relatìrio de pesquisa - 04

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relatìrio de pesquisa - 04
LISINA, PROTEÍNA &
ARGININA – AVES JOVENS
RELATÓRIO DE PESQUISA - 04
1990
REQUERIMENTOS DE LISINA EM AVES JOVENS DE
ACORDO COM A PROTEÍNA DA DIETA E NÍVEIS DE
ARGININA
Objetivo
Checar o requerimento de lisina para obtenção de um ótimo
desempenho em aves jovens alimentadas com uma grande variedade
de níveis de proteínas, com influência possível da arginina sobre este
requerimento.
Delineamento
experimental
ANIMAIS
Frangos jovens Ross foram alimentados com dietas proteína- lisina
experimentais do dia 1 ao dia 21 ou do dia 7 ao dia 21 (Morris et al,
1987). Para o experimento lisina-arginina, frangos jovens Ross machos
receberam as dietas do dia 4 ao dia 18 de idade (Morris & Abebe,
1990). As aves foram colocadas em gaiolas enfileiradas com assoalho
aramado durante o experimento. A água e a ração foram fornecidas à
vontade durante a duração de cada experimento. Ganho de peso e
conversão alimentar foram medidos.
DIETAS
As dietas foram preparadas pela formulação de uma dieta com alto
teor de proteína e depois com a diluição desta com dietas de baixo
nível de proteína contendo níveis similares de energia e de aminoácidos
essenciais, exceto do aminoácido a ser estudado. A dieta com alto
nível foi formulada usando milho moído, glúten de milho, farelo de soja,
farelo de amendoim, farelo de girassol, farinha de peixe, farinha de
sangue ou farelo de arroz, assim como aminoácidos cristalinos. As
dietas de diluição foram misturadas a partir de ingredientes similares,
exceto que níveis maiores de amido de milho e cerelose foram usados
para preencher os níveis de energia, mantendo os níveis de proteína
na dieta baixos. Os níveis de proteína na ração experimental variaram
de 140 a 280 g/kg da dieta. O nível de lisina da dieta com alto teor foi
fixado em 11,2 g/kg de dieta (40 g de lisina/kg de proteína bruta) com
todos os outros aminoácidos essenciais em níveis não menores que
1,4 vezes os requerimentos da ave jovem conforme recomendado pelo
ARC (1975) no primeiro estudo e AEC (1978) no segundo estudo
(Tabela 1). L-lisina HCl foi adicionada gradualmente às dietas para
produzir níveis de lisina variando de 40 a 60 g de lisina/kg de proteína
bruta para cada nível de proteína examinado.
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AJINOMOTO BIOLATINA Ind. e Com. Ltda
Em 1990, Morris & Abebe, visando examinar os requerimentos
de lisina com possível influência dos níveis de arginina na dieta
de alto teor (300 g de proteína bruta/kg de dieta) formularam com
farinha de trigo, farelo de soja, glúten de milho e farinha de arenque
como as principais fontes de proteína, junto com suplementação
de aminoácidos cristalinos. Esta dieta continha 38 g de lisina/kg
de proteína bruta (1,145% de lisina dietética) e arginina em 1,3 g
de lisina (1,48% da arginina dietética). A dieta com alto teor foi
diluída com uma mistura isocalórica isenta de proteínas (0% lisina;
0% arginina na dieta) para fornecer 180, 220 e 260 g de proteína
bruta/kg de dieta. Estas dietas foram preparadas conforme as
séries baixas em arginina contendo proporções arginina:lisina
similares aos níveis recomendados quando a lisina era
suplementada. As séries altas em arginina foram obtidas pela
adição de 5,7 g de L-Arginina/kg da dieta com alto teor para elevar
a proporção de arginina:lisina para 1,8, um nível similar àquele
das dietas de alto teor não suplementadas usadas por Morris et al
(1987). Cinco níveis de concentração de lisina foram testados (38,
43, 48, 53 e 58 g/kg de proteína bruta) foram testados com ambas
as séries com arginina alta e baixa. Os níveis de lisina na dieta
variaram de 6,84 g/kg (38 g/kg de proteína bruta a 18,0% de
proteína bruta) à 17,4 g/kg (58 g/kg de proteína bruta a 30% de
proteína bruta).
