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Universidade de Brasília Instituto de Ciências Exatas Departamento de Ciência da Computação Curso de VoIP em Software Livre Baseado em Skinner, Gagné e Piaget Daniel Ribeiro dos Santos Monografia apresentada como requisito parcial para conclusão do Curso de Computação – Licenciatura Orientador Prof. Dr. Jacir Bordim Brasília 2008 Universidade de Brasília – UnB Instituto de Ciências Exatas Departamento de Ciência da Computação Curso de Computação – Licenciatura Coordenador: Prof. Dr. Flávio Leonardo Cavalcanti de Moura Banca examinadora composta por: Prof. Dr. Jacir Bordim (Orientador) – CIC/UnB Prof a.̄ MsC. Lina Sandra Barreto – CIC/UnB Prof. Dr. Guilherme Albuquerque Pinto – CIC/UnB CIP – Catalogação Internacional na Publicação Daniel Ribeiro dos Santos. Curso de VoIP em Software Livre Baseado em Skinner, Gagné e Piaget/ Daniel Ribeiro dos Santos. Brasília : UnB, 2008. 65 p. : il. ; 29,5 cm. Monografia (Graduação) – Universidade de Brasília, Brasília, 2008. 1. VoIP, 2. didática, 3. SIP, 4. H323, 5. Asterisk, 6. RNP, 7. Skinner, 8. Piaget, 9. Gagné CDU 004 Endereço: Universidade de Brasília Campus Universitário Darcy Ribeiro – Asa Norte CEP 70910–900 Brasília – DF – Brasil Universidade de Brasília Instituto de Ciências Exatas Departamento de Ciência da Computação Curso de VoIP em Software Livre Baseado em Skinner, Gagné e Piaget Daniel Ribeiro dos Santos Monografia apresentada como requisito parcial para conclusão do Curso de Computação – Licenciatura Prof. Dr. Jacir Bordim (Orientador) CIC/UnB Prof a.̄ MsC. Lina Sandra Barreto Prof. Dr. Guilherme Albuquerque Pinto CIC/UnB CIC/UnB Prof. Dr. Flávio Leonardo Cavalcanti de Moura Coordenador do Curso de Computação – Licenciatura Brasília, 26 de Maio de 2008 Dedicatória Dedico este trabalho à minha querida Denise e a minha Mãe, por todo o carinho e atenção. Resumo Este trabalho analisa a elaboração de um curso que prepara os estudantes para configurar e fornecer suporte para redes de telefonia VoIP. Além dos conhecimentos teóricos necessários para compreender esta tecnologia são abordados aspectos práticos e as ferramentas utilizadas profissionalmente. Para a elaboração das aulas do curso foram utilizadas as teorias de ensino-aprendizagem de Burrhus Frederick Skinner, Jean Piaget e Robert Mills Gagné. Tais autores foram escolhidos por serem renomados e consagrados, sendo suas idéias adequadas ao conteúdo apresentado. As idéias apresentadas neste trabalho não esgotam as teorias defendidas pelos autores supracitados, mas representam o que foi utilizado na confecção de um curso completo e funcional. O curso desenvolvido visa fornecer material de treinamento sobre uma tecnologia que até pouco tempo era dominada pelas grandes corporações telefônicas, democratizando o acesso às ferramentas necessárias para a utilização da tecnologia VoIP. Foram elaboradas dez aulas divididas em sessões de três horas cada, totalizando trinta horas de treinamento. Nas aulas, o aluno tem contato com exemplos condizentes com o que o profissional encontra ao implementar a tecnologia VoIP. Para que o aluno possa aplicar os conhecimentos adquiridos em qualquer ambiente, o curso propõe a utilização do software livre. O público alvo do curso são profissionais e estudantes que possuam noções sobre o SO GNU/Linux e arquitetura e protocolos de rede TCP/IP. O trabalho apresentado resultou em um curso fornecido para a Escola Superior de Redes da Rede Nacional de Pesquisas. Palavras-chave: VoIP, didática, SIP, H323, Asterisk, RNP, Skinner, Piaget, Gagné Abstract This work examines the development of a course that prepares students to set up and provide support for VoIP telephony networks. In addition to the theoretical knowledge needed to understand this technology, practical aspects and the tools used professionally are addressed. The teaching-learning theories of Burrhus Frederick Skinner, Jean Piaget and Robert Mills Gagné were used to elaborate the course material. These renowed authors were chosen due to their excellent educational contributions. The materials developed here were based on the theories of the authors listed above. The ideas represented in this work are not exhaustive, but goes in the direction defended by the authors. Furthermore, the course we developed aims to provide training materials for a technology that, not long ago, was domained solely by the big telecoms companies. The complete course is composed of ten classes distributed in tree hour sections, with over a total of thirty training hours. During the classes, the students make contact with examples in according with what professionals find while implementing the VoIP tecnology at their companies. The target audience are students and professionals who have notions about the GNU / Linux OS and TCP / IP network architecture and protocols. This effort resulted in a course used by the "Escola Superior de Redes of the "Rede Nacional de Pesquisas". Keywords: VoIP, didactics, SIP, H323, Asterisk, RNP, Skinner, Piaget, Gagné Sumário Lista de Figuras 10 Capítulo 1 Introdução 11 Capítulo 2 Teorias de aprendizagem 14 2.1 Skinner . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 2.2 Piaget . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 2.3 Gagné . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 Capítulo 3 Aplicação das Teorias de ensino em VoIp 3.1 Infra-estrutura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.1.1 A sala de aula . . . . . . . . . . . . . . . 3.1.2 Virtualização . . . . . . . . . . . . . . . . 3.1.3 Software livre . . . . . . . . . . . . . . . 3.2 Objetivo do curso . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.2.1 Asterisk . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.2.2 Xlite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.2.3 OpenH323 . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.2.4 Wireshark . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.3 Didática do curso . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.3.1 Competências não técnicas . . . . . . . . 3.3.2 Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . 3.3.3 Materiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.4 Dificuldades encontradas . . . . . . . . . . . . . 3.5 O projeto Voip4All . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.6 VoIP na educação . . . . . . . . . . . . . . . . . um Curso de . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 26 26 30 33 34 34 39 39 40 40 41 41 42 47 48 49 Capítulo 4 Conclusão e Trabalhos Futuros 50 Referências Bibliográficas 52 Apêndice A Programa do curso em sessões de aprendizagem A.1 Curso - Visão Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.1.1 Título . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.1.2 Carga horária do curso . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.1.3 Número de sessões de aprendizagem . . . . . . . . . . 54 54 54 54 54 . . . . A.2 A.3 A.4 A.5 A.6 A.7 A.8 A.9 A.1.4 Pré-requisitos do curso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.1.5 Nome e minicurrículo do autor . . . . . . . . . . . . . . A.1.6 Objetivos de aprendizagem . . . . . . . . . . . . . . . . Ao final do curso o aluno terá aprendido (competências técnicas) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.2.1 Competências não técnicas a serem desenvolvidas . . . A.2.2 As atividades estarão entremeadas à exposição teórica do professor ou em bloco, após a teoria? . . . . . . . . . A.2.3 Descrição dos requisitos de hardware e software para o laboratório: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Sessão de aprendizagem 01 - Introdução . . . . . . . . . . . . . A.3.1 Tópicos teóricos desta sessão de aprendizagem, em sua ordem de apresentação . . . . . . . . . . . . . . A.3.2 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.3.3 Avaliação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Sessão de aprendizagem 02 - Redes . . . . . . . . . . . . . . . . A.4.1 Tópicos teóricos desta sessão de aprendizagem, em sua ordem de apresentação . . . . . . . . . . . . . . A.4.2 Avaliação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Sessão de aprendizagem 03 - SIP . . . . . . . . . . . . . . . . . A.5.1 Tópicos teóricos desta sessão de aprendizagem, em sua ordem de apresentação . . . . . . . . . . . . . . A.5.2 Avaliação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Sessão de aprendizagem 04 - Princípios de sinalização e Protocolo H.323 - Prática 01 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.6.1 Tópicos teóricos desta sessão de aprendizagem, em sua ordem de apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.6.2 Indicação das atividades de aprendizagem a serem realizadas pelos alunos (em equipe e/ou individuais, em laboratório etc.) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.6.3 Avaliação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Sessão de aprendizagem 05 - Captura de pacotes Protocolo H.323 - Prática 02 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.7.1 Tópicos teóricos desta sessão de aprendizagem, em sua ordem de apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.7.2 Indicação das atividades de aprendizagem a serem realizadas pelos alunos (em equipe e/ou individuais, em laboratório etc.): . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.7.3 Avaliação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Sessão de aprendizagem 06 - Introdução à Qualidade de Serviço (QoS) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.8.1 Tópicos teóricos desta sessão de aprendizagem, em sua ordem de apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Sessão de aprendizagem 07 - O Asterisk - Prática 03 . . . . . . A.9.1 Tópicos teóricos desta sessão de aprendizagem, em sua ordem de apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 54 54 54 55 55 55 55 56 56 56 56 57 57 57 57 57 57 58 58 58 58 58 59 59 59 59 59 59 60 A.9.2 Indicação das atividades de aprendizagem a serem realizadas pelos alunos (em equipe e/ou individuais, em laboratório etc.): . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.10 Avaliação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.11 Sessão de aprendizagem 08 - Arquitetura do Asterisk - Prática 04 e Prática 05 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.11.1 Tópicos teóricos desta sessão de aprendizagem, em sua ordem de apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.11.2 Indicação das atividades de aprendizagem a serem realizadas pelos alunos (em equipe e/ou individuais, em laboratório etc.): . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.12 Avaliação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.13 Sessão de aprendizagem 09 Entendendo o Plano de discagem Pratica 06 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.13.1 Tópicos teóricos desta sessão de aprendizagem, em sua ordem de apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.13.2 Indicação das atividades de aprendizagem a serem realizadas pelos alunos (em equipe e/ou individuais, em laboratório etc.): . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.14 Avaliação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.15 Sessão de aprendizagem 10 Tópicos avançados Prática 07 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.15.1 Tópicos teóricos desta sessão de aprendizagem, em sua ordem de apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.15.2 Indicação das atividades de aprendizagem a serem realizadas pelos alunos (em equipe e/ou individuais, em laboratório etc.): . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.15.3 Avaliação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Apêndice B Lista de acrônimos 60 60 60 60 61 61 61 61 62 62 62 62 62 63 64 9 Lista de Figuras 2.1 Exemplos de estimulação visual e motora . . . . . . . . . . . . 2.2 Fatores internos e externos que afetam a aprendizagem (ref, Araújo & Chadwick (1984)). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.3 Modelo básido de aprendizagem e memória para um enfoque de processamento de informação (ref, Araújo & Chadwick (1984)). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.4 Fases e processos do ato de aprendizagem (ref, Araújo & Chadwick (1984)). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.1 Estrutura do laboratório . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.2 Diagrama lógico do laboratório sobre softphones (ref, Xavier et al. (2006, Sessão de aprendizagem 4)) . . . . . . . . . . . . . 3.3 Representação dos ramais utilizados na primeira aula prática (ref, Xavier et al. (2006, Sessão de aprendizagem 04)) . . . . . 3.4 Representação da estrutura utilizada captura de pacotes H.323 (ref, Xavier et al. (2006, Sessão de aprendizagem 05)). . . . . 3.5 Representação da estrutura SIP utilizada nas aulas que envolvem o uso do Asterisk (ref, Xavier et al. (2006, Sessão de aprendizagem 07-10)). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.6 A virtualização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.7 Asterisk como PBX (ref, David Gomillion (2005)) . . . . . . . 3.8 Diagrama de um tronco (ref, Leeuw (2005)) . . . . . . . . . . . 3.9 Arquitetura do Asterisk . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.10 Título do curso e nome da sessão (ref, Xavier et al. (2006, Sessão de aprendizagem 5)) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.11 Objetivos (ref, Xavier et al. (2006, Sessão de aprendizagem 3)) 3.12 Ao final (ref, Xavier et al. (2006, Sessão de aprendizagem 3)) . 