J. Anim. Sci - Página da Família Masson Rocha

Transcrição

J. Anim. Sci - Página da Família Masson Rocha
Universidade Federal de Minas Gerais
Conselho de Pós-Graduação
Escola de Veterinária
AVALIAÇÃO DO PASTO DE CAPIM ELEFANTE
(Pennisetum purpureum, SCHUMACHER) NA PRODUÇÃO
DE LEITE DE VACAS MESTIÇAS HOLANDÊS X ZEBU,
SUPLEMENTADAS COM DIFERENTES FONTES
ALIMENTARES, NO PERÍODO DA SECA
Belo Horizonte
Minas Gerais
1987
Rubson Rocha
AVALIAÇÃO DO PASTO DE CAPIM ELEFANTE
(Pennisetum purpureum, SCHUMACHER) NA PRODUÇÃO
DE LEITE DE VACAS MESTIÇAS HOLANDÊS X ZEBU,
SUPLEMENTADAS COM DIFERENTES FONTES
ALIMENTARES, NO PERÍODO DA SECA
Tese apresentada à Escola de
Veterinária
da
Universidade
Federal de Minas Gerais, como
requisito parcial para obtenção do
grau de Mestre em Zootecnia.
Área: Produção
Belo Horizonte
Minas Gerais
1987
i
Rocha, Rubson, 1961R672a
Avaliação do pasto de capim elefante (Pennisetum
purpureum, Schumacher) na produção de leite de vacas
mestiças Holandês X Zebu, suplementadas com
diferentes fontes alimentares, no período da seca. Belo
Horizonte, Escola de Veterinária da UFMG, 1987.
76p. ilust.
Tese, Mestre em Zootecnia.
1. Capim elefante - Produção leiteira - Seca.
I. Título
CDD - 636.208 551
ii
iii
Aos meus pais, Raymundo e Noemia,
a quem devo muito:
primeiro a vida, depois
o exemplo e os estudos
para vivê-la com dignidade.
À meus irmãos, Jefferson e Roserley,
pelo incentivo.
À meus tios, Rubem e Rosana,
pelo crédito e confiança.
À querida Rosane,
pela compreensão, amor e sacrifício.
iv
AGRADECIMENTOS
Ao Dr. Airdem Gonçalves de Assis, pelos
ensinamentos como orientador desta pesquisa.
Ao Dr. Homero Abilio Moreira e Prof. Norberto
Mário Rodriguez, pelas sugestões no aprimoramento deste
trabalho.
Aos professores do curso de Zootecnia, e em especial
Ivan Barbosa Machado Sampaio e Norberto Mário Rodriguez,
pelos valiosos ensinamentos.
À chefia do CNPGL, através do Dr. Airdem
Gonçalves de Assis, Dr. Oriel Fajardo de Campos e Dr. Aloísio
Teixeira Gomes, pelo apoio e facilidades concedidas à execução
do experimento.
Aos pesquisadores do CNPGL, e em particular Paulo
Roberto Lemos Souto, Rui da Silva Verneque, Leônidas C.S.
Valle e Maurízio Imázio da Silveira, pelo apoio e sugestões
durante a fase experimental.
Aos colegas e amigos do curso, e em especial Vilmar
Francisco Zardo, Maria Elisa Barbieri, Zenaide Furquim
Guimarães, Iran Borges, Dilton José dos Santos, Carlos Enrique
Saavedra Vélez e Lucia Helena Albuquerque Brasil, pela
amizade , incentivo e agradável convivência.
Aos amigos Luiz Renato de França, Anapolino
Macedo de Oliveira e Antônio Carlos Santana Castro, pelo
afetuoso convívio durante a nossa estada em Belo Horizonte.
v
À Empresa Catarinense de Pesquisa Agropecuária
(EMPASC), pelo oportunidade e apoio financeiro concedidos.
Ao Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) e à
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES) pela ajuda financeira durante a realização do curso.
Enfim, a todos que, de alguma maneira, me
ajudaram, pois, se aqui estou, e porque muitos estiveram comigo.
vi
BIOGRAFIA DO AUTOR
RUBSON ROCHA, filho de Raymundo Rocha e
Noemia Rocha, nasceu aos 24 de outubro de 1961, na cidade de
União da Vitória, PR.
Concluiu o curso de graduação em Medicina
Veterinária na Universidade Federal do Paraná, em 05 de
fevereiro de 1983.
Trabalhou na Cooperativa Agropecuária de Tubarão
Ltda (COPAGRO), em Tubarão SC, de março de 1983 a janeiro
de 1985.
Em 1985, iniciou o curso de Mestrado na Escola de
Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais, na área de
Produção.
vii
RESUMO
O presente estudo foi conduzido no Centro Nacional
de Pesquisa de Gado de Leite da EMBRAPA, em Coronel
Pacheco MG, com o objetivo de avaliar o pasto de capim elefante
em termos de consumo de nutrientes e produção de leite de vacas
mestiças, suplementadas com diferentes alimentos, no período da
seca.
Foram utilizadas 27 vacas distribuídas em blocos de
acordo com a produção de leite e ordem de lactação. O ensaio
teve a duração de 150 dias, abrangendo o período de 06 de junho
a 31 de outubro de 1986. Os sub-períodos compreenderam 3
épocas de estimativa de consumo, ou sejam, 07 a 11 de junho
(SP1), 25 a 29 de agosto (SP 2) e 13 a 17 de outubro (SP 3).
Os tratamentos estudados foram: T1 - dieta básica +
pastejo em capim angola, T2 - dieta básica + 20 kg de cana-deaçúcar com 1% de uréia e T3 - dieta básica + cana-de-açúcar com
1% de uréia à vontade. A dieta básica consistia de pastejo em
capim elefante durante o período noturno (14 horas por dia) mais
2 kg de concentrado.
Três animais com fístula esofagiana amostraram
forragem disponível às vacas, para a determinação da
composição química e botânica dos pastos. A extrusa de pasto de
capim elefante apresentou teores médios de 9,69% de proteína
bruta, e, a digestibilidade "in vitro" da matéria seca foi de
54,04%. A análise botânica da extrusa de capim elefante revelou
viii
que 91,54% do material coletado era verde. Por sua vez, a extrusa
do capim angola mostrou teores de 9,09% de proteína bruta e, a
digestibilidade "in vitro" da matéria seca foi de 48,61%, com
88,79% do material coletado sendo verde.
O consumo de pasto foi estimado a partir da
indigestibilidade da forragem e da produção de matéria seca
fecal, sendo esta estimada em função do teor de cromo das fezes.
Para tanto, forneceram-se diariamente 10 gramas de óxido
crômico, envolto em jornal, a quatro vacas de cada tratamento.
Os animais apresentaram consumos totais de 6,16;
7,30 e 7,70 kg de matéria seca digestível, por animal por dia nos
tratamentos T1, T2 e T3, respectivamente. Os tratamentos com
cana tiveram um consumo maior (P < 0,05) que o de capim
angola. Consumos diários de 0,69; 0,84 e 0,92 kg de proteína
digestível por animal foram observados para os respectivos
tratamentos. O tratamento com cana à vontade teve um consumo
maior (P < 0,05) do que o de capim angola, sendo o de cana
restrita similar a ambos. Os consumos diários de energia
digestível foram de 23,84; 30,60 e 32,05 Mcal por animal,
respectivamente para os tratamentos T1, T2 e T3. Os tratamentos
com cana obtiveram um consumo maior (P < 0,05) de energia
digestível do que o de capim angola.
A contribuição do pasto foi, respectivamente para os
tratamentos 1, 2 e 3, de 80,68; 36,60 e 33,04% do consumo de
matéria seca digestível; 67,52; 30,73 e 26,78% do consumo de
proteína digestível; 83,64; 35,60 e 32,48% do consumo de
energia digestível. No tratamento 1 (capim angola) considerou-se
a contribuição do pasto total, isto é, a soma dos dois pastos
utilizados (capim elefante + capim angola).
As produções médias diárias de leite corrigidas para
4% de gordura foram 11,17; 10,43 e 9,55 kg por vaca. A
produção de leite das vacas recebendo capim angola foi maior
(P<0,05) do que a de cana à vontade, sendo a produção das vacas
com 20 kg de cana igual aos outros dois tratamentos. Os
tratamentos não alteraram o teor de gordura do leite. Apenas
houve tendência de valores mais altos para o leite das vacas que
receberam 20 kg de cana-de-açúcar.
O ganho de peso diário das vacas dos T1, T2 e T3
foram respectivamente 147,90; 247,92 e 324,51 gramas por vaca.
ix
As vacas que receberam cana à vontade ganharam mais peso (P <
0,05) do que as vacas com capim angola, sendo que as vacas no
tratamento com 20 kg de cana apresentaram ganhos semelhantes
aos outros dois tratamentos.
A qualidade e quantidade da dieta fornecida parece
que influenciaram o desempenho dos animais. Considerando o
consumo diário de cana-de-açúcar com 1% de uréia (20 a 23 kg
por vaca) suficiente para a mantença dos animais, o pasto de
capim elefante, durante o período da seca, contribuiu com
aproximadamente 30% dos nutrientes digestíveis da dieta total, e
suplementado com 2 kg de concentrado possibilitou manter uma
produção de leite em torno dos 10 quilos por vaca por dia e ainda
um incremento de peso de 280 gramas por vaca por dia.
x
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...........................................................
2. REVISÃO DE LITERATURA ...................................
2.1. Características do capim elefante .......................
2.2. Utilização do capim elefante para vacas em
lactação................................................................
2.3. Suplementação das pastagens nos períodos
críticos do ano .....................................................
2.4. Fatores que afetam o consumo voluntário por
ruminantes ..........................................................
2.5. Coleta de pasto ...................................................
2.6. Óxido crômico como indicador externo na
estimativa de excreção fecal ...............................
3. MATERIAL E MÉTODOS ........................................
3.1. Local ...................................................................
3.2. Área experimental e pastagens ...........................
3.3. Animais e delineamento experimental ...............
3.4. Tratamentos e sub-períodos experimentais ........
3.5. Amostragem dos alimentos ................................
3.6. Amostragem das fezes ........................................
3.7. Procedimentos analíticos ....................................
Página
1
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16
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24
xi
Página
3.8. Estimativa do consumo de pasto ........................
3.9. Análises estatísticas ............................................
25
26
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................
4.1. Valor nutritivo dos alimentos .............................
4.1.1. Concentrado ...........................................
4.1.2. Cana-de-açúcar .......................................
4.1.3. Capim elefante ........................................
4.1.4. Capim angola ..........................................
4.2. Composição química das fezes ...........................
4.3. Estimativa do consumo de pasto ........................
4.4. Estimativa do consumo total ...............................
4.4.1. Matéria seca .............................................
4.4.2. Matéria orgânica ......................................
4.4.3. Proteína ....................................................
4.4.4. Energia .....................................................
4.5. Participação percentual do pasto no consumo de
nutrientes digestíveis...........................................
4.6. Peso vivo dos animais .........................................
4.7. Produção e análise do leite .................................
28
28
28
30
30
36
39
41
43
43
46
48
50
5. CONCLUSÕES ...........................................................
62
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................
63
53
53
56
xii
LISTA DE FIGURAS
Página
FIGURA 1 - Área de pastagens de capim elefante, com
divisão em 32 piquetes ...............................
18
FIGURA 2 - Área de pastagem de capim angola, com
divisão em 5 piquetes...................................
21
xiii
LISTA DE TABELAS
Página
TABELA
TABELA
TABELA
TABELA
TABELA
I - Parâmetros climáticos observados no
CNPGL, Coronel Pacheco, MG,
durante os meses de julho a outubro de
1986 .....................................................
17
II - Distribuição dos animais nos blocos, e
seus respectivos número, grau de
sangue, data de parição, ordem de
lactação e classificação de acordo com
a produção de leite antes do início do
experimento .........................................
20
III - Composição do concentrado utilizado
na dieta básica ......................................
22
IV - Teores de matéria seca (MS), proteína
bruta (PB), cinzas (C), energia bruta
(EB) e digestibilidade da matéria seca
(DMS) do concentrado utilizado em
cada sub-período ..................................
29
V - Teores de matéria seca (MS), proteína
bruta (PB), cinzas (C), energia bruta
(EB) e digestibilidade "in vitro" da
matéria seca (DIVMS) da cana-deaçúcar utilizada em cada sub-período ,
nos tratamentos 2 e 3............................
31
xiv
Página
TABELA VI - Consumo de cana-de-açúcar com 1% de
uréia nos tratamentos 2 e 3, em cada
sub-período (kg/vaca) ..........................
32
TABELA VII - Teores de matéria seca (MS), proteína
bruta (PB), cinzas (C), energia bruta
(EB) e digestibilidade "in vitro" da
matéria seca (DIVMS) do capim
elefante em cada sub-período (*) .........
34
TABELA VIII - Percentagem de partes verdes e secas
do capim elefante, em cada subperíodo (*) ............................................
35
TABELA
IX - Teores de matéria seca (MS), proteína
bruta (PB), cinzas (C), energia bruta
(EB) e digestibilidade "in vitro" da
matéria seca (DIVMS) do capim
angola em cada sub-período (*) ...........
37
TABELA X - Percentagem de folhas, verde e seca, e de
talos, verde e seco, do capim angola,
em cada sub-período (*) ......................
38
TABELA XI - Teores de matéria seca (MS), proteína
bruta (PB), cinzas (C), energia bruta
(EB) e cromo (Cr2), das fezes dos
animais submetidos aos 3 tratamentos
e em cada sub-período .........................
40
TABELA XII - Quantidade ingeridas de pasto (*), em
matéria seca e orgânica, nos 3
tratamentos e em cada sub-período ......
42
TABELA XIII - Quantidade totais (dieta total) de
matéria seca ingerida (MSI), excretada
(MSE) e digerida (MSD) nos 3
tratamentos e em cada sub-período ......
45
xv
Página
TABELA XIV - Quantidade totais (dieta total) de
matéria orgânica ingerida (MOI),
excretada (MOE) e digerida (MOD)
nos 3 tratamentos e em cada subperíodo .................................................
47
TABELA XV - Quantidade totais (dieta total) de
proteína ingerida (PI), excretada (PE) e
digerida (PD) nos 3 tratamentos e em
cada sub-período ..................................
