IdEIas, pEssoas, fatos E tEndêncIas do mundo
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IdEIas, pEssoas, fatos E tEndêncIas do mundo
En tEr IdEIas, pEssoas, fatos E tEndêncIas do mundo IdeIa IlumInada: Criação da estilista canadense angella mackey, este casaco vem com leds acoplados na frente e atrás, acionados por um interruptor. Imperceptível durante o dia, à noite deixa o usuário mais visível aos motoristas. Feito para ciclistas e quem passeia com o cachorro 8_junho_2011 239ENTERabre.indd 8 20/5/2011 02:20:03 Tecnologia para vesTir T thaís sant´ana Sabe aquele gaDget que entrou para Sua liSta De DeSejo? eSqueça. high-tech meSmo é ter uma jaqueta que conecta ao Facebook ou um caSaco que não para De creScer E letrônicos que cabem no bolso vão parecer arcaicos frente ao que desponta na tecnologia móvel. Os gadgets, agora, serão facilmente transportáveis não só pelo tamanho reduzido, mas porque farão parte do próprio vestuário. É o que propõe a wearable technology, ou tecnologia para vestir, uma concepção de produtos que une moda, eletrônica e ciência. “Nela, a tecnologia passa a ser embutida dentro das roupas e acessórios, até em joias”, diz a estilista e identificadora de tendências Sabine Seymour, autora do livro Fashionable Technology (Tecnologia Fashion, sem edição no Brasil), uma compilação de projetos na área. Há peças criadas por estilistas conceituados, como o britânico Hussein Chalayan, que incorporou foto: 239ENTERabre.indd 9 Divulgação lasers em alguns de seus vestidos e blusas. Grandes marcas como Nike e Adidas também já investiram na ideia. Mas quem foi mais além entre os fabricantes graúdos foi a Philips, que, em 2008, criou um protótipo de joias vivas para serem coladas no corpo. Elas seriam capazes de perceber as mudanças na tensão dos músculos e reagir acendendo LEDs acoplados à peça. “Na tecnologia para vestir, o gadget deixa de ser uma ‘coisa sua’ para ‘fazer parte de você’”, diz a estilista canadense Angella Mackey. “Isso só acontece quando você é capaz de incorporálo, de vesti-lo, literalmente.” Radicada na Suécia, Angella trabalhou por uma década com arte eletrônica e novas mídias até que resolveu juntá-las aos tecidos. Sua mais recente criação é o casaco Vega (à esquerda). Desenhado para ciclistas e para quem gosta de pas- sear com o cachorro à noite, possui tiras de LED na frente e atrás que disparam luz continuamente quando um interruptor discreto é acionado. “Fiz muitos protótipos antes de chegar ao LED. Primeiro, experimentei fibras condutoras de eletricidade, mas elas não eram robustas o suficiente”, diz Angella. Em vez dos tradicionais pisca-piscas presos à bicicleta, o item de segurança é vestido pelo ciclista. Incorporar ao vestuário o que era apenas um objeto que se podia carregar também moveu Nick Dangerfield a criar a Parte LCC, empresa nova-iorquina de nove funcionários e produto único: o Playbutton, um álbum digital — de bandas indies e punks como Bubbles, Mount Eerie e Dublab — em formato de bóton. Vendido a US$ 25, leva o slogan: “Por que apenas ouvir um disco se você também pode vesti-lo?”. junho_2011_9 20/5/2011 02:20:05 1. 2. 1. micro’Be. a artista australiana Donna Franklin colocou micróbios no vinho e obteve uma espécie de celulose, com características do algodão. com ela, fez este vestido, que cheira a vinho. o tom depende do tipo: tinto, branco ou rosé. 2. playButton. por uS$ 25 se compra este bóton que toca o álbum de uma banda de indie ou punk rock. tem autonomia para cinco horas e volume ajustável. não dá para fazer upload de mais músicas. Vem estampado com um símbolo da banda para mostrar o que você está ouvindo. 3. m-dress. o vestido da marca americana cutecircuit tem um espaço para encaixar um chip telefônico. microfones e alto-falantes na manga permitem que você atenda ao celular apenas aproximando o punho da boca. para desligar, basta abaixar o braço. 4. ping. este colete tem um software embutido que conecta você ao Facebook. mensagens pré-definidas pelo usuário são postadas conforme você levanta o capuz ou abre o zíper. a peça vibra quando as postagens são comentadas. 10_junho_2011 239ENTERabre.indd 10 “Além de incorporar um ícone do passado ao seu estilo, você ainda veste sua banda preferida. É como se dissesse: ‘essa é a música de que gosto’”, afirma Dangerfield. O Playbutton é um dos exemplos da junção de moda e tecnologia como forma de autoexpressão. Mas há produtos que levam essa ideia ainda adiante e permitem que você se comunique até em redes sociais. moda conectada Aumentar nossa conectividade, esteja onde estivermos, foi o ponto de partida para integrar de forma radical gadgets e vestimentas. Depois de trabalhar em empresas de design e software, a americana Jennifer Darmour chegou à conclusão de que se a roupa é parte essencial de nossa autoexpressão e a tecnologia é uma plataforma que facilita nossa comunicação com o mundo, elas deveriam ser unidas. A ideia foi levada ao extremo com o colete Ping. Um software embutido no tecido sincroniza o usuário com o Facebook. A pessoa pré-define men- sagens para serem postadas em seu perfil de acordo com ações como levantar o capuz, fechar o zíper ou abrir um botão. Isso é possível graças a sensores costurados no próprio moletom da peça. Há ainda um dispositivo na altura dos ombros que vibra levemente quando suas postagens são comentadas. Os movimentos do braço (e, portanto, das mangas) também permitem que um vestido preto básico funcione como celular. Criado pela empresa londrina de moda interativa CuteCircuit — depois de uma pesquisa mostrar