Anais 14° Congresso Paulista de Saúde Pública

Transcrição

Anais 14° Congresso Paulista de Saúde Pública
Anais
14° Congresso Paulista
de Saúde Pública
Saúde e Poder: reconectando
cidadãos e trabalhadores ao SUS
novembro 2015
24/Supl.1
Saúde e Sociedade é uma revista que tem por finalidade divulgar a
produção das diferentes áreas do saber, sobre práticas de saúde, visando ao desenvolvimento interdisciplinar do campo da saúde pública.
Destina-se à comunidade de profissionais do campo da saúde, docentes,
pesquisadores, especialistas da área de Saúde Pú­bli­­ca/Coletiva e de áreas
afins. Uma iniciativa interinstitucional da Fa­culdade de Saúde Pública
da USP e da Associação Paulista de Saúde Pública.
The purpose of the journal Saúde e Sociedade is to disseminate the
production of different areas of knowledge about health practices,
aiming at the interdisciplinary development of the field of public health.
It is designed for the community of health­­care professionals, lecturers,
researchers, experts of the Public/Collective Health Area and related
areas. It is an in­ter­ins­titutional effort of Faculdade de Saúde Pública/
USP and Associação Paulista de Saúde Pública.
Faculdade de Saúde Pública da USP
Diretora/Dean
Victor Wünsch Filho
Vice-Diretor/Vice-Dean
Patricia Helen de Carvalho Rondó
Associação Paulista de Saúde Pública
Presidente/President
Marília Cristina P. Louvison
Vice-Presidente/Vice-President
Wilma Madeira
Diretora de Extensão/Extension Officer
Alexandre Nemes Filho
Diretor de Comunicação/Communication Officer
Luciana Soares de Barros
Diretora de Finanças/Financing Officer
Lígia Duarte
Coordenador do 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Marco Akerman
Conselho de Editores/Publish Committee
Conselho de Consultores/Advisory Editors
Irineu Barreto Jr - Fundação Seade e FMU;
Marcia Couto - FMUSP;
Miguel Montagner - UnB;
Myriam Raquel Mitjavila - UFSC
Nivaldo Carneiro Jr - FCMSCSP, FMABC
Raul Borges Guimarães - UFSCar
Vanessa Elias de Oliveira - UnifespABC
Editora Executiva/Executive Editor
Cleide Lavieri Martins - FSP/USP e APSP
Editoras Científicas/Scientific Editor
Aurea Maria Zöllner Ianni - FSP/USP e Eunice Nakamura - Unifesp e APSP
Editores Convidados
Aquilas Mendes - FSP/USP e Marilia Louvison - FSP/USP
Secretaria/Secretary Caroline Borges
Estagiária USP Luiza Lotufo de Barros
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Maria Bernadete de Cerqueira Antunes - UFPE
Carme Borrell - Agència de Salut Pública - Barcelona
Christovam Barcellos - ICICT/Fiocruz
Didier Lapeyronnie - Université Victor Segalen Bordeaux II
Eduardo Suárez - Universidad del Salvador - Buenos Aires
Eleonora Menicucci de Oliveira - UNIFESP
Evelyne Marie Therese Mainbourg - C. P. Leônidas e Maria Deane/FIOCRUZ-AM
Francisco Eduardo Campos - UFMG
Gustavo Caponi - UFSC
Helena Ribeiro - FSP/USP
Jairnilson Silva Paim - ISC/UFBA
Jean-Pierre Goubert - École des Hautes Études en Sciences Sociales - Paris
José da Rocha Carvalheiro - FMRPUSP
José de Carvalho Noronha - CICT/FIOCRUZ
Lynn Dee Silver - Columbia University New York City
Luciano Medeiros Toledo - C. P. Leônidas e Maria Deane/FIOCRUZ-AM
Maria Cecília de Souza Minayo - ENSP/FIOCRUZ
Mary Jane Paris Spink - PUCSP
Osvaldo Fernandez - UNEB
Patrick Paul - Université François Rabelais -Tours
Credenciamento/Accreditation
Programa de Apoio às Publicações
Científicas e Periódicas da USP
Saúde e Sociedade / Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública
e Associação Paulista de Saúde Pública. v. 1, n. 1 (jan./jun. - 1992)- . São Paulo : Faculdade de Saúde Pública da Universidade­de São Paulo
: Associação Paulista de Saúde Pública, 1992 - .
Trimestral.
Resumos em inglês e português.
Descrição baseada em: V. 17, n.1 (jan/mar, 2008)
ISSN 0104-1290
1. Saúde Pública. 2. Ciências Sociais. 3. Ciências Humanas.
I. Faculdade de Saúde Pública­da Universidade de São Paulo
II. Associação Paulista de Saúde Públi­ca
CDD 614
300
Indexação/Indexation
SciELO - Scientific Electronic Library OnLine
Thomsom Reuters: Social Sciences Citation Index, Social
Scisearch, Journal Citation Reports/Social Sciences Edition
CSA Social Services Abstracts
CSA Sociological Abstracts
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Diretoria da Associação Paulista de Saúde Pública
Presidente
Marília C. P. Louvison - Faculdade de Saúde Pública /USP
Vice-presidente
Wilma Madeira da Silva - APSP
Diretor de Extensão
Alexandre Nemes Filho –APSP e SMS SP
Diretora de Comunicação
Luciana Soares de Barros
Diretora de Captação de Recursos e Finanças
Lígia Duarte
Diretora-Secretária
Maria Fernanda Terra
Conselho Deliberativo
Ana Lucia Pereira
Áquilas Mendes
Áurea Ianni
Carlos Botazzo
Daniele Guerra
Elaine Giannotti
Lara Paixão
Laura Camargo Macruz Feuerwerker
Lucia Yasuko Izumi
Marco Akerman
Nivaldo Carneiro
Paulo Capel Narvai
Sílvia Bastos
Tiago Noel Ribeiro
Yara Maria de Carvalho
Articuladores de Núcleos Regionais
Baixada Santista: Rosilda Mendes - UNIFESP SantosBotucatu: Elen Rose Lodeiro Castanheira (UNESP)
Ribeirão Preto: Silvana Martins Mishima (Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/SP)
São José dos Campos: Paula Carnevale (UNIVAP)
São Carlos: Giovanni Gurgel Aciole Campinas (UFSCAR)
Campinas: Felipe Augusto Reque (UNICAMP)
Colegiado Gestor do Evento
Marília C. P. Louvison
Giovanni Gurgel Aciole - APSP e UFSCar
Lúcia Yasuko Izumi Nichiata - APSP e EEUSP
Márcia Niituma Ogata - APSP e UFSCar
Marco Akerman - APSP e FSP/USP
Wilson José Alves Pedro - APSP e UFSCar
Comissão Organizadora
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Alana Fornereto - UFSCar
Alexandre Nemes Filho - APSP e SMS SP
Ana Lúcia Pereira - APSP e UNIFESP SP
Ana Paula Serrata Malfitano - UFSCar
Áquilas Nogueira Mendes - APSP e FSP/USP
Aurea Maria Zöllner Ianni - APSP e FSP/USP
Camila Tiome Baba - UFSCar
Carlos Botazzo - APSP e FSP/USP
Claudia Ribeiro - APSP
Elizabeth Franco Cruz - EACH-USP
Jaqueline Marcelino Alcantara - UFSCar
Lara Paixão - APSP
Laura Camargo Macruz Feuerwerker - APSP e FSP/USP
Luciana Nogueira Fioroni - UFSCar
Luciana Soares de Barros - APSP
Maria Lúcia Teixeira Machado - UFSCar
Maria Teresa Luz Eid da Silva - SES/SP
Nivaldo Carneiro Júnior - APSP - FCMSCSP
Paulo Capucci - APSP e SMS SP
Sabrina Ferigato - UFSCar
Sandra Costa - FSP/USP
Vivian Mininel - UFSCar
Wilma Madeira - APSP
Pareceristas ad hoc
Adriana Feliciano
Alana de Paiva Nogueira Fornereto Gozzi
Amália Suzana Kalckmann
Ana Lucia Pereira
Ana Maria Malik
Ana Paula Serrata Malfitano
Aurea Ianni
Cinira Magali Fortuna
Daniele Sacardo Nigro
Doralice Severo da Cruz
Elizabete Franco Cruz
Fernando Aith
Geovani Gurgel Acioli
Jaqueline Alcantara Marcelino da Silva
José Ricardo Ayres
Lucia Y. Izumi Nichiata
Luciana Nogueira Fioroni
Luís Eduardo Batista
Marcia Ogata
Marco Akerman
Maria Fernanda Terra
Maria Ines Battistella Nemes
Maria Lucia Machado
Maria Mercedes Loureiro Escuder
Maria Teresa Luz Eid
Maria Thereza Reis
Marília C. P. Louvison
Nancy Yasuda
Nicanor Rodrigues da Silva Pinto
Nivaldo Carneiro Júnior
Paula Carnevale
Paulo Castro
Renato Barboza
Rosangela Filipini
Rosilda Mendes
Sabrina Helena Ferigato
Sandra Costa de Oliveira
Silvia Bastos
Silvia Matumoto
Tarcisio Braz
Tereza Toma
Thiago Marques
Tiago Noel Ribeiro
Vânia Barbosa do Nascimento
Virginia Junqueira
Vivian Aline Mininel
Wilson José Alves Pedro
Moderadores/Debatedores discussão temática
Jaqueline Alcantara
Adriana Barbieri
Alana Fornereto
Alex Nemes
Alexandre Ramiro
Aline Aquilante
Allan Gomes
Ana Lúcia Pereira
Ana Paula Malfitano
Aurea Ianni
Carlos Botazzo
Cassia Arantes
Cleide Lavieri Martins
Édison Malvezzi
Elen Castanheira
Elizabeth Franco
Giovanni Aciole
Helena Watanabe
Jaqueline Alcantara
Karina Graminisay
Lara Paixão
Ligia Botelho
Lucia Y. Izumi Nichiata
Luciana Fioroni
Luciane Do Val
Márcia Ogata
Maria do Carmo Bava
Maria Fernanda Terra
Maria Filomena de Gouveia Vilela
Maria Lucia Pereira
Maria Lucia Teixeira Machado
Maria Salum
Maria Tereza Eid
Marilia Louvison
Paula Carnevale
Paulo Frazão
Ricardo Rodrigues Teixeira
Rosilda Mendes
Tiago Noel Ribeiro
Vivian Mininel
Wilma Madeira
Sumário
Saúde e Sociedade
8 Editorial
Volume 24
Suplemento 1
Novembro 2015
9 Editorial Especial
11 Manifesto de São Carlos
13 Álcool e Outras Drogas
28 Alimentação e Nutrição
35 Assistência Farmacêutica
38 Atenção Domiciliar
46 Comunicação e Saúde
56 Controle Social e Participação Cidadã
65 Cuidado em Saúde
108 Direitos Humanos e Saúde
116 Envelhecimento e Saúde
139 Financiamento da Saúde
142 Gênero, Raça e Etnia
152 Gestão em Saúde
184 Informação e Avaliação em Saúde
206 Poder, Políticas e Movimentos Sociais
217 Promoção da Saúde e Intersetorialidade
246 Regionalização e Redes de Atenção à Saúde
267
Saúde Bucal
277 Saúde da Criança e do Adolescente
301 Saúde da Mulher
330 Saúde do Trabalhador
348 Saúde e Ambiente
357
Saúde Mental
388 Trabalho, Formação e Educação em Saúde
476 Vigilância à Saúde
Editorial
Este Suplemento da Saúde e Sociedade apresenta os
Anais do 14º Congresso Paulista de Saúde Pública,
realizado em São Carlos, entre 26 e 30 de setembro
de 2015, pela Associação Paulista de Saúde Pública
(APSP) e a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Esta publicação, como em anos anteriores,
reitera o compromisso da Saúde e Sociedade, por
meio da parceria da Faculdade de Saúde Pública
com a APSP, de fomentar a divulgação da produção
científica e de experiências exitosas na área da
saúde. As contribuições dos participantes do congresso – pesquisadores, professores, estudantes,
gestores de políticas sociais e sistema de saúde,
trabalhadores da saúde e usuários dos serviços de
saúde – encontram-se aqui registradas por meio
dos trabalhos, apresentados na forma de resumos,
de relatos de pesquisa e experiências no campo da
saúde pública/coletiva.
O programa, bastante amplo e diverso, retrata a
riqueza de abordagens nos trabalhos apresentados
em torno do tema “Saúde e Poder: Reconectando
Cidadãos e Trabalhadores ao SUS”, subdividido
nos três eixos de debate propostos no congresso:
“Desmercantilizar o SUS”, “Produzir Coletivos e
Co-Gestão” e “Reinventar o Trabalho em Saúde”.
Destaca-se nos trabalhos a reflexão crítica sobre
os conflitos colocados ao SUS, desde a sua criação,
no que tange às questões políticas e econômico-financeiras, mas também a proposição de novas
possibilidades em termos de gestão do sistema,
mais participativa, e de novas práticas no processo
de trabalho em saúde.
É evidente nos trabalhos o intercâmbio de conhecimentos entre instituições de ensino, de pesquisa
e de prestação de serviços de saúde, ressaltando a
diversidade de olhares quanto aos modos de pensar
e fazer saúde.
Os resumos dos trabalhos, organizados em vários
eixos, são um convite ao leitor para se aproximar da
riqueza de temas, que foram objeto de reflexões e
debates durante todo o congresso.
Aurea Ianni e Eunice Nakamura
Editoras Científicas
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 8
Editorial Especial
14O Congresso Paulista de Saúde Pública: Saúde e
Poder: Reconectando Cidadãos e Trabalhadores
ao SUS
A Associação Paulista de Saúde Pública e a UFSCAR,
parceiras na organização do “14º Congresso Paulista
de Saúde Pública”, têm o prazer de apresentar os
Anais do 14º Congresso Paulista de Saúde Pública,
realizado em São Carlos, entre 26 e 30 de setembro de
2015, publicado na forma de suplemento da revista
Saúde & Sociedade.
O lema do evento “Saúde e Poder: Reconectando
Cidadãos e Trabalhadores ao SUS” foi organizado
em três eixos de debate ao longo dos três dias do
Congresso: “Desmercantilizar o SUS”, “Produzir
Coletivos e Co-Gestão” e “Reinventar o Trabalho
em Saúde”.
O SUS tem passado por diversos conflitos desde
a sua criação, atrelados às pressões advindas do contexto do capitalismo contemporâneo sob a dominância do capital financeiro e sua crise, especialmente a
partir dos anos 1990. A compreensão desse quadro
passa pelo entendimento de como essas pressões se
manifestam objetivamente no SUS (insuficiência
dos montantes de recursos para o gasto público,
intensificação da participação do serviço privado
no interior no sistema, precarização do trabalho
na saúde pública, etc.) e de quais são suas origens
(interesses do capital no fundo público e dos grandes
seguros e planos privados no espaço brasileiro etc.).
Ademais, é preciso identificar e discutir quais delas
foram mais importantes (aumento da participação
privada no financiamento e oferta dos serviços de
saúde, incorporação de mecanismos de mercado
no interior do SUS). As políticas macroeconômicas
adotadas levaram – e ainda levam – à diminuição dos
gastos públicos com direitos sociais, em destaque na
saúde, aumentando os riscos da “mercantilização”
das políticas sociais.
Desmercantilizar o SUS é nossa palavra de ordem
para o Congresso. O SUS tem passado por diversos
conflitos desde a sua criação, atrelados às pressões
advindas do contexto do capitalismo contemporâneo
sob a dominância do capital financeiro e sua crise,
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
especialmente a partir dos anos 1990. A compreensão desse quadro passa pelo entendimento de como
essas pressões se manifestam objetivamente no
SUS (insuficiência dos montantes de recursos para
o gasto público, intensificação da participação do
serviço privado no interior no sistema, precarização
do trabalho na saúde pública, etc.) e de quais são
suas origens (interesses do capital no fundo público
e dos grandes seguros e planos privados no espaço
brasileiro etc.). Ademais, é preciso identificar e discutir quais delas foram mais importantes (aumento
da participação privada no financiamento e oferta
dos serviços de saúde, incorporação de mecanismos
de mercado no interior do SUS). As políticas macroeconômicas adotadas levaram – e ainda levam – à
diminuição dos gastos públicos com direitos sociais,
em destaque na saúde, aumentando os riscos da
“mercantilização” das políticas sociais.
Produzir Coletivos e Co-Gestão é um imperativo
de resistência. Precisamos repensar os modos de
gestão do sistema de saúde considerando que o
cotidiano institucional indica limitações e forte
cultura gerencial que nos afasta da produção de
políticas públicas emancipatórias É fundamental
criar espaços de participação e democratização institucional e produzir modos de gestão que promovam
a socialização dos saberes. O compartilhamento das
decisões e a articulação em redes nos aproximam
da concretização do direito à saúde e potencializam
o cuidado em saúde, avançando no compromisso
ético político dos princípios da universalidade, integralidade e equidade. Atuar no SUS em cogestão
pressupõe avançar nos pactos interfederativos, nos
pactos locais e na singularidade de cada território e
de cada cidadão, aproximando-se cada vez mais das
necessidades de todos e enfrentando os interesses
corporativos e do mercado. É necessário ocupar o
nosso cotidiano, produzindo coletivos e conexões
que sejam capazes de criar potências na disputa do
projeto político do SUS.
Considerando-se a centralidade do trabalho na
contemporaneidade, torna-se cada vez mais emergente a necessidade de fortalecimento de espaços
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dialógicos e reflexivos sobre as dimensões objetivas
e subjetivas do trabalho. Profundas e aceleradas
transformações e provocam impactos na vida
cotidiana. E é preciso Reinventar o Trabalho em
Saúde. Pela sua natureza, emprego de tecnologias
e o envolvimento de atores sociais o trabalho em
saúde precisa continuamente ser (re) significado e
(re) inventado. Sendo este, um processo coletivo - na
assistência, na gestão e nos processos educativos o
trabalho em saúde é mediado por coletivos de trabalhadores de saúde deve voltar-se para atendimento
das necessidades de saúde de modo efetivo. Este eixo
objetiva refletir, compartilhar e apontar problemas,
demandas, lacunas e alternativas na reinvenção do
processo de trabalho em saúde.
Foram reunidos nos Anais os trabalhos apresentados na forma de resumos, identificados por seus
autores conforme os eixos: alimentação e nutrição;
assistência farmacêutica, álcool e outras drogas;
comunicação e saúde, cuidado em saúde; direitos
humanos e saúde; financiamento da saúde e gestão em saúde; gênero, raça e etnia; informação e
avaliação em saúde; poder, políticas e movimentos
sociais; promoção da saúde e intersetorialidade; regionalização e redes de atenção à saúde; saúde bucal;
saúde da criança e do adolescente; saúde da mulher;
envelhecimento e saúde; saúde do trabalhador; saúde e ambiente; saúde mental; trabalho, formação
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
e educação em saúde; vigilância à saúde; atenção
domiciliar; controle social e participação cidadã.
Registramos nos Anais o “Manifesto de São Carlos”, uma contribuição à 15º Conferência Nacional
de Saúde, resultado das discussões produzidas no
evento. Neste documento político, os congressistas
do 14º Congresso Paulista de Saúde Pública apelam
a si mesmos e à sociedade brasileira a busca de
uma pauta comum e pontes de solidariedade que
unifiquem forças que defendam a priorização da
democracia radical e dos direitos sociais, chamando
pela defesa radical e intransigente da democracia e
dos direitos sociais no Brasil do século XXI.
Façam bom uso destes resumos, que além de darem visibilidade aos trabalhos submetidos durante
o Congresso, possam ser úteis, como material pós
Congresso na sua vida como profissional de saúde,
militante ou acadêmico, no processo permanente
de discussão e posicionamento em defesa do SUS.
Esperamos que possa usufruir desta produção
que é de todos!
Marília Louvison - APSP e FSP USP
Marco Akerman - APSP e FSP USP
Lúcia Yasuko Izumi Nichiata - APSP e EEUSP
Geovanni Gurgel Aciole - APSP e UFSCar
Márcia Niituma Ogata - APSP e UFSCar
Wilson José Alves Pedro - APSP e UFSCar
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Álcool e outras Drogas
A LEITURA COMO FERRAMENTA DE INCLUSÃO E
REFLEXÃO SOBRE A SAÚDE – UMA EXPERIÊNCIA
EM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL – ÁLCOOL E DROGAS (CAPS-AD)
Gabriela Alvarez Camacho / Camacho, G.A. / Universidade Federal de São Carlos; Marina Manzzini
Cunha / Cunha, M.M. / Prefeitura Municipal de
São Carlos; Ana Carolina Acorinte / Acorinte, A.C.
/ Prefeitura Municipal de São Carlos;
Caracterização do problema A leitura, como prática
social, é importante no fortalecimento da reflexão
e raciocínio do leitor, inclusive contribuindo para
uma expressão e tradução de novos significados
de vida, cuidado, autoestima e valoração. Ao ponderarmos os seus alcances como ferramenta de
comunicação e expressão, profícua para o convívio
em sociedade e nas relações humanas e enquanto
ação emancipadora, evidencia-se a relevância que a
prática da leitura pode desenvolver junto a usuários
da atenção psicossocial. Entendemos que a leitura,
para além dos aspectos cognitivos, também pode
influir positivamente na perspectiva do cuidado
em saúde, autocuidado, autonomia e resgate de
cidadania. Assim, foi constituída uma oficina de
leitura em um CAPS-AD de município localizado
no interior paulista. Descrição A oficina de leitura
se organizou em dois grupos paralelos, um para
homens e outro para mulheres. Os encontros eram
semanais, contavam com a participação dos usuários do CAPS-AD e eram acompanhados por um psicólogo e/ou um enfermeiro. Os encontros duravam
em torno de duas horas, nas quais os usuários liam
um texto selecionado e debatiam sobre a história,
refletiam e analisavam os temas suscitados pela
leitura. As discussões normalmente levavam os participantes a ponderar sobre a adicção, tratamento e
estratégias de enfrentamento da doença. Os textos
utilizados eram de folclore, crônicas ou contos.
Lições aprendidas A oficina de leitura se legitimou
como espaço seguro para comunicação espontânea
e abordagem de temas delicados para os usuários, a
presença de profissionais da equipe favoreceu esse
processo. Também se consolidou como atividade de
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
compartilhamento e apoio para, e entre, os usuários.
A partir dos temas foi possível trabalhar o exercício
do diálogo, questões de convívio, desenvolvimento de
habilidades sociais e de compreensão de seu meio e
de seus pares. A experiência nos revela que a adoção
dessa atividade contribuiu para um cuidado mais
democrático, refletido e atento às singularidades,
em alternativa aos tecnicismos e formalidades do
campo da saúde, favorecendo a corresponsabilização
em saúde mental. Recomendações É importante que
mais estudos que correlacionem atenção em saúde
mental, inclusão e fortalecimento de cidadania sejam realizados e divulgados.
A OFICINA DO CHOCOLATE: LUGAR DE DESCO­
BER­TAS DE OUTRAS FORMAS DE SER E ESTAR NO
MUNDO
Daniela Aparecida MIranda Pogogelski / Pogogelski, D;A;M; / Centro de Atenção Psicossocial em
Alcool e outras Drogas Infantojuvenil III Assunção; Mariana Matteucci / Matteucci, M. / Capsadi
III Assunção; Felipe Miura / Miura, F. / Nutrarte;
Louise Assumpção / Assumpção, L. / Nutrarte;
Este relato de experiência aborda as motivações
que fizeram nascer Oficina do Chocolate. Buscávamos responder aos anseios por atividades de
lazer dos adolescentes atendidos no CAPS ADI
III ASSUNÇÃO. Discorremos sobre as vivencias
do grupo, e seu amadurecimento na parceria com
Nutrarte, responsável por apoiar os processos de
geração de renda no município de São Bernardo do
Campo, e sua fusão com outra oficina da unidade.
Ao avaliarmos o grupo enquanto nos debruçamos
para escrever sobre ele, percebemos o quanto ainda
estamos descobrindo nosso processo ao caminhar. O
mais significativo nesta experiência foi a escuta dos
nossos adolescentes, perceber seus desejos, anseios,
necessidades, e construir juntos possibilidades de
realização, dando-lhes espaço para a co-construção,
a co-gestão, e a participação através dos papeis que
se identificavam, que por sua vez oportunizaram a
ressignificação de outros papéis e o protagonismo
destes sujeitos em projetos de vida. Através de suas
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ações conseguiram produzir um produto que era
desejado, elogiado, que lhes conferia pertencimento e filiação. Não tínhamos apenas sujeitos que
buscavam a droga, tínhamos sujeitos dispostos a
trilhar caminhos diferentes, que se pretendem mais
saudáveis e mais significativos. Caminhos que não
os expõe a riscos sociais, que os ajudam a conhecer
outras possibilidades de realização que não o furto,
o trafico ou a prostituição. Caminhos que podem
encontrar potencia e se desdobrar em inúmeros
outros caminhos, por terem mobilizado o principal:
sensibilizaram e conscientizaram estes caminhantes sobre os próprios potenciais para caminhar. Este
processo exigiu dos adolescentes e dos profissionais
envolvidos fatores como responsabilidade, envolvimento, autonomia, e reflexão, mas também não foi
imposto, partindo de uma visão unilateral, oriunda
apenas da equipe. Existiram também conflitos que
permearam o processo grupal. A diferença é que
estávamos abertos a mediar e nos relacionar em
práticas horizontais de cuidado, reconhecendo os
adolescentes como indivíduos potentes de produção de vida, potentes para construírem seu projeto
terapêutico, potentes para encontrar respostas em
outras vivências, potentes para descobrir outras
formas de ser e estar no mundo.
ANÁLISE DA DEPENDÊNCIA TABÁGICA EM USUÁ­
RIOS DE CRACK
Luiz Henrique Batista Monteiro / Monteiro, L.H.B.
/ Universidade Federal de Goiás- Regional Catalão;
Inaina Lara Fernandes / Fernandes, I.L. / Universidade Federal de Goiás-Regional Catalão; Rafael
Alves Guimarães / Guimaraes, R.A. / Universidade
Federal de Goiás; Roselma Lucchese / Lucchese,
R. / Universidade Federal de Goiás-Regional Catalão; Ivania Vera / Vera, I. / Universidade Federal de
Goiás-Regional Catalão; Rodrigo Lopes de Felipe /
Felipe, R.L. / Universidade Federal de Goiás-Regional
Catalão; Lorena Silva Vargas / Vargas, L.S. / Universidade Federal de Goiás- Regional Catalão; Andrécia
Cósmem da Silva / Silva, A.C. / Universidade Estadual de Goiás; Paulo Alexandre de Castro / Castro, P.A.
/ Universidade Federal de Goiás-Regional Catalão;
INTRODUÇÃO Estima-se que 5% (243 milhões) da
população mundial de 15 a 64 anos usaram drogas
ilícitas no último ano. No Brasil (20 milhões) da
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
população brasileira consome tabaco regularmente.
Com relação ao consumo de drogas ilícitas como:
cocaína/crack/oxi, no último ano, estima-se que 2%
(244 mil pessoas) de adolescentes e 2% (2,6 milhões
de pessoas) dos adultos brasileiros usaram algum
tipo dessas drogas. O uso de tabaco representa um
importante gatilho para o uso de crack, em virtude
da semelhança neuroquímica, a similaridade dos
efeitos estimulantes dessas substâncias e também
pela forma de uso de crack mesclado com cinzas
de cigarro. OBJETIVO Descrever a prevalência do
nível de dependência nicotínica entre indivíduos
que abusam de crack. METODOLOGIA Estudo transversal aplicado a população usuária de crack sendo
tabagistas, assistidos em clínicas de internação
e centro de atenção psicossocial (CAPS). Amostra
por conveniência. Aplicou-se o instrumento o Teste
de Dependência à Nicotina de Fagerström (FTND).
Os dados foram coletados de agosto de 2013 a fevereiro de 2014. Os dados obtidos foram digitados no
programa Software Estatistic SPPS 22. Realizou-se
a análise descritiva das variáveis usa crack e fuma,
com intervalo de confiança de 95% (IC 95%) Projeto
aprovado pelo protocolo 162/12 do Comitê de Ética
em Pesquisa da Universidade Federal de Goiás.
RESULTADOS A amostra do presente estudo foi
composta por 112 usuários de crack e tabagistas,
sendo 91 (81,3%) do sexo masculino e 21 (18,8%) do
sexo feminino. Quanto o grau de dependência a nicotina identificou-se que 26,8% (IC 95%: 17,9- 34,8%)
apresentam baixa dependência a nicotina, 15,2% (IC
95%: 8,9- 22,3%) evidenciaram mede dependência a
nicotina e 58% (IC 95%: 49,1- 67,9%) explicitaram
alta dependência a nicotina. CONCLUSÃO Houve
maior prevalência de alta dependência a nicotina
entre os usuários de crack entrevistados. Tal achado
é relevante pois evidencia a ingerência entre o ato de
fumar e o uso abusivo de crack. Reconhece-se como
limitador o tipo de estudo descritivo que não permite
inferências, nesse sentido sugere-se mais pesquisas
que abordem a dependência nicotínica entre usuários de crack no sentido de ampliar o conhecimento e
a correlação entre estes dois fenômenos. Quanto aos
profissionais de saúde faz-se necessário a adoção de
práticas assistencialistas e intervencionistas no que
tange a cessação do uso abusivo do crack e do tabaco,
visando diminuir o grau de dependência de ambos.
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 14
ANÁLISE DO USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOTRÓPICAS, NA POPULAÇÃO UNIVERSITÁRIA DE CURSOS
DA ÁREA DA SAÚDE, EM UM CENTRO UNIVERSITÁRIO DO INTERIOR DO ESTADO DE SÃO PAULO
Andra Shirlei Santos / Santos, A. S. / UNICEP;
Cristina Ferro Corrêa Toniolo / Toniolo, C.F.C. /
UNICEP; Cristiane Leite de Almeida / Almeida,
C.L. / EERP - USP; Dirlei Martins Franco / Franco,
D.M. / ETEC PAULINO BOTELHO;
Introdução: Drogas Psicotrópicas são aquelas que
agem no Sistema Nervoso Central produzindo
alterações de comportamento, humor e cognição,
possuindo grande propriedade reforçada e sendo,
portanto, passíveis de auto-administração. Objetivo:
investigar o consumo de substâncias psicotrópicas
por estudantes de graduação dos cursos da área da
saúde do de um Centro Universitário no interior de
São Paulo. Metodologia: pesquisa teórico-prática
de abordagem quantitativa e qualitativa, no qual
o participante respondia um questionário semi-estruturado e todos participantes tiveram acesso
ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Resultados: a coleta de dados foi realizada no ano
de 2012 e participaram da pesquisa um total de 191
alunos. O gênero feminino correspondeu à maior
parte do número de entrevistados, 132, com quase
50% destes entre as idades de 18 e 22 anos. O gênero
masculino foi composto por 59 entrevistados, sendo
31% entre 18 e 22 anos. Quanto ao número de faltas
em sala de aula, observou-se que foram similares
entre os gêneros, variando de 4 a 8 faltas nos últimos
30 dias que antecederam a pesquisa. Com relação ao
uso de substâncias psicotrópicas entre os homens
demonstrou que 86,4% já fizeram uso na vida de
álcool, 45,8% já usaram tabaco, 39% maconha, 22%
cocaína e 1,7% crack. Entre as mulheres, observou-se que 77,3% já fizeram uso na vida do álcool, 38,6%
do tabaco, 17,4% da maconha e, diferentemente dos
homens, nenhuma mulher fez uso do crack. Em
relação à quantidade de bebida alcóolica ingerida
entre as mulheres, verificou-se que cerca de 50%
costumam ingerir entre 1 a 4 doses e 5% mais de 9
doses por vez. A porcentagem de homens que costumam ingerir de 1 a 4 doses de bebida alcóolica é
praticamente igual a das mulheres, 45%; contudo,
13% dos homens costumam ingerir mais de 9 doses
por vez. Em torno de 23% dos homens afirmaram
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
que já dirigiram depois de ingerirem bebida alcóolica, enquanto que nas mulheres, esse número
foi de 14%. Conclusão: foi possível observar que o
uso de substâncias psicotrópicas pelos estudantes
de graduação da área da saúde é um elemento de
discussão preocupante, uma vez que os mesmos
possuem conhecimento de como estas substâncias
agem no organismo e também maior facilidade à
esta. Dessa forma, é importante salientar a necessidade de discussões acerca do tema durante a vida
acadêmica, trabalhadas de forma interdisciplinar
como uma abordagem preventiva, a fim de mobilizar
e conscientizar a população estudantil.
AS COMUNIDADES TERAPÊUTICAS COMO UM
PONTO A INTERROGAR NA REDE DE ATENÇÃO
PSICOSSOCIAL DO SUS
Tereza Etsuko da Costa Rosa / Rosa, T. E. R. /
Instituto de Saúde/ Secretaria de Estado da Saúde
de São Paulo; Maria de Lima Salum e Morais / Morais, M. L. S. / Instituto de Saúde da Secretaria de
Estado da Saúde de São Paulo; Carlos Tato Cortizo
/ Cortizo, C. T. / Instituto de Saúde da Secretaria
de Estado da Saúde de São Paulo; Marisa Feffermann / Feffermann, M. / Instituto de Saúde da
Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo;
De acordo com a Portaria Ministerial nº 131, de 26
de janeiro de 2012, dada a gravidade epidemiológica
e social dos agravos à saúde relacionados ao uso do
álcool, crack e outras drogas”, as Comunidades Terapêuticas (CT), como Serviços de Atenção em Regime
Residencial, foram incluídas na Rede de Atenção
Psicossocial do SUS (RAPS), oferecendo cuidados
para adultos convivendo com esses agravos. Objetivo: Analisar as CT do ponto de vista do tratamento
prestado a pessoas com uso problemático de álcool
e outras drogas, do perfil dessas pessoas e dos contextos de internações. Métodos: Foram entrevistados
quatro gestores de quatro CT, duas delas localizadas
na Região Metropolitana de São Paulo (Embu e Cotia) e duas no interior do estado (Marília e Itapira),
sendo que as informações gerais sobre elas foram
coletadas por meio de entrevistas, com roteiro, com
os gestores/administradores responsáveis pelas instituições. Duas eram filantrópicas da igreja católica
e as outras duas, eram da iniciativa privada. Resultados: A maior parte das internações, sejam elas
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 15
voluntárias, com o uso da força ou compulsórias, é
feita por intervenção dos familiares dos internos,
parte delas por meio da judicialização. O princípio
básico de tratamento é o da abstinência, baseado no
movimento Alcoólicos e/ou Narcóticos Anônimos.
Alguns gestores relataram presença de psicólogo
realizando atividades de psicoterapia e psiquiatra
para a medicação psicotrópica; no entanto notou-se que a base do tratamento é o interno sujeitar-se
a executar diversas atividades domésticas para a
convivência grupal, o que é denominado pelos gestores de laborterapia”. As internações duram de 4
a 9 meses, de acordo com o programa específico de
cada CT. Segundo os gestores das CT privadas, os que
conseguem retornar à vida normal é uma minoria
de cerca de 5% a 10%, sendo alto os casos de reinternação. Conclusões: As internações nas CT, em geral,
têm o intuito de afastar os usuários de seu meio, são
determinadas pela família, não há critérios claros
para a internação, nem para tratamento e a reincidência é frequente. Este estudo foi realizado pouco
antes da inclusão das CT na RAPS; no entanto, com
base nos resultados pode-se afirmar que a proposta
para esse tipo de instituição dificilmente poderá
ser orientada pela adesão aos princípios da reforma
antimanicomial, em especial no que se refere ao não-isolamento de indivíduos e grupos populacionais”,
como recomenda a Portaria supra citada.
AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DE UMA TECNOLOGIA
DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO COMBATE
AO TABAGISMO
NAYARA NOGUEIRA SILVA / Silva, N. N. / UECE;
Isabele Assunção Mendonça Cavalcante / CAVALCANTE, I. A. M. / UFC; Francisco Carlos de Mattos
Brito Oliveira / Oliveira, F. C. M. B. / UECE; Joyce
Horn Fonteles / Fonteles, J. H. / UNIFOR; Lígia de
Moraes Oliveira / Oliveira, L. M. / UNIFOR;
O tabagismo é uma doença crônica de dependência
à nicotina, com períodos de exacerbação e remissão
(SILVA, 2010). O vício causado pelo cigarro vai além
do biológico, alcançando as extensões psíquicas,
gerando uma dependência psicológica. O programa
TratBem propõe estender o tratamento do tabagismo, 24 horas por dia, ao cotidiano dos pacientes,
oferecendo acompanhamento profissional multidisciplinar e rede de apoio envolvendo familiares e/ou
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
amigos. Através da interatividade virtual, o TratBem
estimula a mudança de comportamento e, consequentemente, obtenção de uma melhor qualidade de vida
ao paciente. Esse trabalho apresenta uma pesquisa
que analisou a efetividade do programa citado, no
qual a interação entre o sistema e o fumante funciona
através de mensagens SMS, aplicações para Smartphones, web, email e blog. O TratBem foi ofertado a
pacientes do programa de cessação tabágica de um
Hospital Geral e à população brasileira em geral, por
adesão espontânea e gratuita, via Internet, com divulgação entre grupos online de fumantes. Realizaram-se entrevistas telefônicas a fumantes usuários do
TratBem sobre a usabilidade do programa e o período
de cessação tabágica., de fevereiro a maio de 2014. A
amostra foi composta por 133 pacientes que estavam
há pelo menos um mês sem fumar, de acordo com
o sistema. 19,05% dos fumantes com alto grau de
dependência conseguiram parar de fumar. 46,15%;
66,67%; 44,44%; 77,14% dos pacientes com graus de
dependência alto, médio, baixo e muito baixo, respectivamente, ficaram abstêmicos. Dos pacientes que
fizeram uso de outros métodos de tratamento, além
do TratBem, 63,16% pararam de fumar. Aqueles que
utilizaram apenas o TratBem como método de cessação tabágica e interagiram com o TratBem, a taxa de
abstinência foi de 57,14%. Dentre os que utilizaram o
TratBem de forma passiva (sem interagir), a taxa de
abstinência caiu para 25%, mostrando uma diferença
estatisticamente significante (Chi-Square). No grupo
de pacientes que consideraram que o sistema os ajudou em algum momento a evitar que fumassem e que
utilizaram apenas o TratBem, foi 43,48% a taxa de
abstinência. Aqueles que não consideraram tal ajuda
do sistema e também utilizaram apenas o TratBem,
a taxa de abstinência caiu para 8,33%. Verificou-se
então que a utilização de outros métodos, aliada ao
uso do TratBem, é mais eficaz do que apenas o uso
do programa isoladamente. Assim, o TratBem tem
sido considerado funcionalmente importante no
tratamento de cessação tabágica.
AVALIAÇÃO DA OFERTA DE AÇÕES PARA PESSOAS
COM PROBLEMAS ASSOCIADOS AO USO, USO
ABUSIVO E DEPENDÊNCIA DE ÁLCOOL, CRACK
E OUTRAS DROGAS EM SERVIÇOS DE ATENÇÃO
PRIMÁRIA À SAÚDE
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 16
Josiane Fernandes Lozigia Carrapato / CARRAPATO, J.F.L. / UNESP de Botucatu e Secretaria
Municipal de Saúde de Bauru; Elen Rose Lodeiro
Castanheira / CASTANHEIRA, E.R.L. / UNESP Faculdade de Medicina de Botucatu; Nádia Placideli
/ PLACIDELI, N. / UNESP/Faculdade de Medicina
de Botucatu;
Com o aumento de dificuldades emocionais cresce
o número de pessoas com problemas associados ao
uso, uso abusivo de álcool e outras drogas, assim
amplia-se a responsabilização dos serviços de Atenção Primária à Saúde (APS) sobre essa população, a
avaliação da APS torna-se importante ferramenta
para o desenvolvimento de ações qualificadas nessa
área. O objetivo desse estudo foi identificar a organização de ações para essa população em serviços
de APS na Rede Regional de Atenção à Saúde- RRAS
09 do estado de São Paulo, na perspectiva do gerente e equipe profissional, por meio do instrumento
QualiAB 2014. O universo foi de 163 unidades de
APS correspondentes á 41 municípios, respondentes ao instrumento de Avaliação da Qualidade de
Serviços da Atenção Básica- QualiAB. No período de
setembro a dezembro de 2014. Este é composto pôr
126 questões de múltipla escolha, das quais 20 são
descritivas, questões que caracterizam o serviço e
106 pontuadas correspondentes aos indicadores de
qualidade em três níveis: 0 insuficiente, 1 aceitável e
2 esperado. Foi disponibilizado em versão online. Os
resultados referentes às questões focadas na saúde
de pessoas na área de álcool e drogas demonstraram,
quanto ao indicador ações realizadas em caso de
alcoolismo”: 4% relatam não ter usuários ou não
acompanham por falta de capacitação da equipe,
a maioria encaminham para serviço especializado
(78%), orientações e acompanhamento na UBS
(42%), avaliação do padrão de consumo (37%), discussão do caso com equipe de apoio (35%). Sobre o
indicador ações realizadas em caso de uso abusivo
de outras drogas”: 7% referem não ter usuários com
essa demanda, não acompanha por falta de capacitação (6%), a maioria encaminham para serviço
especializado (72%), orientações e acompanhamento
na UBS (37%), investigação do uso do álcool (40%),
avaliação do padrão de consumo (37%), discussão do
caso com equipe de apoio (35%). Quanto ao indicador
controle do uso de benzodiazepínicos”: 14% não conAnais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
trolam o uso desses medicamentos, a maioria deixa
o controle exclusivamente a critério médico (73%) e
apenas 9% realizam revisões periódicas em equipe
com a finalidade de redução e/ou substituição do
medicamento. Considera-se que ações desenvolvidas
na área do uso, uso abusivo e dependência de álcool,
crack e outras drogas não apresentam visibilidade
na APS, assim a maioria apenas encaminha para
outros serviços.
COMPARAÇÃO ENTRE AS APREENSÕES DE DROGAS LICITAS E ILÍCITAS NOS ANOS DE 2010 E 2014
EM UM MUNICÍPIO DO SUDESTE GOIANO
Ligia Maria Maia de Souza / Souza, L. M. M. /
Universidade Federal de Goiás - Regional Catalão;
Marcelo Rodrigues Mendonça / Mendonça, M. R. /
Universidade Federal de Goiás - Regional Catalão;
Roselma Lucchese / Lucchese, R. / Universidade
Federal de Goiás - Regional Catalão;
INTRODUÇÃO No ano de 2012, 5,2% da população
mundial entre 15-64 anos já utilizara alguma droga
ilícita. A prevalência mundial de usuários nocivos de
álcool é de aproximadamente 11,5%. Umas das consequências do uso abusivo de álcool e drogas ilícitas é
o envolvimento em práticas ilícitas. Levantamentos
internacionais sobre o uso de drogas apontaram que
entre 2003-2012, mesmo a prevalência de usuários
de drogas ter se mantido estável, os registros de
apreensão de drogas para consumo próprio aumentaram 18%, do mesmo modo os crimes relacionados
ao tráfico de drogas. O uso de drogas combinado à
exposição a violência, representam um sério problema de saúde pública. OBJETIVO Identificar a
associação de uso de drogas e práticas ilícitas em
um município do sudoeste goiano. MÉTODO Estudo
de cunho documental e abordagem quantitativa, no
qual realizou-se análise exploratória dos boletins de
ocorrência (BO) registrados nos bancos de dados do
Grupo Especial de Repressão a Narcóticos – GENARC
e 18º Batalhão da Policia Militar do Estado de Goiás,
no período de janeiro a dezembro de 2010 e 2014.
Foram estimadas as frequências das variáveis avaliadas, foi utilizado intervalo de confiança de 95%
(IC95%). O referido estudo contou com aprovação e
supervisão do comitê de ética da Universidade Federal de Goiás. RESULTADOS No ano de 2010, 41,2% das
drogas ilícitas apreendidas, eram derivadas da coca
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 17
em suas formas inaladas e fumadas, crack e cocaína.
E 17,1 % das apreensões eram de maconha. Apreensões de múltiplas drogas alcançaram o quantitativo
de 20,8%. Indivíduos abordados após uso abusivo de
bebidas alcoólicas, representaram 20,9%. Já no ano
de 2014, observa-se um declínio nas apreensões de
crack e cocaína 25,8%, e nas apreensões de múltiplas
drogas, 13,4%. Concomitante ocorre o aumento nas
apreensões de maconha 30,3% e na abordagem de
indivíduos que haviam realizado o uso abusivo de
álcool. CONCLUSÃO A literatura alerta para um
aumento no consumo de drogas derivadas da coca
nos países da América Latina e Caribe. O presente
estudo mostrou que, no município em questão ocorre
um movimento inverso. É importante ressaltar que a
utilização de indicadores epidemiológicos indiretos,
não nos permite visualizar todas as realidades do
consumo de drogas no espaço analisado, contudo
nos permite uma demonstração da situação atual
do consumo de drogas no município.
DEMANDA DE ATENDIMENTOS PARA CRIANÇAS
E ADOLESCENTES EM UM CENTRO DE ATENÇÃO
PSICOSSOCIAL INFANTOJUVENIL (CAPSI) DO
INTERIOR DE SÃO PAULO
Mariane Capellato Melo / Melo, M. C. / Universidade de São Paulo (USP-RP); Julia Corrêa Gomes /
Gomes, J. C. / Universidade de São Paulo (USP-RP);
Clarissa Mendonça Corradi-Webster / Corradi-Webster, C. M. / Universidade de São Paulo (USP-RP);
Com o processo de Reforma Psiquiátrica, foram
propostos serviços comunitários em saúde mental
e criados Centros de Atenção Psicossocial, incluindo
os infanto-juvenis (CAPSi). No município de Ribeirão Preto – SP, devido às demandas relacionadas ao
consumo de drogas nesta população, optou-se pela
proposição de um serviço que tivesse foco nesta
problemática. Este estudo tem como objetivo descrever a demanda de atendimentos para crianças
e adolescentes no CAPSi de Ribeirão Preto - SP, por
meio de estudo quantitativo, descritivo-exploratório,
de corte transversal.Foi realizado um levantamento de informações dos prontuários de crianças e
adolescentes atendidos no ano de 2013 no CAPSi a
partir da elaboração de uma ficha para o registro de
informações dos prontuários e realizada análise descritiva dos dados de 115 prontuários. Nos resultados,
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
o n total pode variar, pois nem todos os prontuários
continham todas as informações buscadas, também
dependendo da variável o mesmo prontuário poderia
pontuar em mais de uma alternativa. A maioria dos
prontuários estudados foi de homens (n=90; 78,2%),
com idade média de 14,7 anos (dp=1,98). Dentre os
adolescentes com registro nos prontuários referente à freqüência escolar (n=107) mais da metade
não frequentava a escola (n=58; 54,2%) e entre os
adolescentes com informações sobre residência
no prontuário (n=77) residiam apenas com a mãe
(n=26; 33,7%). Metade dos adolescentes com registro nos prontuários referente ao cumprimento de
medidas sócio-educativas (n=72), não cumpriam ou
cumpriram estas medidas (n=36; 50%) e entre os
adolescentes com registro nos prontuários sobre o
uso de drogas na família (n=83) a maioria possuía
algum familiar nesta situação (n=68; 81,9%), sendo
que o pai aparece como usuário na maior parte das
vezes (n=36; 31,3%). A maconha foi a droga que apresentou maior prevalência de consumo (n=84; 73%).
O uso de drogas (n=85; 73,9%) foi o principal motivo
de procura ao CAPSi e a procura foi feita, na maioria
das vezes, pela mãe dos adolescentes(n=71; 69,6%).
Pôde-se perceber a importância da família relacionada á demanda apresentada para o serviço estudado.
Considera-se que as vulnerabilidades do contexto
social parecem desempenhar papel importante na
vida dos adolescentes em atendimento neste serviço.
EFETIVIDADE DO PROGRAMA DE TRATAMENTO
DO TABAGISMO OFERECIDO PELO SUS NO ESTADO
DE SÃO PAULO
Valeria Longanezi / Longanezi, V. / Instituto de
Saúde;
O tabagismo é um grave problema de saúde pública.
É importante fator de risco para cerca de cinquenta
doenças que causam altos índices de mortalidade,
diminuição da qualidade de vida dos fumantes e
sobrecarga nos sistemas de saúde com aumento dos
gastos públicos para o tratamento e reabilitação das
pessoas afetadas. Várias pesquisas apontam redução na prevalência do tabagismo no Brasil desde
1989, ano em que foi criado o Programa Nacional de
Controle de Tabagismo. Entretanto, até o momento
não existem pesquisas que tenham estudado a cobertura e os resultados alcançados pelo tratamento
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 18
oferecido pelos municípios do estado de São Paulo.
O INCA – Instituto Nacional de Câncer é a Divisão
de Controle de Tabagismo do Ministério da Saúde
responsável pela coleta e análise dos indicadores
de resultados trimestrais de todos os estados brasileiros. Considera como parâmetro a quarta sessão
estruturada para avaliação da efetividade do tratamento, o que representa a situação do tabagista em
relação ao hábito de fumar no final da quarta semana
de terapia após seu preparo motivacional. Este trabalho tem como objetivo geral avaliar a efetividade
e eficácia do programa de tratamento do tabagismo
oferecido pelo Sistema Único de Saúde no estado de
São Paulo. O primeiro objetivo específico está voltado para a análise dos indicadores de abandono da
terapia, uso de medicamentos e cessação do hábito
de fumar obtidos na quarta sessão estruturada de
tratamento oferecido pelo SUS nos municípios do
Estado de São Paulo, segundo os dados nacionais
das planilhas trimestrais do INCA/MS. Também
constitui objetivo específico, analisar os indicadores
de cessação do tabagismo e de sucesso do tratamento
em pacientes de um Centro de Referência da atenção
especializada em um período de tempo superior a
um mês de tratamento, considerando que recaídas
são frequentes durante os seis meses iniciais. Esta é
uma pesquisa quantitativa composta por um estudo
ecológico e um estudo de coorte. O estudo ecológico
compreende uma amostra aproximada de 150 municípios que realizaram o atendimento do tabagista
entre os anos de 2012 e 2014. O estudo de coorte é
direcionado aos pacientes atendidos pelos grupos de
tabagismo do Centro de Referência de Álcool, Tabaco
e Outras Drogas da SES-SP nesse mesmo período,
cuja amostra compreende 200 pacientes..
EXPERIÊNCIAS DE INTERNAÇÃO EM COMUNIDADES TERAPÊUTICAS
Mariane Capellato Melo / Melo, C. M. / Universidade de São Paulo (USP-RP); Clarissa Mendonça
Corradi-Webster / Corradi-Webster, C. M. / Universidade de São Paulo (USP-RP);
A assistência em saúde mental e, mais especificamente, os cuidados a pessoas que fazem uso
problemático de álcool e outras drogas, foram historicamente descuidadas pelo Estado. Atualmente,
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
existem diferentes formas de tratamento para a
dependência, contudo, contudo as políticas públicas
atuais tem aumentado o financiamento para internações em comunidades terapêuticas em detrimento
de outras formas de oferecer cuidado e de compreensão sobre as drogas. O objetivo do estudo é compreender os sentidos construídos sobre as experiências
de internação em comunidades terapêuticas por
indivíduos que passaram por estas instituições e
atualmente são usuários de um Centro de Atenção
Psicossocial – álcool e drogas. Para isto, foram realizadas 15 entrevistas semi-estruturadas com pessoas
em tratamento em um Caps- ad do município de
Ribeirão Preto – SP, que passaram por internação
em comunidade terapêutica. Foi realizada análise
parcial de 8 entrevistas com o referencial teórico
construcionista social. Os pacientes entrevistados,
homens relataram sobre suas experiências nas CTs,
sendo que as internações eram realizadas em locais
afastados e/ou sem possibilidade de contato social
e de caráter religioso, nos quais os ex-usuários são
os principais cuidadores. As principais atividades
descritas pelos entrevistados foram as tarefas
domésticas” do local e as atividades religiosas (orações), descreveram experiências de maus tratos e/
ou negligência por parte dos entrevistados, e desses
nenhum havia procurado garantia dos direitos humanos. Os entrevistados passaram por diferentes
dispositivos de internação e tratamento devido ao
uso de substâncias, e descrevem a internação como
algo natural” de quem faz uso de substâncias. A
inserção das CTs como parte da RAPS e as portarias
de financiamento das mesmas, se distanciam de
como ocorre o processo de tratamento em diferentes
locais classificados como CTs, como observado nas
diferentes experiências narradas ao longo das entrevistas. O descuidado constante a essa população
a expõem também a maus tratos e negligencias em
determinadas instituições. Ações proibicionistas de
combate às drogas vem ocorrendo de forma indiscriminada, essas acabam por esconder a complexidade
em torno do uso de drogas e os fatores econômicos,
políticos, sócio históricos e culturais pertencentes a
esse fenômeno e constroem sentidos e práticas sobre
o uso de tratamento de drogas que potencialmente
podem legitimar práticas de exclusão.
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 19
IDENTIFICAÇÃO DO CONSUMO DE SUBSTÂNCIAS
PSICOATIVAS ENTRE PACIENTES COM DIAGNÓSTICO DE DEPRESSÃO OU TRANSTORNO DE
ANSIEDADE
Mariane Capellato Melo / Melo, M. C. / Universidade de São Paulo- (USP-RP); Isabela Mariano
Cardoso / Cardoso, I. M. / Universidade de São
Paulo- (USP-RP); João Diogo Filippini / Filippini, J.
D. / Universidade de São Paulo- (USP-RP); Eduardo
Augusto Leão / Leão, E. A. / Universidade de São
Paulo- (USP-RP); Clarissa Mendonça Corradi-Webster / Corradi-Webster, C. M. / Universidade
de São Paulo (USP-RP);
Os quadros depressivos, assim como os Transtornos
de Ansiedade apresentam altas taxas de comorbidades com o uso problemático de substâncias
psicoativas. O tratamento nesses casos geralmente
é administrado de forma separada. O objetivo deste
estudo foi identificar o consumo de substâncias
psicoativas entre indivíduos em tratamento psiquiátrico para depressão ou transtorno de ansiedade.
Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo-exploratório, de corte transversal, com uma amostra
clínica não probabilística. Para a coleta de dados
foram aplicados questionários com informações
sociodemográficas e clínicas e o instrumento ASSIST para identificação do consumo problemático
de drogas. Os participantes foram 76 pacientes com
diagnósticos de depressão e 46 pacientes diagnosticados com transtorno de ansiedade, recrutados
em um ambulatório de saúde mental e CAPS II, na
cidade de Ribeirão Preto. Foi realizada análise estatística descritiva dos dados. Entre os pacientes com
depressão, a maioria era mulher (83%, n=63), casada
(47%, n=36), possuía ensino fundamental incompleto
(35,5%, n=27); trabalhava (38,1%, n= 29); e se declarou
preocupada com a situação financeira (60,5%, n=46).
Mais da metade (56,6%) afirmaram ter familiares
com problemas com drogas; 81,6% nunca passaram
por internação psiquiátrica. Sobre o consumo de
substâncias, as substâncias mais usadas pelo menos
uma vez na vida foram álcool (75%), tabaco (64,5%) e
maconha (15,8%). Foi identificado risco de consumo
nocivo de substâncias em 50% dos participantes,
e consumo que indica provável dependência em
6,5%. Já no caso dos transtornos de ansiedade, de
46 participantes, tem-se 37 mulheres (80,4%) e 9
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
homens (19,6%), com idade média de 46 anos (dp =
14). Metade da amostra é casada ou amasiada, com
24 pessoas (52,2%) estava empregada e 39 indivíduos
(84,8%) faziam tratamento no ambulatório de saúde
mental. A maior parte da amostra fazia ou já fez uso
de tabaco (n = 29; 63%) e álcool (n = 31; 67,4%). Foi
encontrada associação entre o uso problemático de
substâncias e experiências em que o indivíduo se
sentiu discriminado (X2 = 4,506; p = 0,034), e 58,7%
(n = 27) também relata ter sofrido experiências de
violência de algum tipo. A literatura aponta que o uso
de substâncias psicoativas por pessoas com quadros
clínicos psiquiátricos pode estar relacionado à automedicação. Assim, profissionais da saúde mental
devem estar abertos ao diálogo com seus pacientes,
conhecendo as experiências dos usuários.
IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA NACIONAL DE
CONTROLE DO TABAGISMO (PNCT) NA SUPERVISÃO TÉCNICA DE SAÚDE (STS) ARICANDUVA/
MOOCA, NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
Roberta Braga Amoras Leão Ruffeil / Ruffeil,
R.B.A.L. / Prefeitura Municipal de São Paulo; Isabel Cristina Lopes Alves / Alves, I.C.L. / Prefeitura
Municipal de São Paulo; Sanny Fabretti Bueno
Grosso / Grosso, S.F.B / Prefeitura Municipal de
São Paulo; Sueli Ilkiu / Ilkiu, S. / Prefeitura Municipal de São Paulo;
Trata-se de um relato de experiência, cujo objetivo
é descrever a organização de grupos técnicos nas
unidades de saúde cadastradas para iniciarem o
PNCT na STS Aricanduva/Mooca. Inicialmente,
apenas o Centro de Apoio Psicossocial Álcool e
Drogas desenvolvia ações de cessação ao tabagismo na região. Após estruturação do programa na
STS, foram cadastradas mais nove unidades para o
atendimento no território. Com apoio e participação
da Supervisão, foi organizado grupo representativo
das unidades, para a estruturação do programa nos
serviços de saúde. Os encontros acontecem com
periodicidade mensal, com discussão dos desafios
e conquistas vivenciadas. Foi proposta como modelo de atendimento, a realização de grupo aberto de
motivação, semanal e contínuo, no acolhimento dos
usuários com interesse em cessar o uso do tabaco.
Tão logo se sintam preparados ao cessar definitivo,
são encaminhados para grupo semanal, fechado,
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 20
estruturado em uma consulta médica de avaliação e
quatro encontros com a equipe técnica. Nesta etapa,
se necessário, são realizadas avaliações psicológica,
nutricional e odontológica, além do apoio medicamentoso com terapia de reposição de nicotina e
não nicotínica. Após este período, os usuários são
encaminhados a um grupo de manutenção, para que
os mesmos sejam acompanhados por até um ano e
tenham suporte da equipe técnica, evitando recaídas. No primeiro semestre de 2015, 209 fumantes
procuraram tratamento nas unidades de saúde, dos
quais 133 (63,6%) participaram de todas as sessões
de terapia cognitivo-comportamental e 46 (22%)
pararam de fumar. Apesar do uso de medicamento não ser a primeira escolha no tratamento, foi
observado que 127 usuários (60,7%) necessitaram
do apoio medicamentoso. Quando o número de profissionais envolvidos no grupo é mais restrito, bem
como quando eles não se mantêm constantes nos
encontros, há uma diminuição na adesão ao tratamento. Além disso, o programa não está disponível
em todas as unidades básicas de saúde do território,
o que diminui o acesso dos usuários. Para a eficiente
condução dos grupos é recomendável que a equipe se
mantenha constante, caracterizando o vínculo com o
usuário; que se realize a divulgação do programa em
todo o território, identificando as unidades de saúde
que ofereçam o serviço, bem como a manutenção do
grupo de apoio entre STS e unidades de saúde, com
o objetivo de fortalecer o programa na região, identificando as fragilidades e reforçando as conquistas.
JUVENTUDE E DROGAS: O QUE PENSAM OS TÉCNICOS EM SAÚDE SOBRE O TRABALHO EM REDE
Letícia Andriolli Bortolai / Bortolai, L. A. / UFSCar; Brena Talita Cuel / Cuel, B. T. / UFSCar; Ana
Paula Serrata Malfitano / Malfitano, A. P. S. /
UFSCar;
Introdução: A problemática” das drogas tem sido
tema de ações políticas e sociais, sendo compreendida na sua complexidade, além da ordem individual.
Entretanto, a associação entre juventude e drogas
parte de uma dimensão voltada a questões individuais do uso, valores sociais e estigmas, tendo a
maioria das ações voltadas para o tratamento em
saúde, desconsiderando muitas vezes toda sua dimensão social. Objetivo: Identificar a compreensão
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
dos técnicos de saúde acerca das drogas, enfatizando
as estratégias de intersetorialidade e redes presentes no cuidado aos jovens. Métodos: A pesquisa foi
realizada em um município do interior do estado
de São Paulo, em cinco instituições de serviços
de saúde mental e com os gestores locais. Foram
entrevistados a coordenadora municipal de saúde
mental e os coordenadores de cada serviço. Aplicou-se também um questionário com os profissionais
de nível superior dos cinco serviços, totalizando
28. Resultados: Os questionários e as entrevistas
destacaram as diretrizes gerais da rede de atendimento, conforme o estabelecido pelo Ministério da
Saúde, enfatizando sua importância e citando outros
setores, pessoas e instituições que constituem a
vida de cada sujeito. Noventa e dois por cento dos
profissionais, disseram que há estratégias em rede
para a população em tela. Sobre a Rede de Atenção
Psicossocial (RAPS), os coordenadores destacaram
a sua presença, porém 71% dos servidores conhecem
a RAPS e 29% não. Além disso, 50% responderam
ter participado de alguma reunião, 43% não e 7%
optaram por não responder. Sobre o setor que deve se
responsabilizar pela atenção à questão das drogas,
admitindo-se múltiplas respostas, 79% enfatizaram
a saúde, 75% a educação, 64% a assistência social,
57% o desenvolvimento econômico e a justiça, 50% a
segurança pública e 18% apontaram outros fatores.
Nenhum setor foi 100% citado, demonstrando a divergência de opiniões e a necessidade de questionar
a atual política de combate às drogas. Conclusões:
Deve-se ampliar a discussão acerca das redes de
cuidado, não se restringindo ao setor saúde, buscando estratégias intersetoriais e interdisciplinares
para lidar com a questão. Necessita-se criar espaços
propícios para a discussão, tornando mais clara as
ações em curso e formas de ampliação. As políticas
sociais devem voltar-se para a atenção a quem faz
uso de drogas como uma questão social e compartilhada coletivamente.
O APOIADOR COMO UM DISPOSITIVO NO CUIDADO DE REDE AOS INDIVÍDUOS EM USO ABUSIVO
DE ÁLCOOL/DROGAS
Vanessa Caravage de Andrade / Andrade, V.C / Secretária de Saúde de São Bernardo do Campo; Rivane Montenegro Maia Santana / Santana, R.M.M.
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 21
/ Secretária de Saúde de São Bernardo do Campo;
Deise de Sá Bergamos Kuroiwa / Kuroiwa, D.S.B /
Secretária de Saúde de São Bernardo do Campo;
Introdução: No município de São Bernardo do
Campo, especificamente no Território de Saúde 8
(Demarchi, Batistini e Represa), vivenciávamos um
aumento crescente de indivíduos com uso abusivo
de álcool/drogas. Essa realidade levantou questionamentos diante do cuidado ofertado ao usuário e seus
familiares na rede. Objetivos: Proporcionar cuidado
integral a saúde desses indivíduos, considerando
que alguns estão à margem do seu ambiente familiar
e social. Exigindo ações articuladas e compartilhadas da rede: Estratégia Saúde da Família (ESF),
Centro de Atenção Psicossocial (Álcool/Drogas) e
Rede de Urgência/Emergência. Método: Durante
as reuniões da ESF surgiram diversas demandas
advindas do indivíduo em uso abusivo de álcool/
drogas, pois ingressavam em vários serviços da rede,
sendo acompanhados permanentemente pela ESF.
Isso propiciou discussão em relação às ofertas de
cuidado em saúde, que devem abranger as necessidades biopsicossociais. Desta maneira, o apoiador
em saúde que transita na rede identificou junto
aos gestores, trabalhadores e usuários os fatores
potencializadores e dificultadores nesse cuidado.
Nas situações de urgências clínicas os indivíduos
ingressam na Rede de Urgência/Emergência estando
suscetíveis ao cuidado e tendo maior compreensão
do adoecimento com possibilidade de adesão ao tratamento. Desta maneira, distante do seu contexto social somado a fragilidade decorrente de sua condição
de internação, desenvolvem resistência ao cuidado
dificultando a criação do vínculo, necessitando de
um manejo específico da equipe em saúde mental.
Este contexto demandava um novo arranjo da rede,
sendo o apoiador um dispositivo de conexões entre
os equipamentos, por meio das discussões de casos
entre os serviços, visitas dos profissionais do CAPS-AD na Rede de Urgência/Emergência e ESF para
a construção da atenção integral compartilhada e
responsável. Resultados e Conclusão: O uso abusivo
de álcool/drogas exige um cuidado integrado, e os
apoiadores por referenciarem um território de saúde
e transitarem na rede possibilitaram o vínculo entre as equipes, aproximando os serviços com seus
diferentes olhares e abordagens. O percurso dos
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
profissionais na rede gerou encontros que resultaram em visitas domiciliares conjuntas das equipes,
discussão de casos e elaboração do Projeto Terapêutico Singular. Assim, consideramos a interface
do apoiador na rede de saúde, como um disparador
na construção do cuidado compartilhado e integral.
O CAPS AD COMO PRIMEIRA ESCOLHA PARA
TRATAMENTO DA DEPENDÊNCIA DE ÁLCOOL
E OUTRAS DROGAS ENTRE USUÁRIOS SUS DE
BRASÍLIA – DF
Gabriela Arantes Wagner / Wagner, G.A. / Universidade Federal de São Paulo; Eduardo Yoshio
Nakano / Nakano, E.Y / Universidade de Brasília;
Maria de Nazareth Rodrigues Malcher de Oliveira Silva / Silva, M.N.R.M.O / Universidade de
Brasília; Benedikt Fischer / Fisher, B / Faculty of
Health Sciences, Simon Fraser University; Andrea
Donatti Gallassi / Gallassi, A.D. / Universidade de
Brasília;
Introdução: O acesso ao tratamento dos problemas
relacionados ao abuso e a dependência de drogas
é um desafio constante para os sistemas de saúde
no mundo, e no Brasil, não é diferente. Porém, o
conhecimento sobre as necessidades e barreiras
enfrentadas pelos usuários do Sistema Único de
Saúde (SUS) para o tratamento da dependência
ainda é escassa. Objetivos: Este estudo descreve
epidemiologicamente o papel do Centro de Atenção
Psicossocial álcool e drogas (CAPS-ad) na comunidade de Ceilândia, a maior Região Administrativa de
Brasília, Distrito Federal, no tratamento da dependência de drogas. Métodos: Foi realizado um estudo
transversal de 143 usuários do CAPS-ad Ceilândia,
participantes do projeto Caracterização quanto ao
acesso das pessoas em tratamento por problemas
relacionados ao uso de álcool e outras drogas: adesão
e evasão” desenvolvido pelo Centro de Referência
sobre Drogas e Vulnerabilidades Associadas da Universidade de Brasília e financiado pela Secretaria
Nacional de Políticas sobre Drogas - MJ. Os dados
foram obtidos a partir de um questionário misto
(quantitativo/qualitativo) sobre aspectos sociodemográficos, principais drogas utilizadas, tratamentos
anteriores, necessidades e barreiras para acesso
ao serviço, e tratamento ‘ideal‘ para dependência.
Resultados: A maior proporção dos indivíduos era
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 22
do sexo masculino (81%), com 30-49 anos de idade
(63%), desempregados (56%), casados (62%), com
escolaridade inferior ao ensino médio (60%), em
tratamento voluntário (88%). O álcool foi a principal
droga consumida (50%), seguida do crack (45%). O
CAPS-ad foi o primeiro episódio de tratamento da
maioria dos pacientes (46%), seguido de indivíduos
que já haviam estado em Comunidades Terapêuticas
(20%). Apenas 17% vieram de outros serviços SUS e
10% de Hospitais Psiquiátricos, sendo que 50% dos
indivíduos declararam desconhecimento sobre as
ofertas do SUS para o tratamento da dependência.
Conclusão: Os dados referem que quase a metade
dos usuários acessou pela primeira vez o tratamento
voluntário para dependência de álcool e outras drogas no CAPS-ad, com uma demanda importante de
dependência de álcool e crack. Poucos indivíduos
foram provenientes de outros serviços SUS, e os
que já haviam feito algum tratamento, relataram
ter realizado em serviço privado, o que demonstra
a necessidade de fortalecimento da rede de atenção
psicossocial e um direcionamento do cuidado baseado em evidências científicas e nas necessidades
das pessoas.
PARE DE FUMAR FUMANDO: RELATO DE UMA
EXPERIÊNCIA EM GRUPO NA ATENÇÃO BÁSICA-PRIMÁRIA EM CAMPINAS/SP
Mariana Rossi Avelar / Avelar, M. R. / Prefeitura Municipal de Campinas - Centro de Saúde Jd.
Ipaussurama; Rafaela de Oliveira Lisboa / Lisboa,
R. O. / Prefeitura Municipal de Campinas - Centro
de Saúde Jd. Ipaussurama; Vanderléia Pereira
Silva dos Santos / Santos, V.P.S. / Prefeitura Municipal de Campinas - Centro de Saúde Jd. Ipaussurama; Ana Aparecida Brigatti de Paula / Paula,
A.A.B. / Prefeitura Municipal de Campinas - Centro de Saúde Jd. Ipaussurama;
Na contemporaneidade, o uso de tabaco se mantém
enquanto importante problema de saúde pública,
destacando-se a elevação de seu uso nos países em
desenvolvimento. No Brasil, uma história diferente
se desenha a partir do momento no qual o Ministério
da Saúde aposta em medidas de prevenção e tratamento para com os usuários desta substância. Ao
articular parcerias com as Secretarias estaduais e
municipais, passam a vigorar, em diversos serviços,
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
programas específicos para essa população. Não foi
diferente no município de Campinas. Em janeiro de
2011, os funcionários do Centro de Saúde do Jardim
Ipaussurama, Unidade da Atenção Primária, foram
convidados à participar da capacitação teórica e
prática sobre tabagismo, oferecida pela UNICAMP.
Quatro profissionais da unidade integraram a atividade e logo iniciaram o grupo de tabagismo no
CS. Objetiva-se a cessação e prevenção de recaídas,
sendo que pode ser recomendado tratamento medicamentoso. O processo é dividido em duas fases:
motivacional e terapêutico. A procura pelo suporte
oferecido no grupo cresceu largamente, e ao final
do mesmo ano de início passou a ser oferecido um
novo horário. No ano de 2014, novos profissionais
foram capacitados pelo CRATOD e o serviço foi
contemplado com o recebimento gratuito das medicações utilizadas, que até então precisavam ser
adquiridas com recurso dos próprios usuários. Hoje
o grupo recebe, em média, 50 usuários por semana,
distribuídos entre os dois horários. A equipe multiprofissional que compõe a coordenação do grupo
figura-se enquanto aspecto central para o sucesso
do mesmo: agente de saúde, médico e profissional da
saúde mental (terapeuta ocupacional ou psicólogo,
integrantes da equipe, são um diferencial da Atenção
Primária em Campinas) participam de todos os encontros, enquanto outros técnicos permanecem na
retaguarda, como o farmacêutico. Além disso, existe
parceria entre Secretaria de Saúde e Universidade,
o que garante a participação de acadêmicos em formação em nosso grupo. Atuar com pessoas as quais
sofrem com o uso e dependência de substâncias
pode ser terreno arenoso, visto que isto configura-se
enquanto intenso sofrimento, inclusive pelo fato de
muitos dos usuários procurar ajuda por problemas
de saúde, decorrentes dos vários anos desta prática. Com o tempo e esforço da equipe, foi possível
especializar-se no cuidado e afirmar o acolhimento
dos participantes, oferecendo escuta qualificada e
empoderamento da pessoa enquanto figura ativa no
seu tratamento.
PERCEPÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE
SAÚDE SOBRE OS USUÁRIOS DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS
Fátima Ayres de Araujo Scattolin / Scattolin,
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 23
F.A.A. / PUC-SP; Larissa Sandy Carvalho Teles /
Teles, L.S.C. / PUC-SP; Emilene Hessel / Hessel, E.
/ PUC-SP;
Introdução: Os Agentes Comunitários de Saúde
(ACS) estão em contato direto e diário com os problemas relacionados ao uso e abuso de drogas lícitas e
ilícitas. Eles representam o elo entre a comunidade
e os serviços de saúde. Na condição de moradores
do bairro onde atuam mantém uma convivência
dinâmica com a realidade a sua volta. Objetivos:
conhecer o perfil dos ACS das USF do município de
Sorocaba; identificar a percepção e as formas de
intervenção desses profissionais com relação ao
uso e abuso de drogas no território. Metodologia:
Trata-se de um estudo exploratório de natureza
qualitativa. Foram utilizados como instrumentos
de coleta de dados: questionário de identificação
e perguntas abertas. A pesquisa foi aprovada pelo
Comitê de Ética da Faculdade de Ciências Médicas
e da Saúde da Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo (PUC-SP). Os dados foram analisados pela
técnica do Discurso do Sujeito Coletivo. Resultados:
Participaram do estudo 64 ACSs, 98,4% mulheres,
com média de idade de 36 anos, 85,9% casados. A
média de escolaridade foi de 11,2 anos de estudo, e
estavam na profissão em média há 4,7 anos. Os dados foram agrupados em 5 categorias: a droga é um
dos maiores problemas do bairro, a identificação do
usuário, as intervenções, o preparo/capacitação para
as intervenções. Conclusão: Os ACSs consideram o
tráfico de drogas como um dos maiores problemas
que atinge a sociedade. No entanto, sentem a falta
de capacitação para intervenções efetivas com os
usuários. As situações vivenciadas no cotidiano
de suas relações sociais e profissionais os levam a
representar o problema como um fenômeno ligado
à violência e ao medo, mas, entendem que as ações
devem ser desenvolvidas com a permissão e participação do usuário e que a postura do profissional deve
ser, primordialmente, compreensiva e inclusiva. A
percepção dos ACSs vem ao encontro do movimento
proposto pela Redução de Danos, ou seja, o sucesso
de uma intervenção não deve seguir a lei do tudo ou
nada”. Quando a abstinência não for uma alternativa
possível, é preciso buscar formas de reduzir os danos
e melhorar a saúde e a qualidade de vida dos usuários. Palavras-chave: Agente Comunitário de Saúde,
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Transtornos relacionados ao uso de substâncias,
Unidades Saúde da Família.
POLÍTICAS PÚBLICAS DE ATENÇÃO AO USUÁRIO
DE DROGAS E ATENÇÃO BÁSICA: UMA REVISÃO
DA LITERATURA
Karen Batista / Batista, K. / Fundação Municipal
de Saúde de Rio Claro e UFSCar; Bernardino Geraldo Alves Souto / Souto, B. G. A. / UFSCar;
Introdução: O uso abusivo de drogas permeia
questões de natureza sociocultural, ética, jurídica,
econômica e de saúde pública, o que demanda políticas assistenciais específicas. Objetivo: Discutir
as políticas brasileiras de saúde para usuários de
drogas e o envolvimento da atenção básica. Método:
Revisão narrativa da literatura contemplando leis,
portarias e artigos científicos da área. Resultados:
Até a década de 1990, o que havia eram práticas
repressoras, excludentes e institucionalizantes de
usuários de drogas. A Lei 10.216/2001 estabeleceu
que o objetivo terapêutico em saúde mental deve ser
a reinserção social do sujeito e a lei 11.346/06 descriminalizou o uso de drogas. Isso possibilitou a criação dos CAPS-AD e a adoção de práticas de cuidado
voltadas à reabilitação, à autonomia e à reinserção
social de usuários de drogas apoiadas pela Política
do Ministério da Saúde para Atenção Integral aos
Usuários de Álcool e outras Drogas instituída em
2004. Essa estratégia contempla a redução de danos e valoriza a articulação com a atenção básica.
Em 2011, a portaria ministerial 3088/1 instituiu a
Rede de Atenção Psicossocial e preconizou práticas
de cuidado territorializadas e controle social sobre
a assistência por parte dos usuários e familiares.
Tais propostas foram reforçadas pela Política Nacional de Atenção Básica de 2012 que atribuiu ao
nível primário a responsabilidade de também cuidar
de usuários de drogas em parceria com os CAPS-AD. A literatura discute que o uso de drogas não
deve ser compreendido fragmentado da realidade
onde vivem essas pessoas. Porém os estudos têm
mostrado que os profissionais da atenção básica se
sentem despreparados e suas atuações e concepções
se limitam a encaminhamentos e aconselhamentos superficiais, associação do uso de drogas com
práticas anti-sociais, crença no combate ao tráfico
via ação policial, responsabilização do usuário por
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 24
sua recuperação, expectativa de abstinência como
possibilidade terapêutica, estigma e exclusão do
usuário. Em contraposição, em 2013, o projeto ministerial Caminhos do Cuidado ofereceu qualificação
em saúde mental para todos agentes comunitários
de saúde, técnicos e auxiliares de enfermagem da
atenção básica. Conclusão: A sociedade vem qualificando sua visão sobre uso de drogas nos últimos
15 anos e instituiu estratégias para o acolhimento
humanizado de usuários de drogas, onde a atenção
básica de saúde ganhou destaque para a reabilitação
psicossocial desses sujeitos.
RELATOS DE INTERNOS POR ABUSO DE DROGAS
DURANTE O PERÍODO DE INTERNAÇÃO
Maria de Lima Salum e Morais / Morais, M.L.S. /
Instituto de Saude; Tereza Etsuko da Costa Rosa
/ Rosa, T.E.C; / Instituto de Saude; Marisa Feffermann / Feffermann, M. / Instituto de Saude;
Carlos Tato Cortizo / Cortizo, C.T. / Instituto de
Saude; Siomara Roberta de Siqueira / Siqueira,
S.R. / Instituto de Saude;
Objetivo. O trabalho visou a verificar a percepção
de pessoas internadas em hospitais e comunidades
terapêuticas por uso problemático de drogas acerca
de sua relação com as substâncias, assim como sua
avaliação da internação atual e de efeitos de internações passadas. Método. A abordagem do estudo foi
qualitativa, mediante entrevistas semiestruturadas
com 18 pessoas internadas (12 homens e seis mulheres) em Hospitais Gerais (HG) e Especializados
(HE) e em Comunidades Terapêuticas (CT) situados
em diferentes regiões do estado de São Paulo. A
idade dos entrevistados variou de 18 a 52 anos, e a
faixa etária predominante foi de 30 a 36 anos. Ter
ao menos uma internação anterior foi requisito para
que a pessoa fosse incluída no estudo. Resultados.
Constataram-se tanto internações voluntárias quanto aquelas por iniciativa das famílias – compulsórias
(mediadas pelo Judiciário) ou não. Em geral, os entrevistados referiram o uso de múltiplas drogas, de
acordo com a disponibilidade e facilidade de acesso
às substâncias. Passados os primeiros dias de internação, independentemente do local em que estavam
internados, relataram sentir-se protegidos pelo fato
de estarem afastados do contato com a droga. Referiram alternâncias entre períodos de abstinência e de
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
recaídas após internações anteriores. Verificaram-se
relatos de sentimentos de vergonha e incapacidade
pelo fato de não conseguirem lidar com a adição
nem superá-la sem ajuda. As principais diferenças
observadas entre as internações em HGs, HEs e CTs
foram o período de permanência, mais curtos em
HG e em HE, a falta de tratamento psiquiátrico e a
proibição de visitas nas CTs. Nestas, o procedimento
habitual é um programa de base espiritual, sendo a
manutenção da limpeza e preparo da alimentação
dever dos internos, sob a denominação de laborterapia. Os internos em HE (todos filantrópicos e
espíritas) também referiram atividades religiosas
na rotina. A maioria dos internos valorizava muito
a terapia ocupacional como meio de expressão e de
ocupação. Nem todas as instituições tinham como
rotina encaminhar os egressos para tratamento
ambulatorial especializado em seu território de
moradia e fazer qualquer tipo de acompanhamento
dos egressos. Conclusões. Embora necessárias em
momentos de crise mais duradoura, as internações
não se revelaram eficazes como tratamento para a
recuperação da drogadição nem paras a (re)inserção
social dos internos, tendo sido principalmente um
meio de afastá-los do contato com as drogas.
REPRESENTAÇÃO SOCIAL E PREVALÊNCIA DO TABAGISMO EM MULHERES PROFISSIONAIS DO SEXO
Ligia Lopes Devóglio / Devóglio, L.L. / Faculdade
de Medicina de Botucatu - UNESP; Maria Helena
Borgato / Borgato, M.H. / Faculdade de Medicina
de Botucatu - UNESP; Ilda de Godoy / Godoy, I. /
Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP;
Introdução: Atualmente, o tabagismo deixou de ser
considerado um hábito e passou a ser visto como
uma doença, uma epidemia, que pode ser completamente evitável. Conhecer o perfil dos usuários
é fundamental para planejar ações de prevenção
mais eficazes em determinadas populações, como
é o caso das profissionais do sexo (PS). Objetivo:
Analisar a Representação Social do tabagismo para
as mulheres profissionais do sexo e sua prevalência.
Métodos: Estudo descritivo desenvolvido em duas
etapas (etapa I – estudo quantitativo; etapa II – estudo qualitativo). Participaram do estudo as mulheres
PS que atuam no município de Botucatu (SP). Foram
aplicados os formulários referentes à etapa I em 83
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 25
mulheres PS e referente à etapa II, foram realizadas
entrevistas semi-estruturadas apenas com as mulheres tabagistas, correspondendo a 59 mulheres. Os
dados foram sistematizados pelo Discurso do Sujeito
Coletivo e o referencial teórico utilizado foi a Teoria
das Representações Sociais. Resultados: A idade
média foi de 26,8 anos, 94% vivem sozinhas, entre as
participantes 71,1% são fumantes e 6% ex-fumantes,
89,2% fazem uso de bebida alcoólica e 51,8% fazem
uso de algum tipo de droga. Das entrevistas, emergiram quatro categorias: 1) Representação Química e
Psicológica do Tabagismo: Foram incluídas as falas
que se referiram sobre as relações entre a dependência gerada pelo cigarro, a sensação de prazer e
de abstinência e os aspectos psicológicos, o cigarro
visto como forma de alívio em diversos sentimentos
e a sensação de controle sobre a dependência. 2)
Representação Social do Tabagismo: A convivência
com fumantes, o uso de bebida alcoólica e drogas
ilícitas, como fatores que influenciam o consumo,
o cigarro como um companheiro e aliado na perda
de peso. 3) Contradições entre o tabagismo e a profissão: Falas contraditórias sobre a influência da
profissão no consumo do tabaco. 4) Contradições
do consumo do tabaco: Engloba fatores positivos
e negativos sobre o cigarro, que podem auxiliar a
cessação, a representação de sucesso seguida da
dependência e o dinheiro gasto com o consumo.
Conclusão: As representações sociais do tabaco em
profissionais do sexo se mostram relacionadas, em
primeiro momento à construção de uma prática de
sucesso, historicamente construída, assim como
favorecidas por aspectos inerentes ao estilo de vida
das PS, como ansiedade, tristeza, uso abusivo de
drogas ilícitas e álcool.
USO ABUSIVO DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS:
ESTRATÉGIAS DA EXPERIÊNCIA BRASILEIRA QUE
PODEM SER ADAPTADAS PARA A REALIDADE DE
CABO VERDE
Dulce de Jesus Pires Correia / Correia, D.J.P. / UNICV - Universidade de Cabo Verde; Odete Andrade
Mota / Mota, O.A. / UNICV - Universidade de Cabo
Verde; Patricia Rodrigues Sanine / Sanine, P.R. /
UNESP; Elen Rose Lodeiro Castanheira / Castanheira, E.R.L. / UNESP;
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Caracterização do Problema: A Cidade da Praia,
capital de Cabo Verde/África, tem como um dos
desafios na atenção à saúde o uso abusivo de alcool
e outras drogas. Os serviços de atenção primária, a
principal rede de atenção à saúde já instalada, precisa desenvolver estratégias e novas tecnologias de
como abordar esse problema, uma vez que a organização dos serviços de Saúde Mental é incipiente. A
expeiência relatada a seguir fez parte do Programa
de mobilidade internacional entre universidades de
países de língua portuguesa (CAPES AULP) com a
participação de estudantes e docentes da Universidade Estadual Paulista/UNESP e da Universidade de
Cabo Verde/UNI-CV. Descrição: A missão de estudo
composta por docentes e graduandos do curso de
Enfermagem da UNICV ocorreu entre abril e maio
de 2015, em Botucatu/SP/ Brasil, com apoio e supervisão de equipe da Saúde Coletiva da UNESP. As
atividades foram: visitas, entrevistas e participações
supervisionadas em serviços de Saúde Mental dirgidos ao tratamento e desintoxicação de síndromes
de abstinência, adesão ao tratamento e reinserção
social e familiar de pessoas com dependência ao
uso de alcool e outras drogas. Lições Aprendidas: as
entrevistas e participações em serviços como: CAPS-AD, SARAD, ambulatório de álcool da FMB|UNESP,
e associações e oficinas terapêuticas municipais,
estaduais e de ONG, permitiram conhecer a organização de uma rede assistencial em saúde mental,
e vivenciar o valor da comunicação entre os vários
serviços e níveis de atenção, ultrapassando os limites do atendimento hospitalocêntrico. A experiência
com diferentes modalidades de atenção em grupo,
oferecendo aos participantes a oportunidade de criar
espaços de convivência, favoreceu o aprendizado
de técnicas que abordam desde reflexões com partilha de experiencia, até de incentivo a inclusão no
mercado de trabalho, formal ou informal. Além dos
benefícios das atividades em grupo, essa abordagem
diferencia-se pela capacidade de comunicação entre
profissional/utente, e por exigir poucos recursos
materiais, requerendo recursos humanos capacitados como principal investimento. Recomendações:
Apesar da necessidade de adaptações e capacitação
de profissionais, a vivência adquirida favoreceu
aprendizados e a percepção de que há estratégias
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 26
passíveis de serem aplicadas nos serviços de atenção primária de Cabo Verde, além da implantação
de serviços especializados no cuidado integral e
continuado do uso abusivo de álcool e outras drogas.
VIOLÊNCIA E VULNERABILIDADE DE MULHERES
QUE ABUSAM DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS
Flávia de Castro Caixeta; Yonara Vieira Silva; Roselma Lucchese / Caixeta, F.C.; Silva, Y.V.; Luchese,
R. / Universidade Federal de Goiás;
INTRODUÇÃO Mulheres com um histórico de violência podem abusar de drogas, no intuito de minimizar
conflitos e sofrimentos decorrentes de maus-tratos.
O uso de drogas é um hábito que sobrepõe as chances
de tornar-se vítima, como também agressor. A vulnerabilidade pode ser encontrada nos riscos de danos
à saúde causados pela dependência química, que
são exacerbados por fatores ambientais e sociais.
OBJETIVO Descrever os tipos de violência vivida pela
mulher dependente química e seu envolvimento em
atividades que maximizam a vulnerabilidade. MÉTODO Estudo descritivo, realizado em uma clínica
feminina de reabilitação em dependência química
situada no Centro-Oeste do Brasil. Foram realizadas
31 entrevistas com mulheres que estavam sob regime
de internação, as quais foram gravadas e transcritas
na íntegra, passaram por análise de conteúdo, modalidade temática. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de
Goiás. RESULTADOS Das 31 mulheres entrevistadas,
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
29 são usuárias de drogas lícitas e ilícitas. Referir
cor branca prevaleceu 45%, a idade média foi de 31
anos, ensino médio completo e incompleto tiveram
22,5%. Quanto a violência infantil, 61% relataram,
destas, 84% sofreram violência física, 63% violência
psicológica e 42% violência sexual. Todas sofreram
violência na fase adulta, sendo que 93% violência
física, 90% violência psicológica e 42% violência sexual. Quanto a exposição aos riscos, 80% relataram
a prática de venda ou troca de sexo por drogas, 26%
ideação/tentativa de suicídio, 58% envolvimento
com furto/roubo/assalto, 6% praticaram homicídio,
32% tráfico de drogas e, 55% agressão a terceiros.
CONCLUSÃO A mulher que abusa de álcool e outras
drogas está exposta a violência de natureza física,
sexual e psicológica. Relatando um histórico de
violência desde a infância que se perpetua e agrava
na fase adulta, em decorrência da dependência
química e da submissão ao agressor. As vivências
destas mulheres, aumentam a sua vulnerabilidade,
visto que não há um equilíbrio entre os fatores de
risco e os fatores de proteção. As habilidades que
as elas desenvolveram em busca de se adaptarem
ou enfrentarem as situações vivenciada no âmbito
do abuso de drogas são frágeis e, não exercem uma
real proteção. A manutenção da droga de preferência
conduz aos caminhos da violência, passando por
maus-tratos sexuais, psicológicos, físicos, tráfico,
exploração de serviços, que resultam em efeitos
negativos sociais e de saúde.
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 27
Alimentação e Nutrição
A PROMOÇÃO DA ALIMENTAÇÃO ADEQUADA E
SAUDÁVEL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE POR
MEIO DE GRUPOS EDUCATIVOS: A IMPORTÂNCIA
ATRIBUÍDA PELOS USUÁRIOS
Fernanda Werbicky de Carvalho / CARVALHO, F.W.
/ USP; Kellem Regina Rosendo Vincha / VINCHA,
K.R.R. / USP; Ana Maria Cervato-Mancuso /
CERVATO-MANCUSO, A.M. / USP;
Introdução: Dentre os temas prioritários da Promoção da Saúde (PS) encontra-se o incentivo de ações
que promovam a alimentação adequada e saudável.
Essa promoção é enfatizada na Atenção Primária à
Saúde (APS) dado seus princípios de integralidade,
territorialização e participação social, os quais também estão na PS. As ações promotoras de saúde são
reconhecidas pelos profissionais da saúde nos grupos educativos. Assim, tem-se verificado o aumento
da prática de grupos que abordam a alimentação e
nutrição dentro da APS. Objetivo: Analisar a importância que os participantes dos grupos educativos,
que abordam alimentação e nutrição, atribuem para
a ação, segundo a percepção dos profissionais da
saúde. Métodos: Trata-se de uma pesquisa descritiva à luz da abordagem qualitativa, conduzida na
cidade de São Paulo. A coleta de dados deu-se por
meio de entrevistas semiestruturadas realizadas
com profissionais da saúde da APS, coordenadores
de grupos educativos, sendo essas gravadas e transcritas. Foram entrevistados 22 profissionais, durante
o período de março de 2013 a julho de 2014. Para a
análise foi utilizada a técnica do Discurso do Sujeito
Coletivo. Resultados: Neste estudo, destacam-se 5
Ideias Centrais (IC) da percepção dos profissionais
em relação à importância que os participantes dos
grupos atribuem a ação: (1) espaço de participação
e pertencimento a um grupo; (2) mudança na saúde
resultante do vínculo e troca de experiências entre
os participantes; (3) acesso à informação que pode
resultar em mudança e/ou controle de doença; (4)
acesso a medicamentos, exames e consultas médicas; (5) não dão importância aos grupos. Verifica-se
que as duas primeiras IC remetem o grupo como uma
prática social, na qual os participantes são atores da
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
ação, o que vai ao encontro da Promoção da Saúde.
Já a terceira e quarta IC atribuem o grupo como um
espaço de troca, da presença do participante por
informação de saúde, insumo ou consulta individual. E a última IC traz a desvalorização dos espaços
coletivos, pelos usuários, segundo os entrevistados,
que pode estar relacionada com a abordagem utilizada e a organização do serviço para este cuidado.
Conclusão: Averígua-se, por meio das IC destacadas,
que quando os grupos educativos são conduzidos
por abordagens que vão ao encontro da Promoção
da Saúde alcança-se resultados, como as mudanças
na saúde dos participantes, favorecendo o empoderamento comunitário e a autonomia dos usuários.
ALGUMAS PERSPECTIVAS PARA ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA OBESIDADE PEDIÁTRICA: REVISÃO
INTEGRATIVA DE LITERATURA
Willian Ferraz Fiorentino / Fiorentino, W. F /
Universidade Paulista; Maria Fernanda Pereira
Gomes / Gomes, M. F. P. / Escola de Enfermagem
da Universidade de São Paulo; Lislaine Aparecida
Fracolli / Fracolli, L. A. / Escola de Enfermagem da
Universidade de São Paulo; Andréia Minervino dos
Santos / Santos, A. M. / Universidade Paulista;
A obesidade é definida como um distúrbio nutricional e metabólico caracterizado pelo aumento
de massa adiposa no organismo, refletindo em um
aumento de peso corpóreo, foi considerado pela
Organização Mundial da Saúde como a epidemia
do século XXI. Todos os esforços desenvolvidos têm
sido ineficazes na reversão desta tendência. Tanto
a prevalência como a gravidade do sobrepeso tem
aumentado de forma exponencial em todo o mundo. Crianças obesas permanecem adultos obesos
e mães obesas programam seus filhos para serem
obesos. A obesidade representa uma das maiores
ameaças para a longevidade humana. Considerando
que a obesidade pediátrica é um problema de saúde
pública importante e que a enfermagem precisa
conhecer melhor este fenômeno, esta pesquisa tem
como objetivo identificar os principais fatores que
o enfermeiro deve saber para cuidar da obesidade
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 28
pediátrica. O método de pesquisa utilizado foi à revisão integrativa de literatura. A busca bibliográfica
foi realizada na base de dados da Biblioteca Virtual
em Saúde (BVS) utilizando o Descritor em Ciências
da Saúde: Obesidade Pediátrica” no dia 05/09/2014.
As Bases de Dados encontradas e indexadas na
BVS que possuem publicações nesta temática no
Desenvolvimento desta pesquisa foram: Literatura
Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
(LILACS); Base de Dados de Enfermagem (BDENF)
e Index Psi Periódicos Técnico-Científicos. Foram
encontrados 887 resultados, publicados no período
entre 1966 e 2014, dos artigos encontrados 13 foram
selecionados para compor a síntese. Neste estudo
destacam-se duas categorias de informações: 1)
Percepção e importância dos familiares no controle
e prevenção da obesidade; 2) Maus hábitos de vida,
obesidade infantil e doenças crônico-degenerativas.
As principais causas da obesidade infantil são os
hábitos alimentares inadequados conduzidos pelos familiares, falta de atividade física e a prática
alimentar do Brasil contemporâneo. Diante desta
problemática, notou-se que o profissional de Enfermagem é uma pessoa dotada de possibilidades
no sentido de evitar que a obesidade prevaleça na
fase adulta. Para isso deve-se atuar com atividades
preventivas, juntamente com a família, no propósito de implementar parcerias com os membros da
mesma, voltados à aquisição de saudáveis hábitos
alimentares.
AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA DE GESTANTES
USUÁRIAS DOS SERVIÇOS PÚBLICOS DE SAÚDE
EM SANTO ANTÔNIO DE JESUS – BA
Géssica Santana Orrico / Orrico, G.S / Universidade Federal do Recôncavo da Bahia; Josicélia
Estrela Tuy Batista / Batista, J.E.T / Universidade Federal do Recôncavo da Bahia; Ana Claudia
Morais Godoy Figueiredo / Figueiredo, A.C.M.G.
/ Universidade de Brasília; Edla Carvalho Lima
Porto / Porto, E.C.L. / Universidade Estadual de
Feira de Santana; Rodolfo Macedo Cruz Pimenta /
Pimenta, R.M.C. / Universidade Estadual de Feira
de Santana; Thainara Toletino Oliveira / Oliveira,
T.T / Universidade Federal do Recôncavo da Bahia;
Saulo Wesley Silva Lessa Vilasboas / Vilasboas,
S.W.S.L, / Universidade Federal do Recôncavo da
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Bahia; Isaac Suzart Gomes Filho / Gomes-Filho,
I.S. / Universidade Estadual de Feira de Santana;
Simone Seixas da Cruz / Cruz, S.S. / Universidade
Federal do Recôncavo da Bahia;
Introdução: A antropometria é utilizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a caracterização do estado nutricional de uma pessoa, sendo
o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) um
dos métodos mais empregados. O método de Atalah
verifica o IMC através da idade gestacional, possibilitando análises relacionadas tanto à nutrição
materna, quanto neonatal. Objetivos: O objetivo
desse estudo transversal foi estimar a prevalência
da inadequada condição nutricional materna e
identificar seus fatores associados entre gestantes
atendidas em unidades de saúde da Atenção Básica
de Santo Antônio de Jesus-Bahia. Método: Participaram da pesquisa 175 gestantes, de 12 a 45 anos, com
período gestacional entre 8 a 32 semanas. A coleta
foi realizada através da aplicação de questionário,
seguida da verificação de medidas antropométricas
e cálculo do IMC, realizado de acordo com os critérios de Atalah, posteriormente, essa medida foi
classificada como adequada ou inadequada. Foram
utilizados os prontuários e/ou o cartão da gestante
para coleta de outras informações não respondidas
pela gestante. Resultados: Dentre as participantes
do estudo, 57,14% apresentaram IMC inadequado.
Foi observado que a proporção de gestantes com esse
desfecho foi maior em mulheres com as seguintes
características: idade inferior a 18 anos ou maior de
35 anos (55,56%); raça/cor preta ou parda (57,52%);
nível de escolaridade inferior a 8 anos de estudo
(60,87%); renda familiar menor ou igual a um salário mínimo (60,53%). O tabagismo apresentou-se
como fator associado ao IMC inadequado (Razão de
Prevalência = 1,42 , para um intervalo de confiança de
95% [1,11 – 1,83]; p valor= 0,006). Outras co-variáveis
estudadas não apresentaram associação estatística
com o desfecho em questão. Conclusão: Os resultados dessa investigação indicam alta frequência
de IMC inadequado entre as gestantes, além de
evidenciar a associação entre o hábito de fumar e o
desfecho estudado.
CRIANÇA NÃO GOSTA DE ALIMENTOS SAUDÁVEIS
VERDADE?
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 29
Livia Casagrande Salvador / Salvador, L. C. / Unicamp; Maria Carolina S. Mendes / Mendes, M. C. S.
/ Unicamp;
Introdução: A dieta brasileira vem se modificando
nas ultimas décadas, afetando inclusive as crianças,
que estão consumindo cada vez mais doces, refrigerantes e alimentos fritos, e menos frutas, verduras e
legumes. Estão entre os cinco principais fatores de
risco para a carga global de doença o baixo consumo
de frutas e hortaliças, as quais constituem parcela
importante da composição de uma dieta saudável.
Sabe-se que hábitos saudáveis desde a infância
podem melhorar a expectativa e qualidade de vida.
Levando-se em consideração o aumento da prevalência da obesidade em idades cada vez mais precoces
e a qualidade da dieta brasileira atual, percebe-se a
necessidade de estudos sobre o consumo de alimentos considerados saudáveis por crianças. Objetivos:
Avaliar a aceitação de frutas e hortaliças por crianças em idade escolar e relacionar á frequência de seu
consumo. Métodos: Realização de atividade gustativa em sala de aula com crianças de 6 a 12 anos de
uma escola pública de Campinas-SP. Utilizando um
questionário com escala hedônica mista elaborada
pela pesquisadora foram oferecidos dois legumes
(tomate e beterraba) e duas frutas (mamão e caqui) a
cada aluno. Além da classificação de cada alimento,
as crianças deveriam marcar quais desses alimentos
consumiam frequentemente. Resultados: Houve
uma boa aceitação destes alimentos pelas crianças
embora seu consumo em casa fosse escasso. Os
alimentos mais bem aceitos foram os que estão
mais presentes na dieta das crianças. Conclusões:
Através deste trabalho observamos que ao contrário
do que muitos pensam, as crianças gostam de comer
alimentos saudáveis, só precisam de incentivo e
acesso a estes. Modificações positivas nos hábitos
de vida do individuo em idade escolar, como corrigir
hábitos alimentares errados e incentivar a pratica
de atividade física podem gerar mudanças que vão
repercutir ao longo de toda vida. Referências: De
Fragas Hinnigi, P., & Bergamaschi, D. P. Itens alimentares no consumo alimentar de crianças de 7
a 10 anos. Rev Bras Epidemiol, 15(2), 324-34. 2012.
Carvalho, A. P. D., Oliveira, V. B. D., & Santos, L. C. D.
Hábitos alimentares e práticas de educação nutricional: atenção a crianças de uma escola municipal
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
de Belo Horizonte, Minas Gerais. Pediatria (São
Paulo),32(1), 20-7; 2010. Who. Preventing Chronic
Diseases. A Vital Investment: WHO Global Report.
Geneva: World Health Organization, 2005. pp 200.
CHF 30.00. ISBN 92 4 1563001
EDUCAÇÃO EM SAÚDE: UM DESAFIO NA ATENÇÃO
BÁSICA
Inara Julian Gato de Morais / Morais, I.J. G. /
UNOESTE; Gabriela Furquim Caseiro / Caseiro, G.
F. / UNOESTE; Giovanna Marin Lesse / Marin, G.
L. / UNOESTE; João Victor Fuzeta Peres / Peres, J.
V. F. / UNOESTE; Lucas José Bressani de Oliveira
/ Oliveira, L. J. B. / UNOESTE; Nathália Nishiyama
Tondelli / Tondelli, N. N. / UNOESTE; Renan Serafim / Serafim, R. / UNOESTE;
Obesidade é uma doença crônica caracterizada por
acúmulo de gordura corporal, gerada por desequilíbrio energético e influenciada por fatores genéticos
e ambientais, sendo diagnosticada e classificada segundo o Índice de Massa Corporal (IMC). Os fatores
de promoção e prevenção á obesidade incluem estilo
de vida, alimentação saudável e atividade física, que
atenuam o risco de doenças cardiovasculares. Por
conta do grande aumento dessa doença na sociedade,
foi detectado sobrepeso e obesidade em usuários
atendidos em uma ESF e proporcionado prevenção
dos fatores de risco através de reeducação alimentar
por meio do planejamento estratégico situacional
(PES). Este relato demonstra ações educativas com
a população atendida na ESF, enfocando presença
de sobrepeso e obesidade. Os participantes foram
escolhidos por meio da territorialização e visitas
dos agentes comunitários de saúde (ACS). As atividades ocorreram em 04 encontros que abordaram:
alimentação saudável, diferenças entre diet e light,
rotulagem, confecção de sal de ervas e atividade
física. As ações foram realizadas por acadêmicos
previamente treinados e por nutricionista, com aferição de pressão arterial, cálculo de IMC e medida de
circunferência abdominal. De acordo com as necessidades de cada usuário foi oferecido um plano alimentar personalizado, sendo acompanhado a cada
encontro. No primeiro encontro, compareceram 25
integrantes dos quais 12 eram obesos (48%), 02 com
sobrepeso (8%) e 10 pessoas com IMC normal (40%).
Na segunda reunião compareceram 17 pessoas das
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 30
quais 09 eram obesas (53%), 01 com sobrepeso (6%)
e 07 com peso ideal (41%). Já na terceira, compareceram 11 participantes, 07 são obesos (64%) e 04 (36%)
apresentam peso normal. Ocorreu ainda um quarto
encontro com a presença de 15 integrantes. Devido
a heterogeneidade e frequência dos participantes
comparou-se impacto das atividades em relação ao
primeiro encontro, onde 13 pessoas apresentaram
redução do peso corporal (52%) e 02 ganharam peso
(8%), ou seja, as ações foram efetivas. O presente
trabalho proporcionou educação da população e
melhora da qualidade de vida, evidenciados pela
redução de peso e pelas avaliações dos profissionais
da unidade. E além disso, troca de experiências entre
a unidade e usuários, evidenciando o vínculo dos
usuários. Sendo assim, este grupo terá continuidade proporcionada por outros acadêmicos que irão
integrar a ESF no próximo semestre.
ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS INDÍGENAS
NO BRASIL
Tainara Angélica Matsui Arakaki Dias / Dias,
T.A.M.A. / UFGD; Thalise Yuri Hattori / Hattori,
T.Y. / UNEMAT; Josué Souza Gleriano / Gleriano,
J.S. / UNEMAT; Ana Cláudia Pereira Terças / Terças, A.C.P. / UNEMAT; Vagner Ferreira do Nascimento / Nascimento, V.F.N / UNEMAT; Angélica
Pereira Borges / Borges, A.P. / UNEMAT; Juliana
Benevenuto Reis / Reis, J.B. / UNEMAT; Maria
Cristina Corrêa de Souza / Souza, M.C.C. / UFGD;
A situação alimentar e nutricional dos povos indígenas brasileiros têm sido apontada como um dos
temas prioritários das investigações que buscam
reduzir a mortalidade infantil. Os estudos relacionados à avaliação nutricional são fundamentais
na compreensão do papel exercido pelos fatores
sócio-ambientais sobre as condições de vida, saúde
e nutrição destes povos. Objetivou-se-se analisar
os artigos com a temática estado nutricional das
crianças indígenas menores de cinco anos no Brasil
na última década. Tratou-se de uma pesquisa descritiva, de revisão sistemática da literatura. Foram
utilizados como bases de dados bibliográficos da
BVS sendo elas: SCIELO, LILACS, MEDLINE além
do banco de dados da PUBMED. Foram utilizados
para as buscas os seguintes descritores: Nutritional Status, Nutrition Assessment, Anthropometry,
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Malnutrition, Child Nutrition Disorders, Nutrition
Disorders, Deficiency Diseases e Anemia combinados com descritores referentes a povos indígenas:
Indigenous Population, Indians, Native People e
South American Indians com a utilização do booleano OR ou AND. Os critérios de inclusão foram:
disponibilidade de consulta de artigos através da
web na íntegra, publicados na última década (20012011), no idioma português ou inglês e que fossem
estudos com desenhos do tipo coorte, longitudinal e
transversal. Os sujeitos analisados foram crianças
de zero a cinco anos avaliadas por meio de medidas
antropométricas. Foram excluídos as teses, dissertações e revisões de literatura bem como os artigos
que se repetiram nas diferentes bases de dados ou
mesmo aqueles repetidos quando as palavras chaves foram variadas. Observou-se que ao longo dos
últimos anos houve um aumento nas publicações
de artigos científicos com a população indígena no
Brasil, evidenciando a importância e o interesse de
estudiosos da área da saúde sobre a temática. Este
fato pode ser devido os dados alarmantes de déficits
nutricionais em relação ao índice estatura/idade e
peso/idade bem como uma alta prevalência de anemia que trouxeram como consequência, grandes
índices de morbimortalidade, principalmente entre
as crianças menores de cinco anos. Os estudos apresentados foram pontuais e específicos (etnia, tempo)
sendo necessário a realização de mais estudos que
busquem mais informações para poder subsidiar
discussões sobre o estado de saúde dessa população
e orientar o planejamento de ações específicas para
a melhoria da saúde e prevenção dos riscos nutricionais e infecciosos.
GRUPO EMAGRECENDO COM SAÚDE: RELATO DA
EXPERIÊNCIA DA INTERVENÇÃO NUTRICIONAL NA
ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA EM ITAIPULÂNDIA- PARANÁ
Silvane Groth lange / Lange, S.G. / Prefeitura Municipal de Itaipulândia; Patricia Trevisan / Trevisan, P. / Prefeitura Municipal de Itaipulândia;
Em decorrência das recentes mudanças no padrão
de consumo alimentar, caracterizado por uma dieta
rica em alimentos de alta densidade energética,
com alto consumo de gorduras e açucares e baixo
consumo de frutas, verduras e legumes, tem sido
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 31
observado um aumento na prevalência da obesidade
e de outras doenças crônicas não transmissíveis
(Philippi et al, 2009). Nesse sentido o setor de nutrição verificou a necessidade de oferecer a oportunidade de mudança de hábitos alimentares e de
vida, redução de peso e controle de doenças crônicas
não transmissíveis através do Grupo Emagrecendo
com Saúde. Foram realizados encontros semanais
e quinzenais durante três meses, com um grupo de
20 pessoas, contando com o apoio de uma equipe
multiprofissional (nutricionistas, fonoaudióloga,
psicóloga, estagiaria de psicologia, dentista, fisioterapeuta, educador físico, técnica de enfermagem
e médico). Em cada encontro foi realizada avaliação
nutricional, aferição de pressão arterial, teste rápido
de glicemia e alongamentos. Foram abordados temas
relacionados à reeducação alimentar e mudança no
estilo de vida. Este projeto vem sendo desenvolvido
desde o inicio de 2014 no Município de Itaipulândia/
PR na atenção básica. Os resultados encontrados
demonstraram redução de peso nos quatro grupos:
no primeiro grupo obteve-se uma redução de 5,4 kg/
pessoa, representando 6,1% do peso médio inicial,
no segundo grupo a redução foi de 2,7 kg/ pessoa,
representando 3,4 % do peso médio inicial, no terceiro grupo a redução foi de 4,1 kg/pessoa sendo
5,1% do peso médio inicial e no quarto grupo houve
uma redução de 5,5 kg/pessoa representando 6,1
% do peso médio inicial. Considerando o conjunto
de dados obtidos sugere que houve uma melhora
significativa no que tange ao controle da pressão
arterial, glicemia, além da redução objetiva do peso e
mudança no consumo alimentar. Todos os pacientes
declararam-se muito satisfeitos com a metodologia
de trabalho, indicando um resultado positivo da intervenção nutricional, independente do fator tempo.
Conclui-se que o Projeto Emagrecendo com Saúde
têm alcançado resultados satisfatórios e deve ser
contínuo, conforme sugestão da literatura, até que
estejam consolidados todos os aspectos que envolvem o tratamento e a manutenção do peso.
HIPOVITAMINOSE A MATERNA EM GESTANTES
EM GESTANTES DE SANTO ANTONIO DE JESUS-BA
Isa Matos Costa Vilas Boas / Vilas Boas, I.M.C
/ UFRB; Géssica Santana Orrico / Orrico, G. S. /
UFRB; Josicélia Estrela Tuy Batista / Batista, J. E.
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
T. / UFRB; Ludineia Lirio Barreto / Barreto, L. L. /
UFRB; Edla Carvalho Lima Porto / Porto, E. C. L. /
UEFS; Rodolfo Macedo Cruz Pimenta / Pimenta, R.
M. C. / UEFS; Ana Claudia Morais Godoy Figueiredo / Figueiredo, A. C. M. G. / UNB; Isaac Suzart
Gomes Filho / Gomes-Filho, I. S. / UEFS; Simone
Seixas da Cruz / Cruz, S. S. / UFRB;
Introdução: A deficiência de vitamina A (DVA) é definida quando as concentrações desse nutriente, nos
tecidos, são suficientemente baixas para produzir
consequências adversas à saúde. Tais carências dietéticas podem ter consequências ainda, mais graves
no período gestacional e de lactação. Objetivos: O
presente estudo tem como objetivo estimar a prevalência e os fatores associados de hipovitaminose A,
em gestantes usuárias de serviços públicos de saúde,
em Santo Antônio de Jesus – BA. Método: Estudo
transversal desenvolvido com 76 gestantes acompanhadas em Unidades de Saúde da Família que fazem
assistência pré-natal no município supracitado. As
gestantes foram classificadas quanto a presença de
DVA pela dosagem do retinol sérico, de acordo com
o critério da Organização Mundial de Saúde (OMS)
que considera o valor do retinol sérico menor que
0,20 mg/L. A coleta de dados incluiu a aplicação de
um formulário e posterior coleta de sangue para
dosagem de retinol sérico. A pesquisa foi aprovado
pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Estadual de Feira de Santana, conforme determinação da Resolução 466/12 do Conselho Nacional
de Saúde. Resultados: Os achados principais deste
estudo mostram uma prevalência de 13% de DVA
materna. Entretanto, não sinalizam para nenhuma
associação estatisticamente significante entre as variáveis estudadas e a DVA. Ainda assim, foi possível
observar que houve uma maior ocorrência de DVA
no grupo de mulheres com as seguintes características: renda familiar menor que 2 salários mínimos,
número de pessoas no domicílio igual ou superior
4, número de filhos >2 , início do pré-natal no 2º ou
3º trimestre, falta de planejamento da gravidez,
hipertensão arterial, infecção urinária, ausência de
vacinação antitetânica e hábito de fumar durante a
gestação. Conclusão: Tendo em vista a redução da
prevalência estimada, sugerem-se ações periódicas
para diagnóstico e, posterior, suplementação de
vitamina A no grupo estudado.
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 32
O (AUTO)CUIDADO NUTRICIONAL DE DIABÉTICOS dos indivíduos. Os usuários referem a importância
E/OU HIPERTENSOS MORADORES DE UMA REGIÃO da participação nos grupos educativos oferecidos
pelos serviços. Conclusão A alimentação se insere
DE ELEVADA VULNERABILIDADE
Raira Pagano / P, R. / Unifesp; Maria Fernanda
Petroli Frutuoso / Frutuoso, M.F.P. / Unifesp;
Introdução A hipertensão arterial sistêmica e a
diabetes mellitus são doenças crônicas não transmissíveis de elevada prevalência e a não adesão
ao tratamento pode levar à complicações com
elevados custos diretos e indiretos para a saúde
pública evidenciando a importância do autocuidado
e envolvimento do individuo e família no processo
terapêutico. Objetivos Discutir as percepção sobre
alimentação e o (auto)cuidado alimentar de diabéticos e/ou hipertensos. Métodos Esse trabalho
é recorte do Programa de Educação pelo Trabalho
Rede de Atenção às Urgências e Emergências realizado em uma região de elevada vulnerabilidade
de Santos, SP. Foram levantados os usuários com
glicemia descompensada e/ou pressão arterial (PA)
elevada que deram entrada no Pronto Socorro (PS)
da região na primeira semana de Novembro de 2014,
bem como os usuários que descompensavam com
frequência, segundo relato dos agentes comunitários de saúde em três equipamentos de atenção
básica do projeto. Foram aplicados questionários e
entrevista semiestruturada com esses usuários visando abordar aspectos do autocuidado envolvendo
a alimentação. Resultados Dos dados do PS, 5,4% foram atendimentos por diabetes descompensada e/ou
PA elevada. Foram aplicados 66 questionários, sendo
a maioria do sexo feminino e baixa escolaridade. A
alimentação inadequada foi apontada como uma das
razões as quais os indivíduos acreditam influenciar
descompensação da glicemia e PA junto a aspectos
emocionais, uso incorreto de medicamento e sedentarismo. A principal estratégia de autocuidado
registrada pelos usuários foi o uso de medicação,
embora os indivíduos façam referência ao controle
alimentar, enfatizando as dificuldades em realizar
uma dieta restritiva, comumente prescrita por
profissionais da saúde. Restrição de carboidratos
simples, sal e gordura foram citadas com frequência
como orientações comuns para diabéticos e hipertensos. Muitos relatos demonstram dificuldades em
seguir as orientações por restringirem o consumo
de alimentos de acordo com a preferência e cultura
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
como uma importante estratégia de autocuidado,
mas também como um desafio diante das condutas
restritivas dos profissionais de saúde.
PERFIL DE HÁBITOS ALIMENTARES DE ESCOLARES
DO ENSIMO MÉDIO DO MUNICÍPIO DE CERES/GO
Priscilla Rayanne e Silva Noll / Noll, P. R. S. /
Instituto Federal Goiano; João Luís Ribeiro Neto
/ Ribeiro Neto, J. L. / Instituto Federal Goiano;
Amanda Carine Oliveira Silva / Silva, A. C. O.
/ Instituto Federal Goiano; Edivan dos Santos
Moreira / Moreira, E. S. / Instituto Federal Goiano;
Angelo Rodrigues da Silva Neto / Silva Neto, A. R.
/ Instituto Federal Goiano; Matias Noll / Noll, M. /
Instituto Federal Goiano;
Introdução: os hábitos alimentares estão relacionados à saúde dos escolares, visto que são fatores de
risco para o desenvolvimento de Doenças Crônicas
Não Transmissíveis. Portanto, inicialmente, é essencial avaliar os hábitos alimentares, para que tais
informações subsidiem o planejamento de ações de
saúde, já que hábitos formados na infância e adolescência tendem a permanecer na vida adulta. Objetivo: descrever os hábitos alimentares de escolares do
Ensino Médio do município de Ceres, a partir de um
estudo epidemiológico. Método: trata-se de um estudo epidemiológico transversal, realizado com 827
escolares adolescentes, de 14 a 19 anos, que frequentam o Ensino Médio do Município de Ceres. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética do IF Goiano.
Utilizou-se o questionário da Pesquisa Nacional de
Saúde do Escolar (PENSE), desenvolvido pelo IBGE,
contendo perguntas acerca de hábitos alimentares,
com alimentos marcadores de alimentação saudável
e não saudável. Os dados foram analisados no SPSS
20.0, a partir de estatística descritiva. Resultados:
demonstrou-se que 44,1% dos escolares consumiram café da manhã diariamente, caracterizando
um hábito inadequado da maioria dos escolares. O
consumo diário do almoço e do jantar foi apontado
por 89,2% e 54,8% dos escolares respectivamente.
Já os lanches, intermediários as refeições supracitadas foram relatados por 17,4% dos escolares, sendo
o lanche mais consumido o vespertino. Em relação
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 33
aos marcadores de alimentação saudável, apontou-se baixo consumo diário de feijão (59,4%), arroz e
massas (65,1%), verduras (36,8%), frutas e sucos
(16,5%), leites e iogurtes (26,3%), tendo em vista que
os mesmos deveriam ser ingeridos diariamente. Já
para os marcadores de alimentação não saudável
verificou-se consumo 5 dias ou mais por semana de
guloseimas (45,3%) e refrigerantes (42,6%), caracterizando um preocupante consumo de alimentos
açucarados. Além disso, o consumo 3 dias ou mais
por semana de bebidas alcoólicas, foi relatado por
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
8,9% dos escolares. Conclusão: observou-se que o
consumo de alimentos considerados marcadores
de alimentação saudável (feijão, arroz e massas,
verduras, frutas e sucos, leites e iogurtes) está
aquém do recomendado e o consumo de alimentos
marcadores de uma alimentação não saudável
(guloseimas e refrigerantes, além de bebidas alcoólicas) foi frequente. Tais achados possibilitam o
planejamento de ações, com vistas à modificação
de hábitos alimentares, a fim de promover saúde e
evitar doenças.
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 34
Assistência Farmacêutica
ANÁLISE DA PRESCRIÇÃO DE FÁRMACOS NÃO
CONSTANTES DA RELAÇÃO MUNICIPAL DE MEDICAMENTOS ESSENCIAIS DO MUNICÍPIO DE SÃO
PAULO, 2008-2013
José Ruben de Alcântara Bonfim / Bonfim, J. R. A.
/ Instituto de Saúde; Aurea Maria Zöllner Ianni
/ Ianni, A. M. Z. / Faculdade de Saúde Pública da
USP;
Introdução. Desde 2006 a Assistência Farmacêutica
da Coordenação de Atenção Básica da Secretaria
Municipal da Saúde de São Paulo (SMS-SP) recebeu,
por ano, em média, cerca de 125 solicitações de medicamentos não constantes da Relação Municipal
de Medicamentos Essenciais - Remume-SP, antes de
2011, e a partir deste ano 250 solicitações, demanda
que ainda não foi objeto de estudo para se conhecer
de forma sistemática sua natureza e as implicações
quanto à regulação sob o marco do acesso racional
a fármacos. Objeto do estudo. Avaliou-se as solicitações de produtos farmacêuticos não constantes
da Remume-SP, de 2008 a 2013. Método. Análise de
documentos, segundo a prática médica com base em
provas científicas, de solicitação de medicamentos
não disponíveis na Remume-SP decorrente de prescrição médica por meio de Formulário de Justificação para aquisição de medicamentos não constantes
da Remume-SP, e oriunda de serviços da SMS-SP
no período do estudo. Resultado. Analisou-se os
processos advindos de 1.174 solicitações, de 2008
a 2013, que levou à não autorização de aquisição de
58,9% (N=692), pelos seguintes motivos: 1- não há
prova suficiente na literatura, 15 (17%); 2- consta da
Remume-SP, 11 (1%); 3- disponível na SES-SP, 56 (8%);
4- informação clínica insuficiente, 151 (22%); 5- fornecimento CACON, 10 (1%); 6- fármaco desnecessário,
18 (3%); 7- indicação de outro fármaco, ou outra concentração do fármaco solicitado, ou outro acessório,
ou ainda outro tratamento (cirúrgico, por exemplo),
169 (24%); 8- solicitação de parecer de área técnica
relacionada, 62 (9%); 9- paciente não acompanhado
em serviço municipal de saúde, 12 (2%); 10- erro de
prescrição, 39 (6%); 11- não há prova suficiente na
literatura e informação clínica insuficiente, 49 (7%).
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
As razões do não acolhimento do pedido do médico
estão apresentadas em exemplos, das principais categorias farmacêuticas, considerando-se a variedade
das solicitações, todos documentados pela literatura
e extraídos dos processos de solicitações. Conclusão.
Faz-se recomendações para a melhoria da regulação
da prescrição farmacológica e possíveis ajustes na
relação entre os formuladores e executores de políticas do município e os conjuntos dos prescritores,
tendo como centro das preocupações a segurança do
usuário do SUS e a melhoria do acesso a fármacos
com a melhor relação benefício-risco.
ATUAÇÃO FARMACÊUTICA EM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
André Luiz Bigal / Bigal, A.L. / Unifesp;
O papel do farmacêutico no Sistema Único de Saúde
(SUS) tem sido alvo de discussões ampliadas dentro
e fora dos espaços da categoria profissional. A quebra do paradigma tecnicista e isolado, visando uma
atuação que compõe a equipe multiprofissional é
um constante desafio para profissionais com uma
formação acadêmica que em sua grade curricular é
deficiente na abordagem do sujeito e carregada de
conceitos técnicos e padronizados para as diversas
áreas onde historicamente encontrou seu campo de
atuação. O presente trabalho tem por objetivo relatar
a experiência vivida por um profissional farmacêutico inserido na dinâmica do serviço de um CAPS II
Adulto no Município de São Paulo-SP pelo período
de 2 anos e meio. O método utilizado será o de relato
de experiência. Enquanto Referência Técnica, os
atendimentos compartilhados com outras categorias profissionais resultaram em benefícios mútuos.
Os usuários foram assistidos sob a ótica interdisciplinar e os profissionais envolvidos desenvolveram
um olhar ampliado sobre a terapêutica, ensinando
e aprendendo a aplicar seus campos de saberes
teóricos e práticos entre si. Através do presente relato, visualiza-se um exemplo de como a integração
da Assistência Farmacêutica em serviço de saúde
mental pode gerar benefícios diretos ao serviço e
ao usuário do SUS, e de forma indireta construir um
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 35
novo papel do profissional farmacêutico no serviço
público de saúde. PALAVRAS CHAVES: Serviços de
Saúde Mental, Assistência Farmacêutica, Saúde
Pública, Atenção Farmacêutica.
ESTOQUE DOMICILIAR DE MEDICAMENTOS DE
PESSOAS COM DIABETES MELLITUS (DM)
Ana Paula Loch / Loch, A.P / USP; Ernani Tiaraju
de Santa Helena / Santa Helena, E.T. / FURB; Luís
Guilherme Gomes Geraldini / Geraldini, L.G.G. /
FURB; Jalini Pavão / Pavão, J. / FURB;
O estoque domiciliar de medicamentos é composto
por todos os medicamentos que estiverem sendo
mantidos no domicílio, independente do uso ser
contínuo ou esporádico. Este estudo procurou descrever a composição do estoque domiciliar de medicamentos de pessoas com DM insulino-dependentes.
Trata-se de um estudo transversal, com amostra
de 237 domicílios, aprovado no comitê de ética da
Universidade Regional de Blumenau (nº345/2012) e
financiado pelo Fundo de Apoio à Manutenção e ao
Desenvolvimento da Educação Superior – FUMDES.
Foram encontradas 2862 especialidades farmacêuticas (média de 12,07 por domicilio). Os medicamentos
de uso no Sistema Cardiovascular foram os mais
frequentes, 808 (28,23%), dentro deste grupo a insulina NPH foi à substância encontrada com mais
frequência, 211 (89,02%). Quanto ao local de armazenamento, 78 (32,91%) armazenavam a insulina
na parte interna superior da geladeira – prática não
recomendada devido à proximidade do freezer – 38
(16,03%) na porta – prática não recomendada devido
à exposição ao calor na sua abertura - 70 (29,54%)
dentro de uma caixa de isopor fechada, impedindo
à refrigeração adequada do medicamento e em 01
(0,42%) domicílio a insulina estava armazenada no
freezer. Nota-se que são necessárias ações educativas em relação ao armazenamento dos medicamentos, principalmente quando se trata da insulina,
visto que quase 50% dos entrevistados armazenam
em local inapropriado e este tipo de armazenamento
pode reduzir a eficácia do medicamento, e em longo
prazo gerar complicações de saúde.
POSSIBILIDADES, EXPECTATIVAS E DIFICULDADES
PARA PRÁTICA DA ATENÇÃO FARMACÊUTICA
Claudia Fegadolli / Fegadolli, C. / Instituto de
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Ciências Ambientais, Químicas e Farmacêuticas.
UNIFESP - Campus Diadema.; Débora Cristina
Fonseca / Fonseca, D.C. / Universidade Estadual
Paulista Júlio de Mesquita Filho, Instituto de Biociências de Rio Claro, Departamento de Educação;
Introdução: Há municípios que têm avançado na
qualificação dos serviços de assistência farmacêutica prestados à população, aumentando o efetivo de
profissionais e modificando sua atuação. Objetivo:
Num momento em que se planejava a mudança de
atuação do farmacêutico na rede pública de um município da região metropolitana de São Paulo, esse
projeto de pesquisa se apresentou a fim de avaliar
as possibilidades, expectativas e dificuldades frente
a esse novo papel, de acordo com a percepção dos
sujeitos envolvidos, os sete farmacêuticos da atenção primária à saúde. Método: O referencial teórico
metodológico dialético foi a opção metodológica.
Nesta concepção, homem, mundo e fenômeno psicológico são entendidos como construção social e
histórica. Sendo assim, compreender as expectativas e dificuldades dos profissionais farmacêuticos
e seus significados e sentidos construídos, significa
analisar as condições concretas de existência desses
sujeitos, as mediações sociais e institucionais que
vão impactando a vivência e formação, considerando
que também a ação do sujeito é constitutiva deste
processo. A coleta de dados foi realizada entre os
anos de 2011 e 2012, em dois momentos, o primeiro
com entrevistas individuais semi-estruturadas e o
segundo com a estratégia de grupo focal. Resultados:
Na análise do material coletado foram eleitas seis
categorias de análises: Concepção da Atenção Farmacêutica, Conflitos e dificuldades, O Farmacêutico
e a gestão de serviços, A Prática/fazer cotidiano,
Possibilidade do trabalho, Necessidade de formação. De forma geral, os seis núcleos de significação,
didaticamente destacados, mas significativamente
entrelaçados, evidenciam que os profissionais farmacêuticos ainda não compreendem teoricamente
em que consiste a proposta de Atenção Farmacêutica
e, consequentemente ainda não a constituíram como
necessidade em sua prática. Não significando essa
prática, não as convertem em um sentido particular
que possa mediar seu fazer cotidiano. Conclusões: A
possibilidade de implantação da Atenção Farmacêutica na realidade estudada segue como um desafio
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 36
para a formação e gestão do SUS, principalmente
pelo fato dos profissionais ainda conceberem seu
trabalho na perspectiva individual e clínica. Para
uma atuação consonante com a proposta em análise, torna-se necessário um processo de formação
que re-signifique a prática de cada sujeito, mediado
pela mudança de significações enquanto categoria
profissional.
RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE ATENDIMENTO
AS FAMILIAS QUE CONVIVEM COM O CRACK
Betania Furtado Serra / Serra, B.F. / Hospital Federal da Lagoa;
Introdução Esse trabalho visa contribuir no atendimento à famílias que vivenciam com o problema da
dependência química em especial o crack. Relato a
experiência do atendimento com paciente C” e seus
familiares no Hospital Federal da Lagoa, a partir
do entendimento de que o uso do álcool e outras
drogas não é apenas um problema do indivíduo e
de sua personalidade, mais sim de um conjunto de
fatores sociais, econômicos, políticos, ambientais,
culturais que exigem uma abordagem ampliada
sobre a questão. Objetivo Ampliar o olhar no cuidado integral, buscando maior adesão ao tratamento
junto aos usuários que fazem o uso abusivo do crack,
incluindo seus familiares. Metodologia Realização
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
de abordagens individuais e coletivas entre a família
e a paciente C”. Buscou potencializar a família como
protagonista e resgatar os vínculos perdidos devido
a inúmeras recaídas, estando a paciente desacreditada e excluída do convívio familiar. As abordagens
ora eram agendadas ora livres, estando à equipe a
disposição para realizar as intervenções possíveis.
Resultados Nas primeiras abordagens com familiares era notório a falta de confiança no tratamento
da paciente C”. Após dois meses a paciente estava
melhor fisicamente e clinicamente, os familiares
em especial a mãe e um filho já estavam confiantes e
participando do processo de reabilitação. Ao mesmo
tempo em que criavam-se sentimentos de esperança
e otimismo, o medo e a insegurança com relação
futuro da paciente eram frequentes . Também foram realizadas inclusões em programas sociais e o
resgate da cidadania através da regularização dos
documentos. Conclusão O acolhimento compreendeu entender a paciente e sua família dentro de seu
contexto social, sem julgamentos aproximando a
equipe. Não se buscou a cura e sim a conscientização
da paciente sobre o controle de sua vida, fazendo com
que a mesma conseguisse construir um projeto de
vida, onde a família teve papel fundamental, também
sendo cuidada. Palavra Chave: Intersetorialidade,
Família e Crack.
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 37
Atenção Domiciliar
A IMPLANTAÇÃO DO SERVIÇO DE ATENÇÃO DO- em seu desempenho. Apenas 46,26% responderam a
MICLIAR (SAD) NO MUNICÍPIO DE ARARAQUARA: questão aberta, sendo que, as respostas predominaram no que tange ampliação da equipe, quantidade
PERCEPÇÃO DAS FAMÍLIAS ATENDIDAS
Anne Karoline Cândido e Silva Bernardes / Bernardes, A. K. C. S. / UFSCar; Andrea Botossi Ciomini /
CIOMINI, A.B. / UFSCar; Wenderson Lelis da Silva
/ SILVA, W.L. / UFSCar;
INTRODUÇÃO O desenvolvimento dos municípios
caracterizado por menores taxas de natalidade, baixa mortalidade infantil e maior expectativa de vida
demonstra a necessidade de repensar e sistematizar
a atenção domiciliar. Em 2012, Araraquara fez a implantação do Serviço de Atenção Domiciliar (SAD),
que se constitui-se por um conjunto de ações de
promoção à saúde, prevenção e tratamento de doenças e reabilitação, com garantia de continuidade de
cuidados integrada às redes de saúde . Atualmente, o
SAD de Araraquara conta com 2 Equipes Multiprofissionais compostas por médico; enfermeira; fisioterapeuta e técnicos de enfermagem que se dividem em 2
territórios, e uma Equipe de Apoio com assistente social, sendo 100% do município coberto pelo serviço.
Com sua recente implantação e a complexidade do
atendimento prestado, fez-se necessário a avaliação
com os usuários, de forma a fazer refletir questões
relevantes quanto ao atendimento prestado e ações
que podem ser melhoradas. OBJETIVO E METODOLOGIA O objetivo é apresentar avaliação realizada
pelos usuários sobre o atendimento prestado no
período de 19/06/2012 a 16/09/2014. O questionário
foi semi-aberto. As questões selecionadas avaliavam
o atendimento às expectativas da família, buscas de
soluções e o desempenho da equipe, além de pedir
sugestões. A entrevista foi realizada com o familiar
ao término do atendimento domiciliar, seja por óbito
ou alta. RESULTADOS Das 455 famílias que foram
atendidas, 29,45% responderam o questionário. A
escolha por respondê-lo foi voluntária e nem todos
se dispuseram. Os aspectos relevantes indicam que
96,26% dos entrevistados consideram o atendimento
do serviço satisfatório. 94,77% analisaram que as
soluções apresentadas pela equipe são efetivas e
88,05% avaliaram que a equipe apresenta nota 10
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
de atendimentos, e a manutenção do cuidado. CONCLUSÃO Os dados mostram o quanto à população vê
a importância e necessidade do serviço, ressaltando
as solicitações de ampliação do quadro integral da
mesma. Foi possível, inclusive, identificar aspectos
que podem ser aprimorados frente à qualificação
realizada pelos usuários, como adequação do transporte, ampliação da equipe, melhora na articulação
com as unidades básicas de referência para que
assim se aprimore o trabalho em rede.
ACOMPANHAMENTO DA ALTA AMBULATORIAL
DE UMA UNIDADE DE SAÚDE ESCOLA (USE) DO
INTERIOR PAULISTA
Tamires Oliveira Trindade / Trindade, T. O. / Universidade Federal de São Carlos; Emmanuele Cristina
Legori Antonieto / Antonieto, E. C. L. / Universidade
Federal de São Carlos; Tatiane Vieira Martins de
Oliveira / Oliveira, T. V. M. / Universidade Federal de
São Carlos; Aline Cristina Martins Gratão / Gratão,
A. C. M. / Universidade Federal de São Carlos;
Caracterização do problema: A atenção básica é
orientada pelos princípios de humanização, continuidade, integralidade, acessibilidade, universalidade, equidade e participação social. Nesse sentido, a
atenção domiciliar, em especial, o acompanhamento
ambulatorial pós-alta é uma atividade intrínseca ao
processo de trabalho das equipes de atenção básica,
necessitando, assim, que estejam preparadas para
cuidar e identificar os usuários que se beneficiarão dessa modalidade de atenção. Descrição: Foi
realizado um projeto de acompanhamento de alta
ambulatorial na Unidade de Saúde Escola (USE) da
Universidade Federal de São Carlos vinculado a disciplina Prática Profissional do curso de graduação
em Gerontologia com o objetivo de implementar um
programa de planejamento para alta ambulatorial
para idosos frágeis e cuidadores familiares usuários da Unidade. Foi realizado o mapeamento dos
idosos que necessitavam do atendimento domiciliar
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 38
pós-alta durante o período 2014 e 2015 da Linha de
Geriatria e Gerontologia da USE e sucedida uma
consulta direta aos prontuários totalizando um
número de 20 pacientes que necessitavam da visita.
