Niterói - RJ - Ano VII - nº 39
Transcrição
Niterói - RJ - Ano VII - nº 39 - Jul/Set de 2009 Órgão Informativo Oficial da AMF (Filiada à SOMERJ) ISSN nº 1809-1741 editorial Associação Médica Fluminense Avenida Roberto Silveira, 123 - Icaraí Niterói - RJ - CEP 24230-150 Tel.: (21) 2710-1549 TEMPOS DIFÍCEIS Em tempos de Pandemia de Gripe Suína (ou Gripe A H1N1, como queiram ), rotinas alteradas, população apavorada, escolas fechadas e hospitais lotados. Pessoas mascaradas e antisociais, evitando até um aperto de mão, quiçá um beijinho no rosto. Não há como negar que de todos os males, ao menos o trânsito da cidade esteve bastante agradável, o que de certa forma compensava a ausência das crianças nas saídas das escolas e nos Shoppings. Foi um período de grande insegurança, principalmente para os pais e para as gestantes. Fica a experiência e os ensinamentos de higiene, que deverão permanecer como hábitos. E o Senado Federal? Que situação lamentável a blindagem imposta a um Presidente do Senado pelos partidos aliados do governo. E pensar que trata-se de um ex-Presidente do país que para se eleger senador, mudou seu domicílio político para o Amapá. Fazer o que? Mas felizmente como disse o “poeta” Cazuza num momento de indiscutível talento musical, “ a vida não para” e, deste modo, vamos a mais um número da Revista AMF, repleta de atrações e assuntos de grande valia aos médicos e “simpatizantes”. Assunto de capa e motivo de grande orgulho para nossa diretoria, a comemoração do 80º aniversário da AMF, se inicia com uma homenagem aos antigos presidentes, que receberam uma belíssima medalha alusiva à data. A cobertura deste evento repleto de emoção encontra-se completa nas próximas páginas. Esta edição aborda (como não poderia ser diferente) um pouco mais sobre a Gripe Suína, com uma avaliação do nosso Secretário de Saúde em relação às medidas adotadas e também de como alguns projetos precisaram ser adiados. Aproveitamos o ensejo para iniciar um trabalho sobre a rede municipal, esmiuçando algumas unidades que já conhecemos, porém não profundamente. A AMF que participou ativamente da indicação do atual Secretário, nosso ex-Presidente Alkamir Issa, procura desta forma, contribuir com a gestão, pelo menos tornando conhecida a estrutura da rede municipal. Muito importante também a divulgação da cerimônia de assinatura do contrato de parceria da AMF com o Hospital de Clínicas de Niterói e as devidas explicações sobre o objetivo da parceria e de como ambas as instuições se beneficiarão deste contrato. Ratifico que toda diretoria trabalhou muito para concretização desta parceria e que ela foi fruto de desgastante estudo e discussões em reuniões entre os diretores das instituições. Uma reportagem homenageia a Associação Fluminense de Reabilitação, ressaltando o belíssimo e reconhecido trabalho realizado nesta destacada entidade, por toda a sua equipe e em especial pela Presidente que recentemente nos deixou, Lisaura Ruas. Nossos habituais “colunistas” e participantes, engrandecem também este número com seus espaços valorizados e sempre elogiados pelos leitores. Vinho, Livros, Informática, Sindicato, Academia e Somerj nos presenteiam sempre com a sua participação. E, para valorizar ainda mais cada página, nosso Conselho Editorial criou uma nova coluna, denominada “ Porque sou sócio da AMF “, onde personalidades da nossa medicina niteroiense vão dar seu testemunho e tentar mostrar àqueles que não fazem parte do quadro de associados desta Casa, o que estão perdendo. Boa leitura e aproveitem cada letra desta revista, porque melhor do que ela, só a próxima! Glauco Barbieri - Presidente da AMF Ano VII - nº 39 - Jul/Set- 2009 Produzida por LL Divulgação Editora Cultural Ltda. Redação e Publicidade Rua Lemos Cunha, 489 - Icaraí - Niterói - RJ - Tel/Fax: 2714-8896 www.lldivulga.com.br - e-mail: [email protected] Coordenador da Revista AMF Glauco Barbieri Diretor Executivo - Luthero de Azevedo Silva Diretor de Marketing - Luiz Sergio Alves Galvão Editor: Simone Botelho - Reg. 16915 Lv. 77 Fl. 44 Projeto Gráfico: Kátia Regina Silva Monteiro Coordenação: Kátia Regina Silva Monteiro Produção de artes/capa:Luiz Fernando Motta Gráfica: Grafmec Fotos: Sergio Bastos Supervisão de Circulação: LL Divulgação Editora Cultural Ltda Os artigos publicados nesta revista são de inteira responsabilidade de seus autores, não expressando, necessariamente, a opinião da LL Divulgação e da AMF. Revista AMF Diretoria da Associação Médica Fluminense Gestão: 2008/2011 Presidente: Glauco Barbieri Vice Presidente: Benito Petraglia Secretário Geral: Gilberto Garrido Junior Primeiro Secretário: Marcos de Souza Paiva Primeiro Tesoureiro: Gustavo Emílio Arcos Campos Segundo Tesoureiro: Osvaldo Queiroz Filho Diretor Científico: Wellington Bruno Santos Diretor Sócio Cultural: Sônia Maris Oliveira Zagne Diretor de Patrimônio: Jackson Ferreira Galeno Conselho Editorial da Revista da AMF Dr. Glauco Barbieri Dr. Gustavo Campos Dr. Jorge Jose Abunahman Dra. Odilza Vital Dra. Sônia Maris Dr. Wellington Bruno Santos Conselho Deliberativo Membros Natos Alcir Vicente Visela Chacar Alkamir Issa Aloysio Decnop Martins Celso Cerqueira Dias Flávio Abramo Pies Herman Lent José Hermínio Guasti Luiz José Carneiro de Souza Lacerda Neto Miguel Angelo D’Elia Waldenir de Bragança Membros Efetivos Antonio Chinelli Ary César Nunes Galvão Carlos Murilo Guedes de Mello Carlos Roberto Ferreira Jardim Cláudio Pinheiro Cardoso Emanuel Decnop Martins Junior Ivani Cardoso Jano Alves de Souza Jorge José Abunahman Jose de Moura Nascimento José Emídio Ribeiro Elias Mario Roberto Moreira Assad Miguel Luiz Lourenço Pedro Ivo Bastos Pereira Raul Luiz de Souza Muniz Membros Suplentes Alex Bousquet Amaro Alexandre Neto Anadeje Maria da Silva Abunahman Carlos Esmeraldino de Oliveira Caldas Christina Thereza Machado Bittar Clovis Abrahim Cavalcanti Edson Cerqueira Garcia de Freitas Eliane Bordalo Cathalá Esberard Frederico Valadares de Souza Pena Jairo Roberto Leite Caldas Jorge da Costa Pereira Josemar da Silveira Reis Leonardo Jorge Lage Luiz Fernando Alves do Carmo Paulo Roberto Visela Chácar Conselho Fiscal Membros Efetivos Claudio Costa Ortega Nédio Mocarzel Norma Mattos de Souza Franco Membros Suplentes Daniel Jose da Silva Filho Luiz Armando Rodrigues Velloso Pedro Ângelo Bittencourt saúde municipal Alkamir Issa* Estratégias contra gripe suína retardam ações na Saúde municipal A Ao assumirmos a Secretaria de Saúde de Niterói demos início aos estudos para criação e implantação de um novo modelo assistencial no município. Mas, nesses primeiros meses Niterói e o mundo foram surpreendidos com a pandemia da Gripe Influenza A, fato que nos levou a adiar esses estudos. Por outro lado, a parceria da Secretaria Municipal de Saúde de Niterói com o Sindicato das Escolas Particulares do Rio de Janeiro (Sinepe-RJ), contando com o apoio imprescindível da Secretaria Municipal de Educação, foi decisiva para darmos uma resposta rápida à sociedade niteroiense diante do aumento e agravamento do número de casos de Gripe Influenza A, registrados nesses últimos três meses no município. A entidade demonstrou agilidade nas convocações das reuniões, equilíbrio nas formatações de propostas e acima de tudo uma responsabilidade enorme nas decisões, tendo como foco principal a saúde dos alunos das nossas escolas. Entre outras ações estratégicas, determinamos que quatro equipes do Setor de Informação e Educação e Comunicação (IEC) do Departamento de Vigilância Sanitária e Controle de Zoonoses (Devic) se revezassem em encontros exclusivos com professores da rede particular de ensino. O objetivo foi capacitá-los para que identificasse com mais precisão os sintomas da gripe A entre os alunos e soubessem as providências a serem tomadas a partir do surgimento de casos suspeitos. A disponibilização do espaço do Sindicato e a coordenação dos agendamentos foram fundamentais para o êxito das atividades. Estratégia semelhante de parceria já foi empregada no início da nossa gestão quando equipes treinadas do IEC percorreram todos os canteiros de obras, estaleiros, instituições representativas do comércio, Ampla, Águas de Niterói, com palestras educativas de como evitar e acabar com os focos do mosquito transmissor da Dengue para os funcionários. Os encontros contaram com o apoio e agendamento pela ACEC ( Associação 4 - Jul/Set-09 do Conselho Empresarial de Cidadania ) demonstrando que quando o governo dá meios, a sociedade civil corresponde. Entendo que Niterói demonstrou estar preparada para lidar com situações adversas de saúde através de uma cooperação de lideranças que se organizam de forma madura visando o bem da coletividade. Estes exemplos de parceria nos dá força para continuar e acima de tudo nos abre perspectivas de futuros planejamentos para melhor atender a saúde pública de nosso Município. A rede de saúde pública em Niterói é muito ampla e encontra-se há muito sem manutenção e com problemas crônicos que precisam ser resolvidos se quisermos oferecer saúde de qualidade. Uma herança que recebemos com a criação do SUS foi a municipalização dos hospitais que na época contavam com um efetivo razoável para o atendimento. Não planejaram que esses profissionais se aposentariam e quem assumiria a reposição era o município. O preço que pagamos hoje é uma rede carente, com profissionais mal remunerados, desestimulados e o pior os recursos são pequenos para as necessidades. É impossível hoje acompanhar a evolução tecnológica. Estamos sempre correndo atráz. Outro problema que consome boa parte dos recursos da Fundação Municipal de Saúde são os mandados judiciais. Hoje se paga tudo através da justiça, desde fraldas, leite em pó, até medicamentos mais modernos que é impossível disponibilizar para toda rede. Abastecemos nossos postos de saúde e nosso almoxarifado e convidamos o Ministério Público para uma visita. A nossa intenção é provar que estamos cumprindo com nossa obrigação que é fornecer toda medicação do rol da farmácia básica para todo cidadão niteroiense, mas é impossível atender a demanda de novos medicamentos. O rol da farmácia básica contempla um grande número de patologias, porém o gasto com os mandados pode comprometer o nosso abastecimento e acabar prejudicando aquele que se beneficia do programa. O pior é ver que quem se beneficia dessa manobra judicial geralmente faz parte de uma camada privilegiada que pode procurar serviços médicos privados, ou seja, estamos tratando desiguais como iguais. De qualquer forma estamos trabalhando para melhorar nossa estrutura física, planejar o futuro e ordenar nossos gastos. Criamos um grupo técnico para assessoria judicial, respondendo quase que imediatamente as necessidades e demandas do judiciário. Acreditamos que um SUS forte pode atender as expectativas da população e lutaremos por isso. * Secretário de Saúde de Niterói Revista AMF saúde municipal Roberto Carlos de Brito Barcellos* Rede assistencial de saúde de Niterói e seus desafios Rede de Saúde: “conjunto de unidades de diferentes perfis e funções, organizadas de forma articulada, responsável pela provisão integral de serviços de saúde à população de sua região”. Após a Constituição de 1988, o conjunto de municípios ganhou maior parcela de importância no cenário nacional com a consequente responsabilização territorial mais presente de seus governantes. Esta constituição foi chamada de municipalista. Foram criadas formas de fomento de financiamento, como o Fundo de participação dos Municípios (FPM) e as transferências entre fundos, que serviram para oxigenar o tesouro municipal para dar conta das novas atribuições. Após as duas leis do SUS, mais especificamente agora na área da saúde, houve estímulo à descentralização da gestão e à municipalização das unidades federais e estaduais nos territórios municipais. Niterói, como antiga capital do Estado do Rio de Janeiro, apresentava no início dos anos 90, significativo parque assistencial público que, rapidamente, foi municipalizado além de várias casas de saúde que ainda se apresentavam como complemento privado, herdados pelos contratos do antigo Inamps. 