o-avanco-dos-blogs-jornalisticos - Memórias de uma recém

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o-avanco-dos-blogs-jornalisticos - Memórias de uma recém
GUILEE PEREIRA DE MATOS
O AVAÇO DOS BLOGS JORALÍSTICOS
UIVERSIDADE OVE DE JULHO
SÃO PAULO – 2008
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GUILEE PEREIRA DE MATOS
O AVAÇO DOS BLOGS JORALÍSTICOS
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado
como exigência, para obtenção do grau de Bacharel
no curso de Comunicação Social com habilitação em
Jornalismo, da Universidade Nove de Julho
(UNINOVE).
Orientadora: Profª. Drª. Marcela Matos
UIVERSIDADE OVE DE JULHO
SÃO PAULO – 2008
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Dedico este trabalho
Em primeiro lugar a Deus,
Aos meus pais e ao meu irmão.
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AGRADECIMETOS
Agradeço a DEUS, por tudo, pois sem Ele nada seria possível.
A meu pai Justino e minha mãe Brinca, pela força e apoio e ao meu irmão, Júnior, por me
incentivar a voltar a estudar.
A minha orientadora, profª. drª. Marcela Matos, pelo privilégio de ter sido sua aluna e
orientanda, além de ter me ajudado, durante esse último ano, a fazer esta pesquisa.
Ao querido, prof. e grande mestre Alexandre Barbosa, que me despertou para web e me
ajudou a chegar no meu tema de estudo.
A profª. drª. Cilene Victor, a quem devo grande parte da minha formação acadêmica e a profª.
Patrícia Kay, que me auxiliou no desenvolvimento de parte desta pesquisa com importantes
sugestões.
A profª. Ana Ziccardi que foi importante para a minha permanência no curso.
Ao prof. José Amaral, que com profissionalismo me ajudou a ver determinadas matérias de
forma positiva.
A amiga e parceira, Samanta, pelos momentos de sufoco que juntas passamos, em vários
trabalhos realizados nesses quatro anos de curso.
A amiga Janaina, por ser a responsável pelo meu primeiro estágio, além de ter sido durante
muito tempo minha editora.
Aos amigos, Elisa, Karina e Jorge, por tudo que durante esses quatro anos fizeram por mim,
compartilhando conhecimentos.
A todos que participaram desta importante conquista em minha vida. E também a toda turma
de 2008 pela honrosa convivência.
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A Internet, talvez seja o último espaço
de liberdade do homem.
Ricardo oblat
Gutenberg nos fez leitores, máquina xérox nos
fez editores e a eletrônica e os computadores em
rede nos fazem autores.
Marshall McLuhan
Liberdade é uma palavra que o sonho humano
alimenta, não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda.
Cecília Meirelles
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MATOS, Guilene Pereira. O avanço dos blogs jornalísticos. 2008. 109 f. Trabalho de
Conclusão de Curso (Graduação), Universidade Nove de Julho, São Paulo, 2008.
RESUMO
Esta pesquisa analisa o porquê, atualmente, tantos jornalistas terem deixado empregos formais
para dedicar-se a blogs. O avanço no meio cresce de maneira significativa, contribuindo,
assim, para o desenvolvimento da blogosfera. O trabalho investiga as características que
fazem do diário online uma opção ao profissional de se manifestar sem censura. Também,
levanta outras questões que norteiam o tema. Como, a veracidade da informação transmitida
por essa nova mídia, a tecnologia que favorece as pessoas, onde quer que elas estejam e a
interatividade, responsável por não haver mais um receptor e um emissor, já que, todos somos
tudo e ao mesmo tempo. A mudança no jornalismo é apresentada desde a chegada da Web
2.0, que trouxe aos meios de comunicação uma forma inovadora de informar. E com uma
inusitada promessa, de se fazer jornalismo com total liberdade de expressão. Independência
que, nos últimos tempos, fez dos blogs uma das maiores descobertas da Internet. Veremos,
porém, que em certos momentos, essa liberdade é questionável, uma vez que, se tem vários
meios de censurar. E se tratando da imprensa brasileira, os blogs não ficariam de fora.
Palavras-chave: Internet; blogs; interatividade; web 2.0; liberdade de expressão.
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MATOS, Guilene Pereira. The advance of blogs journalistic. 2008. 109 f. Completion of
Work of Course (Graduation), University Nine of July, São Paulo, 2008.
ABSTRACT
This research examines the why nowadays so many journalists have left formal jobs to devote
themselves to blogs. The advance in the middle grows in a meaningful way thus contributing
to the development of the blogosphere. The study analyzes the characteristics that make the
daily online option for a professional to demonstrate without censorship. Also raises other
issues that guide the issue. As the veracity of the information supplied by this new medium
the technology that encourages people wherever they are and interactivity responsible for no
more a receiver and a transmitter since we are all at the same time. The change in journalism
is presented since the arrival of Web 2.0 which brought the media to inform an innovative
way. And with an unusual promise to do journalism with total freedom of expression.
Independence that in recent times the blogs made a major discovery of the Internet. We will
see however that at certain times such freedom is questionable since it has various means of
censoring. And it was the Brazilian press the blogs would not be out.
Keywords: Internet, blogs, interactivity; Web 2.0; freedom of expression.
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SUMÁRIO
ITRODUÇÃO.......................................................................................................................10
1. O ADVETO DA ITERET..........................................................................................12
1.1 Início...................................................................................................................................12
1.2 A criação da Web................................................................................................................13
1.3 O que mudou no jornalismo com a Internet........................................................................15
1.4 Web 2.0 o ápice para a chegada dos blogs..........................................................................19
2. ITERATIVIDADE...........................................................................................................21
2.1 Emissor e receptor...............................................................................................................22
2.2 Os rumos da interatividade.................................................................................................24
2.3 Usabilidade..........................................................................................................................26
2.4 Novas mídias & interatividade............................................................................................27
2.5 A interatividade dos blogs...................................................................................................29
3. WEBLOGS E BLOGS........................................................................................................31
3.1 O papel dos blogs................................................................................................................34
3.2 Blogs no Brasil....................................................................................................................36
3.3 Os blogs mais populares.....................................................................................................37
3.4 Blogs corporativos..............................................................................................................38
4. BLOGS JORALÍSTICOS...............................................................................................42
4.1 Jornalismo com a Web 2.0..................................................................................................44
4.2 Webjornalismo e blogs........................................................................................................47
4.3 A informação nos blogs......................................................................................................51
4.4 Jornalistas blogueiros..........................................................................................................53
5. LIBERDADE DE EXPRESSÃO.......................................................................................58
5.1 Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP).................................................................61
5.2 O censor da ditadura militar................................................................................................63
5.3 DOI-Codi e Dops................................................................................................................64
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5.4 Ato Institucional n.5 (AI-5)................................................................................................68
6. A CESURA O BRASIL.................................................................................................70
6.1 Liberdade de Imprensa........................................................................................................71
6.2 A falta de democracia hoje..................................................................................................72
6.3 A censura dos blogs............................................................................................................77
6.4 Quando as leis ameaçam.....................................................................................................80
7. ESTUDO DE CASO............................................................................................................82
7.1 Perfil dos moderadores........................................................................................................82
7.2 A análise dos blogs.............................................................................................................83
7.3 Blog do Tas.........................................................................................................................84
7.3.1 Descrição das publicações diárias....................................................................................84
7.4 Blog do Milton Neves.........................................................................................................88
7.4.1 Descrição das publicações diárias....................................................................................89
7.5 Blog do Noblat....................................................................................................................92
7.5.1 Descrição das publicações diárias....................................................................................93
COCIDERAÇÕES FIAIS.................................................................................................99
REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................101
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ITRODUÇÃO
Os blogs vêm crescendo cada vez mais como fontes de informação na Internet. Isso
porque jornalistas renomados, também, têm aderido a essa nova forma de dar notícias,
recheadas de críticas e opiniões. Através desses diários online surge um estilo inovador de
escrita, com expressão própria.
Os assuntos são diversificados, o que chama a atenção e atrai leitores. A interação
promove uma discussão do autor e seu leitor, através dos comentários. Que, algumas vezes,
são respondidas outras não. Mesmo porque é o escritor quem determina qual ponto de vista
poderá ser publicado.
A pesquisa teve como objetivo descobrir o porquê os blogs têm atraído tantos
jornalistas. Fazendo, até mesmo, com que esses profissionais deixassem empregos formais
para se dedicar inteiramente ao diário, que passou a ser fonte renda.
A estrutura do trabalho está dividida em sete capítulos. Os assuntos abordados foram
necessários para chegar á resposta da questão levantada.
Inicialmente, no capítulo I, é
explicado o advento da internet na comunicação, que levanta desde a história e sua
representação na comunicação, até a mudança geral com chegada da Web 2.0.
No capítulo II, o foco é a maior característica da Internet do século XXI, a
interatividade, que tratará do que é o emissor e receptor nos dias de hoje, em que, não há mais
diferença, todos somos tudo e ao mesmo tempo.
Já no capítulo seguinte, III, o assunto será o desvendamento do tema, ou seja, a
Weblogs ou Blogs, que verificaremos desde a origem dos weblogs a sua proliferação rápida.
No IV capítulo, os blogs jornalísticos, de informação online, e jornalistas blogueiros são o
destaque.
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No capítulo V, a liberdade de expressão, será lembrada desde o Departamento de
Imprensa e Propaganda (DIP), passando pelos maiores repressores de todos os tempos, DOICodi e Dops, até o fim da ditadura militar. Na atualidade, esse assunto continua no capítulo
VI, a Censura no Brasil, que falará de como ficou a liberdade da imprensa pós-ditadura. Da
democracia, e de como os blogs, apesar de ser referência da liberdade atual, indiretamente,
são controlados.
No VII e último capítulo, um estudo de caso feito no período de sete dias, de 22 a 28
de outubro de 2008, em três blogs jornalísticos, respectivamente: Marcelo Tas, Milton Neves
e Ricardo Noblat; dá de forma prática a resposta para essa pesquisa. Na análise, em questão,
além de apresentar o perfil de cada um dos autores, mostrará o gênero predominante dos
posts, a freqüência, números de comentários diários, e respostas, a linguagem utilizada e a
forma da organização das informações.
Por ser um tema em ascensão, a motivação de pesquisar o crescimento dos blogs,
principalmente, foi por ser um assunto de gosto pessoal. Sou leitora assídua de alguns diários
há muito tempo, tive a curiosidade de saber não só a história e o trajeto dos blogs, como o
porquê do seu notável avanço entre jornalistas, e claro, por ser algo, por enquanto, pouco
estudado.
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1. O ADVETO DA ITERET
A chegada da Internet, realmente, revolucionou o mundo. Com o crescimento mais
rápido da história, trouxe uma grande quantidade de informações, ajudando as pessoas a se
comunicar umas com as outras. Além de ser a mais importante inovação vinda das novas
tecnologias.
A Internet chegou para ficar. Não é uma moda passageira e não haverá
retrocesso. Jamais os usuários de e-mail voltarão a escrever cartas e
deslocar-se até o correio para postá-las. Mas não podemos esquecer que o
comércio eletrônico não decolou de imediato e que continuou sendo mais
confortável assistir ao Grande Prêmio de Fórmula I na frente da TV, com
balde de pipoca ao lado, do que tendendo enxergar o que se passa no tremido
vídeo que mal consegue chegar à próxima cena. (FERRARI, 2004:21-22).
A forma que os usuários podem se informar, comunicar e escrever, em um curto
espaço de tempo é enorme. É o que atraiu, ao longo dos anos, mais e mais internautas. Por
isso a Internet é, segundo Kucinski (2004:72-73), a maior revolução nas comunicações desde
a invenção de Gutemberg.
1.1 O início
Em 1969 surgiu a Internet, uma invenção do Departamento de Defesa NorteAmericano que criou a Agência de Pesquisa e Projetos Avançados (ARPA). A intenção era de
focar nas pesquisas de informações para o serviço militar.
Na época o mundo estava em plena Guerra Fria, e a luta dos Estados Unidos (EUA)
com a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) pelo poder mundial, fez com que
surgisse a idéia de armazenar informações nesse novo banco de dados.
Foi originalmente chamada ARPANET, e passou a funcionar mais do que um arquivo
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de dados de informações militares, mas também como meio de enviar documentos extensos
por meio de e-mails.
A partir daí novas redes foram surgindo, como forma de oferecerem acesso à outras
organizações de pesquisas americanas. A Internet se alastrou de forma rápida e evolutiva,
tanto que, segundo Ferrari (2004:15) só no ano de 2003 já existiam mais de duzentos milhões
de usuários espalhados pelo mundo.
1.2 A criação da WEB
Foi em 1980, que Tim Bernes Lee, inventou a World Wide Web, conhecida por
(WWW). Uma espécie de programa que veio a ser a espinha dorsal da Internet. Sem ela, hoje
em dia, praticamente não se navega. E com esse recurso, pode-se ir dos Estados Unidos ao
Japão em segundos.
Com o surgimento da Microsoft Internet Explorer, em 1995, empresa de Bill Gates, o
fácil acesso a Internet fez com que, um ano depois, fossem mais de 80 milhões de pessoas
acessando a Internet, em mais de 150 países.
Durante a década de 1990, a Internet cresceu de maneira popular. No mundo onde as
informações eram transmitidas normalmente através de jornais, televisões e rádios, a Web
tornou possível uma interação maior a cada indivíduo, e possibilitou um leque de acesso as
notícias mundiais.
A comunicação com outras pessoas em longas distâncias foi apenas mais uma
novidade, que diga se de passagem, não só entre duas, mas em milhões ao mesmo tempo. Ou
seja, através da Web a pessoa tem acesso em tempo real ao que acontece do outro lado
mundo, isso, indiferentemente do fuso horário.
A Web é uma das inovações mais importantes da Internet. De um modo geral é a
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plataforma que faz com que seja incrivelmente fácil de interligar documentos e hipertexto que
estão acessíveis na rede.
Hoje, quase todo mundo que usa a Internet pode facilmente acessar a Web usando um
navegador. Como, Microsoft Internet Explorer ou Mozilla Firefox. Eles permitem que o
computador possibilite ao usuário visualizar páginas da Web e navegar de uma para outra,
apenas clicando em um link de hipertexto.
Os responsáveis pelo maior número de acessos na rede é o chamado endereço
eletrônico (Email). No início era exigido ao usuário ter um servidor pago mensalmente.
Porém, com o passar dos anos surgiu o email gratuito. Além de ser, extremamente fácil de
usar. Não importa em que lugar esteja no mundo, desde que tenha acesso à Internet, pode-se
receber e enviar e-mail.
No início, os usuários se dividiam em dois grandes grupos: o residencial e o
não-residencial. Dos acessos não-residenciais predominavam os
engenheiros, correspondendo a 42,4% do total de usuários em 1986 e a
38,7% em 1987. Seguiam-se os médicos, os comerciantes e os analistas de
sistemas, que foram, porém, suplantados pelos advogados, em 1987. (IURI,
2002: 28-29).
Por volta de 1990 a Internet chegou ao Brasil, crescendo rapidamente, não só devido
ao baixo custo dos computadores domésticos, mas pela queda, também, do valor das linhas
telefônicas e a criação de provedores gratuitos. Isso resultou para que hoje, segundo
IBOPE/NetRatings, até o primeiro trimestre de 2008 já tinham 41,5 milhões de pessoas que
acessam a rede em todo o país.
Estava constado que a rede Internet era sucesso no mundo e também no Brasil. Além
das possibilidades já confirmadas no campo da comunicação, ampliaram-se os usos dos
serviços educativos, comerciais e de lazer, dentre muitos outros.
De acordo com IURI (2002:29), com a Internet, qualquer pessoa (um jornalista, por
exemplo) pode, de sua própria casa, oferecer um serviço na rede, expor suas idéias ou
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mergulhar em uma imensidão de informações, utilizando-se somente um microcomputador,
um modem e uma linha telefônica.
Atualmente a maioria das pessoas que utilizam a Internet, o faz para ter acesso ao email. Tudo é por e-mail. O endereço eletrônico é tão prioritário como a carteira de identidade.
Pois se tornou extremamente fácil de enviar mensagens a uma ou dezenas de pessoas, ao
mesmo tempo.
A Internet é considerada importante por ter sido, até hoje, uma grande revolução na
história da humanidade, e na comunicação no geral. Faltar conexão hoje no trabalho é como a
ausência de luz, ninguém trabalha, ou melhor, não tem como trabalhar.
1.3 O que mudou no jornalismo com a Internet
O jornalismo sofreu influência direta da Internet. Para Barbosa (2004) a consolidação
da rede como nova tecnologia e prática social, favoreceu a emergência de um novo status para
o uso dos bancos de dados no jornalismo digital. “Representou uma inovação nos modos de
obtenção de informação para acrescentar maior contexto e profundidade às notícias e
reportagens - além de ter sido uma das primeiras tecnologias empregadas para a entrega
eletrônica de conteúdos.” (BARBOSA, 2004).
Hoje tudo se tem e faz através da rede. É possível, por exemplo, encontrar fonte para
uma matéria, e ainda mais, entrevista-lá via online. Mas essa facilidade afeta o jornalista e
principalmente a veracidade da informação.
Por esse motivo alguns profissionais não estão seguros quanto ao conteúdo da Web.
Ferrari (2004:45), menciona que “o editor do site Financial Times, de Londres, Paul
Maidment, não se sente confortável em fornecer aos seus leitores apenas o material das
agências de notícias, mesmo quando se trata de urgência”.
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A Internet ainda está em gestação, a caminho de uma linguagem
própria. Não podemos encará-la apenas como uma mídia que surgiu para
viabilizar a convergência entre rádio, jornal e televisão. A Internet é outra
coisa, uma outra verdade e conseqüentemente uma outra mídia, muito ligada
ä tecnológica e com particularidades únicas. Ainda estamos,
metaforicamente, saindo da caverna. (FERRARI, 2004:45).
O profissional da comunicação passou a ser, no século XXI, um multimídia. De
acordo com Gradim (2003), o jornalista do futuro será uma espécie de MacGyver, homem dos
mil e um recursos, trabalha sozinho, equipado com uma câmera de vídeo digital, telefone
satélite, laptop com software de edição de vídeo e html, e ligação sem fios à Internet. Ou seja,
quando ele sai para fazer uma matéria já não leva consigo só uma caneta, bloquinho de
anotações e um gravador de áudio.
Mas apesar das mudanças visíveis, nos Estados Unidos, uma pesquisa feita para
analisar quais as mudanças que a Internet trouxe para o jornalismo mostrou que a ela não
mudou o jornalismo da maneira esperada, a notícia saiu no jornal, The
ew York Times
divulgada no domingo, 16 de março de 2008.
A Internet mudou profundamente o jornalismo, mas não da maneira que se
esperava, no surgimento do jornalismo online, concluiu um estudo do
Project for Excellence in Journalism, nos Estados Unidos.
Segundo o estudo, acreditava-se que a Internet iria democratizar a
informação, oferecendo novas vozes, histórias e perspectivas, mas a agenda
de notícias continua limitada – os sites oferecem primordialmente as mesmas
informações. (INTERNET, 2008).
Essa pesquisa reforça o porquê da previsão de Bill Gates não ter dado certo. De acordo
com Di Franco (2008), o dono da Microsoft previu que até 2000 não haveria mais jornais
impressos, pois tudo seria adaptado à rede. Muitos outros jornalistas também apostavam
nessa profecia.
O jornalista Ricardo Noblat em seu livro, A arte de fazer um jornal diário (2002), foi
direto e apostou claramente no fim do jornal impresso.
Os jornais, contudo, morrerão, sinto dizer-lhe isso. Tal como existem hoje,
tudo indica que morrerão. Só não me arrisco a dizer quando.
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Que viva, pois o jornalismo! Porque pouco importa a forma que os jornais
venham a tomar no futuro, pouco importa se alguns deles acabarão
preservados como espécies de relíquias – o homem sempre precisará de
informações. (NOBLAT, 2002:19).
Em seu outro livro, O que é ser jornalista (2004), ele menciona a crise do jornal
impresso, através de dados estatísticos de retiradas dos jornais.
Entre março de 2001 e março de 2002, os 15 maiores jornais brasileiros,
responsáveis por 74% do volume total de exemplares vendidos no país,
diminuíram sua circulação em 12%. Deixaram de vender exatos 346.376
exemplares. É como uma edição inteira da Folha de S. Paulo tivesse deixado
de circular. (NOBLAT, 2004:14).
Mas essa “tal” morte ou crise que os jornais impressos passam já vem lá de trás, bem
antes da Internet surgir no Brasil. “O jornal sempre vai estar em crise, porém, desde o seu
surgimento (1605), a história do jornal, revela que ele resistiu, assim como o livro, a todos os
embates da tecnologia e das mudanças sociais.” (DINES, 1974:72).
Mais de três décadas depois e o jornal tem confirmado o que Dines (1974:72)
escreveu, uma enorme resistência. Essa sobrevivência que segundo Di Franco (2008) é o
contrário da sombria profecia de Gates, é por causa do alto salto de qualidade, uma autêntica
reinvenção que mantém, hoje, os diários vivos.
Há muito espaço para o jornalismo impresso. Trata-se de ocupá-lo. Com
competência, ousadia, criatividade e, sobretudo, com ética. A percepção do
cidadão a respeito do papel do jornal é um inequívoco reconhecimento do
seu vigor editorial e da força da sua credibilidade. Isso é bom. Mas não pode
se esgotar num mero reforço da auto-estima. Deve, sim, ser um ponto de
partida. Não podemos deixar a peteca cair. O Brasil depende, e muito, da
qualidade técnica e ética dos seus jornais. (DI FRANCO, 2008).
A Internet deu aos jornalistas uma liberdade suprema e livre de toda e quaisquer tipo
de censura. Hoje eles podem ter seus sites ou blogs e escrever a notícia da forma que quiser.
A Web 2.0 trouxe aos profissionais da comunicação novos estilos, cada um está livre para
criar o seu próprio.
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Por ser tão aberta, a maioria dos sites e blogs de jornalistas saem do jornalismo neutro.
Pois, exprimem suas críticas e opiniões levando quem lê a formar um ponto de vista
tendencioso.
O jornal impresso é estático e diário. Já o webjornal, forma como é chamado o
jornalismo da Internet, é móvel e precisa ser atualizado a todo instante, por isso é 24 horas. É
o jornal que nunca fecha. Segundo Teixeira (2005) o que antes chamávamos de jornalismo
online atualmente talvez pudesse ser mais propriamente usar o termo de webjornalismo.
Trata-se da articulação de linguagens distintas do jornalismo em um suporte
propiciado pelo ambiente Web. Talvez a aplicação do termo jornalismo
online seja mais adequada a todo possível impacto do suporte digitaleletrônico não só sobre a produção jornalística direcionada no ambiente
Web, mas também àquela presente nas redações tradicionais de jornais, rádio
e TV: uso do e-mail entre colunistas e leitores de jornais ou entre leitores,
assessores e jornalistas, consulta a sites como pesquisa prévia de textos e
imagens para execução de matérias, a simples transposição online no site do
jornal das matérias veiculadas em sua versão impressa, dentre outros. Assim,
o jornalismo online seria um gênero e o webjornalismo uma de suas mais
sofisticadas espécies. (TEIXEIRA, 2005).
Uma notícia na Web publicada pela manhã já pode estar velha à tarde. Essa é uma das
mudanças positivas que a chegada da rede causou ao jornalismo. Pois, além do fato de poder
modificar a notícia a cada informação nova que chega na redação, o internauta pode ler hoje a
notícia que sairá no jornal só amanhã.