No primeiro semestre de 2015 foram realizadas três
visitas, onde foram feitas 5 avaliações domiciliares,
sendo 3 cuidadores e 2 idosos que necessitavam do
cuidado. Lições aprendidas: Apesar da precariedade
que ainda encontramos no Sistema Único de Saúde
em relação ao número de profissionais, pudemos
perceber que a USE se apresenta como um serviço
de qualidade e excelência entre a opinião dos seus
usuários. O acompanhamento da alta ambulatorial
é de extrema relevância para a integralidade do
indivíduo, principalmente quando o mesmo tem a
alta e é encaminhado para outros serviços, o acompanhamento permite um feedback a equipe e um
possível retorno do paciente para atendimentos na
unidade ou articulação do mesmo para a rede conforme a Política Nacional de Saúde. Recomendações:
Espera-se que este projeto possa ser inspiração para
outras unidades que desejam realizar este tipo de
trabalho com os seus pacientes, já que o mesmo
pode contribuir para o atendimento de excelência
do indivíduo, monitoramento de resultados dos
atendimentos, esclarecimentos acerca do cuidado e
das condições de saúde e atendimento continuado.
O profissional Gerontólogo nesse caso é de extrema
relevância, já que esse profissional pode articular
e conhecer os aspectos desse indivíduo de forma
integral, humana e com equidade já que a população
idosa é amplamente diversa.
ASSISTÊNCIA DOMICILIAR NUTRICIONAL PALIATIVA: UM CUIDADO ALÉM DA PRÁTICA CLÍNICA
Rosa Almeida dos Santos / Santos, R.A. / CRT-DST/
Aids- SP; Amélia Bezerra dosSantos / Santos, A.B.
/ CRT-DST/Aids; Rosangela Martins Conceição /
Conceição, R.M. / CRT-DST/Aids;
Caracterização do problema: O HIV∕Aids é considerada atualmente uma doença crônica, levando os
portadores a serem acometidos de inúmeras comorbidades. No que se refere aos cuidados paliativos da
associação de câncer e Aids há poucos estudos. Uma
vez que os cuidados paliativos se propõe a fornecer
um suporte global, visando melhora da qualidade de
vida, diminuindo sintomas desagradáveis, trazendo
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
conforto para o paciente e familiar. No suporte nutricional, dado ao significado que a alimentação tem na
vida das pessoas, não apenas no aspecto físico, mas
psicológico e social, pois o alimento é utilizado como
instrumento de conforto e integrante das relações
sociais, a atenção do profissional nutricionista é
essencial. Porém numa situação de terminalidade, a
nutrição nem sempre consegue exercer o seu papel
básico que é o de manter e∕ou recuperar o estado
nutricional do paciente, mas nesse contexto é necessário considerar outros aspectos. Diante disso o
objetivo foi expor a intervenção realizada pela equipe
de nutrição do Assistência Domiciliar Terapêutica
Paliativa do CRT-DST∕Aids num caso clínico de paciente acometida de câncer associada a Aids. A análise do caso tomou como parâmetro a sistematização
do raciocínio clínico identificando-se os problemas/
dificuldades e potencias/facilidades para a intervenção no processo saúde-doença. Descrição: V.C.O., 42
anos tinha diagnóstico de desnutrição grave, com
perda de peso maior que 10% em 3 meses, todas medidas de dobras cutâneas abaixo do percentil 5, com
grande redução de massa gorda e massa magra. Sua
ingestão alimentar era muito baixa, limitando-se a
uso de suplemento via oral, vitamina de frutas, atingindo cerca de 500 calorias diárias. Foi introduzido
uma suplementação hiper hiper, aumentado a oferta
calórica em 500 calorias a mais ao dia e ingestão
fracionada em pequenos volumes a cada hora. Porém
a aceitação foi baixíssima, tendo rejeição ao sabor
do suplemento, referindo náuseas e vômitos. Houve
a troca de suplementação, a paciente passou a ser
hidratada com soro glicosado a 5% (200 cal/dia), A
ingestão alimentar baseou-se em iogurtes líquidos,
suplemento padrão e hidratação via oral. Conclusão
e Lições aprendidas: A despeito do alto sofrimento
vivenciado pela paciente e seus familiares e diante do
quadro e do processo de terminalidade, as intervenções buscaram promover conforto e priorizando suas
preferencias, além de melhora da qualidade de morte,
conceito caro aos princípios de cuidados paliativos.
ATENÇÃO DOMICILIAR COMO ESTRATÉGIA DE
FORTALECIMENTO DA REDE DE ATENÇÃO E ATENDIMENTO INTEGRAL
Anne Karoline Cândido e Silva Bernardes / Bernardes, A. K. C. S. / UFSCar;
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 39
Estudos acerca da atenção domiciliar vem ganhando
espaço devido a transição demográfica e epidemiológica no país. Esta modalidade de atenção possibilita a humanização do atendimento; articulação
de vários pontos da rede; otimiza-se o uso de leitos;
amplia a convivência familiar e representa uma
solução para a sobrecarga das portas de urgência.
O objetivo deste estudo foi analisar a produção
cientifica acerca desta nova modalidade de atenção.
Fora realizada uma revisão bibliográfica. O acesso
aos artigos foi através da Biblioteca Virtual de Saúde, utilizando como base de dados o Scielo. Como
descritor foi definida as seguintes palavras chaves:
serviços; atenção domiciliar e assistência domiciliar. O estudo fez uso de uma abordagem qualitativa,
utilizando a análise de conteúdo na modalidade de
análise temática tendo como referência modalidade
de atenção domiciliar. Esta revisão encontra-se em
período de finalização, porém alguns resultados já
podem ser discutidos. Dos 22 artigos já analisados
pode-se perceber que a atenção primária têm sido
essencial para o aprofundamento de reflexões e o
desenvolvimento acerca da atenção domiciliar, por
ser a porta de entrada do usuário á rede de atenção e
pelo modelo de estratégia de saúde da família (ESF)
se desenvolver na perspectiva da descentralização,
regionalização e integralidade. No entanto, são poucos os artigos que operacionalizam esta modalidade
de atenção que não seja através da ESF. Quanto á
questão de atuação no domicilio os autores trazem
como fator relevantemente positivo á atuação, pois
adentrando o domicilio pode-se obter conhecimento de aspectos sociais e psicológicos essenciais
para um atendimento integral. A análise até aqui
realizada aponta a necessidade de estratégias e/
ou serviços que atendam ás novas necessidades de
saúde dos brasileiros caracterizada pela tripla carga
de doenças, e que demandam de um atendimento
multiprofissional mais constante. Até o momento,
pode-se concluir que, a atenção domiciliar constitui-se como uma rede complementar ou substitutiva ás
já existentes, por produzir cuidados que articulam
os projetos de toda rede de atenção, da família e do
usuário, perpassando diversos níveis de atendimento em busca do atendimento integral. É importante
não perder de vista que, estamos em processo de
construção e que são as ineficiências/incapacidades
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
dos modelos em vigor que demandam novas modalidades de atendimento.
ATENÇÃO DOMICILIAR DO ENFERMEIRO NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
Lislaine Aparecida Fracolli / Fracolli, L. A. / Escola
de Enfermagem da Universidade de São Paulo;
Maria Fernanda Pereira Gomes / Gomes, M. F. P.
/ Escola de Enfermagem da Universidade de São
Paulo; Bruno César Machado / Machado, B. C. /
Universidade Paulista;
A Estratégia Saúde da Família (ESF) visa à reorganização da Atenção Básica à Saúde no País e pressupõe
a visita domiciliar como tecnologia de interação no
cuidado à saúde. É uma tecnologia leve de intervenção que possibilita a aproximação dos profissionais
com os determinantes do processo saúde doença no
âmbito das famílias.. Desta forma o objetivo desta
pesquisa é avaliar a satisfação dos usuários da Estratégia Saúde da Família do município de Assis – SP
na perspectiva da atenção domiciliar realizada pelos
enfermeiros. Trata-se de uma pesquisa quantitativa
que busca quantificar a frequência, qualidade e satisfação do usuário em relação à visita domiciliária
realizada pelos enfermeiros. O município de Assis
possui uma população de 100.204 habitantes e 11
equipes de ESF que cobrem 37,87% da população.
Do total de equipes de ESF, 10 foram selecionadas.
Houve a participação de 10 usuários de cada equipe,
totalizando 100 participantes. Uma ESF foi excluída
da pesquisa por se localizar na área rural. A coleta de
dados foi realizada por meio de visitas domiciliárias
com o auxílio do agente comunitário de saúde onde
foi disponibilizado questionário do tipo Likert com
as opções de resposta: ótimo”, bom”, regular”, ruim”
e sem resposta”. A presente pesquisa foi aprovada
pelo Comitê de Ética e Pesquisa sob o número de
parecer: 788.658. Os resultados demostram que de
uma forma geral os usuários estão satisfeitos com
atenção domiciliar dos profissionais da ESF e com
a atenção domiciliar do enfermeiro, no entanto 22%
dos respondentes dizem que o enfermeiro não realiza visita e 38% refere que o enfermeiro só faz visita
quando solicitado, isto demonstra que a visita domiciliar não faz parte da agenda de muitos enfermeiros
por sobrecarga de trabalho e pela grande demanda de
atendimentos na unidade de saúde, neste contexto
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 40
só vão às casas da família quando sua presença é
solicitada deixando de trabalhar na perspectiva da
promoção da saúde. A visita domiciliar é uma ferramenta importante para o trabalho do enfermeiro
e dos demais profissionais que atuam na ESF, pois
permite a identificação de necessidades e problemas
reais da população assistida considerando seu contexto de vida e saúde. Sugere-se planejar sistematicamente a razão/circunstância para que as demandas
dos serviços existentes em cada unidade possa se
tornar compatível com o número de profissionais.
AUTOAVALIAÇÃO DE ENFERMEIROS E MÉDICOS
PARA A ATENÇÃO DOMICILIAR NA ATENÇÃO
PRIMÁRIA À SAÚDE
Josué Souza Gleriano / Gleriano, J. S / UNEMAT;
Thalise Yuri Hattori / Hattori, T. Y / UNEMAT;
Vagner Ferreira do Nascimento / Nascimento, V. F.
/ UNEMAT; Ana Claudia Pereira Terças / Terças, A.
C. P. / UNEMAT; Juliana Benevenuto Reis / Reis, J.
B. / UNEMAT; Angélica Pereira Borges / Borges, A.
P. / UNEMAT; Ysabely de Aguiar Pontes Pamplona
/ Pamplona, Y. de A. P. / UNISANTOS; Lourdes
Conceição Martins / Martins, L. C. / UNISANTOS;
O domicílio como ambiente familiar e espaço
construtor de poderosas forças que influenciam
a materialização dos objetivos da Atenção Primária à Saúde, torna-se espaço potencializador das
práticas de assistência do profissional de saúde. O
objetivo desse estudo foi de apresentar o perfil e a
autoavaliação de enfermeiros e médicos ao sentir-se
capacitados em metodologias da abordagem domiciliar, planejamento, priorização, consulta domiciliar
e desenvolvimento de programa multidisciplinar
de acompanhamento domiciliar, no município de
Guarujá, SP. Tratou-se de um estudo transversal,
aprovado (nº452.727/2013), através de questionário
estruturado e auto-aplicado a enfermeiros e médicos de Unidades de Saúde que possuíam vínculo no
nível primário de atenção. Foi realizada a análise
descritiva, teste de Qui-quadrado, e teste U Mann-Whitney, o nível de significância de 5%. Enfermeiros
em maior frequência são brasileiros, sexo feminino,
denominam-se amarelo, são casados/união estável,
possuem filhos, estão no regime de vínculo CLT, na
estratégia saúde da família, porém possui maior
vínculo de tempo de serviço no município quando
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
estão em unidades básicas de saúde e não passaram por treinamento introdutório. Médicos em
maior frequência são brasileiros, sexo masculino,
denominam-se brancos, solteiro, não possuem
filhos, com regime de vínculo CLT, na estratégia
saúde da família, porém possuem maior vinculo
de tempo de serviço no município quando estão
em unidades básicas de saúde. Quanto às quatro
categorias analisadas, planejamento, priorização,
consulta domiciliar e desenvolvimento de programa
multidisciplinar de acompanhamento domiciliar em
maior prevalência enfermeiros e médicos sentem-se
capacitados sempre para essa função. Ao estratificarmos por Unidades Básicas de Saúde (UBS) e
Unidades com Estratégia Saúde da Família (ESF),
nota-se que apenas um médico e um enfermeiro
vinculados a UBS responderam. As justificativas
colocadas no questionário são de que as UBS não
realizam visitas domiciliarias. Encontra-se nas
diretrizes da Atenção Domiciliar que esse tipo de
atenção deve ser realizada pela equipe da Atenção
Primária e com apoio eventual de outros pontos de
atenção. Destaca-se a questão do vínculo de trabalho
e de capacitação inicial para o desenvolvimento das
metodologias de abordagem domiciliar como frágeis
para o alcance dos objetivos da Atenção domiciliar,
que propõe gerar respostas para as soluções dos
problemas financeiros do sistema de saúde.
CARTOGRAFIA DO PROCESSO DE CUIDADO NO
SERVIÇO DE ATENÇÃO DOMICILIAR EM SÃO
CARLOS – SP
Sandra Maria Luciano Pozzoli / Pozzoli, S. M. L. /
UNIFESP; Tânia Maria Marcondes / Marcondes, T.
M. / SERVIÇO DE ATENÇÃO DOMICILIAR DO MUNICÍPIO DE SÃO CARLOS; Geovani Gurgel Aciole
da Silva / Silva , G. G. A / UNIFESP/UFSCAR;
Introdução: A Atenção Domiciliar tem sido objeto de
estudos em países como Canadá, Inglaterra, Itália,
Suécia, Austrália e, também no Brasil. Estudos que
mostram que a organização destes serviços tem
enfoques diferentes e diversos; que estes fornecem
cuidados predominantemente de longa duração; e
em sua maioria atuam visando a desospitalização.
No Brasil, em 2011, o Ministério da Saúde apresentou o Programa Melhor em Casa” como uma
proposta de atenção domiciliar a ser incorporada
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 41
pelos municípios. Este programa inovador já possui
expressões importantes em alguns municípios e,
está em processo de implantação em outros, sendo
que a maioria dos usuários desta modalidade de
atenção tem sido absorvida pelos serviços da Atenção Primária à Saúde (APS). Objetivos: Justamente
por ser uma proposta recente de serviço na Rede
de Atenção à Saúde (RAS) esta pesquisa, fruto de
projeto de doutorado pela Universidade Federal de
São Paulo (UNIFESP – SP), pretende acompanhar o
processo de cuidado no Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) do município de São Carlos – SP e sua
inter-relação com a RAS. Metodologia: Trata-se de
uma pesquisa qualitativa com abordagem cartográfica, na qual o pesquisador acompanha processos e,
como a cartografia é um mergulho do pesquisador
na experiência, este movimento gera a produção
do conhecimento para o pesquisador e para os sujeitos implicados na pesquisa, que são convidados
a traçar um plano comum. Trata-se, portanto, de
uma pesquisa-intervenção. O projeto foi aprovado
pelo Comitê de Ética em Pesquisa, pelo Parecer nº
907.048 de 16/12/2014, atendendo às exigências da
Resolução nº. 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. A entrada no campo teve início em 22/01/2015,
por um período de 8 horas semanais e tem duração
estimada de 06 meses. Considerações: Apesar de sua
fase inicial, já é possível identificar alguns aspectos
que serão analisadores da experiência, tais como: as
relações entre os mecanismos formais de gestão e a
produção da responsabilização; as relações entre a
gestão e a produção do cuidado, segundo as práticas
de educação permanente; a discussão do acesso e
suas barreiras, segundo os critérios de inclusão e
exclusão no SAD; a busca da integralidade do cuidado via os fluxos de referência e contra-referência na
RAS; a regulação do serviço pela Rede de Urgência e
Emergência (RUE); a intersetorialidade; o diálogo do
serviço com a APS e o apoio aos cuidadores.
DESENVOLVIMENTO DE UM MATERIAL EDUCATIVO SOBRE PREVENÇÃO DE ÚLCERA POR PRESSÃO
NO CUIDADO DOMICILIAR
Chris Mayara S. Tibes / Tibes, CMS / EERP/USP;
Lilian Regina Carvalho / Carvalho, LR / UFSCar;
Ursula Marcondes Westin / Westin, UM / EERP/
USP; Jéssica David Dias / Dias, JD / EERP/USP;
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Silvia Helena Zem-Mascarenhas / Zem-Mascarenhas, SH / UFSCar;
Introdução: A expectativa de vida está aumentando
e consequentemente o envelhecimento da população
resulta em um maior acometimento de problemas
crônicos. Nesse contexto, a assistência domiciliar é
uma estratégia para o cuidado da pessoa em condições crônicas, principalmente quando há dificuldades para sua locomoção até o serviço de saúde, por
estarem frequentemente acamadas. Um dos maiores
problemas encontradas no domicilio com pessoas
acamadas é a úlcera por pressão (UP) ou o risco para
desenvolvê-la. Chayamiti e Caliri (2010) relatam em
seu estudo que a maioria dos pacientes acamados no
domicilio não usam medidas básicas para a prevenção de UP. Nesse sentido, percebe-se a necessidade
de desenvolver uma estratégia educacional para os
cuidadores de pessoas acamadas em domicilio. Objetivo: Desenvolver um material educativo de fácil
compreensão sobre prevenção de úlcera por pressão
no cuidado domiciliar. Método: Trata-se de uma
pesquisa aplicada que visa o desenvolvimento de um
folder com conteúdo educativo sobre prevenção de
UP. O levantamento do conteúdo do folder foi realizado por meio de análise documental no guideline
Prevention and treatment of Pressure ulcer: quick
reference guide”, que fornece de maneira resumida
as diretrizes baseadas em evidências para prevenção
e tratamento das UP. Resultados: Para a seleção do
conteúdo base do material educativo realizou-se
uma análise detalhada do material presente no guideline. Essa análise teve como objetivo identificar
os cuidados para prevenção de UP adequados para o
contexto do cuidado domiciliar. Posterior à análise e
seleção do conteúdo, o material elaborado foi transcrito para uma linguagem de fácil compreensão
para profissionais da área da saúde, cuidadores e
familiares, independente de possuírem formação
na área da saúde. Antes da distribuição do material
desenvolvido para a comunidade, esse folder passará
por uma avaliação de conteúdo realizada por um
comitê de especialistas composto por enfermeiras
especialistas em saúde pública, educação em saúde
e/ou úlcera por pressão. Conclusão: Acredita-se que
a disponibilização de um material educativo de fácil
compreensão possa ser uma importante ferramenta
para que cuidados preventivos para UP sejam adoSaúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 42
tados por cuidadores de pacientes acamados no domicilio, mesmo que esses cuidadores não possuam
formação na área da saúde. Como trabalho futuro
propõe-se a confecção e distribuição dos folders
nas Unidades de Saúde da Família no município de
São Carlos.
ENCONTRO, ACESSO E VISITA DOMICILIAR NA
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA
RODRIGO ALVES DOS SANTOS SILVA / SILVA,
R.A.S / Universidade Federal de São Carlos; FÁTIMA CORRÊA OLIVER / OLIVER, F.C. / Universidade
Federal de São Carlos e Universidade de São Paulo;
Caracterização do Problema: a realização de Visitas
Domiciliares (VD) estava entre as atividades da Residência Multiprofissional de Atenção à Saúde, no
território de uma Unidade Básica de Saúde (UBS)
com Agentes Comunitários de Saúde (ACS). Descrição: O objetivo da VD com os ACS, era aproximar
a comunidade dos cuidados na UBS. Para atender
aos princípios éticos utilizamos nomes fictícios.
A ACS Margarida, fez a solicitação de VD com o
Terapeuta Ocupacional (TO) Carlos da equipe de
residência. Descreveu o caso: Pedro não sai de casa
após falecimentos: pai, mãe, irmã e empregador e
mora com uma prima, cuidadora, numa residência
de fundos. Ao realizarmos a VD, percebemos Pedro
(47 anos) introspectivo e com pouca interação social, apresentava humor depressivo, dificuldades
para a realização de atividades de autocuidado e
sobrepeso. Sua única fonte de renda era a partilha
dos valores de aluguel de uma casa. Ao compreender
seu cotidiano e história de vida, identificamos que
ele havia realizado um trabalho de ajudante numa
imobiliária antes das perdas de familiares e tinha
como atividade significativa, escrever poesias. Começamos o processo de cuidado, com a atividade de
escrever poesias, disponibilizamos materiais (lápis
coloridos, papel ofício, cartolinas de diferentes
cores) e Pedro sugeriu que compraria um caderno,
escreveu várias poesias durante as VD, esse espaço
de cuidado permitia a discussão da sua história de
vida e das possibilidades de participação social. Demos seguimento por meio de marcação de consulta
com o clínico da UBS, há mais de cinco anos Pedro
não tinha contato contínuo com nenhum serviço.
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
O processo de territorialização realizado na região
onde Pedro morava, permitiu identificar dois grupos: Atividade Física do HiperDia e Gerontoativação.
Os participantes dos dois grupos conheciam um
pouco da história de Pedro por conviverem naquele
contexto comunitário há algum tempo e esse fator
fortaleceu o vínculo de Pedro com os grupos e com
seu contexto comunitário, ampliando sua rede de
suporte social e de cuidado. Lições Aprendidas e
Recomendações: O processo de cuidado por meio
da VD, possibilitou reconhecer o percurso de Pedro,
facilitar sua participação em espaços comunitários,
na prática de atividade física, na realização de atividades significativas e contribuiu para a ampliação
de suas redes sociais, aspectos que não seriam possíveis, caso a ACS Margarida, o TO Carlos e Pedro
não embarcassem nesses encontros de produção de
acesso à vida.
O ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR EM DOMICILIO: O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL NO
SERVIÇO DE ATENÇÃO DOMICILIAR (SAD) DE
ARARAQUARA/SP
Anne Karoline Cândido e Silva Bernardes / Bernardes, A. K. C. S. / UFSCar;
Em maio de 2013, o Serviço de Atenção Domiciliar
(SAD) foi regulamentado e o mesmo tem o objetivo de
realizar um conjunto de ações de promoção à saúde,
prevenção e tratamento de doenças e reabilitação
prestadas em domicílio, com garantia de continuidade de cuidados e integrada às redes de saúde. O serviço social é uma profissão regulamentada pela Lei
8662 de 7 de junho de 1993 e o exercício profissional
regido por um Código de Ética Profissional. O assistente social tem como objeto principal de atuação
a questão social, que deve ser compreendida como
expressão das desigualdades geradas pelo neoliberalismo. Em abril de 2013, o serviço passou a contar
com este profissional para construir respostas para
estas expressões, porém sua atuação ainda definida no serviço por regulamentações específicas,
expressa desafios cotidianos na prática. É de suma
importância refletir sobre a importância e necessidade do assistente social para garantia dos direitos
de pessoas impossibilitadas de se deslocarem às
unidades de saúde e assistenciais. Como metodologia foram realizados levantamentos bibliográficos e
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 43
discussões pertinentes à atuação e reconhecimento
do profissional na saúde, relacionando tais aspectos
à prática profissional. O trabalho multidisciplinar
apresenta seus desafios, mas é muito importante que
cada profissional tenha claramente a importância de
sua função para que fiquem estabelecidas as particularidades de intervenção de cada profissional. No
SAD, a experiência de atuação da assistente social
se centra na realização de intervenções ligadas ao
usuário e familiares à reorganização material e sentimental e a orientações e encaminhamentos á rede
de atendimento, pautado na perspectiva do projeto
ético, político e profissional e na integralidade do
usuário, evitando assim uma atuação fragmentada.
Pode-se concluir que o assistente social é um profissional importante para a composição das equipes
de atendimento domiciliar, pois é norteado por
competências e atribuições que o permitem fazer
uma análise crítica da realidade elaborando uma
intervenção pautada na defesa e reafirmação de direitos e políticas sociais, trabalhando pela garantia
da equidade e da cidadania. Desta forma é essencial
respeitar a intervenção social que se manifesta no
respeito à cultura, anseios e conquistas do outro e
que apenas é compreendida com o conhecimento
real (através das visitas domiciliares) da realidade
deste usuário.
O CUIDADOR NA ATENÇÃO DOMICILIAR: TENSÕES
E DILEMAS
Paula Bertoluci Alves Pereira / Pereira, P.B.A. /
FSP/USP; Erica Ferrazzoli Devienne Leite / Leite,
E.F.D. / FSP/USP; Natalia Oliveira Rodrigues /
Rodrigues, N.O. / FSP/USP; Sergio Leal / Leal,S. /
FSP/USP; Laura Camargo Macruz Feuerwerker /
Feuerwerker, L.C.M. / FSP/USP;
Introdução: A figura do cuidador, apesar de muito
antiga, vem ganhando destaque nos últimos anos,
sendo considerado como parte do tripé do processo
de cuidar na atenção domiciliar (AD), junto da equipe
e o usuário. Na maioria dos casos, o cuidador é informal, sendo um familiar designado para tal tarefa e
está centralizado no gênero feminino. O ser cuidador
implica muitas vezes em relegar a sua vida em prol
do cuidado ao outro, o que impacta radicalmente em
suas relações familiares, sociais, bem como em sua
produção de vida. Apesar de ser o responsável pelo
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
cuidado e assumir tarefas que incluem inclusive procedimentos técnicos, nem sempre tem o seu papel
reconhecido. Objetivos: Dar visibilidade ao papel do
cuidador na atenção domiciliar, coletando efeitos de
sua rede viva e a do usuário e sua relação com a rede
de saúde. Método: Pesquisa qualitativa de abordagem cartográfica, sendo parte do projeto de pesquisa
Rede de Avaliação Compartilhada – Avalia quem
pede, quem faz e quem usa”. Considerando os ruídos
e afecções que emergem no cotidiano do processo de
trabalho da equipe de AD na produção de cuidado,
foram escolhidos cinco casos pela equipe a fim de
trazer reflexões e visibilidade sobre a rede viva dos
usuários e principalmente cuidadores, utilizando
como ferramenta o cuidador-guia. Resultados parciais: O cuidador é tema constante no cotidiano das
equipes, principalmente pelos ruídos provocados
pelas disputas de plano terapêutico. Reconhecido
como fundamental para o cuidado, é considerado
mais como executor do que como protagonista. Além
disso, pesa fortemente sobre ele o julgamento moral
das equipes. A política vigente e as equipes fazem
exigências em relação ao cuidador, sem contemplar
distintas possibilidades de arranjo e os impactos
em suas vidas. No entanto, alguns trabalhadores, a
partir de sua própria experiência pessoal, reconhecem a complexidade e os sofrimentos envolvidos
na construção como cuidador. O papel do gestor e
espaços de educação permanente vem se mostrando
essenciais para a reflexão sobre essa relação.
PROGRAMA DE ATENÇÃO DOMICILIAR NO MUNICÍPIO DE PITANGUEIRAS – SP
Roseli Seraphin Barbosa Pereira / Pereira, R.S.B. /
Prefeitura Municipal de Pitangueiras;
Introdução: Tendo em vista que as mudanças das
sociedades estão sendo caracterizadas por transição
epidemiológica (envelhecimento da população e diminuição da natalidade) e transições demográficas
(saneamento, educação e moradia) observa-se uma
necessidade de reformular o modelo de atenção à
saúde. Nesse contexto o Ministério da Saúde institui
a Atenção Domiciliar no âmbito do SUS que segundo
a Portaria n° 963 de 27 de Maio de 2013 do Ministério da Saúde é definida como nova modalidade de
atenção à saúde, substitutiva ou complementar às já
existentes, caracterizada por um conjunto de ações
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 44
de promoção à saúde, prevenção e tratamento de
doenças e reabilitação prestadas em domicílio, com
garantia de continuidade de cuidados e integradas às
redes de atenção à saúde”. (Brasil, 2013). A Atenção
Domiciliar deve estimular o autocuidado e buscar
a autonomia do indivíduo e da família, abordando
a família dentro do seu contexto socioeconômico e
cultural, facilitando acesso aos serviços públicos de
saúde e dar apoio emocional. Objetivo: O presente
trabalho objetivou apresentar as principais causas de
demandas para inserção dos pacientes no programa
de atendimento domiciliar. Método: O levantamento
dos dados foi realizado com pacientes cadastrados
no Programa Melhor em Casa no município de Pitangueiras -SP. O Município conta com uma população
estimada pelo IBGE (2014) de 37.860 habitantes,
possui 5 Unidades Básicas de Saúde, 1 Estratégia
de Saúde da Família, 1 Centro de Especialidades, 1
Centro Odontológico e 1 Centro de Reabilitação Motora. O Programa iniciou suas atividades em Agosto
de 2014, possui uma EMAD tipo 2 e uma EMAP. Para
coleta dos dados foi realizado levantamento através
da ficha de registro da atenção domiciliar. Resultados: de acordo com as fichas, 46% dos pacientes
cadastrados são sequelados de Acidente Vascular
Cerebral Isquêmico ou Hemorrágico associados a
patologias como Hipertensão Arterial e/ou Diabetes
Mellitus, 8% são pacientes com paralisia cerebral,
5% são paraplégicos e a porcentagem restante fica
entre pacientes em cuidados paliativos de câncer,
doenças genéticas, Alzheimer, Hipertensão Arterial,
Diabetes, Insuficiência arterial e venosa e Doença
Pulmonar Obstrutiva Crônica. Conclusão: Observa-se que os motivos que levaram 46% dos usuários a
necessitarem de cuidados domiciliares e os tornaram
com dificuldade de locomoção foram os Acidentes
Vasculares Cerebrais que poderiam ter sido evitados
com ações de prevenção e promoção da saúde.
PROGRAMA DO MÉDICO VETERINÁRIO DA SAÚDE
DA FAMÍLIA-PMVSF
Carlos Augusto Donini / Donini, C.A. / Complexo
Educacional FMU;
O Programa Médico Veterinário da Saúde da Família-representa uma atividade acadêmica na modalidade
Extensão Universitária que consiste no conjunto
de atividades acadêmicas em Saúde Pública VeteriAnais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
nária, que possibilita a aplicação do conhecimento
teórico na prática junto à coletividade, objetivando
aprimorar o aprendizado pela vivência e observação
da realidade dos fatos, permitindo a intervenção
positiva sobre o desenvolvimento da comunidade
assistida. A observação, análise, intervenção e im­
plantação do controle e prevenção desta extensa
gama de fatores de risco à saúde, nas residências(e
entorno), condomínios, ruas, bairros, regiões em
caráter continuado, pragmático e supervisionado,
integrado às demais atividades da Estratégia de
Saúde da Família, sem dúvida, representa a medida
estratégica mais simples, ampla, imediata e eficiente com melhor relação Custo/Benefício. Como
resultados preliminares, foram visitados até agora
pelo PMVSF-FMU, quatro Municípios próximos de
SP. A população coberta alcança cerca de 35.000
habitantes. Mairiporã; Águas de São Pedro; Bertioga e Pirapora do Bom Jesus foram visitados pelas
equipes de alunos orientados e supervisionados,
procederam à visitas às residências dos bairros
centrais e periféricos, executando um diagnóstico
situacional, em amostragem do perfil epidemiológico das condições de saneamento ambiental(água,
resíduos sólidos e líquidos)das relações com animais
domésticos (criações) e de companhia (pets) e da exposição a animais sinantrópicos Simultaneamente
foram verificadas os estabelecimentos comerciais
de alimentos em suas instalações, procedimentos
e condições ambientais de higiene e saneamento.O
PMVSF contempla um projeto de Educação em
Saúde com professores da rede pública local, A
Avaliação parcial do estado de risco sanitário das
comunidades observadas por amostragem:Elevado
para doenças de veiculação hídrica;Moderado para
doenças transmitidas por vetores;Moderado para
doenças transmitidas por roedores;Moderado para
doenças de transmissão direta;Moderado para doenças veiculadas por alimentos.Os resultados positivos
observados na motivação, valorização e auto estima
sobre o alunado justifica e confirma a propriedade e
a importância da capacitação profissional dos programas de Extensão universitária em seu fundamento e meta.O Programa foi agraciado com a Honrosa
Menção pela Egrégia Câmara Municipal de Bertioga
por duas vezes, com a Medalha do Mérito Legislativo
com o Prêmio de Melhores Práticas Sociais/2011.
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 45
Comunicação e Saúde
A COMUNICAÇÃO PÚBLICA E A HUMANIZAÇÃO hospitais no que tange a comunicação interpessoal
com seu público de interesse, através do trabalho
NO ATENDIMENTO AO CIDADÃO
Simone Alves de Carvalho / Carvalho, S. A. / ECA-USP;
Esta é a pesquisa de doutorado em andamento sobre a
comunicação pública (CP) e o processo de humanização no atendimento ao cidadão, através de pesquisa
qualitativa com comissões de humanização (CH). A
metodologia é a pesquisa bibliográfica e entrevistas
analisadas através do discurso do sujeito coletivo em
hospitais que atendam o SUS na região sudeste. O objeto de pesquisa é a relação entre a conceituação de
capital social (CS) com o atendimento ao cidadão na
saúde pública, tendo como fundamentação teórica
as análises de CP. Pela natureza interdisciplinar do
projeto, a pesquisa bibliográfica busca referências
em diversas áreas. A pesquisa apresenta um olhar
comunicacional sobre as relações entre as CH o e o
paciente ou familiar, assunto pouco discutido, salvo
em manuais de conduta de atendimento, e o objetivo
é relacionar o CS, a CP e o atendimento prestado ao
cidadão, que podem levar à aplicação do conceito
de humanização hospitalar (HH) em um ambiente
caracterizado pela técnica e tecnologia, afastando
a pessoa da condição humana para a condição de
número. Temos como pressuposto que se uma organização tem um CS positivo, oriundo de uma CP
bem estruturada, pode oferecer a seus públicos de
interesse, no caso, o usuário do serviço público de
saúde, um atendimento mais humano e percebido
como de maior qualidade. Objetivo geral: verificar
se os emissores do serviço de saúde pública das CH
dos hospitais da região sudeste entendem seu papel
na CP com o cidadão usuário do serviço e também
como multiplicadores do CS que deve ser inerente a
esse tipo de serviço. Aliados a esse objetivo, apresentamos uma revisão bibliográfica sobre o conceito de
CS; analisamos as conceituações sobre CP e CS em
suas diferentes vertentes; e aprofundamos nossos
conhecimentos sobre a saúde pública. Objetivos específicos: analisar como a CP é entendida e aplicada
pelas CH do SUS; estudar o conceito de CS sob a ótica
da saúde pública; e analisar o trabalho realizado nos
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
realizado pelas CH. Objetivos teóricos: relacionar os
conceitos de HH e CS e retomar as discussões sobre
CS de maneira interdisciplinar entre as áreas da
CP e da saúde. Objetivos práticos: apresentar uma
proposta de melhoria do serviço público de saúde,
no quesito relacionamento interpessoal, junto às
CH; e demonstrar empiricamente a imbricação dos
conceitos estudados em um ambiente hospitalar.
A ESCUTA COMO INSTRUMENTO DE ENFERMAGEM: QUALIFICAÇÃO DA ASSISTÊNCIA
Keite Helen dos Santos / Santos, K.H. / Universidade Estadual de Campinas; Dalvani Marques /
Marques, D. / Universidade Estadual de Campinas;
Caracterização do problema: O trabalho em saúde
deve ser espaço de convergência da multiplicidade
de reflexões acerca das relações entre o trabalhador e o usuário, onde a relação terapêutica sofre os
impactos do estresse, do cansaço, da dor, do sofrimento, das diversas percepções de vida individuais,
das crenças e da cultura. Os saberes e práticas de
saúde necessitam, portanto, de ferramentas que
considerem os elementos assistenciais, subjetivos e
sociais ¹ como aspectos do cuidado, humanizando e
qualificando a assistência. Descrição: Trata-se de um
relato de experiência baseado na análise da atuação
da enfermagem durante a assistência a crianças e
suas famílias através da qual há a compreensão da
situação e do objeto de estudo pelo qual se considera
a interpretação do sujeito atuante, visto que este
oferta informações com a finalidade de entender, interpretar e intervir sobre o problema. Tal abordagem
é caracterizada por métodos dialógicos como a descrição da realidade e a crítica sobre ela, baseando-se
na análise da realidade advinda das vivências de um
profissional enfermeiro inserido em serviços de saúde durante sua atuação no Programa de Residência
Multiprofissional, que compreende a assistência
destinada a usuários do Sistema Único de Saúde.
Lições aprendidas: As reflexões sobre as práticas de
enfermagem nesse cenário de atuação, a partir do
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 46
qual se propôs a discussão da organização e desenvolvimento do trabalho, pautado pela humanização
e integralidade da assistência em saúde permitem
a visualização da fragilidade das relações entre enfermeiros e usuários, o que impacta negativamente
no acesso aos princípios do Sistema Único de Saúde.
Recomendações: Durante as práticas de campo foi
possível identificar que a enfermagem, ao prestar
cuidado direto aos indivíduos, lança mão de técnicas
assistenciais e do diálogo para alcançar os objetivos
elencados durante o planejamento do processo de
trabalho, entretanto possui uma tímida produção
acadêmica que disponibilize os benefícios da aplicação da escuta terapêutica em sua rotina. As ações
de saúde orientadas pelo modelo de humanização
propiciam qualidade nos serviços de atendimento,
visto que tratam-se de diretrizes convergentes com
os princípios do Sistema Único de Saúde-SUS, assegurando atenção integral aos usuários, no entanto
sua completa implementação depende de grandes
mudanças conjunturais e sistêmicas que transpassam os serviços de saúde.
A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO ENTRE PROFISSIONAIS DA SAÚDE E USUÁRIOS DA ATENÇÃO
BÁSICA
Luciane Ferreira do Val / Val, L.F. / EEUSP/FAPESP; Adriana G. Pinto / Pinto, A.G. / HC UNICAMP; Afonso Henrique V. da Silva / Silva, A.H.V. /
EEUSP/FAPESP; Paula O. Sousa / Sousa, P.O. / CRT
DST/AIDS-SP; Ivone de Paula / Paula, I. / CRT DST/
AIDS-SP; Lucia Yasuko Izumi Nichiata / Nichiata,
L.Y.I. / EEUSP;
Introdução: O Sistema Único de Saúde (SUS) trouxe
para os serviços de saúde necessidades de práticas
mais democráticas de comunicação. Serviços de saúde que não desenvolvem uma comunicação efetiva
entre seus trabalhadores e usuários condicionam
maior ou menor vulnerabilidade aos agravos em
geral. Objetivo: analisar vulnerabilidade ao HIV/aids
na dimensão programática relacionada à comunicação entre os profissionais de saúde e destes com os
usuários de serviços da Atenção Básica (AB). Métodos: estudo exploratório, descritivo, quantitativo
com base no conceito de Vulnerabilidade. Envolveu
22 municípios selecionados por participarem mais
de uma vez no Monitoramento online do Centro de
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Referência e Treinamento AIDS/SP. Foram sujeitos
do estudo, gerentes das UBS, convidados a responderem um formulário online (FormSUS), dados até
08/06/2015. Resultados: Responderam 51 UBS - tradicionais (37) e Saúde da Família (12); dos municípios
de Barueri (14), Ferraz de Vasconcelos (11), Barretos
(11), Franco da Rocha (6), São Joaquim da Barra (4),
Pindorama (2), Cubatão, Garça e Ituverava com 1
UBS. Indicaram que a facilidade de comunicação
com a equipe de saúde foi considerada uma das
competências gerenciais de maior importância (20);
o meio de comunicação mais utilizado entre os profissionais da saúde das UBS foi conversa informal
(41), mural de recados (37), reuniões semanais (30),
comunicados por e-mail (17) e memorandos internos
(16); a UBS avalia o atendimento que oferece em
conversa direta com o usuário (13), nas reuniões
com os profissionais da saúde (7) e com questionário respondido pelo usuário (4), destaca-se que 30
UBS não avaliam o atendimento e a satisfação do
usuário. A comunicação entre os usuários e UBS
se dá por meio de ouvidoria (40), caixa de sugestão
(27), telefone (20) e conselho gestor (6). Conclusão:
a comunicação entre profissionais e destes com os
usuários ainda é uma prática informal presente nas
UBS, o que traduz vulnerabilidade programática na
APS. Estratégias de aprimoramento na comunicação é uma competência a ser desenvolvida desde a
formação profissional até a Educação Permanente.
Aperfeiçoar práticas de comunicação na AB democratiza saberes e fortalecem o SUS. Agradeço a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
(FAPESP) pelo apoio ao Projeto Regular (2013/145985), Projeto de Pós-Doutorado (2013/08048-2) e Bolsa
TT1 (2014/16652-0).
DOCUMENTÁRIO HANSENÍASE: O OUTRO LADO
DA HISTÓRIA
Mark Fernando da Silva Raboni / Raboni, M.F.S
/ Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto-USP;
Karen da Silva Santos / Santos, K.S / Escola de
Enfermagem de Ribeirão Preto-USP; Cinira Magali
Fortuna / Fortuna, C.M / Escola de Enfermagem de
Ribeirão Preto-USP; Joab J. S. Xavier / Xavier, J.J.S
/ Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto-USP;
Marcela Gonçalves / Gonçalves, M / Escola de
Enfermagem de Ribeirão Preto-USP; Talita Moraes
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 47
/ Moraes, T / Escola de Enfermagem de Ribeirão
Preto-USP; Jociele Cristina da Silva / Silva, J.C /
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto-USP;
Patrícia Evangelista / Evangelista, P / Escola
de Enfermagem de Ribeirão Preto-USP; Beatriz
Paroli de Miranda / Miranda, B.P / Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto-USP; Vanda Cristina
Silveira / Silveira, V.C / Escola de Enfermagem de
Ribeirão Preto-USP; Amanda Heloisa Santana /
Santana, A.H / Escola de Enfermagem de Ribeirão
Preto-USP; Estefânia A. Marques / Marques, E.A
/ Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto-USP;
Fabiana Ribeiro Santana / Santana, F.R / Escola de
Enfermagem de Ribeirão Preto-USP;
Descrição da produção do documentário Este trabalho é realizado no contexto do projeto de extensão
universitária da Liga de Hanseníase Profª Drª Maria
Helena Perssini de Oliveira da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto-USP. A pretensão é mostrar
a trajetórias de vida de pacientes e ex-pacientes de
hanseníase. A hanseníase é uma doença crônica
marcada por estigmas sociais. Hoje a hanseníase
é curável, mas ainda tem a capacidade de produzir
“marcas” e evocar temores da exclusão social e preconceitos que vem desde seu surgimento datado da
época antes de Cristo. A doença ainda é considerada
um grande problema de saúde pública brasileiro.
O documentário é um registro de ações temporais
e acontecimento concretos e reais que possibilita
mostrar os significados expressos que não são
mensurados nem quantificados. Os elementos visuais desempenham um importante papel social,
político e econômico. As filmagens foram realizadas
na cidade de Ribeirão Preto, na residência dos entrevistados, e no Campus da USP- RP. Está em fase
de edição e pós-produção e pretendemos lançá-lo no
mês de agosto de 2015. Ao todo cinco pessoas deram
seus depoimentos após a assinatura do termo de
divulgação de som e imagem. O documentário terá
duração máxima de 25 minutos. No documentário,
há depoimentos que mostram o período da época
do isolamento compulsório e também como é ser
paciente de hanseníase no período atual, o estigma
e preconceito ainda existentes e as diferenças no
enfrentamento. Como toda história de vida, há momentos engraçados, momentos de romance e de superação. E é isto que focalizamos neste documentáAnais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
rio: momentos de superação de pessoas acometidas
por uma doença estigmatizada, o ponto de partida de
uma reviravolta e como conviver com o tratamento
de hanseníase. Percebemos que ao analisar as histórias de vida trazidas pelo próprio sujeito, podemos
identificar momentos chaves” que possibilitaram
o enfrentamento de sua realidade social e cultural.
Acreditamos que propiciar visibilidade e dizibilidade” seja uma forma de colocar em debate o tema
e contribuir para com a diminuição do preconceito.
Acentuar as formas de superação encontradas por
essas pessoas é uma aposta ético-política na vida em
suas múltiplas diferenças expressões. Necessidade
de equipamento Será necessário equipamentos de
áudio visual para a visualização do documentário.
EDUCANDO COM ARTE NA SAÚDE: UMA EXPERIÊNCIA NO CONTEXTO DA ESTRATÉGIA SAÚDE
DA FAMÍLIA
Aline Natalia Domingues / Domingues, A.N. /
Universidade Federal de São Carlos; Tháis Cristina
Laurenti / Laurenti, T.C. / Universidade Federal de
São Carlos; Jéssica David Dias / Dias, J.D. / Universidade de São Paulo; Valéria Cristina Gabassa
/ Gabassa, V.C. / Universidade de São Paulo; Sílvia
Helena Zem-Mascarenhas / Zem-Mascarenhas,
S.H. / Universidade Federal de São Carlos;
Caracterização do Problema: Este artigo teve como
objetivo relatar a experiência das participantes
de um projeto de extensão universitária entre os
anos de 2012-2013, envolvidas com a arte e saúde
no contexto da Estratégia Saúde da Família (ESF).
O SAUDARTE-Educação em saúde com arte” foi um
projeto de Extensão Universitária, vinculado a Universidade Federal de São Carlos pela Pró-Reitora de
Extensão que teve como objetivo desenvolver ações
educativas para a promoção da saúde, de acordo
com as necessidades de uma ESF. Descrição: Participaram do projeto de extensão membros de um
grupo de artesanato de uma ESF no município de
São Carlos-SP e alunas do curso de graduação em
enfermagem. As atividades semanais desempenhadas neste grupo eram coordenadas pela Enfermeira e
por Agentes Comunitários de Saúde. As ações foram
desenvolvidas em espaços cedidos pela comunidade
religiosa local e estavam situados no próprio bairro.
O número de participantes do grupo oscilou entre
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 48
14 e 16, com faixa etária dos 13 anos aos 67 anos de
idade, exclusivamente do sexo feminino. As alunas
do projetos de extensão participavam destes encontros semanalmente, com o intuito de interação
com a população e levantamento do grupo das suas
principais necessidades de educação em saúde para
as ações educativas. As práticas educativas que nortearam o projeto de extensão têm como fundamentos
pressupostos da educação popular em saúde. Lições
Aprendidas: Considerando então a arte como fator
intrínseco da área da saúde, sua relevância se torna
inquestionável na atenção básica e na educação
popular, visto que cada comunidade tem seus meios
de demonstrar a sua própria arte. Neste contexto a
existência de um grupo que faz arte é essencial para
a criação de vínculo entre profissionais de saúde
e comunidade, fazendo um momento de diálogo e
troca de experiências, além do aprendizado poder
tornar uma fonte de renda das famílias. Recomendações: Os grupos sociais criados no contexto da atenção básica são fundamentais para a consolidação do
Sistema Único de Saúde e abrangem a participação
social da população em espaços democráticos, além
da importância da capacitação dos profissionais
da atenção básica para que oportunizem esses momentos, atuem e consolidem a educação popular.
Conclui-se que o projeto de extensão propiciou a
construção de um processo formativo abrangendo
diferentes dimensões de saberes, processos, capacidade relacional e perspectiva ético política diante da
promoção a saúde.
ESTADO E UNIVERSIDADE UNEM-SE NO ENFRENTAMENTO DA SIFILIS
Emi Shimma / Shimma, E / CRT DST/Aids-SP; Paulo
Roberto Teixeira / Teixeira, PR / CRT DST/Aids-SP;
Carmen Silvia Bruniera Domingues / Domingues,
CSB / CRT DST/Aids-SP; Valdir Monteiro Pinto /
Pinto, VM / CRT DST/Aids-SP; Roberto José Carvalho da Silva / Silva, RJC / CRT DST/Aids-SP; Ivone
de Paula / De Paula, I / CRT DST/Aids-SP; Samantha
Lamastro / Lamastro, S / CRT DST/Aids-SP;
Introdução A Coordenação Estadual DST/Aids-SP
firmou, no final de 2014, uma parceria com a Universidade Metodista de São Paulo, para a criação de uma
campanha de prevenção da transmissão da sífilis
adquirida em homens e mulheres. A agência INK,
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
composta por alunos do 7º semestre de Publicidade e
Propaganda, foi responsável por sua produção. O aumento de casos de sífilis levou a solicitação da campanha. No período de 2007 a 2013, foram notificados
73.366 casos, 60% em homens e 40%, em mulheres.
Entre 2010 (ano em que a sífilis se tornou notificação
compulsória) e 2013, triplicou o número de casos em
indivíduos com 19 anos ou menos e de 65 anos ou
mais. Em pessoas de 20 a 34 anos, o aumento foi de
2,6 vezes. Descrição Em março de 2015, técnicos das
áreas de Vigilância Epidemiológica, Prevenção, Diretoria Técnica e Assessoria de Imprensa do CRT- DST/
Aids-SP elaboraram um “ briefing” sobre o produto
desejado: promover a prevenção da sífilis em um contexto de valores éticos e de direitos humanos. Foram
realizados um seminário sobre aspectos gerais da
sífilis no estado de SP, uma reunião para discussão
do” briefing” e 02 encontros para apresentação e
aprovação do conceito idealizado pelos alunos. Lições aprendidas A campanha, concluída em junho,
foi aprovada integralmente pelos técnicos envolvidos e pela Assessoria de Comunicação e Marketing
da Secretaria de Estado da Saúde, e também pelos
docentes do 7º semestre de PP. A parceria com Faculdades de Publicidade e Propaganda traz benefícios a
todos. Os futuros formadores de opinião aprenderam
conteúdos da área da saúde e a instituição obteve um
produto de qualidade, sem investimento financeiro.
Conclusão/Recomendações A campanha será veiculada em mídias do estado de SP. Este resultado valida
e indica a parceria entre estado e universidade, como
forma de somar esforços no enfrentamento da sífilis
e outros problemas de saúde pública.
ESTUDO COMPARATIVO DA SATISFAÇÃO DOS
CONSUMIDORES DE SERVIÇOS DE SAÚDE PRIVADO E PÚBLICO
Jeferson Rogerio Fonseca / Fonseca, J.R. / Universidade Paulista;
Hospitais são instituições prestadoras de serviços
de ampla seriedade social, possuindo alta complexidade e peculiaridade, portanto a prática da
Qualidade” adquire enfoque e diferencial especial.
A qualidade em saúde não se relaciona, exclusivamente, com um ou outro dos aspectos mencionados,
mas é o resultado de uma profícua integração e
conexão entre eles. Assim, torna-se evidente que a
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 49
prestação de serviços à saúde oferece também o risco
de falhas, o que torna necessários o conhecimento e
a organização dos processos e sistemas na tentativa
de redução e mesmo do impedimento da ocorrência
de eventos adversos. O objetivo geral do presente
estudo foi investigar através de publicação científica
a percepção de clientes em relação à qualidade dos
serviços públicos e privados. Foi realizado um estudo
de caráter descritivo e tipicamente bibliográfica, na
qual utilizamos artigos e teses nacionais publicados
no período de 2005 a 2015. Durante as nossas pesquisas, encontramos um total de 43 artigos relacionado
a presente temática, dos quais 48,8% (21) eram revisão bibliográfica, 39,5%(17) relacionavam-se a saúde
pública, 9,3% (4) descreviam a qualidade na saúde
privada e somente 1 (2,3%) comparava a qualidade
da saúde em diversas instituições de saúde. Deste
total de artigos 90,7% (39) relatavam a insatisfação
dos clientes. Com relação a instituições de saúde pública a principal queixa apresentada, com 76,5%, foi
referido o tempo de agendamento e espera na apresentação do serviço. Quando verificado a principal
queixa de usuário de saúde instituição privada, foi
constatado com 75%, o custo abusivo e dificuldade
nas autorizações de procedimentos. É de todo o interesse conhecer a satisfação dos usuários da saúde,
principalmente os fatores ou as características do
nosso cuidar que levam à sua satisfação ou insatisfação. Só assim, baseados na experiência, podemos
melhorar os cuidados, direcionando as nossas
intervenções e atitudes para as suas necessidades,
contribuindo desta forma para a sua satisfação e
qualidade de vida. Palavras-chave: Saúde pública;
saúde privada; satisfação
Portanto, o método mais adequado para a redução
da incidência de casos da doença ainda é o controle
do vetor, o que exige a cooperação da comunidade.
Objetivos: Descrever as fontes de informação sobre
a dengue entre usuários dos serviços de atenção
primária à saúde de Ribeirão Preto, SP. Métodos:
Estudo transversal, com amostra probabilística
de 605 usuários. Os dados foram coletados em dez
unidades de saúde do município. Resultados: Foram
entrevistadas 414 mulheres e 191 homens. As fontes
de informação citadas pelos respondentes foram a
televisão (87,8%), cartazes e folders (41,8%), internet (17,5%), hospitais e unidades de saúde (17,4%),
rádio (12,2%), jornais (9,7%), escola dos filhos (5,6%),
amigos (4,6%), familiares (4,3%), escola, colégio ou
faculdade (4,0%) e igreja ou grupo religioso (2,2%).
A internet não foi citada por usuários analfabetos,
mas foi citada por 2,5% dos usuários com ensino
fundamental incompleto, 6,7% dos usuários com
ensino fundamental completo, 26,2% dos usuários
com ensino médio completo e 52,6% dos usuários
com ensino superior completo. A televisão foi a fonte
mais citada entre os usuários de todos os níveis de
escolaridade, com frequências de citações variando de 71,4% entre os analfabetos a 91,7% entre os
usuários com ensino médio completo. Observou-se
uma tendência dos jornais serem citados mais frequentemente pelos usuários mais idosos, enquanto
a internet e cartazes foram citados com mais frequência entre os usuários mais jovens. Conclusão: A
televisão foi a fonte de informação mais citada por
usuários de todas as classes de escolaridade e faixas
etárias, evidenciando a importância deste meio de
comunicação para as campanhas de prevenção e
para a conscientização da população.
FONTES DE INFORMAÇÃO SOBRE A DENGUE ENTRE
USUÁRIOS DOS SERVIÇOS DE ATENÇÃO PRIMÁRIA IMPACTO NA LEITURA DE ARTIGOS CIENTÍFICOS:
UMA TENTATIVA DE DIÁLOGO COM MEU LEITOR
À SAÚDE DE RIBEIRÃO PRETO, SP
Adorama Candido Alves / Alves, A. C. / USP; Edson
Zangiacomi Martinez / Martinez, E. Z. / USP;
Introdução: A dengue é uma doença febril aguda,
causada por um dos quatro sorotipos de um vírus
do gênero Flavivirus. Ocorre principalmente em
regiões tropicais e subtropicais, e seus principais
sintomas são febre alta, dor de cabeça, náuseas e dor
abdominal. Apesar dos atuais desenvolvimentos, não
há ainda uma vacina disponível para o seu controle.
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Marco Akerman / Akerman, M / FSP DA USP;
O trabalho problematiza o termo impacto” e se
referencia na produção cientifica do seu autor que
é utilizada para análise de impactos, sob a perspectiva qualitativa. Esta análise é realizada não como
um fim em si mesmo, mas sob a égide da relação
autor/texto/leitor. Buscando estabelecer esta relação, explora-se como o autor é citado em um artigo
selecionado, adentrando cada uma das citações e
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 50
identificando que aspectos foram relevados pelos
leitores que fizeram as citações. Esta observação
qualitativa de cada uma das citações propiciou captar como cada autor/leitor utilizou o texto original.
Esta experiência pessoal e finita deste diálogo mais
fino com o meu leitor” é lançado aqui como uma
recomendação, a quem possa interessar, de um dispositivo viável e repetível para que autores possam
re-visitar o que escrevem a partir do reconhecimento
do impacto que provocam no outro.
Os dados foram colhidos a partir de oficinas educativas com estudantes de ensino fundamental, médio
e técnico da cidade de Uberlândia. Dessa forma, foi-se percebido que as maiores fontes de informação
sobre Dengue são os ambientes escolares e a mídia.
Logo, a comunicação em saúde necessita ser feita de
forma dinâmica e apropriada, com caráter educativo, instrucional, impactante e reflexo, pois assim a
informação é capaz de fortalecer a promoção e a prevenção da saúde, especialmente perante a dengue.
INFORMAÇÃO, EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO EM
SAÚDE: A EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE A PARTIR DE OFICINAS EDUCATIVAS SOBRE PREVENÇÃO
E CONTROLE DA DENGUE
INTERNET: PERDA DE PESO OU PERDA DE TEMPO?
Amanda Amaral Abrahão / Abrahão, A. A. / Universidade Federal de Uberlândia; Klauss Kleydmann
Sabino Garcia / Garcia, K.K.S. / Universidade de
Brasília - UnB; João Carlos De Oliveira / Oliveira,
J.C. / ESCOLA TÉCNICA DE SAÚDE (ESTES), da
Universidade Federal de Uberlândia (UFU);
A comunicação em saúde é uma ferramenta extremamente necessária para garantir o acesso à informação por parte da população, principalmente perante
medidas de prevenção da saúde. A educação popular
em saúde é um mecanismo viável e eficaz que deve
ser expandido e explorado dentre a população, assim
como o ambiente é uma peça fundamental para o
desenvolvimento do quadro de saúde da população
brasileira. A saúde ambiental vem trabalhar a integração do meio ambiente com os cuidados em saúde
em prol da construção de uma sociedade saudável.
Atualmente a Dengue é um recorrente problema de
saúde pública, e isso mostra a urgência por ações
preventivas e de combate aos vetores da doença,
e dessa forma é essencial o bom funcionamento
das ferramentas de comunicação e informação em
saúde. Em Uberlândia a Dengue tem elevado índice
de incidência devido às características climáticas e
sociais da cidade que são favoráveis ao desenvolvimento do vetor Aedes aegypti. A pesquisa analisou
quais são as principais fontes de informação que
apresentam características da doença e informações
quanto à sua prevenção e seu combate, assim foi-se
analisado como se dá a ação da comunicação em
saúde perante as recorrentes epidemias de Dengue.
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Magda Leite Medeiros / Medeiros, M. L. / Faculdade de Medicina do ABC; Erik Montagna / Montagna, E. / Faculdade de Medicina do ABC; Marco
Akerman / Akerman, M. / Faculdade de Medicina
do ABC; Adriana Medeiros Sales de Azevedo / Azevedo, A. M. S. / Faculdade de Medicina do ABC;
Mais da metade da população brasileira apresenta
sobrepeso, desses indivíduos uma parcela considerável é considerada obesa. Essas condições são
resultantes de um desequilíbrio entre consumo de
alimentos e atividade física, sendo que o tratamento
desse quadro está baseado em programas de redução
da massa corporal que incluem a escolha por uma
alimentação mais saudável e mudanças no estilo
de vida. Mas onde procurar, de forma rápida essas
orientações? A mídia mais promissora, desde a televisão, é sem dúvidas a internet. Através de sites
de busca, encontra-se com facilidade diferentes
respostas e opiniões para qualquer tema, mas essa
facilidade pode gerar em um resultado indesejado,
dada a característica da própria internet: qualquer
um pode publicar o que quiser. Assim, o objetivo do
trabalho foi procurar concepções alternativas e até
mesmo conceitos errôneos para perda de peso na
internet. Como método de pesquisa foi selecionado
o site google.com.br”, o termo de busca foi dicas para
emagrecer”, os dez primeiros sites indicados foram
visitados. Na maioria dos sites visitados foi possível
verificar alguma concepção alternativa de perda de
peso. Conclui-se que na ânsia de combater o sobrepeso, os indivíduos que procuram por orientação podem
ser conduzidos a erros conceituais que resultam em
fracasso no plano de emagrecimento e/ou adoção de
comportamentos nutricionais inadequados.
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 51
NOS CAMINHOS DO SUS: DESAFIOS SOBRE A e cidadania no Brasil. Conclusões/Considerações:
COMUNICAÇÃO DA POLÍTICA DE SAÚDE EM UMA A comunicação em saúde para o cidadão comum se
mostrou desafiadora ao passo que encontramo-nos,
EXPOSIÇÃO
Vanessa Nolasco Ferreira / FERREIRA, V.N. / Casa
de Oswaldo Cruz - FIOCRUZ; Carlos Henrique
Assunção Paiva / PAIVA, C.H.A / Casa de Oswaldo
Cruz - FIOCRUZ; Luiz Antônio Teixeira / TEIXEIRA, L.A. / Casa de Oswaldo Cruz - FIOCRUZ;
Fernando Antônio Pires-Alves / PIRES-ALVES,
F. A. / Casa de Oswaldo Cruz - FIOCRUZ; Carlos
Fidélis Ponte / PONTE, C. F. / Casa de Oswaldo
Cruz - FIOCRUZ;
Caracterização do Problema: Discutir a construção
da exposição “Nos Caminhos do SUS”, fruto de um
acordo de Cooperação entre a Fundação Oswaldo
Cruz e o Conselho Nacional de Saúde para celebrar
a 15a. Conferência Nacional de Saúde. Nesse âmbito,
constituiu-se um grupo de trabalho que se lançou ao
desafio de produzir marcos contextuais que dessem
conta da potência e contradições de nosso sistema
de saúde. Consolidada nossa visão sobre a exposição
iniciou-se o ciclo de materialização da mesma tendo
como parceiro o Museu da Vida que se juntou ao
grupo de trabalho na formulação de estratégias para
colocar em diálogo tanto os marcos estabelecidos,
como as conquistas e desafios relativas ao atual
sistema de saúde. Descrição: Como marcos foram
estabelecidos quatro eixos nortearam a discussão
do SUS: organização, financiamento, participação
popular e educação e trabalho em saúde. Esses se
tornaram módulos que põem em pauta conquistas
como o direito universal à saúde e a institucionalização da participação social, bem como desafios
como adequação do financiamento e formação e
distribuição de profissionais pelo país. Foram priorizadas formas de comunicação possíveis de serem
entendidas por qualquer cidadão: módulos interativos, textos e vídeos. Análise Crítica: O que poderia
ser sintetizado acerca do processo de comunicação
sobre o SUS? Ao final da exposição, o que deveria ser
retido como mais relevante pelo nosso expectador?
Queríamos e ainda queremos contribuir com a construção de um ponto de vista de que o SUS não seja
encarado apenas como uma política de governo, mas
como um empreendimento que remete às relações
entre pessoas, estado e mercado. Sendo assim, nosso
desafio foi situá-lo em um debate sobre direito social
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
por nossas tarefas diárias e obrigações acadêmicas,
ensimesmados em um discurso cheio de siglas e
jargões técnicos, que denunciam nosso afastamento do lugar onde a saúde acontece: o SUS. Quanto
a recomendações, se é que podemos fazer alguma,
atemo-nos a dizer que a proximidade entre produção
técnico-científica e prática é mandatória.
O OLHAR COMUNICACIONAL SOBRE O VER-SUS
Simone Alves de Carvalho / Carvalho, S. A. / ECA-USP;
Apresentação de minhas observações sobre a vivência no estágio interdisciplinar VER-SUS, pensado
sob o olhar da comunicação pública sobre estas atividades, como parte da experiência empírica de minha
pesquisa de doutorado. Esta vivência aconteceu nos
bairros de Brasilândia e Vila Nova Cachoeirinha (SP)
entre 18 de 25 de janeiro de 2015. Nesse período, um
grupo formado por universitários do campo da saúde
conheceu diversas facilidades que compõem o SUS
nesse território e discutiu sobre suas atividades e
propostas. O método utilizado é o relato de experiências, através do diário de bordo analítico. Como
resultado, pude verificar empiricamente a ausência
dos pressupostos teóricos da comunicação pública
e a carência dos mesmos no SUS.
O TABAGISMO E O USO DE TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO EM SAÚDE: ESTUDO
DE CASO EM PORTUGAL E BRASIL
Rosane Aparecida de Sousa Martins / Martins,
R.A.S / UFTM; Luis Saboga-Nunes / Saboga-Nunes,
L. / ENSP - Universidade Nova de Lisboa;
Introdução: Este trabalho é resultado da pesquisa
de posdoutoramento realizado em 2014 na Escola
Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova
de Lisboa, com financiamento da CAPES. Esta
investigação teve como objeto de estudo O uso de
tecnologias de informação e comunicação em saúde
no contexto da prevenção ao tabagismo e cessação
tabágica: um estudo comparativo entre Brasil e
Portugal. Nesta investigação o termo Tecnologias
de Informação e Comunicação – TIC é compreendido
como um conjunto de tecnologias que possibilitam
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 52
a ampliação da comunicação entre os homens na
sociedade, promovendo a interatividade, encurtando
as distâncias geográficas, alargando o alcance de
informações entre as pessoas, as instituições e o governo. Objetivo: compreender como ocorre o uso das
tecnologias de informação e comunicação em saúde
(TICs) no contexto da prevenção ao tabagismo e cessação tabágica por brasileiros e portugueses. Método: esta investigação caracteriza-se como estudo de
caso, a partir da realização de uma análise detalhada
da questão do tabagismo no âmbito do sistema de
saúde pública no Brasil e em Portugal. Trata-se de
pesquisa qualitativa com caráter descritivo e exploratório realizada por meio de pesquisa bibliográfica
e documental. Resultado: sobre a prevenção ao tabagismo e cessação tabágica constatou-se que tanto
Portugal como o Brasil utilizam de forma pontual
e restrita os recursos do campo dos Média e Comunicação como o rádio, a televisão, os jornais, dentre
outros. As ações de prevenção ao tabagismo com a
utilização destes recursos não é contínua e atende
especialmente à campanhas ou à comemoração de
datas relativas ao tema. O uso das TIC no campo
do E-saúde para a cessação tabágica em Portugal e
Brasil caracterizam-se por informações nos portais
de serviços públicos de saúde acerca dos locais e
critérios de atendimento dos fumantes, orientações
sobre os riscos do uso do tabaco e formas de abordagem. Conclusão: O acesso ao circuito das tecnologias
da informação e comunicação ainda é restrito nos
países pesquisados. Necessita-se fortalecer o uso
das TIC na saúde tanto para a socialização do conhecimento produzido como no fortalecimento de
novas práticas sociais que resultem na ampliação
da participação social de forma crítica e propositiva.
O USO DA TECNOLOGIA EM PESQUISA NO SISTEMA UNICO DE SAÚDE
Karemme Ferreira de Oliveira / OLIVEIRA, K.F /
EERP USP; Flávio Adriano Borges Melo / BORGES,
F. A. / EERP USP; Monica Vilchez da Silva / SILVA,
M. V. / UFSCar; Gabriela Alvarez Camacho / CAMACHO, G. A. / UFSCar; Priscila Norié de Araujo /
ARAÚJO, P. N. / EERP USP; Adriana Barbieri Feliciano / FELICIANO, A. B / UFSCar; Márcia Niituma
Ogata / OGATA, M. N. / UFSCAR; Cinira Magali
Fortuna / FORTUNA, C. M / EERP USP;
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Caracterização do problema: Nos últimos anos, avanços na tecnologia relacionados ao uso da internet
têm possibilitado a conexão de pessoas para o acesso
e transmissão de informações, de forma eletrônica,
sem limitação de tempo e espaço. Tecnologias que
respondem à valorizada busca de maneiras eficientes de organização do trabalho e otimização do
tempo profissional. A popularização dos smartphones, (celulares inteligentes) que funcionam como
computadores de bolso, tem sido considerada como
uma revolução tecnológica. Nas pesquisas na área de
saúde, o uso destas tecnologias está em expansão, o
que também exige ética, frente à intencionalidade e
postura do profissional que a utiliza. Fato vivenciado
no desenvolvimento da etapa de coleta dos dados primários do projeto de pesquisa para o SUS (PPSUS)-FAPESP nº 2014/50037-0, realizado por meio de
parceria entre Escola de Enfermagem de Ribeirão
Preto (EERP), Universidade Federal de São Carlos e
Departamento Regional de Saúde (DRS) III – Araraquara/SP, que tem como um dos objetivos analisar
os Planos Estratégicos de Intervenção elaborados
por equipes de Atenção Básica e o Mapa de Saúde da
Região. Descrição: Na etapa de análise documental
foi entrado em contato telefônico com profissionais
de 46 equipes de saúde dos municípios pertencentes
à Região Coração da DRS III Araraquara para solicitação de documentos. A principal forma de encaminhamento dos mesmos foi por meio de aplicativo
de smartphones (98%), e-mail (1%) e fotografia in
locu (1%). Após o contato, as respostas por meio de
smartphones e e-mail foram feitas, em média, até 5
dias. Para fotografar in locu, foi percorrido média de
300km. Seis unidades não encaminharam documentos. Do início da coleta até o momento passaram-se
dois meses. Lições aprendidas: A internet tem se
constituído como aliada no processo de pesquisa
no Sistema único de Saúde, diminuindo o tempo de
coleta de dados, custos financeiros e ambientais. O
contato telefônico prévio com identificação de pessoa chave mostrou-se fundamental. Recomendações:
Recomenda-se a consideração das novas tecnologias
como facilitadoras do processo de pesquisa. E ainda,
a necessidade de estudos aprofundados que possam
analisar as potencialidades e limitações no uso
destas ferramentas.
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 53
PAPEL DA FONOAUDIOLOGIA NO APERFEIÇOA- volvidos no cuidado e principalmente aos pacientes
MENTO DA COMUNICAÇÃO ENTRE OS NÍVEIS DE com transtorno mental visto que o diálogo entre os
envolvidos no cuidado tornou-se mais efetivo e queATENÇÃO PRIMÁRIA E ATENÇÃO SECUNDÁRIA
Aline Eclair Saad / Saad, A.E. / Instituto de Responsabilidade Social Sírio Libanês; Francies Regyanne
Oliveira / Oliveira, F.R. / Instituto de Responsabilidade Social Sírio Libanês; Melissa Lorenzo Prieto
de Souza / Souza, M.L.P / Instituto de Responsabilidade Social Sírio Libanês; Leonardo Ferreira de
Freitas Scaranello / Scaranello, L.F.F / Instituto de
Responsabilidade Social Sírio Libanês;
Caracterização do Problema: Os usuários com
transtorno mental percorrem vários serviços em
busca de tratamento. Havendo necessidade de serem referenciados da Atenção Básica aos Centros
de Atenção Psicossociais (CAPS) percebe-se que o
diálogo de referência e contra-referência é ineficaz
comprometendo o cuidado destes pacientes. Para
superar o problema, em uma Unidade Básica de
Saúde (UBS) na região central da cidade de São Paulo
constituiu-se processo de organização dos serviços
com o compromisso de reposicionar as equipes nos
processos de trabalho, aproximar e inserir nova
especialidade a fim de garantir atenção integral aos
usuários com transtorno mental. Assim, na UBS Humaitá, a fonoaudióloga do Núcleo de Apoio à Saúde
da Família, baseada nos preceitos de apoio matricial
contribuiu para a interlocução entre os serviços.
Descrição: A fim de potencializar a comunicação
e a atuação das equipes de saúde destes serviços,
organizou-se e articularam-se encontros semanais
na UBS nos quais uma equipe de referência de saúde
mental que foi formada, composta por profissionais
dos CAPS Infantil, Adulto, Álcool e Drogas e da UBS
Tradicional, discutem casos de usuários com transtorno mental e constituem o Grupo de Acolhimento.
Este grupo acolhe estes usuários que chegam à UBS
buscando uma melhor qualidade de vida. Lições
aprendidas: O fonoaudiólogo na Atenção Básica
como matriciador de equipes responsáveis pela coordenação do cuidado pode atuar como articulador
de uma ação estratégica como fomentar o grupo de
saúde mental e desta forma, cumprir importante
papel na rede de cuidados à saúde. A constituição
da rede complementar entre a Atenção Primária e a
Atenção Secundária, sediada no espaço da Unidade
de Saúde, trouxe muitos benefícios aos serviços enAnais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
brou alguns paradigmas. Recomendações: Há espaço
para o crescimento da participação da fonoaudiologia no sistema público de saúde, no nível da atenção
básica com mudança de sua inserção nas relações
de trabalho ampliando seu espectro de atuação
antes centrado nos níveis secundários e terciários.
Devem ser ofertados processos de qualificação que
desenvolvam a competência profissional do matriciador visto que proporcionar a comunicação entre
níveis de atenção é um caminho trabalhoso, mas
promissor para cultura que garanta a integralidade
dos pacientes.
RÁDIO WEB SAÚDE DA UFRGS
Fernanda Cardoso da Silva Feijó / Feijó.Fernanda
Cardos da Silva / Rede Governo Colaborativo em
Saúde UFRGS; Mariana da Rosa Martins / Martins. Mariana da Rosa / Rede Governo Colaborativo em saúde - UFRGS; Rossana Santos Rocha Mativi / Mativi.Rossana Santos Rocha / Rede Governo
Colaborativo em saúde - UFRGS;
Introdução: Por meio da criação de uma rádio WEB,
estudantes do Bacharelado em Saúde Coletiva da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul produzem mídias alternativas. O Projeto da Rádio Web
Saúde é uma extensão universitária que contempla
o ensino e a pesquisa pela facilidade e interatividade
que as mídias utilizadas, tais como Blog, redes sociais e canal de transmissão ao vivo que permite ao
espectador ter acesso imediato ou por meio de arquivos disponibilizados nos espaços virtuais. Objetivo:
Além de produzir mídias alternativas visando socializar o conhecimento em saúde coletiva os alunos do
projeto de extensão colocam em prática a comunicação em saúde. Metodologia: Dispondo de tecnologias
de comunicação estudantes criaram a Rádio WEB
Saúde e têm realizado tanto cobertura de eventos
como entrevistas, debates são transmitidos ao vivo
ou gravados. A equipe realiza filmagens, registros
fotográficos, campanhas educativas e jornalismo;
mantendo uma boa interação com a comunidade
acadêmica e com a sociedade através das mídias
sociais (Blog, Facebook, e-mail, Livestream, Twitter,
Flicker). Resultados: Estudantes realizam entreSaúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 54
vistas com profissionais da saúde, pesquisadores e
professores da área da saúde coletiva, colocando em
prática conhecimentos obtidos no curso. O material
produzido é registrado e tem subsidiado práticas
educativas, também, é arquivo histórico. No ano de
2013, o Projeto da Rádio Web Saúde cobriu diversos
eventos entre eles da UFRGS, da Rede Unida, da Rede
Governo Colaborativo em Saúde, da COORSAÚDE, do
EDUCASAÚDE e dos movimentos estudantis. Além
dos assuntos acadêmicos o projeto está imbricado
com questões do cenário político atual que tem impactado na vida civil, como, por exemplo, o Programa
Mais Médicos. Conclusão: Assim, pode-se dizer que
a experiência tem propiciado a aproximação entre o
conhecimento acadêmico do campo da saúde coletiva e os cenários de prática, apoiado pelos movimentos sociais, por meio do planejamento, da preparação
e da disponibilização de materiais instrucionais no
formato texto, voz e imagem; favorecendo a vivência
acadêmica, aproximando estudantes e docentes dos
acontecimentos contemporâneos, seus desdobramentos garantidos a comunicação interativa dos
acontecimentos multidisciplinares de interesse do
meio acadêmico da Saúde Coletiva.
SENSIBILIZAÇÃO DE OUVIDORIA NA SAÚDE: UM
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Camila Gomes / Camila Gomes / Associação Saúde
da Família (ASF); Vinicius Couto / Couto, V. /
Associação Saúde da Família (ASF); Bruna Pedroso Canever / Canever, B.P. / Associação Saúde da
Família (ASF); Paulo Fernando Capucci / Capucci,
P.F. / Associação Saúde da Família (ASF);
Caracterização do Problema A sensibilização de
Ouvidoria, surgiu com a necessidade de demostrar
aos gerentes de unidades de saúde a importância
de relacionamento que o canal dispõe, bem como as
possibilidades de sua utilização como ferramenta de
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
gestão. Percebemos a resistência de alguns gerentes
com o canal e a falta de percepção de possibilidades
de melhoria. A sensibilização foi a melhor forma
encontrada para iniciar o processo de disseminação
e consolidação do canal. Descrição: A sensibilização
ocorreu nos dias 01 e 02 de julho de 2015 atendendo
as duas regiões de gestão da ASF Sul (Capela do
Socorro e Parelheiros) organizadas em duas turmas
diárias, atingindo todos os gerentes. A apresentação foi realizada pelos assessores de ouvidoria,
demostrando inicialmente o conceito de ouvidoria,
a possibilidade de utilização como ferramenta de
gestão, o fluxo das manifestações, bem como a forma
de tratar e responder as manifestações. O cuidado
maior em todo o processo foi o de não minimizar a
responsabilidade e autonomia do gerente na unidade
e sim fazer com que entendessem a ouvidoria como
um canal de apoio gerencial e institucional. Abrimos um momento para dúvidas e questionamentos,
momento que percebemos um bom conhecimento
do significado do canal, além de ser bem utilizado
pelos participantes com questionamentos condizentes com o apresentado. A todo o momento da
apresentação foi apresentado conteúdo que sobre
ética, humanização e bom atendimento aos usuários
do SUS. Ao final do encontro foi disponibilizado um
manual de ouvidoria, com as principais orientações
passada. Lições Aprendidas A sensibilização foi uma
ação indispensável para a introdução e conceituação
do canal de ouvidoria. Mesmo identificando a resistência de poucos gerentes, percebemos que a maioria
visualiza o canal como uma ferramenta de gestão
que pode ser utilizada para agregar melhorias em
seus processos de trabalho. Recomendações Realizar
reuniões periódicas que permitam a consolidação do
canal, além de disponibilizar relatórios estatísticos
e principais ações realizadas através das manifestações de ouvidoria.
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 55
Controle Social e Participação Cidadã
A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NO EXERCÍCIO DO da tecnologia para gerar informação, reflexão e
conhecimento a cerca do Controle Social. As ações
CONTROLE SOCIAL
Rômulo Cézar Ribeiro da Silva / Silva, R. C. R. /
UNEMAT; Akeisa Dieli Ribeiro Dalla Vecchia /
Vecchia, A. D. R. D. / UNEMAT; Raimundo Nonato
Cunha de França / França, R. N. C. / UNEMAT;
Josué Souza Gleriano / Gleriano, J. S. / UNEMAT;
Thalise Yuri Hattori / Hattori, T. Y. / UNEMAT;
Larissa Marchi Zaniolo / Zaniolo, L. M. / UNEMAT;
A Participação Social no SUS se refere à participação
da comunidade no processo decisório sobre políticas
públicas e ao controle sobre as ações do Estado. O
enfermeiro constitui um sujeito fundamental para
a construção e viabilização das mudanças nas práticas de saúde. Objetivou-se compreender o nível de
conhecimento e de participação dos Enfermeiros
no Controle Social. O presente estudo trata-se de
dados parciais de um estudo que tem como horizonte
metodológico a pesquisa qualitativo-quantitativo.
Na coleta de dados obtiveram-se respostas em quatro categorias temáticas: nível de conhecimento,
nível de participação, dificuldades encontradas
na implementação do Controle Social e sugestões.
O recorte da amostra foi composto por Enfermeiros atuantes na Atenção Básica do município de
Tangará da Serra – MT. A amostra tratada foi de 12
Enfermeiros (51%). O instrumento de pesquisa foi
aplicado nos meses de Dezembro/2014 e Junho/2015,
após aprovação pelo Comitê de Ética, sob o número
CAAE 35707214.6.0000.5166. A pesquisa evidenciou
que todos os Enfermeiros entendem o conceito de
Controle Social como a participação da sociedade
nas políticas públicas e também conhecem a função de um Conselho Municipal de Saúde - CMS.
Comprovou-se na análise qualitativa que 70% dos
entrevistados tem conhecimento de como são distribuídos os recursos financeiros aplicados na área
da saúde. Quanto ao nível de participação, apenas
40% já participaram do CMS. Todos os entrevistados
consideram importante a participação dos usuários
e responderam que há falta de conhecimento dos
usuários sobre a função do Conselho. Houve reconhecimento pelos entrevistados da importância
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
que poderiam ser realizadas pelos pesquisados para
efetivação e desenvolvimento do Controle Social
ressaltam-se: orientação à população sobre o tema
e da importância de seu papel frente a este, participação enquanto profissional no CMS; divulgação e
convite à população para participar das reuniões.
Contudo a maior parte dos entrevistados não participa das reuniões e tem dificuldades em promover o
empoderamento, consciência política e maior mobilização popular. A partir deste estudo, salientamos a
relevância do aumento do quantitativo de pessoal de
saúde atuante no âmbito do SUS, para que o tempo
da participação política dos Enfermeiros nos Fóruns
de deliberação não seja consumido integralmente na
luta pela existência material.
A IMPORTANCIA DOS CONSELHOS DE SAUDE EM
FORTALEZA
Francisco Idenio Pontes Correia / Correia, F.I.P. /
UVA;
O presente estudo é sobre a importância da organização dos conselhos locais de saúde em Fortaleza,
como elementos catalisadores da participação popular na efetivação do controle social no sistema único
de saúde. Os Conselhos de Saúde se constituem num
espaço onde é possível garantir a participação dos
grupos sociais tradicionalmente excluídos do poder
de decisão no Brasil. Uma nova proposta capaz de
superar as antigas fórmulas, onde o usuário era presença morta e instituir o real poder de interferência
nas definições das políticas públicas de saúde. No
entanto, o exercício da cidadania é uma construção
difícil e delicada. Se mudar as rotinas é difícil, imagine iniciar a prática de relações cidadãs em uma
estrutura de poder habituada ao assistencialismo,
ao favoritismo e ao nepotismo. Para tal, precisa-se
ter como desafio acabar entre nós mesmos com representação sem legitimidade, pouco democráticas.
Antes de tudo, precisamos combater a acomodação
e a indiferença diante dos desafios que se põem em
nossa frente. Mudar nossa cultura política. Esse
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 56
estudo teve como objeto de observação o Conselho
Municipal de Saúde de Fortaleza, órgão de instância deliberativa e fiscalizadora na organização dos
conselhos regionais e locais de saúde da região metropolitana de Fortaleza. O principal objetivo deste
estudo consiste em demonstrar que a participação
dos conselhos de saúde ao qual passarão por um
processo de revitalização e/ou eleição para o biênio
2014/2016 é um instrumento de consolidação das
ações de saúde como parte da democracia no Brasil. Nesse estudo serão apresentadas informações
sobre as formas de participação popular (Usuários;
Profissionais de Saúde e Gestores) como instrumento para a efetivação do controle social no sistema
único de saúde.
ANÁLISE DAS EXPERIÊNCIAS DE PARTICIPAÇÃO
SOCIAL EM SAÚDE NO BRASIL E ITÁLIA
Alcindo Antonio Ferla / Ferla, A. A. / UFRGS;
Alessandra Xavier Bueno / Bueno, A.X. / UFRGS;
Cristian Fabiano Guimarães / Guimarães, C.F. /
SES-RS; Brigida Lilia Marta / Marta, B.L. / UNIBO
(Itália); Gabriel Calazans Baptista / Baptista, G.C.
/ SES-RS; Ardigò Martino / Martino, A. / UNIBO
(itália); Frederico Viana Machado / Machado, F.V.
/ UFRGS;
Introdução: Trata-se de um estudo em fase inicial,
proposto pela UFRGS em parceira com as instituições que compõem o Laboratório Italo-brasileiro de
formação, pesquisa e práticas em saúde coletiva. Os
sistemas de saúde da Itália e do Brasil foram construídos tendo como base as agitações sociais que
marcaram a segunda metade do século XX. Na Itália,
esse processo se inicia como efeito das reflexões produzidas pelo chamado movimento operário italiano”,
a partir dos anos cinquenta. Já no Brasil, o movimento sanitário ganhou força com a crise instituída na
saúde pública nos anos sessenta, especialmente
em função do caráter seletivo, curativo e hospitalocêntrico vigente no período. Ao final dos anos 70
e início dos anos 80 o país vivia uma crise política,
econômica, social e sanitária, gerando condições
para uma transformação nas relações entre o Estado
e a sociedade. Atualmente, tanto na Itália como no
Brasil, existe o desafio de promover uma abordagem
baseada no levantamento de problemas de saúde
junto com a comunidade, levando em consideração o
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
território, potencializando espaços de participação,
de construção compartilhada com todos os setores
da comunidade e de integração entre as políticas sociais e de saúde. Na Itália, no que tange à integração
dos serviços sociossanitários, percebe-se que esse
processo esta atingindo uma maior maturidade, enquanto no Brasil o trabalho ocorre de forma setorial,
embora os problemas de saúde demandem ações de
cuidado com foco na integralidade. Em particular,
a análise de experiências concretas nos dois países,
tomadas como marcadoras da implementação das
políticas sociossanitárias, permite a visualização de
práticas e tecnologias potencialmente úteis para o
desenvolvimento dos sistemas locais em ambos contextos. Objetivo: Identificar e analisar experiências
e práticas locais de participação relacionadas aos
serviços sociossanitários territoriais e de atenção
primária no Brasil e na Itália. Metodologia: Pesquisa-intervenção participativa que busca desenvolver
e fortalecer a produção do conhecimento conjunto
e uma rede científica que valorize as diversidades
regionais, envolvendo atores em diferentes localizações institucionais nas regiões de estudo. O campo
de pesquisa é composto por unidades de saúde no
Brasil e na Itália em regiões que compõe a rede de
instituições parceiras do Laboratório Italo-brasileiro
de formação, pesquisa e práticas em saúde coletiva.
CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE SAÚDE: ESPAÇO
PARA CONSTRUÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA DE
QUALIDADE
Nayanna Cristina Ferreira de Souza / Souza, N. C.
F. / UFG/RC; Normalene Sena de Oliveira / Oliveira, N. S. / UFG/RC; Jacqueline Rodrigues de Lima
/ Lima, J. R. / FEN/UFG; Jordana Aguiar / Aguiar,
J. / Secretaria Municipal de Saúde de Catalão-GO;
Maria Aparecida Barbosa Rêgo / RÊGO, M. A. B. /
Regional de Saúde Estrada de Ferro;
Caracterização do problema Saúde Pública de Qualidade para Cuidar Bem das Pessoas: Direito do Povo
Brasileiro” é o tema da 15ª Conferência Nacional
de Saúde, mas este direito por muitas vezes é desconhecido pela população e prestadores de serviço.
Descrição:Saúde como direito de todos e dever do
estado é referido na legislação vigente através da
Constituição Federal de 1988 ou lei 8.080/90, porém
esse direito por muitas vezes é negado ao cidadão
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 57
devido a falta de conhecimento . Neste sentido a lei
8.142/90 garante a comunidade a participação e o
controle social na gestão do SUS em que a população
atua de forma efetiva no Conselho de Saúde e nas
Conferências de Saúde. A Conferência acontece a
cada 4 anos com a representação de vários segmentos: usuários, representantes do poder público, da sociedade civil dentre outros. Assim uma Universidade
Publica Federal do Sudeste Goiano foi representada
durante uma Conferência Municipal de Saúde por
acadêmicos, docentes, coordenadores e gestores, um
momento de aprendizado intenso onde a teoria se
fez presente nas discussões dos 8 eixos indicados,
moções e várias proposta aprovadas como a garantia
do acesso ao serviço de saúde por estudantes universitários de diversas regiões do Brasil, que até o
momento era negada nas unidades básicas de saúde.
Cerca de 32 delegados foram eleitos para participar
da Conferência Regional destes aproximadamente
10 são acadêmicos. Lições aprendidas: O processo
de construção da saúde através da participação e
controle social nesta Conferência deixou claro a
necessidade de agregar conhecimentos adquiridos
anteriormente ao longo destes anos em sala de
aula com a prática através da extensão universitária dando subsídios ao processo de formação dos
acadêmicos, nos quais os autores envolvidos serão
futuros profissionais da saúde e estes terão a responsabilidade diante da efetivação da garantia do
direito de saúde, e também a responsabilidade de
articular junto a comunidade o funcionamento de
Conselhos de saúde e a defesa do SUS na perspectiva
de um cuidado em saúde integral. Recomendações:
A divulgação efetiva das conferências a população
brasileira, a necessidade de produção de materiais
didáticos de fácil compreensão para distribuição nas
comunidades, formação de conselheiros de saúde,
profissionais e gestores fundamentados no referencial teórico das políticas públicas, participação
social e direitos dos usuários do SUS, e realização
de projetos de pesquisa e extensão sobre a temática.
CURSO DE FORMAÇÃO DE CONSELHEIROS DE
SAÚDE NO TERRITÓRIO 4 DE SÃO BERNARDO DO
CAMPO 2015
Rebeca Peres dos Santos Francisco e Silva / Silva,
R. P. S. F. / Secretaria Municipal de Saúde de São
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Bernardo do Campo - SP; Francini Bianca Dominguez Gamba / Gamba, F. B. D. / Secretaria Municipal de Saúde de São Bernardo do Campo - SP;
Mawusi Ramos da Silva / Silva, M. R. / Secretaria
Municipal de Saúde de São Bernardo do Campo SP; Rita de Cássia Lazoski Araújo / Araújo, R. C. L.
/ Secretaria Municipal de Saúde de São Bernardo
do Campo - SP;
Caracterização do Problema: Os conselheiros são um
elo entre o conselho de saúde e a comunidade que
representam. Com a Lei Orgânica da Saúde e também
com a Emenda Constitucional 29/2000, a existência
e o funcionamento dos conselhos de saúde passaram
a ser obrigatórios para que estados, o DF e os municípios possam receber recursos federais. Como não
existe hierarquia entre as esferas de governo, esses
são livres para definir, em seus Planos de Saúde, os
meios pelos quais o dinheiro transferido pelo governo federal será aplicado na saúde. Descrição: O
Curso de formação de Conselheiros de Saúde de SBC,
foi realizado de forma descentralizada em todos os
territórios de saúde da cidade, mesclando-se encontros as sextas-feiras e aos sábados. Lições Aprendidas: Os conselheiros do território 4 identificaram
que ao visitar os centros e unidades de saúde, eles
podem ouvir usuários e trabalhadores, elaborando
relatório da situação encontrada, podem também verificar a qualidade dos serviços prestados: observar
se há muitas filas, se há equipamentos adequados.
Esse relatório deve ser apresentado em reunião do
plenário do conselho de saúde. É importante que o
conselheiro se lembre de que, ao visitar um hospital
ou centro/posto de saúde, ele não pode, por conta
própria, exigir providências dos profissionais ali
existentes. Ele deve relatar a situação ao conselho de
saúde para que o conselho adote as medidas legais
necessárias. Durante o período do curso quando
trabalhamos a temática: O papel do conselheiro
no município: cenas de atuação do conselheiro e
a importância dos processos formativos, foi visualizado como uma oportunidade de formação na
área da saúde pública, para sua atuação junto aos
movimentos populares de saúde e ao Controle Social,
tendo em vista a defesa e o aprimoramento do SUS
e fortalecimentodos mecanismos de Controle Social
no Sistema Único de Saúde, mediante a formação de
conselheiros municipais e conselheiros gestores do
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 58
município. Recomendações: Implementar a mobilização e articulação contínua da sociedade, na defesa
dos princípios constitucionais que fundamentam
o SUS, para o controle social de saúde. Despertar
na sociedade o interesse pela participação para o
fortalecimento e melhoria do SUS, servindo como
ligação entre quem utiliza a saúde e quem elabora
e executa as políticas de saúde.
FORTALECER AS CONEXÕES EM REDE - A EXPERIÊNCIA DO NÚCLEO REGIONAL DA APSP NA
BAIXADA SANTISTA
Rosilda Mendes / Mendes, R. / UNIFESP Campus
Baixada Santista; Eunice Nakamura / Nakamura, E. / UNIFESP Campus Baixada Santista; Luiz
Antonio Quitério / Quitério, L.A. / Grupo Estadual
de Vigilância Sanitária; Carlos Roberto de Castro
e Silva / Castro e Silva, C.R. / UNIFESP Campus
Baixada Santista; Fernando Silveira / Silveira, F.
/ UNIFESP Campus Baixada Santista; Celia Loch
/ Loch, C. / Grupo de Vigilância Sanitária; Florise Malvezzi / Malvezzi, F. / Grupo de Vigilância
Sanitária; Alessandro Lotti / Lotti, A. / UNIFESP
Campus Baixada Santista; Christiane Abdala /
Abdala, C. / Secretaria Municipal de Saúde de Santos; Carmem Lúcia Brandalise / Brandalise, C.L. /
Secretaria Municipal de Saúde de Santos; Olivia
Perez / Perez, O. / UNIFESP Campus Baixada
Santista; Raul S. Moura / Moura, R.S. / UNIFESP
Campus Baixada Santista; Danilo Anhas / Anhas,
D. / UNIFESP Campus Baixada Santista;
Caracterização do Problema: Com atividades em
todo o estado de São Paulo, a APSP é integrada por
diversos Núcleos Regionais. O Núcleo Regional da
APSP da Baixada Santista (BS) é composto por professores e estudantes de graduação e pós-graduação
da Universidade Federal de São Paulo – Campus
Baixada Santista, trabalhadores e gestores do SUS
vinculados a órgãos municipais e estaduais de
saúde. Temos por objetivo apresentar a experiência
da mobilização e fortalecimento deste Núcleo que
tem como intuito disseminar os debates em torno
das políticas públicas, práticas de gestão e rumos
do SUS. Descrição: Como atividade preparatória
ao 14º. Congresso, o Núcleo Regional BS realizou
um curso sobre o tema Participação e controle social no SUS: dilemas, desafios e perspectivas” nos
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
dias 21 e 22 maio de 2015 para refletir e debater as
várias práticas de mobilização social e de gestão
participativa nas políticas públicas e em programas
governamentais locais e regionais. Foram retomados
contatos realizados em anos anteriores e ampliou-se
seu alcance, tendo em perspectiva agregar pessoas
com atuação em outros segmentos da sociedade, tais
como meio ambiente, trabalho, habitação, proteção
social, entre outros. Lições Aprendidas: Os contatos
realizados permitiram a identificação de pessoas-chave”, que foram agregadas ao grupo coordenador
do evento. Esse grupo foi responsável pela concepção
e organização da atividade, uma vez que seu formato
foi apresentado, discutido e rearranjado em seis reuniões prévias, de março de 2015 a 19 de maio de 2015.
Participaram dessas reuniões as dezessete pessoas,
que passaram a compor o grupo responsável pela
concepção e organização da atividade. Além disso,
esse grupo foi também responsável por articular os
vários segmentos envolvidos. A conexão em rede
possibilitou a participação de 50 pessoas nos dois
dias de curso e propiciou a realização de encontros
valorizando o dialogo e trocas singulares sobre participação social. Recomendações: As reflexões em
torno da participação apontaram que diferentes contextos definem distintas relações Estado-Sociedade,
que os conselhos possuem trajetórias comuns, bem
como desafios de inclusão e de representação e eficácia e, que há distintas formas de mobilização, porém
com resultados semelhantes. O Núcleo Regional da
APSP pretende ampliar suas conexões e contribuir
para qualificar esses e outros debates que possam
ser agregadores de grupos, ideias e práticas sociais
GRUPO DE MULHERES, HUMANIZAÇÃO DO
NASCIMENTO E A CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE
SAÚDE DE SÃO CARLOS EM 2015: UM RELATO DE
EXPERIÊNCIA
Andrea Cadena Giberti / Giberti, A. C. / FSP/
USP; Janaína Basílio / Basílio, J. / OAB-SP; Luara
de Carvalho Barbosa / Barbosa, L. C. / UFSCar;
Natalia Martins / Martins, N. / UFSCar; Amanda
Hildebrand / Hildebrand, A. / USP; Carolina Neves
/ Carolina, N. / UFSCar;
Caracterização do Problema O Grupo de Mulheres
para Melhoria do SUS surgiu do interesse de mulheres de São Carlos em participar das Pré-Conferências
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 59
em seus bairros e da Conferência Municipal de Saúde, para aprovar propostas relacionadas à melhoria
da assistência ao parto e nascimento. Descrição Foi
criado um grupo de Facebook em que as interessadas iniciaram debates trocando dúvidas e possíveis
ações para a melhoria da assistência, sempre no sentido de aprimorar as propostas levadas. No total cinco foram às Pré-Conferências tornando-se delegadas
da Municipal, totalizando quatro que foram eleitas
para a Regional de Araraquara. Fizemos reuniões,
pesquisas de documentos e contatos com pessoas
e grupos de outras cidades que se articulavam para
participar de suas conferências locais e defender
o tema da Humanização do Parto e Nascimento.
Para a Conferência de São Carlos totalizamos dez
propostas sugeridas e aprovadas e uma moção de
apelo ao Ministério da Saúde e à Empresa Brasileira
de Serviços Hospitalares (EBSERH) para instalação
de um Centro de Parto Normal no Hospital Escola
da cidade, atualmente em fase de ampliação. Dentre as propostas aprovadas tivemos a implantação
do Fórum Perinatal; contratação de obstetrizes;
requisição de anestesista 24 horas na maternidade;
construção de Casa de Parto; e ações para divulgação
do que é violência obstétrica. Nos debates a principal dificuldade foi o desconhecimento das pessoas
sobre o assunto. Por outro lado, pudemos contar com
o apoio de gestores da Prefeitura que apoiaram e
ajudaram no aprimoramento das propostas. Lições
Aprendidas Apontamos a necessidade de articulação coletiva, conhecimento de documentos e da
realidade local como fatores para uma boa atuação e
resultados. Saber comunicar as propostas e acolher
as reações das pessoas foi decisivo para enfrentar
momentos mais tensos de debate, sem perder a
construção e coletiva. Outro ponto foi estar atentas
aos calendários, horários e comunicações em geral,
além da forma como as propostas foram redigidas,
para não ter a acessibilidade aos debates e votações
prejudicada. Recomendações A melhora na divulgação e mesmo instrução da população para que haja
maior participação e envolvimento da mesma. As
Conferências, além de espaços importantes para
obtenção de melhores resultados na Saúde Coletiva,
são particularmente férteis ao exercício da escuta,
reflexão e comunicação, pontos chaves para a Educação Permanente.
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
MOVIMENTOS SOCIAIS EM SAÚDE: ASSOCIAÇÕES VOLUNTÁRIAS E CONSELHOS: MUNICIPAL
E LOCAIS DE SAÚDE - POTÊNCIA DE AÇÃO E
ENRAIZAMENTO
Sandra Maria Greger Tavares / GREGER-TAVARES, S.M. / Instituto de Saúde - Secretaria de Estado da Saúde São Paulo; Eda Terezinha de OLiveira
Tassara / TASSARA, E.T.O. / Instituto de Psicologia
da USP;
O eixo de problematização desta pesquisa de Pós
Doutoramento foi o confronto entre o SUS projectual
e o SUS real, considerando-se a intersecção entre
as políticas públicas de participação social e as
dinâmicas de organização dos movimentos sociais
de saúde, voluntários e de caráter estratégico, particularmente os conselhos municipais e gestores.
Estes movimentos sociais foram comparados e analisados, sob a luz dos conceitos de potência de ação
e enraizamento. Questionou-se a possibilidade de se
sustentarem atualmente, movimentos sociais, surgidos de demandas territoriais e portanto, enraizados,
em um contexto globalizado, marcado por formas de
organização em redes e fluxos. Partiu-se da observação sistemática in situ das dinâmicas psicossociais
e socio-espaciais do campo da saúde no município de
Jacareí, São Paulo. Foram entrevistados 20 sujeitos
– usuários, profissionais, gestores do SUS e líderes
comunitários, selecionados pela relevância de sua
participação social em saúde, sendo os sentidos de
seus discursos analisados em função das determinações sociopolíticas que norteiam aproximações e
distanciamentos das representações de urbanidade
e saúde locais, frente às representações dominantes.
Constatou-se, em Jacareí, uma tendência à estagnação e/ou ao esvaziamento dos movimentos sociais
de saúde, voluntários e formais. Concluiu-se que
o manejo político das estratégias de participação
social em saúde tem sido marcado por relações de poder que engendram distanciamentos psicossociais.
O alargamento dos diálogos e consensos por meio
da participação social, necessário para o avanço
das políticas de saúde na promoção da igualdade
social e da universalização, não tem sido estimulado. Foram observadas dinâmicas psicossociais de
reterritorialização em Jacareí e se confirmou, em
parte, a hipótese de que o enraizamento ainda pode
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 60
ser considerado como importante fator para a potencialização das ações participativas, uma vez que
foram identificados episódios de espacialização da
identidade e de apropriação do espaço pelos sujeitos,
evidenciando enraizamentos pontuais, pautados
por laços de parentesco, amizade e acionados por
problemas comuns às localidades ou em redes de
sociabilidade. Indica-se a interação contínua entre
o plano científico-acadêmico e as dimensões sócio-políticas em que se planejam, executam e controlam
as políticas públicas de saúde, considerando-se
sua transversalidade com a participação social e o
atravessamento pelos fenômenos da globalização.
O CONTROLE SOCIAL NA SAÚDE INDÍGENA: UMA
ANÁLISE DA PARTICIPAÇÃO SOCIAL
Nayara Scalco / Scalco, N. / Faculdade de Saúde
Pública da Universidade de São Paulo; Secretaria
de Estado da Saúde de São Paulo; Marília Cristina
Prado Louvison / Louvison, M.C.P. / Faculdade de
Saúde Pública da Universidade de São Paulo;
A Saúde foi pioneira ao trazer a participação social
para dentro da discussão das políticas públicas,
como uma medida de oportunizar que interesses
marginalizados sejam incorporados pelo sistema
político. Os povos indígenas através dos movimentos
indígenas garantiram o direito de respeito as suas
tradições na Constituição Federal e a saúde em
1999 com a aprovação do Subsistema de Atenção à
Saúde. Este trabalho visa analisar a participação da
população indígena, através de um estudo sobre a
estrutura do Controle Social no SASISUS, na gestão
da Política de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas.
Para esta análise da estrutura formal do Controle Social e Participação Indígena na gestão do SASISUS
foram utilizados documentos oficiais, como: leis,
portarias ministeriais, relatórios oficiais da SESAI
e FUNASA que tratam sobre gestão e controle social,
dentre outros. A técnica de Análise de Conteúdo foi
utilizada para a verificação destes documentos. Com
o intuito de interpretação do material qualitativo, a
fim de que, esta análise ultrapasse o senso comum
e atinja um nível crítico diante da comunicação dos
documentos. O SASISUS foi criado para garantir a
esta população o acesso à saúde de forma que respeite suas tradições e contemple as necessidades
específicas. Entretanto na constituição do Controle
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Social dos DSEI não se nota uma diferenciação do estruturado no SUS. Atualmente estão organizados 34
Conselhos Distritais de Saúde Indígena (CONDISI)
paritários e deliberativos. Estes seguem a configuração de cada DSEI, o que resulta em CONDISI que
abrange até cinco estados, e outros que com diversas etnias, colocam num mesmo espaço indígenas
historicamente rivais. Esta configuração estabelece
dentro da cultura indígena a lógica ocidental de
reuniões com pautas, tempo estabelecidos e votação,
além de não garantir a participação da maior parte
da comunidade e estimular a competição na eleição
dos representantes. A participação indígena na
gestão do SASISUS perpassa não apenas pela dificuldade de diálogo intercultural, mas, pela dificuldade
da gestão lidar de forma diferenciada. No controle
social nem chega a ser percebida esta diferenciação,
visto que as reuniões são estruturadas conforme
regimentos e orientações do Conselho Nacional
de Saúde. Discutir a estrutura formal do Controle
Social, considerando a diversidade da saúde indígena, a forma dos próprios indígenas pensarem
esta participação e visando a real participação da
comunidade na gestão é fundamental.
O PROCESSO DE CAPACITAÇÃO E A PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA DOS CONSELHEIROS DE
SAÚDE DE BOTUCATU – SP
Regina Stella Spagnuolo / Spagnuolo, R.S /
UNESP; Violeta Campolina Fernandes / Fernandes, V.C. / UNESP;
Introdução. A participação comunitária é assegurada pela Constituição Federal e regulada pela Lei
8.142/90, em que ocorre mediante a participação dos
atores sociais nas Conferências e Conselhos de Saúde, nas três esferas de governo. Este estudo insere-se
no contexto da participação social de conselheiros
de saúde e no fortalecimento de suas práticas. Objetivo. Conhecer o processo de capacitação no âmbito
do Conselho Municipal de Saúde (CMS) de Botucatu
– São Paulo. Método. Pesquisa qualitativa realizada
no município de Botucatu - São Paulo, com dezesseis
conselheiros de saúde sendo: sete representantes
dos usuários, cinco dos trabalhadores da saúde, dois
dos gestores e dois dos prestadores de serviço. Os
dados foram coletados nos meses de julho a agosto
de 2014 por meio de entrevista semiestruturada. A
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 61
análise dos dados foi realizada à luz da Análise de
Conteúdo representacional temática. Resultados: A
análise revelou a seguinte categoria: O processo de
capacitação e a participação comunitária. Pode-se
verificar que a maioria dos entrevistados (62,5%) não
recebeu capacitações para exercer a suas funções
no conselho. Cabe destacar que os conselheiros
que relataram não receber capacitações, sentem
falta de um auxílio formal para, principalmente,
sanar dúvidas e melhorar a compreensão sobre
os assuntos importantes do conselho. Segundo os
participantes, o tema mais desejado para melhora
da atuação é sobre o papel dos conselheiros dentro
do município. Entretanto, parcela dos entrevistados
(37,5%) informou ter realizado capacitações em gestões anteriores a do conselho vigente em que foram
trabalhados temas relativos ao funcionamento do
CMS. É interessante considerar que a maioria dos
conselheiros que receberam capacitação específica
pertence ao segmento dos usuários, ao passo que
nenhum conselheiro do segmento gestor e prestador
a recebeu e apenas dois conselheiros do segmento
trabalhadores foi capacitado. Conclusão. O alto número de conselheiros sem capacitações expõe uma
fragilidade, que pode ser consequência da não oferta
por parte dos gestores. Recomenda-se uma educação
permanente por meio de oficinas, rodas de conversa
e cursos formais e específicos, para que a formação
e mobilização aconteçam de maneira articulada
e interdependente numa perspectiva de produção
coletiva de saúde.
OS PROCESSOS DE MEDICALIZAÇÃO E AS POLÍTICAS PÚBLICAS
Marcia Michie Minakawa / Minakawa, M. M. /
Faculdade de Saúde Pública - Universidade de São
Paulo; Paulo Frazão / Frazão, P. / Faculdade de
Saúde Pública - Universidade de São Paulo;
Introdução: O termo medicalização surgiu no final
da década de 60 para indicar a crescente influência da medicina em campos que até então não lhe
pertencia. Mas tem sido compreendido de maneira
diferente ao longo do tempo, os primeiros trabalhos
estavam relacionados com ampliação da medicina
e se converteu em significado amplo, direcionando
a vários aspectos da condição humana, sociais, econômicos ou existenciais. Esta pesquisa busca olhar
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
para o processo de medicalização, a partir de um
artigo de Irving Zola, Medicine as an institution of
social control. Tomando-o em sua pluralidade a fim
de discernir as principais forças motrizes envolvidas
e cotejar com as novas exigências para o século XXI
decorrentes das mudanças políticas, sociais e econômicas. Objetivo: Recuperar o sentido das ideias
centrais formuladas por Zola a respeito de medicalização na referida obra. Metodologia: O movimento
deste estudo se caracteriza por interpretar e abstrair
os aspectos centrais que distinguem as diferentes
concepções distintas sobre medicalização, pautados
no exercício hermenêutico. Resultado: Para Zola, a
medicina é uma instituição de controle social; uma
entidade tão importante quanto as instituições historicamente tradicionais como a religião, a justiça
e o Estado que se tornaria um novo repositório da
verdade oferecendo base para decisões presumidamente neutras tomadas por especialistas. Sublinha
quatro formas concretas de medicalização: a primeira seria por meio da expansão do que na vida é considerado relevante para a boa prática da medicina;
a segunda, através da retenção do controle absoluto
sobre determinados procedimentos técnicos; em
seguida, pela retenção de acesso quase absoluto
a certas áreas de tabu” e finalmente, por meio da
expansão do que na medicina é considerado imprescindível. Os sistemas burocrático e tecnológico
seriam os principais determinantes no processo de
medicalização. Para compreender o sentido da reflexão do autor, é necessário se aproximar das obras
de Toffler (O choque do futuro) e Slater (A busca da
solidão: a cultura americana no ponto de ruptura)
que fundamentam suas ideias, e oferecem indícios
sobre as forças motrizes que teriam levado toda a
sociedade à dependência da medicina: num polo
o Estado, e no outro a indústria; em apoio mútuo
para capitalizar-se. Conclusão: o envolvimento da
medicina na gestão da sociedade é antigo, centralizou algumas decisões nas suas mãos e diminuiu a
autonomia dos indivíduos.
PARTICIPAÇÃO E CONTROLE SOCIAL NO SISTEMA
ÚNICO DE SAÚDE NA MICRORREGIÃO DO SUDESTE
GOIANO
Normalene Sena de oliveira / OLIVEIRA, N. S. /
UFG - REGIONAL CATALÃO; Jacqueline Rodrigues
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 62
de Lima / LIMA,J.R / UFG - GOIANIA; Elma Valeria
Lopes / LOPES,E.V / UFG - REGIONAL CATALÃO;
Augusto Cesar da Fonseca / FONSECA,A.C / SMS-CATALÃO; Claudio José Bertazzo / Claudio José
Bertazzo / UFG - REGIONAL CATALÃO; Kamylla
Guedes de Sena / SENA,K.G / UFG - REGIONAL
CATALÃO;
Caracterização do problema: Participação e Controle
Social é um princípio da estrutura organizacional
do Sistema Único de Saúde (SUS) que garante a
população sua participação e formulação de políticas publicas nas diferentes realidades. Descrição
da experiência: O Pro-jeto foi desenvolvido junto à
população em situação de vulnerabilidade social,
assentados, comunidades onde ainda não existem
unidades de saúde e que estão localizadas em uma
Mi-crorregião do Sudeste Goiano com o objetivo de
fomentar o protagonismo dos movimentos sociais
e dos usuários do SUS; Implementar processos de
Educação Popular em Saú-de;Promover a defesa
do direito à saúde; Disseminar o conhecimento
sobre as diretrizes e princípios do SUS; Oferecer
informações sobre os direitos dos usuários do SUS;
Apresentar possíveis possibilidades de autonomia
da Comunidade ; apresentar possíveis caminhos
para a participação no Conselho de Saúde. Realizamos o levantamento e identificação das necessidades da comunidade de assentados e população
da microrregião e levantamento dos temas a serem
discutidos pela comunidade nas Rodas de conversa. Lições aprendidas: O projeto proporcionou aos
estudantes e participantes momentos de discussão,
reflexão e conhecimento a cerca da participação
e controle social da população junto às políticas
publicas , Direitos do usuário do SUS com seus
princípios e diretrizes,aprofundamento da cartilha
do direito do u-suário do SUS e Controle Social.e
as mediações para que a população do Campo e da
Floresta participe e cobre com direito e autonomia
a efetivação dos seus direitos junto aos gestores
Municipais. Direito este que garante à inclusão social e sustentabilidade na realidade em que vivem
com suas famílias, como acesso a saúde, educação,
moradia digna, trabalho, transporte, alimentação e
lazer ,como também a triangulação do conhecimento
entre o direito do usuário do SUS e sua efetivação
na pratica para viabilizar a mediação de conflitos e
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
respostas efetivas das necessidades da comunidade.
Recomendações: É necessário que os movimentos
sociais, as unidades de saúde e as Estratégias de
Saúde da família formem grupos de reflexão e estudo
para aprofundarem e diagnosticarem a realidade
local e o processo saúde doença de sua popu-lação
para identificar as potencialidades locais para o
enfrentamento das dificuldades e de-mandas de
atendimento a Saúde integral.
SOBRE A MUNDIVIDÊNCIA ESPÍRITA E A VIOLÊNCIA: CONCEITOS, PROPOSTAS E DESAFIOS
Elerson Márcio dos Santos / Santos, Elerson M.
/ Faculdade de Medicina da UFMG; Anderson
Fernando Maia / Maia, Anderson F. / Faculdade de
Medicina da UFMG; Carmelina Figueiredo Vieira
Leite / Leite, Carmelina F. V. / Faculdade de Medicina da UFMG; Clayson de Faria e Silva / Silva,
Clayson de F. / Faculdade de Medicina da UFMG;
Fabiana Carneiro Amorim / Amorim, Fabiana C. /
Faculdade de Medicina da UFMG; Elza Machado
de Melo / Melo, Elza Machado de / Faculdade de
Medicina da UFMG;
Introdução: A prevenção da violência é um componente importante quando se pensa em ações e
políticas voltadas para a melhoria das condições
de saúde da população. Os temas sobre a saúde e
sua relação com a violência nas sociedades têm
envolvido a atenção de grande parcela da sociedade.
A violência apresenta problemas que transcendem
a lide acadêmica e a cultura política. Vê-se inserida nos lares e nas relações sociais constituídas.
Permeia a vida de todos. A razão prática pura não
tem sido competente para fundamentar uma consciência normativa que se contraponha à violência.
Para o Espiritismo, a Ciência e a Religião são as
duas alavancas da inteligência humana. A primeira descobre as leis do mundo material e a segunda
revela as do mundo moral. O Espiritismo apresenta
uma cosmovisão peculiar, com apoio na razão, sem
desconsiderar as certezas da ciência e da religião ao
tempo em que se afasta das ideias místicas, míticas
e fantasiosas. Sua construção teórica contribui para
a sedimentação de uma consciência normativa que
concebe a violência como uma instituição social
explicável, transitória, causadora de danos ao indivíduo e à sociedade que deve ser superada por todos
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 63
os meios diretos e materiais. Objetivos: Reportar a
forma como o Espiritismo aborda a violência e sua
respectiva proposta de prevenção e erradicação.
Método: Trata-se de revisão bibliográfica do tema
violência como é abordado pela Doutrina Espírita.
A pesquisa examinará variadas literaturas atreladas
ao tema violência, notadamente a apreensão da
temática pelo Espiritismo que será sua abordagem
nuclear. A análise circunscrever-se-á aos livros de
autoria de Allan Kardec - Hippolyte Léon Denizard
Rivail (1804 - 1869) – membro da Real Academia
de Ciências Naturais, segundo a Encyclopædia
Britannica, 1997. Vol.8. p.390. Resultados: Com a
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
análise das conclusões do Espiritismo a respeito
da violência se espera encontrar um diferente
tratamento sobre a questão que tanto incomoda a
sociedade atual. Enfrentamento diferente daquele
proposto pela razão prática até o momento, mas
não sem amparo em bases filosóficas e científicas
já sedimentadas. Conclusão: A contribuição teórica
que resulta da visão do Espiritismo sobre a violência
enseja a inferência sobre a validade de uma síntese
filosófica que é consequente ao cotejamento da produção acadêmica e da produção espírita. Tal síntese
é fundamento para uma consciência normativa que
se opõe à violência e enfrenta suas consequências.
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 64
Cuidado em Saúde
A COORDENAÇÃO DO CUIDADO COMO PILAR DA captar informações, garantir a comunicação e assegurar a execução das ações propostas. Ele zelou
ORGANIZAÇÃO DA EQUIPE ESF
Tony Wendell Paulino da Fonseca / Fonseca, T.W.P.
/ IRS Sírio Libanês; Patricia Mantovani / Mantovani, P. / IRS Sírio Libanês; Melissa Lorenzo Prieto
de Souza / Souza, M.L.P. / IRS Sírio Libanês;
Francies Regyanne Oliveira / Oliveira, F.R. / IRS
Sírio Libanês;
CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA:Postulados
recentes caracterizam a assistência em linhas de
cuidado. A coordenação do cuidado em saúde é atribuída à equipe da Atenção Básica. O grande desafio
é criar estratégias para articular ações práticas
cotidianas, onde os profissionais envolvidos possam
reconhecer a importância dessa ferramenta como
integradora da assistência prestada ao usuário.
DESCRIÇÃO:O relato tem como finalidade descrever
o processo pelo qual a equipe da ESF apropriou-se
da ferramenta de coordenação do cuidado e mantém
seu uso em um caso complexo. Quando, em discussão, foi apresentado a coordenação do cuidado, os
componentes da equipe afirmaram ser esta uma
prática habitual a todos os pacientes. Porém, a manutenção das discussões mostrou que o segmento
dos casos era dado por ações de diferentes profissionais que se comunicavam entre si, mas que não
constituíam um plano articulado e compartilhado de
cuidado. Além de não conter as expectativas de cada
um em relação ao resultado do trabalho e de haver
fragilidade no registro da informação. Assim, para
implementar a coordenação do cuidado, elegeu-se
um caso complexo de um cadastrado em sofrimento
psíquico, isolamento social e de difícil adesão. Após
longa reflexão sobre o que esperar dessa situação
e como transformar o cadastrado em protagonista
de seu cuidado, a equipe traça um plano de ação e
uma maneira de registrá-lo em prontuário. O plano
de cuidados foi constituído por ações estratégicas
realizadas de modo sistemático, complementar e
coordenado. Todos se envolveram no caso: profissionais da ESF, NASF, CAPS e familiar do paciente.
Elegeu-se um coordenador do cuidado que além de
exercer seu papel profissional, tinha atribuição de
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
pelo plano de cuidados e apontou a necessidade de
revisão da estratégia adotada em tempo oportuno.
Cada ação desdobrou-se em: resultados esperados,
responsável pela ação, realização da ação e avaliação.LIÇÕES APRENDIDAS:A coordenação do cuidado pode ser atribuída a qualquer membro da equipe;
não há tempo suplementar gasto para aplicação;
as informações do caso não se perdem; a Equipe
se apropria de cada etapa entendendo melhor cada
passo, sem se desmotivar pela complexidade do
caso.RECOMENDAÇÕES:Adotar a prática em casos
complexos; desenvolver instrumentos de registro da
ação; construir e avaliar com o usuário planos de cuidados; estreitar contato com outros pontos da rede
A ENTREVISTA DE INCLUSÃO DE SAÚDE: UM
INSTRUMENTO DE ACOLHIMENTO DOS SUJEITOS
PRIVADOS DE LIBERDADE
Glaucimara de Freitas e Silva / Freitas e Silva, G. /
Secretaria de Administração Penitenciária de São
Paulo - Centro de Detenção Provisória de Jundiaí;
Este resumo refere-se ao trabalho de conclusão
do curso de especialização Gestão em Saúde no
Sistema Prisional”, pela FIOCRUZ em parceria com
a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e Escola de Administração Penitenciária (Secretaria de
Administração Penitenciária de São Paulo), no ano
de 2014. O primeiro contato com o sujeito privado
de liberdade é através de uma entrevista de inclusão
de saúde, que tem como propósito funcionar como
porta de entrada no sistema de saúde. Analisamos o
roteiro de entrevista de inclusão através do referencial teórico da Análise do Discurso de linha francesa.
Esta análise proporcionou o acesso a diversas regiões discursivas e dentre elas evidenciamos que os
significantes entrevista de inclusão de saúde” está
de forma metonímica pareada com o significante
exame médico” e também verificamos que o significante saúde” refere-se a um processo puramente
biológico, em detrimento dos determinantes sociais,
culturais e psicológicos, significantes que em ne-
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 65
nhum momento são apresentados na entrevista. Em
consonância com todo o arcabouço teórico do SUS,
pretendemos com a entrevista de inclusão acessar o
sujeito com suas dimensões biológicas, psicológicas
e sociais e, para isso, precisamos recorrer ao conhecimento de diversas disciplinas, tanto do campo da
saúde bem como dos campos das ciências sociais
e humanas. No Centro de Detenção Provisória de
Jundiaí verificamos que o instrumento entrevista de
inclusão está formatado com um conceito de saúde
reduzido ao fator biológico, em incongruência com
os referenciais teóricos do SUS e mais do que isso,
impossibilitando de ouvir as demandas de nossos
sujeitos privados de liberdade.
A FILA DE FISIOTERAPIA: UMA VISÃO AMPLIADA
DAS NECESSIDADES DA POPULAÇÃO E DO TERRITÓRIO
Fabíola Kenia Alves / Alves, F.K. / Instituto de Responsabilidade Social Sírio Libanês; Ana Beatriz
Medina / Medina, A.B. / Instituto de Responsabilidade Social Sírio Libanês; Melissa Lorenzo
Prieto de Souza / de Souza, M.L.P. / Instituto de
Responsabilidade Social Sírio Libanês; Francies
Regyanne Oliveira / Oliveira, F.R. / Instituto de
Responsabilidade Social Sírio Libanês;
Caracterização do problema: O Instituto de Responsabilidade Social Sírio Libanês administra 9 equipes
de Estratégia Saúde da Família (ESF) e 1 equipe de
Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) com atuação em 3 Unidades Básicas de Saúde (UBS): Cambuci,
Humaitá e Nossa Senhora do Brasil, situadas na
região Central de São Paulo. Uma das características
destas UBS é o perfil de unidade mista, composta por
equipes de ESF representando uma área de abrangência de apenas 13 a 15%, e grande maioria da população atendida pelo modelo tradicional da Atenção
Básica (AB) (em torno de 85%). Tem sido observada
nestas unidades, uma demanda significativa e crescente para o serviço de Fisioterapia, refletida pela
predominância das doenças crônico-degenerativas
decorrente da mudança epidemiológica ocorrida nos
últimos anos. Nesse cenário, o NASF tem papel importante na AB, pois potencializa a função de filtro
da AB e fortalece suas ações na rede com ampliação
do leque de oferta de serviços. O objetivo deste relato é demonstrar a atuação do fisioterapeuta do
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
NASF na qualificação da demanda de Fisioterapia
da população circunscrita no território. Descrição:
Em maio de 2014 havia uma demanda reprimida
para o serviço de Fisioterapia de 143 usuários. O
fisioterapeuta do NASF realizou uma triagem dos
encaminhamentos e avaliações subsequentes dos
usuários a fim de qualificar a fila, resultando em: a)
encaminhamento para Fisioterapia Especializada;
b) orientações gerais; c) encaminhamentos para outros serviços, incluindo grupos de caminhada, Lian
Gong, acupuntura desenvolvidos na AB ou no serviço
especializado; d) Encaminhamento e fortalecimento
dos grupos de dor crônica promovidos na AB pelos
próprios profissionais do NASF. O grupo acontece semanalmente nas 3 UBS com o objetivo de promover
o relaxamento e fortalecimento muscular, melhora
da mobilidade, equilíbrio e inserção social. Após 4
meses de avaliação, não havia demanda reprimida de
Fisioterapia. Lições aprendidas: A avaliação qualificada das demandas da população permite otimizar
a rede de cuidado já que evita encaminhamentos
desnecessários para outros pontos da rede, reduz a
fila de espera por especialidade, fortalece a atuação
da fisioterapia na AB e diminui o tempo de espera
pelo tratamento, beneficiando o usuário. Recomendações: O fisioterapeuta do NASF deve extrapolar
seu eixo de atuação para além do matriciamento e
atendimento individual visto que tem potencial de
regulador na AB e articulador da rede de serviços.
A INFLUÊNCIA DA ESPIRITUALIDADE NO CUIDADO
DE SI
Andrea dos Reis Fermiano / Fermiano, A.R / PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO CARLOS/ UFSCar;
Umaia El Khatib / El Khatib, U / UFSCar;
INTRODUÇÃO: Com a conquista da democratização
política e construção do Sistema Único de Saúde os
profissionais tiveram que repensar a forma de ver
a saúde, pois se depararam com um ser humano
singular e ao mesmo tempo complexo, multidimensional; que apresenta necessidades além da
dimensão fisiológica ou material; que, mais do que
ser educado, necessita ser cuidado integralmente,
respeitando os seus aspectos biopsicossocial e espiritual. Em busca de resgatar si próprio e de romper
com uma medicina convencional, que o dividiu em
partes”- esquecendo da sua espiritualidade, dos seus
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 66
sentimentos, de suas criações e até mesmo do seu
estar no mundo -, o ser humano vem se aproximando
da medicina alternativa e de práticas que mostram
que os aspectos psíquicos, físicos e espirituais são
indissociáveis na busca do restabelecimento do seu
equilíbrio (EL-KHATIB, 2008). Vasconcelos (2004)
descreve a espiritualidade como uma força capaz
de auxiliar o indivíduo, família e comunidade, a
melhor superar as dificuldades da vida, proporcionando uma melhor tolerância com os problemas
da realidade cotidiana. OBJETIVO: Este estudo
teve como objetivo identificar se há influência da
espiritualidade da família no cuidado de si, e caso
fosse identificado, como ela ocorre. MÉTODO: Trata-se de um estudo qualitativo que foi desenvolvido
com famílias pertencentes à área de abrangência
da Unidade de Saúde da Família Jardim Gonzaga,
no bairro Jardim Gonzaga, situada na periferia do
município de São Carlos. Participaram desse estudo
20 mulheres, responsáveis pelo cuidado de famílias
que se destacam na comunidade, pois apresentam
autonomia no cuidado de si diante de problemas de
saúde. A coleta de dados se deu através de entrevistas, com quatro questões norteadoras, realizadas
no domicílio das participantes ou na Unidade de
Saúde da Família. Para análise das informações, foi
utilizada a análise temática. RESULTADOS: Da análise das entrevistas identificamos: A mulher como
principal cuidadora da família; A espiritualidade
como força que ajuda o indivíduo no cuidado; A influência da espiritualidade nas decisões e superação
das dificuldades da vida. CONCLUSÃO: Entre vários
aspectos, conclui-se que a espiritualidade influencia
de maneira importante no cuidado de si da família;
que a fé auxilia na recuperação, cura e manutenção
da saúde. Os profissionais de saúde precisam se
aproximar da espiritualidade de modo a ampliar os
conhecimentos e as formas de entender e cuidar do
ser humano.
A PERCEPÇÃO DAS EQUIPES DE UNIDADES DE
SAÚDE DA FAMÍLIA SOBRE A CLÍNICA AMPLIADA
NA INFÂNCIA: RESULTADOS PRELIMINARES
Diana Carla Romano / Romano, D.C. / UFSCar; Regina Helena Vitale Torkomian Joaquim / Joaquim,
R.H.V.T. / UFSCar; Maristela Carbol / Carbol, M. /
UFSCar;
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
A Reforma Sanitária do Brasil é um marco na luta
contra o modelo flexneriano que impulsionou a
criação do Sistema Único de Saúde (SUS). A prática
clínica tradicional é médico centrada e reducionista, portanto, não atende aos princípios do SUS e da
Estratégia de Saúde da Família (ESF). As equipes
se deparam com situações complexas que exigem
uma abordagem integral e interdisciplinar. A Clínica Ampliada é um instrumento proposto pela
Política Nacional de Humanização (PNH) capaz de
qualificar o modo de fazer saúde considerando o
sujeito de forma integral. Optou-se pelo recorte da
infância por considerar a importância da criança
como ser social. O objetivo do estudo é conhecer a
percepção dos membros das equipes das ESF sobre
Clínica Ampliada na infância, numa abordagem
qualitativa, descritiva e exploratória. A população
é constituída pelos membros das equipes das ESF
da Administração Regional de Saúde Cidade Aracy,
no município de São Carlos, por essa conter maior
número de USF e apresentar número expressivo de
crianças adscritas. Para coleta de dados utilizou-se
questionário para caracterizar o perfil dos participantes e roteiro de entrevista semi-estruturado com
questões relativas ao tema. A análise de conteúdo
temática foi à técnica escolhida. Até o momento
participaram das entrevistas 28 (85%) membros das
equipes, sendo 03 médicos, 02 enfermeiros, 04 auxiliares de enfermagem, 01 auxiliar de consultório
odontológico, 03 cirurgiões dentistas e 15 agentes
comunitários de saúde, destes foram analisados os
dados de 12 (36%) entrevistas. A maioria dos participantes é do sexo feminino. A idade média de todos os
entrevistados é de 37 anos. Em relação ao tempo de
serviço foi encontrado que 03 participantes trabalham na USF há 5 anos, 06 entre 5 e 10 anos e 03 há
mais de 10 anos. Nota-se que alguns participantes
não conhecem o termo clínica ampliada na infância, mas o associam ao: programa primeiríssima
infância, olhar ampliado, cuidado integral a criança
e puericultura. Eles destacam elementos próprios
da clínica ampliada, mas mesmo os que afirmam
conhecê-la apresentam dificuldades em explicá-la
conceitualmente. Conclui-se nesse momento que
apesar dos profissionais não apresentarem com
clareza os pressupostos da clínica ampliada, eles
preocupam-se em qualificar o atendimento oferecido
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 67
a esta população na perspectiva do cuidado integral
a criança.
A PERSPECTIVA DOCENTE SOBRE O CUIDADO DA
TERAPIA OCUPACIONAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA
À SAÚDE
RODRIGO ALVES DOS SANTOS SILVA / SILVA,
R.A.S / Universidade Federal de São Carlos; Fátima
Corrêa Oliver / Oliver, F.C. / Universidade Federal
de São Carlos e Universidade de São Paulo;
É essencial o debate sobre o papel do Terapeuta
Ocupacional (TO) na Atenção Primária à Saúde
(APS), visto que as contribuições científicas nesse
campo contam com pouco detalhamento. Objetivo:
compreender a perspectiva do docente de Terapia
Ocupacional (TO) do Estado de São Paulo sobre
o cuidado do TO na APS. Método: o trabalho de
campo teve início na identificação de cinco cursos
públicos de TO do estado de São Paulo. Entrevista
com oito docentes dos cursos responsáveis pelo
ensino da APS. Resultados: após a transcrição e
leitura das entrevistas realizadas, chegamos a
três categorias de análise: o lugar do TO na APS: o
TO não tem lugar na Estratégia Saúde da Família
e ocupa um lugar de retaguarda especializada no
Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF). A área
tem o desafio de compreender o que é a construção
dessa TO generalista da APS. População atendida,
recursos e estratégias para o cuidado do terapeuta
ocupacional na APS: o TO cuida de casos de saúde
mental, de disfunção física, de pessoas em processos de exclusão, da população materno infantil, de
jovens, de adultos e de idosos com doenças crônico
degenerativas e infecciosas. Um eixo de cuidado é
pensar a família, o outro é vinculado às pessoas que
estão no território. O TO pode realizar adaptações na
casa, atendimento individual, trabalha com oficina
e grupos, faz intervenção na comunidade, na ambiência e ações de promoção da saúde e prevenção de
agravos. A TO na APS vai trabalhar com o cotidiano,
com abordagens dos saberes populares e no manejo
da rede de suporte social. O TO deve saber fazer:
adequação postural em cadeira de rodas, órtese,
articulação intersetorial, compreender e intervir
nas ocupações cotidianas que o indivíduo tem dificuldade ou que não consegue realizar. Cuidado do
TO na APS: consiste em ampliar a capacidade da
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
pessoa de se perceber, é um cuidado que não pode ser
somente medicalizante. O cuidado passa por receber
a demanda numa perspectiva intersetorial e em rede,
com alguns princípios: trabalho interprofissional,
cuidado longitudinal, corresponsabilidade, clínica
ampliada e matriciamento. O TO vai lidar com todos que moram naquela comunidade e identificar
as necessidades e rupturas na vida cotidiana das
pessoas. Considerações finais: o cuidado do TO na
APS prescinde de técnica, mas ele não é só técnica
ele é uma articulação de ações. E essa articulação de
ações deve ser dentro do contexto do que a própria
TO tem de especificidade para contribuir no cuidado
cotidiano da APS.
A POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO NOS
SERVIÇOS DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA: REVISÃO
SISTEMÁTICA DA LITERATURA
Gabriela Palermo Lanzilotti / Lanzilotti, G.P. /
Universidade Católica de Santos; Carolyne Cristina Garcia / Garcia, C.C. / Universidade Católica de
Santos; Letícia Silva Dayraut Lopes / Lopes, L.S.D
/ Universidade Católica de Santos; Luzana Mackevicius Bernardes / Bernardes, L. M. / Universidade
Católica de Santos;
Introdução: A proposta da humanização dos serviços
públicos de saúde é um princípio para a conquista
da melhora do atendimento à saúde dos usuários
e as condições de trabalho dos profissionais da
saúde. Faz parte das diretrizes da Política Nacional
de Humanização (PNH) a valorização dos usuários,
trabalhadores e gestores para que os mesmos se reconheçam como protagonistas das ações de saúde, e
fortaleçam o trabalho em equipe multiprofissional.
Sendo assim, faz-se necessário a discussão sobre
esta temática, em todos os segmentos da saúde, incluindo os serviços de urgência e emergência. Objetivo: Identificar e analisar a implantação da Politica
Nacional de Humanização (PNH) na perspectiva dos
trabalhadores dos serviços públicos de urgência e
emergência. Metodologia: Trata-se de uma revisão
sistemática da literatura. Utilizou-se como base os
bancos de dados virtuais Scielo e Lilacs, no período
de 2008-2014. Os termos de busca empregados
foram obtidos através de consulta aos Descritores
em Ciências da Saúde (desc.bbv.br). Na busca dos
trabalhos utilizou-se a combinação dos descritores:
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 68
humanização, humanização da assistência, vínculo,
acolhimento, urgência, emergência, e Sistema Único
de Saúde. Os critérios de exclusão foram artigos
com resumo em inglês e espanhol, e que não apresentaram o delineamento para o objetivo do estudo.
A partir dos requisitos estabelecidos para o estudo,
foram identificadas 82 publicações de artigos, sendo 16 selecionados. Resultados: Predominam nos
artigos selecionados os fatores que dificultam e que
facilitam a assistência humanizada. Entre os que dificultam apresentam-se: a alta demanda, a estrutura
física inadequada, a carência de materiais e a falta
de recursos humanos. Porém, entre os fatores que
facilitam está a empatia entre profissional e usuário, pois o indivíduo se coloca no lugar do próximo;
as condições ambientais, a classificação de risco
e o posicionamento de cada profissional frente às
situações. Conclusão: É importante ressaltar que os
gestores municipais, estaduais e federais, são os responsáveis para garantir o acesso universal e integral
ao usuário por meio da atenção básica; serviços de
urgência e emergência; vínculo do serviço e equipe
de saúde com a população, utilizando a humanização do atendimento, segundo a rede de atenção. A
humanização objetiva conquistar a qualidade no
atendimento dos serviços públicos de saúde e as
condições de trabalho dos profissionais da saúde.
AÇÕES DO ENFERMEIRO NO RASTREAMENTO DO
CÂNCER DE MAMA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA DO
MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
Fabiana Barbosa Barreto Melo, / Melo, F.B.B.
