a visão dos pais em relação a importância da aderência de

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a visão dos pais em relação a importância da aderência de
Revista ENAF Science Volume 9, número 2 - 2014 - ISSN: 1809-2926
Órgão de divulgação científica do 11º ENAF BH, 57º ENAF POÇOS DE CALDAS/MG e Pós-Graduação Desenvolvimento
VOLUME 09 - NÚMERO 02 - 2014 - MAGAZINE
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Órgão de divulgação científica do 11º ENAF BH, 57º ENAF POÇOS DE CALDAS/MG e Pós-Graduação Desenvolvimento
É com grande satisfação que, no vigésimo oitavo ano de realização do Encontro Nacional
de Atividade Física - ENAF, publicamos a Revista on-line ENAF SCIENCE. Tal publicação
pode ser traduzida como uma forma de agradecimento e retribuição a todos aqueles que,
direta ou indiretamente, contribuíram para o desenvolvimento e aperfeiçoamento desse
evento que integra o universo da atividade física e da saúde.
No decorrer desses anos acreditamos ter participado da formação de milhares de
acadêmicos e profissionais da área de educação física, fisioterapia, nutrição,
enfermagem, turismo e pedagogia. A partir de 2004 passamos a realizar o Congresso
Científico vinculado ao ENAF, dando mais um passo na construção dos saberes que
unem formação e produção.
É a partir desse contexto que a Revista on-line ENAF SCIENCE é novamente lançada.
Esperamos que essa publicação enriqueça nossa área de ação. Nesta edição, estão
presentes todos os trabalhos apresentados no Congresso Científico, seja sob forma de
artigo completo ou como resumo na forma de pôster.
Esperamos que este seja a continuação dos passos que pretendemos empreender na
busca por um novo viés de conhecimento, fazendo com que o ENAF siga seu caminho
mais essencial: participar da construção de uma ciência da atividade física.
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ÍNDICE DOS TRABALHOS
(Dica: clique no titulo abaixo para acessar a página do trabalho)
ARTIGOS
USO DE SUPLEMENTOS ALIMENTARES POR FREQUENTADORES DE ACADEMIAS DE BOA
ESPERANÇA – MG ........................................................................................................................................... 5
INFLUÊNCIA DO TREINAMENTO RESISTIDO NA ATROFIA MUSCULAR EM PORTADORES DE
DIABETES MELLITUS: UMA REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................ 14
ESTÁGIO SUPERVISIONADO: UM DEBATE TEÓRIA VERSUS PRÁTICA NA FORMAÇÃO DO DOCENTE
DE EDUCAÇÃO FÍSICA .................................................................................................................................. 22
EDUCAÇÃO FÍSICA E PROMOÇÃO À SAUDE NO CONTEXTO DO NASF ................................................ 39
AVALIAÇÃO DA PERDA HÍDRICA DURANTE TREINO INTENSO DE JIU-JITSU ....................................... 48
BENEFÍCIOS DA MUSCULAÇÃO SOBRE A QUALIDADE DE VIDA NA TERCEIRA IDADE ...................... 55
FATORES MOTIVACIONAIS QUE INCIDEM SOB ADOLESCENTES PERTENCENTES AO PROGRAMA
―AABB COMUNIDADE‖ E ALUNOS DA REDE PÚBLICA DE ENSINO DA CIDADE DE PITANGUI-MG PARA
A PRÁTICA DE ATIVIDADES ESPORTIVAS. ................................................................................................ 67
ANÁLISE DO ESTADO DE HUMOR EM NADADORES RECREATIVOS NÃO FEDERADOS NA
REALIZAÇÃO DE TESTES T-30‘ E 4X200 ..................................................................................................... 75
DETECÇÃO DE OBESIDADE EM ESCOLARES DE RIO MANSO ............................................................... 83
ANÁLISE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA E DA CONCENTRAÇÃO SANGUÍNEA DE LACTATO APÓS
ESFORÇO AGUDO EM MOUNTAIN BIKE ..................................................................................................... 91
JOGO DE PETECA ENQUANTO MOMENTO DE LAZER: ANÁLISE DA MOTIVAÇÃO À PRÁTICA EM
INDIVÍDUOS NA FAIXA ETÁRIA DE 45 A 55 ANOS ................................................................................... 100
OS BENEFÍCIOS DO TREINAMENTO FUNCIONAL PARA O IDOSO ........................................................ 106
COMPARAÇÃO DO PERFIL DE CICLISTAS DE ELITE DE ESTRADA COM CICLISTAS DE ELITE DE
FORA DE ESTRADA EM MINAS GERAIS ................................................................................................... 116
ORDEM NA EXECUÇÃO DE EXERCÍCIOS RESISTIDOS PARA MEMBROS INFERIORES. ................... 124
AS LUTAS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR SEGUNDO A REVISTA NOVA ESCOLA: UMA
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DE 1986 ATÉ 2013 .......................................................................................... 132
CICLISMO: UM OLHAR CINESIOLOGICO SOBRE O ESPORTE .............................................................. 139
HÁBITOS ALIMENTARES DE PRÉ-ADOLESCENTES EM PERÍODO ESCOLAR ..................................... 146
O MACULELÊ NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: UMA REFLEXÃO DA LEI 10.639/03 ......................... 152
A DANÇA POR UMA PEDAGOGIA CRÍTICO- EMANCIPADORA ............................................................... 160
O ESPORTE E SUAS POSSÍVEIS CONTRIBUIÇÕES NA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA .................... 188
A CAPACIDADE FUNCIONAL DE IDOSAS PARTICIPANTES DA UNIVERSIDADE ABERTA PARA
MATURIDADE - UNABEM ............................................................................................................................ 196
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CORRELAÇÃO DOS EFEITOS GERADOS PELA MUSCULAÇÃO E TREINAMENTO FUNCIONAL NO
PERCENTUAL DE GORDURA CORPORAL EM MULHERES .................................................................... 206
RELAÇÃO ENTRE OS TESTES INDIRETOS PARA AVALIAÇÃO DO DANO MUSCULAR APÓS OS
EXERCÍCIOS EXCÊNTRICOS ..................................................................................................................... 218
FADIGA MUSCULAR E ORDEM NA EXECUÇÃO DE EXERCÍCIOS DE RESISTENCIA PARA MEMBROS
INFERIORES. ................................................................................................................................................ 230
RESUMOS
COMPARAÇÃO DA FLEXIBILIDADE DE JOVENS NADADORES PARTICIPANTES DE UM PROGRAMA
DE INICIAÇÃO ESPORTIVA, UTILIZANDO A TÉCNICA DA GONIOMETRIA ............................................ 240
ESTUDO COMPARATIVO DA CAPACIDADE AERÓBIA E ANAERÓBIA, DE JOVENS PRATICANTES DE
FUTEBOL DE CAMPO, SEPARADOS POR CATEGORIAS. ....................................................................... 241
A PROPOSTA PEDAGÓGICA DO TEACHING GAMES FOR UNDERSTANDING PARA A INICIAÇÃO DO
FUTSAL ......................................................................................................................................................... 242
ANALISE DO ÍNDICE DE OBESIDADE EM CRIANÇAS DE 6 A 10 ANOS DE IDADE DA REDE PÚBLICA
DE ENSINO DE AMBOS OS SEXOS E SEU DESEMPENHO MOTOR EM TESTES FÍSICOS: UM
TRABALHO DO PIBID/UNIFOR MG. ............................................................................................................ 243
OBESIDADE INFANTIL: ESTUDO DE CRIANÇAS DE UMA ESCOLA PUBLICA DA CIDADE DE MOCOCA
– SP ............................................................................................................................................................... 244
CAPOEIRA NA RODA: ADAPTAÇÃO PARA ENSINAR CRIANÇAS ........................................................... 245
ATIVIDADE AQUÁTICA NA PRIMEIRA INFÂNCIA ...................................................................................... 246
A IMPORTÂNCIA DA AGILIDADE EM PRATICANTES DE FUTSAL .......................................................... 247
LIBRAS: A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR................................... 248
IMPACTO DO PROGRAMA LAZER ATIVO NO ESTILO DE VIDA DE TRABALHADORES DE UMA
INDÚSTRIA DE GRANDE PORTE DE CONSTRUÇÃO DE BARRAGEM EM PORTO VELHO ................. 249
A OBESIDADE VISCERAL E SUA RELAÇÃO COM A PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA E A
PARTICIPAÇÃO NO PROGRAMA ACADEMIA DA CIDADE NA POPULAÇÃO DO DISTRITO SANITÁRIO
NOROESTE DE BELO HORIZONTE ............................................................................................................ 251
CONTRIBUIÇÃO DA PKCEPSILON NA CARDIOPROTEÇÃO MEDIADA PELO EXERCÍCIO FÍSICO ..... 252
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ARTIGOS
USO DE SUPLEMENTOS ALIMENTARES POR FREQUENTADORES DE ACADEMIAS
DE BOA ESPERANÇA – MG
MONTEIRO, S.S.¹
RAMOS, K. C.1;
VIANNA, D 1,2.
1 ENAF DESENVOLVIMENTO – Poços de Caldas, Minas Gerais - Brasil
2 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – São Paulo, São Paulo – Brasil
[email protected]
RESUMO
Suplementos alimentares são recursos ergogênicos que visam promover um melhor
desempenho físico, seja em atletas ou praticantes de algum exercício físico. Com isso, o
objetivo do presente estudo é verificar a utilização de suplementos alimentares por
frequentadores de academias da cidade de Boa Esperança – Minas Gerais. O grupo de
estudo foi composto por 155 indivíduos, sendo 32% do sexo feminino, e 68% do sexo
masculino, com idades entre 14 e 58 anos. Os indivíduos responderam ao questionário
com 12 perguntas alternadas entre objetivas e discursivas, referentes ao presente estudo.
Os principais resultados indicaram: 54% praticam musculação; 43% utilizam suplementos
alimentares; 71% utilizam sem orientação profissional. As fontes de indicação mais
citadas foram: 44% é o próprio indivíduo, 21% Educador Físico, 17% amigos, 14%
Nutricionista, e 5% Médico. Os suplementos mais citados respectivamente foram: Whey
Protein, BCAA, Creatina e Dextrose. Pode-se concluir que apesar do consumo de
suplementos alimentares serem frequentes e sem orientação profissional, a maioria dos
entrevistados 57% não utilizam estes recursos.
Palavras-chave: academias, suplementos alimentares, orientação profissional.
ABSTRACT
Dietary supplements are ergogenic resources to promote better physical performance,
whether athletes or practicing exercise. Thus, the objective of this study is to verify the use
or dietary supplements by gym goers of the city of Boa Esperança - Minas Gerais. The
study group was composed of 155 subjects, 32% were woman and 68% were men, aged
between 14 and 58 years. The subjects answered a questionnaire with 12 questions and
open-ended alternate between referring to the present study. Results indicated: 54%
practicing bodybuilding; 43% using dietary supplements; 71% use without professional
guidance. The sources most cited indications were: 44% individual himself, 21% Physical
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Educator, 17% friends, 14% Nutritionist, and 5% Doctor. The supplements most often cited
were respectively: Whey Protein, BCAA, Creatine and Dextrose. It can be concluded that
although the consumption of dietary supplements are frequent and without professional
guidance, the majority of respondents 89 (57.42%) did not use these resources.
Keywords: gym, dietary supplement, professional guidance.
INTRODUÇÃO
Os suplementos alimentares são produtos compostos por ao menos uma dessas
combinações: vitaminas; minerais; ervas e botânicos; aminoácidos; metabólitos e extratos
(ARAÚJO, et. al., 2002). Geralmente são utilizados por esportistas para promover no
organismo um melhor desempenho nos exercícios físicos, principalmente na musculação
(JESUS; SILVA, 2008). Há também aqueles, que consomem abusivamente alguns
suplementos, para se atingir esteticamente determinados objetivos, em busca de um
―corpo perfeito‖, muitas vezes influenciado pela mídia, sem levar em consideração
possíveis efeitos colaterais (SANTOS; SANTOS, 2002). Contudo, normalmente essa
utilização nem sempre é realizada por um médico ou nutricionista (DOMINGUES;
MARINS, 2007). Podendo tornar-se prejudicial à saúde sem uma correta orientação
profissional (LOLLO; TAVARES, 2004).
OBJETIVOS
A pesquisa tem como objetivo verificar a utilização de suplementos alimentares por
frequentadores de academias da cidade de Boa Esperança – Minas Gerais.
METODOLOGIA
O instrumento utilizado para a obtenção dos dados foi um questionário composto por 12
questões alternando entre objetivas e discursivas, segundo Schnelder et al. (2008),
inicialmente contendo dados de identificação do grupo e em seguida questões sobre uso,
tipo, nome, finalidade e orientação no que diz respeito aos suplementos alimentares,
aplicado em 155 indivíduos, selecionados de forma aleatória, sendo 105 do sexo
masculino e 50 do sexo feminino, que frequentavam academias da cidade de Boa
Esperança - MG.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados obtidos na pesquisa são apresentados a seguir:
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Figura 1 A – Consumo de suplementos alimentares:
Figura 1 B – Consumo de suplementos alimentares divididos por gênero.
Verificou-se com os dados da figura 1 A, que, 43% utilizam algum tipo de suplemento
alimentar, estes dados se encontram acima do esperado quando comparado a outras
pesquisas (GOSTON, 2008; BRITO; LIBERALI, 2012; COSTA; ROCHA; QUINTÃO,
2013;). Podemos observar também através da figura 1 B, que 91% dos homens
consomem suplementos alimentares, sendo que apenas 10% são as mulheres. Este fato,
na literatura, mostra que os homens preferem um corpo musculoso levando muitas vezes
ao consumo de recursos ergogênicos, enquanto que as mulheres preferem ser magras
(ALBUQUERQUE, 2012).
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Figura 2 A – Frequência semanal de consumo de suplementos alimentares.
Figura 2 B – Frequência semanal de prática de exercício físico
Podemos observar na figura 2 A, que 73% dos indivíduos consomem diariamente
suplemento alimentar e que na figura 2 B, a maior parte dos entrevistados, 42% praticam
exercício físico de 3 a 6 horas por semana. Com isso podemos questionar se realmente
estes usuários necessitam ou não do consumo dos suplementos, e para sabermos isso,
somente uma consulta com um profissional nutricionista, que é aquele apto a prescrever
uma dieta, analisando a quantidade diária de consumo nutricional.
Um melhor desempenho físico é ocasionado devido a vários fatores tais como: atividade
física regular e específica a determinados objetivos, uma saudável e orientada dieta,
fatores emocionais, psicológicos, dentre outros (DANTAS; OLIVEIRA, 2014).
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Figura 3 – Acompanhamento com orientação profissional
Na figura 3, podemos notar que 71% não realizam um acompanhamento com orientação
profissional. Segundo Fontenele e Luna (2013), também averiguaram recentemente em
seus estudos, que hoje no Brasil, a maioria dos consumidores de suplementos
alimentares, consome estes produtos sem uma devida orientação profissional, não
conhecendo seus possíveis efeitos no organismo e podendo ocasionar sérios riscos à
saúde, muitas vezes irreversíveis danos e ocasionando inclusive risco de morte
(SANTOS; SAMPAIO, 2014).
Figura 4 – Indicação de suplementos alimentares
A figura 4 aponta resultados interessantes, 44% dos indivíduos utilizam os suplementos
alimentares por indicação própria. O Educador Físico que é o profissional que
normalmente acompanha as sessões de treinos durante a prática de exercícios físicos e
se encontra diretamente com o cliente, aparece em seguida com 21%. Na sequência, se
encontram os amigos 17%, a Nutricionista 14%, e por fim o médico 5%. Entretanto, uma
má indicação pode levar a sérios riscos à saúde de quem está consumindo erroneamente,
além de tudo é caracterizado como crime a indicação por pessoas que não se encontram
profissionalmente aptas à mesma, pois desconhecem a composição dos produtos, não
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acompanham a dieta do indivíduo e não sabem se este é alérgico a algum composto
químico (FONTENELE; LUNA, 2013).
Figura 5 A – Exercício físico mais praticado:
Figura 5 B – Objetivo da prática de exercício físico:
Figura 5 C – Suplementos alimentares mais utilizados:
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Na figura 5 A, notamos que a maioria dos indivíduos, 91%, praticam musculação e que,
44% tem o objetivo de hipertrofia e/ou definição muscular, conforme a figura 5 B. Os
suplementos mais citados pelos indivíduos, se encontram na figura 5 C, Whey Protein,
BCAA e a Creatina, estes recursos ergogênicos tem como base a proteína, que é vista
por muitos como o principal componente para os objetivos citados anteriormente. Além de
tudo, estes produtos também são encontrados como os principais em uma pesquisa
realizada recentemente por Costa, Rocha e Quintão (2013).
CONCLUSÃO
Os resultados apontam que grande parte dos indivíduos entrevistados utilizam
suplementos alimentares sem orientação profissional e por iniciativa própria. Destes
também muitos desejam uma hipertrofia e/ou definição muscular podendo justificar que a
maioria utiliza suplementos proteicos e que estão satisfeitos com os resultados obtidos
através da prática da musculação, que foi o exercício físico mais citado nos questionários.
Contudo, torna-se crucial uma Nutricionista atuando dentro das próprias academias, pois
o uso discriminado de recursos ergogênicos podem causar danos a alguns dos principais
órgãos do corpo humano como: coração, fígado e rins. E nestes ambientes, é um local
propício onde muitos decidem se irão consumir estes recursos ou não.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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academias de Guará/DF. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo, Vol.6,
Núm.
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Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo, Vol.6, Núm.31, p 66-75, 2012. Disponível em:
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DANTAS, M. J. M.; OLIVEIRA, G. P. S. Avaliação do conhecimento básico sobre
nutrição de educadores físicos e praticantes de academia na cidade de Manaus –
AM. Revista ENAF Science. Volume 9 – Nº 01. P. 94-101. 1º Semestre de 2014. Órgão de
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Órgão de divulgação científica do 11º ENAF BH, 57º ENAF POÇOS DE CALDAS/MG e Pós-Graduação Desenvolvimento
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INFLUÊNCIA DO TREINAMENTO RESISTIDO NA ATROFIA MUSCULAR EM
PORTADORES DE DIABETES MELLITUS: UMA REVISÃO DA LITERATURA
PEREIRA, A. A. J.¹;
COSTA, M. J. S.²;
1- Enaf Desenvolvimento – Maceió – Brasil.
2- Enaf Desenvolvimento – Maceió – Brasil.
[email protected]
Resumo
Introdução: Nas últimas décadas observamos de forma acelerada a reviravolta nas dietas
e no estilo de vida da população, influenciadas pela industrialização e urbanização,
inerentes ao processo de globalização. O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença crônica e
multifatorial resultante da falha na secreção da insulina e/ou no comprometimento de sua
ação. A atrofia muscular comum em pacientes diabéticos consiste em um fenômeno
morfológico na fibra muscular, ou seja, a redução da sua área de secção transversa. O
treino resistido é caracterizado pela realização de contrações musculares contra uma
resistência (pesos livres ou máquinas), vem se destacando devido a sua eficácia no
tratamento. Objetivo: Reunir os estudos que apontaram os efeitos do treino resistido sobre
a atrofia muscular em indivíduos diabéticos. Materiais e Métodos: Foi realizada uma
revisão bibliográfica do período de 1978 e 2013, por meio das bases de dados LILACS,
MEDLINE e PubMed. Conclusão: O treinamento resistido é um grande aliado no
tratamento de indivíduos portadores de diabetes mellitus por diminuir a atrofia muscular e
aumentar a captação de glicose reduzindo seus níveis na corrente sanguínea.
Palavras-chave: Atrofia muscular; Treinamento; Diabetes mellitus.
Abstract
Introduction: In recent decades we observed an accelerated way to twist the diets and
lifestyles of the population, influenced by industrialization and urbanization, inherent to the
globalization process. Diabetes Mellitus (DM) is a chronic, multifactorial disease resulting
from failure in insulin secretion and / or impairment of its action. The common muscle
atrophy in diabetic patients consists of a morphological phenomenon in muscle fiber, ie,
reducing its cross-sectional area. Resistance training is characterized by performing
muscle contractions against resistance (free weights or machines), has been highlighted
due to its efficacy. Objective: Gather the studies that showed the effects of resistance
training on muscle atrophy in diabetic individuals. Materials and Methods: A literature
review from 1978 to 2013, through LILACS, MEDLINE and PubMed databases was
performed. Conclusion: Resistance training is a great ally in the treatment of individuals
with diabetes mellitus by decreasing muscle atrophy and increase glucose uptake by
reducing its levels in the bloodstream.
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KeyWords: Muscle atrophy; Training; Diabetic mellitus.
INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas observamos de forma acelerada a reviravolta nas dietas e no
estilo de vida da população, influenciadas pela industrialização e urbanização, inerentes
ao processo de globalização. Em países em desenvolvimento e/ou em transição, o
impacto na saúde se apresenta de maneira importante com consequências negativas
devido aos padrões alimentares, redução das atividades físicas e o uso do tabaco que
são correspondentes nos fatores etiológicos de doenças crônicas atribuídas às doenças
cardiovasculares, obesidade e diabetes que contribuem com cerca de 60% dos 56,5
milhões de óbitos no mundo.
O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença crônica e multifatorial resultante da falha
na secreção da insulina e/ou no comprometimento de sua ação, levando ao aumento da
concentração da glicose sanguínea e consequentemente produzindo alterações no
metabolismo de carboidratos, lipídeos e proteínas. Essas alterações metabólicas induzem
a algumas complicações, tais como, a nefropatia, a neuropatia diabética, a cardiomiopatia
diabética e a atrofia muscular.
A atrofia muscular comum em pacientes diabéticos consiste em um fenômeno
morfológico na fibra muscular, ou seja, a redução da sua área de secção transversa,
causando alterações funcionais, tais como, déficit na produção de força e potência
muscular, aumento da fatigabilidade e resistência à insulina. Graças a evolução das
técnicas de biologia molecular, alguns mecanismos estão sendo elucidados,
proporcionando um melhor entendimento das vias de sinalização envolvidas no processo
de atrofia muscular.
Estudos apontam que o sistema ubiquitina-proteassoma (UPS) e a via de
autofagia-lisossoma (ALP) são importantes contribuintes na via de degradação proteica
na atrofia muscular.
O proteassoma é um grande complexo multiproteico, regulador da ligação e da
degradação das proteínas ubiquitinadas. Grande parte da degradação das proteínas
miofibrilares da atrofia ocorre no proteassoma. Já na via de autofagia-lisossoma (ALP) ou
Via de sinalização lisossomal ocorre através de organelas encapsuladas (lisossomos) que
contêm várias proteases (catepsinas B, D, H e L, hidrolases ácidas). A via proteolítica
lisossomal apresenta cerca de 9%, uma vez que catepsinas não degradam proteínas
miofibrilares, exercendo seu maior papel de degradação de receptores, canais de íons e
proteínas transportadoras. É evidente que os mecanismos indutores de atrofia atuam
harmonicamente, mas pouco se sabe sobre como todos os mecanismos operam.
Segundo o American College of Sports Medicine (2006), os exercícios físicos são
atividades estruturadas e planejadas objetivando a promoção e aprimoramento da aptidão
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física. Cada vez mais se mostram como uma ferramenta não farmacológica eficaz e
interessante no controle da progressão de doenças crônicas como Diabetes Mellitus
(DM).
É consenso que o exercício físico é indicado na manutenção do controle da
glicemia do paciente diabético devido ao aumento da velocidade do transporte da glicose
sanguínea ao interior celular, além da ativação dos transportadores de glicose (GLUTs).
Principalmente em fibras musculares do tipo I e IIa do músculo estriado esquelético,
insere-se o transportador mais importante e abundante de glicose a GLUT-4. Devido a
contração muscular a GLUT-4 é translocada das vesículas intracelulares para a
membrana plasmática e túbulos T, aumentando drasticamente a captação de glicose para
a célula além de reguladora da atividade da Akt / PKB.
Os exercícios físicos podem ser caracterizados em isotônicos (dinâmicos) e
exercícios isométricos (estáticos), os quais implicam em distintas respostas agudas e
crônicas decorrentes do treinamento regular dependente da sobrecarga aplicada.
São classificados conforme sua duração, intensidade e volume. São denominados
aeróbio (Endurance) quando prevalecem as formas isotônicas ou anaeróbio (Resistido)
quando componentes isométricos ou estáticos são mais prevalentes.
O treino resistido é caracterizado pela realização de contrações musculares contra
uma resistência (pesos livres ou máquinas), vem se destacando devido a sua eficácia no
tratamento de indivíduos doentes graças a sua contribuição no aumento da síntese
proteica, manutenção da massa muscular e o retardo em processo atróficos musculares.
Vários mecanismos de sinalização intracelular estão envolvidos no controle da síntese
proteica. O treino contra uma resistência aumenta a produção e os níveis locais de IGF1(insulin like growth factor) desencadeando cascata sequencial, ordenada por Akt/PKB
(protein kinase B) que consequentemente promove ativação da via independente da
mTOR (mammalian target of rapamycin). A via Akt/PKB apresenta um papel importante
no processo de síntese proteica devido a sua variedade de estímulos de crescimento
celular. Estudos mostram que superexpressão da Akt1 resulta em condição hipertrófica
tecidual do músculo esquelético além da prevenção da atrofia. O treinamento resistido
(agudo ou crônico) é capaz de ativar a Akt no musculoesquelético de forma mais
específica quando comparada com o treinamento aeróbio.
Atrofia muscular no paciente diabético geralmente é expressa no sistema
ubiquitina-proteasoma, considerado um importante fator da degradação proteica. A via de
sinalização da mTOR é ativada por hormônios como o IGF-1, tem sido considerada como
uma importante estratégia de tratamento desta patologia, devido ao seu papel de
crescimento e proliferação celular. O objetivo desta revisão foi reunir os estudos que
apontaram os efeitos do treino resistido sobre a atrofia muscular em indivíduos diabéticos,
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bem como desmistificar a prescrição deste tipo de exercício nesta população que ainda se
apresenta duvidosa entre alguns profissionais da saúde.
Figura1: Comparação as respostas aos estímulos dos treinamentos físicos de
endurance e resistido. Síntese proteica estimulada pelo treinamento resistido através da
via IGF/Akt/mTOR. IGF: insulin like growth factor, Akt: protein kinase B, mTOR:
mammalian target of rapamycin; Via estimulada pelo treinamento de endurance: AMP:
adenosine monophosphate, AMPK: adenosine monophasphate protein kinase, PGC-1α:
peroxisome proliferator-activated receptor coactivator-1α, P = phosphorylation TSC2 =
tuberous sclerosis complex 2 (figura adaptada: Coffey, Sports Med; 37 (9),2007).
OBJETIVO
Reunir os estudos que apontaram os efeitos do treino resistido sobre a atrofia muscular
em indivíduos diabéticos.
MATERIAIS E MÉTODOS
Foi realizado um levantamento literário de estudos nacionais e internacionais referentes
ao tema, encontrados nas bases de dados LILACS, MEDLINE e PubMed com publicação
entre os anos de 1978 e 2013. Foi considerado pelo autor estudos que relacionavam a
resposta do exercício resistido no sistema músculo esquelético de indivíduos através das
palavras diabetes melitus, treino resistido, atrofia muscular, via de sinalização da síntese
proteica, diabetic melitus, resistance training, muscle atrophy, signaling pathway protein
synthesis. Dentre as referências encontradas, foram selecionados 30 artigos julgados
relevantes, incluindo estudos experimentais e revisões. A busca foi realizada nos portais
científicos de revistas eletrônicas.
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DISCUSSÃO
Moura, Matos e Higino (2006) verificaram que mulheres diabéticas do tipo II após serem
submetidas ao treinamento resistido utilizando aparelhos e pesos livres apresentaram
melhoras significantes da massa corporal total, além de proporcionar uma melhora na
resistência ao esforço físico.
Castaneda et al. observaram a eficiência do treino resistido com alta intensidade
utilizando entre 60% e 80% de1RM e volume igual a três séries de 8 repetições,
frequência de três dias na semana e verificaram a elevação da massa e força muscular
quando comparados ao grupo controle.
Erikkson et al. demonstraram em seus estudos que durante 3 meses de aplicação do
treinamento resistido com intensidade moderada foi capaz de oferecer melhorias na
massa corporal magra. Baldi et al. encontraram um aumento de 3,5 % na massa livre de
gordura após a aplicação de um programa de treinamento resistido com intensidade
moderada, volume entre 10-15 repetições, número de séries determinadas pela falha
muscular, e com curtos períodos de recuperação entre as séries.
Em um estudo, Baldi e Snowling submeteram homens obesos e diabéticos tipo 2 a dez
exercícios resistidos para grandes grupamentos musculares com intensidade moderada, e
frequência semanal igual a três, promovendo além da melhoria no controle glicêmico
constatou aumento da massa muscular e consequentemente a força muscular.
Em um estudo envolvendo 10 homens diabéticos tipo II e 7 saudáveis, Holten et al.
protocolaram em seu programa a resistência não mais do que 20 % de 1-RM em uma
perna, durante 30 minutos 3 vezes por semana durante 6 semanas, enquanto a outra
perna não recebeu estímulos. Em seguida foram realizadas biópsias musculares que
apresentaram um aumento no teor de GLUT4 e atividade de síntese proteica.
Ishii et al. (1998), apud Tresierras; Balady (2009), em seu estudo com 24 indivíduos
separados em dois grupos de não obesos com diabetes mellitus tipo 2. Um grupo
sedentário e o outro realizou treinamento com intensidade moderada e alto volume. O
treinamento consistiu de duas séries de nove exercícios de dez a vinte repetições com
carga de 40% a 50% de 1-RM, treinando cinco vezes por semana durante quatro a seis
semanas. Os pesquisadores descobriram um significativo aumento da taxa de captação
de glicose no grupo treinado, atribuindo essa mudança em grande parte para possíveis
mudanças na fibra muscular. Eles afirmaram que a intensidade moderada e exercícios de
alto volume usados em seu estudo têm adaptações induzidas semelhantes aos estudos
em que um aumento na conversão de fibras tipo 2b em fibras tipo 2a foi observada.
Junqueira; Lima (2004), Sancho; Santos (2004), Danilo; Mattos e Higino (2006),
verificaram em seus estudos que o treinamento com um período de apenas oito semanas
não foi capaz de reduzir significativamente a glicemia em jejum, indo de encontro com
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Duarte; Martins (1998), afirmam que já nos três primeiros meses de treinamento é
possível observar reduções significantes da glicemia em jejum e que após esse período
não tem redução significante, corroborando com Cartee; Bohn (1995), que em uma única
sessão de exercício físico já se observa uma aumento da capacidade de transporte de
glicose no músculo.
CONCLUSÃO
O treinamento resistido é um grande aliado no tratamento de indivíduos portadores de
diabetes mellitus por diminuir a atrofia muscular e aumentar a captação de glicose
reduzindo seus níveis na corrente sanguínea.
A atrofia muscular terá seus efeitos como diminuição da área de secção transversa da
fibra muscular e do conteúdo proteico, diminuição de força e potência, aumento da
fatigabilidade e aumento da resistência à insulina reduzidos com a liberação do IGF-1 e
outras reações desencadeadas através do treinamento resistido.
Estudos comprovam que o treinamento com intensidade baixa a moderada e alto volume
tem mais eficácia pelo fato de ocorrer uma conversão das fibras tipo 2b em tipo 2a que
tem maior concentração de GLUT -4 e maior resposta a insulina.
É necessário a realização de novos estudos para se ter certeza no que diz respeito ao
tempo de duração do treinamento, já que existe uma controvérsia.
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ESTÁGIO SUPERVISIONADO: UM DEBATE TEÓRIA VERSUS PRÁTICA NA
FORMAÇÃO DO DOCENTE DE EDUCAÇÃO FÍSICA
ARAÚJO, Fernanda A. L.
Especialização em Musculação e Personal Trainer- Macapá – Amapá – Brasil
[email protected]
OLIVEIRA, Jari Kardec Pereira
Docente Centro de Ensino Superior do Amapá- CEAP- Macapá – Amapá – Brasil
RESUMO:A Educação Física é uma área abrangente, engloba diferentes intervenções
educacionais, exerce influencia na formação cultural do indivíduo. Por ser uma área de
implicações teórica- prática, entre estas experiências a disciplina Estágio Supervisionado
se mostra como integradora da teoria com a prática. Considerar o estágio supervisionado
um dos indicantes que norteiam as competências da formação inicial frente à realidade
revela a necessidade de coerência entre o que acadêmico aprende e o que lhe é
ensinado, para então chegar ao que de fato ira lecionar após formar-se, fica ao
acadêmico o comprometimento de harmonizar o conteúdo com a realidade a qual este
inserido. O objetivo deste estudo foi realizar uma análise sobre o estágio supervisionado
do curso de educação física sob os aspectos teória versus prática na formação do
docente de educação físicapara identificar ou não a existência do compromisso político,
ético, social e cultural. Para realização da referida pesquisa utilizou-se os pressuposto
metodológico da pesquisa quali- quanti. Para coleta de dados fez-se uso do questionário
semi- estruturado contendo nove perguntas fechadas e seis abertas. Foram sujeitos da
pesquisa alunos do 7º semestre do curso de educação física.Os resultados apresentados
nesse estudo demostram o estágio como necessário quando há uma reflexão teórica
sobre a prática na formação do docente. Podemos mensurar que há necessidade de um
maior conhecimento por parte do aluno da importância da disciplina estágio
supervisionado para a ação docente, que as teorias trabalhadas durante o curso de
formação devem respaldar as ações práticas nas quadras de aula, rompendo assim a
dicotomia teoria/prática.
PALAVRAS CHAVE: Estágio Supervisionado; Formação Docente; Educação Física.
Abstract:physical education is a comprehensive area encompasses different educational
interventions, exerts influence on the cultural education of the individual. For being an area
of theoretical-practical implications, among these experiments supervised internship
discipline if shows how integrative theory with practice. Consider the supervised one of the
indicantes that guide the powers of initial formation the reality reveals the need for
coherence between what academic learning and what you are taught, to then arrive at
what indeed ira teaching after graduating, is the academic commitment to harmonize the
content with the reality which this inserted. The aim of this study was to conduct a review
on the supervised internship course of physical education under the theory versus practice
aspects in the training of physical education teachers to identify whether or not the
existence of political commitment, ethical, social and cultural. For realization of this
research we used the methodological assumption search quali-quanti. Data collection was
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done using semi-structured questionnaire containing nine questions closed and six open.
Research subjects were students of the 7th semester of physical education course. The
results presented in this study demonstrate the stage as required when there is a
theoretical reflection on the practice in the training of teaching staff. We can measure that
there is need for greater student knowledge of the importance of discipline supervised
teaching internship, that action theories worked during the training course must support
the practical actions in the classroom, disrupting the dichotomy between theory.
Keywords: Supervised Internship; Teacher Training; Physical Education.
Introdução:
A Educação Física é um componente curricular que permite o uso de diferentes
intervenções educacionais e exerce influência na formação cultural do indivíduo. Por ser
uma área de implicações teórica e prática permite durante a formação acadêmica
vivências constantes da realidade que os futuros professores irão encontrar após a
formação, entre estas experiências o Estágio Supervisionado se mostra como integradora
da teoria com a prática.
Considerar o estágio supervisionado um dos indicantes que norteiam as competências da
formação inicial frente à realidade revela a necessidade de coerência entre o que
acadêmico aprende e o que lhe é ensinado, para então chegar ao que de fato ira lecionar
após formar-se, fica ao acadêmico o comprometimento de harmonizar o conteúdo com a
realidade a qual este inserido.O estágio também é obrigatório e dependendo da área do
conhecimento a negligência da não realização acarreta consequências sérias; o
compromisso com a Educação e principalmente com a Educação Física tem que ser
constante, pois é a partir do estágio que o acadêmico pode fazer uma ponte de ligação
entre teoria e prática no ambiente escolar.
Esta combinação entre teoria e prática apresenta relação quando chega ao ambiente
escolar, sendo na escola uma das base de construção das práticas pedagógicas dos
acadêmicos, dando suporte para reconhecer-se como um todo, desenvolver a imaginação
criadora, esta comunicação proporciona ao estagiário analise diversa da real situação da
escola, da sociedade e consequentemente uma breve reflexão sobre sua formação.O
desleixo com estágio supervisionado é um desmazelo direto com formação docente, o
acadêmico além de não compreender a finalidade do estágio também não entende o
significado suas funções no ambiente escolar. Neste mesmo ponto o estágio
supervisionado disponibiliza a realização em escolas de educação básica e estima o
regime de coparticipação entre os sistemas de ensino, ou seja, busca a participação da
instituição superior formadora e a escola de atuação do estágio.
O estágio tem o intuito de promover o conhecimento sobre a realidade a ser enfrentada
pelos futuros professores, logo necessita durante sua consecução da participação efetiva
comprovada pela frequência, relatórios etc. Os acadêmicos estagiários tem que fazer
parte do cotidiano da escola, só assim poderão compreender de fato suas pertinências no
ambiente escolar, e, portanto, podendo abarcar o que é ser professor.Deste modo,
pretende-se analisar o estágio supervisionado sob os aspectos teoria versus prática na
formação do docente de Educação Físicapara identificar ou não a existência do
compromisso político, ético, social e cultural. Este estudo pode contribuir para
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compreensão, reformulação, e acompanhamento do estágio supervisionado em Educação
Física do Centro de Ensino Superior do Amapá-Ceap, auxiliar na construção da sua
pratica pedagógica, não só no intuito de formar-se professor, mais compreender a
importância de ter esta experiência acadêmica.
Logo, os objetivos específicos deste estudo buscam: a) analisar como o estagio pode
influenciar na formação acadêmica em Educação Física; b) relacionar teoria versus
prática nas intervenções do estagio supervisionado do curso de Educação Física; c)
Ressaltar as expectativas que os acadêmicos têm em relação ao estágio supervisionado.
A preocupação com a formação acadêmica de preparar efetivamente para atuar na
realidade, deve ser motivo de estudo, analise e crítica constante. Este estudo ao
pretender contribuir para elucidar sobre estágio supervisionado no tocante teória versus
prática na formação docente do curso de Educação Física do Centro de Ensino Superior
do Amapá- CEAP justifica a sua realização.
Revisão de Literatura
O curso de Educação Física é uma das profissões que mais cresce no Brasil, a cada ano
são mais de 100 mil vagas abertas por todo país, sendo considerado um dos 10 cursos
que mais formam profissionais. De 1997 a 2007 o curso de saiu de 13ª pra 8º lugar no
número de concluintes e as instituições privadas são responsáveis por quase 89% dessa
demanda, assim percebe-se quanto está acessível formar-se em Educação Física,
contudo, não significa que o numero de profissionais são de fato comprometidos com a
Educação, ou até mesmo demonstre quanto desses profissionais então atuando na área
(SILVA et al, 2009).
Lobato (2010) apresenta a preocupação com a formação acadêmica, o que gerou e gera
muitas discussõespor parte de quem atua na área. Isso esta espelhado na resolução nº 1
de 2002 que induz a formação profissional quanto aos princípios que norteiam o exercício
profissional na educação básica. Segundo o autor, a resolução considera que o curso
superior de formação deve propor conexão entre a formação apresentada e a prática
aguardada do futuro professor, tendo em vista ares como harmonia no preparo desse
profissional.
Assim a resolução nº 1 de 2002, estabelece as instituições formadoras algumas
sugestões para a formação superior:
b) a aprendizagem como processo de construção de conhecimentos, habilidades e
valores em interação com a realidade e com os demais indivíduos, no qual são colocadas
em uso capacidades pessoais;
Silva, Bracht (2005) argumentam que o desamparo que os acadêmicos e professores
estão suportando os coloca frente a situações de escolhas, formar em Educação Física
para sentar e rolar a bola deixando que a disciplina ganhe mais fama de disciplina
recreativa, de matéria auxiliadora para organização de eventos na escola, ou ainda pior,
desistir da profissão antes mesmo de formar-se no intuito de não poder ou não ter a
capacidade de mudar a realidade atual.
A Educação Física por atuar em varias áreas educacionais do movimento humano,
possibilita diferentes intervenções e até mesmo influencia na formação cultural do
individuo, levando-os a uma fixação qualificada e crítica no âmbito do lazer emancipatório,
das práticas corporais, da vida com melhor qualidade e que ampliam o diálogo com o
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mundo e consigo, através da cultura corporal do movimento humano.Por ser uma área de
implicações teórica- prática proporciona durante a formação acadêmica a vivência
constante da realidade que os futuros professores irão encontrar após a formação, entre
estas experiências a disciplina estágio supervisionado se mostra como integradora da
teoria com a prática. (KUNZ, 2005).
Na resolução nº 1 de 2002, no que diz respeito a diretrizes curriculares nacionais para
formação de professores da educação básica reafirma as condições para o estagio
curricular supervisionado:
§ 3º O estágio curricular supervisionado, definido por lei, a ser realizado em escola de
educação básica, e respeitado o regime de colaboração entre os sistemas de ensino,
deve ser desenvolvido a partir do início da segunda metade do curso e ser avaliado
conjuntamente pela escola formadora e a escola campo de estágio.
No mesmo sentido, Souza, Bonela e Paula (2007) afirmam que o professor deve aprender
na escola e em sala de aula os ofícios da profissão, objetivando estudar as diversas
modalidades, bem como temas inerentes às formas do movimento do humano e o
distanciamento entre teoria e prática deixa lacunas durante a vida acadêmica e após a
formação, embora haja reflexões, análise, crítica e até mesmo sugestões acerca da
realidade da escola e da prática do professor, a realidade não é modificada, apenas
criticada constantemente sem apresentação de soluções para uma Educação Física mais
abrangente.
Freire (1996) faz um aforismo da teoria sobre a prática onde expõe a importância de fazer
uma reflexão quanto à formação e a prática educativa do professor, nesse contexto a
relação teoria/ pratica exige criticidade sem muita discrição e falatórios sem nexos ou
prática militante, ou seja, o discurso teórico deveria ter uma reflexão concreta diretamente
ligada na pratica.
A questão teoria e pratica num contexto unificado, pois assim sua separação é mera
dicotomia passada nas academias de nível superior. Teoria e pratica estão implícitas na
formação docente, norteia a de certo modo a prática pedagógica e o estágio cada vez
mais se traduz em cumprimento de carga horária, uma simples burocracia exercida pelos
acadêmicos, tão pouco sabem de suas finalidades, ou buscam fazem reflexões de sua
pratica dentro de uma fundamentação teoria ―na realidade social em que o ensino se
processa, o estágio reduz-se a observar os professores em aula e a imitar esses
modelos‖ (PIMENTA; LIMA, pag. 08 2005/2006).
Guedes (2009) destaca que a falta de significado no estágio se concretiza na pratica
pedagógica uma vez que não há relação entre teoria pratica no ambiente escolar, posto
que a escola é um ambiente de construção do conhecimento e deve ser acompanhada do
professor da escola e coordenador do estagio. Outrora o estagio deve ser pensado e
planejado para que possa de fato contribuir na integração do estagiário no universo
escolar, consecutivamente empesa a ideia de pratica pela pratica.
Teixeira & Oliveira (2012) contribuem reafirmando que nos cursos de formação anda há
uma separação das dimensões teoria e pratica, embora o discurso de preparação docente
seja conteúdo teoria correspondente à atividade pratica. Nesta perspectiva Xavier & Pietro
(2011) expõem que o estágio supervisionado se dá de forma secundária na formação,
embora reafirme sobre o contato com a realidade oferecido pelo estágio e a criação de
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condições para que esses possam analisar a escola, criticar suas deficiências e propor
soluções.
Rodrigues (2011) enfatiza que o conhecimento de se ensinar está relacionado à própria
prática, por ter um caráter experimental carregado de valor, os quais podem destacar o
conhecimento prévio ou já fundamentado, o planejamento e a aplicação dos conteúdos.
Assim o professor- acadêmico através de tentativas irá montar sua própria experiência
para então lecionar, não como algo fixo e concreto, mais também como algo temporário,
sujeito a mudanças.É através desta aprendizagem do conteúdo sequencial vivenciado na
escola que o futuro professor irá montar sua bagagem cultural para ensinar seus alunos.
Portanto é importante que o professor conheça os conteúdos a serem ministrados, bem
como a realidade na qual que está inserido, para então formar suas bases pedagógicas
para lecionar.
O estágio supervisionado oportuniza os primeiros contatos com a práxis da profissão,
levando o acadêmico a observar, analisar, refletir acerca das questões que envolvem a
escola, a profissão e a sociedade, este convívio dentro do ambiente escolar propicia ao
acadêmico, bases práticas reais como professor, além de aproximá-lo do mercado de
trabalho e possibilitar uma interação constante com o ambiente escolar. Contudo não é
difícil encontrar acadêmicos sem interesse com estágio, pois o falta de incentivo,
precariedade da rede publica de certo modo desestimula alguns acadêmicos. (ILHA;
KURG, 2008).
Nesta mesma linha Ivo &Krug (2008) indicam que deve haver uma maior relação entre
escola e estagiários pra que possa haver a interação, diálogo entre as partes, sempre na
busca do aperfeiçoamento das práticas pedagógicas do estagiário, pois o acadêmico
deve fazer parte do contexto escolar. Assim a escola, como espaço de múltiplas
vivências, propicia e oportuniza ao acadêmico a aprendizagem das competências
pedagógicas para ensinar.
Rodrigues (2006) mostra que através de uma nova formulação do estágio e da educação
brasileira e pode-se dizer que da Educação Física, com um olhar mais profundo de suas
potencialidades educacionais amenizará algumas falhas na formação acadêmica, ou pelo
menos durante o processo de estágio supervisionado, ocorrerá uma maior percepção do
que é Educação Física e de seu papel formador na sociedade.
Procedimentos metodológicos
Para realização deste estudo utilizou- se uma investigação do tipo quali-quanti de caráter
descritivo, pois Marconi e Lakatos (2008, p.189) ―todos eles empregam artifício
quantitativos tendo por objetivo a coleta sistemática de dados sobre populações,
programas ou amostras de populações e programas‖.
Realizou-se também uma revisão bibliográfica com objetivo de buscar informação sobre o
tema em questão e trazer a tona como a literatura especializada tem abordado
atualmente o tema. A técnica empregada é a de questionário com perguntas abertas e
fechadas, sendo um questionário destinado ao professor da escola dos estagiários e outro
para os acadêmicos do 7º semestre de Educação Física do Centro de Ensino Superior do
Amapá- Ceap.As perguntas fechadas foram submetidas análise estatísticas e as
perguntas abertas foram analisadas a luz da teoria. Para analise das perguntas abertas
inicialmente realizamos uma leitura flutuante, em seguida uma leitura aprofundada e
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finalmente uma leitura exaustiva, seguida separamos as perguntas mas relevantes para
este estudo e separamos as palavras que mais se repetiam nas falas dos sujeitos.
A coleta de dados se deu por meio de questionários, que segundoMarconi &Lakatos,
(2010) ―realiza-se através de questionário, de formulário, de medidas de opinião e atitudes
e de técnicas mercadológicas‖. Optou-se em utilizar somente uma técnica, o questionário,
que é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série de perguntas
ordenadas.O trabalho foi de campo, realizado em 01 Instituição de Ensino Superior no
Município de Macapá. Consistir em da seguinte forma: Na 1° ocasião foi aplicado o
questionário para os acadêmicos do 7º semestre do turno vespertino e noturno. Utilizouse para coleta de dados dois questionários, o primeiro direcionado para o acadêmicos(as)
de Educação Física, o segundo questionário foi direcionado aos Professores das escolas
de estágio dos acadêmicos com perguntas abertas e fechadas e aprovadas pelo
professor-orientador.
Os sujeitos participantes deste estudo foram acadêmicos do curso de Educação Física do
7º semestre do Centro de Ensino Superior do Amapá- CEAP, em Macapá- AP, os quais
espontaneamente concordaram em participar do estudo. Foi realizado questionário com
02 professores de Educação Física das escola de estágio.
Análise e discussão dos resultados
Os gráficos e tabelas abaixo demonstram alguns dos resultados encontrados durante a
pesquisa realizada com acadêmicos do curso de Educação Física do 7º semestre do
Centro de Ensino Superior do Amapá- CEAP.
Na (FIGURA 1) em relação a apresentar o projeto de ação no estágio 87% dos
pesquisados responderam que apresentam seus projetos, contudo, percebemos que
13% não apresentam seus projetos de ação na escola.
FIGURA 1- Você apresenta algum projeto em seu estágio?
Segundo o PPP CEAP(2008) o projeto de ação a ser desenvolvido pelos acadêmicos do
7º semestre deverá ter carga horaria de 150 horas no ensino médio, no entanto o mesmo
PPP não detalha mais sobre o conteúdo, método e fins do projeto de ação na escola, nem
relaciona que os acadêmicos irão executar na escola, ficando a critério do acadêmico
adaptar seu projeto aos conteúdos do professor.
Percebendo que os acadêmicos estagiários possuem um projeto de ação na escola, na
(FIGURA 2), apresenta 84% dos pesquisados conseguem desenvolver seus projetos,
enquanto 16% dos pesquisados não conseguem desenvolver, podemos analisar que
pode haver outros motivos implícitos nestes dados, mas que não foram mensurados nas
respostas, algumas delas percebemos que as escolas não levam em consideração o
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projeto dos estagiários produzindo margem para aulas descontextualizadas, sem nexo
com o conteúdo do professor.
FIGURA 2 – Você consegue desenvolver este projeto?
No (QUADRO 1) as respostas positivas estão diretamente relacionadas a participação
dos alunos, aceitação dos professores e intervenções bem sucedidas, além de
planejamento e do respaldo da coordenação pedagógica. Já nas respostas negativas
estão associadas a não aceitação da escola e a violência no ambiente escolar. Se
pensarmos numa prática, a Educação Física engloba estes aspectos de violência nos
temas transversais, o que podemos concluir a não justificativa a ausência da aplicação do
projeto de ação na escola.
Quadro 1
Você conseguir desenvolver o projeto de ação na escola?
o professor deixa nós intervirmos em algumas de suas aulas
a escola deixou os acadêmicos do grupo livres para desenvolver o
projeto
os alunos tem uma grande aceitação e intimidade com o conteúdo
Sim, porque
proposto
todas as atividades que trabalhei ambas foram planejadas de
forma a se adequar a realidade dos alunos
sempre tenho respaldo pedagógico para execução do projeto
pelo fato de não ser aceito pela direção da escola
Não, porque
Por estar em um período de violência
No que se refere a disponibilização de recursos e estrutura para desenvolver o estágio,
62% afirmaram que a escola oferece estrutura necessária, com materiais adequados, o
que pode ser verificado na (FIGURA 3), onde esta representado algumas das falas dos
acadêmicos. Podemos notar que as escolas de estágio oferecem recursos e estrutura
adequada para prática de Educação Física, fato este que os ajuda a terem maior
confiança para assumir as turmas.
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FIGURA 3 – A escola disponibiliza recursos e estrutura para que você possa desenvolver
seu estágio?
No (QUADRO 2) os acadêmicos expõem algumas falas em relação a
orientação pedagógica do professor de Educação Física durante suas intervenções na
escola, analisamos que alguns acadêmicos sentem dificuldades nessa não colaboração
do professor no processo de estágio.
Quadro 2
Sim
Este fato
influencia
de algum
a forma o
seu
estágio?
Não
Você tem orientação pedagógica (supervisor, professor)
da escola para estagiar?
me encontrava e me encontro em processo de aprendizagem,
dai, um supervisor pode acrescentar algo
facilita pois a experiência que o professor tem resolve alguns
problemas que enfrentamos na escola
pois sua orientação pedagógica contribui para o sucesso de
seu estágio
com as orientações podemos aprender como trabalhar de
forma coerente, um trabalho de qualidade e que faça
diferença na vida do meu aluno
acompanhamento nos estágios, nunca tivemos
pois acaba levando aqueles que não dão muita importância
no estagio a estarem presentes com o grupo dentro do
colégio
eu tentava desenvolver atividades de acordo os quais ele
tivesse trabalhando
Em algumas respostas os próprios acadêmicos dizem que o fato do professor não orientar
a atividades não influencia no seu estágio, o que no leva a refletir sobre esta visão de
estágio em que os acadêmicos estão tendo.
Por outro lado nas respostas dos professores pesquisados 100% afirmam que orientam
seus estagiários nas atividades, mas o que de fato acontece é que os professores não
cumprem a risca os seus discursos, ou seja, durante a observação da pesquisa ficou
constatado que não há essa orientação por parte do professor.
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FIGURA 4- O professor da sua escola avalia sua pratica docente?
Em algumas das falas dos acadêmicos percebemos que o estagio não tem sua devida
função e que mesmo indo a escola tanto o acadêmicos quanto o professor não valorizam
o estágio, hora por desconhecer suas finalidade, hora pela própria negligencia com a
Educação.Percebe-se que no próprio discurso dos acadêmicos há controvérsias em
relação a falta de materiais, haveria uma não disponibilização de estrutura adequada e
materiais necessários, por outro lado na (FIGURA 4) os próprios acadêmicos afirmam que
a escola disponibiliza estrutura e materiais adequados para a aplicação do projeto e
intervenção nas aulas. Contudo os acadêmicos aparentemente jogam a culpa na escola e
na falta de materiais para não realizar de uma educação física produtiva, inclusiva e
social. Ponderamos ao dizer que o acadêmico também tem sua parcela de culpa ao tentar
burlar a pratica da educação física apoiando- se na falta de materiais e estrutura
adequados, esquecendo-se de valores aprendidos nas salas da academia e tantas vezes
socializados, discutidos por todos.
Quais as maiores dificuldades que você encontra durante o
Quadro 3 estagio?
alunos rebeldes
Alunos
fazer com que os alunos se interessem pela aula
a pouca experiência em lidar com alunos
bem dificuldades a mim não são obstáculos no estágio há vários
tanto em relação a materiais não na suficiente, o ambiente mas é
tão favorável mais acessível
Materiais
A indisponibilidade de recursos materiais , bem como o
engajamento com a aula do professor de educação física
a falta de material, espaço adequado e a greve
Espaços inadequados, alunos acostumados com pedagogias
tradicionais
a burocracia do corpo docente da escola
falta de profissional de educação física nas series iniciais,
Escola
despreparo de alguns profissionais
Em nossa
a falta de experiência na pratica pedagógica pois muitos das vezes discursão
não consegue atuar de forma segura para com os discentes
levantamo
alguns professores e alunos que não dão importância no estágio s diversas
principalmente os alunos do ensino médio
questões
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em relacionadas ao estagio, mas a relação teoria e pratica se da no contexto acadêmico
de diversas formas, hora o acadêmico entende a Educação Física como pratica, hora
como teórica.
Assim no (QUADRO 4) em relação a teoria e prática os acadêmicos justificam a pergunta
Você acha que na escola você realiza apenas uma pratica.
Quadro 4
Ou na escola você realiza a prática e teoria juntas?
Minha metodologia procura aplicar as duas
utilizo fundamentalmente trabalhar as duas
Teoria
e Pratica e teoria juntas
prática juntas Realizo a pratica e a teoria só que é menos a teoria
ambas juntas ate mesmo pelo fato de teoria e pratica serem
algo que andam juntas
Uma pratica
Na escola que eu estagiei vivenciai apenas a pratica não
trabalhavam a teoria mas seria de cunho relevante as duas
juntas pois as mesmas são indissociáveis
Borelli (2012) caracteriza a relação teoria e prática como algo complexo, sujeito a
diferentes interpretações, no qual sua variação se dá pelo individuo que se refere e ao
ambiente no qual esta inserido. Assim o conceito de teoria e pratica se diferenciam e se
relacionam conforme adota uma perspectiva experimental, um exemplo claro é como a
prática docente esta associada ao conhecimento da realidade, ou a experiência e a teoria
segue um padrão de contexto para atuação.
Embora estes temas sejam explícitos na escola, ou previamente planejados num possível
plano de ação a nota em relação ao estágio os acadêmicos atribuem nota de 8 a 10 com
media de 81% dos entrevistados, os 19% restantes atribuíram nota 4 a 7, o que
representa uma satisfação pessoal em relação ao estagio de intervenção. (FIGURA 8)
Prática
FIGURA 8 – De 1 a 10 qual nota você daria para seu estágio?
Os acadêmicos pesquisados atribuem diversas expectativas em relação ao estagio, entre
elas, a experiência, vivencia se sobressaem quando falam em ajudar na formação e no
crescimento profissional. Contudo, não podemos deixar de lado que o planejamento tanto
do acadêmico quanto da escola reforça esta expectativa.
Ratificando Cabral, Angelo (2010) entendem o estágio como algo exteriorizado, fora dos
limites das academias de ensino superior, é a partir desta que o acadêmico pode
desenvolver seus conhecimentos, sendo em instituições públicas ou privadas. Nessa
perspectiva a teória e a pratica deveriam servir como integradoras entre a realidade dos
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estagiários e seus conhecimentos trazidos das academias possibilitando uma
aproximação da realidade de sala de aula e da escola.Comprovando Zabala (2002) expõe
que em uma atuação baseada em argumentos práticos é necessário uma reflexão através
de meios teóricos para que esta mesma prática seja verdadeiramente reflexiva.
Portanto, na lei 11.788 quando nos referimos a supervisão do estágio termos as seguinte
atribuições;
§ 1o O estágio, como ato educativo escolar supervisionado, deverá ter acompanhamento
efetivo pelo professor orientador da instituição de ensino e por supervisor da parte
concedente, comprovado por vistos nos relatórios referidos no inciso IV do caputdo art. 7 o
desta Lei e por menção de aprovação final.
No PPP CEAP (2008) define ao orientador:
VII - coordenar e supervisionar todas as atividades de estágio na forma desta Resolução
e demais legislações em vigor;
Dessa forma quando perguntados sobre o orientador de estagio acompanhar os
estagiários, orienta-los na escola (FIGURA 9) 82% dos pesquisados responderam que
não há participação do orientador, 18% responderam que há essa participação.
FIGURA 9 – O coordenador responsável pelo estágio participa indo a escola que você
estagia?
Quadro 6
Quais as suas expectativas sobre o estágio?
É uma vivencia excelente que com certeza facilitará a nossa vida
profissional
Adquirir experiência pratica propriamente dita no que diz respeito a
todo o funcionamento politico que engloba esta instituição social
escolar
Experiência,
As expectativas são as melhores pois serve como um meio de
vivencia
saber como lidar quando me formar
Que através do mesmo possa haver um crescimento como
profissional
Uma forma de colocar em pratica parte do conhecimento adquirido
na faculdade
Ajudar na formação motora, afetiva e cognitiva dos alunos
Outros
São de um processo que nos permite vivenciar e observar todo um
contexto escolar
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Portanto os professores das escolas de estágio foram submetidos a mesma
pergunta concluindo assim que 50% dos professores afirmam que há orientação do
coordenador em relação as intervenções dos acadêmicos estagiários, outros 50%
afirmam que não há orientação do mesmo, o que pode ser percebido durante a pesquisa
é que o orientador do estágio pode ir apenas em alguma das escolas, fato que se justifica
pela localização das escolas e disponibilidade de tempo do coordenador, assim supomos
FIGURA 10 – Há supervisão do coordenador do estágio durante a intervenção dos
alunos?
O coordenador responsável pelo estagio participa
Quadro 7
indo a escola que você estagia?
porque ele deveria acompanhar o estagio
não há valorização a este componente curricular visto
apenas como disciplina
Sim
Pelo fato de os alunos tem que ter esse contato de
supervisões
porque o coordenador não participa indo na escola
Este
fato
Acredito que sim haja vista que com sua ausência
influencia
de
muitos dos estagiários não compareciam aos estágios
algum a forma
até porque o que ele pode fazer é de apenas fiscalizar
o seu estagio?
se estamos indo para o estagio sim e como se nos não
Porque?
tivéssemos um coordenador para intervir com a gente de
Não
alguma forma na escola
pois sempre participei de todo estágio
porque temos que saber caminhar sozinhos e estarmos
preparados para solucionar problemas caso aconteça
algum
Embora 81% dos pesquisados tenham respondido que sim, sabiam as finalidades do
estagio poucos foram os que realmente conseguiram se aproximar da real finalidade do
estagio segundo a normatização da instituição pertencente.
Os 19% restantes
responderam que não sabem qual finalidade (FIGURA 11), dai nos questionamos a
respeito de sua pratica na escola, como ela se dá, pois nem mesmo o próprio acadêmico
entende seu papel na escola, sua função durante o estágio.
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FIGURA 11 – Você conhece as finalidades do estágio supervisionado?
De acordo com o PPP CEAP (2008) ―o estagio supervisionado tem como finalidade
estimular o conhecimento pratico do alunado, proporcionando sua participação em
situações reais de vida e de trabalho‖. Em outro momento da própria regulamentação do
estagio as atividades são compreendidas como praticas pre- profissionais exercidas em
situações reais do trabalho, sendo um processo interdisciplinar avaliativo e criativo,
destinado a articulação teoria e pratica.
Pontualmente os acadêmicos expõem o que é o estágio (QUADRO 7), algumas das
respostas se assemelham a proposta do PPP CEAP, contudo não há uma definição
concreta dos acadêmicos em relação ao estágio e suas finalidades.
Quadro8
Conhece as finalidades do estagio supervisionado?
Por em pratica os conhecimentos acadêmicos adquirir mais
conhecimento vivencias situações do cotidiano escolar
amadurecer profissionalmente
Faz parte da matriz curricular do curso de educação física
contribuir para experiência, preencher a carga horaria para
formação acadêmica penso que seja isso
Relacionar teoria e pratica
Fazer com que o acadêmico vivencie de forma direta a pratica
docente
Preparação para a formação de professores capacitados, aptos
a lecionar
Adquirir experiência colocar em pratica a teoria
Neste contexto no (QUADRO 8) os acadêmicos mencionam algumas
expectativas em relação ao estagio supervisionado.
Dando continuidade, no (QUADRO 9) exemplifica sucintamente o que os
acadêmicos se referem a contribuição do estagio sua formação
Quadro 9 Você acha que o estagio contribui na sua formação docente?
o fator vivencia na pratica é primordial pois vamos lidar com o ser
humano portanto é muito importante a vivencia e o dialogo
É uma vivencia de mais ou menos o que iremos encontrar na nossa
Porque?
realidade
através desta atuação temos a oportunidade de praticar nossa pratica
pedagógica
Através dele conhecemos a realidade das escolas para que possamos
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aprender e a crescer no mercado de trabalho
Muito pois na teoria e uma coisa e na pratica percebemos as
dificuldades e a realidade da vida do professor
Pois é uma matéria que nos ajuda a ter vivencia dentro da escola e nos
mostra a realidade
Através do estagio vivencia- se e observa- se a pratica pedagógica
docente ajudando sobre uma reflexão critica de como planejar
adequadamente um plano de ensino de acordo com a realidade
Para quem não tem experiência docente o estagio é a oportunidade
que temos de conhecer nossa futura local de trabalho, comportando o
que aprendemos no ambiente acadêmico
Quadro 10
Quais as suas sugestões para o estagio supervisionado?
No 7º semestre o estagio pode ser bom ou não pois nem momento estamos
concluindo nosso trabalho final é bom pois as vezes alguns alunos podem
colocar em pratica o seu trabalho no colégio de estagio pode atrapalhar se por
ventura o acadêmico estiver todo os dias no estagio
Presença dos coordenadores de estagio juntamente aos estagiários na escola
Precisa de coordenador de estagio atuação deste o I estagio dos estagiários com
projeto de isso facilitara em sua atuação
Que as horas sejam cumpridas a risca já que quase todos não cumprem
integralmente a carga horaria
Estagio remunerado se tiver estagio não ter aula sempre, sempre troca de
experiência
Que os acadêmicos tenham maior participação ativa em todos os três estágios
O estagio supervisionado por contarem em atividades praticas exercida em situação real
de trabalho não tem finalidade ou vinculo empregatício nas empresas ou escolas de
educação básica (PPP CEAP, 2008) define a carga horária mínima necessária para a
complementação do curso, além de atribuir orientação aos alunos e ao coordenador de
estagio.
Assim o (QUADRO 10) atribui algumas sugestões, criticas e possibilidades feita pelos
acadêmicos em relação ao estágio para um melhor aproveitamento desse processo na
vida acadêmica.
Rodrigues (2006) defende que através de uma nova formulação do estágio e da
Educação brasileira amenizará algumas falhas na formação acadêmica, além de
aprofundar as potencialidades educacionais da Educação Física, ou pelo menos durante
o processo de Estágio Supervisionado ocorrerá uma maior percepção do que é Educação
Física e de seu papel formador na sociedade
O estágio supervisionado tenta mostrar aos acadêmicos situações reais do cotidiano do
professor, entretanto acadêmico estagiário não encontra-se envolvido no contexto
escolar, nem como peça fundamental deste processo. Daí em diante surge
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questionamentos a respeito do verdadeiro propósito do estágio, será que estagiário
encontra-se com a certeza da profissão que irá seguir? O que realmente acontece após o
estágio com as observações do futuro professores? É esperado e alcançado o objetivo do
estágio? (SILVA &KRUG, 2008)
CONSIDERAÇÕES FINAIS: início de novas indagações
As discursões sobre os conteúdos em Educação Física transcorrem limitações, devem ser
estendidas com enfoque maior sobre a formação profissional e principalmente sobre o
estágio curricular supervisionado, uma vez que o primeiro contato do acadêmico com o
ambiente escola se da através do estágio, assim indagações, reflexão e até mesmo critica
sobre este tema devem ser proposto, pois dessa forma temos como mensurar mudanças
para melhoria e qualidade na formação em Educação Física.
Os resultados apresentados nesse estudo demostram o estágio supervisionado como
fundamental na formação acadêmica, mas como necessária quando há uma reflexão
teórica sobre a prática executada, pois o estágio e visto dicotomicamente como algo
separado da teória, uma concepção prática elevada ao ambiente escolar apenas, assim
percebemos as angustias dos acadêmicos em relação aos professores que também se
encontram desconectados com o universo gigantesco de possibilidades que é o estágio.
As mudanças de conceitos e conhecimento sobre estágio supervisionado devem seguir
além das academias onde tradicionalmente se resumem ao cumprimento de cargas
horarias pelos acadêmicos. Podemos mensurar que há necessidade de um maior
conhecimento por parte do aluno da importância do estágio supervisionado para a ação
docente, que as teorias trabalhadas durante o curso de formação devem respaldar as
ações práticas nas quadras de aula, rompendo assim a dicotomia teória/prática.
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EDUCAÇÃO FÍSICA E PROMOÇÃO À SAUDE NO CONTEXTO DO NASF
ARAÚJO, Fernanda A. L.
Especialização em Musculação e Personal Trainer- Macapá – Amapá – Brasil
[email protected]
RESUMO
O interesse pela atividade física, que não contem um fim em si mesmo e sim nos
benefícios que ela provoca tem gerado inúmeros estudos que tem apontado evidências
científicas que sustentam benefícios correlacionados a esta, como prevenção e
reabilitação de doenças cardiovasculares, câncer, síndrome metabólica, osteoporose
entre outras. Estes benefícios trazem consigo a melhoria das capacidades funcionais, a
complementação de tratamentos médicos e fisioterápicos e o desenvolvimento de
capacidades cognitivas, sociais e psíquicas. A diversidade de atividades e a forma de
desenvolvê-las constituem estratégias importantes para atingir várias faixas etárias. De
jogos populares à ginástica, o profissional deve ter em mente que sua atuação está
destinada a todo o ciclo da vida, levando em conta a realidade social das crianças, jovens,
adultos e idosos, isso significa situar uma base para reduzir a prevalência do
sedentarismo na vida adulta. O objetivo do estudo foi analisar a relação a Educação
Física no contexto de promoção à saúde no NASF, pautando os conceitos e estratégias
de atuação do professor. Como estratégias metodológicas realizamos uma revisão de
literatura onde procurou-se artigos com as seguintes palavras chaves Educação Física,
NASF, promoção à saúde. Esta nova visão do profissional de Educação Física é
necessária, pois a grande população atendida pelo Programa Saúde da Família são
pessoas que não possuem conhecimento ou recursos para ter uma prática de atividades
físicas direcionadas aos seus objetivos, que são saúde e qualidade de vida. A grande
maioria da população atendida pelos PSF não realiza atividade física, e aqueles que a
fazem, muitas das vezes sem orientação ou de forma inadequada para seu perfil, podem
não obter os benefícios da prática, bem como podem adquirir lesões. O novo paradigma
de saúde, marcado por sua promoção, abre um campo para atuação do Profissional de
Educação Física nos serviços de saúde pública. Porque este se preocupa com o controle
da saúde e condições de vida da população e uma das principais intervenções que ele
pratica são ações educativas e preventivas. Com isso é claro a importância do profissional
de educação física na composição do núcleo de apoio a saúde da família, tanto para o
cumprimento da diretrizes da Política Nacional de Promoção da Saúde nota-se que há
uma ampla possibilidade de atuação em um país como o Brasil, especialmente pelo
grande número de municípios existentes e logicamente, há um enorme campo a ser
ocupado pelo Profissional de Educação Física.
Palavras Chave: educação física; promoção à saúde; nasf
ABSTRACT
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Órgão de divulgação científica do 11º ENAF BH, 57º ENAF POÇOS DE CALDAS/MG e Pós-Graduação Desenvolvimento
The interest in physical activity , which does not contain an end in itself , but the benefits
that it causes has generated numerous studies that have pointed to scientific evidence
supporting the benefits related to this , such as prevention and rehabilitation of
cardiovascular disease, cancer , metabolic syndrome , osteoporosis among others. These
benefits bring with improved functional capacity, supplemental medical and physiotherapy
treatments and the development of cognitive , social and psychic abilities . The diversity of
activities and how to develop them are important strategies to target various age groups.
Popular games to the gym , the professional must keep in mind that its actions are aimed
at the whole life cycle, taking into account the social reality of children, youth , adults and
seniors , this means placing a base to reduce the prevalence of inactivity in adulthood .
The aim of the study was to analyze the relationship Physical Education in the context of
health promotion in NASF , guiding concepts and strategies of teacher performance . As
methodological strategies conducted a literature review which sought to articles with the
following keywords Physical Education , NASF , health promotion. This new vision of the
physical education professional is necessary because the large population served by the
Family Health Program are people who have no knowledge or resources to have a
physical activity targeted to your objectives , which are health and quality of life . The vast
majority of the population served by the PSF does not perform physical activity , and those
that do, often without guidance or inappropriate for your profile shape , can not get the
benefits of the practice , and can acquire injuries . The new health paradigm , marked by
his promotion, opens a field for actuation of the Professional Physical Education in public
health services . Because this control is concerned with the health and living conditions of
the population and the main interventions he practices are educational and preventive
actions . With this course the importance of physical education professionals in the
composition of the core support to family health , both for compliance with the guidelines of
the National Health Promotion is noted that there is ample opportunity to operate in a
country like Brazil , especially the large number of existing municipalities and logically ,
there is a huge field to be occupied by the Professional Physical Education .
Key – words: physical education, health promotion; NASF
INTRODUÇÃO
O estigma que o profissional de Educação Física deve ser encarregado de atuar
apenas no âmbito escolar, de academias e clubes, ainda persisti na concepção da
sociedade, embora outros espaços como a da saúde estejam se abrindo para que este
profissional possa atuar não é fácil reconhecer a abrangência da Educação Física,
contudo, sua formação contribui para que o campo de atuação ganhe amplitudes maiores,
pois suas bases de formação incluem o desenvolvimento motor, social, cognitivo,
incluindo em suas praticas crianças, jovens e adultos, idosos e deficientes
O papel do profissional de Educação Física é fundamental, pois compete a ele
coordenar, planejar, programar, supervisionar, dirigir, organizar, avaliar e executar
trabalhos e programas, realizar treinamentos especializados, participar de equipes
multidisciplinares e interdisciplinares e elaborar informes técnicos, científicos e
pedagógicos na área de atividades físicas e do desporto (BRASIL, 1998).
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Segundo Brasil (2007), O Educador Físico tem por finalidade promover e prevenir o
adoecimento da população através de estratégia e praticas corporais desenvolvidas na
comunidade e adjacência.
Segundo recomendações da Organização Pan-Americana de Saúde toda pessoa
