O roteiro da gastronomia
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O roteiro da gastronomia
EATI N ’OUT O roteiro da gastronomia Núm ero 17 • A no 4 • 2 011 A origem de todo o mel Daniel Boulud: Entrevista com o mais americano dos franceses Istambul: As faces da cozinha otomana Roteiro: 178 restaurantes de 8 cidades E ATI N ’O UT 3 4 E ATI N ’O UT E ATI N ’O UT 55 6 E ATI N ’O UT E ATI N ’O UT 77 Foto: Cristiana Beltrão Daniel Boulud e o editor abelhudo. Editorial No momento em que o chef franco-americano Daniel Boulud entrou no salão lotado do Gávea Golf Club, no Rio de Janeiro, a sobremesa estava sendo servida. O evento Saber Viver, da importadora Zahil, encerrava-se ali. Mas iniciava-se um espetáculo de tietagem explícita dos mais de 250 gourmets presentes. O chef foi cercado, fuzilado pelas câmeras de celulares e, apesar dos quase três dias consecutivos de trabalho duro, o seu sorriso estava mais saboroso do que nunca. Apesar do calor de início de primavera, ele não suava uma gota. Nem ali, nem nos almoços e jantares que comandou como chef – ou como um humilde sous-chef – ele demonstrou cansaço ou abalo. Toda essa introdução mostra um pouco do que é o temperamento tranquilo – e bem humoradérrimo - do chef que conquistou a América, comanda 15 restaurantes badalados ao redor do grande mundo da gastronomia, que já receberam algo em torno de 12 milhões de clientes. E que contou um pouco sobre o seu universo sem estrelismo, em entrevista exclusiva à Eatin’Out. Perguntamos a Boulud se gostava de Istambul. Ele disse que é um dos lugares que adora ir para comer. Respiramos aliviados com a nossa escolha para a matéria de viagem, que mostra, sob o olhar das viajantes Dalal Achcar e Katia Mindlin Leite Barbosa, as várias faces da gastronomia da cidade turca. E um dos ingredientes que os turcos usam sem economia em sua celebrada confeitaria otomana, o mel, é o nosso tema de capa, que explica, com toques históricos, os tipos, as cores, os sabores e as origens do bálsamo, das colmeias europeias aos favos brasileiros. Bom apetite. Pedro Mello e Souza Editor 8 E ATI N ’O UT E ATI N ’O UT 9 Sumário 38 20 30 10 10 14 20 30 38 42 46 53 14 Dicas Pequenas atrações para copa e mesa. Entrevista Um bate papo exclusivo com Daniel Boulud. Capa O mel e as suas origens. Serviço Completo Três receitas de chefs medalhados. DrinkinOut Dicas para quem é bom de copo. Cocktail Receita de primavera no Bar do Copa. Viagem Um tour gourmet por Istambul. Ponte Aérea O que acontece entre Rio e São Paulo. 42 54 69 80 94 107 121 185 199 46 53 Roteiro de Restaurantes (Belo Horizonte) 14 restaurantes Roteiro de Restaurantes (Brasília) 10 restaurantes Roteiro de Restaurantes (Curitiba) 13 restaurantes Roteiro de Restaurantes (Porto Alegre) 12 restaurantes Roteiro de Restaurantes (Recife) 13 restaurantes Roteiro de Restaurantes (Rio de Janeiro) 62 restaurantes Roteiro de Restaurantes (Salvador) 13 restaurantes Roteiro de Restaurantes (São Paulo) 41 restaurantes EATI N ’OUT Diretoria: Carlos André Herrmann • Henrique Smaal Publisher: Marcelo Herrmann • [email protected] Edição e Textos: Pedro Mello e Souza • [email protected] Editora de Roteiro: Ruth Vasilcovsky • [email protected] Tradução: Matthew Sanow Revisão: Manoel Reis de Oliveira • [email protected] Direção de Fotografia: Ricardo Bhering • [email protected] Direção de Arte: Luiz Felipe de Freitas • [email protected] Edição de arte: Aline Bezzoco • [email protected] Diretor Comercial: Henrique Smaal • [email protected] Executivos de Contas: Patricia Stern • [email protected] / Ulimar Amaral • [email protected] São Paulo: M10 Editora Ltda Edição 17 Foto: Dimitar Gorgev Tratamento de imagem: Aline Bezzoco Priscila Moraes • [email protected] Representante Nacional: Grupo Pereira de Souza • Tel.: (11) 3231-6111 • [email protected] Contatos: (21) 2224-7320 • 3852-2253 [email protected] • www.eatinout.com.br A revista é uma publicação da Voice Editora e Publicações Ltda., com periodicidade trimestral e distribuição ao mailing da Editora, hotéis, salas vip de aeroportos, pontos e bancas selecionados. Os artigos escritos por colunistas convidados não refletem necessariamente a opinião da revista. As informações e as imagens publicadas no roteiro da Eatin’Out foram fornecidas e são de responsabilidade dos restaurantes participantes. 10 E ATI N ’O UT E ATI N ’O UT 11 Fotos: Divulgação Dicas RETRÔ NA COZINHA A Get Connected Magazine é uma das referências para o público descolado, mas ligado na área dos eletroeletrônicos. Um dos escolhidos da revista nessa estação é a linha Retrô de geladeiras da igualmente descolada Gorenje, empresa eslovena especializada em eletrodomésticos da linha branca. Ou nem tanto, se forem consideradas as cores fluorescentes desta nova série, premiada pelo Red Dot Awards, o oscar do design, em que destaca peças em cores fluorescentes, do bordô ao verde-limão, passando pelo clássico rosa-fúcsia. LAGOSTINA Outra coleção premiada no Red Dots Awards é essa linha de panelas da italiana Lagostina. A série Rossa, composta por frigideira e panelas simples ou de cozimento a vapor, integra o catálogo comemorativo do centenário da empresa, que é pioneira na injeção de pigmentos em suas ligas de aço inox - e dá garantia em sua tecnologia de cores vibrantes, que vem desenvolvendo nos últimos três anos. Somente a frigideira, a peça mais barata de todas, sai por 145 euros, nas boas casas do ramo. A LETRA DO AZEITE O escritor e tradutor inglês Charles QuestRitson é mais do que um apaixonado pelos azeites de oliva. Sua dedicação o levou a ser qualificado como o primeiros degustador britânico da especialidade, segundo os padrões da União Europeia, pela Organização Nacional Italiana de Degustadores de Azeite (ONAOO). A paixão se tornou função e ele provou mais de 2 mil azeites de todo o mundo, da Espanha à Nova Zelândia. O resultado está em Azeite - Guia Ilustrado Zahar (288 páginas, R$49,90), uma pequena enciclopédia sobre o tema, lançado no início deste mês, cobrindo os produtores, as regiões, os tipos de azeitonas e um guia completo de sua degustação. 12 E ATI N ’O UT E ATI N ’O UT 13 BOCCA, LISBOA A costa de Portugal pode não ser tão longa quanto a de seus vizinhos mais próximos da Europa Ocidental, mas parece que tem sido bem aproveitada pela nova leva de chefs lusitanos. É o caso de Alexandre Silva, um dos nomes em ascensão no palco do paladar lisboeta e que comanda o restaurante Bocca, próximo à Praça Marquês de Pombal. Ele não economiza na escolha de peixes e crustáceos típicos do seu litoral, nos dois cardápios sazonais que executa. Em sua lista mais recente, brilharam as ostras da Extremadura (Sado) e Algarve (Ria Formosa); a sardinha, medalhada com rótulo azul de certificação de sustentabilidade, que serve marinada com uma salada algarvia; e o carapau, que serve em tartare com o atum do Atlântico; as vieiras, que chegam com guarnição de papada de porco preto. De águas mais frias, chega o pregado, uma generosa variedade de linguado, que é servido com pinhões e um aveludado de mexilhões. As vieiras vêm à mesa com guarnição de papada de porco preto e escolta de uma raiz de aipo, enquanto os chocos (calamares) chegam com o risoto de sua tinta. A garoupa, pouco explorada pelos brasileiros, chega do forno com outros dois frutos das costas da região: o berbigão e a salicórnia, uma planta litorânea, uma das que condimentam o prezadíssimo mouton de pré-salé dos franceses. Outro peixe de paladar finíssimo, o salmonete (aqui também injustamente desvalorizado), chega em forma de caldeirada, na companhia do único ingrediente presente em