pesquisa histórica do teatro em blumenau
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pesquisa histórica do teatro em blumenau
Fundo Municipal de Apoio à Cultura de Blumenau Conselho Municipal de Cultura de Blumenau Fundação Cultural de Blumenau e Prefeitura Municipal de Blumenau apresentam: PESQUISA HISTÓRICA DO TEATRO EM BLUMENAU – I Sabrina Moura Blumenau 2011 1 Apoio: 2 Dedicação A todos àqueles que direta ou indiretamente contribuem para a vida do teatro em Blumenau. “Há homens que lutam um dia, e eles são bons. Há outros que lutam um ano e são melhores. Há homens que lutam muitos anos e são muito bons. Porém há homens que lutam toda a vida. Esses são os insubstituíveis” Bertolt Brecht 3 Agradecimentos Agradeço ao Conselho Municipal de Cultura, à Fundação Cultural de Blumenau e à Prefeitura Municipal de Blumenau, que através do Fundo Municipal de Apoio à Cultura viabilizaram esta pesquisa. Com muito carinho agradeço também aos meus amigos de trabalho da Cia Carona de Teatro, em especial ao Léo Kufner, que aceitou ser meu parceiro neste projeto. Aos colaboradores do Arquivo Histórico de Blumenau, em nome da professora Sueli Petry, que sempre me atenderam solicitamente. À Vera Barkow, que carinhosamente corrigiu meus escritos. E por último, não menos importante, ao Fabrício Theiss, meu parceiro incontestável. 4 Um olhar para o ontem buscando entender o hoje. A presente pesquisa propõe analisar as raízes do fazer teatral em Blumenau e os seus reflexos nos dias atuais. “Do rio se diz ser violento, mas o leito do rio, que o comprime, ninguém chama de violento.” Bertolt Brecht 5 A arte teatral se faz presente em quase toda a história blumenauense; poder-se-ia dizer que o teatro veio praticamente na bagagem dos imigrantes da cidade. Wilhelm Friedenreich, Heinrich Pettermann, Jacob Louis Zimmermann, Jayme Dittmar, Rudolph Oswald Hesse, Victor Gärtner e Victor von Gilsa2. O responsável por essas bagagens se chama Hermann Bruno Otto von Blumenau. Depois de obter do governo imperial uma área de terra para exploração, começa seu projeto de iniciativa privada, que consiste em instituir uma colônia agrícola em terras brasileiras, com mão de obra europeia. Adotou-se o ano de 1850 como data de fundação da cidade, por marcar o começo de um projeto de colonização, mas isso não quer dizer que as pessoas chegadas nessa época eram as primeiras a povoarem a região. Mesmo assim, são elas as grandes responsáveis pelo desenvolvimento da colônia, e especialmente do teatro. Mesmo antes da existência de um lugar oficial de cultura, as expressões artísticas já faziam parte das manifestações comemorativas ou familiares desde os primeiros anos da colônia. Pequenas cenas teatrais, geralmente do gênero cômico, os couplets 1, eram apresentadas nessas ocasiões. Os responsáveis por esses feitos eram alguns apaixonados pela arte, que se reuniam na casa de Johann Thomas Reinhardt para ler textos, poesias, ensaiar pequenas apresentações, etc. Esses eventos eram esporádicos. A população, que não passava de 943 habitantes, vislumbrou, em 1859, a possibilidade de ter um lugar para se divertir. Nesse ano, algumas lideranças se mobilizaram para idealizar esse espaço: uma sociedade recreativa, com atividades culturais, de caça e tiro, a fim de colorir o cotidiano de um lugar embrionário. Intitulada Schützengesellschaft Blumenau, ou Sociedade de Atiradores de Blumenau, recebeu como data oficial de fundação o dia 02 de dezembro de 1859, data da primeira festa e feriado na colônia em função do aniversário do D. Pedro II. Sua sede foi construída em terreno doado pelo próprio Dr. Blumenau, no lote número 19, atualmente Rua Alwin Schrader 415, com o nome de Tabajara Tênis Clube. Seus fundadores foram Carl 1 Em português dístico: um grupo ou estrofe de dois Versos. Pode ser encontrado em diversas composições literárias, mas é comumente visto em poemas Antigos Blumenauenses - Fonte: Arquivo Histórico As primeiras instalações ainda bastante rudimentares contaram com a colaboração de muita gente, que no início trabalhou pesado para limpar o terreno. Das árvores tombadas provinham os bancos e possíveis estruturas para sustentar a cobertura de palha das barracas improvisadas. Até o dia da inauguração, não economizaram esforços para garantir o sucesso do evento. Um empréstimo de 10 mil réis, concedido pelo comerciante Spierling, contribuiu para os primeiros investimentos: aquisição de medalhas, confecção da bandeira da 2 KORMANN, Edith. Blumenau: arte, cultura e as histórias de sua gente (1850-1985). Florianópolis: Paralelo 27, 1994. 6 Sociedade de Atiradores, construção das barracas de tiro a alvo, entre outros. A verba seria paga ao Sr. Spierling através das mensalidades e dos lucros provenientes das festas. Obedecendo à filosofia na qual foram criados os ideais da sociedade, as atividades eram escolhidas por afinidades. Esse pensamento democrático agradava a todos, principalmente ao grupo de aspirantes a atores, que já vinha se reunindo na casa do Sr. Reinhardt. Agregando novos integrantes, a maioria senhoras, deram continuidade às atividades teatrais da Sociedade, agora de maneira mais articulada. A Sociedade de Atiradores foi o impulso motivador para o grupo se organizar e dar sequência às ações artísticas que já realizavam de maneira despretensiosa3. Em suas primeiras participações nos festejos, o grupo continuava a apresentar pequenas cenas. Montar um espetáculo teatral, na sua totalidade, com os subsídios “disponíveis numa Colônia que estava galgando seus primeiros degraus”, era uma tarefa no mínimo peculiar, mas gradativamente os integrantes do grupo foram trabalhando para atingir esse objetivo. Em 1860, a “colônia” foi adquirida pelo governo imperial, pois o fundador passava por dificuldades financeiras. Dr. Blumenau, como ficou conhecido, continuou como diretor da “colônia” por mais de 30 anos, e viu seus objetivos iniciais mudarem de rumo. As atividades agrícolas não alavancaram, devido às constantes chuvas e enchentes que prejudicavam as plantações. Em compensação, o setor industrial se desenvolveu rapidamente. Na segunda festa da Sociedade, algumas barracas ofereciam cenas curtas de humor - performances/intervenções, usando termos mais contemporâneos. Conforme relata o livro “Dos Camarins ao grande Espetáculo”, a “Barraca do Bugre” é citada como destaque, por ser protagonista de um episódio que provocou muitas risadas do público. 3 Baumgarten, Christina. Dos camarins ao grande espetáculo :145 anos de história do Teatro Carlos Gomes. Blumenau: HB Editora, 2006. Um homem de estatura grande interpretava um selvagem. Com o corpo todo pintado, enrolado numa enorme pele de tigre, usava na cabeça uma tiara com duas penas coloridas. Na mão, trazia um arco e flechas, das quais pingava um líquido avermelhado, anunciado aos espectadores como venenoso, bastando apenas o contato físico para provocar a morte instantânea. Em determinados momentos o intérprete dançava e pulava, soltando gritos de guerra, com caretas pavorosas, que assustavam as crianças e faziam rir os adultos conscientes da representação. O auge da performance foi o momento em que o formidável selvagem comia carne crua e tomava uma caneca de “sangue”. A encenação agradou bastante ao público, mas o que ocasionou ainda mais comicidade para a situação foi possivelmente o fato de o ator ter utilizado bebida alcoólica para representar o “sangue”, caindo no mais profundo sono durante a apresentação. Mesmo com o sucesso das performances, o que marcou a segunda festa da Sociedade de Atiradores foi a apresentação teatral. Provavelmente o espetáculo não era montado na íntegra, pois os registros mostram que a primeira peça do grupo teatral foi encenada apenas em 1864. O que não tira o mérito dos participantes, que ensaiaram durante meses para se apresentar no evento. Roese Gärtner - Fonte: Arquivo Histórico de Blumenau Entre os integrantes desse grupo havia uma mulher chamada Rosalie Julie Auguste Sametzki, que geralmente conduzia os ensaios. Mais do que comandar as encenações, 7 Rose, como era conhecida, marcou a história teatral da cidade, sendo uma mulher muito à frente de seu tempo. associados formavam uma corrente de apoio, ou seja, tinham condições de colaborar financeiramente para as produções teatrais. Nascida em 12 de maio de 1842, na região da Silésia, Alemanha, veio para Blumenau aos 13 anos. Ainda com esta idade casou-se com um oficial prussiano, de nome Von Loepper. Infelizmente - ou felizmente - o casamento não deu certo. Muito diferentemente das atitudes tomadas pelas mulheres dessa época, Rose se separou, dando origem ao primeiro divórcio de que se tem notícia na colônia. Dentro dessa realidade, as cenas curtas evoluíram para grandes espetáculos. O primeiro, “Der gerade Weg ist der beste” (O Caminho Reto é o Melhor), apresentado em 1864, contou com Rose como protagonista. O elenco não economizou energia para elevar o espetáculo. Para garantir que nada fosse esquecido, utilizaram como recurso o “ponto”. Carl Wilhelm Friedenreich assumiu a função de ditar em voz baixa o texto; caso alguém fosse surpreendido por uma súbita perda de memória, tudo estaria sob controle. O público, que lotou o pequeno salão da Sociedade de Atiradores, aprovou o resultado. A dedicação dos amadores foi elogiada dias depois no jornal de Joinville, Kolonie Zeitung, pelo pastor Oswaldo Hesse: Provavelmente por ter recebido uma educação mais apurada até a adolescência, Rose se mostrava uma pessoa engajada no movimento artístico, mais especificamente o teatro. Foi uma das maiores estimuladoras do grupo teatral. A jovem, de apenas 18 anos, não media esforços para dar continuidade às atividades do grupo. Em 1860, sob sua direção, foi fundada oficialmente a Sociedade Teatral Blumenauense, na ocasião, Theaterverein Blumenau, que continuou a desenvolver suas atividades dentro da Sociedade de Atiradores. Como diretora, Rose mostrava-se exigente, ensaiava com seus atores amadores com frequência e exaustivamente e, se preciso fosse, passava de casa em casa pessoalmente para arrecadar fundos para o teatro. Tamanho engajamento e fervor permitiram aos participantes conquistar seu espaço, atraindo admiradores, como foi o caso da casa comercial Meyer & Spierling, que prontamente apoiou o grupo. Outro fator que contribuiu para que Rose pudesse dedicar-se assiduamente ao fazer teatral, além do seu amor ao teatro, foi o fato de ter adquirido o sobrenome Gärtner, em 1865. Seu segundo marido, Victor Gärtner, cônsul da Prússia e sobrinho do Dr. Blumenau, era um homem de posses e apoiava as iniciativas da esposa. Mesmo no âmbito amador o teatro necessita de subsídios. Independentemente da boa vontade das pessoas que se dedicavam aos ensaios e às apresentações, algumas funções, como figurinos e cenário, dependiam de recursos. Como se tratava de uma sociedade privada, algumas questões se tornavam mais fáceis. Os próprios “Nesta primeira peça, o trabalho de conjunto de atores foi notável. Notava-se durante toda a apresentação nada de debutantes de braços e pernas rígidas e sim uma notável naturalidade, onde cada ator mostrava sua capacidade, principalmente na comédia”. 4 O reconhecimento é um estímulo e uma recompensa para a maioria dos artistas, sejam eles amadores ou profissionais. Para tanto, faz-se necessário que as pessoas assistam à obra. Se nos reportarmos para a Blumenau de hoje, público e formação de plateia são temas vigentes da realidade teatral, que luta constantemente para atrair as pessoas ao teatro. Evidentemente estamos falando de épocas muito distintas, mas é fato que a Sociedade Teatral tinha seu público garantido. As pessoas colaboravam para a produção teatral, justamente com a intenção de apreciar. Os espetáculos faziam parte de um movimento de interesse comum entre os associados, e mesmo que contribuíssem apenas com a presença, o espírito coletivo entendia a obra como sendo de todos. Por isso, “O Caminho Reto é o Melhor”, marcou o início de uma série de produções teatrais. O teatro ganhou o gosto cultural blumenauense, passando a fazer parte da vida social da população; mais particularmente das pessoas que tinham acesso à Sociedade de Atiradores. 4 Baumgarten, Christina. Dos camarins ao grande espetáculo :145 anos de história do Teatro Carlos Gomes. Blumenau: HB Editora, 2006. 8 Contagiados pelo sucesso da primeira apresentação, o grupo de teatro se preparou com mais uma peça para saudar o novo ano. Basicamente cinco meses depois do primeiro espetáculo, a plateia pode conferir a nova montagem do grupo: “Verwunschene Prinz” (Príncipe Amaldiçoado). Desta vez, a opinião do pastor Oswaldo Hesse não foi muito positiva: segundo ele, o texto não estava bem memorizado, o que dificultou uma boa interpretação. As únicas fontes sobre o desempenho dos atores são as criticas do pastor; este fator – o desempenho - pode ser fruto de uma realidade latente no teatro. Quando o grupo realiza uma peça que agrada ao público, a expectativa para a próxima obra é maior. Existe ainda a máxima de que quando a primeira apresentação é muito boa, a segunda corre o risco de não corresponder. Isso não é uma regra, mas no teatro a autoconfiança em excesso pode prejudicar o andamento do espetáculo. Neste caso, estamos falando de uma segunda apresentação da mesma peça, o que não era recorrente na Sociedade Teatral Blumenau. As peças eram realizadas dentro da Sociedade de Atiradores, o público se restringia aos associados, ou seja, não fazia muito sentido repetir o espetáculo. Sendo assim, as atividades do grupo de teatro não cessavam, a apresentação da peça significava simultaneamente o fim e o começo de uma montagem. Rose e Victor Gärtner casaram-se nesse mesmo período. A união do casal beneficiou a Sociedade Teatral Blumenau, que passou a ensaiar no pátio ou no salão da casa de Rose, ambos os locais dotados de muito espaço. Dessa boa fase resultou um novo espetáculo, com figurinos notoriamente mais elaborados e o programa da peça publicado no jornal “Kolonie Zeitung”. Uma boa forma de encerrar o ano! Nos anos que seguem a última apresentação, existe uma lacuna na produção teatral. Apenas cenas cômicas foram apresentadas na festa de comemoração dos 10 anos da Sociedade de Atiradores; não existem registros de novas montagens teatrais. É possível que em outros momentos, outras performances tenham sido produzidas, mas a falta de informações nos leva a acreditar que a produção teatral foi bastante tímida nesse período. Possivelmente, dois fatores relevantes influenciaram essa realidade: estava em andamento a Guerra do Paraguai; tendo enviado soldados para representar a cidade, a população de Blumenau vivia momentos de tensão. O outro motivo está diretamente ligado ao fazer teatral: a construção do primeiro palco dentro da Sociedade de Atiradores. As apresentações supracitadas haviam sido realizadas até então ao ar livre, no jardim da Sociedade, contando apenas com a iluminação de lampiões - ou seja, as condições para realizar os espetáculos não eram as melhores. É possível, como ainda é comum na atualidade, que os integrantes do grupo estivessem engajados em viabilizar a construção de um espaço adequado para as apresentações. Desde o início, o objetivo da Sociedade de Atiradores fora agregar várias atividades, não se propondo a ser uma casa de espetáculos. Para tanto, o interesse e a responsabilidade em melhorar a estrutura para as apresentações teatrais cabiam à Sociedade Teatral Blumenau. “Théatron”, lugar de onde se vê. A própria definição da palavra teatro sugere um espaço, mais especificamente, físico. Este assunto, no que tange ao teatro, nos parece relevante desde os primórdios em Blumenau. Aproximadamente 10 anos após a fundação da Sociedade Teatral, os imigrantes construíram um palco. Um fato que nos causa orgulho e vergonha ao mesmo tempo, pois próximo de completar um século e meio da construção do primeiro palco privado, Blumenau ainda não tem um espaço público com condições adequadas para apresentações teatrais. Provavelmente, o palco construído na Sociedade de Atiradores ainda não correspondia ao ideal, mas a possibilidade de realizar os espetáculos em ambiente fechado fez aumentar a participação do grupo teatral nas comemorações da Sociedade. Não tardou muito para surgirem necessidades de estruturar melhor o espaço. Para arrecadar fundos, ações da Sociedade foram comercializadas. Rose, interessada em agilizar o processo, foi pessoalmente de porta em porta pedir adesão ao projeto. Dois anos 9 após a primeira construção, o espaço e o palco foram ampliados e as dependências ganharam camarins. O canto, concomitante ao teatro, foi uma atividade bastante praticada dentro da Sociedade de Atiradores, e o público pode apreciar as duas expressões artísticas no espetáculo “Cem Thalers de Salário”. Programação de nº 21 do Theatro Verein – Blumenau referenciando a peça “Cem Thalers de Recompensa” e baile. 10 Em 1877, foram comemorados os 25 anos de Blumenau, pois para Dr. Blumenau a data da fundação da cidade era 28 de agosto de 1852. Rose, juntamente com o grupo teatral, preparou uma opereta em homenagem ao município. A atitude audaciosa levara dois anos para se concretizar; os atores interpretavam mais de um personagem. Foi preciso muita dedicação e perseverança para sintonizar teatro, canto coral e dança num mesmo espetáculo. Felizmente, o grupo de Rose Gärtner não se intimidava com os desafios: Blumenau recebeu seu presente pelo jubileu de prata, a opereta “Preciosa”. O evento mobilizou a colônia; algumas pessoas vinham de muito longe, viajando de carroça praticamente por um dia inteiro para prestigiar a apresentação. “Preciosa”, além de ser uma grande produção teatral, foi o primeiro espetáculo a ser reapresentado na história do teatro blumenauense. A segunda apresentação ocorreu em 1878, por ocasião da visita do então Presidente da Província de Santa Catarina, Dr. Lourenço Cavalcanti de Albuquerque. Em 1880, Blumenau tornou-se município. Nesse mesmo ano a cidade foi vítima de uma enchente que destruiu pontes e estradas, causando sérios prejuízos à população e à administração pública. A Sociedade Teatral Blumenau, também atingida, perdeu parte dos cenários e livros. Evidentemente um acontecimento desses causa transtornos, mas a população blumenauense já mostrava seu espírito de superação. Apoiou-se no próprio teatro a fim de esquecer os aborrecimentos. Para simbolizar a retomada das atividades, apresentou a comédia “Der beste Ton” - (O Melhor Tom). A quantidade de montagens realizadas nos anos seguintes chega a surpreender. O gênero cômico é o mais montado pelo grupo, que realizou mais de 10 peças em um curto espaço de tempo. A intensa produção da Sociedade Teatral Blumenau fortaleceu ainda mais o grupo, que não hesitava perante seus objetivos. No dia 18 de janeiro de 1985, aconteceu uma reunião, constando da pauta o item número 5 - “A posição da Sociedade de Atiradores para com o Teatro”. 5 Percebe-se que a relação entre as duas Sociedades estava abalada. Não se tem registros do conteúdo da reunião, mas as divergências entre as Sociedades provinham da divisão do espaço. Para a maioria dos sócios da Sociedade de Atiradores interessava como entretenimento beber, jogar, rir e falar alto, o que não era compatível com as atividades do grupo de teatro. Esta é uma situação comum ao fazer teatral. Para a realização de um espetáculo, o silêncio da plateia é quase sempre essencial existe uma espécie de ritual para assistir a uma obra teatral. É compreensível que as pessoas não envolvidas com o teatro não compreendam suas necessidades, fato que, todavia, não ameniza a dificuldade de produzir os espetáculos num lugar onde os objetivos não convergem. Divergências à parte, a Sociedade Teatral Blumenau continuou a desenvolver suas atividades dentro da Sociedade de Atiradores. Ainda em 1885, o grupo teatral adota um novo nome: “Sociedade Teatral Frohsinn (Alegria)”. Os integrantes queriam manifestar seus sentimentos perante o bom desempenho do grupo. Compunha o quadro administrativo da Sociedade o Sr. Gustavo Salinger como presidente, Victor Gärtner, diretor, e Rose Gärtner na tesouraria. A parte artística - figurinos, maquiagem, cenários, iluminação, adereços e ensaios - era de responsabilidade de todos os integrantes do grupo. Até esse momento as peças eram oferecidas aos sócios sem custos, e dos convites constava a seguinte informação: “entrada com os conhecidos”.6 Como para tudo existe uma primeira vez, em 1886 foi a vez de cobrar ingressos. A não gratuidade nada tinha a ver com 5 KORMANN, Edith. Blumenau: arte, cultura e as histórias de sua gente (1850-1985). Florianópolis: Paralelo 27, 1994. 6 KORMANN, Edith. Blumenau: arte, cultura e as histórias de sua gente (1850-1985). Florianópolis: Paralelo 27, 1994. 11 a sustentabilidade do grupo, e sim, com a contribuição para a aquisição de um relógio para a Igreja Evangélica. A peça popular “Der Sonnenwendhof” (O Pátio do Solstício), custou aos cavalheiros associados 1$000, às damas 500 réis e para as crianças até 12 anos 320 réis. Em outras ocasiões o grupo usou da mesma ação para colaborar novamente com a Igreja Evangélica e com outras instituições. Para a despedida do grupo teatral da Sociedade de Atiradores, apresentaram o espetáculo “Último”. De fato, como o próprio nome sugere, marcou o fim das apresentações da Sociedade Teatral Frohsinn naquela sede. A incentivadora teatral Rose sofre uma perda abrupta neste mesmo ano. Victor Gärtner, seu marido, a deixa viúva, com oito filhos. Diante dessa situação assume os negócios da família, entre eles, o da agência dos vapores Progresso e Blumenau e da Companhia Fluvial. Rose mostrou-se uma exímia administradora. Apesar de não atuar mais como intérprete, continuou a exercer seu papel frente ao grupo, ensaiando e colaborando na produção dos espetáculos. Definitivamente, Rose Gärtner era uma mulher muito à frente do seu tempo. A Sociedade Teatral Frohsinn, perto de completar seus 30 anos, sustentava o desejo de ter um espaço próprio, mais adequado para as apresentações dos espetáculos. Enquanto essa vontade não se concretizava, restava ao grupo contribuir com o espaço em que estava inserido. Para tanto, uma peça foi apresentada com o objetivo de arrecadar verba para o caixa da Sociedade de Atiradores. Mesmo com as divergências vivenciadas pelas duas Sociedades, ao longo desses anos, os associados ainda vislumbraram a possibilidade de construírem uma nova sede em parceria. Logo esta idéia foi descartada, pois não conseguiam chegar a um consenso que viabilizasse dividir o mesmo espaço. Almejando um lugar reservado ao teatro, a Sociedade Teatral Frohsinn inicia sua caminhada sozinha. O primeiro passo foi adquirir o terreno da firma Meyer & Spierling, na antiga Rua das Palmeiras, hoje Alameda Duque de Caxias, atual prédio da CELESC. Repetindo a mesma estratégia da construção da primeira Sociedade, o investimento partiu de um empréstimo, cedido neste caso pelo Sr. André Rönicke. A dívida foi paga gradativamente, através dos recursos angariados nos eventos promovidos pela Sociedade. Fonte: Arquivo Histórico de Blumenau Não demorou muito para se concretizar o que antes parecia um sonho: o espetáculo “Ein toller Einfall” (Uma Ideia Maluca), marca a estreia do grupo no novo espaço. A peça foi escolhida propositalmente para fazer um trocadilho com a ideia de se construir um teatro. 12 A lacuna deixada por Rose logo foi preenchida por uma vontade de não deixar esmaecer no que ela própria acreditou e ao qual dedicou boa parte de sua vida: o teatro. O grupo reuniu forças e prosseguiu com as atividades da Sociedade. Gustavo Salinger assumiu a presidência, e por algum tempo Else Gärtner, filha de Rose, passou a colaborar nas produções teatrais. Teatro Frohsinn - Fonte: Arquivo Historico de Blumenau Na nova sede, o grupo adotou a prática de cobrar de seus sócios ingressos nas apresentações. Para assistir à peça “Uma Ideia Maluca”, por exemplo, o investimento era de 1$000 e os valores subiam de acordo com a inflação. Os eventos iniciavam com o espetáculo teatral, geralmente às 20h, e em seguida a realização do tradicional baile. Os primeiros anos do “Theater Frohsinn” não foram marcados por muitas produções: depois da peça “Mein Leopold” (Meu Leopoldo), por um determinado tempo não existem registros de novas apresentações do grupo. Nesse ínterim, a Sociedade Teatral Frohsinn perde uma das pessoas mais importantes e engajadas. Em 26 de dezembro de 1900, Rose Gärtner, vítima de um câncer no estômago, morre aos 58 anos. Alguns meses após a morte de Rose, a Sociedade Frohsinn apresentou “Im Weissen Rössl” (No Cavalinho Branco). Dessa vez os ingressos estavam mais caros, para cavalheiros 2$000 e para damas 1$000. Teatro Frohsinn - Fonte: Arquivo Histórico de Blumenau Para manter a sede, somente a bilheteria e as mensalidades dos associados não eram suficientes, razão pela qual o grupo adotou algumas mudanças gradativas para a manutenção do espaço. Uma das primeiras medidas foi abrir as portas da Sociedade Teatral Frohsinn para o público em geral. 13 do Frohsinn certamente desenvolveram ainda mais seus potenciais artísticos ao se apresentarem para públicos distintos. A produção teatral na primeira década do século XX não apresentou descontinuidade. Por mais insensata que pudesse parecer a ideia de ter um espaço próprio para o teatro, o empreendedorismo da Sociedade Teatral Frohsinn se mostrou muito eficaz. Consciente das poucas opções de lazer que existiam na cidade, incorporou os espetáculos teatrais a um acontecimento maior, com bailes, jantares, tudo com muito glamour. Ir ao teatro era mais do que apreciar a arte, era um evento. Teatro Frohsinn - Fonte: Arquivo Histórico de Blumenau 1 - Teatro Frohsinn - Fonte: Arquivo Histórico de Blumenau Q uando usamos a expressão “público em geral”, não quer dizer que o teatro se tornou acessível para toda a população. Assistia aos espetáculos quem podia pagar os ingressos, que custavam o que hoje corresponde a aproximadamente R$ 100,00 (homens) e R$ 50,00 (mulheres), ou seja, um teatro para poucos. Com esses valores, o público que frequentava a Sociedade Teatral Frohsinn provavelmente não era formado pelos operários das fábricas, mas pelos proprietários das mesmas. É bem possível que nessa época a classe menos favorecida não tinha conhecimento desses espetáculos. Essa medida de auto-sustentabilidade provavelmente gerou consequências no fazer teatral. Como as apresentações não se limitavam mais apenas aos sócios, se tornou comum alguns espetáculos serem reprisados. Reapresentar um espetáculo é um exercício bastante importante para o intérprete. Os atores amadores Fonte: Arquivo Histórico de Blumenau 14 possivelmente se dispersou depois de certo tempo, pois nos programas não constava mais o seu nome. Jantar Frohsinn - Fonte: Arquivo Histórico de Blumenau O teatro, embora bastante expressivo dentro da Sociedade, não era o único a ser promovido. Inúmeras atividades como concertos, apresentações de dança, bailes de máscaras, festas de trajes típicos entre outros, permeavam os acontecimentos. Era comum artistas de outros lugares, principalmente da Alemanha, se apresentaram no Frohsinn. Eventos envolvendo a música eram ainda mais frequentes que as apresentações teatrais, rendendo à Sociedade Frohsinn o mérito de ser nessa época o polo cultural da região. Até a presente data, o grupo fundado por Rose Gärtner é responsável por todos os registros teatrais de que temos conhecimento. Em 1906, é inaugurada a Sociedade Casa União de São José, de caráter religioso, tendo como objetivo servir de hospedaria para os colonos que vinham de longe para os festejos da igreja. Chegada de grupo teatral - Fonte: Arquivo Histórico de Blumenau Das poucas informações que se tem dessas manifestações teatrais, sabe-se que foram os precursores nas traduções das peças para o português. Geralmente, elas eram apresentadas em alemão e em seguida reapresentadas em português. Em outros momentos, a programação contava com espetáculos nos dois idiomas. Embora o grupo Frohsinn também fosse de caráter amador, suas atividades eram mais articuladas. A Sociedade Casa União São José era um hotel, onde os associados esporadicamente preparavam espetáculos para os eventos religiosos. A sede da organização contava com um palco, onde foram realizados alguns eventos, com diferentes apresentações culturais, inclusive espetáculos. De início, um grupo intitulado Sociedade Teatral União São José representava essa organização, que segundo Edith Kormann 15 Os dias ficaram ainda mais tensos quando o vapor brasileiro Paraná foi atacado por um submarino alemão, o que levou o Brasil a entrar na guerra em 1917. Várias manifestações populares aconteceram por todo território nacional, e o que era um movimento pacífico, virou uma perseguição a tudo e todos que tivessem descendência alemã. Diante desses fatos, nos anos de 1918 e 1919 não foi realizado nenhum espetáculo em Blumenau. Hotel Casa União São José - Fonte: Arquivo Histórico de Blumenau Perto de completar seus 50 anos, a Sociedade Teatral Frohsinn foi beneficiada por Frederico G. Buch com luz elétrica. Para comemorar essa grande evolução, dois espetáculos foram apresentados: “Der Mann mit den drei Frauen” (O Homem com as três Mulheres) e “Ein Berliner in Wien” (Um Berlinense em Viena). A Primeira Guerra Mundial (1914/1918) intimidou o teatro em Blumenau, na segunda década do século XX. Algumas manifestações teatrais ainda continuaram a acontecer durante esses anos, mas o número de espetáculos montados foi consideravelmente menor. Produções Teatrais - Fonte: Arquivo Histórico de Blumenau O fato de a Alemanha estar em guerra alterou o cotidiano dos habitantes de descendência germânica em Blumenau, e consequentemente a arte local. O Teatro Frohsinn teve as atividades suspensas em 1915. Segundo Kormann, foi noticiado em 22 de janeiro de 1915, no jornal "Blumenauer Zeitung", que os festejos comumente realizados no Teatro Frohsinn estavam suspensos. 16 A população blumenauense de origem germânica viveu dias difíceis nesse período. Existia uma vontade coletiva de que os hábitos e os costumes teutônicos prevalecessem em Blumenau. Não cabe a esta pesquisa aprofundar as questões teuto-brasileiras X nacionalismo, mas direcionar o olhar para o teatro dentro dessa realidade. A arte teatral é um meio de comunicação bastante potente, presenciar a um espetáculo pode ser uma experiência catártica para o espectador. Os espetáculos produzidos nessa época, por mais que não tivessem uma característica questionadora e crítica, colaboravam com os objetivos de perpetuar a cultura germânica. Dessa forma, o teatro não cumpria apenas a tarefa de divertir e entreter o público, mas o de enaltecer os valores da comunidade. Produções Teatrais - Fonte: Arquivo Histórico de Blumenau Fonte: Arquivo Histórico de Blumenau 17 A dramaturgia também reforça o predomínio germânico entre os autores identificados: em sua maioria são de língua alemã, inclusive escritores locais. Entre aqueles dos quais não foi possível encontrar bibliografia, muitas vezes o próprio nome sugere a descendência. Possivelmente alguns textos são oriundos do intercâmbio com a Alemanha. Muitas pessoas mantinham contato com seus parentes, outras visitavam esse país com certa frequência, ou seja, acessavam diretamente a cultura alemã da época. É provável, também, que muitos autores não tiveram seus nomes perpetuados na história da dramaturgia. Produções Teatrais - Fonte: Arquivo Histórico de Blumenau Com o término da Primeira Guerra Mundial, as Sociedades Frohsinn e Casa São José voltaram a apresentar os espetáculos em 1920. Nesse ano também veio a falecer Gustavo Salinger, participante ativo e de fundamental importância em toda a caminhada do grupo Frohsinn. A retomada no pós-guerra é o início de um período de constante produção teatral. O gênero cômico era ainda mais presente nos espetáculos. Coincidentemente, de 1900 a 1930, as comédias, mais especificamente as de costumes, também eram os gêneros mais montados no Brasil. Esta é uma mera coincidência, pois o teatro feito em Blumenau continuava a se espelhar fortemente na cultura teutônica. Um bom exemplo disso eram as críticas recebidas da plateia se os atores não utilizassem o dialeto alemão com domínio e veracidade. Dentro da pluralidade teatral, a música muitas vezes esteve inserida nos espetáculos do grupo Frohsinn, mas na segunda década do século XX, esse fato contou com a colaboração de um personagem que viria a transformar a arte blumenauense: Maestro Heinz Geyer. Em 1921, ele chegou a Blumenau com o intuito de visitar a cidade; a estada, prevista para ser passageira, durou aproximadamente 60 anos e influenciou diretamente o fazer artístico dos amadores da cidade. Entre as experiências do maestro consta a de sua orquestra ter sido regida por Richard Strauss em uma temporada pela Alemanha, e da existência de uma grande amizade com Arthur Rubinstein, considerado um dos melhores pianistas do século XX. Produções Teatrais - Fonte: Arquivo Histórico de Blumenau O talento de Geyer o levou rapidamente à função de regente da orquestra de cordas do 18 Seguindo o percurso histórico do teatro em Blumenau, vemos os seus altos e baixos. Se olharmos para a realidade dessa época, temos a impressão de ser este o auge do teatro. Sem dúvida, foi o período em que mais se produziu espetáculos, mas os musicais e as operetas são gêneros muito específicos, que podem distanciar da essência teatral: a interpretação. Produções Teatrais - Fonte: Arquivo Histórico de Blumenau Club Musical e da Banda da Sociedade Musical Lyra. Ambas passaram a ensaiar na sede do Teatro Frohsinn e, mais tarde, a fusão dos dois grupos deu origem à Orquestra da Sociedade Teatral Frohsinn. O engenho e a ousadia de Geyer eram algo inusitado. Muitas foram as montagens nas quais o maestro incorporou a música ao teatro e à dança, dando aos espetáculos uma identidade nova. A musicalidade complementava a cena, o potencial de sensibilização dessas duas expressões artísticas era explorado com inteligência e competência. As operetas e os musicais passaram a ser encenados com certa frequência, para o deleite da plateia, que aplaudia o resultado. As novidades introduzidas pelo maestro fomentaram ainda mais a vida cultural da cidade e região. Geralmente as apresentações faziam muito sucesso, se tornando comum reprisar os espetáculos, como foi o caso da peça "Der Zunftmeister von Nürnberg" (O Mestre Sindical de Nürnberg), em 1927, que recebeu aplausos fervorosos na primeira apresentação. As evoluções atribuídas aos espetáculos nesse momento não são diretamente ligadas ao ofício de interpretar. A contribuição dada pelo Maestro Heinz Geyer ao teatro é relevante, mas não podemos deixar de considerar que, nas peças dirigidas pelo maestro, provavelmente prevalecia a música. É fato que os associados e frequentadores da Sociedade Frohsinn vivenciaram um berço cultural com nível bastante elevado. A relação próxima com a Europa, mais particularmente com a Alemanha, favorecia aos imigrantes e descendentes ampliar seus conhecimentos. Mas Heinz Geyer - Fonte: Arquivo Histórico de Blumenau percebe-se também que as pessoas apreciavam, e muito, a pompa que envolvia esses acontecimentos artísticos. Quanto mais espetacular fosse um evento, tanto mais agradaria aos sócios e à elite que frequentava a sociedade. 