Ler na íntegra em PDF
Transcrição
Ler na íntegra em PDF
JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2012 5 (9): 320 – 334. Infecção por Morganella morganii como causa de abscesso subcutâneo em Boa constrictor em conservação ex situ Morganella morganii infection as a cause of subcutaneous abscess in Boa constrictor in ex-situ conservation Infección por Morganella morganii como causa de absceso subcutâneo en Boa constrictor en la conservación ex situ Paulo Roberto Bahiano Ferreira1, Alberto Vinícius Dantas Oliveira2, Sônia da Silva Laborda3, Lúcio José da Silva Freire Jr4, Laís Diniz Teixeira de Queiroz5, Antônio Vicente Magnavita Anunciação6 Resumo As jibóias B. constrictor são serpentes constritoras e de ampla distribuição no território brasileiro. As doenças infecciosas são relatadas como principais causas de morbidade e mortalidade em serpentes, destacandose as doenças bacterianas causadas por bacilos Gram negativos, tais como a Morganella morganii. O presente trabalho tem por objetivo descrever o quadro clínico, o diagnóstico e o tratamento da infecção por M. morganii em uma jibóia em conservação ex situ no Parque Zoobotânico Getúlio Vargas, Salvador – Bahia (PZGV-BA). Foram realizados os exames físico e complementares, citologia e exame radiográfico. Após suspeita clínica de um abscesso subcutâneo, foram removidos cirurgicamente diversos cáseos situados na região do terço inicial do corpo da serpente. A amostra do material (cáseos) foi colocada em recipiente esterilizado, identificado e enviado sob refrigeração para o Laboratório de Bacterioses 1 Médico Veterinário. Mestre em Ciência Animal nos Trópicos. Escola de Medicina Veterinária/UFBA. Técnico do Setor da Herpetologia – PZGV-BA. *Email: [email protected]. 2 Médico Veterinário. Coordenação Técnica do Parque Zoobotânico Getúlio Vargas (PZGV-BA). 3 Bióloga. Funcionária nível superior, Laboratório de Bacterioses – Hospital de Medicina Veterinária – Escola de Medicina Veterinária /UFBA. 4 Biólogo autônomo. 5 Bióloga autônoma. 6 Professor Adjunto, Mestre, Departamento de Medicina Veterinária Preventiva da Escola de Medicina Veterinária – UFBA. 320 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2012 5 (9): 320 – 334. do Hospital de Medicina Veterinária/UFBA, sendo isolada e identificada a bactéria M. morganii. No exame físico foi constatado um aumento de volume de consistência firme na região afetada. No exame radiográfico ainda foi observada uma lesão não invasiva com alteração da densidade radiológica, porém o exame citológico apresentou-se inconclusivo. O tratamento com Banamine® / flunixin meglumine (1mg/kg/SID) e Tetrabac® / oxitetraciclina (7mg/kg/SID) aplicados por via intramuscular mostrou-se satisfatório, de acordo com o acompanhamento clínico de dois meses pelos autores. O registro das espécies de microrganismos responsáveis por enfermidades bacterianas em serpentes, em conservação ex situ, comuns também aos humanos, é importante para a construção do perfil epidemiológico e a elaboração de protocolos com maiores cuidados preventivos na rotina clínica e manejo geral destes animais. Palavras-chave: bacteriose, serpente, silvestre, Enterobacteriaceae. Abstract The common boa, or Boa constrictor, are constrictor snakes in wide distribution in the Brazilian territory. Infectious diseases are reported as major causes of mortality in snakes, especially the bacterial diseases caused by gram-negative bacilli, such as Morganella morganii. This paper aims to describe the clinical picture, diagnosis and treatment of infection by M. morganii a common boa in ex situ conservation in Parque Zoobotânico Getúlio Vargas, Salvador - Bahia (PZGV-BA). We performed the clinical assessment, cytology and radiographic examination. After clinical suspicion of a subcutaneous abscess, several examples of shedding in the area in the initial third of the body of the snake were surgically removed. A sample of the material (caseous) was placed in a sterile container, identified and shipped under refrigeration to the Laboratory of Bacterioses Hospital for Veterinary Medicine / UFBA, being isolated and identified the bacterium M. morganii. The physical exam revealed an increase in volume of firm consistency in