Peregrino_57_VWEB - MCC PORTUGAL * Secretariado Nacional

Transcrição

Peregrino_57_VWEB - MCC PORTUGAL * Secretariado Nacional
Santidade…
degrau a degrau
MOVIMENTO DOS CURSILHOS DE CRISTANDADE ll SÉRIE N.º 57 1.º TRIMESTRE 2014
EDITORIAL
SUMÁRIO
Editorial........................................................ 3
Braga........................................................... 4
Aveiro........................................................... 7
Cursilho de Cursilhos........................... 15
Viana do Castelo.................................. 17
Portalegre / Castelo-Branco........... 18
No tempo favorável
que nos dais...
Évora............................................................. 19
Como o MCC assume e realiza
os critérios de Eclesialidade........... 22
Setúbal / Viseu...................................... 27
Vila Real..................................................... 29
Leiria - Fátima e Santarém.............. 30
OMCC / CP............................................... 31
Poesia / Mensagem de Quaresma.......................................................... 32
FICHA TÉCNICA
Edição e Propriedade:
Secretariado Nacional do Movimento
dos Cursilhos de Cristandade
Rua S. Vicente de Paulo, Nº. 13
Edifício Fonte Nova - Bloco A
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2495-438 Cova da Iria
Fátima - Portugal
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2182-5645
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Dra. Albertina Santos (Braga)
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Design e Paginação:
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Impressão e Acabamento:
Tadinense - Artes Gráficas
www.tiptadinense.pt
Edição:
N.º 57 - 1.º Trimestre 2014
Cansados do rigor do Inverno que nos vai
deixando, os dias de sol, prenúncio da Primavera
que se aproxima, reconfortam-nos e anunciam-nos a proximidade da “Festa”, da grande festa
dos cristãos, razão da nossa fé.
E neste tempo que a antecede, tempo de conversão, o Senhor,
com a Sua infinita misericórdia, coloca à nossa disposição para nos
ajudar na caminhada da quaresma, as reflexões dum Papa vindo do
outro lado do mundo.
Na sua mensagem de quaresma, o nosso querido Papa Francisco
cita S. Paulo, patrono do nosso Movimento: “conheceis bem a bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico se fez pobre para
vos enriquecer com a Sua pobreza”.
Nestes tempos de crises e de Troicas e pós troicas, incita-nos a
irmos ao encontro dos irmãos e com os irmãos, levando a solidariedade e o anúncio libertador do perdão para todas as misérias morais
e espirituais, alertando-nos que a miséria é a pobreza sem solidariedade e sem esperança.
Quando fizemos o nosso cursilho, depois dos três encontros, connosco mesmo, com Deus e com os irmãos, fomos convidados a projetarmo-nos para os nossos ambientes e percebemos que ninguém se
salva sozinho, que temos que levar connosco os irmãos!
Estamos em tempo de quaresma, em tempo de paragem, de
reflexão, de conversão, de desinstalação, de penitência.
Não esqueçamos, pois, aqueles que mais sofrem. Seja esse sofrimento devido às misérias materiais, morais ou espirituais, estejamos
presentes, como cristãos, como cursilhistas, com o nosso testemunho, tornando-nos “misericordiosos e agentes de misericórdia”,
“seguindo Cristo e imitando Cristo”, como refere o Papa Francisco.
Saibamos dinamizar os grupos de vida do M.C.C nesta quaresma
para que a caminhada quaresmal se fortaleça fazendo comunidade
e verdadeiro Povo de Deus.
Sejamos Igreja!
Uma santa quaresma para todos!
De Colores!
Maria do Rosário Ferreira
Vogal da C.P.
PEREGRINO 3
BRAGA
ENCONTRO DE NATAL
Dezembro de 2013
Em 14 de Dezembro de 2013 mais uma vez se juntou a Família Cursilhista da Arquidiocese de Braga do
Movimento dos Cursilhos de Cristandade, para este
encontro de Natal.
Depois da Eucaristia presidida pelo Diretor Espiritual do Movimento, Sr. Pe. Neves Machado, tendo
como tema central da Homilia, “Alegria de ser
Cristão”. Seguiu-se o jantar da família Cursilhista,
contando com a presença do Sr. Bispo D. António
Moiteiro, Pe. Neves Machado Diretor Espiritual do
Secretariado de Braga do MCC, Pe. José António de
Andrade Diretor Espiritual da Escola de Braga do
MCC e com a presença de vários Sacerdotes.
Depois de um bom repasto com um bom bacalhau
e doçaria da época, o Sr. Pe. Neves Machado agradeceu a presença do Sr. Bispo D. António Moiteiro, a
todos os Sacerdotes presentes, assim como a todo o
pessoal do Centro Social João Paulo II, por tudo o que
fizeram para que este encontro decorresse da melhor
maneira possível.
Em relação ao encontro, destacou a Exortação
Apostólica “O Anúncio do Evangelho no Mundo
atual”, de S.S. o Papa Francisco. É que ainda hoje, há
cristãos que querem viver uma Quaresma sem Páscoa
e há realmente muitos Irmãos no mundo sem alegria,
muitos irmãos em grandes comunidades que se sentem abandonados.
Que sejamos nós a irradiar essa alegria, manifestando assim o que um dia tivemos num encontro
pessoal com Cristo num Cursilho de Cristandade.
4 PEREGRINO
Espero que se sintam mais felizes depois deste encontro. Desejou a todos um Santo e Feliz Natal e pediu
como tinha feito na Homilia da Eucaristia para olhar-mos para as figuras do Presépio e interiorizarmos,
olhando para a simplicidade dos Pastores e para a
humildade de S. José.
Seguiu-se o Sr. Bispo D. António Moiteiro que
se referiu também à Exortação Apostólica de S.S. o
Papa Francisco: prefere uma Igreja ferida do que uma
Igreja acomodada e de que muitos evangelizadores
têm cara de funeral. Se o evangelho é Jesus, que
género de evangelizadores somos nós?
O kerígma é um meio do anúncio de Jesus Cristo,
vivo e ressuscitado que é o que fazemos num Cursilho
de Cristandade. Pois continuamos com cara de funeral, porque não nos evangelizamos a nós mesmos.
O Evangelho, onde resplandece gloriosa a Cruz
de Cristo, convida insistentemente à alegria. Apenas
alguns exemplos: «Alegra-te» é a saudação do anjo
a Maria (Lc 1, 28). A visita de Maria a Isabel faz com
que João salte de alegria no ventre de sua mãe (cf. Lc
1, 41). No seu cântico, Maria proclama: «O meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador» (Lc 1, 47). E,
quando Jesus começa o seu ministério, João exclama:
«Esta é a minha alegria! E tornou-se completa!» (Jo
3, 29). O próprio Jesus «estremeceu de alegria sob a
acção do Espírito Santo» (Lc 10, 21). A sua mensagem
é fonte de alegria: «Manifestei-vos estas coisas, para
que esteja em vós a minha alegria, e a vossa alegria
seja completa» (Jo 15, 11). A nossa alegria cristã brota
BRAGA
da fonte do seu coração transbordante. Ele promete
aos seus discípulos: «Vós haveis de estar tristes, mas a
vossa tristeza há-de converter-se em alegria» (Jo 16,
20). E insiste: «Eu hei-de ver-vos de novo! Então, o
vosso coração há-de alegrar-se e ninguém vos poderá
tirar a vossa alegria» (Jo 16, 22). Depois, ao verem-n’O
ressuscitado, «encheram-se de alegria» (Jo 20, 20). O
livro dos Actos dos Apóstolos conta que, na primitiva
comunidade, «tomavam o alimento com alegria» (2,
46). Por onde passaram os discípulos, «houve grande
alegria» (8, 8); e eles, no meio da perseguição, «estavam cheios de alegria» (13, 52). Um eunuco, recém-baptizado, «seguiu o seu caminho cheio de alegria»
(8, 39); e o carcereiro «entregou-se, com a família, à
alegria de ter acreditado em Deus» (16, 34). Porque
não havemos de entrar, também nós, nesta torrente
de alegria? Pediu a todos para lerem a Exortação
Apostólica de Sua Santidade e referiu ainda que os
fariseus sendo boas pessoas, punham em destaque a
sua pessoa e não olhavam para Jesus e esse era o seu
grande problema. Pediu também para pensarmos no
dia da alegria e não só no dia 25 de Dezembro, pois
é todos os dias que Jesus nasce nos nossos corações,
assim como quando recebemos Jesus na Eucaristia,
no irmão ao nosso lado.
Terminando desejou a todos um Santo e Feliz Natal
e que Jesus nasça todos os dias nos nossos corações.
Assim regressamos às nossas casas, certamente a
meditar em tudo o que nos foi dito, e que este dia da
alegria o seja todos dias.
Raul Carvalho
Secretariado de Braga do MCC
Mais um Cursilho na Arquidiocese
383 Cursilho de Homens
De 16 a 19 de Janeiro passado, no Centro Social
João Paulo II – Apúlia, para o Cursilho 383 acolhemos
os 13 valentes que ousaram comparecer para viverem
a experiencia do cursilho 383.
De um dos centros de ultreya compareceram 7 elementos e, como se conheciam, mostravam alguma
apreensão mas apoiavam-se uns nos outros no sentido fazerem frente ao que se aproximava.
A primeira noite foi aterradora mas, no dia
seguinte, aquando das primeiras atividades do dia,
imediatamente antes do pequeno-almoço, começaram a falar uns com os outros e, ao longo dessa
manhã, verificava-se algum frenesim... Queriam saber
mais, apesar de, outros se fecharem em suas conchas.
À medida que as horas iam passando, via-se,
cada vez mais, o crescimento que a alma de cada
um ganhava, a medida que os temas os tocavam. Na
primeira reunião da noite questionaram, expuseram
dúvidas e via-se a necessidade de se tornarem interventores e na vontade de esclarecerem as duvidas
que os atormentavam.
Ficaram mais interventivos, ainda, no final do
segundo dia e, via-se a valentia desses homens na
forma como encaravam as tarefas e no esforço que
desenvolviam no sentido de as realizarem o melhor
possível.
PEREGRINO 5
BRAGA
Quis Deus que tivéssemos um Sacerdote que veio,
também, participar no Cursilho. O Sr. Padre Angelino foi de importância vital, na união de todos os 13
Homens do Cursilho 383, pela sua alegria e simpatia,
qual pastor trata de propiciar o melhor ao seu rebanho e, durante os três dias de cursilho, eramos todos
os leigos que ali estávamos...
Inexoravelmente, o tempo do cursilho ia acabando,
aproximando a hora do encerramento e a incerteza
de uma Clausura cheia de gente martirizava... afinal
havia muito poucos centros representados neste cursilho mas ...o Senhor disse-nos a todos... ‘’Homens de
pouca fé’’... o salão estava repleto e, quando os cursilhistas irromperam pela sala adentro... abriu-se o Céu
e todos pudemos ouvir e participar do entusiasmo de
quantos, num Domingo à noite, se deslocaram à Apúlia e disseram ‘Presente’’.
Sua Excelência Reverendíssima o Sr. Arcebispo de
Braga, D. Jorge Ortiga, apesar da agenda, extremamente cheia, nesse Domingo, honrou-nos com a sua
presença.
De facto foram muitos os mimos com que o
Senhor nos brindou neste Cursilho 383... O Armando,
que deveria participar no Cursilho como membro da
equipa reitora adoeceu e ficou preso a uma cama de
hospital e, ofereceu ao Pai a sua ausência forçada em
favor deste cursilho. Todos os que se uniram ao Pai
pelo rápido restabelecimento do Armando mais a
onda avassaladora de intendência recebida de todo o
mundo – América do Norte, central e do Sul, Europa,
Austrália e Coreia do Sul... o cesto ‘rebentava pelas
costuras’...
Convictamente, sabemos que aquele cesto transformou os novos Cursilhistas que não se fizeram rogados para testemunharem a sua experiencia. Um deles
dizia que já tinha frequentado alguns retiros mas que
nunca se tinha sentido tão responsabilizado... ‘No
Cursilho eu assumi o compromisso de me transformar
e renovar todos os dias’.
Por isso, em determinado momento, para não plagiar o espanhol Pizarro, foram apelidados de ‘Os treze
magníficos, porque disseram sim ao chamamento de
Cristo e, cheios de vida e força de vontade, assumiram
o compromisso de se manterem em Decolores pela
vida fora.
Depois de termos escutado o Director Espiritual do
MCC Braga, Sr. Padre Neves Machado, que agradeceu ao Senhor a experiência que todos estávamos a
viver, recebemos do Sr. Arcebispo, D. Jorge Ortiga, a
douta exortação para que vivamos como irmãos e nos
entreguemos às tarefas que Cristo tem para nos dar
no nosso dia-a-dia para levarmos por diante a obra
que Ele pretende acabar com a ajuda de todos nós.
Jaime Pinto
384º CURSILHO de SENHORAS
De 20 a 23 de Fevereiro último, realizou-se no
Centro Social João Paulo II na Apúlia o 384º Cursilho de Senhoras da Diocese de Braga.
Sob a acção do Espírito Santo, 22 novas militantes, vindas de várias paróquias, se agregaram ao
MCC, dispostas a serem na Igreja de Jesus Cristo
verdadeiras “pedras vidas”, determinadas a levar
em frente o projecto de Jesus Cristo.