Nós não paramos. O jornal tem um dead-line, um momento de fechamento,
aqui nós estamos fechando o tempo todo, sem nunca fechar. Está é a grande
diferença entre o jornal e a Internet. No jornal chega uma hora, 10h da noite,
o editor faz a manchete manda rodar as máquinas. Se alguma coisa acontece
depois disso, não tem como mudar, a não ser que você reimprima todo o
jornal. Na Internet você te uma facilidade muito grande de ficar mudando as
coisas. Então, o nosso site e os sites de notícias da Internet são todos muito
ágeis. Eles dão enquanto a notícia estiver acontecendo. É como se fosse uma
cobertura ao vivo pela televisão. Só que tem texto, foto, links para outros
trabalhos locais e que voe acha que sejam interessantes para matéria.
(RABINOVICI apud IURI, 2002: 72).
Com o advento da Internet não se criou apenas uma nova forma de fazer jornalismo,
mas sim, um novo profissional. “A Internet não só está mudando os modos de acesso à
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informação pelos utilizadores, o modelo de comunicação tradicional, a economia mundial e as
empresas de comunicação, mas também o perfil do jornalista.” (MARTIN, 2001 apud
AROSO, 2005).
Sobre esse aspecto Canavilhas (2003), fala que, “apesar de todas as mudanças
provocadas no processo de comunicação’, o que se, realmente, pretende é explorar a
integração dos elementos multimídia no jornalismo e, por conseqüência, tentar identificar
algumas características de uma nova narrativa jornalística adaptada ao novo meio”.
1.4 Web 2.0 o ápice para a chegada dos blogs
A informação era a principal característica da web 1.0, chamada de primeira geração
da Internet. Época que o papel dos usuários era o de espectador, eles não tinham autorização
para alterar nem reeditar o conteúdo. Além de sair muito caro para quem utilizava, já que, a
maioria dos serviços eram pagos, e o acesso discado, o que elevava e muito o valor da conta
telefônica.
A Web 1.0 teve enorme avanço à informação de um modo geral, porém estava longe
do que realmente se pretendia com a Internet. Ou seja, um espaço livre sem controle de nada e
nem de ninguém.
Com a chegada da Web 2.0 tudo mudou na Internet. Pois os expectadores de antes
passaram a produzir seus próprios documentos e publicarem na rede. Isso sem terem maiores
conhecimentos de programação. Agora além de consumidores de informação passaram então
a seus produtores.
A Web 2.0 é a mudança para uma Internet como plataforma e um
entendimento das regras para obter sucesso nesta nova plataforma. Entre
outras, a regra mais importante é desenvolver aplicativos que aproveitem os
efeitos da rede para se tornarem melhores quanto mais são usados pelas
pessoas, aproveitando a inteligência coletiva. (O’REILLY, 2005 apud
BENTES; BOTTENTUIT; IAHN, 2008).
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A praticidade da Web trouxe aos usuários a possibilidade de serem escritores da rede.
Isso porque, “a Internet se apresenta em várias formas: blogs pessoais, sites e portais. Sendo
que, para manter um site ou portal, apesar da hospedagem poder ser gratuita, ainda há o custo
da produção.” (KUCINSKI, 2004:76).
O blog ou diário online foi à forma mais fácil para que esses internautas se
expressarem. O que levou a ser muito popular, tornando-se uma das mais importantes
ferramentas da Internet, nos dias de hoje.
E àqueles que já tinham sites, muitas vezes hospedados em portais renomados, foram
atraídos pelo poder de interação dos blogs, que dá a possibilidade do blogueiro com o leitor
que comenta. Além de ser fácil criar um diário virtual, não precisando ter maiores
conhecimentos de programas para sua produção.
De acordo com Primo (2006), “a Web 2.0, segunda geração de serviços online se
caracteriza por potencializar as formas de publicação, compartilhamento e organização de
informações, além de ampliar os espaços para interação dos usuários que dela se utilizam”.
Para ele o conceito de “eu mídia” está fazendo crescer astronomicamente, o numero de blogs
criados, que já chegaram a 200 mil em um único dia, na era do “eu mídia” os internautas
querem se ver, acima de tudo.
Enfim, os recursos oferecidos pela Web 2.0 está evoluindo na medida em que surgem
necessidades dos usuários. O que, na realidade é a grande tendência da Internet do futuro.
“Para ser imune a qualquer forma de censura, controle ou limitação.” (KUCINSKI, 2004:72).
21
2. ITERATIVIDADE
O desenvolvimento rápido da internet foi o maior responsável por muitas mudanças na
comunicação, o que originou novas formas de fazer jornalismo. E as novidades são entre
muitas a produção, divulgação e o consumo de notícias. Surge o webjornalismo e junto o
crescimento, avassalador, da interatividade na rede.
De acordo com Mattoso (2004), o termo interatividade surgiu por volta de 1960, como
derivado do neologismo inglês interactivity. A palavra foi empregada nessa época, para
denominar o que os pesquisadores da área de informática entendiam como uma nova
qualidade da computação interativa. Mas, o termo muito usado na relação entre internautas,
não é exclusividade da rede, e Levy (1999:79) apud Mattos (2004:22) explica:
Mesmo sentado na frente da televisão sem controle, o destinatário
decodifica, interpreta, participa, mobiliza seu sistema nervoso de
muitas maneiras... Ou seja, a interatividade pode ser encontrada, em
diferentes graus, em vários tipos de relacionamentos, da conversa pelo
telefone à partida de videogame. O fato é que, com o surgimento do
webjornalismo, a interatividade tornou-se uma das marcas que
legitimam essa nova mídia.
O fato é que, segundo Comassetto (2007), durante a maior parte da história humana, as
interações eram feitas face a face. Os indivíduos se relacionavam entre si principalmente na
aproximação e no intercâmbio de formas simbólicas. Essa forma de interagir mudou com o
desenvolvimento dos meios de comunicação.
De acordo com Berlo (1985:98), “comunicamos boa parte do tempo falando nos meios
como se comportam as fontes e os recebedores de comunicação”. De início, definimos a
comunicação com um processo e afirmamos que é dinâmica, evolutiva, sem pontos de início e
fim. E isso, vem se confirmando nos últimos anos com o avanço tecnológico muita coisa
mudou no desenvolvimento da comunicação.
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Mas entender a interatividade na comunicação não é tão fácil assim. Mesmo porque, é
preciso entender a relação entre receptor e mensagem. A Internet vem sendo o ponto de fuga
para o surgimento de novas formas de se comunicar um com o outro, pois, “Uma mesma
mídia pode apresentar diferentes graus de interatividade, dependendo do eixo escolhido para
se proceder a análise.” (LEVY, 1999 apud AGUIAR, 2006).
A interatividade vem ganhando força em pautas de discussão. Isso se dá pelas novas
formas de interação e pela criação de novos tipos de relacionamentos sociais. Como chats,
sites de relacionamentos, fale conosco, comentários, grupos de discussões, salas de bate-papo,
blogs e o mais recente, assunto, o Ensino á Distância (EAD), que é totalmente interativo entre
o aluno e professor (ambos fazendo a duas funções, emissor e receptor) pelo portal da
faculdade, que é o meio por onde se comunicam. Exigindo presença física mínima em sala de
aula, apenas para avaliação. É o chamado ensino online.
Por isso, diferente da TV e do rádio a Internet é conhecida como uma mídia totalmente
interativa, pelas ferramentas que ela proporciona aos seus usuários. O fato de poder se
comunicar com o outro na mesma velocidade, independente do lugar, fez do emissor um
receptor simultâneo e vice e versa. Todos fazem os dois papéis ao mesmo tempo.
2.1 Emissor e Receptor
O processo de comunicação de antes que era caracterizado por ser bipolar, ou seja,
havia um emissor e um receptor já não existe mais. O que segundo Oliveira M. (1997) torna a
rede pluridirecionada.
Em outros termos, as redes instauram uma nova maneira de se perceber o
emissor e o receptor, através delas ambos passam a ser interativos no
processo comunicacional. Na relação pluridirecionada, o processo
comunicativo é dinâmico, ambos interagem, ou seja, o (EU) pode ocupar o
lugar do outro (TU) e vice e versa. (OLIVEIRA M., 1997).
23
Na perspectiva da teoria funcionalista, Oliveira M. (1997) diz que o receptor em um
processo de comunicação, é visto como elemento passivo. Essa afirmação é reforçada por
Fayard (2000:113) ao mencionar que “enquanto o usuário das mídias tradicionais é passivo e
pode sentir-se vítima e impotente diante de uma atualidade quente, o internauta tem por
definição um comportamento ativo, que lhe dá a impressão de acesso a, ou mesmo o poder de
intervir numa história que está sendo feita”.
A comunicação era baseada no modelo mecanicista, segundo o qual
comunicar era chegar uma informação de um pólo a outro, como o mínimo
de interferência. Este processo concebia ao receptor como um ser indefeso,
sujeito a qualquer tipo de manipulação. Aliás, ainda hoje existem estudiosos
para os quais prevalece a idéia de que o bastasse o papel de um mero
espectador. (OLIVEIRA M., 1997).
A verdade é que na prática o receptor não tinha saída, a não ser, aceitar o que lhe era
imposto. Situação que muda completamente a partir da Internet. Mais precisamente com a
chegada da WEB 2.0, no mercado.
Pois, até o selecionador de notícia, não depende só do emissor, depende também do
receptor. Surgi então, segundo Amaral (2008) um gatekeeper misto.
O que, para Castro (2007), não se trata de uma inovação tecnológica, mas de uma
mudança de conceitos em que a importância da rede é deslocada dos criadores de conteúdos
para os usuários.
Wolf (2008: 180) conceitua o gatekeeper como sendo (selecionador), conceito que foi
elaborado por Kurt Lewin, em 1947. “As zonas de filtro são controladas por sistemas
objetivos de regras ou por gatekeepers. Neste último caso, há um individuo, ou um grupo, que
tem o poder de decidir se deixa passar a informação ou se bloqueia”.
Genericamente, entende-se que desde que existam hiperligações, o produto
constitui um exemplo de interatividade. (...) Assim sendo, o receptor (agora
convertido em utilizador) passa a ter um papel pró-ativo, que procura
informação personalizada de acordo com seus interesses. Os autores
24
argumentam ainda que, se a seleção depende do receptor e não apenas do
emissor, podemos falar de um <<gatekeeper misto>>. Esta alteração, em
relação aos media tradicionais, deve-se sobretudo à interatividade enquanto
característica própria da rede. Este elemento do cenário digital modifica a
relação clássica entre emissor e receptor, já que agora o receptor se converte
em utilizador e pode, simultaneamente, ser emissor de mensagens.
(AMARAL, 2008).
Essa mudança de posição, não é de hoje, embora o assunto tenha se expandido nos
últimos anos. No fim de 1990, Lemos (1997) apud Amaral (2008), disse que, a comunicação,
já apresentava a passagem do modelo “um-todos” para o modelo “todos-todos”. Ou seja, antes
havia um emissor e um receptor, atualmente os dois são um só, não há mais diferença entre
eles.
2.2 Os rumos da interatividade
Segundo Castro (2007), a interatividade pode ter diferentes níveis. Já para Primo
(2006), esses níveis são reduzidos a apenas dois tipos, o mútuo que é provido de negociações
relacionais durante seu processo, e o reativo que depende da previsibilidade e da
automatização das trocas.
Tomando o hipertexto por base com o objeto de estudo, a interatividade
mútua do mesmo se daria se o papel do usuário se juntasse ao papel do
programador, tendo ambos a mesma liberdade de incluir links ou
complementos as informações existentes no hipertexto. O que ainda se vê na
Web é, na maioria das vezes, a interatividade reativa, pois o usuário não tem
a opção de incluir novos links. Dessa forma a escolha do usuário passa ser
limitada. (REZENDE, 2007).
Mas nem todos gostam dessa evolução, que a Internet proporciona, em interagir o
individuo. Prioli (2007) acha que “essa interatividade toda é o fim, ou melhor, uma forma de
suicídio, um jeito de escapar da realidade da vida para o universo de ilusão que é criado por
alguns veículos de comunicação (TV e Internet)”. O que faz o ser humano participar
ativamente.
25
A vaca ruma para o brejo e o que faz o vaqueiro? Tenta tirá-la do atoleiro,
colocando-a no caminho dos pastos verdejantes? Nada disso, faz o exato
contrário. Com estridência e obstinação, tange a criatura para o terreno onde
afundará e do qual só sairá - se conseguir sair - com ajuda externa, de algo
que a puxe para fora da imobilidade. "Mas isso é uma loucura, um contrasenso!" - dirão os lúcidos. "O sujeito vai acabar com o seu ganha-pão!" Sem
dúvida, é isso mesmo, mas quem disse que o vaqueiro é lúcido?A vaca é a
televisão e o brejo, a internet. (PRIOLI, 2007).
Comassetto (2007), classifica a interatividade em três tipos: a face a face, quase
interação imediata e modo monológico.
Face a Face é quando os participantes estão imediatamente presentes, partilham o
mesmo sistema referencial de espaço e de tempo. Ex: cartas, conversas no telefone, etc. Ou
seja, de certa forma usam o meio técnico para se comunicar.
A chamada quase Interação Mediata, quando o individuo utiliza seus próprios recursos
para interpretar a mensagem. Ex: livros, jornais, rádio, televisão, etc. Essa tem uma grande
quantidade de informação e a forma de entender vai depender de vários fatores ligados aos
valores do usuário.
O modo Monológico é quando as formas simbólicas são produzidas para um número
indefinido de receptores, nesse caso, a comunicação é predominante do sentido único. Ex:
leitor de um livro.
Outras formas só são criadas a partir do desenvolvimento tecnológico. Ou seja, um
jeito de acompanhar a modernidade da informação. Assim, se criam novos meios de interagir,
que Comassetto (2007) diz que permite atrair um maior grau de receptividade.
A emergência de vários tipos de meios eletrônicos nos séculos XIX e XX foi
suplementando cada vez mais formas de interação. O intercâmbio de
interações e conteúdo simbólico acontece em proporção sempre crescente
devido a difusão dos produtos da mídia. Dentro desta destaca-se a WEB de
forma profunda e irreversível no intercâmbio do mundo moderno,
reestruturando as informações produzidas e inter cambiáveis dos indivíduos
entre si. (COMASSETTO, 2007).
26
Porém essas classificações dadas por esses pesquisadores são questionáveis na visão
de Josh (2001) apud Comassetto (2007). Na concepção dele esses níveis de interatividade são
três diferentes dos apresentados anteriormente.
Ele destaca o primeiro modelo como sendo o de broadcast, que é visto como não tendo
nenhuma interatividade. Ex: vídeo, sites ou parte deles que funcionam sem o usuário clicar
em nada.
O segundo nível é quando há interatividade no sentido de que uma pessoa apenas com
uma parte predefinida do design. Ex: videogames e sites de informações.
O último dos três níveis é o que mais atrai os internautas, por ser, o que proporciona
interatividade entre pessoas. O site no caso funciona apenas como um canal para essa
interação, que, nesse caso pode ter uma comunicação instantânea, como um Chat, ou não, no
caso de Email, em que você envia e o receptor não necessariamente esteja do outro lado pra te
responder.
2.3 Usabilidade
O conceito de usabilidade, segundo Ferrari (2004:60), “é o conjunto de características
de um produto que definem seu grau de interação com o usuário”. Ela ainda cita o exemplo
dos automóveis e eletrodomésticos que passam por testes de usabilidade para que seus
fabricantes possam fazer uma avaliação do aproveitamento dos futuros compradores.
Usabilidade é a ferramenta da Web. Se um cliente não consegue encontrar
um produto, simplesmente não irá comprá-lo. A Web é a fronteira entre o
empreendedor e o cliente. Se ele der dois cliques no mouse e não encontrar o
que procura, outros competidores no mundo oferecerão o mesmo produto,
mas num outro clique,fora de seu site. (NIELSEN apud FERRARI,
2004:60).
No mundo virtual fora da parte coorporativa a usabilidade, também, tem de estar cem
27
porcento funcionando, para que haja uma boa interatividade. Por exemplo, se um banco de
dados de um site de informação, jornalística, não estiver com sua usabilidade testada e
aprovada, o internauta, que pode estar trabalhando do outro lado do mundo, irá se prejudicar
por não haver uma boa interação dele com o que precisa. E não é só nesse caso, todo e
qualquer site para que tenha uma interação deve estar funcionando bem, principalmente no
seu uso.
Para os jornalistas, essa interatividade passou a ser fundamental para o bom
andamento do seu trabalho. Pois, a internet propícia que se entreviste grandes personalidades
em qualquer parte do mundo. Permite com facilidade que se façam cálculos, gráficos,
pesquisas, consultas a bibliotecas mundiais, bate-papos, conversas com pesquisadores de
outros países, a partir do objeto de análise. Seja para compor uma boa matéria, seja para
escrever um bom artigo, enfim, é de vital importância esse alastramento tecnológico que se
tem através da interação.
Agora, se o conceito de usabilidade não for feito pela empresa como ficaria todo esse
trabalho. Na verdade, com o crescimento que tem sido do mundo da Web, a usabilidade é bem
capaz de vir antes dos bancos de dados, de tão importante que passou a ser. Ou seja, sem um o
outro não existe. “Essa facilidade deu origem a um novo gênero de matéria jornalística, o
infográfico, que tenta classificar e simplificar o conhecimento por meio visual. Permite que o
trabalhador intelectual corrija, edite, ilustre, formate e até imprima seu próprio material.”
(KUCINSKI, 2004:75).
2.4 ovas mídias & interatividade
A Internet passou então não só a se caracterizar como rede, mas como um meio de
interligar conteúdos. Interligando também receptor com seu emissor, no caso dos blogs os
28
comentários são a interação entre quem escreve e quem lê.
Para Fayard (2000:112), não é só a interatividade fundamental característica das
novas mídias, mas sim a facilidade de interconectividade que ela proporciona. Isso, por serem
independentes de coações espaciais, ou seja, a interatividade na Internet ultrapassa largamente
o número de possibilidades de mudança de canais de televisuais. Além de oferecerem acesso a
somas consideráveis de dados.
A interatividade que elas permitem constitui uma característica fundamental.
As novas mídias distinguem-se das mídias de massa tradicionais por sua
natureza distribuída entre os pontos emissores-receptores, pela flexibilidade
de seus usos e pela sua interconectividade. Enquanto as mídias tradicionais
cobrem – na maior parte do tempo – uma área de difusão limitada
geograficamente, as novas não têm outras fronteiras teóricas, a não ser a rede
telefônica internacional. (FAYARD, 2000:112-113).
O novo jornalismo ou o webjornalismo passou a ter então uma grande promessa, a de
explorar o máximo essa possibilidade de interação. Barbosa (2004) vê a interatividade entre
jornalistas e leitores, “como sendo uma das grandes vantagens e um dos grandes perigos do
jornalismo online”.
Os jornalistas online no caso, como cita Aroso (2003), devem ter a mesmas
competências que os de outros media.
Todas as regras habituais do jornalismo devem ser aplicadas: a pesquisa e a
edição devem ser sólidas, os factos têm que ser verificados e re-verifucados.
Assim, não deve haver publicação instantânea: ninguém deve colocar online
um texto que não tenha passado pelo processo de edição. (GENTRY, 1998
apud AROSO, 2003).
Para ela, enquanto alguns autores ou mesmo jornalistas vêm nesta característica a
possibilidade de saberem a opinião do público, outros de alguns jornais, profissionais ou não
temem futuro desse leque. Até porque essa novidade exige empenho da parte de quem vai
utilizar.
29
2.5 A interatividade dos Blogs
Embora, não se saiba ao certo quando surgiu a interatividade da Internet, ela tem,
segundo Lustosa (2004), se mostrado cada vez mais eficaz, principalmente, em se tratando de
blogs, sites como, Observatório da Imprensa, Comunique-se, Mídia Alternativa, entre outros.
Pois, abrem discussões cada vez mais livres interagindo diretamente com o leitor. O que, ela
afirma ser a classe jornalística os mais contemplados nesse contexto.
Embora ainda exista quem acredite ser o jornalista um privilegiado,detentor
do poder da informação, aquele intermediário entre o público e o
acontecimento com o poder de manipular os fatos a seu bel prazer, a cada dia
a sociedade se torna mais consciente de que os verdadeiros detentores desse
poder são os donos das empresas, os interesses políticos, econômicos e
comerciais. O caso recente da demissão de Alberto Dines do Jornal do
Brasil, depois de ter criticado a cobertura do periódico em seu programa
Observatório da Imprensa e no site homônimo, reforça essa convicção.
(LUSTOSA, 2004).
Com a chegada dos Blogs, situações como a de Dines não acontecem. O profissional
da comunicação pode manifestar seus pensamentos através de críticas ou não, e não sofrerá
represálias, por parte de ninguém. Afinal, blog é particular, ou melhor, é o seu diário
eletrônico.
A interação com o leitor é imediata, á medida que os posts vão entrando, os leitores
daquele texto, podem comentar, debater e até criar fóruns de discussões sobre o assunto, com
outros internautas. Isso, quando não, os blogs tem uma forma de avisar aos seus leitores mais
assíduos, sobre novas publicações, como um newsletter, disparando as atualizações online
para os, e-mail, cadastrados. Uma forma de receber atualizações rápidas e instantâneas.
Talvez, por isso, a interatividade é a principal característica da esfera digital. Já que,
segundo Faria & Cardoso (2006), ela veio não só para ser um meio de comunicação de massa,
mas construído pela massa, os internautas. Isso começa a tornar realidade com os blogs,
também conhecidos por diários virtuais.
30
O Blog “é um espaço no qual as pessoas podem dizer o que realmente pensam, sem se
importarem com a censura e represálias. Nos blogs você pode escrever textos, publicar fotos,
filmes ou Links para outros sites.” (FARIA & CARDOSO, 2006).
31
3. WEBLOGS OU BLOGS
O que é Blog? De acordo com Hewitt (2007:9) é a contração da palavra Weblog, que
segundo Lemos (2007) apud Luccio & Costa (2005) é o termo criado por John Barger, editor
do site Robot Wisdom em 1997. E para Rodrigues (2006:25) é o resultado dessa palavra
inglesa web (rede) e log (diário de bordo). Ou pode ser, “simplesmente o trabalho público de
uma pessoa”. (BATELLE, 2007 apud AMORIM & VIEIRA, 2006).
Segundo Amorim & Vieira (2006), “o século passado pode ser, sem exagero, chamado
de Era do Rádio e TV”. E o século XXI?
Muitos dizem que será a era da Internet. Em vez de um meio de
comunicação de massa, com um transmissor central para milhões de
ouvintes ou telespectadores, a rede mundial promete ser um meio de que
todos possam participar, onde todos possam publicar e gerar conteúdo.
Promete ser um meio de comunicação não apenas de massa, mas construído
pela massa – os internautas. O que começa a tornar essa promessa realidade
são os diários virtuais conhecidos como blogs. Se o século passado foi a era
do rádio e da televisão, o século XXI é, portanto, a Era da Internet e –
também – dos Blogs. (AMORIM & VIEIRA, 2006).
Os blogs são páginas pessoais da Internet, em formato de diários online, da qual é
possível qualquer pessoa manter um. De acordo com Luccio & Costa (2005), o blogueiro,
blogger ou weblogger, como é chamado quem registra os textos, publica assuntos que ache
interessantes. O blogueiro adiciona a publicação (post), no topo da página, abaixo ou acima
fica data e hora, é comum também encontrarmos o nome ou apelido do autor.