49
TABELA XVI - Quantidade totais (dieta total) de
energia ingerida (PI), excretada (PE) e
digerida (PD) nos 3 tratamentos e em
cada sub-período ..................................
51
TABELA XVII - Participação percentual do pasto (*) no
consumo de nutrientes digestíveis nos
3 tratamentos, e em cada sub-período
(%) .......................................................
54
TABELA XVIII - Pesos vivos médios, inicial e final, e
ganhos médios diários de peso, para os
3 tratamentos ........................................
55
TABELA XIX - Produção média de leite e teores de
gordura, proteína e extrato seco total
do leite dos 3 tratamentos e em cada
sub-período ..........................................
57
TABELA XX - Área utilizada, lotação, produção de
leite média no período total e
produtividade pro área nos 3
tratamentos ...........................................
60
1
1. INTRODUÇÃO
Na região do Sudeste Brasileiro, a estação seca,
compreendida entre os meses de maio a outubro, representa o
período mais crítico para o rebanho bovino. Geralmente, verificam-se níveis sub-nutricionais, ocasionando prejuízos a pecuária,
destacando-se entre eles: perda de peso, redução da produção de
leite, diminuição do índice de fertilidade, maior incidência de
doenças, aumento da mortalidade.
A alimentação animal, dentre os fatores responsáveis
pela rentabilidade de um sistema de produção de leite,
constitui-se no principal componente dos custos de produção. Em
sistemas menos intensivos, baseados em pastagens, a alimentação
pode ser responsável por 30 a 50% dos custos totais (VIEIRA,
1969; LUCCI, 1976), enquanto em sistemas mais intensivos,
baseados em forragens conservadas e concentrados, esta pode
representar 60% dos custos e 40% das receitas (DUM et alii,
1977; ETGEN & REAVES, 1979)
A alternativa mais econômica para alimentação dos
ruminantes tem sido o uso intensivo e racional de plantas forrageiras, tanto sob corte, quanto sob pastejo. Dentre estas, o
capim elefante é uma das espécies mais recomendada,
principalmente pela sua alta produtividade e adaptação às
condições tropicais (LUCCI et alii, 1969a, 1972; CORSI et alii,
1974).
Como alimento básico no período das águas, o capim
elefante tem apresentado alta capacidade de suporte e produção
de leite variando de 10 a 12 litros de leite por vaca por dia
2
(CARO-COSTAS & VICENTE-CHANDLER, 1969; LUCCI et
alii, 1972). Contudo, no período da seca, a produção forrageira é
drasticamente reduzida, surgindo sério problema de se manter a
mesma taxa de lotação utilizada na época das águas. Nestas
circunstâncias, há necessidade do produtor fazer uso da
alimentação suplementar.
Uma alternativa de suplementação volumosa para
bovinos no período da seca é a cana-de-açúcar (Saccharum
officinarum), devido a algumas características, tais como:
facilidade de cultivo; elevada produção de matéria verde, sendo
um hectare suficiente para alimentar cerca de 20 bovinos por ano
(LENG & PRESTON, 1976); e valor nutritivo quase que
constante o ano todo. Embora apresente baixo valor protéico, a
cana-de-açúcar pode proporcionar apreciável contribuição em
termos energéticos (PRESTON, 1982).
A fim de corrigir o baixo teor protéico de cana-deaçúcar, é altamente recomendável enriquecê-la com uréia, fonte
de nitrogênio não protéico bem conhecida (BRIGGS, 1967;
CHALUPA, 1968; NRC, 1976; HUBER & KUNG, 1981),
assegurando-se, assim, o bom desempenho dos ruminantes
(PRESTON, 1977). Segundo MELO (1983), o consumo
voluntário de uma dieta a base de cana-de-açúcar com 1% de
uréia mais 1 kg de farelo de arroz pode satisfazer os
requerimentos de proteína digestível e NDT para crescimento de
novilhas leiteiras.
Outra fonte de suplementação para a época da seca, é
a pastagem de reserva, sendo o capim angola (Brachiaria mutica,
Stapf), uma espécie adequada para tal. Predominante nas áreas
úmidas, o pasto de capim angola mantem-se relativamente
abundante durante o período da seca, podendo substituir a canade-açúcar, com as vantagens de reduzir o custo de mão-de-obra,
permitir maior seletividade e, consequentemente, proporcionar
dieta de melhor qualidade para vacas em lactação. Como
pastagem exclusiva no período das águas, esta espécie tem
demonstrado potencial de produção variando de 8 a 10 kg por
vaca por dia (LUCCI et alii, 1969c, 1972; VELLOSO &
FREITAS, 1973).
O presente estudo tem como objetivo avaliar o capim
elefante sob pastejo, em termos de produção de leite e consumo
3
de nutrientes, para vacas leiteiras mestiças suplementadas com
mistura de cana-de-açúcar mais uréia ou com pastagem de
reserva, no período da seca.
4
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Características do capim elefante
O capim elefante é originário da África Tropical, na
faixa compreendida entre as latitudes 10 ºN e 20 ºS, sendo
descoberto no início do século pelo Coronel Napier (BENNETT,
1966). Ocorre naturalmente em regiões onde a precipitação
pluviométrica anual é maior do que 1.000 mm, exceto às margens
dos rios. Cresce melhor em solos com grande capacidade de
retenção de umidade, com textura variável, de moderada a
bastante pesada (CARVALHO, 1985).
Classifica-se botanicamente na família Graminae,
sub-família Panicoideae, tribo Paniceae, gênero Pennisetum e
espécie Pennisetum purpureum, Schumacher (STEBBINS &
CRAMPTON 1961). Os nomes mais comuns são capim elefante,
capim-napier , capim cana (Português); pasto elefante
(Espanhol); elephant grass, napier grass, uganda grass, elephant
fodder (Inglês); yerba elefante (República Dominicana); capim
de Rodésia (África Portuguesa); fausse cane à sucre (Bélgica);
zyniamunga (Rodésia); linya mungu (África) (CARVALHO,
1985).
O capim elefante é uma gramínea perene, de porte
ereto, alta e entoucerada, com raízes grossas e rizomatosas, colmos
cilíndricos e cheios, folhas atingindo até 1,25m de comprimento e
inflorescência em rácimo especiforme (CARVALHO, 1985). Foi
reconhecido como forragem em 1908, na Rodésia, apresentando as
seguintes características: agressividade; longa vida; resistência à
seca; livre de pragas, insetos e doenças (cepas resistentes); e alta
produção de forragem de qualidade geralmente média
(TAKAHASHI et alii, 1966).
5
Como pastagem, a primeira principal plantação
ocorreu em 1926, na "Plantação Princeville", um rancho de gado
ilha de Kauai, onde cerca de 600 acres foram plantados para
pastagem, obtendo-se resultados satisfatórios (TAKAHASHI alii,
1966). Embora utilizado tradicionalmente no Brasil como
"capineira" para corte, todos os estudos com capim elefante em
pastejo têm evidenciado seu grande potencial sob esta forma
manejo (CARVALHO, 1985).
2.2. Utilização do capim elefante para vacas em
lactação
Em países tropicais, as pesquisas realizadas durante
o período chuvoso, têm mostrado que vacas leiteiras, em regime
exclusivo de pastagens, podem ter seus requerimentos de
mantença atendidos e ainda alcançar um nível de produção diária,
próximo a 10 kg de leite (CARO-COSTAS & VICENTECHANDLE 1969; LUCCI et alii, 1969c; VELLOSO &
FREITAS, 1973). Entretanto, níveis de produção acima de 10 kg
de leite diários, somente podem ser obtidos em pastagens de alta
qualidade (CARO-COSTAS & VICENTE-CHANDLER, 1969).
Diversos estudos conduzidos em Nova Odessa - SP,
durante o período chuvoso, confirmam a potencialidade do capim
elefante para a produção de leite. LUCCI et alii (1969a)
observando o comportamento de oito vacas de vários graus de
sangue encontraram uma produção de leite diária de 11,4 kg por
vaca em dieta exclusiva de pasto de capim elefante. Em
condições semelhantes, LUCCI et alii (1969b) analisaram a
produção de leite de vacas mestiças em pastagem de capim
elefante, encontrando médias de 6,7 e 12,3 kg de leite por vaca,
respectivamente para o grupo de baixo e alto nível de produção.
Em experimentação durante 84 dias, seis vacas mestiças
suplementadas com 359 gramas de milho em grãos para cada
quilo de leite produzido acima dos oito kg, LUCCI et alii (1969c)
observaram uma produção média de 13,4 kg de leite corrigido,
com 4,1% de gordura. A capacidade de suporte neste
experimento foi de 4,3 vacas por hectare por dia, proporcionando
uma produção de 42,1 kg de leite por hectare por dia; no final do
período verificou-se um ganho de peso diário de 516 gramas por
6
vaca. Similarmente, LUCCI et alii (1972) observaram que vacas
mestiças, mantidas exclusivamente em pasto de capim elefante,
com 3,6 vacas por hectare, durante 84 dias, apresentaram
produções médias diárias de 11,6 kg de leite por vaca, ou 41,8 kg
de leite por hectare com um acréscimo diário de peso de 12
gramas. Trabalhando com vacas Pitangueiras em regime de pasto
durante 27 dias, VELLOSO & FREITAS (1973) verificaram
produções em torno de 10,5 kg de leite, com 3,9% de gordura.
Em um estudo em Jaboticabal - SP, com pastoreio
em faixas de capim elefante, SLEUTJES et alii (1976)
administrando um kg de farelo de sorgo para cada quatro kg de
leite a 12 vacas holandesas PC, obtiveram produções variando de
11 (grupo de baixa produção) a 18kg de leite (grupo de alta
produção) por vaca por dia.
No período da seca de 1985, VALLE et alii
(1986a,b) conduziram experimento em Coronel Pacheco - MG,
com 27 vacas sob pastejo de capim elefante, a uma taxa de
lotação de 4,7 vacas por hectare, suplementadas com 20 kg de
uma mistura de cana-de-açúcar com 1% de uréia. Analisando o
efeito de três niveis de concentrado (0, 2 e 4 kg/vaca/dia) na
produção de leite, os autores encontraram médias de 6,82; 8,74 e
10,0 kg de leite/vaca/dia, respectivamente, para os níveis de
concentrado 0, 2 e 4 kg. As percentagens de gordura encontradas
foram 4,27; 4,03 e 4,27, respectivamente. As produções diárias
de leite por hectare foram 23,73; 30,40 e 34,85 kg, para os
respectivos níveis de concentrado. Ao final do experimento, as
vacas apresentaram ganhos de peso diários de 48, 235 e 301
gramas, nos respectivos tratamentos.
STOBBS & THOMPSON (1975) apontam como
principal causa da baixa produção de leite em pastagens tropicais
a reduzida ingestão de energia digestível por vaca em lactação.
Por outro lado, GLOVER & DOUGALL (1961) indicam também
que o teor de proteína das pastagens varia largamente durante o
ano. Segundo os autores, enquanto energia disponível permanece
constante em todos os estádios de crescimento da pastagem, a
proteína digestível pode estar em excesso às necessidades
animais durante os estádios iniciais, e deficitária em estádios
posteriores.
7
A grande variação na produção de forragem entre as
estações das águas e da seca, contrastando com os requerimentos
nutricionais do rebanho, mais ou menos constantes durante o ano,
é um dos principais problemas no uso do capim elefante para o
gado leiteiro (ZOCCAL et alii, 1986).
2.3. Suplementação das pastagens nos períodos
críticos do ano
A escassez de pasto, devido principalmente à
condições climáticas desfavoráveis da seca nas regiões tropicais e
subtropicais, associado ao alto custo da utilização de grãos e seus
sub-produtos na alimentação bovina, tem exigido a busca de
alternativas de suplementação volumosa no período de maio
escassez de forragem.
Segundo LENG & PRESTON (1976), a cana-deaçúcar é provavelmente o vegetal mais produtivo nos trópicos.
Utilizado como forragem pode ser deixada no campo por um
período mais longo, até que seja utilizada, conservando seu teor
energético uniforme o ano todo. PRESTON (1977) observou que
com o aumento da idade, ocorre aumento na concentração de
açúcar total no caldo, aumento na lignificação da estrutura da
parede celular e decréscimo da sacarose com o correspondente
aumento nos açúcares redutores (glicose e levulose),
prejudicando o seu valor para a produção de açúcar, mas não o
seu valor nutricional. Por outro lado, PRESTON (1982) afirma
que a cana-de-açúcar possui algumas limitações para ruminantes:
baixo teor protéico, fermentação de seus carbohidratos
produzindo pequenas proporções de precursores gluconeogênicos
e ingestão voluntária insuficiente.
O baixo teor protéico da cana-de-açúcar pode ser
solucionado com a adição de uma fonte nitrogenada. A fonte de
nitrogênio não protéico mais estudada recentemente é a uréia
(BRIGGS, 1967; NRC 1976; HUBER & KUNG, 1981).
Entretanto, há a necessidade da inclusão de enxofre à mistura
cana-de-açúcar mais uréia para a síntese de aminoácidos
sulfurados (GARRIGUS, 1970 ). A razão aproximada de 1:10 de
enxofre e nitrogênio e considera da ideal ao crescimento
microbiano no rúmen (COELHO DA SILVA & LEÃO, 1979).
8
De acordo com PRESTON & LENG (1978), a canade-açúcar suplementada com uréia e sulfato de amônio atenderia
apenas as necessidades nutricionais para mantença. BARBOSA
et alii (1976) e BONILHA NETO et alii (l984) não recomendam
o emprego de cana como único volumoso para vacas em lactação,
sem uma adequada suplementação, principalmente protéica. A
baixa produtividade de ruminantes alimentados com dietas à base
de cana e uréia está associada a limitação de precursores de
glicose e de proteínas sobrepassantes exigindo uma
suplementação com amido e proteínas pouco degradáveis a nível
de rúmen (LENG & PRESTON, 1976; PRESTON, 1977).