que muitas mulheres perdiam ligações de celular por não escutá-lo tocando na bolsa —, o vestido tem um compartimento para encaixar um chip telefônico. No punho, há microfone e alto-falantes acoplados. Para fazer ou atender a ligações, basta falar próximo ao punho. Para desligar, é só abaixar o braço. “Nossos corpos se tornam a interface, mediada por meio da nossa segunda pele, a roupa”, diz Sabine. O que também pode acontecer por meio da biotecnologia. fotos: Divulgação 20/5/2011 02:20:08 3. costura científica Da mesma forma que se misturam a fios, sensores e softwares, na tecnologia para vestir, os tecidos também se mesclam a materiais químicos e biológicos até para purificar o ar. Pesquisadores britânicos se uniram para criar um vestido que funciona como um catalisador. Sobre o tecido da peça, é pulverizada uma fina camada de concreto que possui elementos químicos que reagem com a poluição atmosférica, neutralizando-a. “Essa tecnologia já existe em carros. Agora estamos explorando-a nas roupas”, diz Helen Storey, professora de moda e ciência da Faculdade de Moda de Londres, envolvida diretamente no projeto. O laboratório científico para criação têxtil é ainda mais vasto. “Há desde o uso de bactérias para desenvolver roupas até pulverização de fibra diretamente no corpo para formar tecido”, diz Sabine. Em parceria com um professor de ciências naturais e agrárias, a artista australiana Donna Franklin 4. “nossos corpos sE tornam a IntErfacE, mEdIada por nossa sEgunda pElE — a roupa”, saBInE sEymour, EstIlIsta colocou micróbios para fermentar vinho. Do processo, obteve uma espécie de celulose, que usou como tecido para roupas em sua pesquisa intitulada Micro’be — Moda Fermentada. Para fazer um sobretudo com o material, bastaria fabricar um casaco mais curto e esperá-lo crescer, pois os micróbios mantêmse vivos e em reprodução mesmo após a peça pronta. Ainda não há previsão para a Micro’be virar uma linha comercial. Por enquanto, se resume a um experimento fashion-biológico, como tantos outros nesta área emergente. “Estamos tentando descobrir os limites das novas ferramentas que inventamos”, diz Angella, que contribui para essa experimentação ao realizar o Toronto Meet Up, encontro periódico que reúne interessados em entender, criar e vestir ciência e tecnologia — sem perder o estilo. Afinal, mesmo com tantos chips, fios, sensores e micróbios costurados nessa história, ainda se trata de moda. junho_2011_11 239ENTERabre.indd 11 20/5/2011 02:20:11 TECNOLOGIA Siga suas plantas no Twitter. Cientistas americanos criam dispositivo que permite aos vegetais mandar mensagens para os donos pela rede social p arece ficção científica, mas, na realidade, trata-se de uma bela sacada de um time de pesquisadores do Programa de Telecomunicações Interativas da Universidade de Nova York. Quando decidiram colocar plantas no próprio laboratório — para levar um pouco de verde ao ambiente, extremamente high-tech —, perceberam que elas poderiam morrer negligenciadas. “Aí pensamos: e se as plantas pudessem nos avisar sobre suas necessidades?”, diz Rob Faludi, um dos pesquisadores. Foi aí que surgiram os kits BotaniCalls. Com a ajuda de sensores de umidade instalados nos vasos, o sistema dispara mensagens avisando se os vegetais estão precisando de mais água ou se o dono anda exagerando na dose. Na primeira versão, os sensores enviavam sinais a uma central que gerava uma chamada para o telefone do proprietário da planta. Ao atender, ele ouvia uma mensagem pré-gravada, adequada ao código da necessidade informada pelos sensores. “Dávamos até vozes específicas para cada planta”, diz Faludi. O orégano cubano tinha sotaque latino. Já os cactos, vindos de ambientes inóspitos, tinham um tom sereno e prático. Agora, os kits já estão na terceira geração e permitem às plantinhas tuitar suas necessidades, que são conferidas pelos donos direto no celular. Vendidos pela internet, custam US$ 99,95. “Sabíamos que esta era uma ideia útil e divertida, mas não imaginávamos que poderia se tornar popular.” //vanessa vieira ENTENdA COmO umA pLANTA é CApAz dE TuITAr 3. As informações são enviadas via wifi a uma conta criada no Twitter com o 1. Sensores são número de série da planta instalados no vaso. Eles estão conectados a um dispositivo chamado de microcontrolador 2. Quando o sensor identifica falta ou excesso de água, o microcontrolador determina 4. O dono segue a planta a emissão de um aviso no Twitter. Ela manda notícias quando precisa microcontrolador ser regada, para alertar que já foi excessivamente molhada e até para agradecer pela água recebida. NO VA M ENS AGE M HER AV Tô c ENENO om S sed A e! Tudo em até sensores 140 letras 12_junho_2011 239plantatwitter.indd 12 foto: Divulgação; i l u s t r a ç ã o : A ndré Scatelli 20/5/2011 05:02:40 mídia A fantástica fábrica de más notícias. O premiado site independente ProPublica resgata o jornalismo investigativo E xtra, extra: a internet, enfim, venceu o papel. Pelo menos foi o que o prêmio Pulitzer, maior glorificação do jornalismo mundial, deu a entender em sua última edição, em abril. Na categoria Melhor Reportagem Nacional, uma das mais disputadas, venceu uma matéria publicada apenas na web: The Wall Street Money Machine (A máquina de dinheiro de Wall Street). O texto desmascara especulações no mercado financeiro que contribuíram para a crise econômica que atingiu o mundo em 2008. É a primeira vez que a honra máxima coube não a um tradicional veículo da imprensa americana, mas a um site independente e sem fins lucrativos, que vem sendo tratado como