centro espírita fraternidade alan kardec cefak curso desequilíbrios
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centro espírita fraternidade alan kardec cefak curso desequilíbrios
CENTRO ESPÍRITA FRATERNIDADE ALAN KARDEC CEFAK CURSO DESEQUILÍBRIOS MEDIÚNICOS CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS BASE DE APOIO DO CURSO OBRAS DE MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA PSICOGRAFIA DE DIVALDO PEREIRA FRANCO 5 CURSO DESEQUILÍBRIOS MEDIÚNICOS CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS ÍNDICE Página: 04 – Introdução 05 – Obras que embasam o Curso 06 - Biografia de Manoel Philomeno de Miranda 09 – Temas das aulas 10 – Programa 15- NOS BASTIDORES DA OBSESSÃO: Examinando a Obsessão 21- NOS BASTIDORES DA OBSESSÃO: Exórdio e prolegômenos 28 - GRILHÕES PARTIDOS: Prolusão e Bastidores Cap4 - Hipnose e Obsessão 35- GRILHÕES PARTIDOS: Epilepsia 40- NAS FRONTEIRAS DA LOUCURA: Carnaval e Obsessão 44- NAS FRONTEIRAS DA LOUCURA: Drogas Cap 9 a 11 50- PAINÉIS DA OBSESSÃO: Prefácio 52- PAINÉIS DA OBSESSÃO: Sintonia Mental Cap 6, 7 e 11 57- LOUCURA E OBSESSÃO: Loucura e Obsessão 62- LOUCURA E OBSESSÃO: Suicídio e Obsessão – Cap 24 e 25 70- TRILHAS DA LIBERTAÇÃO: Fragmentos - O Poder e a Organização das Trevas 75 - TRILHAS DA LIBERTAÇÃO: Terapias Desobsessiva – Cap 9 80 - TORMENTOS DA OBSESSÃO: Fragmentos - Sanatório Esperança 87 - TORMENTOS DA OBSESSÃO: Distúrbio Depressivo – Cap 19 94- SEXO E OBSESSÃO: Sexo e Obsessão- Cap 15 99- TRILHAS DA LIBERTAÇÃO: Medicina Holística Cap 1,3 e 3 6 CURSO DESEQUILÍBRIOS MEDIÚNICOS CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS BASE DE APOIO DO CURSO OBRAS DE MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA INTRODUÇÃO OBJETIVO GERAL Dar continuidade aos estudos da obsessão, tendo como apoio os casos concretos relatados pelo autor. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Estudar temas correlatos com a obsessão tais como a depressão, a loucura, a criminalidade, as dependências químicas, suicídio, desregramentos sexuais, moratória e outros. JUSTIFICATIVA Como o próprio Manoel Philomeno adverte, no seu primeiro livro Nos Bastidores da Obsessão, a abordagem do tema central “nada traz de novo que já não tenha sido dito, todavia repete acrescenta o nobre instrutor, fiel à técnica de que o exercício é um dos mais eficientes métodos da aprendizagem, muitas lições conhecidas. ESTRUTURA O curso está estruturado em 18 aulas. No decorrer do curso, espera-se adptações e melhoria incorporando didaticas que se mostrarem mais eficazes. A proposta é de melhoria contínua na metodologia de estudo e na inserção de temas que se mostrem mais adequados ao estudo e objetivo proposto. Objetivo: Efetuar um breve relato do conteúdo das obras de Manoel P. de Miranda, explicando a metodologia do estudo que se pretende aplicar, conscientização sobre a necessidade do conhecimento e do aprendizado no lidar com processos obsessivos com mais segurança. Para tal, a participação através de estudos responsáveis e complementares em casa pelo estudante é fundamental. Os dirigentes fazem parte do estudo do grupo exercendo o papel de coordenação Metodologia da aula: A) - Apresentação em Power Point das obras estudadas fazendo breve relato das mesmas, cujos conteúdos sejam de uma ou mais delas, além das obras básicas e complementares . B) - Atividade na sala com o tema selecionado extraído do livro em foco. C) – A cada duas semanas estudaremos uma das obras. APOSTILA: Envio eletrônico semanalmente de textos selecionados extraídos das obras para serem impressos e estudados, e discutidos na reunião, ao final do curso este material formará uma apostila do resumo do curso e das obras. 7 CURSO DESEQUILÍBRIOS MEDIÚNICOS CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS BASE DE APOIO DO CURSO OBRAS DE MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA APRESENTAÇÃO DAS OBRAS QUE EMBASAM O CURSO 1. “Nos Bastidores da Obsessão” – A História da família Soares – SalvadorBA – Publicado em 1970. 2. “Grilhões Partidos” – A História de Éster, jovem de 15 anos, acometida de loucura no dia de seu aniversário e tambem os casos de Viviane, Aderson e Eudoxia. Rio de Janeiro e Salvador – BA. – Publicado em 1974. 3. “Nas Fronteiras da Loucura” – Atendimentos no período de carnaval, no Rio de Janeiro. Casos de loucura obsessiva e drogas. – Publicado em 1982. 4. “Painéis da Obsessão” – A História de Argos e Áurea. O Sanatório para tuberculosos em Campos do Jordão-SP. Os casos de tuberculosos. Publicado em 1983. 5. “Loucura e Obsessão” – Manoel Philomeno realiza período de estudo em um centro de umbanda, acompanhando Dr. Bezerra de Menezes. Casos de loucura e homossexualismo. Salvador-BA . Publicado em 1986. 6. “Trilhas da Libertação” – A Medicina Holística. O médium curador Davi. A equipe mediúnica. A organização das trevas. Publicado em 1995. 7. “Tormentos da Obsessão” – A História de vários médiuns – Uns vitoriosos, outros não. O Sanatório esperança. Depressão. Publicado em 2001. 8. “Sexo e Obsessão” – Apresenta a triste realidade causada pelos desatinos humanos no que se refere ao sagrado instituto do sexo. O Pe. Mauro. Publicado em 2002. 8 MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA Em 14 de novembro de 1876 nasceu, em Jangada, município do Conde, Estado da Bahia, o discípulo fiel da seara de Jesus, Manoel Philomeno de Miranda. Conheceu o Espiritismo em 1914 através do médium Saturnino Favila. Por essa época conheceu, também, José Petitinga, estabelecendo forte amizade com ele, ao mesmo tempo em que começava a freqüentar as sessões da União Espírita Baiana que havia sido recentemente fundada, em 1915. Discípulo de José Petitinga, tinha a mesma maneira especial de tratar e doutrinar os assistentes das sessões da "União", sempre baseadas num magistral versículo evangélico. Desde 1918, Miranda participava assiduamente das sessões, interessado superiormente nos assuntos doutrinários do Espiritismo e sendo um dos mais firmes adeptos dos seus ensinos. Fez parte da diretoria da União Espírita Baiana desde 1921 até o dia da sua desencarnação, em 14 de julho de 1942. Também presidia as sessões mediúnicas e trabalhos do Grupo Fraternidade, sempre muito empenhado em tratar as obsessões. Durante esse longo período Miranda foi um baluarte do Espiritismo. Onde estivesse, aí estaria a doutrina e sua propaganda exercida com proficiência de um doutor, um abnegado. Delicado no trato, mas heróico na luta. Publicou, sem o seu nome, as obras "Resenha do Espiritismo na Bahia" e "Excertos que justificam o Espiritismo", além do opúsculo "Porque sou Espírita" em resposta ao Pe. Huberto Rohden. Sofrendo do coração, subia as escadas a fim de não faltar às sessões, sorrindo e sempre animado. Queria extinguir-se no seu cumprimento. Sentia imensa alegria em dar os seus dias ao serviço do Cristo. Sobre as suas últimas palavras, assim escreve A M. Cardoso e Silva: "Agora sim! Não vou porque não posso mais. Estou satisfeito porque cumpri o meu dever. Fiz o que pude... o que me foi possível. Tome conta dos trabalhos, conforme já determinei". Era antevéspera da sua 9 desencarnação. Querido de quantos o conheceram - pois quem o conhecia não podia deixar de amá-lo -, até o último instante demonstrou a firmeza da tranqüilidade dos justos, proclamando e testemunhando a grandeza imortal da Doutrina Espírita. Divaldo Pereira Franco nos conta como iniciou seu relacionamento com o amoroso Benfeitor, conforme relato no livro Semeador de Estrelas, da escritora e médium Suely Caldas Schubert: "No ano de 1950 Chico Xavier psicografou para mim uma mensagem ditada pelo Espírito José Petitinga e no próximo encontro uma outra ditada pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda. ( ... ) "No ano de 1970 apareceu-me o Espírito Manoel Philomeno de Miranda, dizendo que, na Terra, havia trabalhado na União Espírita Baiana, tendo exercido vários cargos, dedicando-se, especialmente à tarefa do estudo da mediunidade e da desobsessão. (...) "Quando chegou ao Mundo Espiritual foi estudar em mais profundidade as alienações por obsessão e as técnicas correspondentes da desobsessão. (...) "Convidado por Joanna de Angelis, para trazer o seu contributo em torno da mediunidade, da obsessão e desobsessão, ele ficou quase trinta anos realizando estudos e pesquisas e elaborando trabalhos que mais tarde iria enfeixar em livros. (...) "Ao me aparecer, então, pela primeira vez, disse-me que gostaria de escrever por meu intermédio. "Levou-me a uma reunião, no Mundo Espiritual, onde reside, e ali, mostrou-me como eram realizadas as experiências de prolongamento da vida física através da transfusão de energia utilizando-se do perispírito. "Depois de uma convivência de mais de um mês, aparecendo-me diariamente, para facilitar o intercâmbio psíquico entre ele e mim, começou a escrever "Nos Bastidores da Obsessão", que são relatos, em torno da vida espiritual, das técnicas obsessivas e de desobsessão. ( ... ) "Na visita que Manoel Philomeno me permitiu fazer à Colônia em que ele se hospedava, levou-me a uma curiosa biblioteca. Mostrou-me como são arquivados os trabalhos gráficos que se fazem na Terra. Disse-me que, quando um escritor ou um médium, seja quem for, escreve algo que beneficia a Humanidade - no caso do escritor - é um profissional, mas, o que ele produz é edificante, nessa biblioteca fica inscrito, com um tipo de letra bem característico, traduzindo a nobreza do seu 10 conteúdo. À medida que a mente, aqui, no planeta, vai elaborando, simultaneamente vai plasmando lá, nesses fichários muito sensíveis, que captam a onda mental e tudo imprimem. "Quando a pessoa escreve por ideal e não é remunerado, ao se abrirem esses livros, as letras adquirem relevo e são de uma forma muito agradável à vista, tendo uma peculiar luminosidade. Se a pessoa, porém, o faz por ideal e estando num momento difícil, sofrido, mas ainda assim escreve com beleza, esquecendose de si mesma, para ajudar a sociedade, a criatura humana, ao abrir-se o livro, as letras adquirem uma vibração musical e se transformam em verdadeiros cantos, em que a pessoa ouve, vê e capta os registros psíquicos de quando o autor estava elaborando a tese. "O oposto também é verdadeiro. ( ... ) "Eis porque vale a pena, quando estamos desalentados e sofridos, não desanimarmos e continuarmos as nossas tarefas, o que lhes dá um valor muito maior. Porque o trabalho diletante, o desportivo, o do prazer, já tem, na própria ação, a sua gratificação, enquanto o de sacrifício e de sofrimento exige a abnegação da pessoa, o esforço, a renúncia e, acima de tudo, a tenacidade, para tornar real algo que gostaria que acontecesse, embora o esteja realizando por entre dores e lágrimas." Miranda, assim, pela psicografia de Divaldo Franco, nos presenteia com diversos livros acerca da delicada problemática da obsessão, dentre os quais destaca-se: "Nos Bastidores da Obsessão", "Nas Fronteiras da Loucura", "Tormentos da Obsessão", e "Sexo e Obsessão", dentre vários outros. Fonte: http://www.oespiritismo.com.br 11 CURSO DESEQUILÍBRIOS MEDIÚNICOS CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS TEMAS DAS AULAS 1- APRENTAÇÃO E INTRODUÇÃO: Programa, Biografia, Resenha das Obras, Temas das Aulas 2- NOS BASTIDORES DA OBSESSÃO: Examinando a Obsessão 3- NOS BASTIDORES DA OBSESSÃO: Técnicas de Obsessão - A família Soares - Exórdio 4- GRILHÕES PARTIDOS: Prolusão e Bastidores Cap4 - Hipnose e Obsessão 5- GRILHÕES PARTIDOS: Doenças e Obsessão – Epilepsia, Histeria 6- NAS FRONTEIRAS DA LOUCURA: Carnaval e Obsessão 7- NAS FRONTEIRAS DA LOUCURA: Drogas e Obsessão 8- PAINÉIS DA OBSESSÃO: Sintonia Mental e Obsessão - Caso Argos 9- PAINÉIS DA OBSESSÃO: Doenças Físicas e Obsessão 10- LOUCURA E OBSESSÃO: Loucura e Obsessão 11- LOUCURA E OBSESSÃO: Suicídio e Obsessão 12- TRILHAS DA LIBERTAÇÃO: O Poder e a Organização das Trevas 13- TRILHAS DA LIBERTAÇÃO: Responsabilidade Perante a Desobsessão 14- TORMENTOS DA OBSESSÃO: Sanatório Esperança 15- TORMENTOS DA OBSESSÃO: Distúrbio Depressivo 16- SEXO E OBSESSÃO: Sexo e Obsessão 17- TRILHAS DA LIBERTAÇÃO: Medicina Holística 18- TRILHAS DA LIBERTAÇÃO: Culto no Lar 19- REVISÃO, AVALIAÇÃO E ENCERRAMENTO: Revisão, Avaliação e Encerramento 12 CURSO DESEQUILÍBRIOS MEDIÚNICOS CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS BASE DE APOIO DO CURSO OBRAS DE MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA PROGRAMA 1ª AULA – APRESENTAÇÃO DO CURSO Programa do Curso. Biografia de Manoel Philomeno de Miranda. Resenha das Obras de Manoel P. De Miranda. Temas das Aulas Distribuição dos Temas . 2ª AULA: LIVRO: NOS BASTIDORES DA OBSESSÃO Tema: Examinando a Obsessão Capítulo: Introdução Objetivos: Estudar a Obsessão e os Desequilíbrios Mediúnicos recordando conceitos dos cursos precedentes e adicionando novos conhecimentos 3ª AULA: LIVRO: NOS BASTIDORES DA OBSESSÃO 1. Vingança, obsessão contínua; condicionamentos psíquicos; obsessão entre encarnados; técnicos em obsessão; Vínculos com a organização das trevas; encarnados no plano espiritual inferior; assistência negativa a encarnados; voz de prisão ao espírito; processos hipnóticos deprimentes; assédio ao lar; informantes das trevas; fiscalização por trabalhadores das trevas; o julgamento de um encarnado no plano espiritual; perturbação dos centros genésicos; sugestão sobre psicanalista; implante de célula fotoelétrica; enfermidade simulacro; aumento das agressões; afastamento voluntário e temporário do obsessor; ataque aos trabalhadores; agressores espirituais. (Nos Bastidores da Obsessão, págs. 82/85; 98/109, 120/127, 141/143, 151/160, 189/190, 203/207, 213/219). Tema: Técnicas de Obsessão - A Família Soares – (Trama) Capítulo: Exórdio, Cap.1,2 3 e outros Objetivos: Alertar os médiuns para a questão das técnicas e dos processos obssessivos, mostrando que os espíritos vingadores se utilizam dos mais variados processos para alcançarem seus objetivos. Estudar tais técnicas e processos para, conhecendo-os, dotar os médiuns de melhor preparo para o exercício da tarefa mediúnica e se precaverem contra as investidas dos obsessores 4ª AULA: LIVRO: GRILHÕES PARTIDOS Tema: Prolusão e Bastidores Cap4 - Hipnose e Obsessão Capítulo: 04 e 14 Objetivos: Nesta aula, o importante é o estudo das técnicas e processos obsessivos 13 5ª AULA: LIVRO: GRILHÕES PARTIDOS Tema: Doenças e Obsessão Capítulo: Cap. 11, 12, 13 Objetivos: Estudar diversas doenças e suas relações com os processos obsessivos tais como epilepsia, histeria, esquizofrenia. 6ª AULA: O LIVRO: NAS FRONTEIRAS DA LOUCURA Tema: O Carnaval e a Influência Espiritual Capítulo: Cap. 6,7,8. Objetivos: Estudar o intenso trabalhos dos bons espíritos nos dias de festejos carnavalescos, procurando amenizar a influência espiritual negativa sobre os encarnados, em face dos desequilíbrios que se tornam mais acentuados nesse período pelos desvarios que acontecem. (Nas Fronteiras da Loucura) 7ª AULA: O LIVRO: NAS FRONTEIRAS DA LOUCURA 2. Fuga à responsabilidade; o uso de drogas é antigo, desprezo pela vida; progresso tecnológico; obsessão pelas drogas; impregnação do perispírito; alcoolismo; consequências do alcoolismo. (Nas Fronteiras da Loucura, cap. 9 e 11 e Trilhas da Libertação págs. 170/178) – Ajudas do CEFAK sôbre vícios. Tema: Drogas e Obsessão Capítulo: Cap. 9 a 12. Objetivo: Fortalecer o conhecimento sobre o perigo do uso de drogas e ressaltar a vinculação perniciosa entre encarnados e desencarnados, gerador de deprimentes processos obsessivos. 8ª AULA: O LIVRO: PAINÉIS DA OBSESSÃO 1. Caso Argos –Painéis da Obsessão Tema: O Processo Obsessivo de Argos Sintonia Mental e Obsessão Capítulo: Introdução e Cap. 3 A 6. Objetivos: Estudar, Meditar e discutir a respeito do tema acima registrado, para fortalecer nossos conhecimentos e nossa fé. Tomaremos por base a narrativa de Manoel Philomeno, recorrendo sempre aos indispensáveis ensinos da Doutrina Espírita. 9ª AULA: O LIVRO: PAINÉIS DA OBSESSÃO Tema: Doenças e Obsessão Capítulo: Cap. 5 e 6 Objetivos: Estudar alguns casos analisados por Manoel Philomeno em um sanatório para tuberculosos. Estudar as causas das doenças e a atuação obsessiva sobre os doentes 14 e analisar a pertinência, ou não, do tratamento espiritual para esses casos. (Painéis da Obssessão) 10ª AULA: O LIVRO: LOUCURA E OBSESSÃO Resumo Explicativo: Esta aula está fundamentada em três livros de Manoel Philomeno de Miranda. São eles: “Loucura e Obsessão”, “Nas Fronteiras da Loucura” e “Grilhões Partidos”. No primeiro livro, o autor espiritual narra os fatos que observou durante um mês, quando participou, junto com Dr. Bezerra de Menezes, de trabalhos socorristas em um núcleo do sincretismo afro-braileiro que, sem embargo da caridade que exerce, adota prática estranhas à Doutrina Espírita, tais como o uso de incensos, usos de determinadas vestimentas, música ao ritmo de instrumentos de percussão, etc. O principal motivo da presença do Dr. Bezerra de Menezes no referido núcleo foi o jovem Carlos, portador de esquizofrenia catatônica. Em Grilhões Partidos Philomeno de Miranda narra o caso de Ester, menina de quinze anos de idade, filha única do Coronel Constâncio Medeiros de Santa Maria, que, em plena festa de sua apresentação à sociedade carioca, foi acometida de inesperado ataque de loucura, agredindo ao pai verbal e fisicamente, sendo, também, internada em um manicômio. Costatou-se, depois, que se tratava igualmente de um processo obsessivo.. Tema: Loucura e Obsessão Capítulo: Cap. 5 e 6 Casos: Carlos, Julinda, Ester, Viviane. Objetivo: Estudar a loucura causada por obsessão, geralmente confundida com a loucura patológica. Com tais estudos, procuramos sedimentar os conhecimentos para nos precavermos contra os perigos da loucura obsessiva, bem como buscarmos melhores condições para orientar pessoas que nos consultem a respeito. Nos interessa, para esse estudo, os temas loucura e obsessão, tão somente. 11ª AULA: O LIVRO: LOUCURA E OBSESSÃO RESUMO: No Livro “Loucura e Obsessão” Manoel Philomeno relata o atendimento ao espírito de uma jovem de 25 anos de idade que cometeu suicídio. Trata´se de jovem que recebeu esmerada educação e que, desde cedo, foi encaminhada à fé religiosa. O Pai é dedicado trabalhador da Seara espírita. O caso fornece ensejo para o estudo de dois temas importantes, como o suicídio e a moratória, com especial atenção para os seguintes ítens, relacionados aos temas: ambiente no necrotério; a ligação do espírito com o corpo, após o desencarne; o ambiente em velórios; determinismo; fatalidade; livre arbítrio; merecimento; responsabilidade; a misericórdia e a justiça divina, alem de outros ítens que forem percebidos pelo dirigente no decorrer do estudo. (Loucura e Obsessão Cap. 24 e 25) Tema: Suicídio e Obsessão Capítulo: Cap. 24 e 25 Objetivos: Estudar, Meditar e discutir a respeito do tema acima registrado, para fortalecer nossos conhecimentos e nossa fé. Tomaremos por base a narrativa de Manoel Philomeno, recorrendo sempre aos indispensáveis ensinos da Doutrina Espírita. Este estudo não deve dispensar a consulta 15 ao Livro dos Espíritos e ao Evangelho Segundo o Espíritismo, na abordagem dos temas 12ª AULA: O LIVRO: TRILHAS DE LIBERTAÇÃO 1. O poder das trevas; Objetivo dos espírito das trevas, uma eleição nas trevas, os planos do novo chefe, regiões infernais, as quatros legítimas verdades (Trilhas da Libertação – pág. 8/9 – 95/108); 2. Uma organização do mal, combate às casas espíritas (Nos Bastidores da Obsessão, pgs. 187/188 e 192/193) 3. A comunidade da perversão moral (Sexo e Obsessão, cap. 3) 4. Causas do relativo sucesso das trevas (Tormentos da Obsessão, págs. 318/319) 5. O exemplo do médium Davi (Trilhas da Libertação) Tema: O Poder e a Organização das Trevas Capítulo: Vários Objetivo: esclarecer a respeito da atuação dos Espíritos das trevas sobre encarnados e desencarnados; sua organização, seu poder, seus redutos de domínio e suplícios; alertar quanto aos perigos de se estabelecer ligações com esses espíritos. 13ª AULA: LIVRO: TRILHAS DA LIBERTAÇÃO 1. Confiança em Deus e em Jesus; humildade; conhecimento do Espiritismo; fortificar-se na fé; prece e meditação; despertar para a verdade; exemplo para desencarnados; conduta e responsabilidade, compromisso espiritual para com os enfermos; diantes dos sofredores; o poder do pensamento; compromisso para a nossa evolução; o santuário da desobsessão; ministério mediúnico; servir sem retribuição, educação da mente; os médiuns são criaturas humanas; sintonia mental do dirigente; Casa Espírita: educandário da alma; mediunidade. (Nos Bastidores da Obsessão, págs. 51/54, 167, 201/215, 220/225, 228/229 ,253/254 e Trilhas da Libertação, págs. 68/69, 78/79, 89/90, 73/74.) - (Mensagem M.Zeferina) Tema: Responsabilidade Perante a Desobsessão Capítulo: 9 Objetivos: Consolidar na mente do médium que o trabalho espiritual de desobsessão exige muita responsabilidade ou, por outras palavras, que é impossível a execução satisfatória da tarefa desobsessiva sem um compromisso sério do médium. Destacar que as qualidades morais do médium, a sua confiança em Deus, em Jesus e nos mentores é fundamental para o desempenho do trabalho mediúnico na desobsessão. 