estácio de sá ciências da saúde
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ISSN: 1894-2864 ESTÁCIO DE SÁ CIÊNCIAS DA SAÚDE REVISTA DA FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE GOÂNIA SESES - GO VOL. 02, N. 10, FEV./JUL. 2014 FICHA CATALOGRÁFICA DA REVISTA DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CPI) FACULDADE DE GOIÁS CATALOGAÇÃO NA FONTE / BIBLIOTECA FAGO JAQUELINE R. YOSHIDA – BIBLIOTECÁRIA – CRB 1901 LOPES, Edmar Aparecido de Barra e (org.). Revista de Ciências da Saúde da Faculdade Estácio de Sá de Goiás-FESGO. Goiânia, GO, v. 02, nº 10, Fev./Jan. 2014. ISSN 1984-2864 Nota: Revista da Faculdade Estácio de Sá de Goiás – FESGO. I. Ciências da Saúde. II. Título: Revista de Ciências da Saúde. III. Publicações Científicas. CDD 300 ESTÁCIO DE SÁ CIÊNCIAS DA SAÚDE FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ GOIÁS – FESGO VOLUME 02, n. 10, Fev. / Jan. 2014 PERIODICIDADE: SEMESTRAL ISSN: 1984-2864 Cursos de da Faculdade Estácio de Sá de Goiás: Administração Enfermagem Farmácia Educação Física Fisioterapia Psicologia Recursos Humanos Redes de Computadores Editoria Científica: Edmar Aparecido de Barra e Lopes Nildo Viana Conselho Editorial Executivo: Anderson de Brito Rodrigues Cleyson M. Mello Edmar Aparecido de Barra e Lopes Eguimar Felício Chaveiro Jaqueline Veloso Portela de Araújo Nildo Silva Viana Conselho Editorial Consultivo: Claudio Luiz Correia de Freitas Edmar Aparecido de Barra e Lopes Elisa Mara Silveira Fernandes Leão Jose Walber Borges Pinheiro Margareth Ribeiro Machado Santos Silva Nildo Viana Paulo Henrique Castanheira Vasconcelos Tadeu Alencar Arraes Valdeniza Maria Lopes da Barra Equipe Técnica: Editoração Eletrônica, Coordenação Gráfica, Capa e Revisão de Texto em Inglês: Edclio Consultoria: Editorial Pesquisa e Comunicação Ltda Projeto Editorial, Projeto Gráfico, Preparação, Revisão Geral: Edmar Aparecido de Barra e Lopes Revisão Técnica: Suellen Carina Lopes Endereço para correspondência Address for correspondence: Rua, 67-A, número 216 Setor Norte Ferroviário Goiânia-GO - Brasil CEP: 74.063-331 Coordenação do Núcleo de Pesquisa Informações: Tel.: (62) 3212-0088 Email: [email protected] FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ GOIÁS - FESGO Diretora Geral Sirle Maria dos Santos Vieira Gerente Acadêmico Edson Sidião de Souza Júnior Regulatório Sue Christine Siqueira Editor Científico Edmar Aparecido de Barra e Lopes Coordenador de Pesquisa e Extensão Edmar Aparecido de Barra e Lopes COORDENADORES(AS) DE CURSOS E NÚCLEOS Coordenação de Enfermagem Enilsa Vicente Ferreira Coordenação de Administração Ana Cláudia Pereira de Siqueira Guedes Coordenação de Gestão de Recursos Humanos Maristela Monteiro Oliveira Coordenação de Farmácia Adibe Khoury Coordenação de Fisioterapia Kliver Antônio Marin Coordenação de Educação Física Eduardo Henrique de Assis Coordenação de Psicologia Andreia Costa Rabelo Mendonça Coordenação de Redes de Computadores Raulisson Alves de Rezende Coordenação de Coordenadora do EAD Mara Silvia dos Santos Estácio de Sá Goiás - FESGO www.go.estacio.br Fones: (62) 3601-4937 SUMÁRIO ARTIGOS 08-15 CARACTERIZAÇÃO DA DOR LOMBAR DURANTE A GESTAÇÃO LUZ, F. G. R LUZ, M. M. M ARAGÃO, H. S MATA, J. R 16-27 EFEITO DA LASERTERAPIA DE BAIXA INTENSIDADE ASSOCIADA À TERAPIA MANUAL NA DOR E FUNCIONALIDADE DE INDIVÍDUOS COM FASCITE PLANTAR: UM ESTUDO-PILOTO DAVI MENDONÇA DA COSTA VINÍCIUS PIRES DE PAIVA BARRETO YURI DOUGLAS ACIOLI DE OLIVEIRA CLEITON ANDRADE COSTA ELIZABETE CRISTINA DIÓGENES DE MEDEIROS WOUBER HERICKSON DE BRITO VIEIRA DENISE DAL’AVA AUGUSTO 28-36 DESAFIOS DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS DURANTE SUA FORMAÇÃO ESCOLAR SILVA J. O ARAGÃO, H. S MATA, J. R REBELO, A. C. S 37-45 ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO NO PROCESSO DE ACREDITAÇÃO HOSPITALAR ANDRÉ DOS SANTOS NASCIMENTO HELLEN CRISTYNNA L. DE J. SANTOS LINDA RODRIGUES VIEIRA NARLLA GEANNE LEAL DE O. MENEZES CHRISTINA SOUTO CAVALCANTE COSTA 46-54 EFEITOS DO TREINAMENTO COM O MÉTODO FLETCHER PILATESTOWELWORK NO COMPORTAMENTO DA EXPANSIBILIDADE TORÁCICA EM CIRURGIÕES DENTISTAS KEITH CARNEIRO DIAS CRISTINA APARECIDA NEVES RIBEIRO 55-61 O USO DAS METODOLOGIAS ATIVAS NO ENSINO DA ENFERMAGEM: UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA DANIELA SAMARA NOGUEIRA DANIEL FERNANDES CORREIA JÚNIOR SUE CHRISTINE SIQUEIRA 62-68 USO DE MEDICAMENTOS DURANTE A ELABORAÇÃO DO PROCESSO DE LUTO: TERAPIA OU FUGA? DANIEL CORREIA JÚNIOR PRISCILA FRANÇA ZANELATTO SUE CHRISTINE SIQUEIRA _________________________ ARTIGOS 8 LUZ, F. G. R; LUZ, M. M. M; ARAGÃO, H. S.; MATA, J. R. Caracterização da dor lombar durante a gestação. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 08-15, Fev./Jul. 2014. CARACTERIZAÇÃO DA DOR LOMBAR DURANTE A GESTAÇÃO Luz, F. G. R1; Luz, M. M. M2; Aragão, H. S3; Mata, J. R4 RESUMO ABSTRACT A dor lombar é frequente na gestação requerendo intervenção preventiva ou terapêutica multiprofissional. Objetivou-se caracterizar as relações entre gestação e dor lombar. Foram entrevistadas dez gestantes com dor lombar de uma Organização Não Governamental de assistência prénatal a mulheres de baixa renda em Rio Verde Goiás. Os dados demonstraram o contexto adverso da gestação das entrevistadas e necessidade do engajamento dos profissionais da saúde na amenização do problema. Necessitam-se mais investimentos na assistência à gestante associada a uma abordagem interdisciplinar. Low back pain is common in pregnancy requiring multidisciplinary therapeutic or preventive intervention. This study aimed to characterize the relationship betweenpregnancy and lower back pain. Ten pregnant women with low back pain of a prenatal low-income women in Rio Verde Goiás Non Governmental Organization assist Data demonstrated the adverse context of pregnancy and interviewed the need for engagement of health professionals in alleviating the problem were interviewed.Needs to be more investment in prenatal care associated with an interdisciplinary approach. Palavras chaves: dor lombar, gestação, cuidado prénatal. Key words: low back pain, pregnancy, prenatal care Introdução A dor lombar é frequente em diferentes estágios da gestação com maior incidência entre o quarto e sétimo mês (CECIN et al., 1996; MARTINS & SILVA, 2005;BARROS, 2013). A lombalgia gestacional atualmente é reconhecida como uma síndrome que gera desconforto de leve à grave e que requer intervenção preventiva e ou terapêutica (SPERANDIO et al.,2004; SEBBEN, et al., 2011). De fato, a dor lombar é causa frequente de morbidade e incapacidade, sobrepujada apenas pela cefaleia na escala dos distúrbios dolorosos e o diagnóstico específico corre em apenas 15% dos casos (DEYO & PHILLIPS, 1996). A lombalgia durante a gestação pode manifestar-se como uma síndrome conduzindo do desconforto físico ao psíquico, com quadros de insônia interferindo na qualidade de vida (FAST & HERTZ, 1992; SPERANDIO et al.,2004; BARROS, 2013). Dados recentes suportam 1 Mestre em Ciências da Saúde, Fisioterapeuta, Especialistas em Acupuntura. Mestre em Ciências da Saúde, Fisioterapeuta, Especialistas em Acupuntura. 3 Estagiária em Anatomia – UFG/GO. 4 Doutor em Biologia Celular, Especialista em Acupuntura, Professor/UFG. [email protected] 2 9 LUZ, F. G. R; LUZ, M. M. M; ARAGÃO, H. S.; MATA, J. R. Caracterização da dor lombar durante a gestação. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 08-15, Fev./Jul. 2014. que as características biomecânicas estão modificadas durante a gravidez, simultaneamente com outros fatores que podem modificar sua estrutura, como, por exemplo, o relaxamento dos ligamentos pela presença do hormônio relaxina, o crescimento do feto, placenta e líquido amniótico, que aumentam consideravelmente o peso no abdome ao final da gestação (CORTEZ et al., 2012). Por outro lado o uso de medicações analgésicas e antiinflamatórias tornam-se limitado neste período e medidas preventivas devem ser adotadas, todavia na maioria dos casos se assimila o discurso da maternidade como sacrifício (STEPHENSON & O`CONNOR, 2004). O fato de encarar a dor lombar na gestação como uma ocorrência normal e até esperada durante a gravidez tem contribuído para a falta de adoção de medidas profiláticas e de alívio (FERREIRA & NAKANO, 2001: SHIM, et al., 2005). Na maioria das vezes as gestações não planejadas induzem nas gestantes impactos negativos nas relações cotidianas, familiar, socioeconômica; sexual e psicológica agravada pelo descrédito dos profissionais da saúde e dos familiares às suas queixas (STEPHENSON & O`CONNOR, 2004; MOGREN, 2007). Todavia a história de cada mulher grávida deve ser acolhida integralmente, analisando os fatos e as emoções pela equipe envolvida no pré-natal, e nesse sentido se faz necessário apreender e reaprender a linguagem popular, respeitando a singularidade e simplicidade do contexto familiar e social de cada gestante (AFONSO, 2003). Assim quando a queixa da paciente sensibiliza os profissionais da saúde é sinal valioso para garantir a grávida uma experiência mais saudável e confortável para a sua gestação, e deste modo conhecer a realidade sociopsicológica da grávida, pode contribuir para a diminuição da interferência de ideias préconcebidas nas fases de planejamento e execução de programas voltados para a mulher grávida na assistência pré-natal (MOGREN, 2007; SEBBEN, et al., 2011). No decorrer da gestação, a postura sofre modificações devido à ação hormonal sobre os ligamentos, ao aumento do peso das mamas e do útero na parte anterior, mais evidente nos últimos trimestres e assim as mamas dilatadas e engrandecidas pesam no tórax desviando o centro de gravidade para frente, e deste modo, todo o corpo se joga para trás de forma compensatória e involuntária (GARSHASBI & ZADEH, 2005: NOVAES, 2006; CORTEZ et al., 2012). Nos dois últimos trimestres da gestação, além da ação dos hormônios, a região lombar ainda é submetida á alterações mais evidentes pelo aumento do peso da gestante e do feto, aumento da lordose e afrouxamento de ligamentos (STEPHENSON & O`CONNOR, 2004). Além destes fatores têm sido atribuídos como causa da dor lombar gestacional, desequilíbrios emocionais, alterações vasculares com prejuízo na micro-circulação, estase, hipóxia e edemas (FAST & HERTZ, 1992). Este trabalho teve como objetivo caracterizar e identificar as relações entre a gestação e o processo da dor lombar 10 LUZ, F. G. R; LUZ, M. M. M; ARAGÃO, H. S.; MATA, J. R. Caracterização da dor lombar durante a gestação. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 08-15, Fev./Jul. 2014. Material e métodos Utilizou-se a metodologia descritivo-exploratória através da abordagem qualitativa, uma vez que se buscou a compreensão particular e profunda dos fenômenos sociais (DUARTE, 2002; MINAYO et al., 2005). Esta abordagem possibilitou a aproximação clara e incisiva sobre a pesquisa social, incluindo seus aspectos históricos com seus permeios de contradições e conflitos (MINAYO et al., 2005). O trabalho foi realizado numa Organização Não governamental (ONG) dedicada à assistência pré-natal de mulheres de baixa renda, inscritas no Projeto Berço de Luz do Sistema Único de Saúde (SUS), em Rio Verde de Goiás. Foram entrevistadas dez gestantes entre 18 e 32 anos na primeira (primigestas) ou mais (multigestas) gestação com queixa de dor lombar. Foi feita uma abordagem multidimensional dos atributos da dor avaliando a duração, localização da dor, características somatossensoriais e emocionais. Com base na Escala Comportamental de Melzack (MELZACK, 1973), atribuindo a nota de zero para ausência de dor; a nota de um a três a dor presente fraca e ás vezes esquecida; quatro a seis para a dor moderada e não esquecida; nota de sete a nove a dor forte e não esquecida e nota dez quando a dor ocorre com intensidade insuportável. Foram utilizadas as questões: O que é a gestação para você? Explique como é a dor que você sente na região lombar (parte baixa das costas); Qual a relação que você percebe entre a dor lombar e a gestação? As entrevistas foram tomadas durante 50 minutos em ambiente tranquilo com privacidade, ventilação e iluminação adequada e assegurada à manutenção do anonimato. Resultados e discussão A dor referida ocorreu em 60% dos casos, e em metade destes irradiou para o abdome ou para as pernas, sendo que a dor localizada ocorreu em 40% dos casos (tabela). Em torno de 50% das gestantes apresentaram dor de intensidade forte, com maior frequência nas multigestas e para 20% das multigestas o desconforto doloroso interferiu na relação sexual (tabela). Também a diminuição da libido de si próprias e do parceiro ocorreu nas primigestas, porém devido mudanças corporais ocorridas durante a gravidez. Em metade das gestantes ocorreu quadro álgico no 1º trimestre gestacional (tabela) o que difere de outros relatos que apontam o 2º e 3º trimestre como o de maior incidência (MELZACK, 1973; MANTLE & CURRY et al., 1981; OLIVEIRA, et al., 2010). Todavia, apesar da dor lombar ter apresentado maior incidência no 1º trimestre, esta demonstrou agravamento e intensificação nos dois 11 LUZ, F. G. R; LUZ, M. M. M; ARAGÃO, H. S.; MATA, J. R. Caracterização da dor lombar durante a gestação. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 08-15, Fev./Jul. 2014. últimos trimestres da gestação. O ser humano reage diante da dor, como ante uma doença que coloca em atividade complexos mecanismos biológicos, que tentam restabelecer a homeostase do estado de não dor. Sob o ponto de vista psicológico, a reação de dor é sentida como um desprazer, provocando atitudes, que é a busca desse reequilíbrio, todavia em todo período de crise ou transformação, vivenciam-se situações que podem permitir uma progressão ou então uma regressão da capacidade de adaptação ativa (ZUGAIG et al., 1997). Número de Partos Primigestas Tipo de Dor (%) 10 20 20 Multigestas 10 TOTAL (%) Referida abdome e pernas abdome ou pernas abdome e pernas abdome ou pernas 60 Qualidade da Dor (%) Prejuízo na Relação Sexual (%) Localizada Insuportável Forte Sim Trimestre do Surgimento da dor (%) 1º 2º 3º 30 10 10 30 30 10 20 10 0 40 20 20 10 10 40 10 50 50 50 20 30 Tabela - Características da dor lombar em gestantes assistidas no Projeto Berço de Luz do Sistema Único de Saúde em Rio Verde de Goiás. A família é uma extensão da sociedade, onde se pensa e age em consonância com esta, e assim acaba-se gerando nas gestantes cobranças “sociais”. Alia-se a isto que a mulher no decorrer de sua história social foi marcada por tabus do sistema patriarcal, o que vigora infelizmente ainda em pleno século XXI (ZUGAIG et al., 1997; SEBBEN, et al., 2011). A discriminação agrava-se quando além da gestação, a dor lombar não é percebida enquanto fator de sofrimento, que limita, e interfere acentuadamente em sua qualidade de vida e o preconceito formado leva a discriminação da gestante por parte de seus familiares e sociedade. A falta de planejamento familiar é um agravante já que a família é de um modo mais abrangente, a comunidade e em específico, aquela a qual pertence a conceitos e pré-conceitos de um determinado grupo, porém não é um agrupamento casual de componentes e sim uma organização interdependente na qual o comportamento e a expressão de cada componente influenciam e são influenciados por todos os outros (ZUGAIG et al., 1997). A instabilidade emocional das entrevistadas ficou caracterizada pelo sofrimento ao não planejar a gravidez. Diante da gravidez inesperada lidam com o desespero dentro de uma miscelânea 12 LUZ, F. G. R; LUZ, M. M. M; ARAGÃO, H. S.; MATA, J. R. Caracterização da dor lombar durante a gestação. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 08-15, Fev./Jul. 2014. de sentimentos, que vão desde a aceitação, a rejeição, a relação de dependência e instabilidade financeira, a perda da liberdade e juventude, a falta de apoio e a solidão. A gestação não desejada que apareça em suas vidas se torna um empecilho para a felicidade e neste momento é vivenciada como um fardo a carregar, e passíveis de julgamentos. Estas mulheres encontram-se distantes do mundo social, confinadas em seus lares, na dependência econômica de seus parceiros e ou familiares, e passam a viver no seu próprio mundo de aceitação contextualizado pelo sofrimento emocional e físico como parte de suas vidas. Ao retratarem a dor lombar enquanto sofrimento e incapacitação, os parceiros, a sociedade, a família assim como os profissionais da saúde da mulher consideram a dor lombar normal e por isto as gestantes são caracterizadas como poliqueixosas, sendo que algumas admitem a situação com certa tristeza e outras com agressividade, porém ambas demonstram a carência de solidariedade de seus parceiros evidenciando que este contexto demonstra a necessidade de reflexões mais aprofundadas sobre a lombalgia na gestação (FERREIRA & NAKANO, 2001; BARROS, 2013). A sexualidade tanto para multíparas quanto primíparas, sofre transformação desde o momento da notícia, pela recriminação social e familiar, rejeição do parceiro, e pelas mudanças do corpo, limitações físicas, psíquicas, sociais. Observa-se que a dor lombar induz limitação na relação sexual com o parceiro criando situações inesperadas retirando a sexualidade da relação e da própria mulher (GARSHASBI & ZADEH 2005; NOVAES et al., 2006; SMITH et al., 2008) Este fato ocorre, á despeito das aquisições do conhecimento sobre a sexualidade humana que trouxe a compreensão de que ela extrapola o biológico, para ser uma manifestação do comportamento resultante da interação dos aspectos biológicos, psicológicos e sociais da existência humana (ZUGAIB et al., 1997). Ainda é surpreendente que a dor lombar, enquanto sofrimento de saúde para as gestantes, também se torne motivo do preconceito social. Este alvo se torna fácil, quando ganha força dos profissionais de saúde que consideram a dor lombar na gestação, enquanto sintoma comum, portanto passageira. Deste modo à gestante, resta suportar a dor lombar independente das interferências em suas vidas, porém está claro que mulheres que vivenciaram sua gestação cheias de tabus e preconceitos apresentaram quadros de dor mais intensos e partos mais difíceis (SPERANDIO et al.,2004; BARROS, 2013). Para as gestantes multigestas a dor lombar interfere nas relações sociais por ser desencadeadora ou intensificadora de irritabilidade gerando conflitos familiares e sociais, e de fato a lombalgia gestacional esteve acompanhada por um estado de nervosismo e irritabilidade bem caracterizados nessas mulheres perfazendo um ciclo entre o emocional e a dor lombar conforme já relatado por Sperandio (SPERANDIO et al., 2004), ao apresentar os conflitos psicossociais 13 LUZ, F. G. R; LUZ, M. M. M; ARAGÃO, H. S.; MATA, J. R. Caracterização da dor lombar durante a gestação. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 08-15, Fev./Jul. 2014. somatizando em dor lombar. Porém para algumas gestantes ocorreu o processo inverso, em que a dor lombar aparece como a causa da instabilidade emocional pela tensão emocional promovida pelas limitações que a dor impõe nas dimensões física, familiar, social, sexual e psicológica. De fato, para explicar a dor lombar gestacional além dos fatores psicológicos de estresse psicossocial levando a distúrbios psicofisiológicos (SPERANDIO et al., 2004) não se pode relegar também a origem biológica (FAST & HERTZ, 1992). Assim a dor lombar tem sido relatada como causa frequente de morbidade e incapacidade (DEYO & PHILLIPS, 1996), já que induz alterações psíquicas relevantes. Estas alterações são consequências das dificuldades que as características sociais e da própria gestação, impuseram à mulher gestante redundando em revolta, rebeldia e agressividade contra o mundo, contra todos, e contra si mesma, provocando uma mobilização mental que geralmente gera consequências psicossomáticas danosas (DEYO & PHILLIPS, 1996; ZUGAIG et al., 1997). Deste modo, apesar do apoio inicial da família à gestante na medida em que a dor passa a ter uma caracterização de doença funcional pela ausência de dados laboratoriais, na maioria das vezes esta se transforma em conflitos familiares (AFONSO, 2003). Por outro lado na ausência de uma gravidez planejada, especialmente nas gestantes mais jovens, por vezes a possibilidade de ser mãe é sinônimo de submissão, inferioridade, perda de liberdade de beleza física, dependência, medo e consequentemente sofrimento (MARTINS & SILVA, 2005). Neste caso a insegurança e intranquilidade levam estas mulheres a alterações de comportamento, percebidas pela agressividade, medo, aborto e a insegurança quanto à possibilidade se terão condições adequadas de saúde durante a gestação, somatizando estas tensões como dor lombar (SPERANDIO et al., 2004). Neste contexto fica patente a necessidade do preparo da gestante para o parto, pois assim há amenização dos temores e sofrimentos minimizando os desequilíbrios e sofrimentos contribuindo para uma relação mais saudável no binômio mãe-feto amenizando o ciclo “medo-tensão-dor” (CECIN et al., 1996). Assim a partir dos dados observados pôde se inferir um novo paradigma para entender a lombalgia gestacional através do qual se concebe que a lombalgia vai além do matiz puramente biológico, que considera esta apenas como uma manifestação de natureza própria do estado gestacional, assumindo além deste aspecto os fatores de agressão familiar, social, e os preconceitos. A necessidade de encarar a gestação numa visão holística se apoia ainda mais, devido à ausência de uma metodologia específica do ponto de vista nosológico cinético-funcional e psicossocial para uma definição e prevenção da lombalgia gestacional de forma mais adequada (CECIN et al., 1996; OSTGAARD, 1996). Soma-se a estes fatores aqueles advindos das deficiências do sistema de assistência à saúde à classe socioeconômica menos favorecida e à carência de conhecimento dos direitos humanos por parte destas mulheres. 14 LUZ, F. G. R; LUZ, M. M. M; ARAGÃO, H. S.; MATA, J. R. Caracterização da dor lombar durante a gestação. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 08-15, Fev./Jul. 2014. Conclusões Foi possível identificar e conhecer o significado da dor lombar nestas gestantes submetidas a condições socioeconômicas desfavoráveis, de pobreza e constatar que este representa bem o contexto social da dor lombar durante a gestação. Ficou notório a necessidade dos profissionais e educadores da saúde de assumirem maior responsabilidade perante a situação das gestantes submetidas a este universo repleto de preconceitos, discriminação, exclusão e violência dos direitos sociais e de saúde destas gestantes, as quais por vezes, não tiveram a opção devido ao contexto psicossocial de planejar a sua gravidez adequadamente. Evidenciou também a necessidade de investimentos pelas autoridades públicas na assistência à gestante, disponibilizando uma abordagem multiprofissional e interdisciplinar no enfrentamento da associação dor lombar e gestação. Referências bibliográficas AFONSO L. Organização Mundial de Saúde (OMS). Direitos e legislação. Rio de Janeiro: Secretaria de Políticas de Saúde-Ministério da Saúde, 2003. BARROS S.R.A.F. Infecção urinária na gestação e sua correlação com a dor lombar versus intervenções de enfermagem. Rev. Dor. vol.14 (2), 2013. CECIN H.A, BICHUETTI J.A.N, DAGUER, M.K, PUSTRELO, M.N. 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EFEITO DA LASERTERAPIA DE BAIXA INTENSIDADE ASSOCIADA À TERAPIA MANUAL NA DOR E FUNCIONALIDADE DE INDIVÍDUOS COM FASCITE PLANTAR: UM ESTUDO-PILOTO Davi Mendonça da Costa1; Vinícius Pires de Paiva Barreto2; Yuri Douglas Acioli de Oliveira3; Cleiton Andrade Costa4; Elizabete Cristina Diógenes de Medeiros5; Wouber Herickson de Brito Vieira6; Denise Dal’ava Augusto7 RESUMO ABSTRACT O presente trabalho objetivou verificar o efeito da laserterapia de baixa intensidade e terapia manual na dor e funcionalidade de indivíduos com fascite plantar que praticam caminhada. Realizou-se um estudo-piloto do tipo ensaio clínico, controlado e randomizado, com 6 indivíduos de ambos os gêneros, divididos em G1 e G2, que realizaram, anteriormente a laserterapia, alongamentos de tríceps sural e massagem de fricção transversa. No grupo G1 foi aplicado o LASER desligado, enquanto que G2, era aplicado o LASER invisível (808Nm), no modo contínuo, com potência de 60 mW e dose de 15 J de forma pontual com contato. A intervenção foi realizada três vezes por semana durante um mês, sendo os voluntários avaliados na 1ª e 12ª sessões. A dor foi avaliada através da Escala Visual Analógica (EVA) e da algometria de pressão enquanto que a funcionalidade foi através do triple hop test. Foram realizados testes intergrupos e intragrupo, considerando um valor de significância p ≤ 0,05 para todos os testes. Verificou-se que a laserterapia, em nosso estudo, foi efetiva quanto à melhora da funcionalidade e da sensação subjetiva de dor. Constatou-se que o pequeno número da amostra juntamente com a dose fixa empregada foram as limitações apresentadas pelo estudo. The goal of this study was to assess the effect of low-intensity laser therapy and manual therapy on pain and function in individuals with plantar fasciitis who went hiking. A clinical, randomized, controlled pilot study was conducted with six individuals of both sexes, divided into G1 and G2, who had performed stretching of sural triceps and transverse friction massage before the laser therapy. Disconnected laser was administered to group G1, whereas G2 received invisible laser (808 nm) in continuous mode with a power of 60 mW at a dose of 15 J through punctual contact. The intervention was carried out three times per week during one month, and the volunteers were assessed in the 1st and 12th sessions. The pain was assessed through the visual analogue scale (VAS) and pressure algometry, whereas functionality was assessed through the triple hop test. Inter-and intra-group tests were carried out considering a significance value of p ≤ 0.05 for all tests. It was found that laser therapy was effective with regard to the improvement in functionality and the subjective feeling of pain. It was observed that the small sample and the fixed-dose used were the limitations of the study. Keywords: Plantar Fasciitis. Laser. Physiotherapy. Palavras-chave: Laser. Fisioterapia. Fascite Plantar. 1 Discente da Graduação da Estácio Ponta Negra. Discente da Graduação da Estácio Ponta Negra. 3 Discentes do Projeto de Iniciação Científica – Laserterapia de Baixa Traumatológicas e Reumatológicas. 4 Discentes do Projeto de Iniciação Científica – Laserterapia de Baixa Traumatológicas e Reumatológicas. 5 Discentes do Projeto de Iniciação Científica – Laserterapia de Baixa Traumatológicas e Reumatológicas. 6 Docente da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. 7 Docente da Estácio Ponta Negra. Endereço Postal: Denise Dal’Ava Augusto Lagoa Nova Natal- RN 59063-380 - [email protected] 2 Intensidade nas Lesões Ortopédicas, Intensidade nas Lesões Ortopédicas, Intensidade nas Lesões Ortopédicas, - Rua Sérgio Severo nª1135 Apto 1004 17 COSTA, Davi Mendonça da; BARRETO, Vinícius Pires de Paiva; OLIVEIRA, Yuri Douglas Acioli de; COSTA, Cleiton Andrade; MEDEIROS, Elizabete Cristina Diógenes de; VIEIRA, Wouber Herickson de Brito; AUGUSTO, Denise Dal’ava. Efeito da laserterapia de baixa intensidade associada à terapia manual na dor e funcionalidade de indivíduos com fascite plantar: um estudo-piloto. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 16-27, Fev./Jul. 2014. Introdução A fáscia plantar é uma membrana de tecido conjuntivo responsável por estabilizar o arco longitudinal medial e auxiliar na força de impulso durante a corrida e ao realizar saltos. O constante tracionamento dessa estrutura, durante a fase de apoio da marcha e início da fase de balanço, provoca microtraumatismos de repetição, que leva a um processo inflamatório, ocasionando posteriormente degeneração e fibrose, e originando a fascite plantar1. Esta patologia está associada à sobrecarga provocada pelo aumento repentino de atividades que envolvem descarga de peso, ao gesto esportivo inadequado, ao treinamento em superfícies irregulares e ao uso de calçados inapropriados ou excessivamente desgastado2. O seu tratamento pode ser conservador ou cirúrgico. No tratamento conservador é o preconizado o uso de órteses e bandagens funcionais, exercícios de alongamento de tríceps sural, fáscia plantar, tibial posterior e fibulares, associados ao repouso relativo, e de fortalecimento para a musculatura intrínseca do pé, além da utilização de recursos eletrotermoterápicos e crochetagem3. LASER é uma radiação eletromagnética não ionizante e também uma fonte luminosa com características específicas como a monocromaticidade, a colimação, e a coerência, as quais conferem a esse tipo de luz, importantes propriedades terapêuticas, sendo a laserterapia de baixa potência também um recurso de eleição para o tratamento conservador da fascite plantar4. Segundo Agne5, a laserterapia é capaz de promover efeitos como: a analgesia local, redução de edema, ação anti-inflamatória, estimulação de cicatrização em feridas de difícil evolução, aumento da microcirculação, trofismo e reparo tecidual. Desta forma, o presente estudo verificou o efeito da laserterapia de baixa intensidade associada à terapia manual na dor e funcionalidade de indivíduos portadores de fascite plantar que praticam caminhada regulamente, comparando a ação do laser. Material e métodos O projeto é um estudo-piloto do tipo randomizado e controlado onde a amostra foi composta por 06 participantes, quatro mulheres e dois homens com faixa etária em torno de 44 e 55 anos, distribuídos igualmente em dois grupos G1 (placebo controlado) e G2 (LASER) por meio de randomização simples. 18 COSTA, Davi Mendonça da; BARRETO, Vinícius Pires de Paiva; OLIVEIRA, Yuri Douglas Acioli de; COSTA, Cleiton Andrade; MEDEIROS, Elizabete Cristina Diógenes de; VIEIRA, Wouber Herickson de Brito; AUGUSTO, Denise Dal’ava. Efeito da laserterapia de baixa intensidade associada à terapia manual na dor e funcionalidade de indivíduos com fascite plantar: um estudo-piloto. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 16-27, Fev./Jul. 2014. O estudo foi composto por pacientes com diagnostico clinico de fascite plantar escolhidos entre uma população que praticavam caminhadas regularmente, sendo no grupo placebo controlado (G1), dois voluntários com dor bilateral e um unilateral, e no grupo LASER invisível (G2), um voluntário com dor bilateral e dois unilateral. Os indivíduos foram selecionados por meio da aplicação de um questionário adaptado com base em Ribeiro e João6 sobre Fascite Plantar, que contempla dados como a identificação do (a) voluntário (a) (nome, idade, sexo, peso, altura, telefone/celular, e e-mail), a data da avaliação, se já apresentava diagnóstico de fascite plantar e há quanto tempo, o quadro de dor (questionando a intensidade, os momentos em que ela melhora e piora, o tempo da queixa de dor e também mensurado pelos avaliadores o limiar e limite da dor) e informações sobre a sua atividade física (o tempo de pratica da caminhada, a frequência, e se já sofreu algum outro tipo de lesão em membros inferiores em um período de seis meses), como também realizado um teste funcional, o triple hop test. Como critérios de inclusão os pacientes teriam que apresentar dor, com ou sem palpação, no trajeto da fáscia plantar durante a realização de atividades específicas como levantar-se da cama, subir algum obstáculo (escada, bancos, etc) e/ou durante a pratica da atividade física (caminhada); apresentar intensidade de dor entre moderada e intensa (3 a 10 na EVA); apresentar uma frequência mínima de caminhada de três vezes por semana; não ter sido submetido a nenhum tratamento como fisioterapia, cirurgia ou medicação anti-inflamatória recente (menor que um mês); não apresentar outras lesões osteomioarticulares de membros inferiores (MMII) em um período menor que um mês e que possam vir a comprometer a realização do triple hop test. E como critérios de exclusão: recusar-se a realizar todas as sessões programadas, a responder todo o questionário ou a assinar o TCLE; e apresentar três faltas consecutivas, pois comprometeria a evolução do tratamento. O projeto foi aprovado pelo comitê de ética e pesquisa, conforme parecer nº 178/2012, estando sob o protocolo de nº 287/11. Todos os voluntários assinaram o Termo de consentimento Livre e Esclarecido. Para avaliação e tratamento foram utilizados os seguintes instrumentos: Questionário sobre fascite plantar, Escala visual analógica (EVA) para mensuração da intensidade da dor, algômetro Force Gage modelo FDX 25 da Wagner Instruments, para mensurar o limiar e limite da dor e um equipamento de LASER Photon Lase DMC III, com óculos de proteção e potência 19 COSTA, Davi Mendonça da; BARRETO, Vinícius Pires de Paiva; OLIVEIRA, Yuri Douglas Acioli de; COSTA, Cleiton Andrade; MEDEIROS, Elizabete Cristina Diógenes de; VIEIRA, Wouber Herickson de Brito; AUGUSTO, Denise Dal’ava. Efeito da laserterapia de baixa intensidade associada à terapia manual na dor e funcionalidade de indivíduos com fascite plantar: um estudo-piloto. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 16-27, Fev./Jul. 2014. variável de 30 a 100 mW, área da ponteira de 0,02827 cm² e comprimento de onda de 660Nm ou 808Nm. O trabalho de intervenção foi realizado na própria faculdade, no laboratório, com um total de 12 intervenções, 3 vezes por semana. Após o recrutamento dos voluntários, os mesmos realizaram as avaliações iniciais que consistia na quantificação da dor pela EVA, ao limite e limiar de dor através da algometria de pressão, e a maior distância alcançada no teste funcional, no qual era realizado o triple hop test, sendo registrada a distância dos saltos. Após este dia os indivíduos foram aleatoriamente distribuídos nos dois grupos e orientados a não realizarem caminhada pelo menos 1 hora antes da intervenção. Da segunda a décima primeira sessão era realizada as intervenções propriamente ditas com as especificidades de cada grupo, sendo tratados os pontos dolorosos, utilizando-se no estudo o ponto mais doloroso. Ao final das 12 sessões, as mesmas avaliações foram realizadas. Nos dois grupos foram realizados anteriormente ao laser, alongamentos de tríceps sural, duas vezes, mantando por 30 segundos. Após as intervenções prévias o G1 realizou a terapia com LASER desligado, por um tempo de 7 segundos, de forma pontual e com contato nos locais da dor referida pelo voluntário. E G2, a terapia com LASER invisível, com os seguintes parâmetros: modo contínuo, comprimento de onda de 808 Nm potência de 60 mW, dose de 15 J/cm2 e tempo de 7 segundos e mesma forma do G1. A análise estatística foi realizada por meio do programa Statistical Package for the Social Science 21.0 (SPSS). A normalidade na distribuição dos dados foi verificada por meio do teste de Shapiro-Wilk. A análise dos dados foi apresentada pela Estatística Descritiva por meio da média e desvio-padrão dos resultados. Para análise intragrupo, utilizamos o teste de Wilcoxon, e para análise intergrupo, o teste de Mann-Whitney. Foi considerado um valor de significância ≤ 0,05 para todos os testes. Resultados Foi observado que o grupo placebo controlado (G1) apresentava uma idade média de 53,67 anos e um tempo médio de dor de 48 meses caracterizando uma fase de dor crônica enquanto que o grupo LASER (G2) tinha uma idade média de 47,33 anos e um tempo médio de dor de 5 meses, o que caracterizava uma fase de dor mais aguda. 20 COSTA, Davi Mendonça da; BARRETO, Vinícius Pires de Paiva; OLIVEIRA, Yuri Douglas Acioli de; COSTA, Cleiton Andrade; MEDEIROS, Elizabete Cristina Diógenes de; VIEIRA, Wouber Herickson de Brito; AUGUSTO, Denise Dal’ava. Efeito da laserterapia de baixa intensidade associada à terapia manual na dor e funcionalidade de indivíduos com fascite plantar: um estudo-piloto. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 16-27, Fev./Jul. 2014. Na análise intergrupo, observou-se que, para a análise do limiar da dor, os grupos antes da intervenção eram diferentes, ou seja, o grupo LASER apresentava um limiar significativamente menor do que o do grupo placebo controlado, indicando que esse grupo (G2) apresentava maior sensação dolorosa. E após a terapia, esta diferença desapareceu, ou seja, o grupo G2, teve um aumento do seu limiar, aproximando-se do que o grupo placebo controlado (G1) apresentava antes da intervenção. Analisando os resultados referentes a variável dor por meio da Escala Visual Analógica (EVA), verificou-se que antes da intervenção os grupos não apresentavam diferenças com relação a intensidade da dor e, após a intervenção, o grupo G2 apresentou uma pontuação significativamente menor em comparação com o grupo G1 (LASER (G2): 1,75 ± 1,71 / Placebo Controlado (G1): 5,4 ± 1,14; p = 0,014). Já em relação às variáveis limite da dor e funcionalidade avaliada por meio do triple hop test, não encontramos diferenças entre os grupos, nem antes e nem após a terapia. A análise intergrupo está sumarizada na tabela 1 abaixo: Teste de Mann-Whitney. p ≤ 0,05. Tabela 1: Análise Intergrupo mostrando a média e desvio-padrão das variáveis dependentes, nos grupos Placebo Controlado e LASER, antes e após da intervenção. A análise intragrupo nos mostra se a terapia utilizada no estudo influenciou em uma melhora nas variáveis dentro de cada grupo, nos momentos antes e após a intervenção. Sendo assim, observamos que apenas a variável funcionalidade avaliada por meio do triple hop test apresentou uma diferença significativa, porém somente no grupo G2. Observamos que após a intervenção com LASER, os voluntários deste grupo saltaram uma distância maior no teste, significando uma melhora funcional (LASER antes: 2,22 ± 0,90; LASER após: 2,95 ± 0,79; p = 0,035). As demais variáveis, limiar e limite da dor e dor pela EVA, não mostraram diferenças entre os valores antes e após a intervenção, tanto no grupo G1 como no grupo G2. Porém, embora o 21 COSTA, Davi Mendonça da; BARRETO, Vinícius Pires de Paiva; OLIVEIRA, Yuri Douglas Acioli de; COSTA, Cleiton Andrade; MEDEIROS, Elizabete Cristina Diógenes de; VIEIRA, Wouber Herickson de Brito; AUGUSTO, Denise Dal’ava. Efeito da laserterapia de baixa intensidade associada à terapia manual na dor e funcionalidade de indivíduos com fascite plantar: um estudo-piloto. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 16-27, Fev./Jul. 2014. valor da EVA não tenha sido estatisticamente significativo, o seu p valor (p = 0,068) demonstrou uma tendência de melhora da dor dos voluntários tratados com o LASER (G2) (Tabela 2). Teste Wilcoxon. p ≤ 0,05. Tabela 2: Análise Intragrupo mostrando a média e desvio-padrão das variáveis dependentes, nos grupos Placebo Controlado e LASER, antes e após a intervenção. Discussão Na literatura atual, há uma escassez de estudos relacionados à utilização do laser de baixa intensidade no tratamento da fascite plantar, patologia muito frequente nos praticantes de modalidades esportivas ligadas ao pedestrianismo, como a corrida e a caminhada, sendo, segundo Castro3, a causa mais frequente de dor no calcanhar em atletas, podendo provocar um longo período de incapacidade o que prejudica o planejamento desportivo do atleta. Segundo Bastos et al.7, a dor pode gerar problemas de incapacitação, dificultando a realização de atividades diárias, chegando a interferir no estado de humor, nas relações sociais e profissionais. Diante disso, o presente estudo objetivou avaliar o efeito da laserterapia de baixa intensidade associada à terapia manual na dor e funcionalidade de pessoas com fascite plantar que praticavam caminhada regularmente. Para avaliar a dor de cada voluntário foi realizado a algometria e aplicada a EVA, na 1ª e 12ª sessões. Segundo Altan et al.8, Ferrante et al.9 e Hou et al.10, estes instrumentos de avaliação tem sido muito utilizados para quantificar a dor. E pelos quais são observados os valores do limiar, limite e a sensação subjetiva da dor, respectivamente. Buscando melhor explanação dos resultados obtidos após o uso da laserterapia de baixa intensidade sobre as variáveis analisadas na pesquisa (limiar e limite de dor, EVA, e funcionalidade por meio do triple hop test), foram realizados testes intergrupos e intragrupo para comparar o efeito da terapia antes e após a intervenção. 22 COSTA, Davi Mendonça da; BARRETO, Vinícius Pires de Paiva; OLIVEIRA, Yuri Douglas Acioli de; COSTA, Cleiton Andrade; MEDEIROS, Elizabete Cristina Diógenes de; VIEIRA, Wouber Herickson de Brito; AUGUSTO, Denise Dal’ava. Efeito da laserterapia de baixa intensidade associada à terapia manual na dor e funcionalidade de indivíduos com fascite plantar: um estudo-piloto. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 16-27, Fev./Jul. 2014. Foi observado após a randomização dos voluntários que os grupos apresentavam tempo de dor diferentes, entretanto, esta diferença ocorreu devido ao reduzido número da amostra (n = 6) e isso com certeza não aconteceria caso o estudo apresentasse um número maior de voluntários em cada grupo. A análise intergrupo mostrou que o grupo LASER (G2), anteriormente a intervenção, apresentava limiar significativamente inferior (2,74 ± 0,75; p = 0,005) ao placebo controlado (G1), indicando que esses voluntários estavam em uma fase mais aguda do que os do grupo G1; e ao final das sessões, esse limiar aproximou-se do apresentado pelo G1 antes da intervenção, indicando com isso que o LASER foi capaz de provocar um aumento no limiar de dor desses voluntários. Outro ponto observado, ainda na análise intergrupo, foi a pontuação da EVA, na qual observamos uma diferença estatisticamente significativa (1,75 ± 1,71; p = 0,014) na comparação entre os grupos após a intervenção, implicando em uma diminuição da sensação subjetiva de dor desses voluntários. Como já é de conhecimento, a laserterapia de baixa intensidade possui entre os seus efeitos a ação analgésica. O mecanismo dessa ação é descrito nos estudos de Pimenta11 e Veçoso12, os quais citam que a radiação laser atua sobre a transmissão do estímulo nervoso responsável pela sensação dolorosa, provocando a estabilização do potencial da membrana celular por causar a sua hiperpolarização, diminuindo o efeito álgico da bradicinina e prostaglandinas em nível de receptores e resultando em uma menor sensação dolorosa. Porém as variáveis limite da dor e triple hop test, não apresentaram diferenças nas comparações dos grupos após a intervenção. Segundo Sato13, o limiar da dor é a pressão capaz de desencadear a mínima sensação de dor no tecido. Já o limite, seria o ponto onde o estímulo responsável em gerar essa pressão não pode ser mais suportado pelo indivíduo. No entanto, foi constatado que houve alteração apenas no limiar e não no limite. Isso se deve ao fato da análise do limiar ser mais clínica e mais sensível, ou seja, nas avaliações clínicas dos nossos pacientes na rotina fisioterapêutica, avaliamos o limiar, pois o limite tem um caráter bem mais subjetivo. Bastos et al.7, refere que a sensação de dor é bem variada e particular, pois depende da reação de cada um em traduzir as lesões reais ou potenciais, desta forma, a interpretação da dor varia de indivíduo a indivíduo. 23 COSTA, Davi Mendonça da; BARRETO, Vinícius Pires de Paiva; OLIVEIRA, Yuri Douglas Acioli de; COSTA, Cleiton Andrade; MEDEIROS, Elizabete Cristina Diógenes de; VIEIRA, Wouber Herickson de Brito; AUGUSTO, Denise Dal’ava. Efeito da laserterapia de baixa intensidade associada à terapia manual na dor e funcionalidade de indivíduos com fascite plantar: um estudo-piloto. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 16-27, Fev./Jul. 2014. Em outras palavras, o limiar está relacionado com a mínima percepção dolorosa, enquanto que o limite, como avalia até o ponto em que o estímulo doloroso torna-se insuportável, propicia o desenvolvimento de uma crise álgica, o que faz com que o indivíduo acabe por evitar esse tipo de situação, e em consequência disso, torna a medida de seu limite de dor não fidedigna. Esse fato é reforçado por Filho14, o qual diz que a ansiedade relacionada à dor encontra-se ligada a diferentes tipos de temores que surgem no paciente, entre eles, a possibilidade de que o sofrimento possa se perpetuar. Isso se deve a magnitude da intensidade do estímulo aplicado durante a avaliação do limiar e limite ser captada de formas distintas pelos receptores cutâneos, ou seja, no limiar, ocorre somente a ativação dos mecanorreceptores, já no limite, ocorre a ativação tanto dos mecanorreceptores como dos nociceptores da dor, causando dor à pressão15 e 13. Já na análise intragrupo, foi observada uma significativa melhora do grupo LASER apenas no teste de funcionalidade avaliado por meio do triple hop test (2,95 ± 0,79; p = 0,035). Segundo Itoh et al16, os hop tests são utilizados para avaliar a estabilidade e a dor do membro inferior. O escolhido para o trabalho foi o triple hop test no qual são realizados três saltos horizontais consecutivos em apoio unipodal, sendo registrada a maior distância alcançada. Levando em consideração as particularidades biomecânicas do hop test – o qual reproduz dois momentos em que há estresse direto sobre a fáscia plantar: (1) o contato do pé com o chão; e (2) a impulsão realizada nas subfases de contato terminal e pré-oscilação; triplicando desta forma o estresse exercido sobre a fáscia plantar, permitindo a interpretação de que o aumento no limiar da dor do grupo LASER visto na análise intergrupos pode ter influenciado na melhora da sua funcionalidade, evidenciada pelo aumento da distância máxima alcançada por estes voluntários no triple hop test, não sendo observado o mesmo resultado com os voluntários do G1, no qual foi aplicado o LASER desligado. Este resultado, relacionado a funcionalidade, corrobora com o estudo de Kiritsi et al.17 os quais investigaram o efeito da laserterapia de baixa intensidade em 25 participantes diagnosticados com fascite plantar unilateral, que foram divididos igualmente em dois grupos (experimental: laser ligado, e placebo: laser desligado), com tempo de intervenção de 6 semanas, totalizando 18 sessões, e utilizando como controle o pé contralateral assintomático. O LASER foi programado com potência de 60 mW e dose de 8,4 J/cm2 sobre o local de inserção do tendão seguido por 8,4 J/cm2 ao longo da borda medial da fáscia, com duração de 157 segundos por sessão. Foram realizados exames de ultrassonografia para avaliar possível alteração da espessura da 24 COSTA, Davi Mendonça da; BARRETO, Vinícius Pires de Paiva; OLIVEIRA, Yuri Douglas Acioli de; COSTA, Cleiton Andrade; MEDEIROS, Elizabete Cristina Diógenes de; VIEIRA, Wouber Herickson de Brito; AUGUSTO, Denise Dal’ava. Efeito da laserterapia de baixa intensidade associada à terapia manual na dor e funcionalidade de indivíduos com fascite plantar: um estudo-piloto. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 16-27, Fev./Jul. 2014. fáscia plantar, além da Escala Visual Analógica (EVA) da dor, no início e após o período de tratamento. Observou-se que ambos os grupos apresentaram alteração significativa da espessura da fáscia plantar sobre o período experimental. E pôde-se também verificar melhora da funcionalidade somente no grupo laserterapia, evidenciada no estudo através da melhora significativa em todas as situações de teste (após o descanso durante a noite e nas atividades diárias) quando comparado com a do grupo de placebo. O fato deste resultado ser encontrado somente na análise intragrupo pode ser atribuído a evolução individual apresentada pelos voluntários do grupo G2 em resposta ao tratamento, que quando comparado ao G1, na análise intergrupo, acabou não se tornando significativa, o que pode ser justificado também pelo número de voluntários em cada grupo e pela dose utilizada. Segundo Chow et al.18 e Hakgüder et al.19, há uma escassez de estudos referentes à seleção apropriada da dose do laser a ser utilizada, o que dificulta a comparação dos nossos resultados com a literatura. A dose empregada no nosso estudo foi de 15 J/cm2 e foi mantido fixo em virtude da necessidade de padronização do estudo, levando em consideração de que os indivíduos não evoluem da mesma forma em resposta ao tratamento, o que acabou gerando evoluções variadas ao final das intervenções. Sato13 demonstra em seu trabalho que aumentos progressivos da dose podem gerar um efeito terapêutico positivo sobre a redução de edemas e da dor. Ele utilizou inicialmente, da 1ª a 3ª sessões, uma dose de 3 J/cm2, sendo observada regressão da dor referida e do edema, aumentando posteriormente para 4 J/cm2, na 4ª sessão, o que resultou na presença de dor somente à palpação, e finalizou com uma dose de 5 J/cm2, na 5ª e 6ª sessões, resultando na ausência de sinais de dor ou edema. Marovino20 diz que a dose é um dos importantes parâmetros para se conseguir efeitos terapêuticos positivos, porém a maioria dos estudos falha em descrevê-la. No nosso estudo, escolhemos para nossa metodologia utilizar uma potência 60 mW, corroborando com os estudos de Almeida-Lopes21, onde referem que a célula responde melhor a potências mais altas, ou seja, para uma densidade de energia fixa, se for depositado essa energia de forma mais rápida, têm-se uma maior densidade de potência em determinada célula, o que irá gerar uma maior absorção celular e as respostas serão mais satisfatórias. 25 COSTA, Davi Mendonça da; BARRETO, Vinícius Pires de Paiva; OLIVEIRA, Yuri Douglas Acioli de; COSTA, Cleiton Andrade; MEDEIROS, Elizabete Cristina Diógenes de; VIEIRA, Wouber Herickson de Brito; AUGUSTO, Denise Dal’ava. Efeito da laserterapia de baixa intensidade associada à terapia manual na dor e funcionalidade de indivíduos com fascite plantar: um estudo-piloto. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 16-27, Fev./Jul. 2014. E comprimento de onda de 808 Nm, o que condiz com os estudos de Matera et al.22 e Marovino20 os quais mostraram que os lasers infravermelhos, como o GaAs e o GaAlAs (o mesmo utilizado em nosso trabalho) podem ser mais eficazes para a analgesia. Diante de todas essas considerações, constata-se que a dose constitui um parâmetro essencial para a eficácia do tratamento, porém ainda não é claramente definida na literatura e seus aumentos progressivos parecem ser uma estratégia bastante eficiente para o sucesso da terapia. Entretanto foi observado que a dose que foi empregada no nosso estudo foi capaz de influenciar em uma possível melhora da funcionalidade, reproduzida pelo aumento da distância alcançada no triple hop test após a reavaliação, quando realizada a análise intragrupo, e também da sensação subjetiva de dor, evidenciada pelo aumento da pontuação da Escala Visual Analógica (EVA) e do limiar de dor após análise intergrupo. E como tais resultados foram visualizados somente no grupo LASER, é possível afirmar que os alongamentos e a massagem de fricção transversa juntamente com o LASER foram capazes de influenciar diretamente na redução da dor e melhora da funcionalidade de forma significativa, corroborando com o estudo de Pinto et al23, o qual demonstra que a laserterapia associada aos alongamentos reduziu consideravelmente a dor de uma paciente portadora de fascite plantar bilateral, permitindo que a mesma retornasse às suas atividades diárias e profissionais. A massagem de fricção transversa é uma técnica aplicada transversalmente às fibras do tecido e objetiva manter ou restabelecer a sua mobilidade normal ou ainda retomar a sua função. Ela foi planejada para atingir o tecido conjuntivo (tendões, ligamentos, músculos e fáscias) e é utilizada para quebrar adesões cicatriciais, resultantes da formação de tecido cicatricial após uma lesão, permitindo a estes tecidos readquirirem a sua função normal com ausência de dor24. Segundo Snider25, o alongamento é o recurso mais utilizado para promover a diminuição da tensão no tendão calcâneo e na fáscia plantar. Dessa forma, o nosso trabalho, tornou mais evidente o efeito benéfico da terapia combinada da laserterapia com a terapia manual em quadros álgicos e na funcionalidade. Conclusão Verificou-se que a laserterapia de baixa intensidade, nos parâmetros estabelecidos foi efetiva quanto à melhora da funcionalidade, da sensação subjetiva de dor e do limiar de dor. Constatamos que o pequeno número da amostra juntamente com a dose fixa empregada foram as limitações apresentadas pelo estudo. Sugere-se, portanto, a realização de novos estudos que 26 COSTA, Davi Mendonça da; BARRETO, Vinícius Pires de Paiva; OLIVEIRA, Yuri Douglas Acioli de; COSTA, Cleiton Andrade; MEDEIROS, Elizabete Cristina Diógenes de; VIEIRA, Wouber Herickson de Brito; AUGUSTO, Denise Dal’ava. Efeito da laserterapia de baixa intensidade associada à terapia manual na dor e funcionalidade de indivíduos com fascite plantar: um estudo-piloto. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 16-27, Fev./Jul. 2014. contemplem um número maior de voluntários, e que seja realizada uma comparação entre a ação de uma laserterapia que adote um aumento progressivo das doses. Referências 1 JUNIOR, A.E.C.; IMAMURA, M.; FILHO, D.C.M. Talalgias. In: Hebert S, Xavier R. Ortopedia e traumatologia: princípios e prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 2003. p.550-6. 2 PRADO, M.P. Calcaneodínea. Rev. Einstein, 2008, 6 (1). 3 CASTRO, A.P. Fasceíte Plantar. Rev. Medic. 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Porto Alegre: Artes Médicas , 1992. 27 COSTA, Davi Mendonça da; BARRETO, Vinícius Pires de Paiva; OLIVEIRA, Yuri Douglas Acioli de; COSTA, Cleiton Andrade; MEDEIROS, Elizabete Cristina Diógenes de; VIEIRA, Wouber Herickson de Brito; AUGUSTO, Denise Dal’ava. Efeito da laserterapia de baixa intensidade associada à terapia manual na dor e funcionalidade de indivíduos com fascite plantar: um estudo-piloto. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 16-27, Fev./Jul. 2014. 15 BERNE, R.M.; LEVY, M.N.; KOEPPEN, B.M.; et al. Fisiologia. 4ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. p. 93-98, p.105-11. 16 ITOH, H.; KUROSAKA, M.; YOSHIYA, S.; ICHIHASHI, N.; MIZUNO, K. Evaluation of functional deficits determined by four different hop tests in patients with anterior cruciate ligament deficiency. Knee Surg Sports Traumatol Arthrosc., 1998; 6(4):241-5. 17 KIRITSI, O.; TSITAS, K.; MALLIAROPOULOS, N.; et al. 