Segundo Rodrigues C. (2006:26), qualquer pessoa pode ter seu próprio blog para nele
dar a sua opinião e tecer comentários sobre os mais variados assuntos. Para isso, basta ter um
computador ligado na Internet, seguir uns pequenos passos e mergulhar na blogosfera. Essa
afirmação não é certa, já que, de 2006 pra cá, o número de lan house cresceu muito, o que
mostra que não precisa, necessariamente, estar em casa para ter um diário online.
32
Essa facilidade de se criar e se manter um diário eletrônico independente da condição
financeira, dispensa, também, maiores conhecimentos de informática. A pessoa que quer ter
um blog, basta seguir as instruções dadas nas páginas dos servidores escolhido para o diário.
As ferramentas utilizadas são disponibilizadas gratuitamente, para que qualquer leigo possa
criar o seu.
Escrever para um blog é um tão de exteriorizar palavras ou idéias, sendo que
qualquer pessoa que tenha afinidade e ou navegue na Internet pode fazer.
Antes do surgimento dos blogs, para publicar algum tipo de informação ou
página pessoal na Internet, o internauta deveria ter conhecimento técnico,
paciência, tempo e disposição para criar uma homepage. Hoje basta usar o
sistema blog. (DREVES, 2004).
Quanto a data exata da criação dos blogs ainda há controvérsias. Orduña et al (2007:2)
considera que o primeiro blog tenha sido a página What´s new in 92, publicada por TimBernes Lee a partir de janeiro de 1992. Thompson (2006) apud Montardo & Passerino (2006)
diz que, foi o Links net, criado pelo estudante Justin Hall, em 1997. E, para Hewitt (2007:9),
só surgiu em 1999, mais ou menos. Ou seja, não se tem uma pesquisa séria e precisa de
quando realmente criou-se o primeiro blog.
Os blogs chamaram a atenção pela primeira vez quando invadiram com
pompa e circunstância a seara da política e do jornalismo. Surgiu então todo
um universo de blogs políticos não só sobre política, mas necessariamente
sobre a mídia. Nos Estados Unidos, esses blogs levantaram grandes quantias
para candidatos, mudaram perfil da participação política do cidadão e
alteraram o rumo da eleição presidencial de 2004. Depois de 11 de setembro,
houve uma nova onda de blogs, genericamente chamados de blogs de guerra,
cujos autores acorreram ao teclado pela urgência daquele terrível
acontecimento. (HEWITT, 2007:10).
A partir de 11 de setembro de 2001 o número de blogs saltou em dois milhões.
Segundo Hewitt (2007:9), há hoje mais de quatro milhões de blogs. Uma pesquisa
apresentada por Sifry (2006) apud Montardo & Passerino (2006) revela que o número de
blogs dobra a cada seis meses e meio, que 175 mil novos blogs são criados por dia, significa
33
que são 18,6 posts feitos por segundo. Isso, aliado com o crescimento de serviços disponíveis
na Internet e o número de internautas, é o responsável para aumento relevante da blogosfera.
Blogosfera é o termo empregado para definir o universo dos blogs. Foi
criado em 1999 por um blogueiro, Brad L. Graham, quase como uma
brincadeira. William Quick, mais conhecido como DailyPundit, um dos
blogueiros mais influentes, o renomeou em dezembro de 2001 após a
explosão do universo dos blogs que se sucedeu com os atentados contra
Nova York e Washington. (ORDUÑA ET AL, 2007:63).
De acordo com uma pesquisa do site IDG
ow, quase metade dos adolescentes que
usam redes sociais têm um blog. A faixa de idade está entre 12 e 17 anos. As meninas, estão a
frente, com 35% contra 20% dos garotos e 70% dos entrevistados lêem blogs alheios, 76%
comentam em diários de amigos. Esse número, cresce entre adolescentes devido à
possibilidade de, além de desabafar, poder compartilhar com o outro problemas do cotidiano,
ou mesmo informações. Antigamente se usava o chamado caderno-diário, hoje o diário
online.
Estudos do Pew Internet Center, nos Estados Unidos, constataram o perfil dos
blogueiros, que, segundo Orduña et al (2007:64), os criadores de blogs são 57% do sexo
masculino, dentre os jovens, 48% têm menos de 30 anos, 70% usam banda larga e são de
classe média alta e com elevado nível de instrução. A pesquisa também detectou que o
crescimento da blogosfera se duplicava a cada cinco meses.
Nesse estudo, outras situações puderam ser comprovadas, como o desinteresse por
blogs depois de criados. De cada três blogs, dois são abandonados, o fato é a facilidade de se
fazer um. Quem perde o interesse mais rápido são os homens. Mas mesmo assim, com todas
essas desistências, os diários são um sucesso na rede.
Os blogs são feitos por pessoas, e as pessoas adoram falar umas sobre as
outras. Blogs são um tipo de mídia, e a mídia tradicional é tão ameaçada
quanto fascinada pelos blogs. E, claro, a mídia adora falar sobre si mesma...
(...) resumindo, o aspecto mais importante no mundo (dos humanos) é a
atenção. O valor está nas coisas para as quais as pessoas dão atenção. E elas
estão interessadas no que os outros estão fazendo online. Isso faz com que
34
uma web seja tão interessante quando a vida... (BATELLE, 2007 apud
AMORIM & VIEIRA, 2006).
Segundo Lemos apud Vieira (2006) a vida transforma-se em algo espetacular na
Internet e todos podem ter acesso a ela: a vida torna-se conteúdo público. Para Sibilia apud
Vieira (2006) a razão da exposição dos diários virtuais é uma só a vocação exibicionista, para
serem vistos e lidos por milhões de olhos alheios nas telas da rede mundial de computadores.
De acordo com Rodrigues C. (2006:26) quem escreve deseja ser lido por alguém,
anseia ter visibilidade, ser reconhecido não só pelo público, mas também pelos seus pares.
Pensando em escritores diferentes, Amorim & Vieira (2006) fala que, atualmente existem dois
tipos de blogueiros: os produtores de conteúdo, que produzem o que ainda não existe, e os
roteadores de conteúdo, que buscam e indicam o que não é inédito na rede.
3.1 O papel dos blogs
Os blogs vieram com uma promessa inovadora, que, de acordo com Rodrigues C.
(2006:25), é algo que os média de massa não podiam dar, pelo menos com total plenitude: a
possibilidade de cada um dar a sua opinião sobre um determinado assunto. “A liberdade
criativa, a instantaneidade, a interatividade e a ausência de constrangimento econômico são
características fundamentais apresentadas pelos blogs”. (RODRIGUES C., 2006:25).
Os diários informam, e de uma forma diferenciada, como cita Dreves (2004) os blogs
dispõem de ordem cronológica da informação, exibindo em primeiro lugar os textos postados
em data mais recente. Nesse universo usa-se a palavra postar para indicar a colocação da
informação na rede. Ou seja, a palavra post, muito usada pelos blogueiros, significa o ato de
postar, de escrever uma atualização ou uma alimentação de algum texto já postado.
(...) weblogs possuem uma estrutura padrão, um formato específico, com
algumas variáveis, e por isso são facilmente reconhecíveis na internet Tal
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estrutura é determinada por um conjunto de blocos de conteúdo textual e/ou
imagético permanente renovado. Os weblogs são ainda organizados em
função do tempo, ou seja, com as últimas atualizações na parte superior do
sítio e as mais antigas logo a abaixo, organizadas de acordo com a data da
publicação do bloco de texto, privilegiando a atualização mais recente,
permitindo que o visitante saiba quando ou se o sítio fora atualizado.
(SILVA, 2003:21 apud DREVES, 2004:14).
A maioria dos blogs, de acordo com Orduña et al (2007:63), possui nanoaudiências,
públicos bastante restritos que, apesar de seu tamanho, criam e potencializam redes sociais.
São audiências mínimas, mas que estão bem interconectadas. Independente disso, percebe-se
que o internauta tem uma posição realmente ativa, participando da criação da rede, através da
interação mútua. (PRIMO, 1998 apud PRIMO & RECUERO, 2003).
Para Orduña et al (2007:64), os blogs são formados por superusuários: intensivos
consumidores de meios que podem agir como guias e prescritores. Para ele esse papel é
desempenhado graças à confiança que passam para o restante dos membros da comunidade.
Ou seja, a maioria tem seu próprio blog ou se relaciona com os meios, os movimentos sociais
e políticos.
Esses dispositivos para Rodrigues C. (2006:27), pelo menos alguns deles, são um caso
exemplar de um meio que exerce uma vigilância crítica e constante sobre os meios de
comunicação social e não só. O fato, principalmente, de se poder comentar em blog
praticamente em tempo real já é uma enorme conquista já que esta era a principal promessa da
WEB 2.0.
(...) além disso, através dos links e hiperligações, cada blog acaba por ser
uma sugestão para visitar outros sites, outros blogs, outras opiniões. “O
desenvolvimento das novas tecnologias obriga à redefinição das relações
comunicativas entre os informadores, as fontes de informação e a
audiência”. Esta forma de publicação pessoal e auto-edição parece de fato
alargar o espaço de participação dos cidadãos, multiplicando ou se
quisermos,criando novos espaços públicos que podem ou não ser ampliados
pelos media e pela sociedade geral. (RODRIGUES C., 2006:28).
De acordo com Hewitt (2007:140), os blogueiros são as mesmas pessoas que eram há
36
alguns anos, não precisam convencer ninguém a ter o direito de convencer alguém. Ou seja,
para ele os escritores escrevem hoje pela mesma razão que escreviam na época de Homero.
“O Blog é apenas um novo modo de transmitir esa escrita, um meio que ignora
completamente todos os direitos. O público é o editor”. (HEWITT, 2007:140).
Quanto ao fator notícia a confiabilidade dos posts, segundo Hewitt (2007:140), a
credibilidade dos blogs depende de sua atualidade e precisão, mas invariavelmente a
qualificação dos blogueiros também tem importância. Para Kucinski (2004:24), cada um tem
o dever de pensar antes de tudo em si mesmo, cada individuo, nesses tempos pós-modernos,
teria a faculdade de decidir sua própria conduta, cultivar seus próprios valores.
Portanto, o autor de um determinado post que vai informar, deve se ater se é verdade
ou não, se vale a pena a publicação desse assunto. Agindo assim, esse autor criará, no meio,
credibilidade pela sua conduta ética com as publicações diante de um impasse duvidoso.
Tendo consciência que ele não escreve só para si, mas que na rede tem milhões de possíveis
pessoas que vão ler a publicação e a partir daí formar uma opinião sobre o postado.
Segundo Siqueira apud Ribeiro & Teixeira (2008), já foi o momento do jornalista
querer ser o dono da notícia, não é mais exclusiva dele. Blogueiro pode fazer isso bem, desde
que tenha um comportamento ético como tem um bom jornalista. É verdade que esse
comportamento ético dos jornalistas na maioria das vezes vem de manuais de redações, que
ditam o que pode e como podem informar. Quando deveria vir do senso de honestidade
intelectual do profissional.
3.2 Blogs no Brasil
No Brasil, segundo Mattoso (2003), os blogs surgiram a partir de 1999, com a chegada
da WEB 2.0. O aumento do potencial de transmissão de dados, abriu caminho para os diários.
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De acordo com Silva (2003) apud Dreves (2004), os primeiros blogs, brasileiros, foram o de
Marcos Zamorin (www.zamorin.eti.br) que usava um formato de publicação de diário
eletrônico em 2000. E o da gaúcha Viviane Menezes (www.wiredkitsune.net/weblog) de
acordo com a revista Play, começou a postar em fevereiro de 1998, em formato html.
Segundo o site Best Blog Brazil (BBB), começou em 11 de setembro de 2007, como
forma de reconhecer o trabalho de dos blogueiros. É como se fosse uma premiação feita
através de uma seleção, por meio de votação online, onde, os melhores blogs de cada área, são
escolhidos. A recompensa é justamente fazer parte do rol de ganhadores do BBB. Ou seja,
ganha aquele que forneceu conteúdo de boa qualidade.
O ano foi atípico para os blogueiros, com grandes debates sobre o papel dos
blogs. O prêmio ajuda a afirmar quem realmente é bom na área e é
significativo até em termos de negócios. (...) Foram 981 blogs inscritos.
Cinco pessoas, todos criadores de sites que agregam blogs,selecionaram os
finalistas para as 23 categorias. Os critérios de escolha não forma clara,ente
expostos, o que deixou desconfiados os blogueiros não indicados. (QUAL
SERÁ..., 2007).
De acordo com Taddei (2008), no Brasil, hoje existem três milhões de blogs. Isso
significa 6% do número de blogs registrados pelo Technorati (Google dos blogs). Como nem
todos estão registrados, o número de blogs é ainda maior. “Os blogs são o primeiro passo para
que todas as pessoas alfabetizadas tenham sua própria plataforma no mundo. (BATELLE,
2007 apud AMORIM & VIEIRA, 2006).
3.3 Os blogs mais populares
Em Cuba, país comunista que vive um regime opressor e censura tanto a Internet
quanto outros meios de comunicação, tem havido “brigas entre blogueiros e a ditadura
cubana”. (GASPARI, 2008). Por conta disso, em 24 de março de 2008, o blog, “Generácion
Y”, da cubana, graduada em lingüística, Yoani Sánchez, de 32 anos, foi bloqueado pelo
38
governo. Segundo Boadle (2008), no mês anterior o diário recebeu, cerca de, 1,2 milhões de
visitas.
Os censores anônimos do nosso famélico ciberespaço tentaram me trancarem
um quarto, apagar a luz e não deixar meus amigos entrarem, escreveu ela
nesta segunda-feira. Sánchez diz que não consegue acessar seu blog
diretamente de Cuba, o que impede novas atualizações, Mas ela descobriu
uma maneira de driblar os censores comunistas, por meio de rota diferente.
(...) Ela conquistou um número considerável de leitores ao escrever sobre o
dia-a-dia em Cuba e descrever as dificuldades econômicas e restrições
políticas que enfrenta. (CENSURA..., 2008).
Mas o país que é controlado pelo Estado, e não tem mídia independente, “qualquer um
com o mínimo de prática com computador sabe como contornar isso, disse ela”.
(CENSURA..., 2008). O propósito dos governantes do país é impedir a leitura. Atualmente,
Sánchez hospeda o blog em um domínio da Alemanha, e continua postando freqüentemente.
De acordo com Amorim & Vieira (2006), o Technorati é autoproclamada a autoridade no
que diz respeito ao mundo dos blogs. É a fonte mais confiável e atualizada de informações
sobre o que se faz na blogosfera. O Technorati, em 2007, divulgou os 200 blogs mais
populares do Brasil. Desses escolhidos os dez melhores estão abaixo na ordem da
classificação: Meio Bit, BR. Linux, Undergoogle, Brainstorm#9, Interney, Sedentário e
Hiperativo, Cocada Boa, Tableless e Revolução etc.
3.4 Blogs corporativos
Os blogs corporativos, segundo Silva (2007), tem como principal função criar um
ambiente transparente e mais humanizado de comunicação com os consumidores. Os
funcionários são os blogueiros e os clientes podem participar através de comentários e dando
sugestões.
Um blog corporativo é um blog publicado por ou com a ajuda de uma
organização que queira atingir seus objetivos e metas. Em relação à
39
comunicação externa os potenciais benefícios incluem o fortalecimento do
relacionamento com importantes públicos-alvo. Quanto à comunicação
interna, os blogs são geralmente uma ferramenta que serve para a
colaboração e a gestão do conhecimento. (WACKA apud GONÇALVES &
TERRA, 2007).
Um diário eletrônico de uma empresa exige muito mais necessidade de atualização por
parte do autor do que qualquer outro, pois está em jogo o nome da corporação envolvida. E se
o blog fica largado “as moscas”, perde-se credibilidade, com isso, conseqüentemente clientes.
“Manter um blog profissional da área pode dar trabalho e requer um autor que sempre atualize
o conteúdo para que seus leitores sejam constantemente presenteados com novas notícias”.
(SILVA, 2007).
Por essa razão é necessário que a empresa pense muito bem antes de criar um blog. “É
preciso que a empresa pense com cuidado quando decidir adotar um blog corporativo.
Devemos antes saber onde estamos pisando, quais são as alternativas de exploração, as
vantagens, desvantagens, como implementar, como divulgar, e assim por diante”. (CIPRIANI,
2006:34 apud GONÇALVES & TERRA, 2007).
Segundo Silva (2007) entre os blogs corporativos mais bem elaborados, no Brasil está
o Blog da Tecnisa (www.blogtecnisa.com.br). Nele os posts são assinados por diferentes
funcionários da construtora. Este blog é constantemente atualizado e foi o primeiro do
segmento do país,
O movimento dos blogs corporativos no Brasil, acredita que as
possibilidades de aproximação com os públicos de interesse, a postura de
transparência, a riqueza das informações obtidas, o efeito viral são vantagens
e diferenciais competitivos para organizações que optam pelos blogs
corporativos. No Brasil ainda há poucas empresas que usam blogs desse tipo.
(TERRA, 2006 apud SILVA & 2007).
Segundo Hewitt (2007:155), o blog interno pode ser dividido em três tipos: blog de
liderança, da gerência e do empregado.
40
Todos os dias um blog dá a executivos talentosos uma oportunidade de se
comunicar com suas tropas: inspirar, informar, lisonjear ou pedir.
Principalmente informar. Na primeira pessoa, será lido. Fará tudo o que um
boletim interno não pode fazer, porque é realmente sua voz. Se você fizer
isso, eles chegarão. De verdade. Se você descobrir como blogar com eficácia
– encontrar uma voz e a usar – aprodutividade de sua organização irá
disparar. Se você obtiver feedback, ficará por dentro de tudo. Os níveis de
gerenciamento desaparecem no meio blogueiro. Você irá ouvir falar daquele
idiota que é tirano e, se for pródigo em elogios e encorajamentos, irá ouvir
falar dos super-heróis e dos carinhas que andam a segunda milha. (HEWITT,
2007: 155-156).
Blog de liderança, segundo Hewitt (2007:155) é o blog do líder, ou seja, do executivo
da empresa, seja ele o dono, presidente ou o diretor. Já o blog da gerência, função essa, que
para ele não é inspirar ou liderar. “O gerente tem metas a cumprir e resultados a medir. Ou
seja, em todo lugar se segue uma hierarquia. No mundo dos blogs não é diferente”.
(HEWITT, 2007:157)
Para que um blog lhe seria útil? Primeiro, se você precisa se comunicar com
a sua equipe, pode fazer muito mais facilmente com um blog que se limite a
mensagens básicas e as o comandos mais simples. Você é avesso ao risco?
Então limite seus posts ao tipo de informação de que todos realmente
precisam e que parece nunca estar a disposição. (...) É importante reconhecer
que tudo que for postado será lido por todos. Mas, mesmo com essa
importante precaução em mente, seu blog poderá tanto atrair a atenção dos
superiores quanto conquistar mais lealdade e mais dedicação de empregados
ou membros em pontos mais baixos da hierarquia. (HEWITT, 2007:157158).
O terceiro e último item, o blog do empregado, é de acordo com Hewitt (2007:158), o
do subordinado, do funcionário, daquele que mais ordem recebe.
Então, há algum benefício em fazer um blog? Sim, mas não sobre as pessoas
e estruturas da empresa – pelo menos não normalmente. Mas recolha
informações sobre concorrentes ou crie links para sites ou artigos valiosos e
você irá conquistar a admiração relutante de seus colegas e superiores, e
talvez a atenção de pessoas em outros lugares, que poderão remunerá-lo
melhor para fazer um trabalho mais interessante. Mas se você atacar, fofocar
ou se queixar, irá descobrir que seu blog é um atalho para a porta da rua. E
com justiça. (HEWITT, 2007:158).
41
Dados do crescimento da blogosfera corporativa brasileira, mostram que, segundo
Cipriani (2008) “de junho de 2006 até hoje, os blogs corporativos passaram de 3 para 263,
incluindo 14 blogs extintos”.
Ao longo desse ano eu criei uma nova categoria para classificar os blogs de
universidades e escolas em geral, os “Blogs de Ensino”. Muitas outras
categorias poderiam ser criadas, especialmente entre os “Blogs de Pe&Med
Empresas”. A categoria “Blog Corporativo” ainda poderia ser melhor
refinada e somente mostrar aqueles que eu considero os melhores exemplos
de blogs corporativos: alguém de dentro da empresa falando abertamente
com o mercado e colocando suas próprias e sinceras opiniões na rede. A
maioria dos “Blogs CXOs” têm cumprido muito bem a tarefa. (CIPRIANI,
2008).
Cipriani (2008), diz que “o número de blogs corporativos cresceu mais de 300% entre
2007 e 2008, passando de 62 para 263. Podemos ver que é um crescimento sólido no número
de empresas que fazem uso dessa ferramenta”.
Segundo Silva (2007), o que se nota hoje é que os blogueiros estão ativos na Internet
dentro e fora das empresas. Ou seja, “o que hoje se trata de uma nova oportunidade para os
que buscam informações diretamente de seus consumidores, pode em breve se tornar uma
obrigação das empresas”. (SILVA, 2007). Isso confirma a teoria de, Gonçalves & Terra
(2007), a rede criou um novo meio/ferramenta de comunicação empresarial.
42
4. BLOGS JORALÍSTICOS
O estouro, dos blogs jornalísticos, se deu a partir de 1998. Neste ano, aconteceu, o
primeiro grande furo, através de um blog. Quando o jornalista norte-americano, Matt Drudge,
divulgou, pelo seu diário o caso que ficou, mundialmente, conhecido do então presidente dos
Estados Unidos, “Bill Clinton e a estagiária Mônica Lewinski”. (AGUIAR, 2006). A história
só foi noticiada por um jornal quatro dias depois.
Em 17 de janeiro, o desconhecido site “The Drugde Report” publica na
Internet o relatório sobre o caso Bill Clinton e Mônica Lewinsky,
conseguindo atrair mais de 100 milhões de page views num único mês. A
estagiária da Casa Branca de 21 anos torna-se domínio público. No dia 21 de
janeiro, o Washington post publica sua primeira história sobre o “affair”
Lewinsky. (FERRARI, 2004:113).
Segundo, Recuero (2003) apud Aguiar (2006), na época, o blog foi chamado,
pejorativamente, de “panfleto digital” e levantou uma discussão, que dura até hoje, se um blog
pode ser considerado como veículo de informação séria ou não. “A discussão acerca da
validade dos blogs como veículos jornalísticos se justifica, afinal, eles tocam em pontos
cruciais e delicados do jornalismo, como a objetividade e a neutralidade”. (AGUIAR, 2006).
No Brasil esse “boom” só se deu no século XXI. Vários sites jornalísticos, de
jornalistas já estavam na rede, porém foi com o “famoso” blog do Noblat que outros grandes
nomes seguiram esse trajeto. “(...) Depois de passar por importantes veículos impressos do
país, como as revistas Veja e Isto é, Jornal do Brasil e Correio Brasiliense, ele migrou para a
web. O blog do Noblat está no ar desde março de 2004, fazendo a cobertura dos bastidores da
política brasileira”. (AGUIAR, 2006).
A web-estréia do jornalista acontece em função de uma coluna semanal
mantida no jornal O Dia. Como suas notas não se sustentavam até o final de
semana, surgiu a idéia de criar um blog para poder atualizar os textos mais
freqüentemente. Assim, ele poderia aproveitar a possibilidade de realizar
atualizações contínuas em seus textos. Mesmo com o fim da coluna, o blog
43
se manteve e passou a servir de referência na discussão de assuntos ligados à
política nacional. (AGUIAR, 2006).
Amorim & Vieira (2006) relatam que quando Noblat lançou seu blog, ele não era
vinculado a nenhum veículo, por conta da audiência alcançada ele acabou sendo contratado
pelo jornal O Estado de São Paulo. Além, de passar a ser leitura obrigatória dos políticos.
