Minas de Anastasia
Transcrição
Minas de Anastasia
R$ 8,50 ano 4 número 35 Outubro 2010 Vem aí mais um Empresário Heroi 11 de Novembro Minas de Anastasia Do jeito mineiro de ser, devagar e sem muito alarde, Antônio Anastasia vira a eleição na reta final, numa arrancada histórica, conquista quase 63% dos votos válidos e se consolida no poder em Minas Gerais por mais um mandato Finanças Dinheiro de graça é possível, é só saber onde e quem procurar Marketing Chegou a vez da Geração Z ditar as tendências e regras no mercado Turismo O Deserto do Atacama é mais que aridez: o lugar é um paraíso surreal Anastasia Editorial Foi uma vitória incontestável, afinal, quase 63% dos eleitores que foram às urnas no dia 3 de outubro o reelegeram governador do estado. Um votação inimaginável há apenas 30 dias da eleição, quando todas as pesquisas já davam como certo, no mínimo, a realização de um segundo turno em Minas Gerais - a pesquisa Datafolha de 3 de setembro, por exemplo, apontava vitória do principal adversário com 40% dos votos, cinco pontos percentuais a mais nas intenções de voto. Assim que soube do resultado da votação, Anastasia correu para o seu comitê no bairro Funcionários, região centro-sul de Belo Horizonte, onde foi recebido por cerca de 250 militantes, e festejou a reeleição de forma entusiasmada. Tanto que o seu primeiro pronunciamento público soou em tom de desabafo: “Essa eleição representa, em primeiro lugar, o reconhecimento dos mineiros de um jeito novo de governar, baseado na eficiência, na ética, na responsabilidade, dizendo não às promessas irresponsáveis, à demagogia”. Horas antes, o ex-governador Aécio Neves havia dito que uma eventual vitória de Anastasia e a dele próprio - eleito senador - representaria a afirmação de um projeto de gestão pública gerencial, reconhecido em todo Brasil. Para Anastasia, a sua vitória ainda em primeiro turno significa a confiança dos mineiros em um projeto iniciado há oito anos. Mas que projeto é esse? Para muitos, Anastasia foi o cérebro por detrás do governador Aécio Neves. De fato, Antônio Anastasia participou do governo de Aécio Neves, desde a sua posse, em 2003, e marcou seu primeiro governo pela recuperação das finanças públicas do estado, no que chamou de “choque de gestão” e “déficit zero”. Anastasia ocupava o cargo de secretário de Planejamento e foi o principal idealizador do programa que anunciava a recuperação econômica. Ainda no primeiro mandato de Aécio, Anastasia assumiu a Secretaria de Defesa Social e enfrentou uma grave crise, com uma greve das polícias que chegou a ter a intervenção federal a pedido do próprio governador; e, finalmente, na campanha de reeleição, foi indicado para o cargo de vice-governador na chapa do tucano. Reeleito com ampla maioria, Aécio começou a preparar Anastasia para sucedê-lo na cadeira mais alta do governo mineiro. Agora, a eleição de Anastasia em sua primeira disputa eleitoral - de fato - foi a maior virada das eleições em 2010. Basta lembrar que durante pelo menos seis meses, todas as pesquisas de intenção de voto realizadas no estado mostraram o peemedebista Hélio Costa com mais de 20 pontos percentuais à frente do tucano. Somente no último mês da campanha é que Anastasia reverteu o quadro e tomou a liderança de Costa nas pesquisas, mas, ainda assim, tudo sinalizava para um segundo turno. A vitória de Anastasia é considerada por analistas políticos como a continuidade de uma administração que já dura oito anos em Minas Gerais. Até porque, do ponto de vista da administração pública, o governo estadual já está na mão de Anastasia há muito tempo. Mas, quem de fato é Antônio Augusto Junho Anastasia? O que pensa, o que pretende e como avalia as eleições em Minas? Para responder e essas e outras perguntas a Mercado publica nesta edição reportagem completa, que inclui a análise de um cientista político e uma entrevista exclusiva com o governador reeleito. Boa leitura! Evaldo Pighini Editor Índice Outubro 2010 46Capa Antônio Anastasia é reeleito governador de Minas com quase 63% dos votos válidos. Quem é e o que planeja esse político que para muitos é o cérebro que esteve por detrás do governador Aécio Neves durante o seu governo 12Entrevista 26Especial 34Finanças O empresário do setor da educação, professor Thomé Caíres, conta um pouco sobre a saga de 25 anos do Colégio Nacional, instituição que comanda, e fala sobre os rumos da educação no país e a sobrevivência no meio Prêmio Empresário Herói vai destacar as melhores administrações empreendidas por meio da adoção da sustentabilidade como princípio de governança e gestão. A solenidade de premiação acontece em novembro Dinheiro de graça é possível. Entre as várias opções de linhas de financiamento existentes no mercado, para quem investe em inovação é possível obter recursos sem ter que pagar por eles através de créditos não reembolsáveis Agora tudo se encaixa na construção. Já está em vigor a Norma de Coordenação Modular, que especifica como padrão a medida de 100 mm para módulos básicos e permite racionalizar processos construtivos 35 62Construção 74Marketing Muito já se falou sobre a geração Y. Agora chegou a vez da Z, formada por crianças e adolescentes futuros consumidores. Esse grupo já desenha algumas tendências que devem despertar a atenção do mercado 78Turismo Quem pensa que o deserto do Atacama no Chile - o mais seco de todos - é só aridez, está enganado. Condições naturais bastante adversas formaram, sem dúvida, um dos lugares mais bonitos do planeta Canal Livre 6 Artigo 8 Conversa 10 Franchising 20 Investimentos 22 Indústria 24 Cidades 30 Economia 44 Saúde 64 Educação 68 70 Comportamento 89 Veículos 96 Bazar 102 Dica de leitura 104 Literatura 106 Profissões em filme 108 Sustentabilidade 110 Ponto de vista 114 Causos empresariais 116 Geral canal livre Teatro Municipal “Adolescência perdida” Como mãe, em princípio, achei o título da matéria de capa da edição anterior um pouco duro demais. Mas depois, ao terminar de ler a reportagem, percebi que a realidade e os perigos sexuais que rondam as nossas crianças e adolescentes são mesmo de assustar. Nesse sentido, toda a atenção e pouca e é preciso muito diálogo por parte dos pais e também de educadores. Parabéns pela reportagem! Maria das Graças Constâncio de Almeida Dona de casa __________________________________________________ Sou testemunha do que vem acontecendo com a nossa juventude no que diz respeito à iniciação sexual, justamente por ser professora e trabalhar com jovens na faixa etária entre 12 e 15 anos, especificamente. Sinto que a sexualidade tem começado cada vez mais cedo. Não acredito que seja totalmente falta de orientação, mas sim uma tendência que ganha força no liberalismo que está demais. Além do que, hoje em dia os pais estão proibidos até mesmo de aplicar castigo nos filhos como forma de educá-los, sob risco de serem penalizados por agressão. Enfim, o sexo entre os jovens está cada vez mais liberado e no final a bomba acaba explodindo sempre nas costas dos pais. Alguma coisa tem que ser feita. Aline Muniz Dutra Professora Dayse Lúcia Ramalho Auxiliar de Contabilidade Praças públicas Gostaria de pedir mais atenção da Prefeitura para a urbanização e conservação das praças públicas de nossa cidade. Moro próximo e costumo frequentar a praça Said Chacur, no Santa Mônica, para passear com meus filhos e percebo que ela carece de mais cuidados e atenção. A única coisa boa que tem no local é a arborização, ainda assim por obra de moradores das proximidades. Antônio Idelfonso Sestak Corretor de seguros Literatura Ainda sobre esporte em Uberlândia Estive em Belo Horizonte, onde ganhei de um colega um exemplar da Revista Mercado. Fiquei impressionado com a matéria publicada na edição de agosto, que mostra o potencial esportivo de Uberlândia. Moro em Itabira e, confesso, que nunca tive o prazer de ir a Uberlândia, mas surgiu agora a vontade por ser eu um amante do esporte. O fato é que esse nosso estado de Minas Gerais tem potenciais surpreendentes. Delvaci Nunes Gonzaga Professor de Educação Física Mercado Outubro 2010 ∞ Sou moradora do bairro Custódio Pereira e faço da avenida Rondon Pacheco minha rota diária para chegar ao trabalho. Por isso, passo sempre em frente ao Teatro Municipal e queria saber por que as obras no local estão paralisadas. Como pode isso acontecer depois de tanto alarde que o teatro finalmente iria ficar pronto? Como contribuinte e consciente de que Uberlândia ainda está carente de um bom e adequado espaço para eventos culturais, quero cobrar dos nossos políticos atenção especial para que essa obra seja concluída. 6 Sou estudante e apaixonado por literatura. Por isso, quero aqui elogiar essa revista pelo espaço destinado à literatura, o que me fez leitor assíduo e também colecionador das edições da Mercado. A professora Kenia Maria demonstra ser profunda conhecedora do assunto. Aproveito para saber como faço para conseguir o exemplar de número 28 que falta em minha coleção. Levi Fagundes Estudante de Letras Resposta: Carlo Levi, favor entrar em contato pelo telefone 34 32366112 ou pelo mesmo e-mail que você usou para este contato - redaçã[email protected]. MArtigo Telecomunicações sem rumo POR Vivien Mello Suruagy* O diagnóstico é conhecido de todos: o Brasil convive com gargalos estruturais, símbolos de um atraso que, se nada for feito, resultará em franca desvantagem em relação aos principais competidores globais do país. Refirome não somente aos entraves representados pela alta carga tributária, precária educação, poupança interna muito inferior às nossas necessidades de investimentos - enfim, a tudo o que convencionamos denominar de Custo Brasil, muito apropriadamente, aliás. Além desses entraves, estamos coexistindo há muito com incertezas no que se refere às políticas em uma área vital: a de telecomunicações. A ausência de planejamento para este que é um setor estratégico para o país é intolerável, uma vez que começa a causar retrocesso no atual estágio que conseguimos atingir - estágio este, diga-se, resultado da atuação das empresas privadas na atividade. Ocorre que, há anos, assistimos a anúncios de planos para a atividade, todos revestidos dos nobres intuitos de universalizar a telefonia ou de levar o acesso à internet às populações mais carentes. Pois bem, na realidade, resta-nos constatar que, lamentavelmente, tais planos - e, é bom lembrar, já estamos no terceiro, no caso da telefonia, denominado Plano de Metas de Universalização 3 - não passam de espasmos de um planejamento que, efetivamente, faça avançar a atividade aos patamares de que o país necessita. Em outras palavras, as telecomunicações no Brasil navegam desgovernadas, à deriva, sem um rumo claro a nortear o planejamento imprescindível aos segmentos que, juntos, compõem o setor. Apenas para ilustrar: dos mais de 5.500 municípios brasileiros, ainda hoje só 250 têm acesso aos serviços de TV por assinatura. O que está acontecendo com as empresas prestadoras de serviços em telecomunicações exemplifica os nefastos efeitos dessa ausência de planejamento. Essas empresas, reunidas em seu sindicato, o Sinstal, empregam mais de 300 mil trabalhadores. São trabalhadores formais que, em razão da atividade que desempenham, necessitam de ser treinados e qualificados. Como dar-lhes essa capacitação se não há planejamento ou, pior, se o setor de telecomunicações vive de surtos, vale dizer, na mais completa falta de planejamento? Mencionei acima a precariedade da educação de base que o país oferece. Esse é um fator especialmente impactante na área da prestação de serviços em telecomunicações, que exige a absorção de tecnologias cada vez mais complexas e sofisticadas. Sem planejamento amplo do setor, as empresas, além de superar a escassez de recursos humanos com capacitação mínima para o exercício de suas funções, estão vendo migrar seus trabalhadores para segmentos melhor aquinhoados de políticas efetivas, como a construção civil ou a indústria de montagem. Esse cenário poderia ser outro, muito mais ao encontro das necessidades e imperativos do país. Nos Estados Unidos, criou-se um fundo, o Universal Service Fund, cuja razão de ser é exatamente a de universalizar as telecomunicações. Trata-se de um modelo de parceria do governo com a iniciativa privada com o objetivo de levar telefonia e internet às populações de renda mais baixa. Para tal, destinaram-se subsídios que superam os US$ 8 bilhões anuais. No Brasil, ao contrário, as empresas da área de telecomunicações não contam com quaisquer subsídios ou incentivos fiscais. Apenas as prestadoras de serviços da área recolhem 43% de impostos, soma que, em 10 anos, atingiu mais de R$ 300 bilhões. Além disso, há os fundos de recolhimento obrigatório como Fust, Fistel e Funttel, que já alcançam R$ 32 bilhões. São recursos que, em tese, deveriam ser usados para ampliar os serviços de telecomunicações. Mas, ao que tudo indica, navegaram sem aportar no seu programado destino: a disseminação das telecomunicações pela maior parcela possível do território nacional. B * Vivien Mello Suruagy é vice-presidente da Fiesp e presidente do Sindicato Nacional das Empresas Prestadoras de Serviços e Instaladoras de Sistemas e Redes de TV por Assinatura, Cabo, MMDS, DTH e Telecomunicações (Sinstal) Mercado Outubro 2010 ∞ 8 CONVERSA DEMERCADO Caro leitor, Quero falar aqui sobre níveis de atuação e desenvolvimento de carreira. Atualmente, em consonância com as exigências de qualificação estabelecidas no cenário mundial, a nova geração de profissionais apresenta valores, expectativas e aspirações que precisam ser compreendidos pelas diversas organizações que participam do desenvolvimento de suas carreiras, a fim de oferecerlhes as condições para que se mantenham entusiasmados e motivados a discutir, colaborar, inovar e aderir a causas sociais e ambientais. Ao se colocarem como parceiras nessa tarefa de apoiá-los em suas trajetórias e levá-los a enxergar o que têm de melhor, é essencial que essas organizações sigam uma estrutura baseada nos melhores direcionadores para a construção dos alicerces de uma carreira marcada pela competência, pela assertividade e pela extraordinária inserção e atuação social. O desenvolvimento na carreira se dá de forma progressiva, acompanhando a gradação inerente à aquisição de novos níveis de consciência, à medida que o profissional vai assumindo mais responsabilidades e sendo exigido em termos de conheMercado Outubro 2010 ∞ 10 cimentos, habilidades e atitudes. A observância dessa progressão nos níveis de atuação favorece a passagem de uma fase para outra da maturidade profissional, até que o desempenho alcance maior eficácia. Ou seja, ajuda o profissional a evoluir da dependência para a independência e desta para a interdependência, tornando-se capaz de combinar o esforço individual com os esforços de outros para obter os melhores resultados. Segundo a consultora da Right Management, Elaine Saad, a conquista da experiência não pode ser acelerada, uma vez que por meio dela o profissional se torna melhor a cada ano. Porém, não há dúvida de que as oportunidades vão surgindo para quem tem mente aberta e capacidade para coordenar suas metas com a realidade multifacetada do mercado. Tal postura advém do compromisso de cada pessoa com o planejamento do seu futuro profissional e com o gerenciamento de sua carreira. Na verdade, antes de fazer qualquer escolha relativa à continuidade dos estudos em nível de pós-graduação, o profissional precisa traçar um plano de carreira, definindo claramente os objetivos, as prioridades e as estratégias que utilizará para alcançá-los. No início da carreira, o profissional deve estar receptivo a um papel mais técnico e a procurar intercalar períodos de dedicação plena ao trabalho com a realização de cursos que proporcionem uma abertura de conhecimentos em várias áreas, especialmente aquelas que tenham conexão com a de sua formação, em observância às tendências emergentes no mercado de trabalho. A dedicação ao trabalho pode se dar mediante a inserção em programas de trainee voltados para a identificação de jovens li- deranças, nos quais o candidato passa por um processo de seleção rigoroso e, se aprovado, aí sim, tem sua carreira acelerada. Geralmente, são empresas competitivas, extremamente focadas em resultados e desenvolvimento. O salário médio de trainees é de 3,5 a 4 mil reais - segundo os Classificados de O Estado de S. Paulo - e os programas duram de um a dois anos; se o desempenho do profissional for satisfatório, ao fim desse período pode ser contratado. A faixa de dois a quatro anos de experiência é a mais favorável para se obter uma visão internacional por meio de cursos de MBAs que oferecem alguns módulos no exterior ou que têm parte da sua carga horária desenvolvida por professores estrangeiros. Seja qual for a sistemática adotada pelas instituições, o importante é que ofereçam dupla diplomação: da instituição brasileira e estrangeira, a exemplo do MBA de Gestão de Negócios Internacionais da Business School- São Paulo (BSP). Nele, o aluno pode realizar um módulo internacional na Universidade Politécnica da Catalunha (UPC), em Barcelona, na Espanha, e outro em Harvard, em Cambridge, Estados Unidos. Ainda nessa faixa, se o profissional decidir sair do país, poderá ser admitido em MBA Full Time, com dois anos de duração, incluindo estágios e cursos eletivos. Para o profissional com cinco anos de experiência e que se encontra, ainda, numa fase da carreira mais específica, gerencial, há o chamado Part Time MBA, a exemplo dos MBAs em Finanças, em Gestão de Projetos. Esse é um momento em que o profissional já alcançou um nível de maturidade que lhe permite o máximo de aproveitamento e resultados satisfatórios. A partir de seis anos de experiência, o MBA Executivo passa a ser fundamental por coincidir com o momento em que o profissional está procurando um papel mais estratégico, de liderança, de automotivação. Para quem quer aliar à formação o contato com outras culturas, especialmente a cultura dos negócios, os cursos no exterior são uma excelente opção, tanto pelo valor da titulação internacional como pela experiência de troca cultural. Com esse entendimento, é importante que o profissional passe a pesquisar o curso compatível com suas condições financeiras, sua disponibilidade de tempo e suas necessidades pessoais. Cursos reconhecidos no Brasil custam entre 20 e 30 mil reais, com a exigência de dedicação de seis a oito horas semanais, em média, de estudo. No exterior, recomenda-se ter disponível para investimento pelo menos de 90 a 100 mil reais. Nunca é demais insistir para que a escolha do curso seja feita de forma cautelosa, no sentido de que a aprendizagem deve estar inserida em um projeto de carreira e desenvolvimento pessoal. Em outras palavras, o curso deve decorrer da percepção do verdadeiro significado do aprendizado e contribuir para a consecução de um objetivo que leve o profissional a um novo patamar de sua vida pessoal, social e profissional. Feita a escolha do curso, o profissional precisa saber se atende às exigências das instituições para ingresso. A maioria dos cursos conceituados requer proficiência em língua estrangeira e apoio da empresa, importante do ponto de vista da liberação de horários e do financiamento. Caso não consiga atender a todos os requisitos, é necessário saber lidar com a frustração não só de adiar a realização do curso, mas de adiar planos de ascensão, de aumento salarial ou de ampliação das oportunidades de atuação. Esse ordenamento evidencia a importância de se ter objetivos e metas claramente definidos, na medida em que servem como referência para as decisões a serem tomadas na perspectiva da tendência atual de ciclos de carreira curtos, que projetam o profissional para o próximo ciclo. Além disso, evidencia a necessidade de um olhar mais estratégico sobre a carreira para que sejam criadas condições de autonomia e crescimento essenciais a cada um dos seus diferentes estágios. Fica claro, então, que no mundo atual é preciso pensar a carreira como um caminho sem fronteiras, não limitado a organizações, mas que se amplia por meio de competências baseadas em projetos dentro de uma rede de atuação da qual fazem parte projetos sociais não remunerados. Esses caminhos, com muita frequência, se cruzam, entortam, dão em becos, enfrentam armadilhas e tornam-se promissores para os que se preparam e apresentam os requisitos comportamentais e o talento certo para o lugar estratégico. B Alzira J. M. Almeida é graduada em Psicologia e mestre em Política, Planejamento e Gestão da Educação, com larga experiência na Docência e Gestão Universitária MEntrevista Um sonho que virou realidade POR Isabella Peixoto (Ares) U m dos fundadores de uma das instituições de ensino de maior renome na região de Uberlândia, o professor Thomé Caires, deu os primeiros passos rumo à realização de seu grande sonho em 1985, abrindo com outros colegas um curso supletivo e depois batalhando para criar uma escola onde as crianças pudessem ser educadas desde cedo. Começava assim a estruturação dos alicerces do hoje Colégio Nacional. Porém, a tarefa não foi tão fácil assim. O primeiro semestre começou com cerca de 100 alunos e acabou com apenas 20. Mas essa “ducha fria” não seria suficiente para que desistissem. Resolveram então montar redes de relacionamento, grupos de estudo, sessões de motivação, encontros festivos nas casas dos alunos, tudo para fazer com que a turma não desistisse de seus estudos. Crescimento, amadurecimento, necessidade de se expandir, tudo veio há seu tempo. Hoje o Colégio Nacional é dotado de uma moderna e completa estrutura física e profissional, estando presente, além de Uberlândia, em outras três cidades da região: Araguari, Ituiutaba e Catalão, essa última na divisa de Goiás com Minas. Agora em 2010, ano em que o Nacional completa 25 anos de fundação, o colégio alcançou o auge no que se refere à estrutura de ensino, sendo que cada um dos níveis de educação tem seu espaço próprio. A marca Nacional é hoje referência no setor de ensino, unindo uma sólida experiência à consolidação como uma escola completa, atendendo desde a Educação Básica. Em entrevista exclusiva, o próprio cofundador e atual diretor do Colégio Nacional, Thomé Caires, fala um pouco mais sobre essa instituição que ajudou a criar - e que hoje administra - e também do mercado da educação no Brasil, de comportamentos, do futuro e da concorrência existente no setor. Empresário do setor da educação, o professor Thomé Caires conta um pouco sobre a saga da instituição que comanda e fala sobre os rumos da educação e a sobrevivência no meio Mercado Outubro 2010 ∞ 12 Mercado: Usando de sua experiência prática como gestor de uma instituição que atua com educação, como o senhor analisa o atual quadro da educação no Brasil? Esta pergunta é bastante complexa. Podemos pensar na Educação Pública, que tem imensos desafios a serem vencidos no âmbito da qualidade da universalização da Educação Básica, no avanço do Ensino Superior, que também está muito aquém das necessidades do país de primeiro mundo que queremos construir e podemos pensar ainda na grande possibilidade que está reservada para o crescimento da rede privada de ensino e na necessidade cada vez maior de uma política de estado para a educação. Olhando para o nosso caminhar, vejo um cenário de muitos desafios do ponto de vista da consolidação de um projeto calcado no trinômio: qualidade, inovação e brasilidade. Mercado: Sabe-se que um dos grandes desafios do país é melhorar a formação dos docentes, que precisam reaprender a ensinar diante das novas realidades e práticas de ensino. O que o senhor tem a dizer sobre essa questão e qual a melhor forma de se fazer isso? Os professores, como todos os profissionais de qualquer área, precisam de formação continuada. Estudar sempre, buscar atualização dos conceitos, novas possibilidades metodológicas, utilizar todas as ferramentas tecnológicas disponíveis, compreender melhor a si mesmo e pensar a nova geração de crianças, adolescentes e jovens são os maiores desafios. As escolas têm que proporcionar aos profissionais a possibilidade dessa preparação dentro e fora de seu ambiente e investir cada vez mais em formação. Mercado: Para alguns educadores foi evolução, para outros, retrocesso. E o senhor, como vê o sistema de progressão continuada? Progressão continuada ou progressão automática? Porque o que temos observado é a progressão automática, ou seja, o fim da reprovação. Acontece que isso não pode acontecer por decreto. Reprovar um aluno e fazer com que ele repita uma série tem que ser realmente a última alternativa, depois de todas as possibilidades de recuperação continuada, valorizando o esforço do aluno. Agora, aprovar por aprovar, porque reprovar é um crime, sou totalmente contra, pois transmitimos uma mensagem de esforço zero e isso consiste num grande equivoco. Mercado: Alguns professores reclamam que, com o sistema de ciclos, perdem um instrumento de pressão sobre a turma, que é a prova. Como manter o interesse dos alunos sem que exista a necessidade do esforço para a aprovação? A avaliação deve ser uma ferramenta para medir a aprendizagem: provas, trabalhos, arguição oral... O ins- trumento tem que ser pensado para cada situação. Nessa educação conteudista que o sistema educacional preconiza, principalmente no ensino médio, a avaliação ainda fica muito presa às provas. A grande questão é como ter os alunos motivados, interessados e estudando o que é proposto pelo professor. A avaliação não pode ser um acerto de contas, mas deve ser um meio de medir o desempenho de professores e alunos no processo de ensino-aprendizagem. (...) a avaliação não pode ser um acerto de contas, mas deve ser um meio de medir o desempenho de professores e alunos no processo de ensinoaprendizagem Mercado: Mudando o foco da entrevista, a instituição que o senhor administra está completando 25 anos. Durante esses anos, qual foi o maior aprendizado que o senhor teve? O maior aprendizado é que educação é um ato de amor e amar é lutar, perseverar, sonhar. Mercado: Como nasceu o Colégio Nacional? O Colégio Nacional veio do Ensino Supletivo, que ajudou algumas centenas de jovens e adultos que perderam a idade escolar a recuperarem sua escolarização, pessoas de vinte e poucos, trinta, quarenta, cinquenta, sessenta, setenta e poucos anos, que recuperaram com seus diplomas de primeiro e segundo graus, na época, sua autoestima e ampliaram suas possibilidades, melhorando a empregabilidade e sua qualidade de vida. A 13 ∞ Mercado Outubro 2010 MEntrevista (...) toda organização que tem claro o propósito de sua existência não abre mão de seus princípios, não negocia seus valores Mercado: Qual você considera que seja o diferencial do Nacional em relação aos demais colégios? O Nacional é uma escola que acredita e investe nas pessoas, assim sempre está inovando sua metodologia, dialogando de modo sempre atual e contextualizado com o seu público em todos os níveis de ensino. Qualidade traz resultado e gera reconhecimento. Mercado: Assim como a educação no Brasil, o Nacional viveu altos e baixos ao longo desses anos. Um dos percalços foi a concorrência. Inclusive, há alguns anos teve a chegada de uma grande rede de ensino a Uberlândia, vinda de São Paulo, fato que para muitos iria “matar” muitas instituições que operavam na cidade. Isso não aconteceu com o Nacional, pelo contrário, de lá pra cá a sua instituição até ganhou mais impulso e cresceu acima de qualquer expectativa. Como o senhor explica esse fenômeno? Vou dizer assim: toda organização que tem claro o propósito de sua existência não abre mão de seus princípios, não negocia seus valores. O Nacional sempre teve isso muito bem