N seja voc o palha Dessa com ia? O brasileiro acha que tudo

Transcrição

N seja voc o palha Dessa com ia? O brasileiro acha que tudo
N� seja voc�o palha� Dessa com�ia? O brasileiro acha que tudo �engra�do, mas ser�que realmente ajud
Ter, 26 de Novembro de 2013 19:51 - Última atualização Qua, 23 de Abril de 2014 21:13
Não seja você o palhaço Dessa comédia? O brasileiro acha que tudo é engraçado,
mas será que realmente ajuda sempre levar as coisas na brincadeira?
http://sociedademilitar.com.br
O processo vai dar em pizza, juiz Lalau, imagens sacras vestidas com roupas sensuais,
vadias se masturbando com crucifixos, mensalão, petralhas, charges etc.
O processo vai dar em pizza, juiz Lalau, imagens sacras vestidas com roupas sensuais,
vadias se masturbando com crucifixos, mensalão, petralhas, charges etc.
Temos que acabar com isso, há uma tendência exagerada de “ludicizar” (*) o dia-a-dia.
Quanto menos encaramos com seriedade os acontecimentos importantes, mais tendemos a
acreditar que somos meros expectadores e que é normal achar engraçadinho o que de ruim
ocorre no palco do quotidiano brasileiro. Não somos expectadores de uma comédia, na
verdade, queiramos ou não, seremos sempre atores. E como atores sociais, devemos entender
e transmitir os acontecimentos na sua forma original, e permitir-nos as reações adequadas
para cada um deles. A ludicização é extremamente nociva e serve como um tipo de filtro que
dificulta nossa percepção, impede que outras pessoas percebam nossa real indignação e torna
praticamente impossível uma reação à altura do que está ocorrendo no país.
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“Você leva tudo a sério!”. Quem já ouviu essa acusação?
No ano passado, em uma manifestação chamada de parada Gay, algumas imagens
sagradas para a religião católica foram exibidas com vestes e poses sensuais, em volta havia
muita gente sorrindo, dançarinos seminus e gente com trejeitos engraçadinhos. A intenção que
se escondia por traz do ato em si obviamente era ridicularizar o cristianismo.
Se isso fosse realizado de outra forma que não a lúdica, a população católica reagiria com
indignação. Porém, esse sentimento estrategicamente instigado no brasileiro, para que não
reaja com seriedade ao que é imposto com “bom humor”, mais uma vez foi eficaz. Os
organizadores da manifestação debocharam a seu bel prazer da religião católica, e não houve
reação, por parte da justiça, dos fieis e muito menos da igreja. Todos foram ludibriados pelo
lúdico.
O único que ousou reagir publicamente foi um pastor evangélico - Silas Malafaia - contra ele
logo irromperam várias acusações mal-humorado, fundamentalista, incitação ao ódio etc.
Quando nas rodas de amigos dizemos que o processo tal, ou a CPI tal vai dar em pizza, sem
que percebamos, já atenuamos em nossa mente a indignação que aquela situação nos
causaria se fosse usada a maneira correta para descrever o fato. Que seria algo como:
Fizeram um lobby no local tal e decidiram enganar a sociedade abafando o processo. Ou, “os
envolvidos tem muita influencia e usaram o corporativismo para não sofrer as consequências
dos seus atos”. Contudo, como em nossa mente foi introduzida uma única palavra – pizza - o
significado real, mais amplo, se perde no simplismo, e as reações que seriam causadas
também vão junto.
Sutilezas como representar casos sérios com termos engraçados ou distorcer a
representação do real usando “quase-sinônimos” já vêm surtido efeito negativo-minimizador há
algum tempo em nosso país. Por exemplo, trocar invasão por ocupação ou roubo por
expropriação. Em uma sociedade sub-intelectualizada como a nossa esse tipo de artifício tende
a ter mais êxito.
Pelo simples fato de estamos vendo “de dentro” a desconstrução que aqui fazemos pode
soar como algo estranho, desnecessário. Mas DEFINITIVAMENTE não é. As categorias e
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significados, quando desenvolvidos corretamente na linguagem e raciocínio, são sobremaneira
importantes para a condução inteligente do quotidiano de uma sociedade.
Manifestantes comandados pela esquerda usam bastante a cultura lúdica do brasileiro também
para atenuar a reação dos órgãos de segurança. Quando interrompem o direito de ir-e-vir do
restante da população, vandalizam ou “ocupam” alguma instituição pública, quase sempre há
manifestantes aparentemente bem-humorados, com “caras pintadas”, máscaras etc. Dando a
impressão de que é uma manifestação bem humorada, inteligente, “pacífica”. Contudo, quando
impede o direito de ir-e-vir dos outros, ou destrói o patrimônio alheio, uma ação, seja individual,
coletiva, bonitinha ou risonha, jamais poderia ser considerada pacífica.
Temos visto cada vez mais as revistas online, grupos no facebook e sites que se opõem aos
desmandos ocorridos em nosso país representar fatos reprováveis por meio de charges,
caricaturas engraçadas, ou textos com grande pitada de “bom” humor.
Embora a nossa cultura cada vez mais propicie isso, que chamamos aqui de
sub-representação lúdica, acreditamos que na verdade é uma prática nociva e não tão
inteligente quanto aparenta, acaba atenuando as próprias conclusões da sociedade e, por fim,
desestimula o confronto. Quase sempre o ato de rir da "piada" se torna a única
reação. Chegou a hora de representar o dia-a-dia com exatidão e seriedade, de dizer o que
realmente achamos, sem rodeios e maquiagens para “doer menos”. Se você está indignado,
expresse sua indignação com as palavras e gestos certos. Se isso for feito coletivamente será
um grande aditivo para uma mudança real em nosso país.
Por exemplo, se você quer dizer que odeia a proteção que Dilma fornece para Nicolás
Maduro, faça isso de forma bem clara, pode dizer apenas: “Eu odeio a atitude de Dilma em
relação ao presidente da Venezuela”. Isso, de forma coletiva, surtirá muito mais efeito do que
centenas de cartazes complicados e bem humorados postados nas redes sociais.
Enquanto estivermos representando e interpretando com bom humor as situações que
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deveriam gerar em nós sentimentos de grande repulsa e indignação estaremos convergindo
para a falência moral de nosso país, cuja cultura imposta tem cada vez mais a propriedade de
fazer com que transformemos falcatruas em comédias, atores em espectadores e malfeitores
em simples palhaços, sempre nos induzindo a achar graça de nossa própria desgraça.
Robson A.D.S. Escreve para Revista Sociedade Militar - http://sociedademilitar.com.br
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