Racionalização do Processo Construtivo de Edifícios em Alvenaria

Transcrição

Racionalização do Processo Construtivo de Edifícios em Alvenaria
Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG
Escola de Engenharia
Departamento de Engenharia de Materiais e Construção
Curso de Especialização em Construção Civil
Racionalização do Processo Construtivo de
Edifícios em Alvenaria Estrutural
MONOGRAFIA
Autor: Wendell Oliveira Figueiró
Orientador: Prof. Abdias Magalhães Gomes, Dr.
Belo Horizonte, Janeiro de 2009.
i
Wendell Oliveira Figueiró
Racionalização do Processo Construtivo de
Edifícios em Alvenaria Estrutural
Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Construção Civil da
Escola de Engenharia da UFMG
Orientador: Prof. Abdias Magalhães Gomes, Dr.
Belo Horizonte, Janeiro de 2009
i
Dedico este trabalho
A Deus pelo dom da vida;
A minha noiva pela paciência; e
Aos meus pais.
ii
AGRADECIMENTOS
Aos professores do curso de Especialização em Construção Civil da Escola de
Engenharia da UFMG pela disponibilidade de suas noites para realização do
curso e ao conhecimento transmitido aos alunos.
Ao professor Abdias Magalhães pelo apoio na realização deste trabalho.
A Eng. Msc. Carla Montanari, colega de trabalho, que influenciou na escolha do
assunto e pela disponibilização de material para consulta e realização deste
trabalho.
Aos colegas do curso pelos momentos prazerosos proporcionados e a
possibilidade de troca de conhecimentos e experiências profissionais.
iii
RESUMO
A alvenaria estrutural deve ser entendida como um sistema construtivo e não de
forma desvinculada somente como uma etapa da construção. Como tal e para
que seja um processo racionalizado deve-se obedecer a padrões, formas e
etapas definidas em projeto e nunca de forma contrária com adaptações ou
ajustes no canteiro de obras. O projeto por sua vez é a principal ferramenta para
se alcançar o sucesso do empreendimento edificado em alvenaria estrutural. É na
concepção da edificação, ainda na fase de anteprojeto, que deve-se tomar os
cuidados na escolha da melhor solução. Seguido pela elaboração do projeto
arquitetônico, projeto estrutural e projetos complementares, todos estes
elaborados de forma integrada e compatibilizada por profissional qualificado.
Seguindo-se de forma planejada todas as etapas, teremos um empreendimento
edificado de forma racionalizada, evitando-se desperdícios com retrabalhos e
geração de entulhos o que torna o sistema construtivo em alvenaria estrutural
econômica e tecnicamente atrativo.
iv
LISTA DE FIGURAS
Figura 3.1 - Família de blocos cerâmicos (Rauber, 2005). ...................................13
Figura 3.2 – Exemplo de família de blocos concreto (Rauber, 2005)....................14
Figura 3.3 – Família de blocos de concreto (Manzione, 2004)..............................15
Figura 3.4 – Visão sistêmica da alvenaria estrutural (Manzione, 2004) ................18
Figura 4.1 – Gráfico de falhas em obras (Athanazio & Trajano 1998). .................27
Figura 4.2 – O arquiteto como coordenador de projetos (Lamberts, Dutra &
Pereira, 1997). ......................................................................................................30
Figura 5.1 – Fiadas 1 e 2 e elevação de parede sem juntas a prumo (Ramalho &
Corrêa 2003). ........................................................................................................36
Figura 5.2. Planta de primeira fiada preparada para locação de alvenaria
(Manzione, 2004). .................................................................................................38
Figura 5.3. Elevação da parede (Manzione, 2004). ..............................................40
Figura 5.4. Amarração em “L” – B29 (Manzione, 2004). .......................................41
Figura 5.5. Amarração em “T” – B29 (Manzione, 2004)........................................42
Figura 5.6. Amarração em “L” – B39 (Manzione, 2004). .......................................43
Figura 5.7. Amarração em “T” – B39 (Manzione, 2004)........................................43
Figura 5.8. Uso do bloco J (Manzione, 2004)........................................................45
Figura 5.9. Parede externa sem bloco J (Ramalho & Corrêa, 2003).....................45
v
Figura 5.10. Detalhe genérico de modulação vertical piso a piso (Manzione, 2004).
..............................................................................................................................46
Figura 5.11. Fundação em placa de concreto – “radier” (Manzione, 2004)...........47
Figura 5.12 – Disposição da armadura recomendada para lajes armadas em uma
única direção (Rauber – 2005)..............................................................................50
Figura 5.13. Verga e contra-verga executada com bloco tipo canaleta (Santos,
2004).....................................................................................................................51
Figura 5.14. Verga de concreto moldada in loco (Santos, 2004). .........................52
Figura 5.15. Verga pré-fabricada de concreto (Santos, 2004). .............................52
Figura 5.16. Marcos de concreto pré-moldados envolventes (Manzione, 2004). ..54
Figura 5.17. Representação esquemática da escada tipo jacaré (Rauber, 2005).55
Figura 5.18. Etapas de execução da escada tipo jacaré (Santos, 2004). .............55
Figura 5.19. Representação esquemática da escada de concreto armado moldada
in loco (Rauber, 2005)...........................................................................................56
Figura 5.20. Execução da forma para execução da escada moldada in loco
(Santos, 2004).......................................................................................................57
Figura 5.21. Representação esquemática da escada pré-moldada de concreto
(Rauber, 2005). .....................................................................................................58
Figura 5.22. Exemplo de escada pré-moldada de concreto (Santos, 2004). ........59
vi
Figura 5.23. Execução de instalação elétrica através do rasgo em alvenaria
estrutural o que é uma prática inaceitável (Santos, 1998). ...................................60
Figura 5.24. Shafts hidráulicos visitáveis (Santos, 2004)......................................61
Figura 5.25. Exemplo de parede hidráulica (Rauber, 2005)..................................61
Figura 5.26. Lançamento da mangueira elétrica após elevação da alvenaria. .....62
Figura 5.27. Colocação da caixinha elétrica (tomada e interruptor) no bloco. ......63
Figura 5.28. Tubulação de água fria embutida no piso (Santos, 2004).................65
Figura 5.29. Tubulação horizontal sob a laje, escondida pelo forro rebaixado
(Santos, 2004).......................................................................................................65
Figura 5.30. Tubulação embutida em parede com reentrâncias (Santos, 2004)...66
Figura 5.31. Tubulação embutida em blocos adaptados (Rauber, 2005)..............66
Figura 5.32. Tubulação embutida em bloco canaleta (Rauber, 2005)...................67
Figura 5.33. Opções de Revestimento (Manual ABCI, 1990). ..............................68
vii
LISTA DE TABELAS
Tabela 5.1. Informações mínimas para a planta da primeira fiada (Manzione,
2004).....................................................................................................................37
Tabela 5.2. Informações mínimas para a planta da primeira fiada (Manzione,
2004).....................................................................................................................39
Tabela 5.3. Informações mínimas para desenhos das elevações (Manzione,
2004).....................................................................................................................39
Tabela 5.4. Tipos de lajes (Manzione, 2004). .......................................................48
Tabela 5.5. Principais vantagens no uso de pré-lajes (Manzione, 2004). .............49
viii
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ............................................................................................. iii
RESUMO ............................................................................................................... iv
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................... v
LISTA DE TABELAS .............................................................................................viii
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................1
2. OBJETIVO ..........................................................................................................3
3. ALVENARIA ESTRUTURAL ...............................................................................4
3.1. Aspectos históricos e desenvolvimento do sistema......................................4
3.1.1. Pirâmides de Guizé................................................................................4
3.1.2. Farol de Alexandria ................................................................................5
3.1.3. Coliseo ...................................................................................................5
3.1.4. Catedral de Reims .................................................................................5
3.1.5. Edifício Monadnock................................................................................6
