“Acessibilidade e Televisão Digital e Interactiva: o caso particular do

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“Acessibilidade e Televisão Digital e Interactiva: o caso particular do
Artigo para livro da pós-graduação “New Media Authoring and Production: iTV and Mobile”, a ser publicado por COFAC
– Universidade de Lusófona de Humanidades e Tecnologias em Janeiro de 2005.
URL: http://www.ulusofona.pt/itap2004/home.htm
“Acessibilidade e Televisão Digital e Interactiva:
o caso particular do serviço de Áudio-Descrição
destinado a pessoas invisuais ou com deficiências visuais graves”
Célia Quico
([email protected])
Gestora de Projectos de Televisão Digital Interactiva e Multimédia (TV Cabo/ PT Multimédia)
Doutoranda em Ciências da Comunicação – especialidade Audiovisual e Multimédia (Universidade Nova de
Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas)
Palavras-chave:
Audio-Descrição, Acessibilidade, Usabilidade Universal, Televisão Digital e Interactiva.
Abstract :
A Televisão Digital e Interactiva deve ser para todos – não basta enunciar este princípio, há que torná-lo
uma realidade. O serviço de Áudio-Descrição é um exemplo de um projecto na área da Televisão Digital e
Interactiva centrado nas necessidades e preferências dos utilizadores, com o objectivo concreto de melhorar
a qualidade da experiência televisiva de pessoas invisuais ou com deficiências visuais graves.
O objectivo do presente artigo é o de explorar os seguintes tópicos:
- O que é o serviço de Áudio-Descrição?
- Qual o estado da arte do serviço de Áudio-Descrição via Televisão Digital no Reino Unido?
- Qual o estado da arte do serviço de Áudio-Descrição via Televisão Digital na Espanha?
- Áudio-Descrição via Televisão em Portugal: os primeiros passos,
- Áudio-Descrição via Televisão Digital em Portugal: o projecto da PT Multimédia.
O lançamento do projecto de Áudio-Descrição em Portugal representa um passo importante no sentido de
oferecer serviços de Televisão Digital e Interactiva verdadeiramente centrados nas necessidades dos
utilizadores, bem como da aplicação do conceito de Usabilidade Universal ou Acessibilidade Integral.
1
0. Introdução
“Como conseguir que as tecnologias de informação e comunicação sejam utilizadas por todas as pessoas?”
1
– questiona Ben Shneiderman - um dos maiores especialistas mundiais na área do Interface HomemMáquina, para quem a Usabilidade Universal deve ser encarada como uma cruzada por inovadores,
homens de negócio e políticos, bem como por todos os utilizadores. Considerando que a Usabilidade
Universal será atingida quando tecnologias úteis, fáceis de utilizar e a preço acessível estiverem à
2
disponíveis à grande maioria da população mundial , Shneiderman defende ainda que é essencial ter
sempre presente as necessidades de diferentes perfis de utilizadores.
O caso particular das pessoas com deficiências – visuais, auditivas, motoras, cognitivas – merece uma
atenção redobrada: “simples actividades da vida diária como ver televisão, ler um livro, obter informação de
um serviço público, receber uma carta de um amigo, ler a informação de um produto e utilizar serviços de
telecomunicações são, para pessoas com necessidades especiais, um confronto permanente entre as
necessidades e as respostas que a sociedade e o Estado forem capazes de dar”, lê-se no Plano Nacional
3
para a Participação dos Cidadãos com Necessidades Especiais na Sociedade da Informação . Este
programa tem a intenção de representar uma política activa em favor da acessibilidade integral à
Sociedade da Informação, organizando-a de maneira a permitir às pessoas com necessidades o acesso
da forma mais independente e natural possível, proporcionando melhorias na qualidade de vida e
promovendo o desenvolvimento do conhecimento científico e tecnológico.
Um exemplo de um serviço verdadeiramente orientado para as necessidades de pessoas com deficiências
é o serviço de Áudio-Descrição. No âmbito da Televisão Digital e Interactiva, este serviço consiste em
adicionar uma faixa de áudio a um programa de televisão ou a um filme, na qual um narrador descreve o
que se passa na imagem, destinado a pessoas invisuais ou com deficiências visuais graves. Este tipo de
serviço já existe em diversos países, como é o caso do Reino Unido e da Espanha. No fundo, trata-se neste
caso de proporcionar a pessoas com deficiências e/ ou necessidades especiais uma experiência mais rica
de televisão, auxiliando na compreensão do programa através das descrições de um narrador.
Desta forma, o objectivo do presente artigo é o de explorar os seguintes tópicos:
- O que é o serviço de Áudio-Descrição?
