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XXXVI Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Aveia Universidade Federal de Pelotas 06 a 08 de abril de 2016, Pelotas, RS 20 anos do Programa de Melhoramento Genético de Aveia INDICADORES DE PRODUTIVADADE DE AVEIA COM O USO DE DIFERENTES BIOESTIMULANTES Darlei Michalski Lambrecht1, Laura Fernanda Grinke1, Luiz Michel Bandeira1, Andressa Raquel Cyzeski de Lima1, Rafael Pretto1, Dinatan Ketzer Krysczun1, Maria Eduarda Gzergorczick1, Lorenzo Ghisleni Arenhardt1, Leonardo Jung Schmidt1, Rubia Diana Mantai2, José Antonio Gonzalez da Silva3. A aveia branca (Avena sativa L.) é uma espécie de clima temperado que pertence à família Poaceae, se destaca no cultivo da região sul do Brasil, principalmente pelo uso na alimentação humana e animal (HAWERROTH et al.,2015; SILVA et al., 2015). Seus grãos são ricos em proteínas, vitaminas e fibras, com ênfase no conteúdo de β-glucanas, a qual traz benefícios a saúde humana reduzindo os níveis de colesterol total e diminuindo a incidência de problemas cardiovasculares, ganhando destaque para médicos, nutricionistas e consumidores (GRAY, 2006; MIRA, et al., 2009; ASSIS et al., 2009; HAWERROTH et al., 2013). A produtividade de aveia tem sido comprometida devido a fatores limitantes ligados ao clima, a falta de disponibilidade de nutrientes do solo pelo baixo teor de matéria orgânica, e ao manejo inadequado de fertilizantes e rotação de culturas (NETO, 2010). Para a obtenção de altas produtividades, novas tecnologias vem sendo aprimoradas, sendo uma alternativa o uso de bioestimulantes. Os bioestimulantes são substâncias orgânicas que agem no metabolismo da planta, afetando positivamente o seu desenvolvimento (TURGEON, 2005). A utilização destes produtos vem demonstrando aumento significativo na produtividade de grãos em diversas culturas, tais como feijão, milho e trigo (FERREIRA et al., 2007; KLEIN, et al., 2013; ALMEIDA et al., 2014). Também mostrou um considerável incremento na produtividade biológica e de palha, trazendo benefícios as culturas sucessoras (NETO, et al., 2014). Na aveia, o uso de bioestimulantes podem interferir positivamente no desenvolvimento da cultura, porém, não existe na literatura informações concretas que comprovem a sua eficiência para obtenção de altas produtividades. Estudos da eficiência do uso de bioestimulantes sobre a produtividade da aveia, pode auxiliar os agricultores a desempenhar tecnologias de manejo economicamente satisfatórias com um sistema agrícola sustentável, diminuindo o impacto causado ao meio ambiente (PARRY et al., 2011; PRADO et al., 2013). Desta forma, um estudo mais aprofundado envolvendo a comparação de indicadores de produtividade sobre diferentes manejos com bioestimulantes pode ser uma alternativa eficiente para dimensionar uma nova recomendação, trazendo consigo informações concretas que possam comprovar o real efeito dos produtos para a produtividade da aveia. O objetivo deste estudo é avaliar o desempenho de diferentes formulações de tratamentos de bioestimulantes sobre os indicadores de produtividade de aveia branca em um sistema de rápida liberação de N-residual (soja/aveia). O experimento foi conduzido em condições de campo no Instituto Regional de Desenvolvimento Rural/IRDeR, localizado em Augusto Pestana, RS, localizado geograficamente a 28° 26’ 30” de latitude S e 54° 00’ 58”, pertencente ao Departamento de Estudos Agrários da UNIJUÍ. O estudo foi desenvolvido na safra de 2015 num experimento em delineamento de blocos ao acaso com quatro repetições, onde cada fator de tratamento representa diferentes formulações de 1 Bolsista de Iniciação Cientifica, Departamento de Estudos Agrários, UNIJUI, Ijuí, RS. E-mail: [email protected] 2Estudante de Doutorado em Modelagem Matemática, Departamento de Ciências Exatas e Engenharia, UNIJUI, Ijuí, RS 3Professor Orientador, Departamento de Estudos Agrários, UNIJUI, Ijuí, RS. bioestimulantes e momentos de uso. A semeadura foi realizada no sistema de rápida liberação de N-residual (soja/aveia) com a cultivar URS Tarimba. No estudo, os tratamentos empregados foram: T1= Testemunha; T2=Tratamento de semente com Zinplex; T3=Tratamento de semente com Zinplex + aplicação de Glutamin Extra junto com a 1ª de fungicida; T4=Aplicação de Glutamin Extra