/ EPE/UNIFESP; Elisabeth Niglio de Figueiredo / Figueiredo,E.N. / EPE/UNIFESP; Marislei
Sanches Panobianco / Panobianco, M.S / EE/
USP RP; Valterli Conceição Sanches Gonçalves
/ Gonçalves,V.C.S. / EPE/UNIFESP; Alex Jones
Flores Cassenote / Cassenote, A.J.F. / Epidemiologista/doutorando FMUSP; Maria Gaby Rivero de
Gutiérrez / Gutiérrez, M.G.R. / EPE/UNIFESP;
Introdução. O controle do câncer de mama demanda
ações de detecção e tratamento precoces, realizadas
por profissional capacitado1,2. Objetivo. Caracterizar os enfermeiros segundo dados de formação e
capacitação profissional e descrever as ações por
eles desenvolvidas para o rastreamento do câncer de
mama, conforme os diferentes modelos de Unidade
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Básica de Saúde (UBS). Método. Estudo transversal,
desenvolvido em 38 UBS da região sudeste do município de São Paulo, entre janeiro e março de 2014.
Utilizou-se um questionário validado para coleta e os
dados foram analisados de forma descritiva e analítica. Resultados. Dos 133 enfermeiros do estudo, 60,2%
informaram ter participado de cursos de capacitação
sobre as ações para o rastreamento do câncer de
mama, sem diferença estatística entre os diferentes modelos de UBS. Já a participação em cursos de
especialização entre os enfermeiros das UBS-ESF
(Estratégia Saúde da Família) foi significativamente
maior (p = 0,03) em comparação aos outros modelos,
assim como a investigação dos fatores risco, orientação da idade do autoexame das mamas e realização
de reunião educativa (p = <0,001). Os enfermeiros da
UBS-Mista foram os que mais referiram orientar a
idade do exame clínico das mamas (p = 0,002) e a realização do mesmo (p= <0,001). Conclusão. A análise
dos dados evidenciou que a realização das ações de
rastreio para o câncer de mama, pelos enfermeiros
das UBS/ESF, foi significativamente maior quando
comparada às realizadas por enfermeiros das UBS
Tradicional e Mista. Contribuição. Os dados deste
estudo trazem subsídios importantes para a tomada
de decisão dos gestores das UBS e da Coordenadoria
Regional de Saúde, uma vez que a construção de práticas equânimes em saúde e a resolutividade devem
ser garantidas independente do modelo de atenção
adotado. Descritores: Neoplasias da Mama, Atenção
Primária à Saúde, Enfermagem Oncológica. Valterli
Conceição Sanches Gonçalves, Marislei Sanches
Panobianco, Maria Gaby Rivero de Gutiérrez
ACOLHIMENTO AOS USUÁRIOS EM UNIDADES DE
ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE
Cinira Magali Fortuna / Fortuna, C.M. / EERP-USP; Karemme Ferreira de Oliveira / Oliveira,
K.F. / EERP-USP; Flávio Adriano Borges Melo /
Melo,F. A.B. / EERP-USP; Fabiana Ribeiro Santana
/ Santana, F.R. / EERP-USP; Marcia Niituma Ogata
/ Ogata, M.N. / UFSC depto enfermagem; Adriana
Barbieri Feliciano / Feliciano, A.B. / UFSCar-depto
enfermagem; Priscila Norié de Araújo / Araújo, P.
N. / EERP-USP; Gabriela Alvarez Camacho / Camacho, G.A. / UFSCar-depto enfermagem; Monica
Vilchez da Silva / Silva, M. V. / DRS-III Araraquara;
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 69
Introdução O acolhimento é uma diretiva da Politica Nacional de humanização e um desafio para as
equipes de atenção básica pois constitui a resposta
para as necessidades de saúde da população. Objetivo Analisar a organização do acolhimento segundo
a ótica dos trabalhadores de serviços de atenção
básica. Método Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, do tipo pesquisa -intervenção.
Apresentamos resultados parciais de uma pesquisa
em andamento financiada pelo PPSUS/FAPESP Processo N.2014/50037-0 intitulada: Cogestão, Apoio
Institucional e Acolhimento na Atenção Básica- uma
pesquisa-intervenção”. O projeto foi aprovado pelo
CEP. Foram realizados dezesseis grupos focais com
trabalhadores de unidades de saúde aderentes ao
PMAq. Participaram médicos, enfermeiros, técnicos
de enfermagem, agentes comunitários, dentistas,
entre outros. Um dos temas discutidos foi a organização do acolhimento nas unidades. Resultados
e Discussão Os trabalhadores caracterizam o acolhimento enquanto ação que deve perpassar pelo
trabalho de todos os trabalhadores. No entanto, é a
enfermagem quem realiza o contato com os usuários
com alguma queixa e são os agentes comunitários
de saúde que realizam a recepção ao usuário. Na
nossa unidade é mais ou menos assim também, a
pessoa chega, ela é acolhida pelo agente comunitário
de saúde, que faz a parte de recepção. Ali mesmo a
gente já faz um, entre aspas, um pré-acolhimento. A
gente conversa e pergunta o que está acontecendo,
ele se coloca, e a partir daí a gente direciona para
o acolhimento com as auxiliares de enfermagem
ou com a enfermeira Um dos aspectos a ser problematizado é que há unidades que estão incompletas
quanto aos agentes comunitários, contam com três
agentes de saúde, por exemplo então nesse caso,
eles são deslocados ao menos duas vezes na semana de suas atividades de visita e de suas atividades
de grupos e de promoção à saúde. Há uma certa
captura do trabalho junto ao território para dentro
das unidades de saúde. Conclusão O acolhimento
é tido pelos trabalhadores como ação transversal,
momento de apoio e escuta a perpassar o trabalho
de todos. No entanto, o contato com a clientela, ainda
vem sendo desenvolvido por categorias profissionais
específicas.
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
ACOMPANHAMENTO PSICOLÓGICO DE PESSOAS
PORTADORAS DE HIV/AIDS - RELATO DE EXPERIÊNCIA
Luiz Henrique Franco Mendonça / Mendonça,
L.H.F. / UFSCar; Mariana Gonçalves Fabricio /
Fabricio, M.G. / UFSCar; Renan Aparecido da Silva
Reis / Reis, R.A.S. / UFSCar; Luciana Nogueira
Fioroni / Fioroni, L.N. / UFSCar;
O Centro de Atenção a Infecções Crônicas de São Carlos é a referência de serviço especializado (SAE) para
pessoas portadoras de HIV/Aids e outras infecções
crônicas na região do município, e conta com uma
equipe multiprofissional para atender a demanda
de promoção, prevenção e tratamento das enfermidades. Além do protocolo de atendimento padrão
seguido pelos profissionais, o serviço conta com o
apoio da Universidade Federal de São Carlos através
de estágios supervisionados na área da saúde, entre
eles do curso de psicologia. As atividades planejadas
pelos projetos da Psicologia envolvem ações coletivas intersetoriais e ações de cuidado individual. Este
último tipo de atividade é um suporte psicossocial
aos portadores de HIV acompanhados pelo serviço,
que busca identificar as necessidades decorrentes
da infecção e convívio com o HIV. O presente resumo
foca nos acompanhamentos realizados ao longo do
primeiro semestre de 2015. As atividades pautam-se
na perspectiva da Psicologia Social Crítica e da Saúde Coletiva, em especial as representações sociais
sobre hiv e morte, modelo de cuidado ofertado pelo
serviço, enfrentamento de situações de estigmatização e os impactos da vivencia da sexualidade e
relações afetivas a partir do diagnóstico. Atualmente
o cuidado clínico do hiv possibilitou transformar a
aids em uma condição crônica e controlável, desde
que o cuidado seja acessível e construído em conjunto com uma equipe multiprofissional de saúde.
A experiência tem revelado que a busca por suporte
psicológico é exceção na rotina do SAE, que a assistência em saúde é predominantemente pautada na
consulta médica individual, o que reduz os espaços e
possibilidades de um cuidado integral, e consequentemente não privilegia as dimensões sociais, culturais e subjetivas da experiência de ser portador do
hiv. Os sofrimentos mais relevantes observados até o
momento se relacionam ao medo do preconceito e da
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 70
identificação do hiv (pela família, pelo grupo social,
no ambiente de trabalho); a dificuldade em falar
abertamente sobre o hiv mesmo nos atendimentos;
construir novos vínculos afetivos sob a marca do hiv.
AS RESSONÂNCIAS DA INTERAÇÃO PAIS-CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN: UMA REVISÃO
SISTEMÁTICA
Fernada Cristina de Oliveira Santos Aoki / Aoki,
F.C.O.S. / USP; Carmen Luicia Cardoso / Cardoso,
C.L. / USP;
Introdução: O nascimento de uma criança com Síndrome de Down traz repercussões para os pais que
precisam passar por uma readaptação de seus sonhos e expectativas, o que ocorre concomitantemente com o imperativo de atender as peculiaridades e
necessidades do ser nascente totalmente dependente deles. A interação inevitavelmente acontece, mas
com contornos muito específicos, principalmente
devido à dificuldade de comunicação das crianças
Síndrome de Down. Pouco se tem estudado sobre as
peculiaridades dessa interação e como esta impacta
os pais, atores fundamentais nesse contexto. Objetivo: Objetivou-se buscar sistematicamente como as
pesquisas da última década (2004-2014) abordam as
ressonâncias nos pais da interação com filhos com
Síndrome de Down. Método: A busca foi realizada
nas bases PsycINFO, CINHAL, PubMed e Lilacs.
Foram combinados os termos: father”, mother”, parent”, child”, relations”, communication” and down´s
syndrome” e seus equivalentes em português. Os
artigos então selecionados para formar o corpus da
revisão foram lidos na íntegra, organizados segundo
suas características, analisados e categorizados.
Resultados e Discussão: Foram encontrados 169
estudos e 20 satisfizeram os critérios de inclusão. Os
resultados foram apresentados em três categorias:
1 - Conceitos e pré-conceitos da Síndrome de Down
presentes nos pais; O conjunto de estudos dessa categoria sugere que há algumas formas de conceituar
a Síndrome que possibilitam maior bem estar. Entretanto, evidencia também uma dificuldade dos pais
entrarem em contato com seus reais sentimentos em
relação a Síndrome. 2 - Estressores e enfrentamento;
Esta é a categoria que contém o maior número de
estudos apontando o viés majoritariamente biomédico da compreensão da interação. Tais estudos
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
versam sobre os maiores estressores e as patologias
que podem ser desenvolvidas nos pais e quais as
formas de enfrentamento utilizadas por eles. 3 - As
mudanças na parentalidade: esta categoria reune o
menor número de artigo e abordam a interação pelo
vértice da possibilidade de transformação dos envolvidos. Conclusão: A revisão indicou que a literatura
da última década ainda é centralizada nos aspectos
biomédicos da SD mesmo quando se tem em foco a
interação, destacando nela as questões clínicas de
saúde e doença, dando pouca relevância ao indivíduo
integral e suas vivências subjetivas.
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E O USO E O CUIDADO POR MEIO DAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS
E COMPLEMENTARES
Octávio Augusto Contatore / Contatore, O.A. /
UNICAMP; Nelson Filice de Barros / Barros, N.F. /
UNICAMP; Melissa Rossati Durval / Durval, M.R.
/ UNICAMP; Pedro Cristóvão Carneiro da Cunha /
Cunha, P.C.C. / UNICAMP; Bernardo Diniz Coutinho / Coutinho, B.D. / UNICAMP; Júlia Amorim
Santos / Santos, J.A. / UNICAMP; Juliana Luporini
do Nascimento / Nascimento, J.L. / UNICAMP;
Silene de Lima Oliveira / Oliveira,S.L. / UNICAMP;
Silvia Miguel de Paula Peres / Peres, S.M.P. /
UNICAMP;
Introdução: O uso das Práticas Integrativas e Complementares (PIC) tem sido crescente e sua institucionalização na Atenção Primária à Saúde (APS) é
um desafio, podendo atuar da promoção à saúde à
reabilitação. Embora haja um aumento da sua utilização como prática de cuidado pela população nos
setores privados de saúde, a compreensão científica
de seus benefícios para a sua maior institucionalização pública encontra barreiras metodológicas. Objetivo: Mapear a produção acadêmica sobre os usos, os
tipos de cuidado e as políticas sobre as PIC no nível
de atenção primária em saúde, nos cenários nacional
e internacional. Comparar as diretrizes políticas
entre a sua forma de implantação internacional
com a Política Nacional de Práticas Integrativas e
Complementares. Métodos: Revisão Sistemática da
Literatura na Biblioteca Virtual em Saúde e PubMed/
Medline com os descritores Homeopatia” e Atenção
Primária à Saúde”, Acupuntura” e Atenção Primária
à Saúde”, Fitoterapia” e Atenção Primária à Saúde”,
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 71
Práticas Corporais” e Atenção Primária à Saúde” e
seus correspondentes em inglês e espanhol. Como
critérios de inclusão foram definidos: ter sido publicado no período entre 2002 e 2011, ser um artigo
científico indexado e constar no título ou no resumo
pelo menos um dos descritores. Como critérios de
exclusão foram definidos: artigos que não fossem
de acesso aberto ou não disponibilizados no portal
de periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior (CAPES), artigos que
não ofereceram acesso integral aos textos, artigos
de revisão de literatura, carta, editorial, dissertação
e tese. Resultados: Foram identificados 1.544 artigos
das diferentes PIC na APS, divididos em: 489 sobre
Homeopatia; 262 de Acupuntura; 556 de Fitoterapia;
237 de Práticas Corporais. Depois de aplicados os
filtros restaram 180 artigos divididos em: 101 de
Acupuntura; 36 de Homeopatia; 34 de Fitoterapia;
nove de Práticas Corporais. Observaram-se: avaliações do uso das PIC para o tratamento de patologias
específicas, a partir de uma perspectiva biomédica;
avaliações do seu uso para o tratamento de patologias específicas, focadas nos sentidos atribuídos
pelos usuários e profissionais; análise da viabilidade
política, econômica e social das PIC nos serviços
de saúde. Conclusão: Predomina na literatura a
busca pela validação científica das PIC e um viés
metodológico biomédico no desenho dos estudos,
o qual não contribui para esclarecer o potencial de
cuidado das PIC na APS.
AUTOCURA METAFÍSICA: REVISÃO INTEGRATIVA
Karina Pavão Patrício / Patricio, K.P. / FMB-UNESP; Fernanda Martin Catarucci / Catarucci,
F.M. / FMB-UNESP; Regina Stella Spagnuolo /
Spagnuolo, R.S. / Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP; Ione Morita / Morita, I. / Faculdade
de Medicina de Botucatu - UNESP;
Introdução. A crescente popularidade das medicinas
reflete mudanças nas necessidades e valores da sociedade moderna. Isso inclui a elevação na prevalência de doenças crônicas, maior acesso à informação,
declínio da crença de que medicina convencional
terá maior relevância no tratamento, desejo de mais
controle e liberdade em relação à própria saúde e um
interesse maior em espiritualidade e crescimento
pessoal. Objetivo. Este estudo consiste de uma reviAnais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
são integrativa da literatura nacional e internacional sobre autocura metafísica, publicada no período
de 2001 a 2011. Método. Alicerçado pelo referencial
metodológico de Ganong (1987), foram coletados
nas bases de dados: Lilacs, Medline,Web of Science,
Pubmed, Scopus; com as palavras-chaves: Autocura”, Autocura e Terapias Integrativas” e Autocura e
Terapias Complementares”, nos idiomas português,
inglês e/ou espanhol. Foram excluídos artigos incompletos, repetidos entre as bases de dados e que
não fossem pertinentes ao tema, resultando numa
amostra de 89 artigos. Para organizar os dados foi
utilizada a análise de conteúdo na vertente temática
proposta por Bardin (2011). Resultados. Aponta uma
produção majoritária de publicações internacionais
(93%), oriundas dos Estados Unidos (39%). O método
quantitativo foi predominante (66%); sendo 69,5%
transversais e 30,5% prospectivos. O número de
publicações apresentou crescimento até 2008 (18%),
mas a partir de 2009 ocorre uma queda de mais da
metade (8%), principalmente qualitativos que não
apresentou nenhum estudo nos últimos dois anos
(2010 e 2011). A análise qualitativa desvelou três
categorias: características dos usuários”, a relação
entre os profissionais de saúde e a autocura” e as
práticas da autocura”. Conclusão. As vantagens são
os custos mais baixos, ausência de efeitos colaterais,
melhora significativa dos aspectos físicos, mas principalmente emocionais. As mulheres mais velhas
e com maior escolaridade são as que mais buscam
por estas técnicas, sendo a oração e a meditação as
mais citadas, sendo indicadas por amigos/familiares, por dificuldade em conversar com a equipe de
saúde. Esta integração é limitada devido às lógicas
de análise do processo de adoecimento. A inclusão
de disciplinas nas universidades sobre esta temática
e o incentivo a pesquisas de natureza clínica podem
mapear outras dimensões do conhecimento na área,
estimulando sua prática e podendo contribuir com
políticas públicas no âmbito da saúde.
BULLYING ESCOLAR E O CUIDADO OFERTADO AO
ADOLESCENTE NA SAÚDE DA FAMÍLIA
Pamela Lamarca Pigozi / Pigozi PL / USP; Ana
Lúcia Machado / Machado AL / USP;
O bullying é definido como um subtipo de agressão,
com caráter sistemático e repetitivo e com assimeSaúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 72
tria de poder entre pares, alavancando consequências sérias à saúde de adolescentes, que além de
lidarem com suas intensas mudanças emocionais,
atitudinais e fisiológicas, buscam serem aceitos
pelas suas singularidades em meio à discriminação
entre pares. Esta pesquisa teve como objetivo acompanhar o caminho percorrido por um adolescente
na Unidade de Saúde da Família (USF) a procura de
amparo quando vítima de bullying na comunidade
ou no cenário escolar. Para compreender este traçado do adolescente no serviço de saúde, utilizou-se o
Fluxograma Analisador do modelo de atenção de um
serviço de saúde, que é um diagrama utilizado com
a intenção de compreender o modo de organização
em que se dá os processos de trabalho, considerando uma certa cadeia de produção. Esta estrutura é
elaborada de forma usuário-centrado, com riqueza
de detalhes para perceber os aspectos da micropolítica da organização de trabalho e da produção
de serviços. Através desta ferramenta foi possível
visualizar quais caminhos percorreu o adolescente
inserido neste atendimento, a compreensão dos profissionais envolvidos no processo de cuidado sobre
o bullying, as estratégias de intervenção ofertadas
pela equipe de saúde, e a lógica de trabalho operada
por eles. Apesar da identificação do bullying, pela
enfermeira, como questão disparadora do fluxograma, a equipe considerou poucas possibilidades
de cuidado referente a esta problemática. Na maior
parte do tempo o problema atrelou-se à patologia
no sentido de resolvê-lo dermatologicamente, com
pouca articulação com as questões relativas a saúde
mental do adolescente vítima de bullying. Conclui-se que os profissionais colocaram em evidência as
condutas centradas na doença em detrimento de
como realmente se sente o adolescente mediante
seu meio social, desconsiderando o bullying como
um aspecto psicossocial relacionados à patologia.
É necessário que os profissionais da USF conheçam
mais sobre este problema de saúde pública, afim de
identifica-lo e saber quais as possíveis estratégias
preventivas e restaurativas a serem implementadas.
CÂNCER DE MAMA NO AMBULATÓRIO DE FILANTROPIA: UM PROJETO INTEGRADO AO SUS
Rosana Soares Bonanho / Bonanho, R.S. / Hospital
Sírio-Libanês; Sibelle Silva Cosme Pedro / Pedro,
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
S.S. C. / Sibelle Silva Cosme Pedro; Wilma Madeira / Madeira, W. / Hospital Sírio-Libanês; Mirna
Namie Okamura / Okamura, M.N. / Hospital Sírio-Libanês; Sergio Fernando Rodrigues Zanetta. /
Zanetta, S.F.R. / Hospital Sírio-Libanês;
Caracterização do Problema: O câncer (CA) de mama
é a principal causa de morte em mulheres brasileiras
– dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA, 2014)
– o que o caracteriza como um importante problema
de saúde pública que, agravado por diagnóstico tardio e dificuldade de acesso ao tratamento adequado,
têm contribuído para o aumento da mortalidade por
CA de mama no Brasil. Descrição: O Ambulatório de
Filantropia do Hospital Sírio-Libanês (HSL) iniciou
o Projeto CA de Mama em 2005 para contribuir com
o tratamento e a redução da mortalidade por CA de
mama. Este Projeto iniciou-se como uma proposta
da área de Filantropia do HSL, porém por meio de
estratégias de cooperação e fortalecimento de parcerias junto ao Ministério da Saúde e Gestor Local
do SUS, Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo,
foi constituindo-se como um serviço de apoio ao desenvolvimento do SUS, pactuado com o Ministério
da Saúde em 2009 e financiado com renúncia fiscal
proveniente da Filantropia. Hoje o Projeto encontra-se plenamente integrado à linha de cuidado da Cidade de São Paulo, parte importante do itinerário que
o usuário faz por dentro da rede de saúde (Franco,
2003), desenvolvendo ações de atendimento médico
(mastologista e plástico) e multiprofissional (assistente social, psicólogo, nutricionista, fisioterapeuta
e enfermeiro) para a realização de cirurgias, com
irradiação intra-operatória e reconstrução mamaria
em 100% dos casos indicados. Todos os pacientes são
encaminhados pela central de regulação da Cidade
de São Paulo e no Ambulatório passam a ter acesso
à tecnologia médica hospitalar cirúrgica necessária
para o tratamento. Lições Aprendidas: Nos últimos
anos (de 2005 a 2014), no Projeto foram realizadas
2.191 cirurgias, foram 23.437 atendimentos médicos
e multiprofissionais no último ano (2014). Essa dinâmica de atendimento em equipe multidisciplinar
possibilitou a realização de atendimentos de excelência, mais completos, integrais e humanizados
aos pacientes do SUS. A equipe do Ambulatório
sente-se engajada nos projetos de interesse público
e motivada com os resultados obtidos diariamente.
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 73
Recomendações: Fazer parte de uma estratégia de
Linha de Cuidado é essencial para o cuidado integral
do paciente, permitindo um funcionamento mais lógico e racional do Sistema de Saúde, e possibilitando
a retaguarda necessária aos cuidados do paciente
após o tratamento.
CÂNCER DE PRÓSTATA: O ENTENDIMENTO DOS
HOMENS QUANTO AO EXAME DE TOQUE RETAL
Flávia Regina Calazans Ribeiro / Ribeiro,F.C.R
/ Unip; Maria Luiza Mazzieri / Mazzieri,L.M /
UNIP; Marcelo Osvaldo Nascimento França / França, M.O.N / Prefeitura de Mauá;
INTRODUÇÃO: A falta de informação sobre o câncer de próstata e o preconceito sobre o exame de
prevenção tem corroborado para o aumento nos
índices da doença. O receio por realizar o exame de
toque retal existe por haver uma visão deturbada de
que este tipo de exame pode afetar a masculinidade,
este preconceito e esta falta de conhecimento faz
com que os homens procurem os serviços de saúde
somente quando começam aparecer os sintomas.
OBJETIVO: Identificar o entendimento dos homens
quanto o exame de toque retal. MÉTODO: Pesquisa
exploratória, quantitativa, descritiva, de campo. Os
dados foram coletados em uma igreja com questionário. Participaram 76 homens acima de 40 anos de
idade RESULTADOS e DISCUSSÃO: Analisando as
respostas ficou evidente que grande parte dos entrevistados não tinham conhecimento sobre a doença,
tendo em vista que 21% deram respostas incompletas
e 39% deram respostas inadequadas ou não souberam explicar, 79% não receberam nenhum tipo de
orientação e dos 21% que receberam orientações dos
enfermeiros 18% declaram que as informações são
satisfatórias, porém é uma porcentagem pequena
em vista da amplitude da doença. Perante esse fato
aumenta a importância da pratica de educação em
saúde para o exercício da cidadania, para que haja
mudanças de comportamento, pois a educação é instrumento de transformação social, 59% dos homens
não realizaram o exame de toque retal, apesar de 55%
relatarem que não teria problema em realiza-lo caso
fosse solicitado e 4% relatam que teriam dificuldade
em realizar o exame por medo, preconceito, por não
gostar do exame e por não se sentir a vontade. Dos
que realizaram o exame de toque retal 20% acharam
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
o exame constrangedor, 14% se sentiram desconfortáveis e 7% acharam normal, uma porcentagem
já esperada visto que o exame de toque retal é um
procedimento invasivo e constrangedor, 93% dos
entrevistados relatam que o exame de toque retal não
afeta a masculinidade, e 7% disseram o contrário,
mas não souberam explicar como o exame poderia
afetar a masculinidade. CONCLUSÃO: Em relação
ao conhecimento apenas 21% chegaram a respostas
relativamente certas, 59% não realizam o exame, e
93% afirmam que o exame não afeta a masculinidade. Diante disto é importante a capacitação dos
profissionais de saúde para orientarem os homens
sobre o câncer de próstata e a importância do exame
de toque retal, para alcançar um índice maior em
relação à adesão ao exame.
CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL DOS PARTICIPANTES DO GRUPO DE CONTROLE DO TABAGISMO NA
UBS JD NITERÓI, NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO,
SP, NO PERÍODO DE JANEIRO A DEZEMBRO DE
2014
Dailla de Souza Andrade / Andrade, D.S. / OSS
ACSC; Nivaldo Carneiro Junior / Carneiro Junior,
N. / FMABC;
Introdução: O Programa Nacional de Controle do
Tabagismo do Instituto Nacional do Câncer (Brasil)
data de 1989 e tem como diretriz o cessamento do
tabagismo por meio de práticas de terapias medicamentosas e não medicamentosas como os grupos
terapêuticos Objetivo: O estudo objetivou descrever
a implantação e caracterizar o perfil dos usuários
inscritos no grupo de controle do tabagismo no
contexto do Programa Nacional de Controle do Tabagismo numa Unidade de Atenção Primária à Saúde
na Região Sul da cidade de São Paulo, no período de
janeiro a dezembro de 2014. Materiais e Métodos:
Estudo transversal e descritivo, realizado através
de registros informais e documentais da Unidade
Básica de Saúde (UBS) Jardim Niterói e dados dos
pacientes tabagistas que participaram do grupo terapêutico multiprofissional no período de janeiro a
dezembro de 2014. Resultados: O grupo terapêutico
da UBS Jardim Niterói teve início em 2008 com a
participação dos seguintes profissionais: enfermeira, médica, professor de educação física, nutricionista, cirurgiã dentista e fisioterapeuta. Conta com
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 74
5 sessões temáticas semanais. A inscrição é feita
a partir de encaminhamentos da equipe técnica e
pela demanda espontânea. No momento de ingresso
é realizada a entrevista tabagística para definição
do grau de dependência. Na amostra deste estudo
foram selecionados 86 indivíduos. Verifica-se que
74,41% dos indivíduos são do sexo feminino enquanto 25,59% são do sexo masculino; 27,90% estão entre
45 e 55 anos; 31,39% são casados; 59,3% apresentam
entre 8 e 11 anos de estudo; 59,3% são católicos; 50%
estão na fase de ação, aptos a pararem de fumar e
51,17% apresentaram Fagerstron >6- o que caracteriza dependência elevada. Conclusões: Conclui-se
que quanto maior o grau de dependência mais difícil se torna parar de fumar, no estudo se observa
que metade dos indivíduos está no estado de Ação”,
portanto devemos utilizar esse estado como fator
de proteção para realizar intervenções no momento
mais propicio para o indivíduo cessar o tabagismo.
O limite do estudo é a necessidade de acompanhar
o paciente por mais vezes na fase de manutenção e
o desabastecimento dos insumos na rede.
CRENÇA E OTIMISMO/ESPERANÇA DE PACIENTES
COM DOENÇA RENAL CRÔNICA
Ana Carolina Ottaviani / Ottaviani, A.C. / UFSCar;
Izabel Cristina Chavez Gomes / Gomes, I.C.C. /
UFSCar; Barbara Isabela de Paula Morais / Morais, B.I.P / UFSCar; Fabiana de Souza Orlandi /
Orlandi, F.S. / UFSCar;
A Doença Renal Crônica (DRC) é atualmente um
problema de saúde pública mundial, demanda um
tratamento longo e penoso. Sabe-se que é a espiritualidade na recuperação da saúde que leva o paciente a
submeter-se a incansáveis procedimentos invasivos,
a mudar seu estilo de vida e a permanecer, ainda
que debilitado, em tratamento. Dessa forma, fatores
como vontade de viver, suporte dos entes queridos,
confiança originada na fé e na espiritualidade, são
considerados fonte de energia que impulsionam o
ser paciente a manter a esperança. Objetivo: Verificar os níveis de espiritualidade em pacientes com
doença renal crônica em tratamento hemodialítico.
Método: Trata-se de um estudo descritivo, de corte
transversal e com abordagem quantitativa. Foi realizada com 100 pacientes com DRC em tratamento
em uma Unidade de Terapia Renal Substitutiva do
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
interior paulista. Os dados foram coletados, por meio
de entrevista individual, utilizando-se os instrumentos de Caracterização dos Sujeitos e Escala de
Espiritualidade de Pinto Pais – Ribeiro (EEPP-R). Todos os cuidados éticos foram seguidos. Resultados:
Dos 100 participantes, 61,0% era do sexo feminino,
a média de idade foi de 52,24 (±14,24) anos. Houve
predomínio da religião católica (65,0%), seguida da
evangélica (25,0%), sendo que do total de religiosos,
62,0% eram praticantes. Quanto ao escore médio da
EEPP–R, especificamente nas dimensões crenças”
foi de e 3,67 (±0,69) e em esperança/ otimismo”, de
3,32 (±0,67), sendo que a pontuação da referida escala pode variar de 1 a 4 e quanto maior a pontuação,
maior o nível de espiritualidade do indivíduo. Conclusão: o nível de espiritualidade dos pacientes com
DRC em hemodiálise avaliados no presente estudo
foi elevado, dado que o ponto médio é de 2,5 e, em
ambas as dimensões os valores foram superiores.
Contudo, realizar intervenções com intuito de melhorar o nível de espiritualidade e de qualidade de
vida desses pacientes é de suma importância, bem
como considerar o construto durante a assistência
prestada pelos profissionais de saúde, pois isso
auxiliará no enfrentamento da doença e tratamento.
CUIDADO DE QUEM CUIDA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA COM CUIDADORES PERMANENTE
Fledson de Sousa Lima / Lima, F. S / SPDM; Vânia
Barbosa do Nascimento / Nascimento, V.B / FMABC;
O presente relato emergiu de uma experiência com
base em um território com 20% aproximadamente
de idosos com doenças Cardiovasculares, neuro-degenerativas e doenças crônicas metabólicas observou-se a exaustão dos cuidadores familiares no
cotidiário do atendimento domiciliar apresentando
despreparo e ausência do suporte emocional. Nesse
contexto desvela um sofrimento psíquico devido os
vinculo afetivos. Frente a isso, criou-se um encontro
quinzenal com a equipe da Estratégia Saúde da Família e posteriormente Núcleo de Apoio a Saúde da
Família que têm como objetivos promover a troca e
experiências sobre o cuidar, constituindo-se como
uma rede de apoio uma vez que todos os membros
participantes estão unidos em torno da discussão
de problemas de vida compartilhados por todos:
pessoas com doenças crônicas e degenerativas deSaúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 75
pendentes de cuidados permanentes. Os familiares
que tem responsabilidade de cuidar de seu familiar
impossibilitado de realiza-lo. Os resultados preliminares que suscitaram nas narrativas dos cuidadores
foram sentimentos ambivalentes de culpa, raiva, falta de paciência, angustia, estresse, irritação, nervosismo, choro dificuldade no auto-cuidado, abandono,
medos, isolamento, resistência para possibilidade da
Internação na casa de repouso. Considerações que o
cuidado é uma ferramenta essencial para existência
humana mais que revela limitações no cotidiano no
cuidado domiciliar e esse cuidadores ressignificarão
os sentimentos experienciados e renovaram a esperança, fé, paciência, força de vontade, amor, carinho
e solidariedade devem ser uma agenda prioritária
de apoio da rede de saúde na sustentabilidade das
relações familiares e as monitoramento de possíveis
co-morbidades e adoecimento do cuidador.
CUIDADO EM SAÚDE: QUANDO CUIDAR DO TRABALHADOR SE FAZ NECESSÁRIO
Ana Paula Salomé Utimati / Utimati, A.P.S. /
Prefeitura Municipal de Pitangueiras; Bruna Carla
Vernilho Liotti / Liotti, B.C.V. / Prefeitura Municipal de Pitangueiras; Carmem Silvia Masson Ripamonte / Ripamonte, C.S.M / Prefeitura Municipal
de Pitangueiras;
Introdução: A qualidade do atendimento em saúde
depende, além de outros fatores, da qualidade do
estado físico e mental do profissional de saúde.
Esse profissional está constantemente submetido à
influencia de estressores. Por isso, avaliar e acompanhar a saúde desses profissionais torna-se de extrema relevância. O cuidado com o profissional é fundamental para a qualidade de vida da população por
eles atendida. Diante disso, o Núcleo de Educação
Permanente e Humanização (NEPH) Municipal visa
estabelecer estratégias e mecanismos que tornem os
serviços mais humanizados. Objetivo: Identificar as
demandas dos trabalhadores de saúde e propor ações
para melhoria nos processos de trabalho. Métodos:
Para o desenvolvimento do trabalho foram envolvidos os trabalhadores de todos os departamentos de
saúde do Município de Pitangueiras-SP. A equipe
do NEPH Municipal realizou uma visita em cada
departamento da saúde: unidades básicas de saúde, pronto atendimento, farmácia e almoxarifado,
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
centro de reabilitação física e motora, ambulatório
de saúde mental, regulação e auditoria, vigilância
sanitária, vigilância epidemiológica, agente de
endemias, SAMU, transporte e administração da
secretaria municipal de saúde, onde foi proposta a
atividade de confecção de 03 cartazes. Cada um com
uma pergunta: Qual o orgulho da minha unidade?
Qual maior desafio da minha unidade? Quais as
propostas para 2015? Cada trabalhador colocou sua
anotação nos cartazes expostos em local visível. Foi
organizado um evento para demonstração dos cartazes confeccionados. Posteriormente as respostas
foram categorizadas e foi realizada a demonstração
das respostas e a partir daí serão propostas ações
e intervenções em cada departamento. Resultados:
Como resposta à primeira pergunta, a maioria dos
funcionários reconhecem o trabalho em equipe e
os colegas de trabalhos como os maiores motivos
de orgulho. Dentre os desafios apontados em cada
departamento, além de algumas adequações físicas,
ressaltou-se a necessidade de aprimoramento nas
relações interpessoais para ter uma maior união
nos processos de trabalho. Quando questionados
sobre propostas para 2015, as mais apontadas foram
relacionadas a necessidade de recursos humanos e
materiais, porém apresentaram também a necessidade de melhorias na valorização profissional . Conclusão: Diante do exposto, podemos perceber que os
trabalhadores de saúde necessitam de momentos de
escuta e intervenção, para que possam desempenhar
melhor suas funções.
DIMINUINDO OS RISCOS: ACOLHIMENTO NO AMBULATORIO DE GESTAÇAO DE ALTO RISCO
Cecília Carmen Casemiro / Casemiro, C.C. /
PREFEITURA DO MUNICIPIO DE MAUA; Poliana
Araujo Cabido / Cabido, P.A. / PREFEITURA DO
MUNICIPIO DE MAUA;
em junho de 2013, a atenção as gestantes no ambulatório de pre natal de alto risco passou a ser diferenciada. um formulário baseado nos determinantes
sociais em saude, foi elaborado com o objetivo de
conhecer está mulher que chega a este ambulatório,
e assim compreende-la, e ver se a mesma necessita
de orientações, encamarinhamentos, e se caso não
precise pelo menos saber que pode contar conosco,
a equipe do PNAR, assistente social, enfermeira e
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 76
obstetra. nestes dois anos de trabalho temos percebido que as mesmas aderem melhor ao tratamento,
sentem-se acolhidas e seguras, e a incidência de
mortalidade materna tem diminuído.
EDUCAÇÃO EM SAÚDE OU PROJETO TERAPÊUTICO
COMPARTILHADO?
Laura Camargo Macruz Feuerwerker / Feuerwerker, L. C. M. / FSP- USP; Helvo Slomp Jr /
Slomp Jr, H. / UFPR;
Objetivo: Pesquisa que teve como objetivo geral
compreender as possibilidades de contribuição da
homeopatia na construção de projetos terapêuticos
cuidadores, em oficinas multiprofissionais de educação permanente em saúde, no contexto da atenção
básica à saúde. Metodologia: oficinas de educação
permanente em que se discutiam os casos que as
equipes consideravam difíceis. Resultados: Como
analisadores foram escolhidos os incômodos que os
trabalhadores da saúde manifestaram com relação
ao seu processo de trabalho e a emergência, nos
primeiros encontros com as equipes, do tema da educação em saúde. Discute-se o território existencial
ser profissional de saúde” como sendo instituído a
partir de uma concepção de educação como referente
significante, e de uma certa missão intervencionista
como valor transcendente. Observou-se ao longo das
oficinas um esvaecimento da importância do tema
da educação em saúde, por vezes até desaparecendo das discussões, na medida em que os projetos
terapêuticos cuidadores se constituíam. Conclui-se
que tal esvaecimento consistiu em um processo de
desterritorialização no sentido de uma pactuação
com o usuário, tido ao final como um interlocutor
válido; e que o cuidado ultrapassa a dimensão estritamente pedagógica
ENFERMEDAD EN LA SANGRE – A DOENÇA DE
CHAGAS NA PERCEPÇÃO DE IMIGRANTES BOLIVIANOS NA CIDADE DE SÃO PAULO
Cássio Silveira / Silveira C / FCMSCSP; Nivaldo
Carneiro Junior / Careniro Junior N / FCMSCSP;
Lia Maria Brito da Silva / Silva LMB / HCFMUSP;
Eimi Makino / Makino E / NAP-DISA/USP; Rosário Quiroga / Quiroga R / DMI/FMUSP; Maria
Aparecida Shikanai-Yasuda / Shikanai-Yasuda
MA / DMI/FMUSP; Expedito Luna / Luna E / IMT/
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
FMUSP; Rubens Antonio da Silva / Silva RA /
SUCEN/SESSP; Dalva Marli Valério Wanderley /
Wanderley DMV / SUCEN/SESSP; Ruth Moreira
Leite / Leite RM / CVE/SESSP; Luzia Martinelli
/ Martinelli L / CSEBF/ISCMSP; Sônia Regina
Almeida / Almeida SR / CSEBF/ISCMSP; Noemia
Carvalho / Carvalho N / HCFMUSP;
Introdução: A doença de Chagas apresenta alta
prevalência na Bolívia. Os bolivianos na cidade
de São Paulo constituem grupo vulnerável por
suas condições de vida e de trabalho. A doença de
Chagas constitui mais um importante problema
de saúde. Objetivos: Percepções sobre a doença de
Chagas entre os imigrantes bolivianos. Condições
de acesso ao serviço de saúde no país de origem
e no país receptor; conhecimentos sobre processo
saúde-doença identificando a etiologia da doença e
transformações corporais e formas de tratamento.
Metodologia: Abordagem Qualitativa. Entrevistas
estruturadas, gravadas e analisadas por temas. Foram entrevistados 27 imigrantes: 17 com sorologia
positiva para Chagas e 10 com sorologia negativa.
Resultados: Os imigrantes têm pouca experiência
nos serviços de saúde na Bolívia, considerando-o
negativamente nos aspectos da estrutura, do acesso
e da necessidade de recorrer ao setor primário em
alguns casos. No Brasil, ainda que todos tenham
tido acesso ao SUS, referem dificuldades de acesso:
excesso de burocracia e barreira linguística são pontos importantes. Em relação à doença de Chagas, os
conhecimentos sobre a doença têm na experiência
de vida familiar o principal meio de aquisição. As informações são imprecisas e, em boa parte dos casos,
desconhecidas. Há referências sobre a localização
da doença no corpo: sangue, coração, garganta e
estômago são afetados. Em relação ao tratamento,
referiram ter aprendido sobre o medicamento por
meio desta pesquisa. Porém, desconhecem suas
consequências em termos de duração e transformações no corpo. A preocupação com a doença remete
à relação com as atividades de trabalho para o risco
de transmissão aos filhos. Conclusões: O acesso aos
serviços no país de origem é limitado. No Brasil, a
barreira linguística e os procedimentos burocráticos
criam obstáculos, mas não impedem o acesso. Os
imigrantes têm conhecimentos muito vagos e gerais
sobre Chagas. Os conhecimentos são adquiridos no
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 77
âmbito da família e da comunidade. A doença aparece como um frágil conjunto de conhecimentos que
remetem a algumas lembranças em suas histórias
de imigrantes. Fonte(s) de Financiamento: CNPq
processo 404336/2012-4 Apresentador: Nivaldo
Carneiro Junior - [email protected]
ESTIMULANDO A ADESÃO TERAPEUTICA DA PESSOA COM DIABETES MELLITUS EM UMA UNIDADE
DE SAÚDE DA FAMÍLIA
Rômulo Cezar Ribeiro da Silva / Silva, R. C. R. /
UNEMAT; Vagner Ferreira do Nascimento / Nascimento, V. F. / UNEMAT; Larissa Marchi Zaniolo /
Zaniolo, L. M. / UNEMAT; Danila Pequeno Santana
/ Santana, D. P. / UNEMAT;
O Diabetes Mellitus (DM) pode ser considerado um
dos principais problemas de saúde pública em virtude da prevalência crescente em diversos países
e do difícil controle metabólico dos indivíduos. As
medidas de prevenção reduzem a morbimortalidade
por DM e se constituem como práticas prioritárias
para a saúde pública. Objetivou relatar a experiência
da elaboração de uma proposta para implementação
de prática educativa às pessoas com DM no intuito
de fortalecer a adesão ao tratamento. O produto
deste trabalho trata-se de uma experiência convergente assistencial, do tipo tecnologia da concepção.
Os sujeitos-alvo do estudo, potencialmente atingidos pela tecnologia foram pacientes diabéticos,
de ambos os sexos e idades, da área de adscrição
da Unidade de Saúde da Família no município de
Tangará da Serra/MT. O período de planejamento,
discussão e execução ocorreu entre os meses de
novembro de 2013 até dezembro de 2014. As etapas
para elaboração dessa proposta foram: revisão de
literatura, para apropriar-se da temática, discussão
da proposta geral com a equipe para definir como
proceder à identificação das pessoas com DM que
apresentavam dificuldade de adesão ao tratamento
e definição das atividades educativas a serem realizadas. Utilizamos ferramentas de informação, como
o SIAB- Sistema de Informação na Atenção Básica
e o SISHIPERDIA - Sistema de Gestão Clinica de
Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitos da Atenção
Básica. A contribuição para uma melhor assistência
à saúde a partir do uso de tecnologias leves foi identificada pela equipe, na necessidade do profissional
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
e a sociedade, serem capaz de realizar reflexão da
eficácia na comunicação em saúde. Como resultado
foi constatado aumento de 53,4% na adesão ao tratamento medicamentoso e não medicamentoso dos
pacientes faltosos, bem como redução das internações hospitalares, acompanhadas através das SIAB
e HIPERDIA. O programa Hiperdia encontrava-se
implantado, porém sem delimitação adequada de
cobertura da Estratégia Saúde da Família – ESF.
Dessa maneira, fomentou o diálogo de intensificar
a atuação das ESFs através de sua ampliação de
cobertura, valorização, integração dos profissionais
e a inclusão de outros profissionais de saúde tais
como: o farmacêutico, o nutricionista e o educador
físico além dos gestores em saúde.
ESTRATÉGIAS PARA IMPLANTAÇÃO DE ACOLHIMENTO EM UMA UNIDADE SAÚDE ESCOLA DE
ATENÇÃO ESPECIALIZADA
Daniela Maria Xavier de Souza / Souza, D.M.X. /
UFSCar; Claudia Maria Moura Resende / Resende,
C.M.M / UFSCar; Suellen Silva / Silva, S. / UFSCar;
Anadélia Rossi / Rossi, A. / UFSCar; Daniele Ferrari / Ferrari, D. / UFSCar; Dayane Teixeira Almeida
/ Almeida, D.T. / UFSCar; Isabella Brassolatti /
Brassolatti, I. / UFSCar; Gilve Orlandi Bannitz /
Bannitz, G.O / UFSCar;
Caracterização do Problema. A Unidade Saúde Escola (USE) é um espaço da UFSCar que se configura
como equipamento da atenção especializada, inserido na rede de saúde da Região Coração. Nos serviços
de saúde, o acolhimento tem grande importância
dentro da Política Nacional de Humanização (PNH,
2003), propondo mudanças para uma perspectiva de
cuidado integral, com formação de vínculos, escuta
qualificada e garantia de acesso aos direitos sociais
conquistados historicamente. Descrição. Após
exaustivas discussões envolvendo vários atores, em
espaços coletivos, foi identificada a necessidade da
construção de um processo de acolhimento mais
condizente com a PNH. A proposta inicial envolveu
adequação de espaços, capacitação de equipes e
revisão de processos de trabalho. Foram realizadas
reuniões semanais da equipe acolhedora para reflexão sobre situações vivenciadas no acolhimento, fomentar o diálogo interdisciplinar e o aprimoramento
do processo. Implantada a proposta, em processo,
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 78
foram feitos a revisão dos critérios de inscrição
em cada uma das ações, revisão do formulário de
acolhimento da Unidade, revisão da ambiência, em
um constante construir e desconstruir a proposta a
partir da avaliação cotidiana dos resultados percebidos. Lições aprendidas. Criar uma equipe acolhedora
é um posicionamento político da instituição para
fazer-se cumprir as diretrizes do Plano Nacional
de Humanização. É importante considerar que mudanças causam desconforto e resistência na equipe,
pois a tira da zona de conforto e cria tensão; práticas
costumeiras precisam ser repensadas visando garantir o acesso pleno dos usuários e permitindo um
funcionamento mais orgânico da Unidade. Recomendações. Levar em consideração o medo da mudança
é fundamental para se preparar para as dificuldades
que acompanham encarar algo novo e desconhecido.
Usar a estratégia da construção coletiva, envolvendo atores dos diversos segmentos da gestão do
cuidado favorece que a proposta seja validada pela
maioria dos profissionais do serviço. Além disso, as
reuniões da equipe acolhedora são fundamentais
para aprimorar a gestão do cuidado, aperfeiçoar
os processos de trabalho, bem como servir como
estratégias de educação em saúde. Considerando
que acolher envolve risco de desenvolvimento de
stress ocupacional, a estratégia garante um espaço
protegido para o compartilhamento de vivências do
cotidiano, e mostrou-se um excelente recurso para
prevenir o adoecimento de membros da equipe.
ESTRATÉGIAS PARA INSERÇÃO EFETIVA DA PSR
NO SUS
Elisa Montalvão Rocha Pimentel / Pimentel,
E.M.R. / UNASP SP; Taianã Ribeiro Moreira Da Silva / Silva, T.R.M. / UNASP SP; Maria Julia Barbosa
de Moraes / Moraes, M.J.B. / UNASP SP; Oswalcir Almeida de Azevedo / Azevedo, O.A. / UNASP
SP; Maristela Santini Martins / Martins, M.S. /
UNASP SP;
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, com abordagem observacional e descritiva. Com o objetivo identificar estratégias empregadas pelos Enfermeiros
para uma inserção efetiva da PSR no SUS. A coleta
de dados foi conduzida no período de fevereiro a
maio de 2014, por meio de entrevistas semi-estruturadas focalizadas, gravadas, de oito Enfermeiros;
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
observação participante artificial. As entrevistas
foram gravadas e resultaram em textos discursivos
transcritos. Estes discursos foram decompostos em
fragmentos relevantes sobre os quais foram identificadas frases temáticas, agrupadas por semelhança
resultando em categorias empíricas e organizadas
com base em categorias analíticas. Resultados:
O material analisado trouxe um adensamento de
significados, sendo identificadas 13 subcategorias
empíricas que foram reorganizadas por afinidade
de conteúdos em três categorias empíricas. Conclusão: uma bagagem de informações utilizadas para
ampliar e modificar o olhar a cerca da realidade
singular de cada individuo, bem como a importância
da atuação do Enfermeiro para uma efetiva inserção
desta população no SUS.
ÉTICA E ESTÉTICA NA PRODUÇÃO DE CUIDADO
EM SAÚDE
Diego Rafael Russo / RUSSO, D. R. / USP;
O objetivo é discutir a produção do cuidado em saúde a partir de territorializações contemporâneas.
Saúde está por todos os lados, habita espaços para
além dos hospitais, SUS, convênios. Pensamos
em saúde durante um bom quinhão dos dias, e, na
medida inversa ao tempo que se gasta almejando e
adquirindo saúde, raras são as formas ofertadas:
produz-se seguindo tal ou qual receita, contanto que
legitimadas pelos discursos de verdade do modelo
que se hegemonizou. Analisaremos, na esteira da
filosofia de Deleuze e Guattari, territórios que organizam as tensões e disputas que cruzam o campo da
saúde e os efeitos na produção de cuidado. Três são
os movimentos ético-estéticos que servirão como
base analítica do processo de cuidado: 1-Partir: um
território não circunda o de fora por todo sempre:
o que é habitual, natural, tudo o que leva consigo a
organização territorial, traz consigo a iminência do
desatino; os territórios são atravessados por forças
que quando tensionadas, surtem efeito. Às vezes é
possível suportar as tensões e sustentar o habitual;
outras vezes não, e se parte a outras formas, outros
manejos; desterritorialização! 2-Lançar: os especialistas produzem saúde em ato com o outro-paciente
que na lógica das ciências nada sabe de si, um objeto
de intervenção dos que portam um saber exterior ao
encontro; a escuta e fala no ato de cuidado funciona
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 79
somente como um tradutor aos saberes sintomatológicos catalogados. Contudo, todos são atravessados
pelas forças de cada território, estão em relação
e em afetação. Ato para a virtual composição de
repertório de saberes e técnicas que possibilite e
dê sustentabilidade as experimentações: produção
intercessora de cuidado, onde o especialista se
torna um especialista-e-usuário-e (...), pois detém
também uma intuição de como usar as ferramentas de outras formas sem sobrepor a tecnociência
ao ato do encontro. 3-Manter: A produção de novos
arranjos de cuidado em saúde está estritamente
atrelada as composições de determinado território.
São criações operativas que proporcionam contorno
e não funcionam em todas as cenas. Tantas são as
criações conceituais, os caminhos, as formas de se
pensar-fazer o cuidado, fabricações, que só foram
possíveis por conta de um incomodo inicial, que
arrasta para fora do conforto/contorno do território: possibilidade de lançar-se ao encontro com as
forças ativas e produtoras de conceitos, práticas,
ferramentas; do novo. Constitui-se novos territórios
existenciais! Até outro partir.
EU NEM SABIA QUE SABIA TANTO- UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO PERMANENTE, COLABORATIVA
E PARTICIPATIVA COM EQUIPES MULTIPROFISSIONAIS DA ATENÇÃO BÁSICA
Juliana Pereira da Silva Faquim / Faquim, J.P.S. /
Universidade Federal de Uberlândia (ESTES) / Universidade de São Paulo; Natália Bernardes Palazzo
Buiatti / Buiatti, N. B. P. / Universidade Federal de
Uberlândia; Paulo Frazão / Frazão, P. / Universidade de São Paulo;
A Educação Permanente em Saúde (EPS) tem sido
trabalhada prioritariamente no âmbito da relação
gestão – trabalhadores, e poucas vezes usada como
estratégia para ampliar os encontros entre trabalhadores e usuários. Com o objetivo de usar a EPS
como estratégia para concretizar a construção de
pactos que coloquem os usuários e suas necessidades
como foco da organização do trabalho em saúde, foi
realizada uma oficina de formação de doze encontros
de quatro horas cada. Essa oficina foi planejada no
modelo participativo, estimulou a cooperação entre
diferentes profissionais e usuárias na análise da
atenção à gestante, analisou de maneira colaborativa
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
e participativa os aspectos do cuidado à saúde da
gestante durante o pré-natal, preparando profissionais e usuárias para a construção de um protocolo
de atendimento à gestante e estimulou a cooperação e adequação dos serviços às necessidades dos
usuários. A oficina contou com oito profissionais e
duas usuárias, e para estimular a análise e avaliação
das ações de atenção básica oferecida foi utilizado
uma metodologia de planejamento de intervenções
sociais, ZOPP (Planejamento de Projetos Orientado
por Objetivos), prevendo a construção de uma “árvore
de problemas” e “árvore de objetivos”. A proposta
participativa de educação permanente favoreceu a
visão crítica e a análise sobre o cuidado da saúde da
gestante durante o pré-natal. O método ZOPP foi eficiente na visualização dos fatores internos e externos
ao serviço que comprometem a qualidade do cuidado
da gestante. A visualização dos problemas e objetivos
revelou aos participantes o próprio conhecimento e a
valorização das suas atuações e complementariedades e uma aproximação da visão do profissional com
a realidade do usuário. Esta intervenção propiciou
uma aproximação entre aqueles que executam os
serviços e os que avaliam/planejam, favorecendo autonomia e engajamento. Entretanto, a compreensão
desta temática gera tensões e expectativas de novas
ações e mudanças. Um trabalho como este, efetiva
mudanças na qualidade dos serviços, sobretudo
quando sucedido por novas intervenções e projetos
no âmbito de uma estratégia geral de educação permanente. Por meio da experiência desenvolvida, foi
possível recuperar a confiança, aumentar a colaboração interprofissional, e ressignificar a autonomia e a
interdependência do trabalho profissional gerando
novos conhecimentos sobre o tema tendo por referência as necessidades das gestantes.
FAMÍLIA: A PRINCIPAL REDE DE APOIO SOCIAL
DO DOENTE RENAL CRÔNICO
Daianne Cibele de Souza Borges / Borges, D.C.S. /
UFSCar; Fernanda de Oliveira Furino / Furino, F.O.
/ UFSCar; Mayara Caroline Barbieri / Barbieri, M.
C. / UFSCar; Renata Olzon / Olzon, R. / UFSCar;
Giselle Dupas / Dupas, G. / UFSCar;
Introdução: O apoio social recebido pelo doente
crônico, na rede social em que está inserido, é fundamental para ajudá-lo a aderir ao tratamento e
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 80
enfrentar de maneira mais positiva as dificuldades.
A rede social é definida como um grupo de pessoas
em que se mantém contato, as pessoas próximas e
o apoio social é representado pelos recursos diretos
que os indivíduos colocam a disposição do outro;
podendo assim, influenciar num desfecho bem
sucedido ou não, do procedimento de transplante.
Objetivo: Identificar e descrever o principal apoio
social que a pessoa que vivencia o processo de
adoecimento e transplante possui. Metodologia:
Estudo descritivo com abordagem qualitativa, em
que foi utilizado o conceito de rede social e apoio
social como referencial teórico e a análise temática
como referencial metodológico. Os dados foram coletados no período de novembro de 2013 a setembro
de 2014 em um município do interior de estado de
São Paulo. Foram selecionados 12 transplantados
renais. A coleta de dados foi realizada por meio de
entrevista semi-estruturada. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o parecer de
número: 358.059. Resultados: A família foi identificada como principal fonte de apoio, e emergiram os
seguintes temas: família: a principal fonte de apoio
e as fragilidades encontradas no apoio familiar. No
primeiro tema a família é apontada como o elemento presente em todos os momentos, ajudando-o a
vivenciar a hemodiálise e o transplante, através da
oferta de apoio emocional expressos como amor,
afeto e gratidão e do apoio instrumental percebido
pelos cuidados complexos diários necessários após
a realização da cirurgia, o sujeito se sente seguro,
amado e amparado por seus familiares. No tema: as
fragilidades encontradas no apoio familiar, compreendemos que a família sendo de grande importância
para que o indivíduo possa enfrentar dificuldades,
a falta de apoio da mesma reflete sentimentos de
abandono, mágoa e sofrimento. Esses sentimentos
geralmente estão relacionados ao distanciamento
dos familiares e pode influenciar negativamente
no processo do transplante. Conclusão: A família é
a principal fonte de apoio para os sujeitos, além de
ofertar o apoio emocional e instrumental, se insere
no cuidado, contribuindo para que o processo de
transplante tenha um desfecho positivo. Entretanto,
a fragilidade de apoio da mesma pode causar o efeito
contrário, gerando sentimentos de tristeza e mágoa
influenciando negativamente o seu tratamento.
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
FATORES ASSOCIADOS A INFECÇÃO PELO HIV/
AIDS ENTRE ADULTOS JOVENS
Vitória Teixeira Delgado / Delgado, V. T / Universidade Católica de Santos; Nathany Moura
Machado / Machado, N. M / Universidade Católica de Santos; Bianca Hippe Prado / Prado, B. H /
Universidade Católica de Santos; Luzana Mackevicius Bernardes / Bernardes, L. M / Universidade
Católica de Santos;
Introdução: Atualmente, a infecção do vírus da imunodeficiência humana (HIV) tem se tornado um fenômeno global e dinâmico cuja ocorrência depende
de uma rede complexa de determinantes políticos,
econômicos, sociais e culturais. Nota-se que grande
parte das notificações da faixa etária de 13 a 29 anos
equivale a indivíduos que se infectaram na adolescência ou no início da juventude. (BRASIL,2006).
Objetivos: Conhecer os fatores associados ao risco
da infecção pelo HIV/AIDS entre adultos jovens por
meio de uma revisão sistemática da literatura. Metodologia: Os termos de busca utilizados nesta revisão
sistemática foram obtidos através de consultas aos
descritores em ciência da saúde (decs.bvs.br). Para
a busca dos trabalhos utilizou-se a combinação
dos seguintes descritores jovens” vulnerabilidade”
HIV/AIDS” fatores de contaminação”. Na pesquisa
bibliográfica foram utilizadas as bases de dados
LILACS e SciELO. Foram selecionados trabalhos
publicados de 2005 até 2014. Critério de inclusão:
a presença de resumos em português, assim como
descrição de abordagem quantitativa e qualitativa
referente ao HIV/AIDS e os fatores de contaminação
entre os jovens/adultos. Foram excluídos os estudos
com resumo em inglês e espanhol, e que não traziam
o delineamento da pesquisa. As publicações selecionadas para a revisão foram avaliadas quanto a
critério de qualidade, sendo considerados os artigos
julgados pelo sistema de revisão. A partir dos critérios estabelecidos para revisão bibliográfica, foram
selecionados 10 trabalhos, sendo 5 referentes à base
de dados eletrônicos SciELO, 5 referentes à base de
dados eletrônicos LILACS. Resultados: Os artigos
apontam que há necessidade de ampliar as práticas
de orientação aos jovens sobre os fatores de risco de
contaminação do HIV, como importante estratégia
para a diminuição dos índices de contaminação
nessa população. Os estudos realizados apontam a
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 81
necessidade de estratégicas de saúde pública para
diminuir o agravo da contaminação do vírus HIV na
população jovem, com redução das vulnerabilidades.
Conclusão: A complexidade que emerge desta temática é de extrema relevância, parte-se do pressuposto
que o tema é um desafio à saúde pública, porque
traz à tona questões comportamentais relacionado
aos jovens, além de colocar em destaque as ações
preventivas ainda ineficazes.
a renda per capita, contrariamente, se associou a
menor perda do excesso de peso. Não houve associação entre as variáveis investigadas e o resultado
do protocolo BAROS. Portanto, conclui-se que a melhora na qualidade de vida pós-cirurgia bariátrica
não é influenciada por fatores sócio econômicos
e demográficos. Entretanto, a maior escolaridade,
menor idade e menor renda per capita se associam
a maior perda do excesso de peso.
FATORES SOCIOECONÔMICOS E DEMOGRÁFICOS
ASSOCIADOS À PERDA DE EXCESSO DE PESO E
QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES SUBMETIDOS
A CIRÚRGICA BARIÁTRICA
HISTÓRIAS DE VIDA COMO DISPOSITIVO PARA O
CUIDADO COMPARTILHADO
Priscila Sales Picoli / Picoli, P.S. / FMB Unesp;
Ione Morita / Morita, I. / FMB Unesp; Thabata
Koester Weber / Weber, T.K. / IBB Unesp;
A obesidade atualmente é considerada um grave
problema de saúde pública que atinge todas as populações, está relacionada às condições humanas, em
todos os aspectos, sociais, emocionais, e de saúde
causadas pelo excesso de peso. Quando o tratamento clínico para obesidade de maior gravidade não é
efetivo a cirurgia bariátrica passa a ser uma opção,
na qual tem demonstrado resultados positivos na
redução e manutenção do peso. Realizamos um estudo descritivo de corte transversal, com pacientes
submetidos ao procedimento de cirurgia bariátrica
em um hospital escola no interior do estado de São
Paulo e teve por objetivo descrever as características
socioeconômicas e demográficas além de avaliar
a qualidade de vida através do protocolo BAROS
(Bariatric Analysis and Reporting Outcome System)
associadas aos resultados de perda de excesso de
peso. Para este trabalho, utilizamos a amostra de
131 pacientes submetidos à cirurgia bariátrica em
seguimento ambulatorial. Os pacientes foram divididos em dois grupos considerando o percentil 50
para o sucesso alcançado e o sucesso não alcançado.
No período pré-operatório, os pacientes estavam
com IMC (Índice de Massa Corporal) correspondente à Obesidade grau III, acima de 40 kg/m2, no
pós-operatório todos os pacientes tiveram redução
do IMC e minimização das comorbidades. As variáveis socioeconômicas e demográficas indicam que
a escolaridade e a faixa etária estão relacionadas
com a maior perda do excesso de peso, enquanto
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Laura Camargo Macruz Feuerwerker / Feuerwerker, L.C. M. / FSP-USP; Helvo Slomp Jr /
Slomp Jr, H. / UFPR;
Objetivo: Inspirando-se no método homeopático de
coleta de dados, e sob a perspectiva da educação permanente em saúde, esta pesquisa teve como objetivo
analisar as possibilidades, para o cuidado em saúde,
que a construção de histórias de vida podem oferecer, em encontros organizados para a elaboração
coletiva de projetos terapêuticos compartilhados.
Metodologia: Oficinas de educação permanente om
equipes de saúde da família organizadas a partir
dos casos considerados incômodos. Resultados: São
discutidas algumas mudanças que decorreram do
emprego dessa estratégia, seja no reposicionamento
mútuo de trabalhadores e usuários, seja em uma
nova abordagem dos casos pelas equipes, mudanças
essas que parecem ter fortalecido o estabelecimento de encontros produtores do cuidado. Conclui-se
que, no âmbito deste estudo, as histórias de vida, ao
intensificarem a operação coletiva de tecnologias
leves em um convite ao projeto terapêutico compartilhado, propiciaram a ampliação da porosidade
das equipes e o reconhecimento do usuário como
interlocutor válido, favorecendo a reorientação dos
demais planos tecnológicos do trabalho em saúde,
operando assim como potentes dispositivos para a
produção do cuidado em saúde.
HUMANIZAÇÃO: O (DES) CUIDADO DA EQUIPE
DE ENFERMAGEM FRENTE À FINITUDE HUMANA:
REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA
Paloma Silva / SILVA, P. / Universidade Católica de
Santos; Mariana Oliveira Correa / CORREA, M.O /
Universidade Católica de Santos; Luzana MackeviSaúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 82
cius Bernardes / BERNARDES, L.M / Universidade
Católica de Santos;
Introdução: Os profissionais de enfermagem convivem com um grande desafio, uma vez que permanecem em conflito, lutando pela vida e contra a morte,
essa dicotomia poderá suscitar emoções negativas
uma vez que a morte pode estar associada ao fracasso da assistência. A equipe de enfermagem vivencia
diariamente diversas situações onde a morte é
constante. É possível observar diversas reações e
sentimentos da equipe, com isso existem inúmeros
mecanismos de defesa, uns ficam em silêncio, outros
se isolam, choram, buscam-se justificativas para a
finitude humana. Frente a essa situação surgem diversos questionamentos em relação ao óbito Objetivo: Identificar o processo de cuidar frente à finitude
humana. Métodos: Os termos de busca utilizados
nesta revisão sistemática foram obtidos através
de consulta aos Descritores em ciências da saúde
(decs.bvs.br). Foi utilizada na busca dos trabalhos
a combinação aos descritores óbito, enfermagem,
finitude humana”. Na pesquisa bibliográfica foram
utilizadas as bases SciELO e LILACS. Foram inicialmente selecionados, através dos descritores, trabalhos publicados entres 2005 e 2014. Foram critérios
de inclusão a presença de resumo em português,
assim como a descrição de abordagem qualitativa
referente a enfermagem frente a finitude humana.
Foram excluídos os estudos de abordagem quantitativa e os resumos em inglês e espanhol. A partir dos
critérios estabelecidos para a revisão da literatura,
foram selecionados ao todo 8 artigos (figura1), sendo
6 referentes à base de dados eletrônicos SciELO e 2
referentes à base de dados eletrônicos LILACS. Resultados: As literaturas apontam que o tema morte
e morrer têm sido negligenciados pelas instituições
de graduação, já que o profissional de enfermagem
demonstra uma grande ansiedade e despreparo para
lidar com a morte. Conclusão: Os estudos realizados
apontam a necessidade de estratégias para suprirem
a falta de preparo dos profissionais de enfermagem
em lidar com tema morte e morrer. Refletir sobre
esta temática pode auxiliar esses profissionais a
vivenciarem o processo de morte e morrer mais
equilibrado, fortalecendo-os para cuidar do paciente e de seus familiares prestando uma assistência
qualificada e mais humanizada.
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
INTERDISCIPLINARIDADE: UMA ESTRATÉGIA DE
CUIDADO COM A JUVENTUDE UNIVERSITÁRIA
Maria Tereza Ramalho / Ramalho, M. T. / UFSCar
- USE; Alessandra de Araujo / Araujo, A. / UFSCar
- USE; Andrea Ferreira Palhano de Jesus / Palhano
de Jesus, A. F / UFSCar - USE; Regina Helena Vitale
Torkomian Joaquim / Joaquim, R. H. V. T. / UFSCar - UFSCar - Docente PPGG; Umaia El-Khatib /
El-Khatib, Umaia / UFSCar - Docente PPGGC;
O Projeto de Extensão Grupo Terapêutico: Juventude Universitária” é um grupo terapêutico interdisciplinar desenvolvido na Unidade Saúde Escola
(USE - UFSCar), que integra as áreas de Psicologia
e de Terapia Ocupacional, desde 2006, derivado da
preocupação das coordenadoras do projeto com o
público universitário em situação de vulnerabilidade, e com necessidades de saúde iminente de
acolhimento. A USE, na Rede de Atenção do SUS,
é considerada como nível de média complexidade,
motivo pelo qual o estudante universitário, usuário do sistema necessita estar vinculado à porta de
entrada da Atenção Básica, para então por meio do
fluxo de encaminhamento, pela guia de referência e
contra-referência ser inscrito na Linha de Cuidado
em Saúde Mental da USE. O critério de inclusão é
ser estudante universitário e aceitar o desafio de
refletir sobre si mesmo, sobre a vida universitária e
sobre o coletivo social. Objetivo: oferecer o cuidado
integral aos participantes do grupo, considerando
seus aspectos biopsicossocioculturais. Lições aprendidas: Entende-se que foi dada uma importante contribuição para a construção dos projetos de vida dos
estudantes. Os relatos dos participantes durante os
encontros indicam que houve melhora significativa
do desempenho acadêmico por conta de sua participação no grupo. O trabalho procurou estimular
nos estudantes a promoção e prevenção em saúde,
além de ter incentivado a responsabilização pelo
cuidado com a própria saúde.Foram identificadas
necessidades de saúde as quais foram discutidas
com os profissionais da equipe da USE, e encaminhadas para as especialidades necessárias por meio
do procedimento de interconsulta, promovendo a
integralidade e interdisciplinaridade do cuidado
oferecido, que fazem parte dos objetivos da USE.
Recomendações: Este espaço reflexivo e promotor
de empatia em relação aos pares contribui para a
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 83
criação de vínculos que podem facilitar nesta transição para a vida adulta, além de criar um espaço
de socialização e integração entre os participantes
que pôde auxiliar na formação de laços na universidade, fora do ambiente terapêutico. A proposta do
grupo prevê que os participantes realizem atividades
manuais, artesanais e artísticas enquanto debatem
temas complexos que envolvem a vida universitária como preconceito, bullying, dificuldades nos
relacionamentos, competitividade, entre outros. A
satisfação obtida com os resultados desses trabalhos
pode melhorar sua autoestima e contribuir para seu
processo terapêutico.
INTERDISCIPLINARIDADE: UNINDO ESFORÇOS
PARA FAVORECER A LONGEVIDADE!
Orimar Sampaio Carmagnani / Carmagnani, O. S. /
Centro de Referência do Idoso de Araraquara; José
Candido Monteiro da Silva Machado / Machado,
J.C.M.S. / CRIA; Francisco Moretti Duk / Duk, F. M.
/ CRIA; Daniela Farah / Farah, D. / CRIA; Ilma Alves da Silva / Silva, I.A. / CRIA; Luciana Carvalho
/ Carvalho, L. / CRIA; Lourdes Sccoton / Sccoton,
L. / CRIA; Denise Alonso / Alonso, D. / CRIA; Erica
Vaz / Vaz, E. / CRIA; Maria Tereza Ramalho / Ramalho, M. T. / CRIA;
Estudiosos da Gerontologia tem se debruçado sobre
o processo do envelhecimento, devido ao aumento
da expectativa de vida da população idosa brasileira (IBGE, 2010).A Equipe Técnica do Centro de
Referência do Idoso de Araraquara (CRIA),vinculado
a SMS da Prefeitura de Araraquara desde 1993,reúne esforços para garantir a atenção integral à
saúde do idoso,com estímulo ao envelhecimento
ativo e fortalecimento das ações de promoção,
prevenção e reabilitação.O CRIA é uma Unidade
de média complexidade SUS.Missão:contribuir
para fomentar políticas sociais;prestar assistência interdisciplinar.Objetivo:prestar atendimento
ambulatorial secundário às pessoas idosas referenciadas nas UBS;preservar a autonomia,indepen
dência;sensibilizar as redes de atenção ao idoso.O
atendimento é interdisciplinar e intersetorial,para
pessoas acima de sessenta anos, apresentando
pluripatologias,referenciados pelas UBS.Conceitos
como:Necessidades em Saúde; Integralidade, Redes
de Atenção e Resolubilidade estão presentes no cotiAnais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
diano dos profissionais.Lições aprendidas:Segundo
a Equipe Técnica, a questão da longevidade é vista
como um problema pela sociedade civil e pelo poder
público,e não como um ganho da população brasileira.Nota-se que atitudes de familiares, profissionais de saúde, políticos,população em geral está na
contramão do que orienta os Dados sobre o envelhecimento no Brasil:Uma das maiores conquistas
culturais de um povo em seu processo de humanização é o envelhecimento de sua população, refletindo
uma melhoria das condições de vida.” da SDH da PR.
Recomendações:Segundo a percepção da Equipe
Técnica:o idoso aprendeu a utilizar a simplicidade
para resolver situações no cotidiano,a valorizar a
independência,o poder de ir e vir.O idoso deve traçar
projetos de curto prazo que sejam viáveis.Ele tem a
oportunidade da liberdade a seu favor para encontrar conhecimento, cultura e novas experiências.O
Poder Público e a sociedade civil devem se preparar
para os desafios do processo de envelhecimento que
estão tanto para alcançar o envelhecimento saudável
como para favorecer uma Linha de Cuidado Familiar
para acompanhar a velhice fragilizada com respeito
a dignidade e cidadania da pessoa idosa, Constituição Federal 1988 e pela PNI 1994(Lei 8.842).
ITINERÁRIOS TERAPÊUTICOS COMO FERRAMENTA
DE APROXIMAÇÃO COM QUESTÕES DO CUIDADO
EM SAÚDE
Thais de Souza Cordeiro / Cordeiro, T.S. / Universidade de São Paulo; Ana Paula de Lima Santos /
Santos, A.P.L. / Universidade de São Paulo; Karina
Mie Kikuti / Kikuti, K.M. / Universidade de São
Paulo; Priscila do Amaral Brandoli / Brandoli, P.A.
/ Universidade de São Paulo; Ana Silvia Whitaker
Dalmaso / Dalmaso, A.S.W. / Universidade de São
Paulo; Gabriela Junqueira Calazans / Calazans,
G.J. / Universidade de São Paulo;
CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA: O Centro de
Saúde Escola Butantã (CSEB), Unidade Básica de
Saúde vinculada à USP, identificou a necessidade
de conhecer melhor parte de seu território que engloba o bairro de São Domingos e outros, uma área
adscrita delimitada com 26.084 habitantes, com
um grande número de idosos, e que se encontra
entre 2,5 e 5 km do CSEB. Mais particularmente,
como usuários com doenças crônicas com mais de
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 84
50 anos e moradores deste bairro cuidavam de sua
saúde e qual o papel atribuído ao CSEB e outros
serviços neste cuidado. Este tema foi proposto a
um grupo de alunas do Programa de Residência
Multiprofissional em Saúde Coletiva e Atenção
Primária em um estágio curricular. DESCRIÇÃO:
Utilizou-se o conceito de Itinerários Terapêuticos
(IT) para compreender como os indivíduos manejam
seu cuidado e lidam com suas necessidades de saúde.
Foram realizadas entrevistas semidirigidas com oito
usuários selecionados a partir de diferentes critérios
e posteriormente submetidas à Análise de Conteúdo
de Bardin. LIÇÕES APRENDIDAS: Os principais
problemas apontados nos depoimentos envolviam
os obstáculos que os indivíduos encontram frente à
organização formal do sistema e as formas como eles
lidam e acessam os serviços de saúde; dificuldade
de acesso aos serviços de saúde, principalmente em
função da mobilidade restrita dos idosos; a relação
entre serviços público e privado; a valorização
do consumo de tecnologias e do modelo médico-centrado; os fluxos entre os níveis de atenção e
questões relacionadas à intersetorialidade. A análise
dos conteúdos sobre os ITs possibilitou reflexões e
críticas acerca da organização dos serviços de saúde,
do fluxo na rede de atenção e entre os equipamentos de saúde e sociais, apontando um interessante
recurso para a investigação acerca da gestão de
serviços de saúde. Foi ressaltado o protagonismo
dos usuários na busca de cuidados de saúde, fugindo
muitas vezes da racionalidade prevista pelo sistema.
Este trabalho permitiu maior aproximação com o
território estudado, propiciando discussões acerca
de potencialidades e fragilidades dos serviços ofertados pelo CSEB e demais equipamentos da rede de
atenção à saúde no território. RECOMENDAÇÕES:
Este trabalho propiciou às residentes aprendizado
na área de saúde coletiva, e ao CSEB e ao Programa
de Residência, acúmulo para planejamento do cuidado em saúde no território e estratégias de ensino
e pesquisa em serviço.
LINHA DE CUIDADO DE MEDICINA INTEGRATIVA
E PRÁTICAS COMPLEMENTARES DA UNIDADE DE
SAÚDE ESCOLA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE
SÃO CARLOS: INTEGRANDO CUIDADO, ENSINO E
PESQUISA NO SUS
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Maristela Schiabel Adler / Adler, M.S. / Universidade Federal de Sao Carlos - UFSCar; Ubiratan
Cardinalli Adler / Adler, U.C. / Universidade Federal de Sao Carlos - UFSCar; José Nelson Martins
Diniz / Diniz, J.N.M. / Universidade Federal de Sao
Carlos - UFSCar; Daniela Maria Xavier de Souza
/ Souza, D.M.X. / Universidade Federal de Sao
Carlos - UFSCar;
INTRODUÇÃO Em 2012, a Unidade de Saúde Escola (USE) da Universidade Federal de São Carlos
(UFSCar) criou a Linha de Cuidado de Medicina
Integrativa e Práticas Complementares (LCMIPC),
integrando os ambulatórios de Homeopatia, Yoga
e Acupuntura que já eram oferecidos a usuários do
SUS, em nível de atenção secundária. OBJETIVO
Apresentar projetos e trabalhos desenvolvidos na
LCMIPC. MÉTODO Descrição das ações de Medicina
Integrativa e Práticas Complementares desenvolvidas na USE. Homeopatia O ambulatório atende, em
média, 50 pacientes/mês, adultos e crianças com
doenças crônicas não transmissíveis. As consultas
são realizadas por dois médicos homeopatas que
seguem um protocolo específico de homeopatia. O
mesmo protocolo de homeopatia é utilizado em um
estudo clínico randomizado e controlado, no tratamento da fase aguda e de continuação do episódio
depressivo, utilizando-se sertralina como controle
ativo. A fase de inclusão começou em outubro de
2014 e deverá terminar em julho de 2018, com 220
pacientes incluídos. O estudo foi aprovado pela
Comissão de Extensão e Pesquisa da USE e pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da UFSCar, registrado
no Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos e segue as
diretrizes para Boas Práticas Clínicas. Acupuntura
O ambulatório atende, em média, 35 pacientes/mês,
adultos, em sua maioria com queixa de dor crônica.
Yoga As práticas de Yoga são organizadas em dois
grupos: usuários do SUS e profissionais de saúde do
SUS. Os encontros são semanais, com duração de 6
meses e 10 participantes por grupo. Ações integradas Reuniões mensais são realizadas para programação de estratégias de desenvolvimento da Linha
(Educação Permanente, Educação Continuada, Projetos de Pesquisa, Projetos de Extensão) e discussões
clínicas. Participam da Linha de Cuidado docentes
da UFSCar, profissionais da USE, voluntários e
alunos de graduação e pós-graduação da UFSCar.
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 85
Conclusão A implantação da LCMIPC oferece uma
oportunidade de integração entre cuidado, ensino e
pesquisa, tendo o SUS como cenário.
profissional com maior capacidade de transmitir
calma e segurança ao cliente terminal e sua família.
MUSICOTERAPIA COMO RECURSO NO CUIDADO
MORTE E FINITUDE DA VIDA: A PERCEPÇÃO DOS E RECUPERAÇÃO DO NEONATO E DA CRIANÇA
PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM
HOSPITALIZADA
Juliana Fernandes Cabral / Cabral, JF / UFMT;
Grasiela Cristina Silva Botelho Silvestre / Silvestre, GCSB / UNEMAT; Andrieli Piovezan Rocha /
Rocha, AP / UNEMAT; Eunice Barreto de Souza /
Souza, EB / UNEMAT; Jackeline Felix de Souza /
Souza, JF / UNEMAT;
A enfermagem é a equipe que assiste ao cliente
vinte quatro horas por dia, deste modo, vivencia
cotidianamente a morte e o luto. Os enfermeiros ao
lidarem com a morte dos outros se tornam suscetíveis e se indagam a respeito de suas práticas como
cuidadores O objetivo do estudo foi compreender a
percepção dos profissionais de enfermagem acerca
da morte e finitude da vida. Trata-se de um estudo
de caso, de abordagem qualitativa e caráter exploratório desenvolvido após aprovação do Comitê de
Ética em Pesquisa, sob o parecer de nº 835815. Os
dados foram coletados, em outubro de 2014, através
de entrevistas abertas com enfermeiros que atuam
em três unidades de saúde, do município de Nortelândia Mato Grosso, sendo duas Unidades Básicas
de Saúde e uma Unidade Hospitalar. Os dados,
analisados através da técnica Análise de Conteúdo
de Bardin, apontaram três categorias, sendo elas,
percepção dos enfermeiros sobre o processo de
morte e morrer”; experiência, ética e o cuidado ideal
perante o processo de morte e morrer” e preparo
durante a graduação para a assistência durante
o processo de morte e morrer”. Concluiu-se que o
preparo dos profissionais ainda está fortemente
pautado em um modelo biomédico, o qual exalta
a objetividade e subestima a subjetividade, bem
como os sentimentos e emoções, este modo de agir
é fortemente influenciado pelos métodos de ensino
executados nas instituições formadoras, os quais
também sofrem influencias de um modelo pautado
em fragmentação e objetividade. Percebe-se que as
habilidades para enfrentar o processo de morte/morrer, bem como o controle das emoções e sentimentos
são aprimoradas com a experiência profissional,
os profissionais associam o tempo de experiência
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Carolina de Oliveira Bazo / BAZO, C. O / Universidade Católica de Santos/ Unisantos; Cibele
Regina de Oliveira / OLIVEIRA, C. R / Universidade Católica de Santos/ Unisantos; Dandara de
Oliveira Rodrigues Arantes / ARANTES, D. O. R. /
Universidade Católica de Santos/Unisantos; Denys
Nilson Ormeneze / ORMENEZE, D.N / Universidade Católica de Santos/Unisantos; Luzana Mackevicius Bernardes / BERNARDES, L. M / Universidade
Católica de Santos/ Unisantos;
Introdução: A musicoterapia é a utilização e/
ou instrumentos musicais (som, ritmo, melodia,
harmonia) ao cliente ou grupo em um processo
estruturado para facilitar e promover comunicação, relacionamento, aprendizagem, mobilização,
expressão e organização (física, emocional, mental,
social e cognitiva). Os estudos com essa temática
vêm apresentando resultados positivos em várias
áreas, tais como saúde mental, educação especial,
reabilitação e desenvolvimento social. Na última
década, a música foi introduzida na Unidade de
Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) como terapia
para melhorar o tratamento e facilitar o crescimento e desenvolvimento de lactentes prematuros.
Objetivo: Conhecer os benefícios da musicoterapia
como recurso no cuidado e recuperação do neonato
e da criança hospitalizada por meio de revisão sistemática da literatura. Metodologia: Os termos de
busca foram utilizados por meio os Descritores em
Ciências de Saúde (decs.bvs.br) com a combinação
musicoterapia, neonatologia e recém-nascidos”. As
bases de dados foram realizadas nos bancos SciELO
e LILACS. Os critérios de inclusão foram: artigos em
português e trabalhos com recorte temporal de 2005
a 2015.A partir dos critérios estabelecidos foram
selecionados 06 artigos científicos. Resultados: Os
autores apontam impactos positivos da musicoterapia nos índices de aleitamento materno entre mães
de recém-nascidos prematuros, principalmente mais
próximos à intervenção e crianças hospitalizadas.
As literaturas mostram que a utilização da música
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 86
no dia-a-dia do pai/mãe/filho, têm a vantagem de
melhorar os objetivos de desenvolvimento na UTIN
e atuar o sentido de reduzir o estresse, estimular o
desenvolvimento durante um período crítico de crescimento, promover o vínculo com os pais e facilitar
a comunicação e o desenvolvimento neurológico e
social. Conclusão: Os estudos apontam que ainda é
incipiente os trabalhos com esta temática, e a maioria é de origem internacional. A prática dos cuidados
paliativos, apesar da importância para a produção
de cuidado em saúde que transponha os limites da
abordagem curativa, é ainda um campo em recente
construção no Brasil.
nos revela alguns estranhamentos em relação ao
modelo de atenção das Unidades Básicas de Saúde,
às práticas de gestão utilizadas, à organização dos
processos de trabalho. Percebem e reagem á perda
de sua autonomia profissional, em particular nas
dimensões organizacional e de acesso de clientela, questionam sua prática. Conclusão: O médico,
no momento atual do SUS, não pode ser encarado
nem como vilão, nem como herói. O seu trabalho
apresenta uma centralidade na atenção à saúde, o
que aponta para a necessidade de ampliar a escuta
e as estratégias de inserção do médico na produção
do cuidado à saúde realizado nos diversos espaços
do SUS.
NEM VILÃO NEM HERÓI: ELEMENTOS DA PRÁTICA
O APOIADOR EM SAÚDE COMO AGENCIADOR DO
MÉDICA NO SUS
CUIDADO NA INTERFACE DA ATENÇÃO BÁSICA E
Denizi de Oliveira Reis / Reis DO / UNIFESP; Luiz
Carlos de Oliveira Cecílio / Cecílio LCO / UNIFESP; HOSPITALAR
Rosemarie Andreazza / Andreazza R / UNIFESP;
Introdução: O estudo parte do pressuposto que o
trabalho médico no SUS é mais matizado do que
as discussões polarizadas que têm predominado
atualmente no país especialmente após a criação do
Programa Mais Médicos. Os dados aqui apresentados são resultado parcial de tese para doutoramento
que utiliza material empírico de duas investigações
realizadas pelo grupo de pesquisa Política, Planejamento e Gestão em Saúde - UNIFESP. Objetivos: caracterizar elementos da prática médica no contexto
atual do SUS, em particular na ABS, a partir de três
platôs de observação: os gestores, os usuários e os
médicos. Método: pesquisa qualitativa que utiliza
duas abordagens principais: narrativas de vida de
grandes usuários do SUS e observação participante de sete UBS em três municípios, com registro
de cenas cotidianas naquele espaço. Resultados:
Da fala dos gestores emerge avaliação do médico
pouco comprometido com o SUS; surgem aqui, no
julgamento deste profissional, elementos do médico
vilão”. Nas narrativas de vida os usuários relatam
suas buscas pelo bom médico”, e contam como vão
produzindo os seus mapas de cuidado, ao encontrar
pontos mais seguros para sua assistência, em forte
aliança com este profissional. Aparece o médico
que cuida, o médico herói”. A partir da observação
participante captamos um médico que comenta sua
prática de forma ‘livre’, um médico reflexivo”. Ele
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Rivane Montenegro Maia Santana / Santana,
R.M.M / Secretaria de Saúde de São Bernardo do
Campo; Vanessa Caravage de Andrade / Andrade, V.C / Secretaria de Saúde de São Bernardo do
Campo;
Introdução: Em 2010 iniciou o trabalho do apoiador
no município de São Bernardo do Campo, com distribuição desses apoiadores em equipes multiprofissionais nos Nove territórios de saúde. Abordando
especificadamente o território Oito (Demarchi,
Batistini e Represa), nas três unidades básicas de
saúde com Estratégia em Saúde da Família (ESF)
e sobre o trabalho de inserção do apoiador na rede
hospitalar, o qual teve início em meados de 2013 e
2014, respectivamente no Hospital Pronto Socorro
Central (HPSC) e Hospital Municipal de Clínicas José
Alencar (HC). Considerando o contexto de o apoiador
transitar na rede a gestão do apoio em conjunto com
a gestão hospitalar propiciaram o apoio como um
dispositivo no cuidado e na alta compartilhada e
responsável do usuário, envolvendo principalmente
a atenção básica do território e a rede hospitalar. Objetivos: Aproximação das equipes da atenção básica
e hospitalar, por meio do conhecimento da realidade
territorial, assim como do contexto biopsicossocial
do usuário e de seus familiares; possibilitar a alta
compartilhada e responsável, evitando possíveis
reinternações e continuidade do cuidado na atenção
básica e na rede. Método: O apoiador contempla parSaúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 87
ticipações nas reuniões de equipe da ESF e rede hospitalar, essas reuniões têm a participação de equipes
multidisciplinares objetivando a discussão dos
casos em prol do manejo adequado, considerando
a singularidade do indivíduo, família e meio social.
O apoio nos encontros das equipes tem promovido
a capilarização das informações relevantes no cuidado integral e longitudinal do usuário, assim como
o agenciamento nas equipes de saúde. Resultados e
Conclusão: A participação dos apoiadores semanal
(HPSC) ou diária (HC) promoveu maior vínculo com
as equipes sendo um fator positivo no conhecimento dos territórios e das diversidades que compõe o
indivíduo em condição hospitalar, assim como de
identificar o perfil epidemiológico visando ações de
promoção e prevenção na saúde. Consideramos que
o apoiador nos encontros com as equipes de ESF e
Hospitalar apropriou-se dos diversos saberes multiprofissionais e institucionais capilirarizando-os na
rede. Ressaltamos nesse processo: a importância da
discussão e escuta dos diversos profissionais que
integram as equipes sobre a conduta e alta do usuário sendo este um dos fatores determinantes nas
possíveis reinternações e a porosidade das equipes
na condução das informações e ações de cuidado
referente ao caso discutido.
O CUIDADO INTEGRAL ATRAVÉS DA ARTETERAPIA
À PACIENTES COM CÂNCER
Betania Furtado Serra / Serra, B.F / Hospital Federal da Lagoa / AVM/UCAM;
Introdução Esse trabalho é fruto da Especialização
em Arteterapia Educação e Saúde realizada pela
AVM/UCAM. No cuidado integral diversos conhecimentos convergem para compreender o sujeito em
suas necessidades. A arteterapia é uma ferramenta
e um caminho possível para qualificar assistência
prestada nas unidades de tratamento. Trabalhando
o que não é falado, mas que pode ser transformado,
ampliando a visão do sujeito. Objetivo Analisar o
cuidado integral aos pacientes com câncer através
da abordagem da arteterapia. Justificativa A abordagem pela arteterapia é possível desenvolver um
trabalho mais humanizado trazendo alívio para os
usuários e seus familiares. Compreensão múltipla
do adoecimento, transpondo o distanciamento na
relação entre os sujeitos envolvidos. Os usuários
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
e seus familiares devem ser incluídos no processo
como agente de promoção de sua saúde. Metodologia
Durante três meses foram desenvolvidas atividades
de arteterapia com o grupo de pacientes e familiares
que estavam em tratamento de quimioterapia. As
atividades incluíam música e leituras de poemas.
Ao final 30 participantes responderam um questionário semi estruturado sobre o momento das
oficinas. Resultado Todos os participantes relataram
ser positivo o momento das atividades. Em grupo
o trabalho se potencializa e gera vínculos entre a
equipe, os pacientes e seus familiares. Conclusão
A prática da arteterapia traz bem estar à pacientes
que sofrem com o tratamento oncológico, podendo
ser usada como ferramenta pelo Serviço Social.
Amplia a perspectiva do cuidado integral, para além
das práticas médicas e da visão reducionista do ser
humano. O Cuidado inclui toda equipe assistencial,
a família e a rede de apoio social e comunitária. A
arteterapia propiciou aos pacientes e familiares, a
possibilidade de expressarem sentimentos, medos e
falarem sobre o momento de adoecimento pelo qual
estão passando. Questões sobre trabalho, planos
para o futuro, família, habitação foram recorrentes
durante as atividades com o grupo de trabalho. Também foi notória a expressão de carinho e gratidão
por seus familiares. Palavra Chave: Arteterapia,
Integralidade e Humanização
O E-SUS COMO ANALISADOR DO PROCESSO DE
TRABALHO DE UMA EQUIPE DA ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Amanda Mendes Silva Cintra / Cintra, A. M. S. /
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto EERPUSP; Luana Pinho de Mesquita / Mesquita, L. P. /
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto EERP-USP; Silvia Matumoto / Matumoto, S. / Escola de
Enfermagem de Ribeirão Preto EERP- USP; Cinira
Magali Fortuna / Fortuna, C. M. / Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto EERP- USP; Silvana
Martins Mishima / Mishima, S. M. / Escola de
Enfermagem de Ribeirão Preto EERP- USP; Maria
José Bistafa Pereira / Pereira, M. J, B. / Escola de
Enfermagem de Ribeirão Preto EERP- USP;
Introdução: Trata-se de recorte da dissertação de
mestrado As relações entre profissionais e usuários
de uma unidade de saúde da família: a potência
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 88
do encontro”. O processo de trabalho das equipes,
frequentemente é atravessado por demandas que
afastam o trabalhador da finalidade de cuidar. O
atravessamento por sua vez desencadeia processos
objetivos e subjetivos, que analisados podem revelar aspectos ocultos das organizações. Na presente
pesquisa o e-SUS, novo sistema de informação para
cadastro dos usuários, foi tomado como analisador
do processo de trabalho de uma equipe da Estratégia
Saúde da Família (ESF). O objetivo deste trabalho
é mostrar o e-SUS como analisador do processo de
trabalho em saúde revelando efeitos sobre as relações entre agentes comunitários de saúde (ACSs) e
usuários. Método: realizou-se pesquisa qualitativa
do tipo pesquisa-intervenção, com aproximação
à cartografia como método de pesquisa. Esta diz
respeito às estratégias das formações do desejo no
campo social, aos seus movimentos e suas conexões. Para produção dos dados foram utilizadas:
observação participante, diário de bordo e entrevista
semiestruturada com os profissionais da ESF. O
projeto foi aprovado pelo CEP. Resultados: A equipe
foi selecionada pelos gestores para utilizar o e-SUS,
sendo a primeira a aplicar o novo sistema de cadastro da população no município. A seleção foi imposta
à equipe e teriam prazo para terminar. O fato causou
tensões no andamento das visitas domiciliares (VDs)
de acompanhamento das famílias. Os ACSs foram
pressionados a preencher o cadastro, e as VDs passaram a ter a finalidade de recadastramento, e não
o cuidado. Era motivo de inúmeras queixas, atraso
nos atendimentos e desvio de foco durante as visitas.
O e-SUS também revela o quanto as ações do Ministério da Saúde, orientadas de forma descendente e
que não produzem significado para aqueles trabalhadores podem interferir no vínculo e no cuidado
longitudinal, porém eram realizadas para cumprir
um protocolo imposto pela gestão. Conclusão: O e-SUS foi introduzido na equipe de forma que afastou
o trabalhador de sua missao de cuidar. As decisões da
gestão de forma isolada e distante das práticas das
USFs podem dificultar o trabalho da equipe e acentuar tensões. Observa-se que o objeto das VDs passou
a ser o preenchimento de um cadastro, havendo a
prevalência das tecnologias duras em detrimento
às leves, revelando um pouco do que foi produzido
no encontro trabalhador-usuário.
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
O FISIOTERAPEUTA NO NÚCLEO DE APOIO À
SAÚDE DA FAMÍLIA: POSSIBILIDADES
Ana Beatriz Medina / Medina, A.B. / Instituto de
Responsabilidade Social Sírio Libanês; Fabíola
Kenia Alves / Alves, F.K. / Instituto de Responsabilidade Social Sírio Libanês; Francies Regyanne
Oliveira / Oliveira, F.R. / Instituto de Responsabilidade Social Sírio Libanês; Melissa Lorenzo Prieto
de Souza / de Souza, M.L.P. / Instituto de Responsabilidade Social Sírio Libanês;
Caracterização do problema: O fisioterapeuta, historicamente visto como um profissional de atuação no
nível de atenção terciária, é um dos profissionais que
pode compor a equipe do Núcleo de Apoio à Saúde
da Família (NASF). Ainda é grande o esforço para
delinear a atuação desse profissional na AB pelo
fato da pouca experiência acumulada nesse nível de
atenção. Objetivo: Descrever a atuação do fisioterapeuta do NASF em Unidades Básicas de Saúde (UBS)
da região central da cidade de São Paulo. Descrição:
O fisioterapeuta atua em 9 equipes da Estratégia
Saúde da Família (ESF) e 1 equipe do Consultório na
Rua. Um dos seus papéis tem se dado pela análise
da demanda reprimida de Fisioterapia resultando
em avaliações individuais ou compartilhadas do
usuário. O fisioterapeuta tem promovido comunicação com órgãos de reabilitação e com a regulação
local, facilitando a triagem dos casos. Além disso,
a partir de discussões junto às equipes têm sido debatidos fluxos de Fisioterapia, matriciando-as sobre
critérios de encaminhamentos para Especialidade
ou grupo de Fisioterapia destinado a usuários com
dor crônica e psicossomática. Além das atividades
coletivas, realiza visitas domiciliares específicas
ou compartilhadas destinadas a usuários restritos
e acamados. A distribuição da carga horária nos
meses de março, abril e maio de 2015 foi: Reunião
com ESF: 21,3%; Consulta específica: 17,8%; Planejamento: 16,4%; Reunião NASF: 14,5%; Atividade
coletiva: 12,6%; Visita Domiciliar: 7,1%; Consulta
Compartilhada: 3,9%; Articulação na rede de cuidados: 4,8%; educação continuada: 1,4%. Percebe-se um
equilíbrio entre o tempo dispendido para ações de
atendimento ao usuário e o matriciamento. Lições
aprendidas: A definição da estratégia de atuação
do fisioterapeuta na AB é fundamental para que se
desenhe uma agenda de ações compatíveis com as
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 89
necessidades encontradas. A distribuição da carga
horária de trabalho no período analisado aponta
coerência com os princípios do NASF, entretanto o
fisioterapeuta dispende um tempo considerável no
atendimento individual o que demostra que essa
dimensão do cuidado não poderá ser negligenciada
no cotidiano e reflete ainda que o saber específico da
categoria profissional é indispensável no cuidado.
Recomendações: Faz-se necessário rever estratégias
de protagonismo do fisioterapeuta para articulação
da rede de cuidados, visto que são grandes os desafios de atuação, pela dificuldade de integração desta
e entre os próprios profissionais da AB.
com Doença de Alzheimer causa mudanças drásticas
na família. É essencial que a Enfermagem entenda
melhor estas reações para colaborar na orientação
e adequação da assistência aos seus familiares e
cuidador, com aplicação de palestras e grupos de
apoio gerando grande relevância neste aspecto. Isto
implica também na manutenção de vínculo afetivo.
Referências: ANDERSON, M. I. P. Demência. In:
CALDAS, C. P. A saúde do idoso: a arte de cuidar.
Rio de Janeiro: UERJ, 1998. BARDIN, L. Análise de
conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977. ARAÚJO, J.S.;
NASCIMENTO, M. A.A. Atuação da família frente ao
processo saúde- doença de um familiar com câncer
de mama. Ver. Bras. Enfermagem., Brasilia DF, v. 57,
n 03, p. 274-8, maio/ junho 2004.
O IMPACTO NAS RELAÇÕES FAMILIARES DECORRENTE DO FAMILIAR PORTADOR DA DOENÇA DE
O LUGAR DO PSICÓLOGO NA ATENÇÃO BÁSICA:
ALZHEIMER
A EXPERIÊNCIA DO ESTÁGIO NUMA UNIDADE DE
Ilma Alves da Silva / Silva, I.A. / CRIA; Ana Maria
SAÚDE DA FAMÍLIA
Tucci G. Baldavira Ferreira / Ferreira, A.M.T.G.B. /
UNIARA;
INTRODUÇÃO: A Doença de Alzheimer é uma das
demências que mais acomete idosos e causa alterações na vida do doente e sua família geradas pelo
desconhecimento acerca da patologia, e os cuidados
adequados a esta pessoa. OBJETIVO: Analisar o
discurso de familiares de idosos sobre as reações
causadas no âmbito familiar a partir do diagnóstico
da Doença de Alzheimer. METODOLOGIA: Estudo
descritivo, qualitativo, desenvolvido no Centro de Referência do Idoso de Araraquara (C.R.I.A.), SP. Foram
entrevistados 21 familiares que frequentam o Grupo
de Apoio do C.R.I.A., cujas respostas foram gravadas
e transcritas, sendo realizada análise de conteúdo.
O Projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIARA. RESULTADOS: Foram constatadas
que as reações dos familiares ao receberem a notícia
do diagnóstico de Alzheimer do seu familiar foram
diversificadas, como: negação, tristeza, e alguns
não tiveram impactos, pois já esperavam esse diagnóstico. No âmbito familiar houve mudanças como:
abandono ao emprego, agressividade, mudança em
relação a estrutura física na própria residência. Os
resultados evidenciaram que, relacionado a mudanças no convívio com o familiar e o portador da Doença de Alzheimer, houve confusão de sentimentos,
conflitos, entre outros. CONCLUSÕES: Os discursos
analisados mostraram que o idoso diagnosticado
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Isabela Sgavioli Massucato / Massucato, I. S. /
Universidade Federal de São Paulo; Carlos Roberto
de Castro e Silva / Silva, C. R. C. / Universidade
Federal de São Paulo; Christiane Alves Abdala /
Abdala, C. A. / Prefeitura Municipal de Santos; Ana
Beatriz Ventura / Ventura, A. B. / Universidade Federal de São Paulo; Renata Alves da Costa / Costa,
R. A. / Universidade Federal de São Paulo;
Caracterização do problema: A Estratégia de Saúde da Família (ESF) foi criada como uma forma
de repensar a saúde pública, superando o modelo
médico-hospitalar a partir de medidas que tomem
a família como centro, e não o indivíduo isolado
de seu contexto social. No dia-a-dia do trabalho na
atenção básica podemos notar grande dificuldade
na construção de uma rede de atenção. Devido à
complexidade do processo saúde-doença-cuidado,
o trabalho interdisciplinar e multiprofissional é
imprescindível para abranger de forma ampla essa
problemática. Descrição: O estágio de psicologia
na Unidade de Saúde da Família dos morros Santa
Maria e Vila Progresso da UNIFESP propõe, a partir
dos conteúdos da psicologia social e comunitária,
atividades que possibilitam a reflexão crítica tanto
dos profissionais da saúde do serviço como dos estudantes de psicologia sobre a importância da rede
de apoio social e do trabalho interdisciplinar. Vale
ressaltar que o território dos morros tem uma alta
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 90
vulnerabilidade social e dificuldades de acesso por
ser muito íngreme. Com a parceria dos profissionais
do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) e do
estágio de nutrição, os estagiários são inseridos no
dia-a-dia da unidade, realizando visitas domiciliares,
grupos de prevenção e promoção de saúde e o matriciamento. As atividades realizadas pelo estágio são
um instrumento de otimização da rede de apoio, uma
vez que procuram articular os serviços e integrar
as equipes. Lições aprendidas: Os trabalhos com
os grupos se mostram importantes promotores de
saúde. Neles, as relações se fortalecem e surgem
questões relevantes sobre o território, uma vez que
as pessoas se tornam mais conscientes da relação
entre problemas de saúde e condições de vida. As
visitas domiciliares permitem um contato maior
com a família e o contexto social do indivíduo, o
que aprimora o conhecimento amplo de como o
ambiente familiar interfere no processo saúde-doença-cuidado. A presença do psicólogo se mostra
importante à medida que permite a articulação entre
os profissionais da equipe, tanto entre si como com
a rede de atenção. Recomendações: As Universidades precisam dar mais foco às políticas públicas e
à saúde. Também é importante que os profissionais
estejam mais articulados entre si em suas propostas
de ação no território. O modelo clínico tradicional
ainda predomina, mas diante dos problemas sociais
emergentes, nos deparamos com a necessidade da
mudança da visão individual para a coletiva.
O MODELO DE TRATAMENTO OFERTADO IMPACTA
NO ENFRENTAMENTO DO HIV/AIDS?
Isabella Cavalcanti Palermo / Palermo, I.C. /
UFSCar; Luciana Nogueira Fioroni / Fioroni, L.N. /
UFSCar;
Introdução: O presente projeto busca investigar
a relação entre o cuidado em saúde ofertado e as
formas de enfrentamento do HIV/Aids em um Serviço de Atenção Especializada (SAE) no interior do
Estado de São Paulo. O modelo de tratamento que
os portadores do HIV recebem nos serviços de saúde merece atenção, neste sentido, compreende-se
que um cuidado em saúde integral e humanizado
produz maiores possibilidades de vínculo e consequentemente colaboram para que o paciente consiga
realizar seu autocuidado e cumprir com as demanAnais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
das e desafios do tratamento de forma mais eficaz,
impactando diretamente em sua qualidade de vida.
Objetivos: Investigar as concepções de profissionais
de saúde sobre sua prática de cuidado; Investigar as
diferentes maneiras pelas quais os portadores de
HIV/AIDS percebem e experimentam o atendimento
que recebem no SAE. Método: Trata-se de um estudo empírico qualitativo. A pesquisa foi realizada
em um SAE no interior de SP, a partir observação
participante e entrevistas semi estruturadas com
profissionais (9) e portadores (10). Os dados foram
analisados segundo a análise de conteúdo temática.
Resultados: A análise de conteúdo referente aos
portadores do HIV produziu os seguintes núcleos
de sentido: i) limites e alcances do cuidado, que
compreende os aspectos positivos e negativos do
serviço na visão dos pacientes; ii) relação atendimento/enfrentamento, que seria a relação entre o
tratamento que recebem e o enfrentamento de seu
quadro clínico; iii) sofrimento psíquico, que diz respeito à questões relacionadas à doença. Para o grupo
de profissionais os núcleos de sentido encontrados
foram: i) vínculo com o trabalho, que compreende
qual é o tipo de vínculo que o profissional possui
com o serviço; ii) fragilidades do cuidado, que visa
entender as dificuldades do serviço; iii) trabalho em
equipe, que diz respeito à percepção sobre o trabalho
multiprofissional. Conclusão: Foi possível verificar
que o cuidado oferecido é fragmentado e centrado
na consulta médica individual, o que define o tipo
de vínculo frágil entre os pacientes e a equipe de
saúde. Os usuários do serviço acabam por perder sua
identificação enquanto sujeitos em função de uma
lógica predominantemente medicamentosa e focada
em aspectos biológicos. Para que haja um cuidado
integral e humanizado, é preciso que pacientes sejam enxergados enquanto sujeitos, e não patologias.
O OLHAR DO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE:
REFLEXÕES SOBRE O ACOMPANHAMENTO DE UM
PACIENTE
Albert Pereira do Sacramento / Sacramento, A.P. /
Instituto de Responsabilidade Social Sirio Libanes; Linadir Cristina de Lima Borges / Borges,
L.C.L. / Instituto de Responsabilidade Social Sirio
Libanes; Patricia Mantovani / Mantovani, P. /
Instituto de Responsabilidade Social Sirio LibaSaúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 91
nes; Tony Wendell Paulino da Fonseca / Fonseca,
T.W.P / Instituto de Responsabilidade Social Sirio
Libanes; Maria Alcimeire Alves de Souza / Souza,
M.A.A. / Instituto de Responsabilidade Social
Sirio Libanes; Cristiane Donato de Oliveira / Oliveira, C.D. / Instituto de Responsabilidade Social
Sirio Libanes; Ilma Aparecida dos Santos / Santos,
I.A. / Instituto de Responsabilidade Social Sirio
Libanes; Sandro Serafim da Silva / Silva, S.S. /
Instituto de Responsabilidade Social Sirio Libanes; Vera Regina da Silva / Silva, V.R. / Instituto de
Responsabilidade Social Sirio Libanes;
Caracterização do Problema: Nossa equipe da ESF
atua no centro de São Paulo desde 2001, neste período vários ACS já passaram pelas micro-áreas, acompanhando a trajetória dos pacientes cadastrados.
Alguns chamam atenção da equipe especialmente
quando há deterioração na qualidade de vida com
mudança dos hábitos que levam ao isolamento social
e agravamento da saúde. Nas visitas periódicas é
possível perceber os sutis sinais que levarão a uma
mudança, outras vezes a mesma se instala rapidamente, entretanto é complexo traduzir para a equipe
a importância das dinâmicas observadas nas visitas
e estabelecer uma estratégia compartilhada capaz
de interromper esse ciclo. Descrição: Essa experiência refere-se ao cuidado de um senhor idoso que
reside há mais de 1 década na Bela Vista. No início
do acompanhamento frequentava regularmente
a unidade de saúde, em consultas com médico da
família, enfermeiro e demais profissionais que se
faziam necessários como psicólogo e psiquiatra
sem necessidade de intervenções maiores apenas
com visitas regulares. Com o tempo houve uma
piora e ele chegou a ficar quatro meses sem sair
de casa. Nossa equipe pensou em como poderia
ajudar e tivemos várias tentativas, algumas com
sucesso e outras não pela dificuldade de acesso.
Hoje nós conseguimos uma interação maior e todos da equipe além do NASF e do CAPS se revezam
nos cuidados. Para dar certo tivemos que montar
um grande combinado entre todos os envolvidos:
alguns ajudam no banho, combinam de encontrá-lo, conversam com a família, verificam como tem
tomado seus remédios, conversam na casa, levam
para cortar o cabelo. Periodicamente revemos com
o paciente os combinados. Lições Aprendidas: esse
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
caso nos fez refletir sobre a dimensão do trabalho
de todos da equipe e que para fazer um cuidado de
fato devemos nos comprometer com o bem estar das
famílias, tendo como base aquilo que é possível para
elas. Estar atento para os sinais que nos mobilizam
para o cuidado e poder discutir francamente na
equipe. Entender que em algumas situações nem
sempre aquilo que pensamos como melhor para a
família de fato vai acontecer e que devemos trabalhar nossas frustrações. Recomendações: que todo
ACS esteja atento para defender os seus pacientes e
falar quando eles não tiverem voz porque nas casas
nós podemos estar a par de muitas situações que
não chegarão nos consultórios. Devemos investir
nos casos mais difíceis, por que são os que precisam
de mais apoio da equipe.
O PROCESSO DE TRABALHO DO TERRITÓRIO 4
NO CUIDADO CONTINUADO PARA A ALTA RESPONSÁVEL
Rita de Cássia Lazoski Araújo / Araújo, R.C.L. /
FMABC; Mawusi Ramos da Silva / Silva, M.R. /
Secretaria Municipal de Saúde de São Bernardo
do Campo; Francini Bianca Domingues Gamba /
Gamba, F.B.D. / Secretaria Municipal de Saúde de
São Bernardo do Campo; Rebeca Peres dos Santos Francisco e Silva / Silva, R.P.S.F. / Secretaria
Municipal de Saúde de São Bernardo do Campo;
Vânia Barbosa do Nascimento / Nascimento, V.B.
/ FMABC;
O município de São Bernardo do Campo vem nos
últimos 8 anos apostando em realizar o cuidado
ao munícipe de forma responsável e articulando
espaços e serviços na perspectiva de garantir que
a alta hospitalar possa ocorrer da forma planejada,
programada e responsável junto aos demais serviços
que compõe a rede de saúde que serão necessários
serem articulados em prol das necessidades de cada
uma de seus munícipes. O território 4, que abrange
o centro da cidade, tem repensado o modo de produzir este cuidado em rede, preocupando-se em dar
continuidade ao que foi pensado e pactuado junto
aos serviços da hospitalar de forma a garantir que
o paciente consiga ter sua integralidade no cuidado
garantida. Diversas estratégias têm sido pensadas e
potencializadas nos serviços deste território, como
espaços de reuniões com as equipes da Atenção
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 92
Básica (AB) para discussão das situações dos pacientes quando ainda estão internados, inclusive
com possibilidade de articulação para que a equipe
que o acompanha aproximar-se do hospital e assim
contribuir com a construção do projeto terapêutico
singular que esta sendo pensado para o seu paciente
adscrito, visto que a proximidade com a família, conhecer o território em que o paciente mora e a rede
de apoio são fundamentais para pensarmos sobre
como ocorrerá de fato a continuidade do cuidado.
Percebemos que este processo de articulação na
tentativa de garantir que a rede esteja sinalizada
para as demandas dos pacientes tem sido extremamente importante não só para a continuidade do
cuidado do paciente como também para diminuir
as incidências de reinternações nos serviços de urgência/emergência e hospitalar, visto que o paciente
passa então a ter suas necessidades discutidas e
programadas antes da alta hospitalar. Ainda que seja
um processo novo para o território, conseguimos
identificar que os espaços que temos com as equipes e/ou enfermeiros da AB, são fundamentais para
conseguirmos articular a continuidade do cuidado
destes pacientes, e como disparador repensarmos os
processos de trabalho dos serviços e equipes, pois
os pacientes sinalizados pela internação passam a
ser sinalizadores e disparadores de reorganizações
do processo de trabalho.
O PROFISSIONAL DA PSICOLOGIA NO TRATAMENTO DO TABAGISMO
Isabele Assunção Mendonça Cavalcante / CAVALCANTE, I. A. M. / UFC; Nayara Nogueira Silva /
Silva, N. N. / UECE; Maria da Penha Uchoa Sales /
Sales, M. P. U. / UECE; Francisco Carlos de Mattos
Brito Oliveira / Oliveira, F. C. M. B. / UECE; Lígia
de Moraes Oliveira / Oliceira, L. M. / UNIFOR;
Joyce Horn Fonteles / Fonteles, J. H. / UNIFOR;
O tabagismo é a maior causa de morte evitável no
mundo, com o número de mortes anual em torno de
5 milhões (WHO, 2011). Estima-se que, no Brasil, a
adicção mate duzentas mil pessoas ao ano. O Governo Federal Brasileiro gastou, em 2012, cerca de R$
60 milhões somente com medicamentos para tratar
essa doença. Ainda segundo a mesma fonte, 14,8%
dos brasileiros com mais de 18 anos fumam (BRASIL, 2013). O tabagismo provoca 70% dos cânceres
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
de pulmão, 42% das doenças respiratórias crônicas
e 10% das doenças cardiovasculares (MATHERS;
STEVENS; MASCARENHAS, 2009). As estratégias
principais de tratamento e intervenção ao problema empregadas pelo governo são representadas
por campanhas de marketing que atingem milhões
de pessoas e através dos centros de tratamento
do tabagista. Nesses, os pacientes recebem os
seguintes suportes: o de profissionais de saúde; o
social, obtido através do convívio com outros com o
mesmo problema; o medicamentoso, pois recebem,
gratuitamente, a medicação (no caso de centros
públicos). O presente trabalho tem como objetivo
relatar a experiência vivida por uma estudante de
psicologia em um centro de tratamento ao tabagista
em um Hospital Geral. Os pacientes participantes
são distribuídos em grupos constituídos por cerca
de 20 pessoas, que se reúnem em 16 encontros, onde
04 desses são semanais e os outros 12 realizados
quinzenalmente. Cada encontro tem uma duração
média de noventa minutos. A metodologia utilizada
pelo grupo são intervenções comportamentais, visando à mudança de comportamento e obtenção de
hábitos mais saudáveis. São realizadas avaliações
do grau de dependência nicotínica e da saúde global
do paciente. A partir do acompanhamento do grupo
citado, foi possível perceber que a intervenção por
parte da psicologia é um fator relevante na dinâmica
do grupo. É necessário entender a história de vida
do fumante, compreendendo a função que o cigarro
estabelece no cotidiano dele. A escuta diferenciada do psicólogo favorece ao fumante analisar seu
próprio comportamento, ajudando-o e apoiando-o
na mudança de comportamento, o parar de fumar.
A cada relato dos pacientes é notável as dificuldades e problemas de saúde/sociais que o hábito de
fumar causa no sujeito, como diversas doenças e
dificuldades no convívio social. Assim, a experiência
relatada trouxe reflexões acerca da importância de
profissionais de psicologia no acompanhamento a
tabagistas em tratamento, trazendo suporte a cada
dificuldade enfrentada nesse processo.
O SABER DE ENFERMAGEM E SUA FUNDAMENTAÇÃO ASSISTENCIAL: REFLEXÃO SOBRE A PRÁXIS
DO CUIDAR
Keite Helen dos Santos / Santos, K.H. / UniversidaSaúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 93
de Estadual de Campinas; Dalvani Marques / Marques, J.S. / Universidade Estadual de Campinas;
Caracterização do problema: As teorias de enfermagem contribuem na elaboração do plano de cuidados
destinados ao paciente, oportunizando a reflexão
acerca da assistência dirigida aos indivíduos. Este
estudo reflete acerca da importância da construção
de um cuidado humanizado, neste caso orientado
pela Teoria do Cuidado Transpessoal de Watson,
baseado nas vivências da atuação como enfermeira
residente em uma Unidade Básica de Saúde, sendo
pertinente que se reflita acerca de encontros verdadeiros, capazes de maximizarem a potencialidade
do cuidar. Descrição: O presente artigo trata de um
relato de experiência desenvolvido em uma Unidade
Básica de Saúde, baseado em uma vivência de prática assistencial e educativa junto a um paciente com
úlceras venosas conseqüentes da anemia falciforme
fundamentada na Teoria do Cuidado Transpessoal
de Jean Watson. Lições Aprendidas: Desenvolveu-se,
no cuidado a este usuário, comunicação efetiva, em
um relacionamento de ajuda-confiança, promoção do
ensino-aprendizagem interpessoal, provisão de um
ambiente mental, físico, sociocultural e espiritual
sustentador, protetor e/ou corretivo, sendo experimentados na capacidade de percepção do outro
como ele se constitui. A fundamentação do cuidado
orientado pela teoria pré-citada permitiu a assistência humanizada, uma vez que contempla envolveu
aspectos objetivos da situação vivenciada, inseriu
o indivíduo no plano de cuidados, contribuiu com a
observação dos diferentes períodos de desenvolvimento humano e garantiu a responsabilização pela
saúde. Recomendações: A validade desta teoria pode
ser entendida quando considera-se o crescimento do
enfermeiro e do paciente como seres humanos, possibilitando a reciprocidade entre ambos, objetivando
o cuidado holístico. O cuidado transpessoal determina uma atitude de respeito pelo outro, considerando
sua conexão com o universo, com a comunidade,
os espaços sociais por ele ocupados, sua cultura,
sua história. O atendimento a tais especificidades
oportuniza com que se focalize a individualidade de
cada paciente (corpo, mente e espírito), contribuindo para que no momento de cuidado transpessoal
a enfermeira se torne um agente reconstituidor,
restaurando a totalidade do ser cuidado.
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
OFICINA DA COLUNA: EDUCAÇÃO EM SAÚDE EM
UMA ESF COMO FERRAMENTA DE ATUAÇÃO DO
PROFISSIONAL FISIOTERAPEUTA
Carolina Rodrigues Bortolatto / Bortolatto, C.R. /
UNESP; Mileide Cristina Stoco de Oliveira / Oliveira, M.C.S. / UNESP; Elaine Aparecida Lozano da
Silva / Silva, E.A.L. / UNESP; Daiane Oliveira dos
Santos / Santos, D.O. / UNOESTE; Fernanda Corrêa
Yamashita / Yamashita, F.C. / Prefeitura Municipal; Renilton José Pizzol / Pizzol, R.J. / UNESP;
Caracterização do Problema: A Estratégia de Saúde
da Família (ESF) é modelo privilegiado de atuação na
promoção da saúde e no enfrentamento de agravos
de saúde da população. Entre esses agravos se encontra a lombalgia, problema que acomete a maioria
dos indivíduos e que é altamente incapacitante,
pois provoca limitações funcionais nas atividades
de vida diária, restrições nas atividades sociais e
laborais. Devido à dimensão deste agravo cabe ao
fisioterapeuta do Núcleo de Apoio à Saúde da Família
(NASF) abordar o problema na comunidade por meio
de ações de incentivo à prática de atividade física
e à adoção de medidas preventivas e educativas.
Descrição: A Oficina da Coluna, realizada em uma
ESF teve sua origem baseada na necessidade dos
participantes do Grupo de Exercício Terapêutico
(GET) para dores crônicas, cuja maioria apresentava
queixas de lombalgia e questionamentos sobre o
agravo. Os Agentes Comunitários de Saúde (ACS)
efetuaram levantamento prévio no bairro para ampliação do público alvo, convidando para a Oficina
indivíduos com lombalgia não participantes do GET.
No primeiro momento, as atividades consistiram
em encontros semanais realizados em um mês
com 30 participantes em média. No primeiro dia
aplicou-se o Questionário de Avaliação Funcional
da Coluna Lombar Roland Morris (RM) em todos
participantes. Os encontros foram fundamentados
em atividades educativas e didáticas por meio de
palestras com material audiovisual com informações sobre a biomecânica, etiologia e patologias da
coluna lombar, além dos cuidados com a postura
nas atividades diárias, os tratamentos e a prevenção
por meio de orientações domiciliares com folders
ilustrativos com exercícios de alongamentos e fortalecimento muscular para coluna lombar. Lições
Aprendidas: Observou-se a adesão de participantes
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 94
que não pertenciam ao GET, entre eles alguns ACS
e funcionários da ESF, ocorrendo assim difusão do
conhecimento e promoção da educação em saúde.
Durante as palestras os participantes relataram
melhora do quadro álgico com o início da realização
das orientações domiciliares. Recomendações: Após
o primeiro mês, os participantes que atingiram o
escore mínimo no RM passaram por avaliação física que compreendeu testes neurais, musculares e
funcionais. Após essa etapa será iniciado o segundo
momento da Oficina, em que os participantes realizarão 16 sessões de 60 minutos cada, duas vezes
por semana, com exercícios específicos de controle
motor para tratamento da dor lombar.
OS DESAFIOS DO CUIDAR NA INTERAÇÃO PAIS-CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN
Fernanda Cristina de Oliveira Santos Aoki /
Aoki, F.C.O.S. / USP; Carmen Lucia Cardoso /
Cardoso,C.L. / USP;
Introdução: Dados estatísticos apontam que, no
Brasil, nasce uma criança com Síndrome de Down
(SD) a cada 600 nascimentos. Isto representa cerca
de 8.000 bebês com SD por ano. As dificuldades no
desenvolvimento exigem que os pais desenvolvam
habilidades especiais para contemplarem cada necessidade diferenciada da criança que poderia passar despercebida ou facilmente captada nas crianças
sem nenhum tipo de Síndrome. A importância do cuidado dos pais é essencial inclusive para minimizar
os efeitos da síndrome, porém pouco se tem estudado
essa forma de atender as demandas da criança a partir da perspectiva dos pais. Objetivo: Nesse contexto,
objetivou-se compreender como os pais desenvolvem
formas de cuidado com a criança com SD, a partir
da perspectiva dos mesmos. Método: Utilizou-se
o método clínico-qualitativo, dentre as diversas
estratégias de pesquisa qualitativa escolheu-se o
estudo de caso coletivo e como referencial teórico
para análise a psicanálise Winnicottiana. Realizou-se entrevistas semi-abertas, individuais, face a face,
com 3 casais de pais de crianças com Síndrome de
Down, com idade de 5 a 9 anos. As entrevistas foram
audiogravadas e transcritas na íntegra. Resultados e
Discussão: Os entrevistados descreveram maneiras
diferentes de ajustar o cuidado na interação com
seus filhos que perpassaram tanto por incômodos,
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
quanto pela possibilidade do gesto criativo que se
apresenta em atividades triviais e importantes do
desenvolvimento como no modo de amamentar, de
tirar a fralda, de modificar a rotina e de estabelecer formas de linguagem. Os pais ao poderem se
aproximar do filho real, contam das peculiaridades
dessa relação, em que experimentam novos papéis,
transformando-se através da abertura ao novo do
outro e de si mesmos. Conclusão: A relação vai se
constituindo e se regulando reciprocamente, os
cuidados precisam ser ajustados à demanda e possibilidade do outro. Assim como o cuidado não tem
fórmulas prontas, os pais experimentam serem pais
e sentirem-se capacitados nesse papel no encontro
com os filhos, e estes, por sua vez, vão podendo
desenvolver suas potencialidades humanas através
desse encontro. Os pais entrevistados indicam que
quanto mais lento e exigente o cuidado com seus
filhos com Síndrome de Down, mais possibilidades
de encontros surgem, e quando esses podem ser
suficientemente bons, são trans-formadores” para
ambos: pais e filhos.
OS IMIGRANTES BOLIVIANOS E A UTILIZACAO
DOS SERVIÇOS DE SAÚDE
Rosângela Elaine Minéo Biagolini / Biagolini,
R.E.M. / Secretaria de Saúde do Município de São
Paulo e Universidade Nove de Julho - UNINOVE;
Karen Andrea Mancilla Limachi / Limachi, K.A.M.
/ Universidade Nove de Julho - UNINOVE; Angela
Patricia Gonzales Flores / Flores, A. P. G. / Universidade Nove de Julho - UNINOVE; Roudom Ferreira Moura / Moura, R.F. / Secretaria de Saúde do
Estado de São Paulo e Universidade Nove de Julho
- UNINOVE;
Introdução: A crescente presença de imigrantes bolivianos, em algumas regiões da cidade de São Paulo
tem sido identificada, associada muitas vezes com
a intensa utilização dos serviços públicos de saúde
por este grupo. Objetivo: Descrever que utilização
os imigrantes bolivianos residentes no município
de São Paulo, frequentadores de uma Organização
Não Governamental (ONG), tem feito em relação aos
serviços de saúde. Método: Estudo transversal, descritivo, com abordagem quantitativa realizado em
uma ONG com sede na região do Brás em São Paulo/
SP, sem fins lucrativos que atende em média 400
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 95
pessoas por mês, reunindo profissionais voluntários
que prestam auxílio aos imigrantes. Utilizou-se um
formulário composto por 22 questões, com tempo
médio de respostas estimado de quinze minutos, que
foi aplicado a 200 imigrantes. O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Nove de Julho e aprovado sob o número 811.342/14.
Resultados: Dos entrevistados 108 (54.0%) são do
sexo masculino, 54,0% (108) com faixa etária entre
20 e 29 anos, 82,0% (164) tem mais de 9 anos de estudo, 45% (90) estão há menos de 6 anos no Brasil
e 87,0% (174) trabalham no setor de confecções. Dos
entrevistados 82,5% (165) informaram ter cartão
do SUS e 72,5% (145) utilizaram algum serviço de
saúde, no Brasil, nos últimos 6 meses, sendo em
sua maioria os de atenção primária à saúde (68,3%).
Dos que necessitaram atendimento hospitalar 87,9%
utilizaram serviços públicos. E os principais motivos que levaram os entrevistados à procurar um
serviço de saúde foram dores de diferentes etiologias, acidentes de trabalho e causas relacionados a
gravidez e ao parto. Os entrevistados referiram que
procuram prioritariamente as farmácias do bairro
(38,3%), seguido dos serviços de Pronto Atendimento (35,9%). E 22,5% referiram ter tido problema no
atendimento, sendo mais referida a demora (28,3%) e
o mau atendimento (23,9%), além de 8,7% referirem
ter sofrido discriminação. Conclusões: Os entrevistados são adultos jovens, com nível de escolaridade
elevado, a maioria está há mais de 5 anos no Brasil.
Em relação ao atendimento à saúde predominou a
utilização dos serviços de atenção básica, no entanto
a procura nos casos de necessidade de atenção à
saúde se dá principalmente nas farmácias e serviços de urgência. Diante da crescente participação
dos imigrantes bolivianos a que se aprofundar os
obstáculos à utilização dos serviços de saúde.
OS SENTIDOS DO CUIDADO EM SAÚDE: UMA
REVISÃO DA LITERATURA
Octávio Augusto Contatore / Contatore, O.A. /
UNICAMP; Nelson Filice de Barros / Barros, N.F. /
UNICAMP;
Introdução: O cuidado em saúde tem sido tema de
reflexão e criação de conhecimento sobre as práticas
de atenção à saúde em diferentes níveis de assistên-
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
cia. Para a sociologia, refere-se a uma fusão complexa de experiências e ações, cujo objetivo é atender
a necessidade de uma pessoa. Objetivos: a) revisar
a literatura com um enfoque sociológico sobre o
cuidado em saúde; b) mapear o campo e analisar as
diversas categorias em discussão; c) apreender o
conhecimento acumulado e publicado na literatura
indexada sobre o cuidado na interface entre duas
áreas de conhecimento: a sociologia/sociologia
da saúde e a assistência à saúde. Método: Revisão
Sistemática da Literatura na Biblioteca Virtual em
Saúde com os descritores “assistência à saúde”, ou
“cuidados de saúde” (e seus derivados) e “sociologia médica”. Nas bases: PubMed, Scopus, Embase,
Web of Science, Francis (OVID), ProQuest Central
e AcademicSearch Premier (EBSCO HOST) com os
descritores: Health care” (e derivados) e sociology,
medical”. Nas bases Jstor e Sage com os descritores
care or health or health care and (abstract) sociology”. Foram incluídos artigos publicados no período
entre 2003 e 2013, em português, espanhol ou inglês.
Foram excluídos artigos que não fossem de acesso
aberto ou não disponibilizados no portal de periódicos da CAPES, artigos de revisão de literatura, carta,
editorial e tese, artigos que não ofereceram acesso
aos seus resumos. Resultados: Encontraram-se 262
artigos relacionados ao tema e foram selecionados
62. Elegeram-se os temas: 1) existência de uma crise
nos sistemas de saúde em função do aumento dos
custos para a aplicação do cuidado; 2) desenvolvimento de um cuidado centrado no paciente/pessoa;
3) necessidade de contemplar elementos subjetivos,
sentimentos e emoções nas ações de cuidado; 4)
presença de disparidades sociais limitando ou inviabilizando o acesso ao cuidado; 5) implementação
de políticas que promovam melhoria na aplicação
do cuidado pelos sistemas de saúde. Conclusão: A
expressão cuidado em saúde reflete uma complexa e
abrangente rede de concepções e de ações tanto para
a sociologia como para a saúde, envolvendo um fazer
tácito do ser humano, em que, ao mesmo tempo que é
uma prática individual, é construído coletivamente.
Visto pelo prisma da sociologia/sociologia da saúde,
o cuidado abrange questões amplas relacionadas à
vida dos sujeitos atendidos nos sistemas de saúde,
para além de ações pontuais de aplicação de procedimentos técnicos/tecnológicos.
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 96
PAPEL DO PROFISSIONAL ENFERMEIRO NA MO- PELOS TERRITÓRIOS EXISTENCIAIS DA ESTRATÉDALIDADE DE TRANSPORTE AEROMÉDICO
GIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA: OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE DAS PRÁTICAS DISCURSIVAS SOBRE
Monica Ramos de Paula / PAULA,Monica Ramos
PODER E CUIDADO DAS FAMÍLIAS
de / Faculdade da Aldeia de Carapicuiba; Fatima
Aparecida dos Santos / SANTOS, Fatima Aparecida / Faculdade da Aldeia de Carapicuiba; Cleber
Jeferson de Lima / LIMA, Cleber Jefferson de. /
Faculdade da Aldeia de Carapicuiba; Danille Freitas Alvim de Castro. / CASTRO,Danielle Freitas /
Faculdade da Aldeia de CArapicuiba; Joao Pereira
Neto / NETO,Joao Pereira / Faculdade da Aldeia de
Carapicuiba;
RESUMO A modalidade de transporte aeromédico é
o translado ou remoção de doentes graves, por meio
de helicópteros ou aeronaves, de um ponto à outro,
ou em situações em que o doente necessite de um
transporte inter-hospitalar que seja mais adequado
por via aérea. É considerado um transporte seguro,
e apesar de ter algumas desvantagens é bastante
rápido, o que proporciona uma assistência quase
imediata aos feridos pacientes, podendo salvar
muitas vidas. O presente estudo trata-se de uma
revisão sistemática da literatura com o objetivo de
identificar qual é o papel do profissional enfermeiro
bem como as principais atividades desenvolvidas
por ele no processo de transporte aeromédico. As
base de dados acessadas foram SCieLo e LILACS.
Os descritores utilizados foram: resgate aéreo, medicina aeroespacial, enfermagem em emergência e
assistência de enfermagem. Esses descritores também foram associados à palavra remoção. A busca
foi realizada combinando os descritores através do
operador booleano AND”. Foram analisados 08 artigos dos quais 06 respondia a pergunta da pesquisa.
As principais atividades e características do profissional enfermeiro na modalidade de transporte
aéreo encontradas na pesquisa foram: Planejamento
da assistência, gestão dos recursos, atuação frente
à equipe multidisciplinar, habilidades técnicas especificas para modalidade e perfil diferenciado para
esse profissional. Conclui-se que o enfermeiro atua
como gestor de todo o processo, planejando e prestando assistência ao paciente além de intermediar
a equipe multiprofissional. Palavras-chave: Resgate
aéreo. Medicina aeroespacial. Enfermagem em
emergência. Assistência de enfermagem e remoção.
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Luis Henrique Moura Ferreira / Ferreira, L.H.M /
UFSCAR; Wagner dos Santos Figueiredo / Figueiredo, W.S. / UFSCAR; Luciana Nogueira Fioroni /
Fioroni, L.N. / UFSCAR;
Introdução A estratégia de saúde da família (ESF)
tem se constituindo com características inovadoras para um novo modelo de assistência a saúde
no Brasil. Entretanto, ao analisarmos a ESF numa
postura crítica, abre-se um campo de estudo das
contradições internas da estratégia. Uma delas diz
respeito aos efeitos de poder da instituição saúde em
relação ao cuidado efetuado à população, a saber: a
governamentalidade, o controle, a normalização, a
medicalização da vida e a imposição de estilos de
vida saudáveis. O poder, na perspectiva foucaultiana, tem caráter constitutivo e participa ativamente
da produção de modos de subjetivação, trata-se de
um biopoder com dois eixos: o disciplinar que atua
no homem-corpo e a biopolítica no homem-espécie.
O poder está sempre relacionado ao saber, entendido como formações discursivas e suas respectivas
práticas, trata-se de um binômio saber-poder que se
sustentam multiplamente. Objetivo Compreender
quais práticas discursivas de saber-poder dão forma
ao trabalho da ESF no que concerne ao cuidado das
famílias. Método A partir do construcionismo social,
realizamos uma observação participante do cotidiano de trabalho de uma equipe de saúde da família.
Observamos a dinâmica geral do trabalho, privilegiando os momentos de encontro entre profissionais
e usuários. Resultados As análises discutem alguns
sentidos das praticas de cuidado observadas: A ESF a
partir do seu desenho de trabalho, configura-se como
um dispositivo de governamentalidade, e permite
a partir de algumas características particulares
mais possibilidades de controle e vigilância. Há um
destaque para a prática das Visitas Domiciliares e o
trabalho do ACS que estendem os efeitos de saber-poder para os territórios existenciais das famílias
e comunidade. Há uma presença significativa de
práticas discursivas de julgamento moral, racismo
e imposição de estilos de vida considerados sau-
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 97
dáveis. O cuidado nos territórios existenciais das
famílias assume o sentido de luta existencial entre
projetos de vida diferentes, de um lado pelo saber
dos profissionais de saúde e do outro pelos modos
de condução da vida das famílias. Conclusão Investigamos as praticas discursivas que dão fundamento
para o trabalho na ESF enquanto o cuidado para as
famílias, dando subsídios para pensar sobre a gestão
do cuidado realizado pela ESF, de modo a torna-lo
ético, humanizado e comprometido com uma clínica
da diferença.
