Relatório de Atividades - CAMI 2015 - CAMI
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Relatório de Atividades - CAMI 2015 - CAMI
Relatório de Atividades – CAMI 2015 Relatório de Atividades 2015 Centro de Apoio e Pastoral do Migrante (CAMI) Alameda Nothmann, 485-São Paulo - SP 1 Relatório de Atividades – CAMI 2015 Missão Acolher, mobilizar e inserir os imigrantes na luta por direitos de participação social, política e econômica. Combater o trabalho escravo, a xenofobia e o tráfico de pessoas e promover o trabalho decente e o reconhecimento da identidade e da diversidade cultural e religiosa. Visão Ser referência na defesa dos imigrantes e construção da cidadania universal. Valores Transparência, participação democrática, respeito à diversidade e construção do bem viver. 2 Relatório de Atividades – CAMI 2015 APRESENTAÇÃO O Centro de Apoio e Pastoral do Migrante (CAMI) é uma organização não governamental humanitária, social e cultural, que tem por objetivo orientar, promover e defender os direitos dos imigrantes, empoderando-os para o exercício da autonomia e cidadania. Oferece serviço de atendimento sociojurídico (advocacy) e de regularização migratória, cursos de formação diversos, como português, informática e modelagem para a costura, nos quais são também contempladas noções de direitos, visando à preparação para o exercício da cidadania. Promove encontros de formação, atividades de incidência política, de caráter cultural e de fortalecimento da fé e vida, além de contar com agentes sociais e multiplicadores de base, imigrantes, que realizam o trabalho de visita às famílias e a oficinas de costura, promovendo a integração entre as comunidades imigrantes e os serviços institucionais disponíveis. No bojo do trabalho, há ações preventivas de combate ao trabalho escravo, tráfico de pessoas e da violência de gênero e doméstica. Sendo assim, na qualidade de Presidente do CAMI, apresento o Relatório Anual de Atividades do exercício de 2015. Sem mais, subscrevemo-nos agradecidos. São Paulo, 31de dezembro de 2015. Cordialmente, +Dom Flávio Augusto Borges Irala, ost. Presidente do CAMI Presidente do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC) Bispo da Diocese de São Paulo – Igreja Episcopal Anglicana do Brasil 3 Relatório de Atividades – CAMI 2015 INTRODUÇÃO A migração é um fenômeno que afeta a história da humanidade. A partir do século XVIII, com o surgimento dos Estados Nacionais, as fronteiras artificiais, que criam a distinção entre nacional e estrangeiro, instituíram a base que serve para discriminar e negar, até hoje, os direitos básicos de tantas e tantas pessoas. No mundo atual, o capitalismo financeiro intensifica as grandes migrações internacionais. Embora a circulação de capitais encontre portas cada vez mais abertas em todos os cantos do globo, o deslocamento de pessoas é sempre dificultado. Os fluxos migratórios internacionais crescem, enquanto os direitos dos migrantes estão cada vez mais ameaçados. Além das barreiras do Estado, o preconceito, a xenofobia e o racismo produzem fronteiras simbólicas que pioram as condições de vida dos imigrantes e são fonte de muitas das violências sofridas. Com relação às mulheres imigrantes, as barreiras são ainda maiores. Muitas saem de seus países para escapar da violência econômica, violência social, violência de gênero, entre outras. Não são poucos os casos de mulheres enganadas e usadas para o transporte de drogas, ficando presas em países estrangeiros. Imigração no Brasil Nos últimos anos, as migrações de estrangeiros, especialmente latinoamericanos, têm aumentado significativamente no Brasil. Essas migrações ocorrem principalmente por motivos econômicos. A busca de uma “vida melhor” coloca em movimento grande levas de pessoas sujeitando-as, muitas vezes, a situações vulneráveis e degradantes, como o contrabando e o tráfico de pessoas. Estima-se que vivem no Brasil, atualmente, mais de um milhão e meio de imigrantes, a maioria em situação de irregularidade migratória, vivendo em regiões de fronteira e nos centros urbanos, principalmente na Grande São Paulo. Grande parte dos/das imigrantes provenientes da Bolívia, Paraguai, Peru, Colômbia, Equador buscam trabalho no aquecido e “desconhecido” setor têxtil. Geralmente, são trazidos pelos próprios patrícios para o trabalho nas oficinas de costura, passando a viver quase que unicamente para o trabalho. Nas oficinas de costura, espalhadas pelas cidades da Grande São Paulo, especialmente nas periferias, são mantidos em situações vulneráveis, muitas vezes em situações de cerceamento da liberdade e de superexploração no trabalho. Ao chegarem a São Paulo, os/as imigrantes, são encaminhados para os seus locais de trabalho onde também passam a morar. Nesses espaços, denominados “oficinas de costura”, praticamente, dedicam quase todo o tempo ao trabalho. É comum cumprirem jornadas, de 14 a 15 horas diárias, com pequenos intervalos para descanso e alimentação. 4 Relatório de Atividades – CAMI 2015 Mediante a atuação, por mais de dez anos, o CAMI presta atendimento e orientação jurídica a imigrantes resgatados do trabalho escravo, mulheres vítimas de violência sexual, violência física, violência econômica, violências psicológicas e domésticas, violência no trabalho e outras. Além disso, o CAMI realiza um amplo trabalho no campo da formação e empoderamento dos imigrantes, visando o protagonismo e a militância, para o exercício da cidadania e a participação em geral. Este relatório sintetiza a atuação no decorrer do ano de 2015, descrevendo, em linhas gerais, as principais ações realizadas. EIXO 01 Advocacy e Enfrentamento da Vulnerabilidade As ações deste eixo abrangem atividades de regularização migratória, assistência social e jurídica numa articulação de advocacy. Diante da situação de vulnerabilidade de grande parte dos trabalhadores imigrantes, essa ação se faz necessária para enfrentar problemas de trabalho análogo ao escravo, constantes situações e demandas de violência doméstica contra mulheres, situações de trabalho informal, sem registros em carteira e situações de famílias com extrema necessidade de ajuda desde cestas básicas até auxílio de pagamento de taxas para se regularizar, entre outras. 1.1 Regularização Migratória A busca pela regularização da situação migratória vem crescendo nas comunidades de imigrantes que vivem em São Paulo. Embora as taxas para se regularizarem tenham aumentado consideravelmente no final de 2015, apostar numa vida incerta não é o desejo da maioria dos imigrantes que buscam o Brasil como nova terra para viver. A documentação é imprescindível para o gozo da cidadania e acesso a serviços públicos como educação e saúde e a busca da igualdade de diretos em relação aos trabalhadores nacionais. 5 Relatório de Atividades – CAMI 2015 Neste ano de 2015, o CAMI atendeu aproximadamente 5.746 imigrantes para regularização migratória. Os atendimentos dizem respeito à solicitação de informações, encaminhamentos para serviços públicos e, principalmente, encaminhamentos à polícia federal para regularização de documentos pessoais e outras informações de interesse dos imigrantes. Regularização Migratória Pelo Acordo Mercosul. No tocante à regularização de documentos, foram encaminhados à polícia federal, 1.242 processos e agendamentos, distribuídos na seguinte forma: 1ª fase: 533; 2ª fase: 519; 3ª fase: 48; menores 142. Total 1.242 atendimentos. Gráfico I Regularização Migratória pelo Acordo MERCOSUL (por etapas) 5% Primeira fase 5% 2% Segunda fase 8% 38% Terceira fase 42% menor de idade 1ª menor de idade seguna Dificuldades e observações: Constatamos algumas dificuldades para os imigrantes na obtenção da regularização migratória (documentação regular). Referente aos antecedentes criminais no Brasil, que podem ser obtidos nos poupatempos da Sé, Itaquera e Luz, não existem grandes problemas. As dificuldades são os deslocamentos até esses locais e a obtenção da primeira via porque no momento de inscrição de solicitação não há como colocar o Registro Nacional de Estrangeiro (RNE), já que não possuem CPF e documento brasileiro. No tocante às taxas para a regularização no Brasil, como no ano de 2015, que quase dobraram de preço, muitos optaram por ficar irregulares, outros somente deram entrada parcial à documentação e, em se tratando da segunda etapa do Mercosul, simplesmente deixaram vencer o documento de identificação - RNE. Nos consulados, os imigrantes encontram problemas para a emissão da certidão consular, nascimento, cédula de identidade e antecedentes criminais 6 Relatório de Atividades – CAMI 2015 do país de origem. Isso porque alguns registros apresentam incongruências de dados, como nomes incorretos dos pais, ou mais de um registro e ou carteira de identidade, etc., que acabam por prejudicá-los. Dificuldade em obter comprovante de residência e pouco conhecimento da cidade e dos bairros onde vivem. Muitos que chegam ao CAMI não sabem informar corretamente seus endereços e alguns não têm telefone. Isto dificulta o processo de regularização, pois são dados fundamentais para o agendamento e encaminhamento à policia federal. Outro problema frequente é a não comunicação do novo endereço à polícia federal e demais órgãos públicos, quando mudam de residência. Isso acarreta problemas sérios porque perdem a comunicação com esses órgãos. Muitos não têm documento de CPF e carteira de trabalho com registro ou deixam vencer a carteira de identidade do próprio país de origem ou, ainda, deixam sempre na última hora, no momento dos documentos vencerem para correr atrás, e aí não haver mais tempo hábil. Referente à terceira fase do Mercosul, houve poucos atendimentos porque essa fase já não existe mais como critério junto à polícia federal. Agora são somente duas fases. Houve simplificação. Isso foi legal. Em relação a menores de idade, houve 142 atendimentos diretos para documentação, sendo 53 na primeira fase e 89 na segunda fase. Consideramos essa procura muito baixa. Cremos que os principais motivos dessa baixa demanda sejam decorrentes das dificuldades já mencionadas acima, em relação ao valor das taxas. Quanto à solicitação de visto permanente, por filho brasileiro, a procura foi muito pequena, somente 20 casos, acreditamos que seja pelas altas taxas cobradas e a incidência de uma multa, assim que dão entrada na documentação junto a polícia federal. Percebemos avanços? Quanto à obtenção de documentos, existe um crescimento na consciência e maior preocupação dos imigrantes em se regulamentar, principalmente devido a exigências de algumas instituições públicas como escolas onde os filhos estudam, postos de saúde, etc. Essa preocupação conduz também à busca de obtenção de outros documentos como CPF, carteira de trabalho, abertura de conta bancaria, entre outros. Levando-se em conta, o gênero, 51% dos atendimentos foram para homens e 49 % para mulheres. Gráfico II – Atendimentos realizados (por gênero) 49% 51% homens mulheres 7 Relatório de Atividades – CAMI 2015 Gráfico III - Homens (por nacionalidade). 559 900 800 700 600 500 179 400 300 200 100 25 16 3 29 5 11 1 0 Esses números referem-se somente a pessoas encaminhadas à polícia federal e ou a órgãos públicos. Gráfico IV – Mulheres por nacionalidade 454 900 800 700 600 500 174 400 300 200 100 7 12 1 13 9 1 1 0 Esses números referem-se somente a pessoas encaminhadas à polícia federal e ou a órgãos públicos. 8 Relatório de Atividades – CAMI 2015 Outras nacionalidades atendidas: 4,5 4 4 4 3,5 3 2,5 2 2 1,5 1 1 honduras el salvador 1 1 0,5 0 filipinas nigeria costa rica rep dominicana Esses números referem-se somente a pessoas encaminhadas à polícia federal e ou a órgãos públicos. Demais atendimentos: Foram feitos mais de 419 atendimentos diversos, sendo a maior procura por declarações de rendimentos, documento onde o imigrante assume toda a responsabilidade pelas informações colocadas e, esse documento é aceito na polícia federal como documento hábil do trabalhador autônomo na comprovação de renda para os trâmites da segunda fase do Mercosul. Outros atendimentos como renovação de visto de estudante, CPF, conta bancária, encaminhamentos ao poupatempo, consulados, programas sociais, bilhete único, especial, mudança de endereço, segunda via de contas de energia, telefone, cancelamento de CCM, MEI, declaração de Renda, SUS, revalidação de títulos, solicitações de guarda na DPU, Defensoria Pública da União, dupla nacionalidade e ponto móvel. 9 Relatório de Atividades – CAMI 2015 Nacionalidade Boliviana Gênero Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem. MERCOSUL 1ª Fase Peruana Paraguaia Equatoriana Colombiana Chilena Argentina 134 109 64 106 10 9 3 1 14 6 3 4 2 18 16 9 4 0 0 0 0 3 1 0 0 0 230 181 61 28 1 0 0 0 5 4 0 0 MERCOSUL 2ª Fase Menor de Idade 33 23 5 8 7 0 0 0 4 0 0 MERCOSUL 3ªFase 10 15 10 9 2 2 0 0 0 0 0 Permanência por filho brasileiro 10 10 5 7 1 1 0 0 1 0 Permanência Por Filho Brasileiro 2ª Fase 4 5 0 1 0 0 0 0 0 0 Documentação para retorno ao país de origem 7 5 0 0 0 0 0 0 Troca C.I Permanente 12 5 2 0 0 0 0 0 2ª via RNE (Roubo/Extravio/Perda) 21 13 5 4 1 0 0 4 5 6 2 0 Pedido de temporário por visto de estudante 19 8 7 2 0 Agendamento para emitir Carteira de Trabalho 12 15 3 1 Declaração de Rendimentos 43 40 1 2 4 559 454 MERCOSUL 1ª Fase Menor de Idade MERCOSUL 2ª Fase Assentamento de nome Currículos vitae Total por Género e nacionalidade Uruguaia Venezuela Total 1 1 1 1 469 2 0 0 0 0 53 1 1 0 0 0 0 512 0 7 2 0 0 0 0 89 0 0 0 0 0 0 0 48 0 0 0 0 0 0 0 35 0 0 0 0 0 0 10 0 20 0 0 0 0 0 0 0 0 0 12 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 20 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 45 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 19 0 0 0 0 0 0 1 2 0 0 0 0 0 39 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 32 2 3 0 0 0 1 2 1 3 2 2 0 0 0 0 100 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 7 179 174 25 12 3 1 29 13 5 9 16 7 1 1 11 1 Encaminhamentos pelo ponto móvel a policia federal 20 Total de atendimentos diretos com encaminhamentos aos órgãos devidos na sede do CAMI 1.500 Total de atendimentos diversos na sede do Cami e pontos móveis fora da sede 1.604 Total de atendimentos via Telefone com informações sobre regularização migratória e outras 1.352 4.476 Total de atendimento do ano 2015 10 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Atividades complementares na regularização migratória. Em 28 de junho de 2015, estivemos na Igreja Batista Hispânica Betânia, no bairro da Vila Leonor, município de São Paulo, para atendimento de regularização migratória. Fomos bem recebidas pelo pastor Ruben Hinostroza Soto, peruano. Houve 10 atendimentos de imigrantes. Contamos com a colaboração de uma das líderes da igreja, Gladys Perez. Nesse encontro, as informações passadas foram sobre dupla nacionalidade, filho brasileiro, revalidação de carteira de motorista, revalidação de título profissional, guarda tutelar, microempreendedorismo, MERCOSUL primeira e segunda fase MERCOSUL, renovação da RNE permanente e acesso à moradia. A dificuldade foi levar material sobre empreendedorismo. Gostaram do jornal Nosostros Imigrantes e falaram que procurariam o CAMI para mais informações e materiais. Ponto móvel Pueblo Andino – Penha Os trabalhos do ponto móvel iniciaram no dia 24 de maio e fomos até o dia 22 de novembro de 2015. O Cami esteve presente na feira Pueblo Andino no bairro da Penha – SP, com a finalidade de oferecer gratuitamente o serviço de regularização migratória através do ponto móvel. Durante esse período, sempre no último domingo de cada mês, houve 90 atendimentos diretos, na sua maioria a imigrantes bolivianos. Os atendimentos foram para: 1ª e 2ª fase do Mercosul, filho brasileiro, abertura de Conta bancaria, emissão de CPF, emissão da carteira de trabalho, dupla nacionalidade, emissão de certidão de nascimento de filho brasileiro, emissão de RG (bebê brasileiro), entre outros. Sentimos a necessidade de encaminhar para a sede do Cami, para facilitar, pois a maioria não está de posse da documentação necessária para podermos dar sequencia ao andamento dos documentos para se regularizar aqui no Brasil. Regularização migratória no CIC do Imigrante Durante o ano de 2015, recebemos convites do CIC, Centro de integração e cidadania do imigrante, localizado na Rua Barra Funda 1020, um para participar do 1º feirão do emprego, realizado em 24 de junho e outro, 2º feirão do emprego realizado em 09 de novembro no período das 09h às 17h. Na ocasião houve a presença de outras instituições como: Centro referencial de assistência ao imigrante, CRAI, Coletivo conviva diferente, Grupo si yo puedo, entre outras. O objetivo principal foi a obtenção de “vagas de emprego por meio de empresas, para imigrantes, como fornecer dicas básicas de comportamento numa entrevista de emprego e elaboração de currículum vitae. Somandose os dois eventos, o Cami efetuou 120 atendimentos sobre regularização migratória a imigrantes de diversas nacionalidades. Regularização migratória no consulado peruano Por cinco vezes, o Cami foi solicitado a fornecer trâmites de regularização migratória junto ao consulado Peruano. Em cada encontro havia a presença de 25 imigrantes, aproximadamente. As informações transmitidas foram as mesmas que compõem os requisitos do MERCOSUL. 11 Relatório de Atividades - CAMI 2015 1.2 Ponto móvel na Praça Kantuta Desde 2013, o CAMI disponibiliza um ponto de atendimento móvel na Praça Kantuta, lugar de encontro da comunidade imigrante aos domingos, onde circulam, nesse espaço, mais de duas mil pessoas todos os finais de semana. É um lugar de passagem e de convivência da comunidade latino-americana, especialmente da boliviana e peruana. A presença do ponto móvel durante 2015 foi permanente e atendeu com informações e encaminhamentos, 639 imigrantes. 20 casos encaminhados à polícia federal Outra modalidade de atendimento que o CAMI disponibiliza para a comunidade imigrante na Grande São Paulo é o ponto móvel circular que ora está num bairro e ora em outro bairro. Neste ano de 2015, esteve presente na feira da Penha em todo o último domingo de cada mês. Também se fez presente junto a outras organizações como o CIC do Imigrante prestando serviço de informações. O intuito desse serviço é para facilitar a vida, já muito pesada e intensa, dos imigrantes que passam grande período de seu tempo, até 14 horas diárias, nas oficinas de costura e que durante a semana não podem e ou não conseguem sair para correr atrás de documentação de regularização migratória. 12 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Ponto Móvel Kantuta - 2015 Nacionalidades Homens Mulheres Boliviana Peruana Equatoriana Paraguaia Argentina Total Atendidos 247 113 8 7 1 376 153 106 1 3 263 639 Encaminhados a DPF - 2015 Nacionalidades Homens Mulheres Boliviana 5 7 Peruana 2 5 Paraguaia 1 Atendidos 20 13 Relatório de Atividades - CAMI 2015 1.3 ASSESSORIA JURÍDICA Neste ano de 2015, o setor jurídico do Centro de Apoio e Pastoral do Migrante veio realizando um trabalho de orientação jurídica, empoderamento e acompanhamento de casos nas diversas áreas, mas também vendo a possiblidade de parcerias com órgãos do Estado e da sociedade civil com o intuito de atingir um resultado mais eficaz; o que levou à participação de diversas atividades de articulação com entidades do Estado e sociedade civil, assim como a participação no jornal do CAMI como ferramenta de informação e empoderamento de direitos dos e das imigrantes, assim como o fortalecimento do voluntariado. Também durante este ano, enfrentou-se muitas dificuldades na área trabalhista e de abrigo para as vítimas de tráfico de pessoas e trabalho escravo devido às limitações do CAMI de não poder fazer mais além de sua capacidade diante da falta de estrutura e vontade política dos poderes públicos em criarem políticas para imigrantes que possam atender realmente situações emergenciais. A partir da metade do segundo semestre, a assistência jurídica deparou-se com o atendimento de imigrantes e solicitantes de refúgio de outras nacionalidades o que veio enriquecer o trabalho, bem como a necessidade de buscarmos outras alternativas de encaminhamentos e de assistências. Dentro do objetivo de proteção aos direitos dos e das imigrantes, considerou-se como fundamental o acompanhamento destas pessoas perante as instituições públicas de atendimento como são o Centro de Integração cidadã do Imigrante (CIC Imigrante), Delegacia de Polícia para registro de Boletim de Ocorrência em caso de violência doméstica e de gênero, e nos casos de resgate ou denuncia de trabalho escravo e tráfico de pessoas, assim também acompanhamento aos Centros de Referencia da Mulher às mulheres imigrantes. A importância da captação e trabalho de voluntários para o apoio necessário no trabalho jurídico foi também fundamental. A abordagem do atendimento a imigrantes fundamentou-se em um atendimento com enfoque integral de direitos, quer dizer, não se limitou à problemática pontual trazida pela pessoa assistida, mas à informação sobre seus direitos conforme o direito internacional dos direitos humanos, buscando sempre refletir sobre o respeito e igualdade de direitos e oportunidades entre homens e mulheres, pois acreditamos que a reflexão constante sobre o direito das pessoas imigrantes fará com que as mudanças possam surgir por iniciativa deles e delas. 14 Relatório de Atividades - CAMI 2015 PERFIL DOS E DAS IMIGRANTES ATENDIDOS De forma geral, os imigrantes atendidos pelo CAMI são pessoas de escassos e médios recursos econômicos, encontram-se entre eles, trabalhadores e trabalhadoras de mão de obra, camponeses/as, mulheres e homens jovens, donos e donas de pequenas oficinas de costura. Em menor escala, estudantes universitários e profissionais que chegam ao Brasil em busca de oportunidades, assim como solicitantes de refúgio em extrema situação de vulnerabilidade. DEMANDAS NA ORIENTAÇÃO JURÍDICA a) Trabalhista: A grande maioria de casos atendidos na orientação são casos relacionados com trabalhistas, desde um simples trabalhador em oficinas de informal, vítimas de trabalho ao trabalho escravo, trabalhadoras domésticas, trabalhadores com carteira assinada, donos de oficinas de que prestam serviços terceirizados a grandes empresas relacionadas com o têxtil, assim como trabalhadores autônomos prestadores de serviços. jurídica direitos costura análogo costura mercado b) Tráfico de pessoas e trabalho escravo: De forma geral, o tráfico de pessoas está relacionado com o trabalho escravo. O Cami geralmente toma conhecimento de resgates por informações da Secretaria Regional de Trabalho e Emprego SRTE, através de fiscais do trabalho. Nesses casos o CAMI é comunicado e atua comparecendo ao local da SRTE para orientar às pessoas resgatadas sobre seus direitos e sobre o motivo do resgate, verificando seu status migratório, a necessidade de serem encaminhados a abrigos do Estado, acompanhar a rescisão do vínculo de emprego com a empresa infratora, assim como o recebimento do seguro desemprego e o posterior encaminhamento a cursos de aperfeiçoamento e de idiomas se necessário para a inserção laboral como forma de tirá-los do círculo do trabalho escravo. Em outros casos, o CAMI tem recebido denuncia sobre trabalho escravo diretamente pelas vítimas que conseguem fugir do local. Estes casos são encaminhados à primeira Delegacia do DHPP, polícia especializada em atuar em resgates de trabalho escravo. As vítimas são abrigadas e posteriormente os casos são encaminhados à Defensoria Pública da 15 Relatório de Atividades - CAMI 2015 União para iniciar uma ação trabalhista visando o ressarcimento de todos os direitos trabalhistas. A investigação criminal relacionada ao trabalho escravo e no caso de existir a configuração do tráfico de pessoas segue na justiça criminal federal. c) Violência doméstica Dentro do público imigrante a procura de orientação jurídica nos casos de violência doméstica é uma constante, tendo aumentado este ano. De forma geral a violência é exercida contra a mulher por parte de um companheiro ou ex companheiro da vítima. Esta violência ainda encontra-se muito oculta, pois não é fácil para as mulheres denunciarem a violência quando ocorre a primeira vez; é uma característica das denunciantes haver sofrido muito tempo para se decidirem a denunciar o agressor. Isto é um indicador das dificuldades que as mulheres enfrentam para se livrarem da violência denunciando ou se informando sobre o procedimento diante de uma primeira agressão. d) Aluguel de imóvel O público imigrante tem procurado o Cami para se orientar ou denunciar abusos de parte dos locadores de imóvel tanto na realização do aluguel quanto na devolução do depósito. Muitos denunciam que o imóvel que alugam encontra-se em condições precárias para morar, porém na devolução são obrigados a entregá-lo em ótimas condições. Nestes casos tem-se tentado negociar com os locatários para uma solução amistosa e diante a impossibilidade o encaminhamento à Defensoria Pública do Estado. e) Regularização migratória por vias diferentes Orientação jurídica relacionada à regularização migratória de imigrantes que não fazem parte do Mercosul, mas que moram no Brasil em situação irregular ou pretendem residir aqui. Foram feitos encaminhamentos, dependendo de cada situação, como caso omisso, permanência por união estável, visto de estudante, visto de trabalho e a regularização de pessoas egressas cumprindo livramento condicional. Dentre das nacionalidades atendidas encontram-se americana, portuguesa, espanhola, nigeriana, angolana, ucraniana, dominicana, hondurenha, cubana, principalmente. f) Outros casos Além dos casos acima citados, em menor quantidade, mas não por isso menos importantes, foi realizada orientação jurídica em casos de: - direito penal: casos de homicídio, atropelamento, processo penal, bullying, violência de gênero, etc; - direito de família: reconhecimento de paternidade, pensão para menor, separação de bens, divórcio, guarda de menor, autorização de viagem de menor, etc; - direito civil: indenização por acidente de trânsito, a falta de pagamento por prestação de serviços perante o juizado especial cível, dívida por empréstimo, consórcio da casa própria, vaga em creche, descumprimento de contrato, etc; - direito previdenciário e benefícios sociais: tramitação no INSS, aposentadoria por invalidez, aposentadoria por tempo de serviço, trâmite do benefício LOAS, trâmite do seguro desemprego, resgate do FGTS, etc. 16 Relatório de Atividades - CAMI 2015 - orientação de trâmites administrativos: revalidação de diplomas universitários, inscrição em escolas técnicas e universidades, encaminhamento a consulados, autorização de viagem para menor, poder para trâmite de regularização migratória, seguros, encaminhamento de ofícios a hospitais, posto de saúde, etc. Total de casos atendidos: 284 (1 semestre) + 280 (2 semestre) = 564 casos Total de casos novos: 168 (1 semestre) + 154 (2 semestre) = 322 casos Uma média de 4 casos por dia. Maior demanda no atendimento: CASOS -Trabalhista % 43 - Violência de género - Reg. migratória -Tráfico e trabalho escravo - Outros casos 15 13 06 19.5 I. PARCERIAS E ATIVIDADES EXTERNAS Ao longo do ano, o serviço de assistência jurídica objetivando um melhor atendimento aos e às imigrantes esteve participando em reuniões visando a articulação e o fortalecimento de parcerias estratégicas com diferentes instituições públicas que trabalham com a temática imigrante e refugiado. a) Secretaria Regional do Trabalho e emprego (SRTE) Como forma de fortalecer a proteção dos direitos trabalhistas das pessoas imigrantes, principalmente das vítimas de tráfico de pessoas e trabalho escravo , o setor jurídico tem mantido uma fluida comunicação com os auditores do trabalho, acompanhando, informando e encaminhando novos casos, assim como realizando questionamentos pela atuação, muitas vezes, demorada desta secretaria e a necessidade de acionar a Procuradoria Regional do Trabalho. b) Defensoria Pública da União (DPU) conveniada com a Faculdade de Direito Mackenzie Este ano a parceria com a DPU fortaleceu-se ainda mais e tornou-se decisiva para o acesso à justiça trabalhista dos e das imigrantes como proteção e garantia de direitos. A comunicação foi constante ao longo do ano com ótimos resultados, tendo como única limitação a não atuação fora da capital. 17 Relatório de Atividades - CAMI 2015 c) Grupo de Atuação Especial de Enfrentamento à Violência Doméstica (GEVID) Rede – Centro O GEVID atua na defesa e proteção dos direitos das mulheres em situação de violência doméstica e familiar, por meio da responsabilização dos/das autores/as de violência e pela consecução de ações e projetos voltados à efetivação da Lei Maria da Penha e à prevenção de situações de violência. O GEVID articula e forma parte da Rede Centro da qual o CAMI faz parte por meio do setor jurídico. Graças a esta parceria tem-se conseguido, por exemplo, que o Departamento Geral da Polícia Civil de São Paulo emitisse a Portaria n. 10/2015 estabelecendo que a mulheres de forma geral e principalmente mulheres imigrantes possam registrar boletim de ocorrência sem a necessidade de apresentar o documento de identidade brasileiro ou do país de origem, assim como o registro do boletim em qualquer delegacia de polícia. d) Centro de Integração Cidadã do Imigrante (CIC Imigrante) O CIC do Imigrante localizado na Barra Funda, na capital, foi criado para o atendimento ao imigrante prestando diferentes serviços nos quais se encontram a Defensoria Pública do Estado e da União, Posto do atendimento ao Trabalhador e o Procom. Tem-se realizado uma parceria para o encaminhamento das demandas dos imigrantes previamente agendados. O setor jurídico mantém um dialogo permanente para identificar as dificuldades dos imigrantes diante destes serviços e assim informar a sua coordenadora. De acordo com a coordenadora do CIC imigrante, 80% dos casos atendidos são encaminhados pelo setor jurídico do CAMI. e) Comitê Estadual de enfrentamento ao trabalho escravo (COETRAE). Este Comitê criado na Secretaria Estadual de justiça e cidadania está constituído por instituições do Estado e da sociedade civil com o objetivo de articular e realizar ações para o combate ao trabalho escravo. f) Centro de Referência e Acolhida para Imigrantes (CRAI) O CRAI oferece acolhimento e atendimento especializado aos imigrantes como suporte jurídico, apoio psicológico e oficinas de qualificação profissional. O setor Jurídico do CAMI, durante o ano, manteve um diálogo permanente com o CRAI realizando reuniões de discussão de casos, encaminhamentos, bem como suporte na procura de abrigos para imigrantes que resultou, em muitas ocasiões, uma ajuda determinante e valiosa. g) Participação em atividades externas - (primeiro semestre) - 19 de janeiro de 2015, Procuradoria Geral do Trabalho, acompanhamento de um caso de trabalho escravo. O motivo da reunião foi para planejar uma possível ação de fiscalização a uma oficina de costura, denunciada pela própria esposa e duas funcionárias por trabalho escravo na Superintendência Regional do Trabalho. Segundo as últimas informações obtidas pelo CAMI, o dono abandonou o local, o que prejudicou a possível fiscalização. Sendo assim, foi sugerido a DHPP a realização de uma averiguação para saber se há algo no endereço denunciado e após esse procedimento, o MPTE reavaliará a possibilidade de uma nova diligência. 18 Relatório de Atividades - CAMI 2015 - 19 de janeiro de 2015, Reunião com o Cônsul da Bolívia, acompanhamento de casos de trabalho escravo. O motivo da reunião foi para informar sobre a denúncia recebida no CAMI sobre a prática de trabalho escravo que teria cometido um dos funcionários do consulado. Toda a informação foi entregue ao Consul, que se comprometeu imediatamente a levantar informações para colaborar com os fatos e a realização imediata dos pagamentos dos assistidos, e medidas internas com relação ao alegado infrator. Informou que até o dia 30 de janeiro o consulado dará uma resposta à denúncia. - 23 de janeiro de 2015, No Centro de Integração Cidadã do Imigrante, houve reunião de apresentação do CAMI para a formação de parcerias. O motivo da reunião foi para levar ao CIC IMIGRANTE as demandas e as dificuldades que enfrentam os imigrantes na cidade de São Paulo. Dentre as demandas foram elencadas o atendimento jurídico da Defensoria da União nas demandas trabalhistas, o trabalho escravo e tráfico de pessoas. A necessidade da existência de um núcleo para o atendimento da violência doméstica e trâmites de carteira de trabalho. Foi destacada também a necessidade de que os funcionários do CIC estejam sensibilizados com o tema de tal forma que possam realizar um atendimento diferenciado. Assim também foi destacada a necessidade de tradutores para uma melhor atenção aos imigrantes. - 27 de janeiro de 2015, Reunião da rede interinstitucional para articular e partilhar com outras organizações parceiras as dificuldades que cada uma vem enfrentando no trabalho, bem como articulação do trabalho em conjunto. O motivo da reunião foi para conversar com o representante do MJ sobre os seguintes temas que são reincidentes na DPU. Lei de migrações e seguimento das propostas da Comissão de Especialistas e o PLS 288, sala do conector no aeroporto de Guarulhos, processo eletrônico MJ, regulamentação da resolução CNIg 110, multas contra crianças e adolescentes, questões relacionadas à expulsão de imigrantes presos cumprindo pena com livramento condicional e questões relacionadas ao protocolo RNE. - 06 de fevereiro de 2015, Reunião na Coetrae (sobre trabalho escravo). O motivo da reunião foi para dar início as atividades da Coetrae: recontagem dos trabalhos realizados, prestação de contas sobre o evento Coetrae nacional organizado pela organização Reporter Brasil, as dificuldades nos processos de tráfico de pessoas e trabalho escravo para condenar os responsáveis, evitando criminalizar às vítimas. - Informe anual do trabalho realizado; trabalho em cima do relatório final da CPI do trabalho infantil; - análise da minuta do projeto de lei sobre um fundo estadual para o combate ao trabalho escravo; - discussão sobre políticas para mulheres vítimas de tráfico de pessoas e trabalho escravo; - Secretaria de desenvolvimento social para a criação e financiamento de novos abrigos em Guarulhos e Santos; - discussão sobre a portaria do Ministério do Trabalho, portaria nº 04 de 26/01/15 sobre emissão de carteira de trabalho para estrangeiros. 19 Relatório de Atividades - CAMI 2015 - 06 de fevereiro de 2015, CIC do Imigrante, organização de mutirão. O motivo da reunião foi em primeiro lugar para dar um panorama geral sobre a situação dos imigrantes no Brasil, suas especificidades, sensibilizando desta maneira os funcionários, informando sobre a necessidade de oferecerem um atendimento diferenciado. Segunda pauta do trabalho foi para organizar e definir o evento sobre mutirão de atendimentos aos imigrantes, evento que será realizado no dia 07 de março de 2015, nas dependências do CIC Imigrante, das 10 da manhã até as 16 horas. - 10 de fevereiro de 2015, Audiência sobre o processo criminal federal do caso dos peruanos resgatados no bairro Cangaiba referente ao resgate de trabalho escravo. Presentes: DPU Dra. Fabiana Galera, MPF, o representante do Consulado Peruano, os acusados, testemunhas da acusação e o representante do CAMI. Iniciada a audiência às 14.30h com a tomada do depoimento de 3 testemunhas: o cônsul Fernando e dois policiais que participaram da fiscalização inicial. Devido à ausência de duas testemunhas elencadas pela acusação, foi designada uma nova data para prosseguir os trabalhos para o dia 10 de março de 2015, às 14 horas, sendo intimadas novamente as testemunhas. - 11 de fevereiro de 2015, Reunião com o Cônsul da Bolívia para tratar de casos de trabalho escravo. A conversar com o cônsul foi sobre os resultados da investigação obtida a partir da denúncia de trabalho escravo numa oficina de costura de um funcionário que trabalha no consulado boliviano em São Paulo. Inicialmente a reunião foi marcada para as 11h da manhã, no entanto, devido ao não comparecimento das pessoas interessadas, aguardou-se por 30 minutos, como não apareceram a reunião foi suspensa. - 19 de fevereiro de 2015, Na 1ª Delegacia de Polícia para o acompanhamento das vítimas denunciantes de trabalho escravo. As vítimas, um dia antes, compareceram ao CAMI acompanhadas do multiplicador de base, com duas pessoas que teriam trazido às vítimas (dois imigrantes) desde La Paz, Bolívia para trabalhar no Brasil. Porém, ao verificarem uma realidade diferente da prometida na Bolívia, (um salário justo, casa e comida condizentes com as necessidades) e serem as passagens descontadas dos próprios salários, os dois imigrantes decidiram não mais trabalharem com as pessoas que os trouxeram. No intuito de se desfazerem dos dois imigrantes trabalhadores, mas sem perder o dinheiro “investido” os responsáveis levaram os imigrantes na Rua Coimbra, no Brás, São Paulo, lugar onde há muito comercio boliviano, para a venda dos trabalhadores, isto é, ver se algum dono de oficina pudesse pagar as dívidas de passagem e outras e assim ficariam com os imigrantes trabalhadores. Essa situação constitui-se tráfico de pessoas que foi denunciada pelo Cami. - 20 de fevereiro de 2015, Na Delegacia de Polícia, acompanhamento às vítimas denunciantes de trabalho escravo. Presentes na 1° Delegacia o multiplicador de base que deu seu depoimento sobre os fatos ocorridos no dia da abordagem com as vítimas. Nesse mesmo dia foram resgatados os demais trabalhadores, no total 5 pessoas e 2 crianças. Uma vez tomados os depoimentos foi realizada a tramitação para a casa Terra nova onde foram 20 Relatório de Atividades - CAMI 2015 acolhidos. Nesse mesmo dia também se encontravam na delegacia os dois suspeitos do crime de tráfico de pessoas e trabalho análogo ao trabalho escravo. O Cami esteve presente, através de um funcionário, para a tradução dos resgatados. A última informação obtida em relação ao caso foi o pedido da prisão preventiva dos suspeito. - 10 de março de 2015, Audiência do Processo criminal federal do caso dos peruanos resgatados no bairro Cangaiba sobre trabalho escravo. Presentes, DPU Dra. Fabiana Galera, MPF, os acusados, testemunhas da acusação e o representante do CAMI. Iniciada a audiência às 14.30h com a tomada de depoimentos de 3 testemunhas, e da testemunha de acusação contactada pelo CAMI e acompanhada pelo advogado. - 16 de abril de 2015, Reunião sobre dinâmicas de Gênero com Soledad Requena, planificação para a formação de grupo de apoio e reflexão para mulheres vítimas de violência doméstica. Ficou estabelecido que a senhora Soledad criará um modelo de jogo para a aplicação nas mulheres atendidas no CAMI. Em abril se retomará contato e assim podermos estabelecer as datas da oficina. - 15 de maio de 2015, Reunião Rede Centro contra a Violência Doméstica. O Gevid informou sobre o novo espaço aberto na 16° Vara Criminal para o atendimento de casos envolvendo crianças, idosos e vítimas de tráfico de pessoas que tenham sofrido estupro. Esta Vara atenderá casos de meninos violentados. Dentro desta Vara será implantada a “escuta de vítima especial” para atender estas crianças. O CRM 25 de março informou sobre a existência do programa Guardião Maria da Penha, parceria entre o MP e a Secretaria Municipal de Mulheres que consistente na atuação da GCM de visitar as mulheres que moram na região central e que se encontrem sob medidas protetivas. O objetivo é visitar as mulheres para verificar se a ordem de restrição ao lar por parte do agressor está sendo cumprida. O telefone para informar a GCM sobre o descumprimento é o número 153. Este programa será ampliado e poderá ser estendido também ao fórum da Barra Funda. Nos casos em que o pedido de medidas protetivas não seja deferido, mesmo assim, verificado o risco iminente da vítima, esta poderá contar com o apoio da GCM. - 20 de maio de 2015 Na Defensoria Pública da União, houve debate sobre a situação da DPU. Foi ressaltada a importância da aproximação da DPU com a sociedade civil e aos movimentos sociais, embora algo venha ocorrendo, mais ainda insuficiente o que limita o trabalho da DPU com a sociedade de forma mais ampla. Foi discutida também a importância da existência de uma auditoria externa que traga à Defensoria maior sensibilidade para ouvir aos assistidos e um maior controle da sociedade civil para trazer critérios de transparência. Existe já uma proposta para a criação de uma ouvidoria externa composta por 22 representantes de forma gratuita. Foi ressaltado o papel da DPU de contribuir com os objetivos de erradicação da pobreza lutando pela efetivação dos direitos na defesa de pessoas imigrantes. Em relação aos imigrantes presos, há a necessidade de estender dentro da DPU a 21 Relatório de Atividades - CAMI 2015 presença de profissionais de outras áreas, não somente advogados, isto implicaria num trabalho que vai além de um escritório, que colocaria a Defensoria ir a campo e conhecer de perto as necessidades da população. - 18 de junho de 2015, Reunião no SRTE para o acompanhamento e orientação de resgatados de trabalho escravo. Participação na Secretaria Regional de Trabalho e Emprego (SRTE) para acompanhar o trâmite legal das quatro pessoas imigrantes bolivianas resgatadas das condições de trabalho análogo ao trabalho escravo, no dia 16 de junho de 2015, no bairro Ermelino Matarazzo. Na ocasião, a SRTE realizou o trâmite e entrega das carteiras de trabalho provisórias com validade de 90 dias e o trâmite das guias para o seguro desemprego, benefício que as 4 pessoas têm direito, conforme a INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 91, de 05 de outubro 2011, por terem sido vítimas de trabalho análogo ao trabalho escravo. Ficou estabelecido que o dono da oficina de confecção deverá ficar responsável dos trabalhadores até que este procedimento administrativo seja finalizado. O Cami orientou juridicamente às pessoas resgatadas sobre seus direitos, bem como sobre os trmites de regularização migratória. - 10 de agosto de 2015, Participação do seminário sobre o projeto da nova lei de migração. Houve debate sobre o impacto da legislação de imigração em processo no Congresso Nacional para ser aprovada, elencando os principais avanços e retrocessos da nova Lei. Quanto aos avanços do projeto em relação ao atual: 1 - O projeto estabelece de forma expressa o repúdio à xenofobia, racismo e discriminação; 2. A previsão expressa de acolhida humanitária, contudo, a regularização desta acolhida deveria constar de forma expressa na lei de migração; 3- Direito de reunião familiar, porém este direito deve ser de forma mais ampla possível; 4- Acesso aos serviços públicos e benefícios, todavia, isto deve ser de forma que alcance a todos os imigrantes independentemente do documento regulatório que possuam, pois de forma geral o imigrante que possui protocolo tem menos direitos, na prática, de quem possui RNE. 5- Descompassos na multa, o Mercosul estabelece isenção de multa na primeira tramitação, diferente de outros imigrantes em situação irregular que deverão pagá-la. A nova lei deve ter previsão legal sobre isenção de multa. 