Gerenciamento Progressivo de T2DM Além da Glicemia

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Gerenciamento Progressivo de T2DM Além da Glicemia
Gerenciamento Progressivo de T2DM Além da
Glicemia - Onde os Agonistas de Receptores de
GLP-1 se Encaixam no Algoritmo do Tratamento?
Apoiado por bolsa educacional independente concedida pela Novo Nordisk
www.medscape.org/viewarticle/833601
Gerenciamento Progressivo de T2DM Além da Glicemia - Onde os Agonistas de Receptores de GLP-1 se Encaixam no Algoritmo do Tratamento?
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Esta atividade educacional é direcionada a um público internacional de profissionais de cuidados de saúde fora dos EUA,
especificamente diabetologistas, endocrinologistas, residentes, clínicos gerais, e outros profissionais de cuidados de saúde
envolvidos no gerenciamento de pacientes com diabetes mellitus tipo 2 (T2DM).
O objetivo desta atividade é discutir vários aspectos do uso clínico de agonistas do receptor de peptídeo-1 semelhante a
glucagon (GLP-1 RAs) para tratamento de hiperglicemia em pacientes com T2DM.
Após a conclusão desta atividade os participantes estarão aptos a:
• Avaliar dados clínicos e perfis de GLP-1 RAs atualmente disponíveis
• Avaliar a utilidade de GLP-1 RAs em diferentes pontos do algoritmo de tratamento para T2DM e para vários pacientes com T2DM
Informações e Declarações Legais do Autor / Docente
Moderador:
Michael A. Nauck, MD, PhD, Professor de Medicina Interna; Chefe, Centro Especialista para Diabetes e Doenças Metabólicas,
Centro de Diabetes, Bad Lauterberg, Alemanha
Declaração: Michael A. Nauck, MD, PhD, declarou as seguintes relações financeiras relevantes:
Atuou como conselheiro ou consultor para: Amylin Pharmaceuticals, Inc.; AstraZeneca Pharmaceuticals LP; Berlin-Chemie AG;
Boehringer Ingelheim Pharmaceuticals, Inc.; Bristol-Myers Squibb Company; Diartis Pharmaceuticals; Eli Lilly and Company;
GlaxoSmithKline; Hanmi Pharmaceuticals; Intarcia Therapeutics, Inc.; Janssen Global Services LLC; Lilly Deutschland GmbH; Merck
Sharp & Dohme Corp.; Merck Sharp & Dohme GmbH; Novartis Pharmaceuticals Corporation; Novo Nordisk; Sanofi Australia &
New Zealand; Sanofi-Aventis Groupe; Sanofi-Aventis Pharma; Takeda Pharmaceuticals North America, Inc.; Versartis, Inc.; Wyeth
Pharmaceuticals Inc.
Recebeu subsídios para pesquisa clínica de: AstraZeneca Pharmaceuticals LP; Berlin-Chemie AG; Boehringer Ingelheim
Pharmaceuticals, Inc.; Eli Lilly and Company; GlaxoSmithKline; Lilly Deutschland GmbH; Merck Sharp & Dohme GmbH; Novartis
Pharmaceuticals Corporation; Novo Nordisk; Tolerx, Inc.
O Dr. Nauck não pretende discutir usos fora da indicação terapêutica de drogas, aparelhos mecânicos, produtos biológicos ou
diagnósticos aprovados pela EMA.
E
O Dr. Nauck pretende discutir drogas de investigação, aparelhos mecânicos, produtos biológicos ou diagnósticos não aprovados
pela EMA.
Participantes do Painel
Tina Vilsbøll, MD, DMSc, Professora de Diabetologia; Chefe da Divisão de Pesquisas em Diabetes, Universidade de Copenhagen,
Gentofte Hospital, Copenhagen, Dinamarca; Chefe Consultora de Endocrinologia; Chefe do Centro para Pesquisas em Diabetes,
Departamento de Medicina, Gentofte Hospital, Universidade de Copenhagen, Hellerup, Dinamarca
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Declaração: Tina Vilsbøll, MD, DMSc, revelou as seguintes relações financeiras relevantes:
Atuou como conselheiro ou consultor para: AstraZeneca Pharmaceuticals LP; Bristol-Myers Squibb Company; Eli Lilly and
Company; Merck Sharp & Dohme Corp.; Novo Nordisk; Takeda Pharmaceuticals North America, Inc.