dois pratos do cardápio: a cavala. O bacalhau não falta, claro, e está presente em dois cortes em um único prato: o lombo, escalfado a 52º, e a língua, com batatas ao alho e com ovo pochê. Indeciso? Espere até ver a carta de vinhos, com mais de uma centena de rótulos só na taça. 14 E ATI N ’O UT Fotos: Divulgação E ATI N ’O UT 15 Entrevista Foto: Owen Franken Entrevista Daniel Boulud Pedro Mello e Souza 16 E ATI N ’O UT Charcutaria do DBGB, e o filé do recém inaugurado Boulud Sud. Em sua edição de outubro, a revista Wine Spectator publicou uma matéria, a principal da revista, sobre a cozinha francesa em estilo americano. Na capa, o sorriso de Daniel Boulud e dois títulos incontestados: “O rei“ e “ele mostra o caminho”. E que caminho! Das cercanias de Lyon, onde nasceu, até o Rio de Janeiro, onde esteve no início de outubro para comandar um jantar promovido pela importadora Zahil, ele deixou sua marca nos 15 restaurantes que levam seu nome. E uma estrutura administrativa que conta, hoje, com cerca de 1.200 funcionários e um batalhão de chefes, garçons, sommeliers e gerentes que levam anos para alcançar os postos mais cobiçados dessa estrutura. “Gerenciamento é tudo”, repete Boulud, quase como um mantra, durante o bate-papo com chefs cariocas, na coletiva que deu à imprensa e na entrevista exclusiva à Eatin’Out. O senhor concorda com os títulos da Wine Spectator? Aceito o título (risos), mas penso que manter a essência da cozinha francesa é o fundamento responsável por tudo isso. A partir daí, o grande desafio é encontrar e manter uma boa equipe. Quanto mais mantivermos talentos em qualquer área dos nossos serviços, mais clientes fiéis conquistamos. Na cozinha, nosso conceito é, basicamente, o de diversificar dentro da tradição francesa. Assim, criamos perfis de diferenças sutis, como a que eu chamo de franco-americana, que é o que predomina no cardápio do Daniel. Ou a Paris-Nova York, que é a que dá o conceito do DBGB. No início de 2011, o Le Figaro anunciou o fim da cozinha molecular. Qual a sua opinião sobre isso? Ora, a cozinha molecular não acabou. Só mudou de nome. Agora, é a modernist cuisine é a nova denominação dessa moda. Na realidade, já trabalhamos com grande parte de seus conceitos há muito tempo. Nos anos 70, na época em que trabalhava em restaurantes de grandes chefs, em Lyon, a técnica de cozimento a vácuo, o sous vide já existia, mas em escala industrial. Aos poucos, o conceito foi chegando à cozinha até que os espanhóis fizessem um aproveitamento muito criativo dos seus recursos. Fotos: Thomas Schauer Sobremesa do Gallo d’Oro, dos chefs Benoît Sinthon e Yves Michoux. No alto, duo de black angus. E ATI N ’O UT 17 Quanto à tendência dos ingredientes locais, como o senhor trata o tema diante da dimensão de sua estrutura? É uma questão já estabelecida, que nos garante ingredientes frescos e bem de acordo com a nossa filosofia, de nunca ter a ambição de crescer para ser internacional, mas para ser local. No caso do DBGB, o conceito de “bangers & beer” (salsichas com cerveja) foi desenvolvido junto a charcutiers que usam produtos locais, mesmo para produzir especialidades de origem alemã, tailandesa, coreana ou tunisina. Mas há casos curiosos de local suppliers, como os da China. Até encontrar as pernas de rãs mais adequadas, tivemos de encarar criadores que nos traziam sapos gigantescos. Mas soubemos transmitir nossa cultura e ensinamos a mantê-los. Lá, comer é uma religião, mas os restaurantes ocidentais ainda levam algum tempo até adequar seu perfil ao gosto dos chineses. Fotos: Divulgação E quanto aos vinhos, como o senhor lida com a oferta crescente de estilos e terroirs? O bom vinho merece sempre um prato equilibrado. Por isso, em função da linha franco-americana dos nossos cardápios, busco sempre manter uma boa oferta de rótulos franceses e americanos, com uma pequena parte para outras origens. Com a exploração de temas mais mediterrâneos, a origem dos vinhos franceses tende a se basear mais em rótulos das regiões do Rhône e da Borgonha. Formação e educação foram os temas mais comuns de suas conversas. Em que nível o senhor se dedica a ambos? Os dois são braços fundamentais da nossa estrutura. Temos um programa de treinamento completo, não só na parte da cozinha. Mais de metade dos cursos é dedicada ao atendimento ao cliente. Na parte prática, desenvolvemos métodos para desenvolver talentos e para transmitir segurança à nossa equipe de forma a dar a um garçom a tranquilidade na abordagem do cliente. E do cliente também se sentir confortável nessa abordagem. Todos têm a mesma chance nessa formação? Em cada casa temos perfis diferentes de estilos, assim como temos também diferentes perfis de profissionais. O coup de feu não acontece atrás do balcão, mas na frente. Em todas as casas, buscamos uma forma de atendimento personalizado ao cliente, que também acaba sendo educado desta forma. Entrada e salão do Daniel, primeiro restaurante de Boulud. 18 E ATI N ’O UT Como assim? Em qualquer lugar do mundo, o profissional sofre com casos de falta de educação do público. Um dos exemplos é a exigência ou não de um terno ou blazer para uma casa mais fina. Pessoalmente, penso que a cada vez em que o terno é exigido, o cliente recebe uma mensagem sobre o nível de atendimento que ele vai ter. Seria bom que esse tema fosse mais debatido pelos blogs de gastronomia. Há dificuldade no recrutamento? Os desafios de Nova York parecem bem similares aos do Rio de Janeiro: há muita competitividade, dificuldade de boas equipes, endurecimento de leis trabalhistas. Mas é uma situação que o empurra adiante e o estimula a buscar soluções. Há chefes que estão comigo há 8, 10, 15 anos. Após uns 5 ou 6, ele já revela o seu talento e chega ao comando da equipe de alguns dos meus restaurantes. Quando a pessoa chega, não temos a menor ideia de como o seu talento vai se desenvolver. Mas com o tempo, sentimos a dedicação da pessoa e se vale à pena ou dar a ela um emprego. A busca do talento é longa. E o custo é caro. Que tipo de dica o senhor leva do Brasil? Tinha poucas referências sobre a culinária brasileira até o evento que realizei com o artista plástico Vik Muniz. Foi quando aprendi o que era uma feijoada, uma moqueca. O que eu faço é levar o maior número possível de livros de culinária aos meus chefs, para reproduzi-la, aprende-la e, depois, personaliza-la. Mas do Brasil, levo algo a mais: a impressão de que é um público mais sofisticado do que ele mesmo se imagina, especialmente após a solidez que tem mostrado em sua exposição ao mundo. No alto, o magret de pato do Maison Boulud, em Beijing. No centro, prato de frango do Daniel. Ao lado, a confeitaria fina do recém inaugurado Épiceri Boulud. E ATI N ’O UT 19 Super Breezes Fotos: Divulgação Sabor e diversão em Búzios Breezes Búzios Resort & Spa mostra as atrações de diversão e gastronomia que lhe valeram o título de melhor resort do Brasil. O cenário gastronômico de Búzios está com novas atrações. Todas elas vêm do Breezes Búzios Resort & Spa, do grupo jamaicano SuperClubs, que lançou, dentro de seu complexo no balneário, uma pequena alameda inspirada na mítica Rua das Pedras. Ao longo da via, uma galeria de opções para atender a todo tipo de paladar refinado dos hóspedes do hotel, todos eles dentro do sistema Super Inclusive: é o restaurante japonês Munasan, Martino’s, italiano, o Jimmy’s, buffet internacional; o Market Place, mediterrâneo; e o Tropical, snack bar. Entre os restaurantes da alameda do Breezes-Búzios, um deles traz uma novidade que vem fazendo sucesso com grupos de amigos: a chapa de teppanyaki, em duas