GNR, Delfins, Ala, Bandemónio
Transcrição
GNR, Delfins, Ala, Bandemónio
Vídeo Maria Letra e música: ? Intérprete: GNR GNR, Delfins, Ala, Bandemónio Fernando Mendes, Carla Fernandes Tarde de chuva, a península inteira a chorar Entro numa igreja fria com um círio cintilante Sentada, imóvel, fumando em frente ao altar Silhueta, esboço, a esfinge de um anjo fumegante Arquivo de letras de música 28 de Janeiro de 2002 Há em mim um profano desejo a crescer Sinto a língua morta e o latim vai mudar Os santos do altar devem tentar compreender O que ela faz aqui fumando Estará a meditar? Ai, ui, atirem-me água benta Ajoelho-me, benzo-me, arrependo-me, esconjuro-a Atirem-me água fria Por ela assalto a caixa de esmolas Atirem-me água benta Com ela eu desço ao inferno de Dante Atirem-me água fria Ai, ui, atirem-me água benta Por parecer latina suponho que o nome dela É Maria É casta, eu sei, se é virgem ou não depende Da nossa fantasia Por parecer latina calculo que o nome dela É Maria É casta, eu sei, se é virgem ou não depende Da nossa fantasia 44 1 Conteúdo 1991 . . . . . . . . . . . . . . . A história do Zé Passarinho . . . A Menina e os valetes . . . . . . Ao passar um navio . . . . . . . Ao soldado desconhecido . . . . Aquele Inverno . . . . . . . . . Bellevue . . . . . . . . . . . . . Cais . . . . . . . . . . . . . . . Cerimónias . . . . . . . . . . . Choque frontal . . . . . . . . . Dá fundo . . . . . . . . . . . . . Dama ou tigre . . . . . . . . . . Dunas . . . . . . . . . . . . . . Efectivamente . . . . . . . . . . Falha humana . . . . . . . . . . Há dias em que mais vale... . . . Impressões digitais . . . . . . . Jardim d’Alá-Walkin’ . . . . . . Loucos de Lisboa . . . . . . . . Marcha dos desalinhados . . . . Morte ao sol . . . . . . . . . . . Motor . . . . . . . . . . . . . . Nova gente . . . . . . . . . . . O cantor de serviço . . . . . . . O paciente . . . . . . . . . . . . O troca pingas . . . . . . . . . . Pós modernos . . . . . . . . . . Pronúnicia do Norte . . . . . . . Se eu fosse um dia o teu olhar . Sou como um rio . . . . . . . . To miss . . . . . . . . . . . . . Tudo o que eu te dou . . . . . . (Um chamado) Desejo eléctrico . Valsa dos detectives . . . . . . . Viagens . . . . . . . . . . . . . Vídeo Maria . . . . . . . . . . . 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 4 6 7 8 9 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 33 34 35 37 38 39 40 41 42 44 pedras e praias e o ceu a bailar C os corpos que fogem do chao Eb Ab Eb E voas sobre o mar com as asas que eu te dou Ab Eb e dizes-me a cantar: ’e’ assim que eu sou’ Ab e olhar para ti e ver o que eu vejo Eb e olhar-te nos olhos com olhares de desejo Ab e olhar para ti e ver o que eu vejo Fm e olhar-te nos olhos com olhares de desejo Bb eu nao tenho nada mais para te dar C# Ab esta vida sao dois dias e um e’ para acordar Fm das historias de encantar C# das historias de encantar [solo saxofone] [termina com:] C 43 Viagens 1991 Letra e música: Pedro Abrunhosa Intérprete: Bandemónio Letra: Rui Reininho Intérprete: GNR In: ’Valsa dos Detectives’,GNR Bruno Charola Carlos Ilharco C F Bb C (2x) C F Bb C (2x com saxofone) C F Já vai alta a noite, vejo o negro do ceu Bb C Deitado na areia o teu corpo e o meu F viajo com as maos por entre as montanhas e os rios Bb C e sinto nos meus lábios os teus doces e frios Eb Ab Eb E voas sobre o mar, com as asas que eu te dou Ab Eb E dizes-me a cantar: ’e’ assim que eu sou’ Ab E olhar para ti, e ver o que eu vejo Eb olhar-te nos olhos com olhares de desejo Ab E olhar para ti e ver o que eu vejo Fm olhar-te nos olhos com olhares de desejo Bb Eu nao tenho nada mais para te dar C# esta vida sao dois dias Ab e um e’ para acordar Fm das historias de encantar C# das historias de encantar Modos perto óleo que arde peças móveis Tempos modos