Limoeiro, Limão, Limonada

Transcrição

Limoeiro, Limão, Limonada
Luis Fernando Stucchi
Fillipe Marcussi
Léo Zucoloto
Limoeiro, Limão,
Limonada
A Química Espremida e Adoçada
Ilustrações de Léo Zucoloto
Limoeiro, Limão, Limonada - A Química Espremida e Adoçada
Copyright¤ Editora Ciência Moderna Ltda., 2015
Todos os direitos para a língua portuguesa reservados pela EDITORA CIÊNCIA
MODERNA LTDA.
De acordo com a Lei 9.610, de 19/2/1998, nenhuma parte deste livro poderá ser
reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por
fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Editora.
Editor: Paulo André P. Marques
Produção Editorial: Aline Vieira Marques
Capa: Ideias Demais Com. & Design
Diagramação: Luis Fernando Stucchi
Assistente Editorial: Dilene Sandes Pessanha
Várias Marcas Registradas aparecem no decorrer deste livro. Mais do que
simplesmente listar esses nomes e informar quem possui seus direitos de
exploração, ou ainda imprimir os logotipos das mesmas, o editor declara estar
utilizando tais nomes apenas para fins editoriais, em benefício exclusivo do dono da
Marca Registrada, sem intenção de infringir as regras de sua utilização. Qualquer
semelhança em nomes próprios e acontecimentos será mera coincidência.
FICHA CATALOGRÁFICA
STUCCHI, Luis Fernando; MARCUSSI, Fillipe de Bonis; SILVA, Leonardo
Zucoloto Pereira da.
Limoeiro, Limão, Limonada - A Química Espremida e Adoçada
Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna Ltda., 2015.
1. Química
I — Título
ISBN: 978-85-399-0602-4
Editora Ciência Moderna Ltda.
R. Alice Figueiredo, 46 – Riachuelo
Rio de Janeiro, RJ – Brasil CEP: 20.950-150
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E-MAIL: [email protected]
WWW.LCM.COM.BR
CDD 540
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“Todos os homens têm, por natureza,
desejo de conhecer.”
Aristóteles
Dedicado a Mendeleev, por ter deixado o
sumário deste livro tão bem organizado.
 L.F.S.  F.M.  L.Z.
Para meu pai Luiz Antonio, para minha mãe Marisa,
para minhas irmãs Flávia, Daniela e Paula,
e para meu irmão Rafael.
 L.F.S.
Para meu pai Adauto, para minha mãe Marta,
e para meu irmão Matheus.
 F.M.
Para meu pai Lisoneto, para minha mãe Silvia,
e para minha irmã Larissa.
 L.Z.
AGRADECIMENTOS
pessoas, desde Tales de Mileto até Iberê Thenório, passando por Aristóteles, Lavoisier e Madame Curie. Apesar de todas essas pessoas não
listá-las todas aqui, e por isso nos restringiremos a umas poucas, cujos
nomes e razão da gratidão estão apresentados a seguir:
A Montse e Alexia, pela inspiração.
A Marcelo Giordan, pelo incentivo à escrita (já faz mais de dez
anos). A Alexandre Azevedo, Thiago Mlaker e Cristian Clemente, pelas
sugestões e apoio ao projeto.
A Alexandre Vitorino, pelo compartilhamento dos conhecimen
A Harley Oliveira, pelas dicas na área médica.
A Selma Regina Ramos, pelas dicas gramaticais.
A Lau Baptista, pelas dicas na área de diagramação.
VIII
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Limoeiro, Limão, Limonada - A Química Espremida e Adoçada
A Victor Siena, Felipe Hiromitsu, Hugo Bononi, Leo Barros,
Felipe Monteiro, Adriana Facion e Alefe Cintra, pela leitura do texto
original, ou de partes dele, e pelos preciosos comentários.