Recomendações de aminoácidos essenciais para frangos
jovens
Aminoácido
ARC
(1975)¹
(%)
AEC
(1978)¹
(%)
NRC
(1984)²
(%)
Heartland
Lysine, Inc
(1990)²
(%)
de Aminoácidos
Digestíveis
verdadeiros
Lisina
1.10
1.21
1.20
1.14
Metionina
0.48 (0.67)* 0.55 (0.77)*
0.50
0.50
TSAA
0.92 (1.28) 0.92 (1.28)
0.93
0.86
Treonina
0.74 (0.88) 0.75 (1.05)
0.80
0.69
Triptofano
0.21 (0.29) 0.21 (0.29)
0.23
0.22
Arginina
1.03 (1.44) 1.27 (1.77)
1.44
1.30
Histidina
0.48 (0.67) 0.47 (0.65)
0.35
0.34
Isoleucina
0.85 (1.19) 0.87 (1.21)
0.80
0.74
Fenilalanina
0.85 (1.19) 0.81 (1.13)
0.72
0.67
Leucina
1.47 (2.05) 1.61 (2.25)
1.35
1.35
Valina
0.98 (1.37) 0.96 (1.34)
0.82
0.76
* Os valores em parênteses representam 1,4 vezes os requerimentos de ARC
(1975) ou AEC (1978) usados por Morris et al (1987)
1Frangos jovens com 0 a 4 semanas de idade com 3100 kcal EM/kg de dieta
2Frangos jovens com 0 a 3 semanas de idade com 3200 kcal EM/kg de dieta.
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AJINOMOTO BIOLATINA Ind. e Com. Ltda
Tabela 1
RESULTADOS
Tabela 2
Requerimentos estimados de lisina usando o modelo de leitura
e as equações quadráticas restritas para 14 grupos de dados
por Morris et al (1987)1
Proteína Dietética
Modelo de Leitura
Equação quadrática restrita
Taxa máxima de crescimento
(g/kg)
mg/d
g/kg
PB
g/kg
dieta
Crescimento
máximo
Eficiência
alimentar
máxima
g/kg dieta
g/kg dieta
Estudo 1
233
56.4
7.9
8.2
140
247
56.8
9.1
8.5
160
267
52.3
9.4
9.4
180
317
53.3
10.6
--*
200
312
46.6
10.2
10.9
220
351
45.8
11.0
11.8
240
361
45.9
11.4
12.8
260
390
44.5
12.4
13.9
280
Estudo 2
390
52.2
7.3
8.8
140
439
49.5
8.3
9.2
168
491
46.7
9.2
--*
196
559
46.4
10.4
12.2
224
569
42.2
10.6
--*
252
650
44.9
12.6
14.4
280
*Máximo não determinado porque a parábola ajustada foi invertida.
1Abebe e Morris (1990)
Tabela 3
8.2
8.6
9.3
11.0
12.4
11.7
13.5
13.6
8.4
9.2
11.9
12.9
--*
13.8
Requerimentos estimados de lisina (g/kg de dieta)¹
Ganho de peso
Máxima eficiência
máximo
alimentar
180
12.1
9.9
220
12.4
13.6
49.4
260
13.4
14.1
300
16.2
15.9
180
--*
11.6
220
13.2
13.1
64.8
260
14.1
14.9
300
17.6
17.3
*Não estimado porque a curva de resposta não mostrou curvilinearidade significante
1Morris & Abebe (1990)
Proteína (g/kg de dieta) Arginina (g/kg PB)
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AJINOMOTO BIOLATINA Ind. e Com. Ltda
DISCUSSÃO
A suplementação de lisina geralmente aumenta a taxa de
crescimento e melhora a utilização da ração de frangos jovens em
conjunto com níveis de proteína bruta de até 23% (Morris et al, 1987).