Hoje seu blog está hospedado no portal do jornal O Globo.
Mesmo com o surgimento de vários, outros, blogs com conteúdo jornalístico mantido
por jornalistas renomados, ainda assim, não se excluiu a idéia da veracidade, ou melhor, da
relevância desses diários como sendo um veículo confiável de informação. Apesar de seus
moderadores serem respeitados como profissionais. “Estamos conscientes da fragilização da
fronteira entre jornalismo e não jornalismo que a Internet (e particularmente a blogosfera)
potencia, mas também sabemos que a seu tempo o trigo se separará do joio”. (ZAMITH,
2003).
Dados atuais da Technorati (2008) contabilizaram até agosto de 2008 que a rede
contava com 112,8 milhões de blogs. Um crescimento de 2.720%, em quatro anos. “Diante de
números assim a quem defenda que novas mídias como essa exercerão cada vez mais o papel
de informação e entretenimento antes restritos aos veículos de massa”. (RIBEIRO &
TEIXEIRA, 2008).
Segundo Ribeiro & Teixeira (2008), nesse complexo panorama de transformações
surge uma analogia entre as mídias tradicionais e digitais e conseqüentemente, uma
indagação: o blogueiro é o novo jornalista?
Sobre a pergunta, Zamith (2003) alerta que não é preciso se temer, nem os jornalistas
os blogueiros e muito menos os blogueiros o jornalista.
A blogosfera é livre, é para todos, e cada um acabará por assumir o seu
lugar. Não tememos a alegada perda de “influência” dos jornalistas nem as
44
profecias de desnessidade desta profissão. A sociedade vai continuar a
precisar de técnicos qualificados para a pesquisa, seleção, confirmação,
redação e difusão de notícias. Quem tem razões para temer esta
“concorrência”da blogosfera não são os jornalistas, mas sim os
comentadores e colunistas. O êxito de alguns blogs está já a alargar o leque
de “opinion makers”, não sendo de estranhar a recente “invasão” da
blogosfera por colunistas dos media tradicionais. (ZAMITH, 2003).
De acordo com Perret apud Cordeiro (2006), a tendência da Internet é tornar possível
que qualquer pessoa tenha voz. Agora, se essa voz será ouvida ou se a pessoa tem algo de útil
a dizer, são outras questões. “Não é de se admirar, então que muitas pessoas sejam dedicadas
a produzir notícias, comentar, resgatar e processar tudo, com a vantagem de oferecer ao
público uma escrita mais pessoal e descompromissada”. (MATTOSO, 2003: 35).
Esse impasse sobre o jornalismo de blogs e o blogueiros que atuam como jornalista é o
mais complicado dessa era da informação via Internet. Se por um lado o maior furo da história
político-americana foi dado por um blog, por outro são inúmeros os casos de falsas notícias
que rondam a rede, gerando receita ao Jurídico.
4.1 Jornalismo com a Web 2.0
O Jornalismo 3.0 é conhecido, também como, jornalismo participativo, uma inovação
proporcionada a partir da chegada da Web 2.0. É um tipo de jornalismo, em que, há
participação de leigos, ou seja, pessoas que não são jornalistas.
Os blogs são tido como uma forma desse tipo de jornalismo. “Hoje, graças ao
Jornalismo Participativo, também chamado de 3.0, o monopólio da voz pública vem
diminuindo e os leitores passaram a atuar em fóruns e dar opiniões”. (OLIVEIRA J., 2008).
Para Hewitt (2007:10), hoje, “todo mundo é um jornalista em potencial, incluindo seu
assistente e o office-boy”. Segundo Primo & Trâsel (2006), a principal função do
webjornalismo participativo é cobrir o buraco que mídia tradicional deixa.
45
O weblog H2otown é produzido por uma dona de casa norte-americana em
Watertown, subúrbio de Boston. Insatisfeita com o jornal semanal e a
coberturas superficial do Boston Globe, maior veículo de sua área, decidiu
publicar notícias sobre eventos, acontecimentos e política da comunidade
por si mesma. Reunindo dados do sistema de televisão a cabo comunitária,
informativos de organizações civis, outros blogs e jornais das redondezas,
bem como indo a rua participar de eventos locais, entrevistar pessoas e
receber dicas de fontes. (PRIMO & TRÂSEL, 2006).
Segundo Orduña et al (2007:74), os partidários do Jornalismo 3.0 partem de duas
certezas:
Que o público sabe mais das notícias e das informações que os próprios
jornalistas. É o famoso lema de Dan Gilmor. Que a informação deve ser uma
conversação de muitos para muitos. Os grandes meios têm convertido a
informação em uma conferência. O público pode acatar ou deixar de lado os
dados, as notícias, mas não construí-las ou participar delas. O Jornalismo 3.0
constrói a informação a partir da conversação, na qual a participação da
audiência é fundamental para que se possa concluir o discurso e a
informação. (ORDUÑA et al, 2007:74).
Os blogs fazem isso corriqueiramente. E os grandes jornais quando o assunto é de,
menor repercussão ou interessa a um grupo menor de pessoas. Pois, as redações não
disponibilizam repórter até o local.
Nesse caso, é conveniente que haja participação de uma terceira pessoa, pois, mesmo
assim os veículos querem dar a notícia. De acordo com Especialistas... (2008), “Wilpers
chegou a defender que os leitores possam vir a atuar como ‘repórteres’ para os jornais a fim
de ampliar a ‘cobertura local’ dessas publicações”.
Pense nas cidades pequenas, nos povoados, nos bairros, nos lugares onde se
desenvolve a vida cotidiana das “pessoas normais”. Os meios de
comunicação fizeram cobertura da vida cotidiana, mas não suficientemente a
fundo. A profundidade a que podem chegar os meios de comunicação
tradicionais e as redações profissionais quanto a assuntos cotidianos das
comunidades mais próximas do cidadão é escassa. (...) Para superar esses
furos no tecido informativo local surgiram os meios cidadãos hiperlocais
(...), meios informativos cuja informação provém basicamente das
colaborações de vizinhos e cidadãos interessados no que ocorre nas
comunidades locais. (...) a quem se deve grande parte do que um dia foi o
jornalismo cidadão e do que hoje conhecemos como Jornalismo 3.0
(considerado a terceira versão do jornalismo digital: a socialização da
informação)”. (ORDUÑA et al, 2007:44-45).
46
Malini (2008), descreve essa teoria como sendo:
(...) o impasse, grandes jornais online decidiram se abrir a participação dos
usuários, criando canais de jornalismo cidadão, uma forma de trazer os
conteúdos circunscritos a blogs e sites independentes, que, com freqüência,
gera audiência e complementa as informações dos jornais online.
Ele cita alguns exemplos de jornais que criaram espaços para que o cidadão, não
jornalista, participe ativamente como repórter, são eles: “o jornal espanhol El Pais (Yo,
Periodista), jornal americano da CNN (I Report)”. No Brasil, os sites Terra (Vc repórter), IG
(Minha notícia), Agência Estado (FotoRepórter) e o Globo Online (Eu, Repórter), entre
outros.
Nesse contexto, o cidadão comum envia fatos, fotos jornalísticas, que são divulgados,
inclusive, em página principal. “Além disso, dá mais capilaridade a estes, tornando-os ainda
mais local, à medida que boa parte do noticiário se concentra em notícias locais e opiniões
sobre temas de forte apelo público”. (MALINI, 2008).
(...) essa nova prática jornalística é diretamente influenciada pelo
aparelhamento tecnológico da sociedade que, principalmente, através da
internet, possibilita às pessoas a produzirem informações e conteúdos
multimídia e os distribuírem, em diversos formatos, em redes sociais online,
em wikis, em sites independentes de publicação peer-to-peer (p2p), através
dos telefones móveis e, principalmente, através dos blogs. (GILMOR, 2005
apud MALINI, 2008).
Na Espanha, o jornal 20 minutos, segundo Orduña et al, (2007:50) é o primeiro
veículo feito por leitores. Além de gratuito, é líder entre os demais jornais do país. E ainda se
transformou no carro-chefe do jornalismo participativo.
O 20 minutos, com quase 2,5 milhões de leitores, já é o jornal mais lido na
Espanha, segundo dados do Estudio General de Medios (EGM). O El País,
líder absoluto nos últimos dois anos, agora passa a figurar no segundo lugar.
Com a nova posição, o 20 minutos, que utiliza uma licença da Creative
Commons, consegue outro mérito: é a primeira vez que uma publicação líder
possui conteúdo livre. (CAVALCANTI, 2006).
47
Arsênio Escolar, diretor do jornal 20 minutos, “explica que a renovação de sua página
na web em fevereiro de 2005 e a adoção de fórmulas do Jornalismo 3.0 não são novidades no
jornal gratuito”. (ORDUÑA et al, 2007:50).
Não se trata de nossa estréia no jornalismo participativo, isso nós já fazemos
desde o dia que surgimos (3 de fevereiro de 2000). Nossa seção de cartas,
por exemplo, é a que mais possui maior espaço de todas as seções de cartas
de todos os jornais que conheço,e acredito que eu seja o único diretor de
jornais que lê pessoalmente a maioria das cartas que chegam ( uma média de
250 por dia). Coma imensa quantidade de leitores que temos, é lógico que os
convidamos a participar da elaboração do jornal. Além das cartas, temos
uma subseção na seção local que se chama “Los Lectores Informan”, na qual
pequenas notícias de bairro são enviadas por eles. E quando a notícia não é
pequena, mas grande, a informação requer para ela um redator, e tanto os
leitores quanto os jornalistas a assinam. (ESCOLAR apud ORDUÑA et al,
2007:50).
4.2 Webjonalismo e blogs
De acordo com Mattoso (2003:19) o jornalismo digital nasce em 1981, quando o
Columbus Dispatch, nos Estados Unidos, disponibiliza todo conteúdo da edição diária na
rede, cobrando uma taxa para os usuários. “O primeiro jornal norte-americano a criar um
suporte digital foi o San Jose Mercury
ews, em 1994 e desde então, a transposição dos
conteúdos da edição em papel para edição online impera na rede”. Mas, para Primo & Trâsel
(2006) o webjornalismo não é mais o mesmo, embora tenha inúmeras vantagens em
comparação a outros veículos. Entre elas:
Uma informação equivocada em uma revista mensal só poderá ser corrigida
na edição do mês seguinte. Essas erratas, normalmente, não têm destaque e
não ocupam o mesmo espaço da matéria original. E, como se trata de
impresso, a errata pode remeter ao texto anterior, mas naquela matéria não
aparecerá, por razões óbvias, uma referência (link) para a errata. Nesses
casos, uma informação com erros numa revista pode ter um efeito
prolongado, e sua correção pode nem ser vista. No webjornalismo, contudo,
um erro pode ser corrigido a qualquer tempo no mesmo local onde foi feita a
publicação original. (PRIMO & TRÂSEL, 2006).
Para Manta apud Mattoso (2003:19), o advento da World Wide Web, em 1992, foi
decisiva para o crescimento e consolidação das publicações na internet, “possibilitando uma
48
melhor adaptação de jornais e revistas ao suporte digital. Criando, assim o jornalismo online,
que segundo Kucinski (2004:77), esse nome é um conceito-fetiche, porque não explica o que
mudou ou não na prática jornalística em função da Internet.
De acordo com Aroso (2005), “o jornalismo online influência os vários aspectos da
realidade jornalística”. Um deles é, o fato do jornalista também ser profundamente afetado.
Um fato que opõe o webjonalismo aos posts informativos de blogs é porque, segundo Gentry
apud Aroso (2005) “não deve haver publicação instantânea: ninguém deve colocar online um
texto que não tenha passado pelo processo de edição”. E no blog, além de haver publicação
que quase sempre é instantânea, quase nunca há edição.
Ferrari (2004:25) menciona que no Brasil o primeiro site jornalístico foi criado em
maio de 1995, do Jornal do Brasil (JB). Mas Mattoso (2003:19) contesta dizendo que antes
do JB, a versão digital da Agência Estado e do Jornal do Commercio, de Recife, já entrará no
ar. Colocando seus arquivos na rede, mesmo antes da chegada da Web 2.0, no país, que só
ocorrerá em 1999, segundo ele.
No ano 2000, o provedor IG lançou o primeiro jornal totalmente concebido
para Web, o Último Segundo, com material de agências de notícias e um
time próprio de repórteres. Logo em seguida, os portais roubaram a cena
produzindo conteúdos jornalísticos em uma nova escala. (...) “...os portais,de
fato, produziram uma categoria de jornalismo online: o jornalismo de portal,
marcado por uma dinâmica mais ágil, principalmente pela consolidação do
modelo de notícias em tempo real, as chamadas hard news (...)”.
(MATTOSO, 2003:20).
Os blogs no jornalismo entram a partir do experimento de um estudante universitário.
Em 18 de março de 1999, Brad Fitzpatrick, norte-americano de 19 anos,
nascido em Portland, Oregon, lançou o LiverJournal na época em que
estudava Ciências da Computação na Universidade de Washington, Seatle.
Era o primeiro serviço voltado exclusivamente para blogs, apesar de
Fitzpatrick ter preferido o termo “diário” para nomear seu CMS programado
em linguagem Perl e com licença Open Source”. (ORDUÑA et al, 2007: 23).
49
Segundo Amorim & Vieira (2006), em 2006 Noblat publicou uma importante reflexão
sobre o que é ser jornalista-blogueiro:
“É bem mais arriscado ser jornalista blogueiro que simplesmente jornalista.
Porque, em um jornal, o erro tem vários pais – o repórter, o editor, o chefe
da redação(...) aqui, não. O erro só tem um pai. E, quando ocorre, o mundo
desaba na cabeça do responsável. (...) Nada ou pouca coisa separa o
blogueiro dos leitores. Do médico, se diz que ele pensa que é Deus. Do
jornalista, que tem certeza. Ao fazer um blog, o jornalista descobre que não é
Deus. Se não descobrir, deixará de ser blogueiro em pouco tempo”.
(NOBLAT apud AMORIM & VIEIRA, 2006).
Esse sucesso do blog do Noblat, para Sá (2005), se deu porque blogs políticos
conquistam cada vez mais adeptos e leitores. Isso tem explicação. Segundo Reynolds apud
Amorim & Vieira (2006), os blogs permitem que o cidadão comum faça parte do debate
político com muito mais força. (REYNOLDS apud AMORIM & VIEIRA, 2006).
É possível, então, praticar jornalismo em um blog? Para Simão (2006:148) possível é,
no entanto dificilmente se praticará e atualmente ninguém o faz. “Blogs não são jornalismo,
seja novo ou velho, a grande maioria dos blogs não tem a mínima intenção de fazer
jornalismo e nem são considerados como jornalistas blogueiros”. (ORIHUELA, 2006 apud
SIMÃO, 2006:148).
Simão (2006:149), diz ainda que, é possível sim, porque os blogs oferecem duas das
mais importantes necessidades dos webjornalismo; a atualização constante, renovação de
informação e a interação com os webnautas. Sobre isso Orduña et al (2007:67) relata: “há
blogs que fazem jornalismo e outros que não o fazem; de fato, muitos o fazem de vez em
quando”.
Não é o jornalismo que define os blogs, mas a comunicação interpessoal em
forma de diário intertextual. Os meios não são tradicionais porque são
jornais impressos, televisões, rádios ou meios digitais, mas, sim, por seus
valores e pelo jornalismo que praticam, independente do meio em que são
difundidos. Muitos jornalistas importantes recusaram as propostas
acadêmicas de conceitualizar a profissão. Sempre defenderam que há apenas
dois tipos de jornalismo: o bom e o mau. O mesmo poderia ser dito dos
blogs. (ORDUÑA et al, 2007:67).
50
“Mas então qual a diferença que nos leva a identificar o conteúdo dos blogs como
fontes de informação e não como jornalismo?” (SIMÃO, 2006:154). Orduña et al (2007:67)
diz que, “o bom jornalismo necessita de conteúdo próprio: informação única, exclusiva e
diferenciada. Quanto aos blogs, não”.
Para responder essa pergunta, Simão (2006:154) pergunta, o que é jornalismo?
“Jornalismo é a atividade profissional que consiste em apurar, recolher e coligir informação,
redigindo-a sob a forma de notícia que se destina a ser divulgada junto do público através de
um meio de comunicação de massas”. (GRADIM, 2005 apud SIMÃO, 2006:154).
Assim temos que o jornalismo é uma atividade que é regida por regras,
legais e por critérios editoriais de cada órgão de comunicação social. Um
jornal é formado por uma estrutura composta por jornalistas, editores, chefe
de redação, e diretor. A profissão de jornalista está ainda sujeita às regras da
Comissão da Carteira Profissional dos Jornalistas. (SIMÃO, 2006:154).
O primeiro e o segundo artigo do Estatuto do Jornalista (Lei, 1/99 de 13 de janeiro)
disponível no site da Comissão da Carteira Profissional dos Jornalistas (1999) diz:
1 - São considerados jornalistas aqueles que, como ocupação principal,
permanente e remunerada, exercem funções de pesquisa, recolha, seleção e
tratamento de fatos, notícias ou opiniões, através de texto, imagem ou som,
destinados a divulgação informativa pela imprensa, por agência noticiosa,
pela rádio, pela televisão ou por outra forma de difusão eletrônica.
2 - Não constitui atividade jornalística o exercício de funções referidas no
número anterior quando desempenhadas ao serviço de publicações de
natureza predominantemente promocional, ou cujo objeto específico consista
em divulgar, publicitar ou por qualquer forma dar a conhecer instituições,
empresas, produtos ou serviços, segundo critérios de oportunidade comercial
ou industrial.
O mesmo Estatuto, no artigo terceiro, fala sobre a compatibilidade do exercício da
profissão de jornalista:
a)Funções de angariação, concepção ou apresentação de mensagens
publicitárias;
51
b) Funções remuneradas de marketing, relações públicas, assessoria de
imprensa e consultoria em comunicação ou imagem, bem como de
orientação e execução de estratégias comerciais;
c) Funções em qualquer organismo ou corporação policial;
d) Serviço militar;
e) Funções de membro do Governo da República ou de governos regionais;
f) Funções de presidente de câmara ou de vereador, em regime de
permanência, a tempo inteiro ou a meio tempo, em órgão de administração
autárquica.
Para Simão (2006:155), “os blogs não reúnem, então, condições necessárias para
serem considerado jornalismo. Não só pela legislação, mas também pela forma com que são
utilizados, sem uma estrutura que permita a recolha isenta e sistemática de dados de forma a
coligir, organizar e editar informações”. Já para Orduña et al (2007:68), a questão é, “que
cada um faça o que achar conveniente desde que não prejudique ninguém”.
4.3 A informação nos blogs
Essa facilidade em postar notícia sem um blog, fez da rede um veículo suspeito quanto
a veracidade das informações contidas nele. Segundo Correia (2008), “o rótulo de notícia é
colocado quase sempre por um profissional da comunicação, o jornalista. Mas quais são os
critérios de escolha do que é ou não notícia?”.
O que se sabe com clareza é da fase crítica da falta de confiança da qual vem
passando, pois de acordo com Orduña et al (2007:76) “os grandes meios de comunicação
sofrem grande crise de credibilidade. Os cidadãos os consideram excessivamente próximos
dos poderes e muito distantes da realidade”.
Apesar de muitas especulações e várias opiniões sobre a questão de notícias dadas por
diários serem postas em dúvida, isso não está de todo certo. “a mídia tradicional acreditava
que apenas ela gozava do respeito inerente às antigas instituições de disseminação de
52
informação, instituições que as pessoas ainda acreditavam oferecer reportagens honestas e
corretas”. (HEWITT, 2007:46).
Quando o ew York Times, o “grande jornal” do país, foi informado, pelo
San Antonio Star Express, em 29 de abril de 2003, de que um de seus
principais jovens repórteres, Jayson Blair, poderia ter plagiado material, teve
início uma seqüência de acontecimentos que, assim como no caso Lott com
relação à política, definiu a blogosfera como um mecanismo de
responsabilidade da mídia. (HEWITT, 2007:47).
Isso significou que se o jornal mais influente do mundo, tido como referência, teve,
ainda que, sem conhecimento, parte de suas notícias plagiadas, porque por, então, os blogs
como algo de conteúdo duvidoso. Claro, que isso depende de quem o modera. No caso se for
um jornalista renomado a situação, pode, mudar de figura.
E isso se passa no restante do mundo. Diversas pesquisas realizadas na
Europa e nos Estados Unidos mostram que mais da metade dos cidadãos não
acredita mais nos meios de comunicação tradicionais. Sem confiança não há
credibilidade e sem esta a informação é insegura. Esse descrédito faz que
alguns se distanciem da informação, mas a maioria busca meios alternativos
e mais confiáveis pelos quais podem informar-se. (ORDUÑA et al,
2007:77).
Nesse caso, os blogs são tidos, por alguns, como fonte de informação. “Em outras
palavras, “informação confiável” passou a significar “informação confiável muito recente. É
onde entra a blogosfera”. (HEWITT, 2007:121).
A maioria das pessoas que lê Hugh Hewitt o faz porque confia em mim e
não tem tempo ou disposição para vasculhar as notícias políticas, nacionais e
internacionais todo o dia ou toda hora, ou editar o que pode ler. Eu sou um
atalho, uma conveniência. [...] Os blogueiros estão cumprindo uma função
informativa, determinando os atos das pessoas de centenas de milhares de
formas. (HEWITT, 2007:121).
Segundo Malini (2008), “assim as diferentes linguagens jornalísticas passam a habitar
um espaço marcado pelas singularidades que atuam em rede, compondo um novo campo de
atuação comunicacional”. Apesar disso, “certamente, estas fórmulas novas de escritura
colaborativa colocam problemas sobre a validade das informações, a responsabilidade dos
53
autores, a pretensa ausência de linha editorial, as temáticas umbilicais etc. E o debate está
vivo entre os defensores e os detratores destes sites”. (COUCHOT apud MALINI, 2008).
E quanto aos blogs que suas informações foram verdadeiros furos na imprensa?
Isso, de acordo com Simão (2006:153) “não faz deles jornais, mas sim fontes”. Ou
seja, os blogs para ele não passam de boas fontes para o webjornalismo. Pois, há informações
que escapam aos jornais e não aos blogs. Para Weis (2006), “a Internet precisa ser aproveitada
para se descobrir novas maneiras de apresentar material informativo – que, inevitavelmente,
se transformará em material jornalístico robusto, produzido por quem o faz em tempo
integral”.
É certo que, quem bloga, não vai parar e quem lê não vai deixar de ler. Por isso,
Orduña et al (2007:89), afirma, “os cidadãos que estão nos meios sociais de comunicação
vieram para ficar. Sempre quiseram estar onde estão, mas as barreiras eram muito grandes:
econômicas, tecnológicas, moderadoras. Esses obstáculos foram derrubados e é difícil que
voltem a se levantar”.
4.4 Jornalistas blogueiros
A maioria das pessoas, que lêem blogs de jornalistas, o fazem porque confiam no
conteúdo, associam a credibilidade do nome da pessoa à sua produção. “A maioria das
pessoas que lê Hugh Hewitt o faz porque confia em mim. (...) Eu sou um atalho, uma
conveniência”. (HEWITT, 2007:121).
Atualmente, no Brasil, segundo Castro (2004), os melhores blogs são mantidos por
jornalistas. Mas ainda há uma pluralidade de opiniões sobre o assunto que se contradizem.
Para Peixoto (2008) apud Ribeiro & Teixeira (2008), é possível a união das duas funções.