22 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Desafios 1- Dissociar a autoridade migratória e a Polícia Federal, (DdHh e segurança nacional); 2- A ausência no projeto dos casos de estrangeiros cumprindo pena no Brasil com livramento condicional. A consequência disso é não poder trabalhar nem tramitar documentos, permanecendo assim socialmente marginalizados; 3- Há falta de previsão legal de isenção de taxas para pessoas resgatadas, vítimas de trabalho escravo e para a expedição de cédula de identidade de refugiados; 4- Previsão expressa no projeto de que não existe residência para pessoas que respondem processo, violando-se assim o interesse superior da criança em caso de existir nessa família ou uma solução mais conveniente dependendo de cada caso. 5- Não consta a previsão de expulsão por natureza civil, 6- Não existe recurso administrativo na decretação de expulsão, violando assim o duplo grau de jurisdição consagrado nas convenções internacionais de Direitos Humanos. 7- Não existe prazo de detenção no caso de detenção administrativa, o que ocasionaria uma detenção de prazo indeterminado. 8- O trâmite de naturalização tornou-se muito burocrático e judicial ao invés de ser administrativo. 9- Sobre o reingresso do estrangeiro expulso do país, que poderá ser preso novamente e cumprir pena pelo fato de ter ingressado novamente ao Brasil. - 24 de setembro de 2015, Reunião GEVID e rede Centro. Esta reunião teve como objetivo, a explicação dos ciclos da violência doméstica dentro de um contexto social e cultural patriarcal. A história da construção da lei Maria da Penha e a explicação da lei e sua aplicação. Debateram-se sobre os procedimentos das delegacias de polícia, as medidas protetivas urgentes, bem como as necessidades de representação nos casos de ameaças na ação incondicionada nos casos de lesões corporais e dos crimes de ação privada derivados da violência doméstica que precisam de representação legal. Foram explicitadas formas de violência e seus tipos penais e as penas em caso de condenação. A importância do projeto guardiã da Penha como forma de inibir a violência em se tratando do agressor em liberdade. O conceito de prova e sua importância no processo. Os tipos de regimes de prisão para os agressores bem como os centros de ajuda. As casas de abrigo para as mulheres, os centros de referência da mulher vítima de violência doméstica, bem como os Centros de Atendimento à Mulher. - 24 de setembro de 2015 Reunião no CRAI sobre discussão de casos. Esta reunião teve como objetivo conversar sobre os casos da assistida T. Martinez, boliviana resgatada de violência doméstica e trabalho exaustivo, bem como coordenar a possibilidade de incentivar a criação de cooperativas por donos de oficina de costura de forma a fortalecer as relações comerciais de oferta e demandas desiguais existentes no mercado, o que leva os donos de confecção terem que baratear seus preços de costura devido à falta de organização e articulação dos mesmos. Denis explicou sobre os contatos que 23 Relatório de Atividades - CAMI 2015 mantém com a FGV e a existência de uma incubadora de projetos para a criação de uma economia solidária por meio da criação de cooperativas que poderiam ser adotadas por imigrantes que quisessem trabalhar dessa forma. Conversou-se também sobre a Aliança Empreendedora, uma parceira do Cami, na área de empreendedorismo que divulgasse a ideia de cooperativas no seio dos imigrantes. Também se conversou sobre a iniciativa de um aluno em criar um projeto para formar uma cooperativa na área de construção civil com imigrantes nos abrigos que desejassem participar. - 11 de novembro de 2015 Reunião da rede centro contra a violência doméstica. Foram tratados os temas: atualização a respeito do Projeto Guardião Maria da Penha, parceria com SMS (Atenção Básica de Saúde), Ação Civil Pública (MPSP) e V Encontro de Redes de Enfrentamento à Violência contra a mulher. - 11 de novembro de 2015, Visita ao Centro de Acolhida ao imigrante, CRAI, acompanhando o caso de uma assistida. Além da conversa com a assistida foi realizada uma pequena reunião com a defensora pública da união de plantão nesse dia, a Dra. Isabel Machado. Conversouse sobre a situação atual da assistida e a existência de uma investigação criminal, bem como a necessidade da realização de uma reclamação trabalhista, que mesmo tendo um trabalho de competência territorial reduzida, o caso da sra. Tânia vem sendo procrastinado desde o mês de julho de 2015, quando fora resgatada dessa situação de violência. Finalmente foi estabelecido com a assistida e a Defensora pública o prazo de uma semana para que a Defensoria assuma o caso por se tratar de uma situação excepcional, já que o presente caso não se enquadra na competência territorial de atuação. Se a resposta for negativa, analisou-se a possibilidade de realizar novas parcerias com outras faculdades de direito. - 13 de novembro de 2015, Reunião com a coordenadora do CIC imigrante. A coordenadora foi informada sobre as dificuldades de atendimento aos imigrantes que são encaminhados ao CIC pelas organizações. Dos encaminhados, nos últimos meses, quase ninguém foi atendido. Se continuar dessa forma, não faz sentido a existência desse centro “especializado” já que as organizações, como o Cami podem tranquilamente fazer esse trabalho, sem onerar o imigrante de idas e vindas, tratando-se de uma assistência jurídica. A reunião foi finalizada com agendamento de uma reunião com os responsáveis dos defensores da DPU e DPE, bem como com secretário da Justiça e a coordenadora do CIC para definirmos de forma clara o trabalho que os defensores devem desenvolver no CIC Imigrante, já que eles mesmo se candidatam para trabalhar nessa organização e que não são obrigados para tanto. Já que assumem o trabalho devem fazê-lo com comprometimento, no sentido de atender bem os imigrantes. - 18 de novembro de 2015, Participação no seminário olhares e vozes das imigrantes, organizado pela Missão Paz. A palestra teve importância no sentido de conhecer e estar por dentro de outras realidades de mulheres com situações muito diferentes das imigrantes latinoamericanas, mas, da mesma forma, todas vítimas da violência de gênero com 24 Relatório de Atividades - CAMI 2015 sofrimento de maior ou menor intensidade dependendo de sua origem étnica, econômica, orientação sexual e de classe, importante para entender e criar ferramentas que possam realmente assisti-las dentro de suas especificidades. -19 de novembro de 2015, Participação do V Encontro de Redes de combate à Violência Doméstica, organizado pelo GEVID (Grupo de Atuação Especial de Enfrentamento à Violência Doméstica), composto pelas 4 redes existentes na capital, rede centro, rede leste, rede sul, rede norte e futuramente a rede oeste. Estavam no evento os representantes das instituições do Estado que trabalham contra a violência doméstica, os setor saúde, moradia, centros emergenciais de acolhida para vítimas de violência doméstica, ministério público, defensoria pública da união, representante da secretaria de políticas públicas para as mulheres, o CRAI e o CAMI. - 06 de dezembro de 2015, Realização de um mutirão jurídico para imigrantes. Houve 21 atendimentos dos quais somente um foi assumido pela DPU Mackenzie por se tratar de um caso trabalhista ocorrido na capital, dentro da área de atuação da DPU. Os demais casos ficaram sob responsabilidade do CAMI que encaminhou alguns para a defensoria pública do Estado e outros por sua complexidade deverão ter acompanhamento do CAMI por meio de ofícios e contatos com os assistidos e assistidas. - 08 e 09 de dezembro de 2015, Participação na oficina, organizada pelo CONIC, sobre Imigrantes e Refugiados. O objetivo da reunião foi incorporar pessoas e igrejas para fortalecer uma rede que atue nessa temática e que chegue em âmbito das igrejas de várias denominações. Fomentar redes ecuménicas de apoio e acolhida a imigrantes e refugiad@s, e criar espaços de escuta e diálogo. aumentar a incidência pública com o objetivo de denunciar as violações de direitos e propostas de estratégias que possam contribuir com a ampliação de mecanismos de proteção ao nosso público alvo. Incidência em âmbito de São Paulo e santa Catarina. Total 29 participações. h) Casos emblemáticos Trabalho escravo Acompanhamento do caso de trabalho escravo na 1° Delegacia da Polícia Civil, do casal de bolivianos D. Ch e Is. Ch., que juntamente a outras cinco pessoas foram trazidas da 25 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Bolívia com promessas de um emprego na cidade de São Paulo. Permaneceram por mais de um mês trabalhando na costura em condições análogas ao trabalho escravo, trabalhando das 6.30 horas às 22 horas, sem receber pagamento. Moravam no mesmo local do trabalho e eram proibidos de sair, além de reter os documentos pessoais do sr. D., ainda recebiam maus tratos verbais e constantemente ameaçados de serem denunciados à Polícia Federal por haverem ingressado ao Brasil com documentos falsos, (documento facilitado pelo seu agenciador, ora seu empregador). Estas ameaças surgiam todas as vezes que as vítimas exigiam seu pagamento. O “empregador” alegava que o casal devia acertar o pagamento de todos os gastos da viagem da Bolívia ao Brasil, antes de receber qualquer pagamento. Diante disso, as vítimas decidiram não trabalhar mais. Para não ficar no prejuízo, o empregador levou os trabalhadores imigrantes na Rua Coimbra, lugar de muita circulação de imigrantes bolivianos, para vendê-los a outro dono de confecção a fim de receber o suposto dinheiro que eles deviam em decorrência da viagem. Foi nessa situação que em 18 de fevereiro de 2015, as vítimas pediram ajuda justamente a um agente social do CAMI que transitava por essa rua que imediatamente conduziu a todos ao CAMI. A equipe multidisciplinar do Cami, verificando que se tratava de trabalho escravo e servidão por dívidas esclareceram às vítimas para denunciarem o fato à Polícia que prendeu em flagrante os exploradores resgatando as outras pessoas que estavam trabalhando no local. Parte dos resgatados foram conduzidos a casa de acolhida Terra Nova do governo do estado e o casal denunciante a um abrigo com segredo para não sofrerem perseguições, porém, infelizmente tanto as vítimas resgatadas quanto o casal denunciante no total sete pessoas sumiram inesperadamente dos abrigos e não se teve mais nenhuma notícia a respeito. Resgate do trabalho escravo Bairro Ermelino Matarazzo Em 18 de junho de 2015, o Cami participou junto à Secretaria Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), no acompanhamento ao trâmite legal de quatro pessoas imigrantes bolivianas resgatadas das condições de trabalho análogo ao trabalho escravo, no dia 16 de junho de 2015, no bairro Ermelino Matarazzo. Nesse dia 18, a SRTE realizou a entrega das carteiras de trabalho provisórias com validade de 90 dias, bem como deu início aos trâmites das guias para o seguro desemprego aos trabalhadores resgatados. A oficina de costura foi interditada por não apresentar as condições mínimas de segurança e salubridade colocando em risco a integridade física e a saúde dos trabalhadores. Os auditores também verificaram que nessa oficina se estaria produzindo produtos com etiquetas “adulteradas” de marcas famosas. Todo esse produto foi aprendido pela fiscalização. 26 Relatório de Atividades - CAMI 2015 A presença do pessoal do CAMI foi interessante porque acompanhou passa a passa a situação e necessidades dos resgatados sobre o trabalho que realiza e ofereceu todo o suporte jurídico e social. Ajudou em todo o trâmite de regularização migratória, contribuiu com o pagamento de um salário do fundo de emergência autorizado pela SRTE. Das quatro pessoas resgatadas, somente uma aceitou ir para um abrigo, as demais permaneceram na casa do “empregador” por causa da falta de vagas no abrigo para acolhê-los. O “empregador” comprometeu-se a regularizar os trabalhadores, registrá-los e oferecer um emprego conforme a legislação brasileira. O CAMI ficou responsável de acompanhar a situação dessas pessoas. A última informação obtida foi a de que todos estariam trabalhando na mesma oficina de costura, porém, agora regularizados. Violência doméstica Em 07 de maio de 2015, a senhora P. compareceu ao Cami e denunciou violência doméstica praticada pelo ex-companheiro e que também a abandonou com três crianças pequenas e gravidez de oito meses. A assistida denunciou uma serie de agressões em todo esse tempo que conviveu com seu companheiro, dentre as quais agressões com tentativa de aborto, constantes agressões verbais, violência econômica, moral e sexual. Relatou que o agressor batia nos filhos. Devido à dependência econômica e a responsabilidade com os filhos teve que aguentar as infidelidades e agressões da própria amante que também vivia na mesma família e com a qual tem um filho. Apesar de ter inicialmente decidido denunciar o agressor e iniciar o trâmite de separação pelo abandono, diante de insistências, voltou atrás e aceitou o companheiro de volta alegando que os filhos choravam pela sua ausência. Acompanhamos a mulher até a delegacia para registrar um boletim de ocorrência e ficamos em contato visitando a família em várias oportunidades para ver como se encontrava. Sabemos das dificuldades que muitas mulheres enfrentam para quebrarem o ciclo de violência e por causa disso, informamos que as nossas portas sempre estarão abertas para ajudá-la novamente, caso precise. Violência doméstica, senhora Lurdes Violência doméstica, sra. Lurdes Em 20 de agosto, às 10 horas da manhã, recebemos a sra. Lurdes com sua pequena filha, que tinha acabado de fugir de sua casa, vítima de violência doméstica por parte de seu companheiro. Tomou conhecimento do CAMI no mês de abril de 2015, quando deu entrada no pronto socorro devido as agressões do seu companheiro. Na ocasião, não teve forças suficientes para vir ao CAMI e denunciá-lo. Sofreu todo tipo de agressões verbais e físicas desde socos até enforcamento sendo visíveis ainda as marcas no seu pescoço e sem dinheiro para poder se movimentar não sabia como fugir de casa. Mesmo trabalhando na costura, dentro de casa, das 7 às 10 horas da noite e também sendo responsável dos deveres do lar de forma completa, nunca tinha dinheiro. O agressor controlava tudo. 27 Relatório de Atividades - CAMI 2015 O sofrimento psicológico chegou ao limite quando em várias oportunidades era ameaçada de expulsão da casa. Todas as agressões sofridas pela vítima eram realizadas na frente da filha do agressor, menor de 6 anos, (filha do outro compromisso), que ao ver o que seu pai fazia, também reproduzia, agredindo verbalmente à vítima. Em 19 de agosto de 2015, à noite, mais uma vez foi submetida a grave violência pelo agressor, recebendo chutes no corpo, barriga, golpes na cabeça, sendo obrigada a cozinhar após a agressão. No dia seguinte, aproveitando que tinha que levar a sua filha para a creche saiu cedo e veio diretamente ao CAMI muito fragilizada, mas decidida a acabar com este ciclo de violência. Foi acolhida no CAMI pela equipe jurídica e migratória e acompanhada à Delegacia para registro de boletim de ocorrência e encaminhada a um abrigo sigiloso. Atualmente ela se encontra protegida, recebendo apoio psicológico, jurídico e social. Devido à necessidade de sigilo o CAMI não pode acompanhar mais o caso, mas pedimos à assistida que quando puder entrasse em contato para sabermos como se encontra. 1.4 Ações de assistência Social O objetivo - fazer um atendimento qualificado e integral, orientar o imigrante de forma que ele possa construir sua autonomia; procuramos realizar o trabalho sob uma perspectiva dos serviços prestados, enfatizando os motivos da migração, trabalho, luta pelos direitos na efetivação de políticas públicas, contribuindo com a comunidade migrante para que supere a situação de vulnerabilidade e tenha uma vida de estabilidade no país que escolheu para viver. Importante destacar que o trabalho é feito em conjunto com o pessoal da regularização migratória, jurídico e com os agentes sociais visitadores de oficinas bem como os agentes multiplicadores de base que atuam nas comunidades. Atendimentos: 1. 2. 3. 4. 5. Casos de Violência Doméstica foram 06 atendimentos; Casos de extrema necessidade financeira foram 14 atendimentos; Casos de vulnerabilidade com ajuda de cestas básicas foram 118 atendimentos; Casos de encaminhamentos a albergues foram 05 atendimentos; Casos de pagamento de taxas para a regularização migratória foram 16 atendimentos; 28 Relatório de Atividades - CAMI 2015 6. Casos de apoio a resgatados de trabalho escravo foram 18 atendimentos. Total – 171 atendimentos diretos. Comentários Caso 01 – Escuta, encaminhamentos, orientações e acompanhamento. Conforme o caso, são encaminhadas para atendimentos específicos na Casa da Mulher, tanto para abrigamento, bem como para assistência psicológica, se for o caso. A partir de 2006, a lei Maria da Penha foi criada a fim de punir as agressões de forma mais severa - até então a violência doméstica era considera crime de menor poder ofensivo, punido apenas com multa ou cesta básicas. Agora, a pena é de 1 a 3 anos de prisão e o juiz pode obrigar o agressor a participar de programas de reeducação ou recuperação. Caso 02 - Analisando os atendimentos realizados foram poucos os casos de atendimentos referente a insuficiência financeira, hipossuficiência relaciona-se às próprias condições econômicas da pessoa, situando-a em posição inferior dentro da sociedade e esses casos até que foram poucos. Atendemos muitos casos de alta vulnerabilidade, mas ainda com condições mínimas de sobrevivência. Caso 03 – referente a ajuda com cestas básicas, houve 118 distribuições de cestas básicas, acompanhadas de outros atendimentos sociais, onde podemos perceber as reais necessidades básicas, onde foram passadas orientações pertinentes a cada caso, desde a instruções para saúde a educação. Caso 04 – quanto ao albergamento foram encaminhados casos de necessidade, como pessoas que não tinham para onde ir com a perda do emprego e ou outras situações como resgate de trabalho escravo. Caso 05 - Regularização migratória – nesse caso há, em casos comprovados de extrema necessidade, ajuda no pagamento de taxas para imigrantes regularizarem a situação de documentos no Brasil. Caso 06 – referente a trabalho escravo, no ano houve acompanhamento com o Ministério do Trabalho e Emprego onde a presença do Cami junto aos imigrantes resgatados foi de suporte, acompanhamento, orientações a ajuda para a regularização da própria situação documental, bem como acertos de ajuda financeira em casos deliberados pelo MTE, além de busca e encaminhamento para abrigo, conforme a necessidade. Porém há muitos casos de situações de trabalho escravo onde os próprios imigrantes fazem a denúncia, porém pela morosidade do MTE em ir ao local para o resgate, acabam sendo assistidos pela polícia normal e nesse caso não conseguem os benefícios que são devidos a trabalhadores resgatados em situação de trabalho escravo. Tivemos vários casos nesse sentido, onde os imigrantes não conseguiram cobrar nada nem do trabalho realizado e nem de indenizações, nem mesmo o seguro desemprego. 29 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Eixo 02 Incidência, Mobilização, Fé e Cultura O eixo – Incidência: Mobilização, Fé e Cultura (Cidadania) compreende atividades desenvolvidas junto aos imigrantes e suas comunidades através dos agentes multiplicadores de base; agentes visitadores de oficinas de costura, rodas de conversa e pela equipe do Cami. São ações formativas, mobilizações como o dia do trabalhador (1º de maio), dia da mulher, mística, Bíblia, fé e política, assembleias populares, festival de música e poesia, grito continental dos excluídos, seminários, curso de formação política, marcha dos imigrantes, atuação junto a órgãos públicos, Mercosul Social e Participativo, mudança da lei de migração, entre outras. Gostaríamos de destacar essa atividade como sendo o coração do trabalho junto às comunidades de imigrantes. A equipe e esses líderes de base que vivem junto às comunidades, após um processo de capacitação e formação, tornam-se os militantes, os que percorrem, conhecem e convivem permanentemente junto aos imigrantes. Por eles passam as informações, as visitas, a escuta, a militância e os encaminhamentos das pessoas para o gozo de uma cidadania plena. 30 Relatório de Atividades - CAMI 2015 2. Ações Formativas e de Mobilização dos Imigrantes 2.1 Imigrantes fazem Festa de Alasitas no Memorial Em meio às comemorações do aniversário de São Paulo, a comunidade boliviana reúnese no Memorial da América Latina em mais uma Festa Alasitas, tradicional celebração em louvor a Ekeko, o Deus da Abundância dos povos andinos. A festa é regada a muita bebida, músicas típicas, danças folclóricas, festival gastronômico, exposição de artesanato, e a sempre esperada cerimônia da bênção das alasitas. Alasita é a miniatura de qualquer objeto – casa, carro, diploma, dinheiro – que os bolivianos oferecem ao deus Ekeko, na crença de que seus sonhos e desejos serão transformados em realidade. Na tradição boliviana, alasita é conhecida por algo como “compre-me”. Ao meio-dia, quando são benzidas por padres e yatiri (curandeiros) e ganham a “centelha divina”, é que começa a festa. O evento, organizado Associação Gastronômica Cultural e Folclórica Boliviana “Padre Bento”, em parceria com o Centro de Apoio e Pastoral do Imigrante (CAMI), tem o apoio do Consulado Geral da Bolívia em São Paulo, do Memorial da América Latina, da Prefeitura de São Paulo e do Governo do Estado, além da participação de diversas entidades representativas dos bolivianos emigrados, que só em São Paulo contam mais de 300 mil pessoas. A Festa da Prosperidade Boliviana é realizada desde 2014 no Memorial e faz parte do calendário oficial de festas culturais da cidade de São Paulo. 31 Relatório de Atividades - CAMI 2015 2.2 Moção de Repúdio contra violência a Imigrantes Os imigrantes estão presentes em todas as regiões do território nacional, contribuindo com seu trabalho na produção de riquezas e desenvolvimento socioeconômico e na construção cultural, desde o início da história desta nação. Somente na cidade de São Paulo estima-se haver cerca de um milhão e quinhentos mil imigrantes, com uma projeção nacional em torno de três milhões de pessoas. A diversidade cultural, trazida de todas as partes do mundo, sempre foi enriquecedora para a formação e desenvolvimento da sociedade brasileira. O Brasil foi construído grandemente pela ação marcante dos imigrantes. São submetidos a inúmeras dificuldades socioculturais e barreiras institucionais, como tráfico de pessoas, trabalho análogo ao escravo, atividades profissionais excessivas, condições laborais abusivas e informais, baixíssima remuneração, indocumentação, limitações de comunicação devido às diferenças idiomáticas, exploração do mercado imobiliário, preconceito, discriminação, Bullying e ausência de política pública migratória, uma vez que a única legislação existente para reger a presença e as relações dos imigrantes no Brasil é o Estatuto do Estrangeiro (1980), um documento ainda do período da ditadura militar, que considera-os como questão de segurança nacional, ordem pública e caso de polícia, já que é a Polícia Federal o órgão designado para recebe-los no país. Além de todas as violências humanitárias que sofrem, desde o início do ano de 2015, os imigrantes residentes no Brasil, sobretudo haitianos e diversas nacionalidades africanas, vem sendo atacados em sua imagem e dignidade pessoal, por conta de mentiras publicizadas em redes sociais ligando-os a corrupção governamental, manipulação deliberada do processo de imigração por parte do poder público federal e até de ações ilegais de incitação à violência, típicas de milícias paramilitares armadas com objetivos de promover terrorismo e apoio a golpes de Estado ou à perpetração ilegítima de poder governamental. Trata-se de fotos manipuladas digitalmente de imigrantes recém-chegados a cidades brasileiras como se tivessem sido trazidos por entes do governo federal brasileiro para servir de massa de manobra e agentes informais de força em ações violentas e ilegais em favor do mesmo e contra oposições políticas democráticas e pacíficas, recebendo gratificações, propinas e outros benefícios para se prestarem a este fim. 32 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Tais implicações irreais e injustas caracterizam uma exposição muito negativa e perigosa de sua imagem, violência simbólica contra sua dignidade humana e incitação à violência real contra os mesmos em território nacional, gerando um fundado temor quanto a proteção e preservação da sua integridade moral e física, denegrindo a identidade de todos e cada um e interferindo na compreensão social do fenômeno da imigração, que é um direito humano. Como afirma o Manifesto da 6ª Marcha dos Imigrantes, “Cremos em um mundo criado sem fronteiras que impeçam o livre trânsito da humanidade em benefício dela mesma, onde as fronteiras foram criadas por homens desejosos apenas da manutenção e controle das riquezas e do poder, em detrimento da fraternidade e da paz.” Cremos também, como afirma Boaventura Souza Santos, “as pessoas e os grupos sociais têm o direito a ser iguais quando a diferença os inferioriza, e o direito a ser diferentes quando a igualdade os descaracteriza.” Assim, REPUDIAMOS toda e qualquer tentativa de discriminar, expor, humilhar, ridicularizar, desqualificar, atacar a honra moral, violar os direitos humanos e de praticar violência contra os imigrantes residentes no Brasil. Como preconizou a 8ª Marcha dos Imigrantes, “Basta de Violência contra os, as Imigrantes. 2.3 Seminário “Direitos do Trabalhador Imigrante Quando se sonha sozinho é apenas um sonho. Quando se sonha junto é o começo da realidade. (Cervantes) Um encontro, um convite, uma premiação na categoria Cidadã. Foi assim que teve início a parceria entre o Centro de Apoio e Pastoral do Migrante (CAMI) e a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (ANAMATRA). Deste encontro, surgiu a proposta do Seminário “Direitos do Trabalhador”, realizado no dia 19 de abril de 2015, na sede do CAMI. O evento contou com a presença de quatro juízes e juízas do trabalho e da equipe do CAMI: funcionários, 33 Relatório de Atividades - CAMI 2015 multiplicadores de base, professores, monitores, voluntários, alunos e alunas de diferentes cursos e de convidados, num total de mais de cem pessoas, na sua maioria juvens. O evento teve como objetivo informar o trabalhador imigrante sobre os direitos trabalhistas no Brasil, tornando-o vigilante do seu contrato de trabalho para que seus direitos sejam respeitados. As juízas, Dra. Silvana Abramo, Dra. Patrícia Almeida Ramos, Dra. Susana Graciela Santiso e o juiz Dr. Rodrigo Garcia Schwarz teceram considerações sobre a importância do contrato de trabalho; da carteira de trabalho e dos direitos que ela confere ao trabalhador; dos direitos da mulher trabalhadora, da gestante e das crianças; o trabalho decente versus o trabalho escravo; da documentação e das questões específicas ligadas ao trabalhador imigrante. Parte do seminário foi dedicada a pequenos grupos para rodas de conversas, guiadas por questões trabalhistas trazidas pelos imigrantes. Contou-se com a contribuição de mediadores e de relatores. Os juízes do trabalho tiveram papel essencial, respondendo e esclarecendo as questões levantadas pelos participantes de cada grupo. Durante os debates foram abordados vários temas, dentre eles, a lentidão no processo trabalhista; o direito das pessoas que trabalham na economia informal, os direitos das mulheres gestantes, fundo de garantia, retardamento do pagamento salarial, controle governamental no ramo da confecção têxtil etc. Este momento foi esclarecedor e permitiu uma boa noção sobre os direitos trabalhistas, porém ficou um desejo de quero mais. Depois, em breves exposições, os juízes destacaram os seguintes pontos: todo trabalhador, imigrante ou não, usufrui dos mesmos direitos trabalhistas; cada categoria precisa lutar para ter e manter contratos regulares de trabalho; todos precisam ter ciência dos seus direitos e do contrato de trabalho; os imigrantes precisam ter inserção nos sindicatos de sua categoria e fazer valer a sua voz, promovendo discussões coletivas a fim de conhecer os direitos e se ajudarem mutuamente; há que se criar e fortalecer mecanismos para difundir informações e evitar o isolamento entre os grupos; ler e discutir as cartilhas elaboradas pela ANAMATRA (Cartilha do Trabalhador e Cartilha do Direito Internacional do Trabalho) e, finalmente, promover aplicativos para que haja trabalho decente e criar estruturas para conscientizar a sociedade de que os direitos existem e precisam ser respeitados, exigindo o seu cumprimento mediante a aplicação da lei. Durante o seminário, ocorreu a assinatura da parceria entre o CAMI, Associação ANAMATRA e AMATRA. Foi um momento contagiante e de grande esperança para todos os imigrantes, sobretudo para aqueles que se encontram invisibilizados.Este evento caracterizou-se como passo de grande importância, de participação e empoderamento dos imigrantes em relação a seus direitos. Nas palavras do coordenador do CAMI, 34 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Roque Pattussi, sonhamos com um mundo sem fronteiras, já que o planeta foi construído para todos os seres vivos, e quando a Anamatra apoia o trabalho com a imigração fortalece a ideia de que outro mundo é possível. Enfim, a intenção é cultivar o diálogo iniciado no seminário, incentivar o espírito de participação e criar uma cartilha de bolso, com a colaboração dos imigrantes, para esclarecer as principais dúvidas sobre os direitos trabalhistas no Brasil. Mais de 100 pessoas participaram do Seminário 1º de maio 2.4 Imigrantes Reforçam a Luta [...]De fato como podia Um operário em construção Compreender porque um tijolo Valia mais do que um pão? [...] O operário foi tomado De uma súbita emoção Ao constatar assombrado Que tudo naquela mesa - Garrafa, prato, facão Era ele quem fazia Ele, um humilde operário Um operário em construção. (O Operário Em Construção, Vinicius de Moraes) Sabemos que o trabalho tem um papel fundamental e decisivo na vida dos homens. Ele dá o pão cotidiano, insere os seres humanos na comunidade, eleva o potencial cultural e social e confere dignidade a cada ser. 35 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Consequentemente, o trabalho possui uma dimensão essencial na existência de homens e mulheres, pois deve tornar a vida mais humana. Todavia, vale lembrar que as relações de trabalho ao longo dos séculos assinalam situações de violência e sofrimento, degradando o trabalhador e a trabalhadora. Por conseguinte, o que deveria ser libertação e criação tornou-se escravidão ou tortura. Nos dois últimos séculos, vários movimentos lutaram contra a degradação do trabalho. Destas ações surgiram leis trabalhistas no mundo todo e que vieram a influenciar a legislação brasileira. Forçado pela conjuntura internacional, em 1943 o governo brasileiro reuniu em um único corpo de leis e elaborou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), cujos principais dispositivos vigoram ainda em nossa atual legislação trabalhista. Desse modo, o trabalho passou a ser visto como direito social essencial à vida do ser humano e o Estado passou a ter o papel de protegê-lo e oferecê-lo à população. Entretanto, nem sempre o Estado cumpriu este papel de forma satisfatória ou comprometeu-se com as necessidades da classe trabalhadora, sobretudo quando esse trabalhador é um imigrante. Em face dessa realidade, o Centro de Apoio e Pastoral do Migrante (CAMI) empreende ações contínuas em defesa dos imigrantes que, geralmente, são desamparados pelas leis, sofrem discriminação e, frequentemente, são vítimas de exploração e trabalho escravo. Assim, todos os anos o CAMI une-se a Pastoral Operária na celebração do 1º de maio, buscando fazer deste acontecimento uma bandeira de luta em favor do trabalhador imigrante. Antecedendo e preparando os imigrantes para o dia do Trabalhador, o CAMI em parceria com a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do trabalho (ANAMATRA)) realizou o Seminário Direito do Trabalhador, no dia 19 de abril. O evento teve como objetivo abordar as leis trabalhistas, responder as questões elaboradas pelas diferentes comunidades imigrantes sobre o trabalho e transmitir os resultados do seminário para as diversas comunidades em que atua. Inspirados pelo pensamento do poeta “por que um tijolo valia mais do que um pão”, 36 Relatório de Atividades - CAMI 2015 procurou-se refletir sobre temáticas que ajudassem a desenvolver uma consciência crítica a partir de temáticas voltadas ao desemprego ou subemprego; condições precárias de trabalho ou trabalhos em situações perigosas e insalubres; ingresso no mercado de trabalho informal sem ter quaisquer de seus direitos trabalhistas resguardados; cultura e trabalho, saúde e trabalho, emprego e trabalho, tempo livre e trabalho, solidariedade e trabalho, globalização e trabalho; os problemas enfrentados pelas mulheres no mercado de trabalho, os direitos trabalhistas das mulheres imigrantes e a importância da ação coletiva na luta contra a exploração do trabalho e em defesa da saúde do trabalhador imigrante e a busca urgente por melhores condições de trabalho. Pensou-se também sobre a globalização capitalista e produção de fronteiras geográficas, a crescente redução e eliminação de postos de trabalhos, precarização do trabalho e da vida e a perda dos direitos sociais e trabalhistas, historicamente conquistados; a globalização da pobreza e o consumo exacerbado; a dificuldade do jovem imigrante inserir-se no mercado de trabalho e os desafios enfrentados por ele, entre outras. Como o operário de Vinicius de Moraes, muitos imigrantes valorizam a dimensão poética, deixando crescer bem alto e profundo, bem largo e no coração a indignação e também disseram NÃO! Não, contra tudo aquilo que ultraja o trabalhador. Assim, os imigrantes adentraram felizes e orgulhosos na Catedral da Sé com diversos cartazes, faixas e roupas típicas, manifestando a necessidade de um novo tratamento ao trabalhador e trabalhadora imigrante; solicitando proteção de seus direitos fundamentais, providências e proteção dos trabalhadores imigrantes mais efetivas por parte dos poderes públicos; requerendo providencias em relação à rotina de exploração exacerbada do trabalho; divulgando a ausência de direitos básicos à própria sobrevivência, como salário digno, moradia, alimentação, lazer, existência de creche para as crianças. O CAMI, juntamente com comunidades imigrantes elegem o dia do trabalhador como momento importante de luta, de manifestação dos direitos e de denúncia de tudo aquilo que ultraja o trabalhador imigrante. 37 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Cerca de 80 imigrantes participaram da Celebração na catedral da Sé no dia do trabalhador. 2.5 ¡Homenaje al día de la Madre! “Madre es el sentimiento más puro que la raza humana puede sentir” dijo Tomas Huanca un inmigrante que se unió a muchos para mostrar su arte , su cultura, su agradecimiento a las madres inmigrantes que se hicieron presentes este día El Centro de Apoio e Pastoral do Migrante/ CAMI tuvo la honra de agasajar a las madres (migrantes, inmigrantes y nacionales) el 31 de mayo, en instalaciones de su sede, el evento tuvo empiezo cerca de las once de la mañana, donde más de un centenar de personas se congregaron para felicitar a las madres que se hicieron presentes y también recordar a las ausentes .Entre cantos , poesías , magia , danza , sorteos e incluso lágrimas se llenó una sala, donde todos esperando su momento para felicitar a mamá Las presentaciones fueron organizadas desde las solistas hasta las comunitarias, haciendo amplia la participación: desde aquellos que hacen cursos en CAMI como también invitados, tal es el caso de grupos reconocidos por su trayecto artístico musical como: Munay Kawsay (figura izquierda) y Pusiris hensamble (Figura derecha). En una sistemática organización, los cursos se dispusieron a hacer su homenaje de maneras distintas, en el caso de Modelaje regalaron bajo sorteo cestas básicas incluyendo un numero de poesía, el curso de Informática de domingos preparo números de canto, multimedia con magia, Informática de sábados regaló flores y tarjetas, Portugués entregó regalos como collares entre otros. Además se incorporó una presentación de primeros auxilios. 38 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Para finalizar con broche de oro el evento, se dio la confraternización que unió en una sola mesa a estudiantes, invitados, nacionales , extranjeros y a todo aquel que se dio cita junto a nosotros , en este gran festín donde se compartió un banquete de bolos, refrescos y aperitivos; solo con el objetivo de felicitar y reconocer a este gran ser … Por la fuerza, por su lucha y por su éxito felicitamos a las madres en este día Participaram mais de 80 pessoas 39 Relatório de Atividades - CAMI 2015 2.6 Assembléia popular de moradia O imigrante tem direito à casa própria dos programas de governo? Eu tenho um sonho... Sonho com o dia em que a justiça correrá como a água e a retidão, como um caudaloso rio. (Martin Luther King) A moradia é uma necessidade essencial do ser humano, que nela encontra abrigo, lugar de repouso físico e espiritual, conforto e a proteção. Assim, o Direito à moradia adequada tornou-se um direito humano universal, aceito e aplicável em todas as partes do mundo como um dos direitos fundamentais para vida das pessoas (Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948). Esse direito também é assegurado na Constituição Federal, no artigo 6º. Entretanto, na sociedade brasileira, o direito à moradia ainda não está assegurado, especialmente tratando-se do homem e da mulher imigrante. Conhecendo a realidade dos(as) imigrantes no espaço urbano e as dificuldades encontradas para locação de imóvel, a discriminação e o desconhecimento jurídico para conquistar a casa própria, o Centro de Apoio e Pastoral do Migrante (CAMI) e a Associação Padre Bento da Praça Kantuta realizaram, nesse domingo, 5 de julho, mais uma Assembleia popular sobre a moradia para os(as) imigrantes. Estiveram presentes cerca de 200 imigrantes, da cidade de São Paulo e região metropolitana e compuseram a mesa autoridades representando a secretaria habitacional da Prefeitura de São Paulo, a Frente de Luta pela Moradia e dirigentes do Movimento de Moradia. A esperança de obter informações sobre como adquirir a casa própria ou pelo menos um aluguel mais justo manteve a chama acesa no coração de cada 40 Relatório de Atividades - CAMI 2015 imigrante e nem mesmo a tarde em tom cinzento, amargamente fria e com correntes de vento gelado afastou-os da Assembleia. A representante da Unificação das Lutas de Cortiço e Moradia Elisabete Silverio explicou que o movimento milita há mais de 25 anos na cidade de São Paulo, travando uma luta em favor de um direito básico de cidadania, o direito à moradia digna. O movimento articula-se em diferentes regiões da capital, os associados participam de plenárias quinzenais ou mensais de acordo com agenda da Associação de Moradia e os associados participam do cadastro do Programa Minha Casa Minha Vida (Faixa 1). Contagiados pelo desejo de assegurar esse direito, a ULCM e o CAMI agendaram uma reunião para estabelecerem uma parceria em prol do(a) imigrante. O representante da Frente de Luta por Moradia, Manoel Del Rio, demonstrou-se solidário com o sofrimento do imigrante que chega à cidade de São Paulo e não encontra moradia. O artigo 5º da Constituição Federal diz: todos são iguais perante a lei; portanto, é imprescindível que os imigrantes sejam contemplados em suas carências habitacionais. Mantendo o clima de entusiasmo, a senhora Marcia Terlizzi da Secretaria Habitacional do município de são Paulo, descreveu as condições para conseguir a casa própria financiada pelo governo ou obter o crédito imobiliário financiado pela Caixa Econômica Federal. De acordo com Márcia, o Programa Minha Casa, Minha Vida está ligado à Secretaria Nacional de Habitação do Ministério das Cidades, é dirigido a famílias de renda familiar mensal bruta de até R$ 1.600,00 e estimula o cooperativismo por meio de cooperativas habitacionais, associações e demais entidades sem fins lucrativos. 41 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Em relação à locação de imóveis, o senhor Nello A. Pulcinelli, Assistente Social do CAMI, denunciou a arbitrariedade em relação aos imigrantes, preços abusivos dos aluguéis, exageros nas documentações para locação do imóvel, depósitos abusivos etc. Essas ações abusivas violam os direitos humanos. Assim, o CAMI coloca-se à disposição dos imigrantes para orientá-los para que possam buscar seus direitos. Com o microfone aberto, alguns(as) imigrantes testemunharam suas conquistas por meio do movimento de moradia, outros dirigiram-se à mesa solicitando esclarecimentos sobre os critérios para realizar o cadastro no programa Minha Casa, Minha Vida, o tempo de espera para obter a casa própria, se haveria alguma restrição em participar do plano do governo e de algum movimento da moradia simultaneamente e se o trabalho autônomo teria algum impedimento para cadastrar-se, entre outras questões. Sabemos que essa conquista não é automática, geralmente leva de três a cinco anos para alguém ser contemplado com a casa própria. Porém, como Martin Luther King, nós temos um sonho, sonhamos com uma pátria mãe gentil que acolhe e abriga todos em teto digno de sua condição humana, sonhamos com uma justiça social para todos, sonhamos com uma sociedade segundo as palavras de Paulo Apóstolo, no livro de Colossenses 3, 11: Nessa nova vida já não há diferença entre grego e judeu, circunciso e incircunciso, bárbaro e cita, escravo e livre, mas Cristo é tudo e está em todos. Participaram da assembleia de moradia mais de 200 pessoas. 