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TRABAJO DE INVESTIGACIÓN FINAL ELABORADO CON EL PROPÓSITO DE OBTENER EL TÍTULO DE MASTER UNIVERSITARIO EN EL ÁMBITO DEL ALTO RENDIMIENTO DEPORTIVO Paulo Jorge Paixão Miguel Director del Trabajo: Prof. Doctor Juan José González Badillo 2002 Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m ÍNDICE GERAL AGRADECIMENTOS .............................................................................................................................. 3 ABREVIATURAS .................................................................................................................................... 5 ÍNDICE DE TABELAS ............................................................................................................................ 7 ÍNDICE DE FIGURAS ............................................................................................................................. 9 RESUMEN .............................................................................................................................................. 13 RESUMO ................................................................................................................................................ 14 ABSTRACT ............................................................................................................................................ 15 I – INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 16 II – APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA .............................................................................................. 18 III - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................................... 22 1. CARACTERÍSTICAS DA CORRIDA DE 400m ....................................................................... 22 1.1. Características Gerais ............................................................................................................... 22 1.2. Metabolismo ............................................................................................................................. 26 1.2.1. Contribuição das porções aeróbia e anaeróbia na corrida de 400m ............................... 32 1.3. Corrida de 400m como especialidade de RDC ......................................................................... 34 1.3.1. Factores fisiológicos que determinam o rendimento em corridas de 400m ................... 35 1.4. Biomecânica da Corrida ........................................................................................................... 42 2. FORMAS DE MANIFESTAÇÃO DA FORÇA .......................................................................... 48 2.1. Manifestações de Força nas Actividades Desportivas .............................................................. 48 2.2. Manifestações de Força na Corrida dos 400m .......................................................................... 56 2.2.1. Força explosiva e Força reactiva .................................................................................... 56 2.2.2. Resistência de Força ...................................................................................................... 58 3. AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE SALTO COMO FORMA DE DETERMINAR A FORÇA E POTÊNCIA MUSCULAR .................................................................................................. 60 3.1. História ..................................................................................................................................... 60 3.2. O Sistema ERGOJUMP de Bosco ............................................................................................ 63 3.3. Protocolos de Bosco ................................................................................................................. 65 3.4. Validade, Fiabilidade e Objectividade ...................................................................................... 69 3.5. Estandardização e Controlo das condições ambientais ............................................................. 70 3.6. Valores de Referência e Estudos Realizados ............................................................................ 71 3.7. Relação entre a Avaliação da Força explosiva e Rendimento em corridas de Velocidade ....... 79 IV – HIPÓTESES .................................................................................................................................... 83 1 Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m V - METODOLOGIA ........................................................................................................................... 84 1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ..................................................................................... 84 2. DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS ................................................................................................. 85 2.1. Relativas à avaliação da Força elástico-explosiva .................................................................... 85 2.2. Relativas à avaliação da Força elástico-explosivo-reactiva (ou stiffness muscular) ................. 85 2.3. Relativas à avaliação da Resistência de Força .......................................................................... 85 2.4. Relativas à corrida dos 400m .................................................................................................... 86 3. DESIGN ....................................................................................................................................... 86 3.1. Fase Prévia ............................................................................................................................... 87 3.2. Fase de Recolha dos Dados ...................................................................................................... 88 3.3. Fase Final ................................................................................................................................. 88 4. INSTRUMENTOS DE MEDIDA ................................................................................................ 89 4.1. Fiabilidade dos testes e instrumentos ....................................................................................... 90 5. PROCEDIMENTO ...................................................................................................................... 93 5.1. Condições Prévias aos Testes ................................................................................................... 93 5.2. Protocolos ................................................................................................................................. 95 5.3. Competições de 400m .............................................................................................................. 98 6. ANALISE DOS DADOS ............................................................................................................. 99 7. LIMITAÇÕES DO ESTUDO ...................................................................................................... 99 VI - RESULTADOS ............................................................................................................................ 100 VII - DISCUSSÃO .............................................................................................................................. 116 VIII - CONCLUSÕES FINAIS ........................................................................................................... 129 IX - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 131 2 Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m AGRADECIMENTOS Um trabalho desta natureza só é possível graças à colaboração de muitas pessoas, pelo que não podemos deixar de agradecer alguns importantes contributos. Ao Prof. Doutor Juan José Gonzalez Badillo, pela orientação prestada, só possível pelo elevado grau de conhecimento e rigor científico que possui. Á Escola Superior de Desporto de Rio Maior, na pessoa do Prof. Doutor José Rodrigues, pela sua amizade e apoio prestado no sentido da progressão da nossa carreira académica. Ao Dr. Félix Romero pela sua sempre pronta disponibilidade e auxilio no tratamento dos dados, bem como no esclarecimento de quase todas as dúvidas relativas às questões da Estatística. Ao Dr. António Moreira, responsável pela Secção de Tecnologia e Notação Desportiva do Laboratório de Investigação em Desporto da ESDRM, pela sua pronta disponibilidade e cedência de equipamento, sem o qual não teria sido possível levar a cabo o presente estudo. Ao António Graça, sempre disponível a colaborar na recolha e tratamento de imagens de muitos dos testes realizados. Ao Dr. David Catela e ao Prof. Doutor José Alves, sempre disponíveis a prestar esclarecimentos, o primeiro numa fase inicial do trabalho e este último na sua fase final. Aos atletas e treinadores que prontamente se disponibilizaram para participar, e ainda pelo empenho demonstrado. 3 Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m A todos os outros atletas que connosco têm trabalhado e servido de incentivo a uma constante procura e actualização de conhecimentos no âmbito do Alto Rendimento Desportivo. Aos meus pais que possibilitaram, e desde sempre apoiaram e incentivaram todo o meu percurso em geral e académico em particular. A todos os outros que de uma forma ou de outra possam ter prestado o seu contributo e por lapso ou esquecimento não foram referidos. 4 Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m ABREVIATURAS AEFA – Association des entraîneurs français d´athlétisme ATP – Adenosina tri-fosfato c.g. – centro de gravidade CEA – ciclo de estiramiento – acortamiento (design. español) CEE – ciclo de estiramento – encurtamento (design. Português) CK – Creatina-quinase cm – centímetros CMAE – Ciclo muscular de alongamento–encurtamento CMJ – Counter-movement jump (salto com contramovimento) 30”CMJ - Trinta segundos de saltos com contramovimento CP – Fosfocreatina DJ – drop jump FDM – Força dinâmica máxima FIM – Força isométrica máxima Fr – Força reactiva FT – fast twitch (fibra muscular de contracção rápida) g – gravidade h – Altura HC – Hidratos de Carbono Hmáx – Altura máxima 5 Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Hméd – Altura média Kg – quilograma m – metros MAOD – Maximal accumulated oxygen deficit MARP – Maximal anaerobic running test mmol/l – milimol por litro P – Potência PFK – Fosfo-fruto-quinase Pmáx - Potência máxima Pméd - Potência média PMF – Pico máximo de força RCD – Resistência de curta duração RFR – Resistência de Força rápida seg. – segundos ST – slow twitch (fibra muscular de contracção lenta) T400 – Tempo aos 400 metros TC – tempo de contacto TV – tempo de voo VO2máx – Volume máximo de Oxigénio vs – versus vv – velocidade vertical 6 Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1- Marcas relativas a Campeonatos Mundiais, Nacionais e Regionais, realizados no ano de 2001 (Fontes: Butler 1999 e 2001, RFEA, FPA, AAS) ......................... 23 Tabela 2 - Contribuição percentual dos sistemas energéticos solicitados na prova de 400m ....................................................................................................................... 26 Tabela 3 - Percentagem da participação da fracção aeróbia e anaeróbia na corrida de 400m ....................................................................................................................... 27 Tabela 4 - Critérios da RDC (modificado a partir de Zintl, 1991 e Navarro, 1999) ...... 34 Tabela 5 - Factores determinantes da RDC (modificado a partir de Zintl, 1991 e Navarro, 1999) ........................................................................................................ 35 Tabela 6 - Definições de Capacidade Anaeróbia (criado a partir de G. Ayestaran & Calbet, 2001) .......................................................................................................... 37 Tabela 7 - Componentes do metabolismo láctico que interferem na corrida de 400m (Modificado a partir de Arcelli, 1995) ................................................................... 39 Tabela 8 – Protocolos de Bosco ..................................................................................... 65 Tabela 9 - Relação entre as expressões de força e velocidade com a marca aos 100m (Vittori, 1990 in Barros, 2001) ............................................................................... 80 Tabela 10 - Características dos sujeitos que constituíram a amostra e respectivos recordes pessoais aos 400m (em 2001) .................................................................. 84 Tabela 11- Resultados dos testes CMJ a 12 atletas de várias disciplinas ....................... 91 Tabela 12 – Resultados obtidos pelo Sujeito A nas competições de 400m e testes de CMJ, Reactividade e 30”CMJ, durante o ano de 2001 ......................................... 100 Tabela 13 – Resultados obtidos pelo Sujeito A nas competições de 400m e testes de CMJ, Reactividade e 30”CMJ, durante o ano de 2002 ......................................... 101 Tabela 14 – Resultados obtidos pelo Sujeito B nas competições de 400m e 400m barreiras, e testes de CMJ, Reactividade e 30”CMJ, durante o ano de 2001 ...... 102 7 Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Tabela 15 – Resultados obtidos pelo Sujeito C nas competições de 400m e testes de CMJ, Reactividade e 30”CMJ, durante o ano de 2001 ......................................... 103 Tabela 16 – Relação entre o T400 e as variáveis de Força explosiva (hCMJ) e de Força Reactiva pelo sujeito A ......................................................................................... 112 Tabela 17 – Relação entre o T400 e as variáveis relativas à avaliação da Resistência de força rápida pelo sujeito A ................................................................................... 112 Tabela 18 – Variável que melhor explica o resultado da corrida de 400m (hmed 30”CMJ) do Sujeito A .......................................................................................... 114 Tabela 19 – Modelo Sumario da Predição da Performance em 400m para o Sujeito A .............................................................................................................................. 114 Tabela 20 – Coeficientes do Modelo de Predição da Performance em 400m para o Sujeito A ............................................................................................................... 115 8 Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1 - Consumo Energético na corrida de 400m referente ao recorde Mundial de Michael Johnson (a partir de Arcelli 1999) ............................................................ 30 Figura 2 – Variação da concentração de ATP e CP muscular ao longo da corrida de 400m (Modificado a partir de Hirvonen et all, 1992) ............................................ 31 Figura 3 - Variação da concentração de Lactato muscular e sanguíneo ao longo da corrida de 400m (Modificado a partir de Hirvonen et all, 1992) ........................... 32 Figura 4 – Variação da contribuição de energia ao longo da corrida dos 400m (Modificado a partir de Reis, 1997) ....................................................................... 33 Figura 5 – Contribuição das fontes energéticas para esforços de diferente duração e possibilidades de utilização em regime de capacidade e potência (Adaptado de Navarro, 1999) ........................................................................................................ 40 Figura 6 – Média dos tempos dos 8 finalistas em Campeonatos Mundiais, na primeira e segunda metade da corrida (dados retirados do IAAF Statistics Handbook 2001) 46 Figura 7 – Tempos parciais dos finalistas de Sevilla 99, para cada 200m de corrida (dados retirados do IAAF Statistics Handbook 2001) ............................................ 47 Figura 8 - Velocidade média dos finalistas de 400m, Sevilla 99 (dados retirados de Ferro et all, 2001) ................................................................................................... 47 Figura 9 - Esquema hierárquico da Força e relações F-t e F-v (G. Badillo, 2000) ........ 49 Figura 10 – Manifestações da força segundo Vittori, 1990 (Modificado por Barros & Macedo, 2001) ........................................................................................................ 52 Figura 11 – Esquema de Classificação da Resistência de Força (Harre & Leopold, 1997) ................................................................................................................................ 53 Figura 12 – Teste de Sargent - Jump and reach (retirado de Bosco, 1994) .................... 61 Figura 13 – Teste de Abalakov (retirado de Cometti, 1998) .......................................... 61 Figura 14 - Representação do impulso de força em função do tempo (retirado de Bosco, 1994) ....................................................................................................................... 62 9 Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Figura 15 – Registo da Força de Reacção do terreno na direcção Vertical de uma Plataforma de Força (retirado de Bosco, 1994) ......... A- Squat Jump ou salto de parado; B- CMJ – coutermovement jump ou salto com contramovimento; CDJ – Drop Jump ou salto pliométrico. NI: impulso neto – representa a fase de impulso do salto, em que o c.g. é pressionado para cima; W – massa do sujeito. A força está expressada em N e representada em função do tempo (seg.) (Bosco, 1994) ............................................................................................... 63 Figura 16 - CMJ............................................................................................................. 65 Figura 17 - CMJ 30" .......................................................................................................66 Figura 18 - Stiffness Test ……………………………………………………………..67 Figura 19 – Elevação do c.g. no salto com contramovimento em jovens italianos (Bosco, LoCerto &Cirino, 1991, citados por Bosco, 1994) ................................... 71 Figura 20 – Elevação do c.g. no salto com contramovimento em jovens atletas do Club Italia de Atletismo (Bosco, 1994) ........................................................................... 72 Figura 21 – Elevação do c.g. no CMJ em atletas de nível internacional (Bosco, 1985, in Bosco, 1994) ........................................................................................................... 72 Figura 22 – Valores de elevação do c.g. no CMJ em atletas de várias disciplinas desportivas, argentinos em comparação com valores recolhidos por Bosco a algumas selecções nacionais de Itália, Rússia e Finlândia (modificado a partir de Di Cesare, 2000) ..................................................................................................... 73 Figura 23 – Valores de salto vertical com contramovimento (CMJ) de alguns atletas masculinos da equipa espanhola de 4x400m (Gorostiaga, 1992, in Badillo&Gorostiaga, 1999). Também se mostram valores de alguns atletas de 400m americanos com marcas compreendidas entre 46”9 e 43”8 (Mero, citado por Badillo&Gorostiaga, 1999) .................................................................................... 74 Figura 24 – Altura média de salto no teste de 30”CMJ em corredores de 400m e 400m barreiras, juniores e seniores da selecção nacional portuguesa e correspondente marca aos 400m (Miguel, 2002) ............................................................................. 75 Figura 25 – Potência média no teste de 30”CMJ em corredores de 400m e 400m barreiras, juniores e seniores da selecção nacional portuguesa e correspondente marca aos 400m (Miguel, 2002) ............................................................................. 75 Figura 26 – Potência mecânica em jovens italianos (Bosco, LoCerto &Cirino, 1991, citados por Bosco, 1994) ........................................................................................ 76 Figura 27 – Potência mecânica durante 15-30seg de saltos contínuos registada sobre atletas da selecção italiana de Esqui Alpino (Bosco, 1994) ................................... 76 10 Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Figura 28 – Potência mecânica durante 15seg de saltos contínuos em atletas internacionais (Bosco, 1985, citado por Bosco, 1994) ........................................... 77 Figura 29 – Valores em cms no teste de Potência Mecânica 15”CMJ em atletas de várias disciplinas desportivas, argentinos em comparação com valores recolhidos por Bosco a algumas selecções nacionais de Itália, Rússia e Finlândia (modificado a partir de Di Cesare, 2000) ...................................................................................... 77 Figura 30 – Tempo de contacto e de voo e potência mecânica medidos durante saltos sobre obstáculos em atletas de nível internacional (Bosco, 1985 citado por Bosco, 1994) ....................................................................................................................... 78 Figura 31 – Relação entre o tempo obtido na corrida de 400m e a elevação do c.g. nos testes CMJ e 30”CMJ em atletas juniores e seniores portugueses da selecção nacional (Miguel, 2002) ......................................................................................... 82 Figura 32 – Cronograma de actividades a desenvolver .................................................. 87 Figura 33 – Receptor Ergotester e tapete Ergojump com respectiva ligação ................. 89 Figura 34 – Local onde foram realizados os testes (Sala do Estádio Municipal de Rio Maior) ..................................................................................................................... 93 Figura 35 – Sujeito realizando um CMJ no seu aquecimento ........................................ 94 Figura 36 – Sequência fotográfica do Teste CMJ .......................................................... 95 Figura 37 – Sequência fotográfica do Teste da Reactividade (2 saltos iniciais) ........... 96 Figura 38 – Sequência fotográfica do Teste de 30” CMJ (2 saltos iniciais) .................. 96 Figura 39 – Valores médios de elevação do c.g. dos 3 sujeitos nos testes CMJ e 30”CMJ .............................................................................................................................. 104 Figura 40 – Evolução da Potência Reactiva do Sujeito A durante as épocas de 2001 e 2002 ...................................................................................................................... 106 Figura 41 – Evolução da Potência Reactiva dos Sujeito B e C durante a época de 2001 .............................................................................................................................. 106 Figura 42 - Evolução das alturas médias de salto no teste 30”CMJ (elevação média do c.g. na primeira metade, na totalidade e na segunda metade do teste) do Sujeito A durante as épocas de 2001 e 2002 ........................................................................ 107 11 Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Figura 43 – Evolução das alturas médias de salto no teste 30”CMJ (elevação média do c.g. na primeira metade, na totalidade e na segunda metade do teste) dos Sujeitos B e C durante a época de 2001 ................................................................................. 108 Figura 44 – Elevação do c.g. nos testes CMJ e 30”CMJ, e marcas obtidas aos 400m pelo Sujeito A ao longo da época de 2001 .................................................................. 109 Figura 45 – Elevação do c.g. nos testes CMJ e 30”CMJ, e marcas obtidas em 400 barreiras pelo sujeito B ao longo da época de 2001 ............................................. 110 Figura 46 – Elevação do c.g. nos testes CMJ e 30”CMJ, e marcas obtidas em 400m pelo Sujeito C ao longo da época de 2001 ................................................................... 110 Figura 47 – Evolução do Índice de Resistência (h30CMJ/ hCMJ * 100) dos três Sujeitos em estudo, durante o ano de 2001 e do Sujeito A no ano de 2002 ....................... 111 Figura 48 – Relação entre a elevação média do c.g. obtida no teste de 30”CMJ e a performance em competições de 400m pelo Sujeito A (p<0.05) ......................... 113 Figura 49 – Relação entre, a Altura e Potência média de saltos obtidas no teste 15s Reactividade, e a performance em competições de 400m pelo sujeito A ............ 120 Figura 50 - Relação entre, a Altura e Potência média de saltos obtidas no teste 30”CMJ, e a performance em competições de 400m pelo sujeito A ................................... 122 12 Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m RESUMEN La Fuerza elástico-explosiva (FE-E), el stiffness muscular1, bien como la asociación de tales expresiones de fuerza con la Resistencia, parecen ser aspectos determinantes en la carrera de los 400m lisos. En este sentido, el estudio de las manifestaciones de fuerza implicadas en tal carrera, se puede constituir como un importante medio de controlo del entrenamiento. Por otra vía, el estudio de la relación que tales manifestaciones presentan con él rendimiento, puede fornecer pistas adicionales rumo a una mejor comprensión de la especialidad deportiva, bien al nivel de sus exigencias bien al nivel de la propia Metodología del Entrenamiento. Los objetivos del estudio han sido: a) Identificar las manifestaciones de fuerza exigidas en la carrera de los 400m lisos; b) Evaluar las referidas manifestaciones en corredores de 400m; c) Determinar la relación de cada manifestación de fuerza con él rendimiento en la carrera de 400m lisos; h) Determinar la variación de los niveles de fuerza (de cada manifestación) a lo largo de la temporada; i) Estimar el rendimiento a obtener en una carrera de 400m lisos en situación competitiva. Tres corredores de 400m, han participado voluntariamente en el estudio (récordes personales - 47,15; 49,47 y 49,83 seg.; Edad – 20, 19 y 18 años; Altura – 182, 180 y 178 cm; Peso – 72, 71 y 66 Kg.). Todos los sujetos han sido evaluados durante la temporada de 2001, siendo que uno de ellos también en 2002. Los siguientes testes han sido realizados en las fases de preparación y competitiva (en esta última con una periodicidad quincenal, y 48 horas después de cada competición de 400m): Countermovement jump (CMJ), 15 saltos de Reactividad (stiffness) y 30”CMJ. Además la media y la desviación estándar, han sido utilizados los siguientes procedimientos estadísticos: Coeficiente de Correlación de Pearson (1-tailed) para determinar las asociaciones entre las variables de evaluación de las manifestaciones de fuerza y el resultado competitivo en 400m (T400); Análisis de regresión múltipla (método stepwise), con el propósito de establecer un Modelo de Predicción del rendimiento. Los resultados medios obtenidos por los sujetos han sido los siguientes: CMJ (56,48; 56,26; 50,66 y 46,58 cm); 15 saltos Reactividad (61,09; 59,15; 77,66 y 66,04 watt/Kg); 30”CMJ (41,57; 39,97; 39,06 y 33,82 cm); 400m (47,83; 48,26; 49,79 y 50,72 segundos), respectivamente para el Sujeto A en 2001 y 2002, y Sujetos B y C en 2001. Con estés sujetos, los niveles de manifestación de fuerza han cambiado a lo largo de la temporada deportiva (3,32 a 10,48%). Han sido encontradas, para el sujeto A, relaciones significativas (p<0,05) entre el T400 y: la Potencia media reactiva (-0,753); Altura media de salto (hméd) en el teste 30”CMJ (0,910); hméd 0-15 e hméd 15-30 (primera e segunda mitades del teste: -0,811 e –0,872); Índice de resistencia (relación hméd 30”CMJ/ hCMJ: -0,814). El modelo de predicción del rendimiento en carreras de 400m, para el sujeto A, ha presentado la siguiente formula: T400= 53,988 – (0,156 * hméd 30”CMJ). El error padrón encontrado ha sido de 0,16 segundos y el R2= 0,772. Los resultados alcanzados en este estudio comprueban la existencia de relación entre el resultado de la carrera de 400m lisos y: el stiffness muscular, y la Resistencia á la fuerza rápida (ó Resistencia de fuerza explosiva). Sugieren además que para el corredor de 400m parece importante evidenciar un determinado nivel de (FE-E) sobre el cual se desarrollará la Resistencia a la fuerza. Sin embargo, se necesitan otros estudios (transversales y longitudinales) con el fin de verificar: ¿Hasta que punto el desarrollo de la Fuerza explosiva? ¿Si es más importante un nivel medio de FE-E y un nivel elevado de Resistencia a la fuerza ó el inverso? Palabras Clave: 1 Fuerza explosiva, Resistencia à la Fuerza rápida, carreras de velocidad, Evaluación de la Fuerza, CMJ Reactividad, Fuerza reactiva 13 Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m RESUMO A Força elástico-explosiva (FE-E), o stiffness muscular2, bem como a associação destas duas expressões de força com a Resistência, parecem ser aspectos determinantes na corrida de 400m. Desta forma, o estudo das manifestações de força implicadas nesta corrida, pode constituir-se como um importante meio de controlo do treino. Por outro lado, o estudo da relação que estas manifestações apresentam com rendimento, pode fornecer pistas adicionais no auxilio a uma maior compreensão desta especialidade desportiva, quer ao nível das suas exigências quer ao nível da própria Metodologia do Treino. Os objectivos deste estudo foram: a) Identificar as manifestações de força exigidas na corrida dos 400m; b) Avaliar as referidas manifestações em corredores de 400m; c) Determinar a relação de cada manifestação de força com o resultado na corrida de 400m; h) Determinar a variação dos níveis força (de cada manifestação) ao longo da época; i) Estimar o resultado a obter na corrida de 400m em situação de competição. Três corredores de 400m, participaram voluntariamente neste estudo (recordes pessoais - 47,15; 49,47 e 49, 83 seg.; Idade – 20, 19 e 18 anos; Altura – 182, 180 e 178 cm; Peso – 72, 71 e 66 Kg). Todos os sujeitos foram avaliados durante o decorrer da época de 2001, sendo que um deles também o foi, na época seguinte. Os seguintes testes, foram realizados nas fases de preparação e competitiva (nesta