O Observatório Regional do Meio Ambiente HIBAM: controles

Transcrição

O Observatório Regional do Meio Ambiente HIBAM: controles
Comunicação Oral
II Encontro Nacional de Química Ambiental
O Observatório Regional do Meio Ambiente HIBAM: controles
geodinámico, hidrológico e bio-geoquímico da alteração e do
transporte de material na bacia amazônica.
1
2
3
Francis Sondag (PQ) * ([email protected]), Geraldo R. Boaventura (PQ), Gérard Cochonneau (PQ),
4
1
4
Frédérique Seyler (PQ), Laurence Maurice-Bourgoin (PQ), Patrick Seyler (PQ), Patricia Moreira5
4
Turcq (PQ) , Jean-Loup Guyot (PQ)
1 Institut de Recherche pour le Développement – IRD - Laboratório de Geoquímica, IG-UnB, 70910-900 Brasília, DF
2 Laboratório de Geoquímica, IG-UnB, 70910-900 Brasília, DF
3 Institut de Recherche pour le Développement – IRD – ANA - Setor Policial - Área 5 - Quadra 3 - Bloco B 70610-200 -
Brasília - DF
4 Institut de Recherche pour le Développement – IRD – LMTG, 38 rue des 36 Ponts, 31400 Toulouse, França
5 Institut de Recherche pour le Développement – IRD – 32, avenue Henri Varagnat, 93140 Bondy, França
Palavras Chave:monitoramento regional, bacia amazônica, geoquímica ambiental
Introdução
O observatório "HIBAM" foi criado em Janeiro de
2003 pelo IRD em continuação dos projetos PEGI,
PROSE e PNSE desenvolvidos no Brasil e na
Bolívia desde os anos 1992 – 1995. Este
observatório tem apoio do Ministério da Pesquisa
francês e da parceria da UnB e da ANA no Brasil. O
objetivo do observatório é a aquisição de dados
confiáveis e regulares, com espaços de tempos
adaptados às variações sazonais, sobre os fluxos
hídricos, sedimentares e geoquímicos, desde os
piemontes andinos até ao oceano Atlântico, bem
como sobre a geodinâmica atual desta região. Doze
estações distribuídas dentro da Bacia Amazônica
fazem parte do observatório. Seis estações
encontram-se no Brasil, duas no Peru, uma no
Equador, uma na Bolívia e duas na Guiana
Francesa (Tabela I e figura 1).
Tabela I : Lista das estações do Observatório
HIBAM e organizações responsaveis
Rio
1. Amazonas em Óbidos
2. Negro em Serrinha
3. Solimões
em Manacapuru
4. Solimões em Tabatinga
5. Madeira em Vista Alegre
6. Madeira em Porto Velho
7. Napo em Coca
8. Marañón
em Sta Maria de Nieva
9. Ucayali em Pucallpa
10. Beni em Rurrenabaque
País
Organização
Brasil
Brasil
Brasil
ANA
ANA
ANA
Brasil
Brasil
Brasil
Equador
Peru
ANA
ANA
ANA
INAMHI
SENAMHI
Peru
Bolívia
SENAMHI
SENAMHI
11. Maroni em Langa Tabiki Guiana Franc. OBHI IRD
12. Oyapock em Saut Maripa Guiana Franc. OBHI IRD
Universidade de Brasília - 17 a 19 de Março de 2003
Os dados recolhidos pelo observatório "HIBAM"
permitirão responder às seguintes perguntas:
• Qual é a contribuição da bacia ao Oceano
Atlântico, qual é a sua variabilidade sazonal e
anual?
• Qual é o impacto da variabilidade climática atual
na erosão/alteração e na transferência de
matéria na rede hidrográfica?
• Qual é o impacto das atividades humanas
(desflorestamento,
queimadas,
atividade
mineira) na erosão/alteração e na transferência
de elementos na bacia?
• Qual é o papel das zonas úmidas (processos
biogeoquímicos, papel da vegetação) sobre as
transferências de elementos?
• Quais são as velocidades de deslocamento
horizontal e vertical atuais da frente da
cordilheira andina e o seu impacto no balanço
hídrico (fixação pelos sedimentos nas zonas de
subsidência,
erosão
nas
zonas
de
levantamento) ?
Metodologia
Parâmetros monitorados
1) Hidrologia:
- Nivel d’água: nas 12 estações do observatório
"HIBAM", os níveis de água são medidos
diariamente, com uma precisão do cm, pelos
serviços hidrológicos nacionais.
- Vazão: a vazão média diária dos rios é calculada a
partir dos níveis d’água medidos, utilizando curvas
de calibração. Estas curvas são construídas a partir
de medidas regulares da vazão, em diferentes
épocas do ciclo hidrológico. Medidas precisas da
vazão por efeito Doppler (ADCP) são efetuadas
regularmente pela equipa "HIBAM" a fim de controlar
a qualidade (precisão, desvio no tempo) das curvas
de calibração.
2) Geoquímica
A cada estação do observatório, uma amostra
mensal é preparada para a determinação de:
Comunicação Oral