19 Contrariando um pouco o dito popular “gosto não se discute”, dentro da realidade supracitada o teatro corria o risco de virar pretexto. O período pesquisado por este estudo mostra que o ofício de interpretar estava inserido numa prática amadora, cujos integrantes parecem não ter tido interesse em aprofundar os conhecimentos teatrais. Contudo, observa-se uma evolução no que tange à estética do espetáculo. A música, agregada ao teatro, muitas vezes colabora consideravelmente para sensibilizar a plateia, o que não significa que o mérito seja dos atores. Não duvidamos da competência amadora dos intérpretes, mas provavelmente o sucesso dos espetáculos estava mais relacionado ao talento de Geyer do que ao empirismo teatral. Os anos trinta do século passado deveriam corresponder à continuidade dessas grandes produções teatrais, mas alguns fatores colaboraram para dificultar esse percurso. Um deles foi a medida tomada pelo prefeito provisório Antonio Candido de Figueiredo, adotando a cobrança de taxas para apresentações de espetáculos teatrais, o que diminuiu o interesse pelas montagens. Esta é a primeira intervenção da iniciativa pública na atividade teatral em Blumenau. Aqui vemos uma inversão clara da atitude dos governantes municipais para com a arte cênica. A relação “público e privado” começa equivocada na história teatral da cidade. O teatro, se desenvolvendo praticamente dentro do setor privado e exclusivamente para uma elite monetária aparentemente cultural, passa a ser encarado como fonte de lucro por ambas as iniciativas: pública e privada. Vale ressaltar que no caso do Frohsinn, o lucro é revertido para a própria Sociedade. Todas as promoções realizadas são para manter o patrimônio e proliferar as ações culturais para os associados e frequentadores. Independentemente de seu caráter privado, dos invólucros sociais e de como lidavam com o fazer teatral, o fato é: produziam teatro. Ao que tudo leva a crer, os valores cobrados pela iniciativa pública nada tinham a ver com a ideia de reverter a verba em ações que promovessem o acesso da população ao teatro. Possivelmente a próspera situação do Teatro Frohsinn suscitou nas autoridades locais a ideia de que o município deveria participar desse movimento, mais especificamente do lucro que geria. A cidade era um polo cultural, artistas internacionais se apresentavam aqui, grandes espetáculos eram produzidos. A arte caminhava muito bem “sozinha”, poderia inclusive colaborar com os cofres públicos. O que não era levado em consideração pela elite que sustentava a arte privada e pelos produtores da mesma, era o fato de que Blumenau não se resumia apenas a estes grupos sociais. São quase nulas as manifestações teatrais fora do Teatro Frohsinn até o referido período desta pesquisa, exceto a Casa União São José. Quando encontramos algum raro registro, trata-se geralmente de relatos de um determinado evento que cita uma apresentação teatral dentro de sua programação. Na ausência de outros detalhes e esclarecimentos, somos levados a concluir que essas montagens tenham sido fruto de atividades promovidas esporadicamente em alguma escola, igreja, etc. A história da arte teatral blumenauense continuava a ser escrita pelos associados e frequentadores do Frohsinn, que prosseguiam com constantes programações artísticas. Obedecendo à preferência por autores alemães, Johann Wolfgang von Goethe recebeu uma homenagem no centenário de sua morte. O evento contou com apresentações de cenas, peça musical, espetáculos e conferência sobre o autor. A ativa participação do Club Musical, sob regência do Maestro Geyer, foi reconhecida e agregada à Sociedade, passando a denominar-se “Sociedade Musical e Teatral Frohsinn”. Com essa alteração, Nanny Pöthlig ficou encarregada da direção teatral do grupo. Apesar de haver poucas informações, o nome de Nanny é bastante presente nas produções teatrais do século XX. Assumiu inclusive responsabilidades de gestão na Sociedade, na ausência do presidente Gustavo Salinger. As montagens dos espetáculos seguiram com raras expressões não germânicas, nem mesmo o tão aclamado William Shakespeare teve sua obra montada na íntegra. Representando uma 20 exceção, apenas algumas cenas de Hamlet foram encenadas no palco do Teatro Frohsinn. O grupo teatral, até o momento pesquisado, não incluía em suas encenações textos clássicos. O gênero cômico, que se destacava entre as montagens, por exemplo, não agregou as sátiras de JeanBaptiste Poquelin, mais conhecido como Molière. Um dos mais expressivos dramaturgos, encenadores e poetas alemães, Bertolt Brecht, não foi levado ao palco pelo Teatro Frohsinn. Brecht influenciou fortemente o teatro contemporâneo e é considerado uma das figuras mais importantes da arte teatral mundial. Apesar da proximidade com a arte produzida na Alemanha, o grupo teatral blumenauense não mostrou interesse pelas peças desse autor. Podemos concluir que a produção teatral blumenauense desse período se ajustava aos princípios de uma cultura teutônica bastante conservadora. O teatro, além de servir exclusivamente para entreter, apresentava o pensamento retrógrado de um povo que, passados mais de oitenta anos, ainda se apegava à tradição cultural trazida pelos imigrantes de sua pátria de origem. Essa realidade que sustentava a arte teatral contraditoriamente também foi um dos motivos a contribuir para intimidar a produção de espetáculos nesse período. As taxas cobradas para as apresentações de teatro não foram os únicos fatores responsáveis para a diminuição das montagens teatrais, outros acontecimentos importantes influenciaram a tímida produção. Concomitante aos acontecimentos da década de trinta, a difusão da ideologia nazista permeava o mundo. Em função disso, o espírito nacionalista ganhou força em vários países, inclusive no Brasil. Em Blumenau não foi diferente: antes mesmo de eclodir a Segunda Guerra Mundial, a cultura germânica já sofria as consequências do conflito, através da política de nacionalização aplicada por Getúlio Vargas. Um momento bastante delicado para o teatro blumenauense; mesmo diante desses empecilhos, realizou algumas montagens, mas é perceptível pelo número de espetáculos apresentados o quanto esses acontecimentos causavam uma tímida produção teatral Fonte: Arquivo Histórico de Blumenau Apesar de os espetáculos de teatro serem menos frequentes na programação do Teatro Frohsinn, os eventos não cessavam. A sede, adquirida há 40 anos pela Sociedade, não era mais compatível com a quantidade de pessoas que participavam dos acontecimentos promovidos. Já há algum tempo os associados pleiteavam construir um novo prédio para as instalações da Sociedade. Segundo o livro “Dos Camarins ao grande Espetáculo”, Curt Hering começou a idealizar esse projeto quando ainda exercia o cargo de prefeito de Blumenau. Em 1927, iniciou uma obra para conter o Ribeirão dos Padres, que passava justamente nos fundos do terreno onde futuramente pretendia realizar seu sonho: construir um imenso e belo teatro para a cidade. Algumas ações foram promovidas pela Sociedade para levantar recursos, a fim de contribuir para a aquisição do terreno e a 21 construção do novo prédio. Grandes festas foram organizadas, uma lista para doações, loterias, etc., mas o primeiro e grande passo foi dado mediante a doação da Cia. Hering, que cedeu o investimento necessário para a aquisição do terreno pretendido. Meses antes da inauguração da nova sede, a Sociedade Musical e Teatral Frohsinn passou a se chamar Sociedade Dramático Musical Carlos Gomes, atendendo às exigências da legislação vigente na época. Dessa forma, no dia 01 de julho de 1939, um grande evento marcou a inauguração da nova sede da Sociedade. A obra, ainda inacabada, já permitia antever as potencialidades do grande monumento que sediaria os futuros eventos culturais da cidade. Blumenau recebia o seu Teatro. Com base nas informações transmitidas nesta pesquisa, sabemos que o prédio construído pertencia aos associados da instituição. Tratava-se de uma iniciativa privada, Blumenau recebia seu primeiro teatro particular. Certamente que todo o movimento, todos os espetáculos, a própria sede construída pela Sociedade, são uma contribuição cultural importantíssima para Blumenau. Provavelmente as ações realizadas em prol do fazer teatral desde a fundação da cidade colaboraram para a realidade atual. - Aquisição do Terreno - Fonte: Arquivo Histórico de Blumenau Pouco tempo depois, dois fatores importantes deram início à tão almejada obra. O coral masculino Liederkranz foi incorporado à Sociedade Frohsinn e, em outro momento, o prédio da Sociedade foi vendido para a empresa Força e Luz de Santa Catarina S.A. Toda a nova construção no terreno adquirido contou com o apoio dos associados e empresas da região, que cediam ou emprestavam recursos. Durante a construção do novo espaço, as atividades da Sociedade Frohsinn passaram a acontecer novamente nas dependências da Sociedade de Atiradores. Com a intensa campanha de nacionalização, apenas uma peça foi apresentada nesse local, pois os espetáculos foram suspensos. A programação musical, para poder dar continuidade às atividades, alterou o repertório, que até então se compunha praticamente de compositores alemães. Fonte: Arquivo Histórico de Blumenau 22 A cidade conta atualmente com aproximadamente doze grupos de teatro, que formam a Associação Blumenauense de Teatro (ABLUTEATRO); com um curso universitário de Bacharelado em Teatro, da Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB); com dois festivais: Festival Internacional de Teatro Universitário de Blumenau e Festival de Teatro Infantil de Blumenau (FENATIB); com a Temporada Blumenauense de Teatro, promovida pela ABLUTEATRO; com cursos livres de teatro, oferecidos pelas escolas Carona Escola de Teatro e Espaço Plural, entre outras; com o Fundo Municipal de Apoio a Cultura, além de outras atividades pertinentes. A arte teatral contemporânea blumenauense se apresenta com certa expressividade, mas as dificuldades encontradas por cada atividade supracitada também são bastante expressivas. O teatro em Blumenau, por mais de noventa anos amador e privado, pena para se desenvolver profissionalmente através da iniciativa pública. Acreditamos que um dos motivos a colaborar para essa realidade é justamente o fato de o teatro ter sido produzido e bancado durante muito tempo por particulares. Seguramente, nos anos posteriores e não inclusos neste estudo, outros fatores colaboraram para o contexto atual, mas essa independência artística duradoura provavelmente influenciou a pouca participação do poder público em relação à produção teatral na cidade. Fonte: Arquivo Histórico de Blumenau O que os órgãos governamentais ainda resistem em entender é que o ofício teatral é uma profissão e que a cultura é um direito de todos que influencia diretamente a formação dos cidadãos. Economicamente, Blumenau se desenvolve muito bem, está entre os municípios mais ricos do país, mas esse fato não prevalece no teatro; pelo contrário, é preciso constantemente chamar a atenção para a desigualdade do acesso à cultura. Embora algumas leis de incentivo “garantam” à população o profissionalismo e a acessibilidade da produção teatral, no âmbito municipal existe apenas um edital que, embora represente uma grande conquista, não é suficiente para promover o teatro profissional na cidade. Como alternativa, os produtores culturais podem recorrer à lei Rouanet (Lei Federal 8.313). Considerada uma das mais expressivas e fomentadoras, ela permite às empresas disporem de 4% do imposto de renda para investimentos culturais em projetos aprovados pelo Ministério da Cultura. Assim descrita, essa lei parece simples, mas infelizmente a prática é outra. Ter o projeto aprovado não é difícil, complicado é 23 ficar à mercê da iniciativa privada para realizar as ações públicas. A porcentagem destinada por lei à arte fica sob o domínio dos empresários, que apóiam - quando apóiam - aquilo que corresponde aos seus interesses comerciais. Este é um tema relevante na política cultural do país; em se tratando do teatro blumenauense, a situação fica ainda mais amarrada. Em Blumenau e região, a maioria das empresas é liderada por descendentes dos antigos financiadores da arte local. Essa realidade promove um reflexo dos princípios dos séculos passados, ou seja, são patrocinadas atividades artísticas do seu próprio grupo, atendendo aos seus gostos e valores. Nada é impossível de mudar Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. E examinai, sobretudo, o que parece habitual. Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural, nada deve parecer impossível de mudar. Bertolt Brecht Existe um agravante ainda maior nessa situação: atualmente, há um equivoco em relação à procedência da verba. A lei Rouanet corresponde a recursos provenientes de impostos pagos pela população em geral; sendo assim, os benefícios deveriam reverter para todos os contribuintes, não apenas para um grupo específico. Dentro desse contexto, sobreviver de teatro, ou a sobrevivência do teatro em Blumenau, é uma luta diária. Por mais intensos que esses oitenta e nove anos de teatro blumenauense possam parecer, eles contribuem para uma resistência cultural em consolidar a profissão teatral. A ideia de um teatro amador, financiado por alguns favorecidos e destinado a poucos, ainda assombra a Blumenau contemporânea. Acreditamos que, conhecendo um pouco mais as nossas raízes ao direcionar nossos olhares para o ontem, poderemos entender e, porque não, transformar os dias de hoje. 24 25 Produção Teatral em Blumenau 25 Produção Teatral Blumenauense Século XIX Espetáculo “Der gerade Weg is das beste” (O Caminho Reto é o Melhor) “Verwunschenen Prinzen” (Príncipe Amaldiçoado). “LustigesbTrauerspiel” (Drama Alegre) “Cem Thalers de Salário” “A Espada de Dâmocles” Autor Observações Grupo Data August von Kotzebue Drama em três atos. Sociedade Teatral Blumenau --/09/1864 Sociedade Teatral Blumenau --/03/1865 Sociedade Teatral Blumenau --/11/1865 Sociedade Teatral Blumenau Sociedade Teatral Blumenau 09/07/1876 Idem Sociedade Teatral Blumenau 31/12/1877 Comédia. Sociedade Teatral Blumenau 13/04/1881 C. Tannenhofer Peça em um ato. Sociedade Teatral Blumenau 14/05/1883 Idem Idem. Sociedade Teatral Blumenau 15/05/1883 Louis Angely Comédia em cinco atos. Sociedade Teatral Blumenau 29/07/1883 Scribe-Lemoine Comédias em um ato. Sociedade Teatral Blumenau 21/10/1883 Idem. Sociedade Teatral Blumenau Idem Theodor Apel Comédia em dois atos. Sociedade Teatral Blumenau 31/12/1883 Ernst Schönfeld Peça em um ato. Sociedade Teatral Blumenau Idem Julius Rosen Comédia em três atos. Sociedade Teatral Blumenau 14/04/1884 Giovan Moser Comédia em um ato. Sociedade Teatral Blumenau 24/05/1884 J. Hutt Comédia. Sociedade Teatral Blumenau Idem H. Salinger Gustav Putlitz “Preciosa” “Der beste Ton” (O Melhor Tom) “Die Kaffeesiederin” (A Coadora de Café) “Das erste Weinachtsgeschenk” (O Primeiro Presente de Natal) “Die Reise” (A Viagem) “Der Weg durchs Fenster” (O Caminho Através da Janela) “Das Gänschen von Buchenau” (A Gansinha de Buchenau) “Junge Männer und alte Weiber” (Homens Jovens e Mulheres Velhas) Wie man sich irren kann” (Como a Gente Pode Enganarse) “Ein Shlechter Mensch” (Um Mau Sujeito) “Crise Hipoteka” (Hipoteca em Crise) “Das war ich” (Isto Fui Eu) W. Friedrich Drama medieval em quatro atos e um prólogo. Peça um ato com canto. Peça em um ato. Opereta reapresentada em 14 de junho de 1978. 