No Salão de festas do Centro Social, literalmente
6 PEREGRINO
lotado, presidiu à Clausura o Senhor arcebispo Primaz, D. Jorge Ortiga, que, em mensagem centrada
no programa pastoral da diocese para o ano corrente, nos incentivou a sermos fiéis ao carisma do
Movimento, na vivência efetiva da solidariedade
cristã. Foi deveras um momento alto na vida do
Movimento que, certamente ficará para sempre
gravado na mete de todos.
Raúl Carvalho
AVEIRO
JUBILEU DO MOVIMENTO
DOS CURSILHOS DE CRISTANDADE
Os cinquenta anos do Movimento dos Cursilhos
de Cristandade na Diocese de Aveiro, que se vêm
comemorando, são para todos os cursilhistas uma
oportunidade feliz para dar Ação de Graças ao
Senhor pelas maravilhas que Ele operou em todos
e em cada um de nós, pessoalmente, e pelo que
foi possível fazer ao serviço da Igreja e dos diversos Ambientes no mundo. Mas são também ocasião
para renovarmos o nosso compromisso e empenhamento para o futuro.
Os Cursilhos de Cristandade continuam a manter
a sua atualidade, e mais agora no tempo presente,
que tanto se fala de Nova Evangelização, para o
que o MCC está em condições excecionais para dar
o seu contributo sem ter de alterar em nada a sua
Metodologia, e sem que, qualquer dos seus postulados essenciais, derivados da essência e finalidade
do MCC, sejam postos em causa.
É que o Movimento continua a ter resposta para
a Nova Evangelização, porque se move no âmbito
do 1º anúncio – Kerigma e porque atua em ambientes por pequenas comunidades (grupos – núcleos),
com toda a sua força fermentadora, como opção
preferencial.
Sob o dinamismo sempre atuante do Presidente
do Secretariado, Mário Braga, foi apresentado o
seguinte Programa:
2013-Dezembro
26 a 29, cursilho nº 88 de Homens e nº73 de
Senhoras
26 – Eucaristias por Arciprestados
27, às 21:30h: Intendência Colectiva constituída
por uma Via-Sacra a pé pela parte central de Aveiro
com saída da Igreja da Vera Cruz, terminando na Sé
de Aveiro. Seguidamente, deu-se início à Eucaristia.
28 – Eucaristias celebradas nas Paróquias com
intenção pelo cursilhos em curso e pelos cursilhistas
falecidos na Diocese de Aveiro.
Dezembro – 29 Todo o dia se passa na Paróquia
de Avanca:
10:00h: Abertura de uma exposição sobre os 50
anos do MCC na Diocese de Aveiro, com organização a cargo de Manuel Modesto Arada e esposa
Maria de Lourdes, coadjuvados por outros irmãos
cursilhistas.
14:00h: Acolhimento pelo Virgílio Freixo.
14:15h: Momento artístico musical, com a atuação do grupo católico de Jovens em Movimento, de
Avanca.
14:45h: Oração inicial proferida pelo Bispo de
Aveiro, D. António Francisco.
Seguiram-se as boas-vindas pelo Virgílio Freixo.
15:10h: Memorial. Esteve previsto, mas, por motivos alheios à organização não foi possível, ficando
para ser apresentado oportunamente.
15:45h: Apresentação pelo José Grancho do
“Livro Comemorativo dos 50 anos do MCC na Diocese de Aveiro”, da autoria de Domingos Cerqueira.
Em seguida o autor do livro, Domingos Cerqueira, proferiu algumas palavras adequadas à circunstância do momento.
16:10h: Intervalo, com a colocação dos livros à
venda.
16:45h: Palestra do Padre Doutor Georgino
PEREGRINO 7
AVEIRO
Rocha, subordinada ao tema “O MCC no contexto
da Nova Evangelização na Diocese de Aveiro” –
Cursilhos em Movimento, Diocese em Missão.
17:30h: Ressonâncias e Testemunhos.
18:20h: Entrega de lembranças.
18:30h: Jantar partilhado.
20:00h: Clausura conjunta dos dois cursilhos.
2014 – Janeiro 25: Jornadas de Reflexão “O MCC
na Diocese de Aveiro”. Por impossibilidade técnica,
foram estas jornadas transferidas para data posterior, a fixar pelo Secretariado.
Foi notório e de grande evidência a presença
constante, interessada, empenhada, e sempre que
oportuno, interventiva, do nosso Bispo D. António
Francisco em todo o programa do nosso Jubileu,
tendo em conta o clima que por vezes não foi nada
propício, exigindo grande sacrifício a quem possui
uma estima muito especial pelo Movimento dos
Cursilhos de Cristandade.
Livro Comemorativo dos 50 Anos do Movimento
dos Cursilhos de Cristandade na Diocese de Aveiro
É um livro de aspeto atrativo, com fotografias e
cartazes a cores, escrito em linguagem fluente, literariamente perfeita, trazendo a público as recordações do MCC na Diocese de Aveiro de 1963 a 2013,
reavivando todos os acontecimentos que tocaram a
mente e o coração de milhares de cursilhistas (mais
de 5000).
São 209 páginas em que o fio condutor, obviamente, é o cursilho de cristandade, mas com variadas perspetivas que dele emanam, tais como, CDAS
(Curso de Dinamização Ambiental), Mini-Cursilhos,
Cursilho de Cursilhos, Retiros de Mudança, Reencontros, bem como também meios auxiliares de
perseverança e fidelidade: Jornadas de Reflexão,
Encontros, Comemorações, Peregrinações, Ultreias
Diocesanas, Nacionais, Interdiocesanas e Mundiais.
O conteúdo do livro está consideravelmente
enriquecido e recheado de textos e testemunhos
8 PEREGRINO
vivenciais do Monsenhor João Gaspar, de vários
sacerdotes e inúmeros leigos, alguns já na Casa do
Pai, e de outros que ainda vão dando o seu contributo com generosidade e perseverança pela causa
do carisma do Movimento, nas suas vidas pessoais
ou de grupo por inserção eclesial ou temporal no
mundo, onde se joga a vida.
O autor quis homenagear também e muito justamente, os Bispos que serviram esta Igreja Diocesana durante os 50 anos que comemoramos de
vida cursilhista: D. Manuel de Almeida Trindade, D.
António Baltazar Marcelino, ambos de feliz memória, e o Bispo atual, D. António Francisco dos Santos. Todos inexcedíveis na dedicação e amor a este
movimento de Igreja.
No decurso da leitura do livro vem ao de cima
de forma muito evidente a sensibilidade cristã do
autor, vocacionada para o âmbito da Doutrina
Social da Igreja, pelo seu convicto empenhamento
socio-político.
CLAUSURA
A Clausura teve lugar no Salão do Centro Paroquial de Avanca, com uma assembleia estimada em
500 cursilhistas, números redondos.
A Clausura teve a presidência do Bispo da Diocese, D. António Francisco.
Foram 18 cursilhistas novos do 88º Cursilho de
Homens e 26 cursilhistas novas, do 73º Cursilho de
Senhoras, tendo como Reitores, de Homens Mário
Braga e de Senhoras, Teresa de Sousa. Diretores
Espirituais, de Homens, Pde. Paulo Gandarinho e de
Senhoras, Pde Abílio Araújo.
As Clausuras fecham o Cursilho e abrem as portas ao Pós-cursilho, compartilhando as experiências
vivenciais e assumindo os compromissos comuns
para o mundo na jubilosa esperança de filhos de
Deus.
José Grancho
DIOCESE EM MISSÃO
CURSILHOS EM MOVIMENTO,
DIOCESE EM MISSÃO
Professor Doutor Georgino Rocha
Introdução
O projecto da Missão Jubilar acabou com celebrações
festivas nos dias oito e onze de dezembro, dias em
que celebrámos a Missão e a Memória da feliz restauração. A ressonância dos acontecimentos e das experiências vividas perdura em nós e marcará profundamente a vida cristã das comunidades e movimentos
da nossa Diocese. A propósito, o Papa Francisco fala
de “belo e nobre caminho” e envia uma mensagem/
apelo para que a Igreja Católica em Aveiro “entre decididamente num processo de discernimento, renovação e reforma, sem impedimentos e sem receios”.
É neste ambiente jubilar que ocorrem as bodas de
ouro do Movimento dos Cursilhos em Aveiro. Por isso
estamos aqui. Queremos evocar a memória abençoada dos que nos precederam e, impulsionados pelo Espírito Santo, foram protagonistas em muitas frentes
da renovação da Igreja diocesana, às vezes “contra
ventos e marés”, mas sempre determinados a “remar
forte na vida”, a levar a carta a Garcia, a ir mais longe em ultreia de irmãos peregrinos de uma verdade
maior e de um serviço mais evangélico. Queremos
rever-nos nessa memória e aferir os nossos critérios
pela fidelidade ao carisma original do Movimento,
agora em circunstâncias históricas diferentes e, possivelmente, mais complexas. Queremos retemperar
forças anímicas e espirituais para dar uma resposta
generosa à missão recebida com a entrega do crucifixo: “Cristo, conta contigo”. Queremos cantar ao Senhor com arte e com júbilo para que o coração possa
expandir a imensidade superabundante da sua alegria, como afirma Santo Agostinho, a propósito da
festa de Santa Cecília. (Liturgia das Horas, memória
de Santa Cecília, tomo IV tempo comum).
1. A alegria que vivemos não tem apenas raízes
humanas, como lembra o Papa Francisco na
exortação apostólica “A alegria do Evangelho”. É bom fazer um mergulho na fonte da
verdadeira alegria, deixar-se possuir por ela e
fazer-se sua testemunha e anunciador. Este
pode ser, a meu ver, o primeiro desafio a assumir e um dos principais contributos a dar
pelo Movimento nesta celebração Jubilar.
Ouçamos o que nos diz o Santo Padre: “A
ALEGRIA DO EVANGELHO enche o coração
e a vida inteira daqueles que se encontram
com Jesus. Quantos se deixam salvar por
Ele são libertados do pecado, da tristeza,
do vazio interior, do isolamento. Com Jesus
Cristo, renasce sem cessar a alegria.” (nº 1) E
conclui afirmando: “Quero, com esta Exortação, dirigir-me aos fiéis cristãos a fim de
os convidar para uma nova etapa evangelizadora marcada por esta alegria e indicar
caminhos para o percurso da Igreja nos próximos anos.”
Acolher este convite e responder prontamente a este desafio leva-nos a sintonizar com a
Igreja e a entrar na nova etapa de evangelização que se anuncia. Mas a alegria está em
perigo e corre sérios riscos de ser desvirtuada.
O consumismo abafa o coração e adormece
as suas aspirações mais nobres. O individualismo amarra a consciência com laços egoístas, insensibiliza-a face à situação dos outros
e priva-a da alegria de reagir positivamente
ao clamor que lhe chega. A supremacia do ter
subjuga o ser de cada pessoa, cavando fossos
de isolamento, agravando distâncias, abrindo
feridas de relacionamento, limitando horizontes de doação enriquecedora.
PEREGRINO 9
DIOCESE EM MISSÃO
“Quando a vida interior se fecha nos próprios interesses - lembra o Papa Francisco -,
deixa de haver espaço para os outros, já não
entram os pobres, já não se ouve a voz de
Deus, já não se goza da doce alegria do seu
amor, nem fervilha o entusiasmo de fazer
o bem. Este é um risco, certo e permanente, que correm também os crentes. Muitos
caem nele, transformando-se em pessoas
ressentidas, queixosas, sem vida. Esta não é
a escolha duma vida digna e plena, este não
é o desígnio que Deus tem para nós, esta
não é a vida no Espírito que jorra do coração
de Cristo ressuscitado”.
Renovo a minha convicção profunda: evangelizar a alegria, apresentar a boa nova que
ela comporta e a beleza que irradia constitui
uma urgência desta hora que o Movimento
está chamado a assumir e vivenciar. Sobretudo nas festas familiares e populares. À sombra do santo padroeiro ou de algum acontecimento feliz na família: casamento, baptizado, fim de curso… quanta alegria desvirtuada, a necessitar de reencaminhamento,
de mais sentido humano, de evangelização.
Não percamos esta hora. Todos sairemos a
ganhar! Reconheço igualmente a urgência
de termos um rosto feliz, de pessoas que vivem a ressurreição no quotidiano, de cidadãos que mantém uma correcta relação com
os bens, que apreciam a sobriedade e cultivam “a ética do suficiente”.
2. A alegria cristã nasce da fé, do acolhimento
de Deus que se humaniza connosco e tem
um projecto de felicidade a construir com
todos/as e cada um/a para bem da sociedade
em que vivemos e de que fazemos parte. Foi
assim nos tempos passados, assim será agora
e no futuro. Convido-vos, irmãos e irmãs, a
contemplar o rosto sereno e alegre de Maria na sua maternidade, o silêncio eloquente
de José, o homem justo a quem Deus confia
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os cuidados da sua família, e de tantos outros que Bento XVI, o papa que promulgou
o Ano da Fé, nomeia a título de exemplo.
Convido-vos a ver com os olhos do coração o
sorriso rasgado e expressivo do papa Francisco, a proximidade e ternura do nosso Bispo,
António Francisco, que não cessam de nos
surpreender com as suas iniciativas corajosas, com a sua presença amiga estimulante;
convido-vos a vivenciar o testemunho jubiloso dos membros das equipas que orientam
os cursilhos e a exuberância das clausuras de
encerramento.
