J. Anim. Sci - Página da Família Masson Rocha
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Universidade Federal de Minas Gerais Conselho de Pós-Graduação Escola de Veterinária AVALIAÇÃO DO PASTO DE CAPIM ELEFANTE (Pennisetum purpureum, SCHUMACHER) NA PRODUÇÃO DE LEITE DE VACAS MESTIÇAS HOLANDÊS X ZEBU, SUPLEMENTADAS COM DIFERENTES FONTES ALIMENTARES, NO PERÍODO DA SECA Belo Horizonte Minas Gerais 1987 Rubson Rocha AVALIAÇÃO DO PASTO DE CAPIM ELEFANTE (Pennisetum purpureum, SCHUMACHER) NA PRODUÇÃO DE LEITE DE VACAS MESTIÇAS HOLANDÊS X ZEBU, SUPLEMENTADAS COM DIFERENTES FONTES ALIMENTARES, NO PERÍODO DA SECA Tese apresentada à Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Zootecnia. Área: Produção Belo Horizonte Minas Gerais 1987 i Rocha, Rubson, 1961R672a Avaliação do pasto de capim elefante (Pennisetum purpureum, Schumacher) na produção de leite de vacas mestiças Holandês X Zebu, suplementadas com diferentes fontes alimentares, no período da seca. Belo Horizonte, Escola de Veterinária da UFMG, 1987. 76p. ilust. Tese, Mestre em Zootecnia. 1. Capim elefante - Produção leiteira - Seca. I. Título CDD - 636.208 551 ii iii Aos meus pais, Raymundo e Noemia, a quem devo muito: primeiro a vida, depois o exemplo e os estudos para vivê-la com dignidade. À meus irmãos, Jefferson e Roserley, pelo incentivo. À meus tios, Rubem e Rosana, pelo crédito e confiança. À querida Rosane, pela compreensão, amor e sacrifício. iv AGRADECIMENTOS Ao Dr. Airdem Gonçalves de Assis, pelos ensinamentos como orientador desta pesquisa. Ao Dr. Homero Abilio Moreira e Prof. Norberto Mário Rodriguez, pelas sugestões no aprimoramento deste trabalho. Aos professores do curso de Zootecnia, e em especial Ivan Barbosa Machado Sampaio e Norberto Mário Rodriguez, pelos valiosos ensinamentos. À chefia do CNPGL, através do Dr. Airdem Gonçalves de Assis, Dr. Oriel Fajardo de Campos e Dr. Aloísio Teixeira Gomes, pelo apoio e facilidades concedidas à execução do experimento. Aos pesquisadores do CNPGL, e em particular Paulo Roberto Lemos Souto, Rui da Silva Verneque, Leônidas C.S. Valle e Maurízio Imázio da Silveira, pelo apoio e sugestões durante a fase experimental. Aos colegas e amigos do curso, e em especial Vilmar Francisco Zardo, Maria Elisa Barbieri, Zenaide Furquim Guimarães, Iran Borges, Dilton José dos Santos, Carlos Enrique Saavedra Vélez e Lucia Helena Albuquerque Brasil, pela amizade , incentivo e agradável convivência. Aos amigos Luiz Renato de França, Anapolino Macedo de Oliveira e Antônio Carlos Santana Castro, pelo afetuoso convívio durante a nossa estada em Belo Horizonte. v À Empresa Catarinense de Pesquisa Agropecuária (EMPASC), pelo oportunidade e apoio financeiro concedidos. Ao Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela ajuda financeira durante a realização do curso. Enfim, a todos que, de alguma maneira, me ajudaram, pois, se aqui estou, e porque muitos estiveram comigo. vi BIOGRAFIA DO AUTOR RUBSON ROCHA, filho de Raymundo Rocha e Noemia Rocha, nasceu aos 24 de outubro de 1961, na cidade de União da Vitória, PR. Concluiu o curso de graduação em Medicina Veterinária na Universidade Federal do Paraná, em 05 de fevereiro de 1983. Trabalhou na Cooperativa Agropecuária de Tubarão Ltda (COPAGRO), em Tubarão SC, de março de 1983 a janeiro de 1985. Em 1985, iniciou o curso de Mestrado na Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais, na área de Produção. vii RESUMO O presente estudo foi conduzido no Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Leite da EMBRAPA, em Coronel Pacheco MG, com o objetivo de avaliar o pasto de capim elefante em termos de consumo de nutrientes e produção de leite de vacas mestiças, suplementadas com diferentes alimentos, no período da seca. Foram utilizadas 27 vacas distribuídas em blocos de acordo com a produção de leite e ordem de lactação. O ensaio teve a duração de 150 dias, abrangendo o período de 06 de junho a 31 de outubro de 1986. Os sub-períodos compreenderam 3 épocas de estimativa de consumo, ou sejam, 07 a 11 de junho (SP1), 25 a 29 de agosto (SP 2) e 13 a 17 de outubro (SP 3). Os tratamentos estudados foram: T1 - dieta básica + pastejo em capim angola, T2 - dieta básica + 20 kg de cana-deaçúcar com 1% de uréia e T3 - dieta básica + cana-de-açúcar com 1% de uréia à vontade. A dieta básica consistia de pastejo em capim elefante durante o período noturno (14 horas por dia) mais 2 kg de concentrado. Três animais com fístula esofagiana amostraram forragem disponível às vacas, para a determinação da composição química e botânica dos pastos. A extrusa de pasto de capim elefante apresentou teores médios de 9,69% de proteína bruta, e, a digestibilidade "in vitro" da matéria seca foi de 54,04%. A análise botânica da extrusa de capim elefante revelou viii que 91,54% do material coletado era verde. Por sua vez, a extrusa do capim angola mostrou teores de 9,09% de proteína bruta e, a digestibilidade "in vitro" da matéria seca foi de 48,61%, com 88,79% do material coletado sendo verde. O consumo de pasto foi estimado a partir da indigestibilidade da forragem e da produção de matéria seca fecal, sendo esta estimada em função do teor de cromo das fezes. Para tanto, forneceram-se diariamente 10 gramas de óxido crômico, envolto em jornal, a quatro vacas de cada tratamento. Os animais apresentaram consumos totais de 6,16; 7,30 e 7,70 kg de matéria seca digestível, por animal por dia nos tratamentos T1, T2 e T3, respectivamente. Os tratamentos com cana tiveram um consumo maior (P < 0,05) que o de capim angola. Consumos diários de 0,69; 0,84 e 0,92 kg de proteína digestível por animal foram observados para os respectivos tratamentos. O tratamento com cana à vontade teve um consumo maior (P < 0,05) do que o de capim angola, sendo o de cana restrita similar a ambos. Os consumos diários de energia digestível foram de 23,84; 30,60 e 32,05 Mcal por animal, respectivamente para os tratamentos T1, T2 e T3. Os tratamentos com cana obtiveram um consumo maior (P < 0,05) de energia digestível do que o de capim angola. A contribuição do pasto foi, respectivamente para os tratamentos 1, 2 e 3, de 80,68; 36,60 e 33,04% do consumo de matéria seca digestível; 67,52; 30,73 e 26,78% do consumo de proteína digestível; 83,64; 35,60 e 32,48% do consumo de energia digestível. No tratamento 1 (capim angola) considerou-se a contribuição do pasto total, isto é, a soma dos dois pastos utilizados (capim elefante + capim angola). As produções médias diárias de leite corrigidas para 4% de gordura foram 11,17; 10,43 e 9,55 kg por vaca. A produção de leite das vacas recebendo capim angola foi maior (P<0,05) do que a de cana à vontade, sendo a produção das vacas com 20 kg de cana igual aos outros dois tratamentos. Os tratamentos não alteraram o teor de gordura do leite. Apenas houve tendência de valores mais altos para o leite das vacas que receberam 20 kg de cana-de-açúcar. O ganho de peso diário das vacas dos T1, T2 e T3 foram respectivamente 147,90; 247,92 e 324,51 gramas por vaca. ix As vacas que receberam cana à vontade ganharam mais peso (P < 0,05) do que as vacas com capim angola, sendo que as vacas no tratamento com 20 kg de cana apresentaram ganhos semelhantes aos outros dois tratamentos. A qualidade e quantidade da dieta fornecida parece que influenciaram o desempenho dos animais. Considerando o consumo diário de cana-de-açúcar com 1% de uréia (20 a 23 kg por vaca) suficiente para a mantença dos animais, o pasto de capim elefante, durante o período da seca, contribuiu com aproximadamente 30% dos nutrientes digestíveis da dieta total, e suplementado com 2 kg de concentrado possibilitou manter uma produção de leite em torno dos 10 quilos por vaca por dia e ainda um incremento de peso de 280 gramas por vaca por dia. x SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ........................................................... 2. REVISÃO DE LITERATURA ................................... 2.1. Características do capim elefante ....................... 2.2. Utilização do capim elefante para vacas em lactação................................................................ 2.3. Suplementação das pastagens nos períodos críticos do ano ..................................................... 2.4. Fatores que afetam o consumo voluntário por ruminantes .......................................................... 2.5. Coleta de pasto ................................................... 2.6. Óxido crômico como indicador externo na estimativa de excreção fecal ............................... 3. MATERIAL E MÉTODOS ........................................ 3.1. Local ................................................................... 3.2. Área experimental e pastagens ........................... 3.3. Animais e delineamento experimental ............... 3.4. Tratamentos e sub-períodos experimentais ........ 3.5. Amostragem dos alimentos ................................ 3.6. Amostragem das fezes ........................................ 3.7. Procedimentos analíticos .................................... Página 1 4 4 5 7 9 11 13 16 16 16 19 19 23 24 24 xi Página 3.8. Estimativa do consumo de pasto ........................ 3.9. Análises estatísticas ............................................ 25 26 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................ 4.1. Valor nutritivo dos alimentos ............................. 4.1.1. Concentrado ........................................... 4.1.2. Cana-de-açúcar ....................................... 4.1.3. Capim elefante ........................................ 4.1.4. Capim angola .......................................... 4.2. Composição química das fezes ........................... 4.3. Estimativa do consumo de pasto ........................ 4.4. Estimativa do consumo total ............................... 4.4.1. Matéria seca ............................................. 4.4.2. Matéria orgânica ...................................... 4.4.3. Proteína .................................................... 4.4.4. Energia ..................................................... 4.5. Participação percentual do pasto no consumo de nutrientes digestíveis........................................... 4.6. Peso vivo dos animais ......................................... 4.7. Produção e análise do leite ................................. 28 28 28 30 30 36 39 41 43 43 46 48 50 5. CONCLUSÕES ........................................................... 62 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................ 63 53 53 56 xii LISTA DE FIGURAS Página FIGURA 1 - Área de pastagens de capim elefante, com divisão em 32 piquetes ............................... 18 FIGURA 2 - Área de pastagem de capim angola, com divisão em 5 piquetes................................... 21 xiii LISTA DE TABELAS Página TABELA TABELA TABELA TABELA TABELA I - Parâmetros climáticos observados no CNPGL, Coronel Pacheco, MG, durante os meses de julho a outubro de 1986 ..................................................... 17 II - Distribuição dos animais nos blocos, e seus respectivos número, grau de sangue, data de parição, ordem de lactação e classificação de acordo com a produção de leite antes do início do experimento ......................................... 20 III - Composição do concentrado utilizado na dieta básica ...................................... 22 IV - Teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), cinzas (C), energia bruta (EB) e digestibilidade da matéria seca (DMS) do concentrado utilizado em cada sub-período .................................. 29 V - Teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), cinzas (C), energia bruta (EB) e digestibilidade "in vitro" da matéria seca (DIVMS) da cana-deaçúcar utilizada em cada sub-período , nos tratamentos 2 e 3............................ 31 xiv Página TABELA VI - Consumo de cana-de-açúcar com 1% de uréia nos tratamentos 2 e 3, em cada sub-período (kg/vaca) .......................... 32 TABELA VII - Teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), cinzas (C), energia bruta (EB) e digestibilidade "in vitro" da matéria seca (DIVMS) do capim elefante em cada sub-período (*) ......... 34 TABELA VIII - Percentagem de partes verdes e secas do capim elefante, em cada subperíodo (*) ............................................ 35 TABELA IX - Teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), cinzas (C), energia bruta (EB) e digestibilidade "in vitro" da matéria seca (DIVMS) do capim angola em cada sub-período (*) ........... 37 TABELA X - Percentagem de folhas, verde e seca, e de talos, verde e seco, do capim angola, em cada sub-período (*) ...................... 