Neologismos na imprensa digital espanhola

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Neologismos na imprensa digital espanhola
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ANAIS ELETRÔNICOS
ISSN 235709765
NEOLOGISMOS NA IMPRENSA DIGITAL ESPANHOLA
Márcia Rejane de Oliveira (UFRN)1
RESUMO
Os neologismos, termos linguísticos que se incorporam como novidades ao léxico de
uma língua, são umas das provas mais evidentes de que a linguagem é algo que está
em constante evolução. A imprensa, seja ela impressa ou digital, é um dos meios no
qual surgem estas novas palavras e expressões a cada dia, sendo o local onde muitas
vezes também estes mesmos vocábulos se firmam definitivamente no léxico de uma
língua, dada a sua influência social como importante veículo de comunicação. Nosso
trabalho, realizado através de uma pesquisa exaustiva de novas palavras em três dos
jornais de versão digital mais conhecidos da Espanha, durante um período de nove
meses, mostrará quais palavras e em que campos semânticos se enquadram estes
novos termos, além de discutir quais foram os processos de neologia encontrados com
maior frequência. Nossa pesquisa tem como base teórica algumas aportações de
Sánchez Mora (2013) Esteban Asencio (2008) e García Platero (1993). Como
conclusão, veremos que o processo neológico na língua espanhola ocorre através de
várias maneiras (derivação, composição, formação por siglas, etc), além de acolher
também vários termos oriundos da língua inglesa.
Palavras-chave: neologismos, imprensa digital, língua espanhola
Professora adjunta e Coordenadora do Projeto de pesquisa “Neologismos en la prensa digital
española” da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
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Universidade Federal de Campina Grande
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Introdução
Uma das provas mais evidentes de que a linguagem é viva e está em constante
evolução são os neologismos, vozes e termos diversos que se incorporam ao léxico
para denominar às novas realidades que surgem em um mundo de contínuas
mudanças.
O termo neologismo nasce no século XVIII para designar o modo afetado na
maneira de se expressar. Na Espanha, concretamente, o termo passou a ter um
sentido bastante pejorativo por designar todos aqueles vocábulos franceses que
estavam muito de moda e eram do apreço de boa parte das camadas altas da
sociedade. Tão grande foi a preocupação dos mais intelectuais e conservadores da
época, que neste mesmo século foi criada a Real Academia Española, instituição
encarregada de trabalhar em prol do idioma castelhano e no qual seu slogan era
“Limpia, fija y da esplendor”. Poucos anos mais tarde da criação da RAE, foi publicado
o Diccionario de Autoridades, máximo produto de um grupo de senhores cultos que
tinham como grande objetivo preservar o idioma castelhano da avalanche de termos
oriundos de outras línguas.
Será a partir do século XX, anos 70 aproximadamente, que os estudos sobre
neologismos ganham ainda mais destaque e interesses de diversos pesquisadores,
devido ao crescimento em muitas áreas da ciência e da tecnologia, tendo como
resultado disto muitas necessidades denominativas de productos que iam surgindo.
Por esta mesma época também se produz de maneira acelerada a invasão anglicista.
Estados Unidos implanta moda em quase todo o mundo e na Espanha a coisa não é
diferente: vocábulos de origem inglesa penetram na língua espanhola através do
cinema, da ciência, da tecnologia, da literatura e também através do meio jornalístico.
A neologia está muito ligada a duas disciplinas linguísticas que são a lexicologia
e lexicografia. A primeira destas disciplinas, a lexicologia, é a ciência que estuda e
descreve o léxico de uma língua, enquanto a segunda,
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a arte de produzir um
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dicionário. Existem além disto duas classificações bem usuais na literatura relativa aos
neologismos, que os divide em neologismos de forma e neologismos de significado. Os
neologismos de forma se referem àquelas vozes ou expressões jamais documentadas
com anterioridade na língua, enquanto que os neologismos de significado são
considerados os usos novos de termos já existentes neste mesmo idioma. Como
exemplos de neologismos de forma na língua espanhola teríamos 'retuitear', enquanto
poderíamos considerar como neologismo de significado o termo ‘piratas’, que faz
alusão ao tipo de calça comprida bastante de moda que se estende até o tornozelo e
que se chama assim pela semelhança com a vestimenta típica dos antigos piratas.
