O SIMBOLISMO ESOTÉRICO DO QUATERNÁRIO
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O SIMBOLISMO ESOTÉRICO DO QUATERNÁRIO
ISSN 2318-3462 Recebido: 19/06/2015 Aprovado: 02/08/2015 O SIMBOLISMO ESOTÉRICO DO QUATERNÁRIO Autor: George Victor Brigagão ¹ Resumo Neste estudo, o simbolismo esotérico do quaternário foi investigado do ponto de vista da Numerologia, da Alquimia e da Cabala. Foi realizada também uma breve revisão na literatura maçônica. O simbolismo do quaternário é expresso em diversas tradições esotéricas na forma de uma cruz, e seu significado foi também abordado neste estudo. Enquanto o número 3 expressa o equilíbrio e a manifestação divina, o número 4 é o símbolo da nossa realidade terrena e do mundo visível. Para que os 3 primeiros princípios pudessem manifestar a Criação do íntimo Absoluto, foi necessário que a Trindade emanasse de si 4 elementos que compusessem a estrutura material do mundo. Na Alquimia, o quaternário representa os quatro elementos que constituem a matéria: Fogo, Água, Ar e Terra. O nome de Deus, segundo a Bíblia e a Cabala, é composto por quatro letras hebraicas, que exercem um papel fundamental na Criação. Para os maçons, o quatro está associado ao esquadro. Palavras-chave: Numerologia; Quatro; Cabala; Alquimia; Cruz. Abstract In this paper, the esoteric symbology of the quaternary was investigated by the point of view of Numerology, Alchemy and Kabbalah. A brief review in the masonic literature was also performed. The quaternary symbolism is expressed in many esoteric traditions by means of a cross, and its meaning was also discussed. While the number 3 expresses the equilibrium and the divine manifestation, the number 4 is the symbol of our "earthly" reality and the visible universe. For the first 3 principles could have expressed the Creation from the inner Absolute, it was necessary that the Trinity have emanated 4 elements to set the material structure of the universe. In Alchemy, the quaternary represents the four elements that constitute the matter: Fire, Air, Water and Earth. The name of God, according to the Bible and the Kabbalah, comprises four hebrew letters, which performs a fundamental role in the Creation. For the freemasons, the number 4 is associated with the square. Keywords: Numerology; Four; Kabbalah; Alchemy; Cross ¹ Maçom, Rosacruz e Martinista. E-mail: [email protected] FinP | Rio de Janeiro, Vol. 2, n.2, p. 33– 39. Mai/Ago, 2015. 33 BRIGAGÃO, G.V. O ESOTERISMO DO QUATERNÁRIO INTRODUÇÃO: O NÚMERO QUATRO manifestações invisíveis, e o 4 (ou os 4 elementos) O número 4 é o símbolo da nossa realidade cristaliza a manifestação tornando-a visível (ADOUM, terrena e do mundo visível. Comecemos observando 2010). o contraste entre o 4 - mundo material - e o 3 - munMatematicamente, dois pontos definem uma dos superiores: o 4 sendo o número do quadrado e reta, três pontos definem um plano e quatro pontos da cruz, os quais são desenhados com um esquadro - definem um sólido. É relevante observar ainda que, ou formados pela união de 4 esquadros (Figura 1) - e por meio da adição teosófica, o número 4 se converte o 3 sendo o número do triângulo, que na figura do em 10 (1+2+3+4), o que pode ser visualizado graficacompasso pode-se desenhar um círculo. Enquanto na mente na representação pitagórica conhecida como natureza predomina uma assinatura arredondada, e Tretraktis (Figura 2), um triângulo formado por 10 a linha reta é uma exceção, quase a totalidade das pontos dispostos em 4 linhas. Neste caso, o 4 (quarta obras humanas segue justamente o contrário. Histo- e última linha) é a base do 10, que por sua vez tem o ricamente, desde que o homem primitivo deixou a significado de totalidade e plenitude, sendo semecaverna para construir sua própria moradia, o 4 sur- lhante ao Um, o que novamente leva à conclusão de giu no nosso planeta na forma de obras retangulares que o 4 é o número da matéria (natureza), o número e pontiagudas (BANZHAF, 2009). O 4 representa o do mundo da ação (o quarto mundo cabalístico: Assiesquadro, que