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO SITUACIONAL:
SENSIBILIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS PARA
INCLUSÃO DE FITOTERÁPICOS NO PROCESSO DE
TRABALHO
Deborah Santos Nascimento / Nascimento, D.S. / FCMSCSP; Maria Fernanda Terra /
Nascimento,D.S. / FCMSCSP; Ariane Graça de
Campos / Nascimento, D.S. / Associação da Saúde
da Familia; Ataide de Matos Ferreira / Nascimento, D.S. / FCMSCSP; Luciana Menezes de Melo /
Nascimento, D.S. / FCMSCSP;
Na disciplina Estágio Curricular l do último ano do
curso de Graduação em Enfermagem da FCMSCSP,
os alunos têm por atividade desenvolver o Planejamento Estratégico Situacional (PES). Teve-se por
problema sensibilizar os profissionais de saúde
sobre o uso de fitoterapia na APS, principalmente
nos grupos de dor e benzodiazepínicos. Descrição:
PES é um instrumento de gestão que considera a
participação dos atores envolvidos na resolução
do problema. O PES se divide em etapas: 1ª) reconhecimento do problema (inclusão da Fitoterapia
na assistência), 2ª e 3ª) traçar as operações viáveis
de acordo com os cenários previamente pensados Teto: incluir a Fitoterapia no processo de trabalho da
UBS. Centro: inclusão da fitoterapia nos grupos de
dor e benzodiazepínicos e Piso: a não inclusão dos
fitoterápicos no processo de trabalho e 4ª) definição
da estratégia para sensibilizar os profissionais, que
foram: traçar o perfil dos usuários, conhecer a Política Nacional, estudar os efeitos e produzir o manual
das Ervas possíveis para o uso na assistência. Resultado: Fez-se a sensibilização com 50 profissionais,
inclusive os coordenadores dos grupos, incluindo a
ESF e NASF. Lições aprendidas: O PES requer muita
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
dedicação e responsabilidade, é articulado com diferentes pessoas para alcançar as metas. O trabalho
é de equipe e cada um tem sua responsabilidade.
É necessário utilizar da capacidade de liderança,
comunicação, negociação, inteligência estratégica,
percepção situacional, gestão de conflitos através
de planejamento com prazos para a sua execução. A
partir do PES os alunos sentiram-se mais próximos
da equipe e do processo de produção de cuidado da
população assistida pelo serviço. Recomendações:
Que o PES seja utilizado como uma estratégia que
permite modificar o processo de trabalho, a partir
da participação dos diferentes atores sociais que
integram a produção do cuidado no serviço de saúde. Sobre o tema dos fitoterápicos, é importante
sensibilizar os usuários e seus familiares sobre as
plantas e estratégia de cuidado.
PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES
NO SUS LIAN GONG
Thamiris Iversen Muraro / Muraro, T.I. / Prefeitura do Município de São Bernardo do Campo;
Hélio Antônio Ferreira / Ferreira, H.A. / Prefeitura
do Município de São Bernardo do Campo; Renata
Pereira / Pereira, R. / Prefeitura do Município de
São Bernardo do Campo;
A implementação das Práticas Integrativas e Complementares representa uma importante estratégia
para a construção de um modelo de atenção integral
e a inserção de abordagens utilizando práticas da
medicina oriental está em consonância com os
princípios estruturantes do SUS de universalidade,
integralidade e equidade. O Lian Gong Shi Ba Fa
(Lian Gong) consiste em uma prática corporal chinesa elaborada na década de 70 pelo Dr. Zhuang Yuan
Ming (ortopedista) que alia à medicina ocidental os
conhecimentos da medicina oriental. A técnica tem
propriedades preventivas e curativas cujo objetivo
consiste em melhorar as condições corporais como
dores no corpo, inúmeros problemas osteosmusculares e de articulações, disfunções dos órgãos internos
e problemas respiratórios inerentes às condições
da vida moderna, além de ajudar na circulação do
sangue, dissolver aderências e inflamações dos
tendões, restauração de movimentação natural com
melhora da resistência e da vitalidade do organismo.
O sistema completo do Lian Gong em 18 Terapias é
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 98
composto de três partes de exercícios. O grupo de
prática de Lian Gong da UBS Alvarenga existe há
três anos e é coordenado por ACS e por colaboradora da equipe de apoio do território. Composto por
aproximadamente 35 usuários que, em quase sua
totalidade, são mulheres com idade média de 60
anos, o grupo ocorre atualmente no espaço cedido
pelo CEU Luiz Gushiken. Ainda que não haja dados
estatísticos oficiais na UBS Alvarenga, os relatos
dos usuários são de que há efetiva melhora nas
condições corporais (articulações e musculatura),
diminuição de crises respiratórias deflagradas por
bronquite, maior disposição para atividades diárias
e consequentemente melhoria na qualidade de vida.
A combinação do tratamento médico com o Lian
Gong além de propiciar o efeito terapêutico corporal
e mental faz com que o paciente não aceite passivamente os tratamentos médicos, assumindo postura
ativa e responsável na recuperação da própria saúde.
PROFISSIONAL-REDE: TECENDO O CUIDADO EM
SAÚDE
Lucio Costa Girotto / Girotto, L.C. / UNIFESP Baixada Santista; Maycon Félix Lozano / Lozano, M.F.
/ Universidade Federal de São Paulo- UNIFESP
campus Baixada Santista; Caio Vinícius Infante
de Melo / Melo, C.V.I. / Universidade Federal de São
Paulo- UNIFESP campus Baixada Santista; Rosilda Mendes / Mendes, R. / Universidade Federal de
São Paulo- UNIFESP campus Baixada Santista;
Caracterização do Problema: No âmbito do cuidado
em saúde, o entendimento do conceito de rede pode
ser considerado crucial, seja pela organização do
sistema de saúde vigente no país, que implica ações
coordenadas de diversos equipamentos e setores,
seja pela constatação empírica de que a manutenção
da saúde parece apoiada em relacionamentos os
mais diversos. Entendendo que a saúde se dá nas
mais variadas relações e que muitas dessas extrapolam os limites institucionais das redes formais de
cuidado, buscamos cartografar essas redes rizomáticas percebendo o sujeito através das suas ações e
relações. Neste movimento, uma questão que vêm
a tona é a necessidade do profissional e do próprio
serviço de saúde de flexibilizar-se e extrapolar suas
formas para tentar abarcar a complexidade dos processos de saúde e adoecimento. Este trabalho busca
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
apresentar as vivências do Profissional¬-rede no tecer
do cuidado; que no encontro produz vidas e saúdes.
Descrição: Este trabalho é um desdobramento do
projeto Atenção Básica e a Produção do Cuidado em
Rede no Município de Santos”, que ocorre através da
parceria entre a Secretaria Municipal de Saúde de
Santos e a Universidade Federal de São Paulo – Baixada Santista. Mapeamos o processo do tecer redes
de cuidado através da experiência de três usuários
de distintas unidades básicas de saúde do município de Santos, abrangendo realidades geográficas e
socioeconômicas diferentes. Estes sujeitos foram
selecionados conjuntamente com as equipes de cada
unidade. Foi utilizada a abordagem qualitativa e o
método cartográfico que valorizam processos de
intervenção coletivos. Lições Aprendidas: Nesse
acompanhar das redes de cuidado, nos deparamos
com os limites instituídos da rede formal de saúde
e as estratégias instituintes utilizadas por usuários
e profissionais de saúde. O intrincado tecer da rede,
se expande e abrange outras instâncias do viver
(família, amigos, profissionais, etc); no interstício
dos cuidados é que se produz saúdes” singulares.
Recomendações: O processo de imergir na experiência do outro nos mostra que é preciso abandonar
a falácia da imparcialidade técnica para se deixar
engendrar no dinamismo da vivência; produzir redes
não é observar o tecer do outro, mas tecer junto. Portanto, entendemos como indissociáveis os processos
de intervir, pesquisar e cuidar.
PROGNÓSTICO E PATOGRAFIA EM PACIENTES
COM CÂNCER
Gilberto Ribeiro Vieira; Carlos Botazzo; Antonio
Carlos F. Pontes / Vieira, G.R; Botazzo, C.; Pontes,
A.C.F. / UFAC/USP;
A medicina convencional utiliza recursos limitados
à doença para estabelecer a prognose. Presume-se
que a enfermidade guarde relação com a trajetória
psicoafetiva do paciente, e a forma como ele lidou
com as circunstâncias de vida tende a se reproduzir
na doença. O estudo propõe formular o prognóstico
médico em pacientes com câncer baseado em sua
história de vida. Recrutou-se pacientes portadores
de neoplasia no Hospital do Câncer do Acre, com
idade acima de 20 anos. A entrevista utilizou roteiro semiaberto de 9 questões. Foram categorizados
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 99
cinco Tipos Prognósticos: Muito Desfavorável (MD)
ou Complicado, Pouco Desfavorável (PD) ou Progressivo, Estagnado ou Incerto (I), Pouco Favorável
(PF) ou Residual, e Muito Favorável (MF) ou Resolvido. Esses Tipos foram estabelecidos conforme
as variáveis: tempo decorrido desde os primeiros
sintomas da doença até o diagnóstico; causa atribuída pelo paciente à enfermidade, sua expectativa
da própria cura; o conceito acerca de sua infância/
adolescência e maturidade; sinceridade nas relações
afetivas; sentimentos ou atitudes descontroladas;
grau de resolutividade da situação mais difícil de
vida; aproveitamento da principal oportunidade.
Examinaram-se as patografias qualitativamente
mediante codificação temática e, quantitativamente,
por meio de estatística descritiva e da análise de
variância. O projeto foi aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa. Foram entrevistados 45 pacientes,
sendo 3 do Tipo MF, 15 do PF, 12 do I, 8 do PD e 3 do
MD, além de 4 excluídos. Os casos extremos – MF ou
MD – são minoria. Há uma diminuição progressiva
do número de PF para I e desse para PD (15,12,8).
Analisou-se a associação da história de vida com
a respectiva doença e evolução do paciente. Dos 3
pacientes Tipo MD, 2 evoluíram para o óbito; 3 do
Tipo MF mostram sobrevida média de 8 anos; esses
dois grupos denotam diferenças significativas. No
grupo PD, ocorreram 4 óbitos, apenas 1 no tipo I e
nenhum no PF e no MF. Quanto à metástase, incidiu
em 1 do tipo MD; em 3 do PD; 4 do I, e 1 do PF e nenhum do MF. Complicações graves, como caquexia,
ascite, amputação e recidiva surgiram somente em
pacientes I, PD e MD. A patografia dos pacientes com
prognóstico tipo progressivo e complicado revelou
frustração e/ou trauma afetivo importante, elementos reduzidos no I e PF, até desaparecer no MF. A
biopatografia e a planilha revelaram-se confiáveis
para a prognose na amostra estudada.
PROMOVENDO INTEGRALIDADE E CIDADANIA NO
QUILOMBO MANOEL BARBOSA
Karen Zappe Pereira Soto / SOTO, KLZP / ufrgs,
Prefeitura de Gravataí;
A experiência ocorreu no município de Gravataí e
envolveu a Equipe de Saúde da Família Santa Cecília,
Ong, SMS de Gravataí, Presidente e moradores do
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Quilombo Manoel Barbosa. Desenvolveu-se por meio
de rodas de conversa visando a escuta qualificada ,
com vistas a utilização de recurso da secretaria estadual de saúde (RS) para melhoria do acesso a saúde
de populações quilombolas. Momento para reforço
da construção da cidadania e de ações afirmativas
e empoderamento de lideranças. O trabalho realizado teve como objetivo a utilização de um recurso
do estado do Rio Grande do Sul para melhoria do
acesso a saúde de populações quilombolas. Através
do processo de rodas de conversa para decisões a
respeito do recurso, percebeu-se que o momento era
apropriado para reforço de ações afirmativas e empoderamento. Como forma de organizar o trabalho
foram agendadas reuniões em diferentes momentos
e lugares, com diversos atores do processo a fim
de que vertentes de entendimento do processo surgissem. Dessas reuniões, percebeu-se que além do
gasto do recurso, havia muito mais envolvimento no
processo de melhoria do acesso a saúde da população
negra. Houve momento de reunião com secretário
de saúde do município, que apoiou as ações e deu
seguimento a demanda quilombola e da equipe de
saúde. O desfecho desse processo culminará com
um seminário sobre a saúde da população negra,
que acontecerá em novembro deste ano e que terá
por objetivo a apresentação da contrução deste investimento ao mesmo tempo em que está havendo
o empoderamento de lideranças e moradores do
quilombo, atravessado pelas ações afirmativas, mergulhado no processo de busca da integralidade. Os
principais desafios encontrados pela equipe foram a
capacidade de criar uma modelagem que resolvesse
o atendimento dos problemas com uma flexibilidade que permitisse o acolhimento das demandas
de saúde e de cidadania da população quilombola
da comunidade Manoel Barbosa. Esta experiência
possibilitou organizar a partir das necessidades
das pessoas, e da formação dos grupos de trabalho
um borramento entre os saberes dos profissionais
de saúde e dos usuários, possibilitando a troca de
experiências e o relato das necessidades sentidas,
o surgimento de um novo modo de produzir saúde,
experimentando o trabalho vivo em ato, acolhendo
as necessidades de saúde, considerando as pessoas
em seu contexto cultural, respeitando suas crenças
na busca de cidadania e integralidade.
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 100
QUALIDADE DE VIDA DE INDIVÍDUOS COM DIS- (46,5 ± 23,6) e AE (48,8 ± 43,1) e os melhor avaliados foFUNÇÕES MUSCULOESQUELÉTICAS USUÁRIOS DE ram EGS (64,5 ± 23,5); AS (62,5 ± 25,5); SM (61,8 ± 25,3) V
(54,3 ± 24,7). Conclusão: Os resultados mostraram que
UMA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA
Patricia Mayumi Takamoto / Takamoto, P.M. /
UNESP; Carolina Rodrigues Bortolatto / Bortolatto, C.R. / UNESP; Renilton José Pizzol / Pizzol, R.J.
/ UNESP; Viviane de Freitas Cardoso / Cardoso,
V.F. / UNESP;
Introdução: As disfunções musculoesqueléticas
(DME) afetam grande parte da população brasileira
e está relacionada a vários fatores de risco como
condições ambientais, ergonômicas e jornadas
excessivas de trabalho. Estas disfunções afetam
a vida do indivíduo e refletem o impacto da sintomatologia, geralmente caracterizada pela dor,
diminuição da amplitude do movimento e da força
muscular, na realização das atividades cotidianas.
Como a sintomatologia da disfunção e o seu impacto
está muito relacionados a percepção do indivíduo
justifica-se que, em uma avaliação seja investigada
a Qualidade de Vida (QV). Para o fisioterapeuta que
atua na Atenção Básica de Saúde avaliar QV pode ser
importante para o planejamento de estratégias de
intervenções que incluam todos aspectos envolvidos
com o problema e a identificação das prioridades
do indivíduo. Objetivo: Avaliar a QV de indivíduos
com DME usuários de uma ESF. Métodos: Estudo
de caráter descritivo, exploratório e transversal
realizado com 60 indivíduos adultos atendidos
por Serviço de Residência em Fisioterapia da FCT/
UNESP desenvolvido junto a uma ESF de Presidente
Prudente-SP. O instrumento utilizado foi o Questionário de Qualidade de Vida SF-36, com 36 questões
que abrangem oito domínios: Capacidade Física (CF),
Estado Geral de Saúde (EGS), Dor (D), Vitalidade (V),
Aspecto Social (AS), Saúde Mental (EM), Aspectos
Emocionais (AE) e Limitações por Aspectos Físicos
(LAF), com escore de 0 a 100, sendo que quanto maior
a pontuação melhor a QV. Resultados: A população
foi composta por 34 mulheres e 26 homens, com
idade de 51,1 ± 15,4 anos. As DME mais prevalentes
foram: tendinite de ombro (25% dos indivíduos),
hérnia de disco (23,8%), artrose (23,4%), lombalgia
(20%), fratura em membro inferior (13,3%), fratura
em membro superior (8,3%) e problemas no joelho
(3,3%). Quanto à percepção de QV os domínios pior
avaliados foram LAF (20,0 ± 29,7); D (38,1 ± 23,2); CF
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
domínios relacionados à esfera física da QV foram
mais impactados indicando que, para esta população
as estratégias de intervenção fisioterapêutica devem
ser voltadas principalmente para o controle da dor
e promoção da funcionalidade.
QUALIDADE DE VIDA EM HIV/AIDS: ANÁLISE DA
PRODUÇÃO CIENTÍFICA NA PERSPECTIVA DAS
PRIORIDADES DE PESQUISA EM SAÚDE
Karoline de Cássia Mizasse Alani / Alani, K. de C.
M. / Universidade Federal de São Carlos; Márcia
Niituma Ogata / Ogata, M. N. / Universidade Federal de São Carlos;
Introdução: O HIV e a AIDS aparecem como um importante problema de saúde pública, que deve ser
combatido de acordo com as metas do milênio da
ONU e as prioridades de pesquisa em saúde. Ao longo dos anos a doença se transformou, acarretando
sua cronicidade e evidenciando qualidade de vida.
Objetivo: O objetivo deste estudo foi configurar a
produção científica em qualidade de vida em HIV/
AIDS. Método: Trata-se de uma pesquisa descritiva
exploratória, que utilizou análise bibliométrica,
auxiliada pelo Excel. Investigou-se os descritores
Qualidade de Vida”, HIV”, AIDS” e SIDA” no LILACS. Avaliou-se periódicos nacionais com Qualis
A1, A2, B1, e B2 da CAPES das áreas da saúde para
análise geral, realizando-se análise detalhada em
enfermagem. Resultados: 366 publicações foram
relacionadas na busca, 59 foram selecionadas e 21
pertenceram aos periódicos de enfermagem. A área
que possuiu o maior número de periódicos foi a
Enfermagem (13). As revistas que mais publicaram
sobre a temática foram Cadernos de Saúde Pública
(8) e Revista Latino Americana de Enfermagem (6).
A maioria dos artigos não conceituou Qualidade de
Vida”. Das 21 publicações das revistas de enfermagem, o ano de 2011 teve a maior concentração, 8 se
tratavam de estudos de metodologia quantitativa
e Saúde da Mulher foi a área temática com mais
artigos. A maioria dos autores vinculou-se às universidades públicas. Predominaram estudos com dados
primários e 4 utilizaram o instrumento WHOQOL.
Conclusão: Qualidade de Vida” e HIV/AIDS” não se
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 101
relacionam em uma mesma prioridade de pesquisa.
Em vista da importância da doença na sociedade e
da qualidade de vida dos portadores, essas temáticas
precisam ser mais abordadas, inclusive como prioridade de pesquisa conjuntamente. Palavras Chave:
Qualidade de Vida, HIV, AIDS.
REFLEXÕES SOBRE O CUIDADO EM REDE À SAÚDE
DA MULHER GESTANTE: PESQUISA-INTERVENÇÃO
NA ATENÇÃO BÁSICA NA CIDADE DE SANTOS -SP
Stella Maris Nicolau / Nicolau, S.M. / UNIFESP Baixada Santista; Viviane Santalucia Maximino /
Maximino, V.S. / UNIFESP - Baixada Santista; Gelson Ribeiro dos Santos / Santos, G.R. / UNIFESP
- Baixada Santista; Flavia Liberman / Liberman,
F. / UNIFESP - Baixada Santista; Maria Fernanda
Petroli Frutuoso / Frutuoso, M.F.P. / UNIFESP Baixada Santista; Rosilda Mendes / Mendes, R. /
UNIFESP - Baixada Santista;
Introdução: O trabalho na atenção básica é permeado por tensões e depende da articulação de
diversos profissionais e níveis de atenção, portanto
da construção de diversas redes relacionais que
se entrecruzam. Este trabalho é parte da pesquisa
Atenção básica e a produção do cuidado em rede”
financiada pela FAPESP/PPSUS 2013 realizada em
parceria entre UNIFESP Baixada Santista e Secretaria Municipal de Saúde de Santos (SP), que envolveu
11 serviços de atenção básica. Objetivo: apresentar
os resultados de uma pesquisa-intervenção que
buscou problematizar o cuidado em rede a partir
da perspectiva de uma equipe de saúde da família
convidada a refletir acerca de um caso marcante”
que atenderam, e sob a perspectiva da usuária
atendida que também foi entrevistada. Metodologia:
trata-se de pesquisa de abordagem qualitativa que
se utiliza do método cartográfico com o intuito de
promover uma aproximação dos pesquisadores com
equipes e usuários escolhidos pelas mesmas através
de reuniões, oficinas e entrevistas. Resultados: a
equipe de saúde selecionou o caso de uma gestante
com intercorrências de dores fortes na coluna e não
contou com apoio e retaguarda adequados dos serviços especializados para os quais foi referendada.
A equipe se viu desamparada para oferecer alívio às
queixas da usuária que frequentemente estava no
serviço e tinha uma postura de protagonismo em
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
relação ao seu cuidado, demandando respostas dos
serviços pelos quais passou. Durante a gestação não
se avançou no esclarecimento dessa dor e tiveram
dificuldades para aceitação de laudo do INSS para
afastamento do trabalho da usuária. Nas discussões
com a equipe emerge a relação pouco sinérgica entre
atenção básica e os demais serviços da rede, grande
pressão da gestão central pelo sucesso no manejo da
gestação e parto, mas avaliam fragilidade na rede,
sobretudo quando necessitam dos outros níveis de
atenção. O debate revelou pouca reflexão acerca das
desigualdades de gênero na saúde da mulher, dando
mais ênfase às demandas de ordem biomédica do
que as de ordem psicossocial da usuária.
RELATO DE EXPERIÊNCIA DE ACADÊMICOS DE
ENFERMAGEM NUM CENTRO CIRÚRGICO
Marcos Vinicius de Oliveira / Oliveira, M. V. /
Universidade Federal de Goiás- Regional Catalão;
Michelly de Melo Alves / Alves, M. M. / Universidade Federal de Goiás- Regional Catalão; Ivania Vera
/ Vera, I. / Universidade Federal de Goiás- Regional
Catalão; Luiz Henrique Batista Monteiro / Monteiro, L. H. B. / Universidade Federal de Goiás- Regional Catalão; Jaqueline Rezende de Souza / Souza.
J. R. / Universidade Federal de Goiás- Regional Catalão; Ludimila de Almeida Rodrigues / Rodrigues,
L. A. / Universidade Federal de Goiás- Regional
Catalão; Carina Ala da Silva / Silva, C. A. / Universidade Federal de Goiás- Regional Catalão;
CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA: A unidade
de centro cirúrgico é considerada um dos setores
mais importante de uma unidade hospitalar, pois
engloba um conjunto de elementos que objetivam a
realização de procedimentos anestésicos- cirúrgicos
e á recuperação pós anestésica. Caracteriza-se pela
representatividade de um sistema sociotécnico estruturado, administrativo e psicossocial. Nesse contexto, o papel do enfermeiro exige-se conhecimento
e habilidades técnico cientifico e responsabilidade.
O processo de trabalho no Centro Cirúrgico (CC) visa
à assistência curativa e individualizada, portanto
faz-se necessário que a equipe de enfermagem esteja
apta para prestar cuidados específicos e individualizados aos pacientes submetidos aos mais diversos
procedimentos anestésico- cirúrgicos. Objetivou-se
com esse trabalho relatar a experiência de graduanSaúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 102
dos de enfermagem em um Centro Cirúrgico. DESCRIÇÃO: O estudo foi realizado no Centro Cirúrgico
de uma instituição de saúde de média complexidade,
pública situada na região central no Brasil, durante
o campo prático da disciplina de Processo de Cuidar
do Adulto e Idoso II. LIÇÕES APREENDIDAS: A experiência do cuidar nos proporcionou enriquecimento
intelectual e pessoal uma vez que aplicamos os saberes teóricos na prática. Durante o campo prático foi
perceptível a importância do trabalho da equipe de
enfermagem no setor. A presença dos profissionais
de enfermagem é pertinente para prestar a assistência ao cliente, para o desenvolvimento e organização
da demanda burocrática e para os esclarecimentos e
orientações antes e após o procedimento cirúrgico.
Observou-se ainda que o CC é um local que apresenta
elevado nível de estresse por parte dos profissionais,
em contrapartida explicita-se a delicadeza profissional e a responsabilidade biopsicossocial. Por fim, é
imprescindível a disponibilidade e especificidade
de uma equipe multiprofissional pautada principalmente na prevenção de riscos e complicações
decorrentes durante o procedimento cirúrgico e/
ou após o mesmo, de forma garantir a segurança
do paciente. RECOMENDAÇÕES: Oportunizamos
a efetividade da assistência ao paciente cirúrgico,
e as lacunas que regem tal cuidado. O processo de
enfermagem obrigatoriamente deve ser empregado
para viabilizar junto ao paciente melhora e evolução
do quadro.
RELATO DE EXPERIÊNCIA FRENTE À ASSISTÊNCIA
A VITIMA DE FERIMENTO POR ARMA BRANCA
Jaqueline Rezende de Souza / Souza, J. R. / Universidade Federal de Goiás- Regional Catalão; Ivania
Vera / Vera, I. / Universidade Federal de Goiás- Regional Catalão; Graciele Cristina Silva / Silva, G. C.
/ Universidade Federal de Goiás- Regional Catalão;
Luiz Henrique Batista Monteiro / Monteiro, L.
H. B. / Universidade Federal de Goiás- Regional
Catalão;
CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA: A violência
configura-se um grave problema de saúde pública,
tanto em nível nacional como mundial. Nos dias de
hoje um dos principais problemas de saúde pública
em nosso país são as causas externas, seja por sua
relevância, seja pelos impasses que representam
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
para a sociedade e psicológicos para os indivíduos e
suas famílias. Objetivou-se com esse trabalho relatar
a experiência de acadêmicos de enfermagem a uma
vitima de ferimento por arma branca. DESCRIÇÃO:
O estudo foi realizado em uma instituição de saúde
de média complexidade, situada na região central
no Brasil, durante o campo prático da disciplina de
Processo de Cuidar do Adulto e Idoso II.Utilizou-se
ainda a Sistematização de Enfermagem, realizado
da seguinte forma: Coleta de Dados; diagnósticos
de enfermagem; planejamento de enfermagem; implementação e avaliação da assistência empregada.
Foi disponibilizado pela docente responsável um
instrumento de coleta elaborado pela mesma para
realizar a coleta de dados detalhada e executando
avaliação nutricional sob supervisão de uma nutricionista. LIÇÕES APRENDIDAS: A experiência do
cuidar nos proporcionou enriquecimento intelectual
e pessoal uma vez que aplicamos os saberes teóricos
na prática. Desta forma é necessária uma atenção
maior com os pacientes enquanto acadêmicos e
futuros profissionais. Durante o cenário de prática
foi perceptível à importância de um cuidado integralizado sem interrupções, pois houve uma melhora
significativa no quadro do paciente desenvolvendo
um papel primordial de construção de uma relação
profissional/paciente. É importante destacar que o
enfermeiro tem um papel primordial na ação de prevenção e cuidados para com o paciente, tratando-o
como um ser igual a ele, que precisa de um cuidado
especial e efetivo, não esquecendo jamais da ética
profissional resguardando os direitos e confidencialidades do paciente e estabelecer uma boa relação
com a família do mesmo. RECOMENDAÇÕES: Ter
a oportunidade de estar inserido na referida instituição de saúde, predispõe um melhor contato com
a futura profissão, bem como prestar um serviço
social para a comunidade. As atividades práticas
fornecem ao aluno subsídios para a reflexão, criticidade e sistematização sobre o contexto de saúde-doença dos clientes assistidos, favorecendo assim
a assistência integralizada e assegurando ao cliente
ações intervencionistas em nível biopsicossocial.
SAÚDE DO HOMEM: PERFIL DOS USUÁRIOS ATENDIDOS EM UMA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
Bruna Silva Fiori / Fiori,B.S. / Universidade do
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 103
Oeste Paulista (UNOESTE); Daianne Ruzzon de
Souza / Souza,D.R. / Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE); Marina Lopes Ribeiro / Ribeiro,
M.L / Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE);
As Estratégias de Saúde da Família (ESF) priorizam
ações de promoção e prevenção à saúde, principalmente para mulheres, crianças e idosos. Sendo
assim, foi criado a Política Nacional de Atenção
Integral à Saúde do Homem (PNAISH), com objetivo
de garantir equidade, igualdade de gênero, reduzir
a morbimortalidade e facilitar o acesso desta população. Porém, características socioculturais e
institucionais resultam em barreiras e baixa adesão
aos serviços. O objetivo deste trabalho é Identificar
o perfil de saúde dos homens atendidos em uma ESF
do interior paulista, verificando as principais enfermidades relatadas e as dificuldades na participação
de atividades realizadas na ESF. A pesquisa possui
caráter descritivo, transversal, com abordagem
quantitativa. A amostra foi composta por 60 homens
participantes de grupos de uma ESF do interior
paulista. Estes responderam questões de roteiros,
o primeiro com informações pessoais e de saúde,
elaborado pela ESF. E o segundo, identificando os
motivos que dificultam a participação dos homens
nas atividades da unidade. Ambos foram aplicados
por acadêmicos de medicina previamente treinados.
Os dados coletados foram analisados por meio de
estatística descritiva. Os entrevistados assinaram o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da instituição
(Protocolo nº 2086, de 2014). Observa-se heterogeneidade na idade dos participantes, variando de 36
a 82 anos, sendo 52% idosos. Em relação ao estado
civil, 61% são casados. Sobre as comorbidades, 49%
dos homens relatam ser portadores de hipertensão
arterial, 20% afirmam ser diabéticos, e o mesmo
número também refere doença cardíaca. Sobre os
hábitos de vida, 34% dos deles referem consumo de
bebida alcoólica, 25% são tabagistas e 74% apresenta
exame preventivo de próstata. Considerando os motivos pelos quais não frequentam a ESF, observa-se
as seguintes respostas: procuram quando doentes
(26,6%); não sentem necessidade (23,3%); horário
de trabalho (18,3%); frequentam grupos (11,6%) e
outros motivos (11,6%). Para alcançar os objetivos
da PNAISH as atividades das ESFs necessitam de
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
horários adequados, avaliação do estado de saúde e
vínculo, pois 71,6% dos entrevistados não participam
da ESF por motivos como: procura apenas quando
doentes, ausência de necessidade e o trabalho.
Consagrando-se estes, motivos imperantes para os
homens ignorarem práticas preventivas de saúde e
buscarem apenas ações resolutivas.
SEGURANÇA DO PACIENTE: INOVAÇÃO DA TEORIA À PRÁTICA
Alessandra Pereto Cabral / Cabral, A. P. / FALC;
Frederico Golçaves dos Santos / Santos, F. G /
FALC; Lourdes de Albuquerque / Albuquerque, L, /
FALC; Ana Lucia Batista Aranha / Aranha, A. L. B.
/ FALC; Danielle Freitas Alvin de Castro / Castro,
D. F. A. / FALC; Joao Pereira Neto / Pereira, J. N /
FALC;
INTRODUÇÃO: A segurança do paciente é o primeiro
domínio em qualidade de assistência a ser prestada,
impossibilitando de ter qualidade na assistência
sem a segurança, uma vez que se torna inútil o esforço de humanização se não incluir a redução do risco
na administração de medicamentos, na redução de
infecção hospitalar e nos erros de medicamentos.
Logo a responsabilidade da equipe de enfermagem
aumenta, tendo em vista que, com isso, o tempo
de internação do paciente aumenta, devendo ter
maiores cuidados diários, medicamentos a serem
administrados e cuidados a serem prestados. O erro
de medicamento é um importante instrumento na
assistência à segurança do paciente comumente
visto como evitável no momento da administração
medicamentosa, possibilitando a ocorrência de
danos ao paciente, ocasionando maior tempo de
recuperação com agravo no quadro ou causando
transtornos irreversíveis, acarretando outra doença. OBJETIVO: Identificar os fatores que levam
a equipe de enfermagem a cometer erros na administração medicamentosa. METODOLOGIA: Estudo
de revisão sistemática nas bases de dados Lilacs e
Scielo; as bases eletrônicas foram acessadas pela
Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Os critérios de
inclusão foram trabalhos escritos na integra em
Língua Portuguesa, entre 2004 a 2014, relacionados
à segurança do paciente e administração de medicamentos. Os critérios de exclusão utilizados foram
estudos anteriores a 2004, que não fossem em língua
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 104
citada publicações indisponíveis na integras e Grey
Literatures. RESULTADOS: foram encontrados um
total de sete artigos publicados entre 2009 e 2014,
dos quais foram selecionados cinco artigos voltados
à segurança do paciente e relacionados ao erros de
medicação, mostrando um aumento na percepção
errônea da maior parte da equipe de enfermagem sobre a relação entre a administração de medicamento
e a ocorrência de danos ao paciente. CONCLUSÂO:
Após analise dos artigos conclui-se muitos artigos
relacionados à segurança do paciente, porém ainda
há falhas. A melhoria da segurança e a qualidade
da assistência à saúde vêm recebendo atenção especial sendo muito discutido atualmente visando à
melhoria e aos benefícios relacionados à qualidade
da assistência prestada com menor custo e menos
transtorno ao cliente. Palavras chaves: Segurança
do Paciente; Erros de Medicação.
SIGNIFICADO DA DOR CRÔNICA PARA USUÁRIOS
DE UM SERVIÇO DE SAÚDE EM SANTOS, SÃO
PAULO
Tatiane Barbosa / Barbosa, T. / UNISANTOS; Denise Martin / Martin, D. / UNISANTOS;
A dor é considerada uma experiência subjetiva
com aspectos multidimensionais não permanecendo restrita apenas a fatores biológicos. Cada
pessoa confere significado à dor de acordo com a
sua cultura, estabelecendo sanções individuais e
sociais quanto à tolerância e reações frente à dor,
motivado por padrões do que é socialmente aceito.
O objetivo deste estudo foi analisar o significado da
dor para pacientes diagnosticados com dor crônica
em um Ambulatório de Especialidades Médicas do
município de Santos. Foi realizada uma pesquisa
qualitativa fundamentada na Antropologia. As
técnicas utilizadas na pesquisa foram: observação
etnográfica e entrevistas em profundidade. Os
resultados apresentados indicam a importância
de uma assistência que contemple o olhar integral
aos pacientes. Observa-se que a relação entre os
usuários e os serviços de saúde necessita de uma
maior aproximação no que diz respeito ao conhecimento das especificidades inerentes ao manejo da
dor crônica e o respeito às limitações manifestadas
pelos pacientes. A incapacidade causada pela dor
crônica compromete a vida do paciente em diversos
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
cenários, refletindo em seu orçamento familiar,
convívio social, atividades cotidianas e bem estar
emocional e psicológico, entre outras dimensões. A
interação entre fatores sociais, culturais e biológicos
na expressão e sentimento da dor revela que a sua
experiência está profundamente ligada à história
de vida e sofrimento dos sujeitos, influenciando no
seu desencadeamento e controle. O grupo estudado,
em sua totalidade, refere que o convívio entre eles
na realização dos encontros na unidade de saúde
serve como base para o seu enfrentamento da dor.
Os pacientes obtêm subsídios para lidar com a dor
por meio da troca de experiências e apoio mútuo,
partilhando seu significado e expondo entre si
técnicas e estratégias para alívio da dor que vão
além da medicina tradicional e não se limitam ao
tratamento prescrito ambulatorialmente. O itinerário terapêutico percorrido na busca pelo alívio da
dor contempla terapias alternativas, hábitos, ações
e comportamentos que se mostram eficientes para
outros participantes de acordo com as experiências
compartilhadas pelo grupo.
TENDA INTINERANTE DA SAUDE PUBLICA
Normalene Sena de Oliveira / OLIVEIRA,N.S /
UFG - REGIONAL CATALÃO; Jacqueline Rodrigues
de Lima / LIMA,J.R / UFG - GOIANIA; Claudio
José Bertazzo / BERTAZZO,C.J / UFG - REGIONAL
CATALÃO; Kamylla Guedes de Sena / SENA,K.G. /
UFG - REGIONAL CATALÃO;
Caracterização do problema: A Saúde Publica tem
a missão de identificar as condições de saúde da
comunidade, seus determinantes sociais e buscar
alternativas de intervenção a partir das necessidades da coletividade. Esta por sua vez busca a participação efetiva da população associada a uma analise
das condições de saúde, modo de vida, crenças e
valores e a concep-ção do conceito de saúde como
direito do cidadão e dever do estado. Descrição da
experiên-cia: Elaboramos esta atividade de extensão
para ser executada na comunidade acadêmica UFG,
populações pertencentes às unidades de Saúde do
Município e em dois distritos do su-deste goiano e
um assentamento do INCRA. Os problemas identificados foram: hipertensão, diabetes, drogas, gravidez
na adolescência, dependência política, econômica e
social, déficit no auto cuidado, intoxicação por uso
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 105
de agrotóxicos em lavouras e desconhecimento a
cerca da necessidade do uso de equipamentos de proteção individual, picadas de barbeiro e animais peçonhentos e outros. Lições aprendidas: Trabalhamos a
Tenda da Saúde Itinerante nas dife-rentes realidades
com a montagem da mesma e nela apresentávamos
por meio de exposições e discussões dos temas em
rodas de conversas, folders, maquetes, desenhos
e data show a: Li-nha do tempo da Saúde Pública;
Pacto pela saúde; Pacto pelo SUS,Pacto de Gestão do
SUS; Determinantes sociais em Saúde;Conselhos de
saúde;Controle social no SUS e direitos dos Usuários
do SUS e Modelos de atenção a Saúde, prevenção
de picadas por animais peçonhen-tos,orientações a
cerca da doença de chagas e como fazer a captura do
barbeiro e uso de equi-pamentos de proteção individual para o trabalho no campo. Esta atividade possibilitou aos acadêmicos de Enfermagem a inserção na
realidade e a oferecer respostas efetivas a partir das
necessidades dos usuários do SUS. Recomendações:
É importante a abertura criativa e parce-ria junto as
Unidades Básicas de Saúde e a Estratégia de Saúde
da Família para identificar a necessidade de cada
realidade e intervir concretamente desde a formação
inicial dos futuros profissionais de saúde na para a
Defesa do SUS e sua efetivação.
TRÊS OLHARES EM TRÊS TEMPOS SOBRE O CUIDADO EM SAÚDE INDÍGENA NO XINGU
Lavinia Santos de Souza Oliveira / Oliveira, LSS
/ UNIFESP; Karine Cardoso / Cardoso, K. / UNIFESP; Maria Lins / Lins, M / UNIFESP;
Olhar 1: Há 30 anos, visitei o Parque do Xingu,
como jornalista convidada a participar do Kuarup
na aldeia Yawalapiti. Pela primeira vez na história,
brancos acompanharam a cerimônia indígena.
Marcos Terena disse: “Agora, os índios convidam.
Antes era uma invasão”. A comitiva integrada por
representantes da Nova República deveria respeitar
as regras de convívio com os indígenas. Não oferecer dinheiro era uma delas. Foi quebrada por um
ministro. O Kuarup foi prestigiado por nove etnias
locais e pelo sertanista Orlando Villas Bôas. A esperança era que a festa marcasse um novo tempo de
demarcações, menos conflito e morte de indígenas.
Trinta anos depois isso não aconteceu e a tutela
continua. Mas meu olhar sobre o indígenas mudou
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
para sempre. Reflito sobre como a aproximação
entre índios e profissionais de saúde precisa estar
conectada com a realidade social. Olhar 2: Há 17
anos, fui pela primeira vez ao Xingu. Chegamos em
uma aeronave ao Posto Pavuru onde estava um grupo
de 20 agentes indígenas de saúde. Eram iniciantes
de uma formação profissional integrada ao trabalho
e inédita no país: o curso de auxiliar de enfermagem indígena, criado pela UNIFESP em 1998. Fui
bombardeada por perguntas: O que faz um auxiliar
de enfermagem branco, como se obtém a carteira
do COREN, o que é um estágio no hospital, precisa
fazer muitas provas e como é ser enfermeira de verdade. Essa última questão ainda me acompanha em
muitos momentos. A saúde vigente, mercantilizada
e tecnicista e oposta ao pensamento holístico indígena torna a prática difícil e conflituosa. Olhar 3:
Em maio de 2014, como graduanda de Enfermagem
pela Unifesp, tive a oportunidade conhecer o Xingu
participando de uma Campanha de Imunização. A
enfermeira responsável explicava para a população
indígena a importância da imunização contra os
vírus influenza e HPV, foco da campanha. Depois
se discutiam dúvidas sobre a vacina ou doenças. A
aceitação dessa atividade nas aldeias foi bastante
positiva, os indígenas participaram, receptivos com
a equipe. Durante o trabalho um médico realizava
atendimentos assistenciais. Percebi a importância
que a atenção primária tem nas comunidades. Tive
a oportunidade de estabelecer vínculo com as pessoas e conhecer a vida delas. Recomendações: Em
diferentes tempos e contextos, a prática profissional
em saúde indígena é desafiada pela necessidade do
diálogo intercultural, adequação das tecnologias e
preparo permanente do profissional para singularidades no cuidado.
VIVENCIAR A DOENÇA: UM ESTUDO COM PORTADORES DE DOENÇA RENAL CRÔNICA
Karen Susanne e Souza / Souza, K.S. / Faculdade
de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual
“Júlio de Mesquita Filho; Margareth Aparecida
Santini de Almeida / Almeida, M.A.S. / Faculdade
de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual
“Júlio de Mesquita Filho;
As doenças crônicas, não transmissíveis são problemas de saúde pública de âmbito mundial. Dentre
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 106
estas, encontra-se a doença renal crônica (DRC), que
acarreta prejuízos físicos, psicológicos e sociais
ao portador. O tratamento para DRC é dividido em
tratamento conservador e terapia renal substitutiva (TRS). O diagnóstico de uma doença crônica
pode provocar diversas mudanças no cotidiano do
individuo, sendo muitas vezes acompanhado de
desorganização psicológica e reações emocionais
variadas. Assim, considera-se relevante conhecer e
abordar o paciente, sua percepção e conhecimento
sobre sua doença. Este estudo objetivou identificar
a percepção do paciente com doença renal crônica
(estágios 3 e 4) e sua vivência a respeito da mesma.
Trata-se de pesquisa qualitativa, de cunho descritivo,
com os pacientes portadores de DRC, atendidos no
Ambulatório de Nefrologia do Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP.
Foram realizadas entrevistas semiestruturadas,
onde a quantidade de pessoas a serem entrevistadas foi determinado pelo ponto de saturação. No
total participaram 14 pessoas, sendo 7 mulheres e 7
homens, com idade médica de 59,9 anos. A maioria
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
residia com seu cônjuge, apresentava renda familiar
de até dois salários mínimos e havia cursado até o
ensino fundamental completo. Apesar da maioria já
apresentar uma doença crônica (diabetes mellitus
e ou hipertensão arterial sistêmica), a preocupação
mais intensa com o tratamento e a adesão às recomendações médicas ocorreram efetivamente após
o diagnóstico da DRC que se deu, em média, há 6,2
anos. Os entrevistados apresentaram diferentes
sentimentos e vivencias relacionados a doença. A
DRC ocasiona inicialmente um misto de sentimentos como revolta, tristeza, e medo, que em alguns se
transforma posteriormente em uma postura mais
positiva para o enfrentamento. As principais mudanças relatadas dizem respeito à própria relação
familiar em torno do adoecido, além das restrições
alimentares e limitação física. Observou-se assim
que vivenciar a DRC significa enfrentar mudanças
físicas, psicológicas e sociais, demandando uma
grande adaptação do paciente e de sua família e um
olhar dos serviços de saúde para além da doença
diagnosticada.
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 107
Direitos Humanos e Saúde
A POPULAÇÃO LGBTTT E O ACESSO À SAÚDE: reduzir as consequências causadas pelo estigma
e a discriminação. Conclusão: O atendimento de
REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA
Hosana Maria do Nascimento / NASCIMENTO,
H.M. / UNISANTOS;
Introdução: A primeira complicação constatada na
saúde dos LGBTTT, está relacionada à negligência
ao direito à saúde. O acolhimento dessa população
na Atenção Básica aborda um processo onde estarão envolvidas ações humanas passíveis de gerar
conflitos. A Lei n°10.948 de 5 de novembro de 2001
e a Portaria nº 675/GM de 30 de março de 2006 institui que é direito do indivíduo ter um atendimento
profissional na rede de serviços de saúde de modo
humanizado e sem discriminação de qualquer origem. E deve ser identificado pelo nome social, sem
haver desrespeito ou preconceito. Objetivo: analisar
as causas da não procura por assistência à saúde
pelos LGBTTT. Metodologia: revisão sistemática
por meio da combinação dos descritores homossexualidade, saúde, transexualidade, discriminação,
estigma. Critérios de inclusão: artigos nacionais e
internacionais de língua portuguesa, espanhola com
abordagem quantitativa dos 10 últimos anos (2000
a 2014). Resultados: No Brasil, os LGBTTT quando
procuram um serviço de saúde encontram-se, muitas
vezes, em circunstâncias de extrema vulnerabilidade. A discriminação por identidade de gênero reflete
na determinação social da saúde nos processos de
sofrimento e adoecimento decorrentes do preconceito e do estigma social. Uma das estratégias de
promoção de saúde utilizada é o atendimento humanizado, livre de preconceito e discriminação e o uso
do nome social. O profissional de saúde ao renunciar
escrever ou falar o nome social do paciente na ficha
de cadastramento e pronunciá-lo como foi solicitado,
expõe o/a paciente à uma situação depreciativa, infringindo os direitos de cidadania dessa pessoa. Os
preconceitos demonstrados pelos profissionais da
saúde em seus atendimentos alicerçam a discriminação contra os LGBTTT, finalizando na complicação
do acesso aos serviços dessa população. Portanto, é
conveniente um trabalho em conjunto entre profissionais de saúde e o Estado que tem como objetivo
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
saúde aos LGBTTT não pode ser delimitado somente ao processo saúde- doença, pois deve-se ser uma
assistência integral. Para que aja uma modificação
no atendimento de saúde aos LGBTTT é necessário
que se realize uma alteração no atendimento dos
profissionais de saúde, eliminando a influência que
possuem de forma abstrata do padrão heterossexual.
A REALIZAÇÃO DO DIREITO HUMANO À ALIMENTAÇÃO ADEQUADA NO CONTEXTO DA ATENÇÃO
PRIMÁRIA: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE
Lúcia Dias da Silva Guerra / Guerra, L.D.S. / FSP-USP; Ana Maria Cervato-Mancuso / Cervato-Mancuso, A.M. / FSP-USP;
Introdução – No Brasil, o direito humano à alimentação é reconhecido como um direito social
assegurado na Constituição, conjuntamente com
a saúde, a educação, a moradia, o trabalho, o lazer,
a assistência aos desamparados, dentre outros. O
direito à alimentação adequada permea as políticas
e ações de saúde e alimentação. No entanto, existe
um grande desafio para a sua promoção e realização
no contexto das ações de Atenção Primária à Saúde
(APS). Objetivo: Analisar as representações sociais
dos profissionais de saúde a acerca da realização do
direito humano à alimentação adequada no contexto
da atenção primária. Método: Estudo qualitativo,
com base na teoria das representações sociais, desenvolvido entre maio de 2013 a julho de 2014, em 24
unidades básicas de saúde (UBS) das cinco regiões
da megacidade de São Paulo-SP, com 26 profissionais de saúde, exceto nutricionistas. Os dados foram
obtidos por meio de entrevista semiestruturada e
analisados através da análise de conteúdo. Resultados: Entre os participantes da pesquisa estavam
enfermeiros, médicos, fonoaudiólogos, assistente
social, educador físico, educador em saúde pública,
fisioterapeuta, contador, terapeuta ocupacional, auxiliar de enfermagem, agente comunitário de saúde
e agente de promoção ambiental. Dentre os entreSaúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 108
vistados, 69,2% (18) tinham formação pós-graduada
em saúde pública. Os profissionais abordam que ‘o
ambiente alimentar’ (feiras e mercados) são espaços
fundamentais para o acesso e a disponibilidade de
alimentos no território. O ‘conhecimento da realidade e do cotidiano da população’ são essenciais para
a realização de estratégias de intervenção, como a
educação alimentar e nutricional. Há consenso em
torno da necessidade do estabelecimento de ‘parcerias com outros setores’ e da existência de interlocutores importantes à serem considerados para a
realização de uma alimentação adequada, como os
pais e a mídia, ambos são vistos pelos profissionais
como ‘formadores de hábitos e práticas alimentares’.
Além disso, destacam o ‘papel do Estado’ enquanto
promotor de políticas públicas e agente da exigibilidade da alimentação adequada, como um direito.
Conclusão: Acredita-se que o conhecimento acerca
do fenômeno estudado possibilite a problematização da alimentação adequada, como um direito,
no contexto da Atenção Primária à Saúde e elucide
estratégias de intervenção junto à população e às
equipes de saúde.
ADESÃO DO HOMEM AOS SERVIÇOS DE SAÚDE
Rosana Tupinambá Viana Frazili / Frazili, R.T.V.
/ FATEA; Andréa Sader Rusilas / Rusilas, A.S. /
Secretaria Municipal de Saúde de Lorena, SP;
Elaine Cristina Maciel Marques / Marques, E.C.M.
/ FATEA; Elizabete Lourenço dos Reis / Reis, E.L.
/ FATEA; Carolina Viana Frazili / Frazili, C.V. /
UNIFESO;
A adesão do homem brasileiro ao seu direito social
à saúde é um dos desafios da Política Nacional
de Atenção Integral à Saúde do Homem. Cada dia
mais é crescente o número de pesquisas voltadas
ao questionamento sobre os motivos que levam
os homens há não buscarem assistência à saúde
mesmo havendo uma predominância de que os homens são mais vulneráveis às doenças, sobretudo
às enfermidades graves e crônicas, adoecendo ao
longo prazo, em decorrência de fatores como pressões no trabalho e uso de drogas (álcool e cigarro)
e morrendo mais precocemente que as mulheres.
Objetivo: Conhecer os principais causas da não adesão da população masculina aos serviços de saúde
na rede básica de saúde como as Unidades Básicas
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
de Saúde e as Estratégias da Saúde da Família e sua
substituição por locais de prontos atendimentos e
serviços informais como as farmácias. Metodologia:
Trata-se de uma pesquisa descritiva exploratória de
abordagem quanti-qualitativa. O estudo foi desenvolvido, após a autorização do CEP, em 20 homens
que buscaram atendimento em um serviço de pronto
atendimento municipal de uma cidade do Vale do
Paraíba, SP. Para a coleta de dados foi aplicado um
instrumento de entrevista com questões fechadas
e uma questão aberta. Os dados foram analisados
estatisticamente e na questão aberta foi utilizada
a técnica de análise de conteúdo de Bardim. Resultados: São vários os motivos que levam os homens a
não procurarem assistência médica, como feminilização dos serviços de saúde, causando nos homens
uma sensação de não fazerem parte daquele local,
gerando sentimento de vergonha; a falta de tempo,
decorrente da demora na assistência e do horário das
UBS não se adequar a sua realidade, pois para ser
atendido o mesmo necessita faltar ao serviço. Outra
questão identificada foi a ausência de programas de
atendimento voltado exclusivamente aos homens
beneficiando-os de forma mais direta e incutindo no
mesmo a importância e necessidade de se cuidar de
sua saúde. Conclusão: A compreensão das barreiras
sócio-culturais e institucionais é importante para
a proposição estratégica de medidas que venham
a promover o acesso dos homens aos serviços de
atenção primária, que deve ser a porta de entrada ao
sistema de saúde, a fim de resguardar a prevenção e
a promoção como eixos necessários e fundamentais
de intervenção.
LEVANTAMENTO DOS PSICÓLOGOS QUE ATUAM
NAS POLITICAS PÚBLICAS DE SAÚDE NO ESTADO
DE SÃO PAULO
Edson Ferreira / DIAS, Edson / Conselho Regional
de Psicologia do Estado de São Paulo;
Introdução O centro de Referencias técnicas em
Psicologia e Politicas Públicas – CREPOP tem como
objetivo a formulação de referências para atuação
profissional no campo das politicas públicas. Estrutura se em Rede, com uma instância com coordenação Nacional. O Conselho Regional de Psicologia de
Psicologia do Estado de São Paulo visando colaborar
com as politicas públicas de Saúde e a prestação de
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 109
serviços dos Psicólogos em todo Estado, realiza o
mapeamento destes e dos serviços analisando as
demandas que existem, e não são atendidas pelo
poder público. Objetivos Ampliar a atuação do psicólogo na esfera pública, colaborando para a expansão da Psicologia na Sociedade e para a promoção
dos Direitos Humanos, buscando sistematizar e
difundir o conhecimento e praticas psicológicas
nas politicas públicas, oferecendo referencias para
atuação. Método Para produzir conhecimento sobre
a presença de psicólogos nas politicas públicas de
Saúde foram utilizados os seguintes recursos: • Dados cadastrais do Conselho Regional de Psicologia
de São Paulo – CRPSP • Dados do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística • Dados do O Cadastro
Nacional de Estabelecimentos de Saúde – CNES •
Cruzamento dos dados levantados • Georeferencimaneto dos psicólogos por municípios Resultados
Os resultados são sistematizados e apresentados de
forma georeferenciadas, com dados referentes às
Divisões regionais de Saúde, as subsedes do CRP-SP
e os municípios de São Paulo, levando em consideração a proporção de psicólogos por quantidade de
habitantes e as divisões que existem por território.
Conclusão Analisando os resultados da presença de
psicólogos nos serviços de Saúde do estado de São
Paulo, o Conselho Regional de Psicologia buscar
fortalecer a politicas públicas de saúde, bem como
oferta serviços de qualidade a grande demanda
vinda da população por atendimento psicológico. Os
mapas e a distribuição tem também a finalidade de
diminuir as discrepâncias com municípios menores
que por contas dos entraves políticos e burocráticos
não conseguem financiamento para a instalação de
serviços especializados no atendimento psicológico
para sua população.
LUZ SOBRE A HISTÓRIA DO ATENDIMENTO AO
ADOLESCENTE AUTOR DE ATOS INFRACIONAIS:
A TRANSIÇÃO DA FEBEM PARA FUNDAÇÃO CASA
Rafael Garcia Campos / CAMPOS, R.G. / Faculdade de Medicina, UNESP - Campus de Botucatu/
SP.; Bruna Portela Andrade Cardoso / CARDOSO,
B.P.A. / Faculdade de Medicina, UNESP - Campus
de Botucatu/SP.; Alfredo Pereira Júnior / JUNIOR,
A.P. / Instituto de Biociências, UNESP - Campus de
Botucatu/SP.;
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Caracterização do Problema O atendimento à criança e ao adolescente no Brasil passado por diversas
transformações. Em 13 de julho de 1990, criou-se
um instrumento jurídico, o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), cuja principal meta é garantir o
bem estar das crianças e adolescentes, e desenvolver
políticas públicas voltadas para promoção e manutenção dos direitos essenciais desses brasileiros.
Descrição Com a implantação do ECA, foi criada a
Fundação Casa, por meio da Lei Estadual 12.469/06,
aprovada pela Assembleia Legislativa de São Paulo
em dezembro de 2006. Não se tratou apenas de uma
nova logomarca, mas de uma grande reformulação
nas medidas socioeducativas, com a descentralização do atendimento ao adolescente e impacto
no corpo funcional. A Fundação Casa empreendeu
reformas no conceito pedagógico, qualificando seu
quadro funcional e estabelecendo o Plano Individual de Atendimento (PIA), em todos os centros. A
família passou a ser atendida e mais acompanhada,
sendo considerada peça fundamental no processo de
ressocialização dos adolescentes infratores. Lições
aprendidas No primeiro momento, a transição da
FEBEM para Fundação Casa contribuiu para evitar
uma exposição negativa da instituição da mídia,
onde eram noticiadas inúmeras formas de violências relacionadas aos adolescentes, abrindo-se a
possibilidade de que a instituição fosse redesenhada
rumo a uma nova história. Na sequência, vieram
outras significativas mudanças que vão para além
da nomenclatura e mudanças documentais. Cada
adolescente que chega à Fundação Casa é recepcionado pela equipe multiprofissional (setor psicossocial, pedagógico, saúde e segurança), sendo traçado
um diagnóstico polidimensional e o PIA, no qual
o adolescente, sua família e equipe de referência
pactuarão metas a serem trabalhadas durante sua
permanência na instituição, de acordo com as necessidades por ele apresentadas. Recomendações As
metas propostas no PIA devem ser difundidas pelo
próprio adolescente em consonância com a equipe
multiprofissional, ao invés do estabelecimento de
metas exclusivamente pela equipe multiprofissional, sem a participação e o envolvimento do adolescente, que deve ser considerado o protagonista da
sua história. Precisamos contar com uma equipe
multiprofissional bem qualificada para orientar e
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 110
acompanhar as metas desses adolescentes durante
sua permanência, da melhor forma possível, e estabelecer objetivos e metas que orientem e envolvam
a todos nas decisões a serem tomadas.
O ACESSO A INFORMAÇÕES CIENTÍFICAS E AS
POSSIBILIDADES DA MULHER PROTAGONIZAR
SEU PARTO
Juliana dos Santos Corbett / Corbett, J. S. / Unicamp; Laura Lamas Martins Gonçalves / Gonçalves, L.L.M. / Unicamp;
O Acesso a Informações Científicas e as Possibilidades da Mulher Protagonizar seu Parto Introdução:
O ato de nascer é repleto de símbolos, mitos e tabus
relacionados com a sexualidade humana e também
produzidos pelo olhar histórico sobre o corpo da
mulher. Em vários lugares do mundo o parto é vivido
e entendido como algo natural, que não necessita
de muita intervenção. No Brasil, entretanto, fomos
construindo um modo de nascer altamente medicalizado. Mulheres estão vivendo situações difíceis em
relação ao desfecho de seu parto, os sentimentos,
significados, a própria experiência da mulher e sua
satisfação nesse processo de gestar e parir tem sido
mitigado e por isso a atenção ao parto e nascimento
tem sofrido crescentes críticas nas últimas décadas.
Objetivo: Compreender em que medida a obtenção
de informações cientificas que apoiam práticas
baseadas em evidencias sobre o parto e nascimento
favorecem a experiência do protagonismo de mulheres. Método: Essa pesquisa caracteriza-se como um
estudo qualitativo, de caráter exploratório e descritivo. Foram aplicadas entrevistas semiestruturadas
com mulheres no pós-parto, participantes de grupos
de apoio a gestantes. A amostra será definida por
saturação. Serão construídas narrativas, por ser
uma forma de descrever experiências vividas das
entrevistadas. Por se encontrar em andamento,
utilizou-se dados parciais do estudo apresentado
por ora. Resultados: Como resultados preliminares,
as mulheres entrevistadas sentem-se mais protagonistas quando tem possibilidades de escolher a
melhor forma de parir e do nascer de seus filhos.
Relatam a participação nos grupos de apoio como
fundamental para a construção de suas escolhas,
bem como no fortalecimento da relação do casal,
ou com familiares, evidenciado na percepção de
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
maior empoderamento e menos suscetíveis a intervenções desnecessárias para o evento do parto.
Conclusões: As conclusões iniciais apontam que a
participação em grupos de apoio revelou-se um canal
importante para obtenção de informações cientificas que apoiam práticas baseadas em evidencias
sobre o parto e nascimento. Isso contribuiu para o
protagonismo não só da mulher, mas dos familiares
envolvidos no parto. Mulheres mais protagonistas
sentem-se mais capazes de garantir seus direitos e
questionar o saber médico, e de exigir menos intervenções desnecessárias e melhores condições para
o parir e o nascer.
O CONTEXTO DO VOLUNTARIADO ORGÂNICO
DA SAÚDE E OS MOVIMENTOS SOCIAIS: REDESENHANDO HORIZONTES DE SENTIDO ENTRE OS
TEÓRICOS E O EXERCÍCIO DA CIDADANIA
Siomara Roberta de Siqueira / Siqueira SR /
INSTITUTO DE SAÚDE , SES/SP; Elma Lourdes
Campos Pavone Zoboli / Zoboli ELCP / Escola de
Enfermagem da Universidade de São Paulo;
Introdução: A atividade voluntária é uma das formas
de expressão viva do sentimento de solidariedade
humana traduzida em ação. Manifesta-se na doação de horas de vida em favor do próximo. Apesar
do voluntariado estar presente há décadas nas
unidades de saúde, ele é pouco conhecido quanto
às atividades desenvolvidas, tema de doutorado em
andamento. Objetivo: Sistematizar o voluntariado
dentro do sentido dos movimentos sociais. Metodologia: Meta-análise do voluntariado buscando
temas que emergem na literatura do voluntariado
com interface dos movimentos sociais. Introdução:
Voluntariado enquanto política de saúde Ferrarezzi
(2010), debate a relação sobre processos participativos e a emergência de novos padrões de relação entre
o Estado e a sociedade. A vida humana tem início e
se desenvolve em sua primeira fase dentro de um
espaço estritamente privado. Saindo dentro de si, o
homem estabelece as relações de família (e outras
de afeto e amizade). Seria o espaço público a relação
dos indivíduos com o Estado, com o poder político,
mediante o controle crítico, a deliberação pública e
a participação (Barroso, 2009). Resultados: Áreas
de interface entre o voluntariado e o ativismo social
Promovem a participação de pessoas em situações
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 111
diversas. Ambos refletem uma escolha pessoal de
se envolver na comunidade. Embora estas ações
possam ser realizadas por diversos motivos, desde
o altruísmo até o interesse próprio, o que une as
pessoas é o desejo comum de serem cidadãos ativos
– de doar e também tentar mudar as condições que
causam o sofrimento humano. Conclusão: Hudson
(1999) enumera três contribuições do voluntariado
para a sociedade: Representação: ação voluntária
nas circunstâncias atuais de maior importância social e política”. Inovação: os corpos do voluntariado
são uma fonte de inovação. Os governos enfrentam
questões muitas vezes formuladas e moldadas por
aqueles que não estão envolvidos diretamente com
o problema”. Finaliza, ponderando: Cidadania: a
eficiência dos corpos de voluntariado como proponentes de mudanças deve muito à sua natureza
informal”. Desde o início desse século, o Estado e a
iniciativa privada vêm demandando a expansão de
organizações voluntárias, na busca por soluções aos
problemas sociais gerados pelo capitalismo.
O CONTROLE DA TUBERCULOSE NOS PRESÍDIOS
NA REGIÃO (DRS VI) DE BAURU/SP: ATUAÇÃO
DAS EQUIPES DE SAÚDE
Walter Vitti Junior / Vitti Junior, W. / Unesp;
Luana Carandina / Carandina, L. / Unesp; Icaro
Caresia Lopes / Lopes, C.I. / Unesp;
Introdução A morbimortalidade da tuberculose entre
pessoas privadas de liberdade é mais elevada que
na população livre, esta situação é mais grave nos
países em desenvolvimento. Precárias condições de
vida no cárcere, associadas ao perfil da população,
contribuem para manter condições de transmissão
entre os presos e destes para a população livre e
facilitam o surgimento de formas resistentes à
medicação. Objetivos Analisar a implementação
das ações de controle da tuberculose nas Unidades
Prisionais pertencentes à Secretaria Estadual de
Administração Penitenciária/SP e localizadas na
área de abrangência do Departamento Regional de
Saúde de Bauru (DRS VI). Metodologia Trata-se de
um trabalho descritivo de avaliação das atividades
e ações dirigidas ao controle da tuberculose, desenvolvidas nas Unidades Prisionais pertencentes à
Secretaria de Administração Penitenciária de São
Paulo (SAP) localizadas na área de abrangência
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
do Departamento Regional de Saúde de Bauru
(DRS VI). Nesta pesquisa fez-se uma avaliação de
processo, que envolve estrutura e processo para encontrar justificativas entre o que se espera e o que
efetivamente é realizado nas Regiões de Saúde de
Bauru, Jaú, Lins, Polo Cuesta e Vale do Jurumirim,
formada por 68 municípios localizados no centro-oeste do Estado de São Paulo com uma população
que resenta 4% do total do Estado. Resultados As
UP diferem entre si em estrutura física, na atuação
para a reinserção social, na equipe de saúde, no perfil
sócio-demográfico dos detentos, na situação epidemiológica da TB em relação à inserção regional no
Sistema Único de Saúde. As ações e atividades para
o controle da TB são padronizadas, mas devem ser
conduzidas considerando as especificidades de cada
UP. Nas unidades de regime fechado, funcionários e
visitantes são os principais responsáveis pela cadeia
de transmissão da TB entre os presos e a população
em liberdade, nas unidades de regime semiaberto,
os próprios detentos representam o elo desta cadeia.
Nestas unidades há que se considerar este fato ao se
programar ações de controle. Conclusões De forma
geral, conclui-se que a maioria das medidas propostas vem sendo conduzidas pelas equipes de saúde
das U. P. e isto se deve, aos esforços empreendidos
pelos profissionais de enfermagem. Tem se investido
nas medidas relacionadas à busca ativa de casos
entre os presos e no tratamento supervisionado, a
solução de problemas estruturais permitiria maior
efetividade de ações programáticas.
O PAPEL DOS DETERMINANTES SOCIAIS NA SUPERAÇÃO DAS INIQUIDADES EM SAÚDE: CONTRIBUIÇÃO PARA SAÚDE PÚBLICA
Lilia Paula de Souza Santos / Santos, L. P. S. /
UEFS; Samilly Silva Miranda / Miranda, S. S. /
UEFS; Tânia Maria de Araújo / Araújo, T. M. /
UEFS; Fernanda de Oliveira Souza / Souza, F. O /
UEFS; Anna Paula Matos de Jesus / Jesus, A. P. M.
/ UEFS;
Introdução: Insere-se no contexto de saúde pública
as investigações sobre as desigualdades sociais e
iniquidades em saúde, como ferramentas com alto
poder explicativo dos fenômenos relacionados à
saúde, que contribuem para o avanço das investigações sobre as relações entre a saúde da população
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 112
e seus determinantes sociais, bem como para o
fortalecimento das estratégias em saúde pública
relacionadas ao Sistema Único de Saúde. Objetivo:
compreender como a literatura tem abordado os
determinantes sociais no entendimento do processo saúde/doença. Método: foi realizada pesquisa
sistemática de estudos publicados em periódicos
nos idiomas português, inglês e espanhol nas bases de dados online LILACS, SCOPUS e PUBMED,
no período de Dezembro de 2014 a Março de 2015.
Foram encontrados 1.436 artigos. Após a leitura do
conteúdo na íntegra foram selecionados 238 artigos.
Observou-se o interesse crescente ao longo doas
anos, sobre a temática, bem como a predominância
de estudos epidemiológicos para o fortalecimento
das ações em saúde pública. Resultados: A presente
investigação evidenciou a relevância dos determinantes sociais nas condições de saúde das populações. Os aspectos de saúde mais estudados foram
a morbimortalidade (18,5%), as doenças crônicas e
infectocontagiosas (13,4%), a saúde mental (10,9%)
e saúde bucal (9,7%). A valorização da abordagem
sobre os determinantes sociais pode ter influenciado
as políticas de saúde global ocorridas no período de
2000. O Brasil criou comissões responsáveis pelos
Determinantes Sociais de Saúde com o objetivo de
atuar na elaboração e execução de políticas e programas e na mobilização da sociedade civil para a
conscientização das iniquidades em saúde. Conclusão: Avaliar os Determinantes Sociais de Saúde é
fundamental para a criação de políticas e diretrizes
com vistas à melhoria das condições de saúde da
população, visto que a equidade em saúde apenas
poderá ser alcançada quando se compreender que
o processo saúde-doença é reflexo das condições
de vida. Ressalta-se a necessidade de países em
desenvolvimento como o Brasil e demais países
da América Latina, Ásia e África em realizar mais
pesquisas sobre estes assuntos, visto que são nestes
países que os efeitos dos determinantes sociais são
mais devastadores na saúde da população.
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM SAÚDE PRISIONAL
Maria Isabel Gondim Borges Moreira / Moreira,
M.I.G.B. / uftm; Grazielli Terassi / Terassi, G. /
UFTM; Edna Maria Alves Valim / Valim, E.M.A. /
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
UFTM; Ana Palmira Soares Santos / Santos, A.P.S.
/ UFTM; Cristiane Paulin Simon / Simon, C.P. /
UFTM;
Caracterização do Problema: Desde 2012, docentes
e discentes do Núcleo de Pesquisa e Extensão em
Saúde Prisional (NUPESP/UFTM/CNPq) têm desenvolvido ações junto às pessoas privadas de liberdade
(PPL) em parceria com os setores da saúde e educação da Penitenciária Professor Aluizio Inácio de
Oliveira (PPAIO), Uberaba (Minas Gerais). Uma das
principais dificuldades tem sido o acesso das PPL
aos serviços de saúde. Em levantamento realizado
em 2014 sobre as condições de saúde auto referidas
da PPL, foram identificados como principais problemas: hipertensão arterial, diabetes, tuberculose,
ansiedade, depressão, tabagismo, uso de drogas e
sintomas de DSTs. Descrição: Diante deste cenário,
propusemos a realização de um projeto de extensão
com o objetivo de elaborar o Plano de Ação para
enfrentamento dos problemas de saúde das PPL
através da metodologia do Planejamento Estratégico
Situacional (PES). Foram propostas seis oficinas de
forma a contemplar os passos para Planejamento
em Saúde segundo Cecílio (1997). O projeto está
em andamento desde maio de 2015, com término
previsto para julho. As oficinas ocorrem quinzenalmente com duração máxima de 1 hora e meia,
para garantir que todos os profissionais da equipe
de saúde daquele turno participem, além de 6 PPL
homens representando cada pavilhão masculino e
1 PPL do pavilhão feminino, de uma população de
1300. Participam também, os diretores ressocialização e atenção à saúde, segurança e representantes
dos agentes penitenciários, totalizando 18 pessoas.
As atividades são coordenadas por duas docentes,
e uma discente que atua como observadora. Até o
momento, foram realizados 4 encontros, nos quais
foram trabalhados a identificação dos problemas,
considerando o diagnóstico realizado e os atores em
cena, a sua priorização, e a explicação e definição
dos nós críticos e operações para enfrentamento do
primeiro problema priorizado - aumento dos casos
de tuberculose. Lições aprendidas: A metodologia
do PES tem potência para propiciar espaços de
reflexão-ação, permitindo relação horizontalizada
em contextos a princípio tidos como potencialmente
desfavoráveis pelas autoras. O espaço tem que ser
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 113
permanentemente negociado, e existe necessidade
de flexibilização de agendas. Recomendações: A participação de todos os atores, direta ou indiretamente
implicados com os problemas, é fundamental para
garantir que o plano de ação seja factível e viável no
contexto prisional.
REFUGIADOS SÍRIOS NO SUS DE SÃO BERNARDO
DO CAMPO
Nívea Cristina da Silva Prata / Prata, N.C.S / SMS
São Bernardo do Campo - SP; Tarcisio de Oliveira
Barros Braz / Braz, T.O.B. / Unifesp; Simone de
Oliveira Sierra / Sierra, S.O. / SMS São Bernardo
do Campo - SP; Eduardo Munhoz / Munhoz, E. /
SMS São Bernardo do Campo - SP; Luciana Patriota / Patriota, L. / SMS São Bernardo do Campo
- SP; Maria Fernanda da Nobrega / Nobrega, M.F.
/ SMS São Bernardo do Campo - SP; Paulo Muniz
/ Muniz, P. / SMS São Bernardo do Campo - SP;
Isabel Cristina Pagliarini Fuentes / Fuentes, I.C.P.
/ SMS São Bernardo do Campo - SP; Luis Fernando
Tofani / Tofani, L.F. / SMS São Bernardo do Campo
- SP; Odete Carmen Gialdi / Gialdi, O.C. / SMS São
Bernardo do Campo - SP;
Caracterização do problema: O Alto Comissariado
das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) aponta
que em outubro de 2014 existiam 7.289 refugiados
no Brasil. Quanto à nacionalidade, os sírios eram o
maior grupo com 1.075 em 2014, dos quais aproximadamente 200 viviam em São Bernardo do Campo
(SBC). Esse grande número de refugiados vivendo
em SBC é explicado, pois o município é sede da 2ª
maior mesquita Islâmica do Estado de São Paulo. O
acesso inicial deste grupo aos serviços do SUS demonstrou um conjunto de obstáculos, relacionados
à comunicação e as diferenças culturais, principalmente aquelas decorrentes da religião muçulmana.
Descrição: Para diminuir estes obstáculos e garantir
acesso universal, equânime e integral aos refugiados
sírios um conjunto de ações foi realizado: 1- Realizaram-se encontros com a participação destes serviços
e a Comunidade Síria com o objetivo de esclarecer
a respeito do funcionamento de alguns setores e
serviços de saúde, percorrendo temas sobre SUS e
como acessar e compreender o funcionamento da
rede de serviços de saúde na região. Os encontros
contaram com tradução simultânea do idioma ÁraAnais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
be/Português e vice versa através de muçulmano
da própria comunidade que facilitou a formulação
de questões e explicações sobre funcionamento dos
serviços da rede de saúde; 2 – Pactuação com a comunidade, que na medida do possível, garantissem
um acompanhante da comunidade para atuar como
intérprete entre os usuários sírios e os profissionais
de saúde; 3 - Pactuação de telefone de plantão para
as urgências/emergências com disponibilização de
tradutor da comunidade Árabe conforme necessidade. Lições apreendidas: Como resultados positivos,
conseguiu-se parceria através de contatos telefônicos de representantes da comunidade que podem
esclarecer dúvidas ou mesmo acompanhar os usuários aos serviços de saúde. Observou-se que hoje
muitas famílias chegam às UBS’s com seus filhos,
parentes ou vizinhos e vem aos poucos mudando e
aprimorando a comunicação, no sentido de garantir
as necessidades dos usuários, a compreensão das
diferenças culturais e religiosas, tanto para os refugiados como para os trabalhadores, melhorando
desta forma o vínculo e comunicação, buscando a
prestação de um serviço cada vez mais qualificado e inclusivo. Recomendações: A importância da
construção coletiva, que envolve todos os atores, e
permite a formulação de dispositivos que contribuam na redução dos obstáculos gerados pela língua,
cultura e religião diferentes.
RODA DE CONVERSA: O PROTAGONISMO DA
MULHER PARTURIENTE
Juliana dos Santos COrbett / Corbett, J. S. / Unicamp;
O presente trabalho tem como proposta discutir de
forma crítica como são as vivências e se existem
trabalhos em relação ao protagonismo da mulher
parturiente. Visando discutir possíveis fatores que
interferem sobre esse momento que é muito vulnerável e pouco vivido tanto no sistema de saúde
público como no privado. Para essa discussão há de
se considerar que vivemos em uma sociedade medico
centrada e num momento de medicalização do nascer. Durante minha formação e em meu caminhar
profissional, sempre procurei ampliar meus estudos
sobre protagonismo e participação social com os
vários públicos com que atuei. Em nossa história,
a participação sempre esteve ligada a algo ruim,
ilegal e que não devemos praticar o que contribuiu
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 114
para a manutenção do statu quo. A impossibilidade
de obter informações, logo o não posicionamento
ou não busca por direitos, também são percebidos
e muitas vezes vividos no processo de gestação e
na hora do parto. Essa proposta surgiu a partir de
minha prática profissional, e de minha experiência
pessoal, pois fiquei muito mobilizada pelo não
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
protagonismo que vivi em meu parto e percebi o
mesmo com as mulheres do grupo de pós - parto com
que trabalhava. Espera-se que a compreensão desse
fenômeno venha a contribuir para a efetivação dos
direitos e do protagonismo da mulher, propiciando
informação e abrindo possibilidades de que as atenções sejam mais humanas e naturais.
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 115
Envelhecimento e Saúde
A INFLUENCIA DA PRÁTICA DE CORRIDA NO CO- Gerontologia neste contexto. Conclusão: O tema
de pesquisa é de importância relevante para o coTIDIANO DE INDIVÍDUOS ADULTO-IDOSOS
Nathalia Franco / Franco, N. / UFSCar; Prof.
Dr. Wilson José Alves Pedro / Pedro, W.J.A /
UFSCar; Ms. Brunela Della Maggiori Orlandi /
Orlandi,Brunela,D.M. / UFSCar;
Introdução: Em consonância com o fenômeno do
Envelhecimento Populacional e alinhado às necessidades de melhoria e manutenção da saúde e qualidade de vida (OMS, 2005), o presente estudo propõe
explorar e analisar os hábitos de vida de indivíduos
adultos-idosos praticantes de corrida de rua, como
uma estratégia de promoção do Envelhecimento
Ativo, sob o intuito de prolongar a ideia sobre a
importância de envelhecer com saúde e autonomia.
Além disso, o estudo é baseado em evidências literárias e auto relato de cada participante envolvido.
A ideia de trabalhar relatos pessoais envolve a
questão da busca da própria identidade e estilo de
vida que se deseja levar. Partindo destes aportes,
as várias dimensões da vida e da saúde, precisam
ser investigadas. Objetivos Gerais: Verificar quais
as mudanças que na prática de corrida de rua pode
ocasionar na vida, saúde e cotidiano de indivíduos
adultos e idosos. Métodos: O projeto foi apreciado e
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFSCar.Serão realizadas entrevistas semi-estruturadas
com perguntas abertas com indivíduos em idade
acima de 45 anos, visando o obtenção de relatos orais
e narrativas para a adesão da prática e construção
da identidade do sujeito; complementadas por instrumentos de avaliação gerontológica (WOQOL-Bref,
WOQOL- Old,GDS(Escala de Depressão Geriátrica) e
um instrumento de auto-avaliação da saúde. Resultados Preliminares: Espera-se que a corrida ofereça
benefícios à saúde física e psicológica do individuo,
e colabora para o processo de envelhecimento ativo
e saudável.Compreender os benefícios da corrida
à saúde física e psicossocial dos praticantes e
discutir os resultados no contexto da promoção do
envelhecimento ativo e saudável, colaborando também, com a produção de conhecimento destinada a
esse aspecto.Propor intervenções do Bacharel em
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
nhecimento e o fato de envolver relatos pessoais
diferencia de outros estudos que utilizaram somente
de evidências literárias, mas não buscaram evidências reais. E além disso, será trabalhada a ideia de
promoção do envelhecimento ativo e sua relação
com a atividade física no contexto da Gerontologia.
Referências:Envelhecimento ativo: uma política de
saúde / World Health Organization; tradução Suzana
Gontijo. – Brasília: Organização Pan-Americana da
Saúde, 2005.60p.: il.
A OFICINA DE DINÂMICA DE GRUPO COMO
POTENCIAL RECURSO PSICOSSOCIAL A IDOSOS
HIPERTENSOS
Maria do Carmo Eulálio / EULÁLIO, M.C. / UEPB;
Edivan Gonçalves da Silva Júnior / SILVA JÚNIOR,
E. G. / UEPB; Kalina de Lima Santos / SANTOS,
K.L. / UEPB; Rafaella Queiroga Souto / SOUTO,
R.Q. / UFRN;
O desenvolvimento da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) em idosos constitui um agravante no
processo de envelhecimento natural, uma vez que,
se não tratada e devidamente controlada, poderá
desencadear sérios problemas de saúde, resultando
até mesmo na morte. No Brasil o número de idosos
hipertensos é muito alto e alguns programas têm
sido criados com vistas a atender este público. Muito
se tem discutido sobre a perspectiva de promoção
à saúde e do uso de estratégias que melhor se apliquem aos variados contextos em que vive a população idosa. Diante de tais problemáticas, integrantes
do Grupo de Estudos e Pesquisas em Envelhecimento
e Saúde (GEPES), do curso de Psicologia da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), desenvolveram
junto a um grupo de 11 idosos residentes em Campina Grande-PB, oficinas de dinâmica de grupo, com
foco na promoção à saúde. As intervenções se caracterizaram como atividades extensionistas, cujos objetivos principais foram: promover melhor qualidade
de vida a idosos diagnosticados com HAS, através da
reflexão e problematização do estilo de vida adotado,
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 116
além de discussões e orientações sobre alimentação,
uso de medicamentos e competências pessoais usadas no manejo de problemas cotidianos. O trabalho
foi desenvolvido por meio de 10 oficinas, que ocorreram quinzenalmente em salas do departamento de
psicologia. Através das intervenções propostas no
grupo, os idosos propuseram estratégias para manutenção de sua qualidade de vida, de modo que foi
possível refletir sobre estilos de vida mais saudáveis
possíveis, trabalhando-se de forma complementar
os efeitos do estresse, ansiedade, autocuidado, autoestima e suporte social na velhice. Como principal
contribuição das atividades propostas, destaca-se
a construção de uma metodologia de trabalho em
grupo em que foi privilegiado o protagonismo dos
participantes, fato que estimulou, especialmente,
a sua participação ativa. Assim, as oficinas são um
importante recurso psicossocial, onde imperaram
a troca de experiências e o compartilhamento das
dificuldades e estratégias de enfrentamento utilizadas no cotidiano dos idosos. Além disso, a dinâmica
das atividades apontou para a forte influência das
relações familiares no contexto de saúde dos idosos.
Este fato chama a atenção para que sejam adotadas
medidas de acolhimento aos idosos junto aos seus
familiares, como forma de estimular o apoio social
entre ambos, um potencial recurso na manutenção
do bem-estar na velhice.
ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR DA SAUDE DO
IDOSO (AISI) NA ATENÇÃO BÁSICA: INOVANDO
MODELO DE SERVIÇO E ENSINO
Cleberson Barbosa de Oliveira / Oliveira, C.B.
/ Irmandade da Santa Casa de misericórdia de
São Paulo - ISCMSP; Karina Moraes Kiso / Kiso,
K.M. / Irmandade da Santa Casa de Misericórdia
de São Paulo - ISCMSP; Rafael Rodrigo Silva de
Souza / Souza, R.S.S. / Irmandade da Santa Casa
de Misericórdia de São Paulo - ISCMSP; Denise
Perroud Amaral / Amaral, D.P / Irmandade da Santa Casa de Misericordia de São Paulo - ISCMSP;
Adriana Limongeli Gurgueira / Gurgueira. A.l. /
Irmandade da Santa Casa de Misericordia de São
Paulo - ISCMSP; Lucinea Barros Lucena / Lucena.
L.B. / Irmandade da Santa Casa de Misericordia de
São Paulo - ISCMSP; Juliana Tais Rufino Herrera /
Herrera.J.T.R. / Irmandade da Santa Casa de MiseAnais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
ricordia de São Paulo - ISCMSP; Aderlene Rodrigues Pires / Pires, A.R. / Irmandade da Santa Casa
de Misericordia de São Paulo - ISCMSP;
Caracterização do Problema Com a alta demanda de
população idosa na atualidade chegamos à conclusão que temos a necessidade de aprimorar a forma
de abordagem e com isso desenvolvemos um modelo
de organização de serviço para idoso envolvendo
assistência e ensino na perspectiva do modelo assistencial de uma UBS Integral. Desenvolver práticas
profissionais, tecnologias e arranjo organizativo
capazes de realizar diagnósticos precoces, atenção
de qualidade e identificar riscos individuais e coletivos, ambientais ou sanitários, voltado ao idoso,
transformando, a UBS num complexo assistencial
ordenadora do cuidado à saúde. Descrição O abordagem interdisciplinar da saúde do idoso se baseia
no apoio matricial da equipe multiprofissional às
equipes de estratégia saúde da família, constituindo
uma equipe ampliada do planejamento do cuidado
do idoso. Composto por clínico, enfermeira, fisioterapeuta, assistente social, fonoaudióloga, psicologia e farmacêutica da unidade e que se reúnem
quinzenalmente para atender idosos com alguma
síndrome geriátrica, incorporando escalas, construção do projeto terapêutico singular, capacitação ao
cuidador e educação permanente para as equipes e
também submetendo os alunos de medicina, fonoaudiologia, enfermagem e fisioterapia a vivencia
pratica das reuniões multidisciplinares se apoiando
em uma ferramenta fundamental no matriciamento
que é o projeto terapêutico singular. Lições Aprendidas A organização do serviço permitiu reduzir a
necessidade de diversas consultas segmentadas dos
profissionais da saúde transformando a consulta no
momento único de avaliação integrada. A estratégia
de articular e pactuar as ações de saúde com o usuário, cuidador e equipe ampliada, numa estrutura
organizada do trabalho que permita tal interação,
configura-se numa potente ferramenta simbiótica
do planejamento do cuidado. O AISI também cumpre
a tarefa pedagógica de ensinar decisões compartilhadas aos alunos Recomendações A organização
metodológica e os mecanismos de comunicação
inter equipes estão sendo aperfeiçoados a cada
encontro, na tentativa de equalizar tanto o papel
assistencial quanto educacional da abordagem.
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 117
ANÁLISE COMPREESNIVA DO PROCESSO DE EN- participação social, dimensões sociopsicológicas,
VELHECIMENTO SOB O ESPECTRO DO CINEMA: A saúde, sexualidade, dentre outros, oportunizando
aos participantes o acesso das vivências intersubEXPERIÊNCIA DO GEROCINE
Natalia Maria da Silva Rosario / Rosario, N. M. S. /
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS - UFSCar; Nathalia Franco / Franco, N. / UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS - UFSCar; Wilson
José Alves Pedro / Pedro, W. J. A. / UNIVERSIDADE
FEDERAL DE SÃO CARLOS - UFSCar;
Em consonância com as diretrizes internacionais e
nacionais para a promoção do envelhecimento ativo
e saudável, tendo o fortalecimento da participação
social e o apoio ao desenvolvimento de estudos
e pesquisas, desde 2010 realiza-se atividades de
extensão na Universidade Federal de São Carlos,
denominado Gerocine: análise compreensiva do
processo de envelhecimento sob o espectro do cinema. Reafirmando a garantia dos direitos sociais das
pessoas maiores de 60 anos no que tange o direito
à educação, cultura, esporte, lazer, entretenimento,
espetáculos, produtos e serviços que respeitem as características da idade esta atividade integra ensino,
extensão e pesquisa e é desenvolvida por estudantes
e docentes. Vinculada ao Programa de Extensão Gerontologia Gestão da Velhice Saudável, o GEROCINE
visa promover a análise e diálogo, compreensiva e
crítica sobre o processo de envelhecimento humano a partir da produção cinematográfica. Trata-se
de uma estratégia de intervenção relacional, com
aderência aos aportes teóricos de Tecnologia Social
em saúde, articulando elementos dos determinantes
do envelhecimento ativo prioritariamente cultura e
gênero. Atua-se em parcerias, visando troca de experiências e ações socioeducativas, no contexto do
processo de envelhecimento ativo e saudável. Visa
também auxiliar na qualificação dos atores sociais
(profissionais e pessoas adultas e idosas), bem como
uma articulação interdisciplinar das ações de ensino, pesquisa e extensão. A partir de intervenções
em pequenos grupos são realizadas sessões, com
duração de 1h30 cada encontro, com uma metodologia de trabalho que pressupõe um momento prévio
de aquecimento e integração dos participantes,
observações introdutórias da obra a ser exibida,
seguida do compartilhamento de reflexões desencadeadas pela temática, cujos aspectos emergentes
foram: relações intrafamiliares, gênero, trabalho,
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
jetivas do envelhecimento e elementos para refletir
a interação profissional-pessoa idosa. O Gerocine
tem como metas a promoção da cultura do envelhecimento ativo através de programação continua e
articulada disseminando uma cultura promotora
da autonomia, da independência e do respeito às
diferentes manifestações da velhice.
ANÁLISE DAS DIMENSÕES DA FRAGILIDADE DE
IDOSOS CAIDORES EM UM PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE QUEDAS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA
Mariane Santos Trevisan / Trevisan, M.S / Universidade Federal de São Carlos - UFSCar; Ana Julia
de Lima Bomfim / Bomfim, A.J.L / Universidade
Federal de São Carlos - UFSCar; Danielle C. C.
Morais / Morais, D.C.C / Universidade Federal de
São Carlos - UFSCar; Camila Marques / Marques,
C. / Universidade Federal de São Carlos - UFSCar;
Fernando Augusto Vasilceac / Vasilceac, F.A. / Universidade Federal de São Carlos - UFSCar; Karina
Gramani-Say / Gramani-Say, K. / Universidade
Federal de São Carlos - UFSCar;
Introdução: A fragilidade é um processo que acarreta
vulnerabilidade psíquica, social, física e em estágio
mais avançado a morte. A fragilidade em idosos
propicia elevado custo para o cuidado e recuperação
da pessoa idosa, principalmente se associada a ocorrência de quedas, a qual pode ocasionar prejuízos
biopsicossociais e da capacidade funcional. Dessa
forma, a identificação de idosos quanto a fragilidade é fundamental na rede de atenção primária.
Objetivo: Analisar as dimensões da fragilidade entre
idosos caidores participantes de uma oficina de prevenção de quedas na atenção primária e idosos não
caidores. Método: Trata-se de um estudo transversal,
de natureza descritiva e analítica. A amostra foi
composta por 53 idosos residentes no município de
São Carlos - SP, usuários do Sistema Único de Saúde,
divididos em dois grupos: grupo oficina (GOF) idosos
com relato de duas quedas ou mais nos últimos doze
meses e participantes da oficina de prevenção de
quedas (n=27) e grupo controle (GC) sem relato de
quedas nos últimos doze meses e não participantes
da oficina de prevenção de quedas (n=26). Os idosos
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 118
foram avaliados segundo a Escala de Fragilidade
de Edmonton. Os participantes são na maioria do
sexo feminino no GOF (81,49%) e no GC (92,31%) e
segundo a escala de fragilidade 25,92% dos idosos
do GOF são classificados como não-frágeis, 51,85%
aparentemente vulneráveis e com fragilidade leve e
22,22% com fragilidade moderada e severa. Já no GC,
69,23% apresentaram-se como não-frágeis, 26,92%
como aparentemente vulneráveis e com fragilidade
leve e 3,84% fragilidade moderada e severa. Foi realizado o teste de Mann-Whitney para a análise das
dimensões da fragilidade (STATISTICA7.0, p≤0,05).
Resultados: Houve diferença estatística entre o GOF
em relação ao GC nos domínios estado geral de saúde
(p=0,0086) e na independência funcional (p=0,0106).
As demais variáveis não apresentaram diferença
significativa entre os grupos. Em geral, a escala da
de fragilidade mostrou que o GOF possui maior nível
de fragilidade em comparação ao GC (p=0,0049).
Conclusão: Torna-se necessário a avaliação da síndrome de fragilidade na Atenção Primária, a fim de
oferecer uma assistência integral, multidisciplinar,
diminuir prejuízos funcionais e intensificar a manutenção da independência funcional principalmente
em idosos caidores.
APLICAÇÃO DO TILBURG FRAILTY INDICATOR
EM IDOSOS COM DOENÇA RENAL CRÔNICA EM
TRATAMENTO HEMODIALÍTICO
Gabriela Dutra Gesualdo / Gesualdo, G.D. / UFSCar; Juliana Gomes Duarte / Duarte, J.G. / UFSCar;
Fabiana de Souza Orlandi / Orlandi, F.S. / UFSCar;
Introdução: O envelhecimento populacional é uma
realidade mundial que demanda cada vez mais eficiência no cuidado ao idoso. As doenças crônicas tais
como a hipertensão arterial e o diabetes melittus
tornam-se mais prevalentes, estas são as principais
causas de Doença Renal Crônica (DRC), de tal modo,
são compreensíveis que nos últimos anos há uma
demanda maior de terapia renal substitutiva para
pacientes idosos. O portador de DRC em hemodiálise
sente-se ameaçado, inseguro o que gera desorganização no seu senso de identidade e na imagem corporal
pelas alterações orgânicas resultantes da doença,
esses fatores podem interferir na sua qualidade de
vida, podendo tornar o paciente frágil. Objetivo:
Avaliar a fragilidade de idosos renais crônicos em
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
tratamento hemodialítico, com aplicação do Tilburg
Frailty Indicator. Método: Trata-se de um estudo
descritivo, de corte transversal desenvolvido em
uma Unidade de Terapia Renal Substitutiva de um
município do interior do estado de São Paulo, região
sudeste do Brasil. A amostra atendia os seguintes
critérios de inclusão: Ter 60 anos ou mais; ter diagnóstico de DRC; estar em tratamento hemodialítico
há mais de seis meses na unidade e concordar em
participar da pesquisa com a assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido. Foram avaliados
45 idosos através do Instrumento de Caracterização
dos Participantes e do Tilburg Frailty Indicator cuja
classificação dá-se por: 0-4 indivíduos não frágeis e
5-15 indicam fragilidade. Resultados: Dos 45 idosos
avaliados, 75,51% era do gênero masculino, a idade
compreendida foi de 60 a 85 anos, com média de
68,44 (±6,34) anos, sendo a maioria de cor autodeclarada branca (71,11%). O tempo médio de hemodiálise
foi 48,91 (±46,81) meses, a maioria (51,11%) apresentou a hipertensão arterial como doença base. Com
relação à fragilidade, 73,33% (n=35) apresentaram-se
frágeis e 26,67% (n=12) eram não frágeis. Conclusão:
Diante do exposto observa-se a importância de se
avaliar a fragilidade de idosos portadores de doença
renal crônica em estágio avançado, uma vez que esta
é de difícil enfrentamento e compromete aspectos
físicos, psicológicos, sociais e até mesmo familiares.
Cabe destacar que 73,33% dos participantes apresentaram fragilidade. Frente a isto, pretende-se dar
seguimento a este estudo identificando-se os fatores
que estão contribuindo para a síndrome, com intuito
futuro de minimizar estes fatores e consequentemente as condições de fragilidade.
AS LINHAS DE CUIDADO DE SAÚDE DA PESSOA
IDOSA COM FOCO NO ENVELHECIMENTO ATIVO
E ESTRATÉGIAS AMIGAS DO IDOSO
Beatriz de Almeida Simmerman / Simmerman,
B.A. / Faculdade de Saúde Pública; Tereza Etsuko
Rosa / Rosa, T.E. / Instituto de Saúde; Marilia Cristina Prado Louvison / Louvison, M.C.P. / Faculdade
de Saúde Pública;
O envelhecimento populacional traz importantes
desafios para os sistemas e serviços de saúde que
precisam transformar suas práticas. As linhas de
cuidado em redes de atenção tem sido construídas
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 119
no sentido de enfrentar a fragmentação do cuidado
e são induzidas na Política de envelhecimento ativo
da OMS. Considerando as doenças crônicas e as
incapacidades, as linhas de cuidado precisam ser necessariamente intersetoriais e construir respostas
para as ações de promoção, prevenção, diagnóstico
e tratamento, bem como para os chamados cuidados
de longa duração. Inserido na pesquisa Política de
envelhecimento ativo e estratégias amigas do idoso:
um caminho necessário e possível para a gestão de
sistemas e serviços de saúde do edital universal/
CNPQ, foi objeto de projeto de iniciação científica
na FSP/USP e analisou a atenção a saúde do idoso
em um Centro de Saúde Escola da Cidade de São
Paulo. Trata-se de um estudo de caso que analisou
documentos relacionados, realizou entrevistas e
observação participante junto a equipe. Observa-se
que a vivência cotidiana no serviço é tensionada
por ruídos e indicação dos trabalhadores de indefinição do papel da unidade na rede de serviços. Isso
interfere, mesmo considerando o grande volume do
atendimento de idosos na unidade, na organização
de equipes. Há alguns profissionais fortemente
envolvidos com o pensar geriátrico gerontológico,
sendo referencia para os idosos na unidade. No entanto não se realiza avaliação global do idoso nem
outros instrumentos de acolhimento e classificação
de risco para os idosos, o atendimento geriátrico não
está organizado internamente em linha de cuidado,
sendo de porta aberta”. Realiza ações de promoção
quanto a atividade física e alimentação saudável
mas não se observa um foco especifico com relação
a prevenção de quedas e memória. Tem atuação
em alguns casos acamados e/ou que dependem de
fraldas, com atendimento domiciliar e grupos de cuidadores, apenas dos casos que procuram a unidade.
Com relação a acessibilidade tem alguns problemas
considerando a antiguidade e tombamento do prédio. Nesse sentido, considerando a inexistência de
estratégia de saúde da família, não tem vinculação
com o território e suas necessidades, o que inviabiliza a organização de um programa mais ampliado
e voltado aos princípios da OMS.
ATUAÇÃO DO BACHAREL EM GERONTOLOGIA
NO DEPARTAMENTO REGIONAL DE SAÚDE: UM
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Stephanie Martins de Faria / Faria, S.M / UFSCar;
Wilson José Alves Pedro / Pedro, W.J.A / UFSCar;
Dina Maria Joaquim Pereira / Pereira, D.M.J / DRS
III- Araraquara;
Caracterização do Problema: Com o envelhecimento
populacional, vem crescendo a demanda por ações e
estratégias que fortaleçam a promoção do envelhecimento ativo, com qualidade de vida e atenção integral direcionada aos senescentes. Nessa perspectiva,
o sistema público de saúde é um importante veículo
de promoção do envelhecimento ativo e o Bacharel
em Gerontologia, um importante ator nesse cenário. Diante disso, este trabalho tem como objetivo
apresentar e discutir a experiência de atuação do
Bacharel em Gerontologia no Departamento Regional de Saúde III, no município de Araraquara- SP/
BR (DRS III- Araraquara). Descrição: A atuação do
Bacharel em Gerontologia no DRS III- Araraquara
pautou-se em duas principais áreas: gestão de pessoas e gestão em saúde. No que se refere a gestão de
pessoas, o profissional pode atuar na interlocução
com os articuladores municipais da saúde do idoso
e também com outras redes de atenção a saúde, por
meio de reuniões de redes. Na gestão em saúde, o
profissional pode agir no apoio técnico a implantação de ações previstas no Plano Regional de Saúde
da Pessoa idosa, bem como no Caderno de Atenção
Básica - Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa n. 19. Resultado desse processo, se insere a Oficina
de Prevenção de Quedas, realizada a nível regional,
para articuladores dos 24 municípios que compõem
a área de abrangência do DRS III- Araraquara, bem
como à profissionais da saúde, docentes e estudantes. Lições Aprendidas: A atuação do bacharel em Gerontologia em cenários como o DRS III - Araraquara,
é importante para ampliação de seu conhecimento
sobre gestão em saúde. Junto a isso, a possibilidade
de vivenciar a atuação em rede, corrobora com a
premissa de trabalho em equipes multi e interdisciplinares. Essa experiência esta alinhada com o
que sugere o projeto politico pedagógico do curso
de graduação em Gerontologia da Universidade
Federal de São Carlos, que prevê que o bacharel em
gerontologia tem em seu perfil a possibilidade de
atuar em contextos multiprofissionais e interdisciplinares na perspectiva da gestão de diferentes
questões que surgem individual e coletivamente na
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 120
velhice. Recomendações: Sugere-se que a atuação
desse profissional, seja considerada em contextos
da gestão publica e este inserido no rol de recursos
humanos de equipamentos públicos, de modo a
possibilitar a atuação em rede e em equipes multi e
interdisciplinares, a fim de corroborar com a promoção do envelhecimento ativo e com qualidade de vida.
AUTOPERCEPÇÃO DA SAÚDE E SOBRECARGA DE
IDOSOS CUIDADORES DE IDOSOS QUE RESIDEM
COM CRIANÇAS
Nathalia Alves de Oliveira / OLIVEIRA, N. A /
Universidade Federal de São Carlos; Érica Nestor
Souza / SOUZA, E. N / Universidade Federal de São
Carlos; Aline Cristina Martins Gratão / GRATÃO,
A.C.M / Universidade Federal de São Carlos; Tiago
da Silva Alexandre / ALEXANDRE, T. S / Universidade Federal de São Carlos; Gabriela Dutra Gesualdo / GESUALDO, G. D / Universidade Federal de
São Carlos; Daniela Dalpubel / DALPUBEL, D. /
Universidade Federal de São Carlos; Giselle Dupas
/ DUPAS, G. / Universidade Federal de São Carlos;
Bruna Moretti Luchesi / LUCHESI, B. M. / Universidade de São Paulo; Keika Inouye / INOUYE, K. /
Universidade Federal de São Carlos; Sofia Cristina
Iost Pavarini / PAVARINI, S. C. I. / Universidade
Federal de São Carlos;
Introdução: Alterações no perfil sócio cultural e
maior longevidade da população aumentam o número de idosos cuidadores de outros idosos e de
avós que cuidam de netos crianças no ambiente
familiar. Neste contexto a sobrecarga é uma variável
importante que pode influenciar na autopercepção
da saúde do cuidador e no cuidado diário. Objetivo:
Avaliar a autopercepção da saúde e a sobrecarga
de idosos cuidadores de idosos que residem com
crianças. Método: Trata-se de um estudo descritivo
de corte transversal. A amostra foi composta por 44
idosos cuidadores de outros idosos que residiam com
crianças, e eram cadastrados em Unidades de Saúde
da Família, em uma cidade do interior do estado
de São Paulo. Os cuidadores foram avaliados por
meio de entrevistas individuais e foram utilizados
instrumentos de Caracterização sociodemográfica,
Avaliação subjetiva da saúde e Escala de sobrecarga
de Zarit. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê
de Ética em Pesquisa. Resultados: A maioria dos cuiAnais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
dadores, 72.7% (n=31) encontrava-se na faixa etária
dos 60 aos 69 anos de idade. Houve prevalência,
81.6% (n=36) de cuidadores do sexo feminino, que
prestavam cuidados aos cônjuges 84.4% (n=228), e
despendiam em média 6 horas diárias de cuidado ao
idoso (±4.9). Em relação os netos que residiam com
os avós foram identificadas 59 crianças e a maioria
52.6% (n=31) pertenciam ao sexo masculino, tinham
em média 6 anos de idade (±3.4), e o tempo médio diário que os avós cuidavam dos netos foi de 6.2 horas
(±4.7). Na avaliação subjetiva da saúde 68.2% (n=30)
consideravam a saúde como muito boa ou boa, já
em relação aos cuidados que dedicam à saúde, 75%
(n=33) avaliaram como muito bom ou bom e 25%
(n=11) como regular. Na Escala de Sobrecarga de
Zarit, a pontuação média foi de 23.5 pontos (±16.5).
Conclusão: os cuidadores apresentaram autopercepção positiva em relação à saúde e a sobrecarga,
em média, mostrou-se moderada. Estudos com estas
variáveis são importantes à medida que contribuem
para avaliação do idoso cuidador em um contexto
intergeracional e podem subsidiar o planejamento
de intervenções para cuidadores na atenção básica.
AVALIAÇÃO DA OFERTA DE AÇÕES PARA IDOSOS
EM SERVIÇOS DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Nádia Placideli / PLACIDELI, N / FMB-UNESP;
Elen Rose Lodeiro Castanheira / CASTANHEIRA,
E. R. L. / FMB-UNESP; Josiane Fernandes Lozigia
Carrapato / CARRAPATO, J. F. L / FMB-UNESP;
Com o aumento de idosos cresce o número Doenças
Crônicas Não Transmissíveis, assim amplia-se a
responsabilização dos serviços de Atenção Primária
à Saúde (APS) sobre essa população, a avaliação da
APS torna-se importante ferramenta para o desenvolvimento de ações qualificadas aos idosos. O objetivo
desse estudo foi identificar a organização de ações
para idosos em serviços de APS na Rede Regional de
Atenção à Saúde- RRAS 09 do estado de São Paulo,
na perspectiva do gerente e equipe profissional, por
meio do instrumento QualiAB 2014. O universo foi
de 163 unidades de APS correspondentes á 41 municípios, respondentes ao instrumento de Avaliação da
Qualidade de Serviços da Atenção Básica- QualiAB.
No período de setembro a dezembro de 2014. Este é
composto pôr 126 questões de múltipla escolha, das
quais 20 são descritivas, questões que caracterizam
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 121
o serviço e 106 pontuadas correspondentes aos indicadores de qualidade em três níveis: 0 insuficiente, 1
aceitável e 2 esperado. Foi disponibilizado em versão
online. Os resultados referentes às questões focadas
na saúde de idosos demonstraram, quanto ao indicador diversidade de ações programadas para atenção
ao idoso”: 22% não realizam atividades para idosos, a
maioria desenvolve ações de alimentação e nutrição
(60%), saúde bucal (59%), atenção domiciliar (57%),
uma menor parcela realiza avaliação cognitiva (38%)
e funcional (24%). Sobre o indicador ações de suporte
aos cuidadores de idosos”: 36% não realizam atividades para cuidadores, a maioria desenvolve suporte
informativo (50%), menos da metade avalia o estresse
do cuidador (26%) e apenas 8% oferece grupos de
apoio. Quanto ao indicador estratégia para detecção
de casos de violência”: 3% não atendem esses casos,
a maioria faz identificação de sintomas (66%) e
apenas 25% realiza capacitação e sensibilização da
equipe; ainda nessa temática o indicador condutas
para casos de idosos em situações de violência”, 62%
faz denúncia ao CRAS e CREAS, apenas 31% realiza
notificação compulsória e 11% acompanhamento intersetorial. Sobre o indicador rede de apoio à atenção
ao idoso”: 8% declararam não haver apoio ao idoso
além da unidade de saúde e 22% conta com Centro de
Convivência do Idoso, 13% com serviço especializado
e apenas 5% com Centro-Dia. Considera-se que ações
desenvolvidas pela APS aos idosos precisam acontecer com oferta ampliada diante da complexidade
demandada por essa população.
AVALIAÇÃO MULTIDIMENSIONAL DA PESSOA
IDOSA NA ATENÇÃO BÁSICA
Goyana Gomes de Oliveira / Oliveira, J.E.G.G.O. /
Centro Universitário São Camilo; Tamires Gabriela
Fogaça / FOGAÇA, T.G. / Centro Universitário São
Camilo; Carbone, Ébe dos Santos Monteiro / CARBONE, E.S.M. / Centro Universitário São Camilo.;
INTRODUÇÃO: A população mundial encontra-se
em redução das taxas de fecundidade, mortalidade
e aumento da expectativa de vida. Os idosos são um
contingente populacional expressivo e crescente na
sociedade brasileira, levando há novas demandas na
política pública de saúde. Essa transição demográfica impacta principalmente a rede assistencial com
morbidades vinculadas a processos crônicos. Hoje
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
se gasta muito com saúde de modo equivocado, não
priorizando a prevenção. Onde é de conhecimento
dos profissionais de saúde a eficácia financeiramente e socialmente, da promoção de saúde e prevenção
de doenças na terceira idade, onde, preconizam
idosos mais saudáveis e um sistema de saúde menos oneroso, por isso a importância de se atuar na
atenção primária. OBJETIVOS: Levantamento do
perfil de idosos atendidos na UBS na zona leste
de São Paulo com dados que retratem as doenças
instaladas, limitações funcionais e apontar soluções viáveis para a promoção da saúde. MÉTODO:
Pesquisa com levantamento da literatura nas bases
de dados LILACS, MEDLINE, Biblioteca Cochrane,
SciELO e documentos oficiais do governo estadual
e federal; publicados entre os anos 2000 – 2015,
usando descritores: Envelhecimento populacional,
Idosos, Incapacidade funcional”. Foram utilizados
operador booleano AND”. Foram incluídos trabalhos
referentes a São Paulo e Idosos, foram excluídos
trabalhos publicados antes de 2000 e pesquisas fora
do estado de São Paulo. RESULTADOS: Avaliação da
capacidade funcional indica a dificuldade e a necessidade de ajuda, em atividades básicas de vida diária
e em tarefas mais complexas. As medidas de mobilidade fazem parte, também, da avaliação do declínio
funcional, e têm provado sua eficácia no estudo da
relação do status funcional com características demográficas, condições crônicas e comportamentos
relacionados à saúde. CONCLUSÃO: O aumento de
pessoas acima de 60 anos, acelerou o processo de
envelhecimento populacional, levando ao aumento
das demandas na rede pública de saúde, que têm
chamado atenção sobre as condições de saúde e
incidência de morbidade, disfuncionalidade e mortalidade nesta população.
CONHECIMENTOS E ATITUDES DOS ESTUDANTES
DO SEXTO ANO DA FMB–UNESP ( FACULDADE
DE MEDICINA DE BOTUCATU) E DA EPM (ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA) EM RELAÇÃO AOS
QUADROS DE DEMÊNCIA EM IDOSOS
Ananda Ghelfi Raza Leite / Leite, A.G.R. / FMB /
UNESP BOTUCATU; Prof. Dr. Alessandro Ferrari
Jacinto / Jacinto, A.F. / FMB / UNESP BOTUCATU;
Prof. Dr. Paulo Jose Fortes Villas Boas / Villas
Boas, P.J.F. / FMB / UNESP BOTUCATU; Profa. Dra.
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 122
Vanessa de Albuquerque Cítero / Cítero, V.A. / EPM
- UNIFESP; Jose Luiz de Lima Neto / Neto, J.L.L. /
FMB / UNESP BOTUCATU;
Introdução: As demências são comuns no idoso e
sua prevalência aumentou consideravelmente nas
últimas décadas1. De acordo com expectativas publicadas, em 2025, o Brasil estará na sexta posição
mundial em número absoluto de idosos2. No Brasil,
a grade curricular do curso de Medicina contempla obrigatoriamente o ensino da demência e seu
manejo, mas não há relatos na literatura cientifica
sobre a qualidade do ensino oferecido ou sobre o
conhecimento e a capacidade de identificação da
demência. Diante disso, propõe-se um estudo sobre
o conhecimento e atitudes a respeito de questões relacionadas a declínio cognitivo em idosos por parte
de estudantes de medicina, considerando-se que o
Ministério da Saúde vem incentivando propostas
para que as instituições acadêmicas adequem a
formação profissional de seus estudantes de medicina às necessidades do SUS3. Objetivo: Avaliar os
conhecimentos e atitudes em demências por parte
de estudantes de medicina. Métodos: Aplicação aos
estudantes do 6º ano da graduação em Medicina da
FMB – UNESP e EPM – UNIFESP de um instrumento
britânico autoaplicável (já adaptado transculturalmente ao Brasil) dirigido a médicos generalistas
daquele país sobre conhecimentos e atitudes em
demências em idosos. Resultados: 69 estudantes
da FMB – UNESP e 87 da EPM – UNIFESP aceitaram
fazer parte do estudo e os resultados, caso este resumo seja aceito, serão apresentados em forma de
tabelas. Conclusão: Os resultados obtidos poderão
ser ferramentas valiosas na análise de conteúdos
obrigatórios na formação médica, a fim de que
mudanças possam ser introduzidas para que os
currículos das escolas médicas possam estar cada
vez mais adequados às necessidades do Sistema
Único de Saúde. Referências: 1)Ribeira S, Ramos C,
Sá L. Avaliação inicial da demência. RevPortClin
Geral. 2004; 20:569-77. 2) Ferri CP, Prince M, Brayne
C, Brodaty H, Fatiglioni L, Ganguli M et al. Global
prevalence of dementia: a Delphi consensus study.
Lancet.2005; 366:2112-17. 3) Projeto de incentivo a
mudanças curriculares em cursos de Medicina. Disponivel em http://portal.mec.gov.br/sesu/arquivos/
pdf/inc.pdf. Acessado em 23/06/2015.
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
DECLÍNIO COGNITIVO EM PACIENTES IDOSOS
COM DOENÇA RENAL CRÔNICA EM TRATAMENTO
HEMODIALÍTICO
Gabriela Dutra Gesualdo / Gesualdo, G.D. / UFSCar; Juliana Gomes Duarte / Duarte, J.G. / UFSCar;
Erica Nestor Souza / Souza, E.N. / UFSCar; Daniela Dalpubel / Dalpubel, D. / UFSCar; Nathalia Alvez
de Oliveira / Oliveira, N.A. / UFSCar; Fabiana de
Souza Orlandi / Orlandi, F.S. / UFSCar;
Introdução: O comprometimento cognitivo e demência ocorrem comumente em por-tadores de doença
renal crônica (DRC), principalmente em fase avançada, mas ainda são pouco diagnosticados. A avaliação
da cognição dos indivíduos com DRC é fundamental,
uma vez que muitas informações são oferecidas,
devido à complexidade da doença, cuja adesão às
orientações depende da compreensão da mensagem transmitida Objetivo: Avaliar a ocorrência de
declínio cognitivo em pacientes idosos portadores
de doença renal crônica em tratamento hemodialítico. Método: Trata-se de um estudo descritivo, de
corte transversal desenvolvido em uma Unidade
de Terapia Renal Substitutiva de um município do
interior do estado de São Paulo. A amostra atendia
os seguintes critérios de inclusão: Ter 60 anos ou
mais; ter diagnóstico de DRC; estar em tratamento
hemodialítico no mínimo 6 meses e concordar em
participar da pesquisa com a assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido. Foram avaliados
45 idosos através do Instrumento de Caracterização
dos Participantes e do Mini Exame do Estado Mental
(MEEM) que está inserido no Exame Cognitivo de
Addenbrooke – Versão Revisada (ACE-R) cuja classificação dá-se por: 17 pontos para analfabeto; 22 ou
mais para de 1 a 4 anos de escolaridade; 24 ou mais
para 5 a 8 anos de escolaridade e 26 ou mais para
acima de 9 anos de escolaridade, sendo sua pontuação máxima 30 pontos. Resultados: Os 45 idosos
com DRC caracterizavam-se pela diferença entre os
gêneros, sendo 75,51% (n=37) do sexo masculino e
24,49% (n=12) do sexo feminino com média de 68,44
(±6,34) anos. A etiologia mais prevalente da doença foi
a hipertensão arterial (51,11%), seguido do diabetes
mellitus tipo 2 (33,33%). A maioria (55,56%) possui de
1 a 4 anos de escolaridade. Com relação à cognição,
68,89% apresentaram nota de corte abaixo do esperado e 31,11% apresentaram bom desempenho cogSaúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 123
nitivo. Conclusão: Foi possível verificar um número
elevado de idosos em hemodiálise (68,89%) que
apresentaram possível comprometimento cognitivo.
Diante do exposto, torna-se imprescindível avaliar
a cognição dos idosos portadores de doença renal
crônica em estágio avançado, pois a identificação
dos pacientes com alterações cognitivas é importante para melhorar a qualidade de vida e reduzir a
morbidade associada a essa condição.
DESEMPENHO COGNITIVO DE IDOSOS CUIDADORES CADASTRADOS NAS UNIDADES DE SAÚDE DA
FAMÍLIA DE UM MUNICÍPIO PAULISTA
Sofia Cristina Iost Pavarini / Pavarini, Sofia Cristina Iost / Departamento de Gerontologia. Universidade Federal de São Carlos; Mônica Sanches
Yassuda / Yassuda, Mônica Sanches / Escola de
Ciências, Artes e Humanidades, Universidade de
São Paulo; Tiago da Silva Alexandre / Alexandre,
Tiago da Silva / Departamento de Gerontologia.
Universidade Federal de São Carlos; Keika Inouye
/ Inouye, Keika / Departamento de Gerontologia.
Universidade Federal de São Carlos; Bruna Moretti
Luchesi / Luchesi, Bruna Moretti / Programa de
Pós Graduação em Enfermagem. Escola de Enfermagem da USP-Ribeirão Preto.; Allan Gustavo
Brigola / Brigola, Allan Gustavo / Programa de Pós
Graduação em Enfermagem. Universidade Federal
de São Carlos; Ana Carolina Ottaviani / Ottaviani,
Ana Carolina / Programa de Pós Graduação em
Enfermagem. Universidade Federal de São Carlos;
Ariene Angelini dos Santos / Santos, Ariene Angelini dos / Programa de Pós Graduação em Enfermagem. Universidade Federal de São Carlos; Anita
Liberalesso Neri / Neri, Anita Liberalesso / Programa de Pós Graduação em Gerontologia. UNICAMP;
INTRODUÇÃO: Com o envelhecimento populacional,
é provável que pessoas idosas com déficit cognitivo
leve ou moderado estejam assumindo cada vez mais
o papel de cuidadores de seus cônjuges ou pais. O cuidado ao idoso tem se tornado cada vez mais um grave
problema de saúde pública. OBJETIVO: Avaliar o
desempenho cognitivo de idosos que são cuidadores
informais e familiares de outros idosos. MÉTODO:
Todos os cuidados éticos foram observados. Trata-se
de uma pesquisa descritiva, quantitativa de corte
transversal. Foi realizada com 322 idosos cuidadores
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
de idosos cadastrados nas Unidades de Saúde da
Família de um município paulista. Os dados foram
coletados no período de abril a novembro de 2014,
no próprio domicílio dos idosos. Foi utilizado um
instrumento de caracterização sociodemográfica e
um instrumento de avaliação cognitiva denominado Addenbrooke’s Cognitive Examination Revised
(ACE-R). O escore geral deste instrumento varia
de 0 a 100 pontos, sendo composto pelos domínios
orientação/atenção, memória, fluência verbal, linguagem e habilidades visuo-espaciais, avaliados individualmente. RESULTADOS: A maioria dos idosos
cuidadores era mulher (77,6%), branca (68,9%), com
idade entre 60 e 69 anos (59,3%), casada ou vivendo
com companheiro (90,1%) e com baixos níveis de
renda (70,8%) e escolaridade (80,5%). A mediana
do ACE-R e de seus respectivos domínios, de acordo
com a escolaridade, foi determinada em função do
número de idosos com baixa escolaridade e pela
inexistência de um padrão na literatura brasileira
para tal grupo. Foram encontradas as seguintes
medianas: 39 para analfabetos, 62 para 1 a 4 anos
de escolaridade, 78 para 5 a 8 anos e 83 para 9 ou
mais anos de escolaridade. Os resultados mostram
que 40,7% dos idosos cuidadores apresentaram
desempenho inferior a mediana do ACE-R ajustada
pela escolaridade. Orientação temporal e espacial,
memória, e fluência verbal foram os domínios com
mais proporção de idosos que pontuaram abaixo
da mediana do ACE-R. CONCLUSÃO Dos idosos cuidadores, 40,7% apresentou desempenho inferior à
mediana do ACE-R indicando possíveis alterações
cognitivas. A perda em funções cognitivas em cuidadores idosos pode ser um complicador quando se
trata da oferta de cuidados a outro idoso, em parte
porque a qualidade do cuidado pode ser prejudicada,
em parte porque pode tornar-se mais custoso para
os cuidadores. É uma questão importante e como tal
deve ser tratada pelas políticas de saúde, entre elas
o Programa de Saúde da Família.
DIAGNÓSTICO PRECOCE DE CÂNCER COLORRETAL NA SUPERVISÃO TÉCNICA DE SAÚDE SANTO
AMARO/CIDADE ADEMAR, MUNICÍPIO DE SÃO
PAULO, 2014
Suzana Abreu Funári De Arruda Penteado /
Pentea­do, S.A.F.A. / Supervisão Técnica de Saúde
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 124
Santo Amaro/Cidade Ademar - SMS SP; Lílian
Maria Orfei Abe / Abe, L.M.O. / Coordenadoria Regional de Saúde Sul - SMS SP; Isabel Cristina Silva
/ Silva, I.C. / Supervisão Técnica de Saúde Santo
Amaro/Cidade Ademar - SMS SP; Gloria Hermínia
Portilho Vilches Rodrigues / Rodriguez, G.H.P.V. /
Supervisão Técnica de Saúde Santo Amaro/Cidade
Ademar - SMS SP; Suzete Grandini / Grandini, S.
/ Supervisão Técnica de Saúde Santo Amaro/Cidade Ademar - SMS SP; Leliana Guardino Martins /
Martins, L.G. / Supervisão Técnica de Saúde Santo
Amaro/Cidade Ademar - SMS SP; Sandra Maria
Sabino Fonseca / Fonseca, S.M.S. / Supervisão
Técnica de Saúde Santo Amaro/Cidade Ademar SMS SP;
Caracterização do problema - Câncer colorretal (CCR)
(códigos C18 a C21 da Classificação Internacional de
Doenças CID 10) é o terceiro mais frequente entre
óbitos por câncer no sexo masculino e segundo no feminino no Município de São Paulo, 2012. Origina-se
na maior parte dos casos, de pólipos adenomatosos
benignos que podem tornar-se malignos de forma
lenta e silenciosa, daí a importância da detecção
precoce através de exames e tratamento das lesões
precursoras ou do câncer inicial. Tanto pólipos como
CCR sangram, o que pode ser detectado pelo exame
Pesquisa de Sangue Oculto nas Fezes (PSOF). Estudos internacionais demonstram redução de 33% dos
óbitos por CCR com PSOF anuais. Descrição – Com
o objetivo de implementar o diagnóstico precoce de
CCR na Supervisão Técnica de Saúde Santo Amaro/
Cidade Ademar, em dezembro de 2013 teve início
sensibilização de equipes técnicas das 26 Unidades
Básicas de Saúde para realização de PSOF, exame
disponível e de baixo custo, a usuários com 50 e
mais anos. Padronizado com laboratório, método
tradicional guáiaco e confirmação por exame imunoquímico nos casos positivos. Acertado com setor
de regulação de exames, a realização de colonoscopia em casos suspeitos de adenoma e/ou CCR.
De janeiro a novembro de 2014 foram realizados
5228 PSOF, sendo 76 (1,5%) positivos. Destes, em
nove (11,8%) foram diagnosticados: quatro casos
de CCR, encaminhados e em tratamento em locais
especializados e cinco de pólipos adenomatosos
extirpados durante colonoscopia. Lições aprendidas
- É comum a introdução de novos procedimentos
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
gerar resistência por parte de alguns técnicos, porém, com a explanação fundamentada do assunto,
acompanhamento das etapas do diagnóstico precoce
do CCR até sua resolução, conseguimos adesão dos
profissionais na maioria das UBS. Em fevereiro de
2014 foi implantada a Unidade Hora Certa Móvel
Sul 2 na região, ofertando exames de colonoscopia,
passando a espera para sua realização a ser de apenas um mês, o que colaborou na complementação do
diagnóstico. Recomendações - Temos longo caminho
a percorrer após este primeiro passo em direção à
busca da diminuição da incidência e mortalidade por
CCR em nossa região. Necessitamos nos apropriar de
protocolos de condutas diagnósticas, terapêuticas e
de seguimento frente a casos de PSOF positivo e de
pólipos adenomatosos na colonoscopia. A oferta de
exames PSOF e colonoscopia a que estamos tendo
acesso atualmente impõe atitude incisiva na direção
da prevenção e controle da doença.
ENVELHECIMENTO E GESTÃO PÚBLICA: O ESTADO
DA ARTE NA PRODUÇÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA
Giovana de Oliveira Padula / Padula, G.S / UFSCar;
Wilson Jose Alves Pedro / Pedro, W.J.A / UFSCar;
Introdução: Nos dias atuais o fenômeno do envelhecimento vem sendo objeto de estudo de muitos
pesquisadores por conta das características e relevância da transição demográfica e dos impactos
nas políticas públicas. Por conta deste fenômeno,
considera-se de extrema relevância a visualização
da ampla produção cientifica desenvolvida, e neste
estudo optou-se pela ênfase no que tem sido produzido nas universidades federais. Apresenta-se aqui
o recorte de uma dissertação de mestrado desenvolvida no Programa de Pós Graduação em gestão
de organizações e sistemas públicos. Objetivos:
Este estudo tem por objetivo analisar a produção
científica brasileira sobre o tema envelhecimento e
administração/gestão pública, a partir de publicações científicas (qualis A1 e A2 das áreas interdisciplinar e administração) e dos dados obtidos sobre
os grupos de pesquisas cadastrados no Diretório de
grupos de pesquisa do Brasil CNPq (áreas biológica,
saúde, humana e sociais aplicadas). Método: Trata-se de um estudo social e exploratório e descritivo
de análise de documentos e informações públicas.
Resultados: Os resultados obtidos apontam que as
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 125
temáticas gestão/administração pública e envelhecimento não estão sendo desenvolvidas diretamente
tanto nas revistas pesquisadas como nos grupos
de pesquisa de universidades federais. Optou-se,
dessa forma, a apresentar uma caracterização sobre o que ambos os objetos de estudo apresentam
sobre a temática envelhecimento. Nesse sentido,
verificou-se que o tema envelhecimento vem sendo
explorado por diferentes áreas de conhecimento em
uma abordagem interdisciplinar. Foi observado que
a maioria dos grupos (n= 180) estão concentrados na
área da ciências da saúde, com área predominante
em medicina (n=39). Quanto às revistas científicas,
observou-se que as revistas interdisciplinares com
qualis A2 possui maior quantidade de publicações
sobre envelhecimento humano (n=262). Mediante os
resultados, apresentada uma proposta interventiva
nas dimensões políticas, acadêmicas e associativas para solucionar as lacunas apontadas neste
estudo. Conclusão: Neste estudo, conclui-se que é
necessária uma reflexão mais aprofundada sobre o
envelhecimento populacional no âmbito dos estudos
de administração pública. Aponta também para a
necessidade de mais estudos sobre envelhecimento
e administração pública.
ESPIRITUALIDADE E COGNIÇÃO DE IDOSOS QUE
DESEMPENHAM PAPEL DE CUIDADORES
Érica Nestor Souza / Souza, É.N. / Universidade
Federal de São Carlos; Nathalia Alves de Oliveira / Oliveira, N.A. / Universidade Federal de São
Carlos; Gabriela Dutra Gesualdo / Gesualdo, G.D. /
Universidade Federal de São Carlos; Daniela Dalpubel / Dalpubel, D. / Universidade Federal de São
Carlos; Aline Cristina Martins Gratão / Gratão,
A.C.M. / Universidade Federal de São Carlos; Tiago
da Silva Alexandre / Alexandre, T.D.S. / Universidade Federal de São Carlos; Fabiana de Souza
Orlandi / Orlandi, F.S. / Universidade Federal de
São Carlos; Sofia Cristina Iost Pavarini / Pavarini,
S.C.I. / Universidade Federal de São Carlos;
O número de idosos que cuidam de seus familiares
também idosos, tem aumentado significativamente.
O processo de cuidar pode desencadear o aparecimento de limitações na vida diária do cuidador e
interferir no estado psicológico, mental e emocional.
Neste contexto, a cognição dos cuidadores é uma
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variável que pode afetar o cuidado prestado, pois
a rotina de trabalho exige do cuidador habilidade
de julgamento e resolução de problemas, por outro
lado, a espiritualidade se apresenta como possibilidade do cuidador e de seus familiares receberem
mais suportes emocionais e uma ferramenta que
os auxiliam no enfrentamento das dificuldades decorrentes do processo de cuidar. O presente estudo
apresenta como objetivo avaliar a espiritualidade e
a cognição dos idosos que desempenham papel de
cuidadores. Trata-se de um estudo descritivo de corte
transversal. A amostra foi composta por 45 idosos
que desempenhavam papel de cuidadores, de uma
Unidade de Saúde da Família numa cidade interior
do estado de São Paulo. Os dados foram coletados,
por meio de entrevista individual utilizando-se os
instrumentos: Caracterização dos Sujeitos, Escala
de Espiritualidade de Pinto Pais – Ribeiro (EEPP-R)
e Mini Exame do Estado Mental (MEEM). O presente
estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Os resultados apontaram para uma a média
de idade dos idosos cuidadores de 72,51 (±7,87) anos,
houve prevalência do sexo feminino (n=32) e uma média de escolaridade de 6,97 (±4,18) anos. Em relação à
religião, houve a predominância da religião católica
(73,3%), seguida da evangélica (13,3%), sendo que do
total de religiosos, 64,4% eram praticantes. Quanto
a EEPP–R, o escore médio da dimensão crenças” foi
de 3,84 (±0,36) e da dimensão esperança/ otimismo”
de 3,20 (±0,66), sendo que a pontuação da referida escala pode variar de 1 a 4 e quanto maior a pontuação,
maior o nível de espiritualidade do indivíduo. Com
relação ao MEEM, 88,8% não apresentavam indícios
de alterações cognitivas e 11,1% apresentavam indícios de alterações cognitivas. Conclui-se, portanto
que, o nível de espiritualidade dos cuidadores idosos
avaliados no presente estudo foi elevado em ambas
às dimensões e a maioria dos idosos cuidadores
não apresentaram indícios de alterações cognitivas.
Assim, estas variáveis são importantes na avaliação
do cuidador e devem ser estimuladas, visando à
qualidade do cuidado.
ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EMPREGADAS
POR IDOSOS: UM ESTUDO TRANSVERSAL
Maria do Carmo Eulálio / EULALIO, M.C. / UEPB;
Edivan Gonçalves da Silva Júnior / SILVA JÚNIOR,
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 126
E.G. / UEPB; Adrianna Ribeiro Lacerda / LACERDA, A.R. / FCM-Campina Grande;
O processo de envelhecimento merece a avaliação
dos fatores de adaptação normalmente empregados
por idosos, frente às adversidades da vida. Neste
contexto, ressalta-se a avaliação do coping, também
denominado de estratégias de enfrentamento, utilizado na literatura para definir os esforços de ordem
cognitiva e comportamental, dispensados pelo
sujeito na administração das demandas internas
e externas causadoras de estresse. Esta pesquisa
teve como objetivo avaliar o uso de estratégias de
enfrentamentos em idosos e suas relações de acordo
com o sexo dos participantes. Trata-se de um estudo
transversal, derivado da pesquisa Saúde Mental de
Idosos Residentes em Campina Grande-PB”. Foram
utilizados os instrumentos: Questionário Demográfico; Mini-Exame do Estado Mental (MEEM); Escala
de Modo de Enfretamento de Problemas (EMEP).
Foram feitas análises descritivas, correlação de pearson e teste t para amostras independentes com nível
de significância de 5%. Participaram 557 idosos,
com idades a partir de 60 anos, que responderam ao
MEEM e ao questionário demográfico. Destes, 381
pontuaram acima dos pontos de corte estabelecidos
para avaliação do MEEM, perfazendo a amostra aqui
estudada. A idade média apresentada foi de 71,5 anos
(Mín=60; Máx=96; DP=8,0), com um predomínio
de mulheres (n = 280; 73,5%). No que diz respeito
ao estado civil, a maioria é casada (n = 168; 44,1%),
completou o ensino fundamental (n = 203; 53,3%) e
possui renda pessoal de até 1 salário mínimo (n =
232; 60,8%). Houve diferença significativa entre as
médias dos fatores da EMEP (p < 0,001). A avaliação
da EMEP revelou que a estratégia mais recorrente foi
a busca de práticas religiosas/pensamentos fantasiosos (M=4,06; DP=0,71), seguida de enfrentamento
focalizado no problema (M=3,80; DP=0,66), suporte
social (M=3; DP=0,87), e, finalmente, enfrentamento
focalizado na emoção (M=2,20; DP=0,65). Os dados
apontaram uma diferença significativa entre a variável sexo e a estratégia de enfrentamento voltada
para as práticas religiosas/pensamento fantasioso,
indicando que as mulheres (M=4,16; DP=0,60), lançam mão dessa estratégia com maior frequência que
os homens (M=3,78; DP=0,89) [t(381)= -4,70; p<0,001].
Os resultados demonstram a influência da religiosiAnais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
dade no auxílio ao enfrentamento de problemas, com
destaque para o grupo feminino. Ademais, o foco no
problema constitui uma importante estratégia empregada, uma vez que normalmente está relacionada
a processos adaptativos mais exitosos.
FREQUÊNCIA DE HIPERTENSÃO AUTORREFERIDA, USO DE MEDICAMENTOS E EFICÁCIA DE
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO EM IDOSOS DA
COMUNIDADE DADOS DO ESTUDO FIBRA - PÓLO
UNICAMP
Mariana Reis Santimaria / Santimaria, M.R. / Unicamp; André Fattori / Fatorri, A / Unicamp; Anita
Liberalesso Neri / Neri, A.L. / Unicamp;
Introdução: A hipertensão arterial é uma das doenças crônicas mais prevalentes entre a população e,
principalmente, entre os idosos brasileiros. Associa-se a eventos adversos de saúde, incapacidade e
morte, configurando-se importante problema de
saúde pública. Embora o diagnóstico e tratamento
da hipertensão tenha aumentado, nos últimos anos,
ainda deparamo-nos com insuficiência no diagnóstico e adesão ao tratamento proposto e tratamento medicamentoso ineficaz, associados às determinantes
de saúde que interferem, de maneira significativa,
no manejo desta condição como gênero, escolaridade, raça, comorbidades, acesso a serviços de saúde,
estilo de vida, dentre outros. Objetivos: Descrever
a frequência relativa proporcional de hipertensão
autorreferida, uso de medicamentos e eficácia de
tratamento medicamentoso em uma amostra de
idosos da comunidade. Método: Estudo de desenho
transversal, constituindo parte do projeto Rede FIBRA (Estudo da Fragilidade em Idosos Brasileiros ,
2008 - 2009). Os participantes (n=3478) com 65 anos
ou mais, de ambos os sexos, foram selecionados por
amostragem probabilística de residentes da área
urbana de sete municípios do país. Para observação
da pressão arterial, realizou-se três medidas em
posição sentada. Foram classificados como hipertensos os indivíduos que apresentaram médias de
PAS≥140mmHg e PAD≥ 90mmHg ou PAS≥140mmHg e
PAD≤ 90mmHg. Os dados sobre hipertensão autorreferida e uso de medicação foram coletados mediante
autorrelato. Resultados: A média de idade dos idosos
foi de 72,9 anos (IC95%: 72,7-73.1) e 67,7% eram mulheres. Em relação ao autorrelato de hipertensão,
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 127
2143 (62,6%) idosos se declararam hipertensos,
sendo que destes, 95,4% fazia uso de medicação para
controle. Apenas 42,8% dos idosos encontravam-se normotensos no momento da coleta dos dados.
Conclusão: Os dados indicam elevada proporção de
indivíduos com medidas de pressão arterial acima
dos valores normais, evidenciando a possibilidade
de ineficácia das terapêuticas propostas aos idosos
hipertensos. Embora o tratamento medicamentoso
seja fundamental no manejo e controle da hipertensão, na maioria das vezes, não se mostra eficaz de
forma isolada. É necessário estudos que investiguem
a relação entre as determinantes de saúde envolvidas na manifestação da hipertensão, incluindo-as
nas ações de promoção, prevenção e educação em
saúde, assim como no cuidado integral aos idosos.