deve acumular no mínimo 30 minutos de atividades físicas moderadas por dia. Aumentar
o nível de atividade física é um problema social, não apenas individual, e exige enfoques
baseados em população, multisetoriais, multidisciplinares e culturalmente relevantes
(OPAS, 2009 e DOENÇAS, 2003).
O interesse pela atividade física, que não contem um fim em si mesmo e sim nos
benefícios que ela provoca (BARBOSA, 2003), tem gerado inúmeros estudos que tem
apontado evidências científicas que sustentam benefícios correlacionados a esta, como
prevenção e reabilitação de doenças cardiovasculares, câncer, síndrome metabólica,
osteoporose entre outras. Estes benefícios trazem consigo a melhoria das capacidades
funcionais, a complementação de tratamentos médicos e fisioterápicos e o
desenvolvimento de capacidades cognitivas, sociais e psíquicas (ACMS, 1998; 2000;
2004).
A diversidade de atividades e a forma de desenvolvê-las constituem estratégias
importantes para atingir várias faixas etárias. De jogos populares à ginástica, o
profissional deve ter em mente que sua atuação está destinada a todo o ciclo da vida,
levando em conta a realidade social das crianças, jovens, adultos e idosos, isso significa
situar uma base para reduzir a prevalência do sedentarismo na vida adulta.(BRASIL,
2010).
A pratica de atividade física na vida do homem tem papel fundamental para a
manutenção, conscientização, melhoria da qualidade de vida, além de possibilitar o
aumento da autoestima, diminuição do stress, sedentarismo, obesidade, controle do
diabetes e hipertensão. A atividade física é hoje considerada como um meio educativo
privilegiado, porque abrange o ser na sua totalidade. O caráter de unidade da educação,
por meio das atividades físicas, é reconhecido universalmente. Ela objetiva o equilíbrio e a
saúde do corpo, a aptidão física para a ação e o desenvolvimento dos valores morais.
(BRASIL, 1976).
METODOLOGIA
O objetivo do estudo foi analisar a relação a Educação Física no contexto de promoção à
saúde no NASF, pautando os conceitos e estratégias de atuação do professor.
Como estratégias metodológicas realizamos uma revisão de literatura onde procurou-se
artigos com as seguintes palavras chaves Educação Física, NASF, promoção à saúde.
REVISAO DE LITERATURA
O ministério da saúde ao dar maior abordagem a promoção à saúde incluiu o profissional
de Educação Física a Política Nacional de Promoção a Saúde, onde se tem como
algumas prioridades a promoção, informação e educação em saúde com ênfase na
promoção de atividade física, a obtenção de hábitos saudáveis de alimentação, além dos
cuidados especiais voltados ao processo de envelhecimento. (CARVALHO; et al, 2013).
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Neste contexto, o Núcleo de Apoio a Saúde da Família- NASF foi instituído pela Portaria
nº 154/2008 do Ministério da Saúde, que determina uma política para o fortalecimento da
Atenção Básica à Saúde, através do apoio direto de profissionais das Equipes de Saúde
da Família (ESF), o qual a Educação Física faz parte de todo este conjunto.
O NASF é constituído por equipes de profissionais de diferentes áreas de conhecimento
que buscam a integralidade do cuidado físico e mental aos usuários do SUS por meio da
complementação do trabalho das ESF apoiando com profissionais qualificados. É formado
no mínimo, por três (ou cinco) profissionais de nível superior de ocupações nãocoincidentes: médico acupunturista, assistente social, profissional da Educação Física,
farmacêutico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, médico ginecologista, médico homeopata,
nutricionista, médico pediatra, psicólogo, médico psiquiatra e o terapeuta ocupacional
(BRASIL, 2009).
Segundo as diretrizes do NASF (2010) o papel do educador físico esta relacionado a
prevenção e promoção à saúde na comunidade em que esta locado, sendo seu norte de
destaque e ênfase em proporcionar aos usuários praticas corporais sem distinção de
classe social, cor, etnia, idade ou sexo.
Recomenda-se, portanto, que as atividades devem ser organizadas de forma a favorecer
o maior número de pessoas, além de serem realizadas em espaços de fácil acesso e,
sobretudo, atrativas para todas as faixas etárias. Daí a importância de não associar as
intervenções aos espaços de saúde, mas sim ampliá-las para os vários espaços que
exprimam identidade para pessoas de várias idades, como um clube comunitário, praças,
parques, etc. (BRASIL, 2010).
Esta nova visão do profissional de Educação Física é necessária, pois a grande
população atendida pelo Programa Saúde da Família são pessoas que não possuem
conhecimento ou recursos para ter uma prática de atividades físicas direcionadas aos
seus objetivos, que são saúde e qualidade de vida. A grande maioria da população
atendida pelos PSF não realiza atividade física, e aqueles que a fazem, muitas das vezes
sem orientação ou de forma inadequada para seu perfil, podem não obter os benefícios
da prática, bem como podem adquirir lesões.
O novo paradigma de saúde, marcado por sua promoção, abre um campo para atuação
do Profissional de Educação Física nos serviços de saúde pública. Porque este se
preocupa com o controle da saúde e condições de vida da população e uma das
principais intervenções que ele pratica são ações educativas e preventivas (Cabral, Sousa
e Raydan, 2007).
O profissional de Educação Física segundo a Lei nº 9696/98 de 1 de setembro de 1998 é
um especialista em atividades físicas nas suas mais diversas manifestações (BRASIL,
1998), com o propósito de prestar serviços que oportunizem o desenvolvimento da
educação e da saúde visando bem-estar, qualidade de vida, prevenção e compensação
de distúrbios funcionais, contribuir para capacitação e/ou restabelecimento fisio-corporal
dos indivíduos, visar bem estar e a qualidade de vida tanto em nível individual quanto
coletivo. Tais atribuições, o fez ser reconhecido pelo Conselho Nacional de Saúde a partir
da resolução n° 218, de 6 de Março de 1997, como profissional da saúde (CONFEF,
2002).
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A atividade física é uma forma de tratamento para os problemas de saúde da população,
promovendo uma recuperação mais acelerada ou o controle da enfermidade de forma
segura, eficaz e com menos despesas (DIAS, 2007).
O baixo nível de atividade física representa importante fator de risco no desenvolvimento
das doenças crônico-degenerativas não transmissíveis, como diabetes mellitus não
insulino-dependente, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, osteoporose e
alguns tipos de câncer, como o de cólon e o de mama. Tal relação se torna evidente pela
diminuição do aparecimento de seqüelas, redução da necessidade de internação, menor
quantidade de medicamentos necessários ao controle desses agravos, que incidem na
redução de custos com serviços médico e hospitalares. Estudos recentes têm
comprovado que empresas que desenvolveram programas de promoção de atividades
físicas obtiveram benefícios econômicos adicionais em virtude da redução do
absenteísmo e do aumento da produtividade dos trabalhadores (INFORMES, 2002).
Alcântara (2004) diz que a atuação do Profissional de Educação Física no PSF consiste
em promover um estilo de vida saudável através da atividade física, sendo um meio
efetivo para a construção coletiva da qualidade de vida. Além disso, apresenta como
finalidade deste profissional programar e realizar atividades físicas dos grupos inseridos
nas unidades de saúde, visando o exercício como terapia e como estímulo à adesão ao
tratamento pelo meio da auto-estima, consciência corporal, autonomia na vida e em seu
processo terapêutico.
O Educador Físico deve articular as redes sociais, a fim de elaborar e programar
atividades para a promoção de estilo de vida saudável, inclusive a partir de projetos. Dias
(2007) relata a atividade física orientada para diabéticos utilizada como um método de
prevenção e tratamento da Diabetes Mellitus (DM) e que auxilia na prevenção e controle
de outras doenças como hipertensão e obesidade, e isto gera uma melhor qualidade de
vida para a população e diminui os gastos da Saúde Pública.
Conseguir inserir o educador físico nos PSF é muito importante, pois o grupo de pessoas
da comunidade que ele pode atender geralmente é carente e não tem condições de
frequentar locais que tem atividade física orientada e tampouco conhecimentos mínimos
necessários para a sua prática ou quais exercícios são os mais indicados, e alguns vão
realizá-los sem orientação, na certeza de que o mesmo irá lhe trazer benefícios quando
na verdade estará lhe causando malefícios. Constata-se que o profissional referido tem
conhecimento científico específico sobre a atuação na promoção e prevenção da saúde e
a respectiva prescrição de atividades físicas específicas (CABRAL; SOUZA e RAYDAN,
2007).
Assim, o profissional de Educação Física, inserido junto à equipe multiprofissional, deverá
prescrever a atividade física, informar acerca da necessidade da mesma, o modo de
realizá-la, a intensidade ou trabalhar com esses indivíduos em grupos com o objetivo de
proporcionar a integração dos participantes, e isto faz com que a comunidade esteja mais
unida para resolver ou atenuar o problema comum a todos (DIAS, 2007). Ele também
deve contar com o aconselhamento à saúde para a prática por outros profissionais que
atuam nos PSF e NASF, como forma de educação à saúde; não somente para os idosos
e portadores de doenças crônicas, mas para toda população como forma preventiva e de
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um estilo de vida saudável, sendo que este ainda apresenta uma baixa frequência de
indicação (SIQUEIRA, 2009).
Com o educador físico presente na atenção básica de saúde à população, o valor gasto
com medicamentos e consultas médicas poderá ser reduzido, visto que a população
estará mais ativa e informada (DIAS, 2007).
Com vistas que o estímulo à atividade física é prioritário no controle de doenças não
transmissíveis e que a mudança de padrões comportamentais requer medidas
abrangentes e intersetoriais, a Organização Mundial de Saúde (OMS) propôs a
implementação da Estratégia Global para Dieta, Atividade Física e Saúde, que gera o
desenvolvimento, de forma integrada, de ações de legislação, informação e capacitação
de recursos humanos que visam a alimentação saudável e a atividade física, cujo
propósito é prevenir doenças crônicas e promover a saúde da população (OPAS, 2009).
Verifica-se com este estudo que a inserção da educação física é de extrema importância
visando a nova estratégia de saúde pública. No entanto, existem poucas práticas que
atendem a este objetivo, e muitas das que existem necessitam de um olhar sistematizado
e com seguidas avaliações com dados claros que demonstrem a população a importância
e a necessidade de aderir a atividades físicas para obter a qualidade de vida esperada.
Gomes (2007) reconhece que apesar das ações que já ocorrem por meio de iniciativas
pontuais e promocionais em todo país, existe a necessidade de refletir sobre as questões
metodológicas e pedagógicas para atuação do professor de Educação Física nas políticas
públicas de saúde.
Reconhecemos que a possibilidade de ação do professor de educação física no NASF
deverá estar alinhada com as estratégias e recomendações propostas pela promoção à
saúde (BRASIL, 2002), para que assim sejamos capazes de refletir sobre as questões
sociais, ambientais, culturais e psicológicas da população atendida. Diante da
complexidade nas ações da saúde e as especificidades de cada profissional de saúde,
caberá a cada um desenvolver a sensibilidade para uma atuação transformadora,
autônoma e crítica da realidade, respeitando a integralidade de cada sujeito.
Através deste artigo buscamos refletir sobre a Educação Física no contexto de promoção
à saúde no NASF, reconhecendo as heterogeneidades que o SUS apresenta para
suscitar a pratica da promoção a saúde, gerar uma reflexão de algumas estratégias e
conceitos que devem fazer parte do conhecimento do professor que atua na saúde
publica.
CONCIDERAÇÕES
Contudo o profissional por si só não é capaz de combater a demanda, tão pouco seu
trabalho se torna explorado se não houver conhecimento da comunidade, saliento que a
valorização do trabalho profissional deve partir do seu gestor atual e dando continuidade
através de praticas de incentivo a mudança de habito na vida da comunidade. Incentivo
esse que pode ser destacado através de ações comunitária que envolvam outras áreas
da saúdes, como fisioterapeutas, nutricionistas, médicos, dentistas etc, somente com a
divulgação dos serviços comportados nos postos de saúde o profissional de Educação
Física pode ter vez e ser identificado na área da saúde, pois a relação educação física
notoriamente é relacionado a área escolar, dando ênfase na sua formação inicial.
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Com isso é claro a importância do profissional de educação física na composição do
núcleo de apoio a saúde da família, tanto para o cumprimento da diretrizes da Política
Nacional de Promoção da Saúde. A partir da criação dos Núcleos de Apoio à Saúde da
Família (NASFs), que, como o próprio nome diz, são equipes de profissionais de saúde
que atuam junto às Equipes de Saúde da Família dos municípios, nota-se que há uma
ampla possibilidade de atuação em um país como o Brasil, especialmente pelo grande
número de municípios existentes e logicamente, há um enorme campo a ser ocupado
pelo Profissional de Educação Física.
Sabemos também que os recursos passados, a falta de estrutura física atrapalha em
parte o desenvolvimento do trabalho do educador físico, mas tão pouco se torna
desnecessário quando pensamos em saúde e qualidade de vida da comunidade. O
mesmo profissional deve proporcionar estratégia que englobem todos ou o máximo de
indivíduos possíveis nas atividades proposta.
Por fim, os espaço publicos já exitentes devem de forma responsavel ser utilizadas para a
pratica de atividades corporais, sendo necessario a utilização de materiais alternativos ou
adquiridos para aplicação, diversificação dos exercicios. Outrora estas mesmas atividades
são compreendidas de forma culturalmente ampla, focada na realidade da comunicadade,
assim é de extrema importancia que os locais disponiveis sejam revitalizados para
comportar a demanda da comunidade ou pelo menos tenham condiçoes apropriadas para
receber a população, é necessario que se tenha facil acessibilidade aos locais, bem
como havera uma maior possibilidade de explorar as diversas potencialidade dos
espaços fisicos
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AVALIAÇÃO DA PERDA HÍDRICA DURANTE TREINO INTENSO DE JIU-JITSU
LIMA, L.S.1, SILVA, B.V.C.2
1
Pós Graduando em Treinamento Desportivo Instituto ENAF - Lavras, MG - Brasil
Prof.Msc. Biodinâmica e Metabolismo do Exercício e do Esporte (UFTM)
[email protected]
2
RESUMO
O jiu-jitsu é um esporte caracterizado por esforço intermitentes de alta intensidade. Para
que o atleta tenha rendimento adequado vários fatores deverão estar bem ajustados, a
fim de que o desempenho não seja afetado negativamente, dentre alguns fatores
podemos citar o controle da hidratação. No entanto, altas taxas de transpiração
resultam em grandes perdas de água, sal e outros eletrólitos, resultando em um estado
de desidratação diminuindo o desempenho do atleta. O objetivo do estudo foi
investigar as alterações do peso corporal, antes e após uma sessão de treino para
analisar o estado de hidratação dos praticantes. Foram avaliados 10 atletas do sexo
masculino com 26,1±4,72 anos e com graduações diferentes. Mensurou-se o peso inicial
78,71±12,31Kg e final 77,02±12,30, já o percentual de gordura 18,05±8,6% inicial e
17,15±7,9% final. Os principais achados foram que, ambos, o peso corporal e o %G foram
reduzidos significativamente em relação aos momentos pré e pós treino, demonstrando
ocorrer uma perda considerável. Dependendo do nível de desidratação é possível esperar
algumas alterações fisiológicas, que acarretam em diminuição do desempenho durante o
treino. Sendo assim, os resultado demonstraram que o peso diminuiu significativamente
do momento pré comparado ao pós treino e sugerir que os atletas e treinadores devem
atentar ao controle da hidratação durante as sessões de treino de BJJ.
Palavras-chave: jiu-jitsu, hidratação, treinamento.
ABSTRACT
The Jiu-jitsu is a sport characterized by intermittent high intensity effort. For the athlete has
adequate income several factors should be well adjusted , so that performance is not
adversely affected , among some factors we can mention the hydration control . However,
high transpiration rates result in large losses of water, salt and other electrolytes , resulting
in a state of dehydration decreased athletic performance . The aim of the study was to
investigate changes in body weight before and after a training session to review the state
of hydration of the practitioners . 10 male athletes with 26.1 ± 4.72 years and with different
grades were assessed . Measured is the initial weight 78.71 ± 12.31 kg and 77.02 ± 12.30
late , since the percentage of fat 18.05 ± 8.6% initial and 17.15 ± 7.9 % end . The main
findings were that both body weight and% BF were significantly reduced compared to pre
and post workout times , demonstrating a considerable loss occurs. Depending on the
level of dehydration can expect some physiological changes that lead to decreased
performance during training. Thus, the results showed that the weight decreased
significantly from pre compared to post training and suggest that athletes and coaches
should pay attention to hydration control during the training sessions of BJJ.
Keywords: jiu-jitsu, hydration, training.
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Introdução
O Brazilian Jiu-Jitsu (BJJ) é modalidade esportiva de combate caracterizada por esforços
intermitentes de alta intensidade, intercalados por pequenos períodos de pausas e/ou
esforços menores (Pereira et al., 2011; Silva et al., 2013). É uma luta predominante
realizada no solo com o objetivo de finalizar o adversário, seja por estrangulamento ou
golpes de torção de membros (Franchini et al., 2003). Para que o atleta tenha rendimento
adequado, vários fatores deverão estar bem ajustados, a fim de que o desempenho não
seja afetado negativamente, dentre alguns fatores podemos citar o controle da hidratação.
Assim como em todo exercício físico, no BJJ também ocorre alterações fisológicas, uma
delas é o aumento da temperatura corporal (Tagliari et al., 2012). Para controlar esse
aumento, um dos mecanismos que o organismo utiliza é através da sudorese (Tagliari et
al., 2012). No entanto, altas taxas de transpiração resultam em grandes perdas de
água, sal e outros eletrólitos, resultando em um estado de hipertermia (temperatura
corporal excessiva) (Jesus et al., 2012). Tem sido repostado que uma redução de 1%
a 3% do peso corporal, causada por desidratação, pode deteriorar respostas
fisiológicas e do desempenho físico (Jesus et al., 2012). Ao atingir 2% de desidratação
observaram que há redução da capacidade de preensão manual em judocas, o que
afeta diretamente o desempenho da luta. Quando se perde 3% da água corporal, o
desempenho nos exercícios anaeróbicos de braços e pernas ficam comprometidos
(Brito et al., 2007).
Além disso, alguns fatores podem influenciar diretamente para o aumento da
sudorese na prática do BJJ, tais como o uso do quimono, composto por calça, paletó,
faixa e sunga, além dos treinamentos ocorrem em lugares fechados, como salas de
academia (Tagliari et al., 2012). Estes fatores, poderiam limitar a capacidade do corpo
de dissipar o calor gerado pelos músculos ativos e dificultando a evaporação do suor
e conseqüentemente o esfriamento corporal.
Desde que, já está bem estabelecido os efeitos deletérios da desidratação no
desempenho atlético, é de suma importância o acompanhamento do estado de
hidratação do atleta. Essa mensuração pode ser realizada através da variação do peso
corporal antes e após o exercício, calculando o percentual de perda de peso para
classificar o estado de hidratação (Machado-Moreira et al., 2006). Portanto o objetivo
do estudo foi investigar as alterações do peso corporal, antes e após uma sessão de
treino para analisar o estado de hidratação dos praticantes.
MATERIAIS E MÉTODOS
Para o presente estudo foram convidados 10 atletas da categoria adulto de jiu-jitsu com
graduações diferentes da Academia Grappling Club de São João Del-Rei MG. Todos os
indivíduos aceitaram participar voluntariamente, após obtenção de consentimento
verbal e autorização por escrito do formulário de consentimento livre e esclarecido.
Dessa forma, os princípios éticos contidos na Declaração de Helsinki e na Resolução
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nº 196 de 10 de Outubro de 1996 do Conselho Nacional de Saúde foram respeitados
em todo o processo de realização desta pesquisa.
Antes de iniciar o treino o peso e a estatura foram aferidos através de uma balança digital
G Tech. Para a composição corporal utilizou-se um estadiomêtro Sanny, mensurando três
dobras cutâneas, peitoral, abdominal e coxa, para o calculo do percentual de gordura (%
G) conforme sugerido por Jackson e Pollock. A sessão de treino consistiu de
alongamentos e um aquecimento, posteriormente realizou-se treino técnico e simulação
de lutas com um total de 2 horas de treinamento, com intervalos para descanso sem
reposição hídrica. O mesmo procedimento para avaliar o peso corporal e o % G foi feito
ao final do treino. Para análise da perda hídrica foram avaliadas as diferenças entre os
valores iniciais e finais da sessão de treino do peso corporal e do % G. A reidratação após
o teste foi feita com a utilização de água com quantidade semelhante a perda durante o
teste.
RESULTADOS
As figuras 1 e 2 demonstram os resultados do peso corporal e do % de gordura nos
momentos pré e pós sessão de treino de BJJ.
Massa corpórea (kg)
100
*
80
60
Figura 1. Peso corporal inicial
(PI) e peso corporal final (PF)
após sessão de treino. *
diferença significativa entre os
momentos PI e PF.
40
20
0
PF
Figura 2. Percentual de gordura inicial
(%GI) e percentual de gordura final
(%GF) após sessão de treino. *
Percentual de gordura %
PI
50
30
*
20
10
0
%GI
%GF
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diferença significativa entre %GI e %GF.
DISCUSSÃO
O objetivo do presente do estudo foi investigar o estado de hidratação após uma sessão
de treino de BJJ pela variação do peso corpóreo (kg) e % de gordura. Os principais
achados foram que, ambos, o peso corporal e o %G foram reduzidos significativamente
em relação aos momentos pré e pós treino, demonstrando ocorrer uma perda hídrica
considerável.
Similar resultados foram observados por Tagliari et al. (2012) na diminuição do peso
corporal após sessão de treino de BJJ. Estes resultados estão em concordância com
recentes estudos com judocas, nos quais reportaram queda significativa do peso corporal
após uma sessão de treino (Brito et al., 2007; Jesus et al., 2012). Jesus et al. (2012)
investigaram a queda do peso corpóreo entre os gênero masculino (M) e feminino (F)
após uma sessão de treino de judô. Eles demonstraram que em ambos os gêneros
ocorreram redução significativa do peso corporal, com uma queda média de 1,85% para
as mulheres e 1,45% para os homens. Uma queda significante também foi observadas
em outros esportes coletivos como vôlei (Vimieiro-Gomes;Rodrigues, 2001) e rugby
(Perrella et al., 2005), de 0,9% e 1,5 para cada esporte respectivamente.
Este foi o primeiro estudo que investigou o %G após uma sessão de treino de BJJ.
Nossos resultados demonstraram diferença significativa entre os momentos (pre vs pos).
Através dos nossos resultados não podemos explicar os exatos mecanismos dessa
resposta. No entanto, pode ser especulado que poderia ser advindo de uma redução do
volume plasmático resultante da desidratação, no qual poderia interferir nos resultados da
medição do %G pelo adipômetro. Essa premissa faz sentido, já que recente estudo
demonstrou que não houve alteração no %G após sessão de treino de judô quanto a
mensuração foi realizada por uma balança de bioimpedância (Monteiro et al., 2009).
Dependendo do nível de desidratação é possível esperar algumas alterações fisiológicas,
que acarretam em diminuição do desempenho (Brito;Marins, 2005). Essas alterações são
dependentes de fatores como a magnitude do percentual da perda (Brito et al., 2007).
Com quedas inferiores a 1% já é possível esperar algumas alterações fisiológicas, como
aumento da temperatura interna, diminuição de 6% da capacidade física, redução em
10% do Vo2máx (Brito et al., 2007). Uma desidratação superior a 2% reduz a qualidade
do treino e quando se perde 3% da água corporal, o desempenho nos exercícios
anaeróbios para os membros superiores e inferiores ficam comprometidos (Brito et al.,
2007). O Quadro 1 apresenta as respostas orgânicas e fisiológicas à medida que se eleva
o percentual de desidratação.
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Quadro 1. Respostas fisiológicas decorrentes da desidratação
% de redução do peso corporal
Respostas Fisiológicas
1 a 1,9
Alterações do sistema cardiovascular
Aumento da temperatura interna
Diminuição em 6% da capacidade
física
Diminuição em 10% do Vo2max
Diminuição em 3,1% na velocidade em
uma prova de 1500m
Diminuição
no
esvaziamento
estomacal
Diminuição entre 10 e 20% no tempo
de corrida
Alterações da função renal
Aumento da temperatura interna e
frequencia cardíaca
Diminuição em 8% do Vo2max
Diminuição em 8% do volume
plasmático
Diminuição em 32% do fluxo de
sangue para a pele
2
3
Além disso, o efeito deletério da desidratação parece ser tarefa e tempo dependente. Ou
seja, nem todas as capacidades são reduzidas após a desidratação e se houver um
tempo para que ocorra uma recuperação para a tarefa subsequente o desempenho pode
ser restaurado em questão de horas (Artioli et al., 2010; Fernandes et al., 2011).
Nesse sentido, Fernades et al. (2011) observaram que uma rápida redução no peso
induzida por exposição intermitente à sauna seca, causando uma perda aproximada de
2%, não exerceu efeito deletério significativo sobre a força e resistência muscular
de atletas praticantes de Jiu-jitsu. Estes resultados são semelhantes a outros estudos
que não observaram efeito deletério de uma rápida perda de peso sobre diferentes
manifestações da força.
Sendo assim, nossos resultado demonstraram que o peso diminuiu significativamente do
momento pré comparado ao pós treino. Baseado no resultado do presente estudo,
sugerimos que os atletas e treinadores devem atentar ao controle da hidratação durante
as sessões de treino de BJJ. Estes resultados tem direta aplicação prática. Devido ao fato
que, dependendo do momento da periodização, os atletas podem treinar até 3 sessões de
treinos por dia, com um espaço curto de tempo de recuperação entre as sessões (poucas
horas).Se não for dado um aporte nutricional adequado e com uma boa reidratação,
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possivelmente o desempenho para a sessão subsequente o desempenho no treino
poderá ser comprometido.
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BENEFÍCIOS DA MUSCULAÇÃO SOBRE A QUALIDADE DE VIDA NA TERCEIRA
IDADE
Lidiany Barbosa Tolosa*
Graci Helena da Costa Araújo*
André Luiz Zanella**
*Discente do Curso de Pós-Graduação em Musculação e Personal Trainer, ENAF,
Especialista em Docência do Ensino Superior, Meta, Macapá.
** Mestre em Educação pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro – Portugal.
E-mail: [email protected]
RESUMO
A prática da musculação no treinamento de força de ajustadas de acordo com as
capacidades individuais beneficia a terceira idade. Esta pesquisa teve o propósito de
analisar a importância da musculação para a qualidade de vida na terceira idade/idoso. A
metodologia empregada baseou-se na pesquisa bibliográfica, de natureza descritiva e de
abordagem qualitativa. Os resultados obtidos demonstraram que o exercício físico é
fundamental, para os idosos aumenta a força, dando flexibilidade, agilidade, aumento da
auto-estima, independência dentre outros os quais, ajudarão na melhora da saúde e
qualidade de vida sendo propicia a sua prática. E pode, inclusive, aliar a Musculação a
outras atividades físicas, como Pilates e Treinamento Funcional. Concluiu-se que,
qualquer tipo de exercício físico, seja qual for a modalidade escolhida, traz também
diversos benefícios emocionais, entre eles: redução do estresse, melhora da autoestima,
da libido e mais independência.
Palavras chave: Musculação. Qualidade de vida. Terceira Idade.
ABSTRACT
The practice of bodybuilding in the set strength training according to the individual abilities
benefits to seniors. This research aimed to analyze the importance of weight to the quality
of life in old age / elderly. The methodology was based on the literature of descriptive and
qualitative approach. The results showed that physical exercise is essential for the elderly
increases strength, giving flexibility, agility, increased self-esteem, independence and
others which will help in improving the health and quality of life and provides your practice.
And can even combine Bodybuilding other physical activities such as Pilates and
Functional Training. In conclusion, any type of physical exercise, whatever the mode
chosen, it also brings many emotional benefits, including: stress reduction, improved selfesteem, libido and more independence.
Keywords: Bodybuilding. Quality of life. Third Age.
1. INTRODUÇÃO
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Nos dias de hoje, a musculação segundo Bittencourt (2004), é uma das atividades físicas
que mais proporcionam benefícios a saúde e qualidade de vida na terceira idade, sendo
também eficaz na prevenção de doenças causadas em virtude da dor crônica.
Domenico e Schutz (2009, p. 1) afirmam que ―atualmente, a musculação é uma atividade
física muito indicada para indivíduos que ingressam na terceira idade‖. Para os autores, o
treinamento com pesos é muito eficaz na prevenção e tratamento de doenças como a
osteoporose, obesidade, hipertensão arterial e diabetes, e tem como objetivo aumentar a
massa muscular, densidade óssea, aperfeiçoando o desempenho relacionado à força,
melhorando as condições funcionais do aluno, fazendo com que ele realize os esforços da
vida diária com mais segurança, disposição, facilidade e sem a dependência de terceiros.
Mauricio et al. (2008) em sua análise salienta do ponto de vista biológico, que o ato de
envelhecer é uma fase do desenvolvimento humano, e consequentemente, o
cumprimento de mais um estágio de degeneração do organismo, que se iniciaria após o
período reprodutivo. Essa deterioração, que estaria associada à passagem do tempo,
implicaria uma diminuição da capacidade do organismo para sobreviver.
Com o objetivo de minimizar ou reverter a diminuição da força com o envelhecimento, o
posicionamento do American College of Sports Medicine (1998) sobre os benefícios do
exercício físico para idosos recomenda a inclusão do treinamento de força nos programas
de exercícios dessa população.
De acordo com Lima-Costa e Veras (2003), a velhice é acompanhada por doenças
próprias do envelhecimento, o que requer demanda crescente por serviços de saúde
(Plano Nacional aos Idosos, Estatuto do Idoso, Saúde do Idoso, entre outras políticas
públicas). Sendo assim, a utilização de métodos que permitam potencializar os ganhos de
força durante a musculação consiste numa estratégia importante para a melhoria da
aptidão física dos praticantes dessa modalidade.
Dado o exposto pretende-se com este estudo contribuir com a literatura á cerca do tema,
apresentando alguns benefícios que a musculação pode trazer para a terceira idade.
O estudo se torna relevante pois a pesquisa demonstra a realidade dessa classe, que
busca por espaços de convivência com demais indivíduos de sua idade, e dessa forma,
encontra em academias, associações e praças, subsídios para a construção de uma vida
com qualidade e em harmonia com os preceitos da democracia e do respeito à sua
condição.
Assim sendo e com os pressupostos anteriormente apresentados este estudo deve como
objetivo analisar os benefícios da musculação sobre a qualidade de vida na terceira idade.
2. IDOSO E QUALIDADE VIDA
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a qualidade de vida foi definida como
―a percepção do indivíduo sobre a sua posição na vida, no contexto da cultura e dos
sistemas de valores nos quais ele vive, e relação aos seus objetivos, expectativas,
padrões e preocupações‖ (SEIDL e ZANNON, 2004, p. 88).
Para Moreira (2001), a qualidade de vida aplica-se ao indivíduo aparentemente saudável
e diz respeito ao seu grau de satisfação com a vida nos múltiplos aspectos que a
integram: moradia, transporte, alimentação, lazer, satisfação/realização profissional, vida
sexual e amorosa, relacionamento com outras pessoas, liberdade, autonomia e
segurança financeira.
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O conceito de qualidade de vida nos estudos de Vechia et al. (2005) defende um conceito
que relaciona a auto estima do indivíduo com seu próprio bem estar ambiental e
psicológico. Dessa forma, falar de qualidade de vida é enfatizar vários aspectos da
capacidade funcional do indivíduo e sua inclusão satisfatória na sua atual coletividade.
O conceito de qualidade de vida está relacionado à autoestima e ao bem-estar pessoal e
abrange uma série de aspectos, descrito por Vechia et al. (2005, p. 247) como ―a
capacidade funcional, o nível socioeconômico, o estado emocional, a interação social, a
atividade intelectual, o autocuidado, o suporte familiar, o próprio estado de saúde, os
valores culturais, éticos e a religiosidade‖. Além de enfatizar também aspectos do estilo
de vida, a satisfação com o emprego e/ou com atividades diárias e o ambiente em que se
vive.
O conceito de qualidade de vida nos estudos de Vechia et al. (2005), portanto, pode
variar, pois leva em consideração os estudos de Salvador et al. (2005) e Lazzoli (1999), e
conceituam subjetivamente ser dependente do nível sociocultural, da faixa etária e das
aspirações pessoais do indivíduo. Nesse contexto, o processo de descrição de qualidade
de vida dos idosos está baseado também na sua qualidade física, dessa forma, Salvador
et al. (2005) afirma que os exercícios físicos no solo oferecem benefícios. Já Lazzoli
(1999) diz que o idoso que realiza exercícios tem menos chances de desenvolver uma
série de doenças crônicas, e assim, o fato de se tornarem fisicamente ativos no decorrer
da vida adoecem menos; se adoecerem, o farão com menos gravidade e se recuperarão
mais rapidamente.
Muitos idosos vivem em um ciclo vicioso sociocultural que faz com que se limitem em
termos de atividade física (MACHADO et al., 2013).
Este ciclo vicioso passa pela inatividade física, pelo desenvolvimento de doenças
crônicas, pela complicação dessas doenças crônicas e culmina em uma limitação em
graus variáveis para executar as tarefas mais simples do cotidiano, como, por exemplo,
cuidar da própria higiene. O quanto este grau de limitação afeta a qualidade de vida nem
sempre parece tão óbvio para quem não o possui (SANTOS, 2003).
Como muitos idosos - tanto saudáveis como portadores de doenças - estão muito
próximos do limiar independência/dependência, mesmo aumentos modestos da
capacidade funcional e do limiar anaeróbico induzidos pelo treinamento regular podem
resultar em melhoras expressivas da qualidade de vida (LAZZOLI, 1999).
Nos estudos de Machado et al. (2013), a capacidade de interação com novos
grupos vai diminuindo conforme a pessoa vai envelhecendo, o que faz com que os
indivíduos tornem-se cada vez mais solitários e destacados do grupo social. Para Cícero
(1997), as atividades físicas estão diretamente relacionadas, na terceira idade, com a
autoimagem e a autoestima e tenta fazer com que a vida do idoso tenha bastante sentido.
Contudo, o ato de praticar atividade física por parte dos idosos era visto com bons olhos
pela família e amigos, produzindo no idoso, bem-estar e melhora na autoestima.
3. PROCESSO DO ENVELHECIMENTO
Para Mello (2005, p. 1) o envelhecimento decorre de um ―[...] processo fisiológico que se
caracteriza por mudanças orgânicas que ocorrem durante o ciclo biológico da vida‖.
Segundo esse autor, o envelhecimento é importante, na medida que não impeça o ser
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humano de realizar as atividades que já realizara em seu dia a dia, não deixando de
estabelecer laços de comunicação e de relações capazes de descaracterizá-lo como ser
humano. Com o aumento da idade, cada ser humano tende a sofrer processos de
transformação, em todas as suas funções vitais.
Ao longo da história, Santos (2003, p. 3) descreveu que o envelhecimento ocorre nas
esferas: biológico; cronológica; funcional; psicológica e social. Em termos biológicos, é o
processo natural que começa na maturação sexual e vai provocando através de ações
externas e internas, a vulnerabilidade do organismo, diminuindo a sua probabilidade de
sobrevivência. O cronológico, diferentemente do biológico, identifica apenas o passar do
tempo e é muito importante na determinação dos parâmetros para planejamentos de
políticas públicas.
Apesar de ser dos menos precisos, o critério cronológico é um dos mais utilizados para
estabelecer o ser idoso, até para delimitar a população de um determinado estudo, ou
para análise epidemiológica, ou com propósitos administrativos e legais voltados para
desenho de políticas públicas e para o planejamento ou oferta de serviços (CUPERTINO
et al., 2007).
Considerando a relação do todo com as partes e vice-versa, o ser idoso não pode ser
definido só pelo plano cronológico, pois outras condições, tais como físicas, funcionais,
mentais e de saúde, podem influenciar diretamente na determinação de quem o seja.
Porém, vejo como necessária uma uniformização com base cronológica do ser humano
idoso brasileiro, a ser utilizada principalmente no ensino, considerando idoso, no Brasil,
quem tem 60 anos e mais (SANTOS, 2003).
Mas o que não sabemos é que o envelhecimento vai muito além, sendo caracterizado
também com o fator social, que é quando o indivíduo começa a não ter perspectiva de
futuro e a se sentir excluído da sociedade, deixando de interagir com o outro e com o
mundo. Muitas vezes se isolando dentro de casa, podendo levar rapidamente a
depressão e consequentemente a morte (MELLO, 2005).
Aliado a este, tem-se, segundo Santos (2003), o fator psicológico que através de
pesquisas e questionários podem-se observar alterações cognitivas (atenção, percepção,
memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem), porém, sem relatos de
maiores alterações de personalidade.
Neste, pode-se identificar, segundo Santos (2003) afirma que a ―síndrome do ninho
vazio‖, que é quando os pais se deparam com a saída dos filhos de casa, ou na morte de
um ente querido. As pessoas não se preparam para tal momento e quando chega, ficam
abalados psicologicamente, acelerando o processo de senescência.
Rodrigues; Rauth (2003) explicam que o idoso tem em sua gênese física e biológica os
sinais de envelhecimento: esquecimento, cansaço, fraqueza física entre outros. E,
segundo Cupertino et al. (2007), somente nos anos finais do século vinte que houve uma
intensificação dos estudos que abordavam a transformação da imagem, ou representação
do envelhecimento, e assim, propunham, segundos os autores, a adoção de novos
aparatos e práticas para manutenção de corpo, medicamentos, atividades de lazer, entre
outros, e dessa forma, construindo uma possível nova relação do presente com o
esquecimento e o envelhecimento, em adoção de processos inclusivos e de qualidade de
vida para o público idoso.
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A questão do envelhecimento, segundo Verona et al. (2006), vem tomando cada vez mais
ênfase nos meios de comunicação, principalmente em relação a evolução das
concepções individuais e coletivas que o idoso vem construindo no século XXI,
participando de todo o processo tecnológico, tentando driblar as teorias antiinteracionistas de sua inclusão na sociedade como agente causador e participante das
mudanças sociais.
Portanto, nos postulados de Kachar (2002), hoje torna-se difícil mensurar quais aspectos
podem ser mensuradores da origem e do início do envelhecimento nos indivíduos, não só
pelo fato de ser variável de indivíduo para indivíduo, mas também porque os primeiros
sinais de envelhecimento são imperceptíveis. Para esse autor, apesar destes terem mais
doenças do que as pessoas mais jovens; sua época senil não pode ser caracterizada
pelas doenças, mas como etapa da vida com alguns dissonantes físicos, biológicos e
psicológicos, que pode ou não ter uma ou mais doenças associadas.
Braga (2005) em seus estudos, imprime uma série de entendimentos que a sociedade
deve ter com os idosos, evitando que as generalizações deturpem a devida e correta
diferenciação do envelhecimento fisiológico e do patológico. Tais generalizações tornam
possível entender que muitos idosos em bom estado possam ser considerados doentes e
submetidos muitas vezes a tratamentos desnecessários.
4. IMPORTÂNCIA DOS EXERCÍCIOS ASSISTIDOS (MUSCULAÇÃO) PARA OS
IDOSOS
Os exercícios de musculação, segundo Jacobina (2014), são ideais para a prevenção e
tratamento de doenças e aumento da massa muscular. Também ajuda no aumento da
densidade óssea. Segundo Domenico e Schutz (2009) os exercícios regulares com pesos
podem levar a um aumento da densidade óssea nas mulheres idosas, homens que se
exercitam regularmente têm densidade óssea maior do que os inativos ou sedentários.
Há pesquisas cientificas que comprovam os benefícios dos exercícios assistidos aos
idosos. É o caso de Santarém et. al. (2008) ao exporem que esses exercícios resistidos
aumentam a força e a hipertrofia muscular, também observaram o aumento da expressão
gênica em 179 genes diferentes. Esse aumento alterou o perfil genético muscular,
resultando em jovialização física dos idosos sob o ponto de vista muscular.
Pode-se compreender nos estudos de Vilarta (2007, p. 34) que a recomendação para os
idosos participarem das atividades de musculação tem a finalidade de promover nessa
clientela, ―[...] a manutenção do nosso organismo e poder trazer ganhos para a saúde e
melhor qualidade de vida‖. O mesmo autor fala ainda que ―além de induzir o aumento da
massa muscular, os exercícios com pesos estimulam a redução da gordura corporal e o
aumento de massa óssea, levando às mudanças extremamente favoráveis na
composição corporal‖.
Em outro estudo, Cordão (2007, p. 10) afirmou, quando os idosos realizam exercícios
resistidos, geralmente promovem o trabalho muscular, e assim, promove o consumo de
energias, gorduras (triglicerides) e carboidratos (glicogênio e glicose), e assim, evitam o
excesso de oxidação das células. Se a taxa de exercícios for muito alta e intensa, pode
haver uma fonte de energia de ácidos graxos livres para a mitocôndria dos músculos.
Sendo assim, é preciso uma intensidade baixa no exercício para que ocorra maior
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oxidação das gorduras. Assim, as atividades que requisitam grandes grupos musculares
são recomendadas para a redução da gordura.
Nesse entendimento, Mcardle et. al. (2008, p. 544), dizem que o ―estresse mecânico
imposto aos componentes do sistema muscular induz as proteínas sinalizadoras a
ativarem os genes que ativam a translação do RNA4‖, proteína que tem a função de
estimular a síntese proteica em nível superior ao fracionado. Nesse sentido, estes autores
explicam que a musculação utiliza pesos livres, máquinas e outros instrumentos para
realizar a execução dos exercícios, a sua prática se torna muito segura e beneficia os
idosos com o aumento muscular.
Deve-se relatar, conforme exposto na pesquisa de Pinto et al. (2008, p. 1) que a prática
da musculação ajuda na diminuição do estresse, aumenta a interação social, combate o
sedentarismo, a aterosclerose, controla a hipertensão arterial, obesidade, diabetes
mellitus, osteoporose entre outros. Além de, segundo Siqueira; Junior (2008), reduzir os
níveis sistólicos e diastólicos na pressão arterial com o treinamento com pesos e dessa
forma, evitando que haja menor concentração de lactato muscular.
Então, Medina et al. (2009) explicaram que a musculação é o exercício adequado para
diminuir a incapacidade muscular, aumentar os níveis de força, preservar os tecidos
musculares e ser auxiliar no tratamento da osteoporose em idosos. E, em relação a
prática de exercícios resistidos, Santarém et al. (2007) explicam que a prática regular dos
exercícios resistidos pode proporcionar melhorias na aptidão física e saúde de idosos,
bem como auxiliar na prevenção e no tratamento de doenças crônicas não-transmissíveis,
tais como hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellito, obesidade e osteoporose.
Medina et al. (2009) são categóricos em afirmar que os exercícios resistidos são
movimentos realizados contra resistências graduadas, geralmente pesos, e fazem parte
de programas de condicionamento físico, visando à prevenção e reabilitação de
indivíduos idosos e portadores de diversas doenças. A principal vantagem desse método
é o adequado controle de todas as variáveis do movimento (posição e postura, velocidade
de execução, amplitude do movimento, volume e intensidade) com segurança
cardiovascular e músculo-esquelético.
A prática da musculação no treinamento de força de alta intensidade ajustadas de acordo
com as capacidades individuais de cada um beneficia o idoso, segundo Campos (2008, p.
80) na qualidade de vida, independência funcional, melhoras da força, resistência,
flexibilidade, agilidade e equilíbrio que são importantes para a vida diária dos idosos
principalmente no ambiente doméstico, onde ocorrem muitos acidentes, com frequência
as quedas. De acordo o autor, a queda pode afetar também a saúde psicológica devido
ao medo, à ansiedade, à insegurança e à dependência.
Portanto, Mcardle et. al. (2008) em sua pesquisa, com cinco homens idosos e sadios
(média de 68 anos) demonstraram a impressionante plasticidade do músculo esquelético
humano. Os homens treinados por 12 semanas utilizando exercícios com resistência
pesada, isocinéticos e com peso livre. Treinamento fazia aumentar o volume dos
músculos e a área em corte transversal do bíceps braquial (13,9%) e do braquial (26,0%),
enquanto a hipertrofia aumentava em 37,2% nas fibras musculares tipo I.
Por sua vez, outro estudo, o de Cordão (2007) consta que entre os inúmeros benefícios
inerentes à prática da musculação por idosos, consta a melhora da autoestima, da
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imagem corporal, da socialização, diminui os níveis de estresse, ansiedade, da tensão
muscular e insônia, e melhora das funções cognitivas. O autor também constatou que a
mesma é oferecida em locais, nos quais, frequentam muitas pessoas que mantêm certo
contato ajudando a conhecer novas pessoas, fator relevante para o desenvolvimento
social dos indivíduos na terceira idade, e consequentemente, no bem estar (qualidade de
vida). Então, para o autor, a prática de exercícios resistidos beneficia os idosos funcional,
social, psicologica e esteticamente, além de ser um aliado na promoção da vida.
Campos (2008, p. 79) adverte que é necessário um conhecimento vasto sobre as perdas
fisiológicas nesta faixa etária da população e seus riscos na prática deste tipo de
atividade. E diz mais, ser fundamental a prática da musculação com profissionais de
Educação Física, capacitados.
5. A IMPORTÂNCIA DA PRATICA REGULAR DE MUSCULAÇÃO PARA IDOSOS
Nos estudos de Cordão (2007), expõe-se que um programa de musculação bem
elaborado pode resultar em inúmeros benefícios para os idosos. Entre os benefícios
gerais estão: aumento da força muscular, pequeno aumento da potência muscular,
aumento das fibras musculares tanto do tipo I como do tipo II, pequeno aumento da área
de secção transversal, diminuição dos níveis de dor, diminuição da gordura intraabdominal, motilidade gastrointestinal, melhoria dos fatores neurais, aumento da
densidade óssea diminuição do percentual de gordura, diminuição dos riscos de doenças
cardiovasculares, diminuição dos riscos de desenvolvimento de diabetes, diminuição de
lesões causadas por quedas, aumento da capacidade funcional, melhoria da postura
geral, aumento da motivação e melhoria da auto-estima, aumento da agilidade, aumento
da flexibilidade, aumento da resistência.
Santarém et. al. (2008, p. 261) fala que são necessárias duas sessões semanais de
exercícios resistidos, com oito a dez exercícios para os grandes grupamentos musculares.
Sugere também o número de repetições a ser executado para cada série de exercícios
que é de dez a quinze, porém, para indivíduos debilitados são de até dez repetições.
Segundo Medina (2009) existem programas específicos para os idosos: exercícios
básicos para os grandes grupamentos musculares (4-6 grandes grupos musculares);
exercícios suplementares para os pequenos grupamentos musculares (3-5 exercícios);
Ordem dos exercícios: um aquecimento, seguido dos grandes grupamentos musculares,
pequenos grupamentos musculares e desaquecimento. Carga usada e número de séries:
o mais comum é de 80% de 1 RM para 8 repetições, porém existem trabalhos que podem
ser usados de 60 a 85% de 1 RM. Normalmente 3 séries porém, apenas uma série pode
ser significativa se feita até a última repetição máxima.
Medina (2009) apresenta um programa básico de musculação para idosos sedentários
iniciantes no treino: ―Leg Press Horizontal, Supino reto, cadeira flexora, remada sentada
com apoio, cadeira extensora, remada em pé, extensão de tornozelos, rosca direta,
tríceps abdômen com o aparelho, e alongamentos gerais‖. Os exemplos de programas
citados acima são de grande valor para o desenvolvimento muscular do idoso e em
consequência das funções diárias. Visto que, a vida ativa na terceira idade traz muitos
efeitos positivos que contribuem para a minimização dos efeitos deletérios do
envelhecimento, evidenciando assim os benefícios da musculação para a saúde e
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qualidade de vida na terceira idade. Não esquecendo que ao ser realizado com
programas de exercícios bem elaborados, ela se torna indispensável. Assim é de grande
valor a prática da musculação, em prol da melhor qualidade de vida e saúde no processo
de envelhecimento.
Ainda conforme Medina (2009), a proporção e o número de pessoas na terceira idade no
Brasil e no mundo são grandes. É um fato que repercute nas diferentes esferas da
estrutura social, econômica, política e cultural da sociedade. Esses indivíduos possuem
demandas específicas para a obtenção de adequadas condições de vida. Assim sendo,
essa faixa etária da população necessita de uma atenção especial.
Vilarta (2005, p. 160), no entanto, comenta que é chegado o momento de termos um novo
paradigma quanto a vida na terceira idade. Percebê-los como indivíduos participativos e
ativos na sociedade. Deste modo, estes sujeitos beneficiam-se positivamente do
desenvolvimento. O mesmo autor fala ainda da importância da (re)educação dos jovens
sobre envelhecimento e os direitos das pessoas mais velhas, ajudando a reduzir a
discriminação e o abuso com pessoas dessa faixa etária. Vale lembrar que as políticas
públicas tem um grande papel na estimulação de uma vida ativa com os programas de
atividades físicas na oportunização e acesso a tais atividades.
Compete aqui ressaltar que os estudos sobre envelhecimento e os benefícios da
musculação para a terceira idade trazem bons resultados na prevenção e promoção da
saúde e qualidade de vida, sendo relevante para a sociedade em geral (MELLO;
XIMENES, 2002; MORAES, 2007; NAHAS, 2003).
Afinal, a musculação é um treinamento contra resistência, o qual ajuda as pessoas a
obterem melhoras funcionais e psicossociais (NAHAS, 2003).
Cabe salientar também, segundo Neto et al. (2009), que a prática da musculação não
focalizava as pessoas da terceira idade, pois não eram produzidos programas específicos
para este público, porém com os avanços dos estudos sobre envelhecimento este quadro
esta mudando.
Nesse sentido, segundo González Badillo; Ayestarán (2001) de todas as atividades de
reforço muscular, a musculação é uma das poucas que ajuda no aumento da densidade
óssea, por utilizar exercícios de tração e peso. E segundo Ghorayeb et al. (2005) e Komi
(2006), ela protege o coração, auxilia na flexibilidade e na resistência, e facilita o controle
da pressão arterial. Mas não podemos esquecer que a população idosa é mais frágil, e
precisa de cuidados específicos.
Os exercícios de musculação para idosos devem buscar fortalecer os músculos das
pernas e da cintura. O importante nesta prática é a repetição e não a carga – que, se não
for adequada, pode causar dores nos músculos e articulações. As sequências propostas
nas academias favorecem a respiração correta e a circulação sanguínea (GONZÁLEZ
BADILLO; AYESTARÁN, 2001; GHORAYEB et al., 2005; KOMI, 2006),
As AALs (Academias ao Ar Livre), segundo Chagas; Lima (2008), foram instaladas em
praças e parque de centenas de cidades do Brasil, são uma opção prática e interessante
para a prática de musculação para idosos. Os espaços foram criados pelas prefeituras, a
fim de oferecer uma atividade saudável em locais frequentados por famílias inteiras.
Conforme explicado por Cohen; Abdalla (2003), explicam que nestes locais, além da
atividade física, o idoso fica em contato direto com a natureza e com as demais pessoas
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que frequentam a academia. Os espaços servem para lazer e recreação, e favorecem o
aumento da qualidade de vida de seus usuários. Muitos deles contam com a presença de
educadores físicos, que acompanham e orientam os cidadãos.
Os aparelhos utilizados nestas academias são indicados para pessoas que, com o passar
do tempo, perderam a força muscular e o equilíbrio, por isso são muito utilizados por
idosos. Os equipamentos não fazem uso de cargas extras, funcionando com o peso do
corpo de cada pessoa. Apesar disso, atividades como a musculação para idosos mexem
com uma série de grupamentos musculares e ósseos, e necessitam de atenção
especial. Antes de iniciar, é preciso passar por uma avaliação médica que determine o
real estado de saúde da pessoa. Além disso, o acompanhamento profissional é essencial
para o cumprimento correto do exercício (CHAGAS; LIMA, 2008; COHEN; ABDALLA,
2003),
6. CONCLUSÃO
Nessa perspectiva, compete notar que a prática da musculação traz benefícios se for
esquematizada e acompanhada por profissionais de Educação Física habilitados, e que
apresentem conhecimentos característicos na área, a fim de suprir as necessidades das
pessoas.
De todas as atividades de reforço muscular, a musculação é uma das poucas que ajuda
no aumento da densidade óssea, por utilizar exercícios de tração e peso. Além disso, os
exercícios dessa prática esportiva quando realizados pelo idoso, conforme a literatura
analisada, geralmente amenizar as perdas funcionais durante o processo de
envelhecimento, fazendo o idoso ganhar força e potência, massa muscular, massa óssea
das funções cardiovasculares e respiratórias, além de auxiliar na recuperação da
agilidade, flexibilidade entre outras. Mas não podemos esquecer que a população idosa é
mais frágil, e precisa de cuidados específicos.
O importante nesta prática é a repetição e não a carga – que, se não for adequada, pode
causar dores nos músculos e articulações.
Muitos idosos não procuram as academias por conta de algumas doenças. Por isso,
recomenda-se um trabalho de informação e conscientização sobre os benefícios da
musculação para os idosos, enfatizando o combate às doenças, a redução do índice de
dor, as melhores na circulação sanguinea e vários outros benefícios surgidos em virtude
das atividades de força e potencia muscular.
A prática da musculação é boa, pois beneficia em muitos aspectos as pessoas idosas,
diminuindo a perda da massa muscular e óssea, aumentando a força, dando flexibilidade,
agilidade, aumento da auto-estima, independência dentre outros os quais, ajudarão na
melhora da saúde e qualidade de vida sendo propicia a sua prática. Visto que, é possível
observar diante das evidencias que a prática da musculação beneficia tanto fisicamente
como psicologicamente.
Em níveis práticos de explicação e achado cientifico, a prática das atividades em
aparelhos de sobrecarga é mais segura do que a de atividades aeróbicas. A musculação
para a terceira idade, entre outras conquistas, melhora o desempenho de tarefas diárias.
A atividade diminui o risco de quedas durante uma simples caminhada e preserva uma
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vida mais independente, cheia de disposição. A musculação é uma das melhores
atividades que os idosos podem desempenhar.
Com a terceira idade e utilizando a musculação como forma de atividade física, poderá
contribuir com essa parcela da população na melhora das condições de saúde e
qualidade de vida. Sendo importante na execução e aplicação de programas ajustados e
adequados as necessidades destas.
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AO PROGRAMA “AABB COMUNIDADE” E ALUNOS DA REDE PÚBLICA DE ENSINO
DA CIDADE DE PITANGUI-MG PARA A PRÁTICA DE ATIVIDADES ESPORTIVAS.
DUARTE, J. P. S.¹; CAMARGOS, E. D.²; SANTOS, G. F.²; PUSSIELDI, G. A.1
1 - Universidade Federal de Viçosa, Campus Florestal – Minas Gerais – Brasil.
2 – Universidade de Itaúna – Minas Gerais – Brasil.
[email protected]
RESUMO
Havendo a necessidade de direcionar estudos dentro da temática dos projetos sociais, e
que também forneçam subsídios aos técnicos, dirigentes, atletas, pais e para a
comunidade científica que busca entender e intervir na questão da motivação para a
prática esportiva, o objetivo deste estudo foi identificar possíveis diferenças entre os
motivos que levam à prática esportiva em adolescentes com faixas etárias de 13 e 14
anos, participantes do programa de educação pelo esporte ―AABB Comunidade‖ e alunos
regularmente matriculados na rede pública de ensino da cidade de Pitangui-MG,
utilizando como instrumento de pesquisa o Inventário de Motivação para a Prática
Desportiva de Gaya & Cardoso (1998). A amostra foi composta por 285 adolescentes
voluntários de ambos os sexos, sendo 8 participantes do projeto social e 277 alunos das
escolas públicas. Os resultados obtidos apontaram diferenças estatisticamente
significativas apenas entre duas das 19 variáveis do inventário, ambas da categoria
Competência Desportiva, sendo de maior importância no projeto social, ao ponto que os
motivos que mais incidem sob os alunos das escolas públicas serem voltados para a
categoria Saúde, sugerindo que mesmo entre os adolescentes há uma grande
preocupação com a saúde e sua relação com a prática esportiva, tornando-se de suma
importância o acompanhamento do professor de Educação Física, que atuará na
prescrição e orientação das atividades físicas dentro da escola, influindo diretamente na
motivação dos alunos e contribuindo para a continuidade da prática esportiva entre os
adultos que vivenciaram na adolescência, boas experiências nas aulas de Educação
Física.
Palavras-chave: Motivação; Motivos; Adolescentes; Escola; Projeto social
ABSTRACT
If there is a need to direct studies in the subject of social projects, and also provide
subsidies to coaches, officials, athletes, parents and to the scientific community that seeks
to understand and intervene in the question of motivation for sports, the objective of this
study was identify possible differences between the motives that lead to sport in
adolescents ages 13 to 14 years, participants of the education program for the sport
"AABB Community" and students enrolled in the public schools of the city of Pitangui-MG,
using as a research tool Motivation Inventory for Sports Practice Gaya & Cardoso (1998).
The sample consisted of 285 adolescent volunteers of both sexes, with 8 participants of
the social project and 277 public school students. The results showed statistically
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significant differences between only two of the 19 variables of the inventory, both the
category Sports Skill, being of greater importance in social project, to the point that the
reasons more focus on students of public schools are facing the Health category ,
suggesting that even among adolescents there is a great concern for the health and its
relationship to sports practice, making it extremely important to monitor the physical
education teacher, who will act in the prescription and direction of physical activity within
the school, influencing directly on student motivation and contributing to the continued
practice of sports among adults who experienced adolescence, good experiences in
physical education classes.
Keywords: Motivation; Reasons; Teens; Schools; Social Project
INTRODUÇÃO
A motivação é um fator determinante no comportamento humano, caracterizada como um
processo ativo, intencional e dirigido a uma meta (SAMULSKY, 2009 apud LIZ, 2010).
Knijnik, Greguol & Santos (2001) afirmam que os seres humanos agem em função de
suas motivações (necessidades), sejam claras ou implícitas, essas motivações se
apresentam como uma forte razão interna que resultam em uma necessidade psicológica.
Nesta mesma linha de estudo, Tresca & Rose Junior (2000) infatiza que a motivação é um
fator psicológico que está relacionado à atividade física, seja no aspecto da aprendizagem
ou do desempenho.
Paim & Pereira (2005) sustentam que qualquer discussão sobre motivação implica em
investigar os motivos que influem em determinado comportamento, sendo assim, todo
comportamento é motivado e impulsionado por motivos; e quando não há motivos.
Entretanto, Bzuneck & Guimarães (2007) define como ―desmotivação‖ a ausência de
intenção para agir; e nessa mesma linha de pesquisa, Pussieldi (1999) salienta que para
que ocorra aprendizado, é necessário que o indivíduo tenha motivação.
Com relação à prática de exercícios físicos, Matias (2010) observou, revisando uma série
de estudos na literatura, que as pessoas mais motivadas para a prática de atividade física
aderem a estas atividades.
Knijnik, Greguol & Santos (2001) salientam que desde os anos 80, a motivação para a
prática esportiva tem sido um dos tópicos mais analisados na área da Psicologia do
Esporte infanto-juvenil, procurando identificar os fatores que levam crianças e
adolescentes a iniciar, continuar e desistir do envolvimento em atividades físicas e
esportivas; os mesmos autores acrescentam que a enorme busca pelo esporte e o
abandono precoce da prática nos apontam para um fator fundamental no esporte infantil:
a motivação.
Segundo Bueno & Di Bonifácio (2007) a consideração de que a prática esportiva envolve
variáveis que alteram os estados emocionais do praticante levou os pesquisadores a
preocuparem-se com a elaboração de instrumentos adequados para avaliação destes
estados, sendo extremamente importante a utilização de instrumentos que deem
subsídios sustentáveis para se realizar uma coleta de dados fidedigna em relação ao
objetivo desejado e dentro do contexto aplicado.
Há a necessidade de direcionar estudos dentro da temática dos projetos sociais, e que
também forneçam subsídios para a comunidade científica que busca entender e intervir
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na questão da motivação para a prática esportiva, além de técnicos, dirigentes, atletas e
pais; pois os mesmos encontram-se escassos na literatura.
Por tanto, o objetivo deste trabalho foi identificar possíveis diferenças entre os motivos
que levam à prática esportiva em adolescentes com faixas etárias de 13 e 14 anos,
participantes do programa de educação pelo esporte ―AABB Comunidade‖ e alunos das
escolas públicas da cidade de Pitangui-MG
MÉTODO
Caracterização da amostra
A amostra foi composta por 285 adolescentes voluntários de ambos os sexos, sendo 8
participantes do programa de educação pelo esporte ―AABB Comunidade‖ da cidade de
Pitangui-MG, e 277 alunos regularmente matriculados em cinco escolas da rede pública
de ensino da mesma cidade, todos da faixa etária de 13 e 14 anos. Os adolescentes
voluntários foram identificados no projeto e nas escolas com a orientação dos
professores/diretores, fazendo parte da pesquisa aqueles que, após os esclarecimentos,
se propuseram a participar.
Cuidados Éticos
A aplicação do questionário foi feita individualmente durante as aulas de Educação Física
e os voluntários foram esclarecidos a respeito dos métodos e objetivos da pesquisa, bem
quanto às próprias questões do questionário. Cada voluntário levou para a casa um
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para recolher a assinatura de um
responsável legal autorizando a submissão dos dados à análise, que foi entregue aos
pesquisadores no dia seguinte juntamente com o questionário respondido. Durante o
processo da coleta de dados houve autorização prévia dos diretores e professores das
escolas/projeto, que cederam o tempo disponível de suas aulas e autorizaram a
divulgação das escolas no trabalho para fins didáticos/científicos.
Instrumento
Como instrumento de coleta de dados foi utilizado o Inventário de Motivação para a
Prática Desportiva de Gaya e Cardoso (1998), no qual os adolescentes deveriam
assinalar o nível de importância de cada um dos 19 motivos que levam à prática
esportiva, sendo eles: 01. Para vencer, 02. Para exercitar-se, 03. Para brincar, 04. Para
ser o(a) melhor no esporte, 05. Para manter a saúde, 06. Porque eu gosto, 07. Para
encontrar amigos, 08. Para competir, 09. Para ser um atleta, 10. Para desenvolver a
musculatura, 11. Para ter bom aspecto, 12. Para me divertir, 13. Para fazer novos amigos,
14. Para manter o corpo em forma, 15. Para desenvolver habilidades, 16. Para aprender
novos esportes, 17. Para ser jogador quando crescer, 18. Para emagrecer, 19. Para não
ficar em casa. Os níveis de importância foram descritos em uma legenda, a saber: NI
(Nada Importante), PI (Pouco Importante), I (Importante) e MI (Muito Importante).
Procedimentos estatísticos
Para comparação dos motivos para a prática esportiva entre o projeto ―AABB
Comunidade‖ e as escolas públicas, foi realizado o teste não-paramétrico Mann-Whitney
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(p ≤ 0,05). Também houve uma comparação dos motivos para a prática esportiva entre os
indivíduos de cada escola, para tanto foi realizada uma Analise de Variância (ANOVA One
Way) com Post Hoc Turkey Test (p ≤ 0,05).
RESULTADOS
Diante da análise dos dados coletados, identificou-se diferenças significativas ao
comparar as respostas obtidas no projeto social ―AABB Comunidade‖ (AABB) e nas
escolas públicas (Outras) somente nas variáveis 9 e 17; a variável 9 corresponde ao
motivo ―para ser um atleta‖ (Gráfico 01), e a variável 17 corresponde ao motivo ―para ser
jogador quando crescer‖ (Gráfico 02).
VARIÁVEL 9
4
3
2
1
0
AABB
Outras
GRÁFICO 1 – Apresentação da existência de diferenças significativas entre o projeto
―AABB Comunidade‖ e as escolas públicas com relação à variável 9 (para ser um atleta).
VARIÁVEL 17
4
3
2
1
0
AABB
Outras
GRÁFICO 2 - Apresentação da existência de diferenças significativas entre o projeto
―AABB Comunidade‖ e as escolas públicas com relação à variável 17 (para ser jogador
quando crescer).
Nas demais variáveis não constatamos diferenças significativas ao comparar os motivos
que levam à prática esportiva no projeto social e nas escolas públicas.
Ao compararmos os motivos que levam à prática esportiva entre o projeto social e as
cinco escolas públicas separadamente, constatamos diferença significativa apenas na
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variável 12 que representa o motivo ―para me divertir‖, entre a Escola Estadual ―Gustavo
Capanema‖ (EEGC) e a Escola Estadual ―José Valadares‖ (EEJV), conforme o Gráfico 3.
VARIÁVEL 12
4
*
123456-
3
2
AABB
EEGC
EEPJLC
EEJV
EEMAO
EELG
1
0
1
2
3
4
5
6
GRÁFICO 3 - Apresentação da existência de diferenças significativas entre o projeto
―AABB Comunidade‖ e as escolas públicas separadamente com relação à variável 12
(para me divertir).
Comparamos também, através de um Teste de Variância Simples, os motivos que levam
à prática esportiva dentro do projeto social e dentro de cada escola pública pesquisada,
procurando identificar diferenças significativas entre os motivos do inventário e constatar o
nível que cada motivo incide em cada local (escolas/projeto social). De acordo com essa
análise, não encontramos diferenças significativas entre os motivos no projeto ―AABB
Comunidade‖, cuja amostra foi composta por 8 indivíduos e também na Escola Estadual
―Padre Joaquim Xavier Lopes Cançado‖, onde a amostra compreendeu 63 indivíduos.
Já na Escola Estadual ―Gustavo Capanema‖ (Gráfico 6), onde a amostra compreendeu 13
indivíduos, foi identificada diferença significativa entre os motivos 5 (para manter a saúde)
e 19 (para não ficar em casa).
E.E. Gustavo Capanema
4
*
3
2
1
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10111213141516171819
GRÁFICO 6 - Apresentação da existência de diferenças significativas na amostra da
Escola Estadual ―Gustavo Capanema‖ entre as variáveis 5 (para manter a saúde) e 19
(para não ficar em casa) do inventário.
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Foram encontradas diferenças estatisticamente significativas na Escola Estadual ―José
Valadares‖, na Escola Estadual ―Monsenhor Arthur de Oliveira‖ e na Escola Estadual
―Lima Guimarães‖, entre vários motivos do inventário.
DISCUSSÃO
Para análise dos motivos que levam à prática esportiva nos adolescentes, assim como
nos estudos de Paim & Pereira (2004; 2005) estes foram classificados em três categorias,
sendo: A) Competência Desportiva, que inclui os motivos: para vencer; para ser o (a)
melhor no esporte; porque gosto; para competir; para ser um atleta; para desenvolver
habilidades; para aprender novos esportes e para ser jogador quando crescer, B) Saúde,
que inclui os motivos: para exercitar-se; para manter a saúde; para desenvolver a
musculatura; para manter o corpo em forma e para emagrecer, e C) Amizade e Lazer, que
inclui os motivos: para brincar; para encontrar os amigos; para me divertir; para fazer
novos amigos e para não ficar em casa.
Com base nos dados obtidos com a comparação entre o projeto ―AABB Comunidade‖ e
as escolas publicas em conjunto, podemos afirmar que esses motivos, baseados na
Competência Desportiva são fatores de maior importância para participantes de projetos
sociais que têm a visão de educação pelo esporte, do que para alunos da rede pública de
ensino, para os quais, em muitos casos, as aulas de Educação Física são a única
oportunidade de esses adolescentes lidarem com manifestações esportivas.
Ao compararmos os motivos que levam à prática esportiva entre o projeto social e as
cinco escolas públicas separadamente, constatamos diferença estatisticamente
significativa apenas na variável 12 ―para me divertir‖, que por sua vez enquadra-se na
categoria Amizade e Lazer. A diferença foi identificada entre a Escola Estadual ―Gustavo
Capanema‖ e a Escola Estadual ―José Valadares‖.
Outro ponto importante que efetuamos neste estudo, foi identificar quais motivos são mais
relevantes para a prática esportiva dentro do projeto social e dentro de cada escola
pública pesquisada, procurando identificar diferenças significativas entre os motivos do
inventário. De acordo com essa análise, não encontramos diferenças significativas entre
os motivos no projeto ―AABB Comunidade‖, tampouco na Escola Estadual ―Padre
Joaquim Xavier Lopes Cançado‖, nos levando a afirmar que os motivos incidem com
determinada coerência e igualdade dentro do projeto social e dentro da escola citada.
Ainda com relação à análise dentro de cada escola, observamos que em todas as escolas
pesquisadas, diferente do projeto ―AABB Comunidade‖, o principal motivo que leva à
prática esportiva é o motivo 5 ―para manter a saúde‖ e o motivo 14 ― para manter o corpo
em forma‖, mostrando que mesmo entre os adolescentes há uma grande preocupação
com a saúde e sua relação com a prática esportiva. Enquanto os motivos que mais
incidem sob os participantes do projeto social apesar da inexistência de diferenças
estatisticamente significativas são os motivos 9 e 16, (respectivamente ―para ser um
atleta‖ e ―para aprender novos esportes‖), ambos se enquadram na categoria
Competência Desportiva, sugerindo que os adolescentes participantes de um projeto
social voltado para a educação pelo esporte desejam aprimorar-se nas técnicas, táticas e
conhecimentos esportivos, procurando um dia se tornarem atletas.
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Como motivo apontado como menos importante para a prática esportiva de acordo com
os dados obtidos em quase todas as escolas, diferente do projeto ―AABB Comunidade‖ foi
o motivo 19 (para não ficar em casa), sugerindo que o adolescente não teria outra
ocupação além de praticar esportes, pertencendo à categoria Amizade e Lazer.
CONCLUSÃO
Concluímos com este estudo que existem diferenças entre os motivos para a
prática esportiva que incidem sob adolescentes participantes do projeto de educação pelo
esporte ―AABB Comunidade‖ e adolescentes alunos das escolas públicas da cidade de
Pitangui-MG. Foram encontradas diferenças estatisticamente significativas nas variáveis 9
―para ser um atleta‖, e 17―para ser jogador quando crescer‖; ambos motivos relacionados
à categoria Competência Desportiva conforme a classificação apresentada por Paim &
Pereira (2004; 2005), estes foram mais incidentes no projeto social. Ao analisarmos
individualmente a incidência dos motivos entre a amostra do projeto social, embora não
tenham sido identificadas diferenças significativas, concluímos que os motivos mais
incidentes são os da mesma categoria, que possuem relação com o esporte de
rendimento, dentro da categoria Competência Desportiva. Já os motivos que incidem sob
os adolescentes alunos da rede pública de ensino são voltados para a prática de esportes
na promoção da saúde, sugerindo uma certa preocupação com a relação entre esporte e
saúde por parte dos alunos, assim, tornando-se de suma importância o acompanhamento
do professor de Educação Física, que atuará na prescrição e orientação das atividades
físicas.
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Catarina – UDESC.
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ANÁLISE DO ESTADO DE HUMOR EM NADADORES RECREATIVOS NÃO
FEDERADOS NA REALIZAÇÃO DE TESTES T-30’ E 4X200
PEREIRA, I.C.S.¹; SOUZA, B.B.²; PUSSIELDI, G.A.1
1 - Universidade Federal de Viçosa, Campus Florestal – Minas Gerais – Brasil.
2 - Centro Universitário de Belo Horizonte, UNIBH – Minas Gerais – Brasil.
[email protected]
RESUMO
O objetivo deste estudo foi verificar o estado de humor em nadadores recreativos nãofederados na realização de testes específicos da natação o T-30' e 4X200. Foram
avaliados 10 indivíduos praticantes de natação do gênero masculino. Os indivíduos foram
submetidos á dois testes: 1º teste T-30' e uma semana depois o 2º teste 4x200. Antes e
depois da realização dos testes os participantes preenchiam o questionário que avalia o
estado de humor o BRUMS validado na versão portuguesa por Rohlfs (2006). Na
verificação das subescalas, o alfa foi de 0,05 encontrou-se na subescala depressão alfa
foi < 0,05 e no ordenamento das amostras T-30' A (antes) vs 4X200m D (depois) e
4X200m A (antes) vs 4X200m D (depois) o alfa foi < 0,05. O resultado obtido no presente
estudo pode-se concluir que a dimensão depressão apresentou diferença estatística em
contraposição nas outras dimensões, raiva, vigor, confusão, fadiga e tensão não tiveram
diferenças estatísticas, este resultado pode estar relacionado devido aos fatores externos,
intensidades dos testes e pelo fato dos participantes não terem a participarem de testes
específicos da natação para a verificação de limiar anaeróbio que a partir deste possa
planejar uma sessão de treinamento mais específico.
Palavras-chave: Estado de Humor, BRUMS e Nadadores recreativos não-federados.
ABSTRACT
The aim of this study was to verify the mood state in non-federated recreational swimmers
in performing specific tests Swimming T-30' and 4x200. 10 individuals practicing swimming
males were evaluated. Subjects were tested twice: 1st test T-30 'and a week later the 2nd
test 4x200. Before and after the completion of the tests the participants filled out the
questionnaire that assesses the mood in the BRUMS validated Portuguese version by
Rohlfs (2006). The verification of the subscales, the alpha was 0.05 met the depression
subscale alpha was <0.05 and the ordering of samples T-30 'A (before) vs 4x200m D
(after) and the 4x200m (before) vs 4x200m D (after) the alpha was <0.05. The result
obtained in this study it can be concluded that the depression scale showed statistical
significance versus the other dimensions, anger, vigor, confusion, fatigue and tension had
