIZAÇÃO DO HAN
“Vantagens já são visíveis”
Ainda em processo de informatização, as vantagens
deste serviço já são bem visíveis no Hospital Agostinho
Neto, na Praia. Quem garante isso é o administrador daquela estrutura hospitalar, Miguel Lopes.
Para este técnico, “a informatização do HAN trouxe
um controlo total sobre tudo o que acontece no hospital. E com este controlo se consegue efectivar as cobranças, economizar despesas, além de controlar a
4 DE MARÇO DE 2005
entrada e saída de materiais e medicamentos”. Ou seja,
passa a ser controlável o que antes não o era.
Relativamente aos ganhos conseguidos com esta prática, o administrador avança que “o mais importante é que
temos os dados, à hora que queremos e quando quisermos, para trabalharmos. A informatização também
acabou por representar uma ferramenta de gestão de
extrema importância”. Decisões de gestão mais rápidas
e mais acertadas são outros benefícios apontados pelo administrador do HAN.
Além disso, não são apenas os técnicos e os médicos a
ganharem com esta informatização. Do lado dos utentes,
também já se contam as vantagens, já que o paciente pode
ver o tempo de espera das consultas diminuir, pode marcar
exames à distância e receber os exames laboratoriais também à distância.
PM
CIFRÃO
7
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IDEIAS & NEGÓCIOS
Página da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Sotavento
AGENDA DO
EMPRESÁRIO
Orlando Mascarenhas visita Madeira
Viagens de negócios ao Brasil
Duas missões empresariais organizadas
conjuntamente pelas Câmaras de Comércio de
Barlavento e Sotavento partem hoje para o
Brasil. Uma, integrada por 20 empresários dessas duas regiões, vai participar na 12ª Feira Internacional da Indústria de Construção de São
Paulo que decorre de 8 a 12 de Março. A outra
integra 26 empresários, também de Barlavento e Sotavento, e vai participar no IX Encontro
Internacional de Negócios do Nordeste que terá
lugar em Fortaleza, capital do Ceará, nos próximos dias 10 e 11.
Segundo os organizadores, esse encontro in-
ternacional tem como objectivo divulgar os produtos e elevar o volume de vendas das Médias
e Pequenas empresas e fortalecendo-as dessa
forma tambem contribui para a sua inserção no
mercado internacional.
Para além de Cabo Verde, foram convidados a participar nesse encontro a Argentina, Alemanha, Bolívia, Chile, Estados Unidos, Holanda, Panamá, Paraguai, Senegal e Trinidad e Tobago. E uma oportunidade como esta os operadores económicos nacionais não poderiam de
forma alguma perder.
A 12ª Feira Internacional da Indústria de Cons-
trução, FEICON, como abreviadamente é conhecida, é hoje considerada a maior feira do sector de
construção da América Latina e o quarto maior
evento do mesmo sector de actividade a nível do
mundo. Por isso, a CCISS em colaboração com a
sua congénere de Barlavento, empenhou-se para
tornar realidade a participação nacional.
Na FEICON estarão expostos, entre vários
produtos, equipamentos eléctricos, acessórios e
móveis para casa de banho e cozinha, alvenaria
e cobertura, e instalações eléctricas e hidráulicas. A Feira de São Paulo terá mais de 500 expositores.
Os juros estão a baixar
A Caixa Económica de Cabo Verde, segundo informação da sua administração, vai baixar as taxas de juros
já na próxima semana. O Banco Comercial do Atlântico desde o passado
dia 1 está a aplicar novas taxas. Por
exemplo, no crédito à habitação, a taxa
passa de 13 para 12,5%.
Essa baixa resulta da conjugação
de duas medidas tomadas pelo Banco
de Cabo Verde. Desde 26 de Fevereiro a taxa de facilidade de cedência que
o BCV aplica aos empréstimos concedidos aos bancos comerciais baixou
de 8,5 para 7,5 por cento. Em Dezembro do ano passado, o BCV baixou a
taxa de disponibilidade mínima de 19
para 18 por cento.
