fundação de ensino superior de olinda

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fundação de ensino superior de olinda
 FUNDAÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DE OLINDA – FUNESO
UNIÃO DE ESCOLAS SUPERIORES DA FUNESO – UNESF
CENTRO DE LICENCIATURAS
LICENCIATURA EM HISTÓRIA
ANA CAROLINA CAMPOS SOUTO
O CALENDÁRIO MAIA E SUAS INTERPRETAÇÕES:
A MÍDIA, O FIM DOS TEMPOS E A SOCIEDADE DE CONSUMO.
OLINDA
2012
ANA CAROLINA CAMPOS SOUTO
O CALENDÁRIO MAIA E SUAS INTERPRETAÇÕES:
A MÍDIA, O FIM DOS TEMPOS E A SOCIEDADE DE CONSUMO
Monografia
apresentada
a
Fundação de Ensino Superior de
Olinda – FUNESO como
requisito parcial para obtenção do
grau em licenciatura em história.
Sob orientação do prof. Leandro
Nascimento de Souza
OLINDA
2012
Dados Informacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Biblioteca Luiz Delgado da Fundação de Ensino Superior de Olinda (FUNESO),
Olinda-PE.
FUNDAÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DE OLINDA – FUNESO
UNIÃO DE ESCOLAS SUPERIORES DA FUNESO – UNESF
P. N° 397 de 07/07/97 CNE, modificado pelo P. N° 14 de 06/03/98;
P N° 944 de 15/08/97 DOU de 18/08/97, alterada Portaria N° 174 04/03/98 DOU
06/03/98
Campus Universitário da FUNESO, S/N – Jardim Fragoso
BIBLIOTECA LUIZ DELGADO
FICHA CATALOGRAFICA
S727c
Souto, Ana Carolina Campos
O calendário maia e suas interpretações: a mídia, o fim dos tempos e a
sociedade de consumo / Ana Carolina Campos Souto - Olinda: FUNESO,
2012.
35f.
Monografia apresentada em comprimento das exigências para obtenção do
Título de Licenciatura em História.
Orientador: Leandro Nascimento de Souza.
1. Calendário maia 2. Cultura 3. Mídia 4. Sociedade de consumo 5. Fim dos
tempos / I Fundação de Ensino Superior de Olinda II Título
CDU: 94(862)
FUNDAÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DE OLINDA – FUNESO
UNIÃO DE ESCOLAS SUPERIORES DA FUNESO – UNESF
CENTRO DE LICENCIATURAS
LICENCIATURA EM HISTÓRIA
O CALENDÁRIO MAIA E SUAS INTERPRETAÇÕES:
A MÍDIA, O FIM DOS TEMPOS E A SOCIEDADE DE CONSUMO.
ANA CAROLINA CAMPOS SOUTO
Monografia aprovada em 18/12/2012 para obtenção grau em Licenciatura em História
Banca Examinadora
Leandro Nascimento de Souza___________________________
Orientador (a): Professor (a):
Flávio Barros_________________________________________
Professor (a). Convidado (a):
Jorge Michiles________________________________________
Professor (a) Convidado (a):
OLINDA
2012
Agradeço primeiramente a Deus que me guiou nessa
jornada acadêmica, aos meus pais pela paciência e
compreensão. Agradeço a Abel Lima pelo apoio
primordial, às amigas pela minha ausência e ao meu
orientador Leandro Nascimento pela ajuda e contribuição
do meu crescimento intelectual.
RESUMO
O dilema “fim dos tempos” foi todo o emblema da pesquisa aqui apresentada, tendo como
base as profecias maias retiradas de alguns estudos sobre seu detalhado e preciso calendário.
O fim da humanidade sempre foi algo que fez presença dentro da sociedade, e nada melhor
que a civilização maia para retratar sobre isso. Sim, os maias foram os escolhidos porque além
de serem os mais citados da mídia, já que a pesquisa também dá enfoque ao tema, também
porque de sua cultura e sociedade bastante trabalhada no religioso e futuro da humanidade.
Neste sentido é importante compreender o verdadeiro papel do calendário para a civilização
maia e para toda uma globalização que vivemos nos dias atuais. O objetivo é justamente
mostrar o maior interesse que a mídia tem sobre o tema diante da sociedade, onde a própria
pesquisa já dá como resposta a sociedade de consumo. Foi comprovado através de pesquisas
bibliográficas como Gendrop (2008), Douglas (2009) e Bauman (1999) como a mídia
influencia o comportamento humano diante de qualquer assunto que seja. Em relação às
profecias de “fim do mundo” os resultados mostraram ainda, que o mundo globalizado em
que vivemos está muito mais preocupado em manter as pessoas subordinadas a ele, de forma
que não se tem mais interesse em passar conhecimento cultural, e sim fazer com que o ser
humano esteja sempre alimentando o sistema.
PALAVRAS-CHAVE: Calendário maia. Cultura. Mídia. Sociedade de consumo. Fim dos
tempos.
ABSTRACT
The dilemma "end times" was emblematic of the entire research presented here, based on the
Mayan prophecies aside some detailed studies on its precise timing. The end of humanity has
always been something that has presence in society, and nothing better than Mayan
civilization to portray about it. Yes, the Mayans were chosen because in addition to being the
most cited in the media, since research also focuses the subject, also because of their culture
and society in religious and worked very future of humanity. In this sense it is important to
understand the true role of the Maya calendar for all and a globalization we live in today. The
goal is to show the greatest interest that the media has on the subject before the society, where
the search itself already gives an answer to the consumer society. It has been proven through
literature searches as Gendrop (2008), Douglas (2009) and Bauman (1999) how the media
influences human behavior before any matter. In relation to the prophecies of the "end of the
world" the results also showed that the globalized world we live in is far more concerned with
keeping people subordinate to him, so that there is no interest in spending more cultural
knowledge, but do that the human being is always powering the system.
KEYWORDS: Mayan Calendar. Culture. Media. Society consumption. End of Time.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Sistema de contagem vigesimal ................................................................14
Figura 2 – Tzolkin ........................................................................................................15
Figura 3 – 20 glifos .......................................................................................................16
Figura 4 –Haab .............................................................................................................17
Figura 5 – Calendário periódico .................................................................................19
Figura 6 – O códice de Dresden ..................................................................................20
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO......................................................................................................................09
1 SOCIEDADE MAIA, O CALENDÁRIO E SUA REAL INTERPRETAÇÃO .........11
1.1 O despertar da civilização maia..........................................................................................12
1.2 O calendário mais em detalhes...........................................................................................13
1.3 A relação entre a civilização maia e o calendário...............................................................21
2 AS INTERPRETAÇÕES ATUAIS: O FIM DOS TEMPOS.........................................22
2.1 As profecias e algumas súbitas coincidências.....................................................................23
2.2A influência do calendário para os dias atuais.....................................................................27
3 MÍDIA E SOCIEDADE DE CONSUMO.........................................................................29
3.1Os meios de comunicação como exercício do poder...........................................................29
3.2 A globalização e a sociedade de consumo..........................................................................30
3.3 A sociedade de consumo e os fins dos tempos...................................................................32
CONCLUSÃO.........................................................................................................................34
REFERÊNCIAS......................................................................................................................35
9 INTRODUÇÃO
Na atualidade a mídia juntamente com a sociedade de consumo é um mal que
atinge a toda a população do Brasil e do mundo e que tem sido discussão de muitos
pesquisadores e também cientistas. O caso da pesquisa aqui trabalhada será justamente o
papel da mídia diante dos fins dos tempos baseado em estudos científicos sobre uma cultura
magnífica que teve como destaque sua astronomia: os maias. A civilização maia deixou como
legado para os dias atuais seu detalhado, complexo e considerado por muitos, um preciso
calendário no qual previa algumas profecias sobre novas eras. Daí em diante é demonstrado a
relação do imaginário social do medo com um tema que nunca deixou de ser abordado na
sociedade, o fim do mundo. “De onde viemos” e “Para onde vamos” sempre foi motivo de
preocupação humana.
Partindo dessa concepção midiática entre a riqueza cultural da civilização maia e a
preocupação do homem ao fim dos tempos, a pesquisa trabalha em cima da sociedade de
consumo a partir de seu surgimento como um sistema prejudicial ao homem. Para isso o
estudo teve como enfoque o alarme para o ano de 2012.
