O ensino/aprendizado da Matemática: Dificuldades de

Transcrição

O ensino/aprendizado da Matemática: Dificuldades de
O ensino/aprendizado da Matemática:
Dificuldades de aprendizagem da Matemática no ensino
fundamental
Nelson de Moraes
UNIMESP – Centro Universitário Metropolitano de São Paulo
Novembro / 2006
Sinopse: Esse artigo procura mostrar algumas dificuldades de aprendizagem que
alunos do Ensino Fundamental se deparam durante o curso. Comenta sobre a
Dislexia, o TDA-H (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), e as
Deficiências visual e auditiva que são fatores que contribuem para esse quadro
desfavorável, dificultando a aprendizagem efetiva não só da matemática, como
também de outras áreas do conhecimento, fazendo uma breve análise e comentários
sobre a relação Saúde/Educação, Educação/Saúde atualmente no Brasil. Por fim são
apresentadas algumas possíveis soluções, apoiadas em pesquisas e teorias de
profissionais da área, visando encontrar meios e/ou formas para amenizar as
dificuldades encontradas.
Introdução
A tabela de classificação da União Internacional de Matemática nos coloca ao
lado de países respeitados como Bélgica, Espanha, Israel e os pesquisadores
brasileiros junto dos melhores do mundo Em dois mil e dois (2002) alunos brasileiros
participaram da Olimpíada Mundial de Matemática e apresentaram bom desempenho.
Todavia, o Brasil, ainda, não conseguiu mudar a triste realidade, a qual está inserida a
educação matemática.
O governo enfrenta o problema. Através da LDB-Leis de Diretrizes e Bases, e
do PCN-Parâmetros Curriculares Nacionais, tenta estimular a interdisciplinaridade e
valorizar mais o raciocínio do aluno a habilidade em decorar fórmulas. Mas,
infelizmente, essas medidas não são suficientes para provocar mudanças
significativas.
A falta de capacitação profissional adequada; professores trabalhando em
condições precárias, ausências de política educacional efetiva são apenas alguns, dos
muitos, problemas que dificultam o aprendizado. Deve-se considerar, também, a
questão sócio-econômica do país, que demonstra um quadro preocupante. Por
conseguinte é possível observar crianças indo à escola somente para se alimentarem.
São vários os fatores que dificultam o aprendizado da matemática, mas este
artigo pretende expor alguns relacionados à saúde física, mental ou emocional dos
alunos.
Os problemas com a saúde pública influenciam no rendimento escolar e
merecem destaque. É um assunto que deve ser discutido entre autoridades
governamentais, especialistas da área médica e, se possível, da área da educação.
A literatura médica sobre distúrbios de aprendizagem é abundante. Traz a
problemática apontando como de origem e solução médica. Esse enfoque é ratificado
pelo comportamento de educadores, que consideram a questão de competência do
âmbito da saúde.
“A reversão desta situação parece-nos Imperiosa e urgente, a fim de minimizar
interferências negativas sobre a busca de novos caminhos para a educação brasileira.
Esta reversão só será conseguida através de um trabalho conjunto e consciente de
profissionais da educação e da saúde.” (COLLARES e MOYSÉS, 1985, p.9).
As autoras Cecília A. L. Collares e Maria Aparecida A. Moysés em artigo no
caderno CEDES (Centro de Estudos Educação e Sociedade) destacam dois aspectos
importantes a observar: a incorporação da educação pela saúde e o da saúde pela
educação.
“O setor saúde incorpora a educação aplicando-lhe seu raciocínio clínico tradicional,
privilegiando relações causais lineares e explicações fisiopatológicas. O resultado mais
gritante é a medicalização do fracasso escolar.” (COLLARES e MOYSÉS, 1985, p. 10).
Quanto à incorporação da Saúde pela Educação o que existe são serviços de
saúde escolar, vinculados às pastas de Educação, criados no Brasil a partir de 1.910
com o objetivo de promover e vigiar o saneamento do ambiente escolar e a saúde das
crianças. Gerando, assim, condições necessárias para a aprendizagem. Na prática
esses programas têm se limitado ao conhecido Exame Médico periódico para
Educação Física.
A finalidade deste artigo é chamar a atenção para os problemas de saúde que
interferem no aprendizado da Matemática e apontar possíveis soluções para sanar ou
atenuar essas dificuldades. Dentre elas o DTAH, Dislexia, Deficiência Auditiva e
Visual.