A CCISS espera, para este ano,
uma segunda baixa das taxas de juros.
Esta é a convicção do Presidente da Direcção, Orlando Mascarenhas, que se
baseia nos sinais de retoma económica e no comportamento das finanças
do Estado.
Nunca é demais dizer que o empresariado enfrenta dois constrangimentos essenciais. Um deles é a elevada taxa de juro. Outro é a dificuldade no acesso ao crédito.
ASSEMBLEIA-GERAL
Convocatória para 31 de Março
O Presidente da Mesa da Assembleia-geral da CCISS, Fernando Jorge Pereira, já fez distribuir, no passado 28 de Fevereiro, a todos os membros associados a convocatória para a Assembleia-Geral ordinária que se realizará no próximo dia 31, pelas 15 horas e trinta, na Biblioteca Nacional.
Para além da apresentação, discussão e aprovação do Relatório e Contas referente ao exercício do ano passado consta da ordem do dia a eleição dos corpos gerentes para o biénio 2005/2006.
O relatório de actividades a ser apresentado pelo actual equipa directiva, liderada por Orlando Mascarenhas, já está praticamente pronto.
2004 foi um bom ano para a CCISS. Vários eventos, nomeadamente feiras, tiveram lugar na Praia sob o impulso da direcção, a CCISS esteve presente em todos os momentos importantes da vida económica do país. A título de exemplo destacamos a
participação no processo, ainda em curso, de adesão de Cabo
Verde à Organização Mundial do Comércio, bem como a presença activa da CCISS na preparação da proposta nacional ao Millennium Challenge Account, criado pelos Estados Unidos.
O relatório de actividades do ano passado, segundo Orlando
Mascarenhas, vai dar uma atenção particular ao Fundo de Competitividade, de 80 mil contos, financiado pelo Banco Mundial.
Concebido para um horizonte temporal de três anos, cerca de
60 mil contos já foram absorvidos até o momento financiamento
de estudos de viabilidade, acções de formação e prospecção de
mercado em benefício, só no caso de Sotavento, de 40 empresas.
O PROCESSO ELEITORAL
Segundo Fernando Jorge Pereira terá lugar na próxima semana um encontro com representantes das candidaturas aos
corpos gerentes para discussão de um regulamento eleitoral. O
presidente da Assembleia-geral defende que “o fundamental é
que os candidatos sejam a favor da valorização da Câmara
de Comércio, Indústria e Serviços de Sotavento enquanto instituição”.
QUEM PODE VOTAR
O Presidente da Mesa da Assembleia-Geral informou, na mesma convocatória, que só dispõem de direito de voto os associados inscritos até 28 de Fevereiro e que à data da reunião estejam
em pleno gozo dos seus direitos sociais, isto é que não se encontrem suspensos e que tenham pagas todas as quotas vencidas.
O presidente da CCISS, Orlando Mascarenhas, desloca-se à Madeira de 10 a
14 de Março a convite do Conselho Empresarial dessa região portuguesa.
Será assinado entre as duas organizações um Protocolo de Cooperação que
abrange a troca de informação empresarial, nomeadamente sobre feiras e oportunidades de negócios e o desenvolvimento de
acções de formação profissional em áreas
como a agricultura e serviços do turismo.
Workshop sobre incentivos fiscais
O estudo sobre os incentivos fiscais,
encomendado pelo Governo e realizado
com o apoio do Fundo Monetário Internacional, será apresentado na Praia num
workshop organizado pelo Projecto de
Crescimento e Competitividade e que terá
lugar no próximo dia 15 de Março.
Empresário francês visita Cabo Verde
O presidente da Conferência permanente das Câmaras de Comércio africanas e francesas, Jullien Bouilhol, visitará
a Praia de 21 a 23 de Março, acompanhado do Secretário da União das Câmaras
de Comércio, Industria e Agricultura do Senegal, Benoît Gaye.