- Qual o estado da arte do serviço de Áudio-Descrição via Televisão Digital no Reino Unido?
- Qual o estado da arte do serviço de Áudio-Descrição via Televisão Digital na Espanha?
- Áudio-Descrição via Televisão em Portugal: os primeiros passos,
- Áudio-Descrição via Televisão Digital em Portugal: o projecto da PT Multimédia.
1
Shneiderman, Ben – Leonardo’s Laptop: Human Needs and the New Computing Technologies, MIT Press, 2002, Pag. 36.
2
Shneiderman, Ben – Communications of the ACM, 2000, citado no website Universal Usability: http://www.universalusability.org/
3
Presidência do Concelho de Ministros - Plano Nacional para a Participação dos Cidadãos com Necessidades Especiais na Sociedade
da Informação, Resolução do Conselho de Ministros nº 100/2003, 185 SÉRIE I-B, 12 Agosto de 2003 (emissão). Disponível online em:
http://www.acesso.umic.pcm.gov.pt/legis/pnpcnesi.htm
2
1. O que é o serviço de Áudio-Descrição?
O serviço de Áudio-Descrição consiste numa faixa de áudio adicional à transmissão regular de
televisão que descreve verbalmente detalhes visuais importantes, destinado a espectadores invisuais
ou portadores de deficiências visuais graves, para que possam acompanhar melhor e com mais detalhe o
desenrolar do programa transmitido. De acordo com a definição do Royal National Institute of the Blind
(RNIB), o serviço de Áudio-Descrição é uma narração adicional inserida nos intervalos dos diálogos, que
descreve todos os aspectos significativos do que é exibido visualmente - quem, onde, o quê, quando e
porquê, se for adequado à situação. Acção, expressões faciais, vestimentas, cenários e ambientes – tudo o
4
que seja importante para permitir a melhor compreensão da estória ou do programa .
AUDIO-DESCRIÇÃO
(John e Andy estão no
supermercado e veêm
Mary)
(Andy aproxima-se de
Mary, que está
debruçada sobre o
expositor de
congelados – John
segue-o)
Figura 1: Audio-descrição: exemplo série de televisão “That 70’s Show”
Em mercados avançados de Televisão Digital, como é o caso do Reino Unido, operadores e canais de
televisão têm vindo a oferecer este tipo de serviço aos seus espectadores nos últimos anos, como é o caso
da BSkyB que actualmente oferece mais de 3.000 horas de programação com Áudio-Descrição através do
4
Web site RNIB – TV Help: http://www.tvhelp.org.uk/ad/whatis.html
3
5
seu serviço Sky Digital . Actualmente, existem dois sistemas de transmissão do serviço de Áudio-Descrição
em Televisão, segundo Jane Silver e John Gill, investigadores do RNIB:
- o sistema utilizado pela BSkyB, com recurso ao método “pre-mix” ou “aberto”, no qual a áudiodescrição é uma parte integral da banda-sonora e é ouvida por todos numa sala, para o qual não é
necessário nenhum equipamento especial, somente configurar a set-top box de forma a receber
este canal de áudio;
- o sistema utilizado pela BBC, ITV e Channel 4, conhecido por "receiver-mixed" ou "fechado”, mais
flexível, que permite ouvir a áudio-descrição através de auscultadores, enquanto os outros
espectadores podem ouvir o áudio normal pelas colunas do televisor, bem como regular o volume
do som de ambos os canais. No entanto, é necessário possuir um equipamento específico para ter
6
acesso a este sistema .
Num estudo realizado em 1998, a American Foundation for the Blind verificou que a maioria das pessoas
com deficiências visuais que tinham utilizado o serviço de Áudio-Descrição consideraram este como muito
útil, bem como davam preferência aos conteúdos com Áudio-Descrição. Os principais benefícios do serviço
citados por pessoas invisuais ou com deficiências visuais graves foram os seguintes:
- ficar a conhecer os ambientes visuais do programa,
- compreender melhor os materiais televisivos,
- sentir-se independente,
- sentir-se igual a uma pessoa sem deficiências visuais,
- sentir satisfação,
- alivio dos espectadores sem deficiência visual com quem assistiam aos programas.
7
A relevância deste tipo de serviço para os espectadores Portugueses é atestada pelos seguintes números:
1,6% da população residente em Portugal possui deficiências visuais, ou seja, 163.515 indivíduos de
acordo com os resultados dos Censos 2001. De notar que a deficiência visual é a deficiência com maior
8
expressão em Portugal .
5
Web Site Sky Digital; URL: http://www1.sky.com/disability/
6
Silver, Janet; Gill, John - Guidelines for the Design of Accessible Information and Communication Technology Systems, RNIB, 2004.