3.13 Sumário (ref, Xavier et al. (2006, Sessão de aprendizagem 3) 3.14 Slides de conteúdo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 22 22 23 27 29 29 30 31 32 35 35 38 43 44 44 45 45 Capítulo 1 Introdução Voice Over IP, ou voz sobre IP (VoIP) é a tecnologia que permite o uso de ligações telefônicas (transmissão de voz) através de uma rede IP. Consiste em utilizar redes de dados baseadas nos protocolos da pilha TCP/IP para transmitir sinais de voz em tempo real, na forma de pacotes (ref, TANENBAUM (2003)). Suas características permitem substituir o sistema telefônico atual acrescentando funcionalidades e reduzindo custos. A popularização da tecnologia VoIP gerou a necessidade de uma nova mão de obra, um profissional que precisa possuir conhecimentos em administração de redes e domínio de uma série de conceitos relacionados à transmissão de conteúdo multimídia por redes IP. Atualmente, gigantes do ramo das telecomunicações e dos equipamentos de rede como a CISCO (ref, Cisco (2007)) e SIEMENS (ref, Siemens (2007)) fornecem hardware e treinamento para dar suporte a tecnologia VoIP. Infelizmente este tipo de treinamento normalmente é oneroso e restrito a determinadas implementações controladas por estas corporações. Com o objetivo de mudar este quadro de dependência a equipe do laboratório VoIP da UnB decidiu criar um curso para preparar o futuro profissional. O curso visa fornecer os conceitos necessários sem manter a dependência com nenhuma ferramenta específica e sem o comprometimento com implementações proprietárias. Podemos resumir os objetivos do seguinte trabalho como: • Descrever a criação de um Curso sobre VoIP independente de plataforma; • Criar um curso baseado em aulas teóricas e práticas próximas da realidade encontrada profissionalmente; • Fundamentar o curso nos três teóricos da educação: Burrhus Frederic Skinner, Jean Piaget e Robert Mills Gagné. O ideal que orientou o desenvolvimento deste curso foi proporcionar a construção do conhecimento através da resolução de problemas típicos relacionados à aplicação real da tecnologia envolvida. Todo o material foi construído para formar um curso de curta duração, essencialmente prático, 11 porém a fundamentação teórica não foi esquecida. O estudante recebe orientações sobre como utilizar ferramentas específicas, tendo antes seções de aprendizagem essencialmente teóricas que fornecem o lastro para o verdadeiro domínio desta tecnologia e preparam para futuros avanços. Durante o desenvolvimento do Curso VoIP foram utilizadas teorias educacionais fundamentadas em Burrhus Frederic Skinner, Jean Piaget e Robert Mills Gagné. Os autores não foram escolhidos ao acaso. Esta seleção conta com teóricos com idéias diversas, mas utilizadas em momentos diferentes do desenvolvimento. O trabalho de Burrhus Frederic Skinner se confunde com a própria origem do uso da tecnologia no ensino e serviu como base para compreender variáveis de estímulo e resposta envolvidas nas atividades práticas. O construtivismo é uma corrente sempre atual e de extrema importância e está representada por Jean Piaget. Suas teorias ajudam a compreender as motivações e a maturação dos estudantes. A teoria educacional de Robert Mills Gagné complementa o trabalho com suas idéias sobre hierarquia na aprendizagem que organizam o formato do Curso VoIP. Apesar de apresentarem idéias diferentes, os três foram utilizados no curso, fato que comprova que as teorias da educação vêm se desenvolvendo e que nenhuma delas é considerada uma verdade única. Para dar suporte a esse desenvolvimento são utilizados diversos recursos para promover a aprendizagem dos alunos. Esses recursos envolvem o uso de materiais áudio visuais com o uso de técnicas de projeção juntamente com o uso de experiência simulada e direta (ref, Parra (1972)). Grande parte do esforço foi empenhado na configuração e em testes de uma complexa estrutura de software que compõe o laboratório de VoIP. Diversas ferramentas livres e proprietárias foram avaliadas resultando em um material mais completo e maduro. As seções de aprendizagem envolvem aulas expositivas e aulas práticas destinadas a demonstrar o uso da tecnologia envolvida. Para fornecer a experiência prática dos conceitos envolvidos foi desenvolvido um ambiente específico que envolve a instalação e configuração de um laboratório que retrata ao máximo a experiência real que o aluno terá em sua vida profissional. Uma parcela significativa do esforço empenhado no desenvolvimento do Curso VoIP foi aplicada nos testes e na configuração deste laboratório. O ambiente desenvolvido e as teorias de aprendizagem utilizadas serão descritos nos capítulos que se seguem. Ao longo do presente trabalho os termos “lição”, “sessão de aprendizagem”, e “aula“ serão utilizados com o mesmo significado. O programa do curso criado é um dos anexos deste documento. O desenvolvimento foi resultado de uma parceria com a RNP - Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (ref, RNP (2006)), que necessitava de um curso VoIP para sua ESR - Escola Superior de Redes. Ao longo do texto são abordados os aspectos técnicos e pedagógicos relacionados a criação de um curso sobre VoIP pela equipe do laboratório VoIP da UnB. A estrutura desta monografia está organizada da seguinte maneira: no capítulo 2 são apresentados os teóricos da aprendizagem e aspectos importantes de suas teorias são destacados; o capítulo 3 descreve elementos im12 portantes do desenvolvimento do curso sobre VoIP e sua relação com as teorias de aprendizagens estudadas juntamente com o ambiente de software configurado; o último capítulo apresenta as conclusões derivadas deste desenvolvimento e sugere trabalhos futuros. 13 Capítulo 2 Teorias de aprendizagem Para promover a aprendizagem devemos ter em mente três elementos que foram abordados insistentemente durante a elaboração do Curso VoIP. Esses elementos são: o aluno, o professor e a situação de aprendizagem propriamente dita. Além dos aspectos relacionados à tecnologia VoIP, são necessárias várias teorias de aprendizagem para garantir a eficiência do processo de ensino e aprendizagem. Tentando amparar tanto alunos, quanto professores em situações de aprendizagem adequadas, foram analisados alguns teóricos da aprendizagem e o uso de suas teorias no ensino com o uso do computador. Vários autores foram cogitados durante o desenvolvimento. Logo abaixo podemos verificar alguns dos principais autores e suas teorias organizados em ordem alfabética (ref, Vaz & Raposo (2007)): • Teoria da Inclusão de Ausubel O fator mais importante de aprendizagem é o que o aluno já sabe. Para ocorrer a aprendizagem, conceitos relevantes e inclusivos devem estar claros e disponíveis na estrutura cognitiva do indivíduo. A aprendizagem ocorre quando uma nova informação ancora-se em conceitos ou proposições relevantes preexistentes. • Instrução ancorada de Bransford & the CTGV Aprendizagem se inicia com um problema a ser resolvido. Aprendizado baseado em tecnologia. As atividades de aprendizado e ensino devem ser criadas em torno de uma "âncora", que deve ser algum tipo de estudo de um caso ou uma situação envolvendo um problema. • Teoria Construtivista de Bruner O aprendizado é um processo ativo, baseado em seus conhecimentos prévios e os que estão sendo estudados. O aprendiz filtra e transforma a nova informação, infere hipóteses e toma decisões. Aprendiz é participante ativo no processo de aquisição de conhecimento. Instrução relacionada a contextos e experiências pessoais. • Teoria instrucional de Gagné 14 Defende que a aprendizagem e conhecimento são ambos hierárquicos por natureza. Segundo Gagné, a aprendizagem causa uma mudança observável no aluno; as habilidades devem ser aprendidas uma de cada vez e cada nova habilidade aprendida deverá ser construída com base nas habilidades adquiridas anteriormente. • Inteligências múltiplas de Gardner No processo de ensino, deve-se procurar identificar as inteligências mais marcantes em cada aprendiz e tentar explorálas para atingir o objetivo final, que é o aprendizado de determinado conteúdo. • Aprendizado Situado de Lave Aprendizagem ocorre em função da atividade, contexto, cultura e ambiente social na qual está inserida. O aprendizado é fortemente relacionado com a prática e não pode ser dissociado dela. • Epistemologia Genética de Piaget Tem como ponto central a estrutura cognitiva do sujeito. As estruturas cognitivas mudam através dos processos de adaptação: assimilação e acomodação. A assimilação envolve a interpretação de eventos em termos de estruturas cognitivas existentes, enquanto que a acomodação se refere à mudança da estrutura cognitiva para compreender o meio. Níveis diferentes de desenvolvimento cognitivo. • Teoria da Flexibilidade Cognitiva de R. Spiro, P. Feltovitch & R. Coulson Trata da transferência do conhecimento e das habilidades. É especialmente formulada para dar suporte ao uso da tecnologia interativa. As atividades de aprendizado precisam fornecer diferentes representações de conteúdo. • Aprendizado Experimental de Rogers Deve-se buscar sempre o aprendizado experimental, pois as pessoas aprendem melhor aquilo que é necessário. O interesse e a motivação são essenciais para o aprendizado bem sucedido. Enfatiza a importância do aspecto interacional do aprendizado. O professor e o aluno aparecem como os coresponsáveis pela aprendizagem. • Behaviorismo de Skinner Tem o condicionamento operante como principio fundamental. O condicionamento operante explica que quando um comportamento é seguido da apresentação de um reforço positivo, a freqüência deste comportamento aumenta. • Teoria Sócio-Cultural de Vygotsky 15 Desenvolvimento cognitivo é limitado a um determinado potencial para cada intervalo de idade (ZPD); o indivíduo deve estar inserido em um grupo social e aprende o que seu grupo produz; o conhecimento surge primeiro no grupo, para só depois ser interiorizado. A aprendizagem ocorre no relacionamento do aluno com o professor e com outros alunos. • Gestaltismo de Wertheimer Enfatiza a percepção ao invés da resposta. A resposta é considerada como o sinal de que a aprendizagem ocorreu e não como parte integral do processo. Não enfatiza a seqüência estímulo-resposta, mas o contexto ou campo no qual o estímulo ocorre e o insight tem origem, quando a relação entre estímulo e o campo é percebida pelo aprendiz. As teorias de aprendizagem buscam reconhecer a dinâmica envolvida nos atos de ensinar e aprender, partindo do reconhecimento da evolução cognitiva do homem, e tentam explicar a relação entre o conhecimento pré-existente e o novo conhecimento. A aprendizagem não seria apenas inteligência e construção de conhecimento, mas, basicamente, identificação pessoal e relação através da interação entre as pessoas. (ref, Vaz & Raposo (2007)) Três autores se mostraram mais alinhados com as idéias e objetivos defendidos pelos autores do presente trabalho. Suas idéias resumem todos os métodos e idéias utilizadas no Curso VoIP. Possuindo grande relevância entre os educadores, os teóricos escolhidos foram Skinner, Piaget e Gagné. Vamos ver mais sobre estes autores logo em seguida. 2.1 Skinner Burrhus Frederick Skinner nasceu em 1904 em Pensilvânia, nos Estados Unidos. Concluiu o doutorado em psicologia no ano de 1931 em Haward (ref, Niskier (1986)). Skinner tem uma linha de pesquisa behaviorista, estando preocupado com o controle do comportamento, através da resposta do indivíduo. Ele acredita que o processo de aprendizagem é neurológico, e obedece a certas leis. Por serem previsíveis e obedecer às leis, os processos mantém relações funcionais entre suas variáveis. As variáveis podem ser de estimulo e resposta (ref, Skinner (2005)). O behaviorismo tem sua origem no trabalho de John Broadus Watson que, utilizando o termo behaviorismo, definia a psicologia como sendo "a ciência que estuda os comportamentos observáveis, mensuráveis e possíveis". A aprendizagem é definida como uma mudança observável do comportamento do indivíduo (ref, eduKbr (2006)). Skinner definiu o ato de ensinar da seguinte maneira: ... ensinar é simplesmente arranjar contingência de reforço . Entregue a si mesmo, em dado ambiente, um estudante aprenderá, 16 mas nem por isso terá sido ensinado. A escola da vida não é bem uma escola, não porque ninguém nela aprende, mas porque ninguém ensina. Ensinar é o ato de facilitar a aprendizagem, quem é ensinado aprende mais rapidamente do que quem não é. O ensino é naturalmente, muito importante, porque do contrário o comportamento não apareceria (ref, Niskier (1986)). “O estímulo é qualquer evento, ou combinação de eventos que afeta os sentidos de aprendiz. Já a resposta é uma ação por parte do aprendiz, que resulta no aumento da probabilidade da ocorrência de um ato que imediatamente o procedeu” (ref, Araújo & Chadwick (1984)). Em suma, Skinner sugere algumas formas do controle do processo de aprendizagem através da combinação das variáveis de estímulo-resposta a fim de aumentar a ocorrência de uma resposta a ser aprendida. Se a resposta a um estímulo não for a desejada, ocorrerá a punição (reforço negativo), caso a resposta seja a esperada ocorrerá o reforço positivo. Nesta teoria, a função do professor é trabalhar nas contingências do reforço. Segundo Skinner, o importante para o professor não é tentar criar outros reforços além daqueles que já existem nas situações do dia-a-dia, mas sim armar e arranjar as contingências desses reforços em relação às repostas desejadas (ref, Niskier (1986)). Este processo é chamado de instrução programada e tem por objetivo aumentar a freqüência do reforço e reduzir as conseqüências que levam ao erro. A instrução programada de Skinner se baseia nos seguintes princípios: Pequenos passos; Resposta ativa; Avaliação imediata; Ritmo próprio; Progressão lógica; Reforço constante e Verificação de Aprendizagem. As idéias de estímulo-resposta de Skinner podem ser encontradas em dois instrumentos: as máquinas de ensinar e a instrução programada. Ambos instrumentos visam o estudo individual do aluno através de um material previamente elaborado pelo professor. Cada aluno estuda de acordo com seu ritmo, maturidade e conhecimentos anteriores (ref, Niskier (1986)). No curso elaborado sobre VoIP o estímulo é dado através dos exercícios