opções: frutos do mar ou carne. Na primeira, são grelhados diferentes tipos de peixes, camarão, mexilhões e legumes. Na 20 E ATI N ’O UT outra são servidas tiras de filé-mignon também com legumes. A todas essas atrações somam-se cinco lojas e um salão de beleza, que complementam uma estrutura de entretenimento que valeu ao Breezes Búzios o prêmio de melhor resort do ano pela revista Quatro Rodas, mesmo após três meses de operações. São pistas de boliche, quadras esportivas, game-centers, minigolfe e o maior espelho d´água da América Latina, tudo isso espalhado em 28 mil m² de área construída. “A bandeira Breezes representa um espaço único para momentos de diversão e descanso, onde as pessoas podem renovar suas energias. A inovação permanente, característica do grupo SuperClubs, apresenta agora um novo Breezes em Búzios com mais de trinta opções de lazer e esportes”, comenta Luis Calle, vice-presidente do grupo SuperClubs no país. Hoje, Búzios, muito querida pelos brasileiros, é também o sétimo destino mais procurado por turistas estrangeiros no Brasil, segundo o Ministério do Turismo, e recebe em torno de 1 milhão de visitantes todos os anos, de acordo com a Secretaria de Turismo de Búzios. E ATI N ’O UT 21 Capa Foto: Ricardo Bhering Hello, Honey! Um pequeno compêndio sobre a grandeza do mel. Pedro Mello e Souza Mel e gafanhotos alimentaram São João Batista no deserto, diz a Bíblia. Mel e queijos foram os sustentos que Vênus concedeu a Pandareus, disse Homero. Mel e leite ilustram o paraíso do alcorão e deram título a um dos discos de John Lennon. É ingrediente certo da cozinha votiva dos orixás. E o mais comum dos ingredientes nos receituários de Apicius. Por mais de vinte séculos, o mel foi a referência maior em doçura. Já cortou vinhos gregos e romanos. Integrou as mesas reais de persas e hindus. Dominou a confeitaria de persas e otomanos. Deu riqueza à massa dos biscoitos de toda a Europa anglo-saxônica. Tornou-se guarnição genérica de pastéis comemorativos de carnavais que vão de Veneza à Estremadura espanhola. Diante de todos esses dados, fica difícil estabelecer em que momento da existência do homem 22 E ATI N ’O UT a doura deu ao mel trajetória diferentes entre o imaginário e a vida real da alimentação - e da medicina. Mas, milênios após o contato do paladar com a doçura daquela substância de cor irresistível, de sabor inigualável, de untuosidade ímpar e de fascinante efeito energético, o mel ganha um formato profissional, que exalta os seus princípios naturais e cores e sabores específicos de cada região. O orgulho de cada produtor gerou a sua recompensa: no início desse século, o mel ganhou uma rubrica específica no rol das denominações de origem da União Europeia. Nada mal para um ingrediente que já foi referência de romancistas, ícone de arcadistas e referência de alquimistas. E que nos dá, hoje, aqui, a chance de elaborar um pequeno compêndio sobre a sua presença nos cardápios, da entrada ao licor da sobremesa. Foto: Lipe Borges Foto :Lipi Borges Dois tipos de mel na guarnição do Waffle do Market Ipanema. A rigor, qualquer tipo de flor é uma matriz de pólen para o mel. Mas a história soube selecionar alguns dos tipos mais característicos, seja pelo perfume, pela sua untuosidade, sua característica medicinal. Nas origens, flores, puras e simples, árvores de aromas sutis como a acácia ou proeminentes como o eucalipto ou ainda ervas como a sálvia ou o alecrim. Fonte: A Enciclopédia dos Sabores Acácia - Mel de cor clara e muito doce pela concentração de frutose. É produzido com o pólen das flores dessa árvore, que liberam um princípio conhecido como metilcetona, o mesmo que se sente em alguns espumantes recém-abertos. É também uma das características de três apelações europeias, o Miel de Provence, o Lunigana e do Dolomiti Bullunese. Aguinaldo - Variedade de mel de cor bem clara produzido no México, a partir de pólen da planta do mesmo nome, que floresce na época da Páscoa. Alecrim - Ou mel de rosmaninho, como dizem em Portugal. É um mel de tom floral, apesar da personalidade herbácea de sua origem. É um dos tipos que integram o Miel de Provence. Alentejo - Leque de 4 tipos de mel produzidos na região de Évora, durante as floradas de árvores como o eucalipto e a laranjeira. E de arbustos como a soagem e o alecrim. Sua apelação Mel do Alentejo DOP é reconhecida desde 1996. E ATI N ’O UT 23 Foto :Adriana Lorete Mil Frutas - Sorvete de Mel. Alfafa - Diz-se do mel produzido próximo aos campos dessa erva forrageira, mas que ganhou notoriedade ao rechear sanduíches naturais. Pela cor clara e a doçura sutil, é uma das variedades mais indicadas para adoçar o chá. Assa-peixe - Se o mel é considerado uma panaceia contra doenças respiratórias, há a chance desse mel ganhar o aroma do ‘assa-peixe’, uma erva da família do boldo, que transmite aromas acridoces ao produto. Dolomitas - Ou Dolomiti Bullunese, referência à região dessa vertente alpina da região do Vêneto. Conta com aromas florais - acácias, tílias, rododendros e dente-de-leão – e cor entre o amarelo-claro e o âmbar, além de consistência macia, como prevê o descritivo de sua Denominação de Origam.. Eucalipto - Mais comum de todas as variedades de mel, é também o mais herbáceo e o mais apreciado na panaceia contra corizas e resfriados, reflexo das propriedades já conhecidas do eucalipto. É um produto conhecido também por suas propriedades anti-inflamatórias. Flor-de-laranjeira - Uma das mais antigas variedades de mel puro, já era apreciada pelos persas e tornou-se uma das mais comuns da atualidade. É também marcado pela cor escura de castanha. Framboesa - Diz-se do mel produzido próximo de framboeseiras selvagens. Ganha o aroma da flor da fruta e uma cor clara e brilhante, quase cítrica. Galícia - Miel de Galícia, na denominação original desta IGP do extremo noroeste da Espanha, marcada pelos tons escuros e por aromas de flores de amoras, dente-de-leite, eucalipto, urze e castanheiro. Hissopo - Erva mediterrânea muito usada no Oriente Médio, especialmente pelos povos do Levante. Seu sabor, que remete à alcaçuz, hortelã e tomilho, é aplicado na composição de 24 E ATI N ’O UT Foto: Carol Novaes Cosa Nostra - Mel com açafrão Savitar (esquerda), e Focaccia Pavia (acima). molhos como o ‘zattar’ e em elixires e licores, entre eles o lendário Bénédictine e certas fórmulas de absinto. Alguns apicultores mantêm plantações de hissopo próxima às colmeias, pelo festejado mel que proporciona. Lunigana - Ou Miele dele Lunigana, apelação do norte da Toscana protegida por selo DOP. É produzido a partir de pólen de flores de acácia e resulta em um mel fino, de cor muito clara e de aromas florais e levemente abaunilhados. Medronho - Fruta silvestre cujo travo amargo é transferido para o mel de seu pólen (na Sardenha, o ‘miele amargo’) e para as aguardentes de seu mosto. Na aparência, é redonda e pequena como um limão, mas de casca vermelha e reticulada como a de um morango. Integra o corte do mel português conhecido como Serra de Lousã. Pinho - Outra árvore que proporciona um mel de forte sabor herbáceo e de propriedades igualmente expectorantes, o que o torna indicado para o tratamento de gripes, resfriados e problemas respiratórios. No Brasil, é raro, pois as suas melhores variedades são, compreensivelmente, as do norte da Europa e do Canadá. A apelação Miel de Sapin des Vosges, desse mesmo tipo, é protegida pela União Europeia com selo IGP. Polonês - Ou, originalmente, Miód Kurpiowski, tal como é reconhecido pela União Europeia, sob o selo IGP. É produzido em torno de diversas localidades da régio centro-leste da