Disponível online em: http://www.tiresias.org/guidelines/television.htm
7
ASTC – “Accessible Practices/ Best Practices/ Audio-Description”, Association of Science – Technology Centres.
Disponível online: http://www.astc.org/resource/access/medad.htm
8
INE - CENSOS 2001: Análise de População com Deficiência (Resultados Provisórios ), INE 2001, 4 de Fevereiro de 2002. Disponível
online em: http://www.ine.pt/prodserv/destaque/2002/d020204/d020204.html
4
2. Audio-descrição via Televisão Digital no Reino Unido
No Reino Unido, o serviço de Áudio-Descrição está disponível através dos operadores de Televisão Digital
Satélite (DTH) e de Televisão Digital Terrestre (DTT), estando previsto que os principais operadores de
Televisão Digital por Cabo iniciem a sua transmissão em breve, segundo informação prestada por Denise
Evans, Head of Broadcasting and Talking Images do Royal National Institute of the Blind (RNIB).
A oferta do serviço de Áudio-Descrição está regulamentado pelo “Communications Act” de 2003, no qual
está estabelecido os broadcasters deverão atingir os 10 por cento de nível mínimo de oferta nos próximos
dez anos. Actualmente, o nível de oferta está nos 6 por cento de programação com Áudio-Descrição, de
acordo com a responsável máxima da área de Broadcasting and Talking Images do RNIB. Em relação aos
géneros de programação aos quais se adiciona habitualmente este tipo particular de narração, há a
considerar os filmes, as séries de ficção e novelas, bem como os documentários. Já programas como talkshows, noticiários e concursos não são particularmente adequados. No entanto, recomenda o RNIB, cada
programa ou filme deve ser analisado individualmente de forma a avaliar se o serviço de Audio-Descrição é
9
ou não apropriado .
Assim, o operador de DTH BSkyB oferece mais de 3.000 horas por ano de programação com Áudio10
Descrição em 8 canais: Sky One, Five e 6 canais de filmes (Sky Movies) . Para ter acesso ao serviço, o
utilizador deve configurar a sua set-top box para a opção Narrative (Language Selection). Para além da
programação, a BSkyB fornece no canal 996 informação em áudio com os nomes dos canais e
correspondente posição na grelha, destinado aos espectadores invisuais ou com deficiências visuais
graves. De referir ainda que a BSkyB disponibiliza 45.000 horas por ano de programação com legendagem
destinada a pessoas com surdez ou com deficiências auditivas graves, em canais como a Sky News, Sky
Sports, Sky Movies, entre outros. A actividade da BSkyB no domínio da Acessibilidade valeu-lhe o prémio
“Business In The Community's Awards for Excellence 2004”, pelo seu trabalho na promoção da
compreensão de assuntos relacionados com acessibilidade e por fornecer serviços especificamente para
11
espectadores com necessidades especiais .
Por seu turno, os espectadores do operador de DTT Freeview têm ao seu dispor pelo menos 13 canais com
programas que incluem Áudio-Descrição– BBC One, BBC Two, BBC Three, BBC Four, CBBC, Ceebies, 2
canais ITV, Channel 4, Five, UK History, Sky Travel - , segundo informação prestada por Denise Evans do
RNIB. No entanto, para ter acesso ao serviço é necessário adquirir uma set-top box específica: o Netgem iPlayer AD foi lançado comercialmente em Dezembro de 2003, sendo vendido directamente pela Netgem
9
Web Site RNIB: http://www.rnib.org.uk/xpedio/groups/public/documents/publicwebsite/public_broadcasting.hcsp
10
Web site Sky: http://www1.sky.com/disability/
11
BSkyB - “BSkyB wins 'Business in the Community' award for its disability strategy”, Press-release, Junho 2004. Disponível online em:
http://www1.sky.com/accessibility/pressrelease.htm
5
por £119.99 (mais £5 para entrega). A Netgem disponibiliza ainda uma help-line especial para responder às
12
dúvidas e questões dos consumidores relativas ao serviço de Audio-Descrição .
Figura 2: Netgem i-Player
Até ao momento, a RNIB não possui dados concretos sobre a audiência do serviço de Áudio-Descrição,
mas estimam que alguns milhares de pessoas invisuais e com deficiências visuais graves o utilizem. Sendo
verdade que a maioria das pessoas com deficiências visuais graves tem mais de 65 anos, é precisamente
neste grupo etário em que se verifica uma menor penetração no domicílio de Televisão Digital. Daí que o
Governo e os operadores e canais de televisão estejam a trabalhar numa estratégia de comunicação com o
objectivo de encorajar a adopção de TV Digital por toda a população. Para além da Televisão, o serviço de
Áudio-Descrição está disponível nas salas de cinema e nas salas de teatro, sendo ainda cada vez mais
frequente encontrar a opção de “English for Impaired” em DVDs.