38 TABELA XI - Teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), cinzas (C), energia bruta (EB) e cromo (Cr2), das fezes dos animais submetidos aos 3 tratamentos e em cada sub-período ......................... 40 TABELA XII - Quantidade ingeridas de pasto (*), em matéria seca e orgânica, nos 3 tratamentos e em cada sub-período ...... 42 TABELA XIII - Quantidade totais (dieta total) de matéria seca ingerida (MSI), excretada (MSE) e digerida (MSD) nos 3 tratamentos e em cada sub-período ...... 45 xv Página TABELA XIV - Quantidade totais (dieta total) de matéria orgânica ingerida (MOI), excretada (MOE) e digerida (MOD) nos 3 tratamentos e em cada subperíodo ................................................. 47 TABELA XV - Quantidade totais (dieta total) de proteína ingerida (PI), excretada (PE) e digerida (PD) nos 3 tratamentos e em cada sub-período .................................. 49 TABELA XVI - Quantidade totais (dieta total) de energia ingerida (PI), excretada (PE) e digerida (PD) nos 3 tratamentos e em cada sub-período .................................. 51 TABELA XVII - Participação percentual do pasto (*) no consumo de nutrientes digestíveis nos 3 tratamentos, e em cada sub-período (%) ....................................................... 54 TABELA XVIII - Pesos vivos médios, inicial e final, e ganhos médios diários de peso, para os 3 tratamentos ........................................ 55 TABELA XIX - Produção média de leite e teores de gordura, proteína e extrato seco total do leite dos 3 tratamentos e em cada sub-período .......................................... 57 TABELA XX - Área utilizada, lotação, produção de leite média no período total e produtividade pro área nos 3 tratamentos ........................................... 60 1 1. INTRODUÇÃO Na região do Sudeste Brasileiro, a estação seca, compreendida entre os meses de maio a outubro, representa o período mais crítico para o rebanho bovino. Geralmente, verificam-se níveis sub-nutricionais, ocasionando prejuízos a pecuária, destacando-se entre eles: perda de peso, redução da produção de leite, diminuição do índice de fertilidade, maior incidência de doenças, aumento da mortalidade. A alimentação animal, dentre os fatores responsáveis pela rentabilidade de um sistema de produção de leite, constitui-se no principal componente dos custos de produção. Em sistemas menos intensivos, baseados em pastagens, a alimentação pode ser responsável por 30 a 50% dos custos totais (VIEIRA, 1969; LUCCI, 1976), enquanto em sistemas mais intensivos, baseados em forragens conservadas e concentrados, esta pode representar 60% dos custos e 40% das receitas (DUM et alii, 1977; ETGEN & REAVES, 1979) A alternativa mais econômica para alimentação dos ruminantes tem sido o uso intensivo e racional de plantas forrageiras, tanto sob corte, quanto sob pastejo. Dentre estas, o capim elefante é uma das espécies mais recomendada, principalmente pela sua alta produtividade e adaptação às condições tropicais (LUCCI et alii, 1969a, 1972; CORSI et alii, 1974). Como alimento básico no período das águas, o capim elefante tem apresentado alta capacidade de suporte e produção de leite variando de 10 a 12 litros de leite por vaca por dia 2 (CARO-COSTAS & VICENTE-CHANDLER, 1969; LUCCI et alii, 1972). Contudo, no período da seca, a produção forrageira é drasticamente reduzida, surgindo sério problema de se manter a mesma taxa de lotação utilizada na época das águas. Nestas circunstâncias, há necessidade do produtor fazer uso da alimentação suplementar. Uma alternativa de suplementação volumosa para bovinos no período da seca é a cana-de-açúcar (Saccharum officinarum), devido a algumas características, tais como: facilidade de cultivo; elevada produção de matéria verde, sendo um hectare suficiente para alimentar cerca de 20 bovinos por ano (LENG & PRESTON, 1976); e valor nutritivo quase que constante o ano todo. Embora apresente baixo valor protéico, a cana-de-açúcar pode proporcionar apreciável contribuição em termos energéticos (PRESTON, 1982). A fim de corrigir o baixo teor protéico de cana-deaçúcar, é altamente recomendável enriquecê-la com uréia, fonte de nitrogênio não protéico bem conhecida (BRIGGS, 1967; CHALUPA, 1968; NRC, 1976; HUBER & KUNG, 1981), assegurando-se, assim, o bom desempenho dos ruminantes (PRESTON, 1977). Segundo MELO (1983), o consumo voluntário de uma dieta a base de cana-de-açúcar com 1% de uréia mais 1 kg de farelo de arroz pode satisfazer os requerimentos de proteína digestível e NDT para crescimento de novilhas leiteiras. Outra fonte de suplementação para a época da seca, é a pastagem de reserva, sendo o capim angola (Brachiaria mutica, Stapf), uma espécie adequada para tal. Predominante nas áreas úmidas, o pasto de capim angola mantem-se relativamente abundante durante o período da seca, podendo substituir a canade-açúcar, com as vantagens de reduzir o custo de mão-de-obra, permitir maior seletividade e, consequentemente, proporcionar dieta de melhor qualidade para vacas em lactação. Como pastagem exclusiva no período das águas, esta espécie tem demonstrado potencial de produção variando de 8 a 10 kg por vaca por dia (LUCCI et alii, 1969c, 1972; VELLOSO & FREITAS, 1973). O presente estudo tem como objetivo avaliar o capim elefante sob pastejo, em termos de produção de leite e consumo 3 de nutrientes, para vacas leiteiras mestiças suplementadas com mistura de cana-de-açúcar mais uréia ou com pastagem de reserva, no período da seca. 4 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. Características do capim elefante O capim elefante é originário da África Tropical, na faixa compreendida entre as latitudes 10 ºN e 20 ºS, sendo descoberto no início do século pelo Coronel Napier (BENNETT, 1966). Ocorre naturalmente em regiões onde a precipitação pluviométrica anual é maior do que 1.000 mm, exceto às margens dos rios. Cresce melhor em solos com grande capacidade de retenção de umidade, com textura variável, de moderada a bastante pesada (CARVALHO, 1985). Classifica-se botanicamente na família Graminae, sub-família Panicoideae, tribo Paniceae, gênero Pennisetum e espécie Pennisetum purpureum, Schumacher (STEBBINS & CRAMPTON 1961). Os nomes mais comuns são capim elefante, capim-napier , capim cana (Português); pasto elefante (Espanhol); elephant grass, napier grass, uganda grass, elephant fodder (Inglês); yerba elefante (República Dominicana); capim de Rodésia (África Portuguesa); fausse cane à sucre (Bélgica); zyniamunga (Rodésia); linya mungu (África) (CARVALHO, 1985). O capim elefante é uma gramínea perene, de porte ereto, alta e entoucerada, com raízes grossas e rizomatosas, colmos cilíndricos e cheios, folhas atingindo até 1,25m de comprimento e inflorescência em rácimo especiforme (CARVALHO, 1985). Foi reconhecido como forragem em 1908, na Rodésia, apresentando as seguintes características: agressividade; longa vida; resistência à seca; livre de pragas, insetos e doenças (cepas resistentes); e alta produção de forragem de qualidade geralmente média (TAKAHASHI et alii, 1966). 5 Como pastagem, a primeira principal plantação ocorreu em 1926, na "Plantação Princeville", um rancho de gado ilha de Kauai, onde cerca de 600 acres foram plantados para pastagem, obtendo-se resultados satisfatórios (TAKAHASHI alii, 1966). Embora utilizado tradicionalmente no Brasil como "capineira" para corte, todos os estudos com capim elefante em pastejo têm evidenciado seu grande potencial sob esta forma manejo (CARVALHO, 1985). 2.2. Utilização do capim elefante para vacas em lactação Em países tropicais, as pesquisas realizadas durante o período chuvoso, têm mostrado que vacas leiteiras, em regime exclusivo de pastagens, podem ter seus requerimentos de mantença atendidos e ainda alcançar um nível de produção diária, próximo a 10 kg de leite (CARO-COSTAS & VICENTECHANDLE 1969; LUCCI et alii, 1969c; VELLOSO & FREITAS, 1973). Entretanto, níveis de produção acima de 10 kg de leite diários, somente podem ser obtidos em pastagens de alta qualidade (CARO-COSTAS & VICENTE-CHANDLER, 1969). Diversos estudos conduzidos em Nova Odessa - SP, durante o período chuvoso, confirmam a potencialidade do capim elefante para a produção de leite. LUCCI et alii (1969a) observando o comportamento de oito vacas de vários graus de sangue encontraram uma produção de leite diária de 11,4 kg por vaca em dieta exclusiva de pasto de capim elefante. Em condições semelhantes, LUCCI et alii (1969b) analisaram a produção de leite de vacas mestiças em pastagem de capim elefante, encontrando médias de 6,7 e 12,3 kg de leite por vaca, respectivamente para o grupo de baixo e alto nível de produção. Em experimentação durante 84 dias, seis vacas mestiças suplementadas com 359 gramas de milho em grãos para cada quilo de leite produzido acima dos oito kg, LUCCI et alii (1969c) observaram uma produção média de 13,4 kg de leite corrigido, com 4,1% de gordura. A capacidade de suporte neste experimento foi de 4,3 vacas por hectare por dia, proporcionando uma produção de 42,1 kg de leite por hectare por dia; no final do período verificou-se um ganho de peso diário de 516 gramas por 6 vaca. Similarmente, LUCCI et alii (1972) observaram que vacas mestiças, mantidas exclusivamente em pasto de capim elefante, com 3,6 vacas por hectare, durante 84 dias, apresentaram produções médias diárias de 11,6 kg de leite por vaca, ou 41,8 kg de leite por hectare com um acréscimo diário de peso de 12 gramas. Trabalhando com vacas Pitangueiras em regime de pasto durante 27 dias, VELLOSO & FREITAS (1973) verificaram produções em torno de 10,5 kg de leite, com 3,9% de gordura. Em um estudo em Jaboticabal - SP, com pastoreio em faixas de capim elefante, SLEUTJES et alii (1976) administrando um kg de farelo de sorgo para cada quatro kg de leite a 12 vacas holandesas PC, obtiveram produções variando de 11 (grupo de baixa produção) a 18kg de leite (grupo de alta produção) por vaca por dia. No período da seca de 1985, VALLE et alii (1986a,b) conduziram experimento em Coronel Pacheco - MG, com 27 vacas sob pastejo de capim elefante, a uma taxa de lotação de 4,7 vacas por hectare, suplementadas com 20 kg de uma mistura de cana-de-açúcar com 1% de uréia. Analisando o efeito de três niveis de concentrado (0, 2 e 4 kg/vaca/dia) na produção de leite, os autores encontraram médias de 6,82; 8,74 e 10,0 kg de leite/vaca/dia, respectivamente, para os níveis de concentrado 0, 2 e 4 kg. As percentagens de gordura encontradas foram 4,27; 4,03 e 4,27, respectivamente. As produções diárias de leite por hectare foram 23,73; 30,40 e 34,85 kg, para os respectivos níveis de concentrado. Ao final do experimento, as vacas apresentaram ganhos de peso diários de 48, 235 e 301 gramas, nos respectivos tratamentos. STOBBS & THOMPSON (1975) apontam como principal causa da baixa produção de leite em pastagens tropicais a reduzida ingestão de energia digestível por vaca em lactação. Por outro lado, GLOVER & DOUGALL (1961) indicam também que o teor de proteína das pastagens varia largamente durante o ano. Segundo os autores, enquanto energia disponível permanece constante em todos os estádios de crescimento da pastagem, a proteína digestível pode estar em excesso às necessidades animais durante os estádios iniciais, e deficitária em estádios posteriores. 7 A grande variação na produção de forragem entre as estações das águas e da seca, contrastando com os requerimentos nutricionais do rebanho, mais ou menos constantes durante o ano, é um dos principais problemas no uso do capim elefante para o gado leiteiro (ZOCCAL et alii, 1986). 2.3. Suplementação das pastagens nos períodos críticos do ano A escassez de pasto, devido principalmente à condições climáticas desfavoráveis da seca nas regiões tropicais e subtropicais, associado ao alto custo da utilização de grãos e seus sub-produtos na alimentação bovina, tem exigido a busca de alternativas de suplementação volumosa no período de maio escassez de forragem. Segundo LENG & PRESTON (1976), a cana-deaçúcar é provavelmente o vegetal mais produtivo nos trópicos. Utilizado como forragem pode ser deixada no campo por um período mais longo, até que seja utilizada, conservando seu teor energético uniforme o ano todo. PRESTON (1977) observou que com o aumento da idade, ocorre aumento na concentração de açúcar total no caldo, aumento na lignificação da estrutura da parede celular e decréscimo da sacarose com o correspondente aumento nos açúcares redutores (glicose e levulose), prejudicando o seu valor para a produção de açúcar, mas não o seu valor nutricional. Por outro lado, PRESTON (1982) afirma que a cana-de-açúcar possui algumas limitações para ruminantes: baixo teor protéico, fermentação de seus carbohidratos produzindo pequenas proporções de precursores gluconeogênicos e ingestão voluntária insuficiente. O baixo teor protéico da cana-de-açúcar pode ser solucionado com a adição de uma fonte nitrogenada. A fonte de nitrogênio não protéico mais estudada recentemente é a uréia (BRIGGS, 1967; NRC 1976; HUBER & KUNG, 1981). Entretanto, há a necessidade da inclusão de enxofre à mistura cana-de-açúcar mais uréia para a síntese de aminoácidos sulfurados (GARRIGUS, 1970 ). A razão aproximada de 1:10 de enxofre e nitrogênio e considera da ideal ao crescimento microbiano no rúmen (COELHO DA SILVA & LEÃO, 1979). 