EFAR - Diss - Bruna Caroline Vieira Pitol
Transcrição
EFAR - Diss - Bruna Caroline Vieira Pitol
Universidade Federal de Ouro Preto Escola de Farmácia Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas (CIPHARMA) Análise da expressão das proteínas p16, p53 e L1/HPV nas lesões intraepiteliais cervicais Bruna Caroline Vieira Pitol Ouro Preto – MG - Brasil Junho de 2012 Universidade Federal de Ouro Preto Escola de Farmácia Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas (CIPHARMA) Análise da expressão das proteínas p16, p53 e L1/HPV nas lesões intraepiteliais cervicais Bruna Caroline Vieira Pitol Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Escola de Farmácia da Universidade Federal de Ouro Preto, para obtenção do Grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas. Orientadora: Profa. Dra. Angélica Alves Lima Co-orientadora: Profa. Dra. Cláudia M.Carneiro Ouro Preto – MG - Brasil Junho de 2012 Dedico este trabalho... Aos meus pais, Fioravante e Alzeni, e aos meus irmãos, Marcus, Sandra e Dudu. Uma família especial, que apesar dos obstáculos, permanece sempre unida. Agradecimentos Pitol, BCV À Deus e ao meu anjo da guarda, por não me deixarem desistir do meu caminho. Aos meus pais, Fioravante e Alzeni, pela luta e esforços diários em busca da minha formação. Aos meus irmãos Sandra e Dudu, pelas palavras de incentivo. À Deni, pelo carinho durante tantos anos. Ao meu irmão Marcus, por ser tão especial! Obrigada por sempre estar ao meu lado. Você é e sempre será meu maior exemplo. À Profa. Dra. Angélica Alves Lima, minha orientadora, por todo o aprendizado e oportunidades proporcionadas durante todos estes anos. Por tornar possível a conclusão deste projeto e contribuir para minha formação profissional. Por ser um exemplo de professora que possui ética e respeito pelos seus alunos. E também pela amizade e delicadeza sempre presentes. Minha eterna gratidão! À Profa. Dra. Cláudia Martins Carneiro, minha co-orientadora, por ser imprescindível para a realização deste projeto. Por todo o aprendizado repassado ao longo destes anos e pela disponibilidade e paciência em me ajudar em tantos momentos. Muito obrigada! Ao Laboratório Tafuri, em especial ao Dr. Alexandre Tafuri, pela colaboração e disponibilidade na realização deste projeto. À Profa. Dra. Ilka Afonso Reis, pela colaboração e por ser fundamental na conclusão das análises estatísticas. Aos professores, funcionários e alunos do LIMP (Laboratório de Imunopatologia) e LPC (Laboratório de Pesquisa Clínica), por toda a ajuda na execução deste projeto. Obrigada por me receberem e colaborarem em diversos momentos. Em especial à Carol e Paula, pelo auxílio nos momentos em que precisei. À equipe da Profa. Dra. Angélica A. Lima, alunas: Bárbara, Lenita, Priscila, Paula e em especial à Pri e Nayara (companheiras de tantos momentos), por toda a ajuda prestada para a realização deste trabalho. Muito obrigada pela amizade sempre presente! À Profa. Dra. Rita de Cássia Stocco, pelo suporte prestado para a execução deste trabalho. Agradecimentos Pitol, BCV Ao Prof. Roney Luiz de Carvalho Nicolato, exemplo de profissional farmacêutico. Obrigada pelo carinho, ensinamentos e por manter as portas do LAPAC sempre abertas. Aos Profs. Dr.Luiz Fernando de Medeiros Teixeira e Dr.Laser Antônio Machado Oliveira, pelas sugestões na banca de qualificação. Às amigas Dani e Ana, pelos bons momentos e apoio diários. Sem vocês o caminho teria sido mais árduo. Obrigada por dividirem comigo tantas experiências nesta casa. À Rep. Caixotinho, meu refúgio. Obrigada por sempre fazer parte das minhas melhores lembranças. Atuais moradoras pelos bons momentos e pela ajuda nestes dois anos. Em especial à KT, por ter cuidado tanto de mim em tempos difíceis! Às amigas Débora, Luana, Priscilla, Caru, Jamily, Mari e KT! Irmãs para a vida toda. Obrigada pelas inúmeras palavras de apoio, pela presença constante e por torcerem tanto pelo meu sucesso. Amo muito vocês! Aos amigos Rodrigo, Giani e Dani, por serem os sobreviventes da Farmácia 04/2 em OP! Rodrigo, obrigada por tudo ao longo destes anos. Jamais te deixarei! Aos amigos da turma de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, pela convivência e momentos compartilhados. Aos verdadeiros amigos de Ouro Preto, GV e Divino das Laranjeiras, pelo companheirismo. Aos professores e funcionários do programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas-Cipharma, pela oportunidade. À FAPEMIG, CAPES e CNPq pelo financiamento e apoio na realização deste trabalho. Às pacientes, que concordaram em participar deste projeto, permitindo que o material biológico fosse utilizado nesta tese. À todas as pessoas que torcem verdadeiramente por mim, meu muito obrigada! “Ser feliz é encontrar força no perdão, esperanças nas batalhas, segurança no palco do medo, amor nos desencontros. É agradecer a Deus a cada minuto pelo milagre da vida.” Fernando Pessoa Sumário Pitol, BCV 1) Introdução..................................................................................................................... 1 2) Objetivos ...................................................................................................................... 4 2.1) Objetivo Geral ....................................................................................................... 5 2.2) Objetivos Específicos ............................................................................................ 5 3) Revisão da literatura ..................................................................................................... 6 3.1) Papilomavírus Humano (HPV).............................................................................. 7 3.1.1) Estrutura e organização do genoma viral ........................................................ 7 3.1.2) Classificação dos Papilomavírus..................................................................... 8 3.2) Desenvolvimento do câncer cervical ................................................................... 10 3.2.1) Transmissão viral .......................................................................................... 11 3.2.2) Infecção pelo HPV ........................................................................................ 12 3.2.3) Remissão ou persistência da infecção por HPV e/ou das lesões precursoras 15 3.2.3.1) Remissão ................................................................................................ 15 3.2.3.2) Persistência ............................................................................................. 15 3.2.4) Progressão de um clone de células infectadas para pré-câncer e invasão..... 16 3.2.4.1) Ciclo celular ........................................................................................... 16 3.2.4.2) Mecanismo carcinogênico ...................................................................... 18 3.3) Diagnóstico das lesões intraepiteliais cervicais e do HPV .................................. 20 3.3.1) Citologia........................................................................................................ 21 3.3.2) Colposcopia................................................................................................... 23 3.3.3) Histologia ...................................................................................................... 23 3.3.4) Técnicas moleculares para detecção do DNA do HPV ................................ 24 3.4) Biomarcadores e o diagnóstico do câncer cervical .............................................. 25 3.4.1) Proteína p53 .................................................................................................. 27 i Sumário Pitol, BCV 3.4.2) Proteína p16 .................................................................................................. 27 3.4.3) Teste para análise dos biomarcadores ........................................................... 28 3.5) Tratamento ........................................................................................................... 29 4) Metodologia ............................................................................................................... 31 4.1) Amostragem ........................................................................................................ 32 4.2) Imuno-histoquímica ............................................................................................. 32 4.2.1) Preparação das lâminas ................................................................................. 33 4.2.2) Desparafinização ........................................................................................... 33 4.2.3) Recuperação antigênica ................................................................................ 33 4.2.4) Bloqueio da atividade da peroxidase endógena ............................................ 33 4.2.5) Anticorpo primário........................................................................................ 34 4.2.6) Anticorpo secundário .................................................................................... 34 4.2.7) Revelação ...................................................................................................... 35 4.2.8) Contra-coloração e montagem das lâminas .................................................. 35 4.3) Coloração com Hematoxilina-Eosina (HE) ......................................................... 36 4.4) Fotodocumentação e análise da marcação imuno-histoquímica ......................... 36 4.5) Análise estatística ................................................................................................ 37 5) Resultados .................................................................................................................. 40 5.1) Caracterização da amostra selecionada, revisão e reclassificação dos laudos anatomopatológicos .................................................................................................... 41 5.2) Padronização ........................................................................................................ 42 5.3) Análise da expressão das proteínas de ciclo celular ............................................ 46 5.3.1) Proteína p16 .................................................................................................. 46 5.3.2) Proteína p53 .................................................................................................. 51 5.4) Análise do Papilomavírus Humano (HPV) ......................................................... 53 5.5) Correlação entre a expressão das proteínas p16, p53 e L1/HPV ......................... 58 ii Sumário Pitol, BCV 5.6) Análise da eficiência diagnóstica dos testes imuno-histoquímicos das proteínas p16, p53 e L1/HPV ..................................................................................................... 60 5.7) Comparação dos métodos de análise imuno-histoquímica: quantitativo x qualitativo (parâmetro distribuição)............................................................................ 65 6) Discussão .................................................................................................................... 67 6.1) Proteínas do ciclo celular: p16 e p53 ................................................................... 68 6.2) Análise do HPV ................................................................................................... 70 6.3) Proteínas do ciclo celular e HPV ......................................................................... 72 6.4) Eficiência diagnóstica dos testes imuno-histoquímicos das proteínas p16, p53 e L1/HPV ....................................................................................................................... 73 6.5) Análise imuno-histoquímica ................................................................................ 74 7) Conclusão ................................................................................................................... 79 8) Referências ................................................................................................................. 81 9) Anexos...................................................................................................................... 102 iii Lista de Figuras Pitol, BCV Figura 1: Organização estrutural do genoma do HPV, destacando a localização e algumas funções da região reguladora LCR e das ORFs E e L. ....................................... 9 Figura 2: Etapas da carcinogênese cervical................................................................... 11 Figura 3: Epitélio cervical. ............................................................................................ 13 Figura 4: Complexos ciclinas-CDKs nas fases do ciclo celular. ................................... 17 Figura 5: Mecanismos de controle do ciclo celular....................................................... 20 Figura 6: Parâmetros considerados na análise qualitativa..Erro! Indicador não definido. Figura 7: Diluições testadas para o anticorpo anti-p16 ......Erro! Indicador não definido. Figura 8: Diluições testadas para o anticorpo anti-p53 ......Erro! Indicador não definido. Figura 9: Diluições testadas para o anticorpo anti-L1/HPV ......................................... 45 Figura 10: Padrão de marcação observado na imuno-histoquímica utilizando anticorpo anti-p16 ................................................................................ Erro! Indicador não definido. Figura 11: Padrão de marcação observado na imuno-histoquímica utilizando anticorpo anti-p53 ................................................................................ Erro! Indicador não definido. Figura 12: Padrão de marcação observado na imuno-histoquímica utilizando anticorpo anti-L1/HPV ........................................................................Erro! Indicador não definido. Figura 13: Curva ROC para as proteínas p16 e L1/HPV, isoladas ou em associação. . 62 Figura 14: Valor Preditivo Positivo (VPP), Valor Preditivo Negativo (VPN) e Eficiência (Ef) diagnóstica dos testes imuno-histoquímicos de L1/HPV e p16 ............. 64 iv Lista de Tabelas Pitol, BCV Tabela 1: Sistemas de classificação das lesões cervicais. ............................................. 21 Tabela 2: Anticorpos primários e condições utilizadas na imuno-histoquímica. .......... 35 Tabela 3: Diagnóstico das amostras extraído dos laudos do Laboratório Tafuri. ......... 41 Tabela 4: Expressão da proteína p16 de acordo com o diagnóstico histopatológico. ... 46 Tabela 5: Análise do padrão de imunorreatividade da p16 em relação ao parâmetro distribuição de acordo com o diagnóstico histopatológico. ............................................ 47 Tabela 6: Análise do padrão de imunorreatividade da p16 em relação ao parâmetro intensidade de acordo com o diagnóstico histopatológico. ............................................ 48 Tabela 7: Análise do padrão de imunorreatividade da p16 em relação ao parâmetro topografia de acordo com o diagnóstico histopatológico. .............................................. 49 Tabela 8: Expressão da proteína p53 de acordo com o diagnóstico histopatológico. ... 51 Tabela 9: Expressão da proteína L1/HPV de acordo com o diagnóstico histopatológico. ........................................................................................................................................ 54 Tabela 10: Análise do padrão de imunorreatividade da L1/HPV em relação ao parâmetro distribuição de acordo com o diagnóstico histopatológico. .......................... 54 Tabela 11: Análise do padrão de imunorreatividade da L1/HPV em relação ao parâmetro intensidade de acordo com o diagnóstico histopatológico. ........................... 55 Tabela 12: Análise do padrão de imunorreatividade da L1/HPV em relação ao parâmetro topografia de acordo com o diagnóstico histopatológico. ............................. 56 Tabela 13: Análise da expressão da L1/HPV e p16, pelo método quantitativo, de acordo com diagnóstico histopatológico. ................................................................................... 59 Tabela 14: Análise da expressão da L1/HPV e p16, pelo método qualitativo (parâmetro distribuição), de acordo com diagnóstico histopatológico. ............................................ 59 Tabela 15: Análise da eficiência diagnóstica das proteínas p16 e L1/HPV, isoladas ou em associação, considerando os resultados do método quantitativo. ............................. 63 Tabela 16: Análise da eficiência diagnóstica das proteínas p16 e L1/HPV, isoladas ou em associação, considerando os resultados do parâmetro distribuição do método qualitativo. ...................................................................................................................... 63 Tabela 17: Análise da concordância entre os métodos quantitativo e qualitativo na avaliação da expressão da p16. ....................................................................................... 66 Tabela 18: Análise da concordância entre os métodos quantitativo e qualitativo na avaliação da expressão da p53. ....................................................................................... 66 Tabela 19: Análise da concordância entre os métodos quantitativo e qualitativo na avaliação da expressão da L1/HPV. ............................................................................... 66 v Lista de Abreviaturas Pitol, BCV ANVISA: Agência Nacional de Vigilância Sanitária ACOG: American College of Obstetricians and Gynecologists (Sociedade Americana de Obstretas e Ginecologistas) ACS: American Cancer Society (Sociedade Americana do Câncer) ASCUS: Células Escamosas Atípicas de Significado Indeterminado CDK: Cyclin Dependent Kinase (Quinase Dependente de Ciclina) CDKI: Inhibitor of Cyclin Dependent Kinase (Inibidor de Quinase Dependente de Ciclina) E: Early (Precoce) E2F: Fator de transcrição FDA: Food and Drug Administration (Agência Reguladora dos EUA de Alimentos e Medicamentos) HPV: Human Papillomavirus (Papilomavírus Humano) HSIL: High Grade Squamous Intraepithelial Lesion (Lesão Intraepitelial Escamosa de Alto Grau) INCA: Instituto Nacional do Câncer IHQ: Imuno-histoquímica JEC: Junção Escamo-Colunar L: Late (Tardia) LCR: Long Control Region (Região Reguladora) LSIL: Low Grade Squamous Intraepithelial Lesion (Lesão Intraepitelial Escamosa de Baixo Grau) NIC: Neoplasia Intraepitelial Cervical NIC I: Neoplasia Intra-epitelial Cervical Grau I NIC II: Neoplasia Intra-epitelial Cervical Grau II NIC III: Neoplasia Intra-epitelial Cervical Grau III ORF: Open Reading Frame (Região de Leitura Aberta) pb: pares de bases PCR: Polymerase Chain Reaction (Reação em Cadeia da Polimerase) PV: Papilomavírus RFLP: Restriction Fragment Length Polymorphism (Polimorfismos dos Comprimentos dos Fragmentos de Restrição) vi Lista de Abreviaturas Pitol, BCV SUS: Sistema Único de Saúde VLP: Vírus Like Particle (Partículas Semelhantes ao Vírus) WHO: World Health Organization ( Organização Mundial de Saúde) vii Resumo Pitol, BCV O câncer cervical é o terceiro tipo de tumor mais frequente na população feminina mundial. A associação entre o Papilomavírus Humano (HPV) e as lesões préneoplásicas e neoplásicas do colo uterino está bem estabelecida. As oncoproteínas virais E6 e E7 interferem nos mecanismos de controle do ciclo celular da célula hospedeira e a investigação de proteínas regulatórias deste ciclo pode apontar algum biomarcador, que auxiliaria na definição da gravidade da neoplasia intraepitelial cervical. Objetivo: Analisar a expressão das proteínas do ciclo celular p16 e p53 e da L1 do vírus HPV (L1/HPV) em cervicites, neoplasias intraepiteliais cervicais e carcinomas e discutir a possível utilização como biomarcadores da gravidade destas lesões. Metodologia: Um total de 150 amostras de biópsias obtidas dos arquivos do Laboratório Tafuri, Belo Horizonte, MG, no período de 2006 a 2011, distribuídas de acordo com o diagnóstico histopatológico em LB, NIC I, NIC II, NIC III e CEI, foram submetidas ao procedimento de imuno-histoquímica para avaliar as proteínas p16, p53 e L1/HPV. Foram considerados dois métodos de análise da imuno-histoquímica: quantitativo e qualitativo (distribuição, intensidade e topografia). Resultados: A expressão da proteína p16 aumentou significativamente com a gravidade da lesão, independente do critério de análise, quantitativo (p=0,000) ou qualitativo (p=0,000), sendo que a quantificação permitiu diferenciar alguns graus de lesão. Associação estatisticamente significativa foi verificada também em relação aos parâmetros intensidade (p=0,000) e topografia (p=0,001). A expressão da proteína p53 não variou com a gravidade das lesões, seja pelo método quantitativo ou qualitativo. A proteína L1/HPV foi menos expressa nas lesões mais graves e associação significativa foi verificada entre o padrão de expressão da L1/HPV e o diagnóstico histopatológico tanto na análise quantitativa (p=0,000) quanto na qualitativa (p=0,006). A eficiência diagnóstica do teste da p16 e L1/p16 foi maior em relação à L1 isolada. Não foi observada melhoria no diagnóstico quando o teste da p16 foi associado à análise da L1/ HPV por imuno-histoquímica. A concordância entre os métodos de análise quantitativa e qualitativa não foi muito elevada, sendo maior na avaliação da p16 (k=0,617) e menor em L1/HPV(k=0,172). Conclusão: A proteína p16 parece promissora como biomarcador no prognóstico da neoplasia intraepitelial cervical. Por outro lado, a p53 não tem valor na avaliação de qualquer grau de NIC ou carcinoma. O padrão de expressão da L1/HPV sugere a fase da infecção viral (produtiva ou de transformação). A análise conjunta da p16 e L1/HPV pode ser útil para ser aplicada juntamente com a histologia, auxiliando na diferenciação do grau da lesão, além de sugerir a fase da infecção e direcionar o acompanhamento das pacientes. A utilização dos biomarcadores na rotina depende da padronização de variáveis relacionadas à técnica de imuno-histoquímica e dos métodos de interpretação dos resultados. O método quantitativo mostrou maior precisão, entretanto, apresenta dificuldades na padronização e execução. viii Abstract Pitol, BCV Cervical cancer is the third most frequent type of tumor in the female population worldwide. The association between human papillomavirus (HPV) and cervical preneoplastic and neoplastic lesions of the cervix is well established. The viral oncoproteins E6 and E7 interfere with the mechanisms of cell cycle control of the host cell and the investigation of this cycle regulatory proteins may point a biomarker that would help in the prognosis of cervical intraepithelial neoplasia. Objective: To analyze the expression of cell cycle proteins p16 and p53 and HPV L1 virus (L1/HPV) in cervicitis, cervical intraepithelial neoplasias and carcinomas and discuss the possible use as biomarkers in the prognosis of these lesions. Methodology: A total of 150 biopsy samples taken from the archives of the Laboratory Tafuri, Belo Horizonte, MG, in the period 2006 to 2011, distributed according to the histopathological diagnosis of LB, CIN I, CIN II, CIN III and CIS, underwent the procedure immunohistochemistry to evaluate the protein p16, p53 and L1/HPV. We considered two methods of analysis of immunohistochemistry, quantitative and qualitative (distribution, intensity and location). Results: The expression of p16 protein increased significantly with the severity of the lesion, regardless of the criteria for analysis, quantitative (p = 0.000) or qualitative (p = 0.000), and quantification was possible to differentiate some degree of lesion. A statistically significant association was found also for the intensity parameters (p = 0.000) and topography (p = 0.001). The p53 protein expression did not vary with the severity of lesions, whether quantitative or qualitative method. L1/HPV The protein was expressed in less severe lesions and a significant association was found between the expression pattern and histopathological diagnosis of L1/HPV both in quantitative analysis (p = 0.000) and in qualitative (p = 0.006). The diagnostic efficiency of the test and p16 L1/p16 was higher compared to L1 alone. No improvement was observed when the test in the diagnosis of p16 has been associated to the analysis of L1 / HPV by immunohistochemistry. The agreement between the methods of quantitative and qualitative analysis was not very high, being higher in the evaluation of p16 (k = 0.617) and lowest in L1/HPV (k = 0.172). Conclusion: The p16 protein appears promising as a biomarker in the prognosis of cervical intraepithelial neoplasia. Moreover, p53 is not important in the evaluation of any grade CIN or carcinoma. The pattern of expression suggests L1/HPV phase of viral infection (production or processing). The combined analysis of p16 and L1/HPV can be useful to be applied in conjunction with histology, helping to differentiate the degree of lesion, and suggest the stage of infection and direct monitoring of patients. The use of biomarkers in the routine depends on the standardization of variables related to the technique of immunohistochemistry and methods of interpreting the results. The quantitative method showed greater precision, however, presents difficulties in standardization and implementation. ix 1) Introdução Introdução Pitol, BCV O câncer cervical ou do colo do útero é o terceiro tipo de tumor mais frequente entre as mulheres, com aproximadamente 529 mil novos casos e uma média de 275 mil óbitos por ano em todo o mundo. Sua incidência é cerca de duas vezes maior em países em desenvolvimento quando comparada aos mais desenvolvidos (INCA, 2011). A infecção por HPV é reconhecida mundialmente como a causa principal do câncer cervical (zur Hausen, 1974; zur Hausen, 1976; zur Hausen, 1977; zur Hausen, 2009). O mecanismo carcinogênico exercido pelo vírus está relacionado com a atuação das oncoproteínas virais E6 e E7 sobre os mecanismos de controle do ciclo celular, desregulando os processos celulares de proliferação (Boulet et al., 2007; Moody & Laimins, 2010). Atualmente, a realização do exame de Papanicolaou ou preventivo é a estratégia primária utilizada na prevenção do câncer cervical (WHO, 2010). A eficácia da detecção precoce de anormalidades citológicas através deste exame é responsável pela redução na incidência do câncer, bem como na taxa de mortalidade (Anghebem-Oliveira & Merlin, 2010). No entanto, o diagnóstico preciso do tipo de lesão existente só ocorre a partir do exame anatomopatológico (Sellors & Sankaranarayanan, 2003). Um problema vigente, no que se refere ao diagnóstico histopatológicos, é a baixa reprodutibilidade intra e inter-observadores. Isto ocorre porque os critérios de classificação adotados são muito subjetivos. O diagnóstico diferencial entre as lesões de baixo grau (Neoplasia Intraepitelial Cervical grau I – NIC I) e as de alto grau (Neoplasia Intraepitelial Cervical graus II e III – NIC II e III) é muito variável entre os patologistas, principalmente na transição de NIC I para NIC II. A conduta clínica das pacientes depende da graduação das lesões, uma vez que as de baixo e alto graus são tratadas de formas diferentes (Martin & O'leary, 2011). O rastreamento das lesões cervicais, tanto no âmbito citológico quanto no histológico, é baseado somente na análise microscópica de critérios morfocitológicos do material analisado. Este tipo de avaliação não fornece suporte a respeito da dinâmica de regressão ou progressão das lesões pré-neoplásicas (Baak et al., 2006). Sendo assim, muitas mulheres com lesões que iriam regredir voluntariamente estão sendo tratadas desnecessariamente, gerando transtornos à paciente, pois muitas vezes o tratamento é invasivo. Ao passo que outras mulheres com lesões com potencial de evolução para carcinoma invasor podem não estar sendo tratadas (Martin & O'leary, 2011). 