A partir de então a escolha do tema se deu a principio em virtude de demonstrar o
esplendor da civilização maia, tanto quanto ao aspecto cultural quanto ao aspecto econômico
e social, dando destaque ao seu sistema astronômico que não só estava essencialmente ligada
aquela cultura como todas as outras mesoamericanas. Para tanto, percorri o campo do
calendário maia em si, sua origem, seus detalhes e o sentido religioso e profético que ele tinha
para tal civilização.
Neste sentido, foi analisado as supostas interpretações que a atualidade (mídia;
estudos científicos) faz das profecias maias tiradas assim de seu estudo calendárico, pois a
presente concepção de que as interpretações sejam resultado de um apocalipse rondam por
toda a sociedade.
Nos estudos realizados foi destacado como um dos objetivos, mostrar a polêmica
do fim dos tempos que se criou diante do calendário maia e dentro dessa perspectiva desvelar
o interesse da mídia sobre tais estudos para com a sociedade de consumo. Tratando então
desta problemática, a mídia usa o calendário como sentido de transformações e mudanças, por
ser um assunto de extrema importância social, pois envolve a existência de cada um. Dessa
10 forma, o calendário vai sofrer grandes influências atualmente, como a difusão de vários
grupos místicos, em prol da harmonia mundial. Nesse caso, vai ser de fundamental
importância também ser citado na pesquisa quem são e onde se encontram esses grupos de
pessoas que já vivem em prol do “fim do mundo”.
Dessa forma como metodologia e fundamentação teórica traçada tive em Paul
Gendrop (2005) uma ajuda histórica sobre a civilização maia. Com David Douglas (2009) foi
traçado todos os detalhes do calendário em si além de algumas informações decorrentes de
José Arguelles. Já na problemática propriamente dita, junto com Zygmunt Bauman (1999),
analisamos o processo de globalização entrelaçado ao sistema de sociedade de consumo.
O poder de manipulação da mídia sobre a sociedade de consumo é um dos
assuntos mais vividos atualmente, e sendo uma piada, ou não, a notícia do fim do mundo
amedronta a quase toda a sociedade.
Será então que se deve estar atento as profecias maias como sentido de fim dos
tempos, ou seria o caso de uma relação midiática com a ignorância popular?
11 1. SOCIEDADE MAIA, O CALENDÁRIO E SUA REAL INTERPRETAÇÃO
As civilizações mesoamericanas pré-colombianas, entre elas, a civilização olmeca,
os zapotecas, os astecas e a civilização maia deixaram um grande legado para os dias atuais:
seu calendário e a forma de se relacionar com ele. Tendo como destaque a civilização maia.
A civilização maia foi notável por sua língua escrita, pela sua arte, sua arquitetura,
a matemática e seus sistemas astronômicos.
O calendário mesoamericano não foi exatamente uma criação dos maias, já que
tiveram forte influência dos zapotecas e olmecas, além dos aspectos em comum com o
calendário dos mixtecas e astecas, porém foi com eles que o calendário se tornou mais
refinado e sofisticado, tendo assim culminado no famoso calendário de longa duração. Além
disso, é através da civilização maia que surge a idéia de fim dos tempos, tendo como base o
calendário. Esse pensamento perdurou por várias décadas e principalmente nos dias atuais,
ressaltando o ano de 2012. Sobre isso, David Douglas afirma que:
2012. Dois mil e doze. Ou mais exatamente, 21 de dezembro de 2012 d.C.:
21/12/2012. Essa data parece agigantar-se na imaginação popular. Pessoas no
mundo inteiro estão falando de 2012, como de um espectro saído das brumas do
futuro, por assim dizer. “Sabemos que tem base; não, porém, o que vai acontecer
exatamente”. (DOUGLAS, 2009, p. 7)
Esta noção de tempo e dos acontecimentos que estariam por vir estava dividida
em várias partes desse calendário. O primeiro e o mais considerado, é chamado de Tzolkin,
com 260 dias, tinha função religiosa e de contagem dos dias. É fácil compreender sua
importância, afinal de contas, para os maias, o tzolkin serviria tanto para cada qual conhecer
sua personalidade através de sua data de nascimento quanto para determinar a agenda da
colheita, além de que ainda tinha serventia para determinar quantos e quando os eventos
aconteceriam ao longo do ano. Apesar disso, o tzolkin não era completo para os maias, tendo
a necessidade de um calendário solar, chamado Haab. Este por sinal se parece muito com o
calendário gregoriano que utilizamos atualmente. É baseado no ciclo do sol e utilizado nas
atividades de agricultura, economia e contabilidade, com o total de 360 dias. Ainda havia a
questão do wayeb, um “mês” de cinco dias e conhecido por ser uma época perigosa, onde os
maias acreditavam que os deuses descansavam nesse período. Os maias faziam nesse período
cerimônias e rituais para que os deuses retornassem. Por fim, com a combinação desses dois
calendários, o tzolkin e o haab, se cria um calendário ainda mais longo, o calendário de longa
contagem. É baseado neste ultimo calendário, que se envolve todo o alerta ao fim dos tempos,
12 no ano de 2012. Mas o que tem que ficar claro é que a noção de tempo maia não condiz com a
atual, e que para os maias a verdadeira interpretação deste calendário era uma, e para a
atualidade é outra, isso graças a grande influência que a mídia tem sobre a sociedade.
De fato, o calendário maia é famoso por sua precisão. Para a cosmologia maia, a
Terra contém cinco grandes ciclos cada um com cerca de 5.125 anos, onde para eles quatro já
passaram, no qual terminou em destruição. O ultimo ciclo estaria por vir, e terminaria
segundo estudos em 21 de dezembro de 2012. A questão é que os maias acreditavam em
novas eras, e não que o mundo iria acabar em alguma data, mais especificamente a que foi
citada acima. Os maias eram fascinados pelo mistério do cosmo, com a recorrência cíclica e
previsível dos fenômenos celestes. Preocupavam-se com o ciclo da vida e da morte, do dia e
da noite e em sua alternância. Para esta civilização, o calendário estava diretamente ligado a
vontade dos deuses.
A essência do calendário maia naquele tempo estava ligada a uma questão
espiritual, na busca do equilíbrio, da harmonia do homem com a natureza, para que assim o
homem vivesse bem e por mais tempo. E assim viviam os maias diante do calendário de longa
contagem.
1.1 O despertar da civilização maia
A civilização maia obteve influências que pode ser detectada em países como
Guatemala, Honduras, El Salvador, Belize, tendo se estendido por toda a península de
Yucatán. Embora com grande riqueza, esta civilização não atingiu um nível urbano e imperial
como outros povos, porém atingiram auto grau de evolução no que diz respeito a matemática
e astronomia.
Tinham como base econômica o cultivo do milho e do feijão. Construíram
templos, pirâmides e grandes palácios, porém ainda no plano arquitetônico pode-se dizer que
o planejamento das cidades foi de forma bastante descuidada. Destacaram-se no sistema de
escrita em uma combinação de símbolos fonéticos e ideogramas, onde infelizmente houve a
queima de códices maias após a conquista espanhola. Desenvolveram também junto com
outros povos, o conceito do zero e usavam um sistema de numeração de base 20, o que iria ser
bastante significante em suas observações astronômicas tão precisas.
Nas artes maias eram encontradas características sofisticadas e refinadas
demonstrando uma observação precisa da forma humana. Eles trabalhavam com pedra e
cerâmica para esculpir estátuas. Assim, mostra Gendrop
13 Uma das mais antigas manifestações artísticas dessa vida sedentária é o surgimento
dos estilos de cerâmica denominados “Barra” e “Ocós”, originários das regiões
costeiras do Chiapas e da Guatemala; estilos que se distinguem pela forma esféricoachatada e pela rica ornamentação em estrias. (GENDROP, 2008, p. 22)
Tratando-se por fim de questões religiosas, os maias eram, assim como outros
povos de sua época, politeístas, e algo muito comum em seus costumes era o sacrifício de
animais a esses deuses e em alguns casos, até sacrifícios humanos. O sentido do calendário
maia está totalmente ligado a esse fator religioso e ainda não é completamente entendida por
estudiosos. Os maias acreditavam na contagem cíclica do tempo, onde seus rituais e suas
cerimônias eram associados a esses ciclos. Quem tinha a função de interpretar esses ciclos
eram os sacerdotes, gerando assim profecias sobre o futuro. Eles tinham como atividade a
purificação, que incluía o jejum, a abstenção sexual e a confissão, e normalmente era feita
antes de grandes eventos religiosos.
