do PDF - Childhood Brasil

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Uma rainha contra o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes no Brasil
VEJA On-line - SP - CELEBRIDADES - 16/05/2011
Fundação Childhood , da rainha Silvia da Suécia, promove show no Theatro
Municipal do Rio para chamar atenção para o problema
Rafael Lemos, do Rio de Janeiro
A preocupação da rainha Silvia com a exploração de menores se deu a partir de um
escândalo na Suécia na década de 1990(AGNews)
"Como mãe, senti que era meu dever falar sobre isso. Esse não é um problema só
do governo ou dos políticos, mas de todos nós”, disse a rainha
Ela nasceu na Alemanha e acabou virando rainha na Suécia. Mas foi em São Paulo,
onde viveu com os pais dos 4 aos 13 anos, que Silvia Renata de Toledo
Sommerlath, filha de um empresário alemão com uma brasileira, fez seus primeiros
amigos e aprendeu a falar português – um dos seis idiomas que domina. Hoje, aos
67 anos, Sua Majestade Rainha Silvia da Suécia retorna ao Brasil por uma causa
nobre: divulgar o trabalho de sua fundação, a Childhood Brasil, na luta contra a
exploração e o abuso sexual de crianças e adolescentes.
Para chamar atenção para o problema, será realizado um show no Theatro
Municipal do Rio, nesta terça-feira, com a participação de artistas como Ana
Botafogo, Caetano Veloso, Djavan, Maria Gadú, Milton Nascimento, Patrícia Pillar,
Sandy e outros. O espetáculo contará ainda com direção geral de Monique
Gardenberg, direção musical de Guto Graça Mello, cenário de Gringo Cárdia,
iluminação de Maneco Quinderé e figurinos de Cao Albuquerque.
A agenda da rainha Silvia, que fica no país até o dia 21, também inclui sua
participação, na próxima quarta-feira, num congresso sobre abuso e exploração
sexual infantil, no Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília. Na ocasião, juízes
de todo o país vão relatar suas experiências com depoimentos de crianças vítimas
de abuso ou exploração sexual.
Até agora, o lobby da rainha já ajudou na aprovação de uma resolução no Conselho
Nacional de Justiça (CNJ) determinando a implementação de novas práticas para a
tomada de depoimentos de crianças nos tribunais brasileiros. A ideia é que os
depoimentos sejam colhidos por um psicólogo em uma sala especial dotada de um
circuito interno de TV, permitindo o acompanhamento de juízes, promotores e
advogados.
"A criança revive o trauma várias vezes. Primeiro, quando conta para os pais,
depois para o médico, polícia e juiz. Com as salas especiais, elas só precisam falar
uma vez. O juiz e o promotor fazem a pergunta a um psicólogo, assistente social ou
educador. E apenas esse profissional falará com a criança. Já implementamos uma
dessas salas no Tribunal de Justiça de Pernambuco e as próximas devem ser no Rio
e em São Paulo", explicou a rainha, nesta segunda-feira, durante entrevista
coletiva no Rio.
O envolvimento da rainha Silvia com o tema do abuso e da exploração sexual
infantil surgiu após um caso que chocou a Suécia na primeira metade da década de
1990. “Fiquei muito chocada. Percebi que era um tema que ninguém queria falar.
Então, como mãe, senti que era meu dever falar sobre isso. Esse não é um
problema só do governo ou dos políticos, mas de todos nós”, contou. "É importante
lembrar que esse não é um problema só no Brasil nem apenas das classes menos
favorecidas. Acontece em todo o mundo", completou.
No Brasil, a Childhood Foundation já fechou um pacto com mais de 900 empresas
e entidades empresariais visando ao combate da exploração sexual infantil nas
estradas do país. Um dos focos do trabalho da ONG são as campanhas de
conscientização de caminhoneiros.