Ouçamos de novo o que nos diz o Papa Francisco: “Convido todo o cristão, em qualquer
lugar e situação que se encontre, a renovar
hoje mesmo o seu encontro pessoal com Jesus Cristo ou, pelo menos, a tomar a decisão
de se deixar encontrar por Ele, de O procurar dia a dia sem cessar. Não há motivo para
alguém poder pensar que este convite não
lhe diz respeito, já que «da alegria trazida
pelo Senhor ninguém é excluído». Quem
arrisca, o Senhor não o desilude; e, quando
alguém dá um pequeno passo em direcção a
Jesus descobre que Ele já aguardava de braços abertos a sua chegada. (nº 3).
Provocar o encontro pessoal com Cristo, eis outro
grande apelo/desafio que nos é posto. Identificar
pessoas, fazer-se próximo e amigo, testemunhar um
estilo de vida novo que interpele e desperte energias adormecidas, aguardar paciente e lucidamente a hora de fazer a proposta directa em ordem a
participar num cursilho constituem elementos fundamentais deste processo que visa alcançar aquele encontro. E tudo isto precedido e acompanhado
com as alavancas dos joelhos em oração e com os
braços em penitência de amor. Encontro que gera
a felicidade proclamada no Evangelho, que marca a existência cristã, que dá força ao testemunho
apostólico, que abre caminhos à evangelização. A
experiência da nossa Missão Jubilar confirma e tes-
DIOCESE EM MISSÃO
temunha esta certeza, aliás proclamada como bem-aventurança por Jesus Cristo e cantada, em diversos tons, por D. António Francisco como agora na
mensagem de Natal. “O melhor presépio de Jesus
será sempre o coração dos pobres em espírito, dos
puros, dos misericordiosos, dos pacíficos, dos que
fazem das bem-aventuranças critério de vida e se
sentem tocados de perto pelo amor do nosso bom
Deus.”
Mas a felicidade genuína está quase ausente da vida
cristã, das comunidades eclesiais e das instituições
da sociedade. A fome de ser feliz é frequentemente
paliada com pequenas migalhas que a publicidade
apresenta com centelhas de luz irresistível.
Um bom publicitário – escreve Tolentino de Mendonça - elabora um frio, mas exato diagnóstico da
alma do seu tempo. Sabe que os seres humanos
mantêm soterrado a muitas braças de profundidade um sonho de felicidade com o qual desejam
comunicar. Sabe que num tempo que virou costas
à natureza, o ser humano não deixou de precisar
do convívio com os grandes espaços, a céu aberto.
(…). Sabe que os quotidianos férreos e apinhados,
que nos trazem voluntária ou involuntariamente
sequestrados, não cancelaram do nosso coração
a necessidade de palavras puras, de gestos essenciais, de experiências de gratuidade.
E o padre, poeta e biblista, director do SNPC, conclui a sua oportuna reflexão, alertando para a necessidade de nós próprios, individualmente e em comunidades, encetarmos a preciosa tarefa de fundar
uma humilde, imperfeita e inacabada ciência da felicidade. (In Revista Expresso 2146, 14/dez/2013, p. 11)
Este alerta constitui, sem dúvida, um novo desafio
ao Movimento que tem como dinâmica a alegria jubilosa de quem vive e convive o fundamental cristão e quer irradiar a beleza da graça multicolorida.
A crise em que estamos mergulhados acentua esta
urgência. É uma constante do Evangelho proclamado neste tempo de nova evangelização. “Feliz és tu
porque acreditaste” – exclama Isabel ao receber a
visita de Maria. Feliz quem te gerou – grita a mulher
que escutava a pregação de Jesus. Felizes os que ouvem a palavra e a põem em prática.
Demos rosto humano à felicidade. Deixemos “a
cara de enterro” e abramo-nos à alegria pascal, que
surge radiosa após a paixão sofrida por amor.
3. A fé, sendo um dom de Deus que se acolhe, é resposta humana que envolve a pessoa toda: o coração para amar o que Deus
ama, sobretudo os feridos da vida; a inteligência para penetrar o mais possível no
projecto sonhado por Deus e implementado
por Jesus Cristo, Seu Filho e nosso irmão; a
vontade para querer o que Deus quer e, em
manhãs de primavera sorridente e promissora ou em outonos de baixa intensidade
luminosa ou mesmo de progressiva diminuição do crepúsculo solar e apagamento da
vida, permanecer firme e fiel como Maria
junto à cruz no calvário. Os desafios da fé
constituem, sem dúvida, o cerne do homem/
mulher crente, inquieto no seu coração que
sempre busca um amor maior, àvido de
uma verdade mais plena para a sua inteligência peregrina, desejoso de uma fidelidade crescente que dê firmeza e consistência
à sua vontade debilitada pelas limitações e
pecados.
João Paulo II dedica uma encíclica à relação
“A fé e a razão” (1998) e afirma que constituem duas asas possantes para o homem
voar na liberdade, orientar o rumo do vôo
e alcançar a verdade possível. Infelizmente
esta encíclica - que é uma das mais importantes do seu rico magistério -, está quase esquecida. Santo Agostinho, a propósito desta
relação, é incisivo «Quem crê, pensa, e pensando, crê. A fé, se não é pensada, é nula».
Grande interpelação nos é feita: Pensar a
fé e buscar os seus fundamentos, aprender
as suas certezas, enraizar convicções, estar
pronto para dar as razões da nossa esperança àqueles que nos pedirem.
PEREGRINO 11
DIOCESE EM MISSÃO
A fé corre perigos de desvirtuamento. “É
fácil, efetivamente, deslizar para uma fé
que seja apenas abandono confiante, quase
cego, fugindo de toda a interrogação, cancelando qualquer rumor do pensamento,
fazendo empalidecer e definhar a religião
num progressivo sentimentalismo devocional”, adverte o Cardeal Ravasi, presidente
do Pontifício Conselho para a Cultura. “Contudo também é perigoso avançar pela outra vertente, a de uma racionalidade de tal
maneira absorvente que reduz a religião a
um conjunto de teoremas, a um sistema especulativo no qual tudo se ordena, a uma
geometria teológica que não deixa espaço
ao mistério e ao transcendente.”
”Bento XVI dedicou também uma especial
atenção à relação da fé com a ciência, da
religião com a razão, da sabedoria do amor
com a tecnologia da eficácia.
É muito sugestiva a definição de fé que a
Carta aos Hebreus nos oferece: «A fé é garantia das coisas que se esperam e certeza
daquelas que não se veem» (11, 1).
Aos desafios que, hoje, se colocam aos cristãos no campo da fé pode e deve o Movimento dedicar a sua atenção prioritária:
requalificando a fé dos seus membros, irradiando a luz pascal nas situações de vida testemunhadas nas ultreias, questionando-se
nas reuniões de grupo, anunciando jubilosamente a alegria do ser cristão no cursilho,
procedendo de tal modo que o seu agir possa constituir para a Igreja diocesana uma referência exemplar do itinerário da fé de um
“catecúmeno” que deseja ser cristão adulto,
por meio da iniciação cristã.
Este processo é, sobretudo, desafio para a
Igreja diocesana, designadamente nas paróquias e nos arciprestados. Sem iniciação cristã de adultos, a Igreja fica privada da melhor
proposta para “fazer” um cristão, a partir da
situação em que se encontra e para o acompanhar em todas as fases do seu crescimento
12 PEREGRINO
na fé e inserção na comunidade e nos ambientes socioprofissionais.
4.
O homem de fé assemelha-se aos “peixes
que bebem no rio” do amor com que Deus
nos ama, no mar largo da caridade fecunda.
Sem esta, aquela é estéril, os ritos ficam vazios e a moral cristã uma farsa irritante ou
um colete-de-forças que amarra consciências débeis.
Deus é amor/caridade. E faz-nos participantes do seu amor, por meio de Jesus Cristo.
Deixar-se amar, acolher este amor e dar-lhe
resposta de entrega generosa origina a fé
de adesão cordial, a confiança filial, a relação fraterna entre todos os que reconhecem
o amor com que Deus os ama. Como é admirável esta realidade confirmada pelo Espírito Santo que nos foi dado. E que bom seria,
deixar-se envolver por ela e dar testemunho
da sua beleza no serviço generoso que praticamos com humildade.
A caridade toma rosto humano pessoal e
comunitário, espontâneo ou organizado.
Força ao envolvimento total. Impulsiona o
compromisso libertador. Conduz à entrega
mais generosa em prol de todos, sobretudo
dos desconsiderados e excluídos que o papa
Francisco designa pelos que vivem nas periferias existenciais. É o amor que gera a vida.
Em nós e à nossa volta. Não podemos ser estéreis, nem deixar que a esterilidade da vida
cristã retire a vitalidade à nossa fé, ao Evangelho de Jesus Cristo, à força renovadora do
Espírito Santo, à missão humanizadora da
Igreja num mundo à procura de si mesmo
nesta fase que parece “voar nas asas da aurora” de uma nova época civilizacional. (Cf
salmo 138).
A caridade verifica a verdade da fé, a sua integridade e autenticidade, a sua saúde vivificante. A fé, por sua vez, faz-nos ver Deus
“cara a cara” nos pobres, ilumina e dá sentido, identidade e consistência à caridade.(cf.
PF 14).
DIOCESE EM MISSÃO
Sem fé, a caridade reduz-se a mera filan-tropia e fica sujeita aos humores de ocasião ou
a circunstâncias de conveniência. A fé remete-nos a Deus, fonte de todo o amor, e a
Jesus Cristo, a grande testemunha do amor
misericordioso do nosso Deus. Pode dizer-se
que é mentira a fé que não nasce do amor e
que é, igualmente, mentira a caridade que
não vive da fé. A caridade é a verdade da fé.
A mensagem final do Sínodo sobre a Nova
Evangelização, nº 12, usa duas expressões
que fazem credível o Evangelho: A contemplação e o serviço aos pobres. O gesto da
caridade deve ser acompanhado pelo compromisso pela justiça que envolva ricos e pobres.
A fé proporciona critérios de pensamento e
directrizes de acção que orientam o exercício da caridade (PF 19). Enumeram-se alguns:
- A fé descobre-nos que é o amor que salva. Quando alguém experimenta um grande
amor na sua vida, trata-se de um momento
de “redenção”, que dá um novo sentido à
sua existência. O amor deve estar presente
em todos os âmbitos de vivência da fé e da
acção pastoral. É preciso dar, mas sobretudo
dar-se, dar amor. Só assim, o dom não humilha, mas dignifica a pessoa que dá e a que
recebe (DCE nº 34).
centros da vida, os espoliados da sua dignidade, os sem rumo/sentido para a existência, os expostos à intempérie e sem qualquer
abrigo.
- A fé faz-nos descobrir a dimensão evangelizadora da caridade. Jesus, o enviado do Pai
e ungido pelo Espírito para evangelizar os
pobres, anuncia a boa notícia do amor de
Deus que liberta. O exercício da caridade é
elemento constitutivo da natureza e missão
da Igreja (DCE nº 25)
- A fé proporciona-nos a espiritualidade que
requer a acção socio-caritativa e social. (Vicente Altava Gargallo, Fe y caridad. Lectura
pastoral de una relación mutuamente clarificadora y verificadora, Corintios XIII nº 146,
pp 50-65).
Que bela missão nos está confiada em Igreja para humanizar a sociedade, a partir dos
mais vulneráveis. Quem ama inventa modos
de servir. O amor é criativo, ousado, oportuno, destemido. Basta lembrar o exemplo
de tantas mães e pais de família, da Madre
Teresa de Calcutá e de muitos outros. A intervenção e o envolvimento brotam desta
fonte que irriga a nossa humanidade e manifesta a pureza da nossa fé apostólica.
- A fé envolve a luta contra a injustiça que
gera a pobreza. Faz parte deste compromisso, descobrir as causas da pobreza e os mecanismos que a geram e consolidam.
5. O mundo à procura de sentido digno da
condição humana está marcado por luzes e
sombras em que emergem pessoas líderes
particularmente responsáveis e influentes.
Apresenta-nos motivos de tristeza pela miséria de milhões de pessoas que não conhecem outra realidade a não ser o sofrimento
e a exploração; pelas guerras, as injustiças
e as “estruturas de pecado” que podem
parecer inevitáveis e impossíveis de erradicar; pela enorme pobreza de não conhecer
Cristo - facto que a Madre Teresa de Calcutá
considera “a primeira pobreza dos povos”, e
da qual não se livra nenhum canto da terra.
(Zenit.org)
- A fé oferece-nos a ternura necessária para
optar pelos que estão nas “periferias” dos
Apresenta-nos também sementes de vida,
verdade e amor, muitas vezes silenciosas,
- A fé faz-nos olhar e escutar o pobre como
o olha e escuta Deus. A Igreja deve escutar
com ouvidos de fé o grito dos pobres, ouvindo no seu clamor a voz do filho de Deus
que, sendo rico se despojou da sua riqueza
e se fez pobre por nossa causa. Escutar a voz
de Deus neste clamor é indispensável para
que o nosso serviço pastoral seja autêntico
e fiel.