14ª AULA: LIVRO: TORMENTOS DA OBSESSÃO 1. Fundação e objetivos do sanatório; razão da criação do sanatório; o fundador, sua localização, seu ambiente físico; a administração e a equipe técnica; especialidades, métodos de atendimento; processos socorristas (Tormentos da Obsessão, págs. cap. 2 - pag. 12, 17, 21/36, 29/30, 37/39, 119, 89/90, 92/93 e 101, 123/124, 183/184, 229, 272, 310/315, e outras); 16 2. “A AMARGA EXPERIÊNCIA DE LEÔNCIO E O INSUCESSO DE AMBRÓSIO” Tema: Sanatório Esperança Capítulo: Cap 2 e outros Objetivos: O estudo de casos, com a análise de consequências das quedas será útil a todos nós que nos interessamos em conquistar e manter o equilíbrio pessoal e mediúnico. Serve também de alerta para não resvalarmos pelos mesmos caminhos. (Tormentos da Obsessão, págs. 101/121 e 138/173) 15ª AULA: LIVRO: TORMENTOS DA OBSESSÃO 1. A conferência e o local da mesma; a platéia, histórico da depressão; classificações e definição; consequências físicas e emocionais da depressão; as causas secundárias e essencial da depressão; programa genético; a depressão nas mulheres; depressão por obsessão; terapias: laborterapia; crença em Deus; a oração; a evangelhoterapia; os fármacos antidepressivos. (Tormentos da Obsessão, capítulos 19 e 20 págs. 270 e 295 e Trilhas da Libertação, cap. 1, págs. 13/21). (No cap. V, pág 74 em diante de Almério, que derrapou em perigosa depressão). Tema: Distúrbio Depressivo e a Obsessão Capítulo: 19 e 20 Objetivo: Mostrar que a depressão é uma doença muito grave e que pode atacar qualquer pessoa, inclusive trabalhadores da desobsessão, se forem invigilantes. Alertar para os sérios risco da depressão e chamar a atenção para os cuidados que se deve ter para evitá-la. 16ª AULA: LIVRO SEXO E OBSESSÃO 1. O espírito; complexidade do tema; conduta moral; matrimônio e monogamia; conúbios obsessivos; comportamentos anteriores do espírito; terapia preventiva; educação moral; atração do obsessor; pedofilia; influência espiritual; deformação do perispírito; investida das trevas; finalidade específica do sexo; estágio mais elevado do sexo, impulsos animalizados; a gênesis do sexo, obsessão do sexo; domínio mental; adversários espirituais, permuta de hormônios, o prazer, castidade. (Esta aula está fundamentada basicamente no livro Sexo e Obsessão. Pode-se também consultar o capítulo VI do livro Loucura e Obsessão.) além das ajudas do CEFAK sôbre Sexo. Tema: Sexo e Obsessão Capítulo: ... Objetivos: 1) Estudar as nobres e específicas finalidades do sexo, destacando que o desequilíbrio nesse campo pode ser causa de dolorosos processos obsessivos de duração incalculável. Sedimentar no espírito de nós estudantes, os cuidados que devemos ter para manter o equilíbrio na permuta sexual. 17 2) Fortalecer nossos conhecimentos a respeito de tão grave problema como o homossexualismo e nos darmos conta, mediante o estudo de um doloroso caso, cujo problema quase sempre é agravado pela obsessão. (Livro: Loucura e Obsessão, a história do jovem Lício). 17ª AULA: MEDICINA HOLÍSTICA 2. Objetivos: Estudar mais demoradamente o tema da busca da saúde integral, da perfeita interação mente-corpo, espírito-matéria, concluir o curso com um assunto estimulante, que é a síntese de toda a nossa busca, ou seja, o nosso equilíbrio pessoal e mediúnico. (Trilhas da Libertação 18ª AULA: MÉDIUNS VENCEDORES e CULTO NO LAR DE ERNESTINA “A EXPERIÊNCIA DE LICÍNIO E AS ÁRDUAS LUTAS DE RAULINDA E FRANCISCO” 1. Licínio (Tormentos da Obsessão, págs. 174/194) 2. Raulinda e Francisco: Não indicamos páginas específicas, pois as histórias dos dois médiuns estão distribuídas aos longo do livro. (Trilhas da Libertação) 3. O Lar de Dna. Ernestina – Ponto de Apoio para os bons Espiritos. (Trilhas da Libertacao – pags. 116/124, 166/169, e 222) Objetivos: Os exemplos de médiuns anônimos, sujeitos, como nós, às tentações e quedas, mas que se tornaram vencedores, mediante grandes lutas e dificuldades, são estímulos para seguirmos em frente com fé e coragem. São lições de grande profundidade a nos servirem de guia, verificar tambem como podemos tornar o nosso lar em base de apoio dos bons espíritos e, consequentemente, estar em permanente contato com os bons espíritos; estudar temas correlatos como o Culto do Evangelho no Lar, a prece, religiões, espíritos protetores e outros. 19ª AULA: REVISAO DOS ESTUDOS E AVALIACAO Objetivo: Revisao de todos os estudos do semestre, perguntas e respostas e avaliacao final. 18 NOS BASTIDORES DA OBSESSÃO Capítulo: Introdução Examinando a obsessão “Entre os que são tidos por loucos, muitos há que apenas são subjugados; precisariam de um tratamento moral, enquanto que com os tratamentos corporais os tornam verdadeiros loucos. Quando os médicos conhecerem bem o Espiritismo, saberão fazer essa distinção e curarão mais doentes do que com as duchas”. (2) Com muito acerto asseverou o Codificador que «o conhecimento do Espiritismo, longe de facilitar o predomínio dos maus Espíritos, há de ter como resultado, em tempo mais ou menos próximo e quando se achar propagado, destruir esse predomínio, o da obsessão, dando a cada um os meios de se pôr em guarda contra as sugestões deles». E o iluminado mestre, não poucas vezes, embora profundo conhecedor do Magnetismo, convocado a atender obsidiados de variado jaez, utilizou-se dos eficientes métodos da Doutrina Espírita para libertálos com segurança, através da moralização do Espírito perturbador e do sensitivo perturbado. «Obsessão — segundo Allan Kardec — é o domínio que alguns Espíritos logram adquirir sobre certas pessoas. (2, 3 e 4) “O Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec, 24ª Edição da FEB. Página 263. Ao tempo da publicação de “O Livro dos Médiuns” — 1861 — as duchas eram tidas como dos mais eficientes tratamentos para as enfermidades mentais. Daí a referência feita por Allan Kardec. — Nota do Autor espiritual. Nunca é praticada senão pelos Espíritos inferiores, que procuram dominar. Os bons Espíritos nenhum constrangimento infligem. Aconselham, combatem a influência dos maus e, se não os ouvem, retiram-Se. Os maus, ao contrário, se agarram àqueles de quem podem fazer suas presas. Se chegam a dominar algum, identificam-se com o Espírito deste e o conduzem como se fora verdadeira criança. » Ainda é o egrégio intérprete dos Espíritos da Luz que comenta: «As causas da obsessão variam, de acordo com o caráter do Espírito. É, às vezes, uma vingança que este toma de um indivíduo de quem guarda queixas do tempo de outra existência. Muitas vezes, também, não há mais do que desejo de fazer mal: o Espírito, como sofre, entende de fazer que os outros sofram; encontra uma espécie de gozo em os atormentar, em os vexar, e a impaciência que por isso a vítima demonstra mais o exacerba, porque esse é o objetivo que colima, ao passo que a paciência o leva a cansar-se... » E prossegue: «Há Espíritos obsessores sem maldade, que alguma coisa mesma denotam de bom, mas dominados pelo orgulho do falso saber. (3) Asseverou Allan Kardec: (Não foram os médiuns, nem os espíritas que criaram os Espíritos; ao contrário, foram os Espíritos que fizeram haja espíritas e médiuns. 19 Não sendo os Espíritos mais do que as almas dos homens, é claro que há Espíritos desde quando há homens; por conseguinte, desde todos os tempos eles exerceram influência salutar ou perniciosa sobre a Humanidade. A faculdade mediúnica não lhes é mais que um meio de se manifestarem. Em falta dessa faculdade, fazem-no por mil outras maneiras, mais ou menos ocultas.” «Os meios de se combater a obsessão — esclarece o eminente Seareiro — variam de acordo com o caráter que ela reveste.» E elucida: «As imperfeições morais do obsidiado constituem, frequentemente, um obstáculo à sua libertação.» (4) A obsessão, todavia, ainda hoje é um terrível escolho à paz e à serenidade das criaturas. Com origem nos refolhos do espírito encarnado, obsessões há em escala infinita e, consequentemente, obsidiados existem em infinita variedade, sendo a etiopatogenia de tais desequilíbrios, genêricamente denominada distúrbios mentais, mais ampla do que a clássica apresentada, merecendo destaque aquela denominação causa cármica. Jornaleiro da Eternidade, o espírito conduz os germens cármicos que facultam o convívio com os desafetos do pretérito, ensejando a comunhão nefasta. Todavia, não apenas o ódio como se poderia pensar é o fator causal das Obsessões e nem somente na Terra se manifestam os tormentos obsessivos... Além da sepultura, nas regiões pungentes e aflitivas de reajustamentos imperiosos e despertamentos inadiáveis das consciências, defrontam-se muitos verdugos e vítimas, começando ou dando prosseguimento aos nefandos banquetes de subjugação psíquica, em luta intérmina de extermínio impossível... Obsessores há milenarmente vinculados ao crime, em estruturas de desespero invulgar, em que se demoram voluntàriamente, envergando indumentárias de perseguidores de outros obsessores menos poderosos mentalmente que, perseguindo, são também escravos daqueles que se nutrem às suas expensas, imanados por forças vigorosas e crueis... Na Terra, igualmente, é muito grande o número de encarnados que se convertem, por irresponsabilidade e invigilância, em obsessores de outros encarnados, estabelecendo um consórcio de difícil erradicação e prolongada duração, quase sempre em forma de vampirismo inconsciente e pertinaz. São criaturas atormentadas, feridas nos seus anseios, invariàvelmente inferiores que, fixando aqueles que elegem gratuitamente como desafetos, os perseguem em corpo astral, através dos processos de desdobramento inconsciente, prendendo, muitas vezes, nas malhas bem urdidas da sua rede de idiossincrasia, esses desassisados morais, que, então, se transformam em vítimas portadoras de enfermidades complicadas e de origem clínica ignorada... Outros, ainda, afervorados a esta ou àquela iniquidade, fixam-se, mentalmente, a desencarnados que efetivamente se identificam e fazem-se obsessores destes, amargurando-os e retendo-os às lembranças da vida física, em lamentável comunhão espiritual degradante... Além dessas formas diversificadas de obsessão, outras há, inconscientes ou não, entre as quais, aquelas produzidas em nome do amor tiranizante aos que se demoram nos invólucros carnais, atormentados por aqueles que partiram em estado doloroso de perturbação e egocentrismo... ou entre encarnados que mantém co-núbio mental infeliz e demorado... * 20 Obsessores, obsidiados! A obsessão, sob qualquer modalidade que se apresente, é enfermidade de longo curso, exigindo terapia especializada de segura aplicação e de resultados que não se fazem sentir apressadamente. Os tratamentos da obsessão, por conseguinte, são complexos, impondo alta dose de renúncia e abnegação àqueles que se oferecem e se dedicam a tal mister. Uma força existe capaz de produzir resultados junto aos perseguidores encarnados ou desencarnados, conscientes ou inconscientes: a que se deriva da conduta moral. A princípio, o obsessor dela não se apercebe; no entanto, com o decorrer do tempo, os testemunhos de elevação moral que enseja, confirmando a nobreza da fé, que professa como servidor do Cristo, colimam por convencer o algoz da elevação de princípios de que se revestem os atos do seu doutrinador, terminando por deixar livre, muitas vezes, aquele a quem afligia. Além da exemplificação cristã, a oração consegue lenir as úlceras morais dos assistidos, conduzindo benesses de harmonia que apaziguam o desequilibrado, reacendendo nele a sede e a necessidade da paz. Nem sempre, porém, os resultados são imediatos. Para a maioria dos Espíritos, o tempo, conforme se conta na Terra, tem pouca significação. Demoram-se, obstinados, com tenacidade incomparável nos propósitos a que se entregam, anos a fio, sem que algo de positivo se consiga fazer, prosseguindo a tarefa insana, em muitos casos, até mesmo depois da morte... Isto porque do paciente depende a maioria dos resultados nos tratamentos da obsessão. Iniciado o programa de recuperação, deve este esforçar-se de imediato para a modificação radical do comportamento, exercitando-se na prática das virtudes cristãs, e, principalmente, moralizando-se. A moralização do enfermo deve ter caráter prioritário, considerando-se que, através de uma renovação íntima bem encetada, ele demonstra para o seu desafeto a eficiência das diretrizes que lhe oferecem como normativa de felicidade. Merece considerar, neste particular, que o desgaste orgânico e psíquico do médium enfermo, mesmo depois do afastamento do Espírito malévolo, ocasiona um refazimento mais demorado, sendo necessária, às vezes, compreensivelmente, assistência médica prolongada. * Quando, você escute nos recessos da mente uma idéia torturante que teima por se fixar, interrompendo o curso dos pensamentos; quando constate, imperiosa, atuante força psíquica interferindo nos processos mentais; quando verifique a vontade sendo dominada por outra vontade que parece dominar; quando experimente inquietação crescente, na intimidade mental, sem motivos reais; quando sinta o impacto do desalinho espiritual em franco desenvolvimento, acautele-se, porque você se encontra em processo imperioso e ultriz de obsessão pertinaz. Transmissão mental de cérebro a cérebro, a obsessão é síndrome alarmante que denuncia enfermidade grave de erradicação difícil. A princípio se manifesta como inspiração sutil, depois intempestivamente, para com o tempo fazer-se interferência da mente obsessora na mente encarnada, com 21 vigor que alcança o climax na possessão lamentável. Idéia negativa que se fixa, campo mental que se enfraquece, dando ensejo a idéias negativas que virão. Da mesma forma que as enfermidades orgânicas se manifestam onde há carência, o campo obsessivo se desloca da mente para o departamento somático onde as imperfeições morais do pretérito deixaram marcas profundas no perispírito. Tabagismo — O fumo, pelos danos que ocasiona ao organismo, é, por isso mesmo, perigo para o corpo e para a mente. Hábito vicioso, facilita a interferência de mentes desencarnadas também viciadas, que se ligam em intercâmbio obsessivo simples a caminho de dolorosas desarmonias... Alcoolofilia — Embora necessário para o organismo sujeito a climas frios, o álcool em dosagens mínimas acelera a digestão, facilitando a diurese (5). No entanto, pelas consequências sóçio-morais que acarreta, quando se perverte em viciação criminosa, simples em começo e depois aberrante, é veículo de obsessores cruéis, ensejando, a alcoólatras desencarnados, vampirismo impiedoso, com consequentes lesões do aparelho fisiopsíquico. Sexualidade — Sendo porta de santificação para a vida, altar de preservação da espécie, é, também, veículo de alucinantes manifestações de mentes atormentadas, em estado de angústia pertinaz. Através dele, sintonizam consciências desencarnadas em indescritível aflição, mergulhando, em hospedagem violenta nas mentes encarnadas, para se demorarem em absorções destruidoras do plasma nervoso, gerando obsessões degradantes... Estupefacientes — Á frente da ação deprimente de certas drogas que atuam nos centros nervosos, desbordam-se os registros da subconsciência, e impressões do pretérito ressurgem, misturadas às frustrações do presente, já em depósito, realizando conúbio desequilibrante, através do qual desencarnados em desespero emocional se locupletam, ligando-se aos atormentados da Terra, conjugando à sua a loucura deles, em possessão selvagem... Alienação mental — Sendo todo alienado, conforme o próprio verbete denuncia, um ausente, a alienação mental começa, muitas vezes, quando o espírito retoma o corpo pela reencarnação em forma de limitação punitiva ou de corrigenda, ligado a credores dantanho, em marcha inexorável para o aniquilamento da razão, quando não se afirma nas linhas do equilíbrio moral... Glutoneria, maledicência, ira, ciúme, inveja, soberba, avareza, medo, egoísmo, são estradas de acesso para mentes desatreladas do carro somático em tormentosa e vigilante busca na Erraticidade, sedentas de comensais, com os quais, em conexão segura, continuam o enganoso banquete do prazer fugido... * A etiologia das obsessões é complexa e profunda, pois que se origina nos processos morais lamentáveis, em que ambos os comparsas da aflição dementante se deixaram consumir pelas vibrações degenerescentes da criminalidade que passou, invariàvelmente, ignorada da coletividade onde viveram como protagonistas do drama ou da tragicomédia em que se consumiram. Reencontrando-se, porém, sob o impositivo da Lei inexorável da Divina Justiça, que estabelece esteja o verdugo jugulado à vítima, pouco importando o tempo e a indumentária que os distancia ou caracteriza, tem Início o comércio 22 mental, às vezes aos primeiros dias da concepção fetal, para crescer em comunhão acérrima no dia-a-dia da caminhada carnal, quando não precede à própria concepção... Simples, de fascinação e de subjugação, consoante a classificação do Codificador do Espiritismo, é sempre de difícil extirpação, porqüanto o obsidiado, em si mesmo, é um enfermo do espírito. Vivendo a inquietação íntima que, lenta e seguramente, o desarvora, procede, de início, na vida em comum, como se se encontrasse equilibrado, para, nos instantes de soledade, deixar-se arrastar a estados anômalos sob as fortes tenazes do perseguidor desencarnado. Ouvindo a mensagem em caráter telepático transmitida pela mente livre, começa por aceder ao apelo que lhe chega, transformando-se, por fim, em diálogos nos quais se deixa vencer pela pertinácia do tenaz vingador. Justapondo-se sutilmente cérebro a cérebro, mente a mente, vontade dominante sobre vontade que se deixa dominar, órgão a órgão, através do perispírito pelo qual se identifica com o encarnado, a cada cessão feita pelo hospedeiro, mais coercitiva se faz a presença do hóspede, que se transforma em parasita insidioso, estabelecendo, depois, e muitas vezes em definitivo enquanto na luta carnal, a simbiose esdrúxula, em que o poder da fixação da vontade dominadora consegue extinguir a lucidez do dominado, que se deixa apagar... Em toda obsessão, mesmo nos casos mais simples, o encarnado conduz em si mesmo os fatores predisponentes e preponderantes — os débitos morais a resgatar — que facultam a alienação. Descuidado quase sempre dos valores morais e espirituais — defesas respeitáveis que constroem na alma um baluarte de difícil transposição —, o candidato ao processo obsessivo é irritável, quando não nostálgico, ensejando pelo caráter impressionável o intercâmbio, que também pode começar nos instantes de parcial desprendimento pelo sono, quando, então, encontrando o desafeto ou a sua vítima dantanho, sente o espicaçar do remorso ou o remorder da cólera, abrindo as comportas do pensamento aos comunicados que logo advirão, sem que se possa prever quando terminará a obsessão, que pode alongar-se até mesmo depois da morte... Estabelecido o contacto mental em que o encarnado registra a interferência do pensamento invasor, soa o sinal alarmante da obsessão em pleno desenvolvimento... Nesse particular, o Espiritismo, e somente ele, por tratar do estudo da (natureza dos Espíritos», possui os anticorpos e sucedâneos eficazes para operar a libertação do enfermo, libertação que, no entanto, muito depende do próprio paciente, como em todos os processos patológicos atendidos pelas diversas terapêuticas médicas. Sendo o obsidiado um calceta, um devedor, é imprescindível que se disponha ao labor operoso pelo resgate perante a Consciência Universal, agindo de modo positivo, para atender às sagradas imposições da harmonia estabelecida pelo Excelso legislador. Muito embora os desejos de refazimento moral por parte do paciente espiritual, é imperioso que a renovação íntima com sincero devotamento ao bem lhe confira os títulos do amor e do trabalho, de forma a atestar a sua real modificação em relação à conduta passada, ensejando ao acompanhante desencarnado, igualmente, a própria iluminação. 23 Nesse sentido, a interferência do auxílio fraterno, por outros corações afervorados à prática da caridade, é muito valiosa, favorecendo ao desencarnado a oportunidade de adquirir conhecimentos através da psicofonia atormentada, na qual pode haurir força e alento novo para aprender, meditar, perdoar, esquecer... No entanto, tal empreendimento, nos moldes em que se fazem necessários, não é fácil. Somente poucos Núcleos, dentre os que se dedicam a tal mister — o da desobsessão —, se encontram aparelhados, tendo-se em vista a tarefa que lhes cabe nos seus quadros complexos... Na desobsessão, a cirurgia espiritual se faz necessária, senão imprescindível, muitas vezes, para que os resultados a colimar sejam conseguidos. Além desses, trabalhos especiais requisitam abnegação e sacrifício dos cooperadores encarnados, com natural doação em larga escala de esforço moral valioso, para a manipulação das condições mínimas psicoterápicas, no recinto do socorro, em favor dos desvairados a atender... Examine, desse modo, e sonde o mundo íntimo constantemente para que se não surpreenda de um momento para outro com a mente em desalinho, atendendo aos apelos dos desencarnados que o seguem desde ontem, perturbados e infelizes, procurando, enlouquecidos, «com as próprias mãos fazer justiça», transformados em verdugos da sua serenidade. Opere no bem com esforço e perseverança para que o seu exemplo e a sua luta solvam-sarando a dívida-enfermidade que o assinala, libertando-o da áspera prova antes de você caminhar, aflito, pela senda dolorosa... e purificadora. Em qualquer circunstância, ao exercício nobre da mediunidade com Jesus, tanto quanto ao sublime labor desenvolvido pelas sessões sérias de desobsessão, compete o indeclinável ministério de socorro aos padecentes da obsessão no sentido de modificarem as expressões de dor e angústia que vigem na Terra sofrida dos nossos dias. 24 NOS BASTIDORES DA OBSESSÃO DIVALDO PEREIRA FRANCO DITADO PELO ESPÍRITO MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA Exórdio “Pululam em torno da Terra os maus Espíritos, em conseqüência da inferioridade moral de seus habitantes. A ação malfazeja desses Espíritos é parte integrante dos flagelos com que a Humanidade se vê a braços neste mundo. A obsessão, que é um dos eleitos de semelhante ação, como as enfermidades e todas as atribulações da vida, deve, pois, ser considerada como provação ou expiação e aceita com esse caráter.” (*) A obsessão, mesmo nos dias de hoje, constitui tormentoso flagício social. Está presente em toda parte, convidando o homem a sérios estudos. As grandes conquistas contemporâneas não conseguiram ainda erradicá-la. Ignorada propositadamente pela chamada Ciência Oficial, prossegue colhendo nas suas malhas, diariamente, verdadeiras legiões de incautos que se deixam arrastar a resvaladouros sombrios e truanescos, nos quais padecem irremissivelmente, até à desencarnação lamentável, continuando, não raro, mesmo após o traspasse... Isto, porque a morte continua triunfando, ignorada, qual ponto de interrogação cruel para muitas mentes e incontáveis corações. (*) “A Gênese”, de Allan Kardec, 14ª edição da FEB, capítulo 14. “Obsessões e Possessões”. — Nota do Autor espiritual. As Disciplinas e Doutrinas decorrentes da Psicologia Experimental, nos seus diversos setores, preferem continuar teimosamÉnte arregimentando teorias que não respondem aos resultados da observação demorada e das constatações de laboratório, como se a Imortalidade somente merecesse acirrado combate e não investigação imparcial, capaz de ensejar ao homem esperanças