última com uma periodicidade quinzenal, e 48horas após cada competição de 400m): Countermovement jump (CMJ), 15 saltos de Reactividade (stiffness) e 30”CMJ. Para além da média e desvio padrão, foram utilizados os seguintes procedimentos estatísticos: Coeficiente de Correlação de Pearson (1-tailed) para determinar as associações entre as diferentes variáveis decorrentes da avaliação das manifestações de força e o resultado competitivo em 400m (T400); Análise de regressão múltipla (método stepwise), a fim de estabelecer um Modelo de predição do rendimento. Os resultados médios obtidos pelos sujeitos foram os seguintes: CMJ (56,48; 56,26; 50,66 e 46,58 cm); 15 saltos Reactividade (61,09; 59,15; 77,66 e 66,04 watt/Kg); 30”CMJ (41,57; 39,97; 39,06 e 33,82 cm); 400m (47,83; 48,26; 49,79 e 50,72 segundos), respectivamente para o Sujeito A em 2001 e 2002, e Sujeitos B e C em 2001. Com estes sujeitos, os níveis de manifestação de força variam ao longo da época desportiva (3,32 a 10,48%). Foram encontradas, para o Sujeito A, relações significativas (p<0,05) entre o tempo obtido em competição de 400m (T400) e: a Potência média reactiva (-0,753); Altura média de salto (hméd) no teste 30”CMJ (-0,910); hméd 0-15 e hméd 15-30 (primeira e segunda metades do teste: -0,811 e –0,872); Índice de resistência (relação hméd 30”CMJ/ hCMJ: -0,814). O modelo de predição do rendimento em corridas de 400m, para o sujeito A, apresentou a seguinte fórmula: T400= 53,988 – (0,156 * hméd 30”CMJ). O erro padrão encontrado foi de 0,16 segundos e o R2= 0,772. Os resultados alcançados neste estudo comprovam a existência da relação entre o resultado em 400m e: o stiffness muscular e a Resistência à FE-E. Sugerem ainda que para o corredor de 400m parece importante evidenciar um determinado nível de FE-E sob o qual se desenvolverá a Resistência de força. Contudo outros estudos (transversais e longitudinais) são necessários a fim de verificar: Até que ponto desenvolver a Força explosiva? Se será mais importante um nível médio de FE-E e um nível elevado de Resistência de força, ou vice-versa? Palavras Chave: 2 Força explosiva, Resistência de Força rápida, corridas de velocidade, Avaliação da Força, CMJ Reactividade, Força reactiva 14 Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m ABSTRACT Elastic-explosive strength and muscular stiffness3, as well as their association with endurance, seams to be determinant aspects in the 400m race. In this way, the study of strength expressions involved in this race, can make up as an important way of training control. On the other hand, the assessment of their relationship with performance, can produce new ideas to help us on the understanding of this speciality, mainly on the level of the demands but also on their Training Methodology. The aims of this study were: a) to Identify the demands of strength components in the 400m race; b) to Evaluate the referred strength components in 400m runners; c) to Determine the relationship of each strength component with the 400m performance; h) to Determine the variations of strength levels during season; i) to Estimate the performance of the 400m race (T400). Three 400m runners, participated voluntarily in this study (personal bests - 47,15; 49,47 and 49, 83 sec.; Age - 20, 19 and 18 years; Height - 182, 180 and 178 cm; Weight - 72, 71 and 66 Kg). All subjects were evaluated during the 2001 season, moreover one of them was also evaluated during 2002. The following tests, were performed in preparatory and competitive phases (in this last one, with a biweekly periodicity, and 48 hours after each competition of 400m): Countermovement jump (CMJ), 15 Reactivity jumps (stiffness) and 30"CMJ. Besides the average and standard deviation, the following statistical procedures were used: Pearson Correlation (1-tailed) to find the associations between all the current variables out coming from strength components evaluation, and the T400; Multiple Regression Analysis (stepwise method), in order to establish a Model to predict performance. The medium results obtained by the subjects were the following ones: CMJ (56,48; 56,26; 50,66 and 46,58 cm); 15 Reactivity jumps (61,09; 59,15; 77,66 and 66,04 watt/Kg); 30"CMJ (41,57; 39,97; 39,06 and 33,82 cm); 400m (47,83; 48,26; 49,79 and 50,72 seconds), respectively for the A Subject in 2001 and 2002, and B and C Subjects in 2001. The levels of strength components of these subjects vary along sport season (3,32 to 10,48%). We found significant relationships (p <0,05), for A subject, between the T400 and: the Average Reactive Power (-0,753); Average Height of jump (hméd) in the 30"CMJ test (-0,910); hméd 0-15 and hméd 15-30 (first and second half of the test: -0,811 and -0,872); Endurance Index (relationship hméd 30"CMJ/ hCMJ: -0,814). The model to predict T400 (A subject), presented the following formula: T400 = 53,988 - (0,156 * hméd 30"CMJ). Standard error was 0,16 seconds and R2 = 0,772. These results prove the existence of the relationship between the 400m performance and: the muscular stiffness, and the speed-strength endurance (or explosive-strength endurance). They also suggest that for the 400m runner it seems important to achieve a certain level of explosive-strength, under which the strength endurance will develop. However other studies (traverse and longitudinal) are necessary in order to verify: Until witch level develop explosive strength? Would be more important a medium level of explosive-strength and a high level of strength endurance, or vice-versa? Key words: 3 explosive strength, speed-strength endurance, sprinting, Strength evaluation, CMJ Reactivity, Reactive strength 15 INTRODUÇÃO Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m I – INTRODUÇÃO A melhoria dos programas de treino, a utilização de conhecimentos científicos, bem como as novas tecnologias que se colocam à disposição de treinadores e atletas, são aspectos que nas últimas décadas contribuíram para um avanço substancial nos resultados desportivos. O conhecimento das exigências de condição física de cada especialidade ou modalidade é hoje em dia facilitado pela enorme quantidade de instrumentos e aparelhos que estão à disposição dos treinadores. Desta forma, e segundo Badillo (2000), para determinar as exigências de condição física de um desporto, modalidade ou especialidade devemos: a) Medir o grau de manifestação de cada qualidade e compará-lo com o rendimento específico; b) Recolher dados sobre as características da própria competição e deduzir teoricamente as exigências que implicam. Contudo, até há bem pouco tempo eram poucos os estudos que avançavam com informação de credibilidade científica na compreensão das exigências e características da corrida dos 400m. Inclusive alguns estudos sobre a referida prova parece terem levantado alguma perplexidade e controvérsia entre treinadores e investigadores (Costa, 1996). Esta corrida é habitualmente conhecida por ser uma prova de velocidade resistente (Acero, 1999), onde se exige a capacidade de manter uma velocidade submáxima, muito próxima da máxima, num esforço que dura cerca de 45”. Neste sentido, em termos de capacidades físicas, uma combinação de força velocidade e resistência são requisitos necessários para a referida prova. Também a nível fisiológico, esta corrida é das que reúne maior complexidade (Coelho e Reis, 1995), ainda que se saiba que o metabolismo láctico assume maior preponderância. Neste nosso trabalho esperamos contribuir, por um lado para um maior conhecimento desta especialidade no que toca às suas exigências de condição física, especialmente da qualidade física força em associação com a velocidade e a resistência, ou seja a Resistência de força elástico explosiva ou Resistência à força rápida como sugerem alguns autores (Bosco, 1983; Acero, 1999). Por outro lado esperamos que este 16 INTRODUÇÃO Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m maior conhecimento seja também contributo para aperfeiçoar e melhorar os programas de treino, bem como o incremento das prestações desportivas. O presente trabalho está organizado da seguinte forma: Parte I – Introdução Parte II – Apresentação do Problema Parte III – Revisão Bibliográfica Parte IV – Hipóteses Parte V- Metodologia Parte VI – Resultados Parte VII – Discussão Parte VIII – Conclusões Finais Parte IX – Referências Bibliográficas. 17 APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m II – APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA A melhoria do rendimento nas várias disciplinas desportivas depende essencialmente do conhecimento que se tenha acerca das exigências que apresentam e consequentemente de uma escolha, e adequada programação, de meios e métodos de treino. Até ao momento a generalidade dos estudos relacionados com a corrida de 400m dizem respeito à sua caracterização fisiológica e exigências em termos metabólicos. Vários autores se tem referido a esta corrida como uma prova de características muito especiais e complexas sob o ponto de vista da intervenção das diferentes fontes energéticas (Coelho e Reis, 1995). Embora os valores apresentados pelos diferentes autores (Suslow citado por Zintl, 1991; Zaciorskij citado por Zintl, 1991; Fox e Mattews´s, 1983; Reis, 1997; Arcelli, 1999; Newsholme et all citados por McArdle et all, 1998), quanto à percentagem de participação das diferentes fontes energéticas não seja coincidente, porém não existem dúvidas quanto à maior intervenção do metabolismo láctico. Tal facto leva a que a acumulação de hidrogeniões e consequente abaixamento do ph sanguíneo se apresente como um dos principais mecanismos de produção de fadiga (Terrados Cepeda e Garcia, 1999; Miñarro, Lopez Villalba e Fernández, 2000; Bompa, 1994) e consequentemente como factor limitativo do rendimento. Diversos estudos sobre a fadiga na corrida dos 400m apresentam um foco nas alterações da técnica da corrida e ainda, no aumento de metabolitos sanguíneos e musculares (Numella et all, 1994). Importa referir que estas alterações técnicas se apresentam precisamente como um dos efeitos da fadiga, que se manifesta de maneira diferente nos diversos grupos musculares (Numella et all, 1994; Costa, 1996 citando Costill et all, 1983). De facto Costa refere-nos que Costill e colaboradores no seu trabalho ao determinarem a concentração de ácido láctico e a variação de ph nos músculos vastus lateralis e gastrocnemius, concluíram que existem variações individuais consideráveis entre estes dois grupos musculares e que estas diferenças deveriam ser atribuídas á técnica de corrida e ao tipo de treino prévio dos atletas. Este autor faz ainda referencia ao trabalho de Chapman (1982) que apresenta conclusões semelhantes. 18 APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Os trabalhos de Hirvonen e colaboradores (1992) e Numella e colaboradores (1992; 1994) sugerem que durante os primeiros 100 metros da corrida de 400m, a maior parte da energia produzida provem da degradação de CP muscular. Entre os 100 e os 300m a glucolise anaeróbia apresenta uma grande participação na produção de energia, enquanto que assistimos a uma diminuição da participação da CP muscular. Tal facto acompanha-se de uma diminuição da velocidade de corrida, sendo que nos últimos 100 metros esta chega a ser dramática, indicando que existe uma grande fadiga (Gorostiaga Ayestaran e Santos, 1999). Estes autores sugerem que nesta última fase da corrida existe uma diminuição da capacidade para produzir energia porque provavelmente a concentração muscular de CP se esgota, existindo também um abaixamento da capacidade de restituir ATP por via da glucolise anaeróbia. Desta forma, compreende-se que uma elevada concentração de lactato produzida nos primeiros 300m de corrida possa diminuir drasticamente o ph sanguíneo e inibir a glucolise anaeróbia. Por outro lado, um cansaço das fibras FT leva a que se passe a recrutar fibras do tipo ST (Numella et all, 1994), as quais não produzem a mesma quantidade de trabalho por unidade de tempo. Assim e segundo os mesmos autores, na fase final da corrida verifica-se um aumento da actividade electromiográfica, o qual traduz precisamente um tipo de fadiga de origem muscular e não nervosa ou de falhas ao nível da transmissão neuromuscular. Considerando que estes estudos que temos vindo a referir apresentam, para além das alterações metabólicas, um foco nas alterações técnicas bem como numa menor capacidade de continuar a produzir força (Numella et all, 1994; Costa, 1996), parece que a resistência de força rápida, ou resistência à força elástico-explosiva se apresenta como uma aspecto muito importante para a corrida de 400m. Parece-nos então que o estudo da Resistência à Força elástico-explosiva em corredores de 400m pode fornecer mais algumas pistas no auxilio a uma maior compreensão desta especialidade, quer ao nível das suas exigências quer ao nível da própria Metodologia do Treino. Por outro lado, considerando que nas corridas de velocidade, especialmente na fase lançada, o stifness muscular das pernas é um factor determinante na performance (Vittori, 1996; Chelly e Denis, 2000), interessa-nos saber até que ponto este aspecto é importante para os quatrocentistas. Ainda assim, uma vez que na corrida dos 400m se exige uma passada mais ampla, com possibilidade de total extensão do joelho durante o apoio, ao contrário do 19 APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m que acontece nas corridas de 100 e 200m onde este aspecto é de menor importância (Vonstein, 1996), tal facto solicita uma maior participação dos músculos anteriores da coxa. A solicitação deste grupo muscular acontece quer para a extensão do joelho durante o apoio, quer para a sua elevação na fase de circular à frente da corrida (Simonsen, Thomsen e Klausen, 1985 citados por Hay, 2000). Todas estas considerações enquadram o nosso trabalho, no qual efectuaremos avaliações de diferentes manifestações de força a corredores de 400m. A avaliação da força explosiva e da resistência à força explosiva será realizada através do teste de CMJ e 30"CMJ respectivamente, enquanto que a avaliação da força reactiva ou elásticoexplosivo-reactiva será efectuada através do teste de 15 saltos reactivos. Quaisquer dos testes utilizam como recurso a plataforma de Bosco (marca GLOBUS), sendo realizados dois dias após cada competição de 400m. Neste estudo os objectivos estabelecidos pretendem dar resposta aos seguintes problemas: - Qual a importância do stiffness muscular para os corredores de 400m? - Qual a importância da força elástico-explosiva para os corredores de 400m? - Qual a importância da Resistência á Força elástico-explosiva para os corredores de 400m? - Como se relacionam as diferentes manifestações de força com o rendimento obtido em competição de 400m? Os nossos objectivos são os seguintes: - Identificar as manifestações de força exigidas na corrida dos 400m. - Avaliar o nível de stiffness muscular (força elástico-explosivo-reactiva) em corredores de 400m. - Avaliar o nível de força elástico-explosiva em corredores de 400m. - Avaliar a Resistência à força elástico-explosiva em corredores de 400m. - Determinar a relação entre o stiffness muscular e o resultado na corrida de 400m. - Determinar a relação entre o nível de Força elástico-explosiva e o resultado na corrida de 400m. - Determinar a relação entre a Resistência à Força elástico-explosiva e o resultado na corrida de 400m. - Determinar a variação dos níveis de força elástico-explosivo-reactiva ao longo da época. 20 APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m - Determinar a variação dos níveis de Força elástico-explosiva ao longo da época. - Determinar a variação da Resistência á Força elástico-explosiva ao longo da época. - Estimar o resultado a obter na corrida de 400m em situação de competição. 21 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m III - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1. CARACTERÍSTICAS DA CORRIDA DE 400m A corrida de 400m pode ser caracterizada sob o ponto de vista de um vastíssimo número de critérios. No âmbito científico, considerando os estudos que possam ser feitos na área da Biologia ou da Biomecânica, é habitual fazer-se referência aos aspectos do metabolismo ou da mecânica da corrida. No nosso caso, numa primeira análise, optámos por efectuar uma revisão e caracterização geral desta prova. Depois referência ao seu metabolismo e na sequência, a apresentação desta prova como especialidade de Resistência de curta duração (RCD). Por fim, efectuámos também alguma recolha no que se refere aos aspectos da biomecânica da corrida. 1.1. Características Gerais A corrida de 400m está integrada dentro das corridas de velocidade que compõem o programa olímpico. No entanto, a volta à pista pouco tem a ver com as provas de 100 e 200m, uma vez que pela duração que encerra apresenta algumas características muito diferentes destas duas provas, nomeadamente no que se refere à capacidade física resistência e às ligações que esta estabelece com as capacidades, força e velocidade (Miguel, 2002b). Ainda assim, a velocidade apresenta-se como uma capacidade determinante no resultado desta prova. Segundo Schaefer (1989), a velocidade máxima de competição corresponde a 90% da capacidade individual máxima locomotora. Neste sentido, um atleta que não possua um nível de velocidade máxima bastante elevado, por muito resistente que seja, o seu resultado final estará sempre condicionado. Por outro lado importa considerar um aspecto que se relaciona com a economia de esforço, isto é, quando nos referimos à velocidade máxima de competição devemos considerar um valor muito próximo mas submáximo em relação à máxima velocidade de locomoção do atleta (como sugere o parágrafo anterior). Esta economia consegue-se, como nos sugere Pascua (1998), por um lado à custa de uma acelaração mais longa e fluida (relativamente a uma corrida de 100 e 200m) e de uma boa utilização da força elástico-reflexa ou elástico-explosivo-reactiva. Vittori (1991) identifica como requisitos funcionais para a corrida de 400m: 22 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m - Velocidade – onde se distingue a fase de aceleração e a velocidade máxima; - Força – qualidade necessária para adquirir e manter a velocidade. A força máxima dinâmica e principalmente a força elástico-explosiva são as manifestações que determinam a fase de aceleração. Por sua vez as expressões de força que influenciam a fase de máxima velocidade de corrida são, força elástico-explosiva e elástico-explosiva-reflexa. - Resistência – qualidade necessária para que se possa continuar o esforço apesar da instalação da fadiga. Depende fundamentalmente do sistema energético anaeróbio láctico, dada a intensidade e brevidade do esforço. - Gestão do esforço – o atleta deverá seleccionar uma óptima combinação entre frequência e amplitude de passada por forma a adquirir velocidade de um modo o mais económico possível que lhe possibilite manter o seu ritmo de corrida. Por sua vez, na revista da AEFA (1981) apresentam-se conteúdos de treino para os 400m, com vista ao desenvolvimento de: qualidades físicas gerais (preparação de base), qualidades de resistência, velocidade, preparação física e musculação. Para além da necessidade de desenvolver todas as capacidades condicionais de uma forma harmoniosa, importa perceber que consoante o nível do atleta as exigências poderão apresentar-se de forma diferenciada. Puig (1998) sugere que quanto melhor for o registo de um atleta, maiores serão as exigências de velocidade e de força. Se considerarmos que os melhores especialistas mundiais apresentam tempos na casa dos 45” enquanto que as mulheres andam pelos 50”, parece lógico esperar que para estas a capacidade resistência se apresente com um nível de exigência relativa, ligeiramente superior, ao contrário dos homens para quem esta menor solicitação é compensada com um direccionamento para as capacidades de força e velocidade como acima referimos. Tabela 1- Marcas relativas a Campeonatos Mundiais, Nacionais e Regionais, realizados no ano de 2001 (Fontes: Butler 1999 e 2001, RFEA, FPA, AAS) Nível 400m Masculinos 1º Finalistas Femininos 1º Finalistas Mundial Nacional Espanha Portugal Regional Santarém 44,64 45,15 45,54 47,07 47,15 48,48 51,60 53,84 49,86 50,56 52,87 54,53 56,16 58,42 61,63 65,06 23 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Na tabela 1 podem consultar-se as marcas obtidas nos Campeonatos Mundiais, Nacionais de Espanha e Portugal e, Regionais de Santarém (Portugal) do ano 2001 para atletas masculinos e femininos. Em cada linha apresenta-se o tempo do campeão e a média dos finalistas. Desta forma, se considerarmos que os valores oscilam entre os 44” e 65”, facilmente se poderá deduzir que uma duração tão ampla deverá corresponder a solicitações ligeiramente diferentes, ainda que estejamos a referirmo-nos à mesma prova. Badillo (2000) aquando da apresentação dos modelos de análise do rendimento desportivo, enuncia o modelo evolutivo, o qual parte do pressuposto de que nos níveis de rendimento superior é necessário o contínuo desenvolvimento de determinadas capacidades e a estabilização de outras. Tal facto vem corroborar as anteriores apreciações relativas às exigências diferenciadas para níveis diferenciados. Pese embora muitos dos treinadores se refiram e discutam acerca dos aspectos atrás descritos, tanto quanto nos foi possível pesquisar, apenas Nummela & Rusko (1995) e Nummela et all (1996) apresentaram estudos acerca dos mesmos, onde procuraram saber quais as diferenças entre sexos na potência anaeróbia de corrida (teste MARP), respeitantes, quer à componente metabólica quer à neuromuscular. Sugerem que os factores determinantes para a corrida de 400m possam ser diferentes em homens e em mulheres (e em maior número neles). A economia de corrida em sprint foi encontrada em ambos, indicando que o treino deve focar-se especialmente na forma de corrida. As mulheres terão melhores resultados caso sejam submetidas a programas em que se dê ênfase ao aspecto técnico, enquanto que os homens beneficiarão se cuidarem deste aspecto e ainda de um adequado trabalho e condição física (Nummela & Rusko, 1995). Nummela et all (1996), sugerem que a velocidade máxima, a potência anaeróbia de corrida a 10mmol/l e a diferença entre a potência máxima e o VO2máx. (encontrados com o teste de 30m e MARP) são os aspectos determinantes em corredores homogéneos de 400m. Em alguns estudos com especialistas e não especialistas, também foram encontrados diferentes factores que determinam o resultado. Ohkuwa et all, (1984a) sugerem que para os especialistas em 400m existem outros factores que determinam o resultado neste evento, para além da glucolise anaeróbia. Podem ser a quantidade de ATP e nível de força por secção transversal de músculo. Por sua vez Ohkuwa & 24 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Miyamura (1984b), comparando sprinters e meio-fundistas concluíram que o pico máximo de concentração de lactato pode ser um indicador útil da capacidade anaeróbia para os segundos mas não para os primeiros. Schaefer (1989) considera a corrida de 400m como uma prova de sprint prolongado, uma vez que se observarmos o gráfico da curva de velocidade temos uma fase de aceleração, uma de velocidade máxima e uma de diminuição contínua da velocidade. O rendimento obtido pelos atletas diferencia-se pela maior ou menor velocidade obtida em todos os trajectos da corrida. Segundo o mesmo autor, a curva de velocidade na corrida dos 400m é determinada essencialmente devido às alterações metabólicas, ou seja a fase de aceleração e máxima velocidade são asseguradas pela obtenção de energia a partir da fonte anaeróbia aláctica, enquanto que a fonte anaeróbia láctica assegura a resistência de velocidade motora. Estas alterações metabólicas e respectiva influência nas capacidades de produzir força e/ou de manter a mesma velocidade têm sido confirmadas por diversos estudos (Hirvonen et all, 1992; Numella et all, 1992 e 1994; Arcelli, 1995 e 1999; Lacour, 1990). Já no que se refere aos efeitos da fadiga na corrida, observados especialmente na fase final da prova, também alguns autores estudaram as alterações mecânicas e respectiva perca de velocidade. Costa (1996) foi um desses autores, e refere-se aos trabalhos de Bates e Osterning (1977), Chapman (1982), Sprague e Mann (1983), Tupa e colaboradores (1984), Mero e colaboradores (1988), Ae e colaboradores (1989) e Costa (1991 e 1992). Como já referimos no ponto 1.4. iremos analisar estes aspectos com o pormenor que se lhes exige. 25 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m 1.2. Metabolismo A ressíntese das moléculas de ATP requer utilização de energia proveniente de vários sistemas energéticos: Sistema ATP-Cp Sistema Glucolítico Sistema Oxidativo (oxidação de HC e lípidos) Durante o exercício exaustivo, a contribuição relativa destes três sistemas energéticos, é determinada pela duração da actividade (Hill, 1999). Estes sistemas não operam de forma independente no exercício, trabalhando de forma unida com vista à ressíntesse do ATP para fazer frente às necessidades energéticas do músculo (Green, 1995). Durante muitos anos, a maioria dos manuais sugeriam que, nas corridas como os 400m, com uma duração total inferior a 1 minuto, o sistema anaeróbio (ATP-CP e glucolise) poderiam fornecer até 70 a 80% do custo energético total, com apenas 20 a 30% vindo da fonte aeróbia (e.g. Astrand e Rodahl, 1977; Newshome et all, 1992; Foss e Ketevyan, 1998 citados por Hill, 1999). Das consultas que fizemos podemos concluir que a grande maioria dos autores apresenta valores próximos dos acima referidos. Em alguns estudos é apresentada a contribuição percentual aproximada dos sistemas energéticos solicitados (tabela dois). Tabela 2 - Contribuição percentual dos sistemas energéticos solicitados na prova de 400m Fontes Autor (es) 13.9% ATPCP 63.3% glicólise anaeróbia 23.8% glicólise aeróbia Arcelli (1999) 15% ATP-CP 55% glicólise anaeróbia 30% glicólise aeróbia Arcelli (1995 a partir de Lacour, 1990) 6% ATP-CP 50% glicólise anaeróbia 44% glucolise aeróbia Newsholme et all (1992) citado por McArdle et all (1998) 20% glicólise aeróbia Fox & Mattews´s (1983) 80% ATP-CP + glicólise anaeróbia 26 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Outros autores apresentam apenas valores em termos da contribuição da fracção aeróbia e anaeróbia (tabela três). Tabela 3 - Percentagem da participação da fracção aeróbia e anaeróbia na corrida de 400m Fontes Autor (es) 75% anaeróbio 25% aeróbio Suslow (1971, citado por Zintl 1991) 92% déficit de O2 4 8% consumo O25 Zaciorskij (1972, citado por Zintl 1991) 62% (± 4) anaeróbio ♀ 38% aeróbio Hill (1999) 63% (± 5) anaeróbio ♂ 37% aeróbio Hill (1999) 76,5% anaeróbio láctico ♀ 26,6% aeróbio Arcelli (1976 e1995) 73,4% anaeróbio láctico ♂ 23,5% aeróbio Arcelli (1976 e1995) 75% anaeróbio 25% aeróbio Newsholme et all (1992, citados por Hill, 1999) 70% anaeróbio 30% aeróbio Astrand e Rodahl (1977, citados por Hill, 1999) 72% anaeróbio 28% aeróbio Lacour et all (1990, citados por Hill, 1999) 90 a 95% anaeróbio 5 a 10% aeróbio Stephan (1986, citado por Reis 1997) 77,5% anaeróbio 22,5% aeróbio Reis (1997) 57% anaeróbio 43% (± 1) % aeróbio Spencer & Gastin (2001) 56% (± 2) anaeróbio 44% (± 2) aeróbio Medbo & Serjested (1985, citados por G. Ayestaran e Santos, 1999) 80% anaeróbio 20% aeróbio Weineck (1986, citado por Reis 1997) 75 a 85% anaeróbio 15 a 25% aeróbio Black (1988, citado por Reis 1997 e Coelho & Reis, 1995) 63% anaeróbio 37% aeróbio Spencer et all (1988, citados por Hill, 1999) 30 a 36% anaeróbio 64 a 70% aeróbio Weyand et all (1988, citados por Hill, 1999 e G. Ayestaran & Santos, 1999 ) 82% anaeróbio 18% aeróbio Foss e Keteyian (1988, cit. p Hill, 1999) 4 5 Correspondente á energia obtida pela via anaeróbia Correspondente á energia obtida pela via aeróbia 27 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Ainda que grande parte da energia conseguida para esta prova provenha da via anaeróbia, a partir dos quadros dois e três podemos também verificar que existe uma grande dispersão, no que respeita aos valores encontrados pelos diferentes autores em outros tantos estudos. Ayestaran & Santos (1999) numa análise à literatura sobre este tema em geral e mais concrectamente no que respeita à utilização muscular de ATP, CP, glucogénio e produção de lactato, sugerem que a grande variabilidade de valores encontrados para este último factor, pode explicar-se por uma ou várias das seguintes razões: - Diferenças metodológicas, uma vez que existem diferenças entre estudos no que se refere ao lugar de extracção da amostra e sua posterior análise; - Especialistas – os resultados encontrados em especialistas relativamente a desportistas de outras especialidades ou sedentários, são diferentes, uma vez que aqueles atletas conseguem valores superiores; - Nível dos atletas - Especialistas de Alto Rendimento conseguem geralmente valores superiores; - Tipo de testes realizado – se verificarmos valores de competição com valores de treino ou de teste em laboratório, os da primeira situação são muito mais elevados. Por seu turno Spencer & Gastin (2001), sugerem que poucos são os estudos que simulam o esforço em situação específica, quer para eventos de corrida quer para testes realizados com cicloergómetros. Por esse facto realizaram o seu estudo envolvendo atletas corredores de elite, de 200 a 1500m, em que cada grupo de atletas realizava apenas os testes para o seu evento. Ou seja, encontraram a contribuição das porções aeróbia e anaeróbia, para a corrida de 200m em corredores de 200m, para a corrida de 400m em corredores de 400m, bem como para as corridas de 800m e 1500m. Nummela e Rusko (1995) em testes de corrida supramaxima realizados em treadmill, verificaram que para um tempo de esforço semelhante (49,5seg.), atletas especialistas de 400m e meio-fundistas, obtinham contribuições diferenciadas das porções aeróbia e anaeróbia. A contribuição aeróbia para corredores de 400m foi de 37,1%, enquanto que os meio-fundistas conseguiram um valor de 45,6%. Pelo exposto, parece resultar que as provas utilizadas para determinar o potencial de energia apresentam algumas limitações. Relativamente a este assunto Green (1995), sugere que para além das provas anaeróbias lácticas e alácticas estarem baseadas em critérios de rendimento (trabalho realizado por unidade de tempo nas 28 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m provas de potência anaeróbia e trabalho total realizado nas provas de capacidade anaeróbia), e de esse rendimento observado estar limitado por um determinado sistema energético, sendo que no caso da potência aláctica tenta calcular-se o ritmo a que o CP pode ser hidrolizado e no caso da potência anaeróbia láctica o objectivo é o de calcular o ritmo a que o ATP pode ser regenerado por via da glucólise anaeróbia. Sugere o mesmo autor, que apesar de em termos teóricos estas suposições serem muito convenientes, não existem em termos científicos provas suficientes de que efectivamente as coisas se passem assim. Para além do sistema energético que está a ser posto á prova, existem outros aspectos que determinam o resultado e as possibilidades de o músculo poder trabalhar, entenda-se contrair e descontrair, da forma mais eficaz possível. Neste sentido se considerarmos os aspectos da coordenação motora e técnica de corrida, da progressão da fadiga com respectivas anomalias centrais e periféricas, da correspondente dificuldade em manter os processos de excitação e contracção muscular, e por outro lado o facto de atletas com diferentes níveis de performance, com tempos para percorrer a distância de 400m desde o record mundial de 43.18 até aos 60 segundos, é fácil perceber que estas poderão ser algumas das razões pelas quais os diferentes estudos acerca do metabolismo da referida corrida apresentam valores tão dispersos. Os valores apresentados correspondem a estudos efectuados com atletas de nível diferenciado, desde universitários, a atletas especialistas na referida prova, passando por selecções de países até ao trabalho de Arcelli (1999) acerca do record mundial conseguido por Michael Jonhson (Figura1). Neste estudo, o autor sugere que supondo que o atleta atingia uma concentração de lactato sanguíneo de 28 mmol/l, o consumo energético para a prova seria repartido da seguinte forma: 13,9 – 65,7 e 20,4% para as fontes aláctica, láctica e aeróbia respectivamente. Por sua vez, caso o atleta tivesse uma concentração de lactato sanguíneo de 27 mmol/l, o consumo energético apresentar-se-ia da seguinte forma: 13,9 – 63,3 e 22,8% para as mesmas fontes. O autor apresenta a hipótese do atleta conseguir estes valores de lactatémia, tendo como referência um estudo que envolveu a recordista mundial feminina, com um valor de 27 milimol por litro (Lacour et all, 1990). 