3.1.6. Edifício em Alvenaria Não-armada na Suíça .........................................6
3.1.7. Hotel Excalibur ......................................................................................7
3.1.8. Primeiros Edifícios Residenciais no Brasil .............................................7
3.2. Conceituação................................................................................................8
ix
3.3. Classificação ................................................................................................9
3.4. Componentes da alvenaria estrutural .........................................................10
3.4.1. Unidade................................................................................................11
3.4.2. Argamassa...........................................................................................15
3.4.3. Graute ..................................................................................................16
3.4.4. Armaduras ...........................................................................................16
3.5. A alvenaria estrutural como um sistema construtivo ..................................17
3.6. Aspectos técnicos e econômicos................................................................18
3.6.1. Principais parâmetros a serem considerados para especificação do
sistema...........................................................................................................19
3.6.2. Principais pontos positivos do sistema.................................................21
3.6.3. Principais pontos negativos do sistema ...............................................23
4. O PROJETO .....................................................................................................25
4.1. Conceito de projeto ....................................................................................25
4.2. A importância do Projeto ............................................................................26
4.3. Projeto Arquitetônico ..................................................................................27
4.4. Projetos complementares ...........................................................................28
4.5. Compatibilização de projetos......................................................................30
5. O PROJETO E EXECUÇÃO DA ALVENARIA ESTRUTURAL .........................32
x
5.1. Conceito de Racionalização .......................................................................32
5.2. O projeto de alvenaria estrutural ................................................................33
5.3. Modulação ..................................................................................................34
5.3.1. Conceitos básicos sobre modulação....................................................34
5.3.2. Importância da modulação em projeto .................................................35
5.3.3. Blocos usuais .......................................................................................35
5.3.4. Modulação horizontal ...........................................................................36
5.3.5. Modulação Vertical...............................................................................44
5.4. Fundação....................................................................................................47
5.5. Laje.............................................................................................................48
5.6. Vergas e contra-vergas ..............................................................................50
5.7. Esquadrias..................................................................................................53
5.7.1. Portas...................................................................................................53
5.7.2. Janelas.................................................................................................53
5.8. Escadas......................................................................................................54
5.8.1. Escada pré-moldada tipo “jacaré” ........................................................54
5.8.2. Escada de concreto armado moldada in loco ......................................56
5.8.3. Escada pré-moldada de concreto ........................................................57
xi
5.9. Instalações .................................................................................................59
5.10. Revestimento............................................................................................67
5.11. Cobertura..................................................................................................69
6. CONCLUSÃO ...................................................................................................70
REFERÊNCIAS BIBLIOGÁRFICAS......................................................................72
xii
1. INTRODUÇÃO
Após a revolução industrial, o mundo viveu um processo de urbanização das
cidades e surgimento dos grandes centros. Diante da grande demanda da
população por moradias, verificou-se a necessidade da industrialização também
da construção civil. Neste momento há o desenvolvimento do processo
construtivo em estruturas metálicas, pois grande era o avanço em pesquisas para
utilização deste material. A indústria do aço já tinha grande demanda, pois a
econômica era ávida pelo consumo para construção de navios, veículos, etc.
Contudo, tínhamos o sistema de construção em alvenaria, que sua utilização
remota de até 4.000 anos a.C. Dos antigos tijolos de argila o sistema evoluiu para
utilização de blocos industrializados de concreto, cerâmico, etc. bem como está
em constante atualização de novas técnicas construtivas e desenvolvimento de
novos materiais.
A execução da alvenaria se dá pela simples necessidade de vedação e divisão de
ambientes ou necessidade de resistência a esforços estruturais, neste caso a
alvenaria é estrutural.
1
Diante do atual déficit habitacional e da necessidade de viabilizar as edificações
quanto à aceitação mercadológica e competitividade econômica a alvenaria
estrutural desperta a atenção cada vez maior de profissionais da construção civil,
tanto construtores quanto arquitetos.
No tocante ao sistema construtivo de edifícios em alvenaria estrutural sob a ótica
de ser um método racionalizado e economicamente viável é imprescindível a
perfeita integração entre o projeto arquitetônico e os complementares, para se
evitar surpresas no canteiro de obras.
2
2. OBJETIVO
Este trabalho não tem a pretensão de exaurir o assunto relacionado a alvenaria
estrutural que é bem mais vasto mas sim agregar com mais bibliografia sobre o
mesmo. Tampouco não haverá abordagem sobre cálculo estrutural e comparativo
de custos com outros sistemas construtivos.
O trabalho tem por objetivo contextualizar o histórico da evolução do sistema,
suas características e demonstrar que o sistema construtivo de edifícios em
alvenaria estrutural é ser um sistema racionalizado. O sistema, desde que
desenvolvido dentro uma boa prática de elaboração de projetos, seguindo-se
procedimentos e com rigoroso controle durante a execução, traz grande rapidez,
facilidade e qualidade na e grande desempenho, conseqüentemente menor custo,
quando comparado a outros sistemas construtivos.
Outro objetivo e reforçar a necessidade do maior envolvimento dos diversos
projetistas durante a fase de elaboração dos projetos no intuito da integração do
projeto arquitetônico com os projetos complementares evitando-se retrabalhos ou
mesmos ajustes e/ou adaptações no canteiro de obra o que gera desperdício e
retrabalho, descaracterizando a racionalização construtiva.
3
3. ALVENARIA ESTRUTURAL
3.1. Aspectos históricos e desenvolvimento do sistema
A alvenaria é um sistema construtivo cuja utilização remota no início da atividade
humana (~4.000 a.C) na construção de estrutura para variados fins. Foram
empregados blocos de vários materiais tais como argila, pedra e outros e destes
blocos foram produzidas obras que desafiaram o tempo e, mesmo após séculos e
em alguns casos milênio, estão presentes nos dias atuais como verdadeiros
monumentos com grande importância histórica.
No
transcorre
serão
apresentados
exemplos
de
obras
importantes
no
desenvolvimento do sistema ao longo da historia.
3.1.1. Pirâmides de Guizé
São 03 grandes pirâmides (Quéfren, Queóps e Miquerinos) construídas em blocos
de pedra e datam de aproximadamente de 2.600 anos a.C. A Grande Pirâmide,
tumulo do Faraó Queóps, mede 147 metros de altura e sua base é um quadrado
4
de 230 metros de lado. Foram utilizados 2,3 milhões de blocos, com peso médio
de 25 KN. A construção se deu pela colocação dos blocos uns sobre os outros.
3.1.2. Farol de Alexandria
Construído em uma das ilhas em frente ao porto de Alexandria (Faros),
aproximadamente 280 anos a.C, é o mais famoso e antigo farol de orientação.
Construído com mármore, com 134 metros de altura.
3.1.3. Coliseo
Grande anfiteatro com capacidade para até 50 mil pessoas com mais de
500metros de diâmetro e 50 metros de altura. Construído por volta do ano 70 d.C.
3.1.4. Catedral de Reims
Grande exemplo de catedral gótica. Construída entre 1211 e 1300 d.C demonstra
a aprimorada técnica de se conseguir vãos relativamente grandes utilizando-se
apenas estruturas comprimidas. Possui interior amplo, com arcos que sustentam
o teto sendo apoiado em pilares esbeltos, que, por sua vez, são contra ventados
por arcos externos.