uma espécie de renascimento do jornalismo investigativo: o ProPublica.org. No 23º andar de um prédio na zona sul de Manhattan, funciona a redação do site, chamada pelos empregados de “fábrica de más notícias”. Seus jornalistas apuram casos de abuso de poder e de desmando em hospitais, escolas e na polícia. Custe o que custar, demore quanto demorar. “Passamos 18 meses investigando pessoas, emi lu str aç ão: Fer nando Togni 239ENTERproPUBLICA.indd 13 presas e instituições para publicar a reportagem sobre as operações em Wall Street”, diz Jesse Eisinger, um dos autores da matéria vitoriosa, primeira a revelar a operação do Magnetar, fundo que ganhou dinheiro manipulando hipotecas de risco. No ano passado, quando o ProPublica ganhou seu primeiro Pulitzer, em uma categoria menos disputada, gastaram-se dois anos de apuração com dedicação integral dos repórteres ao assunto. A matéria foi publicada também na revista do jornal The New York Times e mostrava os procedimentos médicos nos hospitais que atendiam vítimas do furacão Katrina. Ao final, o trabalho havia consumido investimentos de US$ 350 mil. O custo parece inviável para quase todo veículo de comunicação, mas o luxo do ProPublica é não depender de dinheiro. Sua equipe de 32 jornalistas é sustentada por US$ 10 milhões anuais vindos da Fundação Sandler, uma das 30 maiores dos Estados Unidos, fundada por Marion e Herb Sandler. O casal de magnatas do mercado financeiro decidiu bancar um projeto de jornalismo de interesse público e convidaram Paul Steiger, ex-diretor de redação do The Wall Street Journal, para o comando. O último prêmio se junta aos mais de 60 recebidos em três anos de existência do site. “Estava confiante de que o projeto seria bem-sucedido, mas não tão rápido.” //guilherme pavarin Leia entrevista com o diretor do site em galileu.globo.com ou fotografe com o celular o código acima junho_2011_13 20/5/2011 02:49:45 R$ 9.200 VenDiDO R$ 6.900 Weißkehlchen Moraea vuvuzela Boophis sand Enquanto ninguém abre a carteira, esta iguana peruana fica com nome provisório de passarinho alemão Planta sul-africana batizada em homenagem à corneta famosa da Copa do Mundo de 2010 Este sapo descoberto na ilha de Madagáscar ainda está à espera de batismo VenDiDO VenDiDO VenDiDO Polystachya anastacialynae Hyla joannae Orquídea batizada assim por um fã de Anastacia, cantora pop americana Homenagem do escritor de ficção científica Alan Dean Foster à sua esposa, JoAnn Oxley Maxillaria gorbatshowii Orquídea batizada em homenagem aos 70 anos do político Mikhail Gorbachev ambiente Nomes à venda. Por alguns milhares de dólares, novas espécies de plantas e animais podem ser batizadas com o nome que você quiser C om um lance mínimo de R$ 7 mil, uma espécie de sapo recém-descoberta na Ilha de Madagáscar, na África — e provisoriamente apelidada de Boophis sand — pode ganhar um nome científico que homenageie alguém ou algo de que você goste. Assim foi com a Moraea vuvuzela, planta sul-africana descoberta em 2003 e catalogada ano passado com um nome em homenagem à infame corneta da Copa 2010. O direito de batismo foi comprado das mãos da organização não-governamental alemã Biopat, que está à frente de um curioso mercado: comércio de nomes científicos de espécies de plantas e animais recém-descobertas. A ONG funciona como um grande catálogo e todo o dinheiro arrecadado é revertido para pesquisas. Cientistas e pesquisadores, ao descobrirem uma nova espécie, detalham as características do ser vivo no site biopat.de e interessados pagam 14_junhO_2011 239ENTERbichos.indd 14 para ter o direito de escolha do nome. As espécies mais procuradas são as borboletas e orquídeas, que custam até R$ 16 mil. O menor preço disponível, R$ 6 mil, compra o batismo de uma barata descoberta ano passado na África. Atenção, porém, ao fazer a compra, pois o cliente precisa explicar quem é o homenageado. “Não se pode colocar o nome da sogra em uma espécie de aranha, por exemplo”, diz Claus Baetke, da Biopat. Os casos mais comuns são de homens que dedicam o batismo às esposas e filhas, empresas que adotam animais como mascote e fãs de bandas de rock que querem eternizar o nome do vocalista (veja alguns casos no quadro acima). Em 11 anos, a Biopat teve 131 batismos patrocinados, mas o mercado é promissor. Estima-se que apenas um décimo de todas as espécies do planeta, 1,8 milhão de bichos e plantas, tenham sido catalogadas. //bruna fasano i lustr aç ão: Ma ssao hotoshi 19/5/2011 19:42:06 BREVE HISTÓRIA 2009 Disco de vinil Única fábrica de vinis da América Latina, a PolySom é reaberta no Rio de Janeiro, e prensa cerca de 25 mil discos por ano. A reprodução mais fiel dos graves ainda atrai adeptos da música eletrônica Seu chiado dominou a música dos anos 50 aos 80. Das vitrolas com manivelas do século 19 aos leitores de vinil a laser japoneses, rolou muito som 1993 O CD ultrapassa o vinil em vendas no Brasil (21 milhões de cópias contra 16 milhões de LPs) T PAULA MOURA 1989 A japonesa ELP lança o tocador de discos de vinil à laser, que custa de US$ 7 mil a US$ 19 mil. Como não usa agulha, o aparelho não tem o atrito responsável pelo chiado característico 1877 O americano Thomas Edison (o mesmo da luz elétrica) cria o fonógrafo, primeiro aparelho a gravar e reproduzir sons em cilindros de cera. No mesmo ano, o alemão Émile Berliner registra a patente do gramofone 1982 É lançado Thriller, de Michael Jackson, o LP mais vendido do mundo, com 40 milhões de cópias. Nesse ano, uma fábrica alemã produz o primeiro CD 1970 Roberto Carlos desponta como o maior vendedor de