propostos aos alunos no decorrer de cada sessão de aprendizagem. Estes exercícios necessitam de conhecimentos prévios adquiridos antes ou durante o curso, e têm o comportamento do aluno como resposta na solução dos problemas. Caso o aluno atinja o objetivo do exercício proposto, terá a resposta positiva com o prazer de ter conseguido resolver o problema. As próprias ferramentas fornecem o reforço pois demonstram resultados de interesse do aluno. Caso o aluno não consiga, entrará o papel do professor reinterando o que foi ensinado anteriormente e propondo novamente o estímulo. Enquanto as ferramentas fornecem o reforço necessário, o ambiente de aprendizagem reduz as conseqüências que levam ao erro. A teoria de Skinner é aplicada no Curso VoIP utilizando os seguintes pontos: 1. Pequenos passos - O conteúdo é apresentado gradualmente em sessões de aprendizagem simples e de curta duração onde os estudantes podem participar ativamente dando respostas freqüentes e sendo reforçado constantemente; 17 2. Resposta ativa - o estudante aprende melhor pois participa ativamente da aprendizagem. No programa do curso (disponível no apêndice A) a oportunidade de participação dos alunos fica evidenciada nas sessões de aprendizagem 4, 5, 7, 8, 9 e 10; 3. Avaliação imediata - durante todas as sessões práticas de aprendizagem o aluno verifica suas respostas imediatamente; 4. Ritmo próprio - Se um aluno não atinge o nível de conhecimento para realizar alguma atividade, ele pode revisar o conteúdo e tentar novamente. O instrutor regula o ritmo da aula em função do desempenho dos estudantes; 5. Progressão lógica - O conteúdo é estruturado em uma progressão especificada de forma clara e objetiva ao aluno. Cada sessão de aprendizagem possui objetivos e sumários que demonstram com antecedência como a progressão ocorre; 6. Reforço constante - Juntamente com a oportunidade de participação, os estudantes verificam o resultado de seus conhecimentos refletidos no funcionamento das ferramentas. O próprio funcionamento das ferramentas resulta em reforço instantâneo; 7. Verificação de Aprendizagem - A aprendizagem é verificada pela observação do comportamento dos estudantes por parte do instrutor. 2.2 Piaget Jean Piaget nasceu em 1896 em Neuchâtel, Suíça. Graduou-se em ciências naturais em 1917, mas seu trabalho teve maior relevância na área da psicologia (ref, Niskier (1986)). Devido a seu interesse em psicologia, diversos críticos afirmam que Piaget não desenvolveu uma teoria de aprendizagem, e sim uma psicologia do desenvolvimento. Apesar disso, Piaget é difundido pelo mundo, sendo o primeiro europeu a receber o prêmio Distinguished Scientific Contribution Award da Associação de Psicologia Americana (ref, Araújo & Chadwick (1984)). O enfoque básico de Piaget é a epistemologia genética, que consiste no estudo de como se chega a conhecer o mundo externo através dos próprios sentidos. Assim, a mente recebe as informações através das modalidades sensoriais (percepção) e as transforma em conceitos que são organizados em estruturas. Há então duas formas de aprendizagem: O próprio desenvolvimento da inteligência, que vem da maturação, experiência e contatos sociais; E a aprendizagem limitada à aquisição de novas respostas a determinadas situações ou a aquisição de novas estruturas para algumas operações mentais específicas (ref, Araújo & Chadwick (1984)). Para Piaget indivíduo precisa estar preparado para receber novos conhecimentos. O desenvolvimento da inteligência se compõe da adaptação e da organização. Na adaptação o indivíduo adquire um equilíbrio entre 18 assimilação e acomodação. Já a organização é a função onde a informação é estruturada, resultando daí elementos internos da inteligência (entrada da informação e processo de estruturação). Assim o indivíduo responde ao ambiente e atua sobre ele. A inteligência se desenvolve pela assimilação e acomodação da realidade. Quando ocorre uma ação mental, há uma operação que tem resultados no comportamento observável do indivíduo, onde ocorrem seqüências definidas de ações denominadas esquemas. Estes esquemas são unidades que conformam as estruturas intelectuais (adaptação, equilíbrio, assimilação e acomodação, organização e função regulatória, estrutura e conteúdo) (ref, Araújo & Chadwick (1984)). "‘Piaget distingue 3 estágios de desenvolvimento cognitivo: Sensorio motor Nascimento aos 2 anos de idade. A criança passa de uma situação puramente reflexa até a diferenciação do mundo exterior em relação a si própria. Operações concretas Dos 2 aos 11 anos de idade e subdivide-se em pensamento pré-operacional (2 a 7 anos) e pensamento operacional concreto. Neste estágio há a preparação e realização das operações concretas em classes, relações e números. Operações Formais Dos 11 aos 15 anos. O adolescente ajusta-se à realidade completa de sua atualidade, mas também é capaz de lidar com o mundo das possibilidades"’ (ref, Niskier (1986)). A motivação do estudante é uma variável interveniente. Os aspectos mais importantes da motivação derivam de três motivos básicos: a fome, a equilibração e a independência em relação ao ambiente. O conceito motivacional mais importante é a busca da equilibração. A independência em relação ao ambiente pode também pode ser considerada curiosidade, desejo de dominar o mundo em que se vive ou desejo de independência. Equilibração e independência explicam o nível de motivação de um indivíduo. A teoria de Piaget foi desenvolvida inicialmente para explicar o processo de aprendizagem na criança, mas seus conceitos se mostraram de grande eficiência para curso desenvolvido. A teoria de Piaget pode ser aplicada no curso de VoIP desenvolvido, pois a aprendizagem por descoberta requer que o estudante se desenvolva através de uma série de passos, estando relacionado com o estágio de desenvolvimento do estudante. Segundo Piaget, o educador deve estruturar o ambiente de modo a fornecer uma rica fonte de estimulação ao aluno, permitindo que ele se desenvolva em seu próprio ritmo, guiado pelos próprios interesses. O ambiente construído para o Curso VoIP estimula o estudante de várias maneiras, como: • Visualmente - O contato visual com a rica apresentação de “slides” e o com a interface visível dos aplicativos instalados nas estações dos estudantes permitem uma fixação ainda melhor dos conceitos. 19 • Sonora - A voz do professor enriquece o material visual com explicações e o áudio que resulta da própria utilização dos programas VoIP incentivam a assimilação do conteúdo. • Motora - Os estudantes precisam digitar todos os arquivos de configuração, tendo a oportunidade de se expressar e fixar os comandos que correspondem indiretamente a teoria estudada. (a) Estimulação visual sobre um registro SIP (ref, (b) Estimulação motora com a Xavier et al. (2006)) instalação e configuração do Asterisk Figura 2.1: Exemplos de estimulação visual e motora A curiosidade em relação aos conceitos abordados (independência) é um grande incentivo para que o aluno se matricule no Curso VoIP. O ato de equilibrar aquilo que o aluno já sabe (assimilação) com aquilo que pode ser solicitado e que não se ajusta completamente ao que é compreendido (acomodação) é alcançado durante as aulas práticas. A divisão do curso permite que o aluno vá adquirindo conhecimentos, sendo incentivado a trocar experiências. O modo como os slides foram desenvolvidos estimula o aluno, deixando-o seguir seu próprio ritmo para adquirir conhecimentos. A aprendizagem ocorrerá então a partir da reestruturação das estruturas cognitivas internas (esquemas e estruturas) (ref, Araújo & Chadwick (1984)). Espera-se que ao final do curso que o aluno tenha desenvolvido novos esquemas estruturas em suas operações internas. Piaget tem idéias opostas ao behaviorismo de Skinner e evita os extremismos causados por sua abordagem. Piaget evidencia a interação do sujeito com o meio no processo de equilibração entre assimilação e acomodação, enquanto Skinner aborda o aumento de freqüência da resposta, associando a resposta do sujeito com a presença de reforçadores. Piaget estuda processamento interno através de relações que levam à assimilação, resultando em um processo mais extenso do que a simples associação, considerando afetividade como o elemento regulador das interações do sujeito com o objeto. Skinner fala de reforçamento positivo, negativo e extinção por falta de reforçamento. Piaget procura a satisfação interna através do processo de conscientização da construção da resposta (ref, de Lima Monteiro (2006)). 20 2.3 Gagné Robert Mills Gagné nasceu em 1916 em North Andouver Massachusetts. Fez mestrado em Yale e doutorado em psicologia em Brown (ref, Niskier (1986)). É um pesquisador interessado na tecnologia educacional, que pode ser entendida como a aplicação dos princípios da ciência da aprendizagem aos problemas práticos do ensino (ref, Niskier (1986)). Ele define a aprendizagem como um processo orgânico nos seres vivos, que permite que seus comportamentos sejam modificados rapidamente, de forma quase permanente. Quando um indivíduo é exposto a uma situação em que possa ocorrer a aprendizagem, há alguma forma de comportamento explícito ao aprendiz, que desencadeia em mudanças internas. Gagné acredita que as mudanças citadas podem ser cognitivas, sendo visíveis tanto no comportamento quanto no aumento da capacidade de desempenhar certo tipo de tarefa (ref, Araújo & Chadwick (1984)). Entende-se que para Gagné a aprendizagem é um processo diferente da maturação, pois para ele excluem-se da categoria de aprendizagem as mudanças decorrentes do crescimento das estruturas internas como, por exemplo, a mudança do comportamento de uma criança quando ela faz melhor o uso de seus olhos devido ao desenvolvimento da coordenação muscular. Este posicionamento é oposto às idéias de Piaget citadas anteriormente (ref, Gagné (2000)). Nesta linha de pensamento a aprendizagem tem um enfoque sistêmico, que considera as condições antecedentes, os processos internos e os produtos resultantes da situação de aprendizagem (ref, Araújo & Chadwick (1984)). As capacidades intelectuais relevantes já existem no indivíduo devem ser relembradas e estar disponíveis no momento de uma nova aprendizagem. A figura 2.2 relaciona os fatores internos e externos da aprendizagem e condições antecedentes das quais pode-se predizer o grau de sucesso que a aprendizagem terá. O ponto principal da teoria de Gagné é que há uma hierarquia na aprendizagem, onde uma aprendizagem de um tipo superior necessariamente parte do domínio de um tipo inferior (ref, Gagné (2000)). A hierarquia utilizada ao longo do curso reflete bem esse conceito, partindo de conceitos estritamente teóricos chegando a uma abstração totalmente prática. Essa hierarquia pode ser conferida no programa contido no anexo A. O processo da aprendizagem é explicado pelo modelo de processamento de informações, conforme figura 2.3: Neste modelo o indivíduo recebe o estímulo, que penetra em seu sistema nervoso central. Nesta estrutura ocorre a percepção inicial de objetos e eventos que o aprendiz vê, ouve ou sente e a informação é codificada de acordo com um padrão, passando para a memória de curto prazo. Na memória de curto prazo a informação é novamente codificada, em forma conceitual e é transferida para a memória de longo prazo, ou simplesmente esquecida (ref, Araújo & Chadwick (1984)). Quando é necessário o uso de uma informação já armazenada, o estímulo do ambiente faz com que a informação na memória de longo prazo 21 Figura 2.2: Fatores internos e externos que afetam a aprendizagem (ref, Araújo & Chadwick (1984)). Figura 2.3: Modelo básido de aprendizagem e memória para um enfoque de processamento de informação (ref, Araújo & Chadwick (1984)). 22 seja recuperada e passe ao gerador de respostas. O gerador de respostas é o mecanismo que tem a função de transformar a informação em ação. Os estímulos que provocam a recuperação da memória de longo prazo são encontrados nas sessões práticas. Como exemplo vimos a sessão de aprendizagem 8 (Captura SIP) que ainda cobra conceitos adquiridos na sessão de aprendizagem 3. As duas estruturas no topo da figura são chamados de controle executivo e expectativas. Ambos os processos podem determinar a permanência da informação na memória, sua codificação, recuperação, etc. O controle executivo é uma estrutura que o indivíduo utiliza para processar a informação. Já as expectativas constituem o aspecto emocional (ref, Gagné (2000)). Podemos resumir as idéias de Gagné no tocante ao processo de aprendizagem com a figura 2.4 Figura 2.4: Fases e processos do ato de aprendizagem (ref, Chadwick (1984)). Araújo & Segundo Gagné, o estudante deve estar motivado para que possa aprender. Esta motivação pode ser alcançada com o processo conhecido como expectativa, que representa antecipação da “recompensa” que ele obterá quando atingir algum objetivo. Esta “recompensa” representada pelo sucesso profissional é derivada das vantagens relacionadas ao sucesso da tecnologia VoIP e seu rápido crescimento. Na fase de apreensão obtemos a atenção dos alunos com o uso dos materiais visuais e com a explanação do instrutor pois nesta fase o aprendiz presta atenção às partes do estímulo que ele julga relevantes. Na aquisição as informações são codificadas e armazenadas e este armazenamento nunca é exatamente igual ao estímulo recebido pelo estudante. Com a retenção o conhecimento é movido para a 23 memória de longo prazo que é favorecida pela duração do curso. A evocação é feita com a constante recuperação do conteúdo em sessões posteriores de aprendizagem. Com a generalização o estudante pode utilizar os mesmos conceitos em situações diferentes, como acontece com o uso do Wireshark nas sessões 5 e 8. Com o uso de sessões práticas de aprendizagem o estudante também é forçado a produzir respostas, liberando o caminho para o “feedback” de informação que determina a retroalimentação do reforço prometido na fase de motivação. Todas essas fases e processos criam um ciclo que segue por todas as sessões de aprendizagem. As idéias de Gagné podem ser aplicadas no curso desenvolvido ao se utilizar a hierarquia da aprendizagem. Cada conteúdo apresentado partiu do pressuposto de que o indivíduo já possuía a aprendizagem de um nível inferior. O resultado do processo de aprendizagem pode ser verificado nas habilidades intelectuais e atitudes do indivíduo, que o deixam capacitado a responder os conceitos necessários apresentados através das atividades do curso. Conforme apresentado, os conceitos e idéias do processo de aprendizagem proposto por Skinner, Piaget e Gagné podem ser aplicados no desenvolvimento do Curso VoIP. A forma encontrada foi uma combinação dos autores. Existem dezenas de outros teóricos que também tratam do processo de aprendizagem, porém os modelos de Piaget( 2.2), Skinner( 2.1) e Gagné( 2.3) pareceram os mais adequados durante a elaboração do trabalho. O objetivo deste capítulo não foi analisar exaustivamente as teorias de aprendizagem destes autores, mas sim, descrever os seus princípios básicos como foram estudados e aplicados durante o processo de desenvolvimento. No próximo capítulo passamos a verificar como realmente tomou forma todo este trabalho. 