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TRABAJO DE INVESTIGACIÓN FINAL
ELABORADO CON EL PROPÓSITO DE OBTENER EL TÍTULO DE MASTER
UNIVERSITARIO EN EL ÁMBITO DEL ALTO RENDIMIENTO DEPORTIVO
Paulo Jorge Paixão Miguel
Director del Trabajo: Prof. Doctor Juan José González Badillo
2002
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
ÍNDICE GERAL
AGRADECIMENTOS .............................................................................................................................. 3
ABREVIATURAS .................................................................................................................................... 5
ÍNDICE DE TABELAS ............................................................................................................................ 7
ÍNDICE DE FIGURAS ............................................................................................................................. 9
RESUMEN .............................................................................................................................................. 13
RESUMO ................................................................................................................................................ 14
ABSTRACT ............................................................................................................................................ 15
I – INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 16
II – APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA .............................................................................................. 18
III - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................................... 22
1. CARACTERÍSTICAS DA CORRIDA DE 400m ....................................................................... 22
1.1. Características Gerais ............................................................................................................... 22
1.2. Metabolismo ............................................................................................................................. 26
1.2.1. Contribuição das porções aeróbia e anaeróbia na corrida de 400m ............................... 32
1.3. Corrida de 400m como especialidade de RDC ......................................................................... 34
1.3.1. Factores fisiológicos que determinam o rendimento em corridas de 400m ................... 35
1.4. Biomecânica da Corrida ........................................................................................................... 42
2. FORMAS DE MANIFESTAÇÃO DA FORÇA .......................................................................... 48
2.1. Manifestações de Força nas Actividades Desportivas .............................................................. 48
2.2. Manifestações de Força na Corrida dos 400m .......................................................................... 56
2.2.1. Força explosiva e Força reactiva .................................................................................... 56
2.2.2. Resistência de Força ...................................................................................................... 58
3. AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE SALTO COMO FORMA DE DETERMINAR A
FORÇA E POTÊNCIA MUSCULAR .................................................................................................. 60
3.1. História ..................................................................................................................................... 60
3.2. O Sistema ERGOJUMP de Bosco ............................................................................................ 63
3.3. Protocolos de Bosco ................................................................................................................. 65
3.4. Validade, Fiabilidade e Objectividade ...................................................................................... 69
3.5. Estandardização e Controlo das condições ambientais ............................................................. 70
3.6. Valores de Referência e Estudos Realizados ............................................................................ 71
3.7. Relação entre a Avaliação da Força explosiva e Rendimento em corridas de Velocidade ....... 79
IV – HIPÓTESES .................................................................................................................................... 83
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Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
V - METODOLOGIA ........................................................................................................................... 84
1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ..................................................................................... 84
2. DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS ................................................................................................. 85
2.1. Relativas à avaliação da Força elástico-explosiva .................................................................... 85
2.2. Relativas à avaliação da Força elástico-explosivo-reactiva (ou stiffness muscular) ................. 85
2.3. Relativas à avaliação da Resistência de Força .......................................................................... 85
2.4. Relativas à corrida dos 400m .................................................................................................... 86
3. DESIGN ....................................................................................................................................... 86
3.1. Fase Prévia ............................................................................................................................... 87
3.2. Fase de Recolha dos Dados ...................................................................................................... 88
3.3. Fase Final ................................................................................................................................. 88
4. INSTRUMENTOS DE MEDIDA ................................................................................................ 89
4.1. Fiabilidade dos testes e instrumentos ....................................................................................... 90
5. PROCEDIMENTO ...................................................................................................................... 93
5.1. Condições Prévias aos Testes ................................................................................................... 93
5.2. Protocolos ................................................................................................................................. 95
5.3. Competições de 400m .............................................................................................................. 98
6. ANALISE DOS DADOS ............................................................................................................. 99
7. LIMITAÇÕES DO ESTUDO ...................................................................................................... 99
VI - RESULTADOS ............................................................................................................................ 100
VII - DISCUSSÃO .............................................................................................................................. 116
VIII - CONCLUSÕES FINAIS ........................................................................................................... 129
IX - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 131
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Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
AGRADECIMENTOS
Um trabalho desta natureza só é possível graças à colaboração de muitas
pessoas, pelo que não podemos deixar de agradecer alguns importantes contributos.
Ao Prof. Doutor Juan José Gonzalez Badillo, pela orientação prestada, só
possível pelo elevado grau de conhecimento e rigor científico que possui.
Á Escola Superior de Desporto de Rio Maior, na pessoa do Prof. Doutor José
Rodrigues, pela sua amizade e apoio prestado no sentido da progressão da nossa carreira
académica.
Ao Dr. Félix Romero pela sua sempre pronta disponibilidade e auxilio no
tratamento dos dados, bem como no esclarecimento de quase todas as dúvidas relativas
às questões da Estatística.
Ao Dr. António Moreira, responsável pela Secção de Tecnologia e Notação
Desportiva do Laboratório de Investigação em Desporto da ESDRM, pela sua pronta
disponibilidade e cedência de equipamento, sem o qual não teria sido possível levar a
cabo o presente estudo.
Ao António Graça, sempre disponível a colaborar na recolha e tratamento de
imagens de muitos dos testes realizados.
Ao Dr. David Catela e ao Prof. Doutor José Alves, sempre disponíveis a prestar
esclarecimentos, o primeiro numa fase inicial do trabalho e este último na sua fase final.
Aos atletas e treinadores que prontamente se disponibilizaram para participar, e
ainda pelo empenho demonstrado.
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Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
A todos os outros atletas que connosco têm trabalhado e servido de incentivo a
uma constante procura e actualização de conhecimentos no âmbito do Alto Rendimento
Desportivo.
Aos meus pais que possibilitaram, e desde sempre apoiaram e incentivaram todo
o meu percurso em geral e académico em particular.
A todos os outros que de uma forma ou de outra possam ter prestado o seu
contributo e por lapso ou esquecimento não foram referidos.
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Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
ABREVIATURAS
AEFA – Association des entraîneurs français d´athlétisme
ATP – Adenosina tri-fosfato
c.g. – centro de gravidade
CEA – ciclo de estiramiento – acortamiento (design. español)
CEE – ciclo de estiramento – encurtamento (design. Português)
CK – Creatina-quinase
cm – centímetros
CMAE – Ciclo muscular de alongamento–encurtamento
CMJ – Counter-movement jump (salto com contramovimento)
30”CMJ - Trinta segundos de saltos com contramovimento
CP – Fosfocreatina
DJ – drop jump
FDM – Força dinâmica máxima
FIM – Força isométrica máxima
Fr – Força reactiva
FT – fast twitch (fibra muscular de contracção rápida)
g – gravidade
h – Altura
HC – Hidratos de Carbono
Hmáx – Altura máxima
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Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Hméd – Altura média
Kg – quilograma
m – metros
MAOD – Maximal accumulated oxygen deficit
MARP – Maximal anaerobic running test
mmol/l – milimol por litro
P – Potência
PFK – Fosfo-fruto-quinase
Pmáx - Potência máxima
Pméd - Potência média
PMF – Pico máximo de força
RCD – Resistência de curta duração
RFR – Resistência de Força rápida
seg. – segundos
ST – slow twitch (fibra muscular de contracção lenta)
T400 – Tempo aos 400 metros
TC – tempo de contacto
TV – tempo de voo
VO2máx – Volume máximo de Oxigénio
vs – versus
vv – velocidade vertical
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Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1- Marcas relativas a Campeonatos Mundiais, Nacionais e Regionais, realizados
no ano de 2001 (Fontes: Butler 1999 e 2001, RFEA, FPA, AAS) ......................... 23
Tabela 2 - Contribuição percentual dos sistemas energéticos solicitados na prova de
400m ....................................................................................................................... 26
Tabela 3 - Percentagem da participação da fracção aeróbia e anaeróbia na corrida de
400m ....................................................................................................................... 27
Tabela 4 - Critérios da RDC (modificado a partir de Zintl, 1991 e Navarro, 1999) ...... 34
Tabela 5 - Factores determinantes da RDC (modificado a partir de Zintl, 1991 e
Navarro, 1999) ........................................................................................................ 35
Tabela 6 - Definições de Capacidade Anaeróbia (criado a partir de G. Ayestaran &
Calbet, 2001) .......................................................................................................... 37
Tabela 7 - Componentes do metabolismo láctico que interferem na corrida de 400m
(Modificado a partir de Arcelli, 1995) ................................................................... 39
Tabela 8 – Protocolos de Bosco ..................................................................................... 65
Tabela 9 - Relação entre as expressões de força e velocidade com a marca aos 100m
(Vittori, 1990 in Barros, 2001) ............................................................................... 80
Tabela 10 - Características dos sujeitos que constituíram a amostra e respectivos
recordes pessoais aos 400m (em 2001) .................................................................. 84
Tabela 11- Resultados dos testes CMJ a 12 atletas de várias disciplinas ....................... 91
Tabela 12 – Resultados obtidos pelo Sujeito A nas competições de 400m e testes de
CMJ, Reactividade e 30”CMJ, durante o ano de 2001 ......................................... 100
Tabela 13 – Resultados obtidos pelo Sujeito A nas competições de 400m e testes de
CMJ, Reactividade e 30”CMJ, durante o ano de 2002 ......................................... 101
Tabela 14 – Resultados obtidos pelo Sujeito B nas competições de 400m e 400m
barreiras, e testes de CMJ, Reactividade e 30”CMJ, durante o ano de 2001 ...... 102
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Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Tabela 15 – Resultados obtidos pelo Sujeito C nas competições de 400m e testes de
CMJ, Reactividade e 30”CMJ, durante o ano de 2001 ......................................... 103
Tabela 16 – Relação entre o T400 e as variáveis de Força explosiva (hCMJ) e de Força
Reactiva pelo sujeito A ......................................................................................... 112
Tabela 17 – Relação entre o T400 e as variáveis relativas à avaliação da Resistência de
força rápida pelo sujeito A ................................................................................... 112
Tabela 18 – Variável que melhor explica o resultado da corrida de 400m (hmed
30”CMJ) do Sujeito A .......................................................................................... 114
Tabela 19 – Modelo Sumario da Predição da Performance em 400m para o Sujeito A
.............................................................................................................................. 114
Tabela 20 – Coeficientes do Modelo de Predição da Performance em 400m para o
Sujeito A ............................................................................................................... 115
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Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 - Consumo Energético na corrida de 400m referente ao recorde Mundial de
Michael Johnson (a partir de Arcelli 1999) ............................................................ 30
Figura 2 – Variação da concentração de ATP e CP muscular ao longo da corrida de
400m (Modificado a partir de Hirvonen et all, 1992) ............................................ 31
Figura 3 - Variação da concentração de Lactato muscular e sanguíneo ao longo da
corrida de 400m (Modificado a partir de Hirvonen et all, 1992) ........................... 32
Figura 4 – Variação da contribuição de energia ao longo da corrida dos 400m
(Modificado a partir de Reis, 1997) ....................................................................... 33
Figura 5 – Contribuição das fontes energéticas para esforços de diferente duração e
possibilidades de utilização em regime de capacidade e potência (Adaptado de
Navarro, 1999) ........................................................................................................ 40
Figura 6 – Média dos tempos dos 8 finalistas em Campeonatos Mundiais, na primeira e
segunda metade da corrida (dados retirados do IAAF Statistics Handbook 2001) 46
Figura 7 – Tempos parciais dos finalistas de Sevilla 99, para cada 200m de corrida
(dados retirados do IAAF Statistics Handbook 2001) ............................................ 47
Figura 8 - Velocidade média dos finalistas de 400m, Sevilla 99 (dados retirados de
Ferro et all, 2001) ................................................................................................... 47
Figura 9 - Esquema hierárquico da Força e relações F-t e F-v (G. Badillo, 2000) ........ 49
Figura 10 – Manifestações da força segundo Vittori, 1990 (Modificado por Barros &
Macedo, 2001) ........................................................................................................ 52
Figura 11 – Esquema de Classificação da Resistência de Força (Harre & Leopold, 1997)
................................................................................................................................ 53
Figura 12 – Teste de Sargent - Jump and reach (retirado de Bosco, 1994) .................... 61
Figura 13 – Teste de Abalakov (retirado de Cometti, 1998) .......................................... 61
Figura 14 - Representação do impulso de força em função do tempo (retirado de Bosco,
1994) ....................................................................................................................... 62
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Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Figura 15 – Registo da Força de Reacção do terreno na direcção Vertical de uma
Plataforma de Força (retirado de Bosco, 1994) .........
A- Squat Jump ou salto de
parado;
B- CMJ – coutermovement jump ou salto com contramovimento; CDJ – Drop Jump ou salto pliométrico.
NI: impulso neto – representa a fase de
impulso do salto, em que o c.g. é pressionado para cima;
W – massa do
sujeito.
A força está expressada em N e representada em função do tempo
(seg.) (Bosco, 1994) ............................................................................................... 63
Figura 16 - CMJ............................................................................................................. 65
Figura 17 - CMJ 30" .......................................................................................................66
Figura 18 - Stiffness Test ……………………………………………………………..67
Figura 19 – Elevação do c.g. no salto com contramovimento em jovens italianos
(Bosco, LoCerto &Cirino, 1991, citados por Bosco, 1994) ................................... 71
Figura 20 – Elevação do c.g. no salto com contramovimento em jovens atletas do Club
Italia de Atletismo (Bosco, 1994) ........................................................................... 72
Figura 21 – Elevação do c.g. no CMJ em atletas de nível internacional (Bosco, 1985, in
Bosco, 1994) ........................................................................................................... 72
Figura 22 – Valores de elevação do c.g. no CMJ em atletas de várias disciplinas
desportivas, argentinos em comparação com valores recolhidos por Bosco a
algumas selecções nacionais de Itália, Rússia e Finlândia (modificado a partir de
Di Cesare, 2000) ..................................................................................................... 73
Figura 23 – Valores de salto vertical com contramovimento (CMJ) de alguns atletas
masculinos da equipa espanhola de 4x400m (Gorostiaga, 1992, in
Badillo&Gorostiaga, 1999). Também se mostram valores de alguns atletas de
400m americanos com marcas compreendidas entre 46”9 e 43”8 (Mero, citado por
Badillo&Gorostiaga, 1999) .................................................................................... 74
Figura 24 – Altura média de salto no teste de 30”CMJ em corredores de 400m e 400m
barreiras, juniores e seniores da selecção nacional portuguesa e correspondente
marca aos 400m (Miguel, 2002) ............................................................................. 75
Figura 25 – Potência média no teste de 30”CMJ em corredores de 400m e 400m
barreiras, juniores e seniores da selecção nacional portuguesa e correspondente
marca aos 400m (Miguel, 2002) ............................................................................. 75
Figura 26 – Potência mecânica em jovens italianos (Bosco, LoCerto &Cirino, 1991,
citados por Bosco, 1994) ........................................................................................ 76
Figura 27 – Potência mecânica durante 15-30seg de saltos contínuos registada sobre
atletas da selecção italiana de Esqui Alpino (Bosco, 1994) ................................... 76
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Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Figura 28 – Potência mecânica durante 15seg de saltos contínuos em atletas
internacionais (Bosco, 1985, citado por Bosco, 1994) ........................................... 77
Figura 29 – Valores em cms no teste de Potência Mecânica 15”CMJ em atletas de várias
disciplinas desportivas, argentinos em comparação com valores recolhidos por
Bosco a algumas selecções nacionais de Itália, Rússia e Finlândia (modificado a
partir de Di Cesare, 2000) ...................................................................................... 77
Figura 30 – Tempo de contacto e de voo e potência mecânica medidos durante saltos
sobre obstáculos em atletas de nível internacional (Bosco, 1985 citado por Bosco,
1994) ....................................................................................................................... 78
Figura 31 – Relação entre o tempo obtido na corrida de 400m e a elevação do c.g. nos
testes CMJ e 30”CMJ em atletas juniores e seniores portugueses da selecção
nacional (Miguel, 2002) ......................................................................................... 82
Figura 32 – Cronograma de actividades a desenvolver .................................................. 87
Figura 33 – Receptor Ergotester e tapete Ergojump com respectiva ligação ................. 89
Figura 34 – Local onde foram realizados os testes (Sala do Estádio Municipal de Rio
Maior) ..................................................................................................................... 93
Figura 35 – Sujeito realizando um CMJ no seu aquecimento ........................................ 94
Figura 36 – Sequência fotográfica do Teste CMJ .......................................................... 95
Figura 37 – Sequência fotográfica do Teste da Reactividade (2 saltos iniciais) ........... 96
Figura 38 – Sequência fotográfica do Teste de 30” CMJ (2 saltos iniciais) .................. 96
Figura 39 – Valores médios de elevação do c.g. dos 3 sujeitos nos testes CMJ e 30”CMJ
.............................................................................................................................. 104
Figura 40 – Evolução da Potência Reactiva do Sujeito A durante as épocas de 2001 e
2002 ...................................................................................................................... 106
Figura 41 – Evolução da Potência Reactiva dos Sujeito B e C durante a época de 2001
.............................................................................................................................. 106
Figura 42 - Evolução das alturas médias de salto no teste 30”CMJ (elevação média do
c.g. na primeira metade, na totalidade e na segunda metade do teste) do Sujeito A
durante as épocas de 2001 e 2002 ........................................................................ 107
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Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Figura 43 – Evolução das alturas médias de salto no teste 30”CMJ (elevação média do
c.g. na primeira metade, na totalidade e na segunda metade do teste) dos Sujeitos B
e C durante a época de 2001 ................................................................................. 108
Figura 44 – Elevação do c.g. nos testes CMJ e 30”CMJ, e marcas obtidas aos 400m pelo
Sujeito A ao longo da época de 2001 .................................................................. 109
Figura 45 – Elevação do c.g. nos testes CMJ e 30”CMJ, e marcas obtidas em 400
barreiras pelo sujeito B ao longo da época de 2001 ............................................. 110
Figura 46 – Elevação do c.g. nos testes CMJ e 30”CMJ, e marcas obtidas em 400m pelo
Sujeito C ao longo da época de 2001 ................................................................... 110
Figura 47 – Evolução do Índice de Resistência (h30CMJ/ hCMJ * 100) dos três Sujeitos
em estudo, durante o ano de 2001 e do Sujeito A no ano de 2002 ....................... 111
Figura 48 – Relação entre a elevação média do c.g. obtida no teste de 30”CMJ e a
performance em competições de 400m pelo Sujeito A (p<0.05) ......................... 113
Figura 49 – Relação entre, a Altura e Potência média de saltos obtidas no teste 15s
Reactividade, e a performance em competições de 400m pelo sujeito A ............ 120
Figura 50 - Relação entre, a Altura e Potência média de saltos obtidas no teste 30”CMJ,
e a performance em competições de 400m pelo sujeito A ................................... 122
12
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
RESUMEN
La Fuerza elástico-explosiva (FE-E), el stiffness muscular1, bien como la asociación de
tales expresiones de fuerza con la Resistencia, parecen ser aspectos determinantes en la carrera
de los 400m lisos. En este sentido, el estudio de las manifestaciones de fuerza implicadas en tal
carrera, se puede constituir como un importante medio de controlo del entrenamiento. Por otra
vía, el estudio de la relación que tales manifestaciones presentan con él rendimiento, puede
fornecer pistas adicionales rumo a una mejor comprensión de la especialidad deportiva, bien al
nivel de sus exigencias bien al nivel de la propia Metodología del Entrenamiento.
Los objetivos del estudio han sido: a) Identificar las manifestaciones de fuerza exigidas
en la carrera de los 400m lisos; b) Evaluar las referidas manifestaciones en corredores de 400m;
c) Determinar la relación de cada manifestación de fuerza con él rendimiento en la carrera de
400m lisos; h) Determinar la variación de los niveles de fuerza (de cada manifestación) a lo
largo de la temporada; i) Estimar el rendimiento a obtener en una carrera de 400m lisos en
situación competitiva.
Tres corredores de 400m, han participado voluntariamente en el estudio (récordes
personales - 47,15; 49,47 y 49,83 seg.; Edad – 20, 19 y 18 años; Altura – 182, 180 y 178 cm;
Peso – 72, 71 y 66 Kg.). Todos los sujetos han sido evaluados durante la temporada de 2001,
siendo que uno de ellos también en 2002. Los siguientes testes han sido realizados en las fases
de preparación y competitiva (en esta última con una periodicidad quincenal, y 48 horas después
de cada competición de 400m): Countermovement jump (CMJ), 15 saltos de Reactividad
(stiffness) y 30”CMJ. Además la media y la desviación estándar, han sido utilizados los
siguientes procedimientos estadísticos: Coeficiente de Correlación de Pearson (1-tailed) para
determinar las asociaciones entre las variables de evaluación de las manifestaciones de fuerza y
el resultado competitivo en 400m (T400); Análisis de regresión múltipla (método stepwise), con
el propósito de establecer un Modelo de Predicción del rendimiento.
Los resultados medios obtenidos por los sujetos han sido los siguientes: CMJ (56,48;
56,26; 50,66 y 46,58 cm); 15 saltos Reactividad (61,09; 59,15; 77,66 y 66,04 watt/Kg);
30”CMJ (41,57; 39,97; 39,06 y 33,82 cm); 400m (47,83; 48,26; 49,79 y 50,72 segundos),
respectivamente para el Sujeto A en 2001 y 2002, y Sujetos B y C en 2001. Con estés sujetos,
los niveles de manifestación de fuerza han cambiado a lo largo de la temporada deportiva (3,32
a 10,48%). Han sido encontradas, para el sujeto A, relaciones significativas (p<0,05) entre el
T400 y: la Potencia media reactiva (-0,753); Altura media de salto (hméd) en el teste 30”CMJ (0,910); hméd 0-15 e hméd 15-30 (primera e segunda mitades del teste: -0,811 e –0,872); Índice
de resistencia (relación hméd 30”CMJ/ hCMJ: -0,814). El modelo de predicción del rendimiento
en carreras de 400m, para el sujeto A, ha presentado la siguiente formula: T400= 53,988 –
(0,156 * hméd 30”CMJ). El error padrón encontrado ha sido de 0,16 segundos y el R2= 0,772.
Los resultados alcanzados en este estudio comprueban la existencia de relación entre el
resultado de la carrera de 400m lisos y: el stiffness muscular, y la Resistencia á la fuerza rápida
(ó Resistencia de fuerza explosiva). Sugieren además que para el corredor de 400m parece
importante evidenciar un determinado nivel de (FE-E) sobre el cual se desarrollará la
Resistencia a la fuerza. Sin embargo, se necesitan otros estudios (transversales y longitudinales)
con el fin de verificar: ¿Hasta que punto el desarrollo de la Fuerza explosiva? ¿Si es más
importante un nivel medio de FE-E y un nivel elevado de Resistencia a la fuerza ó el inverso?
Palabras Clave:
1
Fuerza explosiva, Resistencia à la Fuerza rápida, carreras de velocidad,
Evaluación de la Fuerza, CMJ
Reactividad, Fuerza reactiva
13
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
RESUMO
A Força elástico-explosiva (FE-E), o stiffness muscular2, bem como a associação destas
duas expressões de força com a Resistência, parecem ser aspectos determinantes na corrida de
400m. Desta forma, o estudo das manifestações de força implicadas nesta corrida, pode
constituir-se como um importante meio de controlo do treino. Por outro lado, o estudo da
relação que estas manifestações apresentam com rendimento, pode fornecer pistas adicionais no
auxilio a uma maior compreensão desta especialidade desportiva, quer ao nível das suas
exigências quer ao nível da própria Metodologia do Treino.
Os objectivos deste estudo foram: a) Identificar as manifestações de força exigidas na
corrida dos 400m; b) Avaliar as referidas manifestações em corredores de 400m; c) Determinar
a relação de cada manifestação de força com o resultado na corrida de 400m; h) Determinar a
variação dos níveis força (de cada manifestação) ao longo da época; i) Estimar o resultado a
obter na corrida de 400m em situação de competição.
Três corredores de 400m, participaram voluntariamente neste estudo (recordes pessoais
- 47,15; 49,47 e 49, 83 seg.; Idade – 20, 19 e 18 anos; Altura – 182, 180 e 178 cm; Peso – 72,
71 e 66 Kg). Todos os sujeitos foram avaliados durante o decorrer da época de 2001, sendo que
um deles também o foi, na época seguinte. Os seguintes testes, foram realizados nas fases de
preparação e competitiva (nesta última com uma periodicidade quinzenal, e 48horas após cada
competição de 400m): Countermovement jump (CMJ), 15 saltos de Reactividade (stiffness) e
30”CMJ. Para além da média e desvio padrão, foram utilizados os seguintes procedimentos
estatísticos: Coeficiente de Correlação de Pearson (1-tailed) para determinar as associações
entre as diferentes variáveis decorrentes da avaliação das manifestações de força e o resultado
competitivo em 400m (T400); Análise de regressão múltipla (método stepwise), a fim de
estabelecer um Modelo de predição do rendimento.
Os resultados médios obtidos pelos sujeitos foram os seguintes: CMJ (56,48; 56,26;
50,66 e 46,58 cm); 15 saltos Reactividade (61,09; 59,15; 77,66 e 66,04 watt/Kg); 30”CMJ
(41,57; 39,97; 39,06 e 33,82 cm); 400m (47,83; 48,26; 49,79 e 50,72 segundos),
respectivamente para o Sujeito A em 2001 e 2002, e Sujeitos B e C em 2001. Com estes
sujeitos, os níveis de manifestação de força variam ao longo da época desportiva (3,32 a
10,48%). Foram encontradas, para o Sujeito A, relações significativas (p<0,05) entre o tempo
obtido em competição de 400m (T400) e: a Potência média reactiva (-0,753); Altura média de
salto (hméd) no teste 30”CMJ (-0,910); hméd 0-15 e hméd 15-30 (primeira e segunda metades
do teste: -0,811 e –0,872); Índice de resistência (relação hméd 30”CMJ/ hCMJ: -0,814). O
modelo de predição do rendimento em corridas de 400m, para o sujeito A, apresentou a seguinte
fórmula: T400= 53,988 – (0,156 * hméd 30”CMJ). O erro padrão encontrado foi de 0,16
segundos e o R2= 0,772.
Os resultados alcançados neste estudo comprovam a existência da relação entre o
resultado em 400m e: o stiffness muscular e a Resistência à FE-E. Sugerem ainda que para o
corredor de 400m parece importante evidenciar um determinado nível de FE-E sob o qual se
desenvolverá a Resistência de força. Contudo outros estudos (transversais e longitudinais) são
necessários a fim de verificar: Até que ponto desenvolver a Força explosiva? Se será mais
importante um nível médio de FE-E e um nível elevado de Resistência de força, ou vice-versa?
Palavras Chave:
2
Força explosiva, Resistência de Força rápida, corridas de velocidade,
Avaliação da Força, CMJ
Reactividade, Força reactiva
14
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
ABSTRACT
Elastic-explosive strength and muscular stiffness3, as well as their association with
endurance, seams to be determinant aspects in the 400m race. In this way, the study of strength
expressions involved in this race, can make up as an important way of training control. On the
other hand, the assessment of their relationship with performance, can produce new ideas to
help us on the understanding of this speciality, mainly on the level of the demands but also on
their Training Methodology.
The aims of this study were: a) to Identify the demands of strength components in the
400m race; b) to Evaluate the referred strength components in 400m runners; c) to Determine
the relationship of each strength component with the 400m performance; h) to Determine the
variations of strength levels during season; i) to Estimate the performance of the 400m race
(T400).
Three 400m runners, participated voluntarily in this study (personal bests - 47,15; 49,47
and 49, 83 sec.; Age - 20, 19 and 18 years; Height - 182, 180 and 178 cm; Weight - 72, 71 and
66 Kg). All subjects were evaluated during the 2001 season, moreover one of them was also
evaluated during 2002. The following tests, were performed in preparatory and competitive
phases (in this last one, with a biweekly periodicity, and 48 hours after each competition of
400m): Countermovement jump (CMJ), 15 Reactivity jumps (stiffness) and 30"CMJ. Besides
the average and standard deviation, the following statistical procedures were used: Pearson
Correlation (1-tailed) to find the associations between all the current variables out coming from
strength components evaluation, and the T400; Multiple Regression Analysis (stepwise
method), in order to establish a Model to predict performance.
The medium results obtained by the subjects were the following ones: CMJ (56,48;
56,26; 50,66 and 46,58 cm); 15 Reactivity jumps (61,09; 59,15; 77,66 and 66,04 watt/Kg);
30"CMJ (41,57; 39,97; 39,06 and 33,82 cm); 400m (47,83; 48,26; 49,79 and 50,72 seconds),
respectively for the A Subject in 2001 and 2002, and B and C Subjects in 2001. The levels of
strength components of these subjects vary along sport season (3,32 to 10,48%). We found
significant relationships (p <0,05), for A subject, between the T400 and: the Average Reactive
Power (-0,753); Average Height of jump (hméd) in the 30"CMJ test (-0,910); hméd 0-15 and
hméd 15-30 (first and second half of the test: -0,811 and -0,872); Endurance Index (relationship
hméd 30"CMJ/ hCMJ: -0,814). The model to predict T400 (A subject), presented the following
formula: T400 = 53,988 - (0,156 * hméd 30"CMJ). Standard error was 0,16 seconds and R2 =
0,772.
These results prove the existence of the relationship between the 400m performance
and: the muscular stiffness, and the speed-strength endurance (or explosive-strength endurance).
They also suggest that for the 400m runner it seems important to achieve a certain level of
explosive-strength, under which the strength endurance will develop. However other studies
(traverse and longitudinal) are necessary in order to verify: Until witch level develop explosive
strength? Would be more important a medium level of explosive-strength and a high level of
strength endurance, or vice-versa?
Key words:
3
explosive strength, speed-strength endurance, sprinting, Strength evaluation,
CMJ
Reactivity, Reactive strength
15
INTRODUÇÃO
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
I – INTRODUÇÃO
A melhoria dos programas de treino, a utilização de conhecimentos científicos,
bem como as novas tecnologias que se colocam à disposição de treinadores e atletas,
são aspectos que nas últimas décadas contribuíram para um avanço substancial nos
resultados desportivos.
O conhecimento das exigências de condição física de cada especialidade ou
modalidade é hoje em dia facilitado pela enorme quantidade de instrumentos e
aparelhos que estão à disposição dos treinadores. Desta forma, e segundo Badillo
(2000), para determinar as exigências de condição física de um desporto, modalidade ou
especialidade devemos:
a) Medir o grau de manifestação de cada qualidade e compará-lo com o
rendimento específico;
b) Recolher dados sobre as características da própria competição e deduzir
teoricamente as exigências que implicam.
Contudo, até há bem pouco tempo eram poucos os estudos que avançavam com
informação de credibilidade científica na compreensão das exigências e características
da corrida dos 400m. Inclusive alguns estudos sobre a referida prova parece terem
levantado alguma perplexidade e controvérsia entre treinadores e investigadores (Costa,
1996).
Esta corrida é habitualmente conhecida por ser uma prova de velocidade
resistente (Acero, 1999), onde se exige a capacidade de manter uma velocidade
submáxima, muito próxima da máxima, num esforço que dura cerca de 45”.
Neste sentido, em termos de capacidades físicas, uma combinação de força
velocidade e resistência são requisitos necessários para a referida prova. Também a
nível fisiológico, esta corrida é das que reúne maior complexidade (Coelho e Reis,
1995), ainda que se saiba que o metabolismo láctico assume maior preponderância.
Neste nosso trabalho esperamos contribuir, por um lado para um maior
conhecimento desta especialidade no que toca às suas exigências de condição física,
especialmente da qualidade física força em associação com a velocidade e a resistência,
ou seja a Resistência de força elástico explosiva ou Resistência à força rápida como
sugerem alguns autores (Bosco, 1983; Acero, 1999). Por outro lado esperamos que este
16
INTRODUÇÃO
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
maior conhecimento seja também contributo para aperfeiçoar e melhorar os programas
de treino, bem como o incremento das prestações desportivas.
O presente trabalho está organizado da seguinte forma:
Parte I – Introdução
Parte II – Apresentação do Problema
Parte III – Revisão Bibliográfica
Parte IV – Hipóteses
Parte V- Metodologia
Parte VI – Resultados
Parte VII – Discussão
Parte VIII – Conclusões Finais
Parte IX – Referências Bibliográficas.
17
APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
II – APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA
A melhoria do rendimento nas várias disciplinas desportivas depende
essencialmente do conhecimento que se tenha acerca das exigências que apresentam e
consequentemente de uma escolha, e adequada programação, de meios e métodos de
treino.
Até ao momento a generalidade dos estudos relacionados com a corrida de 400m
dizem respeito à sua caracterização fisiológica e exigências em termos metabólicos.
Vários autores se tem referido a esta corrida como uma prova de características muito
especiais e complexas sob o ponto de vista da intervenção das diferentes fontes
energéticas (Coelho e Reis, 1995). Embora os valores apresentados pelos diferentes
autores (Suslow citado por Zintl, 1991; Zaciorskij citado por Zintl, 1991; Fox e
Mattews´s, 1983; Reis, 1997; Arcelli, 1999; Newsholme et all citados por McArdle et
all, 1998), quanto à percentagem de participação das diferentes fontes energéticas não
seja coincidente, porém não existem dúvidas quanto à maior intervenção do
metabolismo láctico. Tal facto leva a que a acumulação de hidrogeniões e consequente
abaixamento do ph sanguíneo se apresente como um dos principais mecanismos de
produção de fadiga (Terrados Cepeda e Garcia, 1999; Miñarro, Lopez Villalba e
Fernández, 2000; Bompa, 1994) e consequentemente como factor limitativo do
rendimento.
Diversos estudos sobre a fadiga na corrida dos 400m apresentam um foco nas
alterações da técnica da corrida e ainda, no aumento de metabolitos sanguíneos e
musculares (Numella et all, 1994).
Importa referir que estas alterações técnicas se apresentam precisamente como
um dos efeitos da fadiga, que se manifesta de maneira diferente nos diversos grupos
musculares (Numella et all, 1994; Costa, 1996 citando Costill et all, 1983). De facto
Costa refere-nos que Costill e colaboradores no seu trabalho ao determinarem a
concentração de ácido láctico e a variação de ph nos músculos vastus lateralis e
gastrocnemius, concluíram que existem variações individuais consideráveis entre estes
dois grupos musculares e que estas diferenças deveriam ser atribuídas á técnica de
corrida e ao tipo de treino prévio dos atletas. Este autor faz ainda referencia ao trabalho
de Chapman (1982) que apresenta conclusões semelhantes.
18
APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Os trabalhos de Hirvonen e colaboradores (1992) e Numella e colaboradores
(1992; 1994) sugerem que durante os primeiros 100 metros da corrida de 400m, a
maior parte da energia produzida provem da degradação de CP muscular. Entre os 100 e
os 300m a glucolise anaeróbia apresenta uma grande participação na produção de
energia, enquanto que assistimos a uma diminuição da participação da CP muscular.
Tal facto acompanha-se de uma diminuição da velocidade de corrida, sendo que nos
últimos 100 metros esta chega a ser dramática, indicando que existe uma grande fadiga
(Gorostiaga Ayestaran e Santos, 1999). Estes autores sugerem que nesta última fase da
corrida existe uma diminuição da capacidade para produzir energia porque
provavelmente a concentração muscular de CP se esgota, existindo também um
abaixamento da capacidade de restituir ATP por via da glucolise anaeróbia.
Desta forma, compreende-se que uma elevada concentração de lactato produzida
nos primeiros 300m de corrida possa diminuir drasticamente o ph sanguíneo e inibir a
glucolise anaeróbia. Por outro lado, um cansaço das fibras FT leva a que se passe a
recrutar fibras do tipo ST (Numella et all, 1994), as quais não produzem a mesma
quantidade de trabalho por unidade de tempo.
Assim e segundo os mesmos autores, na fase final da corrida verifica-se um
aumento da actividade electromiográfica, o qual traduz precisamente um tipo de fadiga
de origem muscular e não nervosa ou de falhas ao nível da transmissão neuromuscular.
Considerando que estes estudos que temos vindo a referir apresentam, para além
das alterações metabólicas, um foco nas alterações técnicas bem como numa menor
capacidade de continuar a produzir força (Numella et all, 1994; Costa, 1996), parece
que a resistência de força rápida, ou resistência à força elástico-explosiva se apresenta
como uma aspecto muito importante para a corrida de 400m.
Parece-nos então que o estudo da Resistência à Força elástico-explosiva em
corredores de 400m pode fornecer mais algumas pistas no auxilio a uma maior
compreensão desta especialidade, quer ao nível das suas exigências quer ao nível da
própria Metodologia do Treino.
Por outro lado, considerando que nas corridas de velocidade, especialmente na
fase lançada, o stifness muscular das pernas é um factor determinante na performance
(Vittori, 1996; Chelly e Denis, 2000), interessa-nos saber até que ponto este aspecto é
importante para os quatrocentistas.
Ainda assim, uma vez que na corrida dos 400m se exige uma passada mais
ampla, com possibilidade de total extensão do joelho durante o apoio, ao contrário do
19
APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
que acontece nas corridas de 100 e 200m onde este aspecto é de menor importância
(Vonstein, 1996), tal facto solicita uma maior participação dos músculos anteriores da
coxa. A solicitação deste grupo muscular acontece quer para a extensão do joelho
durante o apoio, quer para a sua elevação na fase de circular à frente da corrida
(Simonsen, Thomsen e Klausen, 1985 citados por Hay, 2000).
Todas estas considerações enquadram o nosso trabalho, no qual efectuaremos
avaliações de diferentes manifestações de força a corredores de 400m. A avaliação da
força explosiva e da resistência à força explosiva será realizada através do teste de CMJ
e 30"CMJ respectivamente, enquanto que a avaliação da força reactiva ou elásticoexplosivo-reactiva será efectuada através do teste de 15 saltos reactivos. Quaisquer dos
testes utilizam como recurso a plataforma de Bosco (marca GLOBUS), sendo realizados
dois dias após cada competição de 400m.
Neste estudo os objectivos estabelecidos pretendem dar resposta aos seguintes
problemas:
-
Qual a importância do stiffness muscular para os corredores de 400m?
-
Qual a importância da força elástico-explosiva para os corredores de 400m?
-
Qual a importância da Resistência á Força elástico-explosiva para os
corredores de 400m?
-
Como se relacionam as diferentes manifestações de força com o rendimento
obtido em competição de 400m?
Os nossos objectivos são os seguintes:
-
Identificar as manifestações de força exigidas na corrida dos 400m.
-
Avaliar o nível de stiffness muscular (força elástico-explosivo-reactiva) em
corredores de 400m.
-
Avaliar o nível de força elástico-explosiva em corredores de 400m.
-
Avaliar a Resistência à força elástico-explosiva em corredores de 400m.
-
Determinar a relação entre o stiffness muscular e o resultado na corrida de 400m.
-
Determinar a relação entre o nível de Força elástico-explosiva e o resultado na
corrida de 400m.
-
Determinar a relação entre a Resistência à Força elástico-explosiva e o resultado na
corrida de 400m.
-
Determinar a variação dos níveis de força elástico-explosivo-reactiva ao longo da
época.
20
APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
-
Determinar a variação dos níveis de Força elástico-explosiva ao longo da época.
-
Determinar a variação da Resistência á Força elástico-explosiva ao longo da época.
-
Estimar o resultado a obter na corrida de 400m em situação de competição.
21
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
III - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
1. CARACTERÍSTICAS DA CORRIDA DE 400m
A corrida de 400m pode ser caracterizada sob o ponto de vista de um vastíssimo
número de critérios. No âmbito científico, considerando os estudos que possam ser
feitos na área da Biologia ou da Biomecânica, é
habitual fazer-se referência aos
aspectos do metabolismo ou da mecânica da corrida.
No nosso caso, numa primeira análise, optámos por efectuar uma revisão e
caracterização geral desta prova. Depois referência ao seu metabolismo e na sequência,
a apresentação desta prova como especialidade de Resistência de curta duração (RCD).
Por fim, efectuámos também alguma recolha no que se refere aos aspectos da
biomecânica da corrida.
1.1. Características Gerais
A corrida de 400m está integrada dentro das corridas de velocidade que
compõem o programa olímpico. No entanto, a volta à pista pouco tem a ver com as
provas de 100 e 200m, uma vez que pela duração que encerra apresenta algumas
características muito diferentes destas duas provas, nomeadamente no que se refere à
capacidade física resistência e às ligações que esta estabelece com as capacidades, força
e velocidade (Miguel, 2002b).
Ainda assim, a velocidade apresenta-se como uma capacidade determinante no
resultado desta prova. Segundo Schaefer (1989), a velocidade máxima de competição
corresponde a 90% da capacidade individual máxima locomotora. Neste sentido, um
atleta que não possua um nível de velocidade máxima bastante elevado, por muito
resistente que seja, o seu resultado final estará sempre condicionado.
Por outro lado importa considerar um aspecto que se relaciona com a economia
de esforço, isto é, quando nos referimos à velocidade máxima de competição devemos
considerar um valor muito próximo mas submáximo em relação à máxima velocidade
de locomoção do atleta (como sugere o parágrafo anterior). Esta economia consegue-se,
como nos sugere Pascua (1998), por um lado à custa de uma acelaração mais longa e
fluida (relativamente a uma corrida de 100 e 200m) e de uma boa utilização da força
elástico-reflexa ou elástico-explosivo-reactiva.
Vittori (1991) identifica como requisitos funcionais para a corrida de 400m:
22
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
- Velocidade – onde se distingue a fase de aceleração e a velocidade máxima;
- Força – qualidade necessária para adquirir e manter a velocidade. A força máxima
dinâmica e principalmente a força elástico-explosiva são as manifestações que
determinam a fase de aceleração. Por sua vez as expressões de força que
influenciam a fase de máxima velocidade de corrida são, força elástico-explosiva
e elástico-explosiva-reflexa.
- Resistência – qualidade necessária para que se possa continuar o esforço apesar da
instalação da fadiga. Depende fundamentalmente do sistema energético
anaeróbio láctico, dada a intensidade e brevidade do esforço.
- Gestão do esforço – o atleta deverá seleccionar uma óptima combinação entre
frequência e amplitude de passada por forma a adquirir velocidade de um modo
o mais económico possível que lhe possibilite manter o seu ritmo de corrida.
Por sua vez, na revista da AEFA (1981) apresentam-se conteúdos de treino para
os 400m, com vista ao desenvolvimento de: qualidades físicas gerais (preparação de
base), qualidades de resistência, velocidade, preparação física e musculação.
Para além da necessidade de desenvolver todas as capacidades condicionais de
uma forma harmoniosa, importa perceber que consoante o nível do atleta as exigências
poderão apresentar-se de forma diferenciada. Puig (1998) sugere que quanto melhor for
o registo de um atleta, maiores serão as exigências de velocidade e de força. Se
considerarmos que os melhores especialistas mundiais apresentam tempos na casa dos
45” enquanto que as mulheres andam pelos 50”, parece lógico esperar que para estas a
capacidade resistência se apresente com um nível de exigência relativa, ligeiramente
superior, ao contrário dos homens para quem esta menor solicitação é compensada com
um direccionamento para as capacidades de força e velocidade como acima referimos.
Tabela 1- Marcas relativas a Campeonatos Mundiais, Nacionais e Regionais, realizados no ano
de 2001 (Fontes: Butler 1999 e 2001, RFEA, FPA, AAS)
Nível
400m
Masculinos
1º
Finalistas
Femininos
1º
Finalistas
Mundial
Nacional
Espanha
Portugal
Regional
Santarém
44,64
45,15
45,54
47,07
47,15
48,48
51,60
53,84
49,86
50,56
52,87
54,53
56,16
58,42
61,63
65,06
23
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Na tabela 1 podem consultar-se as marcas obtidas nos Campeonatos Mundiais,
Nacionais de Espanha e Portugal e, Regionais de Santarém (Portugal) do ano 2001 para
atletas masculinos e femininos. Em cada linha apresenta-se o tempo do campeão e a
média dos finalistas.
Desta forma, se considerarmos que os valores oscilam entre os 44” e 65”,
facilmente se poderá deduzir que uma duração tão ampla deverá corresponder a
solicitações ligeiramente diferentes, ainda que estejamos a referirmo-nos à mesma
prova. Badillo (2000) aquando da apresentação dos modelos de análise do rendimento
desportivo, enuncia o modelo evolutivo, o qual parte do pressuposto de que nos níveis
de rendimento superior é necessário o contínuo desenvolvimento de determinadas
capacidades e a estabilização de outras. Tal facto vem corroborar as anteriores
apreciações relativas às exigências diferenciadas para níveis diferenciados.
Pese embora muitos dos treinadores se refiram e discutam acerca dos aspectos
atrás descritos, tanto quanto nos foi possível pesquisar, apenas Nummela & Rusko
(1995) e Nummela et all (1996) apresentaram estudos acerca dos mesmos, onde
procuraram saber quais as diferenças entre sexos na potência anaeróbia de corrida (teste
MARP), respeitantes, quer à componente metabólica quer à neuromuscular. Sugerem
que os factores determinantes para a corrida de 400m possam ser diferentes em homens
e em mulheres (e em maior número neles). A economia de corrida em sprint foi
encontrada em ambos, indicando que o treino deve focar-se especialmente na forma de
corrida. As mulheres terão melhores resultados caso sejam submetidas a programas em
que se dê ênfase ao aspecto técnico, enquanto que os homens beneficiarão se cuidarem
deste aspecto e ainda de um adequado trabalho e condição física (Nummela & Rusko,
1995). Nummela et all (1996), sugerem que a velocidade máxima, a potência anaeróbia
de corrida a 10mmol/l e a diferença entre
a potência máxima e o VO2máx.
(encontrados com o teste de 30m e MARP) são os aspectos determinantes em
corredores homogéneos de 400m.
Em alguns estudos com especialistas e não especialistas, também foram
encontrados diferentes factores que determinam o resultado. Ohkuwa et all, (1984a)
sugerem que para os especialistas em 400m existem outros factores que determinam o
resultado neste evento, para além da glucolise anaeróbia. Podem ser a quantidade de
ATP e nível de força por secção transversal de músculo. Por sua vez Ohkuwa &
24
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Miyamura (1984b), comparando sprinters e meio-fundistas concluíram que o pico
máximo de concentração de lactato pode ser um indicador útil da capacidade anaeróbia
para os segundos mas não para os primeiros.
Schaefer (1989) considera a corrida de 400m como uma prova de sprint
prolongado, uma vez que se observarmos o gráfico da curva de velocidade temos uma
fase de aceleração, uma de velocidade máxima e uma de diminuição contínua da
velocidade. O rendimento obtido pelos atletas diferencia-se pela maior ou menor
velocidade obtida em todos os trajectos da corrida. Segundo o mesmo autor, a curva de
velocidade na corrida dos 400m é determinada essencialmente devido às alterações
metabólicas, ou seja a fase de aceleração e máxima velocidade são asseguradas pela
obtenção de energia a partir da fonte anaeróbia aláctica, enquanto que a fonte anaeróbia
láctica assegura a resistência de velocidade motora.
Estas alterações metabólicas e respectiva influência nas capacidades de produzir
força e/ou de manter a mesma velocidade têm sido confirmadas por diversos estudos
(Hirvonen et all, 1992; Numella et all, 1992 e 1994; Arcelli, 1995 e 1999; Lacour,
1990).
Já no que se refere aos efeitos da fadiga na corrida, observados especialmente na
fase final da prova, também alguns autores estudaram as alterações mecânicas e
respectiva perca de velocidade. Costa (1996) foi um desses autores, e refere-se aos
trabalhos de Bates e Osterning (1977), Chapman (1982), Sprague e Mann (1983), Tupa
e colaboradores (1984), Mero e colaboradores (1988), Ae e colaboradores (1989) e
Costa (1991 e 1992). Como já referimos no ponto 1.4. iremos analisar estes aspectos
com o pormenor que se lhes exige.
25
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
1.2. Metabolismo
A ressíntese das moléculas de ATP requer utilização de energia proveniente de
vários sistemas energéticos:

Sistema ATP-Cp

Sistema Glucolítico

Sistema Oxidativo (oxidação de HC e lípidos)
Durante o exercício exaustivo, a contribuição relativa destes três sistemas
energéticos, é determinada pela duração da actividade (Hill, 1999). Estes sistemas não
operam de forma independente no exercício, trabalhando de forma unida com vista à
ressíntesse do ATP para fazer frente às necessidades energéticas do músculo (Green,
1995).
Durante muitos anos, a maioria dos manuais sugeriam que, nas corridas como os
400m, com uma duração total inferior a 1 minuto, o sistema anaeróbio (ATP-CP e
glucolise) poderiam fornecer até 70 a 80% do custo energético total, com apenas 20 a
30% vindo da fonte aeróbia (e.g. Astrand e Rodahl, 1977; Newshome et all, 1992; Foss
e Ketevyan, 1998 citados por Hill, 1999).
Das consultas que fizemos podemos concluir que a grande maioria dos autores
apresenta valores próximos dos acima referidos.
Em alguns estudos é apresentada a contribuição percentual aproximada dos
sistemas energéticos solicitados (tabela dois).
Tabela 2 - Contribuição percentual dos sistemas energéticos solicitados na prova de 400m
Fontes
Autor (es)
13.9% ATPCP
63.3%
glicólise
anaeróbia
23.8% glicólise aeróbia
Arcelli (1999)
15% ATP-CP
55% glicólise
anaeróbia
30% glicólise aeróbia
Arcelli (1995 a partir de Lacour,
1990)
6% ATP-CP
50% glicólise
anaeróbia
44% glucolise aeróbia
Newsholme et all (1992) citado
por McArdle et all (1998)
20% glicólise aeróbia
Fox & Mattews´s (1983)
80% ATP-CP +
glicólise anaeróbia
26
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Outros autores apresentam apenas valores em termos da contribuição da fracção
aeróbia e anaeróbia (tabela três).
Tabela 3 - Percentagem da participação da fracção aeróbia e anaeróbia na corrida de 400m
Fontes
Autor (es)
75% anaeróbio
25% aeróbio
Suslow (1971, citado por Zintl 1991)
92% déficit de O2 4
8% consumo O25
Zaciorskij (1972, citado por Zintl 1991)
62% (± 4) anaeróbio ♀
38% aeróbio
Hill (1999)
63% (± 5) anaeróbio ♂
37% aeróbio
Hill (1999)
76,5% anaeróbio láctico ♀
26,6% aeróbio
Arcelli (1976 e1995)
73,4% anaeróbio láctico ♂
23,5% aeróbio
Arcelli (1976 e1995)
75% anaeróbio
25% aeróbio
Newsholme et all (1992, citados por Hill, 1999)
70% anaeróbio
30% aeróbio
Astrand e Rodahl (1977, citados por Hill, 1999)
72% anaeróbio
28% aeróbio
Lacour et all (1990, citados por Hill, 1999)
90 a 95% anaeróbio
5 a 10% aeróbio
Stephan (1986, citado por Reis 1997)
77,5% anaeróbio
22,5% aeróbio
Reis (1997)
57% anaeróbio
43% (± 1) % aeróbio
Spencer & Gastin (2001)
56% (± 2) anaeróbio
44% (± 2) aeróbio
Medbo & Serjested (1985, citados por G.
Ayestaran e Santos, 1999)
80% anaeróbio
20% aeróbio
Weineck (1986, citado por Reis 1997)
75 a 85% anaeróbio
15 a 25% aeróbio
Black (1988, citado por Reis 1997 e Coelho &
Reis, 1995)
63% anaeróbio
37% aeróbio
Spencer et all (1988, citados por Hill, 1999)
30 a 36% anaeróbio
64 a 70% aeróbio
Weyand et all (1988, citados por Hill, 1999 e G.
Ayestaran & Santos, 1999 )
82% anaeróbio
18% aeróbio
Foss e Keteyian (1988, cit. p Hill, 1999)
4
5
Correspondente á energia obtida pela via anaeróbia
Correspondente á energia obtida pela via aeróbia
27
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Ainda que grande parte da energia conseguida para esta prova provenha da via
anaeróbia, a partir dos quadros dois e três podemos também verificar que existe uma
grande dispersão, no que respeita aos valores encontrados pelos diferentes autores em
outros tantos estudos.
Ayestaran & Santos (1999) numa análise à literatura sobre este tema em geral e
mais concrectamente no que respeita à utilização muscular de ATP, CP, glucogénio e
produção de lactato, sugerem que a grande variabilidade de valores encontrados para
este último factor, pode explicar-se por uma ou várias das seguintes razões:
-
Diferenças metodológicas, uma vez que existem diferenças entre estudos no
que se refere ao lugar de extracção da amostra e sua posterior análise;
-
Especialistas – os resultados encontrados em especialistas relativamente a
desportistas de outras especialidades ou sedentários, são diferentes, uma vez
que aqueles atletas conseguem valores superiores;
-
Nível dos atletas - Especialistas de Alto Rendimento conseguem geralmente
valores superiores;
-
Tipo de testes realizado – se verificarmos valores de competição com valores
de treino ou de teste em laboratório, os da primeira situação são muito mais
elevados.
Por seu turno Spencer & Gastin (2001), sugerem que poucos são os estudos que
simulam o esforço em situação específica, quer para eventos de corrida quer para testes
realizados com cicloergómetros. Por esse facto realizaram o seu estudo envolvendo
atletas corredores de elite, de 200 a 1500m, em que cada grupo de atletas realizava
apenas os testes para o seu evento. Ou seja, encontraram a contribuição das porções
aeróbia e anaeróbia, para a corrida de 200m em corredores de 200m, para a corrida de
400m em corredores de 400m, bem como para as corridas de 800m e 1500m.
Nummela e Rusko (1995) em testes de corrida supramaxima realizados em
treadmill, verificaram que para um tempo de esforço semelhante (49,5seg.), atletas
especialistas de 400m e meio-fundistas, obtinham contribuições diferenciadas das
porções aeróbia e anaeróbia. A contribuição aeróbia para corredores de 400m foi de
37,1%, enquanto que os meio-fundistas conseguiram um valor de 45,6%.
Pelo exposto, parece resultar que as provas utilizadas para
determinar o
potencial de energia apresentam algumas limitações. Relativamente a este assunto
Green (1995), sugere que para além das provas anaeróbias lácticas e alácticas estarem
baseadas em critérios de rendimento (trabalho realizado por unidade de tempo nas
28
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
provas de potência anaeróbia e trabalho total realizado nas provas de capacidade
anaeróbia), e de esse rendimento observado estar limitado por um determinado sistema
energético, sendo que no caso da potência aláctica tenta calcular-se o ritmo a que o CP
pode ser hidrolizado e no caso da potência anaeróbia láctica o objectivo é o de calcular
o ritmo a que o ATP pode ser regenerado por via da glucólise anaeróbia. Sugere o
mesmo autor, que apesar de em termos teóricos estas suposições serem muito
convenientes, não existem em termos científicos provas suficientes de que
efectivamente as coisas se passem assim. Para além do sistema energético que está a ser
posto á prova, existem outros aspectos que determinam o resultado e as possibilidades
de o músculo poder trabalhar, entenda-se contrair e descontrair, da forma mais eficaz
possível.
Neste sentido se considerarmos os aspectos da coordenação motora e técnica de
corrida, da progressão da fadiga com respectivas anomalias centrais e periféricas, da
correspondente dificuldade em manter os processos de excitação e contracção muscular,
e por outro lado o facto de atletas com diferentes níveis de performance, com tempos
para percorrer a distância de 400m desde o record mundial de 43.18 até aos 60
segundos, é fácil perceber que estas poderão ser algumas das razões pelas quais os
diferentes estudos acerca do metabolismo da referida corrida apresentam valores tão
dispersos.
Os valores apresentados correspondem a estudos efectuados com atletas de nível
diferenciado, desde universitários, a atletas especialistas na referida prova, passando por
selecções de países até ao trabalho de Arcelli (1999) acerca do record mundial
conseguido por Michael Jonhson (Figura1).
Neste estudo, o autor sugere que supondo que o atleta atingia uma concentração
de lactato sanguíneo de 28 mmol/l, o consumo energético para a prova seria repartido da
seguinte forma: 13,9 – 65,7 e 20,4% para as fontes aláctica, láctica e aeróbia
respectivamente. Por sua vez, caso o atleta tivesse uma concentração de
lactato
sanguíneo de 27 mmol/l, o consumo energético apresentar-se-ia da seguinte forma: 13,9
– 63,3 e 22,8% para as mesmas fontes. O autor apresenta a hipótese do atleta conseguir
estes valores de lactatémia, tendo como referência um estudo que envolveu a recordista
mundial feminina, com um valor de 27 milimol por litro (Lacour et all, 1990).
29
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
ml/kg/min
100
ALÁCTICO
150
LÁCTICO
50
AERÓBIO
seg.
Figura 1 -
10
20
30
40
Consumo Energético na corrida de 400m referente ao recorde Mundial de Michael
Johnson (a partir de Arcelli 1999)
De facto, a concentração máxima de lactato no sangue parece ser uma condição
necessária para conseguir bons resultados nesta competição, pese embora por si só não
produz nenhum aumento de rendimento (Schaefer , 1989), uma vez que atletas com
rendimentos muito dispares, após uma competição, poderão ter níveis de concentração
de lactato sanguíneo muito próximos.
Ainda assim, para Alejandro e colaboradores (2001), a relação encontrada entre
a concentração de lactato e a manutenção da velocidade numa
corrida de 400m,
confere-nos um meio mais preciso de estudar a capacidade anaeróbia dos atletas, do
que qualquer teste de laboratório. Lacour e colaboradores (1990) também encontraram,
em especialistas de alto nível (homens e mulheres), uma relação entre o lactato
sanguíneo alcançado e a sua performance relativa. Sugerem que só em competições de
elevado nível (neste caso encontros internacionais) é possível os atletas explorarem o
seu potencial, sendo que com os testes de laboratório não é possível determinar
diferenças entre estes grupos tão homogéneos.
Desta feita e continuando esta revisão a estudos com os melhores especialistas
mundiais, Arcelli (1995) refere-se precisamente ao facto destes atletas conseguirem, em
provas de 400m, uma contribuição do mecanismo anaeróbio aláctico de pelo menos
30
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
18% das despesas energéticas totais da corrida. Este autor extrapola/sugere esta
percentagem a partir dos estudos de Serresse e colaboradores (1988), onde calcularam o
contributo dos principais mecanismos energéticos para esforços de 10, 30 e 90” de
duração.
Hirvonen e colaboradores (1992) sugerem que durante os primeiros 100m da
corrida de 400m a maior parte da energia produzida provem da degradação de CP
muscular (Figura 2). Por sua vez, Arcelli (1995) sugere que o mecanismo anaeróbio
aláctico possa intervir massivamente no primeiro terço da corrida. Entre os 100 e os
300m a glucólise anaeróbia tem uma grande participação na produção de energia,
enquanto que a participação de CP muscular se reduz. Tal facto é acompanhado por
uma diminuição de velocidade de deslocamento. Nos últimos 100m de corrida esta
diminuição de velocidade é ainda mais dramática, indicando que existe uma grande
fadiga. Segundo os referidos autores, esta diminuição da capacidade de produzir energia
acontece provavelmente por se esgotar a concentração de CP e por diminuir a
capacidade de produzir ATP pela via da glucólise anaeróbia, visto que a concentração
mmol/kg
de lactato muscular aumenta também substancialmente (Figura 3).
22
CP
20
ATP
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
0
100
200
300
400
Distâcia (m)
8
Rec (min)
Figura 2 – Variação da concentração de ATP e CP muscular ao longo da corrida de 400m
(Modificado a partir de Hirvonen et all, 1992)
Hirvonen e colaboradores (1992) crêem que provavelmente a diminuição da
capacidade de produzir ATP nos últimos metros de corrida se possa dever a:
31
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
-
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
grande acumulação de lactato muscular que se produz nos primeiros 300m
de corrida e se acompanha por um abaixamento do ph muscular (acidez) que
inibe parcialmente a glicólise anaeróbia;
-
aumento do recrutamento de fibras ST, devido ao facto de as fibras FT se
terem fatigado, sendo que as primeiras não produzem a mesma quantidade
de trabalho por unidade de tempo.
mmol/l (Bla)
mmol/kg (Mla)
mla
bla
22
20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
0
100
200
300
400
Distâcia (m)
10
20
30
Rec (min)
Figura 3 - Variação da concentração de Lactato muscular e sanguíneo ao longo da corrida de
400m (Modificado a partir de Hirvonen et all, 1992)
1.2.1.
Contribuição das porções aeróbia e anaeróbia na corrida de 400m
Como já referimos, vários são os estudos que se referem à contribuição da
porção aeróbia e anaeróbia para a corrida dos 400m. Geralmente nestes estudos, não é
apresentada a percentagem de contribuição do sistema anaeróbio aláctico e láctico,
referem-se antes ao metabolismo anaeróbio no seu todo, utilizando para tal o recurso a
métodos não invasivos (Gastin, 1994). A participação da porção aeróbia é traduzida
pelo consumo de Oxigénio enquanto que o cálculo do déficit máximo de oxigénio
acumulado permite saber qual a contribuição do metabolismo anaeróbio num
determinado esforço, sendo que esta quantidade ou este déficit corresponde ao O2
adicional que haveria de se consumir para evitar a participação do metabolismo
anaeróbio (G. Ayestaran & Calbet, 2001).
32
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Reis (1997) no seu trabalho de determinação do Déficit de Oxigénio acumulado
em corredores de 400m apresenta-nos a contribuição da porção aeróbia e anaeróbia ao
longo da prova (Figura 4) e em diferentes momentos da época (Setembro/Outubro –
inicio de época e Abril do ano seguinte - véspera do período competitivo). Para além
dos atletas melhorarem no segundo teste, verificou ainda que:
-
Na parte inicial da época desportiva os atletas utilizam maior percentagem de
energia da fonte aeróbia relativamente ao mesmo teste realizado na véspera
do período competitivo;
-
O perfil metabólico de esforço no inicio da época desportiva, alterou-se
substancialmente a partir dos 30 segundos;
-
No segundo teste, o perfil metabólico de esforço mantém-se praticamente
constante ao longo da prova;
-
O Déficit máximo de Oxigénio não se correlacionou com a velocidade média
nos 400m nem com a concentração máxima de lactato.
Variação da Energia durante a prova de 400m
100%
80%
E Aeróbia
60%
E Anaeróbia
40%
20%
0%
00:00,0
Figura 4 –
0:00:15
0:00:30
0:00:45
0:00:54,2
Tempo (seg)
Variação da contribuição de energia ao longo da corrida dos 400m (Modificado a
partir de Reis, 1997)
Refira-se no entanto que Heugas e Brisswalter (2000) sugerem que o MAOD
não é um teste adequado para determinar a capacidade anaeróbia a corredores de elite de
400m, uma vez que embora melhorando a performance em competição ao longo da
época, os resultados obtidos no referido teste não sofreram alterações significativas.
Observaram sim, uma grande variabilidade intra-sujeito.
33
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
1.3. Corrida de 400m como especialidade de RDC
A Corrida dos 400m pela duração e exigências que apresenta, bem como pelo
facto de a capacidade física resistência se apresentar como factor determinante no
rendimento competitivo, é uma prova classificada por alguns autores como sendo de
Resistência de Curta Duração (Navarro,1999 e 2000; Zintl,1991). Navarro (2000) cita
vários autores (Harre, 1987; Neuman, 1990; Zintl, 1991) que classificam como
disciplinas desportivas de Resistência de curta duração (RCD) todas as actividades que
se situem num espaço temporal que medeia entre os 35” e os 2 minutos, para as quais a
intensidade da carga deve ser máxima, à duração de cada esforço.
Segundo Zintl (1991), nas Especialidades de RCD é necessário resistir à fadiga
em cargas a velocidade submáxima, pese embora a velocidade do movimento seja
elevada, bem como aos níveis de força que se aplicam.
Os critérios mais característicos da RDC são os que podemos observar na tabela
quatro.
Tabela 4 - Critérios da RDC (modificado a partir de Zintl, 1991 e Navarro, 1999)
RDC
Critério
Duração da carga
35" - 2`
% de VO2 máx.
100
Lactato, mmol/l
10 – 22
Substrato energético principal
Glucogénio e Fosfatos
Vía energética predominante
Anaeróbio
Relativamente à prova de 400m, temos que:
-
pode durar entre 43 e 65 segundos (ver tabela 1);
-
Se atingem valores de VO2 máximo sempre superiores a 100% - 138 e 171;
154; e 147 % (G. Ayestaran & Santos, 1999 citando Medbo & Sejersted,
1985; Olesen e cols., 1994; Withers e cols, 1991),
-
Se atingem valores de lactatémia de 15,4 (Reis, 1997) a 24,9 (Kinderman &
Keul, 1977 citados por L. Miñarro e cols, 2000),
-
Apresenta como substratos energéticos principais o glicogénio e CP
(Hirvonen e cols, 1992) e,
34
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
-
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
A fonte energética predominante é a anaeróbia (ver tabela 2).
Neste sentido, os estudos referidos confirmam a possibilidade de incluir a
corrida de 400m nos critérios de classificação de Zintl e Navarro, referidos no quadro
quatro.
Os mesmos autores apresentam como factores determinantes da RDC, os que se
podem observar na tabela cinco.
Tabela 5 - Factores determinantes da RDC (modificado a partir de Zintl, 1991 e Navarro, 1999)
Sist. energético
Anaeróbio
Factores
Capacidade de dispor de muita energia /unidade de tempo
(dependente dos depósitos de fosfatos e da actividade das
enzimas glicólise anaeróbia)
Capacidade de produzir lactato (Potência láctica)
Capacidade de tamponamento (atrasar a hiperacidez)
Melhoria da tolerância à acidez
Aeróbio
Capacidade aeróbia (Regulação da produção/ eliminação de
lactato; melhoria da eliminação de substratos e resíduos
metabólicos)
Os autores consideram ainda outros factores como sejam, o nível de força ou
velocidade dentro da técnica motriz, no nosso caso a corrida. Estes aspectos serão
tratados mais adiante (ver pontos 1.4. e 2.2.).
O quadro cinco e o parágrafo anterior referem os principais factores de
rendimento, de uma forma geral, para as especialidades de RCD. De facto no caso do
atletismo também as corridas de 800m se podem incluir nesta classificação e
apresentam diferenças consideráveis relativamente às provas de 400m.
1.3.1.
Factores fisiológicos que determinam o rendimento em corridas de 400m
Neste sentido e por forma a que possamos ser mais precisos, passemos a referir
os conceitos relacionados com o potencial energético que estão subjacentes ao quadro
apresentado, e que se enquadram dentro dos factores fisiológicos que determinam o
rendimento em corridas de 400m, são eles:
-
Capacidade Anaeróbia aláctica
-
Potência anaeróbia láctica
35
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
-
Capacidade Anaeróbia láctica
-
Potência e Capacidade Aeróbia
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Como já referimos anteriormente a Capacidade refere-se à quantidade total de
energia disponível, enquanto que a quantidade total de energia gerada por unidade de
tempo denomina-se Potência, e diz respeito à intensidade máxima alcançada por esse
sistema energético (Green, 1995). Neste sentido, a Capacidade Anaeróbia aláctica é a
quantidade total de ATP que pode ser restituída por via do sistema ATP-CP, a qual
segundo Green (1995) e Treviño & Hill (2001) reflecte os depósitos de fosfocreatina. A
Potência anaeróbia láctica diz respeito ao ritmo a que o ATP pode ser regenerado por
via da glucólise anaeróbia, enquanto que a capacidade láctica é a quantidade total de
energia que pode ser gerada por via da referida fonte.
Quanto à Potência e Capacidade aeróbia, a primeira é caracterizada pelo
Consumo máximo de Oxigénio (VO2 máx.) que corresponde ao ritmo com que o
metabolismo aeróbio fornece energia (Thoden, 1995), ou seja é a capacidade de
produzir energia aeróbia a uma taxa elevada (Bangsbo et all, 1993 citado por Colaço,
1999). Por sua vez, e pelo exposto anteriormente, podemos considerar a Capacidade
aeróbia como quantidade total de energia disponível obtida a partir do metabolismo
aeróbio.
Relativamente à importância do metabolismo aeróbio, não obstante a maior
participação do metabolismo anaeróbio, não pode ser menosprezada neste tipo de
esforços como vimos anteriormente. Newsholme (1986) considera que existem duas
vantagens de se produzir energia de origem aeróbia numa corrida de 400m: 1) a
produção de ATP é mais eficiente, porque se utiliza menos glucogénio (4,6g de
glicogénio por cada mole de ATP quando se produz energia por via do metabolismo
aeróbio, em vez de 60g de glucogénio para cada mole de ATP aquando do metabolismo
anaeróbio), e 2) o mais importante provavelmente, porque quando se proporciona mais
oxigénio ao músculo durante o exercício, o caudal de sangue desse mesmo músculo
deve aumentar, e isto permite que os iões de hidrogénio produzidos junto ao lactato
possam libertar-se desde o músculo para o sangue e aí metabolizar-se noutros tecidos.
Esta capacidade de remoção do lactato é tanto melhor quanto maior for a densidade
mitocondrial e a actividade das enzimas oxidativas (Donovan et all, 1989 e 1990 citados
por Carter & Oosthuyse, 1999).
36
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Para
muitos
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
autores
a
performance
na
corrida
de
400m
depende
fundamentalmente da energia fornecida pela Capacidade anaeróbia (Lacour, 1989;
Péronnet e Thibault , 1989; citados por Heugas e Brisswalter, 2000).
Reis (1997) entende a Capacidade Anaeróbia como a sustentação durante o
maior período de tempo possível, de um esforço de potência inferior à máxima. Para
este autor, este parâmetro é vulgarmente indicado como principal limitador do
rendimento em provas de 400m (Coelho e Reis, 1995).
Para Medbo (1990), a Capacidade anaeróbia diz respeito à quantidade total de
Como podemos verificar, para um mesmo termo, diferentes autores sugerem
diferentes definições. Referindo-se a uma revisão efectuada por Green, G. Ayestaran &
Calbet (2001, citando Green, 1994) apresentam as definições que podem ser consultadas
na tabela seis:
Tabela 6 - Definições de Capacidade Anaeróbia (criado a partir de G. Ayestaran & Calbet,
2001)
Definição
Autor
A Capacidade anaeróbia do músculo pode ser medida a partir da determinação Westra e Cols (1976,
da taxa de produção de lactato.
citado por Green, 1994)
Quantidade de ácido láctico formado durante a actividade até ao esgotamento.
Bennett (1978)
Capacidade do metabolismo glucolítico e da máxima produção de ácido Berg e cols (1989, citado
láctico para alcançar o limite superior após os primeiros segundos de por Green, 1994)
exercício. Este mecanismo vem determinado pela taxa glucolítica máxima.
A Capacidade Anaeróbia é a quantidade total de energia fornecida pelos Pate e cols (1983)
sistemas metabólicos anaeróbios, durante o esforço extenuante de curta
duração.
A Capacidade Anaeróbia do organismo constitui o sistema chave responsável Mackova e cols (1985)
pela libertação de energia em actividades desportivas de duração igual ou
inferior a 120 segundos, efectuados a intensidades óptimas ou muito próximas
da máxima6.
A Capacidade Anaeróbia é a quantidade máxima de ATP formado pelos Medbo e cols (1988)
processos anaeróbios (hidrólise da fosfocreatina e produção de lactato)
durante o exercício.
Habilidade para gerar uma carga ácida7.
Walsh e Milligan (1989)
O termo Capacidade Anaeróbia, com as suas componentes Potência anaeróbia Szogy (1989)
máxima e Resistência anaeróbia, é definido como a habilidade para efectuar
esforços máximos de curta duração, em condições de déficit de oxigénio.
A Capacidade Anaeróbia máxima é a máxima quantidade de energia fornecida Camus e Thys (1991)
pelo metabolismo anaeróbio.
6
Pese embora, hoje se considere que o sistema energético que contribui em maior quantidade para a
despesa energética, em esforços que produzem o esgotamento acima de 1 minuto, é o sistema aeróbio
(Medbo e cols, 1988 citado por G. Ayestaran & Calbet, 2001)
7
Para G. Ayestaran & Calbet (2001) não é claro se habilidade significa “potencia “ ou “Capacidade”,
pelo que consideram esta definição muito pouco esclarecedora.
37
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Para aqueles dois autores, as definições constantes no quadro seis fazem uso
profuso do termo “anaeróbio”. O metabolismo anaeróbio abarca todos aqueles
processos que permitem a ressíntesse do ATP em ausência de Oxigénio (G. Ayestaran
& Calbet, 2001). Referem ainda os mesmos autores, que no contexto da Fisiologia do
Exercício o termo Potência reserva-se à velocidade à qual se realiza o trabalho,
enquanto que o termo capacidade tem o significado de trabalho total efectuado
independentemente do tempo investido para levá-lo a cabo. Um erro excessivamente
frequente consiste em equivaler o trabalho total realizado durante um esforço que
produz o esgotamento em pouco tempo (30 segundos a 2-3 minutos) com a capacidade
anaeróbia, quando uma parte importante da energia necessária para efectuar esse esforço
procede também do metabolismo aeróbio. Posto isto, os autores sugerem a seguinte
definição:
“A capacidade anaeróbia é a quantidade máxima de ATP ressintetizada pelo
metabolismo anaeróbio (da totalidade do organismo) durante um tipo específico de
esforço máximo, de curta duração” (G. Ayestaran & Calbet, 2001, citando Green,
1994; Gastin, 1994, citando Medbo, 1988).
Por outro lado, devemos efectuar também uma diferenciação entre capacidade
anaeróbia e capacidade de trabalho anaeróbio. A capacidade de trabalho anaeróbio deve
ser definida como: “a quantidade de trabalho mecânico externo (ou seja medido num
ergómetro) efectuado durante um tipo específico de exercício extenuante, de suficiente
duração para requerer um aporte de ATP por parte do metabolismo anaeróbio, máximo
(ou quase máximo), sempre e quando o fornecimento de ATP por parte do metabolismo
anaeróbio seja superior ao aeróbio” (G. Ayestaran & Calbet, 2001, citando Green,
1994; Gastin, 1994).
Quanto à Potência anaeróbia, sugerem que é “a velocidade máxima à qual o
metabolismo anaeróbio (da totalidade do organismo) pode resintetizar ATP, durante
um esforço máximo de curta duração” (G. Ayestaran & Calbet, 2001, citando Green,
1994).
Para Medbo e Burgers (1990), existe uma relação próxima entre uma elevada
Capacidade anaeróbia e um elevado ritmo de produção de energia anaeróbia (Potência),
ainda que sejam conceitos diferentes.
A Potência anaeróbia aláctica vem determinada pela velocidade máxima com
que a miosina ATPasa é capaz de hidrolizar ATP “in vivo”. Uma vez que a velocidade
38
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
de fornecimento da de ATP por parte da reacção da CK é superior à máxima actividade