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R.3; REBELO, A. C. S.4 RESUMO ABSTRACT A deficiência física compromete a função e pessoas com necessidades especiais muitas vezes são excluídas socialmente. Este trabalho avaliou os desafios de alunos com necessidades especiais durante sua formação escolar. Aplicou-se um questionário em estudantes do ensino médio e universitário de Anápolis Goiás. Próximo da metade destes alunos contou com profissionais qualificadas e foram assistidos na intensidade de 80 a 100%. A convivência entre alunos mostrou aperfeiçoamento, mas novos avanços são requeridos para construir uma sociedade mais democrática e igualitária. Physical disabilities compromise the function and people with special needs are often socially excluded. This study evaluated the challenges of students with special needs during their education. We applied a questionnaire to high schoolstudents anduniversity Anapolis Goias Nex t half of these students hadqualified professionals and have watched intensity 80-100%. The interaction between students showed improv ement, but further progress is required to build a more democratic and egalitarian society. Keywords: inclusive education, people with special needs. Palavras-chave: educação inclusiva, pessoas com necessidades especiais. Introdução Indivíduos apresentando alterações corpóreas com comprometimento da função, algum grau de transtorno global do desenvolvimento ou prejuízo cognitivo é atualmente designado de pessoas com necessidades especiais. Estas pessoas foram alvo da exclusão social e discriminação, em função do privilégio dado aos modelos sociais dominantes, todavia devido ao avanço democrático tem ocorrido aperfeiçoamento no relacionamento entre os diferentes grupos sociais (CARMO, 1991; MOREIRA et al., 2006; NUNES et al., 2013). Os indivíduos com necessidades especiais além de enfrentar a gama de dificuldades inerentes à sua condição, ainda se depara com outro obstáculo que é o ato de estudar. Para o desiderato do ato de se instruir, as pessoas com necessidades especiais tem tido a seu favor o 1 Especialista em Tecnologias Aplicadas ao Ensino de Biologia pela UFG. Estagiária em Anatomia – UFG/GO. 3 Doutor em Biologia Celular/Professora / UFG-GO. [email protected] 4 Doutora em Fisioterapia/Professora / UFG-GO. 2 29 SILVA, J. O; ARAGÃO, H. S.; MATA, J. R.; REBELO, A. C. S.. Desafios de alunos com necessidades especiais durante sua formação escolar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 28-36, Fev./Jul. 2014. surgimento e o fortalecimento da escola inclusiva, a qual preconiza uma educação apropriada e de qualidade ministrada para todos os alunos considerados dentro dos padrões da normalidade junto a aqueles com necessidades especiais em classes do ensino comum, onde deve ser desenvolvido um trabalho pedagógico que sirvam a todos os alunos independente de seu talento, deficiência física, sensorial ou cognitiva, sua origem socioeconômica, étnica ou cultural (CARVALHO, 1998; AGUIAR, 2004; GLAT &FERNANDES, 2005; MAYCA, 2012). Este tipo de educação é a que deve ocorrer em escolas de qualquer nível preparadas para propiciar um ensino de qualidade a todos os alunos independentemente de seus atributos pessoais, inteligências, estilos de aprendizagem e necessidades comuns ou especiais, sendo, deste modo, uma forma de inclusão em que a escola comum tradicional é modificada, para ser capaz de acolher qualquer aluno incondicionalmente e de propiciar-lhe uma educação de qualidade, já que cabe a sociedade modificar suas práticas, estrutura e conceitos para que, os ambientes e as atitudes se tornem adequadas às necessidades de todas as pessoas (SASSAKI, 1998; ARANHA, 2005; LITWINCZUK, 2011). No contexto atual ainda é necessário repensar sempre a inclusão educacional das pessoas com necessidades especiais, já que este ato significa transcender os aspectos das normas, decretos, portarias, e considerar o ser humano em sua totalidade, pois se percebe que, apesar do avanço na legislação e concepção a respeito da inclusão de pessoas com deficiência no ensino, em especial, no ensino superior, muito ainda há que ser feito para consolidar o processo da inclusão educativa (DE VITTA et al., 2004; MOREIRA et al., 2006; NUNES et al., 2013). Apesar de que a produção de conhecimentos, que sirvam de base para o progresso do processo de inclusão e os avanços verificados no sistema educacional brasileiro já ter construído algum acervo, ainda são poucas as pesquisas, experiências e práticas educacionais, validadas cientificamente, que apontem como incluir no cotidiano de uma classe regular, alunos que apresentem diferentes tipos de necessidades educacionais especiais (GLAT & FERNANDES, 2005; MAYCA, 2012). Este trabalho teve como objetivo avaliar os desafios de alunos com necessidades especiais durante o processo de sua formação escolar. Material e métodos Para avaliar os desafios de alunos com necessidades especiais durante o processo de sua formação escolar foi utilizado um questionário composto por 16 questões abertas e fechadas aplicadas em 15 alunos. Os estudantes eram de cinco escolas públicas do ciclo médio e de uma faculdade 30 SILVA, J. O; ARAGÃO, H. S.; MATA, J. R.; REBELO, A. C. S.. Desafios de alunos com necessidades especiais durante sua formação escolar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 28-36, Fev./Jul. 2014. particular do município de Anápolis. Os dados foram tabelados e utilizados na descrição e discussão deste trabalho. Resultados e discussão Dentre os alunos avaliados, 46,7% faziam uso regularmente de cadeiras de rodas, próteses ou muletas como auxílio para a sua locomoção e os demais (53,3%) apresentaram paralisia de membros com variado grau de dificuldades de movimentos, porém sem a necessidade de recorrer a aparelhos mecânicos auxiliares para a sua locomoção (Tabela 1). Estes indivíduos com necessidades especiais tem sido alvo da exclusão social (ARANHA, 2005; MAZZOTTA, 2005; MOREIRA et al., 2006), porém tem ocorrido aprimoramento na convivência entre os diverso membros sociais (MOREIRA et al., 2006; NUNES et al., 2013). Em torno de 46,7% dos alunos analisados eram do ensino médio e 20% de cursos profissionalizantes de escolas públicas (Tabela 1). Estudantes originados de Faculdades Particulares foram 33,3% distribuídos na frequência de 6,6% em cada um dos cursos de Fisioterapia, Educação Física, Analista de Sistema, Nutrição, Sociologia (Tabela 1). Questionamentos Tipo de deficiência física Tipo de escola Curso que fez ou faz A escola promoveu ações que facilitou seu estudo Você acompanhou bem os conteúdos ministrados Você foi discriminado por seus colegas de turma Você foi discriminado por funcionários ou professores * por dificuldades pessoais Exposição das Respostas Uso cadeira de rodas, próteses ou muletas Paralisia de membros com dificuldades de movimentos Escola pública Universidade particular Ensino médio Ensino Profissionalizante Fisioterapia Educação Física Analista de Sistema Nutrição Sociologia Sim Não Sim Não* Sim Não Sim Não Valores percentuais (%) e (absolutos) 46,7 (7) 53,3 (8) 66,7 (10) 33,3 (5) 46,7 (7 ) 20 (3) 6,6 (1) 6,6 (1 ) 6,6 (1) 6,6 (1) 6,6 (1) 80 (12) 20 (3) 93,3 (14) 6,7 (1) 20 (3) 80 (12) 6,7 (1) 93,3 (14) Tabela 1: Demonstração da percepção de alunos com necessidades especiais da cidade de Anápolis-Goiás sobre os desafios enfrentados durante a sua formação escolar. Foram entrevistados 15 alunos de escolas publicas e particulares nos níveis de ensino médio e universitário. 31 SILVA, J. O; ARAGÃO, H. S.; MATA, J. R.; REBELO, A. C. S.. Desafios de alunos com necessidades especiais durante sua formação escolar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 28-36, Fev./Jul. 2014. As escolas frequentadas promoveram ações facilitadoras para os estudos de 80% dos alunos, o que pode ter contribuído para que a maioria (93,3%) dos discentes acompanhassem satisfatoriamente os conteúdos ministrados (Tabela 1). A exclusão social e a discriminação em função do privilégio dado aos modelos sociais dominantes sempre foi uma constante ao longo dos séculos, mas devido ao avanço democrático tem ocorrido aperfeiçoamento no relacionamento entre os diferentes grupos sociais (MOREIRA et al., 2006; NUNES et al., 2013). Este fato parece ter refletido na convivência com os outros colegas já que 80% dos alunos não se sentiram discriminados por estes, e em relação aos funcionários e professores apenas um aluno (6,7%) se sentiu discriminados devido a sua situação de pessoa com necessidades especiais (Tabela 1). Este baixo índice de discriminação coaduna com a proposta da escola inclusiva a qual preconiza uma educação apropriada e de qualidade ministrada para todos os alunos indiscriminadamente independente de seu talento, deficiência sensorial, física ou cognitiva, sua origem socioeconômica, étnica ou cultural (CARVALHO, 1998; AGUIAR, 2004; MAYCA, et al., 2012). A presença de profissionais com qualificação para a formação de alunos com necessidades especiais na escola inclusiva é uma necessidade premente, todavia somente em 53,3% dos alunos pesquisados foram assistidos por estes profissionais (Tabela 2). A presença de rampas, elevadores, banheiros e carteiras adaptadas às condições do individuo com necessidades especiais foi constatada pela maioria (80%) dos alunos, e isto reforça que a compreensão de que as pessoas com deficiência deveriam se modificar para se enquadrar no convívio social, vem mudando para a atitude, de que cabe a sociedade modificar suas práticas, estruturas e conceitos para que os ambientes e as atitudes se tornem adequadas às necessidades de todas as pessoas (LITWINCZUK, 2011). Dificuldades enfrentadas por estes alunos foram apontadas no transporte inadequado por 26,7% e na falta de rampas por 20%, a despeito que, 53,4% apontam que não teve dificuldades ao frequentar as atividades de sua formação escolar (Tabela 2). As escolas atenderam as necessidades dos alunos na intensidade 80 a 100% para 73,3% dos alunos, de 50 a 70% para 20% dos alunos e um aluno (6,7%), expõe que apenas 30% de suas necessidades como pessoa com necessidade especial foi atendido (Tabela 2). A percepção da maioria dos alunos de que houve atendimento de suas necessidades em níveis aceitáveis (80 a 100%), aponta que tem havido acerto, quando se buscou implementar políticas educacionais de integração de alunos oriundos das classes e escolas especiais para serem integrados em classes regulares de ensino (GLAT &FERNANDES, 2005; MAYCA, 2012). Deste modo foram positivas as críticas ao modelo segregado de Educação Especial, o que desencadeou incessante busca por alternativas pedagógicas para inserção de todos os alunos no sistema regular de ensino, sendo intensificado nesse contexto, políticas educacionais de integração de alunos 32 SILVA, J. O; ARAGÃO, H. S.; MATA, J. R.; REBELO, A. C. S.. Desafios de alunos com necessidades especiais durante sua formação escolar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 28-36, Fev./Jul. 2014. oriundos das classes e escolas especiais para serem integrados em classes regulares recebendo, na medida de suas necessidades, atendimento paralelo em salas de recursos apropriados ou outras modalidades especializadas (GLAT & FERNANDES, 2005; NUNES et al., 2013). Questionamentos Exposição das Respostas Havia profissionais qualificados para ensino de pessoas com necessidades especiais Sim Não Rampas; banheiros; elevadores carteiras. Não havia nada Que dificuldades você enfrentou na escola Transporte inadequado Falta de rampa Não teve dificuldades Em que percentagem você foi atendido em 80 a 100% suas necessidades 50 a 70% 30% Falta de pessoa qualificada Qual foi a sua maior dificuldade nos seus Escola mais adaptada estudos Incompreensão para com minhas limitações Você conhece entidades que apoia pessoas Sim com necessidades especiais Não Você se sente motivado a continuar Sim estudando Não * *porém não é devido a minha condição de pessoa com necessidades especiais Que estruturas físicas foram adaptadas à sua condição Valores percentuais (%) e (absolutos) 53,3(8) 46,7(7) 80 (12) 20 (3) 26,7 (4) 20 (3) 53,4 (8) 73,3 (11) 20 (3) 6,7( 1 ) 26,7 (4) 20 (3) 20 (3) 53,3 (3) 46,7 (7) 80 (12) 20 (3) Tabela 2: Demonstração da percepção de alunos com necessidades especiais da cidade de Anápolis-Goiás sobre os desafios enfrentados durante a sua formação escolar. Foram entrevistados 15 alunos de escolas publicas e particulares nos níveis de ensino médio e universitário. A maior dificuldade para o ato de estudar para estes alunos, foi apontado como a falta de pessoa qualificada por 26,7% dos alunos, a ausência de uma escola mais adaptada a suas necessidades por 20% e a incompreensão para com as limitações pessoais também por 20% dos estudantes (Tabela 2). De encontro a esta constatação, está o já sedimentado entendimento, que preconiza a oferta de atendimento educacional qualificado, com a formação de professores para o atendimento educacional especializado assim como dos demais profissionais da educação envolvidos na inclusão, adicionado à melhoria na acessibilidade arquitetônica, nos transportes com a implementação de políticas públicas com efetivo caráter inclusivo (ARANHA, 2005; NUNES et al., 2013). Todavia, apesar do avanço na legislação e concepção a respeito da inclusão de pessoas com necessidades especiais no ensino, e principalmente no ensino superior, muito ainda há que ser feito para consolidar o processo da inclusão educativa (MOREIRA et al., 2006). 33 SILVA, J. O; ARAGÃO, H. S.; MATA, J. R.; REBELO, A. C. S.. Desafios de alunos com necessidades especiais durante sua formação escolar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 28-36, Fev./Jul. 2014. Os dados apontam que 53,3% dos alunos conhecem alguma entidade que apoia a pessoas com necessidades especiais, o que sugere melhor entrosamento destes indivíduos com o meio social onde estão vivendo e também que 80% dos alunos se sentem motivados para continuar estudando (Tabela 2). Através dos dados desta pesquisa pôde se conhecer melhor a realidade dos indivíduos com necessidades especiais diante do desafio de ter uma formação escolar mais adequada e estas informações podem, em algum grau, contribuir com o processo de inclusão, já que ainda são poucas as pesquisas validadas cientificamente, que apontem como incluir no cotidiano de uma classe regular, alunos que apresentem diferentes tipos de necessidades educacionais especiais (GLAT & FERNANDES, 2005). Apesar de que a simples presença da criança com deficiência na escola regular já representa um avanço na democratização do ensino, isto apenas não é garantia de efetivação de uma política de inclusão (FIGUEIREDO, 2002). Por isto os eixos norteadores da política educacional devem contar com a inclusão da pessoa portadora de deficiência, com o apoio de centros pedagógicos, com viabilização de intérpretes e instrutores de libras, com a acessibilidade à comunicação, aquisição de equipamentos e materiais didáticos, aquisição e adaptação de mobiliários, e com a reforma nas edificações para promover acessibilidade e formação docente adequada (MOREIRA et al., 2006; MAYCA, 2012). Para a efetivação de uma escola verdadeiramente inclusiva, é necessária a comunhão de todos os setores da sociedade, já que a educação inclusiva pressupõe a ideia de uma escola que não seja simplesmente um agente selecionador de crianças em função de suas diferenças individuais, mas sim a instrumentalização de um ambiente de construção do conhecimento com o pleno desenvolvimento de suas potencialidades, contribuindo para que as pessoas com necessidades especiais tenham amplos direitos à liberdade, a uma vida digna, ao desenvolvimento pessoal e social e à livre participação na vida da comunidade (SOUZA et al., 2010; NUNES et al., 2013). Conforme já se demonstrou o sucesso da aprendizagem está em explorar talentos, atualizar possibilidades, desenvolver predisposições naturais de cada aluno, mas só existe essa possibilidade de sucesso se, de fato, se conhece as reais necessidades dos alunos e, a partir daí oportuniza o desabrochar de seus talentos (MANTOAN, 2003; CRAVEIRO et al., 2011). A acessibilidade na escola é concebida como uma premissa para o pleno acesso dos alunos com necessidades especiais, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, compreendendo desde a acessibilidade arquitetônica e na comunicação, passando pela produção de materiais didáticos acessíveis e o uso de recursos de tecnologia assistiva na escola (CRAVEIRO et al., 2011; MAYCA, 2012). È notório que uma educação inclusiva implica mais do que gerir a diversidade 34 SILVA, J. O; ARAGÃO, H. S.; MATA, J. R.; REBELO, A. C. S.. Desafios de alunos com necessidades especiais durante sua formação escolar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 28-36, Fev./Jul. 2014. na sala de aula, pois demanda mudança de conceitos, de paradigmas e de posições, que fogem às regras tradicionais da educação. Ao se entender e aceitar tais diferenças vê-se a necessidade da reformulação do currículo, que, por natureza já deve ser flexível e, frente à diversidade alcançará o atendimento a estas necessidades. Conclusões Os dados apontam que a maioria dos alunos avaliados apresentou paralisia de membros com variado grau de dificuldades de movimentos e próximo da metade utilizava de cadeiras de rodas, próteses ou muletas como auxílio para a sua locomoção, sendo mais da metade estudantes de ensino médio e o restante universitários ou já com curso superior concluído em Faculdades Particulares. Pouco mais da metade destes alunos contaram com instrutores qualificados e a maioria encontrou a arquitetura escolar adaptada aos indivíduos com necessidades especiais. Além disto, a discriminação destes alunos por colegas de turmas, funcionário e professores raramente foi constatada. Deste modo constatou-se progresso social na convivência com as pessoas com necessidades especiais, melhorias nas adaptações do ambiente escolar, porém ficou claro que, avanços rumo ao aperfeiçoamento da inclusão destes cidadãos, são ainda requeridos para se construir uma sociedade mais plenamente democrática e igualitária. Referências bibliográficas AGUIAR, J. S. Educação Inclusiva: Jogos para o Ensino de Conceitos. 1ª. ed. Campinas: Papirus Editora, 2004. AGUIAR, J. S.; DUARTE, É. Educação Inclusiva, Aspectos da Formação do Profissional de Educação Física e Expectativas Atuais da Prática Pedagógica desse Docente na Educação Básica. Rev. Bras. Ed. Esp., Marília, Mai.-Ago. v.11, n.2, p.223-240, 2005. ARANHA, M. S. F. Projeto escola viva: garantindo o acesso e permanência de todos os alunos na escola: necessidades educacionais especiais dos alunos. Visão Histórica. Brasília: Ministério da Educação; Secretaria de Educação Especial, 2005. ARRUDA, E. E. de; KASSAR, M. C. M.; SANTOS, M. M. 