8 De acordo com PRESTON & LENG (1978), a canade-açúcar suplementada com uréia e sulfato de amônio atenderia apenas as necessidades nutricionais para mantença. BARBOSA et alii (1976) e BONILHA NETO et alii (l984) não recomendam o emprego de cana como único volumoso para vacas em lactação, sem uma adequada suplementação, principalmente protéica. A baixa produtividade de ruminantes alimentados com dietas à base de cana e uréia está associada a limitação de precursores de glicose e de proteínas sobrepassantes exigindo uma suplementação com amido e proteínas pouco degradáveis a nível de rúmen (LENG & PRESTON, 1976; PRESTON, 1977). Perez Infante & Gárcia Vila em 1975, citados por ELIAS et alii (1979), ao suplementar com 1,84 kg de concentrado e níveis crescentes de uréia à cana-de-açúcar, observaram um aumento na produção de leite e ganho de peso para vacas leiteiras. Com o nível de 9,5 g de uréia por quilo de cana-deaçúcar os animais ingeriram 20,3 kg de cana, produziram 9,14 kg de leite/vaca/dia e tiveram um ganho de peso de 17,3 kg por vaca. BIONDI et alii (1978) administrando 4,3 kg de concentrado (milho em grão + farelo de torta de soja), encontraram produção em torno de oito kg de leite por dia com vacas leiteiras ingerindo em média 25 kg de cana-de-açúcar, com um consumo total de matéria seca de 10,2 kg (2,12% do peso vivo). A relação volumoso para concentrado foi de 62:38. Estudos realizados no CNPGL (VALLE et alii, 1986a) com vacas leiteiras em pastejo de capim elefante, suplementadas com cana-de-açúcar + uréia suficiente para mantença (20kg) mostraram que a adição de 2 kg de concentrado proporcionou uma resposta em torno de 1,5 kg de leite por kg de concentrado. Por outro lado, a adição de 4 kg de concentrado causou uma resposta proporcionalmente menor (em torno de l kg de leite por kg de concentrado adicional), demonstrando que nessas condições o nível de 2 kg de concentrado é o mais eficiente economicamente. Não há dados na literatura que abordem o tema de pastejo de capim angola como pastagem de reserva no período da seca. 9 2.4. Fatores que afetam o consumo voluntário por ruminantes Segundo MEIJS (1981), os fatores determinantes do consumo por animais em pastejo podem ser considerados sob três aspectos: a) fatores relacionados ao animal (idade e peso do animal, estádio de gestação, estádio de 1actação, nível de produção de leite e condição corporal do animal); b) fatores relacionados ao pasto (digestibilidade, composição química, espécies forrageiras, produção de matéria seca e maturidade); e c) fatores relacionados ao manejo da pastagem (taxa de lotação, suplementação, contaminação fecal do pasto, fertilização, clima, estação e sistema de pastejo). Constata-se que muitos destes fatores são interrelacionados sob a maioria das condições experimentais. A ingestão de alimentos em ruminantes é controlada basicamente por dois grupos de estímulos intrínsecos que emitem sinais ao sistema de controle central, possivelmente localizado no hipotálamo (BAlLE & FORBES, 1974). Existem estímulos provindos do processo de absorção e metabolismo de nutrientes do alimento ingerido (controle metabólico) e estímulos provenientes da distensão do trato alimentar pela presença física do alimento (controle físico). Os ruminantes quando alimentados com dietas de alta concentração de nutrientes não conseguem atingir níveis de consumo que preencham a capacidade física do rúmen (BINES,1971). Estes resultados sugerem que mecanismos quimiostáticos (ácido acético e outros metabólitos ruminais) são fatores importantes no controle da ingestão alimentar em ruminantes (CONRAD,1966) A interrelação de produção de calor e temperatura ambiental é bem reconhecida por afetar a ingestão alimentar. Em ambiente frio, o consumo de alimentos por ruminantes tende a aumentar, enquanto em ambientes quentes tende a decrescer (BAILE & FORBES, 1974). A existência de áreas termossensíveis no hipotálamo tem sido evidenciada, indicando que mecanismos termostáticos podem dominar a regulação da ingestão alimentar independente de outros fatores (CONRAD, 1966). 10 No aspecto de controle físico, há considerável evidência sugerindo que ruminantes alimentados com forragens fibrosas param de comer antes que eles tenham consumido nutrientes suficientes para atingir seu potencial de produção (BINES, 1971). Neste caso, o consumo de alimento está sendo determinado pela capacidade do trato digestivo, especialmente do rúmen-retículo, e pela taxa de desaparecimento da digesta do rúmen-retículo, que depende da taxa de digestão química do alimento e da taxa pela qual os resíduos indigeridos são quebrados fisicamente antes que eles possam sair do rúmen (MEIJS, 1981). Em 114 diferentes experimentos, CONRAD et alii (1964) encontraram que, com dietas cuja a digestibilidade da matéria seca estava abaixo de 66%, a ingestão alimentar de vacas em lactação variou em proporção direta com o peso vivo. Com dietas de digestibilidade superior a 66%, a ingestão alimentar variou com o peso metabólico. O consumo voluntário de vacas em lactação é superior àquele de vacas não lactantes. É possível que, em vacas em lactação, a maior ingestão alimentar seja conseqüência de uma hipertrofia do canal alimentar provocada por uma demanda maior de nutrientes (BINES, 1971) . A composição química é mais estreitamente relacionada com a digestibilidade do que com o consumo voluntário, embora as inter-relações entre eles sejam altamente orientadas pela espécie de forragem (VAN SOEST, 1965). O consumo alimentar parece ser limitado pelo conteúdo de parede celular somente quando este se situa entre 50 e 60% da matéria seca da forragem (VAN SOEST, 1965). De forma semelhante, o conteúdo de proteína bruta da forragem também influencia o consumo, sendo este severamente afetado quando a proteína encontra-se abaixo de 7% da matéria seca (ZEMMELINK et alii, 1972). O nitrogênio dietético melhora a digestilibilidade da forragem por estimular o crescimento dos microorganismos do rúmen (BALCH & CAMPLING, 1962). 11 2.5. Coleta de pasto A ausência de métodos práticos que assegurem a obtenção de amostras representativas da forragem realmente ingerida por animais em pastejo tem constituído um desafio para a pesquisa zootécnica. Essa amostra representativa só poderia ser obtida usando o próprio animal como unidade experimental. Isto foi conseguido quando desenvolveu-se a fistula esofágica (TORELL, 1954). Segundo MEIJS (1981), a precisão da técnica de coleta de pasto através de fístula esofágica para estimativa de digestibilidade de forragem selecionada depende: a) da similariedade da dieta selecionada por animais fistulados e não fistulados; b) da similariedade da amostra de extrusa coletada através da fístula e a forragem consumida; c) da possibilidade de obtenção de amostras de extrusas representativas, e d) da validade da estimativa de digestibilidade da amostra de extrusa. Amostras coletadas de animais fistulados no esôfago variam com o grau de mastigação e contaminação com saliva. Por esta razão, sacolas coletoras com furos na parte inferior têm sido utilizadas para permitir a drenagem da saliva (VAN DYNE & TORELL, 1964). A composição da amostra da extrusa dependerá, em parte, da saliva adicionada e dos possíveis efeitos lixiviadores devido à adição da saliva e a mastigação. A saliva adicionada à forragem parece ser responsável pelos maiores conteúdos de cinzas nas amostras de extrusa (LESPERANCE et alii, 1960; HOEHNE et alil, 1967; BARTH et alii, 1970; SCALES et alii, 1974). A contaminação das amostras de extrusa por cinzas pode ser corrigida expressando os dados na base na matéria orgânica. Aumentos no conteúdo de proteína bruta da extrusa devido à adição salivar têm sido observados por CAMPBELL et alii (1968) e SCALES et alii (1974). Por outro lado, alguns autores têm evidenciado efeitos depressivos (HOEHNE et alii, 1967) ou não significativo (BARTH et alii, 1970) da saliva sobre o teor de proteína da extrusa. Em forragens com baixo teor de proteína bruta, a contaminação pelo nitrogênio salivar é possivelmente maior do que a perda por lixiviação das proteínas solúveis, resultando em valores elevados de proteína bruta nas 12 amostras de extrusas. Em forragens com alto conteúdo de proteína bruta, contaminação e perdas são de similar magnitude (SCALES et alii, 1974). Perdas de carbohidratos solúveis ou não estruturais foram observados por HOEHNE et alii (1967) e ACOSTA & KOTHMANN (1978) devido a lixiviação nas sacolas coletoras. A perda de substâncias celulares solúveis pode resultar em um aumento nos conteúdos de lignina e fibra detergente ácido da extrusa (BARTH et alii, 1970; SCALES et alii, 1974). Decréscimos nas digestibilidades "in vitro" de amostras de forragens coletadas via fístula esofágica foram registrados por BARTH et alii (1970) e SCALES et alii (1974). Entretanto, outros estudos demonstraram que as digestibilidades "in vitro" das amostras de extrusa foram de 1 a 5% superiores àquelas da forragem oferecida (BARTH & KAZZAL, 1971; SCALES et alii, 1974), sendo que os aumentos dependeram da espécie examinada. LANGLANDS (1974) comparou amostras cortadas manualmente e as provenientes de ovinos fistulados no esôfago. Comprovou que o método do corte manual sub e superestimou o valor nutritivo das pastagens nativas de baixa e alta qualidade, respectivamente. Evidenciou assim a necessidade do uso da técnica de fístula esofágica para amostragem de pastagem. Esses achados foram semelhantes aos de RODRIGUEZ (1976), conduzindo experimento em área de cerrado durante um período de seis meses (março a agosto de 1975) usando cinco novilhos zebus fistulados no esôfago. Esses resultados foram também confirmados SIMÃO NETO (1976), que demonstrou a superioridade da técnica de fistulação em relação ao corte manual na coleta de amostra de pasto. 13 2.6. Óxido crômico como indicador externo na estimativa da excreção fecal O método mais direto e preciso para determinação excreção fecal é a coleta total de fezes. Contudo, em condições de pastagens, este método possue desvantagens devido ao volume de trabalho envolvido, dificuldade na utilização de fêmeas (contaminação das fezes com urina) e a mudança no comportamento dos animais causada pelos equipamentos utilizados na coleta de fezes (ANDREASI et alii, 1963-65; LIMA, 1976). Por isso, um método indireto foi desenvolvido para medir a produção fecal de animais em pastejo. Essa técnica é baseada no uso de substâncias indigestíveis, denominadas indicadores. O uso de óxido crômico (Cr2O3) como indicador externo para determinar a produção fecal tem-se tornado largamente aceito (KOTB & LUCKEY, 1972) por satisfazer quase que totalmente os requisitos de um indicador ideal (ANDREASI et alii, 1960-62; COELHO DA SILVA et alii, 1968), ou sejam: dispensar o controle do alimento ingerido e a coleta total dos excremento; não interferir na digestibilidade; ser totalmente indigerível e, portanto, completamente recuperável nas fezes; ser desprovido de ação farmacodinâmica sobre o trato gastro-intestinal; passar uniformememte através do aparelho digestivo; e ser de fácil determinação. Fatores relacionados à recuperação do indicador tais como, variação diária na sua excreção, tipo e horário de alimentação, forma de administração, número de doses, método e horário de amostragem das fezes e duração dos períodos preliminar e de coleta, e outros relacionados aos processos analíticos, podem influenciar a precisão da estimativa de excreção fecal pelo óxido crômico (ITURBIDE, 1967). O óxido crômico, devido a sua alta gravidade específica (5,6), mistura-se de maneira diferente com os conteúdos do rúmen e move-se no intestino, próximo à mucosa intestina1 (FAICHNEY, 1972). As propriedades físicas do alimento consumido, determinando a taxa de passagem do indicador através do trato digestivo, podem ocasionar diferenças na excreção fecal de óxido crômico (LUITINGH, 1961). 