30 - Jul/Set-09 Mais do que um mero movimento administrativo, as ações de descentralização das unidades de saúde de Niterói tiveram um significado político e ideológico que visava o rompimento com o modelo assistencial vigente, tecnológico e hospitalocêntrico (flexneriano), onde a Atenção Básica era precaríssima e não priorizada. Assim, não havia fisicamente uma rede de serviços de saúde hierarquizada nos mais variados subsistemas de saúde. Começa, então, o Programa de Médico de Família que usa fortemente o conceito de território, responsabilização e a atenção básica como ferramenta indutora deste sistema. Hoje, Niterói apresenta uma delicada e significativa rede de saúde, hierarquizada, com sistema de referência e contra-referência com muitos problemas os quais trataremos a seguir. Ao longo destes anos, o País atravessou várias crises financeiras que atingiram em cheio o Sistema de Saúde Nacional. O sistema privado complementar não se interessou mais em trabalhar para o SUS e Niterói fez a opção por assumir este ônus, com ações predominantemente públicas. Ações públicas de melhor qualidade, porém, mais caras, interferindo no binômio receita/despesa. Ao mesmo tempo, a pressão para a criação desta rede, necessária naquele momento, não foi acompanhada proporcionalmente de investimentos no custeio das unidades. Em paralelo, o foco era prover as ações de saúde, e se deixou em segundo plano as ações necessárias para a logística da oferta de suprimentos e o investimento na área meio, como a Tecnologia de Informações, a informatização das unidades e a racionalização dos recursos financeiros. Enfim, há a necessidade de profissionalização da gestão nos mais variados níveis. No âmbito nacional, o SUS apresenta nós críticos como a gestão de Recursos humanos que ainda paga baixos salários em todo o país e as leis nacionais de Licitação e de Responsabilidade Fiscal, que devem ser revistas. Atualmente, o desafio da gestão de Niterói é manter as conquistas da construção desta rede assistencial, refinando o seu modelo assistencial para, talvez, algo mais moderno, como as linhas de cuidado, e/ou maximizar a profissionalização da sua gestão. * Subsecretário de Saúde de Niterói Revista AMF parceria Amf e Hospital de Clínicas uma parceria para melhorar ‘urgências’ em Niterói Assinatura do contrato Alkamir Issa, Glauco Barbieri, Ilza Fellows e Paulo Cesar Santos Dias brindando em prol da saúde de Niterói A A antiga sede da Associação Médica Fluminense (AMF), ponto de referência dos movimentos da categoria desde o início do século passado, voltará a contribuir, de forma ativa, para a melhoria do atendimento médico à população de Niterói e cidades vizinhas. Para tal, o prédio histórico da Rua Manoel de Abreu, no Centro da cidade, foi alugado ao Hospital de Clínicas de Niterói (HCN), que disponibilizará ali um Posto de Atendimento Avançado (PAA) para onde serão direcionados os casos de baixa complexidade que chegarem ao seu Serviço de Emergência. – Esta negociação trará benefícios para todos. Para a AMF será mais um gerador de renda para aplicação em ações voltadas para a categoria 8 - Jul/Set-09 que representa, levando-se em conta, ainda, o fato de que estaremos contribuindo para a melhoria do atendimento de emergência prestado à população, cuja precariedade vem preocupando os médicos de uma forma geral. Ganha também o HCN pela possibilidade de, estendendo sua área física, melhorar a recepção dos pacientes que se encontrava bastante prejudicada. E, logicamente, serão beneficiados aqueles que procuram o hospital, que contarão com maior qualidade e agilidade no atendimento – afirma Glauco Barbieri, presidente da Associação Médica Fluminense. Esta parceria entre a AMF e o Hospital de Clínicas, segundo Glauco Barbieri, já vinha sendo estudada a tabelecimento do contrato, a assessoria jurídica de Alexis Japiassu foi fundamental, a fim de se chegar a um resultado que contemplasse o interesse de todas as partes envolvidas. – As negociações levaram quase três meses, pois estavam em jogo diversos interesses, especialmente o da população e da AMF, já que a primeira não suportava mais a baixa qualidade do atendimento médico privado prestado em nossa cidade e a associação médica vislumbrava uma possibilidade para melhorar sua saúde financeira. Após se discutir todos os termos, chegamos a um contrato de locação comercial, com prazo de vigência de 20 anos, renováveis por igual período. Com este contrato, foi registrado um Revista Revista AMF AMF algum tempo, e sondagens já haviam sido feitas à diretoria do HCN no sentido de checar o interesse no aluguel da antiga sede da associação, face à proximidade entre os dois prédios, que proporcionaria a expansão da área do hospital. – Recentemente, a atual diretora nos procurou interessada no aluguel para resolver o grave problema que se apresentava no atendimento emergencial, com registro de aumento no fluxo de pacientes. Como, de certa forma, é nossa atribuição estatutária contribuir para um melhor atendimento à população, procuramos viabilizar a cessão do espaço, criando uma fórmula de antecipação do aluguel a ser descontado ao longo dos anos, o que possibilitou a quitação de algumas dívidas contraídas pela AMF – explica Barbieri, lembrando que, para sanear as finanças da associação, também foram tomadas outras providências, como a redução drástica das despesas e a revisão dos contratos de aluguel. Dentro das negociações para es- incremento de quase 100% em relação ao que era recebido até então, o que é de vital importância para a AMF, que tem como principal fonte de renda a locação de seus imóveis e espaços físicos – informa Alexis Japiassu. O prédio da Manoel de Abreu era ocupado pelo escritório de advocacia comandado por Aloysio Martins e pela ONG Quinta de Ana, que colaboraram de forma definitiva para que se pudesse sacramentar a negociação, sem exigência de ressarcimentos financeiros para a desocupação do imóvel. Apesar de não ser tombado pelo Patrimônio Histórico, a antiga sede da AMF faz parte de um conjunto arquitetônico importante do Centro de Niterói e, desta forma, se garantiu contratualmente a manutenção de suas características externas. Nova realidade - Segundo Ilza Fellows, diretora geral do HCN, sacramentado o contrato de aluguel, o espaço físico passará por obras internas de adequação e modernização, cuja duração está prevista para três meses, contando a partir de agosto. O Posto de Atendimento Avançado (PAA), que funcionará no novo espaço, terá capacidade para realizar cerca de seis mil atendimentos por mês e outras ampliações estão em estudo. – Visando atender com mais agilidade e qualidade, o HCN implantou em julho, um sistema de estratificação de gravidade de caso, um Protocolo Internacional de Emergência, onde após a avaliação primária por profissional especializado, o paciente recebe um crachá colorido em vermelho, laranja, amarelo, verde ou azul, que classifica o nível de risco de sua doença. Os pacientes com menos risco, no caso os que receberem crachás azuis, serão direcionados para atendimento no PAA, que funcionará nas novas instalações – explica a diretora geral do HCN, que ressalta a importância para o hospital a associação com a AMF, uma entidade que, segundo ela, “historicamente busca melhorias e crescimento na área da saúde para a cidade”. Hospital de Clínicas de Niterói Inaugurado em 1991, o HCN já passou por várias ampliações e modernização, sendo hoje o maior centro de excelência em saúde da Região Leste Fluminense, com 184 leitos – 79 quartos privativos, 36 de enfermaria e 69 de terapia intensiva (geral, cardiológica, neurológica, neonatal e pediátrica) –, destacando-se no tratamento de patologias de alta complexidade, como politraumatizados, doenças cardíacas e neurológicas, em cirurgias e transplantes de órgãos. O hospital registra cerca de 11 mil atendimentos/mês e 30 procedimentos cirúrgicos ao dia. Para atendimento integral ao paciente, o hospital mantém Emergência Multidisciplinar 24 horas com heliponto para resgate ágil; Centro de Diagnóstico por Imagem com equipamentos de última geração; Centro Cirúrgico com oito salas, sendo uma destas a única em todo o Leste Fluminense equipada com sistema de filtragem e fluxo laminar; e Hemodinâmica especializada no diagnóstico e tratamento de eventos cardiovasculares e neurológicos; além de serviços de hotelaria de qualidade, projetos de humanização do ambiente hospitalar, treinamento e reciclagem permanente dos seus recursos humanos. O HCN é o único de Niterói apto – de acordo com os critérios do Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde – para realizar transplantes renais, cardíacos e de medula óssea, sendo também a única unidade privada habilitada para os três procedimentos, e a que mais realiza transplantes renais em todo o Estado do Rio. Ao contrário do que muitos pacientes pensavam, o HCN nunca foi exclusivo para clientes AMIL tanto que, atualmente, atende a mais de 30 convênios. A listagem completa dos credenciados está disponível no site http://www.hcniteroi.com. br/hcn/Convenios.do. Revista Revista AMF AMF Jul/Set-09 Jul/Set-09 -- 99 exemplo Hospital Getúlio Vargas Filho Breve histórico Foi inaugurado em 29 de setembro de 1954, como Hospital Infantil Estadual Getúlio Vargas Filho e, à época da inauguração, predominava o perfil cirúrgico, notadamente de cirurgias cardíacas e ortopédicas. Na década de 60, tornou-se referência em atendimento a queimados, logo após o incêndio do circo em Niterói, para o Estado do Rio e outros estados vizinhos. Municipalizado em 1992, passando à denominação de Hospital Getúlio Vargas Filho, mudou progressivamente seu papel no conjunto dos serviços de saúde. Tornou-se alvo de vários investimentos, principalmente tecnológicos, para se adequar às novas necessidades de demanda já que se encontrava desativado à época da municipalização para atividades terciárias. A reativação plena das internações nas enfermarias, bem como a retomada das cirurgias – após reestruturação do centro cirúrgico - foi lenta e culminou com a inauguração do CTI pediátrico e neonatal, em outubro de 1996. Nesta fase, a capacidade do hospital era de 66 leitos. Atualmente, conta com 88 leitos ativos distribuídos pelos serviços de Emergência, Clínica Pediátrica, Clínica Cirúrgica e CTI Pediátrico e Neonatal e, se levarmos em conta os atendimentos realizados também pelo serviço de Ambulatório e exames especiais, passam em média pelo pátio do hospital, 480 crianças ao dia acompanhadas dos familiares. Mesmo assim, nas