da miosina ATPasa, a expressão mecânica da potência anaeróbia aláctica só se
manifesta naqueles esforços que reunam condições óptimas de velocidade e resistência
para que se possa alcançar a potência mecânica máxima (G. Ayestaran & Calbet, 2001).
Por sua vez a Potência anaeróbia láctica, segundo os mesmos autores, depende da
actividade da fosofofructoquinasa (PFK), que provavelmente alcança a sua máxima
actividade entre os 10 e os 30 segundos de esforço, devido ao aumento da temperatura e
à acumulação de metabolitos estimulantes da PFK.
Também Arcelli (1995), sugere que uma potência láctica elevada só é
conseguida à custa de um elevado trabalho das enzimas glicolíticas. Associado com os
conceitos de potência e capacidade láctica, este autor apresenta os componentes do
metabolismo láctico. Divide-os em: Componentes lácticos internos à fibra muscular,
outros componentes – periféricos e, componentes lácticos centrais. Relativamente aos
que podem interferir na prova de 400m apresenta os que se podem consultar na tabela
sete.
Tabela 7 - Componentes do metabolismo láctico que interferem na corrida de 400m
(Modificado a partir de Arcelli, 1995)
Componentes internos (na fibra muscular)
Elevada capacidade tampão
Baixo valor de “ph crítico”
Capacidade de trabalho com
elevadas concentrações de lactato
Outros componentes – periféricos
Tamponamento da parte muscular
Chegados a este ponto podemos perceber algumas considerações da
Metodologia de Treino utilizada para esta prova. Lisowski (2001), sugere que é
necessária a determinação de uma terminologia de esforço. Tal como vimos
anteriormente, uma subdivisão dos esforços em Aeróbios e Anaeróbios e estes por sua
vez, em Anaeróbio glucolítico e fosfagénio. Todos estes esforços podem trabalhar-se
em regime de máxima intensidade, i.e. potência, e de duração – capacidade. Neste
sentido, para este autor a maioria
dos conteúdos de treino para os 400m devem
apresentar-se sob a forma de potência e capacidade glucolítica (figura 5).
39
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Figura 5 – Contribuição das fontes energéticas para esforços de diferente duração e
possibilidades de utilização em regime de capacidade e potência (Adaptado de
Navarro, 1999)
Outros autores, sugerem ainda que os conteúdos de treino possam ser orientados
para a eficiência, ou seja para a economia de esforço, sendo que o objectivo é o de
consumir menos energia perante uma determinada intensidade (Garcia Verdugo, 1997;
Navarro, 1999). Esta eficiência pode ser conseguida à custa de uma óptima técnica de
corrida ou da salvaguarda de energia, entenda-se da sua melhor utilização possível ou
ainda de um adequado aproveitamento da sua conversão, nomeadamente de energia
metabólica/química a mecânica (Arellano, 2000). Para o autor esta conversão é tanto
mais eficiente quanto melhor for o trabalho executado pelo sistema nervoso, no que toca
às questões relacionadas com o controlo motor. Com efeito, alguns autores referem-se
este aspecto como economia de corrida, termo que traduz os custos em termos de
consumo de Oxigénio de uma determinada velocidade de corrida (Lacour et all, 1990a;
Kyröläinen et all, 2001; Heise & Martin, 2001). Pese embora para o nosso caso nos
interesse mais a economia de sprint, termo proposto por Rusko e colaboradores (1993) o
qual assenta na ideia de que quanto maior for a velocidade alcançada para um
40
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
determinado nível submáximo de lactato, melhor é a economia e técnica de um
determinado sprinter.
Pudemos então resumir os factores fisiológicos decisivos para a corrida de 400m
como apresentamos seguidamente (Miguel, 2001):
-
Capacidade Anaeróbia Aláctica - dispor de um grande número de depósitos de
fosfatos para atrasar a entrada da via anaeróbia láctica e assim mobilizar esta fonte
de alta energia;
-
Potência Anaeróbia Láctica - a fim de continuar a dispor de muita energia por
unidade de tempo, sendo que para tal é necessário - acumular e conseguir tolerar
uma elevada concentração de lactato continuando o esforço);
-
Capacidade Anaeróbia Láctica – assume maior importância nas mulheres ou em
atletas de menor qualificação (Puig, 1998), uma vez que a maior duração da prova
exige que, apesar da contínua produção de lactato se consiga atrasar a hiperacidez.
41
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
1.4. Biomecânica da Corrida
Pese embora a existência de diversos estudos biomecânicos em corridas de
velocidade, grande parte destes são realizados com atletas de 100 e 200m. A maioria
dos estudos desta área realizados com quatrocentistas referem-se essencialmente aos
efeitos da fadiga e respectivas alterações na técnica de corrida e na capacidade de
produzir força (Hirvonen et all, 1992; Numella et all, 1994; Costa, 1996). Desta forma,
julgamos oportuno efectuar uma análise à corrida de velocidade em geral e
posteriormente, aos efeitos que a fadiga produz nos diferentes parâmetros ou factores
biomecânicos apresentados por alguns autores.
Na análise da corrida deverá considerar-se a sua estrutura dinâmica e cinemática
dividida em duas grandes fases, uma Fase de Apoio: durante a qual as forças interiores
actuam sobre o solo, daí resultando uma reacção projectiva igual e de sentido contrário
(lei acção-reacção ou 3º lei de Newton); e uma Fase de suspensão: durante a trajectória
aérea, o Centro de Gravidade (CG) do corpo do atleta descreve uma parábola e eleva-se
até determinada altura. Estas duas grandes fases geralmente subdividem-se em: apoio à
frente, impulsão, recuperação (circular atrás) e balanço (circular à frente).
A partir de uma recente consulta acerca da actividade electromiográfica na
corrida de velocidade (Mero et all, 1992; Jonhansen et all, 1996; Mero & Komy 1987;
Vonstein, 1996, citados por Miguel, 2000), podemos referir que a actividade EMG em
sprints realizados a diferentes velocidades sugere o seguinte:
-
Com o incremento de velocidade verifica-se um aumento da tensão muscular no
final da fase que precede o contacto (pré-tensão);
-
Esta pré-tensão está correlacionada com a força do apoio á frente (amortecimento);
-
Esta pré-tensão é necessária para aumentar o stiffness, tendo desta forma uma fase
de amortecimento mais eficaz;
-
Após a fase de impulso existe uma diminuição do EMG.
Também segundo os mesmos autores, numa análise à actividade muscular do
trem inferior em corrida á máxima velocidade, podem constatar-se os seguintes
comportamentos:
42
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
-
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Os hamstrings e gluteos mostram actividades similares em termos dos picos EMG
durante o apoio, sendo que a sua actividade nesta fase é determinante a fim de
assegurar uma adequada tracção/ acção tipo griffé (Coh et all, 1999);
-
O quadricipede apresenta dois picos de actividade (um no meio da fase de apoio e o
outro na fase de balanço à frente);
-
O Tibial anterior apresenta dois picos de actividade (um no inicio da fase de
recuperação e o outro imediatamente antes da fase de apoio à frente amortecimento);
-
Os gémeos apresentam o seu pico máximo de actividade na parte final da impulsão.
Por sua vez, Simonsen et all (1985, citados por Hay, 2000) apresentam uma
proposta de análise do ciclo de corrida, a fim de descrever as acções da perna direita,
mas dividida nas seguintes quatro fases: suporte, recuperação inicial, fase média da
recuperação, final da recuperação.
Desta forma, podemos apresentar os principais músculos envolvidos na corrida
e respectivas acções agonistas e antagonistas
-
Apoio à frente - Esta fase realiza-se à custa dos músculos antigravíticos, mediante o
estiramento dos extensores da articulação do pé, perna e coxo-femural (cadera).
Estes músculos trabalham de forma excêntrica, tendo uma acção agonista enquanto
que os músculos flexores das referidas articulações funcionam como antagonistas.
Ou seja nas articulações do pé, joelho/rodilla e coxa/ cadera temos:
Agonistas: gémeos e solhear; quadricipede; e posteriores da coxa.
Antagonistas: tibial anterior; posteriores da coxa e quadricipede.
-
Impulsão - Esta fase realiza-se à custa dos músculos flexores plantares, solhear e
gémeos (na extensão do pé) e dos posteriores da coxa e glúteos na extensão total do
membro inferior sobre o tronco. Os glúteos e músculos profundos da bacia têm uma
acção muito importante na colocação da bacia (que na corrida de velocidade deverá
ser em retroversão a fim de permitir um bom trabalho na fase seguinte - do circular à
frente). Temos então nas articulações do pé, joelho/rodilla e coxa/ cadera:
Agonistas: gémeos e solhear; quadricipede8; e glúteos e posteriores da coxa.
Antagonistas: tibial anterior; posteriores da coxa e quadricipede.
-
Recuperação (circular atrás) - É realizado essencialmente pelos músculos flexores
do joelho/rodilla, logo temos:
8
O trabalho deste músculo é o menos importante, uma vez que o trabalho a realizar é de tracção- mais à
custa da acção do pé e extenção da articulação da bacia.
43
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Agonistas: posteriores da coxa.
Antagonistas: quadricipede.
-
Balanço (circular á frente) - É realizado essencialmente pelos músculos flexores da
bacia/cadera (onde os gémeos têm também uma acção muito importante de manter
o pé em pré-tensão a fim de preparar a fase seguinte), logo temos:
Agonistas: psoas iliaco e quadricipede (com acção muito importante do
costureiro).
Antagonistas: posteriores da coxa.
Ainda que as considerações anteriores possam servir para todas as corridas de
velocidade, não nos podemos esquecer que na prova de 400m é aconselhável, para além
de uma gestão da energia e de um ritmo uniforme ao longo da prova (Hart, 1999;
Vittori, 1991), uma corrida o mais eficiente possível. Tal facto leva a que a estrutura da
corrida se apresente de forma ligeiramente diferente relativamente às corridas curtas.
Com efeito, as principais alterações técnicas verificam-se na parte final da
corrida devido aos efeitos da fadiga, a qual se manifesta de maneira diferente nos
diversos grupos musculares (Numella et all, 1994; Costa, 1996 citando Costill et all,
1983). De facto, Costa refere-nos que Costill e colaboradores no seu trabalho ao
determinarem a concentração de ácido láctico e a variação de ph nos músculos vastus
lateralis e gastrocnemius, concluíram que existem variações individuais consideráveis
entre estes dois grupos musculares e que estas diferenças deveriam ser atribuídas á
técnica de corrida e ao tipo de treino prévio dos atletas. Este autor faz ainda referência
ao trabalho de Chapman (1982) que apresenta conclusões semelhantes.
A fadiga devida essencialmente a aspectos metabólicos (acumulação de
metabolitos, abaixamento do ph e alterações enzimáticas) e por outro lado um aumento
de recrutamento das fibras do tipo ST, também por cansaço das fibras FT (Numella et
all, 1994) as quais não produzem a mesma quantidade de trabalho por unidade de
tempo, leva a que na fase final da corrida se verifique um aumento da actividade
electromiográfica chegando a atingir valores 24% superiores aos de repouso. Esta
situação indica-nos que estamos perante um tipo de fadiga de origem muscular e não
nervosa ou de falhas ao nível da transmissão neuromuscular.
Quanto às alterações sofridas na velocidade de corrida, Costa (1996) verificou
uma acentuada diminuição dos 90 para os 390m (8.30 para 6.56 m/s). O autor em
consulta a outros estudos acerca dos efeitos que a fadiga produzia na corrida, bem como
44
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
às causas que levavam à referida diminuição de velocidade na parte final da corrida,
sugere que a mesma ocorre devido a uma diminuição da frequência de passo motivada
por um aumento do tempo de apoio (Chapman, 1982; Sprague e Mann, 1983; Tupa e
col, 1984 citados por Costa, 1996; Numella et all, 1992) acompanhado por um aumento
menos significativo do tempo de suspensão.
O mesmo autor sugere que este aumento do tempo de apoio pode ser o resultado
da tentativa de evitar uma quebra do impulso, uma vez que a fadiga se traduz por uma
menor capacidade de produzir força pelos grupos musculares envolvidos. Esta tentativa
de evitar a quebra do impulso visa uma diminuição controlada da velocidade através da
manutenção ou diminuição mínima da amplitude de passada.
Assim, quer a redução da amplitude por impossibilidade de gerar força, quer a
tentativa de manutenção dessa amplitude mas com tempos de apoio superiores
confirmam-nos e ao mesmo tempo ajudam a explicar as quebras verificadas na parte
final da corrida.
Elliot & Acland (1981, citados por Brochado, 1996) sugerem que os atletas
ajustam a técnica
da corrida, quando ocorre fadiga, modificando a amplitude, a
frequência e a posição dos segmentos corporais. Por sua vez, Tabachnik e Sultanov
(1979) com os seus trabalhos sugerem que as características individuais dos sprinters de
alto nível possibilitam que expressem diferentes relações entre frequência e amplitude
de passada na corrida á máxima velocidade, capacidade de acelaração e relaxação.
Segundo Pascua (1998), os trabalhos de Tabatschinic, desenvolvidos em Itália
pela equipa do professor Carlo Vittori (Locatelli, Donatti, Bellotti, etc,) tornou
perfeitamente clara e decisiva a importância daqueles aspectos referidos (frequência e
amplitude), assim como as distintas expressões de força (explosiva, elástica e elasticoreflexa) e ainda, os processos de obtenção de energia anaeróbia (aláctica e láctica).
Destes últimos aspectos já nos ocupamos nos pontos 1.2. e 1.3, quanto aos relacionados
com a força, serão objecto de apreciação no ponto 2 deste trabalho.
A quebra no final da corrida não pode ser dissociada dos aspectos tácticos ou de
estratégia da corrida aos quais já nos referimos por diversas vezes. Ou seja quanto mais
rápida for a parte inicial da prova (relativamente à melhor marca que o atleta possui aos
200m ou à sua máxima velocidade de corrida) maior pode ser a diminuição da
velocidade na parte final. Vittori (1991) refere-se a este aspecto como gestão do esforço,
o qual deverá ser repartido ao longo da corrida com tempos parciais semelhantes nos
45
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
vários troços. Por sua vez, Pascua (1998) sugere que a melhor forma de repartir o
esforço ao longo da prova é realizando os primeiros 200m ligeiramente mais rápidos,
ainda que cada atleta em função das suas características e grau de treino deve adoptar a
gestão mais conveniente. Também Walker (1999) sugere que os atletas devem adoptar o
seu próprio estilo, tomando em consideração o seguinte plano: saída forte dos blocos,
acelaração fluída até final da curva e corrida descontraída nos segundos 100m, sendo
necessário a partir desta fase um maior esforço na tentativa de manter a velocidade e por
fim nos últimos 100m há que tentar esquecer a fadiga e focar-se na sua própria corrida.
Como sugere o parágrafo anterior, os corredores de 400m é habitual realizarem a
segunda metade da corrida mais lenta relativamente à primeira. Nos corredores de alto
nível esta diferença geralmente oscila entre 1 a 1.5 segundos para homens e 2 a 2.5
segundos para mulheres (Donatti, 1981; Pascua, 1998; Bedukadze 2000). Numa análise
às finais das provas realizadas nos Campeonatos Mundiais temos que a média dos oito
finalistas varia entre 21,23 em Sevilha e 21,79 em Estugarda, para os primeiros 200m e,
entre 23,00 em Atenas e 23,74 em Helsinkia, para a segunda metade da corrida (figura
6).
T (seg)
50,00
45,00
40,00
35,00
23,74
30,00
25,00
20,00
15,00
21,75
10,00
5,00
0,00
Helsinkia
1983
Figura 6 –
23,73
23,52
23,14
23,00
23,22
200-400m
0-200m
21,54
21,45
21,79
21,53
21,23
Roma
1987
Tokyo
1991
Stuttgard
1993
Atenas
1997
Seville
1999
Média dos tempos dos 8 finalistas em Campeonatos Mundiais, na primeira e
segunda metade da corrida (dados retirados do IAAF Statistics Handbook 2001)
Relativamente à final de Sevilha 1999, podemos verificar que a generalidade dos
finalistas realizaram a primeira parte da corrida bastante idêntica, com parciais entre
21,13 e 21,29 à passagem pelos 200m, o que nos indica que todos os atletas realizaram
esta fase da corrida bastante rápida relativamente aos seus melhores resultados em 200m
(figura 7). Excepção feita a Michael Jonhson que passou com uma margem de quase 2
segundos
a mais, relativamente ao seu record, o que lhe permitiu
uma melhor
46
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
distribuição do esforço por todo o trajecto (Hart, 2000). Segundo o seu treinador, a
tentativa dos seus oponentes em acompanhar este atleta até aos 300m levou a que
terminassem com marcas muito abaixo das suas possibilidades, uma vez que não
distribuíram da melhor forma os parciais (Hart, 2000).
T (seg)
Final 400m Sevilla 99
50,00
40,00
21,96
30,00
23,12
23,16
23,03
23,35
23,37
23,89
23,85
200400m
0-200m
20,00
21,22
21,13
21,19
21,33
21,19
M. Jonhson
S. Parrela
A Cardenas
J. Young
A Pettigrew
10,00
21,28
21,29
21,22
0,00
Figura 7 –
M.
G. Haughton
Richardson
J. Baulch
Tempos parciais dos finalistas de Sevilla 99, para cada 200m de corrida (dados
retirados do IAAF Statistics Handbook 2001)
Ferro e colaboradores (2001) analisaram todas as provas de velocidade do
Mundial de Sevilla 99, onde é possível confirmar os dados anteriores. Apresentam ainda
a média de velocidades em secções de 50m (figura 8), em que se verifica a diminuição
de velocidade na parte final da corrida e onde se destaca nesta mesma fase a menor
diminuição de Jonhnson relativamente aos restantes finalistas, aspectos anteriormente
focados.
Velocidade Média em secções de 50m (m/s)
10,50
M. Jonhson
S. Parrela
10,00
A Cardenas
9,50
9,00
J. Young
8,50
A Pettigrew
8,00
M.Richardson
7,50
G. Haughton
7,00
0-50
Figura 8 -
50-100 100-150 150-200 200-250 250-300 300-350 350-400
J. Baulch
Velocidade média dos finalistas de 400m, Sevilla 99 (dados retirados de Ferro et
all, 2001)
47
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
2. FORMAS DE MANIFESTAÇÃO DA FORÇA
A enorme variedade de actividades desportivas que se praticam na actualidade,
demonstram-nos que o músculo se vê obrigado a responder das formas mais diversas às
exigências a que se vê submetido. De forma mais concreta, a força é uma capacidade
que se manifesta de forma diferente consoante as necessidades da acção (Garcia Manso
et all, 1996).
Uma vez que com este nosso trabalho pretendemos determinar quais as
exigências de força para a corrida de 400m, convém determinar quais as manifestações
de força a considerar para as diferentes actividades desportivas, bem como as que
podemos considerar para aquela corrida.
2.1. Manifestações de Força nas Actividades Desportivas
Segundo Badillo (1999), podemos considerar as seguintes formas de
manifestação da força:
- Força absoluta, que corresponde a um potencial "teórico" e apenas se manifesta em
situações psicológicas extremas;
- Força Máxima Excêntrica, que diz respeito à máxima capacidade de activação contra
resistências que se deslocam no sentido da força da gravidade (geralmente);
- Força Isométrica Máxima, corresponde a uma activação voluntária máxima contra
uma resistência insuperável;
- Força Dinâmica Máxima, que corresponde à máxima expressão da força concêntrica,
mais precisamente ao ângulo em que se produz a mínima velocidade de
deslocamento;
- Força Dinâmica Máxima Relativa, diz respeito à máxima força expressada contra
resistências inferiores ao necessário para se manifestar a FDM;
- Força Explosiva, diz respeito à relação entre a Força alcançada e o tempo necessário
para a produzir
- Força Elastico-explosiva - semelhante à anterior juntando a energia elástica do préestiramento;
- Força Elastico-explosivo-reactiva, manifesta-se quando o CEE é muito curto,
juntando à anterior manifestação, a componente de facilitação nervosa através do
reflexo miotático.
48
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Segundo o mesmo autor, a classificação das manifestações de força decorre das
diferentes formas que os músculos têm para transformar em força a sua própria tensão.
Neste sentido, importa tomar em consideração os factores que intervêm no processo de
produção de tensão, ou seja: o tipo de activação ou acção muscular, a velocidade e
acelaração do movimento, a magnitude da tensão, as fases em que se acentua a
manifestação máxima da força dentro do desenvolvimento do movimento, e as
condições iniciais de execução.
Posteriormente, o mesmo autor num trabalho onde pretende sistematizar o
conceito e medida da Força explosiva no Desporto ( González Badillo, 2000b), sublinha
a importância da Força útil, ou seja a força aplicada no gesto específico de competição,
a qual se produz à velocidade e tempo específico da competição. Esta Força engloba-se
dentro do grupo de valores de Força dinâmica máxima relativa, os quais numa escala
hierárquica aparecem depois da FIM e da FDM, sendo que o PMF se mede quando não
há movimento ou seja corresponde à FIM (figura 9).
Força
PMF
Relação
Força-tempo
Relação
Força-velocidade
FIM (N)
Resistência Insuperável
Curva
Força-tempo
Curva
Força-velocidade
FDM (N ou Kg)
1RM
Força explosiva/
Produção de
força (N/s):
Curva de
Potência
Força manifest na unid. tempo
FDM relativa (N)
cargas abaixo de 1RM
Força explosiva máxima
FDM rel. específica
Força útil/ funcional
Figura 9 - Esquema hierárquico da Força e relações F-t e F-v (G. Badillo, 2000)
Siff & Verkhoshansky (2000) consideram que, a tensão muscular deve dividir-se
em oito tipos: Tensão muscular tónica, Tensão fásica, Tensão fásica-tónica, Tensão
explosiva isométrica, Tensão explosiva-balística e Tensão explosivo-reactivo-balística.
Sugerem ainda a necessidade de identificar o caracter específico da tensão muscular, em
particular, as velocidades em que se desenvolve, a sua magnitude, duração e número de
repetições, assim como o trabalho dos músculos antes do início dessa tensão.
Neste sentido, considerando a diversidade de condições nas quais os músculos
desenvolvem o seu trabalho, categorizam as capacidades de desenvolver uma força
específica em quatro tipos, todos interrelacionados: Força Absoluta, Força-Velocidade,
49
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Força Explosiva e Força-Resistência. Se prestarmos atenção ao facto do caracter
explosivo com que se desenvolve a força, estar associado com a força absoluta ou força
velocidade (dependendo das condições externas), então são duas as capacidades gerais –
Força Explosiva e Força Resistência, que servem de base à produção de todos os
movimentos desportivos (Siff & Verkhoshansky, 2000).
Pelo que pudemos perceber do trabalho destes autores, ainda que não
apresentem uma sistematização das manifestações da força, referem-se às seguintes
condições em que se pode produzir força: Força Excêntrica máxima (que pode ser
similar à força absoluta), Força Isométrica máxima, Força Dinâmica máxima. Qualquer
delas se apresenta aquando do estudo da força explosiva, a partir da análise da curva
força tempo, na qual também é possível distinguir os conceitos de Força inicial, que diz
respeito à capacidade de desenvolver com rapidez a maior força possível no momento
inicial da tensão, e de Força de acelaração, que corresponde à capacidade de
desenvolver uma força de trabalho tão rápido quanto possível uma vez iniciada a
contracção. Apresentam ainda a reactividade, como uma capacidade neuromuscular
para gerar força explosiva, dependente do estiramento preliminar e da rapidez da
reacção. Quanto à força-resistência, consideram que é a forma específica na qual se
desenvolve a força em actividades que requerem uma duração relativamente longa de
tensão muscular com uma diminuição mínima da eficácia. Segundo o tipo de actividade
desportiva, distinguem duas formas de expressão: Força –resistência dinâmica, a qual se
relaciona com exercícios cíclicos nos quais se repete sem interrupção uma tensão
considerável durante cada ciclo de movimento; e Força-resistência estática, a qual se
relaciona com actividades nas quais é necessário desenvolver uma tensão isométrica de
intensidade e duração variáveis (Siff & Verkhoshansky, 2000).
Por sua vez Mil-Homens (1996a; 1996b), estrutura as principais formas de
manifestação da força em três grandes grupos, a saber: Força Máxima, Força Rápida e
Força de Resistência. Cada um destes grupos é constituído por diversas componentes.
Assim o autor apresenta, segundo Schmidtbleicher, a Força Máxima como sendo
o valor mais elevado de força que o sistema neuromuscular é capaz de produzir,
independentemente
do
factor
tempo,
contra
uma
resistência
inamovível
(Schmidtbleicher, 1985a; 1985b, citado por Mil-Homens, 1996a; 1996b). Desta forma,
para esta definição de força máxima os autores estão a considerar
que ela se deve
avaliar em termos isométricos, ainda que se possa exprimir também em termos
50
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
concêntricos e excêntricos. Ainda associadas com a força máxima o autor apresenta a
força absoluta, a força relativa e a força limite. A primeira diz respeito ao valor de força
mais elevado que o atleta pode produzir, a força relativa diz respeito ao valor de força
produzido por unidade de peso corporal, enquanto que a força limite diz respeito ao pico
de força que o sistema neuromuscular é capaz de produzir numa única contracção
máxima e que envolve pouca ou nenhuma acção voluntária, manifestando-se apenas em
situações de risco (Schmidtbleicher, 1996 e 1998 citando Poliquin e Patterson, 1989).
Por Força Rápida devemos entender a capacidade do Sistema neuromuscular
produzir o maior impulso possível num determinado período de tempo (Mil-Homens,
1996 e 1998), por tanto é o mesmo conceito que apresentamos para a Força Explosiva
segundo Badillho (1999). Ainda assim o autor, apresenta como componentes da Força
Rápida, a Força Inicial ou Taxa Inicial de Produção de Força e a Força Explosiva ou
Taxa Máxima de Produção de Força. Apresenta ainda a Força Reactiva, que decorre da
acção do CEE como sendo a última componente da Força Rápida. Sugere uma certa
independência entre o funcionamento muscular do Ciclo Muscular Alongamento
Encurtamento (CMAE, atrás designado por CEE) e as acções isométricas e
concêntricas, sendo que não será de estranhar que se relacionarmos os níveis de Fmáx
