ciencia espirita mar-2016

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ciencia espirita mar-2016
Edição 7 - MAR/2016
REVISTA
CIÊNCIA
ESPÍRITA
PERIÓDICOS
& NOTÍCIAS:
Uma nova forma de
levar o conhecimento
espirita ao público
interessado em teor
científico.
www.revistacienciaespirita.com
Distribuição
gratuita
VISÕES EM CASOS DE MORTE
QUEM JÁ NÃO TEVE, OU SOUBE, DE CASOS ONDE É PRESSENTIDO OU SE TEM UMA VISÃO DE UM
ESPIRITO E DEPOIS SOUBE-SE QUE O MESMO MORREU NAQUELE MOMENTO?
GABRIEL DELANNE
IMPORTANTE PAPEL PARA UM RIGOR NO MÉTODO ESPIRITA
ESTUDO: FLUIDIFICAÇÃO DA ÁGUA
MATERIAL COMPLEMENTAR CONTENDO INFORMAÇÕES IMPORTANTES SOBRE O TEMA FLUIDIFICAÇÃO DA
ÁGUA
MÉDIUM E JUSTIÇA
1
Foto: wallpaper.net
RELATÓRIO DE CASO ONDE UM MÉDIUM COLABORA COM A POLICIA PARA A SOLUÇÃO DE UM CRIME
CIÊNCIA ESPÍRITA
NESSA EDIÇÃO
2
Divulgue para
seus amigos
ESPAÇO DO
EDITOR
“Engessamento da
mediunidade? Por que? (3)
NOTÍCIAS
VOCÊ SABIA?
Novidades sobre pesquisa
com água fluidificada e o
lançamento do livro digital da
Médium Gladys Osborne,
traduzido para o português
(4)
Quem criou o termo
“médium”?
(5)
ARTIGO
PERIÓDICOS
Um resumo do assunto e
uma nova pesquisa espirita
sobre fenômenos de aparição
de espiritos no momento da
morte.
(10-11)
Estudo bibliográfico que
reune informações
complementares `às
pesquisas com água
fluidificada.
(12-14)
CONHEÇA A
HISTÓRIA
Gabriel Delanne, um defensor
ferrenho do espiritismo
cientifico.
(6-9)
RELATOS DE
PESQUISA
Caso onde uma médium,
procurada pelo espirito, ajuda
a solucionar o caso de seu
assassinato.
(15-24)
REVISTA CIÊNCIA ESPÍRITA
MAR/2016
ESPAÇO DO
EDITOR
MEDIUNIDADE NO “CATIVEIRO”
MEDIUNIDADE
LIMITADA
Por que será que muitos
dos Centros Espiritas
brasileiros limitam tanto
os médiuns e a
mediunidade?
3
É de conhecimento básico do espiritismo
que a mediunidade é seu principal
“agente”, ou seja, sem a mediunidade não
existiria o espiritismo, principalmente
porque a fonte base de informações é
proveniente do trabalho beneficente dos
médiuns, afinal, são eles quem transmitem
a informação proveniente do mundo
espiritual.
Também é de conhecimento geral espirita
que, “a opinião de um espirito é somente
uma opinião”, sendo assim esse
pressuposto garante (e entende) que um
espirito, ao se comunicar, está passando
as informações que lhe são tangíveis
baseada nas suas próprias percepções e
seu grau evolutivo. Tanto é assim que
Kardec havia elaborado um método que
“cruzava” informações de vários médiuns e
espíritos para poder chegar a alguma
conclusão sobre um assunto ou tema,
lembrando que isso nunca foi, e nem deve
ser definitivo, como muitos idólatras e
dogmáticos pretendem, isso porque a
conclusão final ainda é humana e
condicionada ao tempo (Era) do
observador/pesquisador, que é limitada.
Então, se toda a fonte básica de
conhecimento (e ajuda em muitos casos) é
proveniente da mediunidade, por que
muitos Centros Espiritas limitam o
desenvolvimento mediúnico?
A resposta é simples e o atual cenário
mundial a que passamos é o mesmo:
Excesso de padronização!
Esse “mal” não atinge somente o
espiritismo, mas empresas onde tem se
implantando um sistema de padronização
e metodologia de processos que parece,
em muitos casos, tender a perdermos os
propósitos básicos e a essência do que
somos ou devemos fazer.
A padronização não é de toda ruim, melhor
dizendo, é necessária, mas parece que
esta, ao entrar fortemente num meio,
passa a sufocar ou aniquilar a razão básica
por excesso. Devido a isso, é possível
percebermos que o problema não reside
na padronização em si, mas sim nas
pessoas que as impõe dentro de um grupo.
Na prática, referindo-me ao meio espirita
atual (especificamente aos Centros
Espiritas confederados e federados),
podemos ver um excesso de controles,
tanto de médiuns como de âmbito geral,
parecendo que os princípios básicos tem
ficado de lado. Tal fato parece direcionar o
entendimento de que os espíritos e
médiuns é que trabalham num Centro
Espirita e não que este foi criado para
permitir o trabalho dos médiuns e dos
mentores.
Esse tema vem sendo discutido em
diversos grupos e, dias atrás, foi tema num
grupo fechado sobre espiritismo.
Quem defende a ideia do controle,
argumenta a necessidade e
responsabilidade que as entidades
possuem perante a sociedade e a Doutrina
(dentro de um entendimento restrito do
grupo), por outro lado, temos os que
defendem maior liberdade aos médiuns e
aos trabalhos. Essa liberdade, por
exemplo, é a de exercer a mediunidade de
forma plena e não controlada como exigem
certos CEs. Médiuns reclamam de não ser
permitido ficarem inconscientes durante as
sessões, ou de terem que atuar conforme
rege ou organiza-se o mundo encarnado,
ao invés de ouvirem os mentores sobre
como deveriam ser feitos os trabalhos.
Independente de ambas as opiniões, o fato
é que o espiritismo kardequiano brasileiro
tomou um rumo arriscado, onde muitos
jovens desistem de atuar e onde muitos
médiuns preferem abrirem seus próprios
estabelecimentos (ou atuar em suas
casas) e dai já passam a serem excluídos
e chamados de espiritualistas.
Com isso perdemos todos nós, pois assim
surge o preconceito, as separações e
deixamos de ser uma grande família onde
poderíamos avançar juntos, com um
desenvolvimento pleno da mediunidade e,
consequentemente, de um aprimoramento
no conhecimento e na moralidade mais
exata.
Não é incomum eu visitar muitos lugares e
encontrar os médiuns ostensivos fora dos
CE federados, me pergunto então:
Será que os médiuns que permanecem
nos CEs Federados, em sua absoluta
maioria, não são ostensivos ou não os
permitem serem?
É prudente refletirmos sobre isso.
Sandro Fontana
NOTÍCIAS E
INFORMAÇÕES
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FIM DA PRIMEIRA RODADA DE
EXPERIMENTOS COM ÁGUA
FLUIDIFICADA SOB ANÁLISE
BIOELETROGRÁFICA.
TRADUZIDO PARA O PORTUGUÊS: LIVRO
AUTOBIOGRÁFICO DE UMA MEDIUM OSTENSIVA
MAIS TESTADA DE SEU TEMPO - GLADYS
OSBORNE LEONARD
A parceria entre o Instituto de Pesquisas
Minha vida em Dois Mundos é traduzido para o português
Psicobiofisicas de Porto Alegre e o Núcleo de
Estudos Landell de Moura ja finalizou a primeira
pelo grupo AUTORES ESPIRITAS CLÁSSICOS.
O livro prefaciado por Oliver Lodge relata a vida e
fase da pesquisa que pretende verificar a real
mediunidade de Gladys Osborne Leonard. Na obra ela fala
possibilidade da Máquina de Kirlian
sobre sua mediunidade, o desenvolvimento da mesma, sua
(bioeletrografia) captar a imagem distinta entre
mentora Feda e as experiências pessoais vividas em sua
amostras de água fluidificada e não fluidificada.
plenitude.
Nessa primeira rodada se descobriu que os
A senhora Leonard, para os espiritas menos familiarizados, foi
frascos para amostra (vidro e acrílico) não fazem
uma médium extremamente ostensiva e se diferenciou de
diferença ao equipamento. Descobriu-se também
muitos médiuns por se sujeitar aos experimentos dos céticos
que a posição e quantidade do eletrodo de
no passado. Alguns destes não se convenceram, mas muitos
aterramento também não interferem nas
imagens. Não foi observado significância na
outros tiveram que admitir que a sobrevivência da alma é a
hipótese mais adequada para explicar os complexos
primeira fluidificação, comparada a outros
fenômenos psíquicos.
estudos.
Para se ter uma ideia, Osborne e sua mentora foram testadas
Agora, entre março e abril, irá ocorrer uma
ao máximo, como por exemplo, o espirito ter que entrar numa
segunda fase, usando-se mais amostras e vários
sala fechada e ler uma página de um livro que se encontrava
médiuns envolvidos.
num local especifico em uma estante.
O artigo final será publicado na próxima edição
Interessados podem baixar o livro gratuitamente Clicando
da RCE, não deixe de acompanhar e conhecer
aqui.
os resultados.
Você Sabia?
RESUMOS
IMPORTANTES
A PALAVRA “MÉDIUM" NÃO FOI CRIADA POR KARDEC
Kardec foi responsável pela organização do espiritismo, dentre seu trabalho, ficou
historicamente conhecida a estruturação e subdivisão de uma série de partes deste.
No entanto é comum encontrarmos um equivoco recorrente por parte de muitos
espiritas, onde vem a crença de que Allan Kardec teria criado o termo médium.
O fato real é que isso não está certo, ou seja, o termo médium já existia antes
mesmo de Kardec e isso é facilmente demonstrado em jornais da época, por
exemplo: Em 1854, o Jornal The New York Times publicara artigo sobre o tema,
utilizando da palavra “médium" e “mediunidade". Outros artigos, publicados em
1855 e 1870 ja demonstravam o uso comum de tais palavras e conceitos.
