3 bebê grande Mueck ron
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3 bebê grande Mueck ron
Na MPB, o Natal tem lugar de destaque Após 53 anos EUA e Cuba restabelecem relações Página 12 Página 11 EDIÇÃO ESPECIAL Nº 06 ANO 1 DEZEMBRO 2014 Retrospectiva e calendário de brinde Jornal de distribuição gratuita. Venda proibida Páginas 7 a 10 /Portalctb.org.br @PortalCTB Entrevista: Adilson Araújo, presidente da CTB, fala sobre os desafios para o novo ano Página 3 E mais: O que esperar de 2015? Lideranças comentam sobre o tema Anúncios de vagas temporárias no setor de varejo atingem seus maiores níveis nos últimos meses do ano A dura realidade dos temporários Para contemplar a demanda de final de ano as empresas apelam ao trabalho temporário, nem sempre respeitam os direitos e impõem um ritmo de trabalho excessivo e estressante Leia mais na página 6 Patrick Gries - Fotos públicas Confira: Mais que real de Ron Mueck em destaque na sessão cultural | Páginas 13 2 OLHO CRÍTICO OPINIÕES www.portalctb.org.br DEZ.2014 editorial 2014: O ano do Olho Crítico Fundado em 1º de junho de 2014 Olho Crítico é uma publicação da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil. Endereço: Avenida Liberdade, 113 - Centro – São Paulo – SP. CEP: 01503-000. Fone: (11) 3106.0700. Site www.portalctb.org.br Email [email protected] Presidente Adilson Araújo Secretária de Imprensa Raimunda Gomes Equipe Cinthia Ribas, Danilo Ribeiro, Érika Ceconi, Láldert Castello Branco, Marcos Aurélio Ruy e Estagiários Arthur Dafs e Raul Duarte Editor Renato Bazan Projeto Gráfico Márcio Lima Designer Gráfico Danilo Ribeiro Fotos Arquivo CTB e Divulgação Internet Tiragem 200 mil exemplares Impressão Gráfica Oceano Fundada em 12 de dezembro de 2007 Federação Sindical Mundial Final de ano é normalmente uma época de celebração, seja você um cristão, judeu ou mesmo um ateu convicto. Independente de credo, as luzes e mensagens de tempos melhores à frente dominam as conversas, os planos e os noticiários até que chegue o ano novo. Neste contexto, a missão do Olho Crítico, de sempre apresentar as notícias do ponto de vista do trabalhador e da trabalhadora, precisa levar em conta os protagonistas desta festa, que são os empregados temporários, contratados para engrossar as fileiras de vendedores e ajudantes nesta época. Este mercado tão particular está no centro de um dilema crucial: ao mesmo tempo em que serve de grato reforço para o orçamento dos jovens, aposentados e desempregados, é um dos principais focos de violações dos direitos fundamentais nas relações de trabalho. Fora disso, nossa maior atração é o calendário encartado na página central, cujo verso traz uma breve retrospectiva de 2014. Entre Copa, eleições, mortes e uma montanha russa de manifestações, foi um ano agitado - mas foi também quando este projeto, de um jornal com grande tiragem e grandes ideias, finalmente tomou as ruas de São Paulo. Para celebrar, oferecemos um roteiro de ceia ao mesmo tempo prática e saudável na nossa página de saúde. Será um bom cardápio, também, para preparar no dia da posse da presidente reeleita Dilma Rousseff: em 01/01/2015, ela subirá mais uma vez a rampa do Planalto ao som de uma multidão que se organiza entre os movimentos sociais. Estaremos lá! LUIZ FRANÇA - CMSP “Conhecer os reais motivos que ocasionaram a crise do abastecimento de agua em São Paulo é o primeiro passo para tomar partido e exigir que o governo se posicione. Hoje é São Paulo, amanhã poderá ser qualquer outro estado. Povo informado, povo feliz” DEZ.2014 OLHO CRÍTICO ENTREVISTA www.portalctb.org.br Adilson Araújo fala sobre os desafios de 2015 “Nós demos nosso voto de confiança e acreditamos que é possível fazer com que o Brasil seja essa nação dos nossos sonhos” Elianaide Gomes, via Facebook “A Sabesp precisa voltar a ser 100% estatal, para que ela atenda as demandas da população, e não dos especuladores. Saneamento e lucro são interesses contraditórios. Hoje, dentro dessa lógica de lucro, cidades com menos de 50 mil habitantes são ‘inviáveis’. E aí, como é que fica?” Renê Vicente, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente (Sintaema) O assunto é: A crise hídrica em São Paulo “Em 2013, mais de 50 mil mulheres foram vítimas de violência sexual no Brasil. Uma realidade que deve ser enfrentada por meio de políticas progressistas. Entretanto, ainda são muitos os ‘Bolsonaros’, ‘Malafaias’ e ‘Felicianos’ que ao propagarem suas mensagens de ódio e opressão, se colocam como tribunos dos interesses reacionários e fascistas. Repudiamos suas condutas, e em nome da classe trabalhadora e das mulheres brasileiras, exigimos justiça e punição para todos esses que insistem em ferir a democracia, as liberdades civis e os direitos humanos” Wallace Melo Barbosa, do Sindicato dos Professores de Pernambuco “Basta! #forabolsonaro” Marivaldo Oliveira Guimarães, via Facebook MARCELO CAMARGO - AGÊNCIA BRASIL “Quem tem medo da participação da sociedade não é democrático” Miriam Belchior, Ministra do Planejamento, sobre a Política da Participação Nacional de Participação Social “De forma alguma trata-se de impor qualquer tipo de censura aos meios de comunicação como seus controladores insistem em dizer. Ao contrário, a regulação tem como objetivo romper com a censura que eles praticam quando escondem ou deturpam fatos como lhes interessam. O uso da palavra censura, pelos que se opõem à regulação, interdita o debate em torno do tema” O assunto é: A luta pelos conselhos populares Laurindo Leal Filho, da Escola de Comunicação e Artes da USP, sobre a Regulação Econômica da Mídia “Para os trabalhadores cubanos, este dia significa uma reafirmação dos nossos princípios, da nossa soberania e da demonstração da verdade” Ernesto Freire Cazañas, chefe de Relações Internacionais da Central dos Trabalhadores de Cuba, sobre retomada do diálogo com os EUA “Vencemos a mais dura batalha eleitoral desde 1989. Exatamente por isso, abriu-se cruenta disputa em torno do conteúdo do um novo ciclo, que – como corretamente analisa Tarso Genro - encerra o iniciado com a Carta aos Brasileiros. Para mim, para além da economia, ela ilustrou outros ‘limites’ da mudança iniciada com a eleição de Lula” Paulo Vinícius, dirigente sindical, sociólogo e bancário, em coluna no Vermelho.org.br O escritório forrado de papéis não é algo que assuste o presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, Adilson Araújo. Como ele mesmo define, enfrentar um calendário de lutas pelo país “pode ser um agenda hercúlea, mas é pela boa luta”, em defesa dos direitos de todos os que dependem do trabalho para sobreviver. Ainda com um pouco de sono, ele recebeu o Olho Crítico em seu escritório, no bairro da Liberdade, de onde comanda um dos maiores coletivos de trabalhadores do país: mais de 1.000 sindicatos e 9 milhões de trabalhadores associados. Quanto às causas dos trabalhadores, como o senhor avalia a situação atual? A mudança política iniciada por Lula e continuada por