Neste breve artigo mostraremos algumas das conclusões de um estudo relativo
a um corpus de neologismos encontrados na imprensa digital espanhola.
Consideraremos aqui como neologia alguns dos processos de criação de vozes como
são por exemplo os diferentes tipos de formações de palavras, os estrangeirismos, as
gírias, os jargões, etc. Como objetivo principal, quisemos abordar quais destes
processos neológicos eram os mais frequentes na literatura jornalística deste país,
além de averiguar em quais domínios contextuais eram também mais utilizados (se em
sessões de política, economia, moda, tecnologia, esporte, etc) Utilizamos três dos
jornais em versão digital mais lidos na Espanha, que são o El País, El Mundo e o ABC
como objetos para a nossa análise, sendo que o período de observação dos mesmos e
realização do nosso traballho se deu entre agosto de 2014 a março de 2015.
Em cada uma das webs destes jornais, tentamos averiguar todos os cadernos,
blogs e sessões existentes, que iam desde assuntos como política e economía a outros
tão diversos como tecnologia, esporte, saúde, gastronomía, moda, etc. O jornal El País,
no qual trabalhamos apenas a versão espanhola (este meio conta além do mais com
três versões, uma para os leitores do continente americano, uma para brasileiros e
outra para os leitores catalães), é composto por 10 sessões (Internacional, Opinión,
España, Economía, Ciencia, Tecnología, Cultura, Estilo, Deportes, Televisión), cada uma
delas sub-divididas em blogs e artigos de opinião, além da versão digital também de
alguns cadernos semanais como Babelia, ICON, El viajero, SModa, Buenavida,
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Huffington Post, etc. O jornal El Mundo, ao contrário do El País, contêm 13 sessões que
são respectivamente España, Economía, Internacional, Opinión, Cultura, Toros,
Deportes, Tecnología, Ciencia, Motor, Viajes, Madrid, TV; onde muitas delas também
estão sub-dividida por vários blogs e artigos de opinião, além dos cadernos semanais
LOC, Yodona, Ocholeguas, etc. Já o jornal ABC, o que consta com sede em Madrid (há
uma versão sevilhana também do jornal), é composto por 13 sessões que são
Actualidad, Deportes, Cultura, Viajar, Gente & estilo, TV, Video, Salud, Blogs,
Hemeroteca, Servicios, Tecnología e Cope; onde cada uma também está sub-dividida
em diversas outras sessões menores.
Estes foram na verdade alguns dos objetivos maiores da nossa pesquisa:
-Analisar quais tipos de neologismos são mais comuns na imprensa espanhola
digital.
-Averiguar em que contexto é ou são mais frequentes a aparição destes novos
termos; ou seja, o nosso trabalho se centra em procurar também as áreas onde são
mais comuns o uso destes neologismos, se é por exemplo em textos que dizem
respeito à área da moda ou se em reportagens sobre tecnologia, esportes, etc.
-Analisar se nestes três jornais, que figuram entre os mais lidos na Espanha, o
uso de termos novos é similar entre eles, ou seja, se em cada um o número de palavras
e termos encontrados é bem parecido.
-Averiguar a predominância de palavras e termos oriundos de outros idiomas
nestes jornais.
Por questões de espaço, infelizmente não podemos mostrar neste breve artigo
todas as palavras e termos encontrados, apenas mostraremos alguns dos registros
pesquisados.
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Neologismos no jornal El País: Neste jornal abundam os neologismos de forma,
sendo os de composição, sufixação e termos oriundos do inglês os mais encontrados.