PEREGRINO 13
DIOCESE EM MISSÃO
que as pessoas de boa vontade cultivam
em todos os cantos, construindo o Reino de
Deus; oferece o que tem de melhor para a
Igreja realizar a missão que lhe foi confiada,
como as modernas plataformas de comunicação e diálogo, a progressiva humanização
das políticas sociais e educativas. Proporciona-nos espaços para o exercício da cidadania
cívica, da intervenção construtiva, da participação responsável, da prática da liberdade
religiosa. Há, por isso, motivos sérios para a
alegria e a esperança.
Mas é preciso reforçar energias e fortalecer
o sentido de fraternidade entre todos os
homens de modo a unirem esforços e promoverem o desenvolvimento, o amor e a
solidariedade. A grande mensagem de esperança é o próprio Cristo! Mensagem que milhões de homens e mulheres de boa vontade
anunciam, sem descanso pelo mundo, bem
como a Igreja, o Santo Padre e os cristãos
que se esforçam por viver a sério o Evangelho. (Papa Francisco, Mensagem para o Dia
Mundial da Paz 2014).
Hoje - é um facto incontroverso - os lobys
fazem sentir a sua força e procuram condicionar as decisões de quem governa e os
programas de quem pretende educar ou in/
formar. Estamos a passar por uma fase de
desconstrução do ser humano, anulando a
sua originalidade de ser masculino e feminino, de se identificar como pai e como mãe,
de ter uma família estruturada e convivial,
de cada pessoa saber quem é, donde vem e
para onde vai. O horizonte de vida parece
ser o bem-estar, a vida boa, o culto do ego,
o gozar o momento feliz, a hora que foge.
(Sobrinho que diz ao tio: Vivo à hora! Tinha
acabado uma noite de orgia e o tio sugeria-lhe que não fizesse nada de que tivesse de
se arrepender no futuro).
O Movimento, fiel à sua estratégia de sempre, sente o imperativo de “trabalhar” com
líderes, de os habilitar para viverem o fundamental cristão nos seus ambientes, de lhes
proporcionar espaços de partilha e ajuda
mútua, de revigorar as suas forças anímicas
e espirituais para serem vértebras do novo
organismo social que espelha a harmonia do
seu conjunto, a beleza da função de cada
parte e a maravilha da convivência entre todos, alicerçada na justiça e no amor.
“A mensagem e a experiência de Cristo são
14 PEREGRINO
o maior dom que existe. A partir dessa experiência fundadora tudo pode advir: a paz,
a justiça, o amor, o crescimento humano e
espiritual das pessoas e de sociedades inteiras.” (Zenit.org).
“Temos caminho andado, alegria vivida, entusiasmo sentido e vontade de caminhar”
Ganhamos dinamismos que devem perma-necer e continuar”, garante D. António
Francisco dos Santos. A hora é de esperança
e de forte apelo à intervenção.
O Movimento em toda a sua mensagem,
especialmente o rolho do ideal cristão, dispõe de uma boa “ferramenta” para propor
a visão integral do ser humano, de valorizar
cada parte, sem abdicar da harmonia do
conjunto, de afirmar claramente a identidade do masculino e do feminino, do pai e
da mãe, do nome próprio de cada filho/a,
de viver em família estruturada em torno à
diversidade de funções convergentes na comunhão de afectos e de projectos. Deve por
isso ter em conta o apelo feito pelos bispos
portugueses em recente Instrução Pastoral e
procurar resposta válida à “ideologia do género”. (14 de Novembro de 2013).
Em resumo, ficam indicados alguns desafios
ao Movimento que brotam da situação vivida na Igreja e na sociedade. Oxalá tenhamos
a coragem de os enfrentar com ousadia e de
prosseguir com determinação na descoberta
e identificação de outros para sermos fiéis
ao carisma original do Movimento. Assim
reforçaremos a nossa função na Igreja diocesana na etapa nova da evangelização decorrente da feliz Missão Jubilar.
Com o Papa Francisco devemos reconhecer
que a Igreja tem necessidade de um olhar
solidário para contemplar, comover-se e parar diante do outro, tantas vezes quantas forem necessárias.” (EG, nº 169). E, com alegria
confiante, rezamos com o nosso Bispo: “Maria, Mãe de Jesus e nossa Mãe, fazei-nos,
nesta hora jubilar, mensageiros das bem-aventuranças, apóstolos do Evangelho e construtores de uma sociedade justa e fraterna”.
(in boletim Encontro, nº 58 Nov 2013, p. 3).
Por isso, Irmãos, celebramos as bodas de
ouro do MCC em Aveiro. Vivemos as festas
jubilares com um programa rico, diversificado e assertivo. Esta é a nossa hora. Agora é a
vez. Vamos remar forte na vida. De colores!
SN
16º Cursilho de Cursilhos
Fátima 24 a 26 de Janeiro de 2014
Decúria de S. Paulo
O que foi para nós participar neste Cursilho de
Cursilhos?
Foi para nós a oportunidade de viver três dias
intensivos com CRISTO.
Foi também reviver o nosso cursilho e de nos
questionar como estamos a viver o nosso tripé, e
como dirigentes e cursistas devemos evangelizar nos
nossos ambientes.
Enriquecedor também, pois houve um intercâmbio entre as diferentes dioceses, de como o movimento se desenvolve em cada um desses locais.
Neste Cursilho de Cursilhos saímos mais confiantes, com mais força e entusiasmo para trabalhar e
evangelizar na nossa comunidade, pois reacendemos a chama que nos alerta para a atitude, a alegria
e a amizade que devemos adotar em todos os nossos gestos, na nossa vida familiar, e assim contagiar
todos os que nos rodeiam.
Pois só através da oração encontramos o nosso
caminho e assim manifestarmos nos outros a alegria
de ter CRISTO no nosso coração e na nossa vida.
Ana Paula Henriques
PEREGRINO 15
SN
16 PEREGRINO
VIANA DO CASTELO
71º. Cursilho de Homens
O Movimento dos Cursilhos de Cristandade, da
Diocese de Viana do Castelo, realizou entre os dias
29 de janeiro e 1 de fevereiro o 71º. Cursilho de Cristandade de Homens da nossa Diocese.
Por motivo de proximidade de realização de
obras no Centro Pastoral Paulo VI o Cursilho realizou-se no Seminário dos Padres Passionistas de Barroselas, tendo nele participado 18 novos Cursilhistas.
A Equipa Sacerdotal do Cursilho foi constituída
pelos Reverendos Padres: Eugénio Freitas da Silva,
Director Espiritual do Cursilho, Padre Manuel de
Almeida e Sousa e Padre José Álvaro Aguiar Correia
de Sá.
A Equipa Leiga do Cursilho foi composta por 10
Dirigentes, sendo Reitor do Cursilho o Dirigente Joaquim Carlos Almeida Miguelote de Carreço.
A Clausura de encerramento e Eucaristia, tiveram
lugar no auditório do Centro Paulo VI contou com
a presença de centenas de Cursilhistas vindos dos
vários Arciprestados da Diocese, sendo a Eucaristia
presidida por D. Anacleto Oliveira e concelebrada
por 7 Sacerdotes.
Na cerimónia de apresentação os novos Cursilhistas, destacaram o facto de nestes três dias terem
conhecido profundamente a Jesus Cristo, referindo
que - foi como uma Luz que nos iluminou o caminho
da Fé, uma vivência forte de Deus em comunhão
com os irmãos. Uma dádiva de Deus para as nossas
vidas.
Estamos prontos e preparados e para o trabalho
nas nossas famílias, nas Paróquias e na sociedade.
EUCARISTIA
Homilia de D. Anacleto Oliveira
Na homilia o nosso Bispo começou por realçar
alguns dos testemunhos dos novos Cursilhistas da
sua forte experiencia de Deus nestes três dias da
Cursilho, relacionando alguns testemunhos com o
espírito do Evangelho de domingo que estávamos a
viver “O Evangelho da Luz” em que o velho Simeão
ao receber o menino que já esperava há muito exclamou – “Segundo a vossa palavra Senhor podeis deixar partir em paz o vosso servo”. Demos os braços e
a nossa língua, para que outros sintam esta luz pela
experiencia de uma vida com amor e com o coração.
A luz que em nós se transmite por exemplo num sorriso dado a um idoso.
Dom Anacleto terminou a sua homilia com estas
palavras – Apelo a todos para que sejamos Simeão
ou profetiza Ana na Igreja do Senhor Jesus.
Dados estatísticos do Cursilho: Cursilhista mais
novo 31 anos, Cursilhista mais velho 81 anos, médias
das idades 52 anos
Arciprestados de proveniência: Viana do Castelo
13, Ponte de Lima 4, Guimarães/Vizela 1.
José Borlido
Secretariado Viana do Castelo
PEREGRINO 17
PORTALEGRE E CASTELO BRANCO
86º Cursilho de Cristandade
Homens
Realizou – se na Casa Diocesana de Mem Soares,
o 86º cursilho de cristandade para Homens, tendo
tido início no dia 20 de Fevereiro, p.p., com o acolhimento e terminado pelas 21 horas do dia 23 do referido mês, com a celebração da Eucaristia na Igreja
Matriz de Gavião, presidia pelo Bispo da Diocese, D.
Antonino Dias e concelebrada por diversos sacerdotes, oriundos das diversas paróquias de onde provinham os leigos participantes neste cursilho e após
cerimónia de encerramento (clausura), que encheu
por completo o Cine – Teatro de Gavião.
Era um grupo de 23 homens de diversas origens e
profissões e acima de tudo com diferente formação
e prática religiosa e com diversas habilitações académicas, em suma, pessoas diferentes, mas unidas num
único objetivo: a procura do Senhor no seu 4º dia, o
desenvolver e fomentar a sua Fé, a sua Esperança, a
sua Caridade, a fim de alcançarem o REINO.
Certamente que, como todos os que já são cursilhistas, para ali entraram com alguma apreensão,
incredulidade ou até indiferença.
Mas de lá saíram com outra dinâmica, com outra
força, com outra vontade.
18 PEREGRINO
Lia-se nos seus rostos, mostraram nos seus testemunhos e alegraram-se com os seus familiares e
amigos.
Tal como o Senhor, através do relato de S. Mateus
no Evangelho dominical (7º Domingo do Tempo
Comum), nos referia:
“… Se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra;
Se alguém te quiser tirar a túnica, dá-lhe também
a capa;
Dá a quem pede e não voltes as costas a quem te
pedir emprestado;
Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem…”!
Assim os esperam a família e os amigos, a comunidade paroquial, os outros irmãos nos grupos e nas
ultreias, enfim, o seu contributo para a construção
da Igreja Universal.
Como escreveu Paulo (Cor. 3,16-23): - …”Não
sabeis que sois templo de Deus e que o Espirito de
Deus habita em vós?”.
José Gravelho
ÉVORA
A Vivência do Cursilho 148º
No dia a seguir ao encerramento do cursilho 148º
de homens da nossa Arquidiocese, trocamos, como
é habitual e desejável, muitas mensagens, quer por
telemóvel, por e-mail, ou ainda de viva voz. Não
podíamos quebrar abruptamente a experiência que
durante aqueles três dias tínhamos vivido. Intensa,
profunda, libertadora e envolvente. Sim, envolvente. Porque o Espírito Santo nos envolveu a todos:
equipas e novos cursilhistas.
Por isso tínhamos de nos manter em contacto,
sentindo um apelo enorme de transmitirmos uns aos
outros o que continuávamos a viver. Não apenas a
sentir; isso é pouco. Mas a viver e a viver em comunhão.
Numa das mensagens, um dos novos cursilhistas
exprimia desta forma a sua vivência deste cursilho:
“Que saudade, que saudade, que saudade! 3 dias
maravilhosos de Intensa e Sincera Amizade e Felicidade, foi o que recebi de todos vocês, meus Irmãos
em Cristo. Chega de egoísmos. Deus quer AÇÃO da
nossa parte e é AÇÃO que vai ter.
Sinto-me simplesmente em PAZ, meu Irmão. (sic)
Um Grande Abraço em CRISTO.”
Outro, apontando já pistas para o seu 4º dia,
rezava assim “AMIGO e IRMÃO em CRISTO, a
FESTA foi e continua a ser FANTÁSTICA porque na
verdade não acabou. Iniciei uma nova etapa da
minha VIDA. Foi muito GRATIFICANTE aprender e
reaprender a ter a capacidade de distinguir o que é
realmente IMPORTANTE daquilo que é apenas e só
superficial e supérfluo. SENHOR, FAZ COM QUE OS
maus SEJAM BONS E QUE OS BONS SEJAM MUITO
MELHORES. UM ABRAÇO FORTE EM CRISTO. DE
COLORES” (sic)
Palavras para quê? Remetamo-nos ao silêncio e
louvemos o Senhor pela enorme maravilha que operou em todos nós.
DE COLORES
Frederico Zagalo
PEREGRINO 19
ÉVORA
“Reviver” em Portel
No dia 7 de dezembro realizou-se o primeiro dia
de “Reviver”, na Igreja do Espírito Santo, em Portel.
Foram convidados a participar todos os cursilhistas
do Concelho.
Foi um dia experienciado de forma muito intensa,
cheio de momentos enriquecedores com a presença
dos Padres Ricardo Lameira e José Lelo, dos elementos da Equipa Diocesana: Peixe, Domingos Conde,
João Rocha, José Carvalho e dos irmãos em Cristo
Vítor Leal e Dora, de Reguengos de Monsaraz.