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Menezes4; Christina Souto Cavalcante Costa5 RESUMO ABSTRACT A Acreditação garante a certificação da qualidade da assistência médico-hospitalar através de acordos entre os órgãos e ou entidades dos serviços de saúde, sendo o enfermeiro responsável pela formulação de todos os Procedimentos Operacionais Padrão. O presente trabalho objetiva identificar as atribuições e a importância do enfermeiro no processo de Acreditação hospitalar, a fim de promover juntamente com a melhoria da qualidade nos serviços de saúde prestados pelas instituições. Trata-se de um estudo do tipo bibliográfico, descritivo e retrospectivo com análise sistematizada da literatura. Realizado a coleta de dados em bases de dados da saúde como Sistema Latino-Americano e do Caribe de informação em Ciências da Saúde (Scielo), Bancos de dados de Enfermagem – BDENF, no período de 1995 a 2012. O enfermeiro é um agente avaliador na realização de auditorias em que é verificado riscos e o processo de Acreditação Hospitalar, assim os profissionais de enfermagem têm por essência o cuidado ao ser humano, desenvolvendo importantes ações por meio do cuidado, e providenciar condições para que esse cuidado aconteça de forma segura e com qualidade, por meio de ações gerencias. Conclui-se, portanto que o enfermeiro com o seu conhecimento técnicocientífico é capacitado para executar a qualificação na assistência aos clientes, visando a acreditação hospitalar. Accreditation ensures the quality certification of medical assistance through agreements between agencies or entities and health services, and the nurse responsible for the formulation of all Standard Operating Procedures. This study aims to identify the tasks and the importance of nurses in hospital Accreditation process in order to promote along with the improvement of quality in health services provided by the institutions. This is a study of bibliographical, descriptive and retrospective analysis of the literature. Conducted to collect data in databases of health as the Latin American and Caribbean Center on Health Sciences Information (SciELO), Databases Nursing - BDENF in the period 2007-2012. The nurse is an agent evaluator in conducting audits where risk is checked and Hospital Accreditation process, so the nurses are in essence the care of human being, developing important actions through carefully, and provide conditions for this care happen in a safe and quality through managerial actions. We conclude therefore that the nurse with its technical-scientific knowledge is able to perform the skills in assisting clients seeking hospital accreditation. Keywords: accreditation, nursing service, total quality management, quality. Palavras-chave: Acreditação, Serviço de enfermagem, Qualidade total, Gestão de qualidade. 1 Graduandos em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá de Goiás. Graduandos em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá de Goiás. 3 Graduandos em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá de Goiás. 4 Graduandos em Enfermagem pela Faculdade Estácio de Sá de Goiás. 5 Enfermeira, Mestre e Professora da Faculdade Estácio de Sá de Goiás. 2 38 NASCIMENTO, André dos Santos; SANTOS, Hellen Cristynna L. de J.; VIEIRA, Linda Rodrigues; MENEZES, Narlla Geanne Leal de O.; COSTA, Christina Souto Cavalcante. Atribuições do enfermeiro no processo de acreditação hospitalar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 37-45, Fev./Jul. 2014. Introdução Acreditação é uma palavra originária do inglês, que consiste em um procedimento de avaliação dos recursos institucionais, voluntário, periódico e sigiloso, visando garantir a qualidade da assistência médico-hospitalar através de padrões previamente acordados entre os órgãos e ou entidades indicadas para a devida fiscalização, sendo para as instituições hospitalares, uma certificação de qualidade dos serviços de saúde (FELDMAN; GATTO; CUNHA, 2005). Este termo ainda pode ser compreendido como uma metodologia de gestão, que preconiza o entendimento estratégico, é consenso produtivo multiprofissional, a racionalização da utilização dos insumos e a otimização dos resultados dos hospitais, iniciando a avaliação da qualidade na saúde estabelecendo Programa de Padronização Hospitalar (PPH), em que foi definido como um conjunto de padrões mais apropriados para garantir a qualidade da assistência aos pacientes (FELDMAN; GATTO; CUNHA, 2005). Segundo a Anvisa (2004) o Sistema Brasileiro de Acreditação iniciado no final dos anos 80, quando a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) estabeleceu um conjunto de qualificação para os hospitais da América Latina, os quais, se alcançados, dariam à organização a certificação de acreditado. Para avaliar esta qualidade assistencial da Organização Prestadora de Serviços Hospitalares o Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar é utilizado como um instrumento de avaliação específico e são definidos em três níveis de complexidade crescente, com princípios específicos, cuja constatação é baseada em itens considerados pertinentes a eles; no nível 1 as exigências contemplam o atendimento aos requisitos básicos da qualidade na assistência prestada ao cliente. No nível 2 as exigências contemplam evidências de adoção do planejamento na organização da assistência, referentes à documentação, corpo funcional, treinamento e práticas de auditoria interna. Já no Nível 3 as exigências contêm evidências de políticas institucionais de melhoria contínua em termos de: estrutura, novas tecnologias, atualização técnico-profissional e ações assistenciais (ONA, 2010). Estudos afirmam que em 1997 o Ministério da Saúde criou uma comissão nacional de especialistas para desenvolver o modelo brasileiro de Acreditação. Em 1999, surgiu a Organização Nacional de Acreditação (ONA), entidade não governamental, sem fins lucrativos e de interesse coletivo, de abrangência nacional, com a atribuição de coordenar o sistema de Acreditação, tendo por objetivo geral promover a implementação e a implantação de um processo permanente de avaliação e de certificação da qualidade dos serviços de saúde, sendo monitorado, não pela ONA, 39 NASCIMENTO, André dos Santos; SANTOS, Hellen Cristynna L. de J.; VIEIRA, Linda Rodrigues; MENEZES, Narlla Geanne Leal de O.; COSTA, Christina Souto Cavalcante. Atribuições do enfermeiro no processo de acreditação hospitalar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 37-45, Fev./Jul. 2014. mas por instituições acreditadoras - que são organizações de direito privado, com ou sem fins lucrativos - credenciados pela ONA, responsáveis por proceder a avaliação e a certificação da qualidade dos serviços oferecidos pelos hospitais dentro das normas técnicas previstas e com atuação em nível nacional (MBA/ OPSH/ ONA, 2006). Novaes, (2007), refere também que neste mesmo ano, após a formulação dos padrões da OPAS e projetos pilotos em vários hospitais do país, o Ministério da Saúde publicou o Manual de Acreditação de Hospitais do Brasil, buscando eliminar o grande problema da falta de qualidade nos serviços de saúde e os prejuízos advindos da prática ineficiente dos mesmos, geradores de prejuízos para a sociedade e que oneram os sistemas de saúde. Pesquisadores apontam que essas práticas são exercidas por profissionais capacitados e atuantes como os enfermeiros, que transformam em agentes avaliadores na realização de auditorias em que são verificados riscos e o processo de Acreditação hospitalar, têm por essência o cuidado ao ser humano, e promovendo condições de forma mais segura e com qualidade, por meio de ações gerencias (FERNANDES et al., 2003). Contudo, o objetivo desse trabalho é identificar o papel da enfermagem frente ao processo de Acreditação hospitalar, visto que este profissional é importante no desempenho e implantação deste instrumento de avaliação da qualificação dos serviços de saúde. Assim sendo questiona-se, quais são as atribuições do enfermeiro no processo de Acreditação hospitalar? Metodologia Trata-se de um estudo do tipo bibliográfico, descritivo e retrospectivo com análise sistematizada. O estudo bibliográfico se baseia em literaturas estruturadas, obtidas de livros e artigos científicos proveniente de bibliotecas convencionais e virtuais. O estudo descritivo - exploratório visa à aproximação e familiaridade com o fenômeno- objeto da pesquisa, descrição de suas características, criação de hipóteses e apontamentos, e estreitamento de relações entre as variáveis estudadas no fenômeno (MINAYO, 2007; LAKATOS, 1995). Após a definição do tema, foi realizado busca em bases de dados virtuais em saúde, especificamente na Biblioteca Virtual de Saúde. Foram utilizados os descritores: Acreditação, serviço de enfermagem, qualidade total, gestão de qualidade. O passo seguinte foi uma leitura exploratória das publicações apresentadas no Sistema Latino-Americano e do Caribe de informação 40 NASCIMENTO, André dos Santos; SANTOS, Hellen Cristynna L. de J.; VIEIRA, Linda Rodrigues; MENEZES, Narlla Geanne Leal de O.; COSTA, Christina Souto Cavalcante. Atribuições do enfermeiro no processo de acreditação hospitalar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 37-45, Fev./Jul. 2014. em Ciências da Saúde – Scielo e Bancos de dados de Enfermagem - BDENF, no período de 1986 a 2012, caracterizando assim o estudo retrospectivo. Para o resgate histórico, utilizou-se artigos que abordassem o tema e possibilitassem um breve relato da evolução do assunto relacionado à enfermagem. Realizada a leitura exploratória e seleção do material, principiou a leitura analítica, por meio da leitura das obras selecionadas, que possibilitou a organização das idéias por ordem de importância e a sintetização destas que visou à fixação das idéias essenciais para a solução do problema da pesquisa (MINAYO, 2007; LAKATOS, 1995). Após a leitura analítica, iniciou-se a leitura interpretativa que tratou do comentário feito pela ligação dos dados obtidos nas fontes ao problema da pesquisa e conhecimentos prévios. Na leitura interpretativa houve uma busca mais ampla de resultados, pois ajustaram o problema da pesquisa a possíveis soluções. Feita a leitura interpretativa se iniciou a tomada de apontamentos que se referiram a anotações que consideravam o problema da pesquisa e ressalvando as idéias principais e dados mais importantes (MINAYO, 2007; LAKATOS, 1986). A partir das anotações da tomada de apontamentos, foram confeccionados fichamentos estruturados, que objetivaram a identificação das obras consultadas, o registro do conteúdo das obras, o registro dos comentários acerca das obras e ordenação do registro. Os fichamentos propiciaram a construção lógica do trabalho, que consistiram na coordenação das idéias que acataram os objetivos da pesquisa. Resultados e discussões O processo de Acreditação hospitalar é rigoroso e exige uma auto-avaliação do local com vistorias e acompanhamento das melhorias, a Acreditação é um método que desenvolve critérios de avaliação para a melhoria da qualidade do atendimento aos pacientes e também do desempenho organizacional, pois é um processo dinâmico que está em constante evolução. (SILVA, 2008; NOVAES, 2007). Para Gastal et al.,(2004), este processo de Acreditação envolve um padrão que permite uma definição operacional com identificação precisa do que se busca avaliar e cada um apresenta uma lista de itens de orientação. Por sua vez, apontam as fontes onde os avaliadores podem procurar as evidências norteadoras da qualificação, assim como a organização de saúde pode utilizá-los para indicar o cumprimento dos requisitos, além de servirem de guia para os avaliadores, os itens de 41 NASCIMENTO, André dos Santos; SANTOS, Hellen Cristynna L. de J.; VIEIRA, Linda Rodrigues; MENEZES, Narlla Geanne Leal de O.; COSTA, Christina Souto Cavalcante. Atribuições do enfermeiro no processo de acreditação hospitalar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 37-45, Fev./Jul. 2014. orientação também são elaborados de forma a auxiliar a Organização Prestadora de Serviços de Saúde (OPSS) em seu processo de preparação para a Acreditação. Assim sendo, a lógica que orienta a definição dos níveis tem uma coerência global e longitudinal para todo o instrumento, e consequentemente, para toda a organização avaliada. Isto permite um efeito sistêmico quanto ao produto dos serviços de saúde que é: o cuidado ao paciente. Na ótica da Acreditação, não se avalia um setor ou departamento isoladamente, somente se acredita um hospital, quando este atinge o padrão de qualidade exigido pela Organização Nacional de Acreditação (ONA), em níveis crescentes de avaliações periódicas, garantindo assim a continuidade do processo de Acreditação naquela instituição avaliada (GASTAL et al., 2004) É importante observar também que, na medida em que as instituições de saúde forem evoluindo, os padrões serão atualizados e delineados para progressivos graus de qualificação. Outro princípio fundamental relacionado à Acreditação é a adesão voluntária, ou seja, nenhuma OPSS será obrigada a fazer a avaliação ou obter certificação. Portanto, a experiência mostra que ao longo do tempo que a população prefere utilizar serviços que disponham de algum tipo de referencial quanto à qualidade de seus recursos e suas atividades (ONA, 2006). Cabe destacar que, as organizações acreditadas devem manter o grau de desempenho obtido e para isso, existe um processo de acompanhamento por parte das Instituições Acreditadoras credenciadas pela ONA, que avaliaram e concederam a certificação, esta é uma forma de garantir a manutenção do desempenho obtido e assim estimulam novos patamares a serem atingidos (ONA, 2010). Estudo refere também que no hospital a equipe de enfermagem é fundamental para um programa de qualidade, devido à expressiva quantidade de profissionais e por sua atuação direta e permanente com os clientes internos e externos, que atribuem sua satisfação ou insatisfação com os serviços oferecidos de acordo com suas expectativas de atendimento e resolução dos problemas apresentados. A enfermagem interage com todas as áreas de apoio, por meio de instrumentos da estrutura organizacional, como regimento interno, organograma, rotinas, sistemas de comunicação e controle. Face o enfermeiro ter familiaridade, desde a formação acadêmica, com questões gerenciais, de liderança, de auditoria clínica, sendo educador e pesquisador, o torna apto a assessorar a equipe multiprofissional durante a implementação e monitorização de um processo de Acreditação (VARGAS; ALBUQUERQUE; RAMOS, 2007). Segundo Manzo et al., (2009), dentro do processo de Acreditação, os enfermeiros realizam ações assistenciais, já que um dos pilares de sua função é o cuidado ao ser humano, responsabilizando-se pelo conforto, acolhimento e bem-estar dos pacientes, no entanto algumas 42 NASCIMENTO, André dos Santos; SANTOS, Hellen Cristynna L. de J.; VIEIRA, Linda Rodrigues; MENEZES, Narlla Geanne Leal de O.; COSTA, Christina Souto Cavalcante. Atribuições do enfermeiro no processo de acreditação hospitalar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 37-45, Fev./Jul. 2014. tarefas administrativas lhes são atribuídas pelas instituições acreditadas, tais como: a sistematização da Assistência de enfermagem (SAE), que é fundamental para a melhoria contínua dos indicadores; a esta se configura como uma metodologia para organizar e sistematizar o cuidado, com base nos princípios do método científico, bem como subsidiar as intervenções de promoção, recuperação e reabilitação da saúde do individuo, família e comunidade. Estudiosos relatam também, que o enfermeiro no Processo de Acreditação tem a função de formular todos os Procedimentos Operacionais Padrão (POP), manter o paciente em ordem, fazer medicação e checar de forma correta os prontuários, controlando a qualidade dos serviços prestados pela equipe de enfermagem, a partir de uma assistência segura com o menor risco para o paciente, causando menor tempo de internação e melhor assistência com menor custo (ALVES et al., 2012; MANZO et al., 2009). Na realização dos serviços hospitalares, o enfermeiro deve conhecer a importância de trabalhar com indicadores nos processos de assistência ao individuo, pois seu trabalho é contínuo, e para atingir as metas necessita-se de profissionais capacitados nas organizações de saúde, o enfermeiro também pode ampliar programas inovadores centrados em novas concepções de estrutura e propriedades e com objetivos de atingir melhores práticas em saúde e uma melhor qualidade no cuidado (VARGAS et al., 2007). Segundo o Ministério da Saúde, a enfermagem tem contribuído para o desenvolvimento da qualidade assistencial e institucional participando dos processos em diversas situações, tornando agente avaliador dentro do processo de Acreditação em seus diversos níveis de implementação (BRASIL, 2004). Em estudos recentes, desenvolvidos pela ONA (2005), a assistência é a base da formação do enfermeiro, mas a liderança é a competência mais importante e presente nos gerentes de enfermagem das instituições acreditadas, na visão dos seus superiores hierárquicos, enfatizando assim um desafio ao profissional enfermeiro que durante sua vida acadêmica e exercício profissional, não pode mais se prender apenas aos conhecimentos técnicos adquiridos, mas precisa se atualizar, aprimorar e desenvolver novos conhecimentos gerenciais, que lhe serão necessários aplicar durante o processo de tomada de decisões, e que vão ter impacto direto na qualidade dos serviços e resultados institucionais das empresas onde atuam (CECCIM, 2005). Contudo, as normas e exigências que estão inseridas no processo de Acreditação do hospital, têm uma grande repercussão na vida profissional da equipe de enfermagem, pois o enfermeiro é o líder do cuidado prestado ao cliente e isso constitui na sua fonte principal de contato contínuo, implicando assim em orientações a respeito de normas e direitos, e também na prestação 43 NASCIMENTO, André dos Santos; SANTOS, Hellen Cristynna L. de J.; VIEIRA, Linda Rodrigues; MENEZES, Narlla Geanne Leal de O.; COSTA, Christina Souto Cavalcante. Atribuições do enfermeiro no processo de acreditação hospitalar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 37-45, Fev./Jul. 2014. de informações completas, precisas e verdadeiras a respeito dos procedimentos dos integrantes de sua equipe, e a satisfação dos usuários servem para avaliar a qualidade dos serviços de saúde, assim como a credibilidade hospitalar. (FELDMAN; CUNHA, 2006; ROCHA, 2009). Considerações finais Percebe-se, portanto, que a implementação da Acreditação hospitalar é um processo que veio para trazer melhorias para a organização e qualidade na assistência prestada ao cliente, exigindo trabalho interdisciplinar, de forma peculiar a atuação do enfermeiro neste processo de qualificação hospitalar constituindo uma ferramenta importante juntamente com sua equipe, visto que participa de momentos estratégicos e operacionais para garantir o certificado da ONA. Verifica-se também, que o profissional enfermeiro para atuar em um hospital acreditado necessita estar vinculado a diferentes especialidades e estar comprometido no aprimoramento do aprendizado, preservando a cultura de avaliação constante para garantir a qualidade dos serviços prestados em âmbito hospitalar. A partir destes estudos verificou-se também a responsabilidade, o reconhecimento, a satisfação diante das experiências adquiridas, a confiança cliente/paciente e o crescimento profissional como aspectos positivos, por outro lado os negativos estão à cobrança imposta pelos gerentes/administração, no entanto a equipe de enfermagem se sente responsável pela qualidade de atendimento e satisfação dos cuidados prestados, estando apta a desenvolvê-los. Sendo assim, a importância do enfermeiro frente ao processo de Acreditação hospitalar, constitui na sua fonte principal de contato contínuo, implicando na orientação, no respeito às normas e direitos, bem como prestar informações completas, precisas e verdadeiras a respeito dos procedimentos dos integrantes da equipe de enfermagem e outros profissionais, a satisfação dos usuários é um instrumento para avaliação da qualidade dos serviços de saúde, bem como da acreditabilidade hospitalar. Portanto, a partir deste estudo espera-se que novas pesquisas e publicações referentes à temática sejam realizadas, haja vista a relevância da atuação do enfermeiro no processo de Acreditação hospitalar, tanto em redes públicas ou privadas, visto que os mesmos aceitem romper desafios para garantia do certificado ONA, espera-se ainda que o presente trabalho possa também contribuir com o desempenho do profissional de enfermagem e ampliar sua visão diante dos desafios impostos para que a Acreditação no hospital se torne uma realidade que beneficie a organização, os profissionais e, sobretudo o cliente/família. 44 NASCIMENTO, André dos Santos; SANTOS, Hellen Cristynna L. de J.; VIEIRA, Linda Rodrigues; MENEZES, Narlla Geanne Leal de O.; COSTA, Christina Souto Cavalcante. Atribuições do enfermeiro no processo de acreditação hospitalar. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 37-45, Fev./Jul. 2014. 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EFEITOS DO TREINAMENTO COM O MÉTODO FLETCHER PILATESTOWELWORK NO COMPORTAMENTO DA EXPANSIBILIDADE TORÁCICA EM CIRURGIÕES DENTISTAS Keith Carneiro Dias1; Cristina Aparecida Neves Ribeiro2 RESUMO ABSTRACT O método Pilates contém mais de 500 exercícios de alongamento e fortalecimento muscular. Sendo uma técnica centrada na exalação do ar pela abertura diminuída da boca, aumentando assim a eficácia da troca entre oxigênio e dióxido de carbono, aumentando a eficiência respiratória e o desempenho musculoesquelético de população de atletas a incapacitados. Objetivo: Analisar os efeitos do programa de treinamento Fletcher Pilates Towelwork na na expansibilidade torácica de cirurgiãs dentistas, sedentárias, residentes na cidade de Goiânia-GO. Casuística e Métodos: Neste estudo clínico, participou 15 mulheres com idade entre 21 e 50 anos, não praticantes de atividade física regular. Resultados: Foi observado aumento significativo (p<0,01) da cirtometria axillar e abdominal, além da pressão inspiratória máxima. Sendo também aferido a redução da pressão arterial sistólica e taxa glicêmica, após 10 aulas do método Pilates. Conclusão: O uso do método Pilates se mostrou eficiente na melhora da condição respiratório e global de cirurgiãs dentistas sedentárias da cidade de Goiânia-GO. The Pilates method contains over 500 stretching exercises and muscle strengthening. Since the technique is focused on exhalation of air by the reduced mouth opening, thus increasing the efficiency of exchange of oxygen and carbon dioxide by increasing the respiratory efficiency performance and the skeletal muscle population of disabled athletes. Objective: To analyze the effects of the training program Fletcher Pilates Towelwork in chest expansion of surgeons dentists, sedentary living in the city of Goiânia- GO. Methods: In this clinical study, participated 15 women aged 21 to 50 years were notengaged in regular physical activity. Results: a significant increase was observed (p < 0.01) of the axillar and abdominal cirtometry, beyond the maximum inspiratory pressure. And also measured the reduction in systolic blood pressure and glucose rate after 10 Pilates Method classes. Conclusion: The use of the Pilates method was efficient in the improvement of respiratory and overall condition of sedentary dental surgeons in Goiânia-GO . Keywords: Pilates method; Chest expansion; Palavras-chave: Pilates; Expansibilidade torácica; Ergonomics; Dentists. Ergonomia; Cirurgiões dentistas. 1 Fisioterapeuta Pós-Graduanda em Pilates CEAFI – Goiânia/GO Fisioterapeuta, Mestre em Ciências da Saúde pela UNB, Especialista em Saúde da mulher pela UFG. Endereço para correspondência: Keith Carneiro Dias; Rua 03, número 800, sala 511, Setor Oeste, Goiânia – GO - CEP: 74115-060 E-mail: [email protected] 2 47 DIAS, Keith Carneiro; RIBEIRO, Cristina Aparecida Neves. Efeitos do treinamento com o método Fletcher Pilates Towelwork no comportamento da expansibilidade torácica em cirurgiões dentistas. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 46-54, Fev./Jul. 2014. Introdução O método Pilates idealizado pelo alemão Joseph Hubertus Pilates (1883-1967) durante a Primeira Guerra Mundial, é recomendado para ganho de flexibilidade, da massa corporal, e melhora global da saúde. Além de sua recentemente inserção na área de reabilitação, sendo também empregado no tratamento de desordens neurológicas (dor crônica), como a lombalgia [1](1). No início do ano de 1923, o método Pilates foi introduzido por Joseph nos Estados Unidos, e sete décadas se passaram para que este método começasse a ser difundido entre os brasileiros. Hoje este método já é usado por milhares de pessoas no Brasil, e em outros países latino americanos [2](2). Entretanto os primeiros praticantes americanos do método Pilates eram quase que exclusivamente atletas e dançarinos. Neste sentido, este método se popularizou inicialmente entre os bailarinos de Nova Iorque, como os do New York City Ballet, sendo posteriormente utilizado por companhias profissionais de balé em mais de 17 países, incluindo o Brasil [3](3). Neste sentido, nos últimos anos, o método se capilarizou, e passou a ser utilizado também no processo de reabilitação, como também na prática da atividade física [4](4). Uma recente revisão sistemática [5](5) sobre a utilização do método Pilates no Brasil, observou que as escassas evidências apresentavam limitações metodológicas. Esta mesma revisão, identificou que o método Pilates é indicado para a melhora da flexibilidade, fortalecimento da musculatura extensora do tronco, flexores de braço e abdominal, além de contingenciar a dor lombar entre os fatores de beneficio de seu uso contínuo. Há descrições do uso do método Pilates por pessoas que buscam somente manutenção de uma atividade física frequente, como também por esportistas que visam melhorar sua performance [2](2). Recentemente, o método passou a ser usado por profissionais de saúde, com o objetivo de melhora do condicionamento físico, da flexibilidade, da força, do equilíbrio e da atenção [5](5). Até a presente data, não há descrição de utilização laboral deste método por cirurgiões dentistas. O método Pilates contém mais de 500 exercícios de alongamento e fortalecimento muscular [6] (6) . Essa técnica está centrada na exalação do ar pela abertura diminuída da boca, aumentando assim a eficácia da troca entre oxigênio e dióxido de carbono. Ao exalar por uma abertura mais estreita, com um fluxo de ar audível, existe uma modificação da pressão prévia que se reflete nos alvéolos pulmonares durante o movimento de saída do ar pulmonar. Essa pequena pressão prévia cria uma resistência à tendência das vias aéreas se colapsarem durante a exalação, melhorando a biomecânica respiratória e a hematose pulmonar, culminado na melhora neurológica, devido incremento atencional e redução da síntese de proteínas próinflamatórias, como também na 48 DIAS, Keith Carneiro; RIBEIRO, Cristina Aparecida Neves. Efeitos do treinamento com o método Fletcher Pilates Towelwork no comportamento da expansibilidade torácica em cirurgiões dentistas. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 46-54, Fev./Jul. 2014. modulação do sistema imunológico [7] (7) . Portanto o objetivo desse estudo foi verificar os efeitos do programa de treinamento realizado pelo método Fletcher Pilates Towelwork sob a expansibilidade torácica em cirurgiãs dentistas, residentes na cidade de Goiânia-GO. Casuística e Métodos Neste estudo institucionalizado, quantitativo, transversal foram convidadas aleatoriamente 15 cirurgiãs dentistas da Escola de Aperfeiçoamento Profissional do Estado de Goiás (EAPGoiás), na faixa etária entre 21 e 50 anos, não praticantes de atividade física regular, a participar neste estudo. Os critérios de exclusão deste estudo foram: presença de insuficiência cardíaca, evento cardiovascular recente (6 meses), doenças respiratórias, limitações ortopédicas, ou qualquer limitação que impeça a realização dos exercícios principalmente os relacionados as alterações dos ombros, incluindo, mas não se limitando a síndrome de impingimento, distensões do manguito rotador, síndrome do desfiladeiro torácico, ombros luxados ou congelados. Como também portador de diabetes, ser intolerante a glicose ou estar gestante. Protocolo de exercício físico: Fletcher Pilates Towelwork Durante dez sessões foram realizadas as seguintes peças de movimento, com apresentações demonstrativas dos exercícios: Respiração Percussiva – FF1; as sete dicas de centramento em pé – FF2; mecânica da coluna – FF3; tauttowel pull – T1; anterior range of motion – T2; pull to “w” – T3; posterior range of motion – T4; lateral flexion in second position – T9; overhead to “u” – T5 e finalizamos utilizando as sete dicas de centramento em pé – FF2. As aulas tiveram duração média de 45 minutos e foram realizadas sem pausas durante a sessão. Os voluntários com 3 (três) faltas ou mais foram excluídos da análise, mas poderiam continuar no grupo de exercícios. Na quinta e ao término da décima sessão, os testes a serem descritos foram aplicados. Todo esse processo se desenrolou individualmente. Cirtometria torácica Para identificar o comportamento da expansibilidade torácica nos voluntários foi realizado avaliação da mobilidade toracoabdominal, mensurada com fita métrica da marca 3M® (Miwakee, EUA) e realizada com os voluntários sentados, com os pés paralelos na largura do quadril, criando um ângulo de 90º entre o joelho e o pé. Foram realizadas três medidas em três 49 DIAS, Keith Carneiro; RIBEIRO, Cristina Aparecida Neves. Efeitos do treinamento com o método Fletcher Pilates Towelwork no comportamento da expansibilidade torácica em cirurgiões dentistas. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 46-54, Fev./Jul. 2014. pontos diferentes do tronco, são eles: Axilar, Xifoidiana e Umbilical. Os participantes estavam com top/sutiãpara as medições axilares e xifoidianas, os participantes permaneceram com os braços estendidos e elevados na altura do ombro, enquanto que para a medição umbilical, os indivíduos permaneceram com o braço esquerdo relaxado, enquanto que o braço direito estava flexionado, apoiando a mão direita no ombro esquerdo.As medidas foram realizadas na inspiração e exalação máxima, nestes três pontos. Visto que foram efetuadas três medidas em cada um dos três pontos, a maior medida foi considerada a mais relevante. Não foi permitido facilitação na execução do teste através de dicas verbais. A aferição foi efetuado da seguinte forma: 1) Medida Axilar: Com os participantes sentados, braços extendidos e elevados na altura do ombro, o avaliador passará a fita métrica pelas costas do voluntário na altura de suas axilas. O avaliador permanecerá ao lado esquerdo do participante instruindo-o a inspirar e exalar o máximo, repetindo o procedimento duas vezes, o avaliador apenas anotará as medidas exatas, quando estas forem as máximas encontradas. 2) Medida Xifoidiana: Neste momento, o avaliador passará a fita métrica pelas costas do voluntario colocando-a na altura final do processo Xifóide, instruindo o participante à inspirar e exalar o máximo. Repetindo o procedimento duas vezes para encontrar as medidas máximas. 3) Medida Umbilical: Já neste momento final, o avaliador passará a fita métrica pelas costas do voluntário, posicionando-a na altura do umbigo. Fazendo a instrução de que o participante inspire e exale o máximo. Repetindo o procedimento mais duas vezes para encontrar as medidas máximas. Análise estatística A análise dos dados foi realizada no programa estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS®, versão 22.0; Saint Louis, EUA). As variáveis quantitativas foram apresentadas em números absolutos, médias, desvios padrão, mínimas e máximas. A comparação entre médias foi feita pela aplicação do teste t-Student para amostras emparelhadas. As variáveis qualitativas foram apresentadas em números absolutos e proporções. Para todos os testes utilizados foi considerado um intervalo de confiança de 95% e um nível de significância de 5% (p<0,05). 50 DIAS, Keith Carneiro; RIBEIRO, Cristina Aparecida Neves. Efeitos do treinamento com o método Fletcher Pilates Towelwork no comportamento da expansibilidade torácica em cirurgiões dentistas. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 46-54, Fev./Jul. 2014. Resultados Não houve desistência (descontinuidade da amostra) dos 9 indivíduos recrutados. A idade média amostral foi de aproximadamente 46 anos, sendo que todos os indivíduos não tinham hábitos de prática de qualquer exercício (igual ou superior a 30 minutos semanais) a mais de 6 meses, sem nenhuma morbidade sistêmica relatada. Quanto aos aspectos respiratórios, apresentados na tabela 1, podemos observar que não houve discrepância significativa entre as aferições cirtométricas iniciais, nas três posições propostas [axilar (89,11±7,58), xifoidiana (77,87±5,52) e umbilical (79,83±10,05)], como também nas finais, [axilar (89,81±7,03), xifoidiana (79,65±5,51) e umbilical (82,28±9,62)]. Sendo observado uma melhora significativa nas medidas axilar (2,5±4,59; T1=89,02; p=0,004) e umbilical (0,68±2,58; T1=80,63; p=0,46), após utilização do método Pilates (Tabela 2). Discussão Após 10 aulas do método Pilates, protocolo Fletcher Pilates Towelwork, foi observado uma melhora terapêutica da da cirtometria axilar e abdominal. Corroborando uma recente revisão sistemática [5], onde os autores observaram melhora em vários aspectos sistêmicos e musculoesqueléticos após a utilização do método Pilates, os resultados fortalecem as evidências dos benefícios deste método na manutenção do estado geral de saúde, bem como sendo um fator de benefício e/ou terapêutico em populações negligenciadas sob a óptica da atividade física laboral, como é o caso do cirurgião dentista. Haja vista que este profissional, devido ao perfil da atividade profissional adotada, inviabiliza a movimentação durante a rotina profissional de atendimento ou a atividade física durante a atividade laboral. No último senso profissional [8], o perfil do cirurgião dentista é composto majoritariamente por indivíduos do gênero feminino, na faixa de 25 - 40 anos, com índice de massa corpórea média de 28,7 e perfil de sedentarismo, haja vista o volume temporal médio (9,32 horas) que o profissional dispende sentado ou executando procedimentos essencialmente manuais. Neste sentido, um recente estudo [9] avaliando a eficiência de 12 semanas do método Pilates, na melhora da qualidade de vida e na função respiratória de jovens sedentários, observou melhora da PImáx, além da mobilidade tóracoabdominal. Estes resultados convergem com os resultados avaliados no diversos testes aplicados neste estudo, sendo que o arcabouço fisiológico de sustentação destes resultados são a de que adaptações decorrentes do exercício físico podem gerar alterações nas propriedades contráteis, morfológicas e metabólicas das fibras musculares [10,11]. O ganho de força pode ser resultante do 51 DIAS, Keith Carneiro; RIBEIRO, Cristina Aparecida Neves. Efeitos do treinamento com o método Fletcher Pilates Towelwork no comportamento da expansibilidade torácica em cirurgiões dentistas. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 46-54, Fev./Jul. 2014. recrutamento de unidades motoras adicionais que atuam de forma sincrônica, facilitando a contração e aumentando a capacidade do músculo de gerar força. Outro fator pode ser devido à redução da inibição autogênica, que são mecanismos inibidores do sistema neuromuscular, como os órgãos tendinosos de Golgi, necessários para impedir que os músculos exerçam mais força do que os ossos e os tecidos conectivos podem suportar [12]. O alongamento de uma fibra muscular promove o aumento do número de sarcômeros em série. Nesse sentido, o aumento da força muscular em função do alongamento deve-se possivelmente à melhor interação entre os filamentos de actina e miosina, em virtude do aumento do comprimento funcional do músculo. [13] O protocolo de exercícios proposto, visando à melhora da mobilidade toracoabdominal, pode representar uma ferramenta para o desenvolvimento da função respiratória [14]. A cirtometria é um bom método de exploração/ aferição funcional quanto a expansibilidade toracoabdominal, empregado na prática clínica. Fisiologicamente, o perímetro toracoabdominal sofre modificações de acordo com o sexo, idade e a prática de exercícios [15]. Pelo fato da cirtometria representar um procedimento útil para a avaliação da mobilidade toracoabdominal [14], tendo como vantagem ser uma medida simples e acessível que requer apenas uma fita métrica, alguns estudos [16,17] a têm utilizado como instrumento de avaliação para verificar respostas relacionadas a diferentes propostas de intervenção. Dentre esses citamos um estudo [16] que avaliou a mobilidade torácica de mulheres jovens sedentárias após um programa de alongamento da cadeia muscular respiratória pelo método de Reeducação Postural Global, observando-se um aumento significativo da mesma, corroborando com os nossos resultados. Ainda utilizando a cirtometria, foi observado um aumento da mobilidade torácica em pacientes portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica após 24 sessões de exercícios físicos associados a exercícios respiratórios [16]. Conclusão O uso do método Pilates, protocolo Fletcher Pilates Towelwork, se mostrou eficiente na melhora da condição respiratória de cirurgiãs dentistas sedentárias da cidade de Goiânia-GO. Referências 1. SILVA, A. C. L. Mannrich G. Pilates na reabilitação: uma revisão sistemática. Fisioter Mov. 2009; 22 (3): 449-55. 52 DIAS, Keith Carneiro; RIBEIRO, Cristina Aparecida Neves. Efeitos do treinamento com o método Fletcher Pilates Towelwork no comportamento da expansibilidade torácica em cirurgiões dentistas. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 46-54, Fev./Jul. 2014. 2. SACCO, I. C. N.; ANDRADE, M. S.; Souza O. S.; NISIYAMA, M.; CANTUÁRIA, A. L.; MAEDA, F. Y. I.; PIKEL, M. Método Pilates em revista: aspectos biomecânicos de movimentos específicos para reestruturação postural – Estudos de caso. R. Bras. Ci e Mov. 2005; 13(4): 65-78. 3. ALBUQUERQUE, I. C. L. A utilização da técnica de Pilates no treinamento do dançarino/interprete contemporâneo: a (in) formação de um corpo cênico. Diálogos Possíveis 2006; 5 (1): 141-60. 4. LATEY, P. The Pilates method: history and philosophy. J Body Mov Ther. 2001; 5(4): 275-82. 5. DA COSTA, Letícia Miranda Resende; ROTH, Ariane; DE NORONHA, Marcos. O método pilates no Brasil: uma revisão de literatura. Arquivos Catarinenses de Medicina. 2012;41(3): 87-92. 5. CONCEIÇÃO, K. S.; Mergener CR. Eficácia do método Pilates no solo em pacientes com lombalgia crônica- Relatos de caso. Rev. Dor 2012; 13(4): 835-8. 6. MUSCOLINO, J. E.; CIPRIAN, S. Rehabilitation and core stability pilates and the ‘‘powerhouse’’ – II. J Body w Mov Ther. 2004; 8:122-30. 7. ARAÚJO, M. E. A.; SILVA, E. B.; VIEIRA, P. C.; CADER, S. A.; MELLO, D. B.; DANTAS, E. H. M. Redução da dor crônica associada à escoliose não estrutural em universitários submetidos ao método Pilates. Motriz: rev. educ. fis. 2010; 16 (4): 958-66. 8. MORITA, M. C.; HADDAD, A. E.; ARAÚJO, M. E. Perfil atual e tendências do cirurgiãodentista brasileiro. In: Perfil atual e tendências do cirurgião-dentista brasileiro. Dental Press, 2010. 9. QUIRINO, Catarina Pires et al. Efeitos de um protocolo de exercícios baseados no método Pilates sobre variáveis respiratórias em uma população de jovens sedentários. Physical Therapy Brazil, p. 124, 2012. 10. VERDIJK, L. B.; GLEESON, B. G.; JONKERS, R. A. 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S.; GONÇALVES. M. Efeito de um programa de treinamento de facilitação neuro-muscular proprioceptiva sobre a mobilidade torácica. Fisioter Pesq 2009;16(2):161-5. 53 DIAS, Keith Carneiro; RIBEIRO, Cristina Aparecida Neves. Efeitos do treinamento com o método Fletcher Pilates Towelwork no comportamento da expansibilidade torácica em cirurgiões dentistas. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 46-54, Fev./Jul. 2014. 15. VERSCHAKELEN, J. A.; DEMEDTS, M. G. Normal thoracoabdominal motions. Influence of sex, age, posture, and breath size. Am J Respir Crit Care Med 1995;151(2 Pt 1):399-405. 16. TEODORI, R. M.; MORENO, M. A.; FIORE JÚNIOR, J. F.; OLIVEIRA, A. C. S. Alongamento da musculatura inspiratória por intermédio da reeducação postural global (RPG). Rev Bras Fisioter 2003;7(1):25-30. 17. PAULIN, E.; BRUNETTO, F.; CARVALHO, C. R. F. 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Apêndices Avaliação inicial Inspiração Expiração Média DP Mín Máx Média DP Mín Máx Cirtometria Axilar 89,11 7,58 73,5 98,33 86,61 5,69 77,67 95,33 Cirtometria Xifoidiana 77,87 5,52 71,17 88,33 75,15 5,25 67,17 85,67 Cirtometria Umbilical 79,83 10,05 61,17 94,83 79,15 9,75 62,67 95,83 Avaliação final Inspiração Expiração Média DP Mín Máx Média DP Mín Máx Cirtometria Axilar 89,81 7,03 77,67 99,67 84,61 5,37 74,33 93,33 Cirtometria Xifoidiana 79,65 5,51 70,17 89,0 74,11 5,38 63,33 83,33 Cirtometria Umbilical 82,28 9,62 63,0 96,67 79,42 7,75 63,83 93,50 DP – desvio padrão; Mín – mínima; Máx - máxima Tabela 1: Taxa de expansibilidade torácica inicial e final (n=9). Ganho avaliação inicial Valor de p* Ganho avaliação final Média DP Mín Máx Média DP Mín Máx Cirtometria Axilar 2,50 4,59 -4,17 13,17 5,20 3,72 1,17 13,67 0,004 Cirtometria Xifoidiana 2,72 2,69 -3,67 5,33 5,54 3,09 1,17 10,33 0,080 Cirtometria Umbilical 0,68 2,58 -1,50 7,0 2,85 3,81 -0,83 10,0 0,046 DP – desvio padrão; Mín – mínima; Máx– máxima; *Teste t de student para grupos pareados Tabela 2: Desempenho dos ganhos da expansibilidade entre as avaliações inicial e final (n=9). 55 NOGUEIRA, Daniela Samara; CORREIA JÚNIOR, Daniel Fernandes; SIQUEIRA, Sue Christine. O uso das metodologias ativas no ensino da enfermagem: uma proposta pedagógica. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 55-61, Fev./Jul. 2014. O USO DAS METODOLOGIAS ATIVAS NO ENSINO DA ENFERMAGEM: UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA Daniela Samara Nogueira; Daniel Fernandes Correia Júnio; Sue Christine Siqueira RESUMO ABSTRACT Este artigo revisa estudos que relatam o uso de metodologias ativas como proposta pedagógica no ensino da enfermagem - que discutem as Metodologias Ativas no ensino da Enfermagem nas Instituições de Ensino Superior. A investigação foi conduzida a partir da busca direta da literatura. Foram consultados textos, livros e artigos. Busca na base de dados Scielo (Scientific Eletronic Library Online). A partir dos manuscritos obtidos, construiuse uma reflexão sobre a necessidade em transformar o ensino de enfermagem utilizando as Metodologias Ativas focando seus objetivos, sua aplicabilidade e como ela pode determinar uma participação maior do aluno na construção do seu conhecimento. A discussão se desenvolve a partir das Metodologias ativas como proposta pedagógica para o ensino da enfermagem. Conclui-se que o uso das Metodologias Ativas no ensino da enfermagem é uma proposta pedagógica mais adequada na atualidade para atender o perfil do profissional de enfermagem. This article reviews studies that report the use of active methodologies as a pedagogical proposal in nursing education - Discussing the Active methodologies in the teaching of Nursing in Higher Education Institutions. The investigation was conducted from the direct search of the literature. Texts were consulted, books and articles. Search the database SciELO (Scientific Electronic Library Online). From the obtained manuscripts, constructed a reflection on the need to transform nursing education using the Active methodologies focusing on their goals, their applicability and how it can determine a greater student participation in the construction of their knowledge. The discussion develops from the active methodologies as a pedagogical proposal for nursing education. We conclude that the use of Active methodologies in nursing education is a more appropriate pedagogical proposal today to meet the nurse's profile. Keywords: active methodologies, teaching, nursing. Palavras-chave: enfermagem. Metodologias ativas, ensino, Introdução O ensino sofre modificações de acordo com o momento histórico e não poderia ser diferente nos cursos de enfermagem. Inicialmente, estes foram criados para atender às necessidades emergenciais, como na guerra, para atender estrangeiros e doentes mentais. No início do séc. XX, na década de 20 as escolas passaram a preparar o estudante na teoria e prática. Sendo a Escola de Enfermeiras D. Ana Néri a primeira a preconizar a Enfermagem Moderna (TEIXEIRA; VALE, 2006). Mediante a importância da formação de enfermeiras para a nossa sociedade, a Lei nº 775 de 06/08/49 tornou obrigatória a existência de cursos de enfermagem em todas as faculdades de 56 NOGUEIRA, Daniela Samara; CORREIA JÚNIOR, Daniel Fernandes; SIQUEIRA, Sue Christine. O uso das metodologias ativas no ensino da enfermagem: uma proposta pedagógica. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 55-61, Fev./Jul. 2014. medicina. São inegáveis os avanços ocorridos no curso de enfermagem ao longo dos anos, perpassando por interesses políticos, Leis de Diretrizes e Bases, Reformas Universitárias, mudanças na grade e conteúdo programático, carga horária, Conferências Nacionais de Saúde, Constituições Federais, até as Diretrizes Curriculares Nacionais para curso de graduação em Enfermagem (DCENF) (BRASIL, 2001). Fernandes (2006) relata que há muitos desafios para a implantação/implementação das DCENF, pois implica mudança de paradigmas, fazer rupturas em práticas e crenças internalizadas. Implica, pois, no grande desafio que é o de formar enfermeiros(as) com competência técnica e política, como sujeitos sociais dotados de conhecimento, de raciocínio, de percepção e sensibilidade para as questões da vida da sociedade. Brant (2005) relata que com as transformações contundentes sabe-se que a formação em saúde ainda adota um ensino organizado em disciplinas e centrado no professor, sendo marcado pela unidirecionalidade na relação professor-estudante e com uma prática hospitalocêntrica com visão fragmentada do corpo e da saúde do indivíduo. Partindo dessa premissa, Teixeira e Vale (2006) propõem pensar sobre as condições das dicotomias, como teoria/prática e ensino/aprendizagem e rever articulações de poder e revelar alternativas, como ensino/pesquisa e ensino/extensão. Para isso, é importante verificar aspectos potencializadores do modo de ensinar e aprender tendo como referência a cultura e o local de inserção do curso e como princípio norteador a construção de conhecimento. Acredita-se ser fundamental que o eixo norteador do trabalho das instituições de ensino seja formar um profissional que se sensibilize frente aos problemas sociais e ao sofrimento humano prestando assistência integral e humanizada e que esteja apto ao trabalho em equipe (GOMES et al.,2010). Segundo estes mesmos autores é necessário, então uma transformação; deverá haver uma articulação entre a universidade e as experiências a fim de aproximar esses segmentos e problematizar as suas respectivas práticas, proporcionando experiências que conduzam os estudantes a desenvolverem novas atitudes frente ao desenvolvimento da ciência e ao processo saúde/doença, em relação aos pacientes e ao sistema de saúde, de modo a ampliar a concepção de saúde. Segundo Sordi (2006) é dever da Instituição de ensino e dos docentes assumirem com ética os graduandos e formá-los com pretensão crítica, isolando o tecnicismo, mudando a forma de ensinar e aprender saúde, produzindo transformação. 57 NOGUEIRA, Daniela Samara; CORREIA JÚNIOR, Daniel Fernandes; SIQUEIRA, Sue Christine. O uso das metodologias ativas no ensino da enfermagem: uma proposta pedagógica. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 55-61, Fev./Jul. 2014. Waldow (2005) sugere um ensino centrado no desenvolvimento do pensamento crítico, flexível às necessidades e características dos acadêmicos. Para esta mesma autora, um dos problemas relacionados ao pensamento crítico, referese à falta de uma definição clara em sua aplicação na enfermagem, observado pelas múltiplas interpretações veiculadas, causando confusão entre docentes, estudantes, enfermeiros e pesquisadores. Este pensamento se dá através de alguns aspectos, como atividades produtivas e positivas, sendo um processo e não resultado. Para Gomes et al.(2010) o que se propõe é um processo de aprendizagem que permita que os estudantes adquiram conhecimentos teóricos com base na observação da realidade e na reflexão crítica sobre as ações dos sujeitos, conectando teoria e prática. Berbel (2011) relata que em face a perfis profissionais como esse, as instituições de ensino superior iniciaram suas atividades baseadas nas metodologias ativas levando segundo Paulo Freire (1996) à superação de desafios, resolução de problemas e a construção de um novo conhecimento a partir das experiências prévias de cada indivíduo. O objetivo deste artigo é revisar artigos que relatam o uso de metodologias ativas como proposta pedagógica no ensino da enfermagem - que discutem as Metodologias Ativas no ensino da Enfermagem nas Instituições de Ensino Superior. Método A investigação foi conduzida a partir da busca direta da literatura. Foram consultados textos, livros e artigos. Busca na base de dados Scielo (Scientific Eletronic Library Online). A partir dos manuscritos obtidos, construiu-se uma reflexão sobre a necessidade em transformar o ensino de enfermagem utilizando as Metodologias Ativas focando seus objetivos, sua aplicabilidade e como ela pode determinar uma participação maior do aluno na construção do seu conhecimento. Resultados e Discussão Mitre et al. (2008) salientam que a graduação tem uma pequena duração quando comparada à vida profissional do indivíduo, e que o conhecimento vai se transformando com uma grande velocidade, o que torna essencial pensar em uma metodologia para uma prática de educação libertadora, na formação de um profissional ativo e apto a aprender a aprender. No entanto, ensino não pode ser apenas uma transmissão de conhecimento do que já foi 58 NOGUEIRA, Daniela Samara; CORREIA JÚNIOR, Daniel Fernandes; SIQUEIRA, Sue Christine. O uso das metodologias ativas no ensino da enfermagem: uma proposta pedagógica. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 55-61, Fev./Jul. 2014. construído, mas abarcar toda uma concepção que pretende levar o aluno à aquisição do já sabido, através de novas elaborações, levando – o à criticidade para transformar a realidade social (Guariente e Berbel, 2000). Este processo não é algo simples. Neste sentido, o ensino de Enfermagem deve ser direcionado para a formação de um profissional consciente de sua responsabilidade histórica, crítico da realidade sócio-educacional, como da prática da assistência à saúde e compromissado com o seu atuar transformador contextualizado, vindo ao encontro dos reais interesses da comunidade. As metodologias Ativas vêm ao encontro da necessidade atual para a formação do profissional de enfermagem, pois as mesmas segundo Bastos (2006) são processos interativos de conhecimento, análise, estudos, pesquisas e decisões individuais ou coletivas, com finalidade de encontrar soluções para um problema, sendo o professor um facilitador possibilitando que o aluno seja autônomo adquirindo capacidade de análise das situações e ofereça solução para cada situação. Berbel (1998) afirma que dentro das Metodologias ativas existem duas vertentes: a Problematização e a Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP). Porém, para Cyrino e Pereira (2004), ambas as propostas trabalham com problemas para o desenvolvimento dos processos de aprender e ensinar, a partir da vivência de experiências significativas, apoiada nos processos de descoberta em oposição aos de recepção, com a oferta de conteúdos na forma de problemas possibilitando construção de conhecimento Mitrel et al.(2008) relatam que a Problematização é uma estratégia utilizada nas Metodologias Ativas para desenvolver ensino/aprendizagem por meio do contato com as situaçõesproblema, levando a construção do conhecimento através da resolução de problemas. Segundo Berbel (1998) a Metodologia da Problematização é desenvolvida em etapas, a fim de completar o Arco de Maguerez. A primeira é a Observação da realidade social, concreta, pelos alunos, a partir de um tema, permitindo aos mesmos identificar dificuldades que serão transformadas em problemas. Já para a mesma autora a segunda etapa é a dos Pontos – chaves, onde os alunos farão reflexões sobre as possíveis causas daquele problema. A partir deste pressuposto ocorre a terceira etapa, a teorização, ou seja, investigação propriamente dita. Na quarta etapa há a hipótese de solução, a qual ou quais são construídas após o estudo, como fruto da compreensão profunda após investigação. A quinta etapa e última é a da Aplicação à realidade, ou seja, ação-reflexão-ação ou prática-teoria-prática, tendo como ponto de partida e de chegada o ensino e aprendizagem a partir da realidade social, dinâmica e complexa. 59 NOGUEIRA, Daniela Samara; CORREIA JÚNIOR, Daniel Fernandes; SIQUEIRA, Sue Christine. O uso das metodologias ativas no ensino da enfermagem: uma proposta pedagógica. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 55-61, Fev./Jul. 2014. Problematização, segundo Cyrino e Pereira (2004), é a transformação social, à conscientização de direitos e deveres dos cidadãos, mediante uma educação emancipatória e libertadora, a fim desenvolver uma consciência crítica para resolver problemas de interesse coletivo intervindo na realidade. Berbel (1998) conceitua a Aprendizagem Baseada em Problemas como sendo aquela em que os alunos aprendem a aprender e se preparam para resolver problemas relativos à sua futura profissão. Neste sentido é levantado um problema, o qual poderá ser discutido individualmente ou coletivamente, deverão ser levantadas hipóteses, em seguida objetivos serão traçados para explicálo, pesquisas e estudos serão propostos e uma nova discussão será realizada para aplicação do novo conhecimento (CYRINO; PEREIRA, 2004). Nesta perspectiva, segundo Mitre et al. (2008) o processo ensino-aprendizagem é complexo, possui caráter dinâmico e não é somente uma somatória de conteúdos acrescidos aos anteriores, o que exige tanto do discente quanto do docente, maior participação e comprometimento que venha a superar o modelo tradicional de ensino, de acordo com Marin et al. (2010). Considerações finais É notório que se faz necessário uma mudança no ensino da enfermagem, devido as exigências do perfil profissional, o qual exige um conhecimento com mais afinco da comunidade o qual está inserido. Se faz necessário também, pois houve uma mudança nas perspectivas de cada indivíduo sobre o processo saúde-doença, o que gerou nas instituições de ensino, docentes e profissionais a necessidade de uma nova visão sobre o ensino-aprendizagem, ou seja, a complexidade cognitiva do indivíduo para construir seu conhecimento. Porém, a aplicação das Metodologias Ativas para a formação do enfermeiro ainda exige muito esforço, pois é uma mudança de um paradigma tradicional da construção do conhecimento, do papel do discente como também do docente. E para se chegar ao esperado é necessário que cada um destes participantes se sintam responsáveis mutuamente para a mudança de uma realidade tanta dentro de uma instituição de ensino quanto fora dela, na vida profissional. É enxergar de forma diferente as necessidades um maior engajamento do profissional com a teoria e prática e as experiências vivenciadas. Considera-se as Metodologias Ativas como uma proposta pedagógica adequada para o processo de ensino-aprendizagem na enfermagem devido a natureza da profissão que lida 60 NOGUEIRA, Daniela Samara; CORREIA JÚNIOR, Daniel Fernandes; SIQUEIRA, Sue Christine. O uso das metodologias ativas no ensino da enfermagem: uma proposta pedagógica. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 55-61, Fev./Jul. 2014. diretamente com o outro, vendo uma necessidade maior que o discente viva estas experiências durante sua formação para uma maior intimidade entre a teoria e a prática. Referências BERBEL, N. A. N. A problematização e a aprendizagem baseada em problemas: diferentes termos ou diferentes caminhos? Interface – Comunicação, Saúde, Educação, v.2, n.2, 1998. ________. As metodologias ativas e a promoção da autonomia de estudantes. Seminário: Ciências Sociais e Humanas. v. 32, n. 1, 2011. RIBEIRO, V. M. B. Discutindo o conceito de inovação curricular na formação dos profissionais de saúde: o longo caminho para as transformações no ensino médico. Trabalho, Educação e Saúde, Rio de Janeiro, v.3, n.1, 2005. BRASIL. Ministério da Educação, Conselho Nacional de Educação, Câmara de Educação Superior. Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem. Resolução CNE/CES n.3, de 07 de novembro de 2001. Brasília/DF, 2001. 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USO DE MEDICAMENTOS DURANTE A ELABORAÇÃO DO PROCESSO DE LUTO: TERAPIA OU FUGA? Daniel Correia Júnior; Priscila França Zanelatto; Sue Christine Siqueira RESUMO ABSTRACT Objetivo: identificar e analisar o uso de medicamentos durante a elaboração do processo de luto, propondo uma discussão sobre o uso indiscriminado de psicofármacos como terapia ou fuga durante a elaboração de tal processo. Materiais e Método: estudo do tipo bibliográfico, exploratório, com análise integrativa, qualitativa da literatura disponível em bibliotecas convencionais e virtuais. Resultados: identificou-se que o uso de medicamentos durante o processo de luto pode atrapalhar seu enfrentamento. Conclusão: a partir deste estudo, conclui-se que o luto é um processo natural e que seu enfrentamento sem o uso de medicamentos é importante para obtenção da resiliência. Objective: To identify and analyze the use of drugs during the preparation of the grieving process, proposing a discussion about the indiscriminate use of psychotropic drugs as a therapy or escape during the preparation of such a process. Materials and Methods: bibliographic type study, exploratory, integrative analysis with qualitative literature available in conventional and virtual libraries. Results: we found that the use of medication during the grieving process can disrupt your face. Conclusion: From this study it appears that mourning is a natural process and faces them without the use of drugs, it is important to obtain resilience. Keywords: drugs, mental health, death. Palavras-chave: morte. medicamentos, saúde mental, Introdução O interesse em pesquisar o uso de medicamentos durante elaboração do processo de luto surgiu devido a um dos pesquisadores vivenciar tal processo fazendo uso de medicamentos. Passado o período de sofrimento percebeu que esta vivência prejudicaria a elaboração, superação e o desenvolvimento da resiliência. A palavra luto vem do alemão, trauer, e significa “o afeto da dor como sua manifestação externa”. Se refere ao estado emocional de ‘bereft’1. Uma palavra cuja raiz significa ‘ser despojado’ ou 63 CORREIA JÚNIOR, Daniel; ZANELATTO, Priscila França; SIQUEIRA, Sue Christine. Uso de medicamentos durante a elaboração do processo de luto: terapia ou fuga? Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 62-68, Fev./Jul. 2014. ‘ser rasgado’. É o sentir-se rasgado, despedaçado, como se a dor jamais passasse, são sentimentos e emoções freqüentemente encontradas em indivíduos que sofrem pela perda de uma pessoa amada1. Em outro estudo o luto é considerado um processo e não um estado de sentimento como referido acima2, uma vez que, ele existe com início, meio e fim, podendo ser definido como um conjunto de reações diante de uma perda, e possui quatro fases3. A primeira é denominada fase do choque, tem duração de algumas horas ou semanas, e pode vir acompanhada de inúmeras manifestações, tais como desespero, afastamento, intensificação das expressões emocionais, ataques de pânico e raiva. A segunda fase é caracterizada pelo desejo de busca da figura perdida, podendo esta durar meses ou anos. A raiva pode estar presente quando existe a percepção de que houve efetivamente uma perda, no entanto, ao mesmo tempo, existe a ilusão de que talvez tudo não tenha passado de um pesadelo e de que nada mudou. Tais processos, aparentemente antagônicos, coexistem com a realidade da perda e a esperança do reencontro. A terceira fase é demarcada pela desorganização e pelo desespero. A última fase é a da organização, em que se processa a aceitação da perda definitiva, além da constatação de que uma nova vida precisa ser recomeçada. Sendo processo ou sentimento, cada pessoa pode reagir às fases do processo de luto de uma forma individualizada, transformando seu sofrimento em sabedoria e resgatando a esperança de criar um novo sentido para sua vida. A capacidade de enfrentamento e superação em cada fase desse processo varia de acordo com cada qual. O equilíbrio emocional, as vivencias e a intensidade da perda são determinantes, e influenciam fortemente nessa capacidade. A capacidade humana de crescimento, de cura e de transcendência é surpreendente, embora a capacidade de manter um estado de sofrimento e de transformar vidas e relações em martírios e campos de batalha também seja imensa4. Nesse contexto surge a resiliência, que pode ser vista como um processo de superação de desafios, trazendo como resultado o crescimento e a transformação pessoal. O conceito de resiliência foi definido a princípio como um conjunto de traços de personalidade e capacidades que tornavam invulneráveis as pessoas que passavam por experiências traumáticas e não desenvolviam doenças psíquicas, caracterizando assim, a qualidade de serem resistentes5. 64 CORREIA JÚNIOR, Daniel; ZANELATTO, Priscila França; SIQUEIRA, Sue Christine. Uso de medicamentos durante a elaboração do processo de luto: terapia ou fuga? Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 62-68, Fev./Jul. 2014. Algumas pessoas, no entanto, que sofrem o processo de luto, recorrem ao uso indiscriminado e às vezes inconsequente de psicofármacos com o intuito de aliviar e ou protelar seu sentimento de perda. Observa-se no cotidiano que, até mesmo entre os profissionais médicos, é comum a prescrição de tais medicamentos frente a situações recentes de perda, que acabam por muitas vezes, dificultando o processo de luto. Sedar uma pessoa muitas vezes atende mais a necessidade dos outros do que dela mesma. A medicação é indicada em casos especiais e deve ser avaliada pelo especialista para ser prescrita. Na maioria das vezes ela mais dificulta o processo de luto que auxilia6. Disponíveis desde 1960 e com um controle rigoroso de sua prescrição devido ao seu potencial de adição, através do formulário azul e da retenção de receita, os benzodiazepínicos (BZD) são uma classe dos psicofármacos das mais prescritas atualmente. No Brasil, é a terceira classe de drogas mais prescritas, sendo utilizada por aproximadamente 4% da população7. Hoje em dia, os BZD são indicados apenas para o tratamento agudo e subagudo de ansiedade, insônia e crises convulsivas, embora, no passado, tenham sido usados como primeira linha de tratamento para vários transtornos, principalmente psiquiátricos. Na elaboração do luto é preciso “distinguir o que há de luto e o que há de depressão antes de medicar. É natural ao indivíduo ter reações depressivas ou de tristeza e que precisa significar seu sintoma. É preciso trabalhar na qualidade do sintoma e não quantitativamente. Não se trata de disfunção neuronal apenas. É preciso que o sujeito assuma sua responsabilidade frente a seus sintomas. Às vezes a medicação retira a responsabilidade do individuo de sua situação8. Nesse contexto o Enfermeiro possui um papel importante na orientação ao indivíduo que vivencia um processo de luto. Para isso é fundamental que o profissional seja conhecedor das fases desse processo, enfocando a importância de se vivenciá-las e encará-las não como uma forma de adoecimento que necessita de medicamentos, mas sim como um processo natural e imprescindível para a resiliência. Diante disso surge o questionamento: Quais as vantagens e desvantagens do uso de medicamentos durante a elaboração do processo de luto? Através deste estudo espera-se aumentar o conhecimento dos profissionais enfermeiros sobre o tema possibilitando uma melhor assistência a pessoas em processo de luto. Espera-se também enfocar a importância de se passar pelo processo de luto sem o uso de psicofármacos, obtendo assim a resiliência. 65 CORREIA JÚNIOR, Daniel; ZANELATTO, Priscila França; SIQUEIRA, Sue Christine. Uso de medicamentos durante a elaboração do processo de luto: terapia ou fuga? Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 62-68, Fev./Jul. 2014. Objetivos Identificar e analisar as vantagens e desvantagens do uso de medicamentos durante o processo de elaboração de luto, segundo a literatura atual. Materiais e Método Trata-se de um estudo do tipo bibliográfico, exploratório e descritivo, retrospectivo com análise integrativa, sistematizada e qualitativa. O estudo bibliográfico se baseia em literaturas estruturadas, obtidas de livros e artigos científicos provenientes de bibliotecas convencionais e virtuais. O estudo descritivo-exploratório visa à aproximação e familiaridade com o fenômeno-objeto da pesquisa, descrição de suas características, criação de hipóteses e apontamentos, e estabelecimento de relações entre as variáveis estudadas no fenômeno. Após a definição do tema foi feita uma busca em bases de dados virtuais em saúde, especificamente na Biblioteca Virtual de Saúde - Bireme. Foram utilizados os descritores: medicamentos, saúde mental, morte. O passo seguinte foi uma leitura exploratória dos artigos publicados e encontrados através Scientific Electronic Library online – Scielo, no período de maio a dezembro de 2011. Realizada a leitura exploratória e seleção do material, principiou a leitura analítica, por meio da leitura das obras selecionadas, que possibilitou a organização das idéias por ordem de importância e a sintetização destas que visou a fixação das idéias essenciais para a solução do problema da pesquisa. Após a leitura analítica, iniciou-se a leitura interpretativa que tratou do comentário feito pela ligação dos dados obtidos nas fontes ao problema da pesquisa e conhecimentos prévios. Na leitura interpretativa houve uma busca mais ampla de resultados, pois ajustaram o problema da pesquisa a possíveis soluções. Feita a leitura interpretativa se iniciou a tomada de apontamentos que se referiram a anotações que consideravam o problema da pesquisa, ressalvando as idéias principais e dados mais importantes. 66 CORREIA JÚNIOR, Daniel; ZANELATTO, Priscila França; SIQUEIRA, Sue Christine. Uso de medicamentos durante a elaboração do processo de luto: terapia ou fuga? Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 62-68, Fev./Jul. 2014. A seguir, os dados apresentados foram submetidos a análise de conteúdo. Posteriormente, os resultados foram discutidos com o suporte de outros estudos provenientes de revistas científicas e livros, para a construção do relatório final e publicação do trabalho no formato Vancouver. Resultados e Discussão Nos últimos dez anos ao se buscar as Bases de Dados Virtuais em Saúde, tais como a LILACS, MEDLINE e SCIELO, utilizando-se as palavras-chave: enfermagem, luto, psicofármacos e resiliência. Encontrou-se 20 artigos publicados entre 1998 e 2011. Foram excluídos 06, sendo, portanto, incluídos neste estudo 14 publicações. Após a leitura exploratória dos mesmos, foi possível identificar a visão de diversos autores a respeito da elaboração do processo de luto. O processo de luto é uma reação ante o enfrentamento das perdas Dos 14 artigos, 04 estão em consenso de que o luto é um processo de superação, conforme é possível verificar nas falas dos autores abaixo: Um manual para profissionais de saúde considera que o luto é um processo e não um estado². Enquanto processo, ele é um sentimento, uma vez que, existe com início, meio e fim, podendo ser definido como um conjunto de reações diante de uma perda e possui quatro fases³. Essa perda ou privação gera uma reação. Assim o tipo de vínculo estabelecido entre o morto e a pessoa sobrevivente é fator determinante na intensidade e duração do processo de luto9. O luto é também o pesar tornado público. Trata-se de processo que ocorre quando a pessoa se apodera de sentimentos e pensamentos relativos à vivencia da perda do outro e expressa-os com as pessoas que o cerca10. Percebe-se nos estudos acima que, o luto é um processo com fases distintas, uma reação à perda, ou seja, um pesar e não um sentimento ou estado. É necessária a vivência das suas fases para a superação do sentimento de perda. Nesse sentido é provável que o uso de medicamentos possa interferir nesse processo. Conclui-se que o luto é um processo de superação, que com suas fases se torna um aliado necessário para a resiliência. 67 CORREIA JÚNIOR, Daniel; ZANELATTO, Priscila França; SIQUEIRA, Sue Christine. Uso de medicamentos durante a elaboração do processo de luto: terapia ou fuga? Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 62-68, Fev./Jul. 2014. O uso de medicamentos pode atrapalhar a elaboração do processo de luto Dos 14 artigos, 03 estão em consenso de que o medicamento pode atrapalhar na elaboração do processo de luto, conforme é possível verificar na falas dos autores abaixo: A medicação pode perturbar a consciência, provocar confusão e inibir o progresso da recuperação da dor. Ser medicado frequentemente faz mais mal do que bem11. A medicação deve ser utilizada de forma espaçada e enfocando o alívio da ansiedade ou da insônia em oposição ao alívio dos sintomas depressivos2. A medicação é indicada em casos especiais e deve ser avaliada por um especialista para ser prescrita. Na maioria das vezes ela mais dificulta o processo de luto que auxilia6. Percebe-se nos estudos acima que a prescrição de medicamentos para enlutados, pode atrapalhar no processo de elaboração do luto, pois, pode perturbar a consciência, provocar confusão e inibir o progresso da recuperação da dor. Os autores concordam que o medicamento usado em situação de luto, mais dificulta o processo que auxilia. Além disso, deve ser usada de forma espaçada. Conclui-se que essas prescrições devem ser assistidas, quando necessárias, feitas por profissionais competentes e, na medida do possível, evitada. Considerações finais Com a realização desse estudo foi possível ampliar nossos conhecimentos sobre a medicalização de pessoas que passaram ou estão passando por um processo de luto. O objetivo desse estudo foi entender a relação entre o sofrimento do enlutado e o uso de medicamentos durante a vivência de uma perda, após a análise dos estudos foi possível concluir que o luto: é um processo de superação; um aliado necessário para a resiliência; Em relação à medicalização à pessoa em processo de luto: mais dificulta o processo que auxilia; deve ser assistida por profissionais competentes; acima de tudo evitada. 68 CORREIA JÚNIOR, Daniel; ZANELATTO, Priscila França; SIQUEIRA, Sue Christine. Uso de medicamentos durante a elaboração do processo de luto: terapia ou fuga? Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 10, 62-68, Fev./Jul. 2014. Percebe-se, portanto, a necessidade de se repensar o uso de medicamentos à pessoas em processo de luto, uma vez que esse deve ser vivenciado e não negado. Afinal, terapia ou fuga? Referências 1. Longaker C. Esperança diante da morte: preparando espiritualmente a partida. Tradução Pedro Ribeiro. Rio de Janeiro: Rocco Guanabara Koogan; 1998. 2. Worden J, Tradução Max Brener e Maia Rita Hofmeister. Terapia do Luto: um manual para o profissional de saúde mental. 2ª edição 1998. 3. Bowlby J. Apego e Perda: tristeza e depressão. Tradução Valtensir Dutra. 2ª edição. São Paulo: Saraiva; 1993. 4. Cardella B. H. P. O amor na relação terapêutica. São Paulo. Summus; 1994. 5. Anthony E J, Cohler B. The Invunerable Child. New York: Guildord Press; 1997. 6. D’Assunpção EA. 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ISSN 1984-2864 Nota: Revista da Faculdade Estácio de Sá de Goiás – FESGO. I. Ciências da Saúde. II. Título: Revista de Ciências da Saúde. III. Publicações Científicas. CDD 300 ESTÁCIO DE SÁ CIÊNCIAS DA SAÚDE FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ GOIÁS – FESGO VOLUME 02, n. 10, Fev. / Jan. 2014 PERIODICIDADE: SEMESTRAL ISSN: 1984-2864 Cursos de da Faculdade Estácio de Sá de Goiás: Administração Enfermagem Farmácia Educação Física Fisioterapia Psicologia Recursos Humanos Redes de Computadores Editoria Científica: Edmar Aparecido de Barra e Lopes Nildo Viana Conselho Editorial Executivo: Anderson de Brito Rodrigues Cleyson M. 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