5
3.1.5. Edifício Monadnock
Foi construído na cidade de Chicago, nos Estados Unidos, entre 1889 e 1891 e
tornou-se um símbolo clássico da moderna alvenaria estrutural. Com 16
pavimentos e 65 metros de altura foi considerada uma obra ousada, entendo-se
que haviam chegado ao limite dimensional para edifícios em alvenaria.
Entretanto, pela utilização de métodos empíricos no calculo empregado na época,
as paredes na base têm 1,80 metros de espessura. Acredita-se que se
empregado pelos métodos utilizados atualmente e com a utilização dos mesmos
materiais, essa espessura seria de no máximo 30 centímetros de espessura.
3.1.6. Edifício em Alvenaria Não-armada na Suíça
Outro marco das construções em alvenaria é um edifício construído em 1950, por
Paul Haller, na Basiléia, Suíça. O edifício, com 13 pavimentos e 42 metros de
altura, foi executado em alvenaria estrutural não-armada com paredes internas
com 15 centímetros de espessura e paredes externas com 37,5 centímetros.
6
3.1.7. Hotel Excalibur
Conforme descrito por Ramalho & Corrêa (2003), o mais alto edifício em alvenaria
estrutural da atualidade é o Hotel Excalibur, em Las Vegas, EUA. O complexo do
hotel é formado por quatro torres principais, com 28 pavimentos, cada um
contendo 1.008 apartamentos. As paredes estruturais foram executadas em
alvenaria armada de blocos de concreto e a resistência à compressão
especificada na base foi de aproximadamente 28 MPa.
3.1.8. Primeiros Edifícios Residenciais no Brasil
O sistema construtivo em alvenaria é utilizado no Brasil desde o inicio da
colonização portuguesa no inicio do século XVI. Contudo, a utilização da alvenaria
como estrutura demorou a ter espaço como sistema construtivo voltado a
execução de edifícios mais econômicos e racionais. Os primeiros edifícios em
alvenaria estrutural no Brasil datam de 1966 na cidade de São Paulo e eram
edifícios de 4 pavimentos.
Edifícios mais elevados foram construídos, também em São Paulo e datam de
1972. O edifício tinha 12 pavimentos e foi construído em alvenaria armada de
bloco de concreto.
7
Atualmente o sistema construtivo de alvenaria estrutural é bastante utilizado,
principalmente em edifícios de padrão baixo e médio com até 12 pavimentos,
devido ao melhor custo e agilidade na execução. Utilizam-se predominantemente
blocos de concreto, mas ganha força a aplicação de blocos cerâmicos com
resistências superiores a 10 MPa.
3.2. Conceituação
Definição clássica anteriormente utilizada para alvenaria era:
a) Chamam-se alvenarias, as construções formadas de pedras naturais ou
artificiais,
suscetíveis
de
resistirem
unicamente
aos
esforços
de
compressão e dispostos de maneira tal que as superfícies das juntas sejam
normais aos esforços principais; ou ainda
b) As alvenarias são maciços constituídos de pedras naturais ou artificiais,
ligadas entre si de modo estável pela combinação das juntas e interposição
de argamassa ou somente por um desses meios.
Em tempos atuais a definição para alvenaria dar-se da seguinte maneira:
São construções formadas por blocos industrializados de diversos materiais,
suscetíveis de serem projetadas para resistirem a esforços de compressão única
ou ainda a uma combinação de esforços, ligados entre si pela interposição de
8
argamassa e podendo ainda conter armadura envolta em concreto ou argamassa
no plano horizontal e/ou vertical.
A alvenaria estrutural é, por sua vez, toda estrutura de alvenaria, dimensionada
através de procedimentos de cálculo para suportar cargas alem do peso próprio.
Entende-se também (Franco, 1992), que a alvenaria estrutural pode ser definida
como sendo um processo construtivo cuja característica principal é a existência e
aplicação de paredes de alvenaria e lajes enrijecedoras como principal estrutura
de suporte de edifícios.
3.3. Classificação
Segundo Camacho (2006), a alvenaria estrutural pode ser classificada quanto ao
processo construtivo empregado, quanto ao tipo de unidades ou ao material
utilizado, como segue:
a) Alvenaria Estrutural Armada: é o processo construtivo em que, por
necessidade estrutural, os elementos resistentes (estruturais) possuem
uma armadura passiva de aço. Essas armaduras são dispostas nas
cavidades dos blocos que são posteriormente preenchidas com microconcreto (Graute).
b) Alvenaria Estrutural Não Armada: é o processo construtivo em que nos
elementos estruturais existem somente armaduras com finalidades
9
construtivas, de modo a prevenir problemas patológicos (fissuras,
concentração de tensões, etc.).
c) Alvenaria Estrutural Parcialmente Armada: processo construtivo em que
alguns elementos resistentes são projetados como armados e outros como
não armados. De forma geral, essa definição é empregada somente no
Brasil.
d) Alvenaria Estrutural Protendida: é o processo construtivo em que existe
uma armadura ativa de aço contida no elemento resistente.
Quanto ao tipo e material elas podem ser de tijolos, fabricado com material
cerâmico ou de blocos, fabricados com concreto.
3.4. Componentes da alvenaria estrutural
Segundo Ramalho & Corrêa (2003), serão utilizados dois conceitos básicos, para
os quais é importante informar seu significado. No texto, esses conceitos são
mencionados com o significado que possuem na NBR 10837.
Entende-se por um componente da alvenaria uma entidade básica, ou seja, algo
que compõe os elementos que, por sua vez, comporão a estrutura. Os
componentes principais da alvenaria estrutural são: blocos, ou unidades;
10
argamassa; graute e armadura. Já os elementos são uma parte suficientemente
elaborada da estrutura, sendo formados por pelo menos dois dos componentes
anteriormente citados. Como exemplos de elementos podem ser citados: paredes,
pilares, cintas, vergas, etc.
3.4.1. Unidade
Como componentes básicos da alvenaria estrutural, as unidades são as principais
responsáveis pela definição das características resistentes da estrutura.
No Brasil, quanto ao material empregado em sua fabricação para utilização em
edificações de alvenaria estrutural são blocos de concreto, cerâmicos e silicocalcáreas.
Quanto à forma podem ser maciças ou vazadas, sendo denominados tijolos ou
blocos, respectivamente. São consideradas maciças aquelas que possuem um
índice de vazios de no máximo 25% da área total. Se os vazios excederem esse
limite, a unidade é classificada como vazada.
11
Quanto à aplicação, as unidades podem ser classificadas de vedação e
estruturais. A NBR 6136 especifica que a resistência característica do bloco à
compressão deve obedecer aos seguintes limites:
Fbk>= 6 MPa: blocos em paredes externas sem revestimento;
Fbk>= 4,5 MPa: blocos em paredes internas ou externas com revestimento.
Na prática, só podem ser utilizados blocos de concreto com resistência
característica de no mínimo 4,5 MPa. Já a NBR 7171 menciona que para os
blocos portantes cerâmicos a resistência mínima deve ser de 4 MPA.
12
Figura 3.1 - Família de blocos cerâmicos (Rauber, 2005).
13
Figura 3.2 – Exemplo de família de blocos concreto (Rauber, 2005).
14
Figura 3.3 – Família de blocos de concreto (Manzione, 2004).
3.4.2. Argamassa
A argamassa de assentamento possui as funções básicas de solidariza as
unidades, transmitir e uniformizar as tensões entre as unidades de alvenaria,
absorver pequenas deformações e prevenir a entrada de água e de vento nas
edificações. Normalmente composta de areia, cimento, cal e água.