com a performance do CMAE encontremos valores de correlação muito baixos (MilHomens, 1996 e 1998). Considera existirem dois tipos de CMAE, um longo e um curto.
O primeiro com duração superior a 250ms e caracterizado por um grande deslocamento
angular das articulações coxo-femural, joelho e tíbio-társica e o segundo mais reduzido
com duração de 100 a 200ms (Mil-Homens, 1986a; 1986b; Schmidtbleicher, 1996;
1998).
Martín Acero (1999), Velez (2000) e Garcia Manso & colaboradores (1996),
utilizam a terminologia proposta pelo professor Carlo Vittori (1990), na qual se podem
distinguir dois grandes grupos de manifestações de força: Manifestações Activas e
Manifestações Reactivas (Figura 10).
Como podemos verificar na figura 10, nas manifestações activas consideram-se:
-
manifestação Máxima Dinâmica da força, que aparece ao deslocar num só
movimento e sem limitação de tempo a maior carga possível;
-
a manifestação explosiva da força, que ocorre aquando de uma contracção o mais
rápida e potente possível, partindo de uma posição de imobilidade.
51
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Figura 10 – Manifestações da força segundo Vittori, 1990 (Modificado por Barros & Macedo,
2001)
As Manifestações reactivas resultam do efeito produzido pelo CEE. Como referimos
anteriormente, segundo Schmidtbleicher, podem distinguir-se dois tipos, um curto e um
longo. Segundo Velez (2000), estes dois tipos de CEE coincidem respectivamente com
os dois tipos de manifestações reactivas da força propostas pelo professor Vittori
(1990):
-
a manifestação Elástico-Explosiva, (CEA longo, mais lento) acontece quando se
aproveitam as condições biomecânicas do estiramento da musculatura aquando da
contracção excêntrica, uma vez que esta energia cinética gerada será aproveitada
como energia elástica, que se libertará na fase concêntrica. Este ciclo mais longo
permite mais tempo para aplicar maiores níveis de força;
-
a manifestação Elástico-Explosivo-Reflexa, (CEA curto, mais rápido) que acontece
quando a transição da contracção excêntrica concêntrica é muito rápida, adicionando
aos mecanismos referidos anteriormente o trabalho nervoso (do fuso neuromuscular
– reflexo miotáctico) e por outro lado a máximo aproveitamento das características
52
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
elásticas e/ ou rigidez do sistema musculo-tendinoso, que segundo Vittori (1996) se
apresenta como requisito prévio desta manifestação de força.
Chegados a este ponto, cremos que convém precisar um pouco melhor um
parâmetro ou capacidade, a Resistência de Força. Alguns autores consideraram como
manifestação da força (Siff & Verkhoshansky, 2000; Schmidtbleicher, 1985a; 1985b,
citado por Mil-Homens, 1996a; 1996b), para outros apenas como uma associação entre
essas duas capacidades, uma vez que a manutenção da força pode ser objectivo em
qualquer das manifestações consideradas.
Para Harre & Leopold (1987), o conceito de Resistência de força define um
pressuposto condicional da prestação determinado pela associação entre a força
(máxima ou rápida) e a resistência. A primeira distinção que efectuam, diz respeito à
separação entre a Resistência Absoluta e a Resistência Relativa da Força. A primeira diz
respeito ao valor médio absoluto do desenvolvimento repetido da força realizada,
enquanto a segunda pode definir-se como a capacidade do atleta se opor à fadiga,
referindo-se á diferença entre o máximo rendimento possível de força (sem diminuição
devida à fadiga) e o valor médio de força desenvolvido durante o esforço.
A fim de perceber as condições particulares de cada disciplina desportiva, estes
autores apresentam uma estruturação da Resistência de força que pode ser consultada no
esquema da figura 11.
Resistência de Força
Tipo de trabalho
muscular
Forma de
Movimento
Estático
Constante - Intermitente - Repetitivo
Resistência estática à força máxima
(ou inferior à máxima)
Empenho
da força
Dinâmico
máxima ou inferior à máxima
Aciclico
Resistência à
Força Máxima
máxima
Ciclico
Resistência à
Força Rápida
inferior à máxima
Resistência à
Força Rápida
média a próxima da máxima
Figura 11 – Esquema de Classificação da Resistência de Força (Harre & Leopold, 1997)
Segundo os autores, podem utilizar-se vários critérios a fim de classificar a
Resistência de força: a duração do impulso de força, a velocidade crescente de aplicação
da força e o sistema energético utilizado no movimento. A partir daqui os autores
definiram os vários planos de classificação (figrua 9): segundo tipo de trabalho
muscular, a forma de movimento, a manifestação de força associada com a resistência e
ainda, o empenho da força.
53
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Arcelli & Franzetti (1997), efectuaram uma revisão sobre este tema da
Resistência de força, tendo verificado que, se por um lado algumas definições se
complementam, por outro existem alguns autores que por vezes entram em contradição.
Kuznezow (1982, citado por Arcelli & Franzetti, 1997) fala de força resistente,
como um dos factores que, no exercício de caracter cíclico, determinam a força especial
necessária ao desenvolvimento da velocidade. Tal qualidade, em presença da força
rápida, permite a necessária amplitude de movimento por um determinado período de
tempo, sendo que a velocidade alcançada dependerá da frequência de movimento e do
nível de força aplicado na fase de trabalho.
Também Siff & Verkhoshansky (2000), sugerem que a Força-resistência
proporciona um nível alto de capacidade de trabalho especial, que é sobretudo típico dos
desportos cíclicos nos quais se executam acções de grande potência. Dando claramente
a entender que estamos a referirmo-nos a provas de velocidade resistente ou de meiofundo curto, como sejam os 400m e 800m em Atletismo, os 100m e 200m em natação,
ou os 1000m em ciclismo de pista.
Relativamente à terminologia, os autores de origem soviética utilizam
preferencialmente o termo Força Resistente, como uma qualidade que intervém, de
forma diversificada, nas actividades de duração média de alguns segundos. Por sua vez
os anglo-saxónicos utilizam o termo Speed resistance strenght
ou Speed-strenght
Endurance (Resistência de força rápida) o qual diz respeito às necessidades de prestação
para as corridas de velocidade prolongada e de meio-fundo curto, bem como outras
disciplinas análogas de características lácticas (Arcelli & Franzetti, 1997). Já o termo
Muscle Endurançe, segundo os mesmos autores, diz respeito às actividades que com
maior duração exigem grande esforço da musculatura, mas que ainda assim apresentam
características aeróbias ao nível da solicitação metabólica. Os autores, apesar de
referirem que em Itália se utilizam os termos:
-
Força aeróbia, para actividades de duração prolongada em que se pretende que a
cadeia muscular aplique
mais força com recurso ao metabolismo aeróbio,
permitindo ao mesmo tempo uma melhoria do limiar anaeróbio e do aspecto técnico
do gesto atlético (Rosa & Veicstainas, 1984 citados por Arcelli & Franzetti, 1997) e;
-
Força - resistência, a qual não é a simples soma da força e da resistência, uma vez
que segundo o autor existem uma série de mecanismos fisiológicos inerentes à
melhoria da força e à melhoria da resistência que são de difícil associação, são os
54
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
casos das disciplinas nas quais a força resistência apresenta componentes
tipicamente lácticos (Arcelli, 1990 citado por Arcelli & Franzetti, 1997),
Sugerem que o termo Resistência de Força é bastante adequado e utilizado para as
actividades desportivas caracterizadas por apresentarem, por um período longo de
tempo, necessidades de força elevadas.
55
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
2.2. Manifestações de Força na Corrida dos 400m
Como já referimos anteriormente, a força é uma capacidade física que determina
as possibilidades de obtenção de um bom resultado nas corridas de velocidade,
nomeadamente a força explosiva uma vez que é necessário aplicar força rapidamente,
quer para produzir uma acelaração inicial, quer para alcançar e manter a máxima
velocidade (Chelly & Denis, 2000).
Parece existir unanimidade de investigadores e treinadores quanto à importância
desta capacidade para os corredores de 400m. Schaefer (1989) refere que no treino da
força se deve destacar o grande volume do treino de resistência de força rápida. Por sua
vez Puig (1998), considera que esta capacidade física, quando desenvolvida de forma
específica (Resistência de força rápida), deve concorrer para:
-
desenvolver o pressuposto neuromuscular para uma velocidade mais elevada,
-
incrementar a resistência muscular local de grupos musculares envolvidos,
principalmente, na impulsão,
-
criar uma base para a melhoria da técnica desportiva e seu controlo para uma
impulsão eficaz em condições de cansaço,
-
construir a capacidade de mobilizar a própria energia psicofísica em condições de
fadiga.
Ainda que na literatura possamos encontrar diversos estudos sobre a capacidade
física força ou suas manifestações nas corridas de velocidade, é essencialmente nas
provas mais curtas de 60m, 100m e 200m que estes trabalhos são desenvolvidos. São
particularmente conhecidos os estudos do professor Vittori e da sua equipa de
colaboradores. Por seu turno, com corredores de 400m e pelo que tivemos oportunidade
de consultar, destacam-se um conjunto de trabalhos apresentados por diversos
investigadores da Universidade de Jyvaskyla.
2.2.1.
Força explosiva e Força reactiva
Vittori (1996 e 1996b) estudou os distintos modos de expressão da força
implicados na actuação dos velocistas. Relativamente ao estudo do comportamento
biomecânico do trem inferior na corrida de 100m, juntamente com os seus
colaboradores, deduziram que grande parte da força usada na primeira fase da corrida se
pode descrever como expressão activa da força explosiva (ou elástico-explosiva), sendo
56
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
que á medida que a corrida avança e os tempos de contacto com o solo diminuem (para
valores abaixo dos 100ms), os impulsos são produzidos por força reflexa reactiva, cujo
requisito prévio dinâmico é a rigidez músculo-tendinosa ou stiffness. Desta forma, na
fase de máxima velocidade as expressões de força determinantes são, a força elásticoexplosiva e elástico-explosiva-reflexa.
Locatelli (1996 e 1996b) estudou as várias prestações de atletas italianos, em
provas de 60, 100 e 200m, tendo verificado que a manutenção da velocidade lançada
depende fundamentalmente do stiffness muscular e que a fase de acelaração depende da
força dos músculos envolvidos.
Por sua vez, Chelly e Denis (2000), estudaram em terreno e em laboratório a
ligação entre a potência (força explosiva e elástico-explosiva) e o stiffness muscular na
corrida de velocidade. Verificaram que embora a força explosiva seja necessária para a
acelaração e manutenção da máxima velocidade, o stiffness muscular das pernas é um
factor determinante na performance especialmente na fase lançada de máxima
velocidade.
Kuitunen et all (2000) verificaram que na corrida de velocidade o stiffness
permanece constante a velocidades desde 70 a 100% da máxima velocidade, existindo
uma forte correlação entre o stiffness da articulação tibio-társica e o tempo de apoio em
todas as velocidades de corrida.
No que respeita aos corredores de 400m, Vittori sugere que o desenvolvimento
da força elástico-explosiva e elástico-explosiva-reflexa é particularmente importante
para os músculos antigraviticos, especialmente os posteriores da perna, do pé e ainda os
glúteos, uma vez que estes músculos auxiliam uma correcta colocação da pélvis durante
a fase de máxima velocidade. Nesta fase, a acção do pé do quatrocentista difere
ligeiramente relativamente ao sprinter curto (100 e 200m), sendo que deverá ser mais
elástica e mais aproximada a uma corrida económica a velocidade elevada. Um bom
aproveitamento desta acção do pé, possibilita uma redução significativa do
envolvimento dos músculos da anca e da coxa, permitindo desta forma um atraso da
fadiga (Vittori, 1991). Este relacionamento do stifness musculotendinoso com a
economia de corrida tem inclusive sido referido em estudos com atletas de disciplinas
de meio-fundo (Spurrs & cols, 2001; Paavolainen & cols, 1999), os quais apresentam
modificações positivas da performance sem alteração das variáveis fisiológicas.
57
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.2.2.
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Resistência de Força
No ponto 1.4 deste trabalho fizemos referência às alterações técnicas e de
diminuição da velocidade na parte final da corrida de 400m. Nummela e cols (1992)
observaram para além da diminuição de velocidade, alguns factores que se associam a
este aspecto, como sejam: aumentos do tempo de contacto e da actividade
electromiográfica e, diminuições da força e da amplitude de passada. Para Harre &
Leopold (1987), em virtude da duração do exercício e das exigências de força que
encerra, as referidas alterações – sinónimo de fadiga, só se conseguem minimizar com
uma boa Resistência de Força a qual se apresenta como pressuposto condicional da
prestação. Ou seja, nas provas de velocidade prolongada e de meio-fundo curto, a
Resistência de força é a base de manutenção da força rápida do movimento cíclico,
sendo portanto um aspecto determinante para o resultado competitivo (Harre e Leopold,
1987; 1987b, citados por Arcelli & Franzetti,1997).
No estudo de Nummela e cols (1992), os sujeitos correram em dias diferentes,
400m e ainda distâncias de 100, 200 e 300m como se fossem efectuar uma prova de
400. A fim de avaliar a capacidade de produzir força, no final de cada destas distâncias
efectuavam um teste de avaliação da Força reflexo-elástico-explosiva (DJ – 39cm).
Comparando a evolução dos resultados com os valores de repouso é possível verificar a
diminuição da capacidade de produzir força ao longo da corrida. Por outro lado, os
autores encontraram uma relação linear negativa entre a altura de salto e a concentração
de lactato a partir das 6mmol/l.
Para Gorostiaga Ayestarán & Santos (2000) os resultados destes trabalhos
sugerem que durante os primeiros 200 metros as propriedades do músculo modificam-se
(reflectidas por um aumento do tempo de contacto e uma diminuição da força explosiva
durante o salto vertical), ainda que a velocidade de deslocamento não diminua. No
entanto, a partir dos 200-300m e coincidindo com uma concentração de lactato capilar
superior a 6mmol/l, há uma diminuição da capacidade de gerar força, um aumento da
acidez e um aumento da actividade electromiográfica dos músculos que intervém na
corrida.
Este aumento da actividade electromiográfica durante a corrida de 400m é
consequência do recrutamento de novas unidades motoras a fim de compensar os efeitos
da fadiga das fibras inicialmente recrutadas (Nummela et all, 1994).
58
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
No final da corrida também o CEE se modifica. Como é sabido, este depende
não apenas das propriedades contrácteis do músculo mas também da utilização da
energia elástica acumulada na fase excêntrica.. Nummela e colaboradores (1994),
sugerem que a elevada acidose e repetidas acções de estiramento-encurtamento durante
a corrida, possam diminuir a capacidade do sistema neuromuscular para gerar força e
suportar a reacção dos impactos em cada passada.
Sugerem os mesmos autores que no final da prova, as forças de reacção no inicio
do contacto diminuem drasticamente, o que reflecte a diminuição da capacidade do
sistema múculo-tendinoso em tolerar as forças de impacto. As diferenças encontradas
pelos autores entre, corridas submáximais de 20m à velocidade de competição e o final
dos 400m, sugerem que possam existir diferenças de regulação do stiffness muscular.
Segundo os mesmos autores, estas falhas de regulação do stiffness levam a que não se
aproveite na totalidade a energia elástica acumulada na fase de estiramento.
Desta forma, se o aumento da pré-activação e o stiffness muscular não é
suficiente para compensar esta fadiga muscular, então a capacidade de produzir força
diminui drasticamente (Nummela et all, 1994).
Assim sendo, uma vez que ao longo da prova a capacidade de produzir força vai
diminuindo progressivamente
e por seu turno tempo de apoio vai aumentando
(Nummela et all, 1992 e 1994; Hirvonen et all, 1992; Costa, 1996), a Resistência de
Força vai ganhando preponderância. Quanto melhor se apresentar esta associação maior
será a capacidade de exprimir níveis elevados de força por um período de tempo
relativamente prolongado, sem que se tenham de solicitar fibras ST devido à fadiga das
FT, bem como a desregulação do stiffness muscular, aspectos característicos na parte
final da prova como vimos nos parágrafos anteriores. Desta forma, como sugerem Harre
& Leopold (1987), quanto maior for a capacidade do atleta se opor à fadiga, mantendo
ou diminuindo o mínimo possível os níveis de força, menor será a perca de velocidade e
consequentemente melhor será o resultado obtido.
Neste sentido, tomando em consideração as expressões ou manifestações de
força que consideramos anteriormente para as corridas de velocidade, parece que para a
corrida de 400m a Resistência á força elástico-explosiva e elástico-explosivo-reactiva
(ou reflexo-elástico-explosiva) se apresenta como factor determinante. Ainda assim,
pela simplicidade que o termo encerra bem como pelo facto de ser utilizado por diversos
autores, utilizaremos preferencialmente a denominação de Resistência à Força Rápida
ou
Resistência
à
Força
Explosiva
como
referimos
anteriormente.
59
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3. AVALIAÇÃO
DA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
CAPACIDADE
DE
SALTO
COMO
FORMA
DE
DETERMINAR A FORÇA E POTÊNCIA MUSCULAR
Tradicionalmente a avaliação da Condição Física tem-se centrado nos aspectos
relacionados com o estado de saúde do desportista, sua composição corporal e a
realização de um teste de esforço incremental, esquecendo-se de outros factores como a
capacidade para libertar importantes quantidades de energia em pouco tempo - a
velocidade, a força e a potência máxima, das quais depende o rendimento em numerosas
disciplinas desportivas (Gorostiaga Ayestaran & Lopes Calbet, 2001).
O metabolismo anaeróbio (láctico e aláctico) e as características viscoelásticas
do músculo no seu comportamento em situação de stiffness, bem como todas as
expressões de força, sua velocidade e capacidade para armazenar e utilizar energia
elástica são factores determinantes na maior parte do trabalho muscular, exigido na
maioria das disciplinas desportivas (Bosco, 1994).
Com efeito, a avaliação funcional referente ao estudo dos aspectos
neuromusculares e do metabolismo anaeróbio, tem sido recentemente objecto de
diversos estudos e investigações. Também a avaliação da capacidade de salto como
forma de determinar a força e a potência muscular se inserem nestas investigações.
Neste sentido, nos próximos pontos deste trabalho iremos referirmo-nos a alguns
aspectos relacionados com a avaliação da força através da capacidade de salto, como
sejam: a História, Protocolos utilizados, sua Validade fiabilidade e objectividade,
Estandartização e controlo das condições, Valores de referência, Estudos realizados e,
Relação entre a avaliação da força explosiva e o rendimento em corridas de velocidade.
3.1. História
Segundo Bosco (1994), faz mais de um século que Marey & Demeney (1985)
analisaram o comportamento muscular durante uma prova de salto utilizando uma
plataforma sensível à força vertical, juntamente com um método fotográfico.
Refere ainda o mesmo autor que D.A. Seargent, em 1921 propõe um teste
simples e de fácil realização, a fim de avaliar a capacidade de salto vertical. Este teste
ficou conhecido por “jump and reach” uma vez que o resultado do salto é dado pela
diferença (em centímetros) entre a altura que o sujeito consegue alcançar e/ou tocar, no
60
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
salto e, a marca que alcança aquando parado colocando o braço na vertical ao lado de
uma parede (figura 11). Segundo Klavora (2000), este teste tem sido objecto de
pequenas modificações ao longo dos anos e a partir do mesmo têm derivado a maioria
dos testes de saltos verticais.
Figura 12 – Teste de Sargent - Jump and reach (retirado de Bosco, 1994)
Por sua vez em 1938, um estudioso russo (Abalakov) tentou melhorar a
instrumentação à disposição a fim de facilitar a realização de testes de campo.
Introduziu a metodologia da medida da distância saltada, sendo que durante um salto
vertical desde parado e com ajuda de braços, utilizou uma fita métrica fixada à cintura
por um extremo e, livre pelo outro, o qual ligado a um marcador permite verificar a
altura do salto (Bosco, 1994). Esta utilização de cintos para avaliar a capacidade de
salto, têm também nos últimos tempos possibilitado a realização de vários protocolos
quaisquer deles procurando melhorar o original (Klavora, 2000).
Figura 13 – Teste de Abalakov (retirado de Cometti, 1998)
A capacidade de salto como expressão da potência tem atraído a atenção de
muitos estudiosos e investigadores. Tal facto permitiu um progresso extraordinário no
61
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
estudo do comportamento mecânico dos músculos durante a execução de saltos verticais
graças à utilização de instrumentos científicos altamente sofisticados, como a
plataforma de forças (de Davies & Renie, 1968; Cavagna et all, 1972; referidos por
Bosco, 1994) ou a tabela dinamométrica a quarzo de Lauru (1957, citado por Bosco,
1994). De facto, no salto executado sobre a plataforma força, é possível registar a força
de reacção do terreno a fim de poder ser analisada através de processos matemáticos.
Figura 14 - Representação do impulso de força em função do tempo (retirado de Bosco, 1994)
Geralmente a força durante a execução do salto não é constante. Ainda assim, a
relação força-tempo representa o impulso de força que projectará o atleta para cima
(Bosco, 1994).
Segundo o mesmo autor, a área representada na figura 13 está calculada com
procedimentos matemáticos integrando a função nos instantes de tempo considerado.
Sendo assim, o impulso de força é igual à variação da quantidade de movimento (S F (t)
dt = m (V2No caso de um salto vertical, temos que o impulso mecânico dividido pela massa
do sujeito proporciona-nos a velocidade vertical do seu Centro de Gravidade (c.g.) no
momento da saída (Vv). A Elevação do c.g. do sujeito obtém-se a partir da formula (2: h
= Vv²/2g), onde g=constante gravitória 9,81m/s².
Utilizando estes procedimentos matemáticos, pôs-se então em relevo a
capacidade de salto, até que Asmussen & Bonde-Petersen (1974, citados por Bosco,
1994) começaram a calcular a elevação do c.g. medindo o tempo empregue na fase de
voo/ vuelo. Do anterior se obtém que h= tv²x1,226; em que tv= tempo de voo vem
medido entre o registo de força desenvolvida no momento da saída e a que se produz no
momento de contacto com o solo depois do salto (figura 14), i.e. no impacto da queda
(Bosco, 1994).
62
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
3.2. O Sistema ERGOJUMP de Bosco
A ideia do autor quando desenvolveu este sistema foi tão só a de criar um
instrumento que permitisse registar o tempo de voo durante a fase de suspensão de um
salto sem utilizar as sofisticadas e custosas plataformas de força. Este tempo de voo
permite calcular a elevação do c.g., a qual traduz a potência desenvolvida ou força
explosiva, sendo que a relação força-tempo representa o impulso de força que projectará
o atleta para cima.
Figura 15 – Registo da Força de Reacção do terreno na direcção Vertical de uma Plataforma
de Força (retirado de Bosco, 1994)
A- Squat Jump ou salto de parado;
B- CMJ – coutermovement jump ou salto com contramovimento;
C- DJ – Drop Jump ou salto pliométrico.
NI: impulso neto – representa a fase de impulso do salto, em que o c.g. é
pressionado para cima;
W – massa do sujeito.
A força está expressada em N e representada em função do tempo (seg.)
(Bosco, 1994)
63
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
A solução consiste na utilização de uma plataforma condutora, ligada a um
sistema de cronometragem electrónico (microprocessador, computador, cronómetro)
que é accionado automaticamente pelo mesmo sujeito que salta, abrindo o circuito no
momento de saída e fechando-o no momento em que os pés voltam a contactar a
plataforma (Bosco, 1983).
Como sugere a figura 15, deverá ser considerado para cada teste o trabalho
efectuado antes da saída do solo. Ou seja, para o Squat Jump apenas trabalho positivo,
para o CMJ trabalho negativo seguido de positivo, os quais correspondem às fases
excêntrica e concêntrica (separadas pelo tracejado) - com ligeira diminuição do peso do
atleta na primeira fase (Cometti, 1998). Por sua vez o Drop Jump apresenta também
estas duas fases, sendo que a força exercida é substancialmente maior como podemos
verificar.
Actualmente existem modelos que permitem calcular automaticamente (através
do microprocessador) a altura de salto, a potência desenvolvida em cada salto e média
de todos os saltos expressada em watt/kg. Os cálculos são realizados através das
fórmulas apresentadas pelo autor, o qual se baseou como já foi referido nos trabalhos de
Asmussen & Bond-Petersen.
64
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
3.3. Protocolos de Bosco
A bateria de testes introduzida por Bosco prevê a execução de várias provas de
salto, nas quais variam as condições prévias de contracção, as características específicas
do músculo, bem como a carga a suportar.
A tabela 8 descreve os testes possíveis de realizar e capacidades que medem.
Tabela 8 – Protocolos de Bosco
Teste
Capacidades a avaliar
Squat Jump (SJ)
Força explosiva
Counter Movement Jump (CMJ)
Força elástico-explosiva
CMJ com cargas
Força elástico-explosiva (e força dinâmica
máxima)
Drop Jump (DJ)
Força elástico-explosiva-reactiva
5 a 60" CMJ
Resistência á força rápida (ou resist. à força el.explos.)
Saltos contínuos com bloqueio do
Força elástico-explosivo-reactiva
joelho 5 a 7” c/ o s/ ajuda de
braços (reactividade)
Uma vez que para o nosso trabalho nos interessam o CMJ, 30”CMJ e teste da
reactividade, passemos a analisar com maior profundidade esses testes a partir das
indicações do autor.

