PROTEÍNA C REATIVA A proteína C reativa
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PROTEÍNA C REATIVA A proteína C reativa
PROTEÍNA C REATIVA A proteína C reativa (PCR) é uma proteína não glicada, pertencente a família das pentraxinas. A forma humana mais comum é um pentâmero de 105 Kda. Descoberta no início da década de 30, ela eleva seu nível sérico na fase inicial de distintas enfermidades inflamatórias e necróticas. Seu nome PCR decorre do fato de formar um precipitado com o Polissacarídeo Somático C do pneumococo, e seu valor clínico, inicialmente, foi direcionado para o acompanhamento e o controle terapêutico de processos inflamatórios. Seu papel como proteína de fase aguda decorre do fato de estar presente em muitos pontos da via inflamatória. Ela eleva a fagocitose de partículas antigênicas e de microorganismos, ativando a via clássica do complemento. A PCR liga-se ao componente C1q do sistema complemento e ativa a C3-convertase, intensificando a fagocitose via macrófagos. Outra função seria a ligação e ativação seletiva das células T citotóxicas. Durante a fase aguda, a PCR pode aumentar em até 1000 vezes seu nível sérico. Ela é produzida e liberada pelo hepatócito, mas postula-se uma produção também pela parede arterial. Sua formação é estimulada pelas Interleucinas IL-1 e IL-6, liberadas por macrófagos após a fagocitose do antígeno. Existe um consenso geral no qual um valor de PCR acima de 0,5 mg/dL é indicativo da presença de processo inflamatório agudo ou crônico. A determinação laboratorial da PCR como marcador inflamatório é indicada em variadas situações clínicas, tais como: 1. 2. 3. 4. 5. 6. Monitorização da reposta terapêutica à antibióticoterapia em infecções bacterianas. Em pacientes obstétricas com ruptura prematura de membranas e risco de desenvolver infecção intra-uterina. No diagnóstico diferencial entre infecção e atividade de doença no Lupus Eritematoso Sistêmico e Retocolite Ulcerativa. No acompanhamento da resposta terapêutica na Artrite Reumatoide. Detecção precoce de complicações pós-operatórias. No diagnóstico diferencial entre infecção e rejeição em pacientes submetidos a transplante de medula. Nos últimos dez anos, entretanto, a proteína C reativa ganhou mais uma importância ao se tornar um marcador de risco para doença cardiovascular aterosclerótica. A arteriosclerose é atualmente reconhecida como um processo gradativo e que envolve alterações metabólicas, trombóticas e inflamatórias da parede vascular. A proteína C reativa é utilizada na estratificação do risco de arteriosclerose clínica e poderá indicar, em indivíduos de risco elevado, mudanças nos estilos de vida. Não há um consenso para o nível de corte para PCR no qual pode-se estabelecer um maior risco de doença cardiovascular. Em um estudo¹ realizado em mulheres, no qual PCR de alta sensibilidade, outros marcadores inflamatórios e lipídios foram determinados, o risco relativo para desenvolver doença aterosclerótica foi de 2.1, em indivíduos com média de PCR de 0,19 mg/dL. Quadro 1 : Risco relativo para doença aterosclerótica de acordo com nível de PCR1 Proteína C reativa mg/dL Risco relativo 0,06 1.0 0,19 2.1 0,38 2.1 0,5 4.4 Não há dados que apoiem o uso da PCR como screening na população geral. Entretanto, uma proteína C reativa acima de 0,3 mg/dL é aceito como um cut-off , o qual eleva o risco para doença cardiovascular aterosclerótica em duas vezes em comparação à indivíduos de baixo risco³. Risco para doença aterosclerótica Proteína C reativa mg/dL Baixo <0,1 Médio 0,1 a 0,3 Alto >0,3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1. P. M. Ridker, C. Hennekenens, J. Burning, N. Rifai. C- reactive Protein and other markers of inflammation in the prediction of cardivascular disease in women. New England Journal of Medicine 342, 836-843 (2000). 2. Nader Rifai, Paul M. Ridker. Proposed cardiovascular risk assessment by CRP and lipids. Clinical Chemistry 47:1, 28-30(2001). 3. Thomas A . Pearson et al. A statement for healthcare professionals from the centers for disease control and prevention (CDC) and the American heart Association (AHA). Circulation 107, 499-511(2003)