Serviu como palestrante ou membro de comitê de palestrantes para: AstraZeneca Pharmaceuticals LP; Boehringer Ingelheim
Pharmaceuticals, Inc.; Bristol-Myers Squibb Company; Eli Lilly and Company; Merck Sharp & Dohme Corp.; Novo Nordisk; Takeda
Pharmaceuticals North America, Inc.
Recebeu subsídios para pesquisa clínica de: Novo Nordisk
A Dra. Vilsbøll não pretende discutir usos fora da indicação terapêutica de drogas, aparelhos mecânicos, produtos biológicos ou
diagnósticos aprovados pela EMA.
E
A Dra. Vilsbøll pretende discutir drogas de investigação, aparelhos mecânicos, produtos biológicos ou diagnósticos não
aprovados pela EMA.
Participante do Painel:
Johan Jendle, MD, PhD, Professor Adjunto, Centro Endócrino e de Diabetes, Karlstad Hospital, Karlstad, Suécia
Declaração: Johan Jendle, MD, PhD, declarou as seguintes relações financeiras relevantes:
Atuou como conselheiro ou consultor para: Abbott Laboratories; Eli Lilly and Company; Medtronic, Inc.; Novo Nordisk; Roche
Diagnostics
Serviu como palestrante ou membro de comitê de palestrantes para: AstraZeneca Pharmaceuticals LP; Eli Lilly and Company;
Medtronic, Inc.; Menarini Diagnostics; Merck & Co., Inc.; Novo Nordisk; Pfizer Inc
O Dr. Jendle não pretende discutir usos fora da indicação terapêutica de drogas, aparelhos mecânicos, produtos biológicos ou
diagnósticos aprovados pela EMA.
E
O Dr. Jendle pretende discutir drogas de investigação, aparelhos mecânicos, produtos biológicos ou diagnósticos não aprovados
pela EMA.
Editores
Javier Negron, PhD
Diretor Científico, WebMD Global, LLC
Declaração: Javier Negron, PhD, não informou relações financeiras relevantes.
Anne M. Sendaydiego, PharmD
Diretora Científica, WebMD Global, LLC
Declaração: Anne M. Sendaydiego, PharmD, não informou relações financeiras relevantes.
Revisor de Conteúdo
Nafeez Zawahir, MD
Diretor Clínico CME
Declaração: Nafeez Zawahir, MD, não informou relações financeiras relevantes.
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Gerenciamento Progressivo de T2DM Além da Glicemia - Onde os Agonistas de Receptores de GLP-1 se Encaixam no Algoritmo do Tratamento?
Michael A. Nauck, MD, PhD: Olá. Meu nome é Dr. Michael Nauck. Sou Professor de Medicina Interna e Chefe do Centro de
Especialidades em Diabetes e Doenças Metabólicas em Bad Lauterberg im Harz, Alemanha. Dou boas vindas a vocês a este
programa entitulado, Gerenciamento Progressivo de T2DM Além da Glicemia - Onde os Agonistas de Receptores de GLP-1 se
Encaixam no Algoritmo do Tratamento? Para este programa estou acompanhado de meus amigos e colegas, Dra.Tina Vilsbøll,
Professora de Diabetologia e Chefe da Divisão de Pesquisas em Diabetes, Universidade de Copenhagen, Gentofte Hospital,
em Copenhagen, Dinamarca; e Dr. Johan Jendle, Professor Assistente, Centro Endócrino e de Diabetes no Karlstad Hospital em
Karlstad, Suécia. Bem vindos, Tina e Johan.
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Neste programa, discutiremos o estado atual do tratamento global de diabetes mellitus tipo 2 (T2DM), assim como o papel de
agonistas do receptor de peptídeo-1 semelhante a glucagon (GLP-1RAs) no gerenciamento de pacientes com T2DM, incluindo o
efeito destes agentes sobre controle glicêmico, peso corporal, e outros fatores de risco cardiovasculares (CV); a segurança e perfil
de tolerabilidade desta classe de drogas; e a maneira ideal de incorporar estes agentes em regimes de tratamento de diabetes.
Além de hiperglicemia, muitos pacientes com T2DM têm comorbidades CV concomitantes, incluindo obesidade, hipertensão e
dislipidemia. Além de manter o controle glicêmico, tempo e esforço devem ser gastos tratando estas comorbidades também.