junto com a 1ª aplicação de fungicida; T5=Aplicação de Glutamin Extra junto a 1ª e 2ª aplicação de fungicida; T6=Tratamento de semente com Zinplex + aplicação de Plenno na floração + Glutamin extra no enchimento de grãos; T7=Tratamento de semente com Zinplex + Plenno na Floração; T8=Tratamento de semente com Zinplex + Glutamin Extra no enchimento de grãos; T9=Aplicação de Plenno na floração; T10=Glutamin no enchimento de grãos. Os caracteres avaliados foram: produtividade de grãos (PG), obtido por intermédio da colheita de três linhas centrais de cada parcela, por consequência trilhado individualmente; produtividade biológica (PB), definida a partir da matéria seca total obtida por parcela pela colheita de um metro das três linhas centrais no ponto de maturidade; produtividade de palha (PP), através da diferença da produtividade biológica com a produtividade de grãos (PP=PB-PG), e; índice de colheita (IC), dado pela razão da produtividade de grãos com a produtividade biológica (IC=PG/PB). Os dados foram submetidos à análise de variância para detecção da presença de interação entre os fatores e, posteriormente, teste de médias por Scott Knott, pelo emprego do programa computacional Genes. Os dados meteorológicos foram obtidos pela Estação Meteorológica Automática do IRDeR, instalada a 500 metros do experimento. Na Figura 1 das precipitações pluviométricas em 2015 se mostraram favoráveis no início do desenvolvimento da cultura da aveia, havendo altos níveis bem distribuídos, porém, na fase de colheita dos grãos o excesso de chuva pode ter prejudicado a cultura com um baixo valor de pH e massa de grão, influenciando na qualidade industrial. Na Tabela 1 da análise de variância, as formas de utilização dos distintos tratamentos por bioestimulantes, evidenciaram diferenças sobre expressão dos indicadores de produtividade analisados. Além disso, reduzidos coeficientes de variação foram obtidos, indicando confiabilidade no procedimento experimental realizado. De modo geral, os valores médios da produtividade biológica e de grãos foi ao redor de 8792 e 2505 kg ha-1, respectivamente. Na Tabela 2 da análise de média dos tratamentos de bioestimulantes na aveia, para a produtividade de grãos, os tratamentos T5 (Glutamin Extra junto com a 1º e 2ª aplicação de fungicida) e T10 (Biomol no afilhamento + Glutamin Extra no enchimento de Grãos) obtiveram melhores resultados, com produtividades de grãos de 2789 e 2816 kg ha-1, respectivamente. Para produtividade biológica, os tratamentos que resultaram em melhores desempenhos foram, T4 (Zinplex + Biomol no afilhamento), T5 (Glutamin Extra junto com a 1º e 2ª aplicação de fungicida), T6 (Biomol junto com a 1º e 2ª aplicação de fungicida), T9 (Biomol no afilhamento + Vorax no enchimento de grãos) e T10 (Biomol no afilhamento + Glutamin Extra no enchimento de Grãos.), obtendo produtividade de 9405, 9410, 8907, 9284, 9355 kg ha-1, respectivamente. Na produtividade de palha (Tabela 2), os tratamentos que se mostraram mais eficientes foram T4 (Zinplex + Biomol no afilhamento) e T9 (Biomol no afilhamento + Vorax no enchimento de grãos), alcançando 7209 e 6880 kg ha-1 de palha, respectivamente. Na análise do índice de colheita, todos os tratamentos foram adequados, exceto os tratamentos T4 (Zinplex + Biomol no afilhamento) e T9 (Biomol no afilhamento + Vorax no enchimento de grãos), ficando abaixo da média dos tratamentos testados. Contudo, os tratamentos que mais se destacaram frente aos indicadores de produtividade analisados em sistema de alta liberação de N-residual, foram os tratamentos T5 (Glutamin Extra junto com a 1º e 2ª aplicação de fungicida) e T10 (Biomol no afilhamento + Glutamin Extra no enchimento de Grãos) obtendo melhores resultados para a produtividade de grãos, biológica e índice de colheita. Referências: ALMEIDA, A. Q.; SORATTO, R. P.; BROETTO, F.; CATANEO, A. C. Nodulação, aspectos bioquímicos, crescimento e produtividade do feijoeiro em função da aplicação de bioestimulante. Semina: Ciências Agrárias, v.35, p.77-88, 2014. ASSIS, L M.; ZAVAREZE, E. R.; RADÜNZ, A. L.; DIAS, Á. R. G.; GUTKOSKI, L. C.; ELIAS, M. C. Propriedades nutricionais, tecnológicas e sensoriais de biscoitos com substituição de farinha de trigo por farinha de aveia ou farinha de arroz parboilizado. Alimentos e Nutrição Araraquara, v.20, n.1, p. 15-24, 2009 FERREIRA, L. A. Bioestimulante e fertilizantes associados ao tratamento de sementes de milho e soja. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia). Universidade Federal de Lavras, p.56, 2006. GRAY J. Fibra Alimentar. Definição e análise, fisiologia e saúde. ILSI Europe, 2006. HAWERROTH C. M. et al. Correlations between chemistry components of caryopsis in oat genotypes cultivated in different environments. African journal of agricultural research, v. 10, n. 47, p. 4295-4305, 2015. HAWERROTH, M. C.; CARVALHO, F. I. F.; OLIVEIRA, A. C.; SILVA, J. A. G.; GUTKOSKI, L. C.; SARTORI, J. F.; WOYANN, L. G.; BARBIERI, R. L.; HAWERROTH, F. J. Adaptability and stability of white oat cultivars as to chemical composition of the caryopsis. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.48, p.42-50, 2013. KLEIN, V. A.; NAVARINI, L. L.; KLEIN, C.; COSTA, L. O.; BARBOSA, E. A.; STEFFLER, V. A. Propriedades físicas do solo e rendimento de grãos de trigo em função de manejo do solo e uso de bioestimulantes. Pesquisa Agropecuária Gaúcha, PORTO ALEGRE, v.19, n.1/2, p.24-32, 2013. MIRA, G. S.; GRAF, H.; CÂNDIDO, L. M. B. Visão retrospectiva em fibras alimentares com ênfase em betaglucanas no tratamento do diabetes. Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences vol. 45, n. 1, jan./mar., 2009. NETO, D. D.; DARIO, G. J. A.; BARBIERI, A. P. P.; MARTIN, T. N. Ação de bioestimulante no desempenho agronômico de milho e feijão. Bioscience Journal, Uberlândia, v.30, p. 371-379, 2014. NETO, L. F. S. Pedogênese e matéria orgânica de solos hidromórficos da região metropolitana de porto alegre. 105f. Tese (doutorado em Ciência do Solo) Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2010. PARRY, M. A. J.; REYNOLDS, M.; SALVUCCI, M.E.; RAINES, C.; ANDRALOJC, J. Raising yield potential of wheat. II. Increasing photosynthetic capacity and efficiency. Journal of Experimental Botany, v.62, p.453–467, 2011. PRANDO, A. M.; ZUCARELLI, C.; FRONZA, V.; OLIVEIRA, F. A.; OLIVEIRA JÚNIOR, A. Características produtivas do trigo em função de fontes e doses de nitrogênio. Pesquisa Agropecuária Tropical, v.43, p.34-41, 2013. SILVA, JOSÉ ANTONIO GONZALEZ DA et al. Sowing density on oat production physiological parameters. Científica, v. 43, n.3, p. 226-235, 2015. TURGEON, A. J. Turfgrass Management. Person Prentice Hall. NJ. 415p. 2005. Precipitação (mm) 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57 61 65 69 73 77 81 85 89 93 97 101 105 109 113 117 121 125 Temperatura (ºC) Ano 2015 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Precipitação (mm) Ciclo da Cultura Temperatura Máxima Diária (ºC) Figura 1. Dados meteorológicos do ano agrícola de 2015 (IRDeR, DEAg, UNIJUI). Tabela 1. Análise de variância dos indicadores de produtividade da aveia. Fonte de Variação GL Bloco Quadrado Médio PG (kg ha-1) PB (kg ha-1) PP (kg ha-1) IC (kg kg-1) 3 35200 69600 5982 0,000109 Tratamentos 9 159969* 1250708* 1096770* 0,002158* Erro 27 13129 121591 87406 0,000144 Total 39 - - - - Média Geral 2505 8792 6287 0,28 CV (%) 9,57 13,96 14,71 4,21 RG- rendimento de grãos; RB- rendimento biológico; RP- rendimento de palha; IC- índice de colheita; GL- grau de liberdade; CV- coeficiente de variação; *= significativo a 5% de probabilidade de erro. Tabela 2. Médias dos tratamentos com bioestimulantes na aveia. Tratamento PG (kg ha-1) PB (kg ha-1) PP (kg ha-1) IC (kg kg-1) 1 2408 c 8406 b 5998 c 0,28 a 2 2398 c 8475 b 6077 c 0,28 a 3 2372 c 8023 c 5651 d 0,29 a 4 2196 d 9405 a 7209 a 0,23 c 5 2789 a 9410 a 6621 b 0,29 a 6 2619 b 8907 a 6288 c 0,29 a 7 2413 c 8004 c 5591 d 0,30 a 8 2633 b 8650 b 6016 c 0,30 a 9 2403 c 9284 a 6880 a 0,26 b 10 2816 a 9355 a 6539 b 0,30 a RG- rendimento de grãos; RB- rendimento biológico; RP- rendimento de palha; IC- índice de colheita; T1Testemunha; T2- Zinplex + Biomol na floração; T3- Zinplex + Glutamin Extra no enchimento de grãos; T4Zinplex + Biomol no afilhamento; T5- Glutamin Extra junto com a 1º e 2ª aplicação de fungicida; T6- Biomol junto com a 1º e 2ª aplicação de fungicida; T7- Zinplex + Vorax no enchimento de grãos; T8- Vorax junto com a 1º e 2ª aplicação de fungicida; T9- Biomol no afilhamento + Vorax no enchimento de grãos; T10- Biomol no afilhamento + Glutamin Extra no enchimento de Grãos.