Dilma permitiu um horizonte de perspectivas, tendo como centralidade a valorização do trabalho. Além de uma política que garantiu a reposição inflacionária, grande parcela da classe trabalhadora conseguiu o aumento real nos salários e, em importantes categorias, participação nos lucros e resultados. Esse ciclo promissor, casa- do ao conjunto de programas sociais e investimentos em infraestrutura, permitiu um novo olhar sobre a realidade brasileira. O Brasil demonstrou sua potencialidade ao sediar com sucesso a Copa do Mundo, e tem a perspectiva da realização da Olimpíada. Eu penso que o que se abre para 2015 é um ambiente de muitas expectativas. Como o senhor avalia o cenário político adiante? A composição social do Congresso se tornou ainda mais conservadora, e isso evidentemente trará ainda mais dificuldades - já num primeiro ensaio, a direita, que apregoou durante toda a campanha o discurso da mudança, lutou contra a criação do Sistema Nacional de Participação Social. O que nós precisamos tirar desse processo é que o movimento social, aquele que tem bandeira, deve retornar às ruas para fazer a justa pressão. O terreno não reserva nenhuma facilidade, como nunca reservou, e portanto o caminho é lutar - quem sabe faz agora, não pode esperar. Uma das primeiras medidas do segundo governo Dilma foi trazer um profissional de mercado - Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda. Isso não é contraditório? Este é um governo de coalizão, e portanto de base ampla, que precisa construir um ambiente de governabilida- Adilson em entrevista coletiva após reunião com presidenta Dilma de. É importante dar ao novo governo um voto de confiança, enxergando que compete à classe trabalhadora, na defesa da sua autonomia e independência, brigar para que sejam defendidas nossas conquistas. Este é um momento de relativa estagnação econômica. Qual deve ser o caminho daqui em diante? O mundo esta em crise, e o Brasil não é imune a essa crise! Mesmo assim, é revelador que, enquanto o mundo desempregou em massa, o Brasil continua gerando empregos. Nós acreditamos que não existe outro caminho, a não ser fomentar a política de geração de empregos e renda. Seria contraditório hoje o governo conduzir esse ciclo econômico para um caminho diferente agora. Para 2015, qual deve ser o projeto prioritário? Romper com a orientação macroeconômica conservadora. É necessário defender uma política de recuperação da indústria nacional. O Brasil iniciou um ciclo de investimento em projetos de infraestrutura que merece uma atenção especial e aceleração. Eu acredito que o governo deve construir um bloco de esquerda para fazer um governo mais voltado para o social, em aliança direta com os trabalhadores e movimentos sociais. Por outro lado, as centrais sindicais não falam pelo governo. Convém à central ser autônoma e independente, não devemos abrir mão de botar o bloco na rua e fazer valer a nossa pauta. 3 Para 2015, o que pensam outras lideranças sociais? Alice Portugal, Deputada Federal pelo PCdoB: “A voz das ruas é o grande catalisador, o motor da participação popular. É fundamental que a sociedade saiba canalizar sua força em pautas concretas, para que ela não se disperse” Guilherme Boulos, presidente do MTST: “2015 será um ano de ataques. Mas deve também ser um ano de resistência e fortalecimento da organização popular. Trabalharemos na construção da ampla campanha pelas reformas estruturais” VIC BARROS, presidenta da UNE: “Os avanços obtidos nas políticas educacionais estão em risco. A lógica neoliberal já se mostrou um equívoco no passado, quando os rombos foram pagos com a verba da educação” João Pedro Stelide, presidente do MST: “[2014] foi apenas o primeiro round de um intenso período de embates sobre os rumos da economia e do país”. 4 OLHO CRÍTICO ESTADOS www.portalctb.org.br DEZ.2014 DEZ.2014 OLHO CRÍTICO BRASIL www.portalctb.org.br lena diaz - Fotos públicas ASSESSORIA PALÁCIO DO PLANALTO Ritmo tucano A superlotação na estação da Sé retrata o ritmo inadequado da expansão da rede metropolitana paulista - menos de 2 km por ano PF liga corrupção do metrô a PSDB Elos entre empreiteiras e políticos tucanos ficam evidentes IMPRENSA CTB [email protected] A sétima fase da operação Lava Jato, chamada Juízo Final, encontrou provas de que as empreiteiras Odebrecht, OAS, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez teriam operacionalizado um cartel para fraudar as licitações do metrô paulista. As evidências apontam para o pagamento de propinas para políticos do governo de Geraldo Alckmin, de José Serra e de Mário Covas (todos do PSDB) durante as décadas de 90 e 2000 - algo abafado pela grande mídia, mas não pelas forças de atuação jurídica do estado. Segundo o Ministério Público do estado, responsável pela denúncia, os subornos eram prática cotidiana nas administrações tucanas, e tinham por objetivo garantir que essas empresas se alternassem como vencedoras nos editais. Nesta toada, o valor cobrado pela Justiça poderá alcançar R$ 2,5 bilhões, segundo estimativas mais recentes. O órgão revelou inclusive que as licitações das obras passavam por uma espécie de “bingo” para definir os ganhadores e perdedores em cada etapa do projeto. Diretores e executivos foram detidos para maiores esclarecimentos. Comparativamente, o metrô de São Paulo tem um dos ritmos de expansão mais lentos de todo o mundo. Segundo dados de 2014 da Companhia do Metropolitano de São Paulo, a malha metroviária da cidade – inaugurada há 42 anos – conta com 65 estações, distribuídas por cinco linhas, que alcançam 74,8 quilômetros de extensão. Já Xangai, na China, em menos de 17 anos chegou a 437 quilômetros de metrô. Seul, na Coreia do Sul, em 34 anos já disponibiliza 558 quilômetros à população. Na Cidade do México já existem 226 quilômetros de linhas. Os efeitos da corrupção sobre o ritmo de construção dos túneis é tão evidente que desde 2008 discute-se a necessidade de uma investigação profunda em torno dos contratos das novas linhas de metrô. Mesmo assim, apenas em julho de 2013 soube-se que uma das empresas envolvidas nas obras admitiu a formação de um cartel para manipular licitações. Coube aos alemães da Siemens delatar o esquema. Trabalhadores gaúchos marcham pela Democracia e pela Reforma Política CTB RS A Marcha pela Democracia e Reforma Política percorreu as principais ruas do centro de Porto Alegre para pedir mudanças urgentes na política brasileira. A mobilização, que aconteceu no início de dezembro, foi organizada pelas centrais sindicais, movimentos sociais e partidos políticos de esquerda com o objetivo de alertar a população para rei- vindicar o fim do Fator Previdenciário, a Reforma Agrária, o fim da homofobia e do racismo, a igualdade de gêneros e as mudanças no financiamento das campanhas eleitorais, entre outras lutas. A marcha também foi realizada com o objetivo de dar uma resposta às manifestações organizadas pela direita, logo após as eleições de segundo turno. A manifestação contou com a coordenação do Bloco da Diversidade, que em cima do carro de som, reinventou músicas conhecidas com novas letras que diziam respeito às principais bandeiras sociais de luta. Entre as canções, uma das mais marcantes foi “o sonho não vai morrer, nem a mudança parar, o povo não sente mais fome e tem casa para morar”, lembrando a música “Não deixe o samba morrer”, composta por Edson Conceição e Aloísio. 