2.7 Inauguração da Nova Sede do Cami “Em tudo dai graças a Deus!” O CAMI – Centro de Apoio e Pastoral do Migrante - vem hoje elevar a Deus, primeiramente, toda a gratidão por nos ter chamado a ser uma resposta no do da migração. Queremos agradecer a cada um de vocês, pois temos certeza de que não entraram por acaso no caminho dos imigrantes e do CAMI. Fomos chamados para construir um mundo melhor e respondemos: sim, aqui estamos! Nestes dez anos de vida, o CAMI sempre trabalhou com os pés no chão, sendo ponte entre os direitos e acessos já conquistados e os/as imigrantes, conseguindo, assim, reconhecimento das diversas comunidades de imigrantes, do poder público e da sociedade. Dez anos de serviços básicos para quem chega ou para quem já está aqui ha mais tempo e tem seus direitos e garantias violados. A missão do 42 Relatório de Atividades - CAMI 2015 CAMI é promover a cidadania e o protagonismo dos/das imigrantes: - Regularização migratória; - assessoria jurídica; - Assistência social e apoio nas emergências; -Visitas a oficinas de costura com os agentes sociais e com os multiplicadores de base, também como forma de prevenção ao trabalho escravo e tráfico de pessoas; - Atuação em escolas públicas com grande número de crianças imigrantes ou filhas de imigrantes para promover a integração cultural e combate à discriminação e xenofobia nas escolas; Cursos profissionalizantes; Aulas de informática para jovens imigrantes e curso de modelagem. Para facilitar a inclusão dos/das imigrantes e o aprendizado da língua portuguesa, são oferecidos cursos de português na sede e em doze bairros da capital com a parceria de Igrejas, escolas. Também levamos palestras para os bairros e cidades vizinhas, abordando temas como saúde, trabalho, direitos, cidadania, regularização de oficinas de costura e regularização migratória. Visitamos diversos lugares onde se reúnem os imigrantes, levando o ponto móvel para atendimento aos imigrantes, nos finais de semana, e um ponto móvel na Praça Kantuta. Mantemos importantes parcerias com redes de combate ao trabalho escravo e ao tráfico de pessoas. Organizamos eventos públicos e também mobilizamos imigrantes para a marcha dos imigrantes. Atuamos na área da fé e da cultura, apoiando concretamente as demonstrações e manifestações públicas nessas esferas e o respeito às mesmas. Através de rádios comunitárias, alcançamos muitos imigrantes para que conheçam seus direitos e os acessem. Todos esses serviços são realizados para manter vivo o sonho e a esperança no coração de tantos e tantas que batem à nossa porta. Deus seja louvado pelo apoio de cada um de vocês, dos voluntários e dos funcionários do CAMI que, nestes dez anos, ajudaram a mudar tantas histórias de vida. Mas, tínhamos um sonho que parecia ser algo distante. Esse sonho não nos deixava descansar tranquilos: ter uma casa com espaço para acolher melhor todos os/as imigrantes. Como parecia distante, o apresentamos a Deus e Ele simplesmente nos disse que Ele mesmo colocaria pessoas certas para na hora certa nos apoiar e ajudar a concretizar esse propósito. Assim, o Sakamoto nos alimentou os sonhos, a Dra. Juliana revirou o Estado de São Paulo para saber como fazer esta parceria e se dedicou para fazer andar os diversos passos necessários para documentação, licenças e para escolher a melhor casa e 43 Relatório de Atividades - CAMI 2015 chegamos a esta que aqui estamos vendo. As portas foram-se abrindo e veio o Ministério Público do Trabalho que ajudou a transformar um prédio que precisava de reformas neste espaço de acolhida, dignidade, respeito e cidadania. Envolvemos o mandato dos Deputados Adriano Diogo, Carlos Bezerra Junior, das Vereadoras Juliana Cardoso e Patrícia Bezerra e, claro, com o incansável apoio da Dra. Eloísa Arruda e do Sr. Aloísio de Toledo César, Secretário da Justiça e da Defesa da Cidadania, e o comprometimento da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia. Fomos agraciados, em 2012, com um primeiro TAC – Termo de Ajustamento de Conduta, que possibilitou nossa chegada a muitos bairros e cidades vizinhas para atender os imigrantes próximos de sua residência. Hoje, inaugurando a nova sede, queremos reafirmar nosso compromisso com a construção de um mundo melhor, e isto é possível. Basta cada um olhar ao seu redor e verá que existe uma multidão que também tem o mesmo sonho: construir um mundo com igualdade e dignidade. Temos aqui vários parceiros das redes e associações de imigrantes: -Redes de apoio e acolhida; - Comitês, Núcleos, postos e observatórios de enfrentamento ao tráfico de pessoas e combate ao trabalho escravo; - Magistrados, procuradores e auditores do trabalho, engajados na luta por direitos iguais – AMATRA, ANAMATRA. - Apoiados pela Igreja católica nacional e do exterior, Ministério Público do Trabalho, Inditex Instituto C&A, CUT e outras. Deus abençoe nossas vidas e a decisão de acreditar e colocar a mão na massa para a construção de um mundo melhor. Teimosos e incansáveis lutadores, somos pela igualdade, fraternidade e justiça, pois acreditamos que Deus continua fazendo possíveis muitos propósitos e continua protegendo o imigrante, o órfão e a viúva. O CAMI passou e passa por muitas dificuldades nesses dez anos, mas Deus não nos abanda nem nos desampara. Hoje, unimos nossas vozes para celebrar dez anos de história, de lutas e conquistas e acima de tudo para dizer a Deus: obrigado pela vida dos imigrantes que renovam nossas vidas e enriquecem nossa cultura. Com eles, somos todos convocados a cuidar da nossa casa comum, o planeta terra, sem preocupação com fronteiras. Em tudo daí graças a Deus. Obrigado a todos e a todas pelo apoio aos imigrantes e pelo carinho para com Cami. Deus vos abençoe sempre! Participaram mais de 100 pessoas 44 Relatório de Atividades - CAMI 2015 2.8 IV Festival de Música e Poesia do Migrante MIGRAÇÃO, MULHERES E SOCIEDADE Nós somos medo e desejo Somos feitos de silêncio e som Tem certas coisas que eu não sei dizer (Certas Coisas, Lulu Santos) Num céu de poesia declamada e cantada, da Praça Kantatu / Canindé – SP para o mundo, povos de diferentes nacionalidades participaram da quarta edição do Festival de Música e Poesia promovido pelo CAMI, no dia 06 de setembro 2015. O Festival uniu gerações, criou e estreitou vínculos, abriu portas e janelas despertando todos para a temática “Migração, mulheres e sociedade”, num clima espiritual e cultural, num repertório poético de jogo das palavras, de rimas e de repetições, 29 imigrantes se apresentaram com ritmos, formas e estilos variados retratando numa mensagem profundamente crítica os problemas sociais nos quais estão imersos. Esse evento a cada ano procura despertar a consciência crítica, vivificar e dar esperanças às comunidades imigrantes que resistem ante a realidade conflitante e violenta em que vivem. Sobretudo, nesse ano, destacou o papel da mulher na sociedade, oportunizou momentos de reflexão sobre o que significa ser mulher, ser mãe, ser profissional, ser pessoa. Também, trouxe luz à lei Maria da Penha. Notadamente, da poesia concreta à marginal assim como da música romântica ao rap todas as letras trouxeram a urgência nas transformações políticas e sociais para os imigrantes e todos que sofrem com a ausência de direitos. 45 Relatório de Atividades - CAMI 2015 E, ainda, a geração desses novos músicos, poetas e poetisas deram um novo clima de vida social, espiritual e cultural àquela tarde de domingo, plateia e novos artistas tal qual um mágico caleidoscópio manifestaram juntos suas alegrias e tristezas, seus alentos e desalentos. Nesse clima, o espírito coletivo e comunitário invadiu a Praça Kantuta, na medida em que cada um(a) se apresentava um espírito de celebração envolvia a todos, a premiação ficou menor em relação ao poder da palavra declamada ou cantada, pois tornou-se uma prece, uma oração em prol dos desvalidos. Assim, cada apresentação no festival foi linda, única, especial, incomparável e arrebatadora. A arte musical e poética apresentada no palco da Kantuta configurou-se em união, a fusão entre elas fez nascer à esperança de paz, de acolhimento e de hospitalidade, a esperança venceu o medo. Primeiro lugar de Poesia Nuevos Horizontes Radiante sol que ilumina cada nuevo amanecer, asi como mi fe alimenta mi esperanza de conocer nuevos horizontes . uniendo lazos entre hermanos, quebrando barreras que solo nos apartan unos de los otros. dejando el egoísmo y las diferencias de idiomas, razas u origen de nacionalidade trabajando todos como hermanos estamos construyendo un nuevo pueblo multicultural. pues no existe frontera que imponga un limite a nuestras esperanzas por una vida mejor, ni cansancios suficiente que pueda apagar nuestros sueños. y cuanto mayor sea la dificultad mas grande a un sera la conquista largas seran las jornadas de trabajo pero corta queda frente a mi lucha incansable por un mejor porvenir. y asi como aves que migran a oriente conoseremos nuevos orisontes. mis raises aun estan en mi pais en mi hogar no vine asta aqui para desistir y si depende de mi yo voy hasta el fin... 46 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Primeiro Lugar de música - Gritos de Libertad Todos al amanecer, Junto a los rayos del sol, Surgirá la voz del inmigrante. Expresando a gritos su dolor. Buscando las formas de igualdad. Para un mañana de armonía y libertad Yo también soy inmigrante Que lucho por vivir Explotado y discriminado lejos de mi país Humillado sin libertad de expresión Basta ya de tanta injusticia Solo quiero ser feliz Mi familia hermanos y yo Aceptados en la sociedad Con derechos a la vida Sin violencia y maldad Madre hermana mujer Tan valientes al dolor Llevando a sus hijos en el brazo Es clara muestra a su dolor Luchando dia a dia su vivir Para un mañana de dicha y bienestar. 47 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Participaram mais de 500 pessoas 48 Relatório de Atividades - CAMI 2015 2.9 Grito dos Excluídos Continental ela segunda vez, foi organizado o Grito dos Excluídos Continental junto aos povos latinoamericanos e do Caribe, especialmente. Uma das finalidades do evento é a união dos povos imigrantes na busca da garantia dos direitos humanos, políticos e econômicos, pela superação da discriminação e da xenofobia e pela superação da pobreza e da exclusão. Convocado pelo CAMI - Centro de Apoio e Pastoral do Migrante, pela Pal – Presença de América Latina, Praça Kantuta e pelo Grito dos Excluídos Continental, foi realizada a segunda edição do Grito dos Excluídos Continental na Praça Kantuta, em São Paulo, no dia 25 de outubro. Na ocasião, foi colocado ao público o sentido do Grito, por que surgiu, suas características e contra o quê gritarmos. Estavam presentes mais de 500 pessoas, na maioria imigrantes bolivianos e de outras nacionalidades da América Latina e Caribe. O evento girou em torno de apresentações culturais, cantos e músicas de protesto e de conscientização além das falas de lideranças. O Grito é uma manifestação popular para que os excluídos/as, tenham voz e vez. Caracteriza-se pelo protagonismo dos excluídos. A manifestação e a voz têm que ser deles, através de formas criativas e novas de se manifestar, com ousadia, que chame atenção e expresse o clamor, a dor, o sentimento e as reivindicações dos excluídos. P O Grito Continental nasceu no Brasil em 1995, com a principal missão de dar voz e vez aos excluídos, no sentido de que sejam atores e protagonistas da própria caminhada e luta de libertação. Com o tempo, estendeu-se para a América Latina, Central e Caribe a partir de 1999 e hoje está presente em 13 países e é celebrado na data de 12 de outubro. 49 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Por que 12 de outubro? Entendemos que esta data não é a do descobrimento da América, mas sim, de invasão e ocupação das terras que já estavam ocupadas por civilizações indígenas. Trata-se de fortalecer as resistências dos povos originários e dos trabalhadores em busca de alternativas que fujam da perspectiva capitalista e assumir novas propostas com o sentido do Bem-Viver; onde se respeite e se promova as culturas de nossos povos, ao invés do consumo desenfreado pregado pelo atual sistema e que se busque uma vida simples, módica e digna para todos. Por que gritamos? Pela superação da exclusão e da exploração de nossos povos; Pelo fim da discriminação e da xenofobia que atribui aos imigrantes todos os problemas e males do país, dizendo que são criminosos e que roubam os empregos dos brasileiros. Pelo contrário, o Grito acredita que os imigrantes nos enriquecem culturalmente, produzem riquezas e contribuem para o desenvolvimento do país e, muitas vezes, realizam os trabalhos pesados, sujos e perigosos que os demais trabalhadores não se sujeitam a fazer. Gritamos contra a impossibilidade da participação política que impede de votar e de ser votados, bem como organizarem-se politicamente; Gritamos principalmente pela garantia dos direitos sociais como moradia, saúde e educação de qualidade; Gritamos contra a impossibilidade de locomover-se o da excessiva burocracia para isto e contra a Lei dos Estrangeiros que é inspirado na filosofia da ditadura militar. Mas o Grito também tem propostas. Pelas fronteiras livres, cidadania universal e Livre Circulação. Pelo simples fato de ser pessoa humana, todo o imigrante deve ser reconhecido em qualquer lugar onde se encontre. Neste sentido, questionamos as fronteiras para que sejam um dia extintas e formarmos uma grande nação dos povos. Não faz sentido tanta burocracia para os imigrantes e refugiados se deslocarem de um país a outro, principalmente aqui na América Latina. 50 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Por uma Nova Lei de Migração: Exigimos uma Lei de Migração alicerçada no paradigma dos direitos, abolindo de vez o estigma da segurança nacional. Por fim, denunciamos o que vem acontecendo com os imigrantes na Europa. Milhares de pessoas morrendo no mar, crianças mortas na praia, bebê flutuando vivo no Mediterrâneo, multidões em busca de segurança e condições de vida. A Europa parece não ter memória histórica. Quando, há mais de cem anos, alemães, franceses, ingleses, italianos, espanhóis, portugueses, entre outros não tinham condições de vida na Europa, buscaram nossos países e na maioria dos casos foram bem acolhidos. O que vemos hoje no Velho Continente são muros sendo construídos, patrulhas das fronteiras e mares, com sistemas de vigilância nos países de origem dos imigrantes chegando até ao afundamento proposital de barcos. Um horror! Isso tudo se passa após de terem saqueado as riquezas dos países de origem das migrações. Mas, quando o imigrante é necessário como mão de obra barata, explorada, com custo de até 50% menos dos trabalhadores nacionais, aí sim, as portas se abrem. Até quando tanta hipocrisia e vergonha. Por isso tudo, mais do que nunca é preciso gritarmos por TRABALHO, JUSTIÇA E VIDA. 51 Relatório de Atividades - CAMI 2015 “MUJER INMIGRANTE” H ay entre todas las mujeres, no sé si por instinto animal u otro, un sentido de protección natural hacia sus hijos, y este sentimiento las lleva a demostrar una fortaleza que no vislumbro en ningún otro colectivo: no importa el pañuelo que lleve, ni tampoco el pantalón moderno, o el pelo blanco: son madres, mujeres, inmigrantes: son ciudadanas. Desde hace más de doscientos años, las mujeres de todo el mundo luchan por la igualdad. Primero fue el derecho al sufragio, luego a estudiar, a trabajar y por obtener derechos civiles iguales a los hombres. Sin embargo, las mujeres siguen todavía habitando un mundo en donde el ideario francés de igualdad, libertad y fraternidad es aún una utopía. En nuestra región, América Latina, las luchas feministas y el accionar de los diversos movimientos de mujeres han jugado un rol fundamental en la paulatina eliminación de los estereotipos sexistas y en la discriminación hacia las mujeres. No obstante, se observan condiciones estructurales inamovibles que imposibilitan la igualdad real de oportunidades entre varones y mujeres. Nosotras mujeres imnigrantes luchamos por una nueva ley de migración, por el derecho al voto, la salud y educación con calidad, así como contra la precarización, discriminación y xenofobia que todavía prevalecen en la sociedad brasileira, en especial, en la relación con empleadores e inclusive con instituciones públicas. Monica Rulo Asa Branca - Cacá Lopes Quando olhei a terra ardendo Qual fogueira de São João Eu perguntei a Deus do céu, ai Por que tamanha judiação Que braseiro, que fornalha Nem um pé de plantação Por falta d'água perdi meu gado Morreu de sede meu alazão Até mesmo a asa branca Bateu asas do sertão Então eu disse adeus Rosinha Guarda contigo meu coração 52 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Quando o verde dos teus olhos Se espalhar na plantação Eu te asseguro não chores não, viu Que eu voltarei, viu Meu coração Hoje longe muitas léguas Numa triste solidão Espero a chuva cair de novo Pra mim voltar pro meu sertão Quando o verde dos seus olhos Se espalha na plantação Eu te asseguro Não Chores não, viu? Que eu voltarei, viu meu coração. Nicaragua Nicaraguita Celina Castro Ay Nicaragua, Nicaraguita, la flor mas linda de mi querer, abonada con la bendita, Nicaraguita, sangre de Diriangén. Ay Nicaragua sos mas dulcita, que la mielita de Tamagas, pero ahora que ya sos libre, Nicaraguita, yo te quiero mucho mas. pero ahora que ya sos libre, Nicaraguita, yo te quiero mucho mas. -Cuando la canción sube un tono, simplemente hay que subir un tono los acordes: Ay Nicaragua, Nicaraguita, 53 Relatório de Atividades - CAMI 2015 la flor mas linda de mi querer, abonada con la bendita, Nicaraguita, sangre de Diriangén. Viva mi Patria Bolivia - Canto Libre Viva mi patria Bolivia una gran nación por ella doy mi vida también mi corazón. (bis) Esta canción que yo canto la brindo con amor a mi patria Bolivia como la quiero yo. (bis) La llevo en mi corazón y le doy mi inspiración quiere a mi patria Bolivia como la quiero yo. (bis) Nuevos Horizontes Arleidy Chajmi Villca Radiante sol que ilumina cada nuevo amanecer, así como mi fe alimenta mi esperanza de conocer nuevos horizontes. Uniendo lazos entre hermanos, quebrando barreras que solo nos apartan unos de los otros. Dejando el egoísmo y las diferencias de idiomas, razas u origen de nacionalidad trabajando todos como hermanos estamos construyendo un nuevo pueblo multicultural. pues no existe frontera que in ponga un límite a nuestras esperanzas x una vida mejor, ni cansancios suficiente que pueda apagar nuestros sueños. y cuanto mayor sea la dificultad más grande a un será la conquista 54 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Largas serán las jornadas de trabajo pero corta queda frente a mi lucha incansable por un mejor porvenir. y así como aves que migran a oriente conoceremos nuevos horizontes. Mis raíces aun están en mi país en mi hogar no vine hasta aquí para desistir y si depende de mi yo voy hasta el fin... Me duele el Corazón Mario Ayala Me duele el corazón con tal violencia, me duele que no puedo respirar... No sé qué pasará con este gran dolor De noche no me deja descansar ¡pobre de mí! No sé qué pasará con este gran dolor de noche no me deja descansar ¿Dónde están mis amigos? No los veo. ¿Dónde están mis hermanos? No los hallo. solito he de sufrir, solito he de llorar, Solito yo me tengo qué acabar ¡pobre de mi! solito he de sufrir, solito he de llorar, solito yo me tengo qué acabar Delante de la virgen me arrodillo le pido que no me haga sufrir más que me haga ese favor no hacerme padecer sino hasta la razón voy a perder. 55 Relatório de Atividades - CAMI 2015 América Livre - Luiane e Luisa América Latina de sangue e suor Eu quero pra ti um dia melhor Este povo que sofre pela mesma razão Grita por liberdade numa nova canção. América, América, sou teu filho e digo um dia quero ser livre contigo. América morena do velho e do novo Construindo a história na luta do povo Numa guerra de força contra o Imperialismo que dos povos da América é o grande inimigo. América minha quero te ver um dia Teu povo nas ruas com a mesma alegria Gritar a vitória no campo e cidade e empunhar a bandeira da liberdade. Presentación que mostraron su cultura a través de la danza ancestral y originaria: Fraternidad Folklorica Cultural “San Simon” Tinkus e Kantuta Bolívia, caporales. Participaram mais de 500 pessoas 56 Relatório de Atividades - CAMI 2015 2.10 A 9ª Marcha dos Imigrantes Fronteiras Livres! Não à Discriminação 9ª Marcha dos Imigrantes os poucos, os imigrantes foram chegando dos mais distintos bairros da grande São Paulo e se concentrando na Praça da República. A marcha foi tomando corpo ao som da banda Sou da Paz, formada por representantes de diferentes credos. Grupos e pessoas ajeitavam os últimos detalhes para se posicionarem durante a caminhada. A abertura coube ao bispo da Igreja Anglicana de São Paulo, Dom Flávio Irala, presidente do CAMI e também do CONIC. Dom Flávio ressaltou a importância de acolhermos todas as pessoas como irmãos, sem preconceitos ou discriminação. Em seguida, a marcha tomou movimento rumo à Praça da Sé, com sua exuberância e cores. Faixas, bandeiras e cartazes estampavam os protestos dos caminheiros, sob o som do hino: “Marchar com fé eu vou, o Brasil não costuma falhar...”. O clima agradável, o sol, o calor, o ritmo de danças folclóricas e batucadas desfilaram na marcha, não faltando palavras de ordem e protestos misturados à descontração. Mesmo em idiomas tão diferentes, tudo parecia compreendido. Olhares, gestos e sorrisos se comunicavam. As imagens dão a dimensão dessa diversidade. No bloco das mulheres, brasileiras, A bolivianas, peruanas, paraguaias, haitianas, angolanas e de tantas outras nacionalidades marcharam de forma implacável. Denunciaram com maestria o preconceito, o machismo e a xenofobia que se expressa através de manifestações de ódio às pessoas estrangeiras. Outro tema que a marcha trouxe à tona foi o trabalho escravo. O pensador padre 57 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Antonio Vieira, no Brasil colonial, afirmou sobre a escravidão: “os homens, pervertendo a igualdade da natureza, a distinguiram com dois nomes tão opostos, como são os de senhor e escravo”. Esse fenômeno perverso que viola a dignidade humana está presente em todo o Brasil, na cidade e no meio rural. Neste último, encontra-se na cultura da erva mate, do algodão, da cana-de-açúcar, etc. Na cidade, é encontrado na construção civil, nas oficinas de costura, sobretudo envolvendo imigrantes que trabalham, muitas vezes, em jornadas que vão das 7 horas às 22 horas com poucos intervalos, em condições indignas para qualquer ser humano. Os novos escravagistas, mesmo sabendo das punições a que estão sujeitos, não se intimidam e praticam, além da exploração do trabalhador, a coerção física e moral. A legislação brasileira, por meio do Código Penal, tipifica como crime “reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto”. Pena: reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente a violência (Artigo 149). Em linhas gerais, a 9ª Marcha dos Imigrantes demonstrou a solidariedade possível entre povos diferentes, a diversidade tão bonita em harmonia, a celebração efetiva entre distintas religiões, a consciência crítica das crianças, das mulheres e dos homens imigrantes e brasileiros, a força coletiva onde um, mais um é mais do que dois. Ficou claro, concretamente, que todos somam na construção de um outro Brasil, um outro mundo possível e necessário, onde irá prevalecer a unidade na diversidade. Tudo isso pode ser, na visão dos conservadores, apenas “uma gota no meio de um oceano”, mas como nos lembra Madre Teresa de Calcutá, “sem ela o oceano será menor”. A 9ª Marcha dos Imigrantes aconteceu no dia 29 de novembro de 2015 e foi organizada por entidades de imigrantes e por organizações de apoio. Participaram cerca de 3.000 pessoas 58 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Manifesto da 9ª Marcha Fronteiras livres! Não à discriminação s governantes hoje estão preocupados com a migração, mas não em construir políticas de acolhida e sim de afastamento, criando muros, aumentando o policiamento, a repressão, segregando as pessoas que estão desesperadamente fugindo das guerras, das perseguições, da miséria, das catástrofes ambientais, da fome. O Marchamos contra todo tipo de violência: deslocamentos forçados, guerras, sequestros, tráfico de pessoas, trabalho escravo, violência doméstica, violência sexual, violência infantil, violência de gênero, intolerância religiosa, miséria, preconceito, racismo, xenofobia, discriminação e fome. Marchamos por vida digna para homens, mulheres e crianças que, sem opções, fogem para tentar sobreviver e muitos, nessa travessia, por mar ou por terra, arriscam suas vidas e morrem. Exigimos que os imigrantes e suas famílias encontrem em seu lugar de chegada uma acolhida solidária, com respeito à diferença étnica, cultural, social, religiosa e econômica, sem as sombras da morte, da dor e da discriminação. Marchamos para que os imigrantes sejam tratados com dignidade e que seus direitos sejam respeitados. Reunidos nesta 9ª Marcha, buscamos a construção de um mundo sem fronteiras, onde os povos tenham respeito aos diferentes costumes e crenças. Marchamos por acreditar que existe uma sentida necessidade humana para o encontro das culturas e da paz ao redor de um destino comum, que supere a violência, a injustiça, a discriminação, a dor e o sofrimento. Marchamos para exigir dos governantes respeito aos imigrantes e refugiados e políticas públicas que garantam igualdade de condições e oportunidades, com tratamento digno e respeitoso em todos os lugares. Marchamos por políticas públicas que não sejam paliativas e sim construtivas e efetivas, garantidoras de direitos de inclusão 59 Relatório de Atividades - CAMI 2015 e de participação. Marchamos pela eliminação das fronteiras sociais, culturais, políticas e econômicas, certos de que não são apenas as fronteiras geográficas que separam e discriminam. Marchamos porque queremos um mundo de paz, sem fronteiras que produzam desigualdade. Nossa marcha reafirma o direito à liberdade e ao igual abrigo na grande Casa Comum, o planeta Terra. Quem poderia produzir essa formidável mudança de direção senão os povos que são, precisamente, o sujeito da história? Reafirmamos, portanto, nosso compromisso com a cidadania universal: nenhum ser humano é ilegal! Somos Um! Somos Muitos! Depoimentos da 9ª Marcha dos (I)migrantes “A marcha é um movimento muito interessante no sentido da participação, como já disse nas reuniões, porque nós africanos nos sentimos excluídos antes, mas nesta última, (9ª Marcha dos imigrantes) achei bem interessante no equilíbrio de falas de todas as nacionalidades. É exatamente isso que eu pessoalmente esperava numa marcha desse tipo. Se não a marcha perde seu sentido e seu objetivo central que é, no meu ponto de vista, dar visibilidades aos imigrantes independente de serem latinos, africanos, asiáticos ou os próprios europeus! Assim que pudermos vencer 60 Relatório de Atividades - CAMI 2015 realmente e o nosso slogan “fronteiras livres” fará todo o sentido! Somos fortes juntos, ou seja, a União faz força (L’union fait la force)! A marcha teve uma participação enorme com muitas entidades políticas, religiosas e da sociedade civil. Para mim isso é muito importante. Além e várias nacionalidades africanas e latinas principalmente! Vamos continuar assim Venceremos!” Mahfouz Ag Adnane nacionalidade malinesa “Es la primera vez que participo y me parece que la marcha tiene gran sentido cuando se trata de unirnos sin preconcepto ni discriminación. Nosotras como “Centro social de mães e filhos luz y vida” participamos como mujeres, como madres y mostramos eso cuando salimos con nuestros hijos a marchar , manifestando que los inmigrantes somos familias, somos madres e hijos. Esta meta la cumplimos tanto como institución ,como inmigrantes; ya estamos articulándonos para la siguiente marcha, porque entendemos que este no es el fin , y si el comienzo de una nueva conciencia que no ve fronteras entre los seres humanos que somos finalmente hermanos.” Yolanda Marlene Cortez Palácios Boliviana 61 Relatório de Atividades - CAMI 2015 A marcha foi muito legal ainda mais quando cortaram a cerca de símbolo das fronteiras, estive perto e passei a barreira. Apesar de ser cansativo foi uma experiência legal pois conheci paraguaios, franceses, bolivianos e outras nacionalidades.” Brenda Amistad Paz Velasquez menina de 9 anos de idade “Primero quiero agradecer pues tengo la certeza de que estamos haciendo historia por ser parte de esta revolución que busca un mundo más justo, libre de fronteras y sin discriminación para el bien de todos; quedo contento porque estamos luchando para conseguir nuestros ideales. Sé que se notó la ausencia participativa de personas, de logística entre otros; sin embargo, hicimos sentir nuestra lucha, espero que en la próxima marcha podamos llamar mucha más personas para que se unan, para hacer saber que los inmigrantes tenemos sueños, necesidades y metas que alcanzar. “Quería agradecer por tenerme en cuanta no solo por ser inmigrante ya que mi sueño de ser artista cuanta con el apoyo de CAMI. Estos proyectos se van realizando realmente al contar con el apoyo de la institución que nos motiva para Salir adelante. Aún falta un poco más de unión, pero yo sé que poco a poco, poniendo nuestro granito de arena entre todos, conseguiremos ser notados y respetados, no como inmigrante si no como ciudadanos y seres vivos y sin importar etnias, colores, razas y costumbres…” Richards Tex Brow Mahaney artista Inmigrante 62 Relatório de Atividades - CAMI 2015 2.11 Encontro - Imigrantes e Refugiados – desafios da casa comum Objetivos: Sensibilizar igrejas de diferentes organizações religiosas para a situação dos imigrantes e refugiados fortalecendo a rede de acolhida; Criar espaços de escuta e diálogo com imigrantes e refugiados/as a fim de diagnosticar as principais dificuldades enfrentadas por eles e elas no Brasil; Aumentar a ação de incidência pública com o objetivo de denunciar as violações de direitos e identificar estratégias capazes de contribuir com mecanismos de proteção aos e às imigrantes. Reflexão bíblica e teológica Assessoria: Maryuri Mora: doutoranda em Teologia pela Faculdade Metodista e integrante da Rede Ecumênica da Juventude para refletir sobre o tema migração desde um olhar teológico, a assessoria explicitou o seu lugar de fala. Toda fala, toda teologia e toda hermenêutica é situada, não há novidade nisso, mas deve ser reconhecido. Maryuri é colombiana, teóloga e está no Brasil há seis anos. Recupera o contexto atual da migração no mundo, e menciona que se trata de uma realidade perpassada por questões de raça, de gênero, de classe social e de geopolítica, isto considerando o mundo cada vez mais regido pelo mercado global. Chama a atenção que seis a cada dez pessoas migrantes vivem em países desenvolvidos. Por que o Brasil é um dos países para o qual as pessoas migram? A partir desses pressupostos ensaia uma leitura teológico de juízes 19, um texto bíblico que não parece, em principio, ter relação nenhuma como o tema em questão. Ao ler, concentra a atenção na mulher (sem nome) da narrativa. O interesse é rastrear os vários deslocamentos que ela enfrenta, tornada corpoobjeto, justificativa para interesses políticos e masculinos. Características que também são hegemônicas entre lideranças religiosas. A mulher de Juízes 19 é uma estrangeira na terra do seu marido. A narrativa bíblica toda se desenvolve num lugar onde tanto a “mulher sem nome” como o seu marido, o levita também são estrangeiros. A assessora faz uma crítica à lei da hospitalidade, 63 Relatório de Atividades - CAMI 2015 que é a primeira explicação dada ao desenrolar da história, porque a hospitalidade era só aplicada aos hóspedes masculinos. Infelizmente isso nos mostra que o patriarcalismo não é prerrogativa do nosso tempo... Nessa direção, a assessora provoca para que se questione a narrativa bíblica e sua tentativa de justificar discursivamente um ato de violência e a morte cruel de uma mulher. Finalmente, pergunta pelo lugar de Deus nessa história de horror, assim como pelo lugar de Deus nas fronteiras onde tantas mulheres, crianças e demais imigrantes e refugiados/as são empurrados a cada dia. A assessoria destaca que apenas consegue ver um Deus silencioso e marginal. O exercício de imaginação feminista é que esse Deus tenha chorado ao ver o corpo desmembrado da mulher de Jz 19. Essa estrangeira, que ao final da análise bíblica, a assessoria dá um nome, uma identidade. A mulher de Jz 19 recebe o nome de Elvira. Somente esse Deus das margens pode caminhar indignado junto aos pés cansados e as bocas sedentas de tantos/as migrantes e refugiados/as ao redor do mundo. Quais as possibilidades e limites para uma rede ecumênica de apoio aos e às migrantes e refugiados/as? Foram formados dois grupos. Um com representações das comunidades confessionais e ecumênicas (IECLB, IPU, IEAB, CONIC, REJU), outro com as organizações que já trabalham com o tema (SEFRAS, CAMI). Propostas das comunidades confessionais e ecumênicas: Estabelecer parcerias com as instituições que já desenvolvem trabalhos com imigrantes e refugiados; Importante estabelecer uma boa estratégia de comunicação para que a situação dos imigrantes e refugiados chegue até as comunidades locais; Comunidades religiosas e movimento são importantes para levar as denúncias de desrespeito de direitos ao poder público e para a incidência pública; Contribuir para que os profissionalmente; imigrantes e refugiados sejam reconhecidos Enviar o relatório que CONIC fará dessa oficina para as secretarias gerais das igrejas para que tenham conhecimento dos trabalhos que já são realizados e dos desafios que ainda precisam ser enfrentados; 64 Relatório de Atividades - CAMI 2015 As possibilidades de trabalho de comunidades religiosas com imigrantes e refugiados surgem a partir do compromisso evangélico de ir ao encontro das pessoas. Dificuldades para as comunidades religiosas desenvolverem ações concretas: conjuntura comunitária. Falta de voluntariado, que nas igrejas está deixando de ser efetivo. Por isso é importante estabelecer vínculos com as organizações que já existem. Importante reconhecermos nossas limitações para poder identificar o que realmente por der feito; Importante que organizações presentes na oficina se visitem para estabelecer trocas e se conhecerem melhor. Grupo das organizações que já trabalham com o tema: Necessidade de informar as igrejas sobre a situação dos imigrantes e refugiados, para tanto, é importante seguir trabalhando com as igrejas; Há a necessidade de sensibilizar as igrejas para o tema; Fazer convites formais às comunidades. Muitas vezes, a comunidade local deixa de se envolver com um projeto social por falta de conhecimento. Há uma resistência para desenvolver trabalhos que fujam do dia-a-dia das comunidades; Há uma falta de envolvimento das comunidades religiosas com seu entorno. Elas são muito voltadas para si mesmas; Conservadorismo, contribui para o distanciamento em relação ao entorno, pois reforça o pensamento de que o “mundo é assim mesmo”. Por isso, é importante informar e sensibilizar para que as pessoas se abram para este tema. Propôs a criação de uma Rede de Religiosos e Religiosas em prol ou em defesa dos imigrantes e refugiados. Este Rede pode fazer ações para dentro das comunidades religiosas e ações externas: incidência pública; Importante que as comunidades religiosas ofereçam apoio para os imigrantes se auto- organizarem em associações, por exemplo, oferecendo recursos humanos; Comunidades religiosas podem oferecer espaços para os imigrantes e refugiados se reunirem; Importante mapear as igrejas que já desenvolvem trabalhos nesse sentido. Encaminhamentos: 1) Realização de uma nova oficina nos dias 15 a 16 de abril, em São Paulo. Público-alvo: lideranças religiosas da grande São Paulo, pastores/as imigrantes. 2) Farão parte do processo de organização todas as organizações queparticiparam da oficina de 08 a 09 de dezembro. Primeira reunião de preparação: 19 de fevereiro, às 14 horas, no SEFRAS. Avaliação: 1) Oficina foi importante por ter possibilitado a troca de informações; 2) Experiência bonita e enriquecedora. As dificuldades apenas podem ser superadas se juntarmos forças. 3) A causa é desafiadora. Um pequeno passo foi dado. A oficina possibilitou mais ampliar conhecimento sobre o tema. 65 Relatório de Atividades - CAMI 2015 2.12 Coor. Caridade, Justiça e Paz Arquidiocese. SP Um membro do Cami, Nelson Bison, participou ativamente das reuniões mensais da coordenação caridade, justiça e paz da arquidiocese de são Paulo durante o ano de 2015. Nas reuniões, além da troca de experiências de trabalho pastoral, a equipe opinava sobre temas relevantes da ação sociopastoral da igreja de são Paulo. Participação nos seminários e demais atividades organizadas pela coordenação. Seminário 03 de outubro 2015 Objetivo – reunir representantes, agentes de pastoral, de pastorais sociais e organismos que têm participado das reuniões já realizadas, visando consolidar a coordenação e aprofundar relações de pastoral de conjunto. - Conhecer a ação pastoral de cada uma das pastorais / organismos integrantes da coordenação; - aprofundar as relações de parceria entre os agentes pastorais; - Estabelecer as ações prioritárias e urgentes da ação da Igreja; - Formar um plano de ação conjunta visando à superação das prioridades estabelecidas. Igreja em estado permanente de Missão. Conseguimos neste ano, dar passos para realmente ser uma Igreja missionária, uma Igreja em saída? Que exemplos nos mostram os passos dados? O que nos faz compreender que ainda não demos passos Igreja a serviço da vida plena para todos. O que foi assumido: Conseguimos neste ano, dar passos para realmente ser uma Igreja Samaritana? Uma Igreja presente na vida do povo sofredor? Sim ou não, e por que (como)? Evangelização dos Jovens. De que formas concretas nossa pastoral/organismo está assumindo a evangelização da juventude? 66 Relatório de Atividades - CAMI 2015 2.13 ‘’Agentes multiplicadores de base e visitas a oficinas de costura Esse trabalho dos agentes visitadores de oficinas liberados, dos agentes multiplicadores de base constitui uma atividade de dinamização e de prevenção ao trabalho escravo e ao tráfico de pessoas. Isso porque ficam em permanente contato com as famílias e com o ambiente de trabalho que são as oficinas de costura. Em 2014, essa atividade do Cami recebeu duas premiações, uma do Ministério da Justiça, durante o evento da COMIGRAR e a outra pela ANAMATRA, associação nacional dos juízes do trabalho como uma boa prática de prevenção ao trabalho escravo e tráfico de pessoas. O trabalho de visitas a oficinas de costura realizado pelos próprios imigrantes liberados, e pelos agentes voluntários de base, além de acompanhar de perto a situação dos trabalhadores imigrantes, observam e aplicam um questionário ao dono de oficinas, colhendo informações sobre a oficina, ambiente e dos trabalhadores, quantos homens e mulheres, suas origens e são oferecidos serviços gratuitos como regularização migratória, assessoria jurídica, cursos e palestras de como regularizar sua oficina de costura, sobre trabalho decente e registro dos trabalhadores, sobre saúde pessoal e práticas de higiene, cursos de português, informática, modelagem, eletricidade entre outros temas. Enquanto os agentes liberados percorrem as regiões, os agentes multiplicadores de base, voluntários, atuam em âmbito das comunidades com grande incidência de imigrantes, através de ações de informação sobre os diversos serviços que o CAMI oferece, desde a regularização de documentos, cursos, assessorias, visitas a oficinas e as casas de imigrantes visando fortalecer os núcleos comunitários de imigrantes para o exercício de uma maior cidadania. Também atuam como uma ponte entre os imigrantes, donos de oficinas e organizações com o intuito de deixar a comunidade bem informada e mobilizada visando maior segurança dos trabalhadores e prevenção de doenças como tuberculose, coibir situações de superexploração e de trabalho escravo propiciando avançar na conquista de direitos e cidadania. 67 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Contribuir para que as lideranças comunitárias saibam acolher, entender e atender o imigrante construindo com ele um espaço de interatividade sob a perspectiva da participação social e política na sociedade brasileira; Intensificar a atuação dos líderes para que possam orientar os imigrantes e motivar a participação dos imigrantes nas atividades oferecidas pelo CAMI, tais como palestras de formação e assessoria (regulação migratória, saúde, liderança comunitária, trabalho escravo, regularização de oficinas de costuras); regularização migratória, assessoria e orientação jurídica; inclusão social e visitas a oficinas; Mobilizar os imigrantes por meio de assembleias populares, eventos culturais e Marchas dos imigrantes com várias bandeiras de luta visando a ampliação dos direitos, construção de políticas públicas, mudança da lei de migração, enfim, por mais cidadania; Em todo o último sábado de cada mês, é realizado um encontro com todos os agentes multiplicadores de base (voluntários) para avaliar a atuação junto as comunidades de imigrantes, bem como troca de experiência, discussão e encaminhamentos sobre as principais demandas dos imigrantes. Já, os visitadores de oficina (liberados) se reúnem todas as sextas feiras com a equipe geral do CAMI para avaliação e programação da semana. Durante esse ano de 2015, foram visitadas 925 oficinas de costura e aplicado um questionário aos donos das oficinas. Segue a tabulação de algumas perguntas do questionário como: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. País de origem Tem documento brasileiro? Há quanto tempo está no Brasil? Conhece alguma instituição que apoia imigrantes no Brasil? Gostaria de receber orientações para ser um pequeno empreendedor? Gostaria de receber a visita de um técnico de segurança no trabalho? Quantas pessoas trabalham com você na oficina? Dessas pessoas, quantos são familiares? 