relatório internacional de tendências do café

Transcrição

relatório internacional de tendências do café
BUREAU DE INTELIGÊNCIA
COMPETITIVA DO CAFÉ
VOL. 5 | Nº. 04 | 30 MAIO 2016
RELATÓRIO INTERNACIONAL
DE TENDÊNCIAS DO CAFÉ
www.icafebr.com
SOBRE NÓS
O Bureau de Inteligência Competitiva do Café
é um programa que busca oferecer informações e
análises relevantes para o setor cafeeiro nacional. A
informação se tornou crucial para a competitividade
de qualquer atividade econômica e com a cafeicultura
não é diferente. Por isso, buscamos reunir, analisar
e divulgar dados e informações que permitam aos
agentes da cadeia agroindustrial do café planejar e
tomar decisões melhores.
Nosso trabalho se iniciou em 2010, com apoio
financeiro da FAPEMIG. O mentor do projeto é o prof.
Luiz Gonzaga de Castro Junior, doutor em Economia
Aplicada e pesquisador do mercado de café desde
2002. As atividades são realizadas no Centro de Inteligência em Mercado (CIM), sediado na Universidade
Federal de Lavras (UFLA). O CIM tem se consolidado
como uma organização especializada em pesquisas
e prestação de serviços para agentes do agronegócio.
O convênio com a FAPEMIG terminou em
2012, o que poderia ter paralisado as atividades do
programa. No entanto, com o apoio do Pólo de Excelência do Café, da UFLA e dos pesquisadores envolvidos, as atividades continuaram. Ainda em 2012,
o Bureau publicou relatórios sobre a Terceira Onda
do consumo de café a sobre a indústria de cápsulas.
Estes trabalhos foram muito bem recebidos pelo setor
e consolidaram o Bureau como fonte de informações
e análises relevantes. Em outubro daquele ano foi
elaborado o primeiro Relatório Internacional de Tendências do Café, publicação que já é referência para
os agentes da cadeia agroindustrial do café. Os últimos relatórios alcançaram cerca de 10 mil downloads
mensais no site do Bureau (icafebr.com.br).
Atualmente o Bureau integra a Agência de Inovação do Café (InovaCafé), uma organização gerenciada pela UFLA, que busca integrar os conhecimentos das diferentes áreas relacionadas ao café e criar
soluções e inovações para o setor. Já em seu sexto
ano de atividade, o programa conta atualmente com o
apoio da Embrapa e do Pólo de Excelência do Café.
Equipe do Bureau de Inteligência Competitiva do Café
ÍNDICE
1
1. PRODUÇÃO
2
2. INDÚSTRIA
4
3. CAFETERIAS
8
4. INSIGHTS
12
PRODUÇÃO
A
s lavouras de café de algumas regiões são severamente afetadas pelo clima atípico e ataques de
pragas e doenças. Esses problemas aumentam a
pobreza em regiões que já são carentes, afetando milhares de famílias. Nesses casos, o Estado atua por meio da
liberação de recursos, uma medida paliativa, mas também
é possível agir de maneira preventiva. O desenvolvimento
de novas variedades de café resistente à seca e ao ataque
de pragas e doenças é uma alternativa importante. Países
cujo setor cafeeiro conta com uma estrutura de pesquisa
organizada e com recursos podem identificar ameaças futuras e trabalhar para sua prevenção.
Os governos nacionais sempre tiveram grande
influência sobre o desenvolvimento da cafeicultura. Decisões políticas foram responsáveis pelo avanço ou declínio da atividade em inúmeras ocasiões. Mas, nos últimos
anos, nota-se uma influência cada vez maior do setor privado sobre o desenvolvimento da cafeicultura em diferentes lugares.
O café é cultivado em países que enfrentam incontáveis desafios ambientais, sociais e econômicos, sem que
o Estado possa dar conta de todos eles, o que acaba por
prejudicar a própria cafeicultura. Isso cria um cenário onde
os produtores, sem acesso a novas tecnologias e técnicas,
já não são capazes de atender as necessidades das empresas multinacionais. Para garantirem seu suprimento, as
empresas investem em projetos próprios, ou em parceria
com os governos, para capacitar os cafeicultores. A maior
parte dos recursos são investidos em projetos que proporcionem grãos de melhor qualidade e produzidos de formas
mais sustentáveis, que são as principais demandas atualmente.
AMÉRICA CENTRAL
Costa Rica
O Ministério da Agricultura da Costa Rica junta-
mente com a Embaixada Costa Riquenha na China, promoveu uma apresentação dos cafés produzidos no país
para potenciais compradores chineses.
Para o embaixador da Costa Rica na China, Ricardo Javier León Pérez, esta será uma oportunidade
de ampliar as relações com o país asiático que oferece
grandes oportunidades de negócios para o aumento das
exportações.
AMÉRICA DO SUL
Colômbia
Um estudo desenvolvido pelo Centro Nacional
de Pesquisa do Café da Colômbia (Cenicafé) confirmou
a resistência da variedade Castillo contra a doença conhecida como Coffee Berry Disease. Ela é causada pelo
fungo Colletotrichum kahawae e ainda não chegou ao
continente Americano, mas afeta há muitas décadas os
cafezais da África. O pesquisador do Cenicafé e autor do
estudo, Carlos Maldonado, afirma que pesquisas como
essas são de fundamental importância para que se evite
a contaminação e proliferação do fungo, caso ele chegue
ao continente. A Coffee Berry Disease é extremamente
agressiva e pode causar perdas de até 80% nas lavouras
atingidas.
A variedade Castillo foi obtida a partir do cruzamento de linhagens de Híbrido Timor e Caturra e foi lançada em 2005. Ela também possui resistência contra a
ferrugem, doença que prejudicou severamente as lavouras colombianas a partir de 2008, e por isso seu cultivo
é incentivado pela Federação Nacional dos Cafeicultores
da Colômbia. Os pesquisadores colombianos avaliam o
Colletotrichum kahawae como uma ameaça real e consideram de grande importância dispor de uma variedade
resistente.
Brasil
Quênia
Assim como em outros países, a Nestlé fez investimentos em Rondônia para o aprimoramento da produção
de café. O intuito da empresa é promover a melhoria da
produção do café conilon, aumentando a capacidade do
viveiro do município de Alto Alegre dos Parecis, passando
de 300 mil mudas para 500 mil mudas. De acordo com
Valor Econômico, o objetivo da empresa é ter novos fornecedores de café conilon para o abastecimento da fabrica
em Araras (SP), que produz café solúvel.