Perez Infante & Gárcia Vila em 1975, citados por
ELIAS et alii (1979), ao suplementar com 1,84 kg de concentrado
e níveis crescentes de uréia à cana-de-açúcar, observaram um
aumento na produção de leite e ganho de peso para vacas
leiteiras. Com o nível de 9,5 g de uréia por quilo de cana-deaçúcar os animais ingeriram 20,3 kg de cana, produziram 9,14 kg
de leite/vaca/dia e tiveram um ganho de peso de 17,3 kg por vaca.
BIONDI et alii (1978) administrando 4,3 kg de
concentrado (milho em grão + farelo de torta de soja),
encontraram produção em torno de oito kg de leite por dia com
vacas leiteiras ingerindo em média 25 kg de cana-de-açúcar, com
um consumo total de matéria seca de 10,2 kg (2,12% do peso
vivo). A relação volumoso para concentrado foi de 62:38.
Estudos realizados no CNPGL (VALLE et alii,
1986a) com vacas leiteiras em pastejo de capim elefante,
suplementadas com cana-de-açúcar + uréia suficiente para
mantença (20kg) mostraram que a adição de 2 kg de concentrado
proporcionou uma resposta em torno de 1,5 kg de leite por kg de
concentrado. Por outro lado, a adição de 4 kg de concentrado
causou uma resposta proporcionalmente menor (em torno de l kg
de leite por kg de concentrado adicional), demonstrando que
nessas condições o nível de 2 kg de concentrado é o mais
eficiente economicamente.
Não há dados na literatura que abordem o tema de
pastejo de capim angola como pastagem de reserva no período da
seca.
9
2.4. Fatores que afetam o consumo voluntário por
ruminantes
Segundo MEIJS (1981), os fatores determinantes do
consumo por animais em pastejo podem ser considerados sob três
aspectos: a) fatores relacionados ao animal (idade e peso do
animal, estádio de gestação, estádio de 1actação, nível de
produção de leite e condição corporal do animal); b) fatores
relacionados ao pasto (digestibilidade, composição química,
espécies forrageiras, produção de matéria seca e maturidade); e c)
fatores relacionados ao manejo da pastagem (taxa de lotação,
suplementação, contaminação fecal do pasto, fertilização, clima,
estação e sistema de pastejo). Constata-se que muitos destes
fatores são interrelacionados sob a maioria das condições
experimentais.
A ingestão de alimentos em ruminantes é controlada
basicamente por dois grupos de estímulos intrínsecos que emitem
sinais ao sistema de controle central, possivelmente localizado no
hipotálamo (BAlLE & FORBES, 1974). Existem estímulos
provindos do processo de absorção e metabolismo de nutrientes
do alimento ingerido (controle metabólico) e estímulos
provenientes da distensão do trato alimentar pela presença física
do alimento (controle físico).
Os ruminantes quando alimentados com dietas de
alta concentração de nutrientes não conseguem atingir níveis de
consumo que preencham a capacidade física do rúmen
(BINES,1971). Estes resultados sugerem que mecanismos
quimiostáticos (ácido acético e outros metabólitos ruminais) são
fatores importantes no controle da ingestão alimentar em
ruminantes (CONRAD,1966)
A interrelação de produção de calor e temperatura
ambiental é bem reconhecida por afetar a ingestão alimentar. Em
ambiente frio, o consumo de alimentos por ruminantes tende a
aumentar, enquanto em ambientes quentes tende a decrescer
(BAILE & FORBES, 1974). A existência de áreas
termossensíveis no hipotálamo tem sido evidenciada, indicando
que mecanismos termostáticos podem dominar a regulação da
ingestão alimentar independente de outros fatores (CONRAD,
1966).
10
No aspecto de controle físico, há considerável
evidência sugerindo que ruminantes alimentados com forragens
fibrosas param de comer antes que eles tenham consumido
nutrientes suficientes para atingir seu potencial de produção
(BINES, 1971). Neste caso, o consumo de alimento está sendo
determinado pela capacidade do trato digestivo, especialmente do
rúmen-retículo, e pela taxa de desaparecimento da digesta do
rúmen-retículo, que depende da taxa de digestão química do
alimento e da taxa pela qual os resíduos indigeridos são
quebrados fisicamente antes que eles possam sair do rúmen
(MEIJS, 1981).
Em 114 diferentes experimentos, CONRAD et alii
(1964) encontraram que, com dietas cuja a digestibilidade da
matéria seca estava abaixo de 66%, a ingestão alimentar de vacas
em lactação variou em proporção direta com o peso vivo. Com
dietas de digestibilidade superior a 66%, a ingestão alimentar
variou com o peso metabólico.
O consumo voluntário de vacas em lactação é
superior àquele de vacas não lactantes. É possível que, em vacas
em lactação, a maior ingestão alimentar seja conseqüência de
uma hipertrofia do canal alimentar provocada por uma demanda
maior de nutrientes (BINES, 1971) .
A composição química é mais estreitamente
relacionada com a digestibilidade do que com o consumo
voluntário, embora as inter-relações entre eles sejam altamente
orientadas pela espécie de forragem (VAN SOEST, 1965). O
consumo alimentar parece ser limitado pelo conteúdo de parede
celular somente quando este se situa entre 50 e 60% da matéria
seca da forragem (VAN SOEST, 1965). De forma semelhante, o
conteúdo de proteína bruta da forragem também influencia o
consumo, sendo este severamente afetado quando a proteína
encontra-se abaixo de 7% da matéria seca (ZEMMELINK et alii,
1972). O nitrogênio dietético melhora a digestilibilidade da
forragem por estimular o crescimento dos microorganismos do
rúmen (BALCH & CAMPLING, 1962).
11
2.5. Coleta de pasto
A ausência de métodos práticos que assegurem a
obtenção de amostras representativas da forragem realmente
ingerida por animais em pastejo tem constituído um desafio para
a pesquisa zootécnica. Essa amostra representativa só poderia ser
obtida usando o próprio animal como unidade experimental. Isto
foi conseguido quando desenvolveu-se a fistula esofágica
(TORELL, 1954).
Segundo MEIJS (1981), a precisão da técnica de
coleta de pasto através de fístula esofágica para estimativa de
digestibilidade de forragem selecionada depende: a) da
similariedade da dieta selecionada por animais fistulados e não
fistulados; b) da similariedade da amostra de extrusa coletada
através da fístula e a forragem consumida; c) da possibilidade de
obtenção de amostras de extrusas representativas, e d) da
validade da estimativa de digestibilidade da amostra de extrusa.
Amostras coletadas de animais fistulados no esôfago
variam com o grau de mastigação e contaminação com saliva.
Por esta razão, sacolas coletoras com furos na parte inferior têm
sido utilizadas para permitir a drenagem da saliva (VAN DYNE
& TORELL, 1964). A composição da amostra da extrusa
dependerá, em parte, da saliva adicionada e dos possíveis efeitos
lixiviadores devido à adição da saliva e a mastigação.
A saliva adicionada à forragem parece ser
responsável pelos maiores conteúdos de cinzas nas amostras de
extrusa (LESPERANCE et alii, 1960; HOEHNE et alil, 1967;
BARTH et alii, 1970; SCALES et alii, 1974). A contaminação
das amostras de extrusa por cinzas pode ser corrigida
expressando os dados na base na matéria orgânica.
Aumentos no conteúdo de proteína bruta da extrusa
devido à adição salivar têm sido observados por CAMPBELL et
alii (1968) e SCALES et alii (1974). Por outro lado, alguns
autores têm evidenciado efeitos depressivos (HOEHNE et alii,
1967) ou não significativo (BARTH et alii, 1970) da saliva sobre
o teor de proteína da extrusa. Em forragens com baixo teor de
proteína bruta, a contaminação pelo nitrogênio salivar é
possivelmente maior do que a perda por lixiviação das proteínas
solúveis, resultando em valores elevados de proteína bruta nas
12
amostras de extrusas. Em forragens com alto conteúdo de
proteína bruta, contaminação e perdas são de similar magnitude
(SCALES et alii, 1974).
Perdas de carbohidratos solúveis ou não estruturais
foram observados por HOEHNE et alii (1967) e ACOSTA &
KOTHMANN (1978) devido a lixiviação nas sacolas coletoras.
A perda de substâncias celulares solúveis pode resultar em um
aumento nos conteúdos de lignina e fibra detergente ácido da
extrusa (BARTH et alii, 1970; SCALES et alii, 1974).
Decréscimos nas digestibilidades "in vitro" de
amostras de forragens coletadas via fístula esofágica foram
registrados por BARTH et alii (1970) e SCALES et alii (1974).
Entretanto, outros estudos demonstraram que as digestibilidades
"in vitro" das amostras de extrusa foram de 1 a 5% superiores
àquelas da forragem oferecida (BARTH & KAZZAL, 1971;
SCALES et alii, 1974), sendo que os aumentos dependeram da
espécie examinada.
LANGLANDS (1974) comparou amostras cortadas
manualmente e as provenientes de ovinos fistulados no esôfago.
Comprovou que o método do corte manual sub e superestimou o
valor nutritivo das pastagens nativas de baixa e alta qualidade,
respectivamente. Evidenciou assim a necessidade do uso da
técnica de fístula esofágica para amostragem de pastagem. Esses
achados foram semelhantes aos de RODRIGUEZ (1976),
conduzindo experimento em área de cerrado durante um período
de seis meses (março a agosto de 1975) usando cinco novilhos
zebus fistulados no esôfago. Esses resultados foram também
confirmados SIMÃO NETO (1976), que demonstrou a
superioridade da técnica de fistulação em relação ao corte manual
na coleta de amostra de pasto.
13
2.6. Óxido crômico como indicador externo na
estimativa da excreção fecal
O método mais direto e preciso para determinação
excreção fecal é a coleta total de fezes. Contudo, em condições
de pastagens, este método possue desvantagens devido ao volume
de trabalho envolvido, dificuldade na utilização de fêmeas
(contaminação das fezes com urina) e a mudança no
comportamento dos animais causada pelos equipamentos
utilizados na coleta de fezes (ANDREASI et alii, 1963-65;
LIMA, 1976). Por isso, um método indireto foi desenvolvido
para medir a produção fecal de animais em pastejo. Essa técnica é
baseada no uso de substâncias indigestíveis, denominadas
indicadores.
O uso de óxido crômico (Cr2O3) como indicador
externo para determinar a produção fecal tem-se tornado
largamente aceito (KOTB & LUCKEY, 1972) por satisfazer
quase que totalmente os requisitos de um indicador ideal
(ANDREASI et alii, 1960-62; COELHO DA SILVA et alii,
1968), ou sejam: dispensar o controle do alimento ingerido e a
coleta total dos excremento; não interferir na digestibilidade; ser
totalmente indigerível e, portanto, completamente recuperável
nas fezes; ser desprovido de ação farmacodinâmica sobre o trato
gastro-intestinal; passar uniformememte através do aparelho
digestivo; e ser de fácil determinação. Fatores relacionados à
recuperação do indicador tais como, variação diária na sua
excreção, tipo e horário de alimentação, forma de administração,
número de doses, método e horário de amostragem das fezes e
duração dos períodos preliminar e de coleta, e outros
relacionados aos processos analíticos, podem influenciar a
precisão da estimativa de excreção fecal pelo óxido crômico
(ITURBIDE, 1967).
O óxido crômico, devido a sua alta gravidade
específica (5,6), mistura-se de maneira diferente com os
conteúdos do rúmen e move-se no intestino, próximo à mucosa
intestina1 (FAICHNEY, 1972). As propriedades físicas do
alimento consumido, determinando a taxa de passagem do
indicador através do trato digestivo, podem ocasionar diferenças
na excreção fecal de óxido crômico (LUITINGH, 1961).
14
CLANTON (1962) encontrou que rações contendo grandes
quantidades de fenos de baixa qualidade resultaram em
recuperação errônea de óxido crômico. Recuperações mais
precisas foram obtidas quando as rações continham 39% de
forragem. Recuperações mais altas também foram encontradas
em novilhos pastando gramínea verde quando comparadas com
aquelas de novilhos recebendo gramínea mais madura
(KIESLING et alii, l969). Entretanto, alguns autores não
verificaram variação na excreção de óxido crômico devido ao
horário de alimentação (PUTNAM et alii, 1958), à proporção
forragem: concentrado da dieta (PUTNAM et alii, 1958;
FAICHNEY, 1972), ao tipo de forragem (PRIGGE et alii, 1981)
ou ao nível de ingestão (PHAR et alii, 1970).
Com objetivo de facilitar a dosificação e reduzir a
variabilidade na excreção do indicador, várias formas têm sido
empregadas, tais como: misturado na ração (SMITH & REID,
1955; JOHNSON et alii, 1964; WALLER et alii, 1980), em
cápsula gelatinosa (LUITINGH, 1961; LIMA et alii, 1980),
impregnado em papel (DEINUM et alii, 1962; NICOLL &
SHERINGTON, 1984), em cápsula de papelão (CHRISTIAN et
alii, 1965), como emplastro dental (TROELSEN, 1965),
impregnado em polpa de beterraba (YADAVA et alii, 1973), em
envoltório de papel de jornal (RODRIGUES, 1979) ou em
suspensão oleosa (CHAMBERLAIN & THOMAS, 1983).
O aumento do número de doses do indicador reduz
consideralmente a variabilidade na excreção do óxido crômico
nas fezes (DAVIS et alii, 1958; McGUIRE et alii, 1966; PRIGGE
et alii, 1981). Entretanto, o número adequado de doses pode ser
limitado pelo volume de trabalho requerido e pelo tipo de manejo
dos animais em estudo (ITURBIDE, 1967).
Por causa da variação diurna na excreção do óxido
crômico, qualquer amostra tomada ao acaso não se constitui em
amostra representativa e pode levar a sérios erros
(CARRUTHERS & BRYANT, 1983). Muitos pesquisadores
continuam a usar amostragem parcial e, para minimizar erros
causados pela variação diurna, alguns têm empregado horários
especiais de amostragem fecal, com resultados positivos
(LUITINGH, 1961; McCOY et alii , 1966; COELHO DA SILVA
et alii, 1968).
15
O período preliminar depende de quando o ponto de
equilíbrio entre ingestão e excreção do indicador é atingido. Na
literatura, esse equilíbrio tem sido atingido até o 7º dia
(JOHNSON et alii, 1964; NELSON & GREEN, 1969; LIMA et
alii, 1980. Contudo, VIANA (1959) observou que o ponto de
equilíbrio variou do 13º ao 17º dia. Essas variações podem ser
devidas à espécie animal, ao tipo de manejo, à natureza da
alimentação e à forma de administração do indicador.