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
“A importância de um diagnóstico precoce e preciso incide no tratamento e no prognóstico
do quadro. Trata-se de um diagnóstico clínico, com base em critérios comportamentais,
sem um marcador biológico especifico. Dentro das dificuldades de se realizar um bom
diagnóstico, cabe destacar as expectativas não realistas do meio e as diferenças culturais
na interpretação da conduta. O que se considera como hiperatividade e o que se
considera como inquietação pode ter diferenças notáveis, dependendo de quem avalia;
portanto, requer-se um avaliador especialista no transtorno e nas características que lhe
são próprias.” (CONDEMARÍN, 2006, p.47)
Os sintomas do TDAH-Transtorno de Déficit de Atenção e Iteratividade, surgem
nos primeiros anos de vida, embora estudos atuais apontem para uma idade mais
avançada por volta dos doze anos. São crianças que têm pouca atenção sobre as
coisas; que ficam aquém das expectativas normais de desenvolvimento, que se
mostram mais imaturas do que realmente são. Elas, geralmente, são identificadas
como: desobedientes; preguiçosas, mal educadas, inconvenientes, com dificuldade de
adaptação social e não correspondem às expectativas dos adultos (pais e
professores). São estressadas, impulsivas e superativas para sua idade e não
conseguem cumprir regras e normas. Podem apresentar problemas de conduta, como
agressividade e dificuldades sociais com amigos e familiares. Não aceitam ouvir a
palavra “não” e sua auto estima é baixa.
Os sintomas são marcados pela falta de atenção nas aulas. Quando o
professor fala, elas estão sempre perguntando: “o quê?”. Não copiam uma frase
completa, não cortam a letra “ t ”, não colocam pingo na letra “ i “, trocam o sinal de
positivo (+) pelo sinal de negativo (-). Cometem esses deslizes por serem crianças
muito distraídas e não por terem dificuldades em fazer contas. Elas se distraem com
barulhos que as outras crianças ignoram. Não gostam de tarefas que exigem sua
atenção como, por exemplo, ler um livro. Nas atividades diárias esquecem o lanche e
também de dar recados importantes. Na vida social estão sempre mudando de
assunto por não prestarem atenção no que as pessoas dizem. Os sintomas de
hiperatividade é ausência de finalidade que permite diferenciá-la da superatividade
observada no desenvolvimento normal da criança em certas situações. É observada
quando a criança é inquieta, por exemplo, quando sobe na cadeira no momento
impróprio.
Os sintomas de impulsividade ou falta de controle podem ser observados
quando a criança fala antes que alguém termine a pergunta, ou não tem paciência de
ficar na fila e tem dificuldade de se expressar adequadamente. A impulsividade da
criança pode levá-la a cometer acidentes como derrubar objetos e tropeçar. Essa
criança não tem medo do perigo e age sem pensar.
A construção de uma rede de apoio é necessária para o professor que tem em
sua classe duas ou mais crianças com TDAH, isso se torna penoso, por essa razão é
muito importante que os pais colaborem com os professores fazendo acordos para
que juntos possam compartilhar métodos de trabalho que visem melhorar o
comportamento da criança, pois a mesma poderá ficar confusa se em casa fizer algo
que na escola não poderá fazer.
As regras devem estar claras na mente da criança para que ela possa adquirir
bons hábitos de comportamento. É muito importante para os pais, professores e
principalmente para a criança que haja sempre comunicação permanente e
harmoniosa entre eles. O professor deve fazer anotações em um caderno, se possível
uma agenda, relatando o desempenho da criança para que seus pais acompanhem o
que acontece na escola.
A rede de apoio também deve incluir, quando for possível, profissional
especialista, como professor especializado, psiquiatra infantil, psicólogo entre outros.
