Revista 849 - Centro do Comércio de Café do Rio de Janeiro

Transcrição

Revista 849 - Centro do Comércio de Café do Rio de Janeiro
Revista do Café
Centro do Comércio de Café do Rio de Janeiro
Ano 92 - Março 2014 - Nº 849
Museu da Imigração
será reaberto em maio
Sumário
Revista do Café
Centro do Comércio de Café do Rio de Janeiro
Créditos: Thâmara Malfatti
Ano 92 - Junho 2013 - Nº 846
Coordenadora
Alessandra Rodrigues de Almeida
04
06
10
14
Editorial
Natália Fernandes e Thâmara Malfatti
Museu da Imigração será reaberto
20
24
26
28
Colaboradores
Flávia Bessa, J. B. Matiello, Leila Vilela Alegrio, Luiz Carlos
Cardoso Vale, Paulo A. C. Kawasaki , Rodrigo Prado Figueiredo,
Rubens Barbosa, Sacha Calmon e Xico Graziano
Feitos com um toque feminino
Perspectivas do comércio internacional
Rubens Barbosa
16
18
Reportagens
Posse na Sociedade Rural Brasileira
Capa
Renata Motta, Coordenadora da UPPM da SEC-SP
06
Crédito da Capa
Thâmara Malfatti
Créditos: J.Reis
Cadastro Ambiental e seus reflexos
Diagramação, Arte e Projeto Gráfico
Luiz Carlos Cardoso Vale
Impressão Gráfica
15º Agrocafé
52 Gráfica e Editora Ltda.
http://www.52grafica.com.br
Hands-on Editoração Eletrônica
Centro do Comércio de
Café do Rio de Janeiro
Femagri 2014
Insegurança geral - Sacha Calmon
Artigo Jurídico
Diretoria Biênio 2013/2015
Presidente: Guilherme Braga Abreu Pires Filho
Diretor-Secretário: Batista Mancini
Diretor-Tesoureiro: Alexandre Pires
Diretor de Patrimônio: Ruy Barreto Filho
Gerente Geral: Guilherme Braga Abreu Pires Neto
16
Rodrigo Prado Figueiredo
30
Tipos de irrigação suplementar
Sindicato do Comércio Atacadista de
Café do Município do Rio de Janeiro
J.B. Matiello
32
34
36
38
42
53
Diretoria Quadriênio 2010/2014
Café - desempenho no esporte e
benefício à saúde
Presidente: Guilherme Braga Abreu Pires Filho
Secretário: Batista Mancini
Tesoureiro: Guilherme Braga Abreu Pires Neto
Diretor de Patrimônio: Ruy Barreto Filho
Água Seca – Xico Graziano
Conselho Administrativo
Dados Estatísticos
Fazenda São João do Penedo
CSB Trading S/A Exp. e Importação
Warrant Exp. Importação Ltda.
Sumatra Comércio Exterior Ltda.
Agropecuária São Francisco de Paula Ltda.
GBP Consultoria Empresarial
Unicafé Comércio Exterior
EISA Empresa Interagrícola S/A
Stockler Comercial e Exportadora Ltda.
Halley Exp. e Imp. Ltda.
Três Aranhas Com. e Ind. Ltda.
Valorização Empresa de Café S/A
Agropecuária Pedra Lisa S/A
42
Créditos: Mariana Bassani
Panorama
Evento Cecafé
Conceição das Pedras/MG
54
Ponto de Vista: Do porto do café para
Rua Quitanda, 191 - 8º andar - Centro - CEP: 20091-000
Rio de Janeiro - RJ - Brasil
Fone: (21) 2516-3399 / Fax: (21) 2253-4873
[email protected] / www.cccrj.com.br
as páginas da história
47
Revista
do
Café |
março 2014
Consumo em alta
deve consolidar
um equilíbrio no
mercado
O
Secretariado da OIC
publicou, recentemente, um estudo amplo
e abrangente com foco nas
principais situações que caracterizaram o negócio cafeeiro
mundial nos últimos 50 anos. O
material enfatiza os comportamentos nas áreas de produção,
consumo e preços e, sobretudo, oferece uma visão objetiva
das perspectivas para o futuro.
Intitulado World Coffee Trade
(1963-2013), o documento ICC
111-5 examina também as importantes transformações que
se observam nos dias de hoje
no mundo do café, os desafios
decorrentes e as oportunidades
que se definem a partir dessa
nova realidade.
4
As grandes questões que dão
contornos aos novos desafios
envolvem os efeitos causados
pelas indiscutíveis mudanças
no clima, que impactam grandemente o atual sistema de produção, os persistentes aumentos
dos custos de produção em praticamente todos os países, a gestão dos riscos trazidos pela excessiva volatilidade dos preços,
o desenvolvimento do consumo
mundial e, com mais destaque,
as implicações do conceito de
produção sustentável.
Embora a relevância e o interesse que cada um dos temas
encerrem, no momento, entusiasmado pela eloquência de
seus resultados e pela consideração de que o consumo é atu-
almente o indicador mais positivo da atividade cafeeira, quero
me deter e comentar os números apresentados sobre o valor
agregado do consumo mundial.
O estudo conclui, a partir dos
dados do consumo mundial estimado e da metodologia adotada,
que o valor agregado do consumo de café no ano de 2012 (142
milhões de sacas), incluindo os
valores gerados entre as etapas
da produção até o consumo final, atingiu a impressionante cifra de US$ 173,4 bilhões.
Desse valor, US$ 147,8 bilhões referem-se ao consumo
dos países importadores (98,5
milhões de sacas), enquanto
US$ 15,6 bilhões correspondem
ao consumo nos países produto-
Consumo Mundial de Café
2,1%
Período: Ano Civil de 1964, 1990 e 2012
Milhões de sacas 60 Kg
Taxa de Crescimento
142,1
1,7%
Taxa de Crescimento
Milhões de sacas
89,8
Milhões de sacas
57,9
Milhões de sacas
2012
1990
1964
1,9%
Taxa de Crescimento
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março 2014
Fonte: OIC
Elaboração: CeCafé
Mercados
1964
Importadores Emergentes
Exportadores
res (43,5 milhões de sacas). O
Brasil, mostrando a vitalidade
de seu consumo interno, exibe
somas de 20,1 milhões de sacas
consumidas e uma receita de
US$ 10,1 bilhões.
Conforme o detalhamento
feito pela OIC (ver dados estatísticos nesta edição pag. 36 e
37), nos países importadores,
em termos de valores, o consumo fora do lar corresponde
a 67,4% do valor do consumo
total e representa US$ 99,7
bilhões, enquanto nos países
produtores esse montante é de
61,3% e US$ 9,862 bilhões, respectivamente. O Brasil, por sua
vez, teria, pela estimativa da organização, 95% do volume consumido no lar, no valor de US$
5,529 bilhões, e 5% consumido
fora do lar, com uma receita de
US$ 4,578 bilhões.
Na série de 50 anos considerada no levantamento, é notável a evolução do consumo
de café nos três grandes mer-
Milhões de sacas
44,6
60,2
1,2%
70,7
0,7%
2,9
10,2
5,0%
27,9
4,7%
10,4
19,4
2,4%
43,5
3,7%
cados, a saber: importadores
tradicionais (Europa, USA e
Japão), importadores emergentes (Leste Europeu, Coréia,
China, Austrália e outros) e países exportadores, como se vê
na tabela (ao lado). O consumo
cresceu a uma taxa de 1,9% ao
ano no período 1964/2012, que
evoluiu para 2,1% no período
1990/2012 e para 2,4% entre
2000 e 2012.
Observa-se que a evolução
do consumo nos mercados tradicionais foi mais lenta em comparação às taxas de crescimento
dos outros grupos. Nesses mercados, o consumo cresceu a
taxas de 0,7% ao ano e, consequentemente, houve redução do
consumo per capita. No período
1990/2012, no grupo dos dez
maiores consumidores, com exceção de Japão (1,6%), Canadá
(2,6%) e Espanha (1,1%), todos
exibiram aumentos inferiores
a 1% ao ano. Esse modesto
desempenho foi compensado
Crescimento do Consumo
Período: Ano Civil de 2003 a 2012
(Index 2003 = 100)
150
140
130
120
110
100
2003 2004
2012
Taxa Média de
Crescimento Anual
Milhões de sacas
Importadores Tradicionais
1990
Milhões de sacas
pelos aumentos ocorridos nos
países importadores emergentes e no grupo de países produtores. Em resumo, os países
importadores tradicionais, embora mostrem nesses últimos 50
anos um consumo que evoluiu
de 44,6 milhões de sacas para
70,7 milhões, em termos relativos representam atualmente
cerca de 50% do consumo mundial, em comparação com 65%,
em 1990, e 77%, em 1964, ano
seguinte à vigência do Acordo
Internacional do Café.
Na avaliação do estudo, as
projeções para o consumo continuam otimistas. Sustenta-se
que os países produtores e importadores emergentes continuam a apresentar um bom potencial para manter o crescimento
observado em anos anteriores,
alavancado pelo aumento da
renda. Nos importadores tradicionais, a despeito de perda de
participação relativa, a tendência de recuperação das taxas de
crescimento observada nos últimos três anos, apoiada na recuperação de suas economias, em
marcha, sugere um cenário animador. Esses fatores, por certo,
poderão respaldar previsões no
sentido de que o consumo mundial em 2023 deverá se
aproximar da formidável cifra de 200 milhões de sacas. Isso,
naturalmente,
se
formos capazes de
superar os desafios
desse novo cenário.
Fonte: OIC
Elaboração: CeCafé
5
Guilherme Braga Abreu Pires Filho
Presidente do Centro de
Comércio de Café do Rio de Janeiro
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Importadores Tradicionais
Importadores Emergentes
Exportadores
Fonte: OIC
Revista do Café |
Taxa Média de
Crescimento Anual
março 2014
e Diretor Geral do CeCafé
crédito: Acervo Museu DA IMIGRAÇÃO
6
Fachada da Hospedaria de Imigrantes, c. 1936
Museu da Imigração do
Estado de São Paulo será
reaberto ao público em maio
Thâmara Malfatti
Após o período de restauro, instituição reabre com novo
plano museológico, exposição de longa duração e agenda
diversificada de programações culturais
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março 2014
crédito: Thâmara Malfatti
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fachada restaurada
C
om reinauguração marcada para 31 de maio de
2014, o Museu da Imigração, instituição da Secretaria de Estado da Cultura, reabre
suas instalações com novo plano museológico e exposição de
longa duração, completamente
reformulada. O prédio, tombado pelo Conpresp e pelo Condephaat, passou pelo primeiro
restauro completo desde que
teve sua construção finalizada,
em 1888. Sediado no edifício
da antiga Hospedaria do Brás
- patrimônio público e importante ícone da história do Estado e da cidade de São Paulo
– o Museu da Imigração retoma as atividades com o objetivo de compreender e refletir
o processo migratório a partir
da história das 2,5 milhões de
pessoas, de mais de 70 etnias,
que passaram pelo prédio entre os anos de 1887 e 1978.
Para o evento de reabertura do
Museu, além da solenidade de
reinauguração no período da
manhã, a programação do dia
segue com apresentações teatrais, de dança e música das
comunidades de imigrantes e
descendentes e show de Arnaldo Antunes, que encerra as
atividades da data.
Exposição de
Longa Duração
Em destaque entre as novidades do MI, está a exposição de longa duração que, em
oito módulos, conta por meio
de documentos, fotos, vídeos,
depoimentos e objetos, como
o processo migratório é um fenômeno permanente na história da humanidade. Apresenta
ainda, um panorama da grande
imigração ocorrida nos séculos
XIX e XX, abordando o início
das políticas imigratórias do
país e detalhando o cotidiano
da Hospedaria de Imigrantes.
O público encontra também
espaços de imersão - como
uma sala que recria um amplo
dormitório da antiga Hospedaria, com projeções em grande
escala de trechos de cartas e
trilha sonora especial. Também estão contextualizadas
as questões relativas ao trabalho e encaminhamento para o
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março 2014
O Museu da Imigração é uma instituição cultural estratégica para a cidade e o estado de São Paulo, preservando
a memória das pessoas que chegaram a São Paulo, vindas
de mais de 70 países e de todas as regiões brasileiras. Está
localizado no bairro do Brás no antigo edifício da Hospedaria de Imigrantes, onde foram abrigados mais de 2,5
milhões de pessoas que passaram a compor a diversidade
étnica e cultural paulista. É esse edifício impregnado de
memórias e muitas histórias de vidas, que está sendo integralmente requalificado e, em breve, será reaberto para a
população.
Pela importância estratégica e relevância cultural, as
obras de restauro do edifício e as ações para a nova implantação do Museu da Imigração estão contando com a
atuação de equipes técnicas especializadas, em um investimento importante do Governo do Estado de São Paulo.
Trata-se do primeiro restauro completo realizado na Hospedaria de Imigrantes desde a conclusão da sua construção, em 1888. Além da recuperação das fachadas e dos
telhados, o edifício está sendo adequado às normas técnicas e de segurança atuais, com intervenções na infraestrutura elétrica, hidráulica, acessibilidade e paisagismo. É
importante também destacar a instalação de climatização
e de controle de umidade, que proporcionarão a melhor
preservação do acervo do Museu e maior conforto para os
visitantes.
O edifício e os jardins restaurados já valerão uma (ou
várias) visitas. Mas o que poderá ser visto e experimentado
no Museu? Com uma nova exposição permanente, exposições temporárias e uma programação cultural intensa, o
Museu da Imigração reabre com uma proposta que valoriza o encontro das múltiplas histórias e origens que conformaram nossa identidade paulista, colocando o público
em contato com as lembranças daqueles que passaram pela
Hospedaria. Mas, o Museu também reabre olhando para o
presente e o futuro, fomentando o diálogo sobre as migrações
como um fenômeno atual, que ainda repercute nos deslocamentos da
cidade e na configuração dinâmica das nossas identidades.
Renata Motta
Coordenadora da Unidade
de Preservação do
Patrimônio Museológico
da Secretaria da Cultura
campo e, na sequência, o módulo “São Paulo Cosmopolita” apresenta a cidade pela perspectiva dos bairros
Bom Retiro, Mooca, Brás e Santo Amaro, homenageando com imagens e vídeos as referências imigrantes
inscritas nas festividades, nos traços arquitetônicos e
nas transformações culturais presentes nessas regiões.
E para reiterar que a história da migração humana não
deve ser encarada como uma questão relacionada exclusivamente ao passado, o MI procura fomentar durante esse trajeto expositivo o diálogo sobre o tema
como um fenômeno contemporâneo, reconhecendo a
recepção dos milhões de imigrantes atuais e a repercussão deste deslocamento para a cidade. No módulo “Imigração hoje”, um painel interativo forma um
mosaico de rostos de diversas origens que reproduzem
depoimentos de pessoas que passaram recentemente
pela experiência de deslocamento. No último módulo
do percurso, encontra-se ainda um espaço educativo
destinado a acolher grupos e promover o desenvolvimento de atividades, oficinas e discussões.
Arte
contemporânea
No primeiro momento da nova exposição de longa duração, o visitante encontra no trajeto uma obra
de Nuno Ramos – importante nome da arte brasileira
contemporânea – que busca ressignificar a relação estabelecida entre o homem, o trabalho e a diversidade
de línguas. Inspirada em um trecho do livro “Isto é um
Homem?” do escritor italiano Primo Levi, a instalação
homônima, recria uma caçamba tombada com quase 30 mil tijolos marcados com palavras em francês,
tcheco, iídiche, alemão, húngaro e inglês mencionadas
no texto de Levi. Em outro momento da criação de
Nuno, um único tijolo, posto sobre uma cadeira, dialoga com gravações de áudio que emitem o mesmo trecho do livro citado acima. Para Nuno Ramos é “como
se o esforço e derrisão dos que construíram a torre de
Babel fosse proporcional, em sua desmesura e inutilidade, à incompreensão e falta de comunicação entre os
homens. Embora pertencente a uma experiência extrema e quase impensável (o Holocausto), sem qualquer
proporção com o tema da imigração, não resta dúvida
que a maldição do trabalho e a diáspora das línguas
entrelaçam-se na vida do imigrante”.
Acervo Digital
Uma ferramenta que revoluciona o acesso a fragmentos da história paulista e brasileira. Assim pode
ser definido o projeto Memória da Imigração, que por
meio de um banco de dados online integra o acervo
digital do Museu da Imigração – antigo Memorial do
Imigrante – e do Arquivo Público do Estado de São
Paulo.