15
3.4.3. Graute
O graute é um concreto com agregados de pequena dimensão e relativamente
fluido, eventualmente necessário ao preenchimento dos vazios dos blocos. Sua
função é propiciar o aumento da área da seção transversal das unidades ou
promover a solidarização dos blocos com eventuais armaduras posicionadas nos
seus vazios.
Segundo a NBR 10837, o graute deve ter sua resistência característica maior ou
igual a duas vezes a resistência característica do bloco.
3.4.4. Armaduras
As barras de aço utilizadas nas construções em alvenaria são as mesmas
utilizadas nas estruturas de concreto armado, mas, neste caso, serão sempre
envolvidas por graute, para garantir o trabalho conjunto com o restante dos
componentes da alvenaria.
16
3.5. A alvenaria estrutural como um sistema construtivo
Segundo Manzione (2004) a alvenaria estrutural é praticada de forma parcial,
apenas como uma forma de substituir uma estrutura convencional e sem o
aproveitamento total e potencial do sistema. Quando utilizada integralmente, a
alvenaria estrutural gera maior economia e propicia facilidades na própria
construção.
Baseado no conceito de sistema construtivo adotado por Sabbatini (1989):
“Sistema construtivo é um processo construtivo de elevados níveis de
industrialização e de organização, constituído por um conjunto de elementos e
componentes inter-relacionados e completamente integrados pelo processo”, a
alvenaria estrutural pode ser então, entendida com um sistema construtivo
completo.
A visualização do sistema na condição de integração no processo pode ser vista
na figura 3.4.
17
Figura 3.4 – Visão sistêmica da alvenaria estrutural (Manzione, 2004)
3.6. Aspectos técnicos e econômicos
Quando se fala na aplicação de um novo sistema construtivo, é de extrema
importância que antes de sua adoção se discutam aspectos técnicos e
econômicos envolvidos. Deve-se levar em consideração para cada tópico as
principais vantagens e desvantagens do sistema em questão.
18
Ressalta-se, que a especificação e utilização da alvenaria estrutural para edifícios
residenciais, partem de uma concepção de transformar a alvenaria, inicialmente
com a única função de vedação, agora na condição de ser a própria estrutura da
edificação. Nesta condição, pode-se evitar a necessidade de se ter vigas e pilares
que dão suporte a estrutura convencional.
Adotado o sistema de alvenaria estrutural, a mesma passa a ter dupla função,
servir como vedação e suporte para a edificação, o que num primeiro momento
entende-se como economia do empreendimento. Contudo é importe ressaltar que
neste caso, a alvenaria, precisa ter sua resistência controlada, de forma a garantir
sua estabilidade e segurança da construção. Para tal, tem-se a demanda de
utilização de materiais e mão-de-obra de melhor qualidade, conseqüentemente de
custo mais elevado o que eleva o seu custo de produção se comparado à
alvenaria de vedação.
3.6.1. Principais parâmetros a serem considerados para especificação do
sistema
O acréscimo de custo para a produção da alvenaria estrutural compensa com
folga a economia que se obtém com a retirada dos pilares e vigas. Entretanto,
deve-se atentar para aspectos relevantes de forma que este cenário não se
inverta.
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Não é correto afirmar que um sistema construtivo seja considerado adequado a
qualquer edifício, tem-se que estudar a melhor alternativa a cada caso.
Apresentam-se a seguir três características importantes que devem ser
consideradas para se decidir pelo sistema construtivo adequado.
a) Altura da Edificação
No caso da altura, atualmente no Brasil, afirma-se que a utilização da alvenaria
estrutural é adequada a edifícios de no máximo 16 pavimentos. Para edifício com
número maior de pavimentos a resistência a compressão dos blocos encontrados
no mercado não permite que a obra seja executada sem uma utilização de graute
de forma generalizada, o que prejudicaria o aspecto econômico. Ainda assim,
mesmo que atendida a condição de resistência a compressão dos blocos, as
ações horizontais começariam a produzir tensões significativas o que exigiria a
utilização de armaduras e graute. Sob esta condição o aspecto econômico estaria
prejudicado.
b) Condição Arquitetônica
É importante considerar que a densidade de paredes estruturais por m² de
pavimento. Um valor indicativo é que haja de 0,5 a 0,7m de paredes estruturais
por m² de pavimento. Dentro desses limites, a densidade de paredes pode ser
considerada usual e as condições para seu dimensionamento também refletirão
esta condição.
20
c) Tipo de uso
Para edifícios comerciais e residenciais de alto padrão, onde seja necessária a
utilização de vão grandes, esse sistema construtivo não é adequado,
considerando o aspecto descrito no item anterior. A alvenaria estrutural é mais
indicada e adequada a edifícios residenciais de padrão médio a baixo, pois nestes
casos os ambientes e vão são pequenos.
A utilização de alvenaria estrutural em edifícios comerciais é desaconselhável.
Nesse tipo de construção é comum a necessidade de modificação das paredes
internas para melhor acomodar empresas de diferentes portes. Com a utilização
da alvenaria estrutural não existe tal flexibilidade.
3.6.2. Principais pontos positivos do sistema
A seguir são abordadas as características que representam vantagens na
utilização da alvenaria estrutural em detrimento ao sistema convencional de
concreto armado. Os mesmos serão elencados em ordem decrescente em função
da relevância.
a) Economia de formas
21
As formas estão limitadas às necessárias para concretagem das lajes. São
formas lisas, de baixo custo e alto índice de reaproveitamento.
b) Redução acentuada nos revestimentos
Devido a utilização de blocos de qualidade controlada e maior qualificação da
mão-de-obra para execução, a redução de revestimentos é significativa.
Usualmente o revestimento interno é feito com uma camada de gesso aplicada
diretamente sobre a superfície dos blocos. No caso de revestimento cerâmico,
eles também podem ser colados diretamente sobre os blocos.
c) Redução nos desperdícios de material e mão-de-obra
Como as paredes não admitem intervenções posteriores significativas, como
rasgos ou aberturas para a colocação de instalações hidráulicas e elétricas, é
uma importante causa da eliminação de desperdícios e entulho que saem dos
canteiros de obra o que onera a edificação.
d) Redução do numero de especialidades
Não há a necessidade de armadores e carpinteiros no canteiro de obras.
e) Flexibilidade na execução da obra
Adotando-se lajes pré-moldadas, o planejamento de execução da obra não estará
vinculado ao tempo de cura do concreto que deve ser respeitado.
22
A principal vantagem da utilização da alvenaria estrutural é a racionalização do
processo pela redução de consumo de materiais e desperdício que verifica-se em
obras com estrutura de concreto armado.
3.6.3. Principais pontos negativos do sistema
Mesmo que relevantes os pontos positivos elencados no item anterior, não se
pode desconsiderar as desvantagens que o sistema de alvenaria estrutural
apresenta ao ser comparado com estruturas convencionais. A seguir serão
listadas as principais desvantagens do sistema em ordem decrescente de
relevância.
a) Limitação na adaptação da arquitetura após a construção
Após executada as paredes no sistema de alvenaria estrutural não existe a
possibilidade para mudanças relevantes no layout arquitetônico.
b) Interferência entre projetos
Existe uma grande interferência entre os projetos de arquitetura, estrutural e
instalações quando adotado o sistema de alvenaria estrutural. A impossibilidade
de se furar paredes, sem controle rigoroso, limita e condiciona o projeto de
instalações elétricas e hidráulicas.
23
c) Utilização de mão-de-obra qualificada
A execução da alvenaria estrutural exige a aplicação de mão-de-obra qualificada
para que sejam empregados os instrumentos adequados durante a execução. Isto
significa selecionar e capacitar esta mão-de-obra para se evitar problemas
durante a execução e riscos após a ocupação da edificação.