fonte: Site The New York Times
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Defensor
ferrenho do
caráter
científico da
Doutrina
GABRIEL DELANNE
POR: KRAYHER
BREVE APRESENTAÇA, O Se houve um 4iel continuador dos ideais espı́ritas, tais como idealizados por Kardec e os Espı́ritos Superiores, sem dú vida alguma este foi Gabriel Delanne. Todas as prevençõ es deixadas pelo mestre lionê s por ele foram seguidas à risca, plenamente consciente da seriedade e da profundeza da missã o que abraçou com abnegaçã o de uma vida inteira. Ele tomou uma parte do terreno arado e semeou; parte esta que o mestre lionê s nã o teve tempo em vida para semear. Fez a Ciê ncia Espı́rita avançar, dando a ela o rumo traçado e idealizado por Kardec, explorando as manifestaçõ es que ainda tomavam frequente lugar nas reuniõ es pú blicas e privadas, atraindo cada vez mais a atençã o de homens reputados. Só podemos dar a dimensã o do trabalho de Delanne para a Doutrina, quando analisamos as suas obras, nã o somente as impressas, mas as obras sociais. Gabriel Delanne, nã o somente fez a Ciê ncia Espı́rita avançar, como fez també m que se espalhasse por todos os cantos, as suas implicaçõ es morais da Filoso4ia Espı́rita. Devassou a histó ria para demonstrar, que os fundamentos daquela Doutrina, sã o tã o antigos quanto o mundo e consequentemente fazem parte das doutrinas e religiõ es de todos os povos de todas as é pocas. A mediunidade sempre existiu, e está registrada em todos os textos antigos e novos pertinentes a todas as religiõ es, doutrinas e seitas, isto nã o era uma suposiçã o, era um fato constatado na histó ria da humanidade, e Delanne demonstrou isso em suas obras. Pouco se sabe sobre sua infâ ncia, e que pendores teve no primeiro momento da vida que desabrochava, mas nascido em famı́lia espı́rita, e ainda, tendo sua mã e como uma das mé diuns que concorreram para a composiçã o das obras fundamentais da Doutrina, concluı́mos que desde sempre esteve mergulhado em uma atmosfera na qual preceitos espı́ritas eram correntes. Sabemos, entretanto, que Gabriel Delanne devotava um profundo amor familiar, era uma criança dó cil e amá vel, e estreitava cada vez mais, 6
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suas relaçõ es com todos os seus parentes à medida que amadurecia. Já com o Mestre Rivail, sua relaçã o era a de um neto para com o avô querido, dedicando-­‐lhe uma obra; apenas ensaiava para o que viria pela frente. Tal como o Codi4icador, Gabriel Delanne també m teve uma missã o a cumprir, e estava amparado por uma legiã o de espı́ritos que o assistiam nesta tarefa, o que nã o o isentou de sofrer algumas mazelas fı́sicas, e possivelmente tenha agravado seu estado de saú de, com sé rios problemas de locomoçã o por uma ataxia, alé m de ter 4icado quase cego de um olho ainda na infâ ncia; nada disso, poré m, o atrasou ou impediu de marchar vigorosamente rumo à s tarefas designadas, de difusã o da Ciê ncia Espı́rita. O Espiritismo na posterioridade de Kardec, assim, contou com a envergadura de homens de cará ter sé rio, como Delanne, Flammarion, Bozzano, Dénis, Jean Meyer, Geley, Leymarie, e tantos outros colossos intelectuais com denotada dedicaçã o à causa da correta difusã o da verdade espiritual como ensinada segundo os Espı́ritos Superiores, atravé s da Codi4icaçã o. O respeito que a maioria dos adversá rios sinceros do espiritismo nutriam por Delanne, era baseado em seu comportamento afá vel e respeitoso, com que acolhia à s inú meras crı́ticas e as respondia com serenidade e destacada educaçã o, atravé s dos meios de comunicaçã o que dispunha. Herança deixada sem sombra de dú vida pelo exemplo de seu Mestre Kardec. BIOGRAFIA Nasceu no dia 23 de março de 1857, exatamente no ano em que Kardec publicava a primeira ediçã o de “O Livro dos Espı́ritos”. Seu pai, Alexandre Delanne, tornou-­‐se espı́rita e amigo de Kardec, pouco tempo depois do nascimento do 4ilho, motivo porque Gabriel Delanne foi grandemente in4luenciado pelo ideal espı́rita. Sua mã e trabalhou como mé dium, c o o p e ra n d o c o m o M e s t re L i o n ê s n a Codi4icaçã o. Alexandre Delanne, pai de Gabriel, era representante comercial que possuı́a uma loja de artigos de higiene na França. Seu interesse pelo Espiritismo foi despertado em uma de suas viagens à cidade de Caen, no “Café de Grand Balcon”, quando ouviu uma conversa entre dois homens e zombou daquele que assumia posiçõ es espı́ritas. Este, ao 7
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invé s de se zangar, deu-­‐lhe uma explicaçã o geral do trabalho de Kardec e recomendou-­‐lhe a leitura de livros publicados por Kardec. Intrigado, Alexandre Delanne comentou o acontecido com sua esposa, Marie Alexandrine Didelot, que o incentivou a adquirir os livros. Em pouco tempo estavam lidos “O Livro dos Espı́ritos” e “O Livro dos Mé diuns”. Marcado encontro com o Sr. Allan Kardec, pouco tempo depois na Sociedade Parisiense de Estudos Espı́ritas, a Senhora Delanne psicografara sua primeira mensagem, onde se liam trê s palavras, escritas com muita di4iculdade, como é comum no despertar da faculdade mediú nica, lia-­‐se: “Crede, Orai e Ac guardai“. Fundou-­‐se um grupo na casa dos Delanne, que o dirigiam com austeridade e j a m a i s a c e i t a r a m q u a l q u e r t i p o d e remuneraçã o, apesar de sua condiçã o simples. Muitos foram os fenô menos e encontros que ali tomaram lugar, sempre nos moldes espı́ritas. Neste ambiente viveu François-­‐Marie Gabriel Delanne (1857-­‐1926), a sua segunda infâ ncia e adolescê ncia, conviveu intimamente com faculdades mediú nicas diversi4icadas de sua pró pria mã e e dos mé diuns que frequentavam sua casa. Uma mostra da sua ligaçã o com o Espiritismo desde a infâ ncia foi um episó dio onde substituiu o pai em sua reuniã o, com apenas oito anos, explicando o que fosse necessá rio à s pessoas que participaram dela. (WANTUIL, 1980. p. 315). Sua ligaçã o com os membros de sua famı́lia foi intensa. Dedicou posteriormente seu livro “A EVOLUÇA, O ANIcMICA” à sua tia Anette Delanne “como prova de reconhecimento da ternura que povoou a minha infâ ncia”. Sua ligaçã o com Allan Kardec també m foi signi4icativa. (WANTUIL, 1980, p. 316), a4irma que em uma oportunidade Kardec dispensou a ele mimos que um avô dispensa a seu neto. Gabriel Delanne dedicou-­‐lhe o livro “O FENOk MENO ESPIc R ITA” com as seguintes palavras: “Al alma imortal de meu venerando mestre Allan Kardec eu dedico este livro, obra de um de seus mais obscuros, mas de seus mais sinceros admiradores”. Declarou abertamente que sua crença inabalá vel era a Espı́rita, e dedicando-­‐se desde cedo à pesquisa experimental, recebeu em determinado momento, uma comunicaçã o com um teor profundo em relaçã o à sua missã o junto ao crescente movimento espı́ r ita, dizia a REVISTA CIÊNCIA ESPÍRITA
mensagem: “NADA TEMAS. TEM CONFIANÇA. JAMAIS SERÁS RICO DO PONTO DE VISTA MATERIAL. COISA ALGUMA, PORÉM, TE FALTARA NA VIDA”. Delanne iniciou seus estudos no Colé gio de Cluny, passando a seguir para o Colé gio de Gray e sendo admitido, em 1876 na Escola Central de Artes e Manufaturas, que abandonou no ano seguinte. Henri Regnault (seu bió grafo) a4irma que o abandono dos estudos se deveu à situaçã o 4inanceira da famı́lia de Gabriel, mas nã o se tem informaçõ es de que nã o tenha concluı́do seu curso de Engenharia Elé trica, logo, é muito prová vel que tenha retomado os estudos no ano seguinte, até sua conclusã o. ALGUNS ACONTECIMENTOS NOTÁVEIS DURANTE SUA VIDA E m 1 8 8 0 n a s c o m e m o ra ç õ e s d a desencarnaçã o de Kardec, Delanne fez um discurso no seu tú mulo no Pè re Lachaise, onde expô s, entre outras ideias, a posiçã o de que Allan Kardec nã o viera trazer nenhum culto, que ele adotara a moral cristã e que havia ainda um campo inexplorado para estudos, que sã o as relaçõ es entre o mundo dos espı́ritos e o nosso. Em 1882, juntamente com Leymarie participou da assembleia que fundou a Federaçã o Espı́rita Francesa e Belga. Em 1883 Delanne se envolveu em um debate pú blico com Gué rin, onde o tema central era a encarnaçã o de Jesus Cristo. A posiçã o de Delanne era a de que Jesus nã o possuı́a nenhuma natureza especial, embora tivesse notá veis faculdades intelectuais e evolutivas, combatendo desta forma a dissidê ncia criada no Espiritismo por de Jean-­‐Baptiste Roustaing. Delanne, o discípulo de Kardec, também combateu as ideias dissidentes com coragem e não recuou. Ainda em meados 1883, episó dio curioso ocorre, Delanne recebe da Sra. Elisabeth D”Esperance, mé dium cujas faculdades lhe dã o notoriedade até os dias de hoje, cerca de 5000 francos para editar um Jornal Espı́rita. Em circunstâ ncias muito interessantes. (Paul Bodier e Henri Regnault -­‐ Gabriel Delanne, sa Vie, son Apostolat, son Oeuvre pg 10 1937). Em 1884 Surge o perió dico bimestral “Le Spiritisme” onde Delanne assume o papel de redator geral, o seu primeiro volume foi publicado no mê s de março. Lantier, editor, a4irma que Delanne era um redator criterioso e re j e i t ava a r t i g o s d o s a m i g o s q u e n ã o apresentassem os rigores exigidos pela ciê ncia. 8
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Foi mais ou menos nesta é poca em que fora admitido como Engenheiro na Companhia de Ar Comprimido e Eletricidade Popp, onde trabalhou até 1892. També m e possivelmente se deve à esta sua ocupaçã o o fato de alguns autores se referirem a Gabriel Delanne como Engenheiro Elé trico. Posteriormente Delanne trabalharia alguns anos como representante comercial, até 1 8 9 6 . A p ó s e s t a d a t a e l e d e d i c o u -­‐ s e integralmente ao Espiritismo. Em março de 1901, extinguiu-­‐se a vida orgâ nica de seu Pai Alexandre Delanne, com a idade de 71 anos. No funeral, inicialmente enterrado no Cemité rio de Bagneux, e posteriormente transferido para Pé re Lachaise, junto de sua esposa, reuniram-­‐se seus numerosos amigos; foram pronunciados discursos pelo General Fix, Laurent de Faget, Duval, Camille Chaigneau e a Sra. Colin, 4iguras cé leres de grande importâ ncia para aquela famı́lia. Suportando com coragem e resignaçã o essa cruel prova, Gabriel Delanne, ele mesmo doente, nã o tinha podido usar da palavra. Com o coraçã o arrebentado pela separaçã o de seu querido pai, nã o se entregou à dor da separaçã o, que sabia ser temporá ria. Publicou uma nota emocionante na sua revista, prestando as homenagens merecidas. No ano de 1905 adotou uma menina com 7 meses, chamada Suzane Rabotin, que lhe dispensaria todos os carinhos e cuidados de uma 4 i l h a d e v o t a d a e a g r a d e c i d a a t é s u a desencarnaçã o, uma vez que Gabriel Delanne nunca se casou. No ano seguinte, uma piora signi4icativa na sua saú de o obrigou a usar muletas de4initivamente. Durante o perı́odo de 1914 a 1917, perı́odo da primeira grande guerra, suspendeu as publicaçõ es da sua Revista. Em 1919 Delanne aconselhou Jean Meyer a escolher o Dr. Gustave Geley como diretor do “Instituto Metapsı́quico Internacional”, ano de sua fundaçã o. O Dr. Geley era igualmente um espı́rita e devemos, para celebrar sua memó ria, lembrá -­‐lo aqui. Em 1919 també m ocorreu a fundaçã o da nova Uniã o Espı́rita Francesa, da qual Delanne foi seu primeiro presidente, tendo a seu lado o fundador Jean Meyer como vice-­‐presidente. Em 12 de Fevereiro de 1926, o seu estado de saú de agravou-­‐se subitamente com queixas de di4iculdades respirató rias. Em 14 de Fevereiro, estavam com ele os amigos Andry Bourgeois e Vauclaire.
REVISTA CIÊNCIA ESPÍRITA
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Conta sua 4ilha Suzane, que todos os dias, antes de dormir, Delanne orava, no entanto jamais pedindo para nã o sofrer mais; apenas suplicava coragem necessá ria para suportar, sem se lamentar, suas constantes dores. Cada noite, enumerava uma longa lista de seus parentes e amigos, pedindo para eles a ajuda de seus protetores invisı́veis. Andry Bourgeois, discı́p ulo e amigo ı́ntimo, narra assim a ú ltima tarde vivida na Terra pelo nobre lutador espı́rita: -­‐ “Achei – escrevia ele a Henri Regnault – nosso caro amigo muito debilitado, mas tendo conservado toda a clareza de sua viva inteligê ncia. Mal tı́nhamos começado a conversar sobre a saú de dele e sobre a sua revista, que tinha sido a sua razã o de viver, quando um homem desconhecido, ainda jovem (apenas 35 anos), pediu para ser recebido por Delanne.