Os produtores de café quenianos estão reivindicando que o presidente revogue as restrições impostas à
comercialização do café. Conforme o Relatório v.4 n.11,
o setor cafeeiro queniano possui uma regulação que impede as cooperativas e associações de comercializarem
diretamente com os compradores, sendo necessário vender o café para agentes autorizados pelo Estado.
Para os produtores quenianos essas medidas os
deixam em desvantagem em relação aos produtores de
macadâmia, banana e milho, que não possuem tais restrições. Assim, o pedido é para que o presidente Uhuru
Kenyatta revogue tal medida e permita que os produtores
obtenham melhores chances de negociar.
ÁFRICA
Sudão do Sul
Apesar de ser um país devastado pela guerra civil,
o Sudão do Sul, assim como Quênia, Etiópia e Uganda,
possui um clima propenso à produção de café e uma extensão territorial maior que a da França, mas apenas 4%
da área é cultivada.
A Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID, na siga em inglês), a Nespresso e a ONG TechnoServe firmaram um acordo para
revitalizar a cafeicultura do país, criando oportunidade e
renda para os agricultores locais. O aporte inicial será de
US$ 3 milhões.
A Nespresso, que já trabalha com mais de 700
produtores do Sudão do Sul em seu programa, espera investir até o final de 2016 a quantia de US$3,6 milhões e ter,
até 2020, milhares de produtores beneficiados.
Etiópia
Produtores etíopes já negociaram desde novembro de 2015 mais de 1.000 toneladas de café com selo de
rastreabilidade, movimentando mais de US$ 2,5 milhões
em menos de um ano. De acordo com Shimelis Arega, porta-voz do Ministério do Comércio, a estimativa é que cerca
de 25% das exportações de 2016 sejam rastreadas.
Grandes empresas, como a Nestlé, e o governo
americano investiram mais de US$4,2 milhões neste novo
sistema de rastreabilidade desenvolvido pela IBM, juntamente com o apoio da Bolsa de Café da Etiópia - ECX, a
fim de garantir transparência na produção de cafés especiais do país e agregar valor ao café, beneficiando milhões
de pessoas que dependem da atividade.
A Starbucks compra café etíope há mais de 40
anos e acredita que a transparência é de vital importância
para oferecer uma maior compreensão de toda a cadeia
produtiva do café aos seus clientes e a rastreabilidade é
fundamental nesse processo.
3
ÁSIA
China
A Nestlé inaugurou um novo Nescafé Coffee
Center na cidade de Pu’er, na província chinesa de Yunnan. Com uma estrutura de 30 mil m², o centro fornecerá
treinamento para agricultores, agrônomos e profissionais
da indústria, além de contar com laboratório para análises
dos grãos e estrutura de armazenagem.
Segundo John Cheung, CEO da Nestlé China, “a
Nestlé está comprometida com a produção de café em
Pu’er e alcançou grande progresso, criando valor compartilhado ao trabalhar com o governo e produtores locais
ao longo das últimas três décadas”. A declaração foi citada pelo Beverage Daily.
O Relatório Internacional de Tendências do Café
v.4 n.4 & 5 apresentou uma análise sobre o crescimento da cafeicultura chinesa. A produção do país aumentou
consideravelmente nos últimos anos e, segundo projeções do governo, crescerá ainda mais nos próximos. A
produção chinesa é voltada para o mercado externo, enquanto a demanda interna é atendida por importações.
ÍNDUSTRIA
A
s constantes pressões ambientalistas sobre os efeitos nocivos das cápsulas no meio ambiente têm
levado as empresas a pensarem em alternativas
que atendam aos princípios de sustentabilidade. Marcas já
consolidadas no mercado precisam reinventar seus produtos para garantir uma maior aceitação do consumidor. Em
contrapartida, outros empreendedores encaram a situação
como oportunidade para desenvolver e ofertar produtos diferenciados, como é o caso de empresas especializadas
na criação de cápsulas reutilizáveis.
As indústrias do setor continuam em processo de
expansão, seja buscando novos mercados consumidores
em locais ainda pouco explorados, seja adquirindo outras
empresas e marcas para compor seu portfólio. Movimentos deste tipo podem ser entendidos como uma estratégia
para o crescimento em mercados já saturados.
Além de se atentarem às demandas socioambientais e às expansões, as indústrias também precisam observar as interferências causadas pelas mudanças tecnológicas. Cada vez mais pessoas estão conectadas à rede
mundial de computadores e o desenvolvimento de produtos aliados às facilidades que a internet proporciona tem
se mostrado como uma crescente tendência, tanto no segmento de cafeterias, que oferece pagamentos pelo celular,
por exemplo, quanto no de indústrias, que já desenvolvem
máquinas que utilizam o smartphone como uma extensão
do aparelho.
LAVAZZA
Índia
A Lavazza tinha como principal negócio na Índia
uma rede de cafeterias, mas este negócio foi vendido e a
companhia decidiu priorizar o fornecimento de café para o
segmento de hotéis, restaurantes e cafeterias, conhecido
como HoReCa. Os grãos utilizados são cultivados na Índia
e, também, importados de outras origens. O HoReCa tem
sido importante para a mudança de hábitos no consumo
do café na Índia, com a oferta de cafés de alta qualidade e
origem única.
Por meio de sua subsidiária indiana, Fresh and Honest, a Lavazza também comercializa máquinas automáticas de café para estabelecimentos (vending machines).
Apesar de a Índia ser um país com cultura primordialmente
de beber chá, o consumo de café tem se tornado parte
do dia-a-dia dos indianos. Assim, há planos de investir em
educação do consumidor de café e dos baristas.
Novos blends
Em abril, a torrefadora italiana lançou uma nova
seleção de cafés produzidos de maneira sustentável. Os
novos blends, destinados à hotéis, restaurantes e bares,
são provenientes do Brasil e da Tanzânia e integrarão a
linha ¡Tierra!, totalmente voltada para a produção de cafés
sustentáveis.
A seleção, denominada como ¡Tierra! Origins, está
disponível em quatro diferentes blends, sendo eles Tierra
Origins Espresso, composto com café do Brasil 100% arábica; Tierra Origins Espresso, composto por um blend de
70% de café arábica e 30% de café robusta de origem brasileira; Tierra Origins Filter, proveniente do Brasil e 100%
arábica e Tierra Origins Filter, produzido com café 100%
arábica originário da Tanzânia.