certo olho e choro cal viva queima Os tempos e altera os modos arde aqui tão perto torna-nos peças móveis Tiros invejas ciúmes cabeças que rolam que roubaram ossos nossos Virada a ampulheta a areia ficou tão vidrada Que tempos quem altera os modos arde aqui tão perto torna-nos peças m Invertendo o passado vivendo o futuro pensou-se o presente apostar segu Seguindo o presente passado obscuro vazio de areia talvez um furo Vazou caiu virou? Tempos modos e costumes Hábitos sedentos alucinam em 91 Virada a ampulheta a areia tombou brilhou vidrou (nudou?) (solo saxofone) C F Bb C (2x com saxofone) C Viagens que se perdem no tempo F viagens sem principio nem fim Bb beijos entregues ao vento C e amor em mares de cetim gestos que riscam o ar F e olhares que trazem solidao Bb 42 3 A história do Zé Passarinho Valsa dos detectives Música: João Gil Letra: João Monge Intérprete: Ala dos Namorados In: Ala dos Namorados ’Por Minha Dama’, 1995 Música: Tóli César Machado Letra: Rui Reininho Intérprete: GNR In: ’Valsa dos Detectives’,GNR Victor Almeida Carlos Ilharco Pala saída que tem Da vadiagem alguém Chamou-lhe o Zé Passarinho Fala em verso e as mulheres Ao fim de duas colheres Leva-as no bico p’ró ninho Tem medo do escuro tal criança sem futuro è falso velhaco cobarde armado em duro Vai pelo mundo guiado pela mão Até depois de morto dá 1 volta no caixão Treme e vacila nem na cama está seguro Teme que alguém o chame geme sofre de medo puro Sabe os fados do Alfredo Rima que até mete medo Nesta função é doutor Tem os tiques de fadista Mão no bolso, lenço e risca ’Baixem a luz por favor!’ Evita o olhar dos mortais que o rodeiam Esconde-se em mentiras que mesquinhas serpenteiam É só paranóia mania da perseguição Desconfia de todos resulta da sua traição Uma triste noite ao frio Cantava-se ao desafio Para aquecer as paixões Quando um estranho se levanta Para mostrar como se canta Faz-se à Rosa dos Limões O povo ficou sentido Com aquele destemido ... morrer engasgado! Palavra puxa palavra Desata tudo à estalada Com o posto ali ao lado Nem foi preciso a carrinha Tudo na sua perninha Numa linda procissão Das perguntas com carinho Ficou preso o Passarinho Só para investigação Nasce o dia atrás da Sé E ninguém arreda pé Nem por dó, nem por esmola O povo ficou sentado Para ouvir cantar o fado Passarinho na gaiola 4 41 (Um chamado) Desejo eléctrico Música: Zezé Garcia Letra: Rui Reininho Intérprete: GNR In: ’Valsa dos Detectives’,GNR Carlos Ilharco Ter uma irmã uma companhia real ou fantasia Alguém como eu e tão diferente como quem rasga um véu Ser como ela e por dentro quente Ser dois corpos alguém ausente Ter que ser velho e como um bebé sonhar dormir de pé Pago um preço ofereço um berço onde já estive doente Pago um preço ofereço um brinquedo que embalei dolente Ser como ela e por dentro quente Ser dois corpos presente Pago um preço dou um sorriso Pago um preço o meu primeiro dente Qual é o teu preço brinca comigo (fica comigo) Qualquer preço recordações da avó E pago o teu preço Qual é p teu preço Não te mereço Qualquer preço Recordações em pó 40 5 A Menina e os valetes Tudo o que eu te dou Música: Manuel Paulo Letra: João Monge Intérprete: Ala dos Namorados In: ’Ala dos Namorados’, 1994 Letra e música: Pedro Abrunhosa; Bandemónio Victor Almeida Eu não sei, que mais posso ser um dia rei, outro dia sem comer por vezes forte, coragem de leão as vezes fraco assim i o coração eu não sei, que mais te posso dar um dia jóias noutro dia o luar gritos de dor, gritos de prazer que um homem também chora quando assim tem de ser Vinham do fundo da noite Vinham de trás do luar Em cavalinhos com asas Vinham para te matar Em formação dois a dois Uns de luto carregado E logo atrás outros dois Do mais brilhante encarnado [email protected] (Alfredo Domingues) (jeito de jj) Foram