enraizado e, por isso, sempre se reinventou em momentos difíceis. Sem perder o rumo, as crises são uma grande oportunidade de crescimento, assim sempre seguimos em frente. Mercado Outubro 2010 ∞ 14 Mercado: O mercado da educação em Uberlândia vem crescendo constantemente. O que é necessário para se destacar? Estar sempre se reinventando, nunca acreditar que está bom, porque sempre há o que aprender e melhorar. Mercado: Falando em tendências, o Nacional hoje tem um twitter e um site sempre atualizados com notícias do Colégio e dicas para os alunos. Você considera a internet e as redes sociais importantes na consolidação de um relacionamento mais amplo com o aluno? É impossível pensar em se relacionar com o público de maneira contextualizada e atual sem reconhecer a importância da Internet e das redes sociais e sua influência no avanço da ciência e da tecnologia. Somos uma escola que acredita nisso. MEntrevista É preciso ensinar o aluno a ser adequado: linguagem certa no lugar certo. A linguagem formal e a informal têm hora e lugar para serem praticadas Mercado: Embora seja válido considerar e valorizar a linguagem usada na Internet, você acha que o professor deve aceitá-la em trabalhos e provas? Não seria melhor explicar aos alunos que cada linguagem tem seu espaço e momento de uso? É preciso ensinar o aluno a ser adequado: linguagem certa no lugar certo. A linguagem formal e a informal têm hora e lugar para serem praticadas, e as pessoas inteligentes e preparadas saberão fazê-lo. Mercado: Vocês têm trabalhado muito em cima da formação de cidadãos conscientes. Você acredita que os alunos levem esses ensinamentos para toda a vida? Temos recebido esse feedback o tempo todo. As pessoas, mesmo depois de formadas no ensino superior, lembram da escola com carinho e sempre comentam que esses ensinamentos foram os mais importantes. Nesse momento em que estamos recadastrando nossos ex-alunos por conta da comemoração de 25 anos, isso tem ficado cada vez mais evidente. Muitos de nossos ex-alunos, hoje com filhos pequenos, trazem seus filhos para o Nacional por causa dessas crenças... E por falar nesse recadastramento, seria impossível ter o alcance que estamos tendo sem a utilização das redes sociais, estamos refazendo contato com ex-alunos espalhados pelo Brasil e pelo mundo. Mercado Outubro 2010 ∞ 16 Mercado: Como o senhor avalia a violência nas escolas, o papel do professor, a diferença entre violência e indisciplina e como a escola pode administrá-las? A sociedade está violenta, a violência na escola é só consequência disso. Temos que trabalhar para diminuir as desigualdades e a educação é a matéria-prima dessa possibilidade. Por isso mesmo temos que ter um grande investimento na educação, um grande investimento nos profissionais da educação, para que cada vez mais as escolas possam ajudar a equacionar saídas, ampliar a solução dos conflitos dentro e fora das salas de aula. Indisciplina é também provocada pela distância que há entre as necessidades e os anseios da comunidade e o que a escola está proporcionando ao seu público. Mercado: O Nacional aspira a conquistar novos mercados? Já atuamos hoje em quatro cidades: Uberlândia, Araguari, Ituiutaba e Catalão. Da Educação Infantil ao A MEntrevista A sociedade está violenta, a violência na escola é só consequência disso. Temos que trabalhar para diminuir as desigualdades e a educação é a matéria-prima dessa possibilidade ensino pré-vestibular. Estamos nos estruturando para outros passos mais arrojados. Mercado: Para finalizar, investir na Educação Infantil foi um passo importante para o colégio, porque agora ele trabalha a educação desde o ensino básico até a preparação para os processos seletivos. Esse projeto é a realização de um sonho? Sim, chegar aos nossos 25 anos em Uberlândia com espaços exclusivos para ensino infantil e fundamental, ensino médio (1ª, 2ª e 3ª série) e uma unidade que é uma das mais modernas do país em ensino pré-vestibular é motivo de muito orgulho para todos nós que fazemos parte dessa história. Vinte e cinco anos é muito pouco tempo para tantas conquistas. O Nacional é hoje uma referência de ensino na região e uma escola que se projeta para o Brasil. Há um sentimento imenso em todos de orgulho pelo dever cumprido. Mercado: Teria mais alguma coisa a acrescentar? Sim, se me permite, quero, em nome do Colégio Nacional, agradecer esta oportunidade e aproveitar para convidar a todos os nossos ex-alunos a se recadastrarem no nosso site - www.nacionalnet.com.br - e virem comemorar conosco esses 25 anos de muita luta, de tantas vidas e muitas alegrias. B MFranchising&Negócios A execução brilhante valoriza a marca POR Carlos Ruben Pinto* Na edição anterior comentei sobre a importância da marca no desenvolvimento da franquia. Ela é um dos principais ingredientes da estratégia de expansão via franchising. É uma referência para os candidatos a franqueados, os olhos deles estarão vendo a operação de franchising pela perspectiva dos benefícios, e o principal deles é a capacidade de gerar negócios e vendas, com uma marca bem consolidada. A decisão de um candidato a franqueado entre uma marca e outra passa pela comparação entre os benefícios que uma franquia ou outra apresentam. Assim, a construção da rede, a valorização da marca e o sucesso de mercado vinculam-se diretamente a negócios bemsucedidos e aos diferenciais da marca. Se o que justifica a adesão ao franchising é ter acesso à marca e ao “know-how” da franquia, o franqueado tem a expectativa de receber do franqueador não só o direito de uso da marca, dando significado à operação, como também a treinamentos, assessoria contínua e, periodicamente, a supervisão de campo. Afinal, o franqueado, além de “comprar os acertos”, não quer errar, pois cada erro significa custo. Na prática, ele quer se sentir mais “protegido”, já que toda atividade empresarial tem normalmente seus riscos. E, no franchising, por estar em rede, os franqueados ficam mais fortalecidos nas negociações com os fornecedores, nas ações de marketing em conjunto, entre outros itens, que variam de franquia a franquia. Enfim, no universo do franchising, os serviços que a rede vai desenvolvendo é que vão fortalecendo a marca. É sempre bom lembrar que a Lei da Franquia Empresarial (8.955), no seu artigo terceiro, diz: “Sempre que o franqueador tiver interesse na implantação de sistema de franquia empresarial, deverá fornecer ao interessado em tornar-se franqueado uma Circular de Oferta da Franquia por escrito em linguagem clara e acessível...”. O valor da marca começa a aparecer já neste instrumento, é nele que deve estar o que a franquia promete, e se a Circular de Oferta da Franquia for mal elaborada, prometendo coisas que não pode entregar, o franqueador estará pondo tudo a perder. Ainda o artigo 3º da Lei 8.955, item IX, diz que todo franqueador deve fornecer uma “relação completa de todos os franqueados, subfranqueados e subfranqueadores da rede, bem como dos que se desligaram nos últimos doze meses, com nome, endereço e telefone”. Na prática isto quer dizer o seguinte, a cada novo franqueado que entra ou a cada franqueado que sai, a Circular de Oferta da Franquia deve ser atualizada. E a cada circular que sai para um potencial candidato analisar o negócio, acontece mais um momento da verdade da franquia. O novo candidato vai querer saber dos atuais membros da rede se o que foi prometido está sendo entregue. A valorização de uma marca não depende somente de uma apresentação atrativa, de um design bonito, ela é muito mais do que isso. É fruto de um trabalho de qualidade, de um esforço contínuo de melhoria do relacionamento da empresa com seus franqueados e desses com os clientes. Como o franchising brasileiro apresenta hoje mais de mil marcas, para decolar uma nova operação de franquia a estratégia da diferenciação passa a ser a de melhor atender as expectativas dos franqueados. É por isso que as novas franquias precisam de uma arquitetura organizacional própria, de um plano que, bem ordenado, introduza ao negócio certeza e confiança para as duas partes. E ainda, deve também ter claro que um dos critérios de valorização da marca é o suporte à rede, pois os franqueados, com a marca nas mãos, passam a representar os produtos e serviços da rede. Conforme diz o consultor americano Kevin Clancy, “não adianta estratégia brilhante se não houver uma execução brilhante”. Ou seja, para construir uma marca de sucesso, alem de um bom plano estratégico, é preciso trabalhar continuamente na melhoria dos processos administrativos e operacionais da franquia. B * Carlos Ruben Pinto é administrador de empresas, consultor de varejo e franquias - [email protected] - www.guiadofranchising.com.br/mds Mercado Outubro 2010 ∞ 20 MInvestimentos&etc. Santo de casa não faz milagre POR Bruno Nunes de Paula * N o universo empresarial, frequentemente nos deparamos com histórias vencedoras de brasileiros que desistiram de suas profissões para iniciarem um novo negócio, entretanto a maioria dessas jornadas não possui um desfecho feliz. Normalmente tudo começa com uma sociedade familiar e o primeiro obstáculo enfrentado por esses aventureiros é o levantamento dos recursos necessários para desenvolver as ideias. O segundo problema está na complexidade que envolve administrar uma empresa, pois diferentemente do que essas pessoas imaginam, a relação entre sócios pode ser bastante problemática e colocar a empresa em um eixo sustentável de crescimento, não é nada fácil. Por último, supondo que os sócios passem por todas essas dificuldades, até mesmo no momento de sucesso do novo empreendimento, manter uma boa relação com as pessoas que dividem o mesmo lucro, novamente, não é uma tarefa simples. Diante desses obstáculos, dessas dificuldades, eu sempre faço a mesma pergunta para as pessoas interessadas em abrir uma nova empresa: é mais “interessante” ser sócio de uma mercearia com o seu cunhado ou ser sócio de uma grande empresa brasileira que já se consolidou no mercado? A experiência nos mostra que Mercado Outubro 2010 ∞ 22 quando um micro ou pequeno empresário consegue atingir uma parcela do mercado considerável, o retorno sobre o investimento tende a ser mais interessante do que um investimento em bolsa. Todavia, deve-se lembrar de que as chances de sucesso das empresas entrantes, principalmente aquelas que não apresentam nenhuma inovação, são cada vez menores e, por isso, o empreendedor geralmente deve abrir mão de sua antiga profissão para encarar essa jornada. Esse risco que o indivíduo corre em prol desse novo sonho pode custar muito caro caso o empreendimento não decole. Do outro lado, temos a possibilidade de sermos sócios de grandes empresas sem abandonarmos a nossa atividade principal, independentemente de qual seja ela, sem ser necessário conhecimento prévio em gestão empresarial e finanças. Devido a essa facilidade, as pessoas optam por comprar ações de empresas sem analisar a atividade principal da companhia: isso é um grande problema! Para quem trabalha no mercado de capitais, é evidente que a preferência nacional dos brasileiros são as ações da Petrobrás, da Vale do Rio Doce e de outros grandes grupos que geralmente são exportadores... Será que se esse investidor fosse abrir um negócio ele iria “criar” uma empresa focada no mercado externo? O que vemos é que grande parte das pessoas empreendedoras possuem o desejo de abrir um negócio voltado para o setor terciário, para o varejo, mas por algum motivo, talvez por tradição e comodismo, escolhem ser sócios de empresas voltadas para fora que trabalham com commodities. O problema de se comprar essas ações é que, dessa forma, caso a economia mundial cresça em um ritmo lento, a demanda pelos produtos dessas empresas e o preço das mercadorias vendidas tendem a impactar negativamente nos resultados das companhias. Isso é o que tem acontecido e afetado boa parte das queridinhas da bolsa (mineradoras, siderúrgicas e petrolíferas). Se de um lado temos uma perspectiva negativa para o crescimento mundial, fato que pesa nessas empresas clássicas do nosso mercado, do outro vemos que o Brasil possui perspectivas de crescimento ambiciosas em 2010 e nos próximos anos. No mercado de ações esse movimento é visto por meio de uma valorização das empresas voltadas para o consumo interno, tais como, Lojas Americanas, Lojas Renner (veja gráfico), Lojas Marisa e Hering Store. Todas essas marcas são amplamente reconhecidas pela maioria dos brasileiros e fazem parte do dia a dia do consumo nacional, entretanto são poucos aqueles que abriram mão de firmas produtoras de commodities para participarem de alguma dessas empresas do varejo. -66.60 -00.20 Lojas Renner Novembro 2009 - Outubro 2010 -53.80 -47.40 -41.00 -34.60 Nov Dez 2010 Fev Fazendo uma simples observação internacional após a crise financeira que abalou diversos países desenvolvidos, fica evidente que a recuperação econômica está sendo muito mais lenta no restante do mundo do que no Brasil. Quando sai um dado estadunidense mostrando uma melhora no consumo americano, sai outro mostrando uma piora no setor imobiliário. Na Europa a situação não é diferente, pois quando o susto com os países europeus começava a amenizar, tivemos em seguida uma notícia negativa envolvendo o setor financeiro na Irlanda. Mar Abr Mai Jun Jul Enquanto isso, na parte “pobre” do mundo, a última projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto brasileiro de 2010 ficou em 7,47% (segundo última pesquisa Focus do Bacen) e o indicador oficial de inflação mensurado pelo IBGE está projetado em 5,05% para o mesmo período (dentro do limite estabelecido pela autoridade monetária) - ora, nada mais óbvio do que focar em empresas que produzem para o mercado interno! Pelo visto, esse movimento irracional do investidor (pessoa física) no Brasil corrobora o que diz o Ago Set Out Log -28.20 velho ditado: “Santo de casa não faz milagre”. B * Colaboração: Ápis Investimentos | Afiliada XP-Uberlândia www.apisinvestimentos.com - 34 3221-8606 Fenatri reúne o setor da indústria em Uberlândia Foto: Luiz Crozara MIndústria POR Evaldo Pighini Vista noturna do portal de entrada do pavilhão da Fenatri 2010 D e um projeto concebido no ano passado, aconteceu agora em setembro a primeira edição da Feira Nacional do Triângulo Industrial (Fenatri), cujo propósito foi reunir empresas que atuam direta ou indiretamente no setor da indústria e que estejam em busca de novas tecnologias e troca de experiências. Ao longo dos seus três dias de duração, essa primeira edição da Feira atraiu a participação de aproximadamente cinco mil pessoas ao local de sua O presidente da CDT Ambiental, Leandro D’Ambrosio (e), ao lado de Carmen de Oliveira (diretora administrativa) e Rubens Rocha (diretor comercial) Mercado Outubro 2010 ∞ 24 realização - espaço reservado para esse fim anexo à sede da União das Empresas do Distrito Industrial de Uberlândia (Unedi), que é inclusive correalizadora da Fenatri em parceria com a CDT Ambiental. O presidente da CDT Ambiental, Leandro D’Ambrosio, informa que, além de procurar atrair a presença de pessoas ligadas ao setor da indústria, a Fenatri objetiva ainda chamar a atenção de crianças, jovens e adultos da sociedade como um todo. “Nosso propósito é integrar o homem à tecnologia e desenvolvimento industrial e comercial, por isso a sociedade também precisa tomar parte nesse processo”, esclarece D’Ambrosio. Ele ainda não pode presumir o que essa primeira edição da Feira gerou em negócios, mas o otimismo com os resultados já o fez, juntamente com os demais organizadores, definir a data da segunda edição do evento, programado para os dias 17,18 e 19 de agosto de 2011. Uma instituição que marcou presença na Fenatri 2010 foi a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Uberlândia, divulgando seus produtos e serviços, entre os quais o título Selo Empresa Cidadã - que faz parte de um programa que visa a fomentar ações e projetos sociais no varejo, incentivando e capacitando associados para que possam solucionar problemáticas sociais no município de Uberlândia e contribuir para um mundo mais sustentável. De acordo com o presidente da CDL, o empresário Celso Vilela, a Feira Nacional do Triângulo Industrial foi uma oportunidade de estar mais próximo do mundo industrial. “Além de fechar bons negócios, o intercâmbio entre os visitantes deve ser visto como uma forma de aumentar o leque de fornecedores e, consequentemente, de consumidores”, ressaltou Vilela. O tema “Integrando o homem ao desenvolvimento tecnológico” caracteriza o que a Fenatri deste ano visou a oferecer como aprendizado, capacitação e integração da comunidade com as empresas participantes. O evento ainda buscou enfatizar a produção industrial como geradora de transformações sociais, promover o intercâmbio de informações, estreitar relacionamentos entre as empresas e prestadores de serviços e fomentar os projetos socioambientais do Distrito Industrial, entre outros. Por causa disso é que houve também a participação da sociedade, especificamente dos alunos da rede pública de ensino. A Fenatri 2010 em números: 30 Empresas / Stands 51 Empresas diretas 21 Empresas indiretas 16 Grupos de estudantes 150 Escolas municipais 01 Escola particular 15 Empregos diretos 150 Empregos indiretos 07 Grupos de cultura 20 Empresas visitadas para afiliação 05 Empresas afiliadas 145 Pessoas na capacitação ambiental 5.000 Pessoas visitantes A Fenatri 2010 contou com o apoio de várias instituições. “Unir a comunidade com a indústria, o comércio e outros setores da sociedade é um avanço. Com certeza, a troca de conhecimento dos setores vem agregar ainda mais valor à Feira”, disse o presidente da Unedi, Lázaro Magalhães. Como já mencionado, além das escolas, a Feira contou ainda com a participação de universidades, empresas, entidades e órgãos públicos, todos reunidos em torno da causa do crescimento tecnológico e desenvolvimento industrial. A Fenatri 2010 contou com mais de 25 stands, estrutura essa que possibilitou às empresas participantes divulgarem seus produtos ou serviços, além dos investimentos em tecnologia e desenvolvimento. O evento também teve o poder de gerar visibilidade de forma educativa e social aos expositores. B Grupo de alunos que visitaram a Fenatri durante observações no stand da indústria Souza Cruz 25 ∞ Mercado Outubro 2010 MEspecial Momento do Empresário Herói em 2009: o presidente da Fiemg Regional, Pedro Lacerda; um dos empresários premiados, Marcelo Carneiro (Araguari); o deputado estadual Luiz Humberto Carneiro; e o também empresário Lázaro Magalhães (à frente), que levou o prêmio industrial do ano da Fiemg Regional Vale do Paranaíba Prêmio destaca os melhores em sustentabilidade POR Evaldo Pighini O objetivo é reconhecer as empresas que investem em sustentabilidade, posicionamento institucional e atuação no mercado regional Mercado Outubro 2010 ∞ 26 E m novembro acontece a solenidade final que coroa a realização de mais uma edição do Prêmio Empresário Herói, criado para reconhecer e estimular empresas que desejam alcançar excelência em suas atividades produtivas através da adoção da sustentabilidade como um princípio de sua governança e gestão. Essa honraria foi criada em 2009 pela Fiemg Regional Vale do Paranaíba, com o apoio do Centro Industrial e Integração de Negócios do Triângulo e Alto Paranaíba (Cintap), do Instituto Inderc, na atuação no mercado regional. “O Prêmio Empresário Herói é um estímulo a empresas que desejam alcançar excelência em suas atividades produtivas e nos assuntos de sustentabilidade”, explica a gerente de projetos do Cintap, Daniela Dias. Seguindo uma evolução, a disputa neste ano envolve mais categorias, entre as quais, Micro/Pequena, Média e Grande Empresa, Projeto Social, Projeto Ambiental, Projeto Cultural, Campanha Publicitária e Inovação Tecnológica, devendo ser selecionados três finalistas para cada categoria, de onde sairá o grande vencedor. João Gilberto, do Instituto Ethos: “Os acionistas de uma empresa querem lucro e hoje esse lucro está cada vez mais ligado a administrações sustentáveis” dos Sindicatos Patronais da Indústria e da Revista Mercado e, como já foi mencionado, premia aqueles empresários que atuam à frente de seus negócios de forma sustentável, tanto em Uberlândia como na região. A premiação, realizada anualmente, reconhece as empresas que investem em sustentabilidade econômica, social, ambiental e cultural e ainda no posicionamento institucional e O gerente executivo de Comunicação e Mobilização do Instituto Ethos, João Gilberto Azevedo, endossa iniciativa como esta, da instituição do Prêmio Empresário Herói. Aos empresários participantes e também aos ainda não participantes ele manda um recado: “Hoje o mercado num todo está atento a produtos e serviços provenientes de empresas que demonstram responsabilidade social. A produção sustentável é a melhor forma de ser reconhecido”, avisa. Aliás, segundo ele, a gestão sustentável é tão boa para a sociedade quanto para o planeta e até e principalmente para o “bolso”. “Os acionistas de uma empresa querem lucro e hoje esse lucro está cada vez mais ligado a administrações sustentáveis”, observa João Gilberto. Para finalizar, ele recomenda aos empresários de Uberlândia e região que façam suas empresas trabalharem juntas sob gestões socialmente responsáveis, o que, em consequência, resulta em ganho comum para todos. “O Empresário Herói destaca justamente isto: as boas ações que devem ser mostradas até mesmo para servirem de exemplo para quem ainda não age sustentavelmente”. A Fiemg Regional Vale do Paranaíba e a revista Mercado é que estarão à frente na organização da solenidade de entrega do Prêmio, inicialmente programado para o dia 11 de novembro de 2010, às 21h, na sede da Fiemg em Uberlândia, que fica na avenida Rondon Pacheco, 2100, bairro Vigilato Pereira. Aos vencedores serão conferidos certificados, troféus e selos alusivos ao Prêmio Empresário Herói. Além disso, terão seus nomes e de suas empresas destacados em reportagem especial da Mercado, que fará a cobertura total da solenidade. As inscrições para quem deseja concorrer já iniciaram e vão até o final de outubro. Outras informações estão acessíveis através do e-mail [email protected] e do telefone (34) 3230-5200. Regulamento - Para participar, as empresas de micro e pequeno porte legalmente constituídas devem ter no mínimo dois anos de atuação no mercado, as de médio e grande porte devem ter cincos anos, além de estarem associadas à Fiemg, Sindicatos Patronais ou Cintap/Eco Instituto Inderc. Quanto às categorias de porte, a empresa inscrita pode concorrer em apenas um segmento, mas nas categorias específicas pode disputar mais de um prêmio. A 27 ∞ Mercado Outubro 2010 MEspecial A comissão organizadora irá avaliar as empresas através de três critérios: institucional, atuação no mercado regional e sustentabilidade A comissão organizadora irá avaliar as empresas através de três critérios: institucional, atuação no mercado regional e sustentabilidade. De acordo com o primeiro critério, a empresa deve apresentar sua constituição legal e a comprovação de atuação no ramo; o segundo critério avaliará o associativismo, inovações tecnológicas, faturamento e operações bem-sucedidas que levam ao lucro; para finalizar, e em destaque, a Comissão analisará a Redução de Impacto Social e Ambiental (RES), o investimento social privado - ações filantrópicas desenvolvidas na comunidade, segurança e qualidade de vida no trabalho, economia e reuso de recursos naturais esgotáveis, cotas para pessoas com deficiência, dentre outros, no sentido de contribuir com a perenidade do ser humano com qualidade de vida. “A comissão será criteriosa e imparcial para que encontremos realmente o maior merecedor dos prêmios”, observa Daniela Dias. Edição 2010 “Só é herói quem faz por todos” é o lema do Prêmio Empresário Herói 2010. A ideia da criação dessa honraria surgiu de um movimento de empresários em prol da realização da reforma tributária no país, realizado em 2008 na The House, e embora já fosse denominado Empresário Herói, o grito era pela “Reforma Tributária Já”. Daquele evento saiu um documento que depois foi endossado por milhares de pessoas e encaminhado a Brasília. Em 2009, ao invés de clamar contra a carga tributária brasileira, foi decidido que a bandeira do movimento teria outro sentido, dessa vez focado na sustentabilidade. Assim, seguindo essa nova configuração, o evento contou com a participação de 40 empresas inscritas, das quais 24 pontuaram e 9 foram para a final, entre as quais 3 foram eleitas e premiadas as grandes vencedoras. Essa solenidade reuniu mais de 320 pessoas no auditório da Fiemg Regional Vale do Paranaíba. Para 2010, a expectativa é de mais empresas participantes e mais pessoas prestigiando o evento. “Estamos trabalhando para premiar 24 empresas, aclamando ao final oito grandes vencedoras e mais dois industriais que serão contemplados com o título “Mérito Industrial”, outorga esta que será feita na sede da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) em Belo Horizonte”, explica Daniela Dias. B Empresário Herói 2010 - Critérios do prêmio • Institucional - constituição legal da empresa, comprovação de atuação no ramo ou segmento, etc.; • Atuação no mercado regional - associativismo, inovações tecnológicas, faturamento, operações bem-sucedidas que levam ao lucro, etc.; • Sustentabilidade Socioambiental - Redução de Impacto Social e Ambiental (RES) e Investimento Social Privado: ações filantrópicas desenvolvidas na comunidade, segurança e qualidade de vida no trabalho, economia e reuso de recursos naturais esgotáveis, cotas para pessoas com deficiência, etc. Mercado Outubro 2010 ∞ 28 MCidades Imagem em perspectiva do Center Convention, já contemplando a nova área externa Center Convention faz 10 anos POR Evaldo Pighini com GA No momento em que o turismo de negócios vai de vento em popa, o maior centro de convenções de Uberlândia celebra aniversário inaugurando uma nova área suspensa e ao ar livre para a realização de grandes feiras e eventos O principal ponto de referência de Uberlândia e que destacou a cidade no mapa brasileiro do turismo de negócios é sem dúvida alguma o Center Convention, que no dia 31 deste mês completa 10 anos de atividades. Agora, o empreendimento, que Mercado Outubro 2010 ∞ 30 desde a sua inauguração já era tido como uma das melhores estruturas do país para a realização de feiras, exposições e outros eventos, comemora essa década contabilizando mais uma conquista com a execução de um novo projeto que envolve a abertura de mais um pavimento, desta vez suspenso e ao ar livre. Com isso, serão mais cerca de 6 mil metros quadrados agregados de área construída, ampliando os atuais 7,9 mil m² para mais de 13 mil m² de espaço físico. Essa é mais um grande conquista para Uberlândia, justo no momento em que o mercado do turismo atravessa excelente fase. Segundo es- timativa do Ministério do Turismo (MTur), o setor deve fechar o ano de 2010 com um crescimento de 10% a 12% em comparação a 2009. Neste ano, a entrada de passageiros vindos do exterior atingiu recorde no país. Somente em agosto, 722 mil pessoas vieram ao Brasil: aumento de 32%. Os oito primeiros meses do ano já superam a marca de 5 milhões de desembarques internacionais, um número histórico de acordo com MTur. Entre as áreas do turismo que atraem estrangeiros ao Brasil está o turismo de negócios e eventos. O segmento é um dos que mais crescem no país, contribuindo para estimular a economia de vários municípios. Uberlândia faz parte dessa realidade, já que foi eleita como destino internacional pela Embratur. A cidade hoje oferece excelentes condições para sediar eventos de todo o porte, tanto do Bra- Eli