no statistical differences, this result may be related due to external factors, intensities of
tests and because the participants did not have to participate in specific tests of swimming
for verifying anaerobic threshold from this session can plan a more specific training.
Keywords: Mood State, BRUMS and Non-federated recreational swimmers.
INTRODUÇÃO
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A prática da atividade física está associada aos benefícios proporcionados á saúde
mental, pois verifica-se a melhora do humor, autoconfiança, redução da ansiedade e uma
estabilidade emocional.
Os testes psicológicos têm como função proporcionar uma série de hipóteses que, na
discussão com os esportistas, permitem identificar mais rapidamente os objetivos da
preparação psicológica, detectar áreas de competência e possíveis dificuldades ou
problemas. Mas é essencial cuidar para não utilizar estas informações como uma verdade
isolada. A seleção dos instrumentos dependerá da formação do psicólogo e sua
familiaridade ou preferência por alguns testes em especial. Os testes devem ser
encarados como simples ferramentas e, como tal, podem ser ―bons‖ ou ―maus‖
dependendo dos profissionais que os utilizam. A preferência por certos instrumentos não
significa que sejam melhores ou piores que outros. (ROHLFS et al., 2005).
Estados emocionais, como o humor, têm duração variável de algumas horas a alguns
dias, podendo refletir sentimentos de exaltação, felicidade, tristeza, angústia, entre outros.
O humor pode variar também em intensidade, envolvendo diferentes estados( LANE;
TERRY, 2000), sendo cinco negativos (tensão, depressão, raiva, fadiga e confusão) e um
positivo (vigor) (TERRY; LANE; FOGARTY, 2005). No esporte, os estados de humor são
apontados como fatores decisivos, que para alguns autores podem até mesmo explicar
parte do desempenho dos atletas em uma competição (ROHLFS et al., 2004;
DEVENPORT; LANE; HANIN, 2005).
Alterações nos estados de humor podem comprometer o desempenho esportivo, à
medida que não proporcionam ao atleta condições ótimas de rendimento, ou ainda indicar
sobrecarga de treinamento (HAGTVET; HANIN, 2007; REBUSTINI et al., 2005; LANE et
al., 2005; ROHLFS et al., 2005).
Berger (2000) sugere que exercícios para melhoria do humor devem ser do tipo
agradável, de caráter aeróbio, não-competitivo, de intensidade moderada e de duração
entre 20 a 40 min, regular durante a semana e praticado em ambientes previsíveis e
espacialmente fixos. De acordo com este autor, para que um indivíduo sinta-se melhor
após a atividade, ele deve evitar treinamentos com esforços máximos.
Entretanto, Werneck (2006) enfatiza que para os diferentes tipos de atividades, tanto o
exercício aeróbio quanto o exercício contra-resistência promoveram alterações positivas
no estado de humor.
Portanto, este estudo tem como objetivo verificar o estado de humor em nadadores
recreativos não-federados do gênero masculino na realização de testes T-30‘ e 4X200.
METODOLOGIA
Amostra
Foram analisados 10 nadadores não-federados do sexo masculino participantes
do projeto de pesquisa em saúde e exercício da UNI-BH, com idade média de 24,9 ± 2,4
anos, onde todos tinham no mínimo um ano ou mais de prática em natação.
Cuidados Éticos
A participação no estudo foi inteiramente voluntária e, após a explicação dos
objetivos do estudo, os participantes por sua vez leram e assinaram o Termo de
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Consentimento Livre Esclarecido. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da
Universidade Federal de Minas Gerais, que segue as Normas e Diretrizes
Regulamentadoras da Pesquisa Envolvendo Seres Humanos – Resolução 422/12 do
Conselho Nacional de Saúde.
Instrumentos
O instrumento utilizado para avaliar o estado de humor antes e após a aplicação
dos testes T-30' e Progressivo na natação (2x400) foi o ―Brunel Mood Scale‖, BRUMS.
O BRUMS é uma tradução e validação do POMS na versão em português (Brasil) feita
recentemente em um estudo sobre alterações de humor associadas à atividade física. A
Escala de Humor de Brunel, BRUMS, foi desenvolvida para permitir uma rápida
mensuração do estado de humor de populações compostas por adolescentes e adultos
atletas e não atletas (ROHLFS et al., 2005)
O BRUMS contém 24 escalas simples de humor que compõem as seis subescalas: raiva,
confusão, depressão, fadiga, tensão e vigor (Quadro 1). Cada subescala contém quatro
itens. Com a soma das respostas de cada subescala, obtém-se um escore que pode
variar de 0 a 16. (ROHLFS et al., 2008)
(BRANDT et al., 2010)
Procedimento
Os indivíduos foram submetidos a um programa de treinamento de 6 Semanas (Quadro
2), no qual eram realizados 3 treinos durante a semana (Segunda-feira, Quartafeira,Sexta-feira) com duração de 60 minutos cada sessão.
Quadro 2: Programa de treinamento
MESOCICLO 01 (6 SEMANAS)
SEGUNDA
19/03
1 1)
20‘
ª Nadando
QUARTA
21/03
1)
20‘
Nadando
SEXTA
22/03
1)
20‘
Nadando
SEGUNDA
26/03
2 1)
30‘
ª cr/out
77
QUARTA
28/03
1) 30‘ Cr
2)
30‘
SEXTA
30/03
1) 10‘ cr
2) 10‘ out
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S
E
M
A
N
A
3
ª
S
E
M
A
N
A
5
ª
S
E
M
A
N
A
2) 10‘ pr
3)10‘ br
4)
15‘
nadando
5) 5‘ soltos
2) 15‘ pr
3) 15‘ br
4)
5‘
nadando
5)
5‘
soltos
2)
20‘
pr/br
3)
20‘
cr/out
02/04
1) 10‘ cr
2) 10‘ out
3) 10‘ pr
4) 10‘ br
5) 10 cr
6) 10‘ livre
04/04
Recesso
06/04
Recesso
16/04
1) 20‘ cr
2)
20‘
cr/out
3) 20‘ pr/br
18/04
1) 10‘ livre
2) T30’
3)
10‘
soltos
20/04
1) 20‘ livre
2)
20‘
(400m)
(80% c/1‘)
3) 10‘ pr
4)
10‘
soltos
S 2) 20‘ pr/br pr/br
E 3) 10‘ cr
M
A
N
A
4
ª
S
E
M
A
N
A
6
ª
S
E
M
A
N
A
3) 10‘ pr
4) 10‘ br
5) 10 cr
6)
10‘
livre
09/04
1)
30‘
cr/out
2) 20‘ pr/br
3) 10‘ cr
11/04
1) 30‘ cr
2)
30‘
pr/br
13/04
1) 10‘ cr
2) 10‘ out
3) 10‘ pr
4) 10‘ br
5) 10 cr
6)
10‘
livre
23/04
1) 10‘ livre
2)
20‘
(100m)
(70%
c/30‖)
3) 20‘ pr/br
4) 10‘ livre
25/04
1) 10‘ livre
2) 4x200
prog
(Teste de
Lactato)
3)
10‘
Livre
27/04
1)
10‘
livre
2)
20‘
(200m)
(75%
c/40‖)
3)
20‘
cr/out
4)
10‘
pr/br
Na 5ª semana de treinamento foi realizado o teste T-30‘ o horário do teste foi ao
12h00min em que no dia os participantes responderam ao BRUMS 20 minutos antes do
teste no Laboratório de Atividades Aquáticas depois do preenchimento do BRUMS foi
realizado o teste na piscina do UNI-BH com medida de 25x12,5 metros e após o término
do teste T-30‘ era aplicado o BRUMS novamente.
Com intervalo de uma semana foi realizado o teste progressivo (4x200). No dia os
participantes responderam ao BRUMS 20 minutos antes do teste no Laboratório de
Atividades Aquáticas e o teste teve inicio ao 12h00min na piscina do UNI-BH. Após o
término do teste progressivo era aplicado o BRUMS novamente.
Analise Estatística
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Para a análise dos dados foi utilizado o Programa Graphic Prism 3.0. Foi utilizado o
teste de Friedman, que apresenta uma escala ordinal e compara mais de três amostras
dependentes e o teste de Dunn‘s para ordenar as amostras.
RESULTADOS
Comparação entre as amostras
A tabela 1 apresenta os testes realizados com os participantes do estudo e como
as amostras serão mensuradas.
Tabela 1: Mensuração do estado de humor nos testes T-30' e 4x200
T-30' A
T-30' D
4X200 A
4X200 D
T-30' A
X
T-30' D
X
4X200 A
X
4X200 D
X
Verificação dos fatores α
A tabela 2 demonstra o α de cada dimensão do questionário BRUMS durante a
realização dos testes T-30‘ e 4x200 em que ―A‖ é antes dos testes realizados e ―D‖ é
depois dos testes realizados. Pode-se observar que uma dimensão apresentou valor com
diferença significativa à depressão. O α foi de 0,05.
Tabela 2: Verificação do α
Dimensões
RAIVA
CONFUSÃO
DEPRESSÃO
FADIGA
TENSÃO
VIGOR
* Diferença significativa
α
0,2197
0,6664
0,0027*
0,3916
0,1171
0,7483
Os resultados das amostras analisadas do estado de humor nos testes T-30‘ e
4x200 antes e depois das realizações dos testes são apresentados na tabela 3.
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Tabela 3: Ordenamento das amostras analisadas: Depressão
Dunn's Multiple Comparison Difference in P value
Summary
Test
rank sum
T-30' A vs T-30' D
0,5
P > 0.05
Ns
T-30' A vs 4X200m A
0
P > 0.05
Ns
T-30' A vs 4X200m D
15,5
P < 0.05
*
T-30' D vs 4X200m A
-0,5
P > 0.05
Ns
T-30' D vs 4X200m D
15
P > 0.05
Ns
4X200m A vs 4X200m D
15,5
P < 0.05
*
* Diferença significativa
A estatística aplicada o teste de Dunn‘s para ordenar as amostras, houve diferença
significativa nas amostras T-30‘ A VS 4x200 D e 4x200 VS 4x200 D. Na primeira amostra
T-30‘ A VS 4x200 D.
DISCUSSÃO
De acordo com a estatística realizada através do teste de Friedman houve de fato
uma diferença significativa para as subescalas depressão, imagina-se que os resultados
encontrados sejam em função das endorfinas, mesmo não tendo sido avaliadas.
BRANDT et al., (2011) destaca que níveis elevados de depressão podem sugerir ainda
uma dificuldade em atingir níveis ótimos de ativação, o que poderia influenciar
negativamente a atenção e a concentração.
Pertruzzello, Hall & Ekkekakis (2001) enfatiza que as respostas afetivas ao exercício são
o produto de uma contínua mudança entre cognição e a percepção direta dos fatores
somáticos, ou seja, em baixas intensidades predominam os fatores cognitivos enquanto
nas altas intensidades predominam os fatores somáticos, tendo uma consonância com o
presente estudo que foi de alta intensidade e pode-se estima que os fatores somáticos
prevaleceram.
Thirlaway & Benton (1992); Williams e Gett (1986) encontraram uma diminuição da
tensão, ansiedade, raiva e depressão e um aumento do bem-estar. Essa regulação do
estado de humor pode ser explicada pela intensidade do exercício que foi no estudo dos
autores citados, de baixa intensidade. Em contra partida a intensidade desenvolvida neste
estudo foi explicar o resultado encontrado. Outro fator que pode ter interferido no estudo é
o horário da realização dos testes que foi ao 12h00min.
A diferença encontrada no presente estudo e outros estudos citados na literatura podem
ser explicados devido aos fatos: a intensidade dos testes T-30‘ e 4x200, a exigência dos
participantes, pois deveria ser feito em um esforço máximo, as interferências dos fatores
externos como horário da aplicação dos testes.
Entretanto, os resultados encontrados confirmam a hipótese de estudo onde afirma não
existir diferenças estatisticamente significativas no estado de humor em nadadores
recreativos não-federados antes e depois entre os testes 4x200 e T-30‘.
CONCLUSÃO
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Os resultados do presente estudo não apresentaram nenhuma diferença entre o estado
de humor dos nadadores recreativos não-federados, na realização dos testes específicos
na natação o T-30' e o 4x200. O resultado encontrado pode ser explicado pelo fato dos
nadadores recreativos não-federados não terem experiência nos testes específicos da
natação que possibilita uma verificação do limiar anaeróbio e a partir deste planejar uma
sessão de treinamento mais específico.
REFERÊNCIAS
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82
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DETECÇÃO DE OBESIDADE EM ESCOLARES DE RIO MANSO
SILVA, F.J.1; FONSECA, A.L.²; DORNAS, B.E.²; PUSSIELDI, G.A.1
1-Universidade Federal de Viçosa, Florestal - Minas Gerais - Brasil
2- Universidade de Itaúna - Minas Gerais - Brasil
[email protected]
RESUMO
A obesidade tem sido apresentada como um problema de saúde pública mundial em
diferentes populações. O objetivo deste estudo foi investigar o índice de obesidade em
crianças e adolescentes. Os indicadores de composição corporal foram: índice de massa
corpórea (IMC), porcentagem de gordura corporal, circunferência cintura-quadril e gordura
subcutânea. Participaram do estudo 77 estudantes do gênero masculino e feminino, com
idades 10 a 16 anos, regularmente matriculados nas aulas de Educação Física de uma
escola pública do município de Rio Manso. A análise estatística foi feita através do
programa Graphic Prism 3.0 utilizando-se o Student-test com p≤0,05. Com base nos
resultados encontrados podemos concluir que níveis diferentes de percentual de gordura
foram encontrados nas meninas. Tanto para meninas quanto para meninos verificamos
que não estão dentro do limite de risco do IRCQ. No entanto não foram encontrados
obesos.
Palavras-chave: Crianças, Adolescentes e Obesidade.
ABSTRACT
Obesity has been presented as a worldwide public health problem in different populations.
The aim of this study was to investigate the rate of obesity in children and adolescents.
Indicators of body composition were: body mass index (BMI), Waist-hip percentage of
body fat, circumference and subcutaneous fat. The study included 77 students, males and
females, aged 10-16 years enrolled in physical education classes at a public school in Rio
Manso City. Statistical analysis was performed using the program Graphic Prism 3.0 using
the Student-test with p ≤ 0,05. Based on these results we can conclude that different levels
of fat percentage were found in girls. Both girls and boys to find that are not within the risk
limit of IRCQ. However nonobese found.
Keywords: Children, Teens and Obesity.
INTRODUÇÃO
A atividade física tem adquirido um lugar reconhecido nas discussões em torno dos
possíveis benefícios para a saúde pública (GLANER, 2013; SOUSA, et al. 2013;
THOMPSON, et al.,2013). Já o sedentarismo, tem sido associado a graves
consequências negativas à saúde, durante todo o ciclo de vida (FREITAS, et al. 2014).
Não obstante, outro problema que afeta diretamente a população mundial, principalmente
crianças e adolescentes, é a obesidade (CAPEL, et al. 2014). Esta vem crescendo
rapidamente no mundo inteiro.
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De acordo com o Consenso Latino Americano em Obesidade (2001), Pinheiro, Freitas e
Corso (2004) e Almeida, et al. (2014), a obesidade pode ser considerada como uma
doença multifatorial, caracterizada por acumulação excessiva de gordura em uma
magnitude tal que compromete a saúde, com interações complexas entre genética,
atividade física, fatores culturais, psicológicos e socioeconômicos. Em 2002, Rodrigues
explanou que a obesidade pode ser classificada em: endógena ou primária, decorrente de
problemas hormonais, e exógena, ou seja, secundária a uma diminuição da atividade
física associada ao aumento de ingestão de alimentos ricos em gorduras e carboidratos.
A obesidade primária pode ser classificada de acordo com o número e tamanho dos
adipócitos (hiperplasia e hipertrofia, respectivamente). A obesidade na infância é,
fundamentalmente, hiperplásica. No desenvolvimento normal de uma criança, a
hiperplasia dos adipócitos se inicia na 30ª semana de vida intra-uterina e se prolonga
durante os 2 primeiros anos de vida. Este é um período extremamente crítico na
capacidade de multiplicação celular frente a um excesso ponderal e quanto mais precoce
o início maior será o número de adipócitos, podendo chegar a um número semelhante ao
do adulto (RODRIGUES, 2002).
O mesmo autor diz que a redução de peso nessas crianças se associa a uma diminuição
no tamanho, mas não no número de células, o que explicaria a má resposta a um
tratamento em elevado percentual de indivíduos que iniciaram sua obesidade na infância
e adolescência. Após essa idade, o número permanece estável até os 8 a 10 anos e na
puberdade volta a ocorrer um aumento rápido, tanto no tamanho como no número de
células, sendo mais intenso nas meninas do que nos meninos, devido à ação dos
hormônios sexuais femininos, como é o caso da progesterona que favorece a deposição
de massa adiposa. Quando a obesidade ocorre na infância tardia ou adolescência, o
número de adipócitos pode aumentar de 3 a 5 vezes do normal. A hipertrofia celular tem
um aumento marcante durante o 1º ano de vida e posteriormente, permanece constante
(RODRIGUES, 2002).
Atualmente as taxas de obesidade são reconhecidas como um problema de saúde pública
em escala epidêmica tanto em adultos, como em crianças e adolescentes (CAPEL, et al.
2014; LANG, 2014). A literatura tenta explicar o caráter epidêmico da obesidade e sua
crescente prevalência através dos fatores nutricionais inadequados, consequentes da
chamada transição nutricional, caracterizada por um aumento exagerado no consumo de
alimentos ricos em gordura e com alto valor calórico, associados ao excessivo
sedentarismo condicionado por redução na prática de atividade física e incremento de
hábitos que não geram gasto calórico como assistir televisão, uso de vídeo games e
computadores entre outros (RIBEIRO, 2001; OLIVEIRA e FISBERG, 2003). Capel, et al.
(2014) ressaltam que o aparecimento e a prevalência do sobrepeso em um indivíduo não
decorrem somente em função da ingestão de nutrientes, mas também por um decréscimo
na prática de atividade física levando a um balanço energético desfavorável.
A obesidade em crianças e adolescentes tornou-se uma epidemia mundial (ASSUNÇÃO,
et al. 2014; CAPEL, et al. 2014; FRANCO, COMINATO e DAMIANI 2014). Esta
informação é preocupante, devido à associação entre obesidade e as alterações
metabólicas, como a dislipidemia, hipertensão, intolerância à glicose, consideradas
fatores de risco para o diabetes melitus tipo II, alterações na função pulmonar, doenças
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cardiovasculares, endócrinas, psiquiátricos e hematológicos (ASSUNÇÃO, et al. 2014;
FRANCO, COMINATO e DAMIANI 2014; FREITAS, et al. 2014; OLIVEIRA e FISBERG,
2003). A fim de colaborar com o conhecimento científico sobre esse tema, o presente
trabalho investigou o índice de obesidade, através do índice de massa corporal (IMC),
dobras cutâneas, índice de relação cintura-quadril (IRCQ) em estudantes de uma escola
pública do munícipio de Rio Manso, Minas Gerais.
METODOLOGIA
Amostra
A amostra foi selecionada de uma forma aleatória simples e compreendeu 77 estudantes,
com idades 10 a 16 anos, regularmente matriculados nas aulas de Educação Física de
uma escola pública do município de Rio Manso.
Procedimentos Éticos
Ao apresentarem-se como voluntários, os participantes foram informados, quanto ao
objetivo e aos procedimentos metodológicos do estudo. O projeto foi aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade de Itaúna. O
consentimento para a participação no estudo foi obtido pela assinatura dos responsáveis
de cada voluntário no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, estando cientes de
que a qualquer momento poderiam, sem constrangimento, deixar de participar do mesmo.
Foram tomadas todas as precauções no intuito de preservar a privacidade dos voluntários
e garantindo o anonimato.
Instrumentos
Para avaliação e detecção da obesidade foram utilizados o Índice de Massa Corporal
(IMC), obtido através da aferição da massa corporal e da estatura e a adiposidade, em
todas as idades e em ambos os sexos, foi verificada pelo somatório das dobras cutâneas
tricipital e subescapular (LOHMAN, 1986).
A massa corporal foi aferida por uma balança eletrônica digital, da marca Filizolla, com
precisão de 0,05kg. A estatura foi aferida com a pessoa de pé através de uma fita métrica,
da marca ENDURANCE (Belo Horizonte, Brasil). A classificação do IMC foi realizada de
acordo com a tabela de classificação da Organização Mundial de Saúde (WHO, 1995),
Para a avaliação do risco de desenvolvimento de doenças de acordo com o Índice
de Relação Cintura-Quadril (IRCQ), baseou-se nos estudos de Bjornntorp (1986). As
medidas antropométricas de massa corporal, estatura, dobras cutâneas e circunferências
da cintura e do quadril.
Para o percentual de gordura, foi utilizado um plicometro, da marca CESCORF (Porto
Alegre, Brasil). E para aferição das circunferências da cintura e do quadril foi utilizada
uma fita métrica, da marca ENDURANCE (Belo Horizonte, Brasil).
Procedimentos Estatísticos
Para a análise estatística utilizou-se a estatística quantitativa descritiva analítica, com
comparação de médias, utilizando o Teste ―t‖ para análise das variáveis e a correlação de
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Pearson entre as variáveis e os gêneros através do programa estatítico Graphic Prism 3.0
com um nível de significância p ≤ 0,05.
RESULTADOS
Na comparação das médias da distribuição do percentual de gordura, através do Student
test, verificamos que houve diferenças estatisticamente significativas, entre os sexos, nas
idades de 15 e 16 anos. O nível de percentual de gordura se elevou, nas meninas (Fig. 1).
30,0
Gordura (%)
25,0
20,0
Feminino
15,0
Masculino
10,0
5,0
0,0
10 A 12
13 A 14
15 A 16
Idade (anos)
Figura 1 – Distribuição do percentual de gordura, segundo Lohman (1992) pela
idade comparada entre gêneros.
O teste t de Student para medidas independentes revelou que não teve diferença
significativa para amostras relacionadas, no Índice de Massa Corporal entre ambos os
sexos (Fig. 2).
25
20
IM C (K g /m ²)
15
Feminino
Masculino
10
5
0
10 A 12
13 A 14
15 A 16
Idade (anos)
Figura 2. Distribuição do IMC por idade comparada entre gêneros.
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Na comparação do IRCQ entre os sexos, através teste t de Student verificamos que
houve diferença significativa entre os gêneros em todas as idades, sendo que, as idades
de 13 e 14 anos, apresentaram uma alteração mais elevada.
0,82
0,8
IRCQ (cm)
0,78
0,76
Feminino
Masculino
0,74
0,72
0,7
0,68
10 A 12
13 A 14
15 A 16
Idade (anos)
Figura 3. Distribuição do IRCQ por idade comparada entre gêneros.
DISCUSSÃO
O objetivo do presente estudo foi analisar o índice de obesidade, através do IMC, dobras
cutâneas e do IRCQ em crianças, observando as possíveis diferenças entre o sexo
masculino e feminino.
Verificamos que o avanço da idade cronológica interfere negativamente o percentual de
gordura das meninas. Visto que na faixa etária de 10 a 12 anos, em ambos os sexo,
encontra-se o percentual de gordura em um nível ótimo, adequado para a idade.
Entretanto, nas idades de 13 a 16 anos, embora os meninos tenham permanecido com o
percentual de gordura em um nível ótimo, as meninas apresentaram alterações. Sendo
que nas idades de 13 a 14, o nível de percentual de gordura das meninas se elevou,
sendo considerado, moderadamente alto, e nas idades de 15 a 16 anos, aumentou ainda
mais, atingindo um nível alto.
Baia, et al. (2014) explica de que o aumento da gordura corporal pode se maior nos
adolescentes do sexo feminino do que no masculino devido à chegada da puberdade, na
qual o estrogênio sofre influência dos hormônios gonadotrópicos da hipófise e aumenta
em mais de vinte vezes. É justamente durante a puberdade, segundo Teixeira; Silva;
Goldberg, (2003) que ocorrem profundas mudanças biopsicossociais, na morfologia do
organismo dentre outras alterações fisiológicas e psicológicas próprias da idade.
No estudo realizado recentemente por Capel, et al. (2014) foi demonstrado que as
meninas encontram-se com percentual de gordura corporal elevado. Do mesmo modo,
Gobato, et al. (2014) constataram que porcentagem de gordura corporal diferiu
significativamente entre o sexo masculino e o feminino, sendo mais elevada nas meninas.
Assim, os resultados encontrados no presente estudo parecem estar de acordo com os
achados atuais da literatura. Neste sentido, como já mencionado por Capel, et al. (2014)
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torna-se importante a preocupação com os aspectos referentes à saúde de meninas
adolescentes em escolas públicas, sendo necessário uma intervenção efetiva dentro do
contexto escolar para minimizar esse problema.
No que se refere ao IMC observamos que não há diferenças entre os escolares. Estes
resultados assemelham ao encontrado no estudo de Baia, et al. (2014), no qual os
autores analisaram a influência do índice de massa corporal (IMC) na força muscular em
escolares do ensino médio. No entanto estes achados não corroboram com os resultados
encontrados por Neto et al. (2012), em que as médias de IMC foram superiores em
meninas.
De acordo com Meller et al. (2014) estas diferenças encontradas na literatura podem
eventualmente ser explicadas pelos aspectos socioeconômicos dos indivíduos, que
poderia ser uma variável determinante do IMC, decorrente dos hábitos alimentares e de
nível de atividade física que cada indivíduo adote em seu cotidiano.
Quando comparamos o IRCQ entre os sexos, verificamos que houve diferença
significativa entre os gêneros em todas as idades, estes resultados são preocupantes,
visto que possuem grande associação com o risco cardiovascular. Resultados
semelhantes foram encontrados por Assunção, et al. 2014 e Gobato, et al. (2014).
Verificamos na literatura que avaliação de risco cardiovascular através de diferentes
índices de composição corporal é pouco estudada em crianças e adolescentes. Assim a
identificação de medidas antropométricas que se associem aos fatores de risco
cardiovascular em adolescentes pode ser de grande utilidade para prevenir as doenças
cardiovasculares no futuro.
CONCLUSÕES
Com base nos resultados encontrados podemos concluir que embora estes escolares
tenham apresentado níveis diferentes de percentual de gordura e não estarem dentro do
limite de risco do IRCQ, não foram encontrados obesos, portanto podemos afirmar que
esta amostra é considerada saudável sob o ponto de vista antropométrico.
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ANÁLISE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA E DA CONCENTRAÇÃO SANGUÍNEA DE
LACTATO APÓS ESFORÇO AGUDO EM MOUNTAIN BIKE
LIMA, E.A¹; MACHADO, P.L.C²; PEREIRA, L.A.3PUSSIELDI, G.A¹
1 – Universidade Federal de Viçosa – Campus Florestal – Minas Gerais – Brasil
2 – Centro Universitário de Belo Horizonte – Minas Gerais – Brasil
3 – Prefeitura Municipal de Florestal – Minas Gerais – Brasil
[email protected]
RESUMO
Este estudo teve como objetivo avaliar a intensidade do esforço de uma competição de
mountain bike downhill, usando-se como parâmetro de esforço a média da frequência
cardíaca individual (FCméd) e a concentração sanguínea de lactato [Lac] antes e pós
competição. A amostra constituiu-se de 10 atletas do sexo masculino (24 ± 3 anos), das
categorias elite e sub-30. Foram realizadas medidas antropométricas padrão e um teste
progressivo máximo (Balke) em laboratório dos atletas estudados, sob condições de
temperatura termoneutra. Os atletas pedalaram em cicloergômetro (Modelo Maxxi ®) e foi
utilizando um analisador de gases (Aero Sport®) para a medida do VO2 e do limiar
anaeróbico. Os resultados das medidas laboratoriais foram: massa corporal 77,46 ± 10.23
kg, gordura corporal 15,99 ± 4,46 %, VO2máx 42,19 ± 5,75 ml.kg-1.min-1, limiar anaeróbio de
82,70 ± 3,25 % VO2máx e FCmáx 186 ± 9 bpm. Na situação de competição a freqüência
cardíaca foi mensurada através de cardiofreqüêncímetro (Polar SM60i®). A [Lac] foi
mensurada antes da competição, e no início do segundo minuto após a chegada do atleta
no final da prova. Para essa medida foram a utilizadas fitas de reagente BM Lactate® e do
aparelho Accusport®, da Roche®. O tempo de prova foi mensurado por sistema de
fotocélulas e estes dados cedidos pela organização da competição. Foram encontrados
os seguintes dados: FCmed de 189 ± 6 bpm, FCmax de 196 ± 7 bpm, [Lac] pré-exercício de
3,12 ± 0,71 mmol/L, [Lac] no final da competição de 12,02 ± 2,32 e tempo de prova igual a
159,60 ± 8,93 segundos. A FCméd durante a prova, representou 96,42 ± 1,03% e 106,45 ±
1,22% da FCmáx em relação a competição e ao teste progressivo máximo
respectivamente. A [Lac] ao final da prova demonstrou alta intensidade de esforço
desenvolvida. A FCméd durante a competição, também revelou alta intensidade de esforço
durante o tempo de prova.
PALAVRAS-CHAVE: Lactate concentration; Heart rate; Mountain Bike
ABSTRACT:
This study aimed to evaluate the intensity of the effort of a competition mountain bike
downhill, using as parameter the average effort of individual heart rate (FCméd) and blood
lactate concentration [Lac] before and after competition. The sample consisted of 10 male
athletes (24 ± 3 years), the elite and under-30 categories. Standard anthropometric
measures and a maximal graded test (Balke) laboratory in the athletes studied under
thermoneutral conditions were performed. Athletes pedaled on a cycle ergometer (Maxxi ®
Model) and was using a gas analyzer (Aero Sport ®) for the measurement of VO2 and
anaerobic threshold. The results of laboratory measurements were: body mass 77.46 ±
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23.10 kg, body fat 15.99 ± 4.46%, VO2max 42.19 ± 5.75 ml.kg-1.min-1, anaerobic
threshold of 82, 70 ± 3.25% VO2max and HRmax 186 ± 9 bpm. In a competitive situation
the heart rate was measured via heart rate monitor (Polar ® SM60i). The [Lac] was
measured before the competition, and early in the second minute after the arrival of the
athlete after the race. For this measure were used reagent strips BM Lactate ® and
Accusport ® device, Roche ®. The testing time was measured by photocells system and
these data provided by the competition organizer. The following data were found: FCmed
of 189 ± 6 bpm, HR max of 196 ± 7 bpm, [Lac] pre-exercise 3.12 ± 0.71 mmol / L, [Lac] at
the end of the competition 12.02 ± 2.32 and test time equal to 159.60 ± 8.93 seconds. The
FCméd during the race, represented 96.42 ± 1.03% and 106.45 ± 1.22% of HRmax in
relation to competition and the most progressive test respectively. The [Lac] at the end of
the test showed high intensity effort developed. The FCméd during the competition, also
revealed high intensity effort during the test time.
KEYWORDS: Lactate concentration; Heart Rate; Mountain Bike
INTRODUÇÃO
Quando falamos de ciclismo é importante ressaltar que este possui inúmeras divisões e
modalidades.
Dentre as competições nas modalidades do ciclismo, especificadamente no mountain
bike, que é a divisão que engloba todas as modalidades de ciclismo fora de estrada e de
via pavimentada, temos uma modalidade em que o praticante pode realizar um esforço
agudo com duração de apenas alguns minutos ao longo de toda a competição. Esse tipo
de modalidade é conhecida como mountain bike downhill.
O downhill, é uma competição contra o tempo, individual, e realizada em pista natural
(trilha) projetada em uma montanha. A largada é montada em um ponto elevado da
montanha e a chegada na sua base. O atleta que fizer a descida mais veloz, ou seja, no
menor tempo vence.
Por se tratar de uma prova contra o relógio, acredita-se que o esforço físico dos atletas é
o maior possível. Uma competição oficial pode ter duração entre três e cinco minutos,
podendo ter tempos superiores ou inferiores segundo permissão da UCI. O mesmo se
aplica para a distância total do percurso, que oficialmente deve ter entre 1.500 e 3.500
metros (UCI, 2014).
A intensidade do esforço pode ser mensurada de várias formas. Para se mensurar a
intensidade do esforço e prescrever treinamento a partir de percentuais da FCmáx, é
necessário medir ou estimar a FCmáx. Já as mensurações, podem ser feitas através de
testes ou durante competições.
A concentração sanguínea de lactato, também pode representar a intensidade do esforço.
Altas demandas da potência anaeróbia podem ser mostradas por altas concentrações de
lactato, durante o esforço (WILMORE; COSTILL, 2001).
Até o momento, não se tem conhecimento de qualquer trabalho científico sobre as
demandas metabólicas e fisiológicas no mountain bike downhill.
OBJETIVO
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Este estudo tem como objetivo avaliar a intensidade do esforço de uma competição de
mountain bike downhill, usando-se como parâmetro de esforço a média da freqüência
cardíaca individual (FCméd) e a concentração sanguínea de lactato antes e após a
competição.
MATERIAIS E MÉTODOS
Participaram do estudo 10 atletas do gênero masculino praticantes do Mountain Bike,
modalidade downhill, das categorias elite (n= 6), e sub-30 (n=4), com média de idade de
24 ± 3 anos, com mais de três anos de experiência em competições de downhill, sem
nenhum tipo de treinamento periodizado.
Antes de qualquer contato com os atletas o pré-projeto desse estudo, contendo seus
objetivos e métodos, foi encaminhado ao Comitê de Ética e Pesquisa com Seres
Humanos no qual, este teve seu consentimento e aprovação.
Os participantes desse estudo assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido e
poderiam abandonar o estudo a qualquer momento sem justificativa.
No primeiro momento dessa pesquisa, os atletas estudados foram contatados e
convidados a participar voluntariamente desse estudo, onde foram explicados seus
procedimentos e objetivos, assinando o termo de consentimento.
Os atletas estudados após terem treinado na pista de downhill no início da manhã, foram
agrupados em local próximo da largada para que fosse coletada uma amostra de uma
gota de sangue na ponta do dedo indicador. Essa amostra de sangue foi colocada em
tiras reagentes de lactato da marca BM Lactate® da Roche®, e em seguidas foram
analisadas por lactímetro da marca Roche®, modelo AccuSport®, para determinar a
concentração sanguínea de lactato. Essa primeira coleta da concentração sanguínea de
lactato se sucedeu com 40 minutos após esses atletas terem feito suas últimas descidas
de treino, aguardando o momento de suas tomadas de tempo oficiais, ou seja, da descida
oficial onde seus tempos seriam cronometrados.
Após a coleta da amostra de sangue e analise com o lactímetro, cada atleta recebeu e
colocou um cardiofrequencímetro da marca Polar SM60i® para que durante a marcação
do tempo oficial esses atletas tenham os dados de sua freqüência cardíaca armazenada
ao longo da prova. Os dados armazenados pelos cardiofrequencímetros foram filtrados
para que somente seja considerada a análise dos dados no decorrer da tomada de tempo
oficial.
Uma segunda coleta de sangue foi realizada no local de chegada da pista de downhill.
Essa coleta foi realizada logo após 1 minuto em que cada atleta completou a prova
cruzando a linha de chegada. As amostras foram analisadas pelo lactímetro logo após
suas coletas nas fitas de reagente, de acordo com a ordem de chegada de cada atleta
estudado.
O tempo de prova de cada atleta foi cronometrado e fornecido pela Federação Mineira de
Ciclismo (FMC), através de sistema de fotocélulas. Esse sistema funciona marcando o
exato tempo que cada atleta percorreu o percurso. Cada atleta, seguindo sua ordem de
largada realizava sua descida oficial na pista.
Após terem sidos coletados os dados na competição de downhill, durante as semanas
seguintes os atletas compareceram ao laboratório de fisiologia do exercício (LAFIEX) e de
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musculação do Centro Universitário de Belo Horizonte para a medição de medidas
antropométricas e realização de testes de potência aeróbica, onde apenas 6 atletas
compareceram ao laboratório.
Durante as semanas que se seguiram, com dois encontros por semana, com um
intervalo mínimo de pelo menos dois dias entre esses encontros, cada grupo de
dois atletas realizou primeiramente a medidas antropométricas de altura e massa,
usando uma balança e estadiômetro Welmy®. Em seguida foram mensuradas as
dobras cutâneas para calcular o percentual de gordura. Os valores de cada dobra
foram utilizados para a obtenção do somatório das dobras e cálculo do percentual
de gordura.
Logo após, foi mensurada a frequência cardíaca de repouso onde cada atleta usou um
monitor de frequência cardíaca da marca Polar SM 610i ®. A medida era feita 3 minutos
após o individuo ter ficado deitado em uma maca.
Após a medida da frequência de repouso foi realizado o teste de potência aeróbica em
cicloergômetro da marca Maxxi. Esse teste foi um teste progressivo máximo, usando o
protocolo de Balke, com medida direta do VO 2max por espiromêtria, usando o analisador
de gases Aerosport®, com o software Aerosport®. A frequência cardíaca de cada atleta foi
monitorada ao longo de todo o teste, e seus dados foram armazenados e gravados.
Os testes foram iniciados com uma intensidade correspondente a 50 Watts (1 Kg de
carga), com acréscimos de 25 Watts ( 0,5 Kg de carga), a cada 2 minutos, até a
exaustão voluntária do atleta. A frequência ou cadência de pedalada utilizada foi de
60 rpm.
Dentre os dados fornecidos pelo analizador de gases, além do V0 2 max, foi analisado
ao longo do teste o consumo do equivalente ventilatório do volume de oxigênio e
de CO2, para determinar indiretamente o limiar anaeróbico através do ponto de
ruptura ventilatório onde o consumo de O2 começa a ficar desproporcional a
produção de CO2.
Foi realizada uma análise descritiva de caracterização da amostra, das variáveis
encontradas na competição e no teste progressivo máximo. Os dados foram descritos
como média e desvio padrão.
RESULTADOS
Os resultados das medidas encontradas na competição e no teste em laboratório serão
descritos em forma de tabela, mostrando valores individuais, a média e o desvio padrão
da amostra.
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TABELA 1
Idade
(anos)
24
±3
Média
EP
Altura (cm)
Massa (kg)
180,58
± 9,22
77,42
±10,23
%
de
gordura
15,99%
± 4,46%
FC
rep.
(bmp)
58
±5
TABELA 2
V02máx
(ml./kg/.min)
VO2 no L.A.
(ml .kg./min)
%VO2
no L.A.
42,19
34,99
± 5,75
±5,30
Média do
grupo
Desvio
Padrão
Potência
máxima
(Watts)
312
Potência
no L.A.
(Watts)
266
FC max
(bpm)
82,70%
FC no
L.A.
(bpm)
169
±3,25%
±12
±34
± 13
±9
186
Dados do teste progressivo máximo
TABELA 3
Dados obtidos na competição
FCmáx FCméd
FCméd
(bpm) (bpm)
%FCmáx
Média
196
189
EP
±7
±6
96,42
%
±
1,03%
FCméd
[Lac]
(% FCmáx antes
no teste) competiçã
o (mmol/L)
106,45% 3,12
[Lac] pós
competiç
ão
(mmol/L)
12,02
± 1,22%
± 2,32
± 0,71
Temp
o de
prova
(s)
159,6
0
± 8,93
TABELA 4
Dados no teste progressivo máximo
Individuo
V02máx
(ml./kg/.min)
VO2 no L.A.
(ml .kg./min)
%VO2
no L.A.
1
2
3
4
5
6
39,91
36,46
39,61
52,40
42,25
39,54
32,51
28,03
33,98
43,49
38,49
33,54
81,45%
76,88%
85,78%
82,80%
85,11%
84,16%
95
FC no
L.A.
(bpm)
158
156
166
173
183
182
Potência
máxima
(Watts)
300
350
350
275
275
325
Potência
no L.A.
(Watts)
275
275
275
250
250
275
FC max
(bpm)
175
181
185
185
192
200
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TABELA 5
Dados na competição de downhill: e % da FCméd em relação ao teste progressivo máximo
Individuo FCmáx FCméd FCméd
FCméd
[Lac]
[Lac] pós Temp
(bpm) (bpm) %FCmáx (% FCmáx antes
competiçã o de
no teste) competiçã o (mmol/L) prova
o
(s)
(mmol/L)
1
192
185
96,35% 109,71% 3,0
15,9
158,1
2
3
4
5
6
7
194
189
200
202
206
198
189
180
190
194
199
190
97,42%
95,24%
95,00%
96,03%
96,60%
95,95
107,18%
102,16%
108,11%
105,21%
103,00%
----
1,9
2,4
2,7
2,5
3,8
3,9
7,4
11,5
11,8
10,3
12,9
12,2
8
9
195
192
188
184
96,41
95,83
-------
3,7
3,5
13,4
12,8
10
195
189
96,92
----
3,8
12,0
150,5
151,9
154
161,4
162,1
174,5
5
156,5
151,9
2
175,1
DISCUSSÃO
Os atletas estudados neste trabalho apresentaram VO2máx de 42,19 ± 5,75 mL/kg-1/min-1.
Estes valores são inferiores à aqueles encontrados em ciclistas e atletas de cross-country.
Faria et al. (2005), revisando diversos estudos encontraram valores entre 65.7 e 79.3
mL/kg-1/min-1 para estes atletas. Marsh e Martin, (1997), encontraram o valor de 70.7 ± 4.1
mL/kg-1/min-1 em ciclistas. Lucía et al., (2001) encontrou valores de VO 2máx de 70 a 80
mL/kg-1/min-1 em ciclistas profissionais de estrada, com limiar anaeróbico de 85 a 90% do
VO2 máx. É de se esperar valores como estes para os atletas de cross-country e os ciclistas
de estrada, uma vez que os mesmos dedicam grande quantidade de tempo em
treinamentos de endurance.
Padilla e seus colaboradores (2000), estudaram ciclistas de estrada especializados em
provas contra o relógio e analisaram a intensidade de esforço nesses tipos de prova. Na
competição denominada de prólogo, que é uma prova contra relógio que tem a menor
duração dentre todas as outras, foi encontrado os seguintes valores para competições
com tempo médio de 594 ± 99 segundos: FC méd de 177 ± 5 bmp, %FCmáx de 89 ± 3 %,
114 ± 8% da FC em relação ao valor individual do limiar de lactato, e potência média de
380 ± 62 W que correspondeu a 89 ± 6% da potência máxima. Esse tipo de competição
embora de características totalmente diferentes de competições de mountain bike downhill,
demonstra um alto nível de esforço desenvolvido devido a sua duração de
aproximadamente 10 minutos, mas que segundo a literatura, (BAECHLE; EARL, 2000;
MCARDLE et al, 2003; WILMORE; COSTILL 2001) a energia predominante para esforços
máximos com esse tipo de duração provém do metabolismo aeróbico.
Impellizzere e seus colaboradores (2002), estudaram a intensidade de esforço
desenvolvida por 9 atletas de alto nível em provas de mountain bike cross country. Os
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resultados desse estudo foram mostrados em relação à porcentagem absoluta e relativa
do tempo de prova (147 ± 15 min), caracterizando o tempo de permanência em que a FC
permanecia em zonas abaixo, próximo e acima do limiar de lactato. Os tempos de
permanência e seus percentuais de duração em relação ao tempo total nessas zonas
foram: 27 ± 16 min e 18 ± 10% na zona abaixo do limiar de lactato, 75 ± 19 min e 51 ± 9%
na zona próxima do limiar e 44 ± 21 min e 31 ± 16% na zona acima do limiar de lactato. A
FCméd foi de 171 ± 6 bmp, correspondendo a 84 ± 3% do VO2máx.
Esses autores concluíram que a modalidade do mountain bike cross contry apresenta
uma intensidade de esforço muito alta, embora esta seja uma prova de endurance.
Não foram encontrados quaisquer estudos sobre as características fisiológicas dos atletas
e da competição de downhill. Acredita-se que esta diferença de VO2máx entre atletas de
downhill e os de ciclismo e cross-country seja devido ao tipo de treinamento realizado
pelos atletas de downhill. Acredita-se que eles dedicam grande parte do treinamento às
descidas específicas do downhill, ao treinamento técnico e ao treinamento de força.
A composição corporal dos atletas se mostrou superior aos valores encontrados em
ciclistas de estrada mostrados por McArdle et al, (2003). Isto talvez se deva à falta de
orientação profissional quanto à dieta e ao treinamento adequado, além da característica
da própria modalidade que se difere bastante do ciclismo de estrada.
O limiar anaeróbio dos atletas de downhill foi de 82,70 ± 3,25 % do VO2máx. Este valor se
mostrou semelhante a atletas de cross-country e de ciclismo encontrados por Garret e
Kirkendall, (2000) Acredita-se que os atletas estudados, mesmo sem dedicarem a
treinamentos periodizados com maior volume, conseguem desenvolver um elevado valor
de porcentagem de VO2 no limiar anaeróbico. Sugere-se que isto ocorra devido a
característica da modalidade e seu treinamento, que realiza diversas manifestações de
esforços de curta duração e alta intensidade como movimentações técnicas que exigem
grande força e a execução de diversos ―sprints‖. Pode-se dizer que o tipo de treinamento
ou prática do downhill, caracterizado por esforços de curta duração e alta intensidade,
favorece mais as adaptações metabólicas do sistema anaeróbico glicolítico aumentando
ainda a capacidade muscular de tamponamento (WILMORE; COSTILL, 2001; MCARDLE
et al 2003), contribuindo assim como um dos fatores para aumentar a porcentagem de
VO2 no limiar anaeróbico.
A concentração sanguínea de lactato antes da competição (3,12 ± 0,71 mmol/L), mostrou
que esses atletas competiram sem estarem totalmente recuperados, justamente por terem
treinado na pista de downhill antes da coleta e da competição, descansando de forma
passiva, ou seja, sem se exercitarem.
Gladden (2004), fala que a remoção de lactato é diminuída pela ação da adrenalina. Este
autor também afirma que a adrenalina aumenta a atividade da fosforilase, aumentando o
metabolismo glicolítico e a produção de lactato. Dessa maneira, pode-se esperar que os
atletas estudados tiveram uma redução da remoção de lactato e íons H +, e um maior
aumento na produção de lactato em consequência da adrenalina, uma vez que o downhill
é um esporte individual e de riscos, onde os atletas só tem uma marcação oficial de
tempo em sua competição, em que o menor erro técnico pode prejudicar bastante o
atleta, gerando assim grande ansiedade e nervosismo momentos antes da largada. Esse
fato pode ser demonstrado pelos altos valores de frequência cardíaca registrada,
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chegando a valores de 150 bpm (ver gráfico 1) nos atletas estudados momentos antes da
competição.
A concentração sanguínea de lactato ao final da competição (12,02 ± 2,32 mmol/L)
sugere uma alta demanda do metabolismo anaeróbio através da glicólise anaeróbia e,
portanto alta intensidade de esforço desenvolvida pelos atletas.
Acredita-se que o metabolismo energético predominante nessa prova de downhill foi
proveniente da glicólise anaeróbica, pois os atletas fizeram esforços máximos possíveis
no tempo de duração de prova (159,60 ± 8,93 s). Diversos autores dizem que para
esforços máximos que variam de 0,5 a 3 minutos de duração, a energia predominante
provém de fontes glicolíticas aláticas e láticas. ( FARIA et al. 2005; MCARDLE et al.,
2003; RIBEIRO, 2005).
A FCméd encontrada na competição (189 ± 6 bmp) representou 96,42 ± 1,03% da FCmáx
atingida na competição. Isso demonstra uma intensidade de esforço muito alta, segundo
Coelho (2005). Essa FCméd também representou 106,45 ± 1,22% da FCmáx atingida no
teste progressivo máximo. Sugere-se que essa diferença entre a situação da competição
e do teste em laboratório no cicloergômetro seja explicada pela utilização musculatura. No
teste progressivo máximo é exigida apenas a musculatura dos membros inferiores, em
que esta pode manifestar fadiga antes do sistema cardiorrespiratório atingir seu máximo.
Enquanto na competição de downhill, a exigência muscular pode ser considerada geral
devido a movimentação do atleta sobre a bicicleta, sobrecarregando mais o sistema
cardiorrespiratório do que na situação do teste em cicloergômetro.
Por se tratar de uma prova de curta duração, não se sabe se a FC méd representa o
verdadeiro consumo de oxigênio durante a prova de downhill, e portanto não se sabe se a
FC poderia representar a real exigência do metabolismo aeróbio. Mcardle et al (2003), diz
que para cada mudança na taxa de trabalho, como o aumento de uma carga durante a
passagem de estágio em um teste progressivo, inicialmente o corpo sofre um aumento na
demanda de oxigênio, trabalhando assim em um período de déficit de oxigênio. O
monitoramento dos gases, como é feito em um teste de VO 2max poderia demonstrar o real
consumo de oxigênio em uma prova de downhill, mas a aplicabilidade desse método é
desconhecida e se mostra impraticável de se realizar dentro do mountain bike downhill.
CONCLUSÃO
A competição de downhill estudada é uma competição de alta intensidade. Altos valores
de concentração sanguínea de lactato encontrados no final da prova, e o alto valor de
percentual da frequência cardíaca média em relação a máxima durante a prova
demonstram o elevado nível de esforço físico desenvolvido pelos atletas em relação ao
tempo absoluto da competição. Os parâmetros de esforço e os valores encontrados
caracterizam a atividade como de alta intensidade, de acordo com estudos e análises
feitas pela literatura em relação a esforços máximos de curta duração.
O conhecimento sobre as exigências fisiológicas e metabólicas no downhill ainda é muito
pequeno. Mais trabalhos são necessários, envolvendo uma amostra maior e o estudo de
outras variáveis, para auxiliar o trabalho de professores de Educação Física que desejam
trabalhar com o treinamento nessa modalidade, e para os atletas que buscam aumentar o
desempenho.
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JOGO DE PETECA ENQUANTO MOMENTO DE LAZER: ANÁLISE DA MOTIVAÇÃO À
PRÁTICA EM INDIVÍDUOS NA FAIXA ETÁRIA DE 45 A 55 ANOS
MARIANA, C.G1; SANTOS, B.S2; PUSSIELDI, G. A1.
1 - Universidade Federal de Viçosa, Campus Florestal – Minas Gerais – Brasil.
2 - Universidade de Itaúna – Minas Gerais – Brasil
[email protected]
Resumo
A motivação é um fator psicológico que está relacionado à atividade física, seja no
aspecto da aprendizagem ou do desempenho. É que nos permite um maior envolvimento
ou uma simples participação em atividades esportivas. Este trabalho teve por objetivo
identificar os motivos que levam indivíduos à prática esportiva. Participaram do estudo 31
indivíduos com faixa etária de 45 a 55 anos, do sexo masculino, indivíduos que jogam
Peteca no Clube da Peteca em Itaúna – Minas Gerais. Os indivíduos responderam ao
questionário de motivação para a prática esportiva.
Os resultados mostraram que os principais motivos que levam esses indivíduos à
prática esportiva são: para manter a saúde, gostar de estar praticando a modalidade
esportiva, para exercitar-se, para encontrar amigos e de se divertirem.
Por outro lado, a pesquisa mostra os resultados que menos importam para esses
indivíduos na prática esportiva, como primeira opção de ser jogador quando crescer, para
não ficar em casa, seguido das opções de aprender novos esportes e para emagrecer e o
quinto motivo menos relevante foi o de ser o melhor no esporte.
Pode-se concluir que os motivos para a prática da peteca são: posicionar
positivamente em relação à atividade física, saúde, fator social, sabendo dos benefícios
que esse esporte trás as pessoas que a praticam.
PALAVRAS-CHAVES: Peteca; Motivação; Lazer.
Abstract
The motivation is a psychological factor that is related with the physical activity, not
only the act of learning but also in the performance. This motivation permits us a great
envelopment or a simple participation in sportive activities. This study had the objective to
identify the motives that makes a person to practice sports on thirty one men, between 45
and 55 years old. They play ―Peteca‖ at ―Clube da Peteca‖ in Itaúna – Minas Gerais and
answered the questions about the motivation of practicing sports.
The result show us that the main motives of practicing sports are: for maintain the
health, to like practicing sports, to exercise, to meet friends and to have fun.
One the other hand, the research show the result that less important to these
persons. First to be a player when they grow, second don‘t stay at home, third learn new
sports, fourth to make thin, fifth and less important to be the best in the game.
Therefore the motives to practice ―Peteca‖ are: the positive position in relation to the
physical activity, health, social factor don‘t forget to know about the benefit of practicing
this sport.
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KEYWORDS: Peteca; Motivation; Leisure.
Introdução
Muitos são os motivos pelos quais indivíduos procuram a prática de atividade física.
Muitos iniciam essa prática de atividade (procurando melhorar a saúde), outros por gostar
de um determinado esporte. Muitos são os estudos sobre a motivação na prática
esportiva, esse estudo tem por características identificar os motivos que levam indivíduos,
na faixa etária de 45 a 55 anos, do sexo masculino a optarem a prática da Peteca
enquanto momento de lazer. É um estudo de caso, em um Clube da Peteca em Itaúna.
Hoje em dia muitas são as pessoas que estão preocupadas com a saúde,
buscando os benefícios que a prática regular de atividade física proporciona a nossa vida.
Dessa forma, esses indivíduos estão cientes dos benefícios de alguma atividade física.
Há então, a procura por atividades físicas, visando o benefício a esses indivíduos.
Registros no passado mostraram que a peteca, como recreação, era praticada
pelos nativos brasileiros, mesmo antes da chegada dos portugueses.
Consequentemente, nossos antepassados, através de sucessivas gerações,
também a praticaram, fazendo chegar essa recreação indígena a todo território brasileiro.
O aprimoramento dessa recreação deu-se em 1920, e é atribuída aos nadadores
Olímpicos da delegação brasileira que participavam da V Olimpíada, na chamada ‗‘peteca
esticada ou rebatida‘‘ utilizada, principalmente, como aquecimento dos referidos
nadadores.
Em 1985, o Conselho Nacional de Desporto- CND, reconheceu o jogo da Peteca
como esporte, por solicitação da Federação Mineira de Peteca.
Joga-se muita Peteca em Minas Gerais, que teve a primeira federação do Brasil,
seguindo a de São Paulo. Peteca é um esporte brasileiro. Devemos ao S. C. Corinthians
Paulista a organização deste esporte como é hoje. Em 1931, um grupo de corintianos
estabeleceu como seria uma partida de peteca, demarcando devidamente uma quadra.
Usavam-se quadras de areia, pois a peteca foi muito jogada na década de 1920 nas
nossas praias. As modificações foram surgindo,e hoje há toda uma regulamentação para
a peteca e também um torneio brasileiro de peteca do esporte.
Objetivo
Esse estudo visa determinar os motivos que levam indivíduos na faixa
etária entre 45 a 55 anos a optarem voluntariamente pelo jogo da Peteca como
forma de lazer.
Metodologia
Natureza da pesquisa: Essa é uma pesquisa quantitativa e um estudo de caso,
realizada em um clube de Peteca em Itaúna.
Para esse estudo participaram 30 indivíduos, com faixa etária de 45 a 55 anos,
todos do sexo masculino. Os indivíduos deveriam estar com 45 a 55 anos no dia da
aplicação do questionário e jogar ―Peteca‖ de 2 a 3 vezes por semana.
Foi utilizado o Questionário da Motivação para a Prática Esportiva (GAYA e
CARDOSO, 1998) para cada indivíduo.
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Para explicar o objetivo e o procedimento da pesquisa, houve o primeiro contato
com o Presidente do Clube da Peteca, onde o mesmo concedeu a autorização para a
realização da pesquisa.
O questionário foi aplicado em dois dias. Foi esclarecido aos mesmos como
deveria ser preenchido o questionário, quanto a importância da sinceridade e do caráter
anônimo.
Resultados
Os resultados mostraram que o principal motivo que levam os indivíduos à prática
esportiva é para manter a saúde, que obteve 3,70 de média da preferência dos 31
indivíduos. A segunda opção foi para o gostar de estar praticando a modalidade esportiva,
tendo 3,64 de média da preferência e em terceiro lugar está a opção para exercitar-se,
com 3,51 de média. Em quarto lugar a opção para encontrar amigos, junto com a opção
de se divertirem, com média de 3,41 de preferência dos indivíduos.
TABELA 1
Estatística Descritiva
N
Mínimo
Máximo
Média
S.D
1
31
1
4
2,903
0,907
2
31
3
4
3,516
0,508
3
31
1
4
3,096
0,907
4
31
1
4
2,645
1,112
5
31
2
4
3,709
0,461
6
31
2
4
3,645
0,550
7
31
2
4
3,419
0,764
8
31
1
4
2,870
0,991
9
31
1
4
2,677
1,076
10
31
1
4
2,741
0,773
11
31
2
4
3,064
0,771
12
31
2
4
3,419
0,620
13
31
1
4
3,290
0,937
14
31
2
4
3,258
0,681
15
31
2
4
3,032
0,874
16
31
2
4
2,580
0,719
17
31
1
4
2,290
0,901
18
31
1
4
2,580
0,992
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19
31
1
4
2,483
1,091
Por outro lado, a pesquisa mostra os resultados que menos importam para esses
indivíduos na prática esportiva, como primeira opção de ser jogador quando crescer, que
obteve média de 2,29 de preferência dos 31 indivíduos. A segunda opção foi a de não
ficar em casa, com média de 2,48 de preferência dos indivíduos, seguido das opções de
aprender novos esportes e para emagrecer com 2,58 de média e o quinto motivo menos
relevante foi o de ser o melhor no esporte com 2,64 média de preferência.
Média
%
4
3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
Variáveis
Gráfico 1: Comparação de Médias dos motivos que levam indivíduos à prática esportiva
Discussão
Os resultados mostraram que o principal motivo que levam os indivíduos à prática
esportiva é para manter a saúde, que obteve média 3,70 de média da preferência dos 31
indivíduos. Isso demonstra que a motivação desses indivíduos está em manter ou
melhorar a saúde através do respectivo esporte. A sociedade de um modo geral através
da mídia estão atentando para os benefícios que a atividade física proporciona. Pensando
nesses benefícios, as pessoas cada vez mais cedo estão praticando alguma atividade
física, como forma de promoção de e ou manutenção da sua qualidade de vida. Isso
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também é relatado no estudo de Samulski e Noce (2002) que sugere que o indivíduo deve
sempre se posicionar positivamente em relação à atividade física e a saúde.
A segunda opção foi para o gosto da prática esportiva, com 3,64 de média e em
terceiro lugar está a opção exercitar-se, com 3,51 de média. Isso é demonstrado no
estudo de Samulski e Noce (2002) onde eles colocam que o indivíduo deve sempre
selecionar atividades motivantes e prazerosas e, quando possível, realizá-las sempre em
companhia de amigos. Essa idéia também é reafirmada por Samulski (2002) que revela
como principal motivo que levam universitários à pratica de atividades esportivas é o
―´prazer pela atividade física que está praticando‖´. E no estudo de Greco e Brenda
(1998), relatando como principal fator motivante, o prazer pela prática esportiva.
E em quarto lugar está a opção para encontrar amigos, demonstrando como é
importante o fator social no meio esportivo, seja ele no profissional ou no amador, o
esporte é uma maneira onde indivíduos acham de encontrar velhos amigos ou de se
encontrarem com uma certa frequência.
Por outro lado nessa pesquisa, encontramos resultados que menos importam para
esse indivíduos. Os resultados que menos importam para esses indivíduos na prática
esportiva, como primeira opção de ser jogador quando crescer, que obteve média de 2,29
de preferência dos 31 indivíduos. A segunda opção foi a de não ficar em casa, com média
de 2,48 de preferência dos indivíduos, seguido das opções de aprender novos esportes e
para emagrecer com 2,58 de média e o quinto motivo menos relevante foi o de ser o
melhor no esporte com 2,64 média de preferência.
Como a pesquisa é feita em indivíduos do sexo masculino com idade de 45 a 55
anos, grande parte deles estão motivados a uma manutenção na saúde, mantendo um
grau de atividade física para manter um corpo saudável através da atividade física, não se
importando muito com um grande nível de rendimento no esporte.
Conclusões
Pode-se concluir que os motivos que levam indivíduos à prática esportiva na
modalidade de peteca, de um Clube da Peteca em Itaúna são para manter a saúde,
porque gostam, para exercitar-se, encontrar amigos e para se divertirem.
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PETECA.
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OS BENEFÍCIOS DO TREINAMENTO FUNCIONAL PARA O IDOSO
1
Nívea Kelly Monte Soares
Pós Graduando em Musculação e Personal Training, ENAF/GAMON, Minas Gerais
1
PósGraduando em Treinamento Funcional, ENAF/GAMON, Minas Gerais
Endereço Eletrônico: [email protected]
Orientador (a): Prof ª M.Sc.Maria Celeste Campello Diniz
1
RESUMO
O reconhecimento dado às práticas do Treinamento Funcional nas atuais políticas de
promoção da saúde tem ampliado as discussões sobre os modelos conservadores de
saúde públicas historicamente adotadas no Brasil. Estimulado pelo aumento da
expectativa de vida da população e pelos avanços dos conhecimentos aplicados ao
treinamento funcional na promoção da saúde tem conquistado novos campos de
intervenção e a procura do mesmo. Diante desta nova conjuntura, este estudo se propôs
a levantar as principais contribuições dos exercícios funcionais para o idoso e suas
vantagens no contexto das ações de promoção da saúde. Para tanto, foi realizada uma
revisão bibliográfica no banco de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Pubmed
com data dos últimos 12 (doze) anos. Após a análise, conclui-se que o emprego da
técnica poderá contribuir para a redução dos custos nos investimentos em programas de
saúde, além de favorecer uma melhora significativa dos níveis de força, controle postural
e equilíbrio das pessoas idosas, prolongando sua independência e uma maior eficácia nas
atividades de vida diária (AVD‘s).
Palavras-chave: Saúde pública, envelhecimento, qualidade de vida, atividade física.
ABSTRACT
The recognition given to the practices of Functional Training in current policies for health
promotion has expanded discussions on conservative models of public health historically
adopted in Brazil. Spurred by increased life expectancy of the population and advances of
knowledge applied to functional training in health promotion has conquered new fields of
intervention and demand the same. Given this new situation, this study aimed to identify
the main contributions of functional exercises for the elderly and their advantages in the
context of the promotion of health. For this, a literature review in the database of the
Virtual Health Library (VHL) and Pubmed with date of the last twelve (12) years was
performed. After analysis, it is concluded that the use of thetechnique can help reduce the
costs of investments in health programs, in addition to favoring a significant improvement
in the levels of strength, postural control and balance of elderly people, prolonging their
independence and a greater efficiency in daily living (ADLs) activities.
Keywords:Public health, aging, quality of life, physical activity.
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INTRODUÇÃO
O processo de envelhecimento tem sido observado em inúmeros países nas últimas
décadas, incluindo-se o Brasil, onde tem ocorrido um crescente aumento da população
idosa, em detrimento dos demais segmentos etários. Segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatísticas (IBGE, 2000) estimam que, no ano 2020, aproximadamente 13%
da população brasileira poderão se constituir de indivíduos idosos(CAMARANO 2002).
Segundo AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE(1998) a necessidade de
efetivos programas de prevenção primária e secundária ligados à saúde do idoso torna-se
cada vez mais importante e indispensável na sociedade moderna.Do ponto de vista
biológico, o envelhecimento está associado a um conjunto de gradativas modificações
estruturais e funcionais, denominado declínio funcional, o qual poderia ser influenciado
tanto por fatores intrínsecos - como a hereditariedade e doenças crônicas não
transmissíveis, como por fatores extrínsecos, incluindo-se o estilo de vida, aspectos
nutricionais e o exercício físico.
TORAMAN& AYCEMAN (2005)afirmam modificações orgânicas resultam na diminuição
da aptidão física individual e no desempenho dos vários componentes da aptidão
funcional (força e resistência muscular de membros inferiores e superiores, flexibilidade,
agilidade, equilíbrio e aptidão cardiorrespiratória), que Rikli& Jones (1999) definem como
a capacidade para desempenhar as atividades cotidianas de forma segura e
independente, sem a presença de exaustão.Os motivos que nos levaram a escolher os
exercícios funcionais enquanto objeto de estudo foram: 1) a redução da capacidade
funcional provocada pelas diversas alterações no sistema musculoesquelético são uma
das principais causas da perca de independência dos idosos, além de ser um fator
agravante no tratamento das doenças crônico-degenerativas como a Hipertensão e
Diabetes; 2) gastos excessivos do governo federal em tratamentos hospitalares com
idosos acometidos por quedas e fraturas; 3) resultados recentes alcançados entre os
profissionais e indivíduos que adotaram em seus programas de treinamento, os exercícios
funcionais; 4) a metodologia não exige grandes investimentos na obtenção de
equipamentos e sua manutenção, fato que amplia as possibilidades de adequação aos
programas de promoção da saúde no Brasil.
Para Rikli& Jones(1999) o programa de treinamento funcional engloba principais
valências físicas que afetam diretamente com o passar do tempo (idade) há população
idosa dentre elas: a força pode contribuir para a manutenção de uma adequada aptidão
física e funcional, o que é de extrema importância para o cotidiano da população idosa,
por assegurar a realização de inúmeras atividades da vida diária de modo independente e
seguro. Também, temos a coordenação motora, equilíbrio dinâmico, resistência,
agilidade, etc.
O presente estudo tem como objetivo mostrar o conceito e a contribuição dos exercícios
funcionais para o público idoso e suas vantagens no contexto das ações de promoção da
saúde. Para tanto, serão abordados os benefícios para o corpo, às formas de alcança-la e
de mantê-la, seus benefícios na promoção da saúde.Neste sentido, esta revisão foi
desenvolvida por meio de investigação e análise do banco de dados da Biblioteca Virtual
em Saúde (BVS), da Organização Mundial de Saúde (OMS),Organização Pan-Americana
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de Saúde (OPAS) e Pubmed. Foram pesquisadosartigos sobre exercícios funcionais com
datas a partir do ano de 1999 e com as palavras-chave: saúde pública, promoção da
saúde, qualidade de vida, envelhecimento, atividade física, exercício e reabilitação.
ENVELHECIMENTO POPULACIONAL E AS POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL
Segundo o IBGE (2010) prolongamento da vida é o sonho de qualquer sociedade. No
entanto, só pode ser considerado como uma real conquista na medida em que se
acrescente qualidade aos anos adicionais de vida. Assim, qualquer política voltada para
os idosos deve levar em consideração a capacidade funcional, a necessidade de
autonomia, de participação, de cuidado, de bem-estar. Essa população deve ser
incentivada, fundamentalmente, a prevenção, o cuidado e a atenção integral à saúde.
O crescimento da população idosa é um fenômeno mundial e, no Brasil, as modificações
ocorrem de forma radical e bastante acelerada. As projeções mais conservadoras indicam
que, em 2020, o Brasil será o sexto país do mundo em número de idosos, com um
contingente superior a 30 milhões de pessoas.
De acordo com KELLER et al (2002) a transição demográfica no Brasil, assim como na
maioria dos países em desenvolvimento, vem ocorrendo de maneira um pouco diferente
da que aconteceu nos países desenvolvidos e, sobretudo, muito mais rapidamente.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa
média de vida ao nascer do brasileiro aumentou de 66 para 68,6 anos na última década, o
que os países europeus levaram aproximadamente um século para fazer, o Brasil fará em
trinta anos, dobrar a proporção de idosos de sua população de 7% para 14%.
Robergs& Scott (2002),destacam que o envelhecimento não é simplesmente o
passar do tempo, mas as manifestações de eventos biológicos que ocorrem ao longo de
um período. Não há uma perfeita definição de envelhecimento. Este não deve ser visto
como uma doença, mas como um processo natural. De certa maneira, qualquer coisa
neste planeta envelhece com o tempo, não apenas seres humanos. O período de vida é a
duração máxima que um membro da espécie humana pode alcançar em condições
ótimas. Como a morte precoce foi reduzida neste século, uma proporção maior da
população tem sobrevivido ao seu período natural de vida, que parece ser de 85 anos.
O RECONHECIMENTO ÀS PRÁTICAS CORPORAIS/ATIVIDADE
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE DA ÚLTIMA DÉCADA
FÍSICA
NAS
Robergs& Scott (2002)destacam que as grandes transformações mundiais das últimas
décadas provocaram mudanças na sociedade e na saúde, tanto individual como na
coletiva, jamais imaginadas.
O perfil dos problemas de saúde atuais faz com que a promoção de estilos de vida
saudáveis (e ativos fisicamente) seja valorizada e colocada como uma das prioridades em
saúde pública no planeta. A Educação Física Brasileira está atenta a essas evoluções nas
ciências e nas práticas que envolvem a atividade física relacionada à saúde, e precisa
responder aos anseios da sociedade em termos de formação profissional competente e
produção científica de qualidade nesta área.Quem viveu as últimas cinco décadas pode
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testemunhar as explosivas transições que fizeram com que o mundo, nossa cidade e
nossa vida pessoal se transformassem de maneira jamais antecipada. Tais transições
(demográfica, epidemiológica, nutricional e fizeram surgir o que temos de melhor e de pior
em termos de bem-estar e qualidade de vida.Uma das consequências decorrentes dessas
mudanças e do aumento significativo das chamadas doenças da civilização (crônicas não
transmissíveis) é a valorização da promoção da saúde e, por extensão, das áreas
acadêmicas e profissionais que tratam desse tema tecnológico).
Segundo Nahas (2006) a promoção da saúde, portanto, compreende ações individuais e
comunitárias, além de ações e compromisso das instituições e dos governos na busca de
uma vida mais saudável para todos e para cada um. Mais do que curar ou prevenir
doenças, o foco da promoção da saúde é a qualidade de vida, no seu sentido mais
holístico, determinado por fatores socioambientais (condições de vida) e fatores pessoais
(estilo de vida).
FISIOLOGIA DO ENVELHECIMENTO
CAPACIDADE FUNCIONAL DO IDOSO
E
SUAS
CONSEQUÊNCIAS
PARA
A
Em seu estudo, RIKLI(1999) ressalta que o envelhecimento pode ser entendido como um
processo dinâmico e progressivo, caracterizado tanto por alterações morfológicas,
funcionais e bioquímicas, quanto por modificações psicológicas. Essas modificações
determinam a progressiva perda da capacidade de adaptação ao meio ambiente,
ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos, que
podem levar o indivíduo à morte.
Como uma de suas consequências, o envelhecimento traz a diminuição gradual da
capacidade funcional, a qual é progressiva e aumenta com a idade. Assim, as maiores
adversidades de saúde associadas ao envelhecimento são a incapacidade funcional e a
dependência, que acarretam restrição/perda de habilidades ou dificuldade/incapacidade
de executar funções e atividades relacionadas à vida diária. Tais dificuldades são
ocasionadas pelas limitações físicas e cognitivas, de forma que as condições de saúde da
população idosa podem ser determinadas por inúmeros indicadores específicos, entre
eles a presença de déficits físicos e cognitivos.
A capacidade funcional pode ser definida comoa manutenção da capacidade de realizar
Atividades Básicas da Vida Diária (ABVD) e Atividades Instrumentais da Vida Diária
(AIVD), necessárias e suficientes para uma vida independente e autônoma. Para o idoso,
a realização das ABVD aparece como algo presente e necessário para a sua
sobrevivência, mantendo-o participativo na gestão e nos cuidados com a própria saúde, e
no desenvolvimentode tarefas domésticas.
As atividades de vida diária (AVDs), as atividades instrumentais de vida diária (AIVDs) e
mobilidade são as medidas frequentemente utilizadas para avaliar a capacidade funcional
do indivíduo. As AVDs consistem nas tarefas de autocuidado, como tomar banho, vestirse e alimentar-se e se baseiam no índice de Katz.
Essa medida reflete um substancial grau de incapacidade. Em geral, quanto maior o
número de dificuldades que uma pessoa tem com as AVDs, mais severa é a sua
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incapacidade. A prevalência de dificuldade ou necessidade de ajuda em realizar AVDs é
inferior à prevalência das demais medidas de incapacidade funcional.
SegundoLawton& Brody, em 1969 as AVDsindicam tarefas mais adaptativas ou
necessárias para vida independente na comunidade, como, por exemplo, fazer compras,
telefonar, utilizar o transporte, realizar tarefas domésticas, preparar uma refeição, cuidar
do próprio dinheiro. Essas tarefas são consideradas mais difíceis e complexas do que as
AVDs.
EFEITOS DO TREINAMENTO FUNCIONAL NA MOBILIDADE DE IDOSOS.
ParaNahas (2006),a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu como idoso aquela
pessoa com 65 anos ou mais de idade, no caso de indivíduos de países desenvolvidos, e
60 anos ou mais, para pessoas de países subdesenvolvidos. Estudos tem demonstrado a
importância da atividade física no tratamento e controle de doenças crônico-degenerativas
(como diabetes, hipertensão arterial, osteoporose). Além disso, a atividade física é
também essencial na manutenção das funções do aparelho locomotor, principal
responsável pelo desempenho das AVDS e pelo grau de independência e autonomia do
idoso. É importante salientar que todos os grupos musculares devem ser trabalhados em
uma atividade física direcionada aos idosos, principalmente os maiores. No entanto,
devemos priorizar os grupamentos relacionados à mobilidade e ao equilíbrio corporal uma
vez que possibilita maior segurança na execução dasações diárias e na manutenção da
capacidade funcional dos idosos. O treinamento funcional destaca-se como uma
importante atividade na melhora da mobilidade dos idosos.
Mobilidade, palavra originada do latim ―mobilitate‖, é a qualidade ou propriedade do que é
móvel ou obedece às leis do movimento. A mobilidade engloba vários componentes como
agilidade, velocidade e equilíbrio. Essa capacidade permite ao indivíduo alterar a posição
do corpo ou a direção de um movimento, no menor tempo possível, gerando uma maior
autonomia na locomoção.Outras capacidades físicas que agem de maneira direta na
mobilidade física são: a força muscular e a flexibilidade. A perda da força muscular é
responsável por uma deterioração na mobilidade e na capacidade funcional do indivíduo.
Já a flexibilidade está intimamente relacionada à mobilidade visto que a mesma pode ser
definida como amplitude de movimentos disponíveis em uma articulação ou conjunto de
articulações. Níveis adequados de força muscular e flexibilidade, dentre outros fatores,
são determinantes para a eficácia na mobilidade dos idosos e consequentemente na
melhora da execução dos diferentes movimentos envolvidos na realização das AVDs.
Com o Treinamento Funcional são trabalhados exercícios que estimulam os receptores
proprioceptivos presentes no corpo estimulando os sistemas de controle motor,
favorecendo a melhoria do mecanismo depropriocepção, diminuição do desequilíbrios
muscular, diminuir a incidência de lesões e aumentar a eficiência dos movimentos. Dessa
forma, essa atividade tem atraído, cada vez mais, o público idoso visto que nessa
atividade a abordagem ocorre através de exercícios diversificados e específicos visando o
treinamento global do corpo humano, preparando-o para os movimentos da vida diária.
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AS CONTRIBUIÇÕES DOS EXERCÍCIOS FUNCIONAIS PARA O IDOSO E SUAS
VANTAGENS NOS CONTEXTOS DAS AÇÕES DE PROMOÇÃO DA SAÚDE NO SUS.
Por meio de investigação e análise do banco de dados da Biblioteca Virtual em Saúde
(BVS), da Organização Mundial de Saúde (OMS) e Organização Pan-Americana de
Saúde (OPAS), Pubmed e artigos sobre exercícios funcionais com datas a partir do ano
de 1999O corpo humano foi projetado para funcionar como uma unidade, com os
músculos sendo ativados em sequências especifica para produzir um movimento
desejado. Em cada movimento, vários músculos estão envolvidos e todos eles realizam
uma função diferente. O sistema nervoso central (SNC), além de diferentes funções
motoras, é responsável pela ativação muscular e programado para organizar esses
movimentos. Através de diferentes sinais enviados ao SNC, partindo da pele, das
articulações e dos músculos, são detectados detalhes sobre a posição de cada parte do
corpo em relação ao ambiente proposto e as outras partes corporais, a velocidade do
movimento e o ângulo articular.
Com esse propósito, o Treinamento Funcional foi criado nos Estados Unidos por
diferentes autores desconhecidos e, vem sendo muito bem difundido no Brasil, ganhando
inúmeros praticantes. Tem como princípio preparar o organismo de maneira íntegra,
segura e eficiente através do centro corporal, chamado nesse método por CORE.Vários
dos objetivos desse método de exercício representam uma volta à utilização dos padrões
fundamentais do movimento humano (como empurrar, puxar, agachar, girar, lançar,
dentre outros), envolvendo a integração do corpo todo para gerar um gesto motor
específico em diferentes planos de movimento. Um exemplo contrário a esse método é o
trabalho isolado do corpo para gerar um gesto motor específico, como visto na
musculação tradicional.
SAÚDE PÚBLICA: PROTEÇÃO E SAÚDE DO IDOSO
O objetivo principal de uma política para o envelhecimento deve ser o de manter na
comunidade o maior número possível de idosos, vivendo de modo integrado e ativo,
mantendo o mais alto nível de autonomia, pelo maior tempo alcançável.
Sabemos que os problemas dos idosos têm natureza específica, sendo que as soluções
devem ser encontradas, sempre que possível, na própria comunidade. Assim sendo, a
rede de prestação de serviços primários de saúde deve estar equipada para prestar um
atendimento de alta qualidade aos idosos e seus familiares, visando à manutenção ou ao
aprimoramento da qualidade de vida, medida, principalmente, pelo nível de autonomia e
independência.
A prestação de serviços para idosos deve ser precedida por um diagnóstico
epidemiológico que possibilite um planejamento adequado à realidade socioeconômica
das diversas regiões brasileiras, sendo que o enfoque sistemático em relação aos
serviços para os idosos é, por definição, multidisciplinar e multisetorial.
Dentro destas premissas propõe-se como fundamental a criação de um grupo de trabalho
com representantes de Instituições Públicas e da Sociedade Civil, com o objetivo de
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elaborar mecanismos de articulação interinstitucional que permitam operacionalizar a
proposta contida neste documento:1
Medidas Gerais