24 Capítulo 3 Aplicação das Teorias de ensino em um Curso de VoIp O curso desenvolvido se baseia nos princípios discutidos no capítulo 2 estando focado principalmente em três princípios: os conceitos de independência, assimilação e acomodação de Piaget juntamente com a hierarquia de aprendizagem proposta por Gagné e as contingências de reforço propostas por Skinner. Enquanto os estímulos representam um papel secundário na teoria de Skinner eles representam um papel muito importante para Piaget. Tanto a sala de aula como as apresentações de slides utilizadas constituem em fontes de estimulação ao alunos. Esta estimulação pode ser conferida principalmente nos itens 3.1.1 e 3.3.3. As próprias ferramentas utilizadas também representam estimulação pois interagem diretamente com os estudantes fornecendo a estimulação motora, visual e auditiva. Segundo Gagné, aprendizagem de um tipo mais avançado de conhecimento depende do domínio de um tipo inferior de conhecimentos aprendidos anteriormente. Este conceito determinou a organização das competências e na escolha das ferramentas utilizadas ao longo das aulas. O item 3.3.3.1 ajuda a relacionar o material desenvolvido com as teorias de Gagné. As conseqüências que levam ao erro são minimizadas e as contingências de reforço são garantidas pela organização dos materiais e pela atuação do instrutor. A evocação e generalização propostas por Gagné são utilizadas durante as avaliações e atividades práticas, itens 3.3.3.5 e 3.3.3.4 respectivamente. Durante a elaboração do curso foram definidas várias ferramentas. Estas ferramentas podem ser divididas em 2 grupos: • Infra-estrutura • Objetivo do curso Estes grupos de ferramentas compõem o ambiente de simulação e aprendizado. Veremos em seguida uma visão detalhada dos componentes deste ambiente, visto sob a ótica das ferramentas que o compõe. 25 3.1 Infra-estrutura As ferramentas de Infra-estrutura são necessárias ao funcionamento do curso. São compostas por itens que não são de interesse dos alunos, mas que servem de base para o funcionamento das demais. O grupo Infra-estrutura é composto por: 3.1.1 A sala de aula A sala de aula é formada por todo e qualquer elemento que tem algum papel na proposta pedagógica do Curso VoIP. Foi pensada para para fornecer o suporte necessário as contingências de reforço que aplicadas durante as sessões práticas de aprendizagem. Mais do que garantir apenas este suporte, a sala de aula representa uma rica fonte de estimulação para os estudantes. A sala de aula é formada por uma estrutura complexa que reúne som e imagem em um ambiente em que os alunos podem interagir de diversas formas com o conteúdo que está sendo ministrado. Fazem parte da sala de aula os seguintes elementos: • Estações de trabalho dos estudantes; • Estação de trabalho do instrutor; • Data show; • Rede ethernet; As estações de trabalho na estrutura proposta precisam ter uma configuração relativamente elevada para utilizar as máquinas virtuais e aplicativos relacionados. A figura 3.1 mostra a estrutura básica do laboratório que compõe a sala de aula. Durante os laboratórios deve ser seguida a topologia de rede semelhante a descrita na figura acima. Devemos poder identificar o endereço IP das estações utilizando a localização física das mesmas. É vedado o uso de endereçamento por DHCP. A numeração presente na figura é apenas uma ilustração de um endereçamento possível. A configuração mínima de hardware e software para os laboratórios é a seguinte: • IBM/PC Compatível; • 1 Gigabyte de memória RAM DDR; • Processador Athlon 3000+ ou Pentium compatível; • Adaptador de som full-duplex, 16-bits; • Placa de rede padrão Ethernet 10/100; • HD de 40 gigabytes; 26 Figura 3.1: Estrutura do laboratório • SO instalado; • Conexão IP (LAN); • Fone de ouvido • Microfone Na figura podemos visualizar uma disposição clássica dos elementos na sala de aula, com o instrutor ocupando uma posição de destaque de frente para os estudantes. Os estudantes ocupam fileiras tendo uma ampla visão da tela de projeção e do instrutor. O uso de flip chart, quadro negro ou branco não é obrigatório porém é fortemente recomendado. Cada estudante deve ter a sua estação de trabalho e não existe previsão para o compartilhamento de uma mesma estação. O laboratório possui uma configuração simples mas de grande importância na proposta pedagógica. O instrutor deve possuir conexão com a internet para visitar sites de relevância ao assunto e ilustrar o conteúdo que está sendo ministrado. O uso de determinadas tecnologias é inevitável em um curso que trata da telefonia IP, porém não devemos esquecer do profissional responsável por auxiliar os estudantes na construção do conhecimento. No diagrama apresentado na figura 3.1 a figura do professor e de sua estação de trabalho se confundem, mas este profissional não foi esquecido em nenhum momento. Para alguns professores pode ser complicado incorporar realmente 27 os computadores em sua sala de aula. Os computadores podem ser difíceis de dominar e podem simplesmente quebrar (ref, Becker (2000)). Toda a estrutura da sala de aula foi pensada para minimizar os esforços necessários à sua configuração. Conseqüentemente o trabalho fica restrito a tarefa de ensinar e não configurar um laboratório. O instrutor é fundamental no contexto deste trabalho. Um professor entusiasmado e excelente em sua área de atuação é fundamental para motivar os alunos e aumenta o desempenho do processo de ensino (ref, Zhao (2001)). A estrutura lógica do laboratório representa uma peça fundamental na sala de aula do Curso VoIP, pois fornece a base necessária para a prática dos conceitos estudados. Conforme os conceitos vão sendo aprofundados esta estrutura vai ficando mais clara aos alunos. Foram definidas três topologias para os laboratórios. A primeira topologia corresponde à rede ethernet da sala de aula, que interliga o servidor controlado pelo instrutor às estações de trabalho dos alunos. A segunda e a terceira topologia correspondem a uma rede virtual formada pela estação de trabalho dos estudantes e suas duas máquinas virtuais hospedadas. Grande parte do esforço empenhado na elaboração do presente trabalho foi aplicada na instalação, configuração e preparação do ambiente que possibilita o curso. A primeira topologia representada na figura 3.2 mostra o laboratório desenvolvido para demonstrar o funcionamento básico dos softphones.1 Os computadores dos alunos estão na mesma rede do computador do instrutor, que serve como o servidor onde os alunos irão se autenticar. Na figura 3.2 vemos duas estações rodando o aplicativo X-lite (descrito em 3.2.2) que atua como User Agent utilizando o SIP para se conectar a uma máquina virtual hospedada no computador do instrutor que atua como Proxy e Registrar. A estação de trabalho do instrutor hospeda uma máquina virtual com o Asterisk 1.4 configurado sobre GNU-Linux Debian 3.1. O objetivo desta estrutura é permitir aos alunos experimentar os conceitos vistos registrando-se no Asterisk e realizando ligações para os demais colegas (ref, Xavier et al. (2006, Sessão de aprendizagem 04)). Esta estrutura incentiva o uso dos novos conhecimentos, bem como a interação entre os colegas de aula e o trabalho de equipe. A figura 3.3 demonstra a numeração utilizada para que os alunos se identifiquem e possam realizar as chamadas. A segunda estrutura mostra uma topologia formada por dois Terminais que são registrados em um Gatekeeper para realizar chamadas. A figura 3.4 mostra o Gatekeeper OpenGK e um Terminal Ohphone hospedados em máquinas virtuais. O hospedeiro utiliza o sistema operacional Windows e roda outro Terminal Ohphone. Todas as comunicações trocadas entre os Terminais e o Gatekeeper são monitoradas pelo capturador de pacotes Wireshark. Maiores informações sobre o Wireshark serão discutidas em 3.2.4. 1 Softphones são os clientes VoIP. Possuem as funcionalidades de um telefone tradicional fortalecidas com as facilidades encontradas na telefonia IP. 28 Figura 3.2: Diagrama lógico do laboratório sobre softphones (ref, Xavier et al. (2006, Sessão de aprendizagem 4)) Figura 3.3: Representação dos ramais utilizados na primeira aula prática (ref, Xavier et al. (2006, Sessão de aprendizagem 04)) 29 OpenGK Chamadas OhPhone OhPhone Figura 3.4: Representação da estrutura utilizada captura de pacotes H.323 (ref, Xavier et al. (2006, Sessão de aprendizagem 05)). A terceira estrutura semelhante a segunda, é a mais utilizada ao longo de todo o curso. Na figura 3.5 vemos a máquina hospedeira rodando Windows e duas estações virtualizadas, uma rodando o User Agent X-Lite e uma rodando o Asterisk como Proxy/Registrar ambas configuradas sobre GNU-Linux Debian 3.1. Essa estrutura é utilizada na sessão de aprendizagem 07 onde o Asterisk é instalado e configurado e continua em uso até o fim do Curso VoIP. 3.1.2 Virtualização Apesar da possibilidade de realizar as configurações necessárias diretamente nos computadores de um laboratório especializado para o curso, em geral os alunos não têm essa facilidade em seus computadores pessoais em casa ou no emprego. Além disso, as atividades propostas aos alunos podem tornar o sistema instável. Um ambiente simulado é certamente uma alternativa interessante, pois elimina uma série de inconvenientes. A virtualização então foi escolhida para facilitar a construção do ambiente de aprendizagem. A virtualização é uma tecnologia que tem tido grande destaque e seu uso cresce a cada dia que passa. Simplifica drasticamente a construção do laboratório do curso e reduz custos. Com ela desvinculamos o sistema hospedeiro de seus hóspedes, assim como os hóspedes são independentes entre 30 * Chamadas Figura 3.5: Representação da estrutura SIP utilizada nas aulas que envolvem o uso do Asterisk (ref, Xavier et al. (2006, Sessão de aprendizagem 07-10)). 31 si. Esta desvinculação é fundamental para a proposta pedagógica do curso, pois o estudante tem um verdadeiro laboratório encapsulado em sua estação de trabalho. Foi escolhido o tipo de máquina virtual conhecido como OSVM (máquina virtual de sistema operacional). As OSVM criam um ambiente de sistema operacional para o usuário. A virtualização é alcançada pelo mapeamento do ambiente físico no sistema operacional hospedado. O computador hospedeiro executa seus próprios sistemas operacionais - um computador virtualizado e sistemas operacionais dentro de um computador físico e seu sistema operacional. São exemplos de OSVM: VMware Workstation, VMWare Player e GSX Server, Microsoft Virtual PC e Microsoft Virtual Server. Utilizando esta estrutura o estudante pode realizar estudos criando assim a confiança necessária para aplicar o conhecimento adquirido no mundo real. Na figura 3.6 temos um diagrama que demonstra as diferenças básicas da arquitetura computacional tradicional para a arquitetura utilizada no curso. Figura 3.6: A virtualização Utilizando esta tecnologia podemos fornecer uma estrutura homogênea em ambientes totalmente heterogêneos. Podemos utilizar um conjunto de imagens padrão enquanto utilizamos o hardware disponível na ocasião com adaptações mínimas. A solução encontrada para prover a virtualização foi o VMware player da empresa VMware. Esta ferramenta foi adotada por apresentar uma série de vantagens: • Baixo custo - O VMware player pode ser copiado livremente do site oficial http://www.vmware.com/download/player/. • Fácil configuração - Na maioria das distribuições pode ser configurado em menos de 10 minutos com o uso de um assistente simples e intuitivo. • Bom desempenho - Nos testes demonstrou o desempenho adequado. 32 • Compatibilidade - Existem versões do VMware player para várias distribuições. Os sistemas operacionais utilizados são o Windows na versão XP e o GNU-GNU/Linux na distribuição Debian. O Windows foi escolhido por sua popularidade e importância em diversas organizações. O GNU/Linux foi escolhido pela sua reputação e flexibilidade como servidor e pela integração com as ferramentas do curso, em especial o Asterisk. O Windows é utilizado como cliente e como hospedeiro das máquinas virtuais. Facilmente encontrado em organizações de pequeno ou grande porte, permite a configuração do laboratório por qualquer técnico em informática. O GNU/Linux exerce os papéis de servidor e cliente VoIP. É fornecido em imagens pré-configuradas para VMWare e pode ser configurado sem a presença do instrutor permitindo a montagem da sala de aula de maneira muito rápida. 