14 CLANTON (1962) encontrou que rações contendo grandes quantidades de fenos de baixa qualidade resultaram em recuperação errônea de óxido crômico. Recuperações mais precisas foram obtidas quando as rações continham 39% de forragem. Recuperações mais altas também foram encontradas em novilhos pastando gramínea verde quando comparadas com aquelas de novilhos recebendo gramínea mais madura (KIESLING et alii, l969). Entretanto, alguns autores não verificaram variação na excreção de óxido crômico devido ao horário de alimentação (PUTNAM et alii, 1958), à proporção forragem: concentrado da dieta (PUTNAM et alii, 1958; FAICHNEY, 1972), ao tipo de forragem (PRIGGE et alii, 1981) ou ao nível de ingestão (PHAR et alii, 1970). Com objetivo de facilitar a dosificação e reduzir a variabilidade na excreção do indicador, várias formas têm sido empregadas, tais como: misturado na ração (SMITH & REID, 1955; JOHNSON et alii, 1964; WALLER et alii, 1980), em cápsula gelatinosa (LUITINGH, 1961; LIMA et alii, 1980), impregnado em papel (DEINUM et alii, 1962; NICOLL & SHERINGTON, 1984), em cápsula de papelão (CHRISTIAN et alii, 1965), como emplastro dental (TROELSEN, 1965), impregnado em polpa de beterraba (YADAVA et alii, 1973), em envoltório de papel de jornal (RODRIGUES, 1979) ou em suspensão oleosa (CHAMBERLAIN & THOMAS, 1983). O aumento do número de doses do indicador reduz consideralmente a variabilidade na excreção do óxido crômico nas fezes (DAVIS et alii, 1958; McGUIRE et alii, 1966; PRIGGE et alii, 1981). Entretanto, o número adequado de doses pode ser limitado pelo volume de trabalho requerido e pelo tipo de manejo dos animais em estudo (ITURBIDE, 1967). Por causa da variação diurna na excreção do óxido crômico, qualquer amostra tomada ao acaso não se constitui em amostra representativa e pode levar a sérios erros (CARRUTHERS & BRYANT, 1983). Muitos pesquisadores continuam a usar amostragem parcial e, para minimizar erros causados pela variação diurna, alguns têm empregado horários especiais de amostragem fecal, com resultados positivos (LUITINGH, 1961; McCOY et alii , 1966; COELHO DA SILVA et alii, 1968). 15 O período preliminar depende de quando o ponto de equilíbrio entre ingestão e excreção do indicador é atingido. Na literatura, esse equilíbrio tem sido atingido até o 7º dia (JOHNSON et alii, 1964; NELSON & GREEN, 1969; LIMA et alii, 1980. Contudo, VIANA (1959) observou que o ponto de equilíbrio variou do 13º ao 17º dia. Essas variações podem ser devidas à espécie animal, ao tipo de manejo, à natureza da alimentação e à forma de administração do indicador. A baixa recuperação do indicador pode ser causada pela perda de óxido crômico por regurgitação, coleta incompleta e amostragem imprópria de fezes, retenção do indicador e absorção do marcador (DEINUM et alii, 1962; CURRAN et alii, 1967; KIESLING et alii, 1969; CHAMBERLAIN & THOMAS, 1983). Entretanto, alguns autores alegam que o marcador não é absorvido no trato digestivo (CHRISTIAN et alii, 1965; UTLEY et alii,1970). Vários são os métodos de determinação do óxido crômico em amostras de alimentos e fezes (ITURBIDE, 1967). Maior precisão foi observada por WALLER et alii (1980) utilizando o método de absorção atômica descrito por WILLIAMS et alii (1962). 16 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1. Local O trabalho foi conduzido no Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Leite (CNPGL) da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) durante o período de junho a outubro de 1986. O CNPGL está situado no município de Coronel Pacheco, Zona da Mata de Minas Gerais, a uma latitude de 21° 55' 50" S e longitude de 43° 16' 15" W de Grw, com altitude média de 426 metros acima do nível do mar. Segundo a classificação de Köppen, o clima é do tipo tropical mesotérmico úmido (Cwa), com verões chuvosos e invernos secos, controlado o ano inteiro por uma única massa de ar. A região é de formação cristalina, de origem pré-cambriana, com áreas predominantemente montanhosas. Os dados meteorológicos verificados no período encontram-se na TAB. I. 3.2. Área experimental e pastagens Foram usados 9,2 hectares de pastagens, sendo 5,7 hectares de capim elefante (Pennisetum purpureum, Schumacher) e 3,5 hectares de capim angola (Brachiaria mutica , Stapf). A área de capim elefante foi dividida em 32 piquetes de aproximadamente 1800 m 2 (FIG. 1), sendo utilizados em pastejo rotativo de um dia. Utilizou-se cinco piquetes de capim angola, de 17 TABELA I - Parâmetros climáticos observados no CNPGL, Coronel Pacheco MG, durante os meses de junho a outubro de 1986. Temperatura (º) Meses Média Mínima Máxima Precipitação Total (mm) Médias dos 1986 últimos 26 anos Número de dias de chuva Insolação (horas) Umidade Relativa do ar (%) Junho 19 10 25 38,4 25,5 3 7 76 Julho 19 10 25 38,9 19,8 5 6 74 Agosto 21 15 26 63,1 21,5 7 6 75 Setembro 22 15 27 26,1 57,7 8 6 72 Outubro 24 17 29 4,6 119,4 2 6 68 Fonte: Posto meteorológico do Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Leite (CNPGL-EMBRAPA). 18 19 aproximadamente 7.033 m2 (FIG. 2), sendo rotacionados de acordo com avaliação visual. No ano agrícola 1984/85, as pastagens de capim elefante foram adubadas com 375 kg de sulfato de amônio, 400 kg de fosfato de Araxá e 150 kg de cloreto de potássio por hectare. No ano seguinte (1985/86), utilizaram-se as mesmas quantidades dos fertilizantes, com exceção do sulfato de amônio (500 kg/ha). O fosfato de Araxá e o cloreto de potássio foram aplicados nos meses de novembro e dezembro e o sulfato de amônio, nos meses de fevereiro e abril de cada ano. 3.3. Animais e delineamento experimental Foram utilizadas 27 vacas mestiças Holandês x Zebu, com 21 a 62 dias de lactação, distribuídas em blocos casualizados de acordo com a produção de leite e ordem de lactação (TAB. II). Adotou-se um delineamento de parcela dividida (Split-plot), com os tratamentos nas parcelas e os subperíodos nas sub-parcelas. As vacas foram submetidas ao regime de 2 ordenhas manuais, às 7:00 e 14:30 horas, com controle leiteiro diário. Quinzenalmente eram colhidas amostras de leite para determinação de sua composição em proteína, sólidos totais e gordura (HORWITZ, 1975). O peso vivo das vacas foi obtido através de pesagem a cada 28 dias, sem jejum prévio. 3.4. Tratamentos e sub-períodos experimentais A dieta básica consistia de pastejo em um piquete de capim elefante de aproximadamente 1800 m2, das 16 horas às 6 horas do dia seguinte (aproximadamente 14 horas), mais 2 kg de concentrado (TAB. III). Foram estudados os seguintes tratamentos: T1 - dieta básica mais pastejo em capim angola entre as duas ordenhas (das 10 às 13 horas); 20 TABELA II - Distribuição dos animais nos blocos, e seus respectivos número, grau de sangue, data de parição, ordem de lactação e classificação de acordo com a produção de leite antes do início do experimento. BLOCO 1 2 3 4 5 6 7 8 9 NÚMERO DO ANIMAL GRAU DE SANGUE* DATA DE PARIÇÃO ORDEM DE LACTAÇÃO PRODUÇÃO DE LEITE 4092 7/16 23/04 1ª Alta 4014 13/16 11/05 1ª Alta 4006 13/16 27/04 1ª Alta 4023 3/4 28/04 1ª Média 3150 13/16 20/04 1ª Média 3095 13/16 24/04 1ª Média 4121 15/16 23/04 1ª Baixa 5982 3/4 06/05 1ª Baixa 4103 13/16 24/04 1ª Baixa 5964 1/2 16/04 2ª Alta 3735 3/4 07/05 2ª Alta 5919 3/4 13/04 2ª Alta 3881 3/4 04/05 2ª Média 3806 3/4 14/04 2ª Média 4020 5/8 05/05 2ª Média 5955 3/4 11/04 2ª Baixa 3805 7/8 12/04 2ª Baixa 3960 3/4 16/04 2ª Baixa 3800 5/8 28/04 3ª Alta 3584 3/4 16/04 3ª Alta 5569 3/4 12/04 3ª Alta 5504 PC 25/04 3ª Média 5518 PC 26/04 3ª Média 3586 13/16 13/04 3ª Média 3464 3/4 15/04 3ª Baixa 3416 13/16 30/04 3ª Baixa 3482 13/16 19/04 3ª Baixa * Holandês X Zebu 21 22 TABELA III - Composição do concentrado utilizado na dieta básica. INGREDIENTE PERCENTAGEM DE UTILIZAÇÃO (%) Farelo de algodão 49,5 Milho desintegrado com palha e sabugo 49,5 Calcário calcítico 1,0 23 T2 - dieta básica mais 20 kg de mistura de cana-deaçúcar com 1% de uréia, entre as duas ordenhas; e T3 - dieta básica mais mistura de cana-de-açúcar com 1% de uréia, à vontade, entre as duas ordenhas. A cana-de-açúcar com 1% de uréia era fornecida entre as ordenhas em currais com cochos cobertos para os respectivos tratamentos (T2 e T3). A "uréia" constituía-se de 9 partes de uréia fertilizante e 1 de sulfato de amônio. A uréia era regada sobre a cana-de-açúcar após sua diluição (4 litros de água para cada quilo de uréia), procedendo posterior homogeinização com garfos. O consumo de cana-de-açúcar foi medido, pesandose as quantidades fornecidas e recusadas pelos animais. Os animais tinham água à vontade, tanto nos piquetes quanto nos currais de confinamento. A mistura mineral era colocada à disposição dos animais em cochos localizados nos currais . Foram estipulados 3 sub-períodos experimentais de 12 dias cada, espaçados 38 dias entre eles: 1º sub-período (SP 1) - 30/06 a 11/07; 2º sub-período (SP 2) - 18/08 a 29/08; e 3º sub-período (SP 3) - 06/10 a 17/10. Nesses sub-períodos foram administrados 10 gramas óxido crômico (Cr2O3) por dia, em dois envelopes de jornal, logo após cada ordenha, para 4 vacas, sorteadas aleatoriamente, de cada tratamento, a fim de estimar a produção de matéria seca fecal, admitindo-se uma recuperação de 100% de Cr2O3 nas fezes. 3.5. Amostragem dos alimentos Nos últimos 5 dias de cada sub-período experimental eram coletadas amostras de cana-de-açúcar fornecida e recusada pelos animais. Ao final de cada sub-período essas amostras eram misturadas, constituindo uma amostra composta (tanto para o oferecido quanto para as sobras). 24 Três bovinos, dois machos e uma fêmea, fistulados no esôfago, foram utilizados para colher amostras representativas do pasto selecionado pelos animais experimentais (VAN DYNE & TORELL, 1964). Foram realizadas duas amostragens por cada piquete de capim elefante e de capim angola: antes da entrada e após a saída dos animais experimentais. Nos dias de coleta de fezes, eram amostrados os cinco piquetes de capim elefante e o(s) piquete(s) de capim angola utilizado(s) durante o sub-período. No final de cada sub-período formaram-se amostras compostas, por animal fistulado, de cada tipo de pastagem. As amostras de concentrado eram retiradas após a preparação de uma nova mistura. As amostras de cana-de-açúcar, dos pastos coletados (extrusas) e do concentrado foram secas a 65ºC por 72 horas, moídas em malha de 1 mm e acondicionadas para posteriores análises. 3.6. Amostragem das fezes Nos últimos 5 dias de cada sub-período eram realizadas duas coletas diárias de fezes das quatro vacas de cada tratamento, dosificadas com óxido crômico. Procedia-se essas coletas durante as ordenhas, logo após a excreção natural ou, quando necessário, diretamente do reto. Após cada sub-período, as amostras individuais de fezes eram secas a 65ºC por 72 horas, em estufa de ventilação forçada e moídas através de malha de 1 mm. Posteriormente, com a reunião de 2 gramas de fezes de cada uma das 10 amostras coletadas do animal, constituía-se amostras compostas por animal e por sub-período. 3.7. Procedimentos analíticos As amostras dos alimentos (cana e concentrado), extrusas (pastos de capins elefante e angola) e fezes foram analisadas quanto aos teores de matéria seca, proteína bruta e 25 cinzas (HORWITZ, 1975) e a energia bruta pela bomba calorimétrica de oxigênio tipo Parr. As amostras dos pastos foram ainda analisadas para determinação da digestibilidade "in vitro" da matéria seca (técnica modificada de TILLEY & TERRY, 1963). O óxido crômico (Cr2O3) nas fezes foi determinado segundo a técnica de WILLIAMS et alii (1962), por espectrofotometria de absorção atômica, usando aparelho marca VARIAN TECHTRON AA6. Análises da composição botânica dos pastos foram realizadas pela técnica microscópica utilizada por HARKER et alii (1964), identificando-se através de leitura de 400 pontos: parte verde e parte seca para o capim elefante e de folha (verde e seca) e talo (verde e seco) para o capim angola. As análises laboratoriais foram realizadas no Laboratório de Nutrição do Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Leite (CNPGL - EMBRAPA), exceto as determinações de energia bruta e prova de digestibilidade "in vitro" da matéria seca, as quais foram executadas no Laboratório de Nutrição Animal da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte. 3.8. Estimativa do consumo de pasto Dados sobre consumo de pasto foram obtidos a partir da estimativa de produção fecal pelo óxido crômico e valores de digestibilidade dos componentes das dietas, computando-se o consumo de concentrado e cana-de-açúcar (T2 e T3), sendo calculados matematicamente pela seguinte fórmula: CPA = 10 x IFO - IFE [CCA(100 - DCA) + CCO(100 - DCO)] IFE(100 - DPA) onde: CPA = consumo de pasto (kg de MS por animal por dia); 26 IFO = quantidade de óxido crômico oferecido por dia (g de Cr2O3 por animal); IFE = concentração de óxido crômico nas fezes (%); CCA = consumo de cana-de-açúcar (kg de MS por animal por dia); DCA = digestibilidade da MS da cana-de-açúcar (%); CCO = consumo de concentrado (kg de MS por animal por dia); DCO = digestibilidade da MS do concentrado (%); DPA = digestibilidade da MS do pasto (%). 