Pesquisas de Satisfação do Cliente apuradas semanalmente com regularidade, obtivemos um grau de 92%, média anual, de positividade. Perfil Assistencial: O “Getulinho”, como é conhecido pela população, na atualidade, é o hospital de referência em atendimento pediátrico – desde neonatos até adolescentes com 18 anos incompletos – do município de Niterói. Entretanto, pela facilidade da malha viária, aliada à boa credibilidade que mantém junto à população, atrai clientes de toda a Região Metropolitana II, que inclui também os municípios de São Gonçalo, Tanguá, Maricá, Rio Bonito, Itaboraí e Silva Jardim, e até de municípios mais distantes. Ainda que classificado como hospital de porte médio - pelo quantitativo de leitos que oferece - em razão do conjunto de recursos humanos que possui, aliado ao parque de equipamentos e projeto físico, tornou-se uma organização complexa que responde integralmente pela assistência pediátrica proposta. Todos os seus leitos são integrados à rede SUS não há a necessidade de contratação (pela Fundação Municipal de Saúde de Niterói) de leitos pediátricos na rede privada. Programas de humanização: As crianças, e familiares, são favorecidas com programas 30 - Jul/Set-09 que humanizam o atendimento e, portanto, melhoram a qualidade de assistência prestada já que se propõem a ter uma visão global do paciente e de seu núcleo familiar. - Projeto “Pedagogia Hospitalar”, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, desde 1996, envolvendo também o Programa “Férias Nota 10”. - A Sociedade Amigos do Coração dá suporte às crianças portadoras de cardiopatias congênitas ou adquiridas, em especial para os portadores de febre reumática, na tentativa de diminuir o abandono do tratamento e internações conseqüentes. - Projeto “Biblioteca Viva em Hospitais”, em parceria com o Ministério da Saúde, os profissionais da Instituição, após treinamento, fazem mediação de leitura junto às crianças internadas nas Enfermarias. - Projeto “Viva e Deixe Viver”, um grupo de voluntários, contadores de estórias, visita as crianças acamadas, às tardes, nas enfermarias e nos sábados e domingos, pelas manhãs. - Ouvidoria, criada em 2005 a princípio focando os clientes, razão de ser do hospital, seguindo o modelo preconizado pela Associação Nacional de Ouvidores. - Sala de Pré consulta e Classificação de Risco, onde as crianças atendidas na Emergência têm aferida a temperatura e peso, além de organizar a entrada par que os mais graves tenham prioridade no atendimento. Para os funcionários: - Aniversariantes do Mês, a cada última sexta-feira, às 15h, os funcionários se reúnem no refeitório para uma comemoração coletiva. - Baile do Getulinho, quando anualmente os funcionários da unidade se confraternizam com seus familiares, por época do aniversário do HGVFº e é realizada uma solenidade onde são homenageados os profissionais que se aposentam, caso seja consenso de que o profissional mereça a lembrança (Diploma de Agradecimento pelos serviços prestados). Além disto, temos a “Semana da Enfermagem”, “Semana Comemorativa do Aniversário do Hospital”, “Semana Científica”, entre outras, quando ao longo destas semanas, são elaboradas atividades científicas e culturais que contemplem os diversos segmentos profissionais. Por fim, mantemos uma parceria com a Promotoria da Infância e Juventude de Niterói, no Programa de Penas Alternativas para Menores em Conflitos com a Lei. Esta parceria, pioneira no município, embora de pouca divulgação por motivos óbvios, tem sido muito positiva segundo a avaliação de todos os envolvidos. Os resultados deste trabalho que já duram seis anos, estimulou sua ampliação pela Secretaria de Direitos Humanos do município de Niterói para outras unidades, em 2007. Revista AMF saúde municipal Ana Eppinghaus* Coordenação de Vigilância em Saúde A A Coordenação de Vigilância em Saúde – COVIG - desenvolve ações de vigilância epidemiológica em Niterói a partir do ano de 1995. A missão dessa Coordenação se refere, inicialmente, a vigilância de um grupo de doenças e agravos à saúde, considerados de relevância em saúde pública, notadamente aqueles agravos transmissíveis. A legislação nacional define uma lista de doenças e agravos de notificação compulsória, sobre os quais são realizadas as ações de monitoramento permanente através de um sistema de vigilância. Essas ações são realizadas junto a todas as unidades de saúde públicas, conveniadas e privadas localizadas no território municipal. As ações de natureza assistencial e preventiva preconizadas pelo Ministério da Saúde são analisadas e adaptadas ao modelo municipal através de Assessorias técnicas e Programas de saúde que constituem essa Coordenação, garantindo o desenvolvimento das ações específicas de cada agravo. O modelo da vigilância em Niterói é descentralizado, contando com pelo menos um profissional da área em cada unidade da rede básica e hospitalar. Atualmente, contamos com o Programa de Imunização e Doenças Imunopreveníveis, Programa de Controle da Tuberculose, Assessoria Técnica de Controle e prevenção das Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids, Programa de Controle da Hanseníase, Assessoria Técnica das Hepatites Virais, Programa de Controle das Zoonoses e Doenças de Veiculação Hídrica, Vigilância das Meningites. O 30 - Jul/Set-09 12 quadro epidemiológico atual requer um avanço no monitoramento e planejamento de intervenções sobre as doenças e agravos não transmissíveis, notadamente as doenças crônicas como hipertensão arterial e diabetes mellitus, neoplasias, assim como, tabagismo, violências e a mortalidade materna e infantil. Para tanto, se encontra em fase de implantação na Coordenação, a Vigilância das Doenças e Agravos não Transmissíveis – VIGIDANT. As ações de Vigilância em Saúde não são facilmente percebidas fora de períodos em que ocorrem surtos e/ou epidemias de grande visibilidade para a sociedade. Entretanto, as ações desenvolvidas apresentam resultados relevantes: a eliminação da Hanseníase como um problema de saúde pública, a erradicação da Poliomielite, o aumento da cura de indivíduos com Tuberculose (levando ao longo dos anos a diminuição de casos novos), entre outros avanços. Aproveitamos para divulgar o telefax 2719-4491 e o e-mail [email protected] , para onde devem ser encaminhadas as notificações de doenças/agravos de notificação compulsória e receber informações sobre a organização dos programas/ações desenvolvidas. * Coordenadora de Vigilância em Saúde, Vice-Presidência de Atenção Coletiva, Ambulatorial e da Família, Fundação Municipal de Saúde de Niterói Revista AMF matéria de capa A Noite de homenagem comemora 80 anos da AMF comemoração dos 80 anos da Associação Médica Fluminense (AMF) foi marcada pelo encontro dos que fizeram e fazem a história desta entidade, apontada por todos como importante pólo congregador dos profissionais seja como opção de divertimento, desenvolvimento científico ou na defesa das causas da categoria. Como grandes homenageados, os ex-presidentes receberam medalhas em reconhecimento pelo muito que fizeram para transformar a AMF na fiel representante da classe médica de Niterói. A noite de festa aconteceu no salão nobre Aloisio Decnop da Associação Médica Fluminense graças à colaboração de parceiros, sempre presentes, como a Somerj e o Cremerj, a Sociedade Brasileira de Radiologia. O encontro foi embalado pela música de Nando Bonfá, com o melhor da MPB. Muitos dos presentes destacaram a importância da Associação Médica 14 - Jul/Set - 09 Dr. Carlindo Machado , Dr. Carlos Alberto Martins de Souza , Dr. Walter Assis Melo Dr. Elimar Bittar , Dr. Adelmo Brandão . Dr. José Ramon Varela, Dra. Marcia Rosa , Dr. Luiz Fernando Soares, Dr. Abdu Kexfe Fluminense para os médicos não só de Niterói, mas de todo o Estado do Rio. “A AMF é, se eu não me engano, a terceira associação médica mais antiga do Estado do Rio e uma das maiores em importância na representatividade dos médicos. É muito gratificante nesta comemoração dos 80 anos de sua fundação, podermos homenagear seus ex-presidentes que ajudaram a construir esta história, coroada por esta nova sede, um espaço de congraçamento para a comunidade médica, não só no que diz Revista AMF Dr. Jackson Galeno e Dr. Lara Galeno, Dr. Ricardo Daflon , Dr. Osvaldo Queiroz Dr. Alcir Chácar , Dr. Heraldo Victer Dr. Emanuel Decnop, Dr. Jose Emídio, Dr. Dílson Reis Homenageado, Dr. Lacerda com a família e amigos. Dr. Alkamir Issa , Dr. Osvaldo Queiroz , Dr. Luiz Fernando Soares , Dr. Amaro Alexandre Dr. Glauco Barbieri , Dr. Celso Cerqueira Dias , Dr. Osvaldo Queiroz , Dr. Heraldo Victer , Dr. Dílson Reis Dr. Paulo Chácar , Dr. Pedro Ângelo , Dr. Jose de Moura Dr. Pietro Acceta , Dr. Miguel Ângelo D’Elia e Ligia D’Elia respeito às atividades culturais, mas também, na formação científica e nas políticas que envolvem nossas causas como os honorários, as comissões de ética, entre outras. A AMF é um pólo, uma referência para todos nós”, afirmou o presidente do Cremerj, Luis Fernando Moraes. Outro que destacou a importância AMF como pólo de defesa e discussão das causas médicas foi o presidente da Associação Médica do Estado do Rio de Janeiro (Somerj), Carlindo Machado e Silva Filho. “A AMF é uma de nossas e afiliadas mais atuantes e importantes, inclusive, uma das entidades que deu origem a atual Somerj, com um papel importantíssimo nas políticas da área de saúde desta região”, disse. O Conselheiro do Cremerj e vice-presidente da Unimed-Rio, Abdu Kexfe, lembrou que a atuação da AMF vem tendo um peso cada vez maior junto à categoria, lembrando do total engajamento da entidade a campanhas como “ Quanto Vale o Médico?” e de eleições da Causa Médica para o CRM. “A AMF consegue diversificar suas ações, não é só uma entidade política mas também de congraçamento e, dificilmente, encontramos pelo Brasil expressividade como a sua. Nos últimos anos se reergueu e vem se firmando, cada vez mais, como um pólo catalizador dos movimentos médicos”. O presidente da Sociedade Brasileira de Radiologia e Diretor da Life Imagem, Carlos Alberto Martins de Souza, afirmou que a AMF “talvez seja uma das mais fortes associações regionais que conheço e posso dizer isso com experiência pois, em função de minhas atividades profissionais, tenho contato com grande parte destas entidades. AMF é um exemplo do sucesso associativo e, em 80 anos, conseguiu uma unidade em torno dela que a faz, comemorar esta data com ares cada vez mais jovens”. E se a “união faz a força”, nada melhor que o testemunho do presidente do SinMed, Clóvis Cavalcanti. “A Casa do Médico já é tradicionalmente uma força para a vida cultural daqueles que abraçaram a medicina e, por aqui, passaram exemplos de grandeza desta prática profissional que hoje teremos a oportunidade de homenagear. Presente ao evento na condição Dr. Pietro Acceta , Dr. José Luiz Campos , Dr. Clovis Cavalcanti , Dr. Paulo Bastos, Dr. Ricardo Daflon , Dr. Osvaldo Queiroz. Revista AMF Dr. Aléxis Japiassu , Dr. José Antonio Abi-Ramia Dr. Glauco Barbieri , Dr. Alkamir Issa Jul/Set - 09 - 15 Glauco Barbieri faz a entrega das medalhas aos homenageados Dr. Celso Cerqueira Dias, Dr. Glauco Barbieri Dr. Miguel Ângelo D’Elia , Dr. Glauco Barbieri Dr. Alcir Chácar , Dr. Glauco Barbieri Dr. Alkamir Issa , Dr. Glauco Barbieri Dr. Lacerda , Dr. Glauco Barbieri