54
“um jornalista atuar como blogueiro ajuda muito na sua formação profissional, e um
blogueiro transmitir uma notícia não o desqualifica por não ter diploma”.
Opinião semelhante tem Ethevaldo Siqueira, jornalista de O Estado de S.
Paulo. Veterano articulista sobre novas tecnologias, Siqueira afirma que já
foi o momento de o jornalista querer ser o dono da notícia, não é mais
exclusivo dele. Blogueiro pode fazer isso bem, desde que tenha um
comportamento ético como tem o bom jornalista. Apesar de confiar no
amadurecimento da rede, Siqueira diz que ainda falta experiência aos
blogueiros: Pelo menos no Brasil, ainda não estão mais bem preparados que
os jornalistas, porque ainda não têm tradição ética. O único denominador
comum que os blogueiros têm é um espaço na internet. (SIQUEIRA, 2008
apud RIBEIRO & TEIXEIRA (2008).
Segundo Borges (2006), os blogs de jornalistas não funcionam “o grande problema
para os jornalistas é que, na internet, os leitores estão presentes em carne e osso. Para os
jornalistas, os internautas são uma pedra no sapato”.
Mesmo com a internet a manivela (de antes), era mais fácil. Se um e-mail
não agradava, bastava apagar. Fingir que não chegou... Quem iria provar?
Carta, então... nem precisava abrir; bastava rasgar e jogar fora. Se o chato
incomodasse muito, era só inventar, em cinco minutos, uma metáfora
qualquer para humilhar o leitor em público – e ele saía de circulação. Agora
é uma desgraça: tem ‘leitor’ publicando em tudo quanto é canto! Onde é que
nós vamos parar? (BORGES, 2006).
Essa opinião de Borges (2006) é controversa. Para Palácios apud Nascimento (2007),
o que acontece é que os jornalistas ainda não se adaptaram as mudanças. “Os jornalistas
devem entender que estão atuando em uma profissão em fase de mudança, em que a notícia
pode ser trabalhada numa mesma redação em diversas mídias”.
Borges (2006) ainda diz que os blogs de jornalistas só vão melhorar, quando acabar
em jornais de papel e não fizeram mais sentido a dependência governamental.
Enfim, os blogs dos jornalistas não funcionam também porque o blog por
dinheiro, e só por dinheiro, é uma contradição em termos. Como o blog
político o é, se for mero instrumento de assessoria de imprensa (e se não
houver, por parte do blogueiro, nenhuma paixão que o mova). Os jornalistas
brasileiros passaram muitos anos amarrados, manietados, obedecendo a
ordens e replicando as opiniões de seu empregador – é natural, portanto, que
se movimentem desajeitadamente num ambiente onde a liberdade de
55
expressão nunca foi tamanha... O pior é que a internet, generosa como
sempre, vai absorvê-los no final. (BORGES, 2006).
Aliás, discussão que sempre é levantada, sobre até quando os jornais sobreviverão.
Desde que chegou a televisão, depois a internet e agora os blogs. Uns preverem que ia acabar,
outros que vai durar um pouco mais, mas a maioria aposta numa vida longa eles.
Os blogs capitaneados por jornalistas criam um ponto de contato entre os
grandes veículos e o que chama de blogosfera. “Não creio que os blogs vão
acabar com o jornalismo, porque a maioria dos conteúdos dos blogs vem da
grande imprensa, não o contrário”. (PALACIOS apud NASCIMENTO,
2007).
Bogart apud Manta A. (2005) “os jornais convencionais irão sobreviver e prosperando
no mundo digital. Kammel apud Manta A. (2005) aposta nisso também, pois para ele os
impressos promoverão mudanças radicais no conteúdo. É exatamente isso que vem
acontecendo.
Quase todos os jornais impressos de grande circulação mudaram seu layout para
aproximar do que os leitores querem. Até revistas estão com seu formato parecido a páginas
da internet. Um exemplo e a Revista da Semana (Editora Abril), em que, as matérias são
curtas e distribuídas em blocos, semelhantes a colunas da Web.
Na televisão é a era das revistas eletrônicas. Tudo para não perder leitores,
telespectadores e cada vez mais aproximando do que é a Internet. Artistas, cantores e autores
de novela, cada um com seu blog, uma forma de ganhar fãs e conquistar telespectadores.
Portanto, a Internet mudou o comportamento das pessoas. E, também, dos jornalistas.
As empresas de comunicação disponibilizaram em seus portais, links para que seus
profissionais mantenham seus blogs hospedados na própria organização. O que não deixa de
ser uma forma de controle.
56
Nos Estados Unidos, segundo Castro (2002), vários jornais estão tentando controlar os
blogs de seus jornalistas. “E quaisquer outros blogs, sobre quaisquer outros assuntos, têm que
ser previamente aprovados por uma redação nada simpática ao assunto”.
Para Bastelle apud Amorim & Vieira (2006), o fato dos setores de comunicação
publicarem seus próprios blogs é uma habilidade que as empresas devem adquirir, por ser
uma forma diferente de mídia. Mas onde fica a liberdade de expressão. Depende da empresa.
E do jornalista.
De acordo com Castro (2002), o jornal O Globo saiu na frente e ofereceu blogs aos
seus colunistas. A intenção é que os outros jornalistas, da casa, também tenham no futuro.
“Alguns aceitaram, outros não, talvez relutando em abrir mão da liberdade de escrever o que
bem quiserem em seus blogs independentes”.
Não precisavam ter medo. Pelo menos, não por enquanto. Apesar de O
Globo hospedar esses blogs dentro do seu próprio site, não há qualquer
tentativa de controle do conteúdo. Os colunistas-blogueiros não receberam
quaisquer instruções sobre que tipo de conteúdo seria adequado incluir nos
blogs. A única regra não deixar o blog parado mais de uma semana.
(CASTRO, 2002).
Claro que, o jornalista tem que ter bom senso e seguir o Manual de Redação e Estilo
do jornal. Segundo Ribeiro & Teixeira (2008), tanto Carlos Albuquerque, jornalista do O
Globo, no Rio, quanto Leonardo Cruz, editor assistente, da Folha de S. Paulo, seguem esses
preceitos. A mesma postura ética é usada, também, quando o assunto é jabá.
Verdade é que, blogs de jornalistas, quando dão certo, elevam o profissional num
patamar, antes nunca alcançado. De acordo com Ribeiro & Vieira (2008), nos Estados
Unidos, segundo a Revista Time, a colunista Arianna Huffington, se tornou, por causa do seu
blog (Huffington Post), uma das cem pessoas mais influentes dos Estados Unidos.
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Fazer jornalismo com total liberdade é o sonho de todos os profissionais. E para
Noblat apud Ribeiro & Vieira (2008) a Internet, talvez seja, o último espaço de liberdade do
homem. E é essa liberdade que atrai tanto os jornalistas para a blogosfera.
Segundo Ribeiro & Vieira (2008), caberá aos jornalistas a luta para manter a tradição
da imprensa e “do método reconhecido pela sua confiabilidade, construído em outras eras,
centenas de anos antes do mundo digital. E blog é uma outra história,diferente do jornalismo,
ainda em construção. Nem melhor, nem pior”.
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5. LIBERDADE DE EXPRESSÃO
A busca pela liberdade, de um modo geral, faz parte da história. O ser humano desde o
princípio de vida almeja ficar livre de tudo o que o reprima, segundo a Bíblia Sagrada apud
Almeida (1993), Jesus Cristo, o nazareno, morreu para que ficássemos livres dos pecados. Ou
seja, a morte dele seguida por sua ressurreição traria, de certa forma, liberdade à humanidade.
Mil anos após termos ficado livres dos pecados, surgiu uma das maiores perversidades
religiosas. Àquela que julgava toda e qualquer fé contrária ao catolicismo, como sendo
herege. A Santa Inquisição, como era chamada, Que segundo Luz [s.d], foi instituída em
1232, pelo papa Gregório IX, era uma forma de implantar obrigatoriamente o catolicismo e
extinguir com as demais religiões. Durou até 1859, portanto, foram mais de seis séculos de
repressão a liberdade religiosa e milhares de vítimas mortas de forma cruel. Uma delas, talvez
a mais conhecida da história Joana D´arc,
De acordo com Percília (2007), Joana foi uma das mulheres mais fortes e guerreiras
que o mundo já conheceu. Porém, em 1430, foi levada a julgamento no tribunal inglês, um
martírio que durou seis meses, sua sentença foi ser queimada viva, em uma fogueira aos 19
anos de idade. Foi o fim da heroína francesa. Assim eram as mortes decretadas pela
inquisição, todas com um requinte de perversidade, que o faziam em nome de Deus.
Afinal alguém teria que manter tão complexa estrutura. O alvo maior em
solo lusitano era o cristão-novo, judeus convertidos a fé cristã, que a
Inquisição julgava manter seus ritos judaicos secretamente. Acusados de
profanar as hóstias e desvirtuar muitos cristãos do caminho de Deus, esse
povo pagou com a vida e com seus bens a manutenção do equilíbrio do
reino. (LUZ, [s.d]).
Dessa forma vimos que há censura, nos mais variados sistemas, e que a busca pela
liberdade, de expressão ou não, não é só um problema dos dias atuais. “A censura não é um
59
processo de coação da liberdade de expressão, exclusivo do Antigo Regime, nem dos regimes
políticos totalitários. Em todo o caso, não é somente neste sentido que a vimos nos textos [...].
É a máquina intrínseca de todos os sistemas de poder”. (RODRIGUES A., 1985).
A luta de liberdade de imprensa em relação à influência do Estado, de acordo com
Kunczik (2002:26), começou na Inglaterra, onde, em 1649, o Partido Leveller defendeu um
projeto de lei que havia apresentado o Parlamento.
Nesse contexto sobressai o tratado Areopagitica (1644), de John Milton
(1608-1674), centrado na liberdade de imprensa. Milton não só assinalou
que o papa e a Inquisição introduziram a censura –os pontos de referência
mais negativos possíveis para os ingleses do século XVII – mas também
demonstrou a impossibilidade de se ter uma censura perfeita que, feita por
intelectuais subalternos, só levaria à supressão da verdade. (KUNCZIK,
2002:26)
Na Inglaterra a censura deixou de existir quando não se renovou mais a Lei de
Autorização, em 1965.
Segundo Costa Neto [s.d] em 1789, a França num movimento revolucionário gritou:
"Liberté, Egalité, Fraternité" (Liberdade, Igualdade, Fraternidade), frase de Jean-Jacques
Rousseau. Era um período em que os países viviam sobre o comando dos seus colonizadores.
E a liberdade era o sonho. Esses três princípios passaram a ser denominação da Declaração
dos Direitos do Homem e do Cidadão.
Um dos artigos dessa declaração, o artigo XI diz que “A livre comunicação de idéias e
opiniões é um dos direitos mais preciosos do homem. Todos os cidadãos podem, dessa forma,
falar, escrever e imprimir com liberdade.” (KUNCZIK, 2002:27).
A liberdade pode ser político, religiosa, econômica, física ou de expressão. Segundo
Chauí (2000), durante a revolução francesa, foi quando se definiu melhor o significado da
liberdade, na linguagem da declaração vigorada mais precisamente em 26 de agosto de 1789.
Sobre o assunto, a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) diz:
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Artigo I “os homens nascem livres e iguais em direitos (...)”;
Artigo IV “a liberdade consiste em poder fazer tudo aquilo que não prejudique
a outrem (...)”;
Artigo X “ninguém deve ser molestado pelas suas opiniões, mesmo religiosas,
desde que sua manifestação não perturbe a ordem publica (...)”;
Artigo XVII “sendo propriedade um direito inviolável e sagrado, dela
ninguém pode ser privado, salvo quando a necessidade publica, legalmente
verificada o exigir evidentemente e com a condição de uma justa e prévia
indenização (...)”.
Porém, não foi tão fácil assim chegar um consenso, e os fatos da época resultaram na
chamada Revolução Francesa. Durante esse mesmo ano que a França teve a vitória vigorando
a Declaração, entre os dias dois e sete de setembro, foram mais de mil franceses julgados e
executados, entre eles, monarquistas e presumíveis traidores. Foi quando surgiu a figura mais
importante para a resolução desses acontecimentos, o jovem general Napoleão Bonaparte que
conduziram à Constituição de 24 de dezembro de 1799, dando fim a revolução.
Para Chauí (2000:61) “a primeira grande teoria filosófica da liberdade foi exposta por
Aristóteles na obra Ética a
icômac”. Teoria essa, que com variantes, permanece até hoje.
Essa concepção fala que a liberdade opõe-se ao que é condicionado externamente
(necessidade) e ao que acontece sem escolha deliberada (contingência). Essa teoria reforça a
frase de Rousseau, em que diz, “o homem nasce livre, e por toda a parte encontra-se
acorrentado”. (WILD, 1997).
A liberdade é concebida como o poder pleno e incondicional da vontade para
determinar a si mesma ou para ser autodeterminada. É pensada, também,
como ausência de constrangimentos externos e internos, isto é, como uma
capacidade que não encontra obstáculos para se realizar, nem é forçada por
coisa alguma para agir. Trata-se da espontaneidade plena do agente, que dá a
si mesmo os motivos e os fins de sua ação, sem ser constrangido ou forçado
por nada e por ninguém. (...) Sem dúvida, poder-se-ia dizer que a vontade
livre é determinada pela razão ou pela inteligência e, nesse caso, seria
preciso admitir que não é causa de si ou incondicionada, mas que é causada
pelo raciocínio ou pelo pensamento. (CHAUÌ, 2000:41).
Chauí (2000:61) diz, ainda, que para Aristóteles, é livre aquele que tem em si mesmo o
princípio para agir ou não agir, isto é, aquele que é causa interna de sua ação ou da decisão de
61
não agir.
No Brasil a restrição a liberdade de expressão, sempre foi mais abrangente, “não
atingiu só a imprensa, sendo bem mais ampla, e abarcando as artes, os espetáculos, os livros,
o cinema, o teatro, a música etc...”. (RESENDE, 2006). A criação do Departamento de
Imprensa e Propaganda (DIP) no “Estado Novo” foi o precursor para posteriores e novas
formas de censura que estavam por vir.
5.1 Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP)
Segundo Dines (2007), o DIP foi criado, em 1939, dois anos depois do início do
Estado Novo, para substituir o, até então, Departamento de Propaganda e Difusão Cultura
(DPDC), de 1934. Também havia substituído o Departamento Oficial de Propaganda (DOP),
criado em 1931. Mas tanto o DOP, quanto o DPDC, eram muitos limitados para atender o
governo naquilo que era necessário. Todos esses departamentos tinham como comandante o
jornalista sergipano Lourival Fontes.
A ditadura instalada por Getúlio Vargas em 10 de dezembro de 1937
concebeu e montou um centro de controle e produção de informações, o
Departamento de Imprensa e Propaganda, celebrizado pela sigla DIP, que até
a derrocada do regime ditatorial, em 29 de outubro de 1945, manteve a
imprensa sob rédea curta. (AZEDO, 2007).
A era de Vargas durou de 1930 até 1945, dividida em três épocas: governo
revolucionário provisório (1930 a 1934), governo constitucional (1934 a 1937) e ditadura do
Estado Novo (1937 a 1945). O chamado presidente amado por uns e odiado por outros, foi o
responsável por um governo nacionalista e populista.
A Ditadura do Estado Novo seguia métodos semelhantes aos do governo de Adolph
Hitler na Alemanha, principalmente no que diz respeito à ideologia do povo sendo
manipulado através da mídia. O controle que era feito pelo DIP, sempre exaltava o presidente
62
e o país com um orgulho patriota exagerado, um verdadeiro ufanismo. De acordo com Noblat
(2004:170), “foi esse órgão que instalou a censura e vetou o registro de 420 jornais e de 360
revistas”.
Fontes era simpatizante do ditador italiano fascista Benito Mussolini, aliado do líder
nazista alemão Adolf Hitler. Ele instalou “um sistema de controle da informação à base do
morde-assopra. De um lado tinha censura, a que todos os veículos de comunicação estavam
submetidos (...) e de outro a oferta de trabalho em órgãos, publicações e realizações do
governo (...)”. (AZEDO, 2007).
A capacidade de abrangência das funções desse novo departamento, DIP, era bem
maior do que a dos seus antecessores. Mesmo porque, tinha um poder de penetração na
sociedade forte comparado aos outros. Também os serviços de publicidade e propaganda dos
ministérios, departamentos e órgãos da administração pública passaram a ser responsabilidade
do DIP, além, de ter total controle sobre todas as manifestações brasileiras.
Nesse período, segundo a Biblioteca online da Folha, do jornal Folha de São
Paulo, havia “a existência do culto da personalidade ao ditador, com o
funcionamento do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), que além
de fazer o marketing do ditador, possuía poder de censura em cada
publicação de jornais, revistas, livros e radiodifusão. Músicas eram
censuradas e até mesmo sambas-enredo.” (MOURA, 2001).
Os setores de divulgação de radiodifusão, teatro, cinema, turismo e imprensa eram
todos controlados pelo DIP, que cabia-lhe coordenar, orientar e centralizar a propaganda
interna e externa, fazer censura. Vários estados possuíam órgãos filiados ao DIP, os chamados
"Deops".
Essa estrutura altamente centralizada permitia ao governo controlar a informação, em
todo o país, assegurando-lhe o domínio da vida cultural do país. “Tanto o DIP como o Deops
– órgãos de repressão do governo varguista funcionaram como engrenagens reguladoras das
relações entre o Estado e o povo; verdadeiras máquinas de filtrar a realidade, deformando os
63
fatos e construindo falsas realidades”. (CARNEIRO apud RESENDE, 2006).
Quanto a imprensa, a uniformização das notícias era garantida pela Agência Nacional.
O departamento as distribuía gratuitamente ou como matéria de auxílio, dificultando o
trabalho das empresas particulares. Com uma grande equipe, a Agência Nacional conseguia
monopolizar o noticiário.
Através do DIP, Departamento de Imprensa e Propaganda, o Estado Novo
controlava com mão de ferro qualquer crítica ao sistema político, apelando
para a prisão de quem ousasse divergir. A imprensa foi declarada de
utilidade pública, o que obrigava todos os jornais a publicar comunicados do
governo. Para dificultar ainda mais o seu trabalho, o DIP exigiu o registro
dos jornais e dos jornalistas e baixou decreto determinando o mesmo para a
importação de papel de imprensa. Dezenas de jornais tiveram que fechar as
portas uma vez que não conseguiam o registro. Até o sisudo jornal O Estado
de São Paulo chegou a ser confiscado, levando ao exílio seu dono Júlio de
Mesquita. (RABELO, 2004).
O jornalista Fontes ficou no comando do DIP até 1942, quando a direção passou a ser
do major Coelho dos Reis, até julho de 1943. O capitão Amilcar Dutra de Menezes atuou até a
extinção do DIP, em maio de 1945.
5.2 O censor da Ditadura Militar
A Ditadura Militar foi o período da política brasileira em que os militares governaram
o Brasil, época que vai de 1964 A 1985. Suas principais características foram a falta de
democracia, supressão dos direitos constitucionais, censura, perseguição política e repressão
aos que eram contra o regime militar.
Foi um período em que o país temia que o socialismo dominasse, pois o mundo estava
em plena Guerra Fria. Esse período gerou inúmeras manifestações, inclusive a do dia 19 de
março, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que reuniu milhares de pessoas pelas
ruas do centro da cidade de São Paulo.
O clima de crise política e as tensões sociais aumentavam a cada dia. No dia 31 de
64
março de 1964, tropas de Minas Gerais e São Paulo saem às ruas, para evitar uma guerra civil.
João Goulart (Jango), presidente na época, se exila no Uruguai e os militares tomam o poder.
O censor que era quem autorizava ou não a publicação de um livro, letra de música,
matérias de jornais, revistas, rádio e TV. No caso do censor da imprensa, se alojavam nas
redações, e o faziam por uma pauta-prévia, que segundo Santos (2008) ainda está em uso em
algumas redações de hoje. A pauta-prévia foi um documento pela ditadura militar. Ou seja,
uma forma do censor triar o que ia sair na imprensa.
A pauta-prévia do passado foi instrumento de robotização de jornalistas. A
do presente é moderna e tecnicamente bem elaborada por destacados
comunicadores do infinito, mas é semelhante à pauta da ditadura militar. (...)
Por meio da pauta-prévia, o censor da ditadura controlava previamente toda
matéria noticiosa a ser produzida por repórteres. O pauteiro era o astro que
definia o que era ou não objeto de cobertura jornalística. Assim, sob
comando do censor, o pauteiro só programava cobertura de matérias aceitas
pelo regime de exceção que controlava jornais, rádios e TVs. (SANTOS,
2008).
Ao longo da história, a censura sempre procurou controlar a informação de todas as
formas, e, com isso, o pleno exercício da cidadania virou algo impossível. Situação essa, que
ficou mais visível durante os vinte anos em que os militares estiveram no poder. A falta de
liberdade de expressão ficou em primeiro lugar, ganhando um contorno estratégico, ”já que o
regime buscava se tornar hegemônico e se legitimar, tentando criar um novo imaginário
social”. (RESENDE, 2006).
5.3 DOI-CODI e DOPS
O Destacamento de Operações de Informações (DOI) era subordinado ao Centro de
Operações de Defesa Interna (CODI), junto com o Departamento de Ordem Política e Social
(DOPS), fizeram parte dos maiores órgãos de inteligência, e de severa repressão do governo,
durante o regime militar. O DOI-CODI surgiu a partir da Operação Bandeirante (OBAN), em
65
1969 com o objetivo de coordenar e integrar as ações dos órgãos de combate às organizações
armadas de esquerda
Seu objetivo era o de combater o que para eles eram "inimigo interno", como a de
outros órgãos de repressão brasileiros no período, a sua filosofia de atuação era pautada na
Doutrina de Segurança Nacional. Estabelecido em quase todos os estados. Em São Paulo, se
localizava na rua Tutóia, lá atualmente funciona o 36° Distrito Policial.
O auge da tortura se deu no período 1969/73, quando os militares reagiram
ao enfrentamento aberto da esquerda estruturando a Operação Bandeirantes e
os DOI-Codi's, que, inicialmente, se incumbiam apenas dos militantes da
vanguarda armada. As organizações desarmadas, como o velho PCB,
continuaram sendo por bom tempo atribuição dos Deops, que ainda se
mantinham dentro de certos limites. (LUNGARETTI, 2008b).
O DOI-CODI funcionava, clandestinamente, como meio de extermínio aos opositores
do regime. Em seus porões várias mortes foram provocadas através de torturas. Sobre esse
período, Callado apud Corrêa (2006) diz, que suas conferências rolaram entre a demencial e a
crescente violência da tortura, no apogeu dos DOI-CODI, dos sumiços de presos e dos
cadáveres, com o silêncio garantido pela censura, estúpida e torva, estimulada pela
impunidade e a cobertura fardada.
Para driblar a imprensa, os que apareciam mortos, eram apresentados como suicídas.
Pois, quando prisioneiros eram encontrados enforcados na cela. O caso mais conhecido é o do
jornalista Vladmir Herzog, morto em 25 de outubro de 1975. Mas o por que da sua morte
repercutir tanto até os dias de hoje, sendo que há inúmeros casos, até mais cruéis, e de pessoas
revolucionariamente mais significativas, como cita Lungaretti (2008a) o caso de Mário Alves,
que chegou a ser empalado com um cassetete dentado.
Há vários motivos. Primeiramente, chocou e até hoje choca sabermos que
Herzog se dirigiu pelas próprias pernas ao encontro da morte, acreditando
que sofreria apenas o interrogatório para o qual foi convocado. Por que ele
não desconfiou de que poderia ter o mesmo destino que tantos tiveram antes
dele? Por um motivo simples: em 1975 a tortura já arrefecera, depois de
66
dizimada a esquerda armada. (LUNGARETTI, 2008a).