A baixa recuperação do indicador pode ser causada
pela perda de óxido crômico por regurgitação, coleta incompleta
e amostragem imprópria de fezes, retenção do indicador e
absorção do marcador (DEINUM et alii, 1962; CURRAN et alii,
1967; KIESLING et alii, 1969; CHAMBERLAIN & THOMAS,
1983). Entretanto, alguns autores alegam que o marcador não é
absorvido no trato digestivo (CHRISTIAN et alii, 1965; UTLEY
et alii,1970).
Vários são os métodos de determinação do óxido
crômico em amostras de alimentos e fezes (ITURBIDE, 1967).
Maior precisão foi observada por WALLER et alii (1980)
utilizando o método de absorção atômica descrito por
WILLIAMS et alii (1962).
16
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Local
O trabalho foi conduzido no Centro Nacional de
Pesquisa de Gado de Leite (CNPGL) da Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) durante o período de junho
a outubro de 1986. O CNPGL está situado no município de
Coronel Pacheco, Zona da Mata de Minas Gerais, a uma latitude
de 21° 55' 50" S e longitude de 43° 16' 15" W de Grw, com
altitude média de 426 metros acima do nível do mar. Segundo a
classificação de Köppen, o clima é do tipo tropical mesotérmico
úmido (Cwa), com verões chuvosos e invernos secos, controlado
o ano inteiro por uma única massa de ar. A região é de formação
cristalina,
de
origem
pré-cambriana,
com
áreas
predominantemente montanhosas. Os dados meteorológicos
verificados no período encontram-se na TAB. I.
3.2. Área experimental e pastagens
Foram usados 9,2 hectares de pastagens,
sendo 5,7 hectares de capim elefante (Pennisetum
purpureum, Schumacher) e 3,5 hectares de capim angola
(Brachiaria mutica , Stapf). A área de capim elefante foi
dividida em 32 piquetes de aproximadamente 1800 m 2
(FIG. 1), sendo utilizados em pastejo rotativo de um dia.
Utilizou-se cinco piquetes de capim angola, de
17
TABELA I - Parâmetros climáticos observados no CNPGL, Coronel Pacheco MG, durante os meses de
junho a outubro de 1986.
Temperatura (º)
Meses
Média Mínima Máxima
Precipitação Total (mm)
Médias dos
1986 últimos 26 anos
Número de
dias de
chuva
Insolação
(horas)
Umidade
Relativa
do ar (%)
Junho
19
10
25
38,4
25,5
3
7
76
Julho
19
10
25
38,9
19,8
5
6
74
Agosto
21
15
26
63,1
21,5
7
6
75
Setembro
22
15
27
26,1
57,7
8
6
72
Outubro
24
17
29
4,6
119,4
2
6
68
Fonte: Posto meteorológico do Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Leite (CNPGL-EMBRAPA).
18
19
aproximadamente 7.033 m2 (FIG. 2), sendo rotacionados de
acordo com avaliação visual.
No ano agrícola 1984/85, as pastagens de capim
elefante foram adubadas com 375 kg de sulfato de amônio, 400
kg de fosfato de Araxá e 150 kg de cloreto de potássio por
hectare. No ano seguinte (1985/86), utilizaram-se as mesmas
quantidades dos fertilizantes, com exceção do sulfato de amônio
(500 kg/ha). O fosfato de Araxá e o cloreto de potássio foram
aplicados nos meses de novembro e dezembro e o sulfato de
amônio, nos meses de fevereiro e abril de cada ano.
3.3. Animais e delineamento experimental
Foram utilizadas 27 vacas mestiças Holandês x
Zebu, com 21 a 62 dias de lactação, distribuídas em blocos
casualizados de acordo com a produção de leite e ordem de
lactação (TAB. II). Adotou-se um delineamento de parcela
dividida (Split-plot), com os tratamentos nas parcelas e os subperíodos nas sub-parcelas.
As vacas foram submetidas ao regime de 2 ordenhas
manuais, às 7:00 e 14:30 horas, com controle leiteiro diário.
Quinzenalmente eram colhidas amostras de leite para
determinação de sua composição em proteína, sólidos totais e
gordura (HORWITZ, 1975). O peso vivo das vacas foi obtido
através de pesagem a cada 28 dias, sem jejum prévio.
3.4. Tratamentos e sub-períodos experimentais
A dieta básica consistia de pastejo em um piquete de
capim elefante de aproximadamente 1800 m2, das 16 horas às 6
horas do dia seguinte (aproximadamente 14 horas), mais 2 kg de
concentrado (TAB. III). Foram estudados os seguintes
tratamentos:
T1 - dieta básica mais pastejo em capim angola entre
as duas ordenhas (das 10 às 13 horas);
20
TABELA II - Distribuição dos animais nos blocos, e seus respectivos número, grau de sangue,
data de parição, ordem de lactação e classificação de acordo com a produção de
leite antes do início do experimento.
BLOCO
1
2
3
4
5
6
7
8
9
NÚMERO DO
ANIMAL
GRAU DE
SANGUE*
DATA DE
PARIÇÃO
ORDEM DE
LACTAÇÃO
PRODUÇÃO DE
LEITE
4092
7/16
23/04
1ª
Alta
4014
13/16
11/05
1ª
Alta
4006
13/16
27/04
1ª
Alta
4023
3/4
28/04
1ª
Média
3150
13/16
20/04
1ª
Média
3095
13/16
24/04
1ª
Média
4121
15/16
23/04
1ª
Baixa
5982
3/4
06/05
1ª
Baixa
4103
13/16
24/04
1ª
Baixa
5964
1/2
16/04
2ª
Alta
3735
3/4
07/05
2ª
Alta
5919
3/4
13/04
2ª
Alta
3881
3/4
04/05
2ª
Média
3806
3/4
14/04
2ª
Média
4020
5/8
05/05
2ª
Média
5955
3/4
11/04
2ª
Baixa
3805
7/8
12/04
2ª
Baixa
3960
3/4
16/04
2ª
Baixa
3800
5/8
28/04
3ª
Alta
3584
3/4
16/04
3ª
Alta
5569
3/4
12/04
3ª
Alta
5504
PC
25/04
3ª
Média
5518
PC
26/04
3ª
Média
3586
13/16
13/04
3ª
Média
3464
3/4
15/04
3ª
Baixa
3416
13/16
30/04
3ª
Baixa
3482
13/16
19/04
3ª
Baixa
* Holandês X Zebu
21
22
TABELA III - Composição do concentrado utilizado na dieta básica.
INGREDIENTE
PERCENTAGEM DE UTILIZAÇÃO
(%)
Farelo de algodão
49,5
Milho desintegrado com palha e sabugo
49,5
Calcário calcítico
1,0
23
T2 - dieta básica mais 20 kg de mistura de cana-deaçúcar com 1% de uréia, entre as duas
ordenhas; e
T3 - dieta básica mais mistura de cana-de-açúcar com
1% de uréia, à vontade, entre as duas ordenhas.
A cana-de-açúcar com 1% de uréia era fornecida
entre as ordenhas em currais com cochos cobertos para os
respectivos tratamentos (T2 e T3). A "uréia" constituía-se de 9
partes de uréia fertilizante e 1 de sulfato de amônio. A uréia era
regada sobre a cana-de-açúcar após sua diluição (4 litros de água
para cada quilo de uréia), procedendo posterior homogeinização
com garfos. O consumo de cana-de-açúcar foi medido, pesandose as quantidades fornecidas e recusadas pelos animais.
Os animais tinham água à vontade, tanto nos
piquetes quanto nos currais de confinamento. A mistura mineral
era colocada à disposição dos animais em cochos localizados nos
currais .
Foram estipulados 3 sub-períodos experimentais de
12 dias cada, espaçados 38 dias entre eles:
1º sub-período (SP 1) - 30/06 a 11/07;
2º sub-período (SP 2) - 18/08 a 29/08; e
3º sub-período (SP 3) - 06/10 a 17/10.
Nesses sub-períodos foram administrados 10 gramas
óxido crômico (Cr2O3) por dia, em dois envelopes de jornal, logo
após cada ordenha, para 4 vacas, sorteadas aleatoriamente, de
cada tratamento, a fim de estimar a produção de matéria seca
fecal, admitindo-se uma recuperação de 100% de Cr2O3 nas
fezes.
3.5. Amostragem dos alimentos
Nos últimos 5 dias de cada sub-período experimental
eram coletadas amostras de cana-de-açúcar fornecida e recusada
pelos animais. Ao final de cada sub-período essas amostras eram
misturadas, constituindo uma amostra composta (tanto para o
oferecido quanto para as sobras).
24
Três bovinos, dois machos e uma fêmea, fistulados
no esôfago, foram utilizados para colher amostras representativas
do pasto selecionado pelos animais experimentais (VAN DYNE
& TORELL, 1964). Foram realizadas duas amostragens por cada
piquete de capim elefante e de capim angola: antes da entrada e
após a saída dos animais experimentais. Nos dias de coleta de
fezes, eram amostrados os cinco piquetes de capim elefante e o(s)
piquete(s) de capim angola utilizado(s) durante o sub-período. No
final de cada sub-período formaram-se amostras compostas, por
animal fistulado, de cada tipo de pastagem.
As amostras de concentrado eram retiradas após a
preparação de uma nova mistura.
As amostras de cana-de-açúcar, dos pastos coletados
(extrusas) e do concentrado foram secas a 65ºC por 72 horas,
moídas em malha de 1 mm e acondicionadas para posteriores
análises.
3.6. Amostragem das fezes
Nos últimos 5 dias de cada sub-período eram
realizadas duas coletas diárias de fezes das quatro vacas de cada
tratamento, dosificadas com óxido crômico. Procedia-se essas
coletas durante as ordenhas, logo após a excreção natural ou,
quando necessário, diretamente do reto.
Após cada sub-período, as amostras individuais de
fezes eram secas a 65ºC por 72 horas, em estufa de ventilação
forçada e moídas através de malha de 1 mm. Posteriormente, com
a reunião de 2 gramas de fezes de cada uma das 10 amostras
coletadas do animal, constituía-se amostras compostas por animal
e por sub-período.
3.7. Procedimentos analíticos
As amostras dos alimentos (cana e concentrado),
extrusas (pastos de capins elefante e angola) e fezes foram
analisadas quanto aos teores de matéria seca, proteína bruta e
25
cinzas (HORWITZ, 1975) e a energia bruta pela bomba
calorimétrica de oxigênio tipo Parr. As amostras dos pastos foram
ainda analisadas para determinação da digestibilidade "in vitro"
da matéria seca (técnica modificada de TILLEY & TERRY,
1963).
O óxido crômico (Cr2O3) nas fezes foi determinado
segundo a técnica de WILLIAMS et alii (1962), por
espectrofotometria de absorção atômica, usando aparelho marca
VARIAN TECHTRON AA6.
Análises da composição botânica dos pastos foram
realizadas pela técnica microscópica utilizada por HARKER et
alii (1964), identificando-se através de leitura de 400 pontos:
parte verde e parte seca para o capim elefante e de folha (verde e
seca) e talo (verde e seco) para o capim angola.
As análises laboratoriais foram realizadas no
Laboratório de Nutrição do Centro Nacional de Pesquisa de Gado
de Leite (CNPGL - EMBRAPA), exceto as determinações de
energia bruta e prova de digestibilidade "in vitro" da matéria
seca, as quais foram executadas no Laboratório de Nutrição
Animal da Escola de Veterinária da Universidade Federal de
Minas Gerais, em Belo Horizonte.
3.8. Estimativa do consumo de pasto
Dados sobre consumo de pasto foram obtidos a partir
da estimativa de produção fecal pelo óxido crômico e valores de
digestibilidade dos componentes das dietas, computando-se o
consumo de concentrado e cana-de-açúcar (T2 e T3), sendo
calculados matematicamente pela seguinte fórmula:
CPA = 10 x IFO - IFE [CCA(100 - DCA) + CCO(100 - DCO)]
IFE(100 - DPA)
onde:
CPA = consumo de pasto (kg de MS por animal por dia);
26
IFO = quantidade de óxido crômico oferecido por dia (g de Cr2O3 por
animal);
IFE = concentração de óxido crômico nas fezes (%);
CCA = consumo de cana-de-açúcar (kg de MS por animal por dia);
DCA = digestibilidade da MS da cana-de-açúcar (%);
CCO = consumo de concentrado (kg de MS por animal por dia);
DCO = digestibilidade da MS do concentrado (%);
DPA = digestibilidade da MS do pasto (%).
3.9. Análises estatísticas
Os dados foram processados por análise de variância,
pelo método de quadrados mínimos, através do pacote SOC da
EMBRAPA (PANIAGO et alii, 1986).
As composições química e botânica e o valor da
digestibilidade "in vitro" da matéria seca das extrusas dos pastos
foram analisados utilizando um delineamento inteiramente
casualizado com 3 (três) tratamentos (sub-períodos) e 3 (três)
repetições (animais fistulados no esôfago).
Os dados de produção de leite no período total e
ganho de peso diário foram analisados em um delineamento de
blocos ao acaso, com os 9 (nove) blocos servindo como
repetições.
As análises de variância para a composição das fezes
(matéria seca, proteína bruta, cinzas, energia bruta e cromo), para
os dados de consumo (matéria seca, matéria orgânica, proteína e
energia) e para a contribuição do pasto no consumo de nutrientes
foram realizadas segundo um experimento em parcelas divididas,
com os sub-períodos incluídos nas parcelas e os tratamentos nas
sub-parcelas, em delineamento inteiramente ao acaso, com 4
(quatro) repetições (quatro vacas dosificadas com óxido crômico,
de cada tratamento).
As análises de variância para a produção de leite nos
sub-períodos e para os teores de gordura, proteína e extrato seco
total no leite foram executadas segundo experimento em parcelas
divididas, com os tratamentos incluídos nas parcelas e os sub-
27
períodos nas sub-parcelas, num delineamento de blocos ao acaso,
com 9 (nove) blocos servindo como repetições.