tantas as noites sem dormir tantos quartos de hotel amar i partir promessas perdidas escritas no ar e logo ali eu sei... E tu fugias, fugias Da sombra deles no chão De capa ao vento pareciam Muito maiores do que são Um queria o mealheiro Outro o teu coração Com paus o mais desordeiro De espada o maior vilão Tudo o que eu te dou tu de das a mim tudo o que eu sonhei tu serás assim tudo o que eu te dou tu me das a mim tudo o que eu te dou No fim do bosque uma luz Que até parece dizer Corre, corre menina Nunca pares de correr Sentado na poltrona, beijas-me a pele morena fazes aqueles truques que, aprendes-te no cinema +, pego-te eu, já me sinto a viajar para, recomeça, faz-me acreditar Era a tua salvação O poço da eternidade Lá não caem os bandidos Por não haver gravidade No meio de estrelas te lanças Numa espiral de algodão Os valentes são lembranças D’uma outra dimensão De mansinho vais pousando Ao som de uma voz que chama É a tua mãe chamando À beira da tua cama 6 Não dizes tu, e o teu olhar mentiu enrolados pelo chão no abraço que se viu i madrugada ou i alucinação estrelas de mil cores extasy ou paixão hum, esse odor, traz tanta saudade mata-me de amor ou da-me liberdade deixa-me voar, cantar, adormecer refrão 39 To miss Ao passar um navio Música: Rui Reininho; A. Soares; Tóli César Machado; Jorge Romão Letra: Rui Reininho Intérprete: GNR In: ’Psicopátria’, GNR 1986 Letra e música: Miguel Ângelo; Fernando Cunha Intérprete: Delfins Carlos Ilharco To Miss Missing Miss Miss Margarina Miss Banlieu Miss Coitus Interruptus Shine Shine Shine Shine Diva Divine Deep Diva Divine Miss Top Less Head Miss Top Hat Mss Slow Train Coming Miss Garage Band Miss Colonia Miss Mid-West Miss Far From-Home Miss Crazy Head Miss Flamenco Miss Fado & Flamengo Missing Miss miss Jamaica Miss EL-AL Missing Mistery Girl Deviation Divine The Diva Shines Hugo Dias Todas as vozes de todos os mundos devem cantar para sempre assim e cedo passa a hora e o sonho que tarda e essa voz que chora é só porque sabe... que ao passar um navio fica o mar sempre igual ao passar uma vida fica o sonho sempre igual todas as vezes em todos os mundos devia amar-te para sempre assim e loge vai a hora e o sonho que tarda e essa voz que chora é só porque sabe... que ao passar um navio fica o mar sempre igual ao passar uma vida fica o sonho sempre igual vou passar um navio ver o mar sempre igual vou gastando uma vida que o meu sonho é sempre igual! 38 7 Ao soldado desconhecido Sou como um rio Música: Tóli César Machado; Jorge Romão Letra: Rui Reininho Intérprete: GNR In: ’Psicopátria’, GNR 1986 Letra e música: Miguel Ângelo; Fernando Cunha Intérprete: Delfins Victor Almeida Diz-me se és o meu reflexo, Oh fonte vulgar Diz-me onde esconder a arma que eu soube enferrujar Castro com castro edificas, eu castro o gesto a que incitas Estátua de orgulho gelada sobre esta água parada O vento de amanhã quando soprar desagregará o tempo presente A memória da batalha clássica foi-se, a bandeira ser-me-à indiferente Vim para devolver as cidades aos intoxicados da terra Será nos gabinetes que se ditará a nova guerra Sempre que fui combater rastejei pelo chão Onde nem a beladona cresce tocando o musgo com a mão Descarnado de alma, mas mantendo a calma Dilacerado esforço em vão O esforço de amanhã esfuma os viciados do controle O cheiro a carne assada humana será uma recordação Nem mais um soldado anónimo dormirá neste caixão Sonhando arrogante com o nome da sua batalha final Hugo Dias Eu sempre gostei de ti eu sempre te conheci nunca pensei que me deixasses só eu sempre te procurei eu nunca te abandonei nunca pensei que me deixasses só sou como um rio que vive só para ti correndo só para te ver sou como um rio que acaba ao pé de ti foi sempre assim gostar de ti porquê que tudo acabou o que é que para ti mudou