Iniciado com a Via Sacra, o dia decorreu com uma
visível entrega de cada um a cada momento que
surgia. Assim, o Padre Ricardo encheu a aconche-
gada igreja com a meditação feita sobre “ O Amor
de Deus”. E, de igual forma fizeram o Vítor Leal e a
Dora com o seu testemunho da vivência desse Amor.
Mais uma vez o Padre Ricardo levou todos os cursilhistas a envolverem-se de forma plena com o tema
“ Reino de Deus”.
E foi assim, com toda a alegria, simplicidade e
humildade que decorreu o “Reviver”, tendo terminado com a Eucaristia presidida pelo Padre José
Lelo, na Igreja de Nossa Senhora da Lagoa.
No momento da despedida, uma frase imperou:
“Valeu a Pena!”
DECOLORES
ll ESCOLA DIOCESANA
No dia 15 de Dezembro o secretariado Diocesano
promoveu, na sua sede, na Igreja do Calvário a 2ª
Escola Diocesana. Foi em ambiente de alegria e espírito de oração, que sob a presidência do nosso diretor espiritual, Cónego Senra Coelho, se procedeu ao
momento celebrativo de escuta da palavra de Deus,
de louvor e súplica e culminaria com a apresentação e solene envio das equipas dos cursilhos 149º de
homens e 120º de senhoras. A referida apresentação
foi feita pelo David Rodrigues e pela Maria do Anjo
Roque a quem o Senhor chamou para conduzir os
respetivos cursilhos.
Depois da invocação do Espírito Santo sob cada
um dos elementos das equipas foi feita, pelo Con.
Senra, a entrega do Crucifixo que acompanha todos
os atos de preparação e realização destes até aos
seus encerramentos.
Seguidamente teve início a reflexão da Escola
que foi feita pelo Con. Senra e teve como tema a
Revelação de Deus e a Tradição da Igreja. Foi, como
sempre, uma reflexão que ajudou todos os presentes
a olhar para Deus que vem ao encontro do homem e
como a partir da primitiva Igreja se foi tornando presente no meio do Seu povo. O tema teve como fonte
os capítulos I e II do documento conciliar Vaticano II
– Dei Verbum – e foi deixado o repto para que, não
só os presentes, mas todos aprofundássemos estes
dois capítulos deste documento como estudo.
Como se aproxima o cursilho 119º de Senhoras, o
Con. Senra sugeriu a deslocação e sacrifício, certamente para alguns irmãos a presença nesta Escola
20 PEREGRINO
fosse tida como intendência deste Cursilho, tendo
no final sido assinada uma folha pelos presentes a
enviar como mensagem para o Cursilho.
Com votos de um ano 2014 muito ativo em cada
escola e em cada ultreia e relembrando que é necessário um pré-cursilho forte e com muita oração,
falando ao Senhor dos irmãos que queremos que
também sejam felizes, porque ele os quer abraçar.
Diácono António Machado
ÉVORA
Convívio de Natal em Elvas
15 Dez. 2013
Este ano foi a noite fria e chuvosa do dia quinze
de dezembro que os cursilhistas escolheram para
se “aquecerem” e “aconchegarem”, reunindo em
ultreia e convívio à volta de uma lareira.
Graças a Deus contámos com a presença dos
sacerdotes padre Jerónimo, padre José António
e do diácono Fernando Santana e também de
irmãos cursilhistas de outros centros de ultreia da
nossa zona, nomeadamente de Campo Maior e da
Terrugem.
Este ano contámos também com a presença do
presidente do secretariado nacional, Saúl Quintas,
que nos falou da importância de Portugal ter sido
chamado a presidir ao Comité Executivo do O.M.
C.C., bem como da responsabilidade que recai em
todos nós, membros ativos do movimento, para o
sucesso desta nova missão.
Mas o tema central que nos tinha conseguido
arrancar do conforto e do calor das nossas casas
naquela noite era o NATAL. Aquele Natal que
esperamos e desejamos todos os anos com toda a
fé, aquele Natal que cada ano volta a alimentar-nos e a encher-nos de esperança, aquele Natal em
família ao quentinho e em vigília…
E foi mesmo isso que naquela noite sentimos
todos. Meditámos, lemos, jantámos, convivemos e
cantámos ao “Nosso Menino” que estava prestes a
nascer. Foi como que um antecipar daquela noite
para a qual todos nos estávamos a preparar e pela
qual todos esperávamos com entusiasmo. Foi o
transformar de uma noite fria e chuvosa numa
noite acolhedora que nos aqueceu uns aos outros
em comunidade Cristã, em família.
Provavelmente muitos de nós, naquela noite,
chegámos a casa mais quentes do que quando saímos e com a satisfação de ter começado já a viver
verdadeiramente o espírito do Natal.
De Colores
Rui Carmo
Cursilho 119º de Senhoras
Realizou-se de 16 a 19 de Janeiro de 2014, o cursilho 119º de Senhoras na Casa das Irmãs Concepcionistas em Elvas.
Neste tempo conturbado que atravessamos, num
mundo onde se desprestigia os valores da fé, sentimo-nos chamadas, escolhidas e preferidas para fazer
este encontro com Jesus Cristo ressuscitado.
Chegámos, cinquenta: trinta e duas novas, dois
na equipa sacerdotal, doze na equipa responsável e
quatro na equipa da cozinha. Na bagagem… só Deus
sabe o que se carregava. Parámos, fizemos silêncio,
limpámos o casão da nossa consciência, arranjámos
espaço para ouvir a voz de Deus.
Fomos acolhidas pelo abraço do Pai que nos deu o
Seu colo de amor, descobrimos um ideal maior para
a nossa vida e um tripé para a equilibrar. Tomámos
consciência do maior acontecimento da nossa vida,
o nosso batismo, que nos tornou Filhas de Deus e
Irmãs de Jesus a quem queremos seguir. Sentimos o
poder da força da oração e da intendência.
Com toda a entrega e entusiasmo crescente,
deixámo-nos seduzir pelo olhar de Jesus, pela sua
PEREGRINO 21
ÉVORA / COMO MCC ASSUME E REALIZA OS CRITÉRIOS DE ECLESIALIDADE
Palavra , pelas maravilhas que tem operado em cada
uma de nós, pelos sinais que nos deixou, especialmente pela Sua morte e ressurreição, que se torna
presente em cada Eucarístia, por mim, por ti, por
todos. Perante tanto amor e misericórdia abrimos o
nosso coração para Ele fazer morada , com a certeza
que nos ama e aceita como somos, por maior que
seja a nossa fraqueza.
Depois deste encontro, todas ficámos mais fortalecidas, mais confiantes , não vamos ficar acomodadas
, o que temos vamos dar, queremos ser militantes.
Resta-nos agradecer a todos quantos rezaram e
se sacrificaram para que esta vivência fosse possível,
que Deus vos abençoe.
De Colores
Marília Lopes.
COMO O MCC ASSUME E REALIZA
OS CRITÉRIOS DE ECLESIALIDADE
INTRODUÇÃO
Todos os Movimentos e Associações da Igreja devem manter a sua eclesialidade. Mas para se ter a
certeza da sua eclesialidade são estabelecidos critérios segundo os quais podem ser considerados eclesiais ou não. Por isso é que se exige o reconhecimento oficial da Igreja. E este reconhecimento torna-se
necessário, sobretudo, quando se trata de formas de
apostolado relevantes, como é o caso do Movimento
dos Cursilhos de Cristandade.
Lê-se na Exortação Apostólica do Papa João Paulo “Cristifideles Laici” (Os Fiéis Leigos) nº 29: “A razão profunda que justifica e exige o agregar-se dos
fiéis leigos é de ordem teológica: uma razão eclesiológica, como abertamente reconhece o Concílio
Vaticano II, ao apontar o apostolado associado como
um “sinal da comunhão e da unidade da Igreja em
Cristo”… “É a própria razão eclesiológica apontada
22 PEREGRINO
que explica, por um lado, o “direito” de agregação
próprio dos fiéis leigos e, por outro, a necessidade
de “critérios” de discernimento sobre a autenticidade eclesial das suas formas agregativas”. Para tanto,
temos no MCC o “Organismo Mundial do Movimento dos Cursilhos de Cristandade” (OMMCC), como
estrutura operacional de serviço, criado durante o
V Encontro Interamericano em Santo Domingo (República Dominicana) em Junho de 1980, que nos representa perante a Santa Sé e que procura dar cumprimento à sua responsabilidade, de modo preferencial e em primeiro lugar, em tudo o que se refere à
fidelidade do Movimento à Igreja Universal e ao seu
Magistério.
O presente artigo procura evidenciar como o MCC
mantém a eclesiologia da comunhão, no respeito
e realização dos critérios de eclesialidade, com que
João Paulo II (ChL.30) abriu maiores horizontes às
COMO MCC ASSUME E REALIZA OS CRITÉRIOS DE ECLESIALIDADE
Notas de Ação Apostólica Organizada, constantes do
Decreto Conciliar “Apostolicam Actuositatem (Apostolado dos Leigos) AA20. Os critérios referidos foram
assumidos pelo MCC – I.F.645 e comentados em I.F.93
a 193 – e que têm passado a inspirar o pensamento e
a ação do Movimento na Pastoral da Igreja.
1º CRITÉRIO – O PRIMADO DADO À VOCAÇÃO DE
CADA CRISTÃO À SANTIDADE
Na Igreja todos somos chamados à santidade:
“Sede perfeitos, como o vosso Pai Celeste é perfeito”
(Mt 5, 48); “Esta é, na verdade a vontade de Deus:
a vossa santificação” (1 Tes. 4, 3); “Todos na Igreja,
quer pertençam à hierarquia, quer façam parte da
grei, são chamados à santidade”(LG. 39).
Embora tenha havido várias descrições do
que é o Movimento, só desde o 1º Encontro Latinoamericano de 1968 em Bogotá (Colômbia), se definiu
e foi aceite que a essência do MCC consiste em ser
“um Movimento de Igreja que, mediante um método próprio, possibilita a vivência e a convivência do
fundamental cristão, que ajuda a descobrir e a realizar a vocação pessoal e torna possível a criação de
núcleos de cristãos que fermentem de Evangelho os
ambientes” (I.F.74-75). Se a vivência do fundamental
cristão é essencial aos Cursilhos, a convivência é essencial à vida cristã e, consequentemente, à própria
vivência dos Cursilhos. Eduardo Bonnín dizia que o
fundamental cristão “é Cristo vivo no cristão, por intermédio da GRAÇA, e que se exprime no amor a
Deus e aos irmãos”. Acrescentava ainda “que, quando os Cursilhos não servirem para nos ajudar a viver
e a realizar o fundamental cristão, teremos que pensar noutra coisa…” A finalidade próxima da essência
do MCC é a mudança interior de cada pessoa, é a
sua conversão. É a santidade conseguida por cada
homem concreto, renovado no espírito. É o homem
novo de que nos fala S. Paulo (Ef.4, 22-24). E se tivermos presente que uma das grandes verdades do
fundamental cristão é a GRAÇA, é oportuno lembrar
o que nos refere J. Maria Pujadas no livro “Fermento
de Cristandade”: “Todo o cristão, desde o momento
que se põe em Graça, começa a ser santo… vivendo
em Graça, o Céu já é seu… O Céu está onde está
Deus e Deus está na alma quando vive em Graça.
Para usufruir de Deus no Céu pela Glória, temos antes que possui-Lo na terra pela Graça”.
Sebastião Gayá, um dos obreiros das primeiras
horas do Movimento, autor do “Guia do Peregrino”
e da “Hora Apostólica”, ao falar da santidade no seu
livro “Reflexões para Cursilhistas de Cristandade”
alerta-nos dizendo que “a santidade não consiste
em fazer coisas espetaculares, mas em fazer bem as
mil bagatelas de todos os dias, quase impercetíveis,
do que é feito o amor”. Bonnín no “Aprendiz de
Cristão” dirá ideia semelhante: “eu creio que Deus
se aproxima mais nas coisas normais do que nas coisas extraordinárias”.
“No MCC a Escola de Dirigentes entende-se, em
primeiro lugar, na sua aceção evangélica, como o
conjunto de cristãos que buscam caminhos de santidade no seguimento e na imitação de um único
Mestre: Cristo”(I.F. 534). Na natureza da Escola de
dirigentes em que convergem três vertentes, aquela
que é indicada em primeiro lugar é a santidade, e
só depois a comunhão do Movimento, seguida da
formação (I.F. 533).
Após o cursilho, o pós-cursilho é também o tempo
privilegiado e comunitário que procura incrementar
e impulsionar a conversão e a vivência cristã iniciada
no cursilho e com o seu processo dinâmico oferece
aos cursilhistas os meios para cumprirem o que lhes
é exigido como membros da Igreja, e, em primeiro
lugar, a vocação à santidade (I.F. 445 e 447). E assim
se conclui que o MCC tem toda uma estrutura e método adequados para que os cursilhistas caminhem
para a santidade suposta obviamente a intercessão
da Graça divina e a indispensável opção pessoal de
cada um.
2º CRITÉRIO – A RESPONSABILIDADE EM PROFESSAR A FÉ CATÓLICA
Jesus disse: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.
Ninguém pode ir até ao Pai, senão por mim” (Jo.14,
6). O 2º critério de eclesialidade implica uma aceitação e proclamação da Verdade sobre Cristo, sobre a
Igreja e sobre o Homem, mas não uma verdade humana. “Se permanecerdes fiéis à minha mensagem,
sereis verdadeiramente meus discípulos, conhecereis a Verdade e a Verdade vos tornará livres”(Jo.