2 Introdução Pitol, BCV Neste contexto, a identificação de biomarcadores que possam fornecer informações sobre a progressão ou regressão das lesões e, portanto, melhorar o prognóstico e diagnóstico, pode representar significativo avanço nos programas de rastreamento e prevenção do câncer cervical (Anghebem-Oliveira & Merlin, 2010). A busca por novos marcadores e pelo entendimento da correlação entre os já existentes vêm sendo objeto de muitas pesquisas atualmente. Um marcador eficiente deve ser (a) sensível, para não subdiagnosticar os casos que necessitam de tratamento e (b) preciso, para identificar apenas os casos realmente positivos. O ideal é que o biomarcador esteja especificamente associado à evolução da doença, apresentando capacidade de discriminar lesões de baixo e alto graus com risco de progredir daquelas com maior chance de regredir espontaneamente (Wentzensen & von Knebel Doeberitz, 2007). No caso do câncer cervical, considerando que o HPV interfere nos mecanismos de controle do ciclo celular da célula hospedeira, a investigação de proteínas regulatórias deste ciclo pode apontar algum biomarcador na identificação de lesões cervicais com risco real de evolução para carcinoma (Tsuda et al., 2003; Wang et al., 2004). Atualmente, as proteínas regulatórias do ciclo celular, como a p53, ciclina D1, ciclina E, CDK4 e inibidores de ciclinas (p21, p27, p16) vem sendo amplamente estudadas (Ghobashy et al., 2004; Bahnassy et al., 2006, Pinto et al., 2012). A expressão das proteínas de supressão tumoral, como a p16 e p14, em células epiteliais do colo do útero, tem sido relacionada com lesões de alto grau (Wang et al., 2005; Bulten et al., 2006). Já a relação da expressão da p53 com as lesões pré-neoplásicas e neoplásicas da cérvice não está bem estabelecida (Herbsleb, 2001; Turkcuoglu et al., 2007). Além disso, há um grande interesse na inclusão de testes para análise do DNA do HPV nos programas de triagem diagnóstica do câncer cervical (Agoff et al., 2003; Godoy et al., 2008; Gatta et al., 2011; Martin & O'leary, 2011). Uma opção mais recente de avaliação viral é a análise da expressão das proteínas L1 e E6/E7 do HPV (Yoshida et al., 2008; Hoshikawa et al., 2010; Huang et al., 2010; Ungureanu et al., 2010; Frega et al., 2011). Neste estudo foram analisadas as proteínas do ciclo celular p16 e p53 e a proteína L1 do vírus HPV como possíveis biomarcadores da gravidade da neoplasia intraepitelial cervical. 3 2) Objetivos Objetivos Pitol, BCV 2.1) Objetivo Geral Analisar a expressão das proteínas do ciclo celular p16 e p53 e da L1 do vírus HPV (L1/HPV) em cervicites, neoplasias intraepiteliais cervicais e carcinomas e discutir a possível utilização como biomarcadores da gravidade destas lesões. 2.2) Objetivos Específicos - Correlacionar o padrão de expressão da p16 e p53 com o da L1/HPV e avaliar estas proteínas, isoladamente ou associadas, como possíveis biomarcadores da gravidade da neoplasia intraepitelial cervical; - Comparar dois métodos de análise da imuno-histoquímica das proteínas p16, p53 e L1/HPV: quantitativo e qualitativo (parâmetro distribuição); - Avaliar o desempenho e a eficiência diagnóstica dos testes imuno-histoquímicos das proteínas p16, p53 e L1/HPV. 5 3) Revisão da literatura Revisão da Literatura Pitol, BCV O entendimento da etiologia do câncer cervical foi um grande desafio para os pesquisadores (zur Hausen, 2009). Inicialmente, atribuíram a ocorrência da neoplasia ao vírus Herpes Simples tipo 2 (Rawls et al., 1968; Naib et al., 1969; Nahmias et al., 1970). Entre 1974 e 1976, zur Hausen e colaboradores mostraram a importância do Papilomavírus Humano (HPV) na gênese e evolução do tumor cervical (zur Hausen et al., 1974; zur Hausen et al., 1976; zur Hausen et al., 1977). Posteriormente, Meisels e Fortin observaram que os tipos celulares, denominados coilócitos, encontrados em esfregaços cervicais de pacientes com displasias leves, seriam indicativos de alteração celular provocada pelo HPV (Meisels & Fortin, 1976; Meisels et al., 1977). Em 1982, surgiram os primeiros trabalhos relatando o isolamento de tipos de HPV em amostras cervicais (Gissmann et al., 1982 a,b; Zachow et al., 1982; Green et al., 1982). O primeiro estudo epidemiológico sobre HPV e câncer cervical foi publicado em 1987 (de Villiers, 1987). A partir de então, muitos projetos vêm sendo conduzidos em todo o mundo para avaliar, principalmente: (a) a interação do vírus com a gênese do câncer, (b) os mecanismos envolvidos na infecção viral e no desenvolvimento de lesões, bem como remissão ou progressão destes eventos, (c) a prevalência da infecção por HPV, (d) os fatores associados ao vírus e importantes na carcinogênese, (e) diferentes métodos de detecção do HPV, (f) testes para melhoria da sensibilidade e especificidades no prognóstico e diagnóstico do câncer cervical e (g) vacinas profiláticas e terapêuticas ou outros tipos de tratamento. Além disso, atualmente muito se discute a respeito do papel do HPV em neoplasias anogenitais, da orofaringe e da pele (Campo, 2003; Forslund, 2007; Giuliano et al., 2008; zur Hausen, 2009; Munday et al., 2010; Marklund et al., 2011). 3.1) Papilomavírus Humano (HPV) 3.1.1) Estrutura e organização do genoma viral Os Papilomavírus (PVs) apresentam tropismo por células epiteliais e infectam pele e membranas mucosas de órgãos genitais, esôfago, boca, laringe de mamíferos, aves e reptéis, causando lesões (de Villiers et al., 2004; Doorbar, 2005). Na maioria dos casos essas lesões tendem a regredir espontaneamente, sem graves consequências clínicas. No entanto, algumas proliferações papilomatosas induzidas por tipos 7 Revisão da Literatura Pitol, BCV específicos de PVs, associadas a determinados fatores de risco, podem evoluir para um tumor maligno (Matsukura & Sugase, 2001; zur Hausen, 2002; Clifford et al., 2003; Muñoz et al., 2003). O Papilomavírus Humano (HPV) é um vírus não envelopado, com simetria icosaédrica, cujo genoma consiste em dupla fita de DNA circular, com aproximadamente 8000 pares de bases, envolvido em uma capa protéica, o capsídeo viral, com 72 capsômeros e diâmetro aproximado de 54nm (de Villiers et al., 2004). O genoma do HPV é dividido em 8 regiões abertas de leitura (Open Reading Frames, ORF) e uma região de controle (Long Control Region, LCR). Os genes são denominados E (early) ou L (late), de acordo com a sua expressão, mais precoce (E) ou mais tardia (L), nos estágios de diferenciação do epitélio do hospedeiro (Figura 1). Inicialmente, são expressos E1, E2, E5, E6 e E7. A expressão de E4 ocorre durante todo o processo. Posteriormente, nos estágios finais da diferenciação, são expressos os genes estruturais, L1 e L2 (Schiffman et al., 2007; Steben & Duarte-Franco, 2007). Os genes contidos nas ORFs expressam proteínas específicas, com funções distintas (Figura 1). As ORFs E1 e E2 codificam proteínas envolvidas na regulação da replicação do DNA viral; sendo que E2 também está envolvida na transcrição do DNA viral. A proteína E4 contribui diretamente para a liberação de novos vírus na superfície epitelial, pois desestabiliza as redes de citoqueratina das células. As proteínas codificadas pelas ORFs E5, E6 e E7 são oncoproteínas responsáveis pela transformação celular acarretada pela infecção viral. Os genes L1 e L2 codificam as proteínas capsídicas, principal e secundária, respectivamente (Doorbar, 1996; Hamid et al., 2009; D'abramo & Archambault, 2011). A LCR é responsável por regular a expressão e transcrição dos genes virais. Esta região também contém sítios de ligação para as proteínas virais E1 e E2 e numerosos sítios de ligação para fatores de transcrição celular (Butz et al., 1993; Kurvinen et al., 2000; Stoler, 2003; Howley et al., 2006). 3.1.2) Classificação dos Papilomavírus Os Papilomavírus (PVs) pertencem à família Papillomaviridae e são agrupados em diferentes gêneros, espécies e tipos. Cada tipo pode ser dividido em subtipos e variantes (de Villiers et al., 2004; Hazard, 2007; Leto et al., 2011). 8 Revisão da Literatura Pitol, BCV Figura 1: Organização estrutural do genoma do HPV, destacando a localização e algumas funções da região reguladora LCR e das ORFs E e L. Fonte: D’Abramo & Archambault, 2011, modificado. Um PV é reconhecido como novo tipo viral se ele tiver seu genoma clonado e a sequência de DNA da ORF L1 diferir em mais de 10% de um tipo viral já conhecido. Diferentes gêneros de PVs compartilham menos de 60% de similaridade da sequência da região L1. Diferentes espécies, contidas no mesmo gênero, compartilham entre 60 e 70%. Diferenças entre 2 e 10% da sequência da ORF L1 identificam um novo subtipo viral e divergências abaixo de 2% identificam uma nova variante (de Villiers et al., 2004; de Villiers & Gunst, 2009). Até 2010 foram descritos 29 gêneros da família Papillomaviridae, que abrigam 189 tipos de PVs, dentre os quais 120 foram isolados de humanos, 64 de mamíferos não humanos, 3 de aves e 2 de reptéis (Bernard et al., 2010). Em relação ao HPV, a frequência de associação a casos de câncer cervical possibilitou classificá-los em vírus de baixo e alto risco oncogênico (Muñoz et al., 2006; Steben & Duarte-franco, 2007). 9 Revisão da Literatura Pitol, BCV Os HPVs considerados de baixo risco oncogênico, como os tipos 6 e 11, são responsáveis pelas lesões benignas que atingem a região anogenital, como as verrugas genitais (condilomas) e uma porcentagem das lesões intraepiteliais escamosas de baixo grau (LSIL), que geralmente possuem tendência à regressão (Greer et al., 1995; Koutsky, 1997; Ho et al., 1998). Os HPVs de alto risco oncogênico mais prevalentes são os tipos 16 e 18. Estes são responsáveis por causar 41-67% das lesões intraepiteliais escamosas de alto grau (HSIL), 16-32% das lesões intraepiteliais escamosas de baixo grau (LSIL) e 6-27% das células escamosas atípicas de significado indeterminado (ASC-US) (Clifford et al., 2006). Estima-se que 70% das neoplasias cervicais sejam causadas pelos tipos 16 e 18 e em 99,7% dos cânceres de colo de útero encontra-se algum tipo viral (Koutsky, 1997; Walboomers et al., 1999). Existem tipos de HPV considerados de risco indeterminado, dependendo da sua relação com a ocorrência do câncer cervical (Bernard et al., 2010). 3.2) Desenvolvimento do câncer cervical As neoplasias cervicais surgem via uma série de passos: (1) transmissão do HPV, (2) infecção viral, (3) remissão ou persistência da infecção, (4) progressão de um clone de células infectadas para pré-câncer e invasão (Schiffman et al., 2007). Estes passos são acompanhados de uma série de eventos e modificações moleculares e celulares que poderão constituir alvos importantes para prognóstico, diagnóstico e tratamento. A Figura 2 ilustra os passos envolvidos na carcinogênese cervical (2D) e as alterações celulares que os acompanham nas infecções transitórias ou persistentes (2A e 2B). A seguir, serão descritos os principais passos na evolução ao câncer cervical. 10 Revisão da Literatura Pitol, BCV A B C D Figura 2: Etapas da carcinogênese cervical. Imagens de: esfregaço cervical coletado em exame citológico (A); biópsias de colo uterino obtidas em exame anatomopatológico (B); colo do útero provenientes de colposcopia. Modelo esquemático dos principais passos no desenvolvimento do câncer cervical (D). O losango verde representa a transmissão do HPV. Fonte: Schiffman et al., 2007, adaptado. 3.2.1) Transmissão viral A transmissão do HPV ocorre através do contato direto com o tecido epitelial (Burchell et al., 2006; Roberts et al., 2007), sendo a relação sexual com um parceiro infectado a via de infecção mais comum (Gavillon et al., 2010). A probabilidade de adquirir HPV através de um único contato entre pessoas com lesões genitais está em torno de 60 a 80% (Oriel, 1971; Barrasso et al., 1987; Boon et al., 1988; TortoleroLuna, 1999; Muller & Bauch, 2010). Embora as relações sexuais com penetração sejam importantes na transmissão, admite-se que a aquisição do HPV possa ocorrer, também, de outras formas, como: contatos sexuais sem penetração, fômites (toalha, roupas íntimas), auto-inoculação ou perinatal (Marrazo et al., 2001; Schiffman & Kjaer., 2003; Winer et al., 2003). Independente da forma de contágio, a entrada do vírus nas células epiteliais ocorrerá 11 Revisão da Literatura Pitol, BCV através de microlesões que promovem a perda da integridade da pele ou da mucosa (Frazer, 2004). Estudos sugerem que heparan sulfato proporciona a fixação inicial do HPV no tecido epitelial (Longworth & Laimins, 2004). O vírus entra na célula por endocitose mediada por clatrina ou caveolina (Bousarghin et al., 2003; Day et al., 2003). Uma outra via endocítica, sinalizada por tirosina quinase, que transporta o vírus ao endossomo tardio/lisossomo também foi descrita (Nicol et al., 2010). 3.2.2) Infecção pelo HPV Nas mulheres, a infecção pelo HPV é de grande interesse e constitui objeto da maioria dos estudos sobre esse vírus, devido a sua associação com o câncer cervical. O HPV infecta também as células epiteliais da região genital masculina, e aproximadamente 40-48% dos tumores de pênis são atribuídos à infecção pelo papilomavírus (Chaux & Cubilla, 2012). No sexo feminino, o HPV infecta o epitélio escamoso estratificado da região denominada junção escamo-colunar (JEC) e o seu ciclo de vida está diretamente ligado à diferenciação das células epiteliais (Bodily & Laimins, 2011). A JEC (Figura 3A) consiste na região de encontro entre o epitélio escamoso estratificado (ectocérvice) e o epitélio escamoso colunar (endocérvice) (Schiffman et al., 2007) (Figura 3A). A localização da JEC é variável, uma vez que ela pode encontrar-se ao nível do orifício externo do canal endocervical (recém-nascidas) ou mover-se para fora do mesmo (menarca). Essa dinâmica depende da influência de alguns fatores como idade, hormônios e período do ciclo menstrual (Crum, 2005). Na mulher adulta, na qual a JEC encontra-se fora do orifício externo, ocorre a metaplasia escamosa cervical. Neste processo, o epitélio escamoso estratificado progressivamente substitui o epitélio glandular, originando a região chamada zona de transformação cervical, revestida pelo epitélio escamoso metaplásico. O tecido metaplásico é especialmente susceptível ao potencial carcinogênico das infecções persistentes pelo HPV (Schiffman et al., 2007). Os vírus penetram no epitélio através de microlesões e infectam as células localizadas na camada basal, acompanhando a evolução celular até a superfície (Figura 3B). Nas células basais, o HPV replica seu 12 Revisão da Literatura Pitol, BCV DNA, utilizando as proteínas virais E1 e E2, primeiras a serem expressas, e a maquinaria de replicação da célula hospedeira. Nesta fase, o genoma viral encontra-se como um plasmídio extra-cromossômico (epissomo), separado do DNA celular. Posteriormente poderá haver a expressão das proteínas virais E6 e E7, que atuam nos reguladores do ciclo celular, promovendo uma desregulação e um atraso na diferenciação do epitélio. Este atraso permite a replicação do DNA epissomal viral nas células epiteliais supra-basais, coordenadamente a replicação dos cromossomos da célula hospedeira e o genoma do vírus é distribuído para as células filhas. Finalmente, quando a diferenciação das células epiteliais para queratinócitos maduros ocorre, as proteínas estruturais do HPV, L1 e L2, são expressas no núcleo da célula. A montagem dos vírus maduros é iniciada e eles são liberados, tornando-se aptos a infectarem novas células (Jeon & Lambert, 1995; Frazer, 2004; Bodily & Laimins, 2011). A B Figura 3: Epitélio cervical. A) Colo uterino, evidenciando a localização do epitélio da endocérvice e da ectocérvice; B) Ampliação do epitélio escamoso estratificado da ectocérvice, epitélio colunar da endocérvice e da zona de transformação. Os núcleos das células estão coloridos para indicar a expressão das proteínas virais na diferenciação do epitélio. O losango verde representa o HPV. Fonte: Bodily & Laimins, 2011, modificado. 13 Revisão da Literatura Pitol, BCV A infecção por HPVs de alto risco resulta na integração do DNA epissomal ao genoma da célula hospedeira. Esta integração promove a ruptura do gene viral E2, causando a superexpressão dos genes E6 e E7, devido à perda da repressão da transcrição mediada por E2. Por outro lado, nas infecções por HPVs de baixo risco, que levam à formação de lesões benignas (verrugas), não ocorre integração do DNA viral ao genoma do hospedeiro (Frazer, 2004). Ainda não é claro porquê somente em alguns casos ocorre a integração viral, sendo esta uma das condições necessárias para transformação maligna das células epiteliais (Southern & Herrington, 1998; Ferenczy & Franco, 2002). Em resumo, o ciclo da infecção pelo HPV divide-se em: (a) fase “produtiva”, que consiste no estabelecimento da infecção viral, através da replicação do DNA e expressão das proteínas virais e/ou (b) fase de “transformação”, característica de HPVs de alto risco, onde ocorre a integração do DNA viral ao da célula hospedeira (Doorbar, 2005; Schiffman et al., 2007). A infecção pelo HPV pode manifestar-se de três formas: clínica, latente ou persistente. A forma clínica é visível a olho nu e consiste em lesões benignas, as verrugas genitais (condilomas), formadas a partir da proliferação das células do epitélio escamoso, local onde ocorre a replicação do DNA do HPV (Stoler, 2003). Na forma latente, o HPV só pode ser diagnosticado através da pesquisa do DNA viral, uma vez que o indivíduo não apresenta nenhuma manifestação clínica e possui citologia/histologia normais. Nesse caso, o DNA viral não se encontra integrado ao genoma da célula hospedeira e sua replicação ocorre em níveis muito baixos (Stoler, 2003). Não se sabe quanto tempo o vírus pode permanecer no estado de latência (Schiffman & Kjaer, 2003). A emergência do estado latente explicaria o surgimento de picos secundários de infecção em mulheres mais velhas (pós-menopausa) e em indivíduos HIV positivos imunossuprimidos (Sawaya et al., 2003; Strickler et al., 2005). Na forma persistente, o genoma do HPV integra-se ao DNA da célula hospedeira, o que desencadeia mecanismos determinantes para o desenvolvimento do câncer cervical (Stoler, 2003). 14 Revisão da Literatura Pitol, BCV 3.2.3) Remissão ou persistência da infecção por HPV e/ou das lesões precursoras 3.2.3.1) Remissão Geralmente a infecção pelo HPV é eliminada 12 a 18 meses após a exposição ao vírus. Aproximadamente 10% das mulheres não conseguem eliminar a infecção (Richardson et al., 2003; Stanley, 2008). A regressão dos estágios pré-câncer para a normalidade, embora menos frequente que a reversibilidade da infecção viral, também ocorre. Mulheres com diagnóstico de lesões precursoras, principalmente as de baixo grau podem apresentar regressão espontânea sem graves consequências clínicas (Wright Jr. et al., 1994; Zhang et al., 2010). A remissão da infecção por HPV ou das lesões pré-cancerosas pode ser atribuída à atuação de mecanismos imunológicos humorais (Bontkes et al., 1999) e celulares (de Gruijl et al., 1999). A imunidade mediada por células, com atuação das células T CD8+ (citotóxicas) e TCD4+ (auxiliares), é responsável por eliminar a infecção pelo HPV (Stanley, 2008). Uma apresentação adequada aos linfócitos, realizada pelas proteínas HLA de classe II (Human Leukocytes Antigens), é necessária para uma resposta imune eficaz. Diversos estudos demonstraram associações entre os alelos ou haplótipos HLA e a infecção pelo HPV (Araújo-Souza et al., 2008). As células de Langerhans encontradas no epitélio escamoso são responsáveis por desencadear uma resposta imune anti-HPV. No entanto, esta função é inibida pelas mudanças na expressão de citocinas, no tecido infectado (Stanley, 2008). Diversos fatores afetam o status imune do indivíduos e, portanto, podem interferir na remissão da infecção por HPV e das lesões pré-neoplásicas, determinando o retorno à normalidade ou a persistência e progressão ao câncer. Estes fatores vem sendo alvo de muitos estudos atualmente (Schiffman et al., 2007; Araújo-Souza et al., 2008; Stanley, 2009). 3.2.3.2) Persistência A infecção persistente pelos HPVs de alto risco oncogênico é o fator mais importante para o desenvolvimento do câncer cervical (Woodman et al., 2001; Stanley, 2008). 15 Revisão da Literatura Pitol, BCV Define-se como persistência viral a detecção de um mesmo tipo de HPV duas ou mais vezes em um período de aproximadamente 6 a12 meses (Franco et al., 1999; Liaw et al., 2001; Schiffman & Kjaer, 2003). A capacidade do vírus HPV de driblar o sistema imune está diretamente ligada a dois fatos: (1) maior concentração de antígenos virais nas células em estágios finais da diferenciação epitelial, que estão programadas para a morte celular natural e, portanto, distantes da vigilância do sistema imune e (2) a replicação viral não induz citólise, viremia ou qualquer outro sinal que possa desencadear uma resposta inflamatória (Stanley, 2009). Se a infecção viral persistir por longos períodos, uma série de eventos irreversíveis causados pelo vírus pode levar a progressão das lesões nas células do hospedeiro e, consequentemente, ao desenvolvimento do câncer. 