the affected region. The radiography was also observed a noninvasive lesion with abnormal radiological density, but the cytologic presented inconclusive. Treatment with Banamine® / flunixin 321 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2012 5 (9): 320 – 334. meglumine (1mg/kg/SID) and Tetrabac® / oxytetracycline (7 mg/kg/SID), applied intramuscularly, was satisfactory, according to the clinical follow-up two months by the authors. The record of the species of microorganisms responsible for bacterial diseases in snakes from ex situ conservation, also common to humans, is important to build the epidemiological profile and development of protocols with more preventive care in routine clinical and general management of these animals. Key words: bacteriosis, snake, wild, Enterobacteriaceae. Resumen Las Boas, B. constrictor, son serpientes constrictoras de amplia distribución en el territorio brasileño. Las enfermedades infecciosas son relatadas como las principales causas de morbilidad y mortalidad en serpientes, destacándose las enfermedades bacterianas, causadas por bacilos Gram negativos, tales como la Morganella morganii. El presente trabajo tiene como objetivo describir el cuadro clínico, el diagnóstico y el tratamiento de la infección por M. morganii en una boa en conservación ex situ en el parque Zoobotánico Getúlio Vargas, Salvador- Bahía (PZGV-BA). Se realizaron exámenes físico y complementarios, citología y examen radiológico. Tras la sospecha clínica de absceso subcutáneo, fueron removidos quirúrgicamente diversos caseosos situados en la región del tercio inicial del cuerpo de la serpiente. La muestra del material caseoso fue colocada en un recipiente estéril, identificado y enviado bajo refrigeración para el laboratorio de Bacteriología del Hospital de Medicina Veterinaria/UFBA, siendo aislada e identificada la bacteria M. morganii. Al examen físico fue constatado un aumento de volumen de consistencia firme en la región afectada. Al examen radiográfico fue observada una lesión no invasiva con alteración de la densidad radiológica, pero el examen citológico se presentó poco concluyente. El tratamiento con Banamine®, flunixin meglumine (1mg/kg/SID), y Tetrabac®, oxitetraciclina (7mg/kg/SID), aplicados por vía intramuscular, se mostró satisfactorio, de acuerdo con el acompañamiento clínico de dos meses por los autores. El registro de las especies de microrganismos responsables por 322 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2012 5 (9): 320 – 334. enfermedades bacterianas en serpientes, en conservación ex situ, común también en humanos, es importante para la construcción del perfil epidemiológico y la elaboración de protocolos con mayores cuidados preventivos en la rutina clínica y el manejo general de estos animales. Palabras-clave: Bacteriana, serpiente, silvestre, enterobacteriaceae. bacterianas5. Os principais agentes Introdução As jibóias Boa constrictor são animais da ordem Squamata (subordem Ophidia), serpentes não peçonhentas, ampla constritoras distribuição no e de etiológicos são os bacilos Gramnegativos, tais como a bactéria M. morganii5,1. A M. tem morganii território distribuição mundial, sendo relatada brasileiro. Essa espécie ainda se como parte da microbiota normal encontra entre as serpentes de dos ofídios, tanto da cavidade oral maior interesse em cativeiro no quanto 1 Brasil . cloacal6,3,. Este microrganismo é um dos agentes O maior convívio entre os humanos e as serpentes evidencia a a importância da compreensão científica sobre a prevenção e o tratamento nas complicações locais por necrose secundária no humano após o acidente ofídico8,9. O manejo inadequado dos Algumas répteis em conservação ex situ pode bactérias com o potencial zoonótico predispor os animais às infecções já foram isoladas como parte da secundárias, que são relacionadas microbiota normal dos ofídios2,3,4. principalmente à imunodepressão e ao as zoonoses envolvidos entre ambas das bacterianos espécies. As doenças infecciosas são relatadas como principais causas de morbidade e mortalidade em ofídios, destacando-se as doenças estresse de cativeiro10,5. As enfermidades bacterianas em ofídios são caracterizadas por diferentes manifestações