Folha de Sala
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Folha de Sala
Ficha técnica Encenação: Victor Zambujo Cenografia e Figurinos: Leonor Serpa Branco Ambiência musical: Paulo Pires Assistente de Encenação: Margarida Rita Desenho de luz: Pedro Bilou Interpretação Amália: Maria Marrafa Duarte: Jorge Baião Joaquina: Ana Meira José Félix: José Russo Brás Ferreira: Rui Nuno General Lemos: Álvaro Côrte-Real Direcção Técnica: António Rebocho Construção de Guarda-Roupa: Vicência Moreira e Aurélia Brás Operação de Luz e Som: Pedro Bilou Montagem de Luz e Som: António Rebocho, João Carlos Marques e Pedro Bilou Construção e montagem: Tomé Baixinho, Tomé Antas e Paulo Carocho Secretariado: Marlene Charneca e Ana Dominguinhos Fotografia: Paulo Nuno Silva Design Gráfico: Milideias, Comunicação Visual Ldª Agradecimentos Havaneza Eborense e Guarda Nacional Republicana Classificação etária: maiores de 12 anos Nascido em 4 de Fevereiro de 1799, João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett viveu num dos períodos de maior instabilidade política da nossa história. Figura contraditória na sociedade do seu tempo foi poeta, dramaturgo, romancista, tremendo orador parlamentar, desempenhou papel activo na vida política do país. São da sua autoria um plano de criação de um Teatro Nacional, um projecto de criação da Inspecção-Geral dos Teatros e Espectáculos Nacionais, o projecto da criação do Teatro Nacional D. Maria II e a criação de um Conservatório de Arte Dramática. Criou pela primeira vez um prémio do Conservatório para peças originais, uma política de subsídios para o teatro, lançou as bases da Sociedade de Autores. O peso dos cargos públicos não ensombrou o génio do autor. Almeida Garrett é sem dúvida uma das figuras literárias mais reconhecidas em Portugal, alguém que sentiu, viveu e pensou os principais problemas que se pu- nham, na sociedade do seu tempo, à sobrevivência e afirmação do nosso teatro. Falar Verdade a Mentir de Almeida Garrett subiu ao palco do Teatro Garcia de Resende em Julho de 1981, pela mão do Mário Barradas. Regressar a Falar Verdade a Mentir e a Garrett trinta anos depois permite-nos reafirmar mais uma vez a importância de que se revestem para nós, os clássicos, as obras de teatro que, ao longo dos tempos, foram construindo a memória e a herança cultural da Humanidade. Permite-nos reafirmar também a atenção que a companhia dedica ao universo escolar, reconhecendo-o como o melhor veículo para a sensibilização de novos públicos, para a formação de um gosto, de uma cultura teatral. Para nós, voltar aos clássicos é sempre um prazer! Desejamos que para o púbico também. Voltar ao “Falar Verdade a Mentir” de Almeida Garrett 30 anos depois, desta vez assumindo a direcção do espectáculo, foi para mim um desafio renovado. Uma peça com um gostoso sabor cómico, uma sátira de costumes, que sempre foi do agrado do nosso público, um olhar brincalhão mas também crítico para com um certo “espírito português” em que a mentira pulula para enganar e governar. E como diz J. Félix, “com um poucochinho de jeito e de savoir-faire quaisquer boas relações no tesouro… pode-se andar muito caminho em pouco tempo. Hão-de gritar – é o costume hão-de gritar: … Deixá-los gritar: ri-se a gente e vai arranjando a sua vida…” Ontem como hoje a receita é a mesma... Foi para mim também muito grato pensar este Falar Verdade a Mentir para ir de novo ao encontro do público escolar a quem há largos anos dedicamos particular atenção. Encenei este clássico de A. Garrett tendo em conta esse facto, daí o desafio que lancei aos professores Leonor Serpa Branco e Paulo Pires, para comigo colaborarem. Esta colaboração, entusiástica e empenhada, permitenos apresentar-vos hoje este espectáculo que esperamos seja do vosso agrado. Cendrev Victor Zambujo O desafio do CENDREV para realizar a cenografia e os figurinos da peça “Falar Verdade A Mentir”, de Almeida Garret, foi uma surpresa e uma aventura ao mesmo tempo. Procurar ambientes do séc. XIX, móveis, tecidos, vestuário, adereços, e neles o espírito de uma época. Idealizar o espaço de cena, os elementos arquitectónicos, a estrutura essencial. Desenhar, registar as ideias. O teatro, o palco, entrar nos bastidores, um mundo dentro do mundo. As bambolinas, a boca de cena, as “pernas”, as luzes, a construção dos cenários, dos adereços. No espaço do palco nada pode ser ao acaso. Tudo pode ser mistério e ao mesmo tempo explicação. Viver o outro lado da cena, os ensaios, a exigência, o apuramento do todo, a importância do detalhe. A reflexão conjunta num verdadeiro trabalho de equipa. É sempre um prazer renovado colaborar com o Cendrev, depois de o ter feito em épocas anteriores, foi com muito afecto, mas não sem alguma apreensão, que aceitei o convite para agora trabalhar no enquadramento musical da obra de Almeida Garrett “Falar Verdade a Mentir”, desta vez com uma responsabilidade acrescida. Sendo a peça um único acto (e não havendo interpretação de canções nem mudança de cenários, com os inevitáveis “escuros”, onde a música habitualmente encadeia as cenas), o desafio consistia em fazer com que a música estabelecesse a ligação entre a acção e o personagem, assim como introduzisse esse mesmo personagem. Tendo em conta as características da música romântica e a pouca música existente para teatro no Portugal da 2ª metade do séc. XIX (à excepção das famosas modinhas portuguesas), foi necessário recorrer a uma forma musical muito dinâmica, com um ritmo e melodia contagiantes, quase descritiva, que transportasse o espectador para uma ambiência musical da época, utilizando o quase desconhecido Leon Minkus e o incontornável Beethoven como fonte de inspiração. Por mim, obrigado uma vez mais pelo convite. Quanto a vocês, divirtam-se, “ouvendo”. Leonor Serpa Branco Paulo Pires