Dr. Lizardo de Lima Martins , Dr. Glauco Barbieri nha segunda casa, sobre a qual aprendi um pouco da história, das glórias e de suas dificuldades, acompanhando sua importante retomada política que a levou novamente a uma posição de destaque, voltando inclusive a indicar o secretário municipal de Saúde – afirmou Issa. Ele ressaltou que foi o espírito de união, o idealismo e a abnegação dos médicos que levaram a AMF a vencer uma situação de calamidade para “águas mais calmas”. Segundo ele, isto é fruto da “certeza de sabermos da importância do movimento associativo para as lutas médicas, que trouxe esse renascimento da AMF”. Alkamir Issa agradeceu, em nome de todos, ao presidente Glauco Barbieri e sua diretoria, a homenagem, lembrando que “todos deixaram aqui um pouco da sua vida, do seu tempo de lazer, um pouco de seus cabelos ou ganharam alguns cabelos brancos, mas sempre acreditando num ideal. O ideal médico, da família do médico, enfim, da profissão como um todo”. O presidente da AMF, Glauco Barbieri falou aos presentes “do enorme prazer de poder homenagear tão ilustres colegas e de poder hoje ocupar este cargo, do qual muito me orgulho.” Rea- firmou que dois motivos o fizeram querer dar continuidade ao belíssimo trabalho dos antigos presidentes: “acreditar no associativismo como forma de solução para problemas de enorme importância para a categoria médica e a vaidade de um dia ser reconhecido como um destes nobres ex-presidentes, seja na galeria de fotos, seja por jovens médicos que venham a assumir esta função que ora exercemos.” Fez um breve resumo sobre as conquistas mais recentes de sua administração e exaltou a importância da sua diretoria e da parceria com SOMERJ e o CREMERJ, aos quais agradeceu de forma emocionada. Entre os ex-presidentes agraciados com a medalha comemorativa estavam: Waldenir de Bragança (1968 – 1971), José Hermínio Guasti (1973 – 1977), Alcir Vicente Visela Chácar (1977 – 1981), Miguel Angelo D’Elia (1981 – 1983), Celso Cerqueira Dias (1983 – 1985), Flávio Abramo Pies (1985 – 1989), Luiz José Carneiro de Souza Lacerda Neto (1989 – 1991), Aloysio Decnop Martins (1995 – 1999) e Alkamir Issa (1999 – 2005). Na ocasião, para surpresa de todos e do prórpio Dr. Glauco Barbieri, este também foi agraciado com uma medalha pela gestão passada. Dr. Glauco Barbieri , Dr. Sonia Maris , Dr. Jackson Galeno , Dr. Osvaldo Queiroz , Dr. Gustavo Campos. não só de Secretário de Saúde de Niterói, mas como ex-presidente da AMF, Alkamir Issa fez discurso em nome dos homenageados, afirmando que sua trajetória profissional mudou totalmente desde que foi convidado pelo “amigo Abunahmam” para participar de uma reunião da associação. – Naquele dia, comecei a conhecer o significado da vida associativa, sindical e por que não dizer, política. Vi muitos colegas lutando por um patrimônio que não era só financeiro, mas de conquistas e lutas que poderiam ser perdidas caso não se lutasse por elas. Eleito, após bela gestão do Dr. Aloísio Decnop, que sucedeu um triste período de intervenção, transformei a AMF em mi16 - Jul/Set - 09 Revista AMF 80 anos de lutas e conquistas em 1969, por interveniência do governador do Estado do Rio, Geremias de Mattos Fontes. E é neste endereço que foi erguida, em 1970, a Casa do Médico, na gestão de Waldenir de Bragança. Ao comemorarmos 80 anos de lutas e conquistas não podemos esquecer daqueles que participaram ativamente de nossa história. O ponto de partida foi a Sociedade de Medicina e Cirurgia de Niterói, que foi criada em 1897, por iniciativa de Augusto Ferreira e Silva e Francisco Portela, primeiro governador republicano da província do Rio de Janeiro. Entre seus fundadores estava Antônio Afonso Faustino, nome que, em 1929, também figura como fundador de uma nova entidade representativa dos médicos: a Associação Médica Fluminense. A data de fundação foi 14 de agosto de 1929 e a AMF já nasceu cercada de parceiros, recebendo apoio imediato da Sociedade de Ciências Médicas de Teresópolis, Sociedade Médica de Petrópolis e Sociedade Fluminense de Medicina e Cirurgia (Campos). O reconhecimento como uma entidade de Utilidade Pública veio pela Lei Estadual 2.140, de 6 de maio de 1954. Suas reuniões e eventos aconteciam na na sede que ocupava desde junho de 1952, na Rua Manoel de Abreu, nº 9, no Centro de Niterói. A mudança para a então Avenida Estácio de Sá – hoje Roberto Silveira – na Zona Sul da cidade, se deu 18 - Jul/Set - 09 Sócios Fundadores: Alarico Damásio, Alcides Figueiredo, Alfredo Lemos Duarte, Américo Oberlander, Antonio Affonso Faustino, Antonio Pires Salgado, Antonio Rodrigues de Almeida, Arídio Martins, Arthur Simas Cavalcanti, Ary Telles, Athayde Lopes, Aureliano Barcellos, Benevenuto Pereira Soares, Bernardino A. Sena Campos, Blanck Sant´Anna, Camaru Paes Leme, Carlos Viviros Costa Lima Claudino Cavalcanti, Cyro Moraes, Décio Gomes da Silva, Deocleciano Costa Velho, Edésio Silveira, Eduardo Imbassahy, Floriano Baptista, Francelino Barcellos, Francisco de Almeida Pimentel, Hamilton Nogueira, Heitor Baptista Regazzi, Hernanni Pires de Mello, João Baptista Leal, João Baptista Serrão, João Valentim Tavares, Jorge Silva, José Martins de Araújo Júnior, José de Almeida Mendonça, José Pereira Faustino, José Tavares da Silva, José Vergueiro da Cruz, Lauro Pinheiro Motta, Luciano Victor Pestre, Luiz Furtado de Mendonça, Luiz Briggs, Luiz Palmier, M. C. de Góes Monteiro, Mallet Mendonça, Manoel Pires de Mello, Mário Negreiros Pardal, Mário Saramago, Moacyr Bogado, Murilo Pires, Nelson Delduque, Nilo Bezerra Antunes, Octávio Martins Garcia, Odorico Martins Mullulo da Veiga, Paulo César de Almeida Pimentel, Rosalino de Amorim Macedo, Salomão Vergueiro da Cruz, Waldemar de Lima Gouveia. Ex-presidentes: Alarico Damásio (1929/31), José Martins de Araújo Júnior (1931/32), Eduardo Imbassahy (1932/33), Mário Negreiros Pardal (1933/34), Arídio Martins (1934/35), Manoel Miguelote Vianna (1935/36), Hernani Pires de Mello (1936/37), Odorico Mullulo Martins da Veiga (1937/38), Alcides Pereira da Silva (1938/39), Francisco de Almeida Pimentel (1939), Herman Lent (1939/40), José Vergueiro da Cruz (1940/41), Almir Rodrigues Madeira (1942/44), Lauro de Oliveira Machado (1944/45), Paulo Cezar de Almeida Pimentel (1945/46), Carlos Alonso (1946/47), Mário Duarte Monteiro (1947/49), João Baptista Leal1949 (1951), José de Almeida Mendonça (1951/52), Carlos Tortelly Rodrigues Costa (1952/53), Sebastião Cheferrino (1953/54), João Gomes da Silva (1954/55), José Augusto de Castro (1955/56), Jairo Pombo do Amaral (1956/57), Antônio Jorge Abunahman (1957/58), Eduardo Chead Kraichete (1958/59), Almir Barbosa Guimarães (1959/60), Ary Miranda (1960/61), Carlos Antônio da Silva (1961/63), Walter Madeira (1963/64), Eduardo Chead Kraichete (1964/65), Jairo Pombo do Amaral (1965/66), Arthur Dalmasso (1966/67), Armando Maurício Silva (1967/68), Waldenir de Bragança (1968/71), Newton Porto Brasil (1971/73), José Hermínio Guasti (1974/77), Alcir Visela Chácar (1977/81), Miguel Angelo D’Elia (1981/83), Celso Cerqueira Dias (1983/85), Flávio Abramo Pies (1985/89), Luiz José Carneiro de Souza Lacerda Neto (1989/91), Márcia Lemos Morisson da Silva (1991/95), Flávio Mello de Figueiredo (1995), Aloysio Decnop Martins (1995/99), Alkamir Issa (1999/2002/2005). E, no decorrer desta longa existência, o ideal destes homens, que se dedicam à causa médica por vocação, vem rendendo frutos que fazem com que a AMF contribua, de forma substancial, para o desenvolvimento científico, cultural e social da comunidade em que está inserida. Cabe a cada um de nós manter este ideal vivo, assumindo com responsabilidade e dedicação o importantepapelquecabeaoprofissionalmédico dentro da sociedade. Com certeza, este exercício começa dentro de “casa”, de nossa AMF. Revista AMF sucesso Associação Fluminense de Reabilitação: referência nacional em protetização C Com 51 anos de experiência em Reabilitação, a AFR sempre participou de muitas conquistas e evoluções na vida de seus pacientes. A partir de 2001, as ações de Reabilitação foram incrementadas com a implantação da Oficina Ortopédica que veio cobrir uma enorme demanda reprimida por órteses e próteses, existente em Niterói e em todo o Estado do Rio. Desde então, a AFR já forneceu milhares de equipamentos ortopédicos gratuitamente através de convênio com 20 - Jul/Set-09 Sistema Único de Saúde (SUS), sendo autorizada e credenciada pelo Ministério da Saúde a atender pacientes de 31 municípios do Estado com total gratuidade. A cada ano aumenta o número de pessoas atendidas e os resultados mantêm-se excelentes, graças ao trabalho sério realizado, aos materiais de alta qualidade utilizados na confecção dos produtos e a profissionais com elevada capacitação. Isto tudo permite que seja feita tanto uma pro- Revista AMF tetização rápida e eficaz, quanto a confecção individualizada de órteses, além do fornecimento de diversos equipamentos ortopédicos e meios auxiliares de locomoção. Produtos de qualidade e profissionais competentes são diferenciais que se refletem na qualidade de vida, independência e autoestima do paciente, pois o atendimento é realizado por uma equipe interdisciplinar que o acompanha desde a perimetria (medição do membro a ser protetizado), passando pelo processo de adaptação até o sucesso da alta. Com histórias diferentes e desejos parecidos, os pacientes que procuram a Oficina Ortopédica da AFR veem se tornar realidade seus sonhos mais imediatos: independência e vida nova. São histórias como a de Antonio Joviniano, 58 anos, ex-motorista e operador de empilhadeira , que foi vítima de um acidente de trabalho, sendo necessária a amputação das duas pernas logo abaixo do joelho. Com as próteses fornecidas pela Oficina Ortopédica da AFR, acrescentou mais 4 cm a sua estatura, além de voltar ao mercado de trabalho, fazendo serviços externos como assistente de advocacia em um escritório no Centro do Rio de Janeiro. Em 2010: quatro mil pessoas poderão ser beneficiadas Com a nova liberação de verbas do SUS que ampliou a capacidade de fornecimento de órteses e próteses gratuitamente, a partir de janeiro de 2010, quatro mil pacientes serão beneficiados com novas próteses, órteses e meios auxiliares de locomoção. Além de pessoas com deficiência, poderão receber o benefício vítimas de acidentes de trânsito, de acidente vascular cerebral, crianças com diversas síndromes e pessoas que sofrem amputações ocasionadas por acidente ou algum tipo de doença, como o diabetes. O parque industrial da Oficina Ortopédica é composto por equipamentos de alta tecnologia e de última geração, o que permite a produção de órteses e próteses mais leves e confortáveis, possibilitando melhores condições de uso. Atualmente a Oficina Ortopédica confecciona, em média, 200 órteses e 100 próteses por mês As órteses e próteses são equipamentos auxiliares essenciais no processo de reabilitação, principalmente, em relação à prevenção de deformidades. A prótese substitui um segmento do corpo e a órteses auxilia um órgão ou função deficiente. Na Oficina Ortopédica da AFR elas são confeccionadas de forma individualizada e com o objetivo de proporcionar adequado alinhamento biomecânico com maior independência e conforto para o paciente. Os produtos fornecidos vão de órteses suropodálicas em polipropileno fixas e