3.1.3 Software livre Um dos pré-requisitos para o Curso VoIP é o domínio básico de operação de computadores que utilizam o SO GNU/Linux. Este fato já mostra a importância do Software no Contexto deste trabalho. Devemos então definir o que exatamente é entendido como software livre neste contexto para facilitar a compreensão das afirmações contidas neste trabalho. Software livre se refere à liberdade dos usuários executarem, copiarem, distribuírem, estudarem, modificarem e aperfeiçoarem o software. Mais precisamente, ele se refere a quatro tipos de liberdade, para os usuários do software (ref, GNU (2005)): • A liberdade de executar o programa, para qualquer propósito (liberdade no. 0) • A liberdade de estudar como o programa funciona, e adaptá-lo para as suas necessidades (liberdade no. 1). Acesso ao código-fonte é um pré-requisito para esta liberdade. • A liberdade de redistribuir cópias de modo que você possa ajudar ao seu próximo (liberdade no. 2). • A liberdade de aperfeiçoar o programa, e liberar os seus aperfeiçoamentos, de modo que toda a comunidade se beneficie (liberdade no. 3). Acesso ao código-fonte é um pré-requisito para esta liberdade." O uso do software livre é motivado também por questões econômicas, pois seu uso neste caso diminui drasticamente os custos envolvidos na estrutura das salas onde ocorrem as sessões de aprendizagem do Curso VoIP. 33 3.2 Objetivo do curso As ferramentas do grupo de "‘Objetivo do curso"’ serão realmente estudadas ao longo do curso. Este grupo representa o foco do curso e é formado por: 3.2.1 Asterisk O canivete suíço da telefonia IP (ref, Araujo (2007)) O Asterisk é uma plataforma de telefonia open-source (ref, Digium (2007)). Isso significa que centenas, talvez milhares de desenvolvedores participam no seu desenvolvimento. É um software completo, conhecido pela sua imensa gama de funcionalidades. É compatível com os principais padrões para VoIP. Devido a sua grande compatibilidade pode se comunicar com uma gama enorme de clientes como softphones e outros equipamentos de telefonia. Graças a sua comunidade ativa de desenvolvedores se tornou um exemplo no mundo do software livre. Pode-se dizer que o Asterisk é um software que exerce 3 funções principais: PBX; URA e voice mail (ref, David Gomillion (2005)). Estas funções levam a cenários de uso interessantes sendo exploradas exaustivamente ao longo do curso e serão brevemente listadas ao longo deste documento. 3.2.1.1 Principais funções do Asterisk Como PBX (Private Branch Exchange) o Asterisk tem o papel principal conectar um ou mais telefones dentro de uma estrutura. Normalmente esta estratégia tem um custo beneficio maior do que contratar uma linha junto a operadora para cada telefone dentro de um escritório. As facilidades oferecidas pela função PBX são as seguintes: Station-To-Station Calls; Line Trunking; distribuição de camadas; CDR; gravação de chamadas; música em espera e outras facilidades normalmente oferecidas pelas empresas de telefonia (ref, David Gomillion (2005)). Com as chamadas Station-To-Station os usuários de uma organização podem fazer ligações entre si utilizando a estrutura do PBX discando ramais individuais. No diagrama da figura 3.7 cada ramal pode se conectar diretamente a qualquer ramal. Os ramais estão localizados ao lado esquerdo do PBX (ref, David Gomillion (2005)). Graças ao Line Trunking o acesso a múltiplas linhas telefônicas pode ser compartilhado. As linhas telefônicas normalmente são utilizadas para conexão com a rede telefônica convencional, mas podem ser conexões para outros sistemas telefônicos. As conexões podem também ser troncos analógicos ou conexões digitais de alta capacidade (ref, David Gomillion (2005)). A distribuição de chamadas permite ao receber uma ligação que o Asterisk faça decisões de roteamento baseadas nos atributos da ligação. Se o provedor de telefonia não fornecer as informações necessárias podemos questionar o usuário utilizando os tons DTMF. As chamadas podem ser encaminhadas a um ramal específico, um grupo de ramais, uma gravação ou voicemail. Podemos utilizar filas 34 Figura 3.7: Asterisk como PBX (ref, David Gomillion (2005)) Figura 3.8: Diagrama de um tronco (ref, Leeuw (2005)) 35 de atendimento para vários clientes mantendo a eficiência. Um grande diferencial entre o Asterisk e outras soluções proprietárias é que não precisamos adquirir nenhuma licença especial para habilitar nenhuma dessas funcionalidades. O limite de quantas filas de atendimento é determinado exclusivamente pelo hardware que possuímos (ref, David Gomillion (2005)). O funcionamento da distribuição automática de chamadas com fila de atendimento é simples: os usuários normalmente se autenticam em uma fila de atendimento para receber as chamadas, o distribuidor verifica se o atendente está com o telefone livre antes de passar a chamada, se nenhum operador estiver livre a chamada é enviada a música em espera, quando o próximo atendente tiver seu ramal liberado receberá a chamada que estava em espera (ref, de Andrade Gonçalves (2005)). O Asterisk mantém um registro de ligações(CDR) completo. Estas informações podem ser guardadas em um arquivo comum, ou preferencialmente em uma base de dados. Usando estas informações pode-se monitorar o uso do sistema Asterisk procurando por anomalias que possam impactar no desempenho. Estes registros também podem ser utilizados na bilhetagem comparando os registros do CDR com a conta fornecida pela companhia telefônica. Analisando o número e duração das chamadas podemos verificar o desempenho de determinados agentes de nossas filas de atendimento. A gama de utilizações para o registro de chamadas é muito extensa e cresce a cada dia (ref, David Gomillion (2005)). A gravação de chamadas é outra característica importante. Qualquer chamada que trafega pelo PBX pode ser gravada. Pode ser especialmente útil em questões legais. Esta facilidade aumenta consideravelmente os requisitos de hardware e de estoque para os dados (ref, David Gomillion (2005)). A gravação de chamadas está disponível, mas sua implementação depende de questionamentos legais e financeiros. A música em espera representa uma grande diferença entre os sistemas PBX convencionais e o Asterisk. Na maioria das centrais telefônicas é preciso colocar um aparelho de CD ligado a um ou vários ramais para criar a funcionalidade da música em espera (ref, de Andrade Gonçalves (2005)). Com o Asterisk podemos habilitar a reprodução de arquivos MP3 e receber streaming de diversas fontes na internet ou intranet, tornando a experiência da música em espera algo muito mais agradável ao usuário. Outras facilidades “padrão” entre as companhias telefônicas também estão presentes em sistemas Asterisk. Existe o suporte para o envio e recebimento do Caller ID permitindo a identificação de chamadas. A identificação de chamadas permite o roteamento das chamadas que determina o funcionamento da distribuição de chamadas. Também temos a chamada em espera; toques distintos; transferência de chamadas; encaminhamento de chamadas e outros (ref, David Gomillion (2005)). O sistema de URA merece destaque pois fornece os mecanismos para resposta de voz interativa. Esta funcionalidade fornece poder e flexibilidade para responder automaticamente aos clientes. Podemos reproduzir arquivos de áudio, ler textos e até mesmo recuperar dados de bases de dados. É o tipo de tecnologia que pode ser verificada em centrais de aten36 dimento automático como bancos e companhias telefônicas. Sistemas de grande complexidade podem ser construídos utilizando esta técnica (ref, David Gomillion (2005)). O sistema de correio de voz permite que quando o usuário não atender ao telefone, estiver ocupado ou ausente, a nova chamada é encaminhada para uma gravação com a opção de deixar um recado na caixa postal.É semelhante a uma secretária eletrônica ou caixa de mensagens do celular (ref, de Andrade Gonçalves (2005)). Esta funcionalidade pode ser habilitada sem nenhum custo adicional. O sistema de Voicemail do Asterisk é extremamente desenvolvido. Suporta diversos contextos permitindo que várias organizações compartilhem o mesmo servidor e diferentes zonas de tempo permitindo que os usuários possam rastrear quando suas ligações ocorrem. Existe até mesmo a opção de notificação via email e o áudio também pode ser anexado ao voicemail (ref, David Gomillion (2005)). 3.2.1.2 Digium A criadora e desenvolvedora primária do Asterisk é uma empresa chamada Digium. Foi criada em 1999 por Mark Spencer e está localizada em Huntsville, Alabama (ref, Digium (2005)). Inicialmente a Digium criou o Asterisk como um software de PABX sob a licença GPL. Hoje se tornou uma verdadeira plataforma de telefonia com um número de funcionalidades raramente encontradas em produtos comerciais. A Digium investe no desenvolvimento do código fonte do Asterisk e em hardware de telefonia de baixo custo que funciona com o Asterisk. Roda em plataforma GNU/Linux e outras plataformas UNIX com ou sem hardware conectado a rede pública de telefonia, PSTN 3.2.1.3 Arquitetura do Asterisk O Asterisk foi codificado em C e tem uma arquitetura muito simples, diferente da maioria dos produtos de telefonia. Essencialmente o Asterisk atua como um mediador, conectando as tecnologias de telefonia às aplicações da telefonia, criando assim um ambiente consistente. As tecnologias de telefonia podem incluir serviços VoIP como: SIP, H.323, IAX e IAX, tecnologia TDM como T1, ISDN PRI, analog POTS e PSTN, etc. Já as aplicações de telefonia incluem: call bridging, conferencing, voicemail, IVR scripting, call parking, etc. A figura 3.9(a) exemplifica o funcionamento da arquitetura. A figura 3.9(b) mostra em um diagrama a organização dos diversos módulos da arquitetura do Asterisk. Dynamic Module Loader É o módulo responsável por carregar e inicializar todos os drivers providos por: Channel Drivers; File Formats Call Detail Records; Codecs e Aplicações. CODEC Translator Fornece a conversão transparente entre canais utilizando diferentes codecs. Isso é feito quando se quer ter várias cha37 (a) Funcionamento da arquitetura (b) Diagrama de módulos Figura 3.9: Arquitetura do Asterisk madas quanto possível em uma rede de dados, onde a conversão dos codecs é necessária. PBX Switching Core Começa aceitando chamadas vindas das interfaces, depois encaminha para a aplicação adequada conforme descrito no dialplan, através do Application Launcher para: Fazer um telefone tocar; Conectar-se ao voicemail; Discagem para a rede pública; Etc. Scheduler and I/O Manager Módulo ao qual oferece funções para aplicativos e drivers. O Asterisk também tem suas limitações, pois usa a CPU do servidor para processar os canais de voz, ao invés de ter um DSP (processador de sinais digitais) dedicado a cada canal, assim, exigindo muito da capacidade de processamento da CPU do computador onde está instalado. Sua configuração é feita através de arquivos de configuração localizados no diretório/etc/Asterisk. Os arquivos estão em um formato ASCII, dividido em seções com o nome da seção delimitada em colchetes ([]’s). O ponto e vírgula é o caractere de comentário. Os valores são atribuídos com a utilização dos sinais “=” e o “=>” que podem ser usados de forma idêntica, linhas em branco são ignoradas. O formato dos arquivos de configuração é discutido intensamente nas sessões de aprendizagem que tratam do uso desta ferramenta. Os últimos grandes conceitos que são explorados intensivamente durante o curso são aplicações e canais: Aplicações As aplicações são partes fundamentais do Asterisk, elas tratam o canal de voz, tocando sons, aceitando dígitos ou desligando uma chamada. As aplicações são chamadas com opções que afetam a sua forma de funcionamento. Canais São conexões lógicas para a trajetória das várias sinalizações e 38 transmissões que o Asterisk pode usar para criar e conectar chamadas. Podem ser físicas, ou baseada em software. 3.2.2 Xlite O X-Lite é um cliente VoIP que possui as funcionalidades de um telefone tradicional fortalecidas com as facilidades encontradas na telefonia IP. Foi desenvolvido pela empresa chamada CounterPath. Esta ferramenta é utilizada como cliente na maioria das atividades práticas relacionadas ao Asterisk. Foi escolhido por ser um produto maduro e comercial. É um software popular, de fácil instalação e operação. É modificado com “skins”(pacotes gráficos utilizados para mudar a aparência de alguns programas) e fornecido para grandes empresas, como: AT&T; CISCO; Vonage; Portugal Telecom; GVT dentre outras (ref, CounterPath (2007)). O X-Lite apresenta dois conjuntos principais de funcionalidades, clássicas e avançadas. As funcionalidades clássicas correspondem as características encontradas em telefones convencionais, como: Viva voz; Mudo Rediscagem; etc. As funcionalidades avançadas representam as características que o usuário espera encontrar na telefonia ip, como: Mensagens instantâneas2 ; Listas de contatos gerenciáveis; Video e Audio conferência; etc. As funcionalidades clássicas representam o básico que esperamos de um softfone( ou de um telefone convencional). A telefonia IP pode fornecer uma experiência mais completa ao usuário. As funcionalidades avançadas representam uma nova gama de recursos para os usuários. Durante o curso o estudante irá experimentar estes dois grupos de funcionalidades. 3.2.3 OpenH323 O projeto OpenH323 é uma iniciativa colaborativa iniciada em setembro de 1998 pela empresa Equivalence Pty Ltd, da Australia com o objetivo de criar uma implementação H.323 Open Source e livre para uso privado e comercial. O OhPhone , o OpenPhone e o OpenGK são algus resultados do projeto OpenH323. O OhPhone é um softphone H.323 para linha de comando. Tem implementações para GNU/Linux e windows e pode utilizar os principais codecs (ref, Southeren & Sandras (2005)). Por sua vez o OpenPhone é um softphone H.323 com interface gráfica. Contendo funcionalidades semelhantes ao OhPhone pode ser considerado como uma versão gráfica do client de linha de comando. O Gatekeeper deste projeto é extremamente básico e não possui muitas funcionalidades, mas permite o registro. Possui versões para GNU/Linux e windows e se chama OpenGK. Será utilizado nesta prática por ser simples e não exigir configurações desnecessárias. O objetivo do curso não é ensinar como utilizar as ferramentas OpenH323, mas sim fornecer as habilidades necessárias para configurar qual2 Infelizmente as mensagens instantâneas ainda não eram suportadas pelo Asterisk durante a elaboração do presente trabalho. 