Essa farsa, porém, não se sustenta, pois, os “tais” suicidas, que se enforcavam, nas
dependências do DOI-CODI, amarravam seus cintos nas grades das celas, sem vão livre, ou
seja, não havia espaço entre o piso e seus pés. Neste contexto as mortes de alguns
prisioneiros, se tornaram suspeitas. Como, de Herzog e do operário Manuel Fiel Filho. Esses
casos levaram o presidente Geisel a iniciar um confronto público com a linha dura da polícia
repressiva.
(...) teríamos pela frente os cinco anos do contraditório mandato do generalpresidente Ernesto Geisel – de 15 de março de 74 a 15 de março de1979 -,
que sai de cena depois de desmontar os aparelhos de tortura e de restabelecer
a liberdade de imprensa e, na contramão, de determinar a obra revolucionária
de desarticulação institucional e de desmoralização do sistema político pelos
esquivos atalhos do casuísmo”. (CALLADO apud CORRÊA, 2006:8).
Até hoje há casos de execução do DOI-CODI estão sendo julgados. Segundo o Jornal
dos Jornalistas (ago/2008), em 15 de julho de 1971, o jornalista, de 23 anos, Luiz Eduardo
Merlino, foi preso em sua casa, em Santos. Levado para o DOI-CODI, Merlino morreu quatro
dias depois, seu corpo com marcas de tortura, foi encontrado, mais tarde, pela família no
Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo, em uma gaveta sem nome. A explicação dada
pelas autoridades foi que ele havia de suicidado jogando-se na frente de um carro na BR-116.
Esse é um dos casos que é movido uma ação declaratória na área cível,
responsabilizando o coronel reformado do exército Carlos Alberto Brilhante Ustra, hoje com
75 anos, que na época era o comandante do DOI-CODI de São Paulo. De acordo com
Magalhães (2008), o coronel Ustra foi condenado em 09 de outubro de 2008, por outro crime
de tortura, contra o casal de ex-presos políticos Maria Amélia de Almeida Teles e César
Augusto Teles. Também foi reconhecida a tortura a Criméia Schmidt de Almeida, irmã de
Maria.
67
O julgamento é apenas moral e político, já que Ustra foi beneficiado pela Lei
de Anistia, em 1979, que beneficiou pessoas condenadas por atos terroristas
e militares que tenham participado de sessões de tortura durante o período de
ditadura. Porém, o caso também ainda pode ser discutido na Justiça. "Eu me
sinto vitoriosa, Eu gostaria que a Justiça tivesse reconhecido também a
tortura a mim e ao meu irmão, que éramos crianças na época. Mas o juiz
disse que não há elementos para isso. A decisão faz com que a gente pense
mais. De uma maneira mais séria dos crimes do passado. Ela traz à família
satisfação e alívio", diz Janaína Teles, que na época tinha cinco anos de
idade. O irmão, Cesar Teles, é um ano mais novo. (MAGALHÃES, 2008).
De acordo com o Jornal dos Jornalistas (ago/2008), o casal Teles, a irmã de Maria
Amélia e os dois filhos, Janaina e Edson, foram presos em 1972. Os adultos enfrentaram
torturas e as crianças, na época seis e cinco anos, ficaram mantidas no mesmo local por vários
dias.
O economista Waldir Quadros e o jornalista Sérgio Gomes faziam parte do movimento
estudantil, quando em 04 de outubro de 1975 foram presos por policiais à paisana,
encapuzados, no Rio de Janeiro. Algemados e vendados com esparadrapo, foram colocados
em carros separados e mandados de volta para São Paulo.
No DOI-Codi, a sessão de tortura começou logo na chegada. O funcionário
encarregado de fichar os dois pediu o nome e endereço de parentes para onde
deveriam "mandar os corpos depois". Em seguida, Quadros e Gomes foram
separados. Despidos e jogados numa cela, receberam choques por todo o
corpo. Levaram incontáveis socos, pontapés e pauladas, além de terem sido
obrigados a beber água com creolina. Gomes ainda foi pendurado de cabeça
para baixo no "pau-de-arara" e Quadros colocado nu numa câmara fria.
(LEVY, 2004).
Nas dependências do DOI-CODI permaneceram por vinte dias. Depois disso, os
amigos ficaram mais três semanas no DOPS. Quadros foi transferido para o então recéminaugurado distrito policial do Cambuci, onde passaria mais 50 dias, até ser libertado.
68
5.4 Ato Institucional n. 5 (AI-5)
O AI-5 de 13 de dezembro de 1968, foi o quinto de vários decretos emitidos pelo
regime militar posteriores ao Golpe militar de 1964. Foi um dos instrumentos de maior força
que deu ao regime poderes absolutos e cuja primeira conseqüência foi o fechamento do
Congresso Nacional por quase um ano e o mais temido da época recrudesceu a censura,
determinando a censura prévia, que se estendia à música, ao teatro e ao cinema de assuntos de
caráter político.
O AI-5 era chamado pela imprensa da época de “golpe dentro do golpe”, tamanha era
o estrago que fazia no que diz respeito a liberdade de expressão, totalmente proibida. Teve
fim dez anos depois, em 10 de outubro de 1978.
No mesmo ano em 29 de dezembro surgiu a Lei de Segurança Nacional que prevê
penas mais brandas, possibilitando a redução das penas dos condenados pelo regime militar.
Decreto possibilita o retorno de banidos pelo regime.
Pode-se até desfrutar da discutível satisfação de ser preso, de ir para a cadeia
e ser julgado por um tribunal militar sob a Lei de Segurança Nacional. Eu
passei por tudo isso. Temporariamente, você se sente um pouco melhor,
como se tivesse pago um imposto de renda moral a algum futuro governo de
sua escolha, que finalmente tornará o país respeitador das leis, decente e
livre. Mas a satisfação dura pouco, acima de tudo porque você sabe que
combatentes jovens, estudantes ou trabalhadores, impacientes demais para
esperar por um momento melhor para mudar as coisas, estão sendo o tempo
todo presos e torturados, presos e assassinados. Não estão apenas presos e
julgados, mas simplesmente mutilados ou assassinados. Não são poupados.
Não são integarntes da Igreja, não contam talvez com o apoio de um jornal
poderoso, como aconteceu comigo, não tiveram sequer o tempo de
construírem um nome, uma reputação, que pudesse lhes servir de escudo
contra seus torturadores. (CALLADO apud CORRÊA, 2006:73-74).
A censura impedia que o povo soubesse dos problemas, o rádio, a televisão e os
jornais, só mostravam notícias e pontos positivos. Já que, os meios de comunicação, por força
maior, demonstravam que o caminho seguido pelo regime era o correto.
Mas em 8 de maio de 1985, o Congresso Nacional aprovou emenda constitucional que
69
acabava com os últimos vestígios da ditadura. E aparentemente também com a censura. Mas
esta, de fato nunca acabou.
70
6 A CESURA O BRASIL
A censura no Brasil existe antes mesmo da independência. De acordo com Leite Filho
apud Negreiros (1979), foi nos anos 20 que ela começou a dar sinais de que veio para ficar.
Com a tentativa de sufocar uma onda de inconformismo, surge, então, a primeira lei de
imprensa no Brasil, projeto original do senador paulista Adolfo Gordo.
A lei Infame ficou conhecida como “Lei Adolfo Gordo”. A lei invocava o lema da
liberdade com responsabilidade para encobrir um dos seus propósitos acabar com a chamada
imprensa proletária mantida pelos trabalhadores.
A Lei Adolfo Gordo foi uma lei antioperária, não foi uma lei contra a
liberdade de imprensa. Foi uma lei que resultou das greves, das grandes
greves de 1917 e 1919, que foram os maiores movimentos da massa operária
que se deram no Brasil até hoje. A de 1917 foi ainda mais forte, mais ampla.
Em vários pontos, por exemplo, do Rio Grande e de São Paulo, os
anarquistas estiveram eventualmente no poder. (...) Só havia anarquistas e
sindicalistas livres e independentes. A lei se destinava a reprimir o
movimento operário. Não atingia, ou pelo menos não pretendia e de fato não
atingia, a imprensa não-operária, atingia a imprensa liberal. (LEITE FILHO
apud NEGREIROS, 1979).
Essa lei, segundo Azedo (2007), é a mesma que anos mais tarde vai dar a partida para
uma legislação feroz de repressão à imprensa, que ganham forma precisa, abrangente e de
duração prolongada sob o Estado Novo de Getúlio Vargas.
A verdade é que os únicos que se enganam com a censura são os próprios
censores. (...) A existência da censura é fato mais grave do que aquilo que
ela proíbe divulgar. E a existência da censura é fatalmente desvendada no
seu exercício. (...) A falência da censura é notória, ela sustenta-se mais no
conformismo dos jornais do que na força da autoridade. Todo o aparato do
Estado Novo ruiu fragosamente. (DINES, 1974:138-139)
De acordo com Callado apud Corrêa (2006:38), uma conseqüência da censura no
Brasil é o fato de que jamais teremos uma imprensa equilibrada. A censura imposta em
71
caráter quase permanente, ao ser suspensa, tende a produzir efeito semelhante, ao de um
desses bonecos de mola que salta quando sua caixa é aberta. Para Dines (1974:139), por sua
vez, a comunicação pode unir países divididos, a censura, porque não pode ser disfarçada,
aumenta os rancores e cisões.
O assunto censura já faz parte da tradição brasileira, pois é encarada como um assunto
permanente. Já que, existe há muito tempo. “Aliás, pode-se dizer que os momentos de
liberdade é que são exceção ao longo de nossa história. Há momentos, como após o golpe de
1964, em que ela foi exacerbada e objetivou, inclusive, a conquista dos corações e mentes dos
brasileiros”. (RESENDE, 2006).
6.1 Liberdade de Imprensa
O mundo necessita de informação e, segundo Mattos (2005), a liberdade de imprensa é
imprescindível, não só para os jornalistas, como também para todas as camadas da população.
O que, historicamente, é sabido que no Brasil, essa liberdade, sempre sofreu ameaça de uma
assombração, chamada censura. O primeiro jornal brasileiro, Correio Braziliense, já nasceu
amedrontado, e para sobreviver a censura, durante algum tempo teve de ser impresso em
Londres, na Inglaterra.
Mattos (2005) lembra ainda que, a Constituição Brasileira promulgada em 5 de
outubro de l988 garante, em seu artigo 220, que a manifestação do pensamento não sofrerá
nenhuma restrição e, nos parágrafos 1º e 2º, veda totalmente a censura, impedindo até mesmo
a existência de qualquer dispositivo legal que "possa constituir embaraço à plena liberdade de
informação jornalística, em qualquer veículo de comunicação social".
Pena que essa lei é muito bonita para enfeitar as páginas da constituição, porque na
prática mesmo os próprios responsáveis por elas, os políticos, são os primeiros a ignorá-las. E
72
na primeira oportunidade em que se vêem ameaçados por qualquer matéria de jornal tomam
medidas totalmente contrárias a democracia que aparentemente vivemos.
Garantias essas que são tão esquecidas quanto a famosa Lei de Imprensa, Lei 5.250, de
9 de fevereiro de 1967, sancionada pelo presidente, na época, Castelo Branco. Embora já não
exista a censura prévia, a atual Lei de Imprensa estabelece limites, uma vez que, entre outras
coisas, não permite a exceção da verdade contra o presidente da República e outros ocupantes
de altos cargos, violando, assim, a liberdade de expressão, além de contrariar diretamente a
Constituição.
Mattos (2005) cita de exemplo o processo movido, em 1991, pelo então Presidente
Fernando Collor de Mello contra Otávio Frias Filho, da Folha de S. Paulo, sem que fosse
admitida a prova da verdade. Mas como ele era autoridade política o processo foi executado.
6.2 A falta de democracia hoje
Engana-se quem pensa que a censura acabou com o fim da ditadura. Pelo contrário
ganhou novas formas. Embora a liberdade de expressão esteja prevista na Constituição não
costuma ser respeitada nem pelo governo e nem pela sociedade.
Há uma realidade mundial ainda desconhecida da maioria dos brasileiros:
prisões, perseguições e ameaças a escritores, jornalistas e meios de
comunicação em geral. Elas acontecem em países onde a democracia,
quando existe, é frágil. (WERTHEIN, 1999).
A pesquisa de Werthein (1999) diz que, “em 1997, 26 jornalistas perderam a vida e
185 foram presos no exercício da profissão. Mais de 1 mil é a soma de tentativas, em todo o
planeta, de violação da liberdade de expressão e de imprensa contra indivíduos, 97 somente
na América do Sul”.
73
E contra os meios de comunicação (censura, destruição de prédios, interdições etc.), a
soma é igualmente assustadora: 362. Os dados segundo Werthein (1999) são da Rede
Internacional para a Liberdade de Expressão (IFEX), grupo de organizações nãogovernamentais e profissionais comprometido com o alerta e a coordenação de ações contra
ameaças à liberdade de informação.
Debates sobre as várias formas de violação dessa liberdade. Trata-se
daquelas que, curiosamente, sobrevivem aos Estados democráticos e de
Direito, onde a liberdade de expressão é defendida abertamente, onde
opiniões contrárias às dos poderes vigentes são permitidas, mas onde ainda
impera o constrangimento diante das figuras públicas de maior prestígio e
poder. São as ações mais sutis de controle e de censura que merecem
reflexão nos Estados democráticos. Ameaças veladas ou explícitas de
demissão, censura a matérias e artigos que contrariam interesses políticos ou
empresariais, exposição a pressões e constrangimentos diversos são
exemplos do que subsiste em países considerados democráticos.
(WERTHEIN, 1999).
O problema é que não há uma democracia, pois, quando há uma plena e irrestrita
instaura o fim da censura, seja ela “sutil ou agressiva, tácita ou explícita, política ou
econômica, social ou individual” (WERTHEIN, 1999). É por isso que para muitos estudiosos
ainda vivemos na ditadura, embora mascarada, de alguma forma mais amena, porém sujeitos
a porões como os do DOI-CODI.
Os métodos utilizados atualmente pela Polícia paulistana continuam sendo
os mesmíssimos adotados pela repressão política na época da ditadura
militar. (...) Os leopardos não perdem as pintas, embora hoje estejam
impedidos de extrapolar certos limites: já não podem chegar ao cúmulo de
torturar tais parentes na frente daquele de quem querem arrancar confissões,
como os comandados de Brilhante Ustra fizeram com a família de Ivan
Seixas nos anos de chumbo. (LUNGARETTI, 2008b).
Fica evidente que só as leis democráticas não garantem ao povo exercer livremente o
exercício da expressão do pensamento. Por isso, para Werthein (1999), “enquanto essas peças
forem vistas como ameaças à estabilidade da maioria e aos interesses de uma minoria, nem
governo nem sociedade estarão de fato vivendo um Estado democrático”.
74
Pois, se trata de um exercício contrário, ao que diz a Declaração Universal dos
Direitos Humanos (1948):
"Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito
inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e
transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independente de
fronteiras."
Em 1989, após Fernando Collor ser eleito presidente, o jornalista Ricardo Noblat foi
demitido do Jornal do Brasil. Os motivos eram óbvios, Noblat, cobria política e atacava o
então candidato com suas matérias.
Sob o título ”Falso Brilhante”, eu disse em maio de 1989 que o principal
ponto fraco de Collor era “a falta de conteúdo político de qualquer natureza.
Ele é vazio, não tem nada, a não ser intenções meritórias. Parece um ator que
decorou sua fala e que interpreta o papel que lhe deram de maneira
convincente”. A dois dias da eleição de Collor, sob o título “Vale tudo pra
ganhar”, alertei: “(ele) é um político capaz de fazer qualquer coisa, mas
qualquer coisa mesmo para alcançar seus objetivos. Revela aspectos morais
e éticos, desrespeita costumes e atropela princípios para obter o que deseja.
Pode conseguir se eleger presidente assim. Mas que tipo de presidente
será?”. (NOBLAT, 2004:153).
Resultado, o jornalista ganhou um inimigo. Ele mesmo diz que como colunista de
política acertou em alertar a população das suas convicções, porém, errou feio no ponto de
vista da manutenção do seu emprego. Mesmo porque o assessor de Collor, Cláudio Humberto
já o havia avisado, caso Collor fosse eleito o primeiro a perder o emprego seria Noblat.
Collor foi eleito no domingo dia 17 de setembro de 1989. Na sexta, dia 22, Noblat foi
demitido, por telefone, no Recife onde passava férias com a família. Na mesma manhã o
jornal A Tribuna da Imprensa publicou matéria assinada pelo seu dono e editor Hélio
Fernandes.
O jornalista Ricardo Noblat será demitido hoje do JB. Ele já foi chefe da
sucursal de Brasília e teve que deixar o lugar a pedido de um presidente da
República. Agora o colunista respeitado deixa a coluna para agradar a um
presidente que ainda não tomou posse. No domingo, o Sr. Manuel Francisco
do Nascimento Brito reclamou com o editor Marcos Sá Corrêa que o jornal
estava muito petista. O editor respondeu: “Vamos fazer o seguinte:
75
encostamos o Rogério Coelho Neto, que é muito ‘collorido’ mas que não
pode ser demitido por ter mais de 20 anos de casa, e demitimos o Noblat”.
(NOBLAT, 2004:155).
O assunto não parou por ai, no mesmo dia, de acordo com Noblat (2004:155),
Nascimento Brito disse ao ex-repórter do JB, que ele fora demitido por razões administrativas.
E que já ia o demitir antes das eleições. Essa situação vivida pelo jornalista político, confirma
o que Callado apud Corrêa (2006:12) disse, que na raiz da mais negra crise que castiga a
mídia desde a queda do Estado Novo de Getúlio Vargas, nenhum setor pagou e continua
pagando mais caro que a cobertura política.
Casos como esse estão longe de fazer parte do passado. ”Em fevereiro de 1999 foi
registrado o primeiro caso em que uma sentença judicial impôs censura prévia a uma
publicação após o fim da ditadura militar, em 1985. A vítima foi o jornal Floresta, editado
por ecologistas do Pará”. (CARVALHO apud LEITÃO, 2005).
O jornal foi impedido de publicar matéria que denunciava o desmatamento criminoso
em São Feliz do Xingu. Os beneficiários eram, nada mais, nada menos que os donos de uma
poderosa madeireira. Situação mais grave aconteceu com o jornal A otícia.
Em 24 de maio de 2002, o semanário A otícia, de Maceió, foi invadido na
calada da noite pela Polícia Federal. Por ordem de um obscuro advogado
transformado em juiz provisório do TRE, a PF recolheu todos os
computadores da empresa e prendeu seu diretor de redação. Motivo: em sua
edição anterior o jornal publicara matéria na qual moradores de uma cidade
do interior alagoano acusavam três juízes eleitorais de suposto suborno para
manter no cargo o então prefeito, acusado de inúmeras irregularidades.
(LEITÃO, 2005).
O semanário A
otícia entrou, infelizmente, para a história da imprensa brasileira
como o primeiro jornal a ser cassado, diretamente, por força policial depois do
restabelecimento da democracia. O jornalista João Marcos Carvalho, repórter de A
otícia,
76
que já havia sido vítima de violências por conta de sua combatividade a censura, ficou preso
por 15 dias.
O caos completo. Censura é um dos ingredientes das ditaduras. Quando ela
ocorre em plena vigência do estado democrático é sinal que as coisas estão
pelo avesso. O que estamos assistindo hoje, com essa avalanche de censura
prévia, é uma catástrofe. (...) É fundamental lembrar que hoje a censura está
atingindo desde microjornais no interior do país até as grandes empresas de
comunicação. (...) Mas o que mais me deixa perplexo é a tímida reação a
essas agressões. Com exceção da velha ABI, que protestou por todos os
cantos, a Fenaj, as centrais sindicais e o próprio Congresso Nacional se
limitaram a espasmos. (CARVALHO apud LEITÃO, 2005).
Dois anos e meio depois o jornalista Carvalho foi indenizado pela União por perdas e
danos morais.
João Marcos, que também é historiador, vem trabalhando na redação final de
um livro que pretende contar a história do recrudescimento da censura no
Brasil nos últimos cinco anos. Ele denuncia que juízes, que deveriam
defender a liberdade de imprensa, resolveram rasgar a Constituição e se
transformar em censores. O jornalista também condena a apatia dos
profissionais de imprensa com relação ao tema e chama a atenção para um
retrocesso institucional. (LEITÃO, 2005).
O Correio Braziliense, em 2002 chegou a ter um censor em sua redação, exatamente
como nos tempos da ditadura. “É fundamental lembrar que hoje a censura está atingindo
desde micro jornais no interior do país até as grandes empresas de comunicação, como a
Editora Abril, a Rede Globo, o Estado de S. Paulo etc”. (CARVALHO apud LEITÃO, 2005).
Mais uma vez a situação envolve o jornalista Ricardo Noblat, diretor de redação do
Correio Braziliense, foi quem recebeu o censor, um japonês, ou melhor, o oficial de justiça
Ricardo Yoshida e o dr. Adolfo Marques da Costa, advogado do governador de Brasília
Joaquim Roriz. Os fotógrafos do Correio Braziliense registraram tudo.
Os editores foram orientados a escreverem com letras grandes “censurado” em todas
as notícias que fossem vetadas pelo censor. Óbvio que essa, ilustre, visita se transformou na
manchete de capa dia seguinte - “Correio é censurado a pedido de Roriz”.
77
Confesso que tinha a curiosidade mórbida de ver um censor censurando.
Quando já perderá qualquer esperança, finalmente vi um. Não era um censor
clássico, desses de páginas de romances. Sua atividade principal não era nem
mesmo a de censurar. Mas – ora, bolas! – estava ali para censurar o jornal,
sim. E tinha poderes até para empastelá-lo. Recepcionei-o à porta da minha
sala no primeiro andar do prédio do Correio pouco depois das 22 horas de 23
de outubro de 2002, uma quarta-feira. Mandei que lhe servissem café e água
antes que desse início à sua atividade. Destaquei o repórter Luiz Alberto
Weber para levá-lo aonde desejasse ir. E proclamei em voz alta, atento aos
mais tinhosos e à posteridade: _Atendam a todos os pedidos dele. Ordem
judicial não se discute, cumpre-se. (NOBLAT, 2004:202).
Nem todos os editores tiveram a mesma reação que o diretor. Pois, outros trancavam
as portas para impedirem que o “tal” censor entrasse. Mas a ordem do diretor prevalecia.
Porém, em novembro do mesmo ano Noblat deixou do Correio Braziliense.
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, em 05 de maio de 2005, o jornalista e escritor
Fernando Morais teve seu livro, “Na toca dos leões”, censurado, como se ainda vivêssemos no
regime militar. “A justiça deu a editora Planeta o prazo de no máximo vinte dias para que os
exemplares fossem retirados do mercado. O livro conta a história da agência W/Brasil. Em 20
de outubro do mesmo ano a venda do livro foi liberada”. (JUSTIÇA..., 2005).
Até 2005, de acordo com Carvalho apud Leitão (2005), foram registrados 128 casos
de censura prévia, 21 assassinatos, 30 tentativas de homicídio, 16 espancamentos, 44 ameaças
de mortes, 10 prisões arbitrárias e 3 seqüestros de profissionais de imprensa, incluindo aí
jornalistas e radialistas.