e consolações, quando tudo lhe parece conspirar contra a paz e a felicidade. Desde as honestíssimas pesquisas do Barão von de Guldenstubbé, em 1855, e as do professor Roberto Hare, insuspeito lente de Química, na universidade de Pensilvânia, em 1856, que concluíram, pela realidade do espírito preecistente ao berço e sobrevivente após o túmulo, que os cientistas conscientes das suas responsabilidades se têm entregue ao afã da verificação da Imortalidade. E todos aqueles que se dedicaram à observação e ao estudo, à experimentação e ao fenômeno, são concordes na comprovação da continuidade da vida depois da morte... Nos Estados Unidos, se tornaram famosas as experiências psiquiátricas realizadas pelo Dr. Carlos Wickland, que, utilizando-se da argumentação espírita, conseguiu desobsidiar inúmeros pacientes que lhe chegavan, atormentados, ao consultório. Simultâneanente, em seus trabalhos especializados, utilizava-se de uma médium clarividente, sua própria esposa, que o ajudava na técnica da desobsessão. Diante de Alcina incorporada pelo espírito de Galeno, em plena sessão da 25 Salpetriêre, respondeu Charcot, aos interessados no fenômeno e que o inquiriram, que lhes não convinha se adiantassem à própria época em que viviam... Sugeria que se não buscassem raciocínios que aclarassem os resultados das investigações, devendo contentar-se somente com aquela «observação experimental», a que todos haviam presenciado. Tal atitude anticientífica tem sido mantida por respeitáveis investigadores, por temerem a realidade da vida imperecível. * Com Allan Kardec, no entanto, tiveram início os eloquentes testemunhos da imortalidade, da comunicabilidade dos Espíritos, da reencarnação e das obsessões, cabendo ao insigne mestre lionês a honrosa tarefa de apresentar conveniente terapêutica para ser aplicada nos obsidiados como também nos obsessores. A partir da publicação de «O Livro dos Médiuns», em janeiro de 1861, em Paris, todo um conjunto de regras, com um notável esquema das faculdades mediúnicas, foi apresentado, a par de seguro estudo do Espírito, nas suas diversas facetas, culminando como exame das manifestações espiríticas, organização de Sociedades e palestras dos Espíritos Elevados, que traçaram rotas de segurança para os que ingressarem na investigação racional dos fenómenos medianímicos. A bússola para o sadio exercício da mediunidade foi apresentada com rigoroso equilíbrio, através da Obra magistral. No entanto, diante dos lancinantes problemas da obsessão na atualidade, tem-se a impressão de que nada até o momento haja sido feito a fim de ser modificado esse estado de coisas. De Kardec aos nossos dias, todavia, quantas edificantes realizações e preciosos estudos em torno dos médiuns, da mediunidade, das obsessões e das desobsessões têm sido apresentados! Este capítulo dos problemas psíquicos — «a obsessão» — tem merecido dos cristãos novos o mais acendrado interesse. Apesar disso, avassaladoramente vem-se mantendo em caráter epidêmico, qual morbo virulento que se alastra por toda a Terra, hoje mais do que em qualquer época... «Sinal dos tempos», a que se relerem os Escritos Evangélicos, prenúncia essa dor generalizada, a Era do Espírito Imortal. Milhões de criaturas, no entanto, dormem o sono da indiferença, entregues aos anestésicos do prazer e ao ópio da ilusão. Por todos os lugares se manifestam os Espíritos advertindo, esclarecendo, despertando... No entanto, o carro desatrelado da juventude corre na direção de abismos insondáveis. Os homens alcançam a maturidade vencidos pelos desgastes da quadra juvenil, e a velhice em desassossego padece ao abandono. Os altos índices da criminalidade de todos os matizes e as calamidades sociais espalhadas na Terra são, todavia, alguns dos fatores predisponentes e preponderantes para as obsessões... Os crimes ocultos, os desastres da emoção, os abusos de toda ordem de uma vida ressurgem depois, noutra vida, em caráter coercitivo, obsessivo. É o que hoje ocorre como consequência do passado. A Doutrina Espírita, porém, possui os antídotos, as terapias especiais para tão calamitoso mal. Repetindo Jesus, distende lições e roteiros para os que se abeberam das suas fontes vitais. 26 * Este livro deveria ter sido escrito faz muito tempo... Todos os fatos nele narrados aconteceram entre os anos de 1937 e 1938, em Salvador, na Bahia, quando da nossa jornada carnal, na Terra. Algumas das personagens aqui aparecem discretamente resguardadas por pseudônimo, considerando que algumas delas e seus familiares se encontram ainda reencarnados... Como nos impressionassem as técnicas da obsessão utilizadas pelos Espíritos perseguidores e as técnicas da desobsessão aplicadas pelos Instrutores Desencarnados, reunímos dados, fizemos verificação, e hoje apresentamos o resultado das averiguações ao leitor interessado em informações do Mundo Espiritual sobre o palpitante problema das perseguições espirituais. Estes fatos transcorrem entre os dois mundos: o dos encarnados e o dos desencarnados. Estes dois mundos se interpenetram, já que não há barreiras que os separem nem fronteiras reais, definidas, entre ambos. Grande parte das instruções, oriantações e socorros procederam do Mundo Espiritual, durante as sessões realizadas com a participação de diversos membros da União Espírita Baiana, quando presidida por José Petitinga, o amigo incondicional do Cristo. Diversos companheiros encarnados e nós participávamos, em desdobramento parcial pelo sono, das atividades da desobsessão e das incursões no Mundo Espiritual sob o comando de Abnegados Mentores que nos sustentavam e conduziam, adestrando-nos nas realidades da vida eztracorpórea. Desde vários anos, percebêramos a facilidade com que nos libertávamos parcialmente dos liames carnais, em estado de lucidez, amealhando, desde então, incomparáveis recursos para utilização oportuna. Quando nos aconteceram as primeiras, experiências dessa ordem, no labor mediúnico em grupo, retornamos ao corpo conservando intactas as lembranças, o mesmo acontecendo a diversos membros daquelas atividades. Como se tornassem cada vez mais complexas as tarefas em curso, a bondade dos Amigos Espirituais procedeu a conveniente censura das lembranças, de modo a que a nossa vida material não fosse afetada pelas recordações de tais realizações. Em confabulações com Petitinga, quando ainda no plano físico, conseguíamos, de certo modo, acompanhar as disposições socorristas dedicadas aos membros envolvidos nas tramas da obsessão de que nos ocupamos nestas páginas. Foi, todavia, em cá chegando, após a libertação dos liames fisiológicos pela desencarnação, que pudemos reunir todos os apontamentos de que tínhamos necessidade, contando, também, com a valiosa cooperação do venerando amigo Petitinga e das Entidades Superiores, que nos ajudaram naquele tentame, então coroado de êxito, mercê da Divina Misericórdia. * Alguns dos subitems que constituem os Prolegômenos desta Obra apareceram oportunamente em alguns periódicos espíritas. Aqui se encontram por nós próprios refundidos para melhor entrosamento no conjunto. Reconhecemos a singeleza deste trabalho. Com ele, todavia, objetivamos 27 cooperar de alguma forma com os nobres lidadores da mediunidade, os infatigáveis servidores das tarefas da desobsessão, que se dedicam confiantes e joviais aos trabalhos de socorro aos irmãos atribulados deste lado de cá e do lado de lá, cooperando com o Cristo na implantação do Mundo Melhor a que todos aspiramos. Nada traz de novo, que já não tenha sido dito. Repete, fiel à técnica educacional de que o exercício é um dos mais eficientes métodos da aprendizagem, muitas lições conhecidas. Longe de ser um tratado sobre obsessão e desobsessão, é um ligeiro estudo prático, através de uma família anatematizada pelas perturbações de além-túmulo. Imenso e fértil campo a joeirar, a obsessão continua aguardando os estudiosos mais bem adestrados e mais capazes para mais amplos esclarecimentos e mais eficazes elucidações. O nosso pálido esforço tem o escopo de chamar a atenção para o problema. Que outros, como já tem sido feito por muitos, realizem a parte mais nobre e complexa da questão. Reconhecidos e sensibilizados pelo auxílio recebido do Alto, que munca nos tem faltado com o seu socorro, exoramos as bênçãos do Senhor para todos nós, servo incompetente que reconhecemos ser, na Sua Vinha de Luz e Amor. MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA Salvador, 12 de junho de 1970. 28 Prolegômenos “Os Espíritos exercem incessante ação sobre o mundo moral e mesmo sobre o mundo físico. Atuam sobre a matéria e sobre o pensamento e constituem uma das potências da Natureza, causa eficiente de uma multidão de fenômenos até então Inexplicados ou mal explicados e que não encontram explicação racional se-não no Espiritismo. “As relações dos Espíritos com os homens são constantes. Os bons Espíritos nos atraem para o bem, nos sustentam nas provas da vida e nos ajudam a suportá-las com coragem e resignação. Os «maus nos impelem para o mal: é-lhes um gozo ver-nos “sucumbir e assemelhar-nos a eles.” (1) Os modernos pesquisadores da mente encarnada, fascinados pelas experiências de Laboratório, surpreendem, paulatinamente, as realidades do Mundo extrafísico. Ligados, porém, aos velhos preconceitos científicos, denominam a faculdade através da qual veiculam tais fatos pelo nome genérico de “psi”. O “psi” é uma designação que da elasticidade quase infinita aos recursos plásticos da mente, tais como conhecimento do passado (telepatia), ou acontecimentos que tiveram lugar anteriormente e se encontram gravados nas mentes de outras pessoas; conhecimento de ocorrências no mundo exterior (1) “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec. Introdução, página 23, da 28ª Edição da FEB. — Nota do Autor espiritual. (clarividência), sem o contacto com impressões sensoriais; e percepção do futuro (presciência). Em princípio, os recursos valiosos da mente, nas experiências de transposição dos sentidos, fenômenos de profetismo e lucidez, demonstrações de insensibilidade táctil, nas alucinações, polarizações e despolarizações psíquicas, realizadas em epilépticos e histéricos hipnotizados, ensejavam conclusões apressadas que pareciam confirmar as características do “psi”. Comprovou-se mui facilmente, através da sugestão hipnológica, que se pode impressionar um percipiente a fim de que o mesmo assuma personificações parasitárias momentaneamente, representando vultos da História ou simples pessoas da plebe... Considerando-se, todavia, em outras experiências, os fenômenos intelectuais, como nos casos de xenoglossia e glossolalia, especialmente entre crianças de tenra idade, ou naqueles de ordem física, tais como a pneumografia, o metafonismo, a telecinesia, a teleplasmia e os diversos fenômenos dentro da metergia, constata-se não haver elasticidade que se ofereça à mente encarnada que os possa elucidar, senão através da aceitação tácita de uma força externa inteligente, com vontade própria, que atua no sensitivo, a este conferindo tais possibilidades. Estudiosos do assunto, no passado, tais como William James, acreditaram que todos vivemos mergulhados numa «corrente de consciência cósmica», enquanto Henrique Bergson supunha que «a mente possui um conhecimento de tudo, em qualquer lugar, sem limitação de tempo ou de espaço», dando ao cérebro a função de velador de tal conhecimento. Enquanto tais fenômenos se demoram sem explicação definitiva, a 29 sobrevivência do Espírito após a morte do corpo não encontra aceitação pelas Academias; distúrbios mentais de vária ordem aprisionam multidões em cárceres estreitos e sombrios, povoados pelos fantasmas da loucura, reduzindo o homem à condição primitiva do passado... Muito embora os desvarios da razão estejam presentes nos fastos de todos os tempos, jamais, como na atualidade, o homem se sentiu tão perturbado. Tratadistas estudiosos dos problemas psico-sociológicos do presente atribuem grande parte dos distúrbios mentais à “tensão” das horas em que se vive, elevando, cada dia, o número dos desarranjados psiquicamente e aturdidos da emoção. Naturalmente que, além desses, afirmam os de procedência fisiológica, da hereditariedade, de vírus e germens, as sequelas da epilepsia, da tuberculose, das febres reumáticas, da sífilis, os traumatismos e choques que se encarregam de contribuir larga e amplamente para a loucura. Fatores outros predisponentes a que também se referem não podem ser relegados a plano secundário. Todavia, além desses, que dão origem a psicoses e neuroses lamentáveis, outros há que somente podem ser explicados pela Doutrina Espírita, no Capítulo das Obsessões estudadas carinhosamente por Allan Kardec. Fazendo-se ligeiro levantamento através da História — e os acontecimentos têm sido registrados em todas as épocas do pensamento, mesmo nas mais recuadas —, surpreendemos, ao lado dos alienados de qualquer procedência, magos e sacerdotes manipulando exorcismos e orações com que pretendiam afastar os Espíritos atormentadores, que se comprazem em vampirizar ou exaltar suas vítimas em infeliz comércio entre os dois planos da vida: o corporal e o espiritual. Os livros sagrados de todos os povos, desde a mais remota antigüidade oriental, em se referindo às leis morais, reportam-se à vida extraterrena. às consolações e às penalidades impostas aos Espíritos — tal como se a informação tivesse sido haurida na mesma fonte, tendo como única procedência a inspiração dos desencarnados — estudando, igualmente, as aflições e perturbações de origem espiritual, que remontam às vidas pregressas... Considerados inicialmente como anjos maus ou demônios, ao tempo de Jesus, foram por Ele classificados de (espíritos Imundos», com os quais se defrontou, reiteradas vezes, durante a jornada vivida na Terra. Todos os grandes pensadores, artistas, escritores, filósofos do passado, “psi” de religiões», “doutores da Igreja», são unânimes em atestar as realidades da vida além da carne, pelos testemunhos inconfundíveis da imortalidade. Aos Espíritos dos ditos mortos se referem Anaxágora, Plutarco, Sócrates, Heródoto, Aristóteles, Cícera, Horácio, Plínio, Ovídio, Lucano, Flávio José, Virgílio, Dionisio de Halicarnasso, Valério Máximo... que, em seus relatos, apresentam farta documentação comprobatória do intercâmbio espiritual, citando outras não menos célebres personagens do seu tempo. Ricos são os comentários sobre as aparições, as casas (assombradas», os (avisos) e as consultas nos santuários de todas as grandes Civilizações. Mais tarde Lactâncio, Orígenes, Ambrósio, Basílio e Arnóbio dão farto e eloquente testemunho das comunicações com os desencarnados. A Escola Neoplatônica de Alexandria, através dos seus mais expressivos vultos, pregando a multiplicidade das existências (reencarnação), afirma, por intermédio de Plotino, Porfírio, Jâmblico, Próclus, a continuidade da vida 30 concedida ao princípio espiritual. A Idade Média foi farta em provas sobre os desencarnados. “Anjos” e “espíritos imundos” sübitamente invadiram a Europa, e os “inspirados” e “endemoninhados”, os “adivinhos» e “feiticeiros” foram levados à pira crematória, sem que conseguissem extingui-los. Das primeiras lutas entre o Empirismo e o Racionalismo intelectual à Era Atômica, filósofos e cientistas não ficaram indiferentes aos Espíritos... No século 19, porém, fadado pelas suas conquistas a servir de base ao futuro, no que diz respeito ao conhecimento, a sobrevivência mereceu por parte de psicólogos e psiquistas o mais acirrado debate, inaugurando-se a época das investigações controladas cientificamente. Foi nesse período que Allan Kardec, convidado à liça da cultura e da informação, empunhando o bisturi da investigação, clareou, com uma Filosofia Científica — o Espiritismo, calcada em fatos devidamente comprovados, os escaninhos do obscurantismo, oferecendo uma terapêutica segura para as alienações torturantes, repetindo as experiências de Jesus-Cristo junto aos endemoninhados e enfermos de toda ordem. Classificou como obsessão a grande maioria dos distúrbios psíquicos e elaborou processos de recuperação do obsidiado, estudando as causas anteriores das aflições à luz das reencarnações, através de linguagem condizente com a razão, e demonstrável experimentalmente. A Codificação Kardequiana, como um monumento granítico para os séculos porvindouros, certamente não resolveu o “problema do homem”, pois que este ao próprio homem é pertinente, oferecendo, todavia, as bases e direções seguras para que tenha uma vida feliz, ética e socialmente harmoniosa na família e na comunidade onde foi chamado a viver. Psiquistas de nomeada, advertidos pelos resultados observados na Europa e na América, em torno do fascinante assunto — comunicabilidade dos Espíritos —, empenharam-se, então, em laboriosas experiências, criando, alguns, por mais compatível com as suas investiduras acadêmicas, sucedâneos para a alma, que introduziram na genética da Biologia, negando àquela o direito à legitimidade. O Professor Gustavo Geley, por exemplo, criou a designação de “dínnamopsiquismo”, Pauley, a de “consciência profunda”, Hans Driesch a de “enteléquias” e teorias metapsíquicas vieram a lume, em ferrenho antagonismo à imortalidade, esgrimindo as armas do sofisma e da negação, sem conseguirem, no entanto, resultado positivo. O célebre Professor Charles Richet, estimulado pelas experiências eminentemente científicas de Sir» William Crookes, elaborou a Metapsíquica e, ao despedir-se da sua Cátedra de Fisiologia, na Universidade de Paris, deixou ao futuro a satisfação de confirmar, de negar ou desdobrar as suas conclusões. Com o advento da moderna Parapsicologia, novos sucedâneos têm sido criados para o espírito imortal e, enquanto os pesquisadores se demoram no problema da designação nominativa que inspira debates e celeumas, a Doutrina Espírita, lecionando amor e fraternidade, estudo e conhecimento da vida sob a inspiração dos Imortais, distende braços e liberta das malhas vigorosas da obsessão aqueles que, por imprevidência ou provação, se deixaram arrastar aos escuros precipícios da anarquia mental, perturbados ou subjugados por forças ultrizes da Erraticidade, prescrevendo as mesmas diretrizes morais insertas no Evangelho de Jesus-Cristo, vivido em espírito e verdade. 31 GRILHÕES PARTIDOS DIVALDO PEREIRA FRANCO DITADO PELO ESPÍRITO MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA Capítulo: Prolusão PROLUSÃO Tendo em vista o grave problema da obsessão, que aflige multidões e as infelicita, o grupo que se afeiçoe a esse ministério de socorro a obsidiados e obsessores deve observar, pelo menos, os seguintes requisitos mínimos: 1) A equipe de trabalho Toda e qualquer tarefa, especialmente a que se destina ao socorro, exige equipe hábil, adredemente preparada para o ministério a que se dedica. O operário siderúrgico, a fim de poder executar o trabalho junto às fornalhas de alta temperatura, resguarda-se, objetivando a sobrevivência, e adestra-se, a benefício de resultados vantajosos. O tecelão preserva o aparelho respiratório com máscaras próprias e articula habilidades que desdobra, de modo a atender aos caprichos de padronagem, cor e confecção com os fios que lhe são entregues. O agricultor apreende os cuidados especiais de que necessitam o solo, a semente, a planta, a floração e o fruto, com o fito de recolher lucros no labor que enceta. O mestre, o cirurgião, o artista, o engenheiro, o expositor, o escrevente, todos os que exercem atividades, modestas ou não, se dedicam com carinho e especializam-se, adquirindo competência e distinção com o que se capacitam às compensações disso decorrentes. No que tange às tarefas da desobsessão, não menos relevantes são os valores e qualidades especiais exigíveis, para que se logre êxitOs. Nos primeiros casos, necessita-se de fatores materiais, intelectivos e artísticos, inerentes a cada indivíduo que se dedica ao mister, seguindo a linha vocacional que lhe é própria ou estimulado pelas vantagens imediatas, através das quais espera rendas e estipêndios materiais. No último caso, deve-se examinar a transcendência do material em uso — sutil, impalpável, incorpóreo — a começar desde a organização mediúnica até as expressões de caráter moral das Entidades comunicantes. A equipe que se dedica à desobsessão — e tal ministério somente é credor de fé, possuidor de valor, quando realizado em equipe, —que a seu turno se submete à orientação das Equipes Espirituais Superiores — deve estribar-se numa série incontroversa de itens, de cuja observância decorrem os resultados da tarefa a desenvolver. O “milagre” tão amplamente desejado é interpretação caótica e absurda de fatos coerentes, cuja mecânica escapa ao observador apressado. Não ocorre, portanto, uma vez que tudo transcorre sob a determinação de leis de superior contextura e de sábia execução. 