“Por se tratar de um diagnóstico basicamente clínico, requer o relato de pais e professores,
que nem sempre são coincidentes em suas apreciações e indicações sobre a conduta da
criança. As diversas manifestações do transtorno e suas diferentes apresentações, de
acordo com características individuais, idade, condições ambientais e a de manejo por
parte dos adultos, etc., fazem com que as crianças, os adolescentes e os adultos com
seqüelas de TDA constituam um grupo muito amplo, diverso e heterogêneo. Isso apresenta
demandas especiais para a avaliação, que tornam necessária uma abordagem
multidisciplinar, a utilização de instrumentos de natureza distinta que reflitam estas
diferenças, a participação de especialistas de diversas áreas, com os relatos dos pais e
dos professores. Não se conta com um teste único ou com uma bateria de testes que
permitam determinar a presença ou ausência do transtorno; portanto, trata-se de um
diagnóstico clínico que se realiza a partir dos relatos dos pais e, professores e da avaliação
neurológica, que permite determinar a imaturidade ou as alterações no desenvolvimento da
criança.” (CONDEMARÍN,2006, p.48)
Sugestões de algumas diretrizes para projetar uma sala de aula com criança
hiperativa.
•
•
•
•
•
•
O professor deve conhecer os problemas que estão relacionados à
hiperatividade e o impacto que isso causa em relação às outras crianças.
O professor não deve punir as crianças para tentar motivá-las.
O professor deve oferecer trabalhos escolares compatíveis com o nível de
capacidade das crianças.
O professor deve se preocupar mais com o processo de aprendizado que
esteja ligado à compreensão de um conceito e não somente no produto
(resolução de problemas).
O professor deve ignorar a desatenção em relação à lição que não atrapalhe
as outras crianças e, em seguida dar uma atenção especial quando a criança
voltar à tarefa.
O professor deve saber quando é preciso mudar seus métodos.
É muito importante que os pais e educadores sejam bem informados sobre o
que se pode fazer para tornar a vida dessas crianças que sofrem de transtorno menos
sofrida. Espera-se que a escola seja mais flexível, que os pais dêem mais atenção e
amor, que se preocupem mais com o dia a dia da criança, e que haja um
acompanhamento efetivo dos profissionais especialistas.
A criança recebendo todo o apoio que precisa vai conseguir superar esse
transtorno e ter um bom desenvolvimento emocional e cognitivo, evitando assim que o
quadro de transtorno possa evoluir para uma patologia.
Deficiências: Auditiva e Visual
Existem diversas causas que provocam a surdez em uma criança, a
identificação da perda auditiva é um problema técnico. Quando a perda é severa ou
extrema é fácil sua identificação, mas quando é leve é difícil seu reconhecimento.
É importante que o professor conheça alguns sintomas sobre a deficiência
auditiva para evitar mal entendido. Faz-se necessário, também, observar a criança que
ignora, ou não aceita instruções, que devaneia grande parte do tempo, que é
educacionalmente atrasada, que tenha uma leve imperfeição na fala, ou que pareça
estúpida quando pergunta repetidamente: “ o quê?”.
A criança deve usar aparelho auditivo para ampliar o som, desenvolver a leitura
labial, aprender LIBRAS-Linguagem Brasileira de Sinais, Os psicólogos devem
trabalhar junto com os pais e educadores para que a criança possa desenvolver suas
possibilidades cognitivas e emocionais.
“Para que ocorra a aprendizagem, é necessário que o organismo esteja apto a perceber.
Os órgãos dos sentidos são os meios através dos quais percebemos o mundo exterior e
nos relacionamos com ele. Eles são controlados pelo córtex cerebral, que interpreta as
mensagens recebidas e ordena as respostas. Em condições normais, os órgãos da visão
contribuem com 85% das impressões levadas ao cérebro para a realização do ato de
aprender. Problemas nessa área não só prejudicam o rendimento escolar como podem
influir na própria formação da personalidade da criança. Falta de interesse no trabalho,
desatenção, repetência, indisciplina, não participação em jogos e atividades que exigem
esforço visual são algumas das manifestações apresentadas por deficientes visuais.”
(ASSUNÇAO, 1990, p.132)
A cegueira tem sido considerada através dos tempos como uma das
incapacidades mais grave e traumática, com grande dose de emoção e piedade. A
criança irá conhecer o mundo através dos outros órgãos de sentidos e isso poderá
trazer dificuldades no seu desenvolvimento. A visão é importante para a formação de
conceitos, não se sabe ainda como, mas o deficiente visual consegue fazer vários
objetos com argila construindo e demonstrando dessa forma seus conceitos.
No aspecto cognitivo, a falta de visão causa restrição na ampliação e
variedades de experiências quanto à capacidade de locomoção e interação com o
ambiente, limita, ainda, a capacidade de ligar idéias a objetos, entre outros.