Uso dos meios de comunicação e adoção de programas educacionais objetivando
sensibilizar a sociedade para importância do Idoso.

Inclusão de noções de gerontologia nos currículos das Escolas de Inclusão de 1º e
2º grau.

Criar programas de ―Educação Permanente‖ para que todos os cidadãos, em
particular os idosos, tenham oportunidade de acesso à educação, desde cursos de
alfabetização até cursos de extensão universitária.

Criar alternativas para institucionalização do ancião, priorizando aqueles que
possibilitem a troca de experiências entre gerações, tais como ―Centroscomunitários‖ e O
― Centro de convivência para Idosos‖ e as ―Casas – Lares‖.

Os ―Centros de Convivência para Idosos‖ e as ―Casas – Lares‖ constituem
alternativas também adequadas.

Que sejam destinados recursos públicos para a construção e funcionamento de
instituições voltadas para o idoso desde que as atividades destas sejam devidamente
normatizadas e objeto de supervisão constante.

As instituições que abriga idoso devem respeitar o desejo destes no que se refere à
coabitação com seus (as) companheiros (as).

Criar incentivos para que as empresas absorvam trabalhadores na faixa de 50 ou
mais anos de idade.

Criar programas de preparação para aposentadoria em empresas estatais e
privadas, sob a coordenação de organismos públicos.

Unificar os critérios de aposentadoria e pensão, estabelecendo-se um rendimento
condigno extensivo também ao trabalhador rural.

Tomar opcional a aposentadoria ate então classificada como compulsória,
incentivando-se as formas de ―Aposentadoria Gradativa‖.

Não permitir limitações de idade para prestação de concurso público.

Incentivar a participação de idosos em associações, sindicatos e federações.

Garantir, na lista mínima de medicamentos, alternativas de drogas consideradas
mais adequadas para uso em idosos.

Controle pelos órgãos públicos competentes do uso de substâncias nocivas,
incluindo a radioatividade, posto que ação deletéria adquirir maior significado na velhice.

Que o planejamento habitacional considere as peculiaridades da população de
idosos, e proporcione-lhes habitações com arquitetura adequada, de custo compatível
com seus rendimentos.

Adequar o meio urbano aos cidadãos, muitos dos quais idosos, portadores de
deficiência, através de medidas na área da arquitetura, do urbanismo e do desenho
industrial.
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Prevenção de agravos à Saúde

Detectar e controlar os fatores de risco de neoplasias, doenças cardiovasculares,
respiratórias, metabólicas e mentais.

Estabelecer programas de alimentação e educação nutricional, em nível formal
(acadêmico) e informal (comunitário) para promoção, manutenção e/ou recuperação da
saúde.

Criar programas de imunização para idoso, especialmente aquele pertencentes a
grupos de alto risco.
Assistência à saúde dos cidadãos com 60 ou mais anos de idade

O atendimento ao idoso a níveis de serviços básicos de saúde deve ser feito por
médicos com formação generalista, de acordo com um programa específico de
atendimento ao idoso, elaborado pelas Secretarias de Saúde dos Estados da Federação,
em conjunto, em conjunto com os especialistas em Geriatria e de acordo com diretrizes
gerais elaboradas pelos Órgãos Federais.

Os serviços básicos devem estar referenciados em ambulatórios com especialistas
em geriatria integrada a uma equipe multiprofissional, com infraestrutura para a realização
de exames complementares, capacidade de atendimento domiciliar, de programas de
reabilitação, articulados a hospitais gerais.

Criação de unidades de geriátricas nos hospitais gerais com especialistas em
geriatria integrados a uma equipe multiprofissional.

Criação de unidades geriátricas em hospitais de apoio (retaguarda), dotadas de
setor de reabilitação e programa de atendimento domiciliar a doentes crônicos
―acamados‖.

Criação de serviços de transportes para hospitais e serviços de saúde, destinados
a pacientes idoso com dificuldades de locomoção.

Incrementar os serviços de auxilio complementar, como fornecimento de órteses,
próteses e ajuda mecânica para idosos carentes, sob a supervisão e orientações de
equipes multiprofissionais das unidades de geriátricas.

Incorporação de práticas de assistência à saúde do idoso, desde que respeite os
princípios éticos, possibilitando ao idoso o direito de escolher a terapêutica preferida.
Formação de recursos humanos:
Considerando que o atendimento ao disso deve ser feito por uma equipe multiprofissional
propõe-se:

Inclusão da disciplina de Geriatria em cursos da área de saúde e Gerontologia nos
currículos dos cursos de graduação das áreas humanas, sociais e nos cursos de
Arquitetura, Urbanismo e Desenho Industrial.

Criação de disciplinas e/ou cursos de Gerontologia e Geriatria nos cursos de Pósgraduação, ―Senso lato‖ e ―Senso estrito‖.
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
Patrocínio pelo Ministério da Saúde e demais órgãos competentes de cursos de
capacitação, treinamento e reciclagem de profissionais de diferentes níveis de formação,
que atuam na assistência ao idoso, e também de agentes comunitários.

Inclusão de noções de gerontologia nos currículos dos cursos profissionalizantes
da área de saúde.
Assim, a reflexão sobre a questão do cuidado e proteção do idoso, na perspectiva do
estatuto acima citado, faz-se necessária na medida em que desvela perspectivas que se
revestirão de cuidados seguros, éticos e com qualidade. Daí o grande desafio da equipe
da área da saúde passa a ser a construção do cuidado integral, integrado e cidadão com
a pessoa idosa.Construindo um novo modo de ser e agir em saúde vislumbrando a
multidimensionalidade do ser que envelhece e do processo de envelhecimento humano.
_____________________________________
1
http://www.sdh.gov.br/assuntos/pessoaidosa/legislacao/copy2_of_DOCUMENTOS_LEGAIS.pdf
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O envelhecimento é um fenômeno natural, e está habitualmente ligado à perda das
principais valências física como: força, queda da resistência, diminuição da coordenação
e também não menos importante a perda do domínio corporal que é comum nesse caso.
O conforto da vida moderna contribui para que isso ocorra, sem contar a maturação física
que, com o passar do tempo, impede que movimentos que antes eram corriqueiros
passem a ser mais difíceis e menos explorados.
De acordo com os autores estudados nesta pesquisa, o treinamento funcional tem como
objetivo desenvolver as qualidades físicas e movimentos básicos necessários no dia a
dia, como força, resistência, equilíbrio, os atos de sentar e levantar, andar, correr,
carregar, empurrar, puxar, podendo ser um dos melhores aliados para o público idoso que
com o passar dos anos diminui essas habilidades. Além do que, o treino funcional é
saúde e contribui para que quem esteja nesta fase seja capaz de realizar as atividades
físicas como antes.
Esta modalidade de treino diminui o risco de lesões, além de dar um preparo significativo
para o idoso realizar simples tarefas como subir e descer escadas, se abaixar com melhor
facilidade, ou simplesmente jogar futebol com os amigos no final de semana. Desta forma,
as pessoas que praticam treinos funcionais se tornam mais capazes de manter suas
rotinas diárias, desenvolvendo as atividades que sempre praticavam, mas com o passar
da idade sentem dificuldade e, portanto, percebem grande melhora na sua qualidade de
vida.
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COMPARAÇÃO DO PERFIL DE CICLISTAS DE ELITE DE ESTRADA COM CICLISTAS
DE ELITE DE FORA DE ESTRADA EM MINAS GERAIS
CARVALHO, M.A.1; SANTOS, B. L.2; ASSIS, R. A. 2; PEREIRA, L.A.3 ,PUSSIELDI, G.A.1
1 – Universidade Federal de Viçosa, Campus Florestal – Minas Gerais – Brasil
2 – Universidade de Itaúna – Minas Gerais – Brasil
3 – Prefeitura Municipal de Florestal – Minas Gerais – Brasil
[email protected]
RESUMO
Este estudo consistiu em analisar e comparar o perfil antropométrico e o
somatotipo de ciclistas de elite de estrada e fora de estrada em Minas Gerais,
comparando esses perfis, também, com padrões internacionais. Nove ciclistas de estrada
e dez fora de estrada (Mountain Bike) participaram do estudo. Todos os indivíduos
envolvidos neste estudo preencheram o Consentimento Livre e Esclarecido, participaram
de uma análise antropométrica e responderam o Questionário Clínico Médico. Não foram
encontradas diferenças significativas de perfil antropométrico e somatotipo entre os
ciclistas de elite de estrada e fora de estrada estudados. Os dois grupos apresentaram
predominância do componente de mesomorfia, que se caracteriza pela muscularidade,
com o perfil somatotípico mesomorfo-ectomorfo. Concluindo-se que não há diferenças
nos perfis antropométricos, mas há necessidade de uma análise mais criteriosa em
relação à elaboração de programas de treinamento específicos para os ciclistas de elite
de estrada e fora de estrada em Minas Gerais, mesmo não apresentando diferenças
físicas.
Palavras-chave: Perfil Antropométrico, Somatotipo, Ciclistas.
ABSTRACT
This study was to analyze and compare the anthropometric profile and somatotype
of elite cyclists from road and off-road (Mountain Bike) in Minas Gerais, comparing these
profiles also with international standards. Nine road cyclists and ten off-road in the study.
All individuals involved in this study completed the Informed Consent, participated in an
anthropometric examination and answered the questionnaire Clinical Medical. No
significant differences in anthropometric profile and somatotype were found among elite
cyclists of road and off-road studied. Both groups showed a predominance of
mesomorphic component, which is characterized by muscularity, with the mesomorphectomorph somatotype profile. Concluding that there are no differences in anthropometric
profiles, but there is need for a more careful analysis regarding the development of specific
training programs for elite cyclists road and off-road in Minas Gerais, although there was
no physical differences.
Keywords: Anthropometric Profile, Somatotype, Cyclists.
INTRODUÇÃO
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A antropometria é um recurso que permite a avaliação do estado físico de um indivíduo e
o controle de variáveis do treinamento (MARINS e GIANNICHI, 2003).
Segundo os trabalhos de Heath e Carter (1970), nossa biotipologia não depende
exclusivamente da carga genética, mas também de fatores externos, como a atividade
física e a alimentação, que são potencialmente modificados para conseguir maior
rendimento físico no esporte praticado.
Parece evidente que se possam observar diferenças morfológicas externas entre
indivíduos que praticam atividade física, como os ciclistas, e indivíduos sedentários ou
indivíduos que praticam outros esportes.
Essas diferenças podem se justificar pela hipótese de que cada esporte possui um perfil
antropométrico característico. Esse perfil pode ser alcançado através da antropometria,
um instrumento para determinação da composição corporal do indivíduo. O
acompanhamento da composição corporal representa um meio importante no controle de
um treinamento, tanto para atletas quanto para não atletas (MARINS e GIANNICHI,
2003).
As técnicas do somatotipo são definidas como a descrição da conformação morfológica
presente em um indivíduo se expressando em uma série de três numerais dispostos
sempre na mesma ordem, onde o primeiro componente refere-se à endomorfia, ou
gordura relativa, o segundo a mesomorfia, ou desenvolvimento muscular e, o terceiro, ao
componente de ectomorfia, ou linearidade específica (CARTER et al., 2005).
O perfil antropométrico dos ciclistas brasileiros é uma das variáveis de treinamento que,
ainda, precisam ser estudadas. Apesar do ciclismo como modalidade esportiva ter
alcançado grande ascensão no Brasil, pesquisas nessa área ainda são muito escassas.
Sabe-se que o ciclismo profissional possui modalidades diferentes e específicas, sendo
analisados no presente estudo apenas o ciclismo de estrada e o ciclismo fora de estrada.
O ciclismo de estrada profissional, segundo Padilla et al. (1999), é um esporte que requer
bom desempenho em uma variedade de terrenos e situações de competição. Essa
performance no ciclismo em diferentes tipos de terreno é, particularmente, determinada
por características morfológicas individuais (massa corporal, altura, índice de massa
corporal, superfície corporal).
OBJETIVO
Este estudo tem como objetivo analisar os perfis antropométricos e os somatotipos de
ciclistas participantes de uma prova de estrada e fora de estrada da categoria elite no
estado de Minas Gerais e comparar os perfis desses ciclistas com os padrões
internacionais observados na revisão literária.
METODOLOGIA
Amostra
A amostra foi composta de dezenove competidores de ciclismo de elite do sexo
masculino, sendo nove ciclistas de estrada e dez de fora de estrada, filiados à Federação
de Ciclismo de Minas Gerais.
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Órgão de divulgação científica do 11º ENAF BH, 57º ENAF POÇOS DE CALDAS/MG e Pós-Graduação Desenvolvimento
Cuidados Éticos
Todos os participantes receberam instruções sobre o teste e sobre os
procedimentos tomados. Antes dos testes, os atletas assinaram o Consentimento Livre e
Esclarecido, que é uma obrigatoriedade do Conselho Nacional de Saúde, resolução nº
422/12, para poderem participar da pesquisa, baseadas na declaração de Helsinque
(1964 e resoluções posteriores) e o questionário de história médica. O projeto foi
aprovado pelo ―Comitê de Ética em Pesquisas em Seres Humanos‖ da Universidade
Federal de Minas Gerias com o protocolo de número 033/04.
Instrumentos e procedimentos utilizados
O peso corporal foi mensurado em uma balança da marca Filizola, com precisão de 0,1
kg, e a estatura foi obtida em um estadiômetro Sanny de 0,1 cm. Todos os indivíduos
foram medidos e pesados descalços, vestindo apenas bermuda de ciclismo. O índice de
massa corporal (IMC) foi determinado pelo quociente peso corporal / estatura 2, sendo o
peso corporal expresso em quilogramas (kg) e a estatura em metros (m).
A composição corporal foi avaliada pela técnica de espessura do tecido celular
subcutâneo. Três medidas foram tomadas em cada ponto, em sequência rotacional, do
lado direito do corpo, sendo registrado o valor mediano. Para tanto, foram aferidas as
seguintes dobras cutâneas: tricipital (TR), subescapular (SE), peitoral (PT), supraespinhal
(SEP), abdominal (AB), coxa (CX) e panturrilha (PN). Tais medidas foram realizadas por
um único avaliador com um adipômetro científico da marca Sanny com precisão de 0,1
mm. A gordura corporal relativa (% gordura) foi calculada pela fórmula de Siri (1961), a
partir da estimativa da densidade corporal determinada pelas equações propostas por
Jackson e Pollock (1978). Os perímetros de braço contraído (BRC) e panturrilha (PM)
foram medidos com uma fita métrica metálica Lufkin, com precisão de 0,1 cm. As medidas
foram feitas em duplicidade pelo mesmo avaliador. Para análise do somatotipo, foi
utilizado o sistema de classificação proposto por Heath e Carter (1967). Para tanto, foram
medidos os diâmetros biepicôndilo umeral e bicôndilo femural, com um paquímetro de
pequenas medidas da marca Lange com precisão de 0,1 cm.
Quanto ao cálculo dos componentes do somatotipo, o método de Heath e Carter (1967) é
amplamente aceito. Esse método permite quantificar os componentes do somatotipo de
forma rápida e ter uma classificação biotipológica do desportista.
Procedimentos Estatísticos
Os diferentes parâmetros foram analisados estatisticamente segundo o teste de contraste
de médias t-Student com um nível de significância de p < 0,05, utilizando o pacote
estatístico GRAPHIC PRISM, versão 3.0.
RESULTADOS
Dentre as variáveis antropométricas analisadas (percentual de gordura, massa corporal
gorda, massa corporal magra, massa corporal, estatura, índice de massa corporal, idade
e somatotipo), não foram encontradas diferenças significativas entre ciclistas de estrada e
fora de estrada.
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Características da Amostra
As características dos indivíduos participantes do estudo são apresentadas nas figuras 1,
2 e 3. Todos os dados são comparados entre as duas modalidades de ciclismo
estudadas.
A média de idade dos ciclistas de estrada foi de 26,8 ± 3,35 anos, o tempo de treinamento
foi de 7,3 ± 3,67 anos e 2,9 ± 0,85 horas por dia.
Nos ciclistas de fora de estrada, a média de idade foi de 25,2 ± 2,86 anos, o tempo de
treinamento foi de 6,1 ± 1,59 anos e 2,85 ± 1,27 horas por dia.
Os dados mostram, então, que não houve diferença significativa de tempo de treinamento
referente a anos e horas diárias entre as duas modalidades de ciclismo analisadas.
Idade
30
25
20
Estrada
Fora de Estrada
Figura 1: Idade dos ciclistas.
Horas de Treinamento
Tempo de Treinamento
4
8
[h]
[anos]
10
3
6
2
4
Estrada
Estrada
Fora de Estrada
Figura 2: Tempo de treinamento dos
ciclistas em anos.
Fora de Estrada
Figura 3: Tempo de treinamento dos
ciclistas em horas diárias.
Características Antropométricas
As variáveis antropométricas são apresentadas nas figuras 4, 5, 6, 7, 8 e 9:
Nos ciclistas de estrada, o percentual de gordura encontrado foi 7,9 ± 2,64%, a massa
corporal gorda 5,4 ± 1,97 kg, a massa corporal magra 62,6 ± 5,16 kg, a massa corporal
68,0 ± 5,8 kg, a estatura 174,9 ± 5,51 cm e o índice de massa corporal 22,3 ± 1,85 kg/m 2.
Nos ciclistas de fora de estrada, o percentual de gordura encontrado foi 6,95 ± 0,96%, a
massa corporal gorda 4,36 ± 0,92 kg, a massa corporal magra 58,2 ± 5,74 kg, a massa
corporal 62,6 ± 6,48 kg, a estatura 169 ± 8,15 cm e o índice de massa corporal 21,8 ±
1,48 kg/m2.
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As variáveis antropométricas não apresentaram diferenças significativas entre os
dois grupos estudados.
7.5
[Kg]
[Kg]
[%]
75
7.5
5.0
Estrada
Estrada
Fora de Estrada
Estrada
Fora de Estrada
Figura 5: Massa gorda dos
ciclistas.
Figura 4: Percentual de gordura dos
ciclistas.
Massa Corporal
IMC
25.0
[cm]
200
50
25
22.5
175
20.0
150
Figura 7:
ciclistas.
Fora de Estrada
Massa
corporal
Estrada
Es trada
Fora de Estrada
Figura 8: Estatura dos ciclistas.
dos
Fora de Estrada
Figura 6: Massa corporal magra
dos ciclistas
Estatura
75
Estrada
50
25
2.5
5.0
[Kg]
Massa Corporal Magra
Massa Gorda
% Gordura
10.0
Fora de Es trada
Figura 9: Índice de massa
corporal dos ciclistas
Somatotipo
Quanto ao somatotipo, observou-se que os ciclistas de ambas as modalidades
apresentaram uma predominância do componente de mesomofia sobre os outros
somatotipos. As características somatotípicas são apresentadas nas figuras 10, 11 e 12:
Nos ciclistas de estrada a característica da endomorfia foi 2,1 ± 0,68, a mesomorfia foi 4,0
± 1,21 e a ectomorfia foi 2,7 ± 1,02.
Nos ciclistas de fora de estrada, a característica da endomorfia foi 1,87 ± 0,53, a
mesomorfia foi 4,57 ± 0,74 e a ectomorfia foi 2,63 ± 0,98.
Os somatotipos também não apresentaram diferenças significativas entre as duas
modalidades. Tanto os atletas de estrada quanto os de fora de estrada apresentaram o
perfil somatotípico mesomorfo-ectomorfo de acordo com a tabela adaptada por Carter
(1975), em que são descritas treze condições somatotípicas diferenciadas entre si.
Endomorfia
Mesomorfia
Ectomorfia
3
5
4
2
4
3
1
3
Estrada
Fora de Estrada
Figura 10: Características de
endomorfia dos ciclistas.
2
Estrada
Fora de Estrada
Figura 11: Características de
mesomorfia dos ciclistas.
120
Estrada
Fora de Estrada
Figura 12: Características de ectomorfia
dos ciclistas.
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DISCUSSÃO
No presente estudo não houve diferenças significativas no perfil antropométrico de
ciclistas de estrada e fora de estrada, diferentemente de Padilla (1999) e Lucía et al.
(2000), que concluíram em seus estudos que as características antropométricas podem
se diferenciar em cada ciclista profissional de acordo com sua modalidade específica.
Apesar de Marins e Giannichi (2003) afirmarem que elaboração de um perfil
antropométrico específico para cada esporte é um referencial importante que pode ser
obtido pela antropometria, este estudo não apresentou perfis antropométricos diferentes
para ciclistas de estrada e fora de estrada.
Os dois grupos estudados apresentaram algumas características antropométricas, como
altura e massa corporal, similares às encontradas em ciclistas de fora de estrada por
Impellizzeri (2002), sendo observadas diferenças significativas no percentual de gordura e
na idade. Os participantes do estudo de Impellizzeri apresentaram menor percentual de
gordura, 5,1 ± 1,6% durante o inverno e 4,7 ± 1,4% no verão e tinham 21 anos de idade.
Em seus estudos com ciclistas de estrada, Lucía et al. (2000) encontraram nos atletas
avaliados valores como o de percentual de gordura de 8,6 ± 0,2%, o de altura de 181,6 ±
1,7 cm, o de massa corporal de 72,3 ± 2,3 kg e a idade de 27 ± 1 anos. São valores
similares aos dos ciclistas de estrada do presente estudo, mas um pouco mais elevados
que os dos ciclistas de fora de estrada.
O percentual de gordura de 7,9 ± 2,64% (ciclistas de estrada) e 6,95 ± 0,96% (ciclistas de
fora de estrada) dos atletas deste estudo foi mais baixo que o encontrado em ciclistas de
estrada europeus, nos quais o percentual pode chegar a 10%, dependendo da estação do
ano em que se encontram, Todavia, o resultado do estudo foi o mesmo que o encontrado
nos europeus, nos quais o percentual de gordura corporal não se diferencia
significativamente entre os diferentes tipos de ciclistas profissionais (LUCÍA et al., 1998;
LUCÍA et al., 1999; HOOGEVEEN, 2000).
No estudo de Padilla et al. (2001), foram avaliados ciclistas de estrada de nível
internacional, participantes do Tour de France, do Giro d’Italia ou da Volta da Espanha.
Os atletas tinham 26 ± 6,3 anos, 180 ± 6,7 cm de altura e 68,5 ± 67,2 kg de massa
corporal. Valores muito próximos dos ciclistas de estrada avaliados neste estudo.
A predominância do componente somatotípico de mesomorfia em relação aos outros
componentes nos ciclistas avaliados confirmou o resultado dos estudos antropométricos
de Sheldon citado por Marins e Giannichi (2003), nos quais ele concluiu que não existe
um indivíduo com uma classificação única, mas com uma maior ou menor tendência para
cada um dos componentes de sua divisão.
O perfil somatotípico dos atletas estudados foi similar ao encontrado por Mychels e Mafra
(1998) citado por Marins e Giannichi (2003), que registraram em ciclistas da seleção
brasileira endomorfia de 2,70 ± 0,5, mesomorfia de 5,21 ± 2,1 e ectomorfia de 3,57 ± 0,9.
Foi similar, também, ao encontrado por Varela e Montero (1996) que registraram em
ciclistas espanhóis endomorfia de 2,2, mesomorfia de 4,1 e ectomorfia de 3,4, avaliados
no Centro de Alto Rendimento.
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Assim como não foram encontradas diferenças antropométricas e somatotípicas
significativas no presente estudo, Wilber et al. (1997) relataram que, em geral, não
existem diferenças fisiológicas entre atletas de fora de estrada com atletas de estrada.
Acredita-se que as diferenças encontradas em outros estudos, na maioria realizados em
outros países, podem ocorrer devido ao clima, à altitude e até mesmo aos costumes de
cada região.
CONCLUSÃO
Conclui-se que o perfil antropométrico e o somatotipo de ciclistas de elite de estrada e
fora de estrada em Minas Gerais são muito similares, não sendo encontradas diferenças
significativas no perfil desses ciclistas. A elaboração de programas de treinamento, de
acordo com o presente estudo, não precisa, portanto, ser diferenciada quanto ao perfil
antropométrico e somatotipo para ciclistas de elite das duas modalidades, todavia deve
ser diferenciada em relação ao tipo de prova, como duração e intensidade. No entanto, os
ciclistas de diferentes nacionalidades podem apresentar características antropométricas e
somatotipo diferentes.
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ORDEM NA EXECUÇÃO
INFERIORES.
DE
EXERCÍCIOS
RESISTIDOS
PARA
MEMBROS
Giovani Vieira da Costa¹
Valter Sabino Netto¹
Autran José da Silva Junior¹
(1)
Centro Universitário Da Fundação Educacional Guaxupé,
Guaxupé, Minas Gerais, Brasil.
[email protected]
RESUMO:A musculação tem apresentado um grande avanço e evolução em seus
métodos de treinamento, permitindo assim um aumento de seus praticantes. Apesar da
evolução dos métodos ainda algumas questões sobre a influência da fadiga muscular em
relação a ordem dos exercícios que necessita de estudos aprofundados. O presente
estudo verifica a influência da ordem de execução de exercícios para membros inferiores,
no caso deste: Agachamento Livre (AG L) e cadeira extensora (CE), sendo assim
verificando a intensidade no treinamento de força fazendo uma comparação com a
percepção subjetiva de esforço. Após ser aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do
UNIFEG, a metodologia do estudo foram: 10 homens, realizarão testes de 8RM nos
aparelhos Agachamento Livre (AG L) e cadeira extensora (CE). Após realizaram 3 séries
de 8 repetições com carga de 8RM com 1 minuto de intervalo em duas sequencias
diferentes: A (AG L depois CE) e B (CE depois AG L) com intervalo de 48 horas. Foram
analisados escala subjetiva de esforço de OMNI em repouso, ao final de todas as séries e
durante a recuperação (0,‘ 1‘e 5‘). Estudos tem demonstrados que a realização da
sequência dos exercício físicos na musculação tem que ser dos maiores grupamentos
para os menores grupamento musculares. Observamos na escala de OMNI que o
exercício mono articular não apresentou valores significativos em relação ao multi
articular.
Palavras Chaves: musculação, fadiga muscular, membros inferiores
ABSTRACT:The weighthaspresented a major breakthroughandprogress in their training
methods, thusallowinganincreaseof its practitioners. Despitetheevolutionofmethods still
some
questionsabouttheinfluenceofmuscle
fatigue
in
relationtotheorderofexercisesthatrequirein-depthstudies.
Thisstudyevaluatestheinfluenceoftheexecutionorderofexercises for thelowerlimbs, in this
case: FreeSquat (L AG) andlegextension (CE), thusverifyingtheintensitystrength training in
making
a
comparisonwiththesubjectiveperceptionofeffort.
AfterbeingapprovedbytheEthicsCommittee
in
Researchof
ENAF,
themethodologyofthestudywere 10 men, conducttests in 8RM FreeSquat (L AG)
appliancesandlegextension (CE). Afterperformed 3 sets of 8 repetitionswith a load 8MR
with 1 minute interval in twodifferentsequences: A (AG L after EC) and B (EC after AG L)
withanintervalof 48 hours. Subjectivescaleofeffort OMNI atrest, attheendofevery series
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andduringrecovery
(0,
'1'
and
5
')
wereanalyzed.
Studieshaveshownthattherealizationofthesequenceofphysicalexercise
in
bodybuildinghastobeofthegreatestgroupstosmallermusclegrouping. Observed in the OMNI
scale joint exercise mono no significantvalues in relationtomultiarticulate.
Key words: bodybuilding, muscle fatigue, lowerlimb
1 - Introdução
Antigamente os programas de treinamentos eram quase que sempre baseados em
experiências dos próprios treinadores mesmo dos praticantes, não havendo em muitos
casos, metodologia se quer para iniciantes, tão pouco para os atletas (TAN, 1999).
Com o passar dos anos ocorreu uma grande evolução dos estudos, e a metodologia do
treinamento resistido tornou-se mais complexa e composta de variáveis importantes como
por exemplo, ordem da realização dos exercícios físicos, intensidade do esforço aplicada
ao exercício físico, volume do treinamento (representa o total das séries realizadas e suas
respectivas repetições), intervalo entre as séries, velocidade das repetições, frequência
do treinamento, tipo de exercício físico selecionado e sua sequência. (KRAEMER;
RATAMESS, 2004).
Segundo SANTAREM, (1995) o número determinado de repetições acompanhadas por
um intervalo de repouso, as repetições são movimentos completos que compõem um
exercício retornando ao seu estado inicial onde são realizados continuamente sem
repouso e a intensidade do esforço realizado durante o exercício resistido representa a
quantidade de peso a ser deslocada, a velocidade da execução e também do intervalo
entre as séries realizadas.
As diretrizes do American Collegeof Sports Medicine dizem que a intensidade
recomendada para indivíduos iniciantes deve ser próxima de 70% da carga obtida no
teste de 1 Repetição Máxima (ou simplesmente 1RM), porém para treinados a intensidade
é maior podendo chegar até a 100%. O volume do treinamento é estimado pela soma do
número total das séries e repetições realizadas multiplicadas pela resistência utilizada
durante uma única sessão de treinamento SANTAREM, 1996. Para indivíduos iniciantes
ao treinamento resistido o American Collegeof Sports Medicine recomenda de uma a três
séries e após a adaptação o individuo tornando-se intermediário a treinado este número
poderá manter-se em três séries, ou não, dependendo do objetivo.
Para WERNBOM, M.; AUGUSTSSON, J.; THOMEE, R. A velocidade de execução
influencia nas respostas neurais, metabólicas, a própria hipertrofia e força musculares. O
que também apresenta uma importante variável no treinamento resistido, contribuindo,
juntamente com as outras variáveis descritas anteriormente, em alterar as respostas
metabólicas, hormonais e cardiovasculares é o número de sessões ou a frequência
semanal, segundo a diretriz do American Collegeof Sports Medicine a recomendação para
frequência semanal são, para iniciantes dois a três dias semanais e para treinados
frequências acima de quatro dias semanais.
Guilherme Kamel, apud Asmussen e Pollock (1993, p.32) definem fadiga como: ―a
diminuição transitória na capacidade do desempenho dos músculos quando estiverem
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ativos por certo tempo, geralmente evidenciada pelo fracasso na manutenção ou
desenvolvimento de certa força ou potência esperada.‖
Como o exercício resistido é bem característico em relação a outras modalidades de
exercícios, Lagally e Robertson (2006), criou e validou uma escala de percepção subjetiva
de esforço específica para o treinamento com exercícios resistidos denominada escala de
OMNI.
O American Collegeof Sports Medicine (2009) também recomenda que a ordem de
exercícios em uma sessão de treinamento seja sempre dos maiores grupos musculares
para os menores, ou seja, iniciar por exercícios multi-articulares e logo após realizar os
mono-articulares, para pessoas em qualquer estágio de treino, iniciantes, intermediários
ou treinados, afirmando que os exercícios realizados no final da sessão de treinamento
sofrem queda no número de repetições máximas para uma determinada carga, e esta
redução em exercícios para grandes grupos musculares prejudica o trabalho total da
sessão de treinamento.
Um dos exercícios mais utilizados nos programas de treinamento tanto para praticantes
de musculação quanto para atletas é o Agachamento Livreque trabalha sobretudo os
quadríceps, os glúteos, a massa dos adutores, os músculos eretores da espinha, os
abdominais e os posteriores da coxa. UCHIDA, M.C.; BACURAU, R.F.P.; NAVARRO,F;
PONTES JR,F.L.; CHARRO, M.A. 2008
Outro exercício muito utilizado nas academias, para realização de treinos para
membros inferiores, é a cadeira extensora, que segundo UCHIDA, M.C. e colaboradores
(2008), trabalha principalmente as fibras do quadríceps femoral, com movimento de
extensão, e tornozelos com movimentos de dorsiflexão.
Devido os membros inferiores, serem grupos musculares muito utilizados no treinamento
de força, ao longo dos anos diversos estudos foram realizados utilizando a execução
destes exercícios citados anteriormente, principalmente no que diz respeito à ordem da
execução dos exercícios.
Para avaliar o efeito da ordem de Exercícios em mais de um grupamento muscular por
sessão, Simão et al.(13) avaliaram mulheres que realizavam 3 séries com 80% 1RM na
realização dos exercícios supino reto, desenvolvimento de ombros extensão do tríceps,
extensão do joelho e flexão do joelho, em duas seqüência: A e B, com execução
exatamente oposta. Em todos os exercícios o número de repetições era menor quando o
exercício era realizado mais tardia na sessão.
GIO, S.(2011) SIMÃO et al (2007), utilizou exercícios mono e multiarticulares envolvendo
membros superiores e inferiores em duas ordens diferentes e observou que independente
do número de articulações envolvidas, quando o exercício era realizado no final da
sessão o número de repetições era significantemente reduzido. Desta forma, a hipótese
de que o número de articulações seria um fator importante para o número de repetições
foi descartada.
GIO, S (2011) apud (SFORZO & TOUEY, 1996; SIMÃO et al., 2007) que levando em
consideração que o número de repetições realizadas com uma mesma carga relativa é
menor em exercícios para membros superiores do que em exercícios para membros
inferiores. É possível que a ordem dos exercícios afete o comportamento do número de
repetições distintamente em membros inferiores e superiores. Porém, ainda é
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desconhecido o efeito da ordem de execução quando apenas exercícios para membros
inferiores são realizados.
Existem muitos estudos que concluíram a importância do exercício resistido para os
esportes e para a qualidade de vida, mas pouco se estudou sobre a ordem dos
exercícios.
2 - Metodologia

Cuidados éticos
O estudo foi submetido ao CEP (Comitê de Ética) do Centro Universitário da
Fundação Educacional de Guaxupé (UNIFEG).Os participantes da avaliação serão
indivíduos voluntários que foram informados de todo o processo de coleta de dados e
estiveram cientes dos riscos e desconfortos do teste. Foi preenchido um termo de
consentimento a cada voluntário. Sempre esteve em vigor a privacidade e preservações
dos mesmos onde todas as informações foram confidenciais.

Amostra
O estudo foi composto de dez homens treinados, com no mínimo um ano de treino de
musculação e idade entre 18 e 30 anos. Os mesmos foram selecionados na cidade de
Guaxupé, em academias de ginástica. E foram excluídos os indivíduos usuários de
medicamentos que sejam em benefício do desempenho (recursos ergo gênicos), também
foram excluídos indivíduos que apresentaram qualquer tipo de problemas articulares que
pudessem influenciar na realização dos testes.

Avaliação Antropométrica
Todos os voluntários participaram de uma avaliação antropométrica antes da
realização dos exercícios resistidos onde foram aferidas as seguintes variáveis:
A.
Peso Corporal
O peso corporal foi aferido com o auxílio de uma balança digital. O avaliado deve se
posicionar em pé, de costas para a escala da balança, com afastamento lateral dos pés.
Em seguida coloca-se sobre e no centro da plataforma, ereto com olhar num ponto fixo à
sua frente. Deve usar o mínimo de roupa possível. É realizada apenas uma medida.
(FERNANDES FILHO, 1999, p.17-18).
B. Altura Total
A altura total foi aferida através de uma fita métrica. O avaliado deve estar na posição
ortostática PO: indivíduo em pé, posição ereta, braços estendidos ao longo do corpo, pés
unidos procurando por em contato com o instrumento de medida as superfícies
posteriores do calcanhar, cintura pélvica, cintura escapular e região occipital. A medida é
feita com o avaliado em apneia inspiratória, de modo a minimizar possíveis variações
sobre esta variável antropométrica. Permite-se ao avaliado usar calção e camiseta,
exigindo-se que esteja descalço. (FERNANDES FILHO, 1999, p.18-19).