clínicas, 323 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2012 5 (9): 320 – 334. sendo observadas estomatites, comprimento total de 1,99 m e abscessos subcutâneos e oftálmicos, pesando 5,6 Kg, pertencente ao glossites, gastroenterites, pneumonias, Parque Zoobotânico Getúlio Vargas ooforites e septicemia1, 11. (PZGV) O diagnóstico é alcançado conforme o quadro clínico do paciente, isolamento e identificação do agente etiológico. Como tratamento inicial, até o resultado de isolamento e recomendada antibiograma, a utilização é de antibióticos de largo espectro5. Em casos de abscessos preconiza-se, como parte remoção do tratamento, cirúrgica devido a à tendência dos répteis em formar granulomas e cáseos1. No presente trabalho foram de Salvador (Ba), apresentou aumento de volume na região lateral esquerda do terço inicial de seu corpo entre os meses junho e julho do ano de 2008. Após ser encaminhada para o Setor de Clínica do PZGV-BA foi realizado o exame clínico do animal constatando-se, à palpação direta da região, um nódulo de consistência endurecida, móvel e de aproximadamente 2 cm de diâmetro (figura 1). Em seguida o animal foi enviado para o Hospital de Medicina Veterinária (HOSPMEV) Universidade Federal da da Bahia investigados os possíveis fatores (UFBA), onde se realizou um exame predisponentes da infecção por M. radiológico, observando-se uma (B. lesão não invasiva com uma leve constrictor) em conservação ex situ, alteração da densidade radiológica bem como foram descritos o quadro em projeção látero-lateral esquerda. clínico, o diagnóstico e o tratamento Foi obtida uma amostra de aspirado da infecção bacteriana. da lesão que, submetida ao exame morganii em uma jiboia citológico, realizado no Laboratório de Relato de caso Patologia Clínica HOSPMEV/UFBA, do apresentou resultado inconclusivo. Uma serpente da espécie B. constrictor, fêmea, adulta, com um Desta cirurgia para forma, a realizou-se remoção e 324 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2012 5 (9): 320 – 334. identificação do material nodular, de quando foi constatada a presença HOSPMEV/UFBA, de cáseos. Resumidamente, sob semeada temperatura e umidade ambientes, enriquecido com 10% de sangue de a carneiro, caldo tryptose e ágar serpente foi posicionada em decúbito lateral direito sob Bacterioses em MacConkey, do onde ágar sendo foi sangue incubadas contenção física, para a anestesia aerobicamente a 37°C durante 24 a local infiltrativa circular, utilizando-se 48 mevacaína mg/Kg), crescimento de colônias que foram aplicada por via intramuscular ao identificadas pela verificação ou não redor da lesão no terço inicial de de seu corpo. O acesso ao tecido morfológicas e tintoriais. Em ambos subcutâneo foi feito através da os meios verificou-se bacilos Gram incisão de pele em sentido cranio- negativos, que em seguida foram caudal no local da lesão. Foram semeados em ágar tríplice açúcar retirados diversos (TSI) e submetidos ao teste de cáseos de diferentes tamanhos com oxidase, cujo resultado foi negativo, auxílio de pinça anatômica, entre as caracterizando-se camadas muscular e subcutânea, bactéria sendo Enterobacteriaceae. 1% e (0,2 coletados caracterizado um quadro horas. Observou-se hemólise, o características como pertencente à família clínico de abscesso subcutâneo Presumivelmente, (figura 2). bacteriana previamente isolada no Após a limpeza e drenagem da ferida cirúrgica, adotou-se uma sutura aposição, empregando-se o fio Catgut cromado, em pontos separados camadas simples, de pele sobre e as tecido subcutâneo. A amostra do material (cáseos) foi colocada em recipiente esterilizado, identificado e enviado sob refrigeração para o Laboratório TSI foi submetida a uma colônia a testes bioquímicos identificando-se a M. morganii12,13. No período pós- cirúrgico, realizou-se a observação clínica diária do indivíduo até a completa recuperação e cicatrização da lesão. Nesta fase, também foi realizada a aplicação de Banamine® / flunixin meglumine (1mg/Kg), durante dois dias 325 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2012 5 (9): 320 – 334. consecutivos, e Oxitetraciclina (7mg/Kg), / para o ajuste da umidade, no durante entanto, durante o maior período de Tetrabac® sete