5 O grupo juntou aproximadamente mil pessoas. O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB-RS), Guiomar Vidor, subiu no carro de som e em seu discurso parabenizou os participantes pela beleza da marcha. “O povo brasileiro teve uma grande vitória nessas eleições, conseguimos enfrentar o poder econômico, a mídia e aquilo que há de mais reacionário na sociedade brasileira e internacional. Com isso, o Brasil dá continua ao processo de mudanças, mas a luta vai se acirrar. Precisamos continuar no caminho do desenvolvimento e da valorização do trabalho”, conclamou. Nova equipe econômica, novo plano contra crise Para segundo ato de posse, partidos e militância da esquerda planejam celebração histórica em Brasília Movimentos sociais estarão presentes na posse de Dilma Depois de segundo turno acirrado, líderes de movimentos articulam caravanas para Brasília MARCOS AURÉLIO RUY [email protected] A quinta-feira, 1 de janeiro de 2015, será de grande festa na Praça dos Três Poderes. O que seria apenas a cerimônia de posse presidencial de Dilma Rousseff se tornará uma grande manifestação democrática de movimentos sociais e progressistas de todo o Brasil - algo muito próximo ao que aconteceu com a posse de Lula, em 2003, quando mais de 150 mil pessoas acompanharam à solenidade. O motivo dessa grande mobilização é o coroamento da quarta vitoria do povo, em que a autoestima da militância dos partidos políticos e movimentos sociais se fortaleceu no enfrentamento com as forças conservadoras. O embate do período eleitoral continua no chamado “terceiro turno”, alimentado por figuras como Jair Bolsonaro, Lobão e o próprio Aécio Neves, que ainda não desceu do palanque. Os movimentos sociais aproveitarão a oportunidade para festejar a derrota fascista, manifestar apoio à presidenta Dilma, demarcar o campo progressista e sobretudo reafirmar suas bandeiras de luta. O presidente do Partido dos Trabalhadores, Rui Falcão, afirmou: “criamos uma comissão para organizar uma ampla manifestação popular na posse da presidente Dilma no dia 1º de janeiro de 2015. Queremos que a posse seja uma grande festa popular, semelhante à que foi a festa da posse do presidente Lula em 2002”. Ainda no mesmo dia, a presidenta da República receberá, em audiência solene, as missões especiais estrangeiras designadas para sua posse. Também receberá os cumprimentos das altas autoridades da República. À noite, recepcionará, no Palácio do Itamaraty, as missões especiais estrangeiras e autoridades. A posse dos governadores estaduais e do DF também ocorre no dia 1º de janeiro. A presidenta Dilma, reeleita em 26 de outubro, está montando em seu novo governo uma equipe econômica para se contrapor à direita golpista. Os três principais integrantes da equipe econômica sinalizam mudanças no enfrentamento à crise econômica mundial. A manutenção de Alexandre Trombini na presidência do Banco Central significa que a presidenta se mantém firme na proposição de não dar independência ao BC. Para o Ministério do Planejamento, foi escolhido Nelson Barbosa, de pensamento menos ortodoxo e que pode fazer um contraponto às teses conservadoras defendidas pelo ex-diretor do Bradesco Asset Management, Joaquim Levy, escolhido para assumir o Ministério da Fazenda, nome que preocupa o movimento sindical, em função do modelo de gestão ja conhecido do indicado. A derrota eleitoral do projeto da oposição de subordinação total do Brasil às grandes corporações financeiras, promovendo recessão econômica, achatamento salarial, cortes dos gastos sociais e de direitos adquiridos deve ser enterrado, para fazer fluir, o projeto vitorioso defendido pela presidenta Dilma, que propõe aumentar a participação popular nas mais importantes decisões do país, com desenvolvimento econômico autônomo, distribuição de renda e inclusão social. Nessa perspectiva, a classe trabalhadora espera que os próximos 4 anos sejam de muita luta para a ampliação de seus direitos, bem como a continuidade dos programas sociais de geração de emprego e renda e combate à miséria. Os movimentos sociais e sindicais reclamam mudanças na orientação dos investimentos públicos, com mais foco em saúde, educação e mobilidade urbana. Miriam Belchior defende política nacional de participação social A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, declarou que o governo deveria tentar novamente aprovar o projeto da presidenta Dilma Rousseff da Política da Participação Nacional de Participação Social (PNPS). Em outubro, logo após as eleições, a Câmara dos Deputados derrubou uma tentativa do Palácio do Planalto nessa direção, ao arquivar o decreto presidencial que estabelecia a consulta a conselhos populares antes de decisões sobre a implementação de políticas públicas. O projeto, que aparece na grande mídia como “golpista”, “bolivariano” e até de “comunista”, foi criado a partir das demandas das Jornadas de Julho de 2013, nas quais milhares de pessoas nas ruas pediam maior participação popular no governo. Atualmente, existem vários conselhos, alguns criados na década de 30, como o Conselho Nacional de Educação (CNE) e o Conselho Nacional de Saúde (CNS). O novo projeto não prevê a criação de nenhum novo conselho, mas estabelece parâmetros mínimos para a formação de novos. O PNPS não aumenta o poder dos conselhos, apenas estipula que os órgãos administrativos deverão “considerar” a opinião dos conselhos na hora de criar, monitorar e avaliar suas políticas. 6 OLHO CRÍTICO REPORTAGEM www.portalctb.org.br DEZ.2014 DEZ.2014 OLHO CRÍTICO RETROSPECTIVA www.portalctb.org.br 7 PAULO PINTO - Fotos públicas DIOGO MOREIRA - A2 FOTOGRAFIA “Nos três meses que fiquei lá, vi alguns empregados com vários anos de casa pedindo as contas por não aguentarem mais tantas horas extras e dobras de finais de semana” Marcha das Centrais em Brasília reuniu trabalhadores de diversas categorias em defesa de melhores salários e condições de trabalho 2014 foi um ano de mobilizações A rua 25 de Março, nesta época do ano, se torna o principal centro comercial da cidade de São Paulo e atrai pessoas de todo o país Saiba como se proteger das armadilhas do trabalho temporário na época do Natal FERNANDO FRAZÃO - AGÊNCIA BRASIL Temporário enfrenta falta de direitos e muitas horas extras CLAUDIA ROCHA [email protected] Com a chegada da decoração de Natal, as oportunidades de emprego piscam em vários cantos da cidade. Só no setor do comércio, a previsão é de que sejam realizadas 164 mil contratações temporárias em todo o país, pois o período é considerado campeão em vendas. Em São