IDOSO E ACESSIBILIDADE: ADEQUAÇÃO DO AMBIENTE RESIDENCIAL
Adriana Figueiredo Fazolino / FAZOLINO, A.F /
Universidade Catolica de Santos - Unisantos; Andressa de Oliveira Novo / NOVO, A.O / Universidade Catolica de Santos-Unisantos; Vanessa Resstom
Filgueiras / FILGUEIRAS, V.R / Universidade
Catolica de Santos - Unisantos; Vilma Aparecida
Barbeiro Pinto / PINTO, V. A. B / Universidade Catolica de Santos - Unisantos; Luzana Mackevicius
Bernardes / BERNARDES, L. M / Universidade
Catolica de Santos - Unisantos;
Introdução: O crescimento acelerado do envelhecimento tem exigido um novo olhar sobre a população
idosa, uma vez que esta se torna efetivamente visível
no contexto social, demandando novas políticas
e programas voltados ao atendimento de suas necessidades nas mais diversas áreas. Diante deste
panorama, este estudo procurou entender como o
idoso vive no tocante a sua mobilidade residencial,
destacando os principais desafios em seu dia a dia,
bem como a sua capacidade funcional, frente as
barreiras arquitetônicas. Objetivos: Conhecer os
fatores que permeiam a mobilidade e acessibilidade
do idoso em seu ambiente residencial por meio de
uma revisão sistemática da literatura. Metodologia:
Utilizou-se para a busca dos artigos a combinação
dos descritores idosos, vulnerabilidade, acessibilidade, mobilidade, obtidos em base de dados SciELO
e LILACS. Foram selecionados 5 artigos com recorte
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
temporal de 2005 a 2015. Os critérios de inclusão
foram: a presença do resumo em português, assim como a descrição de abordagem qualitativa e
quantitativa referente ao idoso e a adequação do
ambiente. Resultados: Os estudos mostram que a
pessoa humana sofre um processo natural de envelhecimento, que a limita a sua locomoção em função
da ação do tempo sob sua capacidade motora. As mudanças fisiológicas que ocorrem no envelhecimento
podem levar a diminuição da capacidade funcional
a médio e longo prazo, as quais tornam os idosos
mais suscetíveis a fragilidade e a dependência de
cuidados. Essas limitações podem ser superadas
ou minimizadas se, ao longo do processo de viver,
as pessoas adquirirem hábitos de vida saudáveis
e contarem com a oportunidade de integração social, segurança e bem estar. A mobilidade é um dos
principais problemas associados ao envelhecimento
humano é a redução da habilidade para controlar a
postura e a marcha, podendo levar à ocorrência de
quedas, diminuindo, assim, a capacidade funcional
dos idosos. Conclusão: As literaturas apontam que o
aumento da população idosa traz à tona a necessidade de se refletir sobre as condições ambientais como
elementos essenciais para promover a qualidade
de vida desse segmento da população, assim como
a implementação de politicas públicas que possam
contribuir para a discussão desta temática.
INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA
IDOSOS (ILPI): UM PARADOXO ENTRE O SOCIAL
E A SAÚDE
Patricia Maria Bucheroni / Bucheroni, P. M. / Instituto de Saúde/SES-SP; Tereza Etsuko da Costa
Rosa / Rosa, T.E.C.R. / Instituto de Saúde/SES-SP;
Elisabeth Domingues da Silva / Silva, E. D. / Coordenação de Vigilância em Saúde - COVISA;
A origem das ILPI ligada aos asilos dirigidos à população carente que necessitasse de abrigo explica
o fato da grande maioria das instituições identificadas no território brasileiro sejam filantrópicas
e as políticas voltadas para essa demanda estejam
localizadas na assistência social Objetivo: Objetiva
descrever o perfil das ILPI e dos idosos institucionalizados no município de São Paulo. Método: Estudo
descritivo, quantitativo, com dados secundários de
relatórios de inspeções realizadas pela Vigilância
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 128
Sanitária do município de São Paulo (COVISA/SMS-SP) nas ILPI cadastradas no município de 2003 até
2014. Analisou-se a autodenominação dos serviços; o
grau de dependência dos idosos nas AVD e o quadro
de recursos humanos. Resultados: A maioria dos estabelecimentos se autodenomina casa de repouso”,
não obstante ainda apareçam placas de identificação
com os termos asilo, lar, residencial, serviço de hospedagem, sociedade beneficente, dentre outros. No
entanto, o que se desvela é a rápida sobreposição de
outros serviços como clínica de cuidados para idosos, clínica médica geriátrica, unidades de cuidados
especiais para idosos, centro de atendimento, unidade gerontológica, e até mesmo, hospitais para idosos. Estes são empreendimentos privados (92%) de
profissionais da saúde e de grupos de investidores,
restando os raros filantrópicos (6%) e públicos (2%),
no total de 381 ILPI no município. Este número vem
crescendo em média à razão de 60 serviços ao mês,
sendo que 89% das vagas oferecidas encontram-se
ocupadas por 9.157 idosos, sendo 3.621 (39,5%) idosos entre 60 a 80 anos e 5.536 (60,5%) com mais de
80. Mais da metade (5.143) são dependentes e destes,
46% (2.386) requerem assistência em todas as atividades de autocuidado. A região Centro-Oeste, local
que apresenta maior número de idosos é, também,
onde estão os mais velhos requerendo a presença
de aproximadamente 900 profissionais de saúde.
Conclusão: Há um aumento expressivo dos estabelecimentos e do acolhimento de idosos cada vez mais
dependentes, que demandam serviços complexos
do ponto de vista da assistência à saúde. Embora a
ANVISA tenha aprovado a Resolução RDC/ANVISA
nº283/05, esta enfatiza apenas as instituições de
caráter residencial, não sendo capaz de organizar e
orientar a nova realidade daquelas em que os idosos
necessitam de assistência à saúde e/ou são muito
dependentes. Assim, recomenda-se que o investimento social na institucionalização de idosos deve
fazer parte de um extenso debate.
PERFIL DE IDOSOS CUIDADORES DE OUTROS IDOSOS EM CONTEXTOS DE POBREZA
Daiene de Morais / Morais, D. / UFSCar; Sofia
Cristina Iost Pavarini / Pavarini, S.C.I. / UFSCar;
Marisa Silvana Zazzetta / Zazzetta, M.S. / UFSCar;
Carla Manuela Crispim Nascimento / Nascimento,
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
C.M.C. / UFSCar; Márcia Regina Cominetti / Cominetti, M.R. / UFSCar; Ariene Angelini dos Santos /
Santos, A.A. / UFSCar;
INTRODUÇÃO: O envelhecimento populacional
pode acarretar um aumento de doenças crônicas
e prejuízos à saúde dos idosos, gerando assim a
necessidade de um cuidador. No Brasil, há a tendência de aumento do número de idosos cuidadores
de outros idosos. OBJETIVO: Caracterizar os idosos
cuidadores de outros idosos, usuários de Unidades
de Saúde da Família (USF), residentes em contextos
de alta vulnerabilidade social. MÉTODO: Estudo de
natureza quantitativa, descritiva e transversal. Foram avaliados 30 idosos cuidadores, com idade de 60
anos e mais, cadastrados em Unidades de Saúde da
Família inseridas em contextos de alta vulnerabilidade social, no município de São Carlos – SP. Foram
realizadas entrevistas domiciliárias, utilizando-se
MEEM, Teste do Relógio, GDS, Índice de Katz, Escala
de Atividades Instrumentais de Lawton e Brody e
um instrumento previamente elaborado, contendo
dados de caracterização socioeconômica e demográfica. Realizou-se análise descritiva. Todos os
cuidados éticos foram observados. RESULTADOS:
Houve predomínio das seguintes características:
sexo masculino (56,7%), faixa etária de 60 a 74
anos (73,3%), casados (86,7%), com ensino primário
(70,6%), cônjuges do idoso cuidado (83,3%). Não
trabalham atualmente (86,7%) e são aposentados
(76,7%). Possuem renda de até um salário-mínimo
(56,7%) e a renda familiar é de até três salários-mínimos (60,0%). São os principais responsáveis
pelo sustento da casa (80,0%) e relatam que a renda
não é suficiente para satisfazer suas necessidades (53,3%). Moram com o cônjuge (90,0%), filhos
(46,7%), netos (30,0%) e/ou outros parentes (23,3%).
A saúde é auto percebida como razoável (56,7%) e não
apresentam sintomas depressivos (70,0%). Quanto
à cognição: 100,0% dos cuidadores empreenderam
algum tipo de erro no Teste do Relógio. No MEEM,
96,7% não apresentaram alterações cognitivas. A
patologia mais referida pelos idosos foi hipertensão
arterial (43,3%). Mostraram-se independentes para
as atividades básicas (73,3%) e instrumentais de vida
diária (70%). CONCLUSÃO: Com relação ao gênero,
diferentemente do que aponta a literatura, neste
contexto o idoso cuidador é homem. A maioria não
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 129
apresenta sintomas depressivos e é independente
para as atividades de vida diária. Considerar o perfil
dos idosos cuidadores pode fornecer subsídios para
as USFs formularem estratégias mais específicas de
cuidado, pois embora os cuidadores apresentem-se
sem graves problemas, aproximadamente 30,0%
deles precisam de mais atenção.
PERFIL DO CUIDADOR DOMICILIAR DE IDOSO NÃO
FAMILIAR, NO MUNICÍPIO DE TAQUARITINGA-SP
Fatima Terezinha Balsani Caetano / CAETANO,
F.T.B. / USP; Fatima Terezinha Balsani Caetano /
CAETANO, F.T.B. / FMRP - USP Ribeirão Preto;
Previsões da Organização Mundial de Saúde (OMS)
apontam que entre os anos de 2006 e 2030, pela primeira vez na história, em 2050 haverá mais idosos
do que crianças configurando-se um novo panorama demográfico. A assistência à saúde do idoso e
o preparo adequado de quem presta cuidado são
imprescindíveis para a manutenção da autonomia
e qualidade de vida. O presente estudo foi realizado
com cuidadores de idosos, que prestam cuidado no
âmbito domiciliar, residentes na zona urbana do
município de Taquaritinga (SP). Teve como objetivo
identificar o perfil dos cuidadores na prestação de
cuidados domiciliares, bem como suas principais
dificuldades, responsabilidades e tarefas assumidas, perante o paciente e a família, no ato de cuidar.
Foram aplicados questionários, contendo perguntas
abertas e fechadas, a 113 cuidadores, em locais diferentes de onde exerciam a função, após contato
prévio, no período de julho a setembro de 2011. Os
cuidadores eram predominantemente do sexo feminino, casados ou viviam em união consensual, na
faixa etária de 19 a 59 anos; em menor proporção
apareceu a população de cuidadores idosos. Entre
os do sexo masculino, predominaram os na faixa
etária de 19 a 59 anos. Quanto à escolaridade referida, 24,8% possuíam apenas o nível fundamental,
21,2% o nível médio, 31% o nível técnico, 6,2% o nível
superior e 16,8% sem escolaridade. Os profissionais
de enfermagem constituíram 35% dos cuidadores,
e somente um se autoavaliou bem preparado. A
profissão de cuidador não foi a principal atividade
para 77% dos entrevistados. Declararam não possuir qualificação para o exercício da função, 87,6%
e 45% referiram pouco preparo. Embora 94,7% dos
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
cuidadores declarem ser capazes de cuidar, todos
referiram possuir dificuldades e necessidade de
um apoio profissional, independentemente do nível
de escolaridade, formação profissional, ou nível de
dependência do idoso. A família do idoso não auxilia
no trabalho do cuidador em 35% dos casos, e 55%
delega serviços domésticos ou externos para serem
realizados além do ato de cuidar. A carga horária
de trabalho semanal é superior a 30 horas, 33% não
possui vínculo empregatício formal e raramente são
remunerados. Os resultados evidenciam a necessidade de um olhar diferenciado a esses profissionais,
principalmente na elaboração de políticas públicas,
sociais e de saúde voltadas à formação de recursos
humanos para este fim, para manter uma pessoa idosa saudável ou minimizar seu grau de dependência.
POLÍTICAS DE SUPORTE AO ESPORTISTA DE ALTO
RENDIMENTO: QUALIDADE DE VIDA DE EX-ATLETAS PROFISSIONAIS
Luiz Felipe Faria de Azevedo Filho / AZEVEDO FILHO, Luiz Felipe Faria de / Universidade Vila Velha
- UVV-ES. Mestrado em Sociologia Política.; Irineu
Francisco Barreto Junior / BARRETO JUNIOR, Irineu Francisco. / Universidade Vila Velha - UVV-ES.
Mestrado em Sociologia Política.;
Introdução: A pesquisa analisa políticas voltadas a
assegurar a qualidade de vida de ex-atletas profissionais de basquetebol, promovidas tanto pelo Estado,
como por organizações e grupos da sociedade civil.
A pesquisa elegeu como pressuposto a humanização
desse sujeito, pós carreira esportiva, e, mais especificamente, busca compreender em que medida os reflexos de uma vida dedicada ao esporte de alto rendimento interfere no futuro desses sujeitos. Métodos:
Iniciada com a revisão teórica sobre o assunto e sua
interface com a sociologia política, realizou-se ainda
pesquisa empírica, por meio de entrevistas direcionadas a uma amostra composta pelos integrantes
das Seleções Brasileiras de Basquete participantes
dos Jogos Olímpicos de Seul (1988), Barcelona (1992)
e Atlanta (1996). Resultados: A percepção dos entrevistados revelou que a política esportiva brasileira
apresenta limitações em diversos aspectos, e sua
superação poderia ser determinante para o sucesso
esportivo internacional. Também é certo que, ainda
que, por vezes, não seja simples o estabelecimento
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 130
da relação causa e efeito, aspectos deficitários do
sistema esportivo nacional têm impactado diretamente na identificação de talentos, aperfeiçoamento
de atletas, manutenção da carreira esportiva em
alto rendimento e futura transição profissional. O
Programa de Apoio ao Atleta implantado pelo COB
em 2012 se mostra pouco efetivo, com 33 atletas atendidos em 3 anos, sendo apenas um na modalidade
basquetebol. A Liga Nacional de Basquete (LNB) e a
Associação de Atletas Profissionais de Basquetebol
(AAPB) se destacam como possíveis protagonistas
nesse cenário, sendo citadas pelos entrevistados
como maior depositário de sua esperança no desenvolvimento da modalidade, melhorias nas condições
de trabalho e valorização do atleta profissional de
basquetebol. Conclusões: A precariedade da infraestrutura esportiva acompanha o atleta, desde seu
primeiro contato com o esporte, perpassando sua
formação nas categorias de base até a carreira em
alto rendimento. Certamente a maior implicação da
pouca oferta de espaços voltados à prática esportiva,
especialmente espaços públicos, é um significativo
comprometimento do número de praticantes. O
relato dos ex-atletas olímpicos entrevistados de
que ao final da sua carreira esportiva não possuíam
nenhum tipo de plano de aposentadoria, além de
lhes ter sido vedado acesso a uma série de direitos
sociais e trabalhistas.
PREPARAÇÃO PARA APOSENTADORIA: REVISÃO
DA LITERATURA
Patrícia Bet / Bet, P. / UFSCar; Wilson José Alves
Pedro / Pedro, W. J. A. / UFSCar;
Introdução: Cerca 11% da população brasileira
encontra-se com 60 anos ou mais, podendo triplicar
em 2050, sendo a sexta maior população idosa no
mundo. Nota-se que a aposentadoria está relacionada com uma diversidade de fatores interligados
entre si, contribuindo para alterações na qualidade
de vida do indivíduo que está passando por este
processo. Sendo assim, a percepção do trabalhador
diante seu processo de aposentadoria contribui
para atuação dos profissionais que estão envolvidos
neste meio, evidenciando a necessidade de maior
intervenção e estudos nos parâmetros que dizem
respeito a preparação para aposentadoria, como
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
estratégia de melhoria da qualidade de vida desta
classe de trabalhadores. Objetivos: Realizar revisão
bibliográfica sobre o tema preparação para aposentadoria. Metodologia: Estudo de abordagem qualitativa, exploratório e descritivo, a partir de análise
bibliométrica na base de dados Lilacs sobre o tema
preparação para aposentadoria, no período de 2003
e 2013. Resultados: 12 publicações foram analisadas,
de acordo com o tema abordado, tipo de estudo e
idioma. Observa-se que a maioria das publicações
abordam o termo Preparação para Aposentadoria
ao menos uma vez em seu decorrer, e associam esta
fase com os aspectos psicossociais que deveriam ser
abordados por estes programas, sendo bem-estar,
envelhecimento e expectativas para aposentadoria
os mais encontrados. Neste contexto, aborda-se a
importância da participação da família da pessoa
que vivencia a pré-aposentação”, pois este processo
irá requerer de ambos, mudanças específicas como
familiares, afetivas e socais, a fim de contribuir positivamente na mudança que irá ocorrer na vida do
indivíduo. Há um predomínio nas publicações analisadas evidenciando a necessidade e importância
dos Programas de Preparação para Aposentadoria, e
apoiam sua implementação em novas organizações,
sendo este dever do governo e das próprias instituições de trabalho. Conclusão: Evidencia-se a necessidade de realização de novas pesquisas na área, e
a criação de novos Programas de Preparação para
Aposentadoria nos diversos contextos do trabalho:
atenção primária, saúde do trabalhador, organizações públicas e privadas, associações profissionais
e organismos afins, visto que estes estimulam os
trabalhadores que estão próximos desta transição
a refletir sobre suas expectativas em temas de seus
interesses, como projetos futuros, envelhecimento,
qualidade de vida e satisfação com a aposentadoria.
PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS INAPROPRIADOS PARA IDOSOS NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE
DA FAMÍLIA
Renata Aparecida da Silva de Almeida / Almeida,
R.A.S. / Unesp Araquara; Patrícia Carvalho Mastroiani / Mastroiani, P.C. / UNESP;
O envelhecimento populacional brasileiro trouxe
transformações no perfil epidemiológico resultando
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 131
no aumento da morbidade por doenças crônicas.
Este cenário faz com que a polifarmacoterapia se
torne característico neste grupo etário refletindo em
um risco elevado de prescrições de medicamentos
inapropriados para a idade (MIPI) que resultam em
efeitos adversos superiores aos benefícios pelos
quais são indicados para o idoso, podendo ocasionar
o comprometimento da saúde desses indivíduos
além de gastos excessivos na saúde com tratamento
medicamentoso e internação hospitalar. O objetivo
deste estudo foi estimar a frequência de idosos
que fazem uso MIPI e identificá-los na prescrição
médica. Desenvolveu-se um estudo transversal, exploratório e quantitativo, através de coleta de dados
de 260 prontuários de idoso, onde buscou-se identificar na prescrição médica no período de Abril/2013
a Abril/2014 a prescrição de MIPIs de acordo com a
lista de Beers de 2003. Foram identificados 94 idosos (37%) com prescrição de pelo menos um MIPI,
tabulado e classificado segundo a classificação ACT.
Apresentando uma frequência de 121 prescrições
sendo que 50% atuam no sistema nervoso, 37,5%
no sistema cardiovascular e 12,5% no sistema digestório. Referente aos medicamentos que atuam
no sistema nervoso a frequência maior se faz com
o uso de ansiolíticos (16,5%), seguido de antidepressivos (5%) e numa frequência menor apresenta-se
os antipsicóticos (0,8%). Dentre os medicamentos
considerados impróprios para o consumo de idosos
e que foram identificados na prescrição médica,
conforme já exposto, destaca-se as principais características para serem classificadas como MIPI os
medicamentos ansiolíticos que estão relacionados
ao risco de queda e fratura óssea, os medicamentos
antidepressivos que estão relacionados a efeitos
anticolinérgicos e hipotensão ortostática e os medicamentos cardiovasculares estão relacionados à
bradicardia, depressão e depuração renal diminuída.
A prescrição adequada para os idosos é importante,
pois o uso sensato de fármacos por essa população
é essencial para evitar interação medicamentosa,
efeitos adversos, gastos excessivos e internações
desnecessárias de forma a contribuir com a economia de recursos públicos e garantir a segurança do
tratamento medicamentoso e melhor qualidade de
vida dos idosos.
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
PREVALÊNCIA DE QUEDAS EM IDOSOS CUIDADORES COM DOR CRÔNICA
Marielli Terassi / Terassi, M / Universidade
Federal de São Carlos; Estefani Serafim Rossetti / Rossetti, E.S. / Universidade Federal de São
Carlos; Ana Carolina Ottaviani / Ottaviani, A.C. /
Universidade Federal de São Carlos; Karina Gramani Say / Say-Gramani, K. / Universidade Federal
de São Carlos; Marisa S. Zazzetta / Zazzetta, M.S.
/ Universidade Federal de São Carlos; Priscilla
Hortense / Hortense,P. / Universidade Federal de
São Carlos; Sofia Cristina Iost Pavarini / Pavarini,
S.C.I. / Universidade Federal de São Carlos;
Introdução: Com o aumento das limitações funcionais, o idoso pode necessitar de cuidados constantes,
realizados geralmente por familiares no domicílio. A
sobrecarga do cuidado pode propiciar o surgindo ou
agravamento das dores crônicas. Observa-se que os
idosos com dores crônica apresentam pior capacidade funcional e qualidade de vida, além de um número
maior de ocorrência de quedas. Objetivo: identificar
a ocorrência de quedas em idosos cuidadores. Métodos: Trata-se de uma pesquisa com abordagem
quantitativa, realizada no munícipio de São Carlos,
com pessoas de sessenta anos ou mais, que realizavam o cuidado a outro idoso no domicilio. Os dados
foram coletados no período de abril a novembro de
2014, através de entrevistas individuais e no domicílio. Todos os preceitos éticos foram preservados.
Resultados: a amostra foi composta por 320 idosos
cuidadores, divididos em dois grupos: idosos com
dor crônica com um total de 187 (58,4%) indivíduos e
o grupo com ausência de dor totalizando 133 (41,5%)
idosos. A média de idade da população do estudo foi
de 69,4 (±6,9) anos, com predomínio do sexo feminino
(76,2%) e renda familiar de 3 salários mínimos. Em
relação à escolaridade a maioria dos idosos (63,5%)
tinham de um a quatro anos de estudo. O grupo de
cuidadores com dor crônica relatou mais quedas
(37,9%) nos últimos 12 meses quando comparado ao
grupo com ausência de dor (26,3%), com diferença
estatisticamente significativa (p=0,02). Algumas
pesquisas descrevem que os fatores de risco para
desencadear quedas na população idosa estariam relacionadas a presença de osteoporose, incontinência
urinária e artrite. No presente estudo observou-se
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 132
alta prevalência de artrite entre os idosos cuidadores, acometendo 51,8% dos participantes com dor
crônica e 15,7% dos participantes com ausência
de dor, porém não foram analisados fatores como
osteoporose e incontinência. Em relação as características da dor crônica, as localizações do corpo com
maior prevalência foram a região lombar (58,8%) e
os membros inferiores (58,8%), sendo que 56,1% dos
participantes relataram dor em mais de uma localização e observou-se a prevalência da intensidade
moderada (39,0%) e intensa (38,6%). Conclusão:
Verificou-se que os idosos cuidadores com dor crônica apresentaram uma prevalência maior de quedas
quando comparado ao grupo sem dor, ressaltando a
importância do acompanhamento multidisciplinar
aos idosos da comunidade.
PRINCIPAIS DIFICULDADES VIVENCIADAS PELO
CUIDADOR DE IDOSO FRAGILIZADO E DEPENDENTE: REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA
BRASILEIRA
Willian Ferraz Fiorentino / Fiorentino, W. F. / Universidade Paulista; Lislaine Aparecida Fracolli /
Fracolli, L. A. / Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo; Maria Fernanda Pereira Gomes
/ Gomes, M. F. P. / Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo; Rita de Cassia Palmeira /
Palmeira, R. C. / Universidade Paulista;
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS),
no Brasil, o número de indivíduos com 65 ou mais
anos, em situação de dependência, equivale a 7,3%
da população idosa total. Neste contexto o processo
de transição epidemiológica associado ao processo
de envelhecimento evidencia-se pela alta prevalência
das doenças crônicas não transmissíveis, perdas
cognitivas, declínio sensorial, acidentes e isolamento social, que causam dependência funcional nos idosos. O objetivo deste estudo foi avaliar as principais
dificuldades enfrentadas por cuidadores de idosos
dependentes, com diferentes patologias e graus de
dependência. Trata-se de uma revisão integrativa de
literatura que foi realizada na Biblioteca Virtual em
Saúde (BVS) na data 30/08/14 com os Descritores
em Ciências da Saúde (DECS): idoso fragilizado” e
cuidadores”. Foram encontrados 72 resultados publicados no período de 2000 a 2014, destes selecionou-se para compor a síntese 11 artigos. Os resultados
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
apontaram para a construção de três categorias de
dificuldades que os cuidadores de idosos enfrentam,
sendo elas: Alterações no Estado Físico”; Alterações
no Estado Emocional” e Alterações nas Relações Sociais e Familiares”. Neste contexto, as dificuldades
que os cuidadores de idosos fragilizados enfrentam,
reforçam a informação de que a experiência de assumir a responsabilidade por idosos dependentes tem
sido colocada pelos cuidadores familiares como uma
tarefa exaustiva e estressante, pelo envolvimento
afetivo e por ocorrer uma transformação de uma
relação anterior de reciprocidade para uma relação
de dependência em que o cuidador ao desempenhar
atividades relacionadas ao bem-estar físico e psicossocial do idoso, passa a ter restrições em relação à
sua própria vida. Diante do tema exposto, pode se
concluir que muitos dos cuidadores não são vistos
como parte do tratamento, sendo assim existe uma
falha por parte da equipe multidisciplinar em saúde,
ou seja, a necessidade de cuidar do cuidador passa
despercebida pelos profissionais prevalecendo à
atenção à saúde ao idoso fragilizado e dependente.
A proposta desta pesquisa é procurar expandir o
olhar dos profissionais, vendo tanto idoso quanto
o cuidador como um só, proporcionando uma assistência humanizada para ambos e com isso aliviando
um pouco da tensão que é depositada no cuidador.
PROJETO PILOTO: AVALIAÇÃO MULTIDIMENSIONAL DA PESSOA IDOSA NA ATENÇÃO BÁSICA
Tamires Gabriel Fogaça / Fogaça, T.G. / Centro Universitário São Camilo; Janayna Emanuelle Goyana
Gomes de Oliveira Nascimento / Nascimento,
J.E.G.G.O / Centro Universitário São Camilo; Ébe
dos Santos Monteiro Carbone / Carbone, E.S.M. /
Centro Universitário São Camilo;
INTRODUÇÃO: A população mundial encontra-se
em redução das taxas de fecundidade, mortalidade
e aumento da expectativa de vida. Os idosos são um
contingente populacional expressivo e crescente na
sociedade brasileira, levando há novas demandas na
política pública de saúde. Essa transição demográfica impacta principalmente a rede assistencial com
morbidades vinculadas a processos crônicos. Hoje
se gasta muito com saúde de modo equivocado, não
priorizando a prevenção. É do conhecimento dos
profissionais de saúde que a promoção de saúde e
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 133
prevenção de doenças na terceira idade é financeira
e socialmente mais viável, preconizndo idosos mais
saudáveis e um sistema de saúde menos oneroso. Por
isso a importância de se atuar na atenção primária.
OBJETIVOS: Avaliar a ocorrência de incapacidade
funcional em pacientes idosos e identificar suas
relações com as atividades da vida diária e realizar encaminhamento para a rede de referência e
contra - referência. MÉTODO: Para este Projeto foi
realizado levantamento da literatura nas bases de
dados LILACS, MEDLINE, Biblioteca Cochrane e
SciELO , com descritores: Envelhecimento populacional; Idosos, Incapacidade funcional; Atividades
físicas para idosos”. A pesquisa contará com amostra não-probabilística. O critério de inclusão será:
ter 60 anos ou mais e que participem de atividades
dentro da UBS e ter sistema cognitivo preservado.
O critério de exclusão será: ter menos de 60 anos,
não frequentar a UBS e ter comprometimento cognitivo. Avaliar a funcionalidade dos idosos através
de um questionário multidimensional e testes (Katz,
Lawton e Mini-Exame do Estado Mental) RESULTADOS: Avaliação da capacidade funcional indica a
dificuldade e a necessidade de ajuda, em atividades
básicas de vida diária e em tarefas mais complexas.
As medidas de mobilidade fazem parte, também, da
avaliação do declínio funcional, e têm provado sua
eficácia no estudo da relação do status funcional
através de características demográficas, condições
crônicas e comportamentos relacionados à saúde.
CONCLUSÃO: O aumento de pessoas acima de 60
anos, acelerou o processo de envelhecimento populacional, levando ao aumento das demandas na rede
pública de saúde, que têm chamado atenção sobre
as condições de saúde e incidência de morbidade,
disfuncionalidade e mortalidade nesta população.
QUALIDADE DE VIDA DE IDOSAS DE UMA UNIVERSIDADE ABERTA A TERCEIRA IDADE
Gabrielle Cerqueira da Silva / Da Silva, G.C. / Universidade do Estado da Bahia; Jorge Lopes Cavalcante
Neto / Cavalcante Neto, J.L. / Universidade do Estado
da Bahia e Universidade Federal de São Carlos;
INTRODUÇÃO: O envelhecimento é um processo
inerente a todos os seres humanos, sendo um fenômeno complexo, influenciado por fatores genéticos,
ambientais e estilo de vida. Manter-se saudável duAnais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
rante essa fase depende fundamentalmente de uma
boa qualidade de vida, que durante o envelhecimento
está relacionada à saúde, a capacidade de viver sem
doenças e superar condições de morbidade. É com
tal conjuntura que projetos e programas voltados
a essa população chamam atenção por oferecer
diversos benefícios aos idosos. OBJETIVO: Analisar
a qualidade de vida de idosas de uma Universidade
Aberta à Terceira Idade (UATI) em uma cidade do
interior da Bahia, Nordeste do Brasil. MÉTODOS:
Estudo transversal, realizado com 51 idosas, com
idade média de 66,66 anos (±7,49 DP). Aplicou-se o
World Health Organization Quality of Life – Brief
(WHOQOL-BREF) e o World Health Organization
Quality of Life – Old (WHOQOL-OLD). Realizou-se
análise estatística descritiva por meio de médias
e desvios-padrão, seguindo os cálculos dos escores dos próprios instrumentos. RESULTADOS: Os
resultados do WHOQOL BREF para cada domínio
foram os seguintes: Físico (3,77±0,66DP); Psicológico
(3,95±0,54DP); Inter-relações sociais (3,79±0,74DP);
Meio Ambiente (3,59±0,59DP) e no escore total o valor
médio de 15,09 (±2,21DP). Enquanto que os valores médios do WHOQOL OLD para cada domínio foram os
seguintes: Funcionamento do sensório (15,92±2,51DP);
Autonomia (15±2,18DP); Atividades (15,76±2,09DP);
Participação Social (15,56±2,09DP); Morte ou Morrer
(14,17±3,84DP); Intimidade (15,15±2,75DP) e no escore
total o valor médio de 91,52 (±10,17DP). Isso evidencia
que o domínio meio ambiente foi o mais comprometido quando da aplicação do WHOQOL BREF e que o
domínio Morte ou Morrer foi o mais comprometido
quando da aplicação do WHOQOL OLD entre as
idosas. CONCLUSÃO: Representa dizer que apesar
dos benefícios observados nos valores dos demais
domínios da qualidade de vida, e mesmo nos valores
totais existem questões que são mais difíceis de
serem sanadas, quando se objetiva a melhoria da
qualidade de vida de idosas, mesmo diante de um
programa de intervenção relevante em suas vidas.
Esses fatores excedem o contexto de ambientes socialmente favoráveis, como a UATI e transcendem os
diversos espaços que circundam a vida das idosas.
Além disso, o avanço da idade gera insegurança
diante da própria vida e insere no pensamento dessa
população impeditivos para uma melhor percepção
de sua qualidade de vida.
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 134
REDES DE APOIO SOCIAL E ESTRUTURA FAMILIAR DE / UFSCar; Pedro Moura Ferreira / Ferreira, P. M. /
IDOSOS DE UMA ÁREA DE ALTA VULNERABILIDADE ICS-UL;
Estefani Serafim Rossetti / Rossetti,E.S. / UFSCar; Marielli Terassi / Terassi,M. / UFSCar; Ana
Carolina Ottaviani / Ottaviani,A.C. / UFSCar; Sofia
Cristina Iost Pavarini / Pavarini,S.C.I. / UFSCar;
Marisa Silvana Zazzetta / Zazzetta,M.S. / UFSCar;
Introdução: A avaliação da composição familiar
disponibiliza importantes informações para o planejamento de ações voltadas ao cuidado de idosos, principalmente em áreas de alta vulnerabilidade social.
O objetivo deste trabalho foi avaliar suporte ofertado
pelas redes de apoio social e composição familiar de
idosos cuidadores cadastrados em Unidade de Saúde
da Família-USF em uma área de alta vulnerabilidade
social. Métodos: O estudo foi composta por 73 idosos
cuidadores. A coleta de dados ocorreu nos meses de
maio a outubro de 2014. Os genogramas e ecomapas
foram confeccionados por meio de entrevistas no
domicilio. Todos os preceitos éticos foram preservados. Resultados: A média de idade foi de 70,35 anos
(DP±8,5), totalizando 58 idosos do sexo feminino e 15
sexo masculino. A média de escolaridade foi de 2,3
anos. Foram encontrados a média de três pessoas
por domicílio e 5,53 filhos por idoso. A maioria dos
idosos relatou ligação normal com familiares. A renda média dos idosos foi de 0,93 salários mínimos e
renda média da família foi de 2,3 salários mínimos.
Os idosos cuidadores relataram baixa ou nenhuma
ajuda financeira e material (95,9%); nenhuma ajuda
da igreja, baixa ou nenhum ajuda do serviço de assistência social (98,6%) e 90,4% referiram possuir ajuda
de instituições de Saúde. Discussão: O genograma
e o ecomapa são instrumentos de investigação que
mostram as características e relações familiares,
revelando a linguagem não verbal dos entrevistados
e seus sentimentos. Conclusão: A maioria dos idosos
relatou ligação normal com familiares. O genograma e
ecomapa demonstraram serem instrumentos eficazes
para avaliar a estrutura familiar de idosos de uma
USF, podendo ser usado como mecanismo para melhorar o planejamento de serviços para esta população.
RELATO DE EXPERIÊNCIA: APRENDIZAGENS DIGITAIS POR PESSOAS IDOSAS
Brunela Della Maggiori Orlandi / Orlandi, B. D. M.
/ UFSCar; Wilson José Alves Pedro / Pedro, W. J. A.
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
A velhice e o envelhecimento são fenômenos sociais
onde se faz necessário mudanças e adaptações em
políticas públicas para que possam atender a essa
nova demanda eminente e progressiva. Ao passo do
envelhecimento ocorre uma progresso tecnológico.
O seu aprendizado torna-se fundamental com rápida
difusão de informações, de forma inclusiva e sempre
atualizada. Isso nos apresenta um novo desafio a
ser perpassado, principalmente, pela população já
envelhecida. A inclusão digital é a associação do uso
do computador, do acesso à rede e o domínio das
ferramentas”, com isso a necessidade de dominar
um conhecimento para poder disseminá-lo através
dos recursos tecnológicos. A educação na fase da
velhice é considerada por pesquisadores uma estratégia para um envelhecimento saudável Alguns
benefícios podem ser facilmente deduzidos ao se
aprender a utilizar desses rescursos tecnológicos,
como ampliar amizades, manter contato continuos
com pessoas distantes, buscar informações de diferentes tipos, se empoderam do processo de compra,
acesso a informações de saúde, aprendizagem e
interação social”. A partir dessa reflexão e do relato
de experiência destes pesquisadores, como se dá o
processo de aprendizagem digital pela pessoa idosa?
Um grupo de pessoas idosas participantes de um
programa de inclusão digital voluntário tiveram a
experiência de aprender o domínio da máquina, no
caso o computador, desde a sua inicialização, com
aulas expositivas preparadas, aliadas a uma apostila detalhada e a interação e troca de informações
entre eles próprios. Ao final de 15 encontros de duas
horas, as pessoas idosas participantes estavam
habilitadas não só a ligar e desligar o computador,
como também a acessar a internet, com conteúdos
informacionais e redes sociais, possibilitando uma
maior interação entre os participantes e deles com
sua rede de suporte social, fora aquele contexto. O
termo aprendizagem ao longo da visa” reforça que o
ato de aprender se dá em qualquer momento da vida
e tem como objetivo a melhora de conhecimentos,
aptidões e competências, e o processo de inclusão
digital proporciona uma maior participação e interação social, maiores estímulos cognitivos e por
consequência minimiza a solidão e o isolamento. A
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 135
política pública proposta pelo Estado de São Paulo,
São Paulo Amiga do Idoso”, visa, no entanto, minimizar essa infoexclusão que hoje ocorre e com isso
permitir que os envelhecentes sejam capacitados a
essa evolução tecnológica.
RELATOS DE PESQUISA: PROGRAMA DE INCLUSÃO
DIGITAL: PERFIL DE IDOSOS FREQUENTADORES DE
UM PROGRAMA DE INCLUSÃO DIGITAL DA CIDADE
DE SÃO CARLOS
Brunela Della Maggiori Orlandi / Orlandi, B. D. M.
/ UFSCar; Wilson José Alves Pedro / Pedro, W. J. A.
/ UFSCar;
Como discussões a cerca de todo o mundo, o envelhecimento é um processo no qual todos estamos
vivenciando e o aumento da população idosa a nível
nacional e global com a necessidade de políticas
públicas que sejam voltados a essa temática A revolução tecnológica também é outra temática que
nos apresenta um novo desafio a ser perpassado,
principalmente, pela população já envelhecida. Há
contudo um aumento do número de pessoas idosas
que buscam ser alfabetizadas digitalmente, ou seja,
aprender de forma efetiva a utilizer os recursos
tecnológicos presents em nosso cotidiano. Este
processo ainda é novo e requer melhores apronfundamentos a cerca da temática, mas estudos internacionais apontam para uma maior procura por
essas pessoas a desenvolverem habilidades junto a
tecnologias informacionais através do resurso da internet. Este trabalho faz parte de uma dissertação de
mestrado e visa apresentar o perfil de pessoas idosas
frequentadoras de um programa de inclusão digital
da Fundação Educacional de São Carlos. Foram convidados pessoas acima dos 60 anos que já sabiam
utilizar o computador e a internet. Responderam ao
questionário 19 pessoas idosas, 11 do sexo feminino
e oito do sexo masculino. A idade média foi de 67
anos. O estado civil, vai de encontro com a média
brasileira de apresentar 47,2% de famílias nucleares,
sendo que 63,2% dos participantes são casados. Considerando a escolaridade, foi possível identificar um
grupo muito escolarizado, apresentando 44,5% dos
participantes com o superior completo e 33,3% com
ensino médio completo. Ao relacionarmos a renda,
este grupo também está acima da média nacional,
sendo esta de ½ a 2 SM e o grupo está entre 2 e 3 SM
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
(31,6%). 73,7% não exercem atividade remunerada,
sendo aposentados ou pensionistas. Mesmo apresentando renda acima da média, das pessoas que
coabitam com as pessoas idosas 68,4% contribuem
para a renda da casa, sendo eles cônjuge, filhos,
netos, sobrinhos, entre outros. Por se tratar de um
grupo específico, apenas um participante idoso não
possuía computador com acesso a internet em sua
residência, com isso ao serem questionados sobre
a frequência do acesso à internet, 42,1% afirmam
usarem todos os dias e procuram acessar a internet
(Figura 1) em 68,4% dos casos em busca de notícias
(25%), informações e pesquisas (18%). Há algumas
ressalvas a serem apresentadas, porém podemos
identificar a importância e relevância do acesso,
uso e aprendizagem das tecnologias digitais pelas
pessoas idosas.
REORGANIZAÇÃO DO PROCESSO DE CUIDAR DO
IDOSO DO MUNICÍPIO DE TAQUARITINGA-SP
Fatima Terezinha Balsani Caetano / Caetano, F.T.B
/ Prefeitura Municipal Taquaritinga -SP; Vanessa
Paccielo / PACCIELO, V. / Prefeitura Municipal
Taquaritinga- SP;
O perfil populacional brasileiro vem mudando de
forma rápida desde a década de 40 e cursa com um
aumento progressivo da população idosa. Assim,
ocorre em acréscimo uma transição epidemiológica
em que o as doenças crônicas degenerativas passam
a ocupar papel de destaque. A assistência à saúde
do idoso, em conjunto com a prevenção de doenças
crônicas e degenerativas, e o preparo adequado
de quem presta cuidado são imprescindíveis para
a manutenção da autonomia e qualidade de vida
do idoso. O presente Projeto Aplicativo tem como
objetivo reordenar e qualificar a rede de atenção
à saúde ao idoso tendo como base norteadora as
principais necessidades desta população específica. Para a obtenção destas informações serão
aplicadas individualmente, aos cuidadores/idosos,
pelos profissionais que compõem a equipe da ESF
dois instrumentos sendo a Escala de Fragilidade de
Edmond e o questionário de Índice de Barthel que
avalia o grau de independência do idoso. Espera-se,
portanto, que a partir deste, a população idosa do
município de Taquaritinga, possa contar com rede
assistencial composta de ações e serviços que atenSaúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 136
dam às suas reais necessidades bem como, profissionais devidamente capacitados para o enfrentamento
das necessidades.
RISCO PARA DIABETES MELLITUS TIPO 2 EM IDOSOS CUIDADORES
Ana Carolina Ottaviani / Ottaviani, A.C. / UFSCar;
Daiane Morais / Morais, D. / UFSCar; Estefani
Serafim Rossetti / Rossetti, E.S. / UFSCar; Marielli
Terassi / Terassi, M. / UFSCar; Ariene Angelini dos
Santos / Santos, A.A. / UFSCar; Vivian Ramos Melhado / Melhado, V.R. / UFSCar; Fabiana de Souza
Orlandi / Orlandi, F.S. / UFSCar; Sofia Cristina
Iost Pavarini / Pavarini, S.C.I. / UFSCar;
Introdução: O diabetes mellitus tipo 2 é uma doença
de importância para a saúde pública, visto que sua
incidência e prevalência têm avançado de forma
crescente, sendo causada por uma combinação de
fatores genéticos e estilo de vida. Em face disso, a
prevenção primária para identificar os fatores de
risco para DM2 e traçar estratégias para a evitar
a exposição ao risco, retardam ou impedem o aparecimento da doença crônicas. Objetivo: Avaliar o
risco para diabetes mellitus tipo 2 de idosos cuidadores informais de outros idosos. Método: Trata-se
de uma pesquisa descritiva, quantitativa de corte
transversal. Foi realizada com 342 idosos cuidadores
de idosos cadastrados em uma das 15 Unidades de
Saúde da Família de um município paulista. Os dados foram coletados no período de abril a novembro
de 2014, no próprio domicílio dos idosos. Os dados
foram coletados por meio de entrevista individual,
utilizando-se os instrumentos de Caracterização dos
Sujeitos e o Finnish Diabetes Risk Score (FINDRISK).
O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética
em Pesquisa. Resultados: Dos 342 idosos cuidadores,
76,9% era do sexo feminino, a média de idade foi de
69,58 (±7,07) anos, 90,4% eram casadas ou viviam
com o companheiro (90,4%) e 56,4% cursaram até
o ensino fundamental incompleto. Em relação aos
fatores de risco para DM2, 72,2% tinham idade ≥ 65
anos; 38,0% estavam com excesso de peso; 59,1%
foram classificados em risco cardiovascular; 39,5%
eram sedentários; 16,7% relataram não comer frutas
e/ou verduras diariamente; 65,8% tomavam anti-hipertensivos e 45,3% apresentaram história familiar
de DM2. Quanto ao grau de risco para DM2, 35,1%
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
estavam em baixo risco, 57,3% em risco levemente
moderado e 7,6% em moderado risco. Conclusão: A
prevalência para o risco de diabetes mellitus tipo
2 dos cuidadores avaliados no presente estudo foi
levemente moderado, com valores de 7 a 11 pontos
na escala. Este estudo traz contribuições para o
planejamento de estratégias de promoção a saúde
e prevenção a incapacidades, associadas ao risco de
DM2, junto aos cuidadores da atenção básica.
UTILIZAÇÃO DE SERVIÇOS DE SAÚDE POR IDOSOS
USUÁRIOS DE PLANOS DE SAÚDE PRIVADOS: UMA
CONTRIBUIÇÃO DO ESTUDO SABE
Marilia C P Louvison / Louvison MCP / FSP USP;
Dora Severo / Severo D / FSP USP; Tereza E Rosa
/ Rosa TE / Instituto de Saude SES/SP; Yeda O
Duarte / Duarte YO / FSP USP; Maria Lucia Lebrao
/ Lebrao ML / FSP USP;
O envelhecimento populacional traz importantes
desafios para os sistemas de saúde e em particular
no Brasil, em função da dualidade dos sistemas
público e privado. Apesar de termos um sistema
universal de saúde os planos privados de saúde
tiveram importante incremento nos últimos anos
e, em particular, em São Paulo. O estudo objetiva
identificar um perfil dos idosos usuários de planos
de saúde. Foram analisados os dados do Estudo
SABE – Saúde Bem-Estar e Envelhecimento, pesquisa longitudinal de base populacional, que teve
início em 2000 e realizou dois campos em 2006 e
2010, acrescentando em cada um, uma nova coorte
de idosos de 60 a 64 anos. Observou-se que 44,7%
dos idosos em 2010 referiram ter plano de saúde
privado, 41,2% entre os que têm de 60 a 74 anos e
53,4% entre os que têm 75 anos ou mais, sendo 34,2%
dos idosos que consideram não ter renda suficiente
para as suas necessidades, em comparação a 52,3%
dos que referem ter renda. Por outro lado, 52,0% dos
idosos com plano de saúde refere saúde muito boa/
boa em comparação aos 46,5% de quem não tem plano. O fato dos mais idosos terem maior proporção de
planos podem indicar que estes tem mais medo de
depender do sistema de saúde e se protegem com o
sistema privado, mesmo sem condições financeiras
e mesmo não se considerando mais doentes. Vários
foram os seguros privados relacionados chamando
atenção a predominância do Prevent Senior. Quem
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 137
tem plano de saúde referiu consulta no ultimo ano
em 90,1%, sendo 84,0% entre os que não tem. Dos
que tem plano de saúde, 20,0% refere dificuldade de
acessar serviços de saúde quando precisa enquanto
são 28,7% dos que não tem e 24,8% do total. Dos que
tem plano de saúde, 14,1% foram internados sendo
8,7% dos que não tem plano de saúde em um total
de 11,12% de internações no ultimo ano. Apenas
5,0% dos idosos com plano de saúde indicaram que
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
foram internados pelo SUS e 3,% pagaram internação particular. Não há diferença significativa na
qualidade referida pelos idosos internados sendo
que 92,1% dos que tem plano e 85,1% dos que não
tem plano referiram que a internação foi muito
boa/boa. A utilização dos idosos não apresentaram
diferenças importantes com relação ao uso do setor
público, indicando dificuldades de acesso em ambos
os subsistemas.
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 138
Financiamento da Saúde
A SAÚDE NO CONTEXTO DA CRISE DO CAPITA- desenvolvimento capitalista em curso interage com
a saúde pública brasileira ao constranger o Estado a
LISMO CONTEMPORÂNEO
Luci Maria Teston / Teston, L.M. / FSP-USP; Áquilas Nogueira Mendes / Mendes, A.N. / FSP-USP;
Introdução: O processo de crise do capitalismo
contemporâneo e seus impactos na saúde pública
constitui preocupação central deste trabalho. A
atual fase do capitalismo é marcada por uma crise
que atinge profundamente a economia em uma
perspectiva global, se estendendo para além do
campo das finanças. Essa crise tem como ponto de
partida a queda tendencial da taxa de lucros e atinge
as bases da acumulação do capital. Ela inicia pelo
fim dos anos 1970 e afeta inicialmente os Estados
Unidos estendendo-se, posteriormente, em função
da mundialização das finanças, para todas as partes do mundo. Desde então, há períodos de booms
e recessões. Objetivo: Entender esse movimento é
essencial para compreender em que medida o processo de financeirização e de acumulação de capital
interage e impacta na saúde pública. Método: A
pesquisa utiliza como metodologia o levantamento
bibliográfico por meio de um referencial construído
a partir de diferentes autores que dialogam com o
pensamento marxista. Resultados: Entre as saídas
encontradas para o aumento das margens de lucro
do capital a que vem sendo utilizada relaciona-se à
precarização das relações de trabalho, com a consequente fragmentação das organizações sindicais,
provocando insegurança e redução de benefícios
sociais, o que acarreta impactos importantes no
campo da saúde. Conforme vai se desenvolvendo a
crise do capitalismo contemporâneo a saúde pública brasileira entra em processo de desvalorização,
especialmente no que compete aos recursos destinados ao seu financiamento. A política econômica
de governo tem se mantido alinhada às demandas
do capital financeiro internacional destinando-se,
especialmente, ao cumprimento de metas de inflação
e de superávits primários. Como resultado, têm-se
decisões relacionadas à forte redução de despesas
no âmbito das políticas de direitos sociais. Conclusão: É possível concluir que o contexto da crise do
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
promover importantes desafios quanto à universalidade plena do Sistema Único de Saúde. A fragilidade
das políticas públicas, em especial daquelas voltadas
para a saúde pública, resulta dessa lógica perversa
que permeia a atual fase capitalista.
CARACTERIZAÇÃO DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA
ACERCA DO ACESSO A MEDICAMENTOS POR VIA
JUDICIAL NO BRASIL NOS ÚLTIMOS 5 ANOS
Cristiane Leite de Almeida / Almeida, C.L. / EERP
- USP; Valéria Cristina Gabassa / Gabassa, V.C. /
EERP - USP; Ana Beatriz Afonso / Afonso, A.B /
EERP - USP; Ana Maria Laus / Laus, A.M. / EERP USP; Lucieli Dias Pedreschi Chaves / Chaves, L.D.P
/ EERP - USP;
Introdução: A discussão sobre o acesso a medicamentos e tratamentos de saúde pela via judicial
no Brasil ganhou importância teórica e prática,
envolvendo crescentes debates entre acadêmicos,
operadores do direito, gestores públicos e sociedade
civil trazendo para o centro do debate a atuação do
Poder Judiciário em relação à garantia do direito e
acesso à saúde. Objetivo: caracterizar a produção do
conhecimento através de revisão integrativa de literatura a respeito da judicialização de medicamentos
no Brasil nos últimos cinco anos. Metodologia: estudo descritivo, documental e retrospectivo, realizado
por meio de uma revisão integrativa da literatura.
Critérios de inclusão: artigos na íntegra; publicados
em português e inglês; que atendessem ao objetivo
da revisão; publicados e indexa¬dos nas bases de
dados LILACS, MEDLINE, PUBMED. Resultados:
12 artigos constituíram o corpus final de análise. A
base de dados LILACS concentrou o maior número de
artigos (9; 75%). As publicações ocorreram nos anos
2010, 2011 e 2012 (3; 25%) em cada ano, 2013 (2; 16,7%)
e 2014 (1; 8,3%). Dos 12 estudos, dois se referiam a
levantamento bibliográfico sobre a temática e os
demais estudos tratavam de pesquisas documentais,
descritivas e retrospectivas com dados oriundos
de ações judiciais do Rio de Janeiro, Minas Gerais,
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 139
Mato Grosso, Pernambuco, São Paulo e Brasília (de
âmbito nacional). Os 10 estudos totalizaram 13.605
ações judiciais analisadas, sendo que no estado de
Minas Gerais concentrou-se a análise de 8.311 (61%
das ações analisadas em todos os estudos). Os medicamentos judicializados são recorrentes. Os imunossupressores para o tratamento de artrite reumatóide
(adalimumabe, etanercepte e ifliximabe) são os que
mais se repetem, seguidos da insulina glargina
(insulina especial) e aripripazol (antipsicótico). Os
estudos de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro
apresentam basicamente os mesmos medicamentos
demonstrando um padrão na judicialização de medicamentos nesses estados. Conclusão: os estudos
estão concentrados em ações judiciais ocorridas no
período entre 2005 e 2010, mostrando uma lacuna
no conhecimento referente a ações ocorridas entre
2010 e 2015, sendo uma oportunidade para estudos
futuros. Pode-se constatar que quando o direito a
saúde não é oferecido, busca-se o Poder Judiciário
objetivando adquirir o que não está sendo cumprido
pelo Estado ou pelas Operadoras de Saúde, aumentando as ações judiciais nesse aspecto.
EFICIÊNCIA NA APLICAÇÃO EM TEMPOS DE RESTRIÇÕES DE RECURSOS PARA A ATENÇÃO BÁSICA
NO BRASIL
José Rivaldo Melo de França / França, J.R. / Ministério da Saúde;
Introdução: Tendo como referencial a avaliação
do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da
Qualidade da Atenção Básica (PMAQ), feita pelo
Ministério da Saúde (MS) com participação externa
especializada, este trabalho examina as características das receitas disponíveis (RD) (receitas próprias +
transferências constitucionais e legais) para aplicação em saúde, por meio do perfil do financiamento
da atenção básica (AB) em municípios avaliados pelo
PMAQ para gerar conhecimento sobre os arranjos
municipais com emprego eficiente de recursos nos
níveis de excelência atingidos segundo o PMAQ.
Com perspectivas desfavoráveis para o financiamento federal em cenário de evolução negativa
da Receita Corrente Líquida, devido a atual crise
econômica, a disponibilidade de recursos tripartite
para o setor tende a restrições. Os entes federados
recorrem a estratégias de gestão para a maximizaAnais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
ção da eficiência. São importantes investigações
da Economia da Saúde para identificar a origem e
composição das receitas próprias e RD aplicadas
para caracterizar os arranjos municipais eficientes, segundo avaliação externa do PMAQ. Objetivo:
Investigar a composição das RD que possibilitaram
arranjos institucionais que levaram à otimização da
aplicação de recursos e à qualidade dos serviços da
AB. Método: A partir do rank obtido pela avaliação
do PMAQ serão examinadas as composições das RD,
transferências do SUS e a aplicação em AB, por meio
das médias dos dados de 2003 e 2004 e 2012 e 2013,
dos 10 municípios de melhor classificação a fim de
gerar perfil da composição do financiamento que
contraposto ao dos 10 municípios com pontuação
mais restrita, criarão padrões de ambos os grupos
nos 10 anos que culminam a avaliação. Os dados
serão coletados do Sistema de Informações sobre
Orçamentos Públicos em Saúde, conforme informado pelos municípios e registros disponibilizados
pela Sala de Apoio à Gestão Estratégica, ambos do
MS. Para caracterizar o perfil dos municípios, em
ambas as situações, far-se-á comparações entre os
padrões de financiamento da AB dos dois grupos
de municípios. Resultados: Serão analisados os
comportamentos das variáveis sistematizadas de
acordo com as dimensões: RD, despesas em saúde e
alocação municipal em AB para a caracterização dos
perfis dos grupos. Os principais achados servirão de
subsídios para as conclusões. Conclusão: Espera-se
obter padrões de financiamento municipal que caracterizem os índices obtidos na avaliação do PMAQ.
FINANCIAMENTO DO SUS: PERCURSO HISTÓRICO
E EMBATES
Patricia Cristina Magdalena / Magdalena, P.C. / FGV;
Introdução O financiamento insuficiente do SUS
tem estado na agenda pública e é um fator limitante
ao desafio de promover a universalidade e a integralidade da saúde nas diversas realidades sócio-regionais do país. Tendo isso em vista, o trabalho
trata do percurso histórico do financiamento do SUS,
com ênfase nos governos FHC e Lula, procurando
analisar se houve continuidade na abordagem do financiamento entre esses governos. Objetivos Traçar
o percurso histórico do financiamento do SUS, enfatizando os períodos dos governos FHC e Lula; evidenSaúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 140
ciar as relações de poder que permearam a questão
da insuficiência de recursos, como os embates intra
Poder Executivo, entre os ministérios da Saúde e da
Fazenda, bem como entre Executivo e Legislativo.
Método Trata-se de estudo qualitativo e exploratório,
utilizando entrevistas semiestruturadas e dados
documentais, legislação, artigos de jornais etc. As
entrevistas foram realizadas com três gestores do
Ministério da Saúde no período selecionado, sendo
um ministro, um secretário executivo e um secretário de gestão de investimentos. Resultados Houve
continuidade na abordagem do financiamento do
SUS nos governos FHC e Lula, e a agenda que prevaleceu foi a da área econômica. Isto evidenciou-se
com a CPMF, que teve seu impacto reduzido devido
a substituição de fontes de financiamento pelaa Fazenda. Além disso, a demora na regulamentação da
Emenda Constitucional 29/2000, efetivada apenas
em 2011, também demonstra a não priorização do
financiamento adequado do SUS tanto pelo poder
Legislativo quanto pelo Executivo. Identificamos
também relações de disputa entre os ministérios da
Saúde e da Fazenda, que atuaram de forma oposta
no que se refere ao aporte de recursos para o SUS.
Conclusão Mesmo em diferentes contextos sociais,
políticos e econômicos dos governos FHC e Lula,
o financiamento do SUS não apresentou avanços
significativos. Isso evidencia-se na avaliação do
percentual do PIB aplicado em saúde pelos três
entes federados, a renúncia fiscal para os planos
privados e a aplicação de recursos pela União,
que decresceu. Nesse sentido, houve um caráter
de continuidade entre os governos FHC e Lula na
política de financiamento do SUS. Apesar de todos
os constrangimentos impostos ao sistema, a saúde
conseguiu preservar-se como direito social universal
e obteve avanços, especialmente na organização dos
arranjos do sistema e no fortalecimento do papel do
município. A este também recaiu o peso maior na
composição do financiamento.
RELAÇÕES PÚBLICO-PRIVADO NOS SERVIÇOS DE
ATENÇÃO À SAÚDE: ESTUDO DA DUPLA PORTA DE
ENTRADA EM DOIS HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS
DO ESTADO DE SÃO PAULO
Maiara Cristina Luiz Caxias / Caxias, M. C. L /
UNICAMP;
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Introdução A dupla porta de entrada em hospitais
universitários revela um estudo interessante para
entender a relação entre SUS e Privado. Para esse
estudo foi escolhido o Hospital das Clinicas da
Unicamp Campinas que não tem a dupla porta de
entrada e Hospital das Clinicas da USP Ribeirão
Preto que tem dupla entrada. Conhecer os fatores
que condicionaram a decisão de adotar / não adotar
o modelo de dupla porta de entrada nos hospitais
selecionados. Identificar as implicações dos dois
modelos - dupla porta de entrada x porta única – para
o hospital, os profissionais, os pacientes e a sociedade em geral. Métodos A estratégia metodológica
utilizada na presente investigação será um estudo de
caso exploratório, dado que a dupla porta de entrada
em hospitais públicos ainda é um fenômeno pouco
estudado no contexto brasileiro. Objetivos Comparar
as duas portas de entrada (SUS x planos de saúde)
em termos de estrutura, processos e resultados;
Identificar as implicações dos dois modelos - dupla
porta de entrada x porta única – para o hospital, os
profissionais, os pacientes e a sociedade em geral
RESULTADOS O resultado obtido que o financiamento nos dois hospitais é diferente pois o HC USP
Ribeirão Preto uma autarquia do estado de São Paulo
e recebe seus recursos diretamente da Secretaria da
Saúde e o HC Unicamp não é uma autarquia e recebe
dinheiro do Secretaria da Educação Hospitais com
dupla porta de entrada consegue melhor pagar as
despesas com dinheiro que vem a mais da segunda
porta, mas enfrenta a divisão de dividir o hospital
entre pessoas que tem plano de saúde e pessoas que
utilizam o SUS. Já os hospitais sem dupla porta de
entrada convivem com a dificuldade de se manter
apenas com recursos do SUS. Conclusão A partir da
revisão bibliográfica e das entrevistas realizadas,
foi possível perceber que a dupla porta de entrada
nos hospitais estudados tem duas vertentes, uma
favorável e outra desfavorável. A vertente favorável
enfatiza o aporte adicional de recursos financeiros
que o hospital consegue obter a partir do atendimento de pacientes particulares e de planos de saúde.
Já a vertente desfavorável enfatiza a ideia de que a
dupla porta de entrada segmenta a sociedade entre
usuários do SUS e clientes de planos de saúde, ou
seja, entre pagantes e não pagantes, gerando uma
discriminação no interior de um órgão público.
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 141
Gênero, Raça e Etnia
A CONSTRUÇÃO SOCIAL DO GÊNERO E A VIOLÊN- buscou por atendimento nos serviços de saúde, não
foi nesse local que o problema foi detectado e acomCIA CONTRA A MULHER
Dinair Ferreira Machado / Machado,D,F. / Faculdade de Medicina Unesp/Botucatu; Margareth Aparecida Santini de Almeida / Almeida, M,AP. S, de /
Faculdade de Medicina de Botucatu - Unesp; Elen
Rose Lodeiro Castanheira / Castanheira, E.R.L. /
Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp;
Desde a década de 90 a violência contra a mulher
vem se configurando como um grave problema
de saúde pública que viola os direitos humanos.
Entretanto ainda há nos meios científicos vários
desafios a serem enfrentados para aprimoramento
das práticas, atuação e prevenção do problema, um
deles se refere a questão cultural de socialização
dos gêneros. O presente estudo teve como objetivo:
Identificar a influência da socialização do gênero
na história de vida de uma mulher que superou a
violência. Método: Trata-se de uma pesquisa qualitativa nos molde da história de vida de uma mulher
de 55 anos que superou a violência de gênero. Para a
entrevista foi utilizado um roteiro semiestruturado
dividido nos seguintes eixos: 1) a infância e a dinâmica familiar; 2) a dinâmica familiar após o casamento;
3) a percepção da violência e o; 4) o rompimento do
silêncio e a busca por ajuda. A entrevista teve a duração de 40 minutos foi gravada e transcrita. Após
a análise, as narrativas foram dividas nas seguintes
categorias temáticas: 1) reconhecendo o seu papel
social na infância; 2) O projeto profissional e a
busca por liberdade; 3) Reconhecendo e superando
a violência e a busca pelos apoios institucionais.
Resultados: No decorrer de sua história de vida a
mulher passou por socialização baseada no papel de
submissão, que lhe atribuiu a responsabilidade pelos
cuidados domésticos, dos filhos do marido, e, embora
tenha alcançado um emprego estável e mantivesse
financeiramente a casa delegou ao homem o papel
de chefe de família. Observou-se ainda que somente
após conviver vários anos em situação de violência
a qual causou lhe sofrimento psíquico, ansiedade e
depressão, decidiu romper com o silêncio e buscar
ajuda. Contudo, apesar das inúmeras vezes que
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
panhado. Conclusão: A socialização do gênero pode
influenciar nas escolhas conjugais das mulheres e
na sua relação com o companheiro, bem como, na
percepção deu uma situação de violência. Entender
essa influência possibilita aos profissionais de saúde desenvolver estratégias de detecção, prevenção e
acompanhamento dos casos.
A DESMISTIFICAÇÃO DA DOAÇÃO DE SANGUE
POR HOMOSSEXUAIS
Mariana Aguiar Bezerra / Bezerra, M. A. / UNESP,
campus de Franca;
Segundo Chauí (1997, p. 118), preconceito, como a
palavra indica, é uma ideia anterior à formação de
um conceito. O preconceito é a idéia preconcebida,
anterior, portanto, ao trabalho de concepção ou
conceitualização realizado pelo pensamento. Deste modo, os preconceitos em torno da diversidade
sexual e de gênero possuem uma dimensão maior
do conceito de homofobia, afinal, a sociedade está
marcada pelas normas as quais naturalizam a forma
de ser e geram os preconceitos. Assim, devido a esses
mecanismos que tornam os indivíduos normalizados, fez com que haja discriminação aos homossexuais no processo de doação de sangue. A pesquisa
tem como objetivos compreender as determinantes
das práticas discriminatórias sofridas pelos homossexuais, analisar as evoluções da Portaria Nº
2.712, de 12 de novembro de 2013 que regulamenta
os procedimentos hemoterápicos quanto a abranger os indivíduos homossexuais, e, assim, verificar
como o Serviço Social pode contribuir quanto a
desmistificação desse preconceito. Está sendo realizada pesquisa bibliográfica e documental, com
o fichamento de obras de análise sobre os diversos
aspectos do tema tratado, pretende-se continuar
essa metodologia e também por meio de entrevistas
que serão realizadas como instrumental de coleta
de dados. Os resultados iniciais demonstram que é
necessário substituir a questão da causa da sexualidade para problematizar os mecanismos que tornam
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 142
os indivíduos normalizados. Observa-se também que
devido as determinantes como a heterossexualidade
compulsória, a hetenormatividade, o sexismo e o
patriarcalismo, colocou-se a heterossexualidade
como modelo político que organiza a sociedade e o
que acarretou na homofobia, lesbofobia, transfobia
e no heterossexismo. Consequentemente, fez com
que tivesse rebatimentos na Portaria Nº 2.712, de
12 de novembro de 2013 que regulamenta o processo de doação de sangue, pois tal Portaria traz uma
determinação restritiva e discriminatória, mesmo
não abordando diretamente questões de orientação
sexual e de identidade de gênero, enquadra os do
sexo masculino, onde considera inapto temporário
por doze meses o indivíduo que teve relações sexuais com outros homens. Contudo, espera-se refletir
acerca de tal discriminação em relação aos casais
heterossexuais que também praticam o sexo anal,
porém não estão expostos na Portaria, ademais,
espera-se contribuir com a desmistificação da doação de sangue pelos os homossexuais.
A PERSPECTIVA DE GÊNERO E DOS DIREITOS
HUMANOS PODEM MODIFICAR A PRÁTICA ASSISTENCIAL NA APS?
Maria Fernanda Terra / Terra, M.F. / FCMSCSP;
Ana Flávia Pires Lucas d‘Oliveira / d‘Oliveira,
A.F.P.L. / FMUSP;
O problema da violência contra as mulheres foi denunciado pelo movimento feminista como violação
dos direitos das mulheres e uma questão de gênero.
Houve, nos últimos trinta anos, o estabelecimento
de políticas públicas e leis que buscam garantir a
assistência às mulheres a partir da estruturação de
uma rede de serviços que inclui o setor de saúde. Há,
porém, dificuldades para a violência doméstica de
gênero ser reconhecida enquanto um problema do
campo da saúde e incorporada como parte das intervenções em saúde. A exclusão desse tema do campo
das práticas em saúde obstaculiza o cuidado integral
por reduzir as queixas das mulheres a alterações no
corpo ou na mente”, limitando o problema a uma
patologia e a uma situação individual; ação que é
parte da medicalização que banaliza, naturaliza e invisibiliza a violência sofrida pelas mulheres. A APS
tem potência para reconhecer a condição social dos
problemas de saúde e promover a qualidade de vida
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
das mulheres ao efetivar a integralidade e a equidade
na prática assistencial. Objetivo: Esse estudo busca
analisar como as perspectivas de gênero e de direitos
humanos são incorporadas às práticas assistenciais
na APS. Metodologia: pesquisa qualitativa, a partir
de entrevistas semiestruturadas com mulheres em
situação de violência doméstica de gênero atendidas
em UBS e com profissionais de saúde envolvidos
na assistência a essas mulheres; os prontuários
familiares também foram analisados. A pesquisa
aconteceu em quatro UBS da região Centro-Oeste do
Município de São Paulo. Resultados preliminares: os
profissionais reconhecem a existência da violência,
reconhecem a desigualdade de gênero, sugerem
às mulheres alguns serviços específicos para que
superem a violência e dão conselhos, porém, não
integram a violência à sua ação profissional e ao
cuidado que prestam aos casos, mantendo a recusa
tecnológica à violência. As mulheres, por sua vez,
esperam dos serviços apenas o cuidado aos sintomas
apresentados, ainda que reconheçam a importante
conexão entre seus sintomas e as situações de violência. Por vezes, valorizam a escuta dos episódios
de violência pelos profissionais como um cuidado
de excelente qualidade, e, por outras, sentem-se
compelidas pelos profissionais a tomar decisões
com as quais não parecem concordar. Conclusões:
necessidade de reconhecer a violência como um
marcador de desigualdade e repensar as práticas
da APS de modo a promover saúde integral, garantir
direitos e uma vida com qualidade.
ANÁLISE DOS DOCUMENTOS NORTEADORES DA
ASSISTÊNCIA EM PLANEJAMENTO FAMILIAR NA
ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE
Luana Barbosa Barros / Barros, L.B. / FCMSCSP;
Maria Fernanda Terra / Terra, M.F. / FCMSCSP;
AA discussão acerca da contracepção e dos direitos
sexuais e reprodutivos é essencial para a assistência
na APS. Para tanto, faz-se necessária a elaboração
e uso de protocolos norteadores da assistência aos
profissionais, para que utilizem a mesma linguagem
e atuem na perspectiva da garantia dos direitos para
apoiar a construção da autonomia dos indivíduos.
Objetivos: Verificar a existência e o enfoque de protocolos norteadores de consultas e grupos no tema
da contracepção nos documentos oficiais produzidos
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 143
pelo MS. Métodos: Pesquisa descritiva, exploratória qualitativa a partir da análise de documentos
norteadores oficiais produzidos pelo MS dirigidos
à assistência em contracepção. Resultados: Foram
analisados 3 documentos norteadores oficiais produzidos pelo MS. Os documentos encontrados foram
nominados como: DOC1 (Brasil. Assistência integral
à saúde da mulher: bases de ação programática;
1984); DOC2 (Brasil. Assistência em Planejamento
Familiar: Manual Técnico; 2002) e DOC3 (Brasil.
Saúde sexual e saúde reprodutiva; 2013). Os documentos mais recentes (DOC2 e DOC3) são aqueles
que apresentam protocolos para orientar a prática
dos profissionais na assistência em contracepção;
problematizam essa temática como ação não específica do pré-natal, apesar da ligação e relação
direta entre as duas temáticas. Com a evolução da
necessidade de uma abordagem assistencial focada
na garantia dos direitos sexuais e reprodutivos,
houve uma mudança no conteúdo do documento
mais atual que é o DOC3. A mudança da abordagem
entre os protocolos se apresenta do seguinte modo:
enquanto no DOC2 as orientações sobre os métodos
estavam descritas na temática da anticoncepção, no
DOC3 a mesma abordagem se apresenta descrita
no tema práticas educativas em saúde sexual e reprodutiva, ou seja, a garantia dos direitos se coloca
como um tema de educação em saúde e não apenas
da assistência individual. Considerações Finais: A
contracepção é parte integrante do conjunto de ações
de atenção à mulher, ao homem e/ou ao casal, para
tanto, deve-se considerar o contexto de vida de cada
pessoa, as desigualdades de gênero na sociedade e a
necessidade de garantir direitos acerca da tomada de
decisão sobre a reprodução sem discriminação, coerção ou violência. Além disso, mostra-se necessário
que a discussões sobre os métodos contraceptivos
superem a ação específica do Planejamento Familiar, para ação de educação sexual e reprodutiva,
permitindo o acesso por todos, mesmo entre os
adolescentes.
CONCEPÇÃO DOS ACADÊMICOS DO SEXO MASCULINO, MATRICULADOS EM CURSOS DA ÁREA
DA SAÚDE SOBRE A SAÚDE DOS HOMENS
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Amanda Philippsen / Philippsen, A. / UNIVALI;
Maykon Alisson Povidaiko de Souza / Souza, M. A.
P. / UNIVALI; José Roberto Bresolin / Bresolin, J. R.
/ UNIVALI;
A saúde dos homens tem sido alvo de preocupação
nos serviços de saúde atualmente, inclusive como
objeto de políticas públicas e de várias investigações. O presente trabalho tem como objetivo conhecer a percepção dos estudantes do sexo masculino
dos cursos da área da saúde em uma universidade
comunitária no estado de Santa Catarina sobre a
saúde dos homens. Este é um estudo exploratório,
onde os sujeitos responderam a um questionário
estruturado, onde foram abordados 266 estudantes
dos cursos de Biomedicina, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia,
Medicina, Nutrição, Odontologia e Psicologia. Para
definição da amostra, foi adotada a técnica de amostragem probabilística. Os sujeitos de pesquisa são na
sua maioria, jovens, solteiros e sem filhos. Os resultados demonstraram que cerca de 40% apresentam
alguma atividade de trabalho. O número de homens
matriculados nos cursos da área da saúde é inferior
ao número de mulheres. Com exceção dos estudantes
do curso de Educação Física, a maioria dos sujeitos
entrevistados apresentam plano de saúde, variando
de 87% para os estudantes de Odontologia até 34%
dos estudantes de Educação Física.A grande maioria
dos entrevistados relatam que os homens cuidam
menos da saúde que as mulheres. Relatam ainda que
frente a um problema de saúde procuram um médico
particular ou conveniado ou então, buscam ajuda em
um pronto socorro. A grande maioria responde que
a maior dificuldade encontrada quando precisou
procurar um serviço de saúde, foi o longo período
de espera, tanto para o setor público como para os
que apresentam plano de saúde. Concluímos que as
diferenças entre homens e mulheres são percebidas
pelos estudantes, principalmente no que se refere ao
cuidado com a saúde e ao uso dos serviços de saúde, e ainda que, ao falar de saúde os entrevistados
puderam refletir sobre sua futura prática profissional. Nota-se a importância de que ainda durante a
graduação se assegure a reflexão sobre o modo de
pensar saúde que leve em conta aspectos de gênero.
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 144
CONSTRUÇÃO DA LINHA DE CUIDADOS DA
MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA NA COORDENADORIA REGIONAL DE SAÚDE SUDESTE
DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO – O DESAFIO DE
NADAR CONTRA A CORRENTE
Karina Barros Calife Batista / Calife, Karina;
Batista, KBC / SMS e dep preventiva da FMUSP;
Elaine Oliveira / Oliveira, Elaine / SMS; Ana Lucia
Paioni Baptista / Baptista, ALP / SMS; Halana faria / Faria, H / SMS; Karina Calife / Calife, Karina
/ SMS FMUSP; Robinson Camargo / Camargo, RF
/ SMS;
A violência contra a mulher é atualmente reconhecida como um importante problema de saúde. Sua
prevalência é muito elevada: nos serviços de atenção
primária, na região metropolitana de SP, 49,6% das
usuárias de serviços públicos de saúde relataram
violência física e 26% violência sexual por algum
agressor durante a vida (Schraiber,LB;D’Oliveira,
AFPL, 2007). A percepção de campo de atuação em
violência na saúde como uma atividade passível de
ação de seus profissionais cresceu muito (Batista,
KBC, 2003; Minayo, C, 2003; Hanada, H; D‘Oliveira,
AFPL , Schraiber, LB, 2008). A Coordenadoria de Saúde Sudeste em SP conta com 2.700.000 habitantes
em 5 Supervisões de Saúde e 8 Subprefeituras. A rede
de saúde é complexa, com 205 serviços distribuídos
em 93 UBS, 31 AMAs, 122 Equipes/ESF, 8 Amb Especialidades, 31 CAPS e 6 CER. Além de 5 hospitais
municipais, 7 Estaduais e 1 Federal. A importância
de constituição de uma rede de serviços que articulem seus vários pontos de atenção para produzir
o cuidado com qualidade tem se constituído um
grande desafio em nossa gestão local. Dentre estes
serviços está o Hospital do Jabaquara um dos 1os a
realizar o aborto previsto em lei e que não o fazia
há 8 anos. Reconhecendo a importância do tema
e a responsabilidade de intervir enquanto gestão
no acolhimento as mulheres numa perspectiva
de gênero e constituição do direito, iniciamos um
processo de sensibilização, visibilidade dos casos
e acolhimento das mulheres na CRS. Várias ações
foram realizadas: fizemos parcerias com universidades como a faculdade de medicina da USP e a
UNICAMP com pesquisas que tentaram entender
como os nossos serviços lidavam com a questão. Ao
mesmo tempo, fizemos uma parceria com a secreAnais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
taria de políticas para as mulheres do município e
iniciamos uma capacitação em direitos sexuais e reprodutivos em todas as supervisões de saúde da CRS.
Ainda iniciamos como parte de um mesmo plano de
construção de redes e desenvolvimento da linha de
cuidado a retomada do atendimento ao aborto legal.
Entendemos esta como uma Potente iniciativa, que,
entretanto enfrenta dificuldades, que não acontecem
na oferta de cuidado em outras áreas da assistência,
demonstrando uma quebra entre o que deveria ser
ofertado em produção de cuidado e o que de fato se
oferta a partir dos valores constituídos pelos sujeitos envolvidos. Apesar disso, esta experiência tem
potencial multiplicador e acontece nas supervisões
de saúde, com resultados e narrativas positivas das
usuárias atendidas.
CONTEXTOS DA INICIAÇÃO SEXUAL FEMININA E
AS QUATRO DÉCADAS DA EPIDEMIA HIV/AIDS:
APORTES DE UM ESTUDO TRANSVERSAL COM
MULHERES USUÁRIAS DOS SERVIÇOS ESPECIALIZADOS DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
Jefferson Santos Pereira / Pereira, J.S / FSP/USP;
Regina Maria Barbosa / Barbosa, R.M / NEPO/
UNICAMP; Adriana Pinho / Pinho, A / IOC/FIOCRUZ; Cristiane S. Cabral / Cabral, C.S / FSP/USP;
Introdução: Este trabalho tem como objetivo identificar as diferenças geracionais relativas a iniciação
sexual feminina, tendo como contexto mais amplo
as mudanças que a epidemia trouxe para o cenário
da gestão da sexualidade nestas últimas quatro décadas. Os estudos sobre o início da vida sexual são
relativamente recentes no Brasil, tendo seu início a
partir da década de 90. A compreensão das mudanças
e contradições no que tange a iniciação sexual de
diferentes gerações ainda é uma lacuna na literatura
específica. Métodos: Este trabalho utiliza os dados
referentes a uma investigação quantitativa de corte
transversal, sobre aspectos da saúde sexual e reprodutiva de mulheres vivendo com HIV/Aids (MVHA).
Trata-se da pesquisa GENIH (Gênero e infecção pelo
HIV: estudo sobre práticas e decisões relativas à
saúde sexual e reprodutiva”) – estudo que vem sendo
conduzido desde 2013 no município de São Paulo com
amostra representativa de MVHA, com idade entre 18
e 49 anos, usuárias dos serviços públicos de saúde. O
foco deste trabalho é o exame do momento da iniciaSaúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 145
ção sexual feminina, considerado evento biográfico
significativo e de fácil rememoração para mulheres
de diferentes gerações. Resultados: O trabalho de
campo foi recentemente encerrado e, portanto, o
estudo encontra-se na fase de finalização do banco
de dados. Análises exploratórias específicas serão realizadas com o intuito de compreender certo percurso
da epidemia de HIV/AIDS e seus entrelaçamentos
com questões relativas à esfera da sexualidade e
do gênero, sobretudo no que concerne à população
feminina. Conclusão: Um breve levantamento do
quadro evolutivo da epidemia HIV/AIDS nos revela
diferenças tanto quantitativas, quando observamos
as mudanças no perfil epidemiológico dos que estão
diretamente afetados pelo HIV, quanto qualitativas,
sobretudo quando são discutidas questões sociais
pelo prisma de gênero, religião, intervenções políticas nos programas de prevenção e controle da
epidemia, por exemplo (Sheffer; Rosenthal, 2009).
Os desafios e as perspectivas se transformaram ao
longo do tempo, e os números expressam apenas uma
parte do cenário social em que se apresentam (Terto
Jr., 2002). Assim, espera-se contribuir para o debate
sobre a relação entre vulnerabilidade e práticas de
cuidado à saúde, em particular as referentes à saúde
sexual e reprodutiva das mulheres.
NA SAÚDE, DE PREVENÇÃO MESMO, EU ACHO
QUE HÁ MUITO TABU POR PARTE DOS HOMENS
– OS SENTIDOS DE PREVENÇÃO EM SAÚDE PARA
HOMENS
Maria Joselice Reis de Macedo / Macedo, MJR /
Universidade Presbiteriana Mackenzie - UPM;
Claudia Valença Fontenele / Fontenele, CV / Universidade Presbiteriana Mackenzie - UPM;
Introdução: A pesquisa investigou como a masculinidade se materializa como um agrupamento de ações,
valores, condutas que se espera como desempenho
e performances do homem nos diversos contextos
sociais e culturais, segundo a discussão das teorias
de gênero (GOMES, 2008). Nesse estudo buscou-se
fomentar a discussão das peculiaridades dos gêneros, no que diz respeito aos sentidos de prevenção
em saúde. Objetivo: A pesquisa buscou identificar e
descrever os sentidos da prevenção em saúde para
os homens. Método: Utilizou-se uma investigação
qualitativa e de caráter exploratório, descritivo.
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Foram realizadas entrevistas semiestruturadas,
audiogravadas, que depois foram transcritas e analisadas. Um total de dez homens, com idades entre
20 e 55 anos, todos empregados nos mercado formal
de trabalho, foram entrevistados entre novembro
de 2014 e março de 2015. Resultados: A prevenção
em saúde, não ocupa um lugar de importância concreta nas ações cotidianas: Na saúde, de prevenção
mesmo, eu acho que há muito tabu por parte dos
homens” (M-03). A maioria dos entrevistados declarou não ter o hábito de fazer prevenção em saúde.
Quando questionados a respeito das razões do não
encontro entre o que consideravam saúde ideal”
e suas práticas efetivas no sentido de mantê-la,
responsabilizaram a rotina do trabalho e cotidiana. Às vezes, eu te falo, muito trabalho, às vezes [o
indivíduo] tá cansado e não quer procurar a saúde,
acha que tá bem (...)” (G-03). Além disso, alguns dos
homens mencionaram o estresse da vida urbana,
as próprias condições do trabalho – principalmente
os que trabalham com transporte, e a dinâmica da
vida, dentre outros: Se eu tivesse um trabalho, que
tivesse na minha casa, uma rotina de ter horário,
tipo que comece das oito até o meio dia, depois das
duas até às seis da tarde e tivesse tempo, eu seria o
primeiro a ir [fazer a prevenção em saúde]” (M-01).
Nesse sentido, nota-se que há um distanciamento
entre o que os homens realmente pensam, compreendem em termos de prevenção em saúde e o que de
fato executam. Conclusão: É preciso mostrar o quão
fundamental seria haver uma mudança no modelo
hegemônico de socialização masculina. Fomentar
na sociedade a discussão sobre a importância da
adesão a novas práticas educativas e socializantes
que ajudem a construir outras formas de cuidado.
Com isso, paulatinamente seria possível reverter
esse distanciamento que geralmente o homem tem
no que diz respeito à saúde e ao autocuidado.
O ATENDIMENTO À SAÚDE DOS HOMENS NA
UNIDADE DE SAÚDE FAMILIAR E COMUNITÁRIA
EM ITAJAÍ (SC)
Amanda Carolina Daroci / Daroci, A. C. / UNIVALI;
Bruna Santos Santana / Santana, B. S. / UNIVALI;
José Roberto Bresolin / Bresolin, J. R. / UNIVALI;
Nos últimos anos os homens passaram a ser foco
dos serviços de saúde. O Brasil é o primeiro país
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 146
Latino Americano a implantar uma política nacional
de atenção à saúde do homem, que foi implantada
pelo Ministério da Saúde em 2008, objetivando facilitar e ampliar o acesso dos homens aos serviços
de saúde, e com isso contribuir para a redução das
causas de morbidade e mortalidade. Este trabalho
teve por objetivo analisar percepções atribuídas
por usuários homens ao atendimento recebido na
Unidade de Saúde Familiar Comunitária da Univali
(USFC) - Itajaí (SC). Esta é uma pesquisa de abordagem qualitativa onde os dados foram coletados
em entrevistas semi-estruturadas e analisados
com base na Análise de Conteúdo de Bardin. Foram
entrevistados oito usuários residentes na cidade de
Itajaí, com escolaridade bastante variada, um grupo
heterogêneo quanto escolaridade, naturalidade e
estado civil. Os resultados demonstraram que os
usuários buscam atendimentos humanizados e
acolhedores e ainda que apresentem resolutividade,
ou seja qualidade técnica. Conclui-se que os homens
tendem a procurar auxílio médico somente quando
realmente precisam e que tem consciência de que
esta é uma característica a ser mudada, os horários
de atendimento propostos são fatores que influenciam na satisfação do paciente. Buscam serviços
que resolvam rapidamente seus problemas de saúde.
O CONTROLE ESTATAL DA SEXUALIDADE DAS
MULHERES ENCARCERADAS
Rute Alonso da Silva / Silva, R.A. / Centro de Cidadania LGBT - MSP; Maria Fernanda Terra / Terra,
M.F. / FCMSCSP;
A mulher presa é abandona por familiares e pelo
Estado. Esse esquecimento” pode se alicerçar na
argumentação de que a população carcerária feminina é inferior à masculina. Um dos dilemas da
mulher no sistema penitenciário é a ruptura com
o modelo patriarcal no qual ela deveria ser frágil,
dócil e desempenhar seu papel de cuidadora da
família e da casa. A maioria dos estabelecimentos
penais destinados às mulheres não são adaptados
às suas necessidades, como a falta de creches ou
berçários para as crianças, ou ações que apoiem a
ressocialização Objetivo: analisar o poder disciplinar do Estado sobre o exercício da sexualidade das
mulheres encarceradas, numa perspectiva de gênero. Metodologia: análise bibliográfica a partir das
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
categorias encarceramento das mulheres, delitos
de gênero”, visita íntima e o controle do exercício
da sexualidade dentro do cárcere”. Resultados: o
poder punitivo se expressa a partir de um complexo
sistema de custódia que as vigia, reprime e encarcera
(na casa, convento ou penitenciária), e aplica às mulheres diferentes penas acessórias (desde restrições
alimentares, limitações de gestualidade, mantê-las
algemadas durante o parto ou privá-las do exercício
da sexualidade). A condenação das mulheres que
cometem crimes não é neutro. O aumento do encarceramento feminino ocorre ao lado da feminização
da pobreza, haja vista que as mulheres têm menos
oportunidades de acesso à propriedade de capital
produtivo e trabalho remunerado ou capacitação,
sendo-lhe reservado o espaço privado e, aos homens,
o espaço público. Apesar da igualdade formal entre
homens e mulheres, ainda há tipos penais de subsunção exclusiva das mulheres e outros que, embora
não se refiram às condutas exclusivas delas, as têm
encarcerada de forma massiva. Assim, este cenário
de crescente e maciço encarceramento feminino pelo
tráfico de drogas acompanha a realidade histórica vivida pelas mulheres na qual as condutas criminosas
femininas não podem ser consideradas em absoluto
isentas de estereótipos de papéis sexuais, visto que,
comumente, elas ocupam espaços subalternos na
dinâmica do tráfico e sua atuação é relacionada à
atuação do companheiro ou de outra figura masculina. A problematização de tais contextos é colocado
à saúde a necessidade de reconhecer os marcadores,
principalmente de gênero e raça como fundamentais
para se pensar em planos assistenciais à essas mulheres, para além do papel de reforçar estereótipos
e violar os direitos no campo da saúde.
PARTO E NASCIMENTO ENTRE OS PANKARARU:
ESTUDO DE CASO ENTRE UMA POPULAÇÃO INDÍGENA
Andrea Cadena Giberti / Giberti, A. C. / FSP/USP;
Introdução Esta apresentação baseia-se em pesquisa
realizada entre a população indígena Pankararu de
Pernambuco, de aproximadamente 8 mil habitantes
localizados no sertão, em território de aproximadamente 14 mil hectares. Mantendo grande contato
com a sociedade envolvente, inclusive com fluxos
migratórios para São Paulo, os Pankararu praticam
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 147
rotineiramente rituais próprios em que mantêm
contato com seres sobrenaturais, além de diversos
cuidados corporais com o intuito de obter saúde.
Objetivo O objetivo deste trabalho foi compreender
como se dá entre os Pankararu o Processo de Nascimento, tratando principalmente dos cuidados e
itinerários a ele associados, a partir da experiência
de algumas mulheres indígenas. Para tal objetivo foi
feito o exercício de compreender o contexto e cultura
indígena locais, considerando suas relações com os
encantados (espíritos ancestrais) e com os sistemas
oficiais de saúde disponibilizados pelo Estado.
Método Para esta pesquisa foi utilizado o método
etnográfico por meio da observação participante e de
entrevistas semiestruturadas que viabilizaram apreender alguns dos saberes locais dessa população,
relacionados ao parto e nascimento. Resultados No
contexto Pankararu o nascimento envolve tanto os
conhecimentos e práticas biomédicas e indígenas,
como a utilização de remédios do mato, passar pelo
atendimento pré-natal, a realização do parto domiciliar ou hospitalar, além do batizado em casa, fundamental para que as crianças tenham saúde. Embora
a maioria das mulheres da população tenha seus
filhos nos hospitais, especificamente nas aldeias
estudadas a maioria delas tem seus filhos em casa,
graças à atuação das parteiras locais. Houve relatos
de frustração com a qualidade do atendimento hospitalar e casos de violência obstétrica, o que levou a
algumas mulheres a optarem pelo parto domiciliar
na gravidez seguinte. Uma das razões para isso é
também a maior possibilidade de cuidados com o
corpo conforme a cosmologia Pankararu, que indica
o resguardo pós-parto para controle da dona-do-corpo. Conclusão É preciso que as Equipes de Saúde
Indígena respeitem e incorporem os conhecimentos
e práticas indígenas no dia-a-dia da assistência, para
que se permita a mulher escolher seus cuidados com
base no que melhor lhe atenda. O parto domiciliar
precisa ser assumido como uma opção, sendo incluído nos momentos de conversa durante os pré-natais,
inclusive para que se possa atentar a mulheres que
tenham alguma contraindicação.
POLÍTICA E TENTATIVAS DE RETROCESSO EM DIREITOS DE SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA
Silvia Helena Bastos de Paula / Bastos de Paula
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
SH / Instituto de Saúde SES SP; Regina Figueiredo
/ Figueiredo R / Instituto de Saúde SES SP; José
Ruben de Alcântara Bonfim / Bonfim JRA / Instituto de Saúde SES SP;
Introdução:No Brasil, o percurso de conquistas
em Saúde e Direitos Sexuais e Reprodutivos foi
obtido inicialmente pela inclusão de direitos de
assistência à saúde das mulheres, sob a concepção
de Direitos Reprodutivos e, posteriormente, com a
inclusão das reivindicações dos movimentos sociais
homossexuais masculinos e femininos e da luta
contra a aids, foram também incorporados a este os
Direitos Sexuais nas políticas públicas (Figueiredo
& Bastos de Paula, 2009; Osis, 1998). Discute-se os
avanços da legislação brasileira em saúde sexual e
reprodutiva com ênfase na atenção a contracepção
de emergencia e ao aborto seguro, como fator de
dignidade humana. Método: Estudo com base em
análise documental nas atividades legislativas no
âmbito federal do Brasil formuladas entre os anos
2005-2014 que abordavam temas relacionados com
aborto seguro. Resultados: Observou-se que esses
projetos tiveram origem em grupos religiosos que
atuam com o propósito de restringir ou obstruir o
acesso do direito ao aborto legal, a inibição de ações
de pessoas e entidades que promovem a defesa do
direito ao aborto, ou visando aumentar a punição
diante de situações de aborto ilegal provocado.
Considerações: Tendo por base a categoria gênero e
o princípio da equidade e o acesso à saúde da população, numa visão de direitos humanos, discute-se
a interferência constante e atual que tais grupos
realizam para deter ou reverte conquistas consolidadas e recomendações internacionais e nacionais
que visam garantir e ampliar os direitos sexuais e
reprodutivos.
SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA: CONTRIBUIÇÕES
PARA A QUALIFICAÇÃO DE PRÁTICAS EM SAÚDE
NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
Paula Vieira / Vieira, P. / Escola de Enfermagem da
USP; Celia Maria Sivalli Campos / Campos, C.M.S.
/ Escola de Enfermagem da USP;
Introdução: O objeto deste estudo é o projeto de
educação permanente Questão Étnico-Racial e
Direito à Saúde: Qualificando Práticas”. Diversos
estudos apontam a presença e persistência das
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 148
desigualdades raciais na sociedade brasileira ao
longo de décadas. Na saúde o racismo também opera
e atua diretamente sobre o processo saúde e doença
e sobre as formas de adoecer e de morrer, o que é
explicitado pelos piores indicadores de saúde na
população negra quando comparados a população
branca, como precocidade dos óbitos, altas taxas de
mortalidade materna e infantil, maior prevalência
e agravamento de doenças crônicas e infecciosas.
A Política Nacional de Saúde Integral da População
Negra (PNSIPN) é uma política pública do Ministério da Saúde, que em sua essência reconhece
que as condições de vida da população negra são
resultantes de injustos processos sociais, culturais
e econômicos que reiteradamente impõe à essa
população a presença nos extratos sociais mais
pobres e de condições mais precárias. Publicada
em 2009, ainda encontra diversos entraves para a
sua implementação. Objetivos: descrever e analisar
o projeto de educação permanente Questão Étnico-Racial e Direito à Saúde: Qualificando Práticas”
desenvolvido pela Secretaria Municipal de Saúde de
São Paulo em 2011. Metodologia: estudo qualitativo
descritivo analítico, com coleta de dados a partir de
documentos diversos relativos ao projeto, desde o
seu desenvolvimento até a elaboração de planos de
ação desenvolvidos pelo total de 218 trabalhadores
concluintes e qualificados pelo projeto. Os dados serão sistematizados, analisados e categorizados à luz
das categorias políticas estatais e necessidades de
saúde. Resultados Parciais: Estudo em andamento,
em fase de coleta e análise de dados. Até a elaboração
deste resumo, identificou-se a elaboração de 52 trabalhos regionais contendo diagnóstico local e plano
de ação, estando distribuídos em torno dos temas:
educação permanente (16), estudos específicos (13),
quesito cor (10), racismo institucional (9) e doenças
falciformes (4).
SUICÍDIO, FEMINILIDADES E RELAÇÕES DE PODER
Fernanda cristina Marquetti / Marquetti, FC /
Unifesp; Flávia Regina Marquetti / Marquetti, FR
/ Unesp;
Resumo de relato de experiência Caracterização do
Problema Este trabalho discute o suicídio feminino
a partir das relações de gênero que circunscrevem
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
esse evento e as relações de poder envolvidas no
mesmo. Num viés histórico confrontamos os suicídios femininos da Antiguidade Clássica e os atuais.
A proposta é interdisciplinar, ou seja, unir duas
perspectivas de áreas aparentemente distintas:
uma ligada às questões de gênero e a permanência
de traços culturais da Antiguidade na sociedade
atual, e outra sobre a essência transgressora do
suicídio na atualidade. Dentro dessas duas linhas, o
recorte estabelecido é a semelhança existente entre
as mulheres e as relações de poder da Antiguidade
Clássica, retratadas nas tragédias, e as mulheres
contemporâneas na concepção de suas mortes voluntárias. Descrição Na cultura ocidental e oriental
encontramos relações entre problemas de saúde
e feminilidade estabelecida através das conexões
com: pés atados, espartilhos, salto alto, desordens
alimentares, argolas no pescoço, entre outras.
Ousamos outra articulação com a feminilidade e
o sofrimento: o suicídio. Nossa proposta é fazer algumas reflexões a respeito do suicídio e de como as
mulheres engendram suas mortes voluntárias, pois
acreditamos que a feminilidade enseja nuances na
elaboração do ato suicida. Para tal tomamos alguns
suicídios femininos das tragédias gregas e relatos
de experiência na atenção em saúde mental na pósvenção a casos de tentativa de suicídio feminino e
suicídios femininos consumados. Lições Aprendidas
e Recomendações. No padrão de morte ocidental temos o evento da morte como algo discreto, privado,
íntimo, hospitalar, higienizado e controlado tecnicamente. O suicídio em si é uma forma de transgressão
ao tabu da morte, pois desorganiza e rompe todo
aparato que envolve a morte em nossa sociedade. O
suicídio feminino marca uma dupla transgressão:
à morte domesticada da modernidade e ao padrão
de feminilidade. Após estas descrições de cenas
suicidas, retomemos os adjetivos dados às mulheres
suicidas pela biomedicina: desejo de chamar a atenção para si, traços histéricos, variações hormonais,
volatilidade de conduta, impulsividade, emotividade
excessiva, falta de racionalidade e pragmatismo.
Contestamos esta perspectiva considerando que o
suicídio é a única forma de morte contemporânea
que expõe sua subjetividade ao mundo e, no caso
feminino, talvez, seja uma das poucas possibilidades
de fuga, como ocorria na Antiguidade.
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 149
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: QUESTÕES DE mulheres em situação de violência aos profissionais
da rede de atendimento, é de suma importância,
JUSTIÇA E SAÚDE
Andrea Silveira Machado Pierine / Pierine, A.S.M
/ Programa de Pós Graduação em Saúde Coletiva – FMB/UNESP de Botucatu; Dinair Ferreira
Machado / Machado, D.F / Departamento de Saúde
Pública – FMB/UNESP de Botucatu.; Margareth
Aparecida Santini de Almeida / Almeida, M.A.S /
Departamento de Saúde Pública – FMB/UNESP de
Botucatu.; Elen Rose Lodeiro Castanheira / Castanheira, E.R.L / 4Departamento de Saúde Pública
– FMB/UNESP de Botucatu;
Introdução: A prática de violência é considerada
um problema social, histórico e de saúde publica,
passando a ser crime com a Lei Maria da Penha
11.340/06. A lei preconiza o caráter intersetorial
das ações e assistência à mulher em situação de
violência, devendo ser prestada de forma articulada,
conforme os princípios e as diretrizes previstos no
SUS, SUAS (Sistema Único de Assistência Social) e
Segurança Pública. Objetivos: Identificar as vulnerabilidades que influenciam na violência de gênero
por parceiro íntimo. Métodos: Trata-se de um estudo
quantitativo que analisou dados de boletins de ocorrências lavrados na Delegacia de Defesa da Mulher
de um município do interior Paulista, no período de
abril de 2013 a abril de 2014. Os dados levantados
referem-se a: idade, profissão, escolaridade, estado
civil, tempo de agressão sofrida, descrição do ato,
para as vítimas, e para os agressores: uso de álcool e
outras drogas, idade, profissão, escolaridade e estado civil. Resultados: Foram analisados até o momento 520 boletins de ocorrência com média de 40 casos
mensais, às denúncias realizadas nos plantões aos
finais de semana revelaram encaminhamentos aos
Prontos Socorros, prisão em flagrante, uso abusivo
de álcool e outras drogas, e um alto grau de violência física, bem como o envolvimento da família nos
conflitos. A identificação das vulnerabilidades das
mulheres que lavraram os boletins de ocorrência
possibilitará aos serviços da rede de atendimento
SUS, SUAS e Segurança Publica, a reorganização de
suas práticas a construção de estratégias de detecção e acompanhamento das mulheres e a articulação
rede de serviços garantindo a intersetorialidade
das ações. Conclusão: A realização de estudos que
explicitem e aproximem as vulnerabilidades das
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
para que estes consigam trabalhar a prevenção, a
detecção e promoção por meio de um atendimento
humanizado, possibilitando assim a ampla visão
do processo saúde doença de mulheres em situação
de violência.
VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR E AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DO HOMEM AGRESSOR
Vannucia Karla de Medeiros Nóbrega / Nóbrega,
V. K. M. / UFG/RC; Nayanna Cristina Ferreira
de Souza / Souza, N. C. F. / UFG/RC; João Mário
Pessoa Júnior / Pessoa Júnior, J. M. / UFRJ; Francisco Arnoldo Nunes de Miranda / Miranda, F. A.
N. / UFRN; Ângela Aparecida de Oliveira Arruda /
Arruda, Â. A. O. / UFG/RC; Inaina Lara Fernandes
/ Fernandes, I, L. / UFG/RC; Ronny Anderson de
Oliveira Cruz / Cruz, R. A. O. / UFPB;
Introdução: Entendemos que a violência intrafamiliar não se resume aos espaços domésticos e
domiciliares apenas, mas diz respeito às relações de
socialização entre os membros da família, expressando dinâmicas de poder/afeto, subordinação/dominação. Discutimos aqui a violência intrafamiliar
como uma das formas de violência contra a mulher
perpetrada pelo companheiro, independente se o
agressor esteja ou não compartilhando o mesmo
domicílio. Objetivos: Apreender as representações
sociais do comportamento agressivo do homem sob
a ótica da mulher agredida. Metodologia: Trata-se de
um estudo de caráter descritivo, exploratório e representacional. Optamos, como cenário o Centro de
Referência à Mulher Cidadã, Natal/RN. Os critérios
de seleção das participantes foram: mulheres que
viveram/vivem situações de violência intrafamiliar;
com vínculo afetivo ou de parentesco com o agressor;
que estejam em condições psicológicas e emocionais
adequadas à realidade; que estejam sob proteção
ou atendidas pelo serviço acima relacionado; cujo
agressor seja do sexo masculino. Os instrumentos
de coleta foram: questionário e Desenho-Estória
(DE). Para análise dos dados optamos pelo software ALCESTE conjugado à análise de edição. Foram
investigadas 20 mulheres em situação de violência
intrafamiliar, cujo autor das agressões era o marido/
companheiro. Resultados: Identificamos que 70%
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 150
(n=14) dos homens com comportamento agressivo
apresentavam igualmente histórico familiar de
violência e relações familiares fragilizadas. No que
tange às condições físicas e emocionais do agressor
na hora da violência, 50% (n=10) desses homens, independente do uso do álcool, apresentavam frequentemente comportamento agressivo, impaciência e
humor imprevisível, frente a uma contrariedade,
preocupação ou aborrecimento. Constatamos que as
mulheres foram vítimas de todos os tipos de violência, todavia, a psicológica prevaleceu em 100% dos
casos. O ALCESTE categorizou os dados em três classes: O aprisionamento da mulher; A violência e suas
significações; A ruptura do ciclo violento. Conclusão:
Evidenciamos que as representações sociais do homem agressor, a partir da mulher agredida, estão
ancoradas nos papéis sociais do homem na família
e na sociedade, configurando-se num modelo de
masculinidade dominante. E objetivam-se, a partir
da reprodução do que já é conhecido e/ou vivenciado
pelos homens agressores no âmbito familiar, como
repetições de comportamento.
VIVÊNCIA DE HOMENS AUTORES DE VIOLÊNCIA
CONTRA A MULHER EM GRUPO REFLEXIVO: MEMÓRIAS E SIGNIFICADOS PRESENTES
Tales Furtado Mistura / Mistura, T. F. / FSP - USP;
Augusta Thereza de Alvarenga / Alvarenga, A. T. /
FSP - USP;
Introdução: No Brasil, a promulgação da Lei Maria
da Penha (11.340/2006) representa conquista do
movimento das mulheres e avanço na busca de
tratamento da violência contra a mulher como relevante problema social e de saúde pública. Dentre
os desafios à implementação da Lei a participação
em Grupos Reflexivos tem se apresentado, a título
de experiência, como estratégia de encaminhamento jurídico aos homens denunciados como
autores de violência, que optam voluntariamente
pela participação nos mesmos como indicativo de
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
possível atenuação da pena caso, como réu, seja
condenado. Objetivo: Em termos gerais, o presente
trabalho se propõe a refletir sobre as contribuições
relatadas pelos sujeitos da pesquisa à participação
dos mesmos em um Grupo Reflexivo e os significados atribuídos pelos mesmos a essa vivência para
suas relações afetivo-conjugais e desconstrução
de estereótipos de gênero. Método: A pesquisa foi
de natureza qualitativa, na perspectiva da historia
oral do tipo temática. Foram realizadas entrevistas
em profundidade, mediante roteiro temático, com
sete homens denunciados pela Lei Maria da Penha,
que participaram de Grupo Reflexivo realizado na
cidade de São Paulo. As falas foram transcritas e
interpretadas à luz da literatura sobre violência, gênero e masculinidades. Resultados e Discussão: Na
chegada ao grupo os homens relatam sentimento de
estranhamento e não pertencimento por não se identificarem como autores de violência, ou seja, como
agressores ou criminosos. Pela característica aberta
e de fluxo contínuo do Grupo Reflexivo, a partir do
segundo encontro nossos entrevistados passam a
identificá-lo como rico espaço de interlocução e a
atribuir sentido às suas participações no mesmo.
Foram identificadas mudanças em relação às suas
concepções acerca da violência contra a mulher,
inicialmente atribuída somente a agressões físicas
graves, assim como novos posicionamentos frente
aos conflitos afetivo-conjugais e de gênero. Antes
naturalizados, tais conflitos passaram a ser entendidos como marcadores da ocorrência de violência em
potencial e risco de denúncia. Considerações Finais:
A presente pesquisa permite evidenciar a grande
contribuição que os grupos reflexivos podem propiciar à desconstrução dos estereótipos de gênero e
da masculinidade hegemônica, em nossa sociedade,
por possibilitar aos homens novo entendimento
acerca do significado da Lei Maria da Penha e da
sua importância no combate a prática da violência
contra as mulheres.
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 151
Gestão em Saúde
A EDUCAÇÃO PERMANENTE DO TERRITÓRIO nos processos de trabalho. O espaço é articulado
COMO DISPOSITIVO DE GESTÃO PARA A INTE- predominantemente pelos apoiadores e facilitadores
de território, orientadora de aprendizagem. ProbleGRALIDADE DO CUIDADO
Rita de Cássia Lazoski Araújo / Araújo, R.C.L. /
FMABC; Francini Bianca Domingues Gamba /
Gamba, F.B.D. / Secretaria Municipal de São Bernardo do Campo; Mawusi Ramos da Silva / Silva,
M.R. / Secretaria Municipal de São Bernardo do
Campo; Rebeca Peres dos Santos Francisco e Silva
/ Silva, R.P.S.F. / Secretaria Municipal de São Bernardo do Campo; Vânia Barbosa do Nascimento /
Nascimento, V.B. / FMABC;
Educação Permanente (EP) é a definição pedagógica
para o processo educativo que coloca o cotidiano do
trabalho, – ou da formação – em saúde em análise,
que se permeabiliza pelas relações concretas que
operam realidades e que possibilita construir espaços coletivos para a reflexão e avaliação de sentido
dos atos produzidos no cotidiano (Ceccin, 2005). A
transição entre o ideário de um sistema integrado
de saúde conformado em redes e a sua concretização
passam pela construção permanente nos territórios,
que permita conhecer o real valor de uma proposta
de inovação na organização e na gestão do sistema
de saúde. O dispositivo da EP de Território – uma
reunião composta de 8h em que são reunidos todos
os gerentes de serviço de um determinado território – é utilizado para estreitar as relações de rede
territorial, pensar o cuidado e estabelecer diretrizes
para determinada região de saúde. O município de
São Bernardo do Campo é dividido em 9 territórios
de saúde. Dentre eles, o território 4 é composto pelos
equipamentos da região central da cidade. Buscando
fortalecer a conexão entre diferentes serviços de um
mesmo território, para construir o cuidado coletivo
e integrado, mensalmente são realizadas as EPs
de Território. Estas são compostas pelos gestores
dos serviços de saúde que compõem esta região.
Disparada pelas discussões e temas levantados nos
espaços de produção de cuidado dos trabalhadores, a
EP do Território busca ferramentas e embasamento
teórico para que juntos os serviços possam estabelecer novas práticas de cuidado e transformações
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
mas do cotidiano e que afetam na organização dos
serviços sejam para dentro deles, ou em conexão com
a rede são trazidos para esse espaço. Assim, juntos
buscam encaminhamentos e soluções. Estar próximo aos serviços e auxiliá-los a olhar melhor para
as suas dificuldades é um desafio a ser enfrentado.
Além disso, o compartilhamento faz surgir criativas
soluções para os diferentes processos. Ainda há
muito o que se aprimorar no sentido da implicação
e participação dos diferentes níveis de atenção.
Guardando as devidas proporções a atenção básica
é o departamento que mais participa desses espaços,
sendo necessário portanto pensar em estratégias de
envolvimento de outros departamentos.
A FORMAÇÃO PROFISSIONAL E A HUMANIZAÇÃO:
A PERSPECTIVA DE GESTORES DE SAÚDE
Gabriela Alvarez Camacho / Camacho, G.A. / Universidade Federal de São Carlos; Marcia Niituma
Ogata / Ogata, M.N. / Universidade Federal de São
Carlos; Cinina Magali Fortuna / Fortuna, C.M. /
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP-USP; Adriana Barbieri Feliciano / Feliciano, A.B.
/ Universidade Federal de São Carlos; Monica Vilchez da Silva / Silva, M.V. / Universidade Federal
de São Carlos; Flávio Adriano Borges / Borges, F.A.
/ Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP-USP; Karemme Ferreira de Oliveira / Oliveira, K.F.
/ Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP-USP; Priscila Norié Araújo / Araújo, P.N. / Escola
de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP-USP;
Introdução A Política Nacional de Humanização
(PNH), enquanto política transversal, deve fazer
parte de toda rede do SUS e, nesse processo, alcança
entraves como os baixos investimentos na qualificação profissional e as consequências disso no cuidado, no comprometimento e no trabalho em equipe.
O modelo atual de formação em saúde, que pouco se
envolve e se aproxima da elaboração das políticas
de saúde, agravam o cenário. Humanizar também
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 152
se refere ao enfrentamento dessas dificuldades.
Nessa perspectiva, traz-se este recorte de pesquisa
vinculada ao projeto PPSUS Fapesp nº2014/50037-0
Objetivo Descrever as perspectivas de gestores de
saúde acerca da formação dos profissionais de saúde e sua relação com a Humanização. Metodologia
Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com
os Secretários/Diretores de saúde dos municípios
da Região de Saúde Coração do Departamento Regional de Saúde – III do Estado de São Paulo e com
mais um profissional da gestão indicado por cada
um deles, totalizando 12 entrevistas. Resultados
A compreensão acerca da PNH pelos gestores se
relaciona à perspectiva caritativa, de atendimento
cortês e empático. Das entrevistas também emergiu
a concepção de humanização como dar resposta
ao usuário, atendê-lo em suas necessidades e demandas. Os gestores apontaram a formação como
elemento essencial à efetivação da PNH, no entanto,
sob a perspectiva de humanização como prática de
benevolência. Para os entrevistados quanto melhor
preparado for o profissional e a equipe, melhores
serão os processos de bem atender e receber os usuários. No entanto, os gestores não relacionam a humanização com a gestão, em contraposição a proposta
da PNH, que entende as mudanças nos modelos de
atenção e gestão como indissociáveis. Os gestores
não referiram a dimensão de que os serviços também
formam os trabalhadores. Conclusão A concepção
dos gestores sobre a humanização se aproxima a do
senso comum que a entende como ato de humanitarismo e caridade. Embora apontem a formação como
importante item para a efetivação da PNH o fazem
sobre o prisma da cordialidade, desconsiderando a
dimensão da saúde de qualidade enquanto direito de
cidadania produzida em espaços democráticos e de
coresponsabilidade de todos os envolvidos.
A INDIVIDUALIZAÇÃO SOCIAL NO CAMPO DA
ASSISTÊNCIA MÉDICA PRIVADA NA PERIFERIA
DA METRÓPOLE – HELIÓPOLIS, SP
Ricardo de Lima Jurca / JURCA, R. L. / FSP/USP;
A pesquisa em desenvolvimento aborda aspectos
teóricos do processo de individualização social na
sociedade de risco, e a sua expressão empírica com
a análise da inserção do indivíduo no campo da
assistência médica privada em região periférica de
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
São Paulo. A pesquisa visa analisar a inserção do
indivíduo no campo da assistência médica privada
em área de vulnerabilidade socioeconômica e civil.
Os indivíduos que participarão da pesquisa na qualidade de informantes são residentes de uma área
de São Paulo coberta e equipada pelos serviços de
saúde do Sistema Único de Saúde e por grupos de
empresas de planos de saúde - a favela em área de
classe média na Região Metropolitana de São Paulo,
Heliópolis. A escolha do local visa construir uma
amostra intencional das situações de acesso a assistência médica privada, presente em diferentes classes sociais. Serão realizadas entrevistas abertas no
local, seguindo todas, o mesmo roteiro de questões
básicas ao qual serão acrescidas outras questões,
se e quando necessário, no sentido de aprofundar
ou esclarecer as situações de crises em saúde. A
pesquisa envolve não só a entrevista e a observação
participante, que constitui em reconhecer aspectos
do cotidiano das pessoas no espaço publico e privado, como instrumentos privilegiados, mas também
a coleta de dados estatísticos da região estudada, e
dos dados individuais dos participantes, para referenciar as redes sociais com acesso à assistência
médica privada. Os dados individuais dos participantes serão posteriormente tratados com ferramentas
de análises de redes sociais. Com este método, além
das informações individuais, será possível estudar
também as relações entre os indivíduos. As questões
teóricas e empíricas propostas no projeto podem
contribuir para identificar e repensar as premissas
e categorias analíticas envolvidas na sociabilidade
das redes sociais de indivíduos com acesso a clínicas
médicas populares, a ampliação da incorporação
de processos tecnológicos na produção da saúde
contemporânea; e a reconfiguração das proteções
sociais que se veem desafiadas pelo cidadão consumidor na sociedade de risco. Assim, percebe-se um
espaço na literatura das relações entre o público e o
privado na Saúde Pública no sentido de ampliar os
vários olhares, fatores, valores, referenciais e questões envolvidas na sociabilidade do homem comum.
A PARCERIA PÚBLICO-PRIVADO NA ATENÇÃO
BÁSICA EM SAÚDE: UM ESTUDO MICROPOLÍTICO
Larissa Bragagnolo / Bragagnolo, L. / Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP; Rosemarie
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 153
Andreazza / Andreazza, R. / Universidade Federal
de São Paulo - UNIFESP; Luiz Carlos de Oliveira
Cecílio / Cecíli, L.C.O. / Universidade Federal de
São Paulo - UNIFESP;
Introdução: Desde os anos 90 a secretaria municipal
de São Paulo (SMS) vem experimentando diversas
formas de organização e gestão da rede de saúde. A
partir de 2001, com a municipalização da saúde, a
gestão de pessoas e processos de trabalho por ente
privado se intensificou. Os impactos desta política
que segue os ditames da nova gestão pública, a partir de uma premissa da necessidade do aumento de
eficiência e eficácia, e emprego de mecanismos de
administração do setor privado, continuam sendo
objeto de distintas investigações. Objetivo: pretende-se neste estudo descrever como trabalhadores percebem esta relação público privado no seu cotidiano.
Metodologia: esta pesquisa, de caráter qualitativo
que assume a abordagem cartográfica, a partir da
observação participante, faz parte de um estudo
maior denominado A Atenção Primária a Saúde
como estratégia para reconfiguração das Políticas
Nacionais de Saúde: a perspectiva de seus profissionais e usuários”. Apresentam-se aqui os resultados
preliminares da análise de uma UBS localizada na
região sudeste do município de São Paulo, gerida
desde a sua inauguração por uma OS, na forma de
convênio. Durante 11 meses, de dezembro de 2013
a outubro de 2014, a pesquisadora percorreu os caminhos dos trabalhadores e gerentes, participando
de atividades diversas como acolhimentos, consultas, grupos, reuniões de equipe, matriciamentos,
atendimentos com o NASF, reunião geral e técnica,
recepção, com diversos atores. Resultados. A gestão
pela OS é considerada uma forma mais profissional
e eficaz de administração, tanto pelas gerentes quanto trabalhadores, que atribuem a falta de insumos,
equipamentos e manutenção predial ao entre público. Percebeu-se um forte sentimento persecutório
entre os trabalhadores, seja pela insegurança na
manutenção do trabalho, que apresenta uma alta
rotatividade de profissionais, como também pelas
mudanças na política da SMS-SP em relação as OS.
A cobrança e o controle das metas de produtividade, por diferentes mecanismos de avaliação, nem
sempre tão visíveis, surgem também como um fator
de insegurança. Conclusão. De forma preliminar é
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
possível dizer que a UBS gerida como uma empresa
(e por uma empresa) pode levar a uma exterioridade
em relação aos princípios do SUS. Entretanto, a parceria público-privado, é mais complexa do que uma
posição de valor politico, pois para os trabalhadores
e usuários a agilidade nas ações tende a ser um valor
que não se separa do próprio SUS.
A VALORIZAÇÃO DA TECNOLOGIA LEVE NA HUMANIZAÇÃO DO ATENDIMENTO NA ÁREA DA
SAÚDE
Ana Paula Lagisck / Lagisck, A.P / Universidade
Aberta do Brasil - Universidade Estadual Paulista;
Este trabalho tem como objetivo realizar revisão
bibliográfica sobre a valorização da tecnologia leve
como ferramenta para humanização nos serviços
de saúde, especialmente, àqueles que se referem
à relação profissional de saúde. A pesquisa tem
sua justificativa no direito de todos os pacientes
serem atendidos dignamente e, por consequência,
assistidos nos ambulatórios e hospitais, bem como
em sua comunidade, uma vez que ao se valorizar a
tecnologia leve esta contribui para que esse direito
se efetive, oportunizando a humanização do atendimento na saúde. Ao nos referimos à área da saúde,
podemos compreender o cuidar e suas relações com
a estrutura hospitalar, já que estes apresentam conceitos parecidos, mas ao mesmo tempo controversos.
A Tecnologia Leve para a Saúde se refere aos saberes
e as práticas que resultam em produtos fechados,
ou seja, um processo de relação que pode ser um
processo de humanização. Após a revisão de literatura, discorreu-se acerca de alguns dos resultados
obtidos, discutindo e considerando informações
pertinentes ao tema, e proposições reflexivas sobre
a valorização da tecnologia leve no atendimento
humanizado na área da saúde.
ANÁLISE DA DEMANDA DE PACIENTES DO PROGRAMA TRATAMENTO FORA DE DOMICÍLIO DE
UM HOSPITAL DE ESPECIALIDADES INFANTIS EM
SÃO PAULO
Rosangela Rodrigues / Rodrigues.R / Hospital
Infantil Darcy Vargas;
O estado de São Paulo, especialmente a capital,
concentra o maior número de hospitais tanto na
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 154
rede pública quanto privada em relação ao resto
do país e muitas pessoas acabam sendo encaminhadas para atendimento médico de média e alta
complexidade para as grandes capitais para suprir
a carência de sua localidade. Para garantir o acesso
ao atendimento médico na rede pública aos usuários
do Sistema Único de Saúde (SUS) que se deslocam
de outros Estados, o Governo Federal instituiu o
programa Tratamento Fora de Domicílio (TFD).O
programa é um instrumento legal que visa garantir
atendimento ambulatorial de média e alta complexidade, exames, internação, e cirurgia (desde que
agendados previamente) aos pacientes portadores
de doenças não tratáveis no município de origem
por falta de condições técnicas. É um benefício que
prevê o pagamento do deslocamento do paciente
e acompanhante (caso seja indicado pelo médico)
para o local onde será realizado o tratamento e seu
retorno à cidade de origem; ajuda de custo para
alimentação, hospedagem enquanto durar o tratamento e, em caso de óbito, será pago as despesas com
preparação do corpo (embalsamento) e seu traslado.
Dessa forma, o programa TFD constitui-se num
dispositivo que tem como premissa garantir os direitos dos cidadãos à saúde, respeitando os direitos
constitucionais e princípios organizativos e doutrinários do SUS, como a universalidade de acesso aos
serviços de saúde em todos os níveis de assistência
e integralidade da assistência. O hospital estudado
é terciário, de especialidades pediátricas de média
e alta complexidade, está vinculado à administração direta da Secretaria de Estado da Saúde de São
Paulo. Possui atendimento Ambulatorial, Pronto
Socorro, e hospital dia na especialidade de oncologia. E é referência nas seguintes especialidades:
oncologia, hematologia, endocrinologia, urologia,
cirurgia, e nefrologia. Os resultados desta pesquisa
mostraram que existe uma demanda mais acentuada
do estado do Acre para as especialidades de urologia,
cirurgia,endocrinologia e nefrologia. Recomenda-se
acelerar o processo de regionalização, e implementar políticas de saúde para que, de fato, a regulação,
quer seja estadual ou nacional, funcione de verdade,
para facilitar o acesso e promover os princípios da
universalidade, equidade e integralidade
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
ANÁLISE DOS INDICADORES MUNICIPAIS DE
NECESSIDADES DE SAÚDE NO ESTADO DE MINAS
GERAIS
João Roberto Muzzi de Morais / MORAIS, J.R.M /
Fundação João Pinheiro; Silvio Ferreira Júnior /
FERREIRA JÚNIOR, S. / Fundação João Pinheiro;
Murilo Cássio Xavier Fahel / FAHEL, M.C.X / Fundação João Pinheiro;
O conceito de necessidade se refere à distância
existente entre o estado de saúde e bem estar atual
ou real, observado em um determinado grupo populacional, e um estado ótimo de saúde e bem estar
definido normativamente. Logo, o presente estudo
objetiva identificar as desigualdades nas necessidades de saúde entre os municípios de Minas Gerais
e subsidiar as políticas de saúde em seu território
a partir de um conjunto de indicadores de saúde
capazes de levantar as heterogeneidades regionais
em suas diversas dimensões (epidemiológicas e de
necessidades em saúde, de estrutura física e humana da oferta). Assim, elegeu-se um conjunto de
variáveis epidemiológicas e socioeconômicas com
o intuito de fomentar o indicador de necessidades
de saúde para os municípios mineiros, utilizando a
técnica de análise fatorial. Os resultados revelaram a
existência de expressivas heterogeneidades entre os
índices municipais de necessidades de saúde obtidos
e corroboram o padrão geográfico de desigualdade
já evidenciado. As regiões Norte, Noroeste, Leste e
Jequitinhonha do Estado concentram mais munícipios nas classes de necessidades alto e muito alto,
enquanto que nas regiões do Triângulo, Leste e Sul
do Estado, aumenta a proporção de munícipios com
índices de necessidade sanitária classificados como
baixo e muito baixo. A análise fatorial mostrou que
as variáveis epidemiológicas e socioeconômicas
consideradas no modelo têm uma forte correlação,
sugerindo que uma política municipal que contemple ações simultâneas da atenção básica à saúde, do
saneamento e do ensino fundamental reduziria as
necessidades de saúde com uma maior efetividade.
Ressalta-se a importância do presente estudo por
utilizar indicadores que possuem uma importante
capacidade de identificação da real situação de
saúde, o que permite sua utilização para subsidiar
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 155
os processos de elaboração de políticas públicas
voltadas ao bem estar das populações locais. Dessa forma, os processos para reconhecimento das
necessidades em saúde podem se constituir de
maior agilidade, precisão e eficácia, e a utilização
de recursos financeiros pode ser otimizada através
de ferramentas quantitativas de análise.
APOIO INSTITUCIONAL APRENDIZADO EM ATO
Alcione Pereira Biffi Fusco / Fusco, A.P.B. / secretaria municipal de saúde; Diana Carla Romano /
Romano, D.C. / secretaria municipal de saúde; Renata Maria Mhirdaui de Souza / Souza, R. M.M. /
secretaria municipal de saúde; Milvia Lais Marrara Ranciaro / Ranciaro, M.L.M. / secretaria municipal de saúde; Sandra Maria Pilotto / Pilotto, S.M.
/ secretaria municipal de saúde; Denise Aparecida
Braga / Braga, D.A. / secretaria municipal de
saúde; Andrea dos Reis Fermiano / Fermiano, A.R.
/ secretaria municipal de saúde; Mariana Souza e
Silva / Silva, M.S. / secretaria municipal de saúde;
Flavia Cristina Zagatto / Zagatto, F.C. / secretaria municipal de saúde; Lucia Sabrina de Freitas
/ Freitas, L.S. / secretaria municipal de saúde;
Luciana Rodrigues Placeres Araujo / Araujo, L.R.P.
/ secretaria municipal de saúde;
Caracterização do problema: Desde a criação do
Sistema Único de Saúde – SUS, afirmamos os princípios da universalidade, integralidade e equidade da
atenção à saúde. Apontando que concepção de saúde
não se reduz à ausência de doença, mas a uma vida
com qualidade. Nesse sentido a Política Nacional
de Humanização (PNH) tem por objetivo provocar
inovações nas práticas gerenciais e nas práticas de
produção de saúde, com o desafio de superar limites
e experimentar novas formas de organização dos
serviços e novos modos de produção e circulação
de poder utilizando o princípio da transversalidade.
Dessa maneira, o Apoio Institucional aparece como
uma ferramenta, reformulando o modo tradicional
de coordenar, planejar, supervisionar e avaliar em
saúde. Tendo como tarefa primordial ofertar suporte
ao movimento de mudança deflagrado por coletivos, buscando fortalecê-los no próprio exercício da
produção de novos sujeitos. Descrição: São Carlos é
um município do Estado de São Paulo com 221.950
habitantes, possui 42 equipamentos de saúde. Desde
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
fevereiro de 2015 a Secretaria Municipal de São Carlos vislumbrou a necessidade de um grupo de Apoiadores Institucionais, formados por profissionais da
rede. Até o momento foram realizados 10 encontros
com o objetivo de se aproximar da PNH e da diretriz
do Apoio Institucional. Desta maneira buscam-se
reflexões junto às equipes de saúde para a produção
de novos modos de atenção e gestão, proporcionando
o fortalecimento da rede para a promoção do cuidado
integral a saúde, por meio da Educação Permanente
em Saúde e apoio institucional. Utilizamos como
referencial teórico o livro Saúde Paidéia, a PNH e a
Portaria 1996 da Educação Permanente em Saúde.
Lições Aprendidas: O Apoio Institucional só tem
significado para as equipes quando esse é legitimado
por meio do trabalho em ato, apoiando-as nos seus
projetos enriquecendo o cotidiano, interferindo
na produção social e subjetiva dos trabalhadores
e usuários. Recomendações: O apoiador deve sair
da neutralidade, explicitando o lugar e o modo de
vinculação de cada um, analisando as relações de
poder, de conhecimento e de afeto envolvido.
APOIO INSTITUCIONAL EM SAÚDE: ENTRE O INSTITUINTE E O INSTITUÍDO
Adriana Barbieri Feliciano / Feliciano, A. B. /
UFSCar; Cinira Magali Fortuna / Fortuna, C. M.
/ EERP/USP; Márcia Niituma Ogata / Ogata, M.
N. / UFSCar; Mônica Vilchez Silva / Silva, M. V. /
CDQ/DRS III - Araraquara; Flávio Adriano Borges
/ Borges, F. A. / EERP/USP; Karemme F. Oliveira /
Oliveira, K. F. / EERP/USP; Gabriela A. Camacho
/ Camacho, G. A. / UFSCar; Priscila N. Araújo /
Araújo, P. N. / EERP/USP;
O apoio institucional é um dispositivo de intervenção da Política Nacional de Humanização (PNH)
que promove mudanças necessárias para a implementação do SUS como política pública. O Centro
de Desenvolvimento e Qualificação para o SUS
(CDQ-SUS) do Departamento Regional de Saúde
(DRS III) do interior do Estado de São Paulo apóia
o desenvolvimento de ações locais e regionais compreendendo a dimensão transversal da PNH e da
Educação Permanente em Saúde. No entanto, há
dificuldades em superar os processos instituídos
de atenção e de gestão, associado a uma fragilidade
conceitual e estrutural para que as práticas realiSaúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 156
zadas pelas equipes se viabilizem de outras formas
no cotidiano em saúde. Tratam-se de resultados
parciais de uma pesquisa em andamento financiada
pelo PPSUS/FAPESP Processo N.2014/50037-0 intitulada: Cogestão, Apoio Institucional e Acolhimento
na Atenção Básica- uma pesquisa-intervenção”. Um
dos seus objetivos é analisar a concepção de apoio
institucional das equipes de atenção básica. Trata-se de uma pesquisa-intervenção subsidiada pelo
referencial teórico da analise institucional linha
sócio-analítica e de conceitos da PNH. A mesma
está sendo desenvolvida nas equipes de saúde que
aderiram ao Programa de Melhoria do Acesso e Qualidade – PMAQ dos municípios de um colegiado de
gestão regional do DRS III/SP. A produção dos dados
foi por meio de 16 grupos focais que possibilitaram a
escuta de 137 trabalhadores. Os resultados mostram
que a idéia sobre o Apoio Institucional é divergente
entre os municípios e que está alinhada à história
do quanto se aproximaram mais ou menos do SUS.
Parece pouco conhecido. Desta percepção embaçada
emerge a necessidade dos trabalhadores sentirem-se próximos da gestão local e que os espaços de
encontro possibilitem voz a ambos, que haja compartilhamento e co-responsabilidades. Os apoiadores precisam de postura ética para que conquistem
confiança das equipes com as quais trabalham, não
sendo desejável que possuam cargo de confiança e
vinculação formal com a gestão, mas que sua identidade esteja mais alinhada à dos trabalhadores.
Além de ferramentas de trabalho e planejamento é
desejável que os mesmos possuam habilidades para
a mediação de conflitos nas equipes. Enfim, o apoio
institucional se mostra uma estratégia importante
para efetivação de políticas públicas alinhadas ao
SUS, no entanto, tanto mais potente será o uso deste
dispositivo quanto mais se ajustar na perspectiva de
um processo instituinte e não instituído.
APOIO INSTITUCIONAL PARA CONSTRUÇÃO DE
UMA CLÍNICA AMPLIADA NA ATENÇÃO BÁSICA
DO DISTRITO FEDERAL (DF)
Magno Nunes Farias / FARIAS, M.N. / UnB; Paula
Giovana Furlan / FURLAN, P.G. / UnB;
Introdução:Destaca-se a Política Nacional de Humanização para reorientar a Atenção Básica apresentando dois dispositivos, a Clínica Ampliada e o Apoio
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Institucional a fim de superação os modelos tradicionais de gestão e prática clínica. No DF, o Apoio
Institucional nos serviços de Atenção Básica ainda
é incipiente, sendo pertinente esse estudo para contextualizar e aprofundar o tema. Objetivos:Verificar
a relação entre a prática do Apoio Institucional com
o desenvolvimento da Clínica Ampliada em uma unidade de Atenção Básica do DF; observar o cotidiano
da unidade; Investigar os efeitos da prática de Apoio
na organização e prática clínica. Método:Pesquisa
qualitativa do tipo Estudo de Caso, no Centro de
Saúde Ipê Amarelo (Regional Administrativa do
Gama-DF), que faz parte da pesquisa-intervenção
Cartografia do Apoio institucional e matricial no
SUS do Distrito Federal: áreas prioritárias da atenção e gestão em saúde e a formação de apoiadores
na atenção primária a saúde (UnB-FIOCRUZ-SAPS/
SES/GDF)”. Realizou-se entrevistas semi-estruturadas com o coordenador, profissionais de saúde (7) e
usuários (7), e Observação Sistemática do serviço
durante um mês (julho/2014). A análise dos dados
foi baseada em Proposições Teóricas: Clínica ampliada, Gestão e Apoio Institucional no cotidiano e
Implementação da Estratégia de Saúde da Família.
Resultados:Descrevem-se cenas na Unidade que indicam o exercício da Clínica Ampliada, porém nota-se um grande desafio em relação à reprodução do
valor de uso, com enfoque reducionista biologicista,
divergindo das necessidades sociais dos usuários. O
modo como o acolhimento é realizado e a ambiência
dos dois espaços do CS-Ipê proporcionam relações
diferenciadas entre os sujeitos e a prática do cuidado. Apesar do coordenador se apropriar do processo
de Apoio, há dificuldades em operar os dispositivos
no cotidiano da gestão, com o processo de trabalho
fragmentado. A Estratégia de Saúde da Família tem
grande dificuldade ser implementada no serviço,
pois não há arranjos que facilitem esse processo.
Conclusões:Pode-se dizer que os efeitos do Apoio no
serviço estão em movimento, porém há desafios em
gerar transformações no modelo de gestão e de clínica reproduzidos. A aplicação de métodos mais participativos de gestão e atenção exigem a elaboração de
novos arranjos e estratégias, como a implementação
de espaços de cogestão, para compartilhamento de
saberes e poderes, discussão de casos, e do trabalho
em equipe e ampliação da clínica.
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 157
ASPECTOS PSICOLÓGICOS DO NÃO USO DO NOME de novas leis e diretrizes e investir mais no treinamento dos profissionais da área da saúde tendo em
SOCIAL
Icaro Caresia Lopes / Lopes, I.C. / IMESSM; Maria
Flor de Piero / de Piero, M.F. / IMESSM; Walter
Vitti Junior / Vitti Junior, W. / Unesp;
Apresentação/introdução: Muitas pessoas misturam sexo e sexualidade em apenas uma coisa, que
se relaciona ao ato sexual. Sexualidade tem a ver
com o conhecimento, do corpo, dos desejos e da sublimação. Sexo esta ligado a qualidade de uma prática para obter prazer, e ambos sofrem a influência
cultural, onde existem diferentes padrões de acordo
com a cultura e a singularidade de cada indivíduo.
Objetivos: O estudo propõe uma investigação sobre
a recepção de travestis e transexuais pelo sistema
público de saúde no que compete ao uso do nome
social e os aspectos psicológicos que sofrem quando
esse direito lhes é violado. Metodologia: Foi realizado um estudo de Revisão de Literatura através de
levantamento bibliográfico de material já publicado
entre os anos 1988 a 2014, em língua portuguesa,
fazendo uso das bases de dados: SciELO – Scientific
Electronic Library Online, da Biblioteca Virtual em
Saúde (BVS), Google acadêmico e blogs de internet
quando a verificação por meios científicos tornou-se impossível. Para o levantamento da legislação
considerou-se sua abrangência estadual nacional.
Foram utilizados os seguintes descritores de assunto para se proceder às buscas nas bases de dados:
Sexualidade, Travestis, Transexuais, Transgêneros,
Homossexualidade. Resultados: Este trabalho teve
o cuidado de fazer a ponte que interliga as questões
sociais, como as leis e portarias de proteção ao uso
do nome social, com seu efeito psicológico, causado
pelo desrespeito às travestis e transexuais pelos
trabalhadores dos serviços de saúde pública, no
qual a grande maioria passa em algum momento
da vida. O ensaio mostrou que, quando um simples
pedido feito por pessoas que pertencem a uma minoria é negligenciado, isso afeta intrinsecamente os
aspectos psicológicos causando rupturas psíquicas
nesses indivíduos que já têm uma ideia muito distorcida de si mesmo e que ao buscar ajuda e apoio,
acabam por só encontrar, em alguns casos, desprezo
e desafeto. Conclusões/Considerações: Conclui-se
com este estudo a importância do uso das políticas
publicas existentes e dos cuidados na formulação
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
vista a extrema necessidade do público de receber
acolhimento necessário para que possa ser obtido o
melhor tipo de tratamento colocando-se dentro dos
padrões de civilidade e humanidade.
ATENÇÃO CARDIOVASCULAR NO DRS-XIII: AVALIAÇÃO DO ACESSO
Lucieli Dias Pedreschi Chaves / Chaves, LDP /
EERP-USP; Priscila Balderrama / Balderrama,
P / EERP-USP; Larissa Roberta Alves / Alves, LA
/ EERP-USP; Sílvia Helena Henriques Camelo
/ Camelo, SHH / EERP-USP; Ana Maria Laus /
Laus, AM / EERP-USP; Oswaldo Yoshimi Tanaka /
Tanaka, OY / FSP-USP;
Introdução: O acesso da população aos diferentes
componentes assistenciais é um dos sentidos atribuídos à integralidade. Objetivo: avaliar ações de
atenção aos agravos cardiovasculares como traçadores de resultados da atenção de sistema regional de
saúde, na perspectiva do acesso. Método: Pesquisa
avaliativa, abordagem mista, utilizando dados quantitativos, secundários, da produção ambulatorial e
internações hospitalares do Departamento Regional
de Saúde, Ribeirão Preto, 2000 a 2010, totalizando
774.472 exames ambulatoriais e 74.387 internações,
análise utilizou estatística descritiva das variáveis,
expressa em frequências e porcentagens, construindo séries temporais que indicaram as tendências.