68 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Bolívia 893 Peru 16 1. País de origem? Paraguai Haiti 14 1 Brasil 2 69 Relatório de Atividades - CAMI 2015 3. Quanto tempo está no Brasil? 1 a 3 anos 359 4 a 7 anos 291 8 mais anos 275 4. 70 Relatório de Atividades - CAMI 2015 5. Gostaria de receber orientação para ser um micro empreendedor? Sim 552 Não 373 6. Gostaria de receber a visita de um técnico em segurança do trabalho? Sim Não 459 466 71 Relatório de Atividades - CAMI 2015 7. Quantas pessoas trabalham com você? Oficinas Trabalhadores 01 105 02 409 03 513 04 587 05 460 06 469 07 262 08 201 09 73 10 191 11 67 12 60 8. Quantas são parentes ou da família? Familiares Não familiares 2.024 135 72 13 75 Relatório de Atividades - CAMI 2015 9. TOTAL DE OFICINAS Oficinas que não abriram as portas 088 Oficinas visitadas 925 9. TOTAL DE OFICINAS 9% Visitadas Não abriram as portas 91% 2. 14 ENCONTRO DE AGENTES E MULTIPLICADORES DE BASE MARCO No primeiro momento, os participantes foram acolhidos pelos organizadores do evento e, em seguida, as médicas Noemi T. Matsuda de Lima; e Rosely Sevaovic, membros da Rede Paulista de Tuberculose, proferiram uma esclarecedora palestra. Por meio de uma dinâmica interativa, apresentaram a tuberculose como sério problema de saúde pública, que precisa ser combatido. Explicaram como se dá a transmissão, desconstruíram alguns tabus, esclareceram as dúvidas dos presentes e sugeriram ações preventivas para combater essa doença. Ampliando a reflexão, Jhanira Conde, profissional do CAMI, apresentou de forma dinâmica e envolvente a temática Liderança, destacando que o líder deve conhecer a si e o grupo de trabalho para saber identificar os pontos fortes e fracos e atuar sobre estes pontos. O líder é um guia que delega 73 Relatório de Atividades - CAMI 2015 tarefas de forma eficiente e participativa. Concluiu-se o momento formativo com a colocação do senhor Nello Pulcinelli, cujo objetivo foi explicar a relevância do trabalho de assistência social no CAMI e a importância de esta atividade ser realizada em conjunto – Multiplicadores e Serviço Social – para assegurar os direitos humanos e sociais dos imigrantes. Na segunda parte, Nelson Bison conduziu a reunião e proferiu os seguintes informes: Alertou sobre a ausência na reunião do dia 01 de março; Falou sobre a necessidade de entrega dos contratos assinados; Enfatizou a importância da presença de todos nas reuniões do último sábado de cada mês; Solicitou a pontualidade nas reuniões e atividades; Ressaltou a importância de equilibrar o grupo com a presença de mais mulheres. Convidou os agentes a participarem do Seminário Direito do Trabalho, dia 19 de abril às 14 horas e solicitou que tragam perguntas da comunidade sobre a temática; Pediu a cooperação dos multiplicadores no curso de língua portuguesa e cidadania (ajudar a professora e organizar o espaço; chegar 30 minutos antes do início da aula para verificar se está tudo correto; manter contato com os alunos ausentes a fim de evitar a evasão de alunos como houve no ano de 2014); Solicitou que mensalmente sejam feitas de oito a dez visitas às oficinas e que sejam elaborados relatórios; Pediu ao senhor Zacarias Saavedra que orientasse os presentes sobre o procedimento de trabalho e de abordagem nas oficinas de costura (portar o material do CAMI, apresentar-se, explicar o trabalho realizado e os serviços prestados gratuitamente, preencher a ficha com os dados da pessoa – caso não queira, colocar apenas o endereço do local –, oferecer a visita do técnico de segurança, etc.); Informou que as ocorrências urgentes, durante os finais de semana e feriados, devem ser comunidades ao Senhor Zacarias Saavedra. Finalizando sua fala, Nelson Bison conclui a reunião com o poema Solo le pido a Dios, de Mercedes Sosa, ficando para próxima reunião as seguintes reflexões: o que é ser Voluntário e o Papel do Multiplicador no curso de Língua Portuguesa e Cidadania. No dia 28 de março de 2014, na Rua Guaporé, 353, realizou-se a segunda reunião de Agentes e Multiplicadores de Base do CAMI, sob a coordenação de Nelson Bison. A reunião teve como objetivo discutir sobre a criação de um espaço de formação e reflexão para que agentes e multiplicadores sociais apropriem-se dos conteúdos ministrados e os transmitam às suas comunidades. Para essa finalidade, ela foi dividida em dois momentos: formativo e informativo. 74 Relatório de Atividades - CAMI 2015 ENCONTRO DE AGENTES E MULTIPLICADORES DE BASE MAIO Movidos pela sensibilidade que pressupõe encontro, escuta, acolhimento e preocupação com o outro, mais uma vez o grupo de Agentes e Multiplicadores de Base reuniu-se no dia 30 de maio de 2015, às 14h30, na sede do CAMI. O encontro teve como objetivo socializar as atividades desenvolvidas ao longo do mês de maio e buscar, conjunta e solidariamente, saídas para as dificuldades encontradas, estimulando a criatividade e ao espírito inventivo diante dos problemas cotidianos e o fortalecimento do ideal voluntário por meio da reflexão coletiva, tendo como inspiração bíblica a parábola do Semeador (Marcos 4, 2-9). No primeiro momento da reunião, os multiplicadores de base atuantes nos bairros de São Paulo e da Grande São Paulo (Vila Gustavo, Vila Maria, Pari, Casa Verde, Brás, Bom Retiro, Belenzinho, Penha, Jardim Brasil. Guaianases e Carapicuíba), narraram que realizaram em média oito visitas às oficinas de costura, classificando-as como microempresas familiares. Em contrapartida, outras oficinas recusaram-se abrir as suas portas, demonstrando desconhecimento, medo, ou desconfiança no trabalho oferecido. Os visitadores deparam-se com problemas de cunho assistencial, jurídico e moral, pois alguns imigrantes apresentam carência alimentar, necessitando de cestas básicas. Outros são explorados pelo preço abusivo dos aluguéis. Algumas moças, menores de idade, na região do Bom Retiro, estão sendo mantidas numa espécie de cárcere privado e trabalho análogo ao escravo. Há uma pessoa que trabalha no Posto de Saúde do Bom Retiro que está denegrindo a imagem do CAMI e impedindo que os imigrantes, particularmente paraguaios recém-chegados, sejam atendidos pelo setor de regularização migratória. Acrescentando a isso, apresentou-se o fato de alguns donos de oficinas reclamarem do mau atendimento recebido pela Instituição. Diante dessa exposição e para que o CAMI possa tomar as providências, orientou-se que todos deverão trazer por escrito, para a reunião, um relato detalhado dos fatos encontrados. Caso a situação seja emergencial, trarão antecipadamente o documento preenchido e falarão com responsáveis do Cami, que poderão acionar o trabalho do assistente social ou do advogado do CAMI, conforme os casos. Em relação às condições de trabalho análogo ao trabalho escravo e ao profissional do Posto de Saúde, Roque R. Pattussi, coordenador do Cami, será informado e tomará as medidas necessárias. Outras ações básicas apontadas para os multiplicadores foram que entrem no facebook Institucional, façam uma coletânea dos jornais do CAMI, sobretudo da última página que traz artigos de ordem legal; motivem os membros da comunidade a participarem do Festival de Música e Poesia do Imigrante. Enfim, sejam pessoas informadas para que possam transmitir conhecimentos para a comunidade. Nessa perspectiva e no ensejo de fazê-los mais conscientes do papel que cada um desempenha, apresentou-se a importância de Ser Voluntário (definição, características, critérios e legislação). Fechando a reunião, cada um 75 Relatório de Atividades - CAMI 2015 foi convidado a refletir sobre a parábola do Semeador, pensando que ao mesmo tempo são semeadores, campo e semente. Enfim, esse conjunto de questões, entre outras tantas, revelaram a importância que assume hoje trabalhar a formação continuada em vários campos: técnico-profissional (saber fazer – elaborar relatório; redigir uma ficha de observação etc.); conhecimento pastoral; noção imigratória e jurídica (conhecer as leis de imigração e os direitos dos imigrantes) e algumas ideias em relações públicas (interagir e estabelecer interlocução com diferentes atores em diferentes cenários) e, finalmente, saber resolver problemas que aparecem á nossa frente ou pelo menos trazer para o grupo e sugerir possíveis soluções. ENCONTRO DE AGENTES E MULTIPLICADORES DE BASE JULHO Todos os fiéis viviam unidos e tinham tudo em comum. (Atos 2, 44) Desde o início de abril de 2015, as reuniões com os agentes e multiplicadores de base vêm sofrendo uma reconfiguração de perfil. Embora reconheça a importância das descrições das atividades realizadas nas comunidades imigrantes, atualmente os encontros se debruçam sobre a ênfase na formação humana, política, ética e espiritual. Desse modo, a reunião do dia 01 de agosto de 2015 teve como objetivo introduzir o conceito de mais-valia, utilizando como estratégia o filme de curta-metragem Ilha das Flores (diretor: Jorge Furtado, 1989). Dentro dessa perspectiva e em face de muitas questões a serem aprofundadas, o momento de espiritualidade voltou seu olhar para as primeiras comunidades cristãs (Atos dos Apóstolos - 2,42-47; 4, 32-36), acreditando que o jeito de viver daquelas pessoas poderia inspirar e dar pistas para o enfrentamento dos problemas atuais, sobretudo em relação à precarização do trabalho, à mecanização e indiferença nas relações interpessoais. Conforme o texto bíblico em referência, as primeiras comunidades cristãs foram: perseverantes ao ensinamento dos apóstolos (assimilaram as palavras de Jesus Cristo, seu modo de comunicar-se e relacionar-se com o Pai e com as pessoas); perseverantes na comunhão fraterna (a unidade e a solidariedade era uma prática constante na vida desses grupos); perseverantes na fração do pão (partilha e fidelidade na em sua fé); perseverantes na oração (o louvor, a intimidade com Deus era um elemento fundamental na vida dos primeiros 76 Relatório de Atividades - CAMI 2015 cristãos) e perseverantes no testemunho (eles atraíam outras pessoas para a comunidade devido à solidariedade e a comunhão de vida entre os primeiros cristãos). Pensando nessas dimensões, cada um foi convidado a se perguntar: o nosso grupo é fiel ao Evangelho, eu sou fiel ao Evangelho? Como é a prática da solidariedade e da comunhão em nosso grupo e comunidades? Como está a nossa vida de oração? O jeito de ser e viver de nossas comunidades e grupo está arrastando outras pessoas? Posteriormente, sob a orientação do Palestrante Victor Ochoa, assistiu-se ao curta-metragem Ilha das flores. O filme chamou a atenção para as relações ambíguas estabelecidas entre os porcos e os seres humanos, pois, mesmo possuindo um “telecefálo altamente desenvolvido e um polegar opositor”, alguns seres humanos encontravam-se abaixo de porcos na escala de prioridade na escolha de alimentos, por não possuírem um dono e não serem lucrativos. De acordo com Victor Ochoa, cada um deveria desenvolver em si a capacidade de escutar o outro, perceber o outro, respeitar sua dignidade de pessoa, pois existe uma grande diferença entre pessoas e porcos. Os seres humanos não são mercadorias. Todavia, no sistema capitalista alguns indivíduos são coisificados e desassistidos, pois não possuem um dono e nem espaço. Dentro dessa lógica, está a ideia de lucro. O trabalhador vende sua força de trabalho, o excedente é lançado no mercado e gera lucro para o patrão. Enquanto isso, o operário recebe um salário mínimo para manter sua força de trabalho e continuar gerando lucro para o dono do capital. Nessa perspectiva, há duas ideias que se naturalizaram: a exploração e o lucro. Imersos nessa ideologia, alguns grupos reproduzem a lógica de exploração e escravidão, perdendo a perspectiva do humano (coreanos exploram andinos e andinos exploram andinos). O que um dia foi comunitário, fraternalmente partilhado, já não tem mais significado para a sociedade do lucro. Consequente, o trabalhador imigrante torna-se alienado de si, da vida social, do lazer e da cultura. Dando prosseguimento ao encontro e em consonância com o exposto por Victor Ochoa, os multiplicadores de base relataram o trabalho desenvolvido nesse período. Expuseram dois casos de violência entre imigrantes na comunidade de Carapicuíba. Um caso de uma jovem que sofrera agressão física da patroa e o outro a respeito de briga entre duas bolivianas. As ocorrências foram encaminhadas para a justiça. 77 Relatório de Atividades - CAMI 2015 O programa de rádio no Jardim Brasil está aberto para que os imigrantes relatem seus problemas e os encaminhem para o CAMI. O multiplicador do Jardim Brasil uniu-se com alguns costureiros para criar um sistema de trabalho mais justo e conta com o apoio do CAMI. No setor da Penha, além do Curso de Língua Portuguesa e Cidadania que será aberto no dia 2 de agosto, houve a denuncia de uma pessoa que não está recebendo seu pagamento há meses. Solicitou-se também a ajuda do CAMI na orientação em relação à regularização migratória, questões trabalhistas etc. Chamou-se a atenção dos multiplicadores e daqueles que possuem programas de rádio para alertarem a comunidade de imigrantes sobre o cuidado e a atenção que devem ter na hora de depositar seu dinheiro no banco. Precisam evitar lugares ermos para não serem assaltados. O mesmo cuidado devem manter em relação aos golpistas. Apresentaram-se os diversos problemas da Feira da Madrugada. Caberá ao CAMI apenas orientar e esclarecer, outras questões são responsabilidade da justiça. No dia 25 de julho de 2015 houve a Roda de Conversa de Mulheres no Bom Retiro e no dia 18 de julho de 2015 o fechamento do Módulo I do curso de português e cidadania. Finalizou-se a reunião com os avisos sobre a pontualidade nas reuniões. No próximo encontro inicia-se também a reunião em preparação da 9º marcha dos imigrantes. No dia 06 de setembro de 2015 - 4º Festival de Música e Poesia; dia 06 de agosto - festa do 190º aniversário da independência da Bolívia; em 04 de outubro o Grito do Excluídos Continental e em 15 de novembro o Desfile de Moda. ENCONTRO DE AGENTES E MULTIPLICADORES DE BASE AGOSTO No dia 29/08/2015, na nova sede do Cami, foi realizada a costumeira reunião (encontro) com os voluntários agentes multiplicadores de base, lideranças que atuam em vários bairros com grande presença de imigrantes, na Grande São Paulo. No primeiro momento, houve uma retomada da mística realizada no encontro do mês anterior sobre a solidariedade, gratuidade das pessoas para com o outro, próximo. Após esse momento passamos para a formação a cargo de Victor E. Ochoa com o tema abaixo. A SOCIEDADE CONTRA O ESTADO1 “Os Tupis-guaranis do Brasil e do Paraguai como modelo de econômico e social” Sociedades Guaranis pré-coloniais 1 A Sociedade contra o Estado, Pierre Clastres (1979). 78 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Palavras-chave: sociedade, estado, modelo de produção, reciprocidade. Esta palestra teve como finalidade apresentar as dinâmicas das relações de produção dentro das culturas Tupi-Guarani da época pré-colonial, tendo como eixo temático o modelo doméstico de produção nas relações de trabalho e de consumo com uma proposta de providencia social sustentada na reciprocidade da comunidade na obra de Pierre Clastes, A Sociedade Contra o Estado. A palestra foi dividida em cinco momentos. No inicio foram apresentados os diversos tipos de sociedades primitivas em uma visão não ocidental. Na descrição destas comunidades como primitivas, denominadas assim devido à ausência de um Estado como produto da sociedade, e descritas como incompletas, já que estas sociedades carecem de um órgão repressor ou regulador de classes, o Clastes (1979) afirme que “a nossa cultuara, desde as suas origens, pensa o poder politico em termos de relações hierarquizadas e autoritárias de comandoobediência. Qualquer forma, real ou possível de poder, é, por conseguinte, redutível a esta relação privilegiada”. Nas comunidades estudadas por Clastres, encontramos um modelo de comunidade social onde não existem privilégios, a divisão do trabalho é muito simples, o que implica na inoperância de um modelo de Estado já que esse seria o instrumento que permitira a uma classe dominante exercer sua dominação violenta sobre as classes dominadas. No segundo momento, foram abordadas as dinâmicas econômicas de produção e tentou-se apresentar o modelo social que tem como base o bem estar da comunidade a partir do abastecimento alimentar do grupo domestico. No terceiro momento, apresentou-se o modelo de produção e a simplicidade na divisão do trabalho dentro da livre e responsável utilização dos recursos, em relação às dinâmicas capitalistas atuais de produção e industrialização, quando: um grande número destas sociedades arcaicas «com economia de subsistência», na América do Sul, por exemplo, produziam uma quantidade de excedente alimentar por vezes equivalente ao necessário ao consumo anual da comunidade: produção portanto capaz de satisfazer duplamente as necessidades, ou de alimentar uma população duas vezes mais importante. Isto não significa evidentemente que as sociedades arcaicas não são arcaicas; trata-se simplesmente de mostrar a fatuidade «cientifica» do conceito de economia de subsistência, que traduz muito mais as atitudes e hábitos dos observadores ocidentais face as sociedades primitivas do que a realidade econômica sobre a qual repousam estas culturas.( Clastes 1979,p.12) No quarto momento, discutiu-se a contextualização da técnica como uma interação dos processos de que fornecidos aos seres humanos, não para 79 Relatório de Atividades - CAMI 2015 assegurar a submissão da natureza e seus recursos, mas para assegurar uma coexistência entre as necessidades da comunidade, a qual suprime também o conceito de inferioridade técnica das sociedades nativas, já que as técnicas utilizadas por estas comunidades tem a capacidade de abastecer suas próprias necessidades tão organizadas como as sociedades industrializadas. No quinto momento, fez-se um panorama da sociedade dos TupisGuaranis, uma sociedade sem escrita, sociedades sem historia datada por eles mesmos, porém sobrevivem sem um Estado que garanta a ordem de classes e, sobretudo, de excedentes na produção. No plano econômico, estas comunidades foram capazes de existir num contexto de sociedade sempre indo a contra corrente da formação de um Estado repressor e explorador. A reciprocidade, esta presente nas relações comunitárias, com um modelo de produção circular no qual a extração das matérias e a transformação das mesmas estão em equilíbrio com seu consumo em interação equilibrada com a natureza, oposta a figura de um Estado que fragmenta a reciprocidade da comunidade até mesmo nas dinâmicas solidarias da produção e consumo. Nas sociedades contemporâneas constituídas por Estados, com modelos de produção linear que tem seu inicio na extração sem limites das matérias primas em processos de produção de excedentes sem medidas, chegando a um consumo individualista, seguindo para o descarte e acumulo de produção desnecessária que gera lixo ou material descartável, sem a finalidade de um retorno a natureza, e desigualdade nas relações sócias, gerando centros e simultaneamente periferias. Por conseguinte, a estrutura da sociedade - a divisão em classes deveria preceder a emergência da máquina estatal. Observemos de passagem a fragilidade dessa concepção puramente instrumental do Estado. Se a sociedade é organizada por opressores capazes de explorar os oprimidos, é que essa capacidade de impor a alienação repousa sobre o uso de uma força, isto é, sobre o que faz da própria substância do Estado "monopólio da violência física legítima". A que necessidade responderia desde então a existência de um Estado, uma vez que sua essência - a violência - é imanente à divisão da sociedade, já que é, nesse sentido, dada antecipadamente na opressão exercida por um grupo social sobre os outros? Ele não seria senão o inútil órgão de uma função preenchida antes e alhures. A partir de um analise comparativa com o grupo de multiplicadores de base, tentou-se gerar um ambiente de discussão sobre as realidades atuais de organização social de produção em relação a sociedade descrita no livro de Pierre Clastres. Finalmente foram a presentados e discutidos os conceitos de: “Economia, sociedade, Estado, sistema, produção e consumo”; “Modelo de produção capitalista (linear versos circular/individual verso coletiva)”. 80 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Após o momento formativo com vários comentários e perguntas dos presentes, o encontro abriu a palavra para os agentes multiplicadores, livremente para socializar o que foi realizado, durante o mês, junto a comunidade imigrante nos bairros. Vários agentes relataram sobre a vida e realidade dos imigrantes quanto a questão do trabalho, pouco serviço, problemas de pessoas que trabalham e não recebem, problemas referentes aluguéis, problemas de violência, assaltos a residências e sobre famílias passando por necessidades precisando de ajuda. Antes de concluir o encontro, Zacarias Saavedra, agente social visitador de oficinas e comunicação no Cami, passou vários informes, bem como esclarecimentos sobre os casos relatados acima. ENCONTRO DE AGENTES E MULTIPLICADORES DE BASE SETEMBRO No dia 26 de setembro de 2015, na sede do CAMI, os Agentes e Multiplicadores de Base encontraram-se para mais uma reunião, cujos objetivos básicos foram: vivenciar momentos de mística, abrindo-se docilmente à ação de Deus; dar continuidade à formação humana e política; trocar experiências entre si sobre os trabalhos desenvolvidos ao longo do mês de setembro; refletir sobre a ação do multiplicador como doação, solidariedade e voluntariado e articular os multiplicadores para o Grito dos Excluídos continental. Inspirando-se nos escritos de Leonardo Boff sobre Hospitalidade e nas palavras de Pedro 4, 8 – “Sede hospitaleiros uns com os outros”, o momento de mística abriu-se para o ilimitado, entendo a hospitalidade como um direito e um dever de todos os habitantes da nave mãe Terra e peregrinos desse mundo. Sendo assim, percebeuse que o seguimento de Jesus Cristo exige uma atitude incondicional de acolhimento generoso e incondicional aos necessitados e sofredores; uma escuta atenta do outro, utilizando o coração para captar a sua angústia e a sua esperança; uma abertura acolhedora de sua história de vida; uma responsabilidade consciente junto com outros para que encontrem um lugar onde morar e um trabalho para ganhar a vida, tendo como inspiração história de Zaqueu (Lucas 19, 1-10). Em seguida, o voluntário Victor Ochoa apresentou um curta, na qual fábula descrevia atuações homogêneas de profissionais da política em diferentes períodos históricos. A metáfora propunha uma reflexão sobre o poder ideológico que mascarava e ocultava a realidade, impedindo o 81 Relatório de Atividades - CAMI 2015 desenvolvimento de elementos racionais para um discernimento crítico diante de programas de governos e escolhas de representantes. Tal reflexão, por uma necessidade epistemológica e metodológica, exigiu dos presentes um tempo para pensar, discutir e expor o que entendiam por política, cidadania e democracia. Assim, na visão de alguns multiplicadores e multiplicadoras a política foi considerada como uma demagogia; um autoritarismo e não participação social; um compromisso, participação, escuta de demandas e ação efetiva. A cidadania seria cada pessoa, praticando os direitos e deveres e, finalmente, a democracia significaria uma igualdade de direitos, liberdade de expressão e igualdade de poder. Com base nesses tipos de argumentos, Victor explicou-lhes que os homens são seres gregários e sociais, assim necessitam de deveres e direitos. Ação politica exige interação e escuta atenta do outro; num estado de vida social deixamos de ser indivíduos e passamos a ser seres sociais e , segundo o filósofo Maquiavel, o poder estaria no homem e a administração política deveria estar a favor da vida. Concluindo, cada um(a) foi convidado(a) a pensar sobre quem seria seus representantes e a compartilharem o que lhes representou esse momento de exposição dialógica. Resumidamente, disseram que a política deveria estar a favor da vida e a serviço do próximo. Infelizmente, o terceiro momento que seria a socialização das atividades realizadas foi subtraído devido ao tempo. Passou-se a palavra para o senhor Zacarias, que exortou fazerem um trabalho compromissado com a doação e solidariedade e solicitou uma atividade eficaz em relação ao Grito dos Excluídos Continental, dia 25 de outubro de 2015, Praça Kantuta. Finalmente, fechando esse momento, o senhor José do setor administrativo do CAMI recolheu os relatórios, questionários etc., enquanto deu-se o início da segunda reunião da 9ª Marcha dos Imigrantes. ENCONTRO DE AGENTES E MULTIPLICADORES DE BASE Em 05 de dezembro foi realizado o último encontro do ano com os agentes multiplicadores de base. Num primeiro momento, após a oração e mística, fizemos uma coletiva de avaliação da 9ª marcha dos imigrantes tanto no aspecto de organização bem como o de participação dos migrantes. A marcha 82 Relatório de Atividades - CAMI 2015 foi um momento importante, embora ainda falte muito para que os imigrantes participem em massa. Houve uma evolução na qualidade dos participantes e também na representatividade de instituições. Todos os presentes enfatizaram a necessidade de se trabalhar melhor a questão da marcha durante o ano. Organizar atividades na linha da formação política e de envolvimento bem como uma melhor divulgação nas rádios comunitárias. Quanto ao trabalho de cada um, uma, como agentes multiplicadores nas comunidades, disseram que foi um grande desafio. O trabalho foi muito exigente, mas que gostaram, pois além do contato com os imigrantes passaram a conhecer melhor as necessidades e a realidade do povo imigrante. Perceberam que referente ao trabalho de costura há momentos de grade pico e outros de baixo rendimento que coloca as famílias numa situação de instabilidade. Ainda pratica-se muito abuso na exploração do trabalho onde se trabalha muitas horas diariamente, geralmente das 7 da manhã às 22 horas da noite. Todos manifestarem interesse de continuar esse trabalho de voluntários para o próximo ano. 2.13 GÊNERO E MIGRAÇÃO EM RODAS DE CONVERSA VEM, Entra na Roda... Mas é preciso ter força É preciso ter raça É preciso ter gana sempre Quem traz no corpo a marca Maria, Maria Mistura a dor e a alegria (Milton Nascimento). O projeto, Gênero e Migração em Rodas de Conversa, destinado, inicialmente a mulheres imigrantes, está sendo realizado em conjunto pelo Centro de Apoio e Pastoral do Migrante - CAMI e Centro Scalabriniano de Promoção do Migrante – CESPROM - Pari, das Irmãs Missionárias Scalabrinianas da Província de São Paulo. 83 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Justificativa Vivemos em uma sociedade na qual a opressão feminina se dá nas diversas esferas da existência: trabalho, família, poder, identidade, cultura, religião, etc. O conceito de gênero é desconhecido por muitos e pouco debatido, devido à construção cultural estabelecida que resiste a uma quebra de antigos paradigmas. O presente projeto visa criar “rodas de conversas” com mulheres imigrantes em diversos bairros da cidade de São Paulo, para desencadear o debate participativo e a produção de respostas criativas que contribuam para a desconstrução destas relações de gênero preestabelecidas, gerando novos paradigmas sociais de respeito aos direitos humanos de todos e todas. Objetivo Geral Colocar em pauta, na comunidade imigrante, a discussão do conceito de gênero e aprofundar o debate sobre a construção das subjetividades masculina e feminina, buscando transformar as relações, em uma perspectiva igualitária, participativa e na qual as diferenças não sejam suportes para a desigualdade, nem contribuam para limitar os potenciais, as aspirações, as conquistas e os projetos de vida. Objetivos Específicos Construir, em diversos bairros da grande São Paulo, Rodas de Conversas, nas quais o diálogo seja um momento singular de partilha, de exercício de escuta e fala, possibilitando a inclusão de outros interlocutores; Criar estratégias que façam das conversas um espaço de interação, compreensão, reflexão, franco compartilhamento, troca de experiências, formação, troca de caminho, libertação, empoderamento e confraternização. Debater as relações de gênero, descontruindo e reconstruindo a compreensão dos papéis que determinam os comportamentos masculino e feminino no ambiente familiar, no trabalho, nos espaços públicos, de lideranças, de direção de movimentos, grupos, instituições, poder público e crenças religiosas. Aprofundar, a partir das relações de gênero, as questões de sexualidade, educação, saúde, trabalho, violência, cultura, religião e etnias, no âmbito das diversidades. Articular o projeto em redes, na qual as ideias e práticas assertivas se multipliquem em beneficio da comunidade e sociedade. 84 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Passos ou Estratégias de Ação 1. Formação da equipe gestora para a implementação e orientação contínua do projeto; 2. Identificação e mobilização de lideranças femininas para organização das “rodas de conversas”; 3. Conhecimento do público alvo e levantamento dos problemas da comunidade (características da população; atividades econômicas; tradições culturais; infraestruturas socioeconômicas; organizações comunitárias; funções e atividades; valores e perspectivas); (Criação de uma ficha de inscrição para fazer um seguimento das mulheres, a médio prazo); 4. Identificação dos obstáculos e elaboração de propostas de superação. 5. Buscar recursos humanos e financeiros para viabilização do projeto. 6. Elaboração de subsídios para apoiar as lideranças no desenvolvimento das “rodas de conversas”. 7. Formação das lideranças, agentes de base que dão apoio e logística loca para os encontros Rodas de Conversa; 8. Estabelecimento de indicadores para monitoramento do projeto, das atividades estabelecidas e dos resultados obtidos. 9. Publicação e circulação das ideias, das ações e das propostas estabelecidas, sem ferir a ética do sigilo e do respeito à confidencialidade; 10. Elaboração de um documento (livro) no qual serão narradas as memórias e a trajetória das pessoas envolvidas no projeto. Como Iniciar o Trabalho? Inicialmente, estruturar uma rede de grupos (rodas de conversa) em diversos bairros onde já existem os agentes multiplicadores de base (voluntários/as), cursos de português e cidadania, entre outros... No primeiro momento, precisamos trabalhar com dinâmicas que nos possibilitem fazê-las participar, envolverem-se; a médio prazo, daremos um passo de inclusão dos homens nas rodas de conversas, com o intuito de aprofundar o tema de gênero, que pode ser a partir do seminário a ser realizado no ano que vem. Construir uma teia de aranha com as demandas que aparecerem. Registar a história do grupo por meio de relatórios, depoimentos, fotos, etc. 85 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Estratégias iniciais Importância do cuidado de si. Conhecimento pela afetividade, exercícios do conhecimento do próprio corpo. Criar vinculação que não é pelo discurso. Contar a experiência de como se sentiu no exercício. Ter o cuidado do dirigimos. Historia de vida de migração. Dar muita importância à acolhida no primeiro momento, chá, bolachas, sucos, brindes, etc. Sortear algumas coisas para elas. Belenzinho – 1º encontro No dia 28 de junho de 2015, realizou-se a primeira roda de conversa com as mulheres imigrantes no Bairro de Belenzinho, na Igreja Batista Nova Jerusalém hispana. Esse primeiro encontro visou estabelecer vínculos afetivos e criar um lugar seguro para que possibilitasse abertura e partilha entre todos os membros. Estiveram presentes 18 mulheres, a equipe coordenação do evento (Ir. Inês, Maricela e Elisete) e a professora Cristina. Acolhidas com saboroso chá da tarde, motivadas a realizarem dinâmicas de descontração, construiu-se um caminho para abertura e acolhida. Cavado esse espaço, foram convidadas a confeccionarem seus crachás e escolherem uma imagem que tivesse um significado para elas. Essa dinâmica foi muito significativa, porque permitiu que muitas falassem de suas trajetórias enquanto mulheres imigrantes. Discorreram sobre suas experiências cotidianas e como se sentiam discriminadas, os episódios de discriminação aconteceram em maior número nas áreas de saúde (postos de saúde) e nas escolas. Os episódios incluíram “comentários considerados desadequados” por parte de alguns brasileiros, fronteiras étnicas e reducionismos ao tentar manifestar a cultura de alguns imigrantes latinos. Porém, em nenhum momento perdeu-se o brilho nos olhos e o sorriso nos lábios. Ao pergunta-lhes sobre a importância desse grupo e se tinham gostado do encontro, todas foram unanimes em dizer que sim e que desejavam dar continuidade aos encontros, ficando marcado um novo encontro para o dia 02 de agosto de 2015. Quando sorteados os brindes a festa entre elas continuou. Fechamos o encontro com um momento de espiritualidade, passando uma vela de mão em mão, pediu-se a luz de Deus na vida de cada uma. 86 Relatório de Atividades - CAMI 2015 O encontro se constituiu num momento privilegiado de socialização, integração e espiritualidade. Deus na sua imensa misericórdia nos brindou com a oração e benção do Pastor Daniel, tornando esse momento mais significativo. Bom Retiro - 1º Encontro No dia 25 de Julho de 2015 foi realizado o 1º encontro de rodas de conversas com as mulheres em Bom Retiro. Estavam presentes 5 mulheres bolivianas. As mulheres foram recepcionadas com um delicioso chá, no inicio um pouco tímidas por servissem dos alimentos ali oferecidos. Depois do chá preencheram a ficha de inscrição. Acrescentamos para as um mulher os objetivos das rodas de conversa, as quais manifestaram muitas o interesse de participar e curiosidade, pois nunca tinham participado de uma roda de conversas e ressaltaram ser muito importante por as mulheres precisamos falar de coisas que dizem respeito à vida da mulher. Foram feitas algumas dinâmicas de descontração e integração as quais gostaram muito. Fizemos apresentação utilizando a dinâmica do crachá, escolhendo uma figura com a qual se identificassem. Das falas eu destacaria três como sendo as mais significativas; a primeira escolheu um ramo de flores, e disse que “as mulheres gostamos de ganhar flores, e eu sempre espero receber um dia flores, principalmente do meu marido, pois ele nunca me regalou uma flor”. A segunda também escolheu uma flor disse “sou muito detalhista e sempre esperava e inclusive pedia a seu marido que lhe regalasse uma flor, quando chegavam dias importantes ficava esperando que ele chegasse com um presente para mim, mas nunca trazia nada, no inicio foi muito duro para mim, eu sofri muito, mas agora ele esta cambiando algumas coisas”. A terceira escolheu um anel e disse “eu tenho o meu marido, mas a gente não é casada, e o sonho de toda mulher é se casar pela igreja, para receber a benção de Deus, por isso escolhi o anel”. Terminando as partilhas saiu uma proposta de abordar um tema sobre violência domestica, porque há muitas mulheres que sofrem muito por causa de seus maridos que são muito ciumentos, etc. Terminada essa fizemos uma seção de automassagem e marcamos o próximo encontro para o dia 22 de agosto. 87 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Belenzinho - 2º Encontro No dia 02 de Agosto de 2015, aconteceu o segundo encontro de roda de conversa com as mulheres imigrantes em Belenzinho. Este encontrou foi uma continuação do primeiro por isso foi feita uma memoria colocando em cartazes fotos e os crachás que elas tinham confeccionado no encontro anterior. Estavam presentes Estiveram presentes 12 mulheres, algumas crianças, a equipe da coordenação do evento (Ir. Inês, Maricela e Elisete) e a professora Cristina. As participantes foram convidadas a cada uma um pedaço de isopor pintado de vermelho e falar da importância ou significado da família para ela. Algumas falaram com muita facilidade, sempre destacando o papel da mãe como o principal, ou da mulher em si dentro de casa; falaram também de como a mulher quando construí outra família, com seu esposo e seus filhos, termina se esquecendo de ou distanciando da sua primeira família. Lembraram que as mulheres quando tem filhos se esquecem de cuidar de si mesmas, de se arrumar, se esquecem de que continuam sendo mulheres. Algumas expressões sobre Minha Família Família é tudo, antes dos bens materiais o mais importante é ter família; Tenho parte de minha família na Bolívia, dois filhos aqui e dois lá; Depois de formar e criar os filhos a mãe pergunta onde estão meus filhos? Os filhos são emprestados, um dia se vão... Meus pais trabalhavam muito e por isso viviam longe de nós, sem muita proximidade, mas faziam tudo para o nosso bem. Estando distante de minha família, agora percebo quantas coisas bonitas perdi, por isso peço a Deus que cuidem de meus pais e irmãos que lá ficaram. Fisicamente não podemos estar no mesmo lugar, eles lá e nós aqui. Estar longe da mãe é difícil demais! Não posso dizer que estou feliz longe de minha família; Quando estava perto eu não valorizava e agora distante começo a valorizar mais; 88 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Família é algo muito especial e por meus filhos faço tudo; As mulheres são valente, valiosas, aguenta todas as dores. Minha mãe por ter 12 filhos às vezes não tinha como cuidar de todos; Minha mãe não sabe que ela é tudo para mim e que quero ser melhor; Muitas vezes coloquei os amigos em primeiro lugar, mas hoje vejo que a família está em primeiro lugar na minha vida. Belenzinho - 3º Encontro Na tarde do domingo 27 de setembro de 2015, na igreja Batista Hispana Nova Jerusalém, um grupo de belas mulheres se reuniram para mais uma roda de conversas, estavam presentes 7 mulheres da comunidade fora as 3 organizadoras. Embora estivessem presentes menos mulheres que nos encontros anteriores, foi um momento muito especial para todas, pois percebemos que em grupos menores, elas têm mais confiança para se expressar. O tema proposto pela coordenação foi: “A relação da mulher com a casa”. Com a pergunta: Em que lugar da casa você mais gosta de ficar? Algumas colocaram a cozinha, outras o quarto, a sala ou sonho de ter uma casa com sala e poder reunir toda a família, outra ainda colocou o jardim da casa como o local onde ela pode descansar e relaxar. Quem escolheu a cozinha o fez por ser o lugar onde a família se reúne para comer. Este momento de partilha foi muito significativo, porque elas começaram a falar de seus medos, sonhos e desejos. Se referem à casa como lugar de maior responsabilidade para a mulher e mesmo estando fora de casa, pensam se tudo está bem em casa. Depoimentos: Dentro de casa é mais responsabilidade, fora de casa sentem-se mais livre. A mulher trabalha mais, porque é ela quem tem que levar o filho a escola e buscá-lo. Quando as pessoas falam escutamos caladas, somos tímidas. Temos medo, mas medo de nos equivocar, porque não falamos bem o português. 89 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Gosto de participar das coisas e falar, mas como não sei o português me sinto atada, insegura. Tenho medo de falar em grupo, começo a tremer e penso que estou falando coisas sem sentido. Dá medo de falar em público porque as pessoas podem rir da gente. Eu só falo com as pessoas que conheço. Ninguém é perfeito. Todos nos equivocamos sempre ao falar. Lugares que gostamos de estar quando não estamos em casa: ir ao shopping, ao parque, ao zoológico, sair para passear, ir até o mar. Gostaria de ir a um lugar onde tenha jogos para crianças, pois meu sonho de criança sempre foi ir num lugar desses e agora quero realizar esse sonho com meus filhos. Ir a um lugar onde tenha piscina ou água; ir ao campo para relaxar e pensar. Meu sonho era ir às grutas com águas, mas já o realizei com meu esposo. Algumas mulheres expressaram que no seu país de origem elas eram de um jeito, mas aqui, pelo fato de não saber bem o idioma, as deixa com receios de falar. Também falaram da falta que sentem de seus pertences que estão em Bolívia, como o é sua casa. Para finalizar o encontro pedimos que elas escrevessem num papel e colocaram numa caixinha sugestões de temas para os próximos encontros. Sugestões: (saúde, amizade, filhos e saúde, amizade formal, vencer o medo e como se expressar). Foi comunicado a elas sobre a campanha promovida pela C&A com o lema: Mulheres que inspiram. Em seguida elas foram convidadas a escrever uma frase para tirar uma foto. As frases escolhidas foram: Mulheres que inspiram justiça, sabedoria, a mulher a ser + mulher, beleza, liberdade de expressão, respeito. No final foram sorteados alguns prêmios e servimos um delicioso lanche, do qual alguns maridos que estavam esperando suas mulheres também participaram. 