para nós é símbolo da perfeição e reti- ah). dão (ação sobre si mesmo), assim como da organização da matéria (BOUCHER, 2006). Por outro lado, o 3 é o número que expressa o equilíbrio, a manifestação divina e o mundo divino. (a) (b) Figura 2. Tetraktis. Fonte: elaboração própria. Figura 1. Figuras geométricas formadas com 4 esquadros: (a) quadrado; (b) cruz. Fonte: (BOUCHER, 2006). Simbolismo da Cruz Anterior ao cristianismo, a cruz sempre foi um símbolo muito respeitado e cultuado em diversas culO 4 representa a separação aparente do homem do turas pelo mundo, e dessa forma, agrega em si muiseu Deus, ou a passagem de um mundo a outro tos significados e simbolismos. (inferior). Assim como a célula, pelo estímulo e moviUma das primeiras cruzes que se têm notícia é mento, produz outra célula de sua própria classe, asa cruz em Tau (T ou cruz fenícia), e seu simbolismo sim também tudo quanto existe deve ser dual em sua trazia o aspecto ativo-passivo da geração da vida. Esnatureza, trino em sua manifestação e quádruplo pasa cruz era uma das letras que constituía o alfabeto ra sua realização. Para que os 3 primeiros princípios fenício e corresponde à última letra do alfabeto hepudessem manifestar a Criação do íntimo Absoluto, braico (Tav). A estrutura em T lembra um malho de do interior para o exterior, foi necessário que a Trindupla cabeça, representando assim a força material, dade emanasse de si 4 elementos que compusessem a determinação e o cumprimento de ordens - é aqui a estrutura material do mundo. Assim, o 1-2-3 são no mundo físico que realizamos nosso trabalho FinP | Rio de Janeiro, Vol. 2, n.2, p. 33– 39. Mai/Ago, 2015. 34 BRIGAGÃO, G.V. O ESOTERISMO DO QUATERNÁRIO além do senso de retidão e de cumprimento da Lei. É interessante notar que o “T” (tau) é também a letra que começa e termina o nome do deus “Thot” (Sabedoria Oculta), a quem é atribuída a autoria dos textos herméticos, e que é considerado um símbolo de Iniciação, a chave que abre e guarda a sabedoria oculta - ou mesmo Graus iniciáticos. Também nos Mistérios de Mitra os sacerdotes faziam o sinal do tau (sinal da cruz) sobre a fronte dos iniciados (VIEIRA, 2009). Na maçonaria, o malhete evoca o simbolismo do Tau, que, segundo Leadbeater (1928), tem o mesmo significado do esquadro. A cruz também sinaliza as quatro direções no mundo material (pontos cardiais: leste, oeste, norte e sul) e simboliza a matéria em sua manifestação quádrupla (elementos alquímicos Fogo, Ar, Água e Terra). Seus (quatro) ângulos retos assinalam a retidão, o trabalho e a justiça da Lei no mundo físico. Além disso, o traço na horizontal representa nosso relacionamento com a matéria (o concreto) e o traço na vertical representa nosso relacionamento com o divino (o abstrato). A cruz representa, nesse sentido, a conjunção dos contrários, o ativo e o passivo, o inferior e o superior, a vida e a morte. Enquanto os dois eixos da cruz fazem pensar na passagem do tempo e nos pontos cardeais (o espaço-tempo), o ponto central, união dos dois eixos, é o lugar onde não há mais tempo nem mudança de qualquer espécie, sendo por isso um sítio de passagem ou de comunicação simbólica entre este e um outro mundo, um ponto de ruptura do tempo e do espaço (VIEIRA, 2009). muitos quando a discórdia os desagrega (REALE, 2002). Ele descreveu a formação desses elementos segundo a interação de duas qualidades (ou eixos) ativa e passiva, sendo a ativa o quente-frio, que promove a aglutinação dos corpos, e a passiva o secoúmido, que faz com que os corpos se dissolvam. Das qualidades elementares, duas participam da composição de cada elemento, mas uma delas é primária e a outra é secundária (COTNOIR e WASSERMAN, 2009). A Tabela 1 mostra as qualidades associadas a cada elemento, seus espíritos elementais e suas correspondências no homem e na natureza. Outras formas representativas de manifestação do quaternário são apresentadas na Tabela 2. De acordo com o alquimista árabe Avicena, os 4 elementos alquímicos podem ser descritos da seguinte forma: Alquimia