32 Assim, faz-se imprescindível, na desobsessão, quando se pretende laborar em equipe: a) harmonia de conjunto, que se consegue pelo exercício da cordialidade entre os diversos membros que se conhecem e se ajudam na esfera do quotidiano; b) elevação de propósitos, sob cujo programa cada um se entrega, em regime de abnegação, às finalidades superiores da prática medianímica, do que decorrem os resultados de natureza espiritual, moral e física dos encarnados e dos desencarnados em socorro; c) conhecimento doutrinário, que capacita os médiuns e os doutrinadores, assistentes e participantes do grupo a uma perfeita identificação, mediante a qual se podem resolver os problemas e dificuldades que surgem, a cada instante, no exercício das tarefas desobsessivas; d) concentração, por meio de cujo comportamento se dilatam os registros dos instrumentos mediúnicos, facultando sintonia com os comunicantes, adredemente trazidos aos recintos próprios para a assistência espiritual; e) conduta moral sadia, em cujas bases estejam insculpidas as instruções evangélicas, de forma que as emanações psíquicas, sem miasmas infelizes, possam constituir plasma de sustentação daqueles que, em intercâmbio, necessitam dos valiosos recursos de vitalização para o êxito do tentame; f) equilíbrio interior dos médiuns e doutrinadores, uma vez que, somente aqueles que se encontram com a saúde equilibrada estão capacitados para o trabalho em equipe. Pessoas nervosas, versáteis, susceptíveis, bem se depreende, são carecentes de auxílio, não se encontrando habilitadas para mais altas realízações, quais as que exigem recolhimento, paciência, afetividade, clima de prece, em esfera de lucidez mental. Não raro, em pleno serviço de socorro aos desencarnados, soam alarmes solicitando atendimento aos membros da esfera física, que se desequilibram facilmente, deixando-se anestesiar pelos tóxicos do sono fisiológico ou pelas interferências da hipnose espiritual inferior, quando não derrapam pelos desvios mentais das conjecturas perniciosas a que se aclimataram e em que se comprazem. Alegam muitos colaboradores que experimentam dificuldades quando se dispõem à concentração. No entanto, fixam-se com facilidade surpreendente nos pensamentos depressivos, lascivos, vulgares, graças a uma natural acomodação a que se condicionam, como hábito irreversível e predisposição favorável. Parece-nos que, em tais casos, a dificuldade em concentrar-se se refere às idéias superiores, aos pensamentos nobres, cujo tempo mental para estes reservado, é constituído de pequenos períodos, em que não conseguem criar um clima de adaptação e continuidade, suficientes para a elaboração de um estado natural de elevação espiritual; g) confiança, disposição física e moral, que são decorrentes da certeza de que os Espíritos, não obstante, invisíveis para alguns, se encontram presentes, atuantes, a eles se vinculando, mentalmente, cm intercâmbio psíquico eficiente, de cujos diálogos conseguem haurir estímulos e encorajamento para o trabalho em execução. Outrossim, as disposições físicas, mediante uma máquina orgânica sem sobrepeso de repastos de digestão difícil, relativamente repousada, pois não é possível manter-se uma equipe de trabalho dessa natureza, utilizando-se companheiros desgastados, sobrecarregados, em agitação; h) circunspeção, que não expressa catadura, mas responsabilidade, 33 conscientização de labor, embora a face desanuviada, descontraída, cordial; i) médiuns adestrados, atenciosos, que não se facultem perturbar nem perturbem os demais membros do conjunto, o que significa adicionar, serem disciplinados, a fim de que a erupção de esgares, pancadas, gritarias não transforme o intercâmbio santificante em algaravia desconcertante e embaraçosa. Ter em mente que a psicofonia é sempre de ordem psíquica, mediante a concessão consciente(*) do médium, através do seu perispírito, pelo qual o agente do além-túmulo consegue comunicar-se, o que oferece ao sensitivo possibilidade de frenar todo e qualquer abuso do paciente que o utiliza, especialmente quando este é portador de alucinações, desequilíbrios e descontroles de vária ordem, que devem, de logo, ser corrigidos ou pelo menos diminuídos, aplicando-se a terapêutica de reeducação; j) lucidez do preposto para os diálogos, cujo campo mental harmonizado deve oferecer possibilidades de fácil comunicação com os Instrutores Desencarnados, a fim de cooperar eficazmente com o programa em pauta, evitando discussão infrutífera, controvérsia irrelevante, debate dispensável ou informação precipitada e maléfica ao (*) Referimo-nos à lucidez da auto-doação do médium para o intercâmbio e não à memória, velada ou não, durante o transe. Nota do Autor espiritual. atormentado que ignora o transe grave de que é vítima, em cujas teias dormita semi-hebetado, apesar da ferocidade que demonstre ou da agressividade •de que se revista; 1) pontualidade, a fim de que todos os membros possam ler e comentar em esfera de conversação edificante, com que se desencharcam dos tóxicos físicos e psíquicos que carregam, em conseqüência das atividades normais; e procurarem todos, como leciona Allan Kardec, ser cada dia melhor do que no anterior, e de cujo esforço se credenciam a maior campo de sintonia elevada, com méritos para si próprios e para o trabalho no qual se empenham... Claro está que não exaramos aqui todas as cláusulas exigíveis a uma tarefa superior de desobsessão, todavia, a sincera e honesta observância destas darão qualidade ao esforço envidado, numa tentativa de cooperação com o Plano Espiritual interessado na libertação do homem, que ainda se demora atado às rédeas da retaguarda, em lento processo de renovação(*). 2) O obsessor O Espírito perseguidor, genericamente denominado obsessor, em verdade é alguém colhido pela própria aflição. Ex-transeunte do veículo somático, experimentou injunções que o tornaram revel, fazendo que guardasse nos recessos da alma as aflições acumuladas, de que não se conseguiu liberar sequer após o decesso celular. Sem dúvida, vítima de si mesmo, da própria incúria e invigilância, transferiu a responsabilidade do seu insucesso a outra pessoa que, por circunstância qualquer, interferiu decerto negativamente na mecânica dos seus malogros, por ser mais fácil encontrar razões de desdita em mãos de algozes imaginários, a reconhecer a pesada canga da responsabilidade que deve repousar sobre os ombros pessoais, como conseqüência das atitudes infelizes a que cada 34 um se faz solidário. Perdendo a indumentária fisiológica mas, não o uso da razão — embora (*) Sugerimos a leitura dos Prolegômenos da Obra “Nos Bastidores da Obsessão”, de nossa autoria. Nota do Autor espiritual. normalmente deambulando na névoa da inconsciência, com os centros do discernimento superior anestesiados pelos vapores das dissipações e loucuras a que se entregou — imanta-se por processo de sintonia psíquica ao aparente verdugo, conservando no íntimo as matrizes da culpa, que constituem verdadeiros “plugs” para a sincronização perfeita entre a mente de quem se crê dilapidado e a consciência dilapidadora, gerando, então, os pródromos do que mais tarde se transformará em psicopatia obsessiva, a crescer na direção infamante de conjugação irreversível. Ocorrências há, de agressão violenta, pertinaz, dominadora, pela mesma mecânica psíquica, em que o enfermo tomba inerme sob a dominação mental e física do subjugador. Pacientemente atendidos, nos abençoados trabalhos de desobsessão, nos quais se lhes desperta a lucidez perturbada, concitando-os ao avanço no rumo da felicidade que supõem perdida, faculta-se-lhes entender os desígnios sublimes da Criação, convidando-os a entregarem os que se lhes fizeram razão de sofrimento à Consciência Universal, de que ninguém se evade, e tratando de reabilitar-se, eles mesmos, ante as oportunidades ditosas que fluem e refluem através do tempo, esse grandioso companheiro de todos. Em outros casos, — quando a fixação da idéia venenosa produziu dilacerações nos tecidos muito sutis do perispírito, comprometendo o reequilíbrio que se faria necessário para a libertação voluntária do processo obsessivo, o que ocorre com freqüência, — os Instrutores Espirituais, durante o transe psicofônico, operam nos centros correspondentes da Entidade, produzindo estados de demorada hibernação pela sonoterapia ou utilizando-se de outros processos não menos eficientes, para ensejarem a recomposição dos centros lesados, após o que despertam para as cogitações enobrecedoras. Na maioria dos labores de elucidação, podem-se aplicar as técnicas de regressão da memória no paciente espiritual, fazendo-se que reveja os fatos a que se vincula, mostrando-lhe a legítima responsabilidade dele mesmo, nos acontecimentos de que se diz molesto, após o que percebe o erro em que moureja, complicando a atualidade espiritual que deve ser aproveitada para reparo e ascensão, jamais para repetições de sandices, pretextos de desídia, ensejos de desgraças... Obsessores, sim, os há, transitoriamente, que se entregam àfascinação da maldade, de que se fazem cultores, enceguecidos e alucinados pelos tormentosos desesperos a que se permitiram, detendo-se nos eitos de demorada loucura, em que a consciência açulada pelos propósitos infelizes desvia o rumo das cogitações para reter-se, apenas, na angulação defeituosa do sicário — verdugo impiedoso de si mesmo — pois todo o mal sempre termina por infelicitar aquele que lhe presta culto de subserviência. Tais Entidades — que oportunamente são colhidas pelas sutis injunções da Lei Divina — governam redutos de sombra e viciação, com sede nas Regiões Tenebrosas da Erraticidade Inferior, donde se espraiam na 35 direção de muitos antros de sofrimento e perturbação na Terra, atingindo, também, vezes muitas, as mentes ociosas, os espíritos calcetas, os renitentes, revoltados, cômodos e inúteis, por cujo comércio dão início a processos muito graves de obsessão de longo curso, que se estende em conúbio estreito, cada vez mais coercitivo, inclusive após a morte física dos tecidos orgânicos, quando o comensal terreno desencarna. Reunidos em magotes, momentaneamente ferozes, se disputam primazia como sói acontecer entre os homens de instintos primitivos da Terra, nos combates de extermínio, em que os próprios comparsas se encarregam de autodestruir-se, estimulados por ambições que culminam na vanglória da ilusão que se acaba, estando sempre atormentados pelas lucubrações de domínio impossível, face à carência de forças para se dominarem a si mesmos. Exibindo multiface de horror, com que aparvalham aqueles com os quais se homiziam moral e espiritualmente, acreditam-se, por vezes, tal a aberração a que se entregam, pequenos deuses em competição de força para assumirem o lugar de Deus. Trazendo no substrato da consciência as velhas lendas religiosas do Inferno eterno, das personificações demoníacas e diabólicas, crêem-se tais deidades irremediavelmente caídas, estertorando, em teimosa crueldade, por assumirlhes os lugares... Expressivo número deles, esses irmãos marginalizados por si mesmos do caminho redentor — que são, todavia, inconscientes instrumentos da Justiça Divina, que ignoram e pensam desrespeitar — obsidiam outros desencarnados que se convertem em obsessores, a seu turno, dos viajantes terrenos, em processo muito complexo de convivência e exploração físio-psíquica. Todos, porém, todos eles, nossos irmãos da retaguarda espiritual, — onde possivelmente já estivemos também, — são necessitados de compaixão e misericórdia, de intercessão pela prece e oferenda dos pensamentos salutares de todos os que se encontram nas lídimas colméias espiritistas de socorro desobsessivo, ofertando-lhes o pábulo da renovação e a rota luminescente para a nova marcha, como claro sol de discernimento íntimo para a libertação dos gravames sob os quais expungem os erros em que incidiram. 3) O obsidiado Somente há obsidiados e obsessões porque há endívidados espirituais, facultando a urgência da reparação das dívidas. Todo problema, pois, de obsessão, redunda em problema de moralidade, em cuja realização o Espírito se permitiu enredar, por desrespeito ético, legal, espiritual. Como ninguém se libera da conjuntura da consciência culpada, já que onde esteja o devedor aí se encontram a dívida e, logo depois, o cobrador. É da lei! No fulcro de toda obsessão estão inerentes os impositivos do reajustamento entre devedor e cobrador. Indubitavelmente o Estatuto Divino dispõe de muitos meios para alcançar os que lhe estão incursos nos códigos soberanos. Não é, portanto, condição única de que o defraudador seja sempre defrontado pelo fraudado, que lhe aplicará o necessário corretivo. Se assim fora, inverter-se-ia a ordem natural, e o círculo repetitivo das injunções de dívida-cobrança-dívida culminaria pela desagregação do equilíbrio moral entre os Espíritos. Como todo atentado é sempre dirigido à ordem geral, embora através dos que 36 estão mais próximos dos agressores, à ordem mesma são convocados os transgressores. Normalmente, porém, graças às condições que facultam ligações recíprocas entre os envolvidos na trama das dívidas, estes retornam ao mesmo sítio, reencontram-se, para que, através do perdão e do amor, refaçam a estrada interrompida, oferecendo-se reciprocamente recursos de reparação para a felicidade de ambos. Porque transitam nas emanações primitivas que lhes parecem mais agradáveis, facultam-se perturbar, enredando-se na idéia falsa de procurar aplicar a própria justiça, em face do que, infalivelmente, caem, necessitados, por sua vez, da Justiça Divina. Quando o Espírito é encaminhado à reencarnação traz, em forma de “matrizes” vigorosas no perispírito, o de que necessita para a evolução. Imprimemse, então, tais fulcros nos tecidos em formação da estrutura material de que se utilizará para as provações e expiações necessárias. Se se volta para o bem e adquire títulos de valor moral, desarticula os condicionamentos que lhe são impostos para o sofrimento e restabelece a harmonia nos centros psicossomáticos, que passam, então, a gerar novas vibrações aglutinantes de equilíbrio, a se fixarem no corpo físico em forma de saúde, de paz, de júbilo. Se, todavia, por indiferença ou por prazer, jornadeia na frivolidade ou se encontra adormecido na indolência, no momento próprio desperta automaticamente o mecanismo de advertência, desorganizando-lhe a saúde e surgindo, por sintonia psíquica, em conseqüência do desajustamento molecular no corpo físico, as condições favoráveis a que os germens-vacina que se encontram no organismo proliferem, dando lugar às enfermidades desta ou daquela natureza. Outras vezes, como os recursos trazidos para a reencarnação, em forma de energia vitalizadora, não foram renovados, ou, pelo contrário, foram gastos em exagèros, explodem as reservas e, pela queda vibratória, que atira o invigilante noutra faixa de evolução, a sintonia com Entidades viciadas, perseguidoras e perversas, se faz mais fácil, dando início aos demorados processos obsessivos. No caso de outras enfermidades mentais, a distonia que tem início desde os primórdios da reencarnação vai, a pouco e pouco, desgastando os depósitos de forças específicas e predispondo-o para a crise que dá início à neurose, à psicose ou às múltiplas formas de desequilíbrio que passa a sofrer, no corredor cruel e estreito da loucura. Através de experiências realizadas pelo dr. Ladislaus von Meduna, no Centro Interacadêmico de Pesquisas Psiquiátricas de Budapeste, foram constatadas diferenças fundamentais entre os cérebros dos epilépticos e dos esquizofrênicos, verificando-se que a presença de uma dessas enfermidades constitui impedimento à presença da outra. Assim, desde o berço, o espírito imprime no encéfalo as condições cármicas, para o resgate das dívidas perante a Consciência Cósmica, podendo, sem dúvida, a esforço de renovação interior —já que do interior procedem as condições boas e más da existência física e mental — recompor as paisagens celulares onde se manifestam os impositivos reabilitadores, exceção feita às problemáticas expiatórias.. Quando a loucura se alastra em alguém, é que o próprio espírito possui os requisitos que lhe facultam a manifestação. A predisposição a este ou àquele estado é-lhe inerente, e os fatores externos, que a fazem irromper, tais os traumatismos morais de vária nomenclatura, os complexos, bem como os recalques já se encontram em gérmen, na constituição fisiológica ou psicológica do indivíduo, a fim de que o cumprimento do dever, em toda a sua plenitude, se 37 faça impostergável. Há, sem dúvida, outros e mais complexos fatores causais da loucura, todos, porém, englobados nas “leis de causa e efeito”. Daí a excelência dos ensinos cristãos consubstanciados na Doutrina dos Espíritos e vazados na mais eloqüente psicoterapia preventiva, mediante os conceitos otimistas, valiosos, conclamando à harmonia e à cordialidade, do que decorrem conseqüentemente, equilíbrio e renovação naquele que os vive, em cuja experiência realiza o objetivo essencial da reencarnação: produzir para a felicidade! No que diz respeito ao problema das obsessões espirituais, o paciente é, também, o agente da própria cura. É óbvio que, para lográ-la, necessita do concurso do cireneu da caridade que o ajude sob a cruz do sofrimento, através da diretriz de segurança e esclarecimento que o desperte para maior e melhor visão das coisas e da vida, em cujo curso se encontra progredindo. Não se transfere, por tanto, para os passistas, doutrinadores e médiuns, a total responsabilidade dos resultados, nos tratamentos das obsessões. Ë certo que ocorrem amiúde curas temporárias, recuperações imediatas sem o concurso do enfermo. Sem dúvida são concessões de acréscimo da Divindade. O problema, porém, retomará mais tarde, quando o devedor menos o espere, já que, a esse tempo, deverá estar melhor preparado para fazer o seu reajustamento moral e espiritual com a Lei Divina. Esclareça-se, portanto, o portador das obsessões, mesmo aquele que se encontra no estágio mais grave da subjugação, através de mensagens esclarecedoras ao subconsciente, pela doutrinação eficaz, conclamando-o ao despertamento, do que dependerá sua renovação. Por outro lado doutrine-se o invasor, o parasita espiritual; entrementes, elucide-se o hospedeiro, o suporte da invasão, de modo que ele ofereça valores compensadores, eleve-se moral e espiritualmente, a fim de alcançar maior círculo de vibração, com que se erguerá acima e além das conjunturas, podendo, melhormente, ajudar-se e ajudar aqueles que deixou na estrada do sofrimento, marchando com eles na condição de irmão reconhecido e generoso, portador das bênçãos da saúde e da esperança. 4) O grupo familial Vinculados os Espíritos no agrupamento familial pelas necessidades da evolução em reajustamentos recíprocos, no problema, da obsessão, os que acompanham o paciente estão fortemente ligados ao fator predisponente, caso não hajam sido os responsáveis pelo insucesso do passado, agora convocados à cooperação no ajustamento das contas. Afirma-se que aqueles Espíritos que acompanham os psicopatas sofrem, muito mais do que eles mesmos. Não é verdade. Sofrem, sim, por necessidade evolutiva, já que têm responsabilidade no insucesso de que ora participam, devendo, por isso, envidar esforços para a liberação dos sofredores, libertando-se, igualmente. São comuns os abandonos a que se relegam os alienados, quando os deixam nas Casas de Saúde, através de endereços falsos fornecidos pelos familiares, que se precatam contra a futura recuperação do familiar, impedindo, desse modo, o seu retorno ao lar. Não poucos os que atiram, imediatamente, os seres, mesmo os amados, nos Sanatorios de qualquer aparência, desejando, assim, libertar-se da carga, que supõem pesada, incidindo, a seu turno, em 38 responsabilidades mui graves, de que não poderão fugir agora ou depois. Sem dúvida, quando alguns pacientes, especialmente nos casos de obsessão, se afastam do lar, melhoram, porque diminuem os fatores incidentes do grupo endívidado com o dos cobradores desencarnados, o que não impede retomem os desequilíbrios, ao voltarem ao seio da família, que por sua vez não se renovou, nem se elevou, a fim de liberar-se das viciações que favorecem a presença da perturbação obsessiva. Por isso, torna-se imprescindível, nos processos de desobsessão, seja a família do paciente alertada para as responsabilidades que lhe dizem respeito, de modo a não transferir ao enfermo toda a culpa ou dele não se desejar libertar, como se a Sabedoria Celeste, ao convocar o calceta ao refazimento, estivesse laborando em erro, produzindo sofrimento naqueles que nada teriam a ver com a problemática do que padece. Tudo é muito sábio nos Códigos Superiores da Vida. Ninguém os desrespeitará impunemente. 