3.2.4) Progressão de um clone de células infectadas para pré-câncer e invasão A progressão para o câncer cervical está diretamente ligada à atuação das oncoproteínas E6 e E7 do HPV na maquinaria de controle do ciclo celular, promovendo a desregulação do mesmo (Boulet et al., 2007; Moody & Laimins, 2010 3.2.4.1) Ciclo celular O ciclo celular é um processo complexo que envolve proteínas regulatórias que direcionam a célula através de uma sequência específica de eventos, que resultam na divisão celular e produção de duas células-filhas (Ward, 2002). É dividido em intérfase (G1, S e G2) e mitose (M) (Figura 4). A integridade genômica durante a divisão é verificada por reguladores específicos, nos pontos de checagem (checkpoints). Caso alguma anormalidade seja detectada, a progressão do ciclo é interrompida, até que o reparo seja realizado. Se o reparo não ocorrer, a célula sofre apoptose (Schafer, 1998). Os complexos formados pelas proteínas denominadas quinases dependentes de ciclinas (CDKs 1, 2, 4 e 6) e pelas ciclinas (A, B, D e E) são responsáveis por regular a parada ou progressão do ciclo celular, particularmente nas fases de transição de G1 para 16 Revisão da Literatura Pitol, BCV S e de G2 para M (Figura 4). As CDKs são ativadas e inativadas ao longo do ciclo. No estado ativado, determinado, em parte, pelas ciclinas, as CDKs promovem a fosforilação de proteínas que regulam os principais eventos do ciclo celular. Os níveis de ciclinas oscilam durante as fases do ciclo celular, uma vez que estas proteínas são sintetizadas em etapas específicas, de acordo com as necessidades celulares, sendo degradadas após a utilização (Paulovich et al., 1997). Figura 4: Complexos ciclinas-CDKs nas fases do ciclo celular. A atividade ciclina/CDK é bloqueada por uma série de inibidores específicos. CDK = quinase dependente de ciclina; CIC = ciclina. Fonte: Ward, 2002, modificado. Fatores de crescimento, provenientes do meio externo, se ligam a receptores específicos na membrana plasmática das células e induzem as mesmas a entrarem no processo de divisão celular. Imediatamente ocorre a síntese de ciclina D, que irá se ligar às CDKs 4 e 6, ativando-as, permitindo a progressão pela fase G1 do ciclo (Jeannon & W.J., 1998) (Figura 4). A formação do complexo ciclina E-CDK2 permite o início da fase S e a duplicação do DNA (Figura 4). A transição de G2 para M é iniciada pela expressão da ciclina A, que irá formar o complexo ciclina A-CDK2. Na mitose o complexo ciclina BCDK1 estimula a célula a entrar em processo de divisão (Stewart & Pietenpol, 2003). A atividade dos diferentes complexos ciclinas-CDKs é regulada por proteínas quinases (Wee1) e fosfatases (Cdc25), níveis das proteínas ciclinas, proteínas do 17 Revisão da Literatura Pitol, BCV complexo ubiquitina e pela presença ou ausência de proteínas inibidoras de CDKs, denominadas CDKIs (Bahnassy et al., 2006). Duas classes de CDKIs foram descritas: a família Cip/Kip, que compreende as proteínas p21, p27 e p57 e a família INK4a, que compreende as proteínas p15, p16, p18 e p19 (Sherr & Roberts, 1999). Os CDKIs da família INK4a são específicos sobre os complexos ciclina D/CDK 4 e 6, que atuam em G1. Já os CDKIs da família Cip/Kip são inespecíficos, atuando sobre diversos tipos de complexos ciclinas/CDKS, como ciclina E/CDK2, A/CDK2 e ciclina B/CDK1 (Clarke & Chetty, 2001). A Figura 4 indica os locais de atuação dos complexos ciclinas-CDKs e das CDKIs nas fases do ciclo celular. 3.2.4.2) Mecanismo carcinogênico Os genes codificadores de proteínas que atuam induzindo ou estimulando a progressão do ciclo celular são chamados proto-oncogenes. Estes, ao sofrerem algum tipo de mutação se tornam oncogenes. Já as proteínas envolvidas na repressão do ciclo são codificadas pelos genes denominados supressores tumorais (Ward, 2002). As oncoproteínas E7 e E6 do HPV interferem na ação das proteínas supressoras tumorais pRB e p53, respectivamente. A inibição dos mecanismos exercidos por estas proteínas, por meio do HPV, permite a instalação do fenótipo maligno (Moody & Laimins, 2010). No ciclo celular normal, a pRB encontra-se no seu estado ativo, hipofosforilado, ligada ao fator de transcrição E2F, impedindo a progressão das células da fase G1 para a fase S (Figura 5A). Quando a célula é estimulada a se dividir, a associação das ciclinas D ou E com suas respectivas quinases formam um complexo ativo que promove a fosforilação da pRB e a liberação de E2F. Ao ser ativado, este fator induz a transcrição de genes que codificam proteínas importantes na fase S, entre elas, a proteína p16 (Schafer, 1998; Ward, 2002). Esta tem a função de inibir o complexo ciclina D1/CDK 4 e 6 e, consequentemente, a fosforilação da pRB, impedindo a liberação do fator E2F e a transição da fase G1 para S (Figura 5A). No epitélio infectado pelo HPV de alto risco oncogênico (Figura 5B), a ligação de E7 à pRB desfaz o complexo pRB/E2F, resultando na degradação da pRB através do sistema proteassomo-ubiquitina e na liberação de E2F, que induz a transcrição de vários genes, inclusive o da p16, tornando esta proteína superexpressa (Cheng et al., 1995; 18 Revisão da Literatura Pitol, BCV Boyer et al., 1996; Kim & Zhao, 2005; Mansour et al., 2007). E7 também afeta a expressão de genes da fase S pela interação direta com o fator E2F e com histonas diacetilases (HDACs), propiciando um ambiente favorável à replicação viral (Hwang et al., 2002; Longworth & Laimins, 2004). Por outro lado, a proteína p53, em condições normais, é ativada em resposta a danos ocorridos na molécula de DNA. A fim de reparar a lesão no material genético a p53 induz a transcrição do gene p21wap1/cip1, que inibe a fosforilação da pRB e acarreta a permanência da célula na fase G1 (Figura 5A). Caso o reparo não seja possível, a célula será encaminhada para a apoptose através da ativação da transcrição de genes próapoptóticos como bax, bcl-2 e c-myc (El-deiry, 1993; Hunter & Pines, 1994; Graña & Reddy, 1995; Pluquet & Hainault, 2001; Cadwell & Zambetti, 2001). A atividade transcricional da p53 pode ser inibida quando ela se liga à proteína MDM-2, uma ligase de ubiquitina que irá marcá-la para degradação (Figura 5A). No entanto, a p53 exerce uma auto-regulação sobre a transcrição do gene MDM-2. Em resposta a estímulos celulares, ocorre a ativação da transcrição do gene CDKN2A, que codifica a proteína p14, que tem como função ligar-se à MDM-2 e impedir a degradação da p53 (Finlay, 1993; Wu et al., 1993; Haines et al., 1994; Zhang et al., 1998). No epitélio infectado pelo HPV, uma das maiores consequências da ação de E7 sobre a pRB é o aumento nos níveis da proteína p53 (Figura 5B). Em contrapartida, a oncoproteína E6 do HPV utiliza muitos mecanismos para inibir a atividade da p53 (Demers et al., 1994). E6 recruta a proteína E6-AP (E6 associated protein ligase), formando o complexo E6-E6AP, que se liga à p53, marcando-a para degradação proteolítica através da via da ubiquitina. A degradação da p53 resulta em diminuição da apoptose e imortalização celular (Scheffner et al., 1990; Boulet et al., 2007). A Figura 5B ilustra a interação de E6 e p53. Em resumo, E7 e E6 agem sinergicamente nas vias pRB e p53 para a imortalização celular e transformação maligna (Boulet et al., 2007). 19 Revisão da Literatura Pitol, BCV Figura 5: Mecanismos de controle do ciclo celular. (A) Epitélio normal. (B) Epitélio infectado pelo HPV, destacando a ação das oncoproteínas E7 e E6 sobre as proteínas pRB e p53, respectivamente.. Fonte: Pinto et al, 2012, modificado. 3.3) Diagnóstico das lesões intraepiteliais cervicais e do HPV Atualmente, o diagnóstico das lesões malignas e pré-malignas do colo uterino é baseado fundamentalmente em três exames: citologia, colposcopia e histologia. Além destes, as técnicas moleculares para detecção do DNA do HPV e tipagem viral podem complementar o diagnóstico, apesar de não serem utilizadas na rotina clínica e não constarem nos guias de condutas atuais. 20 Revisão da Literatura Pitol, BCV 3.3.1) Citologia Introduzida pelo médico George Papanicolaou na década de 40, a avaliação citológica das células da cérvice e da vagina foi proposta como forma de triagem do câncer cervical. Apesar de ser a primeira técnica de rastreamento usada para detecção de alterações citológicas, ainda hoje é preconizada como a principal estratégia no controle do câncer do colo do útero, sendo denominado exame preventivo ou de Papanicolaou (INCA, 2011). O exame citológico consiste na avaliação das células descamadas esfoliadas da ectocérvice e endocérvice do colo uterino. A Tabela 1 expõe as nomenclaturas citopatológica e histopatológica utilizadas desde 1941 para o diagnóstico das lesões cervicais escamosas, bem como suas equivalências. A nomenclatura dos exames citopatológicos utilizada no Brasil é baseada no Sistema de Bethesda (2001). Para os exames histopatológicos, é usada a nomenclatura de Richart (1965;1967) (INCA, 2011). Tabela 1: Sistemas de classificação das lesões cervicais. NIC: neoplasia intraepitelial cervical. ; HSIL: lesões intra-epiteliais escamosas de alto grau; LSIL: lesõesintra-epiteliais escamosas de baixo grau; AIS: adenocarcinoma in situ. Fonte: INCA, 2011, modificado. O sistema Bethesda foi criado para padronizar laudos citológicos de esfregaços cervicovaginais. De acordo com a nomenclatura proposta por este sistema, a lesão intra21 Revisão da Literatura Pitol, BCV epitelial escamosa (SIL) abrange o espectro de atipias escamosas não invasivas associadas ao HPV, que variam desde alterações celulares associadas a uma infecção transitória pelo HPV até alterações celulares anormais que representam precursores de alto grau para um câncer escamoso invasor. Esse espectro se divide nas categorias de baixo grau (LSIL) e de alto grau (HSIL). As lesões de baixo grau abrangem as alterações celulares anteriormente denominadas displasia leve e NIC I ao passo que as lesões de alto grau abrangem displasia moderada, displasia acentuada ou NIC II, NIC III. Outro conceito adotado, são as células escamosas atípicas de significado indeterminado (ASCUS), que agrupam as atipias que não estão relacionadas à reatividade nem a lesões pré-neoplásicas e neoplásicas (INCA, 2011). Os critérios clássicos para o diagnóstico citológico do HPV, que acometem as células escamosas são representados pela coilocitose, que pode ser definida como alteração em células escamosas maduras contendo um, dois ou mais núcleos discarióticos apresentando uma grande cavidade ou área clara que circunda o núcleo proeminente, com bordas bem definidas e a zona periférica amiúde em borrão (Koss & Durfee, 1956; Meisels & Fortin, 1976); e pela disceratose que é um processo anormal de maturação das células profundas que se apresentam arredondadas, com citoplasma densamente eosinofílico e núcleo picnótico (Purola & Savia, 1977). Apesar de a literatura ser unânime em apresentar a coilocitose como critério patognomônico para o diagnóstico de HPV, tem-se estudado a introdução de novos critérios morfológicos denominados não clássicos ou secundários para o diagnóstico de HPV com o objetivo de ampliar a sensibilidade do teste de Papanicolaou aproximandose da sensibilidade obtida em análises histológicas e em métodos de detecção do DNA/HPV por captura híbrida ou reação em cadeia da polimerase (Collaço & Pinto, 1994). Alguns exemplos de critérios não clássicos são: Bi ou Multinucleação (Luzzatto et al., 1990); Disceratose Leve (De Borges et al.,1989); Núcleo Hipercromático (Cecchini et al., 1990); Núcleo em Borrão (Cavaliere et al., 1990); Queratinização (Hudock et al., 1995), entre outros. A eficácia da detecção precoce do câncer do colo do útero através do exame de Papanicolaou, associada ao tratamento em estádios iniciais da doença, tem acarretado uma redução das taxas de incidência de câncer cervical invasor que pode chegar a 90%. (Gustafsson et al., 1997). 22 Revisão da Literatura Pitol, BCV Muitas variáveis podem influenciar na qualidade dos esfregaços cervicais, como: o método de coleta, preparação da lâmina, fixação do material, coloração, o que pode gerar resultados falso-positivos e falso-negativos (Perez, 2001; Grace et al., 2002). Sendo assim, novas tecnologias estão sendo desenvolvidas visando a melhoria da qualidade e sensibilidade do exame citopatológico, como a citologia em meio líquido e a leitura automatizada das lâminas (Arbyn et al., 2008; Anttila et al., 2011). A frequência de realização do exame citopatológico é variável dependendo do país, porém, os protocolos da American Cancer Society (ACS) e American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG) recomendam realização anual entre os 21 e 30 anos e a cada dois ou três anos para mulheres com 30 anos ou mais, caso três exames consecutivos sejam negativos (Wright et al., 2003, CDC, 2005). Atualmente, no Brasil, o Ministério da Saúde preconiza que a realização do exame citopatológico deve iniciar aos 25 anos para as mulheres que já tiveram atividade sexual e seguir até os 64 , uma vez por ano e, após dois exames anuais consecutivos negativos, a cada 3 anos (INCA, 2011). Na ocorrência de alterações importantes na citologia, os exames colposcópico e histológico são recomendados, com o intuito de confirmar a presença da lesão e classificar a alteração citológica (INCA, 2011). 3.3.2) Colposcopia A colposcopia é realizada por um aparelho conhecido como colposcópio, que permite visualizar o colo uterino, sob luz brilhante, com aumento de 10 a 40 vezes (Silva Filho et al., 2000). As imagens permitem verificar pequenas alterações impossíveis de serem vistas sem o equipamento. Produtos químicos e corantes para utilizados para o realce de áreas a serem avaliadas. O exame é indicado para mulheres que apresentaram resultado anormal do exame de Papanicolaou. A colposcopia permite um melhor direcionamento da área na qual será realizada a biópsia (Ferris et al., 1991). 3.3.3) Histologia O exame histológico ou anatomopatológico (AP) é baseado no critério arquitetural e celular, sendo considerado o padrão ouro de diagnóstico morfológico. Este exame é 23 Revisão da Literatura Pitol, BCV realizado em amostras retiradas de uma superfície suspeita de presença de lesão ou malignidade. A nomenclatura utilizada (classificação de Richart) reúne as lesões intraepiteliais escamosas em um grupo denominado neoplasia intraepitelial cervical (NIC), subdividido em NIC I, II e III conforme o grau da lesão (Sellors & Sankaranarayanan, 2003). A classificação histopatológica vigente é categorizada em graus I, II e III, dependendo da proporção da espessura do epitélio que apresenta células maduras e diferenciadas (INCA, 2011). Em NIC I, a maturação está presente em dois terços do epitélio e as células epiteliais contêm atipias variáveis que podem incluir o efeito citopático do HPV (coilocitose). Além disso, estão presentes discretas anormalidades nucleares, assim como ocasionais figuras mitóticas presentes no terço basal (Sellors & Sankaranarayanan, 2003). Em NIC II a maturação está presente em mais da metade do epitélio e a atipia nuclear é evidente em ambas as camadas epiteliais. Figuras mitóticas estão presentes em dois terços da camada basal do epitélio (Sellors & Sankaranarayanan, 2003). Já em NIC III a maturação pode estar ausente ou confinada ao terço superior do epitélio. As anormalidades nucleares estão presentes na maioria ou em toda espessura do epitélio, figuras mitóticas são encontradas em todos os níveis do epitélio e mitoses atípicas são freqüentes (Sellors & Sankaranarayanan, 2003). O diagnóstico de carcinoma escamo-celular microinvasivo é baseado na profundidade da invasão do estroma e atribui-se um limite superior, que de acordo com a literatura varia de 3 a 5 milímetros. O carcinoma invasor de células escamosas é composto por células escamosas de grau variado de diferenciação (Sellors & Sankaranarayanan, 2003). 3.3.4) Técnicas moleculares para detecção do DNA do HPV Várias metodologias podem ser utilizadas para a pesquisa do DNA do HPV em amostras clínicas. A escolha da metodologia adequada para o diagnóstico depende da disponibilidade de infra-estrutura e de recursos (INCA, 2011). 24 Revisão da Literatura Pitol, BCV Dentre as metodologias disponíveis para a detecção do DNA-HPV podemos citar: Hibridação In Situ, Hibridação Southern Blotting, Captura Híbrida, Reação em Cadeia da Polimerase (PCR). Para a genotipagem do HPV existem as seguintes técnicas: RFLP (Restriction Fragment Length Polymorphism), Hibridação em Microplaca, Hibridação Reversa, Microarray (chips de DNA), Sequenciamento, PCR tipo-específica (Saiki, 1988; ElufNeto et al., 1994; Lorincz, 1996; Villa et al., 2000; Iftner & Villa, 2003; Lie et al., 2005; Molijn et al., 2005; Molden et al., 2005; Rosenblatt et al., 2005; Dalstein et al., 2009; Nicol et al., 2010). A possibilidade do uso dos testes moleculares para detecção do DNA-HPV no rastreamento do câncer cervical está sendo analisada. Foi comprovada a maior sensibilidade dessas técnicas em comparação ao exame citopatológico, embora a especificidade seja menor, levando mais mulheres para a colposcopia (Cuzick et al., 2008). Outra alternativa para evitar que muitas mulheres saudáveis sejam encaminhadas desnecessariamente para a colposcopia é encaminhar somente aquelas que apresentaram teste positivo para HPV e exame citopatológico alterado (Leinonen et al., 2009). É importante destacar que a redução da mortalidade por câncer do colo do útero é decorrente da realização periódica do exame citopatológico. O teste de HPV, embora importante, ainda não é usado rotineiramente como método de rastreamento (INCA, 2011). 3.4) Biomarcadores e o diagnóstico do câncer cervical Um rastreamento eficiente e completo do câncer cervical deve consistir na realização da citologia cérvico-vaginal. Entretanto, há um interesse na pesquisa de marcadores moleculares que possam aumentar a especificidade destes testes além de indicar lesões pré-neoplásicas que apresentem a possibilidade de evolução para o carcinoma invasor. Assim, os biomarcadores representariam uma alternativa futura para o prognóstico de lesões nos estágios pré-malignos, auxiliando no tratamento (Anghebem-Oliveira & Merlin, 2010). A detecção precoce de anormalidades citológicas através do exame de Papanicolaou é responsável pela redução na incidência e na taxa de mortalidade por câncer cervical. No entanto, a subjetividade dos critérios morfocitológicos utilizados 25 Revisão da Literatura Pitol, BCV para liberação de resultados e a incapacidade de diferenciar as lesões com probabilidade de regredir ou progredir para carcinoma invasivo estão sob questionamentos (Wang et al., 2004). As condutas clínicas referente às lesões intraepiteliais escamosas de baixo (LSIL) e alto grau (HSIL) são muito bem definidas e constam no guia de conduta elaborado pelo INCA denominado “Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do Câncer do Colo do Útero” (INCA, 2011). No entanto, a identificação de biomarcadores pode fornecer informações importantes a respeito da gravidade destas lesões (Anghebem-Oliveira & Merlin, 2010). Biomarcador é qualquer molécula que possa ser detectada e medida revelando processos biológicos normais ou patológicos (Anghebem-Oliveira & Merlin, 2010). Um marcador eficiente na triagem do câncer cervical precisa ser sensível e específico, para não subdiagnosticar os casos que necessitam de tratamento e para identificar apenas os casos realmente positivos. O marcador deve estar especificamente associado à progressão da doença, apresentando a capacidade de discriminar lesões de baixo e alto grau com risco de progredir daquelas com maior chance de regredir espontaneamente (Wentzensen & von Knebel Doeberitz, 2007). Como discutido, a carcinogênese cervical está intimamente relacionada com reguladores do ciclo celular, os quais podem funcionar como possíveis biomarcadores. Vários têm sido estudados como a ciclina D1, ciclina E, CDK4, inibidores de ciclinas (p21, p27, p16), p53 e Ki-67 (Bahnassy et al., 2006; Branca et al., 2008; Pinto et al., 2012). Destes, a p53 tem sido associada com a presença de lesões cervicais neoplásicas (Herbsleb, 2001; Turkcuoglu et al., 2007) e sua progressão (Wang et al., 2004). Enquanto, a expressão de proteínas de supressão tumoral, como p16, em células epiteliais do colo uterino tem indicado lesão de alto grau em vários estudos (Klaes et al., 2001; Wang et al., 2004; Wang et al., 2005; Bulten et al., 2006). O uso desta proteína como marcador associado à citologia e histologia tem sido muito discutido (Pinto et al, 2012). 26 Revisão da Literatura Pitol, BCV 3.4.1) Proteína p53 Descrito pela primeira vez em 1979, o gene P53 codifica uma fosfoproteína nuclear de 53 KD e 393 aminoácidos, nomeada p53 (Lee & Bernstein, 1995; Wang & Wang, 1996; Akasi & Koeffler, 1998). A proteína p53 tem um papel fundamental na proliferação das células, uma vez que exerce mecanismos de controle no ciclo celular (Finlay et al., 1989; Harris, 1996; Wang & Harris, 1997; Brenna & Syrjänen, 2003). O gene p53 é caracterizado como o mais frequentemente mutado em cânceres humanos. É possível encontrá-lo com alguma anormalidade em até 50% de neoplasias de diferentes origens histológicas (Pietsch et al., 2006). A p53, em seu estado mutado, acumula-se no núcleo da célula devido ao aumento na sua estabilidade e redução no processo de degradação (Nataraj et al., 1995). Por apresentar uma maior sobrevida, a proteína pode ser detectada pelo método de imunohistoquímica. Estudos relatam que imuno-histoquímica positiva para p53 ocorre na maioria dos casos de câncer cervical (Tan et al., 2008). A relação entre a expressão da p53 e a infecção pelo HPV de alto risco não é muito bem delineada, uma vez que a porcentagem de positividade da expressão desta proteína entre grupos HPV positivos e negativos é muito semelhante (Troncone et al., 1998). Muitos pesquisadores relatam não ter encontrado relação significativa entre a expressão da p53 e o prognóstico do câncer cervical, o que poderia ser explicado pelo mecanismo de atuação do HPV sobre a p53, uma vez que a oncoproteína viral E6 promove a degradação desta proteína (Skomedal et al., 1999; Horner et al., 2004; Bastos, 2007; Bragança et al., 2008; Hanprasertpong et al., 2010; Tosun et al., 2010). A detecção de anormalidades na proteína p53 em neoplasias é um alvo importante de vários estudos. Agentes que podem restaurar ou mimetizar a função da p53 parecem ser uma proposta promissora para terapia do câncer em geral. (Lowe, 1995). 3.4.2) Proteína p16 O gene CDKN2A, localizado no cromossomo 9p21, contém 3 éxons e codifica a fosfoproteína nuclear p16, um importante regulador do ciclo celular (Murphy et al., 2004). 27 Revisão da Literatura Pitol, BCV Diversos estudos vêm sendo realizados sobre a função da p16 na gênese do câncer cervical (Hirama et al., 1996; Kim et al., 1998; Klaes et al., 2001; Sano et al., 2002). A alta frequência das deleções da p16 em linhagens tumorais sugeriu um papel importante desta proteína na carcinogênese (Soufir & Basset-Seguin, 2001; Sharpless et al., 2003). A hiperexpressão da p16 é uma característica de alterações displásicas e neoplásicas do epitélio cervical e tem sido atribuída às infecções de HPV de alto risco oncogênico (Sano et al., 1998; Agoff et al., 2003; Eleutério et al., 2007). Portanto, a p16 poderia representar um sensível marcador de células com expressão ativa da infecção pelo HPV (Klaes et al., 2001; Sano et al., 2002). Outros estudos não confirmam as mutações da p16 nas lesões precursoras do câncer cervical (Dong et al., 2001). Alguns artigos relatam que a mutação e deleção da p16 em neoplasia cervical é um evento raro, sendo que não foram detectadas alterações no gene desta proteína em muitos estudos (Hirama et al., 1996; Tsuda et al., 2003). Atualmente, a p16 tem sido sugerida como um biomarcador no diagnóstico de lesões escamosas cervicais de alto grau e também no prognóstico relacionado à evolução dessas lesões. Acredita-se que a p16 tenha potencial para ser utilizada como um teste auxiliar aos métodos de rastreamento do câncer cervical (Murphy et al., 2004; von Knebel Doeberitz, 2001; Godoy et al., 2008; Anghebem-Oliveira & Merlin, 2010). 3.4.3) Teste para análise dos biomarcadores Alguns marcadores podem ser identificados através da técnica de imunohistoquímica que consiste na identificação de antígenos nos tecidos utilizando anticorpos (Anghebem-Oliveira & Merlin, 2010). Inicialmente, o antígeno liga-se a um anticorpo primário, que por sua vez irá se ligar a um anticorpo secundário, o qual está associado a um complexo de visualização (complexo avidina-biotina-enzima-cromógeno ou polímero com amplificação) (Leong et al., 2010). Este procedimento é aplicável a secções de parafina, esfregaços e suspensões celulares. Cada anticorpo reconhece um único antígeno, que pode ser uma proteína de uma célula normal, neoplásica ou proteínas virais (Leong et al., 2010). 28 Revisão da Literatura Pitol, BCV Atualmente está disponível um grande número de anticorpos primários para uso em tecidos fixados em formol e incluídos em blocos de parafina, permitindo o exame imuno-histoquímico de biópsias, peças cirúrgicas e de necropsias arquivados por muitos anos. Esfregaços citopatológicos também podem ser avaliados por exames imunocitoquímicos (Leong et al., 2010). O antígeno tecidual deve permanecer insolúvel e a sua estrutura terciária não deve estar alterada para que o sítio antigênico se ligue ao anticorpo. No entanto, as múltiplas ligações decorrentes do longo período de fixação do tecido em formalina podem bloquear o acesso de anticorpos aos epítopos alvos, mascarando o antígeno. Dessa forma, faz-se necessária a recuperação antigênica, que pode ocorrer através de métodos enzimáticos ou através do calor (Leong et al., 2010). A técnica de imuno-histoquímica pode sofrer interferência de muitas variáveis pré-analíticas que influenciam na leitura dos resultados, como: fixação do tecido, processos de recuperação antigênica, diluição dos anticorpos, tipos de anticorpos, reagentes utilizados, entre outros. Dessa forma, é imprescindível a padronização de uma forma de interpretação dos resultados que forneça segurança ao observador (Mulvany et al., 2008). Geralmente a análise da imuno-histoquímica é realizada de maneira qualitativa, o que gera muitas dúvidas em relação à segurança dos resultados. Estudos vêm sendo realizados com o objetivo de estabelecer uma forma quantitativa de análise, o que seria um método mais sensível e específico (Sullivan & Chung, 2008). 