Polônia. Tem a consistência fina, cor amarelo-palha e paladar levemente picante. Provence - Ou Miel de Provence, como prevê a chancela IGP, concedida pela União Europeia, em 2003. É um produto essencialmente floral e pode ser produzido por flores de plantas tão distintas quanto a colza e o alecrim ou como a lavanda e a sálvia Sálvia - De apiários vizinhos a canteiros dessa erva muito aromática, que confere um aroma refrescante, que lembra o hortelã, e uma cor um pouco mais clara do que a do âmbar. É conhecido por ser um mel de propriedades tonificantes. E ATI N ’O UT 25 Serra de Lousã - Denominação de todos os tipos de mel da região de Beira Litoral, no concelho de Coimbra, em torno da cidade de Lousã. Lá, colhe-se o mel de cor escura, produzido com o pólen de árvores como o pinho, o zimbro, a bétula, a oliveira, a castanha e vários tipos de carvalhos. Sapin des Alpes - Uma das poucas denominações de origem protegidas na Europa. Seu caderno de obrigações acusa um mel de textura fina, cor castanha e paladar maltado, resultado do pólen de pinhos da região montanhosa dos Vosges, que divide a apelação entre as regiões da Alsácia e da Lorena. Fotos: Tadeu Brunelli Tília - Conhecido no exterior como. As variedades mais conhecidas no Brasil são importadas sob o rótulo “linden honey”, embora suas variedades mais apreciadas sejam as sicilianas e as dinamarquesas. 26 E ATI N ’O UT La Mar: picarones com mel e melado (esquerda), bolinhos de mel do Kukla (abaixo). E ATI N ’O UT Foto: divulgação Especial O bacalhau e a história A arte do preparo do prato, das navegações até a descoberta da Riberalves Texto: Pedro Mello e Souza Uma boa fatia da história da gastronomia pode ser contada através do bacalhau. Pela sua importância como mantimento de bordo, foi uma das sustentações da história das grandes navegações, das conquistas, enfim, da própria história de Portugal. A técnica de conservação através do sal fazia com que a dieta de proteínas das tripulações se mantivesse estável. Conquistou-se assim uma dupla arte: a da salga e a da dessalga. É nesse episódio que a Riberalves dá a sua contribuição, proporcionando um produto pronto para o consumidor e que permite a um prato, antes exigente em termos de tempo, uma especialidade que se prepara em 20 minutos. Suas técnicas conservam o sabor original e transformaram o bacalhau em uma celebração diária para quem gosta de comer bem. Na hora de executar qualquer uma das centenas de receitas da iguaria, que os portugueses preparam há mais de 500 anos, o descuido pode arruinar o momento. No caso da Riberalves, as peças de bacalhau – lombos ou postas - são submetidas à dessalga em piscinas de água fria, com temperaturas que não saem da faixa entre 7°C e 9°C, e com salinidade 28 E ATI N ’O UT controlada conforme a gramatura. Ou seja, não importa o tamanho ou o peso da peça, o paladar será o mesmo. A técnica não é importante somente do ponto de vista culinário. É um procedimento que contribui também com a preservação dos princípios que mantêm o bacalhau tão próximo do coração do brasileiro – literalmente, pois as concentrações de elementos como os ácidos graxos, ômega-6 e ômega-3, típicas do bacalhau, estão relacionadas à redução de risco de doenças cardiovasculares. Uma vez na cozinha, basta descongelar a peça do bacalhau Riberalves para começar a usá-lo em qualquer das receitas portuguesas, sejam clássicas ou modernas, que podem ser encontradas no site da empresa, em http://www.bacalhauem20minutos.com.br/receitas/bacalhau/. Mesmo nas receitas com as postas mais consistentes, o maior tempo de forno será de, no máximo 20 minutos. É o caso do bacalhau no forno, com broa ou à lagareiro, para citar três das fórmulas mais conhecidas. Mas é também o caso do bacalhau assado com laranjas, uma receita contemporânea, preparada com o lombo. E ATI N ’O UT 29 Receitas indicadas por Conceição Neroni Foto: Alexander Landau Talharim com ragu de picadinho carioca Por Chef Andrea Tinoco Unir um clássico carioca a um ícone do comfort food italiano é uma ideia quase natural. Mas requer criatividade na fórmula para a harmonia ideal. Assim, o picadinho carioca assume a forma de um ragu para ganhar espaço ainda mais nobre na receita da chef Andréa Tinoco, para guarnecer o talharim da Piraquê. “Mesmo tendo vivido em alguns países, meu coração e minha cabeça sempre moraram no Rio - cidade em que nasci e onde tudo de bom e importante na minha vida aconteceu”, conta ela, que comanda dois restaurantes, o Rancho Inn e o Armazém Devassa, em Ipanema, e o cardápio de seus serviços de bufê, um dos mais concorridos do Rio. Fotos: Ricardo Bhering 1. O molho de tomate Ingredientes: • 1kg de tomate maduro cortado ao meio, sem semente • 3 colheres (sopa) de azeite • 1 cebola pequena picada • Folhas de salsa a gosto • Sal e pimenta-do-reino a gosto 2. O Picadinho. Ingredientes: • 480g filé-mignon em cubinhos, cortados na ponta da faca • 1 colher sopa de manteiga • 1000ml molho demi-glace ou de carne • 300ml molho de tomate • 100ml conhaque • 50ml de molho inglês • Sal, pimenta a gosto 3. Massa: Ingredientes: • 600g de massa talharim Piraquê • Sal a gosto Modo de preparo do molho: 1 Coloque o tomate maduro sem sementes em fogo lento e deixe 2 Coe em um passador de legumes ou numa peneira. 3 Refogue a cebola no azeite. 4 Junte o tomate processado e a salsa. 5 Cozinhe por 15 min. em fogo baixo. 6 Acerte o sal e a pimenta. até amolecer. Modo de preparo do picadinho: 1 Deixe a manteiga borbulhar na frigideira e coloque a carne picadinha, temperada com sal, pimenta e o molho inglês. 2 Deixe a carne dourar dos dois lados. 3 Flambe com conhaque. 4 Acrescente o molho demi-glace e o de tomate. 5 Deixe ferver até a carne ficar bem cozida e o molho reduzido à metade Modo de preparo e montagem da massa: Cozinhar al dente. Em um prato ou caçarola coloque a massa bem quente e o picadinho por cima. Decore com ovo pochê e salsa picada. 30 E ATI N ’O UT E ATI N ’O UT Serviço Completo Foto: Zuleika de Souza PRINCIPAL Foto: João Ricardo 32 E ATI N ’O UT CHEF KAROLINA GARCES DO RESTAURANTE USINA DE MASSAS - PORTO ALEGRE RISOTO DE DAMASCO Ingredientes para duas pessoas: Modo de preparo: ◦◦ 50g de manteiga sem sal ◦◦ 150g de damascos secos ◦◦ 150ml de suco de laranja natural ◦◦ 250g de arroz carnaroli ◦◦ 100ml de vinho branco seco ◦◦ 70g de tomates secos ◦◦ 100g de rúcula rasgadas ◦◦ Caldo de legumes a gosto ◦◦ Hidrate os damascos secos no suco de laranja ◦◦ Em uma panela wok derreta a manteiga, adicione o arroz e o vinho ◦◦ Mantenha em fogo baixo até o vinho evaporar, mexendo sempre ◦◦ Assim que evaporar adicione os damascos já hidratados e os tomates secos ◦◦ Adicione o caldo de legumes aos poucos, mexendo sempre até dar o ponto característico al dente do risoto italiano ◦◦ Para finalizar, adicione então a rúcula rasgada e mexa para que se tenha um risoto homogêneo de ingredientes ◦◦ Decore com um damasco em leque e pequenas folhas de rúcula Fotos: Gustavo Marialva CHEFS ADILSON BATISTA/LUIZ INCAO DO RESTAURANTE ALBAMAR - RIO DE JANEIRO PRINCIPAL COSTELETA DE TAMBAQUI COSTELETA DE TAMBAQUI ASSADA COM RISOTO DE CASTANHA-DO-PARÁ E AZEDINHA Ingredientes para duas pessoas: Modo de preparo: ◦◦ 2 postas de tambaqui ◦◦ 30g farinha de rosca ◦◦ 1 maço manjericão picado ◦◦ 100ml azeite ◦◦ 100g arroz arbóreo ◦◦ 20g castanha-do-pará ◦◦ 50g manteiga ◦◦ 20g azedinha ◦◦ 50g queijo parmesão ralado ◦◦ 200ml caldo de peixe ◦◦ 50ml vinho branco ◦◦ 30g cebola picada ◦◦ 50ml leite de coco ◦◦ 20g curry ◦◦ Sal e pimenta-do-reino moída na hora a gosto ◦◦ Grelhe o tambaqui. Misture a farinha de rosca com o manjericão