39 NAS FRONTEIRAS DA LOUCURA Capítulo: 6 Origens do Carnaval - Prosseguia o Carnaval e a cidade, regurgitante, era um pandemônio. Multidão de Espíritos, que se misturava à mole humana em excitação dos sentidos físicos, dominava a paisagem sombria das avenidas, ruas e praças, cuja iluminação, embora feérica, não conseguia vencer a psicosfera carregada de vibrações de baixo teor. Grupos mascarados eram acolitados por frenéticas massas de Espíritos voluptuosos, que se entregavam a desmandos e orgias lamentáveis, inconcebíveis do ponto de vista terreno. Algumas Entidades atacavam os burlescos transeuntes tentando prejudicá-los com suas induções nefastas. Outras buscavam as vítimas em potencial para alijá-las do equilíbrio, dando início a processos nefandos de obsessões demoradas. Muitas pessoas fantasiadas haviam obtido inspiração para as suas expressões grotescas em visitas a regiões inferiores do Além. Aliás, as incursões aos sítios de desespero e loucura são muito comuns aos homens que se vinculam aos ali residentes pelos fios invisíveis do pensamento, em razão das preferências que acolhem e dos prazeres que se facultam no mundo íntimo. A sucessão de cenas, deprimentes umas, selvagens outras, era constrangedora, o que mereceu de Dr. Bezerra o seguinte comentário: "Grande, expressiva faixa da humanidade terrena transita entre os limites do instinto e os pródromos da razão, mais sequiosos de sensações do que ansiosos pelas emoções superiores. Natural que se permitam, nestes dias, os excessos que reprimem por todo o ano, sintonizados com Entidades que lhes são afins. E' de lamentar, porém, que muitos se apresentam, nos dias normais, como discípulos de Jesus, preferindo, agora, Baco e os seus assessores de orgia ao Amigo Afetuoso..." O Mentor referiu, então, que as origens do Carnaval se encontram na bacanalia, da Grécia, quando era homenageado o deus Dionísio. Mais tarde, essas festas apresentavam-se em Roma, como saturnalia, quando se imolava uma vítima humana, adredemente escolhida. Depois, já na Idade Média, aceitava-se a tese de que "Uma vez por ano é lícito enlouquecer", o que tomou corpo, modernamente, no Carnaval de nossos dias. "Há estudiosos do comportamento e da psique -- asseverou Dr. Bezerra --, sinceramente convencidos da necessidade de descarregarem-se as tensões e recalques nesses dias em que a carne nada vale, cuja primeira sílaba de cada palavra compôs o verbete carnaval. Sem dúvida, porém, a festa é vestígio da barbárie e do primitivismo ainda reinantes, e que um dia desaparecerão da Terra, quando a alegria pura, a jovialidade, a satisfação, o júbilo real substituírem as paixões do prazer violento e o homem houver despertado para a beleza, a arte, sem agressão nem promiscuidade." (Cap. 6, pp. 51 a 53) .No Carnaval, raros divertem-se - O Posto de Socorro Central localizava-se em Praça arborizada, no coração da grande metrópole, com diversos sobpostos espalhados em pontos diferentes, estrategicamente mais próximos dos lugares reservados aos grandes desfiles e às mais expressivas aglomerações de carnavalescos. A equipe espiritual fora cuidadosamente preparada e se estabelecera que o socorro somente seria concedido a quem o solicitasse, ampliando-o a todas as vítimas que padecessem ultrajes e agressões, violências e tragédias. "De nossa parte -- informou Manoel P. de Miranda --, nenhuma 40 insistência ou interferência indébita deveria ser assumida." Perto do Posto Central a movimentação fazia-se maior. Benfeitores Espirituais atendiam pessoas encarnadas que, em parcial desprendimento pelo sono, rogavam ajuda para seus familiares inexperientes arrojados à folia enlouquecedora, assim como aos que se preocupavam com a alucinação de pessoas queridas que se desvincularam dos compromissos assumidos a fim de mais se atirarem no dédalo das paixões. Eram atendidos também Espíritos que pretendiam volver à carne e pediam oportunidade, nos lances dos encontros irresponsáveis; desencarnados que rogavam apoio para pessoas amadas com problemas de saúde, e recémdesencarnados em pugnas decorrentes da ingestão de alcoólicos, de desvarios sexuais e das interferências subjugadoras de seres obsidentes... O local mais parecia uma praça de guerra, burlescamente apresentada, em que o ridículo e a dor se ajustavam em pantomina de aflição. Dr. Bezerra disse então ao seu amigo: "Não se creia que todos quantos desfilam nos carros do prazer, se encontrem em festa. Incontáveis têm a mente subjugada por problemas de que procuram fugir, usando o corredor enganoso que leva à loucura; diversos suicidam-se, propositalmente, pensando escapar às frustrações que os atormentam em longo curso; numerosos anseiam por alianças de felicidade que os momentos de sonho parecem prometer, despertando, depois, cansados e desiludidos..." "Raros divertem-se, descontraem-se sadiamente, desde que os apelos fortes se dirigem à consunção de todas as reservas de dignidade e respeito nas fornalhas dos vícios e embriaguez dos sentidos." (Cap. 6, pp. 53 e 54) Para Noel, o Carnaval é passado de dor - Silenciando e olhando em derredor, Dr. Bezerra comentou que é por isto que os imortais informaram a Kardec que "a Terra é um planeta de provas e expiações", onde programamos o crescimento para Deus. "Saturado pelo sofrimento e cansado das experiências inditosas -- asseverou o Benfeitor Espiritual -- o homem, por fim, regenerar-se-á ao influxo da própria dor e sôfrego para fruir o amor que lhe lenificará as íntimas aspirações da alma." Na seqüência, como Dr. Bezerra tinha diversos compromissos a resolver, Philomeno pôde ver, com surpresa, que entre os cooperadores do Posto Central se encontrava um célebre poeta e compositor, cujas músicas populares foram-lhe familiares quando na Terra. (N.R.: Trata-se do notável compositor Noel Rosa.) O compositor, atendendo a uma pergunta de Philomeno, confessou-lhe haver buscado, em sua última existência na Terra, os alcoólicos e outras drogas, para compensar suas tristezas e tormentos... A desencarnação colheu-lhe a vida física ainda jovem. "Despertei sob maior soma de amarguras, com fortes vinculações aos ambientes sórdidos, pelos quais transitara em largas aflições", contou ele, que se declarou mais um fracassado do que um infelicitador. "Embora eu não fosse um herói, nem mesmo um homem que se desincumbira corretamente do dever, a minha memória -- disse o poeta da Vila -- gerou simpatias e a mensagem das músicas provocou amizades, graças a cujo recurso fui alcançado pela Misericórdia Divina, que me recambiou para outros sítios de tratamento e renovação, onde despertei para realidades novas." Começou aí uma nova vida para ele, que passou a compor outros sambas ao compasso do bem, com as melodias da esperança e os ritmos da paz, "numa Vila de amor infinito". "O Carnaval, para mim, é passado de dor e a caridade, hoje, éme festa de todo dia, qual primavera que surge após inverno demorado, sombrio", 41 asseverou o compositor, acrescentando: "Apesar da noite vitoriosa, o dia de luz sempre triunfa e o bem soberano tudo conquista..." (Cap. 6, pp. 55 e 56) Cap.7 – Posto Central de Atendimento Saldos do Carnaval - A área reservada ao Posto Central correspondia quase à Praça inteira. Antes de serem instaladas as dependências que abrigariam os pacientes espirituais naqueles dias, engenheiros do plano espiritual haviam tomado providências defensivas, para que o ministério da caridade não sofresse danos decorrentes das invasões de Espíritos perniciosos. Como não há improviso nas tarefas superiores, estabeleceram-se planos e traçaram-se diretrizes para a construção do Núcleo transitório. Substância ectoplásmica, retirada das pessoas residentes nas cercanias, como da Natureza, foi movimentada para a edificação do conjunto e das muralhas defensivas que renteavam, internamente, com as grades protetoras do parque. Duas largas entradas, opostas entre si, permitiam a movimentação das Entidades. Voluntários adestrados e premunidos de recursos magnéticos faziam a vigilância nos portões de acesso e em torno da construção. Amplos barracões, semelhantes a tendas revestidas de lona, espalhavam-se pelo recinto. Camas colocadas em filas duplas recebiam os desencarnados enfermos, que foram arrebanhados nos três últimos dias, antes de serem transferidos para colônias espirituais. Desde o sábado, as ocorrências inditosas tomaram corpo mais volumoso: homicídios tresvariados, suicídios alucinados, paradas cardíacas por excesso de movimento e exaustão de forças, mortes por abuso de drogas ofereciam um índice elevado de vítimas de si mesmas, pela imprevidência, nos dias tormentosos da patuscada irrefreável... Além desses, diversos encarnados em transe demorado, recebiam socorro de urgência antes de retomarem seus corpos em Hospitais ou nos lares. (Cap. 7, pp. 57 e 58) O ataque dos inimigos do bem - Os encarnados -- diz Philomeno -transitavam por aqueles sítios, sem dar-se conta do que ocorria entre aquelas árvores vetustas, noutra dimensão vibratória. O véu da carne constitui uma barreira à mais ampla percepção de realidade. Um sistema de alarme prevenia as invasões ou intromissões indébitas de hordas violentas, enquanto veículos especiais, trazendo os recém-colhidos para atendimento mais imediato, trafegavam com freqüência na área protetora. Em dado momento, próxima da entrada, mas além da barreira defensiva, uma turba de Espíritos levianos e vingativos ameaçava os vigilantes e atirava petardos que, felizmente, não conseguiam ultrapassar as ondas repelentes que se elevavam acima dos muros, exteriorizadas por aparelhagem própria. Eles blasfemavam e zombavam, agredindo verbalmente os trabalhadores diligentes. Pedidos irônicos de socorro eram emitidos por aquelas Entidades em que a acrimônia e o sofrimento se misturavam, produzindo mal-estar e compaixão. Tudo, porém, em vão, porquanto os atendentes, já acostumados àquelas cenas, não se deixavam perturbar. O irmão Genézio, encarregado do serviço, aproveitando o ensejo explicou que aqueles Espíritos constituíam grupos de desordeiros desencarnados muito perigosos. "Alguns -- informou Genézio -- são técnicos nos processos da chacota e da ironia, com que sabem insuflar desequilíbrio, a fim de colherem sintonia mental." Esse comportamento denunciava sua inferioridade moral. "Em nosso campo de ação -aditou o companheiro --, pululam companheiros infelizes, que se sentem 42 propelidos às atitudes de revolta após o fracasso pessoal, afivelando nalma as máscaras do cinismo e da rebeldia, derrapando na vala das reações escarnecedoras, com as quais se imunizam, momentaneamente, contra os sentimentos superiores, únicos a abrirem portas à renovação e caminhos à paz." (Cap. 7, pp. 59 e 60) Prisioneiros da turba - Continuando seus comentários em torno da horda de Espíritos desordeiros que atacavam o Posto, o irmão Genézio afirmou que tais indivíduos são mais doentes do que eles supõem. "Não são insistentes -- afirmou Genézio --, porque irrequietos e ansiosos passam a vampirizar psiquicamente os grupos com os quais se ajustam e se afinam, permanecendo com eles em demorado comércio de forças fluídicas desgastantes." Convidado a observar melhor a turba, Philomeno percebeu que entre os desordeiros havia um grupo de criaturas espirituais de aspecto horrendo, ultrajadas, que se faziam arrastar em correntes umas, em cordas outras, e esse grupo grotesco era acompanhado por cães que ladravam, em atitude de perturbadora agressividade. Genézio esclareceu: "Trata-se de Espíritos profundamente sofredores, que lhes caíram nas mãos desde quando se encontravam encarnados. Eram vítimas e comensais da súcia, embora transitassem em situação relevante, trajando roupas de alto preço e ocupando situações invejáveis. Demais, controlavam destinos, manipulando recursos alheios; subtraíam documentos que falsificavam para atender a interesses inconfessáveis; regulamentos e leis que menoscabavam, sofismando sobre eles, de modo a atenderem às paixões inferiores. Triunfaram sobre os fracassos dos outros; sorriram no mar das lágrimas dos a quem defraudavam; campeavam nos lugares de projeção, enquanto os dilapidados pela sua argúcia carpiam desespero e miséria; sentiam-se inatingidos..." O mentor explicou então que a morte os alcançou e os trouxe para a submissão de mentes mais impiedosas do que as suas e sentimentos mais impermeáveis do que aqueles que os caracterizavam. "Sofrem, o que fizeram sofrer...", asseverou Genézio. "Por algum tempo a consciência sabe que necessitam da lapidação rude a que se submetem, prosseguindo nos enleios que os prendem ao grupo afim." Logo, porém, que se abram ao desejo de reparar seus erros, de reconhecer sua incúria e de recomeçar, mudam de faixa vibratória e são resgatados pela Bondade Excelsa, que a ninguém esquece. (Cap. 7, pp. 60 a 62) Cap.8 O caso Genézio - Genézio Duarte, encarregado da vigilância ao portão principal, participava da equipe do Dr. Bezerra de Menezes, a quem se vinculara desde os dias de sua última encarnação naquela cidade. Espírita militante, trabalhara numa Sociedade que mantinha o nome do "médico dos pobres" e era dirigida espiritualmente pelo Amorável Benfeitor. Cético, ele ali chegara macerado pelos conceitos materialistas, sob a injunção de enfermidade pertinaz, recebendo naquela Casa orientação de tratamento homeopático de natureza mediúnica e os recursos da fluidoterapia, com o que obteve o restabelecimento pleno da saúde orgânica e, posteriormente, da saúde espiritual. Afeiçoando-se ao infatigável mentor, cuja vida modelar o sensibilizara, dedicou-se ao estudo da Doutrina, passando depois à militância no movimento doutrinário e à sua vivência, quanto 43 lhe permitiam as circunstâncias. Seu comportamento como espírita granjeou-lhe amigos devotados e atraiu simpatizantes e estudiosos para a Causa. Por essa época experimentou a prova da viuvez, que soube suportar com elevada resignação e coragem, tendo padecido vicissitudes e sofrimentos diversos que ajudaram a lapidar o seu Espírito, aproximando-o mais ainda do Amigo Espiritual, de quem recebia inspiração e ajuda. Antes da desencarnação, tornou-se responsável pela Casa espírita, a que doou seus melhores esforços. Palavra segura e portadora de conceitos elevados, suas palestras de estudo e consolação sensibilizavam os ouvintes, que renovavam os clichês mentais ante a meridiana luz emanada d' O Livro dos Espíritos e d' O Evangelho segundo o Espiritismo, que interpretava com beleza e correção. Quando retornou à pátria espiritual, após enfermidade persistente e demorada, foi recebido por Dr. Bezerra e seus familiares afetuosos, que o aguardavam em júbilo. Genézio era o triunfador de retorno ao Lar sob a expectação feliz dos amigos, visto que a Doutrina fora para ele alento e vida, e, descerrando os painéis da imortalidade, armara-o da sabedoria que propicia forças para a superação pessoal e vitória sobre as conjunturas difíceis. (Cap. 8, pp. 63 e 64) Um exemplo positivo - Philomeno, relatando a experiência de Genézio, lembra-nos que não são poucas as pessoas que se acercam do Movimento Espírita desenformadas e, negando-se ao estudo sistemático do Espiritismo, preferindo as leituras rápidas, em que não se aprofundam, pretendem submeter a Doutrina ao talante das suas opiniões... O Espiritismo, graças ao seu tríplice aspecto, atende a todos os tipos de necessidade do homem terreno, oferecendo campo de reflexões e respostas em todas as áreas do conhecimento, além de contribuir de forma eficaz para a eliminação dos mitos e tabus contra os quais luta a ciência. Separá-lo, pois, de qualquer uma das suas faces ‚ o mesmo que o desfigurar. O exemplo de Genézio Duarte é expressivo. Constatada a legitimidade da sobrevivência da alma, adentrou-se pelo estudo da sua filosofia, enquanto prosseguiam as experiências no campo da mediunidade para incorporar à vivência pessoal o comportamento ético-religioso proposto pela Doutrina. Habituado à fé responsável e ao clima de trabalho, ajustou-se com facilidade à Esfera definitiva, onde pediu e obteve do seu Amigo e Instrutor permissão para engajar-se na ação profícua do bem, a que já vinha se dedicando nos últimos vinte anos. Chamado por Dr. Bezerra, Philomeno o acompanhou no atendimento de urgência a uma jovem mulher em estado de coma. Ao lado da enferma encontrava-se veneranda anciã que parecia ser sua avó. A jovem desencarnara havia pouco mais de quatro horas. Cessado o intercâmbio do fluido vital com o corpo, seu Espírito fora retirado do local onde o cadáver permanecia. A jovem estava sendo preparada para uma pequena cirurgia que, segundo Dr. Bezerra, objetivava "drenar as cargas de energia venenosa geradas pelo medo e que poderiam trazer demorada perturbação ao Espírito recém-liberto". (Cap. 8, pp. 64 a 66) O caso Ermance - A jovem chamava-se Ermance. Em vida pregressa suicidara-se, atirando contra o próprio peito. Os tecidos sutis do perispírito, lesados pela violência, impuseram-lhe então a modelagem de uma bomba cardíaca deficiente. De organização física frágil, era, aos dezoito anos, portadora de uma beleza lirial e enternecedora. Educada em rígidos princípios religiosos, soubera manter-se com dignidade, residindo em zona suburbana próxima da 44 cidade. Atendendo a insistentes convites de amigos, veio observar o Carnaval e passear, sem dar-se conta dos perigos a que se expunha. O seu grupo, jovial e comunicativo, não passou despercebido de rapazes de conduta viciosa, que lograram imiscuir-se e participar do programa inocente que movimentava. Ermance não teria uma existência longa, em razão do suicídio anterior, quando subtraíra vários anos ao próprio corpo; poderia, contudo, lograr alguma moratória, caso estivesse engajada em atividade de elevado teor que a necessitasse por mais tempo... Iludida por hábil sedutor, que a convidou a descansar em casa de pessoa amiga, próxima da Avenida, só quando penetrou a casa Ermance deu-se conta da cilada em que caíra. O medo aterrou-a; a respiração fez-se-lhe difícil e a alta carga de tensão produziu-lhe um choque fatal. O criminoso a conduzira a um bordel e, ante a sua reação, aplicou-lhe um lenço umedecido com clorofôrmio, cuja dose forte produziu-lhe uma parada cardíaca. No desespero em que se debatera, Ermance lembrou-se dos pais, de sua querida avó e da mãe de Jesus, a quem muito amava. Seu apelo de imediato encontrou ressonância. Sua avó Melide, que já a acompanhava, antevendo os acontecimentos, deu-lhe assistência e, no momento azado, rogou socorro dos Benfeitores Espirituais, que auxiliaram a liberação de Espírito da neta, logo que cessou a vida física. (Cap. 8, pp. 67 e 68) A cirurgia - Dr. Bezerra silenciou por alguns momentos e comentou: "Pode-se imaginar a angústia dos amigos, que não a levarão de volta ao lar, dos pais e irmãos, a esta altura e no dia seguinte, até que a polícia localize o corpo, prosseguindo o desespero, dia após dia. O insucesso amargo, porém, sendo bem suportado, será convertido pelas Leis Divinas em futura paz e renovação da família, que reencontrar nossa Ermance, mais tarde, em situação feliz". "O grande choque, fator da desencarnação, num atentado ao seu pudor de moça ‚ o capítulo final da tragédia afetiva, culminada, antes, no suicídio. Pena a ingerência indébita dos criminosos, de que a Vida não necessitava!" Dr. Bezerra afirmou então que tudo, em nossa vida, transcorre sob controle superior, obedecendo ao equilíbrio universal, "de que somente se tem uma visão mais clara e mais completa deste para o plano terreno". Concluída a terapia, a avó de Ermance, irmã Melide, seria destacada para acompanhar a família e sustentá-la, enquanto Ermance ficaria ali em repouso para oportuna transferência e posterior despertamento. Na seqüência, Dr. Bezerra deu início à cirurgia, na parte superior do cérebro, na região do centro coronário, deslindando tenuíssimos filamentos escuros e retirando-os, ao tempo em que, valendo-se de um aspirador de pequeno porte, fazia sugar resíduos do centro cerebral, que haviam bloqueado a área da consciência. À medida que a equipe recorria a instrumentos muito delicados para aquela microcirurgia, a cor retornou à face da jovem e a respiração foi, a pouco e pouco, sendo percebida, em face dos estímulos aplicados na área cardíaca. Mais ou menos vinte minutos depois, a paciente, em sono reparador, foi conduzida para enfermaria contígua, enquanto o dedicado médico comentou: "Morrer é fácil. Liberar-se da morte, após ela, é que se faz difícil. Encerrando-se um capítulo da vida, outro se inicia em plenitude de forças. Acabar, jamais!" (Cap. 8, p. 68 e 69) 45 Nas Fronteiras Da Loucura MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA CAP. 9 a 12 O problema das drogas - Para aquela madrugada estava programada, num dos módulos do Posto Central, uma palestra em que Dr. Bezerra de Menezes iria abordar o problema das drogas, que afeta a economia social e moral da comunidade brasileira, numa expansão surpreendente entre os jovens. A palestra se destinava a trabalhadores desencarnados, em fase de adestramento para socorro às vítimas da toxicomania, e a estudiosos do comportamento, ainda encarnados, que se interessavam pelo magno assunto. O espaço comportava cinqüenta pessoas. Philomeno identificou ali alguns espiritistas que se dedicavam à prática psiquiátrica e à terapia psicológica, pregadores e médiuns, assim como terapeutas não vinculados ao Espiritismo, sociólogos e religiosos em número não superior a vinte. Os demais eram desencarnados. A reunião foi iniciada exatamente às 3h e, tão logo foi proferida a prece, sem qualquer delonga ou inútil apresentação laudatória, Dr. Bezerra levantou-se e deu início à sua mensagem, saudando os presentes como os cristãos primitivos o faziam: "Paz seja convosco!" Em seguida, ferindo diretamente o tema da palestra, o Benfeitor asseverou: "As causas básicas das evasões humanas à responsabilidade jazem nos conflitos espirituais do ser, que ainda transita pelas expressões do primarismo da razão. Espiritualmente atrasado, sem as fixações dos valores morais que dão resistência para a luta, o homem moderno, que conquistou a lua e avança no estudo das origens do Sistema Solar que lhe serve de berço, incursionando pelos outros planetas, não conseguiu conquistar-se a si mesmo. Logrou expressivas vitórias, sem alcançar a paz íntima, padecendo os efeitos dos tentames tecnológicos sem os correspondentes valores de suporte moral. Cresceu na horizontal da inteligência sem desenvolver a vertical do sentimento elevado". "Como efeito, não resiste às pressões, desequilibra-se com facilidade e foge, na busca de alcoólicos, de tabacos, de drogas alucinógenas de natureza tóxica... Atado à retaguarda donde procede, mantém-se psiquicamente em sintonia com os sítios, nem sempre felizes, onde estagiou no Além-Túmulo, antes de ser recambiado à reencarnação compulsória." (Cap. 9, pp. 70 a 72) A gênese da questão - Dr. Bezerra explicou que, em face da necessidade de se promover o progresso moral do planeta, "milhões de Espíritos foram transferidos das regiões pungitivas onde se demoravam, para a inadiável investidura carnal, por cujo recurso podem recompor-se e mudar a paisagem mental, aprendendo, na convivência social, os processos que os promovam a situações menos torpes". Revelou, no entanto, que dependências viciosas decorrentes da situação em que viviam dão-lhes a estereotipia que assumem, tombando nas urdiduras da toxicomania. O uso de drogas é muito antigo; o que mudou ao longo dos séculos foram as justificativas para seu uso. No mundo ocidental o seu uso, hoje, é quase generalizado, ora para fins terapêuticos, sob controle competente, ora para misteres injustificáveis sob direção dos 46 manipuladores mafiosos da conduta das massas. "Em razão da franquia de informações que a todos alcançam, encontrem-se preparados ou não, os meios de comunicação -- afirmou Dr. Bezerra -- têm estereotipado as linhas da conduta moral e social de que todos tomam conhecimento e seguem com precipitação." Disse então que o consumo de drogas no Ocidente expandiu-se especialmente após a Segunda Guerra Mundial e os lamentáveis conflitos no sudeste asiático, tomando conta, particularmente, da juventude imatura. O desprezo pela vida, a busca do aniquilamento resultantes de filosofias apressadas, sem estruturação lógica nem ética, respondem pelo progressivo consumo de tóxicos de toda natureza. Os valores ético-morais que devem sustentar a sociedade vêm sofrendo aguerrido combate e desestruturando-se sob os camartelos do cinismo que gera a violência e conduz à corrupção, minimizando o significado dos ideais da beleza, das artes, das ciências... Vive-se apressadamente e rapidamente deseja-se a consunção. A incompreensão grassa dominadora, sem que os homens encontrem um denominador comum para o entendimento que deve vigerá entre todos. O egoísmo responde pelo inconformismo e pela prepotência, pela volúpia dos sentidos e pela indiferença em relação ao próximo. O homem sofre perplexidades que o atemorizam, desconfiando de tudo e de todos, entregando-se a excessos, fugindo à responsabilidade através das drogas, num momento em que lhe faltam lideranças nobres, inteligências voltadas para o bem geral, que se façam exemplos dignos de serem seguidos... (Cap. 9, pp. 72 e 73) Terapia para o problema das drogas - Prosseguindo, Dr. Bezerra lembrou que vivemos dias de luta, em que as contestações, mais perturbadoras que saneadoras, tomam o lugar do trabalho edificante. "Contestam-se