39 quer cliente que utilize o protocolo H323. O OpenGK é um gatekeeper que pode ser totalmente configurado em menos de cinco minutos de forma quase automática, roda por um binário e não precisa nem mesmo ser instalado. O OpenGK demonstrou ser o gatekeeper ideal para o uso em sala de aula, com ele podemos explorar aulas práticas muito antes do servidor Asterisk ter sido explorado. Evitando assim que o curso tenha mais lições exclusivamente expositivas. 3.2.4 Wireshark O Wireshark é um dos analisadores de pacotes mais utilizado no mundo. E será o analizador de pacotes utilizado em algumas práticas do Curso VoIP. Análise de rede é o processo de capturar o tráfego e inspecioná-lo para determinar o que está ocorrendo na rede. Um analisador de rede decodifica os pacotes dos protocolos comuns e representa o tráfego da rede em um formato legível (ref, Angela Orebaugh (2006)). Possui várias funcionalidades, roda em vários sistemas operacionais e decodifica mais de 400 protocolos. É resultado de um projeto iniciado em 1998. Tem uma interface gráfica limpa e intuitiva e é utilizado na análise dos protocolos utilizados no curso. 3.3 Didática do curso A didática se refere a conteúdos e processos para a construção do conhecimento. O ensino é o objetivo da didática (ref, Haidt (2006)). As técnicas utilizadas durante o curso pretende tornar o ensino mais estimulante favorecendo a compreensão dos conceitos e não a simples memorização, adaptando o conteúdo aos interesses dos alunos. O desenvolvimento do Curso VoIP foi apoiado na concepção de que podemos alcançar melhores resultados se o instrutor, acompanhado pelo material instrucional desenvolvido, não atuar apenas como expositor de conceitos e informações, mas também como orientador do estudante em situações de natureza teórico-práticas coerente com o cotidiano profissional dos estudantes. Durante a elaboração deste trabalho foi considerado insuficiente o conhecimento sobre o software Asterisk isoladamente. O estudante precisa situar as informações em um contexto mais amplo para que possa tirar o máximo proveito da formação que está recebendo. O estudante deve dominar uma série de assuntos além da simples configuração de uma ferramenta. A compreensão dos conceitos teóricos se dá, sobretudo, pela resolução de problemas propostos pelo instrutor com o subsídio das diferentes situações previstas nos materiais que foram desenvolvidos para o curso. Esta compreensão está fundamentada pela recuperação e generalização dos conceitos juntamente com o estimulo fornecido e a recompensa almejada pelos estudantes, conforme o que foi dito pelos autores mencionados no capítulo 2. "A evolução cognitiva não caminha para o estabelecimento de conhecimentos cada vez mais abstratos, mas, ao contrário, para 40 sua contextualização (ref, Morin (2000)).” A contextualização é conseguida com a apresentação cuidadosa de conteúdos específicos seguidos de seções práticas que ajudam a visualizar as relações entre os diferentes componentes teóricos com sua aplicação nas ferramentas apresentadas. As ferramentas são apresentadas ao estudante utilizando um encadeamento que é incrementado conforme os fundamentos vão se acumulando durante as seções de aprendizagem. Utilizando esta concepção chegamos a seguinte configuração: • O Curso VoIP tem duração de 30 horas, distribuídas em dez sessões de aprendizagem. Cada sessão tem a duração de três horas. • As sessões de aprendizagem compreendem momentos para a apresentação dos conteúdos e momentos para a realização de atividades práticas. • O estudante será preparado com a fundamentação teórica necessária para continuar seus estudos de modo autônomo. 3.3.1 Competências não técnicas Durante o desenvolvimento dos materiais que compõe o Curso VoIP, o conteúdo foi pensado para ajudar uma série de competências não técnicas. A divisão dos conteúdos incentivam a troca de experiências com os colegas desenvolvendo competências não técnicas que são valorizadas por Piaget. Consideradas pelo autor deste trabalho de grande relevância para a formação de um bom profissional de redes estas competências são: • Capacidade em participar de trabalhos individuais e colaborativos; • Gerenciamento de tempo e recursos de trabalho; • Capacidade de elaborar projetos e desenvolver estratégias; • Atitude de investigação permanente. As competências não técnicas permitem que o estudante dê prosseguimento em seus estudos nos assuntos abordados e possa aprofundar nas competências técnicas que procura. 3.3.2 Metodologia Todas as seções de aprendizagem são presenciais direcionadas em parte ao estudo dirigido individual e ao trabalho em equipe, com práticas orientadas para o contexto de atuação do futuro profissional. Por considerar seções de aprendizagem totalmente teóricas consideravelmente monótonas e por considerar seções puramente práticas pouco produtivas, foi decidido que seções mesclando os conceitos teóricos e práticos seriam mais dinâmicas e 41 produtivas. Tal decisão foi feita visto que todos os autores vistos defendem em algum ponto os fatores de estímulo e recompensa que pode ser alcançado com uma combinação da teoria e prática. Cada estudante deve ter a sua disposição uma estação de trabalho. Este requisito é necessário devido as características práticas do curso. O trabalho em equipe também é estimulado, porém mantendo a preocupação em levar todos os estudantes a reproduzir as atividades em sua própria estação de trabalho. Durante as seções de aprendizagem são propostas atividades teóricas e práticas. Entrementes à exposição teórica do professor, a prática resulta em uma relação bastante específica que fornece o rítimo que é seguido. Esta relação é pensada para resultar em uma divisão equilibrada para que os alunos possam operar e configurar as ferramentas abordadas com as competências técnicas que permitem ponderar com consciência sobre o que estão fazendo. 3.3.3 Materiais O Material produzido garante, em grande parte, a eficácia da aprendizagem. Podendo ser utilizado por diversos instrutores em turmas distintas, o material foi pensado para ser o mais claro e bem especificado. Foram produzidos três tipos de documentos que compõe o conjunto dos materiais do Curso VoIP. Os materiais produzidos são: o programa do curso; apresentações de slides e manuais para os laboratórios. 3.3.3.1 Programa do curso O documento “programa do curso” explica em detalhes a seqüência lógica dos temas. Sua confecção antecedeu a produção de todos os outros materiais que compõe o Curso VoIP. A elaboração do programa se mostrou como um passo necessário para manter o conteúdo organizado e para aumentar a eficiência da elaboração de todos os demais materiais. Neste documento foram definidos uma série de componentes fundamentais ao curso. No programa foram definidas as estruturas hierárquicas dos tópicos e os objetivos de aprendizagem, bem como as competências que o aluno deverá adquirir e desenvolver ao longo das lições. Esta hierarquia é derivada diretamente das idéias defendidas por Gagné que podem ser verificadas no capítulo 2. A definição de objetivos claros e bem delimitados tornou o processo de aprendizagem mais simples durante as diversas sessões. A carga horária e o número de sessões de aprendizagem também foram definidos durante a elaboração do programa. Um pedido inicial da ESR seria a adequação do curso em trinta horas de aula, este requisito só pode ser comprovado após a elaboração cuidadosa do programa do curso. Um modelo fornecido pela ESR foi utilizado para padronizar esta documentação. O programa do curso pode ser verificado na integra no Apêndice A. 42 3.3.3.2 Apresentações de slides As apresentações de slides juntamente com seus comentários correspondem ao conteúdo propriamente dito. Este conteúdo é apresentado no formato “ppt” do Microsoft Powerpoint. Os slides servem como guia para a atuação do professor em sala de aula. Cada lâmina conta com comentários explicativos, url’s úteis e referências em geral. Além de facilitar a atuação do professor as apresentações de slides e seus comentários constituem o principal material que será impresso e entregue aos alunos. A organização destes slides assegura a hierarquia planejada para os conhecimentos compartilhados com os estudantes. Esta organização permite garantir o progresso com pequenos passos como é defendido por Skinner, bem como uma hierarquia de aprendizagem composta por sucessões crescentes de conteúdo como é ensinado por Gagné. Composição dos slides Cada sessão de aprendizagem possui um arquivo “PPT” que contém todas as lâminas e comentários correspondentes ao conteúdo e as práticas associadas a ela. Estas sessões possuem elementos específicos que formam um padrão seguido ao longo de todo o curso. São iniciadas com um slide “capa” que contém o título do curso seguido do nome e número da sessão de aprendizagem. Este slide inicial possui uma cor de fundo diferenciada e também o logotipo da ESR. O padrão seguido nas lâminas procura transformar o ato de acompanhar sua apresentação em algo estimulante para os estudantes aumentando sua eficiência, conforme Piaget sugere. Um exemplo pode ser visto na figura 3.10. Figura 3.10: Título do curso e nome da sessão (ref, Xavier et al. (2006, Sessão de aprendizagem 5)) A segunda lâmina de cada sessão é a definição dos objetivos educacionais que estão sendo almejados. A definição de objetivos claros e propostos logo no início de cada sessão é importante tanto na elaboração do material quanto na aprendizagem por parte dos estudantes. Podemos ver na figura 3.11 que a cor do fundo muda para branco com uma figura ao centro. 43 Figura 3.11: Objetivos (ref, Xavier et al. (2006, Sessão de aprendizagem 3)) Após os objetivos temos um slide que lista as competências que o aluno terá dominado ao final da lição. Vemos na figura 3.12 que seguimos graficamente o mesmo padrão dos objetivos (figura 3.11). Tornar claro o conjunto de competências que serão dominadas ajuda a motivar mais ainda os alunos e prepara a turma para a sessão que se inicia. Figura 3.12: Ao final (ref, Xavier et al. (2006, Sessão de aprendizagem 3)) Na figura 3.13 vemos como é organizado o sumário de uma sessão de aprendizagem. No sumário o instrutor pode rever os temas que serão abordados e fornecer maiores explicações aos estudantes, caso considere adequado. O sumário permite uma ajuda uma melhor divisão do tempo dando ao instrutor uma chance para rememorar exatamente o que será abordado. Na figura figura 3.14 podemos acompanhar dois exemplos de slides de conteúdo. No primeiro slide podemos ver a lista aninhada de um determinado conteúdo. No segundo slide podemos verificar uma das várias figuras utilizadas para ilustrar as aulas. Os slides têm um volume pequeno de texto para servir apenas como guia do que será apresentado pelo instrutor. Maiores explicações foram inseridas na área comentada dos slides. Os slides são subdivididos de modo lógico com o uso de tópicos aninhados. O texto contido no espaço reservado a anotações apresenta informações importantes para auxiliar o instrutor: Nele são enfatizados novos conceitos e explicações fundamentais; Associações com a atualidade tornando o material mais interessante; Incorpora experiências ou casos existentes que se44 Figura 3.13: Sumário (ref, Xavier et al. (2006, Sessão de aprendizagem 3) (a) Lâmina com texto (ref, Xavier et al. (b) Lâmina com uma ilustração (ref, Xa(2006)) vier et al. (2006)) Figura 3.14: Slides de conteúdo 45 jam relacionados ao conteúdo; Indica fontes bibliográficas complementares; Explica a introdução de novos termos ou conceitos, sempre que aparecem. 3.3.3.3 Manuais para atividades práticas As atividades práticas representam uma parcela significativa de todo o trabalho de desenvolvimento do Curso VoIP e foram especificadas inicialmente em manuais que fornecem um grande nível de detalhamento sobre sua execução. Os manuais foram compilados para o formato de apresentações de slides para manter o padrão seguido nos demais materias e para facilitar a interação entre instrutor e aluno. Esta abordagem aumenta a participação dos alunos e pretende facilitar o processo de aprendizagem. Os manuais foram mantidos por conservarem uma estrutura mais adequada à impressão resultando em materiais que consomem uma menor quantidade de papel. O uso dos manuais é desaconselhado e restrito para situações em que os alunos ainda não têm acesso as apresentações de slides propriamente ditas. 3.3.3.4 Atividades práticas As atividades práticas são especificadas nos próprios slides que compõe a sessão de aprendizagem com informações disponíveis na área de comentários de cada lâmina. Foram elaboradas 6 atividades práticas que permeiam as 10 sessões de aprendizagem tornando o curso o mais prático possível. São apresentadas orientações objetivas, bem como dicas de consulta à Internet com uma relação clara com o conteúdo dos demais slides refletindo a relação entre a teoria e a prática dos assuntos abordados. Foram desenvolvidas para que possam ser reproduzidas facilmente pelo estudante fora da sala de aula. Conforme observado no capítulo 2 por Gagné, a evocação e generalização dos conhecimentos é perseguida durante estas atividades. O acréscimo gradual de dificuldade aliado a desafios cognitivos participativos e instigantes leva os estudantes a executar as práticas com prazer atuando como novos reforçadores para os comportamentos desenvolvidos. Estas atividades são na grande maioria individuais, porém foram desenhadas para permitir o trabalho em duplas. A elaboração de hipóteses e investigações são incentivadas para buscar a resolução dos problemas. As atividades práticas oferecem uma auto avaliação instantânea pois as próprias ferramentas utilizadas permitem ao aluno avaliar o caminho percorrido e as conseqüências de suas ações. 