Paulo estão concentrados metade desses novos postos, mas este não será um ano típico: por conta do desaquecimento econômico, há um certo desconforto com relação às novas contratações, e isso pode acarretar consequências amargas para quem conseguir uma vaga no período de festas. “Entre os vendedores, a cobrança é muito forte. Com os temporários, então, a pressão por metas é maior ainda”, comenta Victor Hugo Buzo, que, durante o fim do ano passado, trabalhou em uma loja de roupas dentro de um shopping na região do ABC Paulista. Além de existir uma marcação cerrada em relação aos temporários, o período do fim do ano muitas vezes acaba sendo estressante também para quem já é funcionário. “Nos três meses que fiquei lá, vi alguns empregados com vários anos de casa pedindo as contas por não aguentarem mais tantas horas extras e dobras de finais de semana”, conta Buzo. Para Elizângela Mardegan, assistente jurídica do SindLojas/SP (Sindicato dos Lojistas de São Paulo), a orientação passada aos contratantes é de que não pode haver nenhum tipo de diferenciação entre funcionários temporários e os demais. Porém, apesar da legislação ter avançado neste regime de contrato, muitas vezes, na prática, o dia a dia acaba sendo diferente. Uma boa indicação é procurar uma agência especializada em terceirização. “Com a contratação feita via agências, a responsabilidade de cumprir com a legislação trabalhista passa a ser não só do local onde o trabalhador está empregado, mas também da empresa intermediária”, destaca Mardegan. Quem não recorre às agências fica mais desprotegido. É o caso de um funcionário temporário de um hostel na Zona Sul de São Paulo, que, por ainda estar empregado, prefere não ser identificado. “Sinto que só sou considerado um funcionário quando convém ao meu chefe”, desabafa. “Entrei como folguista, não sou CLT, traba- Trabalhadores foram às ruas pelo Brasil CINTHIA RIBAS [email protected] Desde o início do ano, trabalhadores saíram às ruas para exigir direitos. Trabalhadores dos Correios, do saneamento e metalúrgicos, entre outros, cruzaram os braços e conquistaram melhores salários e condições de trabalho. No âmbito nas negociações salariais, apenas no 1º semestre, mais de 90% dos acordos coletivos de traba- lho assinados resultaram em ganhos reais acima da inflação, que ficou em 6,5% para o ano. Um dos fatores que justifica o bom resultado das negociações, além da redução das taxas de inflação em relação ao ano passado e a manutenção das taxas de desemprego em pa- tamares baixos, é o poder das mobilizações “bem sucedidas” realizadas no primeiro semestre. No âmbito nacional, convocados unitariamente pelas centrais sindicais CTB, CUT, CGTB, NCST, FS e UGT, cerca de 40 mil trabalhadores e trabalhadoras ROBERTO STUCKERT filho do campo e da cidade participaram da 8ª Marcha das Centrais em abril, tomando o centro de São Paulo em caminhada. O mesmo aconteceria no Dia do Trabalhador, 1 de maio, com grandes comemorações pelo país. Em todas as manifestações, defenderam as bandeiras fundamentais do movimento sindical, de ampliar os direitos e avançar no projeto de desenvolvimento com valorização do trabalho e justiça social. Causas como o fim do fator previdenciário, a redução da jornada de trabalho e a Reforma Agrária foram defendidas em falas, faixas e cartazes, mas foram barradas no Congresso Nacional pelo oposição de bancadas conservadoras. Apesar da resistência de empresários e ruralistas, esses projetos continuam na ordem do dia e dependerão de uma grande mobilização para serem aprovados em 2015, assim como aconteceu como a PEC das Domésticas em abril de 2013, que só foi aprovada após grande pressão dos movimentos sociais e sindical, garantindo às trabalhadoras domésticas os mesmo direitos dos demais. Foto Divulgação BRICS e Esna: integração global lho durante a madrugada sem receber adicional noturno, sem contar que não recebo nenhum benefício, como, por exemplo, uma ajuda com a alimentação”, completa o recepcionista. Os avanços que o setor empenhou nos últimos dez anos parecem não surtir efeito para todos: segundo pesquisa divulgada no começo deste mês pelo Instituto para Desenvolvimento do Varejo, a informalidade no comércio caiu de 54% para 36% nos últimos dez anos. Ainda assim, os índices de trabalho sem direitos assustam - em alguns casos, é negado até mesmo a oportunidade de sentar-se durante o horário de expediente. A recomendação, nesses casos, é que o trabalhador exija condições adequadas de trabalho ou até mesmo abandone a vaga, forçando os empregadores a melhorarem a situação. A realização do BRICS Sindical exigiu a participação dos sindicalistas dentro do bloco composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, mas foi um sucesso de escala global, que unificou mensagens trabalhistas pelo mundo. Em maio, foi realizado em Cuba o 6º Encontro Sindical Nossa América (Esna), espaço em que sindicalistas trocaram experiências e debateram soluções a luta da classe trabalhadora. O Dia Internacional de Ação da Federação Sindical Mundial (FSM), realizado todo 3 de outubro, viu trabalhadores saírem às ruas para exigir trabalho digno. Já no mês de novembro, a CTB realizou com êxito o terceiro encontro da juventude da FSM da América Latina, que ocorreu na cidade de Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul. Política: uma vitória contra o retrocesso Politicamente falando, 2014 foi um ano curto. A Copa escondeu a vida política até a derrota contra a Alemanha, e só em agosto as eleições gerais chegaram, a todo vapor. Com a esquerda e a direita em alerta total, a troca de acusações foi incansável. A gran- de mídia, nesse contexto, assumiu um comportamento anti-progressista sanguinário, culminando na falsa reportagem da revista Veja. Era mentira, e Dilma ganhou com 52% dos votos válidos, mas isso não aplacou o clima de terceiro turno atentado pelos neoliberais. O crescimento de partidos menores e o aumento de representantes conservadores no Parlamento foram as duas novidades dos resultados. Isoso se deu, provavelmente, por esta ter sido a eleição mais cara de toda a história, com custos beirando os R$ 79 bilhões. 