Ele á guardou somente 10 minutos, quando nosso mestre, com sua grande bondade, pediu-­‐lhe que entrasse. Esse homem era um contramestre das Usinas Renault (Billancourt), com ideias mais do que socialistas, pregando a anarquia, o bolchevismo integral. Mas, disse ele, tinha uma parenta, uma prima, que escrevia de forma estranha sobre coisas que ignorava e vinha pedir a Gabriel Delanne a verdade sobre esse fato, saber se ela nã o estaria louca. Delanne, embora sofrendo o martı́rio de todas as suas dores, teve a coragem, durante cerca de 2 horas e meia, de discutir com esse homem, com esse desconhecido bastante inteligente, e explicar-­‐lhe o que era a mediunidade de sua prima e o fenô meno espı́rita da escrita direta. Acabou por convencer o homem de que nem tudo nesse mundo era maté ria e que todos nó s temos uma alma imortal para evoluir. O homem por sua vez, se foi ainda abalado, dizendo que ia estudar a questã o para depois pô -­‐
la em debate com seus pares. Eis a ú ltima boa açã o de Delanne. Pusemo-­‐nos à mesa, para jantar, pelas 19 horas, Delanne, sua 4ilha, Vauclaire e eu. Delanne, muito cansado e sofrendo cada vez mais, nã o comeu nada, mas pediu que comê ssemos, com sua gentileza costumeira. Eu estava penalizado e examinava-­‐o com receio, por estar cada vez mais pá lido. Pelas 19:45 quis, arrastando-­‐se, ir ao lado da sala de jantar. Apó s dez minutos, ouvimos um grito e uma queda. Chegamos para levantá -­‐lo e suas duas pernas acabavam de 4icar, de repente, MAR/2016
paralisadas. Já nã o podia sequer manter-­‐se de pé ; toda a vitalidade tinha abandonado os seus membros inferiores, que se arrastavam como dois farrapos, nó s o colocamos na poltrona e, enquanto os outros haviam saı́do para trazer algo para reanimá -­‐lo, Delanne apalpou a cabeça, a fronte e, olhando-­‐me, disse-­‐me: ― Creio que é o 4im, é uma advertê ncia. ― Nã o, respondi-­‐lhe ― é um pequeno ataque, do qual irá recuperar-­‐se. ― Sim, disse-­‐me ele ― No alé m. ― Lembre-­‐se, meu caro amigo, que Delanne nã o tem medo da morte. Colocamo-­‐lo no leito. Saı́ à meia-­‐noite para descansar, por insistê ncia da 4ilha e de Vauclaire, que deviam velar juntos, nosso caro mestre. Al s 2 horas (15 de fevereiro de 1926), Vauclaire saiu, deixando a jovem 4ilha a só s, com seu pai. Al s 4 horas, Delanne piorou, queixando-­‐se com falta de ar, sua 4ilha foi buscar um mé dico, que lhe fez uma aplicaçã o de cafeı́na para reanimá -­‐lo, dizendo-­‐lhe que aquilo iria passar. ― Espero, respondeu Delanne ― nã o quero entristecer ningué m. Al s 7 horas, poré m, pela ú ltima vez expirava, em Autenil, na Villa Montmorency, local este que Jean Meyer, ainda diretor da Revista Espı́rita, desejava que fossem passados os ú ltimos anos terrenos do valente pioneiro do Espiritismo, Gabriel Delanne. As cinzas de Delanne, foram postas no mausolé u da famı́lia, muito pró ximo ao de seu Mestre Kardec, junto a seu pai e sua mã e. FONTE BIBLIOGRÁFICA: Adaptado e redigido para a Revista de Ciê ncia Espı́rita, segundo e de acordo com diversas biogra4ias de diversos autores, em especial: sa Vie, son Apostolat, son Ouevre – Paul Gibier e Henri Regnault. Traduzida para o Portuguê s como: Gabriel Delanne, Vida, Apostolado e Obra, disponı́vel para download gratuito em http://
bvespirita.com
VISÕES EM
CASOS DE
MORTE
EXPERIÊNCIAS TÃO COMUNS QUE PARECEM PASSAR
DESPERCEBIDAS
Por Sandro Fontana
Um fato tã o comum, mas que parece passar despercebido por pesquisadores ao longo da histó ria, parece que volta a ganhar um amplo estudo. O leitor vai entender depois que eu escrever sobre um breve relato de um amigo. Em meu trabalho cotidiano, comentando com colegas sobre as pesquisas espiritas, um deles veio até mim para relatar um caso que ele presenciou e foi muito marcante em sua vida, tanto como ser humano como curioso dos fenô menos mediú nicos. Por questõ es é ticas vou chama-­‐lo de Sr. B. Certa vez a noite, em pleno sono, Sr B acorda assustado, como se tivesse vivenciando um pesadelo. Ele acorda suado e vê , aos pé s de sua cama, um compadre a que nã o via a muito tempo. Ele a4irma ter visto nitidamente seu amigo e este ia começar a lhe dizer alguma coisa, mas foi interrompido pelo grito assustado do relator deste fato. Ele comentou: “Não pude me controlar, foi um susto muito grande porque acordei e já vi ele nos pés da minha cama”. Apó s o grito, a imagem de seu compadre desapareceu diante de seus olhos. Depois de alguns dias, veio a saber que seu amigo havia falecido e 4icou preocupado pois parecia que ele vinha lhe dizer algo, fato que nã o pô de ocorrer. A histó ria poderia terminar aı́, como muitas outras que ocorrem com certa similaridade, mas 10
um fato marcante trouxe a tona duas demonstraçõ es sobre a genuinidade do caso. Esse amigo, por trabalhar como piloto de aviã o, algum tempo depois, levaria a bordo de sua aeronave um dos mais notá veis mé diuns de todos os tempos: Chico Xavier. Sr B me relatou que, ao 4inalizar um de seus vô os comuns, o mé dium pediu para entregar-­‐lhe uma carta, lhe dizendo algo como: “Isso é para você … O escrevente pediu para lhe entregar, espero que eu esteja certo”… Na carta havia o relato de seu compadre, falando da fatı́dica noite que foi lhe aparecer aos pé s da cama, onde ele (na carta), pedia-­‐lhe desculpas pelo ocorrido… Eventos como este, de um mé dium aparecer como que por coincidê ncia, e lhe dar uma carta tempos apó s uma apariçã o nã o é um fato comum, mas demonstrou que a visã o nã o fora uma mera alucinaçã o. Vou mais longe, demonstra a verdadeira mediunidade de Chico Xavier frente as crı́ticas de muitos que fazem uma aná lise com fatores supostos de que Chico obtinha informaçõ es de familiares ou de fontes diversas, aliá s, nã o é por estudos ou provas que a imagem de Chico se fez mas sim nos detalhes e trabalhos do dia-­‐a-­‐dia e das experiê ncias p e s s o a i s d a s p e s s o a s q u e t i v e r a m a oportunidade de ter contato com ele. REVISTA CIÊNCIA ESPÍRITA
Essa carta, segundo o autor, Chico nã o escreveu no momento do voo, até porque há relatos de que o mé dium de Uberaba tinha verdadeiro pavor de voar, entã o di4icilmente ele poderia entrar num transe mediú nico naquele momento. Chico deve ter escrito a carta em momento anterior, qual? Nã o sabemos ao certo, mas o fato també m parece impor algo contra a hipó tese PSI e SuperPSI para explicar tal fenô meno por meios normais, pois uma psicogra4ia desse tipo, involuntá ria (nã o invocada) teria que pressupor a previsã o do piloto do vô o e uma experiê ncia mediú nica muito especı́ 4 ica para o caso, algo bem imprová vel até para as mentes mais fé rteis. O caso 4icou nisso, terminou como uma prova pessoal para o Sr B, mas para nó s 4ica a pergunta: Por que aparições como essa, em momentos de morte, ocorreram ao longo da história e continuam a ocorrer diariamente? Quem não conhece alguém que passou por algo similar ou presenciou por si mesmo? O fato é que ainda nã o se tem explicaçõ es perfeitas para o real motivo, mas nã o se podem negar os fatos de que existe, de alguma forma, algum ligaçã o (ou desejo) de um espirito se comunicar com determinada pessoa no momento em que seu espirito passa a deixar seu corpo fı́sico. Numa busca por respostas, alguns pesquisadores espiritas, vinculados ao site J o r n a l d e C i ê n c i a E s p i r i t a ( h t t p : / /
jornalcienciaespirita.org), estã o iniciando um estudo piloto a4im de coletar relatos de pessoas comuns e analisar as respostas, formando um grande banco de dados com os relatos pessoais de como e em quais condiçõ es ocorreram as apariçõ es. Ec muito prová vel que essas apariçõ es sejam mais comuns do que pensamos, mas ainda é necessá rio se obter muitas respostas, por exemplo, será que tal fenô meno ocorre somente com mortes rá pidas? Ou será que ocorre de forma ampla, onde o espirito simplesmente surge independente da forma como o laço entre corpo e espirito se rompem? Quanto mais se aprofunda, mais perguntas surgem e eles irã o buscar as respostas, mas para que isso venha a ocorrer é importante uma 11
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divulgaçã o e participaçã o das pessoas com os relatos. Link para quem deseja participar da pesquisa: http://jornalcienciaespirita.org/
fenomeno-­‐de-­‐aparicao-­‐no-­‐leito-­‐de-­‐morte-­‐ou-­‐
pos-­‐morte/ REVISTA CIÊNCIA ESPÍRITA
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PERIÓDICO DA EDIÇÃO
ESTUDO TEÓRICO ABORDANDO O TEMA FLUIDIFICAÇÃO DA ÁGUA.
Trabalho Complementar com Informações sobre Fluidificação da Água
Felipe Fagundes
INSTITUTO DE PESQUISAS PSICOBIOFÍSICAS
RESUMO: O presente artigo faz um resumo de alguns pontos cruciais para melhor compreensão de alguns pontos relativos a
fluidificação da água ao longo dos anos. O trabalho, indiretamente, gera um suporte ao artigo publicado na edição DEZ/2016
(desta mesma revista), trazendo comparativos resumidos sobre a temática frente a estudos mais recentes.
PEER REVIEW requerendo
Aprovado
O uso da á gua 4luidi4icada, que conté m as chamadas energias curativas, é usada em praticamente todos centros espiritas do Brasil, Kardecistas ou nã o, e també m por outras denominaçõ es religiosas, como o catolicismo cuja denominaçã o é “á gua benta”. A á gua é um solvente universal, que possui a propriedade de misturar e transportar uma gama enorme de substancias orgâ nicas necessá rias aos seres vivos, como as vitaminas e sais minerais, assim como no transporte de substancias tó xicas, como a ureia, para fora do organismo, pelo sistema excretor, a 4im de manter o equilı́brio dos sistemas vivos. Entretanto, para muitos, a á gua també m possui a capacidade de armazenar energias curativas, chamada de energia vital, prâ na, 4luido universal, etc, com propriedades ainda desconhecidas, mas que possui efeitos bené 4icos na homeostase (equilı́brio) no corpo humano e també m a vá rios outros sistemas vivos. Essa a4irmaçã o, todavia, nã o é desprovida de evidencias cientı́4icas, com experimentos realizados desde os tempos do perı́odo chamado Magnético, em que se faziam muitas experiê ncias com hipnotismo e que antecedeu o advento do Espiritismo moderno de Allan Kardec, chamado de Período Espirítico, que deu origem a Ciê ncia Espı́rita. Naquele primeiro perı́odo, no inicio e metade do sé culo IXX, muitos dos chamados “magnetizadores”, alegavam poder impregnar a á gua pura de propriedades curativas que 12
Aprovado
eram capazes de curar diversas enfermidades, orgâ nicas e psı́quicas. Desde entã o, surgiram os chamados curadores psı́quicos, os quais possuı́am a capacidade de exteriorizaçã o de grande energia vital, segundo os crité rios kardecistas. Essa energia possui caracterı́sticas curativas, e a á gua seria um dos elementos, ou o maior elemento com a capacidade de retençã o dessas energias. Mesmo antes de Allan Kardec, já havia relatos de sensitivos videntes que eram capazes de “ver” essas energias retidas pela á gua, que lhes apareciam `as vistas como altamente brilhantes, diferindo do recipiente contendo a á gua que nã o foi 4luidi4icada.
