ClARiNS dA AdUFU

Transcrição

ClARiNS dA AdUFU
Uberlândia - Edição no 02 - Junho/2010
h
Clarins da Adufu
h
Editado pela Seção Sindical dos Docentes da U.F.U. - Universidade Federal de Uberlândia
EDITORIAL
O Consun da UFU aprovou, em 07/05/2010,
as resoluções que criaram os campi de
Monte Carmelo e Patos de Minas.
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ASSEMBLEIA GERAL - ADUFU-SS
A Assembleia Geral da ADUFU-SS escolheu
a delegada e os observadores da entidade ao
55º Conselho do ANDES-SN (Conad).
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ESTATUTO DA U.F.U.
ADUFU propõe prorrogação de prazo para
a discussão do Estatuto da UFU e também
deverá realizar um seminário para debater a
questão.
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R. Nélson de Oliveira, 711
34 3236 3477
Seminário
Aberto
da
ADUFU-SS discute carreira
docente e os desafios
para a construção da
carreira única.
A ADUFU-SS promoveu em 05 de
maio um seminário com o objetivo
de discutir a carreira docente e
os desafios para a construção da
carreira única. O evento contou
com a presença do professor Luiz
Henrique Schuch, na ocasião VicePresidente da Associação dos
Docentes da Universidade Federal
de Pelotas e atualmente 1º VicePresidente do ANDES-SN.
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EDITORIAL
O historiador Marcelo Santos Abreu, das Faculdades Integradas do Pontal.
Confissão de um jovem professor:
pode virar um lugar de ensino.
O Clarins da ADUFU apresenta um professor da nova safra.
Em vias de se doutorar, o historiador Marcelo Santos Abreu,
das Faculdades Integradas do Pontal, conta sobre a trajetória
que o trouxe ao primeiro campus extra-sede da UFU, da
militância estudantil, que ainda perdura no docente, ao defender
a mobilização dos professores para garantir a expansão com
qualidade e as dificuldades - e também desafios prazerosos enfrentados em uma unidade acadêmica com 1700 alunos em
que quase tudo ainda está por construir, para que as expansões
não resultem em meros locais de ensino de graduação.
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O Consun da UFU aprovou, em
07/05/2010, as resoluções que criaram
os campi de Monte Carmelo e Patos
de Minas. Ao contrário do que se
poderia esperar a partir da pressa e falta
de debate acadêmico que marcaram
encaminhamentos por parte da
Administração Superior, as discussões
no Consun – mesmo que aquém do
tempo adequado – minimizaram
os aspectos muito discutíveis e que
poderiam, se aprovados, facilitar a
precarização do trabalho docente e
técnico-administrativo, bem como
estabelecer condições para a ruptura
da indissociabilidade entre ensino,
pesquisa e extensão, comprometendo
o padrão de qualidade que buscamos
para a UFU.
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AG da ADUFU escolhe
representantes e aprova
TR para o 55º Conad do
ANDES-SN
A Assembleia Geral (AG) da
ADUFU-SS, realizada no dia 8 de
junho, entre os vários pontos de
pauta, escolheu a delegada e os
observadores da entidade ao 55º
Conselho do ANDES-SN (Conad),
que será realizado entre os dias 24
e 27 de junho, em Fortaleza(CE). A
professora Gislene Alves Amaral foi
eleita delegada da entidade e como
observadores foram escolhidos
os docentes: Maria Alice Vieira,
Jorgetânia da Silva Ferreira, Edilson
José Graciolli, Aparecida Monteiro
de França, Patrícia Vieira Trópia e
Luiz Carlos Avelino da Silva.
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EDITORIAL
O Consun da UFU aprovou, em 07/05/2010,
as resoluções que criaram os campi de Monte
Carmelo e Patos de Minas. Ao contrário do
que se poderia esperar a partir da pressa e
falta de debate acadêmico que marcaram
encaminhamentos por parte da Administração
Superior, as discussões no Consun – mesmo
que aquém do tempo adequado – minimizaram
os aspectos muito discutíveis e que poderiam,
se aprovados, facilitar a precarização do
trabalho docente e técnico-administrativo, bem
como estabelecer condições para a ruptura
da indissociabilidade entre ensino, pesquisa
e extensão, comprometendo o padrão de
qualidade que buscamos para a UFU.
Esse resultado decorreu, em larga medida, da
atuação da Adufu, que questionou tais aspectos
e propôs modificações na direção do projeto
de universidade que defendemos. Somos pela
expansão, mas sem que se comprometam
a qualidade, a democracia e o conteúdo do
sistema público de ensino superior.
Nossa atenção, agora, sobre esses novos campi,
está voltada para o processo de definição
dos cursos que lá serão criados. Vemos com
preocupação e de forma crítica a pressa que,
mais uma vez, atropela o debate institucional,
inclusive aspectos centrais que constam nas
resoluções do Consun que criaram tais campi.
Igualmente estamos empenhados na ampliação
do debate acerca da revisão do estatuto e
regimento geral da UFU (cf. texto a respeito
nesta edição).
Com relação ao momento por que passa o
sindicato nacional, ANDES, mais importante
do que o resultado eleitoral é o cenário que se
coloca para o movimento docente como um
todo. São tempos difíceis, em que nitidamente
se percebe uma perda de referência dos projetos
coletivos.
É preciso recuperar o gosto por se reunir,
superando as tendências de fragmentação,
como se a militância pudesse se dar a distância.
Ferramentas para um fluxo mais ágil das
informações são bem-vindas, mas não podem
substituir o debate presencial, essencial ao
processo dialógico.
No plano local, priorizaremos neste segundo
ano de mandato a chamada à participação dos
professores na vida do sindicato, por meio da
revitalização da Direção Colegiada, dos grupos
de trabalho (GTs) e nas assembleias gerais
(AGs).
Seminário Aberto da ADUFU-SS discute
carreira docente e os desafios para
a
construção
da
carreira
única
A ADUFU-SS promoveu em 05 de
maio um seminário com o objetivo de
discutir a carreira docente e os desafios
para a construção da carreira única.