O processo de ensino deve ser igual aos alunos que enxergam, apenas com
ênfase especial na aprendizagem concreta, instrução unificada e auto-atividade, leitura
em braile, etc.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, 10% dos alunos da 1ª série do
Ensino Fundamental apresentam deficiências visuais que precisam de medidas
corretivas.
O Governo Federal tem revelado medidas que visam diminuir os índices de
reprovação e evasão escolar, causadas pelas deficiências (auditiva e visual).
Em 1984 foi criado o PNSE-Programa Nacional de Saúde do Escolar, que
repassa recursos para os municípios a fim de oferecer consultas e aquisição de
óculos. A partir de 2005, o programa foi ampliado e passou a realizar consultas
médicas (diagnóstico clínico) e fonoaudiológica (audiometria) para os alunos
beneficiados.
O objetivo do PNSE é identificar antecipadamente e corrigir os problemas de
audição e visão, para que esses alunos não tenham dificuldades no seu aprendizado.
Dislexia
A ABD-Associação Brasileira de Dislexia, é constituída por pais e disléxicos
voluntários, que têm a preocupação de conscientizar educadores pais e a sociedade a
respeito da dislexia. Seu objetivo é tornar-se auto-sustentável e trabalhar com
parcerias para criar projetos educacionais, formação de profissionais e pesquisa. A
ABD coligada brasileira a IDA-International Dyslexia Association, é uma entidade sem
fins lucrativos.
A dislexia é definida como um déficit no desenvolvimento do reconhecimento e
compreensão dos textos escritos.
Este transtorno de aprendizagem na área da leitura não ocorre por deficiência
mental, nem pela escassa escolarização ou problema neurológico. Somente se
classifica como tal se houver uma alteração relevante do rendimento escolar ou da
vida cotidiana. E deve ser diagnosticada por uma equipe multidisciplinar.
A dislexia é a mais comum das dificuldades de aprendizagem. Segundo
pesquisas realizadas, um quinto das crianças sofrem de dislexia, fazendo com que
elas tenham dificuldades no seu aprendizado. A criança disléxica não é menos
inteligente que as outras. Simplesmente algumas delas têm um grau de inteligência
normal ou superior às outras crianças.
Os pais e educadores devem saber que muitas crianças são disléxicas,
portanto precisam ficar atentos aos sinais de dislexia que, às vezes, podem ser
confundidos como mau comportamento, preguiça ou pouca inteligência. A criança
disléxica pode expressar sua frustração exatamente dessa maneira. A dislexia não é
motivo de vergonha para a criança nem para seus pais.
Existem diversos níveis e tipos de dislexia:
- Os níveis podem ser: leve, moderado e severo.
- Os tipos podem ser: Auditiva, Visual, Mista, Disgrafia, Disnomia e Discauculia.
•
•
•
•
•
•
Auditiva: dificuldades em identificar fonemas.
Visual: dificuldades em identificar grafemas.
Mista: são as duas dificuldades.
Disgrafia: dificuldades com coordenação motora fina.
Disnomia: dificuldade com a memória imediata.
Discalculia: dificuldades em fazer cálculos.
Alguns pesquisadores acreditam que pessoas disléxicas têm maior
probabilidade de serem bem sucedidas, pois as dificuldades no inicio da vida escolar
para aprender de uma maneira convencional faz com que estas crianças sejam mais
criativas e desenvolvam uma habilidade maior para lidar com problemas e stress.
As causas da dislexia são neurobiológicas e genéticas. Pesquisadores
acreditam que se a criança que tem disléxica for tratada ainda pequena ela terá muitas
chances de cura.
Para entender melhor a dislexia é importante conhecer o funcionamento do
cérebro. Diferentes partes do cérebro exercem funções especificas. A área esquerda é
a que está diretamente relacionada à linguagem que tem três sub-áreas distintas:
• Uma processa fonemas.
• Outra analisa palavras.
• E a ultima reconhece palavras.
Essas subdivisões funcionam em conjunto possibilitando que o ser humano
aprenda a ler e escrever. O cérebro de disléxicos não funciona dessa forma porque
existe falha de conexões cerebrais. O disléxico, para fazer a leitura, recorre à área que
processa fonemas e, por essa razão ocorre a dificuldade em diferenciar fonemas de
silabas.