Estes blends são resultantes do Projeto ¡Tierra! da
Fundação Lavazza, que tem como objetivo promover melhorias nas condições de vida, no desenvolvimento social e
no crescimento econômico das comunidades agrícolas em
que atua, além de difundir melhores práticas agrícolas, diminuindo progressivamente o impacto ambiental e tornando os meios de produção mais competitivos e autônomos.
Segundo Barry Kither, diretor de vendas e marketing da Lavazza Reino Unido, a seleção Tierra Origins foi
criada para satisfazer as exigências do mercado atual. Embora os quesitos como qualidade, sabor e origem sejam
importantes, os consumidores de hoje são socialmente
responsáveis e eticamente conscientes, portanto, estes
novos blends mostram-se como opções mais éticas para
os clientes.
KEURIG GREEN MOUTAIN
A Keurig anunciou, em abril, que irá solucionar o
problema dos K-Cups não recicláveis. Será lançada uma
nova linha de cápsulas, até o final do ano, feitas de polipropileno, material que pode ser reciclado. A meta da companhia é que 50% das cápsulas sejam recicláveis até 2018 e
100% até 2020.
Alguns analistas consideram que pode ser um
pouco tarde para a empresa, que já há alguns anos tem recebido muitas críticas pelo plástico não-biodegradável que
é utilizado. Isso prejudicou a imagem da empresa e pode
ter impactado nas vendas. Mas, mesmo com a mudança
e a criação de cápsulas descartáveis, ainda há muito que
ser feito. As novas cápsulas só podem ser recicladas caso
o consumidor tenha a consciência de levá-las ao local correto de reciclagem, uma vez que somente locais especiali-
5
zados podem fazê-lo.
De acordo com Darby Hoover, que trabalha no
conselho de defesa de recursos naturais dos Estados
Unidos, a reciclagem das novas cápsulas ajudará a abreviar o problema de enviá-las a um aterro, mas não garantirá que as cápsulas serão, de fato, recicladas. O caminho
inverso terá que ser feito inicialmente pelo consumidor,
em local específico.
NESTLÉ
A Nestlé divulgou seu relatório de vendas referente ao primeiro trimestre deste ano. De acordo com os
dados apresentados, as vendas da Nescafé e Nespresso
superaram as expectativas da companhia, impulsionadas
pelas últimas campanhas de marketing, conforme matéria do portal Bloomberg. A receita do setor de bebidas
líquidas e em pó, que possui o café como principal negócio, apresentou crescimento de 6,3%.
Segundo Jon Cox, analista da Kepler Cheuvreux,
os investimentos da Nestlé em marketing, no final de
2015, juntamente com as incertezas geradas pelas últimas aquisições da JAB Holding Co., que incluem a Keurig Green Moutain, os ativos de café da Mondelez e a
Master Blenders, influenciaram este resultado. Até o momento, a JAB Holding já investiu mais de US$ 30 bilhões
em aquisições de empresas de café.
Ainda segundo o relatório, a Nespresso manteve
um crescimento sólido em todas as regiões de atuação e
continua consolidando sua posição na Europa. Na América do Norte, o sistema VertuoLine, aliado às contínuas
inovações e campanhas da marca, impulsionaram o seu
crescimento. Para continuar sua expansão geográfica a
empresa pretende abrir novas boutiques e lançar novas
edições limitadas de seus cafés Grands Crus.
Expansão da fábrica na África do Sul
A Nestlé ampliou sua fábrica de café solúvel
localizada em Estcourt, na África do Sul. O valor do investimento foi de aproximadamente US$ 83 milhões e a
expansão conta com a construção de uma estação de
tratamento de águas residuais, uma nova fábrica de pro-
cessamento de café, a modernização da parte de processamento já existente e uma nova planta para secagem do
café. Ao todo, a empresa já investiu cerca de US$ 200,6
milhões no país nos últimos cinco anos.
Para o ministro do Departamento de Comércio e
Indústria da África do Sul, Rob Davies, “o investimento da
Nestlé ao longo dos últimos cinco anos confirma que as
multinacionais enxergam a África do Sul como um destino para seus investimentos”. Ainda segundo Rob Davies,
o projeto contribui com o desenvolvimento industrial do
país e posiciona a Nestlé como um centro de produção
de café para o continente africano.
Segundo Ravi Pillay, Diretor de Assuntos Corporativos da Nestlé na África do Sul, “os investimentos
dessa magnitude demonstram o compromisso do Grupo
Nestlé para a construção de negócios de longo prazo e
para o desenvolvimento econômico na África. Com este
investimento, vamos aumentar a capacidade de nossa
fábrica de café e atender à demanda crescente dos consumidores de café na região”. No total, a Nestlé possui no
país sul-africano oito fábricas, três centros de distribuição
e gera em torno de 3500 empregos diretos.
Nescafé
Uma parceria entre a Nestlé Professional e a
CROWN Aerosols & Specialty Packaging Europe, unidade de negócios da Crown Holdings, permitiu a criação de
um novo formato para as embalagens do café solúvel da
Nescafé.
As duas empresas trabalharam juntas, desde a
ideia inicial até o resultado final, para desenvolver um
recipiente mais ergonômico e fácil de manusear. A nova
embalagem é constituída por uma lata de alumínio que
bloqueia a entrada e luz e oxigênio, mantendo a qualidade do produto por mais tempo e possui uma tampa
de plástico com dobradiças nas bordas, o que permite
ser hermeticamente fechada e ajuda na conservação do
café. Outra vantagem observada na nova embalagem
é relacionada à sustentabilidade. De acordo com o site
da Crown, o alumínio pode ser reciclado infinitamente. A
empresa estima que, atualmente, quase 75% das embalagens deste tipo são recicladas, gerando uma economia
de mais de 4 milhões de toneladas de CO2.
As latas são fabricadas em três tamanhos diferentes, 500g, 750g e 1kg e estão disponíveis para o
Nescafé Original, Nescafé Azera e Nescafé Gold Blend,
presentes no Reino Unido.
NESPRESSO
Conforme o Relatório Internacional de Tendências v.5 n.03, no final de fevereiro foi lançada pela Nespresso uma máquina que permite ao usuário o gerenciamento do estoque de cápsulas e o acompanhamento das
manutenções do aparelho por meio de um aplicativo para
smartphone, nomeada de Prodígio.
Agora, a empresa anuncia parceria com o Shazam, um dos principais aplicativos de música da atualidade. Segundo o site Mobile Ad Trends, a Nespresso
planeja lançar campanhas publicitárias direcionadas aos
usuários do aplicativo, que ao utilizarem suas câmeras
para digitalizar anúncios impressos da marca serão direcionados para um site criado para mostrar as novas funcionalidades da máquina.