O evento contou com a presença do
professor Luiz Henrique Schuch, na
ocasião Vice-Presidente da Associação
dos Docentes da Universidade Federal
de Pelotas e atualmente 1º VicePresidente do ANDES-SN.
O professor começou sua explanação
resgatando a questão histórica
da carreira docente, lembrando
as discrepâncias existentes nas
universidades fundacionais, passando
depois para o Plano Único de
Classificação e Retribuição de Cargos e
Empregos (PUCRCE). Schuch lembrou
que, apesar de algumas contradições, o
PUCRCE está assentado em premissas
que foram gravadas na Constituição e
projetam a instituição “Universidade
Federal brasileira” no sentido que
foi construída historicamente pela
melhor tradição humanista. “No RJU,
temos a prioridade para a Dedicação
Exclusiva com remuneração global e
isonômica para o cargo, progressão
por mérito e titulação associada ao
sistema de anuênios e paridade aos
aposentados”. Com o PUCRCE se
conseguiu uma carreira só de todas as
universidades federais autárquicas e
fundacionais. “Nós continuamos com
alguns fundamentos que estão lá na
constituição e no PUCRCE valendo,
mas que na prática estão longe de ser
uma realidade”, disse.
O professor lembrou que uma carreira
docente está intimamente ligada
ao projeto de universidade que se
quer construir. “A carreira precisa
ser de longo curso e para uma vida
inteira. Bem estruturada é indutora
de comportamentos, de interesses, de
concepção de universidade.
Dilemas
Entre os principais dilemas hoje
na categoria docente, o professor
enumerou as profundas modificações
nas condições de trabalho docente,
que produziram reflexos objetivos
e subjetivos, entre eles o excesso de
trabalho e o desprestígio social.
O professor também falou dos efeitos
Professor Schuch na exposição no seminário de carreira docente da ADUFU-SS
mais deletérios ao espaço
educativo com o reducionismo
àquilo que é pragmático
instrumental
como
os
protocolos de aplicação no
lugar do conteúdo mesmo do
conhecimento (descrever no
lugar de conhecer). “Esse novo
padrão de comportamento
implica em desagregação ética
das relações humanas no qual
o culto ao individualismo
predatório induz, entre outras
coisas, à aversão aos espaços
coletivos, à discriminação
e à elevação dos padrões
de
violência,
medo
e
adoecimento”, disse.
A luta
Os desafios para a construção
de uma carreia única são
grandes. Na avaliação do
professor, cabe ao movimento
docente atualizar a proposta de
Carreira Docente, preservando
que ela não deve ser tratada
como um fetiche. “Estamos
travando uma disputa de
projetos. É preciso assegurar
os direitos na transposição
para uma nova carreira e a
preservação do paradigma
expresso
no
PUCRCE”,
completou.
Para enfrentar o atual contexto
de retrocessos, é necessário
mobilização e a luta. “É preciso
mobilizar e lutar por uma
educação de qualidade para
todos; contra a sobrecarga
e precarização do trabalho
docente e por uma linha só
no contracheque”, finalizou o
professor.
O seminário que também
objetivava organizar o GT
Carreira escolheu o professor
Sidiney Ruocco Júnior como
coordenador do grupo de
trabalho. Os interessados em
participar do GT Carreira
poderão entrar em contato
com a secretaria da ADUFUSS.
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h CLARINS DA ADUFU
Professores em votação.
AG da ADUFU escolhe representantes e
aprova TR para o 55º Conad do ANDES-SN
Assembleia também aprova Moção de Repúdio à Coordenação do
Setor das IFES
A Assembleia Geral (AG) da
ADUFU-SS, realizada no dia
8 de junho, entre os vários
pontos de pauta, escolheu a
delegada e os observadores da
entidade ao 55º Conselho do
ANDES-SN (Conad), que será
realizado entre os dias 24 e 27
de junho, em Fortaleza(CE).
A professora Gislene Alves
Amaral foi eleita delegada da
entidade e como observadores
foram escolhidos os docentes:
Maria Alice Vieira, Jorgetânia
da Silva Ferreira, Edilson José
Graciolli, Aparecida Monteiro
de França, Patrícia Vieira
Trópia e Luiz Carlos Avelino
da Silva.
função da aproximação do
fim do semestre. Após várias
discussões, os professores
aprovaram uma Moção de
Repúdio à Coordenação do
Setor das IFES do ANDES-SN
(veja Box).
alterações estatutárias, uma
vez que a comissão instituída
pela administração superior da
UFU recebe as contribuições,
mas não necessariamente
levará ao CONSUN todas as
propostas.
Outro encaminhamento da AG
foi a deliberação por incluir
no Caderno de Textos Anexo
do 55º Conad uma Texto
Resolução da AG da ADUFU
para o “Tema V - Plano de
lutas dos Setores” (veja box).
A AG aprovou a criação da
Comissão de Reforma do
Estatuto e Regimento Geral da
UFU, a comissão será composta
pelos professores(a): Elisson
César Prieto, Márcio Alexandre
da Silva Pinto, Antônio de
Almeida, Leonardo Barbosa
e Silva e Marina Ferreira de
Souza Antunes.
Paralisação
Um dos temas em discussão
na AG foi sobre paralisação.
O ponto voltou à pauta, uma
vez que a assembleia do mês
de abril deliberou por um dia
de paralisação no primeiro
semestre, como forma de luta
e resistência, para discussão
da política salarial, pauta local
e democratização das IFEs. Na
época, a AG remeteu a decisão
à reunião do Setor das Federais
dos dias 16 e 17 de abril, tendo
sido aprovada a indicação na
reunião do Setor das Federais,
devendo ocorrer nova rodada
de AGs até 12 de maio e reunião
do setor ainda no mês de maio.