e agora tenho de viver sem ti sou como um rio que vive só para ti correndo só para te ver sou como um rio que acaba ao pé de ti foi sempre assim gostar de ti foi sempre assim gostar de ti 8 37 Pede-me a paz Dou-te o mundo Louco, livre assim sou eu (Um pouco mais...) Solta-te a voz lá do fundo, Grita, mostra-me a cor do céu. Aquele Inverno Letra e música: Miguel Ângelo; Fernando Cunha Intérprete: Delfins; Resistência Hugo Dias G Há sempre um piano Se eu fosse um dia o teu olhar, E tu as minhas mãos também, Se eu fosse um dia o respirar E tu perfume de ninguém. Se eu fosse um dia o teu olhar, E tu as minhas mãos também, Se eu fosse um dia o respirar E tu perfume de ninguém. C um piano selvagem G que nos gela o coração D e nos trás a imagem am daquele inverno C naquele inferno Há sempre a lembrança de um olhar a sangrar de um soldado perdido em terras do Ultramar por obrigação aquela missão G D C am Combater a selva sem saber porquê G D C e sentir o inferno a matar alguém G D e quem regressou G D guarda sensação Am que lutou numa guerra sem razão... G sem razão... sem razão... Há sempre a palavra a palavra ’nação’ os chefes trazem e usam pra esconder a razão da sua vontade aquela verdade E para eles aquele inverno será sempre o mesmo inferno que ninguém poderá esquecer ter que matar ou morrer ao sabor do vento naquele tormento Perguntei ao céu: será sempre assim? poderá o inverno nunca ter um fim? não sei responder só talvez lembrar 36 9 D am o que alguém que voltou a veio contar... recordar... recordar... Aquele Inverno Se eu fosse um dia o teu olhar Letra e música: Pedro Abrunhos Intérprete: Bandemónio In: Tempo Nuno Frio, o mar Por entre o corpo Fraco de lutar. Quente, O chão Onde te estendo E te levo a razão. Longa a noite E só o sol Quebra o silêncio, Madrugada de cristal. Leve, lento, nu, fiel E este vento Que te navega na pele. Pede-me a paz Dou-te o mundo Louco, livre assim sou eu (Um pouco mais...) Solta-te a voz lá do fundo, Grita, mostra-me a cor do céu. Se eu fosse um dia o teu olhar, E tu as minhas mãos também, Se eu fosse um dia o respirar E tu perfume de ninguém. Se eu fosse um dia o teu olhar, E tu as minhas mãos também, Se eu fosse um dia o respirar E tu perfume de ninguém. Sangue, Ardente, Fermenta e torna aos Dedos de papel. Luz, Dormente, Suavemente pinta o teu rosto a pincel. Largo a espera, E sigo o sul, Perco a quimera Meu anjo azul. Fica, forte, sê amada, Quero que saibas Que ainda não te disse nada. 10 35 Pronúnicia do Norte Bellevue Música: Tóli César Machado Letra: Rui Reininho Intérprete: GNR; Isabel Silvestre In: ’rock in rio Douro’, 1992 Música: Tóli César Machado; Jorge Romão Letra: Rui Reininho Intérprete: GNR In: ’Psicopátria’, GNR 1986 A. Guimarães Victor Almeida Há um prenúncio de morte Lá do fundo de onde eu venho Os antigos chamam-lhe renho Novos ricos são má sorte ’leve levemente como quem chama por mim’ Fundido na bruma no nevoeiro sem fim É a pronúncia do Norte Os tontos chamam-lhe torpe Uma ideia brilhante cintila no escuro Um odor a tensão do medo puro Salto o muro, cuidado com o cão Vejo onde ponho o pé, iço-me a mão Hemisfério fraco outro forte Meio-dia não sejas triste A bússula não sei se existe E o plano talvez aborte Encosto ao vidro um anel de brilhantes É de fancaria a fingir diamantes Salto a janela com muita atenção Ponho-me à escuta, bate-me o coração Nem guerra, bairro ou corte É a pronúncia do Norte Sabem que me escondo na Bellevue Ninguém comparece ao meu rendez-vous Não tenho barqueiro nem hei-de remar Procuro caminhos novos para andar Tolheste os ramos onde pousavam Da Geada as pérolas as fontes secaram Porta atrás porta pelo corredor O foco de luz no ultimo estertor Corre um rio para o mar E há um prenúncio de morte No espelho um esgar, um sorriso cruel Atrás da ultima porta a cama