De acordo com a declaração de Julie Leplus,
Diretora Comercial do Shazam na França, disponível no
site Netimperative, o smartphone não é apenas uma ferramenta e sim uma parte integrante da Prodígio e isso
combina perfeitamente com a abordagem do Shazam.
CAFÉ TRÊS MARIAS
No final de 2015, a Café Três Marias, empresa
que atua em São Paulo na produção de café solúvel, adquiriu a Café Solúvel Brasília, localizada em Varginha,
MG. A Café Solúvel Brasília atuou por mais de 40 anos
no território mineiro e encerrou suas atividades em 2014,
após declarar falência. A negociação, que girou em torno
de R$12,16 milhões, permitiu a aquisição dos terrenos,
edificações e o maquinário da antiga fábrica.
Outros investimentos também foram realizados
pela Café Três Marias, como a recuperação dos prédios
e a compra de novos equipamentos e maquinários. Estima-se que o valor total investido seja de R$14,7 milhões.
Em abril deste ano, a antiga unidade fabril da
Café Solúvel Brasília foi reativada. Para Roberto Ticoulat, diretor executivo da Café Três Marias, a reativação
da fábrica é importante para a cadeia do café em Minas
Gerais, por constituir como uma forma de agregar valor à
produção da região. A fábrica é a única do estado a produzir café solúvel.
Segundo informações do Diário do Comércio, a
fábrica possui atualmente 35 funcionários e está em processo de contratação de mais 100 pessoas. A unidade
fabril possui capacidade de torra de 20 mil sacas de 60kg
ao mês e está dividida em duas torres produtivas.
A produção de café solúvel, que utilizará as espécies conillon e arábica, terá como principal destino o
mercado externo. De acordo com Ticoulat, a empresa realizará testes com o café arábica tipo rio, que possui uma
alta oferta, mas baixa demanda. A empresa também priorizará a compra de cafés produzidos na região, visando
à recuperação de crédito do ICMS, que é uma das principais dificuldades enfrentadas pela indústria de solúvel.
O Café Três Marias já possui experiência na exportação de café solúvel e está retomando os contatos
antigos para a efetivação de novos negócios. A empresa
tem como objetivo a exportação para a Ásia, América do
Sul, Europa e Estados Unidos. Para o diretor executivo
da empresa, a demanda do mercado interno é pequena,
já que das 21 milhões de sacas consumidas anualmente
no Brasil, apenas 1,5 milhão é de solúvel, por isso o foco
será as exportações.
CÁPSULAS SUSTENTÁVEIS
A preocupação com o destino das cápsulas após
o consumo é um assunto constantemente discutido. De
acordo com o Relatório Internacional de Tendências v.5
n.01 o processo para a reciclagem ainda é difícil, pois,
depende da consciência ambiental dos consumidores que
precisam separar todos os componentes do produto como
plástico, resíduos orgânicos e alumínio e, então, encaminhá-los para os pontos de coleta.
Algumas alternativas são propostas para superar
este problema, como o uso de cápsulas reutilizáveis ou
biodegradáveis, que podem ser “recarregadas” com qualquer tipo de café.
O WayCap é um projeto recente, que utilizou a plataforma Kickstarter para arrecadar fundos e produz cápsulas reutilizáveis compatíveis com as máquinas Nespresso.
De acordo com os idealizadores do projeto, as cápsulas
são feitas de aço inoxidável e podem ser reutilizadas infinitamente, proporcionando uma economia de aproximadamente 85%, comparado aos gastos na compra de cápsulas descartáveis.
A crescente preocupação da sociedade em relação ao meio ambiente é notável. O projeto, colocado na
plataforma de financiamento em março, tinha como objetivo inicial a arrecadação de €20 mil, porém, o valor alcançado ao término da campanha foi superior a €234 mil. As
cápsulas da WayCap são compatíveis com as máquinas
Nespresso.
Outra proposta de cápsulas reutilizáveis vem da
The Coffeeduck Company. As cápsulas produzidas pela
empresa são feitas de plástico PP3 e livres de BPA, uma
substância encontrada no plástico e que pode fazer mal à
saúde. A marca produz cápsulas para as máquinas Nespresso e Senseo.
7
A empresa francesa Vegeplast também oferece
outra opção aos consumidores. As Eco Capsule são recarregáveis, produzidas com plásticos de origem vegetal,
criados a partir de amido de milho, fibras e gorduras de
cereais e 100% biodegradáveis. As single cups produzidas pela empresa podem ser descartadas no lixo doméstico comum ou encaminhadas para a reciclagem de
resíduos orgânicos. De acordo com o site da marca, a
biodegradação ocorre em menos de dois meses. As cápsulas são compatíveis com o sistema Nespresso.
Após cinco anos de pesquisas em parceria com
a Novamont, a Lavazza anunciou o lançamento de suas
cápsulas sustentáveis. Produzidas com Mater-Bi®, um
plástico biodegradável, as novas single cups poderão
ser descartadas com resíduos úmidos e enviadas para
compostagem industrial, onde as cápsulas e os resíduos
de café serão reciclados e convertidos em adubo natural
para o solo. De acordo com a empresa, as novas cápsulas visam a aplicação do princípio de “resíduo zero”, que
difunde a ideia de que nada é jogado fora e tudo volta a
ser um recurso.
CAFETERIAS
G
randes redes buscam a expansão de seus negócios em mercados internacionais, seja para diversificação da fonte de receitas ou do risco das operações e/ou atuação em mercados não saturados e mais
promissores. Neste relatório, destacam-se movimentos
de expansão para os continentes africano, asiático, europeu e norte-americano.
Nota-se também a busca por formatos alternativos e diferenciados de cafeterias, que atendam a demandas específicas, seja por um produto artesanal de
qualidade superior, por alimentos mais frescos ou por um
serviço ágil e conveniente. Neste sentido, e como forma
de diferenciação em mercados altamente saturados e
competitivos, observa-se o crescimento de cafeterias híbridas, aliando dois negócios diferenciados, que se complementam ao diversificar a renda, evitar problemas com
a sazonalidade do negócio e conquistar novos consumidores, atraídos pela inovação deste modelo.
Esta crescente competitividade no segmento
internacional de cafeterias, aliada à maior exigência em
termos de qualidade e conveniência pelo consumidor,
estimula a diversificação e ampliação da variedade de
produtos oferecidos nestes estabelecimentos, bem como
a disponibilização da possibilidade de sua personalização por meio da adição de variados complementos. Tais
consumidores também demandam maiores benefícios e
segurança no consumo da bebida, o que incentiva a expansão das linhas de cafés funcionais.