De acordo com os antigos alquimistas, os elementos Fogo, Ar, Água e Terra são os quatro princípios que compõem a matéria. Aristóteles, em sua obra intitulada “Metafísica”, definiu um elemento como "aquilo de que uma coisa é essencialmente composta, que é imanente à coisa e que é indivisível segundo a forma". Além disso, diria Aristóteles que os quatro elementos permanecem imutáveis em sua natureza e sofrem simplesmente uma (relativa) mudança quantitativa, tornando-se poucos quando o amor os reúne para formar unidade e tornando-se A Terra é o centro da existência. É estacionária, mas volta à posição se é movida. É através da Terra que partes do nosso corpo se fixam e se mantém coesas numa forma compacta. É assim que a forma externa se mantém. A Água envolve a Terra e é envolvida pelo Ar. Ela possibilita que as coisas sejam moldadas e ajustadas em sua construção; ela se desfaz facilmente de uma forma velha e aceita prontamente uma nova. O Ar está acima da Água e abaixo do Fogo. Ele se rarefaz, torna as coisas mais finas, mais leves, mais delicadas, mais macias e, consequentemente, mais capazes de se deslocar para uma esfera superior. O Fogo está acima de todos os outros elementos localizados, como ele, na região do mundo sublunar – tudo o que está abaixo da Lua, em outras palavras, o nosso mundo. Ele amadurece, rarefaz e refina todas as coisas, e se mistura com todas. Seu poder de penetração permite-lhe atravessar o Ar; com seu poder, ele submete os dois elementos frios pesados; com seu poder ele mantém as propriedades elementares em harmonia – Avicena (Ibn Sīnā) (Extraído de COTNOIR; WASSERMAN, 2009, p.36). FinP | Rio de Janeiro, Vol. 2, n.2, p. 33– 39. Mai/Ago, 2015. 35 BRIGAGÃO, G.V. O ESOTERISMO DO QUATERNÁRIO Fogo Ar Água Terra Natureza do Elemento Seres Elementais Estado físico Natureza Quente e seco Úmido e quente Fria e úmida Seca e fria Salamandras Plasma Seres humanos Homem Vontade Naipe do Tarot Paus Silfos Gás Animais Pensamentos, Intelecto Espadas Ondinas Líquido Plantas Emoções, Sentimentos Copas Gnomos Sólido Minerais Sensações, Corpo Físico Ouros Tabela 1. Os quatro elementos alquímicos e suas correspondências (adaptado de BANZHAF, 2009; COTNOIR e WASSERMAN, 2009). Arcanjos Animais sagrados Virtudes mágicas Virtudes cardeais Pontos cardeais Estações do ano Fases da lua Fases do dia Michael, Rafael, Gabriel, Uriel Leão, águia, homem e touro Querer, saber, ousar e calar Justiça, fortaleza, prudência e temperança Leste, oeste, norte e sul Primavera, verão, outono e inverno Nova, crescente, cheia e minguante Madrugada, manhã, tarde e noite Fases do homem Infância, juventude, maturidade e velhice Tabela 2. Outras manifestações do quaternário Fonte: (BANZHAF, 2009). Cabala O nome do Deus de Israel é um nome de quatro letras hebraicas: Iud-Hei-Vav-Hei ()יהוה, chamado por alguns de Tetragrama ou Tetragrammaton (MATHERS, 2005). Esta palavra tem como raiz as letras do verbo ser, cuja união com o Iud (centelha divina da Luz infinita) forma o significado "Ele É". Por sinal, no hebraico não se conjuga o verbo ser no presente, porque só Deus É. No Judaísmo, sua pronúncia é proibida para a população em geral, sendo substituída pela palavra Adonai - senhor - ou Elohim quando Adonai e o Tetragrama aparecem juntos (MCLAUGHLIN; EISENSTEIN, 1906). FinP | Rio de Janeiro, Vol. 2, n.2, p. 33– 39. Mai/Ago, 2015. 36 BRIGAGÃO, G.V. O ESOTERISMO DO QUATERNÁRIO A pronúncia verdadeira é conhecida e reservada pelos cabalistas e rabinos, devendo ser feita com a intenção correta, sendo restrita a momentos específicos. A razão está em um dos 10 mandamentos: Não tomarás o nome do Senhor ( ) יהוהteu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão. Êxodo 20:7. Segundo Kaplan (2002), o nome de Deus unifica as 10 sefirot, pois cada letra possui uma ligação com uma ou mais sefirot. O ponto superior de Iud (') representa Keter, o restante do Iud ( )יrepresenta Chokhmah (sabedoria), o primeiro Hei ( )הa Binah (entendimento), o Vav ( )וàs 6 sefirot seguintes e o Hei final ( )הa