3.5) Tratamento Não existe um tratamento definitivo ou de rápida resolução contra a infecção pelo HPV. Em geral o combate ao vírus depende muito do sistema imunológico de cada indivíduo, uma vez que a maioria das mulheres que entram em contato com o HPV tem a capacidade de eliminá-lo espontaneamente (Rosenblatt et al., 2005). No entanto, existem duas vacinas disponíveis para a comercialização contra o vírus HPV. São vacinas profiláticas, isto é, que induzem a formação de anticorpos neutralizantes capazes de prevenir a infecção pelo HPV. Elas são constituídas pela proteína estrutural do capsídeo viral, a L1, resultando na formação de pseudopartículas virais, as VLPs (Virus-like particles). Estas são desprovidas do genoma viral e por isso são consideradas seguras (zur Hausen, 2008). Uma delas, aprovada em 2006, é a vacina 29 Revisão da Literatura Pitol, BCV quadrivalente (Gardasil®), produzida pelo Laboratório Merck Sharp & Dohme, que protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18 (Lowy & Schiller, 2006; Villa et al., 2005; Villa et al., 2011). A outra é a vacina bivalente, aprovada em 2008, que protege contra os tipos de HPV 16 e 18 (Cervarix®, GlaxoSmithKline Biologicals) (Deschuyteneer et al., 2010). As vacinas quadrivalente (tipos 6, 11, 16 e 18) e bivalente (tipos 16 e 18) também podem oferecer proteção cruzada contra os tipos 31 e 45, não cobertos pela vacina (Einsten et al., 2011). As vacinas terapêuticas são baseadas na indução da imunidade celular contra células expressando antígenos virais, visando a regressão das lesões associadas ao HPV. Ainda não há nenhuma vacina terapêutica disponível no mercado. Estudos com VLPs combinadas com as proteínas E7/L1 demonstraram algum efeito terapêutico em modelos animais, mas em humanos têm mostrado pouca eficácia; algumas mulheres com NIC tiveram regressão da lesão (Thomisson et al., 2008). Vários aspectos devem ser levantados sobre a vacinação. Embora dados tenham demonstrado sua eficiência na proteção de mulheres não infectadas, muitas questões devem ser discutidas, como: faixa-etária da vacinação, grupo a ser vacinado (homens, crianças), preço, inserção no serviço público e o fato da vacina não proteger contra muitos tipos virais, entre outros itens (zur Hausen, 2008). Em relação às alterações citológicas, o Ministério da Saúde preconiza o seguimento pelos profissionais da saúde, após resultado de exame citopatológico alterado, de condutas clínicas padronizadas no documento: “Diretrizes Brasileiras para o rastreamento do Câncer do Colo do Útero (INCA, 2011). Enfim, o estudo de biomarcadores passíveis de associação com os exames existentes, é fundamental para auxiliar no prognóstico das lesões precursoras do câncer cervical e, consequentemente, fornecer informações importantes para futuramente direcionar o tratamento. 30 4) Metodologia Metodologia Pitol, BCV 4.1) Amostragem Neste trabalho foram utilizadas amostras de biópsias cervicais fixadas em formol e incluídas em parafina, obtidas dos arquivos do Laboratório Tafuri (LT), localizado em Belo Horizonte, Minas Gerais (MG). Fundado em 1959, o LT realiza exames citológicos e anatomopatológicos particulares e de diversos convênios, incluindo o SUS. Este laboratório foi escolhido por ser o local para o qual são encaminhadas as biópsias de mulheres residentes em Ouro Preto. A amostragem selecionada consistiu de 150 biópsias analisadas no LT, no período de 2006 a 2011, distribuídas de acordo com o diagnóstico histopatológico (Sellors & Sankaranarayanan, 2003) em 5 grupos de 30 amostras cada, sendo: - LB: Lesão Benigna; - NIC I: Neoplasia Intraepitelial Cervical grau I; - NIC II: Neoplasia Intraepitelial Cervical grau II; - NIC III: Neoplasia Intraepitelial Cervical grau III; - CEI: Carcinoma Epidermóide Invasor. As mulheres residentes em Ouro Preto e Itabirito foram procuradas e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO 1) permitindo que seu material, anteriormente coletado e analisado pelo LT, fosse utilizado neste trabalho. O material proveniente de outras cidades foi avaliado com o consentimento do LT (ANEXO 2), devido à impossibilidade de contactar as mulheres. O processo de seleção das amostras, bem como os procedimentos utilizados neste trabalho foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), CEP No 114/2010 (ANEXO 3). 4.2) Imuno-histoquímica As amostras foram processadas através da técnica de imuno-histoquímica, utilizando anticorpos monoclonais anti-p16, anti-p53 e anti-L1/HPV. O sistema utilizado foi o EnVision Dakocytomation (EnVision® + system-HRP AEC, K4004, DAKO). Os passos realizados neste procedimento são descritos a seguir. 32 Metodologia Pitol, BCV 4.2.1) Preparação das lâminas Cortes histológicos com 4µm de espessura foram obtidos no micrótomo rotativo de parafina modelo MRP 09 – LUPETEC e distendidos em lâminas previamente preparadas através do procedimento de silanização (ANEXO 4). As lâminas silanizadas são usadas porque permitem melhor fixação dos cortes durante a realização da técnica. 4.2.2) Desparafinização As lâminas contendo os cortes histológicos foram desparafinizadas por imersão em xilol e hidratadas em concentrações decrescentes de álcool, seguidas por água destilada. O procedimento foi realizado a temperatura ambiente e está detalhado no ANEXO 5. 4.2.3) Recuperação antigênica Após desparafinização, os cortes foram imersos em tampão citrato 1mM, pH=6,0 e submetidos a aquecimento em forno de micro-ondas por 12 minutos para recuperação dos sítios antigênicos. Antes da utilização, o tampão foi pré-aquecido por 6 minutos em micro-ondas. 4.2.4) Bloqueio da atividade da peroxidase endógena O bloqueio é necessário para evitar interferência da peroxidase tecidual na coloração imuno-histoquímica e foi realizado com solução 1% de peróxido de hidrogênio em metanol. Os cortes histológicos foram incubados nessa solução durante 30 minutos. Em seguida, foram realizadas 3 lavagens (5 minutos cada) com solução de TBST (Tris-HCl 0,05M, NaCl 0,15M, pH 7,6; Tween 20 0,05%). 33 Metodologia Pitol, BCV 4.2.5) Anticorpo primário Os cortes foram incubados com anticorpo primário (anti-p16, anti-p53 ou antiL1/HPV), durante a noite, em câmara úmida a temperatura de 4 a 8o C. Os anticorpos foram diluídos em Tris-HCl 0,05M contendo Tween 0,1% (antibody diluent; S3022, DAKO). Como controle negativo foi utilizado um coquetel de imunoglobulinas de camundongos – IgG1, IgG2a, IgG2b, IgG3 e IgM (Universal Negative Control Reagent; IS750, DAKO). A Tabela 2 descreve os anticorpos utilizados, as diluições que foram testadas assim como o padrão de marcação considerado neste trabalho para cada proteína analisada. 4.2.6) Anticorpo secundário Após a incubação com o anticorpo primário, foram realizadas 3 lavagens em solução de TBST (5 minutos cada) e as lâminas com os cortes foram incubadas com anticorpo secundário (EnVision® + system-HRP AEC, K4004, DAKO) ligado à enzima peroxidase (goat anti IgG mouse conjugado com polímero marcado com peroxidase), por 60 minutos, à temperatura ambiente. 34 Metodologia Pitol, BCV Tabela 2: Anticorpos primários e condições utilizadas na imuno-histoquímica. Proteína Anticorpo analisada Diluições Padrão de coloração analisado testadas Fornecedor Monoclonal mouse antip16 INK4/CDKN2 p16 antibody SIGMA (K4798) 1:125 1:150 Monoclonal mouse anti- 1: 50 human p53 protein 1: 75 DAKO (M7001) 1: 100 Monoclonal mouse anti- 1:10 human Papillomavirus 1:50 (HPV) DAKO (M3528) 1:100 p53 L1/HPV 1:100 Nuclear (Wentzensen et al., 2007). Nuclear (Tan et al., 2008). Nuclear, com ocasional imunorreatividade citoplasmática (Iwasaka et al., 1992). 4.2.7) Revelação Finalizada a reação com o anticorpo secundário, os cortes foram novamente lavados com TBST (3 vezes, 5 minutos cada) e incubados com o substrato cromógeno (3-amino-9-ethylcarbazole e H2O2). O tempo de incubação do substrato cromógeno para p53, p16 e HPV foi padronizado em 20, 15 e 10 minutos, respectivamente. A indicação da presença das proteínas é representada por precipitado de coloração vermelha no sítio do antígeno. 4.2.8) Contra-coloração e montagem das lâminas Após a revelação, os cortes foram lavados 3 vezes (5 minutos cada) em água destilada. Em seguida, as lâminas foram imersas durante 1 minuto em Hematoxilina de Mayer (DAKO) e lavadas novamente com água destilada. Finalmente, foram rinsadas em uma solução de hidróxido de amônio 37mM (LabSynth) por 10 vezes e 35 Metodologia Pitol, BCV posteriormente montadas com meio aquoso Faramount Mounting Medium (S3025, DAKO). As lamínulas, previamente limpas com detergente extran e álcool 70%, foram fixadas à lâmina com base para unhas. 4.3) Coloração com Hematoxilina-Eosina (HE) Cortes histológicos, das mesmas amostras submetidas ao procedimento de imuno-histoquímica, foram corados com Hematoxilina-Eosina (HE). Após desparafinização os cortes foram corados pela Hematoxilina, por 10 minutos e lavados em água corrente, para retirada do excesso do corante. A seguir, foram diferenciados em álcool acidulado (100 mL de álcool absoluto e 10 gotas de ácido clorídrico) e novamente lavados em água corrente para evitar acidificação excessiva. Posteriormente, foram corados pela Eosina, por 30 segundos. Após a última lavagem em água corrente, foram desidratados, em 2 banhos de álcool absoluto e levados à estufa a 56ºC para secagem. As lâminas foram montadas com lamínula e Entellan (Merck). 4.4) Fotodocumentação e análise da marcação imuno-histoquímica Neste estudo foram documentadas para análise, especificamente, células da junção escamo-colunar (JEC) ou zona de transformação cervical, região de metaplasia escamosa ativa, onde o epitélio escamoso estratificado da ectocérvice progressivamente substitui o epitélio glandular da endocérvice. As fotos foram obtidas no Laboratório Multiusuários do NUPEB, UFOP. As lâminas foram observadas em microscopia convencional em campo claro, objetiva de 40X e a imagem foi capturada por uma microcâmera digital Leica DFC340FX acoplada ao microscópio DM5000B. A documentação foi realizada em 10 campos por lâmina, selecionados ao acaso. Somente a coloração nuclear foi considerada como marcação positiva, independente da intensidade de coloração para as análises quantitativa e qualitativa. 36 Metodologia Pitol, BCV Na análise quantitativa foi realizada a contagem dos núcleos positivos e negativos nos campos fotografados (Schäffer, 2009; Yonamine et al., 2009), utilizando o software ImageJ, disponível gratuitamente na Internet (macbiophotonics.ca). A contagem possibilitou a determinação do Índice de Marcação (IM) de cada amostra, ou seja, a porcentagem de núcleos positivos em relação ao número total de células quantificadas: Na análise qualitativa (escore) o padrão de imunorreatividade foi observado nos 10 campos fotografados de cada amostra e estas foram classificadas de acordo com três parâmetros, ilustrados na Figura 6: (a) distribuição, segundo Klaes et al., 2001: esporádica (<5% de imunorreatividade), focal (> 5% e <25% de imunorreatividade) ou difusa (>25 % das células foram imunorreativas); (b) intensidade, graduada como: imunorreatividade fraca, intermediária ou forte; (c) topografia, marcação em 1/3 basal, 2/3 basais ou na espessura total do epitélio. 4.5) Análise estatística As análises estatísticas foram realizadas no software SPSS versão 17.0. Como os dados não apresentaram distribuição normal foram escolhidos testes não paramétricos para as análises. Para avaliar a expressão das proteínas p16, p53 e L1/HPV de acordo com o diagnóstico histopatológico foram utilizados os testes de Kruskal-Wallis e MannWhitney (análise quantitativa) e o teste Exato de Fisher (análise qualitativa). O teste exato de Fisher e o teste da correlação de Spearman também foram utilizados para correlacionar a expressão das proteínas p16, p53 e L1/HPV. A comparação entre os métodos de análise quantitativa e qualitativa foi realizada utilizando o coeficiente Kappa. Este tem como valor máximo o 1, que representa total concordância entre os métodos avaliados. Valores próximos de 0 indicam nenhuma concordância. 37 Metodologia Pitol, BCV A utilização das análises imuno-histoquímicas das proteínas p16, p53 e L1/HPV no prognóstico e diagnóstico do câncer cervical foi avaliada pela Curva ROC (Receiver Operating Characteristic) e pelo cálculo da eficiência (Ef) dos testes. As medidas de qualidade das análises imuno-histoquímicas (sensibilidade e especificidade), de qualidade do diagnóstico (valores preditivos positivo, VPP e negativo,VPN), a acurácia e a área sob a curva ROC das análises das referidas proteínas foram calculados (ANEXO 6). O diagnóstico histopatológico foi utilizado como padrão-ouro nos cálculos das medidas de qualidade do teste e do diagnóstico. As mulheres que apresentavam diagnóstico de LB foram consideradas como negativas e aquelas que apresentavam qualquer tipo de lesão (NIC I, II, III ou CEI) como positivas. Valores de p<0,05 foram considerados como evidência de associação significativa em todos os testes. Também foi calculado intervalo de confiança de 95%, quando apropriado. 38 Metodologia Pitol, BCV Figura 6: Parâmetros considerados na análise qualitativa. Barra = 100µm. 39 5) Resultados Resultados Pitol, BCV 5.1) Caracterização da amostra selecionada, revisão e reclassificação dos laudos anatomopatológicos Neste trabalho, foram selecionadas da forma mais homogênea possível, as 150 amostras, divididas em 5 grupos de acordo com o diagnóstico histopatológico. As informações contidas nos laudos fornecidos pelo LT estão apresentadas na Tabela 3. A faixa-etária das mulheres selecionadas encontrava-se entre 15 e 82 anos. As médias e desvios-padrão de idade (anos) foram próximos nos grupos: LB (41±16); NIC I (35±11); NIC II (38±14); NIC III (36±11) e CEI (48±14). Tabela 3: Diagnóstico das amostras extraído dos laudos do Laboratório Tafuri. Cervicite crônica inespecífica (n=6) LB Metaplasia escamosa (n=16) Pólipo endorcervical (n=8) Ausência de alterações celulares sugestivas do HPV (n=30) NIC I Displasia leve, alterações celulares sugestivas de HPV (n=30) NIC II Displasia moderada, alterações celulares sugestivas de HPV (n=30) NIC III Displasia acentuada/carcinoma in situ, alterações celulares sugestivas de HPV (n=30) Carcinoma epidermóide invasor moderadamente diferenciado - Grau II (n=13) CEI Carcinoma epidermóide invasor pouco diferenciado - Grau III (n=15) Carcinoma microinvasivo (n=2) Após a seleção e caracterização das amostras, lâminas de cada paciente, coradas pelo método de Hematoxilina-Eosina, foram avaliadas. A partir desta análise, as amostras foram reclassificadas e os grupos ficaram divididos da seguinte forma: LB (n=25); NIC I (n=34); NIC II (n=27); NIC III (n=28) e CEI (n=36). As análises estatísticas foram realizadas considerando a distribuição dos grupos antes e depois da reclassificação. No entanto, não houve diferença estatística em relação aos resultados. Dessa forma, optou-se pela apresentação dos resultados utilizando a classificação realizada no LT: 150 amostras, divididas em 5 grupos (LB, NIC I, NIC II, NIC III, CEI), com 30 mulheres cada. 41 Resultados Pitol, BCV 5.2) Padronização A escolha da melhor diluição para os anticorpos primários foi o primeiro passo no procedimento de imuno-histoquímica. Os resultados obtidos no teste de diluição podem ser visualizados nas Figuras 7, 8 e 9. As diluições escolhidas para os anticorpos anti-p16, anti-p53 e anti-L1/HPV foram 1:125, 1:75 e 1:50, respectivamente. Nestas diluições foi observada uma coloração nuclear visível com reduzida marcação citoplasmática, possibilitando a observação e quantificação dos núcleos de forma precisa. 42 Resultados Pitol, BCV Figura 7: Diluições testadas para o anticorpo anti-p16. A) Controle negativo; B) 1:100; C) 1:125; D) 1:150. As setas indicam a região de epitélio escamoso estratificado da junção escamo-colunar (JEC). Barra = 25 µm. 43 Resultados Pitol, BCV Figura 8: Diluições testadas para o anticorpo anti-p53. A) Controle negativo; B) 1:50; C) 1:75; D) 1:100. As setas indicam a região de epitélio escamoso estratificado da junção escamo-colunar (JEC). Barra = 25 µm. 44 Resultados Pitol, BCV Figura 9: Diluições testadas para o anticorpo anti-L1/HPV. A) Controle negativo; B) 1:10; C) 1:50; D) 1:100. As setas indicam a região de epitélio escamoso estratificado da junção escamocolunar (JEC). Barra = 25 µm. 45 Resultados Pitol, BCV 5.3) Análise da expressão das proteínas de ciclo celular 5.3.1) Proteína p16 Os resultados mostraram que a expressão da proteína p16 aumentou significativamente com a gravidade da lesão, independente do critério de análise, quantitativo (Tabela 4, p=0,000) ou qualitativo - parâmetro distribuição (Tabela 5, p=0,000). Entretanto, a diferença de expressão entre os grupos de lesão variou dependendo do método de análise. Na análise quantitativa (Tabela 4), foi observada diferença significativa entre o grupo LB e todos os demais grupos apresentando algum grau de lesão (p=0,000). A expressão da p16 nos grupos NIC I e NIC II também foi considerada estatisticamente diferente daquela nos grupos NIC III (p=0,001 e p=0,003) e CEI (p=0,000 e p=0,001). O padrão de expressão da p16, embora tenha aumentado de NIC I para NIC II, não apresentou elevação estatisticamente significativa. Não houve diferença na expressão da p16 entre os grupos NIC III e CEI (Tabela 4). Tabela 4: Expressão da proteína p16 de acordo com o diagnóstico histopatológico. Diagnóstico p16 N IM (%) LB NIC I NIC II NIC III CEI p 197 (11,4) 749a (41,7) 824a (44,8) 1335a,b,c (58,6) 1619a,b.c (58,0) 0,000* N= média do número de núcleos positivos em 30 mulheres. IM = média do Índice de Marcação (%) em 30 mulheres. LB: Lesão Benigna; NIC: Neoplasia Intraepitelial Cervical; CEI: Carcinoma Epidermóide Invasor. *Teste Kruskal-Wallis. Teste Mann-Whitney: a Diferença estatística, em relação a LB;b Diferença estatística, em relação a NIC I; c Diferença estatística, em relação a NIC II. 46 Resultados Pitol, BCV Na análise qualitativa, foram considerados os parâmetros distribuição, intensidade e topografia. O parâmetro distribuição (Tabela 5) foi a análise qualitativa comparável à avaliação quantitativa. No grupo LB (44,8%), houve predomínio da distribuição esporádica (< 5% de marcação). Nos grupos NIC I (60,0%), NIC II (70,0%), NIC III (83,3%) e CEI (86,7%), a distribuição difusa (> 25% de marcação) foi predominante. Por esta análise, ao contrário do observado na avaliação quantitativa, a expressão da p16 não foi considerada estatisticamente diferente entre os grupos apresentando algum grau de lesão (Tabela 5, p=0,074). Tabela 5: Análise do padrão de imunorreatividade da p16 em relação ao parâmetro distribuição de acordo com o diagnóstico histopatológico. Diagnóstico Distribuição p16 LB NIC I NIC II NIC III CEI Total*** Esporádica n (%) 13 (44,8) 7 (23,3) 5 (16,7) 2 (6,7) 0 (0) 27 Focal n (%) 10 (34,5) 5 (16,7) 4 (13,3) 3 (10,0) 4 (13,3) 26 Difusa n (%) 6 (20,7) 18 (60,0) 21 (70,0) 25 (83,3) 26 (86,7) 96 Total*** 29 (100,0) 30 (100,0) 30 (100,0) 30 (100,0) 30 (100,0) 149 p 0,000* 0.074** n= número de mulheres; %= porcentagem de mulheres. LB: Lesão Benigna; NIC: Neoplasia Intraepitelial Cervical; CEI: Carcinoma Epidermóide Invasor. *Teste Exato de Fisher: LB vs. NIC I, NIC II, NIC III, CEI. ** Teste Exato de Fisher: Comparação entre os grupos NIC I, NIC II, NIC III, CEI. *** Participante com marcação ausente foi excluída desta análise. Os resultados da análise qualitativa dos parâmetros intensidade e topografia encontram-se nas Tabelas 6 e 7, respectivamente. A intensidade de marcação da proteína p16 aumentou com a gravidade da lesão, sendo a fraca mais freqüente no grupo LB (62,1%), a intermediária em NIC I (46,7%) e NIC II (43,3%) e a intensidade forte predominante em NIC III (56,7%) e CEI (56,7%). 47 Resultados Pitol, BCV Associação estatisticamente significativa (p=0,000) foi verificada na análise deste parâmetro (Tabela 6). Em relação à topografia, foi possível observar que quanto maior a gravidade da lesão, maior a área do epitélio com marcação (Tabela 7). Nos grupos LB (44,8%), NIC I (43,3%) e NIC II (60,0%) a imunorreatividade da p16 ocorreu predominantemente em 2/3 basais do epitélio. Nos grupos NIC III (76,7%) e CEI (86,7%) houve maior freqüência de marcação no epitélio total. Associação estatisticamente significativa (p=0,001) também foi verificada na análise deste parâmetro.). Tabela 6: Análise do padrão de imunorreatividade da p16 em relação ao parâmetro intensidade de acordo com o diagnóstico histopatológico. Diagnóstico Intensidade p16 LB NIC I NIC II NIC III CEI Total*** Fraca n (%) 18 (62,1) 9 (30,0) 9 (30,0) 2 (6,7) 0 (0) 38 Intermediária n (%) 9 (31,0) 14 (46,7) 13 (43,3) 11 (36,7) 13 (43,3) 60 Forte n (%) 2 (6,9) 7 (23,3) 8 (26,7) 17 (56,7) 17 (56,7) 51 Total*** 29 (100,0) 30 (100,0) 30 (100,0) 30 (100,0) 30 (100,0) 149 P 0,000* 0,000** n= número de mulheres; %= porcentagem de mulheres. LB: Lesão Benigna; NIC: Neoplasia Intraepitelial Cervical; CEI: Carcinoma Epidermóide Invasor. *Teste Exato de Fisher: LB vs. NIC I, NIC II, NIC III, CEI. ** Teste Exato de Fisher: Comparação entre os grupos NIC I, NIC II, NIC III, CEI. *** Participante com marcação ausente foi excluída desta análise. . 48 Resultados Pitol, BCV Tabela 7: Análise do padrão de imunorreatividade da p16 em relação ao parâmetro topografia de acordo com o diagnóstico histopatológico. Diagnóstico Topografia p16 LB NIC I NIC II NIC III CEI Total*** 1/3 Basal n (%) 7 (24,1) 5 (16,7) 1 (3,3) 0 (0) 0 (0) 13 2/3 Basais n (%) 13 (44,8) 13 (43,3) 18 (60,0) 7 (23,3) 4 (13,3) 54 Epitélio total n (%) 9 (31,0) 12 (40,0) 11 (36,7) 23 (76,7) 26 (86,7) 82 Total*** 29 (100,0) 30 (100,0) 30 (100,0) 30 (100,0) 30 (100,0) 149 P 0,001* 0,000** n= número de mulheres; %= porcentagem de mulheres. LB: Lesão Benigna; NIC: Neoplasia Intraepitelial Cervical; CEI: Carcinoma Epidermóide Invasor. *Teste Exato de Fisher: LB vs. NIC I, NIC II, NIC III, CEI. ** Teste Exato de Fisher: Comparação entre os grupos NIC I, NIC II, NIC III, CEI. *** Participante com marcação ausente foi excluída desta análise. Na Figura 10, pode-se observar o padrão de marcação obtido na imunohistoquímica utilizando anticorpo anti-p16. A marcação nuclear para p16 tornou-se mais abundante e intensa com a evolução da lesão. Uma nítida marcação citoplasmática foi observada em lesões de alto grau (NIC III e CEI), principalmente no carcinoma invasor. 49 Resultados Pitol, BCV Figura 10: Padrão de marcação observado na imuno-histoquímica utilizando anticorpo antip16. A) Controle negativo; B) Lesão Benigna (LB); C) Neoplasia Intraepitelial Cervical grau I (NIC I); D) Neoplasia Intraepitelial Cervical grau II (NIC II); E) Neoplasia Intraepitelial Cervical grau III (NIC III); F) Carcinoma Epidermóide Invasor (CEI). As setas indicam a região de epitélio escamoso estratificado da junção escamo-colunar (JEC). Barra = 50 µm. 50 Resultados Pitol, BCV 5.3.2) Proteína p53 A expressão da proteína p53 não variou com a gravidade da lesão na análise quantitativa (Tabela 8, p=0,719). Na avaliação qualitativa do padrão de imunorreatividade da p53, também não foi encontrada associação estatisticamente significativa em relação aos parâmetros analisados: distribuição (p=0,349), intensidade (p=0,437) e topografia (p=0,561). Por isso, optou-se por não apresentar as tabelas relacionadas a este método de análise. Tabela 8: Expressão da proteína p53 de acordo com o diagnóstico histopatológico. Diagnóstico p53 N IM (%) LB NIC I NIC II NIC III CEI P 1119 (59,7) 1196 (60,8) 1141 (63,0) 1146 (47,6) 1376 (51,5) 0,719* N= média do número de núcleos positivos em 30 mulheres. IM = média do Índice de Marcação (%) em 30 mulheres. LB: Lesão Benigna; NIC: Neoplasia Intraepitelial Cervical; CEI: Carcinoma Epidermóide Invasor. *Teste Kruskal-Wallis. Na Figura 11, pode-se observar o padrão de marcação obtido na imunohistoquímica utilizando anticorpo anti-p53. A marcação nuclear para p53 não variou em relação ao grau da lesão, permaneceu semelhante em todos os tipos de lesões analisados. 