Avaliação da Percepção Subjetiva de Esforço (PSE)
A PSE foi avaliada através da Escala de Percepção de Esforço de OMNI validada
por LEGALLY, et al (2006). A figura abaixo representa a PSE
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
Exercícios Resistidos
Agachamento livre
A barra colocada sobre o suporte, deslizar sob ela e coloca-la sobre os trapézios
um pouco mais alto do que os feixes posteriores dos deltoides, segurar a barra com as
mão mantendo uma distância variável entre elas segundo características morfológicas e
esticar os cotovelos para trás.Inspirar fortemente, arquear levemente as costas realizando
uma anteverão da pelve, olhar reto à sua frente e elevar a barra do suporte. Recuar um
ou dois passos, para com os pés paralelos ou as pontas um pouco para, o exterior
afastadas na largura dos ombros. Agachar inclinando as costas para frente e controlando
a descida, nunca arredondando a coluna vertebral para evitar qualquer traumatismo.
Quando os fêmures chegarem na horizontal, realizar uma extensão das pernas,
endireitando o tronco para retornar a posição inicial. Expirar no final do movimento. O
agachamento trabalha sobretudo os quadríceps, os glúteos, a massa dos adutores, os
músculos eretores da espinha, os abdominais e os posteriores da coxa. UCHIDA, M.C.;
BACURAU, R.F.P.; NAVARRO,F; PONTES JR,F.L.; CHARRO, M.A. 2008
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Cadeira Extensora:
Para a realização do exercício resistido na cadeira extensora, o voluntário
posicionará no aparelho com as costas bem apoiadas e com o eixo do equipamento muito
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próximo do eixo das articulações dos joelhos, deverá realizar a extensão dos joelhos,
utilizando toda a amplitude possível. Logo após deverá retornar até formar um ângulo de
90º nas articulações dos joelhos e, sem descanso, repetir o movimento. UCHIDA, M.C.;
BACURAU, R.F.P.; NAVARRO,F; PONTES JR,F.L.; CHARRO, M.A. 2008

Delineamento experimental
Após a definição dos indivíduos, os voluntários foram submetidos a uma sessão de
testes para determinação da carga para 8 RM, nos dois exercícios propostos. Após a
determinação de carga, o teste foi dividido em duas sequencias ―A‖ e ―B‖, na qual a
sequência ―A‖ o Agachamento (AG L) será realizado antes da cadeira extensora (CE),
sendo respeitado um intervalo de 48 horas para a realização da sequência ―B‖ onde a CE
será feita antes do AG L. O intervalo entre as séries será de 1 minuto e o de transição
entre os exercícios será de 1 minuto e meio. Logo após o indivíduo dará uma nota (escala
de OMNI.) em relação ao esforço utilizado no exercício. Foram realizadas 3 séries de 8
repetições em cada exercício. A avaliação antropométrica (peso e altura) foi realizada
apenas uma vez.
3 - RESULTADOS:
VALORES MÉDIOSDE OMNI NAS DUAS SESSÕES DE TREINAMENTO.
AGACHAMENTO
1oDia
EXTENSORA
1a
2a
3a
1a
2a
3a
4.0±1,8
4,8±0,5
5,8 ± 1,5
2,9 ±1,2
2,9±1,0
4,0±1,5
AGACHAMENTO
EXTENSORA
2oDia
1a
2a
3a
1a
2a
3a
3,0±0,9
3,0±0,9
4,8±1,2
6,8±2,0*
6,8±1,8*
8,0±2,5*
* Diferençasignificativa entre 1o dia x 2o dia P > 0,05.
O exercício na Cadeira Extensora não apresentou valores significativos, já o
Agachamento Livre apresentou valores significativos no segundo dia.
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em cumprimento ao objetivo de analisar a percepção subjetiva de esforço entre dois
exercícios resistidos de membros inferiores com execução alternada concluímos que na
escala de OMNI que o exercício mono articular (Cadeira Extensora) não apresentou
valores significativos em relação ao multi articular(Agachamento Livre).Portanto o
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exercício Agachamento gera uma fadiga significativamente maior em relação a cadeira
extensora, se for realizado posteriormente devido a utilização de maiores números de
grupamentos musculares e articulares.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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AS LUTAS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR SEGUNDO A REVISTA
NOVA ESCOLA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DE 1986 ATÉ 2013
FERREIRA A.M. 1
PEREIRA W.R. 1
ORTEGA L. 1
1
Centro Universitário Modulo – Caraguatatuba/SP
[email protected]
RESUMO
O objetivo deste estudo foi analisar bibliograficamente e quantificar o número de
publicações de matérias relacionadas ao jogo de oposição e lutas/esporte da revista Nova
Escola e fazer um levantamento sobre as lutas como conteúdo pedagógico, considerando
a importância da cultura corporal do movimento e mostrando que na educação física há
possibilidades de proporcionar aos alunos experiências com as lutas. Para tanto, foi
usada uma abordagem quantitativa, onde buscamos todos os artigos de lutas publicados,
chegando ao todo 17 publicações tanto de forma de jogo de oposição quanto luta/esporte,
ao longo dos seus 27 anos, com o intuito de levantar a hipótese de que os professores
apresentam uma resistência em relação às lutas considerando-as conteúdo ainda visto e
entendido como uma ferramenta indisciplinadora e geradora de violência. Os resultados
foram mostrados em gráficos onde há um número significativo do aumento de publicações
ao longo dos anos, artigos onde é exposto a cultura corporal do movimento como jogo de
oposição, como forma lúdica. Concluímos que ainda há pré-conceitos concernentes ao
tema, resistência tanto por parte dos pais, tanto pelos professores, aonde atravanca a
prática no ambiente escolar, mas por outro lado podemos observar que os jogos de
oposição é uma poderosa ferramenta pedagógica para o desenvolvimento global do ser
humano.
PALAVRAS CHAVE: Revista Nova Escola, Cultura Corporal, Lutas
ABSTRACT
The aim of this study was to analyze Bibliographically and quantify the number of
published materials related to the game of opposition and struggles / sport magazine New
School and make a survey of the fight as educational content, considering the importance
of body culture movement, and showing that physical education give opportunities to are
students with experiences fight. Apply a quantitative approach where we seek all articles
published of fight, reaching around 17 publications both form of the game of opposed as
fight/sports throughout its 27 years. The results are shown in graphs where there is a
significant growing in publications long of times, articles where the body culture movement
is exposed as opposed so playful. We conclude that there are prejudgment about this
topic, many resistance of parents also and teachers, where block the practice in the school
environment, but on the other we can see that the opposition games is a powerful
educational tool for the global development to human.
KENWORKS: New School Magazine, Body Culture, Fights,
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INTRODUÇÃO
As práticas de lutas nas escolas podem transformar os conflitos em jogos de
oposição, onde possa haver regras e os alunos enxerguem os seus colegas não como um
inimigo e sim como um companheiro que joga junto e não contra. Porém, temos algumas
limitações alegadas pelos professores de educação física, como falta de espaço no
ambiente escolar, a falta de materiais e até mesmo a falta de qualificação profissional.
Pois ainda existem algumas indagações a serem questionadas sobre os saberes dos
professores, como: O docente precisa ter tido alguma vivência ou ter praticado algum tipo
luta para tratar desde conteúdo na escola? Que saberes são necessários para introduzir
as lutas nas aulas? Quais são os conhecimentos específicos das lutas e como se dá a
sua mudança na prática?
Assim é necessário que o professor busque subsídios para sua pratica
profissional, assim buscou-se em uma revista conceituada que apresenta relatos de
experiência compreender melhor o fenômeno das lutas no contexto escolar logo optou-se
pela revista Nova Escola da editora ABRIL da fundação Victor Civita, tem como objetivo
de contribuir para a educação no Brasil, atuando na qualificação e valorização dos
professores e gestores escolares, na investigação da realidade educacional nacional,
fornecendo subsídios para definição de políticas públicas.
Para Daolio (2004),
citado por Carvalho, a educação física é uma disciplina que deve garantir ao aluno
experiências relacionadas ao contexto corporal e também do movimento. Há propostas
que conceituam um modelo com duas bases para a disciplina, o da não exclusão e da
diversidade, que irá defender os conteúdos para uma educação física que permita ao
aluno escolher ser crítico, de forma que seja de valor para eles, seus motivos e fins em
relação às atividades da cultura física. Betti (1999) oferece como perspectiva na educação
física, uma educação física cidadã, considerando fundamental o princípio da alteridade,
uma vez que faz o professor de educação física passar a olhar seu semelhante como
completo nele mesmo, sendo possuidor, construtor e reconstrutor da cultura física.
Já que movimentar-se faz parte da história da humanidade em busca da
conquista de território, alimento, poder e sobrevivência. Talvez por isso que o movimento
da luta tem como característica principal a importância da cultura corporal. Tanto a
Educação Física, quanto as lutas são influenciada pela mídia, pois esta influência é
percebida dentro da escola. Então podemos perceber que dentro do ambiente escolar as
práticas de lutas são impedidas, impossibilitando que os alunos de vivenciarem novas
práticas corporais.
Mas quais conteúdos da cultura corporal seriam adequados ao trabalho
pedagógico? Os jogos, os esporte, a dança, as lutas e a ginástica?
Segundo Carvalho (2011), sabemos que há uma distância entre as propostas e as rotinas
nas escolas, tornando-se concreto que fica como uma obrigação dos professores este
comprometimento de reduzir ou ampliar essas manifestações da cultura no aluno, porém
sempre foi presente na nossa história, seja elas ligadas ás técnicas de ataque e defesa,
como sabedoria de povos ou até mesmo como vínculo militar. Sabemos também que com
o efeito que as lutas se manifestaram na sociedade acabou servindo como um auxílio
para a sua crescente, como esporte no meio de comunicação, ficando conhecida mais
pelos seus aspectos técnicos e táticos do que pelos seus princípios filosóficos.
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Nakamoto (2005), citado por Carvalho , que a luta é uma prática corporal que tem como
objetivo atingir um ou mais alvos, que ela permite uma possibilidade dos adversários
poderem atacar ao mesmo tempo, sem seguir uma ordem, como acontece no futebol
quando um ataque e o outro defende.
Segundo Nascimento e Almeida (2007), citada por So e Betti (2011) , afirmam que as
aulas de lutas nas escolas pouco acontecem, e quando existe, acaba sendo fornecida por
outros professores e até mesmo desvinculada da disciplina de educação física, sendo
ofertada como atividades extras curriculares ou por grupos de treinamentos, eles ainda
apresentam justificativas dos professores de educação física por apresentarem certas
limitações desta prática nas aulas,
OBJETIVO
Verificar as características e abordagens utilizadas pela revista Nova Escola® ao longo
das ultimas décadas e as principais lutas apresentadas como conteúdos a ser estimulado
nas aulas de educação física.
METODOLOGIA:
Tem-se como metodologia uma revisão bibliográfica quantitativa e exploratória da revista
nova escola, desde a primeira edição dela, que aconteceu em março de 1986 até o ano
2013. Explorando a quantidade de informações publicadas sobre o conteúdo de lutas no
ambiente escolar, separando-os por quinquênios e suas respectivas publicações, para
identificar quais e quantas publicações foram relacionados a jogos de oposições e
quantas publicações direcionadas ao esporte/lutas, e em um ultimo momento verificamos
qual foi seu ápice de publicações e por qual motivo desse crescimento e quais
modalidades foram publicadas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Durante seus 27 anos a revista Nova Escola teve 17 publicações relacionadas a lutas,
tanto como jogos de oposições quanto lutas/esporte. Dessas 17 publicações a sua
primeira publicação relacionada às lutas aconteceu no ano de 1988, dois anos após sua
primeira edição, onde esta publicação se tratava de uma arte milenar chamada Tai Chi
Chuan. Em 1999 foi publicada mais um conteúdo, este artigo por sua vez estava
abordando os Parâmetros Curriculares Nacionais, onde o mesmo incluía a luta como
prática corporal do movimento, conteúdo obrigatório nas aulas de educação física. Nos
anos de 2000 a 2005 foram publicados dois artigos, um tratando o jogo de oposição que
seria introduzir a prática do judô nas aulas de educação física e o outro tratava sobre o
esporte/luta, este artigo fez uma retrospectiva sobre as olimpíadas; entre 2006 a 2011
foram três artigos, todos eles como conteúdo de jogos de oposição, o primeiro trabalhou a
esgrima, o outro propôs a capoeira e o ultimo foi elaborado um plano de aula com os
conteúdo de lutas para serem agregados como elementos de equilíbrio, força e agilidade
para as aulas, nos anos de 2012 e 2013 tivemos uma grande publicação sobre o
conteúdo de lutas, tanto como esporte/luta, quanto jogo de oposição. Em 2012
observamos que houve uma crescente publicação relacionada a artigos tratando a luta
como conteúdo pedagógico, assim como, conteúdo de esporte/luta, pois neste ano
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ocorreu as Olimpíadas de Londres, por este fator o campeão de publicações na revista
Nova Escola foi o Judô, chegando a quatro publicações, em seguida tivemos a Esgrima
com três publicações e por ultimo o Karatê com duas publicações, tivemos também como
destaques outras lutas como: Tai Chi Chuan, Capoeira, Boxe, Taekwondo e a Luta GrecaRomana.
Com base neste resultado, identificamos que as lutas começaram a ganhar espaço a
partir da criação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), junto a Proposta
Curricular de Educação Física do Estado de São Paulo (2001) , onde é abordado que a
luta como tema é merecedora e passível de se construir em conteúdo de processo de
escolarização. Segundo o PCN-EF (2001) ele procura destacar em seus vários objetivos
para o ensino, a construção de valores que busquem a cidadania, a integração, a
inclusão, o respeito e a criticidade, onde qualifica às diferenças culturais de nossa
sociedade. Também podemos percebe-se que seu ápice de publicação aconteceu logo
após as divulgações que a mídia fez, dando ênfase às olimpíadas no ano de 2012, graças
a essas divulgações o conteúdo de luta passou a ser possível, pois houve a influência da
mídia na sociedade.
Segundo Darido e Rufino (2013), dentre os conteúdos que são apresentados na
educação física escolar, as lutas são as que encontram uma grande resistência por parte
dos docentes, com argumentos como: o espaço inadequado, falta de materiais, a falta de
vestimentas para a prática e a associação às questões de violência. Eles fazem uma
colocação em questão de que então as lutas foram criadas para a guerra e não para o
âmbito escolar? Poderíamos então imaginar que, da mesma forma que as lutas não foram
criadas para a escola, outras modalidades como o futebol, por exemplo, prática bastante
empregada nas aulas de Educação Física escolar, também não foi criada visando à
escola.
A educação física como proposta pedagógica tem como objetivo oferecer aos alunos mais
possibilidades de serem críticos, sendo assim, formando-os cidadãos que possam ser
atuantes no meio em que vivem, usufruindo, compartilhando, produzindo e transformando
suas formas culturais do exercício como: o jogo, o esporte, a ginástica rítmica e
expressivas, as lutas e suas práticas de aptidões físicas, a dança e as práticas
alternativas.
Então cabe a nós educadores ampliar o conhecimento pedagógico sobre as lutas, ter uma
formação acadêmica adequada para poder lidar com esses conteúdos, não ser
necessariamente um praticante de alguma modalidade, mas sim conseguir transmitir o
conhecimento e que ele possa ser formador.
Para Darido e Rufino (2013), precisamos aumentar a visão sobre este tema, pois há uma
forma de ensinar as lutas de maneira melhor, com mais qualidade e ser mais abrangente,
podendo ir além das regras e ensinamentos práticos, compreendendo, além da dimensão
procedimental, a dimensão conceitual e atitudinal. Mais do que isso, deve-se
compreender as lutas para ensinar mais do que as lutas em si.
PUBLICAÇÕES :
No Gráfico I apresentamos uma distribuição do numero de publicação ao longo das
ultimas décadas onde podemos observar um aumento quanto ao número de publicações
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que abordaram a temática lutas no contexto escolar. Este fato se deve segundo os
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), documento oficial do Ministério da Educação,
a Educação Física permite que se vivenciem diferentes práticas corporais advindas das
mais diversas manifestações culturais e se enxergue como essa variada combinação de
influências está presente na vida cotidiana. As danças, esportes, lutas, jogos e ginásticas
compõem um vasto patrimônio cultural que deve ser valorizado, conhecido e desfrutado.
E nos anos que tivemos o maior número de publicações deve-se pela a influência da
mídia, pois neste ano aconteceram os Jogos Olímpicos de Londres.
Gráfico 1. Análise do Números de Publicações da revista Nova Escola.
O grafico II, foi separado por quinquênios para facilitar o estudos e as abordagens sobre
as publicaçoes dos jogos de oposição, das lutas e do esporte. Já que o jogo de oposição
dentro das aulas de educação física tem como objetivo a prática da cultura corporal
expressa de forma lúdica e prazerosa.
Gráfico 2. Abordagens de Dsicussão dos Artigos da revista Nova Escola.
O gráfico III foi separado por modalidades junto ao ano de publicações, demonstrando
que a partir da criação do PCN (1997) e a Proposta Curricular da Educação Física do
Estado de São Paulo (2001) há um aumento significativo de conteúdos pedagógicos
referente a manisfetação culturais do movimento através da luta nas aulas de educação
física. Já a mída contribuiu nas divulgação das modalidades olímpicas, despertando o
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interesse cultural da sociedade, tendo seu ápice de publicações no ano olímpico, onde o
mesmo ocorreu em Londres no ano de 2012.
Gráfico 3. Descrição das Lutas Abordadas em Artigos da revista Nova Escola.
CONCLUSÃO:
As lutas como conteudo pedagógico ganhou força a partir da criação dos Parametros
Curriculares Nacional (1997) e a Proposta Curricular Nacional de Educação Física do
Estado de São Paulo (2001), onde visa contribuir para a atividade intelectual e para a
formação do cidadão, e aproveitando então da popularização que a mídia proporcionou as
lutas, acabou influenciando a sociedade a conhecer mais sobre está cultura, onde houve
um ganho no seu espaço em publicações na revista, sendo que a mesma elaborou planos
de aulas tratando a contexto de forma lúdica, ampliando assim possibilidades da prática
da cultura corporal do movimento de forma prazerosa e descontraída.
Mas ainda há uma resistência dos professores e pais quanto a essa prática, os
professores por falta de conhecimentos práticos (técnico) e filosóficos e os pais por
acharem o contexto violento, sendo assim, que a prática pode vir a ser uma apologia a
violência e a indisciplina. Mas como citamos, a violência esta presente em toda atividade
esportiva, quando a mesma é mau direcionada.
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CICLISMO: UM OLHAR CINESIOLOGICO SOBRE O ESPORTE
CYCLING: A KINESIOLOGIC LOOK ON THE SPORT
MACHADO, K.P.1
1- Pontifícia Universidade Católica de Campinas- Campinas- São Paulo- Brasil.
[email protected]
RESUMO:
A cinesiologia é de extrema importância para a educação física e para os esportes. O
presente trabalho visa realizar uma analise cinesiológica do ciclista em seu esporte. A
metodologia utilizada foi pesquisa bibliográfica e de campo. Este trabalho demonstra que
apesar dos membros inferiores serem muito recrutados, eles necessitam da estabilização
do corpo, através do tronco e membros superiores, para conseguir pedalar. Concluímos
que o corpo inteiro do ciclista esta centrado no objetivo principal de prover potência
máxima aos pedais e que através da identificação dos músculos e do limite de estresse
suportado pelas articulações, podemos fazer um treinamento adequado e prevenir lesões.
Palavras-chave: Análise Cinesiológica, Esporte, Ciclismo.
ABSTRACT:
The kinesiology is of utmost importance to physical education and sports. This study aims
to perform a kinesiological analysis of the cyclist in his sport. The methodology was
bibliographical and field research. This paper demonstrates that despite the lower limbs
are much recruited, they need to stabilize the body, through the trunk and upper limbs, to
get pedaling. We conclude that the whole body of the rider is centered on the main goal of
providing maximum power to the pedals and through the identification of muscles and limit
stress supported by articulations we can make a proper training and prevent injuries.
Keywords: Analysis Kinesiologic, Sports, Cycling.
INTRODUÇÃO:
[...] A vida sobre duas rodas transformou por completo o cotidiano do homem. Ao unir
duas delas e ligá-las por uma espécie de trave, montando uma engenhoca capaz de
transportá-lo de um ponto a outro, o homem revolucionou por completo sua rotina de lazer
e de trabalho e trouxe à cena um equipamento de linhas simples que, hoje em dia, além
de ser utilizado para os mais variados fins, é, sem qualquer sombra de dúvida, um dos
mais populares veículos de transporte do planeta. Estima-se que em todo o mundo, mais
de um bilhão de bicicletas estejam atualmente em circulação. (VIEIRA, 2007; FREITAS,
2007).
[...] Se, de um lado, há quem use o veículo para o lazer ou faça da bicicleta uma
companheira fiel de trabalho, de outro, existem alguns poucos, porém bem mais ousados,
que optam pela dedicação integral a ela e, por extensão, ao ciclismo. (VIEIRA, 2007;
FREITAS, 2007).
[...] O ciclismo é um esporte bem mais complexo do que parece à primeira vista. Tem uma
ampla e emocionante agenda para os Jogos Olímpicos e os Pan-americanos, admite a
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participação de atletas do sexo feminino e masculino e está dividido em quatro eventos ou
especialidades: estrada, mountain bike, BMX (ou bicicross) e pista. (VIEIRA, 2007;
FREITAS, 2007).
O ciclismo é uma atividade na qual se usa o corpo todo. Cada parte do corpo
desempenha papel vital na distribuição de força aos pedais, no controle da bicicleta e na
prevenção de lesões. (SOVNDAL, 2010).
A Cinesiologia é uma área de estudo que tem como objetivo compreender os
fundamentos do movimento humano, a partir da criteriosa análise de suas estruturas
anatômicas, especialmente, dos ossos e músculos esqueléticos. É através da cinesiologia
que estabelecemos os limites aceitáveis de estresse que as estruturas locomotoras do
corpo humano são capazes de suportar. Isto assume especial importância na prescrição
do exercício físico para as diferentes populações, tanto para a melhoria das capacidades
físicas, quanto para a elucidação dos mecanismos que acarretam lesões no sistema
muscular e esquelético humano. (OLIVEIRA, AL. et al., 2011).
No mundo do esporte, a Cinesiologia também é fundamental; uma boa técnica na
execução de um gesto locomotor em qualquer esporte, nada mais é do que o movimento
realizado com habilidade, ou seja, com economia de energia e no menor tempo possível.
(OLIVEIRA, AL. et al., 2011).
O raciocinar de forma cinesiológica é a forma mais produtiva de se entender um
movimento executado pelo corpo humano. Essa forma de raciocínio permite aos
profissionais de educação física buscarem maneiras e formas de otimizar, potencializar ou
ainda, simplesmente, corrigir os movimentos de seus alunos. (OLIVEIRA, AL. et al.,
2011).
Com a análise cinesiológica podemos melhorar o desempenho no ciclismo, através da
observação da postura correta e evitando também lesões.
METODOLOGIA:
Para esse trabalho foi utilizado a pesquisa bibliográfica e de campo. Na pesquisa de
campo foi avaliado um individuo de 38 anos que utiliza a bicicleta para o lazer e para ir ao
trabalho. O individuo foi fotografado nos planos frontal e sagital, pedalando a uma
distancia que variava entre três e seis metros em um espaço publico da cidade de Santa
Bárbara Doeste em maio de 2014. Após fotografa-lo, as fotos foram selecionadas para se
fazer a análise do esporte. Foram utilizadas para fotografar uma câmera Sony Cyber-shot
DSC-W570 e um celular Samsung Galaxy Grand Duos GT-19082L. O quadro da bicicleta
utilizada é da marca Schiwnn, o selim MTB, os aros e guidão são da marca Shimano.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
[...] Há cinco pontos de contato com a bicicleta (membros inferiores, glúteos e membros
superiores). Além disso, a maioria dos grandes grupos musculares são envolvidos
durante o movimento no ciclismo. (SOVNDAL, 2010).
[...] Considerando-se que os pedais de uma bicicleta estendem-se em sentidos opostos a
180°, um dos membros inferiores do ciclista estará estendido enquanto o outro estará
flexionado. Isso permite que os músculos flexores de um membro trabalhem ao mesmo
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tempo em que os extensores do outro se contraem. Em cada volta rítmica dos pedais, os
membros inferiores completarão o ciclo utilizando todos os grupos musculares.
(SOVNDAL, 2010).
[...] Quando se pedala o tornozelo permite que o pé se desloque suavemente até que o
joelho flexionado fique estendido. Da mesma forma que os flexores e extensores da coxa
se alternam durante o ciclo da pedalada, os músculos da perna contribuirão à curva de
força durante a maior parte da pedalada. Os músculos da perna também ajudam a
estabilizar o tornozelo e o pé. (SOVNDAL, 2010).
Na prática adequada, o joelho deve estar levemente flexionado, quando a perna estiver
na posição de 6 horas. Isso permite um alongamento ideal dos músculos isquiotibiais e
prepara para o torque máximo durante o movimento do pedal para cima. Ao mesmo
tempo o pedal oposto esta na posição de 12 horas, determinando que a coxa fique quase
paralela ao solo. Isso otimiza o glúteo máximo para a produção máxima de força durante
o movimento para baixo e o quadríceps para forte impulsão quando seu pé ultrapassa o
ponto mais alto da pedalada. (SOVNDAL, 2010).
Figura 1 – Extensão do quadril e Flexão do joelho
Fonte: Arquivo pessoal, 2014
Os músculos responsáveis pela extensão do quadril são: Glúteo Maximo, Glúteo Médio
fibras posteriores, Semitendinoso, Semimembranoso, Bíceps Femoral, Adutor Magno.
(FLOYD, 2011).
Os músculos responsáveis pela flexão do joelho são: Sartório, Bíceps Femoral,
Semitendinoso, Semimembranoso, Gastrocnêmio e Poplíteo. (FLOYD, 2011).
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Figura 2 – Flexão do membro inferior
Fonte: Arquivo pessoal, 2014
Os músculos responsáveis pela flexão do quadril são: Ilíaco, Psoas Maior e Menor, Reto
femoral, Sartório, Pectíneo, Glúteo Médio fibras anteriores, Adutor Curto, Adutor Longo,
Grácil, Glúteo Mínimo e Tensor da Fáscia Lata. (FLOYD, 2011).
Os músculos responsáveis pela flexão do joelho são: Sartório, Bíceps Femoral,
Semitendinoso, Semimembranoso, Gastrocnêmio e Poplíteo. (FLOYD, 2011).
Nos movimentos de extensão, os agonistas são os extensores e os antagonistas os
flexores. Já nos movimentos de flexão, os agonistas são os flexores e os antagonistas os
extensores.
Figura 3 – Adução e Abdução do membro inferior
Fonte: Arquivo pessoal, 2014
Na adução do quadril direito os músculos responsáveis são: Pectíneo, Adutor Curto,
Adutor Longo, Adutor Magno, Grácil e Glúteo Máximo fibras inferiores. (FLOYD, 2011).
Na abdução do quadril esquerdo os músculos responsáveis são: Glúteo Máximo fibras
superiores, Glúteo Médio, Glúteo Mínimo e Tensor da Fáscia Lata. (FLOYD, 2011).No
movimento de adução, os agonistas são os adutores e os antagonistas os abdutores. Já
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nos movimentos de abdução, os agonistas são os abdutores e os antagonistas os
adutores.
Figura 4 – Dorsiflexão e Flexão plantar
Fonte: Arquivo pessoal, 2014
Os músculos responsáveis pela flexão plantar do tornozelo esquerdo são: Gastrocnêmio,
Sóleo, Tibial Posterior, Flexor Longo dos Dedos, Flexor Longo do Hálux, Fibular Longo e
Fibular Curto. (FLOYD, 2011).
Os músculos responsáveis pela dorsiflexão do tornozelo direito são: Fibular Terceiro,
Extensor Longo dos Dedos, Extensor Longo do Hálux e Tibial anterior. (FLOYD, 2011).
No movimento de flexão plantar, os agonistas são os flexores plantares e os antagonistas
os dorsiflexores. Já nos movimentos de dorsiflexão, os agonistas são os dorsiflexores e
os antagonistas os flexores plantares.
Figura 5 – Dorso
Fonte: Arquivo pessoal, 2014
[...] Em decorrência da posição recurvada básica do ciclista na bicicleta, um dorso forte e
saudável é fundamental para seu desempenho e aproveitamento. Os músculos eretores
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da espinha, latíssimo do dorso e trapézio sustentam a coluna vertebral quando o ciclista
flexiona o tronco. Ao segurar na empunhadura do guidão, esses músculos ajudam a
manter o dorso plano, proporcionando melhores efeitos aerodinâmicos. Essa posição
também estressa o pescoço. O esplênio e o trapézio ajudam a manter os olhos na pista
ao estender o pescoço. (SOVNDAL, 2010).
Os músculos do abdome (reto, transverso, oblíquos internos e externos) proporcionam
sustentação anterior e lateral do tronco, contrapondo-se aos músculos bem desenvolvidos
do dorso. (SOVNDAL, 2010).
Figura 6 – Membro superior e Tórax
Fonte: Arquivo pessoal, 2014
Os movimentos dos membros superiores durante a pedalada são:
Flexão do ombro (Deltoide anterior, Peitoral Maior fibras superiores e Coracobraquial).
(FLOYD, 2011).
Abdução do ombro (Deltoide, Supraespinal, Infraespinal e Redondo Menor). (FLOYD,
2011).
Rotação medial do ombro (Deltoide anterior, Peitoral Maior, Grande Dorsal, Subescapular
e Redondo Maior). (FLOYD, 2011).
Extensão do cotovelo (Tríceps Braquial e Ancôneo). (FLOYD, 2011).
Pronação do cotovelo (Braquiorradial, Pronador Redondo e Pronador Quadrado).
(FLOYD, 2011).
Extensão do punho (Extensor Ulnar do Carpo, Extensor Radial Curto do Carpo, Extensor
Radial Longo do Carpo, Extensor dos Dedos e Extensor Longo do Polegar). (FLOYD,
2011).
Flexão dos dedos (Flexor Superficial dos Dedos, Flexor Profundo dos Dedos e Flexor
Longo do Polegar). (FLOYD, 2011).
O membro superior - assim como o membro inferior – está em cadeia cinética fechada
durante a pedalada.
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[...] Os membros superiores proporcionam dois dos cinco pontos de contato com a
bicicleta. Eles não apenas contribuem significativamente para a condução da bicicleta,
mas também servem como base e plataforma para estabilizar o corpo enquanto se
pedala. (SOVNDAL, 2010).
[...] Os membros superiores entram em contato com a bicicleta para controle e
transferência de força. Quando se pedala, os flexores e extensores no membro superior
alternam entre contração e relaxamento. Os músculos bíceps braquial, tríceps braquial e
do antebraço trabalham em uníssono para estabilizar o tronco por meio da articulação do
ombro. O ombro está sob constante pressão em decorrência da posição sobre a bicicleta.
Vários grupos de músculos – incluindo os rombóides, os músculos do manguito rotador e
o deltoide – ajudam a manter a estabilidade e a posição adequadas. (SOVNDAL, 2010).
[...] Os músculos do tórax sustentam e equilibram a musculatura do dorso e dos ombros.
Os peitorais maior e menor permitem que flexione o tronco na bicicleta e movimente o
guidão de um lado para o outro. Cada vez que um ciclista inicia uma subida ou um sprint,
os músculos do tórax são muito exigidos. O movimento potente de extensão do membro
inferior força a bicicleta a balançar para os lados. Esse movimento é contraposto pela
estabilização da bicicleta na altura do guidão. Sem uma base sólida, grande parte da
potência transferida à bicicleta seria perdida. (SOVNDAL, 2010).
CONCLUSÃO:
Concluímos que a análise cinesiológica é de extrema importância, para a identificação
dos músculos e movimentos utilizados no ciclismo, e através dela podemos estabelecer
limites aceitáveis de estresse que o corpo humano é capaz de suportar, proporcionando
com isso um melhor ajuste nos treinos, prevenindo lesões e uma vida longa na pratica
esportiva do ciclismo.
E ainda consideramos ser relevantes e necessárias mais pesquisas e estudos sobre o
ciclismo, pois o mesmo é um esporte com um número crescente de praticantes e através
de estudos poderemos proporcionar, cada vez mais, uma prática adequada e saudável do
esporte.
REFERENCIAS
FLOYD, R.T. Manual de cinesiologia estrutural. Barueri, SP: Manole, 2011.
OLIVEIRA, A. L. et al. Cinesiologia. Ponta Grossa, PR: UEPG, 2011. p. 21-23. Disponível
em:< http://www.cpaqv.org/cinesiologia/livro_cinesiologia_guanis.pdf>. Acesso em: 17 fev.
2014.
SOVNDAL, Shannon. Anatomia do ciclismo. Barueri, SP: Manole, 2010. pags. 3-5, 11 e
56.
VIEIRA, Silvia; FREITAS, Armando. O que é ciclismo. Rio de Janeiro: Casa da Palavra:
COB, 2007. pgs. 9 e 35.
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HÁBITOS ALIMENTARES DE PRÉ-ADOLESCENTES EM PERÍODO ESCOLAR
ESTEVÃO, A.L.M ¹,ZANETTI, M.C. ¹ ²
¹ UNIP – SÃO JOSÉ DO RIO PARDO – SP – BRASIL
¹ ² Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte (LEPESPE/UNESP– Rio
Claro)
[email protected]
Resumo
Como se vem observando, desde quando surgiu a industrialização, está cada vez mais
constante o consumo de produtos industrializados na vida das pessoas, principalmente
entre pré-adolescentes. (OMS, 2005). Atualmente muitos desses indivíduos deixam de
consumir alimentos saudáveis tais como frutas, verduras e legumes que trazem
benefícios para sua saúde e bem estar, para consumir alimentos que proporcionam
malefícios, tais como os ricos em sódio, gorduras, açúcares. Esses alimentos podem
causar sérios problemas de saúde, muitas vezes, precocemente. Nesse sentido, a
presente pesquisa foi realizada com 48 pré-adolescentes em período escolar com idades
entre 9 e 13 anos do 6º ano de uma escola pública municipal de Tapiratiba-SP, e teve a
finalidade de verificar os hábitos alimentares desses indivíduos. Os resultados apontaram
para que se não houver uma intervenção a fim de melhorar tal consumo, os mesmos
podem vir a sofre graves consequencias no futuro, proporcionadas por tal postura
alimentar.
Palavra – chave: Hábitos alimentares, saúde, pré-adolescentes
Abstract
As has been observed, since when industrialization emerged, is increasingly constant
consumption of manufactured goods in people's lives, especially among pre-adolescents.
(WHO, 2005). Currently many of these individuals fail to consume healthy foods such as
fruits and vegetables that benefit their health and well being, to consume foods that
provide harm, such as those high in sodium, fat, and sugars. These foods can cause
serious health problems, often prematurely. In this direction, this research was conducted
with 48 pre-school in teens aged 9 to 13 years of the 6th year in a public school of
Tapiratiba-SP, and aimed to verify the eating habits of these individuals. The results
showed that there is no intervention to improve such consumption, they may come to
suffer serious consequences in the future, provided by such food stance.
Key – Word: Eating habits, health, pre-adolescents
INTRODUÇÃO
A obesidade é atualmente avaliada como um problema de saúde pública mundial,
sobretudo nos países industrializados. Segundo Oliveira et al. (2012), Monteiro et al.
(2000) e Andrade et al. (2003) cada vez mais vem sendo desenvolvidas pesquisas para
apontar problemas relacionados ao sobrepeso, entre eles: se é ou não uma enfermidade,
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quais são os prováveis agentes, o que causa seu desenvolvimento, como preveni-la, qual
sua abrangência, como classificá-la e o que teria causado (PALMA; AMARAL, 2001).
Distúrbios alimentares como o não consumo de frutas, legumes, falta de refeições,
diminuição ou não no consumo de leite e derivados, alta ingestão de alimentos
industrializados, não estão apenas associados à obesidade, mas também ao
desencadeamento de doenças cardiovasculares, diabetes, alteração dos níveis de
colesterol, desânimo, cansaço, entre outras. Associado a estes hábitos está o estímulo da
publicidade, que cada vez mais toma conta do cotidiano, o que demonstra a necessidade
de um trabalho de educação alimentar envolvendo o núcleo familiar, os órgãos
governamentais e uma nova maneira de comunicação (MONTEIRO et al., 2000)
A alimentação do escolar tem a necessidade de conter energia adequada para
proporcionar um excelente crescimento e desenvolvimento, pois é nessa fase que está o
desenvolvimento dos ossos, dentes, músculos e sangue (OLIVEIRA, 2012).
Os hábitos alimentares também parecem determinados nos anos iniciais e levados
até a vida adulta, por isso estimular o escolar a consumir frutas, verduras e legumes é
prepará-lo para um futuro saudável, pois a baixa ingestão de alimentos que trazem
benefícios está entre os principais fatores que causam o aumento total de doenças em
todo o mundo (SONATI, 2009).
A necessidade de uma educação alimentar adequada está relacionada a gordura
consumida que é transformada em energia, proporcionando a realização de todas as
atividades. Quando consumida em excesso fica estocada nos tecidos, causando aumento
da massa corporal. Quando consumida em quantidades adequadas traz benefícios a todo
o corpo, sendo assim reduzir a ingestão de alimentos gordurosos pode ajudar a melhorar
a qualidade de vida desses indivíduos (SONATI, 2009).
Mas, há que se clarificar que, educação alimentar não deve ser apenas relacionada ao
consumo de gordura, mas também ao consumo de açucares, que vem crescendo desde o
inicio do cultivo no período do império. Consequentemente houve avanço de doenças
causadas pelo açúcar, entre elas cárie dentária, obesidade e o diabetes. Porém, o açúcar
apresenta caloria vazia, ou seja não proporciona valor nutricional significante (SONATI,
2009).
Todas as doenças que trazem alterações metabólicas, como por exemplo:
diabetes, hipertensão e aumento dos níveis de colesterol e triglicérides podem
comprometer a qualidade de vida das pessoas. Por isso, a melhor opção é o consumo
moderado para que haja a prevenção dessas doenças e não se instale no organismo e
prejudique a qualidade de vida (SONATI, 2009).
Outro componente prejudicial é o sódio, mineral muito encontrado nos alimentos
industrializados com finalidade de destacar o sabor e preservá-los. Porém, o consumo
excessivo contribui para aumentar os níveis de pressão arterial, excreção urinária de
cálcio podendo ser um fator para o desenvolvimento de osteoporose (SONATI, 2009).
OBJETIVO
O objetivo principal da pesquisa foi verificar o padrão alimentar de préadolescentes em período escolar.
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JUSTIFICATIVA
O aumento do consumo de alimentos que não trazem benefícios e o baixo consumo de
frutas, verduras e legumes entre os pré-adolescentes está cada vez mais preocupante,
por isso há a necessidade mais frequente de estudar suas respectivas alimentações, a fim
de subsidiar a implementação de políticas públicas nesse sentido.
POCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Foi aplicado um questionário de acordo com estudos de Triches et al. (2005), em
um grupo de pré-adolescentes de 6° ano, onde além das perguntas sobre a alimentação,
interrogava-se os dados pessoais, como idade e sexo para melhor desenvolvimento e
precisão da pesquisa.
O instrumento foi aplicado em duas salas de aula, no qual, foram entrevistados 48 alunos
(21 meninas e 27 meninos). Em relação à idade 4 alunos tinham 9 anos, 26 alunos 10
anos, 14 alunos 11 anos, 2 alunos 12 anos e 2 alunos com 13 anos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Segundo Jenoves et al (2003), o sedentarismo vem tomando destaque nos últimos
tempos sendo fator principal no desencadeamento de doenças cardiovasculares na idade
adulta, consequentemente a obesidade, que atinge não só os adultos, mas também
grande parte das crianças em todos os padrões socioeconômicos, tornando-se um
problema de saúde pública por trazer fatores negativos para sociedade. A pesquisa
apresentou que 90% relatou praticar atividade física e 10% não praticar. Com relação ao
tempo que ficam perante os meios de comunicação 12,5% disseram que não têm acesso,
48% fica menos de uma hora, 25% de duas a quatro horas e 14,5% relatou ficar mais de
quatro horas. Em relação ao consumo de café da manha dos entrevistados, 85%
relataram tomar café da manhã e 15% disse que não toma.
Monteiro et al, (1996) acredita que o consumo exagerado de gordura contribui para o
desenvolvimento de câncer de pulmão, boca, faringe, esôfago, estômago entre outros.
Enquanto dietas ricas em fibras, vitaminas e minerais protegem os indivíduos de várias
doenças principalmente câncer. Entretanto o consumo de legumes entre os préadolescentes entrevistados, 40% disseram que consome todos os dias, 37% consomem
de vez em quando, 21% não gostam e 2% não tem condições de adquirir. Para este
mesmo autor, dietas com teor de carboidratos moderado são consideradas benéficos
para evitar a obesidade, vários tipos de câncer e do diabetes mellitus. O consumo de
carboidrato entre os entrevistados é de: 88% disseram que consome todos os dias, 12%
disse que consome de vez em quando, e nenhum disse que não gosta ou não tem
condições de adquirir.
De acordo com Triches et al. (2005), a obesidade não está relacionada somente a alta
ingestão de alimentos, mas também à composição e qualidade desses alimentos, que
contribuem para agravar esse problema, ocasionando uma possível mudança nos hábitos
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alimentares. Essas mudanças de padrões alimentares é o principal contribuinte para o
aumento da adiposidade nas crianças, causando baixo consumo de alimentos saudáveis
que são substituídos por alimentos industrializados que não trazem benefícios, entre esse
o mais consumido é o refrigerante. Dos entrevistados 37% disseram que consomem
refrigerante todos os dias, 63% de vez em quando, nenhum disse que não gosta ou não
tem condições de adquirir.
Porém, para Monteiro et al. (1996) a redução de consumo de alimentos naturais parece
ser uma tendência em todo o país, principalmente o consumo de frutas,
consequentemente o crescente número de alimentos ricos em açúcar, entre eles os
refrigerantes, são os fatores negativos da evolução do padrão alimentar observada e
podendo levar a graves consequências. Nesse sentido, os entrevistados disseram a
respeito da ingestão de bebidas naturais que 40% consome todos os dias, 54% de vez
em quando, 6% não gostam e nenhum disse que não tem condições de adquirir.
De acordo com Triches et al. (2005) a quantidade de alimentos ingeridos está
relacionada à obesidade, porém a qualidade e composição atualmente também associase como um dos fatores, entre esses tipos de alimentos se destacam biscoitos recheados,
salgadinhos, doces e refrigerantes. A ingestão de doce entre as crianças e préadolescentes é constante, 33% dos entrevistados disseram que consome todos os dias,
65% consome de vez em quando, nenhum disse que não gosta, e 2% não tem condições
de adquirir. Para esse mesmo autor, a falta do café da manhã e o baixo consumo de leite
estão associados à obesidade. Também a troca de bebidas naturais, como leite e sucos
naturais por refrigerantes são apontados como responsáveis por tal situação. Com
relação ao consumo de leite: 71% disseram que consome todos os dias, 25% consomem
de vez em quando, 4% não gostam e não tem condições de adquirir. Já, em relação aos
derivados do leite, a pesquisa apontou que 34% disseram que consome todos os dias,
58% consomem de vez em quando, 8% não gostam e nenhum disse que não tem
condições de adquirir.
Segundo Jaime et al. (2007) o baixo consumo de frutas e hortaliças aumenta a proporção
para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, cardiovasculares e
alguns tipos de câncer e está associado entre os 10 fatores de riscos que mais ocasionam
mortes e doenças em todo o mundo. Estima-se que a ingestão de frutas e hortaliças no
Brasil equivale a menos da metade das indicações nutricionais, sendo ainda mais
encontrada entre as famílias de baixa renda. Na presente pesquisa 61% disseram que
consome frutas todos os dias, 35% consomem de vez em quando, 4% não gostam e
nenhum disse que não tem condições de adquirir.
Para Ortigoza (1997) o fast food está alcançando um vasto mercado, já que seu principal
alvo parece ser atender à nova necessidade do mundo atual: ―a rapidez‖, ganhando
espaço cada dia mais. Com esse foco de velocidade acaba fazendo com que haja uma
substituição de produtos, tendo que optar por produtos que fazem mal à saúde,
principalmente o sal para melhor conservação. A pesquisa apresentou que 15%
consomem fast food todos os dias, 77% consomem de vez em quando, 8% não gostam e
nenhum disse que não tem condições de adquirir. O consumo de frituras nos apontou que
27% consomem todos os dias, 63% consomem de vez em quando, 6% não gostam e
nenhum disse que não tem condições de adquirir.
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CONCLUSÃO
Pelos resultados acreditamos que boa parte desses pré-adolescentes possa estar
em uma zona de risco, pois o consumo de alimentos que trazem benefícios à saúde
parece baixo, já que a preferência por alimentos industrializados e que trazem
complicações a saúde, como hipertensão, diabetes, entre tantas outras doenças parece
cada vez mais presente nos lares desses indivíduos.
Esses pré-adolescentes, futuros adultos de nossa sociedade, estão precisando
urgentemente de atenção, necessitando de programas de ensino com base na
alimentação saudável e seus benefícios, já que, um dos problemas enfrentados parece
ser a baixa escolaridade dos pais, influindo diretamente na alimentação familiar,
principalmente na vida dos filhos. Nesse sentido uma educação alimentar envolvendo a
família também parece bastante interessante.
Outro fator que deve ser levado em consideração são os alimentos ricos em sódio,
como os embutidos que geralmente são mais baratos e práticos de preparar, o que os
leva a serem consumidos diariamente pelas famílias, principalmente de baixa renda.
Podemos ter como exemplo quando o pré-adolescente aponta que não tem condições de
adquirir legumes, mas há o consumo diário de refrigerante, frituras, doces, entre outros
alimentos ricos em sódio e gorduras.
Como proposta de pesquisas futuras apontamos a necessidade de se investigar os
familiares desses pré-adolescentes quanto aos hábitos alimentares e de aquisição de
produtos do gênero, bem como, estratégias intervencionais e educacionais a fim de
reduzir os problemas gerados pela má alimentação e suas possíveis consequencias, seja
no viés biológico e/ou de saúde pública.
REFERÊNCIAS
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sobrepeso do município do Rio de Janeiro. Cad. Saúde publica, Rio de Janeiro, v. 19, n. 5, p. 14851495. set/ out. 2003.
AMARAL, A.P.A; PIMENTA, A.P. Perfil epidemiológico da obesidade em crianças: relação entre
televisão, atividade física e obesidade. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. Brasília. v 9. n
4. p. 19-24. Out 2001.
COSTA, R.B.L; SICHIERI,R; PONTES, N.S; MONTEIRO, C.A. Disponibilidade domiciliar de
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FIGUEIREDO, I.C.R; JAIME, P.C; MONTEIRO, C.A. Fatores associados ao consumo de frutas,
legumes e verduras em adultos da cidade de São Paulo. Revista de Saúde Pública. São Paulo, v. 42,
n. 5, p. 777-785, out. 2008.
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GUEDES, D.P; ALMEIDA, F.J; NETO, J.T.M; MAIA, M.F.M; TOLENTINO, T.M. Baixo peso
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O MACULELÊ NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: UMA REFLEXÃO DA LEI 10.639/03
SCHILDBERG, L.M.T.C. 1;
PIMENTA, T.A.M. 2;
1- ESC – Cruzeiro – SãoPaulo – Brasil
2- Centro Universitário Módulo – Caraguatatuba – São Paulo – Brasil
[email protected]
RESUMO
Introdução: Com a implementação no Brasil da lei 10.639 que constitui a obrigatoriedade
da temática ―História e Cultura Afro-brasileira‖ no ambiente escolar, abrindo possibilidades
deensino e aprendizado voltadas as temáticas da cultura afro-brasileira nas escolas de
educação básica. Objetivo: Refletir sobre as possibilidades do maculelê como viés de
produção de expressão corporal no contexto escolar e discutir a lei 10.639/2003.
Metodologia: Constitui-se de uma Análise Documental da lei 10.639/2003 (BRASIL,
2008) que introduziu o estudo de temas relacionados a história e cultura afro-brasileira na
educação básica. Resultados:Por meio do maculelê emerge então caminhos de resgate
da memória e história da cultura afro-brasileira e consequentemente o enriquecimento das
aulas de educação física.Conclusão: Pode-se com o artigo arquitetar uma estrutura
discursiva em torno de reflexões de temas como valorização da cultura afro-brasileira,
prejuízos simbólicos e estruturais do racismo e suas consequências na formação da
identidade afro-brasileira, por meio do maculelê.
Palavras-chave: Cultura. Políticas Públicas. Educação Física Escolar.
ABSTRACT
Introduction: With the implementation of Federal Law nr. 10.639 in Brazil, the subject
"Afro-Brazilian History and Culture‖ was compulsorily introduced in educational
environment, opening up possibilities for teaching and learning the issues facing the
african-Brazilian culture in elementary schools. Objective: Reflect on the possibilities of
maculelê dancing as production of bodily expression bias in the school context and
discuss the Federal Law 10.639/2003. Methodology: It consists of a Document Analysis
of Federal Law 10.639/2003 (BRASIL, 2008) which introduced the study of topics related
to history and African-Brazilian culture in basic education. Results: An innovative way to
rescue the memory and history of African-Brazilian culture and consequently enrich the
physical education classes is emerged through maculelê dancing. Conclusion: This
article offers the possibility to architecture a discursive structure of themes for reflections
by valuing African-Brazilian culture, symbolic and structural damage caused by racism and
its consequences in the formation of African-Brazilian identity, through maculelê dancing.
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Keywords:Culture. PublicsPolitics. SchoolPhysicalEducation.
INTRODUÇÃO
Derivando-se da cultura afro-brasileira, o maculelê possui suaslinguagens e formas de
expressão artística, por meio dos seus códigos e símbolos contextualiza as lutas dos
negros africanosque foram escravizados. O maculele constitui-se de uma dança,
caracterizada pela marcação do ritmo por um par de bastões (grimas)que ao mesmo
tempo produz um som vibrante.
Com a implementação no Brasil da lei 10.639 que constitui a obrigatoriedade da temática
―História e Cultura Afro-brasileirano ambiente escolare odia 20 de novembro como ―Dia
Nacional da Consciência Negra‖. Alterou-se aLei de Diretrizes e Bases (Lei 9.394/1996)
eoportunizou-se uma nova ressignificação do ensino e aprendizado da história ememória
da cultura afro-brasileira nas escolas de educação básica.
Desta forma, o maculelê surge como possibilidade de manifestar a expressão da cultura
corporal e consequentemente enriquecer as aulas de educação física. Sendo
entendidocomo uma abordagem inovadora, possibilitando a reflexão das contribuições da
cultura afro-brasileira na construção do Brasil, desta forma, as questões são abordadas
como riquezas e não como subterfúgios para justificar desigualdades.
Deste modo, ressalta-se alguns questionamentos acerca do maculelêcomo estratégia
pedagógica inserido no contexto da educação física escolar,salientando que o objeto de
estudo em questão são as manifestações da cultura via movimento pelo corpo. Como
fundamentar a prática do maculelêde forma pedagógica, de maneira a suprir os objetivos
da disciplina? E, por fim, como aplicar elementos práticos e conceituais da cultura afrobrasileira no contexto escolar? Desta feita, tais questões permeiam o presente artigo.
OBJETIVO
Este estudo tem por objetivo suscitar a reflexão do maculelê como viés de produção de
expressão corporal no contexto da educação física no ambiente escolar e discutir a lei
10.639/2003.
METODOLOGIA
A presente pesquisa, constitui-se de uma Análise Documental da lei 10.639/2003
(BRASIL, 2008) que introduziu o estudo de temas relacionados a história e cultura afrobrasileira na educação básica brasileira. O presente estudo inicia-se a partir de
observações ocorridas no período de execução de um Projeto Pedagógico realizado pela
primeira autora em 20131 e das discussões informais entre os autores.
1
Desta forma, a primeira autora do presente estudo realizou em meados dos meses de junho e julho de
2013 um projeto pedagógico abordando o maculelê com seus alunos em uma escola pública do município
onde atua como professora de educação física, assim, emergiu neste dado uma forte inquietação com a
questão relacionada a temática em questão.
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Neste dado momento, observou-se os poucos Projetos Pedagógicos(que abordem temas
relacionados a cultura afro-brasileira), estudos e pesquisas relacionadas, especialmente
com referência a temática do maculelê, objeto do presente estudo.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
MACULELÊ
Segundo relatou a historiadora Zilda Paim, no documentário A Verdadeira História de
Maculelê2, Maculelê vem da junção das palavras macuaslelê que significava esperar os
inimigos com um pedaço de pau (lelê). Assim, neste mesmo sentido mas de forma mais
didática Falcão apud. Pires (2009, p. 36) explicou que ―[...] maculelê vêm da aglutinação
de duas palavras: macua (tribo nagô da África Ocidental) e lelê (pau, porrete, cacete, na
língua dos malês). Os malés eram inimigos dos macuas. Daí o sugestivo trocadilho: lelê
nos macuas, ou seja: pau nos macuas [...]‖.
Foram propagadas diversas lendas, em sua generalidade, remete-se o maculelê a um
guerreiro solitário que defendeu sua tribo lutando com dois pedaços de pau. Como
ressaltada na canção Boa Noite3: ―boa noite pra quem é de boa noite. Bom dia pra quem
é de bom dia. A bênção meu papai a bênção. Maculelê é o rei da valentia.‖ Segundo
Falcão (2009) as lendas propagadas, são lembranças pessoais transmitidas de geração a
geração, relacionadas a aspectos que abrangem memória e resgate da identidade de
uma denominada cultura, contudo, prevalece a dificuldade e o entrave de identificar a real
origem do maculelê enquanto expressão da cultura afro-brasileira. Entretanto, o próprio
autor (idem, p. 33) descreve o caminho do maculelê contemporâneo de Santo Amaro da
Purificação via Mestre Popô:
o principal representante do maculelê no Brasil foi, sem dúvida, Paulinho Aluísio de
Andrade, conhecido como ―Popó do Maculelê‖. Ele é considerado o ―pai do Maculelê no
Brasil‖ e contribuiu para que Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo Baiano, se
tornasse o centro desta celebração profana, com seu auge no dia 2 de fevereiro, dia da
padroeira da cidade: Nossa Senhora da Purificação. Desde 1943, Mestre Popó reunia
seus parentes e amigos para ensinar este fascinante brinquedo (como ele denominava o
maculelê), na tentativa de reincorporá-lo aos festejos religiosos de Santo Amaro. Mestre
Popó aprendeu o maculelê com o Pai de Santo conhecido como Barão, que por sua vez
tinha aprendido com seu pai, João Obá, que aprendera com Ti-Ajô, um escravo da
Fazenda Partido, de Santo Amaro. [...], o escravo Ti-Ajô é a primeira referência na
tradição oral desta manifestação.
2
Documentário ―A Verdadeira História do Maculelê‖. Produzido pelo Ministério da cultura, através da
Secretaria do audiovisual. Direção e roteiro: Almir Nascimento, direção de produção: Pedro Urizzi. 15
minutos.
3
Disponível em: <http://www.letras.com.br/#!capoeira/boa-noite-(maculele)>. Acesso em: 19/09/2014.
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Determinados cânticos do maculelê4 homenageiam Zumbi dos Palmares, um dos mais
significativos líderes dos negros no período da escravidão, os mesmos retratam,
sobretudo, as lutase valores que simbolizamo período em questão. Como citado na
música Maculelê5:
Sou eu, Sou eu. Sou eu maculelê sou eu. Sou eu, Sou eu. Sou eu maculelê sou eu. [...]. E
nós viemos das Alagoas. Somos filhos da mata Real. Viva Zumbi nosso Rei negro. No
caminho do Canavial. Sou eu, Sou eu. Sou eu maculele sou eu. Você bebeu Juremavocê
se embriagou da flor do mesmo pau. "vosmincê se a levantô". Corre pro mato que a
batalha começou. É a guerra dos palmares. Vamos lutar meu sinhô.
O ritual do maculelêafro-brasileira da sua origem africana, passando pelo seu
desaparecimento e ao seu ressurgimento em Santo Amaro da Purificação, pelas mãos do
Mestre Popô, ocorreu transformações. No entanto, vale ressaltar que sua manutenção e
ressignificação no contexto atual dá-se de um esforço significativo dos grupos de
praticantes de capoeira, contudo, há um alerta com relação a pouca contextualização
histórica. Conforme destacou Falcão (2009, p. 37):
[...] muitos grupos de capoeira têm dado suas contribuições em relação ao ritual do
maculelê. Alerta-se, entretanto para a necessária manutenção de seus principais
elementos, a fim de evitar que o mesmo se transforme em apenas um show exótico sem
conteúdo histórico [...].
O maculelê possui sua identidade, introduzir este legado no ambiente escolar é uma
forma de resgatar e assumir as suas influências, significados, razões e pertinência de sua
essência o que fortalece o caráter da identidade proporcionada pela manifestação cultural
em questão. De acordo com Vianna (2005, p. 11) o maculelê e ―[...] a dança é um registro
de vida, de força e de expressão do estar no mundo[...]‖.
Ao abordar-se a questão da identidade e memória Polak (1996) afirma a priori que a
memória é singular e individual, entretanto, a mesma também pode ser entendida como
um fenômeno social e construído coletivamente. Desta feita, observa-se a relação entre o
maculelê e o caráter identitário que integra o seu contexto na qual a manifestação está
inserida, auxiliando em suma na compreensão da memória da sociedade afro-brasileira,
valorizando sobretudo, a diversidade e plularidade cultural existentes na cultura brasileira.
Segundo Geertz (2008) cultura caracterização como o resultado do significado
estabelecido socialmente, portando, há um esforço, embora seja de alguns grupos, de se
buscar a valorização da cultura afro-brasileira, em especial o maculelê dentro do ambiente
escolar.
MACULELÊ E CONTEXTO ESCOLAR
4
Blog: Capoeira Exports das Senzalas para o Mundo. Maculelê origem e história da dança. Disponível em:
<http://capoeiraexports.blogspot.com.br/2011/01/maculele-origem-e-historia.html>. Acesso em: 19/09/2014.
5
Disponível em: <http://www.letras.com.br/#!carolina-soares/maculele>. Acesso em: 19/09/2014.
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A Lei n. 10.639/2003 (BRASIL, 2008), alterou a Lei de Diretrizes e Bases (1996)desta
forma, busca-se com a proposta introduzir a discussão de temas relacionados a história e
cultura afro-brasileira na educação básica brasileira. Porém,
[...] observa-se que os conselhos, as secretarias estaduais e municipais de educação e o
próprio Ministério da Educação não vêm atuando de forma sistemática e integrada no
sentido de divulgá-la e de criar as condições sistêmicas para a sua efetiva aplicação. [...]
As informações disponíveis sobre a implementação das diretrizes curriculares nacionais
para a educação das relações étnico-raciais revelam que, apesar da riqueza de muitas
experiências desenvolvidas nos últimos anos, a maioria delas restringem-se à ação
isolada de profissionais comprometidos(as) com os princípios da igualdade racial que
desenvolvem a experiência a despeito da falta de apoio dos sistemas educacionais. A
consequência são projetos descontínuos com pouca articulação com as políticas
curriculares de formação de professores e de produção de materiais e livros didáticos
sofrendo da falta de condições institucionais e de financiamento. (BRASIL, 2008, p. 13)
É ímprobo captar a relação corpo-consciência (ou corpo-alma), muito clara em virtude do
fato de considera-se o corpo como uma ―coisa exterior‖, dotada de leis próprias, ao passo
que a consciência só pode ser percebida pela intuição íntima que lhe é particular.
Portanto, o corpo não é uma resultante de leis definidas, e sim, um nó de relações viças
que interagem e transcendem a si mesmas continuamente. Se o único meio de estar em
contato com o mundo é ser no mundo, estar no mundo e viver o mundo, dizer que:
[...] vim ao mundo‖ e que tenho um corpo é a mesma coisa, pois tenho meu meio de
relações com o mundo é esse corpo que existe. Se eu fosse consciência pura, apenas
espírito, não poderia me relacionar com o mundo e as coisas: vagaria feito alma penada.
(GALLO,2004, p. 65).
Segundo Laban (1978), levando em conta que o movimento é imbuído de um caráter
emocional, o dançarino traz à tona suas formas de silêncio. Assim, há uma possibilidade
prática do maculelê no ambiente escolarincrementando as vivências relacionadas a dança
com um som vibrante produzido pelo par de bastões, associando expressão corporal,
educação e cultura por meio dos movimentos corporais.
Espera-se, sobretudo, fundamentar e oportunizar aportes para aplicação das diretrizes
curriculares nacionais para a educação das relações étnico-raciais nas escolas. Para
tanto, observa-se a relevância de contextualizar o processo que levou à promulgação da
Lei 10.639/2003, atual 11.645/2008 que inclui no currículo da rede oficial de ensino a
obrigatoriedade da temática ―História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena‖. Conforme o
artigo 26 da lei nº 11.645/2008:
§ 4º O ensino da história do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes
culturas e etnias para a formação de um povo, especialmente das matrizes indígena,
africana e europeia.
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Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, públicos e privados, torna-se
obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena.
§1º O conteúdo programático que se refere esse artigo incluirá diversos aspectos da
história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses
dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos Africanos, a luta dos
negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e
o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas
social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil. (CARNEIRO, 2007, p. 98).
As contribuições provenientes da cultura afro-brasileira estão interligadas, sobremaneira,
a sociedade brasileira. Segundo Santos (1998, p. 27),―durante três séculos, os diversos
grupos étnicos ou ‗nações‘ de diferentes partes da África Ocidental, Equatorial e Oriental
foram imprimindo no Brasil profundas marcas‖.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Temas relacionados a cultura afro-brasileira, são parcamente abordados por educadores
e pesquisadores, que tendem a discutir e fundamentar suas pesquisas em diferenças
étnicas e supostos prejuízos causados pela questão do preconceito, deixando de salientar
a riqueza pedagógica, histórica e identitáriaoportunizadas pelas diversas possibilidades
de atividades relacionadas ao gênero.
Ao deparar-se com ―leis‖ e suas abordagens a um sentimento de obrigação por parte dos
docentes ao aplicá-las, sobretudo, que por uma ―coação‖ e ―obediência‖. A aplicabilidade
de vivências relacionadas a cultura afro-brasileira nãodevem ser baseadas em imposições
ou coação, acredita-se no emprego que envolve a mesmade modo a apontar novas
diretrizes e possibilidades. Ao inserir e aplicaro maculelê, no contexto escolar, abordou-se
a dialética: memória e identidade, ambas indissociáveis e interligadas, para tanto, o
educador exerce um papel imprescindível na fundamentação de conceitos relevantes,
perfeitamente moldáveis e nutridos mutuamente, portanto, a relação dança e maculelê,
permeou um viés extremamente relevante, pela riqueza cultural, resgate, a possibilidade
de uma ação pedagógica rica e diferenciada.
No contexto escolar ressaltou-se a necessidade de uma didática, objetivos diferenciados
e específicos, enfatizando aspectospedagógicos, inclusivos e comunicativos. No entanto,
têm-se demonstrado que não existem identidades fixas, atemporais.
Aplicar vivências relacionadas ao maculelê no ambiente escolar foi contagiante e o
interesse transmitido pelos alunos foi imediato. O manuseio de bastões, o ritmo
delimitado, as práticas corporais englobaram ambos os gêneros, com alegria e
entusiasmo.
Por meio deste estudo ressaltou a relevância do resgate, abordagem e aplicação de
atividades promovida pela inserção de temas da cultura afro-brasileira no ambiente
escolar. Abordando de forma pedagógica, respeitando aspectos da identidade cultural que
pode ser promovida pelo maculelê.
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Conduziu alguns questionamentos e reflexões por parte dos alunos acerca de valores
predominantes na sociedade, trazendo à tona uma expressão genuína da cultura afrobrasileira em consonância com a autoestima e valorização étnica e cultural.
Desta forma, valorizar e resgatar a cultura afro-brasileira pode estimular o educador e
alunosa compreensão de valores étnicos, tornando-se necessária a contextualização de
conteúdos: conceituais e procedimentais. Possibilitando práticas diferenciadas, cujo maior
resultado visa ressaltar o aprendizado dos alunos, tendo como base a relação entre
corporeidade, oralidade, musicalidade e a dança como forma de manifestação da cultura
artística.
Ressalta-se a importância de proporcionar vivências corporais por meio de atividades
como o maculelê no contexto escolar, no sentido de despertar valores identitários e
culturais.
Por fim, o presente artigo buscou instigar futuras pesquisas que possibilite
(des)construção e(res)significação detemas da cultura afro-brasileira, nos seus diversos
campos do saber.
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A DANÇA POR UMA PEDAGOGIA CRÍTICO- EMANCIPADORA
6Gláucia Marques da Cruz
RESUMO
O presente artigo apresenta um estudo sobre a Dança e aponta uma proposta teóricoprática de interesse para a área de Educação Física Escolar, baseada na transformação
didático-pedagógica do esporte proposta por Eleonor Kunz. O objetivo geral da pesquisa
é abordar a Dança como proposta mediadora entre a prática com reflexão em torno da
cultura de movimento. Especificamente, será defender a dança e as atividades rítmicas e
expressivas nas aulas de Educação Física como ferramentas de trabalho relacionando
aspectos sociais e afetivos com o corpo. A metodologia do presente artigo se coloca
como uma investigação bibliográfica, baseada na leitura de literaturas sobre
desenvolvimento, filosofia, sociologia, políticas educacionais, pedagogia do esporte e
Dança. Esse trabalho se justifica em oferecer aos profissionais de Educação Física uma
orientação para trabalhar o conteúdo Dança baseado na pedagogia críticoemancipadora. Assim, como atender as políticas nacionais de educação de formação de
um individuo autônomo. A Dança como produção cultural da sociedade, é a dinâmica que
permuta ao jovem a descoberta do corpo, a expressividade, a emoção, os sentidos, os
valores, o respeito, a cidadania e a discussão em torno de tais questões através da
própria cultura de movimento.
Palavras chaves: Dança; Educação Física; Didático-pedagógica; Crítico- emancipadora.
1 INTRODUÇÃO
O presente artigo surgiu da experiência como professora nas escolas do Governo
do Estado de São Paulo com jovens do ensino fundamental. A dinâmica com alguns
conteúdos me motivaram à buscar os caminhos para uma prática que promovesse o
senso crítico, os desafios cognitivos, as melhoras do repertório motor e desenvolvesse
consensualmente os aspectos sociais e afetivos dos jovens.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 2000) no currículo da
Educação Física Escolar existem três grupos de conteúdos a serem desenvolvidos, e
dentre eles está à cultura de movimento, que tem entre suas práticas a Dança. E a partir
da vivência dessa prática, foi possível refletir sobre as possibilidades com a dança e de
como é a sua participação no processo de educação.
6 Graduada em Educação Física pelo Centro Universitário UNIITALO (2009); Pósgraduada em Metodologia do Treinamento Desportivo pela Universidade Federal de
São Paulo – UNIFESP (2011); Pós- graduanda em Medicina Esportiva pela
Universidade Municipal de São Caetano do Sul. Email: [email protected].
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Para tanto, é preciso buscar alguns conceitos de educação que concernem com as atuais
políticas públicas de educação. E de acordo com Ferreira (2001, p. 251) ―educação é ato
ou efeito de educar, processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e
moral do ser humano‖. E para Brandão (1994, p.10) a ―educação é, como outras, uma
fração do modo de vida dos grupos sociais que criam e recriam, entre tantas outras
invenções de sua cultura, em sua sociedade‖.
A dança possui suas peculiaridades dentro de certos grupos sociais e por estes é criada e
recriada podendo promover um amplo aprendizado através da cultura de movimento. A
dança está inserida nos contextos intelectuais e morais e nas capacidades físicas. Por
isso, é contemplada como conteúdo da Educação Física Escolar de acordo com as atuais
políticas públicas de educação (BRASIL, 2000).
E se educar, etimologicamente, significa ―conduzir para fora de‖ (BERGE, 1981, p.14) é
porque o objetivo maior de educar é promover o desenvolvimento de um ser autônomo,
criativo e consciente de seu papel social (KUNZ, 2004).
Procuramos conduzir nossos alunos para fora da ignorância que têm de si mesmos, para
fora da inércia, para fora da anarquia gestual, para uma capacidade de expressão
autônoma, criadora, satisfatória (BERGE, 1981, p.14 e 15).
Porém, a Educação Física Escolar tem sua prática reduzida ao desporto, e os conteúdos
como futebol, voleibol, handebol e basquetebol dominam as aulas de forma que outras
práticas fiquem esquecidas. Assim, o ensino do esporte fica reduzido ao desenvolvimento
técnico através de movimentos repetitivos e sem sentido. Quando na verdade o objetivo
da educação Física Escolar seria introduzir o aluno no universo cultural das atividades
físicas (BRACHT, 2005).
Como resultado, o surgimento do esporte moderno, que na sua gênese teve sua prática
regida pela sociedade capitalista industrial, assumindo a característica de competição,
rendimento físico/ técnico, Recorde e os estudos científicos sobre treinamento (BRACHT,
2005).
Esse modelo se tornou hegemônico, sendo reproduzido nos momentos de lazer e nas
Instituições, com uma intenção de racionalização da sociedade através de procedimentos
disciplinares do corpo. Neste processo a Educação Física escolar era uma das formas
nas instituições escolares, utilizada para a construção de um corpo disciplinado exigido
naquela época (FOUCAULT, 1985).
No Brasil, em 1985 ocorreu uma reformulação do Esporte Brasileiro, que foi incorporada a
Constituição Federal de 1988, de forma a diferenciar o conceito do esporte em três
concepções: desporto- desempenho; desporto- participação; e desporto- educação.
Podendo o esporte dentro das instituições escolares, inserir-se dentro de qualquer uma
dessas concepções em maior ou menor grau (BRACHT, 2005).
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As atuais abordagens pedagógicas para a Educação Física defendem que o ensino dos
conteúdos deve privilegiar situações didáticas que proporcionem a construção da
autonomia e que oportuna ao educando a reflexão sobre os reais interesses que orientam
sua participação na cultura esportiva. Nessa abordagem crítico- emancipatória busca-se
uma reflexão sobre uma transformação didático-pedagógica, baseada na pedagogia
libertadora de Paulo Freire. Que tem com principal teórico o professor Eleonor Kunz da
Universidade Federal de Santa Catarina (KUNZ, 2004).
A Dança segundo o Desenvolvimento Motor pode através dos seus elementos, estimular
de maneira livre ou orientada, aptidões físicas e motoras (velocidade, agilidade,
coordenação, equilíbrio e força), funções motoras (estabilidade, locomoção e
manipulação), as funções cognitivas (raciocinar, criar, decidir), segundo Gallahue e
Ozmun (2005).
Mas a luz de uma reforma didático pedagógica, pode modificar muito mais do que um
padrão motor, pois nessa teoria o educando é visto como um todo, e aspectos afetivos
(expressão autônoma e criativa) e sociais (reflexão e crítica) podem corroborar com o
aprendizado através de uma prática dialógica e contextualizada (KUNZ, 2004). E ainda,
desenvolver temas estruturantes como a violência, a sexualidade e a compreensão do
próprio corpo preparando-os para uma vida em sociedade (BRASIL, 2000).
O objetivo geral é abordar a Dança como proposta mediadora entre a prática com reflexão
em torno da cultura de movimento.
Especificamente, será defender a Dança e seus elementos nas aulas de Educação Física
como instrumento de transformação, relacionando aspectos sociais e afetivos com o
corpo.
A metodologia do presente artigo se coloca como uma investigação bibliográfica sobre
desenvolvimento humano, filosofia, sociologia, políticas educacionais, pedagogia do
esporte e Dança.
A justificativa está em oferecer aos professores de Educação Física uma orientação para
trabalhar a Dança baseado na pedagogia crítico- emancipadora. Assim, como atender as
políticas nacionais de educação de formação de um individuo autônomo.
A Dança como produção cultural da sociedade, é a dinâmica que permuta ao jovem a
descoberta do corpo, a expressividade, a emoção, os sentidos, os valores, o respeito, a
cidadania e a discussão em torno de tais questões através da própria cultura de
movimento.
2 ADOLECÊNCIA
O corpo e o movimento movem a máquina humana na direção crescente de
desenvolvimento físico, cognitivo e sócio-afetivo, por isso, é tão importante saber como
origina, se transforma e se confirma. O corpo é a conexão do homem com a vida. Nele
estão impressas (formato) e expressas (movimento) toda a experiência já vivida e o
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aparato motor necessário para viver e novas experiências que ainda estão por vir. O
professor de Educação Física deve estar em constante atenção a estes corpos que se
movem na intenção de ser, de viver e de sentir (GONÇALVES, 1994).
2.1 Conceituando o adolescente
A lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, dispões sobre o ECA - Estatuto da Criança e
do Adolescente. E define no livro titulo I, que trata das Disposições Preliminares:
Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade
incompletos, e adolescente, aquele entre doze e dezoito anos de idade (BRASIL, 1990).
Mas Papalia e Olds (2000) determinam uma faixa etária diferente para o adolescente,
baseados no desenvolvimento, considerando adolescente, pessoa de doze ou treze anos
até aproximadamente os vinte anos, iniciando com a puberdade, marco no
desenvolvimento humano, pois é a fase de transição da criança para a vida adulta.
Este é um período de grandes mudanças na vida, onde o adolescente experimenta a
autonomia, desenvolve a auto-estima e a intimidade, que dura uma década de vida, por
isso, a Organização Mundial de Saúde (1977 apud CHIPKEVITCH, 1994, p. 123) define
―adolescência como a segunda década de vida dos dez aos vinte anos de idade‖.
2.2
O adolescente na concepção biológica
Papalia e Olds (2000) classificam o crescimento e o desenvolvimento humano em oito
estágios, são eles: Pré-natal (da fecundação até nove meses); Primeira Infância (do
nascimento aos dois anos de idade); Segunda infância (dos três aos seis anos de idade);
Terceira Infância (dos seis aos onze anos de idade); Adolescência (dos doze aos 20 anos
de idade); Adulto Jovem (dos vinte aos trinta e nove anos); Adulto maduro ou de Meia
Idade (dos quarenta aos sessenta e quatro anos de idade); Idoso ou Terceira Idade (dos
sessenta e cinco anos em diante).
A importância de conhecer o desenvolvimento se justifica no fato de que toda a forma de
se mover, sentir e pensar depende da herança genética, da experiência e da maturação
biológica em estágios anteriores em especial na infância. E ainda, a manutenção de
certos hábitos que acompanham a vida adulta, vão determinar a qualidade da vida e a
saúde que definirão o envelhecimento (ECKERT, 1993; PAPALIA; OLDS, 2000).
A adolescência se inicia em média aos onze ou doze anos de idade e termina entre os
dezoito e vinte anos. O marco neste estágio é a puberdade, que é o processo que leva á
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maturidade sexual, ou seja, o indivíduo passa a ser capaz de reproduzir. Entre outras
palavras, a puberdade é o período de mudanças morfofisiológicas que transforma a
criança num adulto capaz de se reproduzir, podendo variar em relação ao início, a
duração e a seqüência dos eventos (PAPALIA; OLDS, 2000).
Quanto à falta de exatidão sobre o início e fim deste estágio, ocorre devido à
individualidade biológica, pois alguns irão ter sua maturação sexual e óssea mais
precoce, ocorrendo o estirão púberal mais cedo. Os que tiverem a maturação um pouco
mais lenta terão seu estirão púberal mais tardio. Estudos revelam que algumas meninas
já têm sua primeira menstruação aos 10 anos de idade ao passo que outras só aos 13
anos (CHIPKEVITCH, 1994).
Os fatores que afetam o surgimento da puberdade vão ser: genéticos, sexuais, raciais,
atitudes, variações sanzionais, nutrição, fatores sócio- econômicos, tendência secular,
saúde e intensidade de treinamento para quem pratica alguma modalidade esportiva
(ECKERT, 1993).
Dentre as mudanças biológicas na puberdade está a regulação neuro- endócrina,
passando a reprodução diferenciada de hormônios masculinos (andrógenos) e femininos
(estrogênio); desenvolvimento dos testículos masculinos e dos ovários femininos; e
crescimento longitudinal dos ossos (estirão). O estirão de crescimento refere-se ao
crescimento acelerado dos membros no sentido dístero- proximal e da altura, durando em
média dois anos com crescimento de aproximadamente cinco centímetros ao ano
(ECKERT, 1993).
O término do estirão e o fechamento das cartilagens ósseas marcam o final da
puberdade. Durante o estirão ocorre também o desenvolvimento do sistema circulatório e
respiratório (PAPALIA; OLDS, 2000).
Para Papalia e Olds (2000), não se pode afirmar que a prática de atividade física
acelera ou retarda o crescimento da estatura da criança, mas pode-se dizer que há um
aumento da densidade óssea. Contudo, supõe-se que atividade física em excesso
(especialmente a sobrecarga), pode prejudicar o crescimento da estatura e mesmo da
cartilagem óssea. O mesmo afirma Eckert (1993) apontando a intensidade do treinamento
como fator que pode afetar o estirão púberal.
Comparando as diferenças biológicas entre meninos e meninas em relação ao estirão.
Nos meninos, o início do estirão ocorre dois anos mais tarde que nas meninas, sendo que
no mesmo período há maior perda de gordura e maior ganho de força. Nas meninas, o
início do estirão começa dois anos antes em relação aos meninos, ocorrendo para o
mesmo período maior ganho de gordura e maior ganho de força (PAPLIA; OLDS, 2000).
As Meninas param de crescer antes dos meninos, e no final deste estágio os meninos são
em média mais altos. E com relação aos dentes, a arcada costuma está completa aos
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doze ou treze anos de idade, com exceção apenas do terceiro molar (siso), que poderá
nascer entre dezesseis e vinte dois anos (CHIPKEVITCH, 1994).
Sobre a puberdade, o primeiro sinal nas meninas é o florescimento dos seios e nos
meninos a voz fica mais grave devido ao crescimento da laringe e à produção de
hormônios. Em ambos a pele fica mais áspera e gordurosa, há maior atividade das
glândulas sebáceas que podem provocar o aparecimento de espinhas e cravos. Os pelos
pubianos no início são retos e macios, mas depois se tornam crespos e ásperos e
apresentam-se em diferentes padrões entre meninos e meninas (CHIPKEVITCH, 1994).
Sobre a maturidade sexual, o primeiro sinal em meninos é a produção do
espermatozóide. A primeira ejaculação involuntária é chamada de espermarca, que
ocorre normalmente aos treze anos (PAPALIA; OLDS, 2000, p. 313). Para as meninas a
menstruação é o primeiro sinal de maturidade sexual sendo que a primeira, chamada de
menarca, pode ocorrer aos dez anos de idade (PAPALIA; OLDS, 2000, p.313).
Certos fatores influenciam o desenvolvimento no adolescente durante a puberdade, tais
como: herança genética, fatores étnicos, nutrição, nível sócio econômico, o surgimento de
doenças, fatores psicossociais e exercícios físicos (CHIPKEVITCH, 1994).
O determinismo genético é responsável pelo crescimento e desenvolvimento, como por
exemplo, a idade da primeira menarca e estatura final. Os fatores étnicos e/ ou raciais,
como indivíduo oriundo de outros povos e raças podem apresentar diferenças no aspecto
físico (configuração corpórea), mas que interferem pouco nas características da
puberdade. Essas características estão mais relacionadas aos níveis socioeconômicos
das populações. A nutrição é fator decisivo para que se cumpra plenamente o
crescimento e o desenvolvimento do individuo para sua herança genética
(CHIPKEVITCH, 1994).
O nível sócio- econômico também é fator determinante, pois a qualidade de vida
depende em grande parte da renda familiar. O poder aquisitivo da família determina a
qualidade da habitação, da nutrição, das vestimentas, higiene e cuidados com a saúde.
Alguns destes fatores interferem no plano genético, impedindo que o indivíduo se
desenvolva conforme a expectativa genética (CHIPKEVITCH, 1994).
Doenças crônicas podem inibir o crescimento e retardar a puberdade, porque seus
sintomas muito fortes interferem no apetite (anorexia), nos processos de digestão e
absorção de nutrientes (anemia), nas capacidades respiratórias com a diminuição do
aporte de oxigênio (bronquite e Pneumonias,), entre outras, levando o organismo a sofrer
alterações hormonais (endocrinopatias) ou a acumulo de substancias tóxico causando
insuficiência renal crônica (CHIPKEVITCH, 1994).
Sobre os Fatores Psicossociais, já é reconhecido que a falta de afeto e de estimulação
psicossocial pode levar a deficiência no crescimento. Isso é comum em crianças que
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vivem em instituições e creches. E ainda, a violência doméstica, a falta de afeto, o
alcoolismo e as pressões psicológicas também podem levar a retardo no crescimento e a
depressão crônica (CHIPKEVITCH, 1994, p. 106).
A pouca atividade física pode reduzir a velocidade do crescimento, mas em contra partida,
o treinamento excessivo em algumas modalidades pode retardar o crescimento e a
maturação. Treinamento moderado parece exercer pouco ou nenhum efeito sobre o
desenvolvimento ou na maturação puberal. A atual tendência é a de selecionar
determinados padrões físicos para determinadas modalidades esportivas (CHIPKEVITCH,
1994).
2.3
Desenvolvimento motor do adolescente
De acordo com Gallahue e Ozmum (2005) o desenvolvimento motor revela-se pelas
alterações no comportamento motor, e que todo sujeito passa por um processo de
aprendizagem que vai levá-lo a mover-se com controle em resposta aos desafios
enfrentados. E ainda é possível observar diferentes tipos de desenvolvimento no
comportamento motor, através das alterações no processo (forma) e no produto
(desempenho), provocados pelos seguintes fatores: Biologia (fatores que são próprios do
individuo); Experiência (a exploração do ambiente); Físico e/ou mecânico (realizar a
tarefa).
O desenvolvimento motor é um processo contínuo e demorado, cuja seqüência se
apresenta no sentido céfalo- caudal, cujo domínio dos movimentos vai do centro para as
extremidades dependente da organização que vai se iniciar nos domínios motor, sócioafetivo e cognitivo, diferenciando-se gradualmente (TANI, 1988).
Gallahue e Ozmun (2005) chamam de ―movimentos motores observáveis‖: os
estabilizadores, que são os movimentos que exigem algum grau de equilíbrio;
locomotores, que são os movimentos que resultam em uma mudança na localização do
corpo em relação a um ponto fixo na superfície (caminhar, correr, pular, saltitar ou saltar
um obstáculo); e manipulativos, que se referem à manipulação motora rudimentar
(arremessar, apanhar, chutar, derrubar um objeto, prender ou rebater) e refinada
(costurar, cortar, digitar, etc.).
A partir dessa classificação dos movimentos, foi possível compreender que o
desenvolvimento motor se dá em fases progressivas (reflexa, rudimentar, fundamental e
movimentos especializados) alterando o comportamento (GALLAHE; OZMUN, 2005).
Na fase motora reflexa que começa aos quatro meses dentro do útero materno, e que
vai até um ano de vida, é caracterizada pelos movimentos involuntários, controlados
corticalmente e que formam a base para as demais fases do desenvolvimento motor
(GALLAHUE, OZMUN, 2005; TANI, 1988).
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A fase motora rudimentar começa desde os quatro meses e vai até aproximadamente
os dois anos de idade, e são determinados pela maturação que caracterizará uma
seqüência de aparecimento altamente previsível. São as formas básicas de movimentos
voluntários necessários para a sobrevivência do bebê dando início aos movimentos
estabilizadores (controle da cabeça, pescoço e músculos do tronco), manipulativos
(alcançar um objeto, agarrar e soltar) e locomotores (arrastar-se, engatinhar e caminhar
(GALLAHUE; OZMUN, 2005; TANI, 1988).
O estágio motor fundamental surge na primeira infância e vai dos dois aos sete anos de
idade, em conseqüência do desenvolvimento dos movimentos rudimentares durante a
fase neonatal. Nesse estágio Gallahue e Ozmun (2005) subdividem em três estágios, são
eles: inicial, dos dois aos três anos, a criança ainda usa de forma exagerada ou limitada o
corpo, e com deficiência no fluxo rítmico e na coordenação; elementar, dos quatro aos
cinco anos, a criança consegue ter maior controle e coordenação rítmica dos movimentos
fundamentais e sincronismo de elementos temporais (tempo) e espaciais (espaço) do
movimento; e maduro, dos seis aos sete anos de idade, é caracterizado por movimentos
mecanicamente perfeitos. Algumas crianças podem atingir esse estágio aos cinco ou seis
anos de idade, mas também pode ocorrer de crianças e adultos não desenvolverem as
habilidades motoras fundamentais.
O estágio dos movimentos especializados tem maior ênfase, pois se refere ao
desenvolvimento motor do adolescente que é o sujeito principal desta pesquisa. Sendo,
que a abordagem dos estágios anteriores se justifica no fato de que o desenvolvimento do
padrão especializado de movimentos é conseqüência da fase dos movimentos
fundamentais (GALLAHUE; OZMUN, 2005).
Sendo assim, os movimentos especializados desempenham atividades motoras
complexas presentes na vida diária, na recreação e nos objetivos esportivos. Este estágio
começa aos sete e termina aos quatorze anos de idade e se subdivide em três estágios: o
transitório começa aos sete e vai até os dez anos de idade onde a criança começa a
combinar e a aplicar as habilidades motoras fundamentais ao desempenho das
habilidades especializadas, mas com forma, precisão e controle, nas atividades
recreativas, de vida diária ou nos esportes; o de aplicação se inicia aos onze e vai até os
treze anos de idade, momento este, onde o adolescente pode escolher se especializar em
alguma atividade esportiva. Isso ocorre devido a sua crescente sofisticação cognitiva e a
certas bases que o tornam capaz de escolher sobre o que deseja aprender. Porém,
fatores como tempo, dinheiro, equipamentos e/ ou instalações esportivas, limitações
físicas e/ ou mentais, assim como talento, oportunidade, condição física e motivação
pessoal, afetam este estágio (GALLAHUE; OZMUN, 2005).
Brincadeiras como a dança da maçã, dança das cadeiras, danças circulares, são
atividade ótimas para desenvolver as competências motoras, e ainda, trabalhar entre os
adolescentes o toque e o respeito ao próprio corpo ou/ e o de outrem (GALLAHUE;
OZMUN, 2005).
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Sugerem-se como atividades que desenvolvam essas habilidades manuais e
locomotoras: atividades em equipe, composição de Dança, dança Folclórica e Quadrilha
(ECKERT, 1993).
No que se refere à especificidade do desenvolvimento motor em adolescentes, em
estudos recentes apresentaram resultados que comprovam declínio estável na atividade
física vigorosa entre meninos e meninas a partir dos doze anos de idade, isso em
decorrência em parte da falta de programa de Educação Física e má qualidade de vida
(GALLAHUE; OZMUN, 2005).
Quando o adolescente atinge o estagio maduro de um padrão motor fundamental,
ocorrem poucas mudanças na fase motora especializada, porém se houver refinamento e
fundamentação é possível melhorar a precisão, a exatidão e o controle dos movimentos.
Sendo assim, as habilidades motoras especializadas (futebol, beisebol, basquetebol,
hóquei, acrobacias, atletismo, natação, lutas, esportes com raquete e dança) são
especiais de tarefas, pois são aplicadas ao desporto e a outras atividades mais
complexas. Partindo do principio de que as habilidades fundamentais foram trabalhadas
em estágios motores de aprendizado anterior. (GALLAHUE; OZMUN, 2005; ECKERT,
1993).
A Dança Contemporânea é uma forma de movimento que utiliza um vocabulário
específico de movimentos para esforço criativo particular que está sendo expresso. O
coreografo utiliza o movimento como um veículo de expressão. Conseqüentemente,
movimentos fundamentais servem como meio para transmitir conceitos e idéias
(GALLAHUE; OZMUN, 2005, p.374).
Portanto, se a proposta pedagógica trabalhar os movimentos fundamentais através do
conteúdo dança Gallahue e Ozmun (2005) sugerem como prática a Dança
Contemporânea, que vai desenvolver as habilidades locomotoras (caminhar, corrida,
saltos, grandes saltos, saltito, galope, deslizamento e elevação de joelho), estabilizadores
de movimentos axiais (flexão de perna, alongar, rotação, alcançar, elevar, cair, enrolar,
empurrar e puxar) e estabilizadores de movimentos de equilíbrio (os movimentos que
requerem sincronização rítmica e seqüência adequada).
Em referência aos estudos de Galão e Oxum (2005) e Eckert (1993) o conhecimento do
desenvolvimento motor torna possível a aplicação de qualquer atividade, partindo do
reconhecimento das competências motoras correspondentes a este estágio.
2.4
Aspectos sócio- afetivos dos adolescentes
Chipkevitch (1994) subdivide este período em três fases: adolescência inicial (dos 10 aos
13 anos de idade), adolescência média (14 aos 16 anos de idade) e adolescência final
(dos 17 aos 20 anos de idade).
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Durante toda esta fase surgirão algumas barreiras a transpor no sentido da auto- imagem,
identidade, relacionamentos, pensamentos e sexualidade. São situações e escolhas
individuais que vão definir o ser adulto. E isso é igual para todos. A diferença esta na
forma como cada um conseguirá transpor ou cumprir essas tarefas. O professor de
educação física deve ter conhecimento dessas dificuldades durante esta fase da vida,
para não submeter o seu aluno a uma situação de constrangimento e conseqüentemente
prejudicá-lo. Porque uma das funções da escola é formar cidadãos autônomos (PAPALIA;
OLDS, 2000).
Durante a adolescência inicial, referente à imagem corporal, o adolescente enfrenta
dúvidas e preocupações com o corpo; início do pensamento abstrato e raciocínio
concreto; os laços de dependência com os pais ainda são fortes, mas já começa a testar
os limites; grupos de pares unissexuais; sexualidade se manifesta através da curiosidade
e auto- erotismo; identificação com familiares, testa valores familiares para formar sua
identidade (CHIPKEVITCH, 1994).
Na adolescência média, há insatisfação com o corpo e tentativa de mudar a aparência
(normalmente as meninas mudam a cor dos cabelos); desenvolvimento máximo do
pensamento abstrato, fascinação com as novas habilidades cognitivas e egocentrismo; há
afastamento dos pais, contestação e preferência por amigos a família; socialmente forma
grupo de amigos heterossexual; vê o sexo oposto como objeto sexual e inicia as primeiras
experiências sexuais; a identidade se manifesta pela contestação dos valores passados
pela família, identificação com outros grupos e com outros adultos e experimenta
diferentes modelos e papéis (CHIPKEVITCH, 1994).
E por fim, na adolescência final, há uma estabilização da auto- imagem corporal;
aplicação dos interesses idealistas a altruísmo; independência emocional e às vezes
econômica; reaproximação com os pais numa relação de igual para igual; relações
sexuais maduras com afeto e responsabilidade; consolidação da identidade pessoal; autoconceito e autodeterminação; escolha vocacional (CHIPKEVITCH, 1994).
As atividades rítmicas podem ser utilizadas em contexto social, e devem ser ofertadas em
oportunidades crescentes para as atividades de grupo especialmente com o outro sexo.
Sobre as atividades de auto- testagem e de resolução de problemas, a Dança Criativa é
mais uma forma de desenvolver essas habilidades (ECKERT, 1993).
2.5
Desenvolvimento cognitivo
No que se refere ao desenvolvimento cognitivo, existem importantes abordagens. De
acordo com a psicologia do desenvolvimento e aprendizado são divididas sobre quatros
perspectivas: a mecânica da aprendizagem segundo behaviorismo e a teoria do
condicionamento; a teoria cognitiva epistemológica de Jean Piaget; Instrumental, cultural
e histórico de Vygotsky; e a teoria da psicologia dialética de Wallon e os campos
funcionais que contemplam a aprendizagem.
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Aprendizagem segundo o Behaviorismo ou Teoria do condicionamento é um estudo da
mecânica do aprendizado, nessa linha a psicologia foi Introduzida como ciência, através
dos estudos de Skinner que revelaram que o individuo é dotado de dois comportamentos:
estimulo e resposta (PAPALIA; OLDS, 2000). Seguindo essa perspectiva de ensino a
condição fundamental desta teoria é a motivação do aluno, sendo que para determinados
comportamentos refletem elogios e recompensas e outros não (BARROS, 1989).
Segundo o Behaviorismo, toda situação quando produz satisfação, aumenta a
possibilidade de ocorrer novamente do que quando ocorre o desprazer ou punição. O
sucesso deste método depende do professor em criar diferentes estratégias para que o
aluno esteja sempre motivado.
Na teoria do Desenvolvimento Cognitivo, segundo Jean Piaget (apud PAPALIA; OLDS,
2000) o desenvolvimento humano ocorre pelo desenvolvimento mental e maturação
biológica (teoria da epistemologia genética), logo o desenvolvimento do corpo deve
acompanhar o desenvolvimento mental através dos processos de acomodação e
assimilação (PALÁCIOS, 1995).
As pessoas precisam se adaptar as novas aprendizagens, pois aprendem algo novo todos
os dias, e isso ocorre pela acomodação ou pela assimilação. Na acomodação, a nova
situação vai modificar as estruturas anteriores, ―como resultado das pressões exercidas
pelo meio‖ (FONSECA, 1995, p.151); a assimilação é quando a nova situação só
acrescentou ao que já tinha de estrutura, não precisando mudar o conceito anterior,
elemento de compreensão prática e da ação do sujeito. Sendo assim, é no estágio das
operações formais, a partir dos onze anos em diante, onde o adolescente é capaz de
raciocinar logicamente e de maneira mais abstrata e realista (PALÁCIOS, 1995).
A teoria do psicólogo russo Lev Semenovich Vygotsky (apud PAPALIA; OLDS, 2000)
aborda o desenvolvimento humano sob três aspectos, são eles, instrumental, cultural e
histórico. O instrumental representa as ações individuais em resposta a certos estímulos.
No aspecto cultural, desenvolve-se a linguagem específica do seu meio sociocultural, e
assim transforma radicalmente os rumos do seu desenvolvimento. Os signos, linguagem
simbólica desenvolvida pela espécie humana, têm um papel similar ao dos instrumentos
(tanto os instrumentos de trabalho quanto os signos são construções da mente humana,
que estabelecem uma relação de mediação entre o homem e a realidade). A relação
mediatizada não se dá necessariamente pelo outro corpóreo, mas pela possibilidade de
interação com signos, símbolos culturais e objetos (PALÁCIOS, 1995).
A Teoria da Psicogênese Humana (psicologia genética) ou Walloniana é decorrente da
idéia de que o processo de aprendizagem é dialético, não sendo correto afirmar verdades
absolutas, mas sim, dar novo impulso as novas direções e possibilidades. O principal
fundamentador dessa teoria é Henri Wallon, que afirma que a cognição é importante, mas
não mais importante que a afetividade ou a motricidade, estudando a formação dos
processos psíquicos, partindo do mais simples, do que vem antes na cronologia de
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transformações pelas quais passam o sujeito. Sendo assim, não basta selecionar um
único aspecto do ser humano e isolá-lo do conjunto. O que se propõe é um estudo
integrado do desenvolvimento que inclua vários campos funcionais nos quais se distribui a
atividade infantil (afetividade, motricidade e inteligência):
O estudo da criança contextualizada possibilita que se perceba que, entre os seus
recursos e o de seu meio, instala-se uma dinâmica de determinações recíprocas: a cada
idade estabelece-se um tipo particular de interações entre o sujeito e seu ambiente. Os
aspectos físicos do espaço, as pessoas próximas, a linguagem e os conhecimentos
próprios a cada cultura formam o contexto do desenvolvimento (WALLON apud GALVÃO,
1995, p.39).
Conforme vai aumentando a idade cronológica, a criança interage de forma mais intensa
com um ou outro aspecto de seu contexto, retirando dele os recursos para o seu
desenvolvimento. Com base nas suas competências e necessidades, a criança tem
sempre a escolha do campo sobre o qual aplicar suas condutas (GALVÃO, 1995).
Os fatores orgânicos são os responsáveis pela seqüência fixa que se verifica entre os
estágios do desenvolvimento, todavia, não garantem uma homogeneidade no seu tempo
de duração. Logo o biológico vai, progressivamente, cedendo espaço a determinação
social (GALVÃO, 1995).
A cultura e a linguagem fornecem ao pensamento os instrumentos para sua evolução. O
simples amadurecimento do sistema nervoso não garante o desenvolvimento de
habilidades intelectuais mais complexas. O ritmo pelo qual se sucedem as etapas é
descontínuo (GALVÃO, 1995).
Sendo assim, a teoria da Psicogênese de Wallon divide o desenvolvimento cognitivo em
cinco estágios: Impulsivo- emocional, que abrange o primeiro ano de vida, onde a
emoção é instrumento de interação da criança com o meio e a afetividade impulsiva e
emocional se nutre pelo olhar, pelo contato físico e se expressa em gestos, mímica e
posturas; no sensório-motor, que vai até o terceiro ano de vida, a criança explora o
mundo físico e a aquisição da marcha e da preensão possibilitam maior autonomia na
manipulação de objetos e na exploração de espaços, predominando as relações
cognitivas com o meio; no personalismo, que vai dos três aos seis anos, a principal
tarefa é a de formação da personalidade, ou seja, re- orienta o interesse da criança para
as pessoas, definindo o retorno da predominância das relações afetivas, sendo a
afetividade do personalismo diferente, pois incorpora os recursos intelectuais como a
linguagem para expressar idéias; no estágio categorial graças à consolidação da função
simbólica e à diferenciação da personalidade realizada no estágio anterior, traz
importantes avanços no plano da inteligência, sendo que os progressos intelectuais
dirigem o interesse da criança para o conhecimento e conquista do mundo exterior,
imprimindo às suas relações com o meio e a afetividade torna-se cada vez mais
racionalizada, sendo que os sentimentos são elaborados no plano mental, então os
jovens teorizam sobre suas relações afetivas (GALVÃO, 1995).
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Especificamente no estágio da adolescência, a crise pubertária rompe o equilíbrio afetivo
que caracterizou o estágio categorial e impõe a necessidade de uma nova definição dos
contornos da personalidade, desestruturados devido às modificações corporais
resultantes da ação hormonal. Este processo traz à tona questões pessoais, morais e
existenciais, numa retomada da predominância da afetividade (WALLON apud GALVÃO,
1995).
A ótica walloniana constrói uma criança corpórea, concreta, cuja eficiência postural,
tonicidade muscular, qualidade expressiva e plástica dos gestos informam sobre os seus
estados íntimos (GALVÃO, 1995, p.98).
Tratando de temas como emoção, movimento, formação da personalidade, linguagem,
pensamento e tantos outros, a psicologia genética de Wallon fornece valioso material para
adequação da prática pedagógica ao desenvolvimento da criança, pois sua teoria defende
uma prática corporal que atenda as necessidades da criança nos planos afetivo, cognitivo
e motor e que assim, promova seu desenvolvimento em todos esses níveis (GALVÃO,
1995).
3 A TRANSFORMAÇÃO DIDÁTICO- PEDAGÓGICA DO ESPORTE
De acordo com Ferraz, 1996 e Oliveira, 1991 (apud OKUMA, 1999, p.78) a
educação física se refere aos conhecimentos sistematizados sobre o movimento humano
que deve capacitar o aluno, para com autonomia, aperfeiçoar suas potencialidades e
possibilidades de movimento para se regular, interagir e transformar o meio ambiente em
busca de uma melhor qualidade de vida.
Oliveira (2004, p.86) diz que a Educação Física é ―cultura no seu sentido mais
amplo, fertilizando o campo de manifestações individuais e coletivas. É transmissora de
cultura, mas pode ser acima de tudo, transformadora de cultura‖.
Mas a Educação Física etimologicamente não tinha um conceito tão amplo. Tendências
pedagógicas influenciaram a sua prática, e longe de determinar uma cronologia fixa, tais
tendências ainda existem e influenciam a prática de professores na escola de hoje
(BRACHT, 2005).
Durante o século XIX até 1930, a Educação Física era influenciada pela Medicina, e
estava baseada nos pressupostos Higiênicos para modificar hábitos de saúde e Higiene.
O objetivo era a construção de uma sociedade de homens e mulheres saudáveis através
de um programa de atividade física (Giraldelli apud VARGAS, 1990).
Com o passar do tempo, as instituições militares passaram a pregar a educação do físico
por influência da Filosofia Positivista (SILVA, 1982). A Educação Física Militarista surgiu
em 1930 e tinha como objetivo treinar indivíduos fortes e saudáveis para a luta,
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produzindo cidadão-soldado. Ou seja, se a primeira estava sujeita a saúde (higienista), a
segunda estava sujeita aos quartéis (Giraldelli apud VARGAS, 1990).
Em 1937, a Educação Física é inclusa na Constituição Federal como prática educativa
obrigatória da 5ª a 8ª série. E embora não fosse uma disciplina curricular, ganhou novas
atribuições (fortalecer o trabalhador para frente de trabalho) em decorrência do processo
de industrialização, urbanização e a instituição do estado novo (BRASIL, 2000). Nesse
contexto, surgiria a Educação Física Pedagogicista, em 1945 chamando para si o ato de
educar, defendendo a educação do movimento como forma capaz de promover a
educação integral (Giraldelli apud VARGAS, 1990).
Em 1964 a Educação Física é concebida como desporto e performance, apresentando o
atleta como um herói. É o surgimento do Esporte Moderno, e da Educação Física
Competitivista, que valorizou o sonho das medalhas olímpicas e a elitização social
(Giraldelli apud VARGAS, 1990). As influencias da tendência Tecnicista defendiam uma
reordenação no processo educativo dentro das instituições para torná-lo objetivo
operacional. O professor comprometia-se com a garantia da eficiência compensando e
corrigindo as deficiências (BRASIL, 2000).
O corporativismo praticado pela sociedade capitalista industrial apresentava o Esporte
com características de competição, rendimento físico/ técnico, Recorde e os estudos
científicos sobre treinamento. O consumo e a prática do esporte e das práticas corporais
participam do processo de reprodução das diferenças de classe (BRACHT, 2005).
Mais recentemente surge a Educação Física Popular, voltada para as classes populares
e também a serviço de uma intenção, onde a educação de movimento serviria para a
mobilização de trabalhadores. Nessa tendência o lúdico e a cooperação através da
ginástica, esporte e dança, vão promover a mobilização de massa de trabalho da classe
operária (Giraldelli apud VARGAS, 1990).
Esse modelo se tornou hegemônico, e passou a ser reproduzido nos momentos de lazer e
nas Instituições, com uma intenção de racionalização da sociedade através de
procedimentos disciplinares do corpo. Neste processo a Educação Física Escolar era uma
das formas nas Instituições, utilizada para a construção de um corpo disciplinado exigido
naquela época (FOUCAULT, 1985). O fato é que as relações de poder tinham e ainda têm
forte influência nas práticas corporais:
A estabilidade das sociedades altamente desenvolvidas é apenas o resultado da
capacidade de direção ou comando de organizações altamente perfeitas: essas
organizações intervêm, enquanto instituições sociais, nas relações de vida de cada
individuo, para através da disciplinação e controle, através da manipulação e treinamento,
torná-lo um membro (peça) da sociedade (HONNETH, 1988, p. 139).
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Durante a Década de 80, a Educação Física passou a ser contestada. O Brasil não teve
bons resultados nos Jogos Olímpicos e os praticantes de atividades físicas e de esportes
não aumentou. Isso deu inicio a uma crise sobre os pressupostos e sobre o próprio
discurso da Educação Física. As teorias críticas da educação passam a discutir o papel
da Educação Física na dimensão política e social, dando ênfase aos aspectos
psicológicos, sociais, cognitivos e afetivos. O Individuo é compreendido como ser que se
desenvolve integralmente (BRACHT, 2005).
A Psicologia do aprendizado contribui com seus estudos e conseqüentemente, para essa
mudança de foco, demonstrando que a aquisição das habilidades motoras estava
relacionada com os processos de maturação biológica e integravam o individuo ao
conhecimento (BRACHT, 2005; BRASIL, 2000).
Surgem movimentos com real intenção de renovação didática dos conteúdos e sua
operacionalização dentro do currículo de Educação Física. Essas abordagens
pedagógicas discutiam o objeto de estudo, os métodos de avaliação e o papel do esporte
na escola. Uma das abordagens amplamente difundida foi a Construtivistainteracionista que tem como fundamento, que o aprendizado se dá pela relação do
sujeito com o meio, valorizando a experiência e a cultura como meio para aprendizagem
(AZEVEDO, 2000).
A abordagem Crítico-superadora contesta as relações de poder com o corpo. Tem como
fundamento a busca por justiça social e discuti as reais intenções de uma classe
dominante nas práticas corporais (AZEVEDO, 2000).
Na abordagem Desenvolvimentista, os estudos sobre a aprendizagem motora norteiam
toda essa pedagogia, defendendo que a aprendizagem se dá por meio da maturação que
promoverá uma sofisticação do repertório motor interagindo com a diversificação das
atividades e complexidade dos movimentos (AZEVEDO, 2000; GALLAHUE; OZMUN,
2005).
A psicomotricidade refuta o processo de aprendizagem e não a simples execução e
repetição de gestos técnicos. Os jogos e seus significados vão ser à base do
desenvolvimento, pois nessa abordagem Psicomotrista, o jogo tem uma fundamentação
que permite pelas capacidades físicas solicitadas, desafios e regras impostas,
desenvolver outros aprendizados: afetividade, inteligência, respeito, solidariedade
(AZEVEDO, 2000).
A sociedade como influência no conhecimento é a teoria da abordagem Sistêmica,
contemplando uma diversificação maior dos conteúdos da Educação Física como as
atividades rítmicas e expressivas. Nessa linha, corpo e movimento são considerados
como meio e fim da Educação Física na instituição escolar (AZEVEDO, 2000).
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3.1 A pedagogia crítico- emancipadora
A década de 80 foi marcada como período de crítica sobre a hegemonia do esporte
praticado nas instituições escolares. Nesse contexto, duas linhas de discussão são
claramente apresentadas: a primeira crítica aborda o fenômeno esportivo como
instrumento de dominação e de alienação de uma sociedade capitalista, onde o
corporativismo é o meio pelo qual o esporte é difundido e conseqüentemente reproduzido,
―dando a entender que estava tudo errado na educação física‖; a segunda crítica se dirige
a aprendizagem do esporte na escola e a capacitação do profissional de Educação Física
para atuar na educação básica (KUNZ, 2004).
Apesar das críticas e da discussão por mais de uma década em torno da nova
tendência pedagógica na educação Física Brasileira, ainda não se tinha conhecimento de
uma proposta teórico-prática para se realizar concretamente tal vivência na escola. Daí
surgiu a concepção crítico-emancipadora do ensino da Educação Física Escolar, como
proposta de uma nova forma de tematizar o ensino do movimento humano, em especial
os esportes, baseado nos pressupostos da sociologia crítica da educação (KUNZ, 2004).
O esporte atualmente é um produto cultural altamente valorizado através do
futebol, voleibol, judô, natação, influenciando cada vez mais a cultura de movimento.
Porém, a finalidade alto rendimento apresenta problemas quanto a sua reprodução nas
instituições de ensino, tal como a questão ―de sentido‖, quais conhecimentos devem ser
passados através do esporte, a normatização e padronização como reprodução fiel do
esporte espetáculo, assim como materiais e locais utilizados para a prática. Isso impede
que outras possibilidades de movimentos possam servir de conteúdos dentro da
Educação Física Escolar (KUNZ, 2004).
Outro fator, é que o esporte de alto rendimento se torna atrativo aos olhos do
Estado, por ser ―facilmente instrumentalizável politicamente pelo poder institucionalizado‖
(BRACHT, 2005, p.72). Ou seja, o esporte enquanto instrumento: possui um conjunto de
regras de fácil compreensão, diferentemente da política, afastando o povo de lutas
políticas; oferece a população uma identificação através do coletivo produzindo o
sentimento de nação; se torna uma compensação para o trabalho; afasta o povo das
discussões e dos movimentos sociais seja por um sentimento de acomodação ou de
alienação (BRACHT, 2005).
Segundo Kunz (2004) o fenômeno esportivo deve ir além da prática, para se tornar
uma atividade de interesse a todos, sendo compreendidas nas dimensões sociais, morais
e reflexivas, inclusive. Ou seja, os alunos devem ser instrumentalizados (teoria
instrumental) para algo alem de praticar o esporte, desenvolvendo a competência
comunicativa (teoria crítica).
Na medida em que a teoria instrumental fundamenta e estrutura o fator ideológico,
a teoria crítica através de uma competência comunicativa irá concretizar o processo de
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esclarecimento racional que se estabelece através da comunicação. O esclarecimento
liberta o homem de um estado de menoridade intelectual. Para tanto, o aluno deverá ser
induzido à auto-reflexão, e a perceberem a ―coerção auto-imposta‖ de que padecem
como: consumidores do esporte espetáculo; inércia diante das questões políticas e
sociais; e das relações de poder através das práticas esportivas (KUNZ, 2004, p. 36;
BRACHT, 2005).
Atualmente o fenômeno esportivo enquanto realidade educacional tem conceito
restrito, pois está vinculado ao treinamento, ao atleta e o rendimento. O que se reforça
através dos meios de comunicação, que o veiculam como esporte- espetáculo
transformando-o em mercadoria. Nessa concepção o esporte se apresenta enquanto
sistema. Porém, as pessoas também costumam relacionar suas práticas esportivas, com
atividades cotidianas, revelando assim esporte enquanto ―mundo vivido‖, apresentando
um mundo de possibilidades e práticas (Habermas apud KUNZ, 2004, p. 64).
O mundo vivido passa a ser um conjunto de atividades que fazem parte do
cotidiano e de momentos de lazer (dançar, caminhar, etc.) compondo assim a ―cultura de
movimento‖. Mas por ser muito amplo, é necessário reconhecer que nem toda
manifestação da cultura de movimento pode ser de interesse pedagógico. A relevância de
tais conteúdos está em reconhecer os conceitos de ―corpo‖ e ―movimento‖ e seus
objetivos na educação de jovens (KUNZ, 2004, p.68).
O objetivo na concepção crítico- emancipadora deve ser libertar o aluno de falsas
ilusões, interesses e desejos construídos através do contexto sócio-cultural em que vivem
regidos pelo consumo, pelo melhor e mais bonito. Um ―imaginário social‖ do jovem, uma
―coerção auto- imposta‖ que exerce grande poder sobre eles. E para a superação de tais
ideologias, é necessária uma ―contrapressão‖ por parte da escola. Ou seja, uma coerção
para a libertação através do esclarecimento (Marques apud KUNZ, 2004, p.122).
O esclarecimento ocorrerá através do desenvolvimento de competências de ―autoreflexão‖, ―objetiva‖ e ―comunicativa‖ (KUNZ, 2004, p.40 e 41). Como tarefa da educação
física cabe levantar o questionamento crítico para promover uma compreensão das
estruturas da sociedade, e dos falsos desejos por ela imposta (KUNZ, 2004):
O professor deverá promover o ―agir comunicativo‖ entre seus alunos, possibilitado pelo
uso da linguagem, para expressar entendimentos de mundo social, subjetivo e objetivo,
da interação para que todos possam participar em todas as instancias de decisão, na
formulação de interesses e preferências (KUNZ, 2004, p. 122 e 123).
Como estratégias didáticas, o aluno é confrontado com a realidade do ensino pelo
principio de ―transcendência de limites‖, através de três passos (KUNZ, 2004):