12
Web Site RNIB: http://info.rnib.org.uk/audiodescription/equipment/netgem.html
6
3. Audio-Descrição via Televisão Digital em Espanha
Em Espanha, as primeiras experiências de Áudio-Descrição foram realizadas pela TV3 (Televisión
Autonómica Catalana) e pelo Canal Sur (Televisión Autonómica Andaluza), de acordo com informação
prestada por Javier Navarrete, coordenador técnico do sistema Audesc da ONCE (Organización Nacional
de Ciegos Españoles). Assim, em 1995, o Canal Sur iniciou a transmissão de filmes com Áudio-Descrição,
recorrendo a uma emissora de rádio, já que não transmitia em estéreo. Esta solução técnica viria a ser
adoptada pela RTP em 2003, na primeira experiência do género na Televisão Portuguesa. Já a TV3
transmitiu várias séries com Áudio-Descrição, com recurso à inserção num dos canais de estéreo.
Em Dezembro de 2001, a TVE iniciou a transmissão do serviço de Áudio-Descrição com recurso ao sistema
Audesc com uma série de desenhos animados para crianças, em colaboração com a ONCE. O sistema
Audesc nada mais é do que o nome que a ONCE optou por dar ao serviço de Áudio-Descrição, por
13
considerá-lo mais apelativo em termos de divulgação e promoção para o público em geral . Ainda, a
empresa produtora de legendagem para pessoas surdas Mundovisión implementou o serviço de ÁudioDescrição num canal por cabo designado via Digital, que resultou num fracasso já que o acesso ao serviço
obrigava ao pagamento de uma subscrição, de acordo com o coordenador técnico do sistema Audesc da
ONCE.
Com a aprovação da lei de “Igualdad, No Discriminación y Accesibilidad de las Personas con Discapacidad”,
51/2003 de 2 de Dezembro, ficou estabelecido o prazo de quatro a dez anos para que o acesso às
tecnologias de comunicação seja devidamente adaptado às necessidades das pessoas com deficiências. A
TVE começou a transmitir filmes adaptados às necessidades de espectadores com surdez e com
deficiências visuais graves, aos sábados e domingos. De momento, o serviço só está disponível na região
de Madrid e na Catalunha, segundo o responsável do sistema Audesc da ONCE.
Ainda de referir a iniciativa da ONCE - Premios Tiflos de Cine Corto Audesc, promovido com o objectivo
de difundir a aplicação do sistema Audesc entre os criadores e profissionais de Cinema. O concurso de
curtas-metragens de 35 mm vai na terceira edição, caracterizando-se pela obrigatoriedade da aplicação do
14
sistema Audesc nas obras . Os prémios estão repartidos num primeiro prémio no valor de 6.000 euros, um
segundo prémio no valor de 3.000 euros, sete prémios de 2.700 euros cada, como subsídio à produção de
projectos e, finalmente, sete prémios no valor de 750 euros como ajuda à adaptação das curtas-metragens
15
com o sistema Audesc .
13
Navarrete, Javier –“Sistema Audesc: el fin de los susurrus”, comunicação Seminário sobre Medios de Comunicación sin Barreras”,
Universidad Cardenal Herrera-CEU, 27 de Novembro 2003.
Disponível online em: http://www.uch.ceu.es/sinbarreras/textos/jnavarrete.htm
14
Navarrete, Javier –“Sistema Audesc: el fin de los susurrus”, comunicação Seminário sobre Medios de Comunicación sin Barreras”,
Universidad Cardenal Herrera-CEU, 27 de Novembro 2003.
Disponível online em: http://www.uch.ceu.es/sinbarreras/textos/jnavarrete.htm
15
Web site ONCE: http://www.once.es/home.cfm?id=590&nivel=4&orden=5
7
4. Áudio-Descrição via Televisão em Portugal: os primeiros passos
A questão da acessibilidade em Televisão Digital, mais concretamente, da acessibilidade à Televisão
Digital Terrestre (DTT) foi publicamente levantada pelo Grupo Português para Iniciativas em
Acessibilidade (GUIA). Em inícios de 2001, esta organização enviou um conjunto de quinze medidas às
três entidades responsáveis pelo concurso para a DTT: Alta Autoridade para a Comunicação Social (AACS),
Instituto da Comunicação Social e Instituto das Comunicações de Portugal (ICP, actualmente ANACOM),
16
que na altura preparavam o regulamento do concurso . O GUIA resultou de um
movimento cívico,
coordenado por Francisco Godinho e Ricardo Silva, que teve início em Dezembro de 1998 com a promoção
17
de uma petição pela acessibilidade da Internet para pessoas com necessidades especiais .