articuladas, órteses longas, calhas, aparelhos ortopédicos, colares cervicais e coletes para tratamento de deformidades vertebrais (OTLS, coletes do tipo Milwaukee, dentre outros).As próteses para membros superiores ou inferiores são confeccionadas com diversos tipos de materiais, tais como: resina, fibra de carbono e titânio. São confeccionadas adaptações de membros superiores para o auxílio em atividades de vida diária, como por exemplo, alimentação, escrita e higiene. O Gerente da Oficina Ortopédica, Antonio Lobato, explica que, após a finalização das peças, os pacientes iniRevista AMF ciam um tratamento com auxílio de fisioterapeutas para que possam se adaptar ao novo equipamento e ganhar mais independência. “Tudo vai depender do desenvolvimento e das limitações do paciente. Fazemos os produtos sob medida para cada pessoa e temos a capacidade de fazer adequações nas peças, de acordo com a evolução e a necessidade desta, quando for necessário”. Amadurecer em conhecimento e tecnologia A Oficina Ortopédica da AFR é a realização de muitos sonhos; sonhos de esperança de milhares de pacientes do Estado do Rio de Janeiro, que simplesmente não tinham onde e como conseguir uma perna mecânica, um braço, um colete ortopédico. Sonhos materializados pelo trabalho incansável que, durante quase 30 anos, a professora Lizaura Ruas, com ousadia e obstinação, exigiu que todos realizassem. Lizaura não descansou durante todo o seu tempo à frente da presidência da Associação Fluminense de Reabilitação. Sua persistência resultou na capacitação da AFR para assinar convênio com o Ministério da Saúde, que lhe permitiu ser uma das referências nacionais em protetização. “Não podemos fazer igual: temos de ser diferentes e fazer a diferença em tudo o que nos diz respeito”, afirmava Lisaura a seus comandados. “E temos de ser diferentes por causa da imensa responsabilidade social que temos com tantos milhares de pacientes carentes, que necessitam de uma prótese, de uma órtese, de uma nova esperança para uma vida diferente e melhor.” Essa nova esperança para uma vida melhor foi amplamente realizada com a criação em 2001 da Oficina Ortopédica da AFR. “Passamos pelas vidas de centenas de milhares de pacientes, tirando-lhes para sempre a desesperança do olhar” dizia Lizaura. “Brigamos para nos revigorar e amadurecer em busca de novos conhecimentos, novas tecnologias, novas oportunidades terapêuticas para todos os que necessitam de nós.” Lisaura Ruas faleceu no dia 14/08/09, sua obra será continuada por os seus admiradores e ela é desde já a mais importante personalidade histórica da Associação Fluminense de Reabilitação. Jul/Set-09 - 21 tecnologia Ronaldo Curi Gismondi* Bibliotecas: The British Library e a Brasiliana Na realidade, este artigo trata de dois acervos recentemente disponibilizados, gratuitamente ao público de todo o mundo. A Britânica, ou The British Library1, é a biblioteca nacional do Reino Unido. Trata-se de um dos maiores acervos bibliográficos do mundo, com mais de 150 milhões de ítens, em 400 línguas. São mais de 14 milhões de livros, 920 mil jornais e revistas, 58 milhões de patentes e 3 milhões de gravações de sons e vídeos, parte dos quais já disponíveis na Internet por acesso gratuito. Há, também, serviços pagos como a encomenda de cópias de documentos ou artigos, por exemplo. A Figura 1 mostra a página principal da The British Library, com acesso às interfaces de busca: básica e avançada, links de acesso rápido, notícias sobre o que está acontecendo no momento (what’s on), destaques (highlights), bem como recursos especiais, em your library. Em se tratando de um acervo dessa magnitude, cujo acesso via Internet pode se dar mediante a utilização de inúmeras opções e recursos multimídia, foge ao escopo deste texto explicar cada possibilidade. Dessa forma, o autor deixa ao leitor o sabor de degustar esse novo universo, ao seu gosto. A Brasiliana2 representa outro acervo bibliográfico multimídia, de conteúdo muito rico, servindo a pesquisas para todas as faixas etárias, bem como ao entretenimento, para os amantes das boas obras e da cultura em geral. Na verdade, a interface Web disponibilizada através do link http://www.brasiliana. usp.br e exibida na Figura 2, reúne dois grandes acervos já com um expressivo e crescente grau de digitalização e 22 22 -- Jul/Set-09 Jul/Set-09 Figura 1. Página principal da The British Library Figura 2. Tela principal de http://www.brasiliana.usp.br Revista AMF acesso via Internet, representados pela Brasiliana USP e a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin. Ambas estarão, paulatinamente, fazendo parte da Brasiliana Digital. A Brasiliana USP é um projeto desenvolvido pela Universidade de São Paulo, constituindo-se em um acervo de livros e documentos, de e sobre o Brasil, bem como o estabelecimento de uma “permanente interface entre as atividades fins da USP - formação de quadros, pesquisa e divulgação de resultados – articulados por um vetor estratégico de alcance nacional”; tudo isso disponibilizado ao público, paulatinamente, via Internet. A Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin é um riquíssimo acervo sobre o Brasil, colecionado durante 80 anos, pelo bibliófilo José Mindlin, e doado por ele, sua esposa, Sra.Guita, e seus filhos, à Universidade de São Paulo2. Conforme informado no site da Brasiliana2, o acervo Mindlin é constituído de, aproximadamente, “17 mil títulos, ou 40 mil volumes: obras de literatura brasileira (e portuguesa), relatos Revista AMF de viajantes, manuscritos históricos e literários (originais e provas tipográficas), periódicos, livros científicos e didáticos, iconografia (estampas e álbuns ilustrados) e livros de artistas (gravuras)”. Trata-se, portanto, de vasto material para pesquisas, trabalhos, ou mesmo para consulta em horas de lazer e recolhimento pessoal. Vale a pena conferir ! Boa navegação a todos e até o próximo número. Referência Bibliográfica: 1. The British Library. [online] Disponível na Internet via WWW. URL: http://www.bl.uk, agosto de 2009. 2. Brasiliana USP [online] Disponível na Internet via WWW. URL: http:// www.brasiliana.usp.br, agosto de 2009. Observação: todas as marcas e produtos eventualmente citados são de propriedade de seus respectivos fabricantes, editores ou detentores. Endereço do Autor: Ronaldo Curi Gismondi – [email protected] * Médico, professor adjunto da Faculdade de Ciências Médicas da UERJ e Membro Titular da Academia Fluminense de Medicina. Associe-se! Acesse: www.amf.org.br Jul/Ago-09 Jul/Set-09 - 23 opinião Este espaço da Revista AMF será dedicado aos sócios da AMF que, em cada edição, falarão sobre a importância de ser associado da AMF. Agradecemos a participação. Porque sou sócio da AMF A AMF faz parte de várias partes do meu ciclo vital, pois meu avô, o Dr. Ângelo Bittencourt, ajudou sua construção e foi velado dentro dela. Meu pai, Dr. Antonio Bittencourt, participou de sua consolidação e, na sua época, já organizava congressos com participantes internacionais. Meus filhos sentem orgulho do avô, quando olham seu nome na placa entre os médicos que contribuíram com a instituição Como diria Aristóteles,“o ser humano é um animal gregário e precisa viver em sociedade”, e associativismo é uma maneira do ser humano se juntar para se fortalecer. A vida corrida dos dias de hoje torna difícil a convivência entre as pessoas, pois existe um câncer social que é a falta de tempo para a família, os amigos e os colegas de profissão. Devemos lutar contra essa situação, pois segundo o paradigma sistêmico, tudo se liga a tudo e todos se ligam a todos. As pessoas não acreditam que os médicos, com sua formação individualista, sejam capazes de se associar. É daí que tem origem a fraqueza da classe médica que, desunida,não consegue a representatividade merecida pela classe. Associei-me à AMF, pois todas as minhas atividades no NDH – Núcleo de Desenvolvimento Humano, - para educação continuada, confraternização e qualidade de vida, foram realizadas dentro desta entidade, e pude entender como, no passado, essa associação de médicos influiu muito, não só no destino da classe médica, como da nossa cidade. Os principais motivos para ser sócio é que a AMF, é a CASA do Médico e por ela pregar a unidade da classe, sempre foi um terreno fértil de fortalecimento, pois os médicos, ali reunidos, respeitando as diversidades, geram uma sinergia. (é quando a soma das partes é maior que o todo ). Basta olharmos para sua fachada e veremos hoje um exemplo de unidade entre Unimed e Unicred, que só poderia ter ocorrido num local amadurecido como a AMF. Gostaria de terminar, dizendo que espero de ver toda a classe médica de nossa cidade, que possui alto nível de capacidade profissional, assumir, de forma participativa, a sua CASA, pois nela, encontramos: convívio saudável, aprendizado de alto nível, qualidade de vida, desta forma ficaremos muito fortes politicamente dentro do nosso estado, com uma representatividade digna, do tamanho da medicina de alto nível praticada em nossa cidade. Gostaria de convocar a uma reflexão antes de terminar este texto: O MÉDICO FLUMINENSE, DENTRO DO ASSOCIATIVISMO DA AMF, EXISTE, É FORTE E RESPEITADO. FORA DESSE CONTEXTO, É APENAS UMA MIRAGEM. Pedro Angelo Bittencourt As associações profissionais, congregando homens que exercem a mesma atividade técnico, científica e artística, existem há longo tempo. Toinmbice defendeu sempre a ideia de que a humanidade se entenderia mais facilmente através dos elos mantidos entre indivíduos que participassem do mesmo processo de trabalho, de artes, de ciências, ou até mesmo do militarismo, do que, propriamente, através do entendimento da macro-política. Os médicos brasileiros se reuniram pela primeira vez, através da fundação da Academia Imperial de Medicina, fundada em 30de junho de 1829.Esta notável associação de médicos se caracterizava por atividades científicas, em que trabalhos eram apresentados e discutidos em plenário, promovendo a divulgação da cultura médica no Rio de Janeiro. É interessante notar que o Imperador Pedro II frequentava, com relativa assiduidade, essas reuniões. Tão profícua foi esta Academia que, após o advento da República, ainda no século XIX, transformou-se na até hoje vibrante e importante Academia Nacional de Medicina. Com o passar do tempo, os médicos, já em maior número, em todo território nacional começaram a agrupar-se em associações médicas onde, da mesma forma, primariamente, discutiam aspectos científicos, possuindo também um forte cunho social. Assim sendo, na segunda metade dos anos 20, do mesmo século, foi criada a Associação Médica Fluminense, participando deste ato a maioria dos médicos de Niterói, se não todos, inclusive meu avô, Eurico Gonçalves Bastos, além de Eduardo Imbassahy Costa Velho, Vital Brazil, Antonio Pedro Pimentel e muitos outros abnegados da medicina. Durante anos, a Associação Médica teve destaque científico e social. Recordo-me da sua sede ainda no edifício do velho cinema Odeon. Depois, no Partenon da Praça da República. Neste local, iniciaram-se, nos anos 60 do século passado, as atividades reivindicatórias do trabalho do médico, modificando para melhor as atividades de nossa Associação. A esta época, lideranças como Carlos Antonio da Silva, Jairo Pombo do Amaral, Carlos Tortelly Costa, Sanchez, Waldenir