A p h o n s e B o uv i e r, f a m o s o m a g e n t i z a d o r e hipnotizador do 4inal do sé culo XIX e inı́cio do sé culo XX, realizou experiê ncias deste tipo que, embora nã o tenha tido um controle cienti4ico signi4icante, nã o deixou de serem interessantes. Muitas vezes, diz ele, “magnetizava” um copo com á gua e outro nã o, e todas as vezes, seus mé diuns foram capazes de distinguir a á gua 4luidi4icada pelo seu alto brilho [1]. Esses mé diuns videntes nã o eram apenas capazes de diferenciar os recipientes contendo essas á guas, como també m eram capazes de ver as energias com essas propriedades curativas saindo das mã os dos mé diuns, em especial pelas pontas dos dedos. O famoso metapsiquista Coronel Albert de Rochas, no inicio do sé culo XX, conseguiu alguma evidê ncia da REVISTA CIÊNCIA ESPÍRITA
conseguiu alguma evidê ncia da objetividade dessas energias, por meio experimentais [2]. Em meados do sé culo XX, atravé s da Kirliangra4ia, foi possı́vel diversas vezes, em especial quando o magnetizador estava num estado alterado de consciê ncia (transe mediú nico), fotografar uma espé cie de aura brilhante que saia das pontas de seus dedos em direçã o à pessoa tratada, corroborando os trabalhos de De Rochas [3]. Todavia, como existiam vá rios aparelhos Kirlian que captavam diversas frequê ncias eletromagné ticas, somado ao fato de que nã o era sempre que o fenô meno era possı́vel ser captado mesmo pelo aparelho “adequado”, muitos insucessos em fotografar esta exteriorizaçã o energé tica sutil pela mã o humana foram relatadas, abrindo espaço para muitas dú vidas e especulaçõ es quanto à realidade do fenô meno. Mas as evidê ncias desta energia sutil com propriedades curativas e exteriorizá vel atravé s do corpo de certas pessoas (chamadas pelo espiritismo kardecista de mé diuns passistas) nã o é apenas demonstrada por aquelas experiê ncias de “visã o” e pela fotogra4ia kirlian. Existem varias pesquisas publicadas, no perı́ o do contemporâ neo, com demonstraçã o positiva da açã o curativa da á gua “4luidi4icada” nos seres vivos em geral. Os mais interessantes foram os trabalhos feitos com animais e plantas, à 4im de excluir o efeito placebo (efeito bene4icio psicoló gico produzido pela sugestã o de “estar sendo curado”). O mais famoso, foram os trabalhos do Dr. Bernard Grad, cientista da Universidade de Yale, nos Estados Unidos. 13
O Dr. Grad e sua equipe preparou vá rios recipientes com á gua salgada, para o cultivo de plâ ntulas de cevada. A á gua salinizada, como se sabe, retarda a germinaçã o e o desenvolvimentos das plantas. Com esses recipientes, uns foram destinados ao “tratamento psı́quico”. Eles foram dados por um famoso mé dium de cura daquela é poca para que este segurasse os recipientes por alguns minutos, tentando in4luencia-­‐los com sua energia. As sementes tratadas com á gua salinizada sem a intervençã o do medium, tiveram uma media de germinaçã o e desenvolvimento de plâ ntulas bem retardados, como de esperado, enquanto que as sementes tratadas pela á gua salinizada e retida pelo mé dium, tiveram medias de germinaçã o e desenvolvimento bem maiores, inclusive com maiores taxas de cloro4ila nas folhas (que signi4ica maior vitalidade e vigor de plantas). Este experimento foi repetido diversas vezes, com o mesmo resultado. Outra variaçã o incomum imaginada por Bernard Grad consistiu em dar a á gua para MAR/2016
pacientes psiquiá tricos segurarem. Essa mesma á gua foi depois usada para tratar as sementes de cevada. Por incrı́vel que possa parecer, diz o cientista, a á gua energizada por pacientes que estavam seriamente deprimidos produziu um efeito inverso ao da á gua tratada pelo curandeiro: ela diminuiu a taxa de crescimento das plantinhas novas! [4] Existem, de fato, muitos trabalhos demonstrando a e4iciê ncia da cura psı́quica, sem o uso da á gua, isto é , diretamente pelo passe em homens [5] [6] [7], animais [8] [9] e plantas [10], assim como a propriedade de aumentar a taxa de crescimento de fungos [11] e outras cé lulas [12], mas como nosso foco é a á gua “4luidi4icada”, deixaremos outros trabalhos de lado, poré m com a idé ia de que estes estudos corroboram a realidade das energias sutis com propriedades curativas. Nesse aspecto, a á gua seria apenas um absorvente e veı́culo dessas energias. Na ediçã o Passada da Revista Ciê ncia Espirita (dezembro de 2015), foi publicado uma interessante pesquisa feita pelo Doutor Geison Freire, em que ele usou uma mé dium vidente para tentar localizar visualmente, pelo brilho, as á guas que foram magnetizadas por um passista. Foram utilizadas 10 garrafas de á gua pura, da mesma fonte (e lote), no experimento e a mé dium nã o sabia quantas garrafas iriam ser magnetizadas. O ı́ndice de acerto da mé dium foi de 80%, o que indica um bom resultado. Assim, ela foi capaz de diagnosticar visualmente, pelo brilho, as garrafas de á gua que foram tratadas. Esses resultados corroboram (e replicam) os antigos magnetizadores que 4izeram essas experiê ncias, indicando que a á gua 4luidi4icada, alé m de ter propriedades curativas, emite també m um brilho caracterı́ s tico. Entretanto, coletando estas amostras de á guas 4luidi4icadas, atravé s de um experimento piloto realizado pelo pesquisador Sandro Fontana, nã o foi possı́vel detectar esse brilho caracterı́stico utilizando uma má quina Kirlian, pelo menos numa primeira sessã o de experimento e, utilizando-­‐se um ú nico mé dium magnetizador. “São necessários mais experimentos para termos certeza, tanto referente ao médium quanto a real possibilidade do equipamento captar isso nas amostras de água”, diz ele e acrescenta: “Precisamos mais testes com médiuns videntes e com máquinas kirlian (bioeletrograVia), utilizando vários médiuns para VluidiVicar a água, para podermos averiguar a realidade da diferenciação Vísica das amostras tratadas através do passe magnético”. Todavia, já existem evidê ncias considerá veis relacionando diretamente as propriedades curativas da á gua “4luidi4icada” com o aumento de seu brilho, visı́veis por mé diuns videntes e por certas frequê ncias utilizadas nas má quinas kirlian.
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de Vida De Idosos Com Sintomas de Estresse: Estudo
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"laying on of hands": A review of experiments with
animals and plants. J. Am. Soc. Psychical Res., 59,
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Evidence Supporting the Reality of Spiritual Healing.
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Medicine. Volume 10, Number 1, 2004, pp. 103–112.
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RELATÓRIO DE PESQUISA
POSSIVELMENTE UM CASO ÚNICO DE RESOLUÇÃO DE UM CRIME POR UM PSÍQUICO por Guy Lyon Playfair e Montague Keen Resumo
“Mé dium pega assassino e prova vida apó s a morte” foi a manchete memorá vel da ediçã o de 27 de outubro de 2001 do Psychic News, referindo-­‐se a um entã o recente caso que emergiu em que uma jovem mulher chamada Christine Holohan forneceu à polı́cia uma sé rie de informaçõ es exatas, detalhadas e especı́4icas sobre um assassinato alguns dias depois de ocorrido, recebidas ostensiva e diretamente da vı́tima morta. Um registro mais detalhado do caso foi dado por um dos detetives envolvidos no inqué rito do assassinato no Journal of the Police Federation (Batters, 2001). Com a plena cooperaçã o dele e de Holohan, nó s examinamos o caso cuidadosamente e concluı́mos que no mı́nimo se poderia dizer que “Mé dium fornece informaçõ es-­‐chave que ajudam a levar à condenaçã o de um assassino e é altamente sugestivo da sobrevivê ncia de um desencarnado”. PEER REVIEW
Aprovado
INTRODUÇÃO Na noite de sexta-­‐feira, 11 de fevereiro de 1983, Jacqueline Poole, 25 anos, uma assistente de loja e garçonete em meio expediente, foi assassinada em seu apartamento no subú rbio Ruislip a oeste de Londres. O primeiro agente da polı́cia no local foi o detetive Tony Batters, que chegou no domingo, dia 13, onde permaneceu por cinco horas, fazendo anotaçõ es detalhadas sobre a cena do crime e a vı́tima. Um ou dois dias mais tarde, Batters e outro detetive, o Det. Con. Andrew Smith (cada um deles leu e aprovou um esboço deste artigo; ver suas declaraçõ es inclusas ao 4inal) foram avisados para visitar Christine Holohan, uma irlandesa de vinte e poucos anos que trabalhava meio perı́odo na RAF em Northolt enquanto treinava para tornar-­‐se uma mé dium pro4issional, o que agora já faz há 16 anos ou mais. Ela chamou a polı́cia para dizer que tinha algumas informaçõ es sobre o assassinato. Até entã o, a polı́cia pedira que qualquer pessoa que tivesse conhecido Poole entrasse em contato. Uma das pessoas que agiu assim foi um jovem chamado Anthony Ruark, que, apesar de ter antecedentes criminais (mas nenhum histó rico de violê ncia), inicialmente nã o foi tratado como o suspeito principal. Aprovado
Holohan, no entanto, nã o conhecera Poole, ao menos nã o enquanto estava viva. Logo que os agentes da polı́cia chegaram a sua casa em Ruislip Gardens (a cerca de 5 quilô metros do apartamento de Poole, nã o “menos do que 10 minutos a pé ”, como mencionado no Psychic News), anunciou que tem tido ‘experiê ncias psı́quicas’ desde sua infâ ncia na Irlanda, e tinha tido outra deste tipo na segunda-­‐feira à noite — o dia seguinte à descoberta do corpo de Poole. Como ela descreveu numa entrevista ao programa da televisã o irlandê s (RTE) The Late Late Show (23 de novembro de 2001), do qual nó s obtivemos uma có pia, ela foi dormir por volta da meia-­‐noite, depois de ter tido “uma sensaçã o muito ruim” durante todo o 4im de semana seguinte ao assassinato, e tendo “sentido frio” quando 4icou sabendo do ocorrido na segunda-­‐feira numa loja local. Naquela noite, ela continuou, ela tentava dormir quando “de repente eu tive um sentimento forte de uma presença, como se algué m estivesse no meu quarto, e eu senti que algué m puxava o meu pijama. Entã o pensei, vamos ver o que está ocorrendo aqui, e me arrisquei e disse “Jacqui, é você ?” e as luzes foram ligadas e desligadas” [1]. Ela entã o teve uma visã o de uma mulher que informou seu nome, [1] Holohan nos garantiu que ela não se lembra de alguma vez ter encontrado ou mesmo ouvido sobre Poole ou quaisquer de seus amigos, nem mesmo seu
assassino. Os detetives entrevistaram todos os conhecidos de Poole, e Holohan não estava entre eles. Seu nome sequer constava na lista telefônica de
Poole.