Os dados primários, qualitativos, coletados em
entrevistas com gestores, transcritas e optou-se
pela análise temática com base na regularidade
das afirmações. Resultados: Houve incremento, no
período, de 137% na produção de exames aumento
da oferta de procedimentos que permitem o diagnóstico precoce e o monitoramento de usuários que já
manifestam problemas cardiovasculares. Cabe destaque para o importante crescimento da produção de
eletrocardiogramas, exame de menor complexidade,
realizado por todos os municípios potencializando
a capacidade de diagnosticar/monitorar os problemas cardiovasculares mais comuns, um indicativo
de qualificação da atenção básica. As internações
clínicas corresponderam a 80,2% do total de internações e houve crescimento das internações cirúrgicas
em cardiologia. A comparação entre atendimento
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 158
ambulatorial e internações hospitalares evidencia
incremento da produção de exames em relação a
estas as hospitalizações. As entrevistas revelaram
aspectos da reorganização do sistema regional de
saúde, indicando fatores que favorecem e dificultam
acesso à atenção integral em cardiologia, sendo possível identificar fatores que interferem no acesso à
atenção integral em cardiologia, relativos a acesso
regulado aos serviços, atendimento referenciado
a especialistas, monitoramento de casos diagnosticados, qualificação para atendimento aos casos
de urgência decorrentes dos agravos. Conclusões:
Acesso universal, equitativo e ordenado é responsabilidade do sistema de saúde; requer a implantação
de estruturas sólidas de gestão envolvendo planejamento, controle, regulação e avaliação. Resultados
evidenciaram ampliação do acesso e necessidade de
ações voltadas à organização da rede de atenção aos
agravos cardiovasculares.
AVALIAÇÃO EM SAÚDE: METODOLOGIA PARTICIPATIVA E ENVOLVIMENTO DE GESTORES
MUNICIPAIS
Cristiane Andrea Locatelli de Almeida / Almeida,
CAL / Faculdade de Saúde Pública USP; Oswaldo
Yoshimi Tanaka / Tanaka, OY / Faculdade de Saúde
Pública USP;
INTRODUÇÃO A Avaliação em Saúde permanece
como um tema bastante estudado e discutido no
cenário mundial. Percebe-se entretanto no campo
uma lacuna no estudo de movimentos de avaliação
realizados em nível local, que visem o alcance de
um nível mais profundo de compreensão da organização dos serviços, incluindo relações entre
formatos assumidos e contextos determinados. Este
estudo analisou a aplicação de uma metodologia
de avaliação em nível local e em base participativa,
voltada à compreensão do significado que a organização dos serviços de saúde assume para os atores
da região. Assume-se que a complementariedade
deste modelo com as iniciativas desenvolvidas a
nível federal permitirá uma potencialização de
ambas. OBJETIVO: Analisar alcances e limites
do uso de metodologia participativa de avaliação
junto a gestores e gerentes municipais de saúde.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: Pesquisa
qualitativa com gestores e gerentes de saúde da
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Comissão Intergestores Regional de uma região
de saúde do estado de São Paulo. Representantes
de sete municípios membros participaram de sete
oficinas facilitadas pelos pesquisadores, com o objetivo de avaliar um problema específico da linha de
cuidados sob a perspectiva da integralidade. A análise do material empírico coletado foi realizada em
base à metodologia hermenêutica-dialética e visou
a avaliação da metodologia participativa aplicada,
segundo sua capacidade de promover um processo
de avaliação passível de ser utilizado como suporte
à gestão municipal. RESULTADOS: A série de oficinas realizadas promoveu debates em profundidade
principalmente sobre a construção da integralidade
da atenção e a inclusão da perspectiva do usuário na
tomada de decisão, de forma vinculada à busca de solução para problemas concretos da gestão. Mediante
a exploração conjunta, foi aberta a possibilidade de
utilização de sistemas eletrônicos de informação e
de informações advindas diretamente dos usuários
dos serviços, para enriquecer debates e negociações entre parceiros. CONCLUSÕES: Avaliações de
programas e serviços realizadas no âmbito da CIR,
tomando o interesse local como ponto de partida e
facilitando, através do uso de metodologias participativas, o envolvimento de seus membros, podem se
constituir em importante ferramenta para a construção da integralidade do cuidado. Investir a avaliação
de um significado mais imediato pode facilitar sua
transposição para a compreensão de esferas mais
amplas, em nível macro sistêmico.
CLASSIFICAÇÃO DE RISCO DOS HIPERTENSOS
Elaine Aparecida de Freitas Souza / Elain, F.S. /
Prefeitura de São Bernardo do Campo; Fabio Urbini Carnevalli / Fabio, U.C. / Prefeitura de São Bernardo do Campo; Claudielle Teodoro / Claudielle.t.
/ Prefeitura de São Bernardo do Campo;
Em uma reunião de equipe na unidade básica de
saúde,foi realizado a apresentação da escala de
framingham para todos os colaboradores,conforme
proposta da atenção básica em utilizar a escala
para classificar os hipertensos .Foi proposto para
que os trabalhadores,fizessem um levantamento
de todos os hipertensos e fazerem uma analise dos
os riscos de cada paciente que eles já conheciam e
que cada equipe realizasse uma apresentação das
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 159
propostas para a avaliação. As equipes fizeram plano
de ação,estatísticas,e analisaram as agendas para
garantir retorno médico e de enfermagem para os
hipertensos seguindo o protocolo municipal. Foi
uma ótima experiencia,hoje as equipes possuem
cada uma planilhas que controlam as consultas dos
hipertensos e o risco de cada paciente. Todo mês e
feito uma estatística e analisados e se for necessário
e feito a busca ativa dos pacientes pelos agentes
comunitários.
COGESTÃO COMO PRÁTICA COLABORATIVA
Giovanna Cabral Doricci / Doricci, G. C. / FFCLRP
- USP (FAPESP, processo: 2015/04519-6); Carla
Guanaes Lorenzi / Guanaes-Lorenzi, C. / FFCLRP
- USP;
INTRODUÇÃO: A Política Nacional de Humanização
no Brasil tem como objetivo promover o aprimoramento do sistema de saúde através da valorização
dos sujeitos e de suas relações em todos os contextos
de atuação. Os princípios desta política são: transversalidade; indissociabilidade entre atenção e gestão; e promoção do protagonismo, corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos em prol de mudanças
favoráveis a seus contextos de atuação. O modelo de
gestão indicado pela política corresponde à Cogestão. Este modelo valoriza o trabalho em equipe e a
participação dos profissionais nas decisões sobre a
organização do cotidiano das práticas. OBJETIVO:
Analisar, no âmbito teórico, o modelo de cogestão
a partir do conceito de práticas colaborativas derivados do campo da terapia familiar. MÉTODO:
Revisão de literatura a respeito da Política Nacional
de Humanização e estudo dos conceitos das práticas
colaborativas. RESULTADOS E CONCLUSÕES: Após
estudo da literatura consideramos como eixo de
análise e comparação os seguintes temas destacados
tanto da Política de Humanização quanto das práticas colaborativas: 1) Valorização da linguagem, do
diálogo e da comunicação como potencial transformador; 2) Valorização da responsabilidade relacional
envolvida nos processos de mudança; 3) Valorização
do conhecimento local, das ações do cotidiano; 4)
Valorização da horizontalidade nas relações. A partir
desta análise concluímos que o modelo de cogestão
preconizado na Política Nacional de Humanização
pode ser trabalhado a partir dos conceitos das
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
práticas colaborativas. Consideramos que as diretrizes das práticas colaborativas podem funcionar
como recursos úteis para promover o trabalho em
equipe e a cogestão. Como destacado na análise há
aproximações teóricas entre os conceitos tais como:
a valorização do diálogo, das relações, da horizontalidade, e da co-construção de novas realidades.
Além desta aproximação teórica, destacamos que as
práticas colaborativas oferecem recursos práticos,
como, por exemplo, a postura de não-saber através
da qual se busca ampliar a curiosidade mediante
as diferenças. Esta é uma das posturas que pode
promover a horizontalidade e fortalecimento das
relações de trabalho e a composição da equipe. Sendo
assim, consideramos que as práticas colaborativas
podem contribuir para que os princípios filosóficos
e o modelo de gestão, preconizados pela Política de
Humanização, sejam colocados em prática.
COGESTÃO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE:
UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Priscila Norié de Araujo / Araujo, P.N. / EERP USP;
Karen da Silva Santos / Santos, K.S. / EERP USP;
Cinira Magali Fortuna / Fortuna, C.M. / EERP
USP; Adriana Barbieri Feliciano / Feliciano, A.B. /
UFSCar; Flávio Adriano Borges Melo / Borges, F.A.
/ EERP USP; Gabriela Alvarez Camacho / Camacho, G.A. / UFSCar; Karemme Ferreira de Oliveira
/ Oliveira, K.F. / EERP USP; Márcia Niituma Ogata
/ Ogata, M.N. / UFSCar; Mônica Vilchez da Silva /
Silva, M. V. / UFSCar;
INTRODUÇÃO Campos (2007) propõe alterar o modo
de gestão das instituições, através da análise da
política atual, e questionando sobre a possibilidade
das organizações sociais produzirem com liberdade e autonomia. Conceitua a cogestão sendo um
compartilhamento de poder como um projeto de
construção e solidariedade com o interesse público,
de capacidade reflexiva, e de autonomia dos sujeitos. OBJETIVO Analisar as produções científicas no
âmbito nacional e internacional que discuta sobre a
cogestão em saúde enquanto estratégia de melhoria
da atenção primária a saúde no SUS. MÉTODO Trata-se de uma revisão integrativa, que perpassou três
etapas: identificação do tema e elaboração da questão de aprendizado; o presente estudo visa buscar
resposta para a seguinte questão: Quais aspectos
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 160
são apontados na literatura científica sobre a cogestão para melhoria na atenção básica do SUS? Foi
realizada uma pesquisa nos Descritores em Ciência
da Saúde(DeCS), sendo utilizados: sistema único
de saúde AND gestão em saúde OR cogestão AND
atenção primaria em saúde OR atenção primaria
a saúde. Bases de dados: LILACS, Medline e Scielo.
Após a seleção dos estudos respeitando os critérios
de inclusão e exclusão, informações foram extraídas, visando sintetizar os dados pertinentes para
obter respostas à questão da pesquisa. A análise foi
realizada de forma crítica e por meio da avaliação
dos materiais, métodos e resultados. Os resultados
foram comparados com o conhecimento teórico a fim
de gerar conclusões e implicações que resultarão da
revisão integrativa. Por fim está sendo elaborado um
texto com as etapas percorridas durante o processo
e os principais resultados evidenciados. RESULTADOS PARCIAIS As buscas foram realizadas em Junho
de 2015 nas três bases de dados descritas, totalizando 63 artigos nacionais. Após a leitura dos títulos,
resumos, e aplicação dos critérios de inclusão e
exclusão, foram selecionados 12 artigos. A segunda
etapa da pesquisa percorrerá 3 passos; Revisão dos
fichamentos por um segundo pesquisador a fim de
evitar o viés; Compilação dos dados encontrados
e análise com foco na qualidade dos estudos e nos
principais resultados encontrados; Elaboração de
artigo científico. CONCLUSÃO Os trabalhos publicados são de natureza qualitativa e apresentam a
cogestão como possibilidade de democratização
dos serviços de saúde no Brasil. O estudo ainda
encontra-se em produção e em breve fornecerá um
panorama da temática na atenção primaria à saúde.
CONSOLIDAÇÃO DE RESULTADOS DO PROGRAMA
DE MELHORIA DO ACESSO E DA QUALIDADE-ATENÇÃO BÁSICA (PMAQ-AB): ELABORAÇÃO
DE INSTRUMENTO
Patricia Helena Breno Queiroz / Queiroz PHB / Faculdade de Enfermagem da Universidade Estadual
de Campinas/SP; Danielle Alexandre Albernaz /
Albernaz DA / Prefeitura Municipal de Jundiaí/SP;
Alex Marcelo Leitão / Leitão AM / Secretaria de
Educação de Americana/SP; Rafael Paiva / Paiva R
/ Secretaria de Saúde de Americana/SP;
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Caracterização do Problema Uma das principais
diretrizes atuais do Ministério da Saúde (MS) é
executar a gestão pública com base na indução,
monitoramento e avaliação de processos e resultados mensuráveis, garantindo acesso e qualidade da
atenção em saúde a toda a população. Dentre estas
iniciativas centradas na qualificação da AB destaca-se o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da
Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB). Em 2012,
Americana/SP participou do primeiro ciclo do PMAQ
com a adesão de duas equipes de ESF e a subsecretaria da Atenção Básica estendeu o programa em 2013
para todas as equipes da estratégia e incluiu também
três equipes de Saúde Bucal. Descrição Após a análise preliminar das folhas de resposta para Avaliação
para Melhoria do Acesso e da Qualidade (AMAQ-AB)
ficou evidenciada a necessidade de elaboração de
um instrumento que pudesse quantificar os dados
de maneira clara, precisa, segura, com o mínimo de
margem de erro de lançamento. A equipe de Tecnologia da Informação (TI) da Secretaria de Saúde foi
acionada para a elaboração de uma planilha de cálculo para lançamento dos dados gerados pelas equipes,
sob a demanda de orientar a melhor forma de tabular
as informações coletadas através do AMAQ. A princípio, desconhecendo qual método seria exigido
para envio de tais respostas foi sugerida a criação
de um documento em Excel, a priori com o mesmo
layout sugerido pelo formulário original, porém, com
as fórmulas dos totais, métricas de desempenho e
médias finais, toda a avaliação após a digitação apenas das respostas, se daria de forma automatizada.
Lições Aprendidas Este trabalho permitiu conhecer
e refletir sobre os desafios da construção do processo de trabalho coletivo articulado, interativo e
compartilhado, comprometido com a reconstrução
de saberes e práticas profissionais. Recomendações
O funcionamento de uma rede de atenção à saúde
guarda relação direta com a integração de todos os
serviços lhe dão sustentação, garantindo o provimento de recursos e o fluxo de pessoas, de materiais
e insumos e de informações. O desenvolvimento e a
utilização permanente de mecanismos para a gestão
do cuidado em saúde devem ser incentivados com a
valorização de padrões de qualidade e no incentivo
da colaboração de diferentes profissionais no desenvolvimento e apropriação de novas tecnologias
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 161
tendo como preocupação a demonstração de seu
impacto sobre a qualidade da atenção e a eficiência
das práticas e serviços.
CONSTITUIÇÃO DAS COMISSÕES DE PRONTUÁRIO
EM UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE – A EXPERIÊNCIA DO INSTITUTO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL
SÍRIO LIBANÊS
Francies Regyanne Oliveira / Oliveira, F.R. /
Instituto de Responsabilidade Social Sirio Libanes; Melissa Lorenzo Prieto de Souza / Souza,
M.L.P. / Instituto de Responsabilidade Social Sirio
Libanes; Cesar Saletti / Saletti Cesar / Consultoria Espaço Aberto Soluções; Ana Paula Neves
Marques de Pinho / Pinho, A.P.N.M. / Instituto
de Responsabilidade Social Sirio Libanes; Maria
Emília Carvalhaes Machado / Machado, M.E.C. /
Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo; Ana
Maria Vieira / Vieira, A.M. / Secretaria Municipal
de Saúde de São Paulo; Maria Salete Machado
Alves / Alves, M.S.M. / Secretaria Municipal de
Saúde de São Paulo;
Caracterização do Problema: Cada registro individual resgata o histórico das atividades realizadas
pela equipe de saúde durante o acompanhamento
e constitui o prontuário do paciente. É uma documentação complexa produzida pela equipe de saúde
e considerado fator de comunicação e integração. É
responsabilidade de cada serviço de saúde constituir
uma Comissão Multiprofissional que zele e avalie a
presença das anotações mínimas obrigatórias para
cada categoria profissional; a legibilidade; o registro de anamnese, exame físico, complementares,
diagnóstico, conduta e plano de cuidados. O desafio
é a constituição de comissões comprometidas em
instituir retorno de suas observações aos colegas,
que não se constitua numa mera formalidade burocrática. Para tal é necessário que os profissionais
sejam apoiados, instrumentalizados e estabeleça-se
uma estratégia de fortalecimento dessa ação nos
serviços. Pretendemos compartilhar as medidas
adotadas para assegurar legitimidade aos profissionais envolvidos nessa atividade. Descrição:
Unidades Básicas de Saúde Cambuci, Humaitá e
Nossa Senhora do Brasil há alguns anos possuíram
Comissões de Prontuários. Com a rotatividade dos
profissionais houve prejuízo desta atividade. Com o
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
apoio matricial da supervisão da Estratégia Saúde
da Família (ESF) do Instituto de Responsabilidade
Social Sírio Libanês (IRSSL) os serviços constituíram comissões de prontuários, nomeadas pelas
gerentes das unidades. Para garantir a realização
houve reuniões de sensibilização da proposta, bloqueio do agendamento e apresentação de proposta
de regimento interno, construção de instrumento
de avaliação dos prontuários, estratégia de divulgação nas unidades, ata das reuniões e digitação dos
documentos construídos. As reuniões acontecem
mensalmente com variação de avaliação de 18 a 45
prontuários e estabelecimento dos itens de conformidade. Lições Aprendidas: para realização desse
tipo de atividade é fundamental que haja apoio aos
profissionais, sobretudo na esfera administrativa
disponibilizando material técnico, digitando documentos, atas, discutindo estratégias de avaliação
dos prontuários e garantindo espaço para que a
atividade seja realizada pelo grupo. Recomendações:
o gestor deve elaborar estratégias específicas para o
desenvolvimento de ações qualificadoras da rotina
de trabalho, articular espaços para reunião, organizar o foco na meta a ser alcançada, disponibilizar
materiais, contatos com outros serviços e auxiliar
na divulgação dos resultados.
CONTRIBUIÇÃO DA ANÁLISE DOCUMENTAL PARA
A GESTÃO EM SAÚDE DE UM MUNICÍPIO DE MATO
GROSSO
Rômulo Cezar Ribeiro da Silva / Silva, R.C.R. / Secretaria Municipal de Saúde de Tangará da Serra/
MT; Raimundo Nonato Cunha de França / França,
R. N. C. / UNEMAT; Akeisa Dieli Ribeiro Dalla Vecchia / Vecchia, A. D. R. D. / UNEMAT; Josué Souza
Gleriano / Gleriano, J. S. / UNEMAT;
Tendo em vista que conhecer um sistema local de
saúde requer utilização de estratégias e métodos
para levantar problemas e propor análise capaz de
intensificar resultados que modifiquem o cenário
de saúde local. Objetivou identificar a partir de
documentos da gestão em saúde propostas de intervenção à gestão frente os problemas encontrados.
Trata-se de um estudo documental realizado no
município de Terra Nova do Norte/MT que passou
por implantação de um novo modelo de atenção à
saúde. A pesquisa aconteceu em 2012, através dos
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 162
documentos: Plano Plurianual 2010-2013, Redes
Explicativas de Problemas, Relatório da IV Conferência Municipal de Saúde e Relatório de Auditoria
nº 107/80 DENASUS. Após a leitura analítica foi
evidenciado quatro categorias para análise: regionalização dos serviços de saúde, participação popular e
controle social, gestão do fundo municipal de saúde
e elaboração dos instrumentos de gestão. Para a primeira categoria as propostas de intervenção foram:
o fortalecimento do Colegiado de Gestão Regional
– CGR e a garantia da educação permanente aos
servidores e conselheiros de saúde. Foi identificada
a necessidade de capacitar os conselheiros de saúde,
sobre as suas funções, para a segunda categoria.
Na terceira evidência a necessidade dos servidores
e conselheiros conhecerem os instrumentos de
Planejamento do SUS para fortalecerem o controle
social. Em relação à elaboração dos instrumentos de
gestão há necessidade de normalizar as situações
de desconformidade com as legislações do SUS e
programar sistema de planejamento no município.
Constatou-se necessidade de intensificar a participação cidadã, a interação entre gestores, servidores
com os usuários, para efetivar o cumprimento das
legislações que garantem o controle social nas
decisões políticas. Conclui-se que a gestão do SUS
apesar de todo seu arcabouço legislativo existente
ainda não conseguiu garantir a efetivação de seus
objetivos e preceitos, visto que a regionalização
enfrenta propostas políticas partidárias para a assistência, fator que impede o acesso a serviços de
saúde, principalmente na interiorização da saúde.
No entanto o Estado precisa assumir a Programação
Pactuada Integrada para fortalecer o Colegiado de
Gestão Regionalizado como instância de gestão e
integração entre os municípios no atendimento das
necessidades locais.
DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DE AUXILIARES ADMINISTRATIVOS NA ATENÇÃO BÁSICA
De Souza / Melissa Lorenzo Prieto de Souza /
Instituto de Responsabilidade Social Sirio Libanes; Maria Emília Carvalhaes Machado / Machado, M.E.C. / Secretaria Municipal de Saúde de
São Paulo; Francies Regyanne Oliveira / Oliveira,
F.R. / Instituto de Responsabilidade Social Sirio
Libanes;
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Caracterização do problema: Às equipes multiprofissionais da atenção básica é realizada oferta regular
de treinamentos técnicos predominantemente de
transmissão de atualizações sobre rotinas, introdução ou atualização de novos protocolos de manejo
clínico e ações de contingência à surtos e epidemias.
Médicos, enfermeiros e técnicos são as categorias
profissionais a quem se ofertam tais treinamentos.
Entretanto, um grupo estratégico de trabalhadores,
auxiliares administrativos que estão em todos os
setores do serviço, desde o atendimento inicial
ao usuário até a atribulação dos dados primários
quando há pouco investimento formal em desenvolvimento profissional. Alicerçados na necessidade
de qualifica-los para melhorar desempenho de suas
atribuições construímos com parte desses trabalhadores em uma unidade baixa de saúde de região
central de São Paulo o processo para desenvolvimento de suas competências. Descrição: A equipe de auxiliares administrativos sempre foi prejudicada na
participação de reunião e treinamentos em virtude
da extrema necessidade de manter um contingente
mínimo no atendimento. A participação era restrita
a um os dois funcionários em reunião geral da UBS.
Vários problemas com processo de trabalho se avolumaram até que perguntamos qual seria melhor
estratégia para reunir a maior quantidade. As opções
foram à realização de reuniões mensais de 2 horas de
direção, após o fechamento do serviço. As questões
do treinamento envolveram processo administrativo
nas mais importantes, foram sobre pontuação de
combinado, mínimo de trabalho e a necessidade de
discursão de casos emblemáticos de atendimento ao
usuário que envolva manejo de atuações violentas,
usuários que não falam português, atendimento
aos pacientes com transtornos mentais em crise.
Lições aprendidas: É necessária a indução de discussões de assistência aos funcionários do setor
administrativo e desenvolvimento de processos de
qualificação profissional que potencializam a resiliência desses trabalhadores. Promover espaços de
excuta em que possam ser ouvidas as dificuldades
de lidar com usuário e profissionais pro cotidiano e
construção de estratégias pontuadas de superação.
Recomendações: Essa categoria profissional precisa
ser incluída como participante nos processos de
qualificação profissional.
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 163
DIMENSIONAMENTO DE RECURSOS HUMANOS informação que permite a elaboração de relatórios
PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DE CAMPINAS: comparativos entre os valores dimensionados e o
quadro atual de servidores; Previsão orçamentária,
ATENÇÃO BÁSICA
Elisabet Pereira Lelo Nascimento / Nascimento,
E.P.L. / Prefeitura Municipal de Campinas;
Introdução O Município de Campinas conta com
1.082.000 habitantes (IBGE, 2010), dos quais 6.536
integram a Secretaria Municipal de Saúde e se
responsabilizam por atender as necessidades de
saúde dessa população. Atualmente, a Secretaria
Municipal de Saúde conta com 63 Unidades Básicas
de Saúde, com construção, em média, de 600 m²,
oferecendo 3.771 horas de atendimento aos usuários e 2.975 servidores lotados nessas unidades de
saúde. Dentro deste contexto e considerando que as
Unidades Básicas de Saúde são a porta de entrada
para o Sistema de Saúde, o planejamento de pessoal
se torna uma ferramenta imprescindível para a gestão e para qualificação da assistência prestada aos
usuários. Dada a relevância do dimensionamento do
quadro de pessoal para o SUS Campinas, no eixo da
Atenção Básica, o Departamento de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde, elaborou tal estudo em
duas dimensões: quantitativa, com variáveis a partir
da utilização de cálculos matemáticos que trazem a
distribuição formal de profissionais por unidade e
cargo, e qualitativa, que auxilia na organização do
processo de trabalho do servidor e equipe de saúde
e na relação com as atribuições do cargo. Resultados
Participação dos trabalhadores, gestores e coordenadores das áreas programáticas na elaboração do
dimensionamento de pessoal para o eixo da Atenção
Básica; Definição de critérios para serem utilizados
conforme a categoria profissional: população adscrita por unidade de saúde, vulnerabilidade social, horário de funcionamento da unidade, potencial de produtividade, capacidade física instalada e densidade
demográfica e reserva técnica de 20%. Definição da
necessidade de todas as categorias profissionais que
atuam na Atenção Básica para assistir a população
adscrita por unidade de saúde; Construção de novos
modos de produção, por meio de revisões bibliográficas, grupos de estudos, discussões com gestores
e trabalhadores; Criação de planilhas que calculam
o número adequado de Recursos Humanos a partir
dos critérios estabelecidos pela Secretaria Municipal de Saúde; Desenvolvimento de um sistema de
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
quanto à adequação de recursos humanos para a
saúde, auxílio à definição de vagas para concursos
públicos e definição de prioridade de vagas para os
serviços de saúde.
DOCUMENTO TÉCNICO PARA CHAMAMENTO
PÚBLICO NA REGIÃO CENTRAL DE SÃO PAULO:
CAMINHO METODOLÓGICO DO INSTITUTO DE
RESPONSABILIDADE SOCIAL SÍRIO LIBANÊS
Francies Regyanne Oliveira / Oliveira, F.R. / Instituto de Responsabilidade Social Sirio Libanes;
Melissa Lorenzo Prieto de Souza / Souza, M.L.P. /
Instituto de Responsabilidade Social Sirio Libanes; Elizabete Martini Akamine / Akamine, E.M. /
Instituto de Responsabilidade Social Sirio Libanes; Ana Paula Neves Marques de Pinho / Pinho,
A.P.N.M. / Instituto de Responsabilidade Social
Sirio Libanes;
Introdução: A cidade de São Paulo, em 2014 realizou
Chamamentos Públicos para seleção de Organizações Sociais (OS) que celebrem Contrato de Gestão
visando execução e gerenciamento de serviços de
saúde. Para habilitação deve-se apresentar plano
de trabalho e proposta técnica que detalhe o conhecimento da OS sobre a região pleiteada e explicite
os componentes que a qualificam para execução do
objeto contratado. Assim, o Instituto de Responsabilidade Social Sírio Libanês (IRSSL) por meio do seu
núcleo de gestores em Atenção Básica desenvolveu
estratégia metodológica e coordenou a elaboração do
projeto. Objetivo: caracterizar as etapas de elaboração do plano de trabalho e documento técnico IRSSL
para o Chamamento Público da região Central da
cidade de São Paulo. Método: constituição de equipe
responsável, coordenada pelos gestores do IRSSL
da Estratégia Saúde da Família e da Assistência
Médica Ambulatorial; Leitura e revisão da documentação disponibilizada pela Secretaria Municipal de
Saúde; Elaboração de cronograma de atividades;
Constituição de equipe técnica de profissionais do
IRSSL com expertise em engenharia, arquitetura,
tecnologia e gestão de informação, comunicação,
gestão de serviços de saúde, regulação, contratos,
assistência farmacêutica e enfermagem; DesenvolSaúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 164
vimento de instrumento de caracterização das unidades e serviços; Realização das vistorias técnicas;
Confecção de relatórios padronizados. Resultados:
As vistorias foram nos dias 23, 26 e 30 de janeiro
de 2015 em 24 estabelecimentos de saúde, sendo 7
Unidades Básicas de Saúde, 4 Equipes do Núcleo de
Apoio à Saúde da Família, 4 serviços da Assistência
Médica Ambulatorial, 4 Centros de Atenção Psicosocial, 3 equipes do Programa de Acompanhante
de Idosos, 3 Unidades de Acolhimento, 1 Pronto
Socorro e 1 Unidade de Referência em Saúde do
Idoso. A análise dos dados revelou que o contingente
de recursos humanos proposto era deficitário em
8 (33,33%) dos estabelecimentos, 23 (95,83%) dos
estabelecimentos necessitariam de reformas e/ou
adequações para acessibilidade e 20 (80,33%) dos
serviços desenvolvem ações em promoção à saúde
alguns com foco intersetorial. Conclusão: A metodologia mostrou-se eficaz, elencou profissionais para
vistoria segundo perfil de competências técnicas e
produziu documento técnico capaz de subsidiar a
decisão dos gestores. A caraterização dos serviços
é ferramenta de diagnóstico para planejamento
e recomendamos seu uso como instrumento para
padronização do diagnóstico.
EMPREENDEDORISMO NO ENSINO DE ENFERMAGEM: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Fernanda de Oliveira Furino / Furino, F.O. / UFSCar; Aline Natália Domingues / Domingues, A.N.
/ UFSCar; Vanessa de Oliveira Furino / Furino,
V.O. / UFSCar; Silvia Helena Zen-Mascarenhas /
Zen-Mascarenhas, S.V. / UFSCar; Márcia Niituma
Ogata / Ogata, M.N. / UFSCar;
Introdução: A busca por profissionais com uma
postura proativa, inovadora e empreendedora têm
sido o perfil ideal vislumbrado por instituições de
ensino superior, devido a necessidade de atender às
demandas sociais no campo da saúde. O empreendedorismo é definido como a criação ou aperfeiçoamento de algo, com a finalidade de gerar benefícios
aos indivíduos e a sociedade, e para o profissional
de enfermagem além de adicionar um novo olhar à
produção de novos serviços pode ser uma opção de
carreira, inovando sua ação em qualquer cenário de
atuação profissional. O desenvolvimento do espírito
empreendedor deve ser instigado nos alunos durante
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
a graduação, pois possibilita construir novos modos
de produzir saúde na integralidade do cuidado. A
formação de profissionais da área da saúde, com
compromisso social, é essencial para transformações que visem a melhoria da qualidade de vida da
população. Objetivo: O presente estudo objetivou
identificar na literatura científica nacional e internacional o conhecimento produzido sobre as características e contribuições do empreendedorismo para
estudantes e profissionais de enfermagem. Método:
Trata-se de uma revisão integrativa, de abordagem
qualitativa, para a identificação de produções sobre
o tema empreendedorismo e enfermagem, com busca nas bases de dados Lilacs, Medline e Cinahl, no
período de 2005 ao primeiro semestre de 2015. Resultados: Um total de 13 artigos foram identificados, em
relação ao ano de publicação, o ano de 2009 foi o que
apresentou maior produção de artigos totalizando
38,46%, o país com o maior número de publicações
atendentes à questão da revisão foi o Brasil com 8
artigos, e após a leitura minuciosa de cada um deles,
emergiram quatro categorias: formação curricular
dos enfermeiros que revelou a necessidade do tema
empreendedorismo na grade curricular dos cursos
de enfermagem, características empreendedoras na
enfermagem sendo as principais inovação e criatividade, empreendedorismo social formar enfermeiros
empreendedores sociais significa, formar profissionais abertos e flexíveis para o novo e o diferente e
dificuldades em ser empreendedor destacando-se a
falta de conhecimento sobre o tema. Conclusão: Os
estudos apresentados contribuem para reforçar a
importância da formação desse profissional que se
direcione para a transformação da saúde na sociedade fomentando sua capacidade criativa e inovadora
frente ao enfrentamento das necessidades de saúde
junto à equipe na complexidade do século XXI.
ENCONTRO TRABALHADORES E USUÁRIOS EM
UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE: ESPAÇOS DE
PRODUÇÃO DE CUIDADO?
Sonia Maria de Melo / Melo, S.M. / Unifesp; Luiz
Carlos de Oliveira Cecilio / Cecilio, L.C.O / Unifesp;
Rosemarie Andreazza / Andreazza, Rosemarie /
Unifesp;
Introdução: Na atual política de saúde a atenção básica é organizada com base territorial com o propósito
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 165
de estar mais próxima aos usuários, estimulando a
formação de vínculo com a equipe, além de facilitar
o atendimento das demandas locais. A pesquisa teve
como objetivo caracterizar o acesso dos usuários
ao sistema de saúde através de uma unidade básica
de saúde (UBS) no Município de São Paulo tendo
como referência as diretrizes da Política Nacional
de Atenção Básica. Metodologia: Estudo de base
etnográfica através de observação-participante em
uma UBS pelo período de doze meses com registro
em Diário de Campo de cenas cotidianas observadas
pelo pesquisador. Análise dos dados: As demandas
trazidas pelos usuários, registradas nos vários espaços de observação do encontro usuário rabalhador,
e as respostas dadas a elas (os desfechos) foram sistematizadas em quadros para facilitar a análise do
material empírico produzido. Resultados: Observou-se que: 1-As demandas são apresentadas nos diversos espaços da UBS e não apenas na recepção; 2- A
demanda por consulta médica é ainda a principal
busca dos usuários; 3- Apenas parte das demandas
pode ser atendida, e a equipe tem dificuldades em
fazer ofertas alternativas para os usuários; 4- A
recepção funciona como uma membrana seletiva”
que modela o acesso em função da oferta de serviços
de saúde e a pressão dos usuários, sendo espaço de
tensões e conflitos; 5- Frequentemente a falta de
tempo, privacidade e qualificação técnica da equipe
da recepção impedem uma escuta qualificada das
demandas trazidas pelos usuários. 6- Os usuários
caminham pelo sistema em busca de resposta para
suas necessidades. Conclusões: A pesquisa revelou
a dificuldade no acesso dos usuários da área de
abrangência da UBS aos serviços de atenção básica
de saúde, tendo como um dos fatores principais o
limite de acesso às consultas médicas. Este gargalo
na porta de entrada do sistema de saúde amplia as
dificuldades destes usuários, já que compete ao médico prescrever o uso de medicamentos, solicitação de
exames e encaminhamentos para os demais níveis do
sistema. A capacidade instalada da UBS está aquém
das necessidades da população da área de cobertura
utilizando-se a Portaria n.º 11012002. A insuficiência
da oferta perante a demanda dos usuários manifesta-se na formação de filas na porta da unidade antes
das 5h da manhã, denunciando as iniquidades ainda
presentes no sistema de saúde público.
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
ESTUDO DA TERRITORIALIZAÇÃO DA ÁREA DE
ABRANGÊNCIA DAS EQUIPES ESF NA UBS CAMBUCI
De Souza / Melissa Lorenzo Prieto de Souza /
Instituto de Responsabilidade Social Sirio Libanes; Ana Maria Vieira / Vieira, AM / Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo; Josemar
da Nóbrega Dantas / Dantas, J.N. / Instituto de
Responsabilidade Social Sirio Libanes; Amanda
Alice de Moraes / Moraes, A. A. / Instituto de
Responsabilidade Social Sirio Libanes; Alexandre
Rodrigo Fernandes / Fernandes, A.R. / Instituto de
Responsabilidade Social Sirio Libanes; Francies
Regyanne Oliveira / Oliveira, F.R. / Instituto de
Responsabilidade Social Sirio Libanes;
Introdução: A Unidade Básica de Saúde (UBS) Cambuci fica num dos bairros mais antigos da cidade,
que leva o mesmo nome. Seu índice de verticalização vem sofrendo aumento vertiginoso. A área de
abrangência da UBS engloba além do Cambuci o
distrito administrativo de Liberdade, perfazendo
uma população de cerca de 70 mil habitantes. Há
três equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF)
no território desde 2001. Com as consideráveis mudanças no território há necessidade de revisões periódicas da área geográfica de abrangência. Cumpre
ressaltar que a extensa área destinada à UBS sofre
um aumento da população imigrante, das pessoas
em situação de rua, de pensões, hotéis, cortiços e
ocupações com significativa rotatividade. Há um
aumento dos casos de saúde mental, idosos em
situação de abandono. À medida que as demandas
foram surgindo as equipes ampliaram o cadastro
superando a lógica eminentemente geográfica,
havendo a necessidade de revisão do território. Objetivo: Caracterizar a estratégia de reestruturação
da área de abrangência com as equipes ESF da UBS
Cambuci. Metodologia: Levantamento de dados através do estudo de indicadores da Fundação SEADE
e IBGE. Uso do aplicativo Geofusion para elaborar
mapa cartográfico, com identificação dos setores
censitários, domicílios, verticalização e densidade
demográfica, confrontando com os dados do SIAB
das equipes. Realizamos reuniões de sensibilização
para o problema com enfermeiros, gerente e Agentes
Comunitários de Saúde, estimativa rápida de casas
e discussão de estratégias para cadastramento das
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 166
famílias de acordo com a capacidade de acompanhamento das equipes. Resultados: A equipe A possui
4973 domicílios, sendo 2% vazios e 22% cadastrados;
equipe B possui 3854 domicílios, sendo 3% vazios e
28% cadastrados; equipe C possui 3420 domicílios,
sendo 2% vazios e 28% cadastrados. Ao todo, a área
de abrangência pela média de pessoas por família,
possui potencial para 35020 pessoas, o que corresponde a quase 3 vezes a capacidade instalada das 3
equipes. Conclusões e reflexões: A sensibilização
para o assunto e o método de contagem casa a casa
trouxe a tona discussões sobre vulnerabilidade e
reforçou a magnitude do problema da verticalização e da transformação das moradias em pontos
coletivos de abrigo das famílias. Será necessária a
adoção de definições claras acerca do processo de
cadastramento das famílias visto que a capacidade
instalada das equipes é menor que o contingente
com potencial para cadastramento.
FORTALECENDO PARCERIAS E PROMOVENDO
AÇÕES INTEGRADAS EM DST/AIDS PARA PESSOAS
PRIVADAS DE LIBERDADE
Tânia Regina Corrêa de Souza / Souza, T.R.C. /
Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo;
Samantha Moreira Lamastro / Lamastro, S. M.
/ Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo;
Maria Aparecida da Silva / Silva, M. A. / Programa
Estadual de DST/Aids de São Paulo; Maria Clara
Gianna / Gianna, M. C. / Programa Estadual de
DST/Aids de São Paulo; Sergio Bassit / Bassit, S. /
Secretaria de Administração Penitenciária;
Introdução: Numa parceria entre as Secretarias de
Saúde e da Administração Penitenciária do Estado de São Paulo (SES e SAP) realizou-se em 2014
o Encontro Estadual de Planejamento de Ações
Integradas em DST/aids para Pessoas Privadas de
Liberdade (PPL)”. Deste encontro resultaram outros
05 regionais. Descrição: O objetivo foi fortalecer o
processo de articulação entre as unidades prisionais, municípios e os diversos atores envolvidos no
planejamento das ações de prevenção, vigilância
epidemiológica (VE) e assistência integral às pessoas privadas de liberdade (PPL) quanto às DST/
aids. Os encontros foram realizados nas regiões:
Central, Metropolitana, Vale do Paraíba e Litoral,
Noroeste e Oeste. Apresentou-se diagnóstico situAnais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
acional das áreas. Estimulada a discussão, todos
foram convidados a relatarem suas vivências para
troca de experiências. Lições aprendidas: O principal
fator dessa integração e articulação entre os atores
das diferentes áreas foi o relato das dificuldades
encontradas: implantar o preservativo, parcerias
com as secretarias municipais de saúde para realizar
ações de prevenção com profissionais da SAP, PPL
e familiares. Número de profissionais capacitados
para teste rápido (TR), quantos testes realizados e
questões éticas relacionadas - não podem ser exigidos para fim de visita íntima; todos têm direito ao
sigilo e não discriminação. Há unidades prisionais
sem rede de referência para assistência, também
encontram dificuldades para marcação de consultas, exames e dispensação de antirretrovirais, pois
a secretaria de saúde não considera a PPL como
munícipe. Fluxos e interação com VE do município
por conta das notificações. Conclusão/próximos
passos: Capacitações: dos agentes penitenciários
em prevenção; novos multiplicadores e executores
de TR; médicos clínicos da SAP em DST/aids (pelos
médicos da rede de referência); profissionais da SAP
em VE do HIV, Aids e sífilis. Criar materiais informativos específicos para PPL e melhorar o sistema
de informação/comunicação. Formalizar queixas de
não atendimento pelo município e enviar ao Conselho de Saúde. Esses encontros foram importantes
para aproximar os profissionais da SES, Secretarias
Municipais de Saúde e da SAP, para tratar de temas
transversais pertinentes as intervenções nas duas
secretarias. Possibilitaram também a articulação
conjunta e o planejamento das ações focadas nas
necessidades específicas dessa população e dos
profissionais que atuam no sistema prisional.
GESTÃO DE UNIDADES DE SAÚDE ASSISTENCIAIS
DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE: A ALTERNATIVA DE GESTÃO IMPLEMENTADA PELO ESTADO
DO ACRE
Juliano Raimundo Cavalcante / Cavalcante, J. R. /
FSP- USP; Marisol de Paula Reis Brandt / Brandt,
M. P. R. / UFAC;
Com a recente decisão do Supremo Tribunal Federal
sobre a legalidade de gestão de unidades de saúde
através de Organizações Sociais e Organizações
Sociais de Interesse Público o debate sobre gestão
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 167
de unidades de saúde assistenciais retorna com
mais intensidade principalmente porque torna a se
rediscutir o papel do Estado nas ações e serviços de
saúde. Na busca de uma alternativa para a gestão
direta das unidades ambulatoriais e hospitalares
sob gestão estadual, o governo do Estado do Acre
implementou, no período de julho de 2007 a dezembro de 2011 a Lei de Gestão Democrática do Sistema
Público de Saúde do Estado do Acre – Lei n. 1.912,
de 31 de julho de 2007. A criação da Lei envolveu
discussão com a sociedade, com todas as unidades
de saúde assistenciais e profissionais envolvidos na
área da saúde, tendo como marco mais importante
a realização do Fórum de Gestão Democrática do
Sistema Público de Saúde do Estado do Acre, com
participação de cerca de quinhentas pessoas. A
proposta discutida teve por base a experiência do
Programa de Dinheiro Direito na Escola (PDDE) do
governo federal, que buscou estabelecer o empoderamento dos atores (gestores, profissionais de saúde
e usuários) na gestão da unidade de saúde. A norma
estabeleceu a criação de um conselho gestor, sendo
este uma entidade privada, sem fins lucrativos,
constituído por gestores, profissionais de saúde e
por usuários de saúde, respeitando-se a paridade
estabelecida na Lei 8.142/90. Os gestores indicados
pela Secretaria de Estado de Saúde do Acre e os
profissionais de saúde e usuários participavam de
eleição para integrar o Conselho Gestor. As reuniões do Conselho Gestor inicialmente tiveram como
pauta principal o desabastecimento da unidade de
saúde. Os principais instrumentos utilizados na
gestão da unidade de saúde pelo Conselho Gestor
foram o Plano de Desenvolvimento da Unidade de
Saúde (PDUS) que norteava as ações e serviços da
unidade de saúde, o Plano de Trabalho Anual (PTA)
que estabelecia de que forma os recursos seriam
aplicados – aprovado pela Secretaria de Saúde –, e a
padronização de medicamentos e material médico-hospitalar. Existe estudo em nível de doutorado
que deve estabelecer de forma mais detalhada esta
forma de gestão de unidades de saúde assistenciais
no Estado do Acre, como forma de contribuir para
o debate de tamanha relevância para a sociedade.
KANBAN: FERRAMENTA DE CUIDADO INTEGRAL
Jana Koosah / Koosah, J. / Secretaria de Saúde
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
de São Bernardo do Campos; Viviane Aparecida
Iglecias / Iglecias, V. A. / Secretaria de Saúde de
São Bernardo do Campos; Shyrlei Estefania Dias /
Dias, S. E. / Secretaria de Saúde de São Bernardo
do Campos; Daniela Callegari / Callegari, D. / Secretaria de Saúde de São Bernardo do Campos;
O Kanban é uma ferramenta originalmente criada
pela linha de produção Toyotista, com o objetivo de
eliminar perdas e gerar rotatividade na produção.
Adaptada para o ambiente hospitalar, com o objetivo
de gestão de leitos. Em São Bernardo do Campo, o
Kanban foi implantado em outubro de 2013, sob duas
características: a primeira, como originalmente
criada, a gestão de leitos, utilizando-se de previsão
de fatores críticos que interfiram na alta; e, outra
com a possibilidade de uma alta responsável com
seguimento na rede de saúde. Para tanto, a inserção
do profissional apoiador de rede pode potencializar
esse cuidado pós-alta e também trazer para dentro
do hospital alguns pontos que podem interferir no
cuidado intra-hospital. Propõem-se pensar aqui que
este tripé tempo de permanência-cuidado longitudinal-apoiador em rede” possibilita um cuidado com
horizonte norteador voltado a desospitalização e
a desinstitucionalização, numa visão ampliada de
saúde que toca diversas redes, e capaz de um olhar
crítico para suas próprias práticas. Para pensar esse
desenho de rede e suas problematizações parte-se de
um caso-problema, em que devido sua complexidade, evidencia-se a limitação das divisões clássicas
entre social versus biológico”. Propõe-se pensar esta
ferramenta, tal como implementada no município,
como catalisadora de processos de trabalho para
dentro do Hospital, para os outros serviços que
participavam do cuidado do usuário e para a rede. O
apoiador de rede, neste desenho, tem a capacidade
de costura desses níveis de atenção, sendo um dos
responsáveis por disparar e fomentar discussões
que eventualmente permanecem no ponto cego das
equipes de saúde.
NUCLEO DE ACESSO Á QUALIDADE HOSPITALAR (
NAQH) COMO ESTRATÉGIA DE FORTALECIMENTO
DA GESTÃO EM SAUDE ;
Fernando Teles de Arruda / Arruda, F.T. / Santa
Casa de Araraquara; Fernanda Gonçalves Fernandes / Fernandes, F.G. / Santa Casa de Araraquara;
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 168
Jader Pires da Silva / Silva, J.P. / Santa Casa de
Araraquara;
Segundo a portaria nº 3.390 a política nacional de
atenção hospitalar (pnhosp) o componente hospitalar deve atuar de forma articulada à Atenção Básica
de Saúde, oferecendo além da assistência, espaços de
educação, formação de recursos humanos, pesquisa
e avaliação de tecnologias, acessibilidade hospitalar,
acolhimento, apoio matricial, auditoria clínica, diretrizes terapêuticas, gerencia e gestão de recursos
da rede. O Núcleo de Acesso e Qualidade Hospitalar
(NAQH) é instancia composta por profissionais das
diversas áreas do hospital cuja finalidade é a garantia da qualidade da gestão do serviço de urgência e
emergência e dos leitos de retaguarda às urgências
. O uso desta ferramenta permite apresentar como
é organizada a oferta de serviços e suas formas
de intervenção por meio dos modelos de práticas
profissionais e institucionais estruturadas para o
atendimento de necessidades individuais e coletivas. A santa casa de Araraquara instituiu o NAQH em
abril de 2014 composto por equipe multidisciplinar,
com intuito de qualificar a assistência, com medidas
de acolhimento , classificação de risco , fortalecimento da gestão de leitos, fluxo de internação e a
implantação de protocolos clínico-assistenciais e
administrativos, além de fortalecer a relação com a
rede através de encontros mensais com a Diretoria
Regional de Saúde, Secretaria Municipal de Saúde
e SAMU. Houve levantamento de indicadores que
permitiram readequação da unidade, elaboração
de estratégias de redimensionamento de pessoal,
apresentação de inconsistências em relação aos
pacientes transferidos ao serviço de emergência,
otimização de recursos e ações prestadas.
O ACOLHIMENTO COMO DISPOSITIVO PARA REORGANIZAÇÃO DO PROCESSO DE TRABALHO: A
EXPERIÊNCIA DA UBS VILA ROSA
Tiago Henrique Pezzo / Pezzo, TH / Secretaria de
Saúde de São Bernardo do Campo; Luciana Patriota / Patriota, L. / Secretaria de Saúde de São
Bernardo do Campo;
Caracterização do Problema: A UBS Vila Rosa recentemente passou por mudanças na sua coordenação,
observando-se a necessidade de reorganização do
processo de trabalho. Assim, o acolhimento foi escoAnais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
lhido o foco da intervenção. Descrição: Esse processo
foi organizado para acontecer em três reuniões
gerais e com a participação do maior número de trabalhadores possível. Iniciamos a análise do processo
de trabalho a partir da construção de um fluxograma
analisador da unidade. Observou-se que a recepção
estava sobrecarregada, já que todos que procuram a
unidade são direcionados para a recepção independentemente de sua demanda e dali sendo orientado
a partir da sua necessidade. Outra questão apontada
foi o agendamento sem critérios, o que segundo os
trabalhadores, provoca um agendamento distante,
o que contribui para o grande número de faltosos.
E um terceiro ponto discutido foi a ausência de um
espaço adequado e protegido para a escuta da demanda do usuário. Com as três principais questões
a serem trabalhadas identificadas, passamos a estudar as diretrizes para o acolhimento do Documento
Norteador do município. Baseado nele tiramos propostas de ações para a realidade da unidade. E num
terceiro momento redesenhamos o fluxo interno
da UBS incluindo as propostas da segunda fase.
Assim, reorganizamos o fluxo da unidade retirando
da recepção a responsabilidade de direcionamento
de todas as demandas, criando o Orientador de Fluxo” que será um trabalhador da unidade que ficará
abordando os usuários e direcionando-o conforme a
demanda. Criamos uma sala para a escuta qualificada da demanda dos usuários, onde também onde se
fará o Agendamento Assistido”. Lições Aprendidas
e Recomendações: A reorganização do processo de
trabalho da unidade foi pensada para acontecer em
etapas. A primeira delas já em uso foi a criação da
sala do acolhimento”. As demais propostas serão implantadas ao longo do segundo semestre. Porém, já
foi possível observar que esse espaço permitiu uma
maior resolutividade das demandas apresentadas
pelos usuários, já que ali há acesso ao histórico de
passagens do usuário pela rede de São Bernardo e
ainda com um espaço mais protegido as demandas
apresentadas são menos genéricas de quando apresentadas na recepção. Outra questão importante
desse processo foi a participação de grande parte
dos trabalhadores da unidade, que puderem puderam colocar o seu cotidiano em análise, o que foi
fundamental para provocar mudanças no processo
de trabalho da unidade.
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 169
O APOIO INSTITUCIONAL NO COTIDIANO DA nal para a prática do Apoio, como um espaço de limiATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NA REGIONAL tes imprecisos onde convergem disciplinas da saúde
coletiva, do cuidado, da gestão, do institucionalismo.
RECANTO DAS EMAS, DISTRITO FEDERAL
Rhaila Cortes Barbosa / Barbosa, R.C. / UNB;
Paula Giovana Furlan / Furlan, P.G. / UNB; Melina
Soares Rodrigues / Rodrigues, M.S. / UNB;
Introdução: Movimentos de lutas sociais e políticas
marcam a criação e implantação do Sistema Único
de Saúde no Brasil, a fim de democratizar o acesso
à saúde como um direito de todos e dever do Estado.
O Programa de Saúde da Família operacionalizado
na Atenção Primária à Saúde é um passo importante
na universalização do direito à saúde, mas demonstra desafios, como a dificuldade no manejo das
equipes e implementação de projetos terapêuticos
que ampliem a clínica com a produção de sujeitos,
autonomia e cidadania. Arranjos organizacionais e
referenciais teórico-metodológicos têm sido propostos, dentre eles o Apoio Institucional, que pautado
no método da roda busca desenvolver formas mais
democráticas de organização institucional. Metodologia: Pesquisa qualitativa de estudo de caso da rede
de Atenção Primária à Saúde da Regional Administrativa do Recanto das Emas, subprojeto da pesquisa
Cartografia do Apoio institucional e matricial no
SUS do DF: áreas prioritárias da atenção e gestão
em saúde e a formação de apoiadores na atenção primária a saúde”. Utilizou-se a técnica de observação
participante em reuniões do Colegiado Gestor com
a participação de gestores, gerentes, coordenadores
de serviços e departamentos da Regional de Saúde,
da Subsecretaria de Atenção Primária a Saúde e de
pesquisadores da Universidade de Brasília e Fundação Oswaldo Cruz. Registraram-se os dados em
diário de campo com análise segundo o referencial
da pesquisa cartográfica, a partir da técnica das
narrativas-acontecimento. Resultados: A construção
do cartógrafo cria pontos de análise para dar visibilidade e dizibilidade às relações e forças presentes
e atuantes na produção de subjetividades. O grupo
demandava uma intervenção nos processos de gestão de organização do serviço. O espaço coletivo do
Apoio permitiu a troca de experiências e discussões,
gerando impacto no grupo para uma posição de
desassossego, com análise da implicação de cada
profissional na mudança institucional. Conclusão:
Identificou-se o campo de conhecimento profissioAnais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
A regional de saúde estudada aposta em um método
de cogestão em saúde com a implicação de sujeitos
capazes de produzir relações democráticas em um
processo de gestão em saúde, com as potencialidades
do Apoio Institucional para a prática e análise do
modelo de gestão adotado.
O PAPEL DA REFERÊNCIA COMO MEDIADOR DOS
PROCESSOS DE TRABALHO E CUIDADO NA ATENÇÃO BÁSICA
Débora Zanutto Cardillo, Guaraciaba Oliveira
Pinto, Isabel Cristina P. Fuentes, Maria Fernanda
Nóbrega, Simone Oliveira Sierra, Odete Carmen
Gialdi, Eduardo Munhoz, José Carlos Alves / Cardillo, D. Z.; Pinto, G. O. / Departamento de Atenção
básica e Gestão do cuidado de São Bernardo do
Campo/SP;
Pela necessidade de aproximação e fortalecimento
dos processos disparados pelo Departamento de
Atenção Básica e Gestão do Cuidado (DABGC), foi estabelecido o papel da Referência como um mediador
entre a gestão no DABGC, os Gerentes, profissionais
das Unidades Básicas de Saúde e demais serviços.
Para potencializar e fortalecer os processos da gestão
local nas discussões territoriais e na qualificação da
gestão do cuidado, partimos para uma construção coletiva dos diversos processos de trabalho, de cuidado
e de relações que são dadas tanto nos processos da
UBS como de uma rede de serviços. Estamos realizando discussões, mobilizações e pactuações com
os gestores, apoiadores em saúde e profissionais da
assistência para significar e ampliar o olhar para
as demandas e necessidades locais. Fazemos acompanhamento junto aos gerentes dos indicadores de
saúde, discussão dos processos saúde-doença, fortalecimento do acolhimento com a classificação de
risco e vulnerabilidade, monitoramento e avaliação
dos processos para potencializar a Estratégia de
Saúde da Família. A avaliação dos dados do território
nos permite um olhar para as mudanças que acontecem no cotidiano de acordo com a governabilidade
de cada UBS. Nas discussões dos processos, as demandas levantadas que necessitam de intervenção
da gestão central, são apresentadas por nós, nos
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 170
encontros realizados entre Referências e a equipe do
DABGC para pactuações e fortalecimento das ações
necessárias de forma a apoiar os gerentes das UBS
nas tomadas de decisão. A mediação entre o DABGC,
gerencia e trabalhadores das UBS tem possibilitado
um encontro potente para que sejam realizadas mudanças nos processos de trabalho e cuidado no nosso
território. A avaliação deste processo tem se mostrado no estreitamento da relação entre os gestores e o
DABGC, nas articulações dentro do próprio território
tanto nos processos duros, quanto nas dificuldades
de recursos humanos e qualificação do cuidado,
isto presenciamos neste momento na discussão da
microregulação no território. Neste percurso como
referência temos um caminho a percorrer de aprendizado na gestão de saúde que possibilite avaliar,
monitorar e sistematizar o que temos provocado nos
diversos encontros que qualifique e potencialize os
processos de gestão do cuidado.
O PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO DE GESTÃO DE
CUSTOS EM UNIDADE HOSPITALAR PEDIÁTRICA
DO ESTADO DA PARAÍBA
Vanessa Meira Cintra Ribeiro / CINTRA RIBEIRO,
V.M.C. / UNISANTOS; Bruno Leandro de Sousa /
SOUZA, B.L. / UNISANTOS; Jailson Vilberto Sousa
e Silva / SILVA, J.V.S. / UNISANTOS; Sérgio Baxter
Andreolli / ANDREOLLI, S.B. / UNISANTOS; Narriane Chaves Pereira de Holanda / DE HOLANDA,
N.C.P. / UNISANTOS;
CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA: O aumento da
eficiência com otimização de gestão para melhoria
contínua no atendimento frente aos recursos disponíveis são desafios encontrados por unidades hospitalares públicas. A eficiência e a eficácia gerencial
envolvem certamente a questão do custo (BONACIM
e ARAÚJO, 2010). Assim, um hospital pediátrico de
referência do estado da Paraíba vem utilizando da
estratégia de custeio para melhor tomada de decisão.
Foi lavrado um convênio com o Núcleo de Economia
da Saúde (NES/PB) juntamente com o Ministério da
Saúde e o Núcleo de Custo Hospitalar da unidade
em questão, com objetivo de fomentar informações
para aplicação no Sistema de Apuração e Gestão de
Custos do SUS (APURASUS). DESCRIÇÃO: Para que
a unidade pudesse iniciar o processo de gestão de
custos foi necessário o levantamento dos gastos da
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
unidade. Assim, o objetivo é apresentar o processo
de organização inicial para alocação dos gastos dos
centros de custos consolidados em grupos de gastos
específicos do Complexo de Pediatria Arlinda Marques (CPAM), de acordo com o que propõe o Programa
Nacional de Gestão de Custos (PNGC) e a sua análise.
As informações foram obtidas através de visitas aos
setores do CPAM, no período de junho a setembro
de 2013, através de dados levantados em planilha
Excel (2007) padronizada pelo NES/PB. LIÇÕES
APRENDIDAS: Foram selecionados quatro grupos
de gastos (pessoal, serviços terceiros, material de
consumo e despesas gerais), as despesas nesse
período variaram: de 73,59 a 80,66% com pessoal,
de 3,49 a 10,81% com serviços de terceiros, de 9,23
a 14,02% com material de consumo e 1,49 a 1,75%
com despesas gerais. A variação entre os dados do
período para serviços de terceiros foi de até 67,47%
entre os valores do menor e do maior mês e de 39,19%
para material de consumo, para os demais grupos a
mesma variação foi inferior a 6,5%. Observa-se então a partir dos dados preliminares de gastos de um
trimestre a alta variação de investimento dentro dos
mesmos grupos de gasto e o alto investimento em recursos humanos. RECOMENDAÇÕES: Analisando os
grupos de gastos, é possível inferir a necessidade de
uma analise mais específica dos gastos de material
de consumo e serviços de terceiros paralelamente
a indicativos de produção e de qualidade do mesmo
período e a notória necessidade da continuidade
do trabalho para levantamento de custos e assim,
alcançar maior eficiência dos recursos.
O PROGRAMA MAIS MÉDICOS E A POLÍTICA
NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA: ANALISANDO
EFEITOS NAS POLÍTICAS E PRÁTICAS NO SISTEMA
DE SAÚDE BRASILEIRO
Alcindo Antônio Ferla / Ferla, A. A. / UFRGS; Luciano Bezerra Gomes / Gomes, L. B. / UFPB; Rodrigo
Tobias de Sousa Lima / Lima, R.T.S. / ILMD - Fiocruz/AM; Júlio cesar Schweickardt / Schweickardt,
J.C. / ILMD - Fiocruz/AM; Maria Lisiane de Moraes
dos Santos / Santos, M.L.M. / UFMS; Fernando
Neves Hugo / Hugo, F.N. / UFRGS; Renata Flores
Trepte / Trepte, R.F. / UFRGS;
O Programa Mais Médicos é uma iniciativa do Governo Federal para fortalecimento da atenção básica
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 171
no Sistema Único de Saúde, composta por ações de
investimento na infraestrutura física e tecnológica
nas Unidades Básicas de Saúde, ampliação de vagas
e mudanças no ensino nos cursos de graduação em
medicina e nas residências e provimento emergencial de profissionais médicos em regiões de maior
carência e vulnerabilidade. A iniciativa foi formulada em 2013 e formalizada por meio da Medida Provisória 621/2013, convertida na Lei nº 12.871/2013.
Mobilizou diversos atores e interesses, sendo que
sua implementação completa dois anos. O presente
trabalho é resultado preliminar de projeto multicêntrico que se situa no escopo da análise de implantação de políticas e tem como objetivo analisar os
efeitos do Programa Mais Médicos na atenção básica
do Sistema Único de Saúde em relação ao acesso, à
qualidade e à satisfação dos usuários. Para sua realização, vem mobilizando uma rede científica de pesquisadores e instituições nas diferentes regiões do
país e desenvolvendo metodologias e tecnologias de
análise multifatorial, a partir de dados dos sistemas
nacionais de informação e outras bases de dados e de
dados primários coletados in loco em diferentes municípios do Brasil. O estudo vem sendo desenvolvido
em rede científica de pesquisadores e instituições
por meio da triangulação de métodos. Estão sendo
utilizados dados secundários dos sistemas de informação em saúde e análise documental, além de
dados primários coletados por meio de entrevistas
e grupos focais temáticos. A análise inclui técnicas
de associação multifatorial de informações sobre
infraestrutura na atenção básica, volume de procedimentos ofertados, escopo de práticas desenvolvido
na atenção básica, qualidade da atenção oferecida,
efeitos no Sistema Único de Saúde e no estado de
saúde da população. Os indicadores de saúde são
cruzados também com dados demográficos e socioeconômicos e agregados em diferentes níveis, de
equipes ao nacional. A pesquisa tem como objetivo
final produzir conhecimentos válidos, metodologias
e tecnologias de análise e formação de pessoal no
acompanhamento e avaliação do Programa Mais
Médicos, fomentar o uso de indicadores para monitoramento e avaliação de políticas, disseminar
conhecimentos sobre características e condições de
implementação do Programa e apoiar tomadores de
decisão na condução das próximas etapas do mesmo.
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
PERFIL GERENCIAL DA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM
MUNICÍPIOS DE UM DEPARTAMENTO REGIONAL
DE SAÚDE (DRS) DO ESTADO DE SÃO PAULO
Luceime Olivia Nunes / Nunes, L.O. / Faculdade de
Medicina de Botucatu - UNESP; Elen Rose Lodeiro
Castanheira / Castanheira, E. R. L. / Faculdade
de Medicina de Botucatu - UNESP; Adriano Dias
/ Dias, A / Faculdade de Medicina de Botucatu UNESP;
Apresentação/introdução: A Atenção Primária à
Saúde (APS) ou Atenção Básica (AB) é hoje um nível
de atenção estratégico para reordenar a lógica assistencial do Sistema Único de Saúde. Entre outras condições, precisa contar com uma gerência local capaz
de coordenar a equipe de modo a garantir a execução
de um projeto técnico político capaz de traduzir as
diretrizes do SUS em práticas concretas nos serviços. Objetivos: Caracterizar o perfil dos gerentes
dos serviços de Atenção Primária à Saúde (APS) dos
municípios de uma Regional de Assistência à Saúde
(RAS) do estado de São Paulo. Metodologia: Estudo
descritivo, de corte transversal, a partir de dados da
aplicação do instrumento de avaliação da qualidade
de serviços de Atenção Primária QualiAB, via web,
em 2014, em uma Regional de Saúde do Estado de
São Paulo composta por 65 municípios. Refere-se
a dados preliminares de pesquisa em andamento.
A análise é feita a partir dos dados das fichas de
identificação do gerente e de variáveis relativas ao
processo de gerenciamento local das unidades de
saúde, apresentando-se as frequências encontradas.
Resultados: Aderiram 40 municípios e 161 Unidades
de Saúde (US) responderam ao questionário, sendo
41,0% do tipo USF e 36,6% UBS tradicional”, com
localização urbana periférica (59,0%). Entre os resultados destaca-se que 159 US possuem gerentes,
sendo 90,7% do sexo feminino; 78,8% graduados
em enfermagem, 6,7% sem curso superior; 36,6%
atuam na área da saúde de 1 a 5 anos e 34,2% atuam
há menos de 1 ano na US atual. Realizam reunião de
equipe semanal ou quinzenal 49%; não têm conselho local de saúde ou este não se reúne em 49,6%;
reuniões com o nível central apenas quando surgem
problemas em 44,7%; apoio técnico por equipe multiprofissional ou NASF em 47,2% e 36% não recebe
nenhum tipo de apoio. Conclusões/Considerações:
Chama atenção a pouca experiência e a falta de apoio
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 172
técnico e político da gerência local. A baixa ocorrência de ações de matriciamento e a irregularidade
do contato com o gestor municipal da saúde podem
comprometer a execução do projeto proposto para
a APS. Os dados apontam para a necessidade de um
maior investimento na qualificação e aprimoramento contínuo do gerenciamento local para que possa
cumprir com seu papel.
PESQUISA-AÇÃO: OFICINA PARA APRIMORAMENTE DAS AÇÕES DE PREVENÇÃO AO HIV/AIDS NA
ATENÇÃO BÁSICA
Adriana Gomes Pinto / Pinto, A.G. / UNICAMP;
Afonso Henrique V. da Silva / Silva, A.H.V. /
EEUSP; Luciane Ferreira do Val / Val, L.F. / EEUSP;
Paula de Oliveira Sousa / Souza, P.O. / CRT DST/AIDS-SP; Ivone de Paula / Paula, I. / CRT DST/AIDS-SP; Lucia Yasuko Izumi Nichiata / Nichiata,L.Y.I.
/ EEUSP;
Introdução Há avanços na implementação de ações
de prevenção e assistência na rede de atenção em
DST/HIV/aids, mas permanece como desafio à
Atenção Básica a realização de ações de âmbito das
equipes das Unidades Básicas de Saúde de forma
ampla e permanente. Assim, torna-se fundamental
analisar a vulnerabilidade dos indivíduos ao HIV,
na dimensão programática dos serviços da Atenção
Básica, segundo marcadores relativos à gestão e
organização das ações. Objetivo Construir com os
sujeitos da pesquisa o instrumento de coleta de
dados e sensibilizá-los para o estudo Vulnerabilidade ao HIV/Aids: contribuição da pesquisa-ação no
aprimoramento das ações de prevenção na Atenção
Básica”. Método Estudo tipo pesquisa-ação que está
em curso tendo como parceiro o Centro de Referência
em DST/aids da Secretaria de Estado da Saúde de São
Paulo. Como referencial teórico utilizou-se a Vulnerabilidade ao HIV em sua dimensão Programática.
Descreve-se a 1ª oficina realizada em maio de 2014,
na Escola de Enfermagem da USP, com duração de
3 horas; participaram gestores e trabalhadores da
Atenção Básica, como estratégia de aprimoramento
do instrumento de pesquisa e de sensibilização para
a coleta dos dados. Foi enviado convite aos 22 municípios elegíveis, no Estado de São Paulo. Resultados
Participaram 24 trabalhadores e gestores da área da
saúde, 19 representantes dos municípios, dois gestoAnais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
res do CRT-DST/Aids-SP, uma pós-doutoranda, uma
voluntária e a coordenadora do projeto. Faltaram 14
municípios. Foi discutido o instrumento de pesquisa
resultando no instrumento final com 66 questões
dividido em: 1) Formação (5 itens); 2) Caracterização
da UBS e sua gestão (23 itens); 3) A UBS e a gestante
(12 itens); 4) A UBS e o tratamento das DST/HIV/Aids
(6 itens); 5) A UBS e os adolescentes (5 itens); 6) A
UBS e as populações vulneráveis (2 itens); 7) A UBS
e o usuário em relação às DST/HIV/Aids (6 itens); 8)
Comunicação da UBS com os serviços de referência
em DST/HIV/Aids (7 itens). O instrumento está sendo
aplicado nos 22 municípios e seus resultados serão
discutidos em oficina denominada devolutiva”, de
forma a elaborar matriz de intervenção das situações problema identificada. Conclusão O objetivo
foi atingido ao propiciar a revisão conjunta do instrumento de pesquisa com os sujeitos do estudo e
os pesquisadores, além de envolvê-los na busca de
soluções para a vulnerabilidade ao HIV na dimensão programática dos serviços de saúde, relativo às
ações de prevenção das DST/HIV/Aids.
POTENCIALIDADES E DESAFIOS DA GESTÃO ESTADUAL NA QUALIFICAÇÃO DA ATENÇÃO BÁSICA:
A EXPERIÊNCIA DO PROGRAMA ARTICULADORES
DA ATENÇÃO BÁSICA NO ESTADO DE SÃO PAULO,
PUGIN / VALÉRIA MASTRANGE PUGIN / UNESP
BOTUCATU; Valéria Mastrange Pugin / PUGIN,
V.M. / UNESP BOTUCATU; Elen Rose Lodeiro
Castanheira / CASTANHEIRA, E. R. L. / UNESP
BOTUCATU;
O presente trabalho apresenta um estudo sobre o
resgate das funções do Estado de São Paulo junto à
Atenção Básica, por meio do apoio técnico realizado
pelo programa Articuladores da Atenção Básica para
qualificar a Atenção Básica dos municípios do Estado de São Paulo. Objetivo: discutir ao papel das SES
na qualificação da Atenção Básica a partir do estudo
do Programa Articuladores da Atenção Básica no
estado de São Paulo; Caracterizar o trabalho dos articuladores e suas potencialidades na qualificação da
AB. Justificativa: O movimento em prol do fortalecimento do papel do estado e da regionalização, como
estratégia complementar à municipalização, além de
revelar novos atores, colocou novos pactos e novos
processos na agenda política, onde o atual momento
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 173
de implementação do SUS coloca demandas que passaram a exigir novas tecnologias e metodologias de
gestão, mais integradoras e participativas. Observa-se também o esgotamento das normas operacionais
como instrumentos e mecanismos para regular a
descentralização e a organização dos sistemas e
serviços de saúde. Evidencia-se a necessidade de
novos modelos de gestão e pactuação para o enfrentamento dessas novas demandas. A constituição de
modelos de gestão mais democráticos e flexíveis,
sensíveis à diversidade e às diferentes realidades
estaduais, regionais e municipais do país, é o desafio
do momento. Assim o Articulador da Atenção Básica se apresenta para a gestão estadual como uma
proposta que avança no sentido do enfrentamento
destas diversidades, criando mecanismos concretos
de articulação e cooperação técnica junto à gestão
municipal e às equipes de saúde da Atenção Básica,
visando a qualificação da Atenção Básica. O estudo
de caso, realizado por meio de aplicação de questões semi-estruturadas envolvendo a coordenação
da atenção Básica da SES/SP e os Articuladores da
Atenção Básica dos municípios do Estado de São
Paulo, apresenta a discussão destes atores quanto
às potencialidades e os desafios da gestão estadual
na qualificação da Atenção Básica.
PRÁTICAS DESENVOLVIDAS POR PROFISSIONAIS
DE UM NÚCLEO DE APOIO A SAÚDE DA FAMÍLIA
(NASF): A VISÃO DE EQUIPES DE SAÚDE DA
FAMILIA
Crislaine Aparecida Antonio Mestre / Mestre,
C.A.A / UFSCAR; Maria Lúcia Teixeira Machado /
Machado, M.L.T / UFSCAR;
Introdução: A Atenção Básica (AB) se refere a um
conjunto de ações individuais e coletivas relacionadas à promoção e proteção da saúde, prevenção
de agravos, diagnóstico, tratamento e reabilitação,
constituindo-se uma das principais portas de entrada para o sistema de saúde. Está centrada na
família e participação ativa da comunidade e profissionais responsáveis pelo seu cuidado. A Saúde
da Família (SF) é uma das estratégias propostas pelo
Ministério da Saúde (MS) para reorientar o modelo
assistencial do Sistema Único de Saúde (SUS). Busca reorganizar os serviços e reorientar as práticas
profissionais na lógica da promoção da qualidade
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
de vida da população, sob o princípio da Vigilância
à Saúde, da inter e multidisciplinaridade e da integralidade do cuidado com população que reside na
área de abrangência. Entre os desafios das Equipes
de Saúde da Família (ESF) está a integração à rede
de assistência, o aumento de sua resolutividade e a
capacidade de compartilhar e fazer a coordenação
do cuidado. Visando superá-los, em 2008 o MS criou
os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) para
ampliar a abrangência e ações da AB, reforçando o
processo de regionalização em saúde. O NASF tem
como seus pressupostos: territorialização; educação permanente em saúde; integralidade; participação social; promoção da saúde e humanização.
Objetivos: - Levantar referencial teórico e empírico
sobre o tema de estudo; - Analisar as práticas dos
profissionais de um NASF do interior de São Paulo,
a partir da visão das ESF. Método: Pesquisa de Mestrado Profissional em Gestão da Clínica/UFSCar,
de abordagem qualitativa, do tipo estudo de caso,
constituída de levantamento bibliográfico e análise
das práticas desenvolvidas pelo NASF, com uso de
roteiro previamente elaborado para realização de entrevistas semi-estruturadas, junto aos profissionais
que compõem as ESF cobertas pelo NASF. Resultados
parciais: O levantamento bibliográfico indica ser
importante considerar se na visão da ESF a equipe
NASF realiza ações que apóiem e aperfeiçoem o desenvolvimento de habilidades dos profissionais da
SF por meio de projetos de saúde no território; de
apoio a grupos; trabalhos educativos e de inclusão
social, no sentido de ampliar e qualificar o cuidado
prestado à comunidade adstrita ao território. Conclusão: Nesse trabalho apresentamos os referenciais
teóricos e empíricos identificados pelo levantamento bibliográfico, que na próxima etapa estarão em
diálogo com os achados da pesquisa de campo.
PROCESSO DE PRIVATIZAÇÃO DA SAÚDE NO BRASIL: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA COM ENFOQUE
NA RELAÇÃO ENTRE O PÚBLICO E PRIVADO
Julia Amorim Santos / Santos, J. A. / UNICAMP; Lilian Terra / Terra, L. / UNICAMP; Gustavo Tenório
Cunha / Cunha, G. T. / UNICAMP;
Após 1988, restabeleceu-se a democracia no Brasil e
consagraram-se as bases de um sistema de proteção
social ancorado nos princípios da universalidade, da
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 174
seguridade e da cidadania. Apesar desta construção
coletiva, autores indicam que a criação e a expansão do SUS se deu em meio a concepções distintas
do Estado Social. Observa-se, intensa participação
privada na assistência pública à saúde, de diferentes
formas: na oferta de serviços; na oferta de tecnologias de ponta para todo tipo de procedimentos
médicos; na intermediação financeira no mercado
de saúde; no estímulo à conformação de grandes
grupos capitalistas, envolvendo serviços, finanças
e indústria. Tal expansão privada contou com forte
financiamento e subsídio estatal, o que em parte
explica um gasto privado maior que o público na
área da saúde no Brasil e um mercado de saúde de
natureza privada operando fora e dentro do SUS. O
objetivo deste trabalho que é compreender o campo
e como tem sido analisado na produção acadêmica
o processo de privatização da saúde no Brasil. Como
metodologia foi utilizada uma revisão bibliográfica
sendo conduzido um levantamento na Biblioteca
Virtual da Saúde. Foram utilizados os descritores
privatização” e saúde”. Estabeleceu-se como critérios de inclusão: ser artigos, teses e dissertações,
monografias, capítulo de livro ou livro; estar no
idioma inglês, português ou espanhol; fazer uma
análise dos serviços ou política pública no Brasil.
Foram encontradas 1905 publicações, com 126 relacionados ao Brasil, sendo 61 trabalhos selecionados.
Os artigos foram divididos nos seguintes blocos
temáticos: A) resgate histórico sobre o período da
ditadura e reforma sanitária (8 trabalhos) B) políticas neoliberais e reforma do Estado (19 trabalhos
com aspectos favoráveis e contrários à reforma
do Estado) C) questões sobre o público privado (19
trabalhos podendo abordando os temas dos seguros
de saúde e cobertura duplicada; gastos da saúde e
financiamento do SUS; questão da cobertura e a
relação do SUS com convênios e contratos; novas
modalidades de gestão) D) trabalhos que tratam sobre rede ou assistência (a privatização ficava como
pano de fundo da análise). Este tema é de grande
complexidade, sendo um desafio fazer uma análise
considerar as circunstâncias em que se processa a
evolução histórica, social e econômica de nosso país,
não transpondo pura e simplesmente concepções e
categorias de análise para a nossa realidade. Esta
revisão é parte de uma pesquisa em andamento.
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
PROCESSO DE TRABALHO EM SAÚDE: EXPERIÊNCIA DA AÇÃO COLETIVA E DA ARTICULAÇÃO DO
SABER COM A REALIDADE LOCAL NA CONSTRUÇÃO DE DISPOSITIVOS DE REFLEXÃO PARA A RECOMPOSIÇÃO DO MÉTODO DE GESTÃO EM SAÚDE
Andréia Aparecida De Luca Moore Bonello / Bonello, A. A. L. M. / Secretaria Estadual da Saúde
DRS X Piracicaba; Greicelene Aparecida Hespanhol Bassinello / Bassinello, G. A. H. / Secretaria
Estadual da Saúde DRS X Piracicaba;
Caracterização do Problema: Na perspectiva da
consolidação dos seus princípios, o Sistema de
Saúde Brasileiro traz para discussão a reinvenção
do processo de trabalho em saúde, enfatizando a
inserção de novas formas de atuação nesse processo a partir de um novo olhar sobre o mesmo. A
mudança do processo de trabalho em saúde envolve
a democratização das organizações, a construção
de coletivos e o desenvolvimento dos sujeitos envolvidos. Partindo desse pressuposto este trabalho
tem como objeto de estudo o método de gestão em
saúde. Descrição: O objetivo deste trabalho é relatar
a experiência da ação coletiva e a articulação do
saber com a realidade local na construção de dispositivos de reflexão para a recomposição do método de
gestão em saúde. A construção desses dispositivos
teve como finalidade colaborar com a estruturação
de um novo modo de fazer gestão, democratizando
esse processo, num serviço de saúde que realiza
atendimento especializado na área de abrangência
do Departamento Regional de Saúde de Piracicaba.
A metodologia usada englobou a ação coletiva de
profissionais da saúde inseridos no serviço e no sistema no âmbito regional e a articulação dos aspectos
técnicos com a realidade local, tendo como tarefas
a leitura de referências no assunto, a construção de
um roteiro de diagnóstico situacional a partir da
leitura das referidas referências e discussões entre
os membros da equipe de trabalho, o preenchimento
do roteiro construído por meio da entrevista individual com os diferentes funcionários do serviço e a
observação do ambiente de trabalho, a realização do
diagnóstico situacional no serviço envolvido, com a
construção, análise e reflexão coletiva da descrição
dos processos de trabalho global e setorial, e por
fim a constituição do consenso como dispositivos
coletivo para a recomposição do método de gestão.
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 175
Lições Aprendidas O resultado desse trabalho foi
bastante enriquecedor enquanto força motriz para
a inserção da ação coletiva e a articulação dos aspectos técnicos e legais com a realidade e experiência
local no desenho e implementação de estratégias e
dispositivos para recomposição das ações de gestão
em saúde. Recomendações: A reformulação do modo
de operar no cotidiano diário do processo de gestão
em saúde incluindo ações que fomentem a democratização institucional, a construção de coletivos e o
desenvolvimento dos sujeitos constitui uma ação
imprescindível quando se busca efetivar os princípios do Sistema Único de Saúde.
PROCESSOS MICRORREGULATÓRIOS EM UMA
UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE E A PRODUÇÃO DO
CUIDADO
Lissandra Andion de Oliveira / Oliveira, L.A. /
UNIFESP; Luiz Carlos de Oliveira Cecílio / Cecilio,
L.C.O. / UNIFESP;
Introdução: A Atenção Básica tem sido crescentemente demandada a ser a coordenadora do cuidado
e o centro de comunicação da rede de serviços como
estabelecido na PNAB em 2011. Objetivo: Caracterizar os processos microrregulatórios desenvolvidos
por uma unidade básica de saúde visando garantir
a integralidade do cuidado de seus usuários. Metodologia: O estudo está vinculado à pesquisa A
Atenção Primária à Saúde como estratégia para
(re)configuração das Políticas Nacionais de Saúde,
financiada por CNPQ, FAPESP e MS. Trata-se de um
estudo de caso de abordagem qualitativa realizado
em uma UBS da região metropolitana de São Paulo. Utilizou-se o método etnográfico desenvolvido
através de 3 técnicas: a análise documental, a observação participante e entrevista semi-estruturada.
A observação participante foi realizada durante
10 meses. Foram realizadas 6 entrevistas com os
envolvidos na regulação. Na análise dos dados, as
cenas observadas e registradas, e as falas dos trabalhadores entrevistados foram agrupadas compondo
2 grandes blocos temáticos: a microrregulação
interna e a microrregulação externa. Resultados: A
microrregulação, ou os atos realizados pela equipe
para garantir o acesso dos usuários aos serviços em
busca do cuidado adequado às suas necessidades,
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
apresenta duas dimensões. Uma interna que trata
do acesso dos usuários às várias ofertas de cuidado
da própria unidade (modos de entrada; gestão da
agenda; matriciamento). Uma externa, que trata
do acesso aos demais serviços da rede, onde: a)
para o paciente que é classificado como P0 há uma
mobilização para garantir o encaminhamento ágil;
b) os demais níveis de prioridade entram em fila de
espera organizada por ordem de chegada, e não por
uma discriminação clínica mais fina; c) a equipe
faz uso de contatos pessoais em outros serviços
para agilizar os encaminhamentos prioritários; d)
outros atores influenciam o processo como os ACS
e o próprio usuário. Conclusão: A microrregulação
funciona como um sistema de filtros, e é preciso
compreender os elementos que influenciam sua
porosidade. Embora a UBS consiga uma boa articulação interna para obter encaminhamentos em
tempo ágil nos casos considerados críticos, o estudo
aponta a impossibilidade de a atenção básica ser a
coordenadora do cuidado como estabelecido pelo
MS, tarefa que precisa ser assumida por múltiplos
pontos de atenção, o que requer o engajamento da
gestão no desenvolvimento de arranjos de comunicação e troca de informações entre os serviços.
PROGRAMA DA IMUNOGLOBULINA PALIVIZUMABE NO ESTADO DE SÃO PAULO: AVALIAÇÃO DE
ESTRUTURA E PROCESSO
Ivana Regina Gonçalves / Gonçalves, Ivana Regina
/ Faculdade de Medicina de Botucatu; Cristina
Maria Garcia de Lima Parada / Parada, Cristina
Maria Garcia de Lima / Faculdade de Medicina de
Botucatu; Marli Teresinha Cassamassimo Duarte /
Duarte, Marli Teresinha Cassamassimo / Faculdade de Medicina de Botucatu;
Introdução: Em 2007 o Estado de São Paulo implantou o programa de oferta da imunoglobulina palivizumabe, destinado a crianças prematuras, cardiopatas
e/ou pneumopatas, pela vulnerabilidade que apresentam em relação ao vírus sincicial respiratório.
Implantado há quase uma década, esse programa
ainda não foi amplamente avaliado. Objetivo: Avaliar a estrutura e processo e do programa de oferta
da imunoglobulina palivizumabe no Estado de São
Paulo. Métodos: Estudo transversal, realizado em 15
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 176
postos de aplicação no Estado de São Paulo, sendo excluído o posto de Botucatu, local de trabalho de uma
das autoras. Os dados foram coletados a partir de
entrevista com os responsáveis pelos postos de aplicação. Resultados: Com relação a estrutura, a maioria
dos postos atendia ao preconizado pelo Ministério
da Saúde. Porém, 7 (46,7%) não contavam com ar
condicionado na sala de aplicação; em 3 (20,0%) esta
não era exclusiva, não havia equipamento de refrigeração para o dia de trabalho e havia decoração não
lavável; em 2 (13,4%) a iluminação/arejamento eram
inadequados. Quanto ao processo, pode-se verificar
que 44 (5,0%) das crianças inscritas no programa,
foram atendidas em dia diferente do agendamento
prévio; 13 (86,6%) postos realizavam busca ativa dos
faltosos; houve variação quanto às formas de orientação às mães: todos os postos orientavam verbalmente, 14 (93,3%) abordavam a finalidade do uso da
imunoglobulina e 10 (66,7%) sobre a proteção contra
o vírus sincicial respiratório e forneciam material
instrucional por escrito; 2 (13,4%) informam quanto
a possíveis reações adversas. Conclusão: Os indicadores de estrutura e processo evidenciam situação
favorável na maioria das unidades, favorecendo o
cumprimento do programa do uso do palivizumabe
no Estrado de São Paulo. Espera-se que este estudo
subsidie os gestores na identificação de problemas
estruturais e relativos ao processo de trabalho, de
forma a buscar estratégias de superação para ampliar a qualificação do programa.
QUEM ESTÁ NA FILA? UMA ESTRATÉGIA DE GESTÃO E CUIDADO
Olívia Félix Bizetto / Bizetto, O. F. / Secretaria Municipal de Saúde de São José dos Campos; Carlos
Armando Lopes do Nascimento / Nascimento, C.
A. L. / Secretaria Municipal de Saúde de São José
dos Campos; Paulo Roberto Roitberg / Roitberg,
P. R. / Secretaria Municipal de Saúde de São José
dos Campos; Ana Carolina Martins / Martins, A.
C. / Secretaria Municipal de Saúde de São José dos
Campos;
Caracterização do Problema: A crescente busca por
cuidados em saúde sob a ótica da medicalização e
especialidades, aliado a um histórico de desinvestimento na Atenção Básica no município de São José
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
dos Campos – SP, trouxeram ao cenário da saúde um
problema que se torna cada vez maior e de difícil
enfrentamento: a superlotação das filas de espera
por consultas com especialistas, das quais destacamos cardiologia e endocrinologia. Descrição: Dentre
as diferentes estratégias da Secretaria de Saúde
para possibilitar a gestão destas filas, com o objetivo de caracterizá-la, conhecer as necessidades de
saúde e, de fato, oferecer o cuidado aos munícipes,
destacamos aqui a revisão dos encaminhamentos
existentes até março de 2015, possibilitado pela recente expansão da ESF no município. Foi proposta às
equipes dos territórios a utilização de uma planilha
para conhecer e rever estes pacientes. A avaliação
inicial é feita por visitas domiciliares, reunião de
equipe, via telefone e/ou sistema de informação,
para posterior reavaliação pelo médico generalista.
Assim, o encaminhamento é mantido ou excluído,
sempre com a ciência do usuário. A construção desta abordagem foi feita em reuniões com as equipes
das Unidades, e com os gerentes do território, o que
ocorre mensalmente. Lições Aprendidas: A gestão
efetiva das listas de espera subsidia a tomada de
decisão por parte do gestor e a produção do cuidado
pelas equipes. Os resultados obtidos até o momento
apontam para a importância de conhecer a população adscrita, que na maioria das vezes está aguardando na fila e não está sendo cuidada. A mudança
do paradigma medicocêntrico e de especialidades
requer empenho e vigilância da equipe e dos gestores, para o fortalecimento das práticas na Atenção
Básica no sentido de aumentar sua resolutividade
e qualidade do cuidado prestado. Recomendações: É
imprescindível que as equipes estejam sensíveis e
cientes de seu papel como gestora do cuidado. Para
tal, a construção coletiva de estratégias como esta
é essencial para favorecer a adesão e continuidade
destas ações. Também é necessário aprimorar o
investimento em medidas que consolidem a gestão
das filas de espera tais como: adoção de protocolos
clínicos de encaminhamento, padronização do sistema de informação para especialidades/SADT mais
impactantes, definição conceitual do retorno dos
pacientes aos especialistas, medidas que minimizem
o absenteísmo e ações de educação permanente e
matriciamento aos profissionais.
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 177
REDE ATENÇÃO À SAÚDE - CONTROLE DO CÂNCER po; Maria Fernanda Nóbrega / Nobrega. M. F. /
Secretaria de Saúde de São Bernardo do Campo;
DE MAMA NA VISÃO DOS GESTORES
Elisabeth Niglio de Figueiredo / Figueiredo, E.N. /
EPE/UNIFESP; Maria Gaby Rivero de Gutiérrez /
Gutiérrez, M.G.R. / EPE/UNIFESP; Rosely Erlach
Goldman / Goldman, R.E. / EPE/UNIFESP; Marislei Sanches Panobianco / Panobianco, M.S. / EE/
USP RB; Ana Maria de Almeida / Almeida, A.M. /
EE/USP Ribeirão Preto;
Introdução: No Brasil, a atenção oncológica ainda
passa por dificuldades e barreiras cotidianas que
muitas vezes estão relacionadas aos processos de
gestão. Objetivo: Compreender, sob a perspectiva
dos gestores do nível central de um município paulista, a organização da rede de atenção para controle
do câncer de mama. Método: Estudo qualitativo
realizado em 2012, com três gestores. Utilizou-se
a análise de conteúdo e, como referencial para a
conformação das categorias de análise, os cinco
itens da estrutura operacional da Rede de Atenção à
Saúde1 Resultados: A ampla cobertura da população
pela Estratégia Saúde da Família permitiu alcançar
as metas do município em relação à Mamografia de
rastreamento e de diagnóstico; a baixa frequência
de execução do Exame Clínico das Mamas torna as
solicitações de Mamografias excessivas; o sistema
informatizado para o agravo acompanha todo fluxo
de informação, tornando-o útil à gestão; o sistema de
referência está bem estabelecido, entretanto, falha
na demanda por níveis mais complexos de cuidado e
na contra referencia. Há entraves quanto à rede a ser
construída com o Estado, entre eles, os relacionados
aos prestadores de serviços. Conclusão: A educação
permanente aliada à cultura de participação social
constitui ferramenta importante para a reorganização da Rede de Atenção à Saúde. Diversas atividades
foram sendo construídas no decorrer do tempo na
tentativa de superar a fragmentação do cuidado
existente dentro do município, de forma a viabilizar
o acesso das usuárias aos serviços para detecção
precoce do câncer de mama. Descritores: Neoplasia
da mama; Gestão em saúde; Atenção à Saúde.
REFERÊNCIAS DA ATENÇÃO BÁSICA: UM PROCESSO DE FORTALECIMENTO DA GESTÃO LOCAL
Eduardo Della Valle Munhoz / Munhoz. E.D.V. /
Secretaria de Saúde de São Bernardo do CamAnais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Isabel Cristina Pagliarini Fuentes / Fuentes. I.C.P.
/ Secretaria de Saúde de São Bernardo do Campo;
Odete Carmen Gialdi / Gialdi. O.C. / Secretaria de
Saúde de São Bernardo do Campo;
CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA Para a construção de um novo modelo de atenção à saúde, centrado
no usuário inserido no contexto familiar e social, é
fundamental repensar e monitorar as ações desenvoldidas no território, com isso, notamos a necessidade
de estreitar a relação da gestão central e da gestão
local e equipes das UBS oferecendo apoio, pois,
vinham enfrentando dificuldades na condução dos
processos de trabalho, ineficiência na comunicação
e na relação entre os atores dos níveis central e local,
a partir destas percepções foi pensada na estratégia
de referências da Atenção Básica (AB). DESCRIÇÃO
O município de São Bernardo tem como objetivo o
resgate da apropriação da Saúde Pública. Com isso,
desenvolvemos e construimos vários dispositivos
para transformar a dinâmica da gestão e da produção
do cuidado. Um desses dispositivos foi a reorganização do Departamento de Atenção Básica e Gestão do
Cuidado (DABGC), com a implantação da Referência
dentro dos nove territórios de saúde, atuando com os
gestores locais, como elemento de conexão, qualificação da atenção e aproximação da gestão central
ao cotidiano das equipes da AB, este processo teve
início em 2015 e atualmente conta com 11 referências
de diferentes formações acadêmicas que atuam nos
territórios apoiando e construindo a organização dos
processos de trabalho, em outros momentos participam de reuniões junto a equipe interna do DABGC e
de processos de Educação Permanente, permitindo
a troca de saberes, informações, compartilhamento
de dificuldades e avanços, a escuta nestes espaços
são garantidas propiciando momentos de fortalecimento e comprometimento conjuntos. LIÇÕES
APRENDIDAS Após uma análise dos processos sob
à ótica dos gestores locais e equipes dos territórios
percebemos que existem especificidades de cada
território que devem ser respeitadas nos fazendo
entender que nem sempre as prioridades da gestão
central são as prioridades da gestão local, reforçando
assim a assertividade em contar com Referências
mais próximas aos territórios. A proximidade com as
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 178
unidades, permite a interlocução e mediação do apoio
institucional fortalecendo e aprimorando cada vez
mais as necessidades singulares e coletivas de acordo
com cada território. RECOMENDAÇÕES Acredita-se
que com este modelo a gestão local, equipes de saúde
e usuários tenham um maior respaldo, se fortaleçam
e que aprimorem os processos de cuidado, que este
modelo seja contínuo demonstrando a potencialidade dos atores envolvidos.
REGULAÇÃO INTERNA DE ENCAMINHAMENTOS
PARA ESPECIALIDADES NA UBS MONTANHÃO
Elaine Aparecida de Freitas Souza / Elaine,F.S /
Prefeitura de Sao Bernardo do Campo; Paola Fernanda Casa Mendes / Paola,F.C.M. / Prefeitura de
Sao Bernardo do Campo;
As unidades básicas do município possuem uma
regulação interna dos encaminhamentos para
diversas especialidades. A unidade resolveu fazer
uma organização,onde facilitaria o trabalho com
os encaminhamentos e também conversar com os
procissionais par sanar dúvidas sobre os protocolos
de especialidades. Levantamos todos os encaminhamentos e fizemos uma planilha de cores onde sabemos exatamente qual a situação do casos,usamos
a cor verde para consulta já agendada,vermelho
para espera da consulta,amarelo para pacientes
que não foi a consulta e azul para remarcação. Isso
facilita muito pois a equipes podem tirar relatórios
e saber qual a situação dos pacientes sem ter que
consultar um a um,e para a administração também
pois consultamos todos os procedimentos inclusive
exames. A unidade reavaliou os pacientes que estão aguardando mais tempo na fila de espera para
reclassificar,temos resultados surpreendentes de
pacientes que não necessitava de especialista,então
fizemos um levantamento dos protocolos e mostramos para as equipes para qualificar a solicitação.
Com esta organização hoje zeramos fila de espera
de algumas especialidades e temos como controlar
e avaliar os encaminhamentos.
RELAÇÃO PÚBLICO-PRIVADO: A PERSPECTIVA
DOS TRABALHADORES
Luciana Soares de Barros / Barros, L.S / UNIFESP;
Luiz Carlos de Oliveira Cecílio / Cecílio, L.C.O /
UNIFESP;
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Introdução: A relação público-privado na saúde
está regulamentada pela lei 8080 desde 1990, mas
suas normativas não têm sido suficientes para lidar
com os complexos desafios postos, que geralmente
são analisados pelo prisma da eficácia, eficiência
e financiamento.Este trabalho pretende lançar luz
sobre outra perspectiva desta relação, a dimensão
simbólica que uma Organização Social (OSS) assume
para os trabalhadores em uma Unidade Básica de
Saúde (UBS) do município de SP. Os componentes
analíticos deste estudo compõem uma pesquisa
qualitativa em andamento que adotou metodologicamente uma orientação do tipo cartográfico.Objetivos: retratar outros modos de leitura da relação
público-privado na AB, em particular como os trabalhadores avaliam o gerenciamento da OSS. Método:
O trabalho de campo realizado na UBS em questão
consistiu em acompanhar os processos de trabalho e
cuidado das equipes de saúde durante 10 meses, com
registro posterior das vivências em diário de campo.
As cenas registradas no diário culminaram em uma
narrativa que foi compartilhada com trabalhadores
e gerente da UBS estudada em encontro com o grupo
de pesquisa (encontro compartilhado). Resultados:
a partir do registro das observações realizadas na
UBS e das falas dos trabalhadores durante o encontro compartilhado foi possível compreender que: Os
trabalhadores parecem se identificar com as premissas que conformam a orientação ético-religiosa da
OSS ligada à Igreja Católica, em particular a ideia
do cuidar do próximo” (amar ao próximo como a si
mesmo”); expressam um sentimento de pertencimento à instituição, valorizando as oportunidades
de qualificação ofertadas por ela e a segurança no
trabalho; diante de uma possibilidade de mudança
no contrato de gestão do território por outra OSS, os
trabalhadores expressam sofrimento e insegurança,
e cogitam mudar de local de trabalho para continuarem como funcionários desta OSS; consideram que
a OSS realiza um trabalho totalmente SUS”; reconhecem mudanças no modo de fazer gestão desta
OSS nos últimos anos que avaliam como negativas,
em particular a excessiva ênfase na produtividade
em detrimento do cuidado”. Conclusão: Para além
do debate público-privado com viés mais ideológico
que realizamos na tradição da Saúde Coletiva, há
uma dimensão simbólica que não tem sido muito
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 179
reconhecida, em particular, e no caso estudado, a
inegável adesão dos trabalhadores à gestão feita
pela OSS, por razões que nem sempre são consideradas no debate mais político.
SAÚDE E ORGANIZAÇÕES SOCIAIS: A MERCANTILIZAÇÃO DA SAÚDE NO RIO DE JANEIRO
Marcelo Augusto Do Nascimento Muniz / Muniz,
Marcelo Augusto Do Nascimento / Pontifícia
Universidade Católica Do Rio De Janeiro; Marcio
Eduardo Brotto / Brotto, Marcio Eduardo / Pontifícia Universidade Católica Do Rio De Janeiro;
A participação de entes privados na constituição de
serviços e políticas públicas não representa um debate exclusivamente contemporâneo. Ao contrário, a
relação público e privado é histórica e contraditória,
sendo palco de intensas lutas e disputas entre as
classes sociais antagônicas. Neste sentido, o debate
sobre o público e o privado na atenção à saúde na
atualidade congrega características históricas a
traços de modernidade, tendo as Fundações Estatais de Direito Privado e as Organizações Sociais
como expoentes do novo” modo de pensar a gestão
da saúde no país. O modelo de gestão pública,
por intermédio das Fundações Estatais de Direito
Privado e Organizações Sociais, representaria, no
processo de Reforma do Estado, a possibilidade de
constituição de um Estado gerencial e enxuto, que
delega a outras entidades suas funções produtivas e
de prestação de serviços. O ressurgimento do velho
discurso do Estado falido em suas funções, com
parcos recursos e da crise fiscal e consequentemente, da incapacidade de investimentos adequados,
representaria a justificativa para a necessidade de
participação das Organizações Sociais nas políticas
públicas. No estado do Rio de Janeiro, o loteamento das urgências e emergências hospitalares, em
sua grande maioria, sob gestão das Organizações
Sociais, revela a lógica de subordinação da saúde
às relações sociais estabelecidas pelo capitalismo,
suscitando contradições entre público e privado, que
colocam em xeque a linguagem pública inerente aos
direitos sociais em nome dos ideais mercantilistas.
Esta conjuntura revela que o silencioso avanço da
gestão das Organizações Sociais sobre os serviços
de saúde no Rio de Janeiro representa um complexo
processo de reordenamento da saúde, que apontam a
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
desconstrução do modelo de atendimento na saúde
como um sistema integrado de apoio e continuidade
da atenção, caracterizado pelo loteamento de suas
unidades e a ruptura da proposta de rede de serviços
organizada e hierarquizada, com a despublicização
e despolitização das relações sociais neste contexto.
O presente estudo apresenta reflexões que apontam
para uma perspectiva de desconstrução do modelo
de atendimento à saúde enquanto sistema único,
além da consolidação de um novo” modelo de gestão,
que altera as relações de trabalho e consequentemente, a correlação de forças sociais que interfere
diretamente na construção da política de saúde.
SAÚDE EM CABO VERDE - ÁFRICA NA ÓTICA DO
GESTOR DE SAÚDE
Patricia Rodrigues Sanine / Sanine, P.R. / UNESP;
Flávia Seullner Rodrigues / Rodrigues, F.S. /
UNESP; Maísa Vitória Gayoso / Gayoso, M.V. /
UNESP; Regina Stella Spagnuolo / Spagnuolo, R.S.
/ UNESP; Elen Rose Lodeiro Castanheira / Castanheira, E.R.L. / UNESP;
INTRODUÇÃO: Cabo Verde é um país do continente
africano, constituído por um conjunto de dez ilhas
localizadas na costa noroeste da África, que conta
com um sistema público de saúde com diretrizes
semelhantes ao SUS. Apresenta um perfil epidemiológico e sócio econômico próximo ao observado em
algumas regiões do nordeste brasileiro. Como parte
do Programa de mobilidade internacional entre universidades de países de língua portuguesa (CAPES
AULP) foram realizadas missões de estudo com a
participação de estudantes e docentes da Universidade Estadual Paulista – UNESP e da Universidade
de Cabo Verde – UNICV. Apresentamos resultados
parciais da missão brasileira em Cabo Verde. OBJETIVO: Compreender a percepção dos gestores de
saúde acerca da integração entre os serviços no
Sistema de Saúde de Cabo Verde. MÉTODO: Estudo
de abordagem qualitativa apoiado por entrevistas
abertas dirigidas a informantes-chave, norteadas
pela questão: Existem articulações entre os diferentes níveis de serviços de saúde? Participaram
quatro gestores locais representantes das diferentes
esferas governamentais de saúde: Ministério da Saúde, Centro Nacional de Desenvolvimento Sanitário,
Delegacia de Saúde e de Serviços de Saúde. A coleta
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 180
de dados se deu no mês de março de 2014 e os dados
foram analisados na abordagem representacional
temática. RESULTADO: Da análise dos discursos
emergiu a categoria: Os desafios da interface entre
os níveis de atenção à saúde”. Os discursos apontaram uma articulação deficiente entre os níveis
primário, secundário e terciário, caracterizando
um modelo de atenção à saúde hospitalocêntrico e
medicocêntrico. Evidenciaram-se dificuldades de
comunicação entre os profissionais dos serviços,
o desconhecimento do nível terciário em relação à
atenção primária incluindo pouca experiência neste
nível. Apresentaram-se fragilidades quanto à educação permanente em saúde e sistemas de informação.
CONCLUSÃO: Recomenda-se a realização de oficinas
de trabalho interprofissionais com a participação
de serviços dos diferentes níveis de atenção como
estratégia para a instituição de mecanismos de
educação permanente, como o matriciamento e a
implantação de sistemas informatizados entre os
níveis de atenção para melhoria da integração entre
os serviços.
SISTECNICA - A SISTEMATIZAÇÃO DA SUPERVISÃO DOS PROCESSOS ASSISTENCIAIS
Rosemeire Grigio / PMAQ/MS / SPDM;
A estruturação do SISTECNICA - Sistema de Informação da Área Técnica Assistencial se deu diante da
necessidade de sistematização da Supervisão Técnica realizada pelos profissionais da SPDM/PAIS junto
às 238 equipes de saúde da família do município
de São Paulo. O processo teve seu início através da
integração com a Área de Tecnologia da Informação
da SPDM/PAIS que estruturou plataforma capaz de
conciliar as ações assistenciais planejadas e realizadas com correspondência no aspecto epidemiológico
regional ao longo do mês de vigência das ações. O
conteúdo técnico assistencial foi composto a partir
do Programa de Melhoria do Acesso e Qualidade
da Atenção Básica do Ministério da Saúde - PMAQ-AB/MS bem como as Diretrizes da Atenção Básica
do município de São Paulo/ SMSSP. A partir deste
material foram compostos no SISTECNICA quatro
eixos de atuação da Supervisão Técnica: - Apoio
Técnico Assistencial - Apoio Técnico Estrutural e
Ambiência - Articulação das RRAS - Redes Regionais
de Atenção à Saúde - Aprimoramento e Produção
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Científica Em cada um dos eixos, estão previstos
macro e microprocessos que contemplam as ações
pertinentes e planejadas para cada serviço de saúde
que receberá de forma direcionada e articulada com
a RRAS, o apoio técnico institucional da SPDM/PAIS
através de sua Supervisão.
TERAPÊUTICA E GESTÃO: A MULTIDISCIPLINARIDADE NO FUNCIONAMENTO DE UM CAPSI
Arieli Januzzi Buttarello / BUTTARELLO, A.J. /
UFSCar; Thales Haddad Novaes de Andrade / ANDRADE, T.H.N. / UFSCar;
Este trabalho inclui-se em uma pesquisa em andamento, acerca da ciência e técnica psiquiátrica.
Pauta-se em investigar como o campo da Psiquiatria
infantojuvenil vem impondo-se através da Política
Nacional de Saúde Mental corporificada nos Centros
de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi), a
partir de um estudo de caso com foco nas ações da
equipe multidisciplinar do Centro e nas decisões
gestacionais e administrativas que vem ocorrendo
atualmente. O aporte teórico desta pesquisa baseia-se nos conceitos sociológicos de Pierre Bourdieu e
sua teoria de campo-habitus que evidencia a relação
da estrutura social com as ações individuais que
constituem um campo específico, no caso de nosso
interesse, o campo científico. Assim, tomando a
Psiquiatria como movimentada e atualizada a partir
de disputas e alianças com campos externos a seu
saber, temos os trabalhadores da saúde mental como
agentes empoderados de transformar esse campo.
Os multiprofissionais atuantes em um CAPSi sofrem ações do campo político, representado pelas
leis e Portarias que regem seus modos de lidar, e do
campo científico, representado pelas suas multiprofissões relacionadas aos critérios de saúde/doença
mental definidas pelo campo médico-psiquiátrico a
partir do uso do Manual Diagnóstico e Estatístico
de Transtornos Mentais (DSM) – instrumento de
triagem dos usuários do Centro. Os dados levantados para a discussão aqui proposta correspondem à
observação participante em reuniões entre a equipe
multidisciplinar de um CAPSi e reuniões entre essa
equipe e equipes extra-CAPSi, que formam a rede de
atendimento de saúde mental de um município; o
que afirma a função da equipe intra-CAPSi ser tanto
clínica quanto gestacional. O que se tem como pano
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 181
de fundo entre as disputas e ações ativas e passivas
dos agentes que fazem o CAPSi funcionar é que
suas ações interferem nas vivências de crianças e
adolescentes e daqueles que com esses convivem,
levando a necessidade de atenção e reflexão e novas
abordagens sobre a temática. Assim, o objetivo geral
deste trabalho é suscitar questionamentos e debates
que considerem ações institucionais entremeadas
por campos que se interferem e impõe formas de
agir, lidar, compreender e administrar.
TIPO DE PARTO EM SERVIÇOS PÚBLICO E PRIVADO, ESTADO DE SÃO PAULO 2013
Mirna Namie Okamura / Okamura, MN / Filantropia Hospital Sirio Libanês; Dárlinton Barbosa
Feres Carvalho / Carvalho, D.B.F. / Universidade
Federal de São João del-Rei - UFSJ;
Hoje há preconização de um parto humanizado e
natural. Reconhecendo esse tema como relevante
o objetivo foi conhecer diferenças e complementariedade das informações disponibilizadas tantos
de serviços públicos como privados. Metodologia:
Estudo ecológico. Comparamos as informações de
três fontes de dados: SINASC (Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos), AIH (Autorização de
Internação Hospitalar) e CIHA (Comunicação de
Informações Hospitalares e Ambulatoriais). Foram
selecionados dados do ano de 2013 do Estado de São
Paulo. O SINAC foi o marcador, isso é, foi selecionado
o último ano com os dados disponibilizados - 2013.
Consideramos duas fontes complementares de
dados de atendimento e produção, a dos serviços
públicos pelas AIH, selecionados os internados com
procedimento SUS de parto: 310010039, 310010047,
310010055, 411010026, 411010034 e 411010042. Para
o CIHA formam selecionados os procedimentos:
310010047, 411010026, 411010034, 411010042. Limites dos estudos: a internação foi contada apenas
uma vez, independente de gemelaridade; observamos que alguns municípios com serviços públicos
não apresentaram dados de produção para esses
procedimentos, nem todos os serviços privados/
filantrópicos apresentam a CIHA, apesar de ser regulamentado pela Portaria 1.171 de 2011. Resultados:
Pelo SINASC foram 612.329 nascidos em 2013 no Estado de São Paulo. Foram apresentadas 332.265 AIH
de parto (54,3%) e apresentadas no CIHA 104.836
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
(17,1%), sendo que não temos informações 28,3%.
Para a AIH foram realizados 56,5% de parto normal
e 43,5% de cesárea. No CIHA foram apresentados
como 9,9% parto normal e 90,1% de cesárea. Conclusão: As informações do CIHA podem ser um bom
indicador para acompanhamento do tipo de parto
que vem sendo realizados pelos serviços privados/
filantropia. Fontes de dados: SINASC - http://www2.
datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=0205
AIH - http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.
php?area=0202 CIHA - http://ciha.datasus.gov.br/
CIHA/index.php?area=06
VIVENCIANDO O AMAQ – NASF NA ESTRATÉGIA
DO APOIO
Mawusi Ramos / Ramos, Mawusi / Secretaria Municipal de São Bernardo do Campo; Eliana Barbosa Pereira / Pereira, E.B. / Ministério da Educação,
MEC, Brasil; Francini Bianca Domingues Gamba /
Gamba, F.B.D. / Secretaria Municipal de Saúde de
São Bernardo do Campo; Rebeca Peres dos Santos
Francisco e Silva / Silva, R.P.S.F. / Secretaria Municipal de Saúde de São Bernardo do Campo; Rita
de Cassia Lazoski Araújo / Araújo, R.C.L. / FMABC
- Faculdade de Medicina do ABC; Vania Barbosa do
Nascimento / Nascimento, V.B. / FMABC - Faculdade de Medicina do ABC;
Caracterização do Problema: Criado em 2008 e regulamentado pela Portaria n°2488, de 28 de outubro
de 2011, o NASF configura-se como equipes multiprofissionais que atuam integradas com as equipes
de Atenção Básica realizando discussões de casos
clínicos, atendimento compartilhado entre profissionais, construção conjunta de projetos terapêuticos de forma que amplia e qualifica as intervenções
no território e na saúde de grupos populacionais.
As atuações também podem ser intersetoriais, com
foco na prevenção e promoção da saúde. O município de São Bernardo do Campo adotou a estratégia
de apoiadores de rede de saúde que dentre as suas
atividades desempenham também as atribuições
do NASF. O diferencial se dá pela peculiaridade de
o APOIO poder atuar como NASF entretanto ter as
suas ações pautadas predominantemente no apoio
institucional, articulando os diversos pontos da rede
de saúde. Descrição do Problema: Como parte do o
Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da QuaSaúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 182
lidade da Atenção Básica (PMAQ) a Autoavaliação
para Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção
Básica para os Núcleos de Apoio à Saúde da Família
(AMAQ-NASF), foi implementada visando garantir
da qualidade da atenção básica e o aumento de sua
resolutividade. Devido ao fato de ser a atenção básica um dos pontos de atuação do apoio de rede de
saúde, e muitas das ações serem realizadas por eles,
os apoiadores de rede de cada território compuseram
as equipes que responderam pelas ações elencadas
como atribuições do NASF. Lições aprendidas: A
equipe de apoio do território 4 se preparou para contemplar o AMAQ-NASF e rever suas práticas e ações.
Analisou-se o documento norteador da avaliação e
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
autoavaliação buscando perceber quais aspectos
precisariam ser adequados e quais condições precisaríamos readequar para contemplar a qualidade do
serviço prestado. O processo de avaliação permitiu
olhar os meios de trabalho e as atividades realizadas
pela equipe de apoio. Além disso, organizou-se o
processo de trabalho e foram promovidas ações de
planejamento e monitoramento. Recomendações:
Tal iniciativa ampliou o olhar e abriu caminhos
para o desenvolvimento de outros instrumentos de
avaliação, acompanhamento e análise das atividades propostas e realizadas. Além disso, qualificou
o acompanhamento dos processos disparados nos
diferentes pontos da rede de saúde.
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 183
Informação e Avaliação em Saúde
A EXPERIÊNCIA DE UMA EQUIPE DE AVALIADORES balho em equipe foi sendo construído e fortalecido
COM O PROCESSO DE AVALIAÇÃO EXTERNA DO durante o processo, possibilitando a superação das
dificuldades encontradas, sendo também fundamenPMAQ – AB
Margareth Ap. Santini de Almeida / Almeida,
M.A.S / Faculdade de Medicina de Botucatu/
UNESP; Wilza Carla Spiri / Spiri, W.C. / Facauldade de Medicina de Botucatu/UNESP; Carmen
Maria Casquel Monti Juliani / Juliani, C.M.C.M.
/ Facauldade de Medicina de Botucatu/UNESP;
Luceime Olívia Nunes / Nunes, L.O. / Facauldade
de Medicina de Botucatu/UNESP; Nádia Placideli
/ Placideli, N. / Facauldade de Medicina de Botucatu/UNESP; Elen Rose Lodeiro Castanheira /
Castanheira, E.R.L. / Facauldade de Medicina de
Botucatu/UNESP;
A principal iniciativa institucional de avaliação da
Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil é o Programa para a Melhoria do Acesso e da Qualidade da
Atenção Básica (PMAQ), implantado em 2011 pelo
Ministério da Saúde, com abrangência nacional.
Uma de suas fases, a avaliação externa, tem sido
realizada em parceria com Instituições de ensino
Superior, que se responsabilizam por selecionar,
capacitar e dar suporte a equipes de avaliadores
para visita aos serviços. A juventude dessa experiência aponta para a importância em se avaliar esse
processo. É apresentada uma análise do processo de
avaliação externa realizada, a partir experiência da
equipe de avaliadores, sob a condução da Faculdade
de Medicina de Botucatu/ UNESP, em 2014, como
parte do segundo ciclo de avaliações do PMAQ, em
duas Redes Regionais de Atenção à Saúde do interior
paulista. A equipe era composta por oito avaliadores
e um supervisor. Ao final do trabalho de campo foi
realizada uma avaliação do trabalho da equipe de
avaliadores, mediante um questionário e um grupo
focal. O treinamento recebido esclareceu quanto aos
objetivos do segundo ciclo PMAQ e como ocorreria
o campo, contudo foi indicado como insuficiente na
solução dos problemas que surgiram durante a aplicação dos questionários. Outra dificuldade apontada
foi a rotatividade da equipe, ficando a maior parte do
tempo incompleta. Contudo foi ressaltado que o tra-
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
tal a presença constante da supervisora no campo.
A execução do campo, foi facilitada pelo bom acolhimento da maioria dos municípios e unidades de saúde, pela logística utilizada em agrupar os municípios
por facilidade de acesso e o deslocamento entre os
mesmos ser realizado por meio de veículo contratado
exclusivamente para esse fim. O questionário, a organização das perguntas em módulos, facilitava seu
manuseio. Contudo, apresentava muitos erros gramaticais e de estruturação de questões, corrigidas
com atualizações do sistema. Os profissionais dos
serviços tinham conhecimento a respeito das questões que estavam sendo investigadas, já os usuários
tinham dificuldade na compreensão, principalmente
das questões com linguagem muito técnica. Dar voz
a equipe de avaliadores aponta para a complexidade,
e ao mesmo tempo a importância, desse processo e
nos proporciona elementos para aprimorar o planejamento de outras avaliações externas.
ACOLHIMENTO DA DEMANDA ESPONTÂNEA: UM
ESTUDO DESCRITIVO
Kátia Ferreira Costa Campos / Campos KCF / Universidade Federal de Minas Gerais / UFMG; Ana
Cristina Magalhães Mesquita / Mesquita ACM /
UFMG e Prefeitura Municipal de Belo Horizonte;
Antônio Paulo Gomes Chiari / Chiari APG / UFMG
e Prefeitura Municipal de Belo Horizonte; Ana
Paula de C. Andrade / Andrade APC / Universidade
Federal de Minas Gerais / UFMG; Liliana Maria
Madeira Dramos / Dramos LMM / Universidade
Federal de Minas Gerais / UFMG; Vanessa Almeida / Almeida V / Universidade Federal de Minas
Gerais / UFMG; Cláudia Renata de Paula Orlando
/ Orlando CRP / Universidade Federal de Minas
Gerais / UFMG;
O acolhimento envolve arranjos institucionais, e
propõe-se a trabalhar a demanda espontânea, a ampliar o acesso e concretizar a missão constitucional
da Atenção Primária à Saúde (APS). Neste contexto,
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 184
o atendimento à demanda espontânea envolve ações
como organização da equipe e seu processo de
trabalho, além de aspectos resolutivos de cuidado
e de condutas que devem ser realizadas em todos
os pontos de atenção à saúde. Objetivo: identificar
as características da demanda espontânea de um
centro de saúde de Belo Horizonte. Estudo quantitativo de dados secundários, disponibilizados por
um Centro de Saúde (CS) da MS/BH. Realizou-se
mapeamento dos atendimentos de demanda espontânea que passaram pelo acolhimento, durante o
período de dezembro de 2013 a fevereiro de 2014,
em duas etapas. A primeira, análise do perfil geral
da demanda, as fontes utilizadas para coleta de
dados foram fichas de controle da demanda espontânea de uma determinada equipe do referido CS.
Analisou-se o perfil do usuário em relação ao sexo
e idade e características da demanda, considerando o dia da semana e mês do atendimento, reincidência e identificação de equipe de referência. A
segunda,consistiu em uma delimitação do período
analisado, num intervalo coorte dos dias úteis entre
10 e 21 de Fevereiro de 2014. Utilizaram-se também
os prontuários eletrônicos para identificar os motivos de procura, tempo de espera para o acolhimento
e consulta médica (realizadas no mesmo dia) e a
forma de condução dos casos pelos profissionais de
saúde. As variáveis foram categorizadas e os dados
tratados no programa estatístico PSPP. Analisaram-se 933 atendimentos aos usuários com demanda
espontânea de dezembro de 2013 a fevereiro de
2014. Resultados: A maior porcentagem de atendimentos ocorreu às segundas feiras 30,87% (288),
seguido por sexta-feira 20,04% (187). A maior parte
dos usuários, 70.31% (656), era do sexo feminino. A
maior demanda foi por agendamento de consultas
27,62% (58), seguida por casos agudos 27,14% (57).
O tempo de espera para o acolhimento foi de 1:00
hora a 1:29 minutos 26,67% (56), apenas 10 usuários
aguardaram até 29 minutos para atendimento no
acolhimento. Resultados: Possibilidade de expor
aos profissionais que ali trabalham a realidade de
seu ambiente de atuação, para que sejam preparados
para atender a um determinado tipo de demanda
para o aprimoramento dos dados como informações
importantes na tomada de decisões dos gestores e
na melhoria das ações realizadas no local.
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
ACOLHIMENTO NA UBS HUMAITÁ: ESTUDO DA
DEMANDA POR ATENDIMENTO
Diego Edamatsu Fabricio / Fabricio, D.E. / Instituto de Responsabilidade Social Sirio Libanês;
Patricia Mantovani / Mantovani, P. / Instituto
de Responsabilidade Social Sirio Libanês; Flavia
Ferreira dos Reis / Reis, F.F. / Instituto de Responsabilidade Social Sirio Libanês; Andrea Pitta
/ Pitta, A. / Prefeitura Municipal de São Paulo;
Marcelle Martim Bianco / Bianco, M.M. / Instituto
de Responsabilidade Social Sirio Libanês; Maria
Emilia Carvalhaes Machado / Machado, M.E.C. /
Prefeitura Municipal de São Paulo;
Caracterização do Problema: o acolhimento é tido
como porta de acesso ao serviço. Prevê que os profissionais recepcionem, atendam, orientem, negociem
e tomem a decisão sobre a conduta caso a caso. É
responsabilidade local reorganizar o processo de
trabalho possibilitando inclusive intervir na organização de agendas e regulação. Os agentes acolhedores em geral conseguem discorrer a respeito da
negociação e dos conflitos diários nessas atividades,
mas, se não tiverem elementos que adequadamente
caracterizem sua demanda local, qualquer negociação entre trabalhadores e usuários para alteração do
processo de trabalho fica inviabilizada. Descrição:
foi caracterizado o perfil da demanda por atendimento em acolhimento na UBS Humaitá, que possui
3 equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF) e
UBS tradicional, atende uma população de 48 mil
habitantes na região central da cidade de São Paulo.
Os enfermeiros registraram: data do atendimento,
número de prontuário, gênero, idade, queixa, enfermeiro responsável pela escuta e conduta. O período
foi de fevereiro até maio de 2015. Registrou-se 258
atendimentos, sendo 195 (75,28%) do sexo feminino; 56 (28,72%) do sexo masculino. Dos usuários
que buscaram atendimento 24% são cadastrados
na ESF, 47,6% possuem prontuário na UBS e 28,2%
não residem na área de abrangência da Unidade. As
terças e segundas-feiras aparecem como os dias de
maior demanda para o acolhimento, com 28,6% e
27,9% dos atendimentos, respectivamente. 38,3%
dos usuários são adultos jovens e 15% são idosos.
Motivos pela busca do acolhimento: 15,8% iniciar
pré-natal; 15,5% antecipar agendamento de consulta
médica; 13,1% troca de receita; 5,8% pressão arterial
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 185
ou glicemia alteradas. 46,5% dos atendimentos foram resolvidos em consulta de enfermagem, 22,4%
encaminhadas para consulta médica em Reserva
Técnica (RT) e 12,4% encaminhados para consulta
médica do dia. Lições Aprendidas: a sistematização
do registro permitiu ressignificar as impressões
antes talhadas nas reuniões técnicas e embasou a
necessidade de alterações na prática do trabalho:
redistribuição da escala da acolhimento entre os
enfermeiros, necessidade de médico de referência
em todos os períodos, reorganização do acesso ao
agendamento de consultas e retornos através das
vagas de RT que anteriormente ficavam ociosas.
Recomendações: utilização da metodologia para
embasamento das tomadas de decisões de processo
de trabalho, emprego da análise dos registros com
devolutiva para os trabalhadores.
ANÁLISE DA LITERATURA CIENTÍFICA SOBRE O
PROGRAMA NACIONAL DE MELHORIA DO ACESSO
E DA QUALIDADE DA ATENÇÃO BÁSICA (PMAQ-AB)
Alexandre Ramiro Pinto / Ramiro Pinto, A. /
EEUSP; Lúcia Yasuko Izumi Nichiata / NICHIATA,
L. Y. I. / EEUSP;
O Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da
Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB) é, segundo
o Ministério da Saúde, uma estratégia indutora de
mudanças nas condições e modos de funcionamento
das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e tem como objetivo am¬pliar o acesso e a qualificação das práticas
de gestão, cuidado e participação na AB. Como é recente sua implantação (1ª ciclo 2012 e o 2º ciclo 2014),
indaga-se o que já existe de literatura científica
sobre o Programa. Objetivo: descrever os resultados
da produção científica brasi¬leira sobre PMAQ-AB.
Trata-se de uma revisão descritiva e analítica realizada de artigos científicos na base LILACS, SciELO
e PubMed, utilizando a busca boleana (AND ou OR)
com os descritores: Atenção Primária à Saúde, Avaliação do Acesso e da Qualidade da Assistência à Saúde e Gestão da Qualidade em Saúde, em Português,
Inglês e Espanhol; incluídos artigos completos;
publicados entre 2011 e 2015; excluídos: artigos não
disponíveis; repetidos, sem foco no fenômeno, relato
de experiência, livro e manual. Foram encontradas
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
107 publicações e identificados 16, estes publicados
num único periódico (Revista Saúde em Debate)
número especial (2014). Identificaram-se trabalhos
de abrangência nacional (9), N (2), NT (3), Sul (1) e
Sudeste (1). Foram classificados e descritos de acordo
com as dimensões e subdimensões do caderno de
Autoavaliação para Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (AMAQ-AB). Na dimensão
Gestão Municipal: a) Implantação e Implementação
da Atenção Básica no Município (2 artigos): o PMAQ-AB não tem sido utilizado para melhorar o acesso
e a qualidade da Atenção Básica; b) Organização e
Integração da Rede de Atenção à Saúde (3): há fragilidade nos resultados do PMAQ; c) Gestão do Trabalho
(5): necessidade de investimento na incorporação de
médicos e outros profissionais para Apoio Matricial.
Na Gestão da Atenção Básica: a) Apoio Institucional
(1), b) Educação Permanente (1). Na dimensão UBS:
a) Infraestrutura e Equipamentos (3): inexistência
de infraestrutura para idosos e deficientes; b) Insumos, Imonobiológicos e Medicamentos (2): média
disponibilidade de medicamentos, abaixo do valor
aceitável e na dimensão Educação Permanente e
Processo de Trabalho e Atenção Integral à Saúde: a)
Organização do Processo de Trabalho (5): contexto
sociocultural ignorado; b) Atenção Integral a Saúde
(4): os trabalhos mostraram limitação do potencial
do acolhimento nas unidades.
AVALIAÇÃO DA COORDENAÇÃO DO CUIDADO
DAS EQUIPES DE ATENÇÃO BÁSICA PARTICIPANTES DO PMAQ: TEORIA DE RESPOSTA AO ITEM
Miriam Francisco de Souza / Souza, M.F. / UFMG;
Alaneir de Fátima dos Santos / Santos, A.F. /
UFMG; Ilka Afonso Reis / Reis, I.A. / UFMG;
Marcos Antônio da Cunha Santos / Santos, M.A.C.
/ UFMG; Alzira de Oliveira Jorge / Jorge, A.O. /
UFMG; Antonio Thomaz Gonzaga da Matta Machado / Matta-Machado, A.T.G. / UFMG; Eli Iola Gurgel
Andrade / Andrade, E.I.G. / UFMG; Mariângela
Leal Cherchiglia / Cherchiglia, M.L. / UFMG;
Introdução Atenção Primária à Saúde como coordenadora do cuidado é um tema relevante no cenário
mundial. A coordenação do cuidado pressupõe a
continuidade do cuidado, centrado na pessoa, e a
capacidade organizacional para prestação adequada
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 186
dos serviços de saúde. Os sistemas de saúde buscam
respostas abrangentes, coerentes e com menores
custos às demandas e necessidades. No Brasil, o
Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ) apresenta-se como
estratégia de melhoria da qualidade da assistência
da atenção primária. Objetivo Avaliar a habilidade
para coordenação do cuidado exercida pelas equipes
de atenção básica participantes do PMAQ. Metodologia Estudo transversal fundamentado na Teoria de
Resposta ao item, a partir de dados do PMAQ no ano
de 2012. Participaram do estudo 17202 equipes de
atenção básica. Vinte oito itens foram selecionados
do módulo II do questionário de avaliação externa,
entrevista com o profissional da equipe de atenção
básica. O modelo de Resposta Gradual de Samejima
foi utilizado para estimação dos parâmetros dos
itens e da habilidade das equipes. Foram utilizados
o SPSS 20.0 o R 3.2.0. Resultados Apenas 22 itens
permaneceram na avaliação final. A consistência
interna dos itens foi de 0,8021. Nenhum item
apresentou valor negativo na matriz de correlação.
A unidimensionalidade do modelo foi garantida,
com o primeiro e segundo componentes principais
explicando 28,5% e 8,3% da variabilidade total.
Itens de maior discriminação: existência de canal
de comunicação, número de fluxos institucionais
de comunicação e número de ações de apoio matricial. A frequência com que os especialistas entram
em contato com a atenção básica e a existência de
prontuário eletrônico integrado foram os itens que
exigiram maior habilidade das equipes. O escore de
habilidade das equipes variou entre -2,6750 e 2,8330,
com média 0,0099 e mediana 0,0028. As equipes
foram classificadas em quatro níveis de habilidade,
sendo a maioria com habilidade mediana. Conclusão
Foi possível descrever o perfil das equipes segundo
a posição assumida na escala de habilidade. O conhecimento da habilidade para coordenar o cuidado
pode ser de grande valor para o planejamento e
organização dos serviços de saúde. Neste sentido,
o estudo evidenciou a capacidade de disponibilizar
a informação e a frequência de contato entre os
profissionais dos diversos pontos de atenção como
elementos importantes para o cuidado abrangente,
continuo e de qualidade.
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
AVALIAÇÃO DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
NO MUNICÍPIO DE ASSIS-SP: PERCEPÇÕES DOS
PROFISSIONAIS
Willian Ferraz Fiorentino / Fiorentino, W. F. /
Universidade Paulista; Lislaine Aparecida Fracolli
/ Fracolli, L. A. / Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo; Maria Fernanda Pereira
Gomes / Gomes, M. F. P. / Escola de Enfermagem
da Universidade de São Paulo; Thais Garcia Paes /
Paes, T. G. / Universidade Paulista;
A Atenção Primária à Saúde (APS) pode ser qualificada pela existência de quatro atributos essenciais:
acesso de primeiro contato do indivíduo com o
sistema de saúde, longitudinalidade, integralidade,
coordenação da atenção e três derivados: orientação
familiar, orientação comunitária, competência cultural. Avaliar serviços de saúde envolve a produção
de conhecimento e/ou instrumentos visando à melhoria da assistência prestada através das técnicas
e tecnologias desenvolvidas pelos profissionais de
saúde. Nos últimos 21 anos a Saúde da Família tem
proporcionado cuidados de saúde a população brasileira neste contexto considerando que para propor
mudanças e reformular políticas é necessário avaliar o sistema de saúde implantado e em execução,
busca-se nesta pesquisa avaliar a APS no município
de Assis, interior do Estado de São Paulo por meio da
aplicação do PCATool versão profissionais. Trata-se
de uma pesquisa avaliativa, descritiva e quantitativa. Foram sujeitos desta pesquisa 9 enfermeiros
e 5 médicos que trabalham na Estratégia Saúde da
Família (ESF) e 9 enfermeiros e 2 médicos que trabalham nas unidades de saúde do modelo tradicional
de APS, totalizando 25 profissionais. Realizou-se
as entrevistas com os profissionais médicos e enfermeiros que trabalham na APS do município de
Assis-SP utilizando o instrumento PCATool Versão
Profissionais, as entrevistas foram realizadas após a
aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa sob o nº de
parecer: 912.502. Em relação aos resultados observa-se que o atributo de acessibilidade apresenta escore
igual a 4,83 considerado baixo em relação ao valor
6,6 recomendado por Bárbara Starfield, pensando
que a APS é a porta preferencial de entrada no sistema de saúde, esse valor demonstra que na prática
a acessibilidade está ineficiente. Ao comparar as
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 187
respostas dos profissionais que trabalham na ESF
e na APS tradicional observa-se que os escores dos
atributos de orientação familiar e orientação comunitária são melhores avaliados pelos profissionais
que trabalham na ESF, o que corrobora com os
princípios fundamentais da Saúde da Família que
deve trabalhar com foco na família e na comunidade
levando em conta as particularidades culturais e as
necessidades de saúde da população.
AVALIAÇÃO DA PRESENÇA E EXTENSÃO DO ATRIBUTO ACESSO DE PRIMEIRO CONTATO NAS UNIDADES DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE SÃO CARLOS
Renata de Cassia Gonçalves / Gonçalves, R.C. /
COPAIS-UFSCar; Andrea Giberti / Giberti,A. /
COPAIS-UFSCar; Thales Cervi / Cervi, T. / COPAIS-UFSCar; Sandra M. L. Pozzoli / Pozzoli, S.M.L.
/ COPAIS-UFSCar; Gabriela Alvarez Camacho /
Camacho, G.A. / COPAIS-UFSCar; Luísa Demarchi
/ Demarchi, L. / COPAIS-UFSCar; Caroline Prada
/ Prada, C. / COPAIS-UFSCar; Mariana de Almeida Prado Fagá / Fagá, M.A.P. / COPAIS-UFSCar;
Giovanni Gurgel Aciole / Aciole, G.G. / COPAIS-UFSCar;
Introdução: A força da orientação da atenção primária à saúde depende da presença e extensão de cada
um dos seus atributos. O acesso de primeiro contato”
é um atributo essencial que pode ser medido através
do instrumento de avaliação da atenção primária, o
PCA-Tool. Objetivos: Avaliar a presença e extensão
do atributo acesso de primeiro contato” nos serviços
de atenção primária à saúde do município de São
Carlos -SP. Materiais e Métodos: Participaram 12
Unidades Básicas de Saúde e 19 unidades de Saúde
da Família localizadas em 5 regiões administrativas
(ARES): Redenção, Vila Isabel, Aracy, Santa Felícia
e São José. O instrumento PCA-Tool, versão profissionais, foi aplicado a dois profissionais de cada
unidade, totalizando 62 questionários. O atributo
acesso de primeiro contato” é composto por 9 itens.
A resposta a cada item recebeu um valor de 1 a 4, de
acordo com a escala Likert. Os escores foram calculados pela média aritmética simples dos valores das
respostas dos itens que compõe cada atributo. Após o
cálculo dos escores os valores foram transformados
em escala de 0 a 10, utilizando a seguinte fórmula:
X = (escore 1 a 4 do atributo X – 1) * 10/ (4-1) Fizemos
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
a seguinte correspondência entre os valores do
escore e da escala em relação a força de orientação
do atributo acesso de primeiro contato”, de 6,6 a 10
correspondeu a um valor alto, de 3,3 a 6,5 a um valor
baixo, de 0 a 3,2 a valor muito baixo. Resultados: Em
relação ao atributo acesso, das 100% das unidades
avaliadas na ARES Redenção, 83,3% tiveram um valor baixo e 16,7% um valor muito baixo. Na ARES Vila
Isabel 58,3% dos questionários foram preenchidos,
sendo que 41,7% obtiveram valor baixo, 8,3% um valor muito baixo e 8,3% um valor alto. Na ARES Aracy,
58,3% dos questionários foram preenchidos e 58,3%
obtiveram valor baixo no atributo acesso. Na ARES
Santa Felícia, em que 50% dos questionários foram
respondidos, 50% indicaram um valor baixo para o
atributo acesso. Na ARES Vila São José, 72,2% dos
questionários foram respondidos e 5,5% indicaram
um valor muito baixo, 50% um valor baixo e 16,7%
um valor alto. Conclusão: No município de São
Carlos a maioria dos serviços de atenção primária
à saúde possuem valor baixo no atributo acesso de
primeiro contato”.