de Bragança e José Hermínio Guasti se destacaram nas atividades em defesa do direito dos médicos e reivindicações salariais. Nesta época ainda, foi conquistado o terreno onde hoje está edificada nossa moderna sede, na Av. Roberto Silveira, que foi erguida na presidência de Waldenir de Bragança. É justo que nossa condição atual homenageie todos aqueles que colocaram pedra sobre pedra neste majestoso e emblemático edifício, e que são representados na galeria dos ex-presidentes. Hoje a nossa Associação Médica se reúne em um ambiente adequado, onde se entrelaçam ciência, humanismo, arte e atividades sociais, coroando um esforço humanitário dos médicos que acreditaram na força da política associativa de nossa classe. A Humanidade se desenvolve contínua e constantemente, através de mutações, predominando hoje, as técnicas, as científicas, as financeiras e culturais. Cabe a nós, em meu ponto de vista, tentar transmitir a nossos descendentes profissionais, a mensagem de que mantenham acesa a chama da política associativa que nos conduziu, correta e adequadamente, até aqui. Guilherme Eurico Bastos da Cunha 26 - Jul/Set-09 Revista AMF somerj A Sbp e a pediatria do século Xxi 28 - Jul/Set-09 Eduardo da Silva Vaz* A A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) vem acompanhando as transformações sociais e demográficas das últimos anos. O perfil de nossa população alterou-se consideravelmente nas últimas quatro décadas. Em 1970, a população de crianças e adolescentes correspondia a 62,3% de seu total e em 2007, caiu para 34,5%. Em contrapartida, a expectativa de vida ao nascer cresceu de 52,7 para 72,7 anos. A taxa de fecundidade que, em 1970, era de 5,8 filhos por mulher, em 2007 teve uma queda de 66%, atingindo 1,95 filhos por mulher. Em quatro décadas, a família brasileira encolheu e já é chefiada por mulher. Houve um avanço considerável do gênero feminino no mercado de trabalho. Em 1985, o índice de mulheres maiores de 10 anos que trabalhavam ou procuravam emprego era de 33%. Em 2007, este percentual chegou a 52%. No ano de 1995, segundo a pesquisa coordenada pela professora Maria Helena Machado, Os Médicos no Brasil:Retrato de uma Realidade, éramos 197.557 e os pediatras, 13,5% deste total. Atualmente, somos mais de 300 mil, correspondendo os pediatras a 9,5-10% deste quantitativo. Atualmente na Europa, onde a população tem uma média de 1.6 filhos por mulher em idade fértil, o número de pediatras por 100 mil habitantes é de 17. O Brasil, em 2009, tem mais de 20 pediatras por 100 mil habitantes, chegando o Distrito Federal a ter 54 por 100 mil, enquanto Rio de Janeiro e São Paulo têm 42 por 100 mil. Com estes dados, concluímos que não faltam pediatras no Brasil, o que realmente falta, são condições de trabalho, salário adequado e remuneração digna, tanto no serviço público quanto no privado. Uma outra questão importante é a sobra de vagas em alguns serviços credenciados de residência médica em pediatria. O programa de residência médica foi implantando na década de 70, quando a necessidade de pediatra para atender a demanda da população era crescente. Atualmente, a população de crianças e adolescentes corresponde, em termos proporcionais, à metade do que era na década de 60 e a longevidade da população aumentou substancialmente, necessitando a sociedade de outros profissionais além daquele especializado na medicina do ser humano em crescimento e desenvolvimento. As causas de morbidade e mortalidade de crianças e adolescentes mudaram o seu perfil. Na área nutricional, a desnutrição protéico-calórica deu lugar à obesidade e ao diabetes. As doenças infecciosas, na sua maioria, foram debeladas, exceto algumas decorrentes de descuidos da sociedade, como a dengue e epidemias eventuais como a HlN1, às quais o mundo globalizado estará sempre exposto. Os atos de violência contra a criança e o adolescente passaram a ocupar lugar de destaque na preocupação do pediatra, entre estes, a negligência, os abusos físicos, psicológicos e a criminalidade, que parecem não ter fim. Na nossa visão, as causas dessa violência têm muito a ver com o novo perfil sócio-demográfico da população brasileira. Revista AMF Um total de 52% das mulheres trabalha fora de casa. Um grande número delas é a chefe do lar, assumindo a responsabilidade da educação e da sustentabilidade. A Licença Maternidade seis meses, projeto da SBP em parceria com a senadora Patrícia Saboya, veio no sentido de dar uma proteção maior à maternidade. As famílias, em especial as mães e filhos, precisam desta proteção. O desenvolvimento do vínculo afetivo, ao lado do aleitamento materno, que previne doenças nutricionais e infecciosas, desenvolve a afetividade e a cognição. A lei da licença-maternidade de seis meses ainda não está completa, pois uma parcela importante de mães e crianças ainda não foi alcançada por este beneficio. Outro projeto de lei, elaborado pela mesma parceria, começa a tramitar no Senado Federal. Cria o Programa Nacional de Educação Infantil, o Pronei, que se destina a expandir e fazer funcionar unidades de Educação Infantil, de natureza pública e privada, sem fins lucrativos, gratuita para os usuários e em regime de tempo integral. A finalidade do Pronei é a de garantir proteção social e condições mínimas para o crescimento e desenvolvimento saudável das crianças no período de vida que se estende do sexto mês até o final do quinto ano, quando se inicia o ensino fundamental. Esta iniciativa da Sociedade Brasileira de Pediatria propiciará, na mais importante fase de evolução da criança, o desenvolvimento da afetividade, da cognição, construindo adultos saudáveis e que contribuirão efetivamente para a melhoria da sociedade. A qualificação profissional tem sido uma meta importante e constante da SBP, tanto na graduação quanto na pósgraduação. O programa de Educação Médica Continuada Revista AMF através da internet, Pronap, Pro-RN, Congressos, Simpósios e suas revistas, como o Jornal de Pediatria e atualmente o SBP Ciências, têm contribuído para a melhor qualificação do pediatra. A SBP tem buscado o constante fortalecimento da especialidade Pediatria, assim como das áreas de atuação pediátrica. Recentemente, estamos emprenhados na implantação da Área de Atuação em Alergia e Imunologia Pediátrica. Uma das lutas da última década tem sido em favor da melhor remuneração do pediatra no serviço público e privado. Participamos, efetivamente, da construção e implantação da CBHPM. Atualmente, estamos empenhados em definir a consulta diferenciada para o pediatra. Entendemos que a consulta pediátrica é especial, posto que envolve o atendimento do agravo à saúde, além de ações educativas e preventivas. A luta por um valor mínimo de R$ 80,00 para a consulta pediátrica é baseada em custos e necessidades para manter este profissional, que atua na fase mais importante do ser humano: o pediatra. Estamos atuando junto à classe médica para aprovação do salário mínimo do médico, objeto de proposta que tramita na Câmara dos Deputados. Dois outros projetos de lei, de autoria da SBP com a senadora Patrícia Saboya, tramitam no Senado Federal, o 227 e 228. Visam garantir às crianças e adolescentes brasileiros um atendimento integral da saúde pelo profissional que entende de criança e do adolescente, o pediatra. Muitas lutas, muito trabalho está sendo feito e há um grande caminho a percorrer. Caminhemos Juntos. * Ex-presidente da Somerj e atual 2º vice-presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria Jul/Set-09 - 29 informe unimed Fundação do terreno do hospital de Itaipu Trabalhar, trabalhar e trabalhar T Todo mundo sabe que o sucesso só vem antes do trabalho no dicionário. Quando assumimos a gestão da cooperativa, já tínhamos a clara visão de que, para garantir o crescimento e, principalmente, a sustentabilidade da Unimed, era necessário um planejamento metódico. Só quando estamos preparados, somos capazes de vencer os desafios e superar as dificuldades previstas e imprevistas. Com estudos e diagnósticos, arregaçamos as mangas e fomos à luta apesar do pessoal do “contra”. Reorganizarmos setores, criarmos outros, buscamos melhorias para os funcionários e cooperados, além da comunidade e trabalhamos para oferecer o melhor para nossos clientes. Para isto acontecer, foi necessário um ingrediente simples, mas algumas vezes relegado entre outros quesitos: o trabalho. Hoje, podemos afirmar que a Unimed Leste Fluminense está colocada em um novo patamar, tanto no mercado local quanto em relação ao Sistema Unimed. O desejo de muitos médicos de ser cooperado é uma prova irrefutável. Os seguidos prêmios de Responsabilidade Social, também. O desempenho da nossa cooperativa reflete-se de várias formas: os médicos cooperados estão melhor remunerados; hospitais, laboratórios e outros prestadores recebem em dia, estão mais estruturados e equipados. E quanto mais você cresce mais trabalho aparece! Agora vamos modernizar o sistema de gestão para que diminuam os erros operacionais; vamos ampliar o SIAS (Sistema Integrado de Assistência e Saúde), construindo um moderno hospital de primeiro mundo para os clientes Unimed. Quanto valerá nossa empresa depois disso? O tempo não para e o trabalho também. Saudações Cooperativistas, Dr. Benito Petraglia Presidente da Unimed Leste Fluminense Lançamento de Livro A Academia Fluminense de Medicina programou para o dia 28 de outubro do corrente ano a solenidade de lançamento com coquetel e noite de autógrafos, do livro “EM CANTOS GUARDADOS – PELOS CAMINHOS DA MEDICINA E DA VIDA.” Com coordenação Editorial do AC. Luiz Augusto de Freitas Pinheiro, o livro tem a colaboração de 21 Acadêmicos, com textos relacionados a vivências médicas. O Presidente da AFM, AC. Alcir Vicente Vicela Chácarm, encontra-se entusiasmado e empenhado na divulgação e lançamento do livro que, sem dúvida, será um marco na vida médica e literária de Niterói Abr/Jun-09 32 - Jul/Set-09 Revista AMF AMF Revista artigo científico A 1º Fórum de Atenção Cardiovascular realizado na AMF A produção de mudanças nos valores prevalentes na sociedade tem se tornado uma exigência na atualidade e merece ter a solidariedade como aspecto central de todo este processo. A garantia de um projeto de saúde como componente ético e de justiça social necessita ser empreendido contrapondo-se as muitas formas de exclusão cotidianas que anulam décadas de lutas de conquistas sociais. Frente a esta questão atualmente governos de diferentes países deparam-se com impasses insustentáveis, no paradoxo de discursos e regimes ditos democráticos e a persistência de modelos pautados em uma lógica que se traduz em um imenso abismo, entre os que acessam bens e serviços e os que buscam de forma incessante respostas a seus problemas de saúde e para os quais existe indiferença, preconceito e negação. O presidente americano Barak Obama está propondo uma profunda reforma no sistema de saúde americano. Atualmente, 14 mil americanos perdem os seus seguro saúde, a cada dia, e mais de 50 milhões não possuem seguro de saúde. Para tal algumas medidas vem sendo pensadas – Acesso à cobertura em saúde acessível de alta qualidade independente do indivíduo, encontrar-se vulnerável em situações de mudança de emprego ou mesmo desemprego; – Reduzir o desperdício dos custos do sistema de saúde envolvendo procedimentos de