8 REPORTAGEM OLHO CRÍTICO www.portalctb.org.br DEZ.2014 DEZ.2014 OLHO CRÍTICO www.portalctb.org.br 9 10 OLHO CRÍTICO RETROSPECTIVA www.portalctb.org.br LÍGIA DUMONT - A VOZ POPULAR DEZ.2014 DEZ.2014 OLHO CRÍTICO INTERNACIONAL www.portalctb.org.br MARIO CARDOSO - KADEIRA KATIVA 11 CATRACA LIVRE Um ano de vitórias na América Latina Apesar de uma desaceleração na indútria, investimentos em infraestrutura ultrapassaram R$130 bilhões Economia: em meio à crise Em meio a turbulência, trabalhadores tiveram direitos protegidos RENATO BAZAN [email protected] Com os efeitos da crise econômica ainda causando grandes choques na economia mundial, o Brasil teve, por indicadores clássicos, um ano preocupante do ponto de vista econômico: estima-se que 2014 tenha fechado com 1% de crescimento do PIB e quedas visíveis nos índices de produção industrial e confiança do investidor. Para os opositores da atual linha política do governo, tratou-se de um ano com “inflação descontrolada”, cujos traços foram grandemente exagerados na tentativa de criar uma imagem de incompetência para a equipe econômica. A preocupação virou arma política. A narrativa de tragédia, no entanto, não se refletiu na vida das pessoas. Para a imensa maioria, que não se importa com o mercado financeiro nem com a rentabilidade de um punhado de indicadores estatísticos, quatro grandes vitórias fizeram de 2014 um ano excepcional: a continuidade de um baixo desemprego, o aumento real dos salários, a expansão de gastos governamentais em obras de infraestrutura e, principalmente, a remoção do país do mapa mundial da fome. O Brasil atingiu o menor índice de desemprego desde 2002 (4,7%), um salário mínimo de R$ 724 e nada menos que R$ 130,4 bilhões em obras custeadas pelo governo. Por todos os lados, o governo Dilma priorizou a defesa do trabalho, e nessa toada a ONU declarou em seu novo relatório: no Brasil, a subnutrição e a fome são coisas do passado. O país se tornou “um modelo nas políticas de distribuição de renda”. Com a agitação trazida pela nova vitória do projeto desenvolvimentista, 2015 será um ano no qual o crescimento econômico e a transparência política serão essenciais, não apenas para deter os ânimos exaltados de quem se decepcionou com mais uma derrota neoliberal, mas para que o projeto de inclusão social continue viável. Nesse contexto, Dilma Rousseff contratou um profissional dos mercados, Joaquim Levy, para gerenciar o Ministério da Fazenda, enquanto permanece com Alexandre Tombini no Banco Central. Será que a dupla conseguirá reacender o ciclo econômico brasileiro? A Copa das Copas e das obras As emoções, ansiedades e pensamentos contra a Copa do Mundo abriram 2014 como notas destoantes em meio à agitação de receber um evento desse porte. O Brasil, afinal, sediaria novamente uma Copa em sua terra após 64 anos. A Copa das Confederações, no ano anterior, havia consagrado o Brasil como campeão - não só no campo, mas na apresentação de um país democrático e, acima de tudo, preparado. As obras em todo o país aproveitaram a onda da Copa do Mundo para receber um grato reforço. Aeroportos, corredores de ônibus e VLTs foram acelerados por todo o país. São Paulo, em particular, recebeu 34,94% de turistas estrangeiros, que individualmente gastaram uma média de R$ 4.911. É uma pena que o resultado final nos gramados não tenha sido de comemoração, mas de total e absoluta derrota. Na semifinal contra a Alemanha, finalmente esquecemos o “Maracanazzo”, diante de 7 gols da Alemanha. PORTAL TODO DIA A cidade de Montevidéu é uma das capitais com maior influência europeia em sua arquitetura e costumes na América Latina O Uruguai nos últimos dias de Mujica Nas ruas de Montevidéu, a vitória do sucessor de Mujica é vista como resultado de políticas que tornaram o país mais humano e menos desigual ROBERTO AMADO Diário do Centro do Mundo Por dignidade e democracia Ficaram marcados os atos em todo o país defendendo um plebiscito oficial para a Reforma Política. Movimentos sociais e diversas entidades foram às ruas para cobrar do Congresso a iniciativa, que pode trazer significativas mudanças na política. Em setembro, mais de 7 milhões de pessoas disseram “sim” ao Plebiscito Popular informal. O combate à homofobia entrou na agenda das eleições e a presidente Dilma se comprometeu a priorizar a criminalização de atos violentos. Apesar da violência simbólica contra os nordestinos e das reapropriações violentas contra ocupantes em movimentos de moradia, este foi um ano de avanços: na luta pela erradicação da fome, reduzimos a desnutrição pela metade. Combate ao analfabetismo, ao trabalho escravo e infantil também ocuparam os noticiários. Acima de tudo, a entrega do relatório final da Comissão Nacional da Verdade levou a presidenta Dilma, e todos os que sofreram com a ditadura, às lágrimas. Se você quer fazer uma viagem, para onde mais seria a não ser o Uruguai? Foi pensando assim que embarquei para Montevidéu. E por que o Uru- guai? Porque o país é a bola da vez. Se alguma coisa está acontecendo no continente, é lá. José Mujica, o Pepe, o “presidente mais pobre do mundo”, legalizou a maconha, o aborto e o casamento homossexual, mandou Obama oficializar o espanhol nas escolas dos EUA, condenou o consumo excessivo, criticou o militarismo, enfim, fez tudo aquilo que a sociedade brasileira não aceita e combate. Ele está chegando ao fim do seu mandato e no Uruguai não há reeleição. Se você espera chegar em Montevideo e encontrar hippies com cara de tupamaro, fu- mando baseados na rua, está completamente enganado. Na verdade, não estão dando muito importância a decisões polêmicas como a legalização da maconha, encaradas com maturidade. “São medidas adequadas”, diz o professor de história Jose Benitez Minero, tomando uma legítima Patricia, a boa cerveja local. Pergunto onde estão os maconheiros, as gangues ensandecidas da cannabis. Em que bairro, em que rua, em que lugares. “Somos um povo discreto”, me disse o professor. “Os que gostam da maconha, fumam dentro de casa”. Fumar maconha lá é um detalhe de pouco significado, uma questão privada. E nos dez dias em que passei em Montevidéu não vi ninguém fumar ou falar da erva. “O mais importante é que nesses dez anos reduzimos a miséria do país, há cada vez menos pobres e a classe média está crescendo”, contou Benitez. O presidente eleito Tabaré Vásquez, sucessor de Mujica, é um socialista mais moderado, ainda que tenha cometido ousadias: em seu primeiro mandato, foi aprovada, por exemplo, a lei que permite a adoção de crianças por casais homossexuais. Médico, boa pinta, Em acordo histórico, EUA e Cuba retomam relações diplomáticas Após 53 anos, os presidentes de Cuba, Raúl Castro, e dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciaram, nesta quarta-feira (17), um histórico acordo para retomar as relações diplomáticas entre os dois países. Como parte da aproximação, Havana e Washington trocaram presos. Os Estados Unidos libertaram Gerardo Hernandez, Antonio Guerrero e Ramon La- bañino - os três integravam o grupo dos cinco antiterroristas cubanos, enquanto Cuba libertou dois americanos, Alan Gross e um agente de inteligência. “A liberdade dos cubanos é uma vitória da resistência de um povo. A CTB se orgulha e se solidariza com as lutas deste povo irmão”, exclamou o secretário de Relações Internacionais da CTB, Divanilton Pereira. O ano de 2014 foi decisivo para a América Latina. A região mais resistente ao imperialismo, com maioria de governos progressistas e de esquerda, se viu ameaçada a mudar de direção política, quebrando o ciclo iniciado em 1998 com Hugo Chávez na Venezuela. Com eleições em sete países, o risco de racha intrarregional era concreto, mas as propostas progressistas prevaleceram. El Salvador, Costa Rica, Panamá, Colômbia, Brasil, Bolívia e Uruguai