Primeiro capítulo

Transcrição

Primeiro capítulo
tradução
sandra martha dolinsky
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Diretora
Rosely Boschini
Gerente Editorial
Marília Chaves
Editora
Carla Fortino
Estagiária
Natália Domene Alcaide
Editora de Produção Editorial
Rosângela de Araujo Pinheiro Barbosa
Controle de Produção
Karina Groschitz
Tradução
Sandra Martha Dolinsky
Preparação
Geisa Mathias de Oliveira
Projeto Gráfico e Diagramação
Osmane Garcia Filho
Revisão
Vero Verbo Serviços Editoriais
Única é um selo da Editora Gente.
Título original: THE FINEST HOURS.
The true story of the U. S. Coast Guard’s
most daring sea rescue, by Michael
J. Tougias and Casey Sherman.
Copyright © 2009 by Casey Sherman and
Michael Tougias
Este livro foi negociado através de Ute
Körner Literary Agent, Barcelona –
www.uklitag.com e Books Crossing
Borders, Inc.
Todos os direitos desta edição são
reservados à Editora Gente.
Capa
Thiago de Barros
Rua Pedro Soares de Almeida, 114,
São Paulo, sp – cep 05029-030
Imagem de Capa
U.S. Coast Guard
Site: http://www.editoragente.com.br
Telefone: (11) 3670-2500
E-mail: [email protected]
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Angélica Ilacqua CRB-8/7057
Tougias, Michael J.
Horas decisivas : A história real do mais ousado resgate marítimo
/ Michael J. Tougias e Casey Sherman ; tradução de Sandra Martha
Dolinsky. – São Paulo : Única, 2016.
256 p.
Bibliografia
ISBN 978-85-67028-81-1
Título original: The finest hours
1. Naufrágios 2. Pendleton - Navios-tanques 3. Barcos salva-vidas I.
Título II. Sherman, Casey III. Dolinsky, Sandra Martha
15-1071
CDD 910.452
Índices para catálogo sistemático:
1. Naufrágios 910.452
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prólogo
Orleans, Massachusetts
Ela está situada no final de um longo píer de madeira, no porto de
Harbor. Guerreiros de fim de semana conduzem reluzentes barcos
de recreio com as geladeiras abastecidas, a caminho da baía de Cape
Cod, sem lhe dirigir mais que um breve olhar. Quando você se
aproxima do estacionamento, nota a grande placa do Registro
Nacional de Lugares Históricos aparafusada a um poste de madeira, acima da doca. A placa oferece um indício sobre o passado dela e,
em seguida, gentilmente, pede‑lhe um pequeno tributo monetário.
Você coloca um dólar ou dois em uma caixa de doação, segue até o
fim do cais e desce uma prancha de metal. Enquanto desce, você
pensa no que o levou até ali: uma história que parece maior que
a vida. A expectativa aumenta à medida que você navega cuidadosamente a encosta íngreme, rumo à plataforma f lutuante abaixo. De repente, você capta sua visão com o olho esquerdo. Para os
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desinformados, é uma visão impressionante. Ela tem apenas 36 pés
de comprimento e parece quase um brinquedo em comparação com
os barcos maiores no porto.
A lancha é branca, reluzente, depois de ter sido cuidadosamente restaurada por uma competente equipe de voluntários. Perto da
proa se lê seu nome em grandes letras pretas. Ela não carrega um
apelido memorável, como o Can Do ou o Andrea Gail; de fato, ela
nem tem nome. É chamada por sua classificação: cg36500. O cg
significa que é um barco da Guarda Costeira; o 36 se refere a seu
comprimento em pés, e 500 é o número de identificação atribuído
a essa particular lancha de salvamento de 36 pés.
Você pisa a bordo e, de repente, o barco parece ainda menor;
atravessa a porta estreita, colocando um pé na frente do outro, com
a mão firme no corrimão de madeira, para se equilibrar. Segue em
direção ao abrigo do timoneiro e põe as mãos no leme, olhando fixamente através do para‑brisa, e imagina como deve ter sido naquela
noite fatídica. Contudo, por mais que tente, você não pode reproduzir as condições horríveis que fizeram dessa embarcação uma lenda.
A brisa que você sente é leve; não é um vento feroz que bate em seu
rosto e morde sua carne. O mar está calmo agora, não como naquela
noite, tantos anos atrás, quando a água subiu, formando um muro de
mar e sal de sete andares de altura.