O requerimento de lisina do frango jovem foi mais uma função linear
do conteúdo de proteína na dieta do que uma proporção fixa dos
níveis de proteína fornecidos pela dieta e variaram de 14 a 28%.
Um nível de proteína bruta dietética entre 24 e 28% não produziu
resposta de crescimento adicional. A lisina necessária para obter
um desempenho ótimo dentro dessa alta variação de proteína
aumentou quando baseada em g/kg de dieta, mas permaneceu
constante se expressada como g/kg de proteína bruta. Através do
ajuste de equações de regressão linear aos valores de todos os
níveis de proteína, o requerimento de lisina foi determinado como
sendo de 5,3 a 5,5% do nível dietético de proteína bruta.
Dois métodos alternativos (Tabela 2) para a estimativa dos
requerimentos de lisina do frango jovem com base no trabalho de
Morris et al (1987) foram conduzidos por Abebe & Morris (1990).
Com base nesses dois métodos, o requerimento de lisina
permaneceu uma função linear da concentração de proteína na
dieta, apesar de diferenças em estimativas entre os dois métodos.
Todos os interceptos foram positivos com metade sendo
significativamente diferente de zero, portanto sugerindo que o
requerimento de lisina (g/kg) possa não ser diretamente
proporcional à variação completa de níveis de proteína estudados
(Abebe & Morris, 1990). A regra de proporcionalidade restrita pode
somente se aplicar quando a proteína está limitando o crescimento
(até 220 g de proteína bruta/kg). Ao se aumentar o segundo
aminoácido limitante acima do nível necessário para o crescimento
rápido, o nível aumentado do primeiro aminoácido limitante
necessário para se obter crescimento ótimo é provavelmente uma
função do perfil de aminoácido da mistura de proteína. Um dado
excedente de proteína não indicou necessariamente um aumento
exatamente proporcional em lisina para restaurar um balanço
adequado.
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A utilização do primeiro aminoácido limitante (lisina) pelo frango
jovem poderia ter sido prejudicada quando os níveis de proteína
variaram de 220 a 280 g de proteína bruta/kg. Excedentes ou
desequilíbrios de outros aminoácidos podem influenciar o
requerimento e/ou a utilização do primeiro aminoácido limitante.
Com base nas informações sobre ganho de peso de Morris et al
(1987), D´Mello (1988) indicou que a proteína extra nas dietas com
280 g de proteína bruta/kg provavelmente diminuíram a utilização
de lisina pelo frango jovem quando nenhuma suplementação de
lisina foi usada. Durante a disponibilização de aminoácidos em
excesso, o frango jovem faz um uso menos eficiente do aminoácido
limitante, possivelmente, em parte, um reflexo do custo energético
da metabolização desses excedentes (D´Mello, 1988). Diferenças
no equilíbrio de aminoácidos podem estar envolvidas. A ingestão
de lisina pelos frangos jovens alimentados com a dieta com 28%
proteína bruta não suplementada não proporcionou um crescimento
similar àquele dos frangos jovens alimentados com um nível de lisina
correspondente com menos proteína na dieta.
Os efeitos atribuídos ao excesso de proteína sobre o requerimento
de lisina pelo frango jovem relatados por Morris et al (1987) e Abebe
& Morris (1990) podem ter sido devido ao conteúdo de arginina da
proteína (Morris & Abebe, 1990). Para todos os níveis de proteína
examinados (30, 26, 22 & 18%), respostas significativas para o
ganho de peso e utilização da ração com a suplementação de lisina
(Tabela 3). A suplementação de arginina pareceu diminuir o
crescimento com as menores concentrações de lisina mas melhorou
o crescimento com a proporção mais alta de lisina, apesar de não
haver interação entre os dois aminoácidos. Em geral, a
suplementação teve pouco efeito sobre a taxa de crescimento. A
ingestão de ração foi significativamente reduzida e a eficiência da
ração foi levemente melhorada (não significativamente) pela
suplementação de arginina na dieta. Os requerimentos estimados
de lisina (Tabela 3) aumentaram junto com o aumento do nível de
proteína da dieta, com o conteúdo de arginina tendo pouco efeito.