discos da indústria fonográfica brasileira. Durante a década de 70, seus LPs chegavam à casa dos 2 milhões de unidades 1913 A Odeon abre a primeira fábrica de discos do Brasil. Em vez de vinil, são feitos de plástico baquelite ou de gomalaca (resina secretada por um inseto da Ásia). Comportavam apenas três minutos 1930 Aparecem os primeiros discos do plástico policloreto de vinila (vinil). Originalmente transparentes, eram pintados de preto para seguir a tradição da goma-laca 1939-1945 A Segunda Guerra foi um dos fatores que levou à popularização do vinil. As batalhas no Pacífico inviabilizaram o comércio da goma-laca, que foi substituída pelo material FOTO: Get t y Ima ges 239ENTERbreveHistoria.indd 15 1963 A gravadora Elenco é criada e vira um marco de conceito artístico nas capas dos seus discos, até hoje disputadíssimos itens de coleção "Vitrola" vem de Victorola, toca-discos da pioneira Victor. Por conta do mesmo aparelho, payola é o nome americano para jabá (quando a gravadora paga para a rádio tocar suas músicas) 1948 A adoção do vinil é ampliada com a tecnologia das microrranhuras (antes, os sulcos por onde passa a agulha eram maiores). Isso torna possível um Long Play (LP) ter incríveis 20 minutos de cada lado 1958 1950 O vinil podia ter 45 rotações por minuto (RPM) ou 33 1/3 RPM, formato que prevaleceu. Na década de 50 se popularizam os singles (discos menores, com duas músicas), muito usados nas máquinas jukebox É lançado o single That’ll Be the Day/ In Spite of All the Danger da banda The Quarrymen, cujo baixista apresentou Lennon a McCartney. O disco com a gravação dos dois garotos é o mais caro do mundo, e hoje vale US$ 200 mil 1951 A Sinter é a primeira gravadora a prensar e distribuir comercialmente um disco de vinil no Brasil. A obra é Carnaval em Long Playing (Capitol), que traz marchinhas e sambas Eduardo Vicente, professor doutor da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Evaldo Piccino, mestre pelo departamento de multimeios da Universidade de Campinas (Unicamp), Revista Esquire, BBC, Jornal da Unicamp, Victor Company JUNHO_2011_15 20/5/2011 03:33:26 Por que pessoas que levam tiro às vezes nem sentem? ase qu RE: Nosso corpo pode ser “bonzinho” em algumas situações e nos poupar da dor produzindo substâncias anestésicas — a mais conhecida delas é a endorfina. O organismo de um soldado que toma um tiro numa batalha e continua lutando, por exemplo, pode liberar uma grande descarga de endorfina enquanto ele estiver concentrado na tarefa de salvar a pele. Assim, a dor não o atrapalha na luta pela sobrevivência. Isso faz parte de um mecanismo de defesa muito primitivo do ser humano, ativado em situações de risco extremo. Fazer exercícios e estar bem preparado fisicamente ajuda na produção dessas substâncias. É possível lembrar algo de quando se tem dois anos de idade ou menos? RE: Pode puxar o quanto quiser pela memória, mas a sua primeira palavra ou o primeiro tombo não estarão lá. Quando você tem dois anos ou menos, os mecanismos de processamento das informações adquiridas por meio dos sentidos, da linguagem e de outras funções cognitivas ainda não atingiram um nível mínimo necessário para que suas experiências sejam codificadas e armazenadas até a vida adulta. Claro que isso pode ser revertido se seus pais babões gravarem cada segundo de sua vida de bebê. Mas, convenhamos, é chato demais assistir àqueles vídeos antigos. o.com.br linus@edglob EXISTE UM VÍRUS QUE POSSA EXTERMINAR AS BARATAS? RE: Eles não são páreo para o bichinho nojento que, de acordo com alguns pesquisadores, sobrevive até a uma hecatombe nuclear. Não é por acaso que as baratas estão por aí há centenas de milhões de anos. Especialistas em pragas afirmam que nenhum estudo até hoje mostrou um vírus ou uma bactéria capaz de dizimar o animal. E também não há por que desenvolvermos esse tipo de arma biológica contra as cucarachas. Como elas estão disseminadas em meios urbanos, o uso de um vírus poderia afetar também os seres humanos. Aí, o feitiço viraria contra o feiticeiro e nós é que seríamos prejudicados. Portanto, contente-se com um inseticida. 16_JUNHO_2011 239PERGUNTEaoLINUS.indd 16 Se minha escova de dentes encostar na da minha namorada, que está gripada, posso ficar doente? RE: Comece a espirrar. O vírus de alguém gripado pode ser transmitido para a escova de dentes durante a higiene bucal — o creme dental ou a lavagem com água não bastam para retirá-lo dali. As cerdas infectadas conseguem passá-lo adiante se encostadas em outras, do mesmo jeito como maçanetas por onde passaram mãos contaminadas transmitem o vírus. Portanto, o melhor é manter as suas cerdas longe das dela. Pegar emprestada a escova de alguém gripado, então, nem pensar. Mas pouco adianta o cuidado se você não resistir a dar um beijo de língua na sua doentinha. Fontes: Martín Cammarota, neurocientista do Centro de Memória da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS); Mohamad Bazzi, especialista em psicobiologia pela Escola Paulista de Medicina; Lucy Figueiredo, diretora técnica da Associação Brasileira de Controle de Vetores e Pragas; Rogério de Jesus Pedro, médico infectologista da Unicamp I LU STR AÇ ÃO: Nilson Cardoso 19/5/2011 21:53:03 LEITURA DINÂMICA Livros na nuvem. Leitores poderão emprestar obras digitais da biblioteca do bairro para ler no Kindle O s diretores da Overdrive, uma empresa americana que fornece conteúdo e livros digitais para bibliotecas públicas dos Estados Unidos, cansaram de receber reclamações de bibliotecários preocupados com o Kindle. O e-reader (leitor de textos digitais) que permite ao usuário comprar mais de 700 mil livros da internet estaria esvaziando as bibliotecas e ameaçando seus empregos. A solução da Overdrive foi unir os “inimigos”. Numa iniciativa chamada Kindle Library Lending, eles anunciaram que, até o final do ano, os donos do e-reader poderão baixar os livros digitais das 11 mil bibliotecas que têm parceria com a empresa nos Estados Unidos — de qualquer computador e de graça. Funciona assim: cada instituição possui um quantidade limitada de obras em formato digital e os usuários podem pegar emprestado os arquivos (que têm proteção anticópia) durante um tempo determinado. “Só precisa confirmar que é sócio”, diz Stephanie Mantello, diretora de relaçõespúblicas do Kindle. Depois da leitura, o associado devolve o documento, que poderá ser emprestado a outra pessoa. Se é totalmente proibido rabiscar nas obras comuns, não há nenhum problema em fazer anotações nos livros digitais. Com o novo sistema, todas as notas feitas pelo usuário no Kindle serão recuperadas se ele resolver pegar emprestado o livro uma segunda vez. //GUILHERME ROSA Assuntos para você discutir amanhã @ HERÓI COMUNISTA? @FUMAÇA FINA @ PRÉ-UNIVERSO @ ANTI-SHARING @ JOGO LIMPO O Super-Homem Fabricantes de Podem existir Nova lei proposta O Facebook contratou renunciou, na sua HQ, cigarros adicionavam buracos negros mais pelo Ministério da uma empresa de à cidadania norte- moderadores antigos do que o Cultura de Portugal relações-públicas para tentar plantar americana. Políticos de apetite próprio Big Bang, pretende proibir o uso conservadores dos EUA para fumantes dizem astrônomos. das licenças Creative notícias na mídia já chamam o personagem emagrecerem, Eles seriam de um Commons pelos atacando a política de de socialista revelam documentos mundo anterior artistas do país privacidade do Google FOTOS: Divulgação; I LU STR AÇ ÃO: 239ENTERKindleAssuntos.indd 17 Samuel Rodr igues JUNHO_2011_17 19/5/2011 21:49:10 PIXELADO: Com pena de gastar os gizes de cera novinhos, Christian Faur deu a eles um novo uso. Chega a colocar 30 mil em cada painel ARTE Diga giz. Artista usa milhares de lápis de cera para reproduzir fotografias 18_JUNHO_2011 239ENTERcrayon.indd 18 Q uando criança, Christian Faur não gostava de usar seus lápis de cera. “Eles eram muito mais bonitos na caixa”, afirma o artista. Até hoje, ele não os gasta. Christian usa o giz apenas como uma espécie de pixel para montar suas imagens pontilhadas. Todas são feitas a partir de reproduções de fotos que seleciona, sejam retratos de crianças anônimas ou de pessoas durante a crise de 1929. Para conseguir o efeito pixelado, Christian digitaliza a fotografia que deseja reproduzir e, no computador, a divide em blocos de cores. Depois, imprime esta nova imagem e substitui cada bloco por um giz colado em pé. “Na menor delas, uso mais de 2 mil lápis, com pelo menos 180 tons diferentes. Os painéis maiores podem ter mais de 30 mil gizes cada”, diz o nova-iorquino de 43 anos, que dá aulas de arte na Universidade Denison, em Ohio, Estados Unidos. Todo o material usado nas obras, que não estão à venda, o artista produz em casa, misturando basicamente cera de abelha, verniz e pigmentos. “A intensidade das cores que posso alcançar assim é incrível.” //ÉRIKA KOKAY FOTOS: Divulgação 20/5/2011 02:08:42 1. A interação entre os neurônios produz pequenos sinais elétricos, captados por sensores nas têmporas, de modo semelhante a um eletroencefalograma ENTRETENIMENTO Você decide. Nova tecnologia de leitura cerebral permite interagir com filmes e até escolher seu final O cinema costumava ser uma arte autoritária — cabia à plateia assistir e, no máximo, gostar ou não. Mas uma nova tecnologia da companhia britânica Myndplay mudou essa relação: agora, “a força da mente” do espectador pode definir o final da história. Para isso, o usuário usa uma espécie de fone de ouvido que capta e analisa suas ondas cerebrais (veja no infográfico). Dependendo do estado mental do espectador, o filme muda de rumo. “É um novo gênero, que mistura filmes e videogames. Você não escolhe só o final, mas interage com a narrativa desde o começo”, diz Tre Azam, diretor do projeto, que deu origem à Myndplay. A companhia produz os filmes, que podem ser baixados em seu site por menos de US$ 2. Até agora, já foram 12 longas, de gêneros como terror e aventura. “Temos filmes com até dez alternativas de enredo”, diz Tre. I LU STR AÇ ÃO: Davi Augus to 239leitorcinema.indd 19 Por enquanto, o Myndplay não consegue analisar sentimentos complexos como alegria e tristeza, mas só o foco e o relaxamento do espectador. Ao combinar esses dois resultados, pode inferir outras emoções, como raiva, frustração e indiferença para modificar roteiros. No terror Paranormal Mynd (Mente Paranormal), se o espectador mantiverse calmo e focado, consegue que duas meninas na trama sejam exorcizadas. Se não, elas morrem. Já o filme de ação Bullet Dodger (Desviando de Balas), que conta a história de um gângster britânico, se o usuário expressar reação de medo dos vilões, o parceiro do protagonista é baleado. O próximo passo é testar a nova tecnologia no campo da antiga: uma sala lotada. “Ao dividir a plateia em dois grupos, poderemos fazê-los competirem para ver quem vai dominar o rumo da história.” Breve, em um cinema perto de você. //GUILHERME ROSA 2. Analisando a frequência e origem dos sinais do cérebro, ele identifica o estado mental do usuário 3. Dependendo do que ele estiver sentindo, o filme toma um dos rumos pré-gravados final 1 o lutador ganha final 