90 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Bom Retiro - 2º Encontro Nestes sábado 10 de outubro 2015, foi realizado o segundo encontro de rodas de Conversa com as mulheres imigrantes de Bom Retiro. Duas das mulheres participantes aproveitaram a oportunidade para falar as mulheres presentes sobre o mês de outubro como mês dedico a prevenção do câncer de mama e ensinaram as mulheres a fazer o auto exame. No encontro estiveram presentes 19 mulheres com muita disposição e abertura para o que iria acontecer neste par de horas. Fez-se uma pequena apresentação do projeto para as mulheres, os dois coordenadores presentes se apresentaram e deram inicio as dinâmicas do dia. Como uma melhor integração entre as participantes se pediu que escolhessem uma colega para se apresentarem entre elas e se acolherem com óleo, fazendo uma massagem nas mãos. Após este momento as participantes escreveram num papel um sonho ou dificuldade que tem nas suas vidas e colocaram dentre uma bexiga, uma vez cheias de ar cada uma foi para o centro com a sua e foram cuidando que não caísse no chão. Esta dinâmica foi muito importante para lhes fazer preserve como muitas vezes na nossa vida só olhamos para nossos problemas ou sonho e não olhamos que tem pessoas ao nosso entorno que tem os mesmo sonhos ou as mesmas dificuldades e que se se unem força é mais fácil de superar as dificuldade e realizar os sonhos. No final cada uma pegou uma bexiga e leio o conteúdo do papel. Sonhos: - Volver a ver a minha família que está em Bolívia. Salir adelante y progresar al lado de mi familia. - Me hace falta mi mamá y mi padre. Quisiera tener mi casa y en ella mi hijo. - Mi sueño es ser feliz con mi pareja. - Ser profesora. - Tengo un deseo de progresar y tener una Loja de ropa. - Una conversa familiar. -Que un día existan muchos profesionales Bolivianos. - Encontrar a mi amor y tener una familia. Crecer económicamente: mi alegría son mis hijas y mi familia. - Poder trabajar y ayudar a las personas o niños que no tienen papas. - Ver a mi familia unida y feliz. - Superación profesional – ser una profesional competente continua. 91 Relatório de Atividades - CAMI 2015 - Estudiar y dar una mejor vida a mi hija. Sentimiento e dificultades: Yo necesito apoyo para estudiar Siempre me siento con moral baja y deprimida no sé cómo salir de eso. Tengo preocupaciones pero no sé cómo solucionar Dificulta de no poder ayudar a mi sobrino que esta por un mal camino. Perro pido a Dios que lo encamine! Amén. Paz, Tristeza y Tranquilidad. Terminado este momento de partilha, foi à vez de relaxar por meio de uma meditação dirigida onde as mulheres puderam se encontrar consigo mesmas. E por fim concluímos com um delicioso lanche, onde tanto as mulheres como as crianças disfrutam com muita alegria. No final do encontro todas avaliaram este momento como um espaço muito positivo e significativo, para elas e desejam com ânsia o próximo encontro que ficou marcado para o dia 14 de Novembro. 92 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Guaianazes - 1º Encontro No dia 24 de outubro de 2015, foi realizada a primeira roda de conversa com as mulheres de Guaianazes, pelo fato de estarem acontecendo varias atividades que envolviam as mulheres do grupo: mães de Guaianazes “luz e Vida”. Pelo qual só estavam presentes 8 mulheres no encontro A medida que as mulheres foram chegando foram recepcionadas com um lanche e depois iniciamos o encontro as 17:30. A coordenadora do grupo apresentou a proposta do grupo rodas de conversas e convidou as participantes a que pegasse cada uma um folha em braço, escolhesse uma figura e montasse o seu crachá, uma vez terminada esta parte, as convidou a que se apresentaram falando um porquinho de sua vida e do que a figura escolhida representava para ela. Eu escolhi estes livros pelos estudos e porque me encanta ler.Escolhi esta figura, com a qual me represento porque é bem feminino, os altos são sempre de uma mulher, as joias são de uma mulher elegante e estas são flores, as flores são como a mulher, uma mulher tem que florescer, que ter perfume e emitir isso, feminilidade. Escolhi uma casa, porque aqui é muito difícil alquilar uma casa, não me querem receber porque tenho crianças, por isso estamos vivendo numa barraca numa invasão, estou luchando porque quero poder dar-lhe uma casa a meus filhos, eu nunca tive um tenho, quando era criança minha mãe me abandono, engravidei quando tinha 15 anos e agora a mesma coisa que eu passei esta passando minha filha lá em Bolívia sem teto, por isso meu sonho é ter uma casa. Eu escolhi estes anéis porque me traem lembranças de faz muitos anos, lembrança do meu casamento, mas por necessidade, tive que vender meus anéis, sempre lhe reclamo até a meu esposo os anéis e nunca me compra. 93 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Escolhi esta figura por que tem um caminho, na vida sempre temos um caminho a seguir, e quando tu chegas, chegas a uma casa donde tu vives. Eu escolhi esta flor, que da nos lagos sujos, mas ela vai crescendo e deixa as águas transparentes. Também escolhi a casa porque é o meu sonho ter a casa própria. Escolhi a rosa porque acredito na beleza que as mulheres temos, não só na parte física, mas também na parte espiritual, me identifico com a rosa, porque a mulher é como uma rosa, não pode ser tocada, é tão especial que não pode ser tocada nem física nem psicologicamente. As espinhas porque as mulheres como mães nos volvemos assim para defender os nossos filhos. Escolhi a bola, porque desde os 11 anos no meu curso era a mais alta e sempre me escolhiam para jogar basquete, meu professor me apoia e me dos ânimos para seguir em frente, tanto que eles me apoiavam que comecei a trenar a te que cheguei a ganhar na minha Cidade e fui eleita para a representar em outra cidade, cheguei a viajar duas vezes, numa terceira vez era para viajar mais longe, nessa época apareceu outra chica mais alta e a escolheram a ela para fiar no aro que era o meu local, eu me sente num aporta e comecei a chorar e chorar, meu sonho era o de ir mais longe, de repente aparece uma grande e me ganha, as pessoas vieram e me disseram: não veras que amanha vai ser melhor, quando acontecem essas barreiras é porque pode aparecer algo melhor, você pode não ser a mais alta, mas eres veloz, então trena velocidade, assim o fiz e passei de ficar no aro a ser aleira, porque era veloz. Na nossa vida sempre aparecem obstáculos, pero temos que colocar o melhor de nos para podê-los superar. Depois da apresentação, foi feito um momento de agradecimento a Deus pelas diversas maravilhar que ele tem derramado na vida de cada uma e foi finalizado o encontro com a oração do pai nosso. Foi pedido para as mulheres que num próximo encontro intentassem chegar na hora marcada para não ter interrupções no meio do encontro e no final se fez o sorteio de três brindes. 94 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Vila Maria - 1º Encontro No dia 07 de novembro 2015 aconteceu nossa primeira roda de conversa no bairro de Vila Maria, participaram 8 mulheres bolivianas e três facilitadoras: Maricela, Elisete e Rocio. O encontro iniciou-se às 16h30 com um lanche de abertura que facilitou o acolhimento inicial e nossos primeiros diálogos informais para conhecermos. Depois da degustação, nós apresentamos ao grupo de forma mais formal e explicamos os objetivos do projeto, tivemos em conta que para conseguir um entrosamento melhor no grupo todas tínhamos a liberdade de falar na língua que nós sentíssemos mais cômodas (espanhol ou português), respeitando o tempo e momento de fala de cada uma e ressaltando o valor desse espaço de troca e de construção contínua. Dadas as instruções gerais, as convidamos a participar de duas dinâmicas a primeira de animação e a segunda de integração: A primeira “A salada de frutas”, foi uma apresentação em sequência, onde cada participante e facilitadoras, se apresentava e apresentava a sua colega ou colegas seguindo as instruções da facilitadora a cargo (Elisete, de apoio Rocio). Percebemos que todas nos apoiávamos para conseguir decorar o nome de cada uma. A segunda dinâmica consistiu na produção dos próprios crachás, a cargo de Maricela e de apoio Rocio. Para isto, todas nós tínhamos que escolher uma ou dois figuras das mais diversas que estavam expostas no meio da roda e que acháramos que representassem nossa identidade/s, desejos, momento atual ou outros sentimentos e depois colá-lo/os num pedaço de cartolina com o nome completo. Após está elaboração e de forma espontânea, nós compartilhamos o significado da/s figura/s ao grupo. A continuação alguns significados dados: Um balão para voar”: porque eu gosto muito de viajar e gostaria viajar pelo mundo, faz alguns anos estou viajando regularmente. Flores: escolhi as flores porque gosto muito, me dá alegria e me fazem sentir bem. Livros e Águia: escolhi os livros porque gosto muito de ler e a águia porque sempre voa alto e pode estar em qualquer lugar, é 95 Relatório de Atividades - CAMI 2015 determinada e de tempo em tempo faz um esforço para se renovar, nós também podemos ser assim e eu gostaria voar. Paisagem: gosto de viver em lugares com bastante verde, me sinto alegre e também gosto de ir aos parques para respirar melhor. Barco: quando era criança passei um momento difícil com relação à água, quase me afogo e fiquei com trauma. Mesmo assim me gostaria vencer esse medo navegando pelo mundo, vencendo as tormentas do mar. Livros e flores: os livros porque gosto de escrever, as flores porque eu gostaria de ter um jardim na minha casa, sempre com flores, mas a casa onde moro não tem jardim Paisagens e ramo de rosas brancas: gosto muito de paisagens, e escolhi as rosas porque gosto de tomar mate de rosas brancas para ter mais energia. Carro, cachorros e conjunto de chaleira com xicaras: o carro porque como tenho uma filha com necessidades seria mais fácil para poder me locomover com ela. Sempre sonho com ir para muitos lugares, como ao parque, mas não posso pela situação da minha filha e me sinto muito triste. Também gosto muito dos animais por isso escolhi os cachorrinhos pero não posso ter um comigo e por ultimo as xicaras porque gostaria de preparar um café para o meu esposo Borboleta: no início elas são uma lagarta muito feia, depois elas tem que construir o capulho e entrar dentro, as mulheres às vezes também nos sentimos feias e precisamos entrar em nós mesmas para poder reconhecer que somos belas. Cavalo: de todos os animais este é o que eu mais gosto, eles sabem quando uma pessoa gosta ou não deles, por isso me identifico com eles, pois sempre quando conheço uma pessoa nova primeiro olho bem antes de me aproximar. Relógio: o tempo é muito importante. Nesta exposição, as diversas vivências e desejos trazidos nos diálogos gerou certa familiaridade e abriu espaços de compreensão e solidariedade entre nós. Assim, nós como facilitadoras acompanhamos este segundo momento levantando algumas reflexões e questionamentos a seguir: Me chamou muito a atenção quando se falava das tormentas do mar, porque nelas temos que ser fortes, saber andar nesse mar; o desejo de passear, ver coisas bonitas, de ter coisas para se divertir [...]O carro indica mobilidade e pode significar que às vezes estou presa num lugar, que muitas coisas não me deixam caminhar [...]A 96 Relatório de Atividades - CAMI 2015 casa que gostaríamos que fosse nossa e não é, os cachorros que não podemos ter, o tempo, o café, as flores, a borboleta, a trás de cada uma dessas imagens estamos cada uma de nos....[...] Sempre tudo aquilo que falamos nos remete a algum lugar, é uma saudade de algo que deixamos em nosso país ou que gostaríamos de ter, é algo que ficou em algum lugar esperando por nosso regresso ou esperando que o conquistemos. Até onde podemos abrir nossas assas como águias para conquistar o que desejamos? ou que nos impede de abrir as assas? Talvez seja agora o momento de abrir a nossas assas e renovar o que desejamos. Somos filhas da terra, andinas e precisamos sentir as fragrâncias da natureza, precisamos abrir-nos a novas possibilidades.Termos que lembrar que aqui não é um lugar, é um sentimento, eu posso ser feliz em qualquer lugar se me sinto bem comigo mesmo. No terceiro momento, trouxemos a questão a importância da escuta espiritual, da introspecção, um tempo para nós em oração. Tendo como base o texto de Lucas 10, 38-42 que fala da visita de Jesus a seus amigos Lazaro, Marta e Maria, escrito em português, lido por Elisete e traduzido no momento por Maricela; observamos, que as participantes ressaltam a seguinte frase : “Marta, Marta, andas preocupada e aflita com tantas coisas, quando uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada”. Ao respeito, alguns comentários: “Temos que estar como Maria, se vai chegar um convidado a nossa casa, devemos estar preparadas, deixando tudo pronto para poder acolhe-lo e escutá-lo [...] Às vezes estamos como Marta afligida por muitas coisas e deixamos passar muitas coisas que são importantes, quando passa o tempo percebemos que deixamos passar a melhor parte” “Quando deixamos tempo para nós mesmas,que também é importante [...] A melhor parte talvez seja este momento que tiramos para vir aqui, mesmo que em casa ficássemos com muitas coisas para serem feitas”. Para fechar este primeira roda de conversa, avaliamos as impressões de nossas participantes assim como suas expectativas. Cada uma ressaltou a importância de estar presente neste encontro e que era um momento tão significativo que gostariam de que fosse toda as semanas, indicamos nossa impossibilidade desta sugestão, mas ressaltamos que elas poderiam se encontrar e construir uma linda equipe juntas. O clima de evidente confiança e cuidado uma com outra, estendido também aos filhos/as que tinham vindo junto com suas mães, ajudou a que uma das participantes com um bebe de colo e uma filha maior com necessidades especiais expusera suas dificuldades maternais ligados a sua filha maior que não pode falar e porém nunca a chamou de mãe, o que gerava nela diversas frustrações na comunicação e às vezes duvidava de sua capacidade de ser mãe. O desejo de que seu filho (de poucos meses de nascido) possa falar a ela 97 Relatório de Atividades - CAMI 2015 de mãe a deixava na expectativa. Nós como facilitadoras e também o grupo desde o inicio deram suporte emocional nesta mãe ressaltando sempre seu esforço e carinho que se amostrava no cuidado com seus filhos. Além disso, falamos de algumas locais de apoio social e a necessidade de compartilhar sua experiência com outras mães de crianças com necessidades especiais para que não se sinta alguém “diferente” ou “castigada” (como ela manifesta) por esta situação. Concluímos o encontro com o sorteio de alguns brindes e recados acerca das atividades que vão acontecer ainda este ano no CAMI, como a marcha dos imigrantes. Facilitadoras: Elisete, Rocio e Maricela. Bom Retiro - 3º Encontro No dia 21 de novembro de 2015 aconteceu o terceiro encontro de Rodas de Conversa: imigração e Gênero, em Bom Retiro, estavam presentes aproximadamente 30 mulheres. As mulheres foram acolhidas com um delicioso lanche. No tempo que aproveitavam em experimentar estás delicias e se conhecerem também elas preenchiam a ficha de assistência. Depois de este momento, demos continuidade ao encontro com uma breve apresentação de cada participante e das facilitadoras (Rocio, Elisete e Maricela). Seguido cada participante recebeu uma bexiga para uma dinâmica de autoconhecimento a cargo da facilitadora, Rocio. A ideia era tomar a bexiga como sendo elas mesmas num diálogo pessoal acompanhadas de uma música suave de sons da natureza, elas tinham que dar-se a bem-vinda, falar de sua saúde, observar seus cuidados pessoais e terminar esse encontro com um abraço. O que as levou a refletir ao respeito do tempo que dedicam para elas e para apreciar sua saúde. Depois as participantes foram convidadas a caminhar, em alguns momentos se pediu para abraçar uma ou varias colegas que estavam ao seu lado, assim 98 Relatório de Atividades - CAMI 2015 como sorrir e por ultimo esta dinâmica fecho com todas dançando de mãos dadas ao som da música “Roda de Ciranda” de Alcione & Maria Bethania.. Na sequencia, deu-se uma palestra a cargo de Mirian Flores (enfermeira), quem explicou para as participantes a importância do cuidado pessoal, da higiene dos dentes e do corpo como um todo. Algumas se sentiram a vontade de levantar questões sobre o tema, mas outras ainda tímidas escutavam ou tomavam nota dos conselhos que indicava a palestrante. Depois, logo de que cada uma recebesse um kit de higiene (escovas de dentes e pente) foram indicadas a formar grupos de 5 pessoas a fim de que pudessem compartilhar suas experiências ou duvidas sobre o tema e de outros conteúdos que achassem importante. Logo, já na roda maior, cada grupo apresentou suas inquietações e comentários tidos com respeito ao tema, como: - "As companheiras se querem abrir mais... As mulheres querem ser lideres não só mais os homens". - "Somos boas amas de casa, boas trabalhadoras e boas lideres" - "As mulheres precisamos um maior cuidado quando temos filhos, não temos quem nos oriente, não sabemos como cuidar-nos..." - "Nos falamos um pouquinho e estamos de acordo que não devemos lhe dar muita liberdade aos homens, eles acham que continuam sendo solteiros, pensando que vão levar essa vida sempre assim e não mesmo!... Falamos também do asseio pessoal e do cuidar que nossas filhas para que não tenham marido quando foram ainda muito novas" - "Se alguém sofre de violência domestica, traição, estriba-me, procure-me talvez eu posso ajudar, pois buscar ajuda não é malo, juntas talvez encontraremos uma solução melhor. - "Às vezes confiamos na pessoa errada, acho que não devemos confiar em qualquer pessoa..." - "Nós devemos dividir responsabilidades em casa, com nossos esposos, metade e metade, se fazemos tudo ele se vai mal acostumando" _ "Na minha casa, com meu parceiro como os dois trabalhamos, se ele chega mais cedo ele cozinha, se eu chego mais cedo eu cozinho. - "As vezes nossos maridos nos dizem: tu no me entendes, a única que me entende é a minha mãe..." - "Nós achamos que não nos podemos 99 Relatório de Atividades - CAMI 2015 descuidar, precisamos nos arrumar para nosso parceiro, para que não o perder" Neste momento, a fim de fechar a ideia do autocuidado a facilitadora Rocio fez a reflexão de que o mais importante não é se arrumar para o outro e sim para estar e sentir-se bem com uma mesma, precisamos dar um salto na vida, quando vocês se sentirem bem ao olhar a si mesmas então é o primeiro passo para se sentirem enamoradas de si mesmas, mantendo seu cuidado pessoal. Quando isso acontece não vão deixar que ninguém mande nem muito menos bata em vocês. "O sorriso ninguém lhes pode quitar. Arrumem-se para si". Após este momento foi feito um momento de espiritualidade, onde cada participante passou o cristo para sua colega desejando-lhes algo bom em silencio e dando-lhe um abraço. Finalizamos este encontro com o sorteio de brindes e na sequência formamos um circulo de solidariedade onde falamos numa mesma voz "tengo derecho a conocer mi cuerpo, cuidarlo y decir por el", frase que cada uma levou num cartão pequeno com a indicação de que o carregaram na carteira para sempre se lembrar de seu direito. A medida de auto avaliação deste encontro como facilitadoras podemos dizer que não nós tínhamos preparado para um grupo tão grande o que nos levou a mudar a dinâmica preparada. Além disso, tivemos dificuldades para ouvir as falas de todas, algumas falavam baixinho e a voz se perdia no meio da sala. Outro apontamento foi a aula de português ser no mesmo horário da roda de conversa e ter tido prova nesse dia, o que dificultou a participação de algumas mulheres que ficaram um pouco magoadas. 100 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Bom Retiro - 4º Encontro No dia 22 de novembro de 2015 aconteceu o quarto encontro de Rodas de Conversas em Belenzinho. Estavam presentes 11 mulheres, três facilitadoras( Maricela, Ir. Inês e Elisete), uma observadora e uma voluntaria que ficou com as crianças em quanto a roda acontecia. O encontro iniciou com um delicioso lanche o qual foram degustando enquanto chegavam as demais participantes do grupo. Uma vez que já estavam todas, foi pedido para que cada uma se apresentasse rapidamente e depois receberam uma bexiga e um pedaço de papel onde deveriam colocar um sonho de suas vidas. Depois cada uma deveria inflar a sua bexiga colocando o papel dentro e bater para cima sem deixar cair no chão tanto a sua como as das colegas. Porém foi evidente que pouco ela cuidavam da bexiga umas das outras, depois pedi para cada uma pegar uma bexiga que não fosse a sua para ver o que tinha dentro. A maioria dos sonhos que saíram foram os seguintes: - Ter uma casa linda com um jardim agradável. - ver minha filha formada. - paz. - ver minha neta formada. - Entendimento nas famílias e muito amor. - Desejo uma casa em Brasil. - Poder volver a Bolívia com meus filhos e meu marido. Desejo ter uma profissão. - Estudar e seguir adiante. - Ter um trabalho seguro. - Gostaria de mudar minha timidez. - Todo o deixo nas mãos de Deus. Como as pessoas estavam tímidas para falar em publico fizemos três grupos para refletir as seguintes perguntas: como é a casa que a gente sonha ter? O que podemos fazer para nos ajudar? Como é a casa na qual estou agora e como é a casa dos meus sonhos? 1. Grupo Sonhamos com uma casa porque não queremos mais pagar aluguel; queremos dar uma casa para nossos filhos; quem esta mais idosa não sonha mais porque já tivemos algumas decepções; tem situações que roubam os nossos sonhos. 2. Grupo É muito importante ter uma casa própria porque é estressante pagar aluguel todo mês; os jovens que estão aqui sem seus pais não têm nenhuma referência e terminam indo pelo mau caminho, más pessoas, maus amigos. Eu tenho minha casa em Bolívia, mas fico aqui por minha filha que não quer voltar. 101 Relatório de Atividades - CAMI 2015 3. Grupo Que difícil é viver em outro país de aluguel, os próprios brasileiros passam essas dificuldades. Para chegar a realizar os sonhos temos que sacrificar-nos. Frases de animo: somos pessoas completas, estamos vivos e podemos seguir sonhando. Um sonho sozinho é só um sonho, mas quando sonhamos juntos é uma realidade. Após este momento de reflexão foram sorteados alguns brindes e a Pastora fez uma oração para abençoar a todas as participantes. Obs. Notei que neste ultimo encontro as mulheres estava com um semblante triste e abatido pelo cansaço, falaram que era porque estavam trabalhando muito nesta época, havia muito serviço e quase não tinham tempo para descansar. Fiquei um pouco preocupada, até porque não se expressaram muito neste encontro. Ibirapuera – Lazer e encontros dos grupos O CAMI há vários anos desenvolvendo atividades concretas junto aos imigrantes, sentindo a necessidade de um trabalho direto com as mulheres, vinha gestando o sonho de reuni-las em rodas de conversas, e a partir de meados de 2015, essa ação torna-se realidade. O CESPROM – Centro de Promoção do Migrante, ligado às Irmãs Scalabrinianas da província de São Paulo veio somarse e reforçar essa ação rodas de conversa com mulheres imigrantes. 102 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Gradualmente os grupos estão sendo organizados com o apoio e a colaboração das agentes multiplicadoras de bases, mulheres imigrantes que se colocaram a serviço da comunidade onde atuam. Até o presente momento os encontros aconteceram em alguns bairros da cidade e para além dela, tais como Guaianases, Vila Maria, Belenzinho e Bom Retiro. Além desses grupos, projeta-se para 2016 um grande desafio, estender o projeto para mais cinco bairros dentro ou fora do município de São Paulo. Todas as rodas de conversas foram pautadas essencialmente na descontração por meio de brincadeiras e dinâmicas que aliviassem a tensão do cotidiano – preocupação com colaboração financeira da família; barreiras sofridas por conta da falta do domínio com o idioma; preocupação com a educação escolar da prole; nostalgia e profunda tristeza com a ausência do eixo familiar; abandono, entre outros –, essas reuniões ofereceram espaços de fala para as imigrantes, permitindo a desconstrução de dúvidas, socialização de medos e anseios. Elas se configuraram como uma rica estratégia de produção de diálogo entre as imigrantes e, consequente, maior entrosamento, afinidade e amizade entre elas. Voltados às aspirações desses grupos e ao mesmo tempo corando os primeiros passos em prol desse projeto e lançando esperanças para os próximos que vierem, no dia 12 /12, no Parque do Ibirapuera/SP, realizou-se o primeiro encontro com os grupos de rodas de conversas com mulheres imigrantes e seus familiares. No começo, houve uma interação com as pessoas presentes, através de dinâmicas. A primeira versou sobre a integração das famílias proporcionando confiança mútua que foi realizada em duplas. Algumas duplas caminhavam com os olhos vendados e outras eram conduzidas por um guia. A ideia passada foi a de que sempre precisamos do outro, de que ninguém é uma ilha e pode viver e desenvolver-se sozinho. A confiança é algo muito importante para construirmos e fortalecermos os grupos 103 Relatório de Atividades - CAMI 2015 de rodas de conversa. Em seguida houve dinâmica de integração entre todos os presentes. A alegria daquelas mulheres irradiavam todos os espaços, seus olhos brilhavam diante da satisfação em ver os maridos, os filhos ou os amigos(as) felizes, nem mesmo a chuva que deixara sua marca na relva molhada, impedindo que o piquenique em frente ao lago lhes tirou o desejo de estar ali, era o pão e a poesia posto sobre a mesa, isto é, o alimento fruto do trabalho sofrido aliado ao lazer ou o ócio. Curiosamente, todos(as) alojaram-se no corredor coberto do Museu Afro Brasil, acervo que aborda temas sobre a trajetória histórica de um grupo étnico e social que até hoje sofre com o preconceito e a discriminação, tal qual as mulheres das rodas de conversas e seus semelhantes, e seguida deu-se uma espécie de comunhão fraterna, pois aquele piquenique se transformou em uma partilha do “pão”, de tal forma que todos saíram saciados e felizes e, logo que saíram desse espaço foram contemplados por um lindo arco-íris assinalando uma aliança de proteção aos mais desprotegidos e marginalizados em nossa sociedade brasileira. Finalmente, a visita ao lago sem o espetáculo de cores e músicas e a grande árvore de natal, tudo era contentamento e alegria, nada lhes era decepcionante, pois estar naquele ambiente ao lado das pessoas queridas, fotografar, rir e brincar era o maior presente naquele momento. Por isso e por muito mais o CAMI aposta nas rodas de conversas com mulheres imigrantes, ele acredita na força do amor e da luta dessas mulheres, porque elas sabem que a vida se faz de pão e poesia. 2.13 Mulheres Imigrantes e as Políticas Públicas Objetivo: integrar as mulheres imigrantes e organizações da sociedade dirigidas a elas para que possam levar as demandas deste coletivo e lutar pela sua inclusão nas políticas públicas do município de São Paulo, estado e também governo federal. 104 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Ações: a) Organização de um seminário, realizado no dia 16 de maio, para as mulheres imigrantes, intitulado Mulheres Imigrantes e o Acesso às Políticas Públicas, no qual as mulheres levaram as demandas que tinham com relação aos serviços públicos. Muitas das demandas foram relacionadas em sua maioria à área da saúde, da educação, da documentação e da moradia (incluindo aluguel). Neste seminário participaram aproximadamente 60 mulheres. b) Uma vez por mês, um ônibus da prefeitura que trabalha na prevenção e combate a violência doméstica esteve presente na Praça Kantuta para atender as mulheres imigrantes e levar-lhes informação sobre a violência doméstica e a importância de denunciar. c) Pela primeira vez as mulheres imigrantes foram convidadas a participarem da conferência municipal de políticas públicas para as mulheres; com a finalidade de capacitá-las, foram realizadas as seguintes atividades: 1. Uma conferência livre, organizada pelo Cami, da qual participaram cerca de 28 mulheres de várias regiões da cidade, onde foram criadas propostas para serem levadas à V Conferência Municipal. 2. Foram indicadas três mulheres imigrantes para fazerem parte da comissão organizadora da V Conferência Municipal, de um total de 160 pessoas, sendo metade do poder público e metade da sociedade civil, que a partir de julho se reunirão todas as 4ª feiras para organizar a V Conferência, o Cami esteve representado por Maricela Cardona. 3. Uma conferência temática só com as mulheres imigrantes, no dia 30 de agosto onde mulheres de diversas nacionalidades, incluindo africanas, latinoamericana, caribenhas e europeias, num total de 30 pessoas, participaram ativamente. 4. Participação da V Conferência Municipal realizada nos dias 18, 19 e 20 de setembro de 2015, com a participação de 20 mulheres distribuídas entre diferentes eixos temáticos: 105 Relatório de Atividades - CAMI 2015 (1. Autonomia Econômica trabalho e desenvolvimento; 2. Educação e Gênero; 3. Saúde e direitos sexuais e reprodutivos; 4. Enfrentamento à violência; 5. Participação política e controle social) a fim de garantir um maior número possível de propostas que beneficiassem mulheres imigrantes, indígenas, negras, LGBT, enfim, grupos de mulheres vulneráveis do município. 5. Foram garantidas 5 vagas para as mulheres imigrantes como delegadas para a Conferência Estadual que será realizada em 2016. 5. A comissão organizadora da Conferência Estadual abriu mais 5 vagas para cada um dos grupos nos quais as mulheres imigrantes são consideradas vulneráveis, garantindo um total de 10 delegadas imigrantes para a Conferência Estadual. Desafios Um dos maiores desafios foi o de conscientizar as mulheres imigrantes para que elas mesmas lutem pelos seus direitos na conquista de políticas públicas e espaço no exercício de uma plena cidadania. Fotos da Conferência Livre 106 Relatório de Atividades - CAMI 2015 1. Participação no comitê intersetorial (participantes Victor e Maricela) No dia 17 de Setembro de 2015 foi instituído o comitê intersetorial de politicas públicas para os imigrantes, com a finalidade de elaborar politicas publicas para esta população nas seguintes temáticas: 1. Assistência social e saúde; 2. Educação e trabalho; 3. Habitação, cultura, esportes e participação social. Deste comitê participaram 11 instituições da sociedade civil, entre elas o Cami e 10 secretarias da Prefeitura de São Paulo, sob a responsabilidade da coordenadoria de políticas públicas para os imigrantes. Os participantes foram divididos em três subgrupos de acordo com os três eixos para levantarem as propostas de politicas publicas para esse setores; os representantes do cami escolheram participara dos dois últimos. A) No dia 23 de outubro de 2015, se fez a apresentação das propostas levantadas pelo subgrupo do primeiro eixo, assistência social e saúde, com relação à assistência social e saúde; pelos resultados apresentados, percebemos que a equipe só se limitou a elencar os decretos que existem na assistência social e na área da saúde, mas não criaram sugestões de politicas novas que possam realmente ajudar a solucionar a situação do imigrante, com exceção de ter comentado a necessidade de ampliar o atendimento dos imigrantes na área da saúde, pois segundo dados da secretaria só 0,85% das internações nos hospitais são imigrantes e o 54% deste percentual são mulheres para dar a luz. B) No dia 13 de novembro de 2015, aconteceu a apresentação dos trabalhos do subgrupo do segundo eixo, educação e trabalho. Sobre educação foram elencadas politicas que passam pelo direito universal de todas as crianças de acesso à escola e o combate à discriminação; a simplificação da documentação exigida para o reconhecimento das atividades escolares e certificados do país de origem; oferta de cursos de português para estrangeiros e de cultura brasileira voltados para alunos imigrantes matriculados na rede municipal entre outros. A respeito de trabalho foram elencadas algumas politica como: fomentar o trabalho decente; promoção de campanhas de divulgação nos termos do artigo X, sobre direitos trabalhistas; assegurar mecanismos para a prevenção e o enfrentamento ao trabalho escravo, tráfico de pessoas e trabalho infantil do Município de São Paulo que contemplem a população 107 Relatório de Atividades - CAMI 2015 imigrante e suas especificidades; promover ações específicas de inclusão profissional e incentivo ao empreendedorismo para os imigrantes resgatados de situação de trabalho escravo e tráfico de pessoas. C) No dia 02 de dezembro de 2015, foi realizada a reunião do subgrupo de participação social, cultura, habitação, esportes e lazer. Na participação social foi falado do acesso a oportunidades de formação profissional, e elencaram que o Poder Público Municipal deve garantir o direito de poder votar e se candidatar nos conselhos municipais, incluindo Conselhos de Políticas Públicas e conselhos gestores de equipamentos públicos, territórios e áreas públicas, entre outros. A política pública para a população imigrante da Cidade de São Paulo será implementada assegurando o fortalecimento do diálogo permanente entre Poder Público e sociedade civil, promovendo para tanto audiências e consultas públicas, conferências, entre outros canais de comunicação com a população. Será instituído um Conselho da Política Pública Municipal para a População Imigrante, para avaliação e monitoramento da implementação da presente política, de composição paritária entre a Administração Pública Municipal e sociedade civil, ou com maioria desta última. Na área cultural, o município deve promover uma cultura de valorização da diversidade, com garantia de participação dos imigrantes na agenda cultural do município; abertura à ocupação de espaços públicos e incentivos à produção cultural fundamentada na interculturalidade. Na moradia, Cabe ao Poder Público Municipal promover o direito à moradia digna para a população imigrante, em uma perspectiva que compreenda tanto a moradia provisória, de curto e médio prazo, quanto a definitiva, por meio das seguintes ações, sem prejuízo de outras que concorram ao mesmo fim: Garantir ao imigrante acesso à informação sobre os programas de habitação e ao cadastro nesses programas; Incluir a população imigrante em programas de locação social e de auxílio-aluguel; Atuar na relação entre a população imigrante e o mercado imobiliário, promovendo a sensibilização e a negociação de acordos com agências imobiliárias e proprietários para que não obstem à assinatura de contratos de locação com imigrantes. Esportes e Lazer, O Poder Público 108 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Municipal deve garantir o acesso da população imigrante aos Centros Esportivos Municipais e a sua inclusão nos programas de esporte, lazer e recreação do Município, realizando campanhas de divulgação específicas para os imigrantes, visando promover sua socialização e bem-estar, cabendo-lhe também, Apoiar os eventos esportivos organizados por imigrantes e promover eventos voltados para esta população; Incluir a participação de imigrantes e suas associações nos editais públicos de incentivo a atividades esportivas e de lazer; a Prefeitura da Cidade de São Paulo deverá atuar em articulação com associações de imigrantes ou organizações voltadas para a inserção social dos imigrantes. D) Há três datas agendadas para o próximo ano: dia 28 de janeiro de 2016 - Validação da Minuta; 01 de fevereiro de 2016 Consulta Pública e 24 de março de 2016 - discussão dos resultados. Este grupo foi importante porque abriu oportunidade a instituições que trabalham com os imigrantes de ajudar na construção de politicas publicas na cidade para esta população, até por seu amplo conhecimento no assunto que se refere a realidade e necessidades dos imigrantes. Também foi uma oportunidade para conhecer os diversos programas que em nível secretarial dentro da prefeitura, mas que a informação não chega até os imigrantes ou a população em si. Desafios Embora este grupo tenha sido chamado de comitê intersetorial, as coisas já eram elaboradas anteriormente aos subgrupos por uma assessora contratada pela coordenadoria, e quando se questionava algo ou se tentava inserir coisas novas, diziam que isso não era política ou que não poderia ser tratado neste momento. A mesma coisa quando se questionou sobre segurança pública, disseram ser responsabilidade do estado e não do município, como de fato é competência do estado. 109 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Eixo 3. Informação, Trabalho e Assessorias Esse eixo, Informação, Trabalho e Assessorias, visa atender os/as imigrantes com cursos profissionalizantes inclusivos como modelagem, informática, eletricidade e português, acompanhados de palestras formativas sobre temas como: trabalho decente; regularização de oficinas de costura, regularização migratória e saúde pessoal e geral bem como palestras sobre liderança comunitária. É um número considerável de imigrantes que todos os anos, passam pelos cursos que o Cami vem disponibilizando. Esses cursos, além do aprendizado profissional, promovem a interação social, incentivando a troca de experiências de vida e a reflexão social por meio de atividades culturais, dinâmicas e momentos de laser. Os cursos também têm a finalidade de que o imigrante conheça os seus direitos e deveres, lute por eles, exercitando assim a cidadania plena, atuando como cidadão. Através dos cursos de inclusão social, com cunho formativo, palestras e assessorias os imigrantes desenvolvem a reflexão e a interação numa perspectiva de interculturalidade. Ao final de cada semestre o aluno recebe um certificado de aprovação, referente ao módulo cursado. 3.1 Curso de Modelagem e Cidadania O curso de modelagem e cidadania sempre é muito procurado pelos imigrantes porque nesse segmento profissional é possível se obter uma renda melhor e mais facilidade de colocação no mercado de trabalho. Também possibilita aos imigrantes tornarem-se empreendedores do próprio negócio, além da sociabilidade com diferentes nacionalidades, criando novas amizades, com vínculos afetivos e de solidariedade. O curso visa desenvolver nos alunos competências e 110 Relatório de Atividades - CAMI 2015 habilidades relativas à modelagem com bases concretas para uma aprendizagem de como modelar peças de roupas para a indústria de confecção. Os conteúdos do curso de modelagem passados aos alunos vão desde conceitos fundamentais e muitos exercícios práticos para se capacitarem bem na profissão de modelista. Esse é um funcionário bem requisitado pela indústria têxtil, já que São Paulo compõe o maior parque industrial da América Latina na área têxtil. O curso é administrado por profissionais imigrantes nos finais de semana com duração de um ano. Faz parte do conteúdo programático: Ética, cidadania, dignidade humana, legislação trabalhista, tabela de medidas para roupas, técnicas de diagramação de moldes e molde para corte. 4.8 Desfile de moda Desfile de moda do Curso de Modelagem 2015 Em 16 de novembro, um belo dia ensolarado, foi realizado na praça Kantuta um desfile de moda dos imigrantes resultado do estudo e esforço dos alunos do curso de modelagem realizado no Centro Apoio ao Imigrante e Pastoral (CAMI). O evento foi um espetáculo. A preparação começou cedo, quando os estudantes vieram para decorar o espaço e maquiadoras, estudantes de cursos de beleza Scalabrini, Centro de Promoção dos 111 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Migrantes (CESPROM) e o clube de mães Guaianzes "Luz e Vida", estiveram presentes para deixar os modelos mais bonitos, um a um foram e produzindoas de acordo as com roupas que desfilariam. A animação foi por conta da cantora Celina Castro, que com sua música aproximou o público às instalações onde o evento aconteceu. Chegada a muito aguardada hora do desfile, logo assumiram o microfone os anfitriões Miguel Angel Saavedra, Jhanira Mayra Conde e Aracely Tatiana Merida, para chamar os modelos à passarela e descrever as roupas que estavam vestindo. Então, eles iniciaram com música de passarela, o grande evento esperado durante todo o ano. Este evento foi realizado pelo segundo ano consecutivo, mostrando a criatividade e estilo de alunos e alunas dos cursos de modelagem para imigrantes que criaram projetos muito originais. Assim, eles começaram a exibir as belas modelos de diferentes nacionalidades: peruanos, bolivianos, paraguaios e colombianos, eles usavam os vestidos de festa de primaveraverão, roupa casual, roupa infantil, coleções de noivas e vestidos para festas de quinze anos. Cerca de 100 vestidos diferentes foram passando de um a um com detalhes bonitos e originais, algumas modelos usavam suas próprias criações e roupas também projetados para suas filhas que também desfilaram na passarela cheia de espectadores. A Rádio Integración também esteve presente para transmitir este importante desfile, narrando o evento para as pessoas que estavam em suas casas. Desta maneira, valorizamos o trabalho do imigrante, que amorosamente dedica parte do seu tempo livre para aprender coisas novas , com expectativas mais elevadas esperamos que no próximo ano os cursos de modelagem nos surpreenda ainda mais com novos estudantes que podem fazer suas inscrições no início de 2016. 112 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Participaram do curso de modelagem mais de 90 alunos imigrantes durante o ano de 2015, nos três cursos disponibilizados, sendo dois na sede do Cami e um na comunidade de Belenzinho. 3.2 Curso de Inclusão Digital – Informática e Cidadania Objetivos Promover a busca do conhecimento, desenvolvendo o hábito de investigação, do espírito crítico e da busca de soluções, dando condições para estabelecer relações com outras vivências, interpretando a realidade e sendo capaz de aplicar em situações novas. Desenvolver no aluno o interesse pela informática; Desenvolver habilidade de criatividade; Desenvolver autonomia na utilização das ferramentas da informática compreendendo a sua abrangência para pesquisa e apresentação dos trabalhos; Interpretar fatos relacionados à realidade atual; Refletir sobre necessidades atuais e propor soluções futuras. 113 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Nivel I Orientado para as pessoas que nunca ou pouco contato tiveram com o computador. O objetivo é que os alunos conheçam externamente o computador e perder o medo do sistema operacional windowns. Conteúdos: Conhecendo o computador, Gabinete e a CPU, Monitor, mouse e teclado, Driver de discos, Ligando o computador, componentes de sistema operacional, versões de Windows 7, área de trabalho, barra de tarefas, botão iniciar, desligando o computador, plano de fundo, ícones, trabalhando com janelas, windowns explorer, criar pastas, arquivos e pastas, Exibindo e organizando arquivos e pastas, localizando arquivos, copiando e movendo arquivos e pastas, criando e excluindo arquivos, atalhos, acessórios, bloco de notas, calculadora, ferramenta de captura, notas autoadesivas, windows explorer, WordPad, Paint. No nível I, em 2015, foram disponibilizadas 6 turmas, três em cada semestre, com 15 inscrições para cada turma: 90 inscrições. Nível II Orientado para as pessoas que conhecem um pouco o sistema operacional e que tenham capacidade de criar pasta e mexer com janelas. O objetivo é conhecer os fundamentos do pacote MS-office 2010. Word Ativando Ms Word, Os componentes, Formatando o texto, Inserindo um objeto de WordArt, Trabalhando com Imagens, Inserindo uma tabela. Excel Interface, barra de menus, barra de ferramentas, linha, coluna e célula, digitando uma tabela, movimentando o cursor, formatos que o mouse pode assumir, copiando células, fórmulas. 