3.9. Análises estatísticas Os dados foram processados por análise de variância, pelo método de quadrados mínimos, através do pacote SOC da EMBRAPA (PANIAGO et alii, 1986). As composições química e botânica e o valor da digestibilidade "in vitro" da matéria seca das extrusas dos pastos foram analisados utilizando um delineamento inteiramente casualizado com 3 (três) tratamentos (sub-períodos) e 3 (três) repetições (animais fistulados no esôfago). Os dados de produção de leite no período total e ganho de peso diário foram analisados em um delineamento de blocos ao acaso, com os 9 (nove) blocos servindo como repetições. As análises de variância para a composição das fezes (matéria seca, proteína bruta, cinzas, energia bruta e cromo), para os dados de consumo (matéria seca, matéria orgânica, proteína e energia) e para a contribuição do pasto no consumo de nutrientes foram realizadas segundo um experimento em parcelas divididas, com os sub-períodos incluídos nas parcelas e os tratamentos nas sub-parcelas, em delineamento inteiramente ao acaso, com 4 (quatro) repetições (quatro vacas dosificadas com óxido crômico, de cada tratamento). As análises de variância para a produção de leite nos sub-períodos e para os teores de gordura, proteína e extrato seco total no leite foram executadas segundo experimento em parcelas divididas, com os tratamentos incluídos nas parcelas e os sub- 27 períodos nas sub-parcelas, num delineamento de blocos ao acaso, com 9 (nove) blocos servindo como repetições. Para a comparação entre médias, quando os efeitos de tratamentos e/ou sub-períodos foram significantes pelo teste F nas análises de variância, utilizou-se o teste de TUKEY, ao nível de 5% de probabilidade (SNEDECOR & COCHRAN, 1980). 28 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nas análises de variância quando se testou o efeito da interação tratamento x sub-período nos componentes das fezes; no consumo total de matéria seca, matéria orgânica, proteína e energia; na produção e composição do leite; e na participação percentual do pasto no consumo de nutrientes, este efeito não foi significativo. 4.1. Valor nutritivo dos alimentos 4.1.1. Concentrado Os resultados das análises químicas do concentrado utilizado em cada sub-periodo encontram-se na TAB. IV. Os teores de nutrientes estão próximos àqueles encontrados por SOUZA et alii (1976), sendo que a mistura utilizada por estes autores consistiu de 50% de farelo de algodão e 50% de milho desintegrado com palha e sabugo (MDPS), por isso, ocorreu tendência de maior percentagem de matéria seca, menor teor de proteína bruta e maior teor de cinzas no presente trabalho devido a inclusão de 1% de calcário calcítico na mistura. O valor de digestibilidade da matéria seca do concentrado foi estimado a partir de dados do próprio CNPGL, que acusaram valores de digestibilidade de 62,85 e 65,49% para o MDPS e farelo de algodão, respectivamente. 29 TABELA IV - Teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), cinzas (C), energia bruta (EB) e digestibilidade da matéria seca (DMS) do concentrado utilizado em cada sub-período. SUB-PERÍODO SP1 SP2 1 SP3 MÉDIA MS (%) 92,14 95,81 93,97 93,97 PB (% na MS) 22,08 19,10 21,66 20,95 C (% na MS) 4,30 4,31 4,90 4,50 EB (kcal/g MS) 4,61 4,47 4,54 4,54 61,63 61,63 61,63 DMS (%) 1 SP1 = 07 a 11/07/86; SP2 = 25 a 29/08/86; SP3 = 13 a 17/10/86. 61,63 30 4.1.2. Cana-de-açúcar Os teores de nutrientes e o valor da digestibilidade "in vitro" da matéria seca da cana-de-açúcar com 1% de uréia utilizada nos tratamentos 2 e 3 estão na TAB. V. No sub-período 1 utilizou-se amostra do oferecido para a realização das análises químicas. Nos sub-períodos 2 e 3, os valores referem-se ao material consumido, pois foram analisadas amostras do oferecido e das sobras, obtendo-se por média aritmética os valores da tabela. O valor da digestibilidade "in vitro" da matéria seca de 57,21% foi obtido através de análise laboratorial de amostra de cana-de-açúcar sem uréia. Os teores de proteína bruta foram calculados para a adição de 1% de uréia. Os valores encontrados estão próximos aos de MOREIRA & MELLO (1986), que encontraram teores de 32,6% de matéria seca, 10,7% de proteína bruta na matéria seca, 4,2 kcal de energia bruta por grama de matéria seca e digestibilidade "in vivo" da matéria seca em carneiros de 60,5% para o mesmo tipo de mistura cana-de-açúcar mais 1% de uréia. Os dados de consumo da mistura cana-deaçúcar/uréia nos tratamentos T2 e T3 e nos 3 sub-períodos (TAB. VI) mostraram tendência de maior ingestão no 2º sub-período, bem como no tratamento 3 (à vontade). O consumo de cana no T3 foi 15 a 17% superior àquele do tratamento 2. Em um estudo conduzido com novilhas leiteiras de 18 a 24 meses, MELO (1983) observou o consumo da mistura cana-de-açúcar com 1% de uréia variar de 4,8 a 5,8 kg de matéria seca por animal. Estes valores estão abaixo de 6,02 (T2) e 6,81 (T3) kg de matéria seca encontrado no presente trabalho. Entretanto, estes últimos valores estão próximos ao consumo de 5,95 kg de matéria seca de cana sem uréia encontrado por CASTRO(1967), para vacas em lactação recebendo este volumoso exclusivo mais 6 kg de concentrado (50% MDPS e 50% farelo de algodão) e produzindo 7,3 kg de leite por vaca por dia. 4.1.3. Capim elefante 31 TABELA V - Teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), cinzas (C), energia bruta (EB) e digestibilidade "in vitro" da matéria seca (DIVMS) da cana-de-açúcar utilizada em cada sub-período , nos tratamentos 2 e 3. TRATAMENTO MS (%) 2 SUB-PERÍODO 1 SP1 ** SP2 SP3 27,31 3 PB (% na MS)* 2 11,53 3 C (% na MS) 2 2,94 3 EB (kcal/g MS) 2 4,24 3 DIVMS (%) 2/3 57,21 MÉDIA 30,99 33,85 30,72 33,61 29,68 30,20 10,16 9,30 10,30 9,37 10,61 10,50 2,37 3,17 2,83 2,52 2,80 2,75 4,27 4,41 4,31 4,36 4,38 4,33 57,21 57,21 57,21 1 SP1 = 07 a 11/07/86; SP2 = 25 a 29/08/86; SP3 = 13 a 17/10/86. * Calculada par 1% de uréia. ** Neste sub-período coletaram-se apenas amostras do oferecido. 32 TABELA VI - Consumo de cana-de-açúcar com 1% de uréia nos tratamentos 2 e 3, em cada sub-período (kg/vaca). 1 SUB-PERÍODO SP 1 SP2 SP3 MÉDIA MÉDIA DO PERÍODO 2 TOTAL Tratamento 2 18,91 20,00 19,87 19,59 19,74 Tratamento 3 20,44 23,80 23,44 22,56 23,12 1 SP1 = 07 a 11/07/86; SP2 = 25 a 29/08/86; SP3 = 13 a 17/10/86. 2 Período total: junho a outubro de 1986 33 Os resultados das análises químicas das amostras do capim elefante coletadas pelos animais fistulados no esôfago (extrusa) estão presentes na TAB. VII. Não houve efeito significativo (P > 0,05) dos sub-períodos quanto aos teores de matéria seca, proteína bruta, energia bruta e digestibilidade "in vitro" da matéria seca. O teor de cinzas sofreu efeito dos sub-períodos (P < 0,05), com o valor mais elevado no 2º sub-período. Contaminação da forragem com saliva é o principal problema quando se usa animais fistulados (HOLECHEK et alii, 1982). Para contornar isto, sacolas coletoras perfuradas no fundo podem ser usadas para drenar a saliva (VAN DYNE & TORELL, 1964). Comparando os dados observados no presente estudo com ensaios onde utilizaram-se pastejos simulados (MELOTTI & LUCCI, 1969; CARO-COSTAS & VICENTE-CHANDLER, 1969; ARROYO-AGUILÚ et alii, 1975) nota se que os teores de proteína e energia foram inferiores, e o de cinzas superior. Observa-se também que a digestibilidade "in vitro" da matéria seca foi menor do que a digestibilidade "in vivo" com carneiros (66,35%) encontrada por MELOTTI & LUCCI (1969). Além da contaminação salivar, outro aspecto a se considerar é a seletividade dos animais. Estudos realizados na Venezuela (BUTTERWORTH, 1965; BUTTERWORTH & ARIAS, 1966), em que o capim elefante, cortado em diferentes idades foi oferecido a carneiros, demonstraram haver diferença entre o material oferecido e o consumido. Concordando com estes estudos, encontra-se também o trabalho de DAYRELL et alii (1982), que encontraram diferença na composição química de amostras coletadas por animais fistulados no esôfago, confinados e a pasto. Os teores de proteína bruta e cinzas das amostras de extrusa dos animais confinados foi de 5,46 e 11,47%, respectivamente, enquanto que daquelas de animais a pasto foi, respectivamente, 14,84 e 15,95%. Na TAB. VIII observa-se também o efeito da seletividade dos animais, pois embora houvesse diferença visual na composição morfológica do pasto disponível, ao longo do período experimental, não houve diferença significativa (P > 0,05) quanto a percentagem 34 TABELA VII - Teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), cinzas (C), energia bruta (EB) e digestibilidade "in vitro" da matéria seca (DIVMS) do capim elefante em cada sub-período (*). SUB-PERÍODO SP2 SP1 MS (%) PB (% na MS) C (% na MS) EB (kcal/g MS) DIVMS (%) 1 2 SP3 MÉDIA CV (%) 14,30 14,80 15,04 14,71 7,97 9,15 9,55 10,36 9,69 7,32 11,11 9,10 10,47 B 13,31 A 9,54 B 4,09 3,97 4,15 4,07 1,93 53,34 52,92 55,84 54,04 6,09 1 SP1 = 07 a 11/07/86; SP2 = 25 a 29/08/86; SP3 = 13 a 17/10/86. 2 CV = coeficiente de variação A Para uma mesma linha, médias de sub-períodos seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05). (*) Amostras coletadas por animais fistulados no esôfago (média de 3 animais). 35 TABELA VIII - Percentagem de partes verdes e secas do capim elefante, em cada sub-período (*). 1 SUB-PERÍODO SP1 ** SP2 SP 3 2 MÉDIA CV (%) Partes verdes (%) 91,46 91,46 91,69 91,54 3,23 Partes secas (%) 8,54 8,54 8,31 8,46 34,96 1 SP 1 = 07 a 11/07/86; SP 2 = 25 a 29/08/86; SP 3 = 13 a 17/10/86. 2 CV = Coeficiente de variação. (*) Amostras coletadas por animais fistulados no esôfago (média de 3 animais). 36 de partes verdes e secas do capim elefante selecionado pelos animais fistulados. O elevado teor de cinzas observado neste trabalho poderia ser explicado, além da contaminação salivar, pela contaminação do pasto com o solo (VAN SOEST & JONES, 1968) ou pela ingestão direta de solo pelos animais quando em regime de pasto (MAYLAND et alii, 1975), que pode ser evidenciado pelo alto teor de cinzas encontrado por DAYRELL et alii (1982) para amostras de extrusas de animais a pasto quando comparado àquelas de animais confinados. Quanto ao valor mais elevado de cinzas no 2º sub-período, as informações levantadas no presente trabalho não foram suficientes para explicar tal fato. 4.1.4. Capim angola Pela TAB. IX nota-se que não houve diferenças significativas (P > 0,05) entre sub-períodos nos teores de matéria seca, proteína bruta, cinzas e energia do capim angola selecionado pelos animais fistulados. Os coeficientes de digestibilidade "in vitro" da matéria seca foram influenciados significativamente (P < 0,05) pelos sub-períodos. No 1º subperíodo, o coeficiente foi superior (P < 0,05) ao 2º sub-período e, no 3º sub-período, semelhante aos outros dois. Este fato pode ser explicado ao se observar a análise botânica da extrusa do capim angola (TAB. X). Ocorreu um decréscimo (P < 0,05) na percentagem de folha verde do 1º para o 2º sub-período, e um aumento (P < 0,05) na percentagem de talo seco. A percentagem de folha seca não foi influenciada pelos sub-períodos, porém a percentagem de talo verde foi mais elevada (P < 0,05) no 2º subperíodo e menor no 3º sub-período. O teor médio de cinza do capim angola ingerido foi ligeiramente superior ao do capim elefante, provavelmente por ser um capim estolonífero e, por isso, sujeito a contaminação com o solo. Fato interessante pode ser observado nas TAB.VII e 37 TABELA IX - Teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), cinzas (C), energia bruta (EB) e digestibilidade "in vitro" da matéria seca (DIVMS) do capim angola em cada sub-período (*). SUB-PERÍODO SP2 SP1 MS (%) 1 2 SP3 MÉDIA CV (%) 13,23 14,85 14,17 14,08 3,99 PB (% na MS) 8,91 9,79 8,56 9,09 8,00 C (% na MS) 12,96 13,77 13,19 13,31 9,41 3,97 3,93 3,92 3,94 1,67 48,61 3,51 EB (kcal/g MS) DIVMS (%) 50,60 A 46,03 B 49,19 AB 1 SP1 = 07 a 11/07/86; SP2 = 25 a 29/08/86; SP3 = 13 a 17/10/86. 2 CV = coeficiente de variação A Para uma mesma linha, médias seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05). (*) Amostras coletadas por animais fistulados no esôfago (média de 3 animais). 