Com o recurso da composição encontramos por exemplo, palavras como eurófobos,
ciberagentes, bocachanclas, etc. O termo Brangelina, que faz referência ao casal
holywoodiano Angelina Jolie e Brad Pitt, também foi encontrado. Outro caso
interessante de termo elaborado através da composição de outros dois é o termo
veroño, que pelo visto é realmente bem recente e faz alusão ao forte calor não muito
comum para uma estação como o outono europeu. Como se pode perceber, o termo
diz respeito a junção dos termos otoño e verano.
-Bocachanclas: “Por ello, establece tres perfiles tipo y comunes de incontinentes
verbales (o bocachanclas) que lo hacen sin premeditación. / Ni Twitter ni un periódico,
oiga. Siempre nos hemos preguntado si detrás de ese bocachanclismo había segundas
intenciones, al igual que hemos escuchado esas disculpas de “se me escapó”, “no me di
cuenta” o lo “hice sin mala intención. (El País Buenavida, 22/08/2014)
-Brangelina: El enlace no resultó ser la ceremonia hiperprivada que todos
esperaban. Fue un festival de tres días con multitud de actos (incluida la llegada a
Venecia, que se hizo al estilo de su espectacular festival de cine), con cambios de ropa,
invitados famosos, photo opportunities y exclusiva vendida a People, Vogue y ¡Hola!
por el método Brangelina.” (Smoda, 26/10/2014)
-Ciberagentes: “Con las informaciones recebidas a través de Twitter, los
ciberagentes realizaron una compleja investigación tecnológica (UIT) de la policía
nacional a nivel internacional.” (El País Sociedad – 02/08/2014)
- Eurófobos: El Parlamento Europeo seguirá funcionando en su lógica habitual.
Los eurófobos ni siquiera han conseguido unirse entre sí, pues es más lo que los separa
que lo que los une. Dábamos cuenta por aquí hace tan sólo unos meses de la boda
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eurófoba de Wilders y Le Pen. Pues bien, a pesar de ese anuncio a bombo y platillo,
estos líderes no pudieron formar grupo y no lograron ponerse de acuerdo con Farage
para integrarse en el suyo.” (El Huffigton Post, 01/11/2014)
Outro termo que não pode deixar de ser mencionado aqui é a palavra Ninis,
que faz alusão aos jovens que por consequência da grave crise financeira da Espanha
não estudam nem trabalham (ni estudian ni trabajan).
-Ninis: La apatía de un ‘nini’. / La vida de muchos jóvenes españoles que se han
quedado atrapados por la crisis transcurre despacio, como si sus días se repitieran en
bucle. Son los ninis, cuyo número ha aumentado con paso firme. El 25% de los jóvenes
españoles de entre 15 y 29 años ni estudia ni trabaja frente al 15% de la media de la
OCDE, según el informe Panorama de la Educación 2014 presentado en septiembre.
España, en este estudio, se sitúa como el país europeo con más ni-nis. (Politica. El País,
04/11/2014)
Embora o caso de sufixação seja mais visto que o de prefixação, podemos
encontrar palavras que apelam a este último recurso como por exemplo
superalimentos. Chama atenção também neste caso de prefixos o registro da palavra
súper, que sendo muito comum na linguagem coloquial, e sendo originada do próprio
prefixo super, passa a denotar o equivalente a supermercado. Caso semelhante ocorre
com a palabra ultra, que oriunda do prefixo ultra, passa a designar a todo aquele
seguidor radical de uma ideologia extremamente conservadora.