elegeram seus presidentes, e a maioria destes países optou pela continuidade do projeto em curso, fortalecendo as conquistas da população. No Brasil, com a reeleição de Dilma Rousseff, blocos de integração como a Unasul, Mercosul e Alba, entre outros, seguirão como propostas sociais e econômicas ao capitalismo globalizado. A integração regional será fortalecida, alimentando a solidariedade entre os povos latino-americanos e garantindo a soberania das nações. Na Bolívia, Evo Morales foi reeleito com uma ampla vantagem (61% dos votos), frente à modernização da infraestrutura do pais e à nacionalização de setores estratégicos da economia, como o gás e petróleo. Esses recursos permitiram que a riqueza fosse redistribuída e, assim, tiveram um efeito impulsionador na economia. Na Colômbia, o também reeleito Juan Manuel Santos prossegue com os diálogos de paz entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o governo, avançando rumo a um acordo pacifico após anos de conflito. Em 2015, é a vez da Argentina e da Guatemala elegerem seus presidentes. 12 OLHO CRÍTICO CULTURA www.portalctb.org.br DEZ.2014 DEZ.2014 OLHO CRÍTICO 13 www.portalctb.org.br O mais que real de Ron Mueck em exposição Fotos públicas Estátuas hiper-reais do artista plástico, na Pinacoteca, impressionam pelo expressivo e pelo grotesco Entre as “Cores e Valores” da sociedade brasileira No período que antecede o Natal a maioria das escolas organiza atividades extracurriculares festivas Músicas brasileiras cantam a felicidade do fim de ano Muitos compositores nacionais já fizeram canções para a época MARCOS AURÉLIO RUY [email protected] As festas de fim de ano renovam o espírito de solidariedade, e isso é visível em algumas canções natalinas brasileiras. Existem dezenas de músicas dedicadas ao tema no nosso cancioneiro. Em “Boas Festas”, o baiano Assis Valente realça a temática infantil da figura do Papai Noel e acentua as diferenças sociais na sociedade e a constante busca da felicidade. “Eu pensei que todo mundo/Fosse filho de Papai Noel/E assim felicidade/Eu pensei que fosse uma brincadeira de papel/ Já faz tempo que eu pedi/ Mas o meu Papai Noel não vem/ Com certeza já morreu/Ou então felicidade/É brinquedo que não tem”, diz o músico. Já Octavio Filho ressalta a singeleza da festa na popularíssima “O Velhinho”. Melodia e letra simples, onde eterniza o sonho infantil. “Botei meu sapatinho/ Na janela do quintal/Papai Noel deixou/ Meu presente de Natal/Como é que Papai Noel/Não se esquece de ninguém/Seja rico ou seja pobre/O velhinho sempre vem”. Já Chico Buarque sempre sonhando com um mundo menos desigual suspira: “Ah quem me dera fosse o ano inteiro igual”, referindo-se à solidariedade humana que cresce nesse período do ano em sua “Canção de Natal”. Finalmente Vinicius de Moraes e Toquinho depositam a esperança na delicadeza. “Pois para isso fomos feitos:/Para a esperança no milagre/Para a participação da poesia”, insinuam em “Poema de Natal”. CLT é uma pedra no caminho dos maus patrões Pouca gente conhece plenamente os artigos contidos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), formulada em 1943, no governo de Getúlio Vargas. Por isso o juiz aposentado e professor Márcio Túlio Viana escreveu “70 Anos de CLT – Uma História de Trabalhadores”, edição do Tribunal Superior do Trabalho. Para ele, “a história da CLT é uma história de lutas”. O livro é distribuído gratuitamente e pode ser baixado em seu computador pelo endereço: http:// aplicacao.tst.jus.br/dspace. Viana conta de maneira didática a história do trabalhador através da luta para a construção de leis que o protegessem da exploração do capital. Ele coloca a CLT nesse contexto, defende que ela deve ser aprimorada, mas sem tirar direitos de quem trabalha. Doze anos após o lançamento de “Nada Como um Dia Após o Outro Dia, os Racionais MC’s lançaram no final de novembro o oitavo álbum de estúdio da importante carreira deles. Como sempre, a atitude política chama a atenção logo na capa; uma ação “criminosa”, personagens com metralhadoras e máscaras de palhaço, armas e dinheiro. O personagem do ladrão é uma constante na obra dos Racionais, desde Robin Hood e São Dimas, citados pelo grupo em muitas letras, é um modo de dizer o que poderia ter acontecido com eles se as rimas não tivessem dado certo. O álbum chega em um novo contexto social e sonoro, para questionar o paradigma brasileiro sem tanta crueza, mas com o lirismo e a verborragia dos versos tradicionais do maior grupo de rap do Brasil. E sem nunca abandonar a “foto da periferia, da favela, do dia-a-dia e falar para as pessoas que estão no sofrimento”, e sem esquecer que a juventude negra na periferia continua morrendo em grande quantidade. RAUL DUARTE [email protected] É impossível ficar indiferente perante uma obra do escultor australiano Ron Mueck que está em exposição na Pinacoteca. As esculturas de seres humanos chamam a atenção pela semelhança com a vida real; dos cabelos à expressão dos olhos, os tons de pele, perfeitos. O que muda é a escala: um bebê recém nascido de cinco metros de comprimento, um triste idoso de três metros encostado à parede, um frágil homem deitado nu... Ron Mueck é um criador de marionetes, ofício que aprendeu com seus pais. Em 1983 instalou-se em Londres e começou a trabalhar com publicidade e para o cinema. A expressividade de seus marionetes logo chamou a atenção de grandes colecionadores de arte e tornou-se, quase sem Chico alia análise psicológica dos personagens ao contexto social e histórico mostra a face mais cruel da elite com a sua soberba e sentimento antinacional. Chega até a zombar da internet quando se torna blogueiro e viciado em sites pornôs e salas de bate papo. Viaja também pela literatura, apresentando grandes autores, fontes de sua inspiração ou seria de seu alter ego ficcional? vas, cuja escala monumental ou pequena acrescenta uma estranheza inquietante; a realidade é uma questão de perspectiva. Ao mesmo tempo reais e falsas, as esculturas comentam sobre a breviedade da vida. A exposição tem chamado muita atenção de artistas plásticos brasileiros. Serviço Exposição Ron Mueck Onde: Pinacoteca do Estado de São Paulo Praça da Luz, 2 - São Paulo, SP Quando: Até 22 de Fevereiro 2015, de terça a domingo das 10h às 18h. Quanto: R$ 6,00 Tom Jobim é o eterno maestro soberano Exposições na Oca celebram os 60 anos do Parque Ibirapuera da Música Popular Brasileira A viagem do irmão alemão Chega às livrarias o quinto romance de Chico Buarque, que nos brinda com mais uma obra-prima. O autor carioca parte de uma descoberta familiar e cria uma ficção literária onde viaja na linha tênue entre o real e o imaginário. “O Irmão Alemão” (Companhia das Letras) apresenta personagens fadados a permanecer na história da literatura brasileira de tão marcantes. querer, um dos maiores artistas da atualidade. Catalogado pelos críticos como hiperrealista, a obra de Mueck se destaca pelo modo como apresenta a fragilidade do ser