38 TABELA X - Percentagem de folhas, verde e seca, e de talos, verde e seco, do capim angola, em cada sub-período (*). SUB-PERÍODO SP 2 SP 1 A 78,33 B 1 SP 3 A 83,11 3,11 8,63 21,70 Folha verde (%) 85,63 Folha seca (%) 7,49 Talo verde (%) 5,98 AB 7,83 A 3,22 B 5,68 21,87 Talo seco (%) 0,89 C 4,58 A 2,17 B 2,55 19,64 9,17 85,37 MÉDIA CV2 (%) 9,24 1 SP1 = 07 a 11/07/86; SP2 = 25 a 29/08/86; SP3 = 13 a 17/10/86. 2 CV = coeficiente de variação A Para uma mesma linha, médias seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05). (*) Amostras coletadas por animais fistulados no esôfago (média de 3 animais). 39 IX, que mostram a pequena variação entre as extrusas dos animais fistulados. Os baixos coeficientes de variação observados nos levam a deduzir que não houve diferença entre sexo ou idade na capacidade seletiva dos animais fistulados. 4.2. Composição química das fezes Os resultados das análises das fezes dos quatro animais de cada tratamento, por sub-período são apresentados na TAB. XI. O teor de matéria seca das fezes não foi influenciado pelos tratamentos (P > 0,05). Contudo, houve diferença significativa (P < 0,05) entre sub-períodos, sendo o teor de matéria seca mais elevado no 3° sub-período. Tal diferença pode ser explicada pela tendência de maior teor de matéria seca (TAB. VII) e maior ingestão do pasto (TAB. XII) neste sub-período. O teor de proteína bruta das fezes dos animais recebendo capim angola (T1) foi superior (P < 0,05) àqueles dos animais recebendo cana-de-açúcar (T2 e T3). Entretanto, não houve diferença na quantidade total de proteína excretada (TAB. XV). Não houve efeito significativo (P > 0,05) de sub-períodos sobre o teor de proteína bruta nas fezes. O valor médio de proteína bruta nas fezes observado no presente estudo (11,40%) situa-se próximo ao encontrado por ANDREASI et alii (1960-62), para novilhos zebus de seis a oito meses de idade (11,10%). A percentagem de cinzas nas fezes foi afetada significativamente (P < 0,05) pelos tratamentos e pelos sub-períodos. O tratamento 1 teve maior valor do que os tratamentos 2 e 3, devido ao maior teor de cinzas do capim angola (13,31%) comparado com o da cana (2,80%), embora o teor de cinzas do capim angola possa estar aumentado devido à contaminação salivar. O sub período 3 apresentou teor de cinzas nas fezes menor (P<0,05) do que os outros 2 sub-períodos. Isto era esperado, tendo em vista o menor teor de cinzas no capim elefante neste sub-período (TAB. VII). O teor médio de cinzas nas fezes de 11,41% está próximo dos 11,52% encontrado por ANDREASI et alii (1960-62) para 40 TABELA XI - Teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), cinzas (C), energia bruta (EB) e cromo (Cr2), das fezes dos animais submetidos aos 3 tratamentos e em cada sub-período. TRATAMENTO 1 T1 T2 T3 MS (%) 14,22 14,38 PB (% na MS) 11,98 a C (% na MS) 15,49 a 4,24 1,30 c EB (kcal/g MS) Cr2 (mg/g MS) SUB-PERÍODO 2 SP1 SP2 SP3 13,75 11,07 b 9,79 b 4,41 1,28 b 13,60 B 11,14 b 11,35 8,95 b 12,40 A 4,46 1,13 a 4,35 1,28 B 13,45 B 11,66 15,30 3 A 11,18 11,89 A 4,34 1,23 B MÉDIA CV (%) 14,11 6,34 11,40 5,22 9,98 B 11,41 7,48 4,42 1,19 A 4,37 1,24 0,85 14,13 1 T1 = Dieta básica + pastejo em capim angola; T2 = Dieta básica + 20 kg de cana-de-açúcar com 1% de uréia; T3 = Dieta básica + cana-de-açúcar com 1% de uréia à vontade. Dieta básica - pastejo em capim elefante + 2 kg de concetrado. 2 SP1 = 07 a 11/07/86; SP2 = 25 a 29/08/86; SP3 = 13 a 17/10/86. 3 CV = coeficiente de variação a A Para uma mesma linha, médias de tratamentos seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05). Para uma mesma linha, médias de sub-períodos seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05). 41 novilhos confinados recebendo 1 kg de concentrado, 4 kg de cana picada e 4 kg de capim guatemala. O teor de energia bruta das fezes foi influenciado (P < 0,05) pelos tratamentos e pelos sub-períodos. O tratamento com cana à vontade (T3) apresentou teor de energia bruta superior (P < 0,05) aos dos outros dois tratamentos, enquanto o tratamento com 20 kg de cana (T2) superou (P < 0,05) o tratamento 1. Entretanto, não houve diferença entre tratamentos na quantidade total de energia excretada (TAB. XVI). O sub-período 3 apresentou teor energético nas fezes superior (P < 0,05) aos dos outros sub-períodos. Tal comportamento pode ser conseqüência das tendências de maiores valores energéticos para a cana-de-açúcar e capim elefante (TAB. V e VII) no 3º sub-período. A concentração de cromo nas fezes não foi afetada (P > 0,05) pelos tratamentos nem sub-períodos, ficando em média 1,24 mg por grama de matéria seca fecal. 4.3. Estimativa do consumo de pasto As quantidades ingeridas de matéria seca e matéria orgânica do pasto, nos 3 tratamentos e em cada sub-período, são mostradas na TAB. XII. Cabe ressaltar que no tratamento 1 considerou-se, em conjunto, o consumo dos dois pastos (capim elefante + capim angola), devido a impossibilidade do método em separar a quantidade ingerida de cada um. Os consumos de capim elefante nos tratamentos 2 e 3, em matéria seca e orgânica, não foram influenciados (P > 0,05) pela quantidade de cana-de-açúcar consumida pelos animais, ficando em torno de 4,9 kg de matéria seca ou 3,9 kg de matéria orgânica. Analisando os consumos nos sub-períodos observase que houve diferença (P < 0,05) entre eles, tanto em termos de matéria seca quanto em matéria orgânica. Os valores foram maior (P < 0,05) no 3° sub-período, intermediários no 1º sub-período e menores no 2º subperíodo, mostrando que o consumo de pasto pelos animais parece ter sido influenciado pela disponi- 42 TABELA XII - Quantidade ingeridas de pasto (*), em matéria seca e orgânica, nos 3 tratamentos e em cada sub-período. TRATAMENTO T2 T1 1 T3 SP1 SUB-PERÍODO SP2 2 SP3 MÉDIA CV3 (%) Matéria seca -1 -1 kg.vaca .dia 9,72 a 4,99 b 4,84 b 6,46 AB 5,46 B 7,61 A 6,51 23,51 8,60 a 3,89 b 3,95 b 5,10 AB 4,65 B 6,69 A 5,48 26,23 MSD kg.vaca-1.dia-1 1 T1 = Dieta básica + pastejo em capim angola; T2 = Dieta básica + 20 kg de cana-de-açúcar com 1% de uréia; T3 = Dieta básica + cana-de-açúcar com 1% de uréia à vontade. Dieta básica - pastejo em capim elefante + 2 kg de concetrado. 2 SP1 = 07 a 11/07/86; SP2 = 25 a 29/08/86; SP3 = 13 a 17/10/86. 3 CV = coeficiente de variação. (*) No T1 considerou-se o consumo dos 2 pastos (capim elefante + capim angola) e em T 2 e T3 apenas do capim elefante. a A Para uma mesma linha, médias de tratamentos seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05). Para uma mesma linha, médias de sub-períodos seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05). 43 bilidade de material de boa qualidade. As análises química e botânica do pasto de capim elefante (TAB. VII e VIII) demonstram que os animais no 3º sub-período colheram material ligeiramente superior em qualidade àqueles colhidos nos outros dois sub-períodos . Observando o consumo de pasto no tratamento 1, de 9,72 kg de matéria seca ou 8,60 kg de matéria orgânica, nota-se que estes valores são inferiores aos encontrados por CARDOSO (1977) de 13,1 e 12,0 kg, respectivamente, para vacas em lactação em regime exclusivo de pastagens de capim gordura (Melinis minutiflora) ou os de VILELA (1978), que foram respectivamente 13,6 e 12,5 kg, para vacas em lactação recebendo, além do pastejo em capim gordura, alguns suplementos. Apesar destes fatos sugerirem que o sistema de pastejo empregado no tratamento 1 propiciou menores ingestões é válido ressaltar que nos experimentos citados, além de serem realizados na época chuvosa, os pesos vivos dos animais eram maiores do que os do presente estudo. A variação no consumo de pasto entre animais, indicada pelos coeficientes de variação (C.V.), está próxima dos valores obtidos por VILELA (1978) que encontra C.V. em torno de 24% para os consumos de matérias seca e orgânica, com vacas em lactação, em regime de pastagem de capim gordura, suplementadas com diferentes alimentos, no período das águas. Entretanto, para regime exclusivo de pasto de capim gordura, CARDOSO (1977) encontrou coeficiente de variação de 36,7% para consumo de matéria seca do pasto, valor superior ao encontrado no presente estudo. 4.4. Estimativa de consumo total 4.4.1. Matéria seca As quantidades totais de matéria seca ingerida, excretada e digerida, baseadas em estimativas de excreção fecal das 4 vacas dosificadas com óxido crômico, por tratamento em cada sub-período, encontram-se na TAB. XIII. 44 Em termos absolutos, os tratamentos e sub-períodos tiveram efeito significativo (P < 0,05) sobre o consumo de matéria seca total. O tratamento 3 consumiu mais matéria seca do que o tratamento 1 (P < 0,05), com o tratamento 2 semelhante a ambos. O consumo de matéria seca total no sub-período 3 foi maior (P < 0,05) do que nos sub-períodos 1 e 2. Entretanto, quando os consumos foram analisados como percentagem do peso vivo ou em relação ao peso metabólico, notou-se que não houve diferenças significativas (P > 0,05) entre tratamentos e entre subperíodos, indicando que os consumos em termos absolutos foram influenciados pelos pesos dos animais. Os valores médios obtidos para o consumo de matéria seca total de 12,68 kg.vaca-1.dia-l, correspondente a 2,87% do peso vivo ou 131,30g por unidade de tamanho metabólico (kg0,75), estão próximos dos valores de 13,1 kg. vaca-1.dia-l (2,8% do peso vivo ou 130,1 g.kg0,75) encontrado por CARDOSO (1977), com vacas em lactação em pastos de capim gordura durante o período das águas. Quando, nestas mesmas condições, as vacas foram suplementadas (VILELA, 1978), os valores foram superiores (15,1 kg.vaca-1.dia-l; 3,1% do peso vivo ou 145,7 g.kg0,75). Entretanto, no presente estudo notou-se uma menor variação entre animais (C.V. em torno de 13%) do que no trabalho de CARDOSO (1977), que encontrou um C.V. de 36,7%. A excreção total de matéria seca não variou entre tratamentos, mas houve variação entre sub-períodos (P < 0,05). Esta variação não foi significante quando a excreção de matéria seca foi expressa em termos percentuais do peso vivo ou como proporção do peso metabólico, indicando que provavelmente a variação ocorrida em termos absolutos foi influenciada pelo peso dos animais. Em média, 5,63kg de matéria seca foi excretada via fezes, correspondendo a 1,27% do peso corporal dos animais. Esses índices estão próximos aos encontrados na literatura, 5,5 kg.vaca -1 .dia -l ou 1,2% do peso vivo (CARDOSO, 1977) e 5,5 kg.vaca -1 .dia -l ou 1,1% do peso vivo (VILELA, 1978). No presente estudo, os coeficientes de variação para produção fecal, em termos absolutos ou em relação ao peso vivo foram, respectivamente, 45 TABELA XIII - Quantidade totais (dieta total) de matéria seca ingerida (MSI), excretada (MSE) e digerida (MSD) nos 3 tratamentos e em cada sub-período. TRATAMENTO T2 T1 1 T3 SP1 SUB-PERÍODO SP2 2 3 SP3 MÉDIA CV (%) 12,68 12,07 MSI -1 kg.vaca .dia -1 % do peso vivo -1 g.UTM * 11,60 b 12,89 ab 13,56 a 11,89 B 12,11 B 14,05 A 2,83 2,80 2,97 2,84 2,79 2,96 2,87 14,77 127,33 129,52 137,06 128,41 127,41 138,13 131,30 13,31 5,44 5,58 5,86 5,30 5,63 12,65 1,33 1,21 1,28 1,27 1,25 1,30 1,27 14,85 59,71 56,15 59,26 57,25 57,22 60,65 58,37 13,55 7,05 11,63 MSE -1 kg.vaca .dia -1 % do peso vivo -1 g.UTM * B 5,42 AB 6,15 A MSD -1 kg.vaca .dia -1 % do peso vivo -1 g.UTM * 6,16 b 4,50 67,51 7,30 a 1,58 b 73,37 7,70 a 1,66 a 77,81 a 6,59 B 6,68 B 7,89 A 1,54 1,54 1,66 1,59 14,70 70,19 70,19 77,47 72,93 13,14 1 T1 = Dieta básica + pastejo em capim angola; T2 = Dieta básica + 20 kg de cana-de-açúcar com 1% de uréia; T3 = Dieta básica + cana-de-açúcar com 1% de uréia à vontade. Dieta básica - pastejo em capim elefante + 2 kg de concetrado. 2 SP 1 = 07 a 11/07/86; SP 2 = 25 a 29/08/86; SP 3 = 13 a 17/10/86. 3 CV = coeficiente de variação. * UTM = Unidade de tamanho metabólico (Peso vivo elevado à potência de 0,75). a Para uma mesma linha, médias de tratamentos seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05). A Para uma mesma linha, médias de sub-períodos seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05). 