-Súper: Ocho cambios en las etiquetas de lo que compramos en el súper
(España, 08/12/2014)
-Ultra: “Tenemos un fenómeno ultra extendido y peligroso” (El País TV,
12/12/2014)
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Na língua espanhola é bem comum haver o processo de lexicalização de siglas,
ou seja, a conversão de uma sigla a um elemento léxico común. Na nossa pesquisa,
encontramos o caso da palavra pecés, com o significado de computadores e originada
da sigla PC. Vemos que o termo passou a sofrer uma variação morfológica própria da
classe de palavras e idioma ao qual pertence:
-Pecés: Al abrir los pecés, los agentes descubrieron que habían sido borrados
todos los datos. Los agentes se llevaron también el disco duro de ambas computadoras
porque existen medios técnicos que permiten extraer toda su información aunque haya
sido eliminada. (El País, Sección España, 25/11/2014)
Já os termos enquadrados no caso da sufixação dignos de mostrar são ivazo,
mayismo, podemólogos. O primeiro termo, ivazo, também é originado de uma sigla,
IVA, assim como o termo pecés citado no parágrafo anterior. O caso dele, porém, é
que vem acompanhado por um sufixo aumentativo, -azo- que concede a ele o
significado de grande tarifa, de um imposto de valor extremamente alto. O termo
mayismo também merece especial destaque, já que faz referência às multitudinárias
manifestações ocorridas no mês de maio de 2015 em quase toda a Espanha e que com
certeza ficarão registradas na história deste país. Quanto a última palavra, também
recente no idioma espanhol, é variação do termo PODEMOS, nome de um novo
partido político surgido no país no ano de 2014.
-Ivazo: Carta a Rajoy contra el ‘ivazo’ cultural (Cultura, 26/11/2014)
-Mayismo: “La última corriente de interpretaciones considera que Podemos ha
sido la válvula de escape expresiva de lo que se cuece en el mayismo, en el movimiento
del 15-M.” (Huffington post, 06/08/2014)
-Podemólogos. Ha surgido así una cantidad ingente de podemólogos, con sus
respectivas hipótesis, teorías y predicciones, esperando que el tiempo y nuevas
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convocatorias electorales las confirmen. En el futuro está siempre el momento de la
verdad de cada afirmación con pretensiones científicas. (Huffington post, 06/08/2014)
Quanto aos termos oriundos de outras línguas, os neologismos encontrados no
jornal El País, como era de se imaginar, são praticamente quase todos de origem
inglesa: fanfiction, app, hashtag, mainstream, photobomb, etc. Chama atenção a
colocação de alguns termos que tem a sua equivalência léxica no español mas que
foram menosprezadas por suas variantes em língua inglesa, como é o caso dos termos:
best sellers, fast fashion, prime time, power couple, showrooners, speaker, streetfood,
etc.
A julgar pelos 61 termos encontrados na nossa pesquisa, poderíamos dizer que
a grande maioria pertence ao modelo de neologismo de forma, já que os únicos
termos considerados neologismos de significado vistos foram blanco, súper e ultra. O
termo blanco, faz alusão a ‘algo que chega a ser o centro das atenções’, enquanto que
o segundo, de um sufixo o termo passou a designar o que conhecemos como
supermercado. Já o termo ultra, de um proceso parecido ao anterior, faz alusão ao
termo ‘ultra radical’, ou seja, o prefixo passa a denominar um termo no qual antes lhe
servia apenas de afixo.
Blanco: “Así lo dio a conocer la actriz Lily James, la nueva Cenicienta, quien para
poder entrar en ese voluminoso vestido azul tuvo que realizar una dieta líquida para
poder soportar el “incómodo” corsé que le ceñía su ya delgada figura, sacrificio que le
ha llevado a ser el blanco de fuertes críticas que apuntan a que su pequeña cintura fue
manipulada digitalmente. (ESTILO, 06/03/2015)
No total dos neologismos de forma, 27 são estrangeirismos, 6 são formados por
prefixação e 6 são formados por sufixação. Outro ponto importante a ser comentado
aqui, é o que diz respeito às fontes nas quais foram encontrados os termos e palavras
em geral: Os diferentes tipos de neologismos foram encontrados em blogs, sessões,
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cadernos, assim como em contextos diversos como blogs de moda, de televisão, de
cultura, etc.