6.3 A censura nos Blogs
Engana-se quem pensa que bloquear blogs é coisa de cubanos. Verdade é, que
mesmo antes do diário mais lido de Cuba, "Generación Y", ser bloqueado, em 24 de março
de 2008, no Brasil onde não vivemos mais na ditadura, e é lei constitucional a liberdade de
expressão de um país que se diz democrático com a Internet livre, blogs brasileiros sofrem a
78
mais clara censura. “Como se vê, é importante compreender que a liberdade de
manifestação de pensamento não é absoluta em nenhum meio de comunicação, inclusive
nos blogs”. (LEONARDI, 2005).
Os diários eletrônicos que de certa forma vieram para revolucionar a era da Internet
com total democracia, sofrem violentamente a falta de liberdade de expressão. Segundo Tas
(2006) um processo judicial, corre desde 2004, e a juíza usou o termo "democrático" na sua
sentença.
Eu não sei não. Para mim, o Brasil corre o risco de permanecer para sempre
na pole position do atraso. Está caminhando rapidamente para se tornar o
primeiro país do mundo a decretar o controle editorial da internet por juízes
e advogados "democráticos". São pessoas que ignoram que a rede mundial
tem uma capilaridade que impede o seu controle. A natureza da rede é
descentralizante. Não se dobra ao mundo mecânico e linear das fronteiras,
artigos e versículos dos cânones jurídicos ou religiosos inventados pelos
humanos. A rede é incontrolável. É líquida como a água. Rápida como a
eletricidade. Está em todo lugar e em lugar algum. É fluxo contínuo de
conhecimento ao alcance de um clique. Assim deve continuar. Para obrigar
que nos conheçamos melhor. Para que descubramos como nos comunicar
com ética. Sem a pata pesada do autoritarismo ou a mão boba da
irresponsabilidade. (TAS, 2006).
Ou seja, o que está acontecendo é que, o que era para ser livre também, está sendo
claramente monitorado e passivo de penalidade. Caso os “democratas” achem que esse ou
aquele post está indo contra o que deveria ser. E pior, nesse caso o comentário foi o alvo,
então aquela interação livre entre o blogueiro e o seu leitor não poderá mais existir. Em outras
palavras, os comentários serão censurados pelo moderador.
Sobre isso, Tas (2006) diz, “há três anos, este blog tinha comentários livres. Há um
mês passei a moderá-los”. Ele ainda completa que a ação da respeitável autoridade do
Judiciário tem um lado positivo apenas: “levantar a discussão da responsabilidade dos
anônimos aproveitadores da internet. De resto, é apenas patético, não fosse trágico”.
Blog é condenado por comentário ofensivo de leitor. O blog Imprensa
Marrom, de crítica à imprensa, foi condenado em primeira instância a pagar
79
R$ 3.500 por danos morais a João Pedro Boria Caiado de Castro, por ofensas
postadas nos Comentários do site por um usuário. A decisão foi divulgada na
semana passada e é a primeira condenação no Brasil por Comentários, ou
seja, não por texto de quem faz o blog, mas de um de seus leitores com
veiculação automática. (BLOG, 2006).
Segundo o jornal Folha de São Paulo, essa ação já vem desde setembro de 2004 e
chegou a retirar o blog Imprensa Marrom (http://www.imprensamarrom. com.br) do ar.
Através de uma liminar, posteriormente revisada no Tribunal de Justiça de São Paulo.
“Censurar blogs por motivos políticos parece não ser mais privilégio de países regidos por
sistema ditatorial. Agora, o Brasil pode se enquadrar nesse rol”. (RAMONE, 2006).
Isso porque,de acordo com Ramone (2006), no Amapá, uma caricatura do senado José
Sarney (PMDB) compondo a expressão "Xô!", feita pelo cartunista Ronaldo Rony no muro de
sua casa, gerou um precedente com repercussão até em outros países.
Uma foto do muro foi publicada no blog da jornalista amapaense Alcilene
Cavalcante, o que gerou indignação na coligação partidária capitaneada por
Sarney, candidato à reeleição pelo Amapá. Assim, no último dia 25 de
agosto, a Justiça Eleitoral determinou que a imagem fosse retirada do ar (ou
isso, ou R$ 2.000,00 por dia de não cumprimento da determinação).
(RAMONE, 2006).
Não ficou só nisso, pois o blog da jornalista Alcinéia Cavalcante acabou sendo retirado
do ar por ordem judicial. Em virtude desses acontecimentos um grupo de jornalistas
blogueiros solidários ao ocorrido fizeram um movimento na internet “Xô Sarney”, que
continua até hoje. Alcinéia migrou seu blog para um servidor no exterior.
"É inaceitável que indivíduos que se dizem jornalistas armem uma longa teia
de comunicação na internet para a prática de crimes", disse o texto de uma
das nove representações impetradas contra o Repiquete, blog de Alcinéia,
que no dia 1º de setembro também saiu do ar. Segundo uma dessas
representações da coligação União por Amapá, eleitores, jornalistas e
internautas, inclusive de outros países, estão sendo convocados a "compor
um bando de criminosos". A rede de blogueiros, assim, estaria "organizada
em prol de atingir a boa imagem do candidato". (RAMONE, 2006).
80
O fato é que, processar sites, blogs e inclusive comentários por danos morais virou
segundo Mattos (2005) a chamada "indústria do dano moral", das quais suas vítimas foram
condenadas a pagar indenizações absurdas, tanto para veículos como para os jornalistas, em
processos relacionados a artigos e reportagens veiculadas, contribuindo assim para gerar um
clima de inibição e de autocensura no setor.
A Associação Antipirataria Cinema e Música (APMC), segundo Moreira (2008), no
primeiro semestre deste ano aumentou dez vezes em relação ao mesmo período de 2007. Isso
porque a APMC já tirou ao longo dos primeiros seis meses deste ano, 22.113 blogs.
Isso acontece porque ”alguns advogados encontraram um caminho jurídico por meio
de uma combinação do inciso X do artigo 5º da Constituição com os artigos 20 e 21 do novo
Código Civil ,que lhes permite impor censura prévia aos meios de comunicação”. (MATTOS,
2005).
6.4 Quando as leis ameaçam
De acordo com Mattos (2005), em outubro de 1995, o deputado Pinheiro Landim
(PMDB-CE), relator do projeto de Lei de Imprensa, anunciou que seu parecer seria submetido
ao plenário da Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara e,
depois, ao Senado.
Na forma de substitutivo ao Projeto de Lei no. 3.232, de 1992, o parlamentar
manteve a idéia do projeto do Senado, suprimindo penas privativas de
liberdade, e estabelecendo penas de prestação de serviços à comunidade e
multa. O parecer, datado de agosto de 1995, limita os valores das
indenizações, de acordo com o alcance da publicação ou transmissão:
veiculação de âmbito nacional, 100.000 reais; estadual, 50.000 reais e
municipal 10.000 reais. Segundo o relator, essa gradação pretende avaliar de
forma justa a diversidade de repercussão das matérias jornalísticas e leva em
conta o poder econômico das empresas de comunicação. (...) Em virtude do
confronto dos interesses, o projeto permanece à espera de votação no
Plenário da Câmara. (MATTOS, 2005).
81
Segundo o advogado José Paulo Cavalcanti Filho apud Mattos (2005), o valor das
indenizações estipulado pela Justiça para processos contra os jornais é considerado "elevado,
ameaçador e contrário à liberdade de imprensa". O assunto é controverso.
Em 2005, no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa – 3 de maio – a
Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) emitiu nota oficial defendendo a
aprovação de uma nova Lei de Imprensa no Brasil, pois "sem liberdade de
imprensa não há jornalismo, uma atividade que se caracteriza,
essencialmente, por apurar e divulgar os fatos de interesse público."
Intitulada "Em defesa da democracia: Liberdade de imprensa e jornalistas
respeitados", a nota oficial da Fenaj denuncia que as liberdades de opinião e
de imprensa continuam ameaçadas no Brasil, onde "a liberdade prevalente
continua a ser a liberdade do poder: poder político, poder econômico, poder
patronal. Confunde-se liberdade de imprensa com liberdade de empresa, na
qual o interesse público é muitas vezes relegado" (FENAJ apud MATTOS,
2005).
Cardoso (2008) diz que depois de uma longa batalha de lobbystas jogando contra e a
favor, foi aprovado, pelo Ministério da Justiça, o Projeto de Lei 2332/07, que determina a
criação de horários diferenciados para blogs e sites de Internet, do Senador Fernando Gabeira.
O Projeto pretende conter a expansão dos blogs frente à Velha Mídia. (...) A
saída proposta pelo Senador é criar "horários de exibição", fora dos quais os
sites não estariam disponíveis. "Não é censura"- diz ele. "é apenas a
aplicação das normas que já são seguidas pelas emissoras de TV". Com isso
blogs como o do Dino1, o maior capper de vídeos da internet brasileira, só
ficariam acessíveis depois das 22h. Já o MeioBit, conforme notificação
enviada pela Secretaria de Diversões Públicas da Polícia Federal, poderia
estar online desde que fora do horário escolar. (CARDOSO, 2008).
Se continuar dessa forma, uma censura aqui, e outra lei ali, vamos acabar mudando o
regime do país, elegendo um general, regredindo no século e voltando a tortura dos porões do
DOP´s. Porque em pleno século XXI, em vez dos país por regras em casa, os políticos se
preocupam em vigorar leis para colocar horário aos blogs, voltar a ditadura, só é o que falta.
82
7. ESTUDO DE CASO
Os blogs escolhidos para a pesquisa foram três: blog do Marcelo Tas, Milton Neves e
do Ricardo Noblat. Os assuntos abordados nos textos, desses diários, respectivamente são:
variedades, esporte e política.
A escolha desses blogs se deu pela popularidade de seus donos e por serem atualizados
diariamente. Assim como, pela audiência que seus diários alcançam, podendo, ser claramente
percebidas pelo número de comentários, de certos posts, que ultrapassam a duzentos por
textos.
7.1. Perfil dos moderadores
Marcelo Tas (pseudônimo), ou seja, Marcelo Tristão Athayde de Souza, nasceu na
cidade de Ituverava, em 10 de novembro de 1959. É diretor, apresentador, escritor e roteirista
de televisão brasileiroe rádio. É formado em engenharia civil, mas não concluiu a faculdade
de Rádio e TV, ambas na USP, tem curso de aperfeiçoamento profissional em cinema e
televisão e em multimídia e novas tecnologias pelo Fullbright Scholarship Program na Tish
School of Arts da Universidade de Nova York.
Ficou nacionalmente conhecido pelo seu personagem humorístico Ernesto Varela, um
repórter fictício que ironizava personalidades políticas da época da abertura, apresentandolhes perguntas desconcertantes.
Atualmente, é colunista do jornal O Estado de S. Paulo, apresentador do programa
Custe o Que Custar (CQC), na Band, ao lado de Rafinha Bastos e Marco Luque e blogueiro.
83
Já Milton Neves Filho, nasceu na cidade de Muzambinho, em 6 de agosto de 1952. É
radialista, publicitário e jornalista especializado em esportes. Iniciou a carreira aos dezessete
anos, como locutor na rádio Continental de sua cidade natal.
Atualmente está apresentando o programa Terceiro Tempo, na TV Bandeirantes. E
como radialista na Rádio Bandeirantes AM e BandNews FM.Além de manter uma coluna na
revista Placar, da Editora Abril, e outra no Jornal Agora SP, do Grupo Folha.
Ricardo Noblat, por sua vez, nasceu em Recife, em 1949. É jornalista, formado pela
Universidade Católica de Pernambuco. Foi editor-chefe do Correio Braziliense e da sucursal
do Jornal do Brasil, em Brasília.
Trabalhou como repórter do jornais Diário de Pernambuco, Jornal do Commercio e
das sucursais do Jornal do Brasil e da revista Veja em Recife. Noblat também foi chefe de
redação da sucursal da revista Manchete. Chefiou a revista Veja durante dois anos, em
Salvador. Depois foi editor-assistente da mesma revista em São Paulo.
Atualmente, além de autor dos livros A Arte de Fazer um Jornal Diário, O Que É Ser
Jornalista e Céu dos Favoritos, Noblat, escreve todas às segundas-feiras para o jornal O
Globo. E desde março de 2004 mantém o Blog do Noblat, sobre política, hospedado no portal
do jornal O Globo.
7.2 A análise dos blogs
Os blogs foram analisados, no período de sete dias, de 22 a 28 de outubro de 2008.
Durante esse tempo, verificou-se o gênero ao qual cada blog mais se aproxima. Bem como, a
linguagem transmitida, a organização das informações, a quantidade de posts diários, de
comentários e quantas foram as respostas do moderador ao leitor.
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7.3 Blog do Tas
Durante o período analisado, o blog que é hospedado no portal da UOL, teve 14 posts,
com um total de 736 comentários, dos quais 9 foram respondidos pelo autor. O texto do dia
27.10.2008, de título CQC 33 (referindo-se ao número de programa), foi o pico, tendo 215
comentários. Para postar no diário são exigidos, nome, cidade e email, sendo que, idade e
profissão são opcionais. Os textos são arquivados quinzenalmente.
Os posts variavam de conteúdo, mas por ter sido a semana do segundo turno,
predominou o assunto “política”. Em alguns momentos ironizando a candidata à prefeitura de
São Paulo Marta Suplicy, em outros o candidato à prefeitura do Rio de janeiro Fernando
Gabeira, chegando a publicar a famosa foto dele, dos anos 60, de tanga roxa.
Todos os textos são do gênero opinativo. Diferente dos jornais, o sarcasmo faz parte
da linguagem textual, que embora, com certa dose de informação, nada têm a ver com
matérias de jornal.
Alguns posts são curtos, outros nem tanto, mas nenhum muito longo, a ponto de
cansar o leitor, pelo contrário todos são fáceis de entender. Talvez, devido ao estilo bem
humorado proferido pelo autor no estilo de escrever. Vídeos e fotos são encontrados na
maioria dos textos.
7.3.1 Descrição das publicações diárias
No primeiro dia de análise, 22.10.2008, dois textos foram ao ar: O de título “Top 5
com erros da equipe CQC”, que teve 85 comentários, dos quais 01 foi respondido pelo autor.
O post se referia a erros do próprio programa, CQC, em que Tas é o apresentador. Já que, a
cada segunda-feira cinco micos ou erros de outros programas, no quadro chamado de Top
Five, são apresentados.
85
O outro texto no mesmo dia de título “Quem são os ‘donos da mídia’ no Brasil?”, teve
22 comentários, e 03 foram respondidos. O conteúdo é sobre um novo banco de dados na
internet, “Donos na Mídia”, um trabalho liderado por um grupo de pesquisadores de Porto
Alegre, mas que conta com a colaboração de indivíduos e instituições por todo Brasil. Ainda
se encontra em fase de atualização e publicação na web.
Já em 23.10.2008, “Crise inspira luta-livre entre mega publicitários”, teve 74
comentários, sendo que 01 foi respondido. Esse post é sobre a atual e tão discutida pela mídia,
crise financeira. No conteúdo se fala dos mais incomodados com isso, os “mega”
publicitários. É mencionado o evento MaxiMídia intitulado "Indústria da Comunicação Oportunidades e Riscos", do último dia 09.10.2008, que acabou virando um duelo verbal
entre os publicitários Nizan Guanaes x Fábio Fernandes.
O dia 24.10.2008, o que registrou mais posts. Em que um foi uma auto-entrevista
coletiva sobre "Tas na Zona", que teve 26 comentários. O texto se trata de uma reparação com
alguns estudantes que procuraram Tas nos últimos meses, para entrevistas, sobre trabalhos de
escola e TCCs. Como forma de pagara dívida, esse post têm as respostas das perguntas
enviadas pelos internautas, em que Tas não havia respondido, por isso ele se desculpa e
publica perguntas e respostas sobre o tema das eleições municipais e da série "Tas na Zona
Eleitoral", produzida e publicada no site do UOL.
O texto, publicado dois dias antes das eleições, “O mau-humor, não Kassab, venceu
Marta”, teve 60 comentários, 01 respondido. Na foto, uma imagem, caricata, de Kassab que
parece estar de saco cheio de Marta, que está ao lado, cheia de rugas, descabelada e de braços
cruzados com cara de raiva.
No post é mencionado a gula pelo poder, a ansiedade em que leva candidatos a gastar
muito tempo e dinheiro com discursos e marqueteiros, perdendo, assim, o essencial. Além de
86
falar do mau-humor que corroeu a candidatura de Marta Suplicy, que no texto, é referida
como uma senhora que se tornou tão chata e intragável, que mesmo num simples bom-dia,
tirou o ânimo até da própria eleição.
Sob o título “Precisa-se: produtor-editor” que teve 17 comentários e 01 respondido. É
feito um serviço de utilidade pública, no post é publicado que estão precisando de produtor e
editor para um novo projeto que se iniciará no UOL, e menciona as exigências básicas do
currículo para o cargo, e o email para os interessados enviarem do currículo.
“Braincast: Os prefeitinhos do twitter” que teve 22 comentários, é um vídeo do
Braincast 3, em que, Carlos Merigo e Cristiano Dias entrevistam Tas, que explica sobre novas
mídias, e, principalmente, o twitter.
Na véspera das eleições, 25.10.2008, o texto “Zona Eleitoral: último round”, teve 25
comentários, é um agradecimento a todos os internautas que passaram pelo blog, com o
intuito de discutir como votar melhor e até mesmo por que votar. É falado, também, da série
publicada pela UOL, com o tema: Tas na Zona Eleitoral, em que, de um jeito humorístico ele
tentava ensinar a todos sobre eleição, candidatos, e assim melhorar a contribuição de cada um
á sua cidade.
No dia seguinte, 26.10.2008, após a perda das eleições para prefeitura da Cidade do
Rio de Janeiro, o post irônico “Gabeira ganha quando perde” com 29 comentários,
é publicado a mais famosa foto do ex-candidato Fernando Gabeira de sunga roxa, nos anos
60. Na legenda da foto está: Gabeira com sua famosa sunga roxa, quando "ganhou" na volta
do exílio no exterior após ter "perdido" para a ditadura.
No texto há um link para a leitura do mesmo, no blog do Noblat. No conteúdo é feito
uma comparação com a ditadura que perdeu, porém ganhou por ter sobrevivido. Com a perda
87
da prefeitura, apesar do índice tão alto de eleitores favoráveis a ele, o que significa que ao
eleger-se novamente poderá até se tornar governador.
No mesmo dia, a também perdedora é lembrada no post, publicado às 18:51 (quando
já se tinha uma idéia de que Marta havia perdido as eleições) “Marta e seu inimigo
implacável: o espelho” com 50 comentários e 01 respondido. Se refere a ex-candidata à
prefeitura de São Paulo como uma pessoa que sempre tenta manter a pose, a todo custo, com
o nariz empinado, apesar da derrota.
O texto, menciona, “a dura verdade do espelho para ela, pois este acompanha por onde
vai. Inclusive, até na hora de fingir com vestido florido, sorriso emborrachado e sinal de
positivo que vai tudo bem”. (TAS, 2008).
Na segunda-feira, 27.10.2008, “CQC 33”, teve 215 comentários. O título faz
referência ao número de programas, e no conteúdo, um breve resumo do que vai ao ar neste
dia.
“Braincast, última parte: o "segredo" do número 1”, com 24 comentários e 01
respondido. É publicado mais um vídeo de entrevista no programa Braincast, de Carlos
Merigo.
Ainda no dia seguinte as eleições o post ironicamente referindo-se a vitória do então
candidato à prefeitura do Rio de Janeiro “A derrota de Paes, com 56 comentários, é uma
reprodução, assim como no blog de Noblat, da indignação e do desabafo de Cora Ronai,
blogueira e colunista do jornal O Globo. No qual ela se mostra totalmente descontente com o
resultado.
No último dia de análise, 28.10.2008, mais uma vez, a crise é lembrada com o título
“A crise é muito bem-vinda!”, com 31 comentários, é mencionado que há muita gente louca
para injetar um pânico geral com a crise. E dito que, pra quem já sobreviveu a: ditadura,
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Sarney, Itamar, Collor, FHC, Lula... Tem condições de encarar mais uma crisezinha sem
medo.
Ainda fala que do cidadão, que paga mais de 40% de impostos e ainda por cima é
obrigado a pagar por educação e plano de saúde privados. Então, por isso, é capaz de colocar
essa crise no chinelo. Isso porque, na verdade nós cidadãos brasileiros já estamos em crise há
tanto tempo, é não é agora que vamos nos espantar com mais uma.
7.4 Blog do Milton eves
Durante o período analisado, o blog que é hospedado no portal do IG, teve 16 posts,
com um total de 2.752 comentários recebidos, dos quais 41 foram respondidos pelo autor. O
post do dia 25.10.2008, de título “Ôôôôôô, o timão voltou!!!”. E o verdão vergonhoso.
(referindo-se a vitória do Corinthians e a derrota do Palmeiras) foi o pico, tendo 356
comentários. Para publicar no diário é exigido, nome e email, sendo que, o email não é
divulgado e opcional só o website. Os textos são arquivados mensalmente.
Os posts são todos sobre esporte e obedecendo mais o gênero informativo. Até lembra
um jornal online. Embora, em alguns textos a primeira linha seja de opinião, com frases do
tipo: até que enfim, o roliço jogador, que beleza, ainda atolado no buraco e que saudades.
Ainda assim o conteúdo das publicações estão mais para informação, porém sem
fontes. Esta linguagem parecida com jornal, talvez seja porque o blog dá notícias. Se tiradas
de outros veículos ou não, impossível saber, já que, não há menção.
Os posts estão divididos, uns são curtos, outros médios e há aqueles que, de tão
longos, cansa-se ao ler. A maioria é fácil de entender. Talvez, devido ao cunho jornalístico
que o autor utiliza ao escrever. Além do que, todas as publicações têm fotos.
89
7.4.1 Descrição das publicações diárias
No dia 22.10.2008, “Verdão prejudicado, Inter copeiro e Vasco esperançoso”, com
254 comentários e 05 respondidos, o texto fala da vergonha do Palmeiras, sendo prejudicado
em casa contra o “Atlético-PR” da Argentina. Pois, ainda no primeiro tempo o gol de falta do
Léo Lima foi cancelado.
O texto também fala do Internacional que aprendeu a virar copeiro, pois, foi o único
time brasileiro a salvar a pátria contra os argentinos. E, do Vasco que finalmente reagiu e, em
noite do “animal”, referindo-se a Edmundo, conquistou importante vitória de 4 a 2 contra o
Goiás, no Serra Dourada.
Já a do mesmo dia “Monte a seleção dos piores jogadores de seu time nos últimos 15
anos”, com 168 comentários e sendo 13 respondidos, é uma enquete para saber quais são os
piores jogadores da história, nos últimos 15 anos, entre os eles: os ex-são-paulinos Ameli,
Dill, Dênis, Rondom, Wilson e Paulão, ou os ex-palmeirenses Gioino, Edmílson, Arílson,
Florentin, Júnior Tuchê e Rosembrink, e ainda, os ex-santistas Henao, Tapia, Claudiomiro,
Saulo, Frontini.
Nesse post Neves (2008) faz a pergunta “Quem não se lembra dos ex-corintianos
Alcindo, Alex Rossi e Mark Willians, Iran e Aílton?”, 2008).
O leitor Daniel Inácio (2008), comenta montando um time, na opinião dele, dos piores
jogadores: “Pior time do grêmio da história, goleiro - Eduardo Martini, laterais - Escalona e
Ayupe, zagueiros - Fábio Bilica e Baloy, volantes - Astrada e Marcos Vinícios, meias - Bruno
e Ricoe atacante- Adriano Chuva e Adão”. Na resposta Neves (2008) diz, “Fábio Bilica, bem
lembrado, viu?”.