114 Relatório de Atividades - CAMI 2015 PowerPoint Iniciar o power point, ambiente de trabalho, barra de menus, barra de notas, barra de ferramentas, slides, barra de deslocamento, zona de destaques, Criando uma apresentação, formatando o texto, aplicar animações, inserindo tabelas, imagens, gráficos e outros objetos, modos de exibição de apresentação, formatar imagens, apresentação final, adicionar um botão de ação e atribuir uma ação. No nível II, em 2015, foram disponibilizadas 4 turmas, duas em cada semestre, com 15 inscrições para cada turma: 60 inscrições. Nível III Orientado para pessoas que fizeram o nível II ou equivalente, ou que tenham domínio do mause e o teclado. O objetivo é aprofundar os conhecimentos do pacote MS-office 2010 Conteúdos: Word Abrir um documento, recortar componentes de word, configuração de documentos, plano de fundo, formatação, marcadores e numeração, bordas e sombreamento, cabeçalho e rodapé, inserindo elementos gráficos, formas e cores, tabelas, visualizar impressão. Excel Lembrando Interface, lembrando o programa, inserindo dados, editando planilhas, formatando células, localizar e substituir, trabalhando com fórmulas, inserindo gráficos, como criar um gráfico. PowerPoint Iniciar o PowerPoint, ambiente de trabalho, barra de menus, barra de notas, barra de ferramentas, slides, barra de deslocamento, zona de destaques, criando uma apresentação, formatando o texto, aplicar animações, inserindo tabelas, imagens, gráficos e outros objetos, modos de exibição de apresentação, formatar imagens, apresentação final, adicionar um botão de ação e atribuir uma ação. No nível III, em 2015, foram disponibilizadas 2 turmas, uma em cada semestre, com 15 inscrições para cada turma: 30 inscrições. 115 Relatório de Atividades - CAMI 2015 MM-Selfie ( Multimídia selfie) Orientado para pessoas que tenha domínio do mause, do teclado e do computador. Conteúdos: Conhecer os programas “Gimp e Movie Maker”; Edição de imagens (fotografias) e edição de vídeos, com as imagens editadas criar vídeos; Conhecimento de ferramentas; de seleção livre, seleção por cores, criação de camadas, ferramenta de corte, ferramenta de movimento, ferramenta de rotação, ferramenta de redimenção, ferramenta para espelhar, edição de textos, ferramenta de preenchimento, ferramenta lápis, ferramenta borracha. No curso MM-Selfie (Multimidia – selfie), em 2015, foram disponibilizadas 2 turmas, uma em cada semestre, com 15 inscrições para cada turma: 30 inscrições. Os alunos dos cursos de inclusão digital – informática, como os demais, também obtiveram aulas de cidadania e luta pelos direitos. Nesse sentido, participaram das ações formativas e de mobilização do Cami, neste ano de 2015, como: 1º de maio – dia do trabalhador; assembleia popular sobre moradia; IV festival de música e poesia do migrante; Grito dos Excluídos Continental e 9ª marcha dos imigrantes. 116 Relatório de Atividades - CAMI 2015 3.3 Curso de Português e Cidadania Dados Gerais dos alunos que participaram do curso em 2015 País de Origem: Argentina, Bolívia, Chile, Cuba, Egito, Haiti, Peru, México, Nigéria, Paraguai. Faixa Etária - De 20 a 50 anos de idade. Obs.: Algumas crianças do ensino fundamental, pela primeira vez, participaram do curso como reforço. (02 crianças na Penha e 03 crianças no Bom Retiro). Nível de Formação Escolar: Ensino Fundamental e Médio; Pouquíssimos com o Ensino Universitário; Situação de legalidade: Imigrantes com documentos regulares; Obs.: Alguns com vistos de turistas, outros com o visto para vencer. Situação Profissional: costureiros, ambulantes; comercio formal, domésticas e diaristas; Nível Econômico: baixa renda, moradia (maioria precária), aluguel com preços abusivos; Regiões da Cidade de São Paulo: Central; Zona Leste; Zona Norte principalmente; Grande São Paulo: Carapicuíba e Guarulhos. Em Relação à Integração Social e Cultural Em Relação à Integração Social e Cultural A grande maioria não possui contato direto com os brasileiros; Congregam em grupos compostos por seus próprios familiares ou por falantes de espanhol da mesma ou de outra nacionalidade; Identificam-se pela língua materna comum, pelas necessidades e costumes compartilhados; Geralmente, as relações sociais e culturais são mediadas pela língua materna; Até pouco tempo alguns grupos por privação do idioma local deixavam comumente de usufruir do acesso à cultura e das políticas públicas, paulatinamente esse quadro vem se revertendo e hoje já vemos muitos grupos se envolvendo e participando de ações políticas, sociais e culturais. 117 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Expectativas em relação ao Curso de Língua Portuguesa e Cidadania para Imigrantes. Motivação Inicial: superar o precário domínio da Língua Portuguesa e atingir conhecimento do idioma, sobretudo no que diz respeito à conversação e à escrita. Outros: realizar a prova do Celpe-Brás. – para obter o certificado de proficiência em Língua Portuguesa e assumir sua formação profissional; realizar o curso de pós-graduação etc. AVALIAÇÃO POR NÚCLEO DE LÍNGUA PORTUGUESA 3.3.1 CURSO DE PORTUGUÊS EM BELENZINHO Endereço - Rua Dr. Carlos Guimarães, nº 185 Fundos. Horário – Domingos das 14 às 16 horas Parceria - Igreja Batista Nova Jerusalém Hispana – Tel. (11) 2863-0434 Professora - Cristina da Silva Ribeiro Agente Multiplicador: Ruth Callisaya. 118 Relatório de Atividades - CAMI 2015 O curso iniciou com 27 alunos e alguns não conseguiram ficar até o fim. Muitos imigrantes que principiaram o curso infelizmente não chegaram a concluí-lo. Foram várias as causas que contribuíram para formação desse quadro de evasão, tais como mudança de localidade pelo aumento do aluguel e busca de colocação profissional em outras oficinas de costuras; distância; cansaço físico e mental; incompatibilidade entre o estudo e as exigências do trabalho nas oficinas de costura; dificuldades na relação ensino-aprendizagem; obrigações com a família; a falta de conhecimentos prévios; baixa autoestima; expectativas equivocadas sobre a proposta do curso, sobretudo no âmbito das atividades de ações cidadãs propostas pelo CAMI. A relação professora e aluno(a) foi marcada pela reciprocidade, simpatia e respeito, proporcionando um trabalho construtivo. Além disso, houve uma preocupação da parte da professora em procurar e selecionar atividades que estivessem à altura das possibilidades dos alunos, partindo de fazeres mais simples e aumentando a complexidade à medida que os aprendizes estavam capacitados para enfrentarem novos conhecimentos linguísticos. Abril / 2015 – Atividade Grupal: Mapa Conceitual - Dia do trabalho Quanto aos recursos pedagógicos e a prática docente, desenvolveu-se competências específicas no domínio do modo oral (compreensão e expressão oral), do modo escrito (leitura e expressão escrita) voltados para a prática 119 Relatório de Atividades - CAMI 2015 discursiva, foram também envolvidos em práticas cidadãs promovidas pelo CAMI (Centro de Apoio e Pastoral do Imigrante). Para alcançar esses propósitos utilizou os conteúdos da Apostila (entregue gratuitamente aos alunos); textos de diversos gêneros e com múltiplas atividades; dicionário da língua portuguesa; jogos; propiciou saídas pedagógicas etc. Quanto ao aspecto físico, a sala de aula permitiu a interação e um trabalho agradável, todavia necessita de uma ornamentação para adquirir um caráter mais educacional. Julho / 2015 – Discussão sobre tipos de linguagem Agosto / 2015 – Palestra: Direitos Trabalhistas (Dr. Luis Benevides) Pausa para o lanche – Alegria e descontração 120 Relatório de Atividades - CAMI 2015 3.3.2 CURSOS DE PORTUGUÊS EM BRÁS Endereços - Ruas Visconde de Abaeté nº 154 – Brás. Horário – Sábados das 14 às 16 horas Parceria - Escola Padre Anchieta. Professora – Clara Lemme. Fevereiro/ 2015 – E.E. Padre Anchieta: Reunião de Pais e Convite para o Curso de Língua Portuguesa e Cidadania para Imigrante Em março de 2015, foram matriculados 20 e o número de frequência até o final do curso foi de 12 alunos. Grande parte da evidência empírica mostra que a evasão escolar e as horas exaustivas de trabalho são, intimamente, ligadas e que a dificuldade em lidar com a visão imediatista e pragmática do conhecimento são fatores que prejudicam a manutenção de alguns alunos no projeto. Além disso, a escolaridade deficitária os faz desistir ante os desafios propostos; a mudança de localidade em busca de emprego e o retorno ao seu país pode ser contabilizado nas desistências ou abando da aprendizagem da língua portuguesa. Maio/ 2015 – Aula: Direitos Trabalhistas 121 Relatório de Atividades - CAMI 2015 A relação professor e aluno não se restringiram apenas no ensino e na aprendizagem dos aspectos cognitivos, mas também a afetividade, o sentimento de ser acolhido e a motivação para prosseguir com os estudos, foram elementos imprescindíveis que fizeram parte do curso nesse ano A professora teve uma prática pedagógica voltada para as vivências dos alunos sem abrir mão dos conteúdos conceituais e procedimentais que o curso exige; criou diferentes estratégias de aula e utilizou diversos materiais pedagógicos. O espaço físico da sala de aula foi um espaço alfabetizador, com instrumentos, símbolos, objetos e imagens pertencentes ao campo da linguagem. Além de tudo contamos com o apoio do coordenar pedagógico que esteve ao nosso dispor durante esse ano. Março/ 2015 – O grupo: multicultural Jogos Cooperativos – Aprendendo a pronúncia e a escrita de numerais 3.3.3 CURSOS DE PORTUGUÊS EM BOM RETIRO Endereço - Rua Três Rios, nº 24 - Bom Retiro. Horário – Sábados das 16h às 18h Parceria - Igreja Maria Auxiliadora. Professora: Regina Azevedo. Agente Multiplicadora: Angela Saldivar; O curso iniciou com 34 alunos e finalizou com 22 alunos. Podemos afirmar que os motivos que ocasionaram as evasões foram diversos, citaremos apenas alguns deles: curso distante das expectativas traçadas; falta de base para 122 Relatório de Atividades - CAMI 2015 acompanhar o ensino; horário incompatível com a agenda do aluno; excesso de trabalho, cansaço físico e mental; gravidez; impedimento provocado por terceiro. Construiu-se paulatinamente a relação entre professora e aluno, a educadora dinamizou as aulas, utilizou diversos recursos e materiais pedagógicos, contou com a presença atuante e eficiente da multiplicadora de base que manteve o grupo coeso e unido para além da sala de aula, criando grupo no WatsApp, realizando atividades de esporte e lazer. Maio/ 2015 – Aula de leitura e Expressão Oral Além da abertura para as atividades exta-sala de aula, esse grupo caracterizase pela alegria, cordialidade e por ser imensamente festivo. O espaço foi excelente e propiciou um ótimo trabalho, mas ainda desejamos imprimir-lhe um caráter mais educacional e facilitador para a aprendizagem das diversas linguagens. 123 Relatório de Atividades - CAMI 2015 3.3.4 CURSOS DE PORTUGUÊS EM JARDIM BRASIL Endereço - Rua Carlos dos Santos, 781. Horários - domingos das 14 às 16 horas. Parceria - E.E. Professora Veridiana Camargo Carvalho Gomes. Professora Mariane Veiga Agente Multiplicador: Jaime Chuquimia O curso iniciou com 20 alunos e manteve essa quantidade até sua conclusão. Todavia, ainda nos preocupamos em alocar um espaço durante o período de férias escolares, pois nesse interim os alunos ficam sem aula e poderão se desmotivar. A relação professor aluno foi excelente. Ela manteve um diálogo permanente com os aprendizes, buscou compreendê-los, sendo sensível ao que eles demonstraram saber ou não. Planejou situações de ensino e aprendizagem utilizando uma riqueza enorme de recursos pedagógicos e diferentes procedimentos didáticos. O espaço físico foi excelente para desenvolver o trabalho pedagógico, assim como a relação de parceria com a escola. 124 Relatório de Atividades - CAMI 2015 3.3.5 CURSO DE PORTUGUÊS EM CASA VERDE Endereço - Rua Zilda, nº 802 – Casa verde Alta. Horário - Domingos, das 13:30 às 15:30 horas. Parceria - Igreja Batista Vida Nova. Professora – Jaciara de Jesus Assis Brasil O Curso iniciou com 41 pessoas, apesar do laço afetivo com a professora muitos imigrantes ao longo do ano abandonaram o curso, concluindo um montante de 14 alunos. Março/ 2015 – Abertura do Curso de Língua Portuguesa Dinâmica de Grupo Em relação à evasão podemos afirmar que ela foi resultado dos seguintes fatores: incompatibilidade entre a programação das atividades religiosas e das atividades pedagógicas; atividade doméstica e o cuidado dos filhos; mudança de localidade; dificuldade em conciliar trabalho e estudo. Estabeleceu-se uma ótima relação entre a professora e os alunos, ela não mediu esforço para que o ensino e aprendizagem acontecessem. Assim, utilizou todos os artifícios pedagógicos para que o aluno aprendesse o português como sua segunda língua, por exemplo: dispôs de textos com diferentes usos e representações linguísticas do cotidiano; material de vida prática; tabela numérica; diferentes modalidades de trabalhos em grupos; dramatizações; criou um grupo no WatApp, 125 Relatório de Atividades - CAMI 2015 manteve sempre um diálogo amistoso com a parceria; etc. O espaço físico foi adaptado para ocorrer as aulas, todavia foi um local que teve claridade e boa ventilação, as pessoas sentiram-se acolhidas. Março/ 2015 – vocabulário: Roupas Bazar da Pechincha Outubro/ 2015 – Aplicação de exercícios complementares 33.6 CURSOS DE PORTUGUÊS EM CARAPICUÍBA Endereço - Estrada do Jacarandá, nº 3010 – Carapicuíba. Horário – Domingos das 14 às 16 horas Parceria - E.E. Cicero Barcarla Junior. Professor – Salvador Soares Agente Multiplicador: Mario Quispe ou Fátima Carapicuíba, município da Grande são Paulo, nos últimos anos, tornou-se um lugar muito procurado por imigrantes. Especificamente no bairro Planalto concentram-se muitas famílias. Ali há um complexo esportivo, onde nos finais 126 Relatório de Atividades - CAMI 2015 de semana são realizados campeonatos esportivos envolvendo os imigrantes. O curso de português iniciou com 26 alunos, porém alguns foram se perdendo no caminho. Um conjunto de fatores estão diretamente relacionados à evasão, tai como a ausência de liderança local na qual os alunos se identificassem e recebessem uma motivação extrínseca para permanecer no curso apesar das adversidades; o excessivo tempo de trabalho nas oficinas de costura; as atividades domésticas; a falta de pré-requisitos para o estudo de segunda língua e insatisfação com a prática pedagógica. Quanto à relação professor e aluno podemos dizer que as principais dificuldades estiveram ligadas à prática de sala de aula. Apesar de apresentar boa vontade e utilizar recursos ou materiais diversificados, as atividades propostas atingiram parcialmente os objetivos traçados. Abril / 2015 – Atividade de leitura e escrita Os desenvolvimentos das aulas transcorreram em um excelente espaço físico, propicio para o trabalho a ser desenvolvido e contou com o total apoio da direção escolar. 127 Relatório de Atividades - CAMI 2015 3.3.7 CURSOS DE PORTUGUÊS NA SEDE DO CAMI Endereço - Rua Guaporé, nº 353 – Ponte Pequena. Horário – Domingos das 10 às 12 horas Parceria - a Igreja das Almas. Professora – Jennifer Anyuli (Módulo I) Professora – Cristina da Silva Ribeiro (Módulo II) O curso na sede do CAMI em 2015 promoveu duas modalidades de ensino da língua, um curso básico e outro avançado. O curso básico iniciou com cerca de 40 alunos e aqui também vários foram se perdendo no caminho. O maior impacto nessa queda se deu pela mudança da sede do Cami para o bairro Campos Elíseos, onde atualmente reside. Infelizmente, alguns alunos Março/ 2015 – Abertura do Curso de Língua Portuguesa / Módulo I não acompanharam a mudança e acabaram desistindo do curso devido a distancia que incidia diretamente nos recursos financeiros. Outros, por sua vez, abandonaram o curso devido ao cansaço e incompatibilidade entre o estudo e as exigências do trabalho nas oficinas de costura ou comércio. Julho/ 2015 – Atividade Grupal A professora teve um bom relacionamento com alunos, utilizou estratégias diversificas, porém necessita de melhor e maior orientação em a preparação e condução da aula. No primeiro semestre o espaço foi favorável à aprendizagem, porém na sede o espaço foi regular porque estava passando por uma organização física. 128 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Em relação ao Módulo II foi uma experiência significativa e o seu resultado surpreendente, tivemos 11 alunos inscritos e concluímos com 08 alunos. A grande surpresa esteve no fato dos alunos não desaminarem diante das competências e habilidades que deveriam desenvolver frente ao novo idioma, por exemplo, ampliar os conhecimentos para ser capaz de atribuir significado a discursos orais em diferentes modalidades e produzir discursos, ler e escrever dotando de sentido essas expressões. Para que isso acontecesse o trabalho da professora foi fundamental, sua experiência docente a fez planejar ações a partir da realidade à qual se destinava, soube priorizar o que era relevante para a aprendizagem, compreendeu a natureza das diferenças entre os alunos, fez com que o trabalho fosse colaborativo, encorajando os alunos a prosseguirem no caminho do conhecimento formal. 3.3.8 CURSOS DE PORTUGUÊS NO BAIRRO DO PARI Endereço - Rua Hannamenn, nº 352. Parceria com o Sefras dos Franciscanos. Horário Domingos, das 10h às 12h, Professora Elisete Ap. de Avellar. Multiplicador: Luis Jacinto Layme Pora. O Pari é um bairro comercial, especializado em doces, plásticos e confecção. Acompanhando as “exigências” do mercado, o bairro passou a se dedicar 129 Relatório de Atividades - CAMI 2015 principalmente à indústria de confecções, de maneira que, esse espaço passou a receber muitos imigrantes oriundos da América Latina, sobretudo bolivianos, peruanos e paraguaios. Assim, desde agosto de 2014 o CAMI está atuando nesse espaço. Em 2015 foram feitas 20 inscrições. É importante ressaltar que, sendo um bairro predominantemente de imigrantes latinos, poucos residentes locais participam o curso, a maioria vem de outros bairros da capital. Quanto a evasão diversos fatores determinantes: dificuldades de deslocamentos dentro da cidade; retorno ao país; problema pessoais e de saúde (física ou psicológica); incompatibilidade de gênios; incompatibilidade entre o tempo para os estudos e as exigências do mundo do trabalho e desemprego. A professora estabeleceu um vínculo com seus alunos para além da sala de aula, adotou modalidades de educação à distância, objetivando o aprofundamento do conteúdo, ampliação do conhecimento, informar sobre questões políticas e sociais. No que concerne a relação professor e aluno procurou animar os alunos para as aulas; utilizou estratégias e recursos diversificados; empregou a Agosto/2015 – Passeio, jogo e muita festa para além da Sala de aula. 130 Relatório de Atividades - CAMI 2015 ludicidade para apreensão do ensino; manteve a dialogicidade constante com os alunos e estabeleceu uma relação para além da sala de aula. A relação com a parceria foi ótima; com um espaço excelente, a sala de aula era amplo e arejado; houve liberdade para criar um cenário motivador para a aprendizagem. Outubro/2015 –Celebração de Aniversário 3.3.9 CURSOS DE PORTUGUÊS EM VILA MARIA ALTA Endereço - Rua Santa Veridiana, nº 121 Horário – Sábados das 13 às 17 horas. Parceria - Igreja Misión Hispana. Professor – Fernando soliz – Dos 20 alunos inscritos no curso, 10 permaneceram e frequentaram o curso até a sua conclusão em dezembro de 2015. Algumas desistências foram ocasionadas pela mudança de localidade; busca de colocação profissional em outras oficinas de costuras e incompatibilidade entre o estudo e as exigências profissionais. O professor manteve um ótimo diálogo com a turma, fez um bom 131 Relatório de Atividades - CAMI 2015 trabalho e utilizou diferentes recursos pedagógicos. Vale ressaltar o seu entusiasmo e aplicação em relação ao trabalho, mesmo não tendo o português como língua nativa. O espaço físico melhorou significativamente em relação à limpeza, organização dos materiais e distribuição das carteiras. 3.3.10 CURSO DE PORTUGUÊS EM PENHA Endereço – Largo do Rosário. Horário – Domingos das 14 às 16 horas Parceria – capela do Rosário Professora – Dalvaci Porto Multiplicador - David No dia 02 de agosto o CAMI inaugurou mais um espaço para o Curso de Língua Portuguesa e Cidadania, no bairro da Penha/SP, nesse dia foram realizadas 30 inscrições. A professora levou certo tempo para estabelecer uma relação de ensino e aprendizagem que fossem ao encontro das expectativas dos alunos. Apesar das primeiras dificuldades encontradas, ela soube mobilizar ações para 132 Relatório de Atividades - CAMI 2015 reverter o quando, analisou o percurso de aprendizagem e conhecimento prévio dos alunos, criou situações de ensino próximas da realidade de vida dos alunos, gerenciou o espaço em função das propostas de aula e selecionou materiais adequados para o trabalho pedagógico, criando um cenário motivador para a aprendizagem. O espaço físico, limpo e arejado, a liberdade de mobilidade das mesas e cooperação da parceria foi fundamental para o sucesso desse trabalho. O curso finalizou 11 concluintes e a evasão fruto das dificuldades de aprendizagem e a sobrecarga de trabalho nas oficinas. Material didático, recursos e procedimentos. O CAMI forneceu para todas as professoras materiais didáticos gratuitos como apostilas, amplificadores de som, pen drive com músicas, materiais lúdicos etc., e para os alunos uma apostila a fim de que pudessem acompanhar com maior desenvoltura o curso durante o ano. O material didático – A Apostila – teve a função de estar a serviço de professores e alunos sem exercer uma função tirânica como árbitro do conteúdo do curso ou dos métodos de ensino. Ela pretendeu exercer múltiplos papéis no ensino: fonte de atividades para prática do aluno e interação comunicativa; fonte de referência para alunos em gramática, vocabulário, pronúncia, etc.; fonte de estímulo e ideias para atividades de língua em sala de aula; fonte para uma aprendizagem direcionada. A metodologia adotada e praticada em todo o curso consistiu em aulas dialogadas, aulas expositivas, exercícios orais individuais e coletivos, 133 Relatório de Atividades - CAMI 2015 textos escritos na lousa e nos cadernos dos alunos e alunas, entre outros. ASPECTOS PEDAGÓGICOS PRINCIPAIS OBJETIVOS DO CURSO (O QUE QUERÍAMOS ENSINAR?) Capacitar o imigrante a aprender o português do Brasil a fim de saber fazer uso da língua (linguagem oral e escrita) em situações concretas do cotidiano, sem abrir mão da reflexão crítica sobre a cidadania. Participar das atividades promovidas pelo CAMI. OBJETIVOS ATINGIDOS Todavia, o saldo foi positivo, os(as) alunos(as) melhoram e ampliaram a sua expressão verbal e escrita. Os objetivos foram atingidos parcialmente, razões: carência de tempo para estudar e aprofundar o idioma dificultou o aprendizado; 134 Relatório de Atividades - CAMI 2015 razões econômicas e/ou sócio afetiva uma boa parte dos(as) alunos vivem em grupos separados dos paulistanos, perdendo a oportunidade para o aprofundamento no aprendizado da língua e da cultura; faltou maior investimento pedagógico para entender os conceitos de cidadania e participação política; incompreensão das relações entre o conhecimento de língua e as atividades de cidadania propostas pelo CAMI; para alguns alunos a apostila estava além de seus conhecimentos prévios. MATERIAIS UTILIZADOS (EFICÁCIA?) Foi dispensada uma série de materiais didáticos favorecendo a aprendizagem dos alunos, sobretudo a Apostila elaborada pelo CAMI. É importante destacar que nem sempre a Apostila atingiu os objetivos esperados e nem estava ao alcance das expectativas de alguns grupos de alunos(as). PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS Todos os professores laçaram mão de técnicas diversificadas para que o ensino-aprendizagem acontecesse e isso facilitou significativamente a aprendizagem dos alunos, por exemplo: jogos pedagógicos (alfabeto móvel; classificação; topologia; sequências figurativas; banco imobiliário; vogais; acentuação; cores; horas etc.); fichas de leitura e de atividades diversas; audiovisual. AGRUPAMENTO DOS ALUNOS (CRITÉRIOS) Diferentemente dos outros anos houve uma seriação entre os alunos, dividiu-se o grupo em dois módulos: avançado e básico. Porém, precisam-se aprimorar os critérios estabelecidos para essa divisão e repensar as formas de trabalho em relação aos alunos ingressantes durante o transcorrer do curso. 135 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Ainda, fazer uma pesquisa com dados objetivos em relação às expectativas dos(as) alunos(as) em relação ao estudo de língua portuguesa e um documento sobre o que o curso tem a oferecer. INTERAÇÃO PROFESSOR-ALUNO Foi bem sucedida, fator agregar e decisivo para a permanência dos(as) aluno(s) no curso. O vínculo afetivo estabelecido; a criação de grupos no WatsApp e Facebook; os passeios e festas extraclasse e suporte extraescolar foram fatores agregadores e decisivos para a permanência dos(as) alunos(as) no curso. CIDADANIA Cidadania é dever de povo. Só é cidadão quem conquista o seu lugar na perseverante luta do sonho de uma nação. É também obrigação: a de ajudar a construir a claridão na consciência de quem merece o poder. Força gloriosa que faz um homem, caminho do mesmo chão, luz solidária e canção. Thiago de Mello Educação e Cidadania “Uma prática para o bem comum ou instauração do reino entre nós”. A educação, segundo o nosso olhar, é a base de qualquer política interessante para o desenvolvimento pessoal e social dos seres humanos em sociedade, ela deve ser construída a partir de programas voltados para temáticas dos direitos, para uma nova ética do bem público e por uma cidadania ativa. Nesta perspectiva, podemos dizer que o ser humano é um ser em projeto, ele é lançado ao mundo, em sua natividade ele é entregue às mãos humanas da família e da sociedade para constituir-se como pessoa. Deste modo, a educação fundamenta-se no ato de acolher e viabilizar condições para que os seres humanos transformem a si mesmos e as suas circunstâncias a partir do desenvolvimento pleno de suas potencialidades, 136 Relatório de Atividades - CAMI 2015 empoderando-os para estabelecerem relações abertas em todas as direções de sua existência e preparando-os para uma ação transformadora sobre o mundo, buscando o bem comum como um ideal regulador do Estado, ou seja, formar o indivíduo para o mundo público, desenvolvendo uma consciência de cidadania crítica, reflexiva e criativa, voltadas para esfera social na qual os homens tenham em comum valores compartilhados, visando o bem público. Neste sentido a educação é concebida como formação para o bem público. Não se trata, pois, de uma formação para existência individual e sim para esfera social. Vale lembrar que ao inventarem a ideia de política (pólis = cidade), os gregos e os romanos, criaram a ideia de um espaço onde o poder existe e exprime-se através de uma vontade coletiva, que deliberava, discutia e voltava. De acordo com essa ideia, podemos dizer que a cidadania consiste no efetivo exercício dos direitos civis, políticos e socioeconômicos, bem como na participação e na contribuição para bem-estar social, ela é uma construção coletiva para a concretização dos direitos humanos (direito à vida, à propriedade e à liberdade). Enfim, é a consciência cidadã que motiva a sociedade a mover-se, a assumir a dimensão pública como elemento constitutivo do seu ser, a exigir respeito do Estado e dos partidos políticos, e, finalmente, criar leis que protejam o cidadão de qualquer poder despótico. Assim, os atores sociais (homens e mulheres) nos cenários públicos se unem de maneira conjuntural ou permanente para lutar por seus direitos e pelos direitos nacionais. Em uma megalópole, como é a cidade de São Paulo, marcada pela dualização e fragmentação. Análoga a um caleidoscópio de padrões e valores culturais, línguas, dialetos, religiões, seitas, etnias etc., envolvida numa urbanização complexa da territorialidade e da (des)territorialidade de um conjunto significativo de imigrantes de diferentes nacionalidades e geralmente são mitigados em seus direitos e invisíveis em suas dores. Diante deste cenário, o CAMI (Centro de Apoio e Pastoral do Migrante), além das suas diversas atividades em favor dos imigrantes, tem um projeto voltado para Promoção de Direitos e Cidadania, oferece gratuitamente cursos de Língua Portuguesa e Cidadania; cursos de Modelagem; cursos Informática e 137 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Multimídia; Escola da Diversidade Cultural, a Atuação e Formação de Líderes Comunitários. Essas atividades têm como missão o construto axiológico da promoção humana, exercício de direito e cidadã para os imigrantes, visam promover processos efetivos de inclusão social e fortalecer práticas democráticas participativas, propiciando o desenvolvimento integral, inclusivo e equitativo do imigrante em todos os âmbitos sociais, políticos e econômicos. Trata-se de uma educação que reconhece e desenvolve os potenciais de cada indivíduo em seu aspecto peculiar, empoderando-os a agir prepositivamente sobre as questões relacionadas à descoberta de si mesmos e de suas habilidades intelectuais e profissionais. Aprendem a conviver com o outro e com mundo ao seu redor. Estimula, também, a participação proativa do imigrante no enfrentamento de problemas sociais concretos (assembleias populares, marchas, manifestos etc.); dá subsídios para que possam situar-se diante de si e do mundo, capacitando-os para tomada de decisões (cursos de formação, periódicos, palestras, seminários, roda de conversa etc.), procura-se através de diferentes ações desenvolver uma consciência para o respeito às diferenças de ideias, valores, hábitos e costumes; aprender a acolher o diferente e colocar-se no lugar dele (alteridade). O CAMI como uma entidade educadora para a libertação, cujo eixo norteador de suas ações é a promoção dos Direitos Humanos dos Imigrantes, por meio de prática educativa libertária, é uma instituição que não fixa em sua sede, mas procura estar onde o imigrante está oferecendo os seus serviços. Assim, podemos encontrar a presença do CAMI nos diversos bairros espalhados pela cidade de São Paulo e na Grande São Paulo (Brás, Casa Verde, Vila Maria, Guaianazes, Belenzinho, Pari, Arthur Alvim, Jardim Brasil, Guarulhos, Carapicuíba etc.), proporcionando cursos; visitando oficinas; organizando assembleias; realizando festivais; promovendo marchas e jornadas de saúde; trabalhando a diversidade e cultura em algumas escolas Municipais e Estaduais, com o intuito de minimizar os preconceitos e estereótipos nascidos a partir do desconhecimento do outro; encontro e diálogo com a sociedade civil, organizações políticas e religiosas. Deste modo, as ações do CAMI objetivam uma educação na qual homens e mulheres consigam empoderar-se da cidadania e vejam-se cidadãos 138 Relatório de Atividades - CAMI 2015 do mundo, onde quer que estejam possam buscar o direito e a justiça a fim de estabelecer o tão almejado bem comum ou nas palavras do profeta cristão o reino de Deus e a sua justiça. Curso de Música O curso de música por mim ministrado (professor Pablo zúñiga paz), com imigrantes com a finalidade de apoio a cultura, teve um bom início com um número médio de 20 alunos durante vários meses que depois, durante o transcurso esse número foi se reduzindo um pouco. Os motivos pela redução de alunos foram vários: mudança de endereço, migração interna para outros cursos, devido a incompatibilidade de horários, por desinteresse. No meu ponto de vista os objetivos deste ano foram alcançados, especialmente no que se refere a alfabetização musical dos alunos e a prática do instrumento, a musicalidade e percepção; elementos esses indispensáveis para o aprendizado da música. Os alunos que desistiram pelos diferentes motivos, também levaram consigo uma pequena estrutura musical,(leitura de partitura e leitura de divisão musical e também um pouco do aprendizado do instrumento). Os alunos que continuaram o curso conseguiram um aproveitamento maior em todos os sentidos, assim se conseguiu formar um dúo de violões clássico e folclórico, embora esteja no começo da formação. Assim, avalio que neste ano de 2014 foi um bom ano nos resultados obtidos da proposta. Com a continuidade do curso em 2015, gostaria que o material necessário fosse completo, seja para o estudo do violão como para demais, outros instrumentos, estantes de música, cadeiras normais (sem apoiador de braço). Agradeço a instituição pela oportunidade que me deu de ensinar música a quem gosta e tal vez, para quem quer se profissionalizar. Alunos beneficiados – 20 alunos. 139 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Assessorias, Reuniões e Parcerias Dia 13 de Fevereiro, na reunião da equipe do Cami, definimos quem representaria a instituição nas mais diversas redes, durante este ano de 2015. No final da tarde deste mesmo dia, foi realizada uma reunião com todos os monitores de informática, modelagem, música e português (sede), que de uma maneira ou outra estão atuando em algum dos cursos para os imigrantes na sede do CAMI. Após ouvir as demandas de cada um dos monitores, bem como os erros dos anos anteriores, tratamos de buscar soluções e correções para conseguirmos alcançar os objetivos de cada um destes cursos bem como os melhores resultados. No dia 15 de fevereiro, iniciamos as inscrições para os cursos que o CAMI oferece gratuitamente para os imigrantes, tanto na sede como nos bairros. Na sede houve a possibilidade dos imigrantes inscreverem-se nos cursos de português, modelagem, música, informática e empreendedorismo, e nos bairros, 11 no total, curso de português e cidadania. Nos primeiros dias de abertura das inscrições, as vagas já haviam sido preenchidas. No dia 01 de Março, fizemos a abertura dos cursos na sede do CAMI, com a presença maciça de imigrantes interessados em participar de algum dos cursos que estávamos oferecendo. Após a apresentação institucional e um momento de cidadania, mostrando que o imigrante tem direito a migrar e outros direitos mais quando chega ao destino e a importância de conhecê-los. Para tal, somente é necessário ter acesso à informação para que se empoderem dos mesmos, fazendo-os valer juntamente aos espaços já conquistados. Marcamos este início com as boas vindas, apresentação dos monitores de cada um dos cursos e os alunos que fariam parte dos mesmos, ao final, um lanche para todos. Na parte da manhã deste dia nos reunimos com todos os voluntários monitores e multiplicadores dos mais diversos cursos e atividades. Tratamos com profundidade o tema do voluntariado, seus direitos e deveres, bem como a importância dos voluntários na construção do mundo que queremos. Os cursos serão ministrados aos sábados e domingos para possibilitar a presença e participação dos imigrantes. Dia 07 e 08 de Março de 2015, abertura oficial dos cursos do CAMI nos bairros da cidade de São Paulo e nas cidades vizinhas, completando assim, a abertura de 10 cursos de português nos bairros além dos cursos oferecidos na 140 Relatório de Atividades - CAMI 2015 sede. Neste mesmo dia foi celebrado o dia internacional da Mulher e foram feitas reflexões sobre este dia, nos diversos cursos do Cami. Em 02 de abril, aconteceu a abertura da semana santa, com um momento de reflexão com a equipe do Cami, pautando especialmente sobre as mortes que sofrem e que vivem diariamente os imigrantes especialmente nas fronteiras entre os países e como podemos ser e produzir sinais de ressurreição. No dia 13 de março, com a presença da equipe do Cami, fizemos os passos da continuidade do projeto Cidade, Campo e Mar do Bem Comum. Esse projeto ajuda a promover o bem viver, a preservação do meio ambiente em especial das Toninhas do litoral norte de SP no Brasil, realizando um trabalho que promova o protagonismo social e a cultura do cuidado na construção de uma rede intersetorial e setorial participativa, para planejamento execução e discussão da ação de educação ambiental, saúde e cidadania com trabalhadores públicos, usuários do SUS, imigrantes, crianças e seus familiares e autoridades das regiões envolvidas. Fizemos o planejamento da continuidade dos encontros para cuidar de quem cuida. Descobrir os valores do “eu” para construir os valores “coletivos”. Dia 17 de abril, nos reunimos numa comissão para preparar o encontro de todos os trabalhadores e voluntários do CAMI, dentro do Projeto Cidade, Campo e Mar do Bem Comum, Cuidar de quem Cuida, para definir as diversas dinâmicas que seriam realizadas durante o ano e no próximo encontro formativo no Parque da Juventude. Em 08 de maio, na parte da tarde, com a participação da equipe do Cami, estivemos no Parque da Juventude, dentro do Projeto Cidade, Campo e Mar do bem Comum, “cuidar de quem cuida”. Após algumas dinâmicas de integração, dividimos a equipe em 3 grupos e focamos na necessidade de atuação em unidade e em conjunto, para melhores resultados. Após excelentes e profundas reflexões apresentadas pelos membros, fizemos um momento de música e de partilha de um lanche. Redes No dia 27 de Janeiro, estivemos presentes na reunião da Rede Interinstitucional em Prol dos imigrantes, para um debate com o Sr. João Guilherme Granja, Chefe do Departamento de Estrangeiros do Ministério da Justiça. Nesta reunião tratamos do projeto da Nova Lei de Migração, os ganhos, avanços e propostas que ainda poderiam ser acrescentadas antes do projeto ser encaminhado pelo Ministério da Justiça para o Congresso Nacional. Também foi tratado o problema das pessoas imigrantes presas e como se 141 Relatório de Atividades - CAMI 2015 poderia mudar esta situação, mudando o olhar, vendo-as como vítimas de um sistema (Rede criminosa internacional que exerce poder manipulador) e que a prisão é criminalizá-las outra vez. Dia 29 de Janeiro, na Semana Nacional de Mobilização Contra o Trabalho Escravo, realizada entre os dias 26 a 30 de janeiro, o Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, da Secretaria Estadual da Justiça, lançou uma pesquisa que traça um panorama da ocorrência de trabalho escravo e tráfico de pessoas no Estado de São Paulo, na perspectiva das análises dos procedimentos do MPT e do MPF. O CAMI se fez presente na sede do Tribunal da 2ª Região, na cidade de São Paulo, onde foi realizado um debate sobre a Erradicação do Trabalho Escravo no Estado de São Paulo e foi entregue a cartilha dos dados do Tráfico de Pessoas e do Trabalho Escravo no Estado. No dia 05 de Fevereiro em reunião entre as Instituições CEFRAS, Casa de acolhida a Imigrantes, SMADS e CAMI. Juntos, estudamos que tipo de parceria poderíamos realizar com a SMADS, tanto no apoio à regularização migratória, como com palestras para os imigrantes sobre seus direitos e a garantia dos acessos. Ficou definido que sempre que haja necessidade de encaminhar imigrantes para apoio de regularização migratória, o Cami estaria à disposição. Houve grande interesse das representantes da SMADS pelo tema migratório e também a promessa de conhecer o Cami e formas de atuar juntos. No dia 05 de fevereiro à tarde, nos reunimos com o Instituto Kolping para efetivar a nossa parceria na zona leste de São Paulo. O Instituto Kolping cederia o espaço para os cursos de português e modelagem em sua sede e o Cami se encarregaria de disponibilizar monitores e materiais para que os cursos tivessem sucesso e ofereçam os resultados de cidadania esperados por ambas as instituições apoiando os imigrantes naquela região. No dia 10 de fevereiro, realizamos uma reunião entre a Diretoria das Irmãs Scalabrinianas, o Presidente e coordenação do CAMI, na sede das Irmãs, no Ipiranga. Apresentamos nossas atividades e nossa metodologia de atuação junto aos imigrantes, tendo muito em comum com a maneira de atuação das irmãs que também atuam com imigrantes desde sua fundação. Fizemos parceria, começando com uma atuação com a migração em rodas de conversas, tratando especialmente a questão de gênero ligando com a violência doméstica e o empoderamento das mulheres na construção de um mundo com direitos iguais; ainda, o tema das crianças e a participação das Scalabrinianas nas Redes de apoio aos Imigrantes nos diversos níveis. 142 Relatório de Atividades - CAMI 2015 No dia 18 de fevereiro, estivemos em reunião com o Padre Valmir, Pároco e administrador da Paróquia Santuário das Almas, avaliamos a continuidade da nossa parceira e do aluguel por mais 6 meses. Ele decidiu que apoiaria os imigrantes e a sua participação deles na Paróquia, bem como a cessão de uso dos espaços da Paróquia para os diversos cursos que o CAMI oferece aos imigrantes e por fim a sua participação nos eventos importantes para marcar presença em nome da Paróquia. Dia 20 de fevereiro, na reunião da equipe do CAMI, estiveram presentes a Sra. Rosilene e o Sr. Edson, do Mapa da Infância Brasileira, que apresentaram seu trabalho, que consiste em projetos e programas com impactos positivos na vida das crianças em situação de violência ou vulnerabilidade, e informaram a equipe do Cami, que o projeto deles tem como objetivo unir e articular pessoas. Neste dia vieram nos visitar e propor uma parceira com o projeto do CAMI, Diversidade Cultural nas Escolas. Este projeto é realizado nas escolas públicas onde tem maior número de imigrantes. Eles gostariam de mapear a realidade das crianças imigrantes nas escolas públicas. No dia 25 de fevereiro, esteve presentes na sede do CAMI, a nova diretoria da Feira Cultural do Povo Andino da subprefeitura da Penha, para apresentar alguns problemas que estavam encontrando, tanto com a coordenadora das feiras como também com o antigo presidente. Achamos que seria melhor pedir uma audiência com o subprefeito através da Vereadora Juliana Cardoso para apresentar estes problemas e buscar alguma solução. O Cami mediou e participou das reuniões. O dia 26 de fevereiro, foi o dia de fazer uma visita ao Instituto Kolping, na Zona Leste, mais especificamente, em Guaianases. A coordenação do CAMI, acompanhada de um dos Agentes Sociais, responsável por esta região da Zona Leste, se reuniram com a Coordenação do Instituto Kolping. Após uma apresentação dos presentes, foi realizada uma apresentação institucional. Vimos a possibilidade de boas parcerias neste espaço, que tão gentilmente nos foi oferecido, como uma maneira de atuarmos em um lugar físico, mais próximo da comunidade imigrante da região e também para levarmos cursos e cidadania para os mesmos. No dia 10 de março, participamos de uma audiência com a Vanilda Anunciação, chefe de gabinete da Vereadora Juliana Cardoso, para tratarmos de alguns temas importantes como: 1- COMAS; 2- Subprefeitura da Penha e Feira Cultural do Povo Andino e, 3-, Encaminhamento de pedido de ajuda nos eventos para os imigrantes, com toda a estrutura necessária para melhor atender e trabalhar com os imigrantes. 