Para a comparação entre médias, quando os efeitos
de tratamentos e/ou sub-períodos foram significantes pelo teste F
nas análises de variância, utilizou-se o teste de TUKEY, ao nível
de 5% de probabilidade (SNEDECOR & COCHRAN, 1980).
28
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nas análises de variância quando se testou o efeito
da interação tratamento x sub-período nos componentes das
fezes; no consumo total de matéria seca, matéria orgânica,
proteína e energia; na produção e composição do leite; e na
participação percentual do pasto no consumo de nutrientes, este
efeito não foi significativo.
4.1. Valor nutritivo dos alimentos
4.1.1. Concentrado
Os resultados das análises químicas do concentrado
utilizado em cada sub-periodo encontram-se na TAB. IV. Os
teores de nutrientes estão próximos àqueles encontrados por
SOUZA et alii (1976), sendo que a mistura utilizada por estes
autores consistiu de 50% de farelo de algodão e 50% de milho
desintegrado com palha e sabugo (MDPS), por isso, ocorreu
tendência de maior percentagem de matéria seca, menor teor de
proteína bruta e maior teor de cinzas no presente trabalho devido
a inclusão de 1% de calcário calcítico na mistura.
O valor de digestibilidade da matéria seca do
concentrado foi estimado a partir de dados do próprio CNPGL,
que acusaram valores de digestibilidade de 62,85 e 65,49% para o
MDPS e farelo de algodão, respectivamente.
29
TABELA IV - Teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), cinzas (C), energia
bruta (EB) e digestibilidade da matéria seca (DMS) do concentrado
utilizado em cada sub-período.
SUB-PERÍODO
SP1
SP2
1
SP3
MÉDIA
MS (%)
92,14
95,81
93,97
93,97
PB (% na MS)
22,08
19,10
21,66
20,95
C (% na MS)
4,30
4,31
4,90
4,50
EB (kcal/g MS)
4,61
4,47
4,54
4,54
61,63
61,63
61,63
DMS (%)
1 SP1 = 07 a 11/07/86;
SP2 = 25 a 29/08/86;
SP3 = 13 a 17/10/86.
61,63
30
4.1.2. Cana-de-açúcar
Os teores de nutrientes e o valor da digestibilidade
"in vitro" da matéria seca da cana-de-açúcar com 1% de uréia
utilizada nos tratamentos 2 e 3 estão na TAB. V. No sub-período
1 utilizou-se amostra do oferecido para a realização das análises
químicas. Nos sub-períodos 2 e 3, os valores referem-se ao
material consumido, pois foram analisadas amostras do oferecido
e das sobras, obtendo-se por média aritmética os valores da
tabela. O valor da digestibilidade "in vitro" da matéria seca de
57,21% foi obtido através de análise laboratorial de amostra de
cana-de-açúcar sem uréia. Os teores de proteína bruta foram
calculados para a adição de 1% de uréia.
Os valores encontrados estão próximos aos de
MOREIRA & MELLO (1986), que encontraram teores de 32,6%
de matéria seca, 10,7% de proteína bruta na matéria seca, 4,2 kcal
de energia bruta por grama de matéria seca e digestibilidade "in
vivo" da matéria seca em carneiros de 60,5% para o mesmo tipo
de mistura cana-de-açúcar mais 1% de uréia.
Os dados de consumo da mistura cana-deaçúcar/uréia nos tratamentos T2 e T3 e nos 3 sub-períodos (TAB.
VI) mostraram tendência de maior ingestão no 2º sub-período,
bem como no tratamento 3 (à vontade). O consumo de cana no T3
foi 15 a 17% superior àquele do tratamento 2.
Em um estudo conduzido com novilhas leiteiras de
18 a 24 meses, MELO (1983) observou o consumo da mistura
cana-de-açúcar com 1% de uréia variar de 4,8 a 5,8 kg de matéria
seca por animal. Estes valores estão abaixo de 6,02 (T2) e 6,81
(T3) kg de matéria seca encontrado no presente trabalho.
Entretanto, estes últimos valores estão próximos ao consumo de
5,95 kg de matéria seca de cana sem uréia encontrado por
CASTRO(1967), para vacas em lactação recebendo este
volumoso exclusivo mais 6 kg de concentrado (50% MDPS e
50% farelo de algodão) e produzindo 7,3 kg de leite por vaca por
dia.
4.1.3. Capim elefante
31
TABELA V - Teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), cinzas (C), energia bruta (EB)
e digestibilidade "in vitro" da matéria seca (DIVMS) da cana-de-açúcar utilizada
em cada sub-período , nos tratamentos 2 e 3.
TRATAMENTO
MS (%)
2
SUB-PERÍODO 1
SP1 **
SP2
SP3
27,31
3
PB (% na MS)*
2
11,53
3
C (% na MS)
2
2,94
3
EB (kcal/g MS)
2
4,24
3
DIVMS (%)
2/3
57,21
MÉDIA
30,99
33,85
30,72
33,61
29,68
30,20
10,16
9,30
10,30
9,37
10,61
10,50
2,37
3,17
2,83
2,52
2,80
2,75
4,27
4,41
4,31
4,36
4,38
4,33
57,21
57,21
57,21
1 SP1 = 07 a 11/07/86;
SP2 = 25 a 29/08/86;
SP3 = 13 a 17/10/86.
* Calculada par 1% de uréia.
** Neste sub-período coletaram-se apenas amostras do oferecido.
32
TABELA VI - Consumo de cana-de-açúcar com 1% de uréia nos tratamentos 2 e 3, em cada sub-período (kg/vaca).
1
SUB-PERÍODO
SP 1
SP2
SP3
MÉDIA
MÉDIA DO PERÍODO
2
TOTAL
Tratamento 2
18,91
20,00
19,87
19,59
19,74
Tratamento 3
20,44
23,80
23,44
22,56
23,12
1 SP1 = 07 a 11/07/86;
SP2 = 25 a 29/08/86;
SP3 = 13 a 17/10/86.
2 Período total: junho a outubro de 1986
33
Os resultados das análises químicas das amostras do capim
elefante coletadas pelos animais fistulados no esôfago (extrusa)
estão presentes na TAB. VII. Não houve efeito significativo (P >
0,05) dos sub-períodos quanto aos teores de matéria seca,
proteína bruta, energia bruta e digestibilidade "in vitro" da
matéria seca. O teor de cinzas sofreu efeito dos sub-períodos (P <
0,05), com o valor mais elevado no 2º sub-período.
Contaminação da forragem com saliva é o principal
problema quando se usa animais fistulados (HOLECHEK et alii,
1982). Para contornar isto, sacolas coletoras perfuradas no fundo
podem ser usadas para drenar a saliva (VAN DYNE & TORELL,
1964).
Comparando os dados observados no presente estudo com
ensaios onde utilizaram-se pastejos simulados (MELOTTI &
LUCCI, 1969; CARO-COSTAS & VICENTE-CHANDLER,
1969; ARROYO-AGUILÚ et alii, 1975) nota se que os teores de
proteína e energia foram inferiores, e o de cinzas superior.
Observa-se também que a digestibilidade "in vitro" da matéria
seca foi menor do que a digestibilidade "in vivo" com carneiros
(66,35%) encontrada por MELOTTI & LUCCI (1969).
Além da contaminação salivar, outro aspecto a se considerar
é a seletividade dos animais. Estudos realizados na Venezuela
(BUTTERWORTH, 1965; BUTTERWORTH & ARIAS, 1966),
em que o capim elefante, cortado em diferentes idades foi
oferecido a carneiros, demonstraram haver diferença entre o
material oferecido e o consumido. Concordando com estes
estudos, encontra-se também o trabalho de DAYRELL et alii
(1982), que encontraram diferença na composição química de
amostras coletadas por animais fistulados no esôfago, confinados
e a pasto. Os teores de proteína bruta e cinzas das
amostras de extrusa dos animais confinados foi de 5,46 e
11,47%, respectivamente, enquanto que daquelas de
animais a pasto foi, respectivamente, 14,84 e 15,95%.
Na TAB. VIII observa-se também o efeito da
seletividade dos animais, pois embora houvesse
diferença visual na composição morfológica do pasto
disponível, ao longo do período experimental, não houve
diferença significativa (P > 0,05) quanto a percentagem
34
TABELA VII - Teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), cinzas (C), energia bruta (EB)
e digestibilidade "in vitro" da matéria seca (DIVMS) do capim elefante em cada
sub-período (*).
SUB-PERÍODO
SP2
SP1
MS (%)
PB (% na MS)
C (% na MS)
EB (kcal/g MS)
DIVMS (%)
1
2
SP3
MÉDIA
CV
(%)
14,30
14,80
15,04
14,71
7,97
9,15
9,55
10,36
9,69
7,32
11,11
9,10
10,47
B
13,31
A
9,54
B
4,09
3,97
4,15
4,07
1,93
53,34
52,92
55,84
54,04
6,09
1 SP1 = 07 a 11/07/86;
SP2 = 25 a 29/08/86;
SP3 = 13 a 17/10/86.
2 CV = coeficiente de variação
A
Para uma mesma linha, médias de sub-períodos seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo
teste de Tukey (P < 0,05).
(*) Amostras coletadas por animais fistulados no esôfago (média de 3 animais).
35
TABELA VIII - Percentagem de partes verdes e secas do capim elefante, em cada sub-período (*).
1
SUB-PERÍODO
SP1 **
SP2
SP 3
2
MÉDIA
CV
(%)
Partes verdes (%)
91,46
91,46
91,69
91,54
3,23
Partes secas (%)
8,54
8,54
8,31
8,46
34,96
1 SP 1 = 07 a 11/07/86;
SP 2 = 25 a 29/08/86;
SP 3 = 13 a 17/10/86.
2 CV = Coeficiente de variação.
(*) Amostras coletadas por animais fistulados no esôfago (média de 3 animais).
36
de partes verdes e secas do capim elefante selecionado pelos
animais fistulados.
O elevado teor de cinzas observado neste trabalho poderia
ser explicado, além da contaminação salivar, pela contaminação
do pasto com o solo (VAN SOEST & JONES, 1968) ou pela
ingestão direta de solo pelos animais quando em regime de pasto
(MAYLAND et alii, 1975), que pode ser evidenciado pelo alto
teor de cinzas encontrado por DAYRELL et alii (1982) para
amostras de extrusas de animais a pasto quando comparado
àquelas de animais confinados.
Quanto ao valor mais elevado de cinzas no 2º sub-período,
as informações levantadas no presente trabalho não foram
suficientes para explicar tal fato.
4.1.4. Capim angola
Pela TAB. IX nota-se que não houve diferenças
significativas (P > 0,05) entre sub-períodos nos teores de matéria
seca, proteína bruta, cinzas e energia do capim angola
selecionado pelos animais fistulados. Os coeficientes de
digestibilidade "in vitro" da matéria seca foram influenciados
significativamente (P < 0,05) pelos sub-períodos. No 1º subperíodo, o coeficiente foi superior (P < 0,05) ao 2º sub-período e,
no 3º sub-período, semelhante aos outros dois. Este fato pode ser
explicado ao se observar a análise botânica da extrusa do capim
angola (TAB. X). Ocorreu um decréscimo (P < 0,05) na
percentagem de folha verde do 1º para o 2º sub-período, e um
aumento (P < 0,05) na percentagem de talo seco. A percentagem
de folha seca não foi influenciada pelos sub-períodos, porém a
percentagem de talo verde foi mais elevada (P < 0,05) no 2º subperíodo e menor no 3º sub-período.
O teor médio de cinza do capim angola ingerido foi
ligeiramente superior ao do capim elefante, provavelmente por
ser um capim estolonífero e, por isso, sujeito a contaminação com
o solo.
Fato interessante pode ser observado nas TAB.VII e
37
TABELA IX - Teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), cinzas (C), energia bruta (EB)
e digestibilidade "in vitro" da matéria seca (DIVMS) do capim angola em cada
sub-período (*).
SUB-PERÍODO
SP2
SP1
MS (%)
1
2
SP3
MÉDIA
CV
(%)
13,23
14,85
14,17
14,08
3,99
PB (% na MS)
8,91
9,79
8,56
9,09
8,00
C (% na MS)
12,96
13,77
13,19
13,31
9,41
3,97
3,93
3,92
3,94
1,67
48,61
3,51
EB (kcal/g MS)
DIVMS (%)
50,60
A
46,03
B
49,19
AB
1 SP1 = 07 a 11/07/86;
SP2 = 25 a 29/08/86;
SP3 = 13 a 17/10/86.
2 CV = coeficiente de variação
A
Para uma mesma linha, médias seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05).
(*) Amostras coletadas por animais fistulados no esôfago (média de 3 animais).
38
TABELA X - Percentagem de folhas, verde e seca, e de talos, verde e seco, do capim angola, em cada
sub-período (*).
SUB-PERÍODO
SP 2
SP 1
A
78,33
B
1
SP 3
A
83,11
3,11
8,63
21,70
Folha verde (%)
85,63
Folha seca (%)
7,49
Talo verde (%)
5,98
AB
7,83
A
3,22
B
5,68
21,87
Talo seco (%)
0,89
C
4,58
A
2,17
B
2,55
19,64
9,17
85,37
MÉDIA
CV2
(%)
9,24
1 SP1 = 07 a 11/07/86;
SP2 = 25 a 29/08/86;
SP3 = 13 a 17/10/86.
2 CV = coeficiente de variação
A
Para uma mesma linha, médias seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05).
(*) Amostras coletadas por animais fistulados no esôfago (média de 3 animais).
39
IX, que mostram a pequena variação entre as extrusas dos
animais fistulados. Os baixos coeficientes de variação observados
nos levam a deduzir que não houve diferença entre sexo ou idade
na capacidade seletiva dos animais fistulados.
4.2. Composição química das fezes
Os resultados das análises das fezes dos quatro animais de
cada tratamento, por sub-período são apresentados na TAB. XI.
O teor de matéria seca das fezes não foi influenciado pelos
tratamentos (P > 0,05). Contudo, houve diferença significativa (P
< 0,05) entre sub-períodos, sendo o teor de matéria seca mais
elevado no 3° sub-período. Tal diferença pode ser explicada pela
tendência de maior teor de matéria seca (TAB. VII) e maior
ingestão do pasto (TAB. XII) neste sub-período.