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nã o como sendo Jacqui Poole, mas sim como Jacqui Hunt. Este na verdade era o nome de solteira de Poole, que nã o tinha se tornado pú blico até entã o. A apariçã o con4irmou que ela era de fato a vı́tima, e que queria que Holohan a ajudasse a receber a justiça merecida, ao que Holohan respondeu que ela nã o podia ir à polı́cia a menos que tivesse alguma evidê ncia concreta para eles. Alé m disso, disse, pensariam que ela tinha lido sobre o caso nos jornais ou que ouviu os detalhes de amigos. “Jacqui”, no entanto, “somente foi embora” depois de dizer algumas coisas sobre o assassino “que eu nã o posso repetir no ar”. Na noite seguinte ela voltaria outra vez, desta vez com uma grande quantidade de detalhes sobre a cena de crime, entã o Holohan decidiu chamar a polı́cia. Numa entrevista conosco registrada em 4ita em 30 de outubro de 2002, ela forneceu mais detalhes de sua visã o, que ela se lembrava nitidamente depois de quase vinte anos e que claramente causara uma forte impressã o nela. Ela realmente nã o vira Poole enquanto encarnada, mas lembrava “o contorno branco de uma pessoa” e uma “energia de luz branca”, junto com “uma voz bem de4inida” em seu ouvido. Ela con4irmou que primeiramente tinha estado ciente de uma “presença” inesperada antes de ter ouvido sobre o assassinato. Ela nã o conseguiu descrever isso em mais detalhes. MAR/2016
sido lavada enquanto a outra ainda tinha algum café , um caderno de endereços preto, uma carta e uma receita. Ela descreveu o ataque, a luta e assassinato em detalhes considerá veis, dizendo que tinha começado no banheiro e que Poole foi entã o arrastada para o sofá , onde o seu corpo foi achado. Observou que só dois dos muitos ané is de Poole permaneceram em seus dedos. Quando o assassino fosse apanhado, disse, seus amigos 4icariam surpresos, pois nã o acreditariam que ele seria capaz de cometer tal crime. Numa entrevista gravada conosco em sua casa em 6 de outubro de 2002, Tony Batters contou-­‐nos como se sentiu quando Holohan começou a falar sobre anjos e espı́ritos: Eu era completamente cético naquela época e não desejava continuar a entrevista, mas por educação nós nos sentamos em um sofá e ela começou a dizer coisas que imediatamente me espantaram. Anotei-­‐as; pouco tempo depois ela entrou no que eu descreveria como um transe, embora eu não seja familiar com um transe, mas as suas pálpebras piscaram, depois se fecharam e ela falou, numa voz normal, uma série de sentenças muito curtas, e eu produzi uma cópia textual das notas originais do encontro que eu ainda possuo. Batters mostrou-­‐nos suas notas originais (ver Figura 1) e nos deu có pias de sua transcriçã o das 131 declaraçõ es separadas (ver Apê ndice para detalhes). Holohan disse que Poole supostamente teria ido trabalhar na noite do assassinato, dois homens tendo ligado para ela, mas ela decidiu nã o ir pois nã o estava se sentindo bem. Ela entã o recebeu uma visita de um homem que ela conhecia, um amigo de um amigo que ela nunca tinha gostado. Ela o deixou entrar, pensando que ele podia ter uma mensagem de seu namorado, que estava em detençã o e a quem tinha visitado duas semanas antes. Holohan forneceu uma boa descriçã o da aparê ncia do homem e disse que ele era um homem a quem a polı́cia já tinha visto. Ele tinha um apelido incomum. Ela descreveu o apartamento de Poole exatamente como Batters o vira pela primeira vez, anotando detalhes tais como as duas xı́caras de café na cozinha, uma que tinha Figura 1. Primeira página das notas de Batters feitas durante sua entrevista de 1983 com Christine Holohan. Ele acrescentou as linhas em letras maiúsculas logo em seguida para o beneVício do datilógrafo da polícia. (Cortesia de Tony Batters) Holohan mencionou cinco nomes alé m do de Jacqui Hunt: Betty, Sylvia, Terry (a quem ela mencionou seis vezes), Bá rbara Stone, e Tony. Ela també m mencionou “algué m vivendo num apartamento sobre uma banca de jornal” e 4inalmente nomeou o assassino, como descrito abaixo. Terry era o nome de um dos irmã os de Poole, de quem ela era especialmente pró xima. O nome de sua mã e era Betty e a mã e do namorado se chamava Sylvia. A melhor amiga de Poole, Gloria, vivia em um apartamento acima de um vendedor de jornais. Ec interessante notar que enquanto Batters esteve no apartamento de Poole, depois de descobrir o corpo, ele atendeu ao telefone trê s vezes. REVISTA CIÊNCIA ESPÍRITA
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As pessoas que ligaram tinham sido Betty, Sylvia e Gloria. Quanto a Bá rbara Stone, o nome nã o dizia nada na é poca aos detetives e nã o surgiu durante as investigaçõ es. Só em 2001 ela foi identi4icada como sendo uma amiga ı́ntima de Poole. Holohan ainda tinha mais a oferecer. Ela disse que nã o conseguiu entender direito o apelido do assassino, mas que tentaria recebê -­‐lo pela escrita automá tica, que ela usava com ê xito com seus clientes. Os detetives perguntaram se ‘Jacqui’ també m podia dar-­‐lhes alguns indı́cios sobre as joias roubadas. Holohan entã o fez alguns rabiscos e marcas numa folha de seu bloco de notas, e escreveu o nú mero 221, uma palavra ilegı́vel, e as palavras ‘Ickeham’ [sic], ‘jardim’ e ‘Pokie’ (ver Figura 2). A importâ ncia do nú mero e as primeiras duas palavras sã o discutidas abaixo. Pokie foi imediatamente reconhecido por um dos detetives como o apelido um tanto incomum de Anthony Ruark, que també m era conhecido como Tony. Em retrospecto, o leitor pode pensar que os detetives deveriam ter prontamente detido Ruark e acusá -­‐lo de assassinato. Ele foi de fato detido e interrogado por algum tempo, mas teve que ser liberado por falta de evidê ncias. De acordo com Batters, ele nã o era um suspeito importante (dos quais havia aproximadamente trinta na é poca), pois ele nã o tinha nenhum registro de violê ncia, mas ele já tinha sido entrevistado pela polı́cia depois que voluntariamente se apresentou com sua namorada como um conhecido de Poole. A evidê ncia do tipo fornecida por Holohan elevou-­‐se a nã o mais que um rumor, embora intrigante, e nã o teria sido aceita em qualquer corte. Muito do que ela disse nã o havia ainda sido veri4icado nessa etapa ou nã o parecia relevante para a investigaçã o. Alé m disso, Holohan fez suas declaraçõ es sem nenhuma ordem particular e elas soaram menos evidentes na é poca em que foram feitas do que quando Batters organizou-­‐as mais tarde em grupos como descritos no Apê ndice. Numa etapa inicial da entrevista, os o4iciais també m suspeitaram que Holohan pudesse ter obtido suas informaçõ es por meios normais, talvez por pessoas que a estivessem usando como uma forma de transmitir informaçõ es, verdadeiras ou falsas, à polı́cia. Devemos realçar que nã o surgiu nenhuma evidê ncia de que este fosse o caso. Holohan entã o produziu o que foi, para os detetives, a melhor demonstraçã o de suas capacidades. Batters a descreveu para nó s da seguinte forma: Estávamos sondando — “Onde conseguiu esta informação? Certamente você falou com os parentes? Você conhece alguém no grupo de assassinos possíveis?” E ela disse: “Veja bem, com base nessas perguntas eu acho que você não acredita em mim. Eu gostaria de fazer algo, e Jacqui está me dizendo para fazer isto, então se algum de vocês me der algo que seja pessoal a vocês, eu tentarei mostrar algo”. Agora, o que ela fez em seguida não me dizia muito até que saímos da porta principal, quando Andy [Smith] Vicou pálido e literalmente tremendo. Aquilo teve um impacto enorme nele. MAR/2016
O que Holohan fez, de acordo tanto com ela quanto com Batters, foi segurar o molho de chaves de Smith e fazer trê s declaraçõ es especı́4icas muito claras. Ela disse que ele tinha recebido recentemente uma carta sobre um trabalho elé trico essencial, como ele de fato recebeu, de uma Building Society dizendo-­‐lhe que fazer uma nova instalaçã o elé trica na casa que esperava comprar, caso quisesse uma hipoteca. Ela disse que ele estava prestes a ser transferido para outro departamento, o que ele achou muito imprová vel — até que ele foi informado de sua t ra n s f e rê n c i a p e n d e n t e s o m e n t e d i a s d e p o i s . Primeiramente, no entanto, ela fez uma observaçã o que deve ter sido espantosamente exata. Batters contou-­‐nos que “até o dia da minha morte eu nã o posso expor o que ela disse. Foi bastante extraordiná rio, com detalhes”. Holohan descreveu Smith como “chocado”. Apó s a entrevista, a polı́cia decidiu investigar Ruark mais a fundo, e ele foi interrogado demoradamente pelo chefe da polı́cia no departamento de Ruislip, o Detetive-­‐Superintendente Tony Lundy (agora aposentado e que, fomos informados, nã o estava disponı́vel para entrevistas), que tinha orgulho do fato de nunca ter falhado em conseguir uma condenaçã o num caso de assassinato. Outra vez Ruark teve que ser liberado por falta de evidê ncia, e por 18 anos o caso de Poole permaneceu nã o resolvido. Figura 2. Página do bloco de notas de Christine Holohan, no qual, a pedido dos detetives, ela escreveu o apelido do homem mais tarde condenado por assassinato, e que pode ser uma referência para o esconderijo das joias roubadas. (Cortesia de Christine Holohan) REVISTA CIÊNCIA ESPÍRITA
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O CASO É REABERTO Como parte de suas pesquisas de rotina em 1983, os detetives do Esquadrã o de Assassinato retiraram um pulô ver pertencente a Ruark de uma sacola de lixo que o Superintendente mandou ser armazenado como possı́vel evidê ncia junto a outros itens de casos ‘frios’ ou nã o resolvidos. Em 2000 o caso 4inalmente foi resolvido—nã o por uma voz do mundo dos espı́ritos, mas graças aos avanços recentes em LCN (Low Copy Number) [Baixo Nú mero de Có pia] da tecnologia do DNA, em que combinaçõ es podem ser feitas entre as minú sculas amostras. O caso foi reaberto em 2000 porque um informante nomeou algué m (nã o Ruark) como o assassino. Um té cnico de laborató rio entã o examinou alguns itens incluindo o pulô ver de Ruark usando a nova tecnologia de LCN-­‐DNA, e como Batters (2001) lembrou: Os resultados foram completamente conclusivos, identiVicando numerosas trocas de Vluidos corpóreos, células de pele e Vibras das roupas entre a vítima e o seu assassino, Pokie Ruark. As possibilidades de erro foram citadas na corte como menos de uma em um bilhão. Havia 46 combinaçõ es, e em 2002 Batters nos deu detalhes adicionais que indicam a minú cia com que os peritos criminais tinham feito seu trabalho em 1983, mais de uma dé cada antes da tecnologia de LCN tornar-­‐se disponı́vel para eles. (A seu pedido, nó s omitimos todo material aqui concernente ao assassinato real em consideraçã o aos muitos parentes e amigos vivos de Jacqueline Poole). Ruark foi detido, preso pelo assassinato de Poole, e condenado em Old Bailey em agosto de 2001, tendo pego prisã o perpé tua. O veredito do jú ri foi unâ nime. De acordo com The Times (25 de agosto de 2001), a condenaçã o foi obtida “como o resultado de avanços na ciê ncia forense”[2]. Embora nenhuma mençã o tivesse sido feita no julgamento à contribuiçã o de Holohan no caso, Batters nos disse em 2002 que “sem a informaçã o de Christine, nó s talvez tivé ssemos falhado em obter a evidê ncia mais conclusiva” [ex.: o pulô ver]. Ele també m nos informou que foi apenas em 2001 que soube (do irmã o de Poole, Terry) quem era Bá rbara Stone. Ela era a melhor amiga de Poole, morta em um acidente na estrada 2 anos antes da morte de Poole. Holohan fez uma ou duas declaraçõ es nã o-­‐especı́4icas tais como “eles sabiam onde estavam” e “olhando pela soleira da janela”; mencionou meia dú zia de detalhes que podiam ser lidos na imprensa local; fez algumas declaraçõ es mais de uma vez (o que torna uma contagem exata difı́cil), e cometeu apenas um erro direto ao dizer que o assassinato acontecera no sá bado em vez de na sexta-­‐feira. Naturalmente, é impossı́vel dizer quantas de suas MAR/2016
declaraçõ es nã o veri4icá veis eram verdadeiras ou falsas, m a s n en hu ma era in con sisten te com os fa tos determinados. No total, no entanto, seu ı́ndice de ê xito foi notá vel e, acreditamos, nunca visto. Batters (2001) calcula que “das cerca de 130 declaraçõ es especı́4icas que Christine fez, mais de 120 agora parecem ter sido provadas como sendo completamente corretas”. Nã o sabemos de nenhum outro caso remotamente compará vel a este em termos de evidê ncia veri4icada exata, e se pudé ssemos expor os itens con4idenciais, o caso em favor da alegaçã o de Holohan de que a sua informaçã o veio diretamente da Poole morta 4icaria ainda mais forte. O ESCONDERIJO? Depois do julgamento, Batters decidiu por si pró prio examinar os nomes e numerar o que Holohan escrevera na pá gina de seu bloco de notas que felizmente ele tinha mantido, junto com as pró prias notas, e armazenado em seu só tã o. As palavras que ainda o confundiam eram 'jardim' e 'Ickeham' (claramente um erro de ortogra4ia de Ickenham, o subú rbio entre Uxbridge, onde Ruark viveu, e Ruislip), e sua relaçã o, se houvesse, com o nú mero 221. Dois jardins, o de Poole e um pró ximo ao apartamento de Ruark, foram revirados pela polı́cia, e Batters perguntou-­‐se se as joias poderiam ter sido escondidas em outro jardim. Ruark nã o teria levado os itens roubados ao seu receptor costumeiro, que conhecia Poole e poderia muito bem tê -­‐los reconhecidos, e pela mesma razã o ele també m nã o os teria levado para casa, onde se sabe que ele esteve logo depois do assassinato, porque a sua namorada també m conhecia Poole. O cená rio mais prová vel seria tê -­‐los escondidos em algum lugar entre o apartamento de Poole e o seu. Olhando um mapa do local, Batters traçou a rota que Ruark alegou ter feito para chegar a casa (ele admitiu em seu julgamento ter visitado Poole na noite do assassinato) e notou que só uma estrada ou rua, a Estrada de Swakeleys, tinha um nú mero 221 — ou melhor, tinha um nú mero 219 e alguns nú meros mais altos, mas onde devia ser 221 era um espaço aberto usado como um jardim pú blico facilmente acessı́vel da estrada. Batters nos disse o que ele pensou e fez quando foi ao local: Se eu fosse um ladrã o, onde eu esconderia as coisas? Aqui há folhagens e á rvores ao lado da 219, vou e olho no matagal, e há pedras protuberantes. Eu limpo o caminho e retiro as pedras, e há um buraco de aproximadamente 15 centı́metros de largura e 18 centı́metros de profundidade, mas está vazio. Isto é totalmente inconclusivo, mas acredito, sim, que esse teria sido o lugar ideal para esconder o material no caminho [de casa]. Eu pensaria, tendo percorrido a rota, que seria o primeiro ponto comunalmente acessı́vel onde poderia fazê -­‐lo sem ser notado, porque nã o pode ser visto de nenhuma das casas. [2] Batters nos disse em julho de 2003 que “sem as informações de Christine, nós não teríamos (a) recuperado o pulôver; (b) entrevistado e ouvido as
declarações de todo mundo com quem Ruark veio a entrar em contato depois [da noite do assassinato] e (c) checado e verificado todos os seus movimentos
durante a quinzena prévia. Estes três elementos foram vitais para combater as potenciais (e reais) defesas, que eu acredito teriam levantado dúvida suficiente
para levar a um veredicto de “inocente”. Assim consideramos inegável que Holohan exerceu um papel significativo, embora anônimo, na condenação de
Ruark.