3.3.3.5 Avaliação Na visão deste trabalho a avaliação deve ser um elemento utilizado como mais um instrumento na orientação do estudante e na revisão do programa do curso fornecendo a base para avaliar futuras modificações. Como dito anteriormente as atividades práticas possuem um caráter auto-avaliativo, mas o professor também tem papel fundamental durante a avaliação. 46 Gagné sugere quatro níveis de aproximação da situação real: situação real; simulação; descrição verbal e conhecimento. Ao validar o conteúdo devemos obter uma aproximação tão estreita quanto possível das condições de estímulo em que a resposta deve ocorrer (ref, Araújo & Chadwick (1984)). Na sua grande maioria são utilizadas simulações que beiram a situação real que o estudante irá encontrar em sua vida profissional. Exemplos deste princípio podem ser verificados na instalação e configuração do servidor e dos clientes VoIP em especial nas sessões de aprendizagem 7, 9 e 10. Nas sessões 5 e 8 são utilizados questionários que levam o estudante a construir a sua resposta. Para construir sua resposta e conseqüentemente a defesa de sua posição o aluno não é submetido a questionários de múltipla escolha durante o decorrer deste curso. Para Piaget o interesse maior é avaliar o processo de aprendizagem e não somente o produto desse processo. A avaliação nesta visão deve ser sempre formativa ou diagnóstica. O processo de avaliação deve ser constante, pois o estudante em contínua atividade de aprendizagem, em seu próprio ritmo e confrontando as situações-problema propostas nas atividades práticas do curso. Professor e aluno estão explorando ativamente o processo de aprendizagem e a avaliação busca aperfeiçoar este processo. Na visão de Skinner o aluno está progredindo em pequenos passos de um programa, e como tal o faz sem cometer erros. A das atividades práticas é comprovada pela execução das ferramentas instaladas nos computadores. Esta avaliação automática fornecida pelas ferramentas demonstra ao aluno que a aprendizagem foi alcançada. 3.4 Dificuldades encontradas As teorias de aprendizagem fornecem orientações sobre o processo de ensino e aprendizagem, porém poucas referências continham orientações sobre a metodologia de produção de materiais. Muitas dificuldades foram encontradas durante o desenvolvimento dos materiais utilizados. Parte das dificuldades pode ser atribuída à falta de experiência na produção deste tipo de material e parte pode ser atribuída à metodologia de desenvolvimento utilizada. O principal meio de comunicação utilizado pelos autores foi o correio eletrônico ou e-mail. Esta forma de comunicação apresenta vantagems como confiabilidade e facilidade de uso, porém apresenta desvantagems como a limitação de envio de arquivos anexos imposta por alguns provedores. Uma possível solução para o compartilhamento de arquivos poderia ser alcançada com o uso de softwares de controle de versões como o CVS (ref, DPRICE (2006)). A necessidade do uso deste tipo de ferramenta só ficou clara durante o desenvolvimento e seu uso foi desencorajado por dificuldades de adaptação encontradas pelos desenvolvedores e pela falta de estrutura para instalar este serviço dentro da UnB. Outra dificuldade encontrada foi a falta de um laboratório para avaliar e testar as ferramentas utilizadas nas redes VoIP, pois a universidade não 47 contava com equipamentos para montar laboratório VoIP. Para solucionar esta deficiência ingressei no projeto Voip4ALL que é descrito em 3.5. Graças ao Voip4all o laboratório VoIP da UnB pode ser montado e equipado com os equipamentos fornecidos pela RNP. Tal projeto teve início em maio de 2006 e teve importância para o desenvolvimento do curso até setembro de 2007 quando suas principais funcionalidades já estavam configuradas. A experiência adquirida durante este projeto permitiu a criação do laboratório de testes utilizado para o curso. O mercado conta com diversos profissionais que dominam as tecnologias que utilizam durante seu cotidiano. Porém o número dessas pessoas que teve contato com teóricos do ensino e da aprendizagem é limitado. Claramente são esses eles os principais responsáveis pela disseminação da tecnologia que dominam. Acredito que o uso das teorias educacionais pode organizar o conhecimento contido nestes profissionais além de guiar o modo como entendem o processo de ensino e aprendizagem. Muitas ferramentas existem com a crença de que apenas uma simples lista de funcionalidades basta como um manual. Tais ferramentas se apoiam na idéia de que os alunos aprendem sem ensino, porém ignoram o fato de que o ensino acelera o processo de aprendizagem. Com o uso de diversas teorias de aprendizagem provavelmente podemos acelerar a aprendizagem no uso das ferramentas produzindo manuais e cursos mais eficientes. O próprio uso da tecnologia VoIP também pode fornecer benefícios importantes aos processos de ensino e aprendizagem, o uso da telefonia IP na educação é brevemente abordado em 3.6. 3.5 O projeto Voip4All Desde 2002 a RNP investe no desenvolvimento de um projeto piloto para prestar um serviço de Voz sob IP aos seus usuários. Visa criar os meios para que 77 instituições federais, universidades, centros de educação tecnológica e unidades de pesquisa, possam implantar internamente uma infraestrututura de suporte a VoIP e ao mesmo tempo se associar ao serviço fone@RNP (ref, Machado (2006)). Entre os anos de 2002 a 2004 foram feitos os primeiros estudos sobre os protocolos H.323, SIP e as ferramentas disponíveis no mercado juntamente com a implantação de um projeto piloto entre 9 instituições. Já entre os anos de 2004 e 2005 foram implantadas as ferramentas de gerência juntamente com a avaliação do Asterisk como gateway entre as redes H.323 e SIP. Em 2006 foi criado um grupo de estudos dentro do CIC visando implementar um laboratório VoIP para homologar a UnB ao serviço VoIP desenvolvido para a RNP. O laboratório VoIP da UnB foi instalado então dentro do LAICO utilizando hardware fornecido pelo projeto Voip4ALL. A UFRJ é a coordenadora técnica do projeto e referência em sua implementação. A estrutura montada no laboratório VoIP já se encontra homologado pela a UFRJ e atualmente está iniciando a adesão ao serviço fone@RNP. Todo material que compõe o Curso VoIP foi desenvolvido utilizando a expertise adquirida com o trabalho no projeto Voip4ALL. 48 O Curso VoIP pôde ser confeccionado graças a infra-estrutura encontrada no LAICO. 3.6 VoIP na educação “As tecnologias permitem um novo encantamento na escola, ao abrir suas paredes e possibilitar que alunos conversem e pesquisem com outros alunos da mesma cidade, país ou do exterior, no seu próprio ritmo” (ref, Moran (1995)). A tecnologia VoIP se enquadra neste novo panorama composto pelas novas tecnologias que estão disponíveis para incrementar os processos de ensino e aprendizagem. “O professor pode estar mais próximo do aluno; receber mensagens com dúvidas; pode passar informações complementares para determinados alunos; adaptar a sua aula para o ritmo de cada aluno; procurar ajuda em outros colegas sobre problemas que surgem, novos programas para a sua área de conhecimento. O processo de ensino-aprendizagem pode ganhar assim um dinamismo, inovação e poder de comunicação inusitados.” (ref, Moran (1995)) O uso da informática tem sido amplamente debatido pela sociedade nos últimos anos e a educação a distância parece ser um mercado em franca expansão que permite o emprego da Voz sobre IP para comunicação entre professores, alunos e demais agentes envolvidos neste universo. “O tema é controverso e ao mesmo tempo consensual” (ref, Maria Elizabeth de Almeida Bianconcini (1998)). Este é um tema controverso pois é muito criticado por muitos e consensual pois a informática está cada vez mais ligada à educação. Uns criticam outros aprovam, mas não se pode ficar alheio a sua discussão. É importante ressaltar que a tecnologia pode facilitar o aprendizado. Porém devemos lembrar que não é a tecnologia que gera conteúdo para o ensino assistido por computadores, mas pessoas é que são os agentes desse processo, e elas se utilizam de ferramentas como a tecnologia VoIP para torná-lo possível. 49 Capítulo 4 Conclusão e Trabalhos Futuros Os objetivos foram alcançados de modo satisfatório pois o fruto deste trabalho é um material que não é amarrado a ferramentas específicas e fornece uma aproximação realista e prática da vida do profissional que implementa a tecnologia VoIP. E está disponível para estudantes e profissionais que não pertencem à esfera acadêmica. As idéias de Burrhus Frederick Skinner, Jean Piaget e Robert Mills Gagné se mostraram eficientes durante o desenvolvimento. A elaboração do curso VoIP também permitiu o envolvimento de indivíduos que não pertencem à licenciatura. Mesmo os membros do laboratório VoIP da UnB, que nunca tinham tido contato com teorias educacionais, mostraram grande afinidade com estes autores e puderam aprender a utilizar suas idéias com desenvoltura. No capítulo 2 foram apresentadas as teorias de aprendizagem utilizadas e suas escolhas foram justificadas. O texto não tenta ser uma exposição completa das teorias e idéias dos autores estudados. Este capítulo estuda estes autores exemplificando sua utilização ao longo do trabalho. A elaboração do curso propriamente foi abordada em detalhes no capítulo 3. São discutidas as ferramentas e a didática do curso propriamente dita. A divisão das ferramentas em dois grupos permitiu dividir o complexo problema da estrutura em partes mais simples. O papel de todas estas ferramentas foi inicialmente definido para pavimentar o terreno para discutir a didática envolvida no processo. A metodologia e os materias são apresentados ao longo deste capítulo demonstrando como o instrutor pode atuar além do papel de expositor de conceitos chegando até a posição de orientar os estudantes em situações coerentes com o cotidiano profissional dos estudantes. A escolha e configuração dos programas utilizados no laboratório consumiu grande parte do tempo e esforço empenhado no desenvolvimento. Infelizmente os manuais oferecidos pelos fabricantes das ferramentas não parecem contar com o auxílio das teorias de aprendizagem, tornando-se meras listagens de funcionalidades pouco didáticas. Esta característica da documentação existente aumentou a carga de trabalho e dificultou o desenvolvimento. Novas possibilidades de pesquisa foram identificadas durante a elabo50 ração deste trabalho, dentre elas listamos possíveis trabalhos futuros: • A validação do material frente a uma turma real de estudantes e a análise dos resultados é uma sugestão para trabalhos futuros; • Novos cursos podem ser criados adotando tecnologias relacionadas a VoIP. Treinamento sobre segurança e sobre QoS poderiam ser adotados juntamente com novas ferramentas e outras topologias de rede; • Outras teorias de aprendizagem poderiam agregar valor e eficiência ao processo de ensino-aprendizagem; • A documentação de várias ferramentas se mostrou deficiente e um trabalho futuro poderia produzir novas documentações para os softwares livres disponíveis no cenário VoIP. Todas as revisões também foram concluídas e as primeiras turmas iniciam suas atividades em 02 de Junho de 2008. As aulas serão ministradas em Brasília (DF) e em Porto Alegre (RS). Maiores informações sobre a agenda de cursos pode ser verificada no endereço: http://www.esr. rnp.br/cursos/mid/?curso=mid-002. 51 Referências Bibliográficas Angela Orebaugh, Gilbert Ramirez, J. B. (2006). Wireshark & Ethereal Network Protocol Analyzer Toolkit. Syngress. Araújo, J. B. & Chadwick, O. C. B. (1984). Tecnologia Educacional: Teorias da Instrução. Vozes, 8 edition. Araujo, M. (2007). Asterisk à moda brasileira. Becker, H. J. (2000). Findings from the teaching, learning, and computing survey: Is larry cuban right? Cisco (2007). Cisco voice over ip exam. Disponível em http://www. cisco.com/web/learning/le3/current_exams/642-432.html. Acessado em 29/11/2007. CounterPath (2007). Counterpath corporation | clients. Disponível em: http://www.counterpath.com/clients.html. Acessado em 22/02/2007. David Gomillion, B. D. (2005). Building Telephony Systems with Asterisk. 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Journal of Computers and Teacher Education, 17(2), 28. 