29 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m ml/kg/min 100 ALÁCTICO 150 LÁCTICO 50 AERÓBIO seg. Figura 1 - 10 20 30 40 Consumo Energético na corrida de 400m referente ao recorde Mundial de Michael Johnson (a partir de Arcelli 1999) De facto, a concentração máxima de lactato no sangue parece ser uma condição necessária para conseguir bons resultados nesta competição, pese embora por si só não produz nenhum aumento de rendimento (Schaefer , 1989), uma vez que atletas com rendimentos muito dispares, após uma competição, poderão ter níveis de concentração de lactato sanguíneo muito próximos. Ainda assim, para Alejandro e colaboradores (2001), a relação encontrada entre a concentração de lactato e a manutenção da velocidade numa corrida de 400m, confere-nos um meio mais preciso de estudar a capacidade anaeróbia dos atletas, do que qualquer teste de laboratório. Lacour e colaboradores (1990) também encontraram, em especialistas de alto nível (homens e mulheres), uma relação entre o lactato sanguíneo alcançado e a sua performance relativa. Sugerem que só em competições de elevado nível (neste caso encontros internacionais) é possível os atletas explorarem o seu potencial, sendo que com os testes de laboratório não é possível determinar diferenças entre estes grupos tão homogéneos. Desta feita e continuando esta revisão a estudos com os melhores especialistas mundiais, Arcelli (1995) refere-se precisamente ao facto destes atletas conseguirem, em provas de 400m, uma contribuição do mecanismo anaeróbio aláctico de pelo menos 30 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m 18% das despesas energéticas totais da corrida. Este autor extrapola/sugere esta percentagem a partir dos estudos de Serresse e colaboradores (1988), onde calcularam o contributo dos principais mecanismos energéticos para esforços de 10, 30 e 90” de duração. Hirvonen e colaboradores (1992) sugerem que durante os primeiros 100m da corrida de 400m a maior parte da energia produzida provem da degradação de CP muscular (Figura 2). Por sua vez, Arcelli (1995) sugere que o mecanismo anaeróbio aláctico possa intervir massivamente no primeiro terço da corrida. Entre os 100 e os 300m a glucólise anaeróbia tem uma grande participação na produção de energia, enquanto que a participação de CP muscular se reduz. Tal facto é acompanhado por uma diminuição de velocidade de deslocamento. Nos últimos 100m de corrida esta diminuição de velocidade é ainda mais dramática, indicando que existe uma grande fadiga. Segundo os referidos autores, esta diminuição da capacidade de produzir energia acontece provavelmente por se esgotar a concentração de CP e por diminuir a capacidade de produzir ATP pela via da glucólise anaeróbia, visto que a concentração mmol/kg de lactato muscular aumenta também substancialmente (Figura 3). 22 CP 20 ATP 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 0 100 200 300 400 Distâcia (m) 8 Rec (min) Figura 2 – Variação da concentração de ATP e CP muscular ao longo da corrida de 400m (Modificado a partir de Hirvonen et all, 1992) Hirvonen e colaboradores (1992) crêem que provavelmente a diminuição da capacidade de produzir ATP nos últimos metros de corrida se possa dever a: 31 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m grande acumulação de lactato muscular que se produz nos primeiros 300m de corrida e se acompanha por um abaixamento do ph muscular (acidez) que inibe parcialmente a glicólise anaeróbia; - aumento do recrutamento de fibras ST, devido ao facto de as fibras FT se terem fatigado, sendo que as primeiras não produzem a mesma quantidade de trabalho por unidade de tempo. mmol/l (Bla) mmol/kg (Mla) mla bla 22 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 0 100 200 300 400 Distâcia (m) 10 20 30 Rec (min) Figura 3 - Variação da concentração de Lactato muscular e sanguíneo ao longo da corrida de 400m (Modificado a partir de Hirvonen et all, 1992) 1.2.1. Contribuição das porções aeróbia e anaeróbia na corrida de 400m Como já referimos, vários são os estudos que se referem à contribuição da porção aeróbia e anaeróbia para a corrida dos 400m. Geralmente nestes estudos, não é apresentada a percentagem de contribuição do sistema anaeróbio aláctico e láctico, referem-se antes ao metabolismo anaeróbio no seu todo, utilizando para tal o recurso a métodos não invasivos (Gastin, 1994). A participação da porção aeróbia é traduzida pelo consumo de Oxigénio enquanto que o cálculo do déficit máximo de oxigénio acumulado permite saber qual a contribuição do metabolismo anaeróbio num determinado esforço, sendo que esta quantidade ou este déficit corresponde ao O2 adicional que haveria de se consumir para evitar a participação do metabolismo anaeróbio (G. Ayestaran & Calbet, 2001). 32 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Reis (1997) no seu trabalho de determinação do Déficit de Oxigénio acumulado em corredores de 400m apresenta-nos a contribuição da porção aeróbia e anaeróbia ao longo da prova (Figura 4) e em diferentes momentos da época (Setembro/Outubro – inicio de época e Abril do ano seguinte - véspera do período competitivo). Para além dos atletas melhorarem no segundo teste, verificou ainda que: - Na parte inicial da época desportiva os atletas utilizam maior percentagem de energia da fonte aeróbia relativamente ao mesmo teste realizado na véspera do período competitivo; - O perfil metabólico de esforço no inicio da época desportiva, alterou-se substancialmente a partir dos 30 segundos; - No segundo teste, o perfil metabólico de esforço mantém-se praticamente constante ao longo da prova; - O Déficit máximo de Oxigénio não se correlacionou com a velocidade média nos 400m nem com a concentração máxima de lactato. Variação da Energia durante a prova de 400m 100% 80% E Aeróbia 60% E Anaeróbia 40% 20% 0% 00:00,0 Figura 4 – 0:00:15 0:00:30 0:00:45 0:00:54,2 Tempo (seg) Variação da contribuição de energia ao longo da corrida dos 400m (Modificado a partir de Reis, 1997) Refira-se no entanto que Heugas e Brisswalter (2000) sugerem que o MAOD não é um teste adequado para determinar a capacidade anaeróbia a corredores de elite de 400m, uma vez que embora melhorando a performance em competição ao longo da época, os resultados obtidos no referido teste não sofreram alterações significativas. Observaram sim, uma grande variabilidade intra-sujeito. 33 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m 1.3. Corrida de 400m como especialidade de RDC A Corrida dos 400m pela duração e exigências que apresenta, bem como pelo facto de a capacidade física resistência se apresentar como factor determinante no rendimento competitivo, é uma prova classificada por alguns autores como sendo de Resistência de Curta Duração (Navarro,1999 e 2000; Zintl,1991). Navarro (2000) cita vários autores (Harre, 1987; Neuman, 1990; Zintl, 1991) que classificam como disciplinas desportivas de Resistência de curta duração (RCD) todas as actividades que se situem num espaço temporal que medeia entre os 35” e os 2 minutos, para as quais a intensidade da carga deve ser máxima, à duração de cada esforço. Segundo Zintl (1991), nas Especialidades de RCD é necessário resistir à fadiga em cargas a velocidade submáxima, pese embora a velocidade do movimento seja elevada, bem como aos níveis de força que se aplicam. Os critérios mais característicos da RDC são os que podemos observar na tabela quatro. Tabela 4 - Critérios da RDC (modificado a partir de Zintl, 1991 e Navarro, 1999) RDC Critério Duração da carga 35" - 2` % de VO2 máx. 100 Lactato, mmol/l 10 – 22 Substrato energético principal Glucogénio e Fosfatos Vía energética predominante Anaeróbio Relativamente à prova de 400m, temos que: - pode durar entre 43 e 65 segundos (ver tabela 1); - Se atingem valores de VO2 máximo sempre superiores a 100% - 138 e 171; 154; e 147 % (G. Ayestaran & Santos, 1999 citando Medbo & Sejersted, 1985; Olesen e cols., 1994; Withers e cols, 1991), - Se atingem valores de lactatémia de 15,4 (Reis, 1997) a 24,9 (Kinderman & Keul, 1977 citados por L. Miñarro e cols, 2000), - Apresenta como substratos energéticos principais o glicogénio e CP (Hirvonen e cols, 1992) e, 34 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m A fonte energética predominante é a anaeróbia (ver tabela 2). Neste sentido, os estudos referidos confirmam a possibilidade de incluir a corrida de 400m nos critérios de classificação de Zintl e Navarro, referidos no quadro quatro. Os mesmos autores apresentam como factores determinantes da RDC, os que se podem observar na tabela cinco. Tabela 5 - Factores determinantes da RDC (modificado a partir de Zintl, 1991 e Navarro, 1999) Sist. energético Anaeróbio Factores Capacidade de dispor de muita energia /unidade de tempo (dependente dos depósitos de fosfatos e da actividade das enzimas glicólise anaeróbia) Capacidade de produzir lactato (Potência láctica) Capacidade de tamponamento (atrasar a hiperacidez) Melhoria da tolerância à acidez Aeróbio Capacidade aeróbia (Regulação da produção/ eliminação de lactato; melhoria da eliminação de substratos e resíduos metabólicos) Os autores consideram ainda outros factores como sejam, o nível de força ou velocidade dentro da técnica motriz, no nosso caso a corrida. Estes aspectos serão tratados mais adiante (ver pontos 1.4. e 2.2.). O quadro cinco e o parágrafo anterior referem os principais factores de rendimento, de uma forma geral, para as especialidades de RCD. De facto no caso do atletismo também as corridas de 800m se podem incluir nesta classificação e apresentam diferenças consideráveis relativamente às provas de 400m. 1.3.1. Factores fisiológicos que determinam o rendimento em corridas de 400m Neste sentido e por forma a que possamos ser mais precisos, passemos a referir os conceitos relacionados com o potencial energético que estão subjacentes ao quadro apresentado, e que se enquadram dentro dos factores fisiológicos que determinam o rendimento em corridas de 400m, são eles: - Capacidade Anaeróbia aláctica - Potência anaeróbia láctica 35 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - Capacidade Anaeróbia láctica - Potência e Capacidade Aeróbia Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Como já referimos anteriormente a Capacidade refere-se à quantidade total de energia disponível, enquanto que a quantidade total de energia gerada por unidade de tempo denomina-se Potência, e diz respeito à intensidade máxima alcançada por esse sistema energético (Green, 1995). Neste sentido, a Capacidade Anaeróbia aláctica é a quantidade total de ATP que pode ser restituída por via do sistema ATP-CP, a qual segundo Green (1995) e Treviño & Hill (2001) reflecte os depósitos de fosfocreatina. A Potência anaeróbia láctica diz respeito ao ritmo a que o ATP pode ser regenerado por via da glucólise anaeróbia, enquanto que a capacidade láctica é a quantidade total de energia que pode ser gerada por via da referida fonte. Quanto à Potência e Capacidade aeróbia, a primeira é caracterizada pelo Consumo máximo de Oxigénio (VO2 máx.) que corresponde ao ritmo com que o metabolismo aeróbio fornece energia (Thoden, 1995), ou seja é a capacidade de produzir energia aeróbia a uma taxa elevada (Bangsbo et all, 1993 citado por Colaço, 1999). Por sua vez, e pelo exposto anteriormente, podemos considerar a Capacidade aeróbia como quantidade total de energia disponível obtida a partir do metabolismo aeróbio. Relativamente à importância do metabolismo aeróbio, não obstante a maior participação do metabolismo anaeróbio, não pode ser menosprezada neste tipo de esforços como vimos anteriormente. Newsholme (1986) considera que existem duas vantagens de se produzir energia de origem aeróbia numa corrida de 400m: 1) a produção de ATP é mais eficiente, porque se utiliza menos glucogénio (4,6g de glicogénio por cada mole de ATP quando se produz energia por via do metabolismo aeróbio, em vez de 60g de glucogénio para cada mole de ATP aquando do metabolismo anaeróbio), e 2) o mais importante provavelmente, porque quando se proporciona mais oxigénio ao músculo durante o exercício, o caudal de sangue desse mesmo músculo deve aumentar, e isto permite que os iões de hidrogénio produzidos junto ao lactato possam libertar-se desde o músculo para o sangue e aí metabolizar-se noutros tecidos. Esta capacidade de remoção do lactato é tanto melhor quanto maior for a densidade mitocondrial e a actividade das enzimas oxidativas (Donovan et all, 1989 e 1990 citados por Carter & Oosthuyse, 1999). 36 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Para muitos Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m autores a performance na corrida de 400m depende fundamentalmente da energia fornecida pela Capacidade anaeróbia (Lacour, 1989; Péronnet e Thibault , 1989; citados por Heugas e Brisswalter, 2000). Reis (1997) entende a Capacidade Anaeróbia como a sustentação durante o maior período de tempo possível, de um esforço de potência inferior à máxima. Para este autor, este parâmetro é vulgarmente indicado como principal limitador do rendimento em provas de 400m (Coelho e Reis, 1995). Para Medbo (1990), a Capacidade anaeróbia diz respeito à quantidade total de Como podemos verificar, para um mesmo termo, diferentes autores sugerem diferentes definições. Referindo-se a uma revisão efectuada por Green, G. Ayestaran & Calbet (2001, citando Green, 1994) apresentam as definições que podem ser consultadas na tabela seis: Tabela 6 - Definições de Capacidade Anaeróbia (criado a partir de G. Ayestaran & Calbet, 2001) Definição Autor A Capacidade anaeróbia do músculo pode ser medida a partir da determinação Westra e Cols (1976, da taxa de produção de lactato. citado por Green, 1994) Quantidade de ácido láctico formado durante a actividade até ao esgotamento. Bennett (1978) Capacidade do metabolismo glucolítico e da máxima produção de ácido Berg e cols (1989, citado láctico para alcançar o limite superior após os primeiros segundos de por Green, 1994) exercício. Este mecanismo vem determinado pela taxa glucolítica máxima. A Capacidade Anaeróbia é a quantidade total de energia fornecida pelos Pate e cols (1983) sistemas metabólicos anaeróbios, durante o esforço extenuante de curta duração. A Capacidade Anaeróbia do organismo constitui o sistema chave responsável Mackova e cols (1985) pela libertação de energia em actividades desportivas de duração igual ou inferior a 120 segundos, efectuados a intensidades óptimas ou muito próximas da máxima6. A Capacidade Anaeróbia é a quantidade máxima de ATP formado pelos Medbo e cols (1988) processos anaeróbios (hidrólise da fosfocreatina e produção de lactato) durante o exercício. Habilidade para gerar uma carga ácida7. Walsh e Milligan (1989) O termo Capacidade Anaeróbia, com as suas componentes Potência anaeróbia Szogy (1989) máxima e Resistência anaeróbia, é definido como a habilidade para efectuar esforços máximos de curta duração, em condições de déficit de oxigénio. A Capacidade Anaeróbia máxima é a máxima quantidade de energia fornecida Camus e Thys (1991) pelo metabolismo anaeróbio. 6 Pese embora, hoje se considere que o sistema energético que contribui em maior quantidade para a despesa energética, em esforços que produzem o esgotamento acima de 1 minuto, é o sistema aeróbio (Medbo e cols, 1988 citado por G. Ayestaran & Calbet, 2001) 7 Para G. Ayestaran & Calbet (2001) não é claro se habilidade significa “potencia “ ou “Capacidade”, pelo que consideram esta definição muito pouco esclarecedora. 37 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Para aqueles dois autores, as definições constantes no quadro seis fazem uso profuso do termo “anaeróbio”. O metabolismo anaeróbio abarca todos aqueles processos que permitem a ressíntesse do ATP em ausência de Oxigénio (G. Ayestaran & Calbet, 2001). Referem ainda os mesmos autores, que no contexto da Fisiologia do Exercício o termo Potência reserva-se à velocidade à qual se realiza o trabalho, enquanto que o termo capacidade tem o significado de trabalho total efectuado independentemente do tempo investido para levá-lo a cabo. Um erro excessivamente frequente consiste em equivaler o trabalho total realizado durante um esforço que produz o esgotamento em pouco tempo (30 segundos a 2-3 minutos) com a capacidade anaeróbia, quando uma parte importante da energia necessária para efectuar esse esforço procede também do metabolismo aeróbio. Posto isto, os autores sugerem a seguinte definição: “A capacidade anaeróbia é a quantidade máxima de ATP ressintetizada pelo metabolismo anaeróbio (da totalidade do organismo) durante um tipo específico de esforço máximo, de curta duração” (G. Ayestaran & Calbet, 2001, citando Green, 1994; Gastin, 1994, citando Medbo, 1988). Por outro lado, devemos efectuar também uma diferenciação entre capacidade anaeróbia e capacidade de trabalho anaeróbio. A capacidade de trabalho anaeróbio deve ser definida como: “a quantidade de trabalho mecânico externo (ou seja medido num ergómetro) efectuado durante um tipo específico de exercício extenuante, de suficiente duração para requerer um aporte de ATP por parte do metabolismo anaeróbio, máximo (ou quase máximo), sempre e quando o fornecimento de ATP por parte do metabolismo anaeróbio seja superior ao aeróbio” (G. Ayestaran & Calbet, 2001, citando Green, 1994; Gastin, 1994). Quanto à Potência anaeróbia, sugerem que é “a velocidade máxima à qual o metabolismo anaeróbio (da totalidade do organismo) pode resintetizar ATP, durante um esforço máximo de curta duração” (G. Ayestaran & Calbet, 2001, citando Green, 1994). Para Medbo e Burgers (1990), existe uma relação próxima entre uma elevada Capacidade anaeróbia e um elevado ritmo de produção de energia anaeróbia (Potência), ainda que sejam conceitos diferentes. A Potência anaeróbia aláctica vem determinada pela velocidade máxima com que a miosina ATPasa é capaz de hidrolizar ATP “in vivo”. Uma vez que a velocidade 38 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m de fornecimento da de ATP por parte da reacção da CK é superior à máxima actividade da miosina ATPasa, a expressão mecânica da potência anaeróbia aláctica só se manifesta naqueles esforços que reunam condições óptimas de velocidade e resistência para que se possa alcançar a potência mecânica máxima (G. Ayestaran & Calbet, 2001). Por sua vez a Potência anaeróbia láctica, segundo os mesmos autores, depende da actividade da fosofofructoquinasa (PFK), que provavelmente alcança a sua máxima actividade entre os 10 e os 30 segundos de esforço, devido ao aumento da temperatura e à acumulação de metabolitos estimulantes da PFK. Também Arcelli (1995), sugere que uma potência láctica elevada só é conseguida à custa de um elevado trabalho das enzimas glicolíticas. Associado com os conceitos de potência e capacidade láctica, este autor apresenta os componentes do metabolismo láctico. Divide-os em: Componentes lácticos internos à fibra muscular, outros componentes – periféricos e, componentes lácticos centrais. Relativamente aos que podem interferir na prova de 400m apresenta os que se podem consultar na tabela sete. Tabela 7 - Componentes do metabolismo láctico que interferem na corrida de 400m (Modificado a partir de Arcelli, 1995) Componentes internos (na fibra muscular) Elevada capacidade tampão Baixo valor de “ph crítico” Capacidade de trabalho com elevadas concentrações de lactato Outros componentes – periféricos Tamponamento da parte muscular Chegados a este ponto podemos perceber algumas considerações da Metodologia de Treino utilizada para esta prova. Lisowski (2001), sugere que é necessária a determinação de uma terminologia de esforço. Tal como vimos anteriormente, uma subdivisão dos esforços em Aeróbios e Anaeróbios e estes por sua vez, em Anaeróbio glucolítico e fosfagénio. Todos estes esforços podem trabalhar-se em regime de máxima intensidade, i.e. potência, e de duração – capacidade. Neste sentido, para este autor a maioria dos conteúdos de treino para os 400m devem apresentar-se sob a forma de potência e capacidade glucolítica (figura 5). 39 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Figura 5 – Contribuição das fontes energéticas para esforços de diferente duração e possibilidades de utilização em regime de capacidade e potência (Adaptado de Navarro, 1999) Outros autores, sugerem ainda que os conteúdos de treino possam ser orientados para a eficiência, ou seja para a economia de esforço, sendo que o objectivo é o de consumir menos energia perante uma determinada intensidade (Garcia Verdugo, 1997; Navarro, 1999). Esta eficiência pode ser conseguida à custa de uma óptima técnica de corrida ou da salvaguarda de energia, entenda-se da sua melhor utilização possível ou ainda de um adequado aproveitamento da sua conversão, nomeadamente de energia metabólica/química a mecânica (Arellano, 2000). Para o autor esta conversão é tanto mais eficiente quanto melhor for o trabalho executado pelo sistema nervoso, no que toca às questões relacionadas com o controlo motor. Com efeito, alguns autores referem-se este aspecto como economia de corrida, termo que traduz os custos em termos de consumo de Oxigénio de uma determinada velocidade de corrida (Lacour et all, 1990a; Kyröläinen et all, 2001; Heise & Martin, 2001). Pese embora para o nosso caso nos interesse mais a economia de sprint, termo proposto por Rusko e colaboradores (1993) o qual assenta na ideia de que quanto maior for a velocidade alcançada para um 40 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m determinado nível submáximo de lactato, melhor é a economia e técnica de um determinado sprinter. Pudemos então resumir os factores fisiológicos decisivos para a corrida de 400m como apresentamos seguidamente (Miguel, 2001): - Capacidade Anaeróbia Aláctica - dispor de um grande número de depósitos de fosfatos para atrasar a entrada da via anaeróbia láctica e assim mobilizar esta fonte de alta energia; - Potência Anaeróbia Láctica - a fim de continuar a dispor de muita energia por unidade de tempo, sendo que para tal é necessário - acumular e conseguir tolerar uma elevada concentração de lactato continuando o esforço); - Capacidade Anaeróbia Láctica – assume maior importância nas mulheres ou em atletas de menor qualificação (Puig, 1998), uma vez que a maior duração da prova exige que, apesar da contínua produção de lactato se consiga atrasar a hiperacidez. 41 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m 1.4. Biomecânica da Corrida Pese embora a existência de diversos estudos biomecânicos em corridas de velocidade, grande parte destes são realizados com atletas de 100 e 200m. A maioria dos estudos desta área realizados com quatrocentistas referem-se essencialmente aos efeitos da fadiga e respectivas alterações na técnica de corrida e na capacidade de produzir força (Hirvonen et all, 1992; Numella et all, 1994; Costa, 1996). Desta forma, julgamos oportuno efectuar uma análise à corrida de velocidade em geral e posteriormente, aos efeitos que a fadiga produz nos diferentes parâmetros ou factores biomecânicos apresentados por alguns autores. Na análise da corrida deverá considerar-se a sua estrutura dinâmica e cinemática dividida em duas grandes fases, uma Fase de Apoio: durante a qual as forças interiores actuam sobre o solo, daí resultando uma reacção projectiva igual e de sentido contrário (lei acção-reacção ou 3º lei de Newton); e uma Fase de suspensão: durante a trajectória aérea, o Centro de Gravidade (CG) do corpo do atleta descreve uma parábola e eleva-se até determinada altura. Estas duas grandes fases geralmente subdividem-se em: apoio à frente, impulsão, recuperação (circular atrás) e balanço (circular à frente). A partir de uma recente consulta acerca da actividade electromiográfica na corrida de velocidade (Mero et all, 1992; Jonhansen et all, 1996; Mero & Komy 1987; Vonstein, 1996, citados por Miguel, 2000), podemos referir que a actividade EMG em sprints realizados a diferentes velocidades sugere o seguinte: - Com o incremento de velocidade verifica-se um aumento da tensão muscular no final da fase que precede o contacto (pré-tensão); - Esta pré-tensão está correlacionada com a força do apoio á frente (amortecimento); - Esta pré-tensão é necessária para aumentar o stiffness, tendo desta forma uma fase de amortecimento mais eficaz; - Após a fase de impulso existe uma diminuição do EMG. Também segundo os mesmos autores, numa análise à actividade muscular do trem inferior em corrida á máxima velocidade, podem constatar-se os seguintes comportamentos: 42 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Os hamstrings e gluteos mostram actividades similares em termos dos picos EMG durante o apoio, sendo que a sua actividade nesta fase é determinante a fim de assegurar uma adequada tracção/ acção tipo griffé (Coh et all, 1999); - O quadricipede apresenta dois picos de actividade (um no meio da fase de apoio e o outro na fase de balanço à frente); - O Tibial anterior apresenta dois picos de actividade (um no inicio da fase de recuperação e o outro imediatamente antes da fase de apoio à frente amortecimento); - Os gémeos apresentam o seu pico máximo de actividade na parte final da impulsão. Por sua vez, Simonsen et all (1985, citados por Hay, 2000) apresentam uma proposta de análise do ciclo de corrida, a fim de descrever as acções da perna direita, mas dividida nas seguintes quatro fases: suporte, recuperação inicial, fase média da recuperação, final da recuperação. Desta forma, podemos apresentar os principais músculos envolvidos na corrida e respectivas acções agonistas e antagonistas - Apoio à frente - Esta fase realiza-se à custa dos músculos antigravíticos, mediante o estiramento dos extensores da articulação do pé, perna e coxo-femural (cadera). Estes músculos trabalham de forma excêntrica, tendo uma acção agonista enquanto que os músculos flexores das referidas articulações funcionam como antagonistas. Ou seja nas articulações do pé, joelho/rodilla e coxa/ cadera temos: Agonistas: gémeos e solhear; quadricipede; e posteriores da coxa. Antagonistas: tibial anterior; posteriores da coxa e quadricipede. - Impulsão - Esta fase realiza-se à custa dos músculos flexores plantares, solhear e gémeos (na extensão do pé) e dos posteriores da coxa e glúteos na extensão total do membro inferior sobre o tronco. Os glúteos e músculos profundos da bacia têm uma acção muito importante na colocação da bacia (que na corrida de velocidade deverá ser em retroversão a fim de permitir um bom trabalho na fase seguinte - do circular à frente). Temos então nas articulações do pé, joelho/rodilla e coxa/ cadera: Agonistas: gémeos e solhear; quadricipede8; e glúteos e posteriores da coxa. Antagonistas: tibial anterior; posteriores da coxa e quadricipede. - Recuperação (circular atrás) - É realizado essencialmente pelos músculos flexores do joelho/rodilla, logo temos: 8 O trabalho deste músculo é o menos importante, uma vez que o trabalho a realizar é de tracção- mais à custa da acção do pé e extenção da articulação da bacia. 