Neologismos no jornal El Mundo:
Começando com os neologismos de composição, nos chama a atenção os
termos compostos ciberguardaespaldas e ciberbullyng, ligados ambos a temática dos
perigos ligados à internet. São de destaque também os termos oroterapia e
narcolanchas, que fazem referência respectivamente às luxuosas lanchas pertencentes
a traficantes e a um tratamento cosmético a base de pó de ouro.
-Ciberbuling: Dieciséis años después de su 'relación inapropiada' con Bill
Clinton, la ex becaria se especializa en 'ciberbulling'. (LOC, 02/11/2014)
-Ciberguardaespaldas: Angelina Jolie y Brad Pitt han contratado 'ciber
guardaespaldas' para sus seis hijos” (LOC, 17/12/2014)
-Narcolanchas: El vuelco de 'narcolanchas' desata una nueva oleada de
'busquimanos' (Andalucía, 02/12/2014)
-Oroterapia: “Oroterapia al poder en Ibiza Pocas islas combinan tan bien el
descaro y el desenfreno con unas vacaciones reparadoras. Para eso está el spa del Ibiza
Gran Hotel, donde su tratamiento de 110 minutos a base de polvos de oro te deja como
nuevo. Por algo ya lo usaba Cleopatra. Lo probamos de pies a cabeza.”
(Ocholeguas.com, 06/08/2014)
Já nos casos de prefixação, é interesante citar o caso da palavra superluna, que
faz referência ao fenômeno ocurrido em dezembro do ano passado em que a lua
aparecia bem maior do que o seu tamanho normal. Outros casos de prefixação
interessantes encontrados foram o de macroquedada e superventas (traducción en
español de la expresión best sellers). Assim como vimos no jornal El País, no El Mundo
também pudemos encontrar o termo súper como sinônimo de supermercado.
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-Superluna: Superluna en Tenerife, una de las fotos más espectaculares de año
(El Mundo Ciencia, 17/12/2014)
-Superventas: Le siguen El gran Gatsby, de Scott Fitzgerald, con un 28,3%, y En
llamas, de Suzanne Collins, con un 43,4%, en una clasificación que cierra El Jilguero, de
Donna Tartt, último premio Pulitzer de literatura. Su índice de lectura es del 98,5%, lo
que significa que los cinco pasajes más subrayados están en las 20 últimas páginas. En
la versión inglesa tiene 775 (1.152 en la española), lo que le podría hacer parecer «el
típico libro que uno lleva consigo para presumir y no acabarlo nunca». Así que, como en
las listas de superventas, las apariencias engañan.” (Expansión.com 05/08/2014)
-Super: La guerra de precios de los 'super' llega también a las redes sociales
(Comunidad Valenciana, 03/09/2014)
No que diz respeito aos termos formados por sufixos, destacamos o de
mourinhista, que faz alusão a todo aquele seguidor ou simpatizante do técnico de
futebol José Mourinho. Esta prática de substantivar uma afição ou ideologia a partir de
um nome próprio na verdade é bem recorrente na imprensa espanhola.
-Mourinhistas: Arbeloa, que ha hecho piña con Xabi Alonso y Diego López, se ha
convertido en el auténtico ídolo de los madridistas más mourinhistas. (LOC,
07/08/2014)
Outro termo interesante encontrado, que bem reflete o período crítico da
economia espanhola, é tijeretazo (oriunda de tijera), que faz alusão aos recortes
realizados pelo governo com o intuito de equilibrar os problemas da crise econômica.