143 Relatório de Atividades - CAMI 2015 No dia 12 de março, informe da reunião de Solidariedade com o Haiti, realizada em Brasília e organizada pela Rede Jubileu Sul Brasil, objetivo: Ouvir das organizações que estão atuando no Haiti ou com Haitianos no Brasil – como estão analisando a realidade atual no Haiti (contexto); Pensar juntos sobre a possibilidade de trabalho conjunto; desenvolver uma campanha mais intensa aqui no Brasil de Solidariedade com o povo Haitiano (pensando na realidade no Haiti e dos imigrantes que aqui chegam diariamente). Registramos a importante presença de dois Haitianos que puderam nos ajudar na reflexão e na elaboração de um plano de ação. Esteve presente um grande número de Instituições que deram sua contribuição e se comprometeram em atuar mais fortemente para a retirada das tropas brasileiras do Haiti e mostrar a realidade dos Haitianos no Brasil para que não sejam enganados ao sair do Haiti e vir para o Brasil. Na tarde do dia 13 de março, aconteceu uma reunião entre a Alinha, Agentes Sociais, coordenação do Cami e imigrantes donos de oficina de costura. Todos assistiram a apresentação de como funciona a ferramenta construída pela Alinha para alinhar donos de lojas com donos de oficinas de costura. O Cami se comprometeu fazer parceria com a Alinha apresentando as oficinas de costuras visitadas pelos Agentes Sociais e Multiplicadores, que tenham interesse de melhorar seu ambiente e condições de trabalho e já recebam a visita do técnico em prevenção de acidentes de trabalho. O propósito é de testar a ferramenta por eles desenvolvida. Começamos oferecendo um espaço no Jornal Nosotros para divulgação do projeto da Alinha seguido de uma reunião com o Técnico em segurança do trabalho. Decidimos começar o processo com ao menos seis oficinas de costura para futuramente ampliarmos. O dia 16 de março, foi muito importante para todos os trabalhadores imigrantes residentes no Brasil. A Defensoria Pública da União e o Ministério Público Federal, ajuizaram Ação Civil Publica contra o Ministério do Trabalho e Emprego pela demora de meses na entrega da Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) para imigrantes, ouvindo as reclamações e demandas da sociedade civil e os próprios imigrantes. Partiu esta Ação através da Rede Interinstitucional em Prol do Imigrante, onde fazem parte diversas instituições da sociedade civil, inclusive o CAMI. No dia 20 de março, estiveram presentes na reunião de toda a equipe do CAMI, as coordenadoras do projeto Alinha, para fazer uma apresentação para toda a equipe, ouvir o que cada um pensa do projeto e ao mesmo tempo buscar sugestões de como melhora-lo para atingir e interessar os imigrantes e para obter resultados positivos. 144 Relatório de Atividades - CAMI 2015 No dia 24 de março, em reunião com alguns líderes imigrantes da comunidade de Guaianases, vimos algumas necessidades apresentadas e possíveis de serem apoiadas com as ações do Cami como: Ponto Móvel para regularização Migratória; apoio para os campeonatos de futebol; espaço para outros campeonatos acontecerem na região; apoio para usar os espaços do Céu; promover uma reunião com os dirigentes do Céu e o Advogado e Assistente Social do Cami para enfrentar as violências que sofrem as crianças imigrantes nas escolas e redondezas; apoiar na realização do mês do imigrante e no dia das mães com alguns grupos folclóricos e palestras sobre direitos. Em 13 de abril, na reunião com lideranças da comunidade de Guaianases, dialogamos mais uma vez sobre a presença do Ponto Móvel do Cami para atendimento de informação e regularização migratória, qual a frequência e regularidade da presença. Eles também reforçaram a necessidade de espaços para a prática de esportes dos imigrantes da região e pediram a mediação do Cami para usarem ainda mais o espaço do CEU e com a Subprefeitura os campos ociosos para o uso da prática de esportes e cultura. Por fim, apoio para o evento do dia das mães com a presença de grupos folclóricos e animadores para a festa. No final da tarde do dia 09 de abril, houve uma audiência com a Vereadora Juliana Cardoso, que nos recebeu muito bem. Dialogamos sobre alguns temas como a Feira dos imigrantes na Subprefeitura da Penha e os problemas que ainda enfrentamos neste lugar; a situação dos haitianos na cidade de São Paulo e a entrega dos ofícios pedindo o apoio da Parlamentar, com a infraestrutura dos eventos que o Cami faria durante o ano de 2015. A Vereadora se comprometeu mais uma vez com a causa dos imigrantes e em continuar sendo ponte com a administração municipal para o diálogo a respeito de cada uma das situações apresentadas. Neste mesmo dia 09, houve reunião convocada pelo Jubileu Sul, com as instituições organizadoras do seminário sobre o Haiti e os 10 anos da presença do exército brasileiro naquele país. Esta reunião se deu na Câmara Municipal com a presença de diversas instituições onde cada uma assumiu alguma reponsabilidade para o bom andamento do seminário. Foram tratados temas como definição do local do seminário, metodologia da programação, convocação dos participantes, do público, movimentos sociais, pastorais, organizações populares, comitês e frentes pró-Haiti, estudantes, e imigrantes haitianos... Por fim, foi organizada a logística do evento e acomodação para os participantes de fora de São Paulo. 145 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Dia 22 de abril, houve mais uma reunião do Jubileu Sul para organizar o seminário sobre o Haiti. Esta reunião aconteceu no Centro de Informação da Mulher. Resolvemos que a campanha deveria ter um guarda chuva maior, com vários eventos acontecendo para chamar a atenção e pedir a retirada das tropas do Haiti, além de um mapeamento da realidade dos haitianos no Brasil. Confirmamos a data e local do seminário; Discutimos sobre convidar pessoas dos estados onde há uma concentração maior de migrantes haitianos (PR, RS, SC e Manaus e Acre); Ficou definida a convocatória para o seminário: as entidades que desejarem subscrever a convocatória deveriam enviar suas adesões; acomodação para quem é de fora de São Paulo: será feita a indicação de acomodações solidárias; Passagens: cada participante será responsável pelo custo das mesmas, exceto casos de palestrantes convidados. No dia 29 de abril, o Jubileu Sul convocou mais uma reunião para organização do seminário nos dias 22 e 23 de maio, sobre o Haiti para finalização da etapa inicial e a aprovação do convite, da carta explicando finalidade do seminário e os encaminhamentos necessários para programação dos dois dias decididos pelas organizações presentes. a a a a Em 23 de abril, tivemos uma audiência com a Vereadora Juliana Cardoso, para tratarmos das seguintes pautas: 1- A comunidade Chilena começava preparar a sua festa do 18 Chico em setembro e necessitava de um espaço para tal. Foi assim encaminhado o pedido à Vereadora para que nos auxiliasse a conseguir o espaço do Sindicado dos Bancários e assim foi feito. 2- Indicação de uma voluntária para atuar no Cami para apoiar os imigrantes e a instituição. 3- A situação do COMAS do Cami. 4- A situação da feira Andina da Subprefeitura da Penha (retratado por sua diretoria). 5- A Situação da feira da Kantuta (retratado por sua diretoria). Ambas as diretorias se fizeram presentes nesta audiência e apresentaram todas as suas necessidades à Vereadora com a mediação do Cami. No dia 29 de abril, foi realizada uma reunião com o Sub Prefeito da Penha, na própria Subprefeitura, junto com a Vereadora Juliana Cardoso e a Vanilda, Chefe de Gabinete. Esta reunião se deu devido algumas reclamações da nova diretoria da Feira Andina e para entendermos melhor o funcionamento e organização desta Feira. Em conversa com o Subprefeito, Sr. Pedro Gustaferro, apresentamos os problemas relatados pelos imigrantes e as interferências exercidas pelo antigo presidente da mesma. O Sr. Pedro nos informou que havia acontecido problemas de agressões na feira e que por conta disto, como a feira pertence à 146 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Subprefeitura, eles tomaram as decisões cabíveis para seu melhor andamento. Apresentei o CAMI e todos os trabalhos que realizamos e a Vereadora confirmou como o CAMI é muito respeitado pelo seu trabalho e que ela mesma apoia diversas ações e eventos desta instituição e que tem credibilidade para acompanhar e apoiar a feira. Por problemas de comunicação entre a Subprefeitura e os Imigrantes dirigentes da Feira, foi oferecido pelo Cami, a possibilidade de mediar e estar presente nas reuniões principais da Feira com a Subprefeitura, para ajudar e ao mesmo tempo fazer de interprete. O Sub Prefeito aceitou a presença do CAMI na Feira Andina, com todas as programações e serviços que quiséssemos. Ficou acordado que isto acontecerá mediante um ofício comunicando além das datas que o Cami estaria presente, também a infraestrutura necessária, para que a Subprefeitura possa deixar tudo preparado. No dia 30 de abril, tivemos a visita e uma reunião do Sr. Luis Basseggio, coordenador do Grito Continental e Presidente do CEDHIC. No primeiro momento, fizemos uma breve memoria de como foi o Grito Continental dos Imigrantes, evento realizado no ano anterior e como podemos nos organizar melhor para este ano. Tratamos de como manter a parceria entre Cami e Grito Continental. Esta reunião teve como base de diálogo, o evento do Grito Continental dos Excluídos que será realizado em outubro, na Praça Kantuta com a participação de imigrantes de diversos países do nosso continente, com o foco de empodeirar os imigrantes na construção de um continente mais livre e com mais garantia de direitos. No dia 07 de maio, recebemos a visita de membros do Instituto Renovatio para primeiramente conhecer o Cami e dar-se a conhecer. Também traziam uma proposta para apoiar os imigrantes. Esta instituição é formada por jovens, estudantes em sua maioria, que procuram construir um mundo melhor onde todos possam ver, dando direito e acesso a ver de forma mais barata. Eles têm parceira com uma fábrica de lentes, que por produzir lentes com uma visão social, fazem óculos para pessoas carentes, mediante a apresentação de uma receita de um oftalmologista, ao preço de $25,00. Após conversarmos sobre a importância deste projeto, eles nos trouxeram um contrato de intenção para parceria com o Cami. Tão logo sejamos aprovados, eles nos trarão o contrato, para assinatura. Logo após a assinatura, eles instalarão uma plataforma de transmissão de dados, onde o Cami recebendo as receitas as enviará e eles farão os óculos, devolvendo os mesmos em 15 dias para serem entregues aos imigrantes e/ou nativos. No dia 11 de maio, participamos da última reunião em preparação ao seminário sobre o Haiti e as tropas brasileiras neste país. Foram avaliadas as programações que antecedem o seminário para fazer as devidas divulgações. 147 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Também ficaram definidas a tarefas de cada instituição para a preparação e a execução do seminário. Foram apresentados nomes de pessoas envolvidas com a causa dos Haitianos e ligados aos Direitos Humanos para fazerem parte da mesa de abertura, e aprovados. Também ficou confirmado que após a mesa de abertura, se abriria a palavra para que um Haitiano de cada um dos Estados presentes pudesse fazer o uso da palavra para falar da presença das tropas brasileiras no Haiti e para relatar a presença deles no Brasil e as necessidades que estão vivendo. Por fim, detalhamos cada momento dos dois dias de seminário. Dia 14 de maio, participamos em mais outra reunião no gabinete da Vereadora Juliana Cardoso. Estivemos numa audiência na Câmara Municipal o Cami, juntamente com a diretoria e feirantes da Feira Andina da Penha, para levar à chefe de Gabinete da Vereadora Juliana Cardoso, todos os fatos e a realidade da Feira Andina. Foram pontuadas as decisões unilaterais realizadas pelo Subprefeito, sem a consulta previa da diretoria da Feira, bem como a expulsão de pessoas membros da Feira pelo então antigo presidente e como reintegrar estas pessoas à feira. Ficou pendente por nossa parte a apresentação de documentos que comprovem tudo o que foi levantado, para assim, numa outra audiência com o Subprefeito, poder apresentar a versão dos fatos para o mesmo. Também, a nova diretoria ficou de preparar um relatório das barracas e feirantes desde o início da Feira até o presente momento. Documento da negativa de ajuda com brinquedos de um comerciante para os eventos da Feira. Após o diálogo, decidimos que seria melhor agendar nova reunião com o Subprefeito e apresentar a ele estes documentos e oficio dos problemas encontrados, bem como soluções que vemos para o crescimento da feira e sua estabilização. Dia 1º de junho, tivemos a reunião com algumas lideranças da comunidade de Guaianases, apresentando os problemas das divisões das lideranças e tentando encontrar caminhos de atuação conjunta. Foi registrado o pedido de ajuda para alguns eventos onde a comunidade estaria presente e o pedido da presença do Ponto Móvel nestes eventos para orientar e informar os imigrantes de seus direitos e a possibilidade de regularização neste país. No dia 08 de junho, mais uma vez estivemos em reunião com a coordenadora das feiras da Subprefeitura da Penha para tratarmos especialmente das normas do Subprefeito em relação à feira do Povo Andino, expulsão de imigrantes do posto da feira sem o devido diálogo e o uso do microfone na feira. O diálogo foi acalorado e somente conseguimos que fosse liberado o uso do microfone para uso exclusivo de informação de documentação e serviços do Cami, bem como para anunciar a presença e atuação do Ponto Móvel no quarto domingo de cada mês e o Curso de 148 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Português para imigrantes acontecendo todos os domingos em parceria com a Igreja Católica, na mesma praça da feira. No dia 15 de junho, na parte da tarde, tivemos outra reunião com a Vereadora Juliana Cardoso: Nesta audiência, foi pedido apoio junto à SAS (Secretaria de Assistência Social), e agilidade no processo do COMAS, já que o mesmo encontra-se parado por deficiência do relatório apresentado pela fiscalizadora por ocasião da sua visita ao Cami, comparado com o relatório por nós a ela entregue. Também atualizamos as informações dos últimos encontros com a Diretoria da Feira do Povo Andino na Penha e por último um pedido de audiência com a Secretária da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social. Dia 16 de junho, estivemos em Brasília na entrega das propostas da Nova Lei de Migração para o Ministro da Justiça José Eduardo Cardoso. Com a presença de diversas autoridades, membros do CASC- Migrantes, imigrantes de diversos países, foi entregue neste dia num ato solene, o anteprojeto da Nova Lei de Migração, concluída pelos especialistas e com a participação da sociedade civil através dos diversos debates em diferentes locais do país. O documento foi entregue após a apresentação de alguns testemunhos de imigrantes, mostrando a necessidade de serem vistos como seres humanos e terem seus direitos respeitados, bem como respeito aos tratados internacionais na proteção dos imigrantes. O Sr. Ministro se comprometeu em dar andamento ao anteprojeto. No dia 18 de junho, aconteceu a reunião com o coordenador do Grito Continental para começarmos planejar a logística do II Grito Continental do Excluídos em São Paulo, a ser realizado no mês de outubro. Foram pensadas as pessoas que seriam convidadas para a próxima reunião para fortalecer a ideia do Grito Continental dos Excluídos e as parcerias. Neste dia construímos uma proposta de pauta para a próxima reunião e da programação que poderia acontecer no dia do Grito. No dia 18 de julho, aconteceu nova reunião entre as instituições parceiras para finalizar a organização do Grito dos Excluídos Continental. Com a presença das três instituições e mais alguns voluntários, fizemos um esboço da programação do evento e ficamos esperando confirmação de participação dos diversos grupos, em 11 países, que já haviam recebido o convite para algumas apresentações. Na data de 05 de agosto, o Cami acompanhou a Diretoria da Praça Kantuta para uma audiência com a chefe de gabinete da Vereadora Juliana Cardoso, Vanilda, para apresentar os mesmos e definir encaminhamento num projeto de lei que pudesse reconhecer a Festa de Alasitas da Praça Kantuta. Foram 149 Relatório de Atividades - CAMI 2015 entregues documentos da Associação da Kantuta e o histórico da organização e das festas acontecidas nos anos anteriores (14 anos). A diretoria da Praça Kantuta fará o seguimento do projeto de lei que reconhece e cria esta festa na Cidade de São Paulo. No dia 12 de agosto, aconteceu outra reunião com a chefe de gabinete da Vereadora Juliana Cardoso, com uma comissão da Feira Andina da Subprefeitura da Penha. Nesta reunião foram apresentadas diversas inquietudes e problemas que estavam novamente ocorrendo na feira, devido à divisão causada por algumas pessoas da feira e pelas regras impostas para o bom andamento da feira, segundo apresentado pela Subprefeitura, mas, que não vem alcançando os resultados esperados. No dia 17 de agosto, estivemos em uma audiência com a Deputada Federal Mara Gabrili, para tratar do tema do BPC para imigrantes. Fomos muito bem acolhidos, tanto pela Deputada como pela assessoria, que mostraram-se sensibilizados pela causa dos imigrantes bem como pelo problema que estávamos encontrando com o BPC (Beneficio de Prestação Continuada), sempre negado pelo INSS para os imigrantes. Após a negativa, eles têm que acorrer à DPU (Defensoria Publica da União) para entrar com uma ação para o pedido ser aceito pelo INSS, provocando mais sofrimentos na vida deles. A Deputada Mara encaminhou um oficio ao INSS, pedindo explicações para entender em que se baseava para justificar a negativa, sabendo-se que a constituição no artigo 5º iguala brasileiros e estrangeiros. Em 03 de setembro, fizemos mais uma reunião de organização do Grito Continental dos Excluídos, evento que se levará a cabo na Praça Kantuta em outubro. Ficou definida toda a programação e responsabilidades de cada uma das instituições. Definimos os animadores do evento e como poderíamos harmonizar o evento do Grito Continental dos Excluídos com a 1ª Virada Esportiva dos imigrantes (torneio de futebol de salão de crianças e adultos) também na Praça Kantuta. Em 03 de outubro, houve a última reunião para organizar o Grito Continental do Excluídos, com a presença de membros do Cami, do Grito Continental e da PAL, fizemos uma revisão de todo o planejamento do evento. Realizamos algumas mudanças necessárias e organizamos a ordem do dia. Iniciando o evento pela manhã com a Primeira Virada Esportiva dos Imigrantes, seguido pela tarde com o Grito Continental do Excluídos, apresentações folclóricas e musicais e ao final o Grito em si e a entrega dos troféus aos ganhadores da Virada Esportiva. 150 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Em 11 de setembro, nos reunimos com a diretoria da ADRB – Associação dos Residentes Bolivianos. Esta tinha como finalidade promover uma aproximação das duas instituições, que com seu trabalho conseguem realizar grandes mudanças dentro da comunidade Boliviana e Latinoamericana. Feitas as apresentações individuais e das instituições, foram respondidas as mais diversas questões especialmente financiamento de projetos e como o Cami conseguiu uma casa para a instituição melhor atender os imigrantes. Para trilhar este caminho, foi indicado para a ADRB a importância e a necessidade deles estarem presentes nas reuniões do Município e do Estado de São Paulo para acompanhar os principais temas relacionados com os imigrantes e também para dar visibilidade à sua Instituição. No dia 16 de outubro, aconteceu outra reunião com a ADRB, para organizarmos um evento em parceria ADRB e CAMI. Escolhemos fazer uma parceria para o evento do desfile de modas dos cursos de modelagem do Cami. Nós apoiaremos com materiais da área da saúde para os profissionais da ADRB atender à comunidade presente na Praça Kantuta e também com toda a estrutura para o evento do desfile de modas. A ADRB montaria suas barracas para o atendimento ao público e realizaria os testes e coletaria material para os exames. No dia 14 de setembro, tivemos a grata alegria de receber a Sra. Nadia Ferreira, liderança junto à Comunidade Africana, para ver como poderíamos juntos, construirmos uma parceria. O Cami se comprometeu a abrir as portas e os espaços para reuniões e eventos da comunidade Africana, especialmente com a Sra. Nadia, tendo um espaço para tal, faria visitas às lideranças das comunidades e iniciaria um trabalho de unidade e fortalecimento dos imigrantes dos Países Africanos, começando com rodas de conversas. No dia 02 de outubro, com alegria participamos da comemoração de um ano da casa de passagem “Terra Nova”. Com a presença de diversas autoridades, trabalhadores imigrantes e convidados, foi celebrado um ano de acolhimento, de dignidade e de alegria dentro daquela casa. Após os discursos, houve um desfile de moda organizado pelas imigrantes moradoras da casa, com roupas confeccionadas por elas próprias. O Deputado Federal Floriano Pesaro salientou em suas palavras que seu pai é imigrante no Brasil e que ele sempre quis estar onde está para ajudar os que estão chegando. Ele sentiu fortemente a migração dentro da própria família. Ao final foi feito um momento de confraternização. 151 Relatório de Atividades - CAMI 2015 COETRAE Comissão Estadual para Erradicação do Trabalho Escravo - O Decreto nº 57.368, de 2011, instituiu junto à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, a Comissão Estadual para Erradicação do Trabalho Escravo COETRAE/SP, que tem como objetivos: I - avaliar e acompanhar as ações, os programas, projetos e planos relacionados à prevenção e ao enfrentamento ao trabalho escravo no Estado de São Paulo, II - elaborar e acompanhar o cumprimento das ações constantes do Plano Estadual para a Erradicação do Trabalho Escravo, propondo as adaptações que se fizerem necessárias; III acompanhar a tramitação de projetos de lei relacionados com a prevenção e o enfrentamento ao trabalho escravo; IV - apoiar a criação de comitês ou comissões assemelhadas nas esferas regional e municipal para monitoramento e avaliação das ações locais; V - manter contato com setores de organismos internacionais, no âmbito do Sistema Interamericano e da Organizações das Nações Unidas, que tenham atuação no enfrentamento ao trabalho escravo, dentre outros. No dia 06 de Março, foi realizada a reunião da COETRAE, na Secretaria de Justiça e da Defesa da Cidadania, e, desde já salientamos que já no dia 07 de janeiro de 2015 esta Secretaria nos enviou o trabalho realizado pela CPI do Trabalho Infantil. As pautas desta reunião ficaram em torno da comissão executiva, onde o CAMI foi eleito para ser membro desta comissão; informes do CIC do imigrante; mobilização pela manutenção da lista suja do Ministério do Trabalho e Emprego; O planejamento de agenda de convergência com as Coetraes dos demais estados; Prestação de contas da Repórter Brasil, do encontro nacional das Coetraes e reunião cientifica, Trabalho Escravo contemporâneo e questões correlatas; Projeto de Lei do Tráfico de Pessoas no Estado de São Paulo; Fundo Estadual para projetos e o Plano Estadual de Combate ao Trabalho Escravo no Estado de São Paulo e finalizando com diversos informes. No dia 09 de abril, aconteceu a reunião da COETRAE e do Núcleo de Enfrentamento ao Trafico de Pessoas da Secretaria de Justiça, no Pátio do Colégio, tendo como temas debatidos, a CPI do Trabalho Escravo da Assembleia Legislativa, a pesquisa sobre o trabalho infantil no Estado de São Paulo, o SINE e as ações da Secretaria de Trabalho, novo cadastro de empregadores que tenham mantido Trabalhadores em condições análogas a de escravo e os informes gerais. 152 Relatório de Atividades - CAMI 2015 No dia 30 de julho, estivemos presentes no evento da Secretaria de Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo, no Pátio do Colégio, espaço da Coetrae, juntamente com o Núcleo de Enfrentamento do Tráfico de Pessoas, para com a presença de diversas instituições fazermos um manifesto público pelo dia Internacional de Enfrentamento ao Trafico de Pessoas. Foram diversas as falas e as instituições que estavam presentes e se manifestaram. Além das músicas relacionadas com o tema, cantadas pelo Soul da Paz, o público pôde participar de reflexões sobre este dia, apresentado por autoridades, instituições e pelos próprios imigrantes. Em agosto, no dia 07, estivemos presentes novamente na reunião da COETRAE e do NETP: A reunião teve como pontos de pauta os seguintes temas: I - Tramitação do Plano Estadual de Erradicação do Trabalho Escravo e Plano Estadual de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas;(O Plano Estadual de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas encontra-se ainda em análise na Secretaria de Governo, órgão competente para a análise dos compromissos relativos à gestão das ações das Secretarias de Estado). II- Plano de Turismo e ações de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas; (devido à ausência justificada por email - da representante da Secretaria do Turismo, ficou prejudicado o debate do tema, que acabou adiado para a próxima reunião). III – Tramite do Processo relativo à proposta de lei sobre criação do Fundo Estadual para Erradicação do Trabalho Escravo; (encontra-se na Secretaria do Desenvolvimento Social para análise, após seguirá para a Secretaria da Fazenda e somente com todos os pareceres, retorna a Secretaria da Justiça para encaminhamento à Casa Civil). IV- PL 220/2013 – sobre a criação de sanções administrativas relativas à exploração sexual de crianças e adolescentes; V- Monitoramento de Ações Judiciais relativas à aplicação de sanção sobre inscrições do ICMS; (SJDC informa ainda que cópia dos referidos ofícios já foi entregue para o Deputado Carlos Bezerra Junior, para acompanhamento da Comissão de Direitos Humanos da ALESP e assume compromisso de contato com TJ e MPE para o fim de difusão da legislação ). VI – Destinação de TAC da OAS, valor remanescente do Terceiro Encontro das Coetraes – para reunião técnica entre as Coetraes visando criar uma atuação integrada e cooperativa entre as instituições do poder executivo que atuam na gestão das Coetraes (Pela representante da SJDC foi informado sobre proposta de uso dos valores remanescentes para a criação de uma iniciativa de ação integrada das Coetraes em todo o Brasil. Aguardando resposta da Conatrae); VII – Assuntos gerais. O representante do Cami informou que no dia 21 de agosto, as 16h, será feita a inauguração da nova Sede do Cami e convidou a todos para participarem no seguinte endereço: Alameda Nothmann, 485, esquina com a Av. Rio Branco. 153 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Aconteceu no dia 08 de agosto a reunião com os monitores de todos os cursos realizados na sede do Cami, com o intuito de avaliar o semestre anterior e programar os cursos que deveriam acontecer a partir de setembro na nova sede do Cami. Cada monitor expressou suas dificuldades e apresentou seus pontos positivos. A maioria reclamou do espaço apertado, dos computadores velhos, entrada de água na sala em época de chuvas, falta de espaço de convivência. Os pontos positivos foram a participação dos alunos (muitos vindos de lugares distantes) e a dedicação dos monitores dando seu melhor para capacitar e proporcionar uma nova possibilidade aos imigrantes no mundo do trabalho, inserção e inclusão. Em 04 de setembro, presentes estávamos na reunião da Coetrae e NETP, pautas: 1)Planos Estaduais de ETP e Trabalho Escravo – Foram feitos todos os encaminhamentos propostos na última reunião e aguarda resposta sobre o pedido de manutenção dos termos de ambos. 2) Plano de Turismo do Estado de SP e o tema do Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (pendente na última reunião). Ausente a representante da Secretaria do Turismo, justificado por e-mail. 3) Reuniões dos Comitês Regionais de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas Destacou a atuação na região de Americana frente a demandas de preconceito racial contra imigrantes a partir de reuniões feitas com o município para o fim de que o mesmo assuma ações de atenção para a imigração em seu território e região. 4) PL 220/2013 – sobre a criação de sanções administrativas relativas a exploração sexual e crianças e adolescentes e Projeto de Lei sobre o Programa Via Rápida. Pela representante da SJDC foi apresentada a proposta de lei sobre o Programa Via Rápida, relativa à inclusão de trabalhadores resgatados do trabalho escravo e vítimas do tráfico de pessoas como público prioritário para inclusão no programa. 5) Fluxograma de Encaminhamento de Casos e a Atuação Integrada de Instituições. Pela representante da Secretaria da Justiça foi proposto a Defensoria Pública da União que mantenha contato com o DHPP e possa conversar com o Ministério Público estadual, federal e do trabalho para o fim de integração e melhoria das atividades e ações de fiscalização e responsabilização por exploração de pessoas. 154 Relatório de Atividades - CAMI 2015 6) Apresentação sobre criação de Comitê Municipal de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas. No ano de 2015 foi criado o Comitê Municipal de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, ainda em construção de sua pauta, para o fim de garantir a formação de guardas municipais e garantia a ação integrada do município com atores da segurança pública do estado. 5) Assuntos Gerais: •TRT 15 aborda os desdobramentos do Encontro de Juízes do Trabalho em Sorocaba, ocorrido dia 28 e agosto visando difusão de ações integradas com a esfera criminal para que possa ser promovida a amplitude de ações no combate ao trabalho escravo no Estado de São Paulo •CAMI destaca o festival de música que acontecerá dia 06 de setembro de 2015, na Praça Kantuta •Missão Paz destaca o Seminário sobre Serviço Social que ocorrerá dia 23 de setembro •Aliança Empreendedora destaca o curso de formação para capacitar agentes formadores sobre formas de melhoria das oficinas de costura. •Presença América Latina destaca a importância das atividades locais para a construção de diálogo com a população migrante por meio dos conselhos participativos Novamente nos encontramos, no dia 08 de outubro, para a reunião Ordinária da Comissão Estadual para a Erradicação do Trabalho Escravo (COTRAE-SP) e do Comitê Estadual de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (CETP). Pautas: 1)Tramitação do Plano Estadual de Erradicação do Trabalho Escravo e do Plano Estadual de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Fundo para Erradicação do Trabalho Escravo e Infantil. O Plano de Erradicação do Trabalho Escravo ainda está aguardando análise no setor de Assessoria Técnica do Gabinete na Casa Civil. O processo do Fundo Estadual para Erradicação do Trabalho Escravo e Trabalho Infantil encontra-se na Secretaria da Fazenda. 2) Substituição da representação do Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas do Estado de São Paulo. Em análise pelo Gabinete da Secretaria da Justiça a substituição do gestor para o NETP/SP. 3) Turismo e proposta de ação frente a temática do enfrentamento ao tráfico de pessoas. A representante da Secretaria do Turismo não compareceu à reunião. 155 Relatório de Atividades - CAMI 2015 4) Pesquisa sobre Trabalho Infantil. A proposta da pesquisa visa demonstrar o perfil do trabalho infantil no Estado de São Paulo, a exemplo do que foi feito com a pesquisa sobre trabalho escravo e trafico de pessoas, publicada em janeiro de 2015. COMTRAE (Comissão Municipal para Erradicação do Trabalho Escravo) No dia 02 de Fevereiro, a COMTRAE se reuniu na Secretaria Municipal de Políticas para Igualdade Racial, tendo como pautas, a aprovação das atas anteriores, (2014); atualização sobre o Plano Municipal Para a Erradicação do Trabalho Escravo e balanço das atividades desenvolvidas em 2014 com o planejamento das atividades de 2015. Além destes temas se aprovou que as reuniões serão intercaladas entre a sede da COMTRAE e as instituições vinculadas, para conhecer e visibilizar os trabalhos dos parceiros. Em 23 de fevereiro, visitaram a sede do CAMI um grupo de pessoas, representando a COMTRAE, para conhecer o espaço da Instituição e ao mesmo tempo para organizar como seria a reunião do mês seguinte com toda a Comissão Municipal de Erradicação do Trabalho Escravo, bem como a atribuição das responsabilidades entre a parceria. No dia 02 de Março, estivemos presentes na reunião da COMTRAE fortalecendo o caminho da construção de uma política pública clara de Erradicação do Trabalho Escravo no Município de São Paulo, com a participação das diversas Secretarias do Governo envolvidas no tema e com a revisão final e aprovação da COMTRAE. Ademais desta pauta, ainda organizamos a agenda do ano. Estabelecemos datas e metas para esta comissão, além de um plano de trabalho e conhecimento das instituições parceiras. Nesta reunião, o Cami fez sua apresentação por meia hora, a todas as pessoas da COMTRAE. Os próprios imigrantes, falaram as suas atividades no Cami e depois o coordenador, dando uma visão geral e respondendo algumas perguntas. Também foram tratados temas como a incidência do Plano de Erradicação do trabalho escravo nos Municípios vizinhos, o problema da carteira de trabalho e a demora obtenção do documento; a Ratificação da Convenção da ONU na Proteção do Trabalhador Migrante e membros de sua família e por fim, os problemas recorrentes no conector do Aeroporto de Guarulhos, além das pautas pré-agendadas como: publicação de caderno institucional; apresentação e discussão sobre o termo de adesão ao Plano Municipal de Erradicação do Trabalho Escravo e apresentação de texto Introdutório do Plano. 156 Relatório de Atividades - CAMI 2015 A COMTRAE reuniu-se novamente no dia 06, quando se aprofundou especialmente no tema da retirada da lista suja do Ministério do Trabalho e o Plano Municipal de Combate ao Trabalho Escravo. No primeiro tema, foi visto que a retirada da lista suja se deu como pedido de algumas empresas influentes no país. O Governo continua a dar empréstimo do BNDS para empresas condenadas por Trabalho Escravo. Empresas conseguiram tirar seu nome da lista suja através de liminares. Nova portaria apresentará somente as que já foram condenadas. Através da lei de acesso a informação, é possível encaminhar pedido de divulgação dos nomes da lisa suja. O Plano Municipal já foi enviado paras as diversas secretarias para que se manifestem, bem como para os membros da COMTRAE. O próximo trabalho será organizar o evento do lançamento do plano que ocorrerá em modalidade de evento ou seminário. O Plano Municipal de Combate ao Trabalho Escravo teve seu lançamento no dia 13 de maio de 2015. Para o evento, tivemos a presença do Prefeito Fernando Haddad, Secretário de Direitos Humanos e Cidadania Eduardo Suplicy, a Presidente do Tribunal Regional do Trabalho 2ª Região Dra. Silvia Devonald, a Procuradora Chefe do MPT Cláudia Lovato Franco e o Superintendente Regional do Trabalho e Emprego, Luiz Antonio Medeiros. Após a assinatura do Decreto que institui o Plano, Marina Novaes, Coordenadora do Comitê Municipal de Combate ao Trabalho Escravo fez uma apresentação sobre do Plano. Logo após, houve uma mesa para falar da conjuntura da luta para a erradicação do trabalho escravo, com a participação do Auditor do Trabalho Luis Alexandre Faria, da Procuradora do Trabalho Christiane Vieira e da diretora executiva da Conectas Direitos Humanos, Juana Kweitel. Neste segundo momento, foi realizado um debate sobre o trabalho escravo em São Paulo, as redes de exploração da mão de obra na cadeia têxtil e como o plano pode ajudar a diminuir o número de pessoas afetadas pela ganância do lucro à custa da exploração da mão de obra barata. Este plano foi produzido pelos membros da COMTRAE e apresenta propostas de ações a serem executadas e articuladas pelo poder público e pela sociedade civil. A COMTRAE reuniu-se novamente em primeiro de junho com as seguintes pautas: 1) Abertura – Marina M. Novaes; 2) Apresentação da ABIT – Renato Jardim e o Sr. Fernando V. Pimentel que explicaram que a ABIT é uma associação que representa todo o setor de confecção e têxtil do país e que possuem uma série de Comitês e Grupos de Trabalhos, entre eles, grupos que tratam da questão vinculada a COMTRAE. 157 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Querem que o Brasil seja reconhecido internacionalmente como um país que produz de forma limpa, transparente e sustentável dentro de uma Legislação adequada para a atividade produtiva. O Sr. Renato Jardim relatou que o Brasil tem um faturamento acumulado de 55 bilhões de dólares, 33.000 mil empresas. 1.620.000 empregos diretos gerados, 15 bilhões de reais em salários pagos, mais de 1 bilhão de dólares em investimento, 7 bilhões de dólares de importações e 1 bilhão e 200 mil dólares de exportação, gerando um déficit de quase 6 bilhões de dólares na balança. Relatou que o Brasil possui cerca de 1 milhão e 100 mil máquinas de confecção em operação e que existe a presença de indústria têxtil ou de confecções ou de ambas em 3.000 municípios brasileiros. Disse ainda, que o estado de São Paulo é o principal estado produtor têxtil de confecção do Brasil, 3) Lançamento do Plano Municipal de Combate ao Trabalho Escravo –A Sra. Marina M. Novaes disse que foi muito importante terem realizado um evento solene e depois uma discussão sobre a conjuntura do trabalho escravo no Brasil. 3.1) Declaração do Prefeito de São Paulo – Marina M. Novaes; O Prefeito de São Paulo assumiu o compromisso de lançar uma Lei severa que puna o trabalho escravo. Sugeriu realizar um evento em um Seminário ou em uma discussão para que possam trazer juristas para pensarem em uma Legislação e criar uma Comissão Temática da COMTRAE para melhorar a proposta de Projeto de Lei da Sra. Patrícia Bezerra. 3.2) Avaliação. A Sra. Marina M. Novaes relatou que o Secretário Suplicy gostou do Plano Municipal de Erradicação do Trabalho Escravo e que o mesmo criou a ação 59, para ser incluída no Plano. A COMTRAE reuniu-se outra vez no dia 15 de junho, quando foi discutido o projeto de lei da Vereadora Patricia Bezerra, de combate ao Trabalho Escravo do Município de São Paulo, (Muito próximo do projeto Estadual de Combate ao Trabalho Escravo do Deputado Carlos Bezerra), no qual pediu-se a inclusão da discussão sobre o que fazer com o imóvel onde existe trabalho escravo; ações de educação, acompanhamento e repressão através da aplicação de multas para os donos dos imóveis com facilitação de trabalho escravo e a idéia de um fundo de combate ao trabalho escravo. A COMTRAE convocou a reunião de 08 de setembro, com as seguintes pautas: 1) Apresentação da InPACTO, Instituto do PACTO pela erradicação do trabalho que escravo surgiu em 2005 através de uma iniciativa conjunta entre Instituto Ethos, Instituto Observatório Social, Repórter Brasil e Organização 158 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Internacional do Trabalho. O InPACTO tem como proposta principal o engajamento de empresas brasileiras no combate ao trabalho escravo através do compromisso de não realizar negócio com empresas presentes na “lista suja”. 2) Lista de Transparência. A Sra. Mércia passou então a falar sobre o pedido da Lista Suja através da Lei de Acesso à Informação. Relatou que o primeiro pedido foi feito pelo InPACTO juntamente à Repórter Brasil em março através da Lei de Acesso à Informação. A Sra. Mércia afirmou então que qualquer pessoa tem o direito de fazer a solicitação, inclusive especificando por CNPJ. A Sra. Marília informou a todos que a lista está disponível e pediu para que todos a compartilhassem e disseminassem. A Sra. Mércia se comprometeu também a separar a lista por setor, Estado e Município e adicionar ao site do InPACTO. 3) GT Monitoramento do plano. A Sra. Marina sublinhou a importância de colocar em prática o monitoramento do plano municipal e para isso perguntou aos membros quem se candidataria para integrar um grupo de trabalho para o tema. Aderiram InPACTO, SMDHC, Repórter Brasil e Defensoria Pública da União. 4) GT banco de projetos. Foi tratado o tema da criação de outro grupo de trabalho, desta vez para a criação de um banco de projetos que vise conter projetos para a mobilização, divulgação e visibilidade do enfrentamento ao trabalho escravo na cidade. Aderiram o MPT, InPACTO, SMPED, CAMI e Missão Paz. 5) Ações de resgate dos auditores do Ministério do Trabalho e Emprego. 