O povo maia falava em sua origem, um idioma da família do Totonaque e do
Zoque. Passaram por um momento de despertar, pela idade do ouro e também de declínio,
após a chegada dos espanhóis. Os maias se revelam a partir daí como um dos povos bem mais
dotados da astronomia.
1.2 O calendário maia em detalhes
Para entender o significado e a união do calendário maia, é preciso ressaltar a
habilidade e a intimidade que os maias tinham com os números. Esses números tinham sua
própria função sagrada relacionada ao tempo e por isso eles fazem total diferença. Eles foram
um dos únicos povos a utilizar o zero em seus sistemas astronômicos e atribuíram-lhe a
imagem de uma concha, para simbolizar o vazio. Baseavam-se no número 20, tendo como
sistema vigesimal, um traço marcante do calendário de longa duração.
14 No sistema de contagem vigesimal são empregados pontos para representar o um
ou unidade do um, linhas para representar o cinco e a forma de concha para o conceito do
zero. Apresenta-se a concha para representar o ponto inicial, o zero. Depois os pontos. Após
os quatro pontos aparece a linha para indicar o cinco, acrescentando-se mais pontos acima
para representar o seis, o sete, o oito e o nove. Por fim duas linhas perfazem o 10 e assim por
diante. Atingindo-se o 20, o número é expresso pela concha com um ponto acima.
FIGURA 1: Os números maias.
Fonte: http://www.calendariosagrado.org/pt/meso/mat/
Este sistema é chamado de sistema de posição, onde poucos símbolos fornecem
valores diferentes vindo a depender da posição em que se encontra havendo um encontro de
anomalia muito grande nesse sistema de contagem dos dias, onde demonstra Douglas
Embora 20 kin, ou dias, constituam o mês básico, 18 (e não 20) uinal é que formam
o tun ou ano “contábil” básico de 360 dias. Daí em diante, o sistema volta à ordem
vigesimal, com 20 tun perfazendo o katun de 7.200 dias ou quase 20 anos solares e
20 katun formando o baktun de 144.000 dias (mãos ou menos 394 anos e 4 meses).
Treze desses períodos baktun correspondem aos 5.125 anos gregorianos e
aproximadamente 132 dias do calendário de Longa Duração dos maias.
(DOUGLAS, 2009, p. 71)
15 No centro do sistema de contagem do tempo maia está o período de 260 dias. Este
é conhecido como Tzolkin ou calendário sagrado, onde segundo alguns especialistas foram
criados pelos olmecas. Este era um calendário lunar e esse período de 260 dias era o produto
dos números treze e vinte, já que ambos são sagrados na cultura mesoamericana. Cada um dos
elementos desse calendário recebe um nome e um símbolo gráfico, conhecido como glifo,
referentes a dias e meses. O ciclo completo de 260 dias do calendário Tzolkin é gerado pelos
20 dias do mês maia e os números de 1 à 13, assim como mostra a figura abaixo.
FIGURA 2: Calendário maia Tzolk’in.
Fonte: http://phontlife.blogspot.com.br/2012/02/calendario-maia-2012-ou-1752.html
Os 20 glifos que aparecem nos códices maias, mostrados na Figura 3 são
nomeados e cada um deles tem um ou mais sentidos que eram de grande importância para o
povo maia. O que se bota em questão é que essas descrições não são concretas e que está
sempre aberto a novas interpretações. O fato é que os símbolos eram vivos e encarnavam
16 energias capazes de assumir existência sólida e instrutiva da pessoa. O primeiro símbolo é
chamado de Imix, que significa jacaré ou dragão. Logo em seguida vem Ik(vento),
Ak’bal(noite ou casa), K’na(lagarto, milho ou semente), Chikchan(serpente), Kimi(morte),
Manik’(mão), Lamat(coelho ou estrela), Muluk’(água ou lua), Ol(cão), Chuwan(macaco),
Eb(grama, dente ou humano), Ben(milho ou caniço), Ix(jaguar), Men(águia ou sábio),
Kib(abutre, coruja ou guerreiro), Kaban(terra), Etz’nab(faca ou espelho), Kawak(tempestade),
e por fim o Ahau, que significa senhor, ancestrais ou sol.
FIGURA 3: Os glifos dos dias do calendário Tzolkin.
Fonte: http://phontlife.blogspot.com.br/2012/02/calendario-maia-2012-ou-1752.html
Concluindo, temos o ciclo completo de 260 dias do calendário Tzolkin, que é
gerado pelos vinte dias do mês maia e os números de um a treze. Baseado nesse sistema o
primeiro dia (1º imix) é seguido por 2Ik, vindo depois 3 Ak’bal e assim por diante. A
sequência de glifo e número vão ser entendidos como duas rodas engrenadas, que ao girar,
geram 260 combinações diferentes de número e dia, o que vai fazer do Tzolkin, de uma
capacidade profética. Ele estava fortemente associado a previsões, onde cada um desses 260
17 dias era considerado favorável ou não para determinadas atividades. Como surgiu esse
período de 260 dias é um enigma, mas como foi visto, seu uso é bastante claro. Certamente
estava ligado ao ciclo do milho, da semeadura e da colheita, pois esse alimento constituía a
dieta básica dos maias. Havia também conexões com ciclos astronômicos e celestes, sabendo
que eles se preocupavam com cinco desses ciclos: o ano solar, o anual de Vênus, o mensal da
lua, o anual de marte e o anual de Júpiter. Enfim, fica claro que o chamado calendário sagrado
se interliga entre observações astronômicas e cálculos matemáticos. Com duração de 365 dias,
existia um outro calendário, que o chamavam de Haab, demonstrado na Figura 4 mais abaixo.
Chamado também de ano indefinido era um calendário solar com base nas observações dos
equinócios da primavera e outono. Esse calendário compunha-se de dezoito meses de vinte
dias mais um período de cinco dias no fim do ano conhecidos como Wayeb’. Esse período
poderia ser incerto ou desfavorável.
FIGURA 4: O calendário Haab.
Fonte: http://www.profeciasmaya2012.com.ar/2011/07/haab-el-calendario-mayaordinario.html
O período de vinte dias reflete o do Tzolkin, e demonstra ser mais um exemplo de
contagem vigesimal e era talvez considerado como um “ano errante”. Assim afirma David
Douglas
A contagem do ano indefinido não era como a do Tzolkin: os dias de cada mês
recebiam números em seqüência e começavam, não do um, mas do zero, conhecido
como o “assento” do mês. Eis, pois, como se desdobravam: assento de Pop, 1 Pop, 2
Pop, 3 Pop... até 4 Wayeb, o último dia do ano de 365 dias. (DOUGLAS, 2009, p.
80)
18 Diversos significados foram atribuídos aos dezoito glifos. Segundo o maianista
Christopher Jones, o sentido dos glifos estariaelaborada e organizada desta forma: Pop
(esteira), Uo (conjunção negra), Zip (conjunção vermelha), Zotz’ (morcego), Tzec (Gavião),
Xul (cão), Yaxkin (novo sol), Mol (água), Chen (tempestade negra), Yax (tempestade verde),
Zac (tempestade branca), Ceh (tempestade vermelha), Mac (fechado), Kankin (sol amarelo),
Muan (coruja), Pax (época de semeadura), Kayab (tartaruga) e Kumku (celeiro).
Esses significados eram atribuídos de acordo com o cotidiano maia, e eles sabiam
exatamente a importância que se tinha. E é bom ressaltar que os glifos do calendário Haab’
permanceram praticamente inalterados durante toda a era clássica maia.
Nem o sistema do Tzokin, nem o Haab’ numeravam os anos, mas sim a
combinação de ambos os calendários, ou seja, a combinação de 260 dias de um com 365 de
outro originava um ciclo mais longo, de 52 anos Haab, chamado de calendário periódico. Este
era um período de tensão e má sorte entre os maias, onde eles esperavam para ver se os deuses
concederiam outro ciclo de 52 anos.