maior custo; – Maior eficiência do seguro público, destinado a idosos e inválidos, prometendo a redução dos custos da assistência; – Redução da discriminação aumentando as proteções básicas ao consumidor, particularmente frente a doenças préexistentes e a garantia de cobertura a cuidados essenciais. Interessante perceber que embora outras populações no mundo venham rediscutindo suas bases governativas, o Brasil nas últimas décadas deu imensos passos na conformação de seu arcabouço legislativo na garantia de direitos sociais, no qual inclui-se o da saúde. No entanto estas conquistas tem se colocado tão distantes da população que o acesso igualitário e abrangente, dito universal da atenção à saúde, sucumbe a cada dia em que prevalece uma idéia de saúde utilitarista e mercantilizada que permeia nossa sociedade. Desta é preciso repensarmos contra-estratégias eficazes na construção de uma resistência ao individualismo em suas várias manifestações que gradualmente vem nos afastando de valores sociais transformadores. A cidade de Niterói tem ao longo dos últimos anos nas doenças cardiovasculares a cauda líder de morbimortalidade e precisamos integrar os diferentes serviços que atuam nesta área, desde a promoção/ prevenção (Atenção Primária em Saúde – Unidades Básicas, Policlínicas, Unidades do Programa Médico de Família) até a alta complexidade Revista Revista AMF AMF Dr. Evandro Tinoco Mesquita* Drª Verônica Alcoforado** Dr. Luiz José Martins Romeo, Dr. Evandro Tinoco, Dr. Alkamir Issa, Vereador Felipe Peixoto e Dr Glauco Barbieri cardiovascular (Hospital Universitário Antônio Pedro). Sabe-se que o cuidado cardiovascular Dr. Evandro Tinoco hoje tem início na concepção, onde podemos promover aconselhamento genético pré-natal, tratar cardiopatias na fase intra-uterina, prevenir e tratar doenças na infância, adolescência e na idade adulta, e promover envelhecimento cardiovascular saudável. Paralelamente temos nos deparado com a necessidade de se contribuir com o aumento da sobrevida da população, avaliando a qualidade e os custos sociais e médicos-hospitalares. A pesquisa cardiovascular tem sido entendida como elemento essencial a produção de novos conhecimentos para os problemas atuais (epidemiologia cardiovascular) a eficiência do sistema de saúde (“outcomes research”) e baseiam-se em novas soluções (pesquisa básica e clínica). Concomitantemente a formação de novos profissionais de saúde e a educação permanente (para o trabalho) devem ter um papel preponderante no setor acadêmico, no setor público, e em particular junto a sociedade. A Universidade Federal Fluminense, através dos seus cursos de graduação, especialização e de sua pós-graduação no nível de doutorado-mestrado, tem o compromisso de pesquisar e formar novos cientistas nesta área. Os nossos jovens alunos estão hoje envolvidos em programas de iniciação científica e de extensão, através da Liga de Cardiologia, tornando-se ativistas na luta dos atuais desafios Jul/Set-09 Jul/Set-09 -- 35 35 da nossa região, como por exemplo, a atual questão da poluição aérea, que tem se tornado um crescente problema que acomete a nossa região metropolitana, fortemente associado a nossa urbanização. O Hospital Universitário Antônio Pedro está se organizando parta o atendimento da alta complexidade, já realizando angioplastia coronariana e periférica, e cirurgia cardíaca. Os ambulatórios especializados de cardiologia– insuficiência cardíaca, doença coronária, e doença valvular, em associação com o setor de Enfermarias, Reabilitação Cárdiovascular e Unidade Coronariana vem buscando se estruturar no atendimento as demandas do SUS. Diversos métodos complementares diagnósticos e de acompanhamento em cardiologia, vem se estruturando na perspectiva da oferta de atendimento qualificado à população como os seguintes: eletrocardioimagem, ecodopplercardiograma, ergometria, holter, MAPA (monitoração ambulatorial da pressão arterial) e o serviço de cardiologia nuclear, em fase de instalação. Ao lado do foco na assistência cardiovascular estamos envolvidos com a formação de recursos humanos – internos, residentes e especialistas em cardiologia. O papel de formar investigadores cardiovasculares tem sido exercido através da pós-graduação em ciências cardiovasculares – mestrado e doutorado – capacitando médicos, enfermeiros, educadores físicos, nutricionistas farmacêuticos, odontólogos, fisioterapeutas e profissionais de outras áreas, como engenheiros biomédicos. As pesquisas da UFF apontam para aumento dos fatores de risco na população atendida pelos médicos de família através do Projeto Camélia, coordenado pela Professora Maria Luiza Garcia. 36 - Jul/Set-09 A mortalidade por doença cardiovascular, em nosso município, tem apresentado importante redução nas últimas três décadas, provavelmente pela ação de múltiplos fatores – melhor acesso ao sistema de saúde, melhoria das condições sócio-econômicas e dos fatores sócio-econômico presentes no Índice de Desenvolvimento Humano. Porém, novas ameaças que podem resultar num novo aumento da morbimortalidade cardiovascular estão presentes na nossa região e necessitam imediata atuação, tendo em vista, acelerado envelhecimento populacional, distribuição fatores cardiovasculares e aumento dos níveis da poluição aérea na nossa região metropolitana. O 1º Fórum sobre “Perspectivas da organização do cuidado às doenças cardiovasculares em Niterói, ocorrido no dia 8 de julho de 2009 na sede da Associação Médica Fluminense, envolvendo diferentes representantes do setor público, sob a coordenação do secretário municipal de saúde, Dr. Alkamir Issa, identificou importantes ações a serem empreendidas: 1. Criação de uma Câmara Técnica multilateral sobre Saúde Cardiovascular junto a Secretaria Municipal de Saúde; 2. Desenvolvimento de materiais educativos com os dados epidemiológicos sobre o impacto da doença cardiovascular em Niterói, para ser distribuído para nossos profissionais de saúde e a população; 3. Integração dos serviços do SUS, melhorando o diálogo e a eficácia operacional; 4. Promover ações preventivas regulares intersetoriais junto à comunidade; 5. Criação de um Centro de Gerenciamento Multiprofissional de Condições Crônicas em Saúde com seu foco embrionário nas doenças cardiovasculares. Revista AMF sindicato Clóvis Abrahim Cavalcanti* Um grito de A ALERTA A vida estressante dos Médicos, com vários subempregos, baixos salários, falta de férias, pouco tempo para sua família e sem vida social, são causas preocupantes em nossas vidas. Na medicina, além dos seis anos de dedicação do curso de graduação, fazemos residência, doutorado, mestrado, pós- graduação, para a tentativa do primeiro emprego, iniciando, assim, a grande decepção e o estresse. A precarização da medicina, o sucateamento, a falta de concursos sem perspectiva de melhora, é o que encontramos. Os subempregos, os péssimos salários, os infinitos plantões e a falta de tempo para atualização, são as regras para o nosso desgaste psicológico e físico. A morte e o sofrimento de um paciente é também agravante para este desgaste e, muitas vezes, somos responsabilizados, Revista AMF apesar de todas as tentativas de ajudar o próximo, mesmo com poucos medicamentos e equipamentos. O médico, como qualquer pessoa, fica doente, chora, sofre, morre e está morrendo, cada vez mais cedo, por suicídio, I.A.M., A.V.C., entre outras patologias, além de apresentar depressão, ansiedade, hipertensão arterial, dependências, sem falar nos acidentes automobilísticos que acontecem devido ao fato de dormimos pouco, em razão dos nossos vários plantões. Portanto, aqui fica um grito de alerta para os que se dedicam à arte de curar, esquecendo de sua própria condição frágil e mortal de humano. * Presidente do Sinmed Jul/Set-09 - 37 enofilia Vinho & Bem-Estar N Geografia do vinho França Por: Dra. Valéria Patrocínio ão é um exagero classificar a França como o melhor país vinícola do mundo. Nenhum país possui tantos vinhos de excepcional qualidade. Ela possui cerca de uma dezena de grandes regiões vinícolas demarcadas de maior destaque, algumas delas subdivididas em até mais de vinte regiões menores. Bordeaux é, sem dúvida, a região vinícola francesa que mais se destaca por possuir o maior número de vinhos excepcionais (os famosos Grand Cru, Premier Cru, Deuxième Cru, etc.) muitos deles atingindo preços estra-tosféricos. Suas sub-regiões mais importantes são Médoc, Graves, Pomerol e Saint Emilion para os tintos, e Sauternes-Barsac, para os brancos. Bourgogne é a segunda região mais importante e possui sub-regiões, das quais as mais famosas são: Côtes de Beaunne, Côte de Nuits, Côte Chalonnaise, Mâconnais e Beaujolais. Outras regiões de destaque são: Champagne, berço dos maravilhosos espumantes; Alsace, conhecida pelos seus brancos semelhantes aos alemães; Val de Loire, famosa pelos seus rosés e brancos; Côtes du Rhône, com as suas sub-regiões Hermitage, Crozes-Hermitage e Châteauneuf-du-Pape com excelentes tintos. Provence, Languedoc, Roussillon e outras regiões completam a incrível legião de vinhos franceses de qualidade. Além dos vinhos dessas regiões demarcadas, existe ainda uma enorme quantidade de vinhos regionais menores (os 38 - Jul/Set-09 vins de pays) e os vinhos de mesa de qualidade inferior (os vins de table). Perdidos nesse mar de vinhos, para conhecermos verdadeiramente os vinhos da França não nos resta alternativa senão provar alguns representantes de cada uma das suas regiões. Só assim é possível compreender a diversidade e a complexidade dos vinhos franceses. Fonte: www.academiadovinho.com.br Revista AMF Matéria Científica Vinho, cérebro e memória O vinho é uma bebida de muitos paradoxos. Um deles é sua ação sobre o cérebro e a memória. A explicação mais provável para isso, conforme o Prof. Manuel Paula-Barbosa, da Universidade do Porto, em Portugal, é que os polifenóis do vinho, por sua potente ação anti-oxidante, protegem os neurônios. Fonte: http://www.vinhosnet.com.br Dica de leitura Livro: Champanhe: Como o mais sofisticado dos vinhos venceu a guerra e os tempos dificeis Autor: Don Kladstrup, Petie Kladstrup Sinopse Em ‘Champanhe’, Don e Petie Kladstrup envolvem o leitor na surpreendente saga do champanhe, o vinho mais sofisticado do mundo. Associado ao glamour, à amizade e a grandes celebrações, ele oculta uma história de sofrimento e coragem. No livro, o leitor descobre que, por trás das finas taças de cristal e do líquido claro e borbulhante, escondemse exemplos de coragem e auto-superação na luta contra pragas, catástrofes climáticas, guerras e invasões. Vinho sugerido Brut Royal A alma do estilo Pommery – Uma mistura harmoniosa de vinhos Chandonnay (aproximadamente 1/3), Pinot Noir e Meunier, o Brut Royal reúne quase 40 champanhes diferentes e 3 anos de envelhecimento na adega revelam todas as suas qualidades. Características – Refrescante e ativo, é complacente e prolonga-se no paladar, anunciando um equilíbrio frutuoso. Degustação – Qualquer hora e lugar é tempo certo ... Revista AMF Jul/Set - 09 - 39 academia fluminense de medicina N Sejamos Amigos, Sejamos Unidos, Sejamos Irmãos No ano de 1924, o Professor Hernani Pires de Mello, ao lado de Domingues de Sá, Antonio Pedro, Geraque Collet, Pereira Faustino, César Fonseca, Aridio Martins, entre outros, fundou a Associação Médico-Cirúrgica