dias consecutivos, ambos uma recuperação vez ao dia, além de limpeza tópica cirúrgico, a serpente foi mantida em diária com seu próprio recinto, sob valores solução de clorexidina a 0,5%. Os médios de temperaturas máxima e dois medicamentos foram aplicados mínima por via intramuscular (IM) no terço respectivamente, com 80,9% de inicial de seu corpo. Inicialmente, o umidade relativa do ar no mês de animal foi mantido em temperatura julho, dados cedidos gentilmente e umidade parcialmente controladas pelo através do uso de fonte de calor e Meteorologia. da ferida cirúrgica no 26,2°C Instituto período e pós- 19,3°C Nacional de borrifações de água diariamente Figura 1: Mensuração do comprimento do nódulo subcutâneo com auxílio de um paquímetro. Salvador-BA. 2008. 326 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2012 5 (9): 320 – 334. Figura 2: Cáseos de diferentes tamanhos enviados para exame microbiológico. Salvador-BA. 2008. sistema imunológico das serpentes, Discussão A literatura científica descreve a ocorrência de abscesso subcutâneo como consequência de doenças 5 bacterianas em serpentes . O sinal clínico é um aumento de volume subcutâneo de consistência firme e este pode estar associado à bactéria do gênero M. morganii14,1, já relatada tornando-as infecções suscetíveis às secundárias5,14. Nos casos de doenças virais, a M. morganii tem sido relacionada às infecções secundárias serpentes infectadas em com o Paramyxovirus15. O PZGV-BA plantel cultura de sangue de Boa Constrictor serpentes, imperator14 . semi-intensivo16. São totalizados 16 de cativeiro e as acomodações inadequadas podem comprometer o 38 exemplares um com o crescimento acentuado em As doenças virais, o estresse de possui criadas em de sistema viperídeos, dois colubrídeos e 20 boídeos, dentre estes, 11 são da espécie B. constrictor. Contudo, 327 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2012 5 (9): 320 – 334. apenas um indivíduo do plantel defensivos18, deferindo bote e emitindo (01/38) um chiado de advertência em qualquer apresentou o abscesso subcutâneo entre o período de tentativa constatação e de proximidade do tratamento da manipulador. Em serpentes recém- serpentes são chegadas, o estresse ao ambiente é acondicionadas em 23 terrários com descrito como uma Síndrome da má diferentes ambientações (serrapilheira, adaptação19. pedras, troncos, plantas) utilizando-se patologia a vermiculita (19/23), jornal (3/23) ou anorexia, fragilidade dos tecidos e areia (1/23) como substrato. Todos aumento os tratados infecções secundárias20. A serpente periodicamente com vassoura de estava mantida no zoológico há fogo e remoção de fezes, sendo a mais de um ano e ao longo de seu água trocada diariamente. O terrário histórico clínico, tinha o apetite da jibóia que apresentou a lesão era normal, o único que possuía a areia como dotada de um bom estado corporal. substrato (figura 3), sendo esta Com apontada como causa de dermatite enquadra em adaptação. anormalidade. As terrários algumas eram espécies de O animal com esta apresenta da inapetência, susceptibilidade às consequentemente isto, este na caso era não se da má Síndrome 5 serpentes . A dermatite vesicular pode progredir para a necrose e abscessos subcutâneos17. No entanto, nesse trabalho não foram observadas lesões características de dermatite vesicular que também servissem como uma porta de entrada para o desenvolvimento do abscesso subcutâneo na jibóia. No presente trabalho não foi possível determinar especificamente o fator predisponente da infecção por M. morganii na serpente. No entanto, existem potenciais riscos, tais como o substrato de areia no desenvolvimento de dermatite, como também a hipótese dessa serpente ter sofrido uma lesão traumática causada pela A serpente infectada possui um mordedura de sua companheira de temperamento agressivo e sinais de terrário ou de um roedor vivo estresse na contenção física. São (camundongo constatados utilizado comportamentos na ou rato), este alimentação como 328 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2012 5 (9): 320 – 334. presa brigas incapacidade de alimentação da esporádicas entre companheiras de serpente, dentre elas temperatura recinto da espécie B. consrictor já