O teor de proteína bruta das fezes dos animais recebendo
capim angola (T1) foi superior (P < 0,05) àqueles dos animais
recebendo cana-de-açúcar (T2 e T3). Entretanto, não houve
diferença na quantidade total de proteína excretada (TAB. XV).
Não houve efeito significativo (P > 0,05) de sub-períodos sobre o
teor de proteína bruta nas fezes. O valor médio de proteína bruta
nas fezes observado no presente estudo (11,40%) situa-se
próximo ao encontrado por ANDREASI et alii (1960-62), para
novilhos zebus de seis a oito meses de idade (11,10%).
A percentagem de cinzas nas fezes foi afetada
significativamente (P < 0,05) pelos tratamentos e pelos
sub-períodos. O tratamento 1 teve maior valor do que os
tratamentos 2 e 3, devido ao maior teor de cinzas do
capim angola (13,31%) comparado com o da cana
(2,80%), embora o teor de cinzas do capim angola possa
estar aumentado devido à contaminação salivar. O sub período 3 apresentou teor de cinzas nas fezes menor
(P<0,05) do que os outros 2 sub-períodos. Isto era
esperado, tendo em vista o menor teor de cinzas no capim
elefante neste sub-período (TAB. VII). O teor médio de
cinzas nas fezes de 11,41% está próximo dos 11,52%
encontrado por ANDREASI et alii (1960-62) para
40
TABELA XI - Teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), cinzas (C), energia bruta (EB) e cromo (Cr2),
das fezes dos animais submetidos aos 3 tratamentos e em cada sub-período.
TRATAMENTO 1
T1
T2
T3
MS (%)
14,22
14,38
PB (% na MS)
11,98
a
C (% na MS)
15,49
a
4,24
1,30
c
EB (kcal/g MS)
Cr2 (mg/g MS)
SUB-PERÍODO 2
SP1
SP2
SP3
13,75
11,07
b
9,79
b
4,41
1,28
b
13,60
B
11,14
b
11,35
8,95
b
12,40
A
4,46
1,13
a
4,35
1,28
B
13,45
B
11,66
15,30
3
A
11,18
11,89
A
4,34
1,23
B
MÉDIA
CV
(%)
14,11
6,34
11,40
5,22
9,98
B
11,41
7,48
4,42
1,19
A
4,37
1,24
0,85
14,13
1 T1 = Dieta básica + pastejo em capim angola;
T2 = Dieta básica + 20 kg de cana-de-açúcar com 1% de uréia;
T3 = Dieta básica + cana-de-açúcar com 1% de uréia à vontade.
Dieta básica - pastejo em capim elefante + 2 kg de concetrado.
2 SP1 = 07 a 11/07/86;
SP2 = 25 a 29/08/86;
SP3 = 13 a 17/10/86.
3 CV = coeficiente de variação
a
A
Para uma mesma linha, médias de tratamentos seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05).
Para uma mesma linha, médias de sub-períodos seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05).
41
novilhos confinados recebendo 1 kg de concentrado, 4 kg de cana
picada e 4 kg de capim guatemala.
O teor de energia bruta das fezes foi influenciado (P < 0,05)
pelos tratamentos e pelos sub-períodos. O tratamento com cana à
vontade (T3) apresentou teor de energia bruta superior (P < 0,05)
aos dos outros dois tratamentos, enquanto o tratamento com 20
kg de cana (T2) superou (P < 0,05) o tratamento 1. Entretanto,
não houve diferença entre tratamentos na quantidade total de
energia excretada (TAB. XVI).
O sub-período 3 apresentou teor energético nas fezes
superior (P < 0,05) aos dos outros sub-períodos. Tal
comportamento pode ser conseqüência das tendências de maiores
valores energéticos para a cana-de-açúcar e capim elefante (TAB.
V e VII) no 3º sub-período.
A concentração de cromo nas fezes não foi afetada (P >
0,05) pelos tratamentos nem sub-períodos, ficando em média
1,24 mg por grama de matéria seca fecal.
4.3. Estimativa do consumo de pasto
As quantidades ingeridas de matéria seca e matéria orgânica
do pasto, nos 3 tratamentos e em cada sub-período, são mostradas
na TAB. XII. Cabe ressaltar que no tratamento 1 considerou-se,
em conjunto, o consumo dos dois pastos (capim elefante + capim
angola), devido a impossibilidade do método em separar a
quantidade ingerida de cada um. Os consumos de capim elefante
nos tratamentos 2 e 3, em matéria seca e orgânica, não foram
influenciados (P > 0,05) pela quantidade de cana-de-açúcar
consumida pelos animais, ficando em torno de 4,9 kg de matéria
seca ou 3,9 kg de matéria orgânica.
Analisando os consumos nos sub-períodos observase que houve diferença (P < 0,05) entre eles, tanto em
termos de matéria seca quanto em matéria orgânica. Os
valores foram maior (P < 0,05) no 3° sub-período,
intermediários no 1º sub-período e menores no 2º subperíodo, mostrando que o consumo de pasto pelos
animais parece ter sido influenciado pela disponi-
42
TABELA XII - Quantidade ingeridas de pasto (*), em matéria seca e orgânica, nos 3 tratamentos e em cada sub-período.
TRATAMENTO
T2
T1
1
T3
SP1
SUB-PERÍODO
SP2
2
SP3
MÉDIA
CV3
(%)
Matéria seca
-1
-1
kg.vaca .dia
9,72
a
4,99
b
4,84
b
6,46
AB
5,46
B
7,61
A
6,51
23,51
8,60
a
3,89
b
3,95
b
5,10
AB
4,65
B
6,69
A
5,48
26,23
MSD
kg.vaca-1.dia-1
1 T1 = Dieta básica + pastejo em capim angola;
T2 = Dieta básica + 20 kg de cana-de-açúcar com 1% de uréia;
T3 = Dieta básica + cana-de-açúcar com 1% de uréia à vontade.
Dieta básica - pastejo em capim elefante + 2 kg de concetrado.
2 SP1 = 07 a 11/07/86;
SP2 = 25 a 29/08/86;
SP3 = 13 a 17/10/86.
3 CV = coeficiente de variação.
(*) No T1 considerou-se o consumo dos 2 pastos (capim elefante + capim angola) e em T 2 e T3 apenas do capim elefante.
a
A
Para uma mesma linha, médias de tratamentos seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05).
Para uma mesma linha, médias de sub-períodos seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05).
43
bilidade de material de boa qualidade. As análises química e
botânica do pasto de capim elefante (TAB. VII e VIII)
demonstram que os animais no 3º sub-período colheram material
ligeiramente superior em qualidade àqueles colhidos nos outros
dois sub-períodos .
Observando o consumo de pasto no tratamento 1, de 9,72
kg de matéria seca ou 8,60 kg de matéria orgânica, nota-se que
estes valores são inferiores aos encontrados por CARDOSO
(1977) de 13,1 e 12,0 kg, respectivamente, para vacas em
lactação em regime exclusivo de pastagens de capim gordura
(Melinis minutiflora) ou os de VILELA (1978), que foram
respectivamente 13,6 e 12,5 kg, para vacas em lactação
recebendo, além do pastejo em capim gordura, alguns
suplementos. Apesar destes fatos sugerirem que o sistema de
pastejo empregado no tratamento 1 propiciou menores ingestões
é válido ressaltar que nos experimentos citados, além de serem
realizados na época chuvosa, os pesos vivos dos animais eram
maiores do que os do presente estudo.
A variação no consumo de pasto entre animais, indicada
pelos coeficientes de variação (C.V.), está próxima dos valores
obtidos por VILELA (1978) que encontra C.V. em torno de 24%
para os consumos de matérias seca e orgânica, com vacas em
lactação, em regime de pastagem de capim gordura,
suplementadas com diferentes alimentos, no período das águas.
Entretanto, para regime exclusivo de pasto de capim gordura,
CARDOSO (1977) encontrou coeficiente de variação de 36,7%
para consumo de matéria seca do pasto, valor superior ao
encontrado no presente estudo.
4.4. Estimativa de consumo total
4.4.1. Matéria seca
As quantidades totais de matéria seca ingerida, excretada e
digerida, baseadas em estimativas de excreção fecal das 4 vacas
dosificadas com óxido crômico, por
tratamento
em cada
sub-período, encontram-se na TAB. XIII.
44
Em termos absolutos, os tratamentos e sub-períodos tiveram
efeito significativo (P < 0,05) sobre o consumo de matéria seca
total. O tratamento 3 consumiu mais matéria seca do que o
tratamento 1 (P < 0,05), com o tratamento 2 semelhante a ambos.
O consumo de matéria seca total no sub-período 3 foi maior (P <
0,05) do que nos sub-períodos 1 e 2. Entretanto, quando os
consumos foram analisados como percentagem do peso vivo ou
em relação ao peso metabólico, notou-se que não houve
diferenças significativas (P > 0,05) entre tratamentos e entre subperíodos, indicando que os consumos em termos absolutos foram
influenciados pelos pesos dos animais. Os valores médios obtidos
para o consumo de matéria seca total de 12,68 kg.vaca-1.dia-l,
correspondente a 2,87% do peso vivo ou 131,30g por unidade de
tamanho metabólico (kg0,75), estão próximos dos valores de 13,1
kg. vaca-1.dia-l (2,8% do peso vivo ou 130,1 g.kg0,75) encontrado
por CARDOSO (1977), com vacas em lactação em pastos de
capim gordura durante o período das águas. Quando, nestas
mesmas condições, as vacas foram suplementadas (VILELA,
1978), os valores foram superiores (15,1 kg.vaca-1.dia-l; 3,1% do
peso vivo ou 145,7 g.kg0,75). Entretanto, no presente estudo
notou-se uma menor variação entre animais (C.V. em torno de
13%) do que no trabalho de CARDOSO (1977), que encontrou
um C.V. de 36,7%.
A excreção total de matéria seca não variou entre
tratamentos, mas houve variação entre sub-períodos (P <
0,05). Esta variação não foi significante quando a excreção
de matéria seca foi expressa em termos percentuais do peso
vivo ou como proporção do peso metabólico, indicando
que provavelmente a variação ocorrida em termos
absolutos foi influenciada pelo peso dos animais. Em
média, 5,63kg de matéria seca foi excretada via fezes,
correspondendo a 1,27% do peso corporal dos animais.
Esses índices estão próximos aos encontrados na literatura,
5,5 kg.vaca -1 .dia -l ou 1,2% do peso vivo (CARDOSO,
1977) e 5,5 kg.vaca -1 .dia -l ou 1,1% do peso vivo (VILELA,
1978). No presente estudo, os coeficientes de variação para
produção
fecal, em termos absolutos
ou
em
relação ao peso vivo
foram,
respectivamente,
45
TABELA XIII - Quantidade totais (dieta total) de matéria seca ingerida (MSI), excretada (MSE) e digerida (MSD) nos
3 tratamentos e em cada sub-período.
TRATAMENTO
T2
T1
1
T3
SP1
SUB-PERÍODO
SP2
2
3
SP3
MÉDIA
CV
(%)
12,68
12,07
MSI
-1
kg.vaca .dia
-1
% do peso vivo
-1
g.UTM *
11,60
b
12,89
ab
13,56
a
11,89
B
12,11
B
14,05
A
2,83
2,80
2,97
2,84
2,79
2,96
2,87
14,77
127,33
129,52
137,06
128,41
127,41
138,13
131,30
13,31
5,44
5,58
5,86
5,30
5,63
12,65
1,33
1,21
1,28
1,27
1,25
1,30
1,27
14,85
59,71
56,15
59,26
57,25
57,22
60,65
58,37
13,55
7,05
11,63
MSE
-1
kg.vaca .dia
-1
% do peso vivo
-1
g.UTM *
B
5,42
AB
6,15
A
MSD
-1
kg.vaca .dia
-1
% do peso vivo
-1
g.UTM *
6,16
b
4,50
67,51
7,30
a
1,58
b
73,37
7,70
a
1,66
a
77,81
a
6,59
B
6,68
B
7,89
A
1,54
1,54
1,66
1,59
14,70
70,19
70,19
77,47
72,93
13,14
1 T1 = Dieta básica + pastejo em capim angola;
T2 = Dieta básica + 20 kg de cana-de-açúcar com 1% de uréia;
T3 = Dieta básica + cana-de-açúcar com 1% de uréia à vontade.
Dieta básica - pastejo em capim elefante + 2 kg de concetrado.
2 SP 1 = 07 a 11/07/86;
SP 2 = 25 a 29/08/86;
SP 3 = 13 a 17/10/86.
3 CV = coeficiente de variação.
* UTM = Unidade de tamanho metabólico (Peso vivo elevado à potência de 0,75).
a
Para uma mesma linha, médias de tratamentos seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05).
A
Para uma mesma linha, médias de sub-períodos seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05).
46
12,65 e 14,85% enquanto que nos trabalhos citados estes valores
foram superiores, 29,1 e 27,5% (CARDOSO, 1977) e 24,2 e
25,5% (VILELA, 1978), indicando, provavelmente, maior
uniformidade dos animais utilizados no presente experimento.
Os tratamentos e os sub-períodos tiveram efeitos
significativos (P < 0,05) sobre a quantidade de matéria seca total
digerida (MSD). As diferenças entre sub-períodos podem ser
explicadas pelas diferenças de peso dos animais, pois quando
expressas em termos percentuais do peso vivo, ou em relação ao
peso metabólico, não foram observadas tais diferenças. As
quantidades de matéria seca digerida nos tratamentos com canade-açúcar foram superiores (P < 0,05) àquela do tratamento com
capim angola, tanto em termos absolutos como por unidade de
peso metabólico. Este resultado, provavelmente, seja explicado
pela maior digestibilidade da cana-de-açúcar (57,21%) quando
comparada à do capim angola (48,61%). A quantidade de matéria
seca digerida foi em média 7,05 kg.vaca-1.dia-l, representando
1,59% do peso corporal ou 72,93 g por unidade de peso
metabólico, dados estes próximos aos 7,4 kg.MSD.vaca-1.dia-l ou
73,4 g. kg0,75 obtidos por CARDOSO (1977) com vacas mestiças,
em pastagem de capim gordura. Entretanto, estes valores
encontram-se acima daqueles observados por STOBBS &
SANDLAND (1972), com vacas Jerseys, em pastagem tropical
(capim pangola, capim de Rhodes e setária), os quais variaram de
32,0 a 58,8 g de matéria seca digestível por unidade de peso
metabólico.