de dossel E as teias que vidram nas janelas esperam um barco pareceido com elas Não tenho barqueiro nem hei-de remar Procuro caminhos novos para andar Salto para cima experimento o colchão Onde era sangue é só solidão E É a pronúncia do Norte Corre um rio para o mar Os meus amigos enterrados no jardim E agora mais ninguém confia em mim Era só para brincar ao cinema negro Os corpos no lago eram de gente no desemprego 34 11 Cais Pós modernos Letra e música: ? Intérprete: GNR Música: Rui Reininho; A. Soares; Tóli César Machado; Jorge Romão Letra: Rui Reininho Intérprete: GNR In: ’Psicopátria’, GNR 1986 Kim Moreira [G] Quando um bar[D]co tem pés para nadar [Em] [C] [E] as on[D]das só vêm cha[G]tear [Em] Lá do fun[D]do do mar imun[G]do imenso sais [C] [Em] Oh! Neptu[D]no e as tuas se[G]reias sensuais [C] e vendes o cais[D] Quando o barco se está para afundar E só esses ratos não o quiserem abandonar Quando a maré negra chegar E não houver ninguém para o crude limpar Se o pesca[G]do morre ao lado [D] se ainda se a[Em]ma o mar salgado ent[C]ão é ver [D] no cinema se ainda [G] há lodo no cais se o mercado impera e somos todos iguais muito cuidado quando escorregas sempre cais se o mercado emperra e vais sempre longe demais demais atenção cuidado voltas ao cais 12 Carlos Ilharco ...Depois da V2 DDT PBX Ketchup K/7 Kleenex Kitchnet Duplex Twist again colourfull wonderfull Chegou o T2-T4 c/garagem pró P2 turbo sound disco sound discussão? Video-Club joy stick midi high-tech squash & sauna Compact D (compre aqui?)... Ser Mãe era a aspiração natural de todo o homem moderno ser o melhor é normal para os novos pobres deste colégio interno ter medo é a pulsão fundamental do criador & artista estar sóbrio é continuar permanecer positivista —E dantes as máquinas estavam sempre a avariar.... Mas com uns pós modernos nada complicados sentimo-nos realizados Ah! Os pós modernos agarram a angústia e fazem dela uma outra indústria com os pós modernos nunca ganhamos mas tambem nada investimos 33 Cerimónias Música: Tóli César Machado; Jorge Romão Letra: Rui Reininho Intérprete: GNR In: ’Psicopátria’, GNR 1986 Carlos Ilharco Então. Sempre ouvi dizer a vida a dois é um osso duro de roer e de enterrar e esgravatar para cheirar e confirmar o lugar o asilo o lar doce lar excepção feita aos onanistas só ligam ás fotos das revistas Tu lavas eu limpo tu sonhas eu durmo tu branco e eu tinto tu sabes eu invento tu calas eu minto arrumas e eu rego retocas eu pinto cozinhamos para três tu mordes eu trinco detestas eu gosto magoas eu brinco Criámos sob um tecto um monstro de mutismo e o tédio escorre das paredes como num túmulo para alugar para habitar inventamos maldades por puro exibicionismo suportamo-nos apenas por diletantismo discussões de mercearia só apagamos a luz ao nascer dum novo dia -mas se me morres eu sinto- 32 13 Choque frontal O troca pingas Música: Rui Reininho; A. Soares; Tóli César Machado; Jorge Ramos Letra: Rui Reininho Intérprete: GNR In: ’Psicopátria’, GNR 1986 Música: Manuel Paulo Letra: João Monge Intérprete: Ala dos Namorados In: ’Ala dos Namorados’ (1994) Victor Almeida Carlos Ilharco 50-60-70-80-90-À HORA 90 à decada vamos embora vamos embora! São as distrações que levam ao choque frontal a es insinceridades levam ao choque frontal as pequenas crueldades incitam ao nosso choque frontal o tráfego nas cidades leva ao choque frontal a tua presença OH Mana! Reflecte-se no satélite inchado nos sulcos do viaduto. Nessas unhas de verniz negro brilhando nos lábios cereja cristalizada as dissimulações implicam o choque frontal as nossas prestações conduzem ao choque frontal orgulhosa cabeça apostada para trás em fulvos cabelos por certo artificiais fui cuspido trucidado incenerado amalgamado entre garras de metal como novo rodado amortecido travado mal conduzido