Links - Universidade de Coimbra
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LINKS Nebulosa de Oríon (telescópio Hubble) Hubert Reeves U ma das áreas científicas mais fascinantes de hoje, e do futuro, é a astrofísica. Os astrofísicos são os exploradores e historiadores das estrelas, que trabalham nos limites da ciência, e procuram descrever a origem e evolução do universo. Preocupam-se em saber como tudo começou, e à luz da teoria mais aceite, a da fabulosa explosão de luz que teria dado origem ao universo (teoria do Big Bang), conseguem mesmo descrever, com alguma precisão, os primeiros segundos de um universo que teve origem há 45000 milhões de anos; bem como, o que desde aí aconteceu até ao aparecimento das estrelas, das galáxias, dos planetas, e da vida. Existem ainda muitas coisas que não sabem explicar, até por limitação da ciência, mas procuram no universo indícios, argumentos, testemunhos que possam conduzir a novas explicações. Nisso são como os historiadores, que utilizam artefactos, fósseis, etc., para tentar perceber e explicar o passado. Mas com uma grande diferença. Os astrofísicos conseguem ver o passado. Enquanto um historiador jamais conseguirá ver a Roma antiga, o antigo Egipto, a época dos dinossauros, etc., os astrofísicos podem ver o passado usando essas verdadeiras máquinas do tempo que são os telescópios. A imagem que temos hoje da nebulosa de Oríon tem cerca de 2000 anos, a imagem de Andrómeda, que podemos ver a olho nu, tem cerca de 2 milhões de anos, isto é, um habitante de Andrómeda, olhando para a Terra hoje, vê a Terra como ela era na altura dos primeiros homens. A própria imagem do sol, num determinado instante, é “velha” de 8 minutos. E a da lua tem cerca de 1 segundo. O que vemos é luz, e a luz demora tempo a chegar aos nossos olhos, de forma que tudo o que vemos é passado. À escala da vastidão do universo, o que vemos de objectos celestes 80 Quasar fotografado pelo Hubble a 12000 milhões de anos-luz por J. Norberto Pires muito distantes, é o passado, equivalente ao tempo que a luz demora a viajar desde esse objecto até nós. Assim, a imagem de um quasar situado a 12000 milhões de anos-luz obtida pelo telescópio Hubble, é uma imagem com 12000 milhões de anos de um quasar que, provavelmente, já não existe hoje. Os astrofísicos trabalham com os limites da ciência e da técnica, para observarem o universo, viajarem até outros planetas com sondas e robôs para recolherem mais informação, para tentarem perceber donde viemos, quem somos, porque estamos vivos, porque existe um mundo e porque estamos aqui. Sem nunca entrar no domínio da religião e da fé, a astrofísica oferece hoje explicações que antes só as religiões eram capazes de oferecer. Ciência e religião coexistem porque têm âmbitos diferentes: a religião baseia-se na fé, e a ciência na dúvida permanente. Entre os astrofísicos há pessoas verdadeiramente admiráveis. Um deles é Hubert Reeves, o astrofísico e divulgador de ciência, autor do best seller “Um pouco mais de azul, A evolução do Cosmos” (editado em Portugal pela Gradiva). Reeves, tal como Carl Sagan, tem o dom da comunicação e a capacidade de se fazer entender, de forma simples, por todo o tipo de público, mantendo a precisão e objectividade de um cientista. Nascido no Québec e a viver em França, onde é director de investigação do Centre d’Études Nucléaires, associado ao Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS França), Reeves ensinou em várias universidades do mundo (Columbia, Montreal e Bruxelas), e colaborou com a NASA como conselheiro científico. Movendo-se num mundo propício a confusões e sobreposições entre ciência e religião, Reeves mantém uma obstinada procura de equilíbrio entre cultura, arte, ciência e natureza. Porque perante a vastidão e beleza do universo, é impossível não ficar pasmado e associar a essa realidade uma dimensão menos objectiva. A história do universo, que nos tem vindo a ser revelada pelos astrofísicos, é sem dúvida “A Mais Bela História do Mundo” (título de um livro da autoria de Hubbert Reeves, Joel de Rosnay, Yves Coppens e Dominique Simmonet, editado em Portugal pela GRADIVA). J. Norberto Pires [email protected] Links: · Site do CNRS (França) www.cnrs.fr · Site do Telescópio Hubble www.hubblesite.org · Site da NASA www.nasa.org · Notas sobre Hubert Reeves http://radio-canada.ca/par4/Maitres/Mentors/ reeves.html · Entrevista com Hubert Reeves (Jornal Expresso, 11 de Outubro de 2002) http://semanal.expresso.pt/revista/qualidade/ interior.asp?edicao=1563&id_ artigo=ES72699 “A Coisa Mais Preciosa que Temos”, Carlos Fiolhais, Departamento de Física da Universidade de Coimbra, Gradiva 2002 http://www.gradiva.pt/capitulo.asp?L=2120 automação | controlo | instrumentação