-Tijeretazo: “España aumentará su inversión en el espacio tras el tijeretazo de
2012.”(Sección Ciencia, 02/12/2014)
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Se tratando dos termos oriundos de outras línguas estrangeiras, algumas das
palavras encontradas foram: bullyng, affaire, celebrities, default, front row, glam, must
have, overbooking, photocall, prime time, retail, running, selfie, Smartphone,
showbusiness, Street food, trending topic, selfie, etc. Inclusive, este último termo
parece haver recebido a distinção de “palavra do ano”, segundo comenta o jornalista
responsável por uma matéria escrita neste meio de comunicação no dia 30 de
dezembro de 2014 no caderno El Mundo Cultura (o termo vem escrito como
realmente está registrado aquí, sem a letra –e final)
'Selfi', palabra del año. El fenómeno de las fotos que los ciudadanos se toman a
sí mismos, en general con dispositivos móviles, y que luego suelen compartir en redes
públicas o privadas es la palabra elegida por la Fundación del Español Urgente (El
mundo cultura, 30/12/2014).
Também de origem inglesa e que foi registrada neste jornal durante o nosso
período de busca foi a sigla WAG. O termo faz referência às namoradas e esposas de
jogadores de futebol profissional e vem da expressão inglesa ‘Wifes and Girlfriends’
-WAG:“Andrea Salas la nueva "WAG" del Real Madrid. La esposa del nuevo
guardameta del Madrid, Keylor Navas, es una espectacular modelo” (Deportes,
05/08/2014)
No jornal El Mundo, assim como no El País, foram encontrados neologismos em
diversos contextos e tipologias. Ao total foram 70 neologismos, sendo 6 por
composição, 7 por prefixação, 7 por sufixação e 44 estrangeirismos. A grande maioria
deles são também neologismos de forma, restando apenas 2 neologismos de
significado que são os termos súper e ultra (no sentido de supermercado e adeptos
radicais de uma ideologia).
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Neologismos no JORNAL ABC:
Neste jornal de corte mais conservador e monarquista, também pudemos
encontrar neologismos de diferentes tipologias, embora em um número bem menor
que os demais jornais de versão digital já mencionados. No caso dos neologismos
compostos, encontramos ciberdelincuente, euroescéptico, Londoñistán, etc. O primeiro
termo, está relacionado com a temática de perigo cibernético já visto em palavras
como ciberbullying e ciberagentes. A palabra Londoñistán, resultado da junção de
Londres e Paquistán, faz referência à realidade imigratória da cidade inglesa que nos
dias de hoje é repleta de imigrantes oriundos de países árabes. O termo veroño,
registrado no jornal El País, também foi encontrado neste meio jornalístico:
-ciberdelincuente: “Los investigadores han valorado también otra opción, es
decir, que la red Wifi instalada en la pasada edición de los Premios Emmy resultara
«hackeada», aunque esta hipótesis implicaría que los certificados han sido
comprometidos o que un SSL -«capa de conexión segura», en español- desconocido ha
sido aprovechado por los ciberdelinceuntes (con capacidad para secuestrar un sistema
WiFi) – ABC Tecnología 03/09/2014)
-euroescéptico: Uno de los «categóricamente erróneos» es el euroescéptico
Nigel Farage, el líder de UKIP, el Partido por la Independencia del Reino Unido, que dio
la campanada al ganar las pasadas elecciones europeas.(Actualidad, 13/09/2014)
-Londonistán: “Londonistán: Los coches extraterrestres del petróleo invaden
Knightsbridge mientras se eleva la alerta antiterrorista (Firmas de ABC, 31/08/2014)
-veroño: Adiós al “veroño”: las temperaturas se desplmarán en solo dos
días.(ABC Sociedad, 02/11/2014)
Quanto aos termos formados por sufixos, encontramos também alguns
interessantes como martillazo, calambrazo, pelotazo, hackeada, etc. Se destaca aqui
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no caso de sufixação o termo mourinhista, também encontrado no jornal El Mundo, ou
seja, o de substantivação oriunda de um nome próprio que indica uma ideología ou
afição à uma determinada pessoa.