vistoriado até ao choque frontal Ao petisco era branquinho (tinha as suas opções) Tinto as outras refeições Agora anda mais liberto Porque só bebe palheto Tinha as suas opções Ia sempre a Almameda Apoiar o Sindicato. Agora anda de fato, Que esta vida não comporta Bandeiras atrás da porta Apoiar o Sindicato Diz que agora esta melhor Arranjou um bom emprego Já não tem nada no prego E pensa tirar até Um curso da CEE. Arranjou um bom emprego. Se há gente que anda com galo E não ganha p’ro bitoque Pode ser que não lhe toque ’- Deus e pai e não se esquece Quem não luta não merece E não ganha p’ro bitoque!’ Antes tinha um capacete Pejado de autocolantes Mas isso... era dantes. Agora tem outros usos, Um carro pago aos soluços Pejado de autocolantes Vai deixar-se de palheto E passar a laranjada, A tasca vai ser mudada Para servir em pratinhos Com saladas e bolinhos E passar a laranjada. 14 31 O paciente Dá fundo Música: Tóli César Machado; Jorge Romão Letra: Rui Reininho Intérprete: GNR In: ’Psicopátria’, GNR 1986 Música: Tóli César Machado; Jorge Romão Letra: Rui Reininho Intérprete: GNR In: ’Psicopátria’, GNR 1986 Carlos Ilharco Carlos Ilharco Receito-lhe o mar e o campo enfim que pare de beber isso de ver baratas tamanhas e outros insectos a mexer... não é por certo hereditário nem tem a ver com a educação relaciona-se com esse péssimo hábito de estar com um copo na mão daí tornar-se violente e chegar mesmo a acreditar que os extraterrestres existem, que os mortos podem voltar Boa Noite. Foi o especial fraudes e fiascos eis o nosso indicativo musical passa a tarde na cantina vamos para a piscina PA-PA-PA PA PA PÁ PÁ PISCINA -síncope mental -colapso cardíaco -esconda a tensão arterial -frustaçãozita acidental (todos) -um mal estar geral POM POM PA/PA PAUM PAUM PÁ PISCINA VAMOS PÁ PISCINA PAUM PA PA PA PA PA PAUM PÁ PISCINA PA-PA PA /PÁ PÁ PA PAPA PAOUM PÁ PISCINA Na vida há quem se afogue na pura paixão ou na fé mas a posição mais complicada é beber e continuar de pé é uma situação poética filosófica ou política é confundir a arca do dilúvio com uma pipa apocalíptica 30 ETC... 15 Dama ou tigre O cantor de serviço Música: Jorge Romão Letra: Rui Reininho Intérprete: GNR In: ’Valsa dos Detectives’,GNR Música: Manuel Paulo Letra: João Monge Intérprete: Ala dos Namorados In: ’Por minha dama’, 1975 Carlos Ilharco Victor Almeida Inventar um jogo divertido e letal Consta de sete portas por abrir do bem e do mal Vêm de veludo encarnado No andar um mistério qualquer Nem discreto, nem ousado O rosto bem aparado Com sapatos de mulher Por trás de cada porta há um só destino Usa-se intuição e acaso e a inspiração do divino Ao abrir a porta ao escolher a sorte Sai ou dama o tigre sai amor ou morte Mas no mundo moderno o destino é vago Ou sai dama da selva por explorar ou tigre de Chicago Por trás de cada porta reina pr’a eternidade A sedução um mimo veneno e crueldade Tudo é fogo, tudo é mar Quando as luzes mudam de cor Tudo cabe no mesmo lugar Sortilégios do cantor Podem pedir canções Eu faço por cantar Escolham as ilusões Nada mais posso dar Sobem de tom as cantigas A orquestra por trás a puxar São as grandes avenidas Onde se vive outras vidas A navegar, a navegar Tudo é sagrado e profano Esta noite o encontro é total Neste palco, mano a mano Até ao compasso final Podem pedir canções Eu faço por cantar Escolham as ilusões Nada mais posso dar 16 29 Nova gente Dunas Música: Tóli César Machado; Jorge Ramos Letra: Rui Reininho Intérprete: GNR In: ’Psicopátria’, GNR 1986 Letra e música: GNR(?) Intérprete: GNR Carlos Ilharco Helder Carvalho (jeito de jj) G Vivo numa ilha sem sabor tropical a fauna é variada demografia acidental não é de origem elevada díficil de recensear é mais que uma ilha é quase continental não está cercada por água mas não faz mal quem a