Por fim, destaca-se a crescente preocupação dos
consumidores no tocante aos impactos ambientais e sociais relacionados à atuação de grandes empresas. Desta forma, ressalta-se o banimento do uso de embalagens
plásticas em algumas localidades, a criação de alternativas sustentáveis para reaproveitamento dos rejeitos e, no
âmbito social, a realização de ações voltadas à oferta de
empregos e prosperidade de comunidades menos favorecidas.
STARBUCKS
A rede de cafeterias norte-americana expande
seus negócios na África do Sul. A empresa inaugurou, no
mês passado, sua primeira loja no país, em Joanesburgo,
e abrirá de 12 a 15 novos estabelecimentos nos próximos
dois anos, com meta de 150 lojas em longo prazo.
A marca, que conta com mais de 22 mil cafeterias
em todo o mundo, está presente em apenas outros dois
países africanos: Egito e Marrocos. O continente africano, que atrai significativos investimentos estrangeiros,
tem a África do Sul como seu país com a economia mais
desenvolvida.
Apesar de uma quantidade significativa de seus
cafés serem provenientes da África – Ruanda, Quênia e
Etiópia, entre outros países – a empresa tem pouca presença no continente e competirá com marcas locais já
estabelecidas e lojas de cafés independentes.
MCDONALD’S
Segundo a Brand Eating, o McDonald’s testa em
Chicago (EUA) uma estação de café no estilo self-service, com o intuito facilitar e reduzir o tempo de atendimento de seus clientes, bem como aumentar a variedade
de produtos disponíveis e, consequentemente, aumentar
suas vendas de café. Essa estação, que fica separada
do balcão de produtos principal, conta com um touchpad
para pedidos e pagamento, além de porta copos. Os consumidores podem escolher dentre lattes, mochas e cappuccinos. Cada uma dessas opções pode ser customizada com xaropes aromatizantes, leite e café espresso.
Estes xaropes aromatizantes também foram lançados recentemente pela empresa no país, numa tentativa de propiciar ao cliente a oportunidade de personalizar
suas bebidas, sejam elas coadas ou a base de café espresso. Tais xaropes são oferecidos em opções adoçadas
e sem açúcar.
De acordo com a Brand Eating, a novidade está
disponível nos estados de Maine, Nova Iorque, Connecticut, parte de Massachusetts e Albany.
DUNKIN’ DONUTS
Após anos focando sua atuação na costa leste
dos Estados Unidos, a Dunkin’ Donuts anunciou planos
de inaugurar 29 novas franquias por toda a Califórnia. Patrick Cunningham, diretor sênior de franquias da Dunkin’,
afirmou ao portal Times Standard que a empresa pretende abrir 300 novas lojas a médio prazo no estado e planeja chegar a 1.000 unidades num futuro distante. Cunningham ainda destacou que o estado tem participação
significativa na estratégia de crescimento ao longo dos
Estados Unidos.
SECOND CUP
A rede de cafeterias canadense, Second Cup Coffee, lançou novo serviço de venda on the go de cafés
premium, as máquinas Barista To-Go. Estas são algumas
das primeiras máquinas de venda automática de café na
América do Norte a oferecer aos clientes leite fresco e
café moído na hora, todos com grãos especiais certificados com o selo da Rainforest Alliance, organização que
preza pela sustentabilidade e ética na produção de cafés.
Também são disponibilizadas outras bebidas à base de
café, incluindo Lattes, Cappuccinos, Moccaccinos, Americanos, espresso tradicional e chocolate quente.
Yuri Spektor, diretor de vendas da Second Cup
Coffee, afirmou ao portal Vending Market Watch acreditar
que o serviço revolucionará a experiência de consumo de
bebidas de café produzidas por máquinas de venda automática, bem como a percepção do consumidor sobre o
serviço. Spektor salienta que a máquina poderá atender a
tendência de consumo de cafés premium para o mercado
on the go e estabelecer um novo padrão para os negócios
delivery de cafés.
Salvo a inédita particularidade de oferecer cafés
especiais aos seus usuários, a máquina Barista To-Go é
capaz de produzir mais de 150 bebidas por hora, tornando-se uma oportunidade de alto rendimento com rápido
retorno potencial do investimento.
COSTA COFFEE
Expansão
A Whitbread, empresa responsável pela Costa Coffee, maior rede de cafeterias no Reino Unido, anunciou
que, para combater a desaceleração das receitas da rede,
está expandindo sua marca no Reino Unido e na China,
países tradicionalmente consumidores de chá. A marca
também enfrenta a crescente concorrência das redes de
sanduíches.
Segundo representante da Whitbread, em publicação no The Guardian, a marca planeja abrir 2.500 cafeterias no Reino Unido durante os próximos anos e alcançar
700 lojas na China até 2020. A empresa se beneficia das
longas jornadas de trabalho nesses países, pois muitos
consomem a bebida com objetivo de melhoria do desempenho intelectual e do rendimento no trabalho.
Redução de filas e conveniência de
consumo
A rede de cafeterias pretende desenvolver um método que permita à sua equipe atender vários clientes ao
mesmo tempo, melhorando o desempenho do atendimento com vistas a conquistar a satisfação e a lealdade do
consumidor. Assim, em vez de uma única fila de atendimento, haverá um longo balcão ocupado por vários funcionários proporcionando a redução do tempo de espera e
otimizando os fluxos dos clientes durante períodos de alta
demanda.
A Costa Coffee também testa um aplicativo de pagamento móvel, o Costa Collect, possibilitando a pré-encomenda e pagamento do produto antes de sua retirada na
loja, também de forma a reduzir filas e aumentar a satisfação dos clientes
Formatos alternativos
A companhia testa formatos alternativos de cafeterias e serviço, dentre eles os modelos “Costa Fresco”,
com foco na oferta de alimentos frescos e preparados artesanalmente, e o Costa Pronto, modelo mais enxuto e com
menu reduzido com foco no consumo on the go. A Costa Coffee planeja a abertura de 12 lojas Costa Fresco ao
longo dos próximos 18 meses, não divulgando, contudo, a
estimativa de novos estabelecimentos sob o formato Costa
Pronto.
A rede britânica também tem planos para expandir
a variedade de cafés através de novas técnicas de preparo
e o lançamento de cafés de origem única. A rede abrirá sua
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primeira loja de café artesanal em Londres, no Reino Unido, dentro dos próximos meses. É crescente a demanda
por cafeterias artesanais e por novas técnicas que propiciam a extração do sabor ideal de cada grão.