No total, são cerca de 250
mil páginas para consultas e
download gratuito. No ano
de 2013, o site do Museu da
Imigração, que disponibiliza
todo esse conteúdo para público, ultrapassou 1,2 milhão de
acessos.
Coordenado pelo Arquivo Público do Estado de São
Paulo, o trabalho teve início
em janeiro de 2011 e envolveu etapas de organização
documental, intervenções de
conservação e preservação,
digitalização e tratamento das
imagens digitais. Como resultado, o banco de dados desenvolvido oferece acesso amplo,
público, democrático e organizado a um acervo de inestimável valor material e imaterial
relacionado à memória da imigração no Brasil, garantindo
ainda a preservação dos documentos originais.
Além de oferecer um campo de pesquisa geral – por
localidade ou período – a ferramenta permite buscas específicas entre os tipos documentais “lista de bordo”, “cartas
de chamada”, “registros de
matrícula”, “requerimentos da
Secretaria da Agricultura, Comércio e Obras Públicas (SACOP)”, “jornais” – publicados
por colônias imigrantes entre
1886 e 1987 –, “acervo cartográfico” – mapas e plantas de
núcleos coloniais – e “iconográfico” – retratos de imigrantes, cartões postais, fotografias
de viagens e da antiga hospedaria de imigrantes do Bras.
Programação e
funcionamento
Nos meses de junho e julho, os dois primeiros após
a reabertura, o Museu da
Imigração será totalmente
gratuito. O ingresso oferece
acesso aos espaços expositivos, jardim, café, loja, biblioteca e área de convivên-
cia. A Maria Fumaça, gerida
pela Associação Brasileira de
Preservação Ferroviária, permanece com saídas regulares
e pagas. Para a retomada das
atividades, o MI prepara uma
programação cultural que
contempla diversos públicos.
A agenda conta com apresentações de teatro, dança, música, oficinas e palestras sobre
o patrimônio relacionado aos
processos migratórios ligados a São Paulo. A localização do Museu - entre a Mooca
e o Brás - privilegia o debate
que envolve questões relativas à memória da cidade. No
entorno, a herança da grande
imigração - que ocorreu no
fim do século XIX e início
do XX - convive com os fluxos contemporâneos e com
os traços de outras regiões do
País. De acordo com Marília
Bonas, diretora executiva da
instituição, “a proposta é que
o Museu se torne um espaço
de articulação, promovendo
reflexões sobre a experiência
do deslocamento e a construção da identidade paulista a
partir de múltiplas origens”.
O Museu da Imigração
fica à Rua Visconde de Parnaíba, 1316, no bairro da
Mooca, em São Paulo. Após
sua reabertura, o horário de
funcionamento será de terça
a sábado, das 9h às 17h, e
aos domingos das 10h às 17h.
Durante os meses de junho e
julho o acesso aos espaços
expositivos será gratuito. Quinzenalmente,
às sextas-feiras, o MI
oferecerá visitação
noturna, ampliando
seu horário de atendimento até às 21h.
Outras informações
estão disponíveis
no site www.museudaimigracao.org.
br.
Luiz Marcos Suplicy Hafers,
é presidente do Conselho de
Administração da AAMC
AAMC-integração da Imigração e Café.
Os caminhos do café e da
imigração no Brasil voltam
a se cruzar. Após ser selecionada em chamada pública realizada em 2011 pela Secretaria de Estado da Cultura, a
Associação dos Amigos do
Museu do Café, Organização
Social de Cultura, passou a
ser responsável pela gestão
do novo Museu da Imigração.
A AAMC foi criada em 1998
para impulsionar o desenvolvimento do Museu do Café, em
Santos/SP, tendo como objetivo
posicioná-lo como o principal
responsável pela preservação e
divulgação da história do produto no Brasil e no mundo.
A Associação - com o apoio
das principais entidades de
classe, torrefadores, produtores, exportadores, comerciantes, corretores e instituições
congêneres - desenvolveu um
amplo levantamento histórico e
documental relativo aos negócios de café e a história paulista
(contextualizando as repercussões da economia cafeeira também na arquitetura da cidade
de Santos), iniciando assim um
referencial escrito, iconográfico e de história oral. Hoje, o
trabalho é ampliado à cidade de
São Paulo, e tem um importante papel de preservar, pesquisar e comunicar o patrimônio
material e imaterial ligado aos
processos de deslocamentos
mais recentes e ao acervo museológico e documental da antiga Hospedaria de Imigrantes,
como os documentos provenientes de órgãos do Governo
do Estado de São Paulo, cujas
atividades eram ligadas a políticas imigratórias.
10
Feitos com um toque
feminino
Natália Fernandes
C
om habilidades exclusivas, a liderança
das mulheres no mercado mostra que
a dedicação e a paixão pelo que fazem
tem gerado resultados incomparáveis nos mais
variados segmentos do setor cafeeiro
Um blend de profissionalismo, superação,
paixão, gestão, eficiência, dedicação, conhecimento, delicadeza, reconhecimento, prazer,
responsabilidade e construção de parcerias, é
o que representa grandes mulheres do setor cafeeiro.
Além do importante papel das mulheres na
estruturação da família, elas conseguem conciliar jornadas de serviços domésticos, estudos
Revista do Café |
março 2014
e filhos, e ainda se dedicam com toda paixão
e responsabilidade aos seus desafios profissionais.
Com grande tradição, o Brasil se destaca
como grande player do mercado mundial de
café, exportando em média 60% de sua produção e atendendo cerca de 30% no mercado
mundial.
Enquanto isso, grandes mulheres se destacam na ocupação de cargos de alta gestão nos
mais variados segmentos do mercado. Com
habilidades exclusivas, a liderança feminina
mostra que a dedicação e a paixão pelo café
tem gerado resultados extraordinários.
Marília Bonas Conte
Diretora Executiva da Associação dos
Amigos do Museu do Café
Diretora Executiva da Associação dos Amigos do Museu do Café, Marília Bonas
Conte se desafia trabalhando
com o patrimônio do café no
Brasil, despertando o reconhecimento do público em relação
à importância das riquezas,
tradição e história da cultura.
Há quatro anos ela atua
como gestora de dois museus
da Secretaria de Estado da
Cultura de São Paulo: o Museu do Café, em Santos, e o
Museu da Imigração, em São
Paulo. Por ser neta de imigrantes italianos que vieram
para o Brasil para trabalhar
nas lavouras de café, ela sente que sua responsabilidade
em relação ao patrimônio da
imigração e do café torna-se
ainda maior.
Dividida entre São Paulo e
Santos, apaixonada pelo que
faz, ela se dedica à articulação, planejamento, acompanhamento e avaliação das atividades de ambos os museus.
Assim, diariamente, transmite
muito conhecimento ao público, ensinando que o café não é
uma simples bebida, e sim um
patrimônio que se bebe.
11
Flávia Barbosa Paulino da Costa
Gerente de exportação da área de comercialização da
Exportadora de Café Guaxupé
Também neta de um apaixonado por café, Flávia Barbosa Paulino da Costa nasceu
envolvida pela cultura, cresceu recebendo visitas na fazenda, brincando do terreiro
e admirando floradas e
colheitas.
Sua vida profissional se iniciou
no mercado financeiro, até decidir
ir trabalhar com
seu avô, o Sr. Olavo Barbosa, que
atuou no setor por
mais de 70 anos.
Hoje ela se destaca como gerente
de exportação da
área de comercialização da
Exportadora de Café Guaxupé.
Amante do que faz e apaixonada por café e pelo dinamismo do mercado, ela se entusiasma com a colaboração
que pode dar aos seus clientes
produtores e torradores, além
da forma com que seu trabalho
contribui para as exportações
do País. “O mundo do café é
meio mágico. Você entra nele
e não consegue sair. Me inspira os relacionamentos dentro
desse mercado. Você conhece as pessoas que você faz a
maioria dos seus negócios. No
café estamos sempre aprendendo”, comenta Flávia.
Revista do Café |
março 2014
Sandra Regina
Buzelli
Gerente administrativa da
exportadora Terra Forte
12
Além de Flávia Paulino da
Costa, também promovendo
grandes negócios no mercado
internacional e agregando resultados à balança comercial
brasileira, a experiência de 26
anos de Sandra Regina Buzelli, somada à sua seriedade,
responsabilidade e dedicação
peculiar à equipe com quem
trabalha, tem gerado excelentes resultados à empresa e ao
setor.
Buzelli administra uma
das maiores exportadoras de
café arábica do País, a Terra
Forte Exportação e Importação, onde preza pela qualidade de vida das pessoas
e comunidades envolvidas,
acreditando que o engajamento da equipe garante sucesso
para os negócios da empresa
e para o setor.
E com as mulheres já presentes por todo o agronegócio
café, o setor de cafés especiais, um dos que mais cresce
não País, não podia deixar de
contar com uma liderança feminina.
Revista do Café |
março 2014
Vanúsia Nogueira
Diretora Executiva da Associação Brasileira de Cafés
Especiais (BSCA)
Vanúsia Nogueira está
há 20 anos no setor e podese dizer que nasceu quase
debaixo de um pé de café.
Filha e neta de produtores
e importantes profissionais do setor, é com amor
e dedicação que ela segue
se destacando frente à diretoria executiva da Associação Brasileira de Cafés
Especiais (BSCA).
Com um toque de Vanúsia Nogueira, a mudança de
percepção do mundo quanto à qualidade do café brasileiro aconteceu e o Brasil
conquistou espaço no mer-
cado de cafés FairTrade,
já contando com mais de
6.000 famílias envolvidas
no País.
Influenciando
diretamente a melhoria da qualidade de vida do produtor
brasileiro, bem como o reposicionamento do produto
no mercado, principalmente internacional, ela tem
seus feitos muito bem reconhecidos pelo setor, porém
acredita que há muito por
fazer para o correto posicionamento do café brasileiro nos mercados internacional e nacional.
Mulheres,
por um setor
cafeeiro melhor
e diferenciado
Eis que um toque feminino de competência, delicadeza, dedicação, carinho e responsabilidade na liderança
de empresas e instituições se
torna tão importante para o
desenvolvimento do agronegócio café e do País.
A qualidade do trabalho
exercido por mulheres como
essas tem estimulado e motivado equipes e profissionais
que trabalham mantendo valores, respeito, dedicação,
paixão e claro, promovendo
o sucesso dos negócios e do
setor cafeeiro.
Cláudia Marinelli
13
Coordenadora Geral de Planejamento e Estratégias
do Departamento do Café do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Um pouco de conhecimento e experiência em cada elo
da cadeia é sempre bem vindo
em qualquer setor. Acompanhar e participar da tendência
de se trabalhar conjuntamente todos os segmentos da cadeia já é tarefa de muitas dessas mulheres, como é também
para Cláudia Marinelli.
Coordenadora Geral de
Planejamento e Estratégias
do Departamento do Café
do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Cláudia Marinelli tem o
privilégio de coordenar uma
equipe composta somente por
mulheres. Juntas, elas atuam
com representantes do governo e de todos os segmentos
da cadeia, o que permite uma
visão completa do setor e da
sua importância para o País.
De acordo com Cláudia,
a formulação de políticas
governamentais de apoio à
pesquisa, produção, indústria
e exportadores é imprescindível para o crescimento do
setor. Frente a isso, os programas, ações e projetos coordenados por ela levam em
conta todos os setores que
compõem a cadeia do café,
em especial o produtivo, visando a agregação de valor à
cadeia.
Ela considera um privilégio poder atuar junto aos
representantes do governo
e de todos os segmentos da
cadeia, o que lhe permite ter
uma visão completa da cadeia
e o que inclusive lhe proporcionou o hábito de apreciar
um bom café.
Revista do Café |
março 2014
O Brasil e as
perspectivas do
comércio internacional
14
O
s resultados da balança
comercial nos primeiros dois meses do ano
foram muito negativos, com
déficit de US$ 6,2 bilhões. As
importações continuam crescendo mais do que as exportações, como vem ocorrendo há
algum tempo.
Persistem grandes incertezas sobre o desempenho comercial externo brasileiro em
2014. Cresce a dependência
das importações de petróleo
e aumenta a incerteza quanto
aos mercados venezuelano,
em grande crise, e argentino,
que consome 19,4% de nossas exportações industriais e
onde poderá haver mais de
US$ 2 bilhões de redução de
nossas exportações. A volatilidade dos preços dos produtos
agrícolas e minerais, além da
do câmbio, agora novamente
com tendência a perigosa valorização, preocupa os exportadores. É difícil prever como
terminará a balança comercial
este ano, sobretudo pela perda
da credibilidade dos dados ofi-
Revista do Café |
março 2014
ciais, manipulados para esconder um forte déficit no final de
2013. Nesse contexto, a evolução do comércio internacional
em 2014 poderia ter efeitos
positivos sobre as exportações
brasileiras.
Recente
relatório
da
Organização Mundial do
Comércio (OMC) mostra
estagnação no comércio internacional em 2014. Mas
essa não é exatamente a percepção do governo brasileiro, que acredita numa rápida
expansão das trocas e no seu
impacto positivo para as exportações do Brasil no corrente ano.
Segundo o documento, o
comércio global cresceu
em 2013 abaixo dos 2,5%
que haviam sido projetados. Para 2014 a OMC
menciona a possibilidade
de um crescimento maior,
mas que continuará abaixo da média histórica
de 5,5% dos anos 1990.
Essa expectativa se fundamenta nas estimativas
de crescimento dos EUA em
cerca de 3%; da Europa, em
1%; do Japão, em 1,5%; e da
China, em 7,5%.
O mais provável será um
crescimento em 2014 da mesma ordem do ocorrido em
2013, em vista dos riscos que
ainda afetam a economia global e que terão impacto sobre
a evolução das trocas internacionais. A OMC menciona
como fatores que
dificultarão o
crescimento
do intercâmbio global a
modificação
d a
política monetária dos EUA
com a gradual retirada dos
estímulos expansionistas, a
negociação sobre o limite da
dívida dos EUA, a ameaça de
deflação e persistente baixo
crescimento da zona do euro,
a expectativa de consolidação
fiscal no Japão e crescimento
mais fraco dos países emergentes. Por outro lado, as turbulências na América Latina,
na Ásia e na Ucrânia, caso
persistam por mais
algum tempo, vão
enfraquecer a demanda por bens e
serviços dos países
desenvolvidos.
De conformidade com a OMC, o comércio mundial estagnou
entre o segundo trimestre de
2012 e o segundo trimestre de
2013. Nesse período, a maior
contribuição para seu crescimento foi dada pelos países
emergentes. A situação em
2014 parece modificar-se com
a desaceleração dos emergentes e o dinamismo das trocas,
se ocorrer, virá dos EUA, da
Europa e do Japão.
O baixo crescimento do
comércio internacional reflete
não apenas a redução da demanda nos países emergentes,
em razão do baixo nível do seu
crescimento, e o pequeno crescimento entre os desenvolvidos, mas também o número
cada vez maior de restrições
ao livre fluxo de comércio.
O trabalho mostra ainda
que há uma clara tendência
de aumento de medidas protecionistas em grande número
de países. Foram 407 novas
medidas restritivas e investigações para frear as importações em 2013, um aumento de
cerca de 30% em relação às
308 em 2012. Essas medidas,
que afetaram 1,3% das im-
portações mundiais (US$ 240
bilhões), se somam ao vasto
arsenal, cada vez mais sofisticado, de regulamentações que
restringem o livre-comércio.
Registre-se que o relat ó r i o
da
OMC
aponta o Brasil como
o país que mais pediu abertura de investigações antidumping para limitar importações
por preços desleais no período
de outubro de 2012 a novembro de 2013. É bem verdade
que, enquanto nesse período
o número cresceu nos demais
países, no Brasil caiu para 39,
comparado com 45 em 2012.
A Índia, os EUA e a Argentina foram os outros países que
mais recorreram a essa medida
de defesa comercial.
Em outro estudo divulgado pela OMC são feitos comentários sobre o que significa, para os países-membros
e para a própria Organização,
a fragmentação da produção
global, negociada nos acordos
regionais e bilaterais em vigor
que normatizam as regras das
cadeias de valor agregado. O
representante comercial dos
EUA, Mike Froman, candidamente admitiu isso ao referir-se às negociações entre
seu país e a Europa: “Vamos
ampliar o alcance desse acordo e incluir cláusulas ambientais e sociais, além de maiores
exigências na proteção de pa-
tentes”. Nesse contexto, estão
sendo ultimados estudos para
o lançamento de negociação
de acordo plurilateral, fora da
OMC, para a eliminação de
tarifas sobre produtos ambientais, como equipamentos solares e centrais eólicas.
O Brasil, carregando o
fardo do Mercosul, continua isolado, à margem das
grandes transformações que
estão ocorrendo no comércio internacional e
nas negociações que se
desenvolvem fora da
OMC.
A tendência dos EUA
e da Europa, assim como
dos EUA e da Ásia, de avançarem nos entendimentos para
chegarem a um acordo regional de livre-comércio fora da
OMC dificilmente será revertida. O desafio para a OMC
será encontrar uma fórmula de
multilateralizar as regras desses acordos, que, em muitos
casos, vão além do que já está
aprovado pelos 160 paísesmembros da Organização.
Esse é um dos maiores
desafios que o Brasil terá de
enfrentar nos próximos meses
e anos em termos de negociações comerciais externas. A
Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo (Fiesp),
por meio do Conselho de Comércio Exterior, e a Fundação
Getúlio Vargas (FGV) formaram uma força-tarefa para
examinar essa questão e encaminhar o resultado do trabalho
ao governo a título de cooperação.
O mundo não vai esperar
pelo Brasil.
Rubens Barbosa, é presidente do
Conselho de Comércio Exterior da FIESP
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março 2014
15
O novo presidente
Gustavo Diniz Junqueira
Autoridades prestigiam posse do
novo presidente da Rural
A
16
Gustavo Diniz Junqueira,
Governador Geraldo
Alckmin, Fernando
Henrique Cardoso e
Cesário Ramalho
Crédito: J.Reis
utoridades prestigiaram
a cerimônia de posse do
novo presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB),
Gustavo Diniz Junqueira, em São
Paulo. Estiveram presentes o governador de São Paulo, Geraldo
Alckmin; o senador Eduardo Suplicy; o ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso;
a secretária da Agricultura de São
Paulo, Mônika Bergamaschi; bem
como os deputados federais Guilherme Campos, Marcos Montes,
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março 2014
Eduardo Sciarra e Duarte Nogueira; e os deputados estaduais de
São Paulo, Barros Munhoz, Welson Gasparini e Itamar Borges.
O ex-prefeito da cidade São
Paulo, Gilberto Kassab; o ex-governador, José Serra; o pré-candidato ao governo de São Paulo,
Alexandre Padilha; e o presidente
do Conselho de Administração do
Museu do Café, Luiz Marcos Suplicy Hafers, também marcaram
presença. A abertura da solenidade foi feita pelo ex-presidente da
Rural, Cesario Ramalho da Silva.
Em sua fala, Ramalho assinalou
que a evolução do agronegócio no
período em que esteve à frente da
entidade foi clara, e descortinou
um Brasil, até então, ainda desconhecido para a grande maioria da
sociedade urbana. “E foi por isso
e outras coisas que nunca o setor
passou a ser tão cortejado no plano
político como está sendo agora.”
O ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso declarou “A
Rural é exemplo de continuidade
das instituições no Brasil”, acrescentando que a entidade é viva e
ativa porque é capaz de fazer sucessores. Segundo o ex-presidente, as palavras ditas pelo Cesário
e pelo Gustavo mostram a afirmação do Brasil nos últimos anos,
de um país que evoluiu. Todavia,
FHC ressalvou que o Brasil tem o
desafio de passar agora da quantidade para a qualidade, e que é preciso acreditar que mudanças são
necessárias. “E esta transformação
precisa ocorrer com respeito às regras”, concluiu.
Dep. Duarte Nogueira, Gilberto Kassab e Gustavo Diniz Junqueira
Novo presidente
“
É por isso que nós do agronegócio
precisamos conceber uma visão para o
Brasil. Um plano de ação, lastreado na
ciência, direcionado e implementado nas
próximas décadas por uma classe média
dinâmica de produtores rurais jovens e
preparados para esta missão.
“
Em seu pronunciamento, o novo presidente da entidade, Gustavo Diniz Junqueira, acentuou que o Brasil tem
que fazer escolhas e reformas. O agronegócio brasileiro,
disse, é um grande produto de inovação, onde realmente
somos competitivos. “O produtor rural é um verdadeiro
empresário do campo, e seja ele pequeno, médio ou grande, é o principal fator de sucesso do agronegócio.”
Contudo, ponderou o novo presidente da Rural,
para continuar em sua missão, o produtor precisa de
previsibilidade, segurança jurídica, tecnologia, infraestrutura logística, seguro, gestão e acesso a mercados.
“O aumento de custos e o estrangulamento da renda do
produtor tem que ser uma preocupação de toda a sociedade”, alertou. Gustavo Junqueira chamou a atenção
para o fato de que independentemente de quem seja o
futuro presidente da República, do Senado, da Câmara,
do Supremo Tribunal Federal, o agronegócio tem que
ser compreendido como essencial para o País.
“Promover o agronegócio é uma questão de segurança nacional, e o setor tem que estar no centro
do planejamento estratégico e do processo decisório
do Brasil”, frisou.
Segundo o novo presidente da Rural, a retomada do crescimento econômico com desenvolvimento
social e maior bem-estar exige estabilidade, planejamento e excelência na execução.
Gustavo Junqueira
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Cadastramento ambiental rural e
18
A
discussão e a aprovação do novo Código
Florestal Brasileiro (Lei
nº 12.561/2012) constituem um
grande marco na legislação ambiental brasileira. Com certeza,
as discussões travadas em torno
deste tema constituíram-se em
um dos momentos marcantes em
relação à legislação ambiental brasileira. Até então, as questões ligadas a proteção e conservação das
áreas florestais e seus fragmentos
remanescentes, bem como a preservação das áreas consideradas
como de Preservação Permanente, estavam reguladas pela Lei
nº 4.771/65 e suas modificações
posteriores, com especial destaque para a Medida Provisória
2.166-67/2001. Esta legislação,
considerada durante muitos anos
por alguns especialistas como
avançada e adequada, passou a ser
contestada a partir do momento
em que sua aplicação passou a ser
exigida e verificou-se a grande dificuldade desta aplicação em áreas
com histórico de ocupação mais
antigo. A partir destas constata-
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março 2014
ções, iniciou-se um amplo debate
relativo ao Código Florestal, com
diversas contestações em relação
a sua viabilidade operacional e
aos conceitos utilizados pela legislação, em especial àqueles referentes aos parâmetros utilizados
para o estabelecimento das faixas
de preservação. As discussões
ocorridas tiveram um forte componente de passionalidade, com
a formação de grupos antagônicos (ambientalistas e ruralistas), o
que levou à promulgação de uma
nova legislação muito mais preocupada em solucionar os passivos
ambientais históricos do que em
promover uma conjunto de normas de valorização dos recursos
florestais. Importante lembrar que
o Código Florestal Brasileiro é um
importante instrumento para a regulação do ordenamento territorial
do país, uma vez que estabelece as
normas relativas à manutenção
de áreas consideradas como de
preservação e aquelas necessárias à composição das reservas
com cobertura vegetal natural.
Em que pesem os passionalismos
e as divergências corporativistas, a nova legislação estabeleceu
um novo pacto relativo ao ordenamento territorial e ao uso do
solo. Entre as principais alterações oriundas deste pacto, merece destaque especial a introdução
do conceito relativo à “área rural
consolidada”. A introdução deste
conceito na legislação brasileira
serviu como base para a aprovação do novo texto legal, uma vez
que permitiu a solução de passivos ambientais históricos sem
perdas econômicas significativas
para os produtores rurais. Nesse
conceito, considera-se como “área
rural consolidada” a área de imóvel rural com ocupação antrópica
preexistente a 22 de julho de 2008,
com edificações, benfeitorias ou
atividades agrossilvipastoris, admitida, neste último caso, a adoção do regime de pousio (art. 3º,
inciso IV da Lei nº 12.651/2012).
Embora esse conceito tenha sido
considerado genérico e causador
de perdas significativas para a
restauração das áreas de preservação permanente, permitiu a
preservação de importantes áreas
de cultivo incorporadas ao sistema produção, entre as quais as
atividades cafeeiras localizadas
em encostas e topos de morro.
A outra ferramenta introduzida
pela nova legislação e considerada
fundamental para a consolidação
nas novas regras legais foi o Cadastro Ambiental Rural – CAR,
que passa a ser o principal instrumento voltado à regularização
ambiental das propriedades. A
definição do CAR está contida no
art. 29 do Código Florestal e é descrito da seguinte forma: É criado o
Cadastro Ambiental Rural – CAR,
no âmbito do Sistema Nacional
de Informação sobre o Meio Ambiente – SINIMA, registro público eletrônico de âmbito nacional,
obrigatório para todos os imóveis
rurais, com a finalidade de integrar as informações ambientais
das propriedades e posses rurais,
compondo a base de dados para
o controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao desmatamento.
Do ponto de vista prático, o CAR
será realizado através de uma plataforma eletrônica, que permitirá
que todas as propriedades e posses rurais, independente de seu
tamanho ou situação geográfica,
sejam localizadas e identificadas
em imagens de satélite, onde serão demarcados os seus limites, as
Áreas de Preservação Permanente
(APP’s), as áreas destinadas às
Reservas Legais (RL’s) os remanescentes de vegetação nativa e
seus reflexos nas atividades rurais
as áreas já antropizadas ou de ocupação consolidada. Este cadastro
servirá como “um passaporte” que
dará acesso a todos os instrumentos criados pela lei, quais sejam:
- substituição do procedimento de Averbação de Reserva Legal
em cartórios pelo cadastramento
(§ 4º do art. 18);
- adesão ao Programa de Regularização Ambiental – PRA
para adequação das propriedades e posses rurais aos termos da
nova legislação (§ 2º do art. 59);
- continuidade das atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo e turismo rural nas Áreas
de Preservação Permanente ao
longo de cursos d´água, desde
que consolidadas até 22 de julho de 2008 (art. 61-A);
- redução das áreas de recomposição obrigatória em APP’s localizadas aos longos dos cursos
d’água, desde que consideradas
como áreas consolidadas nos termos da lei (§§ 1º a 8º do art. 61-A);
- manutenção das atividades
florestais, culturas de espécies
lenhosas, perenes ou de ciclos
longo, nas Áreas de Preservação
Permanente com ocupação consolidada localizadas nas encostas
com declividade acentuada, nas
bordas dos tabuleiros e chapadas, nos topos de morros, montes,
montanhas e serras e nas áreas
com altitude superior a 1.800 metros (§§ 1º a 3º e caput do art. 63).
Importante destacar que o CAR
não é um documento ou título de
reconhecimento de propriedade
ou posse (§ 2º do art. 29), mas um
cadastro de informações ambientais que permitirá uma avaliação
mais detalhada das condições
ambientais e da ocupação do solo
nas diversas regiões. Desta forma,
poderão ser estimados os déficits
de cobertura vegetal nas APP’s e
RL’s, o que permitirá que o poder
público estabeleça as estratégias
para sua correção por meio do
Programa de Regularização Ambiental – PRA. O PRA será um
programa ao qual os proprietários
poderão aderir, através de um Termo de Compromisso, e que tem
por finalidade permitir que sejam
desenvolvidas ações de recuperação ou restauração de áreas que
não estejam em conformidade
com a legislação vigente. Este programa será detalhado e estruturado
pelos Estados e pelo Distrito Federal e, durante sua execução, nos
prazos estabelecidos do Termo de
Compromisso, o proprietário ou
posseiro não poderá ser autuado
por infrações cometidas antes de
22 de julho de 2008. Da mesma
forma, cumpridas as obrigações
estabelecidas no PRA ou no Termo
de Compromisso, as autuações realizadas por infrações anteriores a
esta data serão consideradas como
convertidas em serviços ambientais. No caso de propriedades familiares, conforme estabelecido na
legislação vigente, a implantação
do PRA será realizada com o apoio
e subsídio do poder público. Para
todas estas ações é condição essencial que a propriedade encontre-se
regularizada junto ao CAR.
Finalmente devem ser consideradas ainda duas situações criadas
pela nova legislação e que também
se vinculam ao CAR. A primeira
refere-se à possibilidade de utilizar
as áreas com cobertura vegetal nativa excedentes aos percentuais estabelecidos para a Reserva Legal e
que não se localizem em Áreas de
Preservação Permanente – APP’s
– para a criação de Cotas de Reserva Ambiental – CRA’s. Estas
cotas poderão ser comercializadas
ou transferidas a terceiros, visando
a compensação de Reserva Legal para aquelas propriedades que
apresentem déficits destas áreas.
Esta operação somente poderá ser
realizada para as propriedades que
se encontrem devidamente cadastrada junto ao CAR.
Em segundo lugar, a concessão de crédito rural, em qualquer de suas modalidades, após
cinco anos de promulgação do
novo Código Florestal (Lei nº
12.651/2012), somente poderá
ser realizada para as propriedades que estejam devidamente regularizadasjunto ao CAR.
Como se pode verificar, o Cadastro Ambiental Rural – CAR - é
um instrumento essencial para a
implantação e a consolidação da
nova legislação. Essa consolidação trará segurança jurídica para as
atividades rurais e permitirá que o
país alcance um modelo de ordenamento territorial mais adequado.
Para tanto, é necessário que o CAR
seja implementado, considerando
que já são passados dois anos da
promulgação da lei, sob o risco de
colocar em descrédito todo o esforço realizado na aprovação desse
instrumento legal. Essa legislação,
em que pesem todas as polêmicas
e divergências levantadas quando
de sua discussão e aprovação, representa o acordo possível para a
melhoria das condições ambientais
do meio rural.
19
Luiz Carlos Cardoso Vale, é Engenheiro florestal do
Instituto Terra Brasilis
Revista do Café |
março 2014
CRÉDITOS: divulgação
Discurso de abertura do Governador Jaques Wagner
15º
agr café
Simpósio Nacional do Agronegócio Café
20
Café: A força de uma nação
A
necessidade urgente
de revisão das estratégias
governamentais para a administração da
safra de café no mercado foi
um dos temas mais recorrentes nos discursos de abertura
do Agrocafé 2014, realizado
no Bahia Othon Palace, em
Salvador/BA. A 15ª edição do
evento ocorre em um momento de repentina recuperação
de preços, após três anos de
queda.
O público teve presença
maciça de produtores da agricultura familiar. Destaques
na solenidade de abertura o
governador da Bahia, Jaques
Wagner; o dep. federal e presidente do CNC, Silas Brasileiro; o presidente da Faeb,
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março 2014
João Martins; o diretor geral
do Cecafé, Guilherme Braga;
o presidente da ABIC, Américo Sato; o presidente da Assocafé, João Lopes Araújo; e o
presidente de honra da entidade, Eduardo Salles.
O governador enfatizou
em seu discurso a presença de
mais de 300 agricultores familiares e pequenos no evento, o que foi possível através
da mobilização de Assocafé
com Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e da
Faeb. “Tenho muito orgulho
dos cafés de qualidade que
produzimos na Bahia, tantas vezes reconhecidos como
dos melhores do mundo. Vejo
neste evento cafeicultores de
todos os portes. Para os pe-
quenos, que hoje se concentram na produção de cafés
especiais, sempre digo que,
quanto mais ligados a Federações e associações estiverem,
mais fortalecidos serão. Um
evento como esse é a chance
de muitos desses pequenos
terem acesso à informação.
Grandes e pequenos têm muito a compartilhar”, disse o
governador, lembrando que a
Bahia é o quarto maior produtor do Brasil.
Wagner elogiou o tema
do evento, “A Força de uma
Nação” e lembrou a importância do café para a geração
de empregos e riquezas. “O
café tem um papel reservado
e consagrado na economia e
na política brasileira”, disse.
João Lopes
Riqueza vulnerável
De acordo com João Lopes Araújo, da Assocafé, o momento não é de entusiasmo. A Bahia, explica, está saindo da
maior seca de sua história e o café, como cultura perene é, foi
uma das culturas mais vulneráveis à estiagem. “Foram três
anos difíceis, numa coincidência perversa de produção reduzida e preços baixos. Há dois anos, alertávamos para a responsabilidade de administrar a entrada no mercado da maior
safra brasileira de todos os tempos, de 55 milhões de sacas.
Falhamos. A safra grande se repetiu e as falhas na gestão da
entrada da safra no mercado se ampliaram. Chegamos próximo do preço de 2002, o pior da história”, afirmou.
Segundo Lopes Araújo, com as notícias dos problemas climáticos nos estados de Minas Gerais e São Paulo, o “suposto” grande estoque que derrubou os preços anteriormente,
repentinamente, desapareceu. “O mercado mostrou um grande apetite para compra de café. As três milhões de sacas
vendidas nos leilões de opções feitos em novembro para entrega agora, não foram entregues, pois deixou de ser interessante, diante de preços melhores no mercado”, explicou. “Somos uma riqueza vulnerável”, concluiu o presidente.
Para o deputado Silas Brasileiro, o veranico, surpreendeu o Brasil, mas não foi a única causa da mudança no
mercado. “Muitos estão dizendo que a reação dos preços foi em função do veranico, mas, na verdade, se deve à
política governamental, que colocou os maiores recursos da história na cafeicultura. “A presidente Dilma autorizou
a retirada através de leilões de opções de três milhões de sacas do mercado. Dissemos para ela que as opções não
seriam atendidas, como não foram, pois os preços ficariam mais interessantes”, concluiu Silas Brasileiro.
Homenagens
João Lopes assinalou a decisão da Assocafé de incluir na programação do
Simpósio uma homenagem da cafeicultura baiana às entidades do agronegócio café em reconhecimento ao papel desempenhado por essas associações ao
longo dos anos, não só na representação de seus associados, mas, sobretudo,
atuando junto às autoridades governamentais no compartilhamento das responsabilidades na formulação das decisões da política cafeeira. Foram contempladas,
além das 04 representações dos segmentos cafeeiros – ABICS, ABIC, CECAFÉ e
CNC – também o IAC, Embrapa e OCB, pela relevância de suas atuações.
Prêmio Agrocafé
João Lopes e
Dep. Silas Brasileiro
Programação
No programa de trabalho do Simpósio foram incluídos Painéis voltados para a análise da produção
de café arábica e robusta e seu consumo nos principais países, apresentado pelos especialistas Carlos
Brando e Silvio Leite. O Painel Rumos do Agronegócio Brasileiro, apresentado pelo ex-ministro da
Agricultura Roberto Rodrigues, gerou grande interesse dos participantes pela abordagem ampla e
abrangente sobre as potencialidades da agropecuária brasileira.
Com a presença de representantes de toda a cadeia Café, e sob a coordenação de Florindo D’Alberto, do IAPAR, foi desenvolvido o Painel Proposta de Marketing do Café Brasileiro, onde foram
debatidas a conveniência e a necessidade da adoção de um programa permanente de promoção do café
brasileiro, buscando a formação de uma imagem do Brasil como fonte de fornecimento de cafés de alta
qualidade e produzidos dentro de elevados padrões de sustentabilidade.
Além da discussão desses temas, o 15º Agrocafé disponibilizou aos produtores participantes um
grande número de cursos de treinamento e atualização. Entre esses cursos, temas ligados às atividades
de produção, abrangendo desde aspectos relacionados ao manejo, tecnologia de produção, passando pela
pesquisa, legislação trabalhista, melhoria de qualidade e arranjos produtivos da cafeicultura familiar.
João Lopes,
Guilherme Braga e
Antônio Carlos Berenguer
Mesa abertura
Cooxupé divulga balanço da
FEMAGRI 2014
24
Feira recebeu cerca de 23 mil pessoas e gerou R$ 55 milhões
em volume de orçamentos. Apesar do momento cauteloso na
cafeicultura, produtor está investindo para melhorar a produtividade
A
13ª edição da FEMAGRI - Feira de Máquinas, Implementos e
Insumos Agrícolas atingiu as
expectativas da Cooxupé – Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé. Durante
os três dias de evento, perto de
23 mil pessoas passaram pelo
local, número superior ao ano
passado. No total, a FEMAGRI
2014 gerou R$ 55.379.566,00
em volume de orçamentos, dos
quais R$ 42,8 milhões
foram comercializados pela
Cooxupé.
Revista do Café |
CRÉDITOS: Ricardo Dias / Queila Panhotta
março 2014
Já os tratores e colheitadeiras chegaram à ordem de R$ 12,5 milhões.
Novidades em maquinário,
implementos e insumos agrícolas foram apresentadas às
famílias cafeicultoras que
compareceram à Feira em busca de soluções para mecanizar
suas lavouras e aumentar a
qualidade de suas produções,
nos 140 estandes sediados
por 110 empresas expositoras.
Numa área de 107 mil m², dos
quais 20 mil correspondem à
área coberta, a feira condicionou ao cafeicultor a oportunidade de negociar utilizando
o café como moeda de troca
num prazo de pagamento de
três anos com valores pré-estabelecidos, de acordo com
a cotação da saca de café.
Com o tema “Infraestrutura
Adequada: reduzindo custos e
agregando valor à sua produção”, a FEMAGRI recebeu visitantes de 232 municípios de
13 estados brasileiros, além de
outros países como Argentina,
Estados Unidos, Itália, Inglaterra e México. Segundo Carlos Alberto Paulino da Costa
(foto), presidente da Cooxupé,
apesar do momento enfrentado pela cafeicultura ainda
exigir certa cautela, o produtor – dentro de suas possibilidades – confiou na mensagem
passada pela Feira. “Mesmo
percebendo o cuidado do produtor em assumir compromissos financeiros, vimos o interesse dele em investir logo no
primeiro dia do evento, quando registramos um volume de
negócios maior comparado ao
primeiro dia do ano anterior.
REVOLVEDORA DE CAFÉ
Esta edição da FEMAGRI trouxe para o produtor de café uma série de inovações que visam a diminuição dos custos de produção. Um dos destaques deste ano foi a “Revolvedora de Café” (foto abaixo), maquinário lançado durante
a feira que promove a secagem de café no terreiro, tornando possível a automatização desta etapa de beneficiamento
do café. “Com esta tecnologia, é possível mexer no terreiro o dia todo, revolvendo o grão, promovendo uma secagem
mais eficiente e com menor custo, pois abre espaço para que o cafeicultor cuide de outras etapas da produção cafeeira”, explica Elmo Donizetti de Cistolo, Gerente de Planejamento, Administração e Serviços da Cooxupé.
A tecnologia exclusiva, desenvolvida pela empresa Pergaminno em parceria com a Cooxupé, ficou exposta na
Fazendinha da FEMAGRI, espaço do evento onde o produtor tem acesso ao funcionamento das máquinas. Além do
custo baixo do produto, a “Revolvedora de Café RCR-14” quase não precisa de manutenção e é de fácil utilização e
montagem. “Este equipamento chegou de acordo com a demanda e o próprio tema do evento, que é reduzir custos
com soluções práticas, inteligentes e que cabem no bolso de nosso cooperado. Além de simples, a tecnologia realiza a secagem do grão com mais eficiência, contribuindo para a qualidade do grão, influenciando diretamente na melhoria do preço da saca”, avalia o Coordenador de Desenvolvimento Técnico da Cooxupé, Mário Ferraz de Araújo.
O projeto de pesquisa foi financiado pela Fapesp (Fundação de Pesquisa do Estado de São Paulo) e a
Cooxupé colaborou indicando propriedades para testes e acompanhando o desempenho do equipamento,
sugerindo mudanças para melhorias. O custo do maquinário pode ser pago em uma safra. A tecnologia ainda
possui revolvimento regular e programável e funciona dia e noite, podendo reduzir o tempo de secagem
do grão para até 7 dias. “É uma grande vantagem já
que o tempo médio de secagem é de 22 dias”, explica
FEMAGRI EM NÚMEROS
Mário Ferraz.
Segundo o parecer técnico da cooperativa, feito
Público: perto de 23 mil pessoas.
por técnicos da Cooxupé durante a pesquisa, a secaVisitantes de: 232 municípios, 13 estados do Brasil, 5 países.
gem feita pela RCR14 contornou as dificuldades do
processo realizado em terreiros convencionais, proVolume total de orçamentos: R$ 55,3 milhões
porcionando grãos mais homogêneos, com umidade
Comercializados pela Cooxupé: R$ 42,8 milhões
ideal, resultando em uma bebida de maior qualidade.
Tratores e colheitadeiras: R$ 12,5 milhões.
Área: 107 mil m² | Coberta: 20 mil m².
Estandes: 140.
Empresas expositoras: 110
Estacionamento: 8.742 veículos e 61 ônibus e vans.
Doses cafés e cappuccinos: mais de 34 mil.
Insegurança
geral
D
26
a retina não me sai a
presidente alisando a
cabeça de Fidel Castro, do único país comunista
do mundo ocidental. Ouvi
sua condenação ao povo nas
ruas a exigir a renúncia, sem
golpe de Estado como na
Ucrânia, do inepto Maduro a
desgraçar a Venezuela. Trata-se de um regime ditatorial,
violento, corrupto, populista, com “milícias paramilitares” e repressão policial,
que fez do Judiciário uma
sucursal do Executivo e
“aparelhou” as Forças
Armadas. Além disso,
organizou “movimentos
populares”, com políticas paternalistas para
tornar as eleições “meras
homologações” de projetos de poder, como os que
se desenvolvem na Bolívia,
na Nicarágua, no Equador e
na Argentina, simulacros
de regimes democráticos.
O que há de
comum entre
eles é a incessante política
assistencialista,
por
meio de caríssimos programas
de transferência de renda patrocinados com o dinheiro das
receitas e tributos do Estado
para as classes mais pobres.
“As eleições” são “sacralizadas” como sinônimo de democracia (eleitores “cativados”
por mesadas e ignorância cultural). As instituições democráticas — menos as eleições
viciadas — são vilipendiadas
progressivamente (censura à
imprensa, indicação de juízes
“a dedo”, formação de “bases
legislativas” em troca de favores e economia dirigida, com
elevado teor de corrupção).
Esse aligeirado apanhado
tem sido referendado por analistas políticos independentes,
sociólogos e historiadores não
colonizados pelo “esquerdismo estatizante” que domina —
para consternação do mundo
— boa parte da imprensa e da
academia nas américas Central
e do Sul, as mais atrasadas politicamente, à frente apenas da
África subsaariana.
Para esses intelectuais, o
Estado deve dominar a economia, dirigi-la a serviço das
“classes despossuídas”, fruto
da desigualdade secular que
domina o continente, em nome
do “socialismo do século 21”,
que ninguém sabe o que é (ausência conceitual), mas cujos
exemplos são ruins, como
mostram a Venezuela, e, mais
perto de nós, a Argentina.
A nossa presidente, ao dizer
— sem nenhuma censura ao Sr.
Maduro — que “não se pode
esquecer as conquistas sociais
da República Bolivariana”, revelou o seu comprometimento. A PDVSA (empresa estatal
petrolífera venezuelana) está
falida e o povo de lá com as
partes fedendo, pois lhe falta
papel higiênico. Se tais são as
conquistas sociais, já que não
há educação, comida, saúde e
segurança de qualidade, só temos a dizer que elas não nos
interessam.
Não queremos a Petrobras,
que perdeu 80% do seu valor
durante os três anos do governo Dilma, equiparada à PDVSA. O controle dos preços dos
combustíveis, para garantir a
reeleição, está a sacrificar o
patrimônio público e privado
dos acionistas e pode implicar
responsabilidade cível e criminal. Não queremos que nossa
imprensa, dúbia e respeitosa
dos interesses do poder, pois
são permitidas pelo governo
como concessionárias, venha
a calar-se ou a desfazer-se de
suas “licenças” por imposição
governamental, como ocorreu
na Argentina. Não queremos a
hiperinflação argentina ou venezuelana, em razão de inoperantes controles de preços e do
câmbio.
A presidente do Brasil está
também segurando os preços
administrados (combustíveis,
energia elétrica, tarifas diversas) e “sujando” o câmbio
com operações de contenção
do Banco Central. O câmbio
é livre, mas nem tanto, e são
vários (comercial, turismo,
paralelo). O secretário-geral
da Presidência da República
ocultou o caso da Sra. Rose,
que o representava na cidade
de São Paulo e agora vem a
público dizer-nos que a Petrobras vai continuar a patrocinar
eventos do MST e ONGS, em
nome da “democracia popular”…
Se já não bastassem as inseguranças jurídica, policial,
da saúde, educacional, habitacional e da mobilidade urbana, ainda temos que suportar
a insegurança político-institucional. Queremos ser uma
democracia sem adjetivos,
como a canadense, a chilena,
a dos países europeus, sem
sobressaltos. Queremos a prevalência do Art. 60, § 4º da
Constituição, “verbis”: “Art.
60. A Constituição poderá ser
emendada (…) § 4º – Não será
objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a
abolir: I – a forma federativa
de Estado; II – o voto direto,
secreto, universal e periódico;
III – a separação dos poderes;
IV – os direitos e garantias individuais”.
Tomemos cuidados. É hora
de mudar os critérios de indicação dos ministros do Supre-
mo Tribunal, guarda da Constituição. O chefe do Executivo
não deve indicá-los, à vista do
que ocorre no continente. O
modelo das cortes constitucionais europeias nos cairia bem.
O modelo americano que seguimos não está combinando
mais com a nossa realidade.
É preciso que a OAB, os conselhos nacionais de Justiça e
do Ministério Público, o Congresso, o Colégio de Presidentes de Tribunais Estaduais
e a Presidência, nessa ordem,
indiquem os ministros para a
Corte Suprema. Aperfeiçoaria a separação de poderes no
Brasil, a bem da sociedade civil e da segurança jurídica.
Sacha Calmon, é advogado tributarista, um estudioso de todas as religiões
e mitos e um apaixonado fã de cinema, música, arte e do América
28
Processo administrativo
tributário federal
A
través do presente artigo buscaremos abordar,
sinteticamente,
as possibilidades e os recursos
cabíveis no âmbito do Processo
Administrativo Tributário Federal, regulado através do Decreto nº 70.235/72 (e alterações
posteriores), e pela Portaria nº
256/2009 (Regimento Interno
do Conselho Administrativo de
Recursos Fiscais – CARF).
Neste particular, merece ser
desde logo destacado que, apesar de existirem algumas semelhanças entre os ritos processuais das esferas administrativas
e judiciais, quando analisados
separadamente os Regimentos
Internos dos Órgãos Julgadores
competentes de ambas as esferas, assim como as normas que
regem os seus respectivos recursos, substanciais diferenças
se revelam, sendo que, no caso
do Processo Administrativo
Revista do Café |
março 2014
Tributário Federal, iremos então destacar as suas principais
particularidades.
O Processo Administrativo
Tributário Federal pode ser iniciado basicamente de 02 (duas)
formas:
1ª) Por iniciativa dos contribuintes, quando estes apresentam Pedidos de Ressarcimento/Compensação, ou mesmo
formulam Consultas acerca da
interpretação da legislação tributária; e
2ª) Por iniciativa do Fisco,
através da expedição de Notificações de Lançamento ou Autos
de Infração.
Relativamente aos Pedidos
de Ressarcimento/Compensação, quando a Administração
Tributária efetua a glosa parcial
ou integral do direito creditório requerido pelo contribuinte,
esta glosa é formalizada através
de um Despacho Decisório, o
qual posteriormente é submetido ao exame do Delegado da
Delegacia da Receita Federal
do Brasil, para fins de eventual
aprovação.
Após estes procedimentos,
em sendo confirmada a glosa,
o contribuinte então é intimado para apresentar no prazo
de 30 (trinta) dias, a sua peça
de manifestação de inconformidade em face do Despacho
Decisório, questionando os
seus fundamentos, a qual será
submetida à apreciação da
primeira instância administrativa, no caso, a Delegacia
da Receita Federal do Brasil
de Julgamento – DRJ.
Destaque-se, ainda, que a
DRJ também é órgão da Administração Tributária competente para o exame das defesas apresentadas em face de
Notificações de Lançamento
e/ou Autos de Infração, quando o contribuinte apresenta
sua peça de impugnação contestando a cobrança de créditos tributários.
Nestes termos, em prol
da garantia ao duplo grau de
jurisdição - garantia esta que
também fora reconhecida
quando da assinatura do Pacto de San José da Costa Rica (cuja
Conferência foi ratificada pelo Brasil em 25.09.1992) -, na hipótese de o contribuinte não obter êxito quando do julgamento no âmbito das DRJ’s, lhe é facultado apresentar o Recurso
Voluntário ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais –
CARF, o qual será então apreciado com base nas regras esta-
belecidas pelo Regimento Interno do referido órgão
(Portaria nº 256/2009).
Assim, tão logo recebido o Recurso Voluntário pelo
CARF, o mesmo será então encaminhado para uma de
suas 03 (três) Seções de Julgamento, de acordo com a
matéria a ser examinada, conforme box abaixo:
1ª Seção de Julgamento – Compete julgar Recursos Voluntários que versem sobre a aplicação da legislação de IRPJ; CSLL; IRRF
(quando se tratar de antecipação do IRPJ); SIMPLES; Empréstimos Compulsórios, e demais tributos e penalidades por descumprimento de obrigações acessórias reflexas aos tributos anteriormente citados.
2ª Seção de Julgamento – Compete julgar Recursos Voluntários que versem sobre a aplicação da legislação de IRPF; IRRF; ITR;
Contribuições Previdenciárias, e penalidades por descumprimento de obrigações acessórias reflexas aos tributos anteriormente citados.
3ª Seção de Julgamento – Compete julgar Recursos Voluntários que versem sobre a aplicação da legislação do PIS e da COFINS;
FINSOCIAL; IPI; Crédito Presumido do PIS/COFINS/IPI; CPMF; IPMF; IOF; CIDE; II; IE; Contribuições Previdenciárias; contribuições, taxas e infrações cambiais e administrativas relacionadas com a importação e a exportação, classificação tarifária de mercadorias; isenção, redução e suspensão de tributos incidentes na importação e na exportação, vistoria aduaneira, dano ou avaria, falta ou
extravio de mercadoria; omissão, incorreção, falta de manifesto ou documento equivalente, bem como falta de volume manifestado;
infração relativa à fatura comercial e a outros documentos exigidos na importação e na exportação; trânsito aduaneiro e demais regimes
aduaneiros especiais, e dos regimes aplicados em áreas especiais, salvo a hipótese prevista no inciso XVII do art. 105 do Decreto-Lei
n° 37, de 18 de novembro de 1966; remessa postal internacional, salvo as hipóteses previstas nos incisos XV e XVI, do art. 105, do
Decreto-Lei n° 37, de 1966; valor aduaneiro; bagagem; e penalidades pelo descumprimento de obrigações acessórias pelas pessoas
físicas e jurídicas, relativamente aos tributos anteriormente citados.
Após o recebimento do recurso voluntário por uma das
Seções do CARF, o mesmo
será então distribuído a uma
das Câmaras/Turmas julgadoras, composta por 06 (seis)
Conselheiros, sendo 03 (três)
representantes dos contribuintes, e 03 (três) representantes
da Fazenda, a qual sempre é
presidida por um representante da Fazenda
Na hipótese de ser negado
provimento ao recurso voluntário, após a formalização deste
resultado, através do competente Acórdão, caberá, ainda, o Recurso Especial de Divergência,
o qual será dirigido à Câmara
Superior de Recursos Fiscais CSRF, sendo esta a ulterior instância administrativa.
Ressalte-se que é prerrogativa da Câmara prolatora
do acórdão recorrido, examinar a admissibilidade, ou não,
do referido recurso, o qual
será admitido, desde que demonstrada a divergência entre
o acórdão recorrido e outro
julgado, proferido por Câma-
ra distinta. Caso contrário, o
recurso será inadmitido, não
cabendo reexame desta inadmissibilidade, situação esta
que poderá vir a ser alterada,
se for aprovado o Projeto de
Lei do Senado nº 222/2013, na
medida em que, em seu artigo
2º, inciso V, parágrafo 5º, tal
possibilidade foi novamente
incorporada ao texto legal.
Por fim, lembramos que, em
paralelo aos recursos anteriormente indicados, há também
que se vislumbrar que, nos casos de irresignação do contribuinte contra atos ou despachos
da Administração Tributária
Federal, que não tenham sido
formalizados através de Despachos Decisórios ou mesmo
Acórdãos, o mesmo poderá
alternativamente apresentar o
Recurso Administrativo com
fulcro no artigo 56 e seguintes
da Lei nº 9.784/99, uma vez
que sempre lhe será garantido o
duplo grau de jurisdição.
Em breve síntese, esta é a
sistemática processual tributária na esfera federal, de onde se
depreende a existência de 03 (três) instâncias julgadoras
administrativas (Primeira Instância – DRJ’s; Segunda
Instância – CARF; e Terceira Instância – CSRF), independentes entre si, porém, com uma hierarquia que
permite aos contribuintes buscar a reforma de decisões
desfavoráveis até a última instância administrativa.
Rodrigo do Prado Figueiredo,
é sócio do Escritório Lourenço & Rodrigues Advogados
Tipos de irrigação
suplementar, “de
salvação”, em cafezais.
J.B. Matiello e Rodrigo N. Paiva, Engs Agrs Fundação Procafé e
Salvio Gonçalves, Eng Agr Consultor em cafeicultura
D
30
iz-se que, nós brasileiros, só fechamos
as portas depois do
roubo acontecido, sendo que
este dito também se mostra
válido em relação ao uso de
irrigação em nossos cafezais.
A estiagem recente mostrou a nossa falta de prevenção, quanto aos riscos de
escassez de chuvas e de suas
perdas na produção de café.
No campo, em muitas regiões, foi possível observar
que um pequeno fornecimento de água, através de apenas
1-2 irrigações, em jan/fev,
evitaria perdas significativas, em alguns casos de até
de 100%, por falta de granação dos frutos, alem das perdas vegetativas.
Pois bem, sabemos que
dor de barriga não dá só uma
vez. Por isso, preparamos
um resumo do que poderá ser
feito, para o futuro, em termos de suprimento de água
aos cafezais, de forma mais
econômica. Sabemos que a
irrigação não é possível em
todas as propriedades e lavouras. Por isso apresentamos alternativas de sistemas,
que podem ser adequados
às diferentes condições dos
produtores.
A irrigação suplementar
ou de salvação, como o nome
Revista do Café |
março 2014
indica, visa atender apenas a
períodos críticos da lavoura,
para garantir sua produtividade, acudindo, principalmente, nos anos e em períodos nos quais a distribuição
de chuvas venha a se mostrar
insuficiente, para suprir bem
a água ao cafeeiro.
Na cafeicultura de regiões climaticamente aptas à
cafeicultura, como o Sul de
Minas, em condições normais, o balanço hídrico é
adequado, com suficiente ou
excedente hídrico no período entre setembro-outubro a
maio e com um período seco,
acumulando um pequeno déficit, de 100-120 mm, de junho a agosto. Nesta situação
não seria necessário irrigar
os cafezais.
Nos últimos 10 anos, entretanto, vêm ocorrendo déficits hídricos em 3 períodos
mais significativos, sendo:
1- No inicio do período chuvoso, com as precipitações
muitas vezes atrasando, só
começando em final de novembro - início de dezembro. 2- No final do período
chuvoso, com o término das
chuvas mais cedo, em abril.
3- Em veranicos, em jan-fev
como ocorreu neste ano. Em
função disto, os ensaios de
irrigação suplementar, rea-
lizados em Varginha, mostraram, de 2006 a 2011, um
acréscimo médio de 14 sacas
por ha/ano, equivalendo a
um aumento de cerca de 28
% na produtividade(tabela
1).
Lógico que o aumento
produtivo pela irrigação vai
depender muito do regime de
chuvas a cada ano/período
considerado. Fosse um ano
como o atual, especialmente em cafezais mais jovens e
em regiões de altitudes mais
baixas, o diferencial produtivo seria muito maior.
Nas regiões com períodos eventuais de déficits
hídricos, conforme visto
anteriormente, seria menos
justificável investir em sistemas de irrigação que requerem maior uso de capital
fixo, embora, mesmo assim,
eles acabem sendo economicamente vantajosos. Deste
modo, para suplementação,
seriam menos indicados sistemas com pivôs, gotejamento e até a micro-aspersão,
embora eles possam atender,
operacionalmente, até melhor, nos deficits eventuais.
A indicação de uso em suplementação seria, então, de
sistemas mais simples e mais
baratos, entre os quais destacam-se 4 tipos (ver box):
1- Instalação de aspersão em malha larga, sistema fixo, com tubos de terminais de maior diâmetro (50mm) e aspersores de
maior vazão e com maior diâmetro molhado, podendo ficar distantes de cerca de 30x30 m. Este sistema é de baixo custo,
podendo ficar na faixa de 2-2,5 mil reais por ha, sendo de fácil operação, um só operador podendo cuidar de 30-50 ha. Como
distribui água em toda a área ele se adapta melhor a lavouras adensadas ou semi adensadas.
2- Instalação de tubos de distribuição fixos ou móveis e uso de terminais de distribuição através de mangueiras perfuradas.
Este sistema é, ainda, mais econômico que o anterior na instalação, porém exige mais mão de obra operacional, sendo
necessários 4-5 trabalhadores cada 30-50 ha. No entanto, tem a vantagem de gastar menos água, pois pode fazer uma
irrigação localizada, junto à linha de cafeeiros.
Detalhe do terminal de irrigação por
aspersão em malha larga, vendo-se o tubo
de subida, de 1 1/2” de diâmetro, o registro,
e o aspersor (8 m3 /h).funcionando, a cada
30 m de distância.
3- Irrigação de aspersão móvel, com canhões aspersores, com custo comparável ou pouco mais baixo do que o anterior,
porém exige muito trabalho para montagem e desmontagem. Tem a vantagem de poder ser usado, também, para outras áreas
e outros cultivos.
4- Irrigação de micro-aspersão com micro-jets, sobre mangueiras semelhantes às de gotejamento, apenas são mais rústicos e
não entopem com facilidade. Seu custo é ligeiramente inferior ao do gotejamento.
Irrigação com micro-aspersão molhando
uma faixa de cerca de 1m de largura, junto
à linha de café novo, replantado no meio
de lavoura velha recepada. Detalhe do
micro Jet à direita.
Na escolha de um dos sistemas deve-se observar os
aspectos inerentes ao sistema
(quanto aos seus custos de implantação e de operação e sua
durabilidade). Deve-se considerar, ainda, o tipo de lavoura
(espaçamento, idade, topografia) e a quantidade e qualidade
de água disponível, relativamente ao uso de irrigação em
área total ou localizada.
Em lavouras em formação
ou em sistema de plantio com
espaçamentos um pouco mais
largos pode-se implantar o
sistema de malha (1), porém,
operando, temporariamente,
de forma localizada, trabalhando com terminais de mangueiras perfuradas (2).
Tabela 1. Produção obtida em 6 safras em cafeeiros
com e sem irrigação suplementar, no Sul de Minas
Gerais, Varginha - MG, 2011
Produtividade, em scs/ha, nas safras
Tratamentos
2006
2007
2008
2009
2010
2011
Média
2006-11
Testemunha
(sem irrigação)
60,3a
8,6b
68,0a
47,7b
48,1b
66,6b
49,9
Com irrigação
suplementar(*)
63,4a
55,2a
68,0a
72,1a
43,5b
78,8a
63,5
Irrigação de salvação com terminal de
tripa perfurada tipo Santeno, molhando 2
linhas de cafeeiros.
31
(*) - Lâminas de irrigação suplementar aplicadas em cada ano:2006: 60 mm (maio
a junho) e 30 mm em setembro – 2007: 150 mm (abril a maio) e 150 mm em setembro – 2008: 40 mm (maio) – 2009: 50 mm (maio a junho) – 2010: 100 mm
(maio a junho) e 60 mm em setembro – 2011: 30 mm (fevereiro) e 40 mm (junho)
e 40 mm setembro
Fonte – Paiva, Garcia, Matiello, Padilha, Figueiredo e Lacerda, Anais do 37º CBPC,
Funprocafé, 2011, p. 315.
Resultado do veranico, em jan-fev de 2014, um cafeeiro
irrigado ao lado de outro(esq.) sem irrigação. Alfenas-MG
No sistema de mangueiras, com terminais
curtos de tubos pefurados, pode-se ver a
saida das mangueiras, em engate rápido,
das tubulações, e os esquichos, dos furos,
a cada 30-40 cm, de onde a água sai até o
solo.
Cortando-se os frutos afetados pela seca pode-se ver o
encolhimento das sementes e a formação de uma camada
de ar no interior, o que levará ao chochamento.
Revista do Café | março 2014
Café melhora o
desempenho no esporte
e traz benefício à saúde
Flávia Bessa
32
A
comunidade médica e
de pesquisadores considera, há alguns anos, o
café benéfico à saúde humana e
eficaz na prevenção de doenças,
se consumido em doses moderadas, de 3 a 4 xícaras diárias
(500 mg/dia). Pesquisas realizadas no âmbito do Consórcio
Pesquisa Café, coordenado pela
Embrapa Café, comprovaram
que o café possui, além da cafeína, vitaminas e nutrientes básicos como potássio, zinco, cálcio, ferro, magnésio e diversos
outros minerais, além de compostos antioxidantes, entre eles
os ácidos clorogênicos. (Para
saber mais, acesse a publicação
Café & Saúde Humana, do Consórcio Pesquisa Café).
Estudos do Prof. Dr. Darcy
Roberto Lima - divulgados no
site da ABIC, entidade parceira
do Consórcio - apontam a ca-
Revista do Café |
março 2014
feína como importante agente
modulador do rendimento físico
em vários tipos de atividades
esportivas e potencializador da
performance durante os exercícios. Em atletas que tomam café
diariamente durante os treinos,
na dose mínima de 4 xícaras, a
cafeína atua como estimulante do sistema nervoso e, por
retardar a sensação de fadiga,
propicia o fortalecimento dos
músculos. Ajuda, ainda, na mobilização de substratos de energia para o trabalho muscular. O
resultado é mais rendimento físico e queima de gordura como
fonte de energia em vez de açúcares encontrados nos carboidratos.
Cafeína no
esporte
Nos últimos anos, a cafeína
tem sido alvo de inúmeros estudos envolvendo práticas desportivas de resistência, como o ciclismo, o atletismo e a natação.
No futebol, por exemplo, considera-se que a cafeína aumenta o
desempenho, melhora o tempo
de reação, atenção mental e pro-
cessamento visual. De acordo
com a nutricionista e coordenadora de projetos da ABIC, Mônica Pinto, a cafeína, ingerida
nas doses recomendadas, aumenta a descarga de endorfinas
no cérebro. As endorfinas são
substâncias que dão sensação
de prazer; portanto, com mais
endorfinas, os atletas têm mais
estímulo para prosseguir a atividade física. “Esse estímulo é a
chamada autogratificação, cujo
nível mais alto é alcançado no
cérebro com o consumo do café.
Os cérebros, ao receberem essa
informação de presença mínima
de cafeína por meio do consumo
diário de pelo menos 4 xícaras
de café, têm mais capacidade de
produzir a autogratificação, melhorando, ao longo do tempo,
de forma significativa, o desempenho dos atletas. Esse efeito
é observado tanto em atletas
profissionais como nos de fim
de semana, sendo mais comum
nos primeiros em função da
disciplina que a atividade física
impõe”, explica Mônica.
Segundo artigos publicados nas Cartas Médicas Café
& Saúde, a autogratificação faz
com que o atleta treinado siga
Café e futebol
A relação entre café e esporte não se resume aos benefícios no desempenho e performance. Na Copa do Mundo de
Futebol na Espanha em 1982,
foi lançada a marca “Cafés do
Brasil” para representar o patrocínio do Instituto Brasileiro
do Café - IBC à Confederação
Brasileira de Futebol - CBF. A
marca, que ficou conhecida nos
últimos 32 anos como símbolo
do café brasileiro, foi borda-
da no escudo da CBF. Hoje a
marca Cafés do Brasil, registrada no ano 2000 no Instituto
Nacional da Propriedade Industrial - INPI pela Associação
Brasileira da Indústria do Café
- ABIC, é utilizada para identificar, em todo o mundo, os cafés de origem brasileira. O logotipo “Cafés do Brasil” pode
ser utilizado por entidades do
Governo Brasileiro, empresários e exportadores, contanto
que usem a marca corretamente para criar identidade para os
cafés brasileiros e contribuir
para o fortalecimento da imagem da cafeicultura brasileira
no Brasil e no exterior.
Café e Saúde
Decifrar
os
efeitos
do café na
saúde humana
tem
sido objetivo
da
comunidade
médica
e de pesquisadores em nível
internacional. Nesse contexto, entre os vários estudos
estimulados ou patrocinados pelo Consórcio Pesquisa
Café, há os que vêm comprovando que o café pode ser
consumido por pessoas com
problemas no coração. Pesquisas com esse objetivo, há
quatro anos, vêm sendo desenvolvidas na Unidade Café
e Coração do InCor por meio
de parceria com o Consórcio.