rodeia por vezes é a força policial Em C D G Em Dunas são como divãs C biombos indiscretos de alcatrão sujos D rasgados por cactos e hortelã G Em deitados nas dunas alheios a tudo C Baby Doc ou Papa Doc nunca vi nem qualquer ditador da America Central cá não há candidato á autarquia local só orgulho analfabeto mas com cultura geral é tudo a mesma fruta a mesma caldeirada é uma gente educada é a anarquia total vivo numa ilha sem sabor tropical não é de origem vulcânica mas tem lama no Natal não há saneamente básico é o Bairro Oriental olhos penetrantes D pensamentos lavados G Em Bebemos dos lábios refrescos gelados C selamos segredos D saltamos rochedos G Em em câmara lenta como na tv C D palavras a mais na idade dos porquês Dunas como são divãs quem nos visse deitados cabelos molhados bastante enrolados sacos-cama salgados nas dunas roendo maçãs a ver garrafas d’óleo boiando vazias nas ondas da manhã 28 17 Efectivamente Motor Música: Tóli César Machado; Jorge Romão Letra: Rui Reininho Intérprete: GNR In: ’Psicopátria’, GNR 1986 Música: Tóli César Machado Letra: Rui Reininho Intérprete: GNR In: ’Mosquito’, 1998 Carlos Ilharco Victor Almeida Adoro o campo, as árvores, as flores jarros e perpétuos amores que fiquem perto da esplanada de um bar com os pássaros estúpidos a esvoaçar Sentir ciume do sucesso é normal Ter uma cara uma ideia estúpida Impressa no jornal Sentir ciume do teu novo visual Ser fashion victim vender uma imagem Mesmo que fique mal adoro as pulgas dos cães todos os bichos do mato o riso das crianças dos outros cágados de pernas para o ar Tudo o que dizes é interessante Ninguém se esquece nem o elefante efectivamente escuto as conversas importantes ou ambíguas aparentemente sem moralizar adoro as pegas e os pederastas que passam (finjo nem reparar) na atitude tão clara e tão óbvia de quem anda a engatar adoro esses ratos de esgoto que disfarçam ao dealar como se fossem mafiosos convictos habituados a controlar efectivamente gosto de aparências imponentes ou equívocas aparentemente sem moralizar Sentir ciume de quem é bestial Ter ao telefone opinião exclusiva sobre sexo oral Sentir ciume sei lá! É fatal Ter 1 cachet passar um recibo por ir ao telejornal Tudo o que pensas é elegante Tudo o que fazes vende bastante É dar a cara está na hora A vida é cara Língua de fora Pintar a cara Aqui e agora Tralalarara Vamos embora Tudo o que vestes É elegante Ninguém se esquece Nem o elefante Salta da cama Vamos embora Ficou a fama Vá lá não chora 18 27 Morte ao sol Falha humana Música: Tóli César Machado Letra: Rui Reininho Intérprete: GNR In: ’Valsa dos Detectives’,GNR Música: Jorge Romão; Remy Walter; Zezé Garcia Letra: Rui Reininho Intérprete: GNR In: ’Valsa dos Detectives’,GNR Carlos Ilharco Carlos Ilharco Felizmente que a noite sai Ainda bem que há nevoa por ai Estou contente se a luz se esvai E uma sombra invade este lugar Psicadélico civilizado ele encontrou um rocker cru Falaram c/punk importado e tentaram criar um blue Só ouviam rádios livres ate´deixaram de estudar Deram á luz um Frankenstein que ninguém pode controlar Se um amanhã perdido for metamorfose de horror O parto foi na garagem o bastardo mal sabe andar As trevas não vão demorar estou contente se a luz se esvai Se o céu se fecha sobre nós desprende-se-me uma voz rouca Se o amanhã perdido for overdose de pavor Um cantava todo bêbado outro tocava todo nu Eles fingiam que gostavam Se a letra era ’I love you’ Directa sim eu declaro morte so Sol Directa não e a quem o apoiar Ai vêm a luz Se começou na garagem sei que não vai acabar É uma espécie de viagem que pára em tudo o que é bar Se o céu não fecha já sobre nós Revela-se esta imagem atroz Falha humana Foi falha do Criador 26 19 Há dias em que mais vale... Marcha dos desalinhados Música: Manuel Paulo Letra: João Monge