A encabeçar a lista de recomendações do GUIA encontravam-se serviços como a legendagem, a
interpretação em Língua Gestual, a descrição de imagens e a conversão de texto em voz. "Para pessoas
com necessidades especiais (acamados, idosos e pessoas com deficiência), confrontadas com limitações
físicas, sensoriais, de mobilidade e participação social, o acesso aos benefícios da televisão, como
instrumento de comunicação de massas e equipamento doméstico, representa, sem dúvida, um factor muito
significativo de qualidade de vida", considerou na altura o responsável do GUIA Francisco Godinho, também
líder do Centro de Engenharia de Reabilitação em Tecnologias da Informação e Comunicação (CERTIC) da
18
Universidade de Trás-os-Montes e Alto-Douro .
O Plano Nacional para a Participação dos Cidadãos com Necessidades Especiais na Sociedade da
Informação é omisso relativamente a serviços destinados a pessoas invisuais ou com deficiências visuais
graves. Assim, este plano limita-se a prever a duplicação em três anos da acessibilidade da programação
em Língua Portuguesa da RTP para pessoas com deficiência auditiva (sob a forma de legendagem ou da
interpretação em Língua Gestual Portuguesa (acção 1.1. “RTP mais acessível”, prioridade 1 –
Acessibilidade), tendo por objectivo que no início de 2005 a transmissão em média de 5 horas/dia de
19
programação adaptada às necessidades das pessoas com deficiência auditiva .
De igual forma, a Lei da Televisão não menciona como obrigação específica do serviço público de
televisão promover a possibilidade de acompanhamento das emissões por pessoas invisuais ou com
deficiências visuais graves, apenas fazendo referência às necessidades de pessoas surdas ou com
deficiência auditiva no Artigo 47.º (“Obrigações específicas dos operadores que actuem ao abrigo de
20
concessão do serviço público de televisão” do Capítulo IV – Serviço Público de Televisão) .
16
Web site AACS: http://www.aacs.pt/bd/Deliberacoes/20010328a.htm
17
Web site CERTIC/ Acessibilidade: http://www.acessibilidade.net/historia/
18
Santos, Isabel Gorjão –“GUIA lança proposta para necessidades especiais“, jornal “O Público”, 8 Janeiro 2001. Disponível online em:
http://www.acessibilidade.net/historia/putma.php
19
Web site Acesso – UMIC: http://www.acesso.umic.pcm.gov.pt/legis/pnpcnesi_13.htm
20
Lei da Televisão, Lei n.º 32/2003, de 22 de Agosto; Publicada no D.R. n.º 193 (Série I - A), de 22 de Agosto. Disponível online em:
http://www.icp.pt/template20.jsp?categoryId=2566&contentId=122135
8
A legendagem de programas em Português destinada a pessoas com surdez ou deficiências auditivas
21
graves foi iniciada em Abril de 1999 pela RTP, através de teletexto . No entanto, só em 2003 a RTP viria a
disponibilizar o serviço de Áudio-Descrição. Assim, no dia 1 de Dezembro de 2003: o filme “Menina da
Rádio” emitido pela RTP 1 foi complementado pela transmissão de Áudio-Descrição pela RDP, sendo
necessário sintonizar a Onda Média da Antena1. Ainda, de referir que os pessoas com surdez ou com
deficiências auditivas tiveram a oportunidade de acompanhar a legendagem de todo o filme através da
22
página 887 do teletexto da RTP .
Figura 3: “A Menina da Rádio”, transmissão com Áudio-Descrição e legendagem para pessoas com surdez – RTP/ RDP
Mais recentemente, a RTP promoveu a transmissão de filmes com Áudio-Descrição em duas ocasiões,
novamente em parceria com a RDP: a 27 de Agosto, voltaram a exibir o filme “A Menina da Rádio”,
23
enquanto que a 3 de Setembro foi a vez do filme “A Canção de Lisboa” . Finalmente, a RTP promoveu uma
emissão especial com Áudio-Descrição, ao exibir no episódio da série de ficção “A Ferreirinha”, transmitido
24
na noite de 15 de Outubro de 2004 .
No entanto, a solução encontrada pela RTP e RDP para prestar o serviço de Áudio-Descrição não é a mais
satisfatória, já que é necessário recorrer a um aparelho de rádio para ter acesso ao serviço e sintonizar
correctamente a frequência de rádio na qual é transmitida a narração. Assim, é possível oferecer este
serviço de forma mais cómoda e simples, recorrendo apenas ao comando de televisão para obter a faixa de
áudio adicional que descreve verbalmente os detalhes visuais mais significativos, à semelhança das
soluções oferecidas por operadores de Televisão Digital em países como o Reino Unido e Espanha.