Por ocasião da jornada de promoção
de Cabo Verde em França, a CCISS foi
convidada a integrar a Conferência permanente das Câmaras de Comércio africanas e francesas que conta actualmente
com mais de 30 membros.
O convite foi aceite sendo já segura a
participação da CCISS na Assembleia-geral dessa organização a ter lugar em Paris
no próximo mês de Novembro.
Encontro empresarial China-CPLP
Um encontro de empresários para a
Cooperação Económica e Comercial entre a China e os países de língua portuguesa terá lugar na capital angolana de
28 a 30 de Março.
O encontro de Luanda é organizado
pela Câmara de Comércio e Indústria de
Angola com o apoio do Conselho de Promoção do Comércio Internacional da China e do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau. O encontro é um dos resultados do primeiro Fórum para a Cooperação económica e Comercial entre os países de língua portuguesa realizada, em Macau, em Outubro
de 2003.
Identificar oportunidades de negócios,
promover investimentos e estabelecer parcerias entre as comunidades empresariais dos países envolvidos são alguns dos
objectivos que os organizadores pretender
alcançar.
Em Luanda preparar-se várias actividades paralelas. As empresas participantes terão à sua disposição, e livre de encargos, um stand para a exposição dos
seus produtos que, no entanto, só poderão ser vendidos se cumprirem as obrigações aduaneiras vigentes em Angola.
4 DE MARÇO DE 2005
A
IFRÃO
a
Se man
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61
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Jornal de economia
FRANCESES INVESTEM EM CABO VERDE
Empresa de
logística e central
de compras nas ilhas
A promoção de Cabo Verde na Europa,
mais concretamente na França, em Fevereiro passado pela CI - Cabo Verde Investimentos começa a dar frutos. É assim que estará
no país, nos dias 8 e 9, uma delegação composta por quatro elementos, que vem no seu
jacto pessoal, para registar pelo menos dois
projectos.
O primeiro projecto, segundo o presidente da CI - Cabo Verde Investimentos, é no domínio da logística, mais concretamente no
transporte de passageiros inter-ilhas, assistência a meios aéreos, handling, correio, evacuações, de entre outros. O segundo projecto, frisa Paulo Monteiro, consiste num centro de distribuição de produtos para a Costa da África,
a partir de Cabo Verde. “Esses empresários
querem abrir aqui uma sociedade aeronáutica e
uma central de compras. São áreas muito vastas
e resultam de uma reunião que tivemos em Paris
com o empresariado, que revelaram ser detentores de uma grande capacidade financeira e de boas
redes de negócios”, afirma Monteiro.
Esses investimentos, sobretudo no domínio da logística, segundo o entrevistado de
Cifrão, são também resultado da situação de
instabilidade política e institucional em países do Continente que acolhem projectos e
interesses franceses, nomeadamente a Costa
do Marfim. Sobre esse projecto em particular, Paulo Monteiro garante que cabe perfeitamente nas aspirações de Cabo Verde. “A
CI seleccionou cinco sectores que propomos desenvolver nos próximos cinco/dez anos: turismo, logística, têxtil e vestuário, praça financeira e pescas. A parte logística, principalmente,
teve um efeito instantâneo e a prova é que estes
franceses estão prestes a chegar para registar e
efectivar esses projectos”, rejubila.
Importa realçar, ainda, que entre finais
deste mês e princípios de Abril, o ministro
Francês do Turismo visita Cabo Verde e fazse acompanhar de uma forte delegação de empresários. Em Maio, prossegue o presidente
da Agência Cabo-Verdiana de Investimentos,
será a vez do ministro da Cooperação gaulês
deslocar-se ao nosso país, acompanhado de alguém do staff de Jacques Chirac. “A CI está a
alargar as suas parcerias dentro da zona euro, que
é a nossa âncora, à França, Alemanha e Bélgica.