Malkhut, como mostra a Tabela 3. Malkhut, ou reino, representa o mundo da ação, que pode ser dividido segundo os quatro elementos fogo, água, ar e terra, como ilustra a Figura 3. O Iud evoca o simbolismo do ponto (ou ponto expandido), e seu valor numérico (10) indica que todas as sefirot estão contidas nele. Expressa, assim, o princípio masculino, a unidade, que é própria da Sabedoria. O Hei, segunda e quarta letra do Tetragrama, expressa a idéia de separação, própria do Entendimento, do princípio feminino e do binário, como sugere a sua própria grafia, que tem duas partes separadas. O Vav, com seu valor numérico 6, expressa a criação do Universo como síntese de Deus no mundo divino (Iah) - triângulo superior. O Hei final consolida a criação com o mundo material e repete a ideia do binário, permitindo a presença da dualidade no mundo da matéria. Figura 3. Representação do Tetragrama em figuras geométricas: triângulo (Keter a Binah), hexagrama (6 sefirot seguintes) e quadrado circunscrito (Malkhut) Fonte: (LEVI, 2011). O Tetragrama está assentado na forma do corpo do Homem. A cabeça é o Iud ()י, os braços e os ombros são o Hei ()ה, o tronco é o Vav ( )וe as pernas o Hei final ()ה. Essa é a forma física do Tetragrama expressa no homem, enquanto a animação da alma corresponde às dez sefirot. A alma apresenta uma divisão tripla, cujas dimensões são associadas a cada um dos mundos cabalísticos a partir de Beriah (criação): a primeira dessas divisões é Neshamah, consciência mais elevada da personalidade-alma, a segunda é Ruach, correspondente ao mundo astral, e a terceira Nefesh, correspondente ao mundo sensual e material dos desejos, como mostra a Tabela 4. "A Trindade sempre é concluída pelo quaternário e encontra sua realização nele" - resulta daí que Iud-HeiVav ( )י ה וse completa e se realiza em Iud-Hei-VavHei ( ( )י ה ו הMATHERS, 2005). Sefirot Letra Keter Ponto superior do Iud (') Chokhmah Binah י ה Chesed, Gevurah, Tiferet, Netzach, Hod, Yesod ו Mundo Atsiluth Significado Emanação Alma humana - Malkhut ה Beriah Criação Neshamah Ietsirah Formação Ruach Assiah Ação Nefesh . Tabela 3. Relação entre as sefirot e o Tetragrama divino (KAPLAN, 2002). Tabela 4. Níveis da alma (individual) segundo a Cabala. FinP | Rio de Janeiro, Vol. 2, n.2, p. 33– 39. Mai/Ago, 2015. 37 BRIGAGÃO, G.V. O ESOTERISMO DO QUATERNÁRIO Maçonaria Do ponto de vista da consciência humana podemos traduzir os quatro elementos da seguinte forma: "o fogo é a vontade do ser; unida ao ar, que é o pensamento, produzem ambos a água, emoções, produzindo-se pelo desejo a ação (terra)". Quando os elementos do fogo dominam o homem, fazem-no violento e dão-lhe o temperamento bilioso; os do ar tornam-no reflexivo e inteligente e dotam-no de temperamento sanguíneo, os da água fazem-no sensitivo e impressionável, outorgando-lhe um temperamento linfático; os da terra fazem-no ativo, constante e dãolhe temperamento nervoso (ADOUM, 2010). Quando o homem, no futuro, chegar à união com seu Íntimo, poderá compreender o significado dos versículos 6-8 do cap. 4 do Apocalipse de São João. Segundo J. Adoum (2010), essa é a chamada quadratura do círculo (cruz circunscrita): quando o homem domina os 4 elementos inferiores que reinam atualmente em seu corpo físico e manifesta princípios superiores, cujas vibrações o fazem volver ao círculo, à Unidade. Para dominar os elementos inferiores da água, temos de extirpar as paixões grosseiras; para dominar os elementos do fogo, temos de vencer os instintos animais. O domínio dos elementos do ar consiste na perfeita concentração da mente e o domínio sobre os da terra consiste na limpeza interna e externa do corpo e em um jejum racional (ADOUM, 2010). E à vista do trono havia como um mar de vidro, semelhante ao cristal e, no meio do trono e ao redor do trono, 4 animais cheios de olho adiante e atrás. E o primeiro animal, semelhante a um leão, e o segundo animal, semelhante a um bezerro (touro) e o terceiro animal que tem rosto como de homem e o quarto animal, semelhante a uma águia