CMJ (coutermovement jump - salto com contramovimento):
Descrição do teste: na posição vertical, realizar flexão
extensão de pernas com um mínimo de paragem entre ambas as
fases - a fim de aproveitar o reflexo miotático e a energia
elástica acumulada pelo músculo (com a realização da
contracção excêntrica). A flexão deve chegar a um ângulo de
aproximadamente 90º, com o tronco na vertical evitando a
flexão do mesmo na recepção. Ainda na recepção, devemos
Figura 16 - CMJ
65
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
instruir o atleta para que a faça com os joelhos em extensão seguida de um pequeno
salto - trabalho da articulação tibio-társica. Durante a realização do exercício, as mãos
devem permanecer fixas, colocadas na bacia/caderas.
Refere também o autor que este teste permite avaliar a força explosiva, a
capacidade de recrutamento, a percentagem de fibras FT, utilização de energia elástica e
a coordenação intra e inter – muscular.

CMJ 30” (salto com contramovimento durante 30 segundos):
Descrição do teste: consiste em realizar
saltos verticais
sucessivos tentando alcançar a
máxima altura e realizando tempos de contacto
mínimos; os saltos são realizados da seguinte
forma - na posição vertical, realizar flexão
extensão de pernas com um mínimo de paragem
Figura 17 – CMJ 30”
entre ambas as fases - a fim de aproveitar o reflexo
miotático e a energia elástica acumulada pelo
músculo (com a realização da contracção excêntrica). A flexão deve chegar a um ângulo
de 90º (se se reduz muito o angulo só será válido para calculo da altura alcançada), com
o tronco na vertical evitando a flexão do mesmo na recepção. Ainda na recepção,
devemos instruir o atleta para que a faça com os joelhos em extensão continuando então
a sua execução. Durante a realização do exercício, as mãos devem permanecer fixas,
colocadas na bacia/caderas.
Durante a prova não se deve dosificar o esforço no tempo, desde o primeiro salto
há que realizar com o máximo empenho possível até o final da prova. O ritmo é de 1
salto por segundo aproximadamente (em sujeitos altos – 190cm, pode reduzir-se um
pouco – 26 a 28 saltos, enquanto que nos mais baixos aumenta-se –29 a 31).
Este teste para além de proporcionar informação acerca das qualidades
viscoelásticas dos músculos, pode utilizar-se para avaliar os processos metabólicos que
mantém esse mesmo trabalho muscular. Neste sentido, é possível calcular a capacidade
de Resistência à Força Rápida. Refere ainda o autor que os valores de potência
mecânica e de altura média obtidos nesta prova, proporcionam parâmetros com grande
poder de discriminação que permitem diagnosticar a capacidade de desenvolver
potência anaeróbia láctica, mecânica e de Resistência à fadiga (Bosco, 1994).
66
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Podemos calcular a potência média para as duas metades da prova, a qual vem
expressa em watt/kg de peso corporal. A fórmula é a seguinte:
W= g² x Ts x (Ts+Tc)
4n (Tc)
em que
Ts= ao tempo de suspensão
Tc= ao tempo de contacto
n= ao número de saltos
g= 9.81m/s
A fim de obter a potência média da prova, o autor efectua uma média dos
resultados obtidos nos primeiros e nos segundos 15 segundos do teste.
Para cálculo da Resistência à Força rápida, o autor propõe o estabelecimento da
relação entre a altura média dos saltos obtida neste teste e a altura obtida no CMJ
(h30”CMJ/ hCMJ), sendo que este valor quanto mais proximo for de 1 maior será o
índice de resistência do indivíduo. Por outro lado se multiplicarmos por cem teremos o
valor percentual da resistência.
Podemos também encontrar a capacidade de resistência à força rápida
comparando o valor médio da primeira metade do teste com a altura do CMJ (h 0-15/
hCMJ) ou o valor médio da segunda com a primeira parte do teste (h 15-30/ h 0-15).
Para um atleta com um valor de 56cm no CMJ e com h 0-15 de 51cm, teríamos:
51/56= 0.91 ; ou seja este atleta apresenta na primeira metade do teste um índice de
resistência à força rápida de 91%.
O autor apresenta ainda a relação que podemos estabelecer entre a potência
obtida na segunda e primeira metades do teste, como índice de fadiga (P 15-30/ P 0-15).

Reactividade (stiffness):
Descrição do teste: consiste em realizar 15 saltos
verticais (com um ou dois pré-saltos - não se registam)
sucessivos tentando alcançar a máxima altura e realizando
tempos de contacto mínimos e com um nível de tensão, nos
músculos da perna, elevado (a fim de aproveitar o reflexo
miotático e a energia elástica acumulada pelo músculo,
Figura 18 -Stiffness test
bem como a rígidez musculo-tendinosa); os saltos são
67
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
realizados da seguinte forma - na posição vertical, realizar uma limitada flexão extensão
dos pés com os joelhos / rodillas imobilizadas (ou com mínima flexão possível); os
membros superiores podem dar balanço. O uso dos braços pode contribuir com 15 a
25% no resultado alcançado.
O sector mais fortemente solicitado é sem dúvida, o pé e articulação tíbio-tarsica
/ tobillo, cuja musculatura (triceps sural e sinergistas) deve suportar a maior carga
numa situação de grande dificuldade mecânica da sua alavanca, já que o contacto com o
solo depois do voo, a fim de ser efectivamente reactivo, deve ter lugar na parte
metatarsiana do pé e não sobre toda a superfície (Vélez Blasco, 2000). Segundo o
referido autor, a pequena deformação do sistema biomecânico das pernas, permite um
duplo efeito: a diminuição do tempo de contacto e um maior acumulo de energia
elástico-reflexa na fase de estiramento (contracção excêntrica) que, restituída na
contracção concêntrica, potencia a sua capacidade como já referimos anteriormente para
o teste CMJ. Ambas as fases sucedem-se com tal rapidez que levam a cabo um tempo
na casa dos 160 milisegundos, no qual se desenvolvem altos picos de força (Vélez
Blasco, 2000).
Ainda que os autores (Bosco & Vittori) deste teste o apresentem com 5 a 7
saltos, no nosso caso decidimos realizar o teste com 15 saltos cumprindo com as
restantes indicações. Tal opção será objecto de justificação aquando da abordagem
metodológica.
Para este teste podemos efectuar um calculo da potência de cada salto (Vittori,
citado por Gallozi, 1996). A fórmula é a seguinte:
W= 19,86 x h
Tc
em que
Tc= ao tempo de contacto
h= altura do salto
68
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
3.4. Validade, Fiabilidade e Objectividade
A Validade pode ser definida como o grau em que um teste ou instrumento de
medida mede o que pretende medir (Thomas & Nelson, 1990). Ou seja, exige uma
concordância entre o que se diz medir e a realidade medida (Badillo, 2000).
A estabilidade e precisão das medidas, dos instrumentos e dos testes, são
condições que se devem dar na medição para que os dados sejam considerados
consistentes e representem de maneira fiel a realidade que pretendem medir. Desta
forma, segundo Badillo (2000), a Fiabilidade indica a confiança que se pode conceder
aos dados, em termos absolutos (precisão) ou relativos (estabilidade). Ou também o
grau em que os dados estão livres de erros de medida.
Um instrumento de medida há-de possuir uma constância e precisão suficientes,
de forma que cada magnitude da característica, qualidade ou fenómeno que estamos a
medir receba idêntica valoração em todos os casos onde seja utilizado esse instrumento.
Disto depende a confiança que atribuímos aos dados que recolhemos, ou seja a
fiabilidade da medição (Badillo & Gorostiaga A., 1997).
Dentro da fiabilidade relativa temos a considerar 3 tipos:
-
de consistência interna - mede a consistência de resultados de tentativa para
tentativa num mesmo dia;
-
de Estabilidade - mede a consistência de resultados de dia para dia;
-
Objectividade – mede a consistência de resultados quando são obtidos por
diversos observadores.
A fiabilidade absoluta ou precisão nas medidas determina-se pelo grau em que o
dado que obtemos representa a realidade. Para conhecer esta precisão dos instrumentos,
os seus resultados devem comparar-se com outro instrumento previamente calibrado ou
com qualquer outro procedimento admitido como fiável.
Desta forma, a fim de utilizar a plataforma de Bosco para a realização dos testes
que referimos (CMJ, 30 CMJ e Reactividade) e obtenção dos dados relativos à força
explosiva, resistência à força explosiva e reactividade, quaisquer dos testes segundo o
autor (Bosco, 1994) são válidos e fiáveis se forem cumpridas escrupulosamente os
critérios definidos no protocolo de realização (ver ponto 3.3). Quanto à objectividade,
refira-se que, conhecendo os protocolos bem como os processos/ técnicas de medição, e
69
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
exigindo sempre aos atletas para que cumpram com os aspectos exigidos para que se
considerem os resultados, hão de então obter-se dados objectivos.
3.5. Estandardização e Controlo das condições ambientais
O êxito do valor de um teste depende da estandardização , de tal modo que possa ser
utilizado por várias populações e possa ser objecto de comparação das variáveis que
mede.
Relativamente às condições de estandardização das provas o autor adianta as
seguintes indicações (Bosco, 1994):
-
As provas devem ser realizadas com o máximo empenho e determinação
possível pelos atletas, os quais devem ser motivados e estimulados para tal;
-
As provas devem ser realizadas sem pressa, devida a que se devem prever
nas primeiras vezes a possibilidade de alguns erros de execução;
-
Os resultados dos testes devem tomar em consideração a idade dos atletas,
sexo, disciplina desportiva, anos de treino e período de treino (entre outros);
-
É necessário registar sempre o lugar, a hora, as condições ambientais (espaço
aberto, ou fechado e se possível a temperatura e humidade);
Relativamente à operacionalização dos testes, o autor sugere também as
referências habituais que devemos tomar em linha de conta para qualquer avaliação:
-
Realização de um aquecimento adequado;
-
Realização dos testes sem fadiga (exemplo- depois de uma semana ou sessão
de treino muito intensa);
-
A sucessão de testes deverá ser de tal modo que o mais fatigante se realize
no final;
-
O período de realização dos testes deverá coincidir com o período de treino;
-
Utilizar material desportivo adequado (sapatilhas e restante equipamento);
-
A plataforma deverá estar coberta com uma superfície anti-deslizante.
70
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
3.6. Valores de Referência e Estudos Realizados
Para Bosco (1994), o valor real de um teste bem como os resultados obtidos, só
tem significado real e científico quando analisados em função do tempo e confrontados
com outros. Refere ainda o mesmo autor que caso não existam valores gerais para
confronto, o valor obtido converte-se apenas numa expressão numérica ou de medida.
Neste sentido, será impossível chegar a apreciar a qualidade funcional e as
características morfológicas do sujeito testado, caso não se confronte o seu resultado
com os valores médios da população a que pertence.
Desta forma passemos a apresentar alguns valores de diferentes populações em
alguns dos trabalhos consultados.