Segundo a demonstração da figura 5, o Tzolkin possuindo um período de 13 dias
para seus 20 meses faria a combinação com o calendário solar, o Haab, possuindo 18 meses
de 20 dias cada, mais o wayeb já mencionado. Assim com a contagem desses dois calendários
juntos, daria um ciclo total de 52 anos. Cada um dos 18.980 dias deste grande ciclo possuía
sua singularidade, sendo que o “mesmo dia” só iria se repetir 52 anos depois. Esse é o
chamado calendário periódico.
O calendário Periódico de 52 Haab’ era um ciclo importante para os maias e os
astecas, que adotaram a mesma contagem básica dos olmecas. Depois desse período,
eles constatavam, a partir de observações, que seu calendário solar estava defasado
em 12 dias e era nessa altura [...] que realizavam uma cerimônia do fogo para afastar
a possibilidadede o Sol não se erguer novamente. A cerimônia durava 12 dias e era
um período intercalar para pôr seu calendário outra vez em sintonia com o
verdadeiro calendário solar. (DOUGLAS, 2009, p. 83)
19 FIGURA 5:O calendário Periódico.
Fonte:http://article.wn.com/view/2012/05/11/calend_rio_maia_revela_que_mundo_n_
o_acaba_em_2012/
É chegado o momento do famoso calendário de longa duração e embora
considerado por muitos o feito supremo dos maias, este calendário talvez seja anterior à sua
civilização. É baseado neste calendário que surgem as determinadas profecias mencionadas
pela mídia, principalmente ao fato da nova era, ou até a exagerada informação de que o
mundo irá acabar em 21 de dezembro de 2012.
A descoberta deste calendário é de uma história bastante interessante. Ele foi
descoberto através do Códice de Desdren (Figura 5) que foi estudado detalhadamente por um
alemão, onde conseguiu decifrar os hieróglifos e ver a visão que os maias tinham do futuro. A
partir daí especialistas descobriram que o códice continha uma série de previsões
astronômicas, inclusive os eclipses. E com isso foi percebido que o códice apresentava um
calendário que estava ligado a grandes eras históricas. Assim afirma David Douglas
Trabalhando com o Códice de Desdren e um exemplar da Relación de las Cosas de
Yucatán, de Diego de Landa, Forstemann descobriu os fundamentos do calendário
maia. Mostrou que o sistema numérico dos maias era vigesimal (...) e que, portanto,
o calendário de Longa Duração adotava esse sistema. Descobriu também as
características do Calendário Periódico de 52 anos e a data inicial do de Longa
Duração: 4Ahau 8 Kumku, há milhares de anos. (DOUGLAS, 2009, p. 84)
20 FIGURA 6: O códice de Dresden.
Fonte: http://www.latinamericanstudies.org/dresden-codex.htm
É graças ao estudo do Códice de Desdren que se conhece as várias maneiras pelas
quais os maias dividiam o tempo e os nomes que as divisões recebiam, como funcionava de
fato o calendário de Longa Duração. Um dia se chamava kin, 20 kin perfaziam um uinal, que
seria o mês maia. 18 uinal perfaziam um tun, o ano de 365 dias. 20 tun perfaziam um katun de
7.200 dias e 20 katun perfaziam um baktun de 144.000 dias, ou seja, 400 anos maias ou pouco
mais de 394 anos solares.
É por fim, a partir deste calendário que surgem as várias interpretações de eras
futuras previstas pelos maias, tanto o verdadeiro sentido pelos maias quanto os mitos surgidos
pela mídia.
21 1.3 A relação entre a civilização maia e o calendário
O calendário maia é um sistema de sincronização de ciclos terrestres, solares,
galácticos e interplanetários que utiliza de base uma proporção matemática de 13:20. Essa
freqüência se traduz numa medida de 260 kins. Segundo o autor José Arguelles, em O fator
maia (2009), ele afirma que o calendário tem como objetivo sincronizar. Em relação à
mensagem que a civilização maia deixou a humanidade, ele afirma ainda que
Oh humanidade! Não sabem nada da verdadeira natureza do tempo. O tempo não é
um relógio! O tempo é a frequência de sincronização universal pela qual se
harmonizam todos os ciclos cósmicos. Porque vocês não compreendem este
entendimento verdadeiro do tempo, perdem-se no materialismo, destroem o vosso
meio ambiente e afogam-se na guerra e no terrorismo! Voltem a viver segundo os
ciclos harmoniosos da natureza cósmica e podem salvar-se!! Se não, será o vosso
fim
e
talvez
mesmo
do
vosso
planeta!
(Em:
http://www.anjodeluz.com.br/calendariomaya.htm. Acesso em 24 novembro 2012.)
Ainda segundo o mesmo autor, 2012 é realmente o fim de um ciclo no qual o
materialismo se predomina, e onde vai ter que se pôr um fim na globalização. Isso ocorrerá
em partes, e não será o fim do mundo na data de 21 de dezembro de 2012, pois o mundo não
irá acabar. As pessoas, a humanidade em si, já vem se destruindo aos poucos. Ele afirma que a
3º guerra mundial está próxima, mas que já houve outras e nem por isso o mundo terminou.
Porém deixa claro que é preciso sim uma consciência coletiva para que isso um dia não
aconteça. As alterações solares e terrestres são as mais freqüentes, causando os piores efeitos
e perturbações. Essas alterações são cósmicas naturais e não é a primeira vez que o planeta
altera seu estado. É natural do ciclo solar, porém o desapego materialista fará com que as
catástrofes aconteçam de forma menos freqüente. Era nessa evolução que os maias
acreditavam, nessa forma de viver em equilíbrio com o planeta.
22 2. AS INTERPRETAÇÕES ATUAIS: O FIM DOS TEMPOS
“O mundo acabará em 21 de dezembro de 2012”, ou “alerta ao fim dos
tempos”, ou ainda “fim do mundo deve atrair milhares de pessoas no México”. Essas são
algumas das frases em comum a se ver em livros, sites de internet ou programas de televisão.
As profecias maias é um assunto atual que está girando em torno de toda a
sociedade. As pessoas estão amedrontadas, algumas já estão no ritmo de melhoria espiritual.
Grandes estudos sobre o assunto, o surgimento de um novo calendário, novas interpretações,
um novo “fim dos tempos”. Veracidade ou não, a civilização maia deixou um grande legado
para os dias atuais, seu calendário e o surgimento de novas interpretações sobre ele. O sentido
do calendário maia é um só, e só eles sabiam de forma absoluta. Estudar os códigos de uma
cultura pré-colombiana não é uma tarefa fácil, e por isso, as profecias vêm sendo interpretadas
de formas umas diferentes das outras. Um fator ajudante para isso é também a questão do
imaginário social relacionado ao medo. Quais são as maiores dúvidas do seres humanos? Com
certeza de onde viemos e para onde vamos. E o maior medo sem dúvida, é da morte, ou de
como vamos morrer. A própria civilização maia com suas origens extraordinárias teve um fim
trágico. Sua civilização foi desaparecendo aos poucos, até ser extinta. Essa idéia de fim dos
tempos ou do apocalipse acompanha a humanidade desde seus primórdios. Questionar sobre
isso é reconhecer que a humanidade morrerá e que conseqüentemente o mundo morrerá
também. É por meio do imaginário social que se podem atingir as aspirações, os medos e as
esperanças de um povo. O “fim dos tempos” está entrelaçado neste ponto. Esse imaginário
expressa-se por ideologias, rituais e mitos, onde modelam condutas e estilos de vida. Não é a
toa que grupos de pessoas em toda parte do mundo já estão se organizando e convivendo de
uma forma tal que desacelere os estragos humanos diante o planeta.