AVALIAÇÃO DA SATISFAÇÃO DOS USUÁRIOS DA
ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA EM PALMITAL,
SÃO PAULO
Lislaine Aparecida Fracolli / Fracolli, L. A. / Escola
de Enfermagem da Universidade de São Paulo;
Maria Fernanda Pereira Gomes / Gomes, M. F. P.
/ Escola de Enfermagem da Universidade de São
Paulo; Mislaine Cristina Fachiano / Fachiano, M.
C. / Universidade Paulista;
A avaliação da satisfação dos usuários do Sistema
Único de Saúde (SUS) vem se tornando importante
ferramenta para os gestores de saúde, pois, avaliar
os serviços de saúde oferecidos à comunidade, contribui para planejar e construir ações mais resolutivas e direcionadas para a realidade dos clientes.
Nesse sentido ouvir a população aproxima o serviço
à realidade praticada, fortalecendo a participação
popular, e auxiliando o desenvolvimento de um
novo modelo assistencial. Com base na importância
de investigar a dimensão subjetiva da satisfação
dos usuários do SUS para construir o processo de
trabalho da Estratégia Saúde da Familia (ESF), o
objetivo desta pesquisa é verificar qual é a opinião
dos usuários do SUS sobre o atendimento realizado
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 188
pela Estratégia Saúde da Família no município de
Palmital-SP. Trata-se de uma pesquisa avaliativa
de abordagem quantitativa. O cenário de estudo foi
uma unidade de saúde da família no município de
Palmital-SP, pequeno município do interior do Estado de São Paulo que possui 22.041 mil habitantes.
Foi entrevistado 100 usuários da ESF do município
de Palmital com idade maior de 18. Os dados foram
coletados por meio de um questionário tipo Likert
que permite 4 opções de resposta ótimo”, bom”,
regular” e ruim”, as entrevistas aos usuários foram
realizadas em seus respectivos domicílios no mês
de julho de 2014. Esta pesquisa foi aprovado pelo
Comitê de Ética e Pesquisa com o nº de parecer:
788.672. Dos usuários entrevistados 46% relatam
que o serviço da ESF é ótimo e 48% refere ser bom,
nesta perspectiva parece que a maioria dos usuários
estão satisfeitos com este serviço. Em relação às
necessidades atendidas, 43% dos entrevistados referem que suas necessidades de saúde são atendidas
de maneira ótima e 47% dos usuários referem que
suas necessidades são atendidas de maneira boa.
Este estudo permitiu conhecer que os usuários da
ESF no município de Palmital estão satisfeitos com
o serviço dos profissionais de saúde e que estes
atores sociais sabem identificar pontos positivos e
negativos da sua unidade de saúde, por mais que eles
sejam menos críticos em alguns fatores, conseguem
definir o que é bom pra eles e isso é um fator que
pode contribuir para que eles possam desenvolver
melhor o controle social junto aos gestores de saúde.
AVALIAÇÃO DAS ORIENTAÇÕES SOBRE A COLETA
DE ESCARRO PARA EXAMES DIAGNÓSTICOS DE
TUBERCULOSE EM UM CENTRO DE REFERÊNCIA
DO ESTADO DO AMAZONAS
Amélia Nunes Sicsú / Sicsu, A.N. / EERP/UEA/FAPEAM; Pedro Fredemir Palha / Palha, F.P. / EERP;
Lais Mara Caetano da Silva / Silva, L.M.C. / EERP;
Jaqueline Garcia de Almeida Ballestero / Ballestero, J.G.A / EERP; Adriany da Rocha Pimentão /
Pimentão, A.R. / UEA; Maria do Socorro de Lucena
Cardoso / Cardoso, M.S.L. / UFAM; Julia Ignez
Salem / Salem, J.I. / INPA;
Introdução: A coleta adequada de escarro é essencial
para eficiência dos exames diagnósticos de Tuber-
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
culose (TB). Todavia, para a coleta nem sempre é
explicado ao paciente com clareza suficiente o que
é uma amostra adequada de escarro e como se deve
obtê-la. Para isso é indispensável à orientação pelos
profissionais de saúde, pois, via de regra, o paciente
não sabe a diferença entre o escarro proveniente das
vias aéreas inferiores daquele contaminado com
material oriundo da oro e nasofaringe. Objetivo:
Avaliar as orientações de Enfermagem sobre a coleta
de amostras de escarro em um Centro de Referência
do Estado do Amazonas. Método: Trata-se de um estudo transversal realizado no Centro de Referência
em Pneumologia Sanitária (CREPS) Cardoso Fontes
em Manaus-Amazonas. Foram avaliadas, as orientações fornecidas pelos profissionais de saúde a 74
pacientes, por meio de observação estruturante. Esta
foi realizada mediante um roteiro com as normas
preconizadas pelo Ministério Saúde do Brasil. Este
estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa
com Seres Humanos da Universidade Federal do
Amazonas, CAAE n. 0001.0.113.115-10. Resultados: O
estudo permitiu verificar a ausência de explicação
aos pacientes sobre: a importância da realização
do exame; a importância de seguir as orientações
fornecidas e questões de biossegurança durante a
coleta. As orientações se restringiram ao processo de
expectoração e ainda assim não foram repassadas a
todos os pacientes. A higiene bucal foi a orientação
mais frequente (75,7%), seguida da hidratação no
dia anterior da coleta do material (47,3%). Apenas
21,6% dos pacientes foram orientados quanto aos
exercícios respiratórios (Inspirar profundamente,
reter a inspiração por alguns instantes e soltar o
ar lentamente pela boca, Repetir o procedimento
anterior mais duas vezes. Inspirar mais uma vez,
prender a respiração o máximo possível, forçar a
tosse para liberar o catarro de dentro do pulmão),
apesar de sua grande importância para a liberação
de escarro. Conclusão: Verificou-se a reduzida frequência com que os profissionais de Saúde repassam
as orientações preconizadas para realização de uma
boa coleta de escarro.
AVALIAÇÃO DE IMPLEMENTAÇÃO DE ESTRATEGIA
DO PROTOCOLO DE CONTROLE DE TB HIV
Silvia Helena Bastos de Paula / Bastos de Paula
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 189
SH / Instituto de Saúde; Sheila Santiago / Santiago S / SESA CE; Telma Martins / Martins T /
Sesa Ce; Christiana Maria Nogueira de Oliveira /
Oliveira CMN / Sesa CE;
Introdução:A tuberculose (TB) ativa em pessoas que
vivem com HIV/AIDS (PVHA) é a condição de maior
impacto na mortalidade por AIDS e por TB no país.
Segundo o Relatório Global de Controle da Tuberculose desenvolvido pela Organização Mundial da
Saúde (OMS), em 2011, as PVHA estão 21 a 34 vezes
mais propensas a desenvolver TB ativa quando
comparadas à população geral. Frequentemente o
diagnóstico da infecção pelo HIV ocorre durante o
curso da tuberculose. Objetivo:Estabelecer fluxo de
atendimento Tuberculose/ vírus imunodeficiência
humana (TB/HIV) e redefinição da estratégia de
monitoramento do programa. Método: estudo de
campo de abordagem quanti-qualitativa, descritiva
e transversal com o intuito de conhecer e analisar
o contexto de desenvolvimento da estratégia de intervenção do Protocolo de co-infeção por TB-HIV no
estado do Ceará, no período de março a dezembro de
2015.Levantamento de estrutura e processos e grupos focais. Resultados:Considerando que a pesquisa
se dedica a verificar a implantação do protocolo no
plano local correspondendo ao nível da micro política do cuidado aos pacientes coinfectados TB HIV
considera-se um avanço neste nível a seguir: A pesquisa tem um efeito pedagógico pela sua simples implementação, pois ao questionar aspectos relativos
ao objeto da pesquisa desperta nas equipes o olhar
para algo muitas vezes relegado a segundo plano. A
coleta de dados contribuiu para que os documentos
e bancos de dados fossem utilizados pelos gestores e
informantes e com isso se produziu um olhar interno
para a questão da atenção a Tuberculose nos SAE; A
Mobilização da Rede Nacional de Pessoas HIV+ para
atuar junto dos gestores do programa de Tuberculose
e HIV/ AIDS com vistas à participação e controle
social. Conclusões:Nas visitas de monitoramento
direto nos SAE, observou-se as atividades praticas
desenvolvida pela equipe local e se avaliou qualitativamente o desempenho do trabalho individual e
coletivo.Foi possível, ainda, estabelecer e/ou ampliar
a integração das equipes gerenciais dos serviços de
saúde com as demais instancias do PCT.
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
AVALIAÇÃO DE SERVIÇOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA Á SAÚDE SOB A PERSPECTIVA DE ATENÇÃO
AO ADULTO: RESULTADOS DA APLICAÇÃO DO
QUALIAB 2014
Nádia Placideli / PLACIDELI, N / FMB-UNESP; Josiane Fernandes Lozigia Carrapato / CARRAPATO,
J. F. L / FMB-UNESP; Elen Rose Lodeiro Castanheira / CASTANHEIRA, E. R. L / FMB-UNESP;
A Atenção Primária à Saúde (APS) possui dentre seus
públicos-alvo os adultos, estes necessitam de reconhecimento da sua realidade de saúde. Iniciativas
de avaliação da APS, com enfoque nas ações para
adultos, tornam-se necessárias. O objetivo desse estudo foi identificar a organização de ações voltadas
aos adultos em serviços de APS na Rede Regional de
Atenção à Saúde- RRAS 09 do estado de São Paulo,
na perspectiva do gerente e equipe profissional, por
meio do instrumento QualiAB 2014. O universo foi
de 163 unidades de APS correspondentes á 41 municípios, respondentes ao instrumento de Avaliação da
Qualidade de Serviços da Atenção Básica- QualiAB.
No período de setembro a dezembro de 2014. Este é
composto por 126 questões de múltipla escolha, das
quais 20 são descritivas, questões que caracterizam
o serviço e 106 pontuadas correspondentes aos indicadores de qualidade em três níveis: 0 insuficiente,
1 aceitável e 2 esperado. Foi disponibilizado em
versão online. De acordo com os resultados obtidos,
referentes às questões focadas na saúde de adultos,
destacam-se três de um total de vinte indicadores.
Quanto ao indicador diversidade de ações na atenção aos adultos”: 27% dos serviços não possuem
programas específicos para adultos e 3% não atende
adultos, a maioria desenvolve ações programadas
para hipertensão arterial (88%), diabetes (85%) e
tuberculose (74%), em contrapartida apenas 25% realizam atividades planejadas sobre violência doméstica. Sobre o indicador ações de rotina em casos de
condições crônicas”: 4% dos serviços não possuem
rotina estabelecida para este seguimento e 3% não
atendem, a maioria realiza controle da pressão arterial e nível glicêmico em horários e dias específicos
ou conforme necessidade (87%), esclarecimento
e orientação para resultados de exames (79%) e
orientação de atividade física (69%), uma parcela
menor desenvolve grupos de apoio (31%) e registro
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 190
de paciente com risco diferenciado (30%). Quanto o
indicador diversidade de ações programadas para á
saúde do homem”: 15% alegaram não oferecer atividades direcionadas para essa população, a maioria
dos serviços realizam prevenção e rastreamento
de câncer de próstata e outras neoplasias (73%)
e prevenção de DST/aids (71%), menos da metade
desenvolve atividades sobre uso e dependência de
tabaco, álcool e outras drogas (44%) e apenas 16%
faz orientação sobre andropausa. Considera-se que
ações desenvolvidas pela APS aos adultos, no geral
acontecem, contudo com diversidade limitada.
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE SERVIÇOS
PAULISTAS DE ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE
SEXUAL E REPRODUTIVA
Mariana Arantes Nasser / Nasser, M.A. / Faculdade de Medicina da USP, Departamento de Medicina Preventiva, Centro de Saúde Escola Butantã;
Maria Ines Battistella Nemes / Nemes, M.I.B. /
Faculdade de Medicina da USP, Departamento
de Medicina Preventiva; Elen Rose Lodereiro
Castanheira / Castanheira, E.R.L. / Faculdade de
Medicina de Botucatu - UNESP, Departamento
de Saúde Pública; Marta Campagnoni Andrade /
Andrade, M.C. / Faculdade de Ciências Médicas da
Santa Casa de São Paulo, Departamento de Saúde
Coletiva;
INTRODUÇÃO:A saúde sexual e reprodutiva (SSR)
ganha visibilidade nos anos 1990, marcados por
ativismo social, políticas de desenvolvimento e
reuniões de direitos humanos. Para a IV Conferência Internacional de População e Desenvolvimento
(Cairo,1994) e a IV Conferência Internacional da
Mulher (Pequim,1995) a atenção primária à saúde
(APS) é nível prioritário para a SSR. No Brasil, a
APS é considerada estratégica para a SSR no Sistema Único de Saúde (SUS). OBJETIVOS:Avaliar o
desempenho dos serviços de APS do SUS paulista
em promoção da SSR, prevenção e assistência às
doenças sexualmente transmissíveis (DST)/aids e
atenção à saúde reprodutiva. MÉTODO:Avaliação
em saúde, que empregou banco do questionário
QualiAB - Avaliação da Qualidade da Atenção Básica
em Municípios do Estado de São Paulo (SP), aplicado
em 2735 serviços de 586 municípios de pequeno e
médio porte, em 2010. Construiu-se quadro avaliatiAnais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
vo para a dimensão SSR, com 99 indicadores para os
domínios promoção à SSR, prevenção e assistência
às DST/aids e atenção à saúde de reprodutiva. A
análise envolveu: média das respostas, histograma
da disctribuição dos serviços, teste de Friedman, e
comparação de Dunn. RESULTADOS:Caracterização
das ações: predomínio de atividades intra-muro,
dirigidas às mulheres e do tema reprodução sobre sexualidade; ações educativas pontuais, informativas,
ênfase em proteção específica; limites no tratamento
sindrômico de DST, na prevenção da sífilis congênita
e no rastreamento de câncer cervical e mamário;
planejamento reprodutivo com oferta maior de
preservativos masculinos, anticoncepcionais orais
e métodos definitivos; pré-natal com início precoce
e exames preconizados; melhor organização para
puerpério imediato do que tardio. A média do desempenho dos 2735 serviços na dimensão SSR é 56,84%.
A distribuição dos serviços em um histograma de
acordo com o seu desempenho gera uma curva que
se aproxima da normal. O domínio atenção à saúde
reprodutiva tem maior participação, seguido de prevenção e assistência às DST/Aids e promoção à SSR.
A análise dos resultados aponta para implementação
incipiente das ações de SSR na APS do SUS de SP.
CONCLUSÃO:O quadro avaliativo em SSR na APS gerou avaliação adequada, completa, útil e replicável,
permitindo: discriminar os serviços quanto à média
de desempenho; conhecer e discutir as ações realizadas quanto à finalidade do trabalho em SSR na APS;
formular recomendações que podem contribuir para
a gestão do programa de SSR na APS de SP.
AVALIAÇÃO DO PERFIL SÓCIOECONÔMICO,
FUNCIONALIDADE E DE QUALIDADE DE VIDA DE
DEFICIENTES VISUAIS
Isabel Aparecida Porcatti de Walsh / Walsh IAP /
UFTM; Nuno Miguel Lopes de Oliveira / Oliveira,
NML / UFTM; Shamyr Sulyvan de Castro / Castro,
SS / UFTM; Carla Cristina Esteves Silva Oliveira /
Oliveira, CCES / UFTM; Ana Flávia Prata Machado
/ Machado, AFP / UFTM; Suraya Gomes Novais
Shimano / Shimano, SGN / UFTM;
Introdução: A qualidade de vida (QV) é um dos
resultados esperados das práticas assistenciais e
das políticas públicas de para promoção da saúde.
A informação visual é muito importante quando
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 191
se considera QV, uma vez que na ausência desta,
aspectos como confiança, liberdade, segurança e
independência, podem estar diminuídos ou até mesmo ausentes. Estudos demonstram que deficientes
visuais, quando comparados a videntes, apresentam
uma QV diminuída, dificuldade em realizar tarefas
cotidianas, maior depressão e ansiedade, baixa autoestima e atitude negativa. Objetivo: Avaliar aspectos
socioeconômicos, clínicos, funcionais, prática de
atividade física, funcionalidade e qualidade de vida
em indivíduos portadores de deficiência visual (DV).
Método: Os participantes foram indivíduos portadores DV assistidos pelo Instituto de Cegos do Brasil
Central (ICBC) de Uberaba/MG. Foi confeccionado
um questionário estruturado com perguntas sobre
os dados pessoais, aspectos socioeconômicos, clínicos e funcionais. Os questionários IPAQ, Lawton
e Whoqol-bref foram aplicados. Os dados foram
submetidos a análise estatística descritiva e realizadas análises de correlação entre as variáveis.
Resultados: A amostra foi composta por 71 DV do
Instituto de Cegos do Brasil Central (ICBC), sendo
50,71% homens e 49,29% mulheres, com idade média
de 43,7±22 anos. Destes, 66,2% tinham deficiência visual parcial e 33,8% deficiência visual total. Mais de
70% da amostra não tem companheiro, 73,24% são
aposentados, 12,28% estudantes e 14,08% tem outras
profissões. 52,11% cursou somente até o 1º grau.
Quanto ao nível de atividade 85,92% da amostra foi
considerada ativa e 14,08% sedentária. Quanto ao nível de funcionalidade apenas 23,94% da amostra foi
considerada completamente independente, 63,38%
dependentes parciais e 12,68% dependentes totais.
Os resultados da qualidade de vida indicaram uma
média de 64±11 para o domínio ambiental, 67,8±14,3
para o físico, 70,8±13,7 para o psicológico, 70,9±15,5
para o social, O estado civil apresentou correlação
significativa com a QV e funcionalidade (p<0,001).
Houve de fraca a moderada correlação entre idade,
tipo de deficiência visual e escolaridade com a QV
e função e entre índices de QV e funcionais. Conclusão: Apesar de dificuldades socioeconômicas, o
acesso a uma instituição especializada parece ter
permitido aos DV ganhos funcionais e níveis razoáveis de qualidade de vida, com um equilíbrio entre
os diferentes domínios.
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE NOTIFICAÇÃO E
ACOMPANHAMENTO DOS CASOS DE TUBERCULOSE NO MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO PRETO
Tamily Eduarda Siqueira / SIQUEIRA, T.E. / Escola
de Enfermagem de Ribeirão Preto/ USP; Aline
Aparecida Monroe / MONROE, A. A. / Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP; Nathália Hálax
Órfão / ÓRFÃO, N.H. / Escola de Enfermagem de
Ribeirão Preto - USP; Lívia Maria Lopes / LOPES,
L.M. / Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto USP; Mayara Fálico Farias / FARIAS, M.F. / Escola
de Enfermagem de Ribeirão Preto; Glaucia Morandim / MORANDIM, G. / Escola de Enfermagem de
Ribeirão Preto - USP;
INTRODUÇÃO- A tuberculose (TB) é um problema de
saúde pública e para acompanhamento da doença,
o Estado de São Paulo (ESP) possui, desde 1996, um
sistema próprio para computação das informações
sobre notificação e acompanhamento dos casos
de TB, denominado TBWEB com acesso limitado
a profissionais de Vigilância Epidemiológica (VE)
(CENTRO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA/CVE,
2012). A alimentação e consulta dos dados no TBWEB
é realizada via internet e cada paciente possui um
cadastro único e diversas ferramentas de gestão da
informação (GALESI, 2007; CENTRO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA/CVE, 2012). OBJETIVO- Avaliar a completude e qualidade dos dados no TBWEB
de casos de TB notificados e em tratamentos no
município de Ribeirão Preto/SP no período de 2009
a 2012. MATERIAL E MÉTODOS- Estudo epidemiológico descritivo, do tipo levantamento retrospectivo,
com abordagem quantitativa. Como referencial metodológico foi utilizado os sistemas de vigilância em
saúde pública do “Guidelines for Evaluating Public
Health Surveillance Systems” propostas pelo Center
for Diseases Control em 2001 (CDC, 2001) e por completude, considerou-se o grau de preenchimento do
campo analisado. Depois, uma nota foi atribuída de
acordo com a classificação estabelecida: excelente
(05), bom (04), regular (03), ruim (02), muito ruim
(01), que somados e divididos pelos números de anos
observados, originou um índice geral para o período
estudado (MALHÃO et al, 2010). RESULTADOS- Com
levantamento de dados do TBWEB, identificou-se
1.006 doentes de TB que foram seguidos no municí-
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 192
pio de Ribeirão Preto no período de 2009 a 2012. Os
resultados referentes aos dados de raça/cor, escolaridade, esquema atual medicamentoso e em relação
aos exames de baciloscopia de controle realizados
durante o tratamento mostra que a baciloscopia de
escarro do 1º até o 5º mês foram todos classificados como ruim. O dado que categoriza a ocupação
manteve-se constante como muito ruim. E os dados
que mostram os exames de baciloscopia de escarro
e teste HIV, os de acompanhamento do tratamento
da TB como numero de doses e dos comunicantes
(total, examinados e doentes) e quando se refere
aos doentes de TB que precisaram de internação,
foram dadas como excelentes. Em relação aos tipos
de tratamentos e exame de cultura de escarro, os
resultados obtiveram nota regular.
AVALIAÇÃO EM SAÚDE: REVISÃO INTEGRATIVA
DE EXPERIÊNCIAS ENCONTRADAS NO SISTEMA
ÚNICO DE SAÚDE
Priscila Balderrama / Balderrama, P. / EERP-USP;
Lucieli Dias Pedreschi Chaves / Chaves, L.D.P. /
EERP-USP;
Introdução: Embora a avaliação esteja prevista
desde a Norma Operacional Básica 93, ainda não é
utilizada em toda sua potencialidade, sendo pouco
incorporada ao processo de trabalho. Sua institucionalização no âmbito do Sistema Único de Saúde
(SUS) constitui-se em uma demanda emergente e
imprescindível, fato que já ocorre em países desenvolvidos, a fim de assegurar a qualidade e a
sustentabilidade dos sistemas públicos de saúde.
Objetivo: sintetizar a produção científica nacional
sobre avaliação em saúde, no âmbito do SUS. Método: Revisão integrativa de literatura, cuja busca
eletrônica foi realizada na base de dados Literatura
Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
(LILACS), com os descritores avaliação em saúde” e
avaliação de serviços de saúde”. A seleção dos artigos foi feita considerando os critérios de inclusão:
estudos primários, em português, espanhol e inglês, entre 1988 e 2014, que descrevessem métodos
avaliativos ou avaliações de programas, serviços e
sistemas de saúde, no âmbito do SUS. A amostra final foi composta por 29 artigos, analisados em duas
etapas. Na primeira, identificaram-se dados como:
ano, periódico e local de produção. A segunda teve
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
como propósito a caracterização da publicação: foco
da avaliação, metodologia e nível de evidência científica. Resultados: Não foi encontrado nenhum estudo
até 2007, tendo o auge das publicações à partir de
2010 (76%), majoritariamente nas revistas de saúde
pública/coletiva (52%), na Região Sudeste (38%).
Duas categorias de artigos foram identificadas: os
que tratavam da realização de avaliação de programas, serviços e sistemas de saúde (86%) e os que
apenas descreviam metodologias avaliativas (14%).
Em relação ao foco da avaliação, cabe destaque aos
estudos que tratavam utilização exclusiva de dados
secundários (31%) e satisfação do usuário (31%). A
metodologia mais utilizada foi a quantitativa (76%).
De modo geral, as pesquisas na área de avaliação em
saúde são do tipo descritiva, e, portanto, com baixo
nível de evidência científica.Conclusão: a avaliação
em saúde constitui-se como um novo campo de atuação profissional, de ordem multidisciplinar, que
pode ser utilizada como instrumento gerencial no
contexto de trabalho, além de ser valiosa ferramenta para a gestão. A utilização de métodos mistos,
qualiquantitativos, com foco na análise de dados
secundários, percepção de profissionais e de usuários podem conferir maior consistência.
CARACTERIZAÇÃO DOS ACIDENTES FATAIS DE
TRÂNSITO NO MUNICÍPIO DE COARI NO AMAZONAS NOS ANOS DE 2003 A 2013
Janine Araújo da Costa; Cleber Araújo Gomes /
Costa, J.A.; Gomes, C.A. / Universidade Federal do
Amazonas;
INTRODUÇÃO: Estima-se que, anualmente, os acidentes de trânsito são responsáveis por cerca de 1,2
milhão de mortes em todo o mundo. Os acidentes
envolvendo motocicletas são os que mais ocorrem
no interior do Amazonas, pois, as motocicletas são o
principal veículo utilizado para o deslocamento. OBJETIVO: Realizar uma perspectiva histórica referente aos anos de 2003 a 2013 dos óbitos relacionados
aos acidentes de trânsito no Município de Coari - AM.
MÉTODOS: Foram coletados dados referentes aos
anos de 2003 a 2013 de Coari no Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) disponível no DATASUS.
A variável desfecho e a categoria de acidentes de
trânsito foram selecionadas a partir da classificação
determinada pelo CID-10. As co-variáveis coletadas
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 193
foram: sexo, faixa etária, estado civil e escolaridade.
Os dados foram analisados no Excel 2013, Windows
8. RESULTADOS: A média da Taxa de Mortalidade
(TM) referente a série estudada em Coari, foi de
7,6±3 ,5/100.000 habitantes. A TM por acidentes
de trânsito em Coari passou de 2,6/100.000 habitantes em 2003 para 10,5/100.000 habitantes em
2013, evidenciando um crescimento de cerca 400%
nos óbitos. Nos onze anos estudados, prevaleceu
os óbitos em indivíduos, solteiros, na faixa etária
de 20 a 39 anos e aqueles que estudaram por um
tempo inferior a sete anos. Evidenciou-se ainda que
a média da TM, no período, entre homens foi igual
11±5,6/100.000 homens, enquanto está média no
sexo feminino equivaleu a 3,9±3,5/100.000 mulheres.
Quanto às categorias a média de óbitos no período
estudado equivaleu a 7,4±4,1/100.000 em pedestres
e ciclistas, 9,04±7,3 em motociclistas, 7,1±5,9/100.000
em ocupantes de automóveis e outros acidentes
terrestres e 0,9±1,1/100.000 em acidentes por transportes por água. O percentual na série estudada
foi de 31,25% em pedestres e ciclistas, 40,62% em
motociclistas, 12,5% em ocupantes de automóveis e
outros acidentes terrestres e 15,62% em acidentes
por transporte por água. CONCLUSÃO: Os resultados
revelam aumento nas TM por acidentes de trânsito
no período estudado. Foi observado ainda que o sexo
masculino é mais vitimizado quando comparado às
mulheres. Os dados demonstraram um aumento na
categoria motociclista, levando há um alerta sobre a
relevância de uma fiscalização. Desta forma, fazem-se necessários estudos para reconhecer os fatores
associados à mortalidade no trânsito no município
de Coari e incremento de medidas que propiciem a
diminuição destes números. Palavras chave: Trafego, Mortalidade.
CLASSIFICAÇÃO DE RISCO FAMILIAR COM PRIORIZAÇÃO DE VISITAS DOMICILIARES EM UMA
UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA
Flavia Tiemi Muramoto / Muramoto, F.T. / Escola
de Enfermagem de Ribeirâo Preto - USP; Sílvia
Matumoto / Matumoto, S. / Escola de Enfermagem
de Ribeirâo Preto - USP;
Caracterização do problema:A Saúde da Família, é a
estratégia prioritária para organização da Atenção
Básica. Atua em um território específico,seu foco é
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
a família e a comunidade,onde desenvolve o cuidado
integral (BRASIL,2007). Seu principal aspecto, é a
formação do vínculo, estabelecido através da visita
domiciliar.Ela permite ações de promoção, prevenção de agravos e de vigilância á saúde, muitas vezes,
realizada sem critérios. A partir deste problema,
identificou-se a necessidade de utilizar um instrumento para prioriza-lás e assim promover melhoria
da qualidade das ações em saúde. Descrição: Os
objetivos do trabalho foram: classificar o grau de
risco familiar; implantar o instrumento na rotina
no processo de trabalho dos agentes comunitários
de saúde (ACS) e planejar as visitas domiciliares
(VD). O local de estudo foi uma unidade de Saúde
da Família do município de Bebedouro-SP, com 898
famílias e 9 microáreas distribuídas entre zona
urbana e rural. A população foi composta por todas
as famílias cadastradas. O instrumento utilizado
foi a Escala de risco familiar de Coelho e Savassi.
Os dados analisados foram as informações da ficha A, para a obtenção das 13 sentinelas de risco, e
classificação dos escores R1(risco menor, escore 5 e
6), R2 (risco médio, escore 7 e 8), R3 (risco máximo,
acima de 9)(SAVASSI;LAGE;COELHO,2012). Os ACS
foram os responsáveis pela coleta.Os dados foram
coletados nos meses de agosto a setembro de 2014 e
computados no Microsoft Office Excel 2010. Lições
aprendidas: A utilização do instrumento permitiu refletir as práticas de saúde desenvolvidas até aquele
momento, contribuiu para a mudança do processo
de trabalho, e priorizou as VD, segundo a individualidade de cada família. Assim, obtivemos os resultados: 898 famílias analisadas, sendo 833 (92,7%)
R1(risco menor), 36 (4%) R2 (risco médio) e 29 (3,3%)
R3 (risco máximo). As microáreas localizadas na
zona urbana (1 a 7), prevaleceu R1. Já as microáreas
(8 e 9), zona rural, obtiveram maior homogeneidade
dos resultados, porém a micro 8 foi a de maior risco
para R3 (18,4%) e a micro 9, apresentou maior risco
para R2 (24%). Recomendações: Recomendamos
a utilização do instrumento para priorização das
VD nas unidades de saúde da família. Acreditamos
que assim, os ACS visualizem a real necessidade da
família, e a realizem de uma forma sistematizada,
de forma a proporcionar uma assistência domiciliar
diferenciada, fortalecendo os vínculos entre os serviços de saúde e a comunidade.
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 194
CONCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE ODONTOLO- educação continuada através de treinamentos e paGIA DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE QUANTO lestras sobre biossegurança. Contudo, destacam-se
fragilidades de conhecimento e atitude diante dos
AO USO DAS PRECAUÇÕES PADRÃO
Ana Paula Mhirdaui Sanches / Sanches, A.P.M. /
UFSCar; Darlyani Mariano da Silva / Silva, D.M. /
UFSCar; Michely Aparecida Cardoso Maroldi / Maroldi, M.A.C. / UFSCar; Rosely Moralez de Figueiredo / Figueiredo, R.M. / UFSCar;
Introdução: O controle de infecção fora do ambiente hospitalar é uma fronteira no conhecimento da
área da saúde. Soma-se a esse desafio a inclusão
das práticas dos diferentes profissionais de saúde
que trabalham neste cenário, particularmente do
profissional de odontologia. Pelas características
intrínsecas do serviço odontológico, com a manipulação frequente de perfurocortante, o uso de
produtos classificados como críticos, a exposição
a sangue e o contato direto contínuo entre profissional e paciente, a adoção das precauções padrão
é essencial. Objetivo: Identificar a concepção dos
profissionais da equipe de odontologia da atenção
primária quanto ao uso das precauções padrão
em um município do interior paulista. Método:
Tratou-se de um estudo transversal, exploratório-descritivo com abordagem quantitativa, realizado
por meio da aplicação de um instrumento, validado,
com três domínios durante entrevista individual. O
estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Federal
de São Carlos (Parecer nº 311.141). Resultados: Dos
74 profissionais do município, 52 participaram
do estudo, sendo 26 odontólogos e 26 auxiliares
de odontologia. No domínio referente ao conhecimento da transmissão ocupacional do HIV, 86,5%
reconhecem que o HIV pode ser transmitido pela
boca ou pelos olhos através dos respingos de sangue
ou outras secreções de paciente portador do HIV, e
98,1% quando se trata da transmissão por objetos
perfurocortantes contaminados. Em contrapartida,
21,1% ficam em dúvida ou discordam quando se trata
da transmissão durante a realização de curativos
sem luvas. No domínio que destaca o clima de segurança, observou-se que os profissionais possuem
conhecimento em relação à importância do trabalho
em equipe, da disponibilidade, do uso e do descarte
de materiais potencialmente contaminados com o
vírus HIV, além de perceberem a importância da
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
riscos ocupacionais a que os cirurgiões-dentistas
e sua equipe estão expostos. Discussão: Os resultados permitiram avaliar que os profissionais de
odontologia entrevistados ainda possuem lacunas
na concepção sobre o uso das precauções padrão. Incentivos para programas de capacitação e educação
continuada sobre biossegurança são relevantes, uma
vez que facilitam e garantem a realização segura de
procedimentos e consequente adesão às PP.
EQUIDADE E ACESSO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE
Renata de Cassia Gonçalves / Gonçalves, R.C. /
UFSCar; Aline Guerra Aquilante / Aquilante, A.G.
/ UFSCar; Giovanni Gurgel Aciole / Aciole, G.G /
UFSCar;
Introdução: O princípio da Equidade preconiza
que todo cidadão é NÃO SOMENTE igual perante
o SUS MAS DEVERÁ SER atendido conforme suas
necessidades. O SUS deve, portanto, tratar desigualmente os desiguais. O acesso equânime significa que todos os cidadãos, independentemente de
nível socioeconômico, gênero ou etnia, devem ser
atendidos igualmente pelos serviços públicos de
saúde. Objetivos: Avaliar a qualidade da Atenção
Primária à Saúde em termos de equidade e de acesso
universal aos serviços de saúde de forma indireta
utilizando uma revisão integrativa da literatura.
Materiais e Métodos: Para este estudo, foi realizada um revisão integrativa da literatura a partir de
um levantamento retrospectivo, seleção, síntese e
ordenação de pesquisas anteriores relevantes ao
tema, permitindo reunir conclusões que articulassem resultados obtidos nos diferentes estudos. A
busca computadorizada sobre o assunto utilizou a
base de dados Scielo.com.br. Os termos utilizados
nesta busca no idioma português foram acesso aos
serviços de saúde”, equidade”, equidade no acesso” e
atenção primária à saúde”. Resultados: Nesta busca,
foram selecionados 31 artigos, dos quais 24 artigos
tiveram seus resumos incluídos para análise. Destes
últimos, 9 artigos foram selecionados para a análise.
Dentre todos os artigos analisados (100% (n=11)),
verificou-se que a população estudada foi: indivíduos em situação de rua, 18,18% (n=2), população
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 195
geral, 9,09% (n=1), gestantes, 9,09% (n=1), negros,
9,09% (n=1), portadores de tuberculose, 27,27% (n=3)
e idosos, 27,27% (n=3). Cada um dos artigos reporta
algumas dificuldades de acesso destes grupos ao
serviço de saúde. Conclusão: Em relação ao acesso
de diferentes sujeitos aos serviços de saúde, foram
encontradas algumas dificuldades e tem-se ainda
algumas expectativas de melhora no sistema.
ESPACIALIZAÇÃO DA CONTRATUALIZAÇÃO AO
PROGRAMA NACIONAL DE MELHORIA DO ACESSO E DA QUALIDADE DA ATENÇÃO BÁSICA NO
MUNICÍPIO DE PORTO ALEGRE NO ANO DE 2012
Renan de Mattos / Mattos, R. / Rede Governo Colaborativo em Saúde - UFRGS; Fabiano Barnart /
Barnart, F. / Rede Governo Colaborativo em Saúde
- UFRGS; Mirceli Goulart Barbosa / Barbosa, M. G.
/ Rede Governo Colaborativo em Saúde - UFRGS;
Alcindo Antônio Ferla / Ferla, A. A. / Rede Governo
Colaborativo em Saúde - UFRGS; Laurindo Antônio
Guasselli / GUASSELLI, L. A. / UFRGS;
Este resumo apresenta o processo adotado para
representação cartográfica da adesão das Equipes
de Atenção Básica (EAB) ao Programa Nacional
de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção
Básica (PMAQ-AB), através das ferramentas dos
Sistemas de Informações Geográficas (SIG). O
objetivo deste trabalho é representar cartograficamente a espacialização por meio da ferramenta
de SIG das EAB e dos Núcleos de Apoio à Saúde da
Família (NASF) do município de Porto Alegre que
contratualizaram ao PMAQ-AB, no ano de 2012. Para
representar a espacialização dos dados foi utilizada
uma sistematização das equipes que contratualizaram ao programa, que tiveram suas coordenadas de
Latitude e Longitude coletadas durante a etapa de
avaliação externa. A distribuição no mapa apresenta
o seguinte: EAB sem Saúde Bucal, EAB com Saúde
Bucal e, equipes de NASF. O software utilizado foi o
ArcGis 10.0 produzido pela empresa Environmental
Systems Research Institute, com o auxílio da ferramenta ArcCatalog foi possível criar e organizar as
coordenadas de latitude e longitude e com o auxílio
do ArcMap que possui função cartográfica de análise
e edição de mapas foi possível confeccionar o mapa,
utilizando o Sistemas de Coordenadas SIRGAS 2000
UTM Zone 22S e incluindo os arquivos em formato
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
shapesfiles com a área do município de Porto Alegre
e com o sistema viário da cidade, em seguida foram
importados os dados georreferenciados do PMAQ-AB. Com os dados espacializados foram feitos os
ajustes do formato para confeccionar o mapa, sendo
incluído: a legenda identificando os diferentes marcadores territoriais das EAB, a escala que dimensiona a representação do território geográfico e a rosa
dos ventos para orientação dos pontos cardeais. O
resultado foi a representação cartográfica através do
mapa georreferenciado das EAB. Dado a relevância
do PMAQ-AB como dispositivo de avaliação para qualificação das EAB e melhoria ao acesso dos usuários
nos serviços de saúde, o método de representação
cartográfica através da espacialização dos dados
gerados na fase de avaliação externa do PMAQ-AB
pode contribuir para discussões em relação a organização do processo de trabalho no programa, auxiliar
os gestores no planejamento em saúde e contribui
para visualizar a rede de atenção em saúde. A partir
dos representados cartograficamente, pode-se realizar trabalhos interdisciplinares que auxiliem na
avaliação do PMAQ-AB.
ESTUDO DA APLICAÇÃO DO SISTEMA LOCAL DE
INFORMAÇÃO EM SAÚDE NOS DISTRITOS SANITÁRIOS ESPECIAIS INDÍGENAS
Vânia Fernandes Rabelo / Rabelo, V.F. / UNIFESP;
Carlos Henrique Oliveira de Paulo / Paulo, C.H.O /
UNIFESP; Sueli Gonsalez Saes / Saes, S.G / UNIFESP;
A Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos
Indígenas, aprovada em 2002, orienta que deverá ser
organizado um sistema de informações que identifique informações que atendam às necessidades de
cada nível gerencial, fornecendo subsídios para a
construção de indicadores que avaliem a saúde e, indiretamente, a atenção à saúde, como a organização
dos serviços no Distrito Sanitário Especial Indígena
(DSEI). Em 2000 o Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena, criado no âmbito do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, foi implantado
nos 34 Distritos. Estes Distritos encontram dificuldades para garantir a coleta de dados e produção de
informações importantes para o planejamento das
ações e gestão dos serviços que atendam a realidade
local. Neste contexto, este estudo teve como objetivo
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 196
verificar a aplicação de um Sistema Local de Informação em Saúde nos DSEI. Foi realizado um estudo
descritivo por meio de revisão bibliográfica. Há uma
ausência de publicações que abordam o tema no
contexto dos Distritos. Porém, conforme os critérios
metodológicos definidos neste trabalho foram analisadas publicações referentes ao Sistema Local no
âmbito dos municípios com o objetivo de identificar
a sua aplicabilidade na saúde indígena. Os Sistemas
Locais possuem características que mostram sua
contribuição para a organização da informação
em saúde e, conseqüentemente, colaboram para a
garantia de dados epidemiológicos relevantes para
a utilização da gestão dos Distritos. No contexto do
Subsistema de Atenção á Saúde Indígena, na lógica
dos Distritos, o Sistema Local não pretende competir
com o sistema de informação padronizado no território nacional. Ele possibilita uma complementaridade das informações do sistema central e responde
as demandas locais que são bastante diferentes em
cada Distrito. Além disso, garante a padronização
dos instrumentos de coleta utilizados nos vários
espaços de trabalho da gestão local. Por fim, a aplicação do Sistema Local de Informação em Saúde nos
DSEI constitui uma das estratégias para modificar
o cenário da invisibilidade epidemiológica da saúde
indígena, possibilitando a construção de informações confiáveis, retratando a realidade sanitária do
território indígena. Esse estudo foi aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa (parecer: 726.359) da
Universidade Federal de São Paulo. Palavras-chave:
Saúde Indígena. Sistema de Informação em Saúde;
Sistema Local de Informação em Saúde; Distritos
Sanitários Especiais indígenas.
ESTUDOS ECOLÓGICOS E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA: A ANÁLISE ESPACIAL COMO
ABORDAGEM ESTATÍSTICA
José de Paula Silva / Paula Silva, José / UEMG;
Estudos ecológicos são utilizados em áreas como
a epidemiologia e possuem como particularidade,
caracterizar e estudar grupos no lugar de indivíduos. O uso de sistemas de informações geográficas ,
a promoção de saúde e estudos ecológicos podem
ser instrumentos que ao mesmo tempo permitem
a identificação necessidades de uma comunidade
inserida em uma região.. Assim, propõe-se neste
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
artigo uma revisão crítica dos últimos seis anos dos
artigos publicados em bases indexadas Nacionais,
cujo descritor principal foi: estudos ecológicos” ou
estudo ecológico”, avaliando a origem dos dados
secundários utilizados bem como quais ferramentas ou sistemas de informação geográficas foram
utilizados na metodologia dos trabalhos. Realizada
a seleção dos artigos os pontos observados foram:
fontes dos dados, realização de mapeamento, uso
de sistema de informação geográfica, local, tipo
de estudo e análise estatística. Dentre os artigos
que utilizaram sistemas de informação geográfica
(SIG), os principais softwares utilizados foram o
Terraview®, seguidos pelo ArcGis®. A escolha do
Terraview® na análise espacial é compreendida
pois em sua estrutura de processamento é possível
realizar análises de correlação espacial como o
Índice de Moran e Índice Local de Analise Espacial
(Lisa) cujo uso atualmente é consolidado em estudos
ecológicos. A essência do estudo ecológico é caracterizar grupos em uma área geográfica, o que permite
avaliar o contexto ambiental e social, que permite
uma configuração do local onde um indivíduo se
insere. Assim, estudos ecológicos necessitam de
Sistemas de Informação Geográfica, cujo uso atual
é favorecido como os recursos computacionais.
Podemos perceber porém que, muitos artigos são
classificados como estudo ecológico mas não utilização técnicas de mapeamento. Assim, em estudos
ecológicos, a análise exploratória de dados espaciais
(ESDA) pode ser empregada na analise espacial de
áreas, permitindo uma abordagem que ao mesmo
tempo consegue correlacionar uma diversidade de
fatores sociais e ambientais, bem como permitir
caracterizar as associações espaciais e revelar agrupamentos ou clusters. Por esta razão a ESDA pode
ser uma importante ferramenta a ser utilizada em
estudos ecológicos.
INDICADORES PERINATAIS – UMA FERRAMENTA
PARA AVALIAÇÃO E QUALIFICAÇÃO DAS MATERNIDADES DO SUS -BH
Simone Passos de Castro e Santos / Santos, S.P.C.
/ Prefeitura Municipal de Belo Horizonte; Sônia
Lansky / Lansky, S. / Prefeitura Municipal de Belo
Horizonte; Eliane Rezende de Morais Peixoto /
Peixoto, E.R.M. / Prefeitura Municipal de Belo
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 197
Horizonte; Liliane Aparecida Cunha / Cunha, L.A. /
Prefeitura Municipal de Belo Horizonte;
Introdução: A Comissão Perinatal de Belo Horizonte
(CPBH) é um fórum gestor interinstitucional que
tem como objetivo planejar, avaliar e monitorar a
gestão da rede integral de saúde perinatal. Uma
das suas ações é o monitoramento dos Indicadores
Perinatais” nas Maternidades do SUS-BH para subsidiar ações que promovam a melhoria na Saúde
Perinatal relacionadas à assistência e às práticas
humanizadas. Objetivo: Analisar os Indicadores
Perinatais” do SUS-BH referentes ao ano de 2013.
Metodologia: A CPBH estipulou quinze indicadores
com definição da fonte de dados, das metas a serem
atingidas e da faixa de valores com a respectiva
pontuação, baseados em evidências científicas, na
Política Nacional de Humanização (PNH) e na legislação vigente sendo eles: taxa de cesárea; taxa de
cesárea em primíparas com gestação > 32 semanas
e apresentação cefálica; atuação da enfermagem
obstétrica; presença do acompanhante; ambiência;
analgesia para parto normal; episiotomia; métodos
não farmacológicos para alívio da dor; presença de
doulas; parto em posição verticalizada; reuniões
regulares da maternidade com a atenção primária;
divulgação da estatística do serviço; Apgar <7 no 5º
minuto; contato imediato pele a pele e aleitamento
materno na 1ª hora de vida. Trimestralmente os indicadores são calculados, avaliados e discutidos junto
as maternidade e ao Gestor de Contrato da SMSA.
O repasse financeiro à maternidade é feito proporcionalmente ao alcance das metas. Resultados: Das
sete maternidades públicas, quatro atingiram mais
de 60% das metas estabelecidas para os indicadores,
duas obtiveram 40% e apenas uma obteve 100% no
final do ciclo anual de 2013. Todas as maternidades
atingiram a meta para a divulgação pública dos dados e o contato pele a pele efetivo entre mãe e bebê
no pós-parto imediato. Apenas uma maternidade
não atingiu a meta no item relacionado ao acompanhante, Doula e aleitamento. Três maternidades
apresentaram taxa de cesárea menor que 30%, uma
apresentou taxa entre 30% e 35% e três tiveram taxa
maior que 35%. Apenas uma maternidade manteve
taxa de cesárea em primíparas e parto verticalizado
em valores satisfatórios.Três serviços possuíam
quarto PPP. Conclusão: Os indicadores perinatais
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
têm colocado em pauta as boas práticas na atenção
perinatal, e têm sido um estímulo à implantação/
implementação de práticas seguras, baseadas em
evidências científicas e em consonância com a
PNH, favorecendo a redução da morbi-mortalidade
materna fetal e infantil.
METASSÍNTESE QUALITATIVA SOBRE AVALIAÇÃO
DE DESEMPENHO DE SISTEMAS DE SAÚDE
Leonardo Carnut / Carnut, L. / FSP-USP; Paulo
Capel Narvai / Narvai, P.C. / FSP-USP;
No bojo da discussão sobre o Estado gerencial, a ‘gestão por desempenho em saúde’ tem defendido a ideia
do uso de ‘modelos de avaliação do desempenho’
para mensurar (e comparar) os resultados advindos
do trabalho realizado nos sistemas de saúde como
o fim último dessas organizações. Assim, tornou-se
objetivo desse estudo identificar e analisar os modelos para avaliação de desempenho de sistemas de
saúde, registrados na literatura científica mundial
indexada em todas as bases de dados relativas ao
tema. Para isso usou-se a revisão sistemática da
literatura sobre o tema ‘avaliação de desempenho
de sistemas de saúde’ compatibilizando-a com uma
metassíntese qualitativa do tipo ‘metassumarização’. Do total de artigos (n=32), 23 artigos (71,8%)
não apresentam uma definição sobre desempenho”.
Dentre os conceitos subsidiários mais frequentes
que compõem a ideia desempenho estão o conceito
de ‘eficiência’ (11,9%), ‘qualidade’ (9,5%) e ‘efetividade’ (7,1%). O ‘dashboard’ foi o modelo de avaliação
de desempenho mais frequente, sendo encontrado
em 35,7% estudos. Apenas 25% dos estudos revisados apresentaram o modelo aplicado aos sistemas
de saúde. Neste cenário, longe de se configurarem
em ferramentas de gestão úteis à compreensão
dos sistemas de saúde, esses modelos apresentam
insuficiências que lhes comprometem a potência
avaliativa sistêmica.
MUNICIPALIZAÇÃO DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO
DE MORTALIDADE NOS MUNICÍPIOS PAULISTAS
Zilda Pereira da SIlva / Silva, ZP / FSP-USP; Gizelton Pereira Alencar / Alencar, GP / FSP-USP; Marcia Furquim de Almeida / Almeida, MF / FSP-USP;
Catia Martinez Minto / Minto, CM / Secretaria do
Estado da Saúde de São Paulo;
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 198
Introdução: O Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) é uma ferramenta importante para
diagnóstico da situação de saúde das populações, gerando conhecimento para fundamentar a gestão e o
planejamento de intervenções na área de saúde. Com
a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), os
municípios passaram a assumir novas atribuições,
como a organização e coordenação dos sistemas de
informação em saúde, bem como a utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades,
alocação de recursos e orientação programática.
Objetivo: conhecer a situação da descentralização
do SIM nos municípios paulistas. Métodos: Foi aplicado questionário eletrônico para 645 responsáveis
técnicos municipais para identificar a alocação
institucional, estrutura física, recursos humanos,
atribuições, treinamento, dificuldades e desafios
da gestão municipal do SIM. Os dados foram analisados em proporções segundo porte populacional
dos municípios. Resultados: Obteve-se resposta de
584 municípios. Predominam responsáveis técnicos
do sexo feminino (81,5%) com idade média de 39,3
anos, superior completo (78,9%), maioria de enfermeiras (64,9%), vínculo efetivo (66,1%) e com 3 anos
ou mais de trabalho no SIM (68,2%). Em 54,1% dos
municípios o SIM está alocado na Vigilância Epidemiológica. Em 24,1% há apenas 1 pessoa na equipe
e em 51,4%, duas. 83,4% relataram ter recebido
treinamento para operar o sistema, especialmente
do nível estadual. A busca ativa de óbitos é realizada por 66,4% com maior frequência nos maiores
municípios (81,1%). Em relação às dificuldades, elas
foram mais citadas pelos municípios menores, com
destaque para codificação das causas de morte e
geração de indicadores (50%). O principal uso das
informações do SIM é na pactuação de indicadores
(86,1%) e planejamento de ações (69,6%). Os itens
com avaliação de muito alto/alto benefício foram
agilização da vigilância em saúde (68,6%), melhoria
da qualidade das informações (68,6%) e disponibilidade de dados em tempo real (68,1%) com valores
mais elevados para municípios maiores. Conclusão:
O SIM está amplamente implantado nos municípios
paulistas, no entanto persistem problemas para a
operação do sistema, especialmente nos municípios
menores que merecem atenção do nível regional e
estadual. Nos maiores o SIM está consolidado. São
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
nestes municípios que há maior reconhecimento dos
benefícios da descentralização do sistema. Palavra
chave: sistemas de informação de mortalidade; descentralização; municipalização.
ÓBITOS INFANTIS: ANÁLISE DE CONCORDÂNCIA
DA CAUSA BÁSICA
Simone Passos de Castro e Santos / Santos, S.P.C.
/ Prefeitura Municipal de Belo Horizonte; Sônia
Lansky / Lansky, S. / Prefeitura Municipal de Belo
Horizonte; Lenice Hamuri Ishitani / Ishitani, L.H.
/ Prefeitura Municipal de Belo Horizonte; Elisabeth Barboza França / França, E.B / Universidade
Federal de Minas Gerais - FACMED;
Introdução: A mortalidade infantil é um importante
indicador epidemiológico e sua redução é um dos
objetivos de desenvolvimento do milênio. Os óbitos infantis potencialmente evitáveis são eventos
sentinelas que necessitam ser identificados e investigados pelos Comitês de Prevenção de Óbito a
fim de se conhecer seus determinantes e grupos de
causas. Uma ação importante é monitorar a qualidade dos dados gerados por meio da declaração de
óbito (DO) preenchida pelo médico, notadamente as
causas de morte, com o propósito de disponibilizar
informações consistentes e suficientes para orientar
os gestores na tomada de decisão ao implantar ou
implementar políticas públicas. Objetivo: Analisar
a concordância entre a causa básica da DO original
e da DO refeita após investigação pelo Comitê de
Prevenção de Óbitos de Belo Horizonte (CMPOFI).
Métodos: Estudo transversal de base populacional
com análise de 149 óbitos infantis potencialmente
evitáveis investigados pelo CMPOFI, em 2010 e
2011. A DO refeita foi preenchida por médico, sem
conhecimento prévio da DO original, baseada na
investigação. A codificação das causas de morte
foi realizada segundo as regras da CID 10 e a causa
básica foi selecionada pelo Sistema de Seleção de
Causa Básica do DATASUS. A concordância entre a
causa básica de acordo com lista reduzida de tabulação de causas de mortalidade infantil (LIR-MI), da
DO original e da DO refeita foi analisada pela concordância simples e pelo índice Kappa. Resultados:
A concordância Kappa foi fraca quando avaliada
de acordo com os grupos da LIR-MI. Houve mudanças relevantes na causa de óbito pós-investigação,
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 199
com aumento da proporção de óbitos infantis por
asfixia, fatores maternos, infecções da criança, infecções perinatais, causas externas e morte súbita
na infância. Conclusão/Recomendações: A investigação possibilitou maior esclarecimento sobre as
circunstâncias dos óbitos infantis potencialmente
evitáveis com qualificação da causa básica do óbito.
A ocorrência de óbitos por causas potencialmente
evitáveis apontam problemas no acesso e/ou na qualidade da assistência no pré-natal, parto e à criança.
Investir na constituição e manutenção dos Comitês
de Prevenção de Óbito, capacitar os médicos para o
adequado preenchimento da DO e instituir o Serviço
de Verificação de Óbito são estratégias para qualificar a causa básica do óbito, possibilitar o perfil
adequado da mortalidade por causas e subsidiar a
tomada de decisão pelos gestores.
PRIMARYQUAL: UMA FERRAMENTA GERENCIAL
PARA MENSURAR A QUALIDADE PERCEBIDA
PELOS PACIENTES DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA
FAMÍLIA
Paulo Renato Pakes / Pakes, P. R. / UFSCar; Ricardo de Carvalho Araújo / Araújo, R. C. / UNICAMP;
Brena Bezerra Silva / Silva, B. B. / UFSCar;
A pesquisa teve como objetivo propor uma ferramenta gerencial para mensuração da qualidade dos
serviços prestados em uma Unidade de Estratégia
Saúde da Família (ESF). Esta ferramenta foi denominada PRIMARYQUAL, pelo fato das ESF atuarem na
atenção primária com ações de promoção da saúde,
prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e
agravos mais frequentes, e na manutenção da saúde
das comunidades. A PRIMARYQUAL se baseia na
mensuração da qualidade percebida pelos pacientes
através da mensuração das expectativas e percepções destes em relação a atributos da qualidade
inerentes ao serviço em uma ESF. Consideraram-se
os seguintes grupos de atributos da qualidade: a)
aspectos tangíveis: questões estruturais e de pessoal, aparência das instalações e equipamentos; b)
confiabilidade: capacidade de prestar determinado
serviço com exatidão; c) segurança: conhecimento
do funcionário e sua capacidade em demonstrar
confiança; d) humanização: relacionado à empatia
e presteza, junto a outros atributos da qualidade
inerentes à atenção básica e à humanização no
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
atendimento; e) qualidade do resultado/efeito: visa
avaliar o impacto direto da ESF na qualidade de
vida dos usuários do serviço de saúde decorrentes
da ESF. A ferramenta foi revisada por especialistas
em ESF e realizou-se pré-teste junto a 8 pacientes de
uma unidade de ESF, cujas idades variaram entre 55
e 70 anos, nível de escolaridade entre fundamental
incompleto e ensino médio completo e tempo para
preenchimento do questionário de 13 a 19 minutos.
O teste-piloto permitiu validar as expectativas propostas no instrumento, tendo em vista que todos os
atributos foram considerados de alta expectativa.
Cabe salientar que a amostra por ser pequena não
seria relevante em representar a realidade dos
serviços prestados pela unidade de ESF analisada.
Apesar disso, a ferramenta foi capaz de indicar gaps
de qualidade em atributos relacionados à humanização no atendimento e confiabilidade. Apresenta-se
como principal resultado deste trabalho ferramenta
que permite a mensuração da qualidade da ESF. A
aplicação periódica da ferramenta pode mostrar
como a ESF está sendo implementada e, portanto,
pode contribuir em potencial para a consolidação
do SUS e qualificação da atenção básica de saúde
através da oferta de informações que permitam a
tomada de decisões – de gestores públicos, legisladores e profissionais de ESF - inerentes à melhoria
da qualidade dos serviços prestados à população.
PRODUÇÃO CIENTÍFICA SOBRE O USO DE TELESSAÚDE NO BRASIL - UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Daniela Dalpubel / Dalpubel, D. / Universidade
Federal de São Carlos; Érica Nestor Souza / Souza,
E. N. / Universidade Federal de São Carlos; Nathália Alves Oliveira / Oliveira, N. A / Universidade
Federal de São Carlos; Gabriela Dutra Gesualdo
/ Gesualdo, G. D. / Universidade Federal de São
Carlos; Ana Laura Costa Menezes / Menezes, A. L.
C. / Universidade Federal de São Carlos; Heloisa
Helena Robles Penha / Penha, H. H. R. / Universidade Federal de São Carlos; Silvia Helena Zem
Mascarenhas / Zem-Mascarenhas, S. H. / Universidade Federal de São Carlos; Vivian Aline Mininel /
Minine, V. A. / Universidade Federal de São Carlos;
Introdução: com o objetivo de promover apoio à
educação permanente para todos os profissionais
da área da saúde, para a promoção e proteção da
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 200
saúde, instrução ao paciente ou comunidade houve a
criação de telessaúde. Objetivo: realizar uma revisão
integrativa da literatura sobre a produção científica
de Telessaúde no Brasil nos últimos 10 anos. Método: tratou-se de um estudo de revisão integrativa
da literatura. A pesquisa foi realizada no mês de n
novembro de 2014, nas bases de dados eletrônicas
Lilacs e SciELO e BVS, através da consulta pelos
descritores: Telemedicina”; Telessaúde”; Telenfermagem”. Procurou-se por artigos apresentados na
íntegra, escritos em Português e inglês, de 2005 à
2014, com a exclusão de artigos de revisão. Resultados: a partir de seis artigos selecionados após
leitura na íntegra, foram encontrados artigos que
analisavam o uso de Telessaúde para: desempenho
em um curso de nutrição; efetividade das webconferências e videoconferência educativa;telemedicina
para interpretar exames de eletrocardiograma;
telessaúde para amamentação e ferramentas para
de ensino-aprendizagem intituladas. Tendo por limitação, o número reduzido de artigos encontrados
que descrevam essa temática, mas todos relataram
resultados positivos quando o uso de telemedicina,
tanto em ambientes hospitalares, quanto em ambientes de estudo e pesquisa. Conclusão: Os artigos
trouxeram como positivo o uso de tecnologia para
a saúde, tanto em ambientes hospitalares, quanto
em ambientes de ensino e pesquisa, mas ainda é
um tema escasso e que precisa de mais estudos que
corroboram com os já existentes.
PROGRAMA MAIS MÉDICOS: UMA ANÁLISE DA
OFERTA E COBERTURA DOS SERVIÇOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA NO ESTADO DE MINAS GERAIS
João Roberto Muzzi de Morais / MORAIS, J.R.M
/ Fundação João Pinheiro; Murilo Cássio Xavier
Fahel / FAHEL, M.C.X / Fundação João Pinheiro;
O governo federal brasileiro instituiu, em 2013, o
Pacto Nacional pela Saúde. Nele, está contemplado o
Programa Mais Médicos, que propõe ampliar a oferta
dos serviços médicos no nível da atenção primária
em saúde – APS, bem como a oferta de vagas para
os cursos de medicina e residência médica. Além
disso, o Programa objetiva implantar o segundo ciclo nas graduações em medicina e recrutar médicos
estrangeiros para postos de trabalho não ocupados
por médicos brasileiros. Nesse contexto, 22 Estados
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
brasileiros apresentavam a proporção médico por
habitantes abaixo da média nacional (1,83/1000 habitantes), e, dentre esses Estados, 05 apresentavam
menos de 1/1000 médico por habitantes, sugerindo
uma assimetria na distribuição desse profissional
no território brasileiro e sua concentração nas áreas
onde há maior oferta de serviços de saúde de média
e alta complexidade. Logo, este estudo tem como
objetivo analisar o Programa Mais Médicos no Estado de Minas Gerais para compreender seus efeitos
quanto à cobertura e oferta dos serviços médicos
na APS e entender a configuração desta a partir do
investimento no profissional médico. Para isso, o
percurso metodológico desse estudo é delineado em
dois eixos: o primeiro, propõe a pesquisa exploratória, para o levantamento de informações através
da análise documental; o segundo, mix-method,
consiste no levantamento de dados primários e secundários, pelas abordagens quantitativa (para um
mapeamento abrangente do Programa em Minas
Gerais) e qualitativa (aplicação de entrevistas semiestruturadas aos profissionais da saúde, gestores
e aos usuários dos serviços, selecionados através da
técnica de amostra intencional por julgamento). Os
resultados parciais demonstram um atendimento,
no 4º ciclo do programa, de 100% da demanda,
sendo 13235 médicos e 45,6 milhões de usuários,
frente ao 1º ciclo, onde eram atendidos 3,9 milhões
de usuários, equivalentes a 8,9% da demanda, por
1136 profissionais médicos. Além disso, mais de
75% dos médicos estão atuando em municípios de
alta vulnerabilidade social (Brasil, 2015). Com base
nesses resultados preliminares, é provável que o
Programa Mais Médicos tenha ampliado a cobertura
e a oferta de serviços médicos à população em Minas
Gerais, principalmente àquela assentada em regiões
de maior vulnerabilidade social.
PROJETO DE AVALIAÇÃO PARTICIPATIVA DO
FUTURO BACHAREL EM SAÚDE PÚBLICA
Cláudia Samesima / Samesima, C. / Faculdade
de Saúde Pública da Universidade de São Paulo;
Fausto Soriano / Soriano, F. / Faculdade de Saúde
Pública da Universidade de São Paulo; Guilherme
Cayres / Cayres, G. / Faculdade de Saúde Pública
da Universidade de São Paulo; Hector Santos /
Santos, H. / Faculdade de Saúde Pública da UniverSaúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 201
sidade de São Paulo; Marco Akerman / Akerman,
M. / Faculdade de Saúde Pública da Universidade
de São Paulo; Priscila Lira / Lira, P. / Faculdade
de Saúde Pública da Universidade de São Paulo;
Sammila Abdala / Abdala, S. / Faculdade de Saúde
Pública da Universidade de São Paulo;
Introdução: O presente trabalho pretende por meio
de uma avaliação participativa, entender qual o
perfil esperado para o futuro Bacharel em Saúde
Pública. Em ano de formatura da primeira turma
do curso de graduação em Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública da USP, esta avaliação tenta
estabelecer quais competências são julgadas fundamentais por gestores locais de saúde, docentes e
alunos do curso com relação ao perfil profissional
do egresso. Objetivos: Avaliar as competências esperadas para o futuro Bacharel em Saúde Pública
de acordo com as demandas dos diferentes atores
de interesse ao curso. Metodologia: Entrevista com
os diferentes atores com a seguinte pergunta-chave:
Quais as principais características que você julga
serem fundamentais para um bacharel em Saúde
Pública?” Inicialmente, foram entrevistados 20
alunos e 10 professores do curso e 43 gestores de
saúde do município de São Paulo. Resultados: Os
gestores trouxeram mais características relacionadas à prática e postura profissional, os professores
trabalharam mais as questões técnicas e os alunos
se preocuparam bastante com o compromisso com
a sociedade. Com relação aos campos de saberes e
práticas, os de gestão e epidemiologia foram os mais
recorrentes nas três populações ouvidas. Conclusão:
A dificuldade na coleta de dados e a complexidade
de se realizar uma avaliação participativa, seja
para achar as demandas em comum, seja para
lidar com aspectos subjetivos nos fornece apenas
uma primeira fotografia. O objetivo deste projeto é
continuar pelos anos seguintes e assim, constituir
uma série histórica que possibilite verificar com
mais fidedignidade até que ponto o curso propicia
aos alunos o desenvolvimento de competências que
serão cruciais para o mesmo já quando profissional
e atuando no mercado. Referências: RMAN, Marco;
MENDES, Rosilda; BOGUS, Cláudia Maria. É possível
avaliar um imperativo ético? Ciênc. saúde coletiva,
Rio de Janeiro , v. 9, n. 3, p. 605-615, Sept. 2004.
FERRAZ, Ana Paula do Carmo Marcheti; BELHOT,
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Renato Vairo. Taxonomia de Bloom: revisão teórica
e apresentação das adequações do instrumento para
definição de objetivos instrucionais. Gest. Prod., São
Carlos, v. 17, n. 2, p. 421-431, 2010.
RESULTADOS DA IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA DE PESQUISA PARA O SUS (PPSUS) NO
ESTADO DE SÃO PAULO
Maritsa Carla de Bortoli / Bortoli, M.C. / Instituto
de Saúde; Sonia Isoyama Venancio / Venancio,
S.I. / Instituto de Saúde - SES/SP; Tereza Setsuko
Toma / Toma, TS. / Instituto de Saúde - SES/SP;
Caracterização do Problema: As informações provenientes de investigações científicas podem e devem
subsidiar a formulação de políticas de saúde e muito
se discute sobre meios de estimular a incorporação
dos resultados das pesquisas. No Brasil, bem como
em outros países, ainda há um descompasso entre a
produção científica e a utilização de seus resultados
na definição de políticas de saúde. Nesse contexto, o Programa de Pesquisa para o SUS-(PPSUS)”,
criado pelo Ministério da Saúde, visa o desenvolvimento descentralizado de pesquisas voltadas
para a resolução dos problemas de saúde e para o
aprimoramento do SUS. O PPSUS é uma importante
estratégia a ser considerada na aproximação entre
pesquisadores e gestores e, consequentemente, no
fomento do processo de incorporação dos resultados. Descrição: Pretende-se relatar os resultados da
implementação do PPSUS no Estado de São Paulo
no período de 2004 a 2014, por meio da parceria
entre o Decit/MS, CNPq, FAPESP e Secretaria de
Estado da Saúde de São Paulo, representada pelo
Instituto de Saúde. Lições Aprendidas: Foram lançadas 5 chamadas públicas para financiamento de
projetos no período. O processo para seleção das
prioridades de pesquisa levou em consideração os
Planos Estaduais de Saúde vigentes e contribuições
do Conselho Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde da SES-SP, bem como Oficinas de
Seleção de Prioridades envolvendo múltiplos atores
(pesquisadores, gestores, COSEMS-SP e Conselho
Estadual de Saúde). Nas três primeiras chamadas os
recursos foram da ordem de 6 milhões de reais e nas
duas últimas de 8 milhões, sendo o financiamento
compartilhado entre MS e FAPESP. Receberam
apoio do Programa 204 projetos de pesquisa, nos
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 202
eixos doenças transmissíveis e não transmissíveis,
políticas e programas de saúde, gestão e gerência
do SUS e avaliação de tecnologias em saúde. Seminários de avaliação parcial e final foram realizados
em todas as chamadas, envolvendo pesquisadores e
gestores. Recomendações: Aponta-se a necessidade
de aprimorar as estratégias de aproximação entre
pesquisadores e gestores, visando à incorporação
dos resultados das pesquisas realizadas no âmbito
do PPSUS, para que possam efetivamente contribuir
para a resolução de problemas locais de saúde e gestão e subsidiar a formulação de políticas de saúde. A
estratégia dos seminários marco zero”, incorporada
nas duas últimas chamadas, envolvendo pesquisadores e gestores antes do início do desenvolvimento
dos projetos, parece promissora.
UMA CRÍTICA AO PRODUTIVISMO EM SAÚDE
A PARTIR DA ANÁLISE DOS INDICADORES DOS
MUNICÍPIOS DO ESTADO DO ACRE
Luci Maria Teston / Teston, L.M. / FSP-USP; Áquilas Nogueira Mendes / Mendes, A.N. / FSP-USP;
Introdução: A lógica financeira se estabelece no
campo da saúde e transita, por consequência, no processo de avaliação da política de saúde. Essa política
passa a ser compreendida como positiva caso venha
a alcançar determinadas metas e resultados em uma
perspectiva caracterizada por um modelo capitalista
de produção. Um instrumento comumente utilizado
na avaliação são os indicadores, os quais são objeto
deste estudo na perspectiva de que podem estar contribuindo para reforçar o processo de fragmentação
da avaliação em saúde. Objetivo: Busca-se realizar
uma crítica ao reducionismo da avaliação realizada
por um painel de indicadores de saúde estáticos, nas
dimensões de gestão e resultado. Método: Para isso,
parte-se de dados parciais de um estudo descritivo,
de natureza quantitativa, realizado por meio de análise estatística de 13 indicadores de saúde pactuados
pelos 22 municípios do Estado do Acre no ano de
2012, com dados fornecidos pelo Relatório Anual de
Análise do Desempenho das Metas dos Indicadores
de Saúde do Estado do Acre. Após a coleta dos dados
foi aplicado método estatístico por meio de análise
fatorial para identificar o conjunto de indicadores
mais significativos. Os cálculos foram realizados
por meio do software SPSS versão 17.0. Resultados:
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
As análises demonstraram um processo de fragmentação de indicadores que reforça a perspectiva
reducionista em que está inserida a avaliação em
saúde. Como exemplo, pode ser citado o indicador
“média da ação coletiva de escovação dental supervisionada”, o qual, mesmo considerado um indicador
periférico, ganha grande peso na análise estatística,
o que reforça a sua fragilidade, enquanto que “proporção de casos de doenças de notificação compulsória (DNC) encerradas após notificação”, bem como
“proporção de óbitos infantis e fetais investigados”
apresentam menor relevância estatística. Conclusão: O trabalho critica essa fragmentação e essa
instrumentalização de ferramentas. Evidencia-se a
natureza contraditória da política de avaliação em
saúde: de um lado busca fazer saúde, mas de outro
vivencia-se um processo no qual a lógica da política
e dos direitos está, cada vez mais, inserida em um
processo mecanicista. Entende-se da necessidade de
se construir um processo alternativo de avaliação
como elemento vital para um sistema de saúde que
se propõe democrático, civilizatório, emancipatório
e republicano.
UTILIZAÇÃO DO ON MAPS NA QUALIFICAÇÃO DE
DIAGNÓSTICO TERRITORIAL
Melissa Lorenzo Prieto de Souza / Souza, M.L.P. /
Instituto de Responsabilidade Social Sirio Libanes; Francies Regyanne Oliveira / Oliveira, F.R. /
Instituto de Responsabilidade Social Sirio Libanes; Ana Paula Neves Marques de Pinho / Pinho,
A.P.N.M. / Instituto de Responsabilidade Social
Sirio Libanes;
Caracterização do Problema: O estudo parte da
necessidade de descrição do território da região
central da cidade de São Paulo composto por 9
distritos administrativos e população de 459.965
habitantes para elaboração de proposta técnica de
gerenciamento de serviços públicos municipais .
Para qualificação do projeto fez-se necessário o emprego de ferramenta que agregasse informações diferenciadas a respeito da área de estudo. Descrição:
foi utilizada a base de dados do IBGE; da Fundação
SEADE e do Ceinfo da SMS. Além disso, buscamos
dados no On maps, uma plataforma de inteligência
geográfica que reúne informações sociodemográficas e de mercado, utilizado com maior frequência em
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 203
pesquisas mercadológicas. Nosso uso resultou em
informações mais precisas sobre a base territorial.
De acordo com os mapas construídos verificou-se: os setores censitários que concentram maior
quantidade de moradores por domicílio ocupado
estão nos distritos administrativos do Bom Retiro,
Cambuci e também na Consolação e Barra Funda;
dentre os distritos de estudo, a Sé é o único que
terá crescimento que o mudará na classificação de
intervalo de densidade. A projeção aponta que estará
entre 24 distritos que terão entre 13.000 a 19.000
habitantes/km2 Quanto aos índices de verticalização observa-se que os distritos que apresentam os
maiores percentuais de apartamentos como tipo
de moradia são os que possuem maior índice de
verticalização: República, Consolação, Bela Vista,
Sé e Santa Cecília. A sobreposição dos mapas de
verticalização e densidade de renda total por setor
censitário apontou as diferenças entre os distritos,
a saber: Bom Retiro, Sé e República possuem áreas
com alta verticalização, porém com baixa densidade
de renda total, no Cambuci as áreas com alta verticalização também possuem alta densidade de renda
total e estão localizadas nas proximidades do Parque
da Aclimação e no distrito Santa Cecília a maioria
dos setores censitários com alta verticalização
possuem também alta densidade de renda, exceção
observada nos setores censitários do entorno da
Avenida Rio Branco e na divisa com o distrito do
Bom Retiro que concentram inúmeras ocupações,
pensões e cortiços. Lições Aprendidas: diagnóstico
em saúde deve ser aprimorado constantemente com
o uso de ferramentas que nos auxiliem na programação de ações de cuidado. Recomendações: o emprego
da plataforma, disponibilização das informações
aos profissionais e incorporação das ferramentas
tecnológicas no dia a dia dos serviços.
UTILIZAÇÃO DO PAINEL DE MONITORAMENTO NA
REGIÃO SUL DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, 2014
Suzana Abreu Funári de Arruda Penteado / Penteado, S.A.F.A. / Supervisão Técnica de Saúde Santo
Amaro/Cidade Ademar; LÍLIAN MARIA ORFEI
ABE / Abe, L.M.O. / COORDENADORIA REGIONAL
DE SAÚDE SUL; Elaine Pereira da Silva / Silva,
E.P. / Supervisão Técnica de Saúde Campo Limpo;
Maria Aparecida Akiko Okada / Okada, M.A.A. /
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Supervisão Técnica de Saúde Parelheiros; Maria
Regina Rossi / Rossi, M.R. / Supervisão Técnica
de Saúde Capela do Socorro; Roberto Tolosa Júnior
/ Tolosa, R.J. / COORDENADORIA REGIONAL DE
SAÚDE SUL; Maria Cristina Pereira Pinto / Pinto,
M.C.P. / Supervisão Técnica de Saúde Santo Amaro/Cidade Ademar; Liliane Evangelista Ferreira /
Ferreira, L.E. / Supervisão Técnica de Saúde M‘Boi
Mirim; Elizabeth Ereche / Ereche, E. / Supervisão
Técnica de Saúde Capela do Socorro;
Caracterização do problema - O Painel de Monitoramento da situação de saúde e da atuação dos
serviços de saúde da Secretaria Municipal de Saúde
de São Paulo – SMS SP disponibiliza 86 indicadores a serem acompanhados pelas Coordenações de
Epidemiologia e Informação – CEInfo. Os indicadores que apresentam desempenho insatisfatório
apontam situações de atenção, alerta ou críticas,
que devem ser analisadas por CEInfo em conjunto
com as diferentes equipes técnicas das Supervisões
de Saúde - STS, para proposição de ações que as
modifiquem, para melhoria das condições de saúde.
Descrição – Durante 2014, devido ao processo de
revisão e atualização dos indicadores por SMS SP,
a CEInfo da Coordenadoria Regional de Saúde Sul e
das cinco STS de sua área, Campo Limpo, Capela do
Socorro, M’Boi Mirim, Parelheiros e Santo Amaro/
Cidade Ademar promoveram encontros com interlocutores regionais de cada uma das áreas temáticas:
Saúde da Criança, Mulher, Adulto, Idoso, Bucal,
Mental, Regulação, SUVIS e Farmácia para avaliação
e discussão dos indicadores, visando inclusão de
novos ou exclusão dos considerados não essenciais
e aproveitaram para realizar simultaneamente, em
conjunto, a análise das situações de saúde evidenciadas pelos mesmos. Para aprofundamento dessa
análise foram utilizados outros aplicativos, Perfil
Dinâmico da Saúde no Município de São Paulo, Tabnet em suas diversas bases de dados: Sistema de
Informação de Nascidos Vivos (SINASC), de Mortalidade (SIM), Hospitalar (SIH); de Agravos de Notificação (SINAN WEB), Registro de Câncer de São Paulo.
Lições Aprendidas – A abordagem conjunta CEInfo e
Atenção Básica, representada pelas diversas áreas
temáticas, proporcionou análise aprofundada das
situações apontadas pelos indicadores, compartilhando conhecimentos tanto técnicos para sua in-
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 204
terpretação, como específicos dos diversos ciclos de
vida e programas prioritários de SMS SP, levando à
formulação de propostas de ações para melhoria dos
indicadores em situação desfavorável. Destacamos
como ponto positivo essencial, a integração alcançada pelos CEInfo com a Atenção Básica no processo de
elaboração de propostas para melhoria da situação
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
de saúde na região. Recomendações – Para que as
ações sugeridas sejam realmente implementadas
faz-se necessária continuidade do processo de análise conjunta, periodicamente, verificando a viabilidade de sua aplicação e se seu resultado está sendo
efetivo, o que está programado para desenvolver-se
ao longo do ano de 2015.
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 205
Poder, Políticas e Movimentos Sociais
A FORMAÇÃO DE LIDERANÇAS A PARTIR DO PERITO, R. V. / Mestrando na Faculdade de Saúde
TRABALHO DE TERAPIA COMUNITÁRIA - PROJETO Pública/USP;
Este trabalho sistematiza o significado da saúde
VOCÊ É ESPECIAL
João Munhoz / Munhoz, J. / ACCB; Kenya Paula
Gonsalves da Silva / Silva, KPG. / USP; Rosemeire
Bispo da Silva Pereira / Pereira, R.B.S / ACCB;
O trabalho em questão discorre sobre uma experiência de diálogo, escuta e valorização dos saberes
e experiências da comunidade a partir do desenvolvimento de Terapia Comunitária - Projeto Você
é Especial - e tem como principal objetivo relatar
o movimento de formação de lideranças na comunidade a partir do desenvolvimento do Projeto em
questão. Um dos autores é psicólogo, desenvolve
Terapia Comunitária há aproximadamente 25 anos
e no decorrer do desenvolvimento do Projeto, vem
buscando refletir sobre a contribuição do trabalho
para a formação de lideranças na própria comunidade. Dessa maneira, no início do ano de 2015 foram
identificadas as lideranças dos grupos de Terapia
Comunitária, a partir do diálogo e envolvimento
dos participantes dos grupos e iniciado um processo de formação mensal, troca de experiências e
organização das atividades a serem desenvolvidas
no mês seguinte. Os encontros de formação envolvem a realização de leituras, estudos, trabalho em
subgrupos, dinâmicas, aprofunda mento de conteúdos, sistematização, avaliação além de tomada de
decisões coletivas sobre o andamento dos trabalhos.
A realização dos encontros de formação, voltados
para o estudo e fortalecimento das lideranças tem
se constituído como momentos de rica troca de experiências e crescimento para os participantes que
têm demonstrado resultados no âmbito do trabalho
comunitário e também na vida pessoal e noutras
esferas de atuação.
A SAÚDE SOB A LÓGICA DA FORMA MERCADORIA: UMA ANÁLISE PARA ALÉM DA PALAVRA DE
ORDEM
Áquilas Mendes / MENDES, A / Professor Dr.Livre-Docente de Economia da Saúde da Faculdade de
Saúde Pública da USP.; Rogério Vincent Perito /
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
sob a lógica da forma mercadoria, porém, trata-se
de uma sistematização para além da palavra de
ordem que se escuta nos fóruns de defesa da saúde
pública. A tensão entre a saúde como direito humano
e a saúde sob a lógica da forma mercadoria merece
uma análise com um pouco mais de cuidado e rigor.
Destaca-se o momento marcado por ataques contra a saúde sob a lógica do direito, como a recente
aprovação da Lei nº 13.097/2015, que permite a
participação do capital estrangeiro na promoção de
serviços diretos e indiretos de saúde e aprofunda a
lógica do espaço da saúde como lugar de realização
de acumulação privada de capital. No entanto, o objetivo deste trabalho não é se debruçar sobre o marco
regulatório do Sistema Único de Saúde, mas refletir
sobre um movimento geral que subsumi a saúde sob
a lógica dos imperativos de mercado. A hipótese é
que a saúde sob a lógica da forma mercadoria não
é algo novo na história do capitalismo e muito menos algo conjuntural. Procuraremos desenvolver
a ideia de que a saúde acompanhou os processos
históricos de transformação do capitalismo desde
a sua gênese. Apresentamos o cenário histórico em
que a saúde ingressa no terreno da modernidade
sob a racionalidade da realização de valor. Assim, o
advento da saúde subjugada pela racionalidade do
capital não é um episódio novo, o esfacelamento do
modelo do Estado Social não é o ponto de inflexão
que inaugura uma nova racionalidade na saúde, mas
apenas a retomada da hegemonia de uma racionalidade que já estava marcada no DNA” da saúde que
nasceu na modernidade capitalista. Nossa segunda
hipótese é que a crise iniciada nos anos 1970, após
o ciclo virtuoso dostrinta anos gloriosos, pode ser
explicada pela lei tendencial da queda da taxa de
lucro. Em resposta à crise, os administradores do
modo de produção capitalista implementaram a
razão neoliberal como causa contrariante à lei. A
essência desse movimento é um esforço de retomada
nos níveis de realização de valor e acumulação de
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 206
capital, exigindo grandes sacrifícios sociais, entre
eles a transformação de direitos sociais, como saúde,
em unidades contraditórias de valor de uso e valor
de troca – a forma mercadoria.
A VIOLENCIA E OS PROFISSIONAIS DA SAÚDE NA
ATENÇÃO PRIMÁRIA
Fledson de Sousa Lima / Lima,F.S. / Faculdade de
Medicina ABC; Vânia Barbosa do Nascimento /
Nascimento,V.B / Faculdade de Medicina ABC;
Apresentação: O escopo deste estudo e relatar de que
formas os profissionais de saúde da Estratégia Saúde da Família e o Núcleo de Apoio à Saúde Família
mediante as Politicas Nacional no enfrentamento à
Violência na prevenção e promoção e como abordam
as pessoas vitimadas. Objetivos: Averiguar o modo
de atuação dos Profissionais da Estratégia Saúde da
Família frente a situações de violência no território
tendo como referência a Politica Municipal de São
Paulo no Combate a violência. Metodologia: O método escolhida e a pesquisa qualitativa que busca
revelar a subjetividade existente nos discursos.As
entrevistas serão realizadas entrevista com proposições semi-estruturadas após aquiescência dos
profissionais por meio do termo de consentimento
livre e esclarecido seguindo a normas de pesquisa
com seres humanos do Conselho Nacional de Saúde
(CNS), atendendo a Resolução 466/12. Resultados:
Os resultados preliminares é que a um desconhecimento das legislação vigentes no enfrentamento
da violência no serviço de saúde, quanto ao fluxo
de notificação e possíveis encaminhamentos para
outros dispositivo de saúde. Existe um medo velado
vivenciado pelo profissionais de saúde na notificação e denuncia de casos de violência. O despreparo
na abordagem da agressão sutil e a falta de investimento nos gestores e educação permanente na
temática. Conclusões/Considerações: Consideremos
previamente que o despreparo dos agentes de transformação na saúde encontra-se desguarnecidos dos
dispositivos legais e institucionais no enfrentamento e no combate a violência e um silêncio que revela
a dificuldade de compartilhar e trabalhar em rede e
que ora entendido como medo, porém necessidade
de aprofundamento nas questões subjetivas das
categorias em questão.
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
ACESSIBILIDADE E FUNCIONALIDADE: ANÁLISE
DA GESTÃO DE UM CONDOMÍNIO EXCLUSIVO
PARA IDOSOS DE BAIXA RENDA
Fernanda Beatriz Silva / SILVA, F. B. / Universidade Federal de São Carlos; Luzia Cristina Antoniossi Monteiro / MONTEIRO, L. C. A. / Universidade
Federal de São Carlos;
INTRODUÇÃO Com o aumento da expectativa de vida
e o número de pessoas idosas, tem sido crescente
a demanda de idosos morando sozinhos no Brasil.
Segundo o IBGE, em 1992 o número de idosos morando sozinhos era de 1,2 milhões e em 2012 esse
número passou para 3,7 milhões, totalizando 215%
de aumento. O direito à moradia está previsto na
Constituição Federal entre os direitos sociais do ser
humano e, para as pessoas de baixa renda, a conquista desse direito depende da intersetorialidade e
da articulação de políticas públicas habitacionais e
sociais. Portanto, é fundamental que o Poder Público tenha a iniciativa de implementar modalidades
habitacionais específicas para esta população, como
é o caso do Núcleo Habitacional Recanto Feliz, em
Araraquara SP - vinculado à Secretaria de Desenvolvimento e Assistência Social do município - que
oferece o serviço de moradia assistida para idosos
com renda de até um salário mínimo, vínculos familiares enfraquecidos e/ou inexistentes e capacidade
de autocuidado, que estavam há mais tempo na lista
de espera no cadastro geral de demanda habitacional
do município, em situação de alta vulnerabilidade.
OBJETIVO Analisar a gestão realizada no Núcleo
Habitacional Recanto Feliz e verificar, sob o ponto
de vista dos gestores, quais são os aspectos sobre
a acessibilidade do espaço e a funcionalidade dos
moradores. MÉTODOS Trata-se de um estudo de
caráter transversal qualitativo, com a aplicação de
entrevistas semiestruturadas com os gestores do
condomínio, análise de conteúdo e revisão bibliográfica. RESULTADOS Os resultados apontam a
necessidade de aperfeiçoamento técnico dos gestores no que tange conhecimento e aplicabilidade dos
preceitos relacionados à acessibilidade nos locais
de moradias para idosos, relacionada diretamente à
funcionalidade e saúde dos moradores. Apontam ainda, a necessidade de treinamentos e qualificações na
área de gerontologia de acordo com a área de atuação
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 207
deste modelo habitacional, que pode ser realizado
através de parcerias, por exemplo. CONCLUSÃO O
modelo habitacional estudado é ideal para a análise
das práticas do setor público sobre o envelhecimento
populacional, pautando-se na intersetorialidade
para a garantia dos direitos sociais fundamentais.
Portanto, estudar a sua gestão colabora com as discussões sobre os desafios que o planejamento das
cidades pode vir a enfrentar frente a esta demanda.
ALGUNS ASPECTOS HISTÓRICOS DO TRABALHO
VOLUNTÁRIO NA ÁREA DA SAÚDE
Siomara Roberta de Siqueira / Siqueira SR / Instituto de Saúde, SES/SP; Elma Lourdes Campos Pavone
Zoboli / Zoboli ELCP / Escola de Enfermagem - USP;
REALIZAÇÃO: Doutorado em andamento na área de
enfermagem. OBJETIVO: Apresentar a formação do
voluntariado em âmbito nacional na área da saúde
. METODOLOGIA: Revisão em diferentes bases de
dados Web of Science, Scopus, Biblioteca Virtual e
Saúde. Os textos utilizados foram os de acesso gratuito. Utilizamos o editor de texto Endnotweb para
verificar as duplicidades. Após esta etapa, obtivemos
cerca de noventa materiais entre artigos científicos,
livros, teses e artigos de jornais disponíveis on-line
ou impressos. Todo material foi lido na íntegra.
Resultados: A partir do Cristianismo, a caridade
ganha maior significado. A ideia de salvação pelas
obras que os homens realizam durante sua vida é
básica para entender as origens do voluntariado,
cujas ações são em grande parte, ajuda às pessoas
carentes com bens materiais concretos, como dinheiro, alimentos, roupas e alojamentos. Em tempos
remotos seria o grupo familiar que cuidava dos
membros pequenos, enfermos, deficientes e órfãos
(Hudson, 1999). No Brasil, a história da prática da
filantropia e do voluntariado marca-se pelos propósitos e estilo dos colonizadores portugueses (Ortiz,
2007). Em sua origem, as ações assistencialistas
encontram-se quase que totalmente vinculadas à
Igreja Católica (Arantes et al., 2011, p. 227). O Estado
e a Igreja desenvolveram desde o início a assistência
hospitalar aos enfermos (Mesgravis, 1972). Em 1908
criada a Cruz Vermelha Brasileira. Na década 1930,
o Estado passou a desenvolver políticas públicas
à assistência social entidades voluntárias: Legião
Brasileira de Assistência, o Projeto Rondon e outras
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
(Ferrari, 2010). A partir dos anos 1990, o trabalho
voluntário cresceu e passou a se tornar um forte
movimento na sociedade. Ganha status legal, que
o insere numa certa ordem social” (Ferrari, 2010).
Conclusões: Vinculada com a religião, o modelo
do voluntariado no Brasil, difundiu-se embasado
nos preceitos religiosos, sendo desde o seu início
associado à caridade e ao humanitarismo (Souza,
2008). Entretanto, ultimamente, tem se tornado
cada vez mais expressão de uma ética da solidariedade e participação cidadã. A motivação por valores
de caridade, compaixão e amor ao próximo começa
a ceder espaço para a motivação por valores de
cidadania, participação responsável, consciente e
comprometida com a comunidade. Os indivíduos e as
instituições têm feito este movimento de mudança
(Cavalcanti et al, 2010).
ALIMENTAÇÃO, SOBERANIA POPULAR E MOVIMENTOS SOCIAIS NO ÂMBITO DA COOPERAÇÃO
BRASIL E MOÇAMBIQUE - NOTAS DE PESQUISA
André Luzzi de Campos / CAMPOS, André Luzzi. /
Faculdade de Saúde Pública - USP;
Introdução- Analisamos neste estudo atuação dos
movimentos sociais no contexto das relações com
Brasil nas áreas de alimentação e agricultura frente
às transformações recentes ocorridas em naquele
país a partir do processo de abertura econômica
que vem ocorrendo. Verifica-se no âmbito das relações internacionais uma gestão política que busca
satisfazer às demandas das empresas nacionais
e transnacionais na perspectiva do crescimento e
estabilidade econômica. Estas forças concorrentes
acabam contribuindo para fenômenos que dificultam a consolidação da agenda da soberania alimentar. O estudo procura reconhecer as interfaces entre
alimentação e poder. A investigação traz uma crítica
a conceitos como desenvolvimento socioeconômico
e soberania alimentar. Objetivo Geral: Analisar os
movimentos sociais em Moçambique no contexto
da implantação de programas de alimentação e
agricultura por meio da cooperação internacional
entre o Brasil e Moçambique. Método: Trata-se de
pesquisa social exploratória que integra diferentes
procedimentos metodológicos. O estudo se apoia
nas referências teórico-metodológicas da pesquisa
social de caráter qualitativo. Foram realizadas duas
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 208
visitas técnicas em Moçambique para preparação do
campo e uma missão para realização de entrevistas.
Foi adotado o método da entrevista compreensiva.
Resultados: Para os entrevistados a soberania alimentar vincula-se à perspectiva campesina tendo
como referência às práticas seculares e a autonomia
do indivíduo e seu povo de produção e consumo
alimentar. A definição incorpora a sociabilidade
emancipatória, que traz a perspectiva de relações
internas de solidariedade ao nível da comunidade.
Essa insígnia traduz-se na alternativa concreta de
implantação da agroecologia, por exemplo. Entre os
temas que compõem a agenda política dos coletivos
sociais estão o direito à terra e a denúncia ao processo de usurpação, acesso às sementes nativas, agroecologia, corporações transnacionais, megaprojetos
e gênero. 5. Conclusão: A cooperação internacional
investimentos brasileiros têm produzido impactos
negativos na região. Contudo, a atuação dos diferentes coletivos tem contribuído para o adensamento
da discussão política sobre soberania alimentar,
ampliando sua conceituação e, ainda, fortalecer uma
relação solidariedade internacional das práticas de
resistência à disseminação de modelo de desenvolvimento e cooperação excludente e predatório.
ANÁLISE DISCURSIVA DOS PROFISSIONAIS DE
SAÚDE SOBRE A INOVAÇÃO DA ESTRATÉGIA
DOTS NO TRATAMENTO DA TUBERCULOSE EM
MOÇAMBIQUE - ÁFRICA
Fernando Mitano / Mitano, F. / EERP-USP; Catiucia de Andrade Surniche / Surniche, C.A. / EERP-USP; Laís Mara Caetano da Silva / Silva, L.M.C
/ EER-USP; Amélia Nunes Cicsú / Cicsú, A.N. /
EERP-USP; Pedro Fredemir Palha / Palha, P.F. /
EERP-USP;
Introdução: A estratégia do Tratamento Diretamente Observado de curta duração, do inglês Directly
Observed Treatment Short-Course (DOTS) para o
controle da tuberculose (TB) foi recomendada a
partir da década de 1990 pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Tratando-se de uma política,
a implementação do DOTS em qualquer país, envolve a transferência de objetivos, paradigmas,
ideias, leis, valores, políticas e práticas. Assim,
por ser uma política concebida em local diferente
do da aplicação, a sua implantação requer alguma
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
inovação que desempenhe um papel importante
na implementação, manutenção da estratégia e no
combate da TB. A TB constitui uma das doenças que
mais causa mortes em Moçambique. A partir do ano
de 2006, Moçambique declarou a TB como emergência nacional, implementou e expandiu o DOTS
para todo o país. Objetivo: Compreender os sentidos
produzidos a partir dos discursos dos profissionais
de saúde sobre a inovação do DOTS. Método: Trata-se
de um estudo qualitativo que recorre ao referencial
teórico metodológico da análise do discurso (AD)
de matriz francesa. A AD procura compreender os
sentidos produzidos pelas sequências discursivas
dos sujeitos enquanto elementos interpelados por
uma dada ideologia, e, em cujos discursos estão
inscritos numa determinada formação discursiva.
Foram entrevistados 18 sujeitos entre enfermeiros,
médicos e gestores com mais de 2 anos de serviço.
O estudo ocorreu em Moçambique, no Ministério
da Saúde e nos distritos da província de Nampula.
A pesquisa foi aprovada pela Comissão Nacional de
Bioética para Saúde de Moçambique. Resultados:
Tendo em conta as condições de produção, as formações discursivas, e o contexto sócio-histórico onde
ocorreram as entrevistas, as sequências discursivas
dos sujeitos apontam a existência de vários sentidos
sobre a inovação de DOTS. Dentre elas, destacam-se:
a participação dos Agentes Comunitários de Saúde;
participação da família no tratamento do doente;
envolvimento de líderes comunitários na busca dos
sintomáticos respiratórios, reuniões constantes com
as comunidades promovidas pelos profissionais de
saúde e o deslocamento de profissionais de saúde
com microscópio e escarradores aos locais mais
longínquos da unidade sanitária para testar os
suspeitos de TB. Conclusão: Este estudo permitiu
compreender que a implementação do DOTS requer
inovação para a universalização da cobertura na
detecção de casos e tratamento.
CUIDADO DE SI: ESTUDO HISTÓRICO-FILOSÓFICO
SOBRE A CONSTRUÇÃO DA SAÚDE
Anna Paula Matos de Jesus / JESUS, A. P. M. /
UEFS; Suani de Almeida Vasconcelos / VASCONCELOS, S. A. / UEFS; Márcio Costa de Souza /
SOUZA, M. C. / UNEB; Paula Muniz do Amaral /
AMARAL, P. M. / UEFS;
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 209
Para compreender o sujeito e as suas condutas
na sociedade faz-se necessário refletir, abordar,
discutir uma perspectiva social e ampla. Por isso,
é relevante estudar o indivíduo inserido em um
grupo e não apenas isoladamente. A ação desse Ser
Social no tempo é objeto de estudo da História e é
através dela que se tem uma melhor compreensão
da existência, como por exemplo o surgimento do
ideal de saúde.O presente trabalho propôs analisar
o trajeto da construção do Cuidado de si” dentro de
uma abordagem histórico-filosófica utilizando A
hermenêutica do sujeito” de Michel Foucault para
nortear a construção dessa perspectiva evolutiva,
mostrando como se apresenta as estruturas de poder
até a contemporaneidade já que a apropriação das
relações vivenciadas dentro da sociedade, corrompe
a forma de percepção da vida. Foi utilizada como
ponto de partida a obra Foucaultiana fazendo uma
reflexão sobre o conceito de saúde, sendo sujeito do
conhecimento e também foram abordados outros
autores (VEIGA-NETO, 2008). Que comungam do
mesmo ponto de vista, para reforçar a compreensão das bases lógicas da investigação. O estudo
apresenta como resultados a importância das reflexões de Foucault sendo a forma como o indivíduo
interpreta erroneamente esse cuidado, vinculado
às concepções do poder disciplinar e o Momento do
Cartesianismo” que foi a tendência de ver o corpo
sendo cárcere da alma. Assim, é necessário repensar
as práticas, revendo conceitos que muitas vezes são
desconstruídos ao longo do tempo mais que tem sua
utilidade. A contribuição desse estudo se dá por meio
da reflexão, tornando o ser capaz de refletir sobre si
sem que se torne objeto de manipulação do poder,
tendo autonomia diante de suas escolhas sobre uma
nova perspectiva de mundo.
ECONOMIA POLÍTICA DA SAÚDE: AS DIFERENTES
FUNÇÕES SOCIAIS DA SAÚDE PÚBLICA
Ligia Schiavon Duarte / Duarte, L.S. / Faculdade
de Saúde Pública - USP;
Introdução Entende-se por economia política da saúde no presente estudo a compreensão das relações
capital-trabalho no âmbito do setor saúde. Os avanços do capitalismo, com intenso desenvolvimento
das forças produtivas, estrutura novas formas de
inserção da questão da saúde nas relações sociais
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
e influenciam as ações do Estado. Se ao longo do
desenvolvimento capitalista as políticas de saúde
pública assumem diferentes funções com o intuito
de promover a expansão das relações hegemônicas
sociais, mudanças nas lógicas de funcionamento da
sociedade também acarretarão transformações nas
funções das políticas de saúde. Considerando o atual
momento histórico do capitalismo financeirizado,
cabe compreender o papel que as políticas de saúde
assumem em países de economia periférica, como
é o caso do Brasil. Objetivo O trabalho tem como
objetivo sistematizar as diferentes funções da políticas de saúde pública ao longo do desenvolvimento
capitalista, tais como; controle social, sobretudo
para propiciar a circulação das mercadorias e a
segurança das classes dominantes; apaziguar conflitos sociais, a medida que busca atender a algumas
demandas da classe trabalhadora; e a manutenção e
reprodução da força de trabalho; espaço de valorização do capital. Resultado e conclusão Considerando
o atual momento do capitalismo financeirizado,
que decorre da crise de superprodução gestada na
década de 1970, mais do que um setor de atividade
produtiva, as políticas de saúde são operadas para
possibilitar a saúde como espaço de valorização
financeira do capital.
FORMAÇÃO POLITICA E SOCIAL PARA ESTUDANTES DA AREA DA SAÚDE
Normalene Sena de Oliveira / OLIVEIRA, N. S. /
UFG -Regional Catalão; Jacqueline Rodrigues de
Lima / LIMA,J.R / UFG - Goiania; Elma Valeria Lopes / LOPES,E.V / UFG - Regional Catalão; Augusto
Cesar da Fonseca / FONSECA,A.C / SMS - Catalão;
Caracterização do problema: Através do projeto
de extensão formação histórica, política e social
de estudantes universitários da área da saúde em
parceria com a Universidade do Estado do Rio de
Janeiro propomos aos estudantes de graduação da
área da saúde de uma Universidade Publica Federal
do Sudeste Goiano, interessados nas atividades
de extensão universitária de caráter popular com
ênfase na história de luta pelos direitos sociais no
Brasil e na participação popular no sistema único de
saúde (SUS) com reflexões do processo de inclusão
de adolescentes, jovens e adultos nas Universidades públicas e a busca de superação e autonomia
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 210
do cidadão neste novo cenário que perpassam pela
relação entre a Universidade, educação e sociedade
para trabalhar e aprofundar o conceito de sociedade, e capitalismo no contexto das políticas publica
e da luta pelo direito social e o SUS.Descrição da
experiência:Trabalhamos com a participação de 30
estudantes, duas enfermeiras, uma socióloga e um
psiquiatra o conceito de sociedade, e capitalismo
no contexto das políticas publica e da luta pelo direito social e o SUS por meio de rodas de conversas,
oficinas de cartazes com os temas: Universidade e
Mudança social; capitalismo; desigualdade social e
saúde; Capitalismo, lutas sociais e saúde no Brasil;
capitalismo, mercado de trabalho e reprodução
social no Brasil; urbanização e questão agrária no
Brasil; lutas sociais e movimentos populares. A
reforma sanitária e o SUS; trabalhadores de saúde
no Brasil. Lições aprendidas:Percebemos no grupo
profundas reflexões e vivencias a cerca dos temas
propostos e a inclusão em uma Universidade Publica
Federal que ainda não esta preparada para acolher
e trabalhar o universo de adolescentes e jovens que
ingressam neste contexto e que tem como referencia
e formação a escola publica do nosso país. Outros desafios apresentados pelos participantes se referem
à imaturidade no conhecimento e formação política que é ineficaz e quase inexistente no processo
formativo, como também a experiência de exclusão
que muitos vivenciam quando despertados para a
militância e cidadania nas Universidades. Trabalhar
o direito e cidadania numa perspectiva em defesa do
SUS ainda é um desafio em uma sociedade que se diz
democrático e de inclusão social. Recomendações:
É necessária e urgente a formação política e social
nos cursos de graduação e o resgate da cidadania e
militância nestes espaços.
HANSENIASE E A ENFERMAGEM
Jonas Soares / Soares.Jonas / Falc - Faculdade da
Aldeia de Carapicuiba;
Titulo Hanseníase e a Enfermagem Resumo A hanseníase é conhecida popularmente como lepra, doença
de origem infecciosa e contagiosa causada por um
microrganismo chamado bacilo de Hansen. Sua
causa está relacionada com o contato direto com o
doente sem tratamento, através de secreções nasais
excretadas pelo aparelho respiratório, como espirro
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
e tosse. Seus sintomas iniciais são; manchas brancas ou avermelhadas, sensação de formigamento e
perda de sensibilidade ao calor e ao frio. Objetivo
Abordar as causas e consequências da hanseníase e
o papel do enfermeiro. Metodologia Para o presente
estudo utilizou-se como método de pesquisa revisões
bibliográficas, que é o desenvolvimento do trabalho
através de materiais já publicados, constituído de
artigos científicos. Resultados O trabalho teve por
interesse verificar as causas e consequências da
hanseníase e o papel do enfermeiro e para tanto
foi realizado uma revisão bibliográfica. Conclusão
A hanseníase é um problema em nossa sociedade
com prejuízos tanto para o doente quanto para o
sistema público de saúde. Apesar de ser conhecida
há milênios a patologia ainda é mistificada por uma
parcela da população, e cabe ao profissional de enfermagem adquirir o conhecimento necessário para
lidar com ela, reconhecendo os sinais, sintomas e o
tratamento necessário para o restabelecimento dos
hansenianos.
INFLUÊNCIAS ENTRE A SAÚDE COLETIVA E O SUS
NO BRASIL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO DO CAMPO
E DAS POLÍTICAS
Mariana Bertol Leal / LEAL, M. B. / FSP USP;
Laura Camargo Macruz Feuerwerker / FEUERWERKER, L. C. M. / FSP USP;
A Saúde Coletiva é um movimento político-ideológico-intelectual que se constituiu como campo de
produção de conhecimento, de saberes e, por conseqüência, de ações e práticas, configurado pela junção
e intercessão entre as áreas específicas. Assim, o
entre-disciplinar é um conceito interessante para
refletirmos sobre esse campo que se produz pelo encontro, para além das fronteiras. O objetivo foi analisar as interações entre o campo da Saúde Coletiva
e o Sistema Único de Saúde (SUS) na construção de
suas agendas a partir da identificação do movimento
de produção das políticas de saúde e do movimento
de produção do campo. Para melhor entender esse
campo e para poder identificar sua relação com o sistema de saúde e as políticas públicas de saúde, fez-se
um rastreamento. Buscou-se formas de identificar
esses pontos de encontros e influências, entre elas
foram pesquisados bancos de teses e dissertações
de programas de Saúde Coletiva, 3 periódicos releSaúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 211
vantes ao campo e documentos referentes às políticas. As políticas estudadas foram: atenção básica,
educação permanente em saúde e regionalização do
SUS. Ainda hoje existe uma tensão produtiva entre
o campo científico, o militante e o das práticas, e
essas diferentes dimensões da produção trazem novos atores para a cena. Os conhecimentos do campo
possibilitaram múltiplas formulações, entre elas
os modelos e os desenhos assistenciais, que foram
sendo testados e ressignificados, tanto pelo sistema
como pelo próprio campo. Portanto, esse resgate nos
ajuda na compreensão dessas relações, a cartografar
o SUS, a entender a produção de conhecimentos, a
identificar que, em muitos momentos, os saberes
estiveram presentes nas diferentes formulações, experiências, práticas, e saberes, eles estão presentes
no campo e na realidade do SUS. De maneira geral,
observando as produções do campo podemos notar
que a agenda das políticas interfere na agenda das
pesquisas, contudo, o que está sendo publicado não
reflete o produto do é produzido no campo e nem
sempre dialoga com as necessidades do SUS. Assim,
as influências entre o SUS e o campo acontecem de
forma mútua mas não necessariamente de forma
que potencializam ambos os aspectos.
decisão (Aerts et al, 2004). A Organização Mundial
de Saúde (OMS) considera o voluntariado como elemento importante para a manutenção do bem-estar e
da qualidade de vida na velhice, sendo uma proposta
para o envelhecimento ativo. O voluntariado seria
um processo de otimização das oportunidades de
saúde, participação e segurança, cujo objetivo é
manter a qualidade de vida à medida que as pessoas
envelhecem (OMS, 2005). OBJETIVO: Investigar o
voluntariado relacionado à ótica da promoção da
saúde. MÉTODO: Pesquisa bibliográfica de natureza
exploratória de abordagem quantitativa e qualitativa, nas bases de dados Lilacs e PubMed com o tema
voluntariado e promoção da saúde”. Período de busca
de 2000 até outubro de 2014, (língua portuguesa,
espanhola ou inglesa) com acesso gratuito por meio
eletrônico totalizando 12 publicações CONCLUSÃO:
O voluntariado traz benefícios à saúde mental,
especialmente para o idoso. Melhora o acesso aos
recursos sociais e psicológicos e é reconhecido como
forma de enfrentamento da depressão e ansiedade.
(Musick et al., 2003). Nos Estados Unidos, 44% da
população adulta está engajada em alguma atividade
voluntária, (Matsuba et al, 2007; Borgonovi, 2008).
MOVIMENTOS SOCIAIS NA IMPLANTAÇÃO ATENINTERFACES ENTRE VOLUNTARIADO E PROMO- ÇÃO BÁSICA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ÇÃO DA SAÚDE: UMA ANÁLISE DA LITERATURA Silvia Helena Bastos de Paula / Bastos de Paula, S.
H / Instituto de Saúde; Sandra Greger / Greger, S /
CIENTÍFICA
Siomara Roberta de Siqueira / Siqueira SR / Instituto de Saúde , SES/SP; Elma Lourdes Campos
Pavone Zoboli / Zoboli ELCP / Escola de Enfermagem - USP;
INTRODUÇÃO: A saúde, como produção social de
determinação múltipla e complexa, exige a participação ativa de todos os sujeitos envolvidos em sua
produção, usuários, movimentos sociais, trabalhadores, gestores, também de outros setores, na análise e na formulação de ações que visem à melhoria da
qualidade de vida. (Brasil, 2006) A Promoção da Saúde percebe que é necessário mais do que tratamento
médico para se atingir qualidade de vida, tendo
como estratégia de ação a democracia, as políticas
saudáveis, a intersetorialidade, as articulações com
parcerias e, com relevância, o exercício da cidadania
através da capacitação da população para participação na formulação de políticas e nos processos de
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Instituto de Saúde; Carla Müller Batisteli Barros /
Barros, C. M. B / Instituto de Saúde;
Introdução: Discute-se fatos e eventos do campo da
Saúde Pública com ênfase na participação de movimentos populares na constituição da Atenção Básica
e movimentos anteriores que influíram diretamente
na proposta dos Cuidados Primária de Saúde e na 8ª
Conferência Nacional de Saúde. As principais estratégias de atuação, paradigmas incorporados e superados, modelos de assistência, inovações, obstáculos
e divergências até o SUS que temos hoje. Objetivos:
Resgatar o trajeto da implantação da Atenção Básica
em São Paulo. Método: A produção traz narrativas
com fatos e análises realizadas sobre material
oral, fontes documentais, privilegiando a temática
da Memória e História da Atenção Básica de São
Paulo, integrada à perspectiva mais abrangente da
história e da evolução da política de Saúde. Para
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 212
obtenção do material narrativo, adotou-se método
de Historia Oral a partir de roteiro de entrevistas,
que foram tomadas como fontes para a compreensão do passado, ao lado de documentos escritos e
outros tipos de registro, que permitem compreender
como os indivíduos experimentaram e interpretam
acontecimentos das ultimas três décadas do século
20. Resultados: As 22 narrativas destacam, ainda, a
lógica das escolhas do poder público, as demandas
e pressões da sociedade no período de 1970 a 2007
e, as trajetórias pessoais de cada participante. A
atualização das narrativas será feita pelas análises
finais, que estão centradas na realidade da Atenção
Básica de São Paulo até 2013 e pelo exercício de
repensar o trajeto da Atenção Básica, da própria
Reforma Sanitária e, por fim, apontar perspectivas
para esta construção. Conclusão: Considerando a
saúde uma prática social, pretendeu-se contribuir
na preservação da memória de fatos e iniciativas que
tiveram repercussão na formulação de pensamento
crítico sobre o sistema de saúde, com destaque para
movimentos populares que legitimaram iniciativas
de profissionais e gestores, para compreensão do
processo histórico de liderança e participação política na reforma e formulação de políticas sociais,
trazendo reflexões sobre o momento atual e o futuro.
MÚLTIPLAS FACES DE UM CONCEITO DE PARTO:
UMA ABORDAGEM ETNOGRÁFICA DE GRUPOS
DO MOVIMENTO DE HUMANIZAÇÃO DO PARTO
E NASCIMENTO
Lidiane Mello de Castro / Castro, LM / ESCOLA
DE ENFERMAGEM - USP; Edemilson Antunes de
Campos / Campos, EA / Escola de Artes, Ciências e
Humanidades;
A Obstetrícia brasileira lida com um problema em
que mais de 50% dos partos são cesarianas, uma taxa
que vai crescendo a cada ano. Além das altas taxas
de cesarianas, a grande maioria dos partos vaginais
são permeados por uma série de intervenções desnecessárias. De acordo com os dados da pesquisa
Nascer no Brasil, apenas 5% das mulheres tiveram
um parto sem intervenções e as outras mulheres em
sua maioria sofreram intervenções desnecessárias
desrespeitando as evidências científicas. Contrário
a esse modelo altamente medicalizado, surgiu o
movimento de humanização do parto e nascimento,
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
composto por grupos de ativistas que lutam por uma
mudança nos conceitos e práticas obstétricas. Este
estudo tem como objetivo compreender os significados e as práticas construídos a partir do conceito de
parto, presentes no movimento da humanização do
parto e nascimento. Para tanto, estamos realizando
uma pesquisa qualitativa com abordagem etnográfica, feita em grupos que militam no movimento de
humanização do parto e nascimento. Realizamos
a etnografia em dois grupos, Grupo A localizado
na cidade de São Paulo, composto por mães, pais,
doulas e profissionais de saúde, Grupo B localizado
na cidade de Campinas, composto por mães, pais,
profissionais de saúde, professores universitários,
doulas e advogadas. Nossas considerações parciais
são de que os grupos dos movimentos de humanização do parto e nascimento estão conectados em uma
rede e embora tenham um objetivo comum, possuem
conceitos de partos distintos.
O ÍNDICE DE DESEMPENHO DO SISTEMA ÚNICO
DE SAÚDE (IDSUS): A QUESTÃO DA AVALIAÇÃO
DE DESEMPENHO DE SISTEMAS DE SAÚDE PELA
ÓTICA DOS INTERESSADOS
Leonardo Carnut / Carnut, L. / FSP-USP; Paulo
Capel Narvai / Narvai, P.C. / FSP-USP;
Uma das consignas que compõem o gerencialismo é
a participação da sociedade civil no controle do desempenho da administração pública consolidando-se assim como uma forma de accountability. Assim
este artigo se ocupa em analisar a forma e o conteúdo
da opinião pública da sociedade civil interessada
sobre o Índice de desempenho do Sistema Único de
Saúde. Para tanto se usou uma metodologia qualiquantitativa, cuja captação dos discursos foi feita
em sítios eletrônicos, portais, blogs e webblogs que
versavam sobre o assunto. Foi utilizado o método do
Discurso do Sujeito Coletivo como forma de análise
além dos conceitos de ‘individuação’ em Touraine
e ‘sociedade civil’ em Gramsci como suporte interpretativo do objeto em questão. Foram obtidos
215 discursos, categorizados em catorze ideias
centrais. Dentre as ideias mais frequentes estavam
as ‘comparações indevidas’ totalizando 23,04% do
total (50); a ‘avaliação boa’ do SUS, 13,36% (29); e
a ‘críticas ao método/índice’ totalizando 11,52% do
total (25). Pôde-se perceber que na opinião pública
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 213
sobre o desempenho existiu um polo hegemônico e
majoritário que simplifica processos extremamente
complexos, tornando a avaliação rasa e fragilizada e
outro, minoritário, que busca requalificar o debate
sobre a avaliação de desempenho buscando recuperar a produção de conhecimentos que possibilitem
compreender os resultados não-desvinculados dos
processos de trabalho que os geram. Assim, pode-se afirmar que o controle da sociedade civil parece
frágil diante dessas circunstâncias.
diversos ângulos, os quais avaliam o contexto no
qual a população está inserida, permitindo um olhar
social e político. A interação dos viventes do projeto
com os profissionais e os usuários do SUS permite a
percepção sobre o que é um sistema público de saúde
e o que significa os princípios da Universalidade,
Equidade e Integralidade, permitindo assim, a construção do sujeito individual e do sujeito coletivo em
prol do desenvolvimento e da consolidação do SUS.
PARA ENFRENTAR OS TROTES E VIOLÊNCIAS NAS
O PROJETO DE VIVÊNCIAS E ESTÁGIOS NA REALI- UNIVERSIDADES: O QUE FALTA?
DADE DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (VER-SUS) Marco Akerman / Akerman, M / FSP DA USP; FeliCOMO FERRAMENTA PARA A CONSOLIDAÇÃO DO pe Scaliza / Scaliza, F / FMUSP; Jacques Akerman
/ Akerman, J / FUMEC;
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
Klauss Kleydmann Sabino Garcia / Garcia, K. K. S.
/ Universidade de Brasília - UnB; Amanda Amaral
Abrahão / Abrahão, A. A. / Universidade Federal de
Uberlândia;
As vivências e estágios configuram um senso crítico
perante o quadro de saúde brasileiro e a atual situação que se encontra o Sistema Único de Saúde (SUS),
com a possibilidade de se conhecer o funcionamento
do SUS em níveis de atenção primária, secundária e
terciária, tanto quanto seu funcionamento em rede, é
possível vislumbrar o potencial que o sistema público de saúde brasileiro possui. Dessa forma o projeto
VER-SUS vem como uma ferramenta de estímulo
social e profissional, que instiga a atuação estudantil em defesa do SUS e da melhoria dos serviços
ofertados pela rede. Com discussões sobre direito
à saúde, participação social, atuação profissional
e acessibilidade da população o projeto constrói
e molda o caráter do futuro profissional de saúde
e do militante do SUS. A experiência do projeto é
construída sobre a égide da pedagogia da educação
voltada para a autonomia, assim, o participante se
insere e imerge na realidade da saúde pública brasileira, e assim o estudante é estimulado a exercer
seu controle social e a desenvolver o caráter multi
e intersetorial da saúde. O projeto apresenta como
resultado o desenvolvimento de conhecimentos
sobre as redes e os níveis de atenção, assim como
o funcionamento da regionalização em saúde, da
gestão e da participação social em saúde. Além
disso, permite o desenvolver de um olhar crítico
que avalia as condições de saúde da população de
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Ultimamente, o tema dos trotes e violências no meio
acadêmico voltou com força a partir da quebra do
silêncio de alguns estudantes da Medicina da USP,
que trouxeram, a público, as mazelas da Faculdade. A sociedade gritou e até realizou uma CPI na
Assembléia Legislativa de São Paulo (ALESP), para
investigar as denúncias de violações de direitos
humanos ocorridas em instituições de Ensino
Superior do Estado de São Paulo, em trotes, festas
e no cotidiano acadêmico. Os conselhos de classe
bradaram sobre a quebra dos códigos de ética das
profissões imputadas por estas violações; diretores
de faculdades pouco se moveram para evitar que tais
atos não acontecessem mais em seus territórios (ou
que, pelo menos, não vazassem); a academia anunciou algumas iniciativas de formação de grupos de
pesquisa; e a mídia impressa e digital foi inundada
com reportagens e depoimentos de surpresas, protestos e descrenças de que aquilo acontecia mesmo,
sobretudo em carreiras que têm a missão de cuidar
de pessoas. Apesar de todo este movimento, levantamos a hipótese de que estas violações vão diminuir
de intensidade em um primeiro momento, mas que
recrudescerão ao longo do tempo, na medida em
que vão se apagando as manchetes e reacendendo
a força das tradições.
PROJETO, PROGRAMA, SERVIÇO: LEIS, REGRAS
E AGÊNCIAS MODIFICANDO OS CAMINHOS DE
UM PROGRAMA PARA O COMBATE À VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA EM MUNICÍPIO PAULISTA DE MÉDIO
PORTE
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 214
Ilka Ramos / Ramos, I. / UNIVAP; Paula Vilhena
Carnevale Vianna / Vianna, P.V.C. / UNIVAP;
Introdução: A violência doméstica contra a criança
e o adolescente, pautada na agenda política nacional desde a Constituição de 1988 e do Estatuto da
Criança e do Adolescente (1990), tem sido objeto de
políticas setoriais e intersetoriais, operada por programas articulados em rede. Objetivo: Compreender
a criação e as motivações para a implantação de uma
rede municipal de apoio intersetorial para o enfrentamento às situações de violência doméstica contra
crianças e adolescentes instituído em 2000 em um
município paulista de médio porte; bem como os
desdobramentos decorrentes da proposta. Método:
Pesquisa exploratória, de abordagem qualitativa,
fundamentada no neoinstitucionalismo histórico.
Foram realizadas análise documental e entrevista
semiestruturada com sete agentes institucionais,
participantes da implantação e implementação do
Programa. Resultados: No município estudado, a
entrada do tema da na agenda política, como em âmbito nacional, ocorreu no fim do período da ditadura
militar, animado pelo engajamento político de atores
sociais envolvidos com movimentos sociais progressistas e partícipes dos grupos de discussão dos
direitos da criança na constituinte. Esse movimento
gerou política específica e um programa, articulado
em rede intersetorial, destinado à proteção às crianças vítimas de violência doméstica e seus familiares,
em 2000. O programa atendeu demanda crescente e
também se ampliou, passando por modificações na
sua estrutura, organização e coordenação, seguindo
as políticas nacionais e estaduais dirigidas ao tema e
também a diretrizes políticas locais: ora a coordenação governamental foi priorizada, ora se estimulou a
coordenação não governamental (fundação). O desafio atual consiste na reconfiguração do bem sucedido
programa diante de sua transformação em Centro
de Referência Especializado da Assistência Social
(CREAS) integrante do Sistema Único de Assistência
Social (SUAS), situação avaliada como necessária
pelos agentes sociais, porém desafiadora no que
toca à manutenção do conhecimento acumulado e da
qualidade do cuidado integral. Conclusão: Conhecer
o contexto legal, as regras institucionais e as histórias de vida dos envolvidos com a temática forneceu
uma melhor compreensão sobre a implementação de
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
um programa municipal para o enfrentamento da
violência doméstica contra criança e adolescente,
evidenciando que as regulamentações influenciam,
mas não definem os caminhos da política a ser implantada e podem, inclusive, tensiona-la.
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS EM DISPUTA: O MOVIMENTO PELA HUMANIZAÇÃO DO PARTO E DO
NASCIMENTO
Carolina Neves da Rocha / Rocha, C. N. / UFSCar;
Rosemeire Aparecida Scopinho / Scopinho, R. Ap.
/ UFSCar;
O parto e o nascimento não são somente eventos
físicos e biológicos, mas, também, sociais e culturais
que, tradicionalmente, envolviam toda a comunidade. Com a institucionalização e a apropriação
do processo de parto pela medicina, também foram
apropriados os corpos das mulheres, submetidas
a protocolos que desconsideravam seus aspectos
individuais, emocionais e culturais. Em oposição
a este modelo, que se tornou hegemônico em todo
o mundo ocidental pós-industrial, surgiram movimentos de profissionais e mulheres que clamavam
a humanização do parto. No Brasil, este movimento
teve início na década de 1980 e, juntamente com
órgãos internacionais como a OMS, influenciaram as proposições do Ministério da Saúde nas
décadas seguintes, principalmente a partir dos
anos 2000. É intensa a produção científica sobre
o tema, constituindo-se um relevante campo interdisciplinar. O presente estudo objetivou conhecer
as representações sociais dos agentes envolvidos
no movimento pela humanização do parto em uma
cidade no interior de São Paulo, onde existia um
importante acúmulo de experiências e avanços no
sentido proposto pela humanização. Para isto, foram
trianguladas informações oriundas de levantamento
bibliográfico sobre o tema, análise documental das
políticas públicas, entrevistas semiestruturadas e
observações participantes entre os anos de 2013 e
2014. As informações foram analisadas por meio
de um quadro referencial teórico formado a partir
da Teoria das Representações Sociais em sua abordagem processual. Como resultados, apreendeu-se
um consenso do grupo com relação ao conceito de
humanização, sendo este a articulação do respeito
à mulher e o direito à escolha informada com uma
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 215
nova prática em obstetrícia, embasada em evidências científicas. Também foram consensuais as
principais bandeiras do Movimento identificadas,
a saber, o acesso e a disseminação de informação
baseada em evidência e a luta contra a violência
obstétrica. Por fim, foram encontrados importantes dissensos, sendo eles a questão da luta pela
universalidade vs. a elitização do Movimento, além
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
de importantes autocríticas que disseram respeito,
principalmente, às relações internas e externas
estabelecidas pelo Movimento. Percebeu-se, como
principais conclusões, a existência de um ideário
consensual, sob o qual se articulava este grupo,
porém a sua falta de organização e despolitização
eram fatores que limitavam a sua atuação no sentido
das mudanças que propunha.
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 216
Promoção da Saúde e Intersetorialidade
A ARTICULAÇÃO ENTRE SETORES NO MUNICÍPIO mentos, utensílios e balcão térmico está contemplaDE BARUERI PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE COM da, visando a diversificação do cardápio, a melhora
da apresentação das preparações, e o estímulo à
A COMUNIDADE ESCOLAR
Fernanda Werbicky de Carvalho / CARVALHO,
F.W. / Secretaria de Abastecimento do município
de Barueri, São Paulo; Universidade de São Paulo;
Roberta Camila Alexandrino Campos / CAMPOS,
R.C.A. / Secretaria de Abastecimento do município
de Barueri, São Paulo; Daniela Silva de Souza Corrêa / CORRÊA, D.S.S. / Secretaria de Abastecimento do município de Barueri, São Paulo; Ana Helena
Spolador Ribeiro / RIBEIRO, A. H. S. / Secretaria
de Abastecimento do município de Barueri, São
Paulo; Marcela Cunha Machado Vasco / VASCO,
M.C.M. / Secretaria de Abastecimento do município de Barueri, São Paulo;
Problema: O município de Barueri, SP, apresenta
índices crescentes de obesidade entre os escolares.
Visto que essa doença tem causa multifatorial, foi
identificada a necessidade de articulação entre as
secretarias com o objetivo de promover a saúde em
todos os ambientes que envolvem esses alunos. Foi
então criado um projeto intersecretarias contra a
obesidade infantil, que contempla alunos, professores, diretores e merendeiras de 5 escolas do Ensino
Fundamental. Descrição: Após diversas reuniões
entre as secretarias, os gestores foram sensibilizados quanto à necessidade de ações. Para tanto, a
Secretaria de Saúde iniciou grupos multidisciplinares para a promoção da saúde com os escolares nas
Unidades Básicas de Saúde. Já os alunos com obesidade grave foram incluídos em oficinas interdisciplinares na Unidade de Especialidades, junto a seus
pais. Parcerias com os centros comunitários para a
prática de atividades físicas estão sendo firmadas.
A Secretaria de Abastecimento, responsável pela
alimentação escolar, envolveu os professores, diretores e merendeiras em atividades problematizadoras
que pudessem estimulá-los a multiplicar a reflexão
sobre a alimentação saudável com os escolares. Além
disso, melhorias no cardápio têm sido realizadas
para toda a rede municipal: foram retirados os sucos
artificiais em pó e frituras. A aquisição de equipaAnais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
autonomia dos alunos com o sistema self-service. A
Secretaria de Educação foi incentivada a adequar os
horários das refeições nas escolas, já que o horário
atual (às 09h ou às 15h) estimula o consumo de refeições em duplicidade: nesse ambiente e na casa do
estudante. Sendo assim, os horários de aula têm sido
revistos e foram adquiridos mais mobiliários para
que todos os alunos possam se sentar no refeitório
em um momento mais adequado. Lições aprendidas:
O trabalho em conjunto para a sensibilização dos
gestores do município parece ser fundamental para
que mudanças iniciem, porém foram encontradas
dificuldades como: desmotivação dos professores e
diretores; baixa adesão dos pais e alunos envolvidos
nos grupos de saúde; a burocracia para a aquisição
dos materiais necessários; priorização de outras
necessidades em detrimento das questões de saúde.
Recomendações: Recomenda-se, portanto, a busca
constante de parcerias, articulação entre setores e
sensibilização dos envolvidos.
A EXPERIÊNCIA INTERDISCIPLINAR DE PARCERIA
DE NÚCLEO MUNICIPAL DE SAÚDE E PAZ COM
MESTRADO PROFISSIONAL DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DE MINAS GERAIS
Carolina Alves Reynaldo Dias / Dias, C.A. / PMRN,
UFMG; Elza Machado de Melo / Melo, E.M. /
UFMG; Victor Hugo de Melo / Melo, V.H. / UFMG;
Caracterização do problema: Segundo informações
do Plano Municipal Diretor (2004) de Ribeirão das
Neves, Minas Gerais, o desenvolvimento do centro
urbano da cidade começou com a construção da
Penitenciária Agrícola de Neves, quando houve migração, principalmente de pessoas de baixa renda e
com parentesco com os presidiários para a região. A
ocupação ocorreu de forma rápida e desestruturada. A explosão demográfica impactou nas políticas
públicas e a dificuldade em ampliar os serviços à
toda população é evidente. Estas características
fazem com que a população se encontre em situaSaúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 217
ção de vulnerabilidade que propicia o aumento da
violência. Descrição: A parceria do município com
a Universidade Federal de Minas Gerais surgiu em
2008 e se fortaleceu em 2012, com a aprovação
do Programa Saúde e Violência: Subsídios para
Formulação de Políticas Públicas de promoção de
Saúde e Prevenção da Violência”, cujos objetivos
eram, dentre capacitar os funcionários municipais,
ampliar e fortalecer o Núcleo de Neves e investigar o
perfil da violência no local. A Universidade, através
do Programa de Mestrado Profissional Promoção de
Saúde e Prevenção da Violência, realizou em 2012
pesquisa em todas as unidades de saúde de Neves.
O programa ofereceu apoio técnico, metodológico e
operacional, por meio da participação de professores, orientadores e mestrandos da instituição. Em
2014, ocorreu o seminário para a apresentação e
discussão dos resultados da pesquisa para os profissionais do município. Atualmente, há dois profissionais com o título de Mestre em Promoção e Saúde
e Prevenção da Violência trabalhando no município
e há perspectiva de elaboração de uma cartilha com
orientações sobre a prevenção da violência direcionada para os profissionais da área da saúde. Lições
aprendidas: Observamos que a parceria foi exitosa
e que cumpriu os objetivos do Programa aprovado
em 2012. Os resultados oriundos da pesquisa são
de suma importância para o desenvolvimento de
políticas públicas de prevenção da violência no local.
Recomendações: Sugerimos que este vínculo seja
fortalecido para a que haja crescimento do Núcleo
Municipal, desenvolvimento de novas de pesquisas
e planos de ação para a região. Ainda fica a expectativa quanto à publicação da cartilha, de resultados e
de propostas para o enfrentamento da violência na
forma de material de suporte pedagógico para os
profissionais e para a população.
A INTEGRALIDADE NA ATENÇÃO À SAÚDE: O
DESAFIO NA CONSTRUÇÃO DE METODOLOGIAS
AVALIATIVAS PARA PROGRAMAS RELATIVOS
ÀS PRÁTICAS CORPORAIS E ATIVIDADES FÍSICAS
Alessandra Xavier Bueno / Bueno, A. X. / UFRGS;
Giliane Dessbesell / Dessbesell, G. / UFRGS; Thais
Chiapinotto / Chiapinotto, T. / UFRGS; Deise Francelle dos Santos / Santos, D.F. / UFRGS; Alcindo
Antonio Ferla / Ferla, A.A. / UFRGS;
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Caracterização do Problema: Os sistemas públicos
de saúde priorizam o acesso universal, equitativo
e integral da população a serviços de saúde de
qualidade, independente do nível de atenção e da
complexidade do cuidado. A avaliação de políticas e
programas é função essencial da saúde pública, contribuindo para evitar o desperdício de recursos com
a implementação de programas ineficazes, ou, talvez
ainda pior, a continuidade de práticas que podem fazer mais mal do que bem. A literatura especializada
oferece exemplos de programas bem intencionados,
mas que foram continuados, em alguns casos, durante décadas, até avaliações rigorosas revelarem que
seus resultados não eram os esperados. Em 2011 o
Ministério da Saúde lançou o Programa Academia
da Saúde a partir de experiências que já aconteciam
em diferentes municípios do Brasil. A literatura
demonstra clara e amplamente os benefícios do
exercício físico para a saúde, mas estes estudos
não permitem verificar o contexto da integralidade
no âmbito das práticas corporais e atividade física.
A diversificação dos serviços e das redes que têm
sido produzidas na Atenção Básica atualmente, se
afirmam como algo que produza redes de serviços
mais complexas para alcançar padrões ampliados
de integralidade. Não basta oferecer um cardápio
de serviços ao usuário, ou ainda um cardápio de
atividades dentro dos serviços de saúde. Descrição:
O processo de construção de projeto de pesquisa
para uma análise do cenário do Programa Academia
da Saúde propõe o desafio de avaliar elementos da
Promoção da Saúde no contexto da integralidade.
Para tal foram propostos 3 instrumentos a partir
de experiências dos Programas de avaliação da
Atenção Básica já existentes. Lições aprendidas:
Para que a integralidade se efetive, a organização
dos serviços, os conhecimentos e práticas de trabalhadores de saúde e as políticas governamentais
com participação da população na sua formulação
devem ser analisadas dentro do mesmo cenário. No
que diz respeito ao exercício físico, as representações acerca da saúde bem como a experiência de
movimento corporal ao longo da vida, pelo usuário,
devem ser levadas em consideração na construção
de metodologias de avaliação do programa supracitado. A reflexão acerca do tema coloca a equipe de
pesquisadores a utilizar instrumentos de produção
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 218
de dados, mesmo que extensos, como parte de uma
metodologia mais ampla e participativa.
A UTILIZAÇÃO DO DIAGNÓSTICO COLETIVO DE
SAÚDE NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
Cássia Irene Spinelli Arantes / Arantes, C.I.S.
/ UFSCar; Paula Rossi Baldini / Baldini, P.R. /
UFSCar - Bolsista PIBIT/CNPq; Lina Karina Bernal
Ordoñez / Ordoñez, L.K.B. / UFSCar;
Introdução: a Estratégia Saúde Família, forma prioritária de implementação da atenção primária no
Brasil, tem se deparado com muitos desafios para
a mudar o modelo de atenção à saúde de caráter individual e curativo. As equipes de saúde da família
apresentam dificuldades e limitações para organizar
e produzir ações coletivas, bem como para realizar
e utilizar o diagnóstico de saúde da população do
seu território de abrangência. Objetivo: analisar a
utilização do diagnóstico coletivo de saúde na produção da atenção primária à saúde por equipes de
saúde da família do município de São Carlos, estado
de São Paulo. Método: pesquisa exploratória e descritiva, com abordagem quantitativa e qualitativa.
Os sujeitos foram trabalhadores de onze equipes de
saúde da família (enfermeiros, médicos, dentistas,
auxiliares e técnicos de enfermagem, auxiliares
odontológicos e agentes comunitários de saúde),
que aceitaram responder em grupo a um roteiro de
questões semiestruturadas. A análise quantitativa
dos dados foi realizada por meio da estatística
descritiva e a análise qualitativa pela técnica de
análise de conteúdo. Resultados: a grande maioria
das equipes já elaborou o diagnóstico do território
por duas vezes ou mais, mas possuem várias dificuldades para sua elaboração. A dificuldade mais
frequente foi relacionada à obtenção das informações. A maioria das equipes identificou vantagens
no trabalho em saúde da família com a utilização do
diagnóstico, mas manifestou apresentar dificuldades, dentre elas a mais frequente foi a disparidade
entre os trabalhadores na valorização do uso dessa
tecnologia no trabalho. A análise qualitativa deu
origem a cinco categorias temáticas: Concepção
das equipes sobre o diagnóstico coletivo; Ideário de
como se elabora um diagnóstico coletivo; Dificuldades na realização do diagnóstico coletivo; Aplicações
e benefícios do diagnóstico coletivo de saúde no
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
trabalho das equipes; e Propostas para facilitar e
potencializar a realização do diagnóstico. Os resultados evidenciaram que embora as equipes de saúde
da família reconheçam a importância da elaboração
e utilização do diagnóstico coletivo de saúde, a sua
utilização como tecnologia no processo de trabalho
cotidiano dos trabalhadores ainda precisa ser alcançada por meio de estratégias científicas, de gestão e
de educação na saúde. Conclusão: é preciso investir
nas estratégias identificadas para se avançar na
utilização do diagnóstico coletivo como tecnologia
de cuidado na atenção primária.