-calambrazos: Pero sus consejos no se limitan a los «calambrazos», sino que
tambiñen recomienda una hidratación a base de cremas, ponerse el maquillaje
adecuado, o hacer deporte y tomar el sol. (Gente & estilo, 06/08/2014)
-hackeada: Los investigadores han valorado también otra opción, es decir, que
la red Wifi instalada en la pasada edición de los Premios Emmy resultara «hackeada»,
aunque esta hipótesis implicaría que los certificados han sido comprometidos o que un
SSL -«capa de conexión segura», en español- desconocido ha sido aprovechado por los
ciberdelincuentes (con capacidad para secuestrar un sistema WiFi) (ABC Tecnología,
03/09/2014)
-martillazo: Kouka, la modelo que dio el primer martillazo al Muro de Berlín.
(Gente & estilo, 09/11/2014)
Termos oriundos de outras línguas também foram registrados neste jornal,
onde palavras como balconing, celebrities, free lance, phishing, it, etc, foram
encontradas. O último deles, o termo it, vem da expressão it girl, onde é usado em
vários artigos e revistas de moda e que faz referência às blogueiras e pessoas que
inspiram as demais mulheres no modo de vestir-se. O termo selfie também foi
documentado neste jornal, e a julgar pelas várias aparições de registro no período da
nossa pesquisa, diríamos que o termo foi um grande querido dos blogs de moda deste
grande jornal. A sigla WAG, também vista no El Mundo e já comentada neste trabalho,
pôde ser vista no dia 05 de agosto em uma sessão especialiazada em comentar sobre
celebridades e pessoas famosas em geral.
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-WAG: “Andrea Salas (30 años) es la nueva «WAG» merengue. Se casó con
Keylor Navas en 2009 y tienen un hijo en común, Mateo que nació el pasado mes de
marzo. (Gente & estilo, 05/08/2014)
Ao total foram apenas registrados 23 neologismos, sendo 8 estrangeirismos, 6
pelo proceso de composição, 1 neologismo formado por prefixação e 6 por sufixação.
Nenhum dos termos encontrados pode se considerar neologismo de significado.
BREVES CONCLUSÕES:
Considerando o número total de neologismos encontrados nos três jornais
analisados, poderíamos supor que o último deles, o ABC, é bem mais cauteloso na hora
de utilizar termos novos que os demais meios jornalísticos. Quanto ao contexto em
que foram encontradas estas palavras de uso novo, vemos que são amplas as fontes, já
que em todos os jornais pudemos encontrar neologismos em blogs, reportagens e
textos diversos relativos a matérias de moda, esporte, tecnologias, sociedade, etc.
Outro detalhe importante, o número de palavras estrangeiras encontradas
nestes jornais, é realmente surpreendente: O jornal El Mundo é bem mais adepto à
abertura de palavras oriundas do inglês que os seus concorrentes, sendo que a
diferença entre ele e o ABC, por citar como exemplo, é bem chamativa: 44 termos
encontrados no EL Mundo e 8 no ABC. Nos três jornais também é explícita a
predominância de neologismos de forma aos de significado, sendo que deste último
tipo foram poucos os casos encontrados.
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Referências
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Española 8. Madrid: Arco Libros S.L, 2012.
Bajo Pérez, Elena. La derivación nominal en español. Cuadernos de Lengua Española
Madrid: Arco Libros, 1997.
Esteban Asencio, Laura. “Neologismos y prensa” In: Anmal Electrónica 25, 2008. ISSN:
1697-4239, pags. 145-165.
García Platero, Juan Manuel “Los neologismos por derivación y composición en el
lenguaje periodístico” In Verba. Anuario Galego de Filoloxia. ISSN 0210-377X, Nº 20,
1993, págs. 413-423
Gómez Capuz, Juan. La inmigración léxica. Cuadernos de Lengua Española 84. Madrid:
Arco Libros S.L, 2005.
Martínez de Sousa, José. Manual básico de lexicografía. Gijón: Ediciones Trea, 2009.
Sánchez Mora, Ana María. (org). María Moliner. Neologismos del español actual.
Madrid: Editorial Gredos, 2013.
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