picado e uma colher de manteiga derretida. Em seguida, coloque esta mistura em cima do peixe e deixe no forno, pré-aquecido, por 10 minutos. ◦◦ Refogue a cebola em azeite quente, acrescente o arroz arbóreo, o vinho branco e o caldo de peixe, acrescente o queijo parmesão, a castanha-do-pará e a azedinha. Finalize com a manteiga e sal e pimenta-do-reino moída na hora. ◦◦ Misture o leite de coco com o curry e caldo de peixe. Tempere com sal e pimenta-do-reino moída na hora. E ATI N ’O UT 33 Foto: Artur SOBREMESA Foto: Divulgação 34 E ATI N ’O UT CHEF EDSON DI FONZO DO RESTAURANTE LA MARIE - SÃO PAULO SUFLÊ DOCE DE GRAND MARNIER Ingredientes para quatro pessoas: Modo de preparo: ◦◦ ½ litro de leite ◦◦ 50g de manteiga ◦◦ 100g de açúcar ◦◦ 3 gemas ◦◦ 6 claras ◦◦ 150g de farinha de trigo ◦◦ Casca de uma laranja ◦◦ Uma dose de licor Grand Marnier ◦◦ Coloque a farinha polvilhada (com o leite ainda frio) e processe sem parar com um fuet ◦◦ Ao ficar homogênea (antes de aquecer muito), adicione as gemas e continue processando até dar o ponto ◦◦ Ferva o leite com açúcar, casca de laranja e manteiga ◦◦ Bata as claras em ponto de neve (bem duras) e ajude com meia colher de açúcar ◦◦ Misture a massa com o sabor Grand Marnier e bata com duas colheres cheias de clara batida ◦◦ Coloque no forno quente dentro de uma assadeira com água quente para assar em “banho-maria” E ATI N ’O UT 35 Harmoniza Fotos: Cícero Rodrigues Receita: Chef José Hilário Harmonização: José Grimberg Restaurante: Bergut Rio de Janeiro Ingredientes para 4 pessoas • 100g de salmão defumado • 4 fatias de pão italiano (grossura de 1 dedo) • 2 tomates grandes • ½ cebola • 1 colher de chá de alcaparra picada • Salsa picada • Sal a gosto • Pimenta a gosto • Azeite a gosto Modo de preparo • Doure as fatias de pão italiano no forno • Pique os tomates tirando a semente e a pele • Pique a cebola e o salmão • Misture tudo em uma vasilha junto com a alcaparra, o sal, a pimenta e o azeite • Coloque a mistura em cima das fatias e sirva BRUSCHETTA DE SALMÃO DEFUMADO COM VINHO COSTARIPA ROSAMARA Ingredientes de paladar fino como a pescada amarela ou o salmão defumado. Essas são duas das dicas que o restaurateur José Grimberg tem como certas para a degustação de duas novidades que a importadora Winebrands acaba de trazer ao mercado: o Rosamara e o Brût Rosé, da vinícola italiana Costaripa. De quebra, Grimberg ainda deu a receita de uma bruschetta de salmão, que combina bem com os dois rótulos. “Tanto o Brut Rosé quanto o Rosamara são ideais para o nosso clima, em especial para o verão e harmonizam com pratos leves, não picantes e sem molhos complicados”, explica Grimberg, que destaca a uva Gropello como um dos pontos altos dos cortes dos dois vinhos. “É um tipo de uva que vai levar o mercado consumidor de vinhos a entrar em uma fase de grande interesse por uvas diferentes”, prevê. www.winebrands.com.br / www.bergut.com.br Ouça o set list de músicas criadas especialmente para o Rosamara acessando: www.winebrands.com.br/rosamara (by www.pinupmusic.com.br) 36 E ATI N ’O UT E ATI N ’O UT 37 Coffee break Foto: Ricardo Bhering Café Um século de tecnologia na xícara Por Camila Farani, especial para Eatin’Out Um jato de água quente, tirado sob grande pressão de temperatura, quase na forma de vapor, sobre o pó fino de café, em quantidade judiciosamente torrada, moída e medida. Esta é a mais simples forma de se definir um café espresso, uma das especialidades mais servidas no mundo da gastronomia contemporânea. Oficialmente, é um método de serviço que está completando um século, desde que o italiano Luigi Bezzera aperfeiçoou o projeto de um conterrâneo de Turim, patenteado 15 anos antes - e transformando a máquina no maior sucesso comercial que a tecnologia já forneceu à arte de degustação do café. O brasileiro, acostumado que era à fórmula tradicional do café coado, custou a se adaptar ao novo formato da bebida, com força de paladar e um leque de aromas que variam do herbáceo ao achocolatado, passando por nuanças de defumado e de tabaco fino. A estrutura desse tipo de serviço não mudou somente o hábito do consumidor e revelou o talento de uma nova linha de profissionais, os baristas, que se profissionalizaram em atender a cada sutileza de paladar. Assim, surgiram os formatos hoje consagrados nas cafeterias mais finas do mundo, como o ristretto e o lungo, ambos puros. Ou os cappuccinos e macchiatos, tingidos em espuma de leite, ou ainda os correttos (corrigidos), que ganham o aroma de bebidas igualmente finas, da grappa ao conhaque. E ATI N ’O UT E ATI N ’O UT 39 Drinkin’Out Quinta essência Sede de Lafite Coco e frutas vermelhas. Dois sabores distintos e complexos, diriam, os enólogos. Mas a sugestão vem da vodca Cîroc, que acaba de lançar no Brasil os dois sabores como integrantes de sua nova linha, até então só conhecida pelos americanos. Nos dois casos, a vodca é preparada com mosto de uvas frescas, que sobre quíntupla destilação, ganhando, durante o processo, as essências de morango e framboesa, para o rótulo Red Berries – e coco com aromas de frutas tropicais, para a versão Coconut. Se alguém ainda tinha dúvida de como os chineses estão valorizando as relações diplomáticas com Bordeaux, basta checar os números do mais recente leilão de vinhos da Christie’s, em Hong Kong: 539 mil dólares por uma série de 300 garrafas de Château LafiteRotshchild, de safras que variavam de 1981 a 2005. Somente um dos lotes, com duas caixas da safra de 1988 alcançou a marca de 103 mil dólares, no leilão que quebrou os recordes anteriores deste ano. O vinho é um dos itens mais importantes da sede da Christie’s em Hong Kong, que já é a terceira mais importante do mundo, depois de Londres e Nova York. Fotos: Divulgação Madame La Caipirinha Depois de Ferran Adrià, é a vez de outro über chef dedicar uma receita à caipirinha. Dessa vez, é Christophe Michalak, chef confeiteiro do Plaza Athenée, de Paris, que já conquistou o título de melhor chef-pâtissier do mundo. Em seu folheto “Chocolate Creations”, ele sugere o drinque na forma de um pirulito com cobertura. A cobertura é de chocolate negro, mas o recheio é preparado com creme de leite, sumo de limão verde, uma bela raspa de sua casca, açúcar, creme de leite e... rum envelhecido. Quem estiver com Michalak, sinta-se à vontade de indagá-lo sobre a licença nada poética de substituir a cachaça. 40 E ATI N ’O UT Ponto Vermelho O Red Dot Awards é uma espécie de oscar do design. Mas na categoria dos vinhos, o prêmio não coube a franceses, italianos ou chilenos, mas para uma linha de vinhos austríacos. A criação é do designer Nikolaus Eberstaller para a série de Georg Preisinger, que acabou duplamente conhecido pelos seus tintos, que obtiveram notas acima dos 90 pontos dos críticos e foi, de quebra, eleito o melhor vinho austríaco de 2011. Deu Brasil na Copa A cerveja brasileira está cada vez mais bem tirada. A constatação vem de Santiago, no Chile, onde a cerveja Bamberg conquistou medalhas de ouro e de prata na Copa Cervezas de América, o concurso de cervejas mais importante da América Latina. O prêmio máximo ficou com a Bamberg Weizen, enquanto a Schwarzbier ficou com o segundo lugar, mas no topo em sua categoria. Surpresa? Nem tanto, pois a cervejaria já conquistara, há um ano, o prêmio de melhor do mundo e das Américas no World Beer Awards 2010, Inglaterra. Jun Daiti Que tal uma taça de saquê? A sugestão é de Yasmin Yonashiro, sommelière e embaixadora da marca Jun Daiti, nova marca da bebida que chega ao nosso mercado com uma tripla origem: o Japão, de onde vem o know how, a Califórnia, onde o arroz