21
Pinto, Manuel (coord.) - A Comunicação e os Media em Portugal, 1995-1999: cronologia e leituras de tendências, Colecção
Comunicação e Sociedade, vol. 1, Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, 2000.
Disponível online em: http://www.ics.uminho.pt/dcc/necs/publ/livros/cronologias/crono_1999_04.htm
22
RTP – “Primeira exibição televisiva de um filme adaptado para cidadãos com necessidades especiais”, Press-release, Dezembro
2003. Disponível online em: http://www.rtp.pt/web/menina_radio/
23
Acesso - UMIC – “RTP volta a exibir com Áudio-Descrição”, Press-release, Agosto 2004. Disponível online em:
http://www.acesso.umic.pcm.gov.pt/news/270804b.htm
24
Disponível online em: http://www.publico.pt/tv/programacao.asp?datas=15-10-2004
9
5. Áudio-Descrição via Televisão Digital em Portugal: o projecto da PT Multimédia
Em 2004, na TV Cabo surgiu a iniciativa de desenvolver e lançar um serviço de Áudio-Descrição para
subscritores de Televisão Digital cabo e satélite, em parceria com os canais de cinema Lusomundo. A
data fixada para o piloto do serviço foi 3 de Dezembro de 2004, de forma a assinalar devidamente o Dia
Internacional das Pessoas com Deficiência. O filme seleccionado foi o clássico do cinema Português “O
Pátio das Cantigas”. Esta “comédia de costumes no quotidiano de uma ilha simbólica, onde cabe e palpita
o coração de Lisboa”, nas palavras de José de Matos-Cruz, foi realizada em 1941 por Francisco Ribeiro
(Ribeirinho) e protagonizado pelo próprio e ainda por António Vilar, Maria das Neves, Vasco Santana e
25
António Silva .
Figuras 4 e 5: Cartaz promocional e fotograma do filme “O Pátio das Cantigas”
A transmissão do filme “O Pátio das Cantigas” com Áudio-Descrição pode ser considerado como um marco
na história da Televisão Digital em Portugal, já que é o primeiro serviço destinado a pessoas com
deficiências a ser difundido por um operador de Televisão Digital a nível nacional. Também
significativo é o facto desta iniciativa não se limitar a uma transmissão, antes representando o primeiro de
uma série contínua e regular de filmes falados em Português com Áudio Descrição. Desta forma, a PT
Multimédia definiu como sendo seu objectivo a produção e transmissão de um novo filme por mês com
Áudio-Descrição em 2005, que poderá ser exibido diversas vezes num período de tempo a fixar.
25
Matos-Cruz, José de – Cinema Português, web site Instituto Camões, 2003-2004.
URL: http://www.instituto-camoes.pt/cvc/cinema/filmes48.html
10
A primeira fase do desenvolvimento do serviço de Áudio-Descrição consistiu no estudo e análise do
projecto, com levantamento de tarefas, áreas de responsabilidade e custos associados à produção dos
conteúdos e desenvolvimento do serviço. Ainda, procedeu-se ao levantamento de dados e informação
relacionados com o serviço, nomeadamente, contactando a RNIB e ONCE para apurar qual o estado da
arte no Reino Unido e Espanha. Esta fase foi concluída em finais de Setembro de 2004, tendo sido
submetido um dossier de projecto à aprovação do Concelho de Administração (CA) da PT Multimédia, após
a validação de dois administradores da TV Cabo e dos canais Lusomundo. A aprovação formal do projecto
pelo CA da PT Multimédia ocorreu a 19 de Outubro de 2004.
Assim, depois da aprovação formal seguiram-se reuniões de trabalho operacionais, com responsáveis de
diferentes áreas da TV Cabo e Lusomundo, para além do contacto com os profissionais e empresas subcontratadas para o efeito. Do lado da Lusomundo procedeu-se à confirmação da contratação do guionista,
tendo a escolha recaído no historiador de cinema José de Matos-Cruz, garantindo assim a qualidade do
texto-base do produto final. A escolha do narrador recaiu sobre o actor Nicolau Breyner, devido à sua
notoriedade junto do grande público e também por ser uma das vozes do Grupo Portugal Telecom (PT). O
guião foi entregue cerca de duas semanas antes da exibição do piloto, tendo a gravação de voz de narrador
e sincronização com diálogos do filme decorrido na semana seguinte nos Matinha Estúdios Som, uma
empresa dedicada principalmente à dobragem, legendagem e gravação de publicidade para televisão e
vídeo. Na semana da exibição do piloto, o estúdio de gravação entregou ao Centro de Multimédia da TV
Cabo uma cassete Betacam, com 4 canais de áudio gravados, tendo sido utilizados os canais 3 e 4 para
colocar a narração de Áudio-Descrição misturada com a banda-sonora do filme.