Outro exemplo de estudo é o
que demostra os efeitos sensoriais causados pelo aroma
do café no cérebro, especificamente nos mecanismos de
recompensa (prazer) e motivação. Esses dois temas, coração e cérebro, estudados
sob o ponto de vista do consumo de café, foram objeto
de debate no Workshop Café
& Saúde, patrocinado pela
ABIC e Embrapa Café em
São Paulo em 2012.
Café, alimento
funcional
Estudos também realizados em parceria com o Consórcio pela Universidade Federal
do Rio de Janeiro – UFRJ
apontam que o café é uma bebida nutracêutica (nutricional
e farmacêutica), rica em diversos compostos importantes
para o organismo como minerais, vitamina B (niacina),
ácidos clorogênicos (antioxidantes naturais formados no
processo adequado de torra), e
quinídeos. Os ácidos clorogênicos e os quinídeos também
ajudam a prevenir doenças
físicas, mentais e
neurodegenerativas,
como câncer
de cólon/
reto, mama
e
fígado,
diabetes,
Parkinson,
Alzheimer,
depressão e suas consequências (tabagismo, alcoolismo,
consumo de drogas e suicídio).
“
Copa do Mundo
de Futebol
Em 2014, torcemos para
que os Cafés do Brasil continuem campeões nos campos
das principais regiões produtoras, mantendo o nosso País
como maior produtor e exportador mundial do produto. Que o nosso País também
assuma a primeira posição
mundial de consumidor da
bebida, hoje ocupada pelos
EUA. Por fim, que esse sucesso nas lavouras melhore
a renda dos produtores e dos
demais elos do agronegócio
café e também impulsione a
vitória da nossa seleção nos
campos de futebol durante a
Copa do Mundo no Brasil.
Revista do Café |
março 2014
A marca
‘Cafés do
Brasil’ foi
utilizada
na camisa 33
da seleção
brasileira
de Futebol
na Copa
do Mundo
de 1982 na
Espanha
“
adiante ao atingir um ponto máximo de cansaço, que leva todas
as pessoas sem treinamento a
pararem por fadiga. De acordo
com as pesquisas divulgadas,
a cafeína também estimula o
cérebro aumentando o estado
de alerta e o funcionamento do
coração. Além disso, poupa a
glicose do músculo esquelético
(quanto mais glicose no músculo mais se retarda a fadiga) e facilita o aumento da quantidade
de cálcio dentro do músculo. O
músculo vira um supermúsculo e a pessoa não tem sono ou
cansaço. “Os atletas passam a
utilizar a gordura como fonte
de energia em vez de açúcares
encontrados nos carboidratos,
reduz a sensação de fadiga, melhorando o rendimento físico”,
destaca a nutricionista da ABIC.
Estudos recentes demonstram
também um aumento da força
muscular, já que retarda a fadiga muscular, possibilitando um
maior grau de carga e repetições
de execução do exercício após a
ingestão de cafeína.
Esses efeitos podem variar
de pessoa para pessoa, oscilando de acordo com o peso e
a regularidade em que a bebida
é consumida. A ação do café no
organismo atinge o pico cerca de 15 a 120 minutos após a
ingestão e pode causar tolerância. Ou seja, progressivamente,
maiores doses de cafeína deverão ser ingeridas para que se
possa atingir o mesmo efeito.
Água seca
P
repare-se: vai faltar água
na torneira. A situação é
extremamente crítica. Em
pleno verão, época de abundantes chuvas, os reservatórios estão
minguados. Na agricultura, o forte calor associado às baixas precipitações estorrica as lavouras.
Anda em busca de explicações o
inusitado fenômeno climático.
Prato cheio para o catastrofismo ecológico. Estrilam sua voz
os que apregoam o fim do mundo pela nefasta ação do homem
sobre o meio ambiente. Na teoria
das mudanças climáticas, o efeito
antrópico sobrepõe-se às causas
naturais. E uma de suas consequências, nessa questão hídrica,
seria a maior variabilidade na
lavanderia de São Pedro: épocas
muito chuvosas se alternariam
com outras muito secas, no mesmo local. Tempo maluco.
Em decorrência do aquecimento global, causado pelo acúmulo de CO2 na atmosfera, haveria também um deslocamento das
zonas úmidas. No caso brasileiro,
por exemplo, supõe-se que até o
final deste século a floresta amazônica se transforme numa savana, um bioma árido semelhante
ao cerrado do Centro-Oeste. Nesta região, inversamente, passaria
a chover mais. Vai saber.
Há quem, observando as
margens dos mananciais, jogue
toda a culpa da falta d’água na
supressão das matas ciliares,
aquelas que protegem as beiradas dos rios, córregos e nascentes. É exagero, mas a questão
existe. Houve, nos campos e nas
cidades, uma ocupação desordenada dessas áreas ribeirinhas,
prejudicando os recursos hídricos. Pelo interior afora se contam inúmeras minas d’água que
tristemente secaram por causa
do intenso desmatamento.
Hoje em dia, porém, a situação está melhorando. Aqui, no
Estado de São Paulo, o desmatamento cresceu até os anos 1990,
verificando-se um processo de recuperação ambiental desde então.
Dados do Inventário Florestal
indicam que a vegetação natural
cobre atualmente uma área de 4,3
milhões de hectares, correspondente a 17,5% do território paulista. Antes eram 13,9%. Maior
conscientização somada à repressão policial trocou a página da
supressão vegetal, abrindo a da
regeneração florestal. Com ajuda
das áreas canavieiras, formam-se
corredores de biodiversidade serpenteando os cursos d’água no
campo. Fauna e flora agradecem.
Pode ser que as mudanças
climáticas e a ocupação humana estejam afetando o regime de
chuvas. Seca, porém, não é privilégio contemporâneo. Na História da humanidade verificam-se
terríveis períodos com pronunciada falta d’água. Sua repetida
ocorrência é arrolada por Jared
Diamond entre as explicações
do colapso da civilização maia.
Somados à exploração exaustiva
dos recursos naturais na península mexicana de Yucatán, longos
períodos de severa estiagem explicam a derrocada de Tikal, por
volta de 600 d.C. Era apenas o
começo da desgraça. Todo o povo
maia acabou terrivelmente afetado por uma grande seca iniciada
em 760, cujo auge se deu 40 anos
mais tarde. Uma década depois,
em 810, seguidos anos com pouquíssima chuva aniquilaram essa
agricultura pré-colombiana. Ferozes reis guerreavam buscando
alimento e água. Até que, a partir
de 910, uma seca de seis anos seguidos arrematou a tragédia.
Falar em seca aqui, no Brasil,
lembra o Nordeste. Vem de longe
o recorrente problema. O primeiro
relato da falta de chuvas na região
é de 1583, descrito pelo padre Fernão Cardim, então apiedado pelo
sofrimento dos índios do sertão.
Quase dois séculos depois, entre
1877 e 1879, parte importante dos
moradores de Fortaleza pereceu
em devastadora seca que afetou
especialmente o Ceará. De tempos
em tempos o nordestino padece no
tórrido chão. Há dois anos, metade
do gado bovino morreu no semiárido, durante a maior seca dos últimos 50 anos.
Os eventos históricos mostram, à farta, que muito antes de
os cientistas se preocuparem com
o meio ambiente as secas já danificavam economias e arrasavam
populações. Os dramas mais recentes, desnudados pela facilidade das comunicações, ganharam
viés ecológico, impressionando a
opinião pública. Mas, cientificamente, ninguém garante os motivos que levaram a Austrália a ver
sua competitiva agropecuária decaída por uma década de atípica
de chuvas no início deste século.
Na Califórnia (EUA), atormentada pelo terceiro ano seguido
extremamente seco, o fenômeno
continua sem explicação.
Pouco importa descobrir
culpados, sejam humanos ou
celestes. Em face do crescimento populacional e do consumo
crescente, é imperativo investir
seguidamente na proteção dos
recursos hídricos, elevando a
capacidade de “produção” e ar-
mazenamento de água. No curto
prazo, com a ameaça de a torneira secar, resta somente uma
alternativa: combater desperdícios, reduzir o gasto do precioso
líquido. Nessa hora, desgraçadamente, se descobre que nossa
cultura beira o esbanjamento,
não o racionamento. É terrível.
Noutro dia, deparando com o
zelador do prédio vizinho ao meu
lavando a calçada com mangueira, tive a ousadia de interpelá-lo:
“Vamos economizar água, meu
amigo!” Tomei como resposta um
xingo irônico: “Quem vai pagar
a conta é você?”. O incauto não
tinha a menor ideia da gravidade
da situação de nossos mananciais.
Desperdiçar água simboliza o passado. O Amazonas e os
demais grandes rios brasileiros
sempre transmitiram uma noção
equivocada de fartura do precioso líquido, criando entre nós
a impressão de ser a água um
bem infinito. Essa incompreen-
são só se conserta com educação
ambiental. É nos bancos da escola que se descobre que apenas
2,7% de toda a água existente na
Terra é doce e que os rios e lagos respondem por ínfimos 0,3%
dessa quantidade.
As crianças, educadas com
novas atitudes, sabem que economizar água significa civilidade.
Por isso não lavam calçadas.
Xico Graziano, é agrônomo e foi secretário de Agricultura
e secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo.
35
Revista do Café |
março 2014
dados estatísticos
Valor de Consumo Agregado para o Setor Cafeeiro Global
Período: Ano Civil 2012
US$ Mil
Mundo
Consumo em Mil sacas 60 Kg: 142.000
Consumo em Mil quilos GBE: 7.159.669
Consumo em Valores (US$ Mil): 173.383.864
63,2%
Consumo fora do Lar (US$)
US$ bi 109,552
36,8%
Consumo no Lar (US$)
US$ bi 63,831
Países Importadores
36
Consumo em Mil sacas 60 Kg: 98.533
Consumo em Mil quilos GBE: 4.968.073
Consumo em Valores (US$ Mil): 147.896.511
67,4%
Consumo fora do Lar (US$)
US$ bi 99,689
32,6%
Consumo no Lar (US$)
US$ bi 48,206
UE
Alemanha
Consumo
Per
Capita
(Kg/ano)
Consumo
em sacas
60Kg
Consumo
em Mil
Kg (GBE)
40.642
2.049.180
4,84
8.830
445.197
6,40
% do
Consumo
no Lar
Preço
no Varejo
(US$/Kg)
85%
10,00
Valor
Total do
Consumo
no Lar
(US$ bi)
Fonte: OIC
% do
Consumo
fora do
Lar
Custo
por
Xícara
(US$/Kg)
20,408
3,940
15%
Valor
Total do
Consumo
fora do Lar
(US$ bi)
Valor
Total do
Consumo
(US$ bi)
49,784
70,192
2,0
8,211
12,151
França
5.790
291.941
5,43
81%
9,00
2,039
19%
2,0
6,739
8,778
Itália
5.731
288.970
5,63
77%
19,00
4,145
23%
2,0
8,113
12,258
E.U.A.
22.232
1.120.924
4,20
82%
13,00
11,450
18%
2,0
24,708
36,158
Japão
7.131
359.544
3,36
63%
17,00
3,773
37%
2,0
16,019
19,792
Revista do Café |
março 2014
dados estatísticos
Países Exportadores
Consumo em Mil sacas 60 Kg: 43.467
Consumo em Mil quilos GBE: 2.191.596
Consumo em Valores (US$ Mil): 25.487.353
38,7%
Consumo fora do Lar (US$)
US$ bi 9,862
61,3%
Consumo no Lar (US$)
US$ bi 15,625
Brasil
37
Consumo em Mil sacas 60 Kg: 20.178
Consumo em Mil quilos GBE: 1.017.353
Consumo em Valores (US$ Mil): 10.107.199
45,3%
Consumo fora do Lar (US$)
US$ bi 4,578
54,7%
Consumo no Lar (US$)
US$ bi 5,529
Brasil
Consumo
em sacas
60Kg
Consumo
em Mil
Kg (GBE)
Consumo
Per
Capita
(Kg/ano)
% do
Consumo
no Lar
Preço
no Varejo
(US$/Kg)
Valor
Total do
Consumo
no Lar
(US$ bi)
Fonte: OIC
% do
Consumo
fora do
Lar
Custo
por
Xícara
(US$/Kg)
Valor
Total do
Consumo
fora do Lar
(US$ bi)
Valor
Total do
Consumo
(US$ bi)
10,107
20.178
1.017.353
6,09
95%
6,00
5,529
5%
1,5
4,578
Colômbia
1.439
72.575
1,81
95%
10,00
0,677
5%
1,5
0,326
1,003
Indonésia
3.584
180.681
0,87
95%
9,00
1,545
5%
1,5
0,813
2,358
Índia
1.917
96.655
0,09
95%
9,00
0,826
5%
1,5
0,435
1,261
México
2.354
118.689
1,17
95%
9,00
1,015
5%
1,5
0,534
1,549
Vietnam
1.583
79.815
1,05
95%
9,00
0,682
5%
1,5
0,359
1,041
Revista do Café |
março 2014
fazendas
Fazenda São João do Penedo
Sede da Fazenda
Profª. Leila Vilela Alegrio
R
38
Escada dos fundos
elatar a vida dos fazendeiros de café da antiga província do Rio de
Janeiro, as descrições de seus
bens, a formação de suas famílias e até mesmo a forma de
vida e de enriquecimento pode
parecer monótono, para muitos
leitores. Porém, não têm ideia
da vida dessa gente, que com
bravura enfrentou, no início da
fundação de suas fazendas, o
desmatamento das matas virgens e todo o aparato necessário para o estabelecimento das
Revista do Café |
março 2014
edificações, além do trabalho
desempenhado, dos sacrifícios
exigidos e da luta diária no
manejo da agricultura, que ia
muito além da cultura do café,
e da lida com um grande número de escravos.
Ao longo dos últimos anos,
tenho voltado minhas narrativas aos grandes cafeicultores,
mas, entre estes, muitos outros, não tão abastados, contribuíram para o engrandecimento do Brasil.
Alguns historiadores consideram importantes fazendeiros aqueles que tinham em
sua posse mais de 50 cativos,
entretanto, a realidade das fazendas em terras fluminenses,
mostrada aqui, comprovam que
estes poderiam ser considerados pequenos proprietários.
A narrativa que lhes trago
é sobre a fazenda São João
do Penedo, outrora situada
no município de Paraíba do
Sul, hoje, município de Três
Rios.
É provável que José Antonio de Castilhos tenha vindo
habitar as terras onde fundou a
sua fazenda de café pelos idos
de 1830.
Por ocasião do registro de
suas terras, em 1857, declara
possuir 623 braças de terras, na
localidade denominada Penedo,
e anexa a estas terras uma “sorte” de terras com 125 braças de
frente, com 750 de fundos.
José Castilhos era casado
com dona Anna Cândida Barbosa, e com ela teve cinco filhos. Em 1859, ao ser aberto o
inventário post-mortem de dona
Anna, algumas curiosidades foram encontradas. Na ocasião,
seu filho mais velho tinha de
27 anos, e os bens arrolados
na avaliação revelavam que a
família ainda não tinha alcançado, podemos dizer, um grande status na sociedade: móveis
simples, pouca prataria, 124 escravos, 145 mil pés de café e a
casa de vivenda avaliada em 9
contos de réis.
fazendas
José Antonio de Castilhos,
um incógnito para a historiografia, teria o que para nos contar?
Se formos associar fazendeiros a homens rústicos, grosseiros, vamos nos surpreender.
Esses homens, passados os
momentos de privação, acreditamos que tinham o desejo de se
tornar pessoas de fino trato, e o
modo de mostrarem este requinte poderia ser constatado pelos
bens e utensílios do serviço da
casa, e de sua decoração, pela
riqueza de alfaias das capelas,
joias, prataria que serviam não
só para indicar o seu entesouramento. As descrições das peças
de prataria traduzem o viver, a
sofisticação de quem as possui,
o refinamento nas refeições, os
castiçais de prata, que revelam
o uso contínuo de velas, consideradas raras e caras naquele
tempo, e, principalmente, a posse de residência na corte, que
permitia a aproximação de uma
sociedade mais sofisticada.
Em 1883, nos bens arrolados no inventário post-mortem de José Antonio Castilhos, grandes surpresas são
reveladas. A prataria chega ao
extraordinário peso de 25.271
gramas, composta de 16 casti-
çais, 7 salvas, 2 paliteiros, facas
trinchantes, trinchantes, garfos,
colheres, facas, várias conchas,
além de uma escrivaninha e
uma campainha, ambas também de prata. E mais: aparelhos
de porcelana, espelhos, candelabro, relógio de parede, tapete e enfeites para os consoles.