humano, de forma crua e cotidiana. Essas são as qualidades que tornam suas figuras insuportavelmente reais e emoti- Na segunda-feira (8) fez 20 anos da morte do eterno “maestro soberano” da música popu- lar brasileira, Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, ou simplesmente Tom Jobim para quem ama a MPB e o país. Uma parada cardíaca o vitimou em Nova Iorque (EUA). Assim, o Brasil perdia “o maior expoente da MPB de todos os tempos”, segundo a revista Rolling Stone, deixava órfã uma legião de admiradores e seguidores em todo o mundo. O maestro foi autor com Vinicius de Moraes das canções do disco “Canção do Amor Demais”, lançado em 1958, com interpretação de Elizeth Cardoso e participação do violão intrépido e inovador de João Gilberto. A orquestração desse disco, ao cargo de Jobim, é considerada o marco inicial da bossa nova, movimento que possibilitou à MPB acordes jamais imaginados anteriormente. Tom Jobim não só sistematizou a bossa nova como se tornou um dos principais representantes da cultura brasileira. Neste ano, o Parque do Ibirapuera completou 60 anos. Entre a decoração de natal, o verde e lagos do parque, o MAM e o Museu Afro-Brasileiro comemoram o marco com duas exposições: “Ibirapuera: modernidades sobrepostas” e “Memória Mutante”. Os conceitos modernistas dos projetos arquitetônicos e paisagísticos de Oscar Niemeyer e Burle Marx, duas referências mundiais, são apresentados ao público pela mostra “Modernidades sobrepostas” por meio de desenhos, fotografias, maquetes, painéis, plantas e mapas. Também estão exibidos os projetos que os dois fizeram para o próprio Parque do Ibirapuera. A intenção é da mostra é expor as transformações arquitetônicas e, desse modo, as transformações sociais dos últimos 60 anos. Já a “Memória Mutante” reúne 210 fotografias de São Paulo de Militão de Azevedo (1862), Ivo Justino (1970), entre outros, com o objetivo de demonstrar as diferenças da cidade e a complexidade da memória urbana. Serviço “Ibirapuera: modernidades sobrepostas” e “Memória Mutante” Local: OCA - Pavilhão Lucas Nogueira Garcez Data: 30 de agosto de 2014 a 1 de fevereiro de 2015 Endereço: Av. Pedro Álvares Cabral - Portal 3 Moema - São Paulo Horário: terça a domingo, das 9h às 17h Entrada gratuita 14 OLHO CRÍTICO ENTRETENIMENTO FRASEs Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre. www.portalctb.org.br HORÓSCOPO DEZ.2014 OLHO CRÍTICO Aquário - 21/01 a 18/02 Leão - 22/07 a 22/08 Dezembro é a expansão de seu espaço, a conquista e a vitória sobre as dificuldades. Em 2015 o seu humor tende a ser suavizado pelas provas de sucesso. Peixe - 19/02 a 19/03 Virgem - 23/08 a 22/09 Áries - 20/03 a 20/04 Libra - 23/09 a 22/10 Este é o período para você se conectar com o futuro. Planeje de forma realista seus passos. Otimismo com realismo é a combinação que permitirá ir à direção certa. Aproveite o ano que se aproxima para ressaltar seus talentos e dons naturais, transforme o mundo em um lugar mais bonito e justo para se viver. Dicas: Uma ceia de Natal light Touro - 21/04 a 20/05 Escorpião - 23/10 a 21/11 Compartilhe alegria, amor e amizade com quem é caro a seu coração. É como um vento fresco num momento em que você precisa se divertir mais e se chatear menos. Gêmeos - 21/05 a 20/06 Sagitário - 22/11 a 21/12 A gargalhada de Victor Hugo Se a primeira parte de 2014 não foi das mais tranqüilas, também foi de consolidação, criando uma rotina para começar com o pé direito 2015. De natureza otimista e social, este é o signo da justiça, que luta pelos fracos e oprimidos, que também impõe a lei com seu exemplo e seu julgamento. Entrada – Salpicão Light Pratos Principais – Ave Fiesta ao molho de laranjas e farofa fria Sobremesas - Sobremesa dos anjos e arranjo de frutas da época “Para os peixinhos do aquário, quem troca a água é Deus.” Câncer - 21/06 a 21/07 Capricórnio - 22/12 a 21/01 Dezembro vai trazer mais emoção e otimismo. Mudança na rotina são importante, mas veja se elas não o levarão para rumos diversos do que desejava para sua vida. Seu forte instinto de sobrevivência vai funcionar muito bem em 2015, colocando você a salvo de quem só critica ou quer colocar seu astral para baixo. Ave Fiesta ao Molho de Laranjas “A gargalhada é o sol que varre o inverno do rosto humano.” Os peixinhos do aquário de Mario Quintana “A verdadeira função do homem é viver, não existir.” Função do homem de Jack London “Tenha cuidado com a tristeza. É um vício.” Cuidado com a tristeza de Gustave Flaubert Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende. Mestre de João Guimarães Rosa FASES DA LUA Janeiro 2015 Cheia | 05/01 Minguante | 13/01 Nova | 20/01 Crescente | 27/01 HUMOR 15 Conhecer seus limites e respeitá-los irá fazer de você alguém melhor e mais atualizado com seu momento presente, abandonando quimeras e ilusões a respeito de suas Comece o ano com aspirações fortes e otimismo. Olhe para trás e veja o que realizou e conquistou até o momento. Se mantenha tranqüilo na direção do futuro. Ano novo de Carlos Drummond de Andrade SAÚDE www.portalctb.org.br LANTÔNIO C. BRANCO - ASTRÓLOGO e filósofo Faça atividades sociais e aproxime-se de pessoas espontâneas e entusiasmadas com o que fazem, assim você terá um escudo contra a melancolia e o pessimismo. Seja e aconteça em 2015. Você poderá conquistar amizade e respeito usando a sua originalidade e criatividade especialmente se seguir a intuição. DEZ.2014 COTIDIANAS DO OHI CEIA DE NATAL LIGHT Ingredientes: 1 ave de 3,2 a 3,6 kg | 1 copo de suco de laranja | 3 colheres (sopa) de margarina derretida. Modo de Preparo: Deixe a ave marinando no molho de laranja por 30 minutos. Aqueça seu dourador de microondas de 12 a 14 minutos, em potência alta. Coloque a ave, virando de 5 em 5 minutos, depois acrescente o suco com margarina e asse por 40 a 50 minutos, sem tampa, no microondas. Farofa de 3 Farinhas Ingredientes: 2 cenouras cruas ralada | 2 pimentões, um verde e um vermelho, picados | 1 cebola picada | 1/2 xícara (chá) de azeitonas picadas; cheiro verde bem picado | 1 xícara (chá) de farinha de mandioca | 1 xícara (chá) de farinha de rosca | 1 xícara (chá) de farinha de milho | suco de limão | 3 ovos cozidos e picados | 1/2 copo de vinagre | óleo e sal a gosto. Modo de Preparo: Misture e já está pronto. Salpicão Light Ingredientes: 2 cenouras raladas | 1 chuchu cozido | uvas passas brancas sem sementes (a gosto) | 2 maçãs verdes descascadas e picadas | nozes picadas (a gosto) | salsinha e cebolinha picadas (a gosto) | 1 xícara de salsão picado | 1 xícara de erva doce picada | champignon picado (a gosto) | Alface picada fininha | 2 peitos de frango cozidos e desfiados | 1/2 kg de presunto, sem gordura ou light, fatiado | 300 g de queijo cottage em cubos. Molho: 1/2 xícara de leite desnatado ou iogurte desnatado; 1 colher de suco de limão; 1/2 colher de mostarda; 1/2 colher de molho inglês; sal e pimenta (a gosto); 1 ovo cozido; 1 clara de ovo cozida. Modo de preparo: Temperar o champignon, a cenoura, o chuchu, a erva doce e o salsão com limão, sal, azeite e uma pitada de mostarda. Bater todos os ingredientes do molho no liquidificador até dar o ponto da maionese. Montar o prato com todos os ingredientes, exceto a alface e o presunto, com o molho já pronto. Enfeitar com a alface em volta e decorar com o presunto enroladinho. Sobremesa dos Anjos Ingredientes: 4 caixas pequenas de gelatina light, sabor cereja | 1 xícara (chá) de água quente | 1 lata de leite condensado light | 1/2 lata de creme de leite light | 500 ml de leite desnatado. Modo de preparo: Dissolva a gelatina na água quente. Junte o leite condensado, o creme de leite e o leite. Misture tudo e leve em forma decorada à geladeira, por 3 horas. Desinforme e decore como desejar. A ceia de Natal é cercada de tentações que prometem acabar com qualquer dieta. Depois de várias fatias de pernil, maionese, farofa e um pavê de panetone de sobremesa, o peso na consciência (e na balança) é certo. A falta de moderação pode comprometer não só a aparência, como também a saú- de, principalmente daqueles que sofrem com diabetes, hipertensão ou problemas cardiovasculares. Essas pessoas devem evitar certos alimentos, como rabanada, tender, pernil e chester. As gorduras nesses alimentos se acoplam às veias e artérias, propiciando o surgimento de doenças cardiovasculares. Seguem algumas dicas para deixar sua ceia mais leve e saudável: O peru é menos calórico que o tender A ceia de Natal é recheada de carnes que não costumam fazer parte da alimentação diária. Para não exagerar, fique atenta ao tamanho das porções e sempre retire a pele. Quanto às calorias, o peru é a melhor opção. Fique de olho na farofa A farofa, acompanhamento obrigatório, pode ser bastante calórica. Prepare uma farofa leve usando cenoura ralada, ovos e ingredientes da época, como uva passa e castanha. Prefira panetone de frutas Para comer essa delícia sem ficar com peso na consciência, é só fazer a escolha certa. A versão com frutas cristalizadas é a menos calórica e, por isso, a melhor pedida. Ela tem 270 kcal a cada 80 g, enquanto a versão de chocotone apresenta 317 kcal e um trufado pode chegar a 400 kcal. Salada Esqueça a maionese. Prepare uma salada grande e colorida, com diferentes tipos de alface, rúcula, cenoura, tomate cereja e mussarela de búfala. Para temperar, deixe na mesa apenas azeite, vinagre e sal. Utilize produtos light Invista em produtos light no preparo dos alimentos. Requeijão, maionese, margarina, creme de leite e leite condensado com menor valor calórico vão fazer uma grande diferença na conta final de calorias ingeridas. Cuidado com o álcool Para quem sabe que vai exagerar nas refeições de fim de ano, o ideal é ficar longe das bebidas alcoólicas, pois elas aumentam o valor total da ceia. Uma latinha de cerveja tem 150 kcal e uma taça de vinho, 125 kcal. Desafio final: sobremesa Não vale escorregar na hora da sobremesa. Em vez de cair de boca nos doces, invista nas frutas da época. Faça uma cesta repleta de lichia, fruta-do-conde, ameixa, cereja, romã e uva. 16 OLHO CRÍTICO COTIDIANO www.portalctb.org.br DEZ.2014 olho CIDADÃO Em Constante Evolução por Raul duarte Na foto acima, um projeto cobre a fachada da Catedral da Sé com diferentes imagens ao longo da noite. O projeto “Natal Iluminado” é realizado pela Prefeitura de São Paulo com o objetivo de deixar a capital paulista mais iluminada e decorada. Com inauguração em 29 de novembro, a projeção de imagens sobre a fachada da Catedral coincide com o início do Advento, tempo litúrgico de preparação para a solenidade do Natal. (Foto: Joca Duarte/Arquivo LUZ) de olho Nos seus direitos MAGNUS FARKATT - ADVOGADO E CONSULTOR JURÍDICO Relatório da CV vê crimes contra a humanidade na ditadura A dura novela em torno da Lei da Anistia (6.683/79), que confere perdão a todos os crimes políticos cometidos durante a ditadura militar, tortura e assassinato inclusos, recebeu mais um capítulo neste mês de dezembro. Com a finalização do relatório da Comissão Nacional da Verdade, o governo reconheceu legalmente que cometeu crimes contra a humanidade durante o período entre 1964 e 1985, com ao menos 439 pessoas mortas pelo Estado e 377 militares responsáveis. A declaração é importante porque abre a oportunidade de reverter uma decisão de 2010 tomada pelo STF, quando a instituição considerou constitucional a Lei da Anistia. Provocada pela OAB, a batalha legal em torno da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 153 acabou em derrota para o direito dos torturados, mas deixou para trás um recurso que poderá reabrir o caso. Como o Relatório Final reconhece as agressões comprovadas como crimes con- tra a humanidade, e portanto imprescritíveis, essas barbaridades deixam de estar acobertadas sob o manto do tempo, abrindo caminho para novos processos criminais contra os torturadores. Além disso, este reconhecimento alinha o Brasil com os vários acordos internacionais que se comprometeu a seguir, como o de investigar e punir com rigor quaisquer crimes políticos. A partir deste momento, o mais importante para que ocorra alguma mudança na Lei é a pressão da sociedade civil. Apesar dos ares mais favoráveis, o STF só poderá fazer qualquer coisa a respeito se for provocado, e para tal é preciso haver pressão sobre os órgãos que poderiam levar esta batalha adiante. A boa notícia é que a maioria da população brasileira é a favor da revisão da Lei, segundo o Ibope. A má notícia é que a grande imprensa, que poderia ser o fiel da balança nesta polêmica, se posiciona hermeticamente contra a revisão da Anistia. O passado, para alguns, é melhor ficar esquecido. Vinícius Gestinari, 23, tem muito o que esperar para o ano que vem: finalmente, concluirá o curso de Engenharia Mecânica, um curso gratificante e “muito cansativo”. Trabalha já há quatro anos na Mercedes, em São Bernardo do Campo - entrou lá pelo Senai, recém-saído do colégio, e espera que sua graduação ajude. “As coisas não estão muito fáceis não. Tem pessoas sendo demitidas, o ritmo está diminuindo... Tem que melhorar ano que vem”. Vê a política de forma crítica e até um pouco receosa: “um certo medo pela instabilidade política, esse Congresso aí... E essas manifestações da direita... Mas acho que o governo consegue contornar os problemas”. Sem saber se será efetivado, não desiste de alguns sonhos: “O que queria mesmo era abrir uma oficina própria de carro antigos, aqueles charmosos e potentes”. Doente por futebol, segue a trilha da família e “ainda bem” que é Palmeirense. “É o maior clube do Brasil em termos de títulos. História não se apaga”. E nessa área, quais as expectativas para o ano que vem? “Ah, tem que arrumar a casa. Quem sabe não conseguimos um Paulista?”. Compartilhe sua experiência Já viveu ou presenciou fatos engraçados, tristes e alegres? O Olho Crítico irá dedicar este espaço para você! Compartilhe sua experiência: [email protected] | (11) 3106.0700.
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