8, 31-32). Os fiéis, por sua vez, para formarem a sua
própria consciência, devem atender diligentemente
à doutrina sagrada e certa da Igreja. Pois, por vontade de Cristo, a Igreja Católica é mestra da Verdade,
e tem por encargo dar a conhecer e ensinar autenticamente a Verdade que é o próprio Cristo (DH. 14).
Como disse o Papa Paulo VI a doutrina garantida e
ensinada pela Igreja é bem apresentada pelo Sagrado Magistério sob a direção do Papa. O MCC integra-se perfeitamente na exigência deste critério de
eclesialidade. Porque uma das características fundamentais do seu método é o Cristocentrismo (IF. 165),
PEREGRINO 23
COMO MCC ASSUME E REALIZA OS CRITÉRIOS DE ECLESIALIDADE
em que Cristo é o centro de toda a vida cursilhista e
é o núcleo da mensagem proclamada por dirigentes
cursilhistas que vivem a experiência da riqueza da fé,
que autenticamente interpretam em conformidade
com o Magistério da Igreja. As meditações, a cargo
dos sacerdotes nos cursilhos, são todas direcionadas
para Cristo. São estas meditações que dão a tónica a
cada dia do cursilho. No retiro: “Como é Cristo” (Pai
misericordioso); no 1º dia: “Como te vê Cristo” (Os
três olhares); no 2º dia: “A Figura de Cristo” (Como
vês tu Cristo) e no último dia: “A mensagem de Cristo aos cursilhistas”. Em síntese, a função de todos os
dirigentes no cursilho é tornarem-se amigos dos cursilhistas novos, para todos serem amigos de Cristo,
despertando neles o desejo de conhecer Cristo com
a sua mensagem, por forma a que todos consigam
uma coerência entre a fé e a sua vida (IF. 526; GS,
43). E o rolho neste contexto que melhor encaminha
para a conversão do cursilhista é o Estudo (Formação), em que se expõem diversas fontes de formação desde a contemplação da natureza até à escuta
da Palavra de Deus, interpretada pelo Magistério
da Igreja. No 3º dia do cursilho, no rolho da “Vida
Cristã” que de início se denominava “Vida em Graça”, são também apresentados como manifestação
de toda a vida autenticamente cristã três meios característicos: Piedade, Estudo, Ação (célebre Tripé).
Vida cristã que suscita e exige: o seguimento e imitação de Jesus Cristo, a escuta da Palavra de Deus, a
reflexão sobre as Bem-aventuranças, a oração individual e comunitária, bem como nos são indicados
os “alimentos” da nossa piedade cristã permanente
(Eucaristia, orações da manhã e da noite, terço, etc).
3º CRITÉRIO – O TESTEMUNHO DE UMA COMUNHÃO SÓLIDA E CONVICTA EM FILIAL RELAÇÃO
COM O PAPA E COM O BISPO RESPETIVO
Na comunhão é que a epígrafe diz respeito, está
comprometido todo o Povo de Deus: Hierarquia e
Laicado. A comunhão consuma-se na Igreja, fazendo
do Papa e dos Bispos aquilo que eles efetivamente
são: princípio, fundamento e centro perpétuo e visível da unidade (LG. 22-23). Por sua parte, os leigos
“segundo o grau de ciência, competência e autoridade que possuem, têm o direito e por vezes mesmo
o dever, de expor o seu parecer sobre os assuntos
que dizem respeito ao bem da Igreja” (LG. 37).
O Papa Pio XII, na sua encíclica “Mystici Corporis Christi” diz-nos que “há os que se enganam perigosamente, julgando que podem estar ligados a
Cristo, Cabeça da Igreja, sem aderir fielmente ao seu
24 PEREGRINO
Vigário na terra”. Os Bispos, como sucessores dos
Apóstolos pelo Sacramento da Ordem exercem em
comunhão hierárquica o tríplice poder de ensinar,
santificar e governar o Povo de Deus em cada Igreja
particular (Diocese).
Por parte do MCC há uma abertura permanente
e normal para acolher, assimilar e aderir ao Magistério da Igreja e às suas orientações pastorais. “Ser
e atuar como Igreja, exige, pois, ao MCC uma comunhão orgânica com a hierarquia, expressa em obediência, diálogo, iniciativa e corresponsabilidade na
colaboração recíproca” (IF. 646). No epílogo do livro
“Vertebración de Ideas”, de Bonnín, Vadell e Forteza, lemos: “enquanto os Cursilhos de Cristandade
se mantiverem em linha com a Igreja Viva, ao ritmo
das suas melhores inquietações, e às ordens daqueles que a dirigem, nada tememos deles e muito esperamos dos seus frutos”.
No “Ideias Fundamentais do MCC” são várias as
passagens que atestam a nossa comunhão e compromisso dentro do espírito deste terceiro critério
de eclesialidade. Anoto sucintamente: “O MCC é um
Movimento de Igreja…É um instrumento de renovação cristã dentro da Igreja” (nºs 631 e 632). “O MCC é
essencialmente diocesano…e está ao serviço da pastoral orgânica da Diocese” (nºs 693 e 694). “O Bispo
é o primeiro responsável por toda a ação pastoral
que se desenvolve na sua diocese. Por isso faz parte
da estratégia do MCC uma estreita e íntima relação
dos seus responsáveis com a hierarquia” (nº 195). “A
introdução do MCC numa Diocese, deverá contar
sempre com a aprovação da hierarquia” (nº 209).
“Ao Secretariado Diocesano é o Bispo que confia a
responsabilidade da promoção, desenvolvimento e
adequada direção do MCC dentro da Diocese” (nº
590). Já o Secretariado Nacional do MCC é nomeado
e reconhecido, mas pela Conferência Episcopal.
4º CRITÉRIO – A CONFORMIDADE E A PARTICIPA-ÇÃO NA FINALIDADE APOSTÓLICA DA IGREJA
Evangelizar constitui a vocação própria da Igreja. Por conseguinte, as Associações de Fiéis, os Movimentos devem ser lugares de anúncio da Fé. S.
Paulo, em 1Cor. 9,16, é bem explícito: “Porque se
eu anuncio o Evangelho, não é para mim motivo de
glória, é antes uma obrigação que me foi imposta:
Ai de mim se eu não Evangelizar!” O fim apostólico da Igreja, conforme Decreto Conciliar “Apostolado dos Leigos”, 20 “ordena-se à evangelização e à
santificação dos homens e à formação cristã da sua
consciência, de modo a poder imbuir do espírito do
COMO MCC ASSUME E REALIZA OS CRITÉRIOS DE ECLESIALIDADE
Evangelho, as várias comunidades e os vários meios
(ambientes)”.
Por isso, o MCC desde o início tem utilizado sempre ativamente o seu carisma de apostolado associativo para atingir o fim apostólico da Igreja, que é
uma característica fundamental da eclesialidade de
qualquer Movimento (IF. 654). É que o MCC, sendo
um instrumento da Pastoral Profética, optou por ser
agente de evangelização. O Movimento tem no seu
Método a realização de cursilhos de cristandade durante 3 dias, que constituem um maravilhoso e eficaz
instrumento de evangelização, na linha do kerigma,
em que se proclama uma mensagem, que é o nervo
teológico do cursilho, centrado no mistério de Jesus
Cristo, de forma interpelativa e testemunhada, que
convida diretamente à conversão, na transformação
do coração e da mente (santificação).
No que diz respeito à Formação, que não é privilégio de uns poucos, mas sim um direito e um dever
para todos os movimentos e associações têm o seu
lugar na formação dos fiéis e em fomentar a formação de formadores. O MCC leva muito a sério o
dever de formar, sobretudo para a necessidade de
formar permanentemente dirigentes para os cursilhos. O Papa Paulo VI na primeira Ultreia Mundial
em 28 de Maio de 1966, em Roma, disse aos cursilhistas de uma forma bem clara: “O leigo, ao formar-se
cristão, reforma a sua mentalidade e conforma a sua
vida com a imagem de Cristo…; transforma atuando em plena responsabilidade própria, as estruturas
temporais em que está imerso…” E o Movimento
tem uma estrutura operacional que é a Escola de
Responsáveis, onde se proporciona uma formação
espiritual, doutrinal, humana, social e para o apostolado (I.F. 548 e ss). A evangelização e a formação
cristã deste quarto Critério de Eclesialidade são muito válidas no sentido de conseguir permear de espírito evangélico as várias comunidades e os vários
ambientes. Deste modo, o Movimento no terceiro
dia do cursilho orienta-se integralmente para a inserção do cristianismo na vida (4º dia), que mais não
é que a realização da finalidade ultima do MCC: a
fermentação evangélica das estruturas e ambientes.
É o Movimento também como agente da pastoral
ambiental, que é uma das suas opções específicas
ajudada pela estratégia e método dos seus três tempos: Pré-cursilho, Cursilho e Pós-cursilho. Não podemos esquecer que o rolho “Estudo do Ambiente”,
conforme esclarece Eduardo Bonnín no “Aprendiz
de Cristão” (pg. 95), foi o 1º rolho que ele fez e que
deste estudo nasceu tudo o mais.
5º Critério - O COMPROMISSO DA PRESENÇA
NUMA SOCIEDADE HUMANA QUE SE PONHA AO
SERVIÇO DA DIGNIDADE INTERAL DO HOMEM
O empenho ou compromisso de presença numa
sociedade humana torna-se melhor compreendido
à luz da Doutrina Social da Igreja. A DSI tem por
fim a realização pessoal do Homem como indivíduo
e em sociedade. Primazia das pessoas sobre as coisas. Tudo deve ser ordenado em função do homem,
como centro e termo de tudo quanto existe sobre
a terra (GS12). A DSI constitui a dimensão social da
Fé. João Paulo II explicita que a DSI, por si mesma,
tem o valor de um instrumento de evangelização
(CA54). Cabe aos fiéis leigos um lugar de relevo em
razão da sua índole secular que os empenha, com
modalidades próprias e insubstituíveis, na animação
cristã da ordem temporal”(ChL 36). Desta forma,
no MCC, a Pastoral Ambiental especifica-se por características fundamentais, entre elas a Opção pela
Pessoa Humana, o antropocentrismo, que é um dos
valores fundamentais do Movimento (IF 668). É a
centralidade antropológica comum ao cristianismo
e às melhores aspirações de todo o homem de hoje.
Eduardo Bonnín diz no “Aprendiz de Cristão”(pg.
158) que a solução dos problemas do mundo não
está no mundo, mas no Homem sempre atento às
pessoas e aberto às realidades. Donde não se estranhar que ele sempre entendeu que a designação do rolho “O Leigo na Igreja” deveria antes ser
“Pessoa no Mundo” ou “O Leigo no Mundo”, o que
lhe dá uma perspetiva diferente. O fundamento da
igualdade de todos os homens entre si, a dignidade pessoal é, ao mesmo tempo, o fundamento da
participação e da solidariedade dos homens entre
si: o diálogo e a comunhão têm a sua raiz última
naquilo que os homens são, antes e mais ainda do
que naquilo que eles têm (ChL. 37). Quando avalia
o quinto critério da eclesialidade, a Exortação “Fiéis
Leigos”, no nº 30, expressa-se deste modo: “as agregações dos fiéis devem converter-se em correntes
vivas de participação e de solidariedade para construir condições mais justas e fraternas no seio da
sociedade”. No “Aprendiz de Cristão” (pg. 130) lê-se
que o novo modelo de virtude passa pela solidariedade. O princípio da solidariedade está intrinsecamente ligado ao princípio da subsidiariedade. A
solidariedade confere particular relevo à intrínseca
sociabilidade da pessoa humana, à igualdade de
todos em dignidade e direitos, ao caminho comum
dos homens e dos povos em ordem à unidade. Se se
exige como dever de todos, é ainda mais imperioPEREGRINO 25
COMO MCC ASSUME E REALIZA OS CRITÉRIOS DE ECLESIALIDADE
so para os cristãos. O princípio da subsidiariedade
é também fundamento da responsabilidade justa e
solidária de todos na sociedade. Todos são responsáveis por todos, coletivamente, na procura do bem
comum. Eduardo Bonnín, ao ser interrogado na
“entrevista biográfica” (pg. 158), sobre qual o texto
em que estaria a trabalhar nos princípios de 1999,
após o entrevistador lhe ter lembrado alguns dos
títulos de livros mais importantes por ele publicados, assim lhe respondeu: “tenho um por terminar,
“Estudo Social”, e não sei se terei tempo de o escrever”. Dentro deste tema andou sempre a sua sensibilidade e pensamento de cristão convicto inserido
nos ambientes da sociedade.
O nosso MCC assume também a causa dos pobres,
situando-se junto do pobre e a partir daí analisar o
facto, as estruturas e o sistema que o originam (IF.
659). Integra-se a sua abordagem na evangelização
dos ambientes, como opção fundamental dentro
do Movimento. O MCC compromete-se a colaborar
com a Igreja total na tarefa de fermentar de Evangelho os ambientes, pondo ao serviço da Igreja o
seu método próprio (IF. 653).