os valores da anterior para a atual geração, o trabalho, a ética, a vida exigindo elevadas doses de tolerância e compreensão, a fim de se evitarem radicalismos de parte a parte", disse o palestrante, advertindo em seguida que o progresso tecnológico torna-se, de certo modo, uma ameaça, um monstro devorador, se não for moderado nos seus limites e no tempo próprio. A automação substitui o homem em muitos misteres e a ociosidade, o desemprego neurotizam os que param e atormentam os que se esforçam no trabalho. Os homens separam-se, distanciados pela luta que empreendem, e unem-se pelas necessidades dos jogos dos prazeres... Ora, nesse dualismo comportamental a carência afetiva, a solidão instalam seus arsenais de medo, de revolta e dor, propelindo para a fuga, para as drogas. "Em realidade -- asseverou Dr. Bezerra --, foge-se de um estado ou situação, inconscientemente buscando algo, alguma coisa, segurança, apoio, amizade que os tóxicos não podem dar." E' preciso, pois, valorizar-se o homem, arrancando dele valores que lhe jazem latentes, manifestação de Deus que ele não tem sabido compreender, nem buscar. "Muita falta faz a presença da vida sadia, conforme a moral do Cristo", advertiu o Apóstolo da Caridade, que propôs então: "Como terapia para o grave problema das drogas, inicialmente, apresentamos a educação em liberdade com responsabilidade; a valorização do trabalho como método digno de afirmação da criatura; orientação moral segura, no lar e na escola, mediante exemplos dos educadores e pais; a necessidade de viver-se com comedimento, ensinando-se que ninguém se encontra em plenitude e demonstrando essa verdade através dos fatos de todos os dias, com que se evitarão sonhos e curiosidades, luxo e anseio de dissipações por parte de crianças e jovens; orientação adequada às personalidades psicopatas desde cedo; am47 bientes sadios e leituras de conteúdo edificante, considerando-se que nem toda a humanidade pode ser enquadrada na literatura sórdida da `contra cultura', dos livros de apelação e escritos com fins mercenários, em razão das altas doses de extravagância e vulgaridade de que se fazem portadores". (Cap. 9, pp. 74 e 75) Os recursos psicoterápicos espíritas - Dito isto, Dr. Bezerra acrescentou: "A estas terapias basilares adir o exercício da disciplina dos hábitos, melhor entrosamento entre pais e mestres, maior convivência destes com filhos e alunos, despertamento e cultivo de ideais entre os jovens... E conhecimento espiritual da vida, demonstrando a anterioridade da alma ao corpo e a sua sobrevivência após a destruição deste". "Quanto mais for materialista a comunidade -- ponderou o palestrante --, mais se apresenta consumida, desequilibrada e seus membros consumidores de droga e sexo em desalinho, sofrendo mais altas cargas de violência, de agressividade, que conduzem aos elevados índices de homicídio, de suicídio e de corrupção." Concluindo sua explanação, o Nobre Mentor foi incisivo: "O Espiritismo possui recursos psicoterápicos valiosos como profilaxia e tratamento no uso de drogas e de outras viciações. Estruturada a sua filosofia na realidade do Espírito, a educação tem primazia em todos os tentames e as técnicas do conhecimento das causas da vida oferecem resistência e dão força para uma conduta sadia. Além disso, as informações sobre os valiosos bens mediúnicos aplicáveis ao comportamento constituem terapêutica de fácil destinação e resultado positivo. Aqui nos referimos à oração, ao passe, à magnetização da água, à doutrinação do indivíduo, à desobsessão..." E' que nas panorâmicas da toxicomania, da sexolatria e dos vícios em geral, defrontamos, invariavelmente, "a sutil presença de obsessões, como causa remota ou como efeito do comportamento que o homem se permite, sintonizando com mentes irresponsáveis e enfermas desembaraçadas do corpo". Faz-se preciso, pois, que em todo cometimento de socorro a dependentes de vícios nos recordemos do respeito que devemos a esses enfermos, "atendendo-os com carinho e dignificando-os, instando com eles pela recuperação, ao tempo em que lhes apliquemos os recursos espíritas e evangélicos, na certeza de resultados finais salutares". (Cap. 9, pp. 75 e 76) Um acidente fatal - A movimentação prosseguia mais intensa nas atividades do Posto Central, à medida que a madrugada avançava. Os desfiles das Escolas de Samba continuavam pelo amanhecer e os foliões permaneciam excitados, quando dolorosa ocorrência reclamou a atenção do Dr. Bezerra de Menezes. Cinco jovens que pareciam embriagados trafegavam com velocidade, quando outro veículo fez uma ultrapassagem rápida. De repente, este freou violentamente em razão de um obstáculo na pista. Colhido pelo imprevisto, o jovem que guiava o outro carro tentou desviar-se, subindo ao passeio e chocandose contra a balaustrada. O golpe muito forte rompeu a proteção, indo o carro cair nas águas lodosas do mangue, perecendo todos os seus ocupantes. Nas imediações do local, Dr. Bezerra foi saudado por veneranda mulher, desencarnada, que lhe relatou, comovida: "A par da compaixão que me inspiram os jovens, ora tombados neste trágico insucesso, por imprevidência, sofro o drama que ora se inicia com o meu neto, rapazote de 17 anos, cujo corpo jaz no fundo do pântano entre os ferros retorcidos do veículo destroçado". Ela contou então que, como se encontrava em serviço em local próximo, sentira a mente do netinho 48 tresvariando no excesso das alegrias dissolventes. "Fui atraída -- disse a avó -pelo impositivo dos vínculos que nos mantêm unidos, minutos antes, e percebi o que sucederia. Tentei induzi-lo a interferir com o amigo para que diminuísse a velocidade e não consegui. Inspirei-o a que mandasse parar, sob a justificativa de alguma razão, porque estivesse indisposto, e não logrei resultado. A sua mente parecia entorpecida, não me registando o pensamento... Acompanhei a tragédia, sem nada poder fazer." Dito isto, a Entidade manifestou seu receio de que os rapazes mortos viessem a cair nas mãos de irmãos infelizes, vampirizadores das últimas energias orgânicas, postados nas proximidades, que se preparavam para o assalto, mas o Mentor tranqüilizou-a com breves apontamentos. (Cap. 10, pp. 77 e 78) A luz vence sempre as trevas - Os agressores formavam uma horda ruidosa e expressiva e, logo que viram Dr. Bezerra e seus amigos, começaram os doestos e as imprecações sem sentido. "Chegaram os salvadores! -- baldoou um deles, de fácies patibular. -- Vêm em nome do Crucificado, que a si mesmo, sequer, não se salvou." Um coro de blasfêmias estrugiu no ar. Punhos se levantaram cerrados e as agressões verbais sucederam-se, ameaçadoras. "Formemos uma muralha em torno deles -- rosnou ímpio verdugo, que se aproximou denotando suas intenções maléficas -- e impeçamos que se intrometam em nossos direitos. Esmaguemos os impostores, não convidados." Dr. Bezerra mantinha-se em oração, tendo ao lado apenas três servidores do Bem, e, subitamente, se transfigurou. Uma luz irradiante dele se exteriorizou, débil a princípio, forte a seguir, envolvendo os quatro amigos, enquanto começaram a cair leves flocos de substância delicadíssima, igualmente luminosa, que parecia provocar choques na malta irreverente, graças às desencontradas reações que eclodiam. Alguns se afastaram, assustados. Outros caíram de joelhos e, de mãos postas, julgando estar diante de anjos, rogaram socorro e proteção. Os mais pertinazes malfeitores teimavam, porém, em permanecer, afirmando que os desgraçados que haviam acabado de morrer lhes pertenciam e dali não arredariam pé. Um clarão mais forte fez-se, então, de inopino, atemorizando a turba furibunda, que se dispersou em verdadeira alucinação... Rapidamente diluiuse a treva densa e desapareceram os comensais da maldade, vítimas de si mesmos, ficando o ambiente respirável. As impressões fortes da cena permaneciam, porém, na mente de Philomeno: aqueles Espíritos apresentavam-se animalescos, lupinos e simiescos, enquanto os que preservavam as formas humanas estavam andrajosos e sujos, formando um quadro dantesco, realmente apavorante. Aqueles seres vitalizados pelas emanações humanas no desenfreio da orgia pareceram-lhe mais horripilantes e temerosos do que os que ele já vira nas regiões inferiores... Dr. Bezerra pediu-lhe então não estranhasse sua aparente indiferença em relação à dor dos que ali suplicaram socorro. "O apelo de ajuda resulta-lhes, no momento, do medo e não de um sincero desejo de renovação. Todos respiramos -- asseverou o Mentor -- o clima dos interesses que sustentamos. Logo os necessitados se voltem na direção da misericórdia, a terão." (Cap. 10, pp. 78 a 80) O atendimento - A prece do Dr. Bezerra atraíra vários cooperadores, inclusive do Posto Central, que captara a oração superior. Eram Espíritos adestrados em diversos tipos de salvamento, inclusive naquele gênero de 49 acidentes. Os enviados do Posto haviam-se munido de uma rede especial. Os Benfeitores desceram ao fundo do mangue repleto de resíduos negros, densamente pastosos, onde jaziam os corpos dos cinco rapazes. Quatro cooperadores distenderam a rede, que se fez luminosa à medida que descia suavemente, sobre os despojos, superando a escuridão compacta. Alguns corpos estavam lacerados, com fraturas internas e externas, estampando no rosto as marcas dos últimos momentos físicos. Fortemente imantados aos corpos, os Espíritos lutavam, em desespero frenético, em tentativas inúteis de sobrevivência. Morriam e ressuscitavam, remorrendo em contínuos estertores... Se gritavam por socorro, experimentavam a água pútrida dominar-lhes as vias respiratórias, desmaiando, em angústias lancinantes. Os lidadores destrinçaram os laços mais vigorosos e colocaram os Espíritos na rede protetora, que foi erguida à superfície do mangue, sendo dali transferidos para padiolas. A equipe de salvamento prosseguiu liberando os condutos que mantinham os corpos vivos sob a energia vital do Espírito. Interrompida a comunicação física, permaneciam poderosos liames que se desfariam somente à medida que se iniciasse o processo de decomposição cadavérica, em tempo nunca inferior a cinqüenta horas, e, considerando-se as circunstâncias em que se dera a desencarnação, no caso, muito violenta, em período bem mais largo. Na verdade, não há mortes iguais. A desencarnação varia de pessoa a outra, dependendo de suas condições morais. Morrer nem sempre significa libertar-se. A morte é orgânica, mas a libertação é de natureza espiritual. E' por isso que a turbação espiritual pode demorar breves minutos, nos Espíritos nobres, e até séculos, nos mais embrutecidos... Nas desencarnações violentas, o período e intensidade de desajuste espiritual correspondem à responsabilidade que envolveu o processo fatal. O mesmo sucede nos casos de homicídio, em que a culpa ou não de quem tomba responde pelos efeitos. Já os suicidas, pela gravidade do gesto de rebeldia contra os divinos códigos, carpem, sofrem por anos a fio a desdita, enfrentando em estado lastimável e complicado o problema de que pretendem fugir... A operação de desintegração dos laços fluídicos com os despojos físicos dos cinco rapazes demorou meia hora, aproximadamente. A polícia só chegou ao local quando o grupo socorrista partiu, enquanto o desfile das Escolas prosseguia, interminável. (Cap. 10, pp. 81 a 83) Treinamento para a morte - Os cinco jovens foram colocados em recinto especial para o atendimento sonoterápico por algumas horas, cujo objetivo era conceder-lhes a oportunidade do repouso, o que dificilmente se consegue, devido aos apelos exagerados dos familiares. A lamentação e os impropérios por parte destes produzem, no Espírito recém-liberto, grande desconforto, porque tais atitudes transformam-se em chuvas de fagulhas comburentes que os atingem, ferindo-os ou dando-lhes a sensação de ácidos que os corroem por dentro. Nominalmente chamados, eles desejam atender, mas não podem, experimentando então dores que os vergastam, adicionadas pelos desesperos morais que os dominam. Se conseguem adormecer, não raro debatem-se em pesadelos afligentes, que são a liberação de imagens perturbadoras das zonas profundas do inconsciente. Como uma reencarnação exige anos para completarse, é natural que a desencarnação necessite de tempo suficiente para que o Espírito se desimpregne dos fluidos mais grosseiros em que esteve mergulhado. A morte violenta mata apenas os despojos físicos, mas não significa libertação do 50 ser espiritual. As enfermidades de longo curso, quando suportadas com resignação, liberam o Espírito da matéria, porque ele, nesses casos, tem tempo de pensar nas verdadeiras realidades da vida e desapegar-se de pessoas, paixões e coisas, movimentando o pensamento em círculos superiores de aspirações. Lembra então os que já partiram e a eles se revincula pelos fios das lembranças, recebendo inspiração e ajuda para o desprendimento. As dores morais bem aceitas facultam aspirações e anseios de paz noutras dimensões, diluindo as forças constritoras que o atam ao mundo das formas. O conhecimento dos objetivos da reencarnação e o comportamento correto diante da vida contribuem, também, para a desimantação. O tempo no corpo tem finalidade educativa, expurgadora de mazelas, para o aprimoramento de ideais, ao invés de constituir uma viagem ao país do sonho, com o prazer e a inutilidade de mãos dadas. Como ninguém investido na carne passar indene, sem despojar-se dela, é justo o treinamento para enfrentar o instante da morte que vir , porque o Espírito é, no Além, o somatório das suas experiências vividas. (Cap. 11, pp. 84 e 85) O caso Fábio - D. Ruth, a atenciosa avó de Fábio (um dos jovens vitimados no desastre), permitiu a Manoel P. de Miranda entender qual fora o mecanismo pelo qual Dr. Bezerra havia sido cientificado da ocorrência. Como se sabe, ela tentou desviar o curso do desastre. Como não obteve sucesso, pôs-se então a orar, recorrendo pelo pensamento à ajuda do Posto Central, dedicado a essas emergências. Os aparelhos seletores de preces e rogativas registaram o apelo, e um sinal, na sala de controle, deu notícia da gravidade e urgência do pedido. Decodificado imediatamente pelos encarregados de tradução das mensagens, um assistente levou o fato ao Mentor Espiritual. O mecanismo de comunicação faziase nos mesmos moldes do adotado entre os desencarnados, mas Philomeno pôde entender que o intercâmbio mental lúcido não é tão corriqueiro, especialmente em campo de ação como aquele, em que eram fortes as descargas psíquicas do mais baixo teor. Esse era um dos fatores que impuseram a edificação daquele Posto... D. Ruth contou também que fora, em vida anterior, mãe de Fábio, que desencarnara então aos 40 anos, após muitos abusos e irresponsabilidades, razão pela qual foi levado a estagiar em redutos de sombra e dor, na Erraticidade inferior, por quase trinta anos. Quando ela retornou à pátria espiritual, conseguiu que ele fosse preparado e recambiado outra vez à vida corpórea, para atenuar-lhe as faltas e amortecer as impressões mais duradouras daqueles anos sofridos. Foi assim que Fábio renasceu, agora na condição de neto de sua antiga mãe e benfeitora... (Cap. 11, pp. 86 e 87) O efeito das drogas - D. Ruth entendia que a dor que agora batia à porta dos atuais pais de Fábio significava também a presença da justiça alcançando-os, em razão de sua conivência passada com o comportamento do filho. Ninguém dilapida os dons de Deus, permanecendo livre da reparação. Dr. Bezerra, que examinara o motorista, não teve dúvidas em afirmar que aquele jovem buscara o acidente, em razão da ingestão de drogas. Apontando-lhe a área dos reflexos e ações motoras, o Mentor informou: "Ei-la praticamente bloqueada, após a excitação provocada pelas anfetaminas que foram usadas, sob forte dose venenosa, que terminaria, ao longo do tempo, por afetar os movimentos, provocando paralisia irreversível". E esclareceu: "As drogas liberam componentes tóxicos que impregnam as delicadas engrenagens do perispírito, atingindo-o por 51 largo tempo. Muitas vezes, esse modelador de formas imprime nas futuras organizações biológicas lesões e mutilações que são o resultado dos tóxicos de que se encharcou em existência pregressa". Dr. Bezerra disse então que a dependência gerada pelas drogas desarticula o discernimento e interrompe os comandos do centro da vontade, tornando seus usuários verdadeiros farrapos humanos, que abdicam de tudo por uma dose, até à consumpção total, que prossegue, no entanto, depois da morte... "Além de facilitar obsessões cruéis -acrescentou o Mentor --, atingem os mecanismos da memória, bloqueando os seus arquivos e se imiscuem nas sinapses cerebrais, respondendo por danos irreparáveis. A seu turno, o Espírito regista as suas emanações, através da organização perispiritual, dementando-se sob a sua ação corrosiva." O rapaz que dirigia o veículo já se habituara ao uso de drogas fortes, que lhe danificaram o perispírito. Fábio estava apenas começando. Após passar pela experiência do uso da maconha, experimentava então anfetaminas perigosas, o que lhe produziu, inicialmente, estímulo e, logo depois, entorpecimento. "Eis porque não sintonizou com a interferência psíquica da irmã Ruth." (Cap. 11, p. 88 e 89) Desespero e dor no lar de Ermance - Recomendando que o recurso do passe anestesiante fosse repetido de hora em hora, com o objetivo de vitalizar os cinco pacientes desencarnados, fortalecendo-os para os próximos embates, Dr. Bezerra convidou a todos para a oração coletiva no Posto Central, quando o relógio assinalava 6h da manhã de terça-feira de Carnaval. Enquanto orava, diamantina claridade envolvente se irradiava do Dr. Bezerra, restaurando as forças e vitalizando a todos para os cometimentos porvindouros. Algumas horas depois, ele foi procurado pela irmã Melide, que retornava do lar de Ermance, onde a angústia se instalara. Como os amigos da jovem não a haviam encontrado, volveram à casa dela e cientificaram seus pais do ocorrido. A inquietação tomou conta do casal, que não sabia o que fazer. Já era dia quando o pai da jovem foi à Delegacia Central. às 9h o cadáver foi encontrado. Informado do fato, o genitor foi ao Necrotério, onde fez, em estado de grande aflição, o reconhecimento da filha. Melide contou então que sua filha (a mãe de Ermance) foi acometida de pânico, deixando-se abater em terrível desespero, logo que recebeu do marido a notícia. Havendo desmaiado, providenciou-se um médico que velava à sua cabeceira, ministrando assistência especializada. Após ouvi-la, Dr. Bezerra propôs fossem ver Ermance. Ao pé do leito, um enfermeiro informou que a paciente, subitamente, começou a dar sinais de inquietação, como se experimentasse forte pesadelo. Dr. Bezerra aplicou-lhe recursos fluídicos e recomendou à irmã Melide ser de todo conveniente despertá-la para o primeiro encontro com a realidade, de modo a interromper a comunicação com o lar, donde chegavam pungentes apelos, quais dardos que a alcançavam, dilacerando-lhe as fibras íntimas e fazendo-a reviver as cenas que culminaram com a desencarnação. (Cap. 11 e 12, pp. 89 a 91) O despertar de Ermance - Após terem sido ministrados recursos que dispersaram os fluidos soníferos, Ermance despertou, um tanto aturdida, com sinais de disritmia cardíaca, muito pálida e com a respiração ofegante. Ao ver a avó, a surpresa se lhe estampou na face e, sem qualquer receio, distendeu os braços e falou: "Deus meu!... Estou sonhando... Vovó querida, ajude-me!..." Melide a abraçou com indescritível ternura. Ermance queixou-se, súplice: "Fui raptada e querem matar-me. Tenho muito medo. Quero voltar para casa..." E prorrompeu em 52 dorido pranto. A avó, sem se perturbar, falou-lhe: "O rapto não se consumou, meu bem. Tudo está bem. Estamos juntas. Você voltará para casa logo mais. Agora acalme-se e lembre-se da oração". Denotando menos pavor sob a indução magnética da palavra e da irradiação calmante que recebia, Ermance imaginou que sonhava: "Estou sonhando com você, vovó. Que bom!" A avó redargüiu: "De certo modo, você está despertando de um sonho demorado no corpo, a fim de adentrar-se na realidade maior da vida..." Assustada, a jovem retrucou: "Digo sonho, porque você já morreu..." E o diálogo prosseguiu assim, nesse diapasão, em que a generosa avó iniciava a neta querida nas realidades da vida espiritual, com todo o tato, para não chocá-la. Depois de afirmar-lhe que o corpo é frágil veste que se rompe, libertando o ser espiritual, que é indestrutível, Melide informou: "Você agora, filhinha, ficará comigo respirando novo ar, longe da doença, do medo, da aflição que logo baterão em retirada. Você está viva, não esqueça, e lúcida, sob o carinhoso amparo de Deus..." Denotando receio, a jovem suplicou: "Não quero morrer, vovó!". "Não morrer , minha querida. Você está livre, viva... Já venceu a morte", respondeu-lhe a avó. Ermance pareceu então desmaiar, mas ainda assim balbuciou que queria ir para casa, o que fez com que Melide, acarinhando sua cabeça, lhe dissesse com imensa doçura: "Irá, sim. Iremos juntas. Tudo está bem. Encontramo-nos mergulhadas no amor de Deus, que nunca nos desampara. Durma, esquecendo as aflições do mundo, para sonhar com as alegrias do Céu. Descanse, meu amor". A jovem então adormeceu. (Cap. 12, pp. 92 e 93) Autópsia e sofrimento - Ermance dormia, mas seu sono era entrecortado de soluços. Dr. Bezerra começou então a aplicar-lhe energias sedativas, que anestesiaram o Espírito, precatando-o dos sofrimentos e apelos vigorosos que por algum tempo chegariam dos pais, duramente vergastados pela tragédia. Posteriormente, o Mentor dirigiu-se à capela onde o cadáver da moça era velado, ocasião em que auxiliou os pais atoleimados, infundindo-lhes ânimo e robustecendo-os com forças que lhes propiciassem alento para os testemunhos purificadores. Graças à vigilância de Melide e outros cooperadores do grupo, o corpo da jovem escapou à vampirização de suas últimas energias por Espíritos inditosos. De volta ao Posto Central, Philomeno pôde acompanhar o processo de adaptação dos jovens acidentados e observou então que os Espíritos, mesmo distanciados dos corpos, retratavam as ocorrências que os afetavam durante a autópsia. O motorista, por ser incurso em maior responsabilidade, manteve-se em sono agitado por todo o tempo e experimentou as dores que lhe advinham da autópsia. Embora contido por enfermeiros