46 12,65 e 14,85% enquanto que nos trabalhos citados estes valores foram superiores, 29,1 e 27,5% (CARDOSO, 1977) e 24,2 e 25,5% (VILELA, 1978), indicando, provavelmente, maior uniformidade dos animais utilizados no presente experimento. Os tratamentos e os sub-períodos tiveram efeitos significativos (P < 0,05) sobre a quantidade de matéria seca total digerida (MSD). As diferenças entre sub-períodos podem ser explicadas pelas diferenças de peso dos animais, pois quando expressas em termos percentuais do peso vivo, ou em relação ao peso metabólico, não foram observadas tais diferenças. As quantidades de matéria seca digerida nos tratamentos com canade-açúcar foram superiores (P < 0,05) àquela do tratamento com capim angola, tanto em termos absolutos como por unidade de peso metabólico. Este resultado, provavelmente, seja explicado pela maior digestibilidade da cana-de-açúcar (57,21%) quando comparada à do capim angola (48,61%). A quantidade de matéria seca digerida foi em média 7,05 kg.vaca-1.dia-l, representando 1,59% do peso corporal ou 72,93 g por unidade de peso metabólico, dados estes próximos aos 7,4 kg.MSD.vaca-1.dia-l ou 73,4 g. kg0,75 obtidos por CARDOSO (1977) com vacas mestiças, em pastagem de capim gordura. Entretanto, estes valores encontram-se acima daqueles observados por STOBBS & SANDLAND (1972), com vacas Jerseys, em pastagem tropical (capim pangola, capim de Rhodes e setária), os quais variaram de 32,0 a 58,8 g de matéria seca digestível por unidade de peso metabólico. 4.4.2. Matéria orgânica Os dados de matéria orgânica ingerida, excretada e digerida (TAB. XIV) apresentaram as mesmas tendências daqueles de matéria seca (TAB. XIII). Quanto às quantidades de matéria orgânica digerida, observa-se efeitos significativos (P<0,05) para tratamentos e subperíodos. Estas quantidades decresceram significativamente (P<0,05) do tratamento 3 para o 2 e do 2 para o 1, embora, quando expressas em percentagem do peso animal, tais diferenças 47 TABELA XIV - Quantidade totais (dieta total) de matéria orgânica ingerida (MOI), excretada (MOE) e digerida (MOD) nos 3 tratamentos e em cada sub-período. TRATAMENTO T2 T1 1 T3 SP1 SUB-PERÍODO SP2 2 3 SP3 MÉDIA CV (%) MOI -1 -1 10,40 -1 -1 4,77 kg.vaca .dia -1 -1 5,63 % do peso vivo 1,37 kg.vaca .dia b 11,54 ab 12,40 a 10,34 B 11,10 B 12,90 A 11,45 12,56 4,48 B 4,90 B 5,61 A 4,99 13,12 5,87 B 6,20 B 7,29 A 6,45 12,17 MOE kg.vaca .dia 4,93 5,29 MOD -1 g.UTM * 61,78 c 6,62 b 1,43 b 66,42 7,11 a 1,55 ab 71,83 a 1,40 1,43 1,53 1,45 15,31 63,34 65,09 71,60 66,68 13,84 1 T1 = Dieta básica + pastejo em capim angola; T2 = Dieta básica + 20 kg de cana-de-açúcar com 1% de uréia; T3 = Dieta básica + cana-de-açúcar com 1% de uréia à vontade. Dieta básica - pastejo em capim elefante + 2 kg de concetrado. 2 SP1 = 07 a 11/07/86; SP2 = 25 a 29/08/86; SP3 = 13 a 17/10/86. 3 CV = coeficiente de variação. * UTM = Unidade de tamanho metabólico (Peso vivo elevado à potência de 0,75). a A Para uma mesma linha, médias de tratamentos seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05). Para uma mesma linha, médias de sub-períodos seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05). 48 não foram observadas. Expressando os dados em unidade de peso metabólico, o tratamento 3 teve valores maiores (P <0,05) aos do tratamento 1, sendo o tratamento 2 semelhante a ambos. De um modo geral, este comportamento pode ser explicado pela diferença entre as digestibilidades dos alimentos (TAB. V e IX). 4.4.3. Proteína Na TAB. XV nota-se que, em termos absolutos (kg.vaca1.dia-l), a quantidade de proteína ingerida foi influenciada pelos tratamentos e pelos sub-períodos (P < 0,05). As vacas nos tratamentos com cana-de-açúcar (T2 e T3) consumiram mais proteína (P < 0,05) do que aquelas no tratamento com capim angola (T1). Houve um consumo maior de proteína no 3º subperíodo (P < 0,05), comparado aos outros 2 sub-períodos. Entretanto, estas ingestões quando relacionadas em função do peso corporal ou peso metabólico não sofreram tais efeitos, sugerindo haver efeito do peso dos animais sobre estes consumos. A quantidade de proteína excretada nas fezes não sofreu influência de tratamentos nem de sub-períodos, com valor de 640 g.vaca-1.dia-l, correspondente a 0,14% de peso vivo ou 6,64 g.UTM -l . Os tratamentos e sub-períodos tiveram efeitos significativos (P < 0,05) sobre a quantidade de proteína digerida (PD) pelos animais. Os animais no tratamento 3 digeriram mais proteína (P < 0,05) do que os do tratamentos 1, enquanto os do tratamento 2 apresentaram valores semelhantes a ambos, tanto em termos absolutos como em relação ao peso vivo ou metabólico. No subperíodo 3, houve maior quantidade de proteína digerida do que nos outros 2 sub-períodos (P < 0,05), embora em termos de peso vivo não houvesse tal diferença, indicando aumento do peso dos animais ao longo do período experimental. Contudo, em termos de peso metabólico, observou-se maior valor no 3º sub-período do que o 2º sub-período (P < 0,05), e ambos foram semelhantes ao 1º subperíodo. O valor médio encontrado, em torno de 820 g -1 -l -l PD.vaca .dia (0,18% do peso vivo ou 8,46g.UTM ) está 49 TABELA XV - Quantidade totais (dieta total) de proteína ingerida (PI), excretada (PE) e digerida (PD) nos 3 tratamentos e em cada sub-período. TRATAMENTO T2 T1 1 T3 SP1 SUB-PERÍODO SP2 2 3 SP 3 MÉDIA CV (%) PI kg.vaca-1 .dia-1 1,30 b 1,49 a 1,57 1,41 B 1,35 B 1,61 A 1,46 10,36 % do peso vivo 0,32 0,32 0,34 0,33 0,31 0,34 0,33 13,97 14,34 15,03 15,92 15,20 14,22 15,87 15,10 12,20 kg.vaca-1 .dia-1 0,61 0,65 0,65 0,63 0,60 0,68 0,64 12,72 % do peso vivo 0,15 0,14 0,14 0,15 0,14 0,15 0,14 16,18 -1 6,76 6,56 6,61 6,87 6,33 6,72 6,64 14,64 0,69 b 0,84 ab 0,92 a 0,77 B 0,75 B 0,93 A 0,82 11,11 0,16 b 0,18 ab 0,20 a 0,18 0,17 0,19 0,18 14,47 7,58 b 8,48 ab 9,31 a 7,46 12,61 -1 g.UTM * PE g.UTM * PD kg.vaca-1 .dia-1 % do peso vivo -1 g.UTM * 8,33 AB 7,89 B 9,15 A 1 T1 = Dieta básica + pastejo em capim angola; T2 = Dieta básica + 20 kg de cana-de-açúcar com 1% de uréia; T3 = Dieta básica + cana-de-açúcar com 1% de uréia à vontade. Dieta básica - pastejo em capim elefante + 2 kg de concetrado. 2 SP1 = 07 a 11/07/86; SP2 = 25 a 29/08/86; SP3 = 13 a 17/10/86. 3 CV = coeficiente de variação. * UTM = Unidade de tamanho metabólico (Peso vivo elevado à potência de 0,75). a A Para uma mesma linha, médias de tratamentos seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05). Para uma mesma linha, médias de sub-períodos seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05). 50 ligeiramente abaixo do valor estimado por CARDOSO (1977), em torno de 910 g PD.vaca-1.dia-1, ou daqueles encontrados por VILELA (1978), que variaram de 900 a 1520 g PD.vaca-1.dia-1. Esta diferença pode ser explicada pelo tamanho dos animais utilizados em cada experimento. O peso médio dos animais nos experimentos de CARDOSO (1977) e VILELA (1978) foram, respectivamente, 460 e 484 kg, enquanto no presente estudo o peso médio foi de 428 kg (TAB. XVIII). Comparando os dados de consumo de proteína (TAB.XV) para cada tratamento (T1 = 1300 g; T2 = 1490 g e T3 = 1570 g por vaca por dia) com as necessidades calculadas pelo NRC (1978) , observou-se que o valor calculado para o T1 (1356 g) e maior do que a quantidade ingerida; para o T2 (1320 g) houve um excesso de proteína ingerida em torno de 13% das necessidades; e para o T3 (1235 g) esse excesso foi em torno de 27% do exigido. 4.4.4. Energia A ingestão de energia (TAB. XVI) sofreu efeito significativo (P < 0,05) de tratamentos e sub-períodos. Os animais recebendo cana-de-açúcar (T2 e T3) tiveram maior ingestão de energia (P < 0,05) do que aqueles recebendo capim angola entre as ordenhas (T1). Entretanto, essa diferença foi ocasionada pelas diferenças de pesos dos animais entre tratamentos. Isso é evidenciado quando se expressa os consumos de energia em termos de percentagem do peso vivo ou de peso metabólico. A excreção de energia nas fezes (TAB. XVI) sofreu influência somente dos sub-períodos (P < 0,05). As quantidades de energia digerida (TAB. XVI) foram afetadas pelos tratamentos e sub-períodos (P < 0,05). Em termos absolutos, as vacas que receberam cana-de-açúcar digeriram mais energia do que aquelas com capim angola (P < 0,05). Quando se comparou os dados em termos de peso vivo, o tratamento 3 foi superior ao tratamento 1 (P < 0,05), e ambos semelhantes ao tratamento 2. Já em termos de peso metabólico, todos os dois tratamentos com cana-de-açúcar (T2 e T3) apresentaram consumos 51 TABELA XVI - Quantidade totais (dieta total) de energia ingerida (EI), excretada (EE) e digerida (ED) nos 3 tratamentos e em cada sub-período. TRATAMENTO T2 T1 1 T3 SP1 SUB-PERÍODO SP2 2 SP3 MÉDIA CV 3 (%) EI kg.vaca-1 .dia-1 47,52 b 54,86 a 58,00 a 49,94 B 50,68 B 59,76 A 53,46 11,65 % do peso vivo 11,61 11,81 12,59 11,94 11,68 12,58 12,07 14,61 521,62 551,15 586,04 539,26 532,76 586,79 552,94 13,08 kg.vaca-1 .dia-1 23,68 24,26 25,95 22,44 B 23,95 B 27,49 A 24,63 12,79 % do peso vivo 5,78 5,27 5,68 5,37 5,54 5,81 5,58 15,39 259,81 243,71 262,31 242,55 252,41 270,86 255,28 14,02 -1 g.UTM * EE -1 g.UTM * ED kg.vaca-1 .dia-1 % do peso vivo -1 g.UTM * 23,84 b 5,83 b 261,81 b 30,60 a 6,64 307,45 ab a 32,05 a 27,50 B 26,73 B 32,26 A 28,83 10,77 7,01 a 6,57 6,14 6,77 6,49 14,03 323,72 a 296,70 280,34 315,93 297,66 12,37 1 T1 = Dieta básica + pastejo em capim angola; T2 = Dieta básica + 20 kg de cana-de-açúcar com 1% de uréia; T3 = Dieta básica + cana-de-açúcar com 1% de uréia à vontade. Dieta básica - pastejo em capim elefante + 2 kg de concetrado. 2 SP1 = 07 a 11/07/86; SP2 = 25 a 29/08/86; SP3 = 13 a 17/10/86. 3 CV = coeficiente de variação. * UTM = Unidade de tamanho metabólico (Peso vivo elevado à potência de 0,75). a A Para uma mesma linha, médias de tratamentos seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05). Para uma mesma linha, médias de sub-períodos seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05). 52 de energia digestível superiores (P < 0,05) ao do tratamento com capim angola (T1). Estes fatos podem ser explicados pela maior digestibilidade da cana-de-açúcar (57,21%) quando comparada com a do capim angola (48,61%). A tendência de menores valores para o tratamento 2, quando comparado ao tratamento 3, deve-se provavelmente, ao maior consumo de cana-de-açúcar e a maior oportunidade dos animais do tratamento 3 em selecionar dieta de melhor qualidade. As quantidades de energia ingerida, excretada e digerida sofreram de modo semelhante os efeitos de sub-períodos. Os maiores valores apresentados no 3º sub-período (P < 0,05) podem ser explicados pelo aumento de peso, pois não houve diferenças significativas (P > 0,05) quando estas quantidades foram expressas em percentual do peso vivo ou em função do peso metabólico. CARDOSO (1977) encontrou consumo médio de energia digestível de 31,80 Mcal.vaca-1.dia-1, enquanto VILELA (1978) apresentou a variação de 34,7 a 40,18 Mcal.vaca-1.dia-1. Estes valores foram superiores ao encontrado neste experimento (28,83 Mcal.vaca-1.dia-1), provavelmente devido ao maior peso dos animais nos trabalhos referenciados. Os trabalhos apresentados para ingestão de ED (TAB. XVI) para os respectivos tratamentos 1, 2 e 3 de 23,34; 30,60 e 32,05 Mcal por vaca por dia, quando comparados às necessidades calculadas segundo NRC (1978) de 30,44; 30,60 e 28,95 Mcal por vaca por dia, para os respectivos tratamentos, indicam que no tratamento 1 houve um déficit de 22% das necessidades energéticas, no tratamento 3 houve excesso de 10% e no tratamento 2, a necessidade energética foi suprida pelo consumo de ED. Considerando que o consumo de proteína e a energia digerida encontrados no presente estudo estão de acordo com os dados de literatura observados em condições tropicais, tais discrepâncias entre necessidade e ingestão evidenciam que fórmulas encontradas em clima temperado não refletem a realidade das regiões tropicais. 53 4.5. Participação percentual do pasto no consumo de nutrientes digestíveis A participação do pasto, em termos de matéria seca digestível, matéria orgânica digestível, proteína digestível e energia digestível, encontra-se expressa percentualmente na TAB. XVII. Apesar de se propor estudar a participação do pasto de capim elefante no consumo de nutrientes, a comparação ficou prejudicada pelo método utilizado para estimativa de consumo que não possibilitou determinar as ingestões individuais de cada pasto no tratamento 1. Não houve diferença significativa (P > 0,05) entre os tratamentos com cana-de-açúcar quanto a participação percentual do pasto de capim elefante no consumo de nutrientes, indicando que não houve efeito da quantidade e/ou qualidade da cana-deaçúcar consumida em cada tratamento sobre o consumo de pasto. Houve efeito dos sub-períodos (P < 0,05) sobre a participação percentual do pasto no consumo de nutrientes. De modo geral, esta participação foi menor no 2º sub-período do que nos outros dois sub-períodos. Esse comportamento pode ser explicado por uma diminuição na disponibilidade de pasto no 2º sub-período, como evidenciado pelo aumento no consumo de cana-de-açúcar neste sub-período (TAB. VI) com conseqüente redução no consumo de pasto (TAB. XII). 