Seu devaneio é interrompido pela dura voz do novo capitão do
barco. O timoneiro Peter Kennedy o chama para a cabine do sobrevivente, perto da proa da embarcação. Ele abre uma pequena escotilha
e acena para que entre. Você desce uma escada curta e adentra suas
catacumbas escuras. Tenta se ajustar ao pequeno espaço. Kennedy, um
homem alto e em forma, de 1,90 metro, segue‑o escada abaixo, rumo
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ao porão. A cabine foi construída para acomodar doze homens, mas
com apenas duas pessoas já parece apertada e claustrofóbica. Você se
senta e olha para todos os coletes salva‑vidas preservados ali, pregados
ao longo das paredes, e é quando se dá conta. Você se pergunta: Como
este pequeno barco foi capaz de salvar tantas vidas? A resposta repousa não
só no design da embarcação, mas também nos quatro corajosos jovens
que o guiaram.
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pa rtes dos petroleiros
e seus ba rcos de r esgate
Popa do Pendleton
Lancha de salvamento 36500 de 36 pés
comandada por Bernie Webber
Proa do Pendleton
Guarda-costas McCulloch
Lancha de salvamento 36383 de 36 pés
comandada por Donald Bangs
Proa do Fort Mercer
Guarda-costas Yakutat
Guarda-costas Unimak
Lancha de salvamento de 36 pés (de Nantucket)
comandada por Ralph Ormsby
Popa do Fort Mercer
Guarda-costas Acushnet
Guarda-costas Eastwind
Navio mercante Short Splice
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Fish
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Chatham
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Posto da
Guarda Costeira
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-70.30°
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-70°
-69.30°
42°
42°
oceano
atlântico
O Pendleton
Cape Cod
O Fort
Mercer
41.
30°
41.
30°
Nantucket
Martha’s
Vineyard
0
0
-70.30°
10km
5Mi
-70°
-69.30°
Os caminhos do Fort Mercer e do Pendleton,
dos pontos onde os navios se partiram até os locais de resgate.
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parte i
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ca pítulo 1
Estação de Resgate de Chatham
O mar é mestre aqui — um tirano, até —, e nenhum povo além do
nosso, que desceu para o mar em navios tantas vezes em tantas gera‑
ções, entende melhor o sutil ditado: “Nós conquistamos a natureza
somente quando lhe obedecemos”.
e. g. perry, 1898
Chatham, Massachusetts
18 de fevereiro de 1952
Bernie Webber, contramestre, segurava uma caneca de café quente em
suas mãos grandes, enquanto olhava pela janela enevoada do refeitório.
Aquele café não era tão ruim. Saíra de uma panela de três galões e fora
feito da mistura de café com duas cascas de ovos, para ajudar a borra a se
depositar no fundo. O filho do pastor protestante de Milton,
Massachusetts, observava com crescente curiosidade e preocupação a
tempestade que continuava a se fortalecer, do lado de fora. A tempestade
Nor’easter do solstício de inverno havia parado a Nova Inglaterra nos últimos dois dias e Webber se perguntava se o pior ainda estaria por vir. Ele
observava a neve varrida pelo vento dançando sobre as areias movediças e
os grandes montes que se formavam ao lado da torre do farol, no jardim
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da frente da Estação de Resgate de Chatham. Ao mesmo tempo, dois faróis haviam sido erguidos ali; juntos, eram conhecidos como os Twin
Lights de Chatham. Tudo que restava do segundo farol era a velha fundação, e, nessa manhã, estava completamente coberta de neve.
Tomando um gole de café, Webber pensou em sua jovem esposa,
Miriam, acamada com uma forte gripe, em sua casa de campo, em Sea
View Street. E se houvesse uma emergência? E se ela precisasse de ajuda? O médico conseguiria chegar até ela nesse clima? As perguntas foram desgastando seus nervos e Webber lutava para tirá‑las da cabeça.
Tentou pensar nos pescadores locais, todos reunidos em volta do velho
fogão a lenha, no píer de pesca de Chatham. Logo estariam pedindo sua
ajuda, quando seus navios começassem a subir e descer sobre as ondas
em Old Harbor, retesando suas linhas. Se a tempestade está tão ruim ago‑
ra, como vai ser daqui a algumas horas, quando realmente começar?, pensou.
Webber, contudo, não reclamaria do dia difícil que estava enfrentando. O contramestre tinha apenas 24 anos, mas já trabalhava no
mar havia quase uma década, depois de ter servido no U.S. Maritime
Service [Serviço Marítimo dos Estados Unidos] durante a Segunda
Guerra Mundial. Três irmãos mais velhos de Webber também haviam
servido na guerra. Paul, o mais velho, servira na 26ª Divisão do
Exército, na Alemanha. A chamada Divisão Yankee lutara na Batalha
do Bulge, junto com o Terceiro Exército do general George S. Patton,
na captura da cidade fortificada de Metz. Bob, o segundo mais velho,
ajudara a proteger a pátria na Guarda Costeira dos Estados Unidos. O
terceiro, Bill, ajudara a construir a Alaska Highway como membro do
Corpo de Transporte do Exército.