II Encontro Nacional de Química Ambiental
- Elementos maiores (Na, K, Ca, Mg, Cl,
NO3,SO4 e sílica)
- Elementos-traço ( Li, Al, Ti, V, Cr, Mn, Fe,
Co, Ni, Cu, Zn, As, Rb, Sr, Zr, Mo, Cd, Ba, Pb,
1, 2
U e Hg)
3
- Carbono orgânico dissolvido e particulado
O protocolo analítico utilizado é baseado no método
4
200.8 do EUA Environment Protection Agency e
inclui um processo de controle de qualidade
utilizando padrões internos e amostras de
referência.
87
86
13
12
Análises isótopicas trimestrais ( Sr/ Sr, C/ C,
210
2
18
Pb, H,
O) estão previstas em algumas
estações.
3) Fluxos sedimentares
- Material em suspensão: uma amostragem é
coleta de 10 em 10 dias para a medida das
concentrações do material em suspensão (MES).
Os dados recolhidos na estação de Óbidos mostram
que apesar da dimensão da bacia, os teores em
MES variam fortemente durante o ciclo hidrológico,
e não são ligados aos fluxos hídricos de maneira
simples.
4) Controle geodinâmico
As estações do piemonte andino são equipadas de
GPS diferenciais para o monitoramento das
deslocamento horizontal e vertical da frente da
cordilheira.
As técnicas espaciais são largamente usadas,
tanto para o monitoramento hidrológico das
estações por altimetria radar, como para a
determinação do material em suspensão nos rios a
partir de imagens óticas (Landsat, ...)
os mecanismos a longo prazo e efetuar os balanços
interanuais de matéria dos rios da maior bacia
hidrográfica continental.
Agradecimentos
O projeto ORE HIBAM é patrocinado na França
pelo Ministério da Pesquisa, o Institut National des
Sciences de l’Univers (INSU), o Centre National de
la Recherche Scientifique (CNRS) e o Institut de
Recherche pour le Développement (IRD). Os
parceiros na America do Sul são a ANA, o LAGEQ
(IG-UnB) e o COPPE (UFRJ) no Brasil, o SENAMHI
e o UMSA-IE na Bolívia, o INAMHI no Equador e o
SENAMHI no Peru.
___________________
1
Seyler, P.; Boaventura, G.; Sondag, F.; Pineli Alves, V. Hydrol.
Process., 2002
2
Maurice-Bourgoin, L.; Fraizy, P.; Alanoca, L.; Seyler, P., e
Guyot, J.L, In: 25th Int. Conference on Heavy Metals in the
Environment (J. Nriagu, Editor), Contribution #1282, University of
Michigan, School of Public Health, Ann Arbor, MI, 2000, (CDROM).
3
Moreira-Turcq, P.; Seyler, P.; Guyot, J.L. e Etcheber, H.. Hydrol.
Process., 2002
4
Creed, J.T., Brockhoff, C.A., e Martin, T.D. U.S. Env. Protect.
Ag. 1994, meth. 200.8 , revisão 5.4, 61 p.
5
Oliveira Campos, I.; Mercier, F.; Maheu, C.; Cochonneau, G.;
Kosuth , P.; Blitzkow, D. e Cazenave, A. C.R. Acad. Sci. Paris,
Série II, Sciences de la Terre. 2001, 333, 1-11
6
Callède , J.; Guyot, J.L.; L’hôte, Y.; Niel, H.; Ronchail, J.; de
Oliveira, E. e Guimarães, V. Hydrol. Sci. J., 2002
7
Baby , P.; Guyot, J.L. e Hérail, G. Hydrol. Process., 2002
Figura 1: A rede de estações de medida do
Observatório HIBAM
Conclusões
A bacia amazônica é a maior bacia fluvial do
6
2
mundo com uma superfície de 6.10 km , uma
3
6
vazão média de 209.000 m /s na foz , e é coberta
por parte da maior floresta tropical do planeta. Esta
bacia é limitada a oeste pela cordilheira dos Andes,
que representa apenas 10% da superfície, mas tem
um papel determinante sobre o clima (pluviometria)
e a hidrologia, e fornece volumes consideráveis de
sedimentos. A geodinâmica atual da cordilheira
induz movimentos verticais que influenciam a
dinâmica fluvial na planície amazônica (erosão /
7
sedimentação). A variabilidade hidrológica sazonal,
amplificada pela extensão da bacia e o desnivel
topográfico muito fraco, gera zonas úmidas conexas
aos rios (várzeas, igapós) cuja extensão é estimada
2
entre aproximadamente 120.000 e 300.000 km . Os
processos bio-geoquímicos, tanto ao nível das
zonas úmidas (importância do compartimento
biológico) como das zonas de mistura (rios com
características físico-químicas muito contrastadas),
interferem nas transferências de matérias na Bacia
Amazônica.
O monitoramento dos fluxos de elementos
químicos e de matérias durante um longo período de
tempo (previsão : 10 anos) permitirá intender melhor
Universidade de Brasília - 17 a 19 de Março de 2003
2

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