Joias não foram citadas, mas
seria necessário citá-las para a
nossa compreensão do crescimento do patrimônio da família
e de seu gosto pelo luxo?
Para alguns estudiosos do
modus vivendi, a compra de
objetos de prata variados e
abundantes nem sempre correspondia ao requinte na maneira
de viver. Era, sim, uma forma
segura de fazer investimentos.
Os trajes, no entanto, seriam
talvez o maior indício do gosto
requintado das famílias.
No caso de José Antonio de
Castilho, infelizmente, não foram citadas nem as roupas pessoais nem as de cama e mesa, o
que poderia nos dar mais informações sobre a família.
Com relação aos demais
bens, o que podemos assinalar?
Uma casa de sobrado, na rua
Conde de Bonfim, no 49, além
da fazenda do Penedo, as fazen-
das Monte Alegre e Floresta, a
plantação de café, que somava
353 mil pés, e o número de escravos, que era de 195.
As propriedades foram repartidas entre seus herdeiros.
No recenseamento rural de
1920, consta que a fazenda
Floresta pertencia a Emilia
de Castilho Barbosa, a Monte
Alegre, a Virgilio de Castilho
Barbosa, e a fazenda do Penedo, a Manoel Henrique da
Silva. No entanto, quando a
fazenda foi vendida, em 1941,
para o Sr. Álvaro Monteiro de
Barros Catão, a escritura de
venda mostra que os transmitentes eram: José de Castilho
Barbosa, Dr. Manoel Henrique
da Silva e sua mulher, Maria
José Castilho Barbosa e Maria
Ylka de Castilho Barbosa, o
que comprova que até aquela
data a fazenda ainda encontrava-se em nome dos herdeiros
de José Antonio de Castilho.
Recentemente, a propriedade foi adquirida pelo casal
Dominique Duvivier, que vem
cuidadosamente restaurando-a,
para que ela possa ainda permanecer por mais cem anos
como patrimônio da nossa história cafeeira.
Revista do Café |
março 2014
Vista dos Fundos
40
Revista do Café |
dezembro 2013
41
Revista do Café |
dezembro 2013
panorama
PANORAMA
Campeã do Cup of Excellence Late Harvest
receberá mais de US$ 2 mil por saca
Leilão dos 23 vencedores gerou receita
superior a US$ 302 mil, a uma média de
US$ 6,95 por libra-peso, o que representou alta de 255,4% sobre a bolsa de NY
42
Em meio a 275 amostras de cafés naturais inscritas no 3º Concurso de Qualidade Cafés do Brasil - Cup of Excellence Late Harvest,
a de Cínthia Dias Villela, da Fazenda Nossa Senhora Aparecida, situada em Carmo de Minas, região da Mantiqueira de Minas Gerais,
destacou-se. Com a nota 92,22 (escala de 0 a 100), esse café foi
o campeão do principal concurso de qualidade destinado a grãos
colhidos e secos com casca no País, recebendo o lance de
US$ 15,60 por libra-peso (+ 697,75% ante NY), no valor equivalente a US$ 2.063,66 por saca e gerando uma
receita total de US$ 28.891,20, pelo lote de 14 sacas.
O anúncio ocorreu em Espírito Santo do Pinhal (SP), em janeiro, durante a cerimônia de premiação do certame organizado por BSCA, Apex-Brasil e Alliance for Coffee Excellence
(ACE), com patrocínio do Sebrae.
Colômbia suspende subsídio para
cafeicultores e produção sobe
A Colômbia suspendeu temporariamente o pagamento de subsídio para os cafeicultores devido à recuperação dos preços internacionais do produto e à desvalorização do peso em relação ao dólar, de acordo com
informações da Federação Nacional de Cafeicultores.
O subsídio criado em 2012 garantiu aos cafeicultores colombianos o recebimento de um pagamento de
até 165 mil pesos (80 dólares) sempre que a carga de 125kg (2,083 sacas de 60kg) for negociada no
mercado interno abaixo de 700 mil pesos (342 dólares). Segundo o ministro das Finanças, Mauricio
Cárdenas (foto), só em 2013, o governo destinou mais de 500 milhões de dólares para pagar
subsídios aos agricultores, informando que o subsídio será restabelecido quando o preço
doméstico cair abaixo de 700 mil pesos por carga de 125 kg.
A Federação Nacional dos Cafeicultores declarou que a produção da Colômbia recuperou seus níveis históricos, após 4 anos consecutivos sem atingir volumes esperados.
O aumento da safra foi consequência da melhoria da produtividade por hectare, resultado do programa de renovação de plantações, que tem permitido árvores mais
jovens e resistentes a doenças e aos efeitos climáticos, passando de 11,1 sacas
de café verde por hectare produtivo em 2012 para 14,1 sacas ao final de 2013.
Revista
do
Café |
março 2014
panorama
Buenos Aires quer transformar hábito
de tomar café em patrimônio cultural
Créditos: Arquivo CCCRJ
Interior do tradicional Café Tortoni
A Prefeitura de Buenos Aires decidiu propor para a Unesco que o ritual diário de
sair para tomar um café, feito com cerimonial singular, seja considerado Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
O secretário de Cultura municipal, Hernán Lombardi, defende “Não estamos falando de cafeterias históricas, de espaços físicos. Queremos mostrar as pessoas, as
características comuns que existem nesse hábito de tomar café para que ele seja
considerado único. É algo que também agrega a literatura e a música”.
Em novembro próximo a Unesco deverá anunciar a sua decisão. As cafeterias e
bares clássicos de Buenos Aires, como o Café Tortoni, já são reconhecidos como
patrimônios culturais da cidade pela prefeitura.
São manifestações como essa que conferem ao consumo do café a classe e a sofisticação que o tornam a bebida mais desejada no mundo.
43
SUNTORY visita o CECAFÉ
Yota Yanagi, da Suply Chain Management Division, da Suntory Business Expert Ltd., acompanhado de
Taihei Jikuya do Coffee Dept da
Mitsui & Co. Ltd e Kenji Suenaga
da Mitsui Alimentos, visitaram o
CECAFÉ, durante recente estada no
Brasil. Enalteceram, na oportunidade, a ação do CECAFÉ na condução das questões relacionadas com o
Programa Café Seguro, que permitiu dar pronta solução às pendências surgidas. Destacaram, também, a
atuação da SUNTORY no segmento de cafés em lata,
onde é uma das líderes do mercado.
Revista
do
Café |
março 2014
Créditos: daniel dutra
panorama
MAPA decreta estado de
emergência nas lavouras de
café de MG
Através da Portaria 188, de 13/março, o Ministro da Agricultura decretou estado de emergência fitossanitária para a produção de café
em MG, em face dos riscos iminentes de infestação das lavouras pela broca do café (hypothemus hampei, 1867). A medida permite ao
MAPA superar obstáculos burocráticos na
viabilização de alternativas de médio e longo
prazos no sentido da aprovação de novo medicamento para combate à praga. Com efeito, em face da proibição do uso do princípio
ativo endosulfan que vinha sendo largamente
utilizado pelos cafeicultores dada a sua comprovada eficácia, com a sua produção vedada
44
desde 31 de julho de 2012 e comercialização
desde 31 de julho de 2013, a inexistência no
mercado de produto eficaz e a morosidade dos
órgãos competentes de decidir sobre produtos
alternativos em fase de avaliação não deixaram opções aos produtores. Não obstante
solicitações aos órgãos competentes venham
sendo feitas há muitos meses, nada foi feito.
Agora, com a decretação do estado de emergência, espera-se rapidez do MAPA na adoção
de medidas para o controle da infestação, tendo
presente que as ações devem alcançar todas as
regiões produtoras, já que a incidência da broca
está disseminada nas demais áreas.
Bolsa de Nova York
Manual para
muda diferenciais para reflorestamento de
entrega de café arábica
fazendas de café
do Brasil e da Colômbia
A Bolsa de Nova York (ICE Futures US) vai reduzir o desconto sobre o café arábica brasileiro
entregue na bolsa para cumprir contratos. A partir de maio de 2016, o produto entregue sofrerá
desconto de 6 cents por libra-peso, ante os atuais
9 cents. Já o café colombiano terá um prêmio de
4 cents, acima dos atuais 2 cents.
Após uma intensa gestão conduzida pelo Cecafé
junto à Bolsa, inclusive superando-se as fortes
objeções colocadas pelos países produtores da
América Central e Colômbia, a Bolsa de Nova
York autorizou a inclusão do café arábica brasileiro para entrega junto a posições vendidas.
Revista
do
Café |
março 2014
A marca de café
illycaffè e o Instituto Terra lançaram o manual para
reflorestamento de
fazendas de café, de
autoria da pesquisadora Lina Inglez de
Sousa. A publicação
estabelece diretrizes
para o plantio e a
conservação de Reservas Legais que
agora podem servir de modelo e estímulo aos demais
produtores, situados em áreas da Mata Atlântica, um
dos biomas mais ameaçados de extinção no planeta.
O guia reflete o entendimento comum entre illycaffè
e Instituto Terra de que é preciso desenvolver modelos para uso e ocupação da terra que permitam aliar
conservação ambiental com produção agrícola e desenvolvimento econômico.
A publicação (acima fax símile da capa) será enviada
gratuitamente a cafeicultores e parceiros da illycaffè.
panorama
Créditos: antonio cruz / agência brasil
Neri Geller toma posse como
ministro da Agricultura
O secretário de Política Agrícola do MAPA, Neri Geller foi nomeado pela presidente
Dilma Rousseff como novo ministro da pasta no lugar do atual titular, Antônio Andrade.
Neri Geller é deputado federal pelo PT, originário do Rio Grande do Sul radicouse no Mato Grosso como agricultor e empresário. Foi vice-presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do estado do Mato Grosso (Aprosoja).
produtor informado
sustentabilidade empresarial | inclusão digital
Créditos: Lara Carvalho
Formatura do Projeto Produtor Informado
em Andradas/MG
O Projeto Produtor Informado, desenvolvido pelo Cecafé, formou mais
19 produtores rurais no curso de iniciação à informática. Após 06 meses, sob a monitoria de Fábio Luiz Gonçalves, a Escola Municipal Francisca Vilela Peçanha, em Andradas, celebrou a inclusão digital desses
produtores rurais.
Presentes: Ronaldo Taboada, Luciana Alves e Juliana Buton, do Cecafé, Euvira Maria Ansani Nogueira, Secretaria Municipal de Educação, Eliana
Bosso, Maria Eugênia Moraes Marques e Dorotéia Diogo Marcondes, Diretora e Supervisoras
Pedagógicas, respectivamente.
Francisco Sérgio
de Assis é reeleito
presidente da ASCOM
Créditos: Arquivo CCCRJ
A Assembleia Geral Ordinária da Federação dos Cafeicultores do Cerrado realizada no dia 12 de março do corrente reelegeu, por unanimidade, para o triênio 2014/2017 a diretoria liderada pelo cafeicultor Francisco Sérgio de Assis e
integrada por dois vice-presidentes, Gláucio de Castro e Alberto Adhemar do
Valle Júnior, além de Juliano Tarabal, Superintendente da entidade.
A Federação é composta por 9 cooperativas e 7 associações e responsável pelo
Programa Denominação de Origem – Região do Cerrado Mineiro.
Revista
do
Café |
março 2014
45
panorama
illycaffè anuncia vencedores do
23º Prêmio Ernesto Illy
de Qualidade do Café para Espresso
O 23º Prêmio Ernesto Illy de Qualidade do Café para
Espresso tem uma vencedora: Simone Dias Sampaio
Silva, de Araponga (MG). A cafeicultora recebeu um
cheque no valor de R$ 60 mil por sua amostra ter sido
considerada a melhor dentre as mais de 500 analisadas
pela Comissão Julgadora. No total, a illycaffè distribuiu
mais de R$ 200 mil aos produtores que ocuparam as melhores colocações nas edições nacional e regionais.
O vice-campeão foi Cláudio Esteves Gutierrez, da
Chapada de Minas, premiado com R$ 35 mil. O terceiro colocado foi Clóvis Carvalho, do Cerrado Mineiro,
agraciado com R$ 18 mil. Em quarto e quinto, dois cafeicultores das Matas de Minas: José Roberto da Silva
Gomes, que recebeu R$ 9 mil, e José Carlos Pereira,
46
A vencedora Simone Silva e
os irmãos Andrea e Anna Illy
contemplado com R$ 5 mil. Os produtores que ocuparam da 6ª à 40ª colocação ganharam R$ 1.200.
Além dos vencedores da edição nacional, foram premiados ganhadores regionais no Estado de São Paulo,
Estado do Rio de Janeiro, região Centro-Oeste, regiões
Norte e Nordeste, região Sul, Matas de Minas, Chapada
de Minas, Cerrado Mineiro e Sul de Minas. “As categorias regionais visam proporcionar uma maior participação de produtores de todo o Brasil, tanto que novamente
recebemos amostras de todas as áreas participantes. Vamos seguir incentivando a participação desses fornecedores”, afirmou Andrea Illy, CEO da illycaffè, durante o
seu discurso.
Revista
do
Café |
março 2014
Andrea Illy
Crédito das fotos: Antonio Carlos Carreiro/ illycaffè.
panorama
Setor busca definir uma política de longo
prazo para o café
O setor cafeeiro, dando continuidade às reuniões de trabalho, iniciadas no Seminário promovido pelo CNC, levado a efeito no último dezembro na sede da OCB em Brasília, em mais uma etapa realizou um
encontro no Cecafé em São Paulo, ocasião em que foram discutidas
as diretrizes gerais que o documento a ser apresentado as autoridades
e ao Governo deve conter.
O coordenador dos trabalhos, Carlos Brando,
ficou encarregado da consolidação dos textos,
estando prevista a reunião final para o dia 03
de abril próximo, em Brasília.
47
OIC decide realizar
reuniões na Itália e
Etiópia
Durante a 112ª reunião de seu Conselho, em Londres, a Organização Internacional do Café decidiu realizar a 4ª Conferência
Mundial do Café em Adis Abeba, Etiópia, em março de 2016,
a primeira que se realiza na África. Evento realizado em intervalos de 5 anos , a 1º Conferência foi realizada em Londres,
Créditos: Mariana Bassani
em 2000, sede da Organização, a 2ª Conferência em Salvador,
Brasil, em 2005, e a 3ª na Guatemala, em 2011.
O Conselho decidiu também acolher a proposta da Itália, no sentido de que a tradicional reunião do Conselho, em setembro de
2015, seja realizada em Milão, por ocasião da EXPO MILÂO, desta vez dedicada à alimentação, sob o tema “Nutrir o Planeta,
Energia para a Vida”. A Exposição deverá reunir cerca de 150 países, além de inúmeros organismos internacionais ligados à
área, com uma duração prevista de 6 meses. Os espaços expositivos ocorrerão em 5 pavilhões,
onde serão desenvolvidos os temas da nutrição e sustentabilidade em diferentes âmbitos: a experiência dos alimentos e o futuro, a ligação entre nutrição e a infância, a possibilidade de uma
alimentação sustentável, a relação entre comida e arte, e o modo de produção dos alimentos.
Na mesma ocasião e local, o Governo da Itália irá sediar, em acordo com a União Européia, um
Fórum Global do Café, com a participação dos membros da OIC.
Revista
do
Café |
março 2014
Aniversário de 16 anos do Museu
tem oficina e visita especial com
personagens do café
Para comemorar seus 16 anos, o Museu do Café, preparou uma série de atividades. Celebrado no
dia 12 de março, o aniversário do Museu teve uma visita especial com alguns dos principais personagens da história do café, uma Oficina de Café Caseiro e a tradicional visitação gratuita para o
público. Além disso, um flashmob com bailarinos e música ao vivo foi realizado em frente ao Museu, que surpreendeu os visitantes e também os trabalhadores e moradores do Centro, remetendo
ao trabalho nas fazendas e no porto.
créditos: karina frey
”Drink da Copa” da Cafeteria
do Museu
Depois de mais de 60 anos, a Copa do Mundo volta ao Brasil. E a ligação do esporte mais famoso do mundo com o café vem de longa data. Na década de 60,
os craques Pelé e Garrincha foram garotos-propaganda do Instituto Brasileiro do
Café (IBC) e, na Copa de 82, a seleção brasileira era patrocinada pelo mesmo IBC
e jogou a competição com um ramo de café ao lado do escudo da CBF.