43 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Agonistas: posteriores da coxa. Antagonistas: quadricipede. - Balanço (circular á frente) - É realizado essencialmente pelos músculos flexores da bacia/cadera (onde os gémeos têm também uma acção muito importante de manter o pé em pré-tensão a fim de preparar a fase seguinte), logo temos: Agonistas: psoas iliaco e quadricipede (com acção muito importante do costureiro). Antagonistas: posteriores da coxa. Ainda que as considerações anteriores possam servir para todas as corridas de velocidade, não nos podemos esquecer que na prova de 400m é aconselhável, para além de uma gestão da energia e de um ritmo uniforme ao longo da prova (Hart, 1999; Vittori, 1991), uma corrida o mais eficiente possível. Tal facto leva a que a estrutura da corrida se apresente de forma ligeiramente diferente relativamente às corridas curtas. Com efeito, as principais alterações técnicas verificam-se na parte final da corrida devido aos efeitos da fadiga, a qual se manifesta de maneira diferente nos diversos grupos musculares (Numella et all, 1994; Costa, 1996 citando Costill et all, 1983). De facto, Costa refere-nos que Costill e colaboradores no seu trabalho ao determinarem a concentração de ácido láctico e a variação de ph nos músculos vastus lateralis e gastrocnemius, concluíram que existem variações individuais consideráveis entre estes dois grupos musculares e que estas diferenças deveriam ser atribuídas á técnica de corrida e ao tipo de treino prévio dos atletas. Este autor faz ainda referência ao trabalho de Chapman (1982) que apresenta conclusões semelhantes. A fadiga devida essencialmente a aspectos metabólicos (acumulação de metabolitos, abaixamento do ph e alterações enzimáticas) e por outro lado um aumento de recrutamento das fibras do tipo ST, também por cansaço das fibras FT (Numella et all, 1994) as quais não produzem a mesma quantidade de trabalho por unidade de tempo, leva a que na fase final da corrida se verifique um aumento da actividade electromiográfica chegando a atingir valores 24% superiores aos de repouso. Esta situação indica-nos que estamos perante um tipo de fadiga de origem muscular e não nervosa ou de falhas ao nível da transmissão neuromuscular. Quanto às alterações sofridas na velocidade de corrida, Costa (1996) verificou uma acentuada diminuição dos 90 para os 390m (8.30 para 6.56 m/s). O autor em consulta a outros estudos acerca dos efeitos que a fadiga produzia na corrida, bem como 44 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m às causas que levavam à referida diminuição de velocidade na parte final da corrida, sugere que a mesma ocorre devido a uma diminuição da frequência de passo motivada por um aumento do tempo de apoio (Chapman, 1982; Sprague e Mann, 1983; Tupa e col, 1984 citados por Costa, 1996; Numella et all, 1992) acompanhado por um aumento menos significativo do tempo de suspensão. O mesmo autor sugere que este aumento do tempo de apoio pode ser o resultado da tentativa de evitar uma quebra do impulso, uma vez que a fadiga se traduz por uma menor capacidade de produzir força pelos grupos musculares envolvidos. Esta tentativa de evitar a quebra do impulso visa uma diminuição controlada da velocidade através da manutenção ou diminuição mínima da amplitude de passada. Assim, quer a redução da amplitude por impossibilidade de gerar força, quer a tentativa de manutenção dessa amplitude mas com tempos de apoio superiores confirmam-nos e ao mesmo tempo ajudam a explicar as quebras verificadas na parte final da corrida. Elliot & Acland (1981, citados por Brochado, 1996) sugerem que os atletas ajustam a técnica da corrida, quando ocorre fadiga, modificando a amplitude, a frequência e a posição dos segmentos corporais. Por sua vez, Tabachnik e Sultanov (1979) com os seus trabalhos sugerem que as características individuais dos sprinters de alto nível possibilitam que expressem diferentes relações entre frequência e amplitude de passada na corrida á máxima velocidade, capacidade de acelaração e relaxação. Segundo Pascua (1998), os trabalhos de Tabatschinic, desenvolvidos em Itália pela equipa do professor Carlo Vittori (Locatelli, Donatti, Bellotti, etc,) tornou perfeitamente clara e decisiva a importância daqueles aspectos referidos (frequência e amplitude), assim como as distintas expressões de força (explosiva, elástica e elasticoreflexa) e ainda, os processos de obtenção de energia anaeróbia (aláctica e láctica). Destes últimos aspectos já nos ocupamos nos pontos 1.2. e 1.3, quanto aos relacionados com a força, serão objecto de apreciação no ponto 2 deste trabalho. A quebra no final da corrida não pode ser dissociada dos aspectos tácticos ou de estratégia da corrida aos quais já nos referimos por diversas vezes. Ou seja quanto mais rápida for a parte inicial da prova (relativamente à melhor marca que o atleta possui aos 200m ou à sua máxima velocidade de corrida) maior pode ser a diminuição da velocidade na parte final. Vittori (1991) refere-se a este aspecto como gestão do esforço, o qual deverá ser repartido ao longo da corrida com tempos parciais semelhantes nos 45 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m vários troços. Por sua vez, Pascua (1998) sugere que a melhor forma de repartir o esforço ao longo da prova é realizando os primeiros 200m ligeiramente mais rápidos, ainda que cada atleta em função das suas características e grau de treino deve adoptar a gestão mais conveniente. Também Walker (1999) sugere que os atletas devem adoptar o seu próprio estilo, tomando em consideração o seguinte plano: saída forte dos blocos, acelaração fluída até final da curva e corrida descontraída nos segundos 100m, sendo necessário a partir desta fase um maior esforço na tentativa de manter a velocidade e por fim nos últimos 100m há que tentar esquecer a fadiga e focar-se na sua própria corrida. Como sugere o parágrafo anterior, os corredores de 400m é habitual realizarem a segunda metade da corrida mais lenta relativamente à primeira. Nos corredores de alto nível esta diferença geralmente oscila entre 1 a 1.5 segundos para homens e 2 a 2.5 segundos para mulheres (Donatti, 1981; Pascua, 1998; Bedukadze 2000). Numa análise às finais das provas realizadas nos Campeonatos Mundiais temos que a média dos oito finalistas varia entre 21,23 em Sevilha e 21,79 em Estugarda, para os primeiros 200m e, entre 23,00 em Atenas e 23,74 em Helsinkia, para a segunda metade da corrida (figura 6). T (seg) 50,00 45,00 40,00 35,00 23,74 30,00 25,00 20,00 15,00 21,75 10,00 5,00 0,00 Helsinkia 1983 Figura 6 – 23,73 23,52 23,14 23,00 23,22 200-400m 0-200m 21,54 21,45 21,79 21,53 21,23 Roma 1987 Tokyo 1991 Stuttgard 1993 Atenas 1997 Seville 1999 Média dos tempos dos 8 finalistas em Campeonatos Mundiais, na primeira e segunda metade da corrida (dados retirados do IAAF Statistics Handbook 2001) Relativamente à final de Sevilha 1999, podemos verificar que a generalidade dos finalistas realizaram a primeira parte da corrida bastante idêntica, com parciais entre 21,13 e 21,29 à passagem pelos 200m, o que nos indica que todos os atletas realizaram esta fase da corrida bastante rápida relativamente aos seus melhores resultados em 200m (figura 7). Excepção feita a Michael Jonhson que passou com uma margem de quase 2 segundos a mais, relativamente ao seu record, o que lhe permitiu uma melhor 46 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m distribuição do esforço por todo o trajecto (Hart, 2000). Segundo o seu treinador, a tentativa dos seus oponentes em acompanhar este atleta até aos 300m levou a que terminassem com marcas muito abaixo das suas possibilidades, uma vez que não distribuíram da melhor forma os parciais (Hart, 2000). T (seg) Final 400m Sevilla 99 50,00 40,00 21,96 30,00 23,12 23,16 23,03 23,35 23,37 23,89 23,85 200400m 0-200m 20,00 21,22 21,13 21,19 21,33 21,19 M. Jonhson S. Parrela A Cardenas J. Young A Pettigrew 10,00 21,28 21,29 21,22 0,00 Figura 7 – M. G. Haughton Richardson J. Baulch Tempos parciais dos finalistas de Sevilla 99, para cada 200m de corrida (dados retirados do IAAF Statistics Handbook 2001) Ferro e colaboradores (2001) analisaram todas as provas de velocidade do Mundial de Sevilla 99, onde é possível confirmar os dados anteriores. Apresentam ainda a média de velocidades em secções de 50m (figura 8), em que se verifica a diminuição de velocidade na parte final da corrida e onde se destaca nesta mesma fase a menor diminuição de Jonhnson relativamente aos restantes finalistas, aspectos anteriormente focados. Velocidade Média em secções de 50m (m/s) 10,50 M. Jonhson S. Parrela 10,00 A Cardenas 9,50 9,00 J. Young 8,50 A Pettigrew 8,00 M.Richardson 7,50 G. Haughton 7,00 0-50 Figura 8 - 50-100 100-150 150-200 200-250 250-300 300-350 350-400 J. Baulch Velocidade média dos finalistas de 400m, Sevilla 99 (dados retirados de Ferro et all, 2001) 47 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m 2. FORMAS DE MANIFESTAÇÃO DA FORÇA A enorme variedade de actividades desportivas que se praticam na actualidade, demonstram-nos que o músculo se vê obrigado a responder das formas mais diversas às exigências a que se vê submetido. De forma mais concreta, a força é uma capacidade que se manifesta de forma diferente consoante as necessidades da acção (Garcia Manso et all, 1996). Uma vez que com este nosso trabalho pretendemos determinar quais as exigências de força para a corrida de 400m, convém determinar quais as manifestações de força a considerar para as diferentes actividades desportivas, bem como as que podemos considerar para aquela corrida. 2.1. Manifestações de Força nas Actividades Desportivas Segundo Badillo (1999), podemos considerar as seguintes formas de manifestação da força: - Força absoluta, que corresponde a um potencial "teórico" e apenas se manifesta em situações psicológicas extremas; - Força Máxima Excêntrica, que diz respeito à máxima capacidade de activação contra resistências que se deslocam no sentido da força da gravidade (geralmente); - Força Isométrica Máxima, corresponde a uma activação voluntária máxima contra uma resistência insuperável; - Força Dinâmica Máxima, que corresponde à máxima expressão da força concêntrica, mais precisamente ao ângulo em que se produz a mínima velocidade de deslocamento; - Força Dinâmica Máxima Relativa, diz respeito à máxima força expressada contra resistências inferiores ao necessário para se manifestar a FDM; - Força Explosiva, diz respeito à relação entre a Força alcançada e o tempo necessário para a produzir - Força Elastico-explosiva - semelhante à anterior juntando a energia elástica do préestiramento; - Força Elastico-explosivo-reactiva, manifesta-se quando o CEE é muito curto, juntando à anterior manifestação, a componente de facilitação nervosa através do reflexo miotático. 48 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Segundo o mesmo autor, a classificação das manifestações de força decorre das diferentes formas que os músculos têm para transformar em força a sua própria tensão. Neste sentido, importa tomar em consideração os factores que intervêm no processo de produção de tensão, ou seja: o tipo de activação ou acção muscular, a velocidade e acelaração do movimento, a magnitude da tensão, as fases em que se acentua a manifestação máxima da força dentro do desenvolvimento do movimento, e as condições iniciais de execução. Posteriormente, o mesmo autor num trabalho onde pretende sistematizar o conceito e medida da Força explosiva no Desporto ( González Badillo, 2000b), sublinha a importância da Força útil, ou seja a força aplicada no gesto específico de competição, a qual se produz à velocidade e tempo específico da competição. Esta Força engloba-se dentro do grupo de valores de Força dinâmica máxima relativa, os quais numa escala hierárquica aparecem depois da FIM e da FDM, sendo que o PMF se mede quando não há movimento ou seja corresponde à FIM (figura 9). Força PMF Relação Força-tempo Relação Força-velocidade FIM (N) Resistência Insuperável Curva Força-tempo Curva Força-velocidade FDM (N ou Kg) 1RM Força explosiva/ Produção de força (N/s): Curva de Potência Força manifest na unid. tempo FDM relativa (N) cargas abaixo de 1RM Força explosiva máxima FDM rel. específica Força útil/ funcional Figura 9 - Esquema hierárquico da Força e relações F-t e F-v (G. Badillo, 2000) Siff & Verkhoshansky (2000) consideram que, a tensão muscular deve dividir-se em oito tipos: Tensão muscular tónica, Tensão fásica, Tensão fásica-tónica, Tensão explosiva isométrica, Tensão explosiva-balística e Tensão explosivo-reactivo-balística. Sugerem ainda a necessidade de identificar o caracter específico da tensão muscular, em particular, as velocidades em que se desenvolve, a sua magnitude, duração e número de repetições, assim como o trabalho dos músculos antes do início dessa tensão. Neste sentido, considerando a diversidade de condições nas quais os músculos desenvolvem o seu trabalho, categorizam as capacidades de desenvolver uma força específica em quatro tipos, todos interrelacionados: Força Absoluta, Força-Velocidade, 49 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Força Explosiva e Força-Resistência. Se prestarmos atenção ao facto do caracter explosivo com que se desenvolve a força, estar associado com a força absoluta ou força velocidade (dependendo das condições externas), então são duas as capacidades gerais – Força Explosiva e Força Resistência, que servem de base à produção de todos os movimentos desportivos (Siff & Verkhoshansky, 2000). Pelo que pudemos perceber do trabalho destes autores, ainda que não apresentem uma sistematização das manifestações da força, referem-se às seguintes condições em que se pode produzir força: Força Excêntrica máxima (que pode ser similar à força absoluta), Força Isométrica máxima, Força Dinâmica máxima. Qualquer delas se apresenta aquando do estudo da força explosiva, a partir da análise da curva força tempo, na qual também é possível distinguir os conceitos de Força inicial, que diz respeito à capacidade de desenvolver com rapidez a maior força possível no momento inicial da tensão, e de Força de acelaração, que corresponde à capacidade de desenvolver uma força de trabalho tão rápido quanto possível uma vez iniciada a contracção. Apresentam ainda a reactividade, como uma capacidade neuromuscular para gerar força explosiva, dependente do estiramento preliminar e da rapidez da reacção. Quanto à força-resistência, consideram que é a forma específica na qual se desenvolve a força em actividades que requerem uma duração relativamente longa de tensão muscular com uma diminuição mínima da eficácia. Segundo o tipo de actividade desportiva, distinguem duas formas de expressão: Força –resistência dinâmica, a qual se relaciona com exercícios cíclicos nos quais se repete sem interrupção uma tensão considerável durante cada ciclo de movimento; e Força-resistência estática, a qual se relaciona com actividades nas quais é necessário desenvolver uma tensão isométrica de intensidade e duração variáveis (Siff & Verkhoshansky, 2000). Por sua vez Mil-Homens (1996a; 1996b), estrutura as principais formas de manifestação da força em três grandes grupos, a saber: Força Máxima, Força Rápida e Força de Resistência. Cada um destes grupos é constituído por diversas componentes. Assim o autor apresenta, segundo Schmidtbleicher, a Força Máxima como sendo o valor mais elevado de força que o sistema neuromuscular é capaz de produzir, independentemente do factor tempo, contra uma resistência inamovível (Schmidtbleicher, 1985a; 1985b, citado por Mil-Homens, 1996a; 1996b). Desta forma, para esta definição de força máxima os autores estão a considerar que ela se deve avaliar em termos isométricos, ainda que se possa exprimir também em termos 50 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m concêntricos e excêntricos. Ainda associadas com a força máxima o autor apresenta a força absoluta, a força relativa e a força limite. A primeira diz respeito ao valor de força mais elevado que o atleta pode produzir, a força relativa diz respeito ao valor de força produzido por unidade de peso corporal, enquanto que a força limite diz respeito ao pico de força que o sistema neuromuscular é capaz de produzir numa única contracção máxima e que envolve pouca ou nenhuma acção voluntária, manifestando-se apenas em situações de risco (Schmidtbleicher, 1996 e 1998 citando Poliquin e Patterson, 1989). Por Força Rápida devemos entender a capacidade do Sistema neuromuscular produzir o maior impulso possível num determinado período de tempo (Mil-Homens, 1996 e 1998), por tanto é o mesmo conceito que apresentamos para a Força Explosiva segundo Badillho (1999). Ainda assim o autor, apresenta como componentes da Força Rápida, a Força Inicial ou Taxa Inicial de Produção de Força e a Força Explosiva ou Taxa Máxima de Produção de Força. Apresenta ainda a Força Reactiva, que decorre da acção do CEE como sendo a última componente da Força Rápida. Sugere uma certa independência entre o funcionamento muscular do Ciclo Muscular Alongamento Encurtamento (CMAE, atrás designado por CEE) e as acções isométricas e concêntricas, sendo que não será de estranhar que se relacionarmos os níveis de Fmáx com a performance do CMAE encontremos valores de correlação muito baixos (MilHomens, 1996 e 1998). Considera existirem dois tipos de CMAE, um longo e um curto. O primeiro com duração superior a 250ms e caracterizado por um grande deslocamento angular das articulações coxo-femural, joelho e tíbio-társica e o segundo mais reduzido com duração de 100 a 200ms (Mil-Homens, 1986a; 1986b; Schmidtbleicher, 1996; 1998). Martín Acero (1999), Velez (2000) e Garcia Manso & colaboradores (1996), utilizam a terminologia proposta pelo professor Carlo Vittori (1990), na qual se podem distinguir dois grandes grupos de manifestações de força: Manifestações Activas e Manifestações Reactivas (Figura 10). Como podemos verificar na figura 10, nas manifestações activas consideram-se: - manifestação Máxima Dinâmica da força, que aparece ao deslocar num só movimento e sem limitação de tempo a maior carga possível; - a manifestação explosiva da força, que ocorre aquando de uma contracção o mais rápida e potente possível, partindo de uma posição de imobilidade. 51 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Figura 10 – Manifestações da força segundo Vittori, 1990 (Modificado por Barros & Macedo, 2001) As Manifestações reactivas resultam do efeito produzido pelo CEE. Como referimos anteriormente, segundo Schmidtbleicher, podem distinguir-se dois tipos, um curto e um longo. Segundo Velez (2000), estes dois tipos de CEE coincidem respectivamente com os dois tipos de manifestações reactivas da força propostas pelo professor Vittori (1990): - a manifestação Elástico-Explosiva, (CEA longo, mais lento) acontece quando se aproveitam as condições biomecânicas do estiramento da musculatura aquando da contracção excêntrica, uma vez que esta energia cinética gerada será aproveitada como energia elástica, que se libertará na fase concêntrica. Este ciclo mais longo permite mais tempo para aplicar maiores níveis de força; - a manifestação Elástico-Explosivo-Reflexa, (CEA curto, mais rápido) que acontece quando a transição da contracção excêntrica concêntrica é muito rápida, adicionando aos mecanismos referidos anteriormente o trabalho nervoso (do fuso neuromuscular – reflexo miotáctico) e por outro lado a máximo aproveitamento das características 52 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m elásticas e/ ou rigidez do sistema musculo-tendinoso, que segundo Vittori (1996) se apresenta como requisito prévio desta manifestação de força. Chegados a este ponto, cremos que convém precisar um pouco melhor um parâmetro ou capacidade, a Resistência de Força. Alguns autores consideraram como manifestação da força (Siff & Verkhoshansky, 2000; Schmidtbleicher, 1985a; 1985b, citado por Mil-Homens, 1996a; 1996b), para outros apenas como uma associação entre essas duas capacidades, uma vez que a manutenção da força pode ser objectivo em qualquer das manifestações consideradas. Para Harre & Leopold (1987), o conceito de Resistência de força define um pressuposto condicional da prestação determinado pela associação entre a força (máxima ou rápida) e a resistência. A primeira distinção que efectuam, diz respeito à separação entre a Resistência Absoluta e a Resistência Relativa da Força. A primeira diz respeito ao valor médio absoluto do desenvolvimento repetido da força realizada, enquanto a segunda pode definir-se como a capacidade do atleta se opor à fadiga, referindo-se á diferença entre o máximo rendimento possível de força (sem diminuição devida à fadiga) e o valor médio de força desenvolvido durante o esforço. A fim de perceber as condições particulares de cada disciplina desportiva, estes autores apresentam uma estruturação da Resistência de força que pode ser consultada no esquema da figura 11. Resistência de Força Tipo de trabalho muscular Forma de Movimento Estático Constante - Intermitente - Repetitivo Resistência estática à força máxima (ou inferior à máxima) Empenho da força Dinâmico máxima ou inferior à máxima Aciclico Resistência à Força Máxima máxima Ciclico Resistência à Força Rápida inferior à máxima Resistência à Força Rápida média a próxima da máxima Figura 11 – Esquema de Classificação da Resistência de Força (Harre & Leopold, 1997) Segundo os autores, podem utilizar-se vários critérios a fim de classificar a Resistência de força: a duração do impulso de força, a velocidade crescente de aplicação da força e o sistema energético utilizado no movimento. A partir daqui os autores definiram os vários planos de classificação (figrua 9): segundo tipo de trabalho muscular, a forma de movimento, a manifestação de força associada com a resistência e ainda, o empenho da força. 53 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Arcelli & Franzetti (1997), efectuaram uma revisão sobre este tema da Resistência de força, tendo verificado que, se por um lado algumas definições se complementam, por outro existem alguns autores que por vezes entram em contradição. Kuznezow (1982, citado por Arcelli & Franzetti, 1997) fala de força resistente, como um dos factores que, no exercício de caracter cíclico, determinam a força especial necessária ao desenvolvimento da velocidade. Tal qualidade, em presença da força rápida, permite a necessária amplitude de movimento por um determinado período de tempo, sendo que a velocidade alcançada dependerá da frequência de movimento e do nível de força aplicado na fase de trabalho. Também Siff & Verkhoshansky (2000), sugerem que a Força-resistência proporciona um nível alto de capacidade de trabalho especial, que é sobretudo típico dos desportos cíclicos nos quais se executam acções de grande potência. Dando claramente a entender que estamos a referirmo-nos a provas de velocidade resistente ou de meiofundo curto, como sejam os 400m e 800m em Atletismo, os 100m e 200m em natação, ou os 1000m em ciclismo de pista. Relativamente à terminologia, os autores de origem soviética utilizam preferencialmente o termo Força Resistente, como uma qualidade que intervém, de forma diversificada, nas actividades de duração média de alguns segundos. Por sua vez os anglo-saxónicos utilizam o termo Speed resistance strenght ou Speed-strenght Endurance (Resistência de força rápida) o qual diz respeito às necessidades de prestação para as corridas de velocidade prolongada e de meio-fundo curto, bem como outras disciplinas análogas de características lácticas (Arcelli & Franzetti, 1997). Já o termo Muscle Endurançe, segundo os mesmos autores, diz respeito às actividades que com maior duração exigem grande esforço da musculatura, mas que ainda assim apresentam características aeróbias ao nível da solicitação metabólica. Os autores, apesar de referirem que em Itália se utilizam os termos: - Força aeróbia, para actividades de duração prolongada em que se pretende que a cadeia muscular aplique mais força com recurso ao metabolismo aeróbio, permitindo ao mesmo tempo uma melhoria do limiar anaeróbio e do aspecto técnico do gesto atlético (Rosa & Veicstainas, 1984 citados por Arcelli & Franzetti, 1997) e; - Força - resistência, a qual não é a simples soma da força e da resistência, uma vez que segundo o autor existem uma série de mecanismos fisiológicos inerentes à melhoria da força e à melhoria da resistência que são de difícil associação, são os 54 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m casos das disciplinas nas quais a força resistência apresenta componentes tipicamente lácticos (Arcelli, 1990 citado por Arcelli & Franzetti, 1997), Sugerem que o termo Resistência de Força é bastante adequado e utilizado para as actividades desportivas caracterizadas por apresentarem, por um período longo de tempo, necessidades de força elevadas. 55 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m 2.2. Manifestações de Força na Corrida dos 400m Como já referimos anteriormente, a força é uma capacidade física que determina as possibilidades de obtenção de um bom resultado nas corridas de velocidade, nomeadamente a força explosiva uma vez que é necessário aplicar força rapidamente, quer para produzir uma acelaração inicial, quer para alcançar e manter a máxima velocidade (Chelly & Denis, 2000). Parece existir unanimidade de investigadores e treinadores quanto à importância desta capacidade para os corredores de 400m. Schaefer (1989) refere que no treino da força se deve destacar o grande volume do treino de resistência de força rápida. Por sua vez Puig (1998), considera que esta capacidade física, quando desenvolvida de forma específica (Resistência de força rápida), deve concorrer para: - desenvolver o pressuposto neuromuscular para uma velocidade mais elevada, - incrementar a resistência muscular local de grupos musculares envolvidos, principalmente, na impulsão, - criar uma base para a melhoria da técnica desportiva e seu controlo para uma impulsão eficaz em condições de cansaço, - construir a capacidade de mobilizar a própria energia psicofísica em condições de fadiga. Ainda que na literatura possamos encontrar diversos estudos sobre a capacidade física força ou suas manifestações nas corridas de velocidade, é essencialmente nas provas mais curtas de 60m, 100m e 200m que estes trabalhos são desenvolvidos. São particularmente conhecidos os estudos do professor Vittori e da sua equipa de colaboradores. Por seu turno, com corredores de 400m e pelo que tivemos oportunidade de consultar, destacam-se um conjunto de trabalhos apresentados por diversos investigadores da Universidade de Jyvaskyla. 2.2.1. Força explosiva e Força reactiva Vittori (1996 e 1996b) estudou os distintos modos de expressão da força implicados na actuação dos velocistas. Relativamente ao estudo do comportamento biomecânico do trem inferior na corrida de 100m, juntamente com os seus colaboradores, deduziram que grande parte da força usada na primeira fase da corrida se pode descrever como expressão activa da força explosiva (ou elástico-explosiva), sendo 56 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m que á medida que a corrida avança e os tempos de contacto com o solo diminuem (para valores abaixo dos 100ms), os impulsos são produzidos por força reflexa reactiva, cujo requisito prévio dinâmico é a rigidez músculo-tendinosa ou stiffness. Desta forma, na fase de máxima velocidade as expressões de força determinantes são, a força elásticoexplosiva e elástico-explosiva-reflexa. Locatelli (1996 e 1996b) estudou as várias prestações de atletas italianos, em provas de 60, 100 e 200m, tendo verificado que a manutenção da velocidade lançada depende fundamentalmente do stiffness muscular e que a fase de acelaração depende da força dos músculos envolvidos. Por sua vez, Chelly e Denis (2000), estudaram em terreno e em laboratório a ligação entre a potência (força explosiva e elástico-explosiva) e o stiffness muscular na corrida de velocidade. Verificaram que embora a força explosiva seja necessária para a acelaração e manutenção da máxima velocidade, o stiffness muscular das pernas é um factor determinante na performance especialmente na fase lançada de máxima velocidade. Kuitunen et all (2000) verificaram que na corrida de velocidade o stiffness permanece constante a velocidades desde 70 a 100% da máxima velocidade, existindo uma forte correlação entre o stiffness da articulação tibio-társica e o tempo de apoio em todas as velocidades de corrida. No que respeita aos corredores de 400m, Vittori sugere que o desenvolvimento da força elástico-explosiva e elástico-explosiva-reflexa é particularmente importante para os músculos antigraviticos, especialmente os posteriores da perna, do pé e ainda os glúteos, uma vez que estes músculos auxiliam uma correcta colocação da pélvis durante a fase de máxima velocidade. Nesta fase, a acção do pé do quatrocentista difere ligeiramente relativamente ao sprinter curto (100 e 200m), sendo que deverá ser mais elástica e mais aproximada a uma corrida económica a velocidade elevada. Um bom aproveitamento desta acção do pé, possibilita uma redução significativa do envolvimento dos músculos da anca e da coxa, permitindo desta forma um atraso da fadiga (Vittori, 1991). Este relacionamento do stifness musculotendinoso com a economia de corrida tem inclusive sido referido em estudos com atletas de disciplinas de meio-fundo (Spurrs & cols, 2001; Paavolainen & cols, 1999), os quais apresentam modificações positivas da performance sem alteração das variáveis fisiológicas. 57 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.2.2. Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Resistência de Força No ponto 1.4 deste trabalho fizemos referência às alterações técnicas e de diminuição da velocidade na parte final da corrida de 400m. Nummela e cols (1992) observaram para além da diminuição de velocidade, alguns factores que se associam a este aspecto, como sejam: aumentos do tempo de contacto e da actividade electromiográfica e, diminuições da força e da amplitude de passada. Para Harre & Leopold (1987), em virtude da duração do exercício e das exigências de força que encerra, as referidas alterações – sinónimo de fadiga, só se conseguem minimizar com uma boa Resistência de Força a qual se apresenta como pressuposto condicional da prestação. Ou seja, nas provas de velocidade prolongada e de meio-fundo curto, a Resistência de força é a base de manutenção da força rápida do movimento cíclico, sendo portanto um aspecto determinante para o resultado competitivo (Harre e Leopold, 1987; 1987b, citados por Arcelli & Franzetti,1997). No estudo de Nummela e cols (1992), os sujeitos correram em dias diferentes, 400m e ainda distâncias de 100, 200 e 300m como se fossem efectuar uma prova de 400. A fim de avaliar a capacidade de produzir força, no final de cada destas distâncias efectuavam um teste de avaliação da Força reflexo-elástico-explosiva (DJ – 39cm). Comparando a evolução dos resultados com os valores de repouso é possível verificar a diminuição da capacidade de produzir força ao longo da corrida. Por outro lado, os autores encontraram uma relação linear negativa entre a altura de salto e a concentração de lactato a partir das 6mmol/l. Para Gorostiaga Ayestarán & Santos (2000) os resultados destes trabalhos sugerem que durante os primeiros 200 metros as propriedades do músculo modificam-se (reflectidas por um aumento do tempo de contacto e uma diminuição da força explosiva durante o salto vertical), ainda que a velocidade de deslocamento não diminua. No entanto, a partir dos 200-300m e coincidindo com uma concentração de lactato capilar superior a 6mmol/l, há uma diminuição da capacidade de gerar força, um aumento da acidez e um aumento da actividade electromiográfica dos músculos que intervém na corrida. Este aumento da actividade electromiográfica durante a corrida de 400m é consequência do recrutamento de novas unidades motoras a fim de compensar os efeitos da fadiga das fibras inicialmente recrutadas (Nummela et all, 1994). 58 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m No final da corrida também o CEE se modifica. Como é sabido, este depende não apenas das propriedades contrácteis do músculo mas também da utilização da energia elástica acumulada na fase excêntrica.. Nummela e colaboradores (1994), sugerem que a elevada acidose e repetidas acções de estiramento-encurtamento durante a corrida, possam diminuir a capacidade do sistema neuromuscular para gerar força e suportar a reacção dos impactos em cada passada. Sugerem os mesmos autores que no final da prova, as forças de reacção no inicio do contacto diminuem drasticamente, o que reflecte a diminuição da capacidade do sistema múculo-tendinoso em tolerar as forças de impacto. As diferenças encontradas pelos autores entre, corridas submáximais de 20m à velocidade de competição e o final dos 400m, sugerem que possam existir diferenças de regulação do stiffness muscular. Segundo os mesmos autores, estas falhas de regulação do stiffness levam a que não se aproveite na totalidade a energia elástica acumulada na fase de estiramento. Desta forma, se o aumento da pré-activação e o stiffness muscular não é suficiente para compensar esta fadiga muscular, então a capacidade de produzir força diminui drasticamente (Nummela et all, 1994). Assim sendo, uma vez que ao longo da prova a capacidade de produzir força vai diminuindo progressivamente e por seu turno tempo de apoio vai aumentando (Nummela et all, 1992 e 1994; Hirvonen et all, 1992; Costa, 1996), a Resistência de Força vai ganhando preponderância. Quanto melhor se apresentar esta associação maior será a capacidade de exprimir níveis elevados de força por um período de tempo relativamente prolongado, sem que se tenham de solicitar fibras ST devido à fadiga das FT, bem como a desregulação do stiffness muscular, aspectos característicos na parte final da prova como vimos nos parágrafos anteriores. Desta forma, como sugerem Harre & Leopold (1987), quanto maior for a capacidade do atleta se opor à fadiga, mantendo ou diminuindo o mínimo possível os níveis de força, menor será a perca de velocidade e consequentemente melhor será o resultado obtido. Neste sentido, tomando em consideração as expressões ou manifestações de força que consideramos anteriormente para as corridas de velocidade, parece que para a corrida de 400m a Resistência á força elástico-explosiva e elástico-explosivo-reactiva (ou reflexo-elástico-explosiva) se apresenta como factor determinante. Ainda assim, pela simplicidade que o termo encerra bem como pelo facto de ser utilizado por diversos autores, utilizaremos preferencialmente a denominação de Resistência à Força Rápida ou Resistência à Força Explosiva como referimos anteriormente. 59 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3. AVALIAÇÃO DA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m CAPACIDADE DE SALTO COMO FORMA DE DETERMINAR A FORÇA E POTÊNCIA MUSCULAR Tradicionalmente a avaliação da Condição Física tem-se centrado nos aspectos relacionados com o estado de saúde do desportista, sua composição corporal e a realização de um teste de esforço incremental, esquecendo-se de outros factores como a capacidade para libertar importantes quantidades de energia em pouco tempo - a velocidade, a força e a potência máxima, das quais depende o rendimento em numerosas disciplinas desportivas (Gorostiaga Ayestaran & Lopes Calbet, 2001). O metabolismo anaeróbio (láctico e aláctico) e as características viscoelásticas do músculo no seu comportamento em situação de stiffness, bem como todas as expressões de força, sua velocidade e capacidade para armazenar e utilizar energia elástica são factores determinantes na maior parte do trabalho muscular, exigido na maioria das disciplinas desportivas (Bosco, 1994). Com efeito, a avaliação funcional referente ao estudo dos aspectos neuromusculares e do metabolismo anaeróbio, tem sido recentemente objecto de diversos estudos e investigações. Também a avaliação da capacidade de salto como forma de determinar a força e a potência muscular se inserem nestas investigações. Neste sentido, nos próximos pontos deste trabalho iremos referirmo-nos a alguns aspectos relacionados com a avaliação da força através da capacidade de salto, como sejam: a História, Protocolos utilizados, sua Validade fiabilidade e objectividade, Estandartização e controlo das condições, Valores de referência, Estudos realizados e, Relação entre a avaliação da força explosiva e o rendimento em corridas de velocidade. 3.1. História Segundo Bosco (1994), faz mais de um século que Marey & Demeney (1985) analisaram o comportamento muscular durante uma prova de salto utilizando uma plataforma sensível à força vertical, juntamente com um método fotográfico. Refere ainda o mesmo autor que D.A. Seargent, em 1921 propõe um teste simples e de fácil realização, a fim de avaliar a capacidade de salto vertical. Este teste ficou conhecido por “jump and reach” uma vez que o resultado do salto é dado pela diferença (em centímetros) entre a altura que o sujeito consegue alcançar e/ou tocar, no 60 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m salto e, a marca que alcança aquando parado colocando o braço na vertical ao lado de uma parede (figura 11). Segundo Klavora (2000), este teste tem sido objecto de pequenas modificações ao longo dos anos e a partir do mesmo têm derivado a maioria dos testes de saltos verticais. Figura 12 – Teste de Sargent - Jump and reach (retirado de Bosco, 1994) Por sua vez em 1938, um estudioso russo (Abalakov) tentou melhorar a instrumentação à disposição a fim de facilitar a realização de testes de campo. Introduziu a metodologia da medida da distância saltada, sendo que durante um salto vertical desde parado e com ajuda de braços, utilizou uma fita métrica fixada à cintura por um extremo e, livre pelo outro, o qual ligado a um marcador permite verificar a altura do salto (Bosco, 1994). Esta utilização de cintos para avaliar a capacidade de salto, têm também nos últimos tempos possibilitado a realização de vários protocolos quaisquer deles procurando melhorar o original (Klavora, 2000). Figura 13 – Teste de Abalakov (retirado de Cometti, 1998) A capacidade de salto como expressão da potência tem atraído a atenção de muitos estudiosos e investigadores. Tal facto permitiu um progresso extraordinário no 61 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m estudo do comportamento mecânico dos músculos durante a execução de saltos verticais graças à utilização de instrumentos científicos altamente sofisticados, como a plataforma de forças (de Davies & Renie, 1968; Cavagna et all, 1972; referidos por Bosco, 1994) ou a tabela dinamométrica a quarzo de Lauru (1957, citado por Bosco, 1994). De facto, no salto executado sobre a plataforma força, é possível registar a força de reacção do terreno a fim de poder ser analisada através de processos matemáticos. Figura 14 - Representação do impulso de força em função do tempo (retirado de Bosco, 1994) Geralmente a força durante a execução do salto não é constante. Ainda assim, a relação força-tempo representa o impulso de força que projectará o atleta para cima (Bosco, 1994). Segundo o mesmo autor, a área representada na figura 13 está calculada com procedimentos matemáticos integrando a função nos instantes de tempo considerado. Sendo assim, o impulso de força é igual à variação da quantidade de movimento (S F (t) dt = m (V2No caso de um salto vertical, temos que o impulso mecânico dividido pela massa do sujeito proporciona-nos a velocidade vertical do seu Centro de Gravidade (c.g.) no momento da saída (Vv). A Elevação do c.g. do sujeito obtém-se a partir da formula (2: h = Vv²/2g), onde g=constante gravitória 9,81m/s². Utilizando estes procedimentos matemáticos, pôs-se então em relevo a capacidade de salto, até que Asmussen & Bonde-Petersen (1974, citados por Bosco, 1994) começaram a calcular a elevação do c.g. medindo o tempo empregue na fase de voo/ vuelo. Do anterior se obtém que h= tv²x1,226; em que tv= tempo de voo vem medido entre o registo de força desenvolvida no momento da saída e a que se produz no momento de contacto com o solo depois do salto (figura 14), i.e. no impacto da queda (Bosco, 1994). 62 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m 3.2. O Sistema ERGOJUMP de Bosco A ideia do autor quando desenvolveu este sistema foi tão só a de criar um instrumento que permitisse registar o tempo de voo durante a fase de suspensão de um salto sem utilizar as sofisticadas e custosas plataformas de força. Este tempo de voo permite calcular a elevação do c.g., a qual traduz a potência desenvolvida ou força explosiva, sendo que a relação força-tempo representa o impulso de força que projectará o atleta para cima. Figura 15 – Registo da Força de Reacção do terreno na direcção Vertical de uma Plataforma de Força (retirado de Bosco, 1994) A- Squat Jump ou salto de parado; B- CMJ – coutermovement jump ou salto com contramovimento; C- DJ – Drop Jump ou salto pliométrico. NI: impulso neto – representa a fase de impulso do salto, em que o c.g. é pressionado para cima; W – massa do sujeito. A força está expressada em N e representada em função do tempo (seg.) (Bosco, 1994) 63 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m A solução consiste na utilização de uma plataforma condutora, ligada a um sistema de cronometragem electrónico (microprocessador, computador, cronómetro) que é accionado automaticamente pelo mesmo sujeito que salta, abrindo o circuito no momento de saída e fechando-o no momento em que os pés voltam a contactar a plataforma (Bosco, 1983). Como sugere a figura 15, deverá ser considerado para cada teste o trabalho efectuado antes da saída do solo. Ou seja, para o Squat Jump apenas trabalho positivo, para o CMJ trabalho negativo seguido de positivo, os quais correspondem às fases excêntrica e concêntrica (separadas pelo tracejado) - com ligeira diminuição do peso do atleta na primeira fase (Cometti, 1998). Por sua vez o Drop Jump apresenta também estas duas fases, sendo que a força exercida é substancialmente maior como podemos verificar. Actualmente existem modelos que permitem calcular automaticamente (através do microprocessador) a altura de salto, a potência desenvolvida em cada salto e média de todos os saltos expressada em watt/kg. Os cálculos são realizados através das fórmulas apresentadas pelo autor, o qual se baseou como já foi referido nos trabalhos de Asmussen & Bond-Petersen. 64 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m 3.3. Protocolos de Bosco A bateria de testes introduzida por Bosco prevê a execução de várias provas de salto, nas quais variam as condições prévias de contracção, as características específicas do músculo, bem como a carga a suportar. A tabela 8 descreve os testes possíveis de realizar e capacidades que medem. Tabela 8 – Protocolos de Bosco Teste Capacidades a avaliar Squat Jump (SJ) Força explosiva Counter Movement Jump (CMJ) Força elástico-explosiva CMJ com cargas Força elástico-explosiva (e força dinâmica máxima) Drop Jump (DJ) Força elástico-explosiva-reactiva 5 a 60" CMJ Resistência á força rápida (ou resist. à força el.explos.) Saltos contínuos com bloqueio do Força elástico-explosivo-reactiva joelho 5 a 7” c/ o s/ ajuda de braços (reactividade) Uma vez que para o nosso trabalho nos interessam o CMJ, 30”CMJ e teste da reactividade, passemos a analisar com maior profundidade esses testes a partir das indicações do autor. CMJ (coutermovement jump - salto com contramovimento): Descrição do teste: na posição vertical, realizar flexão extensão de pernas com um mínimo de paragem entre ambas as fases - a fim de aproveitar o reflexo miotático e a energia elástica acumulada pelo músculo (com a realização da contracção excêntrica). A flexão deve chegar a um ângulo de aproximadamente 90º, com o tronco na vertical evitando a flexão do mesmo na recepção. Ainda na recepção, devemos Figura 16 - CMJ 65 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m instruir o atleta para que a faça com os joelhos em extensão seguida de um pequeno salto - trabalho da articulação tibio-társica. Durante a realização do exercício, as mãos devem permanecer fixas, colocadas na bacia/caderas. Refere também o autor que este teste permite avaliar a força explosiva, a capacidade de recrutamento, a percentagem de fibras FT, utilização de energia elástica e a coordenação intra e inter – muscular. CMJ 30” (salto com contramovimento durante 30 segundos): Descrição do teste: consiste em realizar saltos verticais sucessivos tentando alcançar a máxima altura e realizando tempos de contacto mínimos; os saltos são realizados da seguinte forma - na posição vertical, realizar flexão extensão de pernas com um mínimo de paragem Figura 17 – CMJ 30” entre ambas as fases - a fim de aproveitar o reflexo miotático e a energia elástica acumulada pelo músculo (com a realização da contracção excêntrica). A flexão deve chegar a um ângulo de 90º (se se reduz muito o angulo só será válido para calculo da altura alcançada), com o tronco na vertical evitando a flexão do mesmo na recepção. Ainda na recepção, devemos instruir o atleta para que a faça com os joelhos em extensão continuando então a sua execução. Durante a realização do exercício, as mãos devem permanecer fixas, colocadas na bacia/caderas. Durante a prova não se deve dosificar o esforço no tempo, desde o primeiro salto há que realizar com o máximo empenho possível até o final da prova. O ritmo é de 1 salto por segundo aproximadamente (em sujeitos altos – 190cm, pode reduzir-se um pouco – 26 a 28 saltos, enquanto que nos mais baixos aumenta-se –29 a 31). Este teste para além de proporcionar informação acerca das qualidades viscoelásticas dos músculos, pode utilizar-se para avaliar os processos metabólicos que mantém esse mesmo trabalho muscular. Neste sentido, é possível calcular a capacidade de Resistência à Força Rápida. Refere ainda o autor que os valores de potência mecânica e de altura média obtidos nesta prova, proporcionam parâmetros com grande poder de discriminação que permitem diagnosticar a capacidade de desenvolver potência anaeróbia láctica, mecânica e de Resistência à fadiga (Bosco, 1994). 66 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Podemos calcular a potência média para as duas metades da prova, a qual vem expressa em watt/kg de peso corporal. A fórmula é a seguinte: W= g² x Ts x (Ts+Tc) 4n (Tc) em que Ts= ao tempo de suspensão Tc= ao tempo de contacto n= ao número de saltos g= 9.81m/s A fim de obter a potência média da prova, o autor efectua uma média dos resultados obtidos nos primeiros e nos segundos 15 segundos do teste. Para cálculo da Resistência à Força rápida, o autor propõe o estabelecimento da relação entre a altura média dos saltos obtida neste teste e a altura obtida no CMJ (h30”CMJ/ hCMJ), sendo que este valor quanto mais proximo for de 1 maior será o índice de resistência do indivíduo. Por outro lado se multiplicarmos por cem teremos o valor percentual da resistência. Podemos também encontrar a capacidade de resistência à força rápida comparando o valor médio da primeira metade do teste com a altura do CMJ (h 0-15/ hCMJ) ou o valor médio da segunda com a primeira parte do teste (h 15-30/ h 0-15). Para um atleta com um valor de 56cm no CMJ e com h 0-15 de 51cm, teríamos: 51/56= 0.91 ; ou seja este atleta apresenta na primeira metade do teste um índice de resistência à força rápida de 91%. O autor apresenta ainda a relação que podemos estabelecer entre a potência obtida na segunda e primeira metades do teste, como índice de fadiga (P 15-30/ P 0-15). Reactividade (stiffness): Descrição do teste: consiste em realizar 15 saltos verticais (com um ou dois pré-saltos - não se registam) sucessivos tentando alcançar a máxima altura e realizando tempos de contacto mínimos e com um nível de tensão, nos músculos da perna, elevado (a fim de aproveitar o reflexo miotático e a energia elástica acumulada pelo músculo, Figura 18 -Stiffness test bem como a rígidez musculo-tendinosa); os saltos são 67 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m realizados da seguinte forma - na posição vertical, realizar uma limitada flexão extensão dos pés com os joelhos / rodillas imobilizadas (ou com mínima flexão possível); os membros superiores podem dar balanço. O uso dos braços pode contribuir com 15 a 25% no resultado alcançado. O sector mais fortemente solicitado é sem dúvida, o pé e articulação tíbio-tarsica / tobillo, cuja musculatura (triceps sural e sinergistas) deve suportar a maior carga numa situação de grande dificuldade mecânica da sua alavanca, já que o contacto com o solo depois do voo, a fim de ser efectivamente reactivo, deve ter lugar na parte metatarsiana do pé e não sobre toda a superfície (Vélez Blasco, 2000). Segundo o referido autor, a pequena deformação do sistema biomecânico das pernas, permite um duplo efeito: a diminuição do tempo de contacto e um maior acumulo de energia elástico-reflexa na fase de estiramento (contracção excêntrica) que, restituída na contracção concêntrica, potencia a sua capacidade como já referimos anteriormente para o teste CMJ. Ambas as fases sucedem-se com tal rapidez que levam a cabo um tempo na casa dos 160 milisegundos, no qual se desenvolvem altos picos de força (Vélez Blasco, 2000). Ainda que os autores (Bosco & Vittori) deste teste o apresentem com 5 a 7 saltos, no nosso caso decidimos realizar o teste com 15 saltos cumprindo com as restantes indicações. Tal opção será objecto de justificação aquando da abordagem metodológica. Para este teste podemos efectuar um calculo da potência de cada salto (Vittori, citado por Gallozi, 1996). A fórmula é a seguinte: W= 19,86 x h Tc em que Tc= ao tempo de contacto h= altura do salto 68 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m 3.4. Validade, Fiabilidade e Objectividade A Validade pode ser definida como o grau em que um teste ou instrumento de medida mede o que pretende medir (Thomas & Nelson, 1990). Ou seja, exige uma concordância entre o que se diz medir e a realidade medida (Badillo, 2000). A estabilidade e precisão das medidas, dos instrumentos e dos testes, são condições que se devem dar na medição para que os dados sejam considerados consistentes e representem de maneira fiel a realidade que pretendem medir. Desta forma, segundo Badillo (2000), a Fiabilidade indica a confiança que se pode conceder aos dados, em termos absolutos (precisão) ou relativos (estabilidade). Ou também o grau em que os dados estão livres de erros de medida. Um instrumento de medida há-de possuir uma constância e precisão suficientes, de forma que cada magnitude da característica, qualidade ou fenómeno que estamos a medir receba idêntica valoração em todos os casos onde seja utilizado esse instrumento. Disto depende a confiança que atribuímos aos dados que recolhemos, ou seja a fiabilidade da medição (Badillo & Gorostiaga A., 1997). Dentro da fiabilidade relativa temos a considerar 3 tipos: - de consistência interna - mede a consistência de resultados de tentativa para tentativa num mesmo dia; - de Estabilidade - mede a consistência de resultados de dia para dia; - Objectividade – mede a consistência de resultados quando são obtidos por diversos observadores. A fiabilidade absoluta ou precisão nas medidas determina-se pelo grau em que o dado que obtemos representa a realidade. Para conhecer esta precisão dos instrumentos, os seus resultados devem comparar-se com outro instrumento previamente calibrado ou com qualquer outro procedimento admitido como fiável. Desta forma, a fim de utilizar a plataforma de Bosco para a realização dos testes que referimos (CMJ, 30 CMJ e Reactividade) e obtenção dos dados relativos à força explosiva, resistência à força explosiva e reactividade, quaisquer dos testes segundo o autor (Bosco, 1994) são válidos e fiáveis se forem cumpridas escrupulosamente os critérios definidos no protocolo de realização (ver ponto 3.3). Quanto à objectividade, refira-se que, conhecendo os protocolos bem como os processos/ técnicas de medição, e 69 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m exigindo sempre aos atletas para que cumpram com os aspectos exigidos para que se considerem os resultados, hão de então obter-se dados objectivos. 3.5. Estandardização e Controlo das condições ambientais O êxito do valor de um teste depende da estandardização , de tal modo que possa ser utilizado por várias populações e possa ser objecto de comparação das variáveis que mede. Relativamente às condições de estandardização das provas o autor adianta as seguintes indicações (Bosco, 1994): - As provas devem ser realizadas com o máximo empenho e determinação possível pelos atletas, os quais devem ser motivados e estimulados para tal; - As provas devem ser realizadas sem pressa, devida a que se devem prever nas primeiras vezes a possibilidade de alguns erros de execução; - Os resultados dos testes devem tomar em consideração a idade dos atletas, sexo, disciplina desportiva, anos de treino e período de treino (entre outros); - É necessário registar sempre o lugar, a hora, as condições ambientais (espaço aberto, ou fechado e se possível a temperatura e humidade); Relativamente à operacionalização dos testes, o autor sugere também as referências habituais que devemos tomar em linha de conta para qualquer avaliação: - Realização de um aquecimento adequado; - Realização dos testes sem fadiga (exemplo- depois de uma semana ou sessão de treino muito intensa); - A sucessão de testes deverá ser de tal modo que o mais fatigante se realize no final; - O período de realização dos testes deverá coincidir com o período de treino; - Utilizar material desportivo adequado (sapatilhas e restante equipamento); - A plataforma deverá estar coberta com uma superfície anti-deslizante. 70 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m 3.6. Valores de Referência e Estudos Realizados Para Bosco (1994), o valor real de um teste bem como os resultados obtidos, só tem significado real e científico quando analisados em função do tempo e confrontados com outros. Refere ainda o mesmo autor que caso não existam valores gerais para confronto, o valor obtido converte-se apenas numa expressão numérica ou de medida. Neste sentido, será impossível chegar a apreciar a qualidade funcional e as características morfológicas do sujeito testado, caso não se confronte o seu resultado com os valores médios da população a que pertence. Desta forma passemos a apresentar alguns valores de diferentes populações em alguns dos trabalhos consultados. CMJ Bosco (1994), apresenta-nos resultados do CMJ de diversos grupos de indivíduos. Desde jovens praticantes e não praticantes de actividades desportivas, a atletas de clubes regionais, e de nível nacional, até aos atletas de nível internacional de diversas modalidades. Apresenta dados de diferentes países, referindo estudos de diferentes autores. Neste sentido, é possível verificar que os jovens dos 7 aos 11 anos de idade apresentam valores de elevação do c.g. na casa 22-24cm, sendo que a partir dos 12 anos melhoram progressivamente esta marca até atingirem cerca de 35cm com 17 anos (figura 19). Figura 19 – Elevação do c.g. no salto com contramovimento em jovens italianos (Bosco, LoCerto &Cirino, 1991, citados por Bosco, 1994) 71 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m CMJ FIDAL Club Itália Regional Elevação c.g. (cm) jovens 16anos 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Marchadores 1/2fundistas Lançadores Sprinters Barreiristas Saltadores Figura 20 – Elevação do c.g. no salto com contramovimento em jovens atletas do Club Italia de Atletismo (Bosco, 1994) Já os jovens que praticam atletismo, qualquer que seja a disciplina, apresentam valores entre os 35 e os 50cm, sendo que os atletas das disciplinas que exigem maior força explosiva como os saltos ou as corridas de velocidade apresentam os valores mais elevados (figura 20). Elevação c.g. (cm) 70 Teste de Bosco CMJ 60 50 40 30 20 10 Peso Triplo-salto S.Comprim S.Altura 110barr 100-200m Disco 400barr Martelo 400m S.Vara Dardo 800-1500m Fundo Maratona Figura 21 – Elevação do c.g. no CMJ em atletas de nível internacional (Bosco, 1985, in Bosco, 1994) O mesmo autor apresenta valores de atletas internacionais, de diferentes especialidades do atletismo, em que os atletas das disciplinas de saltos e velocidade apresentam valores a rondar os 50cm, um atleta de peso com um valor superior a 60cm e ainda os atletas das disciplinas de meio fundo e fundo com valores abaixo dos 40cm. 72 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Relativamente aos atletas de desportos colectivos, os voleibolistas parecem ser os que apresentam os melhores valores. Bosco (1994) apresenta dados de alguns estudos nos quais atletas das selecções nacionais da Noruega e Finlândia atingem valores de 53 e 49cm respectivamente. Mouche (2001) apresenta valores de CMJ de basquetebolistas da liga nacional argentina algo dispares, com jogadores a atingirem os 50cm e outros apenas 35. Por sua vez, Di Cesare (2000) num estudo com 167 desportistas de diversas equipas argentinas, apresenta valores compreendidos entre os 48cm e os 54cm, para jogadores do sexo masculino de futebol e basquetebol respectivamente. Este autor apresenta ainda a comparação com alguns dados apresentados por Bosco (figura 22). cm 60 CMJ 50 40 30 20 TENIS NATACION FUTBOL FUTBOL VOLEIBOL HOCKEY HOCKEY BASQUET BASQUET 0 BEISBOL 10 Figura 22 – Valores de elevação do c.g. no CMJ em atletas de várias disciplinas desportivas, argentinos em comparação com valores recolhidos por Bosco a algumas selecções nacionais de Itália, Rússia e Finlândia (modificado a partir de Di Cesare, 2000) Relativamente aos corredores de 400m, Badillo & Gorostiaga (1999), apresentam alguns dados, relativos à prestação no CMJ, de atletas espanhóis da equipa de 4x400 e ainda de 3 atletas americanos, sendo estes recolhidos de uma comunicação pessoal de Mero (figura 23). Os atletas espanhóis apresentam valores entre os 40 e 50 cms enquanto que um atleta americano com marca de 43”8 apresenta um valor superior a 65cms. 73 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA CMJ 80 Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m CSD Madrid 5.91 Vallehermoso 11.90 70 60 cm 50 40 30 20 10 43"8 46"04 46"9 Marca 0 Figura 23 – Valores de salto vertical com contramovimento (CMJ) de alguns atletas masculinos da equipa espanhola de 4x400m (Gorostiaga, 1992, in Badillo&Gorostiaga, 1999). Também se mostram valores de alguns atletas de 400m americanos com marcas compreendidas entre 46”9 e 43”8 (Mero, citado por Badillo&Gorostiaga, 1999) Da nossa experiência e de dados apresentados por Macedo e Barros (2001), pudemos verificar que corredores de 400m portugueses com marcas compreendidas entre 47” e 48”5 apresentam valores compreendidos entre os 50 e 60cms. Por sua vez os atletas com marcas acima dos 49” apresentam valores entre 40 e 50cms (Miguel, 2002). Estes dados estão em consonância com a maioria dos estudos que incluem a realização do CMJ com corredores de 400m. Rusko et all (1993) para atletas com marcas compreendidas entre 47,98 e 54,70 apresentam valores de CMJ máximo de 38 a 48cm. Nummela et all (1996, citados por Gorostyaga & Lopes Calbet, 2001) apresentam valores que oscilam entre 44 e 56cm para atletas de nível 3 (regional) até atletas de nível mundial com marcas a rondar os 45segundos aos 400m. 74 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m 30”CMJ Na literatura que consultamos, são poucos os trabalhos que referem a utilização deste teste. Ainda assim, num trabalho que realizamos com atletas juniores e seniores, corredores de 400 e 400m barreiras da selecção nacional portuguesa (Miguel, 2002), verificamos que atletas com marcas compreendidas entre 47,05 e 51,31 apresentam valores de altura média de salto neste teste, entre 37 e 42 cm (figura 24). cm 46 30"CMJ (h média) 44 42 40 38 36 34 32 30 <47,65 entre 47.90 - 48.60 > 49.30 m.marca 400m Figura 24 – Altura média de salto no teste de 30”CMJ em corredores de 400m e 400m barreiras, juniores e seniores da selecção nacional portuguesa e correspondente marca aos 400m (Miguel, 2002) Também o mesmo grupo de atletas apresentou valores de potência média, no mesmo teste, entre 28 e 31 watts/kg de peso corporal (figura 25). watt/ kg 36 30"CMJ (Potência) 34 32 30 28 26 24 22 20 <47,65 entre 47.90 - 48.60 > 49.30 m.marca 400m Figura 25 – Potência média no teste de 30”CMJ em corredores de 400m e 400m barreiras, juniores e seniores da selecção nacional portuguesa e correspondente marca aos 400m (Miguel, 2002) 75 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Bosco (1994) apresenta os valores de jovens não desportistas italianos num teste de 15” CMJ. Através da figura 26 podemos verificar que apresentam valores médios de potência entre os 18 e 22 watts/kg de massa corporal. Figura 26 – Potência mecânica em jovens italianos (Bosco, LoCerto &Cirino, 1991, citados por Bosco, 1994) O autor apresenta ainda