O bispo D. Juan Hervás nas normas pastorais
constantes do “Cursos de Cristandade Instrumento
de Renovação Cristã” diz-nos que o verdadeiro cristão não pode deixar de ser numa ou noutra forma
o apóstolo, convertendo-se em fermento do meio
ambiente, e se não estiver ligado ao Movimento
terá sempre abertos à sua frente largos horizontes
de campos de apostolado na família, na profissão,
na vida pública e no seu próprio ambiente. O mesmo bispo no seu livro “Interrogações e Problemas
dos Cursos de Cristandade” dedica um capítulo inteiro à Política, em que afirma que a preocupação
com a política é um direito do cidadão e do cristão,
mas que este direito inclui um dever de interessar-se
ativamente pelo bem comum, acentuando, porém,
que tudo decorra sem resvalar para partidarismos
obsessivos e inconsequentes.
Para uma dinamização ambiental com maior efi-
cácia na sociedade, os Cursilhos de Cristandade da
Diocese do Porto criaram em 1979 cursos específicos,
os chamados “Cursos de Dinamização Ambiental”
(CDAs) e que na diocese de Aveiro tiveram início em
Junho de 1988. Os CDAs, pegando na dinâmica do
terceiro dia do cursilho, procuram ir mais além num
evidente complemento ao próprio cursilho, mas em
tempo posterior ao encerramento do mesmo, utilizando uma temática em parte afim à Doutrina Social da Igreja. Estes cursos, a partir do exemplo da
Diocese do Porto, foram sendo adotados por outras
dioceses em Portugal.
Dentro da corresponsabilidade dos fiéis leigos na
Igreja – Missão, a Exortação Apostólica “Cristifideles Laici” desenvolve todo o Cap. III neste âmbito, e
o “Ideias Fundamentais” sintetiza no seu nº 418 até
onde chega o alcance do rolho “Estudo e Animação Cristã dos Ambientes” no último dia do cursilho, impulsionando o cursilhista para aquele que vai
ser chamado o seu quarto dia, para que se processe
como tarefa permanente e inadiável a inserção do
cristianismo na vida.
CONCLUSÃO
Francisco Forteza, que foi um dos melhores amigos de Bonnín e seu colaborador, falecido em Setembro de 1995, no seu livro em versão castelhana
“Historia y Memoria de Cursillos” (pg. 186), muito
embora refira que, desde 1990, os Cursilhos tinham
já sido reconhecidos pelo Pontifício Conselho para
os Leigos, o certo é que oficialmente o que chegou
até nós foi o Decreto nº 958/04/AIC-104, de 30 de
Maio de 2004, que reconhece o Organismo Mundial do Movimento dos Cursilhos de Cristandade
(OMMCC) como estrutura de coordenação, promoção e difusão da experiência dos Cursilhos de
Cristandade, com personalidade jurídica privada,
conforme o cânon 116, parágrafo 2º do Código do
Direito Canónico.
José Grancho
Diocese de Aveiro
SIGLAS utilizadas no texto:
AA – Aposticam Actuositatem (o Apostolado dos Leigos): Decreto Conciliar
CA – Centesimus Annus (o Centésimo Ano da “Rerum Novarum”): Encíclica do Papa João Paulo II
CDA – Curso de Dinamização Ambiental
ChL – Christifideles Laici (Os Fiéis Leigos): Exortação Apostólica do Papa João Paulo II
DH – Dignitatis Humanae: Declaração Conciliar sobre a Liberdade Religiosa
DSI – Doutrina Social da Igreja
GS – Gadium et Spes (A Igreja no Mundo Contemporâneo): Constituição Conciliar
IF – Ideias Fundamentais do Movimento dos Cursilhos de Cristandade: Livro
LG – Lumen Gentium: Constituição Conciliar sobre a Igreja
MCC – Movimento dos Cursilhos de Cristandade
OMMCC ou OMCC – Organismo Mundial do Movimento dos Cursilhos de Cristandade ou Organismo Mundial dos Cursilhos de Cristandade
26 PEREGRINO
SETÚBAL / VISEU
Diocese de Setúbal
Comemorações dos 50 anos: Cursilho 95º de Senhoras
e Cursilho 120º Homens
Diocese de Viseu
Intendência Diocesana
Constituiu um grande momento de alegria, a atividade promovida pela Escola do MCC de Viseu,
no passado dia 06 de Fevereiro de 2014, como Intendência Diocesana com vista a apoiar os dois Cursilhos que se avizinham – o 153.º de Senhoras e o
154.º de Homens - por ocasião da celebração do CINQUENTENÁRIO do Movimento na Diocese de Viseu.
Esta atividade envolveu os núcleos de Ultreia e
teve como seu ponto mais alto, a Adoração ao Santíssimo Sacramento.
PEREGRINO 27
VISEU
A participação foi extraordinária, e no final todos sugeriram a realização de novos espaços de oração semelhantes.
Durante 2 horas foi uma participação como não
há memória; um momento de meditação, de reco-
lhimento, de oração juntinhos ao Senhor, fazendo-nos esquecer todas as contrariedades, as nossas
preocupações, os nossos problemas…
Parecia que o Monte Tabor se havia deslocado
para ali, naquele dia!...
O compromisso de novos dirigentes do Movimento dos Cursilhos
No dia, 27 de Fevereiro pelas 21 horas no Centro
Pastoral Diocesano, decorreu a cerimónia da receção
e compromisso de mais 7 novos dirigentes cursilhistas, da diocese.
A cerimónia congregou mais de meia centena
de Dirigentes e teve a presença sempre agradável
e preciosa da Direção Espiritual e Secretariado, que
durante o biénio que decorre, nos acompanha.
A mesma, teve o seu início à hora marcada e como
ponto mais elevado, a celebração da Eucarística,
pelo Rev. Padre José António, que na homilia, não
desperdiçou a oportunidade aproveitando os textos
litúrgicos, para fazer um apelo à Caridade, Humildade e espirito de Serviço e ainda, aos frutos do Espírito Santo, num feliz improviso que a todos despertou
para a realidade de uma ESCOLA DE DIRIGENTES.
Seguiu-se a leitura do COMPROMISSO dos novos
Dirigentes, cujo texto foi depositado sobre o altar,
como oferenda destes Homens e Mulheres que se
afirmam pela Generosidade e Entusiasmo que colocam nas coisas do Senhor.
Após a Eucaristia foi feita a apresentação dos novos Dirigentes a toda a Escola, que agora com mais
este “punhado” de reforços, irá carregar sobre os
seus ombros os tempos difíceis e trabalhosos que temos de enfrentar entusiasticamente.
O Coordenador teve para com os presentes breves palavras de estímulo e gratidão, pela aceitação
do convite que lhes havia sido feito pelo Senhor e
pediu a todos que dessem o seu melhor na conquista
do Ambiente para Cristo.
Relembrou o poder da oração e pediu a sua prática diária como suporte de todas as atividades programadas para este ano pastoral.
28 PEREGRINO
A sessão atingiu o seu fim cerca das 23 horas mas
lia-se no rosto dos participantes, uma alegria e um
entusiasmo que só é capaz de entender, quem alguma vez viveu a experiência de um CURSILHO DE
CRISTANDADE.
Também na sequência da celebração do CINQUENTENÁRIO do 1º Cursilho de Cristandade na Diocese de Viseu, será realizada pelas 21h00 da noite de
27 de Março/14 uma via-Sacra no recinto do centro
Pastoral Diocesano, e que será aberta a todos/as que
queiram participar, manifestando assim, mais uma
vez, a sua fé.
Os Cursilho nº 153 de Senhoras e 154.º de Homens
realizar-se-ão em simultâneo, de 30 de Abril a 03 de
Maio de 2014 (é o momento, de convidarmos à participação dos nossos/as Amigos/as e, comunicar ao
Secretariado o mais breve possível através da ficha
de aceitação).
O Encerramento destes Cursilhos terá lugar no
Auditório do Centro Pastoral, do dia 03 de Maio, em
hora ainda a designar.
Outras atividades programadas relacionadas com
o cinquentenário, serão anunciadas futuramente.
P’lo Secretariado Diocesano
O Delegado da Comunicação
Carlos Pereira
VILA REAL
Cinquentenário do MCC
Secretariado Diocesano de Vila Real
Caminhando, atingimos os cinquenta anos, desde
os primeiros Cursilhos de CRISTANDADE, realizados
na Diocese de Vila Real, no longínquo ano de 1964.
Em 02/03/2014 relembrámos esta data e algo mais.
Convidámos toda a Diocese, Movimentos, arciprestes, Srs. Padres Cursilhistas, e como não podia
deixar de ser todos os que passaram por um Cursilho
de Cristandade, não esquecendo os pioneiros, ainda
no Quarto Dia.
Convidámos o País cursilhista, de uns, tivemos as
suas orações, intendências e de outros, a sua presença.
Honraram-nos com a sua presença, Sua Ex.ª Reverendíssima, D. António Montes, Director Espiritual
Nacional; Presidente do Secretariado Nacional, Saúl
Quintas, Coordenador do Núcleo Norte, Cor. Antunes, Presidente do Secretariado do Porto e elemento do OMCC. Joaquim Mota, Presidentes do Núcleo,
Braga, Bragança e Aveiro, respectivamente, Inês,
Carolina e Mário Braga. Vieram acompanhados de
outros elementos cursilhistas, leigos e ordenados.
Foi uma honra receber todos estes irmãos.
Destacamos a presença do nosso Bispo, D. Amândio desde a primeira hora ao lado do MCC.
Apresentámos em PowerPoint um tema “ Oração,
Reflexão e História do MCC em Vila Real”.
Rezámos, cantámos e falámos de Reunião de Grupo e Revisão de Vida.
Seguiram-se duas horas de partilha de testemunhos e ressonâncias, individuais e colectivas. Foram
testemunhos de fé, de vivência e diálogo.
Salientámos a intervenção dos pioneiros que nos
deixaram o seu exemplo de perseverança.
D. António Montes centralizou esta Ultreia, deixou palavras e conselhos sábios e deu-nos pistas de
evangelização, nos nossos ambientes.
Enquanto aguardámos a clausura do cursilho de
Senhoras partilhamos um lanche frugal e convivemos, nunca esquecendo a nossa condição de cursilhistas.
Permitam-me o meu testemunho:
Por Delegação da Presidente do Secretariado Diocesano (Graça Monteiro), a desempenhar as funções
de Reitora do Cursilho de Senhoras, declaro que foi
uma honra tal tarefa.
Dediquei-me a esta tarefa, acompanhado de muitas intendências e de muitas orações pessoais.
Agradeço o incentivo de muitos amigos, Eládio
Presidente do Secretariado de Orense, do Mário Bastos, do Marcolino de Bragança, o meu amigo Jaime
Custódio, o P. Francisco Gonçalves, realçando o incentivo e ajuda do Pais Rodrigues e da minha esposa.
Há 9 anos persevero no nosso MCC. Durante 6
anos presidi ao seu caminhar, mas sinto-me pequeno
quando pessoas como o Emílio de Sousa, o Madureira, o Eduardo e Livia Silva e outros já perseveram há
50 anos.
O meu cursilho, mudou e continua a mudar muita
coisa, na minha vida.
“Cristo liberta-me de Tudo e faz-me experimentar a alegria da CRUZ, para compreender TUDO,
comparado com o seguir-Te todos os dias.”
DECOLORES
António Vale
PEREGRINO 29
LEIRIA-FÁTIMA E SANTARÉM
Notícias de Leiria-Fátima e Santarém
Cursilho de Homens
Decorreu de 6 a 9 de Março, em Fátima, o Cursilho de Homens nº 127 (diocese de Leiria/Fátima) e
nº 38 (diocese de Santarém).
Foram 25 homens que deram o seu sim a Cristo,
vivendo estes três dias com a ansiedade de quem
tem sede e encontrou uma fonte de água límpida
e fresca na qual foi convidado a beber, para continuar o caminho com renovada energia.
Este cursilho teve como reitor Jaime Custódio
que, juntamente com uma equipa de mais seis
elementos, assumiu esta tarefa de evangelização, contando também com a indispensável direção espiritual do Pe. Alcides Neves, que conjuntamente com dois sacerdotes, um dos quais da
diocese de Santarém (Pe. Tiago Pires), ajudaram a
preparar estes homens para viverem plenamente
o seu quarto dia.
O encerramento, que decorreu no Seminário
Diocesano de Leiria, contou com cerca de 300 pessoas a assistir, que, com a alegria que carateriza
todos os que procuram viver em DECOLORES, rece-
30 PEREGRINO
beram com entusiasmo os novos irmãos, agora preparados para levar a mensagem do amor de Cristo
aos seus ambientes.
Presidiu a este encerramento, Sua Excelência
Reverendíssima o Senhor Bispo da Diocese de Santarém, D. Manuel Pelino Domingues.
Da beleza dos testemunhos que se fizeram ouvir,
sobressai a certeza de que «Deus não escolhe os
capacitados, antes porém capacita os escolhidos».
A todos os que aceitaram viver esta experiência
do cursilho de cristandade, cabe perfeitamente a
mensagem deixada pelo Santo Padre na sua exortação apostólica EVANGELII GAUDIUM:
«113 - Eu gostaria de dizer àqueles que se sentem longe de Deus e da Igreja, aos que têm medo
ou aos indiferentes: o Senhor também te chama
para seres parte do seu povo, e fá-lo com grande
respeito e amor!» e «216 - Pequenos mas fortes no
amor de Deus, como São Francisco de Assis, todos
nós, cristãos, somos chamados a cuidar da fragilidade do povo e do mundo em que vivemos.»