É normal que algumas pessoas se prendam ao calendário maia e ao alerta de fim
dos tempos já que são condicionadas a isso, através do imaginário social do medo. A verdade
é que qualquer calendário que exista vai representar um sistema de divisão de tempo, vai
flutuar ao sabor de seus criadores, afinal os anos e os meses não existem são apenas
convenções humanas para organizar a vida de qualquer sociedade. Isso vai afirmado em René
Haurón (2009), onde ele afirma que “qualquer ano que você escolher como referência em
qualquer calendário inventado pelos humanos, ou qualquer ano que você simplesmente
armazene e ainda seja apontado, nada disso é verdadeiro”. Ele ainda afirma que o que é
patente e real são os dias e as noites se sucedendo uma após outras. Portanto, entre vários
23 calendários que regem a sociedade atual, o calendário maia é sim o mais comentado. Através
da mídia ele tem influência em todos os campos, em todas as áreas.
Ainda o mesmo autor defende que as verdadeiras decifrações do calendário maia
pode ter sido destruída a muito tempo, por motivos religiosos. Isso vai reforçar a idéia do fato
das interpretações serem várias, e talvez fictícias. De acordo com o autor, os conquistadores
europeus acreditavam que esse sistema do calendário maia eram produtos concebidos por
demônios e que os cronistas que decifraram este calendário eram religiosos católicos. O
resultado foi a destruição de tudo que parecia ser obra satânica. Ele conclui mostrando que
E, na medida do tempo, veio a lavagem cerebral que infundiu o medo. O medo calou
fundo naquela época, tal, que perdura até nossos dias. Ainda, praticamente na
genética dos descendentes daquele holocausto, vemos as miradas de pavor e medo
hereditário permanecendo. Mas ainda, se agiganta. E cresce, proporcionalmente ao
quadrado da distância, as mesmas retóricas sobre as afirmações que se fizeram sobre
o método calendárico dos maias. (HAURÓN, 2009, p. ?)
Fica fácil compreender que o calendário seja manipulado de forma que
indivíduos se valem da ignorância das pessoas para enganá-las.
2.1 As profecias e algumas súbitas coincidências
Segundo alguns estudos, a civilização maia deixou para os dias atuais, uma
mensagem escrita em pedra que contém sete profecias. A base dessas profecias é justamente o
estudado e detalhado calendário maia. Diante disso, a mensagem de alerta e de esperança
percorrem dentro da sociedade atual. A mensagem de alerta de catástrofes que irão acontecer
e que já estão acontecendo e a de esperança condiz com que atitudes as pessoas devem tomar
diante do alerta, as mudanças que devem ser efetuadas. Verdade ou não, alguns
acontecimentos são notáveis como as constantes erupções vulcânicas, a poluição gerada pela
tecnologia que conseqüentemente enfraquece a camada de ozônio que nos protege do sol, a
devastação de recursos naturais, as repentinas mudanças de clima, entre outros. Além do
calendário maia, muitas religiões abordam profecias do que se está acontecendo no mundo. A
bíblia, por exemplo, anuncia que o chegar desses acontecimentos seriam os tempos do
apocalipse. Em relação as profecias maias tem-se como base conclusões de seus estudos
científicos e religiosos sobre o funcionamento do universo.
A primeira profecia fala sobre “o tempo do não-tempo” e do final do medo. É
quando a humanidade terá que escolher entre desaparecer ou evoluir. Em detalhes, a primeira
profecia diz que a partir de 1999 restam 13 anos para se realizar mudanças de consciência e
24 atitude. Alguns cientistas afirmam que os maias previram que a partir da data inicial de sua
civilização, ou seja, 5.125 anos no futuro, o sol irá receber um raio sincronizador que
produzirá uma grande labareda radiante. Os desastres seria a chegada de uma nova era, um
sexto ciclo do sol. Segundo os maias, estaríamos vivendo a quinta era do sol, em que
terminará em meio a mudanças de um tipo jamais visto na Terra. Para eles havia existido
outras quatro civilizações que também foram destruídas por grandes desastres naturais. Cada
civilização era apenas um passo para a chegada da consciência coletiva da humanidade e o
ultimo desastre teria ocorrido por uma inundação. O tempo do não-tempo é um período de 20
anos chamados de “katún”, onde os últimos 20 anos teriam sido profetizados em manchas do
vento solar cada vez mais intensas no sol. A primeira profecia anunciou ainda que em 1999
começaria uma época de escuridão. Coincidentemente, no dia 11 de agosto de 1999 ocorreu
um eclipse total do sol durante alguns minutos, porém sua plenitude só pode ser observada
entre a costa ocidental americana e o norte da Índia. O presidente do Conselho Nacional dos
Anciãos Maias, Dom Alejandro Cirilo Perez divulgou sua visão do que acontecerá:
“No dia 20 de dezembro de 2012, a Mãe Terra cruzará o centro de um eixo
magnético e ficará mergulhada numa grande nuvem negra durante o prazo de 60 a
70 horas. Sem dúvida não terá forças para sobreviver aos efeitos deletérios da
degradação ambiental. Penetrará em outra era, mas a custa de graves e terríveis
acontecimentos. Terremotos, maremotos [tsunamis], inundações, erupções
vulcânicas e epidemias assolarão o mundo. Poucos serão os sobreviventes.”
(DOUGLAS, 2009, p. 10).
A segunda profecia maia confirma a mudança de comportamento de toda a
humanidade a partir do eclipse solar de 1999. Caso a maioria da população mudasse seu
comportamento e sincronizasse com o planeta, os desastres de que falam as outras profecias
seriam neutralizados. Há lendas e história de nossos antepassados que confirmem o fim dos
tempos. A lenda da terrível estrela do tipo conhecido como Um-sho-sho-no-no pode ser citado
em David Douglas (2009) afirmando que essa estrela veio descendo aos céus fazendo o
mundo inteiro se inverter.
O sol nasceu no sul e se pôs no norte. Então começaram a cair gotas de uma
substância inflamada e negra, semelhante ao alcatrão derretido, consumindo todos os
seres vivos que não conseguiam escapar. Em seguida desabou um tremendo dilúvio
de água acompanhado por ventos tão tempestuosos que arremessavam para longe os
picos das serras. Depois vieram enormes pedaços de gelo, maiores que qualquer
montanha, e cobriram o mundo inteiro por gerações. (DOUGLAS, 2009, p. 12)
Ainda nesse aspecto o autor afirma que existem profecias dos nativos
americanos diante do ano de 2012 numa realização de importantes mudanças e
transformações. Um calendário sagrado denominado cherokee, muito parecido com o dos
25 maias prevê que nossa era atual acabará em 18 de dezembro de 2012 através de terremotos.
Nota-se a partir de então a imprecisão de datas para tal acontecimento.
A terceira profecia maia apenas confirma e complementa as outras, ressaltando o
fato de que uma onda de calor aumentará a temperatura do planeta provocando mudanças
climáticas em uma velocidade assombrosa. Os maias afirmavam que esse aquecimento já se
dava pelo fator natural do sol, e que a humanidade apenas aceleraria o processo de destruição.
Nesta profecia é lembrado o fato do processo global de industrialização que alterou de forma
dramática a atmosfera. O então aumento da temperatura produzirá ventos fortes e furacões. É
um fato que nos últimos anos aumentou sim o número de estudos científicos sobre as
alterações do clima e as conseqüências que isso trará para a humanidade. Dentro dessa mesma
percepção Douglas (2009) observa que houve uma quebra de recordes nos eventos solares a
partir de 2001, adicionando a esse fato que
Em junho de 2001, a aurora boreal, normalmente visível apenas em altas latitudes,
perto do Círculo Ártico, foi vista bem ao sul, no México. Em 2002, o invólucro
gasoso do sol se rompeu depois de um fenômeno conhecido como ejeção de massa
solar [...] O ano 2003 trouxe ainda mais surpresas: nove formidáveis erupções
solares ocorreram em apenas 12 dias – algo de que nunca se ouvira falar.
(DOUGLAS, 2009, p.17)
Ainda dentro dessa questão de interpretação atual das profecias maias, a quarta
profecia dá enfoque ao derretimento do gelo nos pólos causado por uma maior atividade do
sol. Para essa atividade os maias tiveram como base um giro de 584 dias do planeta Vênus
para efetuar os cálculos solares. Seria causado assim mais catástrofes como as modificações
do clima já citadas, o aumento da temperatura nos mares e o derretimento mais rápido do gelo
nas calotas polares, onde acarretará em grandes inundações. Conseqüentes furacões, entre
outros desastres.