Schettini, diretor comercial, diz que a nova área é sequência da trajetória de evolução e crescimento do Center Convention junto com o turismo de negócios e eventos da região sil quanto do exterior, através de uma completa rede de hotéis, serviços, lazer e espaços para convenções, com destaque para o Center Convention. De acordo com o diretor comercial do Center Convention, Eli Gláucio Schettini Júnior, a nova área coloca Uberlândia ainda mais em evidência no cenário nacional no setor. “É uma grande satisfação abrir mais esse espaço num ano em que o Center Convention completa 10 anos de atividades, dando sequência à trajetória de evolução e crescimento junto com o turismo de negócios e eventos da região. Esse investimento simboliza o início de uma nova fase, não só para nós como também para a cidade, que terá condições de sediar eventos ainda maiores e, consequentemente, gerar mais emprego e renda para a população”, afirmou. Ao longo da década, o Center Convention recebeu vários congressos, feiras e seminários, do Brasil e do exterior. Por ano, são cerca de 500 eventos realizados no espaço, que sedia não só encontros de negócios, acadêmicos e científicos, como também eventos sociais e produções artístico-culturais, como shows e espetáculos teatrais. Entre os principais eventos já promovidos no Center Convention, destacam-se: Congresso Brasileiro do Algodão, Congresso Luso-Brasileiro de História da Educação, Simpósio Internacional sobre a Dinâmica do Fósforo, Seminário Internacional de Desenvolvimento Urbano, Congresso Brasileiro de Entomologia, Congresso Brasileiro de Cirurgia Dermatológica, Congresso Brasileiro de Retina e Vítreo, ISCCT Agronomy Workshop, Congresso Brasileiro de Educação Médica e Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária. Ainda neste ano, o Center Convention receberá outros importantes eventos, como: Seminário Brasileiro da Batata, Fórum Internacional de Pecuaristas e Encontro Nacional de Engenharia e Ciências Térmicas, entre outros. Para 2011, o empreendimento já tem confirmado em sua agenda a realização do Congresso Brasileiro de Ciência do Solo e o Congresso da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica - Capítulo Minas Gerais. A O Center Convention recebe por ano cerca de 500 eventos, tanto nacionais como internacionais 31 ∞ Mercado Outubro 2010 10 anos de eventos Inaugurado em 31 de outubro de 2000, o Center Convention tem capacidade de reunir até quatro mil pessoas em um único evento ou realizar até 12 eventos simultâneos com a formação de diversos ambientes. Essa versatilidade só é possível através do seu sistema de espaços moduláveis, com divisórias acústicas que podem ser removidas em poucos minutos, o que permite montagens diferenciadas de acordo com o evento. Agora, o centro passa a contar também com uma área externa - suspensa e ao ar livre - de aproximadamente 6 mil metros quadrados. O pavimento possui pisos deslocáveis, que comportam a instalação de infraestrutura completa com energia elétrica, hidráulica, telefonia, dados e demais equipa- mentos. Há ainda a possibilidade de montar ambientes cobertos e climatizados no local. A aplicação dos pisos sem rejunte permite também que a água da chuva seja captada e direcionada aos reservatórios para reutilização em atividades de serviços gerais. O projeto paisagístico contempla árvores como jabuticabeiras e pitangueiras e um bosque de resedás, que produzirão frutos e flores exuberantes, margeando um amplo espelho d’água. A estrutura, que conta ainda com um heliporto, tem ainda como diferencial a sua localização, em frente ao cruzamento das duas maiores avenidas da cidade (Rondon Pacheco e João Naves). Integrado ao Plaza Shopping Hotel e ao Center Shopping, o Center Convention possibilita também ao público dos eventos acesso a opções de compras, lazer e estada em um mesmo espaço. B Foto: Thomaz William Mendoza Harrell MCidades Center Convention ganha mais 6 mil m² de área, um espaço suspenso e ao ar livre que, além de lazer, terá capacidade também para realização de feiras e eventos por causa de sua adaptabilidade para montagem de ambientes cobertos e climatizados Mercado Outubro 2010 ∞ 32 MFinanças Dinheiro de graça? É possível POR Margareth Castro Entre as várias opções de linhas de financiamento existentes no mercado, para quem investe em inovação é possível obter recursos sem ter que pagar por eles através de créditos não reembolsáveis Mercado Outubro 2010 ∞ 34 J á pensou em conseguir um recurso e não ter que pagá-lo depois? Entre as várias opções de crédito que existem no mercado com taxas de juros baixos, prazo de carência estendido e parcelamentos em médio e longo prazos, existem algumas linhas de financiamento não reembolsáveis (veja quadros). É o caso da Subvenção 2010, da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) de nível nacional, e da Subvenção do Programa de Apoio à Pesquisa nas Empresas (Pappe), de nível estadual. Ambos são voltados exclusivamente para projetos de inovação. Ou seja, são financiamentos específicos para pesquisa e subsidiam desde toda a mão de obra até a construção do protótipo, por exemplo. Mas se engana quem pensa que é dinheiro fácil. Para conseguir recursos da Finep ou do Pappe é necessário ficar atento aos editais. Eles trazem as especificidades para a liberação do crédito, que para aprovação exige do empreendedor inovação, seja em tecnologia ou em produto. De acordo com a coordenadora do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) Regional Vale do Paranaíba, Josmara Galvão Alves, o edital é bem concorrido e o empresário precisar apresentar algo verdadeiramente novo ao cliente e ao mercado. “Por isso, é preciso uma inovação mais arrojada”, ressalta. O edital da Subvenção 2010 da Finep foi publicado em agosto no site da instituição (www. finep.gov.br) e traz as áreas que o governo determina como prioridades para o momento. Para este ano estão sendo contempladas as áreas de tecnologia da informação, saúde, biotecnologia, defesa e desenvolvimento social, visando a atender os dois grandes eventos que serão sediados pelo Brasil: a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. “As empresas que tiverem projetos nessas áreas e se enquadrarem nas exigências têm chances de conseguirem o recurso”, diz Josmara. Ela explica que as fases do edital da Finep mudaram e estão mais complexas, pois requerem análise e aprovação. E após a aprovação, tem ainda a fase da defesa oral e a visita técnica dos analistas da Finep. Em Uberlândia, segundo Josmara, uma empresa da área de tecnologia da informação está em fase de preparo da documentação necessária para participar do edital e até já buscou apoio do NIT. Volume de recursos Josmara Alves conta que os editais da Finep e do Pappe são muito procurados pelo volume de recursos liberados, além de se tratarem de linhas não reembolsáveis. No caso da Finep, as empresas podem apresentar propostas no valor de R$ 500 mil até R$ 10 milhões. Já para o Pappe, o teto mínimo é de R$ 50 mil e o máximo de R$ 500 mil. No caso da Finep, as empresas podem apresentar propostas no valor de R$ 500 mil até R$ 10 milhões. Já para o Pappe, o teto mínimo é de R$ 50 mil e o máximo de R$ 500 mil No último edital da Finep, em 2008, uma empresa de Uberlândia na área de tecnologia da informação conseguiu praticamente o teto máximo. “Cada empresa só pode concorrer uma única vez por edital. Se aprovada em todas as fases, a empresa assina um convênio com a Finep e o recurso é liberado”, informa Josmara, explicando que o dinheiro é liberado em parcelas, à medida em que são feitas as prestações de contas parciais. A Subvenção 2010 exige uma contrapartida de 5% a 10%, vinculada ao porte da empresa (micro, pequena, média ou grande). Segundo a coordenadora do NIT, essa contrapartida é econômica e não financeira. “Realmente não existe reembolso por parte do empresário”, garante. A Josmara Alves é coordenadora do NIT da Fiemg Regional Vale do Paranaíba 35 ∞ Mercado Outubro 2010 MFinanças O prazo para participar do edital da Subvenção da Finep para este ano já foi encerrado. Pappe - No caso da Subvenção do Programa de Apoio à Pesquisa nas Empresas (Pappe-Subvenção), a coordenadora do NIT da Fiemg Regional Vale do Paranaíba diz que o edital, que deve ser publicado ainda neste ano, também será voltado para a estruturação do estado de Minas Gerais como uma das sedes da Copa de 2014. A Unique Solutions, empresa com seis anos de existência, está entre aquelas beneficiadas com a linha de crédito do Pappe. A decisão de investir em inovação surgiu da observação de algumas necessidades do mercado. Segundo Francisco José Muller, coordenador do projeto de “Gestão de Medicina Preventiva” da Unique, apesar de existirem ferramentas para apoiar a relação com o cliente, não havia ferramentas próprias para apoiar a gestão de programas de saúde. Diante disso, a Unique Solutions criou um sistema de computador que é um ambiente integrado para apoiar a construção de programas de atenção à saúde. “Esse sistema é uma ferramenta de apoio valiosa para a gestão de saúde corporativa, que é uma das tendências na busca da melhoria da qualidade de vida das pessoas e na redução dos custos com saúde”, explica. Com a ideia já pré-definida, a empresa buscou apoio do NIT da Fiemg para a formatação do projeto e apoio na captação dos recursos de inovação. A inovação se encontra em fase final de desenvolvimento e o início previsto para a sua aplicação é o primeiro semestre de 2011. Para a realização do projeto, a empresa conseguiu um financiamento de R$ 320 mil, dinheiro este que já está liberado, segundo Muller. Ele explica que para a empresa obter uma linha de crédito não reembolsável, primeiro é preciso estar com os documentos, obrigações fiscais e com a saúde financeira em dia para atender adequadamente as exigências do edital. Muller observa que, do ponto de vista técnico, a maior dificuldade para obter uma linha de crédito não reembolsável é possuir um projeto adequado, que se enquadre na linha de fomento e que seja compatível com as atividades da empresa. “Nesse aspecto, o apoio de núcleos como o da Fiemg é fundamental. O NIT, além de auxiliar na formatação do projeto, também apoia na verificação de aspectos como a definição da equipe, cronograma e alocação de recursos que são itens fundamentais na composição do projeto e até na construção do plano de negócio”, diz ele, acrescentando ainda que esses aspectos são, na maioria das vezes, os mais difíceis de serem elaborados pelas pequenas e médias empresas que buscam esse tipo de linha de crédito. Inovação tecnológica A inovação tecnológica já é um fator competitivo entre as empresas. Sobre isso, a coordenadora do NIT afirma ser impossível hoje uma empresa sobreviver no mercado sem inovação tecnológica, que pode ser considerada como a transformação de uma ideia em um produto ou processo novo para utilização na indústria, comércio, ciência ou em uma nova leitura de um serviço social. “É preciso desenvolver novas tecnologias ou melhorar criativamente as que já existem para se adequar as necessidades de produção da empresa”, ratifica. Segundo sondagem da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), divulgada em julho, 71,4% das grandes empresas do país realizaram investimentos em inovação tecnológica no primeiro trimestre deste ano. A pesquisa da ABDI mostra ainda que 10,5% dos pesquisadores realizaram inovações tecnológicas não só em produtos, mas também em “novos produtos” para o mercado nacional. Tipos de inovação - De acordo com a revista “Kit metodológico para a inovação empresarial”, lançada em 2008 pela Finep do Ministério da Ciência e Tecnologia, existem sete tipos de inovação (veja quadro a seguir). A Francisco José Muller teve sua empresa beneficiada com crédito do Pappe Mercado Outubro 2010 ∞ 36 MFinanças TIPOS DE INOVAÇÃO Inovação em produtos (bens) também inclui serviços É quando a empresa desenvolve um novo produto ou melhora significativamente alguns que ela já produz Inovação em processos Ocorre no aprimoramento ou desenvolvimento de novas formas de produção, de distribuição de bens ou de novos meios de prestação de serviços. Essas novas formas podem compreender mudanças nos equipamentos, na organização da produção ou uma combinação de ambos. Pode-se tratar também de novos métodos introduzidos para distribuir produtos novos, aperfeiçoados ou já existentes Inovação tecnológica É quando a inovação em produtos ou processos é resultado de uma aplicação de conhecimentos ainda não existentes, obtidos através da pesquisa científica aplicada, com novas funcionalidades e efetivos ganhos de qualidade ou produtividade, resultando na maior competitividade Inovação organizacional É uma das mais empregadas, porém sobre a qual as empresas têm menos conhecimento. Trata-se da adoção de novos métodos de organização e gestão, seja no local de trabalho, nas relações da empresa com o mercado, com os fomentadores ou distribuidores. Pode envolver ainda a implementação de novas estruturas de comunicação e o funcionamento entre os colaboradores Inovação em marketing Propõe mudanças significativas na concepção do produto, no design ou na sua embalagem, no posicionamento do produto no mercado, na sua promoção ou na fixação de preços. Nesse caso, a inovação consiste, fundamentalmente, num novo modelo de relacionamento com o cliente, no qual produtos e serviços passam a ser comercializados de maneira totalmente diferente daquelas existentes no mercado até o momento Inovação incremental Refere-se apenas ao aperfeiçoamento de bens e serviços, mediante o acréscimo de novos materiais, desenhos, embalagens, usos diferenciados ou outro tipo de melhoras evidenciadas, que os tornam mais práticos e desejados pelos consumidores, e os fazem alcançar um patamar de competitividade maior Inovação radical Também conhecida como revolucionária, são ideias que resultam em produtos ou processos inteiramente inexistentes no mercado, tornando obsoletas as bases tecnológicas já implantadas, criando novo segmento e alterando o comportamento da sociedade O papel do NIT O Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) é uma iniciativa da Fiemg Regional Vale do Paranaíba e do Centro Industrial e Integração de Negócios do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba (Cintap), em parceria com o Instituto Euvaldo Lodi. O NIT foi criado para assesMercado Outubro 2010 ∞ 38 sorar os empresários na elaboração de projetos, contribuir para a integração entre as empresas e centros de pesquisa e cooperar para o desenvolvimento da ciência e da tecnologia na região, viabilizando financiamentos junto a programas, órgãos e instituições de fomento. A coordenadora do NIT, Josmara Alves, diz que a par- tir desse trabalho inicial o núcleo passou a disseminar também a ideia de inovação, já que os empresários precisam investir nessa área, pois o próprio cliente exige novidades. “Com a proliferação das redes sociais surgem também novos mercados e produtos. É preciso inovar e oferecer diferenciais”, afirma. A A natureza sabe fazer bem feito... Nós também! Uberlândia 34 3239.5800 | Franca 16 3707.3555 | Brasília 61 3343.0521 [email protected] | www.graficabrasil.com.br MFinanças Em 2009, o NIT realizou 357 atendimentos, com mais de R$ 13,7 milhões de crédito aprovado e liberado. Este ano, de janeiro a junho, foram 622 atendimentos e R$ 18,3 milhões de crédito Ela cita o exemplo de uma determinada empresária do setor de calçados que, usando a criatividade e a tecnologia, conseguiu inovar no jeito de vender seus produtos e hoje os exporta. “Ela usou o orkut e postou nele fotos de alguns modelos de sapatos que vende e com isso conseguiu novos clientes”, infoma. Atualmente, o NIT conta com dois bolsistas, consultores em inovação, e uma coordenadora. O papel deles é também orientar os empresários quanto às linhas de crédito disponíveis no mercado e qual melhor atende as necessidades de cada um. “O que fazemos é o que chamamos de crédito orientado”, conta Josmara. Crédito orientado O NIT funciona como um Posto Avançado do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento) e do BDMG (Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais), além de ser Sala Azul da Caixa Econômica Federal e Sala Ouro do Banco do Brasil. Josmara explica que reunir todos esses órgãos em único lugar facilita a vida do empresário na hora de buscar por crédito. “Existem linhas de crédito específicas para cada tipo de investimento, com taxas de juros diferentes e prazos para pagamento e de carência variados. Muitas vezes, o empreendedor, especialmente o micro e o pequeno, não sabe como buscar o recurso e qual atende a sua necessidade. O nosso trabalho é orientá-lo”, diz. A coordenadora informa ainda que as linhas de crédito mais procuradas são capital de giro e de máquinas e Mercado Outubro 2010 ∞ 40 Existem linhas de crédito específicas para cada tipo de investimento, com taxas de juros diferentes e prazos para pagamento e de carência variados equipamentos. Essa linha do BNDES termina no dia 31 de dezembro deste ano e oferece taxa de juros de 5.5% ao ano, 24 meses de carência e até 10 anos para pagar. Segundo ela, essa linha é um programa do governo federal para incentivar as empresas a continuarem a investir durante a crise mundial, ocorrida no ano passado, e a acelerar a produção no país. No primeiro semestre do ano passado, o NIT realizou 357 atendimen- tos, com mais de R$ 13,7 milhões de crédito aprovado e liberado. Este ano, de janeiro a junho, foram 622 atendimentos e R$ 18,3 milhões de crédito. Josmara Alves atribui esse crescimento, de 74,23% na procura por crédito, à recuperação da economia. “Os empresários souberam aproveitar a oportunidade”, afirma. Agora, para o segundo semestre, a expectativa é que haja uma redução na procura, já que o momento é de incertezas. “Estamos em um período de mudanças no cenário político e econômico. Os empresários são cautelosos e vão esperar”, lembra Josmara. Caso de quem obteve subvenção da Finep A Invit, empresa especializada em soluções de software, conseguiu, no edital de 2009, a Subvenção Econômica à Inovação da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). De acordo com o diretor executivo da empresa, Sérgio Paim, no edital estavam previstos somente recursos para P&D e investimentos de custeio (gastos com pessoal, consultoria e viagens), sem considerar investimentos de capital (ativos). “Não poderemos comprar nem um computador com o recurso”, esclarece. Já o edital deste ano permite 5% em custos com administração e alguns itens relacionados a levar o produto ao mercado. E é com esse capital que a Invit pretende chegar a um produto pronto para ser comercializado. “Lançá-lo no mercado e torná-lo evoluído demandará bastante capital de risco”, diz Paim. de riqueza para o país”, informa o diretor executivo da Invit. Ele lembra que da elaboração do projeto até a sua aprovação, o processo foi bastante demorado e acrescenta que nem esperava por isso. Segundo conta, só a fase do edital (parte pública) foi adiada seis vezes e a divulgação do resultado, inicialmente prevista para 03 de julho, só saiu em 18 de dezembro do ano passado. Paim diz ainda que o processo de contratação também foi bastante demorado e só agora, nove meses depois, está finalizado. “Na prática, desde a concepção da ideia até a liberação dos recursos foram 24 meses”, observa. Dificuldades e benefícios Sergio Paim está entre os exemplos de quem conseguiu para a sua empresa um crédito junto à Finep do tipo não reembolsável, ou seja, não terá que pagar por ele A linha de crédito da Finep é não reembolsável, mas exige uma contrapartida de 5% a 10% vinculada ao porte da empresa. A contrapartida da Invit é por recursos físicos (equipamentos, sede, telecomunicações) e administração (gestores e staff). Segundo Paim, são dispêndios dentro da capacidade da empresa e que suportam adequadamente o desenvolvimento do produto (P&D). Paim acredita que a exigência de contrapartida exclui aquele empreendedor com uma ideia, mas acredita que, por outro lado, grandes empresas, com grandes operações, dificilmente sairão com ideias revolucionárias. “O pequeno e médio empreendedor são o grande público da Subvenção - o que demonstra a importância do empreendedorismo como fonte de inovação e geração Sérgio Paim explica que a primeira grande dificuldade para a obtenção de uma linha não reembolsável, criada pela demora, é manter a equipe interna e externa (a contratar) em compasso de espera, o que gera um grande esforço motivacional e econômico. A segunda é a volatilidade de inovação, que, no caso da Invit, Tecnologia da Informação, é extremamente alta. “Por sorte, fomos tão visionários na concepção do projeto que até hoje não se tem notícia de outra solução ou empreendimen- to similar (aqui ou noutra parte do mundo)”, diz. A grande oportunidade da empresa em internacionalizar a solução virá com a Copa de 2014. Por isso, Sérgio Paim afirma que atrasar o início do projeto diminui o tempo que eles terão para testar e lançar o produto antecipadamente. Em relação aos benefícios de um recurso não reembolsável, ele ressalta que muita gente pensa simplesmente que é dinheiro de graça, mas não é somente isso. “Não é dinheiro que está entrando na minha operação atual. É algo novo que está se formando. Demanda um punhado de outros esforços por parte de quem está recebendo o recurso - de quem assume os riscos da inovação”, diz. Para finalizar, ele observa que a Subvenção da Finep, por mais que ainda tenha o que melhorar - e até já vem melhorando - é um instrumento fundamental para apoiar a inovação no Brasil. “De qualquer forma, mesmo com a subvenção, o projeto precisará de investimento privado (via capital de risco). Temos um projeto com recursos assegurados para P&D e que passou pelo crivo de um processo transparente, técnico e de mérito como o da FINEP. Isso permite que sejamos atrativos quase como se estivéssemos nos EUA”, concluiu Sérgio Paim. A Por sorte, fomos tão visionários na concepção do projeto que até hoje não se tem notícia de outra solução ou empreendimento similar (aqui ou noutra parte do mundo) 41 ∞ Mercado Outubro 2010 MFinanças Números do NIT 2009 2010 Crescimento Atendimentos 357 622 74,23% Recursos (R$) 13,7 milhões 18,3 milhões 33,58% Linhas de crédito mais procuradas Taxa Capital de giro Máquinas e equipamentos Construção civil Compra de terreno Prazo Carência 0,95% ao ano 24 meses 3 meses 5,5% ao ano até 10 anos até 2 anos 10,90% ao ano até 10 anos até 6 meses após a conclusão da obra 1% ao ano até 10 anos ------------------------- Programas e linhas de financiamento para Inovação. Recursos não reembolsáveis Senai • O Edital Senai Inovação mistura financiamento e apoio técnico; • O desenvolvimento do produto ou processo é feito em parceria com unidades do Senai, do Sesi ou das duas instituições juntas. O edital é aberto a qualquer produto de qualquer setor; • As empresas com projetos de inovação tecnológica devem assinar um termo de cooperação com a unidade regional do Senai e só então passam a concorrer. Na última edição, os valores dos recursos por proposta foram de até R$ 200 mil (parceria Senai) e R$ 300 mil (Senai e Sesi). Mercado Outubro 2010 ∞ 42 Finep • O edital de subvenção à inovação da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), agência do Ministério da Ciência e Tecnologia, concentra a maior parte dos recursos destinados à inovação; • Lançado em uma única chamada anual, o edital define setores e produtos específicos para receber apoio; • O valor mínimo de cada proposta na última edição foi de R$ 500 mil para micro e pequenas empresas e de R$ 1 milhão para médias e grandes empresas, até o máximo de R$ 10 milhões, com prazo de execução de 36 meses; • A contrapartida é de 5% e 20% do valor total do projeto no caso de empresas menores e entre 100% • • • • e 200% para empresas de médio e grande porte. Edital Pappe-Subvenção Programa de Apoio à Pesquisa nas Empresas (Pappe Subvenção), um convênio entre a Finep e fundações estaduais de amparo à pesquisa; O edital é aberto em cada estado em períodos diferentes; O valor do projeto é menor do que o do edital da Finep e o foco do edital normalmente é a empresa de pequeno porte, em alguns casos, por meio de um pesquisador associado ao projeto; São beneficiadas empresas que faturem até R$ 10,5 milhões, com financiamentos entre R$ 50 mil e R$ 500 mil. CNPq • O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT) tem bolsas específicas para pesquisadores com título de mestre ou doutor, empregados em atividades de inovação tecnológica em empresas localizadas no território nacional; • As bolsas são oferecidas em editais do CNPq, geralmente em parceria com fundações estaduais de amparo à pesquisa; • Os editais do Programa de Capacitação de Recursos Humanos para Atividades Estratégicas (Rhae Inovação) financiam bolsas de Estímulo à Fixação de Recursos Humanos de Interesse dos Fundos Setoriais (SET) e de Desenvolvimento Tecnológico e Industrial (DTI). • Prime O Prime - Primeira Empresa Inovadora - tem como objetivo principal adotar o desenvolvimento de empresas nascentes inovadoras, criando condições financeiras favoráveis para que elas possam enfrentar com sucesso os principais desafios de seus estágios iniciais de crescimento. Nessa primeira etapa, o Prime beneficiou empreendedores e empresas nascentes com incentivo de até R$ 120 mil. Recursos reembolsáveis BDMG • O BDMG oferece linhas de financiamento especial para empresas de base tecnológica, com juros abaixo do mercado; • Possibilidade de financiar como capital de giro recurso pago ao profissional de desenvolvimento; • Financiamento de R$ 20 mil a R$ 2 milhões; • Prazo até 60 meses, incluindo até 12 meses de carência; • Taxa de juros: menos de 1% ao mês para micro, pequenas e médias empresas. Programa Juro Zero • O Programa é uma oportunidade de financiamento que tem o objetivo de estimular a capacidade inovadora das micro e pequenas empresas (MPEs) brasileiras; • Sem juros, sem garantias reais e sem carência; • Pagamento em até 100 parcelas; • As empresas podem pleitear recursos entre R$ 100 e R$ 900 mil para projetos com caráter inovador em produtos, processos ou serviços. B MEconomia Sebrae terá quase R$ 800 mi para micro e pequenas empresas POR Evaldo Pighini com Agência Brasil O dinheiro será destinado a projetos de inovação e estará disponível a partir de janeiro A partir de janeiro, as micro e pequenas empresas dispostas a investir em inovação contarão com R$ 787 milhões do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O dinheiro é para subsidiar projetos que incentivem a competitividade e o desenvolvimento sustentável das empresas, reduzindo desperdícios, aumentando a produtividade e a segurança Mercado Outubro 2010 ∞ 44 dos funcionários. Segundo o Sebrae, o programa atuará em cinco linhas: serviço tecnológico básico para empresas que estão começando e precisam fazer mudanças em seu processo; serviço tecnológico avançado para empresas que precisam de um trabalho mais detalhado; o Sebraetec Inovação, que vai às empresas prestar consultoria para resolver os gargalos de inovação; o Sebraetec Inova, específico para empresas que pretendem desenvolver produtos novos; e a Indicação Geográfica, para empresas que possuem produtos regionais que, por serem exclusivos, agregam valor. A meta do programa é atingir 48 mil empreendimentos em três anos. As linhas de serviços tecnológicos básicos e avançados podem ser usadas automaticamente. As demais terão três editais, que serão lançados a partir de janeiro. Os subsídios vão de R$ 5 mil a R$ 300 mil. O presidente do Sebrae, Paulo Okamoto, afirmou que o objetivo principal do programa é fazer com que as empresas brasileiras