e a água são ideais, e o Brasil, onde é pasteurizada e ganha a bela garrafa em tom azulado. O resultado é uma bebida delicada, que proporciona até drinques com frutas ácidas, que dispensam até mesmo o açúcar. E... não, nada do copinho quadrado, que os japoneses mal conhecem. Prefira o pequeno shoko, em cerâmica, ou a taça de vinho branco. Foto: Paulo Pereira Foto: Marcelo Spatafora E ATI N ’O UT 41 Fotos: Reprodução O “jeroboam” da Louis XIII Os especialistas sempre discutirão o ranking dos melhores conhaques do mundo. Mas há consenso em torno do mais nobre: o Louis XIII, da Rémy Martin, que está celebrando seus 190 anos de existência. A data mereceu uma comemoração à altura da grandeza da bebida – literalmente: a maison francesa lançou uma série especial em garrafas ‘jeroboam’. Trata-se, simplesmente, de um frasco que reproduz a tradicional, de 750 mililitros por um colosso de 3 litros – ou quatro vezes a original. E com um detalhe: dessa vez, por se tratar de uma série restrita, o cristal baccarat é substituído pelo de Sèvres, ainda mais nobre. Preço sugerido para lançamento nas lojas europeias: 22 mil euros. Quem se espanta com o preço, dois argumentos. O primeiro deles: Ao ser engarrafada, a bebida é o resultado da combinação de 1.200 conhaques diferentes, maturados por temporadas entre 40 e 100 anos e desenvolvidos na sede e envelhecidos em barris de carvalho do Limousin. As notas de degustação acusam mais de 20 aromas, do buquê ao retrogosto, e dão conta de uma persistência em boca de até uma hora. O desenho da garrafa foi inspirado nos cantis de metal usados pelos soldados na batalha de Jarnac, em 1969. Foi uma guerra religiosa, que confrontou o príncipe de Comté e o duque de Anjou, futuro rei Henrique III. E seu trabalho em cristal baccarat era exclusivo da família Rémy Martin, que tinha em adega pessoal ou para presente a dignatários ou à realeza. A amostra que serviu de modelo para a garrafa foi descoberta nas terras de Paul-Émile Remy Martin, que a usou para guardar seus melhores conhaques. Louis XIII foi honrado por ser o rei na época em que a famíia se estabeleceu em Cognac. O segundo argumento é mais pragmático: em certos restaurantes brasileiros, a exclusividade pode ser encontrada por mais de mil reais. Por dose. E mil reais é valor do lance mais alto já obtido por uma das garrafas – vazias! - do Louis XIII. A disputa pelo seu frasco, que os ingleses chamam elegantemente de decantador, é resolvida no restaurante de forma pouco salomônica: quem toma a última dose leva a garrafa. 42 E ATI N ’O UT E ATI N ’O UT 43 Cocktail ABSOLUT GARDEN Fotos: Ricardo Bhering Ingredientes 50ml de ABSOLUT CITRON 25ml de licor Cointreau 15ml de bitter Campari 15ml de suco de limão 4 lichias 6 folhas de hortelã 1 zest de grapefruit Modo de preparo Macere a Lichia na coqueteleira Adicione o restante dos ingredientes Bata com gelo Faça uma coagem fina em uma taça em V pré-resfriada Finalize o coquetel com o zest de grapefreuit 44 E ATI N ’O UT Homenagear a primavera é uma constante entre os chefs. Mas não tanto entre os bartender, que têm de mostrar talento e vivência para não cair no lugar comum. Foi o caso do Absolut Garden, criado por Paulo Freitas, do Bar do Copa. “Fiz uma combinação do aroma floral da lichia com o frescor da hortelã para criar uma explosão de sabores ao receber as notas cítricas do ABSOLUT CITRON e dos demais ingredientes”, explica ele, que traz experiências em casas como o Harrah’s Cassino - e a admiração por profissionais como o festejado bartender Dale DeGroff. “Ele foi um dos responsáveis pelo renascimento do coquetel com o seu trabalho no Rainbow Room, em Nova York ”, revela Paulo, que completa 29 primaveras em novembro. E ATI N ’O UT 45 Especial Um complexo de emoções, sabores e relaxamento Comemore 2012 em grande estilo no Iberostar O grupo traz para seus hospedes show de axé, espetáculo de fogos, consultas esotéricas, além de banquetes deliciosos durante a virada Começar 2012 em contato com a natureza, em um ambiente sofisticado, aconchegante e cheio de atrações é a combinação ideal para atrair energia positiva para o ano novo. Os resorts IBEROSTAR Bahia e o IBEROSTAR Praia do Forte, localizados a menos de uma hora de Salvador-BA, e o IBEROSTAR Grand Amazon, sofisticado cruzeiro fluvial pelo Amazonas, oferecem programação imperdível para a virada do ano. Sobre a Iberostar Hotels & Resorts IBEROSTAR Hotels & Resorts é a cadeia de hotéis e resorts com sede em Palma de Mallorca (Ilhas Baleares, Espanha), fundada pela família Fluxá, em 1986. Parte integrante do GRUPO IBEROSTAR, um dos principais consórcios turísticos espanhóis, com mais de 50 anos de história, a IBEROSTAR Hotels & Resorts tem atualmente 101 hotéis e 36.000 quartos em 15 países do mundo. 46 E ATI N ’O UT De 30 de dezembro de 2011 a 2 de janeiro de 2012, navegue por 4 noites pelo rio Negro e desvende os mistérios da Amazônia. A bordo, os hóspedes aproveitam os últimos dias do ano desfrutando de atividades oferecidas no navio, como excursão noturna em lanchas, observação de botos e pássaros, visita à comunidade indígena, show folclórico ao vivo, encontro das águas e jantar de gala com o comandante. No deck superior há consultas esotéricas, ceia especial, contagem regressiva para a virada, queima de fogos e show de Réveillon. Um buffet de aperitivos estará disponível durante toda a comemoração. Pacotes a partir de R$ 616,00 por pessoa/por noite. Nos hotéis IBEROSTAR Bahia e IBEROSTAR Praia do Forte a agitação também segue garantida. Para receber o novo ano, a banda ARAKETU traz um show com muita animação e axé, tocando seus maiores sucessos como “Prá Lá de Bom”, “Dividindo Alegria”, “Ara Ketu Dez”, “Ara Ketu Bom Demais”. No IBEROSTAR Bahia, diárias a partir de R$ 801,00 por pessoa/ por noite e no IBEROSTAR Praia do Forte, diárias a partir de R$ 952,00 por pessoa/por noite. Esses valores são válidos para um mínimo de sete noites. Sobre o IBEROSTAR no Brasil O IBEROSTAR Grand Amazon é o primeiro empreendimento do Grupo IBEROSTAR no Brasil. Com suas operações iniciadas em 2005, o navio é da categoria Grand Collection, a mais alta entre os hotéis do Grupo. O IBEROSTAR Bahia, de categoria cinco estrelas, teve sua inauguração em 2008, enquanto o IBEROSTAR Praia do Forte foi inaugurado no ano seguinte. Trabalhando no sistema all inclusive, as propriedades IBEROSTAR no Brasil têm inclusas no valor da diária todas as despesas com alimentação, bebidas (alcoólicas e não alcoólicas, nacionais e importadas), taxas e gorjetas. Iberostar traz ao Brasil três ícones de luxo, conforto e lazer E ATI N ’O UT 47 Viagem Restaurante Vogue, às margens do estreito de Bósforo. e salão do restaurante Karakol, no centro de Istambul (abaixo). Istambul As várias formas de se degustar uma metrópole com mais de 2.500 anos de gastronomia. Pedro Mello e Souza Neste mês de outubro, a Turquia comemora uma de suas datas nacionais: a Declaração da República. Se a mesa é um dos locais certos da celebração desse povo é porque a tradição de sua cozinha é ainda mais antiga do que o próprio conceito de república declarada. E ainda mais sólida do que os fundamentos de Istambul, que carrega a nobreza de uma história milenar de quem já foi Bizâncio e Constantinopla e sede de impérios como o romano e o otomano. A época é propícia para que essa cidade mostre o que tem de melhor na estação: temperaturas amenas, mesas ao ar livre, vistas deslumbrantes e um cruzamento cultural que desfila em uma galeria interminável de atrações gastronômicas. 