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Naturalmente, é possı́vel que o buraco tenha sido feito depois de 1983, talvez por crianças brincando, poré m é preciso dizer que é muita coincidê ncia encontrar um esconderijo ideal para um punhado de ané is e braceletes para o que pode bem ter sido o jardim do no 221 na ú nica estrada do local com aqueles vá rios nú meros de casas. MAR/2016
se aplicar é o do assassinato do autor e parapsicó logo D. Scott Rogo em 1990, em que um grupo de mé diuns encabeçados pela amiga de Rogo, Betty Bandy forneceu à polı́cia de Los Angeles informaçõ es exatas que, embora nã o reabrissem o caso, “certamente o teriam feito, nã o estivesse o novo exame já a caminho”, de acordo com o detetive encarregado (Smith, 1992). PRECEDENTES “Excetuando-­‐se as fabricaçõ es e confabulaçõ es criadas por psı́quicos e seus bió grafos, distorçõ es da mı́dia, e casos de fraude total, permanece um nú mero considerá vel de casos documentados em que detetives psı́quicos conseguiram e ̂ x i t o s i m p r e s s i o n a n t e s a p a r e n t e m e n t e inexplicá veis” (Lyons & Truzzi, 1991, p. 155). Esta foi a conclusã o dos autores de um estudo detalhado e altamente crı́tico de detecçã o psı́quica. No entanto, nã o é sempre certo que tais ê xitos sejam devido ao exercı́cio de qualquer sentido psi, embora possa ser o caso da ‘intuiçã o’ à s vezes (talvez sempre?) ter um componente psi. Por exemplo, num caso de 1977 muito divulgado em Chicago, Allan Showery foi condenado pelo assassinato de uma mulher 4ilipina chamada Teresita Basa apó s a alegaçã o feita por outra mulher 4ilipina, Remibias Chua, de que ela tinha se comunicado com o espı́rito de Basa em sua lı́ngua nativa, o Tagalog, e foi-­‐lhe dito sobre o roubo de um anel alé m do assassinato. Confrontado com esta evidê ncia, Showery (que já havia sido entrevistado pela polı́cia) confessou e o anel foi recuperado. Lyons e Truzzi (1991, pp. 59, 245-­‐6) notam que como Chua conhecera tanto Basa e Showery, ela pode ter suspeitado que o ú ltimo era culpado e compô s sua histó ria mediú nica para incriminá -­‐lo. (Nã o está claro, no entanto, como ela poderia ter sabido sobre o anel). Um caso mais contundente é descrito pela mé dium Dixie Yeterian (1984, pp. 49-­‐56). Ela recebeu a visita pela manhã de um jovem que lhe pediu ajuda para achar seu pai perdido e deixou alguns dos pertences do pai com ela para que ela 4izesse uma leitura psicomé trica. Yeterian imediatamente ‘viu’ que o homem na realidade havia assassinado seu pai, e imediatamente chamou a polı́cia. Detiveram o homem e conseguiram uma con4issã o e uma condenaçã o. O detetive encarregado contou a Lyons e Truzzi (1991, p. 2) que se tratava de um ‘caso fora do comum’ e admitiu que tinha trabalhado com Dixie anteriormente. Um detalhe interessante do registro de Yeterian é sua experiê ncia do que ela chama de uma ‘divisã o psı́quica’ em que “à s vezes eu via a situaçã o do ponto de vista do 4ilho, e em outras vezes eu captava as percepçõ es do homem assassinado” (Yeterian, 1984, p. 52). Holohan parece ter experimentado uma “divisã o” semelhante, no seu caso em trê s partes — Bratters, Poole e Ruark. Por mais impressionantes que estes casos pareçam ser, em cada um deles a mé dium conhecia ou ao menos tinha encontrado o assassino e poderia ter colhido pistas importantes por meios normais, tais como leitura da linguagem corporal ou anotando observaçõ es ou comportamentos suspeitos. Um caso em que isto nã o pode Lyons e Truzzi (1991) e Bardens (1965, cap. 4) citam vá rios outros casos em que mé diuns deram demonstraçõ es impressionantes de clarividê ncia e produziram evidê ncia que foi ú til para a polı́cia. Tais relató rios datam de vá rios sé culos passados, embora em sua pesquisa erudita de “Ghosts Before the Law”, Lang (1894, pp. 248-­‐273) pô de citar só um caso remotamente compará vel ao de Poole. Este caso aconteceu em 1631 e foi resumido em detalhes por Surtees (1816-­‐1840, II, 146-­‐149), e envolveu um moleiro chamado James Graham que alegou que o espı́rito plenamente materializado de uma vı́ t ima local de assassinato chamada Anne Walker tinha lhe aparecido dando plenos detalhes de sua morte e da localizaçã o do seu corpo, e nomeou seus dois assassinos. Estes foram devidamente presos, apó s a descoberta do corpo no lugar indicado por Graham, embora nã o houvesse outra evidê ncia contra eles ou a favor da visã o de Graham. Há suspeitas de que Graham tivesse cometido o assassinato e criado esta histó ria fantá stica, o que seria totalmente inveri4icá vel e nã o nos soa muito verdadeiro, embora observemos que enquanto Graham aparentemente nã o tinha nenhum motivo para cometer o assassinato, um dos homens presos supostamente tinha um motivo muito forte. Depois de uma investigaçã o cuidadosa do caso amplamente publicado do sé culo XIX da suposta identi4icaçã o do assassino serial conhecido como Jack Estripador feita pelo mé dium Robert Lees, West (1949) avaliou a alegaçã o como “nã o apoiada pelos fatos conhecidos”. Voltando ao presente, Ahsan (2003) descreve sua investigaçã o no uso de psı́quicos pelos pela polı́cia britâ nica e irlandesa, e cita uma declaraçã o de um Inspetor Detetive da Irlanda em que uma mé dium chamada Diane Lloyd Hughes foi usada para ajudar num caso de assassinato de 1999 na Irlanda e “era capaz de esboçar os detalhes do assassino, descriçã o, etc., e seu auxı́lio aumentou grandemente nossa investigaçã o. Espero trabalhar com ela no futuro”. Um testemunho um tanto mais signi4icativo foi apresentado em um videoclipe durante o programa The Ultimate Psychic Challenge no Canal 4 em 23 de agosto de 2003, quando vá rios o4iciais da Polı́cia da Filadé l4ia elogiaram o papel que um mé dium do Reino Unido, Keith Charles, desempenhara para ajudar a localizar pessoas ou objetos desaparecidos. Suspeitamos que a colaboraçã o de mé diuns e da polı́cia poderia ser maior do que a ú ltima está geralmente disposta a admitir, e pode mesmo aumentar em conseqü ê ncia do caso de Poole. Batters nos contou que ele nã o recebeu nenhuma das ‘crı́ticas’ esperadas apó s a publicaçã o do seu artigo de 2001, e que muitas das reaçõ es de seus colegas foram bastante favorá veis. REVISTA CIÊNCIA ESPÍRITA
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Quanto a Holohan, que agora vive na Irlanda e trabalha como uma mé dium pro4issional, ela nos disse que nunca teve uma experiê ncia semelhante ao seu suposto encontro com Poole, embora Batters (2003) tenha declarado que num caso recente “ela deu informaçõ es muito pertinentes para a polı́cia sobre a localizaçã o do corpo de uma vı́tima de assassinato, veri4icadas quando [o corpo foi] achado em Hampshire, em setembro de 2001”. Depois de uma breve sessã o privada seguindo nossa entrevista com ela em outubro de 2002, a esposa de um de nó s (Keen) pode testi4icar que Holohan espontaneamente deu-­‐lhe informaçõ es especı́4icas e muito impressionantes sobre uma questã o bastante privada da famı́lia alé m do conhecimento normal de Holohan. DISCUSSÃO Tendo em mente a má xima de que qualquer fenô meno psi que pareça ser ú nico é suspeito até que seja provado verdadeiro, nó s agora examinaremos os meios em que a informaçã o produzida por Holohan poderia ter sido obtida por outra fonte alé m da Poole desencarnada. Estas podem ser quaisquer fontes normais ou paranormais que nã o envolvam a comunicaçã o de espı́ritos. Explicaçõ es normais parecem muito difı́ceis de serem encontradas em vista da ausê ncia de qualquer indicaçã o de que Holohan conhecesse algué m ligado ao caso ou que tivesse aprendido algo sobre ele pelos meios de comunicaçã o locais que pudesse explicar algo alé m de talvez meia dú zia das declaraçõ es listadas no Apê ndice, e absolutamente nenhuma daquelas que nó s retivemos. Batters se lembra de que ele e dois colegas examinaram cada jornal nacional e local disponı́vel durante vá rios dias depois do assassinato, achando só dois ou trê s artigos muito curtos (ex.: na Uxbridge News [Notı́cia de Uxbridge] e no Ruislip Echo [Eco de Ruislip] de 18 de fevereiro e um comprido do Uxbridge Gazette [Gazeta de Uxbridge] de 17 de fevereiro), todos os quais nó s vimos. Pode ser dito quase com certeza que tudo o que Holohan poderia ter aprendido dos meios de comunicaçã o era o nome de Poole (mas nã o o seu nome de solteira), endereço, causa de morte e perda das joias; que nã o tinha havido nenhum sinal de entrada forçada e que Poole havia se separado de seu marido sete meses antes. MAR/2016
assassino (para nã o mencionar seu apelido incomum), suas atividades anteriores e a reaçã o dos seus amigos à pergunta se ele era capaz de violê ncia. De fato, como Batters repetidamente nos disse, a ú nica possı́vel fonte para toda a informaçã o é Jacqueline Poole. A hipó tese de telepatia tem que explicar o fato de que Holohan lia trê s mentes, a de Batters, a de Ruark e a da Poole morta, e obtinha informaçõ es (p.ex. a referê ncia a Bá rbara Stone) que nã o eram conhecidas por nenhuma pessoa diretamente relacionada ao caso por dezoito anos. Consideramos que este caso adiciona peso considerá vel à s escalas de credibilidade de psi normal ou de super-­‐psi contra a sobrevivê ncia e comunicaçã o de desencarnados no lado do ú ltimo. Como Gauld (1977, p. 589) observa numa discussã o sobre comunicadores ‘esporá dicos’ ou comunicadores nã o conhecidos por seus contactantes: É óbvio que os casos de comunicações veriVicadas de comunicadores inesperados rejeitam a teoria de telepatia dos consulentes. Se, além disso, a informação correta comunicada não poderia ter sido adquirida telepática nem clarividentemente por qualquer fonte isolada e sim montada a parir de uma diversidade de fontes, até mesmo a teoria de super-­‐PES torna-­‐se algo forçado. O que precisa ser explicado pelos proponentes de super-­‐
PES ou da hipó tese de super-­‐psi é , Gauld adiciona, a questã o de como o mé dium seleciona da massa in4inita de material teoricamente disponı́vel somente esses itens que tê m ligaçã o com o comunicador esporá dico em questã o. Alé m disso, podemos adicionar, Holohan nã o forneceu qualquer informaçã o especı́4ica que eventualmente nã o fosse descoberta como sendo relevante, direta ou indiretamente, ao assassinato de Poole; ela nã o deu qualquer informaçã o incorreta à exceçã o do dia do assassinato, e nã o mencionou quaisquer outros nomes alé m dos aqui listados, sendo que todos foram identi4icados como ligados intimamente à vı́tima. O argumento mais forte contra uma explicaçã o de super-­‐psi e a favor de uma hipó tese de sobrevivê ncia seguramente deve ser que uma grande quantidade de informaçã o dada por Holohan só poderia ter vindo de uma pessoa que, na é poca da comunicaçã o, estava sem dú vida morta. CONCLUSA, O Uma possı́vel explicaçã o paranormal é que ela leu a mente de Batters, como ele pró prio suspeitou inicialmente, já que, como ele nos disse, muito do que Holohan lhe descreveu era exatamente como ele tinha visto. Isso incluiu detalhes tais como as duas xı́caras de café na cozinha das quais só uma tinha sido lavada, a pilha de jornais nã o lidos, o envelope e a carta, e os dois ané is que permaneceram nos dedos da vı́tima, alé m de uma descriçã o exata da posiçã o do corpo, roupas e ferimentos. Esta explicaçã o també m pode ser rejeitada pela simples razã o de que Holohan també m forneceu informaçã o que nem ela nem Batters poderiam ter sabido à é poca, notavelmente a descriçã o do Crı́ticas comuns de casos de resoluçõ es de crimes por psı́quicos sã o que eles sã o auto-­‐relatados, à s vezes muito tempo depois do acontecimento; eles nã o sã o corroborados pela polı́cia; a evidê ncia é selecionada para focar nos acertos (ou suposiçõ es afortunadas) enquanto suprimem numerosos erros; e que ocorrem “forçaçõ es de barra” ou declaraçõ es gerais que podem se aplicar a qualquer coisa. (“Estou vendo á gua” ou “a letra A é signi4icativa?”). Wiseman, West e Stemman (1996) revisam alguns casos em que estas crı́ticas parecem justi4icadas. Detetives psı́quicos també m podem estar completamente REVISTA CIÊNCIA ESPÍRITA