inadequada foram observadas no PZGV-BA por enfermidade, espécie ou tamanho este autor após manipulação e no do instante de retorno da mesma ao indicada a retirada do roedor caso a terrário. Já a mordedura por presas serpente não o capture em 15 vivas é relatada em razão de uma minutos17. série viva. de Algumas causas associadas roedor do e terrário, estresse, sendo à Figura 3: Ambientação do terrário da jibóia que apresentou abscesso subcutâneo. Salvador-BA. 2008. Em caso de mordedura por cavidade oral de colubrídeos e serpentes, o microrganismo poderia viperídeos2,3. ser transmitido por contato direto, necessários trabalhos com boídeos, pois especificamente B. constrictor, para alguns isolamento autores de M. relatam morganii o da a investigação Entretanto e avaliação são da 329 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2012 5 (9): 320 – 334. presença de M. morganii como dos répteis22. A antibioticoterapia foi parte bacteriana considerada satisfatória, pois não normal da cavidade oral desses houve recidiva do abscesso com animais em condições dois meses de acompanhamento da microbiota ambientais específicas. clínico pós-tratamento (figura 4). Perante a impossibilidade da realização do antibiograma, foi indicado o uso da oxitetraciclina no período pós-operatório, um antibiótico de curta duração e de amplo espectro21, considerando a dose recomendada para a maioria Contudo, o tratamento específico com o auxílio mais de antibiograma é ideal para o sucesso terapêutico, já que a literatura relata a resistência deste microrganismo aos diversos antibióticos utilizados na rotina clínica da medicina humana e de répteis5,9. Figura 4. Aspecto da cicatrização da ferida cirúrgica após 58 dias da remoção dos cáseos em B. constrictor. Salvador-BA. 2008. Os animais de zoológicos têm sido importantes relatados potenciais patogênicos aos seres como reservatórios de bactérias com 330 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2012 5 (9): 320 – 334. como mantidas em conservação ex situ é cepas útil para a elaboração de protocolos bacterianas resistentes a diversos com maiores cuidados preventivos antimicrobianos, estes amplamente na rotina clínica e manejo geral utilizados em hospitais humanos23. destes animais. humanos, assim disseminadores de Recentemente, foram identificados mais de 25 casos de doenças Agradecimentos infecciosas em seres humanos nos Aos apoios técnicos e Estados Unidos da América sendo administrativos adquiridas após algum tipo de Laboratório de Bacterioses e o de contato com animais de zoológicos, Análise Clínica do Hospmev-UFBA. 24 fazendas e lojas pets . . O Ao registro dos microrganismos responsáveis por doenças infecciosas nos répteis é importante, pois é imprescindível a construção do perfil epidemiológico desses animais25. Presumivelmente, o isolamento de M. morganii do abscesso contribui subcutâneo da cientificamente jibóia e parcialmente com a epidemiologia deste microrganismo nessa espécie. Sendo assim, o estudo dos patógenos responsáveis por enfermidades bacterianas comuns entre humanos e serpentes professor do PZGV-BA, Alexander Gerard Steevert van Herk (Emev/UFBA) pela realização do exame radiológico e contribuição com o presente trabalho. Ao INMET pela disponibilização dos dados oficiais de temperatura e umidade relativa do ar local. Para o acadêmico Álvaro Lima Barros, que participou ativamente do manejo e da rotina clínica da serpente. médicos veterinários Kiyomi Miyaji Para os Cristiane Kolesnikovas, Kathleen Fernandes Greco e Danilo Rorhs (Emev-UFBA) pelas valiosas discussões e sugestões no decorrer do trabalho. Referências bibliográficas 1. Kolesnikovas CKM, Greco KF, Rahme-de-Albuquerque LC. Répteis Ordem Squamata - Subordem Ophidia. In: Cubas ZS, Silva JCR, Catão- 331 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2012 5 (9): 320 – 334. Dias JL (2006). Tratado de animais selvagens – Medicina veterinária. 1.ed. São Paulo: Editora Roca Ltda, 68-85. 2. Goldstein EJ et al (1981). Aerobic bacterial oral flora of garter snakes: development of normal flora and pathogenic potential for snakes and humans. Journal of Clinical Microbiology, 13: 954-956. 