4.6. Peso vivo dos animais A TAB. XVIII mostra os valores dos pesos vivos inicial e final das vacas, como o ganho de peso diário durante o experimento. Observa-se que os animais do tratamento 1 eram mais leves do que os animais dos tratamentos 2 e 3. 0 ganho médio diário de peso dos animais do tratamento 3 foi superior (P < 0,05) àquele dos animai s do tratamento 1, e ambos semelhantes ao do tratamento 2. Este comportamento pode ser explicado, quando se compara os consumos de nutrientes digestíveis, 54 TABELA XVII - Participação percentual do pasto (*) no consumo de nutrientes digestíveis nos 3 tratamentos, e em cada sub-período (%). TRATAMENTO T2 T1 1 T3 SP1 SUB-PERÍODO SP2 2 3 SP3 MÉDIA CV (%) Matéria seca 80,68 a 36,60 b 33,04 b 52,42 A 44,68 B 53,23 A 50,11 12,04 Matéria orgânica 79,83 a 32,22 b 29,58 b 48,12 AB 42,12 B 51,38 A 47,21 14,09 Proteína 67,52 a 30,73 b 26,78 b 41,98 AB 37,78 B 45,28 A 41,68 14,52 Energia 83,64 a 35,60 b 32,48 b 51,36 AB 45,70 B 54,68 A 50,57 12,17 1 T 1 = Dieta básica + pastejo em capim angola; T 2 = Dieta básica + 20 kg de cana-de-açúcar com 1% de uréia; T 3 = Dieta básica + cana-de-açúcar com 1% de uréia à vontade. Dieta básica - pastejo em capim elefante + 2 kg de concetrado. 2 SP 1 = 07 a 11/07/86; SP 2 = 25 a 29/08/86; SP 3 = 13 a 17/10/86. 3 CV = coeficiente de variação. (*) No T 1 considerou-se o consumo dos 2 pastos (capim elefante e capim angola) e em T 2 e T3 apenas do capim elefante. a Para uma mesma linha, médias de tratamentos seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05). A Para uma mesma linha, médias de sub-períodos seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05). 55 TABELA XVIII - Pesos vivos médios, inicial e final, e ganhos médios diários de peso, para os 3 tratamentos. T1 TRATAMENTO T2 Peso vivo inicial (kg) 408 Peso vivo final (kg) 431 Ganho médio diário de peso durante -1 -1 151 dias (g.vaca .dia ) 147,90 b 1 2 CV (%) T3 MÉDIA 449 428 428 - 486 477 465 - 247,92 ab 324,51 a 240,11 43,43 1 T1 = Dieta básica + pastejo em capim angola; T2 = Dieta básica + 20 kg de cana-de-açúcar com 1% de uréia; T3 = Dieta básica + cana-de-açúcar com 1% de uréia à vontade. Dieta básica - pastejo em capim elefante + 2 kg de concetrado. 2 CV = coeficiente de variação. a Para uma mesma linha, médias de tratamentos seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05). 56 expressos em percentagem do peso vivo ou em gramas por unidade de peso metabólico (TAB. XIII a XVI). Os ganhos médios diários dos animais nos tratamentos T1 (147,90 g), T2(247,92 g) e T3 (324,51 g) foram inferiores às 520 g.vaca-1.dia-1, encontradas por LUCCI et alii (1969c), com vacas em lactação mantidas em pastagens de capim Napier e de capim angola, com taxa de lotação de 4,3 a 3,8 vacas.ha-1, respectivamente, durante 90 dias do período das águas, recebendo como suplementação 1,3 kg de milho em grão por dia. No presente experimento, a taxa de lotação do capim elefante foi mais elevada (4,7 vacas.ha-1) e aplicada durante 150 dias do período da seca, fatos que podem explicar tais diferenças em ganho de peso. Resultados semelhantes aos obtidos no presente estudo, com vacas leiteiras submetidas ao tipo de tratamento utilizado no T2, foram relatados por VALLE et alii (1986b) utilizando as mesmas pastagens de capim elefante, no período da seca de 1985. 4.7. Produção e análise do leite A produção média de leite corrigida para 4% de gordura (TAB. XIX) foi afetada pelos tratamentos e pelos sub-períodos (P < 0,05). Os animais do tratamento com capim angola produziram mais leite do que os animais do tratamento 3 (P <0,05). Por outro lado, as vacas do tratamento 2 apresentaram produções iguais as dos tratamentos 1 e 3. A produção de leite corrigida para 4% de gordura no 1° sub-período foi superior (P < 0,05) às dos outros 2 sub-períodos, seguindo a forma clássica de curva de lactação, em que a produção diária, logo após o pico, decresce com o decorrer do tempo. A produção média de leite corrigida para 4% de gordura foi 10,38 kg.dia - 1 , com coeficiente de variação de 17,53%. Este nível de produção está próximo aos encontrados, com a mesma espécie de pastagem, por CARO-COSTAS & VICENTE CHANDLER (1969), VELLOSO & FREITAS (1973) e SLEUTJES et alii (1976), porém inferiores 57 TABELA XIX - Produção média de leite e teores de gordura, proteína e extrato seco total do leite dos 3 tratamentos e em cada sub-período. TRATAMENTO T1 T2 Produção de leite (kg.vaca -1.dia-1) - Corrigida para 4% de gordura 11,17 a 10,43 Gordura (%) 3,94 4,26 Proteína (%) 3,13 b 3,40 Extrato seco total (%) 12,94 ab a 13,48 1 2 SUB-PERÍODO SP1 SP2 SP 3 T3 9,55 b 11,06 A 10,01 B 10,08 B MÉDIA CV 3 (%) 10,38 17,53 3,77 3,97 3,91 4,08 3,99 18,15 3,28 ab 3,19 B 3,27 AB 3,36 A 3,27 11,57 A 13,13 7,73 12,98 13,09 B 13,02 B 13,29 1 T1 = Dieta básica + pastejo em capim angola; T2 = Dieta básica + 20 kg de cana-de-açúcar com 1% de uréia; T3 = Dieta básica + cana-de-açúcar com 1% de uréia à vontade. Dieta básica - pastejo em capim elefante + 2 kg de concetrado. 2 SP1 = 07 a 11/07/86; SP2 = 25 a 29/08/86; SP3 = 13 a 17/10/86. 3 CV = coeficiente de variação. a Para uma mesma linha, médias de tratamentos seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05). A Para uma mesma linha, médias de sub-períodos seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05). 58 aos observados por LUCCI et alii (1969c), LUCCI et alii (1972) e CARO-COSTAS & VICENTE-CHANDLER (1974). Associando as produções de vacas sob pastejo em capim elefante com aquelas de vacas sob pastejo em capim angola, LUCCI et alii (1969 a) encontraram uma produção de 11,4 kg de leite por vaca por dia, valor próximo a 11,17 kg.vaca-1.dia-1 observado para vacas no T1 do presente estudo. No período da seca de 1985, VALLE et alii (1986a) conduzindo estudo na mesma área do presente trabalho encontraram produção menor (8,84 kg de leite -1 -1 corrigido.vaca .dia ) para vacas recebendo dieta igual a do tratamento 2 (10,43kg de leite. vaca-1.dia-1), sugerindo que as condições do presente estudo foram aparentemente melhores. O teor de gordura do leite (TAB. XIX) não foi influenciado (P > 0,05) pelos tratamentos nem pelos sub-períodos. O valor encontrado em média (3,99%) está de acordo com os observados por outros autores (LUCCI et alii, 1969c; LUCCI et alii, 1972; VELLOSO & FREITAS, 1973; VALLE et alii, 1986a). O teor de proteína do leite (TAB. XIX) no tratamento 2 foi superior (P < 0,05) ao do tratamento 1, sendo estes dois semelhantes ao do tratamento 3. Este comportamento parece estar associado ao maior consumo de proteína nos tratamentos com cana-de-açúcar (TAB. XV). O teor de proteína do leite no 3º subperíodo foi maior (P < 0,05) do que no 1º sub-período, com teor igual a ambos no 2º sub-período. Isso se deve, provavelmente, ao aumento de ingestão de proteína bruta e proteína digestível no 3º sub-período (TAB. XV). Em média, o teor de proteína do leite foi de 3,27%, valor este bem próximo ao encontrado por VALLE et alii (1986a), de 3,25%. Os valores de extrato seco total do leite (TAB.XIX) foram influenciados (P < 0,05) apenas pelos sub-períodos. No subperíodo 3 obteve-se maior valor do que nos outros 2 sub-períodos (P < 0,05), os quais não diferiram entre si. Isto ocorreu como conseqüência da queda na produção do leite associada aos maiores teores de gordura e proteína do leite observados no 3º sub-período (TAB.XIX). O teor médio encontrado de extrato seco total do leite foi de 13,13%, o qual está próximo de 13,58% obtido por VALLE et alii (1986a). 59 A análise das produções médias no período total (TAB. XX) mostra que vacas suplementadas com capim angola (T1) produziram mais do que as do tratamento 3 (P < 0,05), com as do tratamento 2 obtendo produções iguais as dos outros tratamentos. Essa evidência, associada ao maior ganho de peso diário, observado nos tratamentos com cana-de-açúcar (TAB. XVIII), leva a acreditar que dietas à base de cana-de-açúcar, ou com fontes de carbohidratos solúveis, favorecem a partição dos nutrientes em direção a síntese de reserva corporal (ganho de peso) em prejuízo da síntese de leite. Segundo SUTTON et alii (1980), dietas de vacas leiteiras com altas proporções de concentrado fazem com que mais energia seja usada para ganho de peso do que para produção de leite. Os efeitos de tais dietas são a menor proporção de ácido acético no rúmen, menores teores de gordura no leite e maiores ganhos de peso diários em vacas leiteiras. Estes fatos concordam com a afirmação de ∅RSKOV & MCDONALD (1980) de que as diferenças na proporção de ácidos graxos voláteis influenciam a partição de energia em gado leiteiro. Embora o tratamento 1 tenha proporcionado maior produção por vaca, sua produção por hectare foi aproximadamente a metade das obtidas nos tratamentos 2 e 3 (TAB.XX). Os valores médios de produção de leite por hectare por dia foram menores do que aqueles encontrados por outros autores (LUCCI et alii, 1969c, 1979), em torno de 42 kg de leite por hectare, contudo superiores aos encontrados por VALLE et alii (1986a), no período da seca (24 a 35 kg de leite por hectare). Os resultados das produções de leite por hectare (TAB. XX) indicam que quando a terra for um fator limitante, a utilização de cana-de-açúcar é a melhor opção quando se objetiva maior produtividade por área. Entretanto, deve-se considerar alguns fatores que podem influenciar a margem de lucro, tais como: preço da mão-de-obra, custos das construções e custos operacionais (transporte de cana do canavial para o estábulo e energia para trituração da cana). Já quando se objetiva explorar 60 TABELA XX - Área utilizada, lotação, produção de leite média no período total e produtividade por área nos 3 tratamentos. TRATAMENTO T2 * T1 1 T3 * MÉDIA CV2 (%) Área (ha) 5,40 2,27 2,33 - - Lotação (UA/ha) 1,67 3,96 3,86 - - 10,33 ab 9,48 Produção de leite, corrigida para 4% de gordura: kg.vaca-1.dia-1 kg.ha -1.dia-1 11,23 18,75 a 40,90 b 36,59 10,35 10,55 - 1 T 1 = Dieta básica + pastejo em capim angola; T 2 = Dieta básica + 20 kg de cana-de-açúcar com 1% de uréia; T 3 = Dieta básica + cana-de-açúcar com 1% de uréia à vontade. Dieta básica - pastejo em capim elefante + 2 kg de concetrado. 2 CV = coeficiente de variação. * Considerando a produção de cana-de-açúcar igual a 70 toneladas, com 30,45% de matéria seca. a Para uma mesma linha, médias de tratamentos seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05). - 61 melhor o potencial dos animais, com terra disponível ou de baixo custo, a utilização de pastagens de reserva de capim angola tornase mais interessante, com menos custos de mão-de-obra ou custos operacionais. Entretanto, deve-se computar o investimento em cercas e bebedouros para a implantação dos piquetes. 62 5. CONCLUSÕES Nas condições do presente estudo, os resultados obtidos conduzem às seguintes conclusões: 1. Admitindo que a pastagem de reserva ou a cana-deaçúcar com 1% de uréia foi suficiente para a mantença dos animais, o capim elefante com apenas 2 kg de concentrado/vaca/dia, possibilitou manter um nível de produção de 10 kg de leite por vaca no período da seca, e ainda proporcionou um acréscimo no peso corporal das vacas. 2. A contribuição do capim elefante, nas dietas de vacas suplementadas com cana-de-açúcar com 1% de uréia e 2 kg de concentrado, ficou em torno dos 30% dos nutrientes digestíveis. 3. A quantidade oferecida da mistura cana-de-açúcar com 1% de uréia (20 kg ou à vontade) não alterou o consumo de pasto pelos animais nem o desempenho dos mesmos (produção de leite e ganho de peso). 4. Entre as alternativas de suplementação estudadas para vacas em lactação sob pastejo em capim elefante recebendo 2 kg de concentrado, no período da seca, a indicação da mais adequada dependerá do preço dos fatores de produção envolvidos, principalmente, mão de obra e terra. 63 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ACOSTA, R.H. & KOTHMANN, M.M. Chemical composition of esophageal-fistula forage samples as influenced by drying method and salivary leaching. J. Anim. Sci., Champaign, 47(3):691-698, 1978. 2. ANDREASI, F.; MASOTTI, N.; VEIGA, J.S.M Aplicabilidade dos métodos indicadores - óxido crômico e cromogênios - para a determinação da digestibilidade aparente, em zebu (Bos indicus). Rev. Fac. Med. Vet. Univ. São Paulo, 6:401-433, 1960-62 3. ANDREASI, F.; MASOTTI, N.; VEIGA, J.S.M. Avaliação do consumo de forragens e determinação de excreção de fezes, em zebu (Bos indicus), através dos indicadores: óxido crômico e cromogênios. Rev. Fac. Med. Vet. Univ. 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