4.4.2. Matéria orgânica
Os dados de matéria orgânica ingerida, excretada e digerida
(TAB. XIV) apresentaram as mesmas tendências daqueles de
matéria seca (TAB. XIII).
Quanto às quantidades de matéria orgânica digerida,
observa-se efeitos significativos (P<0,05) para tratamentos e subperíodos. Estas quantidades decresceram significativamente
(P<0,05) do tratamento 3 para o 2 e do 2 para o 1, embora,
quando expressas em percentagem do peso animal, tais diferenças
47
TABELA XIV - Quantidade totais (dieta total) de matéria orgânica ingerida (MOI), excretada (MOE) e digerida (MOD) nos
3 tratamentos e em cada sub-período.
TRATAMENTO
T2
T1
1
T3
SP1
SUB-PERÍODO
SP2
2
3
SP3
MÉDIA
CV
(%)
MOI
-1
-1
10,40
-1
-1
4,77
kg.vaca .dia
-1
-1
5,63
% do peso vivo
1,37
kg.vaca .dia
b
11,54
ab
12,40
a
10,34
B
11,10
B
12,90
A
11,45
12,56
4,48
B
4,90
B
5,61
A
4,99
13,12
5,87
B
6,20
B
7,29
A
6,45
12,17
MOE
kg.vaca .dia
4,93
5,29
MOD
-1
g.UTM *
61,78
c
6,62
b
1,43
b
66,42
7,11
a
1,55
ab
71,83
a
1,40
1,43
1,53
1,45
15,31
63,34
65,09
71,60
66,68
13,84
1 T1 = Dieta básica + pastejo em capim angola;
T2 = Dieta básica + 20 kg de cana-de-açúcar com 1% de uréia;
T3 = Dieta básica + cana-de-açúcar com 1% de uréia à vontade.
Dieta básica - pastejo em capim elefante + 2 kg de concetrado.
2 SP1 = 07 a 11/07/86;
SP2 = 25 a 29/08/86;
SP3 = 13 a 17/10/86.
3 CV = coeficiente de variação.
* UTM = Unidade de tamanho metabólico (Peso vivo elevado à potência de 0,75).
a
A
Para uma mesma linha, médias de tratamentos seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05).
Para uma mesma linha, médias de sub-períodos seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05).
48
não foram observadas. Expressando os dados em unidade de peso
metabólico, o tratamento 3 teve valores maiores (P <0,05) aos do
tratamento 1, sendo o tratamento 2 semelhante a ambos. De um
modo geral, este comportamento pode ser explicado pela
diferença entre as digestibilidades dos alimentos (TAB. V e IX).
4.4.3. Proteína
Na TAB. XV nota-se que, em termos absolutos
(kg.vaca1.dia-l), a quantidade de proteína ingerida foi influenciada
pelos tratamentos e pelos sub-períodos (P < 0,05). As vacas nos
tratamentos com cana-de-açúcar (T2 e T3) consumiram mais
proteína (P < 0,05) do que aquelas no tratamento com capim
angola (T1). Houve um consumo maior de proteína no 3º subperíodo (P < 0,05), comparado aos outros 2 sub-períodos.
Entretanto, estas ingestões quando relacionadas em função do
peso corporal ou peso metabólico não sofreram tais efeitos,
sugerindo haver efeito do peso dos animais sobre estes consumos.
A quantidade de proteína excretada nas fezes não sofreu
influência de tratamentos nem de sub-períodos, com valor de 640
g.vaca-1.dia-l, correspondente a 0,14% de peso vivo ou 6,64
g.UTM -l .
Os tratamentos e sub-períodos tiveram efeitos significativos
(P < 0,05) sobre a quantidade de proteína digerida (PD) pelos
animais. Os animais no tratamento 3 digeriram mais proteína (P <
0,05) do que os do tratamentos 1, enquanto os do tratamento 2
apresentaram valores semelhantes a ambos, tanto em termos
absolutos como em relação ao peso vivo ou metabólico. No subperíodo 3, houve maior quantidade de proteína digerida do que nos
outros 2 sub-períodos (P < 0,05), embora em termos de peso vivo
não houvesse tal diferença, indicando aumento do peso dos animais
ao longo do período experimental. Contudo, em termos de peso
metabólico, observou-se maior valor no 3º sub-período do que o 2º
sub-período (P < 0,05), e ambos foram semelhantes ao 1º subperíodo. O valor médio encontrado, em torno
de 820 g
-1
-l
-l
PD.vaca .dia (0,18% do peso vivo ou 8,46g.UTM )
está
49
TABELA XV - Quantidade totais (dieta total) de proteína ingerida (PI), excretada (PE) e digerida (PD) nos
3 tratamentos e em cada sub-período.
TRATAMENTO
T2
T1
1
T3
SP1
SUB-PERÍODO
SP2
2
3
SP 3
MÉDIA
CV
(%)
PI
kg.vaca-1 .dia-1
1,30 b
1,49 a
1,57
1,41 B
1,35 B
1,61 A
1,46
10,36
% do peso vivo
0,32
0,32
0,34
0,33
0,31
0,34
0,33
13,97
14,34
15,03
15,92
15,20
14,22
15,87
15,10
12,20
kg.vaca-1 .dia-1
0,61
0,65
0,65
0,63
0,60
0,68
0,64
12,72
% do peso vivo
0,15
0,14
0,14
0,15
0,14
0,15
0,14
16,18
-1
6,76
6,56
6,61
6,87
6,33
6,72
6,64
14,64
0,69 b
0,84 ab
0,92 a
0,77 B
0,75 B
0,93 A
0,82
11,11
0,16
b
0,18
ab
0,20
a
0,18
0,17
0,19
0,18
14,47
7,58
b
8,48
ab
9,31
a
7,46
12,61
-1
g.UTM *
PE
g.UTM *
PD
kg.vaca-1 .dia-1
% do peso vivo
-1
g.UTM *
8,33
AB
7,89
B
9,15
A
1 T1 = Dieta básica + pastejo em capim angola;
T2 = Dieta básica + 20 kg de cana-de-açúcar com 1% de uréia;
T3 = Dieta básica + cana-de-açúcar com 1% de uréia à vontade.
Dieta básica - pastejo em capim elefante + 2 kg de concetrado.
2 SP1 = 07 a 11/07/86;
SP2 = 25 a 29/08/86;
SP3 = 13 a 17/10/86.
3 CV = coeficiente de variação.
* UTM = Unidade de tamanho metabólico (Peso vivo elevado à potência de 0,75).
a
A
Para uma mesma linha, médias de tratamentos seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05).
Para uma mesma linha, médias de sub-períodos seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05).
50
ligeiramente abaixo do valor estimado por CARDOSO (1977),
em torno de 910 g PD.vaca-1.dia-1, ou daqueles encontrados por
VILELA (1978), que variaram de 900 a 1520 g PD.vaca-1.dia-1.
Esta diferença pode ser explicada pelo tamanho dos animais
utilizados em cada experimento. O peso médio dos animais nos
experimentos de CARDOSO (1977) e VILELA (1978) foram,
respectivamente, 460 e 484 kg, enquanto no presente estudo o
peso médio foi de 428 kg (TAB. XVIII).
Comparando os dados de consumo de proteína (TAB.XV)
para cada tratamento (T1 = 1300 g; T2 = 1490 g e T3 = 1570 g por
vaca por dia) com as necessidades calculadas pelo NRC (1978) ,
observou-se que o valor calculado para o T1 (1356 g) e maior do
que a quantidade ingerida; para o T2 (1320 g) houve um excesso
de proteína ingerida em torno de 13% das necessidades; e para o
T3 (1235 g) esse excesso foi em torno de 27% do exigido.
4.4.4. Energia
A ingestão de energia (TAB. XVI) sofreu efeito
significativo (P < 0,05) de tratamentos e sub-períodos. Os
animais recebendo cana-de-açúcar (T2 e T3) tiveram maior
ingestão de energia (P < 0,05) do que aqueles recebendo capim
angola entre as ordenhas (T1). Entretanto, essa diferença foi
ocasionada pelas diferenças de pesos dos animais entre
tratamentos. Isso é evidenciado quando se expressa os consumos
de energia em termos de percentagem do peso vivo ou de peso
metabólico.
A excreção de energia nas fezes (TAB. XVI) sofreu
influência somente dos sub-períodos (P < 0,05).
As quantidades de energia digerida (TAB. XVI) foram
afetadas pelos tratamentos e sub-períodos (P < 0,05). Em termos
absolutos, as vacas que receberam cana-de-açúcar digeriram mais
energia do que aquelas com capim angola (P < 0,05). Quando se
comparou os dados em termos de peso vivo, o tratamento 3 foi
superior ao tratamento 1 (P < 0,05), e ambos semelhantes ao
tratamento 2. Já em termos de peso metabólico, todos os dois
tratamentos com cana-de-açúcar (T2 e T3) apresentaram consumos
51
TABELA XVI - Quantidade totais (dieta total) de energia ingerida (EI), excretada (EE) e digerida (ED) nos
3 tratamentos e em cada sub-período.
TRATAMENTO
T2
T1
1
T3
SP1
SUB-PERÍODO
SP2
2
SP3
MÉDIA
CV 3
(%)
EI
kg.vaca-1 .dia-1
47,52 b
54,86 a
58,00 a
49,94 B
50,68 B
59,76 A
53,46
11,65
% do peso vivo
11,61
11,81
12,59
11,94
11,68
12,58
12,07
14,61
521,62
551,15
586,04
539,26
532,76
586,79
552,94
13,08
kg.vaca-1 .dia-1
23,68
24,26
25,95
22,44 B
23,95 B
27,49 A
24,63
12,79
% do peso vivo
5,78
5,27
5,68
5,37
5,54
5,81
5,58
15,39
259,81
243,71
262,31
242,55
252,41
270,86
255,28
14,02
-1
g.UTM *
EE
-1
g.UTM *
ED
kg.vaca-1 .dia-1
% do peso vivo
-1
g.UTM *
23,84 b
5,83
b
261,81
b
30,60 a
6,64
307,45
ab
a
32,05 a
27,50 B
26,73 B
32,26 A
28,83
10,77
7,01
a
6,57
6,14
6,77
6,49
14,03
323,72
a
296,70
280,34
315,93
297,66
12,37
1 T1 = Dieta básica + pastejo em capim angola;
T2 = Dieta básica + 20 kg de cana-de-açúcar com 1% de uréia;
T3 = Dieta básica + cana-de-açúcar com 1% de uréia à vontade.
Dieta básica - pastejo em capim elefante + 2 kg de concetrado.
2 SP1 = 07 a 11/07/86;
SP2 = 25 a 29/08/86;
SP3 = 13 a 17/10/86.
3 CV = coeficiente de variação.
* UTM = Unidade de tamanho metabólico (Peso vivo elevado à potência de 0,75).
a
A
Para uma mesma linha, médias de tratamentos seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05).
Para uma mesma linha, médias de sub-períodos seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05).
52
de energia digestível superiores (P < 0,05) ao do tratamento com
capim angola (T1). Estes fatos podem ser explicados pela maior
digestibilidade da cana-de-açúcar (57,21%) quando comparada
com a do capim angola (48,61%). A tendência de menores
valores para o tratamento 2, quando comparado ao tratamento 3,
deve-se provavelmente, ao maior consumo de cana-de-açúcar e a
maior oportunidade dos animais do tratamento 3 em selecionar
dieta de melhor qualidade.
As quantidades de energia ingerida, excretada e digerida
sofreram de modo semelhante os efeitos de sub-períodos. Os
maiores valores apresentados no 3º sub-período (P < 0,05) podem
ser explicados pelo aumento de peso, pois não houve diferenças
significativas (P > 0,05) quando estas quantidades foram
expressas em percentual do peso vivo ou em função do peso
metabólico.
CARDOSO (1977) encontrou consumo médio de energia
digestível de 31,80 Mcal.vaca-1.dia-1, enquanto VILELA (1978)
apresentou a variação de 34,7 a 40,18 Mcal.vaca-1.dia-1. Estes
valores foram superiores ao encontrado neste experimento (28,83
Mcal.vaca-1.dia-1), provavelmente devido ao maior peso dos
animais nos trabalhos referenciados.
Os trabalhos apresentados para ingestão de ED (TAB. XVI)
para os respectivos tratamentos 1, 2 e 3 de 23,34; 30,60 e 32,05
Mcal por vaca por dia, quando comparados às necessidades
calculadas segundo NRC (1978) de 30,44; 30,60 e 28,95 Mcal
por vaca por dia, para os respectivos tratamentos, indicam que no
tratamento 1 houve um déficit de 22% das necessidades
energéticas, no tratamento 3 houve excesso de 10% e no
tratamento 2, a necessidade energética foi suprida pelo consumo
de ED.
Considerando que o consumo de proteína e a energia
digerida encontrados no presente estudo estão de acordo com os
dados de literatura observados em condições tropicais, tais
discrepâncias entre necessidade e ingestão evidenciam que
fórmulas encontradas em clima temperado não refletem a
realidade das regiões tropicais.
53
4.5. Participação percentual do pasto no consumo de
nutrientes digestíveis
A participação do pasto, em termos de matéria seca
digestível, matéria orgânica digestível, proteína digestível e
energia digestível, encontra-se expressa percentualmente na
TAB. XVII. Apesar de se propor estudar a participação do pasto
de capim elefante no consumo de nutrientes, a comparação ficou
prejudicada pelo método utilizado para estimativa de consumo
que não possibilitou determinar as ingestões individuais de cada
pasto no tratamento 1.
Não houve diferença significativa (P > 0,05) entre os
tratamentos com cana-de-açúcar quanto a participação percentual
do pasto de capim elefante no consumo de nutrientes, indicando
que não houve efeito da quantidade e/ou qualidade da cana-deaçúcar consumida em cada tratamento sobre o consumo de pasto.