A reunião do setor não foi
convocada e a proposta tornouse difícil de ser executada, em
Comissão Unimed/ADUFU
A AG também deliberou pela
formação da Comissão de
Acompanhamento da Unimed/
ADUFU, tendo sido aprovado
o nome dos Professores
Tiong Hiap Ong, Yaico Dirce
Tanimoto
Albuquerque,
Euripedes Barbosa de Jesus,
Nilton
Antônio
Sanches,
Aparecida
Monteiro
de
França, Orosimbo Andrade
de Almeida Rego e Eugênio
Antônio de Paula.
CLARINS DA ADUFU
h
Página 03
A paralisação será discutida
na primeira Assembleia do
segundo semestre.
Revisão do Estatuto
A questão do Estatuto também
foi tema de discussão da AG.
Vários professores fizeram
uso da palavra manifestando
preocupação quanto à dinâmica
estabelecida para discutir as
Jurídico
Sobre o ponto de pauta, com
assuntos jurídicos, a assembleia
e os professores aprovaram por
unanimidade a entrada com
ação contra cobrança de PSS
sobre 1/3 de férias e outras
vantagens.
Sobre a ação pelo pagamento
do auxilio à saúde suplementar
dos (as) docentes, a diretoria
da ADUFU-SS relatou
as
várias tentativas já tomadas
pela entidade. Após várias
intervenções ficou aprovado
que é cabível a interposição
de uma ação pelo pagamento
do subsídio governamental,
caso não haja um ajustamento
de conduta por meio do
Ministério Público Federal.
Moção de Repúdio
A Assembléia Geral da ADUFU-SS, realizada em
08/06/2010, manifesta seu repúdio à Coordenação do
Setor das Federais do ANDES-SN, com ciência à Diretoria
Nacional, em função de não terem sido dados os devidos
encaminhamentos à proposta desta Seção Sindical
construída em AG de 07/04/2010, também aprovada por
esse Setor na reunião dos dias 16 e 17 de abril, de um
dia de paralisação neste semestre, como forma de luta e
resistência, para discussão da política salarial, pauta local
e democratização das IFEs. Esta Assembléia reafirma a
necessidade de retomada desta proposta para o segundo
semestre e exige que decisões construídas pela base sejam
respeitadas pelas instâncias do sindicato. Uberlândia,
08/06/2010. Assembléia Geral da ADUFU – Seção Sindical.
Texto de Resolução da AG da ADUFU-SS para 55º Conad
PELA REALIZAÇÃO DE PARALISAÇÃO NACIONAL NO
SEGUNDO SEMESTRE DE 2010 - TEXTO DE APOIO - O
Setor das IFEs aprovou, conforme relatório encaminhado
pela circular 086-10 de 28/04/2010, a indicação de um dia de
paralisação ainda no primeiro semestre de 2010, em defesa
da campanha salarial, pauta local e democratização das
IFEs. Para tanto, foi também indicado nova rodada de AGs
até 12/05/2010 seguida de nova reunião do Setor, na qual
seria definida a data da paralisação. Entretanto, esta decisão
foi desrespeitada pela Coordenação do Setor, uma vez que
a referida reunião não foi convocada, bem como nenhum
outro encaminhamento foi dado como justificativa para tal.
Foi aprovado também que esse ponto de pauta Paralisação,
volte a ser discutido na primeira Assembléia do segundo
semestre.
CAFÉ CONFESSOR
“Se a gente se aquietar
vai virar um lugar de
ensino, da graduação
pura e simples.”
O historiador Marcelo Santos Abreu das Faculdades Integradas do Pontal.
Os Clarins da ADUFU
apresentam um professor
da nova safra.
Em vias de se doutorar, o
historiador Marcelo Santos
Abreu, das Faculdades
Integradas do Pontal, conta
sobre a trajetória que o
trouxe ao primeiro campus
extra-sede da UFU, da
militância estudantil, que
ainda perdura no docente,
ao defender a mobilização
dos
professores
para
garantir a expansão com
qualidade e as dificuldades
- e também desafios
prazerosos - enfrentados
em
uma
unidade
acadêmica com 1700
alunos em que quase tudo
ainda está por construir,
para que as expansões não
resultem em meros locais
de ensino de graduação.
Clarins - Marcelo, o que te
levou a se tornar historiador?
Marcelo - Foi um interesse
infantil, eu gostava de Monteiro
Lobato, me apaixonei pela
história lendo essas coisas.
Depois eu trabalhei no ensino
médio e me envolvi com o
movimento estudantil e o
desejo de estudar história
ficou ainda maior. Depois,
finalmente eu me formei na
Universidade Fluminense e
uma das coisas que me fez
continuar me apaixonando pela
disciplina foi dar aula durante
10 anos na escola básica. Tanto
na escola particular quanto
pública. E passei a acompanhar
a luta dos professores e
essas coisas. Descobri meu
interesse político, a paixão
pela disciplina, por estudar o
passado e dar aula. Em 2008,
eu fiz concurso para a UFU.
Eu já tinha experiência como
professor docente substituto,
também
na
Fluminense,
durante dois anos, e uma
segunda experiência na UERJ.
Era um momento em que
a gente, de fato, em 2003,
vivia ainda os resquícios da
precarização, sobretudo no
último governo do Fernando
Henrique que foi bastante
penoso para a estrutura
da
Universidade.
Desde
2008, estou lá no Pontal, em
Ituiutaba.
Clarins - Dentro da história,
qual a sua referência, o que
você tem estudado?
Marcelo - Eu tenho estudado
já há algum tempo a história
dos regionalismos no Brasil
republicano, sobretudo em
São Paulo, e também a relação
desses desenvolvimentos de
construção das identidades
regionais com os usos do
passado e da memória como
fundamento
para
poder
estruturar essas identidades.
Clarins - É possível fazer
história fora da academia?
Marcelo - Eu acho que é. No
sentido que todo mundo faz
história. Nós fazemos história
em qualquer lugar. No sentido
de refletir sobre a história e
escrevê-la, eu também acho
que é possível fazer fora da
academia sim. Eu acho que se
a gente tivesse as condições
objetivas para os professores da
escola básica, mas, bem mais
favorável do que elas são... Na
verdade o que eu quero dizer,
quando a gente está em contato
com os alunos de escola básica,
eles estão imersos num tempo
presente em que parece que
eles não têm nenhuma relação
com o passado. Então, ali, eu
acho que a gente tem um dever
ético, assim, fundamental, de
explicar esse presente, trazer
o passado para esse presente.
Portanto, eu acho que essa
relação é muito mais intensa
dentro da escola básica do
que propriamente no mundo
acadêmico.
um possível, absolutamente
nebuloso, às vezes catastrófico.
Eu acho que a função do
historiador é um pouco essa.
Clarins - E como que seria essa
legitimidade? O que ela tem
a dizer ao tempo em que nós
vivemos?
Marcelo - Do tempo que nós
vivemos ela tem a dizer duas
coisas: primeiro, eu penso,
existem futuros, não existe
só um futuro. E o futuro nem
sempre é tão nebuloso como
a gente pode imaginar. A
gente pode imaginar outras
possibilidades porque a história
sempre foi feita de um presente
imaginando algum futuro a
partir do passado. O outro
ponto que eu acho importante,
esse dever que a gente tem
como historiador, é justamente
preencher o vazio do passado
com a reflexão sobre o que
aconteceu. Para mostrar como
que a história é esse campo de
possibilidades. Não tem essa
direção única e necessária
que resultou nesse presente,
mas ela precisar mostrar os
meandros, que às vezes não
aconteceram. As pessoas têm
que ter, para que elas tenham
consciência de que elas podem
agir no presente, que o passado
foi uma projeção de muitos
futuros. E hoje a gente precisa
projetar futuros também
porque parece que só tem
Clarins - Como foi seu ingresso
no Campus do Pontal?
Marcelo - Por um lado foi uma
surpresa a concorrência era
absurda, por que na verdade
essa coisa de expansão é a
recomposição dos quadros que
a Universidade perdeu durante
muito tempo. E ao tempo em
que ela ficou sem possibilidade
de concurso as pessoas
continuaram se formando nos
Mestrados e Doutorado e etc.
Então, hoje em dia todos os
concursos de fato selecionam
gente muito boa. Então essa
entrada foi, pelo menos na
minha perspectiva, e acho que
de muitos, entrar sabendo que
vai enfrentar uma situação que
não é a mais favorável para a
concepção do trabalho.
Clarins - E como é que foi o
impacto. Que expectativa você
tinha e o que correspondeu?
Queria que você abordasse
esse impacto de ambiente
intelectual.
Marcelo - Isso tem sido, às
vezes, difícil. É um ambiente
intelectual diferente mesmo,
porque lá no Rio, a gente já
tinha tido mais ou menos
mapeado, esse é um ponto.
A gente chega aqui esse
Página 04 h CLARINS DA ADUFU
um ambiente universitário? Ainda
falta. Ainda falta, mas o que tem,
eu digo que é obra própria de quem
está lá carpindo todos os dias para
tentar transformar aquele espaço num
ambiente universitário de fato.
mapeamento não é completo. A gente
está fazendo ainda.
Clarins - Mas no ambiente universitário?
A UFU está em Ituiutaba?
Marcelo - Eu acho que ainda falta
muita coisa, o que tem de ambiente
universitário lá, eu digo que foi
responsabilidade dos professores que
lá estão. Porque do ponto de vista do
empenho, as questões na transformação
daquele espaço em algo que é mais que
um lugar de ensino. E mais um centro,
não é só um centro de produção de
pesquisa e extensão, mas um centro de
cultura mesmo, para aquele espaço ali, e
isto ainda falta muito para fazer. E tudo
que foi feito até agora, grandiosamente
foi obra dos professores que lá estão. E
eu acho que falta um pouco de visão,
embora tenha todo esse discurso de
que a Universidade traz uma mudança
para localidade, ainda falta alguma
coisa que quer transformar de fato o
espaço universitário em um espaço
de produção de cultura. Das maneiras
de pensar ou de mostrar alternativa
de pensar. Isso lá tem sido dificultado
porque a gente não tem campus.
Agora completamos o quadro docente
e temos muitos professores que ainda
estão no processo de doutoramento.
E os investimentos nisso às vezes têm
certos constrangimentos para que
isso aconteça. Enfim, tem uma série
de coisas, tem contingencionamento
de dinheiro mesmo para o Campus.
Se está começando, eu acho que tinha
que ter um suporte mais significativo
para de fato fazer diferença. Então
assim, respondendo a pergunta se é
CLARINS DA ADUFU h Página 05
muito superior aos outros dependendo
do outros institutos e isso faz com
que as pessoas procurem sair. Porque
no Pontal há professores com alta
qualificação que chegam na esperança:
“Ah, eu estou na Universidade pública,
portanto farei pesquisa, extensão e
etc”. E não encontra as condições para
fazer isso. Então tenho observado uma
rotatividade desde que eu cheguei. Em
dois anos, eu já conheci gente que ficou
um ano e foi embora.
Clarins - Então eu posso entender que é
uma frustração de expectativas.
Marcelo - Muitas pessoas se sentem
frustradas. Ao mesmo tempo, sentem
a contradição desse processo. Porque
de certa maneira, você tem
as
oportunidades de fazer as coisas, mas Clarins - Eu estou entendendo na sua
faltam, às vezes as condições objetivas fala, que além das questões relativas
à infra-estrutura
para fazer e a
que se resolvem
frustração
vem
a médio prazo,
justamente disso.
“Então, tenho observado
que
não
se
A frustração não é
uma rotatividade desde que
configurou ainda
tanto porque não
eu cheguei. Em dois anos,
um
ambiente
tem, é porque você
u
n
i
v
e
r
s
itário
eu já conheci gente que ficou
tem a vontade de
de fato. Qual o
fazer, mas não tem
um ano e foi embora.”
sentimento
dos
os meios. Eu sinto
docentes?
isso nos colegas.
Marcelo - Olha,
Um caminho da
frustração é dizer assim, “ai meu Deus, o sentimento dos docentes é que há
não tem nada, falta tudo”. Agora, eu um misto de sentir-se predado por
acho o mais frustrante para todos, é Uberlândia. E a palavra é essa mesmo.
que poderíamos fazer muita coisa, mas Porque se fala: tem dinheiro que é nosso,
a gente não consegue fazer porque nos implantação do campus, e está sendo
aplicado em Uberlândia. Bom isso são
falta mesmo.
rumores. Ninguém chega a verificar
Clarins - Você acha que isso tem a e mostrar preto no branco. Agora tem
ver com os casos, que têm chegado, coisas que são fatos: Deveríamos ter lá
inclusive à ADUFU-SS, de professores 80 técnicos. 67 foram contratados para
que fazem concurso para o campus lá e só tem 47, já que 20 vieram pra cá.
Pontal e depois querem vir para a sede? Estou falando do ponto de vista material
Marcelo - Isso é um elemento. Acho que faz com que as pessoas se sintam
que o elemento mais complicado do que assim predadas. Havia lá um carro, dois
querer vir para a sede é o seguinte: tem carros e mais uma Van, dessas grandes
gente que chega por lá já imaginando que vieram para cá. Há duas semanas
que lá vai ficar um ano, dois e está atrás, o pessoal teve que vir pra cá de
fazendo concurso para outros lugares. Kombi, naquela estrada boa, né? Para
E o argumento da maioria das pessoas, participação na reunião dos Conselhos
que acho que legitimo nesse ponto, superiores. Do ponto de vista de quem
é de que não encontraram condições está lá, na coordenação, claro que passa
melhores de trabalho. E estou falando isso mais fortemente. Agora quando eu
de ter efetivamente de 12h a mais falo dessa questão de ser predado tem
horas de carga horária didática. Não ter a ver com essas condições materiais,
espaço de trabalho suficiente, espaço porque, muitas coisas que, entre aspas,
que eu digo é espaço físico mesmo, eram “nossas”, são da Universidade.
para receber aluno. Essa questão da A outra é essa situação de sentir
infra estrutura é traumática não é? também infantilizado na relação com a
Mas uma das questões que eu acho administração que é o seguinte: “Ah não,
fundamentais que faz com que trabalho mas lá em Uberlândia também foi assim
no campus avançado seja mais difícil no começo, as dificuldades que vocês
do que na sede, é por um lado a questão passam. Lá em Uberlândia também
da proporção professor/aluno. Que lá foi assim. Lá em Uberlândia, a gente
é de 20 pra um enquanto no restante também carregou pedra para construir
da Universidade tem praticado uma não sei o que. Lá em Uberlândia, eu
relação melhor, que ainda não tende falei: “Sim, mas lá em Uberlândia,
a ser chamada ideal, mas é melhor. E 20 anos atrás, 30 anos atrás”. Lá em
isso acarreta a carga horária didática Uberlândia, mas sem tantos recursos
um pouco superior e, às vezes, até do governo federal para poder montar
essas coisas. Então não dá pra comparar
as situações assim tão facilmente. Essa
coisa da infantilização é assim: “Não,
você ainda estão no começo, o começo é
sempre assim. “Vocês estão ainda muito
ansiosos diante da vontade de fazer,
vai com mais calma”. Quer dizer, tem
uma situação meio esquisita, para dizer
o mínimo nesse ponto ai. A outra que
ali as pessoas se ressentem realmente
muito. É isso que eu já falei assim, e ai
toca nisso que a Avelino falou. Existe
um ambiente universitário mesmo? Está
todo mundo lá com todas as condições
necessárias para fazer pesquisa,
extensão e em ensino na qualidade que
se considera ideal? Não estamos.
Clarins - Em Uberlândia há 30 anos
atrás... Então eu penso que em quanto
projeto acadêmico é assustador.
Marcelo - Pensando as positividades
do Pontal, face a sede... Acho que eu só
falei o que tem de ruim (riso)... De bom,
além da vontade das pessoas fazerem
as coisas, que há e eu acredito que há,
a proporção de doutores no Pontal é
maior do que na sede. Recentemente,
parece que a Folha de São Paulo,
publicou, matéria falando dessa
diferença na proporcionalidade, então
tem mais doutor lá proporcionalmente
ao total do quadro, do que temos aqui
na sede. Então como é que esse espaço
vai sendo aos poucos transformado, se
a gente deixar, no limite, se a gente se
aquietar, lá simplesmente vai virar um
lugar de ensino, da graduação pura e
simples. Como se dissessem, “As outras
coisas se fazem em outros espaços, aqui
no Pontal não” . Muitas coisas se faz no
sentido contrário a ser só um local de
ensino. Por exemplo, ganharam lá um
CT-INFRA, porque tem um quadro
qualificado e esse quadro não está em
condições de igualdades com os da
sede. As pessoas obviamente ficam
irritadas com essa situação. Ninguém
fica satisfeito. Mas também ninguém
reclama muito.
Clarins - Como é que tem sido esse
envolvimento em termos de queixas?
Um professor-doutor para se efetivar no
período probatório ou para progressão
horizontal, deve ter uma publicação.
Como é que tem se lidado com isso lá?
Já que a demanda da produtividade
voltada paro ensino acaba sendo muito
grande?
Marcelo - Muito professor tem
conseguido publicar. No curso de
História todo tem feito esforço para
participar dos congressos, muitas vezes
sem pedir recursos para Universidade,
pedindo para as agências de fomento.
Mas uma das coisas que tem de fato
deixado todo mundo apreensivo é
acabou o curso diurno para que se
abrisse o curso Serviço Social. Isso foi
uma luta, foi um embate interno junto
com os outros colegas, traumático.
Foi produto em certa medida, de
uma pressão tanto do Ministério da
Educação quanto da Administração
para que isso fosse feito. Acabou sendo
entendido, por muitos professores,
como uma necessidade. Não para
sobrevivência do próprio curso, mas
para a sobrevivência da Unidade, para
que ela passasse a ter densidade em
termos de aluno. Colocaram-se diante
disso,mas uma das coisas que deixa
as pessoas mais apreensivas é no caso
do curso de História, por exemplo,
quando a gente não tiver aluno diurno
só noturno, ao invés de ter que dar
as duas disciplinas pra cumprir as 12
horas, a gente teria que
dar três disciplinas na área de ciências
humanas. Preparar essas 3 disciplinas,
por mais que você já tenha preparado
uma, duas ou três vezes, vai ter que
estudar muito e ai não vai sobrar tempo
para fazer mais nada. A perspecrtiva
que todo mundo se coloca é, diante
desse quadro,dando as 12 horas, como
é que vai ficar? Não dá tempo de fazer
mais nada. Ai, tem a ver com a pergunta
que você fez: “como é que isso tem sido
encaminhado”. Internamente, do ponto
de vista da estrutura, mesmo dentro
do conselho da Unidade, isso é falado,
isso é conversado, mas poucas vezes se
tornou uma posição clara é no sentido
de demandar e exigir a correção dessa
distorção. Ou é essa a pactuação que
foi feita com o MEC, portanto é isso
que a gente tem que cumprir. Só que a
pactuação que a gente tinha feito com o
MEC também eram nove cursos, agora
já tem onze. Ninguém se preocupou
depois que gente criou mais dois
cursos com o mesmo número
de professores, ou seja, a gente
está fazendo mais com menos
(riso) como o pessoal gosta
ou pretende que se faça e não
teve nenhuma contrapartida.
Uma unidade só que tem 1700
alunos agora matriculados.
Existe uma unidade com
11 cursos na Universidade
Federal de Uberlândia? Não
existe. Existe uma Unidade
que tenha 1700 alunos?
Eu
desconheço.
Então
assim, quando é favorável a
pactuação do MEC é essa. Mas
a gente desfez, de certo
sentido
a pactuação com o MEC: de 9 cursos,
pulou para 11. E um que tem grande
demanda Serviço Social e outro novo
que não tem absolutamente nada a ver
com o que havia lá, que foi Engenharia
de Produção. Todo mundo disse assim:
“Parabéns, que bom que vocês fizeram
isso”. Agora mudou a relação professor/
aluno? Não. Mudou a relação, atentouse para mudar a relação da carga
horária didática? Também não. E esses
dois cursos, é importante que se diga,
vão ter problemas efetivos de quadro de
professor no médio prazo.
lá no Pontal. Embora a gente faça
movimento nesse sentido, ainda nos
falta. Eu imagino que deve faltar aqui.
Clarins – Faltou alguma coisa
importante?
Marcelo - Uma coisa que eu gostaria
de dizer é a respeito do movimento de
expansão, acho que é um processo que
é contraditório, que ao mesmo tempo é
importante que a Universidade se abra
para receber um contingente que estava
fora dela. E isso de fato tem acontecido,
por outro lado, ela não tem sido de forma
que atenda completamente o desejos
Clarins - Você participa desde o dos que estão entrando dentro da
Universidade.
movimento
Tem uma coisa
estudantil?
“...o que tem, eu digo que é obra
que é bom a
Para você que
própria de quem está lá carpindo
gente pensar:
é um professor
A
gente
j o v e m ,
todos os dias para tentar
topa fazer o
qual seria o
transformar aquele espaço num
movimento
sentido dessa
ambiente
universitário
de
fato...
”
de expansão,
participação?
s ab emos
Marcelo
que
todos
Curiosamente
a situação que a gente vive dentro movimentos de expansão foram
do movimento sindical ou de outros aprovados no Congresso Nacional,
movimentos sociais é de certa costurado. E a gente sabe que o
desmobilização. Isso tem a ver com esse conservadorismo da sociedade brasileira
presentismo. Um pouco a sensação de também é uma coisa muito efetiva. O
que tudo já foi feito, que não há mais que me parece um pouco curioso é que
nada a fazer e que o caminho é esse que a gente faz o movimento de expansão,
está colocando. É isso acompanhado deixa o contigente populacional que ia
de um individualismo forte entre estudar na Universidade privada entrar
os professores. As possibilidades de na Universidade pública, mas faz uma
mobilização ainda estão colocadas mas coisa assim mais ou menos. E aí é um
as pessoas tem que romper um pouco pouco parecido, e isso que a gente
essa barreira do pensar individualmente. precisa comparar as duas experiências
E aí, eu vejo que tudo que nessa questão com o que aconteceu na escola básica.
da expansão, ou a gente vai se estruturar, Porque a escola básica, quando ela
vai de fato organizar um movimento se abriu a partir da década de 70,
nesse sentido, porque a expansão finalzinho da década de 70, foi o grande
tem seus pontos positivos. A boom da universalização de matrículas
vivência e a contradição implicam do ensino fundamental Se garantiu o
na gente se mobilizar para que acesso ao direito, mas você garantiu
o que a gente tem vivido no integralmente? Não, não garantiu
Pontal não se repita em outros porque faltava professor. O professor
espaços onde vão ser criados continua na escola básica sofrendo
também Campi novos. aviltamento salarial quase eterno.
A gente não vai superar As condições de trabalho são longe
essas desigualdades se a do suficiente para dar conta de um
gente não tiver também contingente que está excluído da escola
organizado. Porque todas há muito tempo. E se a gente compara
as vezes que eu como as duas situações, obvia que elas não são
estudante observava que iguais, mas essa vivência que houve na
os professores se sentiam expansão do ensino público, na escola
prejudicados, por salário, básica, serve de alerta para a gente não
etc e tal, quem encaminhou a deixar acontecer no ensino superior
luta e a discussão de tudo isso a mesma coisa: ter uma expansão sem
foi o sindicato. Não foi ninguém qualidade. A gente precisa estar atento
isoladamente. Então eu acho que as a esse passado recentíssimo para não
pessoas têm perdido essa discussão que deixar que isso aconteça novamente.
é absolutamente necessário que a gente
se reorganize. Isso está nos faltando
Página 06 h CLARINS DA ADUFU
ESTATUTO DA U.F.U.
O antigo Regimento Geral da UFU era a expressão das circunstâncias
e correlação de forças que vigoraram por muitos anos na instituição,
marcadamente conservadora e vinculada à falta de democracia que decorreu
da ditadura militar. Os conselhos eram centralizadores e a própria organização
administrativa permitia isso, pois a estrutura cêntrica (Cehar, Cebim e Cetec)
fazia com que o Consun, por exemplo, fosse composto por pouquíssimos
integrantes com direito a voz e voto. Além disso, os representantes dos três
centros se limitavam a reproduzir aquilo que já fora decidido nas respectivas
reuniões dos seus conselhos, impedindo o debate sobre qualquer projeto de
universidade.
O movimento unificado dos três segmentos, depois de várias articulações,
promoveu de 17 a 21/09/1990 o Primeiro Congresso Universitário, de forma
autônoma em relação à reitoria e paritária, objetivando propor uma nova
normatização interna para a UFU.
Durante vários dias, 150 delegados, 50 de cada segmento, se reuniram em
tempo integral, discutiram e debateram as variadas teses envolvendo pessoas
convidados e a comunidade universitária. Ao final, foi aprovada uma resolução
do Primeiro Congresso Universitário da UFU contendo vários eixos: estrutura
administrativa, ensino, pesquisa e extensão.
Essa resolução do Congresso Universitário foi encaminhada à Reitoria e
ao CONSUN e, durante algum tempo, foi uma importante referência para
os setores progressistas da UFU defenderem propostas de mudanças nos
conselhos dos antigos departamentos e nos conselhos superiores.
Com a eleição do professor Nestor Barbosa para reitor, cuja posse exigiu
intensa mobilização contra as articulações dos setores reacionários, cresceu o
movimento em defesa da necessidade de um outro estatuto.
seu conteúdo se ficarmos, por diversas razões, à margem do debate.
A diretoria executiva da ADUFU-SS pautou a discussão na Assembléia Geral
realizada em 08 de junho de 2010. Os docentes manifestaram preocupação com
a forma como a discussão do Estatuto e Regimento Geral da UFU está sendo
encaminhada. A revisão do Estatuto e do Regimento Geral da instituição é sem
dúvida uma necessidade acadêmica e institucional, mas não pode se limitar
a uma formalização, com aparência de democracia. O modelo de Estatuto e
Regimento Geral se articula com um projeto de universidade que desejamos e
para tanto precisa ser amplamente discutido com o conjunto da comunidade
universitária.
Os(as) professores(as) presentes à assembléia manifestaram preocupação
quanto à dinâmica estabelecida para discutir as alterações estatutárias, uma
vez que a comissão instituída pela administração superior da UFU recebe as
contribuições, mas não há, até aqui, garantia de que todas as propostas serão
avaliadas, assim como elas não são, em tempo real ou de outra maneira,
acessíveis a todos os interessados.
Também se questionou o fórum de decisão sobre as propostas. Por que
o Consun, ao invés de uma estatuinte, ou um congresso universitário? Foi
questionada a ausência de debates públicos e fóruns de decisões coletivas e
paritários entre os três segmentos, que superem a aparência de participação,
propiciada pelo encaminhamento de propostas por e-mail à comissão.
Diante disso, a assembléia geral da ADUFU-SS decidiu por:
Como resultado desse processo, instalou-se uma Estatuinte, também paritária,
autorizada pelo CONSUN que, entre 1995 e 1996, produziu uma proposta
de Estatuto, visando, fundamentalmente, do ponto de vista da vida política
da UFU, democratizar os conselhos superiores e superar o corporativismo
departamental. O primeiro objetivo foi alcançado, mas o segundo não. Em
seu lugar, o que vimos foi a fragmentação administrativa, com o surgimento,
já na gestão seguinte, de quase 30 unidades acadêmicas. As deliberações do
Consun após a Estatuinte produziram uma distorção quanto à boa parte do
que dela resultou, desvirtuando certos aspectos decisivos, de que é expressão
o próprio Regimento Geral em vigor. Perto do que tínhamos houve avanços,
mas insuficientes em relação a muitas dimensões..
exigir da reitoria novo prazo para encaminhamento de propostas, que
seja suficiente para amplo debate com a comunidade universitária.
Esta providência foi tomada no dia seguinte, 09/06/2010, e parece
que surtiu efeito. Temos a expectativa de que esse prazo tenha
passado para 01/10/2010;
O artigo 346 do Regimento Geral estabeleceu que “O CONSUN promoverá,
em prazo não superior a dois anos contados a partir de sua entrada em
vigor, a revisão total deste Regimento Geral, elaborada por uma comissão
especialmente constituída para esse fim”. Essa tarefa está atrasada muitos anos,
significando, entre outros aspectos, um certo esgarçamento geral na instituição
quanto a seus rumos e representação política.
envidar esforços para construção junto aos outros segmentos de
uma ação conjunta quanto à essa matéria, uma vez que defendemos
a paridade entre os três segmentos;
A atual gestão, por iniciativa do Reitor, Prof. Alfredo Júlio Fernandes (cf.
Portaria R 233 de 29 de Março de 2010), instaurou o processo de revisão
do Estatuto e Regimento Geral da Universidade Federal de Uberlândia,
coordenado pela Comissão Coordenadora do Processo de Revisão do Estatuto
e do Regimento Geral da UFU.
Essa revisão, entretanto, não é e não pode ser tratada como uma questão menor,
aparentemente técnica, a ser desenvolvida estritamente por uma comissão, ou
deliberada apenas pelo Consun com base no texto consolidado desse comissão,
sem um amplo processo de debate institucional. Por apresentar possibilidades
concretas de alteração no arranjo da vida da universidade, corremos sérios
riscos de transformações estruturais no cotidiano, no fluxo de decisões e em
CLARINS DA ADUFU
h
Página 07
Defender que o fórum de decisão seja um Congresso Estatuinte;
Requerer a disponibilização via internet e em cópia impressa para
a ADUFU-SS de todas as contribuições que a comissão já recebeu
realizar um Seminário Aberto para debater a temática;
criar a Comissão de Reforma do Estatuto e Regimento Geral da UFU
no âmbito da ADUFU-SS, composta pelos professores(a): Elisson
César Prieto, Márcio Alexandre da Silva Pinto, Antônio de Almeida,
Leonardo Barbosa e Silva e Marina Ferreira de Souza Antunes.
EVENTOS ADUFU - NOTAS
Marcha das Mulheres
Atividades no Campus do Pontal
Seminário - A ADUFU-SS, promoveu no dia 20/4/10
o debate: desafios para o movimento docente e luta por
isonomia entre os Campi. O evento se transformou
numa oportunidade dos docentes refletiram sobre a
necessidade de organização do movimento no Campus
do Pontal frente as precárias condições de trabalho .
Boteco - O dia 20 também abrigou uma edição
do Boteco da ADUFU para os professores do
Campus do Pontal. Em clima de descontração, o
evento se transformou em mais um momento de
confraternização agradável na casa do Professor
Marcelo Abreu.
No mês de março (6/3) a ADUFU, através do Grupo
de Trabalho de Etnia, Gênero e Classe e entidades e
movimentos populares, especialmente movimentos
de mulheres organizaram atividade para marcar
o centenário do Dia Internacional das Mulheres.
As mulheres realizaram atividade na Praça Tubal
Vilela, centro de Uberlândia, seguido de caminhada/
panelaço/apitaço pelo centro da cidade.
Importância sócio-ambiental da bacia do rio Tijuco
- Com a participação de 130 pessoas, ligadas a vários
movimentos sociais, sindicatos, órgãos públicos e
demais interessados, aconteceu no dia 07/05/2010,
numa sala das instalações em que funcionam os
cursos do campus Pontal, o seminário universitário
“Importância sócio-ambiental da bacia do rio Tijuco
e os impactos das Pequenas Centrais Hidrelétricas
(PCHs) na região”.
Seguridade Social e Assuntos de
Aposentadoria
A ADUFU-SS reuniu no dia 26/5, professores
aposentados e da ativa com o objetivo de discutir as
questões voltadas para Assuntos de Aposentadoria.
O evento também serviu para reativar o Grupo
de Trabalho de Seguridade Social e Assuntos de
Aposentadoria (GTSS/A) da entidade. Para falar
com os professores, a Seção Sindical convidou o
Coordenador do GTSS/A do ANDES - Sindicato
Nacional, Prof. Fernando Molinos Pires Filho.
O ANDES-SN realizou o pleito eleitoral em todo o
País para a escolha da nova direção nacional biênio
2010/2012. A Chapa 1 – ANDES AUTÔNOMA E
DEMOCRÁTICA foi eleita com 90,99% dos votos dos
eleitores que compareceram às urnas de todo o país,
nos dias 11 e 12/5. Do total de 10,836 votantes, 9.860
votaram na chapa única; 701, em branco (6,41%); e
275, nulos (2,54%).
Em Uberlândia, foram apurados pela Comissão
Eleitoral Local 191 votos, sendo 186 em favor da
Chapa 1, 5 brancos e nenhum voto nulo.
Assembleia Universitária
Realizada no dia 30/3, a Assembleia Universitária
se transformou em uma experiência intensa de
debate democrático sobre problemas e desafios que
os três segmentos (docentes, discentes e técnicoadministrativos) enfrentam quanto às condições
de trabalho, ensino, pesquisa, extensão, cultura,
assistência estudantil e participação política na vida
da universidade.
Eleição do ANDES-SN
Boteco da ADUFU
A ADUFU realizou no dia 28 de maio, mais uma edição
do “Boteco da ADUFU”. O evento com animação de
Pablo e convidados se transformou em um ambiente
animado e de confraternização entre os professores.
Veja mais fotos em www.adufu.org.br no link “Galeria
de Imagens”.
Expediente
Informativo Mensal da Seção Sindical
dos Docentes da Universidade Federal de
Uberlândia - Rua Nélson de Oliveira, 711 Santa Mônica. 38408-204 - Tel.: 3236-3477 Uberlândia/MG. Edição nº 2 - Uberlândia/MG,
Junho/2010 E-mail: [email protected] Home page: www.adufu.org.br - Tiragem 2000
exemplares.
Diretoria Executiva: Gestão “ADUFU PELA
BASE” - Presidente: Gislene Alves do Amaral
(Educação Física); Vice-presidente: Edilson
José Graciolli (Depto. Ciências Sociais - Fafcs/
UFU); Secretária-geral: Maria Alice Vieira
(Instituto de Ciências Agrárias - ICIAG); 1º.
secretário: Carlos Humberto de Oliveira (Caju)
- (ESEBA); 1º. Tesoureira: Yaico Dirce Tanimoto
de Albuquerque (Instituto de Química); 2º.
Tesoureiro: Tiong Hiap Ong (Aposentado/
Eng. Mecânica); Secretária de Formação
Sindical: Jorgetânia da Silva Ferreira (História);
Secretário Cultural: Luiz Carlos Avelino da Silva
(Psicologia); 1º. Suplente: Fátima Conceição
Ferreira (ESTES) e 2º. Suplente: Cintia
Rodrigues de Oliveria Medeiros (Facip/Pontal).
Redação e Composição: Rubens de Castro - Mtb
MG-05281-JP. Projeto Gráfico e Diagramação:
Blues Comunicação - Fotos: Rubens de
Castro e Djalma Dias. Os artigos assinados
não expressam necessariamente a opinião da
Diretoria. Contribuição: Assessoria de Imprensa
do ANDES-SN.
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