51 Resultados Pitol, BCV Figura 11: Padrão de marcação observado na imuno-histoquímica utilizando anticorpo antip53. A) Controle negativo; B) Lesão Benigna (LB); C) Neoplasia Intraepitelial Cervical grau I (NIC I); D) Neoplasia Intraepitelial Cervical grau II (NIC II); E) Neoplasia Intraepitelial Cervical grau III (NIC III); F) Carcinoma Epidermóide Invasor (CEI). As setas indicam a região de epitélio escamoso estratificado da junção escamo-colunar (JEC). Barra = 50 µm. 52 Resultados Pitol, BCV 5.4) Análise do Papilomavírus Humano (HPV) Na análise do HPV, inicialmente, foram comparados os dados dos laudos anatomopatológicos com os resultados da imuno-histoquímica da proteína L1/HPV e diferenças foram encontradas apenas no grupo LB. De acordo com o laudo, não foram encontrados coilócitos ou outras alterações sugestivas de HPV nas amostras de mulheres com diagnóstico de LB. Porém, pela análise imuno-histoquímica, no grupo LB a maioria das amostras (n=26) apresentou expressão da proteína viral e apenas 4 foram negativas para L1/HPV. Por outro lado, houve concordância entre as análises anatomopatológicas e imuno-histoquímica em relação à presença do HPV em todas as amostras que possuem qualquer tipo de lesão. NIC I, NIC II, NIC III e CEI apresentaram alterações citoarquiteturais compatíveis com a ação viral e expressão da proteína L1/HPV. Nas Tabelas 9, 10, 11 e 12 foram apresentados os resultados da análise imunohistoquímica quantitativa e qualitativa da L1/HPV. Associação estatisticamente significativa foi verificada entre o padrão de expressão da L1/HPV e o diagnóstico histopatológico tanto na análise quantitativa (Tabela 9, p =0,000) quanto na qualitativa - parâmetro distribuição (Tabela 10, p=0,006). No critério de avaliação quantitativo, o índice de marcação (IM) aumentou do grupo LB para NIC II e diminuiu de NIC II para CEI (Tabela 9). Diferença significativa foi observada entre o grupo LB e todos os demais grupos apresentando algum grau de lesão (p=0,000). A expressão da L1/HPV no grupo NIC I foi estatisticamente diferente do grupo NIC III (p=0,018) e não houve diferença estatística em relação ao grupo CEI (p=0,137). Na análise qualitativa, foi predominante a distribuição difusa (> 25%) de LB a NIC II, enquanto de NIC III a CEI foi mais frequente a distribuição focal (5 a 25%, Tabela 10). 53 Resultados Pitol, BCV Tabela 9: Expressão da proteína L1/HPV de acordo com o diagnóstico histopatológico. Diagnóstico HPV N IM (%) LB NIC I NIC II NIC III CEI p 576 (35,8) 1282a (63,1) 1509a (65,6) 1666a,b (56,6) 1643a (53,3) 0,000* N= média do número de núcleos positivos em 30 mulheres. IM = média do Índice de Marcação (%) em 30 mulheres. LB: Lesão Benigna; NIC: Neoplasia Intraepitelial Cervical; CEI: Carcinoma Epidermóide Invasor. *Teste Kruskal-Wallis. Teste Mann-Whitney: a Diferença estatística, em relação a LB; b Diferença estatística, em relação a NIC I. Tabela 10: Análise do padrão de imunorreatividade da L1/HPV em relação ao parâmetro distribuição de acordo com o diagnóstico histopatológico. Diagnóstico Distribuição L1/HPV LB NIC I NIC II NIC III CEI Total*** Esporádica n (%) 9 (34,6) 1 (3,3) 2 (6,7) 4 (13,3) 6 (20,0) 22 Focal n (%) 4 (15,4) 4 (13,3) 7 (23,3) 16 (53,3) 15 (50,0) 46 Difusa n (%) 13 (50,0) 25 (83,3) 21 (70,0) 10 (33,3) 9 (30,0) 78 Total*** 26 (100,0) 30 (100,0) 30 (100,0) 30 (100,0) 30 (100,0) 146 p 0,006* 0,000** n= número de mulheres; %= porcentagem de mulheres. LB: Lesão Benigna; NIC: Neoplasia Intraepitelial Cervical; CEI: Carcinoma Epidermóide Invasor. *Teste Exato de Fisher: LB vs. NIC I, NIC II, NIC III, CEI. ** Teste Exato de Fisher: Comparação entre os grupos NIC I, NIC II, NIC III, CEI. *** Participante com marcação ausente foi excluída desta análise. Em relação ao parâmetro intensidade na avaliação qualitativa (Tabela 11), não foi observada associação estatisticamente significativa (p=0,317) quando se comparou o grupo LB com os demais grupos e na comparação entre os grupos com algum tipo de lesão (p=0,514). 54 Resultados Pitol, BCV Tabela 11: Análise do padrão de imunorreatividade da L1/HPV em relação ao parâmetro intensidade de acordo com o diagnóstico histopatológico. Diagnóstico Intensidade L1/HPV LB NIC I NIC II NIC III CEI Total*** Fraca n (%) 2 (7,7) 1 (3,3) 2 (6,7) 2 (6,7) 4 (13,3) 11 Intermediária n (%) 19 (73,1) 11 (36,7) 17 (56,7) 15 (50,0) 14 (46,7) 76 Forte N (%) 5 (19,2) 18 (60,0) 11 (36,7) 13 (43,3) 12 (40,0) 59 Total*** 26 (100,0) 30 (100,0) 30 (100,0) 30 (100,0) 30 (100,0) 146 p 0,317* 0,514** n= número de mulheres; %= porcentagem de mulheres. LB: Lesão Benigna; NIC: Neoplasia Intraepitelial Cervical; CEI: Carcinoma Epidermóide Invasor. *Teste Exato de Fisher: LB vs. NIC I, NIC II, NIC III, CEI. ** Teste Exato de Fisher: Comparação entre os grupos NIC I, NIC II, NIC III, CEI. *** Participante com marcação ausente foi excluída desta análise. A análise da topografia mostrou que no grupo LB (50,0%) a imunorreatividade da L1/HPV ocorreu predominantemente em 2/3 basais do epitélio, enquanto nos demais grupos NIC I (76,7%), NIC II (50,0%), NIC III (73,3%) e CEI (96,7%) a frequência de marcação foi maior no epitélio total. Associação estatisticamente significativa (p=0,009) foi verificada na análise deste parâmetro (Tabela 12). Na Figura 12, pode-se observar o padrão de marcação obtido na imunohistoquímica utilizando anticorpo anti-HPV. A marcação para a proteína L1/HPV foi bastante variável de acordo com o grau da lesão. Na LB, observou-se pouca marcação para L1. Em NIC I e NIC II, houve mais núcleos marcados, com intensidades forte e intermediária, respectivamente. Já em NIC III e CEI, foi possível perceber uma redução na marcação nuclear para L1. 55 Resultados Pitol, BCV Tabela 12: Análise do padrão de imunorreatividade da L1/HPV em relação ao parâmetro topografia de acordo com o diagnóstico histopatológico. Diagnóstico Topografia L1/HPV LB NIC I NIC II NIC III CEI Total 1/3 Basal n (%) 1 (3,8) 0 (0) 1 (3,3) 0 (0) 0 (0) 2 2/3 Basais n (%) 13 (50,0) 7 (23,3) 14 (46,7) 8 (26,7) 1 (3,3) 43 Epitélio total n (%) 12 (46,2) 23 (76,7) 15 (50,0) 22 (73,3) 29 (96,7) 101 Total 26 (100,0) 30 (100,0) 30 (100,0) 30 (100,0) 30 (100,0) 146 p 0,009* 0,000** n= número de mulheres; %= porcentagem de mulheres. LB: Lesão Benigna; NIC: Neoplasia Intraepitelial Cervical; CEI: Carcinoma Epidermóide Invasor. *Teste Exato de Fisher: LB vs. NIC I, NIC II, NIC III, CEI. ** Teste Exato de Fisher: Comparação entre os grupos NIC I, NIC II, NIC III, CEI. *** Participante com marcação ausente foi excluída desta análise. 56 Resultados Pitol, BCV Figura 12: Padrão de marcação observado na imuno-histoquímica utilizando anticorpo antiL1/HPV. A) Controle negativo; B) Lesão Benigna (LB); C) Neoplasia Intraepitelial Cervical grau I (NIC I); D) Neoplasia Intraepitelial Cervical grau II (NIC II); E) Neoplasia Intraepitelial Cervical grau III (NIC III); F) Carcinoma Epidermóide Invasor (CEI). As setas indicam a região de epitélio escamoso estratificado da junção escamo-colunar (JEC). Barra = 50 µm. 57 Resultados Pitol, BCV 5.5) Correlação entre a expressão das proteínas p16, p53 e L1/HPV A análise de correlação foi realizada entre todas as proteínas. Em relação à p53, nenhum dado interessante ou significativo foi observado. Portanto, optou-se por apresentar apenas os resultados da correlação entre as análises da p16 e L1/HPV. Os dados foram organizados em 4 categorias de acordo com a marcação positiva ou negativa: (1) L1-/p16-; (2) L1+/p16-; (3) L1+/p16+ e (4) L1-/p16+. Independentemente do método de análise, foi observada diferença significativa entre o grupo LB e os grupos apresentando algum grau de lesão (p=0,000, Tabelas 13 e 14). O coeficiente de Spearman (rs=0,507 e rs=0,530) mostrou correlação positiva entre a expressão da L1/p16 e o diagnóstico histopatológico. No entanto, na comparação entre os grupos com lesão (NIC I até CEI) foi detectada uma diferença interessante, dependendo do método de análise utilizado (Tabelas 13 e 14). Na análise quantitativa, não houve associação estatisticamente significativa entre os diferentes graus de lesão (p=0,284, Tabela 13). Observou-se que, nos grupos NIC I (83,3%), NIC II (70,0%), NIC III (80,0%) e CEI (80,0%), foram predominantes a positividade para ambas as proteínas [L1(+)/p16(+)]. Por outro lado, na análise qualitativa - parâmetro distribuição (Tabela 14), foi observada diferença significativa entre os grupos apresentando algum tipo de lesão (p=0,000). A positividade para ambas as proteínas [L1(+)/p16(+)] foi mais frequente nos grupos NIC I (50,0%) e NIC II (53,3%), enquanto nas lesões mais graves, NIC III (50,0%) e CEI (56,7%), o padrão de expressão predominante foi [L1(-)/p16(+)]. Também foi observado na análise quantitativa do grupo LB (66,7%) o predomínio do padrão de expressão [L1(+)/p16(-)], enquanto foi mais freqüente (56,7%) na análise qualitativa desse grupo o padrão [L1(-)/p16(-)]. 58 Resultados Pitol, BCV Tabela 13: Análise da expressão da L1/HPV e p16, pelo método quantitativo, de acordo com diagnóstico histopatológico. Diagnóstico Quantitativo L1(-)/ p16(-) L1(+)/ p16(-) L1(+)/ p16(+) L1(-)/ p16(+) Total LB n (%) 6 (20,0) 20 (66,7) 4 (13,3) 0 (0) 30 (100,0) NIC I n (%) 1 (3,3) 4 (13,3) 25 (83,3) 0 (0) 30 (100,0) NIC II n (%) 1 (3,3) 7 (23,3) 21 (70,0) 1 (3,3) 30 (100,0) NIC III n (%) 1 (3,3) 4 (13,3) 24 (80,0) 1 (3,3) 30 (100,0) CEI n (%) 1 (3,3) 1 (3,3) 24 (80,0) 4 (13,3) 30 (100,0) Total 10 36 98 6 150 p/rs 0,000* 0,284** 0,507*** n=número de mulheres, %=porcentagem de mulheres. LB: Lesão Benigna; NIC: Neoplasia Intraepitelial Cervical; CEI: Carcinoma Epidermóide Invasor. (-): p16 e L1/HPV com distribuição esporádica (<5%) e focal (5-25%); (+): distribuição difusa (>25%) *Teste Exato de Fisher: LB vs. NIC I, NIC II, NIC III, CEI. ** Teste Exato de Fisher: Comparação entre os grupos NIC I, NIC II, NIC III, CEI. *** Coeficiente de Correlação de Spearman. Tabela 14: Análise da expressão da L1/HPV e p16, pelo método qualitativo (parâmetro distribuição), de acordo com diagnóstico histopatológico. Diagnóstico Qualitativo L1(-)/ p16(-) L1(+)/ p16(-) L1(+)/ p16(+) L1(-)/ p16(+) Total LB n (%) 17 (56,7) 7 (23,3) 6 (20,0) 0 (0) 30 (100,0) NIC I n (%) 2 (6,7) 10 (33,3) 15 (50,0) 3 (10,0) 30 (100,0) NIC II n (%) 4 (13,3) 5 (16,7) 16 (53,3) 5 (16,7) 30 (100,0) NIC III n (%) 5 (16,7) 0 (0) 10 (33,3) 15 (50,0) 30 (100,0) CEI n (%) 4 (13,3) 0 (0) 9 (30,0) 17 (56,7) 30 (100,0) Total 32 22 56 40 150 p/rs 0,000* 0,000** 0,530*** n=número de mulheres, %=porcentagem de mulheres. LB: Lesão Benigna; NIC: Neoplasia Intraepitelial Cervical; CEI: Carcinoma Epidermóide Invasor. (-): p16 e L1/HPV com distribuição esporádica (<5%) e focal (5-25%); (+): distribuição difusa (>25%) *Teste Exato de Fisher: LB vs. NIC I, NIC II, NIC III, CEI. ** Teste Exato de Fisher: Comparação entre os grupos NIC I, NIC II, NIC III, CEI. *** Coeficiente de Correlação de Spearman. 59 Resultados Pitol, BCV 5.6) Análise da eficiência diagnóstica dos testes imuno-histoquímicos das proteínas p16, p53 e L1/HPV O desempenho dos testes imuno-histoquímicos das proteínas p16, p53 e L1/HPV foi avaliado utilizando a curva ROC e o cálculo de eficiência (Ef) para o diagnóstico do câncer cervical. Sensibilidade, especificidade, acurácia, valor preditivo positivo (VPP), valor preditivo negativo (VPN) e a área sob a curva ROC dos testes das referidas proteínas, isoladas ou em associação, foram calculados considerando os dois métodos de análise: quantitativo e qualitativo. Nas análises da proteína de ciclo celular p53 nenhum dado significativo foi encontrado, mesmo quando associou-se p53 com as outras proteínas. Sendo assim, optou-se por apresentar apenas os resultados dos testes da p16 e L1/HPV. Pela curva ROC (Figura 13), foi possível observar que os resultados obtidos na análise quantitativa são superiores aos da análise qualitativa, o que era esperado pelo mostrado na comparação entre os métodos. Na Figura 13, também pode-se notar que a diferença entre os métodos na curva da p16 foi menor que nas demais e que os resultados foram mais discordantes em relação à análise da L1/HPV. De modo geral, independente do critério de análise utilizado, p16 mostrou-se melhor teste em comparação à L1/HPV (Figura 13, Tabelas 15 e 16): sensibilidade e especificidade altas e área sobre a curva ROC mais próxima de 1, refletindo melhor acurácia diagnóstica. Em relação à L1/HPV, como esperado pela maior discordância entre os métodos de análise, foram encontradas diferenças mais significativas conforme o critério utilizado (Figura 13, Tabelas 15 e 16). Na análise quantitativa, o teste L1/HPV apresentou maior acurácia diagnóstica (77,4%) em comparação ao qualitativo (54,7%). Maior sensibilidade foi encontrada na análise quantitativa (91,7%), diferentemente da qualitativa, onde foi observada maior especificidade (56,7%). O cálculo do VPP e VPN de um teste diagnóstico depende da prevalência de determinada doença na população e da sensibilidade e especificidade do teste. Com base na sensibilidade e especificidade obtidas a partir da curva ROC para as proteínas p16 e L1/HPV, isoladas e associadas, e em dados da prevalência do câncer cervical no Brasil (p=0,2-0,8) (INCA, 2011) foi possível calcular o VPP, VPN e a eficiência (Ef) diagnóstica dos testes (Figura 14). Os resultados do método quantitativo 60 Resultados Pitol, BCV e qualitativo foram muito semelhantes. Portanto, optou-se por apresentar somente os gráficos do método quantitativo. A eficiência (Ef) no diagnóstico do câncer cervical do teste da p16 foi maior que a das demais proteínas testadas, reforçando a p16 como melhor marcador (Figura 14). Considerando a prevalência de câncer cervical no Brasil 0,5%, a Ef dos testes no método quantitativo foi: 85% (p16), 62% (L1/HPV) e 83% (p16 e L1/HPV associados). Resultados similares, porém menores, de Ef foram obtidos no método qualitativo: 77% (p16), 55% (L1/HPV) e 62% (p16 e L1/HPV associados). Não foi observada melhoria no diagnóstico quando o teste p16 foi associado à análise de HPV por imuno-histoquímica (Figuras 13 e 14, Tabelas 15 e 16). 61 Resultados Pitol, BCV Figura 13: Curva ROC para as proteínas p16 e L1/HPV, isoladas ou em associação. A) Método de análise quantitativo. B) Método de análise qualitativo (distribuição). p16; L1/HPV; L1/HPV e p16. 62 Resultados Pitol, BCV Tabela 15: Análise da eficiência diagnóstica das proteínas p16 e L1/HPV, isoladas ou em associação, considerando os resultados do método quantitativo. Proteínas Sensibilidade Especificidade Acurácia Área curva (%) (%) (%) ROC p16 83,3 86,7 84,0 0,850 L1 91,7 20,0 77,4 0,558 L1/p16 79,2 86,7 80,7 0,829 Tabela 16: Análise da eficiência diagnóstica das proteínas p16 e L1/HPV, isoladas ou em associação, considerando os resultados do parâmetro distribuição do método qualitativo. Proteínas Sensibilidade Especificidade Acurácia Área curva (%) (%) (%) ROC p16 75,0 80,0 76,0 0,775 L1 54,2 56,7 54,7 0,554 L1/p16 41,7 80,0 49,4 0,608 63 Resultados Pitol, BCV Figura 14: Valor Preditivo Positivo (VPP), Valor Preditivo Negativo (VPN) e Eficiência (Ef) diagnóstica dos testes imuno-histoquímicos de L1/HPV e p16. A) p16. B) L1/HPV e C) p16 e L1/HPV. VPP; VPN; Ef. 64 Resultados Pitol, BCV 5.7) Comparação dos métodos de análise imuno-histoquímica: quantitativo x qualitativo (parâmetro distribuição) Como mostrado anteriormente, os resultados obtidos por imuno-histoquímica neste trabalho foram analisados pela quantificação dos núcleos marcados e pela análise qualitativa da distribuição, intensidade e topografia da marcação (determinação do escore). O parâmetro distribuição da avaliação qualitativa é equivalente à avaliação quantitativa, porém menos preciso, uma vez que representa uma observação e não uma contagem exata. Apesar das análises terem sido realizadas pelo mesmo observador, foram encontradas diferenças no padrão de expressão das proteínas nestes dois métodos, o que levou a apresentação e comparação das formas de análise. Os coeficientes Kappa, obtidos a partir da comparação entre os dois métodos de avaliação da expressão das proteínas p16, p53 e L1/HPV foram expressos nas Tabelas 17, 18 e 19. Foi observado valor p<0,05, indicando que o valor de Kappa foi estatisticamente diferente de zero. Logo, houve algum grau de concordância entre os parâmetros avaliados. Este grau variou para cada proteína analisada. O Kappa obtido da análise da marcação da proteína p16 (Tabela 17, k= 0,617) indicou uma concordância moderada entre os métodos. Em relação à p53, o coeficiente Kappa (Tabela 18, k=0,413) sugeriu uma fraca concordância e, para L1/HPV, o valor k=0,172 (Tabela 19) mostrou uma concordância muito fraca. Portanto, as diferenças entre os métodos quantitativo e qualitativo foram maiores na análise da proteína L1 do HPV. 65 Resultados Pitol, BCV Tabela 17: Análise da concordância entre os métodos quantitativo e qualitativo na avaliação da expressão da p16. Qualitativa Quantitativa < 5% 5-25% >25% Total < 5% 5-25% 17 2 1 20 8 14 5 27 > 25% 3 10 90 103 Total 28 26 96 150 Kappa 0,617* (p=0,000)** *Valor Kappa (0-1). ** Valor-p associado ao valor de Kappa. Tabela 18: Análise da concordância entre os métodos quantitativo e qualitativo na avaliação da expressão da p53. Qualitativa Quantitativa < 5% 5-25% >25% Total < 5% 5-25% 1 0 0 1 5 7 2 14 > 25% 3 13 119 135 Total 9 20 121 150 Kappa 0,413* (p=0,000)** *Valor Kappa (0-1). ** Valor-p associado ao valor de Kappa. Tabela 19: Análise da concordância entre os métodos quantitativo e qualitativo na avaliação da expressão da L1/HPV. Qualitativa Quantitativa < 5% 5-25% >25% Total < 5% 5-25% 5 0 0 5 7 4 0 11 > 25% 14 42 78 134 Total 26 46 78 150 *Valor Kappa (0-1). ** Valor-p associado ao valor de Kappa. 66 Kappa 0,172* (p=0,000)** 6) Discussão Discussão Pitol, BCV A associação da análise de biomarcadores aos métodos de rastreamento e diagnóstico do câncer cervical pode melhorar a sensibilidade e a especificidade destes, reduzindo a grande variabilidade intra e inter-observador nas classificações morfológicas de citologia e biópsia. Portanto, atualmente, há um grande interesse na pesquisa de novos marcadores e na possível associação e utilização dos já existentes para triagem e diagnóstico. Dentre os biomarcadores promissores atualmente investigados estão as proteínas regulatórias do ciclo celular, principalmente p16 (Tsoumpou et al., 2009; Anghebem-Oliveira & Merlin, 2010). No sentido de melhoria dos programas de triagem e diagnóstico do câncer cervical também muito se discute sobre a inclusão de testes para pesquisa de HPV (Schiffman et al., 2011). Neste trabalho, a análise do padrão de expressão das proteínas do ciclo celular p16 e p53 e da proteína L1 do HPV em amostras de biópsia de lesões benignas, neoplasias de diferentes graus e carcinomas forneceu informações interessantes acerca da possível utilização dessas proteínas no prognóstico e diagnóstico do câncer cervical. 6.1) Proteínas do ciclo celular: p16 e p53 A expressão da p16 aumentou significativamente com a gravidade da lesão neste estudo. Padrão similar foi encontrado por outros pesquisadores, confirmando que a evolução das lesões benignas ao câncer cervical é acompanhada de uma crescente expressão desta proteína (Klaes et al., 2001; Wang et al., 2004; Queiroz et al., 2006a; Focchi et al., 2007; Mulvany et al., 2008; Salcedo et al., 2008; Huang et al., 2010; Yonamine et al., 2009; Missaoui et al., 2010; Reuschenbach et al., 2011). Embora a relação entre a imunoreatividade para p16 e a gravidade das lesões seja muito estudada e pareça bem estabelecida na literatura, grande variabilidade de resultados tem sido observada quando se analisa a diferença de expressão entre os graus da neoplasia. Como a maioria das lesões NIC I e um considerável número de lesões NIC II regridem espontaneamente, a capacidade para prever o grau da neoplasia constitui uma questão importante e menos explorada no contexto de prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer cervical. Neste estudo, foi observado aumento significativo de expressão da p16 entre NIC I/NIC II e NIC III/CEI, mas não entre NIC I e NIC II ou NIC III e CEI. Portanto, os resultados apontam que p16, além de ser bom marcador para diferenciar LB de 68 Discussão Pitol, BCV qualquer grau de lesão, poderia diferenciar lesões de alto grau, no estágio de NIC II para NIC III. A maioria dos estudos aborda apenas que a expressão da p16 aumenta com o grau da lesão e não enfatiza a diferença de expressão existente entre os graus da neoplasia. Wang et al. (2004) detectaram expressão da p16 significativamente maior em NICs e carcinoma quando comparada à cérvice normal ou apresentando apenas inflamação. Do mesmo modo, Reuschenbach et al. (2011) encontraram uma expressão da p16 com distribuição focal (5 - 25%) em lesões benignas e difusa (>25%) em NIC I, NIC II, NIC III e carcinoma. O padrão de imunorreatividade da p16 com intensidade forte e marcação no epitélio total foram predominantes em lesões mais graves. De acordo com a literatura, este padrão de expressão sugere infecção por HPV de alto risco (Wang et al., 2004; Dray et al., 2005; Hariri & Oster, 2007, Omori et al., 2007; Dijkstra et al., 2010). A graduação histológica precisa das NICs é de suma importância para o manejo clínico das pacientes (Martin & O'leary, 2011). Neste contexto, o uso da reação imunohistoquímica para a p16 pode auxiliar na redução das discordâncias diagnósticas e fornecer informações a respeito do comportamento de lesões com capacidade de regressão ou progressão. O padrão de expressão da p53, outra proteína de ciclo celular investigada em neoplasias intraepiteliais cervicais, é muito menos previsível que o da p16 (Vassallo et al., 2000; Queiroz et al., 2006a; Tan et al., 2008). Os resultados deste estudo corroboram com os achados de outros pesquisadores, nos quais a expressão da p53 não variou com a gravidade da lesão (Skomedal et al., 1999; Bastos, 2007; Bragança et al., 2008; Hanprasertpong et al., 2010; Tosun et al., 2010). Por outro lado, Wang et al. (2004) detectaram expressão diminuída ou estável da p53 em relação à progressão de gravidade da NIC. Algumas hipóteses são levantadas para explicar o padrão de expressão diferenciado da p53 obtido em diversos estudos. Uma delas ressalta a mutação da p53. O gene mutado expressa uma proteína que apresenta maior meia-vida do que a p53 selvagem, levando ao acúmulo no núcleo celular e consequente detecção imunohistoquímica em células neoplásicas (Nataraj et al., 1995; Weller, 1998). Por outro lado, a inativação da proteína p53 pelo oncogene E6 do HPV de alto risco acarretaria uma baixa expressão deste marcador em células infectadas (Horner et al., 2004). Dessa 69 Discussão Pitol, BCV forma, a obtenção de resultados contraditórios entre muitos pesquisadores induz questionamentos sobre o papel da p53 no prognóstico das lesões precursoras do câncer cervical. Portanto, os relatos da literatura sugerem que a imunoexpressão da proteína p53 não tem valor na avaliação de qualquer grau de NIC ou carcinoma. Uma limitação importante nos estudos é que cada proteína estudada é apenas uma pequena parte de uma maquinaria complexa de controle do ciclo celular. A expressão da p16 e p53 deveria refletir os efeitos da ação dos oncogenes virais E6 e E7 sobre as células do hospedeiro e, por isso, diferenciar os graus de lesão intraepitelial cervical (Moody & Laimins, 2010). Entretanto, os estudos confirmam que apenas a proteína p16 apresenta expressão crescente com a gravidade da lesão, sugerindo-a promissora como marcador na carcinogênese cervical. Como relatado, a maioria dos estudos sobre p16 foca a correlação entre a expressão da proteína e o grau de anormalidade citológica ou histológica (Salcedo et al., 2008; Missaoui et al., 2010; Tosun et al., 2010).). Apenas alguns discutem a inclusão da análise da p16 como marcador de risco de progressão das lesões displásicas do colo uterino (Wang et al., 2004; Queiroz et al., 2006a; Yonamine et al., 2009; Reuschenbach et al., 2011) e a importância da análise imuno-histoquímica da referida proteína no rastreamento ou triagem do câncer em associação ao teste de HPV ou de outros marcadores (Agoff et al., 2003; Holladay et al., 2006; Bragança et al., 2008; Godoy et al., 2008; Anghebem-Oliveira & Merlin, 2010). 6.2) Análise do HPV A comparação dos dados dos laudos anatomopatológicos fornecidos pelo LT com os resultados da imuno-histoquímica da L1/HPV mostraram diferenças apenas no grupo LB. De acordo com o laudo, não foram encontrados coilócitos, ou outras alterações sugestivas de HPV, nas amostras de mulheres com diagnóstico de LB. Porém, pela análise imuno-histoquímica, no grupo LB, 87% das amostras (n=26) apresentaram expressão da proteína viral. Na cito/histopatologia a presença de coilócitos é indicativa da de infecção viral. Porém, estudos relataram que a ausência de coilocitose não implica necessariamente na ausência de HPV. Segundo estes pesquisadores a visualização de um coilócito característico pode depender de uma elevada carga viral (Abadi et al., 1998; Kruse et al., 2003). 