A VISÃO DE USUÁRIOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA
EM SAÚDE SOBRE A PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA
Carolina Alves Reynaldo Dias / Dias, C.A.R. /
UFMG, PMRN; Efigênia Ferreira e Ferreira / Fereira, E.F / UFMG; Elza Machado de Melo / Melo, E.M.
/ UFMG; Victor Hugo Melo / Melo, V.H / UFMG;
Alzira de Oliveira Jorge / Jorge, A.O. / UFMG;
Introdução: No ano de 2012, foi realizada uma
pesquisa no município de Ribeirão das Neves- MG,
pareceria do Núcleo de Saúde e Paz da Prefeitura
Municipal e o Núcleo de Promoção de Saúde e Paz da
Faculdade de Medicina da Universidade Federal de
Minas Gerais. Este trabalho é resultado da análise
de uma das variáveis qualitativas da pesquisa realizada, que aborda a visão dos usuários do APS sobre
a prevenção da violência. Objetivos: O objetivo deste
trabalho é conhecer as soluções apontadas pelos
usuários da Atenção Primária em Saúde de Ribeirão
das Neves para a prevenção da violência e tentar
validá-las comparando-as com a teoria descrita na
literatura. Metodologia: Para a análise qualitativa,
foi utilizada a técnica de análise de conteúdo temática (CAREGNATO & MUTT, 2006). As palavras e
frases foram agrupadas em categorias selecionadas
de acordo com as temáticas que emergiram da leitura das informações. Após a classificação por tema,
buscou-se na literatura evidencias que comprovem
ou refutem as ideias apontadas pelos entrevistados e
os resultados serão apresentados no próximo tópico.
Dentre os resultados encontrados, destacamos os
tópicos a seguir. Resultados: O tráfico de drogas e o
porte de armas são considerados fatores comunitários que influenciam a violência nas comunidades.
A educação, a atuação efetiva das famílias, o acesso
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 219
ao trabalho, o acesso a bens e serviços recebem papel
de destaque para a prevenção da violência, segundo
as respostas analisadas. O diálogo, o cuidado entre
os membros das famílias e das comunidades, a fé e
a religiosidade foram apontadas como ferramentas
para a prevenção da violência. Pudemos observar
que os conceitos apontados pelos usuários da atenção primária estão presentes de forma enfática na
literatura nacional e internacional. Conclusões/
Considerações: Este estudo mostra que o conhecimento da população sobre a prevenção da violência
deve ser valorizado, uma vez que figura como uma
representação empírica da teoria descrita na literatura. Entretanto,a população sozinha não é capaz de
promover todas as mudanças necessárias para que o
quadro de violência se altere. O desejo do desenvolvimento da autonomia para mudar a realidade foi percebido ao analisarmos as respostas do questionário.
Concluímos que a autonomia, o empoderamento e o
diálogo devem ser estimulados na mesma medida em
que a polícia, os governos e comunidade apreendem
os valores de reconhecimento e solidariedade.
AÇÕES DE PROMOÇÃO À SAÚDE EM UNIDADES
BÁSICAS DE SAÚDE EM MUNICÍPIOS DO INTERIOR
DO ESTADO DE SÃO PAULO
Marta Campagnoni Andradade / Andrade, M.C /
Dep. Saúde Coletiva - Fac. Ciências Medicas Santa
Casa de SP; Mariana Arantes Nasser / Nasser, M.A
/ Dep. Preventiva - Faculdade de Medicina USP;
Elen Rose Lodeiro Castanheira / Castanheira,
E.R.L / Dep. Saúde Publica - Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP; Maria Ines Battistella
Nemes / Nemes, M.I.B. / Dep. Medicina Preventiva
- Faculdade de Medicina USP;
Introdução: A Promoção à Saúde pode ser compreendida a partir do referencial da Carta de Ottawa
como processo de capacitação da comunidade para
atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo maior participação no controle desse
processo” (Canadá, 1986). Embora não seja o único
responsável pela promoção, o setor saúde, e neste, especialmente a Atenção Primária (AP) é considerada,
há muito, locus privilegiado para ações de promoção.
Em São Paulo (ESP), a rede de AP, implementada nos
anos 1970, foi expandida pós 1990, sobretudo em
municípios de pequeno e médio porte, com a alocaAnais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
ção de equipes da Estratégia de Saúde da Família
(ESF) em serviços específicos ou unidas a serviços já
existentes. No seu plano discursivo, a ESF, em todo o
Brasil, reforçou o papel da AP na promoção à saúde.
Objetivo: Conhecer o perfil geral das ações de promoção à saúde em serviços da rede de AP de municípios
do interior do ESP. Metodologia: Utilizou-se dados
do banco gerado pela resposta de 2.735 serviços de
AP do SUS do interior do ESP ao instrumento de avalição QualiAB em 2010. Elegeu-se como indicadores
do perfil da promoção à saúde as respostas acerca de
atividades mais condizentes com a promoção (ações
intersetoriais com outras secretarias do município
e participação social através de conselhos de saúde)
e correlatas: ações educativas e na comunidade escolas, igrejas, etc – e temas tratados. Resultados:
Mediante adesão da gestão municipal, participaram
serviços autoreferidos como ESF (44%) e de outros
arranjos organizacionais. Estavam localizados em
municípios com menos de 100000 habitantes 71%
dos respondentes. Referiram realizar ações intersetoriais 46% dos serviços respondentes; referiram
contar com Conselho de Saúde 56%. Relataram atividades educativas periódicas em instituições locais
58,5%; atividades educativas na comunidade em
campanhas anuais, 82%, sendo a maioria (71%) sobre
agravos específicos como DST, Dengue, Hipertensão.
Relataram ações educativas na comunidade sobre
violência 24%. Conclusão: As ações de promoção
à saúde são incipientes na maioria dos serviços,
independentemente da organização ESF ou outras.
As ações educativas que a maioria relata resumem-se às campanhas nacionais sobre temas ordinários
da saúde pública. Os planos discursivos dos vários
modelos de AP, tais como ao ESF, não se objetivam
em tecnologias viáveis, mesmo em um estado com
uma antiga rede de atenção primária como São Paulo
AÇÕES FORMATIVAS DA TERAPIA OCUPACIONAL
NA EDUCAÇÃO INFANTIL BUSCANDO A TRANSFORMAÇÃO DAS PRÁTICAS COM BEBÊS
Daniela Aparecida Miranda Pogogelski / POGOGELSKI, D.A.M. / UNIFESP; Nara Rejane Cruz de
Oliveira / Oliveira, N.R.C. / Unifesp; Carla Cilene
Baptista da Silva / Silva, C.C.B / UNIFESP;
O presente trabalho é parte da pesquisa de mestrado profissional da autora, que busca promover
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 220
reflexões, desconstruir práticas assistencialistas, e
construir a promoção do desenvolvimento saudável,
através da formação em desenvolvimento infantil
e estimulação essencial ministrado pela terapeuta
ocupacional e pela fisioterapeuta integrantes da
equipe multiprofissional do CENFORPE, ofertada
aos educadores infantis. Com a hipótese de que é
possível promover modificações e melhorias a partir
da Educação Permanente em Saúde, este estudo tem
por objetivo investigar tais aspectos nas práticas
pedagógicas após o curso. Este é um estudo transversal, de abordagem qualitativa do tipo descritiva,
já aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (parecer
951.884/2015). As 5 escolas convidadas aceitaram
o convite. O termo de consentimento livre e esclarecido foi assinado pelas educadoras no último dia
da formação. Realizou-se estudo piloto do roteiro
da entrevista com 2 participantes. Os encontros
ocorreram nas escolas, as informações foram obtidas por meio de entrevistas semiestruturadas com
duração de aproximadamente 20 minutos, aliadas
a questionário de caracterização dos participantes
e ao diário de campo da pesquisadora no qual foram
registradas impressões pessoais e reflexões ao
longo do processo de formação e pesquisa. Como
resultados parciais, a caracterização da amostra
nos traz que: de 10 participantes, 9 são formadas em
pedagogia, 1 possui apenas o curso de magistério. Do
total, apenas 1 se especializou em psicopedagogia. O
tempo em que são formadas variou de 2 a 22 anos. Em
relação a educação permanente, todas participaram
de cursos, encontros e oficinas promovidos pelo município, e apenas 1 citou um curso externo. Do total,
7 citam a formação em desenvolvimento infantil e
estimulação essencial como estratégia de educação
permanente. Em relação ao tempo de trabalho total
na educação infantil: 3 a 16 anos; especificamente
com bebês até dois anos na escola atual: de 4 meses
a 6 anos; e em outras escolas: de 1 ano e meio a
seis anos. A idade das educadoras variou de 27 e 62
anos, todas do gênero feminino. Os demais dados
coletados serão em breve submetidos à Análise de
Conteúdo. Espera-se ao final deste estudo que esta
estratégia de Educação Permanente em Saúde contribua para a melhoria da qualidade da educação e
desenvolvimento infantil.
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
ADOÇÃO DE AGENTES INTERVENTORES EM UM
DE PROGRAMA CAMINHADA ORIENTADA EM
CONTEXTO DE ALTA VULNERABILIDADE
Isabela Martins Oliveira / Oliveira, I.M. / Universidade Federal de São Carlos; Camila Tiome Baba
/ Baba, C.T. / Universidade Federal de São Carlos;
Mariana Fornazieri / Fornazieri, M. / Universidade
Federal de São Carlos; Grace Angélica de Oliveira
Gomes / GOMES, G.A.O. / Universidade Federal de
São Carlos;
Introdução: Uma das formas de promover o envelhecimento ativo e saudável é através da prática
regular de atividade física (AF). Partindo deste preceito, observa-se a criação de programas deste tipo
na Atenção Básica, em especial o Núcleo de Apoio
à Saúde da Família (NASF), que prevê dentre suas
diretrizes a promoção de saúde, utilizando como
estratégia a prática de AF. Contudo, poucos estudos
abordam a adoção dos agentes interventores frente
a esses projetos. Objetivo: Nesse sentido, o objetivo desse estudo foi avaliar a adoção dos Agentes
Comunitários de Saúde (ACS) em um programa de
Caminhada Orientada realizado em um contexto
de alta vulnerabilidade social no município de São
Carlos. Método: Trata-se de um estudo com caráter
descritivo e quantitativo. O programa consistiu no
oferecimento de caminhada quatro vezes semanais
com duração de uma hora com delineamento de
seis meses. As atividades eram oferecidas para os
usuários cadastrados em três Unidades de Saúde
da Família (USF), equipamentos que são englobados
pela Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF).
Foram realizadas orientações de saúde e ações para
mudança de comportamento frente à AF. Todas
as atividades foram acompanhadas por alunos de
graduação em Educação Física e Gerontologia e
pela equipe das USF, especificamente ACS. O nível
de adoção da equipe foi mensurado por um questionário anônimo respondido pelos ACS das unidades
envolvidas e de forma voluntária. Resultados: De
um total de 16 ACS envolvidos, 14 responderam o
questionário. Destes,78,5% se sentiam envolvido
com a implementação do programa, 92,8% observaram os benefícios que o programa trazia para a
comunidade, 100% relataram que a equipe fazia
comentários sobre o programa e 100% disseram
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 221
que referenciaram usuários para participarem das
atividades. Conclusão: Conclui-se que obteve altos
níveis de adoção dos ACS no programa. Vale ressaltar
que um dos preceitos essenciais para esse resultado é a conscientização dos agentes interventores
sobre os benefícios que a intervenção trazia para
a organização.
ARTICULAÇÃO DO TRABALHO EM REDE PARA A
PREVENÇÃO E ASSISTÊNCIA EM TEMPO OPORTUNO NA SUSPEITA DE FEBRE MACULOSA BRASILEIRA (FMB) NO MUNICÍPIO DE SANTO ANDRÉ
– SÃO PAULO
Robson Oliveira Lopes / Lopes, R.O. / Prefeitura
Municipal de Santo André; Marcos Muraro / Muraro, M. / ISAMA (Instituto de Saúde e Meio Ambiente); Maria Isabel Bernardes Flávio / Flávio, Maria
Isabel Bernardes / Prefeitura de Santo André;
Antônio Carlos Cavalcante / Cavalcante,A.C. / ISAMA (Instituto de Saúde e Meio Ambiente); Andréa
de Medeiros NogueiraNunes / Nunes, A.M.N. /
Prefeitura de Santo André; Simone Ortiz Rizzotti /
Rizzotti, S. O. / Prefeitura de Santo André; Vicente Paula / Paula, V. / ISAMA(Instituto de Saúde e
Meio Ambiente); Maria Luiza Leão Salerno Malatesta / Malatesta, M.L. L. S. / Prefeitura de Santo
André; Nancy Yasuda / Yasuda, N. / Prefeitura de
Santo André; Vera Lucia da Silva Franco / Franco,
V. L. S. / Prefeitura de Santo André;
Caracterização do Problema A Febre Maculosa Brasileira em Santo André decorre do ciclo silvestre, sendo vetor o Amblyoma aureolatum, e ocorre na região
do recreio da Borda do Campo. É difícil a percepção
de casos desta enfermidade. Não há uma prova de
laboratório eficiente, e observa-se atualmente alta
letalidade desta doença. As ações de assistência à
saúde estavam desvinculadas das ações de vigilância epidemiológica e ambiental, e as da vigilância
desprovidos do olhar da assistência. As ações neste
bairro ocorriam de maneira pouco articulada. Os
resultados de identificação de carrapatos chegavam
tardios. Havia um acentuado abandono de animais
domésticos, que chega a ser quase 7 vezes a média
da cidade. A ocorrência de um óbito em agosto de
2014 após a paciente ter procurado os serviços de
saúde por quatro vezes, sensibilizou toda a equipe.
Um estudo deste caso demonstrou a lacuna no proAnais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
cesso de assistência e de vigilância epidemiológica:
a articulação dos serviços. Descrição Existe na
região, duas Unidades de Saúde com Estratégia de
Saúde da Família e um Pronto Atendimento. Rodas
de conversa com todos os funcionários da Unidade
de Saúde da Família do Recreio da Borda formou-os
como a referência do local para a Febre Maculosa.
Rodas de conversa com todas as unidades próximas
alertaram a ocorrência desta doença e a endemia
desta região específica. Rodas de conversas com os
agentes ambientais aproximou-os das Unidades de
Saúde da Família. Foi recuperada a identificação
do carrapato e a referência em tempo oportuno. Foi
realizado encoleiramento da população de cães e
gatos em 2014 e 2015, com cadastro para castração.
Foi revisado o protocolo de assistência ao paciente
com duas inovações principais os casos suspeitos
são direcionados para a UBS de referência para
acompanhamento e o resultado da vigilância acarológica de carrapatos retirados de humanos tem
retorno imediato para o paciente e para unidade
de saúde. Lições aprendidas e recomendações A
articulação entre as Unidades Básicas de Saúde e
os serviços de vigilância à saúde é indispensável
para a melhoria na assistência e promoção da saúde.
Quando conjugados, estes serviços tanto potencializam a assistência ao paciente, quanto à promoção
e prevenção da ocorrência de casos. A observação
dos tempos protocolares de atuação e das trocas de
informações destes serviços são fundamentais para
ação oportuna e eficaz.
ATENÇÃO PRIMÁRIA DE SAÚDE E A PROMOÇÃO
DOS PRINCÍPIOS ORGANIZACIONAIS DO SISTEMA
ÚNICO DE SAÚDE
Woneska Rodrigues Pinheiro / Pinheiro, W. R. /
Faculdade Leão Sampaio e Faculdade de Medicina
do ABC; Thais de Lima Felix da Silva / Silva, T. L.
F. / Faculdade Leão Sampaio; Marco Akerman /
Akerman, M. / Faculdade de Saúde Pública;
INTRODUÇÃO: O SUS, que foi garantido pela Constituição Brasileira de 1988 e regulamentado pelas
Leis Orgânicas de saúde, dispõe de um sistema
regido de princípios doutrinários (universalidade,
equidade e integralidade) que dizem respeito a filosofia do sistema e ampliam o conceito de saúde e
o direito a ela. Sobre a promoção destes princípios,
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 222
a municipalização da saúde é prevista como política de descentralização que incorpora a atenção
básica a saúde, permeada pelos princípios do SUS,
onde insere neste contexto as Unidades Básicas
de Saúde (UBS) que são portas de entrada da população ao sistema. Ao considerar que as propostas
trazidas pela Estratégia de Saúde da Família (ESF)
são grandes potenciais para reestruturar o modelo
assistencial e a organização dos serviços de saúde,
e sendo estas propostas pautadas nos princípios que
regem o SUS, torna-se fundamental, entre outros
aspectos, que o trabalhador integrante desta equipe
tenha envolvimento e conhecimento do projeto, bem
como sobre seus objetivos e princípios que o regem.
OBJETIVO: O presente estudo objetivou verificar o
conhecimento e promoção dos princípios doutrinários do SUS pela equipe atuante da ESF na cidade
de Juazeiro do Norte-CE. MÉTODOS: Este Trabalho
trata-se de um estudo de natureza transversal exploratória, com abordagem qualitativa. A pesquisa
foi realizada nas Estratégias de Saúde da Família da
cidade de Juazeiro do Norte-CE, com profissionais de
nível superior (médico, enfermeiros e odontólogos)
atuantes nas unidades durante o período de coleta.
A coleta foi realizada por meio de uma entrevista
semi estruturada, e os dados analisados por meio
do Discurso do Sujeito Coletivo. RESULTADOS E
CONCLUSÃO: Os resultados mostraram que os profissionais demonstraram não conhecer e promover
todos os princípios doutrinários do SUS de maneira
coerente. O conhecimento que se tem ainda é muito
incipiente e fragmentado, e a práxis (teoria aliada a
prática) ainda está longe de ser concretizada. O que
pode-se dizer, é que este é um ponto negativo que
deve ser levado em consideração por profissionais
e gestores, uma vez são os princípios doutrinários
do SUS, que regem todo o sistema, bem como a sua
maneira de se organizar. E o conhecimento ineficaz
dos mesmos, leva a práticas errôneas, dificultando
o processo de implantação e consolidação do SUS.
CARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA DOS
PARTICIPANTES DE UM GRUPO DE EXERCÍCIO FÍSICO NA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA SANTA
EDWIRGES, BAURU-SP, BRASIL
Ligiane S. dos Santos / Santos, L.S. / Universidade do Sagrado Coração (USC); Flávia C. Piotto
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
/ Piotto, F.C. / Universidade do Sagrado Coração
(USC); Raíza M.G. Magalhães / Magalhães, R.M.G.
/ Universidade do Sagrado Coração (USC); Letícia
A. Loge / Loge, L.A. / Universidade do Sagrado Coração (USC); Alberto de Vitta / de Vitta, A. / Universidade do Sagrado Coração (USC); Gisele G. Zanca
/ Zanca, G.G. / Universidade do Sagrado Coração
(USC); Letícia Carnaz / Carnaz, L. / Universidade
do Sagrado Coração (USC);
Introdução: A caracterização da população tem papel
fundamental no direcionamento de estratégias e
programas no contexto da Saúde da Família. Objetivo: Caracterizar as condições sociodemográficas
dos indivíduos que manifestaram interesse em
participar de um grupo de exercício físico na USF
Santa Edwirges, Bauru-SP. Metódos: Foi realizado
um levantamento dos prontuários dos indivíduos
que procuraram o grupo no período de fevereiro de
2014 a junho de 2015. O grupo é aberto à comunidade
e conduzido pelos estagiários do curso de fisioterapia da USC, o qual possui parceria com a Secretária
Municipal de Saúde. As informações referentes ao
gênero, estado civil, escolaridade, renda, exercício
de atividade remunerada e estilo de vida (pratica
atividade física, período do dia que realiza atividade
física, assiste televisão, frequência com que assiste
televisão, utiliza o computador, frequência de uso
do computador) foram extraídas dos prontuários.
Resultados: Setenta e quatro indivíduos com média
de idade de 59,2 (±11,7) anos procuraram pelo grupo
de exercício físico. A maior parte dos sujeitos eram
mulheres (82,4%), da raça branca (48,6%) ou parda
(33,8%), casados (67,6%) ou viúvos (20,3%), com 5,5
(±3,8) anos de estudo, em média. Em relação à renda,
27% dos sujeitos relataram renda de até 1 salário
mínimo, 63,5% de 1 a 5 salários mínimo, 1,4% de
5 a 10 salários mínimo. Quanto ao exercício de
atividade remunerada, apenas 10% dos indivíduos
avaliados reportaram estarem ativos, 41,9% eram
aposentados ou pensionistas, 28,4% do lar, 9,5%
estavam desempregados e 4,2% realizavam outras
atividades. Em relação a pratica de atividade física,
47,3% dos indivíduos avaliados relataram realizar
atividade física, sendo que dentre eles, a maior parte
realizava as atividades no período da manhã (45,9%),
33,8% no período da tarde e 1,35% à noite. O hábito
de assistir televisão foi verificado em 83,8% dos
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 223
sujeitos avaliados, numa frequência superior a cinco
vezes na semana para a maioria (70,3%). Já o uso
do computador foi menos frequente, apenas 17,6%
dos indivíduos reportou utilizar o computador, em
geral, uma vez por semana (66,6%). Conclusão: A
maior parte da população que procurou pelo grupo
de exercício físico eram mulheres, de baixa escolaridade, baixa renda e que já realizavam atividade física, preferencialmente no período da manhã. Esses
resultados contribuem para o redirecionamento das
estratégias de intervenção, no intuito de melhorar
a abrangência dos grupos.
CONDIÇÕES DE SAÚDE DOS PARTICIPANTES DO
GRUPO DE EXERCÍCIO FÍSICO DA UNIDADE DE
SAÚDE DA FAMÍLIA SANTA EDWIRGES, BAURU,
SÃO PAULO, BRASIL
Tamara C. Carreira / Carreira, T.C. / Universidade
do Sagrado Coração (USC); Luciana Sabadini /
Sabadini, L. / Universidade do Sagrado Coração
(USC); Mariana Minetto / Minetto, M. / Universidade do Sagrado Coração (USC); Alberto de Vitta
/ de Vitta, A. / Universidade do Sagrado Coração
(USC); Gisele G. Zanca / Zanca, G.G. / Universidade
do Sagrado Coração (USC); Letícia Carnaz / Carnaz, L. / Universidade do Sagrado Coração (USC);
Introdução: O atendimento em grupos é uma prática importante na Estratégia de Saúde da Família,
potencializando o acompanhamento horizontal
dos participantes e o processo de aprendizado e terapêutica. O conhecimento das características dos
potenciais participantes de um grupo possibilita
o melhor desenvolvimento de estratégias de intervenção. Objetivo: Mapear as condições de saúde dos
indivíduos interessados em participar do grupo de
exercício físico na USF Santa Edwirges, em Bauru-SP. Métodos: Foi realizado um levantamento de
prontuários do período de fevereiro de 2014 a junho
de 2015. Este grupo é conduzido pelos estagiários do
curso de Fisioterapia da Universidade do Sagrado
Coração, em parceria com a Secretaria Municipal
de Saúde, e aberto a todos os membros da comunidade que apresentem condições clínicas estáveis e
autorização médica. Os indivíduos interessados são
submetidos inicialmente a uma avaliação padronizada, que inclui o relato de doenças no último ano, o
Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
e avaliação das atividades básicas e instrumentais
de vida diária (índice de Katz e escala de Lawton,
respectivamente). Resultados: Foram extraídos dados do prontuário de 74 indivíduos, com média de
idade de 59,2±11,7 anos, sendo 84,2% mulheres. Todos
os indivíduos apresentaram independência nas
atividades básicas e instrumentais de vida diária.
Dentre os relatos de doenças, a maior prevalência
foi de hipertensão arterial sistêmica (64,8%), disfunções da coluna (52,7%), depressão (50%), doenças
reumáticas (44,6%), doenças dos órgãos do sentido
(39,2%), diabetes (33,8%) e distúrbios do equilíbrio
(29,7%). Osteoporose foi relatada por 18,9% dos indivíduos e incontinência urinária por 16,2%. Apenas
4% não tiveram relato de doenças. Com relação aos
sintomas osteomusculares, no último ano 31,1%
apresentaram queixas em até duas regiões do corpo,
27,1% de 3 a 5 regiões, 20,3% de 6 ou mais regiões
e 10,8% não apresentaram queixa. Com relação aos
últimos 7 dias, 28,4% apresentaram queixas em até
duas regiões, 15% de 3 a 5 regiões, 12,2% em 6 ou
mais regiões, e 32,4% não apresentaram queixas.
Conclusão: A maioria dos indivíduos que buscam
participar do grupo apresenta pelo menos um relato
de doença e sintoma musculoesquelético, porém sem
limitações nas atividades de vida diária. Dentre as
doenças relatadas, a hipertensão arterial é a mais
prevalente. Estes resultados contribuem para a
elaboração de intervenções mais efetivas para esta
população.
CONHECIMENTO E PRÁTICA DE PREVENÇÃO DST/
AIDS EM JOVENS ESTUDANTES
Rosana Tupinambá Viana Frazili / Frazili, R.T.V.
/ FATEA - LORENA/SP; Jéssica Maria Rezende
Albano / Albano, J.M.R. / FATEA - LORENA/SP;
Thaiane Daniel Avelino / Avelino, T.D. / FATEA LORENA/SP; Carolina Viana Frazili / Frazili, C.V. /
UNIFESO;
Introdução: Segundo a Organização Mundial da
Saúde (OMS), o Brasil registrou 38.776 casos de
HIV positivo, e 656.701 casos de AIDS até o ano de
2012. Em relação a outras DSTs, a estimativa em
população sexualmente ativa para sífilis foram de
937.000 casos; de gonorréia foram 1.541.800 casos;
herpes genital 640.900 e HPV 685.400 casos. Inúmeros estudos apontam para uma maior freqüência
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 224
de DSTs na adolescência e, conseqüentemente, um
aumento das chances de contaminação pelo vírus
HIV. Além da faixa etária, outros determinantes
são relacionados à incidência das DSTS, como a
pouca escolaridade, o baixo nível social e econômico.
Objetivos: Identificar o conhecimento e prática de
prevenção de DST/AIDS de estudantes adolescentes
do ensino médio em escolas particulares e públicas.
Metodologia: Trata-se de estudo quantitativo, de
campo, exploratório e descritivo. Realizada em duas
instituições de ensino, sendo uma particular e outra
pública, localizadas em dois municípios da microregião do Circuito da Fé, na região Metropolitana do
Vale do Paraíba, SP, em jovens estudantes de 17 a 18
anos do 3º ano ensino médio. Foi aplicado um questionário contendo 14 perguntas fechadas e 01 aberta.
Resultados: Após analisar os dados identificados,
é notória a falta de conhecimento aprofundado em
relação á prática e prevenção das DST/AIDS, entre
os jovens de 16 á 18 anos. No presente estudo, ficou
claro que os alunos da escola particular, apesar de
apresentarem déficit, ainda demonstram mais esclarecimento sobre o assunto do que os alunos da
escola pública. Ainda foi possível notar que mesmo
não possuindo conhecimento sobre o assunto, os
alunos não buscam meios para se informar. Além
de não possuírem o devido conhecimento, os entrevistados demonstraram despreocupação em se
prevenir durante as relações sexuais. Conclusão:
Os dados são preocupantes, pois esta clara deficiência de conhecimento, tanto da prática, quanto
da prevenção, irá contribuir cada vez mais com a
proliferação das doenças sexualmente transmissíveis entre os jovens. É necessário haver práticas de
intersetorialidade entre a saúde, educação, família e
sociedade em geral na promoção de ações educativas
e disseminação de informações sobre DST/ AIDS.
CONSTRUÇÃO DE UMA REDE DE CUIDADO AS
PESSOAS IDOSAS VITIMAS DE VIOLÊNCIA/NEGLIGÊNCIA
Guaraciaba Oliveira Pinto / Pinto, G.O / Secretaria De Saúde de São Bernardo do Campo; Mônica
Rodrigues Nagy / Nagy, M.R / Secretaria de Saúde
de São Bernardo do Campo; Rosalina Gibram / Gibram, R. / Secretaria de Saúde de São Beranrdo do
Campo; Samira Hadad / Hadad, S. / Secretaria de
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Saúde de São Bernardo do Campo; Isabel Cristina
Fuentes / Fuentes, I. C. / Secretaria de Saúde de
São Bernardo do Campo; Odete Carmen Gialdi /
Gialdi, O. C. / Secretaria de Saúde de São Bernardo
do Campo; Andrea Satrapa / Satrapa, A. / Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania de São
Bernardo do Campo; Marcia Barral / Barral, M. /
Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania
de São Bernardo do Campo;
Construção de uma rede de cuidado as pessoas
idosas vitimas de violência/negligência Com o envelhecimento da população, pensar o envelhecer e
proteger os idosos das situações de abuso, violência/
negligência, gerou a sensibilização dos nossos profissionais sobre o tema. Com o aumento do número
de equipes de saúde da família, a qualificação dos
profissionais sobre a importância da notificação dos
casos de violência, houve um aumento no número de
casos notificados pelas equipes de saúde da família.
Profissionais do Departamento de Atenção Básica
e Gestão do Cuidado iniciou uma articulação com
Departamento de Apoio a Gestão, para discutir estratégias que viessem de encontro as expectativas
das equipes em qualificar o cuidado. Iniciou uma
parceria com a Secretaria de Desenvolvimento
Social e Cidadania, pudéssemos pensar e articular
ações para apoio às demandas trazidas pelas equipes. Após reuniões com gestores dos serviços da
Saúde e Assistência Social, iniciamos um Grupo de
Trabalho, onde cada Secretaria apresentou, os dados
sobre a violência contra a pessoa idosa, realizamos
o estudo destes dados, pactuamos uma reunião com
profissionais do Centro de Referencia Assistência
Social (CRAS), Centro de Referência Especializado
da Assistência Social (CREAS), Equipes de Saúde da
Família, para que pautassem casos acompanhados,
elegemos dois interlocutores, um da Saúde e um da
Assistência Social, para fazerem às articulações
necessárias a realização desta reunião. Nas primeiras reuniões percebemos que para alguns casos, era
necessária a presença de outros profissionais que
pudessem formar uma rede de cuidado, profissionais
da Saúde Mental, Urgência/Emergência, Hospitalar,
Vigilância a Saúde, Consultório na Rua, Centro Pop,
devido à complexidade dos casos apresentados e
garantia da participação dos diversos serviços, pactuamos uma reunião mensal, encaminhando casos
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 225
que identificavam com maior complexidade e necessidade de articulação com a rede, para que fosse
discutido. A cada reunião nos deparamos com vários
desafios e a certeza da importância da formação de
uma Rede de Cuidado, fortalecendo e completando as
estratégias, para promover uma forma de produzir
cuidado, além dos aspectos biológicos, atuando de
forma responsável e solidária. A troca de saberes
como uma fonte de reflexão e apoio para a cada
situação apresentada, o compartilhar as angustias,
medos, fragilidades, potencias, fortalecimento do
tema, tem contribuído para enfrentarmos cada vez
mais este desafio.
CONTRIBUIÇÃO DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO E
PESQUISA NA REVISÃO DA POLÍTICA NACIONAL
DE PROMOÇÃO DA SAÚDE
Evelin Minowa / Minowa, E / FSP USP; Fabiana Alves do Nascimento / Nascimento, F.A. / FSP USP;
Helena Akemi Wada Watanabe / Watanabe, H.A.W.
/ FSP USP; Sandra Costa de Oliveira / Oliveira, S.C.
/ FSP USP; Elisabete Agrela de Andrade / Andrade,
E.A. / FSP USP; Márcia Faria Westphal / Westphal,
M.F. / FSP USP;
INTRODUÇÃO: Em 2014, a Política Nacional de Promoção da Saúde (PNaPS) passou por um processo de
revisão, coordenado pela Secretaria de Vigilância em
Saúde do Ministério da Saúde, em parceria com a
OPAS e o Grupo Temático de Promoção da Saúde da
ABRASCO, e envolveu colaboradores para conduzi-lo
nos diversos segmentos pretendidos. Como parte
da avaliação deste processo faz-se necessário compreender como se deu a contribuição dos diferentes
atores envolvidos e em que medida estas foram
incorporadas à PNaPS. OBJETIVO: Discutir a participação do grupo das instituições de ensino e pesquisa
na revisão da PNaPS, a partir da técnica Delphi. Para
isso, identificaram-se as contribuições que repercutiram na versão final da nova PNaPS. MÉTODOS: Os
participantes das instituições de ensino e pesquisa
foram selecionados a partir do diretório de grupos de
pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq). Os questionários
foram enviados por correio eletrônico aos sujeitos
da pesquisa em duas rodadas, sendo a última após
análise de consensos e dissensos da rodada anterior. RESULTADOS: Os consensos e dissensos das
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
rodadas com o grupo foram sistematizados em uma
matriz de análise que embasou o relatório final da
revisão da PNaPS. Os princípios empoderamento,
participação social, autonomia, integralidade e
equidade foram ressaltados, bem como a discussão
sobre educação permanente e formação continuada,
muito presente no Delphi, repercutiu nos objetivos
específicos e nas diretrizes da nova PNaPS. Todas
as diretrizes foram reformuladas e a maior parte
dos questionamentos apresentados no Delphi foram
contemplados, como: articulação intra e intersetorial, planejamento de ações territorializadas, participação social e gestão democrática. CONCLUSÃO:
A participação das instituições de ensino e pesquisa
foi significativamente repercutida na nova versão
da PNaPS. Nota-se que diversas opiniões, críticas e
sugestões dadas pelo grupo aparecem nos itens da
nova Política. Por exemplo, os temas relacionados à
formação e educação permanente, educação continuada e formação profissional. Ressalta-se, porém,
que essa repercussão é referente à relevância das
instituições de ensino e pesquisa no processo da
revisão da PNaPS, mas também pode se referir: à
relevância dos temas que emergiram em todo o processo da revisão da PNaPS; aos interesses existentes
no contexto em que se deu a revisão; e às negociações
realizadas na construção da versão final da Política.
CONTRIBUIÇÕES E DESAFIOS DA INTERSETORIALIDADE PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE
Mychele Capellini Moris Taguchi / Taguchi,
M.C.M. / UNICAMP; Daniele Sacardo Nigro / Nigro, D.S. / UNICAMP;
Esse trabalho tem como objetivo identificar e
discutir a produção científica publicada em bases
indexadas sobre a intersetorialidade tendo como
foco a promoção da saúde no Brasil entre 2005 e
2015. Trata-se de um estudo de revisão que utilizou
como base o Portais de Pesquisa da BVS e Scielo.
Utilizou-se como termo principal de busca a palavra
Intersetorialidade seguido de Promoção da Saúde.
A aplicação resultou em 90 materiais entre artigos,
dissertações, teses, vídeos e conferências na BVS
reduzidos para 54 após a aplicação de filtro para o
período de tempo e termos inseridos no índice resumo” e 8 materiais no Scielo, utilizando o filtro data e
assunto”, totalizando 62 materiais avaliados. A liteSaúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 226
ratura tem apontado boas práticas intersetoriais evidenciando avanços na sua consolidação. Suas ações
têm sido potenciais na mobilização tanto de setores
quanto de sujeitos, na construção de práticas inovadoras, na maior integração de serviços, programas,
políticas bem como na maior participação social e
eficiência frente às necessidades da população nessa
última década. O Programa de Saúde da Família tem
sido apontado como potência para a disseminação
de práticas intersetoriais e promoção da saúde nos
territórios e o Movimento Cidades Saudáveis tem
revelado a mesma potencialidade no nível da gestão.
Apesar dos avanços, alguns trabalhos apontam a
incipiência da intersetorialidade em muitos municípios, discorrendo sobre dificuldades e desafios
a serem debatidos como o despreparo e a falta de
conhecimento de profissionais e gestores a respeito da promoção da saúde, a insustentabilidade das
práticas, a compreensão distorcida a respeito da intersetorialidade tendo como consequências o isolamento de ações, falta de metas comuns, justaposição
de projetos e transferências de problemas, além da
burocratização dos processos e ausência de vontade
política. Analisando as concepções emergidas das
publicações, nota-se que o conceito de promoção da
saúde e intersetorialidade demonstram diferentes
tonalidades. Alguns veiculam a promoção da saúde
como educação em saúde, outros como prevenção
de doenças e por fim como arranjo teórico-político
capaz de influenciar processos de transformações. A
intersetorialidade ora foi refletida como ferramenta
de gestão no nível macropolítico e ora no micropolítico enfatizando as relações humanas. De maneira
conclusiva, a intersetorialidade é apontada em todos
os trabalhos como estratégia fundamental para
ações com vistas à promoção da saúde.
CUIDANDO DA SAÚDE DE ADOLESCENTES E
JOVENS POR MEIO DA EDUCAÇÃO E INTERSETORIALIDADE
Mariana Gonçalves Fabricio / Fabricio, M. G. /
UFSCar; Camila Almeida Pinho / Pinho, C. A. /
UFSCar; Luciana Nogueira Fioroni / Fioroni, L.
N. / UFSCar; Luiz Henrique Franco Mendonça /
Mendonça, L. H. F. / UFSCar; Luana Alves Correa
/ Correa, L. A. / UFSCar; Renan Aparecido Reis /
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Reis, R. A. / UFSCar; Ana Maria Zabeu / Zabeu, A.
M. / Centro de Atendimento a Infecções Crônicas
de São Carlos;
O campo de investigação da saúde do adolescente/jovem (A&J) tem se caracterizado por alguns desafios,
como a disparidade entre práticas de saúde centrada
em aspectos biomédicos e a lógica de necessidades
e expectativas dos A&J; concepções estereotipadas
e negativas em relação a este grupo; modelos de
intervenção marcadamente uniformizantes, reducionistas, disciplinadores e pouco equitativos; falta
de espaços qualificados e legítimos para discussão
acerca da sexualidade de A&J; despreparo dos profissionais que lidam com essa população em relação
à temática da sexualidade e práticas sexuais, a qual
é atravessada por influências culturais e religiosas. Considerando tais desafios, o enfoque deste o
projeto delineia-se como uma ação intersetorial de
promoção de saúde e de espaços de trocas entre A&J
e profissionais da educação e da saúde, envolvendo
escolas públicas localizadas em territórios percebidos de vulnerabilidade social e epidemiológica,
especialmente para Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s). O trabalho teve início em março de
deverá se encerrar no final do ano, com perspectivas
de continuidade em 2016. Do ponto de vista metodológico, o projeto envolve um grupo de trabalho de
uma universidade federal (DPSI UFSCar), o serviço
especializado em HIV/Aids (SAE) do município, a
diretoria de ensino e unidades de saúde da família.
A partir de dois materiais orientadores, com concepção construtivista, planeja atividades de formação
para profissionais da educação (coordenadores
pedagógicos, professores mediadores, professores)
e saúde (enfermeiros, médicos, dentistas, ACS); e
atividades de intervenção na forma de oficinas,
com alunos do 9º ano de 7 escolas públicas. Por se
tratar de um projeto em andamento, os dados até o
momento têm indicado como maior desafio a superação da lógica estritamente informativa, cognitiva
e prescritiva que caracteriza a maioria das ações de
prevenção com A&J. Já é possível observar a potência do trabalho intersetorial e das parcerias para a
facilitação dos processos de formação, prevenção e
promoção em saúde correntes com os preceitos do
SUS e do ECA para adolescentes e jovens.
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 227
DESAFIOS E POSSIBILIDADES NA CONSTRUÇÃO DA preciso conhecer o território, os serviços, identificar
as demandas, estabelecer fluxos e dar continuidade
REDE DE CUIDADOS DA PESSOA IDOSA
Nidia Paula Vicente / Vicente, Nídia Paula / Instituto de Responsabilidade Social Sírio Libanês;
Francies Regyanne Oliveira / Oliveira, F.R / Instituto de Responsabilidade Social Sírio Libanês;
Caracterização do problema: Na região central do
município de São Paulo, existe vasta rede de serviços para atender a população na sua diversidade de
demandas. Observa-se muitas vezes que não há aproveitamento pela falta de articulação entre si, assim
a população, ao invés de se beneficiar dos serviços,
assume o papel de comunicador entre a rede. Descrição: A equipe do Núcleo de Apoio à Saúde da Família
(NASF) que apoia nove equipes de Estratégia Saúde
da Família (ESF) e uma equipe de Consultório na rua,
na região central recebe demanda importante relacionada às questões de saúde mental e de atenção ao
idoso. O serviço social do NASF no período de março
a junho de 2015, recebeu casos complexos. Na quase
totalidade foi necessária ação com a rede intersetorial, o que significou articulação da Atenção Básica
com a saúde em programas específicos, Programa de
Acompanhante de Idosos (PAI), Unidade de Referência à saúde do idoso (URSI), com a assistência social;
Centro de Referência Especializado da Assistência
Social (CREAS), Centro de Referência da Assistência Social (CRAS), Serviço de Assistência Social às
Famílias (SASF), programa de inclusão à segurança
alimentar e Ministério Público junto à Promotoria
do Idoso. A ausência dessa ação inviabilizaria qualquer intervenção que resultasse em ganho para o
idoso. Entretanto, encontramos ainda dificuldades
nesta articulação, e estas se apresentam na descontinuidade de acompanhamento ou continuidade de
diálogo entre os serviços. O cuidado do idoso deve
dar-se de modo integral, com a substituição do
modelo biomédico pelo funcional com interlocução
intersetorial. Aí está o desafio do serviço social na
saúde: desconstruir este paradigma, ou seja, sensibilizar as equipes que o idoso não é uma caixa com
compartilhamentos”, mas um sujeito em sua relação
com a família e sociedade. Lições aprendidas: Já existem reuniões, há uma articulação entre os serviços,
mas é preciso avançar. É imprescindível definir um
profissional que se responsabilize pela gestão do
cuidado de forma abrangente e contínua para tal é
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
aos encaminhamentos. Os serviços devem estar integrados e disponíveis para compartilhar e agregar
saberes, visto as dificuldades que já nos deparamos
com as limitações de cada área de atuação, seja esta,
na saúde ou na assistência social.
DIÁLOGO-AÇÃO EM REDES DE ATENÇÃO: ACUMULAÇÃO COMPULSIVA: DESCONSTRUINDO
PRECONCEITOS E CONSTRUINDO POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE NA REGIÃO DE VILA MARIA/
VILA GUILHERME, CIDADE DE SÃO PAULO/SP
Regina Maria Faria Gomes / Gomes, Regina M.
F. / 2. Supervisão Técnica de Saúde Vila Maria/
Guilherme, Secretaria Municipal de Saúde de São
Paulo/SP; Adriana Maria Lopes Vieira / Vieira,
Adriana M. L. / 1. Supervisão de Vigilância em
Saúde Vila Maria/Guilherme (SUVIS VM/VG),
Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo/SP;
Elaine Herrero / Herrero, Elaine / 2. Supervisão
Técnica de Saúde Vila Maria/Guilherme, Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo/SP; Maria
Lucia Saloti / Saloti, Maria L. / 5. NASF – Núcleos
de Apoio à Saúde da Família – UBS Parque Novo
Mundo I e II – OSS/ SPDM; Silvana Reis Vicentin /
Vicentin, Silvana R. / Supervisão Técnica de Saúde
Vila Maria/Guilherme, Secretaria Municipal de
Saúde de São Paulo/SP; Susana Barbosa da Silva
/ Silva, Susana B / Supervisão de Vigilância em
Saúde Vila Maria/Guilherme (SUVIS VM/VG),
Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo/SP;;
Sueli Cândida Maciel / Maciel, Sueli C. / Centro
de Controle de Zoonoses, Secretaria Municipal de
Saúde de São Paulo/SP; Rafael Rodrigo de Lima
Santos / Santos, Rafael R.L. / Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS),
Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social;
Disposofobia, transtorno de acumulação compulsiva
ou Síndrome de Diógenes são os termos que definem
a condição patológica caracterizada por compulsiva
aquisição e acumulação de objetos e incapacidade
para descartar coisas, mesmo que os itens não tenham utilidade, sejam insalubres ou perigosos e/ou
acumulação de animais. Este é um tema complexo
para a Saúde Pública. Pesquisadores estabeleceram
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 228
correlações significativas entre o abuso de animais,
negligência e abuso de crianças, idosos e outras
formas de violência Objetivo: Conscientizar sobre
a necessidade do diálogo e atenção compartilhada,
visando ao acolhimento e à inclusão social da pessoa
com transtorno de acumulação sujeita a multivulnerabilidades (ambiental, social, habitacional, física,
mental, legal) e Fortalecer a rede intersetorial de
cuidado às pessoas com transtornos de acumulação.
Método: Reuniões mensais de Integração dos setores
de atenção e de vigilância em saúde, controle de zoonoses, assistência e desenvolvimento social, limpeza
urbana, Verde e Meio Ambiente, conselho gestor.
Resultado: Padronização de fluxos, protocolos, entre
outros para estimular a suspeita e a notificação;
matriciamento dos casos, plano de ação intersetorial e o I Seminário Acumulação Compulsiva: Desconstruindo Preconceitos e Construindo Políticas
Públicas de Saúde com participação efetiva de 537
profissionais de diversas secretarias Municipais de
vários Estados do Brasil (Saúde, Assistência Social,
Limpeza Urbana, Meio Ambiente, Justiça, entre
outras), com 8 trabalhos apresentados, bem como a
mostra de trabalhos artesanais feitos com material
reciclável. Conclusão: A organização de uma rede
de cuidados e de protocolos, que propicie a Atenção
Integral em Saúde às pessoas com transtornos de
acumulação, é indispensável para a resolutividade
desta problemática. Referências:1. São Paulo (Cidade). Coordenadoria da Atenção Básica e Coordenadoria Regional de Saúde Norte. Documento Norteador
para Atenção a Pessoas em Situação de Violência,
2010.2. São Paulo (Cidade). Secretaria Municipal da
Saúde. Sistema de Informação para a Vigilância de
Violências e Acidentes – SIVVA. Manual de Preenchimento Ficha de Notificação de Casos Suspeitos
ou Confirmados, 2007. . Arkow P., coordinator of
the National Link Coalition, comunicação verbal.
São Paulo: Seminário Internacional: O Elo entre o
Abuso Animal e a Violência Humana em 30 e 31 de
julho de 2013.
DOCUMENTÁRIO SAINDO DA CAIXINHA
Silvana Maria Ribeiro / Ribeiro, S.M. / Faculdade
de Saúde Pública/USP; Cláudia Maria Bógus /
Bógus, C.M. / Faculdade de Saúde Pública/USP;
Christiane Gasparini Araújo Costa / Costa, C.G.A. /
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Faculdade de Saúde Pública/USP; Denise Eugenia
Pereira Coelho / COELHO, D.E.P. / Faculdade de
Saúde Pública/USP; Mariana Tarricone Garcia /
Garcia, M.T. / Faculdade de Saúde Pública/USP;
Marcia Fernanda de Souza Salandini / SALANDINI, M.F.S. / Faculdade de Saúde Pública/USP; Helena Akemi Wada Watanabe / Watanabe, H.A.W. /
Faculdade de Saúde Pública/USP; Natalia Gebrim
Doria / Doria, N.G. / Faculdade de Saúde Pública/
USP; Vanessa L. C. de Medeiros / Medeiros, V.L.C.
/ Faculdade de Saúde Pública/USP; Natalia P.
Zuccon / Zuccon, N.P. / Faculdade de Saúde Pública/USP; Beatriz F. Mei / Mei, B.F. / Faculdade de
Saúde Pública/USP; Veronica Garcia de Medeiros
/ Medeiros, V.G. / Faculdade de Saúde Pública/
USP; Jéssica V. Franco / Franco, J.V. / Universidade
Paulista (UNIP);
O Documentário Saindo da Caixinha”, produzido por
Adolfo Borges, é resultado de uma investigação realizada pelo Grupo de Pesquisa Promoção da Saúde
e Segurança Alimentar e Nutrucional” da FSP/USP
no município de Embu das Artes durante o período
compreendido entre 2012 e 2014, sendo um produto
do projeto FAPESP 20112011/23187-3 intitulado
de “Agricultura Urbana e Segurança Alimentar e
Nutricional no Município de Embu das Artes”. Por
meio de histórias de vida e depoimentos de técnicos
e especialistas de diversas áreas do conhecimento,
o documentário aborda a temática da agricultura
urbana com foco nos benefícios que uma horta comunitária pode trazer para escolas, comunidades e
espaços de socialização, demonstrando resultados
na vida e na saúde das pessoas envolvidas. Além de
professores e diretores de escolas e universidades,
três personagens foram entrevistados: um usuário
de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), uma
professora de educação infantil e uma professora
de horta do ensino fundamental marcando a importância das ações intersetoriais. O estilo de vida nas
metrópoles deixa as pessoas consumistas, isoladas
e sedentárias. Nesta produção audiovisual, as hortas
urbanas aparecem como uma boa alternativa para
sair do piloto automático” e buscar novas alternativa
para vida pessoal e profissional. O documentário
acompanha ações em hortas escolares e comunitárias no município de Embu das Artes, na grande São
Paulo, demonstrando os benefícios psicossociais, a
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 229
promoção da saúde e a qualidade de vida intrínsecos
nesta atividade a partir do empoderamento individual e coletivo.
EDUCAÇÃO EM SAÚDE: AÇÃO GERADORA DE
INTERSETORIALIDADE
Jean Lucas Campos dos Anjos / MACIEL, K.de F. /
PUC-SP;
Este é um relato de experiência de graduandos do
primeiro ano do curso de Enfermagem da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo como parte do
módulo O ser humano inserido na sociedade e o processo saúde doença”. Teve como objetivo descrever a
práxis sobre a Intervenção desenvolvida na Pastoral
do Menor com os Jovens do Projeto Jovem Cidadão
de um bairro da periferia de Sorocaba. O diagnóstico da realidade revelou alto índice de gravidez na
adolescência, criminalidade elevada, desmotivação
para o estudo e inadequação nas formas de buscar
solução para esses problemas via intersetorialidade.
Participaram da intervenção jovens com idade de 14
a 17 anos, inseridos no ensino fundamental e médio.
Foi realizada uma dinâmica problematizadora pautada nos princípios da educação popular de Paulo
Freire com o intuito de favorecer a sensibilização
e a reflexão sobre a importância dos estudos como
porta de entrada para o mundo do trabalho e para
realização pessoal. Foi realizada uma análise qualitativa dos dados a partir dos diálogos. Concluiu-se
que a dinâmica permitiu a interação entre os jovens,
a troca de conhecimentos, assim como mostrou que,
quando estimulados, esses jovens podem entender
a continuidade dos estudos e desenhar novos caminhos para a vida. A intervenção também foi efetiva
como forma de estimular o diálogo entre a Pastoral
do Menor e as Escolas do bairro valorizando a intersetorialidade. Palavras-chave: educação em saúde,
ação intersetorial, enfermagem.
ELETROCARDIOGRAMA: SISTEMA TELE-ECG CONTRIBUIÇÃO À SAÚDE PÚBLICA E BENEFÍCIOS NA
AVALIAÇÃO CARDIOLÓGICA
Selma Rossi Gentil / Gentil,S.R. / Universidade de
São Paulo; Lislaine Aparecida Fracolli / Fracolli L
A / Universidade de São Paulo;
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Introdução: A realização deste estudo tem como
finalidade contribuir para a ampliação ao acesso
da população usuária do Sistema Único de Saúde
(SUS), ao exame cardiológico de Eletrocardiograma
(ECG) com laudo. As Unidades Básicas de Saúde
(UBS) são responsáveis pelas primeiras demandas
para o controle e prevenção das Doenças Crônicas
Não Transmissíveis (DCNT). As recomendações que
constam nos Caderno de Atenção aos pacientes portadores de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e
nos Parâmetros de Programação das Ações de Saúde
(PPGAS) preveem a realização do exame de ECG para
a classificação de risco cardiovascular. A realização
do ECG com laudo através do sistema de Tele-ECG do
Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia do Estado
de São Paulo no Ambulatório da Várzea do Carmo
da Secretaria do Estado de São Paulo fortalece a
assistência prestada pela UBS ou ESF dos pacientes
sejam estes com o diagnóstico de DCNT ou ainda nas
ações de prevenção. Objetivo: Construir um manual
online de orientação sobre o a utilização do Tele-ECG
na Atenção Primária de Saúde (APS) do SUS. Método:
Através da pesquisa qualitativa de abordagem descritiva e exploratória, retrospectiva, que analisará
o tempo em dias entre a solicitação médica através
da Ficha do Serviço de Atendimento Diagnóstico e
Terapias (SADT) solicitando o exame de ECG com
laudo dos pacientes da Rede de APS do SUS e a sua
realização deste através do sistema de Tele-ECG em
uma unidade especializada. Resultados: Através do
levantamento dos documentos Ficha de Atendimento (FA), SADT e banco de dados do sistema de Tele-ECG serão analisados as características da população e subsidiar a construção do manual. Conclusão:
Disponibilizar para o profissional da saúde acesso
sobre o conhecimento técnico do ECG tanto sobre a
técnica adequada para a sua realização quanto sobre
o registro do ritmo cardíaco normal e os principais
itens que constam no laudo médico este procedimento. Serão analisadas as formas inovadoras para
efetivar melhor o acesso do ECG com laudo na assistência continuada do cuidado integral ao paciente,
tornando a realização deste procedimento fundamental na área da cardiologia e de fácil acesso ao
cidadão, registrando esta experiência da Cidade de
São Paulo uma tecnologia a ser explorada por outras
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 230
localidades do Brasil. PALAVRAS-CHAVE: Técnicas
de Diagnóstico Cardiovascular, Atenção Primária,
Eletrocardiografia, Diagnóstico, Doenças Crônicas,
Assistência de Enfermagem, Gestão Publica.
FISIOTERAPIA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE
(APS): DESCRIÇÃO DO PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DE NOVOS FLUXOS A FISIOTERAPIA NO
CENTRO DE SAÚDE ESCOLA BARRA FUNDA – ALEXANDRE VRANJAC
EXPERIÊNCIAS INICIAIS DO PROGRAMA SÃO PAURafael Rodrigo Silva de Souza / Souza, R.R.S. /
LO PELA PRIMEIRÍSSIMA INFÂNCIA NO MUNICÍPIO Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São
DE PORTO FERREIRA: OLHARES DA ARTICULAÇÃO Paulo - ISCMSP; Cleberson Barbosa de Oliveira /
Marcos Felipe Chiaretto / CHIARETTO, M. F. /
Prefeitura Municipal de Porto Ferreira;
O programa São Paulo Pela Primeiríssima Infância
foi idealizado pela Fundação Maria Cecília Souto
Vidigal, criada em 1965 pelo banqueiro Gastão Eduardo de Bueno Vidigal e sua esposa, Maria Cecília
Souto Vidigal, após o falecimento, aos 13 anos de
idade, da filha caçula do casal, Maria Cecília, vítima
de leucemia. Depois de atuar por quase 40 anos na
área de hematologia e hemoterapia, a Fundação
redefiniu seu foco e atualmente se dedica também à
promoção do desenvolvimento da primeira infância.
No mês de Maio de 2015, o psicólogo Marcos Felipe
Chiaretto assumiu o convite do Departamento de
Saúde para assumir a articulação do projeto em
Porto Ferreira, um município do interior paulista,
com pouco mais de 54 mil habitantes. Através de
oficinas de formação regionais, profissionais dos
três setores (Educação, Saúde e Promoção Social)
capacitam-se e, após isso, realizam no município de
origem a Reedição do que foi aprendido na oficina
inicial. O programa tem vários objetivos gerais,
como estimular e desenvolver governança local
para construir políticas públicas integradas, que
priorizem a promoção do desenvolvimento infantil
garantindo uma prática sustentável e de qualidade;
qualificar o atendimento das gestantes e crianças
de zero a três anos nos serviços de Saúde, Educação
Infantil e Desenvolvimento Social; mobilizar e sensibilizar as comunidades locais para a importância
da atenção à Primeira Infância e, por fim, avaliar,
sistematizar e disseminar o conhecimento gerado
durante a experiência para a aplicação, em escala,
por outros municípios. Pode-se notar que, até o
presente momento, é preciso ampliar e aplicar os
conhecimentos da gestação até os seis anos de idade
no município.
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Oliveira, C.B. / Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo - ISCMSP;
Caracterização do Problema A dificuldade de acesso ao profissional de fisioterapia na APS gera um
impacto incalculável a população, visto que só se
beneficiarão dos conhecimentos deste profissional
quando as sequelas da doença já estiverem instaladas ou quando os cidadãos contam com subsídios
municipais isolados. Diferente de outras Unidades
Básicas de Saúde, o Centro de Saúde Escola Barra
Funda – Alexandre Vranjac” integra em seu corpo
clínico dois fisioterapeutas próprios do serviço,
onde a implantação destes profissionais teve como
desafio a criação de novos acessos e referencias
matriciais para as equipes de Estratégia Saúde da
Família e o atendimento da demanda reprimida da
unidade. Descrição A Implantação dos 2 Fisioterapeutas no CSEBF-AV ocorreu em 3 ações. A primeira
ação foi implantar um fluxo de atendimento da demanda reprimida da fisioterapia. A lista de espera
da unidade chegava a mais de 380 pacientes para
serem encaminhados e tratados nas referências
técnicas da região. Para isso foi criado um fluxo
de triagem dos pacientes da lista e foram divididos
em 3 grupos: Atendimento na própria UBS; Encaminhamento para a Referência; Agendamento de
Visita Domiciliar. A segunda ação foi caracterizar
os grupos de atendimentos na unidade de acordo
com a triagem realizada anteriormente. As queixas
de dores musculoesqueléticas foram prevalentes
durante as triagens e desta forma os pacientes foram
divididos de acordo com suas queixas. Formaram-se 3 grupos de atendimentos: Grupo de Coluna,
Ombro e Joelho. Com critérios de inclusão de Dor
Crônica a mais de 3 semanas, sem historia previa
de cirurgia no segmento da queixa e disponibilidade
de locomoção até a UBS. A terceira ação foi realizar
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 231
um perfil epidemiológico dos moradores da área de
abrangência das equipes de ESF, que serviu para
traçar os critérios de atendimentos domiciliares
aos pacientes idosos e ou com mobilidade física
reduzida. Lições Aprendidas e Recomendações A
atuação do fisioterapeuta com foco na prevenção de
doenças e promoção de saúde vem sendo exploradas
pouco a pouco num processo de desenvolvimento
de condutas amplas e inovadoras. É de extrema importância a consciência dos gestores das UBS e das
Secretárias Municipais e Estaduais de Saúde que
a incorporação do Fisioterapeuta fixo na APS pode
aprimorar as ações de promoção a saúde, prevenção
de doenças e qualidade de vida da população, alem
de contribuir na pesquisa e ensino acadêmico dos
futuros profissionais da saúde.
FORMAÇÃO DE UM GRUPO DE CONVIVÊNCIA
PARA IDOSOS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Renata Ohana Pereira dos Santos / Santos, R.O.P. /
Universidade Federal de Goias - Regional Catalão;
Caliope Pilger / Pilger, C. / Universidade Federal
de Goias - Regional Catalão; Nunila Ferreira Oliveira / Oliveira, N.F. / Universidade Federal de Goias Regional Catalão; Lana Ferreira Lima / Lima, L.F. /
Universidade Federal de Goias - Regional Catalão;
Emilse Terezinha Naves / Naves, E.T. / Universidade Federal de Goias - Regional Catalão;
CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA O envelhecimento é compreendido como processo natural, cronológico, que possui suas especificidades e singularidades.
Com o propósito de atender os fatores que proporcionam uma melhora da qualidade de vida dos idosos e
que englobam o conceito de saúde, propôs a realização de um projeto de extensão multidisciplinar com
docentes e discentes dos cursos de Enfermagem,
Psicologia e Educação Física. Este projeto teve como
intuito promover a saúde e prevenir doenças, para
que assim possa atender as necessidades desta faixa
etária e realizar um cuidado integral. DESCRIÇÃO:
O projeto foi desenvolvido em uma Estratégia Saúde
da Família (ESF) no município de Catalão-GO, desde
agosto de 2014. O público alvo foram os idosos cadastrados na ESF. Os encontros foram realizados
quinzenalmente e desenvolvidos por discentes dos
cursos supracitados, com supervisão das docentes.
As ações realizadas foram estruturadas e organizaAnais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
das de acordo com as limitações dos participantes.
Diante dos objetivos propôs-se as seguintes atividades: - Educação em saúde, com orientações sobre
as principais doenças crônicas; -Atividades físicas,
lúdicas e recreativas, dentre outros; - Realização
de práticas Integrativas e Complementares como a
técnica de automassagem (DO-IN); - Oficinas e rodas
de conversas. LIÇÕES APRENDIDAS: O trabalho
interdisciplinar entre os integrantes dos cursos de
Educação Física, Enfermagem e Psicologia inicialmente apresentou-se como um desafio, contudo foi
essencial para o desenvolvimento das atividades e
realização de um trabalho que atendesse as necessidades dos idosos do grupo. O projeto fortaleceu
nos discentes a vontade de melhorar, de se capacitar para atender a esta faixa etária populacional,
que possui suas particularidades e singularidades.
Teve-se uma dificuldade em relação a assiduidade
dos participantes, devido à falta de adesão. Em
contrapartida, fez-se necessário sistematizar novas perspectivas, para aumentar a cooperatividade
grupal e maximizar a nossa criatividade e formação
pessoal e profissional. RECOMENDAÇÕES: Atividade extensionista representa um espaço de troca e
interação entre saberes que envolvem a sociedade,
acadêmicos e professores. Além de representar um
estímulo para continuar a promover atividades em
de grupo, visando a promoção da saúde, prevenção
de doenças, socialização e melhora da qualidade de
vida da população idosa.
GRUPO DE MULHERES NO MORRO: PROMOÇÃO
DA SAÚDE E EMPODERAMENTO
Christiane Alves Abdala / ABDALA, C. A. / Prefeitura de Santos; Isabela Sgavioli Massucato /
MASSUCATO, I. S. / UNIFESP - BS; Vinícius Gomes
Pestana / PESTANA, V. G. / Prefeitura de Santos;
Cynthia Aparecida Rodrigues Mondin / MONDIN,
C. A. R. / Prefeitura de Santos;
Caracterização do problema: O Morro Santa Maria,
no município de Santos, é um território de difícil
acesso e alta vulnerabilidade. Com apenas um equipamento público, o território não possui atividades
para a população em geral, não há escolas, creches,
praças, supermercados, parques etc. As mulheres
da comunidade permanecem na maioria, sem opções, cuidando da casa e dos filhos. Descrição: O
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 232
Grupo de Mulheres foi criado a partir da demanda
da própria equipe de Saúde da Família (eSF), que
percebeu grande necessidade em reunir algumas
mulheres do território como forma de Promoção
da Saúde. Os encontros são semanais e temáticos,
aproximadamente 10 mulheres participam. O
grupo tem como referência profissionais do NASF,
estagiárias de Psicologia e Nutrição, e ACS da eSF.
Lições aprendidas: No início, houve pouca adesão ao
grupo. Percebemos a necessidade da divulgação da
programação de cada encontro, então começamos
a entregar folhetos com a programação mensal
do grupo, tanto para novos convites quanto para
aquelas que já participavam. Conforme demanda
e sugestões trazidas pelas próprias participantes,
demos preferência para atividades práticas como
oficinas de artesanato, dança e culinária, troca de
receitas e passeios ao ar livre. O retorno foi muito
positivo e mais mulheres passaram a participar. A
realização de atividades mais concretas, para este
grupo, foi um facilitador no desenvolvimento do vínculo e no acesso a conteúdos subjetivos, conflitos e
dificuldades do dia a dia que podem ser trabalhados
com sutileza e cuidado. Importante destacar que,
como a Unidade de Saúde ainda está em construção,
apesar da eSF já trabalhar no território há 09 anos,
o grupo é realizado no único equipamento público
que existe no território, um Centro de Convivência,
da Secretaria de Assistência Social, voltado para
ações com crianças e adolescentes. A princípio, a
falta de espaço foi encarada como uma dificuldade
pela eSF, mas com o andamento do grupo percebemos que essa dificuldade transformou-se num
grande potencializador para o trabalho intersetorial
e intergeracional com trocas importantes entre as
populações atendidas e os profissionais dos serviços. Recomendações: É importante que o grupo
se fortaleça a cada encontro. Para isso, enquanto
facilitadores, precisamos estar sempre atentos às
demandas do grupo e à sua dinâmica. Planejar as
atividades antecipadamente, procurar entender a
singularidade do grupo e manter a rotina dos encontros são medidas imprescindíveis.
GRUPOS DE PROMOÇÃO DE SAÚDE NO MUNICÍPIO
DE MONTEIRO LOBATO
Claudia Alves Andrade de Assis / Assis, C.A.A /
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Prefeitura Municipal de Monteiro Lobato; Juliana
Souza Santos de Barros / Barros, J.S.S. / prefeitura
mnunicipal de monteiro lobato;
Introdução A Promoção da Saúde tem sido apontada como um eixo essencial na ESF. A educação em
saúde por meio de Grupos de Educação em Saúde
pode ser considerada uma prática positiva a ser
integrada aos cuidados de saúde uma vez que não
só veicula informações, mas sugere alternativas
para a prevenção à doença e a Promoção da Saúde
da comunidade. No município de Monteiro Lobato
são realizados mensalmente, grupos de educação
em saúde, com os temas, saúde da criança, saúde
da mulher, grupos de hiperdia e saúde da gestante.
E grupos esporádicos de adolescente e tabagismo.
Objetivo A formação dos grupos no município teve
como principal objetivo alcançar um modelo assistencial de saúde que tenha como foco o cuidado à
saúde da população com ações que extrapolem a
prática curativista. Nas ações são destacadas a importância de se ter a saúde como um dos elementos
da cidadania, como um direito das pessoas que vai
além da perspectiva de curar e evitar doenças, e sim
de ter uma vida saudável. Metodologia Trata-se de
ações de educação em saúde através de grupos que
vem sendo implantadas desde o início do ano de
2012, visto a necessidade de intensificar a participação dos usuários na atenção Os grupos são mensais
com a participação da equipe multidisciplinar que
conta com enfermeiro, acs, nutricionista, dentista,
medico, preparador físico, psicólogo e auxiliar de
enfermagem. As atividades são realizadas na sala
de espera da ESF e na zona rural. Os temas são escolhidos de acordo com o grupo, e embasados nos
cadernos de atenção básica do MS. Resultado Desde
a instituição dos grupos na ESF tem-se notado uma
melhora no controle e no prognostico dos participantes. É possível também identificar uma participação
cooperativa dos membros e um aumento da capacidade de desenvolvimento da autonomia, já que, os
conhecimentos transmitidos ampliam a habilidade
dos participantes de fazer escolhas saudáveis. Conclusão São de grande impacto benefícios trazidos
à saúde através do conhecimento transmitidos
nos GPS, já que são importantes recursos técnicos
que auxiliam a construção e aperfeiçoamento de
serviços associados ao conceito positivo de saúde.
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 233
Cabe aos profissionais de saúde, por meio da construção de práticas planejadas e engajadas, buscar
incorporar os referenciais da saúde coletiva e da
educação popular em saúde, para a construção de
práticas que conciliem as necessidades de saúde e
as orientações capazes de produzir impactos sobre
a saúde da população.
Promoção da Saúde é uma das principais ações de
enfrentamento da violência e que merece ser mais
estimulada.
INTERFACE ENTRE O DISCURSO E PRÁTICA DOS
PROFISSIONAIS DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMILIA SOBRE O ENFRENTAMENTO DOS DETERMINANTES SOCIAIS DE SAÚDE
IMPLANTAÇÃO DO NÚCLEO INTERSETORIAL DE Thamires Lunguinho Cavalcante / Cavalcante, T.
PREVENÇÃO A VIOLÊNCIA E PROMOÇÃO DA L. / Faculdade Leão Sampaio; Marco Akerman /
CULTURA DA PAZ
Akerman, M. / Faculdade de Saúde Pública - USP;
Bianca Santana Dutra / Dutra, B. S / UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS; Marta Maria
Alves da Silva / Silva, M. A. S / Ministério da Saúde; Elza Machado de Melo / Melo, E. M. / UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS; Ana Lúcia
de Paula Dornas Nacif / Nacif, A. L. P. D / Superintendência Regional de Saúde de Sete Lagoas;
Trata-se de um projeto elaborado pela equipe do município de Sete Lagoas articulado juntamente com a
Secretaria de Estado (SRS - Sete Lagoas) que visa a
efetivação de parcerias e contempla a concretização
de trabalho interinstitucional integrado entre si e
aos demais setores governamentais e não governamentais que o fenômeno da violência exige para
ser enfrentado, minimizado e superado. A proposta
do núcleo é estudar, discutir e analisar a situação
da violência no município de forma conjunta e
integrada elaborar um plano de ação transversal
sustentável – traçar medidas e estratégias eficazes
de promoção da saúde, prevenção da violência e
promoção da cultura da paz. Apresentar e trazer a
experiência do estudo, planejamento e Implantação
de um Núcleo interinstitucional inovador de Prevenção da Violência e Cultura da paz de um município
de Minas Gerais constitui e caracteriza o nosso
objetivo. Criamos um espaço de discussão - reuniões
mensais com a participação de conselhos tutelares,
saúde, educação, assistência social, segurança pública, e outros, para estimular, favorecer, fortalecer e
potencializar a articulação, o diálogo entre os diversos setores e instituições visando desenvolver competências e incorporar dispositivos, instrumentos,
meios e formas de consolidar a prática de políticas
e ações integradas. Percebe-se um processo gradual e necessário em que a sensibilização dos atores
envolvidos é um grande desafio. Acreditamos que a
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Woneska Rodrigues Pinheiro / Pinheiro, W. R. /
Faculdade Leão Sampaio e Faculdade de Medicina
do ABC;
INTRODUÇÃO: Os Determinantes Sociais de Saúde (DSS) são definidos como uma rede de fatores
relacionados às condições sociais de uma comunidade que tem capacidade de condicionar situações
de saúde e doença. Os profissionais de saúde que
trabalham na Atenção Primária a Saúde, por meio
da Estratégia de Saúde da Família (ESF), são os
geradores das ações que devem ampliar o plano
assistencial para as necessidades sociais de sua
comunidade, como forma de promover saúde e equidade nos seus sistemas. OBJETIVO: O estudo teve
como objetivo principal a verificação do discurso
e da prática dos profissionais atuantes na ESF em
relação aos determinantes sociais de saúde e seu
enfrentamento. METODOLOGIA: Este é um estudo
exploratório, transversal, de natureza qualitativa. A
pesquisa foi realizada com profissionais atuantes
nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município
de Juazeiro do Norte-CE. Os dados foram coletados
através de uma entrevista semi estruturada direcionada aos participantes, e analisados por meio
da técnica do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). O
estudo foi aceito pelo Comitê de Ética e Pesquisa,
através do Parecer Consubstanciado da CEP número 1.056.826 com data de relatoria de 19/04/2015.
RESULTADO E CONCLUSÃO: Participaram deste
estudo 15 profissionais, dentre eles médicos, enfermeiros e dentistas. Foi possível inferir que os
profissionais possuem um conceito de DSS que não
se distancia daquele apresentado na literatura, como
também possuem um entendimento sólido sobre
a influência dos fatores sociais nos problemas de
saúde de sua comunidade. Quando questionados
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 234
sobre a integração entre a equipe, foi detectado que
algumas possuem uma integração positiva quanto
ao enfrentamento do DSS, em contraste com outras
que relataram ausência de integração. Foi destacado
o uso da educação em saúde através de palestras
e campanhas como forma de enfrentamento mais
utilizada pela equipe. Os DSS mais apontados na
realidade da comunidade foram àqueles relacionados a aspectos individuais, como idade e hábitos
alimentares, e aqueles de mais amplitude, como
renda, desemprego, violência, ausência de mecanismos de socialização e ausência de saneamento
básico. Conclui-se que a os profissionais possuem
um conhecimento satisfatório sobre a temática, porem suas práticas de enfrentamento são de alcance
apenas á nível de determinantes individuais, além
de existirem equipes que não realizam integração
para realizar tal atividade.
MAPEAMENTO DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
EM UM MUNICÍPIO DO INTERIOR PAULISTA
Andrea Silveira Machado Pierine / Pierine, A.S.M
/ Programa de Pós Graduação em Saúde Coletiva – FMB/UNESP de Botucatu; Dinair Ferreira
Machado / Machado, D.F / Departamento de Saúde
Pública – FMB/UNESP de Botucatu; Margareth
Aparecida Santini de Almeida / Almeida, M.A.S /
Departamento de Saúde Pública – FMB/UNESP de
Botucatu.; Elen Rose Lodeiro Castanheira / Castanheira, E.R.L / Departamento de Saúde Pública
– FMB/UNESP de Botucatu;
Introdução: A apreensão do fenômeno da violência
contra a mulher pode ser tratado sob diferentes
enfoques, um deles se refere ao papel do território
no processo de produção e reprodução da violência,
sendo este o local onde as relações sociais acontecem.
Conhecer o território pode auxiliar na compreensão
da história de vida das mulheres e na influência que
o espaço exerce no ciclo de violência. Objetivos: Construir o mapa da violência contra a mulher a partir
dos boletins de ocorrências lavrados na Delegacia de
Defesa da Mulher de um município do interior paulista. Métodos: Trata-se de um estudo qualitativo que
mapeou por meio dos boletins de ocorrência lavrados por mulheres que sofreram violência de gênero
perpetrada por parceiro íntimo no período de abril
de 2013 a abril de 2014 os endereços e respectivos
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
territórios das referidas mulheres. O mapeamento
foi realizado de acordo com o endereço das mulheres
contido nos boletins de ocorrência, os quais foram
distribuídos de acordo com a área de abrangência das
UBS/USF e dos CRAS para territorialização desses
locais. Resultados: Foram analisados até o momento
520 boletins de ocorrência com média de 40 casos
mensais. A construção do mapa da violência contra
a mulher e a identificação das peculiaridades de
cada território, possibilitará a visibilidade dos casos
de violência considerando as vulnerabilidades do
território, bem como o reconhecimento do conteúdo
social, econômico, politico e cultural que envolve
as famílias em seus territórios, a relação entre as
famílias e os serviços de saúde e assistência social.
Conclusão: O mapeamento dos casos de violência
contra a mulher, e a análise da influência do território na produção da violência, podem subsidiar ações
intersetoriais que considerem a construção histórica
dos bairros e suas vulnerabilidades, auxiliando no
enfrentamento da violência e na elaboração de politicas públicas que promovam a saúde e qualidade de
vida dessas mulheres.
O ACESSO AOS DIREITOS SOCIAIS COMO FORMA
DE PROMOÇÃO A SAÚDE
Betania Furtado Serra / Serra, B.F / Hospital Federal da Lagoa/ UERJ;
Introdução Esse trabalho é fruto do Curso de Especialização em Serviço Social e Saúde. Compreendendo o processo saúde/doença sob a perspectiva
dos direitos sociais e a concepção de cidadania
relacionando o acesso aos direitos sociais como
forma de promoção da saúde. Analisou-se em que
condições o ingresso no serviço se saúde se dá. Objetivo Compreender o Acesso aos Direitos Sociais
enquanto condição para a Promoção de Saúde. Identificar a percepção que os usuários têm sobre seus
direitos. Metodologia Entrevista semi estruturada
com vinte usuários da clínica de cirurgia vascular,
onde foi avaliada a percepção que os usuários têm
sobre seus direitos e a relação do acesso com a promoção da saúde. Resultados Sobre o conhecimento
dos direitos sociais foi notória a dificuldade que
os entrevistados tiveram em responder sobre esse
tema. Os direitos mais citados estão relacionados à
condição de saúde e doença, sendo o modelo médico
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 235
curativo prevalecente. Os dados revelaram que a
falta de conhecimento impede o acesso e a busca
pela concretização de direitos. A identificação da
saúde com práticas médicas ainda é muito presente. A análise das informações coletadas explicita
a falta de compreensão que os usuários têm sobre
seus direitos de cidadão, o que reflete a construção
histórica da cidadania no Brasil, onde os serviços e
benefícios sociais sempre foram concebidos como
doação do Estado e não como parte do rol de direitos
dos cidadãos, ou seja, como benesse e não como direito efetivo. Conclusão Os usuários demonstraram
falta de compreensão sobre seus direitos e acabam
não se vendo como cidadão, se colocando de maneira
submissa. O trabalho com os usuários dos serviços
de saúde deve caminhar na direção de promover
a cidadania e a participação no controle social.
Buscando a interlocução da política de saúde com
as demais políticas sociais e setores da sociedade.
A efetivação dos princípios da promoção da saúde
será uma realidade a partir do momento em que os
usuários conhecerem seus direitos e exigirem seu
cumprimento, não apenas ações médico-curativas,
mas também ações capazes de garantir o direito de
cidadania. Palavra Chave: Direitos Sociais, Integralidade e Intersetorialidade
O DESENVOLVIMENTO DE AÇÕES DE SAÚDE COLETIVA NA ATENÇÃO BÁSICA: PERSPECTIVA DE
ARTICULADORES
Lina Karina Bernal Ordoñez / Ordoñez, L.K.B. /
PPGEnf/UFSCar; Cássia Irene Spinelli Arantes /
Arantes, C.I.S. / UFSCar;
Introdução: a construção do Sistema Único de
Saúde no Brasil, pautado na integralidade da atenção, vem demandando transformações no modo
de se produzir o cuidado em saúde. As equipes de
saúde da atenção básica têm se deparado com o
desafio constante de desenvolver estratégias com
vistas ao rompimento com o modelo tradicional da
assistência à saúde, focado nas ações curativas e
individuais, e a busca da construção de ações voltadas aos determinantes do processo saúde-doença
de uma determinada população. Objetivo: analisar
a perspectiva de articuladores da atenção básica
de uma região do estado de São Paulo com relação
ao desenvolvimento de ações de saúde coletiva na
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
atenção básica à saúde. Método: pesquisa qualitativa do tipo descritivo e exploratório. Utilizou-se
entrevista semiestruturada como técnica de coleta
de dados com dez articuladores da atenção básica.
Adotou-se a técnica de análise de conteúdo para a
análise dos dados na modalidade categorial temática. Resultados: da análise dos dados emergiram três
categorias temáticas. Na primeira, Dificuldades no
desenvolvimento de ações de saúde coletiva e formas
de enfrentá-las”, foram apontadas como dificuldades a inadequação do perfil dos profissionais e de
gestores, a inconstância das reuniões de equipe e
as estratégias que os articuladores utilizam para
superar tais dificuldades. Na segunda, Situações que
possibilitam o desenvolvimento de ações de saúde
coletiva”, são descritos os contextos na atenção
básica que viabilizam a produção de ações de saúde
coletiva. A terceira categoria, Desafios apontados
pelos articuladores para o desenvolvimento de ações
de saúde coletiva”, relata as perspectivas e possibilidades para o avanço no desenvolvimento de ações
de saúde coletiva na atenção básica. Conclusão: os
articuladores criam e utilizam diversas estratégias
para o enfrentamento das dificuldades encontradas
no contexto da atenção básica buscando aprimorar
e fortalecer a produção de ações de saúde coletiva
em cada município. Foram assinaladas propostas e
alternativas para o fortalecimento das práticas em
saúde coletiva, destacando-se a organização do trabalho por meio das linhas de cuidado e a educação
permanente, bem como apontadas estratégias que
poderiam contribuir para o cumprimento do princípio da integralidade na atenção básica à saúde.
O PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO COMUNITÁRIA
COMO ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO DA SAÚDE
Priscila Norié de Araujo / Araujo, P.N / Escola de
Enfermagem de Ribeirão Preto-USP; Natália Cristina Beneton / Beneton, N.C / Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto-USP; Karen da Silva Santos
/ Santos, K.S / Escola de Enfermagem de Ribeirão
Preto-USP; Silvia Matumoto / Matumoto, S / Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto-USP; Cinira
Magali Fortuna / Fortuna, C.M / Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto-USP; Fabiana Ribeiro
Santana / Santana, F.R / Escola de Enfermagem de
Ribeirão Preto-USP;
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 236
Introdução A realização de atividades físicas e
manutenção de hábitos saudáveis não são apenas
um problema individual e sim um problema social
que depende de ações governamentais com estratégias de implantações de programas voltadas para
população. O Programa de Integração Comunitária
(PIC) foi criado pela Secretaria Municipal de Saúde da cidade de Ribeirão Preto, com o objetivo de
desenvolver ações de promoção de saúde a fim de
favorecer mudanças no estilo de vida dos participantes. Programas como este visam uma melhoria
na qualidade de vida da população promovendo
uma intervenção necessária. Objetivos Analisar a
contribuição do PIC como atividade de promoção
da saúde na perspectiva de usuários e Identificar
e analisar as motivações dos participantes quanto
ao ingresso e a permanência no PIC. Métodos Realizado estudo descritivo qualitativo com entrevista
semiestruturada para coleta de dado a qual foi
gravada e transcrita. O trabalho teve aprovação do
CEP da EERP/USP em 2014. Utilizou-se a análise
de conteúdo e o referencial teórico da Promoção da
Saúde. Resultados Além da maior prevalência do
sexo feminino houve a prevalência de idosos acima
de 60 anos no programa, o envelhecimento trata-se
de um processo contínuo e progressivo de todos os
processos fisiológicos, trazendo diversas alterações
no organismo desde alterações cardiovasculares
até musculoesqueléticas. Se o idoso mantém um
estilo de vida ativo e saudável pode-se retardar essas alterações que ocorrem no avançar da idade. Os
principais motivos para adesão em programas como
esse são a melhora de saúde e para manutenção, os
participantes referem o bem estar, o que converge
com a presente investigação em que alguns participantes afirmam que o bem estar é essencial para permanência, assim como os benefícios que o programa
trouxe para os participantes, como perda de peso,
melhora no estado de saúde, etc., foram fundamentais para que os mesmos continuassem no programa.
Conclusão Através desse estudo pode se demonstrar
a importância do PIC para seus participantes bem
como a importância de programas dessa natureza
e outros tipos relacionados como as academias ao
ar livre implantadas, para estimular as pessoas a
procurarem formas para a promoção de sua saúde.
A procura destes participantes ao programa pode
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
estar relacionada a diversas questões, como ao fato
de muitos terem relatado positivamente em estar
com outras pessoas, convivendo socialmente, o que
converge contribuindo para a promoção de saúde.
OS VÍNCULOS NECESSÁRIOS PARA ATUAÇÃO
QUALIFICADA DOS NÚCLEOS DE APOIO À SAÚDE
DA FAMÍLIA (NASF)
Milena Bezerra de Oliveira / Oliveira, M. B. / UECE;
Este texto resgata o trabalho desenvolvido por
uma equipe do Núcleo de Apoio à Saúde da Família
(NASF), tendo como função geral apoiar as atividades desenvolvidas pela Estratégia de Saúde da
Família (ESF) e pelo Programa de Saúde na Escola
(PSE). O NASF atua com foco na Promoção da Saúde
(PS), baseado em ações com caráter interdiscipinar e
a intersetorial. Este é o relato de minha experiência
enquanto estagiária de Serviço Social no NASF, em
uma das regionais, na cidade de Fortaleza. Pretendo
expor acerca da fragilização dos vínculos necessários na Atenção Primária à Saúde (APS), compreendendo que a Política da APS preconiza ações ligadas
ao território e, por vezes, partindo das carências da
população. Se, enquanto população, a forma como
vivemos e as situações as quais somos submetidos
influenciam diretamente nas nossas condições
de saúde, mostra-se essencial que todos os profissionais da ESF e do NASF conheçam e possam ser
reconhecidos, nos equipamentos disponíveis nos territórios e a dinâmica de vida das populações. Além
disso, o vínculo garante a efetividade do princípio da
longitudinalidade do cuidado. A fragilidade dos vínculos com a comunidade repercute, principalmente,
na dificuldade em executar ações. Constata-se como
problemática para o estabelecimento de relações
os vínculos empregatícios. No caso em tela, resultado de seleção pública provisória com constantes
ameaças de quebra de contrato, caracterizando a
rotatividade de profissionais. Apresento também
como dificuldade à resistência que profissionais
da equipe de ESF têm para compreender o trabalho
desenvolvido no NASF e para realizar articulações
entre as equipes, contribuindo para que não conheçam o território por suas lentes, necessitando da
observação dos Agentes Comunitários de Saúde.
Por isso, faz-se necessário entender as problemáticas existentes nas comunidades. Além de firmar
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 237
parcerias com equipamentos e com lideranças,
nos espaços. Para isso, frequentemente, fala-se de
territorialização como ação primordial na APS.
Ainda existem muitas dificuldades e limites para a
execução desse trabalho, mas esses entraves estão
além da vontade dos profissionais para a execução
das atividades. A ESF e o NASF deveriam ter iniciado
uma reorientação dos serviços de saúde, caminhando para um modelo essencialmente promotor de
saúde, com proposta de construção e reconstrução
diária de acordo com a influência local das pessoas
que estão nos determinados territórios e que fazem
desses locais espaços vivos.
PARCERIAS INTERSETORIAIS: AS POSSIBILIDADES
DE PRODUÇÃO DO CUIDADO ENTRE SAÚDE E
ASSISTÊNCIA SOCIAL
Cleice Daiana Levorato / LEVORATO, C.D. / Hospital Estadual Américo Brasiliense; Marina Augusta Cirino Ruocco / RUOCCO, M.A.C. / Hospital
Estadual Américo Brasiliense; Carolina Célia Tito
Garcia Selli / GARCIA SELLI, C.C.T. / Hospital
Estadual Américo Brasiliense; Carolina Braga da
Silva / SILVA, C.B. da / Hospital Estadual Américo
Brasiliense; Jaqueline Aparecida Boni / BONI, J.A.
/ Hospital Estadual Américo Brasiliense;
O relato é resultado de uma parceria entre o Hospital
Estadual Américo Brasiliense (HEAB) e o Conselho
Municipal do Idoso de Araraquara (CMI) quanto à
participação de trabalhadores de duas Instituições
de Longa Permanência para Idosos (ILPI), públicas, em dois grupos de orientação à cuidadores
de pacientes hospitalizados no HEAB. Objetivos:
Integrar e instituir vínculo com os equipamentos
sociais em torno do Hospital, além de atuar junto
com a comunidade a promoção da saúde, baseado na
multidisciplinariedade e a intersetorialidade. Com o
envelhecimento há o aumento de doenças crônicas
e a possibilidade de dependência do idoso, levando-os, por vezes, à institucionalização. A solicitação
de parceria ocorreu pelo CMI. Os grupos do HEAB
foram o Grupo de Orientação aos Cuidadores de
Pacientes em Reabilitação Neurológica (GOC NEURO) e o Grupo de Orientação de Terapia Nutricional
Enteral Domiciliar (GOTNE), realizados semanalmente e que possuem como foco orientações para
os cuidados pós alta para pacientes em reabilitação
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
após Acidente Vascular Cerebral (AVC) ou em uso de
sonda enteral, através de estratégias de educação
popular em saúde. O GOC NEURO é realizado em dois
dias da semana, com abordagens multiprofissionais
diferentes divididas em apresentações das equipes:
médica, enfermagem, fisioterapia, fonoaudiologia,
farmácia, nutrição, psicologia, terapia ocupacional
e serviço social e o GOTNE uma vez na semana pelas
equipes de fonoaudiologia, farmácia, enfermagem e
nutrição. No período de outubro de 2014 a fevereiro
de 2015 participaram dos grupos 61 trabalhadores
das ILPIs e destes 54% tiveram uma participação
completa, estas consideradas como sendo a entrada nos dois dias do GOC Neuro e um dia no GOTNE
e 46% foram incompletas. Quanto à distribuição
geral das profissões, 59% foram técnicos de enfermagem, 25% cuidadores, 5% estagiários da área
da saúde seguidos de outras categorias, as quais
juntas totalizaram 11%. É notória a dificuldade de
operacionalização das redes de produção de saúde,
contudo, parcerias simples que requerem a abertura do espaço favorecem uma interlocução entre
os equipamentos sociais, reduzindo as chances
de reinternação devido ao manejo inadequado de
sonda e prevenindo recorrências de AVC em idosos.
A ampliação de parcerias como esta, visando à efetivação de políticas públicas e trabalhando a saúde
dentro do contexto político e social que se depara
é de extrema importância para a consolidação do
princípio da integralidade em saúde.
PRÁTICAS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
Cássia Irene Spinelli Arantes / Arantes, C.I.S. /
UFSCar; Cláudia Maria Bógus / Bógus, C.M. / FSP/
USP;
A promoção da saúde tem sido referência no campo
da saúde coletiva para a transformação das ações
e melhoria das condições de vida e saúde das populações. No entanto, a construção e incorporação
de práticas voltadas à promoção da saúde ainda
enfrentam muitas dificuldades nos serviços de
atenção primária, configurando-se como mais um
desafio para o trabalho das equipes de saúde da família. O objetivo deste estudo foi analisar as práticas
de promoção da saúde desenvolvidas na produção
do cuidado coletivo por uma equipe de saúde da
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 238
família de município do interior do estado de São
Paulo. O método utilizado foi o estudo de caso qualitativo de caráter descritivo-analítico. Os sujeitos
do estudo foram treze trabalhadores da equipe de
saúde da família e dois gestores da atenção básica
do município. As fontes de dados utilizadas foram:
conteúdo transcrito de quinze entrevistas individuais semiestruturadas, registros de observação
sistemática e síntese de um grupo focal. Para análise
das informações coletadas foi utilizado o referencial
da análise de conteúdo na modalidade temática.
Como resultados foram elaboradas três categorias
temáticas sobre promoção da saúde na atenção
primária. A primeira, Identificação de necessidades
e planejamento de ações voltadas ao território”,
mostra a relevância da visita domiciliária do Agente
Comunitário de Saúde (ACS) e da reunião de equipe
no levantamento e atendimento às necessidades de
saúde da população do território. Na segunda categoria, Ações grupais na estratégia saúde da família”,
são descritas práticas desenvolvidas nos trabalhos
de grupo com populações específicas. Na terceira,
são apresentados Elementos do processo de trabalho
da equipe” que favorecem ou que limitam as práticas
de promoção da saúde. Analisou-se que a visita domiciliária realizada pelo ACS é apontada como principal tecnologia de levantamento de necessidades,
reforçando sua importância para conhecimento do
território. Ressaltou-se a necessidade de se ampliar
o olhar sobre o território, incorporando a visão dos
diferentes trabalhadores da equipe. Novas práticas
têm sido criadas e incorporadas às ações grupais na
saúde da família, visando a participação e o empoderamento das pessoas. A atuação dos profissionais de
nível superior nos grupos educativos tem facilitado
o desenvolvimento de práticas de promoção da saúde
na equipe de saúde da família estudada.
PROCESSO DE CONSTRUÇÃO E IMPLANTAÇÃO
DO NASF EM RIO CLARO: SENSIBILIZANDO AS
EQUIPES SOBRE O MATRICIAMENTO
Karen Batista / Batista, K. / Fundação Municipal
de Saúde e UFSCar; Amanda Marabez Julio Cambiaghi / Cambiaghi, A. M. J. / Fundação Municipal
de Saúde de Rio Claro; Mariana Camila Domingos
/ Domingos, M. C. / Fundação Municipal de Saúde
de Rio Claro; Luciana Vanessa Mortari Marquiori /
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Marquiori, L. V. M. / Fundação Municipal de Saúde
de Rio Claro; Pollyanna Elizabeth Joanoni Pedro
/ Pedro, P. E. J. / Fundação Municipal de Saúde
de Rio Claro; Larissa Baungartner Zeminian /
Zeminian, L. B. / Fundação Municipal de Saúde de
Rio Claro;
Caracterização do problema: O Núcleo de Apoio
à Saúde da Família (NASF) lançado pela portaria
154/2008 surgiu para apoiar a Estratégia Saúde da
Família (ESF) compartilhando práticas e saberes
em saúde, auxiliando no manejo e resolução dos
problemas através da integração das equipes a partir
das necessidades, dificuldades ou dos limites das
ESF. Rio Claro organiza sua Atenção Básica (AB)
por meio de 4 Unidades Básicas de Saúde e 17 Equipes de Saúde da Família. Com a expansão da ESF
observou-se a necessidade de fortalecimento desta
e em 2014 resgatou-se o projeto para a implantação
do NASF (iniciado em 2009). Descrição: Em 2014
foram convocadas via concurso público uma nutricionista e educadora física para compor o NASF. As
mesmas iniciaram suas atividades revendo o projeto
do NASF, com apoio de profissionais da AB. Foram
revistas portarias e resoluções e atualizados dados
epidemiológicos. Nomeou-se uma enfermeira com
larga experiência na ESF do município para atuar
como coordenadora da equipe. Ela e a educadora
física participaram de um curso de aperfeiçoamento
em NASF promovido pela FIOCRUZ para qualificar
sua atuação em Rio Claro. A equipe ampliou-se com a
vinda de 1 assistente social, 1 terapeuta ocupacional
e 1 psicóloga. O projeto foi publicado no Diário Oficial do Estado de São Paulo nº 33 - DOE de 20/02/15 Poder Executivo Seção 1 - p.30 - Deliberação CIB-4, de
19-2-2015. A equipe fez um trabalho de sensibilização
com todas as USF cobertas pelo NASF. Realizaram-se encontros nas reuniões de equipe das USF onde
as profissionais apresentavam a proposta do NASF
e promoviam com todos os funcionários um espaço
de discussão e reflexão sobre o apoio matricial. Lições aprendidas: Os espaços nas reuniões de equipe
representaram um lócus importante para sensibilização dos profissionais da USF sobre a possibilidade
de se trabalhar na metodologia do matriciamento.
Os profissionais da USF expuseram suas expectativas sobre o NASF e esclareceram dú vidas sobre o
trabalho interdisciplinar. Observou-se que os profisSaúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 239
sionais das USF desconheciam a proposta de apoio
matricial e apresentaram bastante disponibilidade
para se co-responsabilizar pelo cuidado em saúde.
Recomendações:Iniciar o NASF indo até cada USF
foi um passo fundamental para o alinhamento de
expectativas e construção de um trabalho dialógico.
Feito isso, o NASF conseguiu abertura das USF para
desenvolver suas próximas atividades: apoiar os
eventos de promoção e prevenção e reconhecimento
do território.
PROMOÇÃO DE SAÚDE EM SALA DE ESPERA DO
CENTRO DE PREVENÇÃO À CRIMINALIDADE
Cristiane Paulin Simon / Simon, C.P. / UFTM; Edna
Maria Alves Valim / Valim, E.M.A. / UFTM; Nayane
Ferreira Gonçalves / Gonçalves, N.F. / CPC/SEDS-MG/Instituto ELO; Amanda Cristina Oliveira / Oliveira, A.C. / CPC/PRESP/SEDS-MG/Instituto ELO;
Ana Paula Lucas Oliveira Folador / Folador, A.P.L.O.
/ CPC/CEAPA/SEDS-MG/Instituto ELO;
Caracterização do Problema: As ações de prevenção
social à criminalidade são desenvolvidas em Uberaba, desde 2007, por meio do Centro de Prevenção à
Criminalidade (CPC) em convênio com a Secretaria
Estadual de Defesa Social e Prefeitura Municipal
de Uberaba. O CPC é composto por dois programas:
Central de Acompanhamento de Penas e Medidas
Alternativas (Ceapa) e o Programa de Inclusão Social de Egressos do Sistema Prisional (PrEsp) que
atendem mensalmente aproximadamente 900 pessoas. Recentemente, estabeleceu-se parceria com o
Núcleo de Pesquisa e Extensão em Saúde Prisional
(NUPESP/UFTM/CNPq), para atender as demandas
na área da saúde. Descrição: Foi elaborado projeto de
extensão com o objetivo de desenvolver ações de promoção de saúde e prevenção de doenças, junto aos
usuários do CPC na sala de espera. Consideramos
este espaço institucional privilegiado por permitir
ocupar um tempo ocioso no qual podem ser desenvolvidos processos educativos. O projeto está em
andamento, tendo início em maio de 2015 e término
previsto para julho. As ações são desenvolvidas por
10 discentes e coordenada por docentes da UFTM e
técnicos do CPC por meio de abordagem individual
e participativa, no horário de maior freqüência dos
usuários, 4 dias por semana. A abordagem consiste
no estabelecimento de diálogo e exposição do tema,
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
a partir de folhetos informativos e cartazes. Os
temas foram definidos pela equipe coordenadora e
levantamento de interesse junto aos usuários. Até
o momento, trabalhamos os temas: Rede Pública
de Atenção à Saúde, hipertensão, diabetes e Aids.
Lições aprendidas: O tempo de espera dos usuários
é curto e se dá no horário de almoço dos usuários,
o que implica no desenvolvimento de estratégias
viáveis para sensibilização do tema neste curto período. A utilização do folheto e cartaz facilita esta
aproximação e permite ao usuário levar consigo as
informações discutidas além de permitir atingir
também os familiares. Observamos que ter alguém
na família com algum problema de saúde discutido
facilita e motiva o usuário a participar da atividade.
Recomendações: Consideramos que no contexto da
promoção de saúde, estas atividades na sala de espera devem ser uma primeira aproximação as questões
de saúde, porém, deveria ocorrer uma continuidade
em outros espaços com maior duração, como os
espaços grupais que possibilitariam reflexão, compartilhamento de experiências, identificação de
estratégias fundamentais para desenvolvimento da
autonomia e de escolhas saudáveis.
PSE: UMA EXPERIÊNCIA DE INTERSETORIALIDADE
Luciana Rodrigues Placeres Araujo / Araujo, L.R.P.
/ Prefeitura Municipal de São Carlos; Diana Carla
Romano / Romano, D.C. / Prefeitura Municipal de
São Carlos;
Caracterização do Problema: A Unidade Saúde Família (USF) Jardim São Carlos ampliou suas atividades no centro de educação infantil CEMEI Cecília
Rodrigues” através da adesão ao Programa Saúde
na Escola (PSE) no ano 2013, incluindo as ações contratualizadas inerentes ao nível de ensino: avaliação
antropométrica, avaliação oftalmológica, promoção
da cultura da paz e direito humanos. As avaliações
em saúde bucal, situação vacinal e promoção da alimentação saudável são práticas realizadas pela USF
há sete anos. A CEMEI atende aproximadamente
120 crianças de 4 a 5 anos, provenientes de vários
territórios de saúde. Descrição: Com o intuito de
ampliar as ações na escola a partir da formalização
do PSE, fortalecer a intersetorialidade e impulsionar avanços na promoção de saúde, prevenção de
doenças e identificação de vulnerabilidades — além
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 240
de articular as necessidades de saúde encontradas
com o sistema de saúde municipal, escola e famílias — foram realizadas reuniões com a direção da
escola e professores a fim de pactuar ações, envio de
esclarecimentos e solicitação aos pais da caderneta
de vacinação e cartão nacional de saúde (CNS) para
averiguação/confecção dos mesmos. Na sequencia
foram feitas avaliações antropométricas com cálculo
de IMC através da inserção de dados nas Fichas de
Atividade Coletiva do e-SUS; verificação do estado
vacinal; triagem de acuidade visual utilizando o teste de Snellen; um levantamento epidemiológico em
saúde bucal por semestre, com encaminhamentos
conforme risco de cárie e procedimentos coletivos
inserindo a cultura da paz durante seu desenvolvimento. Lições aprendidas: A execução das atividades
transcorreu sem dificuldades pela disponibilidade
dos materiais necessários e pelo grande envolvimento das crianças que já possuem vínculo com os
profissionais da saúde. Por outro lado houve pouca
participação dos professores, que se ausentavam
das salas durante as atividades, e pouco retorno dos
pais no sentido de enviar os documentos solicitados.
A inserção dos dados no e-SUS foi trabalhosa, o
programa apontava erros de digitação, mas não os
evidenciava, ocasionando retrabalho. Recomendações: O início de um novo processo de trabalho na
escola foi lançado, porém há muito que se avançar
no sentido de participação e comprometimento
dos atores envolvidos, assim como uma adequada
organização do sistema de saúde para o acesso da
demanda levantada, a fim de poder dar respostas
oportunas e produzir o cuidado necessário.
RELAÇÕES ENTRE O TRABALHO ECONÔMICO-SOLIDÁRIO E CONHECIMENTOS SOBRE SERVIÇOS DE
SAÚDE: ANÁLISE CRUZADA DE DUAS PESQUISAS
NO MUNICÍPIO DE SÃO CARLOS-SP
Letícia Dal Picolo Dal Secco de Oliveira / Secco-Oliveira, L.D.P.D. / UFSCar; Bruna Carolina Lima /
Lima, B.C. / UFSCar; Maria Lúcia Teixeira Machado / Machado, M.L.T. / UFSCar;
Introdução: Este trabalho é uma comparação entre
os resultados quali-quantitativos de uma pesquisa
de iniciação científica e qualitativos de uma dissertação de mestrado que abordam temas em comum,
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
como as relações entre a inserção de pessoas em uma
cooperativa econômico-solidária e as potenciais
mudanças em sua dinâmica familiar e o aumento do
acesso a informações, tendo como temas transversais a aquisição de conhecimento e a qualidade de
vida. Elas foram desenvolvidas em um mesmo campo
de pesquisa, a Cooperativa de Catadores de Materiais
Recicláveis de São Carlos-SP (COOPERVIDA), entre o
final de 2012 e o início de 2013, quando a cooperativa
contava com 28 cooperados. Objetivo: O objetivo deste trabalho é avaliar as relações entre a inserção dos
sujeitos na cooperativa e o ganho de conhecimento
sobre os serviços de saúde do município, descritas
nos dois resultados. Método: Para fazer este recorte,
foi considerado o tempo de inserção dessas pessoas
na cooperativa, seus saberes sobre economia solidária, a pré-existência de doenças e a realização de
tratamentos de saúde pelos cooperados e seus familiares. A análise cruzada dos resultados das duas
pesquisas foi realizada pela sua leitura exaustiva.
Na literatura consultada, indicou-se a existência de
ganhos positivos de conhecimentos sobre o tema
pelos sujeitos inseridos. Resultados: Observou-se
que os resultados das pesquisas corroboram entre si:
existe uma relação direta entre o tempo de trabalho
na cooperativa e o conhecimento sobre economia
solidária e as mudanças de sociabilidade relativas
aos seus princípios, já que os cooperados mais antigos relatavam comportamentos mais solidários;
antes de trabalhar na COOPERVIDA, a maioria não
era catador ou era desempregado e não participava
de outra cooperativa; a inserção na cooperativa aumentou o conhecimento sobre os serviços de saúde,
mesmo que a minoria realizasse tratamentos, assim
como seus familiares. Não se identificou a existência de agravos na saúde relacionados ao trabalho,
mesmo havendo risco potencial, ao mesmo tempo
em que na dissertação aparecem relatos de que
a organização da cooperativa propicia condições
de prevenção a problemas de saúde. Conclusão:
Considera-se importante intensificar processos
educativos sobre economia solidária e saúde visando
aumentar o potencial apresentado de: desenvolver
sociabilidades mais solidárias; melhorar o acesso
aos serviços de saúde; e de melhorar a qualidade de
vida dos catadores cooperados e de seus familiares.
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 241
REORGANIZAÇÃO DAS PRÁTICAS DO PROCESSO
DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE , COM ÊNFASE NA
INTERSETORIALIDADE E ATENÇÃO INTEGRAL À
COMUNIDADE ESCOLAR
Ana Claudia Gomes da Rocha / Rocha, A.C.G /
Prefeitura Municipal de Araçatuba--Parceria: Associação Saúde da Família; Juliana Cajado Gabriel
/ Gabriel,J.C / Prefeitura Municipal de Araçatuba-Associação Saúde da Família; Cecilia Rodrigues
Vieira / Vieira,C.R / Prefeitura Municipal de
Araçatuba-Parceria: Associação Saúde da Família;
Fernanda Patrícia Manoel Lourenço / Lourenço,F.
P.M / Prefeitura Municipal de Araçatuba- Parceria: Associação Saúde da Família; Janaina Lopes
Martins / Martins, J.L / Prefeitura Municipal de
Araçatuba-Parceria: Associação Saúde da Família;
Regiane Dias Machioni Barros / Barros, R.D.M
/ Prefeitura Municipal de Araçatuba-Parceria:
Associação SAúde da Família; Leodete de Oliveira
Guerhardt / Guerhardt, L.O / Prefeitura Municipal de Araçatuba- Parceria: Associação Saúde
da Família; Ângelo Cesar Fernandes Jacomossi /
Jacomossi,A.C.F / Prefeitura Municipal de Araçatuba- Parceria: Associação Saúde da Família; José
Maria Ortiz / Ortiz,J.M / Prefeitura Municipal de
Araçatuba; Elisabete Cristina das Neves Vello /
Vello, E.C.N / Prefeitura Municipal de Araçatuba;
Caracterização do problema: O presente trabalho
refere-se ao Programa Saúde na Escola, desenvolvido
no município de Araçatuba, no período de Julho de
2014 a Maio de 2015. Através da conclusão do diagnóstico educativo sobre conhecimentos e práticas
dos educandos inerentes à prevenção de doenças,
agravos e identificação e/ou reconhecimento de vulnerabilidades que comprometam o seu pleno desenvolvimento e ainda com os resultados das avaliações
das condições de saúde dos mesmos, identificamos
que apesar de avanços das práticas educativas em
saúde nas escolas, era necessário reavaliar projetos
e ações fragmentados, alicerçados na resolução
imediata de problemas de saúde e compreendemos
a necessidade de construir uma estratégia intersetorial, visando à integração e articulação permanente
da educação e saúde, integrando ações de saúde e
os projetos políticos pedagógicos das escolas, com
finalidade do cuidado integral dos educandos. Descrição: Em Araçatuba o presente programa iniciou
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
com a pactuação de trinta e nove escolas, formação
do Grupo de Trabalho Intersetorial, organização e
delimitação do território, definidos segundo a área
de abrangência das equipes da Atenção Básica- ESF.
O programa possui cinco componentes e vinte e cinco linhas de ações. Os componentes são formados
por eixos relacionados a avaliações das condições
de saúde dos educandos, atividades educativas de
promoção e prevenção de doenças e agravos, educação permanente e capacitação dos profissionais
da saúde e educação, monitoramento e avaliação do
programa. Resultados: Total de educandos pactuados: 8546, total de alunos que participaram de ações
educativas, promoção da saúde, e da avaliação das
condições de saúde: 8470. Total de educandos que
apresentaram alterações nas avaliações sobre as
condições de saúde: 1124. Total de educandos que
foram encaminhados e acompanhados pela rede de
saúde até resolutividade da alteração identificada:
1124 Lições aprendidas: É fundamental criar espaços
de participação e democratização dos saberes. O
compartilhamento das decisões e a articulação em
redes nos aproximam da legitimação dos princípios
do SUS, do direito à saúde e potencializam o cuidado
em saúde. Recomendações: A inovação na organização da gestão do trabalho intersetorial, proporcionou o trabalho em equipe multiprofissional, associados à interdisciplinaridade e a transversalidade,
produzindo novos modos de construir a autonomia
do cuidado, contribuindo para o êxito do programa.
SAUVI: INQUERITO DOMICILIAR SOBRE SAÚDE E
PREVENÇÃO DE VIOLÊNCIA EM BETIM / MG
Tania Maria Resende Amaral / Amaral, TMR /
Prefeitura de Betim / MG; Vanuse Maria Resende
Braga / Braga, VMR / Faculdade de Medicina UFMG; Simone S. A. Silva / Silva, SSA / Faculdade
de Medicina - UFMG; Roberto C Amado / Amado,
RC / Prefeitura de Betim; Rodrigo D Silva / Silva,
RD / Prefeitura de Betim; Tatiane T F Pimenta
/ Pimenta, TTF / Prefeitura de Betim; Dalia C
Rocha / Rocha, DC / Prefeitura de Betim; Carlos
Alberto Pereira Pinto / Pinto, CAP / Prefeitura
de Betim; Lania M Soares / Soares, LM / Prefeitura de Betim; Raquel C A Araujo / Araujo, RCA /
Prefeitura de Betim; Junio Araujo Alves / Alves, JA
/ Faculdade de Medicina - UFMG; Elza Machado
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 242
Melo / Melo, EM / Faculdade de Medicina - UFMG;
Paulo Henrique S Maia / Maia PHS / Faculdade de
Odontologia - UFMG;
Em 2013 o município de Betim ocupou o primeiro
lugar no Estado na taxa de homicídios (65,9 em
100.000 hab.). Diante dessa realidade e da escassez de dados foi realizada parceria da Secretaria
de Saúde de Betim com a Faculdade de Medicina
da UFMG para realização de pesquisa sobre saúde
e as expressões da violência, seus determinantes,
sua distribuição geográfica e suas formas de enfrentamento. !! Analisar o processo de planejamento,
monitoramento e execução do projeto de pesquisa
SAUVI- Saúde e Prevenção de Violência em Betim em
parceria com o Mestrado Profissional de Promoção
de Saúde e Prevenção da Violência - Faculdade de
Medicina da UFMG. !! A equipe SAUVI-Betim é composta pela coordenação do projeto, 10 pesquisadores/
supervisores, 8 acadêmicos da Faculdade Pitágoras
e 100 entrevistadores – Agentes Comunitários de
Saúde (ACS). Desde o início de fevereiro/2014 estão
sendo realizados encontros semanais da equipe
para planejamento e monitoramento da pesquisa.
Foram realizadas capacitações para acadêmicos
e entrevistadores sobre abordagem de violência e
treinamento para aplicação das entrevistas, com
carga horária de 12 horas, tendo como orientação
os manuais elaborados para o SAUVI. Para a realização do trabalho de campo a equipe foi dividida
em 08 subequipes, de acordo com as regionais
administrativas do município. !! Resultados Foram
realizadas 03 capacitações, sendo: 1) Abordagem
da violência, formas de enfrentamento e Aplicação
de entrevistas com 18 acadêmicos da Faculdade
Pitágoras; 2) Abordagem da violência e formas de
enfrentamento para 480 Agentes Comunitários de
Saúde - ACS; 3) Treinamento prática sobre aplicação
do questionário com 100 entrevistadores - ACS. No
sorteio inicial de endereços - 1600 domicílios, foram
concluídas 1040 entrevistas (65%). Foi realizado
novo sorteio (117 domicílios) para complemento da
amostragem necessária ao estudo. O trabalho de
campo foi precedido de ampla divulgação na mídia
(jornais, televisão e rádios); nos sites das instituições envolvidas, em blogs, facebooks e outros. !! Esta
parceria mostrou-se uma articulação decisiva para o
desenrolar do maior inquérito de base domiciliar já
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
realizado Em Minas Gerais sobre Saúde e Violência.
Trata-se de esforço frutuoso para o desenvolvimento
de conhecimentos e práticas sobre o tema, gerando
estratégias adequadas para o seu enfrentamento.
Esta pesquisa tem sua aplicabilidade voltada diretamente para a prevenção da violência. !! Palavras
chave: Saúde, Violência, Inquérito.
TRATAMENTO FORA DE DOMICÍLIO COMO ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO DA SAÚDE
Francisca Camila de Oliveira Cavalcante / Cavalcante, F.C.O. / UECE;
Este texto relata um estudo em andamento, apresentando resultados parciais, carregando informações a
respeito do programa Tratamento Fora de Domicílio
(TFD) que possui caráter federal, sendo delimitada
a análise para a atuação na cidade de Fortaleza/CE.
O referido programa é amparado, pela Secretaria
de Saúde do Estado do Ceará. O TFD é embasado
pelos artigos 197 e 198 da Constituição Federal de
1988 e pela Lei Orgânica da Saúde nº 8.080/90.
Realiza-se obedecendo a Portaria Federal nº 055/99,
da Secretaria de Assistência à Saúde/Ministério da
Saúde. Trata-se de uma estratégia do Sistema Único
de Saúde (SUS) dedicado às pessoas que precisam
cumprir tratamento médico especializado, na rede
pública de saúde, e não podem usufruí-lo em sua cidade, por serem inviáveis ou inexistentes as formas
de tratamento na região em que o usuário reside.
A temática apresentada concentra relevância na
qualidade de vida dos familiares e, principalmente,
dos usuários, que têm a possibilidade de aderir ao
tratamento, por meio do programa. Dessa forma,
compreende-se, nesse estudo, as ações do TFD como
Promoção da Saúde e como Intersetorialidade entre
os serviços. Segundo a portaria nº 55, o TFD deve
fornecer passagem ao paciente e ao acompanhante,
caso necessitar, para dirigir-se até o local onde será
concretizado o tratamento, em seguida, retornam a
cidade onde residem. O referido programa tem objetivo de disponibilizar auxílio financeiro a pacientes
que são desprovidos de condições para manutenção
de suas despesas. Quanto a resultados, ainda que
prévios, é visível a observação de aspectos positivos
e negativos do TFD. É possível que o usuário possa
realizar o seu tratamento em outra região que dispunha de estruturas para a realização da consulta.
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 243
Considerando as especificidades de cada região, no
Ceará o paciente poderá comparecer à Secretaria de
Saúde do Estado acompanhado de um Laudo Médico que não precisa necessariamente ser expedido
por um profissional vinculado ao SUS. Porém, são
perceptíveis as dificuldades enfrentadas pelos usuários, como a burocracia imposta ao paciente para
a concretização do TFD e a necessidade constante
de profissionais conhecedores de patologias raras.
Conclui-se que são imprescindíveis estratégias para
que os profissionais que trabalham na área da saúde
e a população brasileira em geral, carreguem conhecimento a respeito da política do TFD, compreendendo este peculiar instrumento de promoção da saúde.
USO DO QUESTIONÁRIO DE PRONTIDÃO PARA A
ATIVIDADE FÍSICA (PAR-Q) EM UM GRUPO DE
CAMINHADA DE UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE
Ana Regina Amaral Martins / Amaral, A.R. / Fundação Faculdade de Medicina da USP; Adriana Souza
Silva Carrai / Carrai, A.S.S. / Fundação Faculdade
de Medicina da USP; Alexandra Alves do Nascimento / Nascimento, A.A. do / Fundação Faculdade de
Medicina da USP; Cleide Alves dos Santos / Santos,
C.A. do / Fundação Faculdade de Medicina da USP;
Gislene de Oliveira Pereira / Pereira, G.de O. / Fundação Faculdade de Medicina da USP;
O estímulo à prática de atividade física regular é
recomendação do Ministério da Saúde a partir do
Plano Nacional de Atividade Física. O grupo de caminhada da UBS Malta Cardoso deu início em junho
de 2014 e ocorre em uma quadra poliesportiva, com
aquecimento, prática de atividades rítmicas e caminhada. A partir de janeiro de 2015, com o aumento
da demanda deu-se início aos problemas relacionadas ao espaço físico e a necessidade de uma equipe
maior. Optou-se inicialmente pela aplicação de um
questionário que avaliasse a prontidão dos usuários
para a atividade física. O instrumento escolhido foi
o PAR-Q (Physical Activity Readiness Questionnaire)
que pode identificar usuários que necessitam de
avaliação médica prévia para realização de alguma
atividade física². O questionário foi distribuído aos
60 participantes, sendo 31 (96,97%) participantes
do sexo feminino e 01 (3%) do sexo masculino; 11
(34,37%) com idade acima de 65 anos. Do total (n= 32),
13 (40,62%) responderam NÃO a todas as perguntas.
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Dos que apresentam situações onde a prática de
exercícios pode ser inadequada: nenhum relatou
dores no peito ou que já foram informados que
apresentaram algum problema cardíaco; 02 (6,25%)
apresentam episódios frequentes de tonteira ou
sensação de desmaio; 10 (31,25%) relataram pressão
muito alta; 01 (3%) respondeu sim para problema
ósseo, muscular ou articular que poderia ser agravado com a prática de atividades físicas; 01 (3%)
respondeu que há alguma boa razão física não mencionada para que não siga um programa de atividade
física. Com a experiência de aplicação no grupo da
Unidade e os resultados obtidos, entendemos como
de fundamental importância a padronização do uso
de um instrumento como proposta de avaliação pré-participação dos usuários nos grupos de atividade
física oferecidos pelo serviço. A aplicação do questionário PAR-Q e identificação dos casos indivíduos
que apresentam prontidão para atividade física não
invalida a necessidade de consulta e acompanhamento médico. Porém, muitas vezes frente a falta
de oferta imediata de consulta médica nas UBS para
avaliação de aptidão para práticas corporais, pode
ser utilizado como recurso importante estimulando
a adesão da população à prática de atividade física
por indicar a prontidão para tal, organizar a entrada
do usuário nos grupos de atividade física oferecidos
nas UBS e qualificar o acompanhamento dos grupos
a partir da padronização de procedimentos e de uso
de instrumentos validados.
VIRADA DA SAÚDE NA BELA VISTA EM 2015
Francies Regyanne Oliveira / Oliveira, F.R. / Instituto de Responsabilidade Social Sirio Libanes;
Flavio Alexandre Cardoso Alvares / Alvares, F.A.C.
/ Hospital Sírio Libanes; Melissa Lorenzo Prieto
de Souza / Souza, M.L.P. / Instituto de Responsabilidade Social Sirio Libanes; Ana Paula Neves
Marques de Pinho / Pinho, A.P.N.M. / Instituto
de Responsabilidade Social Sirio Libanes; Eliane
Cristina Santos / Santos, E.C. / Instituto de Responsabilidade Social Sirio Libanes; Cassia Maria
Gellerth / Gellerth, C.M. / Hospital Sírio Libanes;
Daniel Checchio / Checchio, D. / Comunidade
Evangèlica do Bixiga;
Caracterização do Cenário: A Lei Municipal Nº
16.085 instituiu em São Paulo a Virada da Saúde,
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 244
ação educativa em saúde preventiva com iniciativas organizadas pelo Poder Público, entidades da
sociedade civil e iniciativa privada. O foco é promoção, educação e discussão sobre a sustentabilidade
na área da saúde. Na região da Bela Vista, várias
entidades e equipamentos públicos mobilizaram
ações no dia 10 de abril de 2015 no bairro do Bixiga,
região central de São Paulo. Descrição: constituiu-se uma equipe com representantes de entidades
organizadas em rede na Bela Vista: o Hospital Sírio
Libanes - Abrace seu bairro, Escola de Samba Vai
Vai, Comunidade Evangélica do Bixiga (COMEBI),
Espaço de Cultura Bela Vista, Associação Paulo
Costa e profissionais da Cruz Vermelha, Associação
Brasileira de Portadores de Hepatite, Hospital AC Camargo, Associação de Moradores da Rua Paim, Associação de Apoio aos Pacientes de Anomalias Renais
e Transplantados do Estado de São Paulo, Unidade
Básica de Saúde (UBS) Nossa Senhora do Brasil e
Humaitá, alunos de graduação em enfermagem da
Uninove, Associação Brasileira Superando o Lupus.
No dia 10, a COMEBI sediou ações que totalizaram
2081 atendimentos, sendo 228 testes de glicemia,
22 aferições de pressão arterial, 75 testes rápidos
de HIV, 126 testes de função renal, 144 testes de
hepatite C, 8 encaminhamentos para UBS. Realizou-se passeata contra dengue com participação de 105
pessoas entre crianças atendidas pelo Abrace Seu
Bairro, profissionais de saúde, conselheiros gestores
que distribuíram panfletos com orientações. A praça
contou com uma instalação lúdica para orientações
sobre a dengue e o sal de ervas. No Espaço de Cultura da Bela Vista foi realizada sessão de cinema
com debate sobre o tema obesidade infantil. Lições
Aprendidas: As equipes multiprofissionais da área
de saúde realizam ações de promoção com predominância dos grupos educativos, orientações, práticas
esportivas. O alcance da ação ocorre em usuários
que conseguem se adequar à rotina proposta pelas
equipes. A ação de promoção com protagonismo de
outros setores mostrou-se eficaz para mobilização
de participantes. Recomendações: A ação deve ser
realizada de modo contínuo com protagonismo de
outros agentes sociais que possam ser assessorados por profissionais de saúde. A avaliação das
características dos locais onde se pretende realizar eventos dessa natureza, o fluxo de pedestres,
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
condições de trânsito, perfil do pessoal abordado é
imprescindível.
VÍTIMAS DE AGRESSÕES POR ARMA DE FOGO
ATENDIDAS PELO SERVIÇO DE ATENDIMENTO
MÓVEL DE URGÊNCIA DE UM MUNICÍPIO DO
ESTADO DE MINAS GERAIS
Bianca Santana Dutra / Dutra, B. S. / UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS; Marta Maria
Alves da Silva / Silva, M. A. S. / Ministério da Saúde; Elza Machado de Melo / Melo, E. M. / UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS;
Este estudo tem como objetivo conhecer a magnitude e a gravidade das violências em decorrência dos
Ferimentos por Arma de Fogo (PAF), caracterizando
o perfil segundo características das vítimas atendidas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
(SAMU) de Sete Lagoas e região no período de 2010
a 2013. Trata-se de um estudo transversal, exploratório. Do total de 313 atendimentos, 22 (7,0%) vítimas
não foram localizadas no local, 01 (0,3%) recusou
o atendimento e 02 (0,6%) ocorrências eram trote.
Dessa forma, o universo do estudo foi constituído
por 288 atendimentos de PAF pelo referido serviço
do município de Sete Lagoas e região. Foi realizado
teste qui-quadrado e análise de Correspondência
Múltipla (ANACOR). O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (COEP) da Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG) sobre o Parecer de
Certificado de Avaliação e Apreciação Ética (CAAE) nº
02235212.2.0000.5149). Das 288 ocorrências, a maioria das vítimas era do sexo masculino 253 (87,8%), tinham mais de 20 anos de idade 177 (61,5%). A maioria
dos atendimentos eram ferimentos perfurantes por
arma de fogo 236 (81,9%), na cidade de Sete Lagoas
274 (95,1%), realizada em dias úteis 202 (70,1%),
socorridos em ambulâncias do tipo USA 151 (52,4%),
com menos de sete minutos para realização do atendimento 165 (57,3%) e encaminhado para o hospital
179 (62,2%). Em relação à localização da lesão, 93
(32,3%) foram em cabeça/pescoço, 97 (33,7%) em
tronco e 49 (17,0%) em membros superior e inferior.
Conclui-se é fundamental identificar e caracterizar a
população vítima de PAF a fim de elaborar estratégias
educativas, de prevenção e controle de agravos não
apenas pelo setor de saúde, mas também de segurança pública, buscando o enfrentamento das violências.
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 245
Regionalização e Redes de Atenção à Saúde
A ATENÇÃO BÁSICA NAS GRANDES CIDADES de saúde mais corriqueiros na população brasileira
podem ser resolvidos ou prevenidos com os cuidados
BRASILEIRAS, HETEROGENEIDADES E DESAFIO
Tarcilla Rosa Ferraz de Barros Nuhs / Barros, T. R.
F. de / Prefeitura Municipal de São Paulo - Autarquia Hospitalar Municipal;
Os problemas de saúde nos grandes centros urbanos
em todo o mundo tornaram-se um importante desafio em Saúde Pública devido a sua heterogeneidade,
crescimento populacional desordenado, aumento
da prevalência das doenças crônicas e causas externas, entre outros. Neste estudo abordamos esta
temática na forma de pesquisa bibliográfica de natureza qualitativa a partir da Reforma Sanitária e
constituição do SUS que tem como objetivo discutir
sobre o funcionamento da Atenção Básica (AB) nas
grandes cidades brasileiras. Para isto, abordamos
o conceito da Urbanização das grandes cidades
brasileiras, a trajetória da AB e as Redes de Atenção
a Saúde. Os grandes centros urbanos apresentam
características que o transformam em um constante
desafio à operacionalização da AB, porém pode-se
contar com iniciativas para tornar sua atuação mais
condizente com a realidade. É um modo de trabalho
que atravessa dificuldades devido à fragmentação
espacial, diferenciação e exclusão de determinadas
populações, entre outros. Devem-se levar em consideração as dificuldades e as desigualdades temporais de implantação de programas a nível nacional,
especialmente a ESF, nas regiões metropolitanas
brasileiras. É importante que experiências exitosas
sejam compartilhadas para que possam servir de
exemplo e promover mudanças em outros locais,
assim como as pesquisas no meio acadêmico deverão ser estimuladas, buscando o conhecimento das
mudanças ocorridas e as possíveis intervenções.
A ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE COMO BASE
PARA CONSOLIDAÇÃO DO SUS
Klauss Kleydmann Sabino Garcia / Garcia, K.K.S.
/ Universidade de Brasília; Amanda Amaral
Abrahão / Abrahão, A.A. / Universidade Federal de
Uberlândia - UFU;
É possível estimar que cerca de 85% dos problemas
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
em saúde fornecidos pelo primeiro nível de atenção
a saúde. A atenção primária à Saúde (APS) permite o
empoderamento e capacitação da população a partir
de ações que possuem foco na promoção e prevenção
da saúde, que são cunhadas na Política Nacional de
Atenção Básica. O objetivo desse artigo é introduzir
conceitos, questões e reflexões relacionadas ao potencial da APS perante a consolidação do Sistema
Único de Saúde (SUS). A revisão de literatura foi
feita com 6 artigos científicos e 7 livros publicados
predominantemente entre os anos de 2002 e 2014.
A atenção básica presa pelo respeito à dignidade
humana e ao seu direito de ter acesso à saúde a
partir do momento em que se é analisado as estruturas que permitem a atenção à saúde adequada. A
Estratégia Saúde da Família vem como uma solução
em potencial para os problemas existentes dentre
a população e mostra no decorrer dos anos de 1994
até 2008 resultados positivos quanto à sua performance nos estados brasileiros. Portanto a Atenção
Primária à Saúde deve ser entendida como o eixo
norteador para a consolidação do SUS e para que se
tenha uma melhora substancial no quadro de saúde
da população brasileira.
A SAÚDE BUCAL ENTRA NA RODA DA REDE CEGONHA
Luana Pinho de Mesquita / Mesquita, L. P. / Escola
de Enfermagem de Ribeirão Preto EERP-USP; Silvia Matumoto / Matumoto, S. / Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto EERP-USP; Cinira Magali
Fortuna / Fortuna, C. M. / Escola de Enfermagem
de Ribeirão Preto EERP-USP; Wilson Mestriner
Junior / Mestriner Jr, W. / Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto FORP-USP; Maria do Carmo
Gulacci Guimarães CacciaBava / CacciaBava, M.
C. G. G. / Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
FMRP-USP; Adriana Barbieri Feliciano / Feliciano,
A. B. / Universidade Federal de São Carlos UFSCar;
Marcia Niituma Ogata / Ogata, M. N. / Universidade Federal de São Carlos UFSCar; Maria Lúcia Teixeira Machado / Machado, M. L. T. / Universidade
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 246
Federal de São Carlos UFSCar; Maria Teresa Luz
Eid da Silva / Silva, M. T. L. E. / Departamento Regional de Saúde III - Araraquara; Mônica Vilchez
da Silva / Silva, M. V. / Departamento Regional de
Saúde III - Araraquara; Cristiane Ribeiro / Ribeiro,
C. / Departamento Regional de Saúde III - Araraquara; Mary Cristina Ribeiro Lacôrte Ramos Pinto
/ Pinto, M. C. R. L. R. / Departamento Regional de
Saúde III - Araraquara; Vera Dib Zambon / Zambon, V. D. / Departamento Regional de Saúde III
- Araraquara;
Introdução: A Rede Cegonha (RC) vem sendo implementada no Departamento Regional de Saúde
III (DRS III) de Araraquara – São Paulo através do
Grupo Condutor Regional da Rede Cegonha (GCR),
um espaço de gestão que prevê a incorporação da
lógica ascendente de planejamento, com reunião
e diálogo entre trabalhadores de 24 municípios.
Neste espaço foi desenvolvido o Projeto de Pesquisa intitulado: O processo de implantação da rede
de atenção à saúde materno infantil no DRS III
de Araraquara: a atenção básica como ordenadora
da atenção em rede”, aprovado no edital FAPESP/
PPSUS 2012/51827-0. Considerando a saúde bucal
na atenção integral, nos questionamos, como é a
participação da saúde bucal neste espaço de gestão
da rede cegonha. Objetivo: Analisar momentos de
reflexão do GCR sobre a participação da saúde bucal no processo de implementação da RC. Método:
Estudo de abordagem qualitativa, do tipo pesquisa-intervenção, desenvolvida conjuntamente com os
participantes do GCR de fevereiro a dezembro de
2014, em encontros mensais, com diferentes profissionais responsáveis pela operacionalização da RC.
A cartografia foi o método da pesquisa-intervenção
com suporte do diário de campo. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de
Enfermagem Ribeirão Preto da Universidade de São
Paulo sob o protocolo CAAE: 23143613.3.0000.5393.
Resultados: O GCR discutiu sobre as dificuldades
de inclusão da equipe de saúde bucal no cuidado
integral, pouca adesão das gestantes ao tratamento
odontológico e a necessidade de inclusão da equipe
de saúde bucal no pré-natal na atenção básica e
neste espaço de gestão. Os trabalhadores do GCR
utilizaram a problematização na busca por estratégias, propuseram o alargamento do grupo para o
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
profissional cirurgião-dentista e tiveram respostas
positivas em algumas regiões de saúde. No entanto,
notamos uma lacuna entre o reconhecimento do
trabalho na perspectiva da integralidade e o grande
desafio de operá-lo, um obstáculo que envolve a força
da divisão das especialidades e das profissões no
fazer em saúde coletiva. Conclusão: O espaço do GCR
se mostrou potente para trazer reflexões no sentido
da inclusão da saúde bucal para o cuidado integral
na rede cegonha. Ainda que tímida, a participação da
saúde bucal no GCR é resultado de microprocessos
de mudança que se aproximam aos princípios do
SUS com a problematização e aprendizagem significativa no trabalho em saúde.
A SUPERLOTAÇÃO DOS SERVIÇOS DE EMERGÊNCIA: ESTUDO SOBRE OS USUÁRIOS CLASSIFICADOS COMO NÃO URGENTES
edme severino dos santos / Santos, E.S / universidade federal de sao paulo; Anderson da Silva Rosa
/ Rosa, A.S / universidade federal de sao paulo;
Introdução: a superlotação dos serviços de emergência (SE) é um problema de saúde pública em
escala global. Implica, não apenas em aumento de
tempo de espera por atendimento, mas também
em atrasos em tratamentos críticos que requerem
imediata conduta. Pode estar associada a inúmeros
desfechos clínicos negativos, incluindo maiores
taxas de complicações e mortalidade. Seu principal
desafio são as demandas não urgentes, difíceis de
serem denominadas, uma vez que mesmo pacientes
com esta classificação na triagem podem exigir
robustas investigações diagnósticas. O chamado
uso inadequado do SE pode variar entre os grupos
etários, hora do dia e dia da semana, tipo de doença, região geográfica e nível socioeconômico. Há
evidências que países com Serviços de Atenção
Primária à Saúde e assistência pré-hospitalar de
qualidade estão menos propensos à superlotação
dos SE. Objetivo: compreender os motivos da procura
por atendimento no setor de urgência e emergência
para usuário classificados como baixo risco de agravamento. Método: trata-se de um estudo qualitativo
com o uso do método da história oral temática e observação participante. Encontra-se na fase de coleta
de dados no setor de emergência de um hospital de
alta complexidade na cidade de São Paulo e tem a
Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 247
perspectiva de entrevistar 20 pacientes. Resultados
parciais: a partir da observação participante nota-se que os pacientes triados como não urgentes se
sujeitam a esperar até 15 horas por atendimento
médico. Apesar de reclamarem da espera, acreditam
que o hospital é o melhor local para o atendimento
das suas necessidades de saúde por terem acesso à
consulta médica especializada, tecnologia, exames
diagnósticos e conduta no mesmo dia. Pacientes com
dores articulares, por exemplo, argumentam que o
atendimento oferecido na Atenção Básica é ineficaz,
pois para se chegar ao tratamento que precisam
perambular meses entre a Unidade Básica de Saúde,
consulta com especialista e exames diagnósticos.
Considerações: a superlotação dos serviços de emergência se mostra multifatorial e de difícil manejo,
inclui a garantia de acesso e eficiência em todos os
níveis de atenção, bem como, investir em educação
à população sobre o funcionamento dos modelos e
redes de atenção à saúde.
ACESSO E INTEGRALIDADE DO CUIDADO NA REDE
DE ATENÇÃO ONCOLÓGICA NO SUS
Fabianny Tomaz Sitonio / Sitonio, F T / Faculdade
de Saúde Pública USP; Nayara Scalco / Scalco, N /
Faculdade de Saúde Pública USP; Alexandre Pereira Cruce / Cruce, A P / Faculdade de Saúde Pública
USP; Heloisa Elaine Santos / Santos, H E / Faculdade de Saúde Pública USP; Mariana Prado Freire /
Freire, M P / Faculdade de Saúde Pública USP; Marília Cristina Prado Louvison / Louvison, M C P /
Faculdade de Saúde Pública USP; Tereza Etsuko da
Costa Rosa / Rosa, T E C / Instituto de Saúde; Laura Camargo Macruz Feuerwerker / Feuerwerker, L
C M / Faculdade de Saúde Pública USP;
A atenção integral ao câncer pressupõe a garantia de
acesso rápido a intervenções diagnósticas e terapêuticas que garantam a sobrevida e qualidade de vida.
Isso pressupõe a organização de Redes de Atenção à
Saúde, que desenvolvam não apenas os cuidados de
alta complexidade, mas toda a linha de cuidado, desde a promoção, prevenção, tratamento e recuperação.
Nesse cenário, foi sancionada a Lei 12.732 em 2012,
que dispõe sobre o primeiro tratamento de paciente
com câncer em sessenta dias. O estudo é parte da
pesquisa Observatório Microvetorial de Políticas
Públicas/ CNPQ e analisou os dispositivos a partir
Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
da lei e os sistemas de monitoramento da atenção
oncológica no município de São Paulo, utilizando o
câncer de mama como condição traçadora. Foram
identificados os Sistemas de informação Ambulatorial -SIA e Hospitalar - SIH, que indicam apenas
o volume de procedimentos realizados; o Sistema
de Câncer de Mama – SISMAMA (pois o Sistema de
Informação de Câncer -SISCAN ainda não está implantado em São Paulo), que indica alguns tempos
de espera apenas para diagnóstico; os Registros
de Base Populacional de Câncer, disponível para a
cidade de São Paulo em parceria com a FSP/USP,
com foco na incidência; os Sistemas de Regulação
Municipal - SIGA e Estadual – CROSS, que têm
foco no acesso à consulta oncológica, mas sem a
informação referente ao diagnóstico e início de
tratamento, sendo que a 

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