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errados. Batters (2001) lembrou que “durante o curso da investigaçã o [de Poole], nó s recebemos vá rias chamadas das pessoas oferecendo seus serviços como psı́quicas, mas o que diziam nã o passava de disparates”. Foi sugerido que alguma informaçã o pode ter sido obtida atravé s de parentes de Poole ou amigos. Mas nó s nã o estamos cientes de qualquer evidê ncia de quaisquer dos amigos ou parentes de Poole de que eles conhecessem Holohan. Alé m do mais, a ú nica pessoa fora os funcioná rios da polı́cia que teve permissã o para entrar no apartamento desde o ocorrido foi o pai do namorado de Poole, que entrou pela janela do saguã o para identi4icar o corpo, permanecendo por apenas alguns segundos. Ele nã o tinha nenhum meio de saber que o corpo estava ferido, quais as mudanças de roupa realizadas, como eram a cozinha ou o banheiro — sendo estes alguns dos detalhes informados pela mé dium. Nem foi permitido que qualquer membro da famı́lia entrasse no apartamento. O primeiro a entrar foi o ex-­‐marido de Poole uma semana mais tarde, bem depois do chamado de Holohan à polı́cia e da subsequente entrevista. Ainda que — como uma hipó tese ainda mais tê nue — Holohan conhecesse Ruark ou algum de seus amigos, isto nã o explicaria mais do que uma fraçã o da informaçã o que ela comunicou, ainda que fosse sugerido que Ruark prontamente desse a Holohan uma descriçã o detalhada do modo com que ele acabara de assassinar a Sra. Poole. Alé m disso, tivesse havido qualquer evidê ncia de que Holohan freqü entasse os mesmos bares que Poole, em particular o Windmill, onde Ruark e muitos de seus principais amigos bebiam, a polı́cia teria descoberto isto imediatamente. De fato o ú nico contato de Holohan com bares ocorreu em duas ocasiõ es em que ela trabalhou em um bar diferente, o Tally-­‐Ho. Mas mesmo que ela tenha se misturado com muitos dos amigos de Poole, ou supostamente freqü entado os mesmos bares, isso nã o pode ter nenhuma relevâ ncia sobre a riqueza de detalhes exatos que ela forneceu. Nenhuma das crı́ticas acima, no entanto, pode ser aplicada ao caso de Poole, em que as evidê ncias, muitas delas altamente especı́4icas, foram registradas dentro de alguns dias do assassinato pelo primeiro agente da polı́cia a visitar a cena do crime, e tudo está informado aqui, nã o houve qualquer seleçã o ou supressã o exceto onde foi claramente expresso. Alé m do mais, o material suprimido, que nos foi mostrado, adiciona muita força a este caso. Ec muito prová vel que nenhum caso deste tipo venha a ser perfeito, dada a impossibilidade de provar uma negativa. No entanto, no programa de televisã o mencionado acima, Tony Batters declarou que “aceitei o fato de que Jacqui se comunicou com Christine”, assim como, nos disse, aceitaram todos os seus colegas policiais com quem ele discutiu o caso. Nó s nã o encontramos uma explicaçã o alternativa plausı́vel de como a informaçã o comunicada foi reunida. Se algum dos leitores tiver uma explicaçã o, teremos prazer em ouvi-­‐la. MAR/2016
AGRADECIMENTOS Agradecemos ao Tony Batters e à Christine Holohan por seu precioso tempo e plena cooperaçã o, ao Andrew Smith por ler e aprovar o esboço que enviamos; ao Canon Michael Perry por sua pesquisa na biblioteca no caso de Walker, e ao Professor Chris French e ao Dr. Adrian Parker por nos informarem sobre o caso de Poole. També m agradecemos os comentá rios e sugestõ es dos editores (atuais e pré vios) e dos trê s á rbitros anô nimos. REFERÊNCIAS Ahsan, T. (2003) Psychics solve crime. Prediction 69 (5), 18-­‐22.
Bar dens, D. (1965) Ghosts and Hauntings. London: The Zeus Press.
Batters, A. (2001) But ghosts can’t testify? Police December, 23-­‐27.
Batters, A. (2003) Personal communication to Keen, 16th April.
Gauld, A. (1977) Discarnate survival. In Wolman, B. B. (ed.) Handbook of Parapsychology. New York: Van Nostrand Reinhold.
Lang, A. (1894) Cock Lane and Common-­‐Sense. London: Longman, Green & Co.
Lyons, A. and Truzzi, M. (1991) The Blue Sense: Psychic Detectives and Crime. New York: Warner Books.
Smith, S. S. (1992) Leaving the body: the life and death of D. Scott Rogo. Fate November, 62-­‐ 69.
Surtees, R. (1816-­‐40) The History and Antiquities of the County Palatinate of Durham (4 vols). London: J. B. Nichols & Son.
West, D. J. (1949) The identity of ‘Jack the Ripper’. JSPR 35, 76-­‐80.
Wiseman, R., West, D. and Stemman, R. (1996) An experimental test of psychic detection. JSPR 61, 34-­‐45.
Yeterian, D. (1984) Casebook of a Psychic Detective. Briarcliff Manor: Stein & Day. APÊNDICE A declaraçã o de 1983 de Christine Holohan a Batters e Smith foi feita numa sé rie de frases curtas que Batters anotou, preenchendo 199 linhas de seu bloco de notas A5. As declaraçõ es nã o estavam numa ordem imediatamente reconhecı́vel, e Holohan freqü entemente mudava de assunto, ocasionalmente se repetindo. Citamos abaixo todas as declaraçõ es (exceto o material sensitivo concernente ao assassinato real, declaraçõ es nã o-­‐
especı́ 4 icas tais como essas mencionadas acima, e repetiçõ es) como anotadas por Batters (coluna do lado esquerdo), junto com seus comentá rios (coluna do lado direito), aos quais adicionamos mais detalhes por escrito fornecidos por ele em nossa entrevista em 2002. Nossos comentá rios estã o entre colchetes. Algumas repetiçõ es foram omitidas e a ordem das declaraçõ es foi alterada para dar um registro mais coerente do seu conteú do ao leitor. REVISTA CIÊNCIA ESPÍRITA
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DETALHES DO ACONTECIDO: “Desde Dom[ingo] Jacqui Hunt. Dizendo que não devia ter estado lá. Suposto que teria ido trabalhar. Dois homens ligaram para ela mais cedo. Ela não quis ir. Não sentia-­‐se bem. Teve esta experiência por volta das 9 horas. Noite de sábado”. Na noite do assassinato (sexta-­‐feira, 11de fevereiro de 1983) Jacqueline Poole (JP) estava prestes a começar um novo trabalho como garçonete. Dois funcioná rios do bar ligaram para o seu apartamento à s 19h45min para levá -­‐la ao trabalho. Ela tinha dito aos amigos pouco antes disso que ela se sentia doente demais para sair, e que entã o 4icaria em casa. O assassinato aconteceu entre 20h45min e 21h15min de sexta-­‐feira, nã o no sá bado. Esta é a ú nica declaraçã o incorreta que Christine Holohan (CAP) fez. [O nome de solteira de JP, Hunt, nã o tinha se tornado pú blico na é poca da entrevista.] “Ela está me mostrando uma corrente. Corrente de porta. Não tem certeza se deve deixá-­‐lo entrar. Pensou que ele tinha uma mensagem. Essa é a razão pela qual ela o deixa entrar”. Um amigo a visitara em relaçã o à sua planejada visita ao seu 4ilho (o entã o namorado atual dela), que estava num centro de detençã o. O amigo partiu à s 20h05min da noite e con4irmou que JP tinha colocado a corrente na porta quando ele saiu. JP sabia que Ruark també m conhecia seu namorado e podia estar trazendo uma mensagem dele ou sobre ele. “Ela o conhece socialmente, o homem responsável. Não é um ex-­‐namorado. O amigo de um amigo — parte de um grupo de amigos. Conheceu-­‐o há aproximadamente 6 meses. Ela nunca gostou deste sujeito. Ele estava se tornando uma peste. Ele a visitava no trabalho. Ela disse que sicava muito irritada com isto. Disse-­‐lhe que contaria a mais alguém”. MAR/2016
JP sempre usou vá rias correntes, pulseiras e ané is, alguns dados por sua famı́lia. Os itens mencionados foram todos roubados; só dois ané is dos doze ou quase isso que ela tinha usado mais cedo nesse dia permaneceram em seus dedos, estavam apertados demais para serem retirados. Terry era um de seus trê s irmã os, a quem ela era muito pró xima. CH citou o nome dele seis vezes. “Ela estava deprimida. Tomava pílulas. Ainda tem uma receita. Está passando por um divórcio. Está pensando em seu marido.” JP tomava remé dios para tensã o e depressã o causadas por problemas pessoais. Uma nova receita foi achada em sua bolsa. Esteve separada de seu marido durante vá rios meses e um divó rcio era iminente. “Ela queria que sua vida pessoal fosse mantida em segredo. Com as pessoas erradas do passado. Queria romper com o passado. Estava indo para outro trabalho. Conseguiu uma entrevista. Trabalhou em bar. Três cervejarias. Diz área de Hillingdon. Bebia mais do que devia. Conheceu muitas pessoas. Perguntou por Terry outra vez. Recebo o nome Bárbara — Bárbara Stone.” Quase todas estas declaraçõ es eram corretas ou altamente possı́veis, exceto por nã o haver nenhum registro de uma entrevista pendente. Embora JP nã o tivesse nenhuma 4icha criminal, ela certamente se misturou em cı́rculos criminais e tinha contado a um amigo no dia anterior ao assassinato que ela queria romper com o passado. Era considerada como algué m que bebia socialmente em vez de habitualmente, mas podia ter sentido ou ouvido que andava bebendo mais do que devia. Todos os contatos conhecidos de JP foram localizados durante a investigaçã o de 14 meses, mas ningué m mencionou Bá rbara Stone. [isso nã o ocorreu até o julgamento em 2001 quando Batters soube pelo irmã o de JP, Terry, quem ela era]. A cena do crime Por vá rios meses JP e seu namorado visitaram o bar que Ruark costumava frequentar. Ela de4initivamente o conhecia, mas rejeitara suas tentativas de 4lertar com ela. Um homem com sua descriçã o foi visto visitando JP na loja onde ela trabalhou no dia do assassinato, e també m em outro dia anterior a essa semana. O pai do seu namorado disse que ela tinha querido contar-­‐lhe algo na sua ú ltima visita a ela, mas que tinha mudado de ideia. “A ligação está na prisão. Ambos tiveram o mesmo amigo que estava na prisão. Não prisão, ela diz, “detenção”. Foi visitá-­‐lo duas semanas antes.” Seu namorado estava num Centro de Detençã o e nã o numa delegacia ou prisã o. CH nã o entendeu a diferença. A ú ltima visita de JP a seu namorado foi 12 dias antes do assassinato e exatamente duas semanas antes do seu corpo ter sido achado. “Ela está falando sobre o roubo. Joias. Está me mostrando um St. Christopher. Pulseira pesada. Sua avó deu-­‐lhe algo. Sua mãe deu-­‐lhe algo para o Natal. Muito amável. Uma parte foi roubada, a outra sicou. Há outro anel além destes dois? Ela está dizendo Terry, ela pergunta por Terry.” “Agora ela está me mostrando onde vive. Dois lotes de apartamentos. O nome da estrada começa com ‘L’. Algo “Close”. Ele está estacionado na esquina. Há um estacionamento. Esteve lá antes. Fez algo, um trabalho para ela no passado. Ela não quis deixá-­‐lo entrar. Ele disse que tinha uma mensagem.” JP viveu numa casa dividida em dois apartamentos, em Lakeside Close. (CH podia ter visto o nome em relató rios de jornal.) Há á reas de estacionamento na rua, mas nã o um estacionamento normal. Há uma curva na estrada, mas nenhuma esquina, a qual é possı́vel se referir como sendo à esquina do edifı́cio. Ruark tinha visitado o apartamento de JP quatro meses antes do assassinato para trocar seu gerador, que seu namorado tinha desligado depois de uma briga, deixando JP na escuridã o, o que ele sabia que a deixava com medo. Ruark també m desligou os geradores na noite do assassinato. Isto pode ter ligaçã o com o modo como a atençã o de CH foi direcionada a JP quando as luzes de seu quarto foram ligadas e desligadas. Ec muito prová vel que JP teria deixado Ruark entrar se ele dissesse que tinha uma mensagem de seu namorado, que ele conhecia. REVISTA CIÊNCIA ESPÍRITA
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“Estou num corredor. Jornais não lidos. Há um armário.” Verdade, mas fá cil de adivinhar. Havia vá rios jornais no tapete de JP [quando Batters entrou pela primeira vez no apartamento, o qual tinha um armá rio no corredor]. “Duas xícaras na cozinha. Uma lavada. Ela fez uma xícara de café.” Outra vez verdadeiro, mas menos fá cil de adivinhar. A cozinha era muito arrumada; os ú nicos itens nã o guardados eram uma xı́cara lavada no escorredor de louça e outra xı́cara cheia até a metade de café . “Ela sica me levando ao banheiro. Foi atacada no banheiro.” O corpo de JP foi encontrado no sofá , mas há um toalheiro recentemente dani4icado no banheiro e um tapete desarrumado. “Agora a sala de estar. Ela não conseguiu chegar ao telefone.” Um amigo tinha telefonado a JP quando Ruark podia ter estado no apartamento. Ela parecia assustada e pediu que ele ligasse de novo em 15 minutos. Ele ligou 30 minutos mais tarde, mas nã o ningué m atendeu o telefone. “Há um envelope e uma carta. Acabou de chegar. Um livro preto de endereço. Lugar pequeno, agradável, compacto. Você achou-­‐o diferente. Os móveis foram redistribuídos. As almofadas do sofá estão mexidas. Fora de lugar. Um pouco à frente. Usa jeans, um suéter. Mudei minhas roupas duas vezes, ela diz.” Uma carta recentemente entregue foi achada, també m um livro preto de endereço. (CH nã o mencionou um livro vermelho de endereço també m encontrado). O sofá era compacto, bem decorado e arrumado com exceçã o das almofadas no chã o. O fato que JP tinha mudado de roupas duas vezes foi veri4icado no julgamento em 2001. O assassinato [CH fez 58 a4irmaçõ es sobre o assassinato das quais apenas uma (o dia em que ocorreu) estava errada. Essas sã o omitidas aqui por razõ es já citadas. CH descreveu cada está gio do ataque em detalhes, e dos comentá rios escritos de Batters está claro que enquanto muitas das declaraçõ es sã o inevitavelmente inveri4icá veis, a grande maioria era correta, prová vel ou consistente com as observaçõ es ou deduçõ es da cena do crime]. O assassino Como lembrado por Batters, em notas digitadas em 2002 e dadas a nó s em nossa entrevista de outubro: As pálpebras de Christine se agitaram. Ela voltou ao estado normal. “Desculpe-­‐me. Tenho que parar.”