De forma direta, o aluno explora e experimenta possibilidades da cultura de
movimento, assim como as próprias possibilidades e capacidades, além de vivenciar a
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competência comunicativa para compreensão do significado cultural e seu valor prático
assim como expressar cenicamente as experiências;

De forma aprendida, o aluno é capaz acompanhar, executar e propor soluções em
relação ao conteúdo, ou seja, pela própria experiência manipulativa os alunos descobrem
meios para uma participação bem sucedida;

E na forma criativa o aluno se torna capaz de criar e inventar brincadeiras, danças
e jogos.
4 DANÇA POR UMA PEDAGOGIA CRÍTICO- EMANCIAPADORA
A dança ainda é uma forma de expressar representativamente os diversos
aspectos da vida do homem. Faz parte do processo de civilização, industrialização e de
criticidade e por isso tem concepções diferentes: Dança como Arte e Espetáculo; a Dança
como Lazer e Cultura; a Dança Educação. E para compreender tais concepções é de
relevância o conhecimento histórico dessa cultura de movimento.
4.1 Um breve histórico
Quanto à gênese da Dança, pode se afirmar que foi por volta do século V a.C., com
da Dança Primitiva. Para os povos nômades que habitavam a terra era uma forma de
celebrarem casamentos, nascimentos, ritos religiosos, colheitas, caças e de homenagear
os elementos da natureza (NANNI, 1995).
Durante a idade média, devido aos dogmas da igreja, as atividades corporais eram
vistas como profanas e passaram a ser proibidas (ROMERO, 2005).
Antes da civilização, o homem era muito dependente da comunicação empática do
corpo. Durante o processo de civilização, o homem passa a controlar seus afetos e
impulsos, pois diminui sua capacidade sensorial, e a livre manifestação de gestos passa a
ser formalizada (NANNI, 1995).
Durante a Idade Média, século XV, surge a Dança Social na Europa, pratica comum à
nobreza da época, mas os camponeses em momentos de lazer ou de religiosidade,
também tinham as suas danças: Dança Popular ou Dança Folclórica (BREGOLATO,
2007).
No final da Idade Média, durante a Renascença italiana, surgiu a Dança Clássica
representada pelo Balé. Esse período é um marco histórico, pois o surgimento da
sociedade capitalista difunde a como Expressão da Arte, acessível somente aos mais
nobres (NANNI, 1995).
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Durante o século XIX, surgem os grandes espetáculos através do Balé Russo e
das Óperas. É o surgimento da concepção Dança Espetáculo, com grande influência de
Marius Pepita (NANNI, 1995). E nesse formato o homem é valorizado e a dança
apresentava a vitalidade dos balés campestres (BREGOLATO, 2007).
Ao romper do Século XX surge a Dança Moderna, que teve como precursores o
francês François Delsarte, que criou a rítmica e o pedagogo e compositor suíço Emilie
Jaques Dalcroze, que criou a expressão corporal. Nesse período uma grande bailarina,
Isadora Ducan, defendia a dança segundo a sua essência, ou seja, uma dança livre, onde
eram expressos os sentimentos do bailarino sem o rigor técnico do balé (NANNI, 1995).
Não existiam passos repetidos e instituídos por uma coreografia, a dança deveria ser a
expressão dos sentimentos mais íntimos do bailarino (BREGOLATO, 2007).
Mas a expressão ―Dança Moderna‖ só foi utilizada em 1926, Martha Grahan como
principal expressão destacou novos aspectos da dança como a importância do tronco, a
respiração, a relação contração x relaxamento e inclusão de saltos e projeções
(BREGOLATO, 2007).
A Dança moderna vivia um contexto de crítica, assim como os esportes, a
educação e a sociedade, e por isso, também passou a ser a expressão social e política da
época, dando origem a Dança Contemporânea (NANNI, 1995).
No Brasil, após a Colonização, o povo passou por uma revolução cultural. A Dança
da Corte ou Dança Social veio com a corte portuguesa e saiu de dentro dos salões da
Aristocracia Portuguesa para as ruas, guetos, aldeias e para o campo. Assim,
camponeses e escravos que aqui já viviam a Dança Indígena como Dança Primitiva, por
influência da cultura européia, passaram a dançar com mais controle das expressões e
sentimentos, e criaram a Dança Folclórica. São danças que até hoje expressam a cultura
regional e suas influências, assim como um modo de viver (BREGOLATO, 2007).
A Dança Moderna no Brasil surge em 1937, representada por Elenita Sá Earp, que
neste período recebeu convite para fundamentar a Dança para o curso de Educação
Física da Escola Estadual de Educação Física e Desporto do Rio de Janeiro. Seus
Estudos deram origem ao Sistema Universal de Dança, que tinha como base teóricaprática os princípios do comportamento motor, como as leis da física aplicadas ao
movimento (NANNI, 2008).
O fato é que durante a história da civilização o corpo passou por processos de
transformações onde negava e assumia certos elementos da sua corporeidade, dando ao
corpo um caráter Instrumental (GONÇALVES, 1994). O caráter instrumental, tanto Bracht
(2005) como Kunz (2004), através dos estudos da sociologia crítica da educação física,
demonstraram as relações de poder com a corporeidade através do uso manipulativo das
Instituições escolares.
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Em análise histórica das práticas corporais na escola, é possível afirmar que houve um
constante esforço de negação do corpo, que se manifestava pela ação de controle intenso
sobre qualquer ação de professores, alunos e funcionários dentro da escola, através de
punições (OLIVEIRA, 2006, p.57).
Nos dias de hoje, o homem contemporâneo tem uma visão distorcida de corpo e espírito,
devido a essas transformações na relação humana com a sua corporeidade. A educação
Física por influencia do Capitalismo utilizava como critérios o desempenho e a
produtividade para justificar desenvolver as capacidades físicas e habilidades para o
trabalho, e assim disseminou essa visão, introduzindo apenas a ginástica e o desporto,
sendo a dança a expressão mais antiga (GONÇALVES, 1994; BRACHT, 2005).
Segundo Romero (2005) e Giraldelli (apud VARGAS, 1990) já no final do século XX, a
Educação Física na escola sofria as influências do tecnicismo, valorizando apenas alunos
com aptidões físicas esportivas, renegando as práticas corporais expressivas, criativas e
lúdicas.
No século XXI, urge uma real mudança e para tal, será necessário reconhecer que não
será fácil mudar três séculos de ―educação doutrinadora e disciplinadora‖. Será preciso
reconhecer o homem na sua ―subjetividade‖, pois nela o homem é um ser corpóreo e
espiritual estando aberto ao mundo sem o qual ele não vive. ―Homem e mundo formam
uma síntese dialética‖ (GONÇALVES, 1994, p.75).
As atuais políticas educacionais incluem no currículo da Educação Física Escolar o
conteúdo Dança, reconhecendo a importância da cultura de movimento para uma prática
contextualizada, através de matéria teórica e práticas que ofertem a expressão crítica,
livre e criativa (BRASIL, 2000).
Mas a Dança ainda tem sido pouco abordada nas aulas de Educação Física Escolar, por
ainda existir na Instituição professores presos a antigas linhas pedagógicas
(BREGOLATO, 2007) e por ter havido durante muito tempo uma faze de crítica da
educação sem oferecer um referencial teórico- prática para sua real concretização (KUNZ,
2004).
Eleonor Kunz (2004) em sua transformação didático-pedagógico apresenta uma forma de
desenvolver os conteúdos da cultura de movimento nas aulas de educação física de
forma que o aluno pesquise (despertar a curiosidade), compreenda (contextualize), seja
crítico (linguagem comunicativa), expresse (linguagem corporal), vivencie (encenar) e crie
(seja livre) as práticas esportivas, assim transferindo para o conteúdo Dança, o
aprendizado deverá se dar em todas estas esferas para que se concretize.
Pela pedagogia crítico- emancipadora, muitas são as fontes para o ensino dos conteúdos:
material teórico, mapeamento do espaço para a vivência prática, reportagem de jornal e
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revista; vídeos e filmes; linguagem comunicativa (debates), encenações, enfim, um leque
aberto de possibilidades que fogem ao convencional uso da quadra, do apito e da bola.
4.2 Um referencial teórico- prático para a dança
A Dança é uma das culturas de movimento que mais tem demonstrado seus muitos
desdobramentos, muito em parte, aos meios de comunicação e a indústria cultural. O
interesse pela Dança e seu movimento surge devido ao significado expressivo e
comunicativo que se revela permitindo compreender a simbologia da cultura (KUNZ,
2004).
De acordo com a sociologia crítica da educação, o currículo da educação física visa
doutrinar a sociedade, via instituições, para o consumo do esporte, e assim, a prática da
Educação Física Escolar é a representação do esporte de alto rendimento, quando na
verdade deveria ser o espaço de aprender novas culturas, para desenvolver
conhecimento através de contextos sociais que façam parte daquele grupo para
proporcionar uma prática dialética, contextualizada e consciênte (FOUCAULT, 1985).
Essa retomada de consciência pedagógica, leva a compreender que para a
elaboração de um planejamento que abranja interresses que desenvolvam os alunos
como um todo, deve ser proporcionada a sua participação nos processos de escolha e
elaboração das práticas (BRACHT, 2005).
De nada serve, a não ser para irritar o educando e desmoralizar o discurso hipócrita do
educador, falar em democarcia e liberdade mas impor a vontade arrogante do mestre
(FREIRE, 1996, p. 62).
O aluno deve se sentir parte importante e central da dinâmica para que o ensino não seja
realizado de maneira forçada, pois assim todo o esforço será em vão (BERGE, 1981).
―Dançar, é interpretar, expressando de uma forma muito própria de ver o mundo, as
pessoas e tudo ao redor‖ (RARRETO, 2008, p.76). Isso revela o individuo enquanto sua
opinião, olhar, concepção de mundo, e assim seria o homem na sua subjetividade.
Naquilo que o torna único e especial neste universo (KUNZ, 2004).
Nesta busca pela subjetividade, os conteúdos de Dança e atividades rítmicas e
expressivas, devem possibilitar a comunicação não verbal e os diálogos corporais, assim
como, sensibilizar o aluno para que tenham uma educação estética, promovendo relações
equilibradas e harmoniosas com o mundo (BARRETO, 2008).
Os conteúdos da Dança, segundo a ideologia de uma pedagogia crítica devem promover
no jovem a reflexão crítica, compreendida como uma capacidade de questionamento e
análise em torno das dinâmicas propostas (KUNZ, 2004).
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Na ideologia de uma pedagogia emanciapadora pelas atividades rítmicas e
expressivas, as situações de aprendizagem devem promover um processo continuo de
libertação pela análise subjetiva e envolvimento objetivo (KUNZ, 2004).
A libertação proposta por Kunz (2004) como finalidade, se refere a uma tomada de
consciência, de forma a libertar a sociedade de amarras que visam desenvolver
espectadores e consumidores de esporte espetáculo (BRACHT, 2005) assim como
afastar o povo de lutas sociais importantes (FOUCAULT,1985).
E por todos os expostos citados anteriormente explanando as muitas possibilidades com
a Dança, como ponto de partida de educar através desse conteúdo deve despertar o
educando para ações, movimentos e danças que realizam em seu cotidiano. É o
reconhecimento da dança como parte do sentimento, de um modo de vida de uma forma
de se relacionar com o mundo, da sua subjetividade (KUNZ, 2004).
Como parte de conhecimento teórico, este deve proporcionar contato com a Dança como
expressão da Arte, assim como admirar, julgar e avaliar para desenvolvimento da
educação estética da arte (BARRETO, 2008). O teórico deve induzir a reflexão,
sensibilização e despertar a curiosidade em torno daquilo que está sendo apresentado
colocando um contexto na dinâmica proposta (KUNZ, 2004).
O estudo contextualizado tem por objetivo proporcionar ao aluno a prática consciência do
que está sendo vivenciado e da relação das práticas com a vida como um todo
(BREGOLATO, 2007). Isso requer reconhecimento de esporte em muitas dimentções,
como espetáculo, lazer e qualidade de vida, além de sua instrumentalização como forma
de racionalizar e consumo (BRACHT, 2005).
O professor pode ainda solicitar, a pesquisa aguçando ainda mais o olhar curioso do
aluno, para que assim, também possa relacionar a produção de arte e cultura tentando
compreender as relações de poder através da veiculação de determinados
desdobramentos, e nesse momento, o educando deve despertar para um questionamento
(crítica) que ocorrerá através da linguagem, da expressão comunicativa. O professor deve
dar voz ao aluno para compreender sua concepção e seu conhecimento sobre aquilo que
lhe está sendo apresentado (KUNZ, 2004).
O teórico crítico se revela por uma competência comunicativa, induzindo a reflexão,
questionamento e discurssão em torno de situações que lhe são impostas. Sendo assim,
os conteúdos teóricos de Dança serão incluídos para esclarecer aos alunos a realidade
referente à hegemonia de alguns esportes, permitindo a prática consciente e concreta,
(KUNZ, 2004).
Tais conteúdos devem apresentar: conceitos; referências históricas; fundamentos dos
movimentos da dança; estudos de normas e atitudes; conhecimentos sobre o corpo e os
sentidos; temas relevantes como lazer, cultura, criatividade e concepção pedagógica;
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temas transversais como saúde, ecologia, trabalho, valores, justiça social e sexualidade; e
o homem segundo um principio de totalidade, ou seja, como corpo, espírito e
corporeidade (BREGOLATO, 2007).
Então Kunz (2004) apresenta como estratégias didáticas, o confronto do aluno com a
realidade do ensino pelo principio de ―transcendência de limites‖, e para isso são
necessários três momentos de concretização de aprendizado.
Inicialmente o professor deverá se preocupar com o arranjo material: mapeamento do
ambiente, som, música, textos, vídeos e muitos outros materiais para a tarefa (KUNZ,
2004).
Todo gesto mecânico é anti- artístico, é vazio de sentido e sem vida, e cabe ao professor
fazer essa vida nascer desde o primeiro gesto na intenção de desenvolver a educação
pela dança (BERGE, 1981).
No primeiro momento, na ―transcendência de limites pela experimentação‖, o aluno vai
vivenciar os conteúdos técnicos da dança, dentro dos limites de cada um, são eles:
improvisação; composição coreográfica; consciência, percepção e expressão corporal;
fatores coreológicos como espaço, tempo, som e ritmo; dinâmicas de danças clássicas,
modernas e contemporâneas, assim como, as danças populares, folclóricas e atuais;
(BARRETO, 2008). O trabalho é realizado em pequenos grupos e os alunos se auxiliam
mutuamente para superar barreiras de medo através da interação (KUNZ, 2004, p.123).
Durante a ―transcendência de limites pela aprendizagem‖, é colocado um problema para
ser solucionado, como, um salto, uma projeção, uma postura, uma coreografia, uma
mímica, etc. A partir do conhecimento durante o momento de experimentação (KUNZ,
2004, 123).
Como exposto anteriormente, certas tendência pedagógica desempenharam papel de
dominação e controle da corporeidade do homem através das instituições escolares,
como forma de re- orientar os interesses de uma classe menos favorecida, conforme a
necessidade de uma classe dominante. Nesse momento as atividades esportivas tinham
como objetivo não só tornar o homem um ser mais equilibrado em relação a expressão
de seus sentimentos, mas em relação as questões sociais e políticas (BRACHT, 2005).
Na transformação didática- pedagógica é necessário resgatar essa expressão, para que
a sociedade saia de um estado de alienação e passe a lutar por seus reais interesses
(KUNZ, 2004).
Sendo assim, o último passo é a ―Transcendência de limites criando‖. Seriam criar novas
danças, posturas, saltos, projeções, enfim, ―lançar-se‖ em sua expressão através das
técnicas desenvolvidas nas dinâmicas de dança. Neste momento o educando pode ser o
artista por meio da liberdade criativa, revelando sua subjetividade, concretizando a
emancipação dentro da escola (KUNZ, 2004, p.123).
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Para que as situações de aprendizagem pela ―transcendência de limites‖, trabalho,
interação e linguagem são os meios para que as práticas se concretizem (KUNZ, 2004)
O trabalho ocorre durante a experimentação individual e coletiva dos alunos, através da
soluções de problemas criados para proporcionar a experimentação de suas
possibilidades, sendo um momento de descoberta para os professores e alunos. Um outro
momento é a aprendizagem da tarefa, que requer treino e exercício contínuo para que
ocorra pela intensificação dos exerciciosa superação de limites anteriormente impostos e
assim se dê o aprendizado (KUNZ, 2004).
Por meio da interação em atividades coletivas, em pequenos grupos a falta de alguma
habilidade será solucionada pelo grupo. A demonstração é muito importante, planejando
novas encenaçãoes e soluções a cada nova demonstração (KUNZ, 2004)
Pela linguagem, desenvolve-se a competência crítica, o discursso e forma verbalizada ou
corporal. O professor deve usar seu poder de esclarecimento pois tem participação
destacada, e jamais deve tirar a alegria da criança em participar (KUNZ, 2004). O
professor deve rejeitar toda a forma de discriminação (FREIRE, 1996).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo demonstrou que a dança durante muito tempo passou por um
processo de negação em diferentes esferas da sociedade ao longo da história. Processos
de civilização, industrialização e paralelamente de educação fizeram da corporeidade um
instrumento para controle de suas emoções, e posteriormente afastou o homem de lutas
sociais e por fim tornou o homem consumidor do esporte espetáculo.
Desde a década de 80, os estudos da sociologia e tendências pedagógicas de linha
crítica, tem apontado a necessidade da Educação Física Escolar mudar essa tendência
dentro das instituições, não aceitando oferecer como educação através do corpo, apenas
o esporte de alto rendimento, com movimentos repetitivos, valorizando somente os
melhores e mais talentosos.
Sendo a escola o espaço cultural da diversidade, deve haver um diálogo entre as
diferenças, e não a impultação de conteúdos fora do contexto do jovem que está na
escola nos dias de hoje.
A adolescência é um estágio de passagem do jovem para a vida adulta, e muitas das
experiências vividas neste período vão determinar seus hábitos pelo resto da vida. E cabe
ao professor apresentar interesse pelo seu universo cultural e também pela construção de
um homem como um todo, ou seja, corpo, mente e espirito. Um ser que se move, que
pensa, que se expressa e que sente.
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Pela pedagogia crítico- emancipado, o homem crítico será estimulado a questionar-se
sobre aguns aspectos da sociedade. O homem emancipado será conduzido a uma
liberdade que será adiquirida à medida de sua tomada de consciência.
As atuais política públicas contemplam a Dança dentro do currículo da cultura de
movimento da Educação Física escolar, por: reconhecer a sua importância nos aspectos
sociais- afetivos com o corpo; por fazer parte de certos grupos sociais, revelando
aspectos importantes de um modo de viver e de se relacionar com o mundo; e por
promover no mínimo uma prática prazerosa e relaxante.
Sua justifica está em oferecer uma orientação teórico- prática baseado na pedagogia
crítico- emancipadora, pois sendo Dança uma produção cultural da sociedade, é a
dinâmica que permuta ao jovem a descoberta do corpo, a expressividade, a emoção, os
sentidos, os valores, o respeito, a cidadania e a discussão em torno de tais questões
através da própria cultura de movimento.
Assim, como atender as políticas nacionais de educação de formação de um indivíduo
autônomo. A Dança como produção cultural da sociedade, é a dinâmica que permuta ao
jovem a descoberta do corpo, a expressividade, a emoção, os sentidos, os valores, o
respeito, a cidadania e a discussão em torno de tais questões através da própria cultura.
Atitudes de solidariedade, cooperação, respeito, participação, iniciativa, autonomia,
indiscriminação, obediência, questionamento, construção de normas, valores como
justiça, liberdades, verdade, cidadania, são princípios educacionais e valores sociais
desenvolvidos através da dança na educação.
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O ESPORTE E SUAS POSSÍVEIS CONTRIBUIÇÕES NA CONSTRUÇÃO DA
CIDADANIA
PEREIRA, I. M. D.1
PIMENTA, T.A.M.2
1 Universidade Cruzeiro do Sul – São Paulo – São Paulo - Brasil.
2 Centro Universitário Módulo – Caraguatatuba – São Paulo – Brasil
[email protected]
RESUMO
Introdução: O esporte e ao lazer são direito de todos, contudo se faz necessário
reinteração da obrigatoriedade do poder público de ofertar essas práticas à toda
população, independentemente de idade e sexo, ou de qualquer outra forma de
diferenciação dos cidadãos, como consta no artigo 6º e 217º da Constituição Federal,
direito ao lazer e ao esporte respectivamente nesta ordem.Objetivo: Este estudo tem por
objetivo suscitar a discussão das possíveis contribuições sociais que o esporte pode
oferecer aos seus praticantes, principalmente no que se refere a construção da cidadania.
Metodologia: Para o presente artigo, foi realizada pesquisa bibliográfica, tomando-se
como referência, autores que assumem uma linha crítica na análise de tais
questões.Resultados: Entendendo que cidadania e inclusão social estão diretamente
ligadas à educação e, sendo os projetos esportivos uma educação não formal, espera-se
a possibilidade da contribuição do esporte na constituição do sujeito cidadão. Mas como a
prática esportiva poderá contribuir para a cidadania, sendo o esporte parte integrante da
sociedade, uma sociedade injusta, alienante, hipercompetitiva, uma sociedade de
exclusões?Conclusão:Diante o exposto acima conclui- se que o esporte por ser uma
construção humana, tem correlação com a organização social, em especial com sua
estrutura, constituição, aceitação, discussão, regras, convívio e disputas com outros. O
esporte nessa perspectiva consolida- se como uma grande ferramenta na construção da
cidadania de seus participantes. No entanto, se esportes forem mediados por ações
consonantes ao sistema capitalista são pautados nos determinantes econômicos e
pensados principalmente na dimensão biológica, dificilmente despertarão uma visão
critica nos indivíduos inseridos em projetos esportivos.
Palavras-chave:Esporte. PolíticasPúblicas. Cidadania.
ABSTRACT
Introduction: Sportandleisureareright for everyone,howeverit is necessaryto ratify the
obligationof the government totendersuchpracticestotheentire population, regardlessof age
andsex,oranyother form ofdifferentiationof citizens, as statedin Article 6 and217of
theFederalConstitution, the right to leisureandsportsin that orderrespectively.Objective:
Thisstudy
aims
toraisethe
discussion
ofpossiblesocialcontributionsthat
sport
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canofferitspractitioners, especially as regardsthe construction of citizenship.
Methodology:Forthis article, literature searchwasperformed, taking asreference,
authorswhotakeacriticallinein
the
analysisofsuchissues.Results:
Understanding
thatcitizenshipandsocialinclusionaredirectlylinked
to
educationandsports
projectsandthenon-constitutionof
the
citizen.
Butassportspracticecancontributetocitizenship, beingthesportpartofsociety, ahyperunfair
society, alienating, a society ofexclusions? Conclusion: In front of what was shown
aboveIt is concludedthat the sportbybeinga human construction, correlates withsocial
organization, in particularits structure, constitution, acceptance, discussion,rules,
andsocializingwithotherdispute. The sportinthat perspectiveisconsolidatedas a great toolin
building citizenshipof its participants. However, ifsportsaremediatedbythe capitalist
systemconsonantactionsareguidedinthoughtandeconomicdeterminantsprimarilyonbiologica
l dimension, hardlyawakeonecritical vision intheindividualsintroducedintosports projects.
KEYWORDS:Sport.PublicsPolitics.Citizen.
INTRODUÇÃO
O conceito de esporte de uma forma geral abordar a cultura esportiva, de forma ampliada
assim, o esporte, o jogo e a brincadeira7 são componentes deste conceito.
Buscando uma reflexão acerca a contribuição social do esporte, tem-se como referência a
Constituição Federal (1988), e o Estatuto da Criança e Adolescente(1990), evidenciando
esporte como direitos constituído a todos, assim em patamares de importância com
relação a qualquer outro direito constitucional.
A Constituição Federal (1988), em seu artigo 217, aborda o direito ao esporte, sendo a
prática esportiva assegurada a todos, independentemente da capacidade de realização
de qualquer atividade física, por qualquer indivíduo em território nacional. Assim, ―É dever
do Estado, fomentar práticas desportivas formais e não formais, como direito de cada um
[...]‖.
Especialmente, no caso das nas crianças e adolescentes, o ECA (1990), em seu artigo 4,
menciona que:
é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar,
com absoluta prioridade, aefetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à
alimentação,à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade,
ao respeito, à liberdade e à convivência familiar ecomunitária.
Relembra-se que o direito ao esporte e ao lazer é de todos, reintegre-se a obrigatoriedade
do poder público de ofertar essas práticas à toda população, independentemente de idade
e sexo, ou de qualquer outra forma de diferenciação dos cidadãos, seja ela qual for,
colaborando de forma efetiva na melhoria da saúde de seus participantes e de
contribuindo para efetivação da promoção dos aspectos sociais dos praticantes.
7
Ronaldo Helal em seu livro: O que é Sociologia do Esporte- Ed. Brasiliense: Entende que brincadeira, jogo
e esporte possuem características próprias e por isso o autor faz sua distinção.
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As possibilidades de contribuições sociais através da prática esportiva estão presentes
tanto no esporte – educação, quanto esporte- participação, e sendo o esporte e o lazer
direito de todos, faz com que essas formas de propagação esportiva coadunem a esses
direitos.
OBJETIVO
Este estudo tem por objetivo suscitar a discussão das possíveis contribuições sociais que
o esporte pode oferecer aos seus praticantes, principalmente no que se refere a
construção da cidadania.
METODOLOGIA
Para o presente artigo, foi realizada pesquisa bibliográfica, tomando-se como referência,
autores que assumem uma linha crítica na análise de tais questões.
RESULTADO E DISCUSSÃO
AS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS DO ESPORTE
O presente trabalho tem como assunto central, as possibilidades de contribuições sociais
do esporte, principalmente no que se refere à construção da cidadania, concordamos com
a reflexão de Junqueira (2004, p. 9-10), quando ele descreve ―[...] que o esporte é um
lugar privilegiado para a vivência de valores, atitudes e comportamentos necessários ao
cidadão autônomo e participante‖.
Korsakas e Júnior (2002, p.84) afirmam que ―[...] a própria concepção de esporte tenha
passado por enormes transformações durante todos esses séculos, as discussões sobre
a sua relação com a educação continuam presentes‖.
Entendendo que cidadania e inclusão social estão diretamente ligadas à educação e,
sendo os projetos esportivos uma educação não formal, espera-se a possibilidade da
contribuição do esporte na constituição do sujeito cidadão. Porém, o que fica claro é que,
por parte de Governos, a tendência é colocar a solução de questões advindas da
desigualdade social na construção da cidadania, como descreve Junqueira (2004, p. 60):
tem sido comum a ideia de desenvolvimento de cidadania e inclusão social através da
educação, como sendo esta o responsável pela solução de todos os problemas de
exclusão social que afligem em nosso país. Basta capacitar o homem para inseri- lo no
mercado de trabalho ensinando-o a ser um cidadão consciente racional e socializado.
Mas como a prática esportiva poderá contribuir para a cidadania, sendo o esporte parte
integrante da sociedade, uma sociedade injusta, alienante, hipercompetitiva, uma
sociedade de exclusões?
Kuns (2000, p. 24- 25), aponta que ―Os motivos desse fenômeno não estão no
desenvolvimento do esporte em si, mas no próprio desenvolvimento das sociedades
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atuais, onde o rendimento configura-se no principio máximo de todas as ações‖.
O referido autor, exemplifica essa questão da nossa sociedade, o sucesso a qualquer
custo, ―Se, por exemplo, um atleta para ultrapassar orecord mundial precisa se submeter
a um tratamento inumano, isso pouco importa desde que o resultado seja alcançado‖
(KUNS, 2000, p.25).
O esporte sendo parte integrante da sociedade, faz com que sua prática siga os moldes
do meio em que está inserido.
A racionalização presente nas práticas esportivas é antes de tudo da racionalização
presente em nossa sociedade. Não podemos considerar o esporte imaculado. Como
consequência de influência de nossa sociedade racional e secular está a desportivização
da cultura corporal retirando das práticas esportivas a ludicidade, tornando- se sério, e
padronizado a forma de participação esportiva (JUNQUEIRA, 2004, p.76).
Este autor continua dizendo, ―A padronização e a seriedade presente no esporte se
apresentam tão consolidadas que passam a impressão do esporte ser um fenômeno
pronto e acabado, deixando de ser um fenômeno dinâmico‖ (Idem).
O mesmo autor aponta ainda que
estes valores relacionados ao esporte de rendimento também são os mesmos valores que
orientam a competição a capitalista, consequentemente, o uso que o sistema faz do
campeão esportivo reside basicamente em se ela própria imagem do sucesso, servindo
de modelo a ser seguido para todos que desejarem obter sucesso em nossa sociedade
(Idem, p. 77).
Discursa-se sobre esse ideal capitalista, da obrigatoriedade da vitória, da impossibilidade
de derrota, assim,
daí a grave crise civilizatória em que estamos, intoxicados de vitorismo e de uma ética
inventada para glorificar vitórias a qualquer preço, esquecendo que perder também faz
parte da vida. E, muitas vezes, o que parece ser perder pode ser ―perdar‖ (TÁVOLA,
1985, p. 279).
ParaKorsakas e Júnior (2002, p.88),
agir dessa maneira significa crer que excluir os menos habilidosos e trapacear são
atitudes úteis e que fazem parte da lógica interna da prática esportiva, como se o único
sentido do esporte estivesse em vencer. A justiça, a igualdade de oportunidades e outros
valores éticos e morais do esporte são desprezados como valores menores que, muitas
vezes, atrapalham e até impedem a vitória. O fim justifica os meios, e nãoimporta o que
se faz, contanto que se consagre campeão.
Dá-se uma importante contribuição nessa discussão, Freire (2009, p. 138) abordou
questões essenciais em relação a essa temática,
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começar pela discriminação que sofrem todos aqueles que, na escola, são incapazes de
vencer, quando se trata de selecionar elementos para representar a instituição em
eventos esportivos. Depois, durante os encontros competitivos, internos ou intercolegiais,
premiam- se apenas os vencedores, ignorando-se a existência dos que obtêm colocações
inferiores. Esse é o ângulo através do qual são vistas as competições pelas pessoas que
as promovem nas escolas hoje em dia. São formadoras de campeões, selecionadoras de
raças, disseminadoras de sentimentos preconceituosos, reprodutoras da forma mais
abominável de competição que orienta as relações entre as pessoas de nossa sociedade,
e que encontra sua expressão ritual mais importante nos jogos olímpicos modernos.
Vencer a qualquer custo é o lema que orienta a competição, nas relações sociais e nos
jogos desportivos.
Entende-se que a competição faz parte de todas as sociedades, e que é interessante as
crianças vivenciarem essa experiência. O que condena-se, são as formas de como se
apropriam das competições,
não se deve confundir o elemento competitivo contido no espírito humano e presente em
todas as civilizações com as formas nefastas que a competição adquire em certos
momentos da história. Recusar- se a fortalecer, na Educação, a forma depravada com
que a competição se manifesta na sociedade tecnocrática é desejável, mas sem negar à
criança o direito de exercer e ampliar sua cultura (FREIRE, 2009, 138).
Sobre a possibilidade de construção da cidadania através do esporte em uma sociedade
individualista, hipercompetitiva, como a nossa, entende que é necessário
(...) proporcionar meios institucionais para a construção da autonomia de homens e
mulheres, viabilizando o exercício da liberdade a partir de marcos éticos como
cooperação, a solidariedade e o respeito pelo ser humano, fundamentos básicos do
exercício da cidadania (NEIRA, 2003, p. 164).
Paes (2001), referenciando Orlick (1978), sobre a relação esporte e sociedade descreve
que:
os jogos e os esportes são reflexos da sociedade em que vivemos, mas também servem
para criar o que é refletido. Muitos valores importantes e modos de comportamento são
aprendidos por meios das brincadeiras dos jogos esportivos (ORLICK, 1978, apud PAES,
2001, p. 79).
Korsakas e Júnior (2002, p.89), apontam que,
promover a autonomia torna-se, então, um caminho para a superação das antinomias, o
fortalecimento da co-responsabilidade e da solidariedade, na medida em que ser
autônomo, descobrindo-se independente e autodeterminante, exige que se reconheça
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também a autonomia do outro. Nesse processo de auto conhecimento é que se torna
possível conhecer o outro e o mundo, valorizando a unidade do homem como síntese da
diversidade.
Entendendo que a Educação Física escolar e o esporte têm a mesma importância na
formação de crianças e adolescentes, faço uso dos Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCN) de Educação Física para elucidar as possibilidades da formação cidadã através do
esporte. O PCN tem entre seus objetivos gerais do ensino fundamental que os alunos
sejam capazes de:

compreender a cidadania como participação social e política, assim como o
exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais, adotando no diaa dia, atitudes de
solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o
mesmo respeito;

desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de confiança
em suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de inter- relação pessoal e
de inserção social, para agir com perseverança na busca de conhecimento e no exercício
da cidadania (PCN, 1997).
Cito dois objetivos gerais do PCN que constam a palavra cidadania, no entanto todos os
outros objetivos gerais dos parâmetros também estão atrelados a esse propósito.
Se cidadania é ―direito a ter direitos‖ e o esporte e o lazer são direitos, então, pode- se
afirmar que o esporte e o lazer estão diretamente relacionados com cidadania.
Se há a possibilidade, através do esporte- educação, e o esporte- participação criar
hábitos de cooperação, solidariedade, respeito ao próximo e as diferenças, desenvolver a
autonomia, via modalidades esportivas, formar sujeito crítico condições essas essenciais
para formação cidadã, pode-se novamente afirmar que o esporte e cidadania andam lado
a lado.
Segundo o PCN (1997, p. 28),
a concepção de cultura corporal amplia a contribuição da Educação Física escolar para o
pleno exercício da cidadania, na medida em que tomando seus conteúdos e as
capacidades que se propõe a desenvolver como produtos socioculturais, afirma como
direito de todos o acesso a eles. Além disso adota uma perspectiva metodológica de
ensino e aprendizagem que busca o desenvolvimento da autonomia, a cooperação, a
participação social e a afirmação de valores e princípios democráticos.
Barbieri apud Korsakas e Júnior (2002, p. 90), vão nessa mesma, para esses autores:
[...] a visão contemporâneo-integradora do esporte é aquela que, reconhecendo a
necessidade premente [...] de ações que objetivem restaurar o humano do homem,
concebe como sendo insubstituíveis o valor e a importância atribuídos à emancipação do
homem, à sua autonomia, à sua participação efetiva na construção da realidade, ao
desenvolvimento da sua auto-estima, de sua criatividade, de seu auto conhecimento, de
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sua ludicidade, da sua capacidade de cooperar, bem como da preservação da sua
identidade cultural. Admite a necessidade do desenvolvimento do esporte intrinsecamente
relacionado à educação (significada como um processo do homem se fazer no mundo) e
que se fundamente também numa relação de co-educação entre aqueles que, juntos,
aprendem; se fundamente no respeito e na preservação da individualidade de cada um
dos participantes desse processo em relação às diversas outras individualidades, tendo
em vista o contexto uno e diverso no qual o homem está inserido.
O esporte pode ser uma grande ferramenta para formação cidadã, contudo é necessário
que as crianças e adolescentes sejam protagonistas nesse processo e não somente uns
meros expectadores, pois:
promover a participação de todos nesse contexto incentiva também o senso de coresponsabilidade e de comprometimento social com a construção da realidade pautada
pelo exercício de direitos e responsabilidades, e estimula a criticidade e criatividade de
todos, a fim de formar indivíduos autônomos e independentes, competências necessárias
para o desenvolvimento da emancipação (KORSAKAS, JÚNIOR, 2002, p. 91).
Korsakas e Júnior (2002, p. 91- 92), colocam que a ―liberdade para a criança que,
também como sujeito deste processo de ensinar e aprender, tem o poder – a
possibilidade – de reinventá-lo para o prazer e para a diversão‖.
Para Florentino e Saldanha (2007, p. 1) ―o professor de Educação Física tem a
responsabilidade de preparar seus alunos para a cidadania‖.
Para que isso ocorra o professor tem que ser coerente em sua prática, organizar aulas em
que os alunos tenham a participação direta, e não serem meros receptores de
informações, pensar o esporte de maneira dialética. Uma Educação pelo Desporto que
contraponha a Educação Física Militarista. Segundo Ghiraldelli Júnior (1998, p. 26), ―a
Educação Física Militarista, coerente com os princípios autoritários de orientação fascista,
destacava o papel da Educação Física e do Desporto na formação do homem obediente e
adestrado‖.
Se a prática esportiva for realizada reproduzindo a lógica capitalista, da vitória a qualquer
custo, do excesso de competição, da alienação do indivíduo, entre outras características
da sociedade do consumo, o propósito da construção da cidadania,via esporte fica
relegado a segundo plano.
Segundo o Ministério do Esporte (2004, p 11)"uma prática excludente e seletiva, que
impede crianças, adolescentes e jovens de serem livres e de desenvolverem sua
autonomia e criticidade, contradiz os atributos educativos [...]".
AGUMAS CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante o exposto acima conclui-se que o esporte por ser uma construção humana, tem
correlação com a organização social, em especial com sua estrutura, constituição,
aceitação, discussão, regras, convívio e disputas. Assim, é um direito assegurado por lei,
como tantos outros direitos imprescindíveis para a vida humana. Para tanto, deve-se
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pensar em suas dimensões tanto biológica quanto social, como forma de contribuição
para a emancipação humana, de forma crítica às determinantes econômicas e sociais. O
esporte nessa perspectiva consolida-se como uma grande ferramenta na construção da
cidadania de seus participantes.
No entanto, seo esporte, nas suas diferentes dimensões e modalidades, for mediados por
ações consonantes ao sistema capitalista que são pautados nos determinantes
econômicos e voltados principalmente a perspectiva biológica, dificilmente despertará
uma visão crítica. E tampouco a emancipação humana nos indivíduos inseridos nos
programas esportivos.
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BRASIL, Lei nº 8.069, 13 de julho de 1990. Estatuto da Criança e do Adolescente –
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TÁVOLA, A. Comunicação é mito: televisão em leitura crítica. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1985.
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A CAPACIDADE FUNCIONAL DE IDOSAS PARTICIPANTES DA UNIVERSIDADE
ABERTA PARA MATURIDADE - UNABEM
XAVIER, F. B.¹; SILVA, J. J.²; PEIXOTO, N.ᶟ; LEMOS, M. S. 4; QUEIROZ, C. A.5
¹ Faculdades Integradas do Sudoeste Mineiro - FESP/UEMG, Passos/MG - Brasil.
² Faculdades Integradas do Sudoeste Mineiro - FESP/UEMG, Passos/MG - Brasil.
ᶟ Faculdades Integradas do Sudoeste Mineiro - FESP/UEMG, Passos/MG - Brasil.
4
Faculdades Integradas do Sudoeste Mineiro - FESP/UEMG, Passos/MG - Brasil.
5
Faculdades Integradas do Sudoeste Mineiro - FESP/UEMG, Passos/MG - Brasil.
email: [email protected]
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi analisar os componentes da aptidão funcional de 20 idosas
da turma G/2014, da Universidade Aberta para Maturidade (UNABEM), através da Bateria
de Testes AAPHERD "American Aliiance for Hearth, Physical Education, Recreation and
Dance". Trata-se de estudo descritivo, com abordagem quantitativa. Os resultados
parciais, relacionados ao nível de aptidão funcional, evidenciaram que 90% das idosas
pesquisadas estão entre os níveis Fraco e Regular. Após a primeira fase da coleta dos
dados, foi implantado um protocolo de exercícios físicos visando a melhoria da
capacidade funcional do grupo estudado. As sessões são ministradas pela
aluna/pesquisadora, sob a supervisão da equipe de professores, uma vez por semana. A
análise dos dados evidenciou que as capacidades funcionais são interligadas e
fundamentais para que as idosas tenham um envelhecimento saudável. Após intervenção
será realizada a 2ª etapa da coleta de dados. Diante dos resultados apresentados podese concluir que os exercícios físicos praticados regularmente são de suma importância
para a manutenção e a melhoria no IAFG (Índice de Aptidão Funcional Geral) das idosas.
Portanto a prática de atividades físicas na UNABEM é uma necessidade, visando o
incentivo à prática de exercícios físicos regulares, a fim de melhorarem a qualidade de
vida e evitarem o declínio do envelhecimento.
Palavras chaves: idosas; capacidades motoras; aptidão funcional.
ABSTRACT
This paper had the objective of analyzing the functional aptitude of 20 elderly class
G/2014, the Open University for the Elderly (UNABEM), through a group of tests
AAPHERD "American Alliance for Hearth, Physical Education, Recreation and Dance".
This is a descriptive study with a quantitative approach. Partial results related to the level
of functional fitness, showed that 90% of the surveyed elderly are among the Weak and
Regular levels. After the first phase of data collection was implemented a protocol of
exercises aimed at improving the functional capacity of the studied group. The sessions
are taught by student / researcher under the supervision of the team of teachers once a
week. Data analysis showed that functional capabilities are interconnected and
fundamental for the elderly have a healthy aging. After intervention will be held the 2nd
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stage of data collection. Given the results presented it can be concluded that the physical
exercises regularly are critical to maintaining and improving the GFFI (Functional Fitness
Index General) of the elderly. Therefore the practice of physical activities in UNABEM is a
necessity, aimed at encouraging the practice of regular exercise in order to improve the
quality of life and prevent the decline of aging.
Key words: Elderly; motor skills; functional fitness.
1 INTRODUÇÃO
Atualmente o segmento populacional de idosos é o que mais cresce em quase todos os
países, apresentando uma taxa de crescimento maior que a de qualquer outra faixa
etária. O Brasil não fica fora desse contexto, vem ao longo dos últimos anos vivenciando
um aumento gradativo em sua população idosa. Os dados mostram que a população
feminina é a mais expressiva com média de 77 anos de idade e que a população
brasileira adicionou 10 anos na sua expectativa de vida (IBGE, 2009). Até 2.025 o Brasil
ocupará o sexto lugar da população de idosos do planeta com 31,8 milhões de indivíduos
com 60 anos ou mais (CAVALCANTE; GUERRA, 2005).
Em função do crescimento desta população e necessidade de se compreender e
estimular a promoção de atividades que levem os idosos ao bem-estar psicológico e
social e à melhoria da qualidade de vida, oferecendo oportunidades de participação em
atividades intelectuais, físicas e sociais surgem iniciativas como as universidades para
terceira idade. Estas são polos capacitadores (LIMA et al., 2010), que oferecem
indicativos para intervir de forma efetiva nesta faixa etária da população, articulando
ações multi e interdisciplinares proporcionando aos idosos um melhor entendimento sobre
seu processo de envelhecer (GUERRA; CALDAS, 2010).
A Universidade Aberta para Maturidade (UNABEM) em Passos-MG faz parte das
atividades extensionistas das Faculdades Integradas do Sudoeste Mineiro – FESP, que
tem como objetivo principal oferecer um espaço de convivência onde se fortaleça a
autonomia do idoso para um envelhecimento saudável e ativo e consequente melhora da
qualidade de vida.
A aptidão funcional pode ser considerada como a capacidade de realizar as atividades do
dia-a-dia de forma independente, mantendo as habilidades físicas e mentais em um bom
estado, podendo assim ter uma vida melhor, e até mesmo um sono adequado
(BENEDETTI; GOBBI et al., 2007). Para que a pessoa tenha uma boa aptidão funcional,
são necessários vários componentes, como agilidade/equilíbrio, coordenação,
flexibilidade, resistência e força, resistência aeróbia.
Baseado nestas premissas, o objetivo deste trabalho foi analisar os componentes da
aptidão funcional das idosas ingressantes na Universidade Aberta para Maturidade
(UNABEM), através da aplicação de uma bateria de testes, chamada American Aliiance
for Hearth, Physical Education, Recreation and Dance (AAPHERD), composta por 5 testes
motores.
1.1 OBJETIVO
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Analisar os componentes da aptidão funcional de um grupo de idosas ingressantes na
Universidade Aberta para Maturidade (UNABEM).
2 METODOLOGIA
Este estudo trata-se de uma pesquisa descritiva dividida em 2 (duas) etapas (pré e pós
protocolo de exercícios físicos). Foi realizada com 20 idosas (65,65 ± 5,95) ingressantes
da Turma G da Universidade Aberta para Maturidade – UNABEM, das Faculdades
Integradas do Sudoeste Mineiro (Passos/FESP). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de
Ética da FESP (Parecer nº 566.918) e as participantes assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido. O perfil das participantes foi obtido através do
Questionário BOAS (VERAS; DUTRA, 2008).
A bateria de testes utilizada para avaliar os componentes da aptidão funcional das
idosas foi a ―American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance –
AAPHERD‖, composta por 5 testes físicos: agilidade/equilíbrio, coordenação, resistência e
força e resistência aeróbia (CLACK, 1989 apud OSNESS, 1990).
A 1ª etapa da bateria de teste aconteceu no dia 11 de março de 2014, em uma
quadra coberta, divididos 5 (cinco) grupos de idosas, em forma de rodízio, os testes foram
aplicados de acordo com a descrição abaixo:
1. Teste de agilidade e equilíbrio (AGIL): Colocou-se uma cadeira no centro, e em seguida
foi medido 1,50 m para trás e 1,80 m para o lado da cadeira, onde foram posicionados
dois cones, um do lado esquerdo e um do lado direito. Inicia-se o teste sentada na cadeira
com a planta dos pés inteiramente apoiadas no chão. Ao sinal do avaliador ―pronto, já‖ a
idosa caminha para a direita e circunda o cone, logo após a participante retornou para a
cadeira de origem sentando-se na mesma. Faz o mesmo para a esquerda completando o
circuito. Para que se certifique que realmente a idosa sentou, após retornar da volta aos
cones, ela realizou uma leve elevação dos pés retirando os mesmos do solo. Foram
realizados dois circuitos completos, sendo registrado o menor tempo.
2. Teste de coordenação (COO): Um pedaço de fita adesiva (76,2 cm de comprimento) foi
fixado sobre uma mesa. Sobre está fita foi feita seis marcas (12,7 cm) equidistantes entre
si, sendo que a primeira e última marca estava há (6,35 cm) de distância das
extremidades da fita adesiva. Sobre as seis marcas foi fixado, perpendicularmente, outro
pedaço de fita com comprimento de (7,6 cm). A participante sentou-se de frente para a
mesa e iniciou o exercício proposto com sua mão dominante (direita ou esquerda). No
caso de canhotos, a posição das latinhas, era invertida. Quando o cronometro foi
acionado, a mão que foi colocada na lata estava sempre com o polegar para cima, e o
cotovelo estava flexionado em um ângulo de aproximadamente 100 a 120 graus, assim
que chegou ao final, inverteu-se o polegar, que ficou apontado para baixo, completando o
circuito. A lata de refrigerante um foi colocada na marca 2, a lata dois na marca 4, e a lata
três na marca 5, entre as fitas fixadas perpendiculares, a participante virou a lata
invertendo sua base de apoio, até chegar ao final da sequencia. Foram realizadas duas
tentativas prévias e mais duas cronometradas, sendo o resultado final o menor tempo.
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3. Teste de flexibilidade (FLEX): No solo foi fixado uma fita adesiva de 50,8 cm, e
perpendicularmente, sobre ela foi fixada uma fita métrica de plástico de 63,5 cm. Duas
marcas equidistantes de 15,2 cm foram feitas a partir do centro da fita métrica. O zero da
fita métrica deverá apontar para a participante. A idosa, descalça, sentou-se no chão com
as pernas estendidas, os pés afastados entre si com os calcanhares centrados nas
marcas da fita adesiva. Colocou as mãos, uma sobre a outra e lentamente deslizou-se
para frente sobre a fita métrica, indo até o seu limite, em seguida permaneceu neste por
no mínimo 2 segundos. O avaliador manteve os joelhos da participante seguros, para que
a mesma não os flexionasse.
4. Teste de resistência e força (RESISFOR): Colocou-se o halter de 1,8 kg (mulheres)
próximo a cadeira. A participante, sentou-se, apoiando no encosto, com o tronco ereto e
os pés completamente apoiados no chão. A posição correta da participante era: o braço
dominante relaxado e estendido ao longo do corpo e o outro braço apoiado sobre a coxa.
O primeiro avaliador segurou no bíceps da participante e em seguida pegou o halter e
entregou à mesma, colocando em sua mão dominante. Halter paralelo ao solo, com sua
extremidade voltada para frente. Após a sinalização do segundo avaliador, a participante
iniciou o exercício contraindo o bíceps, realizando uma flexão do cotovelo, até que seu
antebraço tocasse a mão do primeiro avaliador. Em seguida, o halter foi colocado no
chão, marcando um minuto de descanso. Iniciou-se novamente o movimento por 30
segundos. O avaliador contou quantas vezes o movimento foi realizado adequadamente,
marcando o número de repetições.
5. Teste de resistência aeróbia (RAG): O teste foi realizado em uma pista de
atletismo, na qual a participante foi orientada a caminhar rapidamente por 804,67 m. O
tempo para realizar a atividade foi considerado em segundos.
Após aplicação da bateria de teste foi implantado um protocolo de exercícios físicos com
objetivo melhorar as capacidades funcionais da amostra pesquisada. Ainda em fase de
intervenção, as sessões são ministradas pela orientanda sob a supervisão da orientadora,
com duração de 50 (cinquenta) minutos, uma vez por semana. Os dados foram tabulados
no Microsoft Office Excel® 2010.
3 RESULTADOS
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
Ao analisar a Figura 1, em relação à faixa etária, observa-se que a maioria das idosas
estão entre 60 a 69 anos (80%) e as demais entre 70 à 79 anos (20%). Quanto ao estado
civil, verifica-se que 35% das participantes afirmam ser casadas, enquanto que 15%
relataram ser solteiras e divorciadas, e 35% viúvas. De acordo com o nível de
escolaridade das idosas, 15% relataram ser analfabetas, 40% afirmaram ter cursado
apenas o Ensino Fundamental, 35% o Ensino Médio e 10% Superior Completo. Em
relação à ocupação, 20% das idosas, trabalhavam como costureiras, 15% eram do lar e
auxiliar de enfermagem, 10% eram domésticas e comerciantes e 30% afirmaram ter
outros tipos de ocupações.
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Figura 1 - Caracterização da amostra, UNABEM-2014.
3.2 MÉDIA E DESVIO PADRÃO DAS CAPACIDADES FUNCIONAIS
Na Tabela 1, fica evidente que nos testes de Agilidade/equilíbrio (15,2 ± 2,4), Flexibilidade
(51,8 ± 9,1), Resistência e Força (15,2 ± 4,3) e Resistência Aeróbia (596,3 ± 57,9), há
uma relevância quando se observa o desvio padrão dos mesmos, que apresentam
resultados mais heterogêneos em relação aos outros.
Tabela 1 – Médias, Desvios-Padrão dos Testes de Aptidão
Funcional das idosas.
Testes
Média
DP
AGIL
15,2
2,4
COOR
11,4
3,1
FLEX
51,8
9,1
RESISFOR
15
4,3
RAG
596,3
57,9
Fonte: Pesquisa
3.3 CORRELAÇÃO ENTRE OS TESTES AVALIADOS NO AAPHERD
De acordo com a Figura 2, os dados dispersos no gráfico estão associados as
idosas participantes da bateria de testes, já a linha entre estes pontos é a tendência de
acordo com a fator Idade. Observa-se que nos testes de AGIL, COOR, e RAG existem
uma tendência, embora não significativa, a um aumento de acordo com a idade. No teste
RESISFOR ocorreu uma tendência a uma redução dos valores conforme a idade
aumentada. O teste de FLEX praticamente manteve estável de acordo com a idade.
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Idosas
Tendência
Idosas
Idosas
Tendência
Tendência
Figura 2 - Correlação entre os resultados das Idosas e sua tendência
em relação ao fator Idade.
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3.4 CLASSIFICAÇÃO DA APTIDÃO FUNCIONAL
A classificação da bateria de testes AAPHERD foi realizada através do score percentil de
acordo com a idade das idosas, exposto em tabelas referentes a cada teste avaliado, o
percentil varia em relação a idade das idosas, que é classificado de 60 aos 79 anos, este
resultado classifica a idosa em Muito Fraco, Fraco, Regular, Bom e Muito Bom.
De acordo com a Tabela 2, observa-se que 30% das idosas avaliadas, estão no nível
Fraco, 60% encontram-se no estado Regular e 10% no nível Bom. Vale ressaltar também
que nenhuma das idosas analisadas, está nos níveis Muito Fraco e Muito Bom.
Tabela 2 - Classificação do Índice de Aptidão Funcional Geral (IAFG).
Classificação
N
Porcentagem
Muito Fraco
0
0%
Fraco
6
30%
Regular
12
60%
Bom
2
10%
Muito Bom
0
0%
Fonte: Pesquisa
4 DISCUSSÃO
Como demonstrado na Figura 1, observou-se que a faixa etária da maioria das idosas
pesquisadas está entre 60 à 69 anos, esta predominância pode estar relacionada ao fato
da busca de afazeres para preencherem seu tempo livre, que antes era gasto com o
trabalho laboral, cuidado de casa, criação dos filhos, entre outras atividades. Quanto ao
estado civil, vale ressaltar a quantidade de pessoas viúvas analisadas neste estudo
(35%), este fato pode estar relacionado à busca por novas atividades para preencher o
vazio que ficou após o falecimento de seu companheiro. Observa-se também que as
ocupações estão intimamente ligadas ao nível de escolaridade exposta das idosas
pesquisadas.
A média e o desvio padrão da capacidade funcional agilidade/equilíbrio (15,2 ± 2,4) das
idosas analisadas demonstra que durante o envelhecimento vários sistemas se modificam
e podem afetar diferentes capacidades motoras evitando assim as quedas ocasionadas
pela perda da agilidade/equilíbrio. O prejuízo da audição e visão, a diminuição da força
muscular, as alterações posturais, entre outras modificações, afetam as tarefas motoras
que utilizam o equilíbrio e a motricidade global (MOURA et al., 1999 apud CARDOSO,
2008). Quando se fala em agilidade Sharkey (1998) afirma que é a capacidade, onde a
pessoa tem que mudar de posição ou direção de forma ágil, sem perda de equilíbrio.
Portanto, a agilidade está fortemente ligada a capacidades como força, velocidade,
coordenação e principalmente equilíbrio. Está é muito importante quando se pretende
evitar lesões em atividades físicas diárias.
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Ao se tratar da Flexibilidade (51,8 ± 9,1), observa-se que as idosas analisadas possuem
uma flexibilidade razoável perante a faixa etária dominante. Zago e Gobbi (2003) afirmam
que a flexibilidade é essencial para a aptidão funcional e crucial para o movimento do
idoso. Porém a flexibilidade é reduzida no decorrer do envelhecimento. Quanto
à
capacidade de Resistência e Força (15 ± 4,3), ressalta-se que a quantidade de repetições
realizadas pelas participantes, foi razoável, considerando que normalmente não se
trabalha regularmente essa capacidade, Spirduso (2005) afirma que durante o
envelhecimento aptidões funcionais como força e resistência muscular dos membros
superiores são necessárias e importantes para os idosos. Evidencia-se ainda que a força
dos membros superiores deve ser trabalhada regularmente a fim de manter a eficiência
das tarefas diárias e um envelhecimento mais saudável.
Portanto, ao analisar o IAFG (Índice de Aptidão Funcional Geral), observou-se que as
idosas ingressantes na UNABEM, apresentavam um nível de capacidade funcional
regular, isto pode estar relacionado ao fato de não estarem tão ativas fisicamente, ou não
participarem de nenhuma atividade física no seu tempo livre. Segundo Matsudo et al.
(2004) em um estudo longitudinal realizado com senhoras acima de 50 anos, praticantes
de exercícios físicos, relatou que o efeito de manutenção da maioria das variáveis da
aptidão física, esta intimamente ligado a prática de exercícios físicos. Neste sentido,
observa-se que limitações funcionais já instaladas possam influenciar expressivamente
nas dimensões do nível de atividade física das idosas deste estudo.
Para que o processo de envelhecimento seja vivenciado de forma saudável e independe,
é preciso manter um estilo de vida ativo. Zaitune et al. (2007), afirma que a incorporação
de estilos de vida mais saudáveis está fortemente ligado a prática de atividades físicas no
período de lazer das pessoas. Para tanto, observa-se que baixas classificações de IAFG
das idosas, podem ser consideradas barreira para o envolvimento em atividades físicas
do lazer. Segundo Haight et al. (2005 apud CARDOSO, 2008), em seu estudo, onde
analisou 1.655 idosas americanas, por um período de 6 anos, que teve como objetivo
avaliar a atividade física e a composição corporal, em relação a variação nas limitações
funcionais, observou-se que os níveis mais elevados de atividade física de lazer
contribuíram significantemente para a redução da latência de limitações funcionais.
Ressaltou também que a conservação de níveis mais altos de atividade física reduziu em
52,7% o risco de surgimento de novas limitações funcionais das idosas.
5 CONCLUSÃO
Os resultados parciais, relacionados ao nível de aptidão funcional, evidenciaram que a
maioria das idosas pesquisadas está entre os níveis Fraco e Regular.
Após a primeira fase da coleta dos dados, foi implantado um protocolo de exercícios
físicos visando à melhoria da capacidade funcional do grupo estudado. As sessões são
ministradas pela orientanda, sob a supervisão da equipe de professores, uma vez por
semana. A análise dos dados evidenciou que as capacidades funcionais são interligadas
e fundamentais para que as idosas tenham um envelhecimento saudável. Após
intervenção será realizada a 2ª etapa da coleta de dados.
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Diante dos resultados apresentados pode-se concluir que os exercícios físicos praticados
regularmente são de suma importância para a manutenção e a melhoria no IAFG (Índice
de Aptidão Funcional Geral) das idosas.
Portanto a prática de atividades físicas na UNABEM é uma necessidade, visando o
incentivo à prática de exercícios físicos regulares, a fim de melhorarem a qualidade de
vida e evitarem o declínio do envelhecimento.
REFERÊNCIAS
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CORRELAÇÃO DOS EFEITOS GERADOS PELA MUSCULAÇÃO E TREINAMENTO
FUNCIONAL NO PERCENTUAL DE GORDURA CORPORAL EM MULHERES
BIZERRA, R.G.1
1.
Universidade Santo Amaro- UNISA, São Paulo- SP-Brasil;
RESUMO
Atualmente observa-se um numero crescente de mulheres que procuram a melhora na
qualidade de vida através da atividade física orientada , com isso a musculação (TR) se
fez uma das escolhas desse publico, bem como o treinamento funcional (TF). E o TR por
ser anaeróbico não usa o substrato energético da gordura durante o treino, mas sim na
fase posterior ao treino. Já o TF por ser um treinamento misto (aeróbico e anaeróbico) se
utiliza do substrato energético (gordura) durante o treino e pós-treino. Portanto existe a
necessidade de sintetizar o conhecimento acerca do metabolismo de lipídios durante o
exercício, por isso o objetivo desse trabalho é comparar os possíveis efeitos fisiológicos
no percentual de gordura corporal (PGC) em mulheres praticantes de musculação e TF na
cidade de Alfenas-MG. Para isso 30 mulheres foram divididas em dois grupos, conforme a
atividade física praticada, sendo o Grupo 1 (TF); e Grupo 2 (TR). Foram coletados os
dados antropométricos e a pressão arterial e a avaliação física foi através da balança de
biopedância TANITA Corporation. Através dos dados obteve-se uma diferença
significativa do PGC nos dois grupos, sendo que no grupo 1 houve 80% de mulheres com
nível saudável, no caso abaixo de 33%. E no grupo 2, 60% de mulheres com índice
saudável de gordura corporal. Porém os dois grupos se correlacionaram moderadamente
com relação ao PGC (0,45154*) e hidratação (0,41723*). Conclui-se que o TR tem o efeito
sobre o PGC de uma forma indireta, sendo o substrato energético (gordura), já o TF utiliza
o desse substrato durante o treinamento e pós-treino. Sendo assim, os mesmos
dependentes um do outro com o objetivo de uma grande perda de PGC.
Palavras-chave: Musculação; Treinamento Funcional e Gordura total.
ABSTRACT
Currently there is a growing number of women who seek a better quality of life through
physical activity oriented , with that weight training ( TR ) became one of the choices that
public as well as functional training (PT ) . And the TR because it does not use the
anaerobic energy substrate of fat during the workout , but the post- workout phase . Have
to be a TF ( aerobic and anaerobic ) training using mixed substrate of energy ( fat) during
your workout and post -workout . Therefore there is a need to synthesize the knowledge of
lipid metabolism during exercise , so the purpose of this study is to compare the possible
physiological effects on the body fat percentage ( PGC ) in women who practice
bodybuilding and TF in the city of Alfenas - MG . For that 30 women were divided into two
groups according to physical activity , with Group 1 ( TF ) ; and Group 2 ( TR ) .
Anthropometric data and blood pressure and physical assessment was through the
balance of biopedância TANITA Corporation were collected . Through the data we
obtained a significant difference from PGC in both groups, and in group 1 was 80 % of
women with a healthy level if below 33 % . And in group 2 , 60 % of women with healthy
body fat index . But the two groups correlated moderately with respect to PGC ( 0.45154 *
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) and hydration ( 0.41723 * ) . We conclude that RT has the effect on the PGC in a
roundabout way , being the energy substrate ( fat) , since the TF uses this substrate during
training and post-training . Thus , the same dependent on one another for the purpose of a
great loss of PGC .
Keywords : Bodybuilding ; Functional Training and Total Fat
INTRODUÇÃO
Atualmente observa-se um numero crescente de pessoas que procuram a melhora na
qualidade de vida através da atividade física orientada para melhor condicionamento
físico e promoção de saúde. Segundo Pereira (2009) devido isto, houve um aumento
também do número de métodos de treinamento desenvolvidos que se propõem a ajudar
nessa busca incessante por qualidade de vida.
Culturalmente as mulheres passaram a praticar atividades físicas tanto quanto os homens
e a procurarem nessas atividades não somente a parte estética, mas também a melhoria
na qualidade de vida e nas atividades de vida diária. Com isso a pratica da musculação,
ou seja do treinamento resistido (TR) acompanhada da mudança do padrão de beleza
que mudou nas ultimas décadas com mulheres que exibem corpos bem definidos e com
baixo percentual de gordura se fez uma das escolhas desse publico alvo bem como o
treinamento funcional.
A musculação é a execução de movimentos biodinâmicos localizados em segmentos
musculares definidos com utilização de sobrecarga externa ou peso do próprio corpo
(GUEDES, 1997). Sendo a força a capacidade motora mais treinada. Quanto à resposta
metabólica no TR Willmore e Costill, 1994 deixam claro que se pode observar que mesmo
a mulher tendo o metabolismo basal menor que do homem, a mulher pode reverter esse
quadro através do treino bem realizado. E no treinamento de musculação por ser
anaeróbico não se usa o substrato energético da gordura durante o treino, mas sim na
fase posterior ao treino.
O treinamento funcional (TF) é a atividade física que ira capacitar o individuo a realizar
tarefas motoras do cotidiano, com eficiência e independência, seja, elas relacionadas ao
trabalho, dia-a-dia ou esporte (Pereira, 2009). Pode-se sugerir que esse treinamento
trabalha os componentes: força, resistência, potencia e equilíbrio juntamente. Segundo
Romijn et al, 1993 a intensidade do exercício configura-se como um dos aspectos
importantes na mobilização e utilização do glicogênio e triacilglicerol, devido à relação
direta entre intensidade do esforço e a utilização do substrato. O TF por ser um
treinamento misto (aeróbico e anaeróbico) se utiliza do substrato energético (gordura)
durante o treino e pós-treino. Sendo assim o treinamento aeróbio aumenta a oxidação de
Triacilglicerol Intramuscular em detrimento do Ácido Graxo proveniente do plasma. Além
da utilização dos Ácidos Graxos durante o exercício, no período de recuperação, estes
constituem o principal substrato utilizado (CURI et al, 2003).
Como o ser humano adquire compostos de carbono de macronutrientes orgânicos, como
gorduras e carboidratos, a oxidação de lipídios é fundamental para a manutenção
energética e térmica do organismo humano durante o repouso e o exercício. Segundo
Wilmore e Costill, 2001 as gorduras participam de várias funções vitais do organismo. É
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uma fonte primária de energia, fornecendo 70% de nossa energia total no estado de
repouso. Silva et. al. 2006 esclarece que a curva de metabolismo de gordura em função
da intensidade de esforço tem um comportamento quadrático, com a maior utilização
desse substrato ocorrendo próximo a 60-65% VO2max. Esse metabolismo e a interação
entre essas fontes de fornecimento de lipídios durante o exercício ainda são pouco
esclarecidos na literatura. Portanto existe a necessidade de sintetizar o conhecimento
acerca do metabolismo de lipídios durante o exercício e compreender o efeito da
intensidade do esforço sobre a regulação no consumo desse substrato através de
atividades ministradas e bem esclarecidas.
OBJETIVO(S)
Objetivo geral:
Comparar os possíveis efeitos fisiológicos no percentual de gordura corporal em mulheres
praticantes de musculação e treinamento funcional na cidade de Alfenas-MG.
Objetivos específicos:
- Correlacionar os resultados obtidos na avaliação física fornecidos pela balança de
biopedância nas duas modalidades de atividade fisica;
-Observar a influência de ganho de massa magra, perda de massa gorda e hidratação
nas atividades físicas selecionadas;
-Compreender o efeito da intensidade do esforço sobre o percentual de gordura (PGC)
corporal através da musculação e do TF.
METODOLOGIA
A amostra foi composta de 30 mulheres divididas em dois grupos, conforme a atividade
física praticada, sendo o Grupo 1 (treinamento funcional) com 33 anos (± 7,91) de idade e
24,61 (± 2,87) de IMC; e sendo Grupo 2 (musculação) 29 anos (±8,30) de idade e 24,61
(±5,39) de IMC. Estas alunas frequentam academia há mais de seis meses com
frequência semanal em media de quatro dias na semana em uma academia com
acompanhamento profissional na cidade de Alfenas.
Foram coletados os dados antropométricos e a pressão arterial das alunas e a avaliação
física foi através da balança de biopedância TANITA Corporation. Através da balança
foram extraídos os dados de gordura total, hidratação, gordura visceral e massa óssea.
ESTATÍSTICA
Para o presente trabalho foi utilizado o teste estatístico de correlação Pearson, também
chamado de "coeficiente de correlação produto-momento" ou simplesmente de " de
Pearson" mede o grau da correlação entre duas variáveis de escala métrica.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Através da tabulação dos dados obteve-se uma diferença significativa do percentual de
gordura corporal nos dois grupos, sendo que no grupo 1 do treinamento funcional houve
80% de mulheres com nível saudável, no caso abaixo de 33%. E no grupo 2 de
musculação houve 60% de mulheres com índice saudável de gordura corporal. Os demais
dados obtidos e seus respectivos percentuais serão apresentados no gráfico abaixo.
Gráfico 1. Percentual referente aos dois grupos
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Trein.funcional
Musculação
Hidr.
G.V.
M.O.
Hidr.= hidratação(%), normalidade acima de 47%/ GV= gordura visceral, normalidade
classificação de 1 a 12/ M.O.= massa óssea, normalidade acima de 2,1.
A pressão arterial variou no grupo 1 (treinamento funcional) de 090X060 a 130X090
mmHg. E no grupo 2 (musculação) variou de 100X060 a 120X080 mmHg.
Tabela 1. Valor de p na comparação entre os grupos 1 e 2
Dados da balança de biopedância
Valor de p
Gordura total (%)
0,45154*
Hidratação (%)
0,41723*
Gordura visceral
0,004905
Massa óssea
0,24445
*Correlação moderada
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O presente estudo sugere que o TF tenha benefícios comparados ao TR como na
redução do PGC, no percentual de hidratação corporal e de massa óssea. Porém os dois
grupos de treinamento se correlacionaram com relação ao PGC e hidratação corporal,
preconizando assim que há uma harmonia entre os mesmos.
Prada A.C.B. et. al 2009 defende em seu estudo que não se observa uma redução
considerável no percentual de gordura corporal, mostrando que o TR, mesmo sendo
praticado por grupos diversos e períodos de treino diferentes, mostrou ineficiente na
redução da gordura corporal. Podendo assim propor que o TR seja acompanhado de um
treino aeróbio para diminuição do PGC em indivíduos fisicamente ativos. Fernandez A. C.
et.al. 2004, em seu estudo assegura que a intensidade do exercício físico é fator
primordial para melhor aquisição de resultados, tanto de condicionamento físico, quanto
visando perda de massa corporal.
CONCLUSÃO
Conclui-se que o treinamento resistido tem o efeito sobre o PGC de uma forma indireta,
sendo o substrato energético (gordura) usado pelo organismo na fase pós- treino, já o TF
utiliza o desse substrato durante o treinamento e pós-treino. Sendo assim, existe uma
correlação entre o TR e o TF (p=0,45154) sendo os mesmo dependentes um do outro
com o objetivo de uma grande perda de percentual de gordura, seria lógico um treino
combinado, pois se forem treinados separadamente existe uma queda na redução do
PGC.
REFERENCIA
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ANÁLISE BIOMECÂNICA DO EXERCÍCIO
TRADICIONAL E UTILIZANDO A BOLA SUÍÇA
AGACHAMENTO
NO
MÉTODO
F. C. Moreira*, E. Y. Nagata**, W. R. Livramento** e T. Hirata**
*Escola Superior de Cruzeiro (ESC), Cruzeiro, Brasil
**Departamento de Engenharia Mecânica/Unesp, Guaratinguetá, Brasil
[email protected]
Abstract: The squat exercise has great efficiency in the developing anterior and
posterior muscles of the thigh, however, has shown a large number of injuries. The
present study aimed to compare the traditional squat exercise with support from the
Swiss ball, through kinematics, electromyography of the rectus femoris and vastus
lateralis and dynamometry. Ten subjects participated in the study, where performed
five repetitions of the squat exercise in each method, with the bar and with the support
of the Swiss ball. It was found that the exercise ball squat with support from
Switzerland, presented the best results. Thus, it is important for professionals in the
area, pay attention to the subject in order to provide them alternatives to a more
secure and efficient implementation.
Key words: Squat exercise, Swiss ball, biomechanics.
Introdução
O exercício de agachamento é muito eficiente em desenvolver os músculos anteriores e
posteriores de coxa. É um movimento multiarticular e é considerado um dos melhores
exercícios de musculação devido a sua eficiência. Nos agachamentos profundos, foram
medidas pressões de até 400 kg na articulação do joelho [4]. A compressão patelofemoral
aumenta com a flexão do joelho [7].
Algumas variações do exercício de agachamento podem ser realizadas, dentre elas destacase o agachamento com o auxilio da bola Suíça [11], que apresenta uma maior estabilização
do praticante no momento da execução [10]. Apesar de ser muito praticado, o agachamento
com apoio da bola Suíça tem sido pouco estudado [11].
O presente estudo propõe comparar o agachamento com a barra e o agachamento com o
apoio da bola suíça por meio de análise biomecânica, utilizando a cinemetria, a
eletromiografia dos músculos reto femoral e vasto lateral e a dinamometria durante a
execução do movimento.
Materiais e Métodos
Amostra – Participaram do estudo dez voluntários do sexo masculino com idade de 18 à 25
anos, saudáveis e sem histórico de lesão nos membros inferiores. Todos com no mínimo 6 a
8 meses de treino em musculação.
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Instrumentos – Para a pesquisa foi necessário uma bola Suíça Acte (65 cm), uma barra
(Polimet, 1,50 mts, 8kg), anilhas (2 de 5kg, 2 de 10kg e 2 de 1kg), duas câmeras digitais da
marca Sony DSC- W120, Cyber-shot de 7.2 megapixels, 30 fps (frames por segundo ou
―quadros por segundo‖), um notebook LG A410, um eletromiógrafo da EMG System do
Brasil, modelo EMG611C com seis canais.
Utilizou-se um eletromiógrafo da EMG System do Brasil, modelo EMG611C com quatro
canais com conversor A/D (analógico/digital) de 16 bits de resolução e com faixa de entrada
de -5V a +5V. A freqüência de amostragem de 2000 Hz, com amplificação de 2000. O filtro
foi ajustado na faixa de 10Hz a 500 Hz, de quarta ordem, com tempo de análise de 20
segundos. Para a captação dos sinais eletromiográficos foram utilizados sensores ativo
bipolares diferenciais, pré-amplificados (ganho de 20 vezes) e com uma taxa de rejeição de
modo comum maior que 100 dB. Foram utilizados eletrodos de superfície com base em AgAgCl (prata-cloreto de prata), com geometria circular de 10mm de diâmetro. As faces dos
eletrodos foram recobertas por gel condutor para aumento da condutividade elétrica.
Utilizou-se uma bateria, para que não houvesse interferência dos sinais da rede elétrica.
Utilizou-se para o tratamento dos dados, o próprio eletromiógrafo, para obtenção dos
gráficos Vrms (tensão rms – root mean square) da atividade elétrica muscular em relação ao
tempo. O procedimento da captura e análise do sinal eletromiográfico, foi baseado na
recomendação da International Society Electrophysiology Kinesiology (ISEK).
Para aquisição de dados de forças de contato do membro de apoio, foi utilizada uma
plataforma de forças, desenvolvida e calibrada devidamente no laboratório de Biomecânica.
Com a plataforma de forças foram coletadas as forças de reações verticais do pé de apoio.
A plataforma de força utilizada nesta pesquisa foi desenvolvida segundo padrões
Internacionais de Medidas com capacidade de carga de 3600N, com dimensões de 70 x 500
x 500 mm, altura-largura-profundidade, material de alumínio 5052, constituída por 4 células
de carga. Cada células de carga foi construída com capacidade de 900 N, sensibilidade de
2mV/V, corpo em aço 4340, 4 extensômetros (modelo J2A – 06 – SO38 – 350) com fator de
ganho 2,05, fabricante MM. A captação dos sinais de extensômetros foi realizada utilizando
um condicionador Spider8, da marca HBM com programa especifico CARMAN, frequência
de aquisição de 200Hz.
Procedimentos – Para a coleta dos dados do eletromiógrafo foram realizadas tricotomia e
assepsia na pele na região dos músculos reto femoral e vasto lateral de acordo com o
protocolo SENIAM. Os eletrodos foram colocados apenas na perna dominante. Os sujeitos
fizeram aquecimento prévio e simulação do movimento antes da aquisição dos dados.
No início, os indivíduos subiram na plataforma zerada e após o comando foram submetidos
a exercícios de agachamento com a barra, constituídos de uma série de 5 repetições com
velocidade constante e uma carga de 6 kg de anilhas em cada lado da barra totalizando 20
kg com o peso da barra (8 kg). Após terminar os movimentos de agachamento com a barra,
os indivíduos desceram da plataforma e a barra foi retirada. Novamente a plataforma foi
zerada para dar início a mais uma série de 5 repetições do exercício agachamento com o
apoio da bola Suíça, estando esta apoiada na região lombar. Para totalizar 20 kg, os
indivíduos utilizaram duas anilhas de 10 kg, uma em cada mão. Na figura 1, estão
demonstrados os tipos de agachamento utilizado na pesquisa.
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Figura 1. a) Agachamento com Barra; b) Agachamento com o apoio da Bola Suíça.
Durante a execução do agachamento, foram coletados sinais eletromusculares dos
músculos reto femoral e vasto lateral. Para a coleta do sinal EMG foi baseado na
recomendação da International Society Electrophysiology Kinesiology (ISEK).
A figura 2 ilustra o sinal EMG processado de um individuo durante 5 repetições do exercício
de agachamento. A amplitude média do sinal foi obtida para cada músculo nas duas formas
de execução pelo sinal obtido durante a contração realizada no movimento.
A análise estatística dos dados foi feita a partir do vrms, obtidos dos pontos médios de maior
atividade eletromuscular (µV) apresentados nos músculos: reto femoral e vasto lateral. Os
dados obtidos foram comparados entre os dois métodos do exercício de agachamento.
A dinamometria esteve presente no trabalho por meio da plataforma de força. A análise dos
dados obtidos pela plataforma foi aplicada em um gráfico onde analisados os picos da força
de reação do solo, sincronizou-se com a cinemetria para chegar aos ângulos referentes aos
picos da FRS. Ilustrado na figura 3, o gráfico com os números referentes a pressão exercida
sobre o solo.
RESULTADOS:
No momento de maior flexão da articulação do joelho por meio da cinemetria foi analisado
uma média de 76,6º com o exercício agachamento com a barra e um desvio padrão de 2,90º
e 86,04º com o apoio da bola com um desvio padrão de 2,79º. Já na articulação do tornozelo
a média é de 86,08º para o agachamento com a barra com um desvio padrão de 4,04º e
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104,4º para o agachamento com o apoio da bola com um desvio padrão de 3,83º. E o quadril
apresentou uma angulação de 74,6º com um desvio padrão de 3,68º para o agachamento
com a barra e 105,24º para o agachamento com o apoio da bola com um desvio de 3,06º.
No gráfico 4, apresenta os ângulos referentes as articulações citadas acima.
No gráfico 5, será apresentado os dados obtidos na plataforma de força. Onde os dados são
apresentados em quilograma força (kgf), onde resultam da força de reação do solo. Analisase que o agachamento com a barra obteve uma média de 128,97 kgf sobre o solo no seu
momento de pico com uma média de 4,08 kgf e o agachamento com o apoio da bola suíça
apresentou uma média de 114,5 kgf sobre o solo com uma média de 2,76 kgf no seu desvio
padrão.
Com os dados obtidos, colocado em sincronia com a cinemetria, verificou-se que os picos
apresentados na plataforma se obtiveram no agachamento com barra com uma angulação
média de 86º e com o apoio da bola Suíça uma média de 98º.
Os resultados da atividade eletromuscular foram obtidos do ponto médio da maior ativação
eletromuscular apresentado no gráfico 2, no momento da realização do movimento.
No gráfico 6, pode-se ver a média em (µV) dos músculos analisados no presente trabalho,
observando se que o músculo Vasto Lateral no exercício agachamento com a barra
apresenta uma tensão média de 0,36 (µV) e um desvio de 0,23 (µV), e com o apoio da bola
apresenta uma tensão média de 0,41 (µV) com um desvio de 0,24 (µV). O músculo Reto
Femoral apresentou uma tensão média de 0,33 (µV) para o exercício agachamento com a
barra e um desvio de 0,17 (µV) e uma tensão média de 0,46 (µV) para o exercício de
agachamento com o apoio da bola suíça com um desvio de 0,15 (µV).
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Através dos dados da eletromiografia, houve a comparação com a cinemetria onde foi
deparado com uma média de 85º no agachamento com barra e 94,5º para o agachamento
com o apoio da bola Suíça, e levou-se em consideração que a maioria dos indivíduos
apresentou uma maior intensidade na atividade eletromuscular no ponto de iniciação da
força concêntrica no movimento do agachamento (movimento de subida).
DISCUSSÃO:
No presente trabalho foram coletados dados por meio de cinemetria, eletromiografia e
plataforma de força. De acordo com os dados obtidos na coleta por meio da cinemetria,
observa-se que o exercício agachamento com o apoio da bola suíça apresenta um menor
grau do desvio padrão possibilitando uma estabilidade maior em relação ao agachamento
com a barra.
Uma das articulações mais exigidas no exercício agachamento é a articulação do joelho e
também é a que apresenta grandes danos para seus praticantes. E por meio da cinemetria
pode-se observar que a angulação sofrida pelo joelho no exercício agachamento com barra
é menor, aumentando significativamente a compressão patelofemoral, onde, por sua vez,
aumenta com a diminuição do ângulo exercido sobre a articulação do joelho [6].
A compressão patelofemoral aumenta com a flexão do joelho, onde realizou os testes com
uma amostra composta por dez (10) indivíduos, onde realizaram duas formas de
agachamento livre, ultrapassando a linha vertical da ponta do dedo dos pés e não
ultrapassando a linha do mesmo [7]. No seguinte estudo, possibilita uma menor compressão
patelofemoral no exercício agachamento com o apoio da bola suíça devido aos dados
obtidos.
Verificou-se através da plataforma de força que o exercício agachamento com barra exerce
uma força de 128,97 kgf sobre o solo, com um valor 12,63% acima do valor apresentado
pelo exercício agachamento com o apoio da bola e com uma diferença de 48,03% no desvio
padrão durante o exercício. Possibilitando em uma maior dificuldade na realização do
exercício agachamento com barra, acreditando-se em uma exigência de um melhor
conhecimento ou habilidade do atleta para um melhor resultado conquistado na realização
do mesmo. O agachamento com o apoio da bola já apresenta números mais baixos em
relação à força exercida sobre o solo, possibilitando a prática de indivíduos menos
experientes.
Em análise da ativação do músculo vasto medial, bíceps femoral cabeça longa,
semitendíneo e glúteo máximo e verificou que todos apresentam uma significativa
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participação durante o exercício. E por meio desses dados obtido pelo autor, pode-se
observar que o exercício de agachamento com barra exige mais musculaturas podendo
então implicar nos resultados coletados no presente trabalho [9]. Onde o exercício
agachamento com o apoio da bola suíça sendo mais concentrado devido às angulações
apresentadas nas articulações [10].
Segundo os dados da eletromiografia, o agachamento com o apoio da bola suíça apresentou
uma maior tensão da atividade eletromuscular dos músculos relacionados no presente
estudo. O fato de o desvio padrão apresentar um alto valor deve-se ao sinal do
eletromiógrafo.
Realizaram uma pesquisa da mesma linha de raciocínio do presente estudo, onde também
realizaram a análise da atividade eletromuscular de músculos do membro inferior, onde
coletaram dados do músculo reto femoral e o vasto medial da coxa, verificando uma maior
tensão do músculo reto femoral do exercício agachamento com o apoio da bola suíça em
relação ao agachamento livre [11].
O presente estudo obteve o mesmo resultado com a análise do músculo reto femoral,
consolidando ainda mais a probabilidade do agachamento com o apoio da bola apresentar
uma melhor eficiência em relação ao agachamento com a barra.
CONCLUSÃO:
Por meio dos dados obtidos na pesquisa, pode-se concluir que o agachamento com o apoio
da bola suíça apresentou melhores resultados em relação ao agachamento com barra.
O agachamento com o apoio da bola suíça, pode ser bastante aproveitado para a iniciação
de atletas de musculação, pois, segundo dados ele apresenta uma maior estabilidade para o
atleta e uma maior eficiência dos músculos, reto femoral e vasto lateral, em relação ao
agachamento com a barra.
E para finalizar, de acordo com dados e estudos apresentados por vários autores e os dados
obtidos no presente estudo o exercício agachamento com o apoio da bola apresenta uma
melhor biomecânica relacionada aos ângulos obtidos como padrão para uma eficiência do
exercício. Demonstrando-se um exercício eficiente e com baixo risco de lesão.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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Descrição e Aplicação dos Métodos de Medição. São Paulo: USP, 1996.
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da arte e perspectivas. Trad. de Sonia C. Correa e Ricardo Barros. / Apresentado ao VI
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Agachamento. Dissertação de Mestrado da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.
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exercício de agachamento com e sem auxílio de bola suíça. Brazilian Journal of Sports
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de 40º, 60º e 90º de flexão do joelho. Revista Brasileira de medicina do esporte, Niteroi, v.
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Pathological. Ontario, Canada: University of Waterloo Press, p. 143, 1991.
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RELAÇÃO ENTRE OS TESTES INDIRETOS PARA AVALIAÇÃO DO DANO MUSCULAR
APÓS OS EXERCÍCIOS EXCÊNTRICOS
Jonathan Tavares Dias¹
Elaine Cristina Domingues dos Santos¹
Elisângela Silva¹
Patrícia Alvarenga Santini¹
Wagner Zeferino de Freitas¹
(1) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais,
Muzambinho, Minas Gerais, Brasil
[email protected]
RESUMO: O dano muscular é ocasionado pela ruptura, alargamento ou prolongamento da
linha Z, pelo rompimento do sarcolema e um dano às fibras musculares, o que resulta em
danos a ultraestrutura, a matriz extracelular, e, possivelmente, aos capilares. O presente
trabalho tem como objetivo correlacionar vários métodos indiretos de identificação de dano
muscular com o teste de ação voluntária máxima, que segundo a literatura é o mais
indicado. O trabalho também identificou o dano muscular provocado pelo protocolo de treino
excêntrico, que segundo os autores consultados é ação que provoca maior proporção de
dano muscular. A amostra do estudo foi composta de 8 indivíduos com experiência em
musculação a pelo menos um ano. Estes não poderiam realizar quaisquer outras atividades
durante as coletas. Antes da execução do treinamento foi avaliado a perimetria, potência,
força máxima, dor muscular de inicio tardio, amplitude articular e força isométrica. O
treinamento foi composto por 8 séries de 12 RM, onde os avaliados realizavam apenas a
fase excêntrica do exercício proposto (rosca scott). Todas as avaliações foram repetidas
logo após (momento 0), 24, 48, 72 e 96 horas após, para acompanhar a magnitude do dano
muscular. Foi realizada uma análise estatística onde foi feita a correlação dos testes de força
máxima, força isométrica e potência com a amplitude articular, DMT e perimetria, com o
objetivo de identificar quais testes tem relação com o teste de ação voluntaria máxima.
Conclui-se que a perimetria; amplitude articular; DMT são bons marcadores de dano
muscular, pois apresentaram pelo menos um dos momentos observados uma relação
considerada no mínimo como ―forte‖ na relação com os testes de ação voluntaria máxima,
que segundo a literatura é o método indireto que melhor identifica o dano muscular.
Palavras-Chave: dano muscular; métodos indiretos; treino excêntrico
Abstract: The muscle damage is caused by disruption, enlargement or extension of the line
Z at the sarcolemma disruption and damage the muscle fibers, resulting in damage to the
ultrastructure, the extracellular matrix, and possibly the capillaries. This study aims to
correlate various indirect methods of identifying muscle damage with maximum voluntary
action test, which according to the literature is the most suitable. The work also identified the
muscle damage caused by eccentric training protocol, which according to the authors
consulted is action that causes higher proportion of muscle damage. The study sample was
composed of 8 individuals with experience in weight training at least one year. These could
not perform any other activities during the collections. Prior to the execution of the training
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was evaluated perimetry, power, maximum strength, muscle soreness late start, range of
motion and isometric strength. The training consisted of 8 sets of 12 RM, which held only the
appraised the eccentric phase of the proposed exercise (scott thread). All evaluations were
repeated after (time 0), 24, 48, 72 and 96 hours to monitor the extent of muscle damage. A
statistical analysis where the correlation of maximal strength testing, isometric strength and
power with the range of motion, and DMT was perimetry was performed with the aim of
identifying which tests have relationship with maximal voluntary action test. We conclude that
the perimeter; articular range; DMT are good markers of muscle damage, as had at least one
of the moments observed one considered at least as "strong" in relation to tests of maximum
voluntary action, which according to the literature is the indirect method that identifies the
best muscle damage ratio.
Keywords: muscle damage; indirect methods; eccentric training
INTRODUÇÃO
Há mais de cem anos encontramos indícios de estudos relacionados com o dano muscular.
O dano muscular (DM) é uma microrruptura/microlesão no sarcômero (FRANÇA, 2011), com
ruptura mecânica na fibra muscular (CLARKSON; HUBAL, 2002). Este dano é ocasionado
especialmente pela ruptura, alargamento ou prolongamento da linha Z, ou pelo rompimento
do sarcolema (TOGASHI, 2009). Clarkson e Hubal, (2002) relatam que o exercício físico
pode provocar um dano às fibras musculares, o que resulta em danos a ultra estrutura, a
matriz extracelular, e, possivelmente, aos capilares.
Já é consenso na literatura que são vários os fatores que podem interferir no surgimento e
na magnitude do dano muscular, entre eles destacamos: os exercícios que não são comuns
no seu dia a dia, onde estes podem ser intensos ou de longa duração (TOGASHI, 2009); o
maior trabalho mecânico (BERTON et al., 2012); o maior tempo de tensão (CHAPMAN et
al., 2006); a idade dos indivíduos (FRANÇA, 2011); os tipos de ações musculares
concêntrica, excêntrica e isométrica (FRANÇA, 2011) entre outros.
Sabemos que na ação muscular ocorrem duas fases: a fase da ação concêntrica e a fase
excêntrica; a ação concêntrica apresenta um encurtamento do músculo ou aproximação da
origem e inserção muscular sendo assim a fase em que o a resistência externa é superada
pela ação do músculo e a ação excêntrica caracterizada pelo alongamento das fibras
musculares ou quando a origem se afasta da inserção, sendo que a resistência externa
vence a muscular (POWERS; HOWLEY, 2009; IDE et al., 2011; IDE, 2010) e é definida com
um alongamento ativo dos sarcômeros (IDE et al., 2011).
Vários estudos indicam que a fase excêntrica provoca maior magnitude de dano muscular
(FRANÇA, 2011; CLARKSON; HUBAL, 2002; TOGASHI, 2009; MOLINA; AMORIM, 2007;
ALMEIDA, 1999; RADAELLI, 2003; IDE et al., 2010).
Os estudos de Ide (2010), Ide et al. (2010) e Ide et al. (2011), relatam que as ações
excêntricas produzem até 60% mais força do que outras ações musculares. Algumas
hipóteses justificam o motivo pelos quais as ações excêntricas produzem mais força quando
comparado às outras ações musculares. A primeira hipótese é a ocorrência da não
uniformidade e instabilidade do comprimento do sarcômero, pois os que estão próximos do
centro das fibras musculares alongam-se mais que os outros, com isso esse sarcômero mais
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alongado permanece praticamente em isometria (IDE, 2010; IDE et al., 2011). A segunda
hipótese é devido à presença de proteínas com característica elástica, como a titina, que é
um componente elástico do músculo que tem uma grande participação no aumento da força
após o alongamento. Os aspectos mais importantes a serem considerados são basicamente:
1) os pontos de ancoragem, especificamente no disco Z e linha M; 2) os sítios de ligação
com a miosina e a afinidade com os MyBP-C (IDE, 2010; IDE et. al, 2011). A terceira
hipótese é que durante as ações excêntricas não há necessidade de uma molécula de ATP
para desconectar as pontes cruzadas, pois estas são desconectadas mecanicamente devido
ao alongamento do músculo, portanto há um menor gasto de ATP (IDE, 2010; IDE et. al,
2011).
Como falado anteriormente, as ações excêntrica causam um maior dano tecidual, isso se
deve ao fato das contrações excêntricas serem resultado de uma maior agressão mecânica,
isso é atribuído ao alongamento do músculo, gerando uma maior tensão sobre a mesma
quantidade de fibras, facilitando o processo de ruptura das fibras (maior estresse mecânico)
(CLARKSON; HUBAL, 2002; IDE, 2010; RADAELLI, 2003). Essa ação muscular produz uma
maior sobrecarga por fibra muscular, por isso há maior produção de DM (TOGASHI, 2009;
ALMEIDA, 1999). Ocorre também um menor recrutamento de unidades motoras para uma
determina força muscular, gerando assim um maior DM (IDE, 2010; RADAELLI, 2003).
Segundo Togashi (2009), nas ações excêntricas há um menor recrutamento de fibras, o que
foi comprovado por Enoka em 1996, que utilizou a eletromiografia para identificar a ativação
do músculo, concluindo que quando comparado com exercícios isométricos e concêntricos,
a ação excêntrica tem uma menor ativação do músculo.
Alguns estudos nos mostram que quando utilizado um protocolo de treino que exclui a fase
excêntrica, há um menor incremento da força. Com isso chegaram à conclusão de que,
quando maior a incidência de MTA acompanhado de um tempo adequado para regeneração
das fibras, proporciona um maior incremento da força e hipertrofia muscular, gerado pelas
ações excêntricas (IDE, 2010).
De acordo com Ide (2010) e Radanelli (2003), as fibras musculares do tipo 2 são mais
suscetíveis a micro trauma adaptativo (MTA) e a hipertrofia, pois durante as ações
excêntricas são utilizadas unidade motoras preferencialmente do tipo 2.
Segundo Clarkson; e Hubal, (2002) após a ocorrência do DM, se inicia a instalação do
processo inflamatório e é um dos elementos que promovem a uma regeneração muscular.
Atualmente existem vários métodos de identificação de dano muscular em humanos
(métodos diretos e indiretos): os métodos diretos são: biopsia e imagem de ressonância
magnética. Porém esses métodos diretos ainda são de difíceis acessos, além disso, a
biopsia utiliza apenas uma pequena parte do músculo, podendo gerar alguns erros, já na
ressonância, ainda não está totalmente esclarecido o que as imagens representam. Os
métodos indiretos relatados na literatura para identificar o surgimento de dano muscular são:
a) os protocolos para identificação da dor muscular de início tardio (DMIT), sabendo-se que
quanto maior a dor, maior foi o dano. (CLARKSON; HUBAL, 2002); b) a quantidade de
proteína no sangue, como: creatina quinase, lactato desidrogenase (LDH), mioglobina,
troponina e a miosina da cadeia pesada; c) perimetria dos seguimentos corporais, pois
quando ocorre à lesão há um inchaço no músculo (formação de edema muscular); d)
parâmetros de performance, como a queda da capacidade de realização da força, exemplo:
registro da contração voluntaria máxima (TOGASHI, 2009) ou o decréscimo na produção de
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força isométrica (RADAELLI, 2003); e) e as alterações na amplitude muscular (BERTON et.
al, 2012).
Segundo Clarksonn e Hubal, (2002) a perda da força após um exercício excêntrico é um dos
métodos indiretos mais validos e confiáveis de avaliação do dano muscular em humanos.
Portanto, o objetivo do presente trabalho foi identificar o DM ocasionado pelo protocolo de
treino excêntrico e de correlacionar vários métodos indiretos de identificação de dano
muscular com o teste de força.
2 METODOLOGIA
2.1 Amostra
Participaram do experimento, 8 indivíduos voluntários do gênero masculino, selecionados
de forma sistemática intencional. A amostra executou a etapas do exercício proposto. Na
primeira semana foi realizado o protocolo com ações musculares excêntricas. Todos os
envolvidos são alunos do Projeto Musculação para Comunidade do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais (IFSULDEMINAS) - Câmpus
Muzambinho, saudáveis e normotensos, tendo os mesmos no mínimo um ano de
experiência em exercícios de musculação. Utilizamos como critério de exclusão, o uso de
qualquer medicamento que afetasse a pressão arterial em repouso ou durante o exercício,
substâncias anabólicas ou ergogênicas, ingestão de álcool, além de problemas nos sistemas
músculo-esquelético e articular que possam intervir na perfeita execução dos exercícios.
Os sujeitos foram orientados a manterem sua rotina diária, se comprometendo a não
realizar nenhum tipo de exercício físico durante os dias do experimento. Previamente ao
estudo, todos os participantes foram informados sobre os procedimentos adotados na
pesquisa, seus respectivos riscos e benefícios, e consentiram por escrito suas participações
e responderam ao questionário PAR-Q. O presente trabalho atendeu as Normas para a
Realização de Pesquisa em Seres Humanos, Resolução 196/96, do Conselho Nacional de
Saúde de 10/10/1996.
2.2 Escolha do exercício
O grupo testado realizou o exercício rosca scott. Sendo muito popular entre os praticantes
de musculação e de fácil execução.
2.3 Procedimento experimental
Para verificar as sobrecargas agudas do treinamento excêntrico sobre as respostas
musculares em praticantes de musculação foram realizadas algumas avaliações: para
análise da sobrecarga muscular (dano) avaliou-se a perimetria de braço forçado, nível de
amplitude articular, arremesso de medicine ball, força isométrica máxima, dor muscular de
início tardio e o teste de uma repetição máxima (1RM)
Cada sujeito foi testado em 2 dias consecutivos no teste de 1RM, uma semana antes do
experimento, afim de garantir confiabilidade dos testes escolhidos, familiarização dos
mesmos e a determinação da carga máxima (1RM). Durante os dias dos testes, os
indivíduos não realizaram qualquer exercício adicional, apenas os exercícios propostos no
experimento.
Nesta mesma semana para determinar os valores basais avaliou-se, perimetria de braço
forçado, nível de amplitude articular, arremesso de medicine ball e força isométrica máxima.
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2.3.1 Avaliações
Perimetria de braço
Para determinação da circunferência do seguimento corporal foi feita a perimetria no braço
direito, estando o mesmo a 90º em relação ao tronco e ao antebraço. A fita foi posicionada
no ponto de maior perímetro aparente, realizando uma contração isométrica máxima
(FERNANDES FILHO, 2003).
Amplitude articular
O método de avaliação escolhido foi a da fotogrametria (software para avaliação postural SAPO) realizada por meio de fotos digitais (câmera fotográfica digital marca Sony), na vista
lateral direita com o indivíduo em pé, em posição estática com cotovelos estendidos e
relaxados.
Arremesso do Medicine Ball de 3kg
O arremesso do medicine ball de 3kg foi utilizado para avaliar a potência dos membros
superiores. Foi utilizado o protocolo de Jonhson e Nelson, (1979).
Força Isométrica
Para analisar a força isométrica, foi utilizado um dinamômetro digital portátil (modelo DD-300
da marca Instrutherm), com a capacidade de medição de até 100 quilos e com a precisão de
+/- (0,5%+2 dígitos), dentro de 23+/-5°C, dentro da escala de 0 a 100 Kg.
Teste de uma repetição máxima (1RM)
Para determinação da carga máxima, utilizou o protocolo descrito por Sakamoto e Sinclair
(2006) nos exercícios de rosca scott.
Dor Muscular de Início Tardio (DMIT)
Utilizamos o protocolo de Howell et al. (1993) que pontua 4 níveis de instalação da DMT: 0,
sensibilidade não percebida; 1, sensibilidade percebida somente por palpação intensa; 2,
sensibilidade levemente percebida por completa extensão ou flexão do cotovelo; 3,
sensibilidade substancialmente percebida por completa extensão ou flexão; 4, sensibilidade
contínua. As avaliações de quantificação de DMT aconteceram ao longo da semana
(ANTUNES NETO et al., 2006).
2.5 Desenho experimental
2.5 Descrição do desenho experimental
Foram realizadas 7 avaliações em momentos distintos. A primeira avaliação (familiarização)
foi realizada uma semana antes do protocolo de treino experimental, a segunda foi realizada
durante o protocolo de treino experimental, e as outras 5 avaliações nos momentos: 0
(imediatamente após o experimento), 24, 48, 72 e 96 horas após o experimento.
Antes do início do protocolo de treino experimental, foram realizados testes para medir
potência, força isométrica máxima e 1RM de membros superiores. Foi realizado um
aquecimento específico realizado nas mesmas condições do treinamento descrito no
protocolo experimental, composto por 3 séries com o peso da barra (6 kg), 25% e 50% de
1RM, com 12 repetições em cada série e seguido de descaso de 5 minutos ao final do
aquecimento.
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FIGURA 1 - Desenho experimental
2.6 Análise dos dados
Utilizou-se da estatística descritiva, para caracterizar a amostra estudada em função das
variáveis selecionadas: média e desvio padrão. Fez-se uso, ainda, da análise de variância
ANOVA para as medidas repetidas e do Post hoc de Tukey para p<0,05, e a correlação
linear de Pearson através de um software estatístico IBM SPSS (versão 20.0).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Visando atender ao objetivo central desta pesquisa, a qual visa correlacionar vários métodos
indiretos de identificação de dano muscular com o teste de força, serão apresentados a
seguir os resultados referentes às análises de correlação das variáveis estudadas.
TABELA 1: Avaliação qualitativa do grau de correlação entre duas variáveis
|r|
A correlação é dita
0
Nula
0 » — 0,3
Fraca
0,3 » — 0,6
Regular
0,6 » — 0,9
Forte
0,9 » — 1
Muito forte
1
Plena ou perfeita
TABELA 2: Correlação da potência muscular com a perimetria, amplitude articular e DMT
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Correlações
Potência Muscular
GRUPOS
Basal 0
24
48
72
96
Perimetria
,872
Amplitude art. ,308
DMT
.
.
.
.
.
.
Perimetria
,616
Amplitude art.
-,205
DMT
.
.
.
.
.
.
Perimetria
,564
Amplitude art.
,200
DMT
,053
Perimetria
,800
Amplitude art.
-,200
DMT
,000
Perimetria
,500
Amplitude art.
,300
DMT
,707
Perimetria
,500
Amplitude art.
,600
DMT
,783
Legenda: Potência basal: valores da potência em repouso; Potência ―0‖: valores da potência
no momento logo após aplicação do protocolo experimental; Potência 24: valores da
potência 24 horas após aplicação do protocolo experimental; Potência 48 valores da
potência 48 horas após aplicação do protocolo experimental; Potência 72: valores da
potência 72 horas após aplicação do protocolo experimental; Potência 96: valores da
potência 96 horas após aplicação do protocolo experimental; Perimetria basal: valores da
perimentria em repouso; perimentria ―0‖: valores da perimentria no momento logo após
aplicação do protocolo experimental; Perimentria 24: valores da perimentria 24 horas após
aplicação do protocolo experimental; Perimentria 48 valores da perimentria 48 horas após
aplicação do protocolo experimental; Perimentria 72: valores da perimentria 72 horas após
aplicação do protocolo experimental; Perimentria 96: valores da perimentria 96 horas após
aplicação do protocolo experimental; Amplitude art. basal: valores da amplitude articular em
repouso; Amplitude art. ―0‖: valores da amplitude articular no momento logo após aplicação
do protocolo experimental; Amplitude art. 24: valores da amplitude articular 24 horas após
aplicação do protocolo experimental; Amplitude art. 48 valores da amplitude articular 48
horas após aplicação do protocolo experimental; Amplitude art. 72: valores da amplitude
articular 72 horas após aplicação do protocolo experimental; Amplitude art. 96: valores da
amplitude articular 96 horas após aplicação do protocolo experimental; DMT. basal: valores
da dor muscular tardia em repouso; DMT ―0‖: valores da dor muscular tardia no momento
logo após aplicação do protocolo experimental; DMT 24: valores da dor muscular tardia 24
horas após aplicação do protocolo experimental; DMT 48 valores da dor muscular tardia 48
horas após aplicação do protocolo experimental; DMT 72: valores da dor muscular tardia 72
horas após aplicação do protocolo experimental; DMT 96: valores da dor muscular tardia 96
horas após aplicação do protocolo experimental; * significativo para p<0,05.
96
72
48
24
0
Basal
Momentos
224
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A tabela 1 demostra a relação entre a potência muscular com outras variáveis de
identificação de dano muscular. Relacionando a potência muscular, com as outras variáveis
observamos que no momento 0 a relação com a perimetria foi classificada como ―forte‖; já
com a amplitude articular foi ―fraca‖; com DMIT teve relação nula neste momento.
A potência teve uma relação ―regular‖ com a perimetria e DMIT no momento 24 horas após
o treinamento, já quando se relaciona a amplitude articular com a potência, obteve-se o
resultado foi considerado ―fraco‖. Quando observados o comportamento dos dados 72 horas
após a do teste de potência, verificou-se uma relação ―regular‖ com a perimetria, e com a
amplitude articular essa relação foi ―fraca‖; já com a DMIT a relação foi ―forte‖. Após 96
horas o teste de potência teve uma ―forte‖ relação com a DMIT e amplitude articular, já com
a perimetria essa relação foi ―regular‖.
72
48
24
0
Basal
TABELA 3: Correlação da força Isométrica com a perimetria, amplitude articular e DMT
Correlações
Momentos
Força isométrica
GRUPOS
Basal 0
24
48
72
96
Perimetria
,900
Amplitude art. -,100
DMT
.
Perimetria
100
Amplitude art.
-,100
DMT
.
Perimetria
,103
Amplitude art.
-,300
DMT
,053
Perimetria
,300
Amplitude art.
-,200
DMT
-,577
Perimetria
-,100
Amplitude art.
-,400
DMT
,354
Perimetria
,700
96
Amplitude art.
-,100
DMT
-,112
Legenda: Força isométrica basal: valores da força isométrica em repouso; Força isométrica
―0‖: valores da força isométrica no momento logo após aplicação do protocolo experimental;
Força isométrica 24: valores da força isométrica 24 horas após aplicação do protocolo
experimental; Força isométrica 48 valores da força isométrica 48 horas após aplicação do
protocolo experimental; Força isométrica 72: valores da força isométrica 72 horas após
aplicação do protocolo experimental; Força isométrica 96: valores da força isométrica 96
horas após aplicação do protocolo experimental; Perimetria basal: valores da perimentria em
repouso; perimentria ―0‖: valores da perimentria no momento logo após aplicação do
protocolo experimental; Perimentria 24: valores da perimentria 24 horas após aplicação do
protocolo experimental; Perimentria 48 valores da perimentria 48 horas após aplicação do
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protocolo experimental; Perimentria 72: valores da perimentria 72 horas após aplicação do
protocolo experimental; Perimentria 96: valores da perimentria 96 horas após aplicação do
protocolo experimental; Amplitude art. basal: valores da amplitude articular em repouso;
Amplitude art. ―0‖: valores da amplitude articular no momento logo após aplicação do
protocolo experimental; Amplitude art. 24: valores da amplitude articular 24 horas após
aplicação do protocolo experimental; Amplitude art. 48 valores da amplitude articular 48
horas após aplicação do protocolo experimental; Amplitude art. 72: valores da amplitude
articular 72 horas após aplicação do protocolo experimental; Amplitude art. 96: valores da
amplitude articular 96 horas após aplicação do protocolo experimental; DMT. basal: valores
da dor muscular tardia em repouso; DMT ―0‖: valores da dor muscular tardia no momento
logo após aplicação do protocolo experimental; DMT 24: valores da dor muscular tardia 24
horas após aplicação do protocolo experimental; DMT 48 valores da dor muscular tardia 48
horas após aplicação do protocolo experimental; DMT 72: valores da dor muscular tardia 72
horas após aplicação do protocolo experimental; DMT 96: valores da dor muscular tardia 96
horas após aplicação do protocolo experimental; * significativo para p<0,05.
A relação da força isométrica com a perimetria e amplitude articular foi considerada ―fraca‖
no momento 0, já com DMIT teve relação nula neste momento. Logo, após 24 horas a força
isométrica teve uma relação ―fraca‖ com a perimetria e a amplitude articular; com a DMIT
essa relação foi ―regular‖. No momento 72 horas após o treinamento, a força isométrica teve
uma relação ―regular‖ com a amplitude articular e DMIT, e com a perimetria essa relação foi
―fraca‖. Após 96 horas a força isométrica teve uma ―fraca‖ relação com a DMIT e amplitude
articular, já com a perimetria essa relação foi ―forte‖.
96
72
48
24
0
Basal
TABELA 4: Correlação da força máxima com a perimetria, amplitude articular e DMT
Correlações
Momentos
Força máxima
GRUPOS
Basal 0
24
48
72
96
Perimetria
,800
Amplitude art. -,200
DMT
.
Perimetria
,224
Amplitude art.
,224
DMT
.
Perimetria
,667
Amplitude art.
-,900*
,037
DMT
-,580
Perimetria
,564
Amplitude art.
-,975**
,005
DMT
-,740
Perimetria
783
Amplitude art.
-,447
DMT
-,395
Perimetria
,700
Amplitude art.
-,500
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DMT
,112
Legenda: Força máxima basal: valores da máxima em repouso; Força máxima ―0‖: valores
da força máxima no momento logo após aplicação do protocolo experimental; Força máxima
24: valores da força máxima 24 horas após aplicação do protocolo experimental; Força
máxima 48 valores da força máxima 48 horas após aplicação do protocolo experimental;
Força máxima 72: valores da força máxima 72 horas após aplicação do protocolo
experimental; Força máxima 96: valores da força máxima 96 horas após aplicação do
protocolo experimental; Perimetria basal: valores da perimentria em repouso; perimentria ―0‖:
valores da perimentria no momento logo após aplicação do protocolo experimental;
Perimentria 24: valores da perimentria 24 horas após aplicação do protocolo experimental;
Perimentria 48 valores da perimentria 48 horas após aplicação do protocolo experimental;
Perimentria 72: valores da perimentria 72 horas após aplicação do protocolo experimental;
Perimentria 96: valores da perimentria 96 horas após aplicação do protocolo experimental;
Amplitude art. basal: valores da amplitude articular em repouso; Amplitude art. ―0‖: valores
da amplitude articular no momento logo após aplicação do protocolo experimental; Amplitude
art. 24: valores da amplitude articular 24 horas após aplicação do protocolo experimental;
Amplitude art. 48 valores da amplitude articular 48 horas após aplicação do protocolo
experimental; Amplitude art. 72: valores da amplitude articular 72 horas após aplicação do
protocolo experimental; Amplitude art. 96: valores da amplitude articular 96 horas após
aplicação do protocolo experimental; DMT. basal: valores da dor muscular tardia em
repouso; DMT ―0‖: valores da dor muscular tardia no momento logo após aplicação do
protocolo experimental; DMT 24: valores da dor muscular tardia 24 horas após aplicação do
protocolo experimental; DMT 48 valores da dor muscular tardia 48 horas após aplicação do
protocolo experimental; DMT 72: valores da dor muscular tardia 72 horas após aplicação do
protocolo experimental; DMT 96: valores da dor muscular tardia 96 horas após aplicação do
protocolo experimental; * significativo para p<0,05.
A relação entre força máxima, perimetria e amplitude articular foi ―fraca‖ no momento 0, já
com DMIT teve relação nula neste momento. Logo, após 24 horas a relação entre força
máxima e perimetria foi ―forte‖, com a DMIT foi ―regular‖, já com a amplitude articular a
relação foi ―muito forte‖. Podemos observar que 72 horas após o treinamento, a força
máxima teve uma relação ―regular‖ com a amplitude articular e a DMIT, com a perimetria
essa relação foi ―forte‖. Após 96 horas a força máxima teve uma ―fraca‖ relação com a DMIT
e uma relação ―regular‖ com a amplitude articular, já com a perimetria essa relação foi
―forte‖.
Com os resultados acima citados podemos observar que há uma relação ―forte‖ quando
relacionado a potência com a perimetria no momento 0; amplitude articular 96 horas após;
DMT 72 e 96 horas após. Já a força isometrica teve uma relação ―forte‖ apenas com a
perimetria no momento 96 horas após. A força máxima, teve uma relação ―forte‖ com a
perimetria 24, 72 e 96 horas após; e com DMT 48 horas após. Observamos também que
quando correlacionamos a força máxima com a amplitude articular no momento 24 e 48
horas após nota-se uma relação ―muito forte‖ e significativa para p<0,05 e p<0,01
respectivamente.
A partir dos resultados descritos nos parágrafos anteriores pode-se notar que pelo menos
uma das variáveis relacionadas com a força máxima, isométrica e com a potência, ou seja,
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a perimetria, a amplitude articular e a DMT, apresentaram pelo menos um dos momentos
observados uma relação considerada no mínimo como ―forte‖.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em cumprimento ao objetivo de identificar o DM ocasionado pelo protocolo de treino
excêntrico concluímos houve o dano muscular. E em cumprimento ao objetivo de
correlacionar vários métodos indiretos de identificação de dano muscular com os testes de
ação voluntária máxima, concluímos que os testes de perimetria, amplitude articular e DMT
tiveram uma ―forte‖ relação com o teste de potência. Já a força isométrica teve uma relação
―forte‖ apenas com a perimetria. A força máxima, teve uma relação ―forte‖ com a perimetria e
com a DMT. Correlacionando a força máxima com a amplitude articular no momento 24 e 48
horas nota-se uma relação ―muito forte‖.
Diante destes resultados podemos concluir que a perimetria; amplitude articular; DMT são
bons marcadores de dano muscular, pois se relacionam bem com os testes de ação
voluntaria máxima, que segundo a literatura é o método indireto que melhor identifica o dano
muscular.
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FADIGA MUSCULAR E ORDEM NA EXECUÇÃO DE EXERCÍCIOS DE RESISTENCIA
PARA MEMBROS INFERIORES.
Valter Sabino Netto¹
Giovani Vieira Da Costa¹
Autran José Da Silva Júnior¹
(1)
Centro Universitário Da Fundação Educacional Guaxupé,
Guaxupé, Minas Gerais, Brasil.
[email protected]
RESUMO:A musculação tem apresentado um grande avanço e evolução em seus métodos
de treinamento, permitindo assim um aumento de seus praticantes. Apesar da evolução dos
métodos ainda algumas questões sobre a influência da fadiga muscular em relação a ordem
dos exercícios necessita de estudos. O presente estudo verificou a influência da ordem de
execução de exercícios para membros inferiores, no caso deste: Leg Press (LP) e cadeira
extensora (CE), sendo assim verificando a intensidade no treinamento de força fazendo uma
comparação com a percepção subjetiva de esforço, PA e frequência cardíaca. Após ser
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do UNFIEG a metodologia do estudo foi: 10
homens, realizaram testes de 10RM nos aparelhos legpress (LP) e cadeira extensora (CE).
Logo após realizaram 3 séries de 10 repetições com carga de 10RM com 1 minuto de
intervalo em duas sequencias diferentes: A (LG depois CE) e B (CE depois LG) com
intervalo de 48 horas. Foram analisados a frequência cardíaca e escala subjetiva de esforço
de OMNI em repouso, ao final de todas as séries e durante a recuperação (0,‘ 1‘e 5‘).
Estudos tem demonstrados que a realização da sequência dos exercício físicos na
musculação tem que ser do maior grupamentos para o menor grupamento muscular.
Entretanto, pouco se conhece os efeitos desta alteração da sequência sobre a fadiga e
desempenho. Observamos na escala de OMNI que o exercício Leg Press não apresentou
valores significativos em relação a Cadeira Extensora.
Palavras Chaves: musculação, fadiga muscular, membros inferiores
ABSTRACT: The weighthaspresented a major breakthroughandprogress in their training
methods, thusallowinganincreaseof its practitioners. Despitetheevolutionofmethods still some
questionsabouttheinfluenceofmuscle
fatigue
in
relationtotheorderoftheexercisesrequirestudies.
The
presentstudyexaminedtheinfluenceoftheexecutionorderofexercises for thelowerlimbs, in this
case: Leg Press (LP) andlegextension (CE), thusverifyingtheintensitystrength training in
making
a
comparisonwiththeperceivedexertion
,
BP
andheart
rate.
AfterbeingapprovedbytheEthicsCommittee
in
Researchof
UNFIEG
themethodologyofthestudywas:
10
men,
10RM
testsconductedonLegpress
(LP)
andlegextension (CE). Soonafterperformed 3 sets of 10 repetitionswith 10RM loadwith 1
minute interval in twodifferentsequences: The (LG after EC) and B (EC after LG)
withanintervalof 48 hours. Heart rate, bloodpressure, subjectiveeffortscaleof OMNI atrest,
attheendofevery series andduringrecovery (0, '1' and 5 ') wereanalyzed.
Studieshaveshownthattherealizationofthesequenceofphysicalexercise
in
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bodybuildinghastobethelargestgroupingtothesmallestmusclegroup.
However,
littleisknownabouttheeffectsofthischange in sequenceon fatigue and performance. Observe
the
OMNI
scaleoftheLeg
Press
exercisehad
no
significantvalues
in
relationtoChairLegExtension.
Key words: bodybuilding, muscle fatigue, lowerlimb
1 - INTRODUÇÃO
A atividade física sempre esteve presente na rotina da humanidade ao longo da história,
porém sempre associado aos costumes e estilos da época, por exemplo, a caça dos homens
das cavernas para a sobrevivência, expressa principalmente na necessidade vital de atacar
e se defender, por isso uma necessidade de ter uma resistência física maior (NETO, 1994).
Nos tempos de Esparta os exercícios resistidos também eram utilizados para aumentar a
força e a hipertrofia muscular (KRAEMER; RATAMESS, 2004), para deixar os soldados mais
fortes, e mais preparado para as guerras da época.
Mas essa relação entre a atividade física e o homem em sua rotina diária parece ter
diminuído gradativamente ao longo de nossa evolução. As pessoas se exercitam, porque se
provou cientificamente que a atividade física melhora a qualidade de vida, além de motivos
estéticos, sociais e outros, em academias as atividades realizadas são oferecidas de forma
segura e orientadas, sistematizadas e eficientes (NETO,1994). Apesar de ser utilizado
também como rotina de prevenção e reabilitação, de acordo com WERNBOM et al (2007) o
treinamento resistido é um importante componente na formação do atleta para que possa
melhorar sua força e hipertrofia independente do esporte praticado, porém no início era
apenas utilizado por esportes que enfatizavam a força durante a sua execução, dentre eles
as lutas, o halterofilismo, o fisiculturismo dentre outros.
Ao longo dos anos ocorreu uma grande evolução dos estudos, e a metodologia do
treinamento resistido tornou-se mais complexa e composta de variáveis importantes, dentre
elas a musculatura esquelética recrutada durante o esforço físico, ordem da realização dos
exercícios físicos, intensidade do esforço aplicada ao exercício físico, volume do treinamento
(representa o total das séries realizadas e suas respectivas repetições), intervalo entre as
séries, velocidade das repetições, frequência do treinamento, tipo de exercício físico
selecionado e sua sequência. (KRAEMER; RATAMESS, 2004).
Segundo SANTAREM, (1995) as séries são constituídas por um número determinado de
repetições acompanhadas por um intervalo de repouso, as repetições são movimentos
completos que compõem um exercício retornando ao seu estado inicial onde são realizados
continuamente sem repouso e a intensidade do esforço realizado durante o exercício
resistido representa a quantidade de peso a ser deslocada, a velocidade da execução e
também do intervalo entre as séries realizadas. A diretriz do American Collegeof Sports
Medicine recomenda para indivíduos iniciantes a intensidade deve ser próxima de 70% da
carga obtida no teste de 1 Repetição Máxima (ou simplesmente 1RM), porém para treinados
a intensidade é maior podendo chegar até a 100%.O volume do treinamento é estimado pela
soma do número total das séries e repetições realizadas multiplicadas pela resistência
utilizada durante uma única sessão de treinamento SANTAREM, 1996. Para indivíduos
iniciantes ao treinamento resistido a diretriz do American Collegeof Sports Medicine
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recomenda de uma a três séries e após a adaptação o individuo tornando-se intermediário a
treinado este número poderá manter-se em três séries, ou não, dependendo do objetivo.
Para WERNBOM, M.; AUGUSTSSON, J.; THOMEE, R. A velocidade de execução influência
nas respostas neurais, metabólicas, a própria hipertrofia e força musculares. Oque também
apresenta uma importante variável no treinamento resistido, contribuindo, juntamente com
as outras variáveis descritas anteriormente, em alterar as respostas metabólicas, hormonais
e cardiovasculares é o número de sessões ou a frequência semanal, segundo a diretriz do
American Collegeof Sports Medicine a recomendação para frequência semanal são, para
iniciantes dois a três dias semanais e para treinados frequências acima de quatro dias
semanais.
De acordo com os autores UCHIDA, M.C.;BACURAU, R.F.P;NAVARRO,F;PONTES
JR,F.L.;CHARRO, M..A. 2008, a força, do ponto de vista da física é representada pela
expressão do produto da massa pela aceleração (força = massa x aceleração), porém
quando o assunto é execução de movimentos e exercícios, a força é representada pela
superação de uma dada resistência que vem através da contração muscular.
De acordo com Guilherme Kamel, apud Asmussen e Pollock (1993, p.32) definem fadiga
como: ―a diminuição transitória na capacidade do desempenho dos músculos quando
estiverem ativos por certo tempo, geralmente evidenciada pelo fracasso na manutenção ou
desenvolvimento de certa força ou potência esperada.‖
Como o exercício resistido é bem característico em relação a outras modalidades de
exercícios, Lagally e Robertson (2006), criou e validou uma escala de percepção subjetiva
de esforço específica para o treinamento com exercícios resistidos denominada escala de
OMNI. Além da especificidade, essa escala apresenta a vantagem de conter tanto
informações alfanuméricas quanto figuras, o que a torna bem mais fácil de ser utilizada.
O American Collegeof Sports Medicine(2009) recomenda o treinamento resistido para
jovens, adolescentes, adultos saudáveis, idosos e populações com patologias
cardiovasculares, neuromusculares, dentre outras e também recomenda que a ordem de
exercícios em uma sessão de treinamento seja sempre dos maiores grupos musculares para
os menores, ou seja, iniciar por exercícios multi-articulares e logo após realizar os monoarticulares, para pessoas em qualquer estágio de treino, iniciantes, intermediários ou
treinados, afirmando que os exercícios realizados no final da sessão de treinamento sofrem
queda no número de repetições máximas para uma determinada carga, e esta redução em
exercícios para grandes grupos musculares prejudica o trabalho total da sessão de
treinamento.
Um dos exercícios mais utilizados nos programas de treinamento tanto para praticantes de
musculação quanto para atletas é o legpress, onde ocorre ativação principalmente das fibras
do quadríceps femoral, posteriores da coxa, eretores da coluna vertebral, glúteos, tríceps
sural (formado pelos músculos: Gastrocnêmio e Sóleo)DELAVIER, 2002; SANTAREM, 2006;
UCHIDA, M.C.; BACURAU, R.F.P; NAVARRO,F; PONTES JR,F.L.; CHARRO, M..A. 2008.
Delavier (2002) descreve também as possíveis variações de posição encontradas nesse
exercício, abordando como estas podem modificar as ações musculares. Deste modo, ao
posicionar os pés mais próximos da parteinferior da base da plataforma, admite-se que o
movimento de flexão do joelho será maior e, por consequência, a ação do músculo do
quadríceps femoral aumentará em relação aos outros músculos que participam do
movimento. Porém, se os pés forem posicionados mais próximos da parte superior da base
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da plataforma, o esforço muscular ficará centralizado sobre os músculos glúteo e posteriores
da coxa, devido à maior flexão da articulação do quadril, Segundo ele ainda, ao afastar os
pés em uma largura superior à dos ombros, os músculos adutores da coxa apresentaram
maior atividade muscular e, ao aproximar os pés em largura inferior à dos ombros, o
músculo quadríceps femoral será mais ativado.
Segundo UCHIDA, M.C.; BACURAU, R.F.P.; NAVARRO,F; PONTES JR,F.L.; CHARRO,
M.A. 2008, os músculos do glúteo máximoe posteriores da coxa são responsáveis pela
extensão do quadril que está presente nas fases inicial e final do movimento, sendo que o
músculo quadríceps femoral é responsável pela extensão do joelho que está presente nas
fases inicial e final do movimento. Além disso, devido à ativação do músculo tríceps
sural,eles destacam o movimento de flexão plantar da articulação do tornozelo e também a
extensão da articulação da coluna vertebral devido à ativação dos músculos eretores da
coluna vertebral.
Outro exercício muito utilizado nas academias, para realização de treinos para membros
inferiores, é a cadeira extensora, que segundo UCHIDA, M.C. e colaboradores (2008),
trabalha principalmente as fibras do quadríceps femoral, com movimento de extensão, e
tornozelos com movimentos de dorsiflexão.
Devido os membros inferiores, serem grupos musculares muito utilizados no treinamento de
força, ao longo dos anos diversos estudos foram realizados utilizando a execução destes
exercícios citados anteriormente, principalmente no que diz respeito à ordem da execução
dos exercícios.
Para avaliar o efeito da ordem de Exercícios em mais de um grupamento muscular por
sessão, Simão et al.(13) avaliaram mulheres que realizavam 3 séries com 80% 1RM na
realização dos exercícios supino reto, desenvolvimento de ombros,extensão do tríceps,
extensão do joelho e flexão do joelho, em duas sequência: A e B, com execução exatamente
oposta. Em todos os exercícios o número de repetições era menor quando o exercício era
realizado mais tardia na sessão.
GIO, S.(2011) apud SFORZO e TOUEY (1996) submeteram seus pacientes a duas sessões
de treino em que exercícios para grandes e pequenos grupos musculares dos membros
superiores e inferiores eram realizados em ordens diferentes, eles observaram que o
número de repetições no último exercício realizado nas sessões, era significantemente
reduzido.
GIO, S.(2011) SIMÃO et al (2007), utilizou exercícios mono e multiarticulares envolvendo
membros superiores e inferiores em duas ordens diferentes e observou que
independentemente do número de articulações envolvidas, quando o exercício era realizado
no final da sessão o número de repetições era significantemente reduzido. Desta forma, a
hipótese de que o número de articulações seria um fator importante para o número de
repetições foi descartada.
GIO, S (2011) apud (SFORZO & TOUEY, 1996; SIMÃO et al., 2007) que levando em
consideração que o número de repetições realizadas com uma mesma carga relativa é
menor em exercícios para membros superiores do que em exercícios para membros
inferiores. É possível que a ordem dos exercícios afete o comportamento do número de
repetições distintamente em membros inferiores e superiores. Porém, ainda é desconhecido
o efeito da ordem de execução quando apenas exercícios para membros inferiores são
realizados.
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Hoje em dia existem muitos estudos que concluíram a importância do exercício resistido
para os esportes e para a qualidade de vida, mas pouco se estudou sobre a ordem dos
exercícios e sua relação com a fadiga muscular.
2 - Metodologia