70 Discussão Pitol, BCV Nos últimos anos, a inclusão de exames para pesquisa de HPV na triagem do câncer cervical tem sido amplamente discutida. Embora o teste de HPV seja predominantemente realizado em amostras de citologia cervical, informações sobre a presença e tipo viral são também importantes para auxiliar o patologista na revisão do caso e na avaliação do grau de NIC (Agoff et al., 2003; Godoy et al., 2008; Gatta et al., 2011; Martin & O'leary, 2011). Na literatura, a maioria dos trabalhos envolvendo HPV está voltada para detecção de DNA viral. Os testes para detecção de DNA/HPV não permitem diferenciar entre infecções latente, subclínica ou clínica. No entanto, a discriminação do estado infeccioso é importante para o diagnóstico de lesões pré-cancerosas. Poucos e mais recentes estudos analisam a detecção imuno-histoquímica da proteína do papilomavírus. Diferentemente da análise de DNA viral, que é sensível e precisa na indicação da presença do HPV, a imunoreatividade da L1 depende da expressão da proteína viral naquela condição avaliada e pode indicar a fase da infecção (Yoshida et al., 2008; Galgano et al., 2010; Hoshikawa et al., 2010; Huang et al., 2010; Ungureanu et al., 2010; Gatta et al., 2011) Neste trabalho, a expressão da proteína L1/HPV aumentou do grupo LB para NIC II e diminuiu de NIC II para CEI, reforçando os achados de outros pesquisadores. Huang et al. (2010) também mostraram uma correlação negativa entre L1/HPV e a gravidade das lesões cervicais, sendo a expressão da L1 estatisticamente maior em NIC I do que em NIC II, NIC III e carcinoma. Yoshida et al. (2008) também mostraram que a expressão da proteína L1/HPV reduziu de LSIL para HSIL e carcinoma. A L1 é uma proteína capsídica do HPV expressa na fase “produtiva” do ciclo de infecção viral. Na fase de “transformação”, quando ocorre a integração do DNA do HPV ao da célula hospedeira, a expressão da L1 é gradualmente suprimida (Hilfrich et al., 2008). Portanto, L1 pode ser detectada frequentemente nas displasias leves e moderadas, mais raramente nas displasias graves, podendo não ser observada em carcinomas (Yoshida et al., 2008). Este raciocínio explica os resultados encontrados neste e em outros estudos. Foi também sugerido que a ausência da L1/HPV pode reduzir a resposta imune celular, promovendo assim a progressão das lesões (Hagensee et al., 2000; McMurray et al., 2001). 71 Discussão Pitol, BCV 6.3) Proteínas do ciclo celular e HPV Neste estudo, não foi observada correlação entre p53 e L1/HPV. Estudos similares, avaliando a proteína L1 viral, não foram encontrados na literatura. Por outro lado, estudo realizado por Vassallo et al.(2000) avaliou a expressão da p53 e a presença de DNA/HPV em neoplasias intraepiteliais cervicais. A expressão desta proteína foi significativamente maior em NIC I quando comparada a NIC II e III e nenhuma correlação foi encontrada com a presença do vírus. Quanto à relação da p16 com HPV, alguns estudos mostraram que a hiperexpressão da p16 em lesões pré-malignas e carcinomas da cérvice uterina pode ser atribuída às infecções pelo HPV de alto risco oncogênico (Sano et al., 1998; Agoff et al., 2003; Eleutério et al., 2007). Isto é explicado porque a perda da repressão habitualmente mediada pelo complexo pRB/E2F sobre o gene da p16 ocorre devido ao HPV, uma vez que a pRB é inativada pela oncoproteína viral E7. Sendo assim, o fator E2F livre ativa a transcrição do gene da p16 e de muitos outros necessários para a progressão para a fase S do ciclo celular, imortalizando a célula (Wang et al., 2004; Mansour et al., 2007). Neste caso, como a atividade transcricional do E2F não ocorre via quinases CDKs 4 e 6, a p16 não exerce nenhum tipo de controle no ciclo celular. Esta proteína apenas se acumula na célula ao longo do tempo, podendo ser útil como um marcador na infecção ativa por HPVs de alto risco e na evolução das lesões cervicais (Martin & O'leary, 2011). Estudos recentes vêm indicando as proteínas p16 e L1/HPV como biomarcadores interessantes para prognóstico e diagnóstico da infecção pelo HPV e de neoplasias intraepiteliais cervicais (Yoshida et al., 2008; Galgano et al., 2010; Hoshikawa et al., 2010; Huang et al., 2010; Ungureanu et al., 2010; Gatta et al., 2011) Foi relatado que a análise imunohistoquímica da p16 e L1 poderia ser útil para estimar o potencial biológico das lesões cervicais. Particularmente, quando é difícil avaliar morfologicamente o grau da lesão, o padrão de expressão da p16/L1-HPV poderia complementar a análise, direcionando o acompanhamento e tratamento das pacientes. Neste trabalho, como em outros estudos (Yoshida et al., 2008; Galgano et al., 2010; Hoshikawa et al., 2010; Huang et al., 2010; Ungureanu et al., 2010; Gatta et al., 2011), a marcação de L1/p16 foi dividida em 4 grupos, com significância biológica 72 Discussão Pitol, BCV diferente: L1(-)/p16(-); L1(+)/p16(-); L1(+)/p16(+) e L1(-)/p16(+), visando análise conjunta da expressão das referidas proteínas. L1(-) pode indicar infecção viral latente ou integração de DNA do HPV no genoma do hospedeiro e L1(+) indica que o DNA viral está presente como uma forma produtiva. Por outro lado, p16 indica alteração (p16 +) ou não (p16 -) no ciclo celular. Portanto, pressupondo teste de DNA/HPV positivo: (a) L1(-)/p16(-) sugere que o DNA está presente sem qualquer replicação viral ou alteração do ciclo celular em um estado de latência; (b) L1(+)/p16(-) sugere que o vírus está sendo produzido, mas sem alteração do ciclo celular; (c) L1(+)/p16(+) sugere fase produtiva de infecção viral com alteração do ciclo celular e (d) L1(-)/p16(+) sugere integração do DNA/HPV no genoma do hospedeiro com alteração do ciclo celular. Assim, alguns estudos mostraram que a seqüência do estado de expressão L1/p16 altera com o aumento da gravidade da lesão cervical na ordem de L1(-)/p16(-); L1(+)/p16(-); L1(+)/p16(+) e L1(-)/p16(+) (Yoshida et al., 2008; Hoshikawa et al., 2010; Huang et al., 2010; Ungureanu et al., 2010). A análise qualitativa deste estudo, similar à realizada nos referidos trabalhos, apontaram na mesma direção. Entretanto, na avaliação quantitativa das amostras deste estudo, o padrão L1(+)/p16(+) foi mais freqüente nas lesões mais graves do que L1(-)/p16(+). Isto pode ter ocorrido devido a diferenças no método de análise da marcação (quantitativo ou qualitativo) e/ou limitações inerentes a imuno-histoquímica em tecidos parafinados. 6.4) Eficiência diagnóstica dos testes imuno-histoquímicos das proteínas p16, p53 e L1/HPV A análise da eficiência diagnóstica da proteína p53 não apresentou nenhum dado significativo, mesmo quando ela foi associada com as outras proteínas. Este resultado era esperado, uma vez que a expressão da p53 não apresentou nenhuma diferença significativa entre os grupos analisados. Sendo assim, optou-se por apresentar apenas os resultados da p16 e L1/HPV. Neste estudo, independente do critério de análise utilizado (quantitativo ou qualitativo), p16 mostrou-se melhor teste em comparação à L1/HPV: sensibilidade e especificidade altas e área sobre a curva ROC mais próxima de 1. 73 Discussão Pitol, BCV A associação das proteínas L1 e p16 não aumentou a acurácia diagnóstica do teste em relação à análise das proteínas isoladas. Este resultado é contrário aos achados de outros pesquisadores. Huang et al. (2010) e Ungureanu et al. (2010) mostraram que a associação de L1 e p16 apresentaram maior acurácia diagnóstica, sugerindo que as proteínas combinadas são mais eficientes na detecção de lesões precoces com potencial de evolução. Tal discordância pode ser atribuída aos critérios subjetivos adotados nos métodos de análise, que contribui para a variabilidade de resultados entre os observadores. A eficiência (Ef) no diagnóstico do câncer cervical, calculada com base nos valores preditivo positivo (VPP) e negativo (VPN), do teste da proteína p16 foi maior quando comparada à L1, mesmo quando elas foram analisadas em conjunto. Este resultado reforça a idéia de que a associação das proteínas não apresentou uma especificidade diagnóstica superior. Dessa forma, percebe-se que a proteína p16 pode ser um útil biomarcador na progressão e diagnóstico do câncer cervical. Este teste pode oferecer suporte ao seguimento de pacientes com diagnóstico de lesão de baixo grau (NIC I). No entanto, não se pode descartar a utilidade da L1, pois a análise da expressão desta proteína em conjunto com a p16 pode fornecer informações importantes acerca do comportamento das lesões cervicais. 6.5) Análise imuno-histoquímica As discrepâncias na interpretação dos testes imuno-histoquímicos tanto em histologia como em citologia reduzem a reprodutibilidade e dificultam a análise comparativa dos dados de diferentes estudos (Tsoumpou et al., 2009; Martin & O'leary, 2011). A imuno-histoquímica é uma técnica útil para detecção de biomarcadores em pesquisa e também no diagnóstico e prognóstico do câncer. No entanto, muitos pesquisadores destacam que esta técnica requer a normalização e padronização das muitas variáveis envolvidas, incluindo pré-tratamento da amostra, condições de fixação do tecido, processo utilizado para recuperação antigênica, especificidade/diluição dos anticorpos, sistemas de detecção. Outro ponto complexo e altamente discutido e divergente na literatura é a escolha do método de avaliação da marcação e interpretação 74 Discussão Pitol, BCV dos resultados gerados ( Taylor & Levenson, 2006; Mulvany et al., 2008; Leong et al., 2010). Poucos estudos descrevem claramente a localização da marcação considerada (nuclear, citoplasmática ou ambas), a região do epitélio avaliada e o número de campos ou de células analisados. A maioria ainda utiliza o método de análise qualitativo, embora muito se discuta sobre avaliação quantitativa e sua automação (Klaes et al., 2001; Sullivan & Chung, 2008; Yonamine et al., 2009). Neste estudo, foi escolhida a análise/quantificação apenas da marcação nuclear por ser predominante, mais fácil de ser observada e por possibilitar maior reprodutibilidade dos resultados. Alguns estudos também consideraram apenas a marcação nuclear da p16, enquanto outros compararam as colorações citoplasmáticas e nucleares (Wang et al., 2004; Wentzensen et al., 2007; Koo et al., 2009). Apesar de não ter sido quantificada neste estudo, a marcação citoplasmática da p16 foi mais acentuada a partir de NIC III, similar a outros trabalhos (Koo et al., 2009). Em relação à proteína p53, a maiorira dos trabalhos considera somente a marcação nuclear como positiva (Wang et al., 2005; Tan et al., 2008). Neste estudo, independente do grau da lesão, a marcação nuclear foi predominante. Na literatura de um modo geral o padrão de marcação considerado como positivo para a proteína L1/HPV é nuclear (Yoshida et al., 2008; Galgano et al., 2010; Hoshikawa et al., 2010; Huang et al., 2010; Ungureanu et al., 2010). No entanto, Iwasaka et al. (1992) relataram a ocorrência de imunorreatividade citoplasmática, o que corrobora com os achados deste estudo. A presença de marcação citoplasmática foi uma constante em todos os tipos de lesão, acompanhando a marcação nuclear. Em relação à área do epitélio, neste estudo, optou-se pela avaliação da junção escamo-columar por se tratar da região mais propensa à infecção por HPV. Os outros estudos relatam apenas ter avaliado o epitélio, sem definição da área fotografada para avaliação (Vassallo et al., 2000; Klaes et al., 2001; Wang et al., 2004; Queiroz et al., 2006a; Focchi et al., 2007; Wentzensen et al., 2007; Godoy et al., 2008; Mulvany et al., 2008; Salcedo et al., 2008; Huang et al., 2010; Yonamine et al., 2009; Missaoui et al., 2010; Reuschenbach et al., 2011). Depois de definida a localização da marcação que será considerada e a área do epitélio, o número de campos ou de células a ser analisado deve ser definido e o método de análise deve ser escolhido. 75 Discussão Pitol, BCV Não está bem definido nos estudos, o número de campos ou células analisados (Salcedo et al., 2008; Yonamine et al., 2009 ). Neste trabalho, foram fotografados 10 campos e procedidas as análises qualitativa e quantitativa. Na literatura foram descritos métodos de avaliação dos biomarcadores pela técnica imuno-histoquímica qualitativos e/ou semi-quantitativos (com diferentes escores) e quantitativos (Queiroz et al., 2006; Yıldız et al., 2007; Godoy et al., 2008; Salcedo et al., 2008; Yoshida et al., 2008; Koo et al., 2009; Kurshumliu et al., 2009; Yonamine et al., 2009; Huang et al., 2010). No entanto, escores de pontuação diferentes são usados na avaliação qualitativa, alguns levando em conta o grau e a intensidade da marcação e outros baseando-se no percentual de células marcadas. Além disso, os pontos de corte para a avaliação se um tecido é "positivo" ou "negativo" não estão padronizados e variam para o mesmo antígeno nos diversos estudos (Klaes et al., 2001; Agoff et al., 2003; Wang et al., 2004). O método qualitativo (escore) proposto por Klaes et al. (2001) é o mais amplamente utilizado para análise de biomarcadores associados às neoplasias intraepiteliais cervicais. Porém, por ser baseado em critérios subjetivos, apresenta uma elevada discordância entre os resultados nos diversos estudos devido às variações interobservador. O método quantitativo mensura exatamente o nível da expressão da proteína in situ. A quantificação é uma análise muito mais precisa e a difusão deste método poderia reduzir a variabilidade entre os resultados (Cregger et al., 2006; Sullivan & Chung, 2008). Entretanto, a quantificação ainda é realizada, na maioria dos casos, manualmente e depende da experiência e atenção do analista. A análise automatizada poderia melhorar a capacidade de quantificar os resultados e possibilitar a padronização, facilitando a interpretação dos estudos e tornando possível a aplicação dos biomarcadores no prognóstico e diagnóstico das neoplasias (Cregger et al., 2006; Taylor & Levenson, 2006; Sullivan & Chung, 2008; Leong et al., 2010). Apesar de muitos softwares estarem disponíveis, a forma automatizada da leitura da imuno-histoquímica ainda não está totalmente padronizada. Dependendo do tipo de material analisado, devido ao padrão de marcação obtido, pode não ser possível a realização da análise por meio destes programas. Sendo assim, é evidente a necessidade de evolução desta metodologia, para que cada vez mais ela possa ser aplicável a diferentes amostras. Os softwares disponíveis ainda não foram adequados à análise de 76 Discussão Pitol, BCV biomarcadores associados às neoplasias intraepiteliais cervicais (Cregger et al., 2006; Taylor & Levenson, 2006; Sullivan & Chung, 2008; Leong et al., 2010). Como mencionado anteriormente, neste trabalho os resultados foram analisados pela quantificação dos núcleos marcados e pela análise qualitativa da distribuição, intensidade e topografia da marcação (determinação do escore). O parâmetro distribuição da avaliação qualitativa foi considerado nesta análise como equivalente à avaliação quantitativa para efeito de comparação entre os métodos. Foram detectadas algumas diferenças nas análises quantitativa e qualitativa das proteínas p16 e L1/HPV. Em relação à proteína p53, não foram encontradas diferenças nos resultados utilizando o método quantitativo ou o qualitativo, apesar da fraca concordância entre as análises. Na análise da proteína p16, o método quantitativo permitiu identificar diferenças na expressão desta proteína entre os grupos que apresentam algum tipo de lesão, o que é de suma importância, pois o diagnóstico diferencial entre os grupos com lesão de baixo e alto grau representa a maior dificuldade entre os patologistas (Martin & O'leary, 2011). Já o método qualitativo permitiu apenas a distinção entre LB e os grupos com algum grau de lesão. Poucos estudos analisaram p16 quantitivamente nas neoplasias intraepiteliais cervicais e os resultados foram similares aos achados deste estudo, ou seja, a expressão da p16 torna-se maior de acordo com a evolução da neoplasia, indicando que esta proteína pode ser um promissor biomarcador para a diferenciação de pacientes que poderão ter uma NIC I persistente com a possibilidade de evolução para NIC III e carcinoma invasivo (Godoy et al., 2008; Yonamine et al., 2009. Já os estudos utilizando análise qualitativa encontraram resultados similares (Klaes et al., 2001; Wang et al., 2004; Queiroz et al., 2006a; Salcedo et al., 2008; Huang et al., 2010; Missaoui et al., 2010; Reuschenbach et al., 2011) Na correlação do padrão de expressão entre as proteínas p16 e L1/HPV também foram observadas, neste estudo, diferenças relevantes nos resultados de acordo com o método de análise utilizado. Na análise quantitativa, não houve associação estatisticamente significativa entre os diferentes graus de lesão e observou-se predominância do padrão L1(+)/p16(+) de NICI ao CEI. Por outro lado, na análise qualitativa, houve diferença significativa entre os graus de lesão e positividade para ambas as proteínas foi mais frequente nos grupos NIC I e NIC II, enquanto nas lesões 77 Discussão Pitol, BCV mais graves (NIC III e CEI), o padrão de expressão predominante foi L1(-)/p16(+). Isto pode levar a uma diferença de interpretação em relação à possibilidade de integração do vírus HPV. Também foi observado na análise quantitativa do grupo LB maior positividade para L1/HPV, possivelmente por maior precisão na análise. Não foram encontrados na literatura estudos utilizando o método quantitativo para análise da proteína L1/HPV isolada nem associada à p16. Para avaliar o grau de concordância entre os métodos de análise quantitativo e qualitativo foi calculado o coeficiente Kappa. A maior concordância foi obtida na análise da proteína p16 (k= 0,617). Este resultado pode ser atribuído ao fato do padrão de expressão da p16 não gerar dúvidas, facilitando a quantificação e a determinação do escore. É nítido, mesmo na observação menos apurada, o padrão de marcação desta proteína. Por outro lado, concordância muito fraca (k=0,172) entre os métodos de análise foi observada para L1/HPV, possivelmente devido à marcação, no geral, menos intensa, necessitando de uma observação mais cuidadosa e detalhada, que poderia induzir o observador a erro na análise do escore (qualitativa). Em resumo, neste estudo, dependendo do método de análise utilizado, foram encontradas diferenças significativas nos resultados de p16 e L1/HPV. O método quantitativo pareceu mais preciso e apresentou vantagem na análise de p16 por permitir a separação entre os graus de lesão. Os resultados de p16/L1-HPV pelo método qualitativo foram similares ao de outros estudos levando a uma interpretação, enquanto a análise quantitativa, por ser mais precisa, divergiu destes estudos, possibilitando outra interpretação. Portanto, a padronização de todos os procedimentos da imunohistoquímica é fundamental para comparação dos resultados dos diversos estudos de biomarcadores e a possível inclusão destes na prática clínica para prognóstico e diagnóstico do câncer, com aproveitamento máximo das informações que eles podem gerar e sem erros na interpretação dos resultados. 78 7) Conclusão Conclusão Pitol, BCV - A proteína p16 parece promissora como biomarcador no prognóstico da neoplasia intraepitelial cervical; - A expressão da proteína p53 não tem valor na avaliação de qualquer grau de NIC ou carcinoma; - O padrão de expressão da L1/HPV foi relacionado com o diagnóstico histopatológico, sugerindo a fase da infecção viral (produtiva ou de transformação); - A análise conjunta da p16 e L1 pode ser útil para ser aplicada juntamente com a histologia, auxiliando na diferenciação do grau da lesão, além de sugerir a fase da infecção (produtiva ou de transformação) e direcionar o acompanhamento das pacientes; - A utilização dos biomarcadores na rotina depende da padronização de variáveis relacionadas à técnica de imuno-histoquímica e dos métodos de interpretação dos resultados; - O método quantitativo mostrou maior precisão, entretanto, apresenta dificuldades na padronização e execução. 80 8) Referências Referências Pitol, BCV ABADI, M.A.; HO, G.Y.F.; BURK, R.D.; ROMNEY, S.L.; KADISH, A.S. Stringent criteria for histological diagnosis of koilocytosis fail to eliminate overdiagnosis of human papillomavirus infection and cervical intraepithelial neoplasia grade 1. Hum Pathol, v.29, p.54–9, 1998. AGOFF, S.N.; LIN, P.; MORIHARA, J.; MAO, C.; KIVIAT, N.B.; KOUTSKY, L.A. p16(INK4a) expression correlates with degree of cervical neoplasia: a comparison with Ki-67 expression and detection of high-risk HPV types. Mod Pathol., v.16(7), p.665-73, 2003. AKASI, M.; KOEFFLER, H.P. Li Fraumeni Sipderone and Role of the p53 Tumor Suppressor Gene in Cancer Susceptibility. Clinical Obstetrics and Gynecology, v.41, p.172-199,1998. ANGHEBEM-OLIVEIRA, M.I.; MERLIN, J.C. Is the protein p16 a new mark for neoplastic progression in the cervix? RBAC, v. 42(3), p.181-185, 2010. ANTTILA, A.; et al. Cervical cancer patterns with automation-assisted and conventional cytological screening: a randomized study. Int J Cancer, v.128(5), p.1204-12, 2011. ARÁUJO-SOUZA, P.S.; MACIAG, P.C.; RIBEIRO, K.B.; PETZL-ERLER, M.L.; FRANCO, E.L.; VILLA, L.L. Interaction between polymorphisms of the human leukocyte antigen and HPV-16 variants on the risk of invasive cervical cancer. BMC Cancer, v.8, p.246, 2008. ARBYN, M., et al. Liquid compared with conventional cervical cytology: a systematic review and meta-analysis. Obstet Gynecol, v.111(1), p.167-77, 2008. BAAK, J.P.; KRUSE, A.J.; ROBBOY, S.J.; JANSSEN, E.A.; VAN DIERMEN, B.; SKALAND, I. Dynamic behavioural interpretation of cervical intraepithelial neoplasia with molecular biomarkers. J Clin Pathol., v.59(10), p.1017-28, 2006. BAHNASSY, A.A.; ZEKRI, A.R.; ALAM EL-DIN, H.M.; ABOUBAKR, A.A.; KAMEL, K.; EL-SABAH, M.T.; MOKHTAR, N.M. The role of cyclins and cyclins inhibitors in the multistep process of HPV-associated cervical carcinoma. J Egypt Natl Canc Inst., v.18(4), p.292-302, 2006. BARRASSO, R.; DE BRUX, J.; CROISSANT, O.; ORTH, G. High prevalence of papillomavirus-associated penile intraepithelial neoplasia in sexual partners of women with cervical intraepithelial neoplasia. N Engl J Med, v.317, p.916–923, 1987. BASTOS, J. F. B. Expressão do p16ΙΝΚ4a e do p53 como marcadores prognósticos da neoplasia intra-epitelial cervical e sua relação com o Papilomavirus humano de alto risco oncogênico. Tese (doutorado). Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Ciências Médicas, 2007. 82 Referências Pitol, BCV BERNARD, H.U.; BURK, R.D.; CHEN, Z.; VAN DOORSLAER, K.; HAUSEN, H.; DE VILLIERS, E.M. Classification of papillomaviruses (PVs) based on 189 PV types and proposal of taxonomic amendments. Virology, v.401(1), p.70-9, 2010. BODILY, J.; LAIMINS, L.A. Persistence of human papillomavirus infection: keys to malignant progression. Trends in Microbiology, v.19(1), p.33-39, 2011. BONTKES, H.J.; DE GRUIJL, T.D.; BIJL, A.; VERHEIJEN, R.H.; MEIJER, C.J.; SCHEPER, R.J.; STERN, P.L.; BURNS, J.E.; MAITLAND, N.J.; WALBOOMERS, J.M. Human papillomavirus type 16 E2-specific T-helper lymphocyte responses in patients with cervical intraepithelial neoplasia. J Gen Virol, v.80(9), p.2453-9, 1999. BOON, M.E.; SCHNEIDER, A.; HOGEWONING, C.J.A.; KWAST, T.; BOLHUIS, P.; KOK, L.P. Penile studies and heterosexual partners: peniscopy, cytology, histology, and immunocytochemistry. Cancer, v.61, p.1652-1659, 1988. BOULET, G.; HORVATH, C.; BROECK, D.V.; SAHEBALI, S.; BOGERS, J. Human Papillomavirus: E6 e E7 oncogenes. The international Journal of Biochemistry & Cell Biology, v.39, p.2006-2011, 2007. BOUSARGHIN, L.; TOUZÉ, A.; SIZARET, P.Y.; COURSAGET, P. Human papillomavirus types 16, 31, and 58 use different endocytosis pathways to enter cells. J Virol, v.77, p.3846-3850, 2003. BOYER, S.N; WAZER, D.E; BAND, V. E7 protein of human papilloma virus-16 induces degradation of retinoblastoma protein through the ubiquitin-proteasome pathway. Cancer Res, v.56(20), p.4620-4, 1996. BRAGANÇA, J.F.; SARIAN, L.O.; PITTA, D.R.; MAITO, A.B.; VASSALLO, J.; PIGNATARO, F.; ANDRADE, L.A.; DERCHAIN, S. Expression of p16 and cervical infection with high-risk human papillomavirus are not related to p53 activity in cervical intraepithelial neoplasia. Int J Gynecol Cancer., v.18(5), p.10604, 2008. BRENNA, S.M.; SYRJÄNEN, K.J. Regulation of cell cycles is of key importance in human papillomavirus (HPV)-associated cervical carcinogenesis. Sao Paulo Med J., v.121(3), p.128-32, 2003. BULTEN J.; VAN DER AVOORT, I.A.M.; MELCHERS, W.J.G.; MASSUGER, L.F.A.G.; GREFTE, J.M.M.; HANSELAAR, A.G.J.M.; WILDE, P.C.M. p14ARF and p16INK4a, two products of the same gene, are differently expressed in cervical intraepithelila neoplasia. Gynecol Oncol, v.101, p.487-494, 2006. BURCHELL, A.N.; WINER, R.L.; DE SANJOSE, S.; FRANCO, E.L. Chapter 6: epidemiology and transmission dynamics of genital HPV infection.Vaccine, v.24 (3), p. S52–61, 2006. 