48 E ATI N ’O UT Conjunto para café, e cerâmicas no bazar de especiarias (abaixo). Fotos: Reprodução/Guia Addresses Istambul Para quem gosta de comer, existem quatro aspectos diferentes em Istambul. O primeiro é dos restaurantes, sejam tradicionais ou contemporâneos, que exploram no frescor dos ingredientes da estação, em ícones familiares aos que já imergiram nas cozinhas árabes: é o pão achatado, o iogurte abundante, o arroz onipresente, as carnes curadas, a confeitaria que influenciaria a vienenses e parisienses. “O orgulho que os otomanos sentem de sua história e cultura também se estende à gastronomia”, comenta Katia Mindlin Leite Barbosa. Para ela, autora do livro “Istambul – Uma cidade fascinante”, em parceria com Dalal Achcar, a gastronomia é uma das formas de se aguçar o olhar sobre essa cidade caleidoscópica. “O importante é alimentar um certo estado de espírito para ser transportado pelo tempo e realizar uma viagem além do turismo básico, pois Istambul é mágica”, exalta Katia. E ATI N ’O UT 49 Sarma, folha de uva recehada, especialidade secular dos otomanos. Entre os restaurantes tradicionais, o guia ressalta, especialmente aqueles localizados no Misir Çarsisi – o Bazar de Especiarias. O mais famoso deles, o Pandeli, celebra 110 anos e é uma instituição. E cobra mais caro por isso. Outros pontos no local, o Bab-I-Hayat e o Hamdi são opções mais baratas e simpáticas. Entre os restaurantes contemporâneos, Katia e Dalal citam o Changa (“com um décor que lembra o de um restaurante de Nova York”), o Cesayir (“um dos mais populares”) e o Mikla (“um de nossos prediletos”), os três na área da Avenida Istiklal. Mas há outros igualmente atraentes, estes na área de Ortaköy, onde os restaurantes, bares e boates à beira-mar valem-se da vista deslumbrante do Estreito de Bósforo. É o caso do Banyan, do Gaja, do Vogue e do Sunset Grill. Em todos os casos, o guia chama a atenção: os restaurantes com a inscrição içkisiz lokanta não servem álcool – a população turca é de maioria muçulmana. O segundo aspecto para quem gosta de comer é a culinária de rua. Se hoje o döner 50 E ATI N ’O UT kebeb é uma das atrações das calçadas de Paris e Berlim e o sis kebab um ícone das esquinas de Nova York, a origem está nas vias de Istambul. As duas atrações – e uma terceira o kofte – são os tratamentos mais comuns que os turcos dão à sua carne predileta: o cordeiro. No primeiro, a imensa colmeia giratória, que cozinha sem parar sobre uma fonte de calor até que a última fatia tenha recheado um pão faminto da hora do rush. O segundo, o espetinho marinado, que teve origem nas tribos otomanas e dominam a cozinha que vai do Marrocos ao Nepal. O terceiro, a matriz das almôndegas, que pode ser preparada no espeto ou no prato. O cordeiro moído é também recheio certo das dolmas (tomates e pimentões) e das sawarmas, os míticos charutos de folhas de uvas. O terceiro e o quarto aspectos são o das chamadas delícias turcas. Uma, no prato, outra no copo. No prato, trata-se de um universo de doces delicados, apesar do açúcar abundante, algum deles um energético indicado para quem Início de noite no restaurante Sunset em Stambul. quebra o jejum do período do hamadã. São especialidades como o bombom akide sekari, o lokum, que lembra uma jujuba, e o halva, com consistência semelhante à do marshmallow. “Istambul – Uma cidade fascinante”, de Dalal Achcar e Katia Mindlin Leite Barbosa. No copo, há um culto duplo: o do café e a do chá. É atribuída aos turcos a disseminação do café pela Europa. O chamado café turco, não coado, é um autêntico cerimonial, preparado em um aparelho próprio, com uma panelinha que aquece a água, o pó e o açúcar. “A pessoa responsável pelo preparo do café do sultão, no século 16, era um funcionário respeitado e de alta patente”, repara Dalal Achcar. Não menos intrincado é o preparo do chá – ou çay, na grafia original. A água esquenta em um recipiente maior, o samovar, enquanto a menor, com o chá, aquece em processo similar ao de um banho-maria, mais lento, mais tradicional, mais intenso e mais profundo, como um reflexo da própria tradição otomana. E ATI N ’O UT 51 Informe Especial Art Invest Orquestra de Câmara de Frankfurt. Investir em cultura ajuda o Brasil a se desenvolver Quem investe em cultura faz um bom negócio no Brasil. A trajetória da Art Invest, empresa brasileira especializada na realização e produção de concertos de música erudita e instrumental, é marcada, desde 2003, por projetos que se destacam pelo compromisso com a qualidade e por contribuir para a democratização das salas de espetáculos; ampliar e formar novas plateias; promover o intercâmbio cultural entre músicos nacionais e estrangeiros, além da inclusão social. Preocupada com a excessiva concentração de atrações culturais nas metrópoles brasileiras, a Art Invest inova, ao explorar novos circuitos, formados por cidades do interior do país. A Art Invest, nesses oito anos, realizou cerca de 1.700 concertos, produzidos em oito estados, incluindo o Distrito Federal : São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Paraná e Brasília, soman- do mais de 50 cidades espalhadas pelo país. Os projetos da Art Invest prezam pela qualidade na escolha dos artistas e dos repertórios apresentados. Com apresentações de grupos nacionais e internacionais de alto nível, contribui para o processo de inclusão cultural, criando uma rotina musical para o público brasileiro, que tem a oportunidade de conhecer os mais renomados musicistas do país e do mundo. “Musica no Masp” Leis de incentivos A Art Invest orgulha-se por ser responsável por algumas das mais importantes séries brasileiras de concertos. O projeto “Música no Masp”, lançado em 2007, é um bom exemplo da aposta na formação de novas plateias, despertando o interesse das novas gerações para apresentações de música erudita e instrumental. Todos os shows, gratuitos, são feitos para aproveitar a pausa no horário de almoço do público, sempre às terças-feiras, a partir das 12h30, no grande auditório do Museu de Artes de São Paulo. Com uma hora de duração, a série no Masp destina-se ao grande número de pessoas que circula pela Avenida Paulista. Por dia, um fluxo estimado em 1,5 milhão de pessoas desloca-se por meio deste corredor estratégico. Nesses quatro anos de existência, atrai até turistas vindos à capital visitar as exposições do Museu - que também têm entrada franca às terças-feiras -, além dos apaixonados pela boa música. A magia que a música exerce na construção de um novo cidadão é inquestionável. Os maiores educadores da humanidade, de Confúcio a Pestalozzi, não podiam e não queriam imaginar a formação positiva de um caráter sem a influência instigadora da música sobre a índole das crianças e dos homens. Seu poder pode funcionar como terapia para alívio e até cura em casos de alguns desvios de conduta. Talvez por isto, cresce o número de empresas que decidem priorizar investimentos na cultura, tendo como foco ampliar a educação musical, por meio das leis de incentivo, como a Lei Rouanet, que é federal. Entre estas organizações, que patrocinam as séries da Art Invest, destacam-se a EATON, SKY, Editora Sarandi, Lorenzetti, a Fundação Lia Maria Aguiar, a AON, entre dezenas de outras. “Todos estes parceiros, em comum, têm a convicção de que este é um caminho sustentável, capaz de formar pessoas melhores e lentamente revolucionar a mente de uma nação, permitindo impulsionar saltos em seu desenvolvimento rumo ao futuro”, diz o presidente da Art Invest, Antonio de Arruda Ribeiro. 