Apresentação Japonismo Década de 80
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Apresentação Japonismo Década de 80
JAPONISMO DÉCADA DE 80 日本語 Isabella Madeira Priscila Ramos 80 の十年 日 本 語 DÉCADA DE CONTRASTES Luxo é o ideal de consumo para uma sociedade desenfreada. CRISE ECONÔMICA Devido às dificuldades financeiras os estilistas estabelecidos não propunham grandes mudanças, nem ousavam muito. JAPONESES Permeavam o mundo fashion desde o final dos anos 70. Foram o maior contraste da moda dos anos 80. GRANDE RUPTURA Três estilistas japoneses surpreenderam o mundo. Conceitos totalmente novos. Roupas inesperadas que cobriam o corpo conscientemente ao invés de descobri-lo. REI KAWAKUBO ISSEY MIYAKE YOHJI YAMAMOTO A tríade oriental que correu contra a corrente dos exageros e a sensualidade explícita da década. REVOLUÇÃO JAPONESA NA MODA JAPONISMO • Propostas ousadas • Pouco convencionais • Apuro no traço e na construção • Corte perfeito • Formas arquitetônicas inovadoras • Ideais libertários, sem amarras com tabus e convenções do vestir ocidental • Simplicidade lírica e desconcertante • Subverte as regras no tabuleiro da moda INOVAÇÃO • Uso de técnicas e materiais japoneses • Tecidos de fibras naturais e tecnológicos • Tingimentos orgânicos • Cortes que lembravam roupas antigas de trabalho Estilistas ocidentais - entregues ao luxo opulento Estilistas orientais - criaram uma espécie de miséria luxuosa Creditam-se a Rei Kawakubo e Yohji Yamamoto duas importantes inovações conceituais no mundo da moda: o das peças one size (tamanho único) e o visual urbano minimalista em vários tons preto sobre preto. O preto toma conta das passarelas. Looks que lembravam os mendigos receberam dos críticos de moda o nome de PAUPERISMO. Os estilistas orientais romperam todos os paradigmas da moda e através do ascetismo e a desconstrução, colocaram em questão muitos valores – luxo, riqueza e culto ao corpo. O Ascetismo ou asceticismo é uma filosofia de vida na qual são refreados os prazeres mundanos, onde se propõem austeridade. Aquelas que praticam um estilo de vida austero definem suas praticas como virtuosa e perseguem o objetivo de adquirir uma grande espiritualidade. Com o minimalismo trouxeram referências masculinas, um corte impecável e uma cartela de cor reduzida, prevalecendo o monocromático. PRINCIPAIS DIFERENÇAS Moda ocidental parte do corpo Moda oriental parte do tecido Pensar nas possibilidades do tecido no corpo e não do corpo no tecido causou frisson no mundo da moda. Yohji Yamamoto (1943-) 山本 耀司 1969 Formado em direito e em moda. Foi a Paris para um estágio em moda como prêmio por vencer um concurso. De volta ao Japão, abriu sua empresa de confecção, a Y´s Co. Ltd. 1972 1981 Primeira coleção de alta costura em Paris. Chocou a imprensa especializada com roupas desestruturadas, em tecidos de aspecto simples, de cores lisas e fortes contrastando com tons neutros, enfatizando texturas ao invés de estampas, bordados e brocados. Focado em assimetria, sobreposições soltas e funcionalidade, procurou fazer uma moda atemporal e minimalista, num raciocínio similar ao do vestuário dos monges zen-budistas, que há mil anos usam quimonos sóbrios. Na moda, Yohji Yamamoto é conhecido por ser o primeiro estilista a usar o MINIMALISMO em suas obras e em seu estilo. Junto com Rei Kawakubo, ganhou todo o reconhecimento que merecia com seus looks no estilo pauperismo. Nova estética, que unia moda, poesia e tradição cultural. 1983 1985 Catálogo outono inverno 1989 Documentário “A Notebook on cities and clothes”, dirigido por Wim Wenders . O filme mostra o processo de elaboração e criação de uma coleção feita por Yamamoto e sua relação com diversas cidades. 1991 Entretanto, Yamamoto é mais lembrado por algumas de suas peças mais dramáticas e experimentais, explorando formas geométricas ou usando materiais inusitados, como o vestido de madeira e dobradiças. 1996 Em 1996 Yamamoto lançou seu primeiro perfume, iniciando uma bem-sucedida linha. Atualmente Yamamoto continua na direção artística da Y´s, uma holding com filiais na França, Itália e Estados Unidos, e embora continue atuando na alta costura, o carro-chefe de seus negócios são suas linhas de prêt-à-porter de luxo e perfumes. Sempre foi adepto da idéia de que o tecido e a roupa devem ser utilizados com o principal objetivo de valorizar o indivíduo e colocar sua personalidade em evidência. Autumn/Winter 1996. Collection of the Kyoto Costume Institute. Issey Miyake (1939 - ) Nascido em Hiroshima salvou-se da tragédia e pôde construir um legado e tanto para a moda mundial. Por conta de sua experiência – de estar em Hiroshima quando a bomba foi lançada – Miyake diz que prefere construir a destruir, em seu trabalho de moda. 1965 Formou em design em Tóquio e foi a Paris estudar costura decidido a tornar-se um estilista, onde trabalhou como assistente de Guy Laroche e Hubert de Givenchy. 1969 Não se identificou com a formalidade da alta costura e foi para Nova York, onde trabalhou para a Geoffrey Beene, prêt-à-porter feminino. 