valores da Selecção italiana de Esqui alpino. Na figura 27 podemos verificar os resultados médios que esta selecção obteve em testes realizados entre Junho de 89 e Abril de 90. Para o teste de 30”CMJ os valores variam entre 24,66 e 29,21watts/kg, enquanto que para o teste de 15”CMJ, oscilam entre 27,24 e 31,13. Potência mecânica W30" Selecção Itália - Esqui Alpino W15" 35 30 25 20 15 10 5 0 Jun-89 Jul-89 Ago-89 Set-89 Out-89 Nov-89 Dez-89 Jan-90 Fev-90 Mar-90 Abr-90 Figura 27 – Potência mecânica durante 15-30seg de saltos contínuos registada sobre atletas da selecção italiana de Esqui Alpino (Bosco, 1994) Na figura 28 podemos observar os valores de atletas internacionais de diferentes especialidades do atletismo. Um atleta de lançamento do peso e 5 triplo-saltadores obtêm os maiores valores, com uma potência média próxima dos 40 watts/kg. 76 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Os corredores de 400m observados por Bosco apresentam uma Potência média de 29 watts/kg. Potência Mecânica 15"CMJ 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Peso Triplo-salto S.Comprim S.Altura 110barr 100-200m Disco 400barr Martelo 400m S.Vara Dardo 800-1500m Fundo Maratona Figura 28 – Potência mecânica durante 15seg de saltos contínuos em atletas internacionais (Bosco, 1985, citado por Bosco, 1994) Di Cesare (2000) apresenta os valores médios obtidos no teste de 15”CMJ por atletas argentinos de várias modalidades (figura 29). Este autor apresenta os resultados em cms, daí que se torne difícil estabelecer comparação com os dados até aqui apresentados. Ainda assim é possível verificar as diferenças entre os atletas argentinos e os dados apresentados por Bosco em 1988 (Di Cesare 2000). cm Sel.Nac.Ital. TENIS C.A.E.U. - Arg. NATACION C.A.E.U. - Arg. FUTBOL Sel.Ital.Jun. FUTBOL Sel.Nac.Finl. BEISBOL Sel.Nac.URSS VOLEIBOL C.A.E.U - Arg. HOCKEY Sel.Ital.Sen. HOCKEY C.A.E.U - Arg. BASQUET BASQUET Sel.Ital.Jun. PWT 15" 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Figura 29 – Valores em cms no teste de Potência Mecânica 15”CMJ em atletas de várias disciplinas desportivas, argentinos em comparação com valores recolhidos por Bosco a algumas selecções nacionais de Itália, Rússia e Finlândia (modificado a partir de Di Cesare, 2000) 77 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Reactividade Bosco (1994), apresenta valores de alguns atletas internacionais de diversas especialidades do atletismo, os quais apresentam regra geral tempos de contacto abaixo dos 180ms, tempos de voo acima dos 600ms e uma potência mecância superior a 60 watt/ kg. Na figura 30 podemos observar que os corredores de 400m apresentam tempos de contacto de 180ms, tempos de voo de 680ms e uma potência próxima dos 65watt/kg. Garcia Manso et all (1998) sugerem que os valores médios de velocistas homens são de 70 - 75 watts/kg e para mulheres de 60 – 65 watt/kg de peso corporal. Nos corredores de 400m portugueses, encontramos valores de potência entre 55,74 e 79,43 watts/kg (Miguel, 2002). Figura 30 – Tempo de contacto e de voo e potência mecânica medidos durante saltos sobre obstáculos em atletas de nível internacional (Bosco, 1985 citado por Bosco, 1994) 78 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m 3.7. Relação entre a Avaliação da Força explosiva e Rendimento em corridas de Velocidade Já aqui referimos por diversas vezes a relação existente entre a força explosiva e o rendimento em corridas de velocidade, especialmente nas provas de velocidade curta (100 e 200m). No ponto 2.2. deste trabalho fizemos referência ao estudo de Locatelli (1996 e 1996b) acerca da importância da glicolise anaeróbia e da reactividade em provas de 60, 100 e 200m. Este autor verificou que nos corredores de 200m existe uma relação entre o stiffness e a manutenção da velocidade de corrida, sendo que os atletas que apresentam maior potência no teste de reactividade são os que na fase lançada se deslocam a maior velocidade. Bosco (1994) a partir de diversos estudos com diferentes populações sugere que a força explosiva, elástico explosiva e reflexo-elástico–explosiva (testes SJ, CMJ e DJ) apresentam relação com a corrida de velocidade, essencialmente até 60m. Manou et all (2000), estudaram em sprinters britânicos de alto nível, a relação entre a corrida de velocidade e os exercícios e testes utilizados para treino e avaliação ou predição da performance. Verificaram que os saltos verticais (SJ, CMJ e CMJ braços) evidenciaram grande correlação com a performance na corrida de 100m, sendo que o CMJ braços foi o que apresentou maior correlação. Em diversos saltos horizontais efectuados, apenas o salto em comprimento de parado apresentou correlação forte com o resultado. Segundo os autores, estes resultados estão em consonância com outros estudos efectuados (Costill et all. 1968, Mero et all. 1981, Nesser et all. 1996, Young et all. 1995; citados por Manou et alll, 2000) García Manso et all (1998), efectuaram uma recolha exaustiva sobre diversos estudos, trabalhos e experiências de vários investigadores e treinadores de todo o mundo, no que respeita ao treino da força para melhorar a capacidade de acelaração e a velocidade máxima, ou às correlações existentes entre a força e a marca nas corridas de velocidade, especialmente na prova de 100m. Para estes autores, um dos trabalhos mais interessantes é o que realizou Alexander (1989, citado por Garcia Manso et all, 1998), no qual apresenta os seguintes resultados: A marca de 100m correlaciona-se de forma inversa (r=-0.71) com a força extensora do joelho/ rodilla a altas velocidades (230º/ seg.) numa contracção concêntrica. Os extensores do joelho são especialmente 79 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m importantes durante a fase de suspensão durante o apoio, momento no qual a força de reacção é três a três vezes e meio superior ao peso corporal (Mann, 1981; Williams, 1985, citados por Garcia Manso et all, 1998). Também se encontraram elevadas correlações com os flexores da anca/ cadera, flexores do joelho, e força excêntrica e concêntrica dos músculos responsáveis pela flexão do pé. Relativamente à fase de máxima velocidade e aos aspectos que afectam a possibilidade de a poder desenvolver, García Manso et all (1998) consideram: a força específica da musculatura que intervém de forma mais directa nesta parte da corrida, bem como a técnica de corrida. No que se refere ao primeiro aspecto, sugerem que a força necessária, é a elástico-reflexa, especialmente a dos flexores plantares. Apresentam diversas investigações que demonstram esta estreita relação (Locatelli, 1996; Komi, 1984; Bisas et all, 1995), bem como a relação da máxima velocidade de corrida e o tempo de acoplamento em exercícios de ciclos curtos de estiramentoencurtamento (Mero et all, 1981, citados por García Manso et all 1998). Vittori (1990, citado por Barros, 2001) apresenta uma tabela (9) de referência no qual estabelece a relação entre a marca aos 100m e os resultados nos vários testes de força e velocidade. Podemos verificar que a evolução na marca de competição terá de corresponder a uma melhoria nestes testes, ou seja o atleta para melhorar nos 100m terá de melhorar os seus níveis de Força explosiva (SJ), elástico-explosiva (CMJ) e elástico explosivo-reactiva (3 e 5step), bem como a capacidade de acelaração e máxima velocidade. Tabela 9 - Relação entre as expressões de força e velocidade com a marca aos 100m (Vittori, 1990 in Barros, 2001) Marca aos 100m Squat CMJ (cm) Jump (cm) 30m 30m lançados (blocos) 3 step 5 step 15.50– 16.20 10.60 – 10.40 40 – 45 48 – 53 2.88 – 2.78 3.70 – 3.60 9.00 – 9.50 10.40 – 10.20 45 – 52 53 – 60 2.78 – 2.70 3.60 – 3.50 9.50– 10.00 16.20– 17.00 10.20 – 10.00 52 – 58 60 – 68 2.70 – 2.62 3.50 – 3.40 10.00 – 10.50 17.00 –17.90 Para corredores de 100m de diferentes níveis de performance, também Mero (1987, citado por Badillo & Gorostiaga, 1999) apresenta os resultados obtidos no SJ e CMJ, sendo possível verificar a relação existente entre a marca da corrida e a altura do salto. O autor agrupou os atletas pelo nível médio da marca. Assim, um grupo de atletas 80 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m com marca média de 12”22 aos 100m, apresenta um resultado no CMJ de 42cm, enquanto que um grupo de atletas com marca média de 10”96, apresenta um resultado de 50cm. Por sua vez um grupo com marcas médias de 10”62, apresenta um resultado de 58cm. Relativamente à relação que Vittori preconiza para alcançar determinada marca em 100m e necessidades de prestação nos saltos verticais, verifica-se que os dados de Mero estão um pouco inflaccionados, sendo que para as mesmas marcas em 100m, os atletas apresentam valores de saltos verticais ligeiramente superiores. Ainda assim, em termos relativos as diferenças são idênticas. Por sua vez, Hennessy & Kilty (2001) encontraram em sprinters femininas de nível médio, correlações fortes entre os resultados do teste CMJ e a performance em 30m, 100m e 300m. Nos 400m parece que apresenta maior importância não a força, mas sim a capacidade de manter e produzir elevados níveis de força durante muito tempo. Com efeito, como pudemos verificar a partir da figura 23, atletas com marcas a rondar os 45 segundos, apresentam valores de elevação do c.g. no CMJ superiores a 60cm, enquanto que atletas com marcas de 47” apresentam valores próximos dos 50cm, e atletas com marcas superiores a 50”, apresentam valores aproximados aos 40cm. Desta forma, tais dados parecem sugerir a existência da relação entre a marca desportiva, em 400m, e o nível de força explosiva. Tal facto pudemos também comprovar através do trabalho que realizámos com 15 atletas juniores e seniores da selecção nacional portuguesa, todos corredores de 400 e 400m barreiras e com marcas na prova plana compreendidas entre os 47,05 e os 51,30 (Miguel, 2002), onde encontramos uma correlação de -.596 (p<0,05) entre o resultado no teste de CMJ e a marca aos 400m (figura 31a). Quanto à Resistência de força, embora diversos estudos se refiram à diminuição da capacidade de gerar ou manter os níveis de força no final da prova e, consequentemente da importância da associação destas capacidades. Não encontramos na literatura nenhum estudo acerca da Resistência de força e respectiva relação com o rendimento em corridas, especialmente nos 400m. Ainda assim, no trabalho que atrás referimos (Miguel, 2002) encontramos uma correlação de -.615 (p<0,05) entre a altura média de salto no teste de 30”CMJ e a marca aos 400m (figura 31b). 81 Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m 52 52 51 51 50 50 49 49 48 48 T400 T400 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 47 30 HCMJ 40 50 60 47 32 34 36 38 40 42 44 H30CMJ Figura 31 – Relação entre o tempo obtido na corrida de 400m e a elevação do c.g. nos testes CMJ e 30”CMJ em atletas juniores e seniores portugueses da selecção nacional (Miguel, 2002) No referido estudo, os testes realizados aos atletas foram efectuados em momento de treino, no período pré-competitivo (Abril de 01 e final de Março 02) e comparados com o melhor resultado obtido na prova de 400m na referida época. A figura 31 a e b mostra a tendência do grupo no que refere à diminuição do tempo obtido aos 400m e respectivo incremento na altura de salto nos testes CMJ e 30”CMJ. Este estudo, ainda que não terminado, quer pelos dados obtidos quer pela relativa homogeneidade do grupo, sugere que existe uma forte relação entre a resistência de força rápida e o rendimento na corrida de 400m. 82 HIPÓTESES Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m IV – HIPÓTESES Pelo que pudemos perceber a partir da revisão bibliográfica efectuada, as manifestações de força exigidas para a corrida de 400m são: a força elástico-explosiva, a força elástico-explosivo-reactiva (stiffness muscular) e a resistência à força elásticoexplosiva. Neste sentido, consideramos como hipóteses de trabalho as seguintes: H1 – O nível de stiffness muscular varia ao longo da época desportiva; H2 – O nível de Força elástico-explosiva varia ao longo da época desportiva; H3 – A Resistência à Força elástico-explosiva varia ao longo da época desportiva. H4 – Existe relação entre o nível de stiffness muscular e o resultado na corrida dos 400m; H5 – Existe relação entre a Força elástico-explosiva e o resultado na corrida dos 400m; H6 – Existe relação entre a Resistência à Força elástico-explosiva e o resultado na corrida dos 400m; H7 – Conhecendo a relação entre as manifestações de força e o resultado competitivo na corrida de 400m, é possível a partir dos resultados obtidos nos testes que avaliam as referidas manifestações, estimar o resultado a obter em prova. 83 METODOLOGIA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m V - METODOLOGIA 1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA A nossa amostra foi constituída por três atletas portugueses do sexo masculino, a saber: o Campeão Nacional Absoluto de 400m no ano 2001, o Campeão Nacional de Juniores e ainda o Vice-campeão Nacional de Juniores. Estes sujeitos participaram voluntariamente no presente estudo, depois de lhes terem sido explicados quais os objectivos, riscos e vantagens da sua participação. Todos realizam provas de 400m regularmente, embora o sujeito B seja especialista de 400 barreiras (vallas). As características e melhores marcas dos atletas podem ser consultadas na tabela abaixo. Tabela 10 - Características dos sujeitos que constituíram a amostra e respectivos recordes pessoais aos 400m (em 2001) Sujeito Idade (anos) Altura (cm) Peso (kg) Rec400 (seg.) A 20 182 72 47.15 B 19 180 71 49.47 53.15 (400barr) C 18 178 66 49.83 Todos os atletas obtiveram o seu record pessoal no ano de 2001. Escolhemos estes três atletas por serem parte dos melhores especialistas nacionais de 400m. Uma vez que pretendemos acompanhar os atletas ao longo da época, realizando avaliações das manifestações de força regularmente, não foi possível uma amostra de maior dimensão. 84 METODOLOGIA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m 2. DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS Interessa-nos o estudo da Força elástico-explosiva, da Força elástico-explosivoreactiva e da Resistência de Força. Neste sentido, uma vez que os testes aplicados para avaliação de cada uma destas manifestações de força nos proporcionam informação relativa a diversos parâmetros, iremos considerar as seguintes variáveis: 2.1. Relativas à avaliação da Força elástico-explosiva - (hCMJ) Elevação do c.g. ou altura obtida no salto/ teste Counter-movement jump, com valores expressos em centímetros 2.2. Relativas à avaliação da Força elástico-explosivo-reactiva (ou stiffness muscular) - (Hmáx Fr) Altura máxima dos 3 melhores saltos obtida no teste de 15 saltos de reactividade, com valores expressos em centímetros; - (Pmáx Fr) Potência máxima dos 3 melhores saltos obtida no teste de 15 saltos de reactividade, com valores expressos em watt/Kg de peso; - (Hméd Fr) Altura média de saltos obtida no teste de 15 saltos de reactividade, com valores expressos em centímetros; - (Pméd Fr) Potência média de saltos obtida no teste de 15 saltos de reactividade, com valores expressos em watts/kg de peso. 2.3. Relativas à avaliação da Resistência de Força - (Hméd 30CMJ) Altura média dos saltos realizados no teste de 30”CMJ, com valores expressos em centímetros; - (Hméd 0-15) Altura média dos saltos realizados na primeira metade do teste de 30”CMJ, com valores expressos em centímetros; - (Hméd 15-30) Altura média dos salto realizados na segunda metade do teste de 30”CMJ, com valores expressos em centímetros; - (Pméd 30CMJ) Potência média dos saltos realizados no teste de 30”CMJ, com valores expressos em watts/kg de peso; 85 METODOLOGIA - Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m (Pméd 0-15) Potência média dos saltos realizados na primeira metade do teste de 30”CMJ, com valores expressos em watts/kg de peso; - (Pméd 15-30) Potência média dos saltos realizados na segunda metade do teste de 30”CMJ, com valores expressos em watts/kg de peso; - (Hméd/ hCMJ) Índice de Resistência - Relação entre a altura média de saltos do teste de 30”CMJ e o salto CMJ, multiplicado por 100 dá-nos o valor percentual; - (h 0-15/ hCMJ) Relação entre a altura média de saltos da primeira metade do teste de 30”CMJ e o salto CMJ, multiplicado por 100 dá-nos o valor percentual; - (h 15-30/ h 0-15) Relação entre a altura média de saltos da segunda e primeira metades do teste 30”CMJ, multiplicado por 100 dá-nos o valor percentual; - (P 15-30/ P 0-15) Relação entre a potência média de saltos da segunda e primeira metades do teste 30”CMJ, multiplicado por 100 dá-nos o valor percentual do índice de fadiga ou perca de potência. 2.4. Relativas à corrida dos 400m - (T400) Tempo/ marca obtido em competição oficial de 400m 3. DESIGN Pretende-se com este trabalho perceber quais as relações existentes entre as manifestações de força atrás referidas e o resultado competitivo em 400m. Neste sentido, os sujeitos experimentais foram avaliados ao longo da época desportiva, sendo que cada avaliação coincidia com a realização de uma competição de 400m a fim de se procurarem as correlações entre o resultado competitivo e as variáveis consideradas. Fora do Período Competitivo, os sujeitos foram testados para determinar quais as variações, dos níveis de força, que ocorrem ao longo da época desportiva. Uma vez que temos uma amostra composta apenas por três sujeitos, iremos realizar estudos de caso para cada um, sendo que as correlações entre o resultado competitivo e as variáveis consideradas serão realizadas por indivíduo. Com efeito, seria desejável que para um estudo correlacional se dispusesse de uma amostra com uma dimensão bastante superior, no entanto como já referimos anteriormente, o facto de pretendermos realizar diversas avaliações ao longo da época a 86 METODOLOGIA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m um grupo de atletas de elite, numeroso e oriundo de diversas regiões, cria dificuldades logísticas acrescidas tornando quase nulas as possibilidades de levar a efeito tal prática. Por outro lado o facto de algumas avaliações se realizarem durante o período competitivo leva a que diversos treinadores vejam com muito cepticismo a realização deste tipo de estudo, sendo que mesmo que diminuíssemos o número de avaliações a realizar (e.g. apenas uma no período preparatório e uma ou duas no período competitivo), continuaria a ser difícil reunir um número de atletas suficiente a fim de se efectuar essa confrontação de resultados de grupo, pelo que optámos por efectuar o estudo com os três sujeitos referidos. As acções a levar a efeito são as que podemos observar no cronograma da figura 32. 2001 Acções 2002 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Revisão Bibliog. Conv Trein& Atl Prep. Material Recolha dados Análise &concl Figura 32 – Cronograma de actividades a desenvolver As fases que compõem o plano geral de trabalho são as seguintes: - Fase Prévia; - Fase de Recolha dos Dados; e - Fase Final 3.1. Fase Prévia Foi constituída por todas as actividades que permitiram preparar o trabalho a efectuar. Assim, após consentimento de treinadores e atletas, foram efectuadas reuniões com os mesmos, a fim de explicar o trabalho que se pretendia levar a efeito, sendo também definidas as datas possíveis para realização dos protocolos em função do calendário competitivo. Foi preparada a instrumentação e assegurado o local, datas e horários de realização dos protocolos de avaliação. Nesta fase teve inicio a recolha de bibliografia acerca do tema, a qual se prolongou pelas fases seguintes a fim de obter um elevado grau de informação acerca da corrida de 400m, das manifestações de força e da capacidade de salto como forma de avaliar a potência e força muscular. 87 METODOLOGIA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m 3.2. Fase de Recolha dos Dados Esta fase constou da realização dos protocolos de avaliação das manifestações de força consideradas, sendo que como podemos observar no cronograma da figura 32, teve o seu início em Abril de 2001 e finalizado em Julho de 2002. As primeiras avaliações, em período preparatório, foram efectuadas no decorrer do Estágio de Preparação da Páscoa (2001) da FPA/ Sector de Velocidade e Barreiras. As restantes avaliações decorreram entre 16 de Abril e 26 de Julho de 2001, Dezembro do mesmo ano e Estágio da Páscoa 2002 da FPA e 16 de julho de 2002, sendo que cada protocolo foi realizado 48h após a competição de 400m (ver procedimentos). 3.3. Fase Final Consiste na Análise e Tratamento dos Dados, Discussão e Estabelecimento das Conclusões. Finalizado o trabalho, será apresentado no COES como Trabalho Final de Máster e entregue informação (cópia do presente documento) aos treinadores e atletas que possibilitaram a sua realização, bem como às pessoas e entidades que directa ou indirectamente lhe estão associadas. 88 METODOLOGIA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m 4. INSTRUMENTOS DE MEDIDA O instrumento que utilizamos para realização dos testes de avaliação das manifestações de força referidas, é o Tapete Ergojump – Bosco System, Made by Globus – 1998. Este sistema foi cuidadosamente descrito no ponto 3.2. da revisão bibliográfica. É constituído por uma plataforma de material sintético, com ligação a um receptor que possui todo o software (Ergo tester). Figura 33 – Receptor Ergotester e tapete Ergojump com respectiva ligação 89 METODOLOGIA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m O Ergo Tester é um programa desenvolvido pela Globus, o qual contém num mesmo receptor software para diferentes testes ou funções. Assim, com ligação e utilização de células fotoeléctricas é possível aceder a testes ou protocolos de velocidade e resistência. Com ligação ao tapete Ergojump, é possível a realização de diversos protocolos para avaliação da força explosiva. Para aceder aos diversos protocolos (SJump, CMJ, stiffness test ou reactividade e Multijump test) que o programa possibilita, basta escolher no menu a função “jump” e nesta, o teste a realizar. O instrumento mede os tempos de contacto e tempos de voo dos saltos realizados. Efectua os cálculos da altura, altura média e potência média, consoante o protocolo, sendo também possível armazenar os dados se assim o entendermos. 4.1. Fiabilidade dos testes e instrumentos O Coeficiente de correlação interclasse (coeficiente de correlação de Pearson), o Coeficiente de correlação intraclasse e o Coeficiente de variação podem ser utilizados como indicadores da fiabilidade de um procedimento metrológico (Ayestaran & Lopez Calbet, 2001). A fim de determinar a fiabilidade do CMJ, submetemos uma população de 12 atletas à realização do referido teste. Os saltos foram realizados sob o tapete Ergojump que utilizamos neste estudo, consistindo o protocolo de 3 tentativas para cada sujeito. Seis dias depois repetimos o mesmo procedimento. Na tabela 11 apresentam-se os dados directos dos testes, as médias, os desvios padrão e o coeficiente de variação. Observa-se que a variabilidade é muito semelhante em todos os casos (CV colectivo, entre 11,81 e 13,4 e individual, entre 0,594 e 3,91), o que sugere que o teste é bastante fiável. Para cálculo do coeficiente de correlação intraclasse utilizamos uma ANOVA oneway. Os valores estimados foram de 0,988 (p<0,001) entre saltos realizados no mesmo dia, e de 0,981 (p<0,001) entre saltos realizados em dias distintos. Neste sentido, podemos referir que o teste CMJ realizado na nossa plataforma de contacto apresenta um elevado grau de fiabilidade, quer por consistência interna quer por estabilidade. 90 METODOLOGIA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Tabela 11- Resultados dos testes CMJ a 12 atletas de várias disciplinas Sujeito 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Média Sd CV Média SD CV TV1 TV2 TV3 TV4 TV5 TV6 680 686 696 683 657 656 676,3 16,28 2,407 645 659 643 632 666 645 648,3 12,19 1,881 631 635 630 638 639 632 634,2 3,764 0,594 572 555 567 564 576 585 569,8 10,34 1,815 594 578 573 564 549 552 568,3 16,93 2,979 543 548 559 512 557 533 499 500 505 480 514 501 499,8 11,16 2,233 553 543 579 564 543 563 557,5 13,97 2,505 490 493 541 525 517 501 511,2 19,98 434 426 455 449 446 439 441,5 10,6 2,4 523 559 541 529 570 561 547,2 19 3,472 506 503 498 516 488 496 501,2 9,559 1,907 555,8 557,1 565,6 554,7 560,2 555,3 71,91 74,64 66,82 68,26 67,29 66,39 12,94 12,31 12,01 11,96 13,4 11,81 542 17,5 3,23 3,91 Relativamente aos testes de reactividade e 30” CMJ, onde para além do tempo de voo é necessário medir o tempo de contacto, em alguns dos testes realizados neste estudo, foi possível utilizar dois tapetes Ergojump (da mesma marca e modelo, mas com número de série diferente), sendo que este novo tapete foi colocado sempre por cima do nosso. Desta forma, quatro sujeitos realizaram um total de 273 saltos (138 em testes de 30” CMJ e 135 em testes de reactividade). Ao correlacionarmos os dados dos dois tapetes, obtivemos um r= 0,997 (p<0,001) para os tempos de contacto e r=0,950 (p<0,001) para tempos de voo. Estes resultados comprovam mais uma vez que o tapete Ergojump que utilizamos neste estudo, mede tempos de voo e tempos de contacto com fiabilidade, dada a estabilidade dos resultados, neste caso nos testes de 30”CMJ e de Reactividade. Com efeito os procedimento até agora descritos não nos servem para dar validade ao tapete Ergojump utilizado neste estudo. Neste sentido, o mesmo tapete foi colocado sobre uma plataforma de forças de strain gauge, da marca AMTI (modelo LG 6-4-2000) com uma dimensão de 121.9 x 60.96 cm. Um sujeito efectuou cinco saltos, com e sem contramovimento, sobre estes dois instrumentos a fim de se medir o tempos de voo de cada um dos saltos. 91 METODOLOGIA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m O tapete apresentou diferenças de registo do tempo de voo entre 20 e 31 milisegundos por excesso, com uma média de 26,1 cm e um desvio padrão de 1,0134. A correlação entre as medidas do Ergojump e da Plataforma de Forças foi de 0,893 (p ≤ 0,05). Tendo em linha de conta o n reduzido desta amostra, consideramos este resultado como um bom indicador da validade de medida do nosso instrumento, pois tendo em consideração que a referida Plataforma de Forças é um instrumento que mede com precisão, então esta serve para nos dar validade (concorrente) ao tapete Ergojump, 92 METODOLOGIA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m 5. PROCEDIMENTO Os 3 sujeitos foram avaliados ao longo das época de 2001, num período compreendido entre Abril e Agosto, correspondente a uma fase intermédia do Período Preparatório e a todo o Período de Competições, sendo que nesta fase os testes foram realizados de 15 em 15 dias mas com adaptação ao calendário competitivo dos atletas. O sujeito A foi também avaliado em Dezembro de 2001 e entre Março e Julho de 2002. Inicialmente tínhamos previsto avaliar todos os sujeitos ao longo das duas épocas, no entanto alterações na vida pessoal e desportiva dos sujeitos B e C levaram a que tal não fosse possível. 5.1. Condições Prévias aos Testes Infra-estruturas e condições ambientais Todos os testes foram realizados em idênticas condições. Ou seja, todos eles foram realizados numa sala coberta (figura 34– sala do Estádio Municipal de Rio Maior e Ginásio anexo à Pista de Vila Real de Santo António (este último apenas na 1ª avaliação de cada ano, a qual foi realizada em estágio que ali decorreu) com temperaturas que variaram entre os 18 e 25º e, em horário compreendido entre as 18.00h e as 20.00h. Figura 34 – Local onde foram realizados os testes (Sala do Estádio Municipal de Rio Maior) 93 METODOLOGIA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m O equipamento utilizado pelos sujeitos foi o que habitualmente utilizam nas suas sessões de treino, a saber: sapatilhas de atletismo, calção ou calças de licra e t-shirt ou swet-shirt. Aquecimento Os sujeitos realizaram o seu aquecimento habitual para uma sessão de treino de saltos, ou seja composto por: 8 a 10 minutos de corrida ligeira seguida de alguns exercícios de mobilização geral/ articular e de flexibilidade, intercalados com exercícios muito dinâmicos para uma adequada activação. Para finalizar eram realizados alguns saltos de baixa e média intensidade idênticos aos que iriam realizar nos respectivos testes (reactivos só com trabalho da articulação do pé e explosivos com contramovimento e trabalho das articulações do pé e joelho – ver figura 35). Figura 35 – Sujeito realizando um CMJ no seu aquecimento Treino anterior Os testes foram realizados 48 horas após cada competição de 400m, por forma a que permitisse aos sujeitos uma recuperação mais efectiva do esforço aí desenvolvido. Todos os testes decorreram durante o período normal de treino ou de treinos entre competições. 94 METODOLOGIA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Os sujeitos receberam a indicação de que no dia anterior e no próprio dia dos testes deveriam repousar ou submeter-se apenas a cargas/ treinos leves ou de muito baixa intensidade. Neste sentido, foram eliminados os resultados dos testes em que se soube que os atletas tinham realizado treinos de grande desgaste na véspera dos protocolos. Conhecimento dos Protocolos Todos os sujeitos que foram submetidos a este estudo, à data do seu início, conheciam e tinham experiências anteriores na realização deste tipo de testes. 