[...] os picos nevados do monte Quili-manjar sofreram redução de 73%, na Espanha
e, 1980 havia 27 picos nevados, esse número foi reduzido para 13. Nos Alpes
europeus e no Cáucaso na Rússia diminuíram 50%. Na nova Zelândia e nos montes
entre a Rússia e na China houve redução de 26%, os cálculos preliminares dos
estudos dizem que se as mudanças continuaram no mesmo ritmo em 50 anos não
haverá
picos
nevados
em
nenhuma
parte
do
mundo.
(Em:
http://www.anjodeluz.com.br/profeciasmayas.htm Acesso em 01 de dezembro de
2012).
Tal afirmação se dá continuidade, demonstrando que
Mais de 50% da população mundial vive perto do mar, por isso milhões de pessoas
serão afetadas e deslocadas de seus lares. 1998 estabeleceu recordes de altas
temperaturas, que ficaram dentre as mais altas dos últimos 600 anos. No entanto o
aumento da temperatura como este que vem ocorrendo não muda rapidamente os
níveis de água em todo o planeta, será um processo que levará vários anos. (idem)
26 Ainda nos processos de mutação do sol, Kevin Peacock, um radioamador
australiano fez observações no qual daria uma idéia positiva de aumento da atividade solar.
Segundo (DOUGLAS, 2009, p. 19): “Ele concluiu que, em junho e julho de 2011, quatro
fatores poderão coincidir para gerar um evento cataclísmico.”
São os seguintes: o solstício de verão em 21 de junho de 2011 significa que o pólo
norte ficará, nesse dia, mais perto do sol. Três eclipses (dois solares e um lunar) ocorrerão
entre 2 de junho e 1° de julho de 2011 provocando efeitos geomagnéticos. Um clarão solar
fará com que os pólos magnéticos do sol se invertam. (idem).
Por fim, Peacock não achava que esses acontecimentos ocorreriam em 65 milhões
de anos, mas que poderia provocar uma série de terremotos e erupções vulcânicas que
extinguisse nossa civilização.
Seguindo adiante, a quinta profecia fala dos problemas econômicos e financeiros
que já acontecem no mundo inteiro. Fala que a humanidade não saberia reagir a
acontecimentos drásticos e que como conseqüência disso a comida ficaria escassa, as
comunicações não mais aconteceriam, haveria no total uma situação de descontrole. Além
disso, ela se difere das outras quando diz que as divisões religiosas acabariam e só nos restaria
um caminho espiritual comum a todos. A sexta profecia fala do aparecimento de um cometa
que colocará em perigo a existência da humanidade, pois “Os maias viam os cometas como
agentes de mudanças que vinham para pôr em equilíbrio o movimento existente para que
certas estruturas se transformem permitindo a evolução da consciência coletiva.” (idem).
Concluindo assim a análise de interpretação atual das profecias, a sétima profecia
maia fala mais detalhadamente de mudanças que precisam ser feitas pela humanidade. Fala de
uma ampla consciência de todos os seres humanos para que gere assim uma nova realidade
individual, coletiva e universal. Será uma realidade em que ninguém poderá ocultar nada, não
existirá mentira, violência ou emoção negativa.
Vão surgindo com o tempo, várias e mais várias interpretações sobre as profecias
maias e controvérsias sobre tal. Segundo a jornalista Laura Castellanos
[...] os sucesso da teoria apocalíptica junto à cultura ocidental se deve a uma “onda
milenarista” que, segundo ela, “antecipa catástrofes ou outros acontecimentos cada
vez que se completam dez séculos”. Para Castellanos, esse tipo de efeméride é
reforçada por uma “crise ideológica, religiosa e social”. (Em:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/12/111201_maias_fimdomundo_pu.
shtml Acesso em 02 de dezembro de 2012).
A autora do livro 2012, Las Profecias delFindel Mundo afirma ainda que
“profecias apocalípticas revelam mais sobre nós que sobre maias” (idem).
27 Diante de todos os relatos é quase certo que a terra já tenha passado por várias
destruições, equivalente ao “fim do mundo”, porém nenhuma destruição foi capaz eliminar a
vida por completo.
2.2 A influência do calendário para os dias atuais
Através da mídia brasileira, o calendário maia tem sido bastante divulgado
juntamente com o alerta das profecias e por isso pessoas não só no Brasil como no mundo
todo estão vivendo esse alerta. Há os que crêem e os que duvidam.
O primeiro caminho dessa influência foi o filme 2012. O filme catástrofe não
poderia chegar em hora melhor no Brasil. O longa traz uma destruição total do mundo, em
grandes efeitos especiais e um fraco roteiro. Todos os clichês de filmes estão lá, um bom ator
como protagonista, como também um belo romance no ar. Apesar do filme estar baseado nas
profecias maias, pouco se fala do assunto. Preocupa-se em animar os telespectadores com as
extraordinárias animações. Mesmo bastante mentiroso, o filme tornou influência para que
pessoas já comecem a viver em harmonia, como os maias desejavam. Grupos de pessoas em
retiros espirituais para a chegada de uma nova era. E como se não bastasse a rede globo
também nos traz um novo programa sobre o fim dos tempos, onde a série tem como titulo
nada mais nada menos que “como aproveitar o fim do mundo”. Como vem se notando ao
longo de toda a base teórica o calendário termina sim em 2012, mas isso não significa que as
profecias digam que o mundo chegará ao fim.
Em vários lugares do país não se fala em outro assunto. Pastores reafirmando a
idéia do apocalipse, músicas em torno do tema, rituais, pessoas passando a ter uma vida mais
simples, como em
Canela, Rio Grande do Sul, danças, rituais, meditação, uma vida simples, cantar para
comer, esse grupo se prepara para a chegada de uma nova era. No rio de Janeiro, as
profecias do fim do mundo atrai crianças e adultos ao espetáculo multimídia. O tema
virou até brincadeira no carnaval de rua. (GLOBO REPÓRTER, 2012)
Além da influência e poder que a mídia tem para espalhar o alarme, a mistura
de arqueologia, ciência e religião fizeram com que as teorias apocalípticas ganhassem
popularidade, e por isso um grande número de pessoas se preparam para o juízo final.
Aos 71 anos, o relojoeiro aposentado Tikao Tanaka passa seus dias contando as
horas que lhe restam até o mundo acabar. O senhor de gestos contidos e sorriso
tímido, natural da cidade de Guararapes, no interior de São Paulo, diz estar se
preparando para o fim dos tempos, marcado para o dia 21 de dezembro de 2012.
Junto de sua família, Tanaka comprou uma propriedade de 20 mil metros quadrados
no município de Alto Paraíso de Goiás, na Chapada dos Veadeiros, um dos poucos
28 lugares, que, segundo ele, serão preservados após um tsunami devastar a costa
brasileira
no
dia
fatídico.
(Em:
http://www.istoe.com.br/reportagens/184613_FIM+DO+MUNDO+EM+2012
Acesso em 05 de dezembro de 2012)
Tanaka é apenas um exemplo de muitos que também segue essa linha de
pensamento. Existe até um site exclusivo para aqueles que acreditam. Porém, vale ressaltar
que muitas pessoas também ironizam o fato em redes sociais. Surgem comentário irônicos, de
“brincadeira” que de certa forma também dá popularidade ao assunto. Segundo Tanaka Alto
Paraíso será um lugar do Brasil que poderá sair ileso das catástrofes e por isso os efeitos de
especulação imobiliária no local, são grandes.
Ainda nesta linha de pensamento pode-se afirmar que
Mais ao Sul do País, na cidade de Porto Belo, em Santa Catarina, a migração de
turistas é motivada por uma seita chamada “Movimento Salvai Almas”, fundada em
1997 pelo aposentado Cláudio Heckert, 66 anos. Católico e pai de sete filhos,
Heckert diz receber mensagens de Nossa Senhora constantemente, entre elas um
alerta de que o mundo passará por uma terceira guerra mundial em maio de 2012.