1970 Após conhecer dois extremos do mundo da moda voltou ao Japão e decidiu pôr de lado tudo o que havia aprendido até então sobre concepção e função do vestuário, focando-se no design. Produziu roupas de cortes assimétricos estudados, com amplos tecidos sobrepostos destacando texturas e que podiam revelar características surpreendentes, dependendo do movimento da pessoa ou da maneira pela qual a peça era usada. Tratava-se de um raciocínio oposto ao então vigente na moda: ao invés de valorizar-se o corte e a costura do tecido de modo que o tecido reproduzisse as formas do corpo, priorizase o próprio tecido, que deve produzir novas formas e volume a quem o veste. 1971 Abriu o Miyake Design Apesar de começar sua carreira nos ano 1970, foi no anos 80 que a projeção foi maior. 1994 Partindo da máxima “o estilo parte da vida”, Miyake não deixou sua moda ficar somente no espetáculo da passarela e propôs peças práticas para o dia-a-dia. Sendo assim, nessa via de mão dupla vida-moda, Miyake sempre apostou em pesquisa de tecidos e desdobrou suas possibilidades. Seja em dobraduras, cortes, aplicações, beneficiamento e etc. Plissados Tricô 1984 1982 1983 1985 1984 1986 1995 1994 1992 Cria o perfume L`Eau de Issey. 2000 Após 30 anos de carreira, consagrado internacionalmente como designer inovador, muito conhecido por suas constantes contestações sobre o vestir e também por suas pesquisas na área têxtil, Miyake passou a criação de suas coleções para o estilista Naoki Takizawa. 2007 Dai Fujiwara assumiu a direção criativa. Atualmente o nome de Issey Miyake é uma verdadeira franquia internacional, que dá prestígio a perfumes, malas, jóias, relógios, alta costura e prêt-àporter de luxo. O trabalho de Miyake, muito marcado pelo uso de plissados, ganha relevância com o A-POC (A Piece of Cloth), desenvolvido com seu assistente Dai Fujiwara. O projeto consiste numa espécie de tubo de tecido sintético (que gruda nas formas do corpo), onde as peças de roupas são confeccionadas já no formato final, sem nenhuma costura, revolucionando a indústria têxtil. O processo todo dispensa mão-de-obra qualificada, fazendo com que o custo de produção também seja bem inferior, além de ser bem mais sustentável, já que tem pouquíssimo desperdício de material. A-POC Rey Kawakubo (1942- ) A mais revolucionária das estilistas da geração dos anos 80, pois causou admiração no mundo da moda através de criações chocantes. Kawabuko era conhecida principalmente pelo aspecto conceitual de suas criações. Sem dúvida sua formação em Literatura, Filosofia e Artes exercem grande influência em suas roupas. 1964 a 1969 Designer free lancer 1969 Estabelece sua marca “Comme des Garçons” 1981 Apresentou sua coleção em Paris Apelidadas de Hiroshima Chic, definição bem mais friendly que a expressão “boro look” (visual esfarrapado), cunhada pela imprensa japonesa para definir o estilo das roupas de Kawakubo. Roupas anticonvencionais, desestruturadas a ponto de estarem totalmente rasgadas ou faltando uma parte. Sem seguir a forma do corpo, parecendo que os tecidos estavam desordenadamente sobrepostos na pessoa. Visual total em preto ou crú. Se os críticos de moda e fashionistas não entendiam o conceito da estilista, os jovens da época certamente se identificaram com o sentimento niilista que as peças transmitiam. É a desvalorização e a morte do sentido, a ausência de finalidade e de resposta ao “porquê”. Os valores tradicionais depreciam-se e os "princípios e critérios absolutos dissolvem-se". "Tudo é sacudido, posto radicalmente em discussão”. O estranhamento logo se tornou admiração e o sucesso chegou para Comme des Garçons. Virou ícone e o grande público adotou as sobreposições de preto sobre preto propostas pela estilista. Vestido Comme des Garçons, 1987: pauperismo, preto, japonismo, revolução 1983 Kawakubo levou a Comme des Garçons para Nova York, onde conquistou um público que se identificava com o visual urbano, escuro e decadente de suas coleções de peças pretas, em diferentes tons de preto. Visual pauperismo questionando as formas, volumes e silhuetas até então tidos como convencionais. 1991 1983 1986 1991 1992 1995 1993 Recebeu o título de Dama da Ordem das Artes e das Letras do governo francês. Um reconhecimento à ousadia criativa de Kawakubo na moda. Store em NY 2009 2008 Hoje a marca tem mais de 300 lojas espalhadas pelo mundo além de uma linha perfumes e móveis. A direção criativa agora é dividida com o estilista Junya Watanabe e vem apresentando coleções mais coloridas sem perder a identidade da marca. A imprensa no ocidente tende a ver os estilistas japoneses de sucesso como parte de um grupo - algo que em nada reflete a realidade das carreiras de cada um dos designers mencionados. Nenhum deles fez parte de um grupo na intenção de obter coletivamente um espaço no competitivo mundo fashion. Ao contrário, todos tiveram de demonstrar talento e fazer valer características individuais para destacar seu trabalho e conquistar clientes, a crítica e o público. Outros estilistas que se destacam no meio fashion nipônico são: Kenzo Takada Hanaë Mori Kansai Yamamoto Junko Shimada