Os sintomas da dislexia se apresentam pela:
- demora em aquisições e desenvolvimento da linguagem oral;
- dificuldades de expressão e compreensão,
- dificuldades para organizar seqüências temporais e espaciais,
- dificuldades em ordenar as letras do alfabeto,
- dificuldade em memorizar fatos recentes,
- dificuldade para organizar sua agenda,
- dificuldades para interagir com outras crianças.
Podemos observar que algumas crianças gostam de conversar são curiosas e
falam bem, mas não gostam de ler nem escrever, ou seja, a mesma criança que é
capaz de resolver um problema na oralidade poderá ter dificuldade em resolver na
escrita. Portanto a dificuldade dessa criança não é na aprendizagem da matemática, e
sim na leitura.
A criança disléxica possui uma inabilidade para contar para trás de dois em
dois ou três em três, ela não tem compreensão da ordem e estrutura do sistema
numérico, dificuldade para aprender tabuada.
A dislexia não tem faixa etária tanto uma criança, um jovem, adulto ou idoso
podem ter. Segundo ABD 10% a 15% da população mundial possuem dislexia
independente de raça, classe social, ou grau de instrução.
Na Inglaterra, 45% dos presidiários são disléxicos. No Brasil ainda não temos
dados. Das avaliações feitas na ABD pode-se constatar que a maior parte são homens
(63%) e a menor são mulheres (37%).
A dislexia é um problema de preocupação mundial, por essa razão a mídia
internacional está sempre focalizando os aspectos que envolvem esse distúrbio. No
Brasil a partir do ano dois mil (200) a mídia tem feito diversas reportagens com ABD, a
fim de esclarecer e conscientizar educadores e pais sobre essa questão que causa um
grande sofrimento para as pessoas que tem dislexia.
As instituições Fuvest, Puc, e Mackenzie já reconhecem as necessidades
especiais dos disléxicos e autorizam 25% a mais de tempo para a realização das
provas. O Detran da cidade de Santos já autoriza os disléxicos a fazerem provas
teóricas oralmente.
Os disléxicos já conseguiram algumas conquistas legais, ou seja, leis já
aprovadas tais como: LEGISLAÇAO DE APOIO PARA ATENDIMENO AO DISLÉXICO
LDB 9.394/96.
Lei 8.069, de 13 de julho de 1990 (ECA)
Deliberação CEE-11/96
Indicação CEE nº. 5/98, de-15/4/98.
Parecer CEE 451/98-30/7/98
Parecer CNE/CEB nº 17/2001
Resolução CNE/CEB nº2, de 11 de setembro de 2001.
DECRETO Nº 3.298, DE 20 DE DEZEMRO DE 1999.
“Regulamenta a lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Política
Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, consolida as normas
de proteção e dá outras providências.”
DIRETRIZES NACIONAIS PARA A EDUCAÇAO ESPECIAL NA EDUCAÇAO
BÁSICA
PROCESSO Nº: 17/2001-COLEGIADO: CEB-APROVADO EM: 03.07.2001
Conclusão
Um aspecto a ressaltar quanto a essa relação Educação/Saúde,
Saúde/Educação é que embora o currículo oficial para o 1º grau prevê
obrigatoriamente o ensino da saúde (Lei n°. 5692), os cursos de formação de
professores não incluem uma visão crítica de questões elementares de saúde. Logo o
professor sem nenhuma formação básica nessa área é obrigado valer-se do bom
senso para detectar em seus alunos possíveis dificuldades relacionadas com a saúde.
É de ressaltar, ainda, que esse bom senso, muitas vezes, é um conjunto de conceitos
do senso comum nem sempre validado cientificamente. Essa constatação nos leva a
crer que seria de grande importância e beneficio para profissionais da Educação e
principalmente para a população escolar, que houvesse um trabalho conjunto entre
essas duas áreas que possibilite uma visão mais crítica dessas questões, talvez até
formando um corpo específico de conhecimento.
Seria de grande valor que esse trabalho conjunto entre profissionais da
Educação e da Saúde resultasse, por exemplo, em uma avaliação médica mais
completa, levando-se em consideração as características da clientela escolar e as
observações do educador. Isso poderia ocorrer em postos de saúde existentes na
própria comunidade.