KAFFEEFORM
Paralelamente ao aumento do consumo global
da bebida, que alcançou cerca de 150 milhões de sacas
em 2015, cresce a quantidade de resíduos provenientes
de várias etapas da cadeia do café, seja na produção ou
até mesmo no preparo da bebida.
Observando o impacto gerado pelos resíduos e
buscando alternativas para sanar este problema, o designer alemão Julian Lechner teve a ideia de transformar a
composição das xícaras de cafés, utilizando em sua produção os compostos dos resíduos da fervura do pó. Lechner moldou suas primeiras xícaras em mistura sólida
de pó de café seco e açúcar caramelizado e depois em
moldes de gesso e de silício para a maior capacidade
de produção. Com a adição de açúcar caramelizado, o
designer alemão percebeu que as xícaras eram doces e
então, após serem utilizadas como recipiente para a bebida, podiam ser consumidas como um snack.
Conhecido como Kaffeeform, que significa “forma
de café”, em apenas sete meses após o seu lançamento já foram vendidas cerca de 5.000 unidades. A empresa planeja ainda acelerar a produção para esse ano de
2016, produzindo 10.000 unidades. Atualmente, o preço
de uma xícara de café espresso Kaffeform, junto a um
pires feito do mesmo material, custa cerca de 20 euros,
estando, até o momento, disponível apenas na Europa.
ÍNDIA
As cadeias de restaurantes da cidade de Karnataka, na Índia, estão proibidas de servir alimentos frescos
em recipientes de plástico, o que significa que as populares redes do país, como as companhias globais Cafe
Coffee Day, McDonald’s e KFC terão que alterar suas estratégias quanto às embalagens de seus produtos.
Em síntese, as empresas de serviços de alimentação da cidade terão que mudar suas tradicionais embalagens plásticas para as biodegradáveis, o que aumentaria os custos na ordem de 18 a 30 %.
Bidisha Nagaraj, presidente de marketing da Cafe
Coffee Day, afirmou ao portal Brand Eating que a marca
está trabalhando em soluções alternativas para produtos
que utilizam embalagens plásticas, tais como copos de
bebidas geladas, agitadores, canudinhos e colheres.
Da mesma forma, as filiais da KFC e McDonald’s
no país também procuram adaptar seus serviços à nova
lei. Um porta-voz da rede KFC na Índia, informou ao
mesmo portal que a empresa é favorável a esta iniciativa
pró-meio ambiente para reduzir o uso de plástico e que,
ao mesmo tempo, trabalhará com as autoridades para
obter clareza completa sobre a lei, tentando encontrar
uma solução rentável. Por sua vez, Smita Jatia, diretor
da franquia indiana das cadeias McDonald’s, também em
entrevista ao portal Brand Eating, afirmou que a companhia está trabalhando na personalização das embalagens
para atender uma abordagem mais holística.
Porém, o principal desafio das redes de restaurantes será a falta de opção em novos materiais para embalagens, pois são raras as opções de fornecedores de
utensílios biodegradáveis no país.
INDONÉSIA
Como resultado do fenômeno climático El Niño, a
produção e exportação de café indonésio podem cair 10
e 5% respectivamente. No entanto, o consumo local pode
aumentar em 8%.
Irfan Anwar, presidente da Associação dos Exportadores de Café da Indonésia (AEKI), afirmou ao portal The Jakarta Post que, em 2015, o consumo doméstico de café alcançou 350 mil toneladas, contando com
grãos importados do Brasil e do Vietnã. Ele também se
diz otimista com o aumento no consumo interno este ano,
dado o maior conhecimento, especialmente entre os jovens, acerca de cafés de qualidade superior, estimulando
o crescimento das comunidades locais apreciadoras da
bebida.
CAFÉS FUNCIONAIS
A esfera dos alimentos funcionais, que propõem
um ganho em saúde e funcionalidades benéficas para
quem os consome, ganha força e passa a englobar o segmento de cafés. Tal fato é estimulado pela indefinição das
categorias de bebidas à base de café, que tem levado
à inclusão de um considerável número de produtos que
prometem agregar compostos funcionais à bebida, como
substâncias probióticas e antioxidantes.
A companhia norte-americana Bulletproof, já
aposta há alguns anos no ramo dos alimentos funcionais
através de seu café de mesmo nome, com adição de
manteiga orgânica e extrato de óleo de coco, que promete um ganho de energia, emagrecimento e aumento da
função cognitiva. Recentemente, a companhia Grass Fed
Coffee também lançou produto similar, um café gelado
no formato pronto para beber (ready to drink), produzido
com grãos certificados pela Fair Trade e uma manteiga
diferenciada, reunindo grande quantidade de gorduras
saudáveis e vitaminas.
Também no ramo das bebidas geladas, as norte-americanas Hiball Energy e Califia Farms adentraram o
mercado com seus cafés de alto teor proteico, prometendo harmonizar um efeito energético com a sensação de
saciedade, contribuindo tanto para o ganho de energia
em atividades diárias quanto para a perda de peso.
Os probióticos, com suas propriedades benéficas
à saúde digestiva e recentemente associadas à saúde da
pele e à imunidade, também ganham terreno no segmen-
to. A empresa americana de alimentos saudáveis e funcionais Jùsby Julie, lançou recentemente um café gelado
infundido com probióticos veganos e fibras destinadas a
contrubuir com o funcionamento do intestino e a saúde do
sistema imunológico.
Bebidas antioxidantes também aparecem como
nova tendência no ramo dos cafés funcionais, como, por
exemplo, o CoffVee, da Vera Roasting Company. É um
café infundido com resveratrol, um composto vegetal tradicionalmente presente na dieta de quem consome vinho
tinto, conhecido por suas propriedades antioxidante e antienvelhecimento.
Portanto, acompanhando a consolidação de tendências de consumo de alimentos que tragam benefícios
a saúde, espera-se novas fusões de café com produtos
funcionais, agregando valor a esse mercado e impulsionando a criação de novas marcas especializadas.
CAFETERIAS HÍBRIDAS
A hibridação dos negócios é uma tendência que
cresce gradativamente na esfera de cafeterias. Isto porque os modelos mais rígidos de operação, em alguns lugares do mundo, passam por uma espécie de saturação,
na qual os serviços disponibilizados estão engessados
em torno da oferta exclusiva da bebida. Entretanto, a hibridação propõe que os estabelecimentos trabalhem simultaneamente em setores diferentes ou que combinem
conceitos, de forma que um setor complemente a renda
do outro, diluindo os custos.
Um exemplo de negócio híbrido é a loja canadense JinksArtFactory, que une um estúdio de tatuagens
a uma cafeteria. Sarah e Jen Wetmore, proprietárias da
empresa, afirmam que foi necessário incorporar ambos
os negócios, pois o estúdio de tatuagem não era tão rentável. A loja Tipos Infames, na Espanha, também é um
exemplo de cafeteria híbrida. Os proprietários Curro Llorca, Alfonso Tordesillas e Gonzalo Queipo idealizaram um
projeto, este mais comum no segmento, que mescla uma
livraria e uma cafeteria em um único ambiente.
Vida Radovanovic, proprietário do Canadian Barista & Coffee Academy, afirmou ao portal The Globe and
Mail que os estabelecimentos híbridos podem ser a única
maneira de muitas das novas cafeterias sobreviverem a
um mercado tão competitivo, oferecendo algo que a concorrência não possui, como a combinação de conceitos.
TENDÊNCIAS DE CONSUMO
De acordo com a Euromonitor International, os
consumidores norte-americanos passaram a escolher
máquinas tradicionais de café espresso sobre aquelas
que extraem a bebida por meio de cápsulas. A empresa
de pesquisa também revelou que as vendas de máquinas
de espresso aumentaram em 29% de 2010 a 2015, com
estimativa de crescimento na ordem de 18% de 2015 até
2020, enquanto as vendas de máquinas de preparo por
cápsulas deverão manter-se estagnadas.
Nota-se uma tendência, entre os consumidores
norte-americanos, de investimento em máquinas de espresso que permitem a moagem dos grãos no momento
do preparo. Tais máquinas chegam a custar US$2 mil,
sendo bem mais caras que os modelos tradicionais (que
utilizam café T&M) e voltadas, principalmente, ao preparo
de grãos/bebidas de qualidade superior. Isto se deve à
maior exigência do consumidor e a seu desejo de preparar, em casa, uma bebida similar àquela que seria adquirida em uma boa cafeteria. Tal fato também estimula
a comercialização, por grandes e reconhecidas redes de
cafeterias, de seus cafés em diversas localidades (própria cafeteria, supermercados, etc) e formatos diferenciados (em grão, T&M, entre outros).
Uma pesquisa feita pela National Coffee Association (NCA), sugeriu que os consumidores de café nos
Estados Unidos gostam da conveniência das cafeteiras
de cápsulas e o sabor das bebidas à base de café espresso. Para atender a demanda destes consumidores,
as grandes fabricantes lançaram máquinas que combinam aspectos de uma máquina de espresso e facilidade
de uso de cafeteiras de cápsulas. Neste caso, busca-se
atender à demanda de seus clientes, todavia, atingir tal
objetivo não será uma tarefa fácil visto que, a menos que
as fabricantes tratem de certos problemas de embalagem
e processamento, suas máquinas híbridas de espresso e
cápsulas podem ser atormentadas pelas mesmas preocupações ambientais que empresas como Keurig atualmente enfrentam.
RESPONSABILIDADE SOCIAL
Diante das transformações culturais, econômicas, tecnológicas, políticas, legais, dentre outras, torna-se essencial a integração dos interesses das organizações aos de seus stakeholders – agentes envolvidos com
o processo da organização e que influenciam as decisões
da mesma, como funcionários, gestores, fornecedores,
etc – para alcançar o crescimento contínuo. Os colaboradores e a comunidade local são peças essenciais para o
êxito de uma empresa, por isso cafeterias vêm formulando estratégias destinadas a este público.
No ano passado, a Caffè Nero anunciou uma política de refeição gratuita para os seus funcionários, mas
a empresa londrina retrocedeu em sua decisão em virtude do aumento salarial determinado pelo governo inglês e
dos potenciais impactos nos custos totais da companhia.
Os funcionários não recebem mais refeições gratuitas,
mas a marca está concedendo descontos nas compras
de alimentos (65%) e bebidas embaladas (75%) para reduzir os efeitos negativos do retrocesso da decisão.
Alguns funcionários mostraram-se insatisfeitos
com a notícia: em publicação ao Buzz Feed uma funcionária, que não quis se identificar, demonstrou seu descontentamento ao dizer: “Nós trabalhamos para eles, nós
fazemos o dinheiro para eles e estamos sempre com escassez de pessoal [...] eles não nos dão mais comida”.
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Para manter a qualidade e aumentar a produtividade do negócio, é imprescindível que o gestor motive
seus colaboradores, seja através de jornada de trabalho
mais flexível, reconhecimento pela tarefa realizada, criação de perspectivas de progresso e aumento salarial,
como realizado em outras ações pela Caffè Nero, que
além de aumentar os rendimentos dos funcionários que
recebem o salário nacional, também revisou os salários
dos demais e os recompensou pela dedicação à empresa, como apontado pelo porta-voz da empresa em publicação ao Citya. M.
Manter um bom relacionamento com a comunidade local também é importante. Diante da dificuldade
de acesso dos jovens ao mercado de trabalho devido à
falta de experiência, a Starbucks do Canadá, em parceria
com o Ministério do Desenvolvimento Social e Inovação
Social e a WorkBC realizaram uma feira de contratação
para capacitá-los profissionalmente. A feira faz parte do
compromisso da Starbucks de contratar 10% de novos
colaboradores jovens. A marca já possui um programa de
formação de baristi, em parceria com Pacific Community
Resources Society, o qual proporciona a inserção e promoção de carreira na própria loja.
A gigante do café também anunciou a abertura
da sua primeira loja em Ferguson, Missouri, é uma das
15 lojas previstas para abrir em bairros de média a baixa
renda nos Estados Unidos até 2018 – geralmente suas
lojas estão localizadas em áreas de classe média alta
e atendem, majoritariamente, a população branca. Com
isso, a Starbucks visa gerar postos de trabalho e oportunidades de formação para os jovens e desenvolver a
economia local. Estratégias como estas, cada vez mais
consideradas como parte da responsabilidade social da
empresa melhoram sua imagem junto aos stakeholders e
criam uma maior conexão com seus consumidores.