diligentes, sofreu os cortes, os golpes nos tecidos e as costuras... Ninguém há que se encontre isento à responsabilidade pelos erros cometidos! Há autópsias em que Espíritos que se deixaram dominar pelos apetites grosseiros enlouquecem de dor, demorando-se sob os efeitos lentos do processo a que o cadáver é submetido -- quando não fazem jus a assistência especializada. Desse modo, cada um dos jovens, embora houvessem desencarnado juntos, experimentava sensações de acordo com os títulos que conduziam, de beneficência e amor, de extravagância e truculência. (Cap. 12, pp. 94 e 95) Nossa cruz é intransferível - As autópsias demoraram mais de uma hora, durante a qual a assistência dos Benfeitores procurou diminuir o sofrimento dos 53 recém-chegados. Fábio, por ser menos comprometido, recebeu mais alta dose de anestésico, algo liberado das dores carnais que os outros, em maior ou menor escala, haviam sofrido. Finda essa fase, volveram ao sono, embora em agitação. Na hora do traslado dos corpos para as providências do sepultamento, Philomeno pôde acompanhar o despertar de quase todos, sob os duros apelos de pais e irmãos, partindo semi-hebetados, para os atender... Dr. Bezerra explicou: "As nossas providências de socorro não geram clima de privilégio, nem protecionismo injustificável. Cada um respira a psicosfera que gera no campo mental. Todos somos as aspirações que cultivamos, os labores que produzimos. O Senhor recomendou-nos dar a quem pede, abrir a quem bate, facultar a quem busca, dentro das possibilidades de merecimento dos que recorrem ao auxílio". E ajuntou: "Quando albergamos os nossos jovens, na condição de humildes cireneus, objetivamos ampará-los da agressão perniciosa das Entidades vulgares, portadoras de sentimentos impermeáveis à compaixão e à misericórdia... Mercê de Deus, conseguimos o tentame. A cruz, porém, é intransferível, de cada qual. Podemos ajudar a diminuir-lhe o peso, não a transferi-la de ombros". A agitação entre os pacientes era geral. Rápidas flechadas de forte teor vibratório alcançavam os rapazes, fazendo-os estremecer. O motorista subitamente apresentou uma fácies de loucura e, trêmulo, saiu dizendo coisas desconexas: fora atender aos que o chamavam sob chuvas de blasfêmias e acusações impróprias. Tendo sabido, pela Polícia, que ele havia ingerido alta dose de drogas, seus pais ficaram magoados e revoltados. De todos, apenas Fábio e outro amigo foram poupados à presença do cadáver e às cenas fortes que se desenrolaram antes e durante o sepultamento. Desperta-se, cada dia, com os recursos morais com que se repousa à noite. Além do corpo, cada Espírito acorda conforme o amanhecer que preparou para si mesmo. (Cap. 12, pp. 95 e 96) 54 PAINÉIS DA OBSESSÃO PREFÁCIO A conduta mental promove a saúde ou a doença - Na raiz de todas as enfermidades que sitiam o homem encontramos, como causa preponderante, o desequilíbrio dele próprio. O Espírito é o modelador dos equipamentos de que se utilizará na reencarnação. Assim sendo, desdobra as células da vesícula seminal sobre as matrizes vibratórias do perispírito, dando surgimento aos folhetos blastodérmicos que se encarregam de compor os tubos intestinal e nervoso, os tecidos cutâneos e todos os elementos constitutivos das organizações física e psíquica. São bilhões de seres microscópicos, individualizados, que trabalham sob o comando da mente, que retrata as aquisições anteriores, que cumpre aprimorar ou corrigir. Cada um desses seres que se ajustam perfeitamente aos implementos vibratórios da alma, emite e capta irradiações específicas, em forma de oscilações eletromagnéticas, que compõem o quadro da individualidade humana. Em razão da conduta mental, as células são estimuladas ou bombardeadas pelos fluxos dos interesses que lhe aprazem, promovendo a saúde ou dando origem aos desequilíbrios que decorrem da inarmonia, quando essas unidades em estado de mitose degeneram, oferecendo campo às bactérias patológicas que se instalam vencendo os fatores imunológicos, desativados ou enfraquecidos pelas ondas contínuas de mau humor, pessimismo, revolta, ódio, ciúme, lubricidade e viciações de qualquer natureza que se transformam em poderosos agentes da perturbação e do sofrimento. No caso dos fenômenos teratológicos das patogenias congênitas, encontramos o Espírito infrator encarcerado na organização que desrespeitou impunemente, quando a colocou a serviço da irresponsabilidade ou da alucinação. Problemas de graves mutilações e deficiências, enfermidades irreversíveis surgem como efeitos da culpa guardada no campo da consciência, em forma de arrependimentos tardios pelas ações nefastas antes praticadas. (Painéis da obsessão, pp. 7 e 8) O papel do obsidiado é fundamental à própria cura - Neste capítulo, o das culpas, origina-se o fator causal para a injunção obsessiva; daí porque só existem obsidiados porque há dívidas a resgatar. A culpa, consciente ou inconscientemente instalada na casa mental, emite ondas que sintonizam com inteligências doentias, habilitando-se a intercâmbios mórbidos. A obsessão resulta de um conúbio por afinidade de ambos os parceiros. O reflexo de uma ação gera reflexo equivalente. Toda vez que uma atitude agride, recebe uma resposta de violência, tanto quanto, se o endividado se apresenta forrado de sadias intenções para o ressarcimento do débito, encontra benevolência e compreensão para recuperar-se. Nas obsessões entre encarnados e desencarnados, estes últimos, identificando a irradiação enfermiça do devedor, porque são também infelizes, iniciam o cerco ao adversário do passado, através de imagens mediante as quais se fazem notados, não precisando para isso de palavras. Insinuam-se, assim, com insistência até estabelecerem o intercâmbio que passam a comandar. De início, é uma vaga idéia que assoma, e depois se repete com insistência, até insculpir no receptor o clichê perturbante que dá início ao desajuste grave. Não existe, portanto, obsessão causada por um dos litigantes, se não houver sintonia perfeita do outro. Quanto maior for a permanência do intercâmbio com o hospedeiro 55 domiciliado no corpo, mais profunda se tornará a indução obsessiva, levando à alucinação total. E' nessa fase -- em que a vítima se rende às idéias infelizes do outro -- que se originam os simultâneos desequilíbrios orgânicos e psíquicos de variada classificação. A mente, viciada e aturdida pelas ondas perturbadoras que capta do obsessor, perde o controle harmônico automático sobre as células, facultando que as bactérias patológicas proliferem, dominadoras. Tal inarmonia propicia a degenerescência celular em formas de cânceres, tuberculose, hanseníase e outras doenças de etiopatogenias complexas. Só a radical mudança de comportamento do obsidiado resolve, em definitivo, o problema da obsessão. (Painéis da obsessão, pp. 8 e 9) O materialismo favorece o suicídio - O materialismo, na atual conjuntura moral e social do planeta, tem respondido por alta carga de compromissos infelizes, visto que, negando os valores éticos da vida, incita o indivíduo ao imediatismo do prazer a qualquer preço e tira do espírito os estímulos da coragem nobre, facultando assim o desbordar das paixões violentas, que irrompem alucinadas em caudais de revolta e desajuste. Preconizando da vida somente a utilização da matéria, estabelece a guerra pela conquista do gozo, de que o egoísmo se faz elemento essencial. Faltando, porém, os recursos para os cometimentos que persegue, arroja o homem ao crime, em razão de assentar os seus valores no jogo das coisas a serem conquistadas, aumentando as frestas das competições insanas, em que a astúcia e a deslealdade assumem preponderância em forma de comportamento do ser. Certo, há pessoas que militam nas hostes do materialismo e mantêm uma filosofia existencial digna e uma estrutura ética respeitável. Mas a doutrina, em si mesma, anulando as esperanças de sobrevivência, abrevia as metas da vida e retira as resistências morais diante do sofrimento e das incertezas, dos acontecimentos desastrosos e das insatisfações de variada gênese. Desarmado de recursos otimistas e sem esperança, o homem não vê outra alternativa, senão o suicídio, quando chamado a testemunhos morais para os quais está despreparado. Incluem-se também aqui os que, desestruturados por fatores sociais, culturais, econômicos e emocionais, embora catalogados como membros de qualquer igreja, se deixam conduzir por atitudes negadoras, em franco processo de entrega materialista. Emocionalmente frágeis, em presença de qualquer desafio tombam e diante de qualquer infortúnio desfalecem, porquanto não se dão ao trabalho de reflexionar sobre as finalidades da existência física, vivendo, não raro, em expressões primarismo automatista das necessidades primeiras, sem mais altos vôos do pensamento ou da emoção... (Painéis da obsessão, pp. 9 a 11)) O suicídio é perfeitamente evitável - Uma outra larga faixa dos homens se encontra em vinculação com o processo revolucionário do momento, em que filosofias apressadas e doutrinas ligeiras empolgam os aturdidos novos fiéis, para logo os abandonarem sem as bases sólidas de sustentação emocional, com que enfrentariam as inevitáveis vicissitudes que fazem parte do mecanismo da evolução na escola terrena. Sem os exercícios da reflexão mais profunda, sem os hábitos salutares da edificação do bem em si mesmos, sem a constante da prece como intercâmbio de forças parafísicas, derrapam nas atitudes-surpresa, avançando para o suicídio. E o fazem de um salto, quando excitados ou em profunda depressão, ou logram alcançá-lo mediante o largo roteiro da alienação em 56 quadros psicóticos, neuróticos, esquizofrênicos... A princípio, o processo, porque instalado nas matrizes da personalidade em decorrência de vidas passadas malogradas, apresenta predisposições que se concretizam em patologias obsidentes que se vulgarizam e se alastram, dando lugar a uma sociedade ansiosa, angustiada, assinalada por distonias graves... Não desconsiderando os fenômenos de compulsão suicida e de psicoses profundas, pululam os intercursos obsessivos em verdadeiras epidemias. No início, é uma idéia que se insinua; doutras vezes, são um relâmpago fulgurante na noite escura dos sofrimentos, como solução libertadora. Fixa-se, depois, o pensamento infeliz que se adentra, domina os painéis da mente e comanda o comportamento, assinalando o autocídio como a melhor atitude ante problemas e desafios. Com o tempo, advém o monoideísmo, em torno do qual giram as demais aspirações que cedem lugar ao dominador psíquico, agora senhor da área do raciocínio que se apaga, para dar campo ao gesto tresvariado, sem retorno... A obsessão é clamorosa enfermidade social que domina o moderno pensamento -- que desborda do império de fatores dissolventes, elaborados pela mecânica do materialismo disfarçado de idealismos voluptuosos que incendeiam mentes e anestesiam sentimentos. A reflexão e o exame da sobrevivência do Espírito, o posicionamento numa ética cristã, o estudo da ciência e da filosofia espírita constituem seguras diretrizes para conduzir a mente com equilíbrio, preservando as emoções com as quais o homem se equipa com segurança para prosseguir na escala evolutiva. Conflitos, que trazemos do passado ou das experiências de hoje, fazem parte da área de crescimento pessoal de cada Espírito, devendo ser liberados através da ação positiva, diluídos no bem, sublimados pelas atividades do idealismo superior, antes que constituam impedimentos ao avanço, freio no processo de crescimento, amarra constritora ou campo para a fixação de idéias obsessivas. Cada suicida em potencial necessita de apoio fraternal, terapia espiritual, compreensão moral de quantos o cercam e assistência médica especializada; contudo, é ao paciente que compete a parte mais importante e decisiva, que é, de início, a mudança de atitude mental perante a vida e, logo, o esforço por melhorar-se moralmente. (Painéis da obsessão, pp. 11 e 12) Objeto deste livro - Feito de painéis que retratam obsessões, este livro procura demonstrar como ao lado do desequilíbrio emocional, causado pelos perturbadores do além-túmulo, a tuberculose mais facilmente se manifesta em razão do bombardeio sofrido pelos macrófagos -- degenerados pela contínua ação mental leviana do próprio paciente e pela intoxicação por sucessivas ondas mentais desagregadoras do seu perseguidor --, o que favorece a instalação e virulência do bacilo de Koch. (N.R.: Descoberto em 1888, o bacilo deve seu nome a Robert Koch, médico alemão {1843--1910}, ganhador do Prêmio Nobel de 1905.) Nesta obra, Manoel P. de Miranda examina ainda ocorrências diversas em que a obsessão se encontra presente, bem como as técnicas e terapias espirituais aplicadas, nem sempre aceitas ou assimiladas pelos enfermos de ambos os lados da vida. As personagens centrais da narrativa eram conhecedoras da Doutrina Espírita, o que não impediu tombassem nas ciladas que lhes foram armadas por seus inimigos ou criadas por elas mesmas. A crença racional e o conhecimento ajudam muito, quando o indivíduo se resolve honestamente a vivê-los. Mas não representam recurso de imunização, se aquele que conhece não aplica, na vivência, as informações que possui. Dr. Bezerra de Menezes, em mensagem 57 psicografada por Chico Xavier, assevera que os painéis da obsessão pintados por Manoel P. de Miranda assemelham-se a chapas radiográficas revelando largos traços da doença espiritual de todos os séculos -- a obsessão, enfermidade quase sempre oculta nos escaninhos do ser. Divulgar esses painéis, pela feição de aviso e socorro que expressam -- afirma Dr. Bezerra -- "é para nós um nobre dever". (Painéis da obsessão, pp. 13 a 16) 58 PAINÉIS DA OBSESSÃO MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA ( capítulos 6 ,7 e 11.) 4. O débito segue sempre o endividado - Valendo-se da oportunidade de compreender melhor os fatos atinentes ao caso Argos, Manoel P. de Miranda perguntou à Irmã Angélica se a enfermidade do esposo de Áurea resultara da ação obsessiva de seus adversários desencarnados. A Instrutora, antes de responder diretamente à pergunta, explicou que todos nós somos o resultado das experiências adquiridas pela vivência no campo da evolução. Há uma larga estrada que ficou para trás e há um imenso caminho a percorrer, mas ninguém logra avançar com êxito se não rompe as cadeias com a retaguarda, na qual estão as marcas do nosso trânsito. Para conseguir o que nos aprazia, não trepidávamos em ferir, chocar, destruir, infelicitar. Renovando a paisagem mental, mas com as almas mutiladas pelos delitos praticados, mudamos a forma de pensar, mas não a de agir. Muitos se reencarnam olvidando aqueles que lhes padeceram a impiedade, e arrojam-se em novas aventuras constrangedoras. Assim, defrontamos criaturas distraídas que esperam receber sem dar; que contam com o perdão para suas faltas, mas não perdoam; que esperam carinho, e não gostam de o retribuir; que admiram o trabalho, desde que não se dediquem a ele; que teorizam sobre muita coisa, não indo além do verbalismo... Desse modo, iludemse mas não convencem a ninguém. Irmã Angélica informou então que Argos deixou no passado graves compromissos, mas, desejando, honestamente, crescer para o Bem, granjeou a oportunidade que vinha desfrutando e que agora se lhe alongava promissora... Ele fora advertido, no entanto, quanto ao natural impositivo de que, aonde vai o endividado, o débito vai com ele, do mesmo modo que a sombra acompanha o corpo que a projeta. (Cap. 6, pp. 46 e 47) 5. E' rara a doença que não tenha componente espiritual - Ciente de que seus adversários do pretérito estariam próximos, cabia a Argos desenvolver um sério programa de iluminação interior apoiado na ação honesta, sem disfarces nem pieguismos, a fim de ressarcir erros e comprovar aos inimigos espirituais a autenticidade de propósitos na sua mudança de comportamento, com o que conseguiria a modificação interior de uns e o perdão de outros. Os atos infelizes, deliberadamente praticados, em razão da força mental de que necessitam, destroem os tecidos sutis do perispírito, os quais, ressentindo-se do desconcerto, deixarão matrizes na futura forma física, em que se manifestarão as deficiências purificadoras. A queda do tom vibratório específico permitirá , então, que os envolvidos no fato, no tempo e no espaço, próximos ou não, se vinculem pelo processo de uma sintonia automática de que não se furtarão. Estabelecem-se aí as enfermidades de qualquer porte. Os fatores imunológicos do organismo, padecendo a disritmia vibratória que os envolve, são vencidos por bactérias, vírus e toda a sorte de micróbios patogênicos que logo se desenvolvem, dando gênese às doenças físicas. Por sua vez, na área mental, os conflitos, as mágoas, os ódios 59 acerbos, as ambições tresvariadas e os tormentosos delitos ocultos, quando da reencarnação, por estarem ínsitos no Espírito endividado, respondem pelas distonias psíquicas e alienações mais variadas. Acrescente-se a isso a presença dos cobradores desencarnados, cuja ação mental encontra perfeito acoplamento na paisagem psicológica daqueles a quem perseguem, e teremos instalada a constrição obsessiva. Eis porque é rara a enfermidade que não conte com a presença de um componente espiritual, quando não seja diretamente o seu efeito. Corpo e mente refletem a realidade espiritual de cada criatura. "Argos -- informou Angélica -- reencarnou com a região pulmonar descompensada, em face do sério comprometimento no qual se enleou, ao mesmo tempo com a mente aturdida, lutando contra o ressumar das reminiscências que, de quando em quando, o assaltam e a consciência que tem daquilo que lhe cumpre realizar." "Podemos afirmar que o desencadear da sua enfermidade se deveu a fatores fisiológicos, mas foi precipitado pela ação pertinaz de companheiros desencarnados", esclareceu a Benfeitora, aditando que há enfermidades cujos fatores propiciatórios são bem conhecidos, ao lado de outras em que os enfermos absorvem fluidos desarmonizados e destrutivos de Espíritos desencarnados com os quais se vinculam, dando campo a uma sintonia vigorosa que permite a transmissão das sensações e dores e que, se não atendidas em tempo, convertem-se em enfermidades reais. Trata-se de verdadeiros fenômenos de incorporação, qual ocorre na psicofonia atormentada e consciente, e isso é mais habitual do que se imagina. "Somente quando o homem se der conta da finalidade da vida, na Terra, e procurar modificar as suas atitudes -- asseverou Angélica --, é que se renovará a paisagem que, por enquanto, se lhe faz campo de conquistas ao peso da dor e da amargura, já que lhe não apraz ainda crescer pelo amor, nem pelo serviço do dever para com o Bem." (Cap. 6, pp. 48 a 50) 6. O caso Ruth Maria, a gestante enferma - Philomeno foi convidado por Dr. Arnaldo Lustoza a assistir, no centro cirúrgico, a uma ocorrência de grave significação. Uma jovem de aproximadamente vinte e cinco anos de idade, seriamente vencida pela tuberculose, encontrava-se em trabalho de parto. Seu estado de deperecimento era visível e tudo indicava que a jovem não teria resistência para a délivrance. Tratava-se de Ruth Maria, que vinha de um passado espiritual marcado por extravagâncias na área sexual e por abusos outros. Cedo experimentou a constrição pertinaz de alguma das suas vítimas, especialmente de um ex-companheiro vilmente traído e apunhalado, enquanto dormia, num simulacro que ela preparou para dar idéia de latrocínio. O crime passara despercebido, mas não ficou esquecido por aquele que o sofreu. Desperto no além-túmulo, Francis buscou-a para o desforço, incendiado pelo ódio. Embora a tenha reencontrado no corpo físico, esperou que ela retornasse à vida espiritual, onde, em pugna com outros adversários da invigilante, dilapidou-a por mais de trinta anos, em vampirização impiedosa e punições outras que a exauriram. Recambiada à reencarnação, sem qualquer título de enobrecimento, que desperdiçara nos vícios e no gozo de uma vida frívola e dourada, foi recebida com desagrado por antiga companheira de dissipações, ora habitando numa favela, que se lhe tornou mãe carnal, desprezível e indiferente, relegando-a a uma Casa de Caridade, onde foi deixada à porta, nos primeiros meses do novo corpo. Nesse Lar, desde cedo Ruth Maria revelou-se uma criança frágil, silenciosa, ensimesmada, que sofria as reminiscências inconscientes do padecimento nas 60 regiões mais infelizes da erraticidade. Seus inimigos não a deixaram, perturbandolhe o sistema nervoso e tornando-a agressiva por ocasião da puberdade, o que degenerava num clima de antipatia e desagrado por parte daqueles que surgiram no seu caminho na condição de benfeitores e amigos. (Cap. 7, pp. 51 a 53) 7. Na obra do bem não se deve desistir nunca - Ruth Maria, em razão do mau uso da inteligência na vida passada, viera assinalada por dificuldades de raciocínio e de memorização, embora não chegasse a ser uma retardada mental. Mesmo assim, adaptou-se à aprendizagem artesanal, revelando aptidão para a costura, com o que se preparou para viver fora daquele Abrigo, quando alcançasse a maioridade. Atormentada pelas lembranças inditosas e pela presença dos inimigos, tornou-se então motivo de constrangimento na Instituição, levando os trabalhadores da Casa a anelarem pelo seu desligamento logo que atingisse a idade-limite. Dr. Arnaldo aproveitou o ensejo para asseverar que nas Casas de Beneficência o trabalho é bênção maior para aqueles que o desenvolvem. Muitas vezes, esses companheiros caem em desânimo diante dos resultados, às vezes decepcionantes, bem diferentes do que esperavam. Esforçamse, esfalfam-se; no entanto, os beneficiários, salvo raras exceções, tornam-se exigentes, ingratos e difamadores, assumindo atitudes que insuflam revolta e malquerença. "Ouvimos pessoas dedicadas ao bem -- informou Dr. Arnaldo -- formulando doridas interrogações sobre suas possíveis falhas e fracassos, impelidas à desistência por falta do estímulo daqueles que são ou foram socorridos pela sua dedicação e renúncia. Sucede que os doadores de hoje são os usurpadores de ontem em recuperação; anteriores servidores desastrados, ora honestamente arrependidos, fruem de paz com a feliz oportunidade de realização; formam os grupos de obreiros que despertaram para servir, antes que para receber, já que não devem guardar qualquer mágoa