26 Espetáculo “Ein moderner Barbar” (Um Bárbaro Moderno) “Eigensinn” (Obstinação) “Der Gefangene” (O Prisioneiro) “Heimlich” (Secreto) “Der Sonnwendhof” (O Pátio do Solstício) “Tantchen Unverzagt” (Tiazinha Intrépida) “Der Herrgottschnitzer Von Ammergau” (O Escultor Sacro de Ammergau), “Último” “Ein toller Ein Fall” (Uma Idéia Maluca) “Mein Leopold” (Meu Leopoldo) Autor Observações Grupo Data Giovan Moser Comédia reapresentada nos dias 1, 2 e 3 de dezembro. Sociedade Teatral Blumenau 19/10/1884 R. Benedix Comédia em um ato. Sociedade Teatral Blumenau Idem Kotzebue Peça em um ato. Sociedade Teatral Blumenau 18/04/1885 Peça em um ato. Sociedade Teatral Blumenau Idem S.H Mosenthal Peça em cinco atos. Sociedade Teatral Frohsinn C.A. Görner Comédia em três atos, reapresentada em 15 de janeiro de 1988. Sociedade Teatral Frohsinn 26/12/1887 Ludwig Ganghofer e Hans Neuert Peça popular em cinco atos. Sociedade Teatral Frohsinn 18/05/1891 Giovan Moser Karl Laufs A. Larronge Encerrando as atividades na Sociedade de Atiradores. Peça em quatro atos, reapresentada dia 10 de novembro do mesmo ano. Peça popular em cinco atos. Sociedade Teatral Frohsinn Sociedade Teatral Frohsinn Sociedade Teatral Frohsinn 12/09/1886 16/02/1895 26/10/1895 12/09/1897 27 Produção Teatral Blumenauense Século XX 1900 - 1910 Espetáculo “im Weissen Rössl” (No Cavalinho Branco) “Er ist Baron” (Ele é Barão) “Die Wunderquelle” (A Fonte Milagrosa) “O Rapto das Sabinas” “Frau Muller” “Senhora Muller” “Wenn man in Dunkeln Küst” (Quando se Beija no Escuro) “Lord Beumann in Behandlung” (Lord Neumann em Tratamento) “Ein Don Juan aus Familieenruecksichten” (Um Don Juan de Respeitável Família) “O Pátio do Solstício” “Eine Kranke Famílie” (Uma Família Doente) “Der Turmgeist Von Graunburg” (O Espírito da Torre de Graunburg). “Eine fideli Schulpruefung” (Um Divertido Exame Escolar). “Das Geprelkte Marktwei” (A Inauguração do Mercado dos Sonhos) “Die Zigeunerin” (A cigana) Autor Oskar Blumentahl e Gustav Kadelburg Observações Grupo Data Sociedade Teatral Frohsinn 26/05/1901 Rudolph Hahn Espetáculo cantado. Sociedade Teatral Frohsinn 18/05/1902 Sociedade Teatral Frohsinn 14/12/1902 Sociedade Teatral Frohsinn Sociedade Teatral Frohsinn 31/05/1903 03/04/1904 Sociedade Teatral Frohsinn Idem E. Mallachow e D. Elsner Sociedade Teatral Frohsinn 10/07/1904 M. Komisnski-Weiss Sociedade Teatral Frohsinn 25/12/1904 R. Hahn Sociedade Teatral Frohsinn Idem Sociedade Teatral Frohsinn 11/06/1905 Giovan V. Moser Sociedade Teatral Frohsinn 01/04/1906 Heinrich Hoube Sociedade Teatral de São José 01/11/1906 O espetáculo representava uma escola pública no começo do século XX. Sociedade Teatral de São José Idem Cenas cômicas de rua. Sociedade Teatral de São José Idem Sociedade Teatral de São José 25/11/1906 Felix Philipp Paul e Franz Schoentahn Giovan Moser Espetáculo em três atos. A primeira a ser apresentada para o “público em geral”. Peça em quatro atos. Peça em três atos. Sucesso apresentado em 1886. Autor desconhecido Autor desconhecido 28 Espetáculo Autor “Von Gottes Gnaden” (A Graça de Deus) Observações Grupo Data Apresentação com canto. Sociedade Teatral de São José Idem Sociedade Teatral Frohsimm 25/12/1906 Sociedade Teatral de São José 12/05/1907 Sociedade Teatral Frohsinn 19/05/1907 Idem Idem Sociedade Teatral de São José 09/08/1908 Sociedade Teatral Frohsinn 26/07/1908 “A Amazona” “Dein Sohn wird mein Rächer sein” (Teu Filho me Vingará) Richard Bertram “Der Vetter” (Oprimo) Roderich Benedix Wurst wider Wurst” (Lingüiça, outra vez lingüiça) “Rosa Von Tannenbug” “Der Mann mit den drei Frauen” (O homem com as Três Mulheres) “Ein Berliner in Wien” (Um Berlinense em Viena). “Der Hochzeitstag” (O dia do Casamento) “Es spukt” (Andam Duendes) “Dies Schulreiterin” (A Amazona na Escola) Peça em três atos. Josef Becks Ch. Von Schmid Drama com canto. M. Reichardt A. Langer e D. Kalisch Com música de A.Korandi. Sociedade Teatral Frohsinn Idem Wilhelm Wolters e Koenigsbrun-Schaup Peça em quarto atos. Sociedade Teatral Frohsinn 08/11/1908 Kominski – Weiss Sociedade Teatral Frohsinn 18/04/1909 Emile Pohl Sociedade Teatral Frohsinn Idem Sociedade Teatral de São José 02/05/1909 Sociedade Teatral Frohsinn 15/08/1909 Gustav Kadelburg Sociedade Teatral Frohsinn 02/12/1909 Ernst Hallenstein Sociedade Teatral Frohsinn Idem “Nichts als Hindernisse” (Nada mais que impedimentos) “Die Reise auf gemeinschaftliche Kosten” (A Viagem sob Expensas da Comunidade). “Das Schwache Geschletcht” (O Sexo Fraco) “Onkel Bollinger” (Tiro Bollinger) “Er Soll dein Herr Sein” (Ele será teu Senhor) “Der Herr Hofschauspieler” (O Senhor Ator do Pátio) Hans Huckebein”. “Der Herrgottschnitzer Von Ammergau” (O Escultor Sacro de Ammergau) L. Angely Quadros cômicos. Giovan Moser Comédia em um ato. Sociedade Teatral Frohsinn 24/04/1910 Louis Noetel Farsa em um ato. Sociedade Teatral Frohsinn Idem Blumentahl e Kadelburg Sociedade Teatral Frohsinn 19/07/1910 Ganghofer e Neuert Sociedade Teatral Frohsinn 11/09/1910 29 Produção Teatral Blumenauense Século XX 1911 – 1920 Espetáculo “Die Ehre” (A Honra) Autor Observações Grupo Data Hermann Sudermann Texto que trata do conflito de classes e da relatividade do conceito de honra. Sociedade Teatral Frohsinn 14/05/1911 Comédia. Sociedade Teatral Frohsinn 28/04/1912 "Gut gibt Mut" (Bom dá ânimo) "Die Verráterin" (A Delatora) "Die Z'widerwurs'n" (O Espírito de Contradição) "Am Brunnen vor dem Tore" (Na Fonte Defronte o Portal) "Wir brauchen keíne Mânner mehr" (Nós não precisamos mais de homens) "Die Barbaren" (Os Bárbaros) Nordisk 13/07/1912 Hermaim v. Sclimid Peça em cinco quadros, com características rurais. Sociedade Teatral Frohsinn D. Richter Espetáculo musicado. Sociedade Teatral Frohsinn 19/10/1913 Sociedade Teatral Frohsinn Idem Idem 20/04/1913 Heinrich Stobitzer Comédia em quatro atos. O cenário retratava a França de 1870. Sociedade Teatral Frohsinn 14/11/1914 "Einquartierung" (No Alojamento) Wilhelm Lange Peças em um ato. Sociedade Teatral Frohsinn 10/06/1915 "Onkel Schoenleins Vermachtnis" (O Testamento do Tio Schoenleins) Alex Hoffmann "Der Regis-trator auf Reisen" (O Registrador em Viagem) "Elisabeth, Landgrafin von Thuringen" (Elisabeth, Condessa da Turíngia) "Stadt utid Dorf" (Aldeia e Cidade) "Der Meineidbauer" (O Aldeão Perjuro) A. L'Arronge e Giovan Moser Sociedade Teatral Frohsinn Peça em três atos, com canto. Charlotte Birch-Pfeiffer 11/06/1915 Sociedade Teatral Frohsinn 25/12/1915 Sociedade Teatral Frohsinn 11/02/1917 Idem Em cinco atos. Sociedade Teatral Frohsinn Idem Ludwig Anzengruber Peça em três atos com canto. Sociedade Teatral Frohsinn 14/10/1917 “O Filho Generoso” Drama. Sociedade Teatral de São José 27/11/1920 “O Aniversário da Noiva” Comédia. Sociedade Teatral de São José Idem “Ladrões de Albergue” Comédia. Sociedade Teatral de São José Idem Franz Schoentahn e Gustav Kadelburg Comédia em quatro atos, reprisada no dia 4 de setembro, com críticas positivas. Sociedade Teatral Frohsinn 08/05/1920 "Tante Dalles" (Tia Dalles) D. Richer Peça em um ato. Sociedade Teatral Frohsinn 26/12/1920 "Das war ich" (Isto fui eu), de J. Hutt Idem. Sociedade Teatral Frohsinn Idem "Zwei Gluckliche Tage" (Dois Dias Felizes) 30 Produção Teatral Blumenauense Século XX 1921 – 1930 Espetáculo Autor Observações Grupo Data Heinrich Heinemann. Comédia em três atos. Sociedade Teatral Frohsinn 27/03/1921 de R. Halin Peça em um ato. Sociedade Teatral Frohsinn 08/05/1921 G. Braune Idem Sociedade Teatral Frohsinn Giovan Moser Comédia em cinco atos reapresentada no dia 30 do mesmo mês. Sociedade Teatral Frohsinn 29/10/1921 "Dr. Claus" Sociedade Teatral Frohsinn 30/07/1921 "Othelos Erfolg" (O Sucesso de Othelo) Sociedade Teatral Frohsinn 04/12/1921 Peça em um ato Sociedade Teatral Frohsinn 11/02/1922 Idem. Sociedade Teatral Frohsinn Idem Comédia em quatro atos. Sociedade Teatral Frohsinn 16/04/1922 Peça baseada no romance de Ganghofer. Sociedade Teatral Frohsinn 9/07/1922 Peça em cinco atos. Sociedade Teatral Frohsinn 13/08/1922 "Seine eínzige Tochter" (Sua Única Filha) Peça em um ato. Sociedade Teatral Frohsinn 26/09/1922 "In der Kinderstube" (Na Sala das Crianças) Idem. Sociedade Teatral Frohsinn Idem Franz Schoenthan e Kopel Ellfeld Peça em três atos com direção musical Heinz Geyer. Sociedade Teatral Frohsinn 04/11/1922 Julius Keller Peça em um ato. Sociedade Teatral Frohsinn 26/12/1922 "Der Schriftstellertag" (O Dia do Escritor) "Im Vorzimmer Excellenz" (Na Antecâmara Exceleência) sei-ner de Sua "Suschen Tage-buch" (O Diário de Susaniiiha), "Die Leibrente" (O Foro da Gleba) "Die Silberne Hoch-zeit" (As Bodas de Prata) "Das Schwache Geschlecht" (O Sexo Fraco) "Die Grosstadtluft" (Ares da Metrópole) Oskar Blumentahl e Gustav Kadelburg. "Der Dorfapostel" (O Apóstolo da Aldeia). "Der Schwarze Ritter" (O Cavaleiro Negro) "Die Gol-dene Eva" (A Eva Dourada) "Maedel sei schlau" (Menina Seja Esperta) Idem 31 Espetáculo "Nach Brasil) Brasilien" Autor (Para o Grupo Data Sociedade Teatral Frohsinn Idem Comédia baseada na possibilidade de casamento de Leopoldo I. Direção musical de Heinz Geyer. Ide 25/12/1924 Ludwig Anzengruber Peça em quatro atos, apresentada somente para associados. Idem 28/03/1925 Roderich Beuedix Comédia em um ato. Idem 12/04/1925 D. Richter Musical em um ato. Idem Idem Karl Laufs Peça em três atos, apresentada para o público em geral. Idem 31/05/1925 Max Reiinann e Otto Schwartz Comédia em três atos, reapresentada no dia 5 de setembro para o público em geral. Idem 29/08/1925 F. Impeko-ven e C. Mathern, Peça em três atos, reapresentada no dia 27 de dezembro somente para associados. Idem 26/12/1925 Blumenialil e Kadelburg. Peça em três atos, reapresentada no dia 23 de maio ao público em geral. Idem 15/05/1926 Max Dreye Comédia em três atos, apresentada somente para associados. Idem Comédia em um ato baseada em Haus Arnold'sehen, dramatização humorística de Constaníin Bella. Idem Helene e Erich Fischer Comédia Biedenneier com música de W. A. Mozart. Idem Max Reimann e Otto Schwartz Comédia apresentada ao público em geral. Idem Paul Jesclieck "Die Anne Liese" "Der ledige Hof" (O Pátio Livre). "Der Kassensciiluessel" (A Chave do Cofre). "Im Krug zurn gruenen Kranze" (Na Taberna Cia Coroa Verde) "Pension Schoeller" "WÍlly's Frau" (A Mulher de Willy) Junggesellendaemmerung" (Crepúsculo dos Solteirões) "Ais ich wiederkam..." (Quando eu voltei...) "Im Behandlung" (Em Tratamento) "Ein neuer Hausartz" (Um Novo Médico da Família) "Das alte Lied" (A Velha Canção), "Der Sprung in die Ehe" (O Casamento) Observações 11/09/1926 27/11/1926 Idem 25/12/1926 32 Espetáculo "Fastnachtspiei" "Karnevalzauber" Carnaval). (Magia Observações Grupo Data (peça sobre Carnaval) Sociedade Teatral Frohsinn 27/02/1927 Heinz Geyer Sociedade Teatral Frohsinn Idem Wilhelm Wolters Peça em três atos, reapresentada no dia 17 de abril a o público em geral. Sociedade Teatral Frohsinn 09/04/1927 Oskar vou Redwitz-Blbe Peça histórica, em cinco atos; Reapresentada nos dias 5 e 26 de junho ao público em geral. Com direção musical de Heinz Geyer. Sociedade Teatral Frohsinn 02/06/1927 Sociedade Teatral Frohsinn 25/12/1927 Comédia em três atos, dirigida por Hans Starkmann. Sociedade Teatral Frohsinn 21/01/1928 Peça reapresentada nos dias 15 e 21 de abril. Sociedade Teatral Frohsinn 08/04/1928 G. Kadelburg Peça em três atos. Sociedade Teatral Frohsinn 27/05/1928 Max Reimaim e Oito Schwartz. Peça em três atos. Sociedade Teatral Frohsinn 22/09/1928 do "Sein Alibi" (Seu Álibi) "Der Zimftmeister Nuernberg" (O Mestre Sindical Nurenberg) Autor Elis Treníder-Sieler von de "Im Foersterhause" (Na Casa da Floresta) R. Skowronnek "Maedel von Heute" (Mocas de Hoje) "Ali Heidelberg" Heidelberg); Gustav Davis (Velha “Der Weg zur Hoelle" (O Caminho para o Inferno) "Der Sprung in die Ehe" (O Casamento) "Asra" Felix Philippi Peça em três atos. Sociedade Teatral Frohsinn 03/11/1928 Retratava a época de Schubert em Viena. Sociedade Teatral Frohsinn 26/12/1928 Peça cantada. Sociedade Teatral Frohsinn Idem Schoentlian e Kadeiburg Comédia em três atos. Direção de Willy Jungmicheí. Sociedade Teatral Frohsinn 01/04/1929 Brandon Tfiomas Peça em três atos dirigida por Willy Jungmicheí. Sociedade Teatral Frohsinn 19/05/1929 Blumenthal e Kadeiburg Peça em três atos Sociedade Teatral Frohsinn 06/06/1929 Sociedade Teatral Frohsinn 29/06/1929 Die Frau Kaffeesiederin" (As Coadoras de Café) Die dreí Wuensclie" (Os três desejos) "Herr Senator" Senador) "Charley's Charles) Tame" (Senhor (Tia de "Die Orientreise" (A Viagem ao Oriente) "Glaube und Hei-mat" (Pátria e Fé); "Wei-nachí in Pecherhuette" (Natal na Cabana Fabricante de Piche) der Peter Rosegger Peça em dois atos, dramatizada por Heinricli Linda. Sociedade Teatral Frohsinn 25/12/1929 Julia Jobst Comédia em dois atos. Sociedade Teatral Frohsinn 22/03/1930 "Er ist Baron" (Ele é Barão) Rudolpb Halin Peça em três atos. Música de L. Hauptner; Sociedade Teatral Frohsinn 20/04/1930 "Der Jubilaeumsbruimeii" (O Poço do Jubileu) Walter Bloem; Drama em quatro atos. Sociedade Teatral Frohsinn 23/04/1930 do "Wer fuehrt die Braut Heim?" (Quem vai casar com a noiva?) 33 Produção Teatral Blumenauense Século XX 1931 – 1940 Espetáculo "Der Sturm im Wasserglase" (Tempestade num copo d'água) "Deutschland erwache" (Alemanha desperta) “Egmont” "Os Irmãos" "Er und Sie" (Ele e Ela) "Die Dortmusikanten" (Os Músicos da Aldeia) "Ais ich noch im Fluegelkleide" (Quando eu ainda era menina) "Winzerliesel" (Liesel da vindima) "Die Journalisten" "Jiinggesellendaemerung" (Crepúsculo dos Solteirões) "Die Herren Eltern" (Os Senhores Pais) "Meine Herzenskoenigin" (Rainha do meu Coração) "Maerchenbilder" (Contos da Carochinha) "Die Goldene Eva" (A Eva Dourada) "Der Meister boxer" (O Mestre Pugilista) "Sclilageter" “Um Pai de Família Feliz" "Minna von Barnhelm" "Sob quatro olhos" Autor Observações Grupo Data Bruno Frank Comédia em três atos, reprisada várias vezes. Sociedade Teatral Frohsinn 19/12/1931 Sociedade Teatral Frohsinn 15/08/1931 Sociedade Teatral Frohsinn 22/03/1932 Sociedade Teatral Frohsinn 22/03/1932 Hermann Síreiter Johann Wolfgang von Goethe Johann Wolfgang von Goethe Foram apresentadas apenas cenas do espetáculo pelos alunos da Escola Nova. Heinz Geyer regeu a “Ouverture de Egmont”, composta por Beethoven. Peça inserida na programação de homenagem ao centenário da morte de Goethe. Sociedade Teatral Frohsinn 09/04/1932 H. Sohnrey Peça popular e alegre, com canto e música dirigida por Heinz 'Gever, foi reprisada várias vezes e muito aplaudida. Sociedade Teatral Frohsinn 09/07/1932 Albert Kehm e Martin Frebse Peça apresentada em quatro atos Sociedade Teatral Frohsinn 01/10/1932 Sociedade Teatral Frohsinn 25/12/1932 Sociedade Teatral Frohsinn 16/04/1933 Peça apresentada em três atos. Sociedade Teatral Frohsinn 01/07/1933 Opereta em três atos, reprisada no dia 30 de dezembro em benefício do Maestro Heinz Geyer. Sociedade Teatral Frohsinn 08/07/1933 Sociedade Teatral Frohsinn 16/09/1933 Sociedade Teatral Frohsinn 25/12/1933 Sociedade Teatral Frohsinn 01/04/1934 Sociedade Teatral Frohsinn 20/05/1934 Georg Míelte Gustav Freytag Toni Impeko-ven e K. Mathern "Die Herren Eltern" (Os Senhores Pais) Opereta em três atos. Direção musical de Heinz Geyer e teatral de Nanny Poethig. Reapresentada em 26 de dezembro e 03 de janeiro de 1933. Comédia em quarto atos sob a direção de Franz Nietsche. Reapresentada no dia seguinte a estreia. G. Mielke Reapresentada em 26 de dezembro. Franz Sclioenthan e Koppel Ellfeld Willy Lõhr Flans Johst Gerhard Schaetzler Perasini G. B. Lessing Remontagem da comédia em três atos. Reapresentada dia 14 de abril. Peça em três atos, em benefício da "Caixa de Auxílio aos Enfermos e Morte". Reapresentada no dia 9 de junho somente para os associados. Peça em quatro atos e um prólogo. Reapresentada no dia 23 de setembro para crianças e estudantes. Peça em três atos reapresentada no dia 9 de junho para o público em geral. Comédia em cinco atos para homenagear os 50 anos do "Frohsinn" Sociedade Teatral Frohsinn Sociedade Teatral Frohsinn Sociedade Teatral Frohsinn Sociedade Teatral Frohsinn 22/09/1934 23/03/1935 03/08/1935 09/11/1935 34 Branca de Vermelha" “Preciosa” Neve e Rosa "Schweine schlachten" (Matar porcos) "Die Dorfmusikanten" (Os músicos da Aldeia) "Die Logenbrueder" (Os Maçons) Grimm Espetáculo apresentado para encerramento do ano Maria v. Weber Dirigida por Heinz Geyer. Reapresentada dias 31 de maio e 13 de juno do mesmo ano. Comédia em três atos H. Sohnrey Grande espetáculo popular com música, canto e dança. Última apresentação teatral no velho teatro “Frohsinn”. Comédia em três atos reprizada em 25 de dezembro. Apresentado na Sociedade de Atiradores. Sociedade Teatral Frohsinn Sociedade Teatral Frohsinn Sociedade Teatral Frohsinn Sociedade Teatral Frohsinn Sociedade Teatral Frohsinn 21/12/1935 30/05/1936 08/08/1936 27/03/1937 06/11/1937 35 Bibliografia KORMANN, Edith. Blumenau: arte, cultura e as histórias de sua gente (1850-1985). Florianópolis: Paralelo 27, 1994. BAUMGARTEN, Christina; STINGELIN, Bettina; TAMBOSI, Simone. Dos camarins ao grande espetáculo: 145 anos de história do Teatro Carlos Gomes. Blumenau : HB Ed, 2006. PUFF, Lia C. (Org.). Uma enteada da natureza: Gertrud Gross Hering. Florianópolis: Ed. UFSC; Blumenau: Cultura em Movimento, 2000. Machado, Ricardo. Entre o Público e o Privado – gestão do espaço e dos indivíduos em Blumenau (1850 – 1920) – Blumenau: Edifurb, 2008. MACHADO, Ricardo. Propriedade e mobilidade em Blumenau no século XIX. Blumenau em Cadernos, Blumenau t. XLVIII, n. 11/12, p. 115-140, nov./dez. 2007 BLUMENAU há cem anos atrás - Artigos - Acervo 74354 Blumenau há cem anos atrás. Blumenau em Cadernos, Blumenau t. X, n. 08, p. 141-143, ago. 1969 CENTENÁRIO de Blumenau: 1850 - 2 de setembro - 1950. [Blumenau]: Comissão de Festejos, [1950]. [122] p. KORMANN, Edith. O Maestro Geyer e o período áureo do teatro "Carlos Gomes". Blumenau: Acadêmica, 1985. BRANT, Leonardo. Políticas culturais. Barueri, SP : Manole, 2003. SCHLOEGEL, Bráulio Maria. Fundação cultural de blumenau: 25 anos. Blumenau em Cadernos, Blumenau t. XXXVIII, n. 04, p. 79, abr. 1997 36