Bernie havia seguido seu irmão Bob na Guarda Costeira, mas esse
não era o tipo de vida que seus pais haviam planejado para ele. Desde a
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infância, o pai de Webber, pastor associado da Tremont Temple Church,
em Boston, dirigira‑o para uma vida no ministério. O diácono da igreja,
inclusive, pagara para que Bernie cursasse a escola para meninos Mount
Hermon, localizada a 170 quilômetros de distância, em Gill, Massa­­
chusetts — uma cidade pequena, que abraça o rio Connecticut. Fundada
em 1879, a escola se vangloriava de ter tido alunos de prestígio, como
DeWitt Wallace, fundador da Reader’s Digest, e James W. McLamore,
criador do Burger King. Desnecessário dizer que Bernie era como um
pária econômico entre a população da escola preparatória. Ele chegara a
Mount Hermon carregando sérias dúvidas e usando roupas de segunda
mão de seu irmão. Não era um bom aluno e questionava, em particular,
por que estava ali. No fundo do coração, Webber sabia que não queria
seguir os passos do pai. Pensava em fugir da escola quando o destino
interveio: um amigo de infância que havia batido o carro do pai apareceu, à procura de um lugar para se esconder. Webber atendeu ao pedido
de seu amigo, acolhendo‑o em um dos dormitórios de estudantes e roubando comida do refeitório da escola para ele comer. Os dois foram pegos depois de alguns dias, mas não ficaram por ali tempo suficiente para
enfrentar as consequências. Fugiram para as colinas e os campos de milho ao redor da escola e acabaram conseguindo voltar para Milton.
O reverendo Bernard A. Webber se esforçou para compreender a
atitude de seu tão jovem filho rebelde, Bernie, de sair da escola e continuar à deriva. Um ano depois, aos 16 anos, Bernie teve uma ideia que
mudaria o curso de sua vida sem rumo. Ouvira dizer que o U.S.
Maritime Service estava à procura de jovens como ele para treinamento, em Nova York. Se Bernie conseguisse completar o árduo treinamento de campo, poderia servir ao esforço de guerra em um navio
mercante. Logo que seu pai, com relutância, assinou a papelada para o
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alistamento, Bernie rapidamente ingressou e foi educado nos fundamentos da marinharia na U.S. Maritime Service Training Station
[Estação de Treinamento do Serviço Marítimo dos Estados Unidos],
em Sheepshead Bay, Nova York, onde também recebeu treinamento do
ex‑campeão mundial de peso‑pesado, Jack Dempsey, que então servia
como comandante da Guarda Costeira e também como instrutor atlético na estação de treinamento. Quando concluiu o treinamento,
Webber partiu no ss Sinclair Rubiline, um petroleiro t‑2 que transportava gasolina dos portos em Aruba e Curaçao para os navios de
guerra norte‑americanos da Terceira Frota dos Estados Unidos, no
Pacífico Sul. Durante esse tempo, o rapaz percebera que não passaria a
vida no ministério ou em nenhum outro trabalho em terra. Bernie
Webber havia nascido para o mar. Alistou‑se na Guarda Costeira dos
Estados Unidos em 26 de fevereiro de 1946 e foi enviado para sua estação de treinamento em Curtis Bay, Maryland. Em cartas aos recrutas
da época, o comandante da estação de treinamento da Guarda Costeira
resumiria a vida e o dever de um guarda costeiro da seguinte forma:
Trabalhos difíceis são rotina neste serviço. De certa forma, a Guarda
Costeira está sempre em guerra. Em tempos de guerra, contra os inimigos armados da nação; e em tempo de paz, contra todos os inimigos da
humanidade no mar: fogo, abalroamento, ilegalidade, vendaval, gelo,
naufrágio e muitos mais. A Guarda Costeira, portanto, não é lugar para
desistentes, para um bebê chorão, para um trapaceiro ou para qualquer
pessoa que não possa se concentrar no que está fazendo. O período de
treinamento dos recrutas é um momento de teste, hora após hora e dia
após dia, para determinar se são ou não feitos do material certo. Cabe a
vocês, como indivíduos, provar seu valor.