Cuidados éticos
O estudo foi submetido ao CEP (Comitê de Ética) do Centro Universitário da
Fundação Educacional de Guaxupé (UNIFEG). Os participantes da avaliação foram
indivíduos voluntários que foram informados de todo o processo de coleta de dados e
estavam cientes dos riscos e desconfortos do teste. Foi preenchido um termo de
consentimento de cada voluntário. Sempre esteve em vigor a privacidade e preservações
dos mesmos onde todas as informações serão confidenciais.

Amostra
O estudo foi composto de dez homens treinados, com no mínimo um ano de treino de
musculação e idade entre 18 e 30 anos. Os mesmos foram selecionados na cidade de
Guaxupé, em academias de ginástica. E foram excluídos os indivíduos usuários de
medicamentos que sejam em benefício do desempenho (recursos ergo gênicos), também
foram excluídos indivíduos que apresentem qualquer tipo de problemas articulares que
podem influenciar na realização dos testes.

Avaliação Antropométrica
Todos os voluntários participaram de uma avaliação antropométrica antes da
realização dos exercícios resistidos onde foram aferidas as seguintes variáveis:
B.
Peso Corporal
O peso corporal foi medido com o auxílio de uma balança digital. O avaliado deve se
posicionar em pé, de costas para a escala da balança, com afastamento lateral dos pés. Em
seguida coloca-se sobre e no centro da plataforma, ereto com olhar num ponto fixo à sua
frente. Deve usar o mínimo de roupa possível. É realizada apenas uma medida.
(FERNANDES FILHO, 1999, p.17-18).
B. Altura Total
A altura total foi medida através de uma fita métrica. O avaliado deve estar na posição
ortostática PO: indivíduo em pé, posição ereta, braços estendidos ao longo do corpo, pés
unidos procurando por em contato com o instrumento de medida as superfícies posteriores
do calcanhar, cintura pélvica, cintura escapular e região occipital. A medida é feita com o
avaliado em apneia inspiratória, de modo a minimizar possíveis variações sobre esta
variável antropométrica. Permite-se ao avaliado usar calção e camiseta, exigindo-se que
esteja descalço. (FERNANDES FILHO, 1999, p.18-19).

Avaliação Cardiovascular
Foi aferidas frequência cardíaca, antes e após cada sérieatravés de um monitor de
frequência cardíaca.

Avaliação da Percepção Subjetiva de Esforço (PSE)
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A PSE foi avaliada através da Escala de Percepção de Esforço de OMNI validada por
LEGALLY, et al (2006). A figura abaixo representa a PSE.

Exercícios Resistidos
Leg Press:
Para a realização do exercício resistidolegpress, o voluntário posicionará deitado
sobre o aparelho, com as costas bem apoiadas, deverá apoiar os pés em uma posição
confortável (aproximadamente na largura dos ombros). Inspirar, desbloquear a trava de
segurança, permitindo a flexão do quadril, dos joelhos e dos tornozelos, até formar um
ângulo de aproximadamente 90º nas articulações dos joelhos. Em seguida, realizar a
extensão dessas articulações até retornar à posição inicial, expirar e sem descanso, repetir o
movimento. DELAVIER, 2002; UCHIDA, M.C.; BACURAU, R.F.P.; NAVARRO, F; PONTES
JR, F.L.; CHARRO, M.A. 2008.
235
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Cadeira Extensora:
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Para a realização do exercício resistido na cadeira extensora, o voluntário posicionará no
aparelho com as costas bem apoiadas e com o eixo do equipamento muito próximo do eixo
das articulações dos joelhos, deverá realizar a extensão dos joelhos, utilizando toda a
amplitude possível. Logo após deverá retornar até formar um ângulo de 90º nas articulações
dos joelhos e, sem descanso, repetir o movimento.

Delineamento experimental
Após a definição dos indivíduos, os voluntários serão submetidos a uma sessão de
testes para determinação da carga para 10 RM, nos dois exercícios propostos. Após a
determinação de carga, o teste será dividido em duas sequencias ―A‖ e ―B‖, na qual a
sequência ―A‖ o legpress (LP) será realizado antes da cadeira extensora (CE), sendo
respeitado um intervalo de 48 horas para a realização da sequência ―B‖ onde a CE será feita
antes do LP. O intervalo entre as séries será de 1 minuto e o de transição entre os
exercícios será de 1 minuto e meio. A frequência cardíaca será aferida através de monitor de
frequência cardíaco, devidamente instalado no indivíduo, sendo verificada antes e após cada
série, e a PA será aferida após término de cada exercício. Por fim, o indivíduo dará uma nota
(escala de OMNI.) em relação ao esforço utilizado no exercício. Serão realizadas 3 séries de
10 repetições em cada exercício. A avaliação antropométrica (peso e altura) será realizada
apenas uma vez.
3 - RESULTADOS:
VALORES MÉDIOS DE OMNI NAS DUAS SESSÕES DE TREINAMENTO
LEG PRESS
1
1oDia
a
EXTENSORA
2
3,3±1,3
a
4,2±0,4
3
a
5,3 ± 1,2
EXTENSORA
2oDia
1a
2a
3a
2,6 ±1,0
2,7±0,9
3,9±1,0
LEG PRESS
1a
2a
3a
1a
2a
3a
2,8±0,8
3,0±0,9
4,4±1,0
6,0±1,4*
6,7±1,3*
7,5±1,1*
* Diferençasignificativa entre 1o dia x 2o dia P > 0,05
O exercício na Cadeira Extensora não apresentou valores significativos, já o Leg Press
apresentou valores significativos no segundo dia.
VALORES MÉDIOS DE FC NAS DUAS SESSÕES DE TREINAMENTO
LEG PRESS
EXTENSORA
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1oDia
2oDia
Rep.
1a
2a
3a
Rep.
1a
2a
3a
76±
7,6
82±
6,2
92±
6,8
110±
11,0
73±
5,1
79±
4,3
88±
5,8
96±
7,4
Rep.
EXTENSORA
2a
1a
3a
Rep.
1a
2a
3a
100±
10,1*
108±
9,1*
123±
7,1*
92±
5,1*
106±
10,3*
119±
10,0*
132±
9,6*
115 ±
7,2*
LEG PRESS
* Diferençasignificativa entre 1o dia x 2o dia P > 0,05
No segundo dia a frequência Cardíaca da cadeira extensora apresentou valores
significativamente superiores ao primeiro dia. O Leg Presstambém apresentou valores
significativamente superiores no segundo dia.
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em cumprimento ao objetivo de analisar a percepção subjetiva de esforço entre dois
exercícios resistidos de membros inferiores com execução alternada concluímos que na
escala de OMNI o exercício Cadeira Extensora não apresentou valores significativos e oLeg
Press apresentou valores significativos no segundo dia. E Em cumprimento ao objetivo de
Analisar o comportamento da frequência cardíaca entre dois exercícios resistidos de
membros inferiores com execução alternada, concluímos que no segundo dia a frequência
Cardíaca da cadeira extensora apresentou valores significativamente superior ao primeiro
dia. E o Leg Press apresentou valores significativamente superior também no segundo dia.
5 -ReferênciasBibliográficas:
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2009; 41: 687-708.
CALDERON, F.: Técnicas de Musculação. Tradução: Daniela Botelho Bittencourt. São Paulo
- Marco Zero, 200
DELAVIER, F. Guia dos movimentos de musculação: abordagem anatômica. 3ª ed. São
Paulo: Manole, 2002.6.
FERNANDES FILHO, J. A prática da avaliação física: testes, medidas e avaliação em
escolares, atletas e academias de ginástica. Rio de Janeiro: Shape editora, 1999.
GIL, S.; ROSCHEL, H.; BATISTA, M.; UGRINOWITSCH, C.; TRICOLI, V.; BARROSO, R.
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esforço em homens treinados em força. Rev. bras. Educ. Fís. Esporte, São Paulo, v.25, n.1,
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KRAEMER W. J.; RATAMESS, N. A. Fundamentals of resistance training: progression and
exercise prescription. Medicine and Science Sports and Exercise. v36, n.4, p.674-688, 2004.
LAGALLY, K. M, and ROBERTSON, R. J. Construct validity of the OMNI Resistance
Exercise Scale. J Strength Cond. Res. 202(2):252-256. 2006
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eletromiográfica dos exercícios de legpress, agachamento e stiff Integração Jun 2008 sp.
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DA MUSCULAÇÃO. Connepi, 2009
WERNBOM, M.; AUGUSTSSON, J.; THOMEE, R. The influence of frequency, intensity,
volume and mode of strength training on whole muscle cross-sectional area in humans.
Sports Med v.37, n.3, p.225-264, 2007.
239
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RESUMOS
COMPARAÇÃO DA FLEXIBILIDADE DE JOVENS NADADORES PARTICIPANTES DE
UM PROGRAMA DE INICIAÇÃO ESPORTIVA, UTILIZANDO A TÉCNICA DA
GONIOMETRIA
TAKENAKA, T. Y.
Graduada em Fisioterapia1
Graduada em Educação Física2
PAGIN, M.
Graduado em Educação Física2 – UFLA
LEITE, L. R.
Graduado em Educação Física2
DA SILVA, S. F.
Doutor em Ciências da Atividade Física e do Esporte
Docente2
1
Centro Universitário de Lavras – UNILAVRAS – Lavras/MG – Brasil
Universidade Federal de Lavras – UFLA – Lavras/MG – Brasil
[email protected]
2
INTRODUÇÃO: A prática da natação é caracterizada por movimentos cíclicos cuja técnica
desempenha um papel muito importante na determinação do resultado do indivíduo,
influenciado por diversos fatores, componentes e propriedades, dentre eles, a flexibilidade.
Esta capacidade física é componente fundamental para o bom rendimento do nadador, pois
permite um melhor aproveitamento de sua velocidade, força e coordenação. OBJETIVO:
Observando-se a relevância do tema em foco, o presente estudo objetivou avaliar a
flexibilidade de crianças participantes de um programa de iniciação esportiva em natação.
METODOLOGIA: Foram selecionadas 20 crianças, de ambos os gêneros, com idade entre
10 e 15 anos. As mesmas foram submetidas à mensuração goniométrica de 19 movimentos
articulares, através do goniômetro WCS®, material de aço, graduado em graus (0 - 360
graus). RESULTADOS: A média de idade da amostra foi 12,70 ± 1,45 anos. Observou-se
que houve correlação significativa somente em três movimentos articulares (abdução de
quadril, flexão de ombro e abdução de ombro), sendo que na maioria dos valores médios
encontrados, os meninos apresentaram maiores amplitudes articulares. CONCLUSÃO:
Conclui-se que os meninos possuíram maior flexibilidade no geral, contabilizando o número
de articulações avaliadas, diferindo dos estudos existentes na literatura. Sendo assim, podese dizer que, em comparação com as meninas, esse seria um dos componentes que iria
influenciar os meninos de forma positiva na hora do rendimento no nado.
Palavras chaves: Nado; Crianças; Amplitude de movimento.
240
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ESTUDO COMPARATIVO DA CAPACIDADE AERÓBIA E ANAERÓBIA, DE JOVENS
PRATICANTES DE FUTEBOL DE CAMPO, SEPARADOS POR CATEGORIAS.
¹BRITO, J.J.; ²DA SILVA, A.G.;; ³VILAS BOAS, Y,F,;
(1/2) Acadêmicos do Curso de Educação Física, UNIFENAS, Alfenas/MG.
(3) Docente orientador do Curso de Educação Física, UNIFENAS/MG.
e-mail: [email protected]
Palavras- Chave: Futebol de Campo, Categorias de Base, Capacidades físicas.
RESUMO:
O Futebol proporciona uma atividade física bastante variada, favorece o
desenvolvimento social do indivíduo através da necessidade de colaboração, permite ações
individuais de grande habilidade, é o tipo do esporte com diferentes funções possibilitando a
escolha de uma delas e é de fácil organização. Devido a essas razões atrai com facilidade
inúmeros espectadores. Pain e Harwood (2007) sugerem que o desempenho no futebol é
multifacetado e que a planificação e organização dos treinamentos, o desenvolvimento
físico, fatores táticos, desenvolvimento filosófico, variáveis psicológicas e sociais, juntamente
com o papel do treinador são os pontos mais importantes para o sucesso na modalidade. O
objetivo da presente pesquisa foi mensurar a capacidade aeróbia e anaeróbia dos indivíduos
de dois grupos de atletas de Futebol de Campo, separados por categorias: Grupo I (13 a 14
±13,5 anos) e Grupo II: (15 a 16 ±15,5 anos), comparando os valores obtidos. O espaço
amostral foi constituído por 20 atletas de iniciação (10 de cada) , onde o condicionamento
físico aeróbio e o condicionamento físico anaeróbio foram avaliados mediante aplicação dos
testes sprint de 40m, impulsão horizontal, corrida alternada 9,15m (Shuttle Run) e teste de
Cooper de 12 minutos, comumente utilizado como indicadores de força, agilidade,
velocidade e resistência. Analisando os dados obtidos, encontramos valores melhores para
capacidade aeróbia (VO2: 51,18 – 47,85), força de membros inferiores (MI: 2,12 – 1,93),
Velocidade (Vel: 5,86 - 5,93) e Agilidade (AG: 9,82 – 10,54) na categoria I em relação a II
fato que não comprova no grupo analisado, o acúmulo de ganhos nas valências físicas, com
o passar da idade ou na sobreposição de categorias. Há necessidade da realização de
novos estudos para a evidenciação de conceitos e definições.
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A PROPOSTA PEDAGÓGICA DO TEACHING GAMES FOR UNDERSTANDING PARA A
INICIAÇÃO DO FUTSAL
1
BUFFO JUNIOR, L. E;
1
SOUZA, V.V;
1
PAVAN, P.H.B;
1
REIS, B.G;
1,2
ZANETTI, M. C;
1
UNIP - São José do Rio Pardo - SP – Brasil, 2LEPESPE/I.B./UNESP – Rio Claro - SP Brasil
[email protected]
(Introdução) Um grande desafio para técnicos e professores na iniciação do futsal e de boa
parte das modalidades esportivas é deixar de lado métodos tradicionais de ensino,
geralmente baseados no modelo tecnicista, onde as aulas se estruturam a partir de
atividades analíticas e lançar mão de métodos de ensino inovadores e mais próximos da
estrutura lógica do jogo, como parece ser o Teaching Games for Understanding (TGFU) que
é um método baseado em jogos reduzidos, que de maneira prazerosa parece proporcionar
ao aprendiz reflexões sobre o jogo, situações-problemas, compreensão da lógica do jogo e a
tomada de decisão (o que fazer e como fazer). (Objetivos) Pensando nisso, o objetivo do
presente estudo foi verificar como técnicos e professores de futsal podem trabalhar o ensino
pelo jogo através do método TGFU. (Metodologia) Como proposta metodológica optamos
por uma ampla revisão de literatura sobre a temática que envolve o ensino do jogo pelo jogo
na iniciação do futsal, por meio do método Teaching Games for Understanding.
(Resultados) Como resultado constata-se que este método por meio de jogos reduzidos
parece possibilitar ao aprendiz vivenciar de forma integrada os componentes do treinamento
(físico, tático, técnico, psicológico e cognitivo), além de auxiliar na compreensão da lógica e
tática do jogo em conjunto com o desenvolvimento de gestos técnicos e resolução de
situações-problemas, que podem proporcionar ao aluno/atleta o desencadeamento de ações
inteligentes dentro do próprio contexto do jogo. (Considerações Finais). Acredita-se que
este método de ensino pode colocar o aluno como construtor ativo de suas próprias
aprendizagens, proporcionando um desenvolvimento gradativo e de maneira integrada das
capacidades físico-motoras-cognitivas, além de poder proporcionar um ambiente motivante
para esses indivíduos.
Palavras-Chaves: Iniciação esportiva. Futsal. Teaching Games for Understanding (TGFU).
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ANALISE DO ÍNDICE DE OBESIDADE EM CRIANÇAS DE 6 A 10 ANOS DE IDADE DA
REDE PÚBLICA DE ENSINO DE AMBOS OS SEXOS E SEU DESEMPENHO MOTOR EM
TESTES FÍSICOS: UM TRABALHO DO PIBID/UNIFOR MG.
Breno Mário Silva
Fabiana Simões Alves
Raick Eugênio dos Santos
Tamires Franco dos Santos
Marcela de Melo Fernandes
[email protected]
Resumo:
O aumento da prevalência da obesidade representa um grave problema de Saúde Pública,
não apenas pelo aumento do número de casos, mas também pelos problemas que causa a
saúde da população (CABRERA, 1994). As condições de vida da população têm
influenciado a dinâmica familiar e afetado a população infantil, que vem sofrendo com o
sedentarismo gerando diversos problemas de saúde, como a obesidade (RIBEIRO, 2001).
Assim este artigo teve como objetivo avaliar a prevalência de sobrepeso e obesidade em
crianças na faixa etária de seis a dez anos nas escolas públicas de Formiga-MG, verificando
se o excesso de peso interfere no desempenho físico, nos testes de velocidade, flexibilidade
e salto horizontal, comparando-as com as crianças eutróficas. A metodologia utilizada foi de
natureza quantitativa, na qual participaram 200 estudantes na faixa etária entre seis anos e
dez anos de idade que frequentam a rede pública de ensino da cidade, tendo como período
de coleta de dados março a agosto de 2014. Em relação ao procedimento de amostragem,
optou-se pela técnica de erro amostral tolerável de 5%.
Os resultados obtidos em relação ao perfil antropométrico da população estudada foram
classificados de acordo com a tabela NCHS da OMS. Em relação ao Peso/Altura a maioria
das crianças foram considerada eutrófica (76,19% - com percentis entre P10 e P85), mas
6,44% apresentaram sobrepeso (com P > 85 e igual a 97) e 11,48% obesidade (com P >
97). Somando obesidade e sobrepeso foram encontrados um total de 17,92% das crianças
com sobrecarga ponderal. Os valores médios de eutrofia, sobrepeso e obesidade foram: as
crianças do sexo feminino eutróficas obtiveram um melhor desempenho em relação aos
indivíduos com sobrepeso ou obesos na corrida de 50m. Nas categorias flexibilidade e salto
não houve diferença significativa. No masculino, houve melhor desempenho dos eutróficos
nas três categorias.
Em relação ao resultado geral para eutrofia, sobrepeso e obesidade: ao comparar os
resultados das crianças percebe-se que houve um melhor desempenho nas crianças
eutróficas em todos os testes.
Pode-se concluir que os resultados obtidos mostraram que embora a prevalência da
desnutrição seja baixa na população estudada, a prevalência da sobrecarga ponderal é alta.
Estes dados sinalizam atenção para a saúde infantil no município de Formiga-MG, visto que
a obesidade pode acarretar vários problemas à saúde da população, além da possibilidade
de crianças obesas virem a se tornar em adultos obesos.
Palavras-chave: obesidade infantil; testes físicos; educação física.
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OBESIDADE INFANTIL: ESTUDO DE CRIANÇAS DE UMA ESCOLA PUBLICA DA
CIDADE DE MOCOCA – SP
FELTRAN, N. G, 1; DA SILVA, B. L, 2; LOPES, S.L, 3
Universidade Paulista – São Paulo – Brasil
[email protected]
(Introdução) A obesidade infantil apresenta uma tendência crescente, devido
essencialmente aos maus hábitos alimentares e ao sedentarismo. Por isso, é cada vez mais
relevante determinar as causas e conseqüências deste fenômeno. O Índice de Massa
Corporal (IMC) é uma medida utilizada para medir a obesidade, hoje em dia, o IMC é
utilizado como forma de comparar a saúde de populações na identificação das pessoas
obesas; neste estudo, o diagnóstico e avaliação da obesidade infantil. (Objetivo) O objetivo
do presente estudo foi descrever a prevalência do sobrepeso e obesidade das crianças de
escolas públicas do município de Mococa, verificar a relação entre os hábitos alimentares, a
atividade física e a obesidade, para que possamos com o diagnóstico precoce adotar
medidas preventivas e intervir em futuras complicações que esta criança possa desenvolver.
(Método) Os protocolos utilizados foram: para (IMC) peso em quilogramas dividido pela
altura em metros quadrado (kg/m²) categorizado pela classificação da Organização Mundial
da Saúde e um questionário elaborado e aplicado pelos investigadores. A amostra foi
composta por 261 alunos de escola pública com idade média de 8,37 anos, máximo de 11
anos e mínimo 6 anos. A avaliação ocorreu em escola pública da cidade de Mococa, onde o
professor coletou os dados, após explicar os objetivos da pesquisa e realizar as devidas
aferições. (Resultado) Na avaliação do IMC 25,19% da amostra do sexo masculino
apresentaram excesso de peso em comparação a 25,92% do sexo feminino. Constou–se
que 60% das crianças comem bolachas, doces, refrigerantes e salgadinhos com alto teor de
sódio e 32% não praticam nenhum exercício físico fora da escola. (Conclusão) Perante
estas causas e suas nefastas conseqüências, as soluções passam por promover um tipo de
alimentação saudável, incluindo o que é oferecido nas escolas, pela redução de determinada
publicidade que as crianças vêem e pela promoção de atividades físicas, por um lado, e
redução das atividades sedentárias, por outro. Também a Educação Física escolar pode ser
reorientada, promovendo aos jovens meios de poderem tornar-se autônomos na prática de
atividade física, evidenciando os objetivos de melhorar a sua aptidão física, perder peso e
prevenirem diversas doenças.
Palavras-Chaves: IMC, Obesidade e Hábitos Alimentares.
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CAPOEIRA NA RODA: ADAPTAÇÃO PARA ENSINAR CRIANÇAS
1
MARIA JOSE DE MATOS LAURENTINO, 1, 2MARCELO CALLEGARI ZANETTI
1
UNIP - São José do Rio Pardo - SP – Brasil, 2LEPESPE/I.B./UNESP – Rio Claro - SP Brasil
e-mail: [email protected]
(Introdução) A Capoeira pode ser encontrada em escolas que disponibilizam a modalidade
no contra turno escolar com a finalidade de oferecer aos alunos atividades de cunho cultural
e esportivo. Como se trata de um público infantil e para que se torne uma atividade bastante
atrativa, a proposta é que as aulas possam ser adaptadas de maneira a facilitar o
aprendizado mudando a estrutura de posicionamento das crianças além de inserir atividades
lúdicas adaptadas para a modalidade. (Objetivo) Nesse sentido, o objetivo do presente
estudo foi empregar uma metodologia de aula como o posicionamento em circulo e a
aplicação de jogos e brincadeiras de roda e posteriormente identificarmos a eficácia desse
modelo de aula no processo de ensino/aprendizagem. (Metodologia) Como proposta
metodológica foi aplicada uma pesquisa-ação com crianças de 7 a 13 anos da escola SESI
da cidade de Mococa – SP durante os meses de novembro de 2013 a agosto de 2014. Uma
das adaptações para as aulas foi o posicionamento do professor (mestre), que
tradicionalmente ensina a Capoeira à frente dos alunos dispostos em fileiras, com separação
dos mais graduados na frente e iniciantes atrás. Consideramos realizar as aulas com todos
os participantes posicionados em circulo, não havendo assim separação nenhuma e uma
melhor visualização dos movimentos transmitidos pelo professor, assim como a execução de
brincadeiras neste mesmo posicionamento. (Resultados) Após o período de investigação foi
possível perceber a evolução dos alunos quanto à desenvoltura em realizar os movimentos
de Capoeira. Tal posicionamento parece colocar todos em posição de igualdade, devido
principalmente à utilização de jogos e brincadeiras adaptados para a transmissão dos golpes
da Capoeira. Estas atividades são uma junção da recreação e da Capoeira. Também houve
utilização dos instrumentos musicais: berimbau, pandeiro, atabaque, agogô, reco-reco e as
cantigas executadas de forma didática, sempre levando os praticantes a pensarem o porquê
de cada letra das canções. (Conclusão) Por meio dos resultados dessa pesquisa espera-se
consolidar a proposta de que a estratégia de posicionamento em circulo e a ludicidade
podem contribuir para a transmissão de elementos tradicionais da Capoeira, e ainda
promover maior satisfação e envolvimento dos pequenos praticantes, já que tal metodologia
parece promover o protagonismo desses indivíduos.
Palavras Chaves: Capoeira, Lúdico, Pesquisa-ação.
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ATIVIDADE AQUÁTICA NA PRIMEIRA INFÂNCIA
RODRIGUES, G.N.S.¹ ; GOGOY,S.A.K.¹
(1)
União das Faculdades dos Grandes Lagos, São José do Rio Preto, SP- Brasil
[email protected]
INTRODUÇÃO:Na antiguidade, saber nadar era mais uma arma de que o homem dispunha
para sobrevir. Á partir da primeira metade do século XIX a modalidade começou a progredir
como desporto.Nos dias atuais, a atividade aquática na primeira infância vem se destacando
a cada dia e consequentemente atraindo mais adeptos.Ao consideramos tal busca,
identificamos uma clara problemática diante a população, e em especial os pais, por terem
poucos esclarecimentos quanto aos benefícios produzidos pelo meio líquido.OBJETIVO E
METODOLOGIA:Para tanto, realizamos um estudo tendo como objetivo analisar os
benefícios produzidos por essa prática, através de revisão bibliográfica e pesquisa de campo
com aplicação de questionário, com 32 pais de alunos da Academia Acqua Sport, localizada
na cidade de São José do Rio Preto, São Paulo. Aplicamos um questionário contendo
perguntas de múltipla escolha e ao final uma questão aberta onde os pais deveriam
descrever se indicariam a modalidade e por qual razão?RESULTADOS: Á partir dos
resultados, identificamos que a satisfação é um fato, demonstrada pelo interesse em relatar
as melhorias observadas e em recomendar a modalidade a outras pessoas.Com a pesquisa,
contribuímos com a construção de bases sólidas de conhecimentos.CONCLUSÃO: E
concluímos que a atividade aquática na primeira infância, além de auxiliar para a educação
do bebê, tornando-o mais participativo e independente, proporciona situações que
aumentam e melhoram suas possibilidades motoras, cognitivas, afetivas e sociais,
auxiliando-o no crescimento e desenvolvimento.
Palavras Chaves: atividade aquática, natação, primeira infância.
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A IMPORTÂNCIA DA AGILIDADE EM PRATICANTES DE FUTSAL
1
REIS, B. G.;
1
PAVAN, P. H. B.;
1
SOUZA, V. V.;
1
BUFFO JÚNIOR, L. E.;
1,2
ZANETTI, M. C.
1UNIP - São José do Rio Pardo - SP – Brasil, 2LEPESPE/I.B./UNESP – Rio Claro - SP Brasil
[email protected]
(INTRODUÇÃO) A modalidade futsal vem apresentando um grande aumento no número de
adeptos com o passar do tempo. Como é considerada uma modalidade fácil de praticar
como o futebol, há muitas crianças praticando tanto nas escolas como nas ruas. Por outro
lado, o ser humano para se tornar um individuo autônomo deve apresentar um bom
desenvolvimento motor, e nesse sentido a agilidade parece ser de fundamental importância
para os praticantes dessa modalidade. (OBJETIVO) O objetivo desse trabalho foi verificar a
importância da valência física agilidade no desenvolvimento do atleta de futsal.
(METODOLOGIA) A fim de atendermos ao objetivo proposto optamos por uma ampla
revisão de literatura nacional e internacional. (RESULTADOS) Como principal resultado
constatamos que um atleta de futsal necessita de boa agilidade a fim de conseguir atingir
seu objetivo principal, que seria conquistar a vitória. Outros apontamentos são no sentido de
melhorar o tempo de reação do goleiro para fazer defesas; dificultar a infiltração dos atletas
adversários fazendo assim uma marcação mais ágil; recepcionar passes de curta e longa
distância, maior movimentação pela quadra, possibilitando mais opções de jogada; facilitar
jogadas ofensivas driblando os oponentes e saindo da marcação usando a melhor opção de
jogada em busca do gol (tomada de decisão). (CONSIDERAÇÕES FINAIS) Por tudo isso,
concluímos que os atletas deveriam desde a iniciação começar a praticar educativos, que
possibilitem um amplo desenvolvimento em suas capacidades físicas dando como ênfase a
agilidade e as capacidades coordenativas, o que aponta para a necessidade do treinador
não mais se apegar à métodos tradicionais de treinamento (principalmente os de base
analítica), pois parecem ultrapassados e fadados apenas aos livros de história do esporte.
Palavra chave: capacidade física, agilidade e futsal.
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LIBRAS: A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR
DIEGO ANTÔNIO DE JESUS OLIVEIRA
Graduado em Enfermagem pela Universidade Nove de Julho
[email protected]
RESUMO
O estudo da evolução histórica da educação no Brasil mostra que, de maneiras diversas, o
ensino tem sido disseminado ao longo dos anos aos milhares de brasileiros expandindo-se
para todos os segmentos populacionais, não existindo restrição de sexo, etnia ou idade.
Embora iniciativas isoladas e precursoras possam ser constatadas em nosso país, na área
de Educação, a partir do século XIX, apenas na década de 70, é que se constata uma
resposta mais abrangente da nossa sociedade a esta questão (Bueno, 1991; Marques et al,
2003). Apesar dessa constatação, o envolvimento da população com necessidades
especiais continua sendo pouco investigada, fato evidenciado pela escassez de publicações
científicas sobre a temática.
Essa última década, no que se refere à educação, foi um grande diferencial, estudantes
assumem em massa seus lugares nas instituições de ensino no país, devido à criação,
aprovação e incentivo de diversos projetos educacionais. Neste contexto, a educação
assume um papel privilegiado na sociedade, passa de coadjuvante a estrela principal,
mentora de novos cidadãos pensantes.
Agora já consolidada como uma prática privilegiada na sociedade, a educação, ou melhor,
dizendo, o processo educacional tem que lidar com o novo, com o diferente. Antes elitizada,
agora recebe a camada mais pobre da plebe ou diferente do habitual, como equipará-los
sem confundir uma pretendida igualdade?
Neste contexto, apontar caminhos para a mudança no projeto de organização universitária e
na prática pedagógica dos professores que atuam no Ensino Superior é premente,
favorecendo assim as políticas de inclusão neste universo (Para Freire,1996, p.76).
Daí surgiu a necessidade de abordar esse tema neste trabalho, que se faz necessário para
corroborar a compreensão da vida acadêmica de milhares de estudantes que são inseridos
anualmente no ensino superior, que antes exclusos socialmente, são a nova realidade do
cotidiano universitário. Os professores, em especial os do terceiro grau, desenvolvem certa
resistência quando expostos ao novo, devido ao não conhecimento da abordagem correta a
indivíduos com características especiais. Neste sentido, qual o papel do docente no
processo de educação inclusiva no ensino superior?
Considerando-se a realidade e as características que são inerentes ao ambiente
universitário, evidencia-se a necessidade de desenvolver um projeto que vislumbre a
aplicabilidade da linguagem de sinais (LIBRAS), pensando na qualidade do ensino.
Descritores: Educação inclusiva, LIBRAS, Ensino Superior.
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IMPACTO DO PROGRAMA LAZER ATIVO NO ESTILO DE VIDA DE TRABALHADORES
DE UMA INDÚSTRIA DE GRANDE PORTE DE CONSTRUÇÃO DE BARRAGEM EM
PORTO VELHO
1-JUNIOR, P.R.Q.
2-MACHADO, M.S.A.C.
3-SILVA, M.J.L
4-CELI, D.R.
1-SESI-Porto Velho-Rondônia-Brasil
2-SESI-Porto Velho-Rondônia-Brasil
3-SESI-Porto Velho-Rondônia-Brasil
4-SESI-Porto Velho Rondônia-Brasil
[email protected]
Dentro ou fora do ambiente de trabalho, o estilo de vida é um dos fatores que determinante a
qualidade de vida do indivíduo. O comportamento do indivíduo diante dos componentes do
estilo de vida pode contribuir de forma positiva ou negativa para sua qualidade de vida. O
objetivo foi verificar o impacto do programa Lazer Ativo no estilo de vida dos trabalhadores
de uma empresa do setor da Construção Civil de Grande Porte do município de Porto
Velho/RO. O instrumento utilizado foi um questionário padrão desenvolvido pela instituição
para verificação do estilo de vida e hábitos de lazer dos trabalhadores das indústrias
brasileiras, com uma amostra de 633 trabalhadores de ambos os sexos e entrevistados pela
equipe do SESI e atendidos em 2012. Para fins de avaliação comparamos dez indicadores
de estilo de vida, gerando uma quadro demonstrativo e organizados em porcentagem,
gerando os seguintes resultados.
Indicador
T1
T2
Impacto
Inatividade física no lazer
49,8% 17,9% 64,1%
Inatividade física nos deslocamentos
62,2% 96,2% -54,7%
Tabagismo
25,4% 26,7% -5,1%
Abuso de bebidas alcoólicas
42,5% 56,2% -32,2%
Exposição ao sol sem proteção
33,3% 7,7%
76,9%
Percepção negativa de controle do estresse
22,6% 20,8% 8%
Percepção de saúde negativa
17,2% 8,3%
51,7%
Percepção negativa em relação aos relacionamentos
13,1% 7,8%
40,5%
Baixo consumo de frutas ou hortaliças
77%
79,4% -3,1%
Consumo excessivo de refrigerantes ou sucos artificiais 29,7% 20,3% 31,6%
Os resultados do estilo de vida e hábitos de lazer com esta população indicam que o
Programa Lazer Ativo gerou impactos positivos em seis dos indicadores de estilo de vida.
Recorre-se à análise do IGEV – Índice Geral de Estilo de Vida que caracteriza a
simultaneidade de exposição a dez importantes indicadores do estilo de vida. Na
interpretação, quanto maior o valor do IGEV mais positivo o estilo de vida dos trabalhadores:
O conjunto de indicadores gerou um impacto positivo de 0,3 p.p% no IGEV- Índice Geral de
Estilo de Vida.
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Nas avaliações realizadas, identificou-se que 29,5% dos trabalhadores estão numa faixa de
médio alto e alto risco. Os resultados atuais indicam que este percentual passou a ser de
23,5%, representando um impacto de 20,3%. Logo as intervenções realizadas com o
Programa Lazer Ativo geraram impactos positivos e relevantes para esta empresa, tornandoa mais saudável e competitiva.
PALAVRAS CHAVES: Estilo de Vida, SESI, Saúde, Saúde do Trabalhador, Lazer,
Competitividade, Programa.
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A OBESIDADE VISCERAL E SUA RELAÇÃO COM A PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA E
A PARTICIPAÇÃO NO PROGRAMA ACADEMIA DA CIDADE NA POPULAÇÃO DO
DISTRITO SANITÁRIO NOROESTE DE BELO HORIZONTE
PERDIGÃO,K.C.G.1; ROSSETTI,M.B.1; SALES,A.L.R.1
1- Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - Belo Horizonte – Minas Gerais - Brasil
[email protected]
A promoção à saúde e a prevenção de doenças não transmissíveis são objetivos centrais do
SUS. A falta de atividades físicas regulares é fator de risco para as doenças
cardiometabólicas, altamente relacionadas com a obesidade visceral. Observou-se que, nas
regiões sudeste e nordeste do Brasil, 95% da população apresenta níveis de atividade física
abaixo das recomendações. Com a portaria nº 2.608/2005, há recursos ao incentivo da
prática de atividades físicas a todos os estados da federação. Com isso, criou-se o
Programa Academia da Cidade. O objetivo deste estudo é analisar a ocorrência de
obesidade visceral e sua relação com a prática de atividade física e utilização do programa
Academia da Cidade na população do Distrito Sanitário Noroeste de Belo Horizonte (MG).
Este trabalho transversal caracteriza-se pela interação ensino-serviço-comunidade, graças
ao programa PET/PRO-SAÚDE PUCMINAS em parceria com a Secretaria Municipal de
Saúde (BH). A partir do banco de dados municipais, foi obtida uma amostra aleatória, com
323 indivíduos de ambos os sexos e idade superior a 10 anos. Foram excluídas as grávidas
e os indivíduos com distúrbios cognitivos. Todos os domicílios que foram sorteados
receberam visitas de alunos, orientados por tutora e preceptores, com fins de realizar
medidas antropométricas: peso, altura, circunferência da cintura e do quadril e aplicação do
Questionário Internacional de Atividade Física (versão curta). A obesidade visceral foi
estimada através da Razão Cintura/Altura (RCA), cujo ponto de corte para risco de doenças
cardiometabólicas é 0,5. Acima dele, a prevalência das referidas doenças é alta: 54,85% da
amostra estudada obtiveram dados que indicam alto risco de doenças cardiometabólicas.
Desses, 211 eram mulheres e 112 homens. Do total, 3,86% das mulheres utilizavam o
programa, 55,8% desconheciam, e 40,33% conheciam, mas não utilizavam. Dos homens,
60% desconheciam, 3,33% utilizavam e 36,66% conheciam, mas não utilizavam. No tocante
aos aspectos conclusivos, observou-se que havia pouco conhecimento sobre a Academia da
Cidade. Ficou clara a necessidade de investimento na divulgação do programa visto que
apenas 35,92% dos indivíduos o conheciam. A RCA elevada na população estudada
constituiu fator preocupante, pois a obesidade visceral é predisponente de patologias
cardiometabólicas.
Palavras-chave: Obesidade visceral, Academias da Cidade, Atividade física.
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CONTRIBUIÇÃO DA
EXERCÍCIO FÍSICO
PKCEPSILON
NA
CARDIOPROTEÇÃO
MEDIADA
PELO
Domingues, L. S.¹,²; Ueta, C. B.¹; Ferreira, J. C. B.¹
¹Departamento de Anatomia do Instituto de Ciências Biomédicas, ²Escola de Educação
Física e Esporte da Universidade de São Paulo - São Paulo – Brasil
Agência Financiadora: FAPESP
[email protected]
Introdução: O infarto agudo do miocárdio é um importante problema de saúde pública.
Recentemente, nosso grupo demonstrou que o pré-condicionamento isquêmico,
caracterizado por breves estímulos isquêmico alternados com curtos períodos de
reperfusão, é capaz de proteger o coração de danos causados pela isquemia prolongada.
Ainda, observamos que esse processo é dependente da translocação da proteína quinase C
isoforma épsilon (PKCε) do citosol para a mitocôndria cardíaca. Semelhante ao précondicionamento isquêmico, o exercício físico quando realizado previamente também
protege o coração dos danos causados pela isquemia/reperfusão. Entretanto, os aspectos
celulares envolvidos neste processo ainda não foram elucidados e precisam ser melhor
descritos. Objetivo: Caracterizar a sinalização celular e compreender os aspectos
moleculares envolvidos na cardioproteção induzida pelo exercício físico frente ao insulto de
isquemia/reperfusão em camundongos. Materiais e métodos: Camundongos machos
selvagens (WT-C57BL6) e nocautes para a proteína quinase Cε (PKCεKO) foram divididos
em dois grupos: Sedentário+Isquemia/reperfusão (I/R) e Exercício Físico+I/R (EF+I/R). Os
camundongos do grupo EF+I/R foram submetidos a um protocolo de corrida em esteira por
sete dias consecutivos. A intensidade do treinamento foi baseada na máxima fase estável do
lactato. 24 horas após a última sessão de exercício o coração foi isolado, mantido ex vivo
com perfusão retrograda artificial (técnica de Langendorff) e submetido ao insulto de
isquemia/reperfusão, caracterizado por 35 minutos de isquemia e 60 de reperfusão.
Variáveis analisadas: área de infarto cardíaca (coloração com TTC, solução de cloreto de
trifeniltetrazólio) e liberação de peróxido de hidrogênio em mitocôndrias isoladas (reação
com Amplex Red, fluorimetria). Resultados: Os resultados mostram que um protocolo de 7
dias de exercício físico foi capaz de reduzir a área de infarto cardíaca em camundongos WT
em relação ao grupo sedentário (27,29±10,13 vs. 58±8,82%; p<0,05). Essa cardioproteção
foi associada à melhora do metabolismo mitocondrial caracterizada pela diminuição na
liberação de H2O2 mitocondrial. Ainda, mostramos que camundongos PKCεKO não foram
beneficiados pela cardioproteção mediada pelo exercício físico quando comparados a
camundongos PKCεKO não treinados (60,05±8,92 vs. 65,26±11,35%). Conclusão: Este
trabalho revela o papel crucial da PKCε na cardioproteção induzida pelo exercício físico
frente a um insulto de isquemia/reperfusão.
Palavras-chave: Infarto agudo do miocárdio. Proteína quinase Cε. Exercício Físico.
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