passem a ter a cultura da inovação. “Nós precisamos construir produtos e serviços para atender tanto à demanda do mercado interno quanto do externo. Só vamos fazer isso se criarmos esse espírito no nosso setor empresarial”. Para Okamoto, é preciso criar uma base forte de micro em pequenas empresas. “Nós passamos um bom tempo sem o país crescer, então as pessoas tinham seu negócio e não tinham concorrência. Agora, com o país crescendo e aberto, é preciso empresas competitivas”. De acordo com o presidente do Sebrae, a cultura da inovação permite que as empresas criem produtos e serviços que atendam a população e podem ser exportados. “Assim podem comprar novas máquinas e deixam de ser micro ou pequenas empresas e passam a ser grandes, gerando maior número de empregos”, disse. Para ter acesso aos programas, o empresário pode procurar um balcão do Sebrae (são mais de 800 em todo o país), consultar o site da entidade ou solicitar uma visita de um agente local de inovação. B O presidente do Sebrae, Paulo Okamoto, diz que é preciso criar uma base forte de micro e pequenas empresas e, para isso, é preciso que haja a cultura da inovação MCapa Trio forte eleito em Minas: o governador Anastasia com os senadores Aécio Neves (e) e Itamar Franco (d) Minas de Anastasia POR Margareth Castro Apoiado por Aécio Neves - eleito Senador e seu antecessor no governo -, Antonio Anastasia (PSDB) é eleito governador de Minas Gerais com 62,72% dos votos válidos C andidato pela coligação “Somos Minas Gerais”, formada pelos partidos PP/ PDT/ PTB/ PSL/ PSC/ PR/ PPS/ DEM/ PSDC/ PMN/ PSB/ PSDB, o governador reeleito, Antonio Anastasia (PSDB), obteve 62,72% (6.275.520) dos votos válidos no estado, ainda no Mercado Outubro 2010 ∞ 46 primeiro turno das eleições 2010, realizado no dia 03 deste mês. Apoiado pelo ex-governador Aécio Neves, o candidato tucano apareceu de forma tímida nas primeiras pesquisas eleitorais e após o início da propaganda política no rádio e na TV começou a crescer, até ultrapassar o seu maior adversário, Hélio Costa (PMDB), da coligação “Todos Juntos por Minas”, formada pelos partidos PRB/ PT/ PMDB/ PC do B. Costa, que tinha o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, obteve 34,18% (3.419.22) dos votos válidos. No primeiro turno, 712.091 eleitores votaram em branco para governador e 1.120.324 anularam o voto. O governador, que já reassumiu o cargo na Cidade Administrativa, será empossado para a gestão 20112015 no dia 1º de janeiro. Sobre a composição do novo governo, Anastasia diz que ainda é cedo para tratar do assunto e que o novo secretariado será anunciado após o segundo turno das eleições, pois agora é hora de voltar às atenções para a escolha do presidente da República. Apesar ter sido vitorioso na maioria dos 853 municípios mineiros, Uberlândia, no Triângulo Mineiro - a segunda maior e mais importante cidade do estado -, foi uma das 80 cidades em que o candidato tucano obteve menos votos que o seu adversário, Hélio Costa. O peemedebista e senador Costa obteve 55,1% dos votos válidos (158.266), enquanto Anastasia conseguiu 42,3%, o que correspondente a 129.044 votos. Uberlândia foi uma das cidades mais visitadas pelos candidatos ao cargo majoritário nesta eleição. Anastasia esteve na cidade cinco vezes durante a campanha eleitoral: duas em agosto, duas em setembro e no dia da votação. Já Costa veio seis vezes: sendo uma em julho, duas em agosto, duas em setembro e também no dia da eleição. Hélio Costa - Logo após a divulgação oficial do resultado do primeiro turno das eleições pelo Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG), o senador e candidato ao governo de Minas, Hélio Costa, divulgou uma nota de agradecimento aos cerca de 3,5 milhões de eleitores “que confiaram na proposta de governo voltada para os mais pobres”. Também pediu votos para Dilma Rousseff (PT) no segundo turno. “O momento agora é o de unirmos as forças progressistas de Minas e do país para garantir a vitória de Dilma Rousseff. Convoco todos aqueles que votaram e apoiaram a chapa Hélio/Patrus a, nesse segundo turno da eleição presidencial, cerrar fileiras para eleger Dilma presidente e Michel Temer vice. Estarei com vocês nessa luta”. vez. Que sua boa governança e liderança política continuem a nos iluminar”. Por fim, o senador Hélio Costa citou o que escreveu na Carta ao Povo de Minas, documento em que ele e Patrus firmaram o compromisso de um governo popular para Minas Gerais. “Em Minas, liberdade não pode ser um simples slogan publicitário. Tem de ser um desafio de construção diária, um norte perpétuo, um compromisso”. E afirmou ainda: “Não desistiremos desse ideal.” Com a palavra, o governador eleito O senador Hélio Costa, candidato que foi derrotado em Minas, mesmo com o apoio do quase “unânime” presidente Lula Hélio Costa não se esqueceu do companheiro de chapa e fez uma homenagem a Patrus Ananias (PT), candidato a vice. “Foi um privilégio tê-lo lado a lado, mais uma Após a divulgação oficial pelo TRE de sua eleição para comandar Minas Gerais pelos próximos quatro anos, em entrevista exclusiva à revista Mercado, o governador reeleito, Antonio Anastasia, fez uma avaliação das eleições e da vitória em primeiro turno. Ele fala ainda sobre a derrota para o adversário Hélio Costa, em Uberlândia, a maior cidade do interior do estado, e também da importância do apoio do exgovernador Aécio Neves, eleito senador, para a sua vitória nas urnas. A Anastasia conquistou 62,72% dos votos válidos para governador, ou seja, 6.275.520 eleitores o elegeram para comandar o estado mineiro 47 ∞ Mercado Outubro 2010 MCapa Mercado - O senhor foi eleito com quase 63% dos votos. Como avalia o desempenho nas urnas na primeira vez em que o nome do senhor é colocado em votação? Anastasia - É uma votação expressiva, uma declaração de confiança do povo de Minas Gerais e também um importante reconhecimento do trabalho que realizamos nos últimos anos pelo desenvolvimento econômico e social de nosso estado. Os mineiros, mais uma vez, deram prova de sua soberania e demonstraram, com indubitável certeza, que desejam a continuidade das políticas públicas que implantamos em Minas, porque conhecem os resultados extremamente positivos que alcançamos em todas as áreas, em todas as regiões do estado. Esse vigoroso resultado das urnas aumenta nossa responsabilidade de realizar os compromissos assumidos durante a campanha e que, com certeza, farão Minas avançar ainda mais na saúde, educação, infraestrutura, segurança pública, tecnologia; enfim, em todos os setores nos quais o Governo de Minas deve e irá atuar com muita determinação em benefício de toda a população mineira, com responsabilidade, com ética e sem falsas promessas. Mercado - A vitória tem um gosto diferente por saber que o senhor até pouco tempo não era muito conhecido nem mesmo visto como um político? Anastasia - Claro. A vitória significa que, além de identificar o belíssimo trabalho realizado pelo ex-governador e senador eleito Aécio Neves à frente do Governo de Minas, nos últimos oito anos os mineiros também compreenderam a minha participação firme em todo esse processo que, como disse, apresentou resultados bastante positivos. Mercado Outubro 2010 ∞ 48 Todos nós, mineiros, reconhecemos a liderança inequívoca de Aécio Neves, que realizou o governo mais aplaudido do Brasil nesse período. Os avanços registrados em Minas Gerais são consequência de um minucioso planejamento que elaboramos e realizamos juntos, com o apoio de vários parceiros. Isso ficou claro durante a campanha e eu passei a ser mais conhecido e, logicamente, também reconhecido pelas obras e ações positivas desenvolvidas pelo Governo do Estado de Minas. Anastasia - Sempre tive muita tranquilidade quanto a isso. A partir do momento em que meu nome, com muito orgulho e honra, foi colocado para essa missão, elaboramos o planejamento da campanha, traçamos nossas estratégias e seguimos adiante, sempre com muita responsabilidade, ética e confiança. Mercado - O apoio do senador Aécio Neves foi fundamental para o resultado das urnas? Pode-se dizer que, assim como o presidente Lula, Aécio Neves conseguiu um terceiro mandato para o grupo político? Anastasia - Em várias oportunidades fiz questão de dizer que todo o nosso esforço estava concentrado em trabalharmos o nosso lado. Portanto, nos preparamos para enfrentar o desafio de apresentar à população as nossas propostas, o nosso projeto e discutir nossas ideias. Anastasia - O senador eleito Aécio Neves possui uma capacidade política extraordinária, nacionalmente consolidada, e, sem dúvida alguma, o apoio dele foi fundamental para nossa vitória, que é a vitória de um grupo político liderado por ele com muito brilhantismo. É bom lembrar que o nosso governo foi aplaudido e é reconhecido inclusive pelo Banco Mundial e por outros estados da Federação, que vêm aqui e em que nos inspiramos como modelo, exatamente porque nós temos programas e projetos estruturadores. Portanto, atribuo a nossa vitória ao projeto político que defendemos e que, sob a firme determinação e liderança de Aécio Neves, conquistou voluntários, militantes e lideranças políticas de nosso estado. Mercado - Em algum momento o senhor temeu ser o candidato majoritário da coligação, já que não tinha grande expressão política? Como reagiu às primeiras pesquisas, que apontavam diferenças consideráveis em relação ao candidato Hélio Costa? Mercado - O senhor concorda que a sua campanha decolou no momento certo, quando já não era mais possível ao outro candidato mudar de estratégia? Mercado - Como governador, quais serão as prioridades? O senhor pretende manter a mesma linha da gestão Aécio ou vai adotar uma linha própria? Anastasia - Nossa prioridade, verdadeira obsessão, é a empregabilidade. Para termos empregos de qualidade, precisamos de infraestrutura social e física. Ou seja, vamos melhorar ainda mais nossos programas nas áreas de saúde, tecnologia, segurança pública, educação, educação profissional e telefonia; vamos realizar o programa Caminhos de Minas, interligando por asfalto as regiões do estado, pois já estamos concluindo o ProAcesso, que ligou por asfalto mais de 200 municípios mineiros que, até 2003, só tinham acesso por estrada de terra. Com as ações do Governo de Minas na infraestrutura social e física vamos atrair mais empresas para a geração de empregos. Nossa proposta é fomentar um ambiente propício à instalação de empresas privadas nas diversas regiões do estado a partir da identificação das vocações de cada uma delas por meio de uma política de Zonas de Desenvolvimento Regional. A partir daí, o emprego de carteira assinada e de qualidade criará um círculo virtuoso a favor do crescimento da região e, em consequência, do estado. Mercado - Durante a campanha, o candidato adversário disse que o “choque de gestão” era uma maquiagem dos números. Na verdade, o que é o choque de gestão? O senhor pretende mantê-lo ou aprimorá-lo na próxima gestão? Anastasia - O conjunto de medidas adotadas pelo Governo de Minas, a partir de 2003, batizado de Choque de Gestão, permitiu o equilíbrio financeiro do estado. Com isso, recuperamos nossa capacidade de investimento e colocamos as contas em dia. Os resultados foram extremamente positivos e, quero deixar claro, mais uma vez, que não houve sequer uma única demissão. Retomamos a função do planejamento, que estava esquecida na administração pública, não só do estado, mas do país; reconquistamos nossa credibilidade, o que permitiu que contraíssemos empréstimos internacionais, o que não ocorria desde os anos 90. Com os recursos conseguimos implantar projetos importantíssimos para Minas Gerais e o estado avançou muito. No âmbito do funcionalismo público garantimos que todas as categorias fossem beneficiadas com o fim da escala de pagamento e com os salários pagos até o quinto dia útil do mês. Instituímos o prêmio por produtividade e também passamos a efetuar o pagamento do 13º salário em dia, na primeira quinzena de dezembro, em parcela única, o que não acontecia desde 1990. Portanto, o Choque de Gestão significou o início da profissionalização da administração pública estadual mineira, porque os governos passam, mas a administração fica e deve ser eficiente, profissional, vocacionada para resultados. Com certeza continuaremos nesse caminho que, comprovadamente, já se mostrou eficaz. Mercado - Como professor, como o senhor avalia a educação no estado e, principalmente, os salários dos professores, que fizeram greve pedindo revisão do piso? O senhor tem planos para rever essa questão? Anastasia - Justamente por ser professor, filho e irmão de professoras, conheço bem a realidade da educação. Minas Gerais, e não sou eu que o digo, mas o próprio Minis- tério da Educação, ocupa o primeiro lugar no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), o que é motivo de grande orgulho, mas também significa que temos que melhorar cada vez mais, temos que nos superar, e isso vale para todas as áreas. Outro dado importante é que já somamos mais de cem mil alunos em cursos profissionalizantes, por meio do Programa de Educação Profissionalizante (PEP). A questão salarial também avançou muito. Em junho, sancionei o projeto de lei, aprovado pela Assembleia Legislativa, que reestrutura, moderniza e cria nova A 49 ∞ Mercado Outubro 2010 MCapa política remuneratória em parcela única para as carreiras da educação em Minas Gerais. Essa nova política entra em vigor em janeiro de 2011 e incorpora ao salário base todas as vantagens permanentes pagas à categoria. Com isso, entre outras vantagens, o professor em início de carreira com jornada de 24 horas semanais e formação em curso superior de Licenciatura Plena passa a receber R$ 1.320,00 em parcela única. Haverá a possibilidade de opção para jornada de 30 horas com 20 horas em sala de aula e 10 horas de preparação. Nesse caso, o subsídio em início de carreira será de R$ 1.650,00. O impacto dos aumentos nas diversas carreiras é da ordem de 24,5% sobre a folha total da Educação, o que representa acréscimo de R$ 1,3 bilhão anuais. Mercado - Durante a campanha, um dos temas mais abordados pelos demais candidatos foi a alta carga tributária de Minas, que perde em competitividade para outros estados. O que pode ser feito para aliviar a situação? O senhor tem planos de rever o ICMS cobrado no estado? Anastasia - A estrutura tributária nacional hoje é conhecida de todos, é altamente concentradora de recursos na União, o que deixa estados e municípios em uma situação delicada. Minas Gerais ainda sofre em razão das distorções da Lei Kandir, que é uma lei que tem de ser revista, não só pelo seu perfil, mas também pela dificuldade que a União tem em fazer o ressarcimento a cada ano e naturalmente nós temos de voltar a discutir o tema dos royalties, quer do petróleo como dos minérios. Em Minas temos nos esforçado para reduzir a carga tributária do ICMS com o objetivo de proteger a economia estadual, oferecendo condições de igualdade à indústria mineira em relação aos concorrentes situados em outros estados contemplados com benefícios fiscais. A medida também pode estimular novos investimentos, quer mediante a expansão das unidades já existentes no estado, quer pela instalação de novas unidades. Como exemplo posso citar que, recentemente, reduzimos a alíquota do ICMS do setor calçadista de 12% para 3%, beneficiando nosso maior centro econômico desse setor na região de Nova Serrana, centro-oeste de Minas. Mercado - Apesar de ter estado várias vezes em Uberlândia e contar com o apoio do prefeito Odelmo Leão, considerado uma liderança política forte na cidade e região, o senhor perdeu por mais de 30 mil votos para o seu principal adversário, Hélio Costa. Como o senhor avalia essa votação? A que atribui a diferença nas urnas? De alguma maneira esse resultado pode influenciar a relação da cidade com o estado? Anastasia - Como disse no início, os mineiros deram provas de sua soberania. Uberlândia é um município extremamente importante para Minas Gerais e a população sempre me recebeu muito bem. Lembro que, no Triângulo Mineiro, alcançamos 51% dos votos e, em Uberlândia, saímos de uma situação bastante desfavorável, inferior a 20%, para uma situação bem mais equilibrada, chegando a 43%. Esse resultado prova a liderança política do prefeito Odelmo Leão e de todas as forças políticas do Triângulo Mineiro que nos apoiaram. Quero afirmar com muita convicção que Minas é o mais municipalista dos estados brasileiros e o nosso princípio é republicano. Isso significa que em hipótese nenhuma qualquer município de Minas Gerais deixará de ter no governador a confiança de que todo o esforço será feito para que o desenvolvimento, o progresso alcance a todos, independente do resultado das urnas aqui ou acolá. A MCapa Quem é Antônio Augusto Junho Anastasia Anastasia, eleito em primeiro turno, no dia 3 deste mês, governador de Minas Gerais, nasceu em Belo Horizonte em 9 de maio de 1961. Filho de Dante Anastasia e Ilka Junho Anastasia, Antonio Augusto Junho Anastasia é proveniente de uma família de servidores públicos, sendo a mãe professora aposentada e as irmãs, assim como ele, professoras universitárias. Anastasia é graduado pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais, onde também se formou mestre em Direito Administrativo, disciplina da qual é professor na mesma faculdade. Ao longo de sua carreira, especializouse na formulação e gestão de polítiMercado Outubro 2010 ∞ 52 cas públicas, bem como na articulação de programas e propostas com representantes de diversos níveis dos poderes Legislativo e Executivo. Eleito em 2006 vice-governador de Minas Gerais, ficou conhecido pela coordenação da implantação do Choque de Gestão, o programa que norteou a gestão de Aécio Neves e tem como conceito chave “gastar menos com o governo para gastar mais com o cidadão”. Anastasia exerceu os cargos públicos de secretário-adjunto de Planejamento e Coordenação Geral, secretário estadual de Cultura, secretário estadual de Recursos Humanos e Administração e presidente da Fundação João Pinheiro. No Governo Federal, exerceu os cargos de secretário-executivo do Ministério do Trabalho e do Ministério da Justiça. No primeiro mandato do governador Aécio Neves (2003-2006), acumulou os cargos de secretário de estado de Planejamento e Gestão e secretário de estado de Defesa Social. Assumiu o cargo de governador de Minas Gerais em 31 de março deste ano, quando Aécio Neves renunciou para se candidatar ao Senado. Agora, a partir de janeiro de 2011, Anastasia volta a comandar Minas, só que desta vez eleito como protagonista e não como coadjuvante, após ter recebido 62,72% dos votos válidos, quase 6,3 milhões de votos. A MCapa Governação de Anastasia: Minas Gerais para o Brasil A Mercado foi saber do cientista político João Batista Domingues Filho como ele avalia e o que representa a vitória de Anastasia em Minas Gerais. Quem ele é, o que já fez e o que poderá fazer como político e governador. O cientista político João Batista Domingues Filho Domingues, que é professor da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e autor do livro “Planejamento governamental e democracia no Brasil”, afirma que Antonio Augusto Junho Anastasia é “um político profissional - vive ‘para’ a política. É um empreendedor político recrutado na tecnocracia do estado mineiro”. Segundo ele, o desenvolvimento moderno da função pública exige esse tipo de intelectual especializado em administração pública, que fez carreira ‘por dentro’ da gestão pública. Daí surgiu sua competência de técnico para crescer como político capaz de exercer a governança do estado de Minas Gerais. Dando seguimento à análise, o cientista político acrescenta que Anastasia foi um anônimo fora da administração pública de Minas Gerais. Servidor público de carreira, técnico competente por alcançar o equilíbrio orçamentário do Estado, possui fide- lidade “canina” ao atual senador e exgovernador Aécio Neves, criador da “nova forma de governar” em Minas Gerais. O jeito de ser da governança mineira pode ser modelo para o Brasil. É a volta de Minas Geais ao cenário nacional, com a eleição de Aécio Neves presidente da República Federativa do Brasil em 2014. O professor Domingues conta que no livro “Choque de gestão em Minas Gerais”, da Editora UFMG (2006), encontra-se uma apresentação com o relato esclarecedor de Antonio Augusto Anastasia sobre os antecedentes e as origens do Projeto Choque de Gestão. Como professor de Direito Administrativo, ele ensina que o aparato público deve funcionar com eficiência para que os resultados positivos sejam reconhecidos pela comunidade política. “Eficiência é sua meta como administrador ‘bem intencionado’. Intenção e realidade não andam sempre juntas. A orquestração de reforma da Administração Pública em Minas Gerais foi de sua única responsabilidade, a partir do Projeto Choque de Gestão do Governo”, diz. De acordo com o cientista político, no livro Anastasia descreve que, em 2002, Minas Gerais apresentava um gravíssimo quadro fiscal, com déficit orçamentário desde 1996, com falta de recursos para “todas as despesas”. Uma “soma de circunstância” colocou Minas Gerais nessa posição de falta de administração em todos os patamares do Governo. Anastasia faz a lista dos problemas: “descrédito internacional, fuga de investimentos privados, erosão da infra-estrutura pública com sensível redução do sentimento de auto-estima do povo mineiro”. Daí, a grave situação da Administração Estadual, não sintonizada com a nova economia nacional, “com estabilidade da moeda”. Reinava o enfraquecimento institucional da Administração, com a falta de eficiência do serviço público. Tudo isso era a expressão da falta de capacidade do governo de realizar o planejamento público. A MCapa Anastasia como planejador conseguiu ter poder para determinar o ritmo do processo de mudanças da gestão pública. Teve a expertise necessária para ter conhecimento suficiente para tomar decisões, antecipando e eliminando as consequências negativas Planejamento e desenvolvimento de Minas Gerais Planejamento é política, dado que planos expressam intenções políticas para atingir objetivos específicos. Daí que o planejamento para o Governo de Minas Gerais é o antídoto para os males vivenciados ao longo do tempo. O timoneiro desse planejamento foi e é Anastasia. Além da crença no planejamento, o sucesso da sua administração pública fez com que a governança de Minas Gerais provasse que é possível planejar com eficiência dos resultados. Pode ser um Modelo de Gestão Pública para o Brasil. Realizar tarefas complexas através do planejamento é possível, como consertar os defeitos do orçamento. Anastasia como planejador conseguiu ter poder para determinar o ritmo do processo de mudanças da ges- Mercado Outubro 2010 ∞ 56 tão pública. Teve a expertise necessária para ter conhecimento suficiente para tomar decisões, antecipando e eliminando as consequências negativas. Controlou o futuro dos acontecimentos administrativos, alcançou os objetivos fixados em seus planos e criou as condições necessárias para o sucesso do planejamento em Minas Gerais. A metodologia da gestão por processos funcionou com Anastasia para o setor público. Prosseguindo, Domingues afirma que planejamento e administração pública compatibilizaram princípios: consistência e adaptabilidade, coordenação e eficiência. Assim, o planejamento público não é parte do problema, mas a medida da solução. O planejamento de longo prazo foi atingido em Minas Gerais. Imaginou-se o futuro para melhorar as decisões do presente. A evolução histórica do planejamento em Minas Gerais criou o sucesso do presente e reelegeu o governador Anastasia. As atividades de planejamento exigiram desenvolvimento de organizações, indivíduos, sistemas de valores e relações de poder. Surgiram tensões sanáveis entre órgãos planejadores e operacionais, através do aparato público amplo e diversificado. A virtuosidade desse sistema de planejamento global em Minas Gerais gerou um círculo virtuoso entre as várias organizações estatais e as culturas desenvolvidas em cada órgão em relação à distribuição de seus recursos, a fixação de seus objetivos e a implementação das ações. Anastasia adotou a abordagem globalista para Minas Gerais, sem cair no erro comum de ignorar o processo decisório no contexto institucional do planejamento. Isso foi feito através da A MCapa análise profunda dos ambientes externo e interno da Administração Pública para responder às seguintes perguntas: até que ponto planejar? O que planejar? Qual a teoria mais adequada? Respondidas a essas perguntas, montou-se o aparato de planejamento, dado que planejamento deve ser planejado. Eis o segredo do sucesso do planejamento público em Minas Gerais. O professor acrescenta que o “Choque de Gestão” em Minas Gerais já é um “modelo” para o Brasil. É um conjunto de políticas de gestão pública orientado para o desenvolvimento. Métodos gerenciais modernos balizam o planejamento público criado e coordenado por Anastasia. É a administração pública necessária ao desenvolvimento integral e sustentável, associando virtuosamente a racionalidade fiscal e a capacidade gerencial. É o Governo Matricial que possibilitou a gestão pública em Minas Gerais tomar um “choque” que a reviveu de seu sono de incompetências administrativas, implantando a gestão por resultados, respeitando a cidadania, integrando os seguintes aspectos da administração pública: orçamento, planejamento, estrutura organizacional, recursos humanos, gestão e políticas públicas. “Eis um exemplo a ser seguido para se superar a ‘fragmentada e histórica fragmentação’ administrativa do Estado brasileiro”, completa. Domingues diz ainda que, com Anastasia, Minas Gerais tem no desenvolvimento do aparato estatal as condições institucionais para resolver os problemas clássicos da modernidade: urbanização, industrialização, transformação da estrutura ocupacional e alfabetização. Pode desenvolver e aumentar a rede de políticas sociais, elaborando novas maneiras de criar um ambiente social para a ascensão social dos mineiros, com acesso direto aos benefícios públicos. A fruição dos bens sociais ocorrerá de maneira ampla e irrestrita, como obrigação do estado. “Anastasia pode evoluir do voto-gratidão de sua reeleição para o voto-confiança em Aécio, em todo o Brasil, para presidente em 2014. É este o desafio maior de sua gestão pública”, avalia. Em sua opinião, a população mineira pode dar o exemplo para o Brasil de como é possível expandir a rede social em volume e qualidade, garantido as políticas públicas regulatórias, distributivas e redistributivas. É com esse estoque de confiança no Modelo Mineiro de Gestão Pública que Anastasia é o principal responsá- Com Anastasia, Minas Gerais tem no desenvolvimento do aparato estatal as condições institucionais para resolver os problemas clássicos da modernidade: urbanização, industrialização, transformação da estrutura ocupacional e alfabetização Mercado Outubro 2010 ∞ 58 vel pelo sucesso de Aécio Neves em sua corrida pela presidência da República. Seu governo pode ser a alvorada de grandes transformações na estratificação social em Minas Gerais. Políticas de grande envergadura podem reduzir a miséria, redistribuir renda e estimular o desenvolvimento econômico. “Se tudo isso for realizado em sua gestão, por que não Aécio Neves presidente fazer o mesmo pelo Brasil, além do sucesso dessas políticas públicas para Minas Gerais?!”, indaga o cientista. Para ele, Anastasia pode ser a experimentação exitosa em Minas da criação da mobilidade social ascendente, mudando a estratificação social, numa nova trajetória ascendente, criada por políticas públicas de sua gestão à frente do Governo de Minas Gerais. “O confronto lulismo-aecismo já vai com ventos em popa”, analisa Domingues. Ele observa que a coligação Minas Somos Nós é o marco desse desafio de superação do lulismo. Aécio Neves deseja ser para os brasileiros o pós-lula. Aecismo virou mineirismo. Lula é um estrangeiro em Minas Gerais para essa Coligação. Minas Gerais com Aécio Neves pode ocupar o centro do cenário nacional. Os mineiros num futuro político próximo, dependendo do sucesso da gestão pública de Anastasia, poderão oferecer mais um presidente da República. O desejo é produzir a continuidade do sucesso administrativo de Minas Gerais para o plano nacional. Anastasia é o gerente da máquina de governo mineira. O eleitor mineiro, ao votar em Anastasia, alimenta a pretensão do senador Aécio Neves de conquistar a presidência da República do Brasil. É a volta de Minas Gerais ao centro da política nacional. Minas Gerais pode oferecer um novo modo de construção da cidadania para os brasileiros em todo o território nacional. No plano regional, os mineiros aprovaram o modo de governar de Aécio-Anastasia. No plano nacional, Minas Gerais terá um papel importante na construção do novo Brasil: o “Projeto de Minas”, por meio da nova forma de governar: por resultado, eficiência e ética. É a “Administração em Rede”, que operacionaliza o planejamento global mineiro. É a “Rede de Desenvolvimento Integral”, compromisso de governo e envolvimento da sociedade para a solução dos problemas sociais nos três níveis em Minas Gerais: local - 66 microrregiões do estado, integrando governo e população, estimulando a vocação econômica de cada lugar; regional - com sede nas cidades polo de Minas Gerais, associando as demandas locais ao governo; e o plano estadual - presidido pelo Governador Anastasia, que coordena o sistema de informação (Banco de Dados), realizando o planejamento do estado de Minas Gerais ao atender as demandas da população de forma participativa. Para finalizar, o cientista político João Batista Domingues prevê que se tudo isso acontecer na gestão de Aécio/Anastasia em Minas Gerais, uma “Nova Agenda para o Brasil”, ousada e corajosa em termos da reforma política, reforma da previdência e reforma tributária, poderá ser realizada. Aécio senador, atraindo investimentos e viabilizando recursos para a governação de Anastasia, criará as bases para que Minas Gerais possa voltar ao centro político nacional, por obra do sucesso de Anastasia à frente da administração estadual que inicia com a legitimação da população em primeiro turno em Minas Gerais. A Aécio senador, atraindo investimentos e viabilizando recursos para a governação de Anastasia, criará as bases para que Minas Gerais possa voltar ao centro político nacional 59 ∞ Mercado Outubro 2010 MCapa Mineiro agora vai escolher entre Dilma e Serra O eleitor mineiro terá que voltar às urnas no último domingo deste mês para escolher entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) para governar o país pelos próximos quatro anos, diferentemente do que aconteceu em Minas Gerais, quando a briga entre petistas e tucanos - O PT, que no estado apoiou e investiu pesado na candidatura do senador Hélio Costa, do PMDB - foi resolvida já no primeiro turno em favor do PSDB, que viu o seu candidato, Antônio Anastasia, conquistar quase 63% dos votos válidos. Esse resultado era inimaginável a 30 dias da eleição. No dia 3 de setembro, pesquisa divulgada pelo Ibope, encomendada pelo jornal O Estado de S. Paulo e pela Rede Globo, mostrava Anastasia com 35% das intenções de voto e Hélio Costa com 33%, ou seja, empate técnico. Mais surpreendente ainda se for considerada a pesquisa do Datafolha, encomendada pela TV Globo e divulgada no dia 24 de julho, por exemplo, que apontava o senador Hélio Costa com 44% dos eleitores ao seu lado contra apenas 18% de Anastasia, o que representava 26 pontos percentuais de diferença a favor do candidato de Lula, naquela que foi a primeira pesquisa feita Mercado Outubro 2010 ∞ 60 pelo instituto depois do registro das candidaturas em 05 de julho. Ou seja, passadas as eleições do primeiro turno, essa vitória incontestável de Anastasia mostra que em Minas, na queda de braço ente PSDB e PT, deu Aécio Neves contra o presidente Lula, os dois que estavam por detrás das candidaturas tucana e peemedebista, respectivamente, no estado mineiro. Agora, no dia 31 deste mês, os 135,804 milhões de eleitores brasileiros - entre os quais os mineiros - terão que voltar às urnas para eleger o presidente do Brasil para o mandato 2011/2014, cargo disputado por Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). O pleito, que poderia ter sido definido no primeiro turno, foi para o segundo turno após o crescimento da candidata do PV, Marina Silva, que conseguiu 19,33% dos votos válidos. A campanha de Dilma e Serra foi retomada 48 horas após a divulgação dos resultados do primeiro turno pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No rádio e na televisão, a propaganda eleitoral poderá ser feita até o dia 29, sendo que cada candidato a presidente tem 10 minutos em cada bloco de transmissão, às 7h e às 21h. Eles ainda têm mais sete minutos e 30 segundos diários cada um para divulgar propaganda em forma de inserções de 15 a 60 segundos, o que totaliza 30 minutos diários de inserções. Mas o principal desafio de Dilma e Serra é conseguir o apoio ou pelo menos os votos de Marina Silva e de outras lideranças políticas do país. Serra, por exemplo, quer mais envolvimento em sua campanha de Aécio Neves, eleito senador por Minas Gerais, e de Anastasia. Os dois, além da votação expressiva, representam o segundo maior colégio eleitoral do país, com 14,522 milhões de eleitores. Dilma, por sua vez, acredita no histórico do partido que, segundo ela, “está acostumado a desafios e é de chegada”, baseado nas eleições de 2002 e 2006, vencidas por Lula em turnos. Mas a candidata tenta uma aproximação com Marina Silva e, consequentemente, com os eleitores desta. Dilma deve retirar do seu plano de governo o tema aborto, que causou polêmica entre ela e Marina Silva no primeiro turno. Primeiro turno - De acordo com balanço divulgado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Dilma venceu em quatro regiões e, Serra, Foto: Nelson Jr./ASICS/TSE em uma. Dilma Rousseff (PT) obteve 46,91% dos votos válidos e José Serra (PSDB) 32,61%, uma diferença de quase 6,3 milhões de votos para a petista. Dilma venceu no nordeste e norte com folga, mas liderou com vantagem menor no sudeste e centrooeste. Serra venceu no sul, com 43,01%. Dilma teve 42,10%; e Marina, 13,64%. A candidata do presidente Lula venceu em 18 estados e Serra liderou em oito: Acre, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rondônia, Roraima, Santa Catarina e São Paulo. Marina ganhou no Distrito Federal, onde conseguiu 41,96% dos votos válidos, e ficou em segundo lugar em cinco estados - Acre, Amapá, Amazonas, Pernambuco e Rio de Janeiro. No Ceará, ela empatou com Serra (16,36%). Entre os votos no exterior, Dilma perdeu por cerca de quatro pontos percentuais. Ela obteve 36,81%, contra 40,25% de Serra e 20,43% de Marina. Entre os eleitores que votaram em trânsito, Dilma venceu com 39,15%. Serra obteve 31,18% e Marina ficou com 28,11%. Os votos em branco somaram 3.479.320 (3,13%); e os nulos, 6.124.083 (5,51%). A abstenção foi de 18,12%. B Números do 1º turno para presidente Candidato % de votos Nº de votos Dilma Rousseff 46,91 47.651.434 José Serra 32,61 33.132.283 Marina Silva 19,33 19.635.359 MConstrução Quebra-quebra na construção está com os dias contados POR Márcia Amaral | Especial Norma de Coordenação Modular entrou em vigor e permite racionalizar processos construtivos; agora tudo se encaixa na construção É comum, durante uma obra, que uma porta ou uma janela não se encaixem no espaço que lhes é destinado, o que acaba gerando desperdício de material e aumento de custos. No entanto, a solução para esse problema existe há mais de trinta anos e denominase coordenação modular. É que entrou em vigor, no dia 1º de outubro, a NBR 15.873:2010 - Norma de Coordenação Modular para edificações, publicada no dia 1º de setem- bro, que especifica como padrão a medida de 100 mm para módulos básicos, além de definir os termos e os princípios da coordenação modular para edificações. O conceito de coordenação se aplica ao projeto e construção de edificações de norma de coordenação modular decimétrica (módulo de 10 cm), a NB-25R, em 1950. O engenheiro explica que “atualmente, o tema volta a fazer parte da discussão de construtoras e projetistas devido à Foto: Divulgação ABCP todos os tipos e também à produção de componentes construtivos. A ideia central é permitir que os sistemas e componentes tenham medidas padronizadas de forma industrial e sejam compatibilizados desde o projeto. Com isso, a construção se torna mais racionalizada e com alto índice de produtividade. A Norma de Coordenação Modular foi elaborada pela Comissão de Estudo de Coordenação Modular do CB-02 (Comitê Brasileiro da Construção Civil) da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), com a participação do Comitê de Tecnologia e Qualidade do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP). Para a elaboração do projeto da norma, foram consideradas seis normas internacionais, a ISO 1791:1983, que define os termos necessários para a concepção e construção de edifícios de acordo com a coordenação modular; a ISO 1006:1983, que estabelece o valor do módulo básico para ser usado na coordenação modular de edifícios; a ISO 2848:1984, que determina os princípios e regras da coordenação modular; a ISO 6513:1982, que prescreve as séries de medidas multimodulares preferíveis para dimensões modulares; a ISO 6514:1982, que institui os valores dos incrementos submodulares; e a ISO 1040:1983, que define as medidas dos multimódulos para dimensões coordenadoras horizontais. A norma cancela e substitui a ABNT NBR 5706 - Norma de Coordenação Modular da construção, que fixava as condições exigíveis a serem observadas na elaboração de projetos coordenados modularmente, assim como outras 24 normas da ABNT que fazem referência à Coordenação Modular. Segundo Mário William Esper, gerente de relações institucionais e responsável pela área de Normalização e Assuntos Estratégicos da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), o Brasil é um dos pioneiros na aprovação da Mário William: “Com a coordenação modular, o controle de execução é mais efetivo, inclusive com redução de patologias” necessidade de aumento de produtividade aliada à redução de custos. Outro fato que determina a retomada desse sistema é que cada vez mais os empreendimentos imobiliários apresentam plantas flexíveis para atender a demanda do mercado”. Segundo Mário William, o sistema modular facilita a industrialização e padronização de métodos e detalhes. Além disso, contribui para o controle da produção no momento em que usa técnicas pré-definidas, diminui problemas de interface entre os componentes, elementos e subsistemas e reduz desperdícios e erros de mão de obra. O engenheiro conta que a amarração entre as paredes, por exemplo, pode ser obtida com maior facilidade se o uso do bloco proporcional substituir blocos de dimensões distintas. Ele destaca também que nas edificações em alvenaria estrutural é importante ter a definição da sequência de técnicas para a execução dos subsistemas. “Com a coordenação modular, o controle de execução é mais efetivo, inclusive com redução de patologias”, afirma Mário William. B 63 ∞ Mercado Outubro 2010 MSaúde Hospital de Uberlândia é pioneiro no tratamento de alta miopia POR Luciana Rodrigues O Iso Olhos, através do oftalmologista Mario Carvalho, é o primeiro hospital do interior brasileiro a realizar o novo procedimento para corrigir alta miopia que não altera a anatomia ocular e ainda evita o olho seco e reduz complicações pós-cirúrgicas Mercado Outubro 2010 ∞ 64 N o Brasil, a taxa de alta miopia (acima de 6 graus) atinge entre 1,9 milhão e 5,7 milhões de pessoas, segundo levantamento do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO). Entretanto, uma nova tecnologia, aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), surge como alternativa para pessoas que têm esse tipo de problema e que por isso são dependentes de óculos chamados de “fundo de garrafa”. Trata-se de uma lente intraocular produzida com material biocompatível e maleável que corrige de 6 a 16 graus de miopia. A técnica, utilizada em larga escala na Europa, foi aprovada pela Anvisa em abril. Vinte cirurgiões brasileiros fizeram capacitação para a cirurgia no exterior e iniciaram o procedimento em junho no Brasil, onde, por enquanto, está restrito à rede privada. Em Uberlândia, o oftalmologista Mario Carvalho, do Hospital Iso Olhos, é o primeiro médico a ter certificação para implantar lentes fácicas para o tratamento da alta miopia. Os pacientes que já passaram pelo pós-operatório atingiram uma correção visual satisfatória a ponto de realizarem atividades do dia a dia sem a dificuldade de antes. De acordo com o médico, o procedimento pode significar a retomada da qualidade de vida para boa parte da população. As pessoas que são portadoras de alta miopia têm menos de 10% de quantidade de visão e objetos que estão a menos de 3 metros de distância já não são vistos com nitidez. A nova tecnologia é uma lente intraocular produzida pela Alcon com material biocompatível e totalmente maleável que, como descrito, corrige de 6 a 16 graus de miopia. Cirurgia é pouco invasiva O procedimento é feito com anestesia local. A lente é implantada sobre a íris - parte colorida do olho - através de uma pequena in- cisão feita na periferia da córnea, sem a retirada do cristalino. Como não altera a estrutura da córnea com aplicação de laser, isso evita o olho seco e tem resultado mais previsível que a cirurgia refrativa convencional. As chances de complicações pós-operatórias também são reduzidas, pois as lentes intraoculares usadas anteriormente eram inseridas na câmara posterior, entre a íris e o cristalino, ou seja, exigiam uma incisão na íris, para garantir o O oftalmologista Mario aporte de nutrientes ao sistema ocular e evitar Carvalho é o pioneiro em a formação de depóUberlândia na implantação sitos que aumentam o de lentes fácicas risco de opacificação do cristalino. Segundo o oftalmoloMiopia gista, hoje esse risco foi eliminado, porque a nova lente é implantada na A miopia é uma situação em que câmara anterior, entre a córnea e a os raios de luz que penetram no olho íris, e isso impede qualquer contato são focalizados antes de atingirem a com o cristalino, o que facilitaria o retina. Como consequência, o míope aparecimento de catarata. tem dificuldade de enxergar à distânOutro risco que foi reduzido cia e tendência a aproximar objetos pela nova tecnologia é o de au- para enxergar melhor (tentativa de mento da pressão intraocular, que deslocar a imagem para a retina). pode levar ao glaucoma. Isso por- Sendo assim, é necessário o uso de que o implante na câmara anterior lentes corretoras (óculos, lentes de interfere menos no bom fluxo do contato) com a finalidade de deslohumor aquoso, que é essencial car o foco para a retina, melhorando, para manter a pressão intraocular dessa forma, a visão. Em alguns caem níveis normais. sos, depois de estabilizada a miopia, o erro refracional da miopia pode ser Quem pode fazer o implante minorado, eliminando a dependência das lentes corretoras. A lente é indicada para maiores de A alta miopia, grau mais avançado 21 anos e com um ano de estabilido problema e que demanda o uso dade de grau. Mas é preciso passar dos chamados “óculos fundo de garpor uma avaliação oftalmológica. rafa”, pode cursar com alterações de Para quem tem problema de retina, fundo de olho que devem ser acomglaucoma ou catarata não é indicapanhadas de perto. do esse procedimento. Mas a recoA miopia de início repentino na mendação é que a pessoa procure vida adulta deve ser avaliada minupelo médico capacitado para fazer ciosamente, pois pode representar a cirurgia de alta miopia para sanar sinal de outra patologia (catarata dúvidas relacionadas à correção. ou diabete). B 65 ∞ Mercado Outubro 2010 MSaúde Cérebro sobrecarregado prejudica desempenho pessoal POR Núbia Mota Adultos com estresse crônico rendem 50% menos do que a sua capacidade normal A quele velho ditado, “mente ociosa é oficina do diabo”, nem sempre condiz com a realidade. Entre uma atividade e outra, o cérebro precisa de descanso para não ter o desempenho comMercado Outubro 2010 ∞ 66 prometido. Até ações simples, que muitos acham inofensivas, como ver televisão, por exemplo, precisam de intervalos. Depois de três horas em frente à telinha, o estresse começa a surgir. No ambiente de trabalho, então, como a maioria dos brasileiros têm carga horária de 6h, 8h e até 12h por dia, o estresse acaba afetando 90% da população, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, e em 2020 será a segunda principal causa de afastamento dos trabalhadores. Diante desse quadro, tirar alguns minutos de descanso e identificar e compreender as situações que mais causam o transtorno é essencial para manter o bem-estar. Segundo a coordenadora comercial Sônia Bernardes, o trabalho excessivo a deixa agitada durante a noite e quanto mais cansada, mais dificuldade tem para dormir. Quando chega em casa, ainda impaciente, o relacionamento com os filhos e marido acaba também sendo prejudicado. “Eu dedico também pouquíssimo tempo para mim, não fico sozinha. Sou impaciente no trabalho. Não percebo impaciência dos funcionários comigo, o que deve ser grave, porque acho que provoco paralisia neles”, afirma Sônia. Por outro lado, a médica antroposófica Tânia Helena Álvares observa que as pessoas não conseguem mais se ouvir. “Elas chegam em casa, ligam o rádio e a TV ao mesmo tempo e não param quietas nunca. Estão sempre no piloto automático e, assim, fica difícil se autoconhecer”, diz. A médica Tânia Álvares: “Adultos com estresse crônico apresentam desempenho 50% inferior em testes cognitivos em relação a outros com baixo nível de estresse” Limites do cérebro sem comprometimento de desempenho Dirigir - 6 horas Assistir TV - 3 horas Ler - 3 horas Jogar videogame - 1 hora Correr no trabalho em busca de resultados no fim do mês talvez não seja o melhor caminho. De acordo com Tânia Álvares, adultos com estresse crônico apresentam desempenho 50% inferior em testes cognitivos em relação a outros com baixo nível de estresse. Submeter o cérebro a uma mesma tarefa ininterruptamente causa fadiga mental e compromete a capacidade de processamento e memorização das informações. “Após trinta minutos com fones de ouvido, por exemplo, a pessoa deve fazer outra atividade na meia hora seguida, uma boa opção para melhorar o desempenho é fazer meditação. Essa terapia, inspirada pela medicina antroposófica, proporciona às pessoas um encontro com a paz interior e o equilíbrio”, afirma a médica. pode viver mais e melhor, afinal, é capaz de enfrentar problemas de forma mais consciente e clara e não se deixa abater por qualquer imprevisto. Também consegue ter maior tolerância nos relacionamentos afetivos e falar menos bobagem, pois pensa antes de dizer alguma coisa que possa ofender. “A paciência é a ciência da paz. Autocontrole, autoconhecimento e equilíbrio emocional são processos que requerem um investimento pessoal como ler bons livros e fazer tratamentos médicos e psicológicos. Meditação, massagem, florais, ioga harmonizam o físico, a vitalidade e o emocional”, afirma a psicóloga Lidiane Freitas. Investimento pessoal também exige paciência, pois a paz interior não vem de mão beijada, nem em poucos minutos de meditação. Tornar-se uma pessoa mais tranquila depende, sobretudo, de dedicar tempo para si mesmo, para pensar na vida e ficar em silêncio. “O caminho é cuidar do corpo físico, alimentação, sono, ritmo de vida”, conclui Tânia Alvares. B Haja paciência Considerada uma das sete virtudes da humanidade, a paciência é uma boa arma para enfrentar a rotina alucinada. Quem sabe esperar 67 ∞ Mercado Outubro 2010 MEducação Mais Estudo é atalho entre instituições de ensino e alunos POR Ana Carolina Empresa promove parceria que ajuda a fomentar o ensino privado no Brasil e combate a ociosidade e a inadimplência nas instituições O interesse em dar aos filhos um ensino de qualidade cresceu por conta do aumento da renda familiar, de acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiar publicada em junho pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O crescimento do gasto com educação foi de 1,6% no ano de 2009 em famílias que ganham entre R$ 1.245,00 e R$ 2.490,00, renda mensal da classe C. O aumento na média geral brasileira foi 2,5% em despesas com ensino no mesmo ano. Nesse contexto, a Mais Estudo Mercado Outubro 2010 ∞ 68 possibilita o acesso de jovens alunos à educação por meio da concessão de bolsas de estudo com até 70% de desconto nas mensalidades, ao mesmo tempo em que preenche vagas ociosas em instituições privadas de ensino. Essa é uma forma inovadora que a Mais Estudo desenvolveu para trabalhar de maneira integrada com a instituição e o estudante, em que os dois lados ganham: o candidato estuda por um valor de mensalidade mais acessível e a instituição parceira consegue reduzir a ociosidade e as taxas de inadimplência e de evasão. Até o momento, são mais de 200 mil estudantes cadastrados em busca de uma vaga, enquanto 25 mil alunos já estão matriculados em diversas instituições por intermédio da Mais Estudo. Os estudantes interessados se cadastram gratuitamente no portal www.maisestudo.com.br. Além de terem acesso ao desconto em mais de 1.000 cursos disponíveis em 30 instituições de ensino no país, o candidato tem informações do setor para ler e pesquisar. Atualmente, os cursos mais concorridos são os de graduação, mas há também opções para cursos técnicos, de pós-graduação, idiomas e livres, com valor menor em suas mensalidades. B Foto: Reprodução MComportamento Cláudia Leite foi uma das principais estrelas do Triângulo Music 2010 Vários estilos e uma só festa POR Renata Tavares e Natália Nascimento D as botas countries às calças masculinas coloridas e penteados exóticos. A sexta edição do festival Triângulo Music, realizada em Uberlândia, trouxe para o palco das apresentações os mais variados tipos de sons, Mercado Outubro 2010 ∞ 70 desde a música sertaneja, passando pelo pop rock e happy rock até o ritmo baiano, agitando o público como nunca e fazendo deste evento o mais eclético da história do festival. Em consequência, toda essa diversidade de estilos musicais só poderia resultar em atrair pessoas dos mais dife- rentes estilos e gostos, distribuídas entre os mais de 40 mil amantes de festivais que estiveram presentes ao estádio Parque do Sabiá, local de realização do evento. Um cenário que se encaixou bem no lema do Triângulo Music deste ano: “Todas as Tribos. Uma só voz”. Foto: Reprodução Além das atrações no palco principal, o público também pôde optar pela tenda eletrônica. Foi o que o estudante Joaquim Gabriel da Silva, de 18 anos, fez. “Vim para curtir o Nx Zero, como ele já se apresentou, eu vim aproveitar a tenda.” A irreverente Restart identificou bem a cara do que é o festival: “Todas as Tribos” Ao som de Jota Quest, também no primeiro dia, a analista de focalização Daniele Loyola esperava os sertanejos João Bosco e Vinícius subirem ao palco. “É o que eu gosto, mas essa edição do festival superou as expectativas. Gostei da programação e de ver tanta gente diferente em um só lugar”, disse. Triângulo Music A banda Jota Quest, que esteve presente em cinco das seis edições do Triângulo Music, resumiu em uma frase o carinho pelo festival e pela cidade. “Estamos sempre aqui e gostamos do evento”, disse o vocalista da banda, Rogério Flausino. A Foto: Reprodução Foram dois dias de muita música e agitação, reunindo grandes nomes e atrações quase desconhecidas da música, entre os quais: Cláudia Leite, Hori, João Bosco e Vinícius, Jota Quest, Ultrasom, Ivete Sangalo, Victor e Léo, NX Zero, Restart e Perlla. No dia da abertura do Triângulo Music, um pouco antes das 22h, a banda de happy rock Restart - de estilo despojado, que combina cores extravagantes - subiu ao palco principal do festival. Nesse instante, o estudante Elias dos Santos, 24 anos, vestido com calça jeans verde, camiseta branca e cabelo estilizado - como os integrantes da banda - foi para a frente do palco. “Eu amo a banda, essa foi uma oportunidade de assisti-los de perto. Tenho 24 anos, mas não tem idade certa para ser fã de Restart. Até minha mãe gosta.” Joaquim Gabriel, com o NX Zero onde ele estiver Daniele Loyola, amante dos sertanejos João Bosco e Vinícius Elias dos Santos, fã declarado da Restart Rogério Flausino, que com o Jota Quest esteve presente em cinco das seis edições do festival 71 ∞ Mercado Outubro 2010 Foto: Divulgação MComportamento Uma grande estrutura para um grande evento E não é para menos, além das mais de 40 mil pessoas presentes ao evento deste ano, número que foi comum em edições anteriores, a estrutura do Triângulo Music também impressiona e agrada qualquer artista. Em uma área de 10.625 metros quadrados foram utilizadas mais de 500 toneladas de materiais para adaptar o espaço às necessidades do evento, 500 mil watts de som e 1,5 mega watt de iluminação. O Triângulo Music 2010 também trouxe, mais uma vez, material de última tecnologia para a cobertura do gramado. O piso easyfloor, feito de um material mais prático e seguro, semelhante ao PVC, cobriu nove mil metros quadrados do gramado do Estádio do Parque do Sabiá. Com 17m de largura, 10m de altura e 13m de profundidade, os equipamentos usados no palco eram os mais modernos em tecMercado Outubro 2010 ∞ 72 nologia, utilizados também em outros grandes eventos do Brasil e do mundo. “Todos os anos fazemos uma avaliação do ano anterior e em cima dela procuramos sempre melhorar, sofisticando cada vez mais o festival e proporcionando maior conforto para o público. A palavra certa para o Triângulo Music é evolução”, conta o arquiteto responsável pela montagem do festival, Giuseppe Mazonni. Já com relação ao consumo, segundo a coordenação do evento, as vendas dos setores de alimentação e bebidas ultrapassaram as expectativas. Foram consumidas 144 mil latas de cervejas, 48 mil latas de refrigerantes, 4.500 garrafas pet de 2 litros de refrigerante, 5 mil litros de suco, 7 mil sanduíches, 1.500 kg de sorvete e 6 mil salgados, fora os buffets que atenderam os camarins e camarotes empresariais e All Inclusive. Emprego e renda Além da festa em si, o Triângulo Music movimenta ainda a economia e emprega milhares de pessoas. O festival gerou cerca de 1.500 empregos diretos e indiretos em vários setores. Hotéis e restaurantes também estiveram cheios no fim de semana do evento. Durante o Triângulo Music 2010, a área de segurança trabalhou com uma equipe de 961 agentes entre policiais militares e civis, bombeiros, brigadistas, juizado de menores e seguranças particulares (450). Além da equipe de segurança, também trabalharam no evento cerca de 130 pessoas na coleta seletiva, 60 na limpeza do estádio e 550 na distribuição de bebidas. Fora o equipamento de som e a estrutura do evento, todas as pessoas que trabalharam para o festival são de Uberlândia, o que agrega mais renda à economia da cidade. B MMarketing Geração Z: quem são os consumidores do futuro? DO Mundo do Marketing Nascidos junto à tecnologia, eles mostram-se mais exigentes, inquietos e querem marcas sustentáveis M uito já se falou sobre a geração Y. Agora chegou a vez da Z. Formado por crianças e adolescentes - futuros consumidores - esse grupo já desenha algumas tendências que devem despertar a atenção do mercado. Mantendo algumas características dos jovens da Y, a Z aparece cada vez mais preocupada com a sustentabilidade e disposta a não pagar por produtos e serviços que podem ser encontrados gratuitaMercado Outubro 2010 ∞ 74 mente na internet. O conceito de gerações, antes muito utilizado pela área de recursos humanos, ganha importância também no mercado. Mesmo não sendo possível rotular pessoas apenas de acordo com a sua faixa etária, a definição pode facilitar o conhecimento e o desenvolvimento da estratégia das empresas. Semelhante à Y, a Geração Z também é inquieta, menos fiel às marcas e acostumada a fazer tarefas múltiplas. A diferença, no entanto, é que a nova geração tem todas as características de forma mais acentuada, pois se desenvolveu junto com os avanços tecnológicos mais recentes. “A geração Z já nasceu com o joystick, o controle remoto e o celular no berço, enquanto a Y viu isso acontecer. Se a Y quer as coisas rápidas, a Z muito mais, ela não sabe o que é o mundo sem tecnologia”, aponta Paulo Carramenha, diretor Presidente da GFK CR Brasil, em entrevista ao Mundo do Marketing. Paulo Carramenha: “Se a Y (geração) quer as coisas rápidas, a Z muito mais, ela não sabe o que é o mundo sem tecnologia” Consumidor menos previsível Em relação à idade, a geração Y é formada por jovens de 20 a 30 anos e a Z por crianças e adolescentes de até 17 anos, enquanto a X é composta por adultos de 30 a 45 anos. Em sua maioria, a X nasceu após acontecimentos como a chegada do homem à lua e viu surgir o videocassete e o computador pessoal, mas passou por um momento de instabilidade financeira, o que não aconteceu com os jovens da Y, muito mais inseridos no mercado de consumo. A Y, além de ter se desenvolvido numa época de prosperidade econômica, também testemunhou grandes avanços tecnológicos, como a internet, o que fez com que crescesse estimulada por atividades e realizando tarefas múltiplas. As características, entretanto, não são suficientes para definir um grupo de pessoas que sofrem diversas influências sociais, culturais e econômicas que acabam por se refletir em seu comportamento. Antes de serem de gerações diferentes, esses consumidores são também pessoas, com necessidades, expectativas e valores que vão além da idade ou do ano de nascimento “Cada vez mais fica claro que o consumidor é menos previsível do que era no passado. Estamos tentando entender o tempo todo o que mudou. Antes de serem de gerações diferentes, esses consumidores são também pessoas, com necessidades, expectativas e valores que vão além da idade ou do ano de nascimento”, diz Carramenha. Jovens não querem pagar por conteúdo Cabe ao Marketing, então, selecionar segmentos de pessoas que tenham um comportamento de consumo semelhante. “As gerações estão ficando cada vez mais próximas. Se eu falar da X, por exemplo, sempre existiu um pé atrás em relação à compra pela internet. Mas com o desenvolvimento do serviço, hoje essas pessoas estão mais confiantes na hora de comprar”, explica Ana Barbieri, professora do curso “Cultura Jovem: as gerações X, Y e Z”, do CIC ESPM - Centro de Inovação e Criatividade, em entrevista ao Mundo do Marketing. Para as empresas, é essencial entender uma característica fundamental da geração Y e, principalmente, da Z: eles querem pagar cada vez menos por produtos e conteúdo. Fazer downloads gratuitos de músicas, filmes e livros é um hábito comum a esses consumidores, que não pagam por isso com a mesma frequência que a geração X. Ana Barbieri, professora do curso “Cultura Jovem: as gerações X, Y e Z”, da ESPM “O que eles mais compram são produtos relacionados à moda e à tecnologia, especialmente celular. Além disso, apesar de os jovens da geração Z ainda não estarem inseridos no mercado de consumo, eles influenciam os pais na hora da compra, fazem pesquisa na internet e vão à loja física”, aponta Ana. A MMarketing Sustentabilidade e marcas transparentes Outra tendência que já se desenha entre os indivíduos da Y - e deve ficar ainda mais relevante na Z - é o apelo por produtos e serviços sustentáveis. “Os jovens estão mais preocupados com o meio ambiente e com causas sociais, mais do que a geração anterior, que é muito consumista. Eles querem escolher melhor, saber que a marca contribui para a sustentabilidade e buscar o consumo consciente”, diz Carramenha, da GFK. A transparência das marcas também é um atributo muito valorizado pelos jovens da geração Y. “As marcas que souberem entregar conteúdo para esse consumidor se darão bem. As empresas que querem se comunicar com o jovem têm que fazer algo de que eles gostem e que também esteja ligado à marca. As companhias devem ser verdadeiras e conhecer os consumidores”, ressalta Ana, da ESPM. As marcas que souberem entregar conteúdo para esse consumidor se darão bem Mercado Outubro 2010 ∞ 76 A estratégia vale também para a geração Z, que representa os consumidores de amanhã das empresas. É preciso que as marcas mantenham um diálogo desde agora para estabelecer um vínculo forte e um relacionamento estreito no futuro. É o que faz a Oi, trabalhando plataformas que falam diretamente com esse público. Conexão com os jovens de espírito O mais importante é perceber que, independentemente de idade e geração, os consumidores são pessoas. As marcas se relacionam com seres humanos A marca que surgiu há oito anos conta hoje com investimentos em música, moda, esportes e cultura. Um dos canais mais fortes da empresa é a Oi FM. A rádio, presente em 10 cidades, é um dos principais exemplos de como a operadora de telefonia consegue se conectar aos jovens e fortalecer sua marca entre consumidores, sem esquecer dos prospects. “A Oi surgiu com a preocupação de ser uma marca voltada para pessoas de espírito jovem. Essa forma de se comunicar visa a definir a identidade da marca. Medimos o sucesso da Oi a partir da relação emocional que as pessoas têm com ela”, diz Flavia da Justa, diretora de Comunicação de Mercado da Oi, em entrevista ao Mundo do Marketing. O foco da Oi nos “jovens de espírito” prova que, muito mais do que uma divisão por faixa etária, é necessário entender os consumidores e seus estilos de vida. “As pessoas querem continuar jovens. As marcas devem trabalhar os estilos de vida. Hoje não há uma grande massa para que as empresas falem tudo igual. Não dá para dizer que uma pessoa de 30 anos seja muito diferente de uma de 25”, acredita Ana. Entender as diferenças entre as gerações ajuda na construção da estratégia das empresas, mas não se pode deixar de lado o perfil de cada consumidor. “O mais importante é perceber que, independentemente de idade e geração, os consumidores são pessoas. As marcas se relacionam com seres humanos”, aponta o executivo da GFK. B MTurismo Atacama: um paraíso seco e surreal POR Michele Borges | Especial FOTOS Douglas Luzz Engana-se quem pensa que esse deserto chileno - o mais seco de todos - é só aridez. Condições naturais tão adversas formaram, sem dúvida, um dos lugares mais bonitos do planeta MTurismo Situada a 1.600 quilômetros ao norte da capital Santiago, a pequena e exótica vila San Pedro de Atacama recebe diariamente turistas de todas as partes do mundo interessados em ver de perto as maravilhas do deserto mais seco e árido do mundo: o Atacama - para o qual a vila pode ser considerada o portal de entrada. Mesmo bastante pequena, por depender da atividade turística e ser o ponto de partida das diversas excursões pela região, a vila disponibiliza aos visitantes os mais diversos serviços - desde hotéis e restaurantes com cozinha internacional a agências de turismo e lojas para aluguel de equipamentos esportivos. San Pedro de Atacama tem no seu passado uma rica e vasta história. Os primeiros habitantes A vila, à noite. San Pedro do Atacama Mercado Outubro 2010 ∞ 80 instalaram-se no lugar - um oásis - há cerca de 11 mil anos. Deixaram de ser nômades, desenvolveram a agricultura e a irrigação artificial. Domesticaram as llamas e as alpacas, aproveitando sua carne, lã e também utilizando esses animais como meio de transporte. Inventaram a cerâmica, tecidos, trabalhos em madeira e metalurgia em cobre e bronze. Seguiam uma religião e tornaramse um dos povos mais desenvolvidos da América pré-colombiana. Tudo isso, aliado ao clima mais seco do mundo, transformou San Pedro de Atacama não apenas em um lugar turístico, mas também na capital da arqueologia chilena. Toda essa história ainda pode ser sentida em visita aos campos de cultivo e na arquitetura da região. A torre da igreja de San Pedro do Atacama Como chegar - A partir de Santiago é possível ir de avião até a cidade de Calama, a 95 Km de San Pedro, e terminar o percurso de ônibus. Já para quem prefere um contato mais próximo com a extraordinária diversidade das paisagens chilenas e suas transformações à medida que se aproxima do Atacama, a dica é ir pela rodovia litorânea. Não é só aridez o deserto: o Atacama também são flores Quem imagina que o deserto do Atacama é só aridez se engana. A região é famosa pelo milagre do “deserto florido”, que acontece quando a paisagem cinza é modificada por “manchones” multicores de tons verdes, violetas, vermelhos e amarelos. As florações, que começam a se manifestar em setembro, estão relacionadas com a influência do “El Niño”, que decorre de um superaquecimento das correntes marítimas, que provocam aumento das precipitações. Assim, quando chove no deserto, sementes que estavam hibernadas no solo, entre pedras e areia, se desenvolvem e dão origem a mais de 200 tipos diferentes de flores. A Flores do Atacama MTurismo Laguna Miscanti, a 4.200 metros de altitude Água congelada no deserto?! As Lagunas (lagoas) Altiplânicas, Miscanti e Miñiques, são outra agradável surpresa para quem não imagina que em pleno deserto é possível encontrar lagoas de até 15 Km² com suas superfícies quase totalmente congeladas. Partindo de San Pedro em alguma das várias excursões que saem diariamente da vila em direção aos pontos turísticos do Atacama, chega-se em cerca de uma hora e por menos de R$ 60 reais a essas duas belíssimas lagoas deitadas ao pé dos vulcões de mesmo nome. A visão que se tem ao alcançar os 4.200 metros de altitude acima do nível do mar é surpreendente e emocionante ao mesmo tempo. As duas lagoas são resultado da infiltração subterrânea de chuvas, de vertentes termais, de chuvas de verão e do desgelo dos altos cumes. Estão localizadas dentro da Reserva Nacional Los Flamencos, outra encantadora parada obrigatória no Salar do Atacama, o 3º maior salar do planeta. Durante muito tempo, pensou-se que o sal, que dá nome ao lugar, fosse proveniente de um oceano extinto. Porém, estudos demonstraram a incoerência da hipótese ao comprovarem a diferença entre a composição do sal do Salar e do sal do mar. Somando-se a isso o fato de nunca terem sido encontrado ali restos marinhos, chegou-se à conclusão de que o sal do lugar é fruto de derramamento vulcânico. Laguna Miñiques Salar de Atacama Habitantes tão especiais quanto o lugar Com o derretimento do gelo que está nos Andes, afloram águas na superfície do Salar, que originam sistemas hídricos unidos por canais naturais e que abrigam, além de muito sal, abundantes formas microscópicas de algas unicelulares e microinvertebrados (crustáceos) - dieta apetitosa para os encantadores flamingos que, com sua bela plumagem cor-de-rosa e movimentos graciosos, hipnotizam as centenas de turistas que acordam cedo para vê-los. Um espetáculo à parte. Sem dúvida, as condições adversas desse ambiente desenvolveram eficientes mecanismos de seleção natural que resultaram em uma avifauna muito preciosa, em que se destacam o pato e a gaivota andina, o zorro e a vicuña - dessa última espécie é retirada a mais fina e luxuosa lã do mundo. A Flamingos MTurismo Zorro Gaivota andina Laguna Cejar - Rodeada por um maravilhoso panorama da Cordilheira dos Andes, com os vulcões Licancabur, Lascar e Corona ao fundo, a Laguna Cejar também merece uma visita de quem gosta de belas imagens e de experimentar sensações diferentes. Devido à alta concentração de sal, todo e qualquer corpo que entra nas águas de Cejar flutua, assim como no Mar Morto. Para completar, a água é fria na superfície, mas quente no fundo. Pato andino É importante não andar descalço nas margens da lagoa, por causa da quantidade de cristais de sal afiados espalhados pelo chão, não mergulhar o rosto na lagoa para não irritar os olhos, permanecer imerso por no máximo 20 minutos e tomar uma ducha de água doce depois que sair, se não quiser ter a pele coberta de sal e irritada. Seguindo as instruções dos guias, é só abrir os braços, relaxar e boiar. Vulcão Licancabur Laguna Cejar com banhistas Laguna e Licancabur Ojos de Salar Ojos de Salar - Bem próximo à Laguna Cejar, a cerca de 20 Km de San Pedro, estão também os Olhos do Salar, dois impressionantes lagos redondos quase do mesmo tamanho e dispostos um ao lado do outro. Gêiseres Del Tatio Mais uma atração incrível do Atacama é a presença do maior campo geotérmico do mundo em número de gêiseres - nascentes termais que entram em erupGêiseres del Tatio ção periodicamente, originadas de fissuras formadas na crosta terrestre quando rios gelados subterrâneos entraram em contato com rochas quentes. Nesse lugar, por volta das seis horas da manhã e sob uma temperatura de negativos 8°C, os emergentes tufos de vapor d’água chegam a subir a 10 metros de altura. E apesar de a temperatura exterior ser muito baixa por causa da elevada altitude (4.320 metros), há piscinas térmicas ricas em minerais em que os turistas fazem questão de se banharem. A Piscina térmica MTurismo Valle de La Luna Valle de La Luna Para quem gosta de adrenalina, Sandboard é o esporte praticado nas areias do Valle de La Luna, a apenas 17 Km de San Pedro. Do mirante, a visão é mesmo lunar. A região recebeu esse nome justamente pela composição formada por rochas e areias que promovem uma aparência semelhante à da superfície da Lua. A caminho de todos esses passeios há sempre um povoado, cuja cultura data de milênios antes de Cristo. São povos que têm perdurado no tempo, respeitando e perpetuando costumes, tradições e, principalmente, seu vínculo ancestral com a Mãe Natureza. B Valle de La Luna - noturna Mercado Outubro 2010 ∞ 86 MVeículos Peugeot HR1: exclusivo, urbano e interativo A Peugeot mais uma vez agita os diferentes segmentos de automóveis com o HR1, um concept car urbano, distintivo e inovador, que mistura gêneros de forma harmoniosa (veículo urbano, cupê e SUV) e pretende seduzir o público jovem, ativo, apaixonado por design e tecnologias e que busca um veículo com semelhante perfil. O HR1 inova com as mais atuais tendências em termos de hiperconectividade, capacidade de transformação e reatividade, a serviço de uma inédita experiência de condução. Em primeiro lugar, a cinemática original das portas facilita a acessibilidade a um habitáculo estruturado, inédito (com interface de reconhecimento do movimento) e transformável (dois lugares e um grande compartimento de bagagens, ou quatro lugares, se Mercado Outubro 2010 ∞ 88 necessário); e, em segundo, o HR1 dispõe da tecnologia HYbrid4, que associa, neste caso, um inédito três cilindros a gasolina 1.2l THP à frente e um motor elétrico traseiro para emissões controladas de CO2 (80 g/ km, ou “zero” em modo elétrico), capaz de desenvolver até 147 cv e tração integral. O HR1 foi concebido a partir do cruzamento de cupê, SUV e citadino, possui identidade própria e vantagens inéditas. O concept se posiciona como o veículo ideal para os jovens urbanos, solteiros ou casados, que interagem com o mundo em torno de si sem perder a intimidade e buscam sempre novas experiências de vida, tanto nas atividades de lazer quanto na maneira de se locomover. Conceito urbano exclusivo - O HR1 nasceu para facilitar os deslocamentos urbanos. Com ele, a condu- ção é sempre um prazer, mesmo nos meios mais limitados ou nos espaços mais restritos. Para tanto, beneficiase de dimensões particularmente compactas (3,69 metros de comprimento, vãos dianteiro e traseiro curtos), mas também de um original sistema de aberturas. Baseado na vasta experiência da marca neste tema, o HR1 dispõe de duas portas de abertura elétrica, que otimizam a acessibilidade em qual- quer circunstância (estacionamento apertado, garagem pequena, etc). Por fim, a distância elevada do solo promete uma posição de condução mais alta, que proporciona benefícios em relação à visibilidade e à facilidade de manobras. Um veículo ágil e reativo - Uma das prioridades da Peugeot é man- ter sua liderança ambiental nos próximos anos. Por isso, o HR1, um carro claramente urbano, teria que ser eficaz e inovador nesse sentido. Desse modo, o concept car integra a tecnologia HYbrid4 e os benefícios dela derivados. Com um motor térmico dianteiro e um motor elétrico na traseira, o HR1 pode circular na cidade a baixas velocidades no modo “zero emissão” o mais frequentemente possível, ou com os dois motores funcionando ao mesmo tempo, o que resulta na tração integral, quando as condições assim exigirem. Sob o capô, o motor térmico que aciona as rodas da frente é um inédito três cilindros a gasolina. Trata-se de um 1.2l THP de 110 cv, uma das versões da futura família desse tipo de motor em fase de desenvolvimento. Dando sequência à estratégia de downsizing, o Grupo PSA utiliza as mais avançadas tecnologias para construir motores de baixa cilindrada, que aliam um elevado nível de performances e eficácia ambiental. Associado a um motor elétrico de 37 cv, o conjunto oferece um potencial de 147 cv, consumo misto de apenas 3,5l/100 km e apenas 80 g/km de CO2 de emissões. A caixa de seis velocidades (com comandos no volante ou na alavanca), conectada com essa cadeia cinemática, foi estudada para oferecer o máximo de precisão e reatividade ao condutor, que pode escolher entre o modo sequencial ou automático. B MISSÃO EMPRESARIAL 26º SALÃO INTERNACIONAL DO AUTOMÓVEL 2010 O Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Materiais Elétricos de Uberlândia, o Sindmetal, está com excursão programada para a cidade de São Paulo, onde acontece o 26º Salão Internacional do Automóvel, um dos eventos mais esperados de 2010. Interessados em participar entrar em contato pelo email [email protected] ou pelos telefones 34 3236-2494 e 3230-5234. A viagem está programada para o dia 30 de outubro, com saída de Uberlândia às 5h e retorno às 22h30, em ônibus leito. MVeículos Mini Scooter e Concept Mobilidade espontânea, flexível e sem emissão de CO2 no estilo característico da marca - primeira transferência mundial da familiar sensação do MINI para o segmento de duas rodas disponibiliza uma tecnologia alternativa de condução para públicos-alvo preocupados com estilo de vida -, conceito inovador de veículo estreia no Salão de Paris 2010 M al passado um ano do lançamento e a marca MINI volta aos holofotes, abrindo fascinantes perspectivas para uma mobilidade urbana que reduz as emissões de CO2 sem comprometer a espontaneidade e a independência. A MINI Scooter e Concept transfere pela primeira vez o prazer de dirigir característico da marca para o segmento de duas rodas. Características igualmente exclusivas são a ligação entre o conceito de motorização alternativa da scooter e seu design inconfundível, sua funcionaMercado Outubro 2010 ∞ 90 lidade inteligente e as opções detalhadas de personalização no verdadeiro estilo MINI. A MINI Scooter e Concept é equipada com um motor elétrico integrado à roda traseira. A bateria de íon de lítio do motor pode ser recarregada em qualquer tomada convencional, usando-se um cabo de carga de bordo. O estudo conceitual, que está sendo lançado no Salão de Paris 2010, atende às aspirações de mobilidade de um público-alvo que valoriza qualidade premium e tecnologia avançada, assim como considera a sustentabilidade tão importante quanto o estilo indivi- dual e a experiência emocional de condução. A MINI Scooter e Concept também destaca novas maneiras de atrair especialmente um público jovem para a marca MINI. B MVeículos O Fiat Palio Flex, ELX 1.8, foi o veículo zero que apresentou maior queda de preço, caindo de R$ 37.500 para R$ 33.500, uma variação para menos de -10,67% Preço do carro OK tem a maior queda desde a crise POR Joel Leite | Autoinforme Queda foi de 0,96% em setembro e a tendência é de baixa. No acumulado do ano o carro zero ainda está em alta: +1,72% O Preço de verdade do carro zero confirmou uma nova tendência de queda iniciada há três meses. Os preços praticados nas concessionárias e no mercado paralelo caíram 0,96% em setembro, conforme o índice AutoInforme/Molicar, que calcula a evolução do preço real das 930 versões de carro zero - nacionais e importadas - vendidas no Brasil. Foi a maior queda de preço desde dezembro de 2008, no auge da crise econômica (veja gráfico). Mercado Outubro 2010 ∞ 92 No acumulado do ano o balanço ainda é positivo: de janeiro a setembro o preço do carro subiu 1,72%, mas a tendência de queda deve continuar, a julgar pela curva do gráfico e das condições do mercado. As concessionárias estão abastecidas e por isso fazem promoções para desovar o estoque. Algumas empresas oferecem viagens, milhagem, crédito de combustível, mas principalmente descontos. A proximidade do início do Salão do Automóvel também interfere nos preços: muita gente está esperando o evento para checar as novidades e, se for o caso, mudar a opção de compra. Adicione a isso a queda do dólar em relação ao real, que diretamente provoca a queda dos carros importados, faturados pela moeda estadunidense, mas também afeta a produção nacional, que depende em grande parte de componentes importados. Observe que, na lista dos 30 carros que mais caíram de preço em setembro (veja abaixo), 13 são importados. O Hyundai i30 GLS com motor 2.0 ficou 10,6% mais barato, caindo de R$ 75 mil para R$ 67 mil. O Kia Soul EX-AT 1.6 passou a valer R$ 58,9 mil, 9% a menos do que no mês anterior. A queda de preço por marcas re- vela que as quatro grandes montadoras - Fiat (-2,30%), GM (- 0,75%), Ford (-1,90%) e Volks (- 0,29%) apresentaram queda de preço em setembro, o que levou o índice para baixo, já que ele é calculado por uma média ponderada, isto é: o estudo leva em conta o volume de vendas de cada carro para calcular o seu peso na média mensal. Por outro lado, todas as marcas que tiveram alta são de pequeno volume de vendas (veja tabela), como a Suzuki (+ 1,93%), a Dodge (+ 1,88%), a Lexus (+ 1,45%) e a Chrysler (+ 1,01%). Evolução do Preço de verdade em 2010 3.39 3.5 3 2.71 2.68 2.29 2.5 2 2.7 1.68 1.5 0.55 0.4 1 1.72 0.6 0.4 0.15 0,5 0 0.66 0.41 0.05 -0.68 -0,5 0.02 -0.96 -1 JAN FEV MAR ABR Evolução % MAI JUN JUL AGO Acumulado % SET Evolução do Preço de verdade em 2009 1 0 -0.28 -0.19 -0.14 -0.3 -0.49 -1 -0.1 -0.48 -0.26 0.33 -0.01 0.11 0.61 -2 -3 -4 -4,47 -4.65 -4.78 -5 -5.25 -5.53 -6 -7 -5.63 -6.08 JAN FEV -6.33 MAR Evolução % ABR MAI JUN Acumulado % JUL AGO -6.02 SET -6.03 OUT -5.92 NOV -5.35 DEZ Fonte: AutoInforme / Molicar MVeículos Evolução de preço por marca Carros e comerciais leves Jan-Set 2010 MARCA SET SUZUKI DODGE LEXUS CHRYSLER SUBARU AGRALE HONDA EFFA JEEP NISSAN TOYOTA SMART TROLLER MINI COOPER MAHINDRA PORSCHE CHERY LIFAN FERRARI CHAMONIX JAGUAR TAC IVECO MASERATI SSANGYONG CHANA BMW JINBEI CITROEN AUDI LAND ROVER VOLKSWAGEN KIA MITSUBISHI RENAULT HAFEI GM MERCEDES-BENZ HYUNDAI TOTAL GERAL PEUGEOT VOLVO FORD FIAT MARCA 1,93 1,88 1,45 1,01 0,89 0,56 0,56 0,31 0,10 0,09 0,06 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 -0,11 -0,18 -0,20 -0,21 -0,23 -0,29 -0,31 -0,45 -0,62 -0,68 -0,75 -0,80 -0,94 -0,96 -1,24 -1,61 -1,90 -2,30 VOLVO AGRALE VOLKSWAGEN DODGE SUBARU FORD HYUNDAI FIAT SMART CHRYSLER TROLLER TOTAL GERAL TOYOTA MINI COOPER LEXUS MAHINDRA GM PORSCHE RENAULT CHERY HAFEI HONDA SUZUKI LIFAN FERRARI CHAMONIX JAGUAR MERCEDES-BENZ NISSAN CITROEN KIA TAC AUDI BMW EFFA MITSUBISHI PEUGEOT LAND ROVER JINBEI IVECO MASERATI SSANGYONG JEEP CHANA ACUM>2010 1,94 8,45 4,99 3,36 3,02 2,96 2,49 2,48 2,41 2,14 2,05 1,72 1,72 1,11 1,08 1,07 1,05 1,03 0,87 0,80 0,74 0,60 0,37 0,00 0,00 0,00 -0,14 -0,24 -0,38 -0,53 -0,68 -0,71 -1,09 -1,16 -1,51 -2,04 -2,19 -2,62 -3,66 -3,99 -4,45 -6,46 -6,91 -11,61 Fonte: AutoInforme / Molicar Mercado Outubro 2010 ∞ 94 Carros que mais caíram de preço Carros e comerciais leves - Setembro 2010 MARCA VERSÃO AGO/10 SET/10 VAR % FIAT PALIO (Flex) (Nova Série) ELX 1.8 8v A/G 4p (Básico) 37.500 33.500 -10,67 FIAT PALIO (Flex) (Nova Série) ELX (Dualogic) 1.8 8v A/G 4p (Básico) 39.750 35.510 -10,67 HYUNDAI I30 GLS 2.0 16v-AT (TOP) Gas. 4p 75.000 67.000 -10,67 KIA SOUL EX-AT 1.6 16v Gas. 4p 65.000 58.900 -9,38 FIAT SIENA (Flex) (Nova Série) ELX 1.4 8v A/G 4p (Básico) 37.500 34.500 -8,00 VOLKSWAGEN JETTA VARIANT 2.5 (Tiptr.) Gas. 4p (Básico) 88.000 80.990 -7,97 VOLKSWAGEN GOL (Geracao4) ECOMOTION 1.0 8v (G4) (TotalFlex) A/G 2p 26.500 24.400 -7,92 FIAT PALIO (Flex) (Nova Série) ELX 1.4 8v A/G 4p (Básico) 32.000 29.500 -7,81 FIAT LINEA (Flex) 1.9 16v A/G 4p (Básico) 51.000 47.500 -6,86 FORD ECOSPORT (Flex) XLT 2.0 16v A/G 4p (Básico) 59.000 55.000 -6,78 AUDI AVANT A4 2.0 16v TB FSI (Mult.183cv) Gas. 4p (Básico) 152.000 142.000 -6,58 HYUNDAI SANTA FE GLS (N.Serie) 4WD-AT 3.5 V-6 (7Lug.) Gas. 4p 126.000 118.000 -6,35 FIAT PALIO (Flex) (Nova Série) ELX 1.0 8v A/G 4p (Básico) 30.500 28.600 -6,23 RENAULT MEGANE SEDAN (Hi-Flex) CHEVROLET S-10 CAB. DUP. (Flexpower) MERCEDES-BENZ C 180 RENAULT MEGANE SCENIC (HiFlex) KIA PICANTO DYNAMIQUE 1.6 16v A/G 4p (Básico) 57.500 54.000 -6,09 ADVANTAGE 4X2 2.4 8v A/G (Básico) 64.600 60.700 -6,04 119.900 112.900 -5,84 AUTHENTIQUE 1.6 16v A/G 4p (Básico) 52.000 49.000 -5,77 EX-MT 1.0 12v Gas. 4p (Básico) 34.900 32.900 -5,73 FIAT LINEA (Flex) ABSOLUTE 1.9 16v (Dualogic) A/G 4p (Básico) 62.000 58.500 -5,65 MITSUBISHI PAJERO FULL 4X4-AT HPE (AWC-R) 3.8 V-6 Gas. 4p (Básico) 179.900 170.000 -5,50 MITSUBISHI PAJERO FULL 4X4-AT HPE (AWC-R) 3.2 TB-IC Dies. 2p (Básico) 170.000 161.000 -5,29 FIAT PALIO (Flex) (Nova Série) ELX 1.0 8v A/G 2p (Básico) 29.000 27.500 -5,17 FORD ECOSPORT (Flex) XLT FREESTYLE 2.0 16v A/G 4p (Básico) 59.000 56.000 -5,08 VOLVO XC-90 AWD 4X4 3.2 24v (Aut.) Gas. 4p (Básico) 179.000 170.000 -5,03 KIA PICANTO EX-AT 1.0 12v Gas. 4p (Básico) 39.900 37.900 -5,01 VOLKSWAGEN PASSAT CC 4MOTION 3.6 V-6 FSI (Tiptr.) Gas.2p 185.000 176.000 -4,86 NISSAN GRAND LIVINA SL 1.8 16v (Flex) (Aut.) A/G 4p 65.000 61.900 -4,77 FIAT LINEA (Flex) HLX 1.9 16v A/G 4p (Básico) 58.800 56.000 -4,76 EFFA ULC PICK-UP 1.0 8v Gas. 2p (Básico) 21.500 20.500 -4,65 HAFEI RUIYI PICK-UP 1.0 8v (Standart) Gas. 2p 21.500 20.500 -4,65 KOMPRESSOR CLASSIC SPECIAL 1.6 Gas. 4p Fonte: AutoInforme / Molicar os 3 Modelos que mais caíram de preço - setembro/2010 1º FIAT PALIO (Flex) (Nova Série) ELX 1.8 8v A/G 4p (Básico) 3º 2º FIAT PALIO (Flex) (Nova Série) ELX (Dualogic) 1.8 8v A/G 4p (Básico) HYUNDAI I30 GLS 2.0 16v-AT (TOP) Gas. 4p MBazar Linha Magro lança Açúcar Light Os consumidores brasileiros têm mais um aliado na hora de manter uma dieta saudável e no auxílio à prevenção e tratamento de doenças cardíacas, diabetes e obesidade. Chega ao mercado o Açúcar Light Magro, o primeiro açúcar light do Brasil, que se diferencia dos demais produtos por conter, em sua formulação, uma mistura de açúcar mais adoçante. Dessa forma, adoça quatro vezes mais que o açúcar comum e reduz 75% das calorias. O Açúcar Light Magro é o único no país que possui o selo de aprovação da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). O produto é também o mais econômico do mercado, uma vez que as embalagens de 500 gramas, disponíveis em todo o Brasil, equivalem a dois quilos de açúcar comum. Nova linha de monitores LED ultrafinos da AOC A linha LED ECO 7 possui acabamento texturizado e