Houve efeito dos sub-períodos (P < 0,05) sobre a
participação percentual do pasto no consumo de nutrientes. De
modo geral, esta participação foi menor no 2º sub-período do que
nos outros dois sub-períodos. Esse comportamento pode ser
explicado por uma diminuição na disponibilidade de pasto no 2º
sub-período, como evidenciado pelo aumento no consumo de
cana-de-açúcar neste sub-período (TAB. VI) com conseqüente
redução no consumo de pasto (TAB. XII).
4.6. Peso vivo dos animais
A TAB. XVIII mostra os valores dos pesos vivos
inicial e final das vacas, como o ganho de peso diário
durante o experimento. Observa-se
que os animais
do tratamento 1 eram
mais leves
do
que os
animais dos tratamentos 2 e 3. 0 ganho médio diário
de peso dos animais do tratamento 3 foi superior (P
< 0,05) àquele dos animai s do tratamento 1, e ambos
semelhantes
ao
do
tratamento
2.
Este
comportamento pode ser explicado, quando se
compara os consumos de nutrientes
digestíveis,
54
TABELA XVII - Participação percentual do pasto (*) no consumo de nutrientes digestíveis nos 3 tratamentos, e em
cada sub-período (%).
TRATAMENTO
T2
T1
1
T3
SP1
SUB-PERÍODO
SP2
2
3
SP3
MÉDIA
CV
(%)
Matéria seca
80,68
a
36,60
b
33,04
b
52,42
A
44,68
B
53,23
A
50,11
12,04
Matéria orgânica
79,83 a
32,22
b
29,58 b
48,12
AB
42,12 B
51,38
A
47,21
14,09
Proteína
67,52 a
30,73
b
26,78 b
41,98
AB
37,78 B
45,28
A
41,68
14,52
Energia
83,64
a
35,60
b
32,48
b
51,36
AB
45,70
B
54,68
A
50,57
12,17
1 T 1 = Dieta básica + pastejo em capim angola;
T 2 = Dieta básica + 20 kg de cana-de-açúcar com 1% de uréia;
T 3 = Dieta básica + cana-de-açúcar com 1% de uréia à vontade.
Dieta básica - pastejo em capim elefante + 2 kg de concetrado.
2 SP 1 = 07 a 11/07/86;
SP 2 = 25 a 29/08/86;
SP 3 = 13 a 17/10/86.
3 CV = coeficiente de variação.
(*) No T 1 considerou-se o consumo dos 2 pastos (capim elefante e capim angola) e em T 2 e T3 apenas do capim elefante.
a
Para uma mesma linha, médias de tratamentos seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05).
A
Para uma mesma linha, médias de sub-períodos seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05).
55
TABELA XVIII - Pesos vivos médios, inicial e final, e ganhos médios diários de peso, para os 3 tratamentos.
T1
TRATAMENTO
T2
Peso vivo inicial (kg)
408
Peso vivo final (kg)
431
Ganho médio diário de peso durante
-1
-1
151 dias (g.vaca .dia )
147,90
b
1
2
CV
(%)
T3
MÉDIA
449
428
428
-
486
477
465
-
247,92
ab
324,51
a
240,11
43,43
1 T1 = Dieta básica + pastejo em capim angola;
T2 = Dieta básica + 20 kg de cana-de-açúcar com 1% de uréia;
T3 = Dieta básica + cana-de-açúcar com 1% de uréia à vontade.
Dieta básica - pastejo em capim elefante + 2 kg de concetrado.
2 CV = coeficiente de variação.
a
Para uma mesma linha, médias de tratamentos seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05).
56
expressos em percentagem do peso vivo ou em gramas por
unidade de peso metabólico (TAB. XIII a XVI).
Os ganhos médios diários dos animais nos tratamentos T1
(147,90 g), T2(247,92 g) e T3 (324,51 g) foram inferiores às 520
g.vaca-1.dia-1, encontradas por LUCCI et alii (1969c), com vacas
em lactação mantidas em pastagens de capim Napier e de capim
angola, com taxa de lotação de 4,3 a 3,8 vacas.ha-1,
respectivamente, durante 90 dias do período das águas, recebendo
como suplementação 1,3 kg de milho em grão por dia. No
presente experimento, a taxa de lotação do capim elefante foi
mais elevada (4,7 vacas.ha-1) e aplicada durante 150 dias do
período da seca, fatos que podem explicar tais diferenças em
ganho de peso.
Resultados semelhantes aos obtidos no presente estudo,
com vacas leiteiras submetidas ao tipo de tratamento utilizado no
T2, foram relatados por VALLE et alii (1986b) utilizando as
mesmas pastagens de capim elefante, no período da seca de 1985.
4.7. Produção e análise do leite
A produção média de leite corrigida para 4% de gordura
(TAB. XIX) foi afetada pelos tratamentos e pelos sub-períodos (P
< 0,05). Os animais do tratamento com capim angola produziram
mais leite do que os animais do tratamento 3 (P <0,05). Por outro
lado, as vacas do tratamento 2 apresentaram produções iguais as
dos tratamentos 1 e 3. A produção de leite corrigida para 4% de
gordura no 1° sub-período foi superior (P < 0,05) às dos outros 2
sub-períodos, seguindo a forma clássica de curva de lactação, em
que a produção diária, logo após o pico, decresce com o decorrer
do tempo.
A produção média de leite corrigida para 4% de
gordura foi 10,38 kg.dia - 1 , com coeficiente de
variação de 17,53%. Este
nível
de produção está
próximo aos encontrados, com a mesma espécie de
pastagem,
por
CARO-COSTAS
&
VICENTE CHANDLER (1969), VELLOSO & FREITAS (1973)
e SLEUTJES et alii (1976),
porém
inferiores
57
TABELA XIX - Produção média de leite e teores de gordura, proteína e extrato seco total do leite dos 3 tratamentos e em
cada sub-período.
TRATAMENTO
T1
T2
Produção de leite (kg.vaca -1.dia-1)
- Corrigida para 4% de gordura
11,17
a
10,43
Gordura (%)
3,94
4,26
Proteína (%)
3,13 b
3,40
Extrato seco total (%)
12,94
ab
a
13,48
1
2
SUB-PERÍODO
SP1
SP2
SP 3
T3
9,55
b
11,06
A
10,01
B
10,08
B
MÉDIA
CV 3
(%)
10,38
17,53
3,77
3,97
3,91
4,08
3,99
18,15
3,28 ab
3,19 B
3,27 AB
3,36 A
3,27
11,57
A
13,13
7,73
12,98
13,09
B
13,02
B
13,29
1 T1 = Dieta básica + pastejo em capim angola;
T2 = Dieta básica + 20 kg de cana-de-açúcar com 1% de uréia;
T3 = Dieta básica + cana-de-açúcar com 1% de uréia à vontade.
Dieta básica - pastejo em capim elefante + 2 kg de concetrado.
2 SP1 = 07 a 11/07/86;
SP2 = 25 a 29/08/86;
SP3 = 13 a 17/10/86.
3 CV = coeficiente de variação.
a
Para uma mesma linha, médias de tratamentos seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05).
A
Para uma mesma linha, médias de sub-períodos seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05).
58
aos observados por LUCCI et alii (1969c), LUCCI et alii (1972) e
CARO-COSTAS & VICENTE-CHANDLER (1974).
Associando as produções de vacas sob pastejo em capim
elefante com aquelas de vacas sob pastejo em capim angola,
LUCCI et alii (1969 a) encontraram uma produção de 11,4 kg de
leite por vaca por dia, valor próximo a 11,17 kg.vaca-1.dia-1
observado para vacas no T1 do presente estudo.
No período da seca de 1985, VALLE et alii (1986a)
conduzindo estudo na mesma área do presente trabalho
encontraram produção
menor (8,84 kg
de
leite
-1
-1
corrigido.vaca .dia ) para vacas recebendo dieta igual a do
tratamento 2 (10,43kg de leite. vaca-1.dia-1), sugerindo que as
condições do presente estudo foram aparentemente melhores.
O teor de gordura do leite (TAB. XIX) não foi influenciado
(P > 0,05) pelos tratamentos nem pelos sub-períodos. O valor
encontrado em média (3,99%) está de acordo com os observados
por outros autores (LUCCI et alii, 1969c; LUCCI et alii, 1972;
VELLOSO & FREITAS, 1973; VALLE et alii, 1986a).
O teor de proteína do leite (TAB. XIX) no tratamento 2 foi
superior (P < 0,05) ao do tratamento 1, sendo estes dois
semelhantes ao do tratamento 3. Este comportamento parece estar
associado ao maior consumo de proteína nos tratamentos com
cana-de-açúcar (TAB. XV). O teor de proteína do leite no 3º subperíodo foi maior (P < 0,05) do que no 1º sub-período, com teor
igual a ambos no 2º sub-período. Isso se deve, provavelmente, ao
aumento de ingestão de proteína bruta e proteína digestível no 3º
sub-período (TAB. XV). Em média, o teor de proteína do leite foi
de 3,27%, valor este bem próximo ao encontrado por VALLE et
alii (1986a), de 3,25%.
Os valores de extrato seco total do leite (TAB.XIX) foram
influenciados (P < 0,05) apenas pelos sub-períodos. No subperíodo 3 obteve-se maior valor do que nos outros 2 sub-períodos
(P < 0,05), os quais não diferiram entre si. Isto ocorreu como
conseqüência da queda na produção do leite associada aos
maiores teores de gordura e proteína do leite observados no 3º
sub-período (TAB.XIX). O teor médio encontrado de extrato
seco total do leite foi de 13,13%, o qual está próximo de 13,58%
obtido por VALLE et alii (1986a).
59
A análise das produções médias no período total (TAB.
XX) mostra que vacas suplementadas com capim angola (T1)
produziram mais do que as do tratamento 3 (P < 0,05), com as do
tratamento 2 obtendo produções iguais as dos outros tratamentos.
Essa evidência, associada ao maior ganho de peso diário,
observado nos tratamentos com cana-de-açúcar (TAB. XVIII),
leva a acreditar que dietas à base de cana-de-açúcar, ou com
fontes de carbohidratos solúveis, favorecem a partição dos
nutrientes em direção a síntese de reserva corporal (ganho de
peso) em prejuízo da síntese de leite. Segundo SUTTON et alii
(1980), dietas de vacas leiteiras com altas proporções de
concentrado fazem com que mais energia seja usada para ganho
de peso do que para produção de leite. Os efeitos de tais dietas
são a menor proporção de ácido acético no rúmen, menores
teores de gordura no leite e maiores ganhos de peso diários em
vacas leiteiras. Estes fatos concordam com a afirmação de
∅RSKOV & MCDONALD (1980) de que as diferenças na
proporção de ácidos graxos voláteis influenciam a partição de
energia em gado leiteiro.
Embora o tratamento 1 tenha proporcionado maior
produção por vaca, sua produção por hectare foi
aproximadamente a metade das obtidas nos tratamentos 2 e 3
(TAB.XX). Os valores médios de produção de leite por hectare
por dia foram menores do que aqueles encontrados por outros
autores (LUCCI et alii, 1969c, 1979), em torno de 42 kg de leite
por hectare, contudo superiores aos encontrados por VALLE et
alii (1986a), no período da seca (24 a 35 kg de leite por hectare).
Os resultados das produções de leite por hectare (TAB. XX)
indicam que quando a terra for um fator limitante, a utilização de
cana-de-açúcar é a melhor opção quando se objetiva maior
produtividade por área. Entretanto, deve-se considerar alguns
fatores que podem influenciar a margem de lucro, tais como: preço
da mão-de-obra, custos das construções e custos operacionais
(transporte de cana do canavial para o estábulo e energia
para trituração da cana). Já quando se objetiva explorar
60
TABELA XX - Área utilizada, lotação, produção de leite média no período total e produtividade por área nos 3 tratamentos.
TRATAMENTO
T2 *
T1
1
T3 *
MÉDIA
CV2
(%)
Área (ha)
5,40
2,27
2,33
-
-
Lotação (UA/ha)
1,67
3,96
3,86
-
-
10,33 ab
9,48
Produção de leite, corrigida para 4% de
gordura:
kg.vaca-1.dia-1
kg.ha -1.dia-1
11,23
18,75
a
40,90
b
36,59
10,35
10,55
-
1 T 1 = Dieta básica + pastejo em capim angola;
T 2 = Dieta básica + 20 kg de cana-de-açúcar com 1% de uréia;
T 3 = Dieta básica + cana-de-açúcar com 1% de uréia à vontade.
Dieta básica - pastejo em capim elefante + 2 kg de concetrado.
2 CV = coeficiente de variação.
* Considerando a produção de cana-de-açúcar igual a 70 toneladas, com 30,45% de matéria seca.
a
Para uma mesma linha, médias de tratamentos seguidas de letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05).
-
61
melhor o potencial dos animais, com terra disponível ou de baixo
custo, a utilização de pastagens de reserva de capim angola tornase mais interessante, com menos custos de mão-de-obra ou custos
operacionais. Entretanto, deve-se computar o investimento em
cercas e bebedouros para a implantação dos piquetes.
62
5. CONCLUSÕES
Nas condições do presente estudo, os resultados obtidos
conduzem às seguintes conclusões:
1. Admitindo que a pastagem de reserva ou a cana-deaçúcar com 1% de uréia foi suficiente para a mantença dos
animais, o capim elefante com apenas 2 kg de
concentrado/vaca/dia, possibilitou manter um nível de produção
de 10 kg de leite por vaca no período da seca, e ainda
proporcionou um acréscimo no peso corporal das vacas.
2. A contribuição do capim elefante, nas dietas de vacas
suplementadas com cana-de-açúcar com 1% de uréia e 2 kg de
concentrado, ficou em torno dos 30% dos nutrientes digestíveis.
3. A quantidade oferecida da mistura cana-de-açúcar com
1% de uréia (20 kg ou à vontade) não alterou o consumo de pasto
pelos animais nem o desempenho dos mesmos (produção de leite
e ganho de peso).
4. Entre as alternativas de suplementação estudadas para
vacas em lactação sob pastejo em capim elefante recebendo 2 kg
de concentrado, no período da seca, a indicação da mais
adequada dependerá do preço dos fatores de produção
envolvidos, principalmente, mão de obra e terra.
63
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