2 o lutador é nocauteado JUNHO_2011_19 20/5/2011 03:44:06 versátil: Usado em tratamento de câncer e Aids, cogumelo do sol também acaba com protozoários saúde Cogumelo matador. Remédio à base do fungo pode revolucionar tratamento de leishmaniose d ores, mal-estar, enjoo e problemas generalizados no fígado, rins e coração são os sintomas não de uma doença, mas do tratamento mais usado na leishmaniose. A doença, que pode incapacitar o fígado e levar à morte, atinge 14 a cada 100 mil brasileiros. “Os medicamentos disponíveis hoje são tóxicos e a cura não é garantida”, diz Eduardo Ferraz Coelho, professor do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais, se referindo aos derivados do antimônio, um semimetal que, em altas concentrações, provoca todos esses maléficos efeitos colaterais. Coelho é um dos participantes do grupo de pesquisa que desenvolveu um novo remédio para tratar a doença: sua base é o fungo Agaricus brasiliensis, popularmente conhecido como cogumelo do sol. Além de não apresentar efeito colateral em humanos, o cogumelo tem aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da Food and Drug Administration (FDA), nos Estados Unidos, como fitoterápico para o tratamento auxiliar de câncer e Aids, devido a seus bons efeitos sobre o nosso sistema imunológico. O pesquisador e sua equipe na universidade submeteram o cogumelo a testes de la- 20_junho_2011 239entercogumelo.indd 20 boratório para chegar a uma formulação efetiva contra os parasitas, os protozoários do gênero Leishmania, transmitido pela picada da fêmea do mosquito-palha. Esses vetores carregam os protozoários após picar cães infectados. Das cerca de 100 substâncias presentes no extrato bruto do fungo, obtido após a desidratação e maceração dos cogumelos, eles conseguiram sintetizar cinco, que se provaram altamente eficazes contra a doença. “Nos testes com ratos, conseguimos zerar os cerca de 10 milhões de parasitas que se hospedam em órgãos como o baço”, diz o pesquisador. As substâncias inibem o metabolismo dos protozoários e matam o Leishmania sem afetar o funcionamento dos macrófagos, as células do sistema imunológico humano em que eles se hospedam. O próximo passo é testar os medicamentos em cães, os mais afetados pela doença — são 10 mil casos para cada registro em paciente humano. A previsão dos pesquisadores é que dentro de sete anos o novo remédio chegue às prateleiras das farmácias brasileiras. “É mais barato, poderá ser administrado via oral e, o melhor, praticamente não tem efeitos colaterais.” //gusTavO heidrich FOTO: A lamy/o ther Ima ges 19/5/2011 16:58:00 #COMO FAZ UMA BOA ENTREVISTA Brilhante ou opaco? Altos e baixos do mês de maio BRILHAN POR FELIPE PONTES por Paulo Moreira Leite, jornalista, entrevistador no programa Roda Viva Obama. Donald Trump pôs em dúvida sua nacionalidade, e teve troco. Depois de mostrar a certidão de nascimento, o presidente (agora, oficialmente) americano constrangeu o magnata com piadas e anunciou a morte de Bin Laden bem na hora de seu reality show O Aprendiz. Sem moral, Trump desistiu de disputar a presidência dos EUA TE Riquelme. Em demonstração rara de amor por um time de futebol, o meia argentino devolveu US$ 400 mil ao Boca Juniors, dinheiro dos quatro meses de salário em que esteve machucado e sem jogar. E você, Adriano, vai fazer o mesmo pelo Corínthians? (1) Pesquise o entrevistado. Além da biografia, saiba o que ele já disse e o que foi dito sobre ele. Estude o assunto que ele domina para Antigos donos do Skype. Eles fecharam o ano passado com uma dívida de US$ 686 milhões. Mesmo assim, o grupo de investimentos, que pagou US$ 1,9 bi por 70% do Skype em 2009, vendeu sua parte por US$ 5,95 bi à Microsoft, nova dona do serviço DC Comics. A editora de HQ processou a Gotham Garage, conhecida por fabricar batmóveis sob encomenda desde 1989. O processo gira em torno de US$ 750 mil. Piada nerd: como vingança, a empresa poderia construir aviões da Mulher Maravilha Submarino. A servidora pública Maria Luiza encomendou um notebook para sua mãe por R$ 1.200 e recebeu em casa dois pacotes de miojo. O macarrão mais caro desde Marco Polo foi fruto de um problema operacional, diz o site de vendas I MAG EN S: Divulgação, Reprodução 239BRILHANTEopacoCOMOfaz.indd 21 e não ficar na posição de ouvinte Samoa. As pequenas ilhas no Pacífico “viajarão no tempo” para ficar mais perto de parceiros comerciais da Ásia e Oceania. Em 29 de dezembro, se declaram do lado esquerdo da primeira linha de fuso horário (hoje estão no direito). Assim, em vez de ser o último país a terminar um dia, será um dos primeiros a começar o outro (2) Procure contradições nas opiniões dele. Elaborar uma série de perguntas antes da entrevista é essencial, mas não suficiente. Preste atenção no que a pessoa diz e identifique o que não faz sentido Valmir Jacinto. O vereador de Anápolis, em Goiás, pediu em uma sessão da Câmara que se fizesse um minuto de silêncio pela morte do “companheiro” Bin Laden. O pedido foi concedido e virou notícia mundo afora FRAMEEEENGO! (3) Não tenha medo de perguntar e OPACO Ed Motta. Quem é “diferenciado” não tem espaço na sua van. O cantor escreveu no Facebook que o brasileiro é feio (menos no Sudeste), que “mulher feia tem que ser megacompetente”, e que estava num “plano superior”, entre várias outras. Manuel foi pro céu, já o Ed se complicou um pouco elaborar perguntas interessantes cobrar respostas claras. Uma das dificuldades é estar diante de alguém que você considera uma autoridade em algum assunto. Não deixe que isso atrapalhe seu desempenho . I LUSTR AÇ ÃO: A lexandre Af fonso JUNHO_2011_21 20/5/2011 05:06:12 PESquISA DE FÔlEGO: GaLiLeU do Mês A cada edição, apresentamos representantes do espírito criativo e contestador do cientista italiano Galileu Galilei (1564–1642) Marcelo Amato criou tomógrafo para pulmão bom, prático e barato, que vai salvar muitas vidas na uTI GlOssáRIO p carga positiva CÓDIGO ABERTO As pAlAvRAs quE A GEnTE EnCOnTRA pOR Aí Gente diferenciada A expressão, eufemismo para "pobre", ganhou as manchetes quando um abaixo-assinado de habitantes do bairro de Higienópolis, em São Paulo, fez o governo cancelar a construção de uma estação de metrô ali. O problema da obra, disse um dos moradores, é que traria “gente diferenciada” à região, uma das mais ricas da cidade. Em retaliação, um protesto organizado via Facebook trouxe “diferenciados” ao bairro. .WWf A extensão foi inventada pela ONG homônima para diminuir o uso de papel e salvar florestas pelo mundo. O documento .WWF funciona igual ao .PDF, com a diferença de que não pode ser impresso. MaMaço Ato a favor da amamentação em lugares públicos organizado pela antropóloga Marina Barão após ter sido proibida de amamentar no espaço artístico Itaú Cultural, em São Paulo. Ela reuniu mais de 30 mães, que deram de mamar no mesmo local onde havia sido repreendida. 22_JUNHO_2011 239ENTERGalileudoMES.indd 22 mEDICInA Fôlego para as UTIs. Médico paulista cria tomógrafo que monitora pulmão em tempo real e reduz mortes rofessor de Pneumologia da Faculdade de Medicina da USP, Marcelo Amato acaba de receber o Prêmio Péter Murányi 2011, concedido a autores de descobertas que contribuem para o bem-estar social. É mais um reconhecimento por uma invenção que já recebeu 300 citações em artigos científicos internacionais: um tomógrafo para monitorar o pulmão de pacientes ligados à respiração artificial, mais prático e muito mais barato que os tradicionais caixões brancos em que o paciente entra inteiro, ainda usados para monitoramento pulmonar. O aparelho desenvolvido por Amato — junto a uma equipe de 15 médicos, biólogos, físicos, matemáticos e engenheiros da USP e do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) — é uma cinta com 32 eletrodos, colocada no tórax do paciente e ligada a um monitor. Enquanto os tomógrafos tradicionais geram uma imagem por segundo, este gera 50. “É como se fizesse um filme, enquanto os outros tiram fotos”, diz Amato. Como o ar é resistente à eletricidade, funciona como os ossos em um raio x: onde ele está presente, formam-se as imagens. A partir delas podem-se checar o volume, a pressão e o fluxo de ar no pulmão. O resultado: uma redução de 10% em complicações e mortes causadas por uso prolongado da respiração artificial. O aparelho já está sendo utilizado em instituições dos EUA, Europa e Brasil — como o Hospital das Clínicas e o Instituto do Coração de São Paulo. Quando for fabricado em escala industrial, ele deve custar um centésimo do valor dos tomógrafos tradicionais. Já são 80 encomendas. “É um belo coroamento de 20 anos de trabalho”, diz Amato. //naiara magalhães foto: O mar Paixão 19/5/2011 16:44:44 geogrAfiA O novo mapa do Brasil. Propostas no Congresso podem criar mais 11 unidades da federação Até o final deste ano, os habitantes do Pará devem ir às urnas para decidir se querem transformar seu estado em três: Pará, Tapajós e Carajás. Além dessa votação, mais oito projetos que tramitam na Câmara dos Deputados propõem plebiscitos para criar novos estados no país. Para isso, sete dos atuais se dividiriam. Se todas essas propostas fossem aceitas, o Brasil teria 33 estados, um Distrito Federal e quatro territórios (porções fronteiriças que seriam administradas diretamente por Brasília). Certamente, as crianças teriam que decorar mais capitais na escola. //guilherme rosa novAs fronteirAs Possível divisão do Brasil proposta na Câmara estAdo AtuAl estAdo novo Capital* Municípios População Atual / Após a divisão * Ainda não confirmada nos novos estados bAhiA Salvador 417 / 383 14 milhões / 12,8 milhões estAdo do rio são frAncisco Barreiras ou Luiz Eduardo Magalhães 34 1,2 milhão piAuí Teresina 224 / 137 3,1 milhões / 2,5 milhões gurgueiA Alvorada do Gurgueia 87 640 mil AmAzonAs Manaus 62 / 39 3,4 milhões / 3 milhões rio negro São Gabriel da Cachoeira 3 65 mil solimões Tabatinga 13 249 mil Juruá Eirunepé 7 112 mil AmApá Macapá 16 / 15 669 mil / 649 mil oiApoque Oiapoque 1 20 mil mArAnhão São Luis 217 / 168 6,5 milhões / 5,4 milhões mArAnhão do sul Imperatriz 49 1,1 milhão mAto grosso Cuiabá 141 / 65 3 milhões / 1,9 milhão ArAguAiA Barra das Garças 30 457 mil mAto grosso do norte Sinop 46 691 mil Leia mais sobre a criação de novos estados em galileu. globo.com ou fotografe com o celular o código acima pArá Belém 144 / 78 7,5 milhões / 4,7 milhões tApAJós Santarém 27 1,2 milhão cArAJás Marabá 39 1,6 milhão JUNHO_2011_23 238ENTERmapaBRASIL.indd 23 19/5/2011 22:11:00 numeralha Longo caminho. Nosso transporte subterrâneo está a quilômetros de distância dos melhores metrôs do mundo SÃO PAULO RIO DE JANEIRO MOSCOU TÓQUIO NOVA YORK LONDRES PARIS 24_junho_2011 239numeralhametro.indd 24 20/5/2011 00:43:39 I andré sCatelli e fáBio dias T ana Bizzotto O metrô paulistano já foi eleito o "mais lotado do mundo". Não à toa: São Paulo tem mais usuários que Londres — com um quinto da extensão. E é a maior rede brasileira — 70 km. O Rio, segundo lugar, tem só 40 km. leGenda Quilometragem Passageiros/dia Número de estações Tarifa 5 linhas 70,6 km 3,6 milhões 65 R$ 2,90 2 linhas 40,9 km 620 mil 35 R$ 3,10 12 linhas 298,2 km 9 milhões 180 R$ 1,58 9 linhas 195,1 km 6,33 milhões 179 R$ 3,19* 22 linhas 479,6 km 5,08 milhões 423 R$ 3,54 11 linhas 402 km 2,91 milhões 260 R$ 4,99** 14 linhas 213 km 3,83 milhões 300 R$ 3,96** fonte: Comitê Community of metros (Comet), companhias de transporte subterrâneo e agência Brasil * Valor para viagens de 1 a 6 km. **tarifas nas zonas centrais das cidades. Para deslocamento maior, é cobrado valor adicional. 