consome menos energia, tem funções exclusivas e já está disponível no Brasil A AOC Brasil, maior fabricante mundial de telas LCD (monitores e TVs), lança a linha de monitores LED Ecológicos ECO 7, composta pelos modelos e940Swa, e2040Va e e2240Vwa, com 18,5, 20 e 21,5 polegadas, respectivamente. Os monitores são ultrafinos, com apenas 1,85 cm de espessura, possuem tecnologia LED, que reduz em até 50% o gasto de energia em relação a um LCD comum, e são certificados com o selo Mercado Outubro 2010 ∞ 96 EPEAT Silver (Electronic Product Environmental Assessment). Os modelos e2040Va e e2240Vwa trazem o e-sensor, exclusiva tecnologia de conservação de energia que detecta a presença de pessoas, diminui automaticamente o brilho e desliga a tela quando o usuário está ausente depois de um tempo programado. Esses monitores também trazem entrada digital (DVI com HDCP - proteção de conteúdo digital de banda larga). A AOC disponibiliza informações sobre pontos de vendas em todo o Brasil pelo SAC 0800-10-9539, pelo site www.aoc.com/br ou pelo e-mail [email protected]. Os monitores da linha ECO 7 podem ser encontrados nas principais lojas de varejo e distribuição do país desde o final de setembro. O preço sugerido dos modelos e940Swa, e2040Va e e2240Vwa no varejo é de R$ 499,00, R$ 599,00 e R$ 699,00, respectivamente. Sony traz novo notebook com processador único no mercado Modelo apresenta alto custo x benefício e bom desempenho em multitarefas A Sony amplia sua linha de notebooks de entrada com um modelo que traz muito mais praticidade de uso e recursos inovadores do que os modelos de entrada da concorrência. O novo equipamento vem com o processador Intel Pentium P6000, produzido em 32 nanômetros. É muito mais rápido e com maior desempenho que a série anterior. Este modelo é o VPC-EA20FB. Seu novo processador de 1.86 GHz proporciona desempenho na realização de diversas atividades simultâneas, ideal para o consumidor que precisa criar uma planilha, por exemplo, mas também quer ouvir músicas ao mesmo tempo. Por meio do recurso Media Gallery é possível organizar todo o conteúdo digital de forma inteligente e intuitiva. Já para acessar a internet, basta clicar no botão Web, o que acionará a função sem precisar iniciar o sistema operacional. Para manter o produto sempre livre dos vírus e pronto para seu máximo desempenho, a marca criou a exclusiva tecla ASSIST, que permite o acesso rápido e fácil à central de soluções VAIO Care, permitindo que o próprio usuário resolva questões que antes, para solucionar, precisava da ajuda de um técnico. O modelo dispõe de tela de 14 polegadas, teclado isolado, saída HDMI, memória de 4GB, disco rígido de 500GB, sistema operacional Windows 7 Home Premium, Bluetooth, Wi-Fi banda N e até 3 horas de duração de bateria. Chega ao mercado pelo preço sugerido de R$ 2.599,00. O produto está disponível na cor preta e pode ser comprado pelo site www.sonystyle.com.br, nas lojas Sony Style ou nas revendas autorizadas. Visite os sites www.sonystyle. com.br e www.sony.com.br/vaio. MBazar OKI Printing Solutions lança novas impressoras coloridas Modelos C330dn e C530dn são para pequenas e médias empresas e se destacam pela qualidade superior e pela ótima relação custo-benefício A OKI Printing Solutions, uma das principais empresas de soluções de impressão do mundo, anuncia o lançamento das impressoras digitais coloridas C330dn e C530dn (foto), direcionadas a pequenas e médias empresas. Os dois modelos contam com a tecnologia LED, que garante melhor resolução de impressão. A C330dn destaca-se pelos recursos técnicos e pela qualidade de impressão, ideais para um volume entre 500 e 1.000 impressões mensais. Já a C530dn possui cartuchos de toner com rendimento para até 5.000 páginas, o que garante uma melhor relação de custo por página impressa. As duas têm a funcionalidade de impres- são frente e verso, o que evita desperdícios e otimiza o uso de papel. Entre vários destaques, os novos modelos possuem um design diferenciado e compacto, além de um servidor de rede interno e emulações de fontes PCLâ e PS3â nativas. A C330dn conta com velocidade de 23ppm (páginas por minuto) em impressões coloridas e 25ppm em monocromáticas, enquanto a C530dn imprime 27ppm e 31ppm, respectivamente. Mais informações sobre esses produtos, acesse o site www.okiprintingsolutions.com.br. A C330dn e a C530dn têm, pela ordem, os preços sugeridos de R$1.399 e R$1.899. Tênis para emagrecer já está no mercado Skechers lança versão XF do tênis funcional Shape-ups A Skechers acaba de trazer ao Brasil mais um superlançamento em calçados funcionais: a versão XF (Extended Fitness) do tênis Shapeups. O novo modelo exclusivo segue a mesma proposta inovadora e já conceituada, que visa a acelerar o processo de emagrecimento, melhorar a postura e a circulação sanguínea, bem como a tonificar os músculos. A principal diferença é que o Shape-ups XF pode ser utilizado por períodos mais longos, tornando-se um calçado versátil, que pode ser usado no trabalho, na escola, num passeio, ou seja, durante todo o dia. Essa praticidade funcional é possível devido ao fato da sola/entressola dessa nova versão ser mais Mercado Outubro 2010 ∞ 98 baixa. Dessa forma, o esforço muscular é menor, o que causa menos incômodo na musculatura posterior e lombar, possibilitando o uso estendido do calçado. A inovadora tecnologia desse produto caracteriza-se por mudar a forma de andar. Geralmente, as atividades do dia a dia são realizadas sobre planos duros, exigindo esforço dos joelhos e músculos inferiores das costas. O Shape-ups XF consegue transformar superfícies duras em macias devido à construção da entressola com um PU especial ultramacio. Composta por modelos femininos e masculinos, a linha Shape-ups XF funciona na prática da seguinte forma: por intermédio do calcanhar, o usuário sente como se o chão cedesse conforme a pisada, simulando uma caminhada com pés descalços numa superfície semelhante à areia. O preço sugerido do produto é de R$ 369,90 - SAC: (11) 3894-4100. Linha Vittro Todeschini Cozinha Tagliato com Vittro Ônix Unindo a modernidade do vidro à sofisticação do design de seu mobiliário, a Todeschini apresenta ao mercado a nova linha Vittro. O lançamento chega para complementar a celebrada Coleção Organix - que surpreendeu o setor em 2009 por sua ousadia e beleza. Constituída por vidro colado sobre o painel de MDP, a novidade alia robustez e leveza, propiciando um visual limpo e imponente aos ambientes. Foi desenvolvida especialmente para aqueles que apreciam decoração em estilo contemporâneo, mas com um generoso toque de requinte. Disponível nas cores ônix, chocolate, bronze, nata, jade e gelo, a linha se completa com as opções de puxadores em vários tamanhos e tonalidades, próprios para aplicação no vidro e também na versão para aplicação em outros materiais. A Vittro integra os produtos já existentes no mix da Todeschini, incrementando as possibilidades nas criações de projetos personalizados para residências, escritórios e hotelaria e assegurando harmonia na composição dos ambientes. MBazar Versaball é eficiente e versátil para academias residenciais Equipamento é ótima opção de presente para incentivar aquela pessoa especial a montar sua própria academia O Versaball permite um treino único, pois incorpora resistência e força nos exercícios de modelagem e fortalecimento dos músculos. Pode ser usado isoladamente ou com auxílio do personal trainer. Possui um flexão, exercícios de alongamento e flexibilidade e outros mais. O equipamento possui dois pares de elásticos flexíveis com alças para os exercícios que tem como objetivo utilizar a resistência física e também possui apoio regulável para as pernas. O estofamento é ergonômico e a bola pode ser facilmente removida. Acompanha também cartões de exercícos, dvd de treino e bomba para enchimento da bola. Preço médio: R$ 450,00 As academias domésticas estão cada vez mais em alta, assim como as academias dentro dos condomínios residenciais também têm sido uma alternativa para quem tem pouco tempo. A Johnson Health Tech possui uma ampla linha para residência. O Versaball é um dos mais procurados para essa finalidade, pois é compacto, prático e funcional. design funcional que permite facilmente passar de um exercício para outro. Executa com total segurança e conforto vários movimentos, tais como adução, abdução, extensão, Mercado Outubro 2010 ∞ 100 MDica de Leitura A longa estrada da dívida Das margens do Ipiranga ao grau de investimento, como o Brasil superou 200 anos de crises externas Livro aborda a trajetória histórica da economia brasileira, analisando o impacto das diversas crises vividas durantes anos A grande recessão deste início do século XXI parece muito com as crises externas que o Brasil enfrentou da independência até o final do século XX: gastos públicos incontroláveis e déficits externos Mercado Outubro 2010 ∞ 102 ruinosos; endividamento excessivo, geralmente de curto prazo e bruscamente interrompido por choques internacionais; renegociações de pagamentos ou calote puro e simples; recessões profundas e longas inflações aberrantes e virtual falência do Estado. Outra semelhança: as crises sempre começaram nos países desenvolvidos. Porém, dessa vez, o Brasil não foi atingido no contrapé. E o motivo é que, de crise em crise, o país aprendeu as lições que permitiram reformar e fortalecer suas instituições e políticas macroeconômicas. Sem isso, de nada teriam adiantado a bonança da economia internacional, a liquidez farta, o estelar crescimento chinês e mesmo a acumulação de reservas internacionais suficientes para um credor do mundo. O livro A longa estrada da dívida, publicado pela Editora Saraiva, relata como o Brasil foi construindo, ao longo de décadas de erros e acertos, uma nova arquitetura institucional que o vacinou contra as crises externas. Seu principal foco é abordar a trajetória histórica da economia brasileira, analisando o impacto das diversas crises externas com base nas entrevistas de oito im- portantes economistas do Brasil, como: o presidente do Banco Central, Gustavo Franco; o diretor de Política Monetária do Banco Central, Luiz Fernando Figueiredo; o secretário executivo da Fazenda, Júlio Gomes; e economistas chefes de grandes bancos, Octavio de Barros (Bradesco), Tomás Málaga (Itaú) e André Lóes (HSBC). B O autor William Salasar é formado pela Faculdade Cásper Líbero, com MBA em Finanças, Comunicação e Relações com Investidores. Trabalhou nos principais jornais do país: Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo, Jornal do Brasil, O Globo e Gazeta Mercantil. Esteve ainda na revista Exame como redator, repórter e editor, em sua maior parte na área de Economia e Finanças, e além disso também na área Internacional, com passagem pelas agências Associated Press, UPI e Reuters. Obra: A LONGA ESTRADA DA DÍVIDA - Das margens do Ipiranga ao grau de investimento, como o Brasil superou 200 anos de crises externas Autor William Salasar Editora Saraiva, 1.ª edição, 2010, brochura, 168 páginas Preço R$ 31,90 - ISBN: 978-85-02-10258-3 MColunaLiteratura POR Kenia Maria De Machado de Assis às congadas de Uberlândia Q uando, em sala de aula, comento que Machado de Assis era negro, muito aluno ainda se espanta. Negro? Como assim? Isso mesmo, meus queridos, o mais representativo dos autores brasileiros era negro e escreveu um dos melhores contos que conheço sobre os terrores da escravidão no Brasil. Quem nunca leu Pai contra mãe, a triste história de uma escrava grávida que fugiu de seus donos, está perdendo uma intrigante narrativa que, já no início da leitura, nos cativa. Vejam como Machado descreve com precisão os torturantes objetos, os quais alguns escravos eram obrigados a portar: “A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos, como terá sucedido a outras instituições sociais. Não cito alguns aparelhos senão por se ligarem a certo ofício. Um deles era o ferro ao pescoço, outro o ferro ao pé; havia também a máscara de folha-de-flandres. A máscara fazia perder o vício da embriaguez aos escravos, por lhes tapar a boca. Tinha só três buracos, dois para ver, um para respirar, e era fechada atrás da cabeça por um cadeado.” Mercado Outubro 2010 ∞ 104 Machado de Assis, autor de Pai contra mãe Depois de ler na íntegra esse conto, já não se pode mais dizer que Machado era um mulato aburguesado que virou as costas para a escravidão, ignorando o sofrimento do negro nas relações dolorosas de poder com seus amos. Pelo contrário, Machado tinha consciência das atrocidades co- metidas contra os negros e registrou esses fatos. Lima Barreto e Solano Trindade são também dois outros importantes nomes da literatura brasileira. Eles também eram afrodescendentes e, tal qual Machado, escreveram sobre a condição do negro no Brasil. Lima Barreto publicou o polêmico romance Clara dos Anjos, em que uma moça negra, ironicamente chamada Clara, é maltratada e abandonada pelo malandro branco Cassi Jones. É outra leitura que recomendo vivamente. Aliás, Clara, a menina mestiça e humilde, que se apaixona pelo menino branco pequeno-burguês, é a primeira heroína negra a se tornar personagem principal do romance brasileiro. Lima Barreto a descreve como uma sonhadora romântica: “Ela vivia toda entregue a um sonho lânguido de modinhas e descantes, entoada por sestrosos cantores, como o tal Cassi e outros exploradores da morbidez do violão”. Lima Barreto faz neste romance uma radiografia das relações conflituosas entre brancos e negros nos subúrbios pobres do Rio de Janeiro no início do século XX. Solano trindade: ator, jornalista, teatrólogo... e negro Sou Negro Lima Barreto, também um poeta afrodescendente, publicou Clara dos Anjos Já o poeta popular pernambucano Solano Trindade deveria ser leitura obrigatória nas escolas. Solano foi ator, jornalista, teatrólogo. Criou em 1936 o Centro Cultural Afro-Brasileiro e, em 1950, juntamente com Édison Carneiro, organizou o Teatro Popular Brasileiro, em que tentaram resgatar a rica cultura afro-brasileira. Vejam como Solano conseguiu resumir em poucos versos grande parte das contradições e complexidades da negritude no Brasil: avenidas desta cidade. É um privilégio poder assistir ao bailado poético das crianças, dos jovens e velhos, com suas flores, fitas e miçangas coloridas, num espetáculo vibrante de percussão para corpo e espírito. Quando meus olhos se enchem das cores dos 25 ternos, cada um a seu modo, adorando, dançando e batucando pelas ruas de Uberlândia, percebo que estão impregnados também do passado literário. Um passado que se pode ouvir mesclado ao som de tambores e apitos. Estes sons nos trazem os ecos literários de denúncia política, de arte e de poesia, elementos que povoaram antes as vozes melódicas, rítmicas e contundentes de Cruz e Souza, Lima Barreto, Luiz Gama, Solano Trindade e também Machado de Assis. B Sou negro meus avós foram queimados pelo sol da África minh’alma recebeu o batismo dos tambores atabaques, gongôs e agogôs Contaram-me que meus avós vieram de Loanda como mercadoria de baixo preço plantaram cana pro senhor de engenho novo e fundaram o primeiro Maracatu E foi assim, lendo e pensando sobre esses autores, que me lembrei que Outubro é o mês das congadas em Uberlândia. O branco, por muitos séculos, desrespeitou o negro. O negro respondeu com a poesia da resistência. É fascinante ouvir o ritmo alegre dos instrumentos africanos e das cantorias que ressoam pelas Foto original de Machado de Assis, que entre outras vozes melódicas respondeu à opressão ao negro com a poesia da resistência Kenia Maria de Almeida Pereira - doutora em Literatura Brasileira pela Unesp/São José do Rio Preto-SP e professora colaboradora do Mestrado em Teoria Literária da Universidade Federal de Uberlândia-MG. Autora de artigos científicos e livros sobre literatura brasileira, dentre eles, Machado de Assis: outras faces, publicado pela editora Aspecttus ([email protected]) 105 ∞ Mercado Outubro 2010 MProfissões em Filme Wall Street O Dinheiro Nunca Dorme Neste mês decidi falar sobre um dos melhores filmes a que assisti este ano e que é uma ótima dica para quem trabalha ou gosta da área de economia. Mas a produção também serve para os que são simplesmente apaixonados pela sétima arte ou querem apenas curtir um bom filme. Eu me refiro à produção “Wall Stre- et - O Dinheiro Nunca Dorme”, que é sem dúvida uma excelente continuação do primeiro Wall Street, feito há 23 anos com o título “Poder e Cobiça”. Para quem não assistiu ou não se lembra do original, a seguir destaco primeiro um resumo da produção da década de 1980, para depois falar do filme atual. POR Kelson Venâncio Wall Street Poder e Cobiça (1987) Capa da primeira produção, de 1987, com Charlie Sheen, Michael Douglas e Daryl Hannah Nova York, 1985. Bud Fox (Charlie Sheen) é um jovem e ambicioso corretor que trabalha no mercado de ações. Após várias tentativas ele consegue falar com Gordon Gekko (Michael Douglas), um inescrupuloso bilionáMercado Outubro 2010 ∞ 106 rio. Durante a conversa, Bud sente que precisa dar alguma dica muito quente para ter a atenção de Gekko e então lhe fala o que seu pai, Carl Fox (Martin Sheen), um líder sindical, tinha lhe dito, que a Bluestar, a companhia aérea para a qual trabalha, tinha ganho um importante processo. Essa informação não tinha sido ainda divulgada oficialmente, mas quando isso acontecesse as ações teriam uma significativa alta. Gekko o adota como discípulo e logo Bud passa a trabalhar secretamente para ele, abandonando qualquer escrúpulo, ética e meios lícitos, pois só quer enriquecer. Ele obtém sucesso, o que faz seu padrão de vida mudar. Além disso, envolve-se com Darien Taylor (Daryl Hannah), uma decoradora em ascensão. Mas se os ganhos são bem maiores, os riscos também o são. Wall Street O Dinheiro Nunca Dorme (2010) Na continuação dessa grande produção, o excelente diretor Oliver Stone mostra que apesar de o tempo passar, o que move o mundo ainda é o dinheiro e que as pessoas são o que este pode comprar. E é baseado nessa premissa que vemos logo na cena inicial Gordon Gekko ganhando a liberdade depois de cumprir oito anos de prisão por fraude, lavagem de dinheiro e extorsão. E é em poucos segundos que, nessa mesma cena, recebe alguns de seus pertences, entre eles um celular antigo que mais parece um tijolo. Isso mostra claramente que o mundo mudou enquanto ele estava na cadeia. Veio a globalização, mas tudo continua girando em torno do dinheiro. Para quem assistiu ao primeiro filme, o segundo já é um pouco complicado, por abordar termos econômicos que soam incomuns para muita gente. Para quem não viu, pode ser mais difícil ainda. Mesmo assim, é possível entender a ideia central da trama. O roteiro é inteligente e prende a atenção do público. Nessa nova história, surgem novos personagens, cada qual mais misterioso que o outro. Ninguém sabe ao certo o que cada um quer e qual rumo vai tomar na trama. Mas o mistério maior está centrado em Gordon Gekko (Michael Douglas), que é sem dúvida o grande destaque da produção. Ficamos o tempo todo pensando: “Será que ele se arrependeu dos crimes cometidos no passado? Será que quer realmente se aproximar da filha? O que tem por trás das iniciativas dele e de suas velhas influências?” Um mistério envolvente só revelado nos minutos finais. E nessa história toda entram os laços de família, que no primeiro filme não existiam. Gekko tem uma filha que não fala com ele por culpá-lo da morte do irmão e do enlouquecimen- to da mãe. E para completar tem um genro que está dividido entre o amor e a ambição financeira, já que também é um “homem de Wall Street” e vive no mundo dos negócios. E a química entre Shia LaBeouf, interpretando esse jovem executivo, e Michael Douglas, seu sogro, é incontestável. Um show de interpretação, como aconteceu no passado entre Charlie Sheen e Douglas. No meio disso surge outra dúvida: o rapaz quer mesmo se casar com a filha de Gekko ou apenas usá-la para se aproximar dele e obter sucesso na carreira? Na produção atual, dois acontecimentos se destacam no filme: a “bolha” da internet, que teve um crescimento enorme desde 2001 e, principalmente, a crise econômica nos Estados Unidos em 2007, que até hoje tem reflexos em várias partes do mundo. A produção mostra claramente o desespero dos grandes bancos e a intervenção do governo americano, que injetou 700 bilhões de dólares na economia para que a crise atual não gerasse consequências iguais às da crise de 1929. Mas o que o filme mostra claramente, e que muitas vezes não sabemos (pelo menos a fundo) na vida real, é que até mesmo em meio às grandes crises na economia, com certeza há sempre alguém ganhando muito dinheiro. É aquele velho ditado: “o sofrimento de muitos pode ser a alegria de alguns”. Wall Street mostra de forma impecável a economia como se fosse um jogo, no qual cada um tem um interesse e ninguém está do lado de ninguém. Todos agem de forma individual, mas ao mesmo tempo são influenciados por quem tem mais poder. Basta aparecer alguém com mais dinheiro e influência e logo esta pessoa se torna a melhor carta do baralho. É assim que acontece na vida real, ou você tem dúvidas disso? Sobre isso, insisto: você é o que o seu dinheiro pode comprar! B Nota 9 Kelson Venâncio - jornalista e diretor do Cinema e Vídeo www.cinemaevideo.com.br 107 ∞ Mercado Outubro 2010 MSustentabilidade “Desde 21/8, estamos consumindo as reservas ecológicas da Terra” POR Antonio Cianciullo* A té o dia 21 de agosto passado, a humanidade já havia desperdiçado todo o capital que o planeta colocou à sua disposição no ano de 2010. Utilizamos toda a água que se recarrega espontaneamente nas camadas subterrâneas, as ervas que os campos produzem, os peixes do mar e dos lagos, as colheitas das terras férteis, os frutos dos bosques. E, ao mesmo tempo, exaurimos o espaço útil para amontoar nossos detritos, começando pelo gás carbônico, que está desencadeando o caos climático. A partir do dia 22 de agosto, deveríamos ter declarado a falência ecológica da espécie humana. Mas, visto que parar é impossível e as alternativas continuam na gaveta, resolveremos o problema repassando a conta para nossos netos: deslocaremos o problema para o futuro. Pegaremos a água que corre nos depósitos fósseis, aqueles que não se alimentam com as chuvas. Forçaremos o ciclo do pastoreio, sacrificando os campos no deserto. Esvaziaremos mares e rios das várias formas de vida, retirando mais do que a restituição geracional oferece. Continuaremos perdendo uma superfície florestal igual a 65 campos de futebol por minuto. E deixaremos que os gases poluentes invadam a atmosfera, prendendo o calor sobre a nossa cabeça e multiplicando as enchentes e os incêndios. O alarme veio da Global Footprint Network, que há muitos anos calcula a pegada ecológica que corresMercado Outubro 2010 ∞ 108 ponde aos vários estilos de vida. Se todos vivêssemos como os cidadãos dos Estados Unidos, precisaríamos de outros quatro planetas para satisfazer nossas exigências. Se vivêssemos como os ingleses, seriam necessários outros dois países e meio. Os italianos consomem um pouco os chineses como ponto de referência. Os indianos, ao contrário, usam aquilo de que precisam e deixam os recursos de mais de meio planeta à disposição de outras espécies. Tirando as somas globais, descobre-se que hoje já se consomem os recursos de um planeta e meio, e menos, mas também precisaríamos de um suplemento igual a mais de um planeta e meio. Para chegar a uma média per capita (embora seja uma média temporária, dada a taxa de crescimento), devem-se tomar a taxa de voracidade continua aumentando. Por milhares de anos, os seres humanos satisfizeram suas necessidades utilizando só os juros do “capital natureza”. O limite crítico - o momento em que a demanda de serviços ecológicos superou a taxa com a qual a natureza os regenera foi tocado no dia 31 de dezembro de 1986. Em 1987, a linha vermelha caiu no dia 19 de dezembro. Em 2008, ficamos na estaca zero no dia 23 de setembro, enquanto em 2009, o Earth Overshoot Day foi alcançado no dia 25 de setembro. Neste ano - também por força de um cálculo mais sistemático dos campos efetivamente disponíveis -, tivemos que começar a pedir empréstimos a nossos netos já a partir do dia 21 de agosto. “Se uma pessoa gastasse o seu salário anual inteiro em oito meses, teria que estar muito preocupada”, comentou Mathis Wackernagel, presidente da Global Footprint Network. “A situação não é menos alarmante quando tudo isso ocorre com o nosso crédito ecológico: as mudanças climáticas, a perda da biodiversidade, a falta de alimentos e de água demonstram que não podemos continuar financiando os nossos consumos endividando-nos. A natureza está prestes a perder a confiança na nossa conta ambiental”. Porém, como nota Roberto Brambilla, que trabalha no cálculo da pegada ecológica para a rede Lilliput, para começar a reduzir o nosso impacto no ambiente basta pouco: comer menos carne, preferindo a do circuito biológico, utilizar bicicleta ou metrô algumas vezes e usar fontes renováveis. A soma de milhares desses pequenos gestos faz a diferença entre os consumos de um norte-americano (que tem uma pegada ecológica de 9 hectares) e o de um alemão, que é de 4 hectares. * O jornalista Antonio Cianciullo é editor do jornal italiano La Repubblica Fonte: Envolverde/IHU On-Line / Tradução: Moisés Sbardelotto Global Footprint Network A WWF, em parceria com a Zoological Society of London e o Global Footprint Network, divulgaram agora em outubro um estudo preocupante. Os seres humanos estão consumindo 50% a mais de recursos naturais do que a Terra é capaz de fornecer. Como consequência, a biodiversidade do planeta diminuiu 30% nos últimos 40 anos. As informações constam do Relatório Planeta Vivo 2010, que alerta: a fauna e flora tropicais são as mais ameaçadas e estão em queda livre. Desde 1970, o número dessas populações caiu 60%. As espécies tropicais de água doce diminuíram 70% - uma percentagem maior que qualquer espécie terrestre ou marinha. A pegada ecológica aponta que a nossa pressão sobre os recursos naturais duplicou desde 1996 e que estamos utilizando o equivalente a 1,5 planeta para suportar as nossas atividades. Nas últimas cinco décadas, as emissões de carbono cresceram 11 vezes. Os Emirados Árabes Unidos lideram a lista dos países com maior pegada ecológica por habitante, seguidos do Qatar, Dinamarca, Bélgica, EUA, Estônia, Canadá, Austrália, Kuwait e Irlanda. Já o Brasil possui a maior biocapacidade, seguido em ordem decrescente da China, Estados Unidos, Federação Russa, Índia, Canadá, Austrália, Indonésia, Argentina e França. Os 31 países da Organização para a Cooperação Econômica Europeia, que incluem as economias mais ricas do mundo, representam quase 40% da pegada global. Mais grave é que esse número poderá piorar bastante nos próximos anos, se os BRIC seguirem um modelo de desenvolvimento semelhante ao dos países desenvolvidos, o que, segundo especialistas, deverá acontecer. B Este espaço se reserva a notícias e/ou projetos socioambientais. O conteúdo aqui publicado é de responsabilidade do CINTAP, através do Eco Instituto INDERC, mas está aberto também para outras pessoas, empresas ou instituições que queiram divulgar assuntos pertinentes ao seu propósito. Informações com Daniela Dias, gerente de Projetos do Eco Instituto INDERC, através do telefone 34 3230 5200 ou do e-mail [email protected]. Acesse: www.inderc.org.br e siga: www.twitter.com/cintap2010 - www.twitter.com/ecoinstituto 109 ∞ Mercado Outubro 2010 MPonto de Vista A partir desta edição, o espaço “Ponto de Vista” passa a fazer parte do conteúdo da Mercado, sendo ele destinado a reportar assuntos sociais e relevantes que sejam de in- teresse geral e público. Para tanto, haverá a contribuição da Organização Não Governamental (ONG) G7, constituída em 2001 com o propósito permanente de contribuir para o desenvolvimento sustentável e o bem comum da sociedade como um todo. A abertura deste espaço à ONG G7 se deve à enorme e procedente representatividade que essa organização tem por sua ligação direta com os mais diversos setores da sociedade, e que se faz valer por meio das instituições que a constituem. São elas: Associação Comercial e Industrial de Uberlândia (Aciub), Câmara de Dirigentes Lojistas de Uberlândia (CDL), Conselho de Veneráveis de Uberlândia, Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) - Regional Vale Paranaíba, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB - 13ª Subseção MG), Sindicato Rural de Uberlândia (SRU) e Sociedade Médica de Uberlândia (SMU). Assim sendo, essas instituições, por meio de seus presidentes, far-seão presentes nesta coluna, opinando, debatendo ou propondo ideias ou soluções em torno de problemas sociais como um todo. Assim, para esta primeira veiculação do Ponto de Vista, a Mercado começa com a apresentação das instituições que compõem o G7 e os seus respectivos e atuais representantes legais, abaixo listados por ordem alfabética (as informações foram repassadas pelas assessorias de cada uma das instituições). 