Do lado da TV Cabo foram efectuados testes de envio de um canal de vídeo com dois áudios diferentes
para o head-end e, posteriormente, testes na rede digital com a colocação dos dois áudios no sistema de
encriptação. Um dos constrangimentos do piloto de 3 de Dezembro foi a questão do acesso à
funcionalidade de selecção do canal de áudio: a TV Cabo tem actualmente cinco modelos distintos de settop boxes de Televisão Digital, que totalizam mais de 400.000 set-top boxes distribuídas em casa de
clientes. Estes cinco modelos de set-top boxes correspondem a cinco formas diferentes de aceder ao canal
de áudio. Para o piloto de dia 3 de Dezembro recorreu-se à tecnologia que as set-top boxes já suportavam,
já que não se dispunha de tempo suficiente para fazer desenvolvimentos específicos de software para
simplificar ainda mais o acesso ao canal de áudio. Assim, os clientes com o modelo Powerbox acedem ao
serviço de modo semelhante ao dos Multi-jogos e Multi-câmaras, pressionando a tecla verde do comando e,
de seguida, fazendo OK na opção “Áudio-Descrição”. Os restantes clientes que possuem modelos Sagem e
Humax acedem ao serviço pressionando as teclas 1, 2 e 3 do comando.
11
Figuras 6, 7 e 8: Instruções de acesso à narração de Áudio-Descrição na powerboxes da TV Cabo Portugal
No entanto, a questão da simplificação e optimização do acesso ao canal de áudio secundário foi discutida
internamente na TV Cabo, de maneira a que seja o mais simples possível aceder ao serviço de ÁudioDescrição, independentemente do grau de deficiência visual. Para tal, será necessário produzir e distribuir
uma nova versão de software para as set-top boxes, o que poderá levar 2 a 4 meses. Outros serviços e
conceitos podem vir a ser desenvolvidos no decurso de 2005.
12
Finalmente, um factor fundamental do sucesso de qualquer serviço de Televisão Digital é a sua
comunicação de forma atempada e eficaz. O plano de comunicação do serviço de Áudio-Descrição foi
esboçado em finais de Outubro e aprovado formalmente em inícios de Novembro: o recurso a meios do
grupo PT Multimédia foi a base do plano, nomeadamente, com a produção e exibição de spots
promocionais nos principais canais temáticos da TV Cabo e a divulgação nos sites Sapo, TV Cabo e Canais
Lusomundo. Desta forma, a PT Multimédia e o Grupo PT reforçam a sua actividade na área da
Responsabilidade Social, cada vez mais uma obrigação das empresas para com a sociedade, sobretudo no
campo das novas tecnologias da comunicação e informação.
Curiosamente, na mesma altura em que a PT Multimédia produzia o piloto de Áudio-Descrição por sua
própria conta e risco, a Presidência do Conselho de Ministros aprovava uma linha de apoio financeiro ao
Programa Nacional para a Participação dos Cidadãos com Necessidades Especiais na Sociedade da
26
Informação: a publicação da respectiva portaria no Diário da República foi a 25 de Outubro de 2004 .
Entre os projectos elegíveis definidos consta a promoção da aplicação do conceito de desenho universal, tal
como o “desenvolvimento de produtos, conteúdos e serviços inovadores ou de elevada importância para
cidadãos com necessidades especiais, em condições economicamente acessíveis”. Ainda de acordo com a
portaria desta linha de financiamento, o co-financiamento máximo a conceder pelo POSI é de 80%, devendo
o restante financiamento ser assegurado pelas entidades beneficiárias. No entanto, em casos excepcionais,
o co-financiamento a atribuir poderá atingir os 100%. O financiamento de cada projecto terá como limites:
30.000 Euros para projectos baseados em apetrechamento de equipamento, formação, redes de
conhecimento ou produção de conteúdos e 150.000 Euros para projectos de desenvolvimento de produtos
ou serviços. A formatação preliminar das candidaturas decorreu de 5 de Novembro a 31 de Dezembro,
seguindo-se uma segunda fase na qual os promotores deverão formatar as suas candidaturas de acordo
com os formulários do Programa Operacional Sociedade do Conhecimento até 31 de Janeiro de 2005.