83 Referências Pitol, BCV BUTZ, K.; HOPPE-SEYLER, F. Transcriptional control of human papillomavirus (HPV) oncogene expression: composition of the HPV type 18 upstream regulatory region. J. Virol, v.67, p.6476–6486, 1993. CADWELL, C.; ZAMBETTI, G.P. The effects of wild-type p53 tumor suppressor activity and mutant p53 gain-of-function on cell growth. Review. Gene, v.277(1-2), p.15-30, 2001. CAMPO, M.S. Papillomavirus and disease in humans and animals. Vet Comp Oncol, v.1, p.3-14, 2003. CAVALIERE, M.J., PEREIRA, G.M.C., DE LIMA, M.A.N., PEREIRA, S.M.M., MAEDA, M.Y.S., SANTOS, R.T.M. Alterações coilocitóticas em esfregaços cérvico-vaginais: inter-relações entre os aspectos citológico, imunocitoquímico para papilomavírus e morfométrico. Jornal Brasileiro de Ginecologia, v.100(9), p. 275279, 1990. CDC - Centers for Disease Control. Division of STD Prevention. Other Sexually Transmitted Diseases - Sexually Transmitted Disease Surveillance, 2005. CECCHINI, S., CONFORTINI, M., BONARDI, L., CIPPARRONE, G., GALANTE, L., IOSSA, A., CIATTO, S. “Nonclassic” cytologic signs of cervical condyloma. A case-control study. Acta Cytol, v.34(6), p.781-784, 1990. CHAUX, A.; CUBILLA, A.L. The role of human papillomavirus infection in the pathogenesis of penile squamous cell carcinomas. Semin Diagn Pathol., v.29(2), p.67-71, 2012. CHENG, S.; SCHMIDT-GRIMMINGER, D.C.; MURANT, T.; BROKER, T.R.; CHOW, L.T. Differentiation-dependent up-regulation of the human papillomavirus E7 gene reactivates cellular DNA replication in suprabasal differentiated keratinocytes. Genes Dev., v.9(19), p.2335-49, 1995. CLARKE, B.; CHETTY, R. Cell cycle aberrations in the pathogenesis of squamous cell carcinoma of the uterine cervix. Gynecol Oncol, v.82, p.238-46, 2001. CLIFFORD, G.M.; SMITH, J.S.; AQUADO, T.; FRANCESCHI, S. Comparison of HPV type distribution in high-grade cervical lesions and cervical cancer: a metaanalysis. Br. J. Cancer, v.89, p.101– 105, 2003. CLIFFORD, G.; FRANCESCHI, S.; DIAZ, M.; MUÑOZ, N.; VILLA, L.L. Chapter 3: HPV type-distribution in women with and without cervical neoplastic diseases. Vaccine., v.24(3), 2006. COLLAÇO, L.M.; PINTO, A.P. Aspectos citológicos na coloração de Papanicolaou da associação de HPV com displasia e carcinoma do colo uterino. J. Bras. Ginec., v.104(11/12), p.419-421, 1994. 84 Referências Pitol, BCV CREGGER, M.; BERGER, A.J.; RIMM, D.L. Immunohistochemistry and quantitative analysis of protein expression. Arch Pathol Lab Med., v.130(7), p.1026-30, 2006. CRUM, C.P. Aparelho genital feminino. Robbins & Cotran Patologia – Bases Patológicas das Doenças. Em Kumar, Abbas, Fausto. Rio de Janeiro, 2005. CUZICK, J.; et al. Overview of human papillomavirus-based and other novel options for cervical cancer screening in developed and developing countries. Vaccine., v.26 (10), p.K29-41, 2008. D'ABRAMO, C.M.; ARCHAMBAULT, J. Small molecule inhibitors of human papillomavirus protein - protein interactions. Open Virol J, v.5, p.80-95, 2011. DALSTEIN, V.; MERLIN, S.; BALI, C.; SAUNIER, M.; DACHEZ, R.; RONSIN, C. Analytical evaluation of the PapilloCheck test, a new commercial DNA chip for detection and genotyping of human papillomavirus. J Virol Methods, v.156(1-2), p.77-83, 2009. DAY, P.M.; LOWY, D.R.; SCHILLER, J.T. Papillomaviruses infect cells via a clathrin-dependent pathway. Virology, v.307, p.1-11, 2003. DE BORGES, R.J., GARCIA-TAMAYO, J., ZAITZMAN, M. Cytologic and ultrastructural findings of a peculiar alteration in cervical cells from patients with human Papillomavirus infections. Acta Cytol, v.33(3), p.314-318, 1989. DE GRUIJL, T.D.; BONTKES, H.J.; VAN DEN MUYSENBERG, A.J.; VAN OOSTVEEN, J.W.; STUKART, M.J.; VERHEIJEN, R.H.; VAN DER VANGE, N.; SNIJDERS, P.J.; MEIJER, C.J.; WALBOOMERS, J.M.; SCHEPER, R.J. Differences in cytokine mRNA profiles between premalignant and malignant lesions of the uterine cervix.Eur J Cancer, v.35(3), p.490-7, 1999. DEMERS, G.W.; HALBERT, C.L.; GALLOWAY, D.A. Elevated wild-type p53 protein levels in human epithelial cell lines immortalized by the human papillomavirus type 16 E7 gene. Virology, v.198(1), p.169-74, 1994. DE VILLIERS, E.M.; WAGNER, D.; SCHNEIDER, A.; WESCH, H.; MIKLAW, H.; WAHRENDORF, J.; et al. Human papillomavirus infections in women with and without abnormal cervical cytology. Lancet, v.2, p.703- 6, 1987. DE VILLIERS, E.M.; FAUQUET, C.; BROKER, T.R.; BERNARD, H.U.; ZUR HAUSEN, H. Classification of papillomaviruses. Virology, v.324, p.17-27, 2004. DE VILLIERS, E.M.; GUNST, K. Characterization of seven novel human papillomavirus types isolated from cutaneous tissue, but also present in mucosal lesions. J Gen Virol., v.90(8), p.1999-2004, 2009. 85 Referências Pitol, BCV DESCHUYTENEER, M.; ELOUAHABI, A.; PLAINCHAMP, D.; PLISNIER, M.; SOETE, D.; CORAZZA, Y.; LOCKMAN, L.; GIANNINI, S.; DESCHAMPS, M. Molecular and structural characterization of the L1 virus-like particles that are used as vaccine antigens in Cervarix™, the AS04-adjuvanted HPV-16 and -18 cervical cancer vaccine. Hum Vaccin., v.6(5), p.407-19, 2010. DIJKSTRA, M.G.; HEIDEMAN, D.A.; DE ROY, S.C.; ROZENDAAL, L.; BERKHOF, J.; VAN KRIMPEN, K.; VAN GRONINGEN, K.; SNIJDERS, P.J.; MEIJER, C.J.; VAN KEMENADE, F.J. p16(INK4a) immunostaining as an alternative to histology review for reliable grading of cervical intraepithelial lesions. J Clin Pathol v.63, p.972–977, 2010. DONG, S.M.; KIM, H.S.; RHA, S.H.; SIDRANSKY, D. Promoter hypermethylation of multiple genes in carcinoma of the uterine cervix. Clin Cancer Res., v.7(7), p.1982-6, 2001. DOORBAR J. The E4 proteins and their role in the viral life cycle. Papillomavirus reviews: current research on papillomaviruses. Leeds Medical Information, Leeds University Press, p. 31–8, 1996. DOORBAR, J. The papillomaviruses life cycle. J Clin Virol, v.32(1), p.S7- 15, 2005. DRAY, M.; RUSSELL, P.; DALRYMPLE, C.; WALLMAN, N.; ANGUS, G.; LEONG, A.; CARTER, J.; CHEERALA, B. p16(INK4a) as a complementary marker of high-grade intraepithelial lesions of the uterine cervix. I: experience with squamous lesions in 189 consecutive cervical biopsies. Pathology, v.37, p. 112– 124, 2005. EINSTEIN, M.H.; BARON, M.; LEVIN, M.J.; CHATTERJEE, A.; FOX, B.; SCHOLAR, S.; ROSEN, J.; CHAKHTOURA, N.; LEBACQ, M.; VAN DER MOST, R.; MORIS, P.; GIANNINI, S.L.; SCHUIND, A.; DATTA, S.K.; DESCAMPS, D. Comparison of the immunogenicity of the human papillomavirus (HPV)-16/18 vaccine and the HPV-6/11/16/18 vaccine for oncogenic non-vaccine types HPV-31 and HPV-45 in healthy women aged 18-45 years. Hum Vaccin., v.7(12), p.1359-73, 2011. ELEUTÉRIO, J. JR.; GIRALDO, P.C.; GONÇALVES, A.K.; CAVALCANTE, D.I.; DE ALMEIDA FERREIRA, F.V.; MESQUITA, S.M.; MORAIS, S.S. Prognostic markers of high-grade squamous intraepithelial lesions: the role of p16INK4a and high-risk human papillomavirus. Acta Obstet Gynecol Scand., v.86(1), p.94-8, 2007. EL-DEIRY, W.S.; TOKINO, T.; VELCULESCU, V.E.; LEVY, D.B.; PARSONS, R.; TRENT, J.M.; LIN, D.; MERCER, W.E.; KINZLER, K.W.; VOGELSTEIN, B. WAF1, a potential mediator of p53 tumor suppression. Cell., v.75(4), p.817-25, 1993. 86 Referências Pitol, BCV ELUF-NETO, J.; et al. Human papillomavirus and invasive cervical cancer in Brazil. Brit J Cancer., v.69, p.114-119, 1994. FERENCZY, A.; FRANCO, E. Persistent human papillomavirus infection and cervical neoplasia. Lancet Oncol, v.3, p.11-6, 2002. FERRIS, D.G.; WILLNER, W.A.; HO, J.J. Colposcopes: A critical review. J Fam Pract, v.33, p.506-15, 1991. FINLAY, C.A.; HINDS, P.W.; LEVINE, A.J. The p53 proto-oncogene can act as a suppressor of transformation. Cell., v.57(7), p.1083-93, 1989. FINLAY, C.A. The mdm-2 oncogene can overcome wild-type p53 suppression of transformed cell growth. Mol Cell Biol., v.13(1), p.301-6, 1993. FOCCHI, G.R.; SILVA, I.D.; NOGUEIRA-DE-SOUZA, N.C.; DOBO, C.; OSHIMA, C.T.; STAVALE, J.N. Immunohistochemical expression of p16(INK4A) in normal uterine cervix, nonneoplastic epithelial lesions, and low-grade squamous intraepithelial lesions. J Low Genit Tract Dis, v.11(2), p.98-104, 2007. FORSLUND, O. Genetic diversity of cutaneous human papillomaviruses. J Gen Virol. v.88, p. 2662–2669, 2007. FRANCO, E.L.; VILLA, L.L.; SOBRINHO, J.P.; PRADO, J.M.; ROUSSEAU, M.C.; DESY, M.; et al. Epidemiology of acquisition and clearance of cervical human papillomavirus infection in women from a high-risk area for cervical cancer. J Infect Dis., v.180(5), p.1415-23, 1999. FRAZER, I.H. Prevention of cervical cancer through papillomavirus vaccination. Nat Rev Imunnol., v.4, p.46-54, 2004. FREGA, A.; LORENZON, L.; GIOVAGNOLI, M.R.; DE SANCTIS, L.; FABIANO, V.; LUKIC, A.; MOSCARINI, M.; TORRISI, M.R.; FRENCH, D. Prognostic implication of high risk human papillomavirus E6 and E7 mRNA in patients with intraepithelial lesions of the cervix in relationship to age. Int J Immunopathol Pharmacol., v.24(2), p.461-70, 2011. GALGANO, M.T.; CASTLE, P.E.; ATKINS, K.A.; BRIX, W.K.; NASSAU, S.R.; STOLER, M.H. Using biomarkers as objective standards in the diagnosis of cervical biopsies. Am J Surg Pathol., v.34(8), p.1077-87, 2010. GATTA, L.B.; BERENZI, A.; BALZARINI, P.; DESSY, E.; ANGIERO, F.; ALESSANDRI, G.; GAMBINO, A.; GRIGOLATO, P.; BENETTI, A. Diagnostic implications of L1, p16, and Ki-67 proteins and HPV DNA in low-grade cervical intraepithelial neoplasia. Int J Gynecol Pathol., v.30(6), p.597-604, 2011. GAVILLON, N.; VERVAET, H.; DERNIAUX, E.; TERROSI, P.; GRAESSLIN, O.; QUEREUX, C. How did I contract human Papillomavirus (HPV)? Gynecol Obstet Fertil., v.38(3), p.199-204, 2010. 87 Referências Pitol, BCV GISSMANN, L.; DIEHL, V.; SCHULTZ-COULON, H.; ZUR HAUSEN, H. Molecular cloning and characterization of human papillomavirus DNA derived from a laryngeal papilloma. J. Virol, v.44, p.393–400, 1982a. GISSMANN, L.; DE VILLIERS, E.-M.; ZUR HAUSEN, H. Analysis of human genital warts (condylomata acuminata) and other genital tumors for human papillomavirus type 6 DNA. Int. J. Cancer, v.29, p.143–146, 1982b. GIULIANO, A.R.; TORTOLERO-LUNA, G.; FERRER,E.; et al. Epidemiology of human papillomavirus infection in men, cancers other than cervical and benign conditions. Vaccine, v.26 (10), p.17-18, 2008. GHOBASHY, A.A.; SHAABAN, A.M.; HEROD, J.; INNES, J.; PRIME, W.; HERRINGTON, C.S. Overexpression of cyclins A and B as markers of neoplastic glandular lesions of the cervix. Gynecol Oncol, v.92(2), p.628-634, 2004. GODOY, A.E.G.; MANDELLI, J.; OLIVEIRA, F.H.; CALEGARI, S.; MOURA, L.B.; SERAFINI, E.P. p16INK4 expression in precursor lesions of squamous cell cervical cancer related to the presence of HPV-DNA. Brazilian Journal of Medical and Biological Research, v.41, p.583-588, 2008. GOLIJOW, C.D; ABBA, M.C.; MOURON, S.A., GOMEZ, M.A., DULOUT, F.N. c-myc gene amplification detected in preinvasive intraepithelial cervical lesions. Int J Gynecol Cancer, v.11(6), p.462-465, 2001. GOMPEL, C.; KOSS, G.L. Citologia ginecológica e suas bases anatomoclínicas. 1ª Edição Brasileira. Manole Ltda. (Ed.) São Paulo, SP. 1997. GRACE, A.; MCBREARTY, P.; TROOST, S.; THORNHILL, M.; KAY, E.; LEADER, M. Comparative study: conventional cervical and ThinPrep Pap tests in a routine clinical setting. Cytopathology, v.13(4), p.200-5, 2002. GRAÑA, X.; REDDY, E.P. Cell cycle control in mammalian cells: role of cyclins, cyclin dependent kinases (CDKs), growth suppressor genes and cyclin-dependent kinase inhibitors (CKIs). Review. Oncogene, v.11(2), p.211-9, 1995. GREEN, M.; BRACKMANN, K.H.; SANDERS, P.R.; LOEWENSTEIN, P.M.; FREEL, J.H.; EISINGER, M. Isolation of a human papillomavirus from a patient with epidermodysplasia verruciformis: presence of related viral genomes in human urogenital tumors. Proc. Natl. Acad. Sci. U. S. A, v.79, p.4437–4441, 1982. GREER, G.P.; WHEELER, C.M.; LADNER, M.B.; BEUTNER, K.; COYNE, M.Y.; LIANG, H.; et al. Human papillomavirus (HPV) type distribution and serological response to HPV type 6 virus-like particles in patients with genial warts. J Clin Microbiol, v.33, p.2058–63, 1995. GUSTAFSSON, L.; PONTÉN, J.; ZACK, M.; ADAMI, H.O. International incidence rates of invasive cervical cancer after introduction of cytological screening. Cancer Causes Control, v.8(5), p.755-63, 1997. 88 Referências Pitol, BCV HAGENSEE, M.E.; KOUTSKY, L.A.; LEE, S.K.; GRUBERT, T.; KUYPERS, J.; KIVIAT, N.B.; GALLOWAY, D.A. Detection of cervical antibodies to human papillomavirus type 16 (HPV-16) capsid antigens in relation to detection of HPV16 DNA and cervical lesions. J Infect Dis, v.181, p.1234–1239, 2000. HAINES, D.S.; LANDERS, J.E.; ENGLE, L.J.; GEORGE, D.L. Physical and functional interaction between wild-type p53 and mdm2 proteins. Mol Cell Biol, v.14(2), p.1171-8, 1994. HARIRI, J.; OSTER, A. The negative predictive value of p16INK4a to assess the outcome of cervical intraepithelial neoplasia 1 in the uterine cervix. Int J Gynecol Pathol, v.26,p.223–238, 2007. HAMID, N. A.; BROWN, C.; GASTON, K. The regulation of cell proliferation by the papillomavirus early proteins. Cell. Mol. Life Sci, v66, p. 1700 – 1717, 2009. HANPRASERTPONG, J.; TUNGSINMUNKONG, K.; CHICHAREON, S.; WOOTIPOOM, V.; GEATER, A.; BUHACHAT, R.; BOONYAPIPAT, S. Correlation of p53 and Ki-67 (MIB-1) expressions with clinicopathological features and prognosis of early stage cervical squamous cell carcinomas. J Obstet Gynaecol Res., v.36(3), p.572-80, 2010. HARRIS, C.C. p-53 Tumor Supresor Gene: At The Crossroads of Molecular Carcinogenesis, Molecular Epidemiology and Cancer Risk Assessment. Envieromnental Health Persp, v.104, p.435-439, 1996. HAZARD, K. Cutaneous Human Papillomaviruses [Thesis]. Malmo: Lund University, 2007. HERBSLEB, M.; KNUDSEN, U.B.; ORNTOFT, T.F.; BICEHL, P.; NORRILD, B.; KNUDSEN, A.; MOGENSEN, O. Telomerase activity, MIB-1, PCNA, HPV 16 and p53 as diagnostic markers for cervical intraepithelial neoplasia. APMIS, v.109, p.607-617, 2001. HIRAMA, T.; MILLER, C.W.; WILCZYNSKI, S.P.; KOEFFLER, H.P. p16 (CDKN2/cyclin-dependent kinase-4 inhibitor/multiple tumor suppressor-1) gene is not altered in uterine cervical carcinomas or cell lines. Mod Pathol., v.9(1), p.26-31, 1996. HO, G.Y.; BIERMAN, R.; BEARDSLEY, L., CHANG, C.J.; BURK, R.D. Natural history of cervicovaginal papillomavirus infection in young women. N Engl J Med, v.338(7), p.423–8, 1998. HOLLADAY, E.B.; LOGAN, S.; ARNOLD, J.; KNESEL, B.; SMITH, G.D. A Comparison of the Clinical Utility of p16INK4a Immunolocalization With the Presence of Human Papillomavirus by Hybrid Capture 2 for the Detection of Cervical Dysplasia/Neoplasia. Cancer, v.108, p.451–61, 2006. 89 Referências Pitol, BCV HORNER, S.M.; DEFILIPPIS, R.A.; MANUELIDIS, L.; DIMAIO, D. Repression of the human papillomavirus E6 gene initiates p53-dependent, telomeraseindependent senescence and apoptosis in HeLa cervical carcinoma cells. J Virol, v.78(8), p.4063-73, 2004. HOSHIKAWA, S.; SANO, T; YOSHIDA, T.; ITO, H.; OYAMA, T.; FUKUDA, T. Immunohistological analysis of HPV L1 capsid protein and p16 protein in lowgrade dysplastic lesions of the uterine cervix. Pathol Res Pract., v.206(12), p.81620, 2010. HOWLEY, P.M.; LOWY, D.R. Papillomaviruses. In Fields’Virology. 5th Edition. Knipe, D.M. and Howley, P.M. (Eds). Lippincott Williams & Wilkins, 2006. HUANG, M.Z.; LI, H.B.; NIE, X.M.; WU, X.Y.; JIANG, X.M. An analysis on the combination expression of HPV L1 capsid protein and p16INK4a in cervical lesions. Diagn Cytopathol., v.38(8), p.573-8, 2010. HUDOCK, J., HANAU, C.A., HAWTHORNE, C., JORDAN, A.G. Predictors of human papilloma virus in patients with keratinization. Diagnostic Cytopathology, v.12(1), p.28-31, 1995. HUNTER, T.; PINES, J. Cyclins and cancer. II: Cyclin D and CDK inhibitors come of age. Review. Cell, v.79(4), p.573-82, 1994. HWANG, S.G.; LEE, D.; KIM, J.; SEO, T.; CHOE, J. Human papillomavirus type 16 E7 binds to E2F1 and activates E2F1-driven transcription in a retinoblastoma protein-independent manner. J Biol Chem, v.277(4), p.2923-30, 2002. IFTNER, T.; VILLA, L.L. Chapter 12: Human papillomavirus technologies. J Natl Cancer Inst Monogr., v.31, p.80-88, 2003. INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER. Estimativa 2012 - Incidência de Câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2011. http://www1.inca.gov.br/estimativa/2012 [acessado em julho,2011] INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero / Instituto Nacional de Câncer. Rio de Janeiro: INCA, 2011. http://www1.inca.gov.br/estimativa/2010 [acessado em julho,2011] IWASAKA, T.; SATA, T.; SUGASE, M.; SATO, Y.; KURATA, T.; SUZUKI, K.; et al. Detection of capsid antigen of human papillomavirus (HPV) in benign lesions of female genital tract using anti-HPV monoclonal antibody. J Pathol, v.168, p.293300, 1992. JEANNON, J.P.; W.J. Cyclins, cyclins – dependent kinases, cyclins – dependent kinases inhibitors and their role in head and neck cancer. Clinical Otolaryngology, v.23 (5), p.420-424, 1998. 90 Referências Pitol, BCV JEON, S.; LAMBERT, P.F. Integration of human papillomavirus type 16 DNA into the human genome leads to increased stability of E6 and E7 mRNAs: implications for cervical carcinogenesis. Proc Natl Acad Sci, v.92, p.1654-8, 1995. KALOF, A.N; EVANS, M.F; SIMMONS-ARNOLD, L.; BEATTY, B.G.; COOPER, K. p16INK4A immunoexpression and HPV in situ hybridization signal patterns: potential markers of high-grade cervical intraepithelial neoplasia. Am J Surg Pathol, v.29(5), p.674-9, 2005. KAWAMURA, T. Interpretação de um Teste sob a Visão Epidemiológica. Eficiência de um Teste. Arq Bras Cardiol, v.79 (4), p. 437-41, 2002. KEATING, J.T.; CVIKO, A.; RIETHDORF, S.; RIETHDORF, L.; QUADE, B.J.; SUN, D.; DUENSING, S.; SHEETS, E.E.; MUNGER, K.; CRUM, C.P. Ki-67, cyclin E, and p16INK4 are complimentary surrogate biomarkers for human papilloma virus-related cervical neoplasia. Am J Surg Pathol, v. 25(7), p.884-891, 2001. KIM, J.R.; KIM, S.Y.; KIM, M.J.; KIM, J.H. Alterations of CDKN2 (MTS1/p16INK4A) gene in paraffin-embedded tumor tissues of human stomach, lung, cervix and liver cancers. Exp Mol Med., v.30(2), p.109-14, 1998. KIM, Y.T.; ZHAO, M. Aberrant cell cycle regulation in cervical carcinoma. Yonsei Med J., v.46(5), p.597-613, 2005. KLAES, R.; FRIEDRICH, T.; SPITKOVSKY, D.; RIDDER, R.; RUDY, W.; PETRY, U.; DALLENBACH-HELLWEG, G.; SCHMIDT, D.; VON KNEBEL DOEBERITZ, M. Overexpression of p16(INK4A) as a specific marker for dysplastic and neoplastic epithelial cells of the cervix uteri. Int J Cancer., v.92(2), p.276-84, 2001. KOO, C.L.; KOK, L.F.; LEE, M.Y.; WU, T.S.; CHENG, Y.W.; HSU, J.D.; RUAN, A.; CHAO, K.C.; HAN, C.P. Scoring mechanisms of p16INK4a immunohistochemistry based on either independent nucleic stain or mixed cytoplasmic with nucleic expression can significantly signal to distinguish between endocervical and endometrial adenocarcinomas in a tissue microarray study. J Transl Med., v.7, p.25, 2009. KOSS, L.G., DURFEE, G.R.Unusual patterns of squamous epithelium of the uterine cervix: cytologic and pathologic study of koilocytotic atypia. Ann. NY Acad. Sci, v.63, p.1245-1261, 1956. KOUTSKY L. Epidemiology of genital human papillomavirus infection. Am J Med, v.102(5A), p.3–8, 1997. KRAUS, I.; MOLDEN, T.; HOLM, R.; LIE, A.K.; KARLSEN, F.; KRISTENSEN, G.B.; SKOMEDAL, H. Presence of E6 and E7 mRNA from human papillomavirus types 16, 18, 31, 33, and 45 in the majority of cervical carcinomas. J Clin Microbiol, v.44(4), p.1310-7, 2006. 91 Referências Pitol, BCV KRUSE, A.J.; BAAK, J.P.; HELLIESEN, T.; KJELLEVOLD, K.H.; ROBBOY, S.J. Prognostic value and reproducibility of koilocytosis in cervical intraepithelial neoplasia. Int J Gynecol Pathol, v.22, p.236–9, 2003. KURVINEN, K.; YLISKOSKI, M.; SAARIKOSKI, S.; SYRJANEN, K.; SYRJANEN, S. Variants of the long control region of human papillomavirus type 16. Eur. J. Cancer, v.36, p.1402–1410, 2000. KURSHUMLIU, F.; THORNS, C.; GASHI-LUCI, L. p16INK4A in routine practice as a marker of cervical epithelial neoplasia. Gynecol Oncol., v.115(1), p.127-31, 2009. LEE, J.M.; BERNSTEIN, A. Apoptosis,cancer and the p-53 tumor suppressor gene. Cancer and Metastasis Revienis, v.14, p.149-161, 1995. LEINONEN, M.; et al. Age-specific evaluation of primary human papillomavirus screening vs conventional cytology in a randomized setting. J Natl Cancer Inst, v.101(23), p.1612-23, 2009. LEONG, T.Y.; COOPER, K.; LEONG, .AS. Immunohistology--past, present, and future. Adv Anat Pathol.,v.17(6), p.404-18, 2010. LETO, M.G.P.; JUNIOR, G.F.S.; PORRO, A. M.; TOMIMORI, J. Human papillomavirus infection: etiopathogenesis, molecular biology and clinical manifestations. An Bras Dermatol, v.86(2), p.306-17, 2011. LIAW, K.L.; HILDESHEIM, A.; BURK, R.D.; GRAVITT, P.; WACHOLDER, S.; MANOS, M.M.; SCOTT, D.R.; SHERMAN, M.E.; KURMAN, R.J.; GLASS, A.G.; ANDERSON, S.M.; SCHIFFMAN, M. A prospective study of human papillomavirus (HPV) type 16 DNA detection by polymerase chain reaction and its association with acquisition and persistence of other HPV types. J Infect Dis, v.183(1), p.8-15, 2001. LIE, A.K.; RISBERG, B.; BORGE, B.; SANDSTAD, B.; DELABIE, J.; RIMALA, R.; ONSRUD, M.; THORESEN, S. DNA- versus RNA-based methods for human papillomavirus detection in cervical neoplasia. Gynecol Oncol, v.97(3), p.908-15, 2005. LONGWORTH, M.S; LAIMINS, L.A. The binding of histone deacetylases and the integrity of zinc finger-like motifs of the E7 protein are essential for the life cycle of human papillomavirus type 31. J Virol, v.78(7), p.3533-41, 2004. LÖRINCZ, A.T. Hybrid Capture method for detection of human papillomavirus DNA in clinical specimens: a tool for clinical management of equivocal Pap smears and for population screening. J Obstet Gynaecol Res, v.22(6), p.629-36,1996. LOWE, S.W. Cancer Therapy and p 53. Current Opnion in Oncology, v.7, p.547553, 1995. 92 Referências Pitol, BCV LOWY, D.R.; SCHILLER, J.T. Prophylatic human papillomavirus vaccines. J Clin Invest., v.5(116), p.1167-1173, 2006. LUZZATTO, R., RECKTENVALD, M., PORTUGAL, J.P.L. Multinucleation and abortive cellular division in human papilomavirus infection. Acta Cytol, v.34(2), p.286-287, 1990. MANSOUR, M.; TOUKA, M.; HASAN, U.; BELLOPEDE, A.; SMET, A.; ACCARDI, R.; GABET, A.-S.; SYLLA, B.S.; TOMMASINO, M. E7 properties of mucosal human papillomavirus types 26,53 and 66 correlate with their intermediate risk for cervical development. Virology, v.367(1), p.1-9, 2007. MARKLUND, L.; HAMMARSTEDT, L. Impact of HPV in Oropharyngeal Cancer. Journal of Oncology, v. 2011:509036, 2011.. MARRAZZO, J.M.; KOUTSKY, L.A.; KIVIAT, N.B.; KUYPERS, J.M.; STINE, K. Papanicolaou test screening and prevalence of genital human papillomavirus among women who have sex with women. Am J Public Health, v.91(6), p.947-952, 2001. MARTIN, C.M.; O'LEARY, J.J. Histology of cervical intraepithelial neoplasia and the role of biomarkers. Best Pract Res Clin Obstet Gynaecol., v.25(5), p.605-15, 2011. MATSUKURA, T.; SUGASE, M. Relationships between 80 human papillomavirus genotypes and different grades of cervical intraepithelial neoplasia: association and causality. Virology, v.283, p.139– 147, 2001. MC MURRAY, H.R.; NGUYEN, D.; WESTBROOK, T.F.; MCANCE, D.J. Biology of human papillomaviruses. Int J Exp Path, v.82, p.15–33, 2001. MEISELS, A; FORTIN, R. Condylomatous lesions of the cervix and vagina. I Cytological patterns. Acta cytological, v.20, p.505-509, 1976. MEISELS, A.; FORTIN, R.; ROY, M. Condylomatous lesions of the cervix. II. Cytologic, kolposcopic and histopathologic study, v.21, p.379–390, 1977. MISSAOUI, N.; HMISSA, S.; SANKARANARAYANAN, R., DEODHAR, K.; NENE, B.; BUDUKH, A.; MALVI, S.; CHINOY, R.; KELKAR, R.; KANE, S.; CHAUHAN, M.; KOTHAI, A.; KAHATE, S., FONTANIÈRE, B.; FRAPPART, L. p16INK4A overexpression is a useful marker for uterine cervix lesions. Ann Biol Clin, v.68(4), p.409-14, 2010. MOLDEN, T.; NYGÅRD, J.F.; KRAUS, I.; KARLSEN, F.; NYGÅRD, M.; SKARE, G.B.; SKOMEDAL, H.; THORESEN, S.O.; HAGMAR, B. Predicting CIN2+ when detecting HPV mRNA and DNA by PreTect HPV-proofer and consensus PCR: A 2-year follow-up of women with ASCUS or LSIL Pap smear. Int J Cancer., v.114(6), p.973-6, 2005. 93 Referências Pitol, BCV MOLIJN, B.; KLETER, W.; QUINT, L.J.; VAN DOORN, L.J. Molecular diagnosis of human papillomavirus (HPV) infections. J Clin Virol., v.32 (1), p.S43-51, 2005. MOODY, C.A.; LAIMINS, L.A. Human papillomavirus oncoproteins: pathways to transformation. Review. Nat Rev Cancer., v.10(8), p.550-60, 2010. MULLER, H.; BAUCH, C. When do sexual partnerships need to be accounted for in transmission models of human papillomavirus? Int J Environ Res Public Health., v. 7(2), p.635-50, 2010. MULVANY, N.J.; ALLEN, D.G.; WILSON, S.M. Diagnostic utility of p16INK4a: a reappraisal of its use in cervical biopsies. Pathology., v.40(4), p.335-44, 2008. MUNDAY, J.S.; KIUPEL, M. Papillomavirus-associated cutaneous neoplasia in mammals. Vet Pathol, v.47(2), p.254-64, 2010. MUÑOZ, N.; BOSCH, F.X.; DE SANJOSÉ, S.; HERRERO, R.; CASTELLSAGUÉ, X.; SHAH, K.V.; SNIJDERS, P.J.F.; MEIJER, C.J.L.M. Epidemiologic classification of human papillomavirus types associated with cervical cancer. N. Engl. J. Med, v. 6(348), p.518-527, 2003. MUÑOZ, N. et al. Chapter 1: HPV in the etiology of human cancer. Vaccine, v.3(24), p.3- 10, 2006. MURPHY, N.; HEFFRON, C.C.; KING, B.; GANUGUAPATI, U.G.; RING, M.; MCGUINNESS, E.; SHEILS, O., O'LEARY, J.J. p16INK4A positivity in benign, premalignant and malignant cervical glandular lesions: a potential diagnostic problem. Virchows Arch, v.445(6), p.610-5, 2004. NAHMIAS, A.J.; JOSEY, W.E.; NAIB, Z.M.; LUCE, C.F.; GUEST, B.A. Antibodies to Herpesvirus hominis types 1 and 2 in humans. II.Women with cervical cancer. Am. J. Epidemiol, v. 91, p.547–552,1970. NAIB, Z.M.; NAHMIAS, A.J.; JOSEY, W.E.; KRAMER, J.H. Genital herpetic infections. Association with cervical dysplasia and carcinoma. Cancer, v.23, p.940– 945, 1969. NATARAJ, A.J.; TRENT, J.C. II; ANANTHASWAMY, H.N. p53 gene mutations and photocarcinogenesis. Review. Photochem Photobiol, v.62(2), p.218-30, 1995. . NETO, A. R.; RIBALTA, J.C.L.; FOCCHI, J.; BARACAT, E.C. Evaluation of the Methods Employed by the National Program of Uterine Cervical Cancer Control of the Brazilian Health Ministry. RBGO, v.23(4), 2001. NICOL, A.F.; NUOVO, G.J.; DILLNER, J. A summary of the 25th International Papillomavirus Conference 2010: vaccines, screening, epidemiology and therapeutics. J Clin Virol, v.47(3), p.208-15, 2010. 