53 Apêndice A Programa do curso em sessões de aprendizagem A.1 Curso - Visão Geral A.1.1 Título VoIP - módulo 1 A.1.2 Carga horária do curso 30 horas A.1.3 Número de sessões de aprendizagem 10 (cada uma têm a duração de três horas) A.1.4 Pré-requisitos do curso Introdução ao SO GNU/Linux e Arquitetura e protocolos de rede TCP/IP A.1.5 Nome e minicurrículo do autor Jacir L. Bordim - Professor Dr. do Dpto de Ciência da Computação - UnB. Claudio Xavier - Graduando em Ciência da Computação. Daniel Santos Graduando em Computação. A.1.6 Objetivos de aprendizagem Obter uma visão geral da tecnologia VoIP; analisar os benefícios e comparar VoIP e PSTN; conhecer os principais protocolos e codecs; montar uma rede 54 de pequeno porte VoIP baseada no protocolo SIP usando uma plataforma baseada em software livre. A.2 Ao final do curso o aluno terá aprendido (competências técnicas) Visão geral da tecnologia;comparar VoIP com o sistema tradicional; definir os elementos presentes na nuvem VoIP; compreender os benefícios; saber os conceitos básicos da tecnologia; conhecer os principais codecs; conhecer os protocolos de sinalização e transporte; montar e configurar o ambiente; configurar os softphones; instalar e configurar o Asterisk; configurar uma rede de ramais VoIP; Ter uma visão geral de qualidade de serviço (QoS). A.2.1 Competências não técnicas a serem desenvolvidas Conhecimento e configuração dos softphones; Capacidade de participar de trabalhos colaborativos; Gerenciamento de tempo e recursos de trabalho; Capacidade de elaborar projetos e desenvolver estratégias; Atitude de investigação permanente. A.2.2 As atividades estarão entremeadas à exposição teórica do professor ou em bloco, após a teoria? ( ) Entremeadas à teoria ( ) Após a teoria (X) Dos dois modos A.2.3 Descrição dos requisitos de hardware e software para o laboratório: • Estações de trabalho para os estudantes e instrutor – Configuração: ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ IBM/PC Compatívei; 1 Gigabytes de memória RAM DDR; Processador Athlon 3000+ ou Pentium compatível; Adaptador de som full-duplex, 16-bits; Placa de rede padrão Ethernet 10/100; HD de 40 gigabytes; SO instalado; Conexão IP (LAN); Fone de ouvido; Microfone; VMWare player 55 · Instalação do Debian Sarge; ∗ X-Lite softphone; ∗ OHPhone; ∗ OpenGK; – Data Show; – Quadro Branco. A.3 Sessão de aprendizagem 01 - Introdução Começamos aqui a progressão lógica do conteúdo seguindo as idéias de Skinner vistas no cap. 2.1, utilizando uma hierarquia bem definida como orienta Gagné em 2.3 estimulando o aluno de modo visual e sonoro com as idéias de Piaget descritas no cap. 2.2 A.3.1 Tópicos teóricos desta sessão de aprendizagem, em sua ordem de apresentação Visão geral do curso; Apresentação da tecnologia VoIP; Histórico; Componentes VoIP; VoIP vs PSTN; Conceitos básicos; Codecs; Projeto Voip4All. A.3.2 Objetivos Fornecer alguns conceitos básicos que ajudarão ao aluno a ter um melhor entendimento sobre a tecnologia VoIP. Como a diferenciação do histórico da telefonia convencional e da telefonia VoIP além de listar vários componentes da arquitetura VoIP. A.3.3 Avaliação A avaliação é utilizada para orientar o instrutor e para determinar em que medida os objetivos educacionais foram realmente alcançados. Nas sessões de aprendizagem puramente teórica temos o professor realizando uma avaliação diagnóstica e outra formativa. No inicio desta sessão de aprendizagem o instrutor deve realizar uma avaliação diagnóstica obtendo dados sobre os estudantes, como seus conhecimentos anteriores e expectativas. Esta avaliação é realizada através da observação acompanhada de entrevistas e deve se passar como uma simples conversa entre o instrutor e seus alunos. Com o uso desta técnica o instrutor conhece a situação de sua turma e pode adaptar suas explicações ao panorama encontrado. Durante a sessão de aprendizagem o instrutor realiza uma avaliação formativa, fruto de sua observação, que verifica o desenvolvimento dos alunos, possibilitando a melhoria do ensino com a introdução de novos exemplos e facilitando o processo para os alunos que apresentem alguma dificuldade de aprendizagem. 56 A.4 Sessão de aprendizagem 02 - Redes As capacidades intelectuais relevantes já existentes no indivíduo são relembradas para estarem disponíveis na aprendizagem dos novos conceitos como atesta Gagné. Também é trabalhada a independência dos estudantes em relação aos conhecimentos sobre redes de computadores seguindo os conceitos de Piaget. Tópicos como estrutura de redes, protocolos e meios de transmissão são abordados em pequenos passos como orienta Skinner. A.4.1 Tópicos teóricos desta sessão de aprendizagem, em sua ordem de apresentação Revisão estrutura das redes, meios de transmissão de dados e TCP/IP; Introdução aos protocolos RTP, UDP, SDP, RTCP, IAX. A.4.2 Avaliação Novamente a avaliação diagnóstica é utilizada para determinar se os alunos realmente possuem os conhecimentos adquiridos no curso "‘Arquitetura e protocolos de rede TCP/IP"’. Os conhecimentos de redes serão avaliados pois continuarão a ser utilizados ao longo do curso e durante as seções de aprendizagem prática. A.5 Sessão de aprendizagem 03 - SIP Continuando com a progressão lógica, deixando mais claro ainda a hierarquia bem definida do curso. Esta sessão conta com o uso mais intensivo de diagramas e figuras diversas que estimulam visualmente o aprendiz. estimulando o aluno de modo visual e sonoro com as idéias de Piaget descritas no cap. 2.2 A.5.1 Tópicos teóricos desta sessão de aprendizagem, em sua ordem de apresentação Definição; Histórico; Elementos; Mensagens; Transações; Diálogos; Cenários; A.5.2 Avaliação Continuando com a avaliação formativa o instrutor pode voltar a exemplificar os conceitos de redes. Este conteúdo voltará a ser cobrado nas sessões de aprendizagem seguintes. 57 A.6 Sessão de aprendizagem 04 - Princípios de sinalização e Protocolo H.323 - Prática 01 Nesta sessão fica mais claro o papel da resposta ativa proposta por Skinner. Nesta atividade os estudantes podem participar ativamente do processo de aprendizagem interagindo com os colegas. Além da estimulação visual constante em todas as sessões de aprendizagem, temos a estimulação motora e auditiva. O uso do microfone e fone de ouvido fornece estimulação motora e auditiva ajudando a fixar ainda mais o assunto estudado. A.6.1 Tópicos teóricos desta sessão de aprendizagem, em sua ordem de apresentação Evolução da rede telefônica; definição de sinalização; tipos de sinalização; Histórico protocolo H.323; componentes; mensagens; modos de operação. A.6.2 Indicação das atividades de aprendizagem a serem realizadas pelos alunos (em equipe e/ou individuais, em laboratório etc.) Apresentar o softphone X-Lite. Testar o funcionamento do X-Lite fazendo algumas chamadas. Observar o funcionamento das opções relacionadas a privacidade. Utilizar alguns Codecs e ver seu funcionamento. A.6.3 Avaliação A auto-avaliação é promovida pelo uso das ferramentas que demonstram o entendimento dos conceitos pelo sucesso da configuração. A.7 Sessão de aprendizagem 05 - Captura de pacotes Protocolo H.323 - Prática 02 Na captura de pacotes é utilizado um cuidadoso arranjo temporal das condições juntamente com a repetição do conteúdo proposta por Gagné. Fornecendo um ambiente que favorece a recuperação da memória do aluno pela aplicação de um questionário em conjunto com a atividade prática. 58 A.7.1 Tópicos teóricos desta sessão de aprendizagem, em sua ordem de apresentação Definição de análise de rede; analisadores de pacotes; Wireshark; Capturando pacotes; Analisando a captura A.7.2 Indicação das atividades de aprendizagem a serem realizadas pelos alunos (em equipe e/ou individuais, em laboratório etc.): Atividade individual Apresentar o analisador de pacotes Wireshark. Capturar o fluxo de mensagens H.323. Analisar as transações necessárias para o registro no Gatekeeper. Analisar as transações necessárias ao estabelecimento de uma chamada H.323. Questionário sobre a captura H.323 A.7.3 Avaliação A avaliação é feita por meio de um questionário que incentiva o aluno a participar das atividades que comprovam o conteúdo da sessão de aprendizagem anterior. A.8 Sessão de aprendizagem 06 - Introdução à Qualidade de Serviço (QoS) Nesta sessão de aprendizagem é forçada a equilibração dos conceitos aprendidos anteriormente com os novos conceitos de QoS. A.8.1 Tópicos teóricos desta sessão de aprendizagem, em sua ordem de apresentação Dificuldades de se obter QoS; modelos de QoS na Internet; protocolo RSVP; funcionalidade RTP em QoS A.9 Sessão de aprendizagem 07 - O Asterisk Prática 03 Nesta sessão de aprendizagem são iniciados os pequenos passos que guiarão os estudantes a configurar o Asterisk. 59 A.9.1 Tópicos teóricos desta sessão de aprendizagem, em sua ordem de apresentação O que é Asterisk; Histórico do Asterisk (projeto Zapata etc); A patrocinadora do Asterisk; Protocolos suportados pelo Asterisk. Placas Digium; A.9.2 Indicação das atividades de aprendizagem a serem realizadas pelos alunos (em equipe e/ou individuais, em laboratório etc.): Atividade individual Preparar o sistema para o Asterisk. Editar os arquivos necessários a instalação. Compilar e instalar os drivers. Compilar e instalar o Asterisk. Executar o Asterisk Explicar as opções de execução do Asterisk. Testar o console do Asterisk em tempo de execução. A.10 Avaliação Nesta e nas próximas sessões de aprendizagem o aluno é avaliado pela observação do professor e pelo uso das ferramentas que configura. O aluno é avaliado pelo próprio uso do Asterisk e suas várias aplicações que só funcionam se forem corretamente configuradas. A.11 Sessão de aprendizagem 08 - Arquitetura do Asterisk - Prática 04 e Prática 05 O objetivo desta sessão é proporcionar condições para o aprendiz recordar o que foi aprendido durante a realização da tarefa, conceito amplamente defendido por Gagné. Novamente o aluno recebe estímulos visuais, motores e sonoros. Os estímulos são fornecidos principalmente pela interação entre o aluno e a ferramenta Asterisk. A.11.1 Tópicos teóricos desta sessão de aprendizagem, em sua ordem de apresentação Canais do Asterisk; Introdução as Aplicações (Usadas para conectar as chamadas entrada/saída e as diversas funcionalidades como voicemail, conferência); Asterisk como SIP server; Como incluir novos clientes no SIP.conf; 60 Definindo as extensões; Significado das variáveis da seção general; Significado das variáveis relacionadas a definição de peers SIP. A.11.2 Indicação das atividades de aprendizagem a serem realizadas pelos alunos (em equipe e/ou individuais, em laboratório etc.): Adicionar um novo ramal no canal SIP. Implementar um plano de discagem simples. Efetuar novos testes de chamadas. Capturar o fluxo de mensagens SIP. Analisar as transações necessárias para o registro no Asterisk. Analisar as transações necessárias ao estabelecimento de uma sessão SIP. A.12 Avaliação O aluno é avaliado pelo uso do Asterisk em conjunto com um questionário que analisa as mensagens trocadas no uso do protocolo SIP. A.13 Sessão de aprendizagem 09 Entendendo o Plano de discagem Pratica 06 Nas últimas sessões do curso o aluno tem tempo de sobra para realizar as tarefas práticas, podendo exercer seu próprio ritmo de aprendizagem, como orienta Skinner. Nesta sessão de aprendizagem o aluno termina a de assimilar as habilidades necessárias para editar os arquivos de configuração do Asterisk. A.13.1 Tópicos teóricos desta sessão de aprendizagem, em sua ordem de apresentação O que é o plano de Discagem? Entendendo o arquivo extensions.conf; Contextos e extensões; Variáveis; Expressões; Funcões; Inclusões de contextos; Macros; 61 A.13.2 Indicação das atividades de aprendizagem a serem realizadas pelos alunos (em equipe e/ou individuais, em laboratório etc.): Criação de um plano de discagem. • Análise dos diversos componentes do plano de discagem • Sintaxe do arquivo extensions.conf • Elaboração de sucessivos planos com dificuldade crescente: • Exemplo de plano de discagem • Exemplo de plano de discagem 2 • Exemplo de plano de discagem 3 A.14 Avaliação Continuando a estratégia de avaliação da sessão anterior, o aluno é avaliado pela observação do professor e pelo teste das aplicações do Asterisk. A.15 Sessão de aprendizagem 10 Tópicos avançados Prática 07 A última sessão de aprendizagem coroa a independência do aluno em relação a todos os conceitos abordados durante o curso. Novamente são evocados vários conhecimentos adquiridos anteriormente que serão utilizados para a resolução das tarefas. Com intensa estimulação e interação do aluno. A.15.1 Tópicos teóricos desta sessão de aprendizagem, em sua ordem de apresentação Habilitando Música em espera. Sala de conferência. Implementando Correio de Voz e distribuição automática de chamadas. A.15.2 Indicação das atividades de aprendizagem a serem realizadas pelos alunos (em equipe e/ou individuais, em laboratório etc.): Transferência de chamadas Estacionamento de chamadas 62 Captura de Chamadas Música em espera Correio de Voz Discagem por diretório Distribuição automática de chamadas A.15.3 Avaliação Na última avaliação os aspectos qualitativos assumem precedência sobre os aspectos quantitativos. O instrutor tem o papel de avaliar o desempenho do estudante durante todas as atividades do curso em conjunto com esta última etapa, fornecendo aos alunos suas conclusões. Os alunos tem sua última auto-avaliação com o resultado de suas configurações nas ferramentas. 63 Apêndice B Lista de acrônimos ADPCM Adaptative Differential Pulse Code Modulation ATA Analog Telefone Adaptor CDR Call Detail Record CELP Code Exited Linear Predictive CIC Departamento de Ciência da Computação da UnB CSRC Contributing Source DDD Discagem direta a distância DHCP Dynamic Host Configuration Protocol DTMF Dual Tone Multifrequency ESR Escola Superior de Redes FXO Foreign Exchange Office GT-VoIP Grupo responsável por implantar VoIP no backbone RNP2 HTTP HyperText Transfer Protocol IETF Internet Engineering Task Force IP Internet Protocol ITU International Telecommunications Union ITU-T ITU Telecom Standardization Sector IVR Iterative Voice Response LAICO Laboratório de Sistemas Integrados e Concorrentes LPC Linear Predictive Coding 64 MC Multipoint Controller OS Operating System OSVM Operating system Virtual Machine PBX Pribate Branch Exchange PCM Pulse Code Modulation PDA Personal Digital Assistant PESQ Perceptual Evaluation of Speech Quality PSTN Public Switched Telephone Network RFC Request For Comments RNP Rede Nacional de Ensino de Pesquisa RTP Real-time Transport Protocol RTCP RTP Control Protocol SDP Session Description Protocol SIP Session Initiation Protocol SO Sistema Operacional SSRC Synchronization Source TCP Transmission Control Protocol TDM Time Division Multiplexing UA User Agent UAC User agent Client UAS User Agent Server UDP User Datagram Protocol UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro UnB Universidade de Brasília URA Unidade de Resposta Automática URI Uniform Resource Identifier VoIP Voz sobre IP VoIP4All Projeto de Voz sobre IP 65