Dentre
os
pontos
negativos
apresentados,
destaca-se
a
questão
da
impossibilidade de alteração no layout arquitetônico, o que por vezes é um
complicador de vendas, ou mesmo um risco durante a vida útil da edificação.
24
4. O PROJETO
4.1. Conceito de projeto
Segundo
definição
extraída
de
pesquisa
realizada
na
internet
(http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20060718061439AA23qKF,
03/01/09, as 14:54hs), projeto é um esforço temporário empreendido para criar
um produto ou serviço único. Desta forma, um projeto tem início e fim definidos e
resulta em um produto ou serviço de alguma forma diferente de todos os outros
anteriormente produzidos.
Seu resultado pode ser:
* Um produto ou objeto produzido, “quantificável” e que pode ser um item final ou
um item componente;
* Uma capacidade de realizar um serviço, como funções de negócios que dão
suporte à produção ou à distribuição;
* Um resultado, como resultados finais ou documentos. Por exemplo, um projeto
de pesquisa desenvolve um conhecimento que pode ser usado para determinar
se uma tendência está presente ou não ou se um novo processo irá beneficiar a
sociedade.
25
A singularidade é uma característica importante das entregas do projeto. Por
exemplo, muitos milhares de prédios de escritórios foram construídos, mas cada
prédio em particular é único—tem proprietário diferente, projeto diferente, local
diferente, construtora diferente, etc. A presença de elementos repetitivos não
muda a singularidade fundamental do trabalho do projeto.
Antes do projeto, é comum ainda o trabalhador fazer a preparação de um
Anteprojeto, que é o estudo preparatório do projeto.
Nos contextos de software, projeto é usado com o sentido do ato de projetar, de
conceber antecipadamente. Neste caso, costuma-se também empregar a palavra
design.
4.2. A importância do Projeto
A etapa de projeto é de fundamental importância para o sucesso de qualquer
empreendimento. Para tal, deve-se dedicar tempo e recursos suficientes para se
alcançar o melhor resultado.
Melhado & Violani (1992) observam que se tem verificado, em geral, uma
dissociação entre a atividade de projeto e a da construção. O projeto, encarado
26
como instrumento meramente legal, recebe, muitas vezes, a mínima atenção e
sem adequado aprofundamento, cumpre-se seu prazo e custo. Sem a devida
atenção nesta etapa, muitas definições serão feitas na etapa de obra no próprio
canteiro.
A importância e cuidado que se deve dar a esta etapa pode ser melhor entendida
quando se leva em conta que segundo Athanazio & Trajano (1998) problemas de
projetos é a segunda maior causa de falhas nas edificações.
Figura 4.1 – Gráfico de falhas em obras (Athanazio & Trajano 1998).
4.3. Projeto Arquitetônico
O projeto arquitetônico é o principal projeto de uma edificação, pois todos os
demais serão elaborados a partir do mesmo. Desta forma, um projeto
arquitetônico mal concebido trará problemas durante toda a vida útil da edificação,
27
desde a concepção dos projetos complementares, retrabalhos no canteiro na fase
de execução e altos custos de manutenção da edificação.
Cabem aos arquitetos, nesta etapa, importantes decisões como: escolha do
sistema construtivo a ser adotado, arranjo (disposição e dimensões) dos
ambientes e abertura dos vãos, tipo de cobertura, previsão de instalações e
equipamentos (elevadores, bombas, etc.) e acabamentos, dentre outros.
Decisões estas que passam pela avaliação e enquadramento da edificação na
legislação vigente, normalização, limite de custos, durabilidade dos materiais
empregados, dificuldade de manutenção e da própria disponibilidade de peças de
reposição.
4.4. Projetos complementares
Projetos complementares são todos os demais projetos da edificação. De forma
geral são divididos em dois grupos: estrutural e instalações.
O projeto estrutural irá detalhar a estrutura da edificação compreendendo a
fundação e superestrutura.
28
Já os projetos de instalações detalham os sistemas e equipamentos existentes na
edificação. Dentre os projetos de instalações podem-se destacar como principais:
instalações elétricas, telefonia, SPDA, hidro-sanitários, GLP, Prevenção e
combate a incêndio, elevadores, etc.
Segundo Rauber (2005), tanto o projeto estrutural quanto os projetos de
instalações estão condicionados ao projeto arquitetônico (figura 4.2), uma vez que
este, para organização do espaço, supõe a interferência da estrutura (locação de
pilares, altura de vigas, etc.), além de pré-dimensionar os compartimentos
utilizados pelas instalações (shafts, rebaixos de forro, quadros de medidores,
posição e altura de reservatórios de água, elevadores, etc.). Assim para que não
haja prejuízo aos projetos complementares, a arquitetura deve ser concebida
visando a perfeita compatibilização, o que requer do arquiteto conhecimentos
básicos acerca das condições necessárias para realização dos projetos
complementares.
29
Figura 4.2 – O arquiteto como coordenador de projetos (Lamberts, Dutra & Pereira, 1997).
4.5. Compatibilização de projetos
Segundo Rauber (2005), da interferência entre os projetos arquitetônicos e
complementares surge a necessidade de compatibilizar, ou seja, estudar a
maneira de todos os projetos coexistirem harmonicamente na edificação. Em
outras palavras, compatibilizar é fazer com que todas as soluções de projeto se
encaixem perfeitamente na construção.
Para Manzione (2004), a alvenaria estrutural pelas características de seu
processo de produção, requer a compatibilização entre todos os projetos para
eliminação das interferências. Na etapa de elaboração de projetos serão
30
conferidos itens como: medidas dos ambientes, espessuras dos revestimentos,
modulação dos vãos de esquadrias e, principalmente, resolvidos os conflitos com
as instalações.
31
5.
O
PROJETO
E
EXECUÇÃO
DA
ALVENARIA
ESTRUTURAL
5.1. Conceito de Racionalização
Segundo Barros (1996), a racionalização na construção consiste no esforço para
tornar mais eficiente a atividade de construir, na busca da melhor solução para os
diversos problemas da edificação. Em outra definição, Rosso (1980) aborda o
tema com maior abrangência: “é um processo mental que governa a ação contra
os desperdícios temporais e materiais dos processos produtivos, aplicando o
raciocínio sistemático, lógico e resolutivo”. Sabbatini (1989) aborda de forma
direta o conceito de racionalização “racionalizar é eliminar desperdícios”.
A alvenaria estrutural é um sistema construtivo racionalizado, privilegiando a
integração das soluções em projeto o que evitará desperdício tanto de tempo
quanto de recursos, sejam humanos ou materiais no canteiro de obras.
32
5.2. O projeto de alvenaria estrutural
A condição inicial de trabalho do arquiteto ao se adotar a alvenaria estrutural é
entender que o arranjo arquitetônico será elaborado por meio de painéis
(paredes) e não pórticos (pilares e vigas). Condição esta que se apresenta com
melhor desempenho uma vez que as paredes na alvenaria estrutural transmitem
melhor os esforços da estrutura para o solo.
Após a elaboração do estudo preliminar passa-se para a elaboração do
anteprojeto onde o arquiteto deverá escolher o tipo de bloco a ser utilizado na
construção. Esta escolha deve levar em consideração as características dos
materiais encontrados no mercado local para que se tenha uma edificação
segura, econômica e que atenda as necessidades ao fim que se destina.
Na próxima etapa, após definido o tipo de bloco, passa-se para a modulação do
projeto em função do módulo do bloco. Nesta etapa será definido também o tipo
de laje que será usada na edificação.