239numeralhametro.indd 25 junho_2011_25 20/5/2011 00:43:40 SUGESTÃO DO LEITOR Sugira um tema no endereço glo.bo/galileupauta Se selecionado, sairá na revista. ENERGIA Por dentro da usina. Entenda a produção de energia nuclear. E o que pode causar acidentes 1. O reator esquenta D as 440 usinas nucleares em operação no mundo, 86% são de dois tipos: reator de água fervente (como a de Fukushima, no Japão) e reator de água pressurizada (como Angra I e II, no Brasil). Os dois poduzem eletricidade por fissão nuclear e estão sujeitos a problemas de superaquecimento. A maior parte desses acidentes acontece quando falham as barras de controle, que resfriam e interrompem as reações. Aí, o calor gerado no funcionamento da usina se acumula e provoca explosões. Cientistas estudam como melhorar esse resfriamento e como lidar com o lixo nuclear, com alternativas que variam de repositórios superprotegidos à reciclagem — já que apenas 4% dos resíduos são radioativos. //DENISE DALLA COLLETTA * O tema desta reportagem foi sugerido por Luis Barcellos, de Guará, DF A FISSÃO NUCLEAR b. O urânio se quebra em dois átomos menores, o bário e o criptônio a. Um nêutron se choca contra o núcleo de um átomo de urânio enriquecido (235U), que fica instável c. A divisão libera calor, radiação e mais dois ou três nêutrons, que atingem o núcleo de outros átomos de 235U e iniciam novas fissões. A reação continua em cadeia urânio enriquecido água barras de controle 2. O calor vira eletricidade 3. Como parar a reação? REATORES DE ÁGUA FERVENTE O líquido em volta do urânio vira vapor e pressiona a turbina, que se movimenta gerando energia. Ao sair da turbina, o gás é condensado e volta para o reator em forma líquida REATORES DE ÁGUA PRESSURIZADA A água quente, por conta da alta pressão, não vira vapor. Ela troca calor com outro circuito de água que evapora e aciona a turbina, gerando eletricidade. É considerado o sistema mais seguro 26_JUNHO_2011 239usinafinal.indd 26 vapor de água turbina gerador reator FUKUSHIMA água condensador vapor de água gerador de vapor turbina gerador ANGRA I E II água pressurizada condensador reator água Quanto mais as barras são erguidas, menos reações acontecem. Se forem até o fim, o reator é desligado Barras de boro ou cádmio absorvem os nêutrons regulando, reduzindo ou até parando as fissões ligado desligado barras de controle E se faltar energia? Quando o sistema de refrigeração falha, as barras de controle devem subir e parar a reação. Se falta energia para acioná-las, o reator superaquece e pode causar uma explosão, com vazamento de material radioativo Fonte: Luís Antônio Albiac Terremoto, doutor em energia nuclear e pesquisador do Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) I N FOGR ÁFICO: Maná E. D. I 20/5/2011 00:32:20 MENU do dia O cardápio de Arthur é variado: “Não tenho rotina, assim como os caçadores-coletores não tinham". Na data em que falou com a galileu, suas refeições foram: n Café da MaNhã Nada. Jogou duas horas de tênis em jejum aliMENtação Dieta das cavernas. Há 25 anos, o americano Arthur De Vany come somente o que pode ser caçado, pescado ou colhido. Mas compra tudo no mercado da esquina E conomista aposentado pela Universidade da Califórnia, Arthur De Vany, 73, tem toda pinta de nutricionista, seguindo e pregando por aí sua própria dieta. “Não caço, pesco ou planto, mas só compro alimentos que poderiam ser obtidos assim. Sou um homem das cavernas do século 21”, diz. Tudo começou em 1979, quando seu filho mais novo foi diagnosticado com diabetes, e De Vany virou um autodidata em nutrição. Descobriu que podia viver como há 40 mil anos e passou a seguir um cardápio pré-histórico, baseado em carne, frutas e vegetais. Desde 1986 ele adotou essa dieta integralmente. Na sua casa, no interior de Utah, sempre há hortaliças, frutas de baixa caloria, carne vermelha, mariscos, nozes e azeite de oliva. Tudo o que ele e a mulher Carmela cozinham é comprado por Arthur em redes de atacado ou no supermercado da esquina (seu preferido). fotos: Divulgação 239enterTROGLO.indd 27 A dieta não inclui restrição de calorias. Em geral, ele come três refeições por dia, mas, às vezes, se contenta com uma ou duas. Arthur ainda mantém práticas diárias de exercícios como caminhadas, corridas e malhação na academia. “É importante variar a atividade física. É assim que os selvagens predadores viviam”, afirma o troglodita. Arthur descreve os 25 anos de sua dieta troglodita em seu livro A Nova Dieta da Evolução (Larousse), que chegou ao Brasil em maio. A publicação aborda de teorias científicas sobre alimentação a dicas de cardápios e exercícios físicos. Mas não deve ser encarada como manual médico, afinal, Arthur é economista. Ainda assim, está convicto dos benefícios de seu estilo de vida. “Os genes e o metabolismo humano são bem adaptados a essa dieta, já que nossos antepassados comeram assim por pelo menos 2 milhões de anos.” //érika kokay n alMoço Grande prato de salada com salmão, preparado com azeite, alho e orégano. Bebida: água. Sobremesa: laranja n JaNtar Costelinha de porco assada, couve e pimentas vermelhas grelhadas JuNhO_2011_27 20/5/2011 00:39:59