(Em: http://www.istoe.com.br/reportagens/184613_FIM+DO+MUNDO+EM+2012
Acesso em 05 de dezembro de 2012)
Além de tudo isso, pessoas também estocam água e mantimentos à espera do
juízo final. E como se fosse pouco há menos de um mês foram encontrado cerca de 120
pessoas no Piauí que aguardavam o “fim do mundo”. Isso se deu porque o cearense Luiz
Pereira, um suposto “profeta” disse que o mundo iria acabar no dia 12 de outubro desse ano, e
que só se salvariam os seus seguidores. Por 25 dias essas pessoas ficaram proibidas de sair de
casa, assistir televisão e no caso das crianças até faltar à escola. A ignorância da sociedade
realmente assusta.
Seja por motivos científicos, religiosos ou o que quer que seja, “o fim do mundo”
sempre despertou e sempre despertará o interesse do homem. E mesmo que o mundo não
acabe em 2012, ainda assim muitas pessoas não descartam a possibilidade de uma data futura.
29 3. MÍDIA E SOCIEDADE DE CONSUMO
3.1 Os meios de comunicação como exercício de poder
A mídia em seu sentido real é uma expressão que designa veículos de
determinado sistema de comunicação social, seja pela televisão, pela rádio, por jornais,
revistas ou internet. Porém ela recebeu uma conotação pejorativa por não ter mais tanta
fidelidade ao que é real. Ela perdeu credibilidade entre a sociedade, mas ainda assim é a maior
influência do comportamento humano. De forma comportamental, profissional ou comercial,
ela nos conduz a seguir modelos de sua preferência. Algumas pessoas concordam com tal
influência, outras dizer ser apenas reflexos da sociedade.
Sobre o assunto, o jornalista Caio Túlio Costa comenta
Do ponto de vista econômico, os meios de comunicação fazem parte da indústria
cultural. Indústria porque são empresas privadas operando no mercado e que, hoje,
sob a ação da chamada globalização, passa por profundas mudanças estruturais,
“num processo nunca visto de fusões e aquisições, companhias globais ganharam
posições
de
domínio
na
mídia.”
(Em:
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed710_o_poder_da_midia
Acesso em 06 de dezembro de 2012)
No Brasil, os resultados da mídia na sociedade são inseparáveis do poder do
Estado, fazendo com que exista ai um monopólio privado dos meios de comunicação. Ou
seja, se apropria de um bem público para manter privilégios.
Quanto a questão das abordadas profecias, o papel da mídia não seria diferente.
Ela sabe que o que mais mexe com o imaginário social é o medo. Medo de morrer.
Curiosidade de saber para onde vamos quando morrermos. Diante disso, as profecias sobre o
fim dos tempos sempre será bem vinda ao assunto principal do dia a dia. Por causa do alarme,
pessoas passam a ter interesse em comprar livros, em assistir filmes que trate sobre o tema,
entre outros atos que inclua a sociedade de consumo. A Rede Globo é um ótimo exemplo
desse monopólio midiático. Todo mundo sabe que um cantor que passe pelo programa de
maior audiência da Rede Globo será um estouro nacional.
As várias maneiras de definição de um indivíduo, a interação social e o papel da
mídia foram e continuam a ser objeto de estudo, isso por causa do poder que ela exerce dentro
de uma sociedade. Esse poder se dá de forma tanto psicológica quando sociológica, agindo
assim entre a mídia e a massa. De uma forma ou de outra, os evidenciados limites do poder da
mídia impõe modelos de comportamento, gostos e atitudes. As condutas individuais teriam
muito mais liberdade para compor e recompor seus modos de vida se não houvesse
valorização do direito à autonomia individual promovida pela mídia.
30 Voltando a questão mídia e profecia maia, é notável sobre o tema nas bancas, nos
noticiários, nas ruas e em cultos religiosos. É o que mantém a relação conturbada entre o ser
humano e o planeta. Mesmo em épocas anteriores, como no ano 2000, por exemplo, quando já
havia surgido a idéia do fim da humanidade não havia tanto alarde como se há em dias atuais,
pois hoje a mídia reforça essa crença de forma bem mais voraz a medida que os meios de
comunicação aumentam mais e mais, onde o mundo virtual está cada vez mais definitivo na
sociedade contemporânea. Com isso, em questão de segundos, um boato pode virar realidade.
3.2 A globalização e a sociedade de consumo
A globalização é algo que está entrelaçado no dia a dia da sociedade, quer
queira, quer não. Ela pode ser definida como algo que precisamos para ser felizes ou pode ser
considerado como a causa de nossa infelicidade. O fato, é que de um modo geral ela está
sempre ali não podendo mais deixar de existir, é um processo irreversível e por bem ou por
mal é algo que afeta à todos na mesma medida. De uma forma ou de outra, todas as pessoas
no mundo estão sendo “globalizadas”.
O processo de globalização surge na sociedade à medida que as visões
tradicionais de ação vão mudando enormemente, como o conflito cara a cara, a justiça do olho
por olho e dente por dente, o combate corpo a corpo, como também a solidariedade ombro a
ombro e a mudança passo a passo, permitindo que o avanço do meios afastem os conflitos, os
combates, solidariedades e administração da justiça de forma que isso fique distante do olhar
humano.
Em relação ao processo de sociedade globalizada pode-se encontrar em Zigmunt
Bauman
O significado mais profundo transmitido pela idéia da globalização é o do caráter
indeterminado, indisciplinado e de autopropulsão dos assuntos mundiais; a ausência
de um centro de um painel de controle, de uma comissão diretora, de um gabinete
administrativo. A globalização é a “nova desordem mundial” de Jowitt com um
outro nome. (BAUMAN, 1999, p. 58)
Bauman faz uma breve comparação ao fator globalização com o fator
universalização, onde o caráter acima citado substituiu a idéia da transmissão da esperança, da
intenção e determinação de produção da ordem que a universalização trazia. Ele cita que
“nada disso restou no significado de globalização. O novo termo refere-se primordialmente
31 aos efeitos globais, notoriamente não pretendidos e imprevistos, e não às iniciativas e
empreendimentos globais.” Afirma ainda que
A “globalização” não diz respeito ao que todos nós, ou pelo menos os mais
talentosos e empreendedores, desejamos ou esperamos fazer. Diz respeito ao que
está acontecendo a todos nós.(BAUMAN, 1999, p. 59)
Além dessa relação Bauman também faz uma denominação do Estado como
uma nova forma de expropriação da globalização como uma nova infelicidade. Nesse sentido
ele afirma que
A ‘globalização’ nada mais é que a extensão totalitária de sua lógica a todos os
aspectos da vida. Os Estados não têm recursos suficientes nem liberdade de manobra
para suportar a pressão – pela simples razão de que “alguns minutos bastam para que
empresas e até Estados entrem em colapso”. (BAUMAN, 1999, p. 64)
Notoriamente, a globalização traz benefícios para poucos, tendo como uma de
suas primeiras conseqüências a oportunidade apenas aos extremamente ricos de ganhar cada
vez mais dinheiro e deixando de fora a maior parte da população mundial, uma população
mais pobre, onde a tecnologia não causa impacto na vida dos mesmos. O autor concorda de
forma que ele diz
A mentira da promessa do livre comércio é bem encoberta; a conexão entre a
crescente miséria e desespero dos muitos “imobilizados” e as novas liberdades dos
poucos com mobilidade é difícil de perceber nos informes sobre as regiões lançadas
na ponta sofredora da “globalização”.(BAUMAN, 1999, p. 70)
Mas, o que isso tem a ver com as profecias maias e o fim dos tempos? Tudo,
pois os maias nos deixou como legado suas profecias e a maneira como se relacionavam com
elas. O problema é que a mídia já entrelaçada no processo de globalização se aproveitou do
medo como imaginário social do ser humano para alarmar ainda mais a situação de fim de
mundo, com um único objetivo aqui mencionado de sociedade de consumo. Enquanto que o
assunto se torna cada vez mais popular, as pessoas compram mais e mais algo relacionado ao
dito cujo. Livros que relatem o tema são cada vez mais vendidos. Filmes e programa cada vez
mais assistidos. E quando mencionamos em uma sociedade brasileira em si, não tem como
negar que somos sim uma sociedade de consumo, pois já estamos entrelaçados ao sistema que
faz com que sejamos.