33
Na etapa seguinte, seguirá a etapa de elaboração dos projetos complementares
(estrutural, elétrica, hidráulico, elevador, ar condicionado, gás, etc.). É nesta fase
que se torna fundamental a coordenação e compatibilização de projeto para tratar
as interferências entre a arquitetura, a estrutura e as instalações para evitar
transtornos e desperdícios na obra.
5.3. Modulação
5.3.1. Conceitos básicos sobre modulação
O bloco é o componente básico da alvenaria estrutural e este será definido por
suas 03 dimensões principais que são a largura, comprimento e altura. O
comprimento e a largura definem o módulo horizontal e a altura define o modulo
vertical.
Segundo Manzione (2004), a coordenação modular é a técnica que permite, a
partir de um módulo básico, estabelecer as dimensões dos ambientes tanto no
sentido horizontal (modulação horizontal) com vertical (modulação vertical).
Segundo Ramalho & Corrêa (2003), é importante que o comprimento e a largura
sejam iguais ou múltiplos, de maneira que efetivamente se tenha um único
34
módulo em planta. Ocorrendo esta condição, a amarração das paredes terá
grande simplificação, com ganhos significativos em termos de racionalização do
sistema construtivo.
5.3.2. Importância da modulação em projeto
A importância da modulação em projetos de alvenaria estrutural é para que a
edificação seja segura, econômica e racionalizada. Não havendo a modulação,
como os blocos não poderão ser cortados haverá a necessidade de enchimentos
o que aumentará o custo da construção.
5.3.3. Blocos usuais
Segundo Ramalho & Corrêa (2003), os blocos que são facilmente encontrados no
Brasil são os de modulação longitudinal de 15 e 20 cm, com comprimentos
múltiplos de 15 e 20 cm. Considera-se ainda que nas regiões Norte e Nordeste é
comum bloco de módulo 12cm, sendo que este bloco já começa a ser utilizado
em outras regiões do pais, mas limita-se a construções de até 02 pavimentos.
Normalmente a largura é igual ao módulo longitudinal, mas para blocos de módulo
longitudinal 20 cm, pode-se encontrar larguras de 15 ou 20 cm. Quanto a altura é
35
pouco comum encontrar valores diferentes de 20 cm, exceto para blocos
compensadores.
Para modulação longitudinal de 15 cm, são encontrados blocos com 15, 30 e 45
cm. Já para modulação de 20 cm têm-se blocos com comprimentos de 20 e 40
cm, nas larguras de 15 e 20 cm.
5.3.4. Modulação horizontal
Definido o módulo básico a ser utilizado, faz-se o lançamento da primeira fiada.
Para as demais fiadas deve-se atentar quanto a não utilização de juntas a prumo.
Desta forma, as fiadas subseqüentes são lançadas de modo a se ter a melhor
concatenação entre os blocos. Essa condição significa defasar as juntas numa
distância de meio bloco conforme demonstrado na figura 5.1.
Figura 5.1 – Fiadas 1 e 2 e elevação de parede sem juntas a prumo (Ramalho & Corrêa 2003).
36
Serão apresentados outros exemplos de plantas de locação da primeira fiada e
elevações, bem como Ias informações mínimas que devem conter nestas plantas.
Tabela 5.1. Informações mínimas para a planta da primeira fiada (Manzione, 2004).
37
Figura 5.2. Planta de primeira fiada preparada para locação de alvenaria (Manzione, 2004).
38
INFORMAÇÕESMÍNIMASPARA A PLANTA DA PRIMEIRA FIADA
Eixos de locação com medidas acumuladas a partir da origem.
Eixos de locação com medidas acumuladas até a face dos blocos.
Dimensões internas dos ambientes com medidas sem acabamentos.
Indicação de blocos estratégicos com cores diferentes.
Indicação de elemntos pré-fabricados.
Posicionamento de shafts e furação de lajes.
Representação diferente entre as paredes estruturais e as de vedação.
Numeração das paredes e indicação de suas vistas.
Indicação dos pontos de graute.
Medidas dos vãos das portas.
Representação das cotas de forma direta evitando a obtenção de medidas por diferenças.
Tabela 5.2. Informações mínimas para a planta da primeira fiada (Manzione, 2004).
INFORMAÇÕESMÍNIMASPARA OSDESENHOSDASELEVAÇÕES
Indicação da posição de todos os blocos.
Identificação com cores diferentes dos blocos especiais e dos compensadores.
Representação colorida das tubulações elétricas e caixinhas.
Representação de todos os pré-moldados leves (vergas, coxins, quadros, etc.).
Cotas dos vãos das portas e janelas.
Cotas dos níveis dos pavimentos e a espessura das lajes.
Indicação dos pontos de graute com textura mais escura.
Indicação das barras de aço verticais e horizontais.
Indicação das canaletas e vergas.
Legenda.
Tabela com resumo de quantidades de blocos, aço, graute e pré-moldados.
Tabela 5.3. Informações mínimas para desenhos das elevações (Manzione, 2004).
39
Figura 5.3. Elevação da parede (Manzione, 2004).
40
Deve-se ter especial atenção a cantos e amarrações uma vez que são pontos de
transferência de cargas entre paredes e de concentrações de tensões. Utilizando
blocos modulares as soluções a serem aplicadas podem ser simples. A seguir,
apresentam-se detalhes de amarrações e cantos sugeridos por Manzione (2004).
Quando se trabalha com blocos modulares as situações são:
a) Amarração em “L” – com a aplicação de blocos da família 29, nos encontros de
duas paredes ortogonais, pelo fato do comprimento modular do bloco ser igual ou
múltiplo de 15 cm, não há necessidade de outro componente semelhante ao B34
da família 39 (figura 5.4).
Figura 5.4. Amarração em “L” – B29 (Manzione, 2004).
41
b) Amarração em “T” – no encontro de duas paredes contínuas com uma terceira
ortogonal (encontro em “T”) utiliza-se bloco B44 (bloco de três módulos) para que
não ocorram juntas a prumo (detalhe visto na figura 5.5). A família de blocos mais
utilizada é a 39, não modular, que requer a utilização de blocos especiais para
cantos e encontros de paredes.
Figura 5.5. Amarração em “T” – B29 (Manzione, 2004).
Já quando se trabalha com blocos não modulares, a opção é a família de bloco
39. Agregados às peças especiais e permitem os ajustes necessários à
modulação e amarração de fiadas sem necessidade de uso de grampos. Nesta
condição as situações são:
a) Amarração em “L” – utilizando a família 39 em encontros de duas paredes
ortogonais, adota-se o B34 para restabelecer a unidade modular de 20 cm,
42
afetada pela largura dos blocos de 14 cm. Assim, não deverão ocorre juntas a
prumo (figura 5.6).
Figura 5.6. Amarração em “L” – B39 (Manzione, 2004).
b) Amarração em “T” – em encontros entre paredes contínuas com uma terceira
ortogonal utiliza-se o B54 para restabelecer a unidade modular de 20 cm que foi
alterada pela largura modular dos blocos de 15 cm e não ocorrer juntas a prumo
(figura 5.7).
Figura 5.7. Amarração em “T” – B39 (Manzione, 2004).
43
5.3.5. Modulação Vertical
Por ser mais simples, a modulação vertical raramente provoca alterações
relevantes no layout arquitetônico.
Consideram-se duas situações básicas: piso a teto e piso a piso.
Na primeira opção onde a distância modular é considerada de piso a teto (figura
5.8), as paredes em extremidade terminarão com o emprego do bloco “J”. Este
bloco tem uma de suas laterais com altura maior que a convencional de forma
encaixar a espessura da laje. Nas paredes internas serão aplicados blocos tipo
canaleta.