É possível observar que muitas das dificuldades de aprendizagem estão
intimamente ligadas às questões de saúde e também pela falta de vontade política,
que acabam gerando este quadro caótico que se encontra a educação brasileira, faz
muito tempo que acontece descaso com a educação. No Brasil existem grandes
pesquisadores que estão no mesmo nível de pesquisadores de países de primeiro
mundo, e por esta e outras razões não é possível compreender o que acontece em
nosso país.
Não dá para falar dos problemas de aprendizagens sem analisar a educação
como um todo, pois existem diversas questões que juntas constroem um modelo de
educação que não evolui, e sim involui.
É preciso, urgentemente, parar e prestar atenção no ser humano, notar que
todas as crianças são maravilhosas, repletas de possibilidades e que apenas querem
ser respeitadas nos seus direitos, direito de ter uma vaga na escola e um emprego
digno no futuro, direito de ter um professor bem preparado não apenas para ensinar a
fazer contas de matemática, mas principalmente ensinar a ser um cidadão pleno com
direitos e deveres.
Foi possível perceber nessa pesquisa que a educação brasileira está muito
doente, mas foi possível notar também que existe cura, que depende de todos nós e
de cada um. Na vida quase sempre não podemos fazer grandes coisas, mas podemos
fazer milhões de pequenas coisas que somadas ao longo do tempo se tornarão uma
grande coisa.
Cabe ao educador a grande missão, de olhar com muita atenção e cuidar com
carinho dessas pequenas plantinhas que um dia poderão ser grandes árvores.
Comentários
No Brasil há algumas pessoas famosas que são disléxicas, mas não assumem.
Ao contrario dos famosos americanos que até empunham bandeira em favor da
luta contra o preconceito e ignorância, que prejudicam muitas vezes toda a vida de
uma pessoa.
Eu acredito que muitas pessoas no mundo que têm dislexia ficam confortadas
ao saberem que famosos como: Tom Cruise, Robin Williams, Bill Gates, Walt Disney
entre outros, que têm dislexia conseguiram ultrapassar a barreira do preconceito e
mostraram que com criatividade, habilidade e talento todos podem vencer até mesmo
quem sofre limitações.
Esses exemplos mostram que se existem muitas maneiras de aprender, então
devem existir também muitas maneiras de ensinar.
O Professor deveria preparar uma boa aula, explicando a matéria com calma,
escolher exemplos bem apropriados, procurar fazer exercícios com conteúdo dividido
em três níveis; fácil, um pouco difícil e mais difícil. Em um determinado dia Fazer
atividades em grupo, em outro em dupla e em outra oportunidade o aluno devera fazer
individualmente. Essas atividades deverão ser feitas sempre com o mesmo conteúdo.
O educador deve possibilitar ao aluno que ele faça perguntas e dê sugestões
,para que juntos possam construir aulas mais interessantes e didáticas. O professor
que observa e ouve os alunos se permite aprender, com quem deseja aprender e
depois poderá ensinar. Ao final de um tema abordado o professor deverá elaborar um
questionário com perguntas referente a maneira que foi dada a aula, dessa forma o
educador vai aperfeiçoar sua didática, ele sempre avaliar um conjunto de aulas que
aborde um determinado tema, assim ao longo do tempo será possível construir uma
didática de ensino, que traga resultados satisfatórios para, educador e educando.
Referências Bibliográficas
MORAIS, Antônio M. P. Distúrbios
Psicopedagógica São Paulo, Edicon, 1997.
de
aprendizagem:
uma
abordagem
Hallowell, Edward e Ratey, Jonh Ed. Rocco. Livro “Tendência à distração“.
PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais)
ASSUNÇAO, Elizabeth da e Coelho, José Maria Teresa (Problemas de
Aprendizagem), São Paulo, Editora Atica, 1990, 232 p.
Revista Educação (Números Preocupantes) setembro / 2002
FND-Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação –http://wwwfnd.gov.br
J.BAUER, James: Dislexia, São Paulo, Casa do Psicólogo Livraria e Editora Ltda,
1997, 103 p.

Documentos relacionados

da dissertação completa

da dissertação completa percebendo o ser humano na sociedade em que está inserido, se faz necessário uma maior observação de seu estado emocional. Outro americano, Clark L. Hull, autor de The Principles of Behavior (1943;...

Leia mais