diante da ingratidão ou da ofensa dos seus pupilos transitórios, mais se aprimorando, lapidando as arestas morais e crescendo para Deus mediante o trabalho libertador." Não devem, por isso, desanimar, nem desistir jamais. Na prece, na meditação, na leitura edificante e nos exemplos dos heróis de todos os matizes encontrarão força e inspiração para prosseguirem, adquirindo o salário da harmonia de consciência pelo dever retamente cumprido, seguindo os passos do Doador não compreendido, o Mestre Jesus... Como a parturiente gemia e chorava, Dr. Arnaldo, enquanto Philomeno orava, aplicou-lhe recursos magnéticos, através de passes circulares e logo depois longitudinais. Ruth Maria, com o esforço despendido, fazia-se visitada pela pertinaz hemoptise, que mais a debilitava, e a equipe médica, apreensiva, aguardava a reação positiva do próprio organismo. (Cap. 7, pp. 53 e 54) 8. No ventre de Ruth estava Francis, o verdugo - Dr. Arnaldo explicou que Ruth Maria, ao sair do Lar amigo para trabalhar como costureira numa casa especializada, não deixou afetos que a pudessem acompanhar no futuro. Passando a enfrentar o mundo em toda a sua abertura e agressividade, as suas antigas inclinações, estimuladas por Francis, que a perseguia, foram tomando-a e fazendo-a derrapar em abusos que se encarregaram de trazê-la ao Sanatório. A princípio era o desejo de um cigarro inocente ou de um aperitivo sem conseqüência, para depois instalar-se nela uma volúpia obsessiva pelo tabagismo e pelo alcoolismo em altas doses, que lhe sacrificaram o organismo, já bastante enfraquecido. Simultaneamente, caiu nas armadilhas brutais do sexo sem amor, 61 completando-se o quadro do seu autocídio a largo prazo, com o que se compraziam os verdugos da sua paz, os quais, conhecedores de algumas técnicas de subjugação e de suas preferências, passaram a obsidiá-la fisicamente, despertando-lhe insofreável prazer pelo fumo e pelo álcool, ao mesmo tempo em que, comprimindo-lhe a genitália, em especial os ovários, desequilibraram-lhe a função sexual. Perturbado pelo ódio e enceguecido pela vingança, Francis foi assimilando as descargas das sensações que a vítima experimentava na usança do sexo em desconcerto e, em face de sua ligação continuada, foi-se-lhe alojando na madre, sofrendo, inconsciente, um processo de transformação perispiritual como sói acontecer nos mecanismos da reencarnação. E' que o ser obsidente termina, pela insânia que cultiva, sendo vítima das ciladas e sofrendo-lhe os efeitos. Resultado: Ruth Maria engravidou e, como é óbvio, ali estava o perseguidor-mor atado a sua vítima... Recolhida ao Sanatório com dois meses de gestação, em deplorável estado e na condição de indigente, Ruth recebia ali toda a assistência que o caso requeria, embora fosse previsível o abortamento natural, o que acabou não ocorrendo, por mais que ela o desejasse. (Nesse momento, duas Entidades amigas se acercaram da paciente. Uma delas fora mãe de Ruth por diversas vezes.) A gestante deveria desencarnar de imediato, explicou Dr. Arnaldo, devido à dupla perda de sangue, pelo parto e pela via oral, o que tornaria a parada cardíaca iminente. O filho, porém, sobreviveria, rompendo-se a cadeia da obsessão pertinaz, visto que o arrependimento e a esperança se instalavam na mente e no sentimento de Ruth, que, diante dos últimos padecimentos mais vigorosos experimentados no Sanatório, passou a recordar-se das lições ouvidas no Abrigo onde fora criada, permitindo germinassem as sementes da fé ali depositadas com carinho. (Cap. 7, pp. 54 a 56) 9. Ruth Maria dá à luz o bebê, e morre - Ruth Maria ficaria, assim, liberada por um largo período dos demais inimigos, até que refizesse suas forças para posterior ajuste através do amor e da benevolência, que dispõem de inesgotáveis recursos para o equilíbrio dos desajustes e dissabores que propiciam desdita. Francis voltava, então, a respirar na atmosfera terrestre num corpo concedido por aquela a quem muito amou e tanto odiou... Logo que o bebê foi expelido do útero materno, ocorreu a parada cardíaca e Ruth começou a desligar-se do corpo, mergulhada em sono inquieto, inconsciente da ocorrência. "As sementes da insensatez -- disse Dr. Arnaldo -- reproduzem-se sempre em modalidades diferentes, até que a ordem, a temperança e a ação profícua lhes erradiquem a cultura perniciosa nas criaturas. Eis porque, a todos aqueles a quem atendia, Jesus jamais deixou de admoestar quanto aos atos futuros, impondo-lhes como condição de paz, de permanência da saúde, que não voltassem a pecar, cometendo atentados contra o equilíbrio próprio, ou do próximo, ou da Vida." O médico desencarnado reportou-se em seguida a dois casos mencionados pelo Evangelista Marcos relativamente à ação de Jesus na cura de um mudo endemoninhado que, expulso o Espírito que o atormentava, passou a falar, e de um outro que, sob a ação obsessiva, estava cego e mudo. Após curado por Jesus, ele passou a falar e a ver. Epilepsia, paralisia das pernas, hidropisia, deformação orgânica, surdez sob ação espiritual enfermiça receberam do Mestre a cura, mediante o afastamento do fator causal -- o Espírito obsessor. "Quando os estudiosos dos fenômenos paranormais melhor penetrarem nos intrincados mecanismos das causas morais que regem a vida -- acrescentou Dr. Arnaldo --, 62 mais facilmente elucidarão os graves problemas na área da saúde, quer física, quer mental, compreendendo que, no Espírito, se encontram as chaves para solucionar-se os aparentes enigmas do comportamento e da vida humana." "Pelos hábitos mentais e morais, pela ação, o homem reúne os valores para a paz ou elabora os grilhões a que se prende por tempo indefinido." Philomeno emocionouse com tais ensinamentos, porque esclareciam dúvidas por ele trazidas da Terra acerca do valor da fluidoterapia no tratamento das enfermos portadores das chamadas doenças fantasmas. (Cap. 7, pp. 57 e 58) 5. O valor terapêutico da oração – Um novo paciente, em estado muito grave, dera entrada no Sanatório. Tratava-se de um homem desgastado, vítima da soez doença e de outros fatores sócio-econômico que contribuíram para o seu mais rápido deperecimento orgânico. Era Valtércio, que deveria estar com cerca de trinta e cinco anos, apesar da aparência envelhecida. Irmã Angélica logo se acercou do enfermo, exclamando: "Graças a Deus! Ainda é possível auxiliar o nosso Valtércio”. Ato contínuo, ela valeu-se da oração silenciosa, enquanto Bernardo o acudiu com passes de dispersão fluídica, a princípio, e logo depois, em movimentos rítmicos, circulares, objetivando a área cárdio-pulmonar, atendeuo com energias especiais. A reação do enfermo foi imediata. A transmissão de forças fluídicas e a absorção das energias canalizadas pela prece constituíam-lhe alta carga de recursos terapêuticos a estimularem os campos vitais encarregados de aglutinar e fomentar o surgimento das células para o milagre da saúde. Como Valtércio adormecera, Irmã Angélica se retirou, informando, antes, que o atendimento ao enfermo, com vistas a liberá-lo da conjuntura espiritual negativa que o estiolava, continuaria à noite. A notícia de que Valtércio padecia de perturbação espiritual surpreendeu Philomeno, porque ele não havia percebido qualquer Entidade perniciosa no seu campo de irradiação perispiritual. Dr. Arnaldo, notando-lhe a perplexidade, socorreu-o, então, com as explicações necessárias. ( Cap. 11, pp. 81 e 82. ) 6. O caso Valtércio – O enfermo, conforme Dr. Arnaldo explicou, vinha de um processo penoso na área espiritual, que assumia então proporções gigantescas. A doença, que se alojou dois anos antes, alcançava o seu clímax em razão da falta de recursos médicos e alimentares que a pudessem deter no momento próprio. Com problemas domésticos, Valtércio construiu um quadro de pessimismo mental e, com a desarmonia que se lhe instalou, corrosiva, a desferir vibrações deletérias que completaram o desajuste e a destruição das frágeis reservas físicas, permitindo a instalação e virulência devastadora da tuberculose pulmonar. Logicamente, suas aflições atuais decorriam de suas atitudes em outras vidas. Nessa conjuntura, desempenha papel de relevo a presença de ferrenhos adversários desencarnados, entre os quais se destaca um impiedoso cobrador que se imiscuiu na sua vida, terminando por imantar-se a ele e a subjugá-lo em violenta vampirização, de tal modo pertinaz, que se justapôs à massa física, numa quase simbiose parasitária que o condenava à desencarnação imediata, caso não recebesse competente resistência. O mecanismo dessa parasitose, esclareceu o médico, é semelhante ao que ocorre no reino vegetal, em que o parasita se aloja em qualquer parte do receptáculo que lhe recebe a invasão, começando aí a absorver a seiva que o nutre e desenvolve, propiciando um crescimento que constringe o hospedeiro, com raízes vigorosas, e, no fim, acaba matando-o pela 63 absorção da vitalidade... No homem, inicialmente, o hóspede espiritual, movido pela morbidez do ódio ou do amor insano, ou por outros sentimentos, envolve a casa mental do futuro parceiro, enviando-lhe mensagens persistentes, em contínuas tentativas telepáticas, até que sejam captadas as primeiras induções, que abrirão o campo a incursões mais ousadas e vigorosas. A idéia esporádica, mas persistente, vai-se fixando no receptor que, de início, não se dá conta, especialmente se possui predisposição para a morbidez, se é psiquicamente imaturo, se se compraz por cultivar pensamentos pessimistas, derrotistas e viciosos, passando à aceitação e ampliação do pensamento negativo que lhe chega. Nessa fase já está instalado o clima da obsessão que, não encontrando resistência, se expande, porque o invasor vai-se impondo à vítima que o recebe com certa satisfação, convivendo com a onda mental dominadora. Ao largo do tempo, o obsidiado se aliena dos demais objetivos da vida, permanecendo em fixação interior do pensamento que o constringe, cedendo-lhe a área da razão, do discernimento e deixando-se desvitalizar. Quando se infiltram as forças do hóspede na seiva psíquica do anfitrião, o desencarnado cai na armadilha que preparou, porque passa a viver as sensações e as emoções, bem como os conflitos do seu subjugado. Nesse estágio, raramente fica a ligação apenas no campo psíquico, porque o invasor se assenhoreia das forças físicas do paciente, através do perispírito, humanizando-se outra vez, isto é, voltando a vivenciar as conjunturas da realidade carnal. O hospedeiro então deperece, enquanto o hóspede se abastece, facultando a instalação de doenças ou a piora delas, caso o indivíduo já se encontre enfermo. (Cap. 11, pp. 83 e 84. ) 7. Os riscos da simbiose parasitária – A simbiose transforma-se também numa obsessão física, informou o Dr. Arnaldo, porque o Espírito adere à câmara orgânica, explorando-lhe a vitalidade e acoplando-se aos fulcros perispirituais do encarnado, em doloroso e destruidor conúbio. O afastamento puro e simples do agente obsessivo produz, normalmente, a desencarnação do paciente que lhe sofre a falta e, porque desfalcado de energias mantenedoras da vida fisiológica, rompem-se-lhe os laços que atam o Espírito à matéria, advindo a morte desta. O obsessor, por sua vez, tomba, carregado do tônus vital que foi usurpado, em um processo parecido a nova desencarnação que o bloqueia temporariamente ou o leva a uma hibernação transitória. "Todo aquele que defrauda a Lei -- asseverou Dr. Arnaldo -- sofre as conseqüências do ato arbitrário, que, por sua vez, se converte em automático agente punitivo, levando o infrator ao reajuste.” A parte os fatores cármicos preponderantes ou propiciatórios, os processos obsessivos se instalam porque os Espíritos imaturos não se esforçam por adquirir uma capacidade doadora, conforme chama os psicólogos oblativa, saindo de si para oferecer, para dar-se, gerando relacionamento efetivo, duradouros, simpáticos, que produzem bônus de valor moral e de paz. O homem nasceu para amar. O Espírito é criado para amar. Nos estágios iniciais, infantis, pelo egocentrismo de que se faz objeto, mesmo quando se dispõe ao amor, quase sempre o avilta com as paixões subalternas. O amor, que jaz inato em todas as criaturas, pode, contudo, ser educado, desenvolvido, ampliando a sua capacidade doadora, a fim de que se possa expressar em toda a pujança e grandeza. Para isso, é imprescindível que o indivíduo se desenvolva em plenitude, não somente através da área do sentimento, mas também da inteligência e da razão, amadurecendo a personalidade. As pessoas tornam-se presas fácies dos seus antigos comparsas, 64 tombando nos processos variados de alienações obsessivas, porque, além de se descurarem da observância espiritual da existência, mediante atitudes salutares, comportamento equilibrado e vida mental enriquecida pela prece, pela reflexão, não se esforçam por libertar-se dos aborrecimentos e problemas desgastantes, mediante a aplicação de recursos físicos e mentais, por acomodação preguiçosa ou por dependência emotiva, infantil, que sempre transfere responsabilidades para os outros e prazeres para si. Nas pessoas em que o hábito de bem pensar é fugidio ou raro, porque a mente permanece em desconcerto, rica de imagens perturbadoras e recordações de teor prejudicial, mais facilmente os parasitas espirituais encontram campo para se instalar, desenvolvendo suas metas infelizes. A vontade disciplinada e o hábito da concentração superior armam o homem para enfrentar as mil vicissitudes que afronta na sua escalada evolutiva. Não há milagre! ( Cap. 11, pp. 85 e 86. ) 8. Como prevenir as obsessões – A concentração positiva, explicou Dr. Arnaldo, libera a mente dos clichês viciosos, próprios ou recebidos de outras mentes como do meio em que vive, já que todos somos sensíveis ao ambiente no qual nos movimentamos. Por adaptação às ocorrências do dia-a-dia o homem se deixa arrastar pela correnteza dos acontecimentos, sem despertar o pensamento para que o intelecto raciocine com objetividade e discernimento... A preguiça mental é um polo de captação de induções obsessivas pelo princípio da aceitação irracional de tudo quanto o atinge. Cabe ao homem que pensa dar plasticidade ao raciocínio, ampliando o campo das idéias e renovando-as com o aprimoramento da possibilidade de absorver os elementos salutares que o enriquecem de sabedoria e paz íntima. Com o tempo, a capacidade de discernir dota-o com a aptidão da escolha dos valores que o impulsionam para mais altas aspirações, com plena libertação dos vícios de toda natureza, inocente como uma criança, isto é, sem os tormentos da insatisfação e equilibrado nas aspirações, como um sábio que já se resolveu pela conquista, em harmonia, daquilo que lhe é melhor. "Podemos chamar a essa atitude de psicoterapia preventiva ou tratamento para as obsessões”, asseverou Dr. Arnaldo. Concluindo, o médico explicou que nas enfermidades que acometem as criaturas humanas, em razão do passado espiritual delas mesmas e em fase da atual situação moral do planeta, normalmente encontramos interferências de Entidades enfermas, perturbadoras e vingativas, sediada além das fronteiras físicas. Assim, Valtércio, embora tomado pela tuberculose, podia ser definido, tecnicamente, como um obsidiado. (Cap. 11, pp. 87 e 88. 65 “LOUCURA E OBSESSÃO” MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA (Fonte: capítulos 9 e 10) A reação dos obsessores costuma ser violenta - Findo o relato de Emerenciana, esta aproximou-se de uma mesa preparada na sala reservada ao culto geral, então encerrado para os encarnados, e convidou Dr. Bezerra, Miranda e um senhor de pouco mais de setenta anos, de nome Felinto, para sentarem-se, rogando ao Médico dos pobres que proferisse uma oração introdutória, mediante a qual se iniciaria, ali, uma nova atividade. Terminada a prece, Emerenciana explicou: “Como de hábito, quando encerrado o atendimento aos que vêm à consulta, fazem-se necessárias algumas providências como prosseguimento ao primeiro serviço prestado. Não desconhecemos que, nos casos de obsessão e vampirização espiritual, estamos lidando com personalidades desencarnadas psicopatas e portadoras de alta dose de insensibilidade emocional, que as tornam perversas, inclementes. Hoje teremos, como de outras vezes, que destacar alguns voluntários do nosso Grupo de trabalho socorrista, para dar assistência àqueles que nos parecem mais vulneráveis às agressões dos seus exploradores psíquicos. Desse modo, requisitamos ajuda para Carlos, Lício e Aderson, que prosseguirão recebendo-a, no esforço que empreenderão em favor da própria saúde. Todos sabemos que, reconhecendo-se descobertos, os agressores investem com súbita irrupção de violência, num tentame final de desforço ou como medida de apavoramento, impedindo que os pacientes retornem ao socorro de que necessitam”. Miranda ficou admirado com a argúcia de Emerenciana, superior ao que ele imaginara, porquanto, além da terapia curadora, não descuidara das providências preventivas, numa atitude de grande sabedoria. “Agradecerei -- disse a Mentora -- que me informem a respeito de qualquer ocorrência que pareça anormal ou inusitada, em relação aos nossos irmãos que, a partir de agora, passam a ser pupilos da nossa afetividade, sem desrespeito aos códigos legais que os surpreenderam, exigindo-lhes a regularização das suas infrações.” “A função dos assistentes, que os devem acompanhar, é de vigilantes, sem que tomem quaisquer providências precipitadas em seu favor. Devem inspirar-lhes alento e coragem, bom-humor e pensamentos superiores, de modo que possam romper as ligações com os adversários aos quais se acostumaram.” (Loucura e Obsessão, cap. 9, pp. 107 e 108.) . Deus é Espírito e nessa condição devemos adorá-lo - Depois de explicar qual seria a função dos assistentes junto aos enfermos tratados pela Casa, Emerenciana nomeou para a tarefa seis Entidades que se postavam na primeira fila, destacando-as, duas a duas, para cada necessitado. Tratava-se de bons Espíritos, de mediana capacidade, igualmente vinculados às práticas da Casa. A ação do bem, naquele Núcleo, era contínua. Não havia ali margem para a ociosidade perigosa e muitos cooperadores espirituais se exercitavam no trabalho da solidariedade, adquirindo os valores positivos que os elevariam, liberando-os da canga dos instintos primários. Essa luta, como sabemos, é de todo momento e deve ser empreendida através do esforço contínuo de auto-superação e de 66 dedicação ao próximo. Prosseguindo, a Benfeitora tornou a falar: “A nossa Casa prossegue sendo a escola-oficina de educação e ação para todos nós. Aqui descobrimos a necessidade de crescimento e de libertação dos costumes primitivos, exercitando novos hábitos evolutivos com vistas ao futuro feliz”. “Jesus nos ensinou que Deus é Espírito e como Espírito devemos adorá-lo. Apesar de a libertação ser fenômeno de conquista demorada em razão dos muitos milênios em que nos temos retido no primarismo, já nos é possível compreender que muitas das práticas às quais nos aferramos são de valor secundário, porque vivemos em campo de vibrações onde a mente é mais poderosa do que qualquer coisa ou ritual, que apenas têm a finalidade de servir de ímã que atrai a atenção, de motivo para a fixação do pensamento.” Emerenciana explicou então que, diante do atraso em que muitos Espíritos teimam em reter-se, as ocorrências de absorção das forças vivas das oferendas permaneciam em preponderância, exigindo contínua alimentação, quando já seria possível superar tal necessidade, direcionando o pensamento em sentido superior. “No começo -- informou -- sempre há estranheza, para depois adaptação. Do contrário, a diferença entre os protetores e os exploradores espirituais das criaturas humanas será pequena, dando margem para que as paixões mais fortes irrompam, quando os primeiros se sintam ou se creiam desprestigiados ou não homenageados como é do paladar da presunção e da ignorância.” “Tal fato acontece amiúde em nossas fileiras, senão em nossa Casa, noutras de ação semelhante. Há protetores que, à força das paixões de que não se libertaram, transformam-se em exploradores de seus médiuns, a quem subjugam, ou daqueles que lhes buscam auxílio, cobrando-lhes dependência e submissão. Com o tempo, esquecem-se da necessidade de evoluir, satisfazendose com a situação em que se encontram, renteando com os impulsos primeiros e sem coragem de transferir-se para os degraus superiores da vida. Realizam as tarefas mais brutais, sem dar-se conta dos recursos que podem ser aplicados com mais eficientes resultados.” (Loucura e Obsessão, cap. 9, pp. 109 e 110.) O homem é a soma de experiências adquiridas ao longo dos milênios Fazendo uma analogia com o arado de tração humana e animal, que foi substituído com largas vantagens pelo de força elétrica, Emerenciana esclareceu: “Em nossa área de ação, o recurso para a substituição dos instrumentos é a vontade pessoal, com a conseqüente aceitação da lei do progresso que a todos propele para o superior e para a liberdade. Os nossos meios de auxílio não podem ser semelhantes aos métodos de destruição de que os maus, em deplorável estado de perturbação e materialidade, se utilizam. O fogo não se apaga com o fogo. Como é verdade que o semelhante com o semelhante cura, na área da terapia homeopática, o nosso semelhante, aplicado na doença de que padecem as criaturas, é a movimentação daquelas forças, utilizando energias mais sutis, tanto mais poderosas. Deus é, para nós, a Força Total e Criadora da Vida, que nos permite entender a grandeza da Sua Obra, lentamente, crescendo em mente e amor”. O silêncio no auditório era geral. Estavam ali cerca de sessenta Entidades desencarnadas que operavam na Casa. Eram silvícolas brasileiros, antigos ex-escravos e anteriores praticantes do culto afro no Brasil. A Mentora, ao largo do tempo, assim fazendo, libertava-os das práticas ancestrais ainda predominantes. “Saímos do eito da escravidão -- disse Emerenciana -- com imenso reconhecimento às provas redentoras que nos lapidaram as arestas... Evocamos aquele período com emoção e júbilo, preferindo conservar os 67 caracteres daquelas benditas oportunidades aos de quando delinqüimos. É justo que assim se dê, o que não implica que se nos faça indispensável assim prosseguir. Como não aceitamos o preconceito contra o homem negro ou índio, é injustificável a mesma infeliz atitude contra o branco. