estácio de sá ciências da saúde

Transcrição

estácio de sá ciências da saúde
ISSN: 1894-2864
ESTÁCIO DE SÁ
CIÊNCIAS DA SAÚDE
REVISTA DA FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE GOÂNIA
SESES - GO
VOL. 02, N. 10, FEV./JUL. 2014
FICHA CATALOGRÁFICA DA REVISTA
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CPI)
FACULDADE DE GOIÁS
CATALOGAÇÃO NA FONTE / BIBLIOTECA FAGO
JAQUELINE R. YOSHIDA – BIBLIOTECÁRIA – CRB 1901
LOPES, Edmar Aparecido de Barra e (org.).
Revista de Ciências da Saúde da Faculdade Estácio de Sá de Goiás-FESGO. Goiânia, GO,
v. 02, nº 10, Fev./Jan. 2014.
ISSN 1984-2864
Nota: Revista da Faculdade Estácio de Sá de Goiás – FESGO.
I. Ciências da Saúde. II. Título: Revista de Ciências da Saúde. III. Publicações Científicas.
CDD 300
ESTÁCIO DE SÁ
CIÊNCIAS DA SAÚDE
FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ GOIÁS – FESGO
VOLUME 02, n. 10, Fev. / Jan. 2014
PERIODICIDADE: SEMESTRAL
ISSN: 1984-2864
Cursos de da Faculdade Estácio de Sá de
Goiás:
Administração
Enfermagem
Farmácia
Educação Física
Fisioterapia
Psicologia
Recursos Humanos
Redes de Computadores
Editoria Científica:
Edmar Aparecido de Barra e Lopes
Nildo Viana
Conselho Editorial Executivo:
Anderson de Brito Rodrigues
Cleyson M. Mello
Edmar Aparecido de Barra e Lopes
Eguimar Felício Chaveiro
Jaqueline Veloso Portela de Araújo
Nildo Silva Viana
Conselho Editorial Consultivo:
Claudio Luiz Correia de Freitas
Edmar Aparecido de Barra e Lopes
Elisa Mara Silveira Fernandes Leão
Jose Walber Borges Pinheiro
Margareth Ribeiro Machado Santos Silva
Nildo Viana
Paulo Henrique Castanheira Vasconcelos
Tadeu Alencar Arraes
Valdeniza Maria Lopes da Barra
Equipe Técnica:
Editoração Eletrônica, Coordenação
Gráfica, Capa e Revisão de Texto em Inglês:
Edclio Consultoria: Editorial Pesquisa e
Comunicação Ltda
Projeto Editorial, Projeto Gráfico,
Preparação, Revisão Geral:
Edmar Aparecido de Barra e Lopes
Revisão Técnica:
Suellen Carina Lopes
Endereço para correspondência
Address for correspondence:
Rua, 67-A, número 216
Setor Norte Ferroviário
Goiânia-GO - Brasil
CEP: 74.063-331
Coordenação do Núcleo de Pesquisa
Informações:
Tel.: (62) 3212-0088
Email:
[email protected]
FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ GOIÁS - FESGO
Diretora Geral
Sirle Maria dos Santos Vieira
Gerente Acadêmico
Edson Sidião de Souza Júnior
Regulatório
Sue Christine Siqueira
Editor Científico
Edmar Aparecido de Barra e Lopes
Coordenador de Pesquisa e Extensão
Edmar Aparecido de Barra e Lopes
COORDENADORES(AS) DE CURSOS E
NÚCLEOS
Coordenação de Enfermagem
Enilsa Vicente Ferreira
Coordenação de Administração
Ana Cláudia Pereira de Siqueira Guedes
Coordenação de Gestão de Recursos
Humanos
Maristela Monteiro Oliveira
Coordenação de Farmácia
Adibe Khoury
Coordenação de Fisioterapia
Kliver Antônio Marin
Coordenação de Educação Física
Eduardo Henrique de Assis
Coordenação de Psicologia
Andreia Costa Rabelo Mendonça
Coordenação de Redes de Computadores
Raulisson Alves de Rezende
Coordenação de Coordenadora do EAD
Mara Silvia dos Santos
Estácio de Sá Goiás - FESGO
www.go.estacio.br
Fones: (62) 3601-4937
SUMÁRIO
ARTIGOS
08-15
CARACTERIZAÇÃO DA DOR LOMBAR DURANTE A GESTAÇÃO
LUZ, F. G. R
LUZ, M. M. M
ARAGÃO, H. S
MATA, J. R
16-27
EFEITO DA LASERTERAPIA DE BAIXA INTENSIDADE ASSOCIADA À
TERAPIA MANUAL NA DOR E FUNCIONALIDADE DE INDIVÍDUOS
COM FASCITE PLANTAR: UM ESTUDO-PILOTO
DAVI MENDONÇA DA COSTA
VINÍCIUS PIRES DE PAIVA BARRETO
YURI DOUGLAS ACIOLI DE OLIVEIRA
CLEITON ANDRADE COSTA
ELIZABETE CRISTINA DIÓGENES DE MEDEIROS
WOUBER HERICKSON DE BRITO VIEIRA
DENISE DAL’AVA AUGUSTO
28-36
DESAFIOS DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS DURANTE
SUA FORMAÇÃO ESCOLAR
SILVA J. O
ARAGÃO, H. S
MATA, J. R
REBELO, A. C. S
37-45
ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO NO PROCESSO DE ACREDITAÇÃO
HOSPITALAR
ANDRÉ DOS SANTOS NASCIMENTO
HELLEN CRISTYNNA L. DE J. SANTOS
LINDA RODRIGUES VIEIRA
NARLLA GEANNE LEAL DE O. MENEZES
CHRISTINA SOUTO CAVALCANTE COSTA
46-54
EFEITOS DO TREINAMENTO COM O MÉTODO FLETCHER
PILATESTOWELWORK NO COMPORTAMENTO DA EXPANSIBILIDADE
TORÁCICA EM CIRURGIÕES DENTISTAS
KEITH CARNEIRO DIAS
CRISTINA APARECIDA NEVES RIBEIRO
55-61
O USO DAS METODOLOGIAS ATIVAS NO ENSINO DA ENFERMAGEM:
UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA
DANIELA SAMARA NOGUEIRA
DANIEL FERNANDES CORREIA JÚNIOR
SUE CHRISTINE SIQUEIRA
62-68
USO DE MEDICAMENTOS DURANTE A ELABORAÇÃO DO PROCESSO
DE LUTO: TERAPIA OU FUGA?
DANIEL CORREIA JÚNIOR
PRISCILA FRANÇA ZANELATTO
SUE CHRISTINE SIQUEIRA
_________________________
ARTIGOS
8 LUZ, F. G. R; LUZ, M. M. M; ARAGÃO, H. S.; MATA, J. R. Caracterização da dor lombar durante a
gestação. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol.
02, nº 10, 08-15, Fev./Jul. 2014.
CARACTERIZAÇÃO DA DOR LOMBAR DURANTE A GESTAÇÃO
Luz, F. G. R1; Luz, M. M. M2; Aragão, H. S3; Mata, J. R4
RESUMO
ABSTRACT
A dor lombar é frequente na gestação requerendo
intervenção
preventiva
ou
terapêutica
multiprofissional. Objetivou-se caracterizar as
relações entre gestação e dor lombar. Foram
entrevistadas dez gestantes com dor lombar de uma
Organização Não Governamental de assistência prénatal a mulheres de baixa renda em Rio Verde Goiás.
Os dados demonstraram o contexto adverso da
gestação das entrevistadas e necessidade do
engajamento dos profissionais da saúde na
amenização do problema. Necessitam-se mais
investimentos na assistência à gestante associada a
uma abordagem interdisciplinar.
Low
back
pain
is common
in pregnancy requiring multidisciplinary therapeutic
or preventive intervention. This study aimed
to characterize the
relationship
betweenpregnancy and
lower
back
pain. Ten pregnant women with low back pain of
a prenatal low-income
women in
Rio
Verde Goiás Non Governmental Organization assist
Data
demonstrated the adverse
context of
pregnancy and interviewed the need
for engagement of
health
professionals in
alleviating the problem were interviewed.Needs to
be more investment in prenatal care associated
with an interdisciplinary approach.
Palavras chaves: dor lombar, gestação, cuidado prénatal.
Key words: low back pain, pregnancy, prenatal care
Introdução
A dor lombar é frequente em diferentes estágios da gestação com maior incidência entre o
quarto e sétimo mês (CECIN et al., 1996; MARTINS & SILVA, 2005;BARROS, 2013). A lombalgia
gestacional atualmente é reconhecida como uma síndrome que gera desconforto de leve à grave e que
requer intervenção preventiva e ou terapêutica (SPERANDIO et al.,2004; SEBBEN, et al., 2011). De
fato, a dor lombar é causa frequente de morbidade e incapacidade, sobrepujada apenas pela cefaleia
na escala dos distúrbios dolorosos e o diagnóstico específico corre em apenas 15% dos casos (DEYO
& PHILLIPS, 1996). A lombalgia durante a gestação pode manifestar-se como uma síndrome
conduzindo do desconforto físico ao psíquico, com quadros de insônia interferindo na qualidade de
vida (FAST & HERTZ, 1992; SPERANDIO et al.,2004; BARROS, 2013). Dados recentes suportam
1
Mestre em Ciências da Saúde, Fisioterapeuta, Especialistas em Acupuntura.
Mestre em Ciências da Saúde, Fisioterapeuta, Especialistas em Acupuntura.
3
Estagiária em Anatomia – UFG/GO.
4
Doutor em Biologia Celular, Especialista em Acupuntura, Professor/UFG. [email protected]
2
9 LUZ, F. G. R; LUZ, M. M. M; ARAGÃO, H. S.; MATA, J. R. Caracterização da dor lombar durante a
gestação. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol.
02, nº 10, 08-15, Fev./Jul. 2014.
que as características biomecânicas estão modificadas durante a gravidez, simultaneamente com
outros fatores que podem modificar sua estrutura, como, por exemplo, o relaxamento dos ligamentos
pela presença do hormônio relaxina, o crescimento do feto, placenta e líquido amniótico, que
aumentam consideravelmente o peso no abdome ao final da gestação (CORTEZ et al., 2012). Por
outro lado o uso de medicações analgésicas e antiinflamatórias tornam-se limitado neste período e
medidas preventivas devem ser adotadas, todavia na maioria dos casos se assimila o discurso da
maternidade como sacrifício (STEPHENSON & O`CONNOR, 2004). O fato de encarar a dor lombar
na gestação como uma ocorrência normal e até esperada durante a gravidez tem contribuído para a
falta de adoção de medidas profiláticas e de alívio (FERREIRA & NAKANO, 2001: SHIM, et al.,
2005).
Na maioria das vezes as gestações não planejadas induzem nas gestantes impactos
negativos nas relações cotidianas, familiar, socioeconômica; sexual e psicológica agravada pelo
descrédito dos profissionais da saúde e dos familiares às suas queixas (STEPHENSON &
O`CONNOR, 2004; MOGREN, 2007). Todavia a história de cada mulher grávida deve ser acolhida
integralmente, analisando os fatos e as emoções pela equipe envolvida no pré-natal, e nesse sentido se
faz necessário apreender e reaprender a linguagem popular, respeitando a singularidade e
simplicidade do contexto familiar e social de cada gestante (AFONSO, 2003). Assim quando a queixa
da paciente sensibiliza os profissionais da saúde é sinal valioso para garantir a grávida uma
experiência mais saudável e confortável para a sua gestação, e deste modo conhecer a realidade
sociopsicológica da grávida, pode contribuir para a diminuição da interferência de ideias préconcebidas nas fases de planejamento e execução de programas voltados para a mulher grávida na
assistência pré-natal (MOGREN, 2007; SEBBEN, et al., 2011).
No decorrer da gestação, a postura sofre modificações devido à ação hormonal sobre os
ligamentos, ao aumento do peso das mamas e do útero na parte anterior, mais evidente nos últimos
trimestres e assim as mamas dilatadas e engrandecidas pesam no tórax desviando o centro de
gravidade para frente, e deste modo, todo o corpo se joga para trás de forma compensatória e
involuntária (GARSHASBI & ZADEH, 2005: NOVAES, 2006; CORTEZ et al., 2012). Nos dois
últimos trimestres da gestação, além da ação dos hormônios, a região lombar ainda é submetida á
alterações mais evidentes pelo aumento do peso da gestante e do feto, aumento da lordose e
afrouxamento de ligamentos (STEPHENSON & O`CONNOR, 2004). Além destes fatores têm sido
atribuídos como causa da dor lombar gestacional, desequilíbrios emocionais, alterações vasculares
com prejuízo na micro-circulação, estase, hipóxia e edemas (FAST & HERTZ, 1992). Este trabalho
teve como objetivo caracterizar e identificar as relações entre a gestação e o processo da dor lombar
10 LUZ, F. G. R; LUZ, M. M. M; ARAGÃO, H. S.; MATA, J. R. Caracterização da dor lombar durante a
gestação. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol.
02, nº 10, 08-15, Fev./Jul. 2014.
Material e métodos
Utilizou-se a metodologia descritivo-exploratória através da abordagem qualitativa, uma
vez que se buscou a compreensão particular e profunda dos fenômenos sociais (DUARTE,
2002; MINAYO et al., 2005). Esta abordagem possibilitou a aproximação clara e incisiva sobre a
pesquisa social, incluindo seus aspectos históricos com seus permeios de contradições e conflitos
(MINAYO et al., 2005). O trabalho foi realizado numa Organização Não governamental (ONG)
dedicada à assistência pré-natal de mulheres de baixa renda, inscritas no Projeto Berço de Luz do
Sistema Único de Saúde (SUS), em Rio Verde de Goiás. Foram entrevistadas dez gestantes entre 18 e
32 anos na primeira (primigestas) ou mais (multigestas) gestação com queixa de dor lombar.
Foi feita uma abordagem multidimensional dos atributos da dor avaliando a duração,
localização da dor, características somatossensoriais e emocionais. Com base na Escala
Comportamental de Melzack (MELZACK, 1973), atribuindo a nota de zero para ausência de dor; a
nota de um a três a dor presente fraca e ás vezes esquecida; quatro a seis para a dor moderada e não
esquecida; nota de sete a nove a dor forte e não esquecida e nota dez quando a dor ocorre com
intensidade insuportável.
Foram utilizadas as questões: O que é a gestação para você? Explique como é a dor que
você sente na região lombar (parte baixa das costas); Qual a relação que você percebe entre a dor
lombar e a gestação? As entrevistas foram tomadas durante 50 minutos em ambiente tranquilo com
privacidade, ventilação e iluminação adequada e assegurada à manutenção do anonimato.
Resultados e discussão
A dor referida ocorreu em 60% dos casos, e em metade destes irradiou para o abdome ou
para as pernas, sendo que a dor localizada ocorreu em 40% dos casos (tabela). Em torno de 50% das
gestantes apresentaram dor de intensidade forte, com maior frequência nas multigestas e para 20% das
multigestas o desconforto doloroso interferiu na relação sexual (tabela). Também a diminuição da
libido de si próprias e do parceiro ocorreu nas primigestas, porém devido mudanças corporais
ocorridas durante a gravidez.
Em metade das gestantes ocorreu quadro álgico no 1º trimestre gestacional (tabela) o que
difere de outros relatos que apontam o 2º e 3º trimestre como o de maior incidência (MELZACK,
1973; MANTLE & CURRY et al., 1981; OLIVEIRA, et al., 2010). Todavia, apesar da dor lombar ter
apresentado maior incidência no 1º trimestre, esta demonstrou agravamento e intensificação nos dois
11 LUZ, F. G. R; LUZ, M. M. M; ARAGÃO, H. S.; MATA, J. R. Caracterização da dor lombar durante a
gestação. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol.
02, nº 10, 08-15, Fev./Jul. 2014.
últimos trimestres da gestação. O ser humano reage diante da dor, como ante uma doença que coloca
em atividade complexos mecanismos biológicos, que tentam restabelecer a homeostase do estado de
não dor. Sob o ponto de vista psicológico, a reação de dor é sentida como um desprazer, provocando
atitudes, que é a busca desse reequilíbrio, todavia em todo período de crise ou transformação,
vivenciam-se situações que podem permitir uma progressão ou então uma regressão da capacidade de
adaptação ativa (ZUGAIG et al., 1997).
Número de
Partos
Primigestas
Tipo de Dor (%)
10
20
20
Multigestas
10
TOTAL
(%)
Referida
abdome e
pernas
abdome
ou pernas
abdome e
pernas
abdome
ou pernas
60
Qualidade da
Dor (%)
Prejuízo na
Relação
Sexual (%)
Localizada
Insuportável
Forte
Sim
Trimestre
do
Surgimento
da dor (%)
1º 2º 3º
30
10
10
30
30 10 20
10
0
40
20
20 10 10
40
10
50
50
50 20 30
Tabela - Características da dor lombar em gestantes assistidas no Projeto Berço de Luz do Sistema Único de Saúde em Rio
Verde de Goiás.
A família é uma extensão da sociedade, onde se pensa e age em consonância com esta, e
assim acaba-se gerando nas gestantes cobranças “sociais”. Alia-se a isto que a mulher no decorrer de
sua história social foi marcada por tabus do sistema patriarcal, o que vigora infelizmente ainda em
pleno século XXI (ZUGAIG et al., 1997; SEBBEN, et al., 2011). A discriminação agrava-se quando
além da gestação, a dor lombar não é percebida enquanto fator de sofrimento, que limita, e interfere
acentuadamente em sua qualidade de vida e o preconceito formado leva a discriminação da gestante
por parte de seus familiares e sociedade. A falta de planejamento familiar é um agravante já que a
família é de um modo mais abrangente, a comunidade e em específico, aquela a qual pertence a
conceitos e pré-conceitos de um determinado grupo, porém não é um agrupamento casual de
componentes e sim uma organização interdependente na qual o comportamento e a expressão de cada
componente influenciam e são influenciados por todos os outros (ZUGAIG et al., 1997).
A instabilidade emocional das entrevistadas ficou caracterizada pelo sofrimento ao não
planejar a gravidez. Diante da gravidez inesperada lidam com o desespero dentro de uma miscelânea
12 LUZ, F. G. R; LUZ, M. M. M; ARAGÃO, H. S.; MATA, J. R. Caracterização da dor lombar durante a
gestação. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol.
02, nº 10, 08-15, Fev./Jul. 2014.
de sentimentos, que vão desde a aceitação, a rejeição, a relação de dependência e instabilidade
financeira, a perda da liberdade e juventude, a falta de apoio e a solidão. A gestação não desejada que
apareça em suas vidas se torna um empecilho para a felicidade e neste momento é vivenciada como
um fardo a carregar, e passíveis de julgamentos. Estas mulheres encontram-se distantes do mundo
social, confinadas em seus lares, na dependência econômica de seus parceiros e ou familiares, e
passam a viver no seu próprio mundo de aceitação contextualizado pelo sofrimento emocional e físico
como parte de suas vidas.
Ao retratarem a dor lombar enquanto sofrimento e incapacitação, os parceiros, a
sociedade, a família assim como os profissionais da saúde da mulher consideram a dor lombar normal
e por isto as gestantes são caracterizadas como poliqueixosas, sendo que algumas admitem a situação
com certa tristeza e outras com agressividade, porém ambas demonstram a carência de solidariedade
de seus parceiros evidenciando que este contexto demonstra a necessidade de reflexões mais
aprofundadas sobre a lombalgia na gestação (FERREIRA & NAKANO, 2001; BARROS, 2013).
A sexualidade tanto para multíparas quanto primíparas, sofre transformação desde o
momento da notícia, pela recriminação social e familiar, rejeição do parceiro, e pelas mudanças do
corpo, limitações físicas, psíquicas, sociais. Observa-se que a dor lombar induz limitação na relação
sexual com o parceiro criando situações inesperadas retirando a sexualidade da relação e da própria
mulher (GARSHASBI & ZADEH 2005; NOVAES et al., 2006; SMITH et al., 2008) Este fato ocorre,
á despeito das aquisições do conhecimento sobre a sexualidade humana que trouxe a compreensão de
que ela extrapola o biológico, para ser uma manifestação do comportamento resultante da interação
dos aspectos biológicos, psicológicos e sociais da existência humana (ZUGAIB et al., 1997).
Ainda é surpreendente que a dor lombar, enquanto sofrimento de saúde para as gestantes,
também se torne motivo do preconceito social. Este alvo se torna fácil, quando ganha força dos
profissionais de saúde que consideram a dor lombar na gestação, enquanto sintoma comum, portanto
passageira. Deste modo à gestante, resta suportar a dor lombar independente das interferências em
suas vidas, porém está claro que mulheres que vivenciaram sua gestação cheias de tabus e
preconceitos apresentaram quadros de dor mais intensos e partos mais difíceis (SPERANDIO et
al.,2004; BARROS, 2013).
Para as gestantes multigestas a dor lombar interfere nas relações sociais por ser
desencadeadora ou intensificadora de irritabilidade gerando conflitos familiares e sociais, e de fato a
lombalgia gestacional esteve acompanhada por um estado de nervosismo e irritabilidade bem
caracterizados nessas mulheres perfazendo um ciclo entre o emocional e a dor lombar conforme já
relatado por Sperandio (SPERANDIO et al., 2004), ao apresentar os conflitos psicossociais
13 LUZ, F. G. R; LUZ, M. M. M; ARAGÃO, H. S.; MATA, J. R. Caracterização da dor lombar durante a
gestação. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol.
02, nº 10, 08-15, Fev./Jul. 2014.
somatizando em dor lombar. Porém para algumas gestantes ocorreu o processo inverso, em que a dor
lombar aparece como a causa da instabilidade emocional pela tensão emocional promovida pelas
limitações que a dor impõe nas dimensões física, familiar, social, sexual e psicológica. De fato, para
explicar a dor lombar gestacional além dos fatores psicológicos de estresse psicossocial levando a
distúrbios psicofisiológicos (SPERANDIO et al., 2004) não se pode relegar também a origem
biológica (FAST & HERTZ, 1992). Assim a dor lombar tem sido relatada como causa frequente de
morbidade e incapacidade (DEYO & PHILLIPS, 1996), já que induz alterações psíquicas relevantes.
Estas alterações são consequências das dificuldades que as características sociais e da própria
gestação, impuseram à mulher gestante redundando em revolta, rebeldia e agressividade contra o
mundo, contra todos, e contra si mesma, provocando uma mobilização mental que geralmente gera
consequências psicossomáticas danosas (DEYO & PHILLIPS, 1996; ZUGAIG et al., 1997).
Deste modo, apesar do apoio inicial da família à gestante na medida em que a dor passa a
ter uma caracterização de doença funcional pela ausência de dados laboratoriais, na maioria das vezes
esta se transforma em conflitos familiares (AFONSO, 2003). Por outro lado na ausência de uma
gravidez planejada, especialmente nas gestantes mais jovens, por vezes a possibilidade de ser mãe é
sinônimo de submissão, inferioridade, perda de liberdade de beleza física, dependência, medo e
consequentemente sofrimento (MARTINS & SILVA, 2005). Neste caso a insegurança e
intranquilidade levam estas mulheres a alterações de comportamento, percebidas pela agressividade,
medo, aborto e a insegurança quanto à possibilidade se terão condições adequadas de saúde durante a
gestação, somatizando estas tensões como dor lombar (SPERANDIO et al., 2004).
Neste contexto fica patente a necessidade do preparo da gestante para o parto, pois assim
há amenização dos temores e sofrimentos minimizando os desequilíbrios e sofrimentos contribuindo
para uma relação mais saudável no binômio mãe-feto amenizando o ciclo “medo-tensão-dor” (CECIN
et al., 1996). Assim a partir dos dados observados pôde se inferir um novo paradigma para entender a
lombalgia gestacional através do qual se concebe que a lombalgia vai além do matiz puramente
biológico, que considera esta apenas como uma manifestação de natureza própria do estado
gestacional, assumindo além deste aspecto os fatores de agressão familiar, social, e os preconceitos. A
necessidade de encarar a gestação numa visão holística se apoia ainda mais, devido à ausência de uma
metodologia específica do ponto de vista nosológico cinético-funcional e psicossocial para uma
definição e prevenção da lombalgia gestacional de forma mais adequada (CECIN et al., 1996;
OSTGAARD, 1996). Soma-se a estes fatores aqueles advindos das deficiências do sistema de
assistência à saúde à classe socioeconômica menos favorecida e à carência de conhecimento dos
direitos humanos por parte destas mulheres.
14 LUZ, F. G. R; LUZ, M. M. M; ARAGÃO, H. S.; MATA, J. R. Caracterização da dor lombar durante a
gestação. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol.
02, nº 10, 08-15, Fev./Jul. 2014.
Conclusões
Foi possível identificar e conhecer o significado da dor lombar nestas gestantes
submetidas a condições socioeconômicas desfavoráveis, de pobreza e constatar que este representa
bem o contexto social da dor lombar durante a gestação. Ficou notório a necessidade dos profissionais
e educadores da saúde de assumirem maior responsabilidade perante a situação das gestantes
submetidas a este universo repleto de preconceitos, discriminação, exclusão e violência dos direitos
sociais e de saúde destas gestantes, as quais por vezes, não tiveram a opção devido ao contexto
psicossocial de planejar a sua gravidez adequadamente. Evidenciou também a necessidade de
investimentos pelas autoridades públicas na assistência à gestante, disponibilizando uma abordagem
multiprofissional e interdisciplinar no enfrentamento da associação dor lombar e gestação.
Referências bibliográficas
AFONSO L. Organização Mundial de Saúde (OMS). Direitos e legislação. Rio de Janeiro: Secretaria
de Políticas de Saúde-Ministério da Saúde, 2003.
BARROS S.R.A.F. Infecção urinária na gestação e sua correlação com a dor lombar versus
intervenções de enfermagem. Rev. Dor. vol.14 (2), 2013.
CECIN H.A, BICHUETTI J.A.N, DAGUER, M.K, PUSTRELO, M.N. Lombalgia e gravidez.
Revista Brasileira Rematologia. 32(2), 1996.
CORTEZ P.J; FRANCO T.A.S; SENE T.M; CARVALHO T.D; TOMAZINI J.E. Correlation
between low back pain and postural alterations during pregnancy. Arquivos Brasileiros de Ciências
da Saúde, v.37, n. 1, p. 30-35, 2012.
DEYO R.A, PHILLIPS W.R. Low back pain. A primary cares challenge. Spine. 21:2826-32.1996
DUARTE R. Pesquisa qualitativa: Reflexões sobre o trabalho de campo. Caderno de pesquisa.
(115):139-157, 2002
FAST A, HERTZ G. Noturna low back pain in pregnancy: polysomnology.v correlates. American
Journal of Reproduction Immunology. 28 (3):251-253, 1992.
FERREIRA C.H.J, NAKANO A.M.S. Reflexões sobre as bases conceituais que fundamentam a
construção do conhecimento acerca da lombalgia na gestação. Rev. Latino-am de
Enfermagem. 9(3):95-100, 2001
GARSHASBI A, ZADEH S.F. The effect of exercise on the intensity of low back pain in pregnant
women. Intern Jor Gyneco and Obst. 88:271-275, 2005.
KALUS S.M, KORNMAN L.H, QUINLIVAN J.A. Managing back pain in pregnancy using a
support garment: a randomised trial. BJOG. 115(1):68-75, 2008.
15 LUZ, F. G. R; LUZ, M. M. M; ARAGÃO, H. S.; MATA, J. R. Caracterização da dor lombar durante a
gestação. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol.
02, nº 10, 08-15, Fev./Jul. 2014.
MANTLE M, CURRY H.L.F. Backache in pregnancy. II: Prophylactic influence of bachache
classes.Rheumatology Rehabilitee. 20:227-232, 1981.
MARTINS R.F. SILVA J.L.P. Tratamento da lombalgia e dor pélvica posterior na gestação por um
método de exercícios. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. 27(5):275-82,2005.
MELZACK R.C. Psychologic aspects of pain. Postgrad. Med. 53:69, 1973.
MINAYO M.C.S; DESLANDES S.F; CRUZ NETO O; GOMES R. Pesquisa social: teoria, método e
criatividade/Social research: theory, methods and creativity. Petrópolis;Vozes, 80p, 2005.
MOGREN, I. Perceived health six months after delivery in women who have experienced low back
pain and pelvic pain during pregnancy. Scand J Caring Sci.2007;21(4):447-55.
NOVAES F.S, SHIMO A.K.K, LOPES M.H.B.M. Lombalgia na gestação. Rev Latino-am Enferm.
14(4):620-624, 2006.
OLIVEIRA, C.F.P; BARROS D.J.M; ARAÚJO F.A.B; COSTA , A.C.S; LIMA A.B. The Incidence
Of Pains Musculoskeletal During The Gestation. Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano
1, n.2, 2010.
OSTGAARD C. Assemtament and treatament of low back pain in working pregnant
women. Spine. 20(1):60-68,1996.
SEBBEN V; PERUSSOLO C; GUEDES J. M; TOURINHO H. F. Hydrotherapeutic treatmenton
lumbar pain at pregnant women Perspectiva, Erechim. v.35, n.129, p. 167-175, 2011.
SHIM M.J, LEE Y.S, OH H.E, KIM J.S. Effects of a back-pain-reducing program during pregnancy
for Korean women: a non-equivalent control-group pretest-posttest study. Interna Jour Nurs
Stud. 2005.
SMITH M.W; MARCUS P.S; WURTZ L.D. Orthopedic issues in pregnancy. Obstet Gynecol
Surv. 63(2):103-11, 2008.
SPERANDIO F.F, SANTOS M.G, PEREIRA F. Características e diferenças da dor sacroilíaca e
lombar durante a gestação em mulheres primigestas e multigestas. Revista Fisioterapia. 5(4):267-270,
2004.
STEPHENSON R, O’CONNOR L.J. Fisioterapia Aplicada a Ginecologia e Obstetrícia. 2ª edição.
São Paulo: Manole; 2004.
ZUGAIB M, TEDESCO J.J, QUAYLE J. Obstetrícia Psicossomática. São Paulo. Atheneu, 1997.
16 COSTA, Davi Mendonça da; BARRETO, Vinícius Pires de Paiva; OLIVEIRA, Yuri Douglas Acioli de;
COSTA, Cleiton Andrade; MEDEIROS, Elizabete Cristina Diógenes de; VIEIRA, Wouber Herickson de
Brito; AUGUSTO, Denise Dal’ava. Efeito da laserterapia de baixa intensidade associada à terapia manual
na dor e funcionalidade de indivíduos com fascite plantar: um estudo-piloto. Estácio de Sá – Ciências da
Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 16-27, Fev./Jul. 2014.
EFEITO DA LASERTERAPIA DE BAIXA INTENSIDADE ASSOCIADA À TERAPIA
MANUAL NA DOR E FUNCIONALIDADE DE INDIVÍDUOS COM FASCITE PLANTAR:
UM ESTUDO-PILOTO
Davi Mendonça da Costa1; Vinícius Pires de Paiva Barreto2; Yuri Douglas Acioli de Oliveira3;
Cleiton Andrade Costa4; Elizabete Cristina Diógenes de Medeiros5;
Wouber Herickson de Brito Vieira6; Denise Dal’ava Augusto7
RESUMO
ABSTRACT
O presente trabalho objetivou verificar o efeito da
laserterapia de baixa intensidade e terapia manual na
dor e funcionalidade de indivíduos com fascite
plantar que praticam caminhada. Realizou-se um
estudo-piloto do tipo ensaio clínico, controlado e
randomizado, com 6 indivíduos de ambos os
gêneros, divididos em G1 e G2, que realizaram,
anteriormente a laserterapia, alongamentos de
tríceps sural e massagem de fricção transversa. No
grupo G1 foi aplicado o LASER desligado, enquanto
que G2, era aplicado o LASER invisível (808Nm),
no modo contínuo, com potência de 60 mW e dose
de 15 J de forma pontual com contato. A intervenção
foi realizada três vezes por semana durante um mês,
sendo os voluntários avaliados na 1ª e 12ª sessões. A
dor foi avaliada através da Escala Visual Analógica
(EVA) e da algometria de pressão enquanto que a
funcionalidade foi através do triple hop test. Foram
realizados testes intergrupos e intragrupo,
considerando um valor de significância p ≤ 0,05 para
todos os testes. Verificou-se que a laserterapia, em
nosso estudo, foi efetiva quanto à melhora da
funcionalidade e da sensação subjetiva de dor.
Constatou-se que o pequeno número da amostra
juntamente com a dose fixa empregada foram as
limitações apresentadas pelo estudo.
The goal of this study was to assess the effect of
low-intensity laser therapy and manual therapy on
pain and function in individuals with plantar fasciitis
who went hiking. A clinical, randomized, controlled
pilot study was conducted with six individuals of
both sexes, divided into G1 and G2, who had
performed stretching of sural triceps and transverse
friction massage before the laser therapy.
Disconnected laser was administered to group G1,
whereas G2 received invisible laser (808 nm) in
continuous mode with a power of 60 mW at a dose
of 15 J through punctual contact. The intervention
was carried out three times per week during one
month, and the volunteers were assessed in the 1st
and 12th sessions. The pain was assessed through the
visual analogue scale (VAS) and pressure
algometry, whereas functionality was assessed
through the triple hop test. Inter-and intra-group
tests were carried out considering a significance
value of p ≤ 0.05 for all tests. It was found that laser
therapy was effective with regard to the
improvement in functionality and the subjective
feeling of pain. It was observed that the small
sample and the fixed-dose used were the limitations
of the study.
Keywords: Plantar Fasciitis. Laser. Physiotherapy.
Palavras-chave: Laser. Fisioterapia. Fascite Plantar.
1
Discente da Graduação da Estácio Ponta Negra.
Discente da Graduação da Estácio Ponta Negra.
3
Discentes do Projeto de Iniciação Científica – Laserterapia de Baixa
Traumatológicas e Reumatológicas.
4
Discentes do Projeto de Iniciação Científica – Laserterapia de Baixa
Traumatológicas e Reumatológicas.
5
Discentes do Projeto de Iniciação Científica – Laserterapia de Baixa
Traumatológicas e Reumatológicas.
6
Docente da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN.
7
Docente da Estácio Ponta Negra. Endereço Postal: Denise Dal’Ava Augusto
Lagoa Nova Natal- RN 59063-380 - [email protected]
2
Intensidade nas Lesões Ortopédicas,
Intensidade nas Lesões Ortopédicas,
Intensidade nas Lesões Ortopédicas,
- Rua Sérgio Severo nª1135 Apto 1004
17 COSTA, Davi Mendonça da; BARRETO, Vinícius Pires de Paiva; OLIVEIRA, Yuri Douglas Acioli de;
COSTA, Cleiton Andrade; MEDEIROS, Elizabete Cristina Diógenes de; VIEIRA, Wouber Herickson de
Brito; AUGUSTO, Denise Dal’ava. Efeito da laserterapia de baixa intensidade associada à terapia manual
na dor e funcionalidade de indivíduos com fascite plantar: um estudo-piloto. Estácio de Sá – Ciências da
Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 16-27, Fev./Jul. 2014.
Introdução
A fáscia plantar é uma membrana de tecido conjuntivo responsável por estabilizar o
arco longitudinal medial e auxiliar na força de impulso durante a corrida e ao realizar saltos. O
constante tracionamento dessa estrutura, durante a fase de apoio da marcha e início da fase de
balanço, provoca microtraumatismos de repetição, que leva a um processo inflamatório,
ocasionando posteriormente degeneração e fibrose, e originando a fascite plantar1.
Esta patologia está associada à sobrecarga provocada pelo aumento repentino de
atividades que envolvem descarga de peso, ao gesto esportivo inadequado, ao treinamento em
superfícies irregulares e ao uso de calçados inapropriados ou excessivamente desgastado2.
O seu tratamento pode ser conservador ou cirúrgico. No tratamento conservador é o
preconizado o uso de órteses e bandagens funcionais, exercícios de alongamento de tríceps sural,
fáscia plantar, tibial posterior e fibulares, associados ao repouso relativo, e de fortalecimento para a
musculatura intrínseca do pé, além da utilização de recursos eletrotermoterápicos e crochetagem3.
LASER é uma radiação eletromagnética não ionizante e também uma fonte luminosa
com características específicas como a monocromaticidade, a colimação, e a coerência, as quais
conferem a esse tipo de luz, importantes propriedades terapêuticas, sendo a laserterapia de baixa
potência também um recurso de eleição para o tratamento conservador da fascite plantar4.
Segundo Agne5, a laserterapia é capaz de promover efeitos como: a analgesia local,
redução de edema, ação anti-inflamatória, estimulação de cicatrização em feridas de difícil
evolução, aumento da microcirculação, trofismo e reparo tecidual.
Desta forma, o presente estudo verificou o efeito da laserterapia de baixa intensidade
associada à terapia manual na dor e funcionalidade de indivíduos portadores de fascite plantar que
praticam caminhada regulamente, comparando a ação do laser.
Material e métodos
O projeto é um estudo-piloto do tipo randomizado e controlado onde a amostra foi
composta por 06 participantes, quatro mulheres e dois homens com faixa etária em torno de 44 e 55
anos, distribuídos igualmente em dois grupos G1 (placebo controlado) e G2 (LASER) por meio de
randomização simples.
18 COSTA, Davi Mendonça da; BARRETO, Vinícius Pires de Paiva; OLIVEIRA, Yuri Douglas Acioli de;
COSTA, Cleiton Andrade; MEDEIROS, Elizabete Cristina Diógenes de; VIEIRA, Wouber Herickson de
Brito; AUGUSTO, Denise Dal’ava. Efeito da laserterapia de baixa intensidade associada à terapia manual
na dor e funcionalidade de indivíduos com fascite plantar: um estudo-piloto. Estácio de Sá – Ciências da
Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 16-27, Fev./Jul. 2014.
O estudo foi composto por pacientes com diagnostico clinico de fascite plantar
escolhidos entre uma população que praticavam caminhadas regularmente, sendo no grupo placebo
controlado (G1), dois voluntários com dor bilateral e um unilateral, e no grupo LASER invisível
(G2), um voluntário com dor bilateral e dois unilateral.
Os indivíduos foram selecionados por meio da aplicação de um questionário
adaptado com base em Ribeiro e João6 sobre Fascite Plantar, que contempla dados como a
identificação do (a) voluntário (a) (nome, idade, sexo, peso, altura, telefone/celular, e e-mail), a data
da avaliação, se já apresentava diagnóstico de fascite plantar e há quanto tempo, o quadro de dor
(questionando a intensidade, os momentos em que ela melhora e piora, o tempo da queixa de dor e
também mensurado pelos avaliadores o limiar e limite da dor) e informações sobre a sua atividade
física (o tempo de pratica da caminhada, a frequência, e se já sofreu algum outro tipo de lesão em
membros inferiores em um período de seis meses), como também realizado um teste funcional, o
triple hop test.
Como critérios de inclusão os pacientes teriam que apresentar dor, com ou sem
palpação, no trajeto da fáscia plantar durante a realização de atividades específicas como levantar-se
da cama, subir algum obstáculo (escada, bancos, etc) e/ou durante a pratica da atividade física
(caminhada); apresentar intensidade de dor entre moderada e intensa (3 a 10 na EVA); apresentar
uma frequência mínima de caminhada de três vezes por semana; não ter sido submetido a nenhum
tratamento como fisioterapia, cirurgia ou medicação anti-inflamatória recente (menor que um mês);
não apresentar outras lesões osteomioarticulares de membros inferiores (MMII) em um período
menor que um mês e que possam vir a comprometer a realização do triple hop test. E como critérios
de exclusão: recusar-se a realizar todas as sessões programadas, a responder todo o questionário ou
a assinar o TCLE; e apresentar três faltas consecutivas, pois comprometeria a evolução do
tratamento.
O projeto foi aprovado pelo comitê de ética e pesquisa, conforme parecer nº 178/2012,
estando sob o protocolo de nº 287/11. Todos os voluntários assinaram o Termo de consentimento
Livre e Esclarecido.
Para avaliação e tratamento foram utilizados os seguintes instrumentos: Questionário
sobre fascite plantar,
Escala
visual
analógica (EVA) para
mensuração
da intensidade
da
dor, algômetro Force Gage modelo FDX 25 da Wagner Instruments, para mensurar o limiar e limite
da dor e um equipamento de LASER Photon Lase DMC III, com óculos de proteção e potência
19 COSTA, Davi Mendonça da; BARRETO, Vinícius Pires de Paiva; OLIVEIRA, Yuri Douglas Acioli de;
COSTA, Cleiton Andrade; MEDEIROS, Elizabete Cristina Diógenes de; VIEIRA, Wouber Herickson de
Brito; AUGUSTO, Denise Dal’ava. Efeito da laserterapia de baixa intensidade associada à terapia manual
na dor e funcionalidade de indivíduos com fascite plantar: um estudo-piloto. Estácio de Sá – Ciências da
Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 16-27, Fev./Jul. 2014.
variável de 30 a 100 mW, área da ponteira de 0,02827 cm² e comprimento de onda de 660Nm ou
808Nm.
O trabalho de intervenção foi realizado na própria faculdade, no laboratório, com um
total de 12 intervenções, 3 vezes por semana. Após o recrutamento dos voluntários, os mesmos
realizaram as avaliações iniciais que consistia na quantificação da dor pela EVA, ao limite e limiar
de dor através da algometria de pressão, e a maior distância alcançada no teste funcional, no qual
era realizado o triple hop test, sendo registrada a distância dos saltos. Após este dia os indivíduos
foram aleatoriamente distribuídos nos dois grupos e orientados a não realizarem caminhada pelo
menos 1 hora antes da intervenção. Da segunda a décima primeira sessão era realizada as
intervenções propriamente ditas com as especificidades de cada grupo, sendo tratados os pontos
dolorosos, utilizando-se no estudo o ponto mais doloroso. Ao final das 12 sessões, as mesmas
avaliações foram realizadas.
Nos dois grupos foram realizados anteriormente ao laser, alongamentos de tríceps sural,
duas vezes, mantando por 30 segundos. Após as intervenções prévias o G1 realizou a terapia com
LASER desligado, por um tempo de 7 segundos, de forma pontual e com contato nos locais da dor
referida pelo voluntário. E G2, a terapia com LASER invisível, com os seguintes parâmetros: modo
contínuo, comprimento de onda de 808 Nm potência de 60 mW, dose de 15 J/cm2 e tempo de 7
segundos e mesma forma do G1.
A
análise
estatística
foi
realizada
por
meio
do
programa Statistical Package for the Social Science 21.0 (SPSS). A normalidade na distribuição dos
dados foi verificada por meio do teste de Shapiro-Wilk. A análise dos dados foi apresentada pela
Estatística Descritiva por meio da média e desvio-padrão dos resultados. Para análise intragrupo,
utilizamos o teste de Wilcoxon, e para análise intergrupo, o teste de Mann-Whitney. Foi
considerado um valor de significância ≤ 0,05 para todos os testes.
Resultados
Foi observado que o grupo placebo controlado (G1) apresentava uma idade média de
53,67 anos e um tempo médio de dor de 48 meses caracterizando uma fase de dor crônica enquanto
que o grupo LASER (G2) tinha uma idade média de 47,33 anos e um tempo médio de dor de 5
meses, o que caracterizava uma fase de dor mais aguda.
20 COSTA, Davi Mendonça da; BARRETO, Vinícius Pires de Paiva; OLIVEIRA, Yuri Douglas Acioli de;
COSTA, Cleiton Andrade; MEDEIROS, Elizabete Cristina Diógenes de; VIEIRA, Wouber Herickson de
Brito; AUGUSTO, Denise Dal’ava. Efeito da laserterapia de baixa intensidade associada à terapia manual
na dor e funcionalidade de indivíduos com fascite plantar: um estudo-piloto. Estácio de Sá – Ciências da
Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 16-27, Fev./Jul. 2014.
Na análise intergrupo, observou-se que, para a análise do limiar da dor, os grupos antes
da intervenção eram diferentes, ou seja, o grupo LASER apresentava um limiar significativamente
menor do que o do grupo placebo controlado, indicando que esse grupo (G2) apresentava maior
sensação dolorosa. E após a terapia, esta diferença desapareceu, ou seja, o grupo G2, teve um
aumento do seu limiar, aproximando-se do que o grupo placebo controlado (G1) apresentava antes
da intervenção.
Analisando os resultados referentes a variável dor por meio da Escala Visual Analógica
(EVA), verificou-se que antes da intervenção os grupos não apresentavam diferenças com relação a
intensidade da dor e, após a intervenção, o grupo G2 apresentou uma pontuação significativamente
menor em comparação com o grupo G1 (LASER (G2): 1,75 ± 1,71 / Placebo Controlado (G1): 5,4
± 1,14; p = 0,014).
Já em relação às variáveis limite da dor e funcionalidade avaliada por meio do triple
hop test, não encontramos diferenças entre os grupos, nem antes e nem após a terapia.
A análise intergrupo está sumarizada na tabela 1 abaixo:
Teste de Mann-Whitney. p ≤ 0,05.
Tabela 1: Análise Intergrupo mostrando a média e desvio-padrão das variáveis dependentes, nos grupos Placebo
Controlado e LASER, antes e após da intervenção.
A análise intragrupo nos mostra se a terapia utilizada no estudo influenciou em uma
melhora nas variáveis dentro de cada grupo, nos momentos antes e após a intervenção. Sendo assim,
observamos que apenas a variável funcionalidade avaliada por meio do triple hop test apresentou
uma diferença significativa, porém somente no grupo G2. Observamos que após a intervenção com
LASER, os voluntários deste grupo saltaram uma distância maior no teste, significando uma
melhora funcional (LASER antes: 2,22 ± 0,90; LASER após: 2,95 ± 0,79; p = 0,035).
As demais variáveis, limiar e limite da dor e dor pela EVA, não mostraram diferenças
entre os valores antes e após a intervenção, tanto no grupo G1 como no grupo G2. Porém, embora o
21 COSTA, Davi Mendonça da; BARRETO, Vinícius Pires de Paiva; OLIVEIRA, Yuri Douglas Acioli de;
COSTA, Cleiton Andrade; MEDEIROS, Elizabete Cristina Diógenes de; VIEIRA, Wouber Herickson de
Brito; AUGUSTO, Denise Dal’ava. Efeito da laserterapia de baixa intensidade associada à terapia manual
na dor e funcionalidade de indivíduos com fascite plantar: um estudo-piloto. Estácio de Sá – Ciências da
Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 16-27, Fev./Jul. 2014.
valor da EVA não tenha sido estatisticamente significativo, o seu p valor (p = 0,068) demonstrou
uma tendência de melhora da dor dos voluntários tratados com o LASER (G2) (Tabela 2).
Teste Wilcoxon. p ≤ 0,05.
Tabela 2: Análise Intragrupo mostrando a média e desvio-padrão das variáveis dependentes, nos grupos Placebo
Controlado e LASER, antes e após a intervenção.
Discussão
Na literatura atual, há uma escassez de estudos relacionados à utilização do laser de
baixa intensidade no tratamento da fascite plantar, patologia muito frequente nos praticantes de
modalidades esportivas ligadas ao pedestrianismo, como a corrida e a caminhada, sendo, segundo
Castro3, a causa mais frequente de dor no calcanhar em atletas, podendo provocar um longo período
de incapacidade o que prejudica o planejamento desportivo do atleta. Segundo Bastos et al.7, a dor
pode gerar problemas de incapacitação, dificultando a realização de atividades diárias, chegando a
interferir no estado de humor, nas relações sociais e profissionais.
Diante disso, o presente estudo objetivou avaliar o efeito da laserterapia de baixa
intensidade associada à terapia manual na dor e funcionalidade de pessoas com fascite plantar que
praticavam caminhada regularmente.
Para avaliar a dor de cada voluntário foi realizado a algometria e aplicada a EVA, na 1ª
e 12ª sessões. Segundo Altan et al.8, Ferrante et al.9 e Hou et al.10, estes instrumentos de avaliação
tem sido muito utilizados para quantificar a dor. E pelos quais são observados os valores do limiar,
limite e a sensação subjetiva da dor, respectivamente.
Buscando melhor explanação dos resultados obtidos após o uso da laserterapia de baixa
intensidade sobre as variáveis analisadas na pesquisa (limiar e limite de dor, EVA, e funcionalidade
por meio do triple hop test), foram realizados testes intergrupos e intragrupo para comparar o efeito
da terapia antes e após a intervenção.
22 COSTA, Davi Mendonça da; BARRETO, Vinícius Pires de Paiva; OLIVEIRA, Yuri Douglas Acioli de;
COSTA, Cleiton Andrade; MEDEIROS, Elizabete Cristina Diógenes de; VIEIRA, Wouber Herickson de
Brito; AUGUSTO, Denise Dal’ava. Efeito da laserterapia de baixa intensidade associada à terapia manual
na dor e funcionalidade de indivíduos com fascite plantar: um estudo-piloto. Estácio de Sá – Ciências da
Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 16-27, Fev./Jul. 2014.
Foi observado após a randomização dos voluntários que os grupos apresentavam tempo
de dor diferentes, entretanto, esta diferença ocorreu devido ao reduzido número da amostra (n = 6) e
isso com certeza não aconteceria caso o estudo apresentasse um número maior de voluntários em
cada grupo.
A análise intergrupo mostrou que o grupo LASER (G2), anteriormente a intervenção,
apresentava limiar significativamente inferior (2,74 ± 0,75; p = 0,005) ao placebo controlado (G1),
indicando que esses voluntários estavam em uma fase mais aguda do que os do grupo G1; e ao final
das sessões, esse limiar aproximou-se do apresentado pelo G1 antes da intervenção, indicando com
isso que o LASER foi capaz de provocar um aumento no limiar de dor desses voluntários.
Outro ponto observado, ainda na análise intergrupo, foi a pontuação da EVA, na qual
observamos uma diferença estatisticamente significativa (1,75 ± 1,71; p = 0,014) na comparação
entre os grupos após a intervenção, implicando em uma diminuição da sensação subjetiva de dor
desses voluntários.
Como já é de conhecimento, a laserterapia de baixa intensidade possui entre os seus
efeitos a ação analgésica. O mecanismo dessa ação é descrito nos estudos de Pimenta11 e Veçoso12,
os quais citam que a radiação laser atua sobre a transmissão do estímulo nervoso responsável pela
sensação dolorosa, provocando a estabilização do potencial da membrana celular por causar a sua
hiperpolarização, diminuindo o efeito álgico da bradicinina e prostaglandinas em nível de
receptores e resultando em uma menor sensação dolorosa.
Porém as variáveis limite da dor e triple hop test, não apresentaram diferenças nas
comparações dos grupos após a intervenção.
Segundo Sato13, o limiar da dor é a pressão capaz de desencadear a mínima sensação de
dor no tecido. Já o limite, seria o ponto onde o estímulo responsável em gerar essa pressão não pode
ser mais suportado pelo indivíduo.
No entanto, foi constatado que houve alteração apenas no limiar e não no limite. Isso se
deve ao fato da análise do limiar ser mais clínica e mais sensível, ou seja, nas avaliações clínicas
dos nossos pacientes na rotina fisioterapêutica, avaliamos o limiar, pois o limite tem um caráter bem
mais subjetivo.
Bastos et al.7, refere que a sensação de dor é bem variada e particular, pois depende da
reação de cada um em traduzir as lesões reais ou potenciais, desta forma, a interpretação da dor
varia de indivíduo a indivíduo.
23 COSTA, Davi Mendonça da; BARRETO, Vinícius Pires de Paiva; OLIVEIRA, Yuri Douglas Acioli de;
COSTA, Cleiton Andrade; MEDEIROS, Elizabete Cristina Diógenes de; VIEIRA, Wouber Herickson de
Brito; AUGUSTO, Denise Dal’ava. Efeito da laserterapia de baixa intensidade associada à terapia manual
na dor e funcionalidade de indivíduos com fascite plantar: um estudo-piloto. Estácio de Sá – Ciências da
Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 16-27, Fev./Jul. 2014.
Em outras palavras, o limiar está relacionado com a mínima percepção dolorosa,
enquanto que o limite, como avalia até o ponto em que o estímulo doloroso torna-se insuportável,
propicia o desenvolvimento de uma crise álgica, o que faz com que o indivíduo acabe por evitar
esse tipo de situação, e em consequência disso, torna a medida de seu limite de dor não fidedigna.
Esse fato é reforçado por Filho14, o qual diz que a ansiedade relacionada à dor encontra-se ligada a
diferentes tipos de temores que surgem no paciente, entre eles, a possibilidade de que o sofrimento
possa se perpetuar.
Isso se deve a magnitude da intensidade do estímulo aplicado durante a avaliação do
limiar e limite ser captada de formas distintas pelos receptores cutâneos, ou seja, no limiar, ocorre
somente a ativação dos mecanorreceptores, já no limite, ocorre a ativação tanto dos
mecanorreceptores como dos nociceptores da dor, causando dor à pressão15 e 13.
Já na análise intragrupo, foi observada uma significativa melhora do grupo LASER
apenas no teste de funcionalidade avaliado por meio do triple hop test (2,95 ± 0,79; p = 0,035).
Segundo Itoh et al16, os hop tests são utilizados para avaliar a estabilidade e a dor do
membro inferior. O escolhido para o trabalho foi o triple hop test no qual são realizados três saltos
horizontais consecutivos em apoio unipodal, sendo registrada a maior distância alcançada.
Levando em consideração as particularidades biomecânicas do hop test – o qual
reproduz dois momentos em que há estresse direto sobre a fáscia plantar: (1) o contato do pé com o
chão; e (2) a impulsão realizada nas subfases de contato terminal e pré-oscilação; triplicando desta
forma o estresse exercido sobre a fáscia plantar, permitindo a interpretação de que o aumento no
limiar da dor do grupo LASER visto na análise intergrupos pode ter influenciado na melhora da sua
funcionalidade, evidenciada pelo aumento da distância máxima alcançada por estes voluntários no
triple hop test, não sendo observado o mesmo resultado com os voluntários do G1, no qual foi
aplicado o LASER desligado.
Este resultado, relacionado a funcionalidade, corrobora com o estudo de Kiritsi et al.17
os quais investigaram o efeito da laserterapia de baixa intensidade em 25 participantes
diagnosticados com fascite plantar unilateral, que foram divididos igualmente em dois grupos
(experimental: laser ligado, e placebo: laser desligado), com tempo de intervenção de 6 semanas,
totalizando 18 sessões, e utilizando como controle o pé contralateral assintomático. O LASER foi
programado com potência de 60 mW e dose de 8,4 J/cm2 sobre o local de inserção do tendão
seguido por 8,4 J/cm2 ao longo da borda medial da fáscia, com duração de 157 segundos por
sessão. Foram realizados exames de ultrassonografia para avaliar possível alteração da espessura da
24 COSTA, Davi Mendonça da; BARRETO, Vinícius Pires de Paiva; OLIVEIRA, Yuri Douglas Acioli de;
COSTA, Cleiton Andrade; MEDEIROS, Elizabete Cristina Diógenes de; VIEIRA, Wouber Herickson de
Brito; AUGUSTO, Denise Dal’ava. Efeito da laserterapia de baixa intensidade associada à terapia manual
na dor e funcionalidade de indivíduos com fascite plantar: um estudo-piloto. Estácio de Sá – Ciências da
Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 16-27, Fev./Jul. 2014.
fáscia plantar, além da Escala Visual Analógica (EVA) da dor, no início e após o período de
tratamento. Observou-se que ambos os grupos apresentaram alteração significativa da espessura da
fáscia plantar sobre o período experimental. E pôde-se também verificar melhora da funcionalidade
somente no grupo laserterapia, evidenciada no estudo através da melhora significativa em todas as
situações de teste (após o descanso durante a noite e nas atividades diárias) quando comparado com
a do grupo de placebo.
O fato deste resultado ser encontrado somente na análise intragrupo pode ser atribuído a
evolução individual apresentada pelos voluntários do grupo G2 em resposta ao tratamento, que
quando comparado ao G1, na análise intergrupo, acabou não se tornando significativa, o que pode
ser justificado também pelo número de voluntários em cada grupo e pela dose utilizada.
Segundo Chow et al.18 e Hakgüder et al.19, há uma escassez de estudos referentes à
seleção apropriada da dose do laser a ser utilizada, o que dificulta a comparação dos nossos
resultados com a literatura.
A dose empregada no nosso estudo foi de 15 J/cm2 e foi mantido fixo em virtude da
necessidade de padronização do estudo, levando em consideração de que os indivíduos não evoluem
da mesma forma em resposta ao tratamento, o que acabou gerando evoluções variadas ao final das
intervenções.
Sato13 demonstra em seu trabalho que aumentos progressivos da dose podem gerar um
efeito terapêutico positivo sobre a redução de edemas e da dor. Ele utilizou inicialmente, da 1ª a 3ª
sessões, uma dose de 3 J/cm2, sendo observada regressão da dor referida e do edema, aumentando
posteriormente para 4 J/cm2, na 4ª sessão, o que resultou na presença de dor somente à palpação, e
finalizou com uma dose de 5 J/cm2, na 5ª e 6ª sessões, resultando na ausência de sinais de dor ou
edema.
Marovino20 diz que a dose é um dos importantes parâmetros para se conseguir efeitos
terapêuticos positivos, porém a maioria dos estudos falha em descrevê-la.
No nosso estudo, escolhemos para nossa metodologia utilizar uma potência 60 mW,
corroborando com os estudos de Almeida-Lopes21, onde referem que a célula responde melhor a
potências mais altas, ou seja, para uma densidade de energia fixa, se for depositado essa energia de
forma mais rápida, têm-se uma maior densidade de potência em determinada célula, o que irá gerar
uma maior absorção celular e as respostas serão mais satisfatórias.
25 COSTA, Davi Mendonça da; BARRETO, Vinícius Pires de Paiva; OLIVEIRA, Yuri Douglas Acioli de;
COSTA, Cleiton Andrade; MEDEIROS, Elizabete Cristina Diógenes de; VIEIRA, Wouber Herickson de
Brito; AUGUSTO, Denise Dal’ava. Efeito da laserterapia de baixa intensidade associada à terapia manual
na dor e funcionalidade de indivíduos com fascite plantar: um estudo-piloto. Estácio de Sá – Ciências da
Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 16-27, Fev./Jul. 2014.
E comprimento de onda de 808 Nm, o que condiz com os estudos de Matera et al.22 e
Marovino20 os quais mostraram que os lasers infravermelhos, como o GaAs e o GaAlAs (o mesmo
utilizado em nosso trabalho) podem ser mais eficazes para a analgesia.
Diante de todas essas considerações, constata-se que a dose constitui um parâmetro
essencial para a eficácia do tratamento, porém ainda não é claramente definida na literatura e seus
aumentos progressivos parecem ser uma estratégia bastante eficiente para o sucesso da terapia.
Entretanto foi observado que a dose que foi empregada no nosso estudo foi capaz de influenciar em
uma possível melhora da funcionalidade, reproduzida pelo aumento da distância alcançada no triple
hop test após a reavaliação, quando realizada a análise intragrupo, e também da sensação subjetiva
de dor, evidenciada pelo aumento da pontuação da Escala Visual Analógica (EVA) e do limiar de
dor após análise intergrupo. E como tais resultados foram visualizados somente no grupo LASER, é
possível afirmar que os alongamentos e a massagem de fricção transversa juntamente com o
LASER foram capazes de influenciar diretamente na redução da dor e melhora da funcionalidade de
forma significativa, corroborando com o estudo de Pinto et al23, o qual demonstra que a laserterapia
associada aos alongamentos reduziu consideravelmente a dor de uma paciente portadora de fascite
plantar bilateral, permitindo que a mesma retornasse às suas atividades diárias e profissionais. A
massagem de fricção transversa é uma técnica aplicada transversalmente às fibras do tecido e
objetiva manter ou restabelecer a sua mobilidade normal ou ainda retomar a sua função. Ela foi
planejada para atingir o tecido conjuntivo (tendões, ligamentos, músculos e fáscias) e é utilizada
para quebrar adesões cicatriciais, resultantes da formação de tecido cicatricial após uma lesão,
permitindo a estes tecidos readquirirem a sua função normal com ausência de dor24.
Segundo Snider25, o alongamento é o recurso mais utilizado para promover a
diminuição da tensão no tendão calcâneo e na fáscia plantar.
Dessa forma, o nosso trabalho, tornou mais evidente o efeito benéfico da terapia
combinada da laserterapia com a terapia manual em quadros álgicos e na funcionalidade.
Conclusão
Verificou-se que a laserterapia de baixa intensidade, nos parâmetros estabelecidos foi
efetiva quanto à melhora da funcionalidade, da sensação subjetiva de dor e do limiar de dor.
Constatamos que o pequeno número da amostra juntamente com a dose fixa empregada foram as
limitações apresentadas pelo estudo.
Sugere-se, portanto, a realização de novos estudos que
26 COSTA, Davi Mendonça da; BARRETO, Vinícius Pires de Paiva; OLIVEIRA, Yuri Douglas Acioli de;
COSTA, Cleiton Andrade; MEDEIROS, Elizabete Cristina Diógenes de; VIEIRA, Wouber Herickson de
Brito; AUGUSTO, Denise Dal’ava. Efeito da laserterapia de baixa intensidade associada à terapia manual
na dor e funcionalidade de indivíduos com fascite plantar: um estudo-piloto. Estácio de Sá – Ciências da
Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 16-27, Fev./Jul. 2014.
contemplem um número maior de voluntários, e que seja realizada uma comparação entre a ação de
uma laserterapia que adote um aumento progressivo das doses.
Referências
1 JUNIOR, A.E.C.; IMAMURA, M.; FILHO, D.C.M. Talalgias. In: Hebert S, Xavier R. Ortopedia
e traumatologia: princípios e prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 2003. p.550-6.
2 PRADO, M.P. Calcaneodínea. Rev. Einstein, 2008, 6 (1).
3 CASTRO, A.P. Fasceíte Plantar. Rev. Medic. Desp. in forma, 2010; 1 (3), 7-8;
4 ALMEIDA-LOPES, L. Laserpuntura: Bases Científicas e Aplicações - Revisão Bibliográfica.
ALMEIDA-LOPES, L - Monografia apresentada à Escola Spaço Alternativo, São Paulo, 2012.
5 AGNE, J.E. Eu sei eletroterapia. Santa Maria: Palloti, 2009.
6 RIBEIRO, A.P.; JOÃO, S.M.A. Avaliação estática do complexo tornozelo-pé e padrões
dinâmicos da distribuição da pressão plantar de corredores com e sem fasciite plantar. RIBEIRO,
A.P. – Dissertação de mestrado apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo, 2011.
7 BASTOS, D.F.; SILVA, G.C.C.; BASTOS, I.D; et al. Dor. Rev. SBPH, 2007; 10 (1), Rio de
Janeiro.
8 ALTAN, L.; BINGO, I.; AYKAC, M.; et al. Investigation of the effect of GaAs laser therapy on
cervical myofascial pain syndrome. Rheumatol. Int., vol. 25, 2005, p. 23-27.
9 FERRANTE, F.M.; BEARN, L.; ROTHROCK, R.; et al. Evidence against Trigger Point
Injection Technique for the Treatment of Cervicothoracic Myofascial Pain with Botulinum toxin
type A. Anesthes., vol. 103, 2005, p. 377-383.
10 HOU, C.R.; TSAI, L.C.; CHENG, K.F.; et al. Immediate effects of various physical therapeutic
modalities on cervical myofascial pain and trigger-point sensitivity. Arch. Phys. Med. Rehabil. Vol.
83, 2002, p.1406-1414.
11 PIMENTA, L.H.M. Laser em medicina e biologia. São Paulo: Roca, 1990, p.85.
12 VEÇOSO, M.C. Laser em Fisioterapia. São Paulo: Lovise, 1993, p. 25-54.
13 SATO, S.K.; JÚNIOR, L.S. Efeito do laser de arseneto de gálio (AsGa-904 nm) na tolerância e
limiar de dor avaliado através da algometria de pressão. SATO, S.K. – Dissertação de Mestrado
apresentada à Universidade do Vale do Paraíba; Orientador: Dr. Landulfo Silveira Júnior, São José
dos Campos - SP, 2006. Disponível em: <http://biblioteca.univap.br/dados/000001/000001FD.pdf>
Acessado em 29 de out. de 2011.
14 FILHO, J. M. Psicossomática Hoje. Porto Alegre: Artes Médicas , 1992.
27 COSTA, Davi Mendonça da; BARRETO, Vinícius Pires de Paiva; OLIVEIRA, Yuri Douglas Acioli de;
COSTA, Cleiton Andrade; MEDEIROS, Elizabete Cristina Diógenes de; VIEIRA, Wouber Herickson de
Brito; AUGUSTO, Denise Dal’ava. Efeito da laserterapia de baixa intensidade associada à terapia manual
na dor e funcionalidade de indivíduos com fascite plantar: um estudo-piloto. Estácio de Sá – Ciências da
Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 16-27, Fev./Jul. 2014.
15 BERNE, R.M.; LEVY, M.N.; KOEPPEN, B.M.; et al. Fisiologia. 4ª ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2000. p. 93-98, p.105-11.
16 ITOH, H.; KUROSAKA, M.; YOSHIYA, S.; ICHIHASHI, N.; MIZUNO, K. Evaluation of
functional deficits determined by four different hop tests in patients with anterior cruciate ligament
deficiency. Knee Surg Sports Traumatol Arthrosc., 1998; 6(4):241-5.
17 KIRITSI, O.; TSITAS, K.; MALLIAROPOULOS, N.; et al. Ultrasonographic evaluation of
plantar fasciitis after low-level laser therapy: results of a double-blind, randomized, placebocontrolled trial. Lasers Med. Sci., 2010; 25:275–281.
18 CHOW, R. T.; BARNSLEY,L.; HELLER, G.Z.; SIDDALL, P. J. A Pilot Study of Low Laser
Therapy in the Management of Chronic Neck Pain. Journal of Musculoskeletal Pain, 12 (2): 71-81,
2004.
19 HAKGÜDER, A.; BIRTANE, M.; GÜRCAN, S.; KOKINO, S.; TURAN, F. N. Efficacy of Low
Laser Therapy in Myofascial Pain Syndrome: An Algometric and Thermographic Evaluation.
Lasers in Surgery and Medicine, 33: 339-343, 2003.
20 MAROVINO, T. Cold Lasers in Pain Management. Practical Pain Management. 8: 1-5, 2004.
21 ALMEIDA-LOPES, L. Análise in vitro da proliferação celular de fibroblastos de gengiva
humana tratados com Laser de Baixa Intensidade utilizando diferentes parâmetros de irradiação.
Tese de doutorado apresentada à Universidade de São Paulo, São Carlos, 2003.
22 MATERA, J. M.; TATARUNAS, A. C.; OLIVEIRA, S. M. Uso do Laser Arseneto de Gálio
(904 nm) após Excisão Artroplástica da Cabeça do Fêmur em Cães. Acta Cir Bras., 18 (2): 102106, 2003.
23 PINTO, M.V.M; ROCHA, V.D.R.; SOARES, L.G.M; et al. A técnica de crochetagem
mioaponeurótica associada a laserterapia e alongamento em fascite plantar bilateral: um estudo
de caso. ANAIS do III Encontro de Pesquisa das IES, Minas Gerais, Nov., 2006.
24 WERLANG, A.G.; COLPANI, V.; CATTELAN, A. Efeitos da massagem transversa profunda
de Cyriax. Rio Grande do Sul, 2006
25 SNIDER, R.K. Tratamento das Doenças do Sistema Musculoesquelético. 1ª ed. São Paulo:
Manole, 2000.
28 SILVA, J. O; ARAGÃO, H. S.; MATA, J. R.; REBELO, A. C. S.. Desafios de alunos com necessidades
especiais durante sua formação escolar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de
Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 28-36, Fev./Jul. 2014.
DESAFIOS DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS DURANTE
SUA FORMAÇÃO ESCOLAR
Silva, J. O.1; ARAGÃO, H. S.2; Mata, J. R.3; REBELO, A. C. S.4
RESUMO
ABSTRACT
A deficiência física compromete a função e
pessoas com necessidades especiais muitas vezes
são excluídas socialmente. Este trabalho avaliou os
desafios de alunos com necessidades especiais
durante sua formação escolar. Aplicou-se
um questionário em estudantes do ensino médio e
universitário de Anápolis Goiás. Próximo da
metade destes alunos contou com profissionais
qualificadas e foram assistidos na intensidade de
80 a 100%. A convivência entre alunos mostrou
aperfeiçoamento, mas novos avanços são
requeridos para construir uma sociedade mais
democrática e igualitária.
Physical disabilities compromise the function and
people with special needs are often socially
excluded. This study evaluated the challenges of
students
with
special needs
during their
education. We applied a questionnaire to high
schoolstudents anduniversity Anapolis Goias Nex
t half of these students hadqualified professionals
and have watched intensity 80-100%.
The interaction between students showed improv
ement, but further progress is required to build a
more democratic and egalitarian society.
Keywords: inclusive education, people
with special needs.
Palavras-chave: educação inclusiva, pessoas com
necessidades especiais.
Introdução
Indivíduos apresentando alterações corpóreas com comprometimento da função, algum
grau de transtorno global do desenvolvimento ou prejuízo cognitivo é atualmente designado de pessoas
com necessidades especiais. Estas pessoas foram alvo da exclusão social e discriminação, em função do
privilégio dado aos modelos sociais dominantes, todavia devido ao avanço democrático tem ocorrido
aperfeiçoamento no relacionamento entre os diferentes grupos sociais (CARMO, 1991; MOREIRA et
al., 2006; NUNES et al., 2013). Os indivíduos com necessidades especiais além de enfrentar a gama de
dificuldades inerentes à sua condição, ainda se depara com outro obstáculo que é o ato de estudar. Para
o desiderato do ato de se instruir, as pessoas com necessidades especiais tem tido a seu favor o
1
Especialista em Tecnologias Aplicadas ao Ensino de Biologia pela UFG.
Estagiária em Anatomia – UFG/GO.
3
Doutor em Biologia Celular/Professora / UFG-GO. [email protected]
4
Doutora em Fisioterapia/Professora / UFG-GO.
2
29 SILVA, J. O; ARAGÃO, H. S.; MATA, J. R.; REBELO, A. C. S.. Desafios de alunos com necessidades
especiais durante sua formação escolar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de
Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 28-36, Fev./Jul. 2014.
surgimento e o fortalecimento da escola inclusiva, a qual preconiza uma educação apropriada e de
qualidade ministrada para todos os alunos considerados dentro dos padrões da normalidade junto a
aqueles com necessidades especiais em classes do ensino comum, onde deve ser desenvolvido um
trabalho pedagógico que sirvam a todos os alunos independente de seu talento, deficiência física,
sensorial ou cognitiva, sua origem socioeconômica, étnica ou cultural (CARVALHO, 1998; AGUIAR,
2004; GLAT &FERNANDES, 2005; MAYCA, 2012).
Este tipo de educação é a que deve ocorrer em escolas de qualquer nível preparadas para
propiciar um ensino de qualidade a todos os alunos independentemente de seus atributos pessoais,
inteligências, estilos de aprendizagem e necessidades comuns ou especiais, sendo, deste modo, uma
forma de inclusão em que a escola comum tradicional é modificada, para ser capaz de acolher qualquer
aluno incondicionalmente e de propiciar-lhe uma educação de qualidade, já que cabe a sociedade
modificar suas práticas, estrutura e conceitos para que, os ambientes e as atitudes se tornem adequadas
às necessidades de todas as pessoas (SASSAKI, 1998; ARANHA, 2005; LITWINCZUK, 2011). No
contexto atual ainda é necessário repensar sempre a inclusão educacional das pessoas com necessidades
especiais, já que este ato significa transcender os aspectos das normas, decretos, portarias, e considerar o
ser humano em sua totalidade, pois se percebe que, apesar do avanço na legislação e concepção a
respeito da inclusão de pessoas com deficiência no ensino, em especial, no ensino superior, muito ainda
há que ser feito para consolidar o processo da inclusão educativa (DE VITTA et al., 2004; MOREIRA
et al., 2006; NUNES et al., 2013).
Apesar de que a produção de conhecimentos, que sirvam de base para o progresso do
processo de inclusão e os avanços verificados no sistema educacional brasileiro já ter construído algum
acervo, ainda são poucas as pesquisas, experiências e práticas educacionais, validadas cientificamente,
que apontem como incluir no cotidiano de uma classe regular, alunos que apresentem diferentes tipos de
necessidades educacionais especiais (GLAT & FERNANDES, 2005; MAYCA, 2012). Este trabalho
teve como objetivo avaliar os desafios de alunos com necessidades especiais durante o processo de sua
formação escolar.
Material e métodos
Para avaliar os desafios de alunos com necessidades especiais durante o processo de sua
formação escolar foi utilizado um questionário composto por 16 questões abertas e fechadas aplicadas
em 15 alunos. Os estudantes eram de cinco escolas públicas do ciclo médio e de uma faculdade
30 SILVA, J. O; ARAGÃO, H. S.; MATA, J. R.; REBELO, A. C. S.. Desafios de alunos com necessidades
especiais durante sua formação escolar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de
Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 28-36, Fev./Jul. 2014.
particular do município de Anápolis. Os dados foram tabelados e utilizados na descrição e discussão
deste trabalho.
Resultados e discussão
Dentre os alunos avaliados, 46,7% faziam uso regularmente de cadeiras de rodas, próteses
ou muletas como auxílio para a sua locomoção e os demais (53,3%) apresentaram paralisia de membros
com variado grau de dificuldades de movimentos, porém sem a necessidade de recorrer a aparelhos
mecânicos auxiliares para a sua locomoção (Tabela 1). Estes indivíduos com necessidades especiais tem
sido alvo da exclusão social (ARANHA, 2005; MAZZOTTA, 2005; MOREIRA et al., 2006), porém
tem ocorrido aprimoramento na convivência entre os diverso membros sociais (MOREIRA et al., 2006;
NUNES et al., 2013).
Em torno de 46,7% dos alunos analisados eram do ensino médio e 20% de cursos
profissionalizantes de escolas públicas (Tabela 1). Estudantes originados de Faculdades Particulares
foram 33,3% distribuídos na frequência de 6,6% em cada um dos cursos de Fisioterapia, Educação
Física, Analista de Sistema, Nutrição, Sociologia (Tabela 1).
Questionamentos
Tipo de deficiência física
Tipo de escola
Curso que fez ou faz
A escola promoveu ações que facilitou
seu estudo
Você acompanhou bem os conteúdos
ministrados
Você foi discriminado por seus colegas
de turma
Você foi discriminado por funcionários
ou professores
* por dificuldades pessoais
Exposição das Respostas
Uso cadeira de rodas, próteses ou muletas
Paralisia de membros com dificuldades de
movimentos
Escola pública
Universidade particular
Ensino médio
Ensino Profissionalizante
Fisioterapia
Educação Física
Analista de Sistema
Nutrição
Sociologia
Sim
Não
Sim
Não*
Sim
Não
Sim
Não
Valores percentuais (%)
e (absolutos)
46,7 (7)
53,3 (8)
66,7 (10)
33,3 (5)
46,7 (7 )
20 (3)
6,6 (1)
6,6 (1 )
6,6 (1)
6,6 (1)
6,6 (1)
80 (12)
20 (3)
93,3 (14)
6,7 (1)
20 (3)
80 (12)
6,7 (1)
93,3 (14)
Tabela 1: Demonstração da percepção de alunos com necessidades especiais da cidade de Anápolis-Goiás sobre os desafios
enfrentados durante a sua formação escolar. Foram entrevistados 15 alunos de escolas publicas e particulares nos níveis de
ensino médio e universitário.
31 SILVA, J. O; ARAGÃO, H. S.; MATA, J. R.; REBELO, A. C. S.. Desafios de alunos com necessidades
especiais durante sua formação escolar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de
Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 28-36, Fev./Jul. 2014.
As escolas frequentadas promoveram ações facilitadoras para os estudos de 80% dos
alunos, o que pode ter contribuído para que a maioria (93,3%) dos discentes acompanhassem
satisfatoriamente os conteúdos ministrados (Tabela 1). A exclusão social e a discriminação em função
do privilégio dado aos modelos sociais dominantes sempre foi uma constante ao longo dos séculos, mas
devido ao avanço democrático tem ocorrido aperfeiçoamento no relacionamento entre os diferentes
grupos sociais (MOREIRA et al., 2006; NUNES et al., 2013). Este fato parece ter refletido na
convivência com os outros colegas já que 80% dos alunos não se sentiram discriminados por estes, e em
relação aos funcionários e professores apenas um aluno (6,7%) se sentiu discriminados devido a sua
situação de pessoa com necessidades especiais (Tabela 1). Este baixo índice de discriminação coaduna
com a proposta da escola inclusiva a qual preconiza uma educação apropriada e de qualidade ministrada
para todos os alunos indiscriminadamente independente de seu talento, deficiência sensorial, física ou
cognitiva, sua origem socioeconômica, étnica ou cultural (CARVALHO, 1998; AGUIAR,
2004; MAYCA, et al., 2012).
A presença de profissionais com qualificação para a formação de alunos com necessidades
especiais na escola inclusiva é uma necessidade premente, todavia somente em 53,3% dos alunos
pesquisados foram assistidos por estes profissionais (Tabela 2). A presença de rampas, elevadores,
banheiros e carteiras adaptadas às condições do individuo com necessidades especiais foi constatada
pela maioria (80%) dos alunos, e isto reforça que a compreensão de que as pessoas com deficiência
deveriam se modificar para se enquadrar no convívio social, vem mudando para a atitude, de que cabe a
sociedade modificar suas práticas, estruturas e conceitos para que os ambientes e as atitudes se tornem
adequadas às necessidades de todas as pessoas (LITWINCZUK, 2011). Dificuldades enfrentadas por
estes alunos foram apontadas no transporte inadequado por 26,7% e na falta de rampas por 20%, a
despeito que, 53,4% apontam que não teve dificuldades ao frequentar as atividades de sua formação
escolar (Tabela 2). As escolas atenderam as necessidades dos alunos na intensidade 80 a 100% para
73,3% dos alunos, de 50 a 70% para 20% dos alunos e um aluno (6,7%), expõe que apenas 30% de suas
necessidades como pessoa com necessidade especial foi atendido (Tabela 2). A percepção da maioria
dos alunos de que houve atendimento de suas necessidades em níveis aceitáveis (80 a 100%), aponta
que tem havido acerto, quando se buscou implementar políticas educacionais de integração de alunos
oriundos das classes e escolas especiais para serem integrados em classes regulares de ensino (GLAT
&FERNANDES, 2005; MAYCA, 2012).
Deste modo foram positivas as críticas ao modelo segregado de Educação Especial, o que
desencadeou incessante busca por alternativas pedagógicas para inserção de todos os alunos no sistema
regular de ensino, sendo intensificado nesse contexto, políticas educacionais de integração de alunos
32 SILVA, J. O; ARAGÃO, H. S.; MATA, J. R.; REBELO, A. C. S.. Desafios de alunos com necessidades
especiais durante sua formação escolar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de
Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 28-36, Fev./Jul. 2014.
oriundos das classes e escolas especiais para serem integrados em classes regulares recebendo, na
medida de suas necessidades, atendimento paralelo em salas de recursos apropriados ou outras
modalidades especializadas (GLAT & FERNANDES, 2005; NUNES et al., 2013).
Questionamentos
Exposição das Respostas
Havia profissionais qualificados para ensino
de pessoas com necessidades especiais
Sim
Não
Rampas; banheiros; elevadores
carteiras.
Não havia nada
Que dificuldades você enfrentou na escola
Transporte inadequado
Falta de rampa
Não teve dificuldades
Em que percentagem você foi atendido em
80 a 100%
suas necessidades
50 a 70%
30%
Falta de pessoa qualificada
Qual foi a sua maior dificuldade nos seus
Escola mais adaptada
estudos
Incompreensão para com minhas
limitações
Você conhece entidades que apoia pessoas
Sim
com necessidades especiais
Não
Você se sente motivado a continuar
Sim
estudando
Não *
*porém não é devido a minha condição de pessoa com necessidades especiais
Que estruturas físicas foram adaptadas à sua
condição
Valores percentuais (%) e
(absolutos)
53,3(8)
46,7(7)
80 (12)
20 (3)
26,7 (4)
20 (3)
53,4 (8)
73,3 (11)
20 (3)
6,7( 1 )
26,7 (4)
20 (3)
20 (3)
53,3 (3)
46,7 (7)
80 (12)
20 (3)
Tabela 2: Demonstração da percepção de alunos com necessidades especiais da cidade de Anápolis-Goiás sobre os desafios
enfrentados durante a sua formação escolar. Foram entrevistados 15 alunos de escolas publicas e particulares nos níveis de
ensino médio e universitário.
A maior dificuldade para o ato de estudar para estes alunos, foi apontado como a falta de
pessoa qualificada por 26,7% dos alunos, a ausência de uma escola mais adaptada a suas necessidades
por 20% e a incompreensão para com as limitações pessoais também por 20% dos estudantes (Tabela
2). De encontro a esta constatação, está o já sedimentado entendimento, que preconiza a oferta de
atendimento educacional qualificado, com a formação de professores para o atendimento educacional
especializado assim como dos demais profissionais da educação envolvidos na inclusão, adicionado à
melhoria na acessibilidade arquitetônica, nos transportes com a implementação de políticas públicas
com efetivo caráter inclusivo (ARANHA, 2005; NUNES et al., 2013). Todavia, apesar do avanço na
legislação e concepção a respeito da inclusão de pessoas com necessidades especiais no ensino, e
principalmente no ensino superior, muito ainda há que ser feito para consolidar o processo da inclusão
educativa (MOREIRA et al., 2006).
33 SILVA, J. O; ARAGÃO, H. S.; MATA, J. R.; REBELO, A. C. S.. Desafios de alunos com necessidades
especiais durante sua formação escolar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de
Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 28-36, Fev./Jul. 2014.
Os dados apontam que 53,3% dos alunos conhecem alguma entidade que apoia a pessoas
com necessidades especiais, o que sugere melhor entrosamento destes indivíduos com o meio social
onde estão vivendo e também que 80% dos alunos se sentem motivados para continuar estudando
(Tabela 2). Através dos dados desta pesquisa pôde se conhecer melhor a realidade dos indivíduos com
necessidades especiais diante do desafio de ter uma formação escolar mais adequada e estas
informações podem, em algum grau, contribuir com o processo de inclusão, já que ainda são poucas as
pesquisas validadas cientificamente, que apontem como incluir no cotidiano de uma classe regular,
alunos que apresentem diferentes tipos de necessidades educacionais especiais (GLAT &
FERNANDES, 2005).
Apesar de que a simples presença da criança com deficiência na escola regular já representa
um avanço na democratização do ensino, isto apenas não é garantia de efetivação de uma política de
inclusão (FIGUEIREDO, 2002). Por isto os eixos norteadores da política educacional devem contar
com a inclusão da pessoa portadora de deficiência, com o apoio de centros pedagógicos, com
viabilização de intérpretes e instrutores de libras, com a acessibilidade à comunicação, aquisição de
equipamentos e materiais didáticos, aquisição e adaptação de mobiliários, e com a reforma nas
edificações para promover acessibilidade e formação docente adequada (MOREIRA et al.,
2006; MAYCA, 2012).
Para a efetivação de uma escola verdadeiramente inclusiva, é necessária a comunhão de
todos os setores da sociedade, já que a educação inclusiva pressupõe a ideia de uma escola que não seja
simplesmente um agente selecionador de crianças em função de suas diferenças individuais, mas sim a
instrumentalização de um ambiente de construção do conhecimento com o pleno desenvolvimento de
suas potencialidades, contribuindo para que as pessoas com necessidades especiais tenham amplos
direitos à liberdade, a uma vida digna, ao desenvolvimento pessoal e social e à livre participação na vida
da comunidade (SOUZA et al., 2010; NUNES et al., 2013). Conforme já se demonstrou o sucesso da
aprendizagem está em explorar talentos, atualizar possibilidades, desenvolver predisposições naturais de
cada aluno, mas só existe essa possibilidade de sucesso se, de fato, se conhece as reais necessidades dos
alunos e, a partir daí oportuniza o desabrochar de seus talentos (MANTOAN, 2003; CRAVEIRO et al.,
2011).
A acessibilidade na escola é concebida como uma premissa para o pleno acesso dos alunos
com necessidades especiais, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação,
compreendendo desde a acessibilidade arquitetônica e na comunicação, passando pela produção de
materiais didáticos acessíveis e o uso de recursos de tecnologia assistiva na escola (CRAVEIRO et al.,
2011; MAYCA, 2012). È notório que uma educação inclusiva implica mais do que gerir a diversidade
34 SILVA, J. O; ARAGÃO, H. S.; MATA, J. R.; REBELO, A. C. S.. Desafios de alunos com necessidades
especiais durante sua formação escolar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de
Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 28-36, Fev./Jul. 2014.
na sala de aula, pois demanda mudança de conceitos, de paradigmas e de posições, que fogem às regras
tradicionais da educação. Ao se entender e aceitar tais diferenças vê-se a necessidade da reformulação
do currículo, que, por natureza já deve ser flexível e, frente à diversidade alcançará o atendimento a
estas necessidades.
Conclusões
Os dados apontam que a maioria dos alunos avaliados apresentou paralisia de membros
com variado grau de dificuldades de movimentos e próximo da metade utilizava de cadeiras de rodas,
próteses ou muletas como auxílio para a sua locomoção, sendo mais da metade estudantes de ensino
médio e o restante universitários ou já com curso superior concluído em Faculdades Particulares. Pouco
mais da metade destes alunos contaram com instrutores qualificados e a maioria encontrou a arquitetura
escolar adaptada aos indivíduos com necessidades especiais. Além disto, a discriminação destes alunos
por colegas de turmas, funcionário e professores raramente foi constatada.
Deste modo constatou-se progresso social na convivência com as pessoas com necessidades
especiais, melhorias nas adaptações do ambiente escolar, porém ficou claro que, avanços rumo ao
aperfeiçoamento da inclusão destes cidadãos, são ainda requeridos para se construir uma sociedade mais
plenamente democrática e igualitária.
Referências bibliográficas
AGUIAR, J. S. Educação Inclusiva: Jogos para o Ensino de Conceitos. 1ª. ed. Campinas:
Papirus Editora, 2004.
AGUIAR, J. S.; DUARTE, É. Educação Inclusiva, Aspectos da Formação do Profissional de Educação
Física e Expectativas Atuais da Prática Pedagógica desse Docente na Educação Básica. Rev. Bras. Ed.
Esp., Marília, Mai.-Ago. v.11, n.2, p.223-240, 2005.
ARANHA, M. S. F. Projeto escola viva: garantindo o acesso e permanência de todos os alunos na
escola: necessidades educacionais especiais dos alunos. Visão Histórica. Brasília: Ministério da
Educação; Secretaria de Educação Especial, 2005.
ARRUDA, E. E. de; KASSAR, M. C. M.; SANTOS, M. M. Educação Especial: o custo do
atendimento de uma pessoa com necessidades especiais em instituições públicas estatal e não estatal,
em MS, 2004. In: NERES, C.
BATISTA, C. A. M. et al. (Orgs.) Inclusão: construção na diversidade. Belo Horizonte: Armazém de
Ideias Ltda., v.1, 2004.
BEYER, H. O. A Educação Inclusiva: ressignificando conceitos e práticas da educação especial.
Revista Educação Especial. Brasília: 2006.
35 SILVA, J. O; ARAGÃO, H. S.; MATA, J. R.; REBELO, A. C. S.. Desafios de alunos com necessidades
especiais durante sua formação escolar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de
Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 28-36, Fev./Jul. 2014.
CARMO, Apolônio A. Deficiência física: a sociedade brasileira cria, recupera e discrimina. Brasília:
Secretaria dos Desportos, 1991.
CARVALHO, R. E. Temas em Educação Especial. Rio de Janeiro: WVA, 1998.
CRAVEIRO, C.B; DUTRA, C.P; BEZERRA, R.M.N. Os Rumos da Educação Especial no Brasil frente
ao Paradigma da Educação Inclusiva. Revista Inclusão. 2011
DE VITTA, F. C. F.; SILVA, K. P. L.& MORAES, M. C. A. F. Conceito sobre a Educação da Criança
Deficiente, de Acordo com Professores de Educação Infantil da Cidade de Bauru. Rev. Bras. Ed. Esp.,
Marília, Jan.-Abr, v.10, n.1, p.43-58, 2004.
FIGUEIREDO, R. V. Políticas de inclusão: escola-gestão da aprendizagem na diversidade. In: ROSA,
D. E. G.; SOUZA, V. C. (Orgs). Políticas organizativas e curriculares, educação inclusiva e formação
de professores. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 2002.
GLAT, R.; FERNANDES, E. M. Da educação segregada à educação inclusiva: uma breve reflexão
sobre os paradigmas educacionais no contexto da educação especial brasileira. Inclusão - Revista da
Educação Especial, Brasília, n.1, p. 35-39, out. 2005.
GLAT, R.; FONTES, R. S.; PLETSCH, M. D. Uma breve reflexão sobre o papel da Educação Especial
frente ao processo de inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais em rede regular de
ensino. Cadernos de Educação seis: Inclusão Social Desafios de uma Educação Cidadã.
UNIGRANRIO Editora, Rio de Janeiro, p. 13-30, nov., 2006.
JANNUZZI, Gilberta De Martino. Políticas públicas de inclusão escolar de pessoas portadoras de
necessidades educacionais especiais: reflexões. Revista GIS, Rio de Janeiro, out.2004.
KASSAR, M. C. M. Educação especial na perspectiva da educação inclusiva: desafios da implantação
de uma política nacional. Educar em Revista, Curitiba, Brasil, n. 41, p. 61-79, jul./set. Editora UFPR,
2011.
LIMA. P. A. Educação inclusiva e igualdade social. São Paulo: AVERCAMP, 2006.
LITWINCZUK, L. Educação Especial Inclusiva no Brasil: Trajetória Histórica. 2011.
MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão escolar: o que é? por quê? como fazer?São Paulo: Moderna,
2003.
MANTOAN. M. T. E. Inclusão escolar: caminhos e descaminhos, desafios, perspectivas. In: Revista
Outro Olhar. Ano IV, nº 4. Belo Horizonte: outubro, 2005.
MAYCA, F.G. Relação do atendimento educacional especializado no e com o ensino regular: uma
parceria mais que especial. COEB - Congresso de Educação Básica, 2012.
MAZZOTA, Marcos J.S. Educação Especial no Brasil: História e políticas públicas. 5ª Edição, São
Paulo, Cortez 2005.
MAZZOTTA, M. J. S. Educação Especial no Brasil: histórias e políticas. São Paulo: Cortez, 1996.
36 SILVA, J. O; ARAGÃO, H. S.; MATA, J. R.; REBELO, A. C. S.. Desafios de alunos com necessidades
especiais durante sua formação escolar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de
Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 28-36, Fev./Jul. 2014.
MAZZOTTA, Marcos J. S. Educação Especial no Brasil: história e políticas públicas. 5. ed. São Paulo:
Cortez, 2005. MENDES, E. G. Breve histórico da educação especial no Brasil. Revista Educación y
Pedagogía, Medellín, Universidad de Antioquia, Facultad de Educación, v. 22, n. 57, maio /ago. 2010.
MOREIRA, H. F; MICHELS, L.R; COLOSSI, N. Inclusão educacional para pessoas portadoras de
deficiência: um compromisso com o ensino superior. Escritos educ. v.5 n.1, 2006.
NUNES, D.R.P; MARIANA QUEIROZ ORRICO AZEVEDO, M.Q.O; SCHMIDT, C. Inclusão
educacional de pessoas com Autismo no Brasil: uma revisão da literatura. Revista Educação Especial.
v. 26, n. 47, p. 557-572; Santa Maria,2013.
RAMA, C. La tercera reforma de la educación superior en América Latina. Fondo de Cultura
Econômica. 1ª ed. Buenos Aires, 2006.
SASSAKI, Romeu Kazumi. Integração e Inclusão: do que estamos falando? Temas sobre
Desenvolvimento, v.7, n.39. 1998.
SOLER, R. Educação física inclusiva: em busca de uma escola plural. Rio de Janeiro: Sprint, 2005.
SOUZA, A.C; ALMEIDA, E.C.S; GARCIA, E.C.R; COELHO, M.F.M; SILVA, M.L.S; SANTANA,
R.M.B.B. Educação Inclusiva: Entre o Ideal e a Realidade,2010.
VITTA, M.C; DAVID, C.M. Políticas Públicas para a Inclusão de Pessoas Portadoras de
Necessidaes Especiais na Rede Regular de Ensino: Breve Análise das Propostas Nacionais, 2011.
37 NASCIMENTO, André dos Santos; SANTOS, Hellen Cristynna L. de J.; VIEIRA, Linda Rodrigues;
MENEZES, Narlla Geanne Leal de O.; COSTA, Christina Souto Cavalcante. Atribuições do enfermeiro no
processo de acreditação hospitalar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 37-45, Fev./Jul. 2014.
ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO NO PROCESSO DE
ACREDITAÇÃO HOSPITALAR
André dos Santos Nascimento1; Hellen Cristynna L. de J. Santos2; Linda Rodrigues Vieira3;
Narlla Geanne Leal de O. Menezes4; Christina Souto Cavalcante Costa5
RESUMO
ABSTRACT
A Acreditação garante a certificação da qualidade da
assistência médico-hospitalar através de acordos
entre os órgãos e ou entidades dos serviços de saúde,
sendo o enfermeiro responsável pela formulação de
todos os Procedimentos Operacionais Padrão. O
presente trabalho objetiva identificar as atribuições e
a importância do enfermeiro no processo de
Acreditação hospitalar, a fim de promover
juntamente com a melhoria da qualidade nos serviços
de saúde prestados pelas instituições. Trata-se de um
estudo do tipo bibliográfico, descritivo e
retrospectivo com análise sistematizada da literatura.
Realizado a coleta de dados em bases de dados da
saúde como Sistema Latino-Americano e do Caribe
de informação em Ciências da Saúde (Scielo),
Bancos de dados de Enfermagem – BDENF, no
período de 1995 a 2012. O enfermeiro é um agente
avaliador na realização de auditorias em que é
verificado riscos e o processo de Acreditação
Hospitalar, assim os profissionais de enfermagem
têm por essência o cuidado ao ser humano,
desenvolvendo importantes ações por meio do
cuidado, e providenciar condições para que esse
cuidado aconteça de forma segura e com qualidade,
por meio de ações gerencias. Conclui-se, portanto
que o enfermeiro com o seu conhecimento técnicocientífico é capacitado para executar a qualificação
na assistência aos clientes, visando a acreditação
hospitalar.
Accreditation ensures the quality certification of
medical assistance through agreements between
agencies or entities and health services, and the
nurse responsible for the formulation of all
Standard Operating Procedures. This study aims to
identify the tasks and the importance of nurses in
hospital Accreditation process in order to promote
along with the improvement of quality in health
services provided by the institutions. This is a study
of bibliographical, descriptive and retrospective
analysis of the literature. Conducted to collect data
in databases of health as the Latin American and
Caribbean Center on Health Sciences Information
(SciELO), Databases Nursing - BDENF in the
period 2007-2012. The nurse is an agent evaluator
in conducting audits where risk is checked and
Hospital Accreditation process, so the nurses are in
essence the care of human being, developing
important actions through carefully, and provide
conditions for this care happen in a safe and quality
through managerial actions. We conclude therefore
that the nurse with its technical-scientific
knowledge is able to perform the skills in assisting
clients seeking hospital accreditation.
Keywords: accreditation, nursing service, total
quality management, quality.
Palavras-chave:
Acreditação,
Serviço
de
enfermagem, Qualidade total, Gestão de qualidade.
1
Graduandos em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá de Goiás.
Graduandos em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá de Goiás.
3
Graduandos em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá de Goiás.
4
Graduandos em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá de Goiás.
5
Enfermeira, Mestre e Professora da Faculdade Estácio de Sá de Goiás.
2
38 NASCIMENTO, André dos Santos; SANTOS, Hellen Cristynna L. de J.; VIEIRA, Linda Rodrigues;
MENEZES, Narlla Geanne Leal de O.; COSTA, Christina Souto Cavalcante. Atribuições do enfermeiro no
processo de acreditação hospitalar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 37-45, Fev./Jul. 2014.
Introdução
Acreditação é uma palavra originária do inglês, que consiste em um procedimento de
avaliação dos recursos institucionais, voluntário, periódico e sigiloso, visando garantir a qualidade
da assistência médico-hospitalar através de padrões previamente acordados entre os órgãos e ou
entidades indicadas para a devida fiscalização, sendo para as instituições hospitalares, uma
certificação de qualidade dos serviços de saúde (FELDMAN; GATTO; CUNHA, 2005).
Este termo ainda pode ser compreendido como uma metodologia de gestão, que
preconiza o entendimento estratégico, é consenso produtivo multiprofissional, a racionalização da
utilização dos insumos e a otimização dos resultados dos hospitais, iniciando a avaliação da
qualidade na saúde estabelecendo Programa de Padronização Hospitalar (PPH), em que foi definido
como um conjunto de padrões mais apropriados para garantir a qualidade da assistência aos
pacientes (FELDMAN; GATTO; CUNHA, 2005).
Segundo a Anvisa (2004) o Sistema Brasileiro de Acreditação iniciado no final dos anos
80, quando a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) estabeleceu um conjunto de
qualificação para os hospitais da América Latina, os quais, se alcançados, dariam à organização a
certificação de acreditado.
Para avaliar esta qualidade assistencial da Organização Prestadora de Serviços
Hospitalares o Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar é utilizado como um instrumento de
avaliação específico e são definidos em três níveis de complexidade crescente, com princípios
específicos, cuja constatação é baseada em itens considerados pertinentes a eles; no nível 1 as
exigências contemplam o atendimento aos requisitos básicos da qualidade na assistência prestada ao
cliente. No nível 2 as exigências contemplam evidências de adoção do planejamento na organização
da assistência, referentes à documentação, corpo funcional, treinamento e práticas de auditoria
interna. Já no Nível 3 as exigências contêm evidências de políticas institucionais de melhoria
contínua em termos de: estrutura, novas tecnologias, atualização técnico-profissional e ações
assistenciais (ONA, 2010).
Estudos afirmam que em 1997 o Ministério da Saúde criou uma comissão nacional de
especialistas para desenvolver o modelo brasileiro de Acreditação. Em 1999, surgiu a Organização
Nacional de Acreditação (ONA), entidade não governamental, sem fins lucrativos e de interesse
coletivo, de abrangência nacional, com a atribuição de coordenar o sistema de Acreditação, tendo
por objetivo geral promover a implementação e a implantação de um processo permanente de
avaliação e de certificação da qualidade dos serviços de saúde, sendo monitorado, não pela ONA,
39 NASCIMENTO, André dos Santos; SANTOS, Hellen Cristynna L. de J.; VIEIRA, Linda Rodrigues;
MENEZES, Narlla Geanne Leal de O.; COSTA, Christina Souto Cavalcante. Atribuições do enfermeiro no
processo de acreditação hospitalar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 37-45, Fev./Jul. 2014.
mas por instituições acreditadoras - que são organizações de direito privado, com ou sem fins
lucrativos - credenciados pela ONA, responsáveis por proceder a avaliação e a certificação da
qualidade dos serviços oferecidos pelos hospitais dentro das normas técnicas previstas e com
atuação em nível nacional (MBA/ OPSH/ ONA, 2006).
Novaes, (2007), refere também que neste mesmo ano, após a formulação dos padrões da
OPAS e projetos pilotos em vários hospitais do país, o Ministério da Saúde publicou o Manual de
Acreditação de Hospitais do Brasil, buscando eliminar o grande problema da falta de qualidade nos
serviços de saúde e os prejuízos advindos da prática ineficiente dos mesmos, geradores de prejuízos
para a sociedade e que oneram os sistemas de saúde.
Pesquisadores apontam que essas práticas são exercidas por profissionais capacitados e
atuantes como os enfermeiros, que transformam em agentes avaliadores na realização de auditorias
em que são verificados riscos e o processo de Acreditação hospitalar, têm por essência o cuidado ao
ser humano, e promovendo condições de forma mais segura e com qualidade, por meio de ações
gerencias (FERNANDES et al., 2003).
Contudo, o objetivo desse trabalho é identificar o papel da enfermagem frente ao
processo de Acreditação hospitalar, visto que este profissional é importante no desempenho e
implantação deste instrumento de avaliação da qualificação dos serviços de saúde. Assim sendo
questiona-se, quais são as atribuições do enfermeiro no processo de Acreditação hospitalar?
Metodologia
Trata-se de um estudo do tipo bibliográfico, descritivo e retrospectivo com análise
sistematizada.
O estudo bibliográfico se baseia em literaturas estruturadas, obtidas de livros e artigos
científicos proveniente de bibliotecas convencionais e virtuais. O estudo descritivo - exploratório
visa à aproximação e familiaridade com o fenômeno- objeto da pesquisa, descrição de suas
características, criação de hipóteses e apontamentos, e estreitamento de relações entre as variáveis
estudadas no fenômeno (MINAYO, 2007; LAKATOS, 1995).
Após a definição do tema, foi realizado busca em bases de dados virtuais em saúde,
especificamente na Biblioteca Virtual de Saúde. Foram utilizados os descritores: Acreditação,
serviço de enfermagem, qualidade total, gestão de qualidade. O passo seguinte foi uma leitura
exploratória das publicações apresentadas no Sistema Latino-Americano e do Caribe de informação
40 NASCIMENTO, André dos Santos; SANTOS, Hellen Cristynna L. de J.; VIEIRA, Linda Rodrigues;
MENEZES, Narlla Geanne Leal de O.; COSTA, Christina Souto Cavalcante. Atribuições do enfermeiro no
processo de acreditação hospitalar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 37-45, Fev./Jul. 2014.
em Ciências da Saúde – Scielo e Bancos de dados de Enfermagem - BDENF, no período de 1986 a
2012, caracterizando assim o estudo retrospectivo.
Para o resgate histórico, utilizou-se artigos que abordassem o tema e possibilitassem um
breve relato da evolução do assunto relacionado à enfermagem.
Realizada a leitura exploratória e seleção do material, principiou a leitura analítica, por
meio da leitura das obras selecionadas, que possibilitou a organização das idéias por ordem de
importância e a sintetização destas que visou à fixação das idéias essenciais para a solução do
problema da pesquisa (MINAYO, 2007; LAKATOS, 1995).
Após a leitura analítica, iniciou-se a leitura interpretativa que tratou do comentário feito
pela ligação dos dados obtidos nas fontes ao problema da pesquisa e conhecimentos prévios.
Na leitura interpretativa houve uma busca mais ampla de resultados, pois ajustaram o
problema da pesquisa a possíveis soluções. Feita a leitura interpretativa se iniciou a tomada de
apontamentos que se referiram a anotações que consideravam o problema da pesquisa e ressalvando
as idéias principais e dados mais importantes (MINAYO, 2007; LAKATOS, 1986).
A partir das anotações da tomada de apontamentos, foram confeccionados fichamentos
estruturados, que objetivaram a identificação das obras consultadas, o registro do conteúdo das
obras, o registro dos comentários acerca das obras e ordenação do registro.
Os fichamentos propiciaram a construção lógica do trabalho, que consistiram na
coordenação das idéias que acataram os objetivos da pesquisa.
Resultados e discussões
O processo de Acreditação hospitalar é rigoroso e exige uma auto-avaliação do local
com vistorias e acompanhamento das melhorias, a Acreditação é um método que desenvolve
critérios de avaliação para a melhoria da qualidade do atendimento aos pacientes e também do
desempenho organizacional, pois é um processo dinâmico que está em constante evolução. (SILVA,
2008; NOVAES, 2007).
Para Gastal et al.,(2004), este processo de Acreditação envolve um padrão que permite
uma definição operacional com identificação precisa do que se busca avaliar e cada um apresenta
uma lista de itens de orientação. Por sua vez, apontam as fontes onde os avaliadores podem procurar
as evidências norteadoras da qualificação, assim como a organização de saúde pode utilizá-los para
indicar o cumprimento dos requisitos, além de servirem de guia para os avaliadores, os itens de
41 NASCIMENTO, André dos Santos; SANTOS, Hellen Cristynna L. de J.; VIEIRA, Linda Rodrigues;
MENEZES, Narlla Geanne Leal de O.; COSTA, Christina Souto Cavalcante. Atribuições do enfermeiro no
processo de acreditação hospitalar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 37-45, Fev./Jul. 2014.
orientação também são elaborados de forma a auxiliar a Organização Prestadora de Serviços de
Saúde (OPSS) em seu processo de preparação para a Acreditação.
Assim sendo, a lógica que orienta a definição dos níveis tem uma coerência global e
longitudinal para todo o instrumento, e consequentemente, para toda a organização avaliada. Isto
permite um efeito sistêmico quanto ao produto dos serviços de saúde que é: o cuidado ao paciente.
Na ótica da Acreditação, não se avalia um setor ou departamento isoladamente, somente se acredita
um hospital, quando este atinge o padrão de qualidade exigido pela Organização Nacional de
Acreditação (ONA), em níveis crescentes de avaliações periódicas, garantindo assim a continuidade
do processo de Acreditação naquela instituição avaliada (GASTAL et al., 2004)
É importante observar também que, na medida em que as instituições de saúde forem
evoluindo, os padrões serão atualizados e delineados para progressivos graus de qualificação. Outro
princípio fundamental relacionado à Acreditação é a adesão voluntária, ou seja, nenhuma OPSS
será obrigada a fazer a avaliação ou obter certificação. Portanto, a experiência mostra que ao longo
do tempo que a população prefere utilizar serviços que disponham de algum tipo de referencial
quanto à qualidade de seus recursos e suas atividades (ONA, 2006).
Cabe destacar que, as organizações acreditadas devem manter o grau de desempenho
obtido e para isso, existe um processo de acompanhamento por parte das Instituições Acreditadoras
credenciadas pela ONA, que avaliaram e concederam a certificação, esta é uma forma de garantir a
manutenção do desempenho obtido e assim estimulam novos patamares a serem atingidos (ONA,
2010).
Estudo refere também que no hospital a equipe de enfermagem é fundamental para um
programa de qualidade, devido à expressiva quantidade de profissionais e por sua atuação direta e
permanente com os clientes internos e externos, que atribuem sua satisfação ou insatisfação com os
serviços oferecidos de acordo com suas expectativas de atendimento e resolução dos problemas
apresentados. A enfermagem interage com todas as áreas de apoio, por meio de instrumentos da
estrutura organizacional, como regimento interno, organograma, rotinas, sistemas de comunicação e
controle. Face o enfermeiro ter familiaridade, desde a formação acadêmica, com questões
gerenciais, de liderança, de auditoria clínica, sendo educador e pesquisador, o torna apto a
assessorar a equipe multiprofissional durante a implementação e monitorização de um processo de
Acreditação (VARGAS; ALBUQUERQUE; RAMOS, 2007).
Segundo Manzo et al., (2009), dentro do processo de Acreditação, os enfermeiros
realizam ações assistenciais, já que um dos pilares de sua função é o cuidado ao ser humano,
responsabilizando-se pelo conforto, acolhimento e bem-estar dos pacientes, no entanto algumas
42 NASCIMENTO, André dos Santos; SANTOS, Hellen Cristynna L. de J.; VIEIRA, Linda Rodrigues;
MENEZES, Narlla Geanne Leal de O.; COSTA, Christina Souto Cavalcante. Atribuições do enfermeiro no
processo de acreditação hospitalar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 37-45, Fev./Jul. 2014.
tarefas administrativas lhes são atribuídas pelas instituições acreditadas, tais como: a sistematização
da Assistência de enfermagem (SAE), que é fundamental para a melhoria contínua dos indicadores;
a esta se configura como uma metodologia para organizar e sistematizar o cuidado, com base nos
princípios do método científico, bem como subsidiar as intervenções de promoção, recuperação e
reabilitação da saúde do individuo, família e comunidade.
Estudiosos relatam também, que o enfermeiro no Processo de Acreditação tem a função
de formular todos os Procedimentos Operacionais Padrão (POP), manter o paciente em ordem, fazer
medicação e checar de forma correta os prontuários, controlando a qualidade dos serviços prestados
pela equipe de enfermagem, a partir de uma assistência segura com o menor risco para o paciente,
causando menor tempo de internação e melhor assistência com menor custo (ALVES et al., 2012;
MANZO et al., 2009).
Na realização dos serviços hospitalares, o enfermeiro deve conhecer a importância de
trabalhar com indicadores nos processos de assistência ao individuo, pois seu trabalho é contínuo, e
para atingir as metas necessita-se de profissionais capacitados nas organizações de saúde, o
enfermeiro também pode ampliar programas inovadores centrados em novas concepções de
estrutura e propriedades e com objetivos de atingir melhores práticas em saúde e uma melhor
qualidade no cuidado (VARGAS et al., 2007).
Segundo o Ministério da Saúde, a enfermagem tem contribuído para o desenvolvimento
da qualidade assistencial e institucional participando dos processos em diversas situações, tornando
agente avaliador dentro do processo de Acreditação em seus diversos níveis de implementação
(BRASIL, 2004).
Em estudos recentes, desenvolvidos pela ONA (2005), a assistência é a base da
formação do enfermeiro, mas a liderança é a competência mais importante e presente nos gerentes
de enfermagem das instituições acreditadas, na visão dos seus superiores hierárquicos, enfatizando
assim um desafio ao profissional enfermeiro que durante sua vida acadêmica e exercício
profissional, não pode mais se prender apenas aos conhecimentos técnicos adquiridos, mas precisa
se atualizar, aprimorar e desenvolver novos conhecimentos gerenciais, que lhe serão necessários
aplicar durante o processo de tomada de decisões, e que vão ter impacto direto na qualidade dos
serviços e resultados institucionais das empresas onde atuam (CECCIM, 2005).
Contudo, as normas e exigências que estão inseridas no processo de Acreditação do
hospital, têm uma grande repercussão na vida profissional da equipe de enfermagem, pois o
enfermeiro é o líder do cuidado prestado ao cliente e isso constitui na sua fonte principal de contato
contínuo, implicando assim em orientações a respeito de normas e direitos, e também na prestação
43 NASCIMENTO, André dos Santos; SANTOS, Hellen Cristynna L. de J.; VIEIRA, Linda Rodrigues;
MENEZES, Narlla Geanne Leal de O.; COSTA, Christina Souto Cavalcante. Atribuições do enfermeiro no
processo de acreditação hospitalar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 37-45, Fev./Jul. 2014.
de informações completas, precisas e verdadeiras a respeito dos procedimentos dos integrantes de
sua equipe, e a satisfação dos usuários servem para avaliar a qualidade dos serviços de saúde, assim
como a credibilidade hospitalar. (FELDMAN; CUNHA, 2006; ROCHA, 2009).
Considerações finais
Percebe-se, portanto, que a implementação da Acreditação hospitalar é um processo que
veio para trazer melhorias para a organização e qualidade na assistência prestada ao cliente,
exigindo trabalho interdisciplinar, de forma peculiar a atuação do enfermeiro neste processo de
qualificação hospitalar constituindo uma ferramenta importante juntamente com sua equipe, visto
que participa de momentos estratégicos e operacionais para garantir o certificado da ONA.
Verifica-se também, que o profissional enfermeiro para atuar em um hospital acreditado
necessita estar vinculado a diferentes especialidades e estar comprometido no aprimoramento do
aprendizado, preservando a cultura de avaliação constante para garantir a qualidade dos serviços
prestados em âmbito hospitalar.
A partir destes estudos verificou-se também a responsabilidade, o reconhecimento, a
satisfação diante das experiências adquiridas, a confiança cliente/paciente e o crescimento
profissional como aspectos positivos, por outro lado os negativos estão à cobrança imposta pelos
gerentes/administração, no entanto a equipe de enfermagem se sente responsável pela qualidade de
atendimento e satisfação dos cuidados prestados, estando apta a desenvolvê-los.
Sendo assim, a importância do enfermeiro frente ao processo de Acreditação hospitalar,
constitui na sua fonte principal de contato contínuo, implicando na orientação, no respeito às
normas e direitos, bem como prestar informações completas, precisas e verdadeiras a respeito dos
procedimentos dos integrantes da equipe de enfermagem e outros profissionais, a satisfação dos
usuários é um instrumento para avaliação da qualidade dos serviços de saúde, bem como da
acreditabilidade hospitalar.
Portanto, a partir deste estudo espera-se que novas pesquisas e publicações referentes à
temática sejam realizadas, haja vista a relevância da atuação do enfermeiro no processo de
Acreditação hospitalar, tanto em redes públicas ou privadas, visto que os mesmos aceitem romper
desafios para garantia do certificado ONA, espera-se ainda que o presente trabalho possa também
contribuir com o desempenho do profissional de enfermagem e ampliar sua visão diante dos
desafios impostos para que a Acreditação no hospital se torne uma realidade que beneficie a
organização, os profissionais e, sobretudo o cliente/família.
44 NASCIMENTO, André dos Santos; SANTOS, Hellen Cristynna L. de J.; VIEIRA, Linda Rodrigues;
MENEZES, Narlla Geanne Leal de O.; COSTA, Christina Souto Cavalcante. Atribuições do enfermeiro no
processo de acreditação hospitalar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 37-45, Fev./Jul. 2014.
Referências bibliográficas
Acreditação: a busca pela qualidade nos serviços de saúde. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 38,
n. 2, Apr. 2004. Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S003489102004000200029&lng=en&nrm=iso>.
access
on
21
Apr.
2013.
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102004000200029.
ALVES, Marília procedimentos operacionais - Rev Latino americana. Enfermagem jan; fev 2012
ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Informes Técnicos Institucionais Technical
Institutional Reports. Acreditação: a busca pela qualidade nos serviços de saúde. Revista de Saúde
Pública, 2004
Ceccim RB. Educação Permanente em Saúde: desafio ambicioso e necessário. Interface Comun
Saúde Educ. 2005; 9(16): 161-8.
Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo – (COREN – SP). Período
Feldmam LB, Cunha ICKO. Identificação dos critérios de avaliação de resultados do serviço de
enfermagem nos programas de acreditação hospitalar. Rev.Latino-Am enfermagem.2006;14:540
Feldman LB, Gatto MAF, Cunha ICKO. História da evolução da qualidade hospitalar: Dos padrões
a acreditação. Acta Paulista de Enfermagem. 2005; 18(2): 213-9
FERNANDES, Marcia Simoni et al., . A conduta gerencial da enfermeira: um estudo fundamentado
nas teorias gerais da administração. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 11, n.
2, Mar. 2003. Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script= sci_arttext&pid=S010411692003000200004&lng=en&nrm=iso>.
access
on
19
May
2013.
http://dx.doi.org/10.1590/S0104-11692003000200004.
Florence Nightingale. 2005. Disponível em: <http://www.corensp.org.br/072005/ocorensp/
historia/5.php>. Acessado em 11/05/2013.
GASTAL, F. L.; ROESSLER, I. F.; ALBINO, C. Sistema Brasileiro de Acreditação – ONA.
Revista de Medicina, Pelotas, v. 2, n. 1, p. 38-42, Janeiro/Jun 2004
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do trabalho científico. São
Paulo: Atlas, 1995
MANZO B.F. O processo de acreditação hospitalar na perspectiva de profissionais de saúde
(dissertação de mestrado). Belo Horizonte (MG): Escola de enfermagem da universidade federal de
Minas Gerais; 2009. 98p.
MINAYO MC. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. Rio de Janeiro:
Abrasco; 2007.
NOVAES, H. M; O Processo de Acreditação dos Serviços de Saúde. Revista de Administração em
Saúde, São Paulo, v. 9, n. 37, p. 133-140, out./dez. 2007. Disponível em:
<http://www.cqh.org.br/files/RAS37_%20processo.pdf>, Acesso em: 08 maio 2013.
45 NASCIMENTO, André dos Santos; SANTOS, Hellen Cristynna L. de J.; VIEIRA, Linda Rodrigues;
MENEZES, Narlla Geanne Leal de O.; COSTA, Christina Souto Cavalcante. Atribuições do enfermeiro no
processo de acreditação hospitalar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 37-45, Fev./Jul. 2014.
Organização Nacional de Acreditação. Manual das Organizações Prestadoras de Serviços de
Saúde. Brasília: Organização Nacional de Acreditação; 2010. 164 p.
ORGANIZAÇÕES PRESTADORS DE SERVIÇOS DE SAÚDE. Coleção Manual Brasileiro de
Acreditação. Vol. 1. ONA. Brasília, 2006.
ROCHA; E. S. B.; TREVIZAN. M. A. Gerenciamento da qualidade em um serviço de enfermagem
hospitalar. Rev Latino-am Enfermagem março-abril, 2009.
SILVA, T. A. F. Acreditação: Fatores facilitadores e dificultadores do processo no Hospital Santa
Rita. 2008. 84 f.
VARGAS, MA; ALBUQUERQUE, GL, ERDMAN, AL; RAMOS, FRS. Onde (e como)
encontramos a qualidade no serviço de enfermagem hospitalar? Rev. bras.enferm.. v. 60 nº3;2007
46 DIAS, Keith Carneiro; RIBEIRO, Cristina Aparecida Neves. Efeitos do treinamento com o método
Fletcher Pilates Towelwork no comportamento da expansibilidade torácica em cirurgiões dentistas. Estácio
de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 46-54,
Fev./Jul. 2014.
EFEITOS DO TREINAMENTO COM O MÉTODO FLETCHER PILATESTOWELWORK
NO COMPORTAMENTO DA EXPANSIBILIDADE TORÁCICA EM CIRURGIÕES
DENTISTAS
Keith Carneiro Dias1; Cristina Aparecida Neves Ribeiro2
RESUMO
ABSTRACT
O método Pilates contém mais de 500 exercícios de
alongamento e fortalecimento muscular. Sendo uma
técnica centrada na exalação do ar pela abertura
diminuída da boca, aumentando assim a eficácia da
troca entre oxigênio e dióxido de carbono,
aumentando a eficiência respiratória e o desempenho
musculoesquelético de população de atletas a
incapacitados. Objetivo: Analisar os efeitos do
programa de treinamento Fletcher Pilates Towelwork
na na expansibilidade torácica de cirurgiãs dentistas,
sedentárias, residentes na cidade de Goiânia-GO.
Casuística e Métodos: Neste estudo clínico,
participou 15 mulheres com idade entre 21 e 50 anos,
não praticantes de atividade física regular.
Resultados: Foi observado aumento significativo
(p<0,01) da cirtometria axillar e abdominal, além da
pressão inspiratória máxima. Sendo também aferido
a redução da pressão arterial sistólica e taxa
glicêmica, após 10 aulas do método Pilates.
Conclusão: O uso do método Pilates se mostrou
eficiente na melhora da condição respiratório e
global de cirurgiãs dentistas sedentárias da cidade de
Goiânia-GO.
The Pilates method contains over 500 stretching
exercises and muscle strengthening. Since the
technique is focused on exhalation of air by the
reduced mouth opening, thus increasing the
efficiency of exchange of oxygen and carbon
dioxide by increasing the respiratory efficiency
performance and the skeletal muscle population of
disabled athletes. Objective: To analyze the effects
of the training program Fletcher Pilates Towelwork
in chest expansion of surgeons dentists, sedentary
living in the city of Goiânia- GO. Methods: In this
clinical study, participated 15 women aged 21 to 50
years were notengaged in regular physical activity.
Results: a significant increase was observed (p <
0.01) of the axillar and abdominal cirtometry,
beyond the maximum inspiratory pressure. And
also measured the reduction in systolic blood
pressure and glucose rate after 10 Pilates Method
classes. Conclusion: The use of the Pilates method
was efficient in the improvement of respiratory and
overall condition of sedentary dental surgeons in
Goiânia-GO .
Keywords: Pilates method; Chest expansion;
Palavras-chave: Pilates; Expansibilidade torácica; Ergonomics; Dentists.
Ergonomia; Cirurgiões dentistas.
1
Fisioterapeuta Pós-Graduanda em Pilates CEAFI – Goiânia/GO
Fisioterapeuta, Mestre em Ciências da Saúde pela UNB, Especialista em Saúde da mulher pela UFG.
Endereço para correspondência:
Keith Carneiro Dias; Rua 03, número 800, sala 511, Setor Oeste, Goiânia – GO - CEP: 74115-060
E-mail: [email protected]
2
47 DIAS, Keith Carneiro; RIBEIRO, Cristina Aparecida Neves. Efeitos do treinamento com o método
Fletcher Pilates Towelwork no comportamento da expansibilidade torácica em cirurgiões dentistas. Estácio
de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 46-54,
Fev./Jul. 2014.
Introdução
O método Pilates idealizado pelo alemão Joseph Hubertus Pilates (1883-1967) durante a
Primeira Guerra Mundial, é recomendado para ganho de flexibilidade, da massa corporal, e melhora
global da saúde. Além de sua recentemente inserção na área de reabilitação, sendo também
empregado no tratamento de desordens neurológicas (dor crônica), como a lombalgia [1](1). No
início do ano de 1923, o método Pilates foi introduzido por Joseph nos Estados Unidos, e sete
décadas se passaram para que este método começasse a ser difundido entre os brasileiros. Hoje este
método já é usado por milhares de pessoas no Brasil, e em outros países latino americanos [2](2).
Entretanto os primeiros praticantes americanos do método Pilates eram quase que exclusivamente
atletas e dançarinos. Neste sentido, este método se popularizou inicialmente entre os bailarinos de
Nova Iorque, como os do New York City Ballet, sendo posteriormente utilizado por companhias
profissionais de balé em mais de 17 países, incluindo o Brasil [3](3). Neste sentido, nos últimos
anos, o método se capilarizou, e passou a ser utilizado também no processo de reabilitação, como
também na prática da atividade física [4](4). Uma recente revisão sistemática [5](5) sobre a utilização
do método Pilates no Brasil, observou que as escassas evidências apresentavam limitações
metodológicas. Esta mesma revisão, identificou que o método Pilates é indicado para a melhora da
flexibilidade, fortalecimento da musculatura extensora do tronco, flexores de braço e abdominal,
além de contingenciar a dor lombar entre os fatores de beneficio de seu uso contínuo.
Há descrições do uso do método Pilates por pessoas que buscam somente manutenção
de uma atividade física frequente, como também por esportistas que visam melhorar sua
performance [2](2). Recentemente, o método passou a ser usado por profissionais de saúde, com o
objetivo de melhora do condicionamento físico, da flexibilidade, da força, do equilíbrio e da
atenção [5](5). Até a presente data, não há descrição de utilização laboral deste método por
cirurgiões dentistas.
O método Pilates contém mais de 500 exercícios de alongamento e fortalecimento
muscular [6]
(6)
. Essa técnica está centrada na exalação do ar pela abertura diminuída da boca,
aumentando assim a eficácia da troca entre oxigênio e dióxido de carbono. Ao exalar por uma
abertura mais estreita, com um fluxo de ar audível, existe uma modificação da pressão prévia que se
reflete nos alvéolos pulmonares durante o movimento de saída do ar pulmonar. Essa pequena
pressão prévia cria uma resistência à tendência das vias aéreas se colapsarem durante a exalação,
melhorando a biomecânica respiratória e a hematose pulmonar, culminado na melhora neurológica,
devido incremento atencional e redução da síntese de proteínas próinflamatórias, como também na
48 DIAS, Keith Carneiro; RIBEIRO, Cristina Aparecida Neves. Efeitos do treinamento com o método
Fletcher Pilates Towelwork no comportamento da expansibilidade torácica em cirurgiões dentistas. Estácio
de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 46-54,
Fev./Jul. 2014.
modulação do sistema imunológico [7]
(7)
. Portanto o objetivo desse estudo foi verificar os efeitos
do programa de treinamento realizado pelo método Fletcher Pilates Towelwork sob a
expansibilidade torácica em cirurgiãs dentistas, residentes na cidade de Goiânia-GO.
Casuística e Métodos
Neste
estudo
institucionalizado,
quantitativo,
transversal
foram
convidadas
aleatoriamente 15 cirurgiãs dentistas da Escola de Aperfeiçoamento Profissional do Estado de Goiás
(EAPGoiás), na faixa etária entre 21 e 50 anos, não praticantes de atividade física regular, a
participar neste estudo.
Os critérios de exclusão deste estudo foram: presença de insuficiência cardíaca, evento
cardiovascular recente (6 meses), doenças respiratórias, limitações ortopédicas, ou qualquer
limitação que impeça a realização dos exercícios principalmente os relacionados as alterações dos
ombros, incluindo, mas não se limitando a síndrome de impingimento, distensões do manguito
rotador, síndrome do desfiladeiro torácico, ombros luxados ou congelados. Como também portador
de diabetes, ser intolerante a glicose ou estar gestante.
Protocolo de exercício físico: Fletcher Pilates Towelwork
Durante dez sessões foram realizadas as seguintes peças de movimento, com
apresentações demonstrativas dos exercícios: Respiração Percussiva – FF1; as sete dicas de
centramento em pé – FF2; mecânica da coluna – FF3; tauttowel pull – T1; anterior range of motion
– T2; pull to “w” – T3; posterior range of motion – T4; lateral flexion in second position – T9;
overhead to “u” – T5 e finalizamos utilizando as sete dicas de centramento em pé – FF2. As aulas
tiveram duração média de 45 minutos e foram realizadas sem pausas durante a sessão. Os
voluntários com 3 (três) faltas ou mais foram excluídos da análise, mas poderiam continuar no
grupo de exercícios. Na quinta e ao término da décima sessão, os testes a serem descritos foram
aplicados. Todo esse processo se desenrolou individualmente.
Cirtometria torácica
Para identificar o comportamento da expansibilidade torácica nos voluntários foi
realizado avaliação da mobilidade toracoabdominal, mensurada com fita métrica da marca 3M®
(Miwakee, EUA) e realizada com os voluntários sentados, com os pés paralelos na largura do
quadril, criando um ângulo de 90º entre o joelho e o pé. Foram realizadas três medidas em três
49 DIAS, Keith Carneiro; RIBEIRO, Cristina Aparecida Neves. Efeitos do treinamento com o método
Fletcher Pilates Towelwork no comportamento da expansibilidade torácica em cirurgiões dentistas. Estácio
de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 46-54,
Fev./Jul. 2014.
pontos diferentes do tronco, são eles: Axilar, Xifoidiana e Umbilical. Os participantes estavam com
top/sutiãpara as medições axilares e xifoidianas, os participantes permaneceram com os braços
estendidos e elevados na altura do ombro, enquanto que para a medição umbilical, os indivíduos
permaneceram com o braço esquerdo relaxado, enquanto que o braço direito estava flexionado,
apoiando a mão direita no ombro esquerdo.As medidas foram realizadas na inspiração e exalação
máxima, nestes três pontos. Visto que foram efetuadas três medidas em cada um dos três pontos, a
maior medida foi considerada a mais relevante. Não foi permitido facilitação na execução do teste
através de dicas verbais.
A aferição foi efetuado da seguinte forma:
1) Medida Axilar: Com os participantes sentados, braços extendidos e elevados na
altura do ombro, o avaliador passará a fita métrica pelas costas do voluntário na altura de suas
axilas. O avaliador permanecerá ao lado esquerdo do participante instruindo-o a inspirar e exalar o
máximo, repetindo o procedimento duas vezes, o avaliador apenas anotará as medidas exatas,
quando estas forem as máximas encontradas.
2) Medida Xifoidiana: Neste momento, o avaliador passará a fita métrica pelas costas do
voluntario colocando-a na altura final do processo Xifóide, instruindo o participante à inspirar e
exalar o máximo. Repetindo o procedimento duas vezes para encontrar as medidas máximas.
3) Medida Umbilical: Já neste momento final, o avaliador passará a fita métrica pelas
costas do voluntário, posicionando-a na altura do umbigo. Fazendo a instrução de que o participante
inspire e exale o máximo. Repetindo o procedimento mais duas vezes para encontrar as medidas
máximas.
Análise estatística
A análise dos dados foi realizada no programa estatístico Statistical Package for the
Social Sciences (SPSS®, versão 22.0; Saint Louis, EUA). As variáveis quantitativas foram
apresentadas em números absolutos, médias, desvios padrão, mínimas e máximas. A comparação
entre médias foi feita pela aplicação do teste t-Student para amostras emparelhadas. As variáveis
qualitativas foram apresentadas em números absolutos e proporções. Para todos os testes utilizados
foi considerado um intervalo de confiança de 95% e um nível de significância de 5% (p<0,05).
50 DIAS, Keith Carneiro; RIBEIRO, Cristina Aparecida Neves. Efeitos do treinamento com o método
Fletcher Pilates Towelwork no comportamento da expansibilidade torácica em cirurgiões dentistas. Estácio
de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 46-54,
Fev./Jul. 2014.
Resultados
Não houve desistência (descontinuidade da amostra) dos 9 indivíduos recrutados. A
idade média amostral foi de aproximadamente 46 anos, sendo que todos os indivíduos não tinham
hábitos de prática de qualquer exercício (igual ou superior a 30 minutos semanais) a mais de 6
meses, sem nenhuma morbidade sistêmica relatada.
Quanto aos aspectos respiratórios, apresentados na tabela 1, podemos observar que não
houve discrepância significativa entre as aferições cirtométricas iniciais, nas três posições propostas
[axilar (89,11±7,58), xifoidiana (77,87±5,52) e umbilical (79,83±10,05)], como também nas finais,
[axilar (89,81±7,03), xifoidiana (79,65±5,51) e umbilical (82,28±9,62)]. Sendo observado uma
melhora significativa nas medidas axilar (2,5±4,59; T1=89,02; p=0,004) e umbilical (0,68±2,58;
T1=80,63; p=0,46), após utilização do método Pilates (Tabela 2).
Discussão
Após 10 aulas do método Pilates, protocolo Fletcher Pilates Towelwork, foi observado
uma melhora terapêutica da da cirtometria axilar e abdominal.
Corroborando uma recente revisão sistemática [5], onde os autores observaram melhora
em vários aspectos sistêmicos e musculoesqueléticos após a utilização do método Pilates, os
resultados fortalecem as evidências dos benefícios deste método na manutenção do estado geral de
saúde, bem como sendo um fator de benefício e/ou terapêutico em populações negligenciadas sob a
óptica da atividade física laboral, como é o caso do cirurgião dentista. Haja vista que este
profissional, devido ao perfil da atividade profissional adotada, inviabiliza a movimentação durante
a rotina profissional de atendimento ou a atividade física durante a atividade laboral. No último
senso profissional [8], o perfil do cirurgião dentista é composto majoritariamente por indivíduos do
gênero feminino, na faixa de 25 - 40 anos, com índice de massa corpórea média de 28,7 e perfil de
sedentarismo, haja vista o volume temporal médio (9,32 horas) que o profissional dispende sentado
ou executando procedimentos essencialmente manuais. Neste sentido, um recente estudo [9]
avaliando a eficiência de 12 semanas do método Pilates, na melhora da qualidade de vida e na
função respiratória de jovens sedentários, observou melhora da PImáx, além da mobilidade
tóracoabdominal. Estes resultados convergem com os resultados avaliados no diversos testes
aplicados neste estudo, sendo que o arcabouço fisiológico de sustentação destes resultados são a de
que adaptações decorrentes do exercício físico podem gerar alterações nas propriedades contráteis,
morfológicas e metabólicas das fibras musculares [10,11]. O ganho de força pode ser resultante do
51 DIAS, Keith Carneiro; RIBEIRO, Cristina Aparecida Neves. Efeitos do treinamento com o método
Fletcher Pilates Towelwork no comportamento da expansibilidade torácica em cirurgiões dentistas. Estácio
de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 46-54,
Fev./Jul. 2014.
recrutamento de unidades motoras adicionais que atuam de forma sincrônica, facilitando a
contração e aumentando a capacidade do músculo de gerar força. Outro fator pode ser devido à
redução da inibição autogênica, que são mecanismos inibidores do sistema neuromuscular, como os
órgãos tendinosos de Golgi, necessários para impedir que os músculos exerçam mais força do que
os ossos e os tecidos conectivos podem suportar [12]. O alongamento de uma fibra muscular
promove o aumento do número de sarcômeros em série. Nesse sentido, o aumento da força
muscular em função do alongamento deve-se possivelmente à melhor interação entre os filamentos
de actina e miosina, em virtude do aumento do comprimento funcional do músculo. [13]
O protocolo de exercícios proposto, visando à melhora da mobilidade toracoabdominal,
pode representar uma ferramenta para o desenvolvimento da função respiratória [14]. A cirtometria
é um bom método de exploração/ aferição funcional quanto a expansibilidade toracoabdominal,
empregado na prática clínica. Fisiologicamente, o perímetro toracoabdominal sofre modificações de
acordo com o sexo, idade e a prática de exercícios [15]. Pelo fato da cirtometria representar um
procedimento útil para a avaliação da mobilidade toracoabdominal [14], tendo como vantagem ser
uma medida simples e acessível que requer apenas uma fita métrica, alguns estudos [16,17] a têm
utilizado como instrumento de avaliação para verificar respostas relacionadas a diferentes propostas
de intervenção. Dentre esses citamos um estudo [16] que avaliou a mobilidade torácica de mulheres
jovens sedentárias após um programa de alongamento da cadeia muscular respiratória pelo método
de Reeducação Postural Global, observando-se um aumento significativo da mesma, corroborando
com os nossos resultados. Ainda utilizando a cirtometria, foi observado um aumento da mobilidade
torácica em pacientes portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica após 24 sessões de
exercícios físicos associados a exercícios respiratórios [16].
Conclusão
O uso do método Pilates, protocolo Fletcher Pilates Towelwork, se mostrou eficiente na
melhora da condição respiratória de cirurgiãs dentistas sedentárias da cidade de Goiânia-GO.