Em especial, a Paula Stucchi, Larissa Zucoloto, André Pedersoli,
Ana Flávia Nogueira e Yasmim Koba, que, juntamente com a leitura do
texto original, ou de partes dele, e com os preciosos comentários, manifestaram um motivador entusiasmo pelo projeto.
A todos os alunos, professores e funcionários do Colégio Ideal
de Ribeirão Preto, por estarem diretamente envolvidos, mesmo sem
o saber, no desenvolvimento deste livro. Agradecimento especial ao
idealizador do Colégio Ideal, Fausto Gallina, por ter feito do colégio o
lugar ideal para o surgimento desse amontoado de letras.
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de toda a canavialesca região de Ribeirão Preto.
A Alexandre Felizola, pela promessa da arte da capa, antes
mesmo dos autores acreditarem que este livro seria realmente escrito, e,
principalmente, pelo cumprimento dessa promessa.
Aos meninos do Clube Atlas de Ribeirão Preto, por serem uma
fonte constante de inspiração.
A Guilherme Melo, por ter encontrado os manuscritos de um
projeto há anos esquecido em algum recanto recôndito de um castelo
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utilizando frutas vitaminadas).
A Tito Peruzzo, pela amizade e apoio.
A Rodrigo Ratier, antecipadamente, pela ajuda que pode vir a
dar na divulgação de toda essa limonada.
Agradecimentos
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IX
Não queremos continuar a lista, pois sempre faltarão nomes;
importa mais que estejam em nossos corações do que impressos nessas
' * !
assim (e com isso já basta): a você, leitor, que leu, lê ou lerá este livro,
+ *
*
exageramos um pouquinho.
NOTA DO EDITOR
Tendo em vista que os autores não concordaram com as alterações sugeridas, em revisão de português feita pela editora, a Editora
Ciência Moderna exime-se de qualquer erro gramatical ou incoerência
que possa conter no texto desta obra.
A responsabilidade passa a ser unicamente dos autores.
SUMÁRIO
Sumário
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XIII
CAPÍTULO UM
–
HÉLIOOOO!!! – em todos os cantos da casa ouvia-se o
berro de dona Yolanda, em sua voz aguda, penetrante. Hélio nem sequer
se sobressaltou, tão acostumado estava com o gênio de sua mãe. Eita
mulher escandalosa!, pensava com frequência.
– HÉLIOOOOOO!!! – o grito de dona Yolanda foi agora mais
alto, mais cortante, de levantar defunto.
Hélio já sabia por que sua mãe estava fazendo aquele escândalo
todo. Todos os dias, acontecia a mesma coisa. Se não fosse a insistência
da mãe, ele jamais começaria a estudar. Aliás, não entendia por que
as pessoas precisam estudar. Pior, por que as crianças devem estudar?
Ele achava que criança não foi feita para esse tipo de coisa. Isso sim
é exploração infantil, convencionalismo social sem fundamento, má
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Limoeiro, Limão, Limonada - A Química Espremida e Adoçada
No dia seguinte, 12 de fevereiro, Hélio completaria 15 anos.
Seria uma quarta-feira, em pleno dia de aula, e o maior dos absurdos
é que sua mãe não o deixaria faltar. Impossível, com minha mãe não
há diálogo. Só sabe berrar. Criança ter que assistir aula bem no dia
do aniversário... O menino insistia na ideia de ser criança e, ainda por
cima, indefesa, sem perceber que 15 anos são 15 anos. No jantar que
sua mãe preparou no sábado, dia 8, para comemorar seu aniversário,
seus tios, sua madrinha e os amigos de seus pais repetiam à exaustão: “Nossa, como você cresceu”, “Que meninão bonito”, “Querido,
como você está mudado”, “Que espichada você deu, moleque”... Frases
ditas da boca para fora, evidentemente, mas, no tocante a seu tamanho,
3 46 Mesmo assim, Hélio não atinava com o fato de já não ser mais criança.