3. Jorge MT et al (1990). Flora bacteriana da cavidade oral, presas e veneno de Bothropos jararaca: possível fonte de infecção no local da picada. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, 32: 6-10. 4. Bruins MJ, De Boer AM, Ruijs GS (2006). Gastroenteritis caused by Salmonella from pet snakes. Ned Tijdschr Geneeskd, 150: 2.266-9. 5. Mader DR (1998). Common bacterial disease and antibiotic therapy in reptiles. Supl. Compend. Contin. Educ. Pract. Vet, 20: 23-33. 6. Moreno G et al. (1973). Enterobactérias isoladas de anfíbios e répteis. Rev. Inst. Med. Trop. São Paulo, 15: 122-126. 7. Coutinho SD et al. (2001).Bacterial septicemia in water snakes (Helicops modestus) in Brazil. Arquivos Brasileiros de Medicina Veterinária e Zootecnia, 53: 447-448. 8. Ministério da Saúde (2001). Manual de diagnóstico e tratamento de acidentes por animais peçonhentos. 2.ed. Brasília: Fundação Nacional de Saúde., 120p. 9. Chithra Valsan MD; Rao TV; Sathiavathy A (2008). A case of Snakebite complicated by Morganella morganii subspecies morganii Biogroup I infection. The Internet Journal of Infectious Diseases, 6. Disponível em: <http://www.ispub.com/ostia/index.php?xmlFilePath=journals/ijid/vol6n2/s nake.xml>. Acesso em: 16 setembro 2011. 10. Mracus LC (1971). Infectious diseases of reptiles. Journal of the American Veterinary Medicine Association, 159: 1626-1631. 332 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2012 5 (9): 320 – 334. 11. Soveri T (1984). Observations of bacterial diseases of captive snakes in Filand. Nord Vet Med, 36: 38-42. 12. Brenner DJ et al. (1978). Deoxyribonucleic acid relatedness of Proteus and Providencia species. Int. J. Syst. Bacteriol, 28: 269-282. 13. Jensen KT et al. (1992). Recognition of Morganella subspecies, with proposal of Morganella morganii subsp. morganii subsp. nov. and Morganella morganii subsp. sibonii subsp. nov. International Journal of Systematic Bacteriology, 42: 613-620. 14. Jacobson ER (2007). Infectious diseases and pathology of reptiles: Color atlas and text: 1.ed. Boca Raton: CRC Press, 736p. 15. Jacobson ER et al. (1992). Epizootic of ophidian paramyxovirus in a zoological collection: pathological, microbiological, and serological findings. Journal of Zoo and Wildlife Medicine, 23: 318-327. 16. Goulart CES. Princípios gerais de herpetocultura.In:_______________ ______(2004). Herpetologia, herpecultura e medicina dos répteis.1.ed. Rio de Janeiro: L.F. Livros de Veterinária, 173-194. 17. Hiinajeros DP, Divers-Hernandez SM, Divers-Hernandez SJ. Ofídios. In: Aguilar RF, Divers-Hernandez SM, Divers-Hernandez SJ (2007). Atlas de medicina, terapêutica e patologia de animais exóticos. 1. ed. São Caetano do Sul: Interbook, 119-140. 18. Martins M, Oliveira ME (1999). Natural history of snakes in forests of the Manaus region, Central Amazonia, Brazil. Herpetological Natural History, 6:78-150. 19. Hoge AR, Federsoni PA (1981). Manutenção de Serpentes em Cativeiro. Biotério, 1: 63-77. 20. Barbosa AR et al. (2006). Contribuição ao estudo parasitológico de jibóias, Boa constrictor constrictor Linnaeus, 1758, em cativeiro. Revista 333 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2012 5 (9): 320 – 334. de Biologia e Ciências da Terra, 6: 1-18. 21. Andrade SF, Giuffrida R, Ribeiro MG. Quimioterápicos, antimicrobianos e antibióticos. In: Andrade SF (2002). Manual de Terapêutica Veterinária. .2.ed. São Paulo: Roca, 13-58. 22. Funk RS, Diethelm G.Reptile Formulary. In: MADER, D (2006). Reptile medicine and surgery. St. Louis: Saunders Elsevier, 1119-1139. 23. Ahmed AM et al. (2007). Zoo animals as reservoirs of gram-negative bacteria harboring integrons and antimicrobial resistance genes. Appl. Envir. Microbiol, 73: 6686-6690. 24. Bender JB et al. (2004). Reports of zoonotic disease outbreaks associated with animal exhibits and availability of recommendations for preventing zoonotic disease transmission from animals to people in such settings. Journal of the American Veterinary Medicine Association, 224: 1105-9. 25. Goulart CES. Abordagem In:_____________________(2004). clinica Herpetologia, de répteis. herpecultura e medicina dos répteis.1.ed. Rio de Janeiro: L.F. Livros de Veterinária, 211-215. Recebido em: Setembro de 2011 Aceito em: Junho de 2012 Publicado em: Julho de 2012 334