Referências
1. SILVA, A. C. L. Mannrich G. Pilates na reabilitação: uma revisão sistemática. Fisioter Mov.
2009; 22 (3): 449-55.
52 DIAS, Keith Carneiro; RIBEIRO, Cristina Aparecida Neves. Efeitos do treinamento com o método
Fletcher Pilates Towelwork no comportamento da expansibilidade torácica em cirurgiões dentistas. Estácio
de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 46-54,
Fev./Jul. 2014.
2. SACCO, I. C. N.; ANDRADE, M. S.; Souza O. S.; NISIYAMA, M.; CANTUÁRIA, A. L.;
MAEDA, F. Y. I.; PIKEL, M. Método Pilates em revista: aspectos biomecânicos de movimentos
específicos para reestruturação postural – Estudos de caso. R. Bras. Ci e Mov. 2005; 13(4): 65-78.
3. ALBUQUERQUE, I. C. L. A utilização da técnica de Pilates no treinamento do
dançarino/interprete contemporâneo: a (in) formação de um corpo cênico. Diálogos Possíveis 2006;
5 (1): 141-60.
4. LATEY, P. The Pilates method: history and philosophy. J Body Mov Ther. 2001; 5(4): 275-82.
5. DA COSTA, Letícia Miranda Resende; ROTH, Ariane; DE NORONHA, Marcos. O método
pilates no Brasil: uma revisão de literatura. Arquivos Catarinenses de Medicina. 2012;41(3): 87-92.
5. CONCEIÇÃO, K. S.; Mergener CR. Eficácia do método Pilates no solo em pacientes com
lombalgia crônica- Relatos de caso. Rev. Dor 2012; 13(4): 835-8.
6. MUSCOLINO, J. E.; CIPRIAN, S. Rehabilitation and core stability pilates and the
‘‘powerhouse’’ – II. J Body w Mov Ther. 2004; 8:122-30.
7. ARAÚJO, M. E. A.; SILVA, E. B.; VIEIRA, P. C.; CADER, S. A.; MELLO, D. B.; DANTAS,
E. H. M. Redução da dor crônica associada à escoliose não estrutural em universitários
submetidos ao método Pilates. Motriz: rev. educ. fis. 2010; 16 (4): 958-66.
8. MORITA, M. C.; HADDAD, A. E.; ARAÚJO, M. E. Perfil atual e tendências do cirurgiãodentista brasileiro. In: Perfil atual e tendências do cirurgião-dentista brasileiro. Dental Press, 2010.
9. QUIRINO, Catarina Pires et al. Efeitos de um protocolo de exercícios baseados no método
Pilates sobre variáveis respiratórias em uma população de jovens sedentários. Physical Therapy
Brazil, p. 124, 2012.
10. VERDIJK, L. B.; GLEESON, B. G.; JONKERS, R. A. M.; MEIJER, K.; SAVELBERG, H. H.
C. M.; DENDALE, P. et al. Skeletal muscle hypertrophy follow in resistance training is
accompanied by a fiber type – specific increase in satellite cell content in elderly men. J Gerontol A
Biol Sci Med Sci. 2009;64(3):332-39.
11. POLITO, M. D.; CYRINO, E. S.; GERAGE, A. M.; NASCIMENTO, M. A.; JANUÁRIO, R. S.
B. Efeito de 12 semanas de treinamento com pesos sobre a força muscular, composição corporal e
triglicérides em homens sedentários. Rev Bras Med Esporte 2010;16(1):29-32.
12. COSTILL, D. L.; WILMORE, J. H. Fisiologia do esporte e do exercício. 2ª ed. São Paulo:
Manole; 2001. p. 88-9.
13. MORENO, M. A.; CATAI, A. M.; TEODORI, R. M.; BORGES, B. L. A.; CESAR, M. C.;
SILVA, E. Efeito de um programa de alongamento muscular pelo método de Reeducação Postural
Global sobre a força muscular respiratória e a mobilidade toracoabdominal de homens jovens
sedentários. J Bras Pneumol 2007;33(6):679-86.
14. MORENO, M. A.; SILVA, E.; CASTELO, A.; ZUTTIN, R. S.; GONÇALVES. M. Efeito de
um programa de treinamento de facilitação neuro-muscular proprioceptiva sobre a mobilidade
torácica. Fisioter Pesq 2009;16(2):161-5.
53 DIAS, Keith Carneiro; RIBEIRO, Cristina Aparecida Neves. Efeitos do treinamento com o método
Fletcher Pilates Towelwork no comportamento da expansibilidade torácica em cirurgiões dentistas. Estácio
de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 46-54,
Fev./Jul. 2014.
15. VERSCHAKELEN, J. A.; DEMEDTS, M. G. Normal thoracoabdominal motions. Influence of
sex, age, posture, and breath size. Am J Respir Crit Care Med 1995;151(2 Pt 1):399-405.
16. TEODORI, R. M.; MORENO, M. A.; FIORE JÚNIOR, J. F.; OLIVEIRA, A. C. S.
Alongamento da musculatura inspiratória por intermédio da reeducação postural global (RPG).
Rev Bras Fisioter 2003;7(1):25-30.
17. PAULIN, E.; BRUNETTO, F.; CARVALHO, C. R. F. Efeitos de programa de exercícios físicos
direcionado ao aumento da mobilidade torácica em pacientes portadores de doença pulmonar
obstrutiva crônica. J Pneumol 2003;29(5):287-94.
54 DIAS, Keith Carneiro; RIBEIRO, Cristina Aparecida Neves. Efeitos do treinamento com o método
Fletcher Pilates Towelwork no comportamento da expansibilidade torácica em cirurgiões dentistas. Estácio
de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 46-54,
Fev./Jul. 2014.
Apêndices
Avaliação inicial
Inspiração
Expiração
Média
DP
Mín
Máx
Média
DP
Mín
Máx
Cirtometria Axilar
89,11
7,58
73,5
98,33
86,61
5,69
77,67
95,33
Cirtometria Xifoidiana
77,87
5,52
71,17
88,33
75,15
5,25
67,17
85,67
Cirtometria Umbilical
79,83
10,05
61,17
94,83
79,15
9,75
62,67
95,83
Avaliação final
Inspiração
Expiração
Média
DP
Mín
Máx
Média
DP
Mín
Máx
Cirtometria Axilar
89,81
7,03
77,67
99,67
84,61
5,37
74,33
93,33
Cirtometria Xifoidiana
79,65
5,51
70,17
89,0
74,11
5,38
63,33
83,33
Cirtometria Umbilical
82,28
9,62
63,0
96,67
79,42
7,75
63,83
93,50
DP – desvio padrão; Mín – mínima; Máx - máxima
Tabela 1: Taxa de expansibilidade torácica inicial e final (n=9).
Ganho avaliação inicial
Valor de
p*
Ganho avaliação final
Média
DP
Mín
Máx
Média
DP
Mín
Máx
Cirtometria Axilar
2,50
4,59
-4,17
13,17
5,20
3,72
1,17
13,67
0,004
Cirtometria Xifoidiana
2,72
2,69
-3,67
5,33
5,54
3,09
1,17
10,33
0,080
Cirtometria Umbilical
0,68
2,58
-1,50
7,0
2,85
3,81
-0,83
10,0
0,046
DP – desvio padrão; Mín – mínima; Máx– máxima; *Teste t de student para grupos pareados
Tabela 2: Desempenho dos ganhos da expansibilidade entre as avaliações inicial e final (n=9).
55 NOGUEIRA, Daniela Samara; CORREIA JÚNIOR, Daniel Fernandes; SIQUEIRA, Sue Christine. O uso
das metodologias ativas no ensino da enfermagem: uma proposta pedagógica. Estácio de Sá – Ciências da
Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 55-61, Fev./Jul. 2014.
O USO DAS METODOLOGIAS ATIVAS NO ENSINO DA ENFERMAGEM:
UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA
Daniela Samara Nogueira; Daniel Fernandes Correia Júnio; Sue Christine Siqueira
RESUMO
ABSTRACT
Este artigo revisa estudos que relatam o uso de
metodologias ativas como proposta pedagógica no
ensino da enfermagem - que discutem as
Metodologias Ativas no ensino da Enfermagem nas
Instituições de Ensino Superior. A investigação foi
conduzida a partir da busca direta da literatura.
Foram consultados textos, livros e artigos. Busca na
base de dados Scielo (Scientific Eletronic Library
Online). A partir dos manuscritos obtidos, construiuse uma reflexão sobre a necessidade em transformar
o ensino de enfermagem utilizando as Metodologias
Ativas focando seus objetivos, sua aplicabilidade e
como ela pode determinar uma participação maior do
aluno na construção do seu conhecimento. A
discussão se desenvolve a partir das Metodologias
ativas como proposta pedagógica para o ensino da
enfermagem. Conclui-se que o uso das Metodologias
Ativas no ensino da enfermagem é uma proposta
pedagógica mais adequada na atualidade para
atender o perfil do profissional de enfermagem.
This article reviews studies that report the use of
active methodologies as a pedagogical proposal in
nursing education - Discussing the Active
methodologies in the teaching of Nursing in Higher
Education Institutions. The investigation was
conducted from the direct search of the literature.
Texts were consulted, books and articles. Search the
database SciELO (Scientific Electronic Library
Online). From the obtained manuscripts, constructed
a reflection on the need to transform nursing
education using the Active methodologies focusing
on their goals, their applicability and how it can
determine a greater student participation in the
construction of their knowledge. The discussion
develops from the active methodologies as a
pedagogical proposal for nursing education. We
conclude that the use of Active methodologies in
nursing education is a more appropriate pedagogical
proposal today to meet the nurse's profile.
Keywords: active methodologies, teaching, nursing.
Palavras-chave:
enfermagem.
Metodologias
ativas,
ensino,
Introdução
O ensino sofre modificações de acordo com o momento histórico e não poderia ser
diferente nos cursos de enfermagem. Inicialmente, estes foram criados para atender às necessidades
emergenciais, como na guerra, para atender estrangeiros e doentes mentais. No início do séc. XX,
na década de 20 as escolas passaram a preparar o estudante na teoria e prática. Sendo a Escola de
Enfermeiras D. Ana Néri a primeira a preconizar a Enfermagem Moderna (TEIXEIRA; VALE,
2006).
Mediante a importância da formação de enfermeiras para a nossa sociedade, a Lei nº
775 de 06/08/49 tornou obrigatória a existência de cursos de enfermagem em todas as faculdades de
56 NOGUEIRA, Daniela Samara; CORREIA JÚNIOR, Daniel Fernandes; SIQUEIRA, Sue Christine. O
uso das metodologias ativas no ensino da enfermagem: uma proposta pedagógica. Estácio de Sá –
Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 55-61,
Fev./Jul. 2014.
medicina.
São inegáveis os avanços ocorridos no curso de enfermagem ao longo dos anos,
perpassando por interesses políticos, Leis de Diretrizes e Bases, Reformas Universitárias, mudanças
na grade e conteúdo programático, carga horária, Conferências Nacionais de Saúde, Constituições
Federais, até as Diretrizes Curriculares Nacionais para curso de graduação em Enfermagem
(DCENF) (BRASIL, 2001).
Fernandes (2006) relata que há muitos desafios para a implantação/implementação das
DCENF, pois implica mudança de paradigmas, fazer rupturas em práticas e crenças internalizadas.
Implica, pois, no grande desafio que é o de formar enfermeiros(as) com competência técnica e
política, como sujeitos sociais dotados de conhecimento, de raciocínio, de percepção e sensibilidade
para as questões da vida da sociedade.
Brant (2005) relata que com as transformações contundentes sabe-se que a formação em
saúde ainda adota um ensino organizado em disciplinas e centrado no professor, sendo marcado
pela unidirecionalidade na relação professor-estudante e com uma prática hospitalocêntrica com
visão fragmentada do corpo e da saúde do indivíduo.
Partindo dessa premissa, Teixeira e Vale (2006) propõem pensar sobre as condições das
dicotomias, como teoria/prática e ensino/aprendizagem e rever articulações de poder e revelar
alternativas, como ensino/pesquisa e ensino/extensão. Para isso, é importante verificar aspectos
potencializadores do modo de ensinar e aprender tendo como referência a cultura e o local de
inserção do curso e como princípio norteador a construção de conhecimento.
Acredita-se ser fundamental que o eixo norteador do trabalho das instituições de ensino
seja formar um profissional que se sensibilize frente aos problemas sociais e ao sofrimento humano
prestando assistência integral e humanizada e que esteja apto ao trabalho em equipe (GOMES et
al.,2010).
Segundo estes mesmos autores é necessário, então uma transformação; deverá haver
uma articulação entre a universidade e as experiências a fim de aproximar esses segmentos e
problematizar as suas respectivas práticas, proporcionando experiências que conduzam os
estudantes a desenvolverem novas atitudes frente ao desenvolvimento da ciência e ao processo
saúde/doença, em relação aos pacientes e ao sistema de saúde, de modo a ampliar a concepção de
saúde.
Segundo Sordi (2006) é dever da Instituição de ensino e dos docentes assumirem com
ética os graduandos e formá-los com pretensão crítica, isolando o tecnicismo, mudando a forma de
ensinar e aprender saúde, produzindo transformação.
57 NOGUEIRA, Daniela Samara; CORREIA JÚNIOR, Daniel Fernandes; SIQUEIRA, Sue Christine. O
uso das metodologias ativas no ensino da enfermagem: uma proposta pedagógica. Estácio de Sá –
Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 55-61,
Fev./Jul. 2014.
Waldow (2005) sugere um ensino centrado no desenvolvimento do pensamento crítico,
flexível às necessidades e características dos acadêmicos.
Para esta mesma autora, um dos problemas relacionados ao pensamento crítico, referese à falta de uma definição clara em sua aplicação na enfermagem, observado pelas múltiplas
interpretações veiculadas, causando confusão entre docentes, estudantes, enfermeiros e
pesquisadores. Este pensamento se dá através de alguns aspectos, como atividades produtivas e
positivas, sendo um processo e não resultado.
Para Gomes et al.(2010) o que se propõe é um processo de aprendizagem que permita
que os estudantes adquiram conhecimentos teóricos com base na observação da realidade e na
reflexão crítica sobre as ações dos sujeitos, conectando teoria e prática.
Berbel (2011) relata que em face a perfis profissionais como esse, as instituições de
ensino superior iniciaram suas atividades baseadas nas metodologias ativas levando segundo Paulo
Freire (1996) à superação de desafios, resolução de problemas e a construção de um novo
conhecimento a partir das experiências prévias de cada indivíduo.
O objetivo deste artigo é revisar artigos que relatam o uso de metodologias ativas como
proposta pedagógica no ensino da enfermagem - que discutem as Metodologias Ativas no ensino da
Enfermagem nas Instituições de Ensino Superior.
Método
A investigação foi conduzida a partir da busca direta da literatura. Foram consultados
textos, livros e artigos. Busca na base de dados Scielo (Scientific Eletronic Library Online). A partir
dos manuscritos obtidos, construiu-se uma reflexão sobre a necessidade em transformar o ensino de
enfermagem utilizando as Metodologias Ativas focando seus objetivos, sua aplicabilidade e como
ela pode determinar uma participação maior do aluno na construção do seu conhecimento.
Resultados e Discussão
Mitre et al. (2008) salientam que a graduação tem uma pequena duração quando
comparada à vida profissional do indivíduo, e que o conhecimento vai se transformando com uma
grande velocidade, o que torna essencial pensar em uma metodologia para uma prática de educação
libertadora, na formação de um profissional ativo e apto a aprender a aprender.
No entanto, ensino não pode ser apenas uma transmissão de conhecimento do que já foi
58 NOGUEIRA, Daniela Samara; CORREIA JÚNIOR, Daniel Fernandes; SIQUEIRA, Sue Christine. O
uso das metodologias ativas no ensino da enfermagem: uma proposta pedagógica. Estácio de Sá –
Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 55-61,
Fev./Jul. 2014.
construído, mas abarcar toda uma concepção que pretende levar o aluno à aquisição do já sabido,
através de novas elaborações, levando – o à criticidade para transformar a realidade social
(Guariente e Berbel, 2000). Este processo não é algo simples.
Neste sentido, o ensino de Enfermagem deve ser direcionado para a formação de um
profissional consciente de sua responsabilidade histórica, crítico da realidade sócio-educacional,
como da prática da assistência à saúde e compromissado com o seu atuar transformador
contextualizado, vindo ao encontro dos reais interesses da comunidade.
As metodologias Ativas vêm ao encontro da necessidade atual para a formação do
profissional de enfermagem, pois as mesmas segundo Bastos (2006) são processos interativos de
conhecimento, análise, estudos, pesquisas e decisões individuais ou coletivas, com finalidade de
encontrar soluções para um problema, sendo o professor um facilitador possibilitando que o aluno
seja autônomo adquirindo capacidade de análise das situações e ofereça solução para cada situação.
Berbel (1998) afirma que dentro das Metodologias ativas existem duas vertentes: a
Problematização e a Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP). Porém, para Cyrino e Pereira
(2004), ambas as propostas trabalham com problemas para o desenvolvimento dos processos de
aprender e ensinar, a partir da vivência de experiências significativas, apoiada nos processos de
descoberta em oposição aos de recepção, com a oferta de conteúdos na forma de problemas
possibilitando construção de conhecimento
Mitrel et al.(2008) relatam que a Problematização é uma estratégia utilizada nas
Metodologias Ativas para desenvolver ensino/aprendizagem por meio do contato com as situaçõesproblema, levando a construção do conhecimento através da resolução de problemas.
Segundo Berbel (1998) a Metodologia da Problematização é desenvolvida em etapas, a
fim de completar o Arco de Maguerez.
A primeira é a Observação da realidade social, concreta, pelos alunos, a partir de um
tema, permitindo aos mesmos identificar dificuldades que serão transformadas em problemas.
Já para a mesma autora a segunda etapa é a dos Pontos – chaves, onde os alunos farão
reflexões sobre as possíveis causas daquele problema.
A partir deste pressuposto ocorre a terceira etapa, a teorização, ou seja, investigação
propriamente dita. Na quarta etapa há a hipótese de solução, a qual ou quais são construídas após o
estudo, como fruto da compreensão profunda após investigação.
A quinta etapa e última é a da Aplicação à realidade, ou seja, ação-reflexão-ação ou
prática-teoria-prática, tendo como ponto de partida e de chegada o ensino e aprendizagem a partir
da realidade social, dinâmica e complexa.
59 NOGUEIRA, Daniela Samara; CORREIA JÚNIOR, Daniel Fernandes; SIQUEIRA, Sue Christine. O
uso das metodologias ativas no ensino da enfermagem: uma proposta pedagógica. Estácio de Sá –
Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 55-61,
Fev./Jul. 2014.
Problematização, segundo Cyrino e Pereira (2004), é a transformação social, à
conscientização de direitos e deveres dos cidadãos, mediante uma educação emancipatória e
libertadora, a fim desenvolver uma consciência crítica para resolver problemas de interesse coletivo
intervindo na realidade.
Berbel (1998) conceitua a Aprendizagem Baseada em Problemas como sendo aquela em
que os alunos aprendem a aprender e se preparam para resolver problemas relativos à sua futura
profissão.
Neste sentido é levantado um problema, o qual poderá ser discutido individualmente ou
coletivamente, deverão ser levantadas hipóteses, em seguida objetivos serão traçados para explicálo, pesquisas e estudos serão propostos e uma nova discussão será realizada para aplicação do novo
conhecimento (CYRINO; PEREIRA, 2004).
Nesta perspectiva, segundo Mitre et al. (2008) o processo ensino-aprendizagem é
complexo, possui caráter dinâmico e não é somente uma somatória de conteúdos acrescidos aos
anteriores, o que exige tanto do discente quanto do docente, maior participação e comprometimento
que venha a superar o modelo tradicional de ensino, de acordo com Marin et al. (2010).
Considerações finais
É notório que se faz necessário uma mudança no ensino da enfermagem, devido as
exigências do perfil profissional, o qual exige um conhecimento com mais afinco da comunidade o
qual está inserido. Se faz necessário também, pois houve uma mudança nas perspectivas de cada
indivíduo sobre o processo saúde-doença, o que gerou nas instituições de ensino, docentes e
profissionais a necessidade de uma nova visão sobre o ensino-aprendizagem, ou seja, a
complexidade cognitiva do indivíduo para construir seu conhecimento.
Porém, a aplicação das Metodologias Ativas para a formação do enfermeiro ainda exige
muito esforço, pois é uma mudança de um paradigma tradicional da construção do conhecimento,
do papel do discente como também do docente. E para se chegar ao esperado é necessário que cada
um destes participantes se sintam responsáveis mutuamente para a mudança de uma realidade tanta
dentro de uma instituição de ensino quanto fora dela, na vida profissional. É enxergar de forma
diferente as necessidades um maior engajamento do profissional com a teoria e prática e as
experiências vivenciadas.
Considera-se as Metodologias Ativas como uma proposta pedagógica adequada para o
processo de ensino-aprendizagem na enfermagem devido a natureza da profissão que lida
60 NOGUEIRA, Daniela Samara; CORREIA JÚNIOR, Daniel Fernandes; SIQUEIRA, Sue Christine. O
uso das metodologias ativas no ensino da enfermagem: uma proposta pedagógica. Estácio de Sá –
Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 55-61,
Fev./Jul. 2014.
diretamente com o outro, vendo uma necessidade maior que o discente viva estas experiências
durante sua formação para uma maior intimidade entre a teoria e a prática.
Referências
BERBEL, N. A. N. A problematização e a aprendizagem baseada em problemas: diferentes termos
ou diferentes caminhos? Interface – Comunicação, Saúde, Educação, v.2, n.2, 1998.
________. As metodologias ativas e a promoção da autonomia de estudantes. Seminário: Ciências
Sociais e Humanas. v. 32, n. 1, 2011.
RIBEIRO, V. M. B. Discutindo o conceito de inovação curricular na formação dos profissionais de
saúde: o longo caminho para as transformações no ensino médico. Trabalho, Educação e Saúde,
Rio de Janeiro, v.3, n.1, 2005.
BRASIL. Ministério da Educação, Conselho Nacional de Educação, Câmara de Educação Superior.
Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem. Resolução CNE/CES
n.3, de 07 de novembro de 2001. Brasília/DF, 2001.
CYRINO, E. G. e TORALLES-PEREIRA, M.L. Trabalhando com estratégias de ensinoaprendizagem por descoberta na área da saúde: a problematização e a a aprendizagem baseada em
problemas. Caderno Saúde Pública. Rio de Janeiro v.20 n.3, 2004.
FERNANDES, J. D. A trajetória do ensino de graduação em enfermagem no Brasil In: TEIXEIRA
et al (Org.) O ensino de graduação em enfermagem no Brasil: o ontem, o hoje e o amanhã. Brasília:
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2006.
FERNANDES, J. D. Diretrizes curriculares e projetos pedagógicos de cursos de graduação em
enfermagem In: TEIXEIRA et al (Org.). O ensino de graduação em enfermagem no Brasil: o
ontem, o hoje e o amanhã. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira, 2006.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educadora. 16 ed. São
Paulo: Paz e Terra, 1996.
GOMES, M. P. C. et al. O uso de metodologias ativas no ensino de graduação nas ciências sociais e
da saúde: avaliação dos estudantes. Ciência e Educação. v.16, n.1, 2010.
GUARIENTE, M. H. D. de M.; BERBEL, N. A. N. A pesquisa participante na formação didáticopedagógica de professores de enfermagem. Revista Latino-Americana de Enfermagem. v.8 n.2,
2000.
MARIN, M.J.S. et al. Aspectos das fortalezas e fragilidades no uso das metodologias ativas de
aprendizagem. Revista Brasileira de Educação Médica. v. 34, n. 1, 2010.
MITRE, S.M. et al. Metodologias ativas de ensino-aprendizagem na formação profissional em
61 NOGUEIRA, Daniela Samara; CORREIA JÚNIOR, Daniel Fernandes; SIQUEIRA, Sue Christine. O
uso das metodologias ativas no ensino da enfermagem: uma proposta pedagógica. Estácio de Sá –
Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 55-61,
Fev./Jul. 2014.
saúde: debates atuais. Ciência e Saúde Coletiva. v.13, n.2, 2008.
SORDI, N. R. L de. Avaliando o ensino de enfermagem no contexto do SINAES: potencialidades e
fragilidades In: TEIXEIRA et al. (Org.) O ensino de graduação em enfermagem no Brasil: o ontem,
o hoje e o amanhã. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira, 2006.
TEIXEIRA, E.; VALE E. G. Tendências e perspectivas do ensino de graduação em enfermagem In:
TEIXEIRA et al. (Org.). O ensino de graduação em enfermagem no Brasil: o ontem, o hoje e o
amanhã. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2006.
WALDOW, V. R. Estratégias de ensino na enfermagem: enfoque no cuidado e no pensamento
crítico; prefácio de Leonardo Boff. Petrópolis: Vozes, 2005.
62 CORREIA JÚNIOR, Daniel; ZANELATTO, Priscila França; SIQUEIRA, Sue Christine. Uso de
medicamentos durante a elaboração do processo de luto: terapia ou fuga? Estácio de Sá – Ciências da Saúde.
Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 62-68, Fev./Jul. 2014.
USO DE MEDICAMENTOS DURANTE A ELABORAÇÃO DO PROCESSO DE LUTO:
TERAPIA OU FUGA?
Daniel Correia Júnior; Priscila França Zanelatto; Sue Christine Siqueira
RESUMO
ABSTRACT
Objetivo: identificar e analisar o uso de
medicamentos durante a elaboração do processo de
luto, propondo uma discussão sobre o uso
indiscriminado de psicofármacos como terapia ou
fuga durante a elaboração de tal processo. Materiais
e Método: estudo do tipo bibliográfico, exploratório,
com análise integrativa, qualitativa da literatura
disponível em bibliotecas convencionais e virtuais.
Resultados: identificou-se que o uso de
medicamentos durante o processo de luto pode
atrapalhar seu enfrentamento. Conclusão: a partir
deste estudo, conclui-se que o luto é um processo
natural e que seu enfrentamento sem o uso de
medicamentos é importante para obtenção da
resiliência.
Objective: To identify and analyze the use of drugs
during the preparation of the grieving process,
proposing a discussion about the indiscriminate use of
psychotropic drugs as a therapy or escape during the
preparation of such a process. Materials and Methods:
bibliographic type study, exploratory, integrative
analysis with qualitative literature available in
conventional and virtual libraries. Results: we found
that the use of medication during the grieving process
can disrupt your face. Conclusion: From this study it
appears that mourning is a natural process and faces
them without the use of drugs, it is important to obtain
resilience.
Keywords: drugs, mental health, death.
Palavras-chave:
morte.
medicamentos,
saúde
mental,
Introdução
O interesse em pesquisar o uso de medicamentos durante elaboração do processo de luto
surgiu devido a um dos pesquisadores vivenciar tal processo fazendo uso de medicamentos. Passado o
período de sofrimento percebeu que esta vivência prejudicaria a elaboração, superação e o
desenvolvimento da resiliência.
A palavra luto vem do alemão, trauer, e significa “o afeto da dor como sua manifestação
externa”. Se refere ao estado emocional de ‘bereft’1. Uma palavra cuja raiz significa ‘ser despojado’ ou
63 CORREIA JÚNIOR, Daniel; ZANELATTO, Priscila França; SIQUEIRA, Sue Christine. Uso de
medicamentos durante a elaboração do processo de luto: terapia ou fuga? Estácio de Sá – Ciências da Saúde.
Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 62-68, Fev./Jul. 2014.
‘ser rasgado’. É o sentir-se rasgado, despedaçado, como se a dor jamais passasse, são sentimentos e
emoções freqüentemente encontradas em indivíduos que sofrem pela perda de uma pessoa amada1.
Em outro estudo o luto é considerado um processo e não um estado de sentimento como
referido acima2, uma vez que, ele existe com início, meio e fim, podendo ser definido como um
conjunto de reações diante de uma perda, e possui quatro fases3. A primeira é denominada fase do
choque, tem duração de algumas horas ou semanas, e pode vir acompanhada de inúmeras
manifestações, tais como desespero, afastamento, intensificação das expressões emocionais, ataques de
pânico e raiva.
A segunda fase é caracterizada pelo desejo de busca da figura perdida, podendo esta durar
meses ou anos. A raiva pode estar presente quando existe a percepção de que houve efetivamente uma
perda, no entanto, ao mesmo tempo, existe a ilusão de que talvez tudo não tenha passado de um
pesadelo e de que nada mudou. Tais processos, aparentemente antagônicos, coexistem com a realidade
da perda e a esperança do reencontro.
A terceira fase é demarcada pela desorganização e pelo desespero. A última fase é a da
organização, em que se processa a aceitação da perda definitiva, além da constatação de que uma nova
vida precisa ser recomeçada.
Sendo processo ou sentimento, cada pessoa pode reagir às fases do processo de luto de uma
forma individualizada, transformando seu sofrimento em sabedoria e resgatando a esperança de criar
um novo sentido para sua vida. A capacidade de enfrentamento e superação em cada fase desse
processo varia de acordo com cada qual. O equilíbrio emocional, as vivencias e a intensidade da perda
são determinantes, e influenciam fortemente nessa capacidade.
A capacidade humana de crescimento, de cura e de transcendência é surpreendente, embora
a capacidade de manter um estado de sofrimento e de transformar vidas e relações em martírios e
campos de batalha também seja imensa4.
Nesse contexto surge a resiliência, que pode ser vista como um processo de superação de
desafios, trazendo como resultado o crescimento e a transformação pessoal.
O conceito de resiliência foi definido a princípio como um conjunto de traços de
personalidade e capacidades que tornavam invulneráveis as pessoas que passavam por experiências
traumáticas e não desenvolviam doenças psíquicas, caracterizando assim, a qualidade de serem
resistentes5.
64 CORREIA JÚNIOR, Daniel; ZANELATTO, Priscila França; SIQUEIRA, Sue Christine. Uso de
medicamentos durante a elaboração do processo de luto: terapia ou fuga? Estácio de Sá – Ciências da Saúde.
Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 62-68, Fev./Jul. 2014.
Algumas pessoas, no entanto, que sofrem o processo de luto, recorrem ao uso
indiscriminado e às vezes inconsequente de psicofármacos com o intuito de aliviar e ou protelar seu
sentimento de perda. Observa-se no cotidiano que, até mesmo entre os profissionais médicos, é comum
a prescrição de tais medicamentos frente a situações recentes de perda, que acabam por muitas vezes,
dificultando o processo de luto. Sedar uma pessoa muitas vezes atende mais a necessidade dos outros
do que dela mesma.
A medicação é indicada em casos especiais e deve ser avaliada pelo especialista para ser
prescrita. Na maioria das vezes ela mais dificulta o processo de luto que auxilia6.
Disponíveis desde 1960 e com um controle rigoroso de sua prescrição devido ao seu
potencial de adição, através do formulário azul e da retenção de receita, os benzodiazepínicos (BZD)
são uma classe dos psicofármacos das mais prescritas atualmente.
No Brasil, é a terceira classe de drogas mais prescritas, sendo utilizada por
aproximadamente 4% da população7. Hoje em dia, os BZD são indicados apenas para o tratamento
agudo e subagudo de ansiedade, insônia e crises convulsivas, embora, no passado, tenham sido usados
como primeira linha de tratamento para vários transtornos, principalmente psiquiátricos.
Na elaboração do luto é preciso “distinguir o que há de luto e o que há de depressão antes
de medicar. É natural ao indivíduo ter reações depressivas ou de tristeza e que precisa significar seu
sintoma. É preciso trabalhar na qualidade do sintoma e não quantitativamente. Não se trata de
disfunção neuronal apenas. É preciso que o sujeito assuma sua responsabilidade frente a seus sintomas.
Às vezes a medicação retira a responsabilidade do individuo de sua situação8.
Nesse contexto o Enfermeiro possui um papel importante na orientação ao indivíduo que
vivencia um processo de luto. Para isso é fundamental que o profissional seja conhecedor das fases
desse processo, enfocando a importância de se vivenciá-las e encará-las não como uma forma de
adoecimento que necessita de medicamentos, mas sim como um processo natural e imprescindível para
a resiliência.
Diante disso surge o questionamento: Quais as vantagens e desvantagens do uso de
medicamentos durante a elaboração do processo de luto?
Através deste estudo espera-se aumentar o conhecimento dos profissionais enfermeiros
sobre o tema possibilitando uma melhor assistência a pessoas em processo de luto.
Espera-se também enfocar a importância de se passar pelo processo de luto sem o uso de
psicofármacos, obtendo assim a resiliência.
65 CORREIA JÚNIOR, Daniel; ZANELATTO, Priscila França; SIQUEIRA, Sue Christine. Uso de
medicamentos durante a elaboração do processo de luto: terapia ou fuga? Estácio de Sá – Ciências da Saúde.
Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 62-68, Fev./Jul. 2014.
Objetivos
Identificar e analisar as vantagens e desvantagens do uso de medicamentos durante o
processo de elaboração de luto, segundo a literatura atual.
Materiais e Método
Trata-se de um estudo do tipo bibliográfico, exploratório e descritivo, retrospectivo com
análise integrativa, sistematizada e qualitativa.
O estudo bibliográfico se baseia em literaturas estruturadas, obtidas de livros e artigos
científicos provenientes de bibliotecas convencionais e virtuais. O estudo descritivo-exploratório visa à
aproximação e familiaridade com o fenômeno-objeto da pesquisa, descrição de suas características,
criação de hipóteses e apontamentos, e estabelecimento de relações entre as variáveis estudadas no
fenômeno.
Após a definição do tema foi feita uma busca em bases de dados virtuais em saúde,
especificamente na Biblioteca Virtual de Saúde - Bireme. Foram utilizados os descritores:
medicamentos, saúde mental, morte. O passo seguinte foi uma leitura exploratória dos artigos
publicados e encontrados através Scientific Electronic Library online – Scielo, no período de maio a
dezembro de 2011.
Realizada a leitura exploratória e seleção do material, principiou a leitura analítica, por
meio da leitura das obras selecionadas, que possibilitou a organização das idéias por ordem de
importância e a sintetização destas que visou a fixação das idéias essenciais para a solução do problema
da pesquisa.
Após a leitura analítica, iniciou-se a leitura interpretativa que tratou do comentário feito
pela ligação dos dados obtidos nas fontes ao problema da pesquisa e conhecimentos prévios. Na leitura
interpretativa houve uma busca mais ampla de resultados, pois ajustaram o problema da pesquisa a
possíveis soluções. Feita a leitura interpretativa se iniciou a tomada de apontamentos que se referiram a
anotações que consideravam o problema da pesquisa, ressalvando as idéias principais e dados mais
importantes.
66 CORREIA JÚNIOR, Daniel; ZANELATTO, Priscila França; SIQUEIRA, Sue Christine. Uso de
medicamentos durante a elaboração do processo de luto: terapia ou fuga? Estácio de Sá – Ciências da Saúde.
Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 62-68, Fev./Jul. 2014.
A seguir, os dados apresentados foram submetidos a análise de conteúdo. Posteriormente,
os resultados foram discutidos com o suporte de outros estudos provenientes de revistas científicas e
livros, para a construção do relatório final e publicação do trabalho no formato Vancouver.
Resultados e Discussão
Nos últimos dez anos ao se buscar as Bases de Dados Virtuais em Saúde, tais como a
LILACS, MEDLINE e SCIELO, utilizando-se as palavras-chave: enfermagem, luto, psicofármacos e
resiliência. Encontrou-se 20 artigos publicados entre 1998 e 2011. Foram excluídos 06, sendo, portanto,
incluídos neste estudo 14 publicações. Após a leitura exploratória dos mesmos, foi possível identificar
a visão de diversos autores a respeito da elaboração do processo de luto.
O processo de luto é uma reação ante o enfrentamento das perdas
Dos 14 artigos, 04 estão em consenso de que o luto é um processo de superação, conforme
é possível verificar nas falas dos autores abaixo:
Um manual para profissionais de saúde considera que o luto é um processo e não um
estado².
Enquanto processo, ele é um sentimento, uma vez que, existe com início, meio e fim,
podendo ser definido como um conjunto de reações diante de uma perda e possui quatro fases³.
Essa perda ou privação gera uma reação. Assim o tipo de vínculo estabelecido entre o
morto e a pessoa sobrevivente é fator determinante na intensidade e duração do processo de luto9.
O luto é também o pesar tornado público. Trata-se de processo que ocorre quando a pessoa
se apodera de sentimentos e pensamentos relativos à vivencia da perda do outro e expressa-os com as
pessoas que o cerca10.
Percebe-se nos estudos acima que, o luto é um processo com fases distintas, uma reação à
perda, ou seja, um pesar e não um sentimento ou estado. É necessária a vivência das suas fases para a
superação do sentimento de perda. Nesse sentido é provável que o uso de medicamentos possa
interferir nesse processo.
Conclui-se que o luto é um processo de superação, que com suas fases se torna um aliado
necessário para a resiliência.
67 CORREIA JÚNIOR, Daniel; ZANELATTO, Priscila França; SIQUEIRA, Sue Christine. Uso de
medicamentos durante a elaboração do processo de luto: terapia ou fuga? Estácio de Sá – Ciências da Saúde.
Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 62-68, Fev./Jul. 2014.
O uso de medicamentos pode atrapalhar a elaboração do processo de luto
Dos 14 artigos, 03 estão em consenso de que o medicamento pode atrapalhar na elaboração
do processo de luto, conforme é possível verificar na falas dos autores abaixo:
A medicação pode perturbar a consciência, provocar confusão e inibir o progresso da
recuperação da dor. Ser medicado frequentemente faz mais mal do que bem11.
A medicação deve ser utilizada de forma espaçada e enfocando o alívio da ansiedade ou da
insônia em oposição ao alívio dos sintomas depressivos2.
A medicação é indicada em casos especiais e deve ser avaliada por um especialista para ser
prescrita. Na maioria das vezes ela mais dificulta o processo de luto que auxilia6.
Percebe-se nos estudos acima que a prescrição de medicamentos para enlutados, pode
atrapalhar no processo de elaboração do luto, pois, pode perturbar a consciência, provocar confusão e
inibir o progresso da recuperação da dor. Os autores concordam que o medicamento usado em situação
de luto, mais dificulta o processo que auxilia. Além disso, deve ser usada de forma espaçada.
Conclui-se que essas prescrições devem ser assistidas, quando necessárias, feitas por
profissionais competentes e, na medida do possível, evitada.
Considerações finais
Com a realização desse estudo foi possível ampliar nossos conhecimentos sobre a
medicalização de pessoas que passaram ou estão passando por um processo de luto.
O objetivo desse estudo foi entender a relação entre o sofrimento do enlutado e o uso de
medicamentos durante a vivência de uma perda, após a análise dos estudos foi possível concluir que o
luto:

é um processo de superação;

um aliado necessário para a resiliência;
Em relação à medicalização à pessoa em processo de luto:

mais dificulta o processo que auxilia;

deve ser assistida por profissionais competentes;

acima de tudo evitada.
68 CORREIA JÚNIOR, Daniel; ZANELATTO, Priscila França; SIQUEIRA, Sue Christine. Uso de
medicamentos durante a elaboração do processo de luto: terapia ou fuga? Estácio de Sá – Ciências da Saúde.
Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 62-68, Fev./Jul. 2014.
Percebe-se, portanto, a necessidade de se repensar o uso de medicamentos à pessoas em
processo de luto, uma vez que esse deve ser vivenciado e não negado.
Afinal, terapia ou fuga?
Referências
1.
Longaker C. Esperança diante da morte: preparando espiritualmente a partida. Tradução Pedro
Ribeiro. Rio de Janeiro: Rocco Guanabara Koogan; 1998.
2.
Worden J, Tradução Max Brener e Maia Rita Hofmeister. Terapia do Luto: um manual para o
profissional de saúde mental. 2ª edição 1998.
3.
Bowlby J. Apego e Perda: tristeza e depressão. Tradução Valtensir Dutra. 2ª edição. São Paulo:
Saraiva; 1993.
4.
Cardella B. H. P. O amor na relação terapêutica. São Paulo. Summus; 1994.
5.
Anthony E J, Cohler B. The Invunerable Child. New York: Guildord Press; 1997.
6.
D’Assunpção EA. Os que partem, os que ficam. São Paulo (SP): 7ª edição, Petrópolis Editora
vozes; 2001.
7.
Kapczinski F, Margis R. Transtorno de estresse pós traumático: Critérios e diagnóstico. Rev.
Bras. Psiquiatria, 25 (1), 3. 2003.
8.
Iordan Gurgel. Medicalização. Salvador. Centro de Convensões, 2011.
9.
Parkes C M. Luto: estudos a perda na vida adulta. Tradução de Maria Helena Franco Bomberg.
São Paulo: Summus; 1998.
10.
Tinoco V, Franco, M H P. O processo de luto. Porto Alegre: Rocco Guanabara Koogan; 2005.
11.
Deits B. A vida depois da perda. Portugal: Livro de Vida, Editores Ltda; 2001.
FICHA CATALOGRÁFICA DA REVISTA
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CPI)
FACULDADE DE GOIÁS
CATALOGAÇÃO NA FONTE / BIBLIOTECA FAGO
JAQUELINE R. YOSHIDA – BIBLIOTECÁRIA – CRB 1901
LOPES, Edmar Aparecido de Barra e (org.).
Revista de Ciências da Saúde da Faculdade Estácio de Sá de Goiás-FESGO. Goiânia, GO,
v. 02, nº 10, Fev./Jan. 2014.
ISSN 1984-2864
Nota: Revista da Faculdade Estácio de Sá de Goiás – FESGO.
I. Ciências da Saúde. II. Título: Revista de Ciências da Saúde. III. Publicações Científicas.
CDD 300
ESTÁCIO DE SÁ
CIÊNCIAS DA SAÚDE
FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ GOIÁS – FESGO
VOLUME 02, n. 10, Fev. / Jan. 2014
PERIODICIDADE: SEMESTRAL
ISSN: 1984-2864
Cursos de da Faculdade Estácio de Sá de
Goiás:
Administração
Enfermagem
Farmácia
Educação Física
Fisioterapia
Psicologia
Recursos Humanos
Redes de Computadores
Editoria Científica:
Edmar Aparecido de Barra e Lopes
Nildo Viana
Conselho Editorial Executivo:
Anderson de Brito Rodrigues
Cleyson M. Mello
Edmar Aparecido de Barra e Lopes
Eguimar Felício Chaveiro
Jaqueline Veloso Portela de Araújo
Nildo Silva Viana
Conselho Editorial Consultivo:
Claudio Luiz Correia de Freitas
Edmar Aparecido de Barra e Lopes
Elisa Mara Silveira Fernandes Leão
Jose Walber Borges Pinheiro
Margareth Ribeiro Machado Santos Silva
Nildo Viana
Paulo Henrique Castanheira Vasconcelos
Tadeu Alencar Arraes
Valdeniza Maria Lopes da Barra
Equipe Técnica:
Editoração Eletrônica, Coordenação
Gráfica, Capa e Revisão de Texto em Inglês:
Edclio Consultoria: Editorial Pesquisa e
Comunicação Ltda
Projeto Editorial, Projeto Gráfico,
Preparação, Revisão Geral:
Edmar Aparecido de Barra e Lopes
Revisão Técnica:
Suellen Carina Lopes
Endereço para correspondência
Address for correspondence:
Rua, 67-A, número 216
Setor Norte Ferroviário
Goiânia-GO - Brasil
CEP: 74.063-331
Coordenação do Núcleo de Pesquisa
Informações:
Tel.: (62) 3212-0088
Email:
[email protected]
FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ GOIÁS - FESGO
Diretora Geral
Sirle Maria dos Santos Vieira
Gerente Acadêmico
Edson Sidião de Souza Júnior
Regulatório
Sue Christine Siqueira
Editor Científico
Edmar Aparecido de Barra e Lopes
Coordenador de Pesquisa e Extensão
Edmar Aparecido de Barra e Lopes
COORDENADORES(AS) DE CURSOS E
NÚCLEOS
Coordenação de Enfermagem
Enilsa Vicente Ferreira
Coordenação de Administração
Ana Cláudia Pereira de Siqueira Guedes
Coordenação de Gestão de Recursos
Humanos
Maristela Monteiro Oliveira
Coordenação de Farmácia
Adibe Khoury
Coordenação de Fisioterapia
Kliver Antônio Marin
Coordenação de Educação Física
Eduardo Henrique de Assis
Coordenação de Psicologia
Andreia Costa Rabelo Mendonça
Coordenação de Redes de Computadores
Raulisson Alves de Rezende
Coordenação de Coordenadora do EAD
Mara Silvia dos Santos
Estácio de Sá Goiás - FESGO
www.go.estacio.br
Fones: (62) 3601-4937

Documentos relacionados