É nessa lógica que se deve analisar a nossa ofensiva à Itália e proximamente a Berlim”.
Já a Bélgica, observa Monteiro, perfila-se
como um caso particular porque “a agência
de promoção de investimentos nesse país é dirigida por um ex-colega e amigo. É, portanto, uma
porta que já está aberta. Essa diversidade faz parte
do nosso plano de actividade para 2005 e trará,
por exemplo, a empresa Calvo, que é tão conhecida como a Coca-Cola, para o sector das Pescas”, sublinha Paulo Monteiro. Neste caso em
concreto, a Calvo, o investimento deverá rondar os dez milhões de euros. “Já está tudo pronto
e virão a Cabo Verde, brevemente, para abrir uma
unidade em São Vicente”.
Esses investimentos reflectem, no entender de Monteiro, a confiança que os empresários desses países depositam em Cabo Verde, que resultam da perspectiva da criação
e/ou ampliação das infra-estruturas aeroportuárias da Praia, Boa Vista e São Vicente. “Os
agentes económicos antecipam o desaparecimento dos constrangimentos. É isso que está a
acontecer em Cabo Verde e nós temos de aproveitar e estimular”, conclui.
Constânça de Pina
DEPOIS DE FRANÇA E ITÁLIA
Cabo Verde vai estar na
“Feira de Turismo de Berlim”
Cabo Verde participa na ITB - Feira de
Turismo de Berlim, que decorrerá de 12 a
15 de Março próximo. Esta participação, à
semelhança de Itália e França, está a ser
preparada pela CI - Cabo Verde Investimentos, em parceria com a União Nacional dos
Operadores Turísticos (Unotur), no âmbito
de um protocolo assinado recentemente.
A par da CI e da Unotur, Cabo Verde vai
assinalar a sua passagem pela ITB - Feira
de Turismo de Berlim - através das participações da TACV e de alguns operadores
turísticos privados nacionais. “Trata-se da
quarta-feira de turismo europeu em que
o nosso país marca presença neste primeiro trimestre, no quadro das actividades de promoção programadas para 2005
com vista a divulgar as nossas potencialidades turísticas em países emissores
dos principais fluxos turísticos, com destino a Cabo Verde”, lê-se numa nota de imprensa divulgada pela CI.
É que para a nova direcção da CI, as
feiras internacionais de turismo são um palco privilegiado de promoção de Cabo Verde
como destino de férias, mas também de novos investimentos. Importa realçar, ainda,
que estas acções de promoção em curso,
coincidem com a conclusão de unidades turísticas em praticamente todas as ilhas e
CMYK
numa altura em que se aguarda a abertura
do aeroporto da Praia.
Sobre esta infra-estrutura aeroportuária
em particular, a expectativa é de que poderá aumentar significativamente o fluxo turístico com destino às ilhas de Santiago, Maio,
Fogo e Brava. Paralelamente, ainda de acordo com informações da CI, esta instituição
vem preparando uma acção de promoção
do país junto dos potenciais investidores
alemães, que deverá acontecer no final deste mês.
Recorde-se que em Fevereiro o ministro, João Pereira Silva chefiou uma delegação económica que esteve em França, a
convite da Embaixada de Cabo Verde naquele país europeu e da Maison d´Afrique
para apresentar o país aos investidores e
empresários gauleses. Pereira Silva falou
aos empresários franceses e potenciais investidores dos projectos e oportunidades
que Cabo Verde oferece actualmente, enquanto que o presidente da CI, Paulo Monteiro, se ocupou da promoção do país como
destino turístico. Um programa idêntico foi
reposto, dias depois em Itália, sob o comando do ministro das Infra-estruturas e Transportes. Agora é a vez da Alemanha conhecer a realidade e os projectos económicos
de Cabo Verde.CP

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