6) Presença de membro do Núcleo de Direitos Humanos da FESP-SP. 7) Informes. Durante todo o mês de janeiro e fevereiro fizemos discussões no Cami sobre as propostas da implementação do Plano Municipal de Erradicação do Trabalho Escravo, em São Paulo. MERCOSUL E UNASUL No dia 01 de abril, em Brasília, participamos da reunião do Mercosul Social Participativo onde foram apresentados os seguintes temas além do debate e da reunião da sociedade civil: Abertura realizada pela Secretaria Geral da Presidência da República, Ministério das relações Exteriores, passando as informações sobre a Presidência Pro Tempore, agora a cargo do Brasil e a importância de dar o rumo que queremos para o Mercosul Social Participativo, 159 Relatório de Atividades - CAMI 2015 além de uma visão geral da nova arquitetura da Cúpula Social e o tema da Unasul. Na parte da tarde nos ocupamos com o processo de construção da Cúpula Social do Mercosul no Brasil e como integrar o maior número de movimentos sociais e alcançar um grande número de pessoas a serem envolvidas neste processo de diálogo. A reunião aconteceu no anexo do Palácio do Planalto com a abertura realizada pelo Jeferson Miola, que nos apresentou que o Brasil está neste primeiro semestre com a Presidência Pro Tempore do Mercosul. Propostas: Solidificar o programa Mercosul Social Participativo e a Cúpula mostra a perfeição da Integração. São 45 entidades da sociedade civil envolvidas nesta construção e solidificação. 10 Ministros representando o Governo Brasileiro e fazendo a aprovação das agendas do Mercosul. O Embaixador Antonio Simões pautou que o Mercosul tem como objetivo melhorar a vida das pessoas e não somente o comércio. Também mostrou como está acontecendo a integração aduaneira e a necessidade de apoiar os órgãos do Mercosul, o Estatuto da Cidadania e o PEAS. Um avanço para o fortalecimento da integração já em estado avançado é a utilização de uma placa única nos carros entre os países membros do Mercosul. O Ministro Miguel Rosseto disse que o Brasil esta num governo novo e tem toda uma nova perspectiva de fortalecimento do Mercosul. Também o Brasil está preocupado com a situação dos diversos Países membros do Mercosul e da necessidade de criar estratégias de integração no Mercosul, respeitando a autonomia dos países e da sociedade civil destes países, já com o reconhecimento destes governos. Apresentou que o Governo Brasileiro esta ofertando as melhores condições para um diálogo político com a sociedade civil e esta numa posição de escuta para a construção de uma agenda. Como fortalecimento do Mercosul todos concordaram da necessidade: + PARTICIPAÇAO + INTEGRAÇAO + CIDADANIA. A Sra. Claudia Maciel, chefe de Assessoria Internacional do MDS formado por 15 ministérios do Brasil, apresentou o contraste da visão do Brasil, entre os brasileiros e os imigrantes aqui residindo. Reconhece que houve grandes avanços do Brasil no Mercosul, mas há a necessidade de renovar o espírito do Mercosul. Disse ainda, que é tempo de chegar a um acordo entre os países membros do Mercosul e esta bem próximo, o reconhecimento do tempo de trabalho com contribuição social em qualquer um dos países membros para contar com o tempo para aposentadoria. Além dos investimentos monetários em grandes obras no Mercosul, o MDS esta preocupado em erradicar a fome, a pobreza no Mercosul e a implantação dos Direitos Humanos com a promoção 160 Relatório de Atividades - CAMI 2015 da igualdade na saúde, educação, cultura, inclusão produtiva, acesso ao trabalho decente, cuidado com o meio ambiente, diálogo social e cooperação regional. Segundo o embaixador Simões, hoje estamos com 250 órgãos que se reúnem para uma melhor integração. Ainda assim, neste ano que se completam 10 anos do FOCEM é necessário renovar a ideia do mesmo. Algumas propostas lançadas na reunião: - Obrigação das empresas que usam dos fundos do Mercosul, que respeitem as condições mínimas dos direitos dos trabalhadores. - Gerar intercâmbio de estudantes no Mercosul pelo programa ciência sem fronteira. - Ter atenção aos acordos entre Argentina e China. - A integração regional esta passando por caminhos diferentes pelos países membros do Mercosul. Para a Cúpula social no Brasil se faz necessário: - pensar na sua arquitetura; - gerar + participação + integração + cidadania - Construção de um grupo focal para organizar a cúpula social do Mercosul no Brasil. Local – Pedimos que fosse São Paulo, mesmo que tenha que se desvincular da cúpula dos presidentes e que se tenha sempre data fixa para a realização da cúpula social e que sejam construídas as idéias e as atividades durante todo o ano para a cúpula ser o ápice e não somente um evento pontual. Mas, parece que a idéia da Presidente do Brasil é realizar a cúpula novamente em Brasília. O CAMI se inscreveu para ser membro do Grupo focal – que irá ajudar a organizar o evento no final de Junho ou início de Julho. Necessidade de Balanço sobre a última Cúpula de Dez 2014 em Entre Rios Argentina. Necessidade de aprofundamento do debate sobre a nova conjunta; conteúdos do processo Mercosul; necessidade de maior informação e transparência; momento delicado na região; pensar em clave regional e não só nacional. 161 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Cúpula para fazer avançar nossas conservadores e fundamentalistas. conquistas diante dos setores Organização da próxima Cúpula Social no Brasil: Repensar metodologia, processo preparatório buscando ampliar a participação social. Necessidade de definir um Grupo facilitador. Cúpula online e encontros temáticos prévios no possível. Pontos em acordo: 1 - A Cúpula precisa de ousadia. Dar cabida a novos formatos de participação política 2 – A Cúpula se realiza num contexto de ofensiva conservadora e de resistências consistentes. 3 – Necessidade de buscar as convergências da sociedade civil da região. 4 – A Cúpula Social precisa incluir todos os temas e setores do debate regional. 5 – Realizar junto com o evento para debate, um ATO ou evento público com caráter regional. 6 – Local. Não achamos adequada a cidade de Brasília, pois a mesma dificulta/encarece a participação. Pode eventualmente se pensar em separar o local da Cúpula oficial da Social - caso a opção da oficial seja Brasília. Nesse caso consideramos a possibilidade de realização em SP ou Paraná como forma de viabilizar uma maior participação regional. Entidades que se propuseram para fazer parte do processo organizativo: FLACSO, CSA, CAMI, MST, Fora do Eixo, FOMERCO, PMSS, REBRIP, UNEGRO, MNCR, Conjuv, CDHIC, FDIM, CUT, UGT, IDDH, Associação Quilombola. Outros encaminhamentos consensuados: 1. Circulação de documento síntese da reunião na brevidade possível; 2. Valorização de atividades autogestionadas na organização da Cúpula; 3. Deliberação por parte da sociedade civil da distribuição das 250-300 para apoio logístico durante a Cúpula; 4. Formalização dos convites aos ex-presidentes Lula e Mujica. 162 Relatório de Atividades - CAMI 2015 A partir do dia 15 de maio, seriam feitas consultas aos parceiros dos demais países do bloco em busca de sugestões de panelistas ou outras contribuições relativas ao evento. A SGPR consultaria os pontos focais. As entidades do PMSP consultariam organizações e movimentos parceiros de fora do Brasil em busca de sugestões. Ao todo, 49 entidades estiveram reunidas no dia 26 de novembro para debater a participação social na Unasul e no Mercosul. Resultados: Sociedade Civil e Governo buscarão formar um grupo facilitador (grupo focal) para as duas instâncias. Este grupo será provisório e com 10 membros titulares e 10 suplentes. Estes terão como missão, organizar debates junto ao conjunto das entidades que compõem os dois níveis para fortalecer a sua organização, autonomia e contribuição política à integração regional e sua democratização. Este grupo focal será ainda o ponto de enlace entre o conjunto das entidades sociais e os órgãos governamentais e intergovernamentais. Aliança empreendedora Com o objetivo de colaborar para a promoção de relações justas e dignas de trabalho, por meio de ações que integrem micro e pequenos empreendedores da cadeia da moda e desenvolvimento de tecnologias que melhorem as relações desta cadeia e o consumo responsável, neste ano de 2015, foi criado um conselho consultivo, que se reuniu mensalmente, para acompanhar o projeto “Uma mensagem para a Liberdade”, que mudou o nome para “Tecendo Sonhos”. Além da formação do Conselho, foram ainda pensados alguns objetivos juntamente com todas as aliadas (CAMI- PAL- Si Yo Puedo e CIC do Imigrante): Ampliação e fortalecimento do Conselho consultivo; Formação da Frente Institucional de promoção de relações justas de trabalho da Aliança Empreendedora; Melhoria na metodologia de formação para donos de oficinas de costura; Aumento no número dos imigrantes formados como empreendedores; Parceria com a Alinha. Avaliação do projeto - Uma Mensagem para a Liberdade - da Aliança Empreendedora, do qual o Cami é parceiro tanto do projeto como na aplicação dos cursos de Empreendedorismo para imigrantes, especialmente donos de oficinas. No dia 03 de Março, Reunião do Conselho Consultivo do projeto - Uma Mensagem para a Liberdade - com a seguinte pauta: 1- Fechamento do Projeto da Fundação Rockefeller; 2- Objetivos do Conselho para 2015 e papel do Conselho; 3- Definir agenda e encontros de comunicação com o Conselho. 163 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Esta reunião teve a presença da Alinha, representada por Dari e Monise, com o intuito de aprofundar a parceria entre estas duas instituições e na colaboração para a diminuição da exploração na cadeia têxtil, envolvendo principalmente os imigrantes. A Alinha entrará com sua ferramenta de mediação entre os donos de oficinas de costura e as empresas e o Cami apresentará as oficinas em situação regular para contratar trabalhadores diretamente, sem o papel dos intermediários, gerando um ganho maior para as oficinas de costura, além de disponibilizar o técnico em prevenção de acidentes de trabalho, para visitar as oficinas e ajudar a transformar o local em um espaço digno para os trabalhadores. Por motivos de concentração de apoio financeiro da Rockefeller nas regiões afetadas pelo Ebola, neste ano, não apoiarão a continuidade do projeto Uma Mensagem para a Liberdade, que aconteceu em parceria entre a Aliança Empreendedora, o Cami, Si Yo Puedo e o CIC, oferecendo cursos de empreendedorismo para imigrantes donos de oficinas ou futuros donos deste tipo de empresa. No segundo momento, tratamos questões ligadas ao cenário atual da migração para o Brasil, especialmente dos Haitianos e dos Latinoamericanos. O terceiro momento foi dedicado para tratar do Conselho e seu papel no ano de 2015. Iniciando com os resultados alcançados no ano de 2014 e em seguida cada um escreveu e compartilhou opinião sobre o Conselho para este ano. Resultados dos objetivos do Conselho para 2015: - Compartilhar informações sobre a temática do Trabalho Escravo e imigração; - Visão estratégica; - Apoiar a Aliança Empreendedora e organizações parceiras nas conexões e redes; - Dar suporte para a equipe e ações. Sugeriu-se a presença de um Imigrante no Conselho, além da ABIT e uma pessoa do Fundo Social. Concordou-se que nas próximas reuniões haverá um momento de partilha e aprofundamento de algum tema, para isto se pensou em convidados especiais como: Alinha / TRT – TEM – MPT/ Policia Federal / Social Good Brasil / OIT /CIC Imigrantes e Si Yo Puedo/ Associação dos Coreanos / Zara- Renner/ Bruno ( pesquisador sobre a cadeia produtiva). Serão apresentados boletins mensais dos resultados de cada reunião e atividades. 164 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Dia 20 de maio, reunião com a Aliança Empreendedora. Nesta reunião do Conselho, foi apresentado a Alinha, sua plataforma de combate à exploração da mão de obra imigrante e a parceria com o Cami na preparação das oficinas de costura, para deixá-las de acordo com a legislação do trabalho e ao mesmo tempo, passando pelos 5 pontos requisitos de preparação para atendimento ao mercado têxtil diretamente com as empregadoras, sem passar pelos intermediários. Nesta reunião, estiveram presentes as fundadoras da Alinha, instituição que esta sendo criada e que vai alinhar donos de oficinas que tenham suas oficinas regulares e organizadas e donos de lojas que desejam trabalhar com oficinas regulares. Após a apresentação da Alinha, foram realizadas diversas intervenções sobre a importância, a continuidade e a celeridade para que o projeto se coloque a caminho. Primeiro passo, como parceiros do Cami, é que o nosso técnico em prevenção de acidentes de trabalho, visite as oficinas, faça um relatório e seja organizado todo o ambiente de trabalho conforme é pedido pelo MTE e se preparem, pois há lojas buscando oficinas regulares para estabelecer parceria. Ficou acertado que elas pretendem iniciar com somente 6 oficinas para que tenham trabalho o ano inteiro e com melhor remuneração e também que a renovação do ambiente de trabalho é responsabilidade do dono da oficina, pois, assim, ele terá trabalho e lucro aumentados. Foi comunicado também pela Aliança Empreendedora que foi aprovado o projeto da Brazil Foundation em parceria com Cami, Si Yo Puedo, CIC e PAL. Foi pedido uma carta de indicação para outro projeto indicado e o CAMI se dispôs a fazê-la. Com reuniões mensais acompanhando cada passo do projeto, apresentamos os resultados desta parceria: Consolidação do Conselho Consultivo; Criação de um Regimento Interno do Conselho; Ampliação estatutária da Aliança, abrangendo os temas migratórios e de Direitos Humanos; Participação de pessoas com conhecimento e atuação nesta cadeia durante as reuniões do Conselho; Participação em eventos ligados a esta temática; Participação na ADE Sampa; Virada Sustentável; Fórum da Moda; Treinamento com as pessoas indicadas das aliadas para repassar o curso de empreendedorismo na costura; 62 empreendedores inscritos; 37 cadastrados e atendidos; 25 donos de oficinas beneficiados; Entrada de donos de oficinas de costura em uma nova modalidade de atuação e relação trabalhista, sendo acompanhados por mentores e colocados dentro do mundo do trabalho com empresas idôneas, em parceria com Aliança, Cami e Alinha; por fim, foram gerados varias matérias tratando os principais temas relacionados com a cadeia produtiva têxtil. 165 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Dia 04 de Fevereiro, estivemos em reunião com a diretoria da COEBIVECO, cooperativa dos imigrantes, na produção da cadeia têxtil. Eles vieram apresentar o projeto de fazer em Itaquaquecetuba, um Shopping Center dos imigrantes. Através desta cooperativa, comprariam o terreno e construiriam um grande espaço para produção e venda de seus produtos, sem intermediários, oferecendo os produtos por um preço melhor ao consumidor e valorizando mais a mão de obra que o produz. Pedem o apoio do Cami para divulgação e espaço para mostrar o projeto deles para a comunidade e aos alunos do Cami. Foi concedido o apoio, a divulgação e também o espaço para apresentação do projeto. Programas de Rádio Dia 23 de junho, houve reunião com os responsáveis pela Radio Integración, na qual avaliamos a participação da rádio dentro da proposta dos responsáveis, pensando em fazer deste meio de comunicação um veículo de cidadania e direitos para alcançar a comunidade. Para tal, além dos anúncios de cada um dos eventos para os imigrantes, ainda foi oferecido ao Cami a possibilidade de uma vez por semana tratar um tema na rádio, ao vivo, para a comunidade se empodeirar de informações e lutar por seus direitos. Ficou a idéia de procurar pelo Sergio da Oboré, para ver a possibilidade de um curso para os radialistas da Rádio Integración. 20 de agosto: Presença na Rádio Trianon/MASP juntamente com o Sr. Ricardo da Secretaria da Defesa da Justiça e da Cidadania do Estado de São Paulo. Fomos convidados para um debate sobre o Tráfico de Pessoas. Foi um programa de rádio ao vivo, muito dinâmico e que gerou diversas manifestações e participações de pessoas durante o programa, pedindo explicações dos conceitos de Tráfico de Pessoas e orientações para os que nesta condição poderiam estar. Este programa, chamado de: Observatório do terceiro setor tem uma alta audiência, pois trata diariamente de questões sociais. Em 2 de setembro, mais uma vez nos encontramos fazendo um programa na Rádio Integración. O programa deste dia esteve centralizado nos direitos dos imigrantes no Brasil e cada uma das atividades que o Cami faz de forma gratuita para beneficiar os imigrantes a fim de empoderá-los e fortalecer o conceito de que o planeta é nossa casa e todos temos o dever de cuidar dele. Sendo o planeta nossa casa comum, temos o direito natural de imigrar para qualquer lugar dele. Foi mais de uma hora de programa levando informação sobre cidadania aos ouvintes. 166 Relatório de Atividades - CAMI 2015 No dia 23 de setembro, fomos outra vez convidados para participar do programa da tarde na Radio Integración. Neste dia, o coordenador do Cami foi entrevistado pelos locutores David, Raul, Zacarias e Ruth, tratando de alguns eventos específicos que o Cami faria nos meses de outubro e novembro. Foi salientado o Grito Continental do Excluídos, o Desfile de Moda e a Marcha dos imigrantes. Dentro do diálogo, foi destacada a importância de como o Cami trabalha em Rede. Isto podendo servir como exemplo aos imigrantes, da necessidade de pensar no coletivo, levando assim a uma libertação social mais profunda, rápida e sólida. Em 13 de outubro, participamos de uma reunião com a Diretoria da Rádio Integración, para ajudar a organizar um torneio relâmpago de futebol entre os mais diversos meios de comunicação da comunidade e que seria realizado no dia 02 de novembro. O Cami decidiu apoiar, conseguindo a quadra para o troneio e os troféus para os ganhadores. A Rádio Integración se encarregou da organização do dia, divulgação, convites e a entrega dos troféus. Estivemos presentes no dia 13 de outubro, participando no evento da CONCUT 2015. Com a presença de milhares de trabalhadores membros da CUT e lideranças especiais, foram convidados membros de alguns segmentos de atuação junto aos trabalhadores para representar as mais diversas classes no palco, junto às autoridades. A CUT convidou o Cami para representar os trabalhadores imigrantes e todo o trabalho que estes realizam em nosso País. Foi uma noite muito rica com a presença de grandes líderes nacionais e internacionais. Festas e eventos culturais No dia 20 de janeiro, tivemos a reunião da equipe do Cami onde tratamos da Organização da Festa de Alasitas, transporte dos materiais a serem distribuídos no dia; Escolhemos quem se encarregaria da distribuição dos mesmos, mais a doação dos calendários, jornais, folders e livros. Estruturamos a equipe de apoio aos seguranças do evento e as nossas responsabilidades como instituição nesta festa. Tratamos da finalização do projeto de comunicação por falta de apoio financeiro para manutenção da pessoa desta área; da finalização da inscrição para os cursos do Cami e a conscientização da necessidade do apoio de todos no cuidado de todas as coisas que pertencem à instituição. Festa de Alasitas: Aconteceram duas reuniões com a Diretoria da Praça Kantuta, na sede do Cami, para finalizarmos a organização desta Festa no Memorial da America Latina, programado para o dia 24 de Janeiro de 2016, 167 Relatório de Atividades - CAMI 2015 com inicio às 8h se estendendo até às 22hs. Neste mesmo período, foram realizados todos os pedidos de licenças para a realização desta festa. Como sempre, o Cami atua em parceria com a Praça Kantuta, para apoiar eventos religiosos e culturais. Como a Praça Kantuta não tem toda a documentação necessária para conseguir as licenças e o contrato com o Memorial, o Cami faz a parceria apoiando com todas as licenças e a Praça Kantuta se responsabiliza pela parte da Infraestrutura. No dia da Festa passaram ao menos 25 mil pessoas pelo Memorial, dando um colorido especial para aquele espaço. Houve atrações musicais, culturais, artesanatos típicos desta festa à disposição de todos e uma gastronomia diversificada. A equipe do Cami participou deste evento, com uma barraca, distribuindo materiais de direitos, cidadania, comunicação e orientando os imigrantes sobre seus direitos no Brasil. Para isto, contamos com a presença de especialistas de diversas áreas do CAMI. No dia 15 de fevereiro, aconteceu o Carnaval Andino, organizado pela Associação Gastronômica Padre Bento da Praça Kantuta, apoiado pelo Cami. Sendo que coube ao CAMI responsabilizar-se pela documentação e Associação da Praça Kantuta pela infraestrutura e pela organização do evento. Houve a presença de mais de 15 mil pessoas e o espaço ficou pequeno para tanto público. Apresentaram-se diversos grupos folclóricos que mostraram suas danças típicas e fizeram o seu desfile de carnaval, juntamente com bandas musicais que deram o ritmo da alegria e do encontro em mais uma festa da comunidade. Dia 22 de junho, estivemos em Reunião com o Diretor cultural do Memorial da America Latina, para definir como seria possível a presença e participação de imigrantes dos países latino-americanos no Memorial e como o Memorial poderia chegar até as casas destes imigrantes. Ficaram algumas propostas para serem estudadas: 1- Na feira Mundo Mix, que acontece uma vez por mês, ter um tema ligado com um dos países da America-Latina com apresentações folclóricas e musicais. 2- Rádio via celular para alcançar os imigrantes e passar as informações d a programação do Memorial. 3- Abertura do campo de futebol no Memorial para torneio de imigrantes e para o espaço ser bem aproveitado. Dia 10 de julho, houve reunião com a diretoria da Associação Padre Bento da Praça Kantuta para fecharmos e reorganizarmos os eventos a serem realizados pelo CAMI no espaço da Praça Kantuta durante o segundo semestre. Decidimos que teremos o Festival de Poesia e Música; Dia das 168 Relatório de Atividades - CAMI 2015 crianças (parceria); Grito Continental dos Excluídos (com a primeira virada esportiva dos imigrantes); Desfile de moda; preparação para a Marcha dos imigrantes. Aproveitamos para comentar sobre a Festa de Alasitas no Memorial. Mais uma vez nos foi pedido para o Cami assumir os contratos com o Memorial (responsabilidade) como nos anos anteriores para ajudar a Associação, enquanto colocam os documentos em ordem. No dia 04 de agosto, aconteceu mais uma reunião com a diretoria da Associação Gastronômica Padre Bento da Praça Kantuta para avaliarmos os problemas de documentação da mesma e como poderíamos ajudar a soluciona-los. Foram dadas diversas sugestões e confirmamos que para este ano, o Cami assumiria novamente a responsabilidade do contrato da Festa de Alasitas no Memorial da America Latina a ser realizada no dia 24 de janeiro de 2016, bem como todas as licenças necessárias para tal festa. 11 de agosto, em reunião com o diretor cultural do Memorial, damos continuidade ao processo do contrato para a Festa de Alasitas 2016. Nesta reunião acordamos que o Cami se prontificaria mais uma vez para ser o responsável jurídico da Festa no contrato com o Memorial e que apoiaríamos com todas as licenças necessárias para esta festa. 25 de agosto, reunião com a diretoria da Associação da Praça Kantuta, para lermos e estudarmos o modelo de contrato que assinaríamos com o Memorial da America Latina e quais as responsabilidades de cada uma das instituições. Tendo acordo de ambas partes, assinamos o contrato. Será feito um contrato entre Cami e Kantuta, no qual a Kantuta se responsabilizará por toda a parte da infraestrutura da festa de Alasitas e o Cami pelas licenças necessárias. No dia 22 de outubro, nos reunimos com a diretoria da Praça Kantuta para aprovarmos algumas mudanças necessárias no contrato com o Memorial a respeito do uso dos espaços e de outros grupos que se fariam presentes neste mesmo dia da Festa de Alasitas nos outros espaços do Memorial. Firmamos o novo contrato com o Memorial e novamente repassamos todas as responsabilidades de cada Instituição. Outras parcerias No dia 19 de janeiro, fizemos uma reunião com os professores Catiuscia e João Paulo, para tratar do tema de uma pesquisa de combate ao trabalho escravo que seria realizada na Praça Kantuta. Ficou decidido que seria feito uma pesquisa com as mulheres imigrantes na cadeia de costura para entender a exploração que sofrem dentro deste sistema. As pesquisas seriam realizadas por mulheres em dias diferentes, por e com imigrantes, para facilitar a 169 Relatório de Atividades - CAMI 2015 abordagem na pesquisa. Para a próxima reunião ficou definido que será com a presença das aplicadoras das pesquisas para definir quais as perguntas e qual o suporte e apoio terão. No final será produzido um texto sobre esta realidade. No dia 16 de Fevereiro, fizemos uma reunião com o Presidente Cultural do Memorial da America Latina, para avaliarmos a festa de Alasitas realizada naquele espaço e ao mesmo tempo para encontrarmos soluções para alguns pequenos incidentes que apareceram no transcurso da preparação e no dia da festa. Como sempre o Sr. Presidente, muito acolhedor, prontamente resolveu todos os problemas e mostrou agilidade para melhor ainda receber todos os imigrantes nesta casa ( Memorial). Na parte da tarde do dia 02 de março, fizemos uma reunião com a Dra. Silvana Abramo, Juíza do TRT2, para organizarmos como seria o seminário do direito do trabalhador imigrante no Brasil. Ficamos acertados que viriam alguns Juízes para após um pronunciamento de cada um deles sobre temas relacionados com trabalho e os imigrantes, assinaríamos uma parceria entre a AMATRA2 e o Cami, no desenvolvimento de atividades em parceria em prol dos imigrantes. A dinâmica para o dia do seminário seria: após a abertura e as palavras dos Juízes, divisão em grupos para debate dos temas com a presença de um juiz em cada grupo de debate e faríamos o fechamento com todos novamente avaliando e resumindo os aprendizados. O evento é previsto para 100 imigrantes de diversos países e diferentes setores de trabalho. No dia 23 de março, esteve presente no Cami o Professor Arlindo da Universidade Flamingo, para dialogarmos sobre a ideia do Trote Solidário. Este projeto visa envolver os alunos da universidade no sentido contrário de fazer um trote negativo, desenvolver valores como arrecadação de alimentos para serem distribuídos a instituições que atuam no combate à pobreza ou mesmo para acalmar a fome de muitas famílias, sejam elas imigrantes ou nativas. No dia 31 de março, tivemos uma reunião com o Presidente do CAMI, Dom Flávio Irala, para pensarmos a participação do Cami no curso de Direitos Humanos organizado pela DASP (Igreja Anglicana), os Claretianos e MMk. Pensamos em temas especialmente pautados no dia a dia dos imigrantes que impactam sua vida e historia, como: trabalho escravo e tráfico de pessoas. Estes temas entrariam como novidade e parte do curso já existente. Combinamos de reunir-nos com mais frequência para fazermos ponte entre a coordenação e a presidência. Dia 24 de abril, além da reunião semanal do Cami, também organizamos a visita de uma instituição internacional que queria conhecer como eram as oficinas de costura para fazer um documentário sobre este tema. Antes da visita às oficinas de costura, organizamos as entrevistas dos funcionários do 170 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Cami sobre os mais diversos aspectos de nossa atuação e os preparamos para fazer a visita onde seriam acompanhados por alguns dos nossos imigrantes facilitando a entrada deles nos ambientes. Dia 01 de maio, Dia do Trabalhador. Como todos os anos, o Cami organizou um evento, contando com um grande número de imigrantes, que estiveram presentes na Catedral de São Paulo na celebração da missa do dia do trabalhador, com o intuito de mostrar o rosto do trabalhador imigrante, a exploração desta mão de obra, tomar este espaço importante da cidade e também para ajudarmos os imigrantes a repensarem a sua relação com o mundo do trabalho. Terminamos o evento participando em caminhada pelos diversos pontos onde estava acontecendo a greve dos professores. Trote Solidário, no dia 17 de maio, através de uma ação positiva da Universidade Flamingo, transformando o famoso trote Universitário em arrecadação de alimentos para ser distribuído entre os imigrantes, houve um encontro entre Professores da Flamingo e Alunos, Coordenação do Cami e Imigrantes matriculados em diversos cursos do Cami e interessados em ingressar em uma universidade no futuro. Foi um encontro muito emocionante e que produziu uma aproximação muito grande do tema da migração para os membros da Universidade Flamingo, tratando temas como: trabalho; viagem; trabalho escravo; trafico de pessoas; quantos imigrantes já haviam passado pela universidade; experiência e dificuldades dos alunos brasileiros para frequentar a universidade; a importância da universidade na vida da pessoa e como os imigrantes sentem-se em uma terra tão diferente da sua. A emoção aflorou diversas vezes na partilha de vida. Ao final foi doado ao Cami uma quantia enorme de alimentos para ser distribuídos às famílias de imigrantes necessitadas. O Guia dos Imigrantes - Em 22 de outubro, aconteceu a primeira reunião para preparar o Guia de Bolso dos Direitos do Trabalhador Imigrante no Brasil, contendo as principais informações dos direitos do Trabalhador imigrante. Fizemos uma coleta de todas as informações e depois de vermos todos os materiais, começamos a separar as informações que realmente poderiam ser importante para um imigrante chegando no Brasil. Buscamos o material de preparação do Seminário - Direito do Trabalhador Imigrante no Brasil, com o apoio da Amatra2 e Anamatra. Também ficamos de realizar grupos focais para os imigrantes participarem com sua contribuição desta construção e buscamos as dúvidas dos imigrantes para este guia ser uma resposta a elas. 171 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Participação e incidência nos temas de migração e direitos A Escola do Parlamento da Câmara Municipal de São Paulo em parceria com o Museu da Imigração desenvolveu um curso de 24h com o título: São Paulo de todos os imigrantes, tendo o objetivo de abordar temas transversais às migrações contemporâneas; visualizar os tipos e mudanças dos fluxos migratórios; discutir mecanismos que visam garantir o acesso pleno de direitos aos migrantes; debater fronteiras legais tendo como foco principal integração social e cultural proporcionada pelo intercâmbio de experiências e vivências das diferentes comunidades no espaço público. Na sequencia os temas que foram tratados: 1- A tragédia do imigrante para além do Norte Global – Fluxos migratórios em contextos do Sul; 2- Pode um ser humano ser menos humano que outro? – Reflexões sobre xenofobia; 3Mídias e migrações transnacionais: produzindo visibilidades, imaginários e resistências; 4- Reconhecimento de Direitos através de um novo Marco Legal da Migração no Brasil; 5- Proteção de Refugiados no Brasil – efetividade de direitos reconhecidos - Haitianos no Brasil; 6- Perfil dos migrantes no Brasil – um olhar demográfico da Migração Contemporânea;7- O retorno de brasileiros – dificuldades de reinserção e desafios de adaptação; 8- Proteção Social – o migrante como sujeito de direitos; 9- Trabalhadores Migrantes Indocumentados – Precarização e Informalidade; 10- Dia Internacional dos Direitos Humanos. Nova Lei de Migração: com a participação em diversas reuniões e recolhendo propostas, (com o governo, redes de atuação com imigrantes dos mais diversos países, nos cursos promovidos pelo Cami- em trono de 25 cursos-); nos seminários, grupos de estudo, etc. O Cami ouviu os imigrantes, suas sugestões e problemas encontrados no projeto da Nova lei de Migração, fazendo-se porta-voz das sugestões desta grande equipe do Cami e dos próprios imigrantes, apresentando muitas propostas em todos os lugares onde fez-se presente. Isto porque, sabe que este tema fará a diferença na vida de todos os imigrantes, bem como na construção da ideia da necessidade de que o Brasil desenvolva uma Política Migratória, pensando na acolhida, inclusão e inserção dos imigrantes. OPAS- Organização Panamericana de Saúde: Estiveram na sede do Cami, as Sras. Bertha e Aidê da OPAS, juntamente com a Sra. Rosana Gaeta e o Sr. André para um diálogo com um grupo de imigrantes das mais diversas regiões da Cidade de São Paulo, para uma reunião em preparação a um seminário sobre o tema da saúde para depois desenvolver um projeto para os imigrantes terem garantido seu acesso, dando uma resposta através da Secretaria Municipal da Saúde, para os maiores problemas que enfrentam os imigrantes neste sentido. A OPAS, esta com sua sede em Brasília e atua fortalecendo o acesso dos serviços de saúde à toda a população e trabalha com o Ministério 172 Relatório de Atividades - CAMI 2015 da Saúde e com as organizações sociais. Ouviram atentamente as necessidades dos imigrantes, logo após, colocaram a importância de fazermos um seminário com todos estes aspectos sendo apresentados por imigrantes para profissionais da saúde e juntos construirmos soluções, finalizando o trabalho com um Plano Municipal de saúde inclusivo, um material impresso e com campanhas de sensibilização dos profissionais. Marcha dos Imigrantes O processo de preparação das Marchas dos Imigrantes inicia com reuniões mensais a partir do mês de agosto. No total são de 4 a 5 reuniões preparatórias. Em 2015, essas reuniões aconteceram sempre no último sábado de cada mês. Em cada reunião havia a presença entre 30 a 35. Todos os temas relevantes da marcha são debatidos e acolhidos, sim ou não, pela assembleia presente. A primeira reunião em preparação a 9ª Marcha dos imigrantes aconteceu no dia 29 de agosto, com a presença de imigrantes, instituições que atuam com imigrantes, equipe com a presença de voluntários, os multiplicadores de base, organizadores de torneios de futebol, grupos folclóricos, entre outros. No primeiro momento houve uma avaliação da marcha dos imigrantes do ano anterior com vários comentários positivos e também observações para serem melhoradas a partir dessa marcha. Em seguida houve a proposta de criação de comissões para a preparação da mesma, onde cada um dos presentes pode se inscrever após a colocação da função e papel de cada comissão. Conjuntamente, quase sempre na primeira reunião são escolhidos o tema e o lema das marchas. Esse item é muito importante porque envolve todos os presentes em colocações e argumentos interessantes na escolha do melhor tema e lema. Nos meses seguintes, nas reuniões, cada comissão trazia seus resultados para consenso ou votação e fomos incluindo novos países, grupos religiosos como Terreiros com Pais e Mães de Santo, que por discriminação religiosa decidiram unir-se aos imigrantes para fortalecer a luta contra todo tipo de discriminação. No dia da Marcha, eram muitos os imigrantes presentes dos mais diversos países. Havia microfone aberto e quem quisesse podia expressar-se através de música, poesia, depoimentos individuais ou institucionais e também houve apresentações folclóricas. A Marcha cumpriu seu objetivo de FRONTEIRAS LIVRES, não à discriminação! Foi confeccionada uma cerca que era carregada pelos imigrantes durante o trajeto. A caminhada da marcha durou cerca de três horas com a presença de umas três mil pessoas, inclusive muitas crianças. Veja matéria completa neste relatório. 173 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Premio - Comenda de cavaleiro da ordem do mérito judiciário do tribunal regional do trabalho (t r t-2). Esta homenagem se deu no dia 10 de setembro de 2015, na sede do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, no bairro da Consolação, capital paulista. Personalidades e instituições que se destacaram em suas atividades no ramo do direito trabalhista ou prestaram relevantes serviços à Justiça do Trabalho ou em atividades socioculturais foram agraciadas com a VIII Comenda da Ordem do Mérito. Em seu discurso a Desembargadora Presidente, Silvia Regina Devonald, destacou que o Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região não tem se furtado a desempenhar o papel que lhe cabe nessa mobilização e o Tribunal assumiu como tarefa primordial o combate ao trabalho escravo, infantil, bem como a conscientização da importância do trabalho seguro. Na pessoa do coordenador, Roque Renato Pattussi, o CAMI, recebeu a Comenda de Cavalheiro da Ordem do Judiciário, pelos trabalhos realizados na defesa e garantia dos direitos dos trabalhadores imigrantes. A Desembargadora Presidente do Tribunal finalizou seu discurso desta maneira: “Capaz de promover os objetivos almejados, aproveitamos a oportunidade para prestar nossa homenagem a todos àqueles que pelo trabalho e atuação cotidiana são responsáveis por inspirar um projeto de nação inclusivo e menos desigual. Assim, muita honra nos traz poder agraciar com a Ordem do Mérito esses guerreiros da Justiça, da Democracia e da Cidadania”. Anexo Carta da Dra. Silvana Abramo ao Fundo Brasil de Direitos Humanos, que partilhamos com todos, agradecendo desde já o apoio dado a esse projeto para beneficiar os imigrantes. Prezados Senhores, Sirvo-me da presente para apresentar a candidatura do Projeto VIDA NOVA COM DIGNIDADE E RESPEITO PARA OS IMIGRANTES, sob a responsabilidade da organização não governamental CAMI – Centro de Apoio e Pastoral do Migrante. A ocorrência em nosso país de tráfico de pessoas e redução de trabalhadores à condição de escravidão foi reconhecida pelo Estado Brasileiro e seu combate, como é sabido, se rege hoje pelo II Plano Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, onde são especificadas as responsabilidades do Estado e 174 Relatório de Atividades - CAMI 2015 da sociedade. No ano de 2013 o número de vítimas resgatadas do trabalho escravo urbano ultrapassou pela primeira vez o número de resgates no meio rural, segundo dados apresentados à CONATRAE – Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo pela ONG Repórter Brasil. A sociedade civil tem se organizado em redes de enfrentamento e apoio às vítimas e nelas tem papel essencial as organizações não governamentais, que entretanto, não dispõem de recursos suficientes para o pleno desenvolvimento de suas atividades. Daí a importância do presente edital, promovido pelo Fundo Brasil de Direitos Humanos. Nesse contexto, o CAMI – Centro de Apoio e Pastoral do Migrante tem desenvolvido papel fundamental no município de São Paulo no acolhimento de migrantes em situação vulnerável e degradante, especialmente migrantes latino-americanos que trabalham na cadeia produtiva têxtil da capital e na grande São Paulo, que, juntamente com o ramo de construção civil, concentra a maioria dos casos de tráfico de pessoas e trabalho escravo urbano. O CAMI vem atuando já há cerca de dez anos nas três frentes de enfrentamento previstas no Plano Nacional de Combate ao Trabalho Escravo: a prevenção, a repressão (em ação articulada aos agentes do Estado) e a assistência. O CAMI é membro permanente da COETRAE – Comissão Estadual de Combate ao Trabalho Escravo, do Estado de São Paulo e da COMTRAE – Comissão Municipal de Combate ao Trabalho Escravo da Capital de São Paulo, única Comissão Municipal existente do Brasil, e reconhecido, juntamente com a Missão Paz, como o principal interlocutor dos migrantes latino americanos na cidade de São Paulo. Por sua atuação, o CAMI recebeu dois importantes prêmios. Em outubro de 2013, prêmio concedido por ocasião da realização do I COMIGRAR – Conferência Nacional sobre Migração e Refúgio, por seu trabalho de base junto aos trabalhadores de oficinas de costura, realizado nos próprios locais de trabalho dos imigrantes por agentes comunitários também imigrantes, o que possibilita a comunicação direta e franca a respeito das condições de vida e trabalho dessas pessoas. Em novembro de 2014 foi a vez do Prêmio ANAMATRA de Direitos Humanos, na categoria Cidadania, concedido pela Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho, em sua VIII edição, em 2014 na cidade do Rio de Janeiro. Na ocasião foi premiado o trabalho de acompanhamento de pessoas resgatadas, vítimas de tráfico de pessoas e de trabalho escravo, de assessoria 175 Relatório de Atividades - CAMI 2015 na regularização documental desses trabalhadores e do oferecimento de formação profissional e de ensino de português. O Projeto ora apresentado, denominado VIDA NOVA COM DIGNIDADE E RESPEITO PARA OS IMIGRANTES, visa exatamente ampliar e aprofundar essas ações, possibilitando a milhares de imigrantes latino americanos em São Paulo a regularização documental, essencial para o exercício pleno e destemido dos direitos e deveres de cidadania; de receber acolhimento e apoio para que não sejam vítimas da exploração e violência, especialmente mulheres e crianças e para que aqueles que já estiveram expostos a tais condições degradantes o resgate de sua identidade, cidadania, dignidade e autoestima, para que possam se integrar de maneira igualitária e justa - como é seu direito constitucional, à sociedade brasileira. O aspecto educativo e de qualificação profissional do Projeto ora apresentado VIDA NOVA COM DIGNIDADE E RESPEITO PARA OS IMIGRANTES merece especial destaque. O CAMI mantém cerca de 10 locais, inclusive em regiões periféricas da cidade de São Paulo e em Guarulhos, onde imigrantes latino americanos recebem aulas de português e profissionalizantes em funções e capacidades vinculadas à atividade têxtil, como curso de modelistas, costureiras, entre outros, sempre na perspectiva de empodeiramento individual e coletivo de conhecimentos e para o exercício pleno da cidadania, com vistas à construção de uma sociedade mais justa, igualitária e solidária para todos, sem fronteiras. Por todos esses motivos e por ter a certeza da seriedade e compromisso do CAMI com os imigrantes na cidade de São Paulo me honra a apresentação do projeto VIDA NOVA COM DIGNIDADE E RESPEITO PARA OS IMIGRANTES, colocando-me desde logo à disposição para o que for necessário. Atenciosamente, Silvana Abramo Margherito Ariano Diretora de Cidadania e Direitos Humanos da ANAMATRA Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho. - Associação Desembargadora do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª. Região 176 Relatório de Atividades - CAMI 2015 Nova sede do Cami para melhor atender os/as imigrantes cedida pelo Governo do Estado de são Paulo (Geraldo Alkimim). Alameda Nothmann, 485 – Campos Elíseos, são Paulo – SP Facebook – Cami-centro de apoio e pastoral do migrante Site – camimigrantes.com.br Telefone contato – 11. 3333 0847 São Paulo, 31 de dezembro de 2015. 177