Com base nos dados, o requerimento de lisina foi estimado como
sendo de 5,6% de proteína bruta para crescimento máximo e 5,7%
para ótima eficiência alimentar.
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Vários pesquisadores indicaram que o requerimento de lisina é
geralmente maior para a ótima eficiência da ração versus taxa de
crescimento. Embora o ganho ótimo de peso de aves de corte
jovens, com 0 a 4 semanas de idade, pudesse ser mantido com
1,10% de lisina na dieta quando alimentados com dietas baseadas
milho - farelo de soja, a ótima eficiência alimentar requereu níveis
que variaram de 0,90 a 1,25% (Burton & Waldrup, 1979). O ganho
de peso máximo de aves de corte jovens alimentadas com uma
dieta baseada em milho-gergelim dos 8 aos 16 dias de idade,
requereu 1,30 de lisina na dieta mas para a ótima eficiência
alimentar necessitou de 1,35% de lisina (Baker & Izquierdo, 1985).
A eficiência alimentar em aves de corte jovens, com 1 a 3 semanas
de idade, aumentou curvilinearmente até o nível mais alto de lisina
na dieta de 1,34%, que também correspondeu ao menor conteúdo
de gordura na carcaça (Gous & Morris, 1985). Os valores de
eficiência alimentar das aves de corte fêmeas, com 1 a 28 dias de
idade, melhorou (não significativamente) ou pela diminuição do nível
de proteína na dieta de 23 a 20 ou 21,5% mantendo 1,2% de lisina
ou deixando o nível de proteína em 23% e aumentando o nível de
lisina na dieta para 1,3% (Papparella, 1988)
1. O requerimento de lisina estimado para aves jovens durante o
período inicial foi estimado como sendo de 5,35 a 5,5% da proteína
bruta para o desempenho ótimo da ave. Quando foi considerada a
arginina, então o requerimento de lisina foi estimado em 5,6% e
5,7% de proteína bruta para crescimento máximo e eficiência
alimentar, respectivamente. Portanto, de modo a otimizar a
eficiência alimentar, o nível de lisina na dieta (com base em 5,7%
de proteína bruta) em dieta com 21 e 23% de proteína bruta seria
de 1,20% e 1,31%, respectivamente. A última sendo mais alta do
que o recomendado pelo NRC (1984).
2. Com base nos estudos, o requerimento de lisina é uma função
linear da proteína da dieta. O excesso de proteína deve ser
equilibrado pelo aumento da especificação de aminoácidos
limitantes. Isso poderia ser conseguido pela especificação dos
requerimentos de aminoácidos como uma proporção da proteína
e não da dieta.
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Conclusões
3. A suplementação de arginina teve pouco efeito sobre a taxa de
crescimento, somente com uma pequena melhora na eficiência
alimentar. O requerimento de lisina para o desempenho ótimo da
ave jovem aumentou junto com o nível de proteína, independente
do conteúdo de arginina analisado no estudo.
4. O requerimento de lisina digestível sugerido por HLI (1990) para
uma ração inicial com 21% de proteína bruta é de 1,14%. Se assumirmos que a digestibilidade da lisina para uma dieta baseada
em milho-soja varia de 87 a 90%, então o nível de lisina total se
igualaria a 1,31 ou 1,26% de lisina na dieta, respectivamente. Um
nível de lisina na dieta de 1,26% para uma ração inicial com 21%
proteína bruta seria expresso como 6,0% do nível de proteína bruta. O benefício de corte de custos obtido da redução do nível de
proteína bruta de 23 para 21% pode justificar a adição de L-Lisina
HCl para atingir o maior requerimento.
Bibliografia
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08
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