5.2. Protocolos Os protocolos a realizar foram cuidadosamente descritos no ponto 3.3 da Revisão Bibliográfica deste estudo. A sequência de testes, conforme indicação do autor, foi escolhida de modo que os mais fatigantes se realizassem no final. Assim sendo, tivemos a seguinte sequência: - CMJ (figura 36), com três ensaios intercalados por uma pausa de 2 minutos, sendo escolhido o melhor resultado alcançado; - Teste de 15 saltos de reactividade (figura 37); e - 30” CMJ (figura 38). Figura 36 – Sequência fotográfica do Teste CMJ 95 METODOLOGIA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Figura 37 – Sequência fotográfica do Teste da Reactividade (2 saltos iniciais) Figura 38 – Sequência fotográfica do Teste de 30” CMJ (2 saltos iniciais) 96 METODOLOGIA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m A pausa entre cada teste foi escolhida de modo a que os sujeitos pudessem recuperar para o seguinte, mas não demasiado grande por forma a que diminuíssem o seu nível de activação. Neste sentido, o tempo entre os dois primeiros testes foi de 3 minutos e, entre o segundo e o terceiro teste os sujeitos tinham um tempo de recuperação que variava entre os 4 e 5 minutos. O supervisionamento das provas foi sempre efectuado pelo mesmo observador, o qual tinha para o auxiliar um secretário/a a fim de recolher manualmente todos os registos de saltos, tempos de contacto, tempos voo, alturas de saltos, etc... Optámos pelos testes CMJ, Reactividade (com joelhos bloqueados) e 30”CMJ tal como o autor os sugere, com excepção do segundo, onde Bosco e Vittori propõem o teste na sua forma original com duração de 5 a 7” ou 5 a 8 saltos e um ou dois pré-saltos (Gallozi, 1986). Assim, neste estudo o teste foi composto por 15 saltos (dois pré-saltos) com o objectivo de verificar a componente de resistência. Num estudo piloto tentámos realizar o teste sobre 30 segundos o qual se revelou de execução bastante problemática para os atletas, pelo que decidimos pela realização de 15 saltos. Visto ser um teste de saltos contínuo, consideraremos as altura e potência máxima a partir dos 3 melhores saltos tal como Locatelli (1996) e ainda as altura e potência média a partir da totalidade de saltos. Quanto ao teste de resistência à força elástico explosiva, ainda que estejamos a realizar um trabalho com corredores de 400m e esta prova ter uma duração próxima aos 45 segundos, optámos por realizar 30”CMJ e não 45”CMJ pelas seguintes razões: - Maior quantidade de dados disponíveis na literatura (os poucos estudos que se referem à resistência de força rápida apresentam dados de 15 ou 30”CMJ – ver pontos 3.6 e 3.7 da revisão bibliográfica), - Em 30 segundos é possível solicitar em larga escala a principal fonte energética da prova de 400m (glicólise anaeróbia), - Podemos utilizar uma prova de 30 segundos a fim de efectuar o cálculo da Potência anaeróbia láctica, mecânica e de resistência à fadiga (Bosco, 2000), - As provas capazes de avaliar o rendimento anaeróbio a médio prazo (Potência anaeróbia) podem durar entre 20 e 50 segundos, sendo que a contribuição máxima da glicólise às necessidades de ATP ocorre entre os 20 e 35 segundos (Bouchard et all, 1995) - Maior motivação e disponibilidade por parte de atletas e treinadores para a realização de um teste com estas características. 97 METODOLOGIA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m 5.3. Competições de 400m As competições de 400m que foram consideradas para este estudo decorreram durante as épocas de 2001 e 2002 (nesta apenas o sujeito A), tendo sido escolhidas da totalidade de competições efectuadas pelos sujeitos, aquelas em que foi possível realizar o controlo das manifestações de força. Embora para análise geral tenhamos considerado todas as competições acima referidas, a predição do T400 em função da sua relação com as manifestações de força (intra-sujeito), será apenas efectuada para o sujeito A uma vez que é o que apresenta uma amostra (número de provas) considerável para efectuar este tipo de comparações, bem como aplicar o respectivo modelo de predição do rendimento. Quer para estabelecer as correlações entre o T400 e as manifestações de força, quer para prever o resultado competitivo, consideramos apenas as competições em que se verificaram condições óptimas (e sempre semelhantes) para que o atleta pudesse expressar o seu máximo rendimento do momento, principalmente no que respeita ao âmbito da competição e adversários, bem como às condições climatéricas (temperatura e vento). Desta forma, foram eliminadas para o efeito os dados relativos às seguintes competições: - de âmbito regional com pouca competitividade e em que o empenho do atleta terá ficado aquém do máximo; - em que se verificou que a temperatura era demasiado baixa; - realizadas sob vento muito intenso; - nas quais o atleta estava com limitações9 de ordem muscular e que impunham restrições ao nível da biomecânica da corrida (essencialmente na sua fase inicial – partida e acelaração) bem como da estratégia da mesma. 9 Estas limitações, ocorridas durante grande parte da época de 2002, não perturbavam nem a fase de corrida lançada nem na realização dos testes de controlo das manifestações de força. 98 METODOLOGIA Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m 6. ANALISE DOS DADOS Para tratamento dos dados recorremos aos seguintes programas informáticos: Excel 2000 e SPSS para Windows – 11.0. Todos os dados foram tratados estatisticamente de forma descritiva através da média e desvio padrão (SD). O cálculo da variação percentual das manifestações de força ao longo da época, foi efectuado por comparação relativa ao resultado da primeira recolha. A normalidade das amostras foi testada com recurso ao teste de Kolmogorov – Smirnov. Recorremos ainda aos seguintes procedimentos (para o sujeito A): - Coeficiente de Correlação de Pearson (1-tailed) para determinar as associações entre as diferentes variáveis decorrentes da avaliação das manifestações de força e o resultado competitivo em 400m (T400); - Regressão linear simples para ilustrar a associação entre T400 e hmed 30”CMJ; - Análise de regressão múltipla (método stepwise) aplicada ao “Tempo aos 400m”, como variável dependente, tendo como variáveis independentes: a HCMJ, Hmáx Fr, Pmáx Fr, Hméd Fr, Pméd Fr, Hméd 30”CMJ, Hméd 0-15, Hméd 15-30, Pméd 30”CMJ, Pméd 0-15, Pméd 15-30, Hméd 30”CMJ/ hCMJ, h 0-15/h CMJ, h 15-30/h 0-15, P15-30/ P0-15, a fim de estabelecer um Modelo de predição do rendimento. O grau de significância adoptado foi de p= 0,05 para todas as hipóteses. 7. LIMITAÇÕES DO ESTUDO Apesar da amostra apresentar 3 dos melhores especialistas nacionais de 400m, as conclusões deste estudo não são extensíveis a todos os quatrocentistas portugueses nem a outras populações. 99 RESULTADOS Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m VI - RESULTADOS Nas tabelas 12, 13, 14 e 15 é possível observar para cada sujeito em estudo, os resultados obtidos nos testes realizados ao longo da época, bem como as estatísticas descritivas das variáveis consideradas. Tabela 12 – Resultados obtidos pelo Sujeito A nas competições de 400m e testes de CMJ, Reactividade e 30”CMJ, durante o ano de 2001 2001 Data 9-Abr 400m (s) 16-Abr 11-Mai 22-Mai 28-Jun 4-Jul 12-Jul 26-Jul 48,06 55,9 47,80 54,9 47,40 57,5 47,69 57 47,72 58,4 47,15 53,6 Média 47,83 56,48 SD 0,592 1,709 43,6 64,10 41,39 60,34 45,0 68,20 42,53 62,78 45,34 65,89 41,19 61,09 4,251 1,827 4,672 1,342 CMJ (cm) Força Reactiva 56 49,00 58,5 Hmáx (cm) Pmáx (watt/kg) Hméd (cm) Pméd (watt/kg) Resistência de Força 38,4 64,40 35,09 60,43 50,1 68,00 44,62 62,54 47,9 66,70 35,11 61,73 44,0 64,70 42,14 59,09 51,3 63,80 49,03 59,85 42,4 67,20 39,57 61,93 Hmed30CMJ (cm) 42,18 45,54 38,82 28,55 30,61 26,48 40,16 43,41 37,14 28,08 30,13 26,03 42,37 44,49 40,55 28,39 30,08 26,7 40,02 42,14 37,91 29,34 31,08 27,6 41,20 42,60 39,79 29,62 30,98 28,26 41,64 44,48 39,01 28,55 30,28 26,81 43,40 46,95 39,85 28,59 31,22 25,96 41,57 44,23 39,01 28,73 30,63 26,83 1,217 1,680 1,185 0,546 0,474 0,834 75,32 81,32 85,24 68,65 74,21 85,56 75,8 79,59 91,14 72,9 76,76 89,96 71,65 74,09 93,4 73,05 78,04 87,7 80,97 87,59 84,88 74,05 78,80 88,27 3,869 4,695 3,310 13,49 13,61 11,24 11,20 8,78 11,46 16,85 12,37 2,557 Hméd 0-15 (cm) Hméd 15-30 (cm) Pmed30CMJ (watt/kg) Pméd 0-15 (watt/kg) Pméd 15-30 (watt/kg) Índice Resistência (%) hmed30/hCMJ h(0-15)/hCMJ h(15-30)/h(0-15) Índice Fadig.- Perca Pot 100-((P15-30/P0-15)*100) O Sujeito A apresenta um resultado médio aos 400m de 47,83 segundos, com uma amplitude compreendida entre os 47,15 e os 49 segundos. Na época de 2002 e para as competições apresentadas, apresenta como melhor resultado, 47,98 e uma média de 48,26. Já os Sujeitos B e C apresentam resultados um pouco mais modestos com médias de 49,78 e 50,72. Os resultados do sB nos 400 barreiras estão compreendidos entre 53,15 e 55,80. 100 RESULTADOS Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Tabela 13 – Resultados obtidos pelo Sujeito A nas competições de 400m e testes de CMJ, Reactividade e 30”CMJ, durante o ano de 2002 2002 Data 15-Dez 22-Mar Hméd 0-15 (cm) Hméd 15-30 (cm) Pmed30CMJ (watt/kg) Pméd 0-15 (watt/kg) Pméd 15-30 (watt/kg) 42,9 65,40 39,89 58,37 39,1 62,60 37,49 58,35 41,18 64,53 38,93 59,15 4,098 1,485 3,812 1,232 40,40 42,88 38,1 28,21 29,66 26,76 40,44 42 38,89 29,68 31,35 28 41,24 43,68 38,97 28,93 30,58 27,28 39,97 42,48 37,60 28,72 30,62 26,86 0,925 0,812 1,193 0,679 0,695 0,759 69,51 74,75 86,43 68,01 72,19 88,85 70,7 73,43 92,6 71,23 75,44 89,22 71,08 75,57 88,50 1,851 2,267 2,131 14,08 9,78 10,69 10,79 12,28 1,797 18-Jun 1-Jul 16-Jul 54,9 54,2 47,98 55 59,4 48,62 57,2 36,8 64,60 35,08 61,12 37,0 63,90 34,71 58,96 45,5 63,80 42,83 57,95 45,8 66,90 43,60 60,14 39,89 42,93 37,07 27,86 29,96 25,76 39,86 42,51 37,22 28,47 30,65 26,59 39,71 42,27 37,39 29,51 31,62 27,4 38,23 41,11 35,53 28,38 30,53 26,23 72,26 77,77 86,35 72,6 77,43 87,56 73,27 77,99 88,46 14,02 13,25 13,35 55,2 Hmáx (cm) Pmáx (watt/kg) Hméd (cm) Pméd (watt/kg) Resistência de Força Hmed30CMJ (cm) 48,19 57,9 SD 0,326 1,925 4-Jun 400m (s) CMJ (cm) Força Reactiva Média 48,26 56,26 26-Abr Índice Resistência (%) hmed30/hCMJ h(0-15)/hCMJ h(15-30)/h(0-15) Índice Fadig.- Perca Pot 100-((P15-30/P0-15)*100) O sujeito A apresenta também os melhores registos no CMJ, com uma elevação média de 56,48cm e 56,26 em 2001 e 2002 respectivamente, enquanto que os sujeitos B e C apresentam respectivamente 50,66 e 46,58cm. Estes são valores que estão de acordo com o que consultámos na literatura para atletas deste nível (Badillo & Gorostiaga, 1999; Numella et all citados por Gorostyaga & Lopes Calbet, 2001). Relativamente á Força reactiva, o sujeito B apresenta os melhores resultados, com uma média de valores de Potência máxima e média de 84,48 e 77,66 watt/kg, enquanto que os sujeitos A e C apresentaram valores médios de – 65,89 e 61,09 (A ano de 2001); 64,53 e 59,15 (A - ano de 2002) e 72,98 e 66,04 (sujeito C). Também no que respeita à altura alcançada o sujeito B apresenta valores superiores, máximas de 50,2cm, enquanto que os sujeitos A e C apresentam 45,34 e 41,18 (2001 e 2002 - A) e 40,06 (sujeito C). O sujeito A apresenta uma amplitude de valores de Hmáx bastante elevada, compreendidos entre 36,8 e 50,1 com um desvio de 4,25 e 4, 098 em 2001 e 2002 respectivamente, enquanto que o sujeito B apresenta desvio de apenas 1,949. Quanto à média das alturas médias, estes valores aproximam-se 101 RESULTADOS Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m ligeiramente, ainda que o sujeito B apresente valores bastante superiores – 47,29, contra 41,19 para A e 36,83 para C. Tabela 14 – Resultados obtidos pelo Sujeito B nas competições de 400m e 400m barreiras, e testes de CMJ, Reactividade e 30”CMJ, durante o ano de 2001 2001 Data 9-Abr 53,38 50,4 SD 0,105 1,066 0,637 51,5 85,48 48,53 76,54 50,20 84,48 47,29 77,66 1,949 3,070 1,831 2,206 CMJ (cm) Força Reactiva 51,2 Hmáx (cm) Pmáx (watt/kg) Hméd (cm) Pméd (watt/kg) Resistência de Força 52,07 87,92 49,59 79,87 51,6 85,4 47,63 79,46 48,77 84,87 46,45 78,52 Hmed30CMJ (cm) 40,38 42,34 38,41 29,02 30,22 27,83 39,11 40,88 37,34 28,96 31,35 26,56 38,43 41,05 35,99 26,43 27,76 25,11 38,31 41,18 35,64 26,98 28,3 25,67 39,06 41,36 36,85 27,85 29,41 26,29 0,822 0,574 1,104 1,159 1,447 1,027 78,87 82,7 90,72 78,38 81,92 91,34 76,55 81,77 87,67 76,01 81,71 86,55 77,45 82,03 89,07 1,201 0,397 2,012 7,91 15,28 9,55 9,29 10,51 2,825 400m (s) 400barr. (s) Hméd 0-15 (cm) Hméd 15-30 (cm) Pmed30CMJ (watt/kg) Pméd 0-15 (watt/kg) Pméd 15-30 (watt/kg) 19-Jun Média 49,79 53,97 50,66 14-Mai 49,89 55,8 49,9 26-Jul 53,55 50,2 13-Jul 49,68 53,15 51,6 47,07 78,71 44,27 73,89 Índice Resistência (%) hmed30/hCMJ h(0-15)/hCMJ h(15-30)/h(0-15) Índice Fadig.- Perca Pot 100-((P15-30/P0-15)*100) Pelo que pudemos verificar na revisão da literatura, os resultados de Potência reactiva estão de acordo com os que Garcia Manso et all (1998) sugerem para velocistas, sendo que o sujeito A apresenta valores um pouco abaixo, o sujeito B apresenta valores um pouco acima e o sujeito C apresenta valores dentro das referências. Também relativamente ao estudo de Locatelli (1996a e 1996b) os valores dos atletas agora estudados, se encontram dentro dos que foram apresentados pelo autor na sua avaliação a atletas italianos. No que respeita à Resistência à força explosiva, podemos verificar que o sujeito A apresenta o melhor resultado em praticamente todas as variáveis consideradas. Relativamente à hmed, o sujeito A apresenta uma média de resultados de 41,57cm e 39,97 nos anos de 2001 e 2002, enquanto que os sujeitos B e C apresentam valores de 39,06 e 33,82cm respectivamente. 102 RESULTADOS Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Tabela 15 – Resultados obtidos pelo Sujeito C nas competições de 400m e testes de CMJ, Reactividade e 30”CMJ, durante o ano de 2001 2001 CMJ (cm) Força Reactiva 47,6 51,99 45,8 50,35 46,5 49,83 46,4 Média 50,72 46,58 Hmáx (cm) Pmáx (watt/kg) Hméd (cm) Pméd (watt/kg) Resistência de Força 43,20 71,15 40,55 65,27 40,03 76,42 36,94 68,57 38,30 70,62 35,42 64,08 38,70 73,73 34,43 66,22 40,06 72,98 36,84 66,04 2,222 2,665 2,683 1,903 Hmed30CMJ (cm) 34,17 37,10 31,23 28,08 30,92 25,94 33,19 35,88 30,51 27,26 29,83 24,69 33,50 35,49 31,39 27,22 29,15 25,30 34,43 37,60 31,47 25,93 28,41 23,45 33,82 36,52 31,15 27,12 29,58 24,85 0,576 0,996 0,438 0,888 1,066 1,061 71,79 77,94 84,18 72,47 78,34 85,03 72,04 76,32 88,45 74,2 81,03 83,7 72,63 78,41 85,34 1,087 1,954 2,145 16,11 17,23 13,21 17,46 16,00 1,954 Data 16-Abr 400m (s) Hméd 0-15 (cm) Hméd 15-30 (cm) Pmed30CMJ (watt/kg) Pméd 0-15 (watt/kg) Pméd 15-30 (watt/kg) 19-Jun 4-Jul 9-Jul SD 1,127 0,750 Índice Resistência (%) hmed30/hCMJ h(0-15)/hCMJ h(15-30)/h(0-15) Índice Fadig.- Perca Pot 100-((P15-30/P0-15)*100) Na figura 39 podemos observar, para os 3 sujeitos, os valores médios de elevação do c.g. no CMJ e de hmed no teste de 30”CMJ. É possível verificar as diferenças entre os sujeitos, obtidas no ano de 2001, e ainda os resultados de 2002 do sujeito A, o qual apresenta um valor médio de hmed 30” CMJ bastante inferior em relação ao alcançado no ano de 2001. No que diz respeito às Potências obtidas, o sujeito A apresenta também os valores mais elevados, com uma média de valores de 28,73 e 28,72; 30,63 e 30,62; e 26,83 e 26,86 watt/kg para Pmed 30”CMJ, Pmed 0-15 e Pmed 15-30 respectivamente nos anos de 2001 e 2002. Curiosamente estes valores do sujeito A apresentam uma grande constância, não se verificando o mesmo nas alturas alcançadas. 103 RESULTADOS Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m (cm) 60,00 CMJ 30"CMJ 55,00 50,00 45,00 40,00 35,00 SujeitoA Sujeito A 02 Sujeito B Sujeito C Figura 39 – Valores médios de elevação do c.g. dos 3 sujeitos nos testes CMJ e 30”CMJ No que respeita às relações entre alturas (hméd 30”CMJ/ hCMJ, h0-15/ hCMJ e, h15-30/ h0-15), as quais traduzem índices de resistência, o sujeito B apresenta os melhores índices em termos médios, ainda que os máximos valores são conseguidos pelo sujeito A na época de 2001. Assim, quanto à relação entre hméd 30”CMJ/ hCMJ, o Sujeito A apresenta o valor mais elevado de 80,97% enquanto que apresenta um valor médio de 74,05 em 2001 e 71,08 em 2002. O Sujeito B apresenta um valor máximo de 78,87% e uma média de 77,45. Por sua vez o Sujeito C apresenta valores máximo e médio de 74,2 e 72,63% respectivamente. Estes valores segundo Bosco (2000) são relativamente fracos, uma vez que o autor sugere que um bom nível de Resistência à força rápida (no que se refere a este parâmetro) para desportos individuais deve estar compreendido entre os 80 e 90%. No que respeita à relação entre hméd 0-15/ hCMJ, a qual Bosco considera como sendo um indicador do nível de empenho no inicio do teste, mais uma vez o Sujeito A apresenta o melhor valor máximo - 87,59% (com 78,80 e 75,57 como média nos anos de 2001 e 2002) e o Sujeito B o melhor valor médio - 82,03% (e 82,7% como máximo). O Sujeito C aqui apresenta valores muito próximos com 81,03 e 78,04% como valores máximo e médio. 104 RESULTADOS Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Relativamente à relação entre h 15-30/ h0-15, a qual reflecte a capacidade de manter o rendimento da primeira para a segunda metade da prova, mais uma vez o Sujeito A apresenta o melhor valor máximo (93,6%) e o Sujeito B o melhor valor médio (89,07%). O Sujeito C aqui apresenta valores um pouco abaixo com 88,45 e 85,34% como valores máximo e médio. No que respeita à relação entre a P15-30/ P0-15, a qual Bosco apresenta como valor de perda de potência, o Sujeito B apresenta os melhores resultados com uma perca média de 10,51 %, enquanto que os sujeitos A e C registaram percas médias de 12,37 e 12,28 % em 2001 e 2002 (A), e 16,0% (C). Como pudemos verificar na revisão de literatura, são poucos os trabalhos que se referem ao teste de 30”CMJ. Ainda assim, devemos referir que os resultados estão obviamente em conformidade com o estudo que apresentamos com atletas juniores e seniores da selecção nacional portuguesa (Miguel, 2002), uma vez que os sujeitos em estudo são também parte integrante desse grupo. Com efeito, devemos salientar que os valores de Pmed 0-15 dos 3 sujeitos, são ligeiramente superiores aos valores apresentados por Bosco (1994) relativos a atletas da selecção italiana de Esqui Alpino (ver figura 27) e ainda aos de atletas internacionais de 400m e 400 barreiras (ver figura 28). Di Cesare (2000) avaliou alguns dos melhores atletas argentinos, os quais no teste de 15”CMJ apresentam valores de elevação média do c.g. semelhantes aos obtidos pelos sujeitos A e B na primeira metade do teste 30”CMJ (ver figura 29). 105 RESULTADOS Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Evolução de Capacidades ao longo da Época Para que melhor se possa perceber a evolução que as distintas capacidades sofrem ao longo da época desportiva, seguidamente apresentamos alguns gráficos que ilustram essa mesma evolução nos sujeitos em estudo. (Watt/Kg) (Watt/kg) Sujeito A 01 100 100 90 90 80 80 70 70 60 60 2001 50 1Abr 16Abr 1Mai 16Mai 31Mai 15Jun 30Jun 15Jul Sujeito A 02 Pmáx Fr Pméd Fr 2002 50 16- 31- 15- 30- 15- 30- 14- 29Mar Mar Abr Abr Mai Mai Jun Jun 30Jul 14Jul 29Jul Figura 40 – Evolução da Potência Reactiva do Sujeito A durante as épocas de 2001 e 2002 Na figura 40 podemos observar a evolução da Potência reactiva do sujeito A ao longo das épocas de 2001 e 2002. Os valores, próximos dos 60 e 70 watt/kg (Pmáx e Pmed), apresentam variações mínimas, que não vão além dos 7 % em qualquer das épocas. (Watt/kg) (Watt/Kg) Sujeito B 100 100 90 90 80 80 70 70 60 60 Sujeito C Pmáx Fr 2001 50 1Abr 16Abr 1Mai 16Mai 31Mai 15Jun 30Jun 15Jul 30Jul Pméd Fr 2001 50 1Abr 16Abr 1Mai 16Mai 31Mai 15Jun 30Jun 15Jul 30Jul Figura 41 – Evolução da Potência Reactiva dos Sujeito B e C durante a época de 2001 Na figura 41 podemos observar a evolução da Potência reactiva dos sujeitos B e C ao longo da época de 2001. Quaisquer deles apresenta valores superiores ao sujeito A, 106 RESULTADOS Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m como já anteriormente tínhamos referido. Destaque para o abaixamento do sujeito B em meados do mês de Julho, de valores de 87,92 e 79,87 watt/kg para 78,71 e 73,89 (Pmax e Pmed) os quais significam uma perca de 10,5 e 7,5% em relação ao período preparatório. Ainda assim, no final do mês e da época os valores tornam a subir para níveis próximos dos iniciais. O sujeito C realizou apenas quatro controlos ao longo da época, ainda assim verifica-se que os valores apresentam amplitude entre os 70,66 e 76,42; e os 64,1 e 68,6 watt/kg para Pmax e Pmed, o que corresponde a variações de 8,2 e 6,9%. (cm) Sujeito A (cm) 50,00 45,00 40,00 50,00 Hméd 0-15 45,00 30CMJ Sujeito A 02 40,00 Hméd 15-30 35,00 35,00 2001 30,00 1Abr 16Abr 1Mai 16Mai 31Mai 15Jun 30Jun 15Jul 30Jul 30,00 16Mar 31Mar 15Abr 30Abr 15Mai 30Mai 14Jun 29Jun 14Jul 29Jul 2002 Figura 42 - Evolução das alturas médias de salto no teste 30”CMJ (elevação média do c.g. na primeira metade, na totalidade e na segunda metade do teste) do Sujeito A durante as épocas de 2001 e 2002 Na figura 42 podemos observar a evolução das alturas médias de elevação do c.g. no teste de 30” CMJ (primeira metade, total e segunda metade) do sujeito A ao longo das épocas de 2001 e 2002. Verifica-se que na época de 2002 os valores embora mais equilibrados, são bastante inferiores aos conseguidos em 2001. De facto em 2001 chegam a existir diferenças de 8% hmed 30CMJ e de 10% na hmed 0-15. Até meados de Maio (início da época competitiva) verificam-se grandes flutuações, sendo que a partir daí os resultados vão melhorando progressivamente. Em qualquer dos casos, os valores máximos de qualquer dos parâmetros são alcançados no final da época desportiva (43,4; 46,95; e 39,85 cm em 2001 e 41,24; 43,68 e 38,97 cm em 2002), com 107 RESULTADOS Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m excepção da hmed 15-30 na época de 2001, a qual ainda assim apresenta um incremento de 2,65% relativamente ao período preparatório. (cm) (cm) Sujeito B Sujeito C 50,00 50,00 45,00 45,00 Hméd 0-15 40,00 40,00 30CMJ 35,00 35,00 Hméd 15-30 2001 30,00 1Abr 16Abr 1Mai 16Mai 31Mai 15Jun 30Jun 15Jul 30Jul 30,00 1Abr 16Abr 1Mai 16Mai 31Mai 15Jun 30Jun 15Jul 30Jul 2001 Figura 43 – Evolução das alturas médias de salto no teste 30”CMJ (elevação média do c.g. na primeira metade, na totalidade e na segunda metade do teste) dos Sujeitos B e C durante a época de 2001 Na figura 43 podemos observar a evolução das alturas médias de elevação do c.g. no teste de 30” CMJ (primeira metade, total e segunda metade) dos sujeito B e C ao longo da época de 2001. Os valores são bastante inferiores aos do Sujeito A em qualquer momento. O sujeito B apresenta uma diminuição progressiva de resultados ao longo da época, com uma perca de 40,38 para 38,31cm na hmed 30CMJ, o que traduz uma diminuição de 5,13% desde o período preparatório até ao momento da última competição. Já o sujeito C com apenas quatro controlos, parece apresentar uma ligeira diminuição do período preparatório até meados de junho, a qual é progressivamente recuperada e suplantada no último teste. Ainda assim as diferenças são mínimas, não chegando aos 4% na hmed 30CMJ (34,43 e 33,19cm) e atingindo os 5,7% na hmed 0-15 (37,6 e 35,49 cm). 108 RESULTADOS Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m (cm) 60 Sujeito A (s) 50,00 CMJ 55 49,00 30CMJ 50 48,00 400m 45 R2 = 0,893 47,00 40 Polinóm (400m) 46,00 9-Abr 16-Abr 11-Mai 22-Mai 28-Jun 4-Jul 26-Jul 2001 Figura 44 – Elevação do c.g. nos testes CMJ e 30”CMJ, e marcas obtidas aos 400m pelo Sujeito A ao longo da época de 2001 A figura 44 representa a evolução do sujeito A ao longo da época de 2001, na corrida de 400m e respectiva comparação com a elevação do c.g. nos testes CMJ e 30”CMJ. Podemos verificar que a curva de tendência (R2=0,893), traçada para representar a evolução de marcas aos 400m ao longo da época, apresenta uma diminuição progressiva desde os 49 até aos 47,15” (3,92%). O mesmo não se verifica com as curvas que representam a evolução da altura de salto nos testes CMJ e 30”CMJ. Ainda assim, verifica-se que no período competitivo à medida que o tempo de 400m vai diminuindo, de competição para competição, a altura média da elevação do c.g. nos 30”CMJ vai incrementando o seu valor, pese embora tal não aconteça no período preparatório. Neste parâmetro tivemos uma evolução negativa até aos 5,12% no momento da segunda competição e posterior incremento até aos 2,89% aquando da última competição. Já no CMJ os valores apresentam diversas ondulações ao longo da época não se vislumbrando qualquer relação com o resultado nos 400m. Quanto ao Sujeito B, no que respeita à sua evolução na prova de 400bar ao longo da época de 2001, e respectiva comparação com a elevação do c.g. nos testes CMJ e 30”CMJ (figura 45), verifica-se que apresenta uma melhoria de rendimento desde a primeira até à última competição de 55,80 até 53,38. O mesmo não acontecendo com os resultados dos testes, em que como referimos anteriormente apresenta uma diminuição progressiva ao longo da época, com um ligeira flutuação no CMJ e valores 109 RESULTADOS Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m compreendidos entre os 49,9 e 51,6 cm, sendo que na hmed 30CMJ a diminuição é de 40,38 para 38,31. (cm) 55 (s) 56,00 Sujeito B CMJ 50 55,00 45 54,00 30"CMJ 400barr 40 2 R =1 35 53,00 52,00 Polinom (400barr) 9-Abr-01 14-Mai-0119-Jun-0126-Jul-01 Figura 45 – Elevação do c.g. nos testes CMJ e 30”CMJ, e marcas obtidas em 400 barreiras pelo sujeito B ao longo da época de 2001 O sujeito C apresenta também, ao longo da época de 2001 uma melhoria das suas prestações em 400m (51,99 para 49,83) com alterações mínimas na altura de salto do CMJ e 30”CMJ (figura 46). (cm) 50 (s) 53,00 Sujeito C 45 40 CMJ 52,00 30"CMJ 51,00 400m 50,00 Polinom (400m) R2 = 1 35 30 49,00 16-Abr-0119-Jun-01 4-Jul-01 9-Jul-01 Figura 46 – Elevação do c.g. nos testes CMJ e 30”CMJ, e marcas obtidas em 400m pelo Sujeito C ao longo da época de 2001 Em qualquer dos testes, verifica-se uma diminuição da altura de salto do período preparatório para o início do período competitivo, existindo durante este um ligeiro incremento que acompanha as melhorias das prestações na corrida de 400m. 110 RESULTADOS Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m (%) Índice Resistência h30CMJ/ hCMJ 90,00 85,00 Suj A 01 80,00 Suj B 01 75,00 Suj C 01 70,00 Suj A 02 65,00 60,00 A bril M aio Junho Julho Figura 47 – Evolução do Índice de Resistência (h30CMJ/ hCMJ * 100) dos três Sujeitos em estudo, durante o ano de 2001 e do Sujeito A no ano de 2002 Relativamente ao índice de resistência, o qual como já referimos por diversas vezes diz respeito à relação percentual entre o valor médio de elevação do c.g. nos 30”CMJ e o valor conseguido no CMJ (sendo outro dos parâmetros da Resistência de força rápida), a evolução ao longo da época de 2001 dos 3 sujeitos e ainda da época de 2002 do sujeito A pode ser consultada na figura 47. Podemos verificar que ao longo da época os Sujeitos B e C apresentam valores bastante estáveis, a rondar os 77 (B) e 73% (C) com ligeiras progressões negativa e positiva respectivamente. Por sua vez o sujeito A parece apresentar valores mais instáveis. Na época de 2002 esses valores são semelhantes ou inferiores aos do sujeito C, enquanto que em 2001 tinha conseguido valores bastante superiores, a rondar os 75% e terminando com um valor superior a 80%. 111 RESULTADOS Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Correlações entre a corrida de 400m e as manifestações de Força A fim de se estabelecer uma relação entre o resultado competitivo na corrida de 400m e as manifestações de força, apresentamos de seguida as tabelas de correlação construídas a partir dos resultados obtidos pelo sujeito A nas competições que foram consideradas para o efeito (ver parte da Metodologia). Tabela 16 – Relação entre o T400 e as variáveis de Força explosiva (hCMJ) e de Força Reactiva pelo sujeito A Correlati ons Tempo aos 400m Tempo aos 400m Pearson Correlation Sig. (1-tailed) N Potência màx. F reactiv a HCMJ H máxima F reactiv a Potência média F. reactiv a H média F. reactiv a 1 ,200 -,583 -,366 -,753* -,358 , 6 ,352 6 ,112 6 ,238 6 ,042 6 ,243 6 *. Correlation is signif icant at the 0.05 lev el (1-t ailed). Tabela 17 – Relação entre o T400 e as variáveis relativas à avaliação da Resistência de força rápida pelo sujeito A Correlations Tempo aos 400m Tempo aos 400m Pearson Correlation Sig. (1-tailed) N H média 30"CMJ H média 0-15 H média 15-30 Potência média 30"CMJ Potência média 0-15 Potência média 15-30 Relação hmédia30" CMJ/ hCMJ 1 -,910* -,811* -,872* -,201 -,610 ,021 -,814* , 6 ,016 5 ,048 5 ,027 5 ,373 5 ,138 5 ,486 5 ,047 5 *. Correlation is signif icant at the 0.05 lev el (1-tailed). As tabelas 16 e 17 mostram-nos as fortes relações existentes (p<0,05) entre o T400 e a Resistência de força rápida, nomeadamente nos parâmetros respeitantes à hmed 30”CMJ (-.910), hmed 0-15 (-.811), hmed 15-30 (-.872) e Índice de resistência (relação hmed30”CMJ/ hCMJ: -.814). É também possível observar a relação entre a Pmed Fr e o T400 (-.753). 112 RESULTADOS Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Com excepção da falta de relação entre hCMJ e o T400, todos as restantes relações apresentadas estão em consonância com os estudos que referimos na revisão bibliográfica, ainda que aqui estejamos a tratar de relações de resultados intra-sujeito. cm 44,0 Sujeito A R2 = 0,8288 43,0 42,0 41,0 40,0 39,0 38,0 47,00 47,20 47,40 47,60 47,80 48,00 seg. Figura 48 – Relação entre a elevação média do c.g. obtida no teste de 30”CMJ e a performance em competições de 400m pelo Sujeito A (p<0.05) Na figura 48 podemos observar a recta de regressão que ilustra a relação entre o resultado aos 400m e a elevação média do c.g. no teste 30”CMJ obtidos pelo sujeito A. Esta forte relação entre a altura média de salto no teste 30”CMJ e a performance em 400m foi referenciada na revisão bibliográfica (Miguel, 2002) num estudo com 15 atletas, sendo que os dados agora apresentados e respectiva correlação estão em conformidade com o referido trabalho. Todavia, mais uma vez referimos, agora estamos a tratar de relações intra-sujeito e não inter-sujeitos. Quanto aos sujeitos B e C, refira-se apenas que embora apresentem fortes relações entre o resultado competitivo obtido e alguns dos parâmetros das manifestações de força, essas mesmas relações não são significativas dada a escassez de dados apresentados. Ainda assim, destaque para a relação de resultados do sujeito C, entre T400 e hmed 15-30 (-0,988 p=0,05), bem como T400 e hCMJ, e T400 e h30”CMJ, ambas superiores a -0,80 mas não significativas. Quanto ao sujeito B, apenas realizou duas competições de 400m pelo que não faria qualquer sentido apresentar essas relações. 