Intérprete: Ala dos Namorados In: ’Alma’ (1996) Letra e música: Miguel Ângelo; Fernando Cunha Intérprete: Delfins In: ’Desalinhados’ Hugo Dias Victor Almeida Há dias Em que não cabes na pele Com que andas Parece comprada em segunda mão Um pouco curta nas mangas Há dias Em que cada passo e mais um Castigo de Deus Parece Que os sapatos que vês Enfiados nos pés Nem sequer são os teus Eu não quero estar parado fico velho vou marchar até ao fim isolado nesta marcha solitária dou o corpo, ao avançar neste campo aberto ao céu ninguém sabe para onde eu vou ninguém manda em quem eu sou sem cor nem deus nem fado eu estou desalinhado A noite voltas a casa Ao porto seguro E p’ra sarar mais esta corrida Vais lamber a ferida Para o canto mais escuro por tudo o que eu lutei ser sincero? por tanto que arrisquei ainda espero ... Já vi Há dias em que tu não cabes em ti esta marcha imaginária quantas baixas vai deixar neste sonho desperto? Avança Na cara desse torpor Que te perde e te seduz A espada como a um Matador Com o gesto maior Do seu peito Andaluz Avança Com a raiva que sentes Quando rangem os dentes Ao peso da cruz Enfim, Há dias em que eu Também estou assim Parece que pagamos os Pecados deste mundo 20 25 Loucos de Lisboa Amarrados aos remos de um Barco que está no fundo. Música: João Gil Letra: João Monge Intérprete: Ala dos Namorados Victor Almeida Parava no café quando eu lá estava Na voz tinha o talento dos pedintes Entre um cigarro e outro lá cravava a bica, ao melhor dos seus ouvintes As mãos e o olhar da mesma cor Cinzenta como a roupa que trazia Num gesto que podia ser de amor Sorria, e ao sorrir agradecia [Refrão] São os loucos de Lisboa Que nos fazem recordar A Terra gira ao contrário E os rios correm para o mar Um dia numa sala do quarteto Passou um filme lá do hospital Onde o esquecido filmado no gueto Entrava como artista principal Compramos a entrada p’ra sessão Pra ver tal personagem no écran O rosto maltratado era a razão De ele não aparecer pela manhã [refrão] Mudamos muita vez de calendário Como o café mudou de freguesia Deixamos de tributo a quem lá pára Um louco a fazer-lhe companhia E sempre a mesma posse o mesmo olhar De quem não mede os dias que vagueam Sentado la continua a cravar Beijinhos as meninas que passeiam. [refrão] 24 21 Impressões digitais Jardim d’Alá-Walkin’ Música: Tóli César Machado Letra: Rui Reininho Intérprete: GNR In: ’Valsa dos Detectives’,GNR Música: Remy Walter Letra: Rui Reininho Intérprete: GNR In: ’Valsa dos Detectives’,GNR Carlos Ilharco Carlos Ilharco Faz impressão o trabalho que se tem em se ser superficial Faz-me impressão o baralho o vulgar e o intelectual Desde as descobertas temos o vício de implantar Dúvidas abertas lutas entre o trono e o altar Sinto depressão conforme perco tempo essencial Sofro uma pressão enorme para gostar do que é normal Num eterno retorno volta tudo ao mesmo lugar E se há sempre pão no forno nunca há tempo para rezar Deixo tudo para mais logo não sou analógico sou criatura digital Tendo para mais louco não sou patológico sou como o papel vegetal Espiões dos sentimentos que tendem a acabar Escolhemos os momentos jardins suspensos, no mar Faz-me impressão ser seguido imitado por gente banal Faz-me um favor estou perdido indica-me algo fundamental Ah? entro sigo descubro o jardim de Alá Queremos um só ópio que não soubemos nem louvar Acho que o que gosto em mim o que me motiva é uma preguiça transcendental Lembrar pecados, ódio nunca há tempo para confessar E em ti o que me torna afim o que me cativa é esse sorriso vertical como uma impressão digital (um povo marinheiro que ainda tem fome do mar) Sinto-me uma fotocópia prefiro o original Edição revista e aumentada cordão umbilical Exclusivo a morder a página em papel jornal Faz-me impressão o trabalho a inércia faz-me mal 22 23