“Como você está se sentindo?”
“Muito cansada. Isto requer muito energia.” “Você conseguirá continuar?”
“O que você precisa saber? Eu não sei onde paramos. Foi útil?”
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“Extremamente interessante. Mas precisamos de mais informações sobre o assassino. Há mais?” “Recomeçarei em alguns minutos. Você já recebeu o nome? Eu nunca consegui entender o nome que ela usa para se referir a ele. Gostaria de uma bebida? Recomeçarei em seguida.” Durante o café, perguntas foram feitas sobre as possíveis fontes de informação de Christine, p.ex. a família da vítima, amigos, a polícia, e sobre suas notas escritas e vida pessoal. [CH tinha mencionado que à s vezes produzia informaçõ es atravé s da escrita automá tica quando ela nã o podia receber a informaçã o da maneira normal]. Depois dos cafés: retornou ao transe como antes, mas mais rapidamente. Depois de uma espera (aprox. 30 segundos): “O indivíduo responsável. Ela está me enviando imagens. Cinco pés e oito polegadas, não muito mais. Pele escura, cabelo afro-­‐ondulado colorido. Vinte e poucos anos. 22. Conhece-­‐o. Aniversário em abril, maio. É de Touro. Tem tatuagens nos braços. Espada? Cobra? Rosa? Recebo um nome, Tony. Tem um apelido, não um nome próprio. Eu não consigo entender o que ela diz. Um nome engraçado, como o nome de uma coisa.” Uma boa e detalhada descriçã o de Anthony Ruark, como, por exemplo, a sua pele miscigenada, o cabelo e altura (5'9'). Nasceu em abril de 1959, e tinha 23 na é poca do assassinato. Tinha vá rias tatuagens nos braços. [Presumimos que ele era conhecido por alguns como Tony, e que JP nã o conhecia sua idade exata e adivinhara.] Pokie é uma gı́ria australiana para uma má quina de jogos. Ruark jogava nela constantemente. “Ele esteve trabalhando recentemente, como pintor ou decorador. Não tem um trabalho regular, não um trabalho próprio. É frio, astuto, entrou em lugares antes. E é esperto com carros. Macaco de graxa, é como ela o chama. Teria trabalhado num carro de um amigo.” Ele era um criminoso ativo envolvido em arrombamento e roubo de carro. Seu ú nico negó cio legı́timo, aprendido na prisã o, era como rebocador. Tinha trabalhado como um por dois dias na semana antes do assassinato. Era mecâ nico de carro DIY, embora o termo 'macaco de graxa' nã o tenha surgido durante a investigaçã o. “É um rapaz conhecido na área A polícia já o viu. O rapaz vive num imóvel. Uma casa popular ou apartamento. Gosta de beber. Está ainda por perto, bebendo com amigos. Bebia com um grupo de amigos na noite anterior.” Ruark era uma das duas dú zias de pessoas que se declararam como amigo ou conhecido de JP. Vivia num pequeno apartamento em Uxbridge. Era um beberrã o regular — 3 a 4 litros de cerveja por dia e tinha passado a noite anterior numa cervejaria com seus fregueses regulares. REVISTA CIÊNCIA ESPÍRITA
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“Ele tem uma namorada. Ela conhecia Jacqui. Tem o cabelo escuro, é pequena, bonita. Tem um C em suas iniciais. Vocês têm o grupo correto. Vocês estão próximos.” Nomeando o assassino Ele tinha uma namorada regular, pequena e bonita, morena, cujo sobrenome começava com C. [Batters se questiona sobre o motivo da fonte só ter dado uma inicial, já que JP conhecia a mulher bem.] Ruark estava prestes a 4icar noivo dela, cerca de dois dias depois do assassinato, e precisava de dinheiro urgentemente para um anel. Quando foi detido trê s dias depois do assassinato, ele carregava £400 para os quais nã o tinha explicaçã o. Christine saiu do transe para o seu estado normal, como antes. “Ele passou dez minutos olhando o local. Ele está olhando um relógio. E um espelho.” Estas declaraçõ es nã o foram veri4icadas, e se verdade sugere que JP reteve alguma forma de consciê ncia imediatamente apó s a morte [supondo que morreu instantaneamente, como parece quase certo]. “Verisique o álibi dele.” Isto era naturalmente uma instruçã o ao invé s de uma declaraçã o, e a polı́cia checou os á libis de Ruark (ele tinha dois), testando-­‐os completamente, desmentindo um e nã o conseguindo corroborar o outro. Vá rios outros suspeitos també m nã o conseguiram con4irmar seus á libis e nã o havia nenhuma evidê ncia para ligar Ruark ao assassinato na é poca. “Alguém o viu sair? A senhora do outro lado da estrada poderia ter visto, uma senhora com um cão. Estava frio—ele não tinha nenhum arrependimento quando foi embora. Quando você o pegar, seus amigos sicarão surpresos. Eles não acreditarão que ele é capaz de fazer isto.” Uma vizinha andava com seu cã o toda a noite, mas nã o pô de ajudar. Depois de ir para casa para se trocar, Ruark passou o resto da noite num clube com amigos, que mais tarde descreveu-­‐
o como completamente normal e descontraı́do. Todos os que o conheciam pensaram que ele era incapaz de cometer um crime violento. “Há algo sobre uma alegação de seguro. Verisique uma alegação de seguro. Recebo o nome Sylvia. Ela tem medo de dizer algo. Diz Betty. Uma amiga de sua mãe? Algo sobre sua mãe. Há alguém vivendo num apartamento sobre uma loja, um amigo. Uma loja de jornal. Mantenha-­‐se na direção que você está indo.” Descobriu-­‐se mais tarde que Ruark fez uma alegaçã o fraudulenta de seguro depois de vender os pró prios pertences e alegar que foram roubados. A ú nica Sylvia que surgiu durante a investigaçã o era a mã e do namorado de JP. A mã e de JP se chamava Betty, e ela tinha uma amiga com esse nome. A amiga mais pró xima de JP, Gloria, vivia em um apartamento em cima de um vendedor de jornais. [como Batters anotou na é poca, todas estas trê s mulheres telefonaram enquanto ele estava no apartamento depois de acharem o corpo de JP, e nã o houve outras chamadas nas cinco horas que ele passou no local.] Das declaraçõ es que CH fez sobre o assassino, 3 ou 4 nã o foram veri4icadas e nenhuma era incorreta. Batters lembrou em suas notas mencionadas acima: “Eu sei que você quer um nome. Eu não posso receber. O que ela diz não faz sentido. Tentarei escrevê-­‐ lo.” “Como você fará isso já que você não pode entender?”
“Vou só segurar a caneta. Espero que Jacqui comece a escrever. Fiz isso antes para parentes.” Pedimos que tentasse obter também alguma informação sobre as joias.
[CH então pegou seu bloco de notas, uma caneta esferográVica e disse em voz alta: – “Jacqui, eles precisam saber o nome dele. O nome dele. E o que aconteceu às suas joias.” Ela voltou ao transe como antes. Segurou a caneta meio solta, meio que na parte de cima. Depois de aproximadamente 30 segundos a caneta começou a sacudir, escrevendo em uma área do papel. Então moveu a outra parte da folha, e escreveu uma palavra muito lenta e espasmodicamente. Os olhos de Christine Vicaram fechados, mas ela podia ter tido o controle. A caneta então moveu-­‐
se para outro ponto, começou a escrever, então parou. Começou de novo no mesmo ponto depois de alguns segundos, e escreveu uma palavra. Este padrão repetiu-­‐se várias vezes. Deste modo, CH escreveu ‘Ickeham’ [sic], ‘221’, ‘jardim’ e ‘Pokie’. Como já descrito, esta informaçã o levou à prisã o de Ruark e à descoberta de Batters de um possı́vel esconderijo no terreno junto ao No 219. Declaração Eu conVirmo que o registro acima confere com o meu registro da entrevista que Viz com Christine Holohan e com o meu conhecimento do caso. (Assinado) Anthony Paul Batters. Metropolitan Police Warrant No 153617. 27.11.2002
(Assinado) Andrew Smith, Detective Sergeant. Metropolitan Police Warrant No 91/167901. 27.11.2002 DEDICATÓRIA É com profunda tristeza que informo as mortes de Tony Batters, em 30 de dezembro de 2003, e de Montague Keen, em 15 de janeiro de 2004, e eu gostaria de dedicar este artigo à memória deles. Artigo publicado originalmente como: Playfair, G. L; Keen, M. A Possible Unique Case of Psychic Detection. Journal of the Society for Psychical Research, Vol. 68.1, No 874, pp. 1-­‐17, January 2004. Este artigo foi traduzido por Vitor Moura Visoni e revisado por Inwords. Este artigo tem uma ré plica no site http://www.tonyyouens.com/
ruislip_murder.htm e uma pequena tré plica no site http://www.aeces.info/
Top40/Cases_51-­‐75/case69_poole.pdf 25
Caros leitores
Chegamos ao final da nossa edição.
Acreditamos que poderemos fazer mais, por isso é importante
a participação de todos os espíritas pesquisadores e
interessados em fazer pesquisa espírita.
Meus sinceros agradecimentos a todos os que participaram
dessa edição, direta ou indiretamente:
Felipe Fagundes
Suely Raimundo
Rafaela Respeita
Victor Machado

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