113 RESULTADOS Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Modelo Preditivo da Performance em 400m Depois de incluídos todas os parâmetros decorrentes da avaliação das manifestações de força como variáveis independentes, a fim de estimar o resultado competitivo na corrida de 400m, a hméd 30”CMJ foi a única escolhida como capaz de melhor explicar o resultado da referida corrida (tabela 18) . Tabela 18 – Variável que melhor explica o resultado da corrida de 400m (hmed 30”CMJ) do Sujeito A Variables Entered/Removeda Variables Entered Model 1 H média 30"CMJ Variables Remov ed , Method Stepwise (Criteria: Probability -of -F-to-ent er <= ,050, Probability -of -F-to-remov e >= ,100). a. Dependent Variable: Tempo aos 400m Tabela 19 – Modelo Sumario da Predição da Performance em 400m para o Sujeito A Model Summary Model 1 R ,910a R Square ,829 Adjusted R Square ,772 Std. Error of the Est imat e ,15756 a. Predictors: (Constant), H média 30"CMJ Na tabela 19 podemos verificar a relação que a variável independente apresenta com a variável dependente (T400). O R quadrado apresenta-nos a proporção de variância explicada pelo modelo, enquanto que o R quadrado ajustado corrige este valor com intuito de que o modelo possa reflectir fielmente a variabilidade dos resultados. No caso deste modelo apenas foi considerada a hméd 30”CMJ, explicando 77,2% do resultado dos 400m e apresentando um erro padrão de estimativa de 0,16 segundos. 114 RESULTADOS Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Tabela 20 – Coeficientes do Modelo de Predição da Performance em 400m para o Sujeito A Coeffici entsa Model 1 (Constant) H média 30"CMJ Unstandardized Coef f icients B Std. Error 53,988 1,677 -,156 ,041 Standardized Coef f icients Beta -,910 t 32,193 -3,810 Sig. ,000 ,032 a. Dependent Variable: Tempo aos 400m Na tabela 20 apresentam-se o coeficiente a utilizar e respectiva constante, para que cheguemos à formula de previsão do resultado dos 400m a partir do modelo de regressão linear. Neste sentido temos a seguinte fórmula, para este Modelo, com 77,2% de explicação: T400 = 53,988 – (0,156 * hmed 30”CMJ) 115 DISCUSSÃO Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m VII - DISCUSSÃO Alterações ao longo da Época Os resultados deste estudo demonstram que as várias manifestações de força variam ao longo da época desportiva. De facto, em qualquer dos sujeitos observados com maior ou menor ênfase, todas as variáveis apresentaram modificações ao longo da temporada (positivas ou negativas – tomando como referência o primeiro controlo realizado). Relativamente à força explosiva, os valores de elevação de salto no CMJ realizado pelos sujeitos em estudo oscilaram em 8,58 e 9,42% (em 2001 e 2002) para o sujeito A, 3,32% para o Sujeito B, e 3,71% para o sujeito C. Como pudemos verificar nas figuras 44, 45 e 46, o sujeito A apresenta uma ondulação de resultados ao longo da época, enquanto os Sujeitos B e C apresentam resultados mais estáveis mas com uma diminuição da altura de salto do período preparatório para o início do período competitivo. Quanto à força reactiva, só no que respeita à Pmed Fr, existiram oscilações de resultados de 6,11% do sujeito A, 7,5% do sujeito B e 6,88% do Sujeito C, sendo as oscilações da Pmáx Fr ligeiramente superiores em todos os sujeitos. Ainda que a tendência não seja linear, existindo ligeiras ondulações ao longo da época, devemos destacar que os sujeitos A e B apresentam os melhores resultados no período preparatório, enquanto que o sujeito C apresenta o melhor resultado no início do período competitivo (figuras 40 e 41). No que respeita à Resistência à força explosiva, os sujeitos apresentaram oscilações de elevação média de salto de 8,01 e 7,55% - sujeito A, 5,13% - sujeito B, e 3,63% - sujeito C. Relativamente ao índice de resistência as variações são de 12,32 e 5,25% para o sujeito A, 2,36% para o sujeito B, e 2,42% para o sujeito C. Já no que se refere à perca de potência, a oscilação de valores é de 8,25 e 4,31% - sujeito A, 5,99% - sujeito B, e 4,25% - sujeito C. Ainda relativamente à Resistência à força explosiva, o sujeito A apresenta grandes flutuações de resultados até ao início do período competitivo, sendo que a partir daí a evolução é positiva até ao final da temporada (figuras 44 e 47). O sujeito B apresenta uma evolução negativa ao longo da época, enquanto que o sujeito C apresenta 116 DISCUSSÃO Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m uma evolução negativa do período preparatório até meio do período competitivo, com posterior incremento até ao melhor resultado da época, obtido no momento da última competição (figuras 45,46 e 47). Relativamente aos resultados obtidos em competição de 400m, a oscilação de valores foi de 3,92 e 1,32% para o sujeito A nos anos de 2001 e 2002, 0,5 e 4,99% para o sujeito B em 400m e 400barr no ano de 2001, e 4,33% para o sujeito C no ano de 2001. Refira-se que qualquer dos sujeitos apresentou uma evolução positiva de resultados ao longo da época (figuras 44, 45 e 46). Estas alterações e flutuações na capacidade de manifestar determinado tipo de força, podem dever-se à ênfase posta no treino de força (Sale, 1995). Reiß (1992) sugere que nas especialidades cíclicas (especialidades de RCD e 400m incluídos) o treino da força deve desenvolver-se todo ano, ainda que se deva efectuar uma distinção entre meios de preparação geral e especial, e meios especiais. Com efeito, como sugere o primeiro autor, o facto de melhorar numa(s) e não noutra(s) manifestação(ões) de força pode dever-se à especificidade do treino. Assim, as flutuações de rendimento (com tendências de evolução positiva ou negativa) ocorridas com estes sujeitos na avaliação das manifestações de força referidas, podem dever-se a um ou vários dos seguintes factores: - ênfase do treino no que se refere aos conteúdos abordados, com maior ou menor predominância das diferentes manifestações de força relativamente a outras capacidades; - estratégia de preparação e programação adoptada para o treino da força e sequência de manifestações a desenvolver e/ou exercícios realizados em cada momento da época; - Carga de treino aplicada no momento ou nas semanas imediatamente anteriores; - Nível atlético e características dos sujeitos (pontos fortes e fracos e perfil atlético); - Outros aspectos relacionados com a preparação. Neste sentido, o facto de o sujeito A apresentar diferentes níveis de Força explosiva e Força reactiva, ao longo de toda a época parece sugerir que não existiu uma estratégia de preparação para a manifestação do máximo rendimento destas capacidades, num determinado momento. Já no que se refere à resistência de força rápida, constatou-se uma tendência de evolução positiva no final de cada época. Tal 117 DISCUSSÃO Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m facto, parece sugerir um direccionamento do treino para o desenvolvimento desta capacidade específica, no referido momento. Ainda assim, durante o período preparatório da época de 2001 verificou-se uma certa oscilação desta capacidade, facto que poderá ser explicado pela maior carga de treino que habitualmente todos os atletas realizam neste período. Logo, ainda que cumpridos os requisitos metodológicos no que se refere aos controlos realizados (repouso ou treino muito leve no dia anterior), uma semana(s) de treino mais ou menos exigente em termos da carga total realizada pelo atleta, poderá ditar uma menor ou maior capacidade de resposta aquando da realização do teste. Poderão ser afectadas em maior ou menor grau as diferentes manifestações de força, dependendo essas possíveis perdas, do tipo de solicitação metabólica, neuromuscular e estrutural a que o atleta tenha sido sujeito na semana(s) anterior(es), bem como das suas possibilidades de adaptação e recuperação/ supercompensação no momento. O sujeito B, como pudemos verificar mantém com uma oscilação mínima o seu nível de força explosiva, sendo que quanto à Força reactiva e à Resistência de força rápida apresentou uma tendência de diminuição dos seus níveis, do período preparatório para o período competitivo. A redução dos conteúdos de treino que solicitem estas capacidades, durante o período competitivo, poderá ser a explicação para este caso. O sujeito C apresenta no início do período competitivo os seus mais baixos níveis de manifestação de força. Ainda assim, apresenta o valor mais elevado de Potência reactiva no controlo realizado nesse momento. Todavia, o sujeito desde o início do período competitivo até ao momento da última competição, apresentou ligeiras melhorias nos seus níveis de Força explosiva e de Resistência de força explosiva. Sabendo que este sujeito se lesionou pouco tempo depois do primeiro controlo realizado, os resultados verificados poderão dever-se ao facto de ter existido uma modificação e diminuição da carga global de treino em termos gerais. Por outro lado, este aspecto conjugado com uma possível interrupção da aplicação de conteúdos de treino de força, terá contribuído ainda mais para que no momento do seguinte controlo efectuado (apenas 2 meses depois – 19 de Junho), o sujeito tenha apresentado os seus mais baixos níveis de Força explosiva e de Resistência de Força. Relativamente à força reactiva, se consultarmos a tabela 14, verificamos que o sujeito C apresenta em meados de Junho níveis de Pmed Fr e Pmax Fr mais elevados, mas níveis de Hmáx Fr e Hmed Fr bastante inferiores relativamente aos conseguidos no período preparatório. Assim, neste controlo o sujeito não conseguiu manifestar o mesmo 118 DISCUSSÃO Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m nível de força (alturas de salto inferiores) ainda que tenha gasto tempos de contacto inferiores em cada salto, o que lhe permitiu desenvolver maiores potências. Deste modo, estes resultados poderão dever-se às características do atleta nomeadamente no que se refere ao seu potencial em termos de reactividade, ou ainda à aplicação de conteúdos de treino com maior ênfase na manifestação rápida da força reactiva ou capacidade reflexa (Velez, 2000). Ou seja, a exercícios que são realizados com pouca preocupação com o nível de força desenvolvido, mas com muita preocupação relativamente ao tempo gasto (mínimo) para desenvolver essa força. 119 DISCUSSÃO Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Relação entre a corrida 400m e as Manifestações de Força Como pudemos verificar na apresentação de resultados relativos ao sujeito A, o T400 não apresenta qualquer tipo de relação com a hCMJ. Quanto ao sujeito C, ainda que se correlacionem os resultados por si obtidos nas referidas variáveis, não apresentam significado estatístico. Desta forma, não se confirma a hipótese de existir relação entre a Força elástico-explosiva e o resultado na corrida de 400m, pelo menos no que se refere à comparação de resultados intra-sujeito que é o nosso caso. Relativamente à Força Reactiva ou stiffness muscular, devemos referir que no que respeita ao Sujeito A quaisquer dos parâmetros que consideramos apresentaram relação com o T400, ainda que apenas a Pmed Fr seja a única variável com significado estatístico (r= -0,753; p< 0,05). (cm) (watt/kg) Sujeito A 50,00 63,00 48,00 62,00 Hméd 2 R = 0,5907 46,00 61,00 Pméd Fr 44,00 60,00 42,00 59,00 40,00 58,00 38,00 47,00 47,20 47,40 47,60 47,80 Polinómio (Pméd Fr) 57,00 48,00 (seg.) Figura 49 – Relação entre, a Altura e Potência média de saltos obtidas no teste 15s Reactividade, e a performance em competições de 400m pelo sujeito A No teste de reactividade interessa-nos tanto a quantidade de força manifestada (medida pela altura de voo), como o tempo necessário para manifestá-la (tendo como base os tempos de contacto – quanto menores maior a potência desenvolvida). Maior eficiência se terá com: uma maior altura de voo e os mesmos tempos de contacto, menor tempo de contacto sem variação das alturas de voo, ou com um aumento da altura de voo e uma diminuição dos tempos de contacto (Velez Blasco, 2000). Ou seja, 120 DISCUSSÃO Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m em qualquer das situações estamos a contribuir para que se aumente a potência desenvolvida, parâmetro que habitualmente se utiliza a fim de expressar o nível de stiffness muscular (Garcia Manso et all, 1998; Locatelli, 1996, 1996b). No entanto, não quisemos deixar de considerar neste estudo os dados relativos à altura de salto, a fim de verificar se poderiam eventualmente ocorrer comportamentos diferenciados dos referidos parâmetros. Assim, se observarmos a figura 49, podemos constatar a tendência que existe em diminuir Pméd Fr à medida que aumenta o tempo de corrida. Com efeito, uma analise mais pormenorizada aos pontos mais distantes da linha de tendência, permitenos verificar que esses registos coincidem com valores de Hméd Fr que se afastam da sua média ou normalidade. Ou seja, quando o nível de potência alcançado é inferior à tendência, a altura de salto conseguida é bastante superior em relação ao habitual (teste Fr correspondente ao T400 - 47.40), por sua vez quando a potência desenvolvida se apresentou bastante acima da linha de tendência, a altura de salto é muito inferior em relação aos restantes (teste Fr correspondente ao T400 - 47.69). Naturalmente que os aspectos acima referidos poderiam colocar em causa a fiabilidade do teste (o sujeito apresenta valores de alturas de salto com diferenças que ultrapassam os 20%), no entanto devemos referir que muitas das vezes estas alterações decorreram da estratégia que o sujeito adoptava para realizar o teste, em função de algumas limitações fisiológicas, nomeadamente no que se refere a inflamações 10 nos músculos, aponervoses e periósteo anteriores das pernas. Isto é, quando o sujeito se apresentava com esse problema, tentava compensar a dificuldade que tinha em realizar saltos mais elevados (dado que estes provocariam uma maior tensão, e dor, no momento de contacto), realizando saltos ligeiramente mais baixos com tempos de contacto mais breves, o que significa aplicar menos força mas de forma mais rápida. Em oposição se verificarmos o que ocorreu no teste Fr correspondente ao T400 - 47.40, para obter uma altura de salto tão elevada, e portanto manifestar mais força, o atleta realizou tempos de contacto bastante superiores - aspecto que sacrificou a potência desenvolvida. Desta forma, uma vez que a Potência desenvolvida se apresenta como o parâmetro mais adequado a fim de caracterizar a reactividade, e que as alturas de salto ainda que não apresentem significado estatístico, se relacionam com o T400. Como a 10 Periostite do tibial anterior – lesão de sobrecarga muito vulgar em atletas/ corredores, a qual se traduz pela irritação de inserções aponeuróticas e fenómenos inflamatórios do periósteo postero-interno da tíbia, condicionados pelas tracções musculares dos músculos que aí se inserem. Este tipo de traumatismos parece ser bastante favorecido pela prática de desportos em solo sintético (Massada, 1987) 121 DISCUSSÃO Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Pméd Fr e o T400 se relacionam de forma significativamente estatística, podemos concluir que se confirma a hipótese de existir relação entre a reactividade (stiffness muscular) e o resultado na corrida de 400m. O facto da relação entre a Potência desenvolvida e o T400 apresentar significado estatístico apenas para os valores médios, leva-nos a considerar que quanto mais saltos realizados, mais forte é essa relação. Assim, estes dados sugerem que para o corredor de 400m para além de ser importante um nível elevado de stiffness muscular, mais importante é conseguir manter esse nível, ou aproximado, durante um determinado tempo. Ou seja, é a capacidade Resistência associada com esta manifestação de força. No que respeita à Resistência à força explosiva, ainda que diversos parâmetros considerados tenham apresentado relação com o T400 (quer no que se refere aos dados do sujeito A, quer do sujeito C), a hmed 30”CMJ, a hméd 0-15, a hméd 15-30 e hmed/ hCMJ obtidos pelo sujeito A, e a hmed 15-30 obtido pelo sujeito C, foram as variáveis que apresentaram significado estatístico. (cm) 44,00 (watt/kg) 33,00 Sujeito A R2 = 0,8533 32,00 42,00 Hmed 30CMJ 31,00 Pmed 30CMJ 40,00 30,00 29,00 Polinóm Hmed 30 CMJ 38,00 28,00 36,00 47,00 47,20 47,40 47,60 47,80 27,00 48,00 (seg.) Figura 50 - Relação entre, a Altura e Potência média de saltos obtidas no teste 30”CMJ, e a performance em competições de 400m pelo sujeito A A partir da figura 50, podemos verificar a forte relação entre a hméd 30”CMJ e o T400, com uma tendência de diminuição da altura de salto à medida que aumenta o tempo de corrida. Podemos ainda verificar que as Pméd 30”CMJ apresentam uma pequena oscilação de valores (não superior a 4%), os quais não apresentam qualquer relação com as alturas de salto. 122 DISCUSSÃO Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Tal como no teste de reactividade, quando existem valores que se afastam ligeiramente da curva de tendência (da relação hméd 30CMJ vs T400), coincidem com alterações da potência desenvolvida, a saber: no teste correspondente ao T400 – 47.40, a altura de salto (e portanto a força manifestada), foi ligeiramente inferior relativamente ao valor que a linha apresenta, mas a Pméd 30CMJ foi ligeiramente superior ao habitual; no teste correspondente ao T400 – 47.69, a altura de salto (e portanto a força manifestada), foi ligeiramente superior relativamente ao valor que a linha apresenta, mas a Pméd 30CMJ foi inferior aos valores mais elevados. Com efeito, se as alterações de potência são mínimas, então significa que o sujeito consegue valores mais elevados de força aumentando ligeiramente os TC. De todo o modo, se se mantém a Potência e aumenta a altura de salto, isto é positivo, uma vez que se conseguiu efectivamente manifestar mais força. Pese embora os aspectos acima referidos favoreçam a relação entre a Resistência à força elástico-explosiva e o resultado na corrida de 400m, se a Potência apresenta relações nulas ou não significativas com o T400, seguidamente passamos apenas a concentrarmo-nos nas alturas de saltos. Como sugere Bosco (2000), os factores determinantes do desenvolvimento da força rápida ou da RFR são de natureza neuromuscular e, bioquímica segundo a duração da actividade. Desta forma, se considerarmos que as variáveis, hméd 30”CMJ e hméd 15-30 dizem respeito à capacidade de RFR em regime de máxima solicitação do metabolismo anaeróbio láctico (potência anaeróbia láctica), então a relação encontrada entre estas variáveis e a performance em 400m está de acordo com o que os trabalhos de Hirvonen e colls (1992) e Numella e colls (1992; 1994) relativamente à importância da capacidade de manter níveis de força elevados em regime de máxima solicitação do referido metabolismo. Esta relação está também de acordo com o que Harre & Leopold (1987; 1987b, citados por Arcelli & Franzetti, 1997) sugerem, relativamente à RFR como um aspecto determinante para o resultado competitivo nas provas de velocidade prolongada. Todavia, não nos podemos esquecer que na parte inicial de qualquer exercício de elevada intensidade (neste caso a corrida de 400m e o teste 30”CMJ) a energia provém fundamentalmente do metabolismo anaeróbio aláctico (Hirvonen et all, 1992; Arcelli, 1995; Bosco, 1994; Bosco, 2000). Assim, se na corrida de 400m podemos ter uma importante contribuição do sistema ATP-CP, em maior ou menor escala dependendo de 123 DISCUSSÃO Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m atleta para atleta e do seu estado de treino - como vimos no ponto 1.2. da revisão bibliográfica, o mesmo se passará no teste 30”CMJ. Em termos teóricos, a hméd 0-15 pode ser um bom indicador da RFR em regime de capacidade aláctica, sendo que desta forma podemos sugerir que os dados relativos ao sujeito A, nos indicam a existência de uma forte relação entre esta RFR em regime de capacidade aláctica e o T400 (não sendo no entanto uma relação tão forte como as referidas anteriormente). No entanto, não podemos afirmar que tais processos se passem efectivamente desta forma – por um lado porque a hméd 0-15 não foi avaliada em teste exclusivo (os valores foram retirados do teste 30”CMJ), o que poderia proporcionar valores diferentes dos apresentados. Por outro lado, porque não consideramos em parte alguma deste estudo, qualquer forma de avaliação dos regimes metabólicos solicitados. Daí que não possamos afirmar efectivamente qual a contribuição dos sistemas energéticos solicitados, podemos sim deduzir teoricamente. Do mesmo modo, também não sabemos se as melhorias se devem principalmente a incrementos de origem neuromuscular ou metabólica, ou das duas. Bosco (2000), sugere que em 30”CMJ se recrutem fundamentalmente fibras FTb e Fta , sendo que à medida que nos aproximamos do final do teste por fadiga daquelas, o trabalho passa a ser assegurado pelas ST. Com efeito, não sabemos se quando ocorrem melhorias neste teste, elas decorrem de uma menor fadiga das fibras FTb, ou se existe uma melhor resposta das restantes, aquando as primeiras entram em colapso. É bastante provável que se existir um incremento da hméd 30”CMJ com correspondente melhoria do valor de CMJ, e portanto mantendo-se ou diminuindo o índice de resistência, as alterações sejam ao nível das FTb. Pelo contrário se existir um incremento da hméd 30”CMJ com um decréscimo do valor de CMJ, e portanto um incremento do índice de resistência, as alterações sejam ao nível das Fta. Verkhoshansky (1999) num estudo com meio-fundistas, verificou que a aplicação de um programa específico concebido para o desenvolvimento da capacidade de manifestar força explosiva e capacidade reactiva em condições de esgotamento, levou a que os atletas do grupo experimental melhorassem as referidas capacidades, o que por sua vez levou a que conseguissem também obter melhores resultados competitivos, não obstante o menor volume de corrida realizado em treino. Este estudo parece sugerir que os atletas possam ter melhorado o rendimento à custa dum incremento de origem neuromuscular. Também no nosso estudo, ainda que não tenhamos um acompanhamento do treino e respectivos conteúdos realizados (não era 124 DISCUSSÃO Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m nosso objectivo), é bastante provável que as modificações positivas ocorridas no teste de 30”CMJ e que acompanham a evolução das marcas em 400m, tenham as suas principais origens na função neuromuscular. Contudo, o que podemos afirmar é que o Índice de Resistência (hmed/ hCMJ), a hmed 30”CMJ, a hméd 0-15, a hméd 15-30 se relacionaram de forma significativamente estatística com o T400, ou seja, à medida que o sujeito consegue manifestar mais força no teste 30”CMJ, consegue também correr os 400m mais rapidamente, pelo que se confirma a hipótese de existir relação entre a Resistência à força elástico explosiva e o resultado na corrida de 400m. 125 DISCUSSÃO Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Modelo Preditivo da Performance em 400m Como pudemos verificar na apresentação de resultados relativos ao sujeito A, com os dados disponíveis foi possível criar um Modelo de predição da performance em 400m para este sujeito. Este modelo é capaz de explicar 77,2% dos resultados obtidos em 400m, estimando o resultado competitivo com um erro padrão de 0,16 segundos. A fim de explicar o resultado competitivo a hmed 30”CMJ foi a única variável escolhida, sendo que juntamente com uma constante funcionam como preditores do rendimento a obter. A formula encontrada foi: T400 = 53,988 – (0,156 * hmed 30”CMJ) Neste sentido, consideramos que o modelo é válido e adaptado à realidade, pelo que se confirma a hipótese de que conhecendo a relação entre as manifestações de força e o resultado competitivo na corrida de 400m, é possível a partir dos resultados obtidos nos testes que avaliam as referidas manifestações, estimar o resultado a obter em prova. Os 22,8% que este modelo não consegue explicar, podem dever-se a outros aspectos determinantes da corrida de 400m que foram referimos na revisão bibliográfica, mas não objecto de estudo no presente trabalho. Esses aspectos dizem respeito essencialmente à velocidade máxima e a factores de ordem técnica, nomeadamente no que respeita à economia de sprint (Numela & Rusko, 1995; Numela et all, 1996) e às alterações da técnica de corrida produzidas em competição, decorrentes dos efeitos da fadiga (Numella et all, 1994; Costa, 1996). Para além destes aspectos, outro que não nos podemos esquecer, diz respeito à estratégia e gestão do esforço em competição (Vittori, 1991; Páscua, 1998). 126 DISCUSSÃO Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Novos estudos Ainda que com este nosso trabalho, tenhamos conseguido dar resposta a algumas questões, outras se levantam para novas investigações, as quais em última análise terão sempre como propósito, os objectivos que norteiam a avaliação da força, a saber: verificar a importância relativa da força no rendimento desportivo, desenvolver o perfil do desportista e controlar o processo de treino (Sale, 1995; Reiß,1992; G. Badillo & Gorostiaga, 1999). Desta forma, embora este estudo tenha demonstrado que existe uma forte correlação inter-sujeito entre a Resistência de Força explosiva e o resultado na corrida de 400m. Demonstrou também que no que se refere ao mesmo sujeito, não existe relação entre a Força explosiva e o rendimento na referida corrida. Com efeito, diversos estudos com corredores de velocidade parecem sugerir uma estreita relação entre estas duas variáveis (G. Badillo & Gorostiaga, 1999; Hennessy & Kilty, 2001; Miguel, 2002). Assim, parece que a Força explosiva pode servir para discriminar sujeitos de nível diferenciado de rendimento na corrida de 400m. Ou seja, parece importante evidenciar um determinado nível de Força explosiva sob o qual se desenvolverá a Resistência de força. Siff & Verkhoshansky (2000), referem-se às diferentes necessidades de força à medida que se alcança a maestria desportiva. Por outro lado, G. Badillo (1999) sugere que com diferentes níveis de manifestação de força pode conseguir-se o mesmo resultado, pelo que poderão existir outras qualidades ou capacidades a influenciar o rendimento. Sugere o mesmo autor que há que saber para cada caso (actividade ou atleta) quanta força desenvolver, por forma a que tenha o efeito desejado na execução técnica competitiva. Na sequência do que anteriormente referimos, colocam-se as seguintes questões: - Como evoluem as manifestações de força ao longo da temporada com outros atletas? - Que relações entre as manifestações de força e o rendimento em 400m com uma amostra de grupo(s) (transversal)? E intra-individual com outros atletas (longitudinal)? - Até que ponto desenvolver a Força explosiva? 127 DISCUSSÃO - Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m Será mais importante um nível médio de Força explosiva e um nível elevado de Resistência de força, ou vice-versa? - Dependerá este último ponto, de atleta para atleta? - Que perfil de atleta desenvolver para correr os 400m? - Que perfil para corredores de nível internacional (sub 47”) e de nível médio elevado (sub 49”)? 128 CONCLUSÃO Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m VIII - CONCLUSÕES FINAIS Os resultados deste estudo e respectiva análise permitem-nos retira as seguintes conclusões: - As manifestações de força variam ao longo da época desportiva (3,32 a 10,48%). - As flutuações de rendimento ocorridas na avaliação das manifestações de força, podem dever-se a um ou vários dos seguintes factores: o ênfase do treino no que se refere aos conteúdos abordados, com maior ou menor predominância das diferentes manifestações de força relativamente a outras capacidades; o estratégia de preparação e programação adoptada para o treino da força e sequência de manifestações a desenvolver e/ou exercícios realizados em cada momento da época; o Carga de treino aplicada no momento ou nas semanas imediatamente anteriores; o Nível atlético e características dos sujeitos (pontos fortes e fracos e perfil atlético); o Outros aspectos relacionados com a preparação. - Os resultados médios obtidos, ao longo da época pelos sujeitos em estudo, foram os seguintes: o CMJ - 56,48; 56,26; 50,66 e 46,58 cm; o 15 saltos Reactividade – 61,09; 59,15; 77,66 e 66,04 watt/Kg; o 30”CMJ – 41,57; 39,97; 39,06 e 33,82 cm; o 400m – 47,83; 48,26; 49,79 e 50,72 segundos, respectivamente para o Sujeito A em 2001 e 2002, e Sujeitos B e C em 2001. - Os valores acima referidos estão em conformidade com o que é habitual encontrar para o seu nível de rendimento. Contudo, a Potência reactiva do 129 CONCLUSÃO Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m sujeito A deveria ser um pouco superior, pelo que este deverá ser um aspecto a cuidar com mais atenção na sua preparação. - A Força elástico-explosiva e o resultado na corrida de 400m não se correlacionam, pelo menos no que se refere à comparação de resultados intrasujeito. - Existe relação entre a reactividade (stiffness muscular) e o resultado na corrida de 400m. A relação encontrada entre a Pméd Fr e o T400, obtidos pelo sujeito A, foi de -0,753 (p<0,05). - Para o corredor de 400m, para além de ser importante um nível elevado de stiffness muscular, mais importante é conseguir manter esse nível, ou aproximado, durante um determinado tempo (Resistência de Força reactiva). - Existe relação entre a Resistência à força elástico explosiva e o resultado na corrida de 400m. As relações encontradas entre o T400 e as alturas de salto (p<0,05) obtidos pelo sujeito A, foram as seguintes: hmed 30”CMJ (-0,910), hmed 0-15 (-0,811), hmed 15-30 (-0,872). Quanto ao Índice de resistência (relação hmed30”CMJ/ hCMJ), o valor encontrado foi de –0,814). - Conhecendo a relação entre as manifestações de força e o resultado competitivo na corrida de 400m, foi possível a partir dos resultados obtidos nos testes que avaliam as referidas manifestações, estimar o resultado a obter em prova. - O Modelo de predição do rendimento em corridas de 400m - para o Sujeito A, explica 77,2% dos resultados, tem uma margem de erro de 0,16 segundos e apresenta a seguinte fórmula: T400 = 53,988 – (0,156 * hmed 30”CMJ) 130 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS Análisis de las exigencias de fuerza en la carrera de 400m IX - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AAS, (2001) Comunicado Oficial de Resultados nº 032/01 – Campeonato de Santarém Absoluto 2001. Abrantes. AAS Acero, R. 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