26
Presidência do Conselho de Ministros – Linha de apoio financeiro ao Programa Nacional para a Participação dos Cidadãos com
Necessidades Especiais na Sociedade da Informação, Diário da República, número 251, série I B, pp. 6394-6396. Portaria nº
1354/2004. Segunda-feira, 25 de Outubro de 2004. Disponível online em: http://www.acesso.umic.pcm.gov.pt/id/id_portaria.htm
13
6. Conclusão: tecnologias centradas nas necessidades dos utilizadores
“As tecnologias bem sucedidas são aquelas estão em harmonia com as necessidades dos utilizadores.
27
Devem suportar relações e actividades que enriqueçam as experiências dos utilizadores” , escreveu Ben
Shneiderman em Leonardo’s Laptop, o livro-manifesto a favor do desenvolvimento de tecnologias
verdadeiramente orientadas para as necessidades humanas. O serviço de Áudio-Descrição é um bom
exemplo de serviço de Televisão Digital e Interactiva no qual foram efectivamente consideradas desde o
início as necessidades dos utilizadores.
Outro projecto orientado para as necessidades e preferências dos utilizadores de serviços de Televisão
Digital e Interactiva é o Laboratório de Usabilidade da Universidade Lusófona de Tecnologias e
Humanidades. Este laboratório, do qual a PT Multimédia é parceira desde o primeiro minuto, tem por
missão avaliar e desenvolver interfaces que sejam úteis, funcionais e atractivos para os utilizadores, em
particular produtos e serviços de Televisão Digital e Interactiva, Telemóveis e Internet de Banda-Larga. A
unidade será interdisciplinar, composto por investigadores, estudantes e profissionais das áreas da
Psicologia, Ciências da Comunicação, Engenharia Informática, Design Multimédia e Educação. O pontapé
de saída do laboratório foi dado em Junho de 2004, tendo sido a equipa constituída durante os meses de
Agosto e Setembro. O primeiro projecto a ser realizado no âmbito da parceira da PT Multimédia com a
Universidade Lusófona consistiu no estudo comparativo de usabilidade de Guias de Programação ou
Electronic Programming Guides (EPGs).
Assim, passo a passo, progressivamente a PT Multimédia e a TV Cabo adoptam processos de
desenvolvimento de produtos de Televisão Digital e Interactiva que se iniciam com os utilizadores e com as
suas necessidades em vez de começar pela tecnologia, tal como advoga Donald A. Norman, uma das
autoridades mundiais em human-centred product development. Ainda significativo é o facto de se
promover a execução de projectos socialmente relevantes na área das novas tecnologias e novos Media,
em sintonia com as seguintes palavras de Brenda Laurel: “O trabalho cultural é um trabalho guiado por
valores. É um trabalho que uma pessoa faz porque acredita que fazê-lo é positivo. Retira a sua força do
valor fundamental que se encontra no coração do humanismo: a crença no poder da humanidade em dar
forma ao seu próprio destino através da aplicação do conhecimento e do pensamento”
28
– palavras
retiradas no seu livro Utopian Entrepreneur, no qual descreve as dificuldades e recompensas de se
trabalhar em novos Media com um apurado sentido de responsabilidade social e defendendo valores
humanistas. Será utopia a defesa de valores humanistas nos novos Media? Se houver mais quem acredite
que a utopia pode ser uma realidade, decerto que muitos outros projectos serão desenvolvidos e lançados
para benefício de todos.
27
Shneiderman, Ben – Leonardo’s Laptop: Human Needs and the New Computing Technologies, MIT Press, 2002, Pag. …
28
Laurel, Brenda - Utopian Entrepreneur, MIT Press, 2001.
Excertos disponíveis online: http://www.tauzero.com/Brenda_Laurel/UtopianEntrepreneur.html
14
Agradecimentos:
A todos quantos colaboraram na realização do projecto de Áudio-Descrição da PT Multimédia, em particular
a Domingas Amante, José e Fátima de Matos-Cruz, Nicolau Breyner, José Pedro Salas Pires, Antunes
João, Margarida Ferreirinha, Margarida Cunha, Carlos Andrade, Clara Cidade, João Carita, Lígia Rodrigues,
Sérgio Leemann, Carlos Gomes, Pedro Marques, Pedro Pereira, Ashok Bhagubai, Tânia Ulisses, Ana
Vicente, João Neves. Um agradecimento especial ainda a Peter Looms e a Manuel José Damásio, pelo
continuado apoio e inspiração e, finalmente, ao André, porque sim.
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BIBLIOGRAFIA
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Centres. Disponível online: http://www.astc.org/resource/access/medad.htm
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http://www.astc.org/resource/access/medad.htm
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OFCOM - Subtitling, Signing & Audio Description - Guidance on Standards for Audio Description
http://www.tiresias.org/guidelines/television.htm
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This document is a DRAFT created by the AD Guidelines committee.
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Web site CERTIC – UTAD
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