INSIGHTS
PRODUÇÃO
O clima adverso é um dos grandes desafios da cafeicultura. Seca, granizo, frio e excesso de chuvas podem
causar grandes perdar quantitativas e qualitativas à produção, sem contar o favorecimento ao ataque de pragas
e doenças. A quebra na safra e perda de qualidade dos
grãos impactam diretamente sobre a receita dos cafeicultores, causando prejuízos e, em casos mais graves, desemprego e aumento da probreza. Cientes disso, muitos
países investem na renovação das lavouras com variedades resistentes, o que poderá aumentar a produtividade
nos próximos anos. Embora o Brasil tenha obtido grande
incremento de sua produtividade nas últimas décadas, a
maioria dos países produtores apresentou ganhos modestos e alguns até apresentaram queda.
A influência do setor privado sobre a coordenação
da produção de café é cada vez maior. Na produção de
café sustentável, as certificações de primeir parte, elaboradas pelas próprias companhias ganham espaço, como discutido no Relatório v.5 n.3. Investimentos das multinacionais na qualificação dos cafeicultores e na renovação das
lavouras é uma pauta frequente nesta publicação, o que
demonstra que muitas regiões, sem apoio externo, já não
conseguem atender a demanda do mercado. A promessa
de tais investimentos é um aumento na renda dos cafeicultores, mas o reais resultados precisarão ser mensurados
por pesquisas independentes nos próximos anos.
INDÚSTRIA
A concorrência no setor está cada vez mais acirrada. Em poucos anos a JAB Holdings, que pertence à família alemã Reimann e não investia em café, se tornou o
segundo maior player do segmento de café industrializado.
As principais aquisições incluem a Master Blenders, que
outrora pertencia à Sara Lee, o segmento de café da Mondelez e a Keurig Green Moutain. Além dessas, também
controla algumas redes de cafeterias. Agora, apenas duas
grandes organizações, JAB e Nestlé, dominam quase
metade do mercado. Outras grandes torrefadoras, como
Lavazza e Tchibo, ficaram pequenas diante desses dois
gigantes.
Apesar da concentração do mercado, as duas gigantes precisam lidar com uma força ainda maior: o consumidor. Para isso, investem em sustentabilidade, novos
produtos e até tecnologias digitais. A popularização das
cápsulas de café despertou grande preocupação quanto
ao destino que elas recebem após o uso e formadores de
opinião utilizam as redes sociais para condenar a utilização das cápsulas. Essa tendência é apontada como uma
das causas da queda de vendas das K-cups e a Keurig já
atua para conter os danos.
Diversas outras companhias, grandes e pequenas, também buscam alternativas mais sustentáveis para
o mercado de cápsulas. A maioria das soluções propostas
envolve a utilização e matérias recicláveis ou biodegradáveis, e agora há uma opção compostável. Outra linha de
atuação é a das cápsulas reutilizáveis. Atenta a isso, a
Nestlé lançou embalagens de alumínio para café solúvel,
tradicionalmente armazenado no vidro.
No Brasil, onde o consumo de cápsulas é mais
recente, a preocupação com o destino delas ainda é pequena, mas tende a aumentar nos próximos anos. As
multinacionais poderão ter volume suficiente para criar
unidades de reciclagem e pontos de coleta, enquanto
para as pequenas e médias a utilização de materiais biodegradáveis poderá ser uma alternativa. No entanto, os
custos destas tecnologias poderão ser inviáveis para algumas empresas.
CAFETERIAS
Nota-se uma demanda crescente por cafés de
qualidade superior, por maior conveniência de consumo e
por produtos que proporcionem algum benefício à saúde,
resultados de uma mudança no perfil dos consumidores,
cada vez mais exigentes e participativos no processo de
preparo da bebida.
Formatos alternativos de cafeterias, seja com
menu simplificado e serviço rápido, com foco em produtos diferenciados e de preparo artesanal, ou mesmo
a disponibilização de máquinas para autoatendimento e
personalização da bebida pelo consumidor podem atender a diferentes objetivos de consumo e se adequar a
diversas localidades, bem como a diferentes perfis de
empresários.
Contudo, atualmente, não basta atender tais demandas, devendo-se também proporcionar algum retorno à comunidade no qual a empresa está inserida, bem
como adotar práticas sustentáveis e que evitem danos ao
meio-ambiente. Programas de contratação e capacitação
dos funcionários, bem como sua maior valorização tendem a estabelecer fortes laços com estes colaboradores
e com a comunidade em geral, fortalecendo a atuação
da empresa. O cuidado com a reciclagem de resíduos e
a redução do uso excessivo de água e energia, além disso, também auxiliam na redução dos custos da operação,
permitindo investimento em outras áreas essenciais.
CONTATO
Endereço: Centro de Inteligência em Mercados, Agência
de Inovação e Desenvolvimento do Café, Universidade
Federal de Lavras, CEP: 37200-000.
Telefone: (35) 3829-1443
E-mail: [email protected]
FONTES
Produção: All Africa, Beverage Daily, Food Navigator Asia, Global
Times, Standard Media, The Guardian, Triple Pundit, Vending Market
Watch. Indústria: Bloomberg, Coffeduck, Crown, Delish, Diário do
Comércio, Eater, Eco Capsule, Foodbev Media, G1, Geek, Kickstarter
WayCap, Lavazza, Lifegate, Mobile Ad Trends, Netimperative, Nestle,
Nestle South Africa, Packaging World, The Food & Drink Inovation Network, The Green Optimistic, The New York Times, Vegeplast, WayCap,
Wired.it. Cafeterias: Blue Mau Mau, Brand Eating, Bustle, BuzzFeed
News, Califia Farms, City A.M., Eat Globe, Eater, Evening Standard,
FoodBev Media, Grass Fed Coffee, Hiball Energy, Jùs by Julie, Kaffeform, Surrey Leader, The China Post, The Guardian, The Jakarta Post,
This is Money, Times Standard, The Daily Meal, The Globe and Mail,
Traveler, Vending Market Watch, Vera Roasting Company.
EQUIPE
Coordenador do Centro de Inteligência em Mercados:
Prof. Dr. Luiz Gonzaga de Castro Junior.
Coordenadores do Bureau:
Me. Eduardo Cesar Silva
Me. Elisa Reis Guimarães
Equipe de Analistas:
Angélica da Silva Azevedo
Diego Humberto de Oliveira
Gislene Nogueira de Souza
Gustavo Costa Prado Alves
Lucas da Silva Pereira
Marina de Barros
Nilmar Diogo dos Reis
Analista Internacional (Europa)
Dr. José Márcio Carvalho
Edição
Angélica da Silva Azevedo
PROJETO GRÁFICO: INOUT COMUNICAÇÃO
BUREAU DE INTELIGÊNCIA
COMPETITIVA DO CAFÉ
www.icafebr.com

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