Este ano, o Museu do Café propõe uma programação para manter essa forte ligação
e comemorar o Dia Nacional do Café (24/05), o concurso cultural “Drink da Copa”.
A competição que elegerá uma nova bebida composta por café e ingredientes brasileiros, para ser comercializada na Cafeteria do Museu durante o período do Mundial.
O drink será escolhido por quatro jurados profissionais renomados e mais uma pessoa da plateia, após a apresentação de dez baristas previamente selecionados. Os
três primeiros colocados serão premiados e a bebida vencedora será comercializada
na Cafeteria do Museu durante o período da Copa.
Os interessados poderão baixar o regulamento e a ficha de inscrição pelo site
www.museudocafe.org.br.
panorama
Shopping Frei Caneca/SP recebe
atividades educativas
créditos: karina frey
Em parceria com o Shopping Frei Caneca/SP, o Museu do
Café preparou uma nova edição do projeto “Museu do Café
vai ao shopping” e levou à capital paulista a mostra itinerante
“Conhecendo o café”, peças do acervo, dois jogos educativos,
atividade musical para as crianças e também o “Dica do Barista”, projeto voltado para adultos.
A mostra “Conhecendo o Café” apresenta toda a parte morfológica do cafeeiro, explicando a estrutura e formação da planta, as
fases de crescimento, floração e frutificação. Um painel giratório
ilustra todas as partes de uma planta de café e o “Jogo da Fazenda” leva o participante a identificar qual a sequência de ações
que ocorrem em uma fazenda de café.
Foram realizadas atividades lúdicas com música e coreografia para
as crianças com idade entre 3 e 10 anos e apresentações voltadas
para adultos, com as principais dicas e os diferentes modos de como preparar um bom café em casa. Completando a programação,
um painel educativo em formato de xícara foi colocado para que o público pudesse interagir. A frase “O que o café te faz lembrar?”
instigou o observador a refletir e escrever em papéis coloridos suas lembranças relacionadas ao grão e fixá-los no painel.
Aline Fagundes lança livro
em Brasília
Retomando a sua vocação literária, Aline Fagundes, lançou o
seu segundo livro, Relicário, no dia 18/03, em Brasilia, na presença de amigos e familiares. O livro foi editado pela Virtual
Books Editora e Livraria Ltda. Aline é Corrdenadora de Planejamento e Orçamento do Departamento do Café do MAPA, com
intensa atuação na organização de eventos institucionais ligados
ao café. Como o primeiro livro, Ensaios sobre uma vida, Relicário,
com um texto leve e agradável, retrata os sonhos e experiências
de vida da autora.
Fundação Procafé
A Fundação Procafé, a mais importante entidade de pesquisas na área da experimentação, anunciou o seu calendário de eventos para o ano de 2014, aberto aos
interessados:
- Dia de Campo na Fazenda Experimental de Boa Esperança: 14/05/2014
- Dias de Campo na Fazenda Experimental de Varginha: 28/05 e 29/05/2014
- Curso de Atualização Manejo Tecnológico da Lavoura Cafeeira: 30/07 e 31/07/2014
- 40º Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras: 28/10 a 31/10/2014
Informações adicionais pelo e-mail: [email protected] ou telefone: (35) 3214-1411
Revista
do
Café |
março 2014
49
créditos: Marcelo de Freitas Ribeiro
Estande da Secretaria de Agricultura de MG
18º Simpósio sobre
Cafeicultura de Montanha
A Associação Comercial, Industrial e Agronegócios de Manhuaçu
(ACIAM), com o objetivo de difundir conhecimento, novas pesquisas
e informações sobre cultivo, beneficiamento, qualidade e comercialização do café, principalmente para os produtores familiares, realizou nos
dias 19 a 21 de março, em Manhuaçu/MG, a 18º edição do Simpósio
sobre Cafeicultura de Montanha.
O Simpósio, considerado um dos mais importantes da Zona da Mata,
recebeu cerca de 1.500 visitantes por dia, que puderam participar de
vinte palestras, minicursos e da Rodada de Negócios do Café das Matas
de Minas. Produtores de café e as principais lideranças do setor debateram sobre questões que podem garantir a qualidade, produtividade e
mercado para a cafeicultura na região de montanha.
No primeiro dia as palestras discorreram sobre o mercado, as políticas
cafeeiras e a qualidade sensorial dos cafés das Matas de Minas. Já no
segundo, os temas foram: cooperativismo; sucessão familiar e as diversidades de cafés colhidos no estado de minas, com destaque para a
região, além de mecanização da colheita na cafeicultura de montanha;
novas técnicas de controle da broca do café e a ocupação da região das
Matas de Minas.
Paralelamente aos debates do auditório principal, foram realizados minicursos em parceria com a Emater-MG, Epamig, IAC-SP, Universidade Federal de Viçosa (UFV), Embrapa, Exportadora O-LAM e o Instituto Federal do Sul de Minas – Campus Machado.
Valorização do café das Matas de Minas
Estrategicamente planejado para o mês
de março, o Simpósio sobre Cafeicultura
de Montanha é responsável por preparar
o setor para a safra cafeeira, apresentando aos produtores e técnicos informações sobre mercado, resultados de
pesquisas e técnicas para o manejo das
lavouras.
A cafeicultura é a principal atividade
agropecuária na região de Manhuaçu,
que tem cerca de 20 mil propriedades
cafeeiras. O número representa 71% das
propriedades produtoras de café na Zona
da Mata, a segunda região produtora de
café no estado. A área plantada na região
é de aproximadamente 115 mil hectares,
responsáveis pela produção de 2,8 milhões de sacas.
A região das Matas de Minas, formada
pelos polos cafeeiros de Manhuaçu, Muriaé e Viçosa, tem expectativa de produção de 6,2 milhões de sacas de café,
segundo estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para
a safra deste ano. Esse volume, somado
ao das regiões do Rio Doce e Central,
representa 24% da produção mineira e
12% do Brasil.
Cláudio Garcia, presidente da ACA,
na abertura da Feira
Fenicafé 2014 gera mais de R$
32 milhões em negócios
A
Panorama
19ª edição da Feira Nacional de Irrigação em
Cafeicultura, a Fenicafé,
promovida pela Associação dos
Cafeicultores de Araguari (ACA),
teve como objetivo divulgar a
importância da irrigação e seus
sistemas, mostrando lançamentos
de produtos e equipamentos, bem
como os resultados de pesquisas
para o incremento da produtividade e da qualidade do café do cerrado brasileiro. A feira congrega
simultaneamente três eventos: 19º
Encontro Nacional de Irrigação da
Cafeicultura do Cerrado; - 17ª Feira de Irrigação em Café do Brasil;
e 16º Simpósio Brasileiro de Pesquisa em Cafeicultura Irrigada.
Na cerimônia de abertura, o
diretor executivo da OIC, Robério de Oliveira Silva, destacou a
importância de implantação de
uma política de sustentabilidade
na produção agrícola nacional e
internacional, incluindo a cultura do café. “Há a necessidade
de mais educação, com bom
uso de informações disponíveis
na Feira e, principalmente, da
conscientização dos produtores
para a implantação cada vez
maior do sistema sustentável
de produção em nosso planeta”,
afirmou Silva.
Lílian Rodrigues
Já o diretor do Departamento
de Café (Dcaf) do MAPA, Jânio
Zeferino, transmitiu a recomendação do Ministério no sentido
de que o cafeicultor aumente sua
produtividade, não sua área. “Um
crescimento de área sinalizaria ao
mercado que haveria mais café
vindo por aí e o preço cairia. Avaliem muito bem a situação antes de
a incrementarem”, alertou.
O presidente do CNC e deputado federal, Silas Brasileiro, salientou que cada vez mais cafeicultores estão tendo acesso à irrigação
graças a recursos disponibilizados
pelo BNDES. Brasileiro exaltou
também que o momento da cafeicultura é próspero, mas que o setor
necessita de políticas duradouras
que permitam a manutenção desta
rentabilidade. “Se queremos continuar a ser competitivos e a manter
nosso lugar no mercado internacional, precisamos de ainda mais
investimentos em excelência e pesquisa”. Considerou as certificações
de origem obtidas pelos produtores do cerrado mineiro como um
“acontecimento grandioso”.
Durante o evento, que recebeu
mais de 22 mil visitantes, foram
proporcionados palestras, seminários, debates e workshops, para
produtores, técnicos, pesquisado-
res e lideranças do agronegócio.
Por possibilitar um melhor aproveitamento de terras aparentemente inaproveitáveis para a agricultura e reduzir os riscos de quebra
de safra, a irrigação é a tecnologia
que tem despertado maior interesse para investimentos.
Ao final do evento, o presidente
da ACA, Cláudio Morales Garcia,
fez um balanço desta edição, que
gerou mais de R$ 32 milhões em
negócios com seus 84 expositores
e informou que no ano que vem,
no aniversário de 20 anos da Fenicafé a programação de palestras
contará com uma data dedicada especialmente a palestrantes internacionais. ”Dentro de um mês já nos
reuniremos para discutir a Fenicafé
2015, inclusive levantaremos nomes internacionais da cafeicultura
que possivelmente estarão aqui na
próxima edição”, ressalta Garcia,
que complementa: “Em muitos países com pouca água disponível o
café é cultivado com produtividade
maior do que aqui na nossa região.
Por isso, vamos trazer especialistas destes países para nos ensinar
como eles fazem”. Ainda não há
data definida para o evento de
2015, mas será no mês de março.
“Muito em breve a data será divulgada”, adianta.
Revista do Café |
Créditos: Divulgação Fenicafé
março 2014
51
crédito: Divulgação / Associação Comercial de Santos
Roberto Clemente Santini
é o novo presidente da ACS
O
52
diretor-presidente
da
TV Tribuna e candidato da Chapa 2, Roberto
Clemente Santini, foi eleito o
presidente da ACS para mandato de três anos.
Doze votos separaram Santini do segundo colocado, Ronaldo Jamar Taboada. Foram
apurados 154 votos, sendo dois
nulos, 70 para a Chapa 1 e 82
para o vencedor.
Pela primeira vez na história da instituição, a assembleia
geral foi coordenada por uma
mulher, a presidente da Universidade Santa Cecília (Unisanta),
Lúcia Maria Teixeira, e secretariada pelo gerente executivo
da Associação Brasileira dos
Terminais Retroportuários e das
Empresas Transportadoras de
Contêineres (ABTTC), Wagner
Rodrigo Cruz de Souza.
Durante a posse, Santini
afirmou que é uma honra representar a entidade. “Agradeço a
todos que votaram em mim para
presidir essa instituição centenária. A Associação Comercial
é a Casa do Empresário e nós
vamos trabalhar em favor de todos os setores”.
O presidente eleito também
lembrou que o primeiro desafio
será a realização do Seminário
Internacional de Café, promovido pela ACS e que ocorre em
maio. “Nós vamos dar continuidade à organização e fazer de
tudo para que tenhamos um excelente evento, afinal, todos os
olhos do café estarão voltados
para nós”.
Integrantes da chapa eleita
Nova Diretoria Executiva
Roberto Santini
Presidente
Roberto Clemente Santini
1.º vice-presidente
John Olav Wolthers
2.º vice-presidente
Ramiro Manuel Martins Marote
1.º secretário
Henry James Robinson
2.º secretário
Alexandre Garrido Ehrenberger
1.º diretor financeiro
André Luiz Marques Canoilas
2.º diretor financeiro
Vicente de Paulo Vieira do Valle
1.º suplente
Edison da Silva Monteiro
2.º suplente
Martin Alexandre Aron
Conselho Fiscal
Revista do Café |
março 2014
Titulares:
Vítor de Souza, Pedro Veras dos Anjos e Italino Staniscia Filho.
Suplentes:
Gustavo Assef Pierotti, José Américo Trindade
e Fabrício Guimarães Julião.
cRIANÇA DO CAFÉ NA ESCOLA
| inclusão digital
sustentabilidade empresarial
Laboratório digital é inaugurado em
Conceição das Pedras/MG
A partir de uma parceria entre as empresas CarmoCoffees e Interagrícola (EISA), o Cecafé com o apoio da Prefeitura Municipal, levou à Conceição das Pedras/MG o Projeto “Criança do Café na Escola”, inaugurando no
Telecentro Cafeicultor Cirilo Alves Ferreira o laboratório digital que atenderá 240 crianças de 3 a 10 anos.
53
A inauguração do 131ºlaboratório digital contou com a presença de Ronaldo Taboada e Luciana Alves, do Cecafé, Jacques Pereira Carneiro, Luiz Paulo Pereira Filho, diretores da CarmoCoffees, Carlos Santana, diretor da
Interagrícola (EISA), Edicássio Raimundo, Prefeito Municipal, Maria Aparecida Ferreira de Faria, Secretaria
de Educação e Diretora da Escola, professores, alunos, comunidade em geral.
Créditos: Assis Bonette Fotos & Videos
Revista do Café |
março 2014
ponto de vista
Mulheres: do Porto do
Café para as páginas da
História
A
s revoluções ocorridas
nos séculos XVIII e
XIX, tanto industriais
como políticas, difundiram
mundialmente uma série de
novas práticas culturais que
levou a mulher da esfera privada para a esfera pública,
ocupando papeis antes prioritariamente masculinos. Como
a reflexão histórica acompanha as discussões contemporâneas, a atuação das mulheres
no processo histórico passa a
ser uma das preocupações dos
historiadores. Surgem novas
interpretações, questionando
as imagens de pacificidade,
ociosidade e confinação do lar
54
Costureiras e
cerzideiras de sacaria
Catadeiras
de café
crédito: Acervo Museu do Café
Revista do Café |
março 2014
à medida que são analisados
testemunhos da participação
feminina na História.
Quando o comércio do café
se expande no final do século
XIX, as mulheres santistas já
estavam inseridas no universo
do trabalho, tanto nos estabelecimentos comerciais familiares,
quanto nas fábricas e atuando
como cozinheiras, lavadeiras e
outras funções geralmente de
baixa remuneração e rejeitadas
pelo trabalhador masculino.
A sazonalidade do ganho
dos trabalhadores do café –
como estivadores e carregadores – fragilizava o orçamento
familiar. Isso impulsionava as
mulheres a buscarem formas de
complementar a renda.
Com necessidade de conciliar o trabalho externo com
atividades domésticas, essas
mulheres escolhiam trabalhos
ocasionais, com expedientes
flexíveis e sem vinculação, em
locais próximos à sua residência. Dentre as principais profissões no comércio do café em
Santos que tinham perfis predominantemente femininos, duas
se destacam: as catadeiras e as
cerzideiras.
A profissão das catadeiras
estava muito ligada à classificação comercial do café, pois
eliminava os grãos defeituosos
de um lote e aumentava o valor
do café a ser exportado. Era um
trabalho muito custoso, pois a
catação era feita manualmente
por mulheres, eliminando um
a um, os grãos defeituosos e
outras impurezas – o que lhes
deu o apelido de “pianistas”. A
remuneração era por saca cata-
da, por vezes trabalhando mais
de 12 horas, de acordo com a
demanda.
Em condições semelhantes
trabalhavam as costureiras e
cerzideiras. Como as sacarias
novas eram priorizadas no momento do embarque, dado seu
alto custo para fabricação, preferia-se o uso de sacas reutilizadas para o transporte interno
do café.
Até a década de 1920 era
um trabalho manual e domiciliar, executado por mulheres em
São Paulo e Santos. A sazonalidade da demanda favorecia os
empregadores, pois mantinham
uma mão de obra avulsa, e desencorajava o investimento em
maquinário. Mas para maior
controle da produtividade, as
fábricas absorveram essas trabalhadoras, substituindo a costura à mão pela máquina.
A catação manual entrou em
declínio na década de 70, quando as seletoras eletrônicas começam a aparecer no mercado,
com menor custo e uma produtividade superior. Já o trabalho
de costura de sacaria acompanhou o deslocamento dos armazéns para o interior.
O trabalho feminino nos últimos anos mostrou um grande
avanço. A mulher hoje se destaca nas principais atividades, entre as quais, a responsabilidade
pelas operações comerciais, nas
áreas jurídica e tributária e de
gestão superior das empresas
(ver matéria nesta edição).
Bruno Bortoloto do Carmo e
Pietro Marchesini Amorim, são
Pesquisadores do Museu do Café

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