1 Por seu histórico de atividades e exemplo de que só o associativismo pode promover o desenvolvimento de forma ordenada e com qualidade de vida, a Associação Comercial e Industrial de Uberlândia (Aciub), em suas quase oito décadas de existência, sente-se corresponsável pela iniciativa de um grupo como o G7. Para a Aciub, reunir as entidades em torno de causas coletivas com vistas ao progresso e à evolução de Uberlândia é fundamental, sobretudo num momento em que o município se destaca no país como uma das cidades interioranas mais promissoras. Na pessoa de sua atual presidente, a empresária Rosalina Cardoso Vilela, a Aciub se faz presente no G7 disposta a somar forças com os demais integrantes de classe para cumprir a sua missão primeira, que é a de fomentar o desenvolvimento com responsabilidade social. É com esse papel que a Aciub participa do grupo: para trazer o pioneirismo e a experiência marcada por sua tradição histórica para contribuir com o debate sobre as questões mais relevantes para Uberlândia. Rosalina Cardoso Vilela, presidente da Aciub 2 A Câmara dos Dirigentes Lojistas de Uberlândia (CDL) é uma entidade que tem como principal objetivo defender a classe lojista e seus interesses político-institucionais, visando ao desenvolvimento do setor. A CDL Uberlândia é reconhecida por sua representatividade, credibilidade e ainda por ser uma das entidades de classe mais comprometidas com a valorização do varejo no país. A CDL de Uberlândia foi fundada em 1977 e desde então teve grandes nomes em seu rol de presidentes, sendo que cada um, em seu tempo, trabalhou para construir e firmar a entidade. Tudo começou exatamente no dia 19 de fevereiro de 1977, nas dependências do Senac, onde foi fundado o Clube de Diretores Lojistas de Uberlândia, primeiro nome da atual Câmara de Dirigentes Lojistas, e teve a participação de 18 lojistas empresários uberlandenses. Atualmente, o comando da entidade está sob a responsabilidade do empresário Celso Vilela Guimarães. Celso Vilela Guimarães, presidente da CDL Uberlândia Mercado Outubro 2010 ∞ 110 3 Em 1998, por iniciativa dos veneráveis das lojas maçônicas da cidade de Uberlândia, foi criado o Conselho de Veneráveis de Uberlândia. Porém, como o trabalho proposto era uma maior integração dos trabalhos maçônicos de Uberlândia com a região do Triângulo Mineiro, Minas Gerais e o Brasil, aos poucos houve uma interatividade com veneráveis de outras lojas maçônicas de cidades circunvizinhas, que sempre compactuaram com os fins da ordem maçônica. Diante disso, hoje o Conselho de Veneráveis de Uberlândia leva o nome de Conselho de Veneráveis do Triângulo, instituição esta que integra o G7 e que congrega as cidades de Uberlândia, Araguari, Estrela do Sul, Cascalho Rico, Monte Carmelo, Indianópolis, Monte Alegre de Minas, Tupaciguara, Prata e Frutal. Entre muitas ações já empreendidas por essa instituição em 12 anos de existência, destacam-se lutas em prol da instalação da Delegacia da Polícia Federal em Uberlândia, duplicação da BR 050 (Uberlândia/divisa com Goiás), Campanha Voto Consciente e mais uma infinidade de ações conjuntamente com o G7. Eleita democraticamente para cumprir períodos de um ano, a atual diretoria do conselho tem à sua frente como presidente o Venerável Mestre Flávio José de Freitas, da Loja Maçônica ¨Rio das Pedras”, da cidade de Cascalho Rico (MG). Flávio José de Freitas, presidente do Conselho de Veneráveis do Triângulo 4 A Fiemg Regional Vale do Paranaíba, que congrega instituições como o Centro Industrial e Integração de Negócios do Triângulo e Alto Paranaíba (Cintap), tem entre suas diretrizes básicas de atuação a participação dos empresários da região na definição de suas estratégias e ações, além da descentralização dos programas e serviços voltados para as indústrias. Nesse contexto, apresentase como instituição gestora dessas ações, liderando o processo de desenvolvimento regional, alavancando projetos de fomento que atendem às vocações localizadas, fortalecendo os relacionamentos políticos e associativos e contribuindo para potencializar todas as ações que busquem o desenvolvimento sustentável da cadeia produtiva das indústrias. Além do Cintap, a Fiemg agrega ainda os Sindicatos Patronais da Indústria que, juntos, somam forças para atendimento nas diversas áreas de conhecimento. A área de abrangência da Regional Vale do Paranaíba envolve 14 cidades do Triângulo Mineiro. São elas: Abadia dos Dourados, Araguari, Cascalho Rico, Douradoquara, Estrela do Sul, Grupiara, Indianópolis, Iraí de Minas, Monte Alegre de Minas, Monte Carmelo, Prata, Romaria, Tupaciguara e Uberlândia. O Cintap soma mais 45 cidades no total. Quem lidera toda essa estrutura em âmbito regional é o empresário do setor gráfico Pedro Lacerda. A Pedro Lacerda, presidente da Fiemg Regional Vale do Paranaíba 5 Em 1933, durante o período do Estado Novo e da ditadura Vargas, foi constituída a 13ª Subseccional de Uberlândia da Ordem dos Advogados do Brasil em Minas Gerais (OAB/MG). A entidade foi implantada na cidade com a justificativa de ser necessário ter no município uma instituição que trabalhasse constantemente na defesa da democracia, na consolidação de um Estado de Direito e na participação em acontecimentos que marcassem a história de uma comunidade interessada em exercer a cidadania e ver seus direitos respeitados. Um dos responsáveis pela implantação da OAB Uberlândia foi o advogado Dr. Abelardo Moreira dos Santos Penna, o primeiro e por 18 anos presidente da entidade no município. Desde a sua data de criação até os dias atuais, 19 advogados de Uberlândia já passaram pela presidência da OAB no município. Alguns desses advogados, como o Dr. Eliseu Marques de Oliveira, atual vice-presidente da OAB/ MG, esteve à frente da entidade por mais de um mandato. Atualmente, a entidade é presidida pelo Dr. Egmar Sousa Ferraz, bacharel em Direito pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), advogado especialista na área cível e empresarial. Egmar Souza Ferraz, presidente da OAB Uberlândia 6 O Sindicato Rural de Uberlândia (SRU), entidade representativa da classe rural no município, surgiu do desmembramento da antiga Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Uberlândia (Aciapu). A primeira diretoria da Associação Rural, ainda provisória, foi eleita em 04 de março de 1948, tendo o pecuarista Misael Rodrigues de Castro como presidente, cargo que ocupou até 1952, depois sendo sucedido por Nicomedes Alves dos Santos. Em 1965, por determinação da Lei Federal 4.214, a associação mudou sua denominação para Sindicato Rural de Uberlândia. Atuando sempre com a proposta de defender os interesses da classe rural em qualquer situação, a entidade tem um histórico político bastante representativo e que muito contribuiu com o desenvolvimento de Uberlândia. Destaque para nomes como os de Virgílio Galassi, Paulo Ferolla, Luis Humberto Carneiro, Odelmo Leão e Hélio Ferraz, entre outros, que iniciaram no Sindicato Rural suas carreiras políticas. Atualmente, a entidade é presidida pelo pecuarista e ex-prefeito de Uberlândia, Paulo Ferolla da Silva. Paulo Ferolla da Silva, presidente do Sindicato Rural de Uberlândia 7 A fundação da Sociedade Médica de Uberlândia (SMU) aconteceu no dia 16 de novembro de 1945, na Santa Casa de Misericórdia, por idealismo do corpo clínico daquele hospital. A primeira reunião foi na sede da Associação Comercial Agropecuária de Uberlândia, que colocou à disposição suas instalações bem como às do Colégio Estadual, na pessoa de seu diretor, o Dr. Osvaldo Vieira Gonçalves, para a realização das atividades da recém-instituída Sociedade Médica de Uberlândia, numa demonstração de apreço e apoio à associação que emergia dos sonhos de um grupo de médicos. Sendo uma entidade fundamentada com objetivos filantrópicos, sociais e científicos, logo se destacou em suas atividades, promovendo cursos, congressos e até a inauguração de um ambulatório preventivo do câncer e outras especialidades. Hoje, a Sociedade Médica de Uberlândia, sob a presidência da Dra. Leila Lúcia Dias, busca manter os mesmos ideais de ética, profissionalismo e aprimoramento científico que nortearam os caminhos de seus fundadores e ex-presidentes. B Leila Lúcia Dias, presidente da Sociedade Médica de Uberlândia Mercado Outubro 2010 ∞ 112 Foto: Edu Marques MPonto de Vista MCausosEmpesariais A cueca voadora (Seleção por competências) POR Nege Calil* S eleção de pessoas é um grande desafio, muitas vezes negligenciado e administrado por processos rotineiros, excessivamente metódicos. Geralmente os líderes e a turma do RH ficam mais preocupados com os preenchimentos de formulários de “requisição de vagas” do que com a verdadeira responsabilidade de trazer a pessoa certa para o time. Cansei de ver testes serem aplicados mecanicamente e conversas superficiais sobre o que está escrito no currículo serem chamadas erroneamente de entrevistas. Faltam análises, sobram palavras. Conheço muita gente que foi vítima de processos seletivos mal feitos, comprometendo seriamente suas carreiras. Em compensação, tem um causo de um garoto que se deu muito bem, ao encontrar a selecionadora certa... Encontrei Lauro pela primeira vez no fim dos anos 90! Olhos vivos, está sempre pensando e concluindo coisas rapidamente, envolvido num processo de criação de ideias que surpreende qualquer um. Inquieto, brincalhão, nunca o percebi se concentrando por mais de 20 minutos. Lembro uma reunião de que participamos com a alta direção da empresa em que o discurso entediante de uma autoridade o levou a brincar com a caneta. Ora batia, ora desenhava, chegou até a imaginá-la como um foguete, ilustrando uma atitude infantil com um som característico de motores. Olhares repressivos inibiam seus gestos e por alguns minutos ele se atentava ao tema. Ou pelo menos fingia! Não tardou a transformar a caneta numa hélice, girando-a de forma que voou e caiu dentro do copo de chá do orador. O líquido derramou, papéis se molharam e a dispersão estava feita. Em meio a risos contidos, duas ou três pessoas se ofereceram para buscar materiais de lim- Mercado Outubro 2010 ∞ 114 peza. Reunião interrompida, Lauro também saiu da sala em busca de um pano ou coisa semelhante. Os colegas voltaram, ele não. Mais tarde justificou que parou na mesa da nova secretária, convidou-a para almoçar e se esqueceu de voltar. Ele é assim! Disperso, nem um pouco metódico, não para em nenhum relacionamento. Chegou a esquecer uma namorada dentro do cinema. Saiu no meio do filme para comprar alguma guloseima, encontrou um amigo e foram juntos a uma loja de aeromodelismo. Lembrou da moça duas horas depois. Por incrível que pareça, é profissional bem-sucedido. Contou-me como sua carreira começou: veio do interior para estudar na capital e, sustentado pelo pai, morava sozinho num pequeno apartamento. Numa tarde qualquer, bebia com os amigos quando se lembrou de que tinha uma entrevista de seleção. Saiu correndo, aflito, ciente de que não poderia perder essa chance por dois motivos: era um trabalho que desejava e estava sob ultimato do pai, que o ameaçara levar de volta ao interior para fazer carreira na loja da família. Correu como um raio para casa e, tão logo entrou, tirou a roupa para um banho. Curiosamente, ele se livrou do jeans juntamente com a cueca, ficando essa peça presa na costura interna da calça. Mal se enxugou, vestiu uma camiseta e uma cueca limpa e usou o mesmo jeans sem se dar conta de que a cueca suja ficara dentro da calça. No ônibus, a caminho de seu futuro emprego, sentiu algo incomodando, mas a tensão pela entrevista só lhe permitiu pequenos ajustes no vestuário. Chegou no horário exato, disfarçando a respiração ofegante por ter subido cinco andares a pé, devido à demora do elevador. A recepcionista, com ar de poucos amigos, logo o anunciou. Sentado à frente de Janete, a mulher que viria a ser sua gerente, começou a responder às perguntas comuns de um começo de entrevista. Mais relaxado, a cueca voltou a incomodá-lo e disfarçadamente ele se remexia. Seus movimentos levaram a peça para sua coxa e, em meio ao diálogo, seus pensamentos paralelos tentavam descobrir o que poderia ser aquele volume. Como estavam separados por uma mesa de madeira larga, conseguiu cruzar as pernas e aos poucos enfiar a mão por dentro, começando pelo tornozelo. Um de seus dedos tateou o tecido e, após algum esforço, conseguiu enganchar o elástico. Indignado consigo mesmo por não descobrir o que era aquilo no interior da calça, continuou firme em suas respostas, ao mesmo tempo adentrando mais ainda seu braço e obtendo mais firmeza ao forçar o elástico com as mãos. O diálogo transcorria num misto de investigação acerca de seus conhecimentos técnicos e de suas atitudes de iniciativa. A gerente era incisiva em suas perguntas, tentava cercá-lo de todos os modos para certificar-se de que Lauro era mesmo criativo, condição indispensável para a vaga a que concorria. Num gesto súbito de força, a cueca se soltou e ele não evitou que ela voasse para cima de um porta-retrato cuidadosamente exposto sobre uma peça decorativa. De imediato, ele exclamou na maior “cara de pau”: - Se for preciso, tiro a cueca sem tirar a calça! Garanto pra senhora que se um trabalho tem que ser feito, ele será feito! Surpresa com a cena, a gerente encerrou a entrevista. Agradeceu a presença dele e prometeu um retorno, fosse positivo ou negativo. Lauro se levantou e, já próximo à saída, precisou ouvir: - Moço! Pode levar sua cueca? Dois dias depois, foi surpreendido com a notícia de que estava contratado. Comemorou muito e deixou uma excelente obra nos seis anos em que prestou serviços para aquela organização. Saiu para uma oportunidade de ouro, na qual se encontra até hoje. Conheci Janete numa festa promovida por Lauro. Rindo do episódio, convenceu-me de que a “cueca voadora” fora seu critério de desempate com outro candidato. Ali ela percebeu o seu grande poder criativo, sua rapidez de raciocínio e fle- Tempo Ideia Dinheiro xibilidade para sair de uma situação, no mínimo, vexatória. Muitos selecionadores inexperientes provavelmente o reprovariam. Afinal, sua atitude foi contra tudo aquilo que se prega como comportamento adequado numa seleção. Roupas, posturas, verbalizações ensaiadas costumam cegar a busca pelas verdadeiras virtudes de um candidato. Além do método, a seleção exige dos entrevistadores uma percepção ímpar da situação, em que seja possível “enxergar o filme da vida profissional e dos talentos que o candidato reúne” e não apenas a “foto batida no momento”. Infelizmente isso não se ensina, é uma arte que se desenvolve com muita sensibilidade e conhecimento de como gente funciona. Sorte de Lauro! Mérito de Janete! B Nege Calil é consultor e especialista em gestão de pessoas [email protected] 115 ∞ Mercado Outubro 2010 MGeral Anunciado lançamento da feira Têxtil House para 2011 Pavilhão do Anhembi, em São Paulo, sediará feira de artigos têxteis para a casa, que acontecerá simultaneamente à 43ª House & Gift Fair A Grafite Feiras e Promoções informa ao mercado a promoção e realização de sua mais nova feira, a Têxtil House South America, focada em artigos têxteis para a casa, que acontece de 27 a 30 de agosto de 2011 no pavilhão de exposições do Anhembi. Após cinco anos de constantes ampliações de área e participação de empresas nacionais e internacionais na House & Gift Fair, até então posicionada no mercado como um salão especializado, a Têxtil House ganha status de feira reunindo, em 15.000m² de área de exposição, importantes marcas de artigos têxteis para a casa. “É um nicho de mercado que tem se expandido a passos largos e que ganhou força nos últimos anos”, explica o diretor executivo da Grafite Feiras, Frederico Cury. A nova feira ocorrerá paralelamente à 43ª House & Gift Fair que, segundo Cury, é uma estratégia para movimentar a visitação de ambas as feiras, “teremos transporte gratuito, levando os compradores de uma feira a outra, em um trajeto que não levará muito tempo. Assim, os visitantes poderão manter relacionamento e efetivar negócios com muitas empresas de duas feiras diferentes, mas pertencentes ao mesmo segmento”, explica. E compradores e expositores de outros estados também serão beneficiados pela localização da Feira, em São Paulo (SP), ideal para a realização de eventos internacionais. Capital dos negócios, a cidade possui conexão aérea diária para 26 países e 117 cidades brasileiras e estrangeiras, além de ter a maior rede de hotéis da América Latina. Querem acabar com o Horário de Verão Uberlândia, na região sudeste, já vive o horário de verão; Ministério das Minas e Energia espera reduzir em até 5% o consumo nacional de energia elétrica Mercado Outubro 2010 ∞ 116 Desde a zero hora de domingo, dia 17, os brasileiros das regiões sul, sudeste e centro-oeste estão com seus relógios adiantados em uma hora. A 37ª edição do Horário Brasileiro de Verão, que vai até 21 de fevereiro de 2011, volta a dividir opiniões quanto ao seu benefício. E o Congresso Nacional não escapa desse debate. Tramitam na Câmara três propostas que acabam com o horário de verão em todo o Brasil. Uma delas alega que não foi constatada nenhuma vantagem técnica na mudança de horário. Segundo ela, a energia produzida nesse período que não é consumida simplesmente se perde e o horário de verão traz uma série de prejuízos ao metabolismo do corpo humano, prejudica a saúde do trabalhador e as atividades de quem vive no campo. A previsão do Ministério de Minas e Energia é reduzir a demanda no horário de maior consumo em torno de 5%, o que corresponde a uma redução de 62% no consumo de uma cidade do tamanho do Rio de Janeiro, ou duas vezes a demanda máxima de Brasília nos horários de maior consumo (das 18 às 21 horas). A redução total no país deve ser de 0,5%, o equivalente a 10% do consumo mensal de Vitória (ES) ou de Porto Alegre (RS). Horário de Verão 2010 - A hora adiantada no dia 17 que passou a valer para a população dos estados das regiões sul, sudeste e centro-oeste irá valer até 20 de fevereiro de 2011. Apesar de muita gente reclamar da influência do horário no metabolismo, neurologistas asseguram que ele tem pouca interferência para o relógio biológico. Empresa de saúde domiciliar passa a operar em Uberlândia Os médicos Ricardo Luiz Diniz dos Santos (d), Laerte Honorato Borges Júnior (c) e Luiz Henrique Guerreiro Vidigal (e) são quem investiu no negócio Um novo tipo de atendimento à saúde está em funcionamento em Uberlândia desde o dia 23 de setembro, quando foi inaugurada a Home Care Assistência Domiciliar. A proposta dessa nova empresa é disponi- bilizar serviços de saúde na casa do próprio paciente, ou seja, sem sair de casa ele pode receber quase toda a assistência médica e de outros profissionais de saúde que teria em um hospital. Segundo consta, a ideia é promover a desospitalização de pacientes que demandem longas permanências dentro de hospitais, facilitando aos mesmos maior contato com familiares em casa, onde receberiam cuidados iguais aos que ocorrem no ambiente hospitalar. Além disso, essa assistência hospitalar evita que pacientes tenham agravadas doenças crônicas (descompensação de enfisema pulmonar e da pressão arterial, por exemplo) e tenham que ser (re) internados em um hospital. Há ainda a possibilidade de serviços adicionais, como acompanhamento (gerenciamento) de doenças crônicas, administração de medicações injetáveis prescritas pelo médico, provisão de serviço de enfermagem para pacientes em casa ou mesmo em hospitais (quando de desejo da família), pontos que tornam ainda mais atrativa essa modalidade de serviço. “Para o caso do paciente particular, existe uma sensível economia financeira e a oportunidade de cuidar do ente querido com maior proximidade, no aconchego do lar. Já o conveniado tem a garantia de economia de investimento e de um grande retorno institucional quando indica empresa de Home Care de qualidade”, explica o médico Luiz Henrique Guerreiro. Ele, com o fisioterapeuta Dr. Laerte Honorato e o Dr. Ricardo Diniz são os sócios na iniciativa de criar a Home Care em Uberlândia. Doenças tropicais esquecidas afetam 1 bilhão Mal de Chagas, elefantíase, hanseníase e outras doenças que já assustaram muitas populações e hoje são pouco faladas atingem cerca de um bilhão de pessoas ao redor do mundo. O alerta foi feito pela Organização Mundial da Saúde, que fez um apelo por um esforço global para o controle e erradicação desses males. Em relatório divulgado nesta quinta-feira, a OMS alerta que ainda há doenças, como é o caso do Mal de Chagas (muito presente na América Latina) e da elefantíase, que prevalecem em alguns países, sobretudo nos mais pobres, e pioram a qualidade de vida de seus habitantes. Embora desde 2003 os governos, as farmacêuticas e as empresas tenham “se conscientizado” do efeito dessas doenças na saúde pública, sua existência frustra a possibilidade do cumprimento de alguns dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) estabelecidos pela ONU relacionados à saúde, destaca a OMS. Outras doenças citadas pela organização em sua lista de 17 males esquecidos são a “úlcera de Buruli”, a “doença do sono”, a “cegueira dos rios” e a “echinococcosis”. O fornecimento de água potável pode reduzir drasticamente a incidência desses males nos países pobres. O relatório apresenta, como exemplo, a soma da ausência trabalhista e das mortes decorrentes do Mal de Chagas na América Latina. Um prejuízo de US$ 1,2 bilhão. Para melhorar os tratamentos, torná-los mais acessíveis e baratear seus custos, a OMS recomenda “iniciar pesquisas para desenvolver novos remédios e diagnósticos que sejam acessíveis a todos os afetados por essas doenças desatendidas”. 117 ∞ Mercado Outubro 2010 MGeral Obesidade infantil no alvo do Congresso Pelo menos um em cada quatro estudantes do último ano do ensino fundamental está fora do peso considerado ideal para a idade. Mais do que uma questão de estética, os quilos a mais nessa fase da vida podem ter como reflexo a obesidade e outras doenças crônicas na vida adulta. Tramitam na Câmara pelo menos 15 projetos relacionados à obesidade e à promoção da alimentação saudável. Em abril deste ano foi aprovada uma proposta que obriga as creches e escolas do nível fundamental a substituírem, em suas dependências e para os fins de comercialização, os alimentos não saudáveis por alimentos saudáveis, conforme critérios a serem estabelecidos por autoridades sanitárias. A proposta foi enviada para o Senado. Entre os projetos em tramitação na Câmara está também a criação de uma Política Nacional de Combate à Obesidade Infantil, com princípios e diretrizes para ações voltadas para a educação e a segurança nutricionais da população e a obrigatoriedade da divulgação de advertência sobre o risco de obesidade em embalagens de produtos altamente calóricos. Além disso, uma frente parlamentar tem entre seus temas a promoção de uma alimentação mais saudável para os jovens. Segundo o Ministério da Saúde, a obesidade já afeta metade da população adulta, e o problema vem crescendo principalmente entre crianças e adolescentes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) trata a obesidade como uma epidemia mundial. Prêmio Sesi de Qualidade no Trabalho O Serviço Social da Indústria (Sesi) - ligado à Fiemg Regional Vale do Paranaíba - oferece mais uma edição de um dos prêmios mais importantes da indústria, o Prêmio Sesi de Qualidade no Trabalho (PSQT). Dividido em etapa estadual e nacional, a 14ª edição do Prêmio tem o intuito de reconhecer as empresas que adotam práticas diferenciadas de gestão e valorizam benefícios sociais, ambientais e econômicos. Participando expediente Diretor Eduardo J. L. Nascimento [email protected] Conselho Gestor Eduardo J. L. Nascimento, Evaldo Pighini, Fernando Martini Conselho Editorial Paulo Sérgio Ferreira, Janaina Depiné, Analu Guimarães, Dr. Joemilson Donizetti Lopes, Marconi Silva Santos, Pedro Lacerda, Marcelo Prado, Dalira Lúcia C. Maradei Carneiro Editor Chefe e Jornalista Responsável Evaldo Pighini - MG 06320 JP [email protected] do concurso, a empresa mostra que é sustentável, responsável socialmente e se preocupa com a qualidade de vida dos colaboradores, contribuindo para a melhoria dos padrões de trabalho. As inscrições já estão abertas, seguem até o dia 30 de outubro e podem ser feitas através do site www.sesi. org.br/psqt. A premiação acontecerá no primeiro semestre de 2011. Reportagens Evaldo Pighini, Isabella Peixoto, Margareth Castro, Fabiana Barcelos, Laura Pimenta, Rosiane Magalhães, Talita Nakamuta, Alitéia Milagre, Renata Tavares, Núbia Mota Programa de Aprimoramento Profissional Natália Nascimento Revisão Lúcia Amaral Fotografia Mauro Marques (exceto as creditadas) Colaboradora Márcia Amaral Diretor Comercial Fernando Martini - [email protected]. br Departamento de Vendas Maurício Ribeiro - [email protected] e Cristiane Magalhães - [email protected] Secretaria Kárita Barbosa dos Santos - secretaria@ revistamercado.com.br Consultoria Jurídica Thiago Alves - OAB 107.533 Projeto Gráfico RedHouse Comunicação Ltda. 34 3235-6021 Capa, Direção de Arte e Finalização Humpormil Pré-impressão Registro Digital Impressão Gráfica Brasil Para anúncios e assinaturas [email protected]. br Redação Artigos, comentários, sugestões e críticas sobre o conteúdo editorial da Revista MERCADO e mensagens para o Canal Livre: [email protected] Cartas Rua Roosevelt de Oliveira, 345 Sala 14 - Bairro Aparecida CEP: 38.400-610 - Uberlândia/MG - Toda correspondência poderá ser publicada de forma reduzida. Envie anexo nome completo e a cidade de origem. A Revista MERCADO não fornece quaisquer dados pessoais para terceiros. Edições extras e reprints Para solicitação de edições extras e/ou fazer reprints de páginas da revista, entrar em contato pelo email [email protected]. br ou pelo telefone (34) 3236-6112. A Revista Mercado é uma publicação mensal do Grupo de Mídia Brasil Central (GMBC). Artigos assinados não refletem necessariamente a opinião desta revista, assim como declarações emitidas por entrevistados. É autorizada a reprodução total ou parcial das matérias, desde que citada a fonte. Tiragem desta edição: 5.000 mil exemplares. Copyright © 2008 - Grupo GMBC - Todos os direitos reservados. Revista Mercado Rua Roosevelt de Oliveira, 345 Sala 14 - Bairro Aparecida CEP: 38.400-610 - Uberlândia/MG Tel/Fax: (34) 3236-6112 - www.revistamercado.com.br