52 E ATI N ’O UT Quinteto La Camorra. INFORME EATON LANÇA CIRCUITO MUSICAL PARA COMEMORAR CENTENÁRIO EM 2011 Para comemorar seu centenário no mundo, a Eaton Corporation, uma multinacional americana de gerenciamento de energia, com portfólio diversificado e negócios em mais de 150 países, lançou em outubro os “Concertos 100 anos Eaton”. Trata-se de um circuito de música erudita e instrumental, com orquestras e músicos nacionais e estrangeiros de prestígio, que percorrem oito cidades brasileiras. Esta iniciativa inédita da empresa é marcada por apresentações abertas ao público e gratuitas. A série, que começou no dia 6 de outubro, estende-se até o dia 2 de dezembro nas cidades de Mogi Mirim, Valinhos, Guaratinguetá, Vinhedo, São José dos Campos, Guarulhos e São Paulo, além da gaúcha Caxias do Sul Nelson Ayres Trio. PRESENTE ÀS COMUNIDADES CLÁSSICOS, JAZZ, TANGO... Segundo Francis Kusznir, gerente de Comunicação da Eaton - América do Sul, os “Concertos 100 anos Eaton” mostram a importância da comunidade vizinha às nossas unidades para a companhia. “A Eaton, que já investe na área educacional em várias cidades onde atua, decidiu expandir sua ação. Queremos oferecer à população mais opções culturais onde vive. A série é um presente às comunidades onde temos nossas plantas situadas. É a nossa forma de agradecer às cidades que estão crescendo junto conosco, nesta parceria sólida que já atravessa gerações”, afirma a executiva. Fotos: Divulgação Sinfonia Rotterdam. A Sinfonia Rotterdam (Holanda), uma das melhores orquestras da Europa e pela primeira vez no Brasil, é uma das grandes atrações dos “Concertos 100 anos Eaton”. Outro destaque é a orquestra Deutsches Kammerorchester de Frankfurt (Alemanha). O quinteto La Camorra (Argentina) enriquece o programa, com seu tango contemporâneo. A Traditional Jazz Band, que completa 45 anos, é outra atração, ao lado do prestigiado grupo brasileiro Nelson Ayres Trio, que já acompanhou a cantora paulista Mônica Salmaso, reconhecida por seu talento e sonoridade delicada. O estilo próprio de Ricardo Herz Trio, que produz um som a partir do forró, choro, baião, jazz e a MPB, contagia pela criatividade e irreverência, enquanto a orquestra de câmara brasileira Cantilena Ensemble se reinventa, com produções surpreendentes. Traditional Jazz Band. E ATI N ’O UT 53 Mesa & Arte por Fernanda Cobra Fotos: Divulgação Alquimia Um bom lugar para se degustar a arte é à mesa. Os sentidos do olfato, da visão e do paladar estão em sua completa função ao apreciar e saborear um bom prato. Quando se está em um lugar aconchegante de estética valorizada os sentidos agradecem. É nestas horas que a alquimia acontece, a potencialização do equilíbrio dos sentidos com a “Arte” ARTE A MAIS NO MCB Unir a arte do Museu da Casa Brasileira com o frescor de saladas, a leveza das massas caseiras, a sutileza de peixes em papillotte. Esse é o toque de arte gastronômica que o restaurante Quinta do Museu realiza para os visitantes da instituição, no Solar do Prado, um dos oásis culturais da Faria Lima, que integra da rede de museus do Governo do Estado de São Paulo - é o único no Brasil especializado em arquitetura e design, aos quais dedica eventos como exposições temporárias, palestras, cursos, peças de teatro e programação educativa. Além do cardápio frugal, o restaurante, comandado por Eduardo Poccard e Miklos Hiromada, oferece um leque de especialidades bem brasileiras, do barreado à moqueca, além de um cardápio de sanduíches, pratos infantis e uma carta de bebidas criativas, que fizeram da casa um ponto de encontro para moradores e executivos que trabalham na região. Quinta do Museu - Av. Brig. Faria Lima 2705, Jardim Paulista, São Paulo Tel.: (11) 3031-0005 - www.quintadomuseu.com.br CRÂNIO NO IQ A partir de 3 de novembro, o IQ Art Gallery, do restaurante Chakras, nos Jardins, ganha a exposição do grafiteiro Cranio. O artista paulistano trabalha nas ruas desde 1998 e é conhecido por pintar índios azuis, com alto grau de detalhes, interagindo com o caos urbano. Seu trabalho abrange desde o uso de painéis e telas até a decoração de ambientes, tudo feito a partir do reaproveitamento de materiais como latas de spray, caixas de cigarros e, principalmente, colorindo muros pela cidade de São Paulo. A obra de Crânio estará em cartaz na casa até 27 de novembro. Chakras - Rua Doutor Melo Alves 294, Jardins, São Paulo Tel.: (11) 3087-8900 - www.chakras.com.br PINTURAS NO MESTIÇO O restaurante Mestiço, na Consolação, acaba de receber um tempero artístico: a exposição “Ponte Aérea São Paulo – Lisboa”, individual do pintor André Crespo. Em seu currículo, uma série de exposições individuais e coletivas, no Brasil, Estados Unidos, Inglaterra, França, Espanha e Portugal, entre 2008 e 2011. Obras de sua autoria integram coleções particulares e públicas, no Brasil e no exterior. “Crespo vive de sua arte, falando de sua época, de seu humor, de seu amor, colorindo a sua vida e a de todos que olham para seu trabalho, tão contemporâneo e, por que não dizer, tão cheio de asfalto”, revela Eduardo Esteves, curador da exposição. Mestiço - Rua Fernando Albuquerque 277, Consolação, São Paulo Tel.: (11) 3256-3165 - www.mestico.com.br 54 EEATI ATI N N ’OUT ’O UT Ponte Aérea Foto: Luna Garcia Espaço aberto O leque de aromas que se encontra no Pote do Rei está mais estabelecido do que nunca. Depois do cardápio balanceado, que destaca desde pratos finos, como a seleção de ostras frescas, aos mais elaborados, no nível de uma sela de cordeiro, passando por uma adega de mais de 150 rótulos, a casa tem agora um espaço aberto para quem quer curtir o seu charuto no happy hour ou após as refeições. Trata-se de um pátio ao ar livre (com teto retrátil) que cria uma atmosfera da litoral mediterrâneo. A mobília branca com toques coloridos agrega a esse salão um toque relaxante e moderno, com vista para a charmosa Rua Joaquim Antunes. O Pote do Rei - Rua Joaquim Antunes 224 – SP Tel.: (11) 3068-9888 Foto: Alexander Landau O famoso Q Um “gastrobar”. Esta é a proposta do Q, nova casa do grupo Quadrucci que, tal, como a sua matriz, abre seu balcão e suas mesas para a badalação da Rua Dias Ferreira, no Leblon. No cardápio, tapas, tartares e panelinhas de quitutes. No bar, as criações da bartender Lara Jennings, formada na Escola de Mixologia de Nova Iorque. Ela leva ao ponto uma combinação de drinques contemporâneos como o apérol, mas sem esquecer os coquetéis de maior audiência. “Daremos ênfase também aos drinques clássicos, servidos na forma tradicional”, revela Lara. Q – Rua Dias Ferreira 617, Leblon – RJ Tel.:(21) 2113-0564 Destino certo Fotos: Divulgação Romano Fontanive é o novo manager do Gabbiano Ristorante, na Barra da Tijuca. Carioca, filho de italiano, ele formou-se em hotelaria na Escola de Belluno e percorreu boa parte da Europa trabalhando em restaurantes na Itália, Inglaterra, Áustria, Suíça e Alemanha, onde fez da Hosteria Nobili Fulcis “um destino certo de gourmets”, segundo a imprensa alemã, que classificou a casa entre as melhores do país. “Trago entusiasmo de sobra para satisfazer os exigentes clientes da casa carioca”, anuncia. Gabbiano – Av. das Américas 3255, loja 142 - Shopping Barra Garden Tel.:(21) 3153-5529 Loly Para quem acha que a onda dos pirulitos anda ultrapassada, basta dar uma olhada nos repertórios de restaurantes como o El Bulli ou o Plaza Athenée. Ou ainda em alguns dos bufês mais badalados do Brasil, como do chef catalão Oscar Bosch, que apresenta uma fórmula de lollypop de queijo de cabra com gelatina de framboesa ao seu CookMe (11-8785-4410). A ideia vem no rastro de sua atuação em restaurantes de vanguarda como o El Celler de Can Roca, o belga Hof Van Cleve e, não por coincidência, o próprio El Bulli. E ATI N ’O UT 55 56 E ATI N ’O UT