CMJ
Bosco (1994), apresenta-nos resultados do CMJ de diversos grupos de
indivíduos. Desde jovens praticantes e não praticantes de actividades desportivas, a
atletas de clubes regionais, e de nível nacional, até aos atletas de nível internacional de
diversas modalidades. Apresenta dados de diferentes países, referindo estudos de
diferentes autores.
Neste sentido, é possível verificar que os jovens dos 7 aos 11 anos de idade
apresentam valores de elevação do c.g. na casa 22-24cm, sendo que a partir dos 12 anos
melhoram progressivamente esta marca até atingirem cerca de 35cm com 17 anos
(figura 19).
Figura 19 – Elevação do c.g. no salto com contramovimento em jovens italianos (Bosco,
LoCerto &Cirino, 1991, citados por Bosco, 1994)
71
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
CMJ
FIDAL Club Itália Regional
Elevação c.g. (cm)
jovens 16anos
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
Marchadores
1/2fundistas
Lançadores
Sprinters
Barreiristas
Saltadores
Figura 20 – Elevação do c.g. no salto com contramovimento em jovens atletas do Club Italia de
Atletismo (Bosco, 1994)
Já os jovens que praticam atletismo, qualquer que seja a disciplina, apresentam
valores entre os 35 e os 50cm, sendo que os atletas das disciplinas que exigem maior
força explosiva como os saltos ou as corridas de velocidade apresentam os valores mais
elevados (figura 20).
Elevação c.g. (cm)
70
Teste de Bosco
CMJ
60
50
40
30
20
10
Peso
Triplo-salto
S.Comprim
S.Altura
110barr
100-200m
Disco
400barr
Martelo
400m
S.Vara
Dardo
800-1500m
Fundo
Maratona
Figura 21 – Elevação do c.g. no CMJ em atletas de nível internacional (Bosco, 1985, in Bosco,
1994)
O mesmo autor apresenta valores de atletas internacionais, de diferentes
especialidades do atletismo, em que os atletas das disciplinas de saltos e velocidade
apresentam valores a rondar os 50cm, um atleta de peso com um valor superior a 60cm
e ainda os atletas das disciplinas de meio fundo e fundo com valores abaixo dos 40cm.
72
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Relativamente aos atletas de desportos colectivos, os voleibolistas parecem ser
os que apresentam os melhores valores. Bosco (1994) apresenta dados de alguns estudos
nos quais atletas das selecções nacionais da Noruega e Finlândia atingem valores de 53
e 49cm respectivamente.
Mouche (2001) apresenta valores de CMJ de basquetebolistas da liga nacional
argentina algo dispares, com jogadores a atingirem os 50cm e outros apenas 35.
Por sua vez, Di Cesare (2000) num estudo com 167 desportistas de diversas
equipas argentinas, apresenta valores compreendidos entre os 48cm e os 54cm, para
jogadores do sexo masculino de futebol e basquetebol respectivamente. Este autor
apresenta ainda a comparação com alguns dados apresentados por Bosco (figura 22).
cm
60
CMJ
50
40
30
20
TENIS
NATACION
FUTBOL
FUTBOL
VOLEIBOL
HOCKEY
HOCKEY
BASQUET
BASQUET
0
BEISBOL
10
Figura 22 – Valores de elevação do c.g. no CMJ em atletas de várias disciplinas desportivas,
argentinos em comparação com valores recolhidos por Bosco a algumas
selecções nacionais de Itália, Rússia e Finlândia (modificado a partir de Di Cesare,
2000)
Relativamente aos corredores de 400m, Badillo & Gorostiaga (1999),
apresentam alguns dados, relativos à prestação no CMJ, de atletas espanhóis da equipa
de 4x400 e ainda de 3 atletas americanos, sendo estes recolhidos de uma comunicação
pessoal de Mero (figura 23). Os atletas espanhóis apresentam valores entre os 40 e 50
cms enquanto que um atleta americano com marca de 43”8 apresenta um valor superior
a 65cms.
73
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
CMJ
80
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
CSD Madrid 5.91
Vallehermoso 11.90
70
60
cm
50
40
30
20
10
43"8
46"04
46"9
Marca
0
Figura 23 – Valores de salto vertical com contramovimento (CMJ) de alguns atletas masculinos
da equipa espanhola de 4x400m (Gorostiaga, 1992, in Badillo&Gorostiaga, 1999).
Também se mostram valores de alguns atletas de 400m americanos com marcas
compreendidas entre 46”9 e 43”8 (Mero, citado por Badillo&Gorostiaga, 1999)
Da nossa experiência e de dados apresentados por Macedo e Barros (2001),
pudemos verificar que corredores de 400m portugueses com marcas compreendidas
entre 47” e 48”5 apresentam valores compreendidos entre os 50 e 60cms. Por sua vez os
atletas com marcas acima dos 49” apresentam valores entre 40 e 50cms (Miguel, 2002).
Estes dados estão em consonância com a maioria dos estudos que incluem a
realização do CMJ com corredores de 400m. Rusko et all (1993) para atletas com
marcas compreendidas entre 47,98 e 54,70 apresentam valores de CMJ máximo de 38 a
48cm. Nummela et all (1996, citados por
Gorostyaga & Lopes Calbet, 2001)
apresentam valores que oscilam entre 44 e 56cm para atletas de nível 3 (regional) até
atletas de nível mundial com marcas a rondar os 45segundos aos 400m.
74
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
30”CMJ
Na literatura que consultamos, são poucos os trabalhos que referem a utilização
deste teste.
Ainda assim, num trabalho que realizamos com atletas juniores e seniores,
corredores de 400 e 400m barreiras da selecção nacional portuguesa (Miguel, 2002),
verificamos que atletas com marcas compreendidas entre 47,05 e 51,31 apresentam
valores de altura média de salto neste teste, entre 37 e 42 cm (figura 24).
cm
46
30"CMJ (h média)
44
42
40
38
36
34
32
30
<47,65
entre 47.90 - 48.60
> 49.30
m.marca 400m
Figura 24 – Altura média de salto no teste de 30”CMJ em corredores de 400m e 400m
barreiras, juniores e seniores da selecção nacional portuguesa e correspondente
marca aos 400m (Miguel, 2002)
Também o mesmo grupo de atletas apresentou valores de potência média, no
mesmo teste, entre 28 e 31 watts/kg de peso corporal (figura 25).
watt/ kg
36
30"CMJ (Potência)
34
32
30
28
26
24
22
20
<47,65
entre 47.90 - 48.60
> 49.30 m.marca 400m
Figura 25 – Potência média no teste de 30”CMJ em corredores de 400m e 400m barreiras,
juniores e seniores da selecção nacional portuguesa e correspondente marca aos
400m (Miguel, 2002)
75
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Bosco (1994) apresenta os valores de jovens não desportistas italianos num teste
de 15” CMJ. Através da figura 26 podemos verificar que apresentam valores médios de
potência entre os 18 e 22 watts/kg de massa corporal.
Figura 26 – Potência mecânica em jovens italianos (Bosco, LoCerto &Cirino, 1991, citados por
Bosco, 1994)
O autor apresenta ainda valores da Selecção italiana de Esqui alpino. Na figura
27 podemos verificar os resultados médios que esta selecção obteve em testes realizados
entre Junho de 89 e Abril de 90. Para o teste de 30”CMJ os valores variam entre 24,66 e
29,21watts/kg, enquanto que para o teste de 15”CMJ, oscilam entre 27,24 e 31,13.
Potência mecânica
W30"
Selecção Itália - Esqui Alpino
W15"
35
30
25
20
15
10
5
0
Jun-89
Jul-89
Ago-89
Set-89
Out-89
Nov-89
Dez-89
Jan-90
Fev-90
Mar-90
Abr-90
Figura 27 – Potência mecânica durante 15-30seg de saltos contínuos registada sobre atletas
da selecção italiana de Esqui Alpino (Bosco, 1994)
Na figura 28 podemos observar os valores de atletas internacionais de diferentes
especialidades do atletismo. Um atleta de lançamento do peso e 5 triplo-saltadores
obtêm os maiores valores, com uma potência média próxima dos 40 watts/kg.
76
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Os corredores de 400m observados por Bosco apresentam uma Potência média
de 29 watts/kg.
Potência Mecânica
15"CMJ
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
Peso
Triplo-salto
S.Comprim
S.Altura
110barr
100-200m
Disco
400barr
Martelo
400m
S.Vara
Dardo
800-1500m
Fundo
Maratona
Figura 28 – Potência mecânica durante 15seg de saltos contínuos em atletas internacionais
(Bosco, 1985, citado por Bosco, 1994)
Di Cesare (2000) apresenta os valores médios obtidos no teste de 15”CMJ por
atletas argentinos de várias modalidades (figura 29). Este autor apresenta os resultados
em cms, daí que se torne difícil estabelecer comparação com os dados até aqui
apresentados. Ainda assim é possível verificar as diferenças entre os atletas argentinos e
os dados apresentados por Bosco em 1988 (Di Cesare 2000).
cm
Sel.Nac.Ital.
TENIS
C.A.E.U. - Arg.
NATACION
C.A.E.U. - Arg.
FUTBOL
Sel.Ital.Jun.
FUTBOL
Sel.Nac.Finl.
BEISBOL
Sel.Nac.URSS
VOLEIBOL
C.A.E.U - Arg.
HOCKEY
Sel.Ital.Sen.
HOCKEY
C.A.E.U - Arg.
BASQUET
BASQUET
Sel.Ital.Jun.
PWT 15"
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
Figura 29 – Valores em cms no teste de Potência Mecânica 15”CMJ em atletas de várias
disciplinas desportivas, argentinos em comparação com valores recolhidos por
Bosco a algumas selecções nacionais de Itália, Rússia e Finlândia (modificado a
partir de Di Cesare, 2000)
77
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Reactividade
Bosco (1994), apresenta valores de alguns atletas internacionais de diversas
especialidades do atletismo, os quais apresentam regra geral tempos de contacto abaixo
dos 180ms, tempos de voo acima dos 600ms e uma potência mecância superior a 60
watt/ kg. Na figura 30 podemos observar que os corredores de 400m apresentam tempos
de contacto de 180ms, tempos de voo de 680ms e uma potência próxima dos 65watt/kg.
Garcia Manso et all (1998) sugerem que os valores médios de velocistas homens
são de 70 - 75 watts/kg e para mulheres de 60 – 65 watt/kg de peso corporal.
Nos corredores de 400m portugueses, encontramos valores de potência entre
55,74 e 79,43 watts/kg (Miguel, 2002).
Figura 30 – Tempo de contacto e de voo e potência mecânica medidos durante saltos sobre
obstáculos em atletas de nível internacional (Bosco, 1985 citado por Bosco, 1994)
78
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
3.7. Relação entre a Avaliação da Força explosiva e Rendimento em corridas de
Velocidade
Já aqui referimos por diversas vezes a relação existente entre a força explosiva e
o rendimento em corridas de velocidade, especialmente nas provas de velocidade curta
(100 e 200m). No ponto 2.2. deste trabalho fizemos referência ao estudo de Locatelli
(1996 e 1996b) acerca da importância da glicolise anaeróbia e da reactividade em
provas de 60, 100 e 200m. Este autor verificou que nos corredores de 200m existe uma
relação entre o stiffness e a manutenção da velocidade de corrida, sendo que os atletas
que apresentam maior potência no teste de reactividade são os que na fase lançada se
deslocam a maior velocidade.
Bosco (1994) a partir de diversos estudos com diferentes populações sugere que
a força explosiva, elástico explosiva e reflexo-elástico–explosiva (testes SJ, CMJ e DJ)
apresentam relação com a corrida de velocidade, essencialmente até 60m.
Manou et all (2000), estudaram em sprinters britânicos de alto nível, a relação
entre a corrida de velocidade e os exercícios e testes utilizados para treino e avaliação
ou predição da performance. Verificaram que os saltos verticais (SJ, CMJ e CMJ
braços) evidenciaram grande correlação com a performance na corrida de 100m, sendo
que o CMJ braços foi o que apresentou maior correlação. Em diversos saltos horizontais
efectuados, apenas o salto em comprimento de parado apresentou correlação forte com
o resultado. Segundo os autores, estes resultados estão em consonância com outros
estudos efectuados (Costill et all. 1968, Mero et all. 1981, Nesser et all. 1996, Young et
all. 1995; citados por Manou et alll, 2000)
García Manso et all (1998), efectuaram uma recolha exaustiva sobre diversos
estudos, trabalhos e experiências de vários investigadores e treinadores de todo o
mundo, no que respeita ao treino da força para melhorar a capacidade de acelaração e a
velocidade máxima, ou às correlações existentes entre a força e a marca nas corridas de
velocidade, especialmente na prova de 100m. Para estes autores, um dos trabalhos mais
interessantes é o que realizou Alexander (1989, citado por Garcia Manso et all, 1998),
no qual apresenta os seguintes resultados: A marca de 100m correlaciona-se de forma
inversa (r=-0.71) com a força extensora do joelho/ rodilla a altas velocidades (230º/
seg.) numa contracção concêntrica. Os extensores do joelho são especialmente
79
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
importantes durante a fase de suspensão durante o apoio, momento no qual a força de
reacção é três a três vezes e meio superior ao peso corporal (Mann, 1981; Williams,
1985, citados por Garcia Manso et all, 1998). Também se encontraram elevadas
correlações com os flexores da anca/ cadera, flexores do joelho, e força excêntrica e
concêntrica dos músculos responsáveis pela flexão do pé.
Relativamente à fase de máxima velocidade e aos aspectos que afectam a
possibilidade de a poder desenvolver, García Manso et all (1998) consideram: a força
específica da musculatura que intervém de forma mais directa nesta parte da corrida,
bem como a técnica de corrida. No que se refere ao primeiro aspecto, sugerem que a
força necessária, é a elástico-reflexa, especialmente a dos flexores plantares.
Apresentam diversas investigações que demonstram esta estreita relação (Locatelli,
1996; Komi, 1984; Bisas et all, 1995), bem como a relação da máxima velocidade de
corrida e o tempo de acoplamento em exercícios de ciclos curtos de estiramentoencurtamento (Mero et all, 1981, citados por García Manso et all 1998).
Vittori (1990, citado por Barros, 2001) apresenta uma tabela (9) de referência no
qual estabelece a relação entre a marca aos 100m e os resultados nos vários testes de
força e velocidade. Podemos verificar que a evolução na marca de competição terá de
corresponder a uma melhoria nestes testes, ou seja o atleta para melhorar nos 100m terá
de melhorar os seus níveis de Força explosiva (SJ), elástico-explosiva (CMJ) e elástico
explosivo-reactiva (3 e 5step), bem como a capacidade de acelaração e máxima
velocidade.
Tabela 9 - Relação entre as expressões de força e velocidade com a marca aos 100m (Vittori,
1990 in Barros, 2001)
Marca aos
100m
Squat
CMJ (cm)
Jump (cm)
30m
30m
lançados
(blocos)
3 step
5 step
15.50– 16.20
10.60 – 10.40
40 – 45
48 – 53
2.88 – 2.78
3.70 – 3.60
9.00 – 9.50
10.40 – 10.20
45 – 52
53 – 60
2.78 – 2.70
3.60 – 3.50
9.50– 10.00 16.20– 17.00
10.20 – 10.00
52 – 58
60 – 68
2.70 – 2.62
3.50 – 3.40
10.00 – 10.50 17.00 –17.90
Para corredores de 100m de diferentes níveis de performance, também Mero
(1987, citado por Badillo & Gorostiaga, 1999) apresenta os resultados obtidos no SJ e
CMJ, sendo possível verificar a relação existente entre a marca da corrida e a altura do
salto. O autor agrupou os atletas pelo nível médio da marca. Assim, um grupo de atletas
80
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
com marca média de 12”22 aos 100m, apresenta um resultado no CMJ de 42cm,
enquanto que um grupo de atletas com marca média de 10”96, apresenta um resultado
de 50cm. Por sua vez um grupo com marcas médias de 10”62, apresenta um resultado
de 58cm.
Relativamente à relação que Vittori preconiza para alcançar determinada marca
em 100m e necessidades de prestação nos saltos verticais, verifica-se que os dados de
Mero estão um pouco inflaccionados, sendo que para as mesmas marcas em 100m, os
atletas apresentam valores de saltos verticais ligeiramente superiores. Ainda assim, em
termos relativos as diferenças são idênticas.
Por sua vez, Hennessy & Kilty (2001) encontraram em sprinters femininas de
nível médio, correlações fortes entre os resultados do teste CMJ e a performance em
30m, 100m e 300m.
Nos 400m parece que apresenta maior importância não a força, mas sim a
capacidade de manter e produzir elevados níveis de força durante muito tempo. Com
efeito, como pudemos verificar a partir da figura 23, atletas com marcas a rondar os 45
segundos, apresentam valores de elevação do c.g. no CMJ superiores a 60cm, enquanto
que atletas com marcas de 47” apresentam valores próximos dos 50cm, e atletas com
marcas superiores a 50”, apresentam valores aproximados aos 40cm. Desta forma, tais
dados parecem sugerir a existência da relação entre a marca desportiva, em 400m, e o
nível de força explosiva. Tal facto pudemos também comprovar através do trabalho que
realizámos com 15 atletas juniores e seniores da selecção nacional portuguesa, todos
corredores de 400 e 400m barreiras e com marcas na prova plana compreendidas entre
os 47,05 e os 51,30 (Miguel, 2002), onde encontramos uma correlação de -.596
(p<0,05) entre o resultado no teste de CMJ e a marca aos 400m (figura 31a).
Quanto à Resistência de força, embora diversos estudos se refiram à diminuição
da capacidade de gerar ou manter os níveis de força no final da prova e,
consequentemente da importância da associação destas capacidades. Não encontramos
na literatura nenhum estudo acerca da Resistência de força e respectiva relação com o
rendimento em corridas, especialmente nos 400m. Ainda assim, no trabalho que atrás
referimos (Miguel, 2002) encontramos uma correlação de -.615 (p<0,05) entre a altura
média de salto no teste de 30”CMJ e a marca aos 400m (figura 31b).
81
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
52
52
51
51
50
50
49
49
48
48
T400
T400
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
47
30
HCMJ
40
50
60
47
32
34
36
38
40
42
44
H30CMJ
Figura 31 – Relação entre o tempo obtido na corrida de 400m e a elevação do c.g. nos testes
CMJ e 30”CMJ em atletas juniores e seniores portugueses da selecção nacional
(Miguel, 2002)
No referido estudo, os testes realizados aos atletas foram efectuados em
momento de treino, no período pré-competitivo (Abril de 01 e final de Março 02) e
comparados com o melhor resultado obtido na prova de 400m na referida época. A
figura 31 a e b mostra a tendência do grupo no que refere à diminuição do tempo obtido
aos 400m e respectivo incremento na altura de salto nos testes CMJ e 30”CMJ. Este
estudo, ainda que não terminado, quer pelos dados obtidos quer pela relativa
homogeneidade do grupo, sugere que existe uma forte relação entre a resistência de
força rápida e o rendimento na corrida de 400m.
82
HIPÓTESES
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
IV – HIPÓTESES
Pelo que pudemos perceber a partir da revisão bibliográfica efectuada, as
manifestações de força exigidas para a corrida de 400m são: a força elástico-explosiva,
a força elástico-explosivo-reactiva (stiffness muscular) e a resistência à força elásticoexplosiva.
Neste sentido, consideramos como hipóteses de trabalho as seguintes:
H1 – O nível de stiffness muscular varia ao longo da época desportiva;
H2 – O nível de Força elástico-explosiva varia ao longo da época desportiva;
H3 – A Resistência à Força elástico-explosiva varia ao longo da época
desportiva.
H4 – Existe relação entre o nível de stiffness muscular e o resultado na corrida
dos 400m;
H5 – Existe relação entre a Força elástico-explosiva e o resultado na corrida dos
400m;
H6 – Existe relação entre a Resistência à Força elástico-explosiva e o resultado
na corrida dos 400m;
H7 – Conhecendo a relação entre as manifestações de força e o resultado
competitivo na corrida de 400m, é possível a partir dos resultados obtidos
nos testes que avaliam as referidas manifestações, estimar o resultado a
obter em prova.
83
METODOLOGIA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
V - METODOLOGIA
1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
A nossa amostra foi constituída por três atletas portugueses do sexo masculino, a
saber: o Campeão Nacional Absoluto de 400m no ano 2001, o Campeão Nacional de
Juniores e ainda o Vice-campeão Nacional de Juniores. Estes sujeitos participaram
voluntariamente no presente estudo, depois de lhes terem sido explicados quais os
objectivos, riscos e vantagens da sua participação.
Todos realizam provas de 400m regularmente, embora o sujeito B seja
especialista de 400 barreiras (vallas).
As características e melhores marcas dos atletas podem ser consultadas na tabela
abaixo.
Tabela 10 - Características dos sujeitos que constituíram a amostra e respectivos recordes
pessoais aos 400m (em 2001)
Sujeito
Idade (anos)
Altura (cm)
Peso (kg)
Rec400 (seg.)
A
20
182
72
47.15
B
19
180
71
49.47
53.15 (400barr)
C
18
178
66
49.83
Todos os atletas obtiveram o seu record pessoal no ano de 2001.
Escolhemos estes três atletas por serem parte dos melhores especialistas
nacionais de 400m. Uma vez que pretendemos acompanhar os atletas ao longo da
época, realizando avaliações das manifestações de força regularmente, não foi possível
uma amostra de maior dimensão.
84
METODOLOGIA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
2. DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS
Interessa-nos o estudo da Força elástico-explosiva, da Força elástico-explosivoreactiva e da Resistência de Força. Neste sentido, uma vez que os testes aplicados para
avaliação de cada uma destas manifestações de força nos proporcionam informação
relativa a diversos parâmetros, iremos considerar as seguintes variáveis:
2.1. Relativas à avaliação da Força elástico-explosiva
-
(hCMJ) Elevação do c.g. ou altura obtida no salto/ teste Counter-movement jump,
com valores expressos em centímetros
2.2. Relativas à avaliação da Força elástico-explosivo-reactiva (ou stiffness
muscular)
-
(Hmáx Fr) Altura máxima dos 3 melhores saltos obtida no teste de 15 saltos de
reactividade, com valores expressos em centímetros;
-
(Pmáx Fr) Potência máxima dos 3 melhores saltos obtida no teste de 15 saltos de
reactividade, com valores expressos em watt/Kg de peso;
-
(Hméd Fr) Altura média de saltos obtida no teste de 15 saltos de reactividade, com
valores expressos em centímetros;
-
(Pméd Fr) Potência média de saltos obtida no teste de 15 saltos de reactividade,
com valores expressos em watts/kg de peso.
2.3. Relativas à avaliação da Resistência de Força
-
(Hméd 30CMJ) Altura média dos saltos realizados no teste de 30”CMJ, com valores
expressos em centímetros;
-
(Hméd 0-15) Altura média dos saltos realizados na primeira metade do teste de
30”CMJ, com valores expressos em centímetros;
-
(Hméd 15-30) Altura média dos salto realizados na segunda metade do teste de
30”CMJ, com valores expressos em centímetros;
-
(Pméd 30CMJ) Potência média dos saltos realizados no teste de 30”CMJ, com
valores expressos em watts/kg de peso;
85
METODOLOGIA
-
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
(Pméd 0-15) Potência média dos saltos realizados na primeira metade do teste de
30”CMJ, com valores expressos em watts/kg de peso;
-
(Pméd 15-30) Potência média dos saltos realizados na segunda metade do teste de
30”CMJ, com valores expressos em watts/kg de peso;
-
(Hméd/ hCMJ) Índice de Resistência - Relação entre a altura média de saltos do
teste de 30”CMJ e o salto CMJ, multiplicado por 100 dá-nos o valor percentual;
-
(h 0-15/ hCMJ) Relação entre a altura média de saltos da primeira metade do teste
de 30”CMJ e o salto CMJ, multiplicado por 100 dá-nos o valor percentual;
-
(h 15-30/ h 0-15) Relação entre a altura média de saltos da segunda e primeira
metades do teste 30”CMJ, multiplicado por 100 dá-nos o valor percentual;
-
(P 15-30/ P 0-15) Relação entre a potência média de saltos da segunda e primeira
metades do teste 30”CMJ, multiplicado por 100 dá-nos o valor percentual do índice
de fadiga ou perca de potência.
2.4. Relativas à corrida dos 400m
-
(T400) Tempo/ marca obtido em competição oficial de 400m
3. DESIGN
Pretende-se com este trabalho perceber quais as relações existentes entre as
manifestações de força atrás referidas e o resultado competitivo em 400m.
Neste sentido, os sujeitos experimentais foram avaliados ao longo da época
desportiva, sendo que cada avaliação coincidia com a realização de uma competição de
400m a fim de se procurarem as correlações entre o resultado competitivo e as variáveis
consideradas. Fora do Período Competitivo, os sujeitos foram testados para determinar
quais as variações, dos níveis de força, que ocorrem ao longo da época desportiva.
Uma vez que temos uma amostra composta apenas por três sujeitos, iremos
realizar estudos de caso para cada um, sendo que as correlações entre o resultado
competitivo e as variáveis consideradas serão realizadas por indivíduo.
Com efeito, seria desejável que para um estudo correlacional se dispusesse de
uma amostra com uma dimensão bastante superior, no entanto como já referimos
anteriormente, o facto de pretendermos realizar diversas avaliações ao longo da época a
86
METODOLOGIA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
um grupo de atletas de elite, numeroso e oriundo de diversas regiões, cria dificuldades
logísticas acrescidas tornando quase nulas as possibilidades de levar a efeito tal prática.
Por outro lado o facto de algumas avaliações se realizarem durante o período
competitivo leva a que diversos treinadores vejam com muito cepticismo a realização
deste tipo de estudo, sendo que mesmo que diminuíssemos o número de avaliações a
realizar (e.g. apenas uma no período preparatório e uma ou duas no período
competitivo), continuaria a ser difícil reunir um número de atletas suficiente a fim de se
efectuar essa confrontação de resultados de grupo, pelo que optámos por efectuar o
estudo com os três sujeitos referidos.
As acções a levar a efeito são as que podemos observar no cronograma da figura
32.
2001
Acções
2002
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago
Revisão Bibliog.
Conv Trein& Atl
Prep. Material
Recolha dados
Análise &concl
Figura 32 – Cronograma de actividades a desenvolver
As fases que compõem o plano geral de trabalho são as seguintes:
-
Fase Prévia;
-
Fase de Recolha dos Dados; e
-
Fase Final
3.1. Fase Prévia
Foi constituída por todas as actividades que permitiram preparar o trabalho a
efectuar. Assim, após consentimento de treinadores e atletas, foram efectuadas reuniões
com os mesmos, a fim de explicar o trabalho que se pretendia levar a efeito, sendo
também definidas as datas possíveis para realização dos protocolos em função do
calendário competitivo.
Foi preparada a instrumentação e assegurado o local, datas e horários de
realização dos protocolos de avaliação.
Nesta fase teve inicio a recolha de bibliografia acerca do tema, a qual se
prolongou pelas fases seguintes a fim de obter um elevado grau de informação acerca da
corrida de 400m, das manifestações de força e da capacidade de salto como forma de
avaliar a potência e força muscular.
87
METODOLOGIA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
3.2. Fase de Recolha dos Dados
Esta fase constou da realização dos protocolos de avaliação das manifestações de
força consideradas, sendo que como podemos observar no cronograma da figura 32,
teve o seu início em Abril de 2001 e finalizado em Julho de 2002.
As primeiras avaliações, em período preparatório, foram efectuadas no decorrer
do Estágio de Preparação da Páscoa (2001) da FPA/ Sector de Velocidade e Barreiras.
As restantes avaliações decorreram entre 16 de Abril e 26 de Julho de 2001,
Dezembro do mesmo ano e Estágio da Páscoa 2002 da FPA e 16 de julho de 2002,
sendo que cada protocolo foi realizado 48h após a competição de 400m (ver
procedimentos).
3.3. Fase Final
Consiste na Análise e Tratamento dos Dados, Discussão e Estabelecimento das
Conclusões.
Finalizado o trabalho, será apresentado no COES como Trabalho Final de
Máster e entregue informação (cópia do presente documento) aos treinadores e atletas
que possibilitaram a sua realização, bem como às pessoas e entidades que directa ou
indirectamente lhe estão associadas.
88
METODOLOGIA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
4. INSTRUMENTOS DE MEDIDA
O instrumento que utilizamos para realização dos testes de avaliação das
manifestações de força referidas, é o Tapete Ergojump – Bosco System, Made by
Globus – 1998. Este sistema foi cuidadosamente descrito no ponto 3.2. da revisão
bibliográfica. É constituído por uma plataforma de material sintético, com ligação a um
receptor que possui todo o software (Ergo tester).
Figura 33 – Receptor Ergotester e tapete Ergojump com respectiva ligação
89
METODOLOGIA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
O Ergo Tester é um programa desenvolvido pela Globus, o qual contém num
mesmo receptor software para diferentes testes ou funções. Assim, com ligação e
utilização de células fotoeléctricas é possível aceder a testes ou protocolos de
velocidade e resistência. Com ligação ao tapete Ergojump, é possível a realização de
diversos protocolos para avaliação da força explosiva.
Para aceder aos diversos protocolos (SJump, CMJ, stiffness test ou reactividade
e Multijump test) que o programa possibilita, basta escolher no menu a função “jump” e
nesta, o teste a realizar.
O instrumento mede os tempos de contacto e tempos de voo dos saltos
realizados. Efectua os cálculos da altura, altura média e potência média, consoante o
protocolo, sendo também possível armazenar os dados se assim o entendermos.
4.1. Fiabilidade dos testes e instrumentos
O Coeficiente de correlação interclasse (coeficiente de correlação de Pearson), o
Coeficiente de correlação intraclasse e o Coeficiente de variação podem ser utilizados
como indicadores da fiabilidade de um procedimento metrológico (Ayestaran & Lopez
Calbet, 2001).
A fim de determinar a fiabilidade do CMJ, submetemos uma população de 12
atletas à realização do referido teste. Os saltos foram realizados sob o tapete Ergojump
que utilizamos neste estudo, consistindo o protocolo de 3 tentativas para cada sujeito.
Seis dias depois repetimos o mesmo procedimento.
Na tabela 11 apresentam-se os dados directos dos testes, as médias, os desvios
padrão e o coeficiente de variação. Observa-se que a variabilidade é muito semelhante
em todos os casos (CV colectivo, entre 11,81 e 13,4 e individual, entre 0,594 e 3,91), o
que sugere que o teste é bastante fiável.
Para cálculo do coeficiente de correlação intraclasse utilizamos uma ANOVA
oneway. Os valores estimados foram de 0,988 (p<0,001) entre saltos realizados no
mesmo dia, e de 0,981 (p<0,001) entre saltos realizados em dias distintos.
Neste sentido, podemos referir que o teste CMJ realizado na nossa plataforma de
contacto apresenta um elevado grau de fiabilidade, quer por consistência interna quer
por estabilidade.
90
METODOLOGIA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Tabela 11- Resultados dos testes CMJ a 12 atletas de várias disciplinas
Sujeito
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Média
Sd
CV
Média SD
CV
TV1
TV2
TV3
TV4
TV5
TV6
680
686
696
683
657
656
676,3 16,28 2,407
645
659
643
632
666
645
648,3 12,19 1,881
631
635
630
638
639
632
634,2 3,764 0,594
572
555
567
564
576
585
569,8 10,34 1,815
594
578
573
564
549
552
568,3 16,93 2,979
543
548
559
512
557
533
499
500
505
480
514
501
499,8 11,16 2,233
553
543
579
564
543
563
557,5 13,97 2,505
490
493
541
525
517
501
511,2 19,98
434
426
455
449
446
439
441,5
10,6
2,4
523
559
541
529
570
561
547,2
19
3,472
506
503
498
516
488
496
501,2 9,559 1,907
555,8 557,1 565,6
554,7 560,2 555,3
71,91 74,64 66,82
68,26 67,29 66,39
12,94
12,31 12,01 11,96
13,4
11,81
542
17,5
3,23
3,91
Relativamente aos testes de reactividade e 30” CMJ, onde para além do tempo
de voo é necessário medir o tempo de contacto, em alguns dos testes realizados neste
estudo, foi possível utilizar dois tapetes Ergojump (da mesma marca e modelo, mas com
número de série diferente), sendo que este novo tapete foi colocado sempre por cima do
nosso.
Desta forma, quatro sujeitos realizaram um total de 273 saltos (138 em testes de
30” CMJ e 135 em testes de reactividade). Ao correlacionarmos os dados dos dois
tapetes, obtivemos um r= 0,997 (p<0,001) para os tempos de contacto e r=0,950
(p<0,001) para tempos de voo.
Estes resultados comprovam mais uma vez que o tapete Ergojump que
utilizamos neste estudo, mede tempos de voo e tempos de contacto com fiabilidade,
dada a estabilidade dos resultados, neste caso nos testes de 30”CMJ e de Reactividade.
Com efeito os procedimento até agora descritos não nos servem para dar
validade ao tapete Ergojump utilizado neste estudo. Neste sentido, o mesmo tapete foi
colocado sobre uma plataforma de forças de strain gauge, da marca AMTI (modelo LG
6-4-2000) com uma dimensão de 121.9 x 60.96 cm. Um sujeito efectuou cinco saltos,
com e sem contramovimento, sobre estes dois instrumentos a fim de se medir o tempos
de voo de cada um dos saltos.
91
METODOLOGIA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
O tapete apresentou diferenças de registo do tempo de voo entre 20 e 31
milisegundos por excesso, com uma média de 26,1 cm e um desvio padrão de 1,0134. A
correlação entre as medidas do Ergojump e da Plataforma de Forças foi de 0,893 (p ≤
0,05).
Tendo em linha de conta o n reduzido desta amostra, consideramos este
resultado como um bom indicador da validade de medida do nosso instrumento, pois
tendo em consideração que a referida Plataforma de Forças é um instrumento que mede
com precisão, então esta serve para nos dar validade (concorrente) ao tapete Ergojump,
92
METODOLOGIA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
5. PROCEDIMENTO
Os 3 sujeitos foram avaliados ao longo das época de 2001, num período
compreendido entre Abril e Agosto, correspondente a uma fase intermédia do Período
Preparatório e a todo o Período de Competições, sendo que nesta fase os testes foram
realizados de 15 em 15 dias mas com adaptação ao calendário competitivo dos atletas.
O sujeito A foi também avaliado em Dezembro de 2001 e entre Março e Julho
de 2002. Inicialmente tínhamos previsto avaliar todos os sujeitos ao longo das duas
épocas, no entanto alterações na vida pessoal e desportiva dos sujeitos B e C levaram a
que tal não fosse possível.
5.1. Condições Prévias aos Testes

Infra-estruturas e condições ambientais
Todos os testes foram realizados em idênticas condições. Ou seja, todos eles
foram realizados numa sala coberta (figura 34– sala do Estádio Municipal de Rio Maior
e Ginásio anexo à Pista de Vila Real de Santo António (este último apenas na 1ª
avaliação de cada ano, a qual foi realizada em estágio que ali decorreu) com
temperaturas que variaram entre os 18 e 25º e, em horário compreendido entre as 18.00h
e as 20.00h.
Figura 34 – Local onde foram realizados os testes (Sala do Estádio Municipal de Rio Maior)
93
METODOLOGIA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
O equipamento utilizado pelos sujeitos foi o que habitualmente utilizam nas suas
sessões de treino, a saber: sapatilhas de atletismo, calção ou calças de licra e t-shirt ou
swet-shirt.

Aquecimento
Os sujeitos realizaram o seu aquecimento habitual para uma sessão de treino de
saltos, ou seja composto por: 8 a 10 minutos de corrida ligeira seguida de alguns
exercícios de mobilização geral/ articular e de flexibilidade, intercalados com exercícios
muito dinâmicos para uma adequada activação. Para finalizar eram realizados alguns
saltos de baixa e média intensidade idênticos aos que iriam realizar nos respectivos
testes (reactivos só com trabalho da articulação do pé e explosivos com
contramovimento e trabalho das articulações do pé e joelho – ver figura 35).
Figura 35 – Sujeito realizando um CMJ no seu aquecimento

Treino anterior
Os testes foram realizados 48 horas após cada competição de 400m, por forma a
que permitisse aos sujeitos uma recuperação mais efectiva do esforço aí desenvolvido.
Todos os testes decorreram durante o período normal de treino ou de treinos
entre competições.
94
METODOLOGIA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Os sujeitos receberam a indicação de que no dia anterior e no próprio dia dos
testes deveriam repousar ou submeter-se apenas a cargas/ treinos leves ou de muito
baixa intensidade. Neste sentido, foram eliminados os resultados dos testes em que se
soube que os atletas tinham realizado treinos de grande desgaste na véspera dos
protocolos.

Conhecimento dos Protocolos
Todos os sujeitos que foram submetidos a este estudo, à data do seu início,
conheciam e tinham experiências anteriores na realização deste tipo de testes.
5.2. Protocolos
Os protocolos a realizar foram cuidadosamente descritos no ponto 3.3 da
Revisão Bibliográfica deste estudo.
A sequência de testes, conforme indicação do autor, foi escolhida de modo que
os mais fatigantes se realizassem no final. Assim sendo, tivemos a seguinte sequência:
-
CMJ (figura 36), com três ensaios intercalados por uma pausa de 2 minutos, sendo
escolhido o melhor resultado alcançado;
-
Teste de 15 saltos de reactividade (figura 37); e
-
30” CMJ (figura 38).
Figura 36 – Sequência fotográfica do Teste CMJ
95
METODOLOGIA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Figura 37 – Sequência fotográfica do Teste da Reactividade (2 saltos iniciais)
Figura 38 – Sequência fotográfica do Teste de 30” CMJ (2 saltos iniciais)
96
METODOLOGIA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
A pausa entre cada teste foi escolhida de modo a que os sujeitos pudessem
recuperar para o seguinte, mas não demasiado grande por forma a que diminuíssem o
seu nível de activação. Neste sentido, o tempo entre os dois primeiros testes foi de 3
minutos e, entre o segundo e o terceiro teste os sujeitos tinham um tempo de
recuperação que variava entre os 4 e 5 minutos.
O supervisionamento das provas foi sempre efectuado pelo mesmo observador, o
qual tinha para o auxiliar um secretário/a a fim de recolher manualmente todos os
registos de saltos, tempos de contacto, tempos voo, alturas de saltos, etc...
Optámos pelos testes CMJ, Reactividade (com joelhos bloqueados) e 30”CMJ
tal como o autor os sugere, com excepção do segundo, onde Bosco e Vittori propõem o
teste na sua forma original com duração de 5 a 7” ou 5 a 8 saltos e um ou dois pré-saltos
(Gallozi, 1986). Assim, neste estudo o teste foi composto por 15 saltos (dois pré-saltos)
com o objectivo de verificar a componente de resistência. Num estudo piloto tentámos
realizar o teste sobre 30 segundos o qual se revelou de execução bastante problemática
para os atletas, pelo que decidimos pela realização de 15 saltos. Visto ser um teste de
saltos contínuo, consideraremos as altura e potência máxima a partir dos 3 melhores
saltos tal como Locatelli (1996) e ainda as altura e potência média a partir da totalidade
de saltos.
Quanto ao teste de resistência à força elástico explosiva, ainda que estejamos a
realizar um trabalho com corredores de 400m e esta prova ter uma duração próxima aos
45 segundos, optámos por realizar 30”CMJ e não 45”CMJ pelas seguintes razões:
-
Maior quantidade de dados disponíveis na literatura (os poucos estudos que se
referem à resistência de força rápida apresentam dados de 15 ou 30”CMJ – ver
pontos 3.6 e 3.7 da revisão bibliográfica),
-
Em 30 segundos é possível solicitar em larga escala a principal fonte energética da
prova de 400m (glicólise anaeróbia),
-
Podemos utilizar uma prova de 30 segundos a fim de efectuar o cálculo da Potência
anaeróbia láctica, mecânica e de resistência à fadiga (Bosco, 2000),
-
As provas capazes de avaliar o rendimento anaeróbio a médio prazo (Potência
anaeróbia) podem durar entre 20 e 50 segundos, sendo que a contribuição máxima
da glicólise às necessidades de ATP ocorre entre os 20 e 35 segundos (Bouchard et
all, 1995)
-
Maior motivação e disponibilidade por parte de atletas e treinadores para a
realização de um teste com estas características.
97
METODOLOGIA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
5.3. Competições de 400m
As competições de 400m que foram consideradas para este estudo decorreram
durante as épocas de 2001 e 2002 (nesta apenas o sujeito A), tendo sido escolhidas da
totalidade de competições efectuadas pelos sujeitos, aquelas em que foi possível realizar
o controlo das manifestações de força.
Embora para análise geral tenhamos considerado todas as competições acima
referidas, a predição do T400 em função da sua relação com as manifestações de força
(intra-sujeito), será apenas efectuada para o sujeito A uma vez que é o que apresenta
uma amostra (número de provas) considerável para efectuar este tipo de comparações,
bem como aplicar o respectivo modelo de predição do rendimento.
Quer para estabelecer as correlações entre o T400 e as manifestações de força,
quer para prever o resultado competitivo, consideramos apenas as competições em que
se verificaram condições óptimas (e sempre semelhantes) para que o atleta pudesse
expressar o seu máximo rendimento do momento, principalmente no que respeita ao
âmbito da competição e adversários, bem como às condições climatéricas (temperatura
e vento). Desta forma, foram eliminadas para o efeito os dados relativos às seguintes
competições:
-
de âmbito regional com pouca competitividade e em que o empenho do atleta terá
ficado aquém do máximo;
-
em que se verificou que a temperatura era demasiado baixa;
-
realizadas sob vento muito intenso;
-
nas quais o atleta estava com limitações9 de ordem muscular e que impunham
restrições ao nível da biomecânica da corrida (essencialmente na sua fase inicial –
partida e acelaração) bem como da estratégia da mesma.
9
Estas limitações, ocorridas durante grande parte da época de 2002, não perturbavam nem a fase de
corrida lançada nem na realização dos testes de controlo das manifestações de força.
98
METODOLOGIA
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
6. ANALISE DOS DADOS
Para tratamento dos dados recorremos aos seguintes programas informáticos:
Excel 2000 e SPSS para Windows – 11.0.
Todos os dados foram tratados estatisticamente de forma descritiva através da
média e desvio padrão (SD).
O cálculo da variação percentual das manifestações de força ao longo da época,
foi efectuado por comparação relativa ao resultado da primeira recolha.
A normalidade das amostras foi testada com recurso ao teste de Kolmogorov –
Smirnov.
Recorremos ainda aos seguintes procedimentos (para o sujeito A):
-
Coeficiente de Correlação de Pearson (1-tailed) para determinar as associações entre
as diferentes variáveis decorrentes da avaliação das manifestações de força e o
resultado competitivo em 400m (T400);
-
Regressão linear simples para ilustrar a associação entre T400 e hmed 30”CMJ;
-
Análise de regressão múltipla (método stepwise) aplicada ao “Tempo aos 400m”,
como variável dependente, tendo como variáveis independentes: a HCMJ, Hmáx Fr,
Pmáx Fr, Hméd Fr, Pméd Fr, Hméd 30”CMJ, Hméd 0-15, Hméd 15-30, Pméd
30”CMJ, Pméd 0-15, Pméd 15-30, Hméd 30”CMJ/ hCMJ, h 0-15/h CMJ, h 15-30/h
0-15, P15-30/ P0-15, a fim de estabelecer um Modelo de predição do rendimento.
O grau de significância adoptado foi de p= 0,05 para todas as hipóteses.
7. LIMITAÇÕES DO ESTUDO
Apesar da amostra apresentar 3 dos melhores especialistas nacionais de 400m, as
conclusões deste estudo não são extensíveis a todos os quatrocentistas portugueses nem
a outras populações.
99
RESULTADOS
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
VI - RESULTADOS
Nas tabelas 12, 13, 14 e 15 é possível observar para cada sujeito em estudo, os
resultados obtidos nos testes realizados ao longo da época, bem como as estatísticas
descritivas das variáveis consideradas.
Tabela 12 – Resultados obtidos pelo Sujeito A nas competições de 400m e testes de CMJ,
Reactividade e 30”CMJ, durante o ano de 2001
2001
Data 9-Abr
400m (s)
16-Abr
11-Mai
22-Mai
28-Jun
4-Jul
12-Jul
26-Jul
48,06
55,9
47,80
54,9
47,40
57,5
47,69
57
47,72
58,4
47,15
53,6
Média
47,83
56,48
SD
0,592
1,709
43,6
64,10
41,39
60,34
45,0
68,20
42,53
62,78
45,34
65,89
41,19
61,09
4,251
1,827
4,672
1,342
CMJ (cm)
Força Reactiva
56
49,00
58,5
Hmáx (cm)
Pmáx (watt/kg)
Hméd (cm)
Pméd (watt/kg)
Resistência de Força
38,4
64,40
35,09
60,43
50,1
68,00
44,62
62,54
47,9
66,70
35,11
61,73
44,0
64,70
42,14
59,09
51,3
63,80
49,03
59,85
42,4
67,20
39,57
61,93
Hmed30CMJ (cm)
42,18
45,54
38,82
28,55
30,61
26,48
40,16
43,41
37,14
28,08
30,13
26,03
42,37
44,49
40,55
28,39
30,08
26,7
40,02
42,14
37,91
29,34
31,08
27,6
41,20
42,60
39,79
29,62
30,98
28,26
41,64
44,48
39,01
28,55
30,28
26,81
43,40
46,95
39,85
28,59
31,22
25,96
41,57
44,23
39,01
28,73
30,63
26,83
1,217
1,680
1,185
0,546
0,474
0,834
75,32
81,32
85,24
68,65
74,21
85,56
75,8
79,59
91,14
72,9
76,76
89,96
71,65
74,09
93,4
73,05
78,04
87,7
80,97
87,59
84,88
74,05
78,80
88,27
3,869
4,695
3,310
13,49
13,61
11,24
11,20
8,78
11,46
16,85
12,37
2,557
Hméd 0-15 (cm)
Hméd 15-30 (cm)
Pmed30CMJ (watt/kg)
Pméd 0-15 (watt/kg)
Pméd 15-30 (watt/kg)
Índice Resistência (%)
hmed30/hCMJ
h(0-15)/hCMJ
h(15-30)/h(0-15)
Índice Fadig.- Perca Pot
100-((P15-30/P0-15)*100)
O Sujeito A apresenta um resultado médio aos 400m de 47,83 segundos, com
uma amplitude compreendida entre os 47,15 e os 49 segundos. Na época de 2002 e para
as competições apresentadas, apresenta como melhor resultado, 47,98 e uma média de
48,26. Já os Sujeitos B e C apresentam resultados um pouco mais modestos com médias
de 49,78 e 50,72. Os resultados do sB nos 400 barreiras estão compreendidos entre
53,15 e 55,80.
100
RESULTADOS
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Tabela 13 – Resultados obtidos pelo Sujeito A nas competições de 400m e testes de CMJ,
Reactividade e 30”CMJ, durante o ano de 2002
2002
Data 15-Dez 22-Mar
Hméd 0-15 (cm)
Hméd 15-30 (cm)
Pmed30CMJ (watt/kg)
Pméd 0-15 (watt/kg)
Pméd 15-30 (watt/kg)
42,9
65,40
39,89
58,37
39,1
62,60
37,49
58,35
41,18
64,53
38,93
59,15
4,098
1,485
3,812
1,232
40,40
42,88
38,1
28,21
29,66
26,76
40,44
42
38,89
29,68
31,35
28
41,24
43,68
38,97
28,93
30,58
27,28
39,97
42,48
37,60
28,72
30,62
26,86
0,925
0,812
1,193
0,679
0,695
0,759
69,51
74,75
86,43
68,01
72,19
88,85
70,7
73,43
92,6
71,23
75,44
89,22
71,08
75,57
88,50
1,851
2,267
2,131
14,08
9,78
10,69
10,79
12,28
1,797
18-Jun
1-Jul
16-Jul
54,9
54,2
47,98
55
59,4
48,62
57,2
36,8
64,60
35,08
61,12
37,0
63,90
34,71
58,96
45,5
63,80
42,83
57,95
45,8
66,90
43,60
60,14
39,89
42,93
37,07
27,86
29,96
25,76
39,86
42,51
37,22
28,47
30,65
26,59
39,71
42,27
37,39
29,51
31,62
27,4
38,23
41,11
35,53
28,38
30,53
26,23
72,26
77,77
86,35
72,6
77,43
87,56
73,27
77,99
88,46
14,02
13,25
13,35
55,2
Hmáx (cm)
Pmáx (watt/kg)
Hméd (cm)
Pméd (watt/kg)
Resistência de Força
Hmed30CMJ (cm)
48,19
57,9
SD
0,326
1,925
4-Jun
400m (s)
CMJ (cm)
Força Reactiva
Média
48,26
56,26
26-Abr
Índice Resistência (%)
hmed30/hCMJ
h(0-15)/hCMJ
h(15-30)/h(0-15)
Índice Fadig.- Perca Pot
100-((P15-30/P0-15)*100)
O sujeito A apresenta também os melhores registos no CMJ, com uma elevação
média de 56,48cm e 56,26 em 2001 e 2002 respectivamente, enquanto que os sujeitos B
e C apresentam respectivamente 50,66 e 46,58cm. Estes são valores que estão de acordo
com o que consultámos na literatura para atletas deste nível (Badillo & Gorostiaga,
1999; Numella et all citados por Gorostyaga & Lopes Calbet, 2001).
Relativamente á Força reactiva, o sujeito B apresenta os melhores resultados,
com uma média de valores de Potência máxima e média de 84,48 e 77,66 watt/kg,
enquanto que os sujeitos A e C apresentaram valores médios de – 65,89 e 61,09 (A ano de 2001); 64,53 e 59,15 (A - ano de 2002) e 72,98 e 66,04 (sujeito C).
Também no que respeita à altura alcançada o sujeito B apresenta valores
superiores, máximas de 50,2cm, enquanto que os sujeitos A e C apresentam 45,34 e
41,18 (2001 e 2002 - A) e 40,06 (sujeito C). O sujeito A apresenta uma amplitude de
valores de Hmáx bastante elevada, compreendidos entre 36,8 e 50,1 com um desvio de
4,25 e 4, 098 em 2001 e 2002 respectivamente, enquanto que o sujeito B apresenta
desvio de apenas 1,949. Quanto à média das alturas médias, estes valores aproximam-se
101
RESULTADOS
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
ligeiramente, ainda que o sujeito B apresente valores bastante superiores – 47,29, contra
41,19 para A e 36,83 para C.
Tabela 14 – Resultados obtidos pelo Sujeito B nas competições de 400m e 400m barreiras, e
testes de CMJ, Reactividade e 30”CMJ, durante o ano de 2001
2001
Data 9-Abr
53,38
50,4
SD
0,105
1,066
0,637
51,5
85,48
48,53
76,54
50,20
84,48
47,29
77,66
1,949
3,070
1,831
2,206
CMJ (cm)
Força Reactiva
51,2
Hmáx (cm)
Pmáx (watt/kg)
Hméd (cm)
Pméd (watt/kg)
Resistência de Força
52,07
87,92
49,59
79,87
51,6
85,4
47,63
79,46
48,77
84,87
46,45
78,52
Hmed30CMJ (cm)
40,38
42,34
38,41
29,02
30,22
27,83
39,11
40,88
37,34
28,96
31,35
26,56
38,43
41,05
35,99
26,43
27,76
25,11
38,31
41,18
35,64
26,98
28,3
25,67
39,06
41,36
36,85
27,85
29,41
26,29
0,822
0,574
1,104
1,159
1,447
1,027
78,87
82,7
90,72
78,38
81,92
91,34
76,55
81,77
87,67
76,01
81,71
86,55
77,45
82,03
89,07
1,201
0,397
2,012
7,91
15,28
9,55
9,29
10,51
2,825
400m (s)
400barr. (s)
Hméd 0-15 (cm)
Hméd 15-30 (cm)
Pmed30CMJ (watt/kg)
Pméd 0-15 (watt/kg)
Pméd 15-30 (watt/kg)
19-Jun
Média
49,79
53,97
50,66
14-Mai
49,89
55,8
49,9
26-Jul
53,55
50,2
13-Jul
49,68
53,15
51,6
47,07
78,71
44,27
73,89
Índice Resistência (%)
hmed30/hCMJ
h(0-15)/hCMJ
h(15-30)/h(0-15)
Índice Fadig.- Perca Pot
100-((P15-30/P0-15)*100)
Pelo que pudemos verificar na revisão da literatura, os resultados de Potência
reactiva estão de acordo com os que Garcia Manso et all (1998) sugerem para
velocistas, sendo que o sujeito A apresenta valores um pouco abaixo, o sujeito B
apresenta valores um pouco acima e o sujeito C apresenta valores dentro das
referências. Também relativamente ao estudo de Locatelli (1996a e 1996b) os valores
dos atletas agora estudados, se encontram dentro dos que foram apresentados pelo autor
na sua avaliação a atletas italianos.
No que respeita à Resistência à força explosiva, podemos verificar que o sujeito
A apresenta o melhor resultado em praticamente todas as variáveis consideradas.
Relativamente à hmed, o sujeito A apresenta uma média de resultados de 41,57cm e
39,97 nos anos de 2001 e 2002, enquanto que os sujeitos B e C apresentam valores de
39,06 e 33,82cm respectivamente.
102
RESULTADOS
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Tabela 15 – Resultados obtidos pelo Sujeito C nas competições de 400m e testes de CMJ,
Reactividade e 30”CMJ, durante o ano de 2001
2001
CMJ (cm)
Força Reactiva
47,6
51,99
45,8
50,35
46,5
49,83
46,4
Média
50,72
46,58
Hmáx (cm)
Pmáx (watt/kg)
Hméd (cm)
Pméd (watt/kg)
Resistência de Força
43,20
71,15
40,55
65,27
40,03
76,42
36,94
68,57
38,30
70,62
35,42
64,08
38,70
73,73
34,43
66,22
40,06
72,98
36,84
66,04
2,222
2,665
2,683
1,903
Hmed30CMJ (cm)
34,17
37,10
31,23
28,08
30,92
25,94
33,19
35,88
30,51
27,26
29,83
24,69
33,50
35,49
31,39
27,22
29,15
25,30
34,43
37,60
31,47
25,93
28,41
23,45
33,82
36,52
31,15
27,12
29,58
24,85
0,576
0,996
0,438
0,888
1,066
1,061
71,79
77,94
84,18
72,47
78,34
85,03
72,04
76,32
88,45
74,2
81,03
83,7
72,63
78,41
85,34
1,087
1,954
2,145
16,11
17,23
13,21
17,46
16,00
1,954
Data 16-Abr
400m (s)
Hméd 0-15 (cm)
Hméd 15-30 (cm)
Pmed30CMJ (watt/kg)
Pméd 0-15 (watt/kg)
Pméd 15-30 (watt/kg)
19-Jun
4-Jul
9-Jul
SD
1,127
0,750
Índice Resistência (%)
hmed30/hCMJ
h(0-15)/hCMJ
h(15-30)/h(0-15)
Índice Fadig.- Perca Pot
100-((P15-30/P0-15)*100)
Na figura 39 podemos observar, para os 3 sujeitos, os valores médios de
elevação do c.g. no CMJ e de hmed no teste de 30”CMJ. É possível verificar as
diferenças entre os sujeitos, obtidas no ano de 2001, e ainda os resultados de 2002 do
sujeito A, o qual apresenta um valor médio de hmed 30” CMJ bastante inferior em
relação ao alcançado no ano de 2001.
No que diz respeito às Potências obtidas, o sujeito A apresenta também os
valores mais elevados, com uma média de valores de 28,73 e 28,72; 30,63 e 30,62; e
26,83 e 26,86 watt/kg para Pmed 30”CMJ, Pmed 0-15 e Pmed 15-30 respectivamente
nos anos de 2001 e 2002. Curiosamente estes valores do sujeito A apresentam uma
grande constância, não se verificando o mesmo nas alturas alcançadas.
103
RESULTADOS
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
(cm)
60,00
CMJ
30"CMJ
55,00
50,00
45,00
40,00
35,00
SujeitoA
Sujeito A 02
Sujeito B
Sujeito C
Figura 39 – Valores médios de elevação do c.g. dos 3 sujeitos nos testes CMJ e 30”CMJ
No que respeita às relações entre alturas (hméd 30”CMJ/ hCMJ, h0-15/ hCMJ e,
h15-30/ h0-15), as quais traduzem índices de resistência, o sujeito B apresenta os
melhores índices em termos médios, ainda que os máximos valores são conseguidos
pelo sujeito A na época de 2001.
Assim, quanto à relação entre hméd 30”CMJ/ hCMJ, o Sujeito A apresenta o
valor mais elevado de 80,97% enquanto que apresenta um valor médio de 74,05 em
2001 e 71,08 em 2002. O Sujeito B apresenta um valor máximo de 78,87% e uma média
de 77,45. Por sua vez o Sujeito C apresenta valores máximo e médio de 74,2 e 72,63%
respectivamente. Estes valores segundo Bosco (2000) são relativamente fracos, uma
vez que o autor sugere que um bom nível de Resistência à força rápida (no que se refere
a este parâmetro) para desportos individuais deve estar compreendido entre os 80 e
90%.
No que respeita à relação entre hméd 0-15/ hCMJ, a qual Bosco considera como
sendo um indicador do nível de empenho no inicio do teste, mais uma vez o Sujeito A
apresenta o melhor valor máximo - 87,59% (com 78,80 e 75,57 como média nos anos
de 2001 e 2002) e o Sujeito B o melhor valor médio - 82,03% (e 82,7% como máximo).
O Sujeito C aqui apresenta valores muito próximos com 81,03 e 78,04% como valores
máximo e médio.
104
RESULTADOS
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Relativamente à relação entre h 15-30/ h0-15, a qual reflecte a capacidade de
manter o rendimento da primeira para a segunda metade da prova, mais uma vez o
Sujeito A apresenta o melhor valor máximo (93,6%) e o Sujeito B o melhor valor médio
(89,07%). O Sujeito C aqui apresenta valores um pouco abaixo com 88,45 e 85,34%
como valores máximo e médio.
No que respeita à relação entre a P15-30/ P0-15, a qual Bosco apresenta como
valor de perda de potência, o Sujeito B apresenta os melhores resultados com uma perca
média de 10,51 %, enquanto que os sujeitos A e C registaram percas médias de 12,37 e
12,28 % em 2001 e 2002 (A), e 16,0% (C).
Como pudemos verificar na revisão de literatura, são poucos os trabalhos que se
referem ao teste de 30”CMJ. Ainda assim, devemos referir que os resultados estão
obviamente em conformidade com o estudo que apresentamos com atletas juniores e
seniores da selecção nacional portuguesa (Miguel, 2002), uma vez que os sujeitos em
estudo são também parte integrante desse grupo. Com efeito, devemos salientar que os
valores de Pmed 0-15 dos 3 sujeitos, são ligeiramente superiores aos valores
apresentados por Bosco (1994) relativos a atletas da selecção italiana de Esqui Alpino
(ver figura 27) e ainda aos de atletas internacionais de 400m e 400 barreiras (ver figura
28).
Di Cesare (2000) avaliou alguns dos melhores atletas argentinos, os quais no
teste de 15”CMJ apresentam valores de elevação média do c.g. semelhantes aos obtidos
pelos sujeitos A e B na primeira metade do teste 30”CMJ (ver figura 29).
105
RESULTADOS

Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Evolução de Capacidades ao longo da Época
Para que melhor se possa perceber a evolução que as distintas capacidades
sofrem ao longo da época desportiva, seguidamente apresentamos alguns gráficos que
ilustram essa mesma evolução nos sujeitos em estudo.
(Watt/Kg)
(Watt/kg)
Sujeito A 01
100
100
90
90
80
80
70
70
60
60
2001
50
1Abr
16Abr
1Mai
16Mai
31Mai
15Jun
30Jun
15Jul
Sujeito A 02
Pmáx Fr
Pméd Fr
2002
50
16- 31- 15- 30- 15- 30- 14- 29Mar Mar Abr Abr Mai Mai Jun Jun
30Jul
14Jul
29Jul
Figura 40 – Evolução da Potência Reactiva do Sujeito A durante as épocas de 2001 e 2002
Na figura 40 podemos observar a evolução da Potência reactiva do sujeito A ao
longo das épocas de 2001 e 2002. Os valores, próximos dos 60 e 70 watt/kg (Pmáx e
Pmed), apresentam variações mínimas, que não vão além dos 7 % em qualquer das
épocas.
(Watt/kg)
(Watt/Kg)
Sujeito B
100
100
90
90
80
80
70
70
60
60
Sujeito C
Pmáx Fr
2001
50
1Abr
16Abr
1Mai
16Mai
31Mai
15Jun
30Jun
15Jul
30Jul
Pméd Fr
2001
50
1Abr
16Abr
1Mai
16Mai
31Mai
15Jun
30Jun
15Jul
30Jul
Figura 41 – Evolução da Potência Reactiva dos Sujeito B e C durante a época de 2001
Na figura 41 podemos observar a evolução da Potência reactiva dos sujeitos B e
C ao longo da época de 2001. Quaisquer deles apresenta valores superiores ao sujeito A,
106
RESULTADOS
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
como já anteriormente tínhamos referido. Destaque para o abaixamento do sujeito B em
meados do mês de Julho, de valores de 87,92 e 79,87 watt/kg para 78,71 e 73,89 (Pmax
e Pmed) os quais significam uma perca de 10,5 e 7,5% em relação ao período
preparatório. Ainda assim, no final do mês e da época os valores tornam a subir para
níveis próximos dos iniciais.
O sujeito C realizou apenas quatro controlos ao longo da época, ainda assim
verifica-se que os valores apresentam amplitude entre os 70,66 e 76,42; e os 64,1 e 68,6
watt/kg para Pmax e Pmed, o que corresponde a variações de 8,2 e 6,9%.
(cm)
Sujeito A
(cm)
50,00
45,00
40,00
50,00
Hméd
0-15
45,00
30CMJ
Sujeito A 02
40,00
Hméd
15-30
35,00
35,00
2001
30,00
1Abr
16Abr
1Mai
16Mai
31Mai
15Jun
30Jun
15Jul
30Jul
30,00
16Mar
31Mar
15Abr
30Abr
15Mai
30Mai
14Jun
29Jun
14Jul
29Jul
2002
Figura 42 - Evolução das alturas médias de salto no teste 30”CMJ (elevação média do c.g. na
primeira metade, na totalidade e na segunda metade do teste) do Sujeito A
durante as épocas de 2001 e 2002
Na figura 42 podemos observar a evolução das alturas médias de elevação do
c.g. no teste de 30” CMJ (primeira metade, total e segunda metade) do sujeito A ao
longo das épocas de 2001 e 2002. Verifica-se que na época de 2002 os valores embora
mais equilibrados, são bastante inferiores aos conseguidos em 2001. De facto em 2001
chegam a existir diferenças de 8% hmed 30CMJ e de 10% na hmed 0-15. Até meados
de Maio (início da época competitiva) verificam-se grandes flutuações, sendo que a
partir daí os resultados vão melhorando progressivamente. Em qualquer dos casos, os
valores máximos de qualquer dos parâmetros são alcançados no final da época
desportiva (43,4; 46,95; e 39,85 cm em 2001 e 41,24; 43,68 e 38,97 cm em 2002), com
107
RESULTADOS
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
excepção da hmed 15-30 na época de 2001, a qual ainda assim apresenta um incremento
de 2,65% relativamente ao período preparatório.
(cm)
(cm)
Sujeito B
Sujeito C
50,00
50,00
45,00
45,00
Hméd
0-15
40,00
40,00
30CMJ
35,00
35,00
Hméd
15-30
2001
30,00
1Abr
16Abr
1Mai
16Mai
31Mai
15Jun
30Jun
15Jul
30Jul
30,00
1Abr
16Abr
1Mai
16Mai
31Mai
15Jun
30Jun
15Jul
30Jul
2001
Figura 43 – Evolução das alturas médias de salto no teste 30”CMJ (elevação média do c.g. na
primeira metade, na totalidade e na segunda metade do teste) dos Sujeitos B e C
durante a época de 2001
Na figura 43 podemos observar a evolução das alturas médias de elevação do
c.g. no teste de 30” CMJ (primeira metade, total e segunda metade) dos sujeito B e C ao
longo da época de 2001. Os valores são bastante inferiores aos do Sujeito A em
qualquer momento.
O sujeito B apresenta uma diminuição progressiva de resultados ao longo da
época, com uma perca de 40,38 para 38,31cm na hmed 30CMJ, o que traduz uma
diminuição de 5,13% desde o período preparatório até ao momento da última
competição.
Já o sujeito C com apenas quatro controlos, parece apresentar uma ligeira
diminuição do período preparatório até meados de junho, a qual é progressivamente
recuperada e suplantada no último teste. Ainda assim as diferenças são mínimas, não
chegando aos 4% na hmed 30CMJ (34,43 e 33,19cm) e atingindo os 5,7% na hmed 0-15
(37,6 e 35,49 cm).
108
RESULTADOS
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
(cm)
60
Sujeito A
(s)
50,00
CMJ
55
49,00
30CMJ
50
48,00
400m
45
R2 = 0,893
47,00
40
Polinóm
(400m)
46,00
9-Abr 16-Abr 11-Mai 22-Mai 28-Jun 4-Jul
26-Jul
2001
Figura 44 – Elevação do c.g. nos testes CMJ e 30”CMJ, e marcas obtidas aos 400m pelo
Sujeito A ao longo da época de 2001
A figura 44 representa a evolução do sujeito A ao longo da época de 2001, na
corrida de 400m e respectiva comparação com a elevação do c.g. nos testes CMJ e
30”CMJ. Podemos verificar que a curva de tendência (R2=0,893), traçada para
representar a evolução de marcas aos 400m ao longo da época, apresenta uma
diminuição progressiva desde os 49 até aos 47,15” (3,92%). O mesmo não se verifica
com as curvas que representam a evolução da altura de salto nos testes CMJ e 30”CMJ.
Ainda assim, verifica-se que no período competitivo à medida que o tempo de
400m vai diminuindo, de competição para competição, a altura média da elevação do
c.g. nos 30”CMJ vai incrementando o seu valor, pese embora tal não aconteça no
período preparatório. Neste parâmetro tivemos uma evolução negativa até aos 5,12%
no momento da segunda competição e posterior incremento até aos 2,89% aquando da
última competição. Já no CMJ os valores apresentam diversas ondulações ao longo da
época não se vislumbrando qualquer relação com o resultado nos 400m.
Quanto ao Sujeito B, no que respeita à sua evolução na prova de 400bar ao
longo da época de 2001, e respectiva comparação com a elevação do c.g. nos testes
CMJ e 30”CMJ (figura 45), verifica-se que apresenta uma melhoria de rendimento
desde a primeira até à última competição de 55,80 até 53,38. O mesmo não acontecendo
com os resultados dos testes, em que como referimos anteriormente apresenta uma
diminuição progressiva ao longo da época, com um ligeira flutuação no CMJ e valores
109
RESULTADOS
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
compreendidos entre os 49,9 e 51,6 cm, sendo que na hmed 30CMJ a diminuição é de
40,38 para 38,31.
(cm)
55
(s)
56,00
Sujeito B
CMJ
50
55,00
45
54,00
30"CMJ
400barr
40
2
R =1
35
53,00
52,00
Polinom
(400barr)
9-Abr-01 14-Mai-0119-Jun-0126-Jul-01
Figura 45 – Elevação do c.g. nos testes CMJ e 30”CMJ, e marcas obtidas em 400 barreiras
pelo sujeito B ao longo da época de 2001
O sujeito C apresenta também, ao longo da época de 2001 uma melhoria das
suas prestações em 400m (51,99 para 49,83) com alterações mínimas na altura de salto
do CMJ e 30”CMJ (figura 46).
(cm)
50
(s)
53,00
Sujeito C
45
40
CMJ
52,00
30"CMJ
51,00
400m
50,00
Polinom
(400m)
R2 = 1
35
30
49,00
16-Abr-0119-Jun-01 4-Jul-01 9-Jul-01
Figura 46 – Elevação do c.g. nos testes CMJ e 30”CMJ, e marcas obtidas em 400m pelo
Sujeito C ao longo da época de 2001
Em qualquer dos testes, verifica-se uma diminuição da altura de salto do período
preparatório para o início do período competitivo, existindo durante este um ligeiro
incremento que acompanha as melhorias das prestações na corrida de 400m.
110
RESULTADOS
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
(%)
Índice Resistência
h30CMJ/ hCMJ
90,00
85,00
Suj A 01
80,00
Suj B 01
75,00
Suj C 01
70,00
Suj A 02
65,00
60,00
A bril
M aio
Junho
Julho
Figura 47 – Evolução do Índice de Resistência (h30CMJ/ hCMJ * 100) dos três Sujeitos em
estudo, durante o ano de 2001 e do Sujeito A no ano de 2002
Relativamente ao índice de resistência, o qual como já referimos por diversas
vezes diz respeito à relação percentual entre o valor médio de elevação do c.g. nos
30”CMJ e o valor conseguido no CMJ (sendo outro dos parâmetros da Resistência de
força rápida), a evolução ao longo da época de 2001 dos 3 sujeitos e ainda da época de
2002 do sujeito A pode ser consultada na figura 47.
Podemos verificar que ao longo da época os Sujeitos B e C apresentam valores
bastante estáveis, a rondar os 77 (B) e 73% (C) com ligeiras progressões negativa e
positiva respectivamente. Por sua vez o sujeito A parece apresentar valores mais
instáveis. Na época de 2002 esses valores são semelhantes ou inferiores aos do sujeito
C, enquanto que em 2001 tinha conseguido valores bastante superiores, a rondar os 75%
e terminando com um valor superior a 80%.
111
RESULTADOS

Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Correlações entre a corrida de 400m e as manifestações de Força
A fim de se estabelecer uma relação entre o resultado competitivo na corrida de
400m e as manifestações de força, apresentamos de seguida as tabelas de correlação
construídas a partir dos resultados obtidos pelo sujeito A nas competições que foram
consideradas para o efeito (ver parte da Metodologia).
Tabela 16 – Relação entre o T400 e as variáveis de Força explosiva (hCMJ) e de Força
Reactiva pelo sujeito A
Correlati ons
Tempo
aos 400m
Tempo aos 400m
Pearson
Correlation
Sig. (1-tailed)
N
Potência
màx. F
reactiv a
HCMJ
H
máxima F
reactiv a
Potência
média F.
reactiv a
H média
F. reactiv a
1
,200
-,583
-,366
-,753*
-,358
,
6
,352
6
,112
6
,238
6
,042
6
,243
6
*. Correlation is signif icant at the 0.05 lev el (1-t ailed).
Tabela 17 – Relação entre o T400 e as variáveis relativas à avaliação da Resistência de força
rápida pelo sujeito A
Correlations
Tempo
aos
400m
Tempo aos
400m
Pearson
Correlation
Sig. (1-tailed)
N
H
média
30"CMJ
H
média
0-15
H
média
15-30
Potência
média
30"CMJ
Potência
média
0-15
Potência
média
15-30
Relação
hmédia30"
CMJ/ hCMJ
1
-,910*
-,811*
-,872*
-,201
-,610
,021
-,814*
,
6
,016
5
,048
5
,027
5
,373
5
,138
5
,486
5
,047
5
*. Correlation is signif icant at the 0.05 lev el (1-tailed).
As tabelas 16 e 17 mostram-nos as fortes relações existentes (p<0,05) entre o
T400 e a Resistência de força rápida, nomeadamente nos parâmetros respeitantes à
hmed 30”CMJ (-.910), hmed 0-15 (-.811), hmed 15-30 (-.872) e Índice de resistência
(relação hmed30”CMJ/ hCMJ: -.814). É também possível observar a relação entre a
Pmed Fr e o T400 (-.753).
112
RESULTADOS
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Com excepção da falta de relação entre hCMJ e o T400, todos as restantes
relações apresentadas estão em consonância com os estudos que referimos na revisão
bibliográfica, ainda que aqui estejamos a tratar de relações de resultados intra-sujeito.
cm
44,0
Sujeito A
R2 = 0,8288
43,0
42,0
41,0
40,0
39,0
38,0
47,00
47,20
47,40
47,60
47,80
48,00 seg.
Figura 48 – Relação entre a elevação média do c.g. obtida no teste de 30”CMJ e a
performance em competições de 400m pelo Sujeito A (p<0.05)
Na figura 48 podemos observar a recta de regressão que ilustra a relação entre o
resultado aos 400m e a elevação média do c.g. no teste 30”CMJ obtidos pelo sujeito A.
Esta forte relação entre a altura média de salto no teste 30”CMJ e a performance
em 400m foi referenciada na revisão bibliográfica (Miguel, 2002) num estudo com 15
atletas, sendo que os dados agora apresentados e respectiva correlação estão em
conformidade com o referido trabalho. Todavia, mais uma vez referimos, agora estamos
a tratar de relações intra-sujeito e não inter-sujeitos.
Quanto aos sujeitos B e C, refira-se apenas que embora apresentem fortes
relações entre o resultado competitivo obtido e alguns dos parâmetros das manifestações
de força, essas mesmas relações não são significativas dada a escassez de dados
apresentados. Ainda assim, destaque para a relação de resultados do sujeito C, entre
T400 e hmed 15-30 (-0,988 p=0,05), bem como T400 e hCMJ, e T400 e h30”CMJ,
ambas superiores a -0,80 mas não significativas. Quanto ao sujeito B, apenas realizou
duas competições de 400m pelo que não faria qualquer sentido apresentar essas
relações.
113
RESULTADOS

Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Modelo Preditivo da Performance em 400m
Depois de incluídos todas os parâmetros decorrentes da avaliação das
manifestações de força como variáveis independentes, a fim de estimar o resultado
competitivo na corrida de 400m, a hméd 30”CMJ foi a única escolhida como capaz de
melhor explicar o resultado da referida corrida (tabela 18) .
Tabela 18 – Variável que melhor explica o resultado da corrida de 400m (hmed 30”CMJ) do
Sujeito A
Variables Entered/Removeda
Variables
Entered
Model
1
H média
30"CMJ
Variables
Remov ed
,
Method
Stepwise (Criteria:
Probability -of -F-to-ent er <=
,050,
Probability -of -F-to-remov e >=
,100).
a. Dependent Variable: Tempo aos 400m
Tabela 19 – Modelo Sumario da Predição da Performance em 400m para o Sujeito A
Model Summary
Model
1
R
,910a
R Square
,829
Adjusted
R Square
,772
Std. Error of
the Est imat e
,15756
a. Predictors: (Constant), H média 30"CMJ
Na tabela 19 podemos verificar a relação que a variável independente apresenta
com a variável dependente (T400). O R quadrado apresenta-nos a proporção de
variância explicada pelo modelo, enquanto que o R quadrado ajustado corrige este valor
com intuito de que o modelo possa reflectir fielmente a variabilidade dos resultados. No
caso deste modelo apenas foi considerada a hméd 30”CMJ, explicando 77,2% do
resultado dos 400m e apresentando um erro padrão de estimativa de 0,16 segundos.
114
RESULTADOS
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Tabela 20 – Coeficientes do Modelo de Predição da Performance em 400m para o Sujeito A
Coeffici entsa
Model
1
(Constant)
H média 30"CMJ
Unstandardized
Coef f icients
B
Std. Error
53,988
1,677
-,156
,041
Standardized
Coef f icients
Beta
-,910
t
32,193
-3,810
Sig.
,000
,032
a. Dependent Variable: Tempo aos 400m
Na tabela 20 apresentam-se o coeficiente a utilizar e respectiva constante, para
que cheguemos à formula de previsão do resultado dos 400m a partir do modelo de
regressão linear.
Neste sentido temos a seguinte fórmula, para este Modelo, com 77,2% de
explicação:
T400 = 53,988 – (0,156 * hmed 30”CMJ)
115
DISCUSSÃO
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
VII - DISCUSSÃO

Alterações ao longo da Época
Os resultados deste estudo demonstram que as várias manifestações de força
variam ao longo da época desportiva. De facto, em qualquer dos sujeitos observados
com maior ou menor ênfase, todas as variáveis apresentaram modificações ao longo da
temporada (positivas ou negativas – tomando como referência o primeiro controlo
realizado).
Relativamente à força explosiva, os valores de elevação de salto no CMJ
realizado pelos sujeitos em estudo oscilaram em 8,58 e 9,42% (em 2001 e 2002) para o
sujeito A, 3,32% para o Sujeito B, e 3,71% para o sujeito C. Como pudemos verificar
nas figuras 44, 45 e 46, o sujeito A apresenta uma ondulação de resultados ao longo da
época, enquanto os Sujeitos B e C apresentam resultados mais estáveis mas com uma
diminuição da altura de salto do período preparatório para o início do período
competitivo.
Quanto à força reactiva, só no que respeita à Pmed Fr, existiram oscilações de
resultados de 6,11% do sujeito A, 7,5% do sujeito B e 6,88% do Sujeito C, sendo as
oscilações da Pmáx Fr ligeiramente superiores em todos os sujeitos. Ainda que a
tendência não seja linear, existindo ligeiras ondulações ao longo da época, devemos
destacar que os sujeitos A e B apresentam os melhores resultados no período
preparatório, enquanto que o sujeito C apresenta o melhor resultado no início do
período competitivo (figuras 40 e 41).
No que respeita à Resistência à força explosiva, os sujeitos apresentaram
oscilações de elevação média de salto de 8,01 e 7,55% - sujeito A, 5,13% - sujeito B, e
3,63% - sujeito C. Relativamente ao índice de resistência as variações são de 12,32 e
5,25% para o sujeito A, 2,36% para o sujeito B, e 2,42% para o sujeito C. Já no que se
refere à perca de potência, a oscilação de valores é de 8,25 e 4,31% - sujeito A, 5,99%
- sujeito B, e 4,25% - sujeito C.
Ainda relativamente à Resistência à força explosiva, o sujeito A apresenta
grandes flutuações de resultados até ao início do período competitivo, sendo que a partir
daí a evolução é positiva até ao final da temporada (figuras 44 e 47). O sujeito B
apresenta uma evolução negativa ao longo da época, enquanto que o sujeito C apresenta
116
DISCUSSÃO
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
uma evolução negativa do período preparatório até meio do período competitivo, com
posterior incremento até ao melhor resultado da época, obtido no momento da última
competição (figuras 45,46 e 47).
Relativamente aos resultados obtidos em competição de 400m, a oscilação de
valores foi de 3,92 e 1,32% para o sujeito A nos anos de 2001 e 2002, 0,5 e 4,99% para
o sujeito B em 400m e 400barr no ano de 2001, e 4,33% para o sujeito C no ano de
2001. Refira-se que qualquer dos sujeitos apresentou uma evolução positiva de
resultados ao longo da época (figuras 44, 45 e 46).
Estas alterações e flutuações na capacidade de manifestar determinado tipo de
força, podem dever-se à ênfase posta no treino de força (Sale, 1995). Reiß (1992) sugere
que nas especialidades cíclicas (especialidades de RCD e 400m incluídos) o treino da
força deve desenvolver-se todo ano, ainda que se deva efectuar uma distinção entre
meios de preparação geral e especial, e meios especiais. Com efeito, como sugere o
primeiro autor, o facto de melhorar numa(s) e não noutra(s) manifestação(ões) de força
pode dever-se à especificidade do treino. Assim, as flutuações de rendimento (com
tendências de evolução positiva ou negativa) ocorridas com estes sujeitos na avaliação
das manifestações de força referidas, podem dever-se a um ou vários dos seguintes
factores:
-
ênfase do treino no que se refere aos conteúdos abordados, com maior ou menor
predominância das diferentes manifestações de força relativamente a outras
capacidades;
-
estratégia de preparação e programação adoptada para o treino da força e
sequência de manifestações a desenvolver e/ou exercícios realizados em cada
momento da época;
-
Carga de treino aplicada no momento ou nas semanas imediatamente anteriores;
-
Nível atlético e características dos sujeitos (pontos fortes e fracos e perfil atlético);
-
Outros aspectos relacionados com a preparação.
Neste sentido, o facto de o sujeito A apresentar diferentes níveis de Força
explosiva e Força reactiva, ao longo de toda a época parece sugerir que não existiu uma
estratégia de preparação para a manifestação do máximo rendimento destas
capacidades, num determinado momento. Já no que se refere à resistência de força
rápida, constatou-se uma tendência de evolução positiva no final de cada época. Tal
117
DISCUSSÃO
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
facto, parece sugerir um direccionamento do treino para o desenvolvimento desta
capacidade específica, no referido momento. Ainda assim, durante o período
preparatório da época de 2001 verificou-se uma certa oscilação desta capacidade, facto
que poderá ser explicado pela maior carga de treino que habitualmente todos os atletas
realizam neste período. Logo, ainda que cumpridos os requisitos metodológicos no que
se refere aos controlos realizados (repouso ou treino muito leve no dia anterior), uma
semana(s) de treino mais ou menos exigente em termos da carga total realizada pelo
atleta, poderá ditar uma menor ou maior capacidade de resposta aquando da realização
do teste. Poderão ser afectadas em maior ou menor grau as diferentes manifestações de
força, dependendo essas possíveis perdas, do tipo de solicitação metabólica,
neuromuscular e estrutural a que o atleta tenha sido sujeito na semana(s) anterior(es),
bem como das suas possibilidades de adaptação e recuperação/ supercompensação no
momento.
O sujeito B, como pudemos verificar mantém com uma oscilação mínima o seu
nível de força explosiva, sendo que quanto à Força reactiva e à Resistência de força
rápida apresentou uma tendência de diminuição dos seus níveis, do período preparatório
para o período competitivo. A redução dos conteúdos de treino que solicitem estas
capacidades, durante o período competitivo, poderá ser a explicação para este caso.
O sujeito C apresenta no início do período competitivo os seus mais baixos
níveis de manifestação de força. Ainda assim, apresenta o valor mais elevado de
Potência reactiva no controlo realizado nesse momento. Todavia, o sujeito desde o
início do período competitivo até ao momento da última competição, apresentou ligeiras
melhorias nos seus níveis de Força explosiva e de Resistência de força explosiva.
Sabendo que este sujeito se lesionou pouco tempo depois do primeiro controlo
realizado, os resultados verificados poderão dever-se ao facto de ter existido uma
modificação e diminuição da carga global de treino em termos gerais. Por outro lado,
este aspecto conjugado com uma possível interrupção da aplicação de conteúdos de
treino de força, terá contribuído ainda mais para que no momento do seguinte controlo
efectuado (apenas 2 meses depois – 19 de Junho), o sujeito tenha apresentado os seus
mais baixos níveis de Força explosiva e de Resistência de Força.
Relativamente à força reactiva, se consultarmos a tabela 14, verificamos que o
sujeito C apresenta em meados de Junho níveis de Pmed Fr e Pmax Fr mais elevados,
mas níveis de Hmáx Fr e Hmed Fr bastante inferiores relativamente aos conseguidos no
período preparatório. Assim, neste controlo o sujeito não conseguiu manifestar o mesmo
118
DISCUSSÃO
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
nível de força (alturas de salto inferiores) ainda que tenha gasto tempos de contacto
inferiores em cada salto, o que lhe permitiu desenvolver maiores potências. Deste modo,
estes resultados poderão dever-se às características do atleta nomeadamente no que se
refere ao seu potencial em termos de reactividade, ou ainda à aplicação de conteúdos de
treino com maior ênfase na manifestação rápida da força reactiva ou capacidade reflexa
(Velez, 2000). Ou seja, a exercícios que são realizados com pouca preocupação com o
nível de força desenvolvido, mas com muita preocupação relativamente ao tempo gasto
(mínimo) para desenvolver essa força.
119
DISCUSSÃO

Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Relação entre a corrida 400m e as Manifestações de Força
Como pudemos verificar na apresentação de resultados relativos ao sujeito A, o
T400 não apresenta qualquer tipo de relação com a hCMJ. Quanto ao sujeito C, ainda
que se correlacionem os resultados por si obtidos nas referidas variáveis, não
apresentam significado estatístico. Desta forma, não se confirma a hipótese de existir
relação entre a Força elástico-explosiva e o resultado na corrida de 400m, pelo menos
no que se refere à comparação de resultados intra-sujeito que é o nosso caso.
Relativamente à Força Reactiva ou stiffness muscular, devemos referir que no
que respeita ao Sujeito A quaisquer dos parâmetros que consideramos apresentaram
relação com o T400, ainda que apenas a Pmed Fr seja a única variável com significado
estatístico (r= -0,753; p< 0,05).
(cm)
(watt/kg)
Sujeito A
50,00
63,00
48,00
62,00
Hméd
2
R = 0,5907
46,00
61,00
Pméd Fr
44,00
60,00
42,00
59,00
40,00
58,00
38,00
47,00
47,20
47,40
47,60
47,80
Polinómio
(Pméd Fr)
57,00
48,00 (seg.)
Figura 49 – Relação entre, a Altura e Potência média de saltos obtidas no teste 15s
Reactividade, e a performance em competições de 400m pelo sujeito A
No teste de reactividade interessa-nos tanto a quantidade de força manifestada
(medida pela altura de voo), como o tempo necessário para manifestá-la (tendo como
base os tempos de contacto – quanto menores maior a potência desenvolvida). Maior
eficiência se terá com: uma maior altura de voo e os mesmos tempos de contacto,
menor tempo de contacto sem variação das alturas de voo, ou com um aumento da
altura de voo e uma diminuição dos tempos de contacto (Velez Blasco, 2000). Ou seja,
120
DISCUSSÃO
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
em qualquer das situações estamos a contribuir para que se aumente a potência
desenvolvida, parâmetro que habitualmente se utiliza a fim de expressar o nível de
stiffness muscular (Garcia Manso et all, 1998; Locatelli, 1996, 1996b). No entanto, não
quisemos deixar de considerar neste estudo os dados relativos à altura de salto, a fim de
verificar se poderiam eventualmente ocorrer comportamentos diferenciados dos
referidos parâmetros.
Assim, se observarmos a figura 49, podemos constatar a tendência que existe
em diminuir Pméd Fr à medida que aumenta o tempo de corrida. Com efeito, uma
analise mais pormenorizada aos pontos mais distantes da linha de tendência, permitenos verificar que esses registos coincidem com valores de Hméd Fr que se afastam da
sua média ou normalidade. Ou seja, quando o nível de potência alcançado é inferior à
tendência, a altura de salto conseguida é bastante superior em relação ao habitual (teste
Fr correspondente ao T400 - 47.40), por sua vez quando a potência desenvolvida se
apresentou bastante acima da linha de tendência, a altura de salto é muito inferior em
relação aos restantes (teste Fr correspondente ao T400 - 47.69).
Naturalmente que os aspectos acima referidos poderiam colocar em causa a
fiabilidade do teste (o sujeito apresenta valores de alturas de salto com diferenças que
ultrapassam os 20%), no entanto devemos referir que muitas das vezes estas alterações
decorreram da estratégia que o sujeito adoptava para realizar o teste, em função de
algumas limitações fisiológicas, nomeadamente no que se refere a inflamações 10 nos
músculos, aponervoses e periósteo anteriores das pernas. Isto é, quando o sujeito se
apresentava com esse problema, tentava compensar a dificuldade que tinha em realizar
saltos mais elevados (dado que estes provocariam uma maior tensão, e dor, no momento
de contacto), realizando saltos ligeiramente mais baixos com tempos de contacto mais
breves, o que significa aplicar menos força mas de forma mais rápida. Em oposição se
verificarmos o que ocorreu no teste Fr correspondente ao T400 - 47.40, para obter uma
altura de salto tão elevada, e portanto manifestar mais força, o atleta realizou tempos de
contacto bastante superiores - aspecto que sacrificou a potência desenvolvida.
Desta forma, uma vez que a Potência desenvolvida se apresenta como o
parâmetro mais adequado a fim de caracterizar a reactividade, e que as alturas de salto
ainda que não apresentem significado estatístico, se relacionam com o T400. Como a
10
Periostite do tibial anterior – lesão de sobrecarga muito vulgar em atletas/ corredores, a qual se traduz
pela irritação de inserções aponeuróticas e fenómenos inflamatórios do periósteo postero-interno da tíbia,
condicionados pelas tracções musculares dos músculos que aí se inserem. Este tipo de traumatismos
parece ser bastante favorecido pela prática de desportos em solo sintético (Massada, 1987)
121
DISCUSSÃO
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Pméd Fr e o T400 se relacionam de forma significativamente estatística, podemos
concluir que se confirma a hipótese de existir relação entre a reactividade (stiffness
muscular) e o resultado na corrida de 400m.
O facto da relação entre a Potência desenvolvida e o T400 apresentar significado
estatístico apenas para os valores médios, leva-nos a considerar que quanto mais saltos
realizados, mais forte é essa relação. Assim, estes dados sugerem que para o corredor
de 400m para além de ser importante um nível elevado de stiffness muscular, mais
importante é conseguir manter esse nível, ou aproximado, durante um determinado
tempo. Ou seja, é a capacidade Resistência associada com esta manifestação de força.
No que respeita à Resistência à força explosiva, ainda que diversos parâmetros
considerados tenham apresentado relação com o T400 (quer no que se refere aos dados
do sujeito A, quer do sujeito C), a hmed 30”CMJ, a hméd 0-15, a hméd 15-30 e hmed/
hCMJ obtidos pelo sujeito A, e a hmed 15-30 obtido pelo sujeito C, foram as variáveis
que apresentaram significado estatístico.
(cm)
44,00
(watt/kg)
33,00
Sujeito A
R2 = 0,8533
32,00
42,00
Hmed 30CMJ
31,00
Pmed 30CMJ
40,00
30,00
29,00
Polinóm Hmed 30
CMJ
38,00
28,00
36,00
47,00
47,20
47,40
47,60
47,80
27,00
48,00 (seg.)
Figura 50 - Relação entre, a Altura e Potência média de saltos obtidas no teste 30”CMJ, e a
performance em competições de 400m pelo sujeito A
A partir da figura 50, podemos verificar a forte relação entre a hméd 30”CMJ e o
T400, com uma tendência de diminuição da altura de salto à medida que aumenta o
tempo de corrida. Podemos ainda verificar que as Pméd 30”CMJ apresentam uma
pequena oscilação de valores (não superior a 4%), os quais não apresentam qualquer
relação com as alturas de salto.
122
DISCUSSÃO
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Tal como no teste de reactividade, quando existem valores que se afastam
ligeiramente da curva de tendência (da relação hméd 30CMJ vs T400), coincidem com
alterações da potência desenvolvida, a saber: no teste correspondente ao T400 – 47.40, a
altura de salto (e portanto a força manifestada), foi ligeiramente inferior relativamente
ao valor que a linha apresenta, mas a Pméd 30CMJ foi ligeiramente superior ao
habitual; no teste correspondente ao T400 – 47.69, a altura de salto (e portanto a força
manifestada), foi ligeiramente superior relativamente ao valor que a linha apresenta,
mas a Pméd 30CMJ foi inferior aos valores mais elevados. Com efeito, se as alterações
de potência são mínimas, então significa que o sujeito consegue valores mais elevados
de força aumentando ligeiramente os TC. De todo o modo, se se mantém a Potência e
aumenta a altura de salto, isto é positivo, uma vez que se conseguiu efectivamente
manifestar mais força.
Pese embora os aspectos acima referidos favoreçam a relação entre a Resistência
à força elástico-explosiva e o resultado na corrida de 400m, se a Potência apresenta
relações nulas ou não significativas com o T400, seguidamente passamos apenas a
concentrarmo-nos nas alturas de saltos.
Como sugere Bosco (2000), os factores determinantes do desenvolvimento da
força rápida ou da RFR são de natureza neuromuscular e, bioquímica segundo a duração
da actividade. Desta forma, se considerarmos que as variáveis, hméd 30”CMJ e hméd
15-30 dizem respeito à capacidade de RFR em regime de máxima solicitação do
metabolismo anaeróbio láctico (potência anaeróbia láctica), então a relação encontrada
entre estas variáveis e a performance em 400m está de acordo com o que os trabalhos de
Hirvonen e colls (1992) e Numella e colls (1992; 1994) relativamente à importância da
capacidade de manter níveis de força elevados em regime de máxima solicitação do
referido metabolismo. Esta relação está também de acordo com o que Harre & Leopold
(1987; 1987b, citados por Arcelli & Franzetti, 1997) sugerem, relativamente à RFR
como um aspecto determinante para o resultado competitivo nas provas de velocidade
prolongada.
Todavia, não nos podemos esquecer que na parte inicial de qualquer exercício de
elevada intensidade (neste caso a corrida de 400m e o teste 30”CMJ) a energia provém
fundamentalmente do metabolismo anaeróbio aláctico (Hirvonen et all, 1992; Arcelli,
1995; Bosco, 1994; Bosco, 2000). Assim, se na corrida de 400m podemos ter uma
importante contribuição do sistema ATP-CP, em maior ou menor escala dependendo de
123
DISCUSSÃO
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
atleta para atleta e do seu estado de treino - como vimos no ponto 1.2. da revisão
bibliográfica, o mesmo se passará no teste 30”CMJ. Em termos teóricos, a hméd 0-15
pode ser um bom indicador da RFR em regime de capacidade aláctica, sendo que desta
forma podemos sugerir que os dados relativos ao sujeito A, nos indicam a existência de
uma forte relação entre esta RFR em regime de capacidade aláctica e o T400 (não sendo
no entanto uma relação tão forte como as referidas anteriormente). No entanto, não
podemos afirmar que tais processos se passem efectivamente desta forma – por um lado
porque a hméd 0-15 não foi avaliada em teste exclusivo (os valores foram retirados do
teste 30”CMJ), o que poderia proporcionar valores diferentes dos apresentados. Por
outro lado, porque não consideramos em parte alguma deste estudo, qualquer forma de
avaliação dos regimes metabólicos solicitados. Daí que não possamos afirmar
efectivamente qual a contribuição dos sistemas energéticos solicitados, podemos sim
deduzir teoricamente.
Do mesmo modo, também não sabemos se as melhorias se devem
principalmente a incrementos de origem neuromuscular ou metabólica, ou das duas.
Bosco (2000), sugere que em 30”CMJ se recrutem fundamentalmente fibras FTb e Fta ,
sendo que à medida que nos aproximamos do final do teste por fadiga daquelas, o
trabalho passa a ser assegurado pelas ST. Com efeito, não sabemos se quando ocorrem
melhorias neste teste, elas decorrem de uma menor fadiga das fibras FTb, ou se existe
uma melhor resposta das restantes, aquando as primeiras entram em colapso. É bastante
provável que se existir um incremento da hméd 30”CMJ com correspondente melhoria
do valor de CMJ, e portanto mantendo-se ou diminuindo o índice de resistência, as
alterações sejam ao nível das FTb. Pelo contrário se existir um incremento da hméd
30”CMJ com um decréscimo do valor de CMJ, e portanto um incremento do índice de
resistência, as alterações sejam ao nível das Fta.
Verkhoshansky (1999) num estudo com meio-fundistas, verificou que a
aplicação de um programa específico concebido para o desenvolvimento da capacidade
de manifestar força explosiva e capacidade reactiva em condições de esgotamento,
levou a que os atletas do grupo experimental melhorassem as referidas capacidades, o
que por sua vez levou a que conseguissem também obter melhores resultados
competitivos, não obstante o menor volume de corrida realizado em treino. Este estudo
parece sugerir que os atletas possam ter melhorado o rendimento à custa dum
incremento de origem neuromuscular. Também no nosso estudo, ainda que não
tenhamos um acompanhamento do treino e respectivos conteúdos realizados (não era
124
DISCUSSÃO
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
nosso objectivo), é bastante provável que as modificações positivas ocorridas no teste
de 30”CMJ e que acompanham a evolução das marcas em 400m, tenham as suas
principais origens na função neuromuscular.
Contudo, o que podemos afirmar é que o Índice de Resistência (hmed/ hCMJ), a
hmed 30”CMJ, a hméd 0-15, a hméd 15-30 se relacionaram de forma significativamente
estatística com o T400, ou seja, à medida que o sujeito consegue manifestar mais força
no teste 30”CMJ, consegue também correr os 400m mais rapidamente, pelo que se
confirma a hipótese de existir relação entre a Resistência à força elástico explosiva e o
resultado na corrida de 400m.
125
DISCUSSÃO

Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Modelo Preditivo da Performance em 400m
Como pudemos verificar na apresentação de resultados relativos ao sujeito A,
com os dados disponíveis foi possível criar um Modelo de predição da performance em
400m para este sujeito. Este modelo é capaz de explicar 77,2% dos resultados obtidos
em 400m, estimando o resultado competitivo com um erro padrão de 0,16 segundos. A
fim de explicar o resultado competitivo a hmed 30”CMJ foi a única variável escolhida,
sendo que juntamente com uma constante funcionam como preditores do rendimento a
obter. A formula encontrada foi:
T400 = 53,988 – (0,156 * hmed 30”CMJ)
Neste sentido, consideramos que o modelo é válido e adaptado à realidade, pelo
que se confirma a hipótese de que conhecendo a relação entre as manifestações de força
e o resultado competitivo na corrida de 400m, é possível a partir dos resultados obtidos
nos testes que avaliam as referidas manifestações, estimar o resultado a obter em prova.
Os 22,8% que este modelo não consegue explicar, podem dever-se a outros
aspectos determinantes da corrida de 400m que foram referimos na revisão
bibliográfica, mas não objecto de estudo no presente trabalho. Esses aspectos dizem
respeito essencialmente à velocidade máxima e a factores de ordem técnica,
nomeadamente no que respeita à economia de sprint (Numela & Rusko, 1995; Numela
et all, 1996) e às alterações da técnica de corrida produzidas em competição,
decorrentes dos efeitos da fadiga (Numella et all, 1994; Costa, 1996). Para além destes
aspectos, outro que não nos podemos esquecer, diz respeito à estratégia e gestão do
esforço em competição (Vittori, 1991; Páscua, 1998).
126
DISCUSSÃO

Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Novos estudos
Ainda que com este nosso trabalho, tenhamos conseguido dar resposta a algumas
questões, outras se levantam para novas investigações, as quais em última análise terão
sempre como propósito, os objectivos que norteiam a avaliação da força, a saber:
verificar a importância relativa da força no rendimento desportivo, desenvolver o perfil
do desportista e controlar o processo de treino (Sale, 1995; Reiß,1992; G. Badillo &
Gorostiaga, 1999).
Desta forma, embora este estudo tenha demonstrado que existe uma forte
correlação inter-sujeito entre a Resistência de Força explosiva e o resultado na corrida
de 400m. Demonstrou também que no que se refere ao mesmo sujeito, não existe
relação entre a Força explosiva e o rendimento na referida corrida. Com efeito, diversos
estudos com corredores de velocidade parecem sugerir uma estreita relação entre estas
duas variáveis (G. Badillo & Gorostiaga, 1999; Hennessy & Kilty, 2001; Miguel, 2002).
Assim, parece que a Força explosiva pode servir para discriminar sujeitos de
nível diferenciado de rendimento na corrida de 400m. Ou seja, parece importante
evidenciar um determinado nível de Força explosiva sob o qual se desenvolverá a
Resistência de força.
Siff & Verkhoshansky (2000), referem-se às diferentes necessidades de força à
medida que se alcança a maestria desportiva. Por outro lado, G. Badillo (1999) sugere
que com diferentes níveis de manifestação de força pode conseguir-se o mesmo
resultado, pelo que poderão existir outras qualidades ou capacidades a influenciar o
rendimento. Sugere o mesmo autor que há que saber para cada caso (actividade ou
atleta) quanta força desenvolver, por forma a que tenha o efeito desejado na execução
técnica competitiva.
Na sequência do que anteriormente referimos, colocam-se as seguintes questões:
-
Como evoluem as manifestações de força ao longo da temporada com outros
atletas?
-
Que relações entre as manifestações de força e o rendimento em 400m com
uma amostra de grupo(s) (transversal)? E intra-individual com outros atletas
(longitudinal)?
-
Até que ponto desenvolver a Força explosiva?
127
DISCUSSÃO
-
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
Será mais importante um nível médio de Força explosiva e um nível elevado
de Resistência de força, ou vice-versa?
-
Dependerá este último ponto, de atleta para atleta?
-
Que perfil de atleta desenvolver para correr os 400m?
-
Que perfil para corredores de nível internacional (sub 47”) e de nível médio
elevado (sub 49”)?
128
CONCLUSÃO
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
VIII - CONCLUSÕES FINAIS
Os resultados deste estudo e respectiva análise permitem-nos retira as seguintes
conclusões:
-
As manifestações de força variam ao longo da época desportiva (3,32 a
10,48%).
-
As flutuações de rendimento ocorridas na avaliação das manifestações de
força, podem dever-se a um ou vários dos seguintes factores:
o ênfase do treino no que se refere aos conteúdos abordados, com maior ou
menor
predominância
das
diferentes
manifestações
de
força
relativamente a outras capacidades;
o estratégia de preparação e programação adoptada para o treino da força e
sequência de manifestações a desenvolver e/ou exercícios realizados em
cada momento da época;
o Carga de treino aplicada no momento ou nas semanas imediatamente
anteriores;
o Nível atlético e características dos sujeitos (pontos fortes e fracos e perfil
atlético);
o Outros aspectos relacionados com a preparação.
-
Os resultados médios obtidos, ao longo da época pelos sujeitos em estudo,
foram os seguintes:
o CMJ - 56,48; 56,26; 50,66 e 46,58 cm;
o 15 saltos Reactividade – 61,09; 59,15; 77,66 e 66,04 watt/Kg;
o 30”CMJ – 41,57; 39,97; 39,06 e 33,82 cm;
o 400m – 47,83; 48,26; 49,79 e 50,72 segundos,
respectivamente para o Sujeito A em 2001 e 2002, e Sujeitos B e C em 2001.
-
Os valores acima referidos estão em conformidade com o que é habitual
encontrar para o seu nível de rendimento. Contudo, a Potência reactiva do
129
CONCLUSÃO
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
sujeito A deveria ser um pouco superior, pelo que este deverá ser um aspecto a
cuidar com mais atenção na sua preparação.
-
A Força elástico-explosiva e o resultado na corrida de 400m não se
correlacionam, pelo menos no que se refere à comparação de resultados intrasujeito.
-
Existe relação entre a reactividade (stiffness muscular) e o resultado na corrida
de 400m. A relação encontrada entre a Pméd Fr e o T400, obtidos pelo sujeito
A, foi de -0,753 (p<0,05).
-
Para o corredor de 400m, para além de ser importante um nível elevado de
stiffness muscular, mais importante é conseguir manter esse nível, ou
aproximado, durante um determinado tempo (Resistência de Força reactiva).
-
Existe relação entre a Resistência à força elástico explosiva e o resultado na
corrida de 400m. As relações encontradas entre o T400 e as alturas de salto
(p<0,05) obtidos pelo sujeito A, foram as seguintes: hmed 30”CMJ (-0,910),
hmed 0-15 (-0,811), hmed 15-30 (-0,872). Quanto ao Índice de resistência
(relação hmed30”CMJ/ hCMJ), o valor encontrado foi de –0,814).
-
Conhecendo a relação entre as manifestações de força e o resultado
competitivo na corrida de 400m, foi possível a partir dos resultados obtidos
nos testes que avaliam as referidas manifestações, estimar o resultado a obter
em prova.
-
O Modelo de predição do rendimento em corridas de 400m - para o Sujeito A,
explica 77,2% dos resultados, tem uma margem de erro de 0,16 segundos e
apresenta a seguinte fórmula:
T400 = 53,988 – (0,156 * hmed 30”CMJ)
130
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Análisis de las exigencias de fuerza en
la carrera de 400m
IX - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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