Fluminense, cujas atividades, porém, foram encerradas após quatro anos de funcionamento. Com seu espírito empreendedor, o Professor Hernani de Mello não desanimou e, em 14 de agosto de 1929, reunindo um grupo de 57 colegas, fundava, agora, uma nova associação de classe, batizada como Sociedade de Medicina e Cirurgia de Niterói. Mas somente em 12 de junho de 1952, a intitulada “Comissão dos Novos”, tendo à frente o pediatra Eduardo Imbassahy, em memorável noite, proclamava a célebre frase: “sejamos amigos, sejamos unidos, sejamos irmãos”, que reuniu num mesmo ideal a Sociedade de Ciências Médicas de Teresópolis, a Sociedade Médica de Petrópolis e a Sociedade Fluminense de Medicina e Cirurgia (Campos), fundando a Associação Médica Fluminense. Fruto de uma hercúlea luta, liderada pelo seu então presidente Waldenir de Bragança, a criação da Casa do Médico passou pela conquista do terreno que hoje a sedia, e contou com a adesão de um grande número de abnegados colegas, muitos dos quais têm seus nomes, merecidamente, estampados em bronze na gigantesca placa que ocupa lugar de destaque no hall de acesso da AMF. Por aqui também passaram Ministros de Estado, Professores de renome nacional e internacional, que deram a esta Casa posição de destaque no cenário médico brasileiro. Vários nomes ilustres ocuparam a presidência desta Casa do Médico. Durante o período em que esteve sob a minha gestão. Compreendido entre os anos de 1977 e 1981, chegamos a congregar 19 associações – o mesmo número de municípios do estado, representando a classe médica de todo o Estado do Rio de Janeiro. Grandes e históricos acontecimentos vividos pelos médicos do estado, e porque não dizer do Brasil, passaram pela 40 - Jul/Set-09 Alcir Vicente Visela Chácar* Casa do Médico. O Jubileu de Ouro da Associação Médica Brasileira, o seu IX Congresso, realizado em conjunto com o XVII Congresso da Associação Médica Fluminense nos seus 30 anos de fundação, comemorados em 14 de agosto de 1979, contaram com a Conferência Magna proferida pelo ilustre cientista, Professor Albert Bruce Sabin. Marco histórico para esta Casa, bem como para a medicina nacional, esta conferência, intitulada “Problemas de Imunizações na Infância em Diferentes Partes do Mundo”, cujos originais me foram ofertados com sua graciosa dedicatória, representa para todos nós o início da luta da Associação Médica Fluminense, ao lado de Sabin, pela erradicação da poliomielite no Brasil. Dando continuidade ao objetivo da Casa da Médico de abraçar os profissionais representantes da classe médica de todas as gerações, o então Presidente da AMF, Professor José Hermíno Guasti, nos ofícios: AMF. OF. 878/P. 73-75, determinou, então, a criação da Academia Fluminense de Medicina, empossando a sua primeira diretoria em 8 de dezembro de 1974. A Academia Fluminense de Medicina, embora muitos desconheçam, é, portanto, filha legítima da Associação Médica Fluminense e parte integrante do legado desta Casa do Médico e, neste ano em que a AMF comemora o 80º aniversário, celebra os 35 anos de sua fundação. Desta forma, ao parabenizarmos os dirigentes da Associação Médica Fluminense, capitaneados por seu atual presidente, Glauco Barbieri, estendemos o nosso abraço a todos os colegas – de ontem e de hoje –, desejando que o ideal que norteou a construção da Casa do Médico, de congregar toda uma classe, seja definitivamente concretizado. Não esquecendo jamais daqueles que representam a sua história, vivificados nos atos do presente, mas com os olhos sempre voltados para o futuro. * Ex-presidente da Associação Médica Fluminense, presidente a Academia Fluminense de Medicina. Revista AMF AMF Revista cultura Wellington Bruno, cardiologista e diretor científico da AMF Obra: “Ostra feliz não faz pérola” Autor: Rubem Alves Editora: Planeta A escolha de um livro para leitura é uma atitude tão pessoal quanto a escolha de um perfume para uso próprio. A diferença é que o perfume você sente o cheiro na hora da compra ou do recebimento de um frasco de presente; o livro pode até lhe sugerir um tema do qual você goste ou um autor conhecido por outros trabalhos consagrados, mas você muitas vezes descobre se o aprecia ao longo da leitura das primeiras ou muitas páginas depois. Ganhei este livro de presente de um amigo que comprou um exemplar para si e outro para mim porque ouvira falar bem das obras do autor. Pois, fiquei encantado com o livro e seu autor desde as primeiras páginas. Seu autor, o Rubem Alves, é um contador de história com extensa experiência de vida e rica bagagem cultural. É professor emérito da Unicamp, membro da Academia Campinense de Letras e cidadão honorário de Campinas, onde recebeu a medalha Carlos Gomes de contribuição à cultura. Suas histórias contêm ingredientes fundamentais aos seres humanos: sensibilidade, sabedoria, experiência de vida, e ainda nos presenteia com sua erudição. “Ostra feliz não faz pérola” é reunião de diversas crônicas previamente publicadas ao longo de anos. Foram divididas por temas: caleidoscópio (diversas), amor, beleza, crianças, educação, natureza, política, saúde mental, religião,velhice e morte. Inicia com a crônica que dá nome ao livro, defendendo a tese de que os que sofrem produzem a beleza com o intuito de parar de sofrer e cita exemplos como Beethoven, Van Gogh, Cecília Meirelles e Fernado Pessoa entre outros. E quantas vezes nós médicos já vimos isso acontecer não somente na arte propriamente dita, mas 42 - Jul/Set-09 também nas lições da arte de viver oferecidas por nossos pacientes de diferentes idades. Quantas pérolas já recebemos! Há muitas crônicas imperdíveis e entre elas há uma com o título de “Médicos”. Recorda o Dr. Albert Schweitzer e fala de compaixão, ou seja, “sofrer com um outro”. Destaco algumas passagens nas palavras do próprio autor: “E é só porque sofre com o sofrimento dos outros que ele [o médico] se impõe a disciplina de estudar, pesquisar e desenvolver habilidades: para que o outro sofra menos ou deixe de sofrer. A medicina nasceu da compaixão”. E continua: “O que faz um médico não são seus conhecimentos de ciência médica. A ciência médica é algo que lhe é exterior e que ele leva consigo, como se fosse uma valise. Os conhecimentos científicos, qualquer pessoa pode ter. Mas a alma de um médico não se encontra no lugar do saber, mas no lugar do amor”. Há esta e muitas outras crônicas com citações de muitos escritores, músicos e suas obras de forma que você pode anotá-las e procurá-las para conhecê-las melhor. Não é um livro para ser lido de uma só vez,mas um livro para ser degustado como um bom vinho. Eu marquei com caneta ( usei uma seta) minhas crônicas preferidas. Um dia poderei relê-las separadamente com muito prazer. Você lê o livro e sente que fez do autor um amigo sem conhecê-lo pessoalmente. Eu não concordei e não concordo com algumas de suas idéias, principalmente as relacionadas a vestibulares e religião. Contudo, pra ser amigo, você não precisa concordar com tudo. Não é verdade? Até a próxima (leitura), pessoal! Revista AMF agenda cultural Play Vinte anos se passaram desde a estreia do cineasta norteamericano Steven Soderbergh nos cinemas. Em 1989 o filme “sexo, mentiras e videotape”, mostrava relações amorosas conturbadas, traições e depoimentos femininos sobre experiências sexuais gravados em vídeo. Agora, com livre inspiração no filme que ficou conhecido pela sua linguagem inovadora, a peça Play chega ao palco da AMF. E mais uma vez a inovação da linguagem está em foco. Com direção de Ivan Sugahara, o texto é assinado por Rodrigo Nogueira, que também atua no espetáculo ao lado de Maria Maya, Jonas Gadelha e Daniela Galli. O cenário e os figurinos são assinados por Rui Cortez. Temporada: sexta e sábado, dias 4 e 5 de setembro de 2009, às 21h Ingresso R$ 40 (sexta) e R$ 50 (sábado) Classificação etária: 14 anos Teatro Eduardo Kraichete Av. Roberto Silveira, 123 - Icaraí - Niterói - RJ - Tel: (21) 27101549 Descontos - 20% - associados da AMF, médicos cooperados Unimed, patrocinadores das cadeiras do Teatro e assinantes Club JB. 50% - estudantes de ensino fundamental, médio e superior, maiores de 60 anos, menores de 21 anos e portadores de deficiência física. Os descontos só serão concedidos mediante a apresentação de carteira e/ou documento de identificação na entrada do Teatro. www.amf.org.br Coluna da Dra. Odilza Vital Contato com esta coluna: [email protected] Por iniciativa do nosso Presidente Glauco Barbieri em conjunto com a diretoria da AMF, comemoramos no dia 21 de agosto de 2009 os Oitenta Anos da Associação Médica Fluminense com solenidade calorosa e jantar dançante. Em clima festivo foram homenageados todos os ex-presidentes da AMF que permanecem em nosso convívio. Celso Cerqueira recebendo caloroso abraço de Glauco Barbieri. 80 anos AMF Colegas Miguel Angelo D`Elia, Alcir Chacar, Lizardo Lima e Alkamir Issa. Dr. Miguel Angelo D`Elia e sua esposa Ligia. Dr. Lacerda e nosso presidente. O médicos Alkamir Issa, Marcia Rosa, Zander Miranda e Verônica Alcoforado. Luis Fernando presidente do CREMERJ entre George Thomas Henney e Mônica Henney. O congraçamento dos colegas Glauco Barbieri, Celso Cerqueira, Osvaldo Queiroz, Heraldo Victer e Dilson Reis. 44 - Jul/Set - 09 O cerimonial de Sônia Maris confere a palavra ao colega Carlindo Machado. Nosso Secretário de Saúde Alkamir Issa dirige a palavra aos colegas. Revista AMF A turma da Medicina da UFF de 1967 homenageia seus professôres em placa comemorativa. Denise Garcia e Ortência Pinto em evento social no Solar do Jambeiro Alberto Duncar e Beth Orsini em evento Gastronômico. O médico Aparecido Nazar, recebe os amigos e comemora com seus filhos e neta, Luiz Otávio, Beatriz e Rafael, o aniversário de sua bela esposa Maria Carmem. Maria Dourado a grande matriarca comemora em festa de ‘’arromba’’ seus 90 anos. Delva Ione Pinheiro comemora a presidência do Rotary Niterói Norte com Nédio Morcazel Vindo do além mar ainda muito jovem, Orlando Cerveira é uma das personalidades mais queridas da cidade de Niterói quiçá do Estado do Rio. Dotado de extrema elegância e polidez difícil em nossos tempos, merece toda a nossa homenagem. Orlando Cerveira recebe o boton da sua esposa Laura Medalha Tiradentes para Orlando Cerveira Revista AMF Recebendo dos filhos o Diploma. Jul/Set - 09 - 45
Documentos relacionados
pag 03 - Associação Médica Fluminense
Dra. Odilza Vital Dra. Sônia Maris Dr. Wellington Bruno Santos Conselho Deliberativo Membros Natos Alcir Vicente Visela Chacar Alkamir Issa Aloysio Decnop Martins Celso Cerqueira Dias Flávio Abramo...
Leia maisEdição nr. 44 - Associação Médica Fluminense
Conselho Editorial da Revista da AMF Glauco Barbieri Gustavo Campos Felipe Carino Sônia Maris Zagne Wellington Bruno Santos Conselho Deliberativo Membros Natos Alcir Vicente Visela Chacar Alkamir I...
Leia maisaE aind - Associação Médica Fluminense
Dra. Odilza Vital Dra. Sônia Maris Dr. Wellington Bruno Santos Conselho Deliberativo Membros Natos Alcir Vicente Visela Chacar Alkamir Issa Aloysio Decnop Martins Celso Cerqueira Dias Flávio Abramo...
Leia maisacesso - Associação Médica Fluminense
Secretário Geral: Ilza Boeira Fellows Primeiro Secretário: Christina Thereza Machado Bittar Primeiro Tesoureiro: Gustavo Emílio Arcos Campos Segundo Tesoureiro: Hamilton Nunes Figueiredo Diretor Ci...
Leia mais