Todo seu comportamento era infantil. Se dependesse dele, passava o dia
inteiro no videogame, na Internet e na TV. Não tinha muitos amigos,
mas, quando estava com eles, os papos e os passatempos eram o
videogame, a Internet e a TV. Agora, no Carnaval, viajaria com os pais
e seus dois irmãos mais novos, e sua única preocupação era poder levar
o videogame, ter acesso à Internet e dispor de uma TV.
Verdade, Hélio não via sentido nos estudos. Seu pai não estudava,
sua mãe não estudava. Nunca deram mostras de que alguma vez estudaram na vida. Claro, sabiam ler e fazer cálculos básicos, coisas que,
com certeza, aprenderam na escola muitos anos antes. Mas, e o resto?
Achava que as coisas importantes da vida não se aprendem na escola. A
própria vida vai ensinando. Pelo contrário, a escola subtrai das pessoas
um tempo precioso, tempo que poderia ser empregado para aprender
coisas úteis. Disso estava absolutamente convencido. Por que tantos
Capítulo 1
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U # + para nada. História, há séculos que já passou de moda (com todos os
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mias de musculação. Que mais? Ah, Biologia! Também não acrescentava muito na vida de uma pessoa. Mas essa é a sina da vida: nascer,
estudar, crescer, estudar, crescer, estudar, trabalhar, reproduzir e morrer.
Maldito ciclo. Profundo tédio. Se ao menos houvesse mais tempo para
o videogame, para a Internet e para a TV, a vida seria mais suportável...
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ocasião em que os gritos de sua mãe chegavam aos seus ouvidos.
***
Foi justamente no dia do seu aniversário que, ao acordar, fazendo
um balanço quase inconsciente de sua vida e do universo em que estava
mergulhado, veio-lhe à mente a ideia de que nascera em um mundo
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de outras pessoas (quem sabe bilhões... quantas pessoas mesmo há no
mundo?), entre crianças, jovens e até marmanjos pra lá dos vinte e tantos
anos de idade, dediquem tantas horas de suas vidas aos estudos? E não
só dispendem nisso boa parte de suas energias, mas muitos ainda pagam
para poderem frequentar a escola! Pagar para sofrer... Que absurdo. Até
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Limoeiro, Limão, Limonada - A Química Espremida e Adoçada
todo engravatado para passar o dia inteiro dentro de um escritório, sem
luz natural, sem videogame, sem TV, com um computador que só sabia
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problemas a serem resolvidos. Devia ser realmente muito chato, mas
tudo bem, seu pai ganhava dinheiro com aquele trabalho monótono.
Graças ao trabalho do seu pai, não faltava comida na mesa, tinha com
que se vestir, podia viajar no Carnaval e... podia ir à escola. Gastar dinheiro com escola! Para que gastar dinheiro com isso?
Ainda sentado na cama, Hélio sentiu aquele mal-estar próprio
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gar seu aniversário já logo pela manhã, afastou todos esses pensamentos e começou a se arrumar para ir à aula, concentrando-se no novo jogo
de videogame que seu pai lhe prometera dar pelos seus 15 anos – assim
que voltasse da escola poderia estrear o presente.
***
As aulas haviam começado fazia dois dias. Hélio não sabia bem
o porquê, mas era uma semana depois da maioria das outras escolas.
Sorte dele, sobre isso ele não questionaria. Naquela quarta-feira, seria
+ # no ensino médio. Muitos dos seus colegas de classe já haviam tido um
# cias, mas o colégio em que Hélio estudava antes era ruim de dar dó
e, tanto pelas muitas faltas do professor quanto pelo pouco rendimento das aulas, de tão endiabrados que eram os alunos, o máximo
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boatos que corriam, provenientes dos alunos que já haviam passado
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Capítulo 1
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disciplina insuportável, muito, muito chata, absolutamente incom
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a situação, seria a última aula do dia. Passaria a manhã toda com aquele
mal-estar frente ao sofrimento que se aproximava.