A mercê dos consumidores da sociedade de consumo o autor Bauman
Para os consumidores da sociedade de consumo, estar em movimento – procurar,
buscar, não encontrar ou, mais precisamente, não encontrar ainda – não é sinônimo
de mal-estar, mas promessa de bem-aventurança [...] Não tanto a avidez de adquirir,
de possuir, não o acúmulo de riqueza no seu sentido material, palpável, mas a
32 excitação de uma sensação nova, ainda não experimentada – este é o jogo do
consumidor. (BAUMAN, 1999, p. 80)
É como que fosse um horror para o consumidor não ter mais o desejo de algo.
Eles têm que estar sempre insatisfeitos, em busca de novas tentações.Aconseqüência disso:
sim, as dívidas. Nesse sentido, Bauman(1999) também afirma que “todo mundo pode ser
lançado na moda de consumo; todo mundo pode desejar ser um consumidor e aproveitar as
oportunidades que esse modo de vida oferece. Mas nem todo mundo pode ser um
consumidor.” É ai que está a diferença de quem não pode, mas faz e cria dívidas, nunca mais
saindo delas, porque o sistema capitalista inserido no sentido de globalização e sociedade de
consumo, não permite. Isso se diz respeito aconseqüência do consumo e da competitividade.
Assim Bauman define a fácil perda do interesse e a impaciência como características da
sociedade de consumo, além do desejo de consumir e de que os produtos são cada vez menos
duráveis.
Apesar da obra ser referente ao ano de 1999, ela relata perfeitamente as
conseqüências atuais da globalização, mostra resultados do fenômeno nas sociedades
contemporâneas. Além de também não ser citado na obra, nada sobre a civilização maia,
entender a globalização é fundamental para entender o porque do interesse exagerado da
mídia nas questão das profecias maias com o “fim dos tempos”.
3.3 A sociedade de consumo e os fins dos tempos
Consumir é uma atividade presente em toda e qualquer sociedade humana, seja
para necessidades básica ou satisfação supérflua. Para alguns autores a sociedade de consumo
englobaria características sociológicas, um sentimento permanente de insaciabilidade.
Existem hoje uma variedade de grupos, tribos urbanas e indivíduos criando as suas próprias
modas. É nesse contexto que podemos encontrar grupos de pessoas vivendo consumamente o
“fim dos tempos”. Temos também como característica atual da sociedade de consumo uma
temporalidade de curta duração, pela valorização do novo e do individual, tendo como
princípio o gosto pela novidade, e sendo assim vista por alguns autores de forma negativa.
No caso do consumismo entrelaçado ao “fim dos tempos” não seria exatamente o
que os autores afirma, já que eles se referem à uma competitividade. O que acontece, é que a
mídia já obtendo a idéia de sociedade de consumo já existente na população brasileira ou
mundial, usufrui de tal para que possa lucrar com isso. Diante dessa sociedade, as pessoas
além de precisarem se sentir satisfeitas consumindo cada vez mais e mais, sentem também
33 uma necessidade de estar a pá do que acontece mundialmente. É o caso do filme 2012, onde
quem assistiu, assistiu para poder comentar sobre o assunto, para “ficar por dentro”. De fato, o
consumo aparece intimamente ligado ao domínio capitalista fazendo com que o aumento do
mesmo seja acompanhado por uma perda de autenticidade das pessoas, caracterizada assim
por uma relação irracional com a cultura material. Isso quer dizer com outras palavras que a
ignorância popular está essencialmente ligada ao sistema e processo de sociedade de
consumo.
O fato do assunto “calendário maia e o fim dos tempos” está em total agitação na
sociedade é também uma causa já apocalíptica que sempre existiu na religião. O
discernimento cristão ajuda para tal fé de que as pessoas realmente irão acabar um dia. Além
disso, os acontecimentos catastróficos em todo o planeta fazem com haja fé no “fim do
mundo”, porém as noticias de “fim de mundo” não são de hoje, mas nota-se mais presente na
sociedade, pois também temos uma presença cada vez maior da mídia em todos os âmbitos
comunicativos. Numa sociedade onde as necessidades das pessoas estão constantemente em
observação e a ser alvo de elaboradas estratégias de mercado, considera-se que as mesmas são
estimuladas, de forma manipuladora, a consumir.
Notoriamente, com ajuda midiática aos noticiários messiânicos temos assim a
comprovação de vendas e influências comportamental diante da situação, inclusive a própria
mídia através de livros, vídeos, sites de internet, entre outros meios comunicativos já
informou que não haverá mais “fim do mundo” em 2012, e que estudos científicos afirmam
que acontecerá sim, em anos mais adiante.
34 CONCLUSÃO
A civilização maia deixou de legado para os dias atuais sua rica expressão
cultural, envolvendo toda sua estrutura astronômica e seu calendário solar e lunar. Logo, se
tem como base as profecias maias para o denominado “fim dos tempos”. Estudado numa
complexa união de seus calendários (Tzolkin e Haab), pude constatar o destaque do
calendário de longa contagem, no qual tem permeado a idéia de novas eras para o mundo.
Pude constatar também que de fato o calendário maia tinha uma grande importância para
aqueles povos mesoamericanos e que fazia sentido as eras que se aproximavam, mas que
porém, os maias nunca mencionou nada de “fim do mundo”, além de que ficou claro que não
se pode ter uma constatação real do que os maias realmente pensavam ou não. São estudos de
civilizações muito antigas, em que a sociedade de consumo apenas se aproveita da situação
que permeia a dúvida humana para com seu objetivo de lucro.
Trabalhado principalmente o calendário de longe duração, que embora
considerado por muitos um feito supremo dos maias tenha sido anterior a sua civilização a
pesquisa afirma profecia por profecia, desde aquelas já constatadas à outras apenas
superficiais. A descoberta deste calendário é de uma história bastante interessante, pois ele foi
descoberto através do Códice de Desdren que foi estudado detalhadamente por um alemão,
onde conseguiu decifrar os hieróglifos e ver a visão que os maias tinham do futuro. A partir
de então, vários estudos foram feitos no códice, tendo descoberto algumas previsões
astronômicas, como os eclipses.
Pude constatar a veracidade da relação profética que os maias tinham com o
calendário, assim como constatei como algo histórico e verídico se transforma em falácia
quando se trata de uma mídia aproveitadora e uma população ignorante, que já está
condicionada a ser assim. Além do mais, a pesquisa abordou os grupos de pessoas que
realmente acreditam na profecia, os que duvidam e os que apenas se aproveitam da situação,
como foi o caso do Piauí. Não foi abordado com detalhes a questão apocalíptica da bíblia,
mas também foi citada e relacionada com os fatos messiânicos.
35 REFERÊNCIAS
ARGUELLES, José. O fator maia: Um caminho além da tecnologia. São Paulo: Ed. Cultrix, 2009.
BAUMAN, Zygmunt. Globalização: As conseqüências humanas. Rio de Janeiro: Ed. Zahar,
1999.
DOUGLAS, David. A profecia maia para 2012: O calendário maia e o fim dos tempos São Paulo:
Ed. Pensamento, 2009.
GENDROP, Paul. A civilização maia. Rio de Janeiro: Ed. Jorge Zahar, 2005.
HAURÓN, René. 2012 A catástrofe dos maias. São Paulo: Ed. Primavera, 2009.
A estrutura matemática maia. Disponível em:
http://www.calendariosagrado.org/pt/meso/mat/, acesso em: 21 de novembro de 2012.
As 7 profecias maias. Disponível em:
http://www.anjodeluz.com.br/profeciasmayas.htm, acesso em: 24 de novembro de 2012.
Calendário maia: 2012 ou 1752? Curiosidades e controvérsias. Disponível em:
http://phontlife.blogspot.com.br/2012/02/calendario-maia-2012-ou-1752.html, acesso em: 22
de novembro de 2012.
Cientistas desvendam profecia maia do “fim do mundo em 2012”. Disponível em:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/12/111201_maias_fimdomundo_pu.shtml,
acesso em: 02 de dezembro de 2012.
Fim do mundo em 2012. Disponível em:
http://www.istoe.com.br/reportagens/184613_FIM+DO+MUNDO+EM+2012, acesso em: 05 de dezembro de
2012.
O poder da mídia. Disponível em:
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed710_o_poder_da_midia, dezembro de 2012.
acesso
em:
06
de

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