94 Referências Pitol, BCV OMORI, M.; HASHI, A.; NAKAZAWA, K.; YUMINAMOCHI, T.; YAMANE, T.; HIRATA, S.; KATOH, R.; HOSHI, K. Estimation of prognoses for cervical intraepithelial neoplasia 2 by p16INK4a immunoexpression and high-risk HPV in situ hybridization signal types. Am J Clin Pathol, v.128, p.208–217, 2007. ORIEL, J.D. Natural history of genital warts. Br J Vener Dis, v.47, p.1-13, 1971. PAULOVICH, A.G.; TOCZYSKI, D.P.; HARTWELL, L.H. When checkpoints fail. Cell, v.83, p.315-21, 1997. PEREZ, L.A. Genital HPV: links to cervical cancer, treatment, and prevention. Clin Lab Sci, v.14(3), p.183-6, 2001. PIETSCH, E.C.; HUMBEY, O.; MURPHY, M.E. Polymorphisms in the p53 pathway. Oncogene., v.25(11), p.1602-11, 2006. PINTO, A.P.; DEGEN, M.; VILLA, L.L.; CIBAS, E.S. Immunomarkers in gynecologic cytology: the search for the ideal 'biomolecular papanicolaou test'. Acta Cytol., v.56(2), p.109-21, 2012. PLUQUET, O.; HAINAUT, P. Genotoxic and non-genotoxic pathways of p53 induction. Cancer Lett., v.174(1), p.1-15, 2001. PUROLA, E.; SAVIA, E. Cytology of gynecologic condyloma acuminatum. Acta Cytol, v.21(1), p.26-31, 1977. QUEIROZ, C.; SILVA, T.C.; ALVES, V.A.; VILLA, L.L.; COSTA, M.C.; TRAVASSOS, A.G.; FILHO, J.B.; STUDART, E.; CHETO, T.; DE FREITAS, L.A. Comparative study of the expression of cellular cycle proteins in cervical intraepithelial lesions. Pathol Res Pract, v.202(10), p.731-7, 2006a. RAWLS, W.E.; TOMPKINS, W.A.; FIGUEROA, M.E.; MELNICK, J.L. Herpesvirus type 2: association with cancer of the cervix. Science, v.161, p.1255– 1256, 1968. REUSCHENBACH, M.; SEIZ, M.; DOEBERITZ, C.V.; VINOKUROVA, S.; DUWE, A.; RIDDER, R.; SARTOR, H.; KOMMOSS, F.; SCHMIDT, D.; DOEBERITZ, M.V. Evaluation of cervical cone biopsies for coexpression of p16(INK4a) and Ki-67 in epithelial cells. Int J Cancer., doi: 10.1002/ijc.26017, 2011. RICHARDSON, H. et al. The natural history of type-specific human papillomavirus infections in female university students. Cancer Epidemiol. Biomarkers Prev, v.12, p.485–490, 2003. ROBERTS, J.N.; BUCK, C.B.; THOMPSON, C.D.; et al. Genital transmission of HPV in a mouse model is potentiated by nonoxynol-9 and inhibited by carrageenan. Nat Med, v.13, p.857–61, 2007. 95 Referências Pitol, BCV ROSENBLATT, C.; WROCLAWSKI, E.R.; LUCON, A.M.; PEREYRA, E.A.G. HPV na Prática Clínica. São Paulo: Atheneu, 2005. SAIKI, R.K.; et al. Primer-directed enzymatic amplification of DNA with a thermostable DNA polymerase. Science, v.4839(239), p.487-491, 1988. SALCEDO, M. DE M.; SILVEIRA, G.P.; ZETTLER, C.G. Immunohistochemical expression of p16 and herpes simplex virus type 2 in squamous intraepithelial lesions and cervical cancer. Rev Bras Ginecol Obstet., v.30(2), p.61-6, 2008. SANO, T.; OYAMA, T.; KASHIWABARA, K.; FUKUDA, T.; NAKAJIMA, T. Expression status of p16 protein is associated with human papillomavirus oncogenic potential in cervical and genital lesions. Am J Pathol., v.153, p.17411748, 1998. SANO, T.; MASUDA, N.; OYAMA, T.; NAKAJIMA, T. Overexpression of p16 and p14ARF is associated with human papillomavirus infection in cervical squamous cell carcinoma and dysplasia. Pathol Int., v.52(5-6), p.375-83, 2002. SAWAYA, G.F.; MCCONNELL, K.J.; KULASINGAM, S.L.; et al. Risk of cervical cancer associated with extending the interval between cervical-cancer screenings. N Engl J Med, v.349, p.1501–09, 2003. SCHAFER, K.A. The cell cycle: a review. Review article. Vet Pathol, v.35, p.461478, 1998. SCHEFFNER, M.; WERNESS, B.A.; HUIBREGTSE, J.M.; LEVINE, A.J.; HOWLEY, P.M. The E6 oncoprotein encoded by human papillomavirus types 16 and 18 promotes the degradation of p53. Cell, v.63(6), p.1129-36, 1990. SCHIFFMAN, M.; KJAER, S.K. Chapter 2: Natural history of anogenital human papillomavirus infection and neoplasia. J Natl Cancer Inst Monogr, v.31, p.14-9, 2003. SCHIFFMAN, M.; CASTLE, P.E.; JERONIMO, J.; RODRIGUEZ, A.C.; WACHOLDER, S. Human papillomavirus and cervical cancer. Lancet, v.370(9590), p.890-907, 2007. SCHIFFMAN, M.; WENTZENSEN, N.; WACHOLDER, S.; KINNEY, W.; GAGE, J.C.; CASTLE, P.E. Human papillomavirus testing in the prevention of cervical cancer. J Natl Cancer Inst., v.103(5), p.368-83, 2011. SELLORS JW, SANKARANARAYANAN R. Colposcopy and Treatment of Cervical Intraepithelial Neoplasia: A Beginners’ Manual. Lyon: International Agency for Research on Cancer, 2003. 96 Referências Pitol, BCV SHARPLESS, N.E.; KANNAN, K.; XU, J., BOSENBERG, M.W.; CHIN, L. Both products of the mouse Ink4a/Arf locus suppress melanoma formation in vivo. Oncogene, v.22(32), p.5055-9, 2003. SHERR, C.J.; ROBERTS, J.M. CDKs inhibitors: positive and negative regulators of G1-phase progression. Genes Dev, v.13, p.1501-12, 1999. SILVA FILHO, A.M.; LONGATTO FILHO, A. Colo uterino & vagina. Processos inflamatórios. Aspectos histológicos, citológicos e colposcópicos. Editora Revinter, Rio de Janeiro, 2000. SKOMEDAL, H.; KRISTENSEN, G.B.; LIE, A.K.; HOLM, R. Aberrant expression of the cell cycle associated proteins TP53, MDM2, p21, p27, cdk4, cyclin D1, RB, and EGFR in cervical carcinomas. Gynecol Oncol, v.73(2), p.223-8, 1999. SOUFIR, N.; BASSET-SEGUIN, N. The INK4a-ARF locus: role in the genetic predisposition to familial melanoma and in skin carcinogenesis. Review. French. Bull Cancer, v.88(11), p.1061-7, 2001. SOUTHERN, S.A.; HERRINGTON, C.S. Molecular events in uterine cervical cancer. Sex Transm Infect, v.74, p.101-9, 1998. STANLEY, M. Immunobiology of HPV and HPV vaccines. Gynecol. Oncol, v.109, p. S15–21, 2008. STANLEY, M. Immune responses to human papilloma viruses. Indian J Med Res, v.130, p.266-276, 2009. STEBEN, M.; DUARTE-FRANCO, E. Human papillomavirus infection: Epidemiology and pathophysiology . Gynecologic Oncology, v.107, p.S2–S5, 2007. STEWART, Z.A.; PIETENPOL, J.A. Cell-cycle dysregulation and anticancer therapy. Review. Trend Pharmacol Sci, v.24 (3), p.139-145, 2003. STOLER, M.H. Human papillomavirus biology and cervical neoplasia. Arch Pathol Lab Med, v.127, p.935-939, 2003. STRICKLER, H.D.; BURK, R.D.; FAZZARI, M.; et al. Natural history and possible reactivation of human papillomavirus in human immunodeficiency viruspositive women. J Natl Cancer Inst, v.97, p.577–86, 2005. SULLIVAN, C.A.; CHUNG, G.G. Biomarker validation: in situ analysis of protein expression using semiquantitative immunohistochemistry-based techniques. Clin Colorectal Cancer., v.7(3), p.172-7, 2008. 97 Referências Pitol, BCV TAN, G.C.; SHARIFAH, N.A.; SHIRAN, M.S.; SALWATI, S.; HATTA, A.Z.; PAUL-NG, H.O. Utility of Ki-67 and p53 in distinguishing cervical intraepithelial neoplasia 3 from squamous cell carcinoma of the cervix. Asian Pac J Cancer Prev., v.9(4), p.781-4, 2008. TAYLOR, C.R.; LEVENSON, R.M. Quantification of immunohistochemistry- issues concerning methods, utility and semiquantitative assessment II. Histopathology, v. 49, p.411-24, 2006. THOMISSON III, J.; THOMAS, L.K.; SHROYER, K.R. Human papillomavirus: molecular and cytologic/histologic aspects related to cervical intraepithelial neoplasia and carcinoma. Hum Pathol, v.39, p.154-166, 2008. TORTOLERO-LUNA, G. Epidemiology of genital human papillomavirus. Hematol Oncol Clin North Am, v.13(1), p.245-57, 1999. TOSUN, G.; SENDAG, F.; ZEYBEK, B.; COSAN TEREK, M.; GUVEN, C.; ZEKIOGLY, O.; BILGIN, O. Immunohistochemical expressions of p16 and p53 proteins in cervical intraepithelial neoplasia and in benign cervical tissue. Eur J Gynaecol Oncol., v.31(6), p.627-31, 2010. TRONCONE, G.; MARTINEZ, J.C.; PALOMBINI, L.; DE ROSA, G.; MUGICA, C.; RODRIGUEZ, J.A.; ZEPPA, P.; DI VIZIO, D.; LUCARIELLO, A.; PIRIS, M.A. Immunohistochemical expression of mdm2 and p21WAF1 in invasive cervical cancer: correlation with p53 protein and high risk HPV infection. J Clin Pathol, v.51(10), p.754-60, 1998. TSOUMPOU, I.; ARBYN, M.; KYRGIOU, M.; WENTZENSEN, N.; KOLIOPOULOS, G.; MARTIN-HIRSCH, P.; PARASKEVAIDIS, E. p16INK4a immunostaining in cytological and histological specimens from the uterine cervix: a systematic review and meta-analysis. Cancer Treat Rev., v.35(3), p.210–220, 2009. TSUDA, H.; HASHIGUCHI, Y.; NISHIMURA, S.; KAWAMURA, N.; INOUE, T.; YAMAMOTO, K. Relationship between HPV typing and abnormality of G1 cell cycle regulators in cervical neoplasm. Gynecol Oncol., v.91(3), p.476-85, 2003. TURKCUOGLU, I., KAYGUSUZ, G., ATABEKOGLU, C.S., ORTAC, F., GUNGOR, M., KANKAYA, D., SERTCELIK, A. The role of p53, Bcl-2 and Ki67 in premalignant cervical lesions and cervical cancer. Eur J Gynaecol Oncol, v.28(4), p.290-293, 2007. UNGUREANU, C.; SOCOLOV, D.; ANTON, G.; MIHAILOVICI, M.S.; TELEMAN, S. Immunocytochemical expression of p16INK4a and HPV L1 capsid proteins as predictive markers of the cervical lesions progression risk. Rom J Morphol Embryol., v.51(3), p.497-503, 2010. 98 Referências Pitol, BCV VASSALLO, J.; DERCHAIN, S.F.; PINTO, G.A.; MARTINEZ, E.Z.; SYRJÄNEN, K.J.; ANDRADE, L.A. High risk HPV and p53 protein expression in cervical intraepithelial neoplasia. Int J Gynaecol Obstet., v.71(1), p.45-8, 2000. VILLA, L.L.; SICHERO, L.; RAHAL, P.; CABALLERO, O.; FERENCZY, A.; ROHAN, T.; FRANCO, E.L. Molecular variants of human papillomavirus types 16 and 18 preferentially associated with cervical neoplasia. J Gen Virol, v.12(81), p.2959-68, 2000. VILLA, L.L.; COSTA, R.L.; PETTA, C.A.; ANDRADE, R.P.; AULT, K.A.; GIULIANO, A.R.; WHEELER, C.M.; KOUTSKY, L.A.; MALM, C.; LEHTINEN, M.; SKJELDESTAD, F.E.; OLSSON, S.E.; STEINWALL, M.; BROWN, D.R.; KURMAN, R.J.; RONNETT, B.M.; STOLER, M.H.; FERENCZY, A.; HARPER, D.M.; TAMMS, G.M.; YU, J.; LUPINACCI, L.; RAILKAR, R.; TADDEO, F.J.; JANSEN, K.U.; ESSER, M.T.; SINGS, H.L.; SAAH, A.J.; BARR, E. Prophylactic quadrivalent human papillomavirus (types 6, 11, 16, and 18) L1 virus-like particle vaccine in young women: a randomised double-blind placebo-controlled multicentre phase II efficacy trial. Lancet Oncol., v.6(5), p.271-8, 2005. VILLA, L.L. HPV prophylactic vaccination: The first years and what to expect from now. Review. Cancer Lett., v.305(2), p.106-12, 2011. VON KNEBEL DOEBERITZ, M. New molecular tools for efficient screening of cervical cancer. Review. Dis Markers., v.17(3), p.123-8, 2001. WAGGONER, S.E. Cervical cancer. Lancet, v.361, p.2217-25, 2003. WALBOOMERS, J.M.; JACOBS, M.V.; MANOS, M.M.; BOSCH, F.X.; KUMMER, J.A.; SHAH, K.V.; SNIJDERS, P.J.; PETO, J.; MEIJER, C.J.; MUÑOZ, N. Human papillomavirus is a necessary cause of invasive cervical cancer worldwide. J Pathol, v.189, p.12-9,1999. WANG, J.L.; ZHENG, B.Y.; LI, X.D.; ANGSTROM, T.; LINDSTROM, M.S.; WALLIN, K.L. Predictive significance of the alterations of p16INK4A, p14ARF, p53, and proliferating cell nuclear antigen expression in the progression of cervical cancer. Clin Cancer Res, v.10, p.2407-2414, 2004. WANG, J.L.; ZHENG, B.Y.; LI, X.D.; NOKELAINEN, K.; ANGSTROM, T.; LINDSTROM, M.S.; WALLIN, K.L. p16INK4A and p14ARF expression pattern by immunohistochemistry in human papillomavirus-related cervical neoplasia, Mod. Pathol, v.18(5), p.629–637, 2005. WANG, T.H.; WANG, H.S. p53, Apoptosis and Human Canceers, J. Formes Med. Assoc., v.95, p.509-522, 1996. WANG, X.W.; HARRIS, C.C. p53 tumor-suppressor gene: clues to molecular carcinogenesis. Review. J Cell Physiol., v.173(2), p.247-55, 1997. 99 Referências Pitol, BCV WARD, L.S. Entendendo o Processo Molecular da Tumorigênese. Arq Bras Endocrinol Metab, v.46(4), p.351-360, 2002. WELLER, M. Predicting response to cancer chemotherapy: The role of p53. Cell Tissue Rs, v.292, p.435-445, 1998. WENTZENSEN, N.; BERGERON, C.; CAS, F.; VINOKUROVA, S.; von KNEBEL DOEBERITZ, M. Triage of women with ASCUS and LSIL cytology: use of qualitative assessment of p16INK4a positive cells to identify patients with high-grade cervical intraepithelial neoplasia. Cancer, 111(1):58-66, 2007. WENTZENSEN, N.; VON KNEBEL DOEBERITZ, M. Biomarkers in cervical cancer screening. Dis Markers, v.23, p.315-330, 2007. WINER, R.L.; LEE, S.K.; HUGHES, J.P.; ADAM, D.E.; KIVIAT, N.B.; KOUTSKY L.A. Genital human papillomavirus infection: incidence and risk factors in a cohort of female university students. Am J Epidemiol., v.157(3), p.218226, 2003. WOODMAN, C.B. et al. Natural history of cervical human papillomavirus infection in young women: a longitudinal cohort study. Lancet, v.357, p.1831– 1836, 2001. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Information Centre on HPV and Cervical Cancer (HPV Information Centre). Human Papillomavirus and Related Cancers in Brazil. Geneva: WHO, Summary Report 2010. www. who. int/ hpvcentre [acessado em julho, 2011]. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Programmes and projects. Cancer. Screening and early detection of cancer. www. who. Int/cancer/detection/cytologyscreen/en/index. htlm [acessado em julho, 2011]. WRIGHT JR, T.C.; ELLERBROCK, T.V.; CHIASSON, M.A.; VAN DEVANTER, N.; SUN, X.W. Cervical intraepithelial neoplasia in women infected with human immunodeficiency virus: prevalence, risk factors, and validity of Papanicolaou smears. New York Cervical Disease Study. Obstet Gynecol, v.84, p.591-7, 1994. WRIGHT JR, T.C.; COX, J.T.; MASSAD, L.S.; CARLSON, J.; TWIGGS, L.B.; WILKINSON, E.J. 2001 consensus guidelines for the management of women with cervical intraepithelial neoplasia. Am J Obstet Gynecol., v.189(1), p.295-304, 2003. WU, X.; BAYLE, J.H.; OLSON, D.; LEVINE, A.J. The p53-mdm-2 autoregulatory feedback loop.Genes Dev, v.7(7A), p.1126-32, 1993. YILDIZ, I.Z.; USUBÜTÜN, A.; FIRAT, P.; AYHAN, A.; KÜÇÜKALI, T. Efficiency of immunohistochemical p16 expression and HPV typing in cervical squamous intraepithelial lesion grading and review of the p16 literature. Pathol Res Pract., v.203(6), p.445-9, 2007. 100 Referências Pitol, BCV YONAMINE, P.T.K.; JUNQUEIRA, M.S.G.; RODRIGUES, J.O.; PEREIRA, S.F.; PANDOSSIO, T.; RODRIGUES, D. A.; PEDREGOSA, J.F.; MUNHOZ, N.G.; CORDEIRO, J.A.; CURY, P.M.; BONILHA, J.L. Association between p16 expression and cervical intraepithelial neoplasia. Arq Ciênc Saúde, v.16(4), p.1615, 2009. YOSHIDA, T.; SANO, T.; KANUMA, T.; OWADA, N.; SAKURAI, S.; FUKUDA, T.; NAKAJIMA, T. Immunochemical analysis of HPV L1 capsid protein and p16 protein in liquid-based cytology samples from uterine cervical lesions. Cancer., v.114(2), p.83-8, 2008. ZACHOW, R.K.; OSTROW, R.S.; BENDER,M.; WATTS, S.; OKAGAKI, T.; PASS, F.; FARAS, R.J. Detection of human papillomavirus DNA in anogenital neoplasias. Nature, v.300, p.771–773, 1982. ZHANG, Y.; XIONG, Y.; YARBROUGH, W.G. ARF promotes MDM2 degradation and stabilizes p53: ARF-INK4a locus deletion impairs both the Rb and p53 tumor suppression pathways. Cell, v.92(6), p.725-34, 1998. ZHANG, W.Y.; MA, C.B.; XIAO, J.Y.; ZHOU, H.R. Spontaneous clearance of high risk human papillomavirus infection. Zhonghua Fu Chan Ke Za Zhi., v.45(7), p.515-8, 2010. ZUR HAUSEN, H.; MEINHOF, W.; SCHEIBER, W.; BORNKAMM, G.W. Attempts to detect virus-secific DNA in human tumors. I. Nucleic acid hybridizations with complementary RNA of human wart virus. Int J Cancer, v.13(5), p.650-6, 1974. ZUR HAUSEN, H. Condyloma acuminate and human genital cancer. Cancer Res, v.36, p.530, 1976. ZUR HAUSEN, H. Human papillomaviruses and their possible role in squamous cell carcinomas. Curr. Top. Microbiol. Immunol, v.78, p.1-30, 1977. ZUR HAUSEN, H. Papillomaviruses and cancer: from basic studies to clinical application. Nat. Rev. Cancer, v.2, p.342– 350, 2002. ZUR HAUSEN, H. Papillomaviruses--to vaccination and beyond. Biochemistry (Mosc)., v.73(5), p.498-503, 2008. ZUR HAUSEN, H. Papillomaviruses in the causation of human cancers-a brief historicalaccount. Virology, v.384, 2009. 101 9) Anexos Anexo 1 Pitol, BCV TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (para utilização de biópsias coletadas anteriormente a este projeto) “ANÁLISE DA EXPRESSÃO DE PROTEÍNAS DE CICLO CELULAR E DE PROLIFERAÇÃO NAS LESÕES INTRAEPITELIAIS CERVICAIS” Prezada paciente____________________________________________ Você está sendo convidada a participar de um projeto de pesquisa sobre o câncer de colo uterino e o papilomavírus humano, também chamado de HPV, principal causa destes tumores. Neste projeto, queremos estudar o material de mulheres que tiveram alterações diferentes no colo uterino (leves a mais graves) para buscar um marcador que possa ser usado para auxiliar no diagnóstico. Sabe-se que a grande maioria das lesões prémalignas de colo uterino não progredirá para lesões mais acentuadas ou até mesmo para câncer. Entretanto, nos dias de hoje, não está disponível nenhum marcador para estabelecer qual lesão irá progredir e qual não irá progredir. Assim, pode ser que estejam sendo realizados tratamentos desnecessários em lesões que nunca progrediriam para casos mais graves. Entretanto, como o câncer é uma doença de difícil tratamento nos estágios mais avançados, a opção é faze-lo em qualquer lesão que tenha o risco de progredir. Você realizou há algum tempo um exame preventivo de câncer de colo uterino (Papanicolaou) que mostrou alterações que levaram o seu médico a solicitar um exame chamado colposcopia. Neste exame, realizado no Centro Viva Vida em Itabirito, o médico analisou o colo uterino com uma lente de aumento. Como você apresentou alteração na colposcopia, foi feita uma biópsia, que é a retirada de uma pequena porção do colo uterino para ser examinada em laboratório através de microscópio (exame histológico). O exame histológico foi realizado no Laboratório Tafuri em Belo Horizonte e forneceu o diagnóstico definitivo das alterações encontradas em seu colo uterino. De posse deste resultado você, provavelmente foi realizado o tratamento. No exame histológico geralmente é analisado apenas uma pequena porção do material obtido nas biópsias. O restante é mantido em arquivo no laboratório, em pequenos blocos feitos de parafina, durante alguns anos e, depois, descartado no lixo hospitalar, pois não tem mais utilidade. O que estamos solicitando a você é a autorização para utilização dos blocos de parafina da biópsia que você realizou, para ser estudado em nosso projeto de pesquisa. O material que pretendemos utilizar é excedente, ou seja, já foi usado para o seu diagnóstico no passado e agora não possui mais utilidade para você, já que o seu laudo foi emitido, aceito pelo médico e o tratamento já estabelecido. Esclarecemos que o bloco de parafina com a biópsia somente será retirado do Laboratório Tafuri se você nos der autorização, assinando este Termo de Consentimento. 103 Anexo 1 Pitol, BCV Sua participação nesse projeto é voluntária. Você não terá nenhuma vantagem direta em ceder suas amostras para o projeto porque provavelmente já realizou tratamento para as lesões de colo uterino que possuía. Na verdade, participando do projeto você poderá estar ajudando outras pessoas no futuro para que o tratamento das lesões de colo uterino seja mais melhorado. Caso o estudo seja interrompido, o bloco de parafina com a biópsia será devolvido ao Laboratório Tafuri. Os dados serão armazenados em um computador disponibilizado na sala da professora Angélica Alves Lima, coordenadora deste estudo, na Escola de Farmácia da UFOP, localizada à Rua Costa Sena, 171, Centro, Ouro Preto. A professora Angélica é responsável pela guarda de seu bloco de biópsia e das informações obtidas a partir dele. Seu nome ou informações que venham a identificar você em nenhum momento serão revelados e garantiremos seu anonimato em publicações científicas que venhamos a realizar. Você poderá esclarecer qualquer dúvida sobre o projeto com a Profa. Angélica Alves Lima ou com o Prof. Roney Luiz de Carvalho Nicolato, de segunda a sexta-feira, de 8:00 às 11:00 e de 13:00 às 17:00 horas, no LAPAC ou pelo telefone (31) 35591646. Você também poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Ouro Preto no Campus Universitário, Morro do Cuzeiro, ICEB II, sala 29, pelos telefones (31)3559-1368 ou (31)3559-1370 ou pelo e-mail [email protected] Desde já, agradecemos sua colaboração. Eu, _______________________________________________________, após esclarecida sobre o projeto de pesquisa, concordo em participar do estudo acima. Assinatura da Paciente Assinatura da Coordenadora Ouro Preto, _____ de ___________________de 20 104 ser Anexo 2 Pitol, BCV 105 Anexo 3 Pitol, BCV 106 Anexo 4 Pitol, BCV Protocolo para Silanização de Lâminas Objetivo: O silano fixa o corte na lâmina impedindo que se solte quando submetido a alta pressão e temperatura. Deve ser usado em reações imuno-histoquímicas. Silano (3- aminopropyl Triethoxysilane) 1. Mergulhar as lâminas em solução de extran 2% (detergente) e deixar overnight; 2. Retirar da solução de extran e mergulhar em solução de álcool 70% e deixar novamente overnight; 3. Feito isso, limpar as lâminas e dispô-las separadas; 4. Colocar na solução de Ácido Clorídrico 1N por 20 minutos; 5. Dar três banhos em água destilada (mergulhos); 6. Colocar na solução de Ácido Acético glacial 1:4 por 20 minutos; 7. Secar a temperatura ambiente e cobertas; 8. Colocar na solução de Silano 2% em acetona por 20 minutos; 9. Dar um banho rápido em água destilada; 10. Secar a temperatura ambiente e cobertas, de um dia para outro. Soluções: Preparar as soluções no dia de usá-las e não reaproveitá-las. Pra 600 mL de solução: (suficiente para cobrir a cesta de lâminas) Ácido Clorídrico a 1N HCl -------------------------- 50 mL H2O destilada --------------- 550 mL Ácido Acético 1:4 Acido Acético ------------------- 150 mL Etanol ------------------------ 450 mL Silano 2% em Acetona Silano ------------------------ 12 mL Acetona ---------------------- 588 mL 107 Anexo 5 Pitol, BCV Protocolo de desparafinização: Solução Xilol I Xilol II Xilol + Álcool 100o I Álcool 100o I Álcool 100o II Álcool 950 Álcool 700 H2O Destilada 108 Tempo ( min) 30 30 30 5 5 5 5 5 Anexo 6 Pitol, BCV Conceitos e cálculos de sensibilidade, especificidade, acurácia, valores preditivos positivo (VPP) e negativo (VPN) e eficiência (Ef) dos testes imuno-histoquímicos das proteínas p16, p53 e L1/HPV para diagnóstico do câncer cervical. Observações: a) O diagnóstico histopatológico foi considerado como padrão-ouro; b) < 25 % de marcação – teste negativo; > 25 % marcação – teste positivo; c) A faixa de prevalência de câncer cervical no Brasil foi 0,2 a 0,8% (INCA, 2011); d) VP - verdadeiros positivos; VN - verdadeiros negativos; FP - falsos positivos; FN falsos negativos. 1) Sensibilidade (s): é a probabilidade de um indivíduo avaliado e doente de ter seu teste alterado (positivo). Número de indivíduos doentes e com teste positivo/número total de indivíduos doentes; 2) Especificidade (e): é a probabilidade de um indivíduo avaliado e normal ter seu teste normal (negativo). Número de indivíduos normais e com teste negativo/ número total de indivíduos normais; 3) Acurácia (a): proporção de testes verdadeiramente positivos e verdadeiramente negativos, em relação à totalidade dos resultados. É uma medida da correlação entre o valor estimado e os valores reais, ou seja, mede o quanto a estimativa que obtemos é relacionada com o “valor real” do parâmetro; 109 Anexo 6 Pitol, BCV 4) Prevalência (p): número de indivíduos com determinada doença / número de indivíduos da população; 5) Valor preditivo positivo (VPP): é a probabilidade de um indivíduo avaliado e com resultado positivo ser realmente doente. Foi avaliado em função da sensibilidade, especificidade e prevalência do câncer cervical no Brasil. 6) Valor preditivo negativo (VPN): é a probabilidade de um indivíduo avaliado e com resultado negativo ser realmente normal. Foi avaliado em função da sensibilidade, especificidade e prevalência do câncer cervical no Brasil. 6) Eficiência diagnóstica: todo exame tem a sua sensibilidade (s) e especificidade (e) próprias. Para cada conjunto de s e e, pode-se construir um gráfico relacionando VPP e VPN com p (prevalência). Neste gráfico, as curvas VPP e VPN teriam a mesma direção (para a direita), mas orientações diametralmente opostas (de baixo para cima e de cima para baixo, respectivamente). O cruzamento de ambas vai sempre ocorrer num ponto de prevalência média. As médias de VPP e VPN geram uma terceira curva denominada curva de eficiência de um teste (Ef) (Kawamura, 2002). 110 Anexo 6 Pitol, BCV 111