CONSTITUIÇÃO DO OMCC / CP
Constituiçao do OMCC
Comité Executivo do Organismo Mundial dos Cursilhos de Cristandade, constituído pelos seguintes
Cursilhistas:
Presidente:
Francisco Manuel Salvador
Diocese de Lisboa
Assistente Espiritual:
Con. Francisco Senra Coelho
Diocese de Évora
Vice-Presidente:
Joaquim Luis Mota
Diocese do Porto
Secretária:
Rosa Maria Raimundo (Romy)
Diocese de Coimbra
Tesoureiro:
Fausto Jorge Dâmaso
Diocese de Angra
Vogal:
Mário de Oliveira Bastos
Diocese de Setúbal
Comissão Permanente do SN
PEREGRINO 31
POESIA / MENSAGEM DO PAPA
Maria, eis-me aqui!
Senhora do Sim,
Maria minha mãe,
Eu quero dizer
Meu sim também!
Quero envolver-me
Em teu manto de Luz,
Oh minha Mãe
E Mãe de Jesus!
Ensina-me Mãe
Com tua candura,
A fazer o bem,
A ir à procura
Da Palavra Santa,
Do Supremo Amor,
Da doce Ternura
Do meu Senhor.
Que eu seja, na terra,
Peregrino forte,
Em luta contra a guerra,
Apesar da morte.
Pois a Vida Eterna
Espera por mim,
Doce e materna
Senhora do Sim.
Quero viver
Em viva alegria.
Que eu saiba ser,
Oh Virgem Maria,
Os braços da Cruz
Do meu Salvador,
Seja Sal e Luz
De vivo fulgor.
E na una Igreja,
Peregrina e santa,
Que eu servo seja,
Com coragem tanta,
Que dê de graça
A Paz que recebi,
De alma pura o faça;
Maria, eis-me aqui!
Victor Dias (02 Dez. 2013)
Não à guerra!
O Senhor que habita nos Céus
Está sorrindo.
Sorriso de compreensão
E infinita ternura
Face à insensata
E humana ilusão
De que na guerra
Está a solução.
Ó reis
Descansai as armas,
“Ó juízes da terra
Prestai-lhe homenagem
Com tremor”.
E confiai,
Porque a felicidade
Está no Senhor.
Então a paz reinará
E “no dia em que houver guerra
Ninguém aparecerá”.
Duarte Nuno Pires
Bragança
Mensagem do Papa Francisco
para a Quaresma de 2014
Fez-Se pobre, para nos enriquecer com a sua
pobreza (cf. 2 Cor 8, 9)
Queridos irmãos e irmãs!
Por ocasião da Quaresma, ofereço-vos algumas
reflexões com a esperança de que possam servir
para o caminho pessoal e comunitário de conver32 PEREGRINO
são. Como motivo inspirador tomei a seguinte frase
de São Paulo: «Conheceis bem a bondade de Nosso
Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, Se fez pobre
por vós, para vos enriquecer com a sua pobreza» (2
Cor 8, 9). O Apóstolo escreve aos cristãos de Corinto
encorajando-os a serem generosos na ajuda aos fiéis
de Jerusalém que passam necessidade. A nós, cris-
MENSAGEM DO PAPA
tãos de hoje, que nos dizem estas palavras de São
Paulo? Que nos diz, hoje, a nós, o convite à pobreza,
a uma vida pobre em sentido evangélico?
A graça de Cristo
Tais palavras dizem-nos, antes de mais nada,
qual é o estilo de Deus. Deus não Se revela através
dos meios do poder e da riqueza do mundo, mas
com os da fragilidade e da pobreza: «sendo rico,
fez-Se pobre por vós». Cristo, o Filho eterno de
Deus, igual ao Pai em poder e glória, fez-Se pobre;
desceu ao nosso meio, aproximou-Se de cada um
de nós; despojou-Se, «esvaziou-Se», para Se tornar
em tudo semelhante a nós (cf. Fil 2, 7; Heb 4, 15). A
encarnação de Deus é um grande mistério. Mas, a
razão de tudo isso é o amor divino: um amor que
é graça, generosidade, desejo de proximidade, não
hesitando em doar-Se e sacrificar-Se
pelas suas amadas
criaturas. A caridade,
o amor é partilhar,
em tudo, a sorte
do amado. O amor
torna
semelhante,
cria igualdade, abate
os muros e as distâncias. Foi o que Deus
fez connosco. Na
realidade, Jesus «trabalhou com mãos
humanas,
pensou
com uma inteligência humana, agiu
com uma vontade humana, amou com um coração humano. Nascido da Virgem Maria, tornou-Se
verdadeiramente um de nós, semelhante a nós em
tudo, exceto no pecado» (CONC. ECUM. VAT. II,
Const. past. Gaudium et spes, 22).
A finalidade de Jesus Se fazer pobre não foi a
pobreza em si mesma, mas – como diz São Paulo
– «para vos enriquecer com a sua pobreza». Não
se trata dum jogo de palavras, duma frase sensacional. Pelo contrário, é uma síntese da lógica de
Deus: a lógica do amor, a lógica da Encarnação e
da Cruz. Deus não fez cair do alto a salvação sobre
nós, como a esmola de quem dá parte do próprio
supérfluo com piedade filantrópica. Não é assim o
amor de Cristo! Quando Jesus desce às águas do
Jordão e pede a João Batista para O batizar, não o
faz porque tem necessidade de penitência, de conversão; mas fá-lo para Se colocar no meio do povo
necessitado de perdão, no meio de nós pecadores, e
carregar sobre Si o peso dos nossos pecados. Este foi
o caminho que Ele escolheu para nos consolar, salvar, libertar da nossa miséria. Faz impressão ouvir o
Apóstolo dizer que fomos libertados, não por meio
da riqueza de Cristo, mas por meio da sua pobreza.
E todavia São Paulo conhece bem a «insondável
riqueza de Cristo» (Ef 3, 8), «herdeiro de todas as
coisas» (Heb 1, 2).
Em que consiste então esta pobreza com a qual
Jesus nos liberta e torna ricos? É precisamente o seu
modo de nos amar, o seu aproximar-Se de nós como
fez o Bom Samaritano com o homem abandonado
meio morto na berma da estrada (cf. Lc 10, 25-37).
Aquilo que nos dá verdadeira liberdade, verdadeira
salvação e verdadeira felicidade é o seu amor de
compaixão, de ternura e de partilha. A pobreza de
Cristo, que nos enriquece, é Ele fazer-Se
carne, tomar sobre Si
as nossas fraquezas, os
nossos pecados, comunicando-nos a misericórdia infinita de Deus.
A pobreza de Cristo é
a maior riqueza: Jesus
é rico de confiança ilimitada em Deus Pai,
confiando-Se a Ele em
todo o momento, procurando sempre e apenas a sua vontade e a
sua glória. É rico como
o é uma criança que
se sente amada e ama os seus pais, não duvidando
um momento sequer do seu amor e da sua ternura.
A riqueza de Jesus é Ele ser o Filho: a sua relação
única com o Pai é a prerrogativa soberana deste
Messias pobre. Quando Jesus nos convida a tomar
sobre nós o seu «jugo suave» (cf. Mt 11, 30), convida-nos a enriquecer-nos com esta sua «rica pobreza» e
«pobre riqueza», a partilhar com Ele o seu Espírito
filial e fraterno, a tornar-nos filhos no Filho, irmãos
no Irmão Primogénito (cf. Rm 8, 29).
Foi dito que a única verdadeira tristeza é não ser
santos (Léon Bloy); poder-se-ia dizer também que só
há uma verdadeira miséria: é não viver como filhos
de Deus e irmãos de Cristo.
O nosso testemunho
Poderíamos pensar que este «caminho» da
pobreza fora o de Jesus, mas não o nosso: nós, que
viemos depois d’Ele, podemos salvar o mundo com
meios humanos adequados. Isto não é verdade.
PEREGRINO 33
MENSAGEM DO PAPA
Em cada época e lugar, Deus continua a salvar os
homens e o mundo por meio da pobreza de Cristo,
que Se faz pobre nos Sacramentos, na Palavra e na
sua Igreja, que é um povo de pobres. A riqueza de
Deus não pode passar através da nossa riqueza, mas
sempre e apenas através da nossa pobreza, pessoal
e comunitária, animada pelo Espírito de Cristo.
À imitação do nosso Mestre, nós, cristãos, somos
chamados a ver as misérias dos irmãos, a tocá-las, a
ocupar-nos delas e a trabalhar concretamente para
as aliviar. A miséria não coincide com a pobreza; a
miséria é a pobreza sem confiança, sem solidariedade, sem esperança. Podemos distinguir três tipos
de miséria: a miséria material, a miséria moral e a
miséria espiritual. A miséria material é a que habitualmente designamos por pobreza e atinge todos
aqueles que vivem numa condição indigna da pessoa humana: privados dos direitos fundamentais e
dos bens de primeira necessidade como o alimento,
a água, as condições higiénicas, o trabalho, a possibilidade de progresso e de crescimento cultural.
Perante esta miséria, a Igreja oferece o seu serviço,
a sua diakonia, para ir ao encontro das necessidades
e curar estas chagas que deturpam o rosto da humanidade. Nos pobres e nos últimos, vemos o rosto
de Cristo; amando e ajudando os pobres, amamos
e servimos Cristo. O nosso compromisso orienta-se
também para fazer com que cessem no mundo as
violações da dignidade humana, as discriminações
e os abusos, que, em muitos casos, estão na origem
da miséria. Quando o poder, o luxo e o dinheiro se
tornam ídolos, acabam por se antepor à exigência
duma distribuição equitativa das riquezas. Portanto,
é necessário que as consciências se convertam à justiça, à igualdade, à sobriedade e à partilha.
Não menos preocupante é a miséria moral, que
consiste em tornar-se escravo do vício e do pecado.
Quantas famílias vivem na angústia, porque algum
dos seus membros – frequentemente jovem – se
deixou subjugar pelo álcool, pela droga, pelo jogo,
pela pornografia! Quantas pessoas perderam o sentido da vida; sem perspetivas de futuro, perderam a
esperança! E quantas pessoas se veem constrangidas
a tal miséria por condições sociais injustas, por falta
de trabalho que as priva da dignidade de poderem
trazer o pão para casa, por falta de igualdade nos
direitos à educação e à saúde. Nestes casos, a miséria
moral pode-se justamente chamar um suicídio incipiente. Esta forma de miséria, que é causa também
de ruína económica, anda sempre associada com a
miséria espiritual, que nos atinge quando nos afastamos de Deus e recusamos o seu amor. Se julgamos
34 PEREGRINO
não ter necessidade de Deus, que em Cristo nos dá
a mão, porque nos consideramos autossuficientes,
vamos a caminho da falência. O único que verdadeiramente salva e liberta é Deus.
O Evangelho é o verdadeiro antídoto contra
a miséria espiritual: o cristão é chamado a levar a
todo o ambiente o anúncio libertador de que existe
o perdão do mal cometido, de que Deus é maior
que o nosso pecado e nos ama gratuitamente e
sempre, e de que estamos feitos para a comunhão e
a vida eterna. O Senhor convida-nos a sermos jubilosos anunciadores desta mensagem de misericórdia e esperança. É bom experimentar a alegria de
difundir esta boa nova, partilhar o tesouro que nos
foi confiado para consolar os corações dilacerados
e dar esperança a tantos irmãos e irmãs imersos na
escuridão. Trata-se de seguir e imitar Jesus, que foi
ao encontro dos pobres e dos pecadores como o
pastor à procura da ovelha perdida, e fê-lo cheio de
amor. Unidos a Ele, podemos corajosamente abrir
novas vias de evangelização e promoção humana.
Queridos irmãos e irmãs, possa este tempo de
Quaresma encontrar a Igreja inteira pronta e solícita para testemunhar, a quantos vivem na miséria
material, moral e espiritual, a mensagem evangélica, que se resume no anúncio do amor do Pai misericordioso, pronto a abraçar em Cristo toda a pessoa.
E poderemos fazê-lo na medida em que estivermos
configurados com Cristo, que Se fez pobre e nos
enriqueceu com a sua pobreza. A Quaresma é um
tempo propício para o despojamento; e far-nos-á
bem questionar-nos acerca do que nos podemos
privar a fim de ajudar e enriquecer a outros com a
nossa pobreza. Não esqueçamos que a verdadeira
pobreza dói: não seria válido um despojamento sem
esta dimensão penitencial. Desconfio da esmola que
não custa nem dói.
Pedimos a graça do Espírito Santo que nos permita ser «tidos por pobres, nós que enriquecemos
a muitos; por nada tendo e, no entanto, tudo possuindo» (2 Cor 6, 10). Que Ele sustente estes nossos
propósitos e reforce em nós a atenção e solicitude
pela miséria humana, para nos tornarmos misericordiosos e agentes de misericórdia. Com estes votos,
asseguro a minha oração para que cada crente e
cada comunidade eclesial percorra frutuosamente
o itinerário quaresmal, e peço-vos que rezeis por
mim. Que o Senhor vos abençoe e Nossa Senhora
vos guarde!
Vaticano, 26 de dezembro de 2013
Festa de Santo Estêvão, diácono e protomártir
SN Junho 2012
NOVO GUIA DO PEREGRINO
SITE DO SECRETARIADO NACIONAL
sn-mcc-portugal.webnode.pt
PEREGRINO 35
PEREGRINO 36

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