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Webber servia então em Chatham, um pequeno posto avançado no
cotovelo de Cape Cod. Seu valor e sua coragem já haviam sido testados
várias vezes nas implacáveis águas dali. Era um dos lugares mais movimentados e mais perigosos para os que ganhavam a vida no mar. O diretor da U.S. Coast and Geodetic Survey [Centro de Pesquisas
Geodésicas dos Estados Unidos] escreveu sobre esse lugar, em 1869:
“Talvez não haja outro lugar no mundo onde marés de tão pequena
elevação e queda sejam acompanhadas por correntes tão fortes”. De
fato, marinheiros se referiam à área como “Cemitério do Atlântico”, e
por um bom motivo. Os esqueletos submersos de mais de três mil embarcações estavam espalhados pelo fundo do oceano, de Chatham a
Provincetown. O primeiro naufrágio conhecido foi o do Sparrowhawk,
que encalhou em 17 de dezembro de 1626, em Orleans. A tripulação,
junto com colonos com destino a Virgínia, conseguiu chegar à praia em
segurança e o navio foi reparado. Contudo, antes que pudesse içar velas
de novo, outra devastadora tempestade oceânica afundou o
Sparrowhawk, definitivamente. O episódio foi detalhado pelo governador William Bradford, em seu diário de Plymouth Colony. Duzentos
anos depois, a erosão trouxe os destroços à vista, em um banco de lama
na costa de Orleans. O famoso hms Somerset também encontrou seu
destino nas águas traiçoeiras de Cape Cod. O navio, imortalizado no
poema de Longfellow, A cavalgada à meia‑noite de Paul Revere, naufragou
nos baixios de Truro durante um violento vendaval, em 3 de novembro
de 1778. Vinte e um oficiais britânicos e marinheiros se afogaram quando o bote salva‑vidas virou a caminho da costa. O capitão do navio,
George Ourry, rendeu‑se ao membro do conselho municipal de Truro,
Isaiah Atkins, em nome de seus 480 tripulantes. Os sobreviventes foram
levados como prisioneiros de guerra e, em seguida, marcharam até
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Boston, escoltados por milícias da cidade. (Paul Revere, que certa vez
remara furtivamente à frente do Somerset para alertar Lexington e
Concord da invasão britânica, mais tarde recebeu as 64 armas do navio
para ajudar a fortificar Castle Island, no porto de Boston.) Como o escritor Henry C. Kittredge observou em Cape Cod: Its People & Their
History (1930): “Se todos os destroços empilhados no fundo de Cape
Cod fossem alinhados de proa a popa, formariam uma parede contínua
de Chatham até Provincetown”.
O batismo de fogo de Bernie Webber chegou durante uma noite
de 1949, quando ele atendeu a seu primeiro chamado de socorro na
Estação de Resgate de Chatham. O contratorpedeiro da Classe
Gleaves uss Livermore havia encalhado no banco de areia de Bearse,
além da ilha de Monomoy. A sorte navegara com o Livermore até esse
ponto. Sua tripulação conseguira evitar as alcateias de submarinos nazistas, enquanto escoltava comboios para a Islândia com destino à
Inglaterra, nos meses antes de os Estados Unidos entrarem na Segunda
Guerra Mundial. Em 9 de novembro de 1942, o contratorpedeiro
participara da invasão aliada ao norte da África, fornecendo apoio antissubmarino, antiaéreo e poder de fogo fora de Mehdia, no Marrocos
francês. O Livermore havia sobrevivido à guerra relativamente incólume, coisa que alguns membros de sua tripulação atribuíam ao fato
de ter sido o primeiro navio de guerra norte‑americano a receber o
nome de um capelão da Marinha, Samuel Livermore.
O contramestre Leo Gracie levara Webber e a tripulação em
um barco patrulha de 36 pés sobre o traiçoeiro Chatham Bar, onde
esperava encalhado o Livermore, com a tripulação da Reserva Naval
a bordo. O navio descansava no alto do banco de areia e se in­­clinava
perigosamente para o lado. Webber e os homens ficaram com o
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contratorpedeiro a noite toda, enquanto rebocadores de resgate eram
chamados. Na manhã seguinte, os homens da Guarda Costeira ajudaram nas várias tentativas frustradas para libertar o navio de guerra,
até que finalmente obtiveram sucesso e o Livermore seguiu caminho
com segurança. Webber sorria enquanto a tripulação do Livermore
aplaudia a ele e a sua equipe. Os marinheiros haviam lhes dado uma
recepção bastante diferente horas antes, quando lhes atiraram maçãs,
laranjas e até pesadas correntes de aço, porque, a seus olhos, a missão
de resgate estava demorando demais.
Isso tudo era parte de uma rivalidade amigável entre a Marinha e
a Guarda Costeira. A tripulação da Reserva Naval ficara, sem dúvida,
meio envergonhada quando o resgate chegou pelas mãos da Guarda
Costeira — ou Hooligan’s Navy, como a chamavam.
Sim, a vida de um membro da Guarda Costeira muitas vezes era
ingrata, mas Webber não a trocaria por nenhum outro trabalho no
mundo. E, nesse momento, logo após o amanhecer, ele olhava pela
janela do refeitório, ouvia o uivo do vento e se perguntava o que o dia
lhe reservava.
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