No dia seguinte, 23.11.2008, “Grêmio e SP “Jason” vencem; Fla massacra”, teve 260
comentários e 03 respondidos. Nesse post é dito o quanto Grêmio e São Paulo suaram para
90
ganhar, enquanto o Flamengo, no Maracanã, passeou contra o Coritiba. O termo “Jason” é
como o técnico do São Paulo é chamado, por “matar” os outros times.
No mesmo dia, o texto “Quem joga mais do que Alex no Brasil?”, com 122
comentários, refere-se a uma pergunta da capa do site oficial do Internacional, com fotos dos
candidatos ao título, além de Alex Mineiro, Diego Souza, Marcão, Dagoberto, Hernanes,
Rogério Ceni, Keirrison, Dentinho, Douglas, Juan, Guilherme, Wagner e Victor.
E o texto “Corinthians x Palmeiras é o maior clássico do Brasil? E o Gre-Nal, o FlaFlu e o Ba-Vi?”, com 184 comentários, é publicado, uma lista com os dez clássicos de maior
rivalidade no mundo do futebol, retirada do site da rede americana de TV C
. No Brasil,
como principais rivais estão Corinthians x Palmeiras.
Já em 24.10.2008, “Vampeta é palmeirense!!!”, com 127 comentários, fala da
declaração dada pelo jogador Vampeta, que com a língua afiada, disse que torcerá para o
Palmeiras ser o campeão brasileiro. Isso porque ele tem gratidão pelo atual técnico
palmeirense, Vanderley Luxemburgo
Outro post do mesmo dia teve o título “Promoção: Os Palpites Infalíveis do Milton
Pitonisa Neves”, e 222 comentários, que fala de palpites do placar dos próximos jogos. Por
exemplo, ele acertou, o palpite do Corinthians x Ceará, e também de Santos x Figueirense.
E, ainda, “Com mais 15 pontos, São Paulo será hexacampeão!!!”, com 218
comentários, sendo 03 respondidos. No texto se chega a conclusão de que com mais 15
pontos, o São Paulo “Jason Sexta-Feira 13” será hexacampeão brasileiro. Ou seja, precisa
vencer três em casa e duas fora, podendo perder dois jogos. Outra possibilidade, mencionada
no blog, é a do Tricolor triunfar três vezes no Morumbi, e faturar uma vitória e três empates
como visitante.
91
Em 25.10.2008, “Peixe recuperado, Raposa refugante, Galo empatador e Lusa no
sufoco”, teve 200 comentários e 04 foram respondidas. O texto que inicia com: Que beleza! O
Santos “incaível”, fala da recuperação do time que nas mãos de Márcio Fernandes seguirá na
Primeirona, em 2009. E, também, fala que, São Paulo é o único que pode tirar o título do
Grêmio.
No mesmo dia, o post exaltando a vitória do Corinthians e lamentando o fracasso do
Palmeiras, sob o título, “Ôôôôôôô, o Timão voltooooooooou!!!. E Verdão vergonhoso”, teve
368 comentários e 02 foram respondidos. O outro texto começa “Que saudades Corinthians!!!
Você fez uma falta danada na Primeira Divisão!!! Oxalá voltou rápido!!!”, fala do resultado
obtido pelo Corinthians no sábado, quando conseguiu retornar ao primeiro escalão do futebol,
a série A. Em compensação o Palmeiras que está nessa série, vem perdendo um jogo atrás do
outro.
“Grêmio dispara nas chances de ser campeão. Você concorda?”, único post do dia
26.10.2008, teve 285 comentários e 04 foram respondidos. Mencionando o matemático
Tristão Garcia, quando fala que o Grêmio voltou a disparar nas chances de título, após o
término da 31ª rodada, com sete ainda restantes. E é o atual líder tem 43% das possibilidades
de ser campeão brasileiro.
O post “Muricy vai ser tetra?”, também foi único no dia 27.10.2008, com 180
comentários, sendo 07 foram respondidos. O texto lembra que apesar de Luxemburgo ser tido
como especialista em pontos corridos, Muricy Ramalho, atual técnico do São Paulo, ou o
“Jason Sexta-Feira 13 do futebol”, é quem está provando ser mestre na tal fórmula. Aliás, se
for campeão em 2008, Muricy, que é malinha, honesto e bom treinador será tetra.
No último dia, 28.10.2008, o post “Maradona é o novo técnico da seleção argentina”,
com 72 comentários, começa com, surpresa na Argentina. O desenrolar é segundo
92
informações do site do jornal de Buenos Aires Clarin, e trata da confirmação do ex-craque
Diego Maradona, como novo treinador da seleção nacional, para substituir a Alfio Basile.
Esta não será a primeira experiência de Maradona no banco de reservas. Pois, ele já dirigiu o
Racing Club, um dos mais populares clubes do país.
O texto “Adriano barrado na Inter”, do mesmo dia, teve 49 comentários, e fala a
punição sofrida pelo o atraso do atacante Adriano ao treino do Inter, motivo teria sido uma
balada com Ronaldinho Gaúcho, do Milan. Adriano foi suspenso do jogo e mandado ir pra
casa, sem treinar. Já Gaúcho, não sofreu nenhuma represália. É levantada uma questão, se foi
correto isso, já que ambos cometeram infrações, e só um pagou.
E “Fenômeno detona circo de Weggis…. dois anos depois”, com 43 comentários, fala
de um desabafo do jogador, Ronaldo Fenômeno, ao programa ‘Bem Amigos’, do Sportv,
sobre a fase de preparação da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo de 2006 realizada na
cidade suíça de Weggis, da qual ele se refere como tendo sido “Um circo”.
No post Ronaldo é chamado como o roliço jogador, que está se recuperando de uma
contusão no joelho. No final, uma pergunta do autor do blog, se não acham que Fenômeno
deveria ter aberto a boca em 2006 e não agora.
7.5 Blog do oblat
Durante o período analisado, o blog que é hospedado no site de O Globo, teve 266
posts, com um total de 7.692 comentários recebidos, nenhum respondido. No dia 26.10.2008,
foram publicados 72 textos, quase o dobro da média, que é de, 35 a 45 por dia. Isso porque se
tratando de conteúdo político, foi o domingo do segundo turno.
O pico do post com mais comentários ficou para o dia 28.10.2008, com a “frase do
dia”, sendo, 232 comentários. Boa parte das publicações não tem fotos. Para comentar no
93
diário é necessário fazer um cadastro no portal, e é exigido, nome, podendo ser divulgado só o
apelido e o email a divulgação é opcional. O arquivamento é feito mensamente.
Os posts são de conteúdo político. Com intercalações no decorrer do dia, de: frases,
vídeos, charges, clips de música, obra prima, dicas de blogs, fotos do dia, entre outros. Outras
pessoas também enviam textos, para o blog, que são publicados. Como no caso do dia,
22.10.2008, Karenina Moss enviou o Poema da Noite, Nem um profundo mar – Lupe Cotrim
Garaude.
Não sou uma vitória ou uma derrota, mas me conquisto sempre cada dia,
procurando essa forma mais remota do que em mim nos instantes se perdia.
Nem um profundo mar, nem superfície, nem vento ou pedra: leve, na
existência, balanço entre as montanhas e a planície com asas no sentir, preso
à consciência (...). (MOSS apud Noblat, 2008).
Na maioria das publicações, predomina o gênero informativo. Mesmo porque, são
retiradas de vários jornais de todo o Brasil, e do exterior. Mas tudo, devidamente creditado.
Os poucos textos opinativos, são de artigos publicados por outros jornalistas. E menos ainda
assinados por Noblat. Portanto, quanto a linguagem mais se parece com a de um jornal
convencional.
Quase todos os textos são curtos, sendo raros os que não são. Atraindo assim, um
maior número de leitores. É comum, também, ver poucos comentários em cada post, isso
porque as publicações são seqüenciais e as publicações rápidas e impede que o mesmo texto
fique parado na tela. Ou seja, quando um post tem vários comentários é porque ele realmente
agradou aos leitores.
7.5.1 Descrição das publicações diárias
Dos 266 posts e 7.692 comentários, durante esse período, foram mencionadas na
descrição, apenas, 22 textos e 3.740 comentários. Isso porque foram escolhidas para análise as
de maior e menor número de comentários. E, aleatoriamente, algumas publicações
94
diferenciadas.
No primeiro dia de análise, 22.10.2008, apesar do blog ser de seguimento político, a
imagem, escolhida como “A foto do dia” foi do caso Eloá, sob o título “Nayara depõe e
desmente a polícia”, com 64 comentários. Em um texto curto é resumido o depoimento da
adolescente em que afirma ao delegado Sergio Luditza, que Lindemberg Alves, não atirou
momentos antes da invasão dos policiais.
Em outro texto do mesmo dia o título “Não houve tiro antes da invasão, diz Nayara”,
retirado do jornal O Estado de S. Paulo, teve 95 comentários. E uma menção particular de
Noblat, em que ele diz: comentário meu, a Polícia Militar de S. Paulo disse que só invadiu o
apartamento depois que tiros foram disparados lá dentro. Nayara desmente.
O post “Rio de Janeiro - Paes, o novo subversivo”, com 165 comentários, traz um
relato do que se passava na campanha de Paes. Pois, dia sim, dia não, a Justiça Eleitoral do
Rio de Janeiro apreendia em comitês do candidato do PMDB, material apócrifo produzido
contra o candidato Fernando Gabeira (PV).
O texto “Indústria da construção pede IPI zero, por Agnaldo Brito”, retirado do jornal
Folha de S. Paulo, teve 02 comentários, e fala do pedido entregado pela Associação Brasileira
da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) a cinco ministros do governo Lula. A
solicitação se trata de um pedido de redução imediata do IPI para todos os tipos de material de
construção.
No dia seguinte, 23.10.2008, “De olho na TV - A falta de sorte de Marta”, com 165
comentários, é um Artigo de Cila Schulman, jornalista e coordenadora de comunicação e
estratégia de campanhas eleitorais, no post ela diz, “O governador José Serra (PSDB)
apareceu nesta penúltima noite de campanha na televisão no programa de Gilberto Kassab
95
(DEM). No primeiro turno, o PSDB tinha oficialmente outro candidato, Geraldo Alckmin’.
(SCHUMAN apud NOBLAT, 2008).
No mesmo dia é postado “Pacote da era Lula chega a R$ 207 bilhões”, por Eliane
Oliveira, do jornal O Globo, teve 14 comentários e fala do agravamento da crise financeira
internacional, e que o governo vem anunciando a conta-gotas um esboço inédito que já
somam vinte e duas medidas e formam um dos maiores pacotes econômicos.
E ainda a “Obra-prima do dia: Pintura - Regatta at Cowes”, de Raoul Dufy, teve 02
comentários, é uma colaboração de Catharina Mafra. A obra se trata de um quadro "Regatta at
Cowes" de 1934, um conjunto de barcos à vela disputa uma regata. Raoul Dufy nasceu em Le
Havre, França, em 1877 e morreu em Forcalquier em 1953.
No dia 24.10.2008, o post escrito logo após o debate da Rede Globo “SP - Marta perde
o fôlego”, teve 17 comentários. No texto é dito que Marta Suplicy (PT) não consegue mais
nem respirar, de tanto que faz cobranças ao candidato à reeleição, Gilberto Kassab (DEM).
Pois, ela não conseguiu parar de falar no debate da TV Globo.
“Suspeita de fraude preocupa campanha de Gabeira”, publicado no mesmo dia, teve
151 comentários, é dito que um integrante da campanha de Eduardo Paes, no bairro da Penha,
havia confidenciado, a dois amigos, que estava sendo oferecido dinheiro a mesários para que
facilitassem a fraude na votação do próximo domingo. Não deu em nada, a pessoa foi
encontrada, mas não quis formalizara denúncia na delegacia.
No dia seguinte, 25.10.2008, o texto “Geddel diz que tensão entre PT e PMDB na BA
é natural", retirado do jornal Folha de S. Paulo, com 01 comentário, é a entrevista do Ministro
Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) à Folha. Ele diz, entre outras coisas, que não
pretende romper a aliança com o Partido dos Trabalhadores (PT).
96
“Rio - Quem brilhou por último foi Gabeira”, teve 146 comentários, aponta algumas
das falhas do último debate no Rio de Janeiro, entre Eduardo Paes e Fernando Gabeira. Noblat
classificou o debate como morno, sem nenhum incidente, por medo de arriscarem, já que
ambos estavam empatados nas pesquisas.
A última fala dos candidatos é sempre a mais importante. Gabeira teve a
sorte de falar depois de Paes. E aí descontou eventuais pontinhos que possa
ter perdido para ele ao longo do debate. A fala de Paes foi convencional, sem
brilho, sem imaginação. A de Gabeira foi uma aula de habilidade, de
celebração à inteligência e de ecumenismo político, digamos assim. Foi a
única vez que a emoção encontrou espaço durante o debate. (NOBLAT,
2008).
E, ainda, no mesmo dia, sob o título, “Traidores Anônimos”, com 27 comentários, é o
trecho de um artigo que quinzenal o senador Cristovam Buarque (PDT), escreve. No post ele
faz uma relação do Brasil de anos atrás como de agora, no que diz respeito a pesquisas
espaciais, estagnando o país em pesquisas cientificas e tecnológicas.
Já no dia das eleições, 26.10.2008, foi o dia que teve mais posts no geral, foram 72 e
1.208 comentários. Desses textos foram analisados: “Rio - Vantagem de Paes foi menor do
que um Maracanã”, com 27 comentários, é feito uma referência ao total de lugares no estádio
do Maracanã (92 mil pessoas), com os resultados da eleição na cidade do Rio de Janeiro,
principalmente, sobre a diferença de 55.225 votos - 1,66% do total, que fez Gabeira perder.
O texto, do mesmo dia, que também foi mencionado no blog do Tas, “Gabeira só
ganha quando perde”, com 94 comentários, fala da trajetória política de Gabeira, que é
marcada por um extraordinário paradoxo: ele ganha quando perde. Gabeira sai desta eleição
como o maior eleitor individual do Rio. Poderá ser candidato ao Senado em 2010. Poderá até
mesmo disputar o governo.
97
O post do resultado das eleições na cidade do Rio de Janeiro, sob o título “Rio Eduardo Paes, o novo prefeito”, com 132 comentários. O texto atribui a perda de Fernando
Gabeira (PV), aos mais de 900 mil eleitores que deixaram de votar. Noblat (2008), publica:
Aumentou a abstenção. No primeiro turno, cerca de 350 mil cariocas
deixaram de votar. Estima-se que agora o número de ausentes deverá oscilar
em torno de 900 mil. Muita gente viajou aproveitando o feriado do Dia do
Funcionário Público marcado para amanhã pelo governador Sérgio Cabral.
No dia seguinte, 27.10.2008, o texto “O João é o mesmo. Marta é que não é Lula”,
com 182 comentários, fala sobre a responsabilidade que marqueteiro de Marta Suplicy, João
Santana Filho, que por sinal é o mesmo do presidente Lula, teve assumindo sozinho a culpa
pelo comercial que falava da vida pessoa de Kassab. Já que, até um néscio sabe que um
marqueteiro não manda sozinho na campanha. Muito menos em uma campanha do PT,
partido onde prevalece a cultura de tudo discutir à exaustão.
A matéria extraída da Folha de S. Paulo, no mesmo dia, “Refém das Farc é libertado
por desertor”, com 01 comentário, fala do ex-deputado Óscar Tulio Lizcano, refém das Farc
(Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) por oito anos, foi encontrado ontem
(26.10.2008) por militares, após fugir com o líder do grupo do comando guerrilheiro, que o
mantinha refém, e vagar pela selva por três dias.
E, ainda, "Amanhã, posso voltar a usar bermuda e chinelo", de Ruth de Aquino, tirado
do site da revista Época, com 43 comentários, fala do avanço que Gabeira teve saindo de 5%
para 50% do eleitor carioca. Fala, ainda, agora ele pode sonhar em 2010 se tornar senador ou
governador. Pois perdeu a essa batalha, para depois ganhar a guerra.
Em 28.10.2008, “A dimensão política da crise” - trecho do artigo de Rui Falcão,
Deputado Estadual pelo Partido dos Trabalhadores, com 24 comentários, fala sobre a crise
econômica do país e menciona comentários Rubens Ricupero, ex-ministro da Fazenda e exsecretário geral da Unctad, publicado pela Folha de S. Paulo, em 24.10.2008. Falcão fala dá
98
impressão que o problema parece se limitar apenas aspectos técnicos, e sem vinculação de
valores éticos e independentes das relações de poder.
O texto também publicado no blog do Tas, “A derrota de Paes” - é um artigo retirado
do blog da jornalista Cora Rónai, do jornal O Globo, e teve 189 comentários. No post ela
mostra indignação com a vitória de Paes:
Abrindo mão das próprias convicções (se é que um dia as teve), aliando-se
ao que há de mais podre no estado, gastando rios de dinheiro, jogando sujo,
usando descaradamente a máquina estadual, federal e universal,
beneficiando-se até de um feriado mal intencionado, enfim, com tudo isso,
Eduardo Paes só conseguiu ganhar de Gabeira por 50 mil míseros votos.
(...) Se Gabeira tivesse sido eleito prefeito, o Rio, que hoje não significa
nada em termos políticos, voltaria a ter relevância, até pelo inusitado da
coisa. Um prefeito eleito na base do voluntariado, do entusiasmo dos
eleitores e da vontade coletiva de virar a mesa seria alguém em quem o país
seria obrigado a prestar atenção. Agora, lá vamos nós para quatro anos de
subserviente nulidade, quatro anos em que o recado das urnas será
interpretado, pela corja que domina esta infeliz cidade, como um retumbante
"Liberou geral!" Nojo, nojo, nojo. (RONAI apud NOBLAT, 2008).
O post “Serra nega que vitória de Kassab seja derrota de Lula” - De Renata Giraldi da
Folha Online, teve 199 comentários, fala sobre o governador José Serra (PSDB) que negou
nesta terça-feira (28.10.2008) que a vitória do prefeito Gilberto Kassab (DEM), tenha
representado a derrota do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para ele a derrotada foi Marta
Suplicy (PT).
“Bancos: resultados no azul”, retirado do jornal O Globo, teve 02 comentários, e é
sobre a antecipação que o banco Unibanco fez ao divulgar seus resultados na última sextafeira 24.10.2008. E assim, sucessivamente os demais bancos também foram levando a público
seus lucros no terceiro trimestre do ano. Mostrando também o impacto da atual economia do
país, que levou, o balanço de determinados bancos a aumentar as despesas operacionais.
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COCLUSÃO
A presente pesquisa, conclui que, se por um lado a facilidade de interação e o baixo
custo da manutenção de blogs é uma das principais hipóteses para o avanço dos diários
jornalísticos, por outro, fica evidente em, dados momentos, que a liberdade de expressão que
tanto o atraí, não é tão livre assim. Pois, a partir do momento em que o profissional hospeda
seu diário online em portais de grandes instituições de comunicação ele já está abrindo mão
de parte da independência que poderia ter, caso seu blog estivesse em um servidor particular.
Com base no estudo realizado, os blogs jornalísticos têm uma falsa independência. Já
que, a verdadeira liberdade está em poder se expressar livremente. E sabe-se que isso é
impossível à quem está ligado, direta ou indiretamente, a uma empresa de comunicação.
Independente de ser um blog ou não. Pois, as instituições têm Manuais de Redação e Estilo,
com normas e conceitos a serem seguidos por seus subordinados, e também um lado político a
defender.
Ou seja, ainda que não tenha um superior para podar esse ou aquele texto, o autor
deixa de ser sozinho o gatekeeper da sua publicação. Até por que, ainda que sutilmente, segue
determinadas normas de escolha do que pode ou não ir ao ar. Quando não, há um editor, que
faz a função do gatekeeper. Nesse caso, o blogueiro atua, então, diretamente como um
gatewatching, porque, de acordo com Bruns (2003) apud Primo & Tränsel (2006), significa a
observação desde a origem da informação e do veículo noticioso até as fontes, para saber
identificar o que vale a pena ser postado. Antes de passar pelo crivo institucional
Essa é a “tal” liberdade mascarada. Isso acontece por causa da rentabilidade financeira
dada ao profissional. E, uma vez, sendo jornalistas conceituados na mídia, há procura das
100
grandes empresas acaba gerando uma concorrência entre elas, já que, ter o diário online de
uma pessoa renomada, significa lucro.
Portanto a liberdade atrai sim, e muito. Mas para mantê-la é preciso ser independente
das demais organizações de comunicação. O que acontece hoje, é que para se sustentar o
profissional acaba, de certa forma, vendendo o seu diário, e isso significa, claramente,
consignar sua “tão sonhada” liberdade.
Embora, há aqueles, jornalistas blogueiros, que não abrem mão de jeito nenhum da
liberdade de poder dizer o que quiser sem seguir nada e nem ninguém. E quando isso
acontece, em algumas situações a censura volta a atacar, principalmente quando o assunto é
política. Quem barra dessa vez, não são um editor ou normas institucionais e sim o Poder
Judiciário, que através de leis e liminares, muitas vezes, tiram o blog do ar. E o profissional
responde a processos.
A censura sempre vai existir, de uma forma ou de outra. O que é preciso saber é até
que ponto se deseja a liberdade, pois esta pode custar caro, àqueles que a driblam. Se engana,
tanto quanto, quando se fala de isenção. Pois, a pesquisa mostrou que ninguém é totalmente
isento e nem totalmente livre. Quando se trata de jornalismo, a neutralidade é uma fábula e a
liberdade de expressão continua sendo um sonho.
101
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SANTOS, Ivan. Os filhos da pauta. Última hora. Correio de Uberlândia. Online. 26.09.2008.
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http://www.correiodeuberlandia.com.br/?tp=coluna&post=13013&uid=36, (11 de outubro de
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e) Artigo de revista
RIBEIRO, Igor; TEIXEIRA, Fabrício. Blogueiro não é jornalista – Igual, mas diferente.
Revista Imprensa. São Paulo: Ed. 238. Capa. p.22-30, Set/2008.
f) Artigo de revista em meio eletrônico
AMORIM, Ricardo; VIEIRA, Eduardo. Blogs – Os campeões de audiência. Revista Época.
Online. 07.08.2006. Ed. 428. Internet. Disponível:
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COMASSETTO, Liamara Scortegagna. Interatividade na Web, Revista Linha Virtual. Online.
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GONÇALVES, Marcio; TERRA, Carolina. Blogs corporativos: nova ferramenta de
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BARBOSA, Suzana de Oliveira, Identificando Remediações e Rupturas no Uso de Bancos
de Dados no Jornalismo Digital. Tese de Doutorado. Faculdade de Comunicação da
Universidade Federal da Bahia, Bahia, 2004. Disponível:
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109
CORREIA, Frederico, Jornalismo do Cidadão – quem és tu?. Tese de Mestrado em Ciências
da Comunicação. Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTDA), Portugal, 2008.
Disponível: http://mestradoemjornalismo.wordpress.com/2008/05/28/jornalismo-do-cidadaoquem-es-tu/, (08 de outubro de 2008).
h) Documento Jurídico em meio eletrônico
BRASIL. Comissão da Carteira Profissional de Jornalista. Estatuto do Jornalista. Lei 1/99 de
13 de janeiro de 1999. In: Assembléia da República decreta nos termos da alínea c, do artigo
161.º da Constituição. Brasília, 1999. Disponível:
http://www.ccpj.pt/legisdata/LgLei1de99de13deJaneiro.htm, (15 de setembro de 2008).
DECLARAÇÃO Universal dos Direitos Humanos. Assembléia Geral das ações Unidas.
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http://br.geocities.com/perseuscm/direitoshumanos.html, (12 de outubro de 2008).

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