Um problema identificado na aplicação do bloco “J” é a quebra da aba devido a
fragilidade em função da altura, o que dificulta a montagem e gera desperdício e
entulho no canteiro de obra.
44
Figura 5.8. Uso do bloco J (Manzione, 2004).
Outra opção ainda na modulação de piso a teto, no caso da não utilização do
bloco “J” na parede externa é optar por utilizar blocos tipo canaleta também nesta
parede (figura 5.9). Neste caso há a necessidade de utilização de forma auxiliar.
Figura 5.9. Parede externa sem bloco J (Ramalho & Corrêa, 2003).
A segunda opção para modulação vertical é considerar a distancia modular de
piso a piso. Na última fiada da parede externa será aplicado o bloco “J”, cuja aba
tem altura menor que o convencional (“jotinha”), também proporcionando o
45
encaixe da laje. Nas paredes internas serão aplicados os blocos compensadores
(figura 5.10).
Figura 5.10. Detalhe genérico de modulação vertical piso a piso (Manzione, 2004).
Segundo Manzione (2004), esta segunda solução torna-se mais complicada que a
modulação de piso a teto, pois introduz mais dois tipos de blocos (“jotinha” e
compensadores) no canteiro de obras, reduzindo a produtividade da mão-de-obra.
Outra condição a ser considerada é que este bloco não é fornecido com
46
freqüência pelo mercado e desta forma será necessário serrar o bloco canaleta.
Esta atividade completar onera o custo da edificação, pois é necessária a
aquisição e manutenção de serra, disco de corte e contratação de mão-de-obra
especifica e ainda pode ocorrer patologias futuras.
5.4. Fundação
Desde que as características do solo permitam, aconselha-se a execução de
fundações diretas com o uso de radier em detrimento de sapatas corridas (figura
5.11). Esta solução construtiva dispensa o uso de formas de madeiras e podem
ser armadas com tela eletrosoldada, o que agiliza o processo e o torna
econômico.
Figura 5.11. Fundação em placa de concreto – “radier” (Manzione, 2004).
47
5.5. Laje
É de grande importância a definição das lajes no sistema de alvenaria estrutural.
As lajes recebem e transmitem as cargas permanentes e variáveis atuando com
diafragma, redistribuindo as tensões.
As lajes são classificadas conforme o processo de fabricação (Tabela 5.4).
Tabela 5.4. Tipos de lajes (Manzione, 2004).
48
As lajes podem ser armadas em uma ou em duas direções, devendo ser sempre
apoiadas em paredes estruturais. As de uso mais recomendado são as lajes
maciças armadas em duas direções. Contudo, como são moldadas in loco, há a
necessidade do uso de formas, escoramentos, montagem de armação,
relativamente mais complexas, o que reduz a racionalização e produtividade da
construção. Uma alternativa é a utilização de lajes pré-fabricadas. Dentre as préfabricadas destaca-se o uso da pré-laje que apresenta grandes vantagens
(Tabela
5.5)
quanto
a
racionalização
do
processo
construtivo
e
conseqüentemente reduz custos.
VANTAGENSNO USO DE PRÉ-LAJES
Não são utilizadas fôrmas de madeira nem mão-de-obra de carpinteiros
Utiliza apenas escoras pontuais no centro por 21 dias, eliminado o sistema convencional de
cimbramento e facilitando a circulação em fôrmas metálicas, niveladas e sem emendas.
O acabamento do teto é liso, pois as peças são fundidas em fôrmas metálicas, niveladas e sem
emendas.
O processo garante que o acabamento do piso seja nivelado e polido, pois a pré-laje não se deforma
com o peso da capa de concreto.
A marcação das caixas elétricas e a furação dos shafts não precisas, pois suas indicações estão fixadas
nas fôrmas metálicas, o que evita o desperdício de mangueiras e erros nas subidas da interligação da
laje com a alvenaria.
Rapidez na montagem, pois a laje é transportada semi-pronta ao local.
Utiliza-se mão-de-obra em quantidade muito inferior a que seria necessária no processo
convencional.
Indicação das barras de aço verticais e horizontais.
Menor custo final.
Maior garantia de qualidade e de cumprimento de prazo.
Tabela 5.5. Principais vantagens no uso de pré-lajes (Manzione, 2004).
49
Segundo Rauber (2005), no caso de lajes armadas em uma única direção é
importante evitar que as armações das lajes estejam na mesma direção. A figura
5.12 ilustra como deve ficar a disposição das armaduras, tomando o devido
cuidado de equalizar a quantidade de armação em ambos os sentidos.
Figura 5.12 – Disposição da armadura recomendada para lajes armadas em uma única direção
(Rauber – 2005).
5.6. Vergas e contra-vergas
A utilização de verga e contra-vergas é indispensável quando da utilização do
sistema de alvenaria estrutural. Estes elementos atuam na absorção de esforços
nos cantos de abertura que são locais de concentração de tensões.
Podem ser executados a partir da utilização de:
a) Blocos canaletas armados e grauteados (figura 5.13);
50
b) Peças de concreto armado moldada in loco (figura 5.14);
c) Peças de concreto armado pré-fabricadas (figura 5.15);
Figura 5.13. Verga e contra-verga executada com bloco tipo canaleta (Santos, 2004).
51
Figura 5.14. Verga de concreto moldada in loco (Santos, 2004).
Figura 5.15. Verga pré-fabricada de concreto (Santos, 2004).
52
5.7. Esquadrias
De forma a racionaliza a produção das esquadrias é de fundamental importância
o controle durante a execução da alvenaria para garantia da precisão de medidas
dos vãos.
5.7.1. Portas
Pode-se optar pela utilização de batentes metálicos ou de madeira.
a) Batentes metálicos – estes facilitam a elevação da alvenaria, pois servem de
gabarito, entretanto não permite a utilização do “kit” porta-pronta.
b) batentes de madeira – permitem a adoção do sistema de porta pronta cuja
fixação é feita pelo uso de espuma de poliuretano.
5.7.2. Janelas
Deve-se optar por esquadrias que acompanhem a modulação vertical e horizontal
evitando-se quebras ou enchimentos.
53
Podem-se utilizar esquadrias de ferro ou alumínio, sendo o usualmente o
emprego de caixilhos de alumínio sem contramarcos. Para a proteção dos vãos
pode-se aplicar ainda marcos de concreto pré-moldado (figura 5.16).
Figura 5.16. Marcos de concreto pré-moldados envolventes (Manzione, 2004).
5.8. Escadas
As escadas, assim com as lajes, podem ser pré-fabricadas ou moldadas in loco.
5.8.1. Escada pré-moldada tipo “jacaré”
Formada por vigas dentadas (“jacaré”), degraus, espelhos e patamares prémoldados (figuras 5.17). Tem como principal vantagem a fácil montagem da
54
escada, em contrapartida a desvantagem de ser viável sua aplicação quando há
parede central de apoio entre os lances. São indicadas para obras habitacionais
de baixo custo.
Figura 5.17. Representação esquemática da escada tipo jacaré (Rauber, 2005).
Figura 5.18. Etapas de execução da escada tipo jacaré (Santos, 2004).
55
5.8.2. Escada de concreto armado moldada in loco
Há a necessidade da utilização de forma e escoramento o que torna uma
desvantagem da utilização. Como vantagem, não necessita de equipamentos
especiais para sua execução (figura 5.19).
Figura 5.19. Representação esquemática da escada de concreto armado moldada in loco (Rauber,
2005).
56
Figura 5.20. Execução da forma para execução da escada moldada in loco (Santos, 2004).
5.8.3. Escada pré-moldada de concreto
São escadas maciças, fabricadas com lances inteiros. Tem com vantagem a
rapidez para instalação e como desvantagem a necessidade de equipamento de
içamento (guindaste) para movimentação e instalação.
57
Figura 5.21. Representação esquemática da escada pré-moldada de concreto (Rauber, 2005).
58
Figura 5.22. Exemplo de escada pré-moldada de concreto (Santos, 2004).
5.9. Instalações
Uma premissa do emprego da alvenaria estrutural é a integração do projeto
arquitetônico com os projetos complementares, notadamente com relação aos
projetos de instalações (elétrica, hidráulico, gás, telefonia, etc.). Não se pode
admitir a execução de rasgos nas paredes para passagem de tubulações
conforme figura 5.23. Desta forma o projeto deve estar integrado com a
arquitetura e estrutura deve prevê a solução para lançamento das instalações.
59
Figura 5.23. Execução de instalação elétrica através do rasgo em alvenaria estrutural o que é uma
prática inaceitável (Santos, 1998).
Na alvenaria estrutural as instalações hidráulicas apresentam maior dificuldade
durante a execução. Uma opção bastante empregada é o shaft (figura 5.24), que
possibilita a passagem das tubulações hidráulicas num mesmo local e que
apresenta como grande vantagem a facilidade de acesso no caso de
manutenção. Esta solução deve se prevista em projeto pelo arquiteto em conjunto
com o projetista de instalação.
60
Figura 5.24. Shafts hidráulicos visitáveis (Santos, 2004).
Outra opção é a utilização de paredes hidráulicas, que é a concentração das
tubulações numa mesma parede, que não tem função estrutural. Adotada em
cozinhas e banheiros (figura 5.25).
Figura 5.25. Exemplo de parede hidráulica (Rauber, 2005).
61
Nas instalações elétricas a passagem das mangueiras é feita após a elevação da
alvenaria (figura 5.26). É desaconselhável a pratica de lançamentos das
mangueiras elétricas durante a elevação da alvenaria. Esta prática reduz a
produtividade uma vez que será necessário encaixar os blocos nas mangueiras.
Figura 5.26. Lançamento da mangueira elétrica após elevação da alvenaria.
62
As caixas elétricas (tomadas e interruptores) devem-se chumbadas em blocos
elétricos que recebem o corte no tamanho da caixa, sendo estes cortados em
bancada específica com emprego de ferramentas apropriadas. Desta forma evitase a execução de furos após a executada a parede (figura 5.27)
.
Figura 5.27. Colocação da caixinha elétrica (tomada e interruptor) no bloco.
Para assentamento de quadro de distribuição, devido ao tamanho dos mesmos,
será necessário executar cortes na alvenaria. Conforme manual ABCI (1990),
este procedimento pode ser feito tanto em alvenaria de vedação quanto em
63
paredes estruturais. Em paredes estruturais o seu emprego deverá ser
previamente avaliado e previsto em projeto pelo calculista da estrutura. Este
verificará se a abertura necessária para embutir o quadro com dimensões
maiores, com conseqüente redução de seção resistente da parede, não prejudica
a estabilidade da mesma.
Para lançamento horizontal das tubulações, conforme Rauber (2005), alguma
soluções racionalizadas podem ser adotadas, evitando-se rasgos na alvenaria:
a) Tubulação embutida no piso (figura 5.28);
b) Tubulações executadas sob a laje, escondidas com a aplicação de forro
rebaixado, podendo ser removível (madeira) ou não (gesso) (figura 5.29);
c) Utilização de blocos mais estreitos, formando reentrâncias para a
passagem da tubulação no sentido horizontal (figura 5.30);
d) Trecho horizontal da tubulação embutido na parede em blocos adaptados
executados quando da elevação da alvenaria (figura 5.31);
e) Emprego de bloco tipo canaleta para passagem de tubulação (figura 5.32).
64
Figura 5.28. Tubulação de água fria embutida no piso (Santos, 2004).
Figura 5.29. Tubulação horizontal sob a laje, escondida pelo forro rebaixado (Santos, 2004).
65
Figura 5.30. Tubulação embutida em parede com reentrâncias (Santos, 2004).
Figura 5.31. Tubulação embutida em blocos adaptados (Rauber, 2005).
66
Figura 5.32. Tubulação embutida em bloco canaleta (Rauber, 2005).
5.10. Revestimento
Conforme manual ABCI (1990), com a utilização de blocos industrializados de boa
qualidade, mão-de-obra qualificada e controle rigoroso durante a execução e
possível ter boas soluções de revestimentos com redução de custos e
racionalização do processo construtivo.
Para revestimento interno, observadas as premissas acima, é possível dispensar
camadas regularizadas (reboco ou emboço) permitindo que se aplique o
revestimento final (gesso, massa fina, azulejos, etc.) diretamente sobre o bloco.
67
Para revestimento externo, sugere-se sempre a aplicação de chapisco para
melhor aderência do reboco ou massa única.
Tanto
em
revestimentos
internos
quanto
externos
deve-se
observar
procedimentos de norma.
Figura 5.33. Opções de Revestimento (Manual ABCI, 1990).
68
5.11. Cobertura
A cobertura tem função importante na alvenaria estrutural, a última laje deve
receber atenção e cuidados especiais uma vez que sofre efeitos térmicos de
dilatação. Conforme Rauber (2005), quando projetadas de forma inadequada, as
lajes, em geral do último pavimento, se deformam excessivamente, podendo
cisalhar a alvenaria, causando fissuras e originando patologias. Como uma das
soluções recomenda-se o isolamento térmico da cobertura.
Para se evitar que a dilatação térmica da laje do último pavimento provoque o
cisalhamento da alvenaria pode adotar duas soluções opostas: impedir o
movimento, enrijecendo sua vinculação com as alvenarias através de cintas
armadas, ou inversamente, desvinculá-las destas, permitindo o seu movimento
livre. Sendo este último o mais empregado.
Outro problema que pode ocorre na laje de cobertura é infiltração que pode ser
solucionado através da impermeabilização e adoção de telhado.
69
6. CONCLUSÃO
A alvenaria estrutural pode ser entendida como um sistema construtivo
racionalizado. A consideração parte da condição indispensável e imprescindível
do planejamento adequado e cumprimento de cada etapa de projeto para se
edificar um empreendimento sem desperdícios, retrabalhos ou improdutividade.
Neste cenário é peça fundamental o arquiteto, pois é ele que desde a fase de
anteprojeto definirá a melhor modulação do bloco, elemento fundamental na
alvenaria estrutural, para racionalização do processo construtivo. Considera-se
ainda de extrema relevância que o projeto arquitetônico esteja compatibilizado e
integrado ao projeto estrutural e de instalações o que evitará que sejam feitas
adaptações no canteiro de obras ao se deparar com interferências não tratadas
em projeto.
O aproveitamento dos recursos e soluções disponíveis no mercado aliado com
boas práticas de desenvolvimento de projetos trará para a construção em
alvenaria estrutural uma significativa redução de custos e conseqüentemente
competitividade em detrimento de outros processos construtivos.
70
O desafio é vencer o preconceito que a alvenaria estrutural é sinônimo de
habitação de baixa renda, devido a condição imposta de limitação de vãos
pequenos para o seu emprego. Para tanto é necessário a constante pesquisa e
desenvolvimento dos métodos de calculo, bem como pela melhoria constante da
qualidade dos materiais empregados na alvenaria estrutural.
71
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Autor
desconhecido.
Qual
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conceito
de
projeto?
Disponível
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