voando. E os 4 animais, cada qual tinha 6 asas, e ao redor e dentro estão cheios de olhos e não cessavam, dia e noite, de dizer: "Santo, Santo o Senhor, Deus onipotente, o que era, o que é, o que há de vir". Ap. 4:6-8. O Templo na Maçonaria segue o simbolismo do Templo do Rei Salomão, que possui geometria retangular cujos lados são orientados segundo os 4 pontos cardeais. De acordo com o I Livro de Reis, o Templo representa o assento para a habitação de Deus (I Reis 8:13). Na Templo Maçônico, outro símbolo que evoca a idéia do quaternário é a Orla Dentada, que envolve todo o perímetro do pavimento mosaico. Representa a muralha protetora da humanidade, constituída pelos adeptos ou homens que em séculos e milênios passados atingiram a meta da perfeição humana. Estão ao redor da humanidade nos mundos espirituais, segundo diz uma escritura budista, para salvar a linhagem humana de ulterior e mais profunda miséria e aflição. Existe uma ampla interpretação para as quatro orlas que aparecem nos ângulos das franjas. Em uma delas, representa as quatro virtudes cardeais, que são: temperança, fortaleza, prudência e justiça (LEADBEATER, 1928). Em minha livre interpretação, pode-se estabelecer uma associação entre a Orla Dentada e a muralha protetora da Jerusalém Celeste descrita no Apocalipse de São João (Ap. 21:12), cujos lados tinham 3 portais cada, de forma que o conjunto dos portais representa as 12 tribos de Israel, como também está descrito no livro de Ezequiel (Ez. 48:30-35). No quadro do Grau de Companheiro, o nome de Deus (Tetragrama) aparece escrito no alto da entrada da Câmara-do-meio, que por sua vez se situa no alto de uma escada. Representa a busca pela Verdade e o caminho místico em direção a Deus, que o Companheiro trilha através do estudo das ciências ocultas e dos mistérios da natureza. Representa, assim, aquele que se ilumina e vira um adepto. A câmara-do-meio consiste numa sala lateral do Templo de Salomão, sendo mencionada no cap. 6 do I Livro de Reis. Para a Franco-Maçonaria representa o lugar onde os Companheiros se reúnem e recebem seus salários. FinP | Rio de Janeiro, Vol. 2, n.2, p. 33– 39. Mai/Ago, 2015. 38 BRIGAGÃO, G.V. O ESOTERISMO DO QUATERNÁRIO A porta da câmara-do-meio estava à di- https://www.bibliaonline.com.br/acf/1rs/6 - Acesso reita da casa, e por caracóis se subia à em 24/08/2015. câmara-do-meio, e da do meio à terceira. https://www.bibliaonline.com.br/acf/1rs/8 - Acesso I Reis 6:8 Tendo em vista todo o simbolismo exposto, o estudo do Quaternário pelo maçom leva a uma pesquisa valiosa e profunda de grande diversidade, podendo levar à diversos caminhos da forma como ao longo da história diferentes Tradições o compreenderam, mas que no fim tem o mesmo significado e a mesma Verdade. em 25/08/2015. https://www.bibliaonline.com.br/acf/ap/4 - Acesso em 24/08/2015. https://www.bibliaonline.com.br/acf/ex/20 - Acesso em 24/08/2015. Referências bibliográficas ADOUM, J. Grau do Companheiro seus Mistérios. Editora Pensamento, 2010. BANZHAF, H. Simbolismo e o Significado dos Números. Editora Pensamento, 2009. BOUCHER, J. A Simbólica Maçônica. Editora Pensamento, 11ª ed., 2006. COTNOIR, B.; WASSERMAN, J. Introdução à Alquimia. Editora Pensamento, 2009. KAPLAN, A. Sêfer Ietsirá - O Livro da Criação. 4ª ed., Editora & Livraria Sefer, 2002. LEADBEATER, C. W. A Vida Oculta na Maçonaria. 19ª ed., Editora Pensamento, 2013. Tradução da 2ª ed. em inglês de 1928. LEVI, E. Dogma e Ritual da Alta Magia. 19ª ed., Editora Pensamento, 2011. MATHERS, S. L. M. "Introdução à Kabbalah". In: ROSENROTH, K. A Kabbalah Revelada. Editora Madras, 2005. MCLAUGHLIN, J. F.; EISENSTEIN, J. D. "Names of God". In: Jewish Encyclopedia, 1906. Disponível em: http://www.jewishencyclopedia.com/articles/11305names-of-god - Acesso em 25/08/2015. REALE, G. Metafísica de Aristóteles III. Edições Loyola, 2002. VIEIRA, J. D. A Cruz: Formas e Simbolismos. Editora Madras, 2009 FinP | Rio de Janeiro, Vol. 2, n.2, p. 33– 39. Mai/Ago, 2015. 39
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