Discutiremos a maneira ideal de oferecer tratamento a nossos pacientes com T2DM.
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Vamos discutir o controle glicêmico primeiro. Espero que a maioria esteja familiarizada com a declaração de posicionamento
sobre gerenciamento de hiperglicemia em T2DM da Associação Americana de Diabetes (ADA)/Associação Europeia para Estudo
de Diabetes (EASD), que foi publicada pela primeira vez em 2012. Em termos de farmacoterapia, estas normas recomendam
metformina como terapia de primeira linha. Se a metformina não conseguir fornecer um controle glicêmico adequado, várias
classes diferentes de terapia anti-hiperglicêmica – incluindo GLP-1 RAs e também sulfonilureias (SUs), tiazolidinedionas (TZDs),
inibidores da dipeptidil peptidase-4 (DPP-4), e insulina basal – são recomendadas com parte de combinações de 2 ou 3 drogas
para alcançar controle glicêmico.
Tina, que experiência temos com GLP-1 RAs, comparados a outros agentes anti-hiperglicêmicos, quando usados em combinação
com a metformina para controle da glicose?
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Tina Vilsbøll, MD, DMSc: GLP-1 RAs têm estado disponíveis comercialmente por quase uma década. A literatura científica, assim
como a experiência da prática clínica diária, suportam vários efeitos benéficos de GLP-1 RAs, incluindo um efeito sustentado
sobre glicose plasmática em jejum (FPG) e glicose pós-prandial (PPG), que se traduz em um efeito clinicamente relevante sobre a
hamoglobina glicada (HbA1c).
Dr Nauck: Qual a magnitude da redução de HbA1c, e como ela se compara com outros agentes anti-hiperglicêmicos?
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Dr Vilsbøll: GLP-1 RAs fornecem uma redução na HbA1c de aproximadamente 1% em média, mas há estudos que documentaram
uma redução de até quase 2%. O grau de redução de HbA1c alcançado com GLP-1 RAs depende de vários fatores, como quão
desregulado o paciente está no momento do início da droga (isto é, quanto mais desregulado, maior a redução de HbA1c). Em
geral, GLP-1 RAs fornecem um controle eficiente e sustentado de HbA1c. Eles podem ser usados pelo espectro da doença T2DM
como monoterapia e em combinação com outros agentes anti-hiperglicêmicos.
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Comparados a outros tratamentos anti-hiperglicêmicos, GLP-1 RAs frequentemente fornecem maior controle glicêmico. A
insulina, em geral, é mais eficiente; porém, em estudos comparativos, GLP-1 RAs mostraram fornecer maior controle glicêmico vs
inibidores de DPP-4.
Dr Nauck: GLP-1 RAs têm sido usados como monoterapia ou como parte de terapia de combinação, assim como nos últimos
estágios da doença em combinação com insulina.
Johan, onde você vê GLP-1 RAs sendo usados em pacientes com T2DM?
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Johan Jendle, MD, PhD: Na prática clínica, usamos GLP-1 RAs muito em combinação com insulina. Usamos em muitos pacientes
que são mal controlados. É importante considerar as necessidades e preferências dos pacientes e tentar individualizar a terapia
anti-hiperglicêmica o máximo possível, de acordo com o que fornecerá o maior benefício aos pacientes.
Além de considerar um GLP-1 RA quando o controle glicêmico é garantido, GLP-1 RAs podem ser considerados quando a perda
de peso é desejável ou quando evitar a hipoglicemia é particularmente importante.
Dr Nauck: Acho que o fato de GLP-1 RAs serem frequentemente usados em combinação com a insulina atesta a potência destas
drogas porque elas podem ser usadas nos pacientes com T2DM mais difíceis de tratar (isto é, pacientes que precisam de insulina
para controle glicêmico). Se GLP-1 RAs podem fornecer algum grau de controle de glicose para pacientes T2DM nos últimos
estágios da doença (quando a insulina é necessária), acho que isso é importante.
No mundo todo, acho que GLP-1 RAs são geralmente usados em pacientes T2DM quando a terapia oral falha. E a pergunta surge:
O que é melhor, insulina ou um GLP-1 RA?
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Dr Vilsbøll: Concordo que GLP-1 RAs podem ser usados como monoterapia de primeira linha, talvez em pacientes onde a
metformina não é adequada para terapia de primeira linha porque sou uma grande fã da metformina. Se considerarmos o
fenótipo de T2DM, faz muito sentido usar metformina em combinação com um GLP-1 RA. Pacientes perdem peso com frequência
nesta combinação, o que pode mudar sua sensibilidade à insulina. Doses máximas de metformina não são exigidas para ter os
benefícios desta combinação.
Dr Nauck: Qual agente você usa primeiro, um GLP-1 RA ou insulina?
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Dr Vilsbøll: Geralmente começo primeiro com um GLP-1 RA, já que acho que é um bom tratamento; porém, GLP-1 RAs não são
a cura para diabetes. Como GLP-1 RAs estão no mercado há muito tempo, sabemos que eventualmente pacientes com T2DM
precisarão de terapia adicional além de um GLP-1 RA (devido à natureza progressiva da doença), e insulina é uma boa escolha.
Ocasionalmente eu interrompo o GLP-1 RA quando inicio a insulina, mas as 2 drogas também podem ser usadas em combinação,
o que também faz sentido.
Dr Nauck: Johan, como você determina quando introduzir um agente injetável, como insulina basal ou um GLP-1 RA, em um
paciente que está progredindo com agentes orais?
Dr Jendle: O risco de hipoglicemia é muito menor com os GLP-1 RAs comparados à insulina. Se você está tentando obter controle
glicêmico ou reduzir o controle glicêmico, é sempre mais fácil fazê-lo com um GLP-1 RA comparado à insulina basal porque o risco
de hipoglicemia é muito mais baixo.
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Dr Nauck: Existem meta-análises que sugerem que GLP-1 RAs são agentes eficientes e importantes comparados à insulina para o
tratamento de hiperglicemia em pacientes com T2DM.
Duas classes de agentes de incretina existem, os GLP-1 RAs e os inibidores de DPP-4. Ambas as classes agem melhorando o
estímulo de receptores de GLP-1; os inibidores de DPP-4 fazem uso de GLP-1 secretado endogenamente, e os GLP-1 RAs são uma
fonte administrada de forma exógena. Johan, como estas classes de terapia com incretina comparam-se umas às outras?
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Dr Jendle: A eficácia glicêmica de inibidores de DPP-4 é menor comparada a GLP-1 RAs. Além disso, inibidores de DPP-4
geralmente são considerados como de peso neutro, enquanto GLP-1 RAs fornecem reduções de peso. As classes diferentes
fornecem concentrações diferentes de GLP-1 circulante; concentrações suprafisiológicas podem ser obtidas com a administração
de GLP-1 RAs. Os inibidores de DPP-4 elevam apena levemente as concentrações de GLP-1.
Dr Nauck: As grandes diferenças nas concentrações de GLP-1 circulante traduzem-se em diferenças na eficácia; inibidores de
DPP-4 reduzem o HbA1c aproximadamente 0,5%-1,1%, enquanto GLP-1 RAs reduzem o HbA1c em aproximadamente 0,6%-1,9%.
Dr Vilsbøll: Concordo que inibidores de DPP-4 são compostos interessantes, e estão sendo usados mais globalmente. São
eficazes e, semelhantes a GLP-1 RAs, estão associados a um baixo risco de hipoglicemia. Quando reduções adicionais em HbA1c
são necessárias para fornecer controle glicêmico, você pode interromper o inibidor de DPP-4 e iniciar um GLP-1 RA porque eles
fornecerão maiores reduções em HbA1c.
Dr Nauck: Johan, todos os GLP-1 RAs são a mesma coisa? Você percebe diferenças importantes entre os compostos de ação curta,
como exenatida e lixisenatida, e os compostos de ação longa ou contínua, como liraglutida, exenatida de liberação longa (LAR),
albiglutida e dulaglutida?
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Dr Jendle: Sem dúvida, há diferenças nos perfis clínicos de GLP-1 RAs de curta e longa ação; existem diferenças na estrutura
molecular e meia-vida, o que determina a frequência com que precisam ser administrados, por exemplo.
Dr Nauck: Tina, em termos da biologia das respostas, há diferenças na eficácia entre agentes de longa e curta ação?
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Dr Vilsbøll: Os GLP-1 RAs de curta ação fornecem uma forte redução em PPG, mas não duram 24 horas, e os pacientes acordam
pela manhã com um FPG levemente maior comparado com os GLP-1 RAs de ação longa ou contínua. Este efeito traduz-se em
uma eficácia geral menor ou redução no HbA1c. Os GLP-1 RAs de curta e longa ação, porém, fornecem reduções semelhantes no
peso corporal.
Dr Nauck: Johan, isto sugere que você deve usar GLP-1 RAs de curta e longa ação de forma diferente?
Dr Jendle: Não necessariamente. Eu diria que é muito cedo para dizer que estes agentes devem ser usados diferentemente.
Precisaremos dar uma olhada em estudos clínicos comparativos. Além disso, não devemos esquecer as diferenças em eventos
adversos com os 2 tipos de GLP-1 RAs. Provavelmente o risco de eventos adversos será menor se você usar um GLP-1 RA de ação
mais longa.
Dr Nauck: Sei que já tocamos na redução do peso corporal porque é um componente óbvio do espectro de atividades de
GLP-1 RAs. Porém, Tina, que grau de redução do peso é esperado com um GLP-1 RA? A redução é constante entre os pacientes,
ou é variável?
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Dr Vilsbøll: Em geral, vemos um efeito de classe de GLP-1 RAs com relação a reduções no peso corporal. Além de reduções
clinicamente importantes em HbA1c, os GLP-1 RAs estão associados a reduções no peso corporal, que está em contraste a outros
agentes anti-hiperglicêmicos, como SUs, TZDs, e insulina, que estão associados a aumentos no peso corporal.
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A redução no peso corporal depende da dose do GLP-1 RA fornecido. Por exemplo, reduções de incremento no peso corporal
foram observadas com até 3,0 mg de liraglutida. Reduções no peso corporal são observadas na maioria dos pacientes, mas
não em todos; há alguns que também têm um leve aumento no peso corporal. Alguns pacientes também perdem 10-15 kg. Os
pacientes podem usar esta terapia para ajudar a fazer mudanças no estilo de vida.
Dr Nauck: Johan, há outras classes de agentes anti-hiperglicêmicos que estão associadas a reduções no peso corporal?
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Dr Jendle: Em geral, metformina e inibidores de DPP-4 geralmente são considerados como de peso neutro. Porém, a classe
mais nova de agentes anti-hiperglicêmicos, os inibidores do co-transportador 2 de glicose (SGLT2), está associada a reduções
substanciais no peso corporal, aproximadamente 1-5 kg.
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Dr Nauck: Hipoglicemia sempre é um problema potencial ao tratar pacientes com agentes anti-hiperglicêmicos. A hipoglicemia
está associada a muitas consequências adversas, incluindo eventos adversos CV como derrames, enfarte do miocárdio,
insuficiência cardíaca aguda, e arritmias ventriculares. Evitar a hipoglicemia é crítico para pacientes com T2DM.
Tina, se você tratar um paciente com um GLP-1 RA, pode excluir que ele terá um episódio hipoglicêmico?
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Dr Vilsbøll: Não é possível eliminar todos os eventos hipoglicêmicos; porém, o risco de hipoglicemia é muito menor em pacientes
tratados com GLP-1 RAs. A terapia baseada em GLP-1, incluindo GLP-1 RAs e inibidores de DPP-4, afeta o controle da glicose por,
entre outros mecanismos, secreção de insulina dependente de glicose (isto é, estimulam a secreção de insulina apenas durante a
hiperglicemia, resultando em baixo risco de hipoglicemia). Os pacientes temem a hipoglicemia, talvez mais do que complicações
CV associadas à doença.
Dr Nauck: Nossas experiências de estudos clínicos dizem que há diferentes categorias de hipoglicemia, de hipoglicemia leve
a severa. Às vezes um paciente relata um episódio de sudorese e palpitações, e mesmo se não houver monitoramento da
glicose sanguínea durante este episódio, ainda contamos como sendo hipoglicemia. Estudos clínicos relatam uma incidência de
hipoglicemia de aproximadamente 2%-5% com placebo ou metformina.
Johan, na ausência de comedicações, qual é a incidência de hipoglicemia associada a GLP-1 RAs?
Dr Jendle: Em geral, há poucos casos de hipoglicemia diurna ou noturna com uso de GLP-1 RAs. O risco de hipoglicemia severa
também é muito baixo. A incidência de hipoglicemia nunca será zero, mas a incidência de hipoglicemia com placebo também não
é zero.
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Dr Nauck: Tina, você usa GLP-1 RAs junto com SUs?
Dr Vilsbøll: Não uso SUs com muita frequência, já que estão associados a alto risco de hipoglicemia. Não prescrevo SUs como
novo tratamento para um paciente por um período muito longo, apenas em pacientes que têm pancreatite.
Dr Nauck: Isto significa que você se preocupa com pancreatite como consequência do tratamento com GLP-1 RAs?
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Dr Vilsbøll: O risco de pancreatite é maior em pacientes com T2DM. Porém, com a evidência obtida pela Food and Drug
Administration nos EUA e pela Agência Europeia de Medicamentos, que sugere que um sinal adverso entre a terapia com incretina
e pancreatite não existe, mas continua a ser investigada, sinto-me confortável ao tratar pacientes com T2DM com GLP-1 RAs. Se
um paciente é suspeito de ter pancreatite (ou confirmado com diagnóstico de pancreatite), o GLP-1 RA deve ser descontinuado.
Dr Nauck: Esta preocupação não direciona suas decisões de tratamento?
Dr Vilsbøll: Não; porém, eu nunca prescreveria um GLP-1 RA a um paciente com pancreatite aguda.
Dr Nauck: Isto está bem de acordo com as recomendações de ADA, EASD, e Federação Internacional de Diabetes.
Johan, ultimamente gostaríamos de prevenir ou retardar o desenvolvimento de complicações em nossos pacientes com T2DM.
Que evidências temos em relação à capacidade dos GLP-1 RAs em prevenir complicações de diabetes?
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Gerenciamento Progressivo de T2DM Além da Glicemia - Onde os Agonistas de Receptores de GLP-1 se Encaixam no Algoritmo do Tratamento?
Dr Jendle: No presente, vários estudos grandes, randomizados, com resultados CV estão em andamento para determinar
a eficácia e segurança de GLP-1 RAs em pontos finais CV. Assim, não sabemos se GLP-1 RAs podem prevenir ou retardar
complicações macrovasculares.
Sabemos, porém, que vários mecanismos de GLP-1 RAs existem e podem fornecer efeitos CV benéficos, incluindo reduções na
hiperglicemia, dislipidemia, pressão arterial (BP), disfunção endotelial, ferida miocárdica, e peso corporal. É possível que vejamos
efeitos benéficos de GLP-1 RAs sobre a função cardíaca e eventos CV nos grandes estudos com resultados.
Dr Nauck: Tina, a redução glicêmica fornecida pelos GLP-1 RAs previne ou retarda o início de complicações microvasculares?
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Dr Vilsbøll: Dados do Estudo Prospectivo sobre Diabetes no Reino Unido demonstraram que a incidência de complicações
microvasculares pode ser reduzida com controle glicêmico inicial e agressivo. Porém, dados sobre o efeito de GLP-1 RAs sobre
a prevenção ou retardo de complicações microvasculares estão atualmente limitados. Os grandes estudos CV com resultados
que Johan citou fornecerão algumas informações. Recentemente, porém, um estudo aberto, monocêntrico, de 31 pessoas com
T2DM e hipertensão mostrou reduções reversíveis na albuminúria e taxa de filtração glomerular com tratamento com liraglutida.
O mecanismo desta redução é desconhecido, mas provavelmente ocorre por uma combinação de redução na pressão arterial e
controle glicêmico.
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Gerenciamento Progressivo de T2DM Além da Glicemia - Onde os Agonistas de Receptores de GLP-1 se Encaixam no Algoritmo do Tratamento?
Dr Nauck: Os estudos CV com resultados estão sendo realizados por solicitação da FDA dos EUA; porém, também são motivados
pela esperança de que o tratamento a longo prazo com GLP-1 RAs possa melhorar os resultados CV de pacientes com T2DM.
Dr Jendle: Estudos com GLP-1 RAs demonstraram alguns efeitos benéficos de GLP-1 RAs sobre os fatores de risco CV, incluindo
reduções na pressão arterial e peso corporal; resultados sobre o perfil lipídico geralmente são neutros. Os GLP-1 RAs também
estão associados a uma leve elevação na frequência cardíaca; porém, não esperamos que isso seja um sinal negativo.
Dr Nauck: Os estudos CV com resultados também nos informarão sobre efeitos colaterais. Tina, se você inicia tratamento com um
GLP-1 RA, o que você diz ao paciente? O que todos deveriam saber?
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Dr Vilsbøll: Eu foco principalmente nos eventos adversos gastrointestinais potenciais, incluindo náuseas e vômitos, associados
a GLP-1 RAs e estratégias para tentar minimizar ou prevenir estes eventos. A incidência de náusea leve a moderada pode ser até
50% ao iniciar um GLP-1 RA. Normalmente não gasto muito tempo discutindo câncer de tireoide. Normalmente não gasto muito
tempo discutindo o risco de pancreatite; porém, educo os pacientes em relação a sinais/sintomas potenciais de pancreatite. Eu
encorajo os pacientes a entrarem em contato com o consultório se os eventos adversos estiverem além da náusea regular.
Com relação a estudos CV com resultados em andamento, é importante lembrar que estes estudos foram criados para provar que
os GLP-1 RAs são seguros. Não devemos ficar desapontados se os resultados forem neutros. Será importante ver que o risco de
eventos adversos CV não aumenta com o tratamento com GLP-1 RAs.
Dr Nauck: Johan, conte-nos um pouco sobre reações no local da injeção. É uma preocupação com certos GLP-1 RAs mais do que
outros?
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Dr Jendle: Há uma diferença entre os diferentes GLP-1 RAs e a incidência de reações no local da injeção. As diferenças estão
relacionadas à estrutura molecular do GLP-1 RA; em geral, menos reações no local da injeção ocorrem com os GLP-1 RAs que
imitam mais aproximadamente a formação do GLP-1 nativo. Menos anticorpos são formados para o GLP-1 RA, resultando em
menos reações no local da injeção. A formação de anticorpos também está ligada ao local da injeção onde o agente é injetado.
Também está associado a quaisquer excipientes na formulação. Porém, vejo uma tendência de que mais agentes estão indo para
soluções mais claras sem excipientes, para que menos anticorpos sejam formados, e a incidência de reações no local da injeção
seja reduzida.
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Dr Nauck: Em resumo, é uma decisão difícil determinar qual agente anti-hiperglicêmico é o melhor para nossos pacientes e
quando usar cada tipo de terapia. GLP-1 RAs podem ser usados em toda a doença de T2DM, como monoterapia ou como parte de
combinações de 2 ou 3 drogas para tratamento de hiperglicemia, que é suportado por recomendações com base em consenso.
No mundo todo, GLP-1 RAs provavelmente são usados com mais frequência quando combinações de agentes orais falham ao
controlar a glicemia, mas terapia adicional é garantida. Um agente injetável, como um GLP-1 RA, pode ser usado neste tipo de
situação. GLP-1 RAs também podem ser usados antes no algoritmo de tratamento (isto é, antes da falha dos agentes orais), já que
reduzem eficientemente o HbA1c, estão associados a efeitos benéficos sobre o peso corporal e outros marcadores de risco CV, e
estão associados a baixo risco de hipoglicemia.
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Vários GLP-1 RAs estão atualmente disponíveis no mercado, incluindo agentes de curta e longa duração. O perfil clínico de GLP-1
RAs os diferencia de outras classes de agentes anti-hiperglicêmicos que estão no mercado. Além disso, dentro da classe de GLP-1
RAs, os vários GLP-1 RAs têm diferentes perfis de eficácia e segurança. GLP-1 RAs são uma classe bem estabelecida de agentes
anti-hiperglicêmicos para tratar pacientes com T2DM. Os estudos CV com resultados em andamento fornecerão mais informações
para nós relacionadas ao melhor uso destes agentes.
Muito obrigado, Tina e Johan. Também agradeço a todos por sintonizarem.
Esta transcrição foi editada para estilo e clareza.
Este documento é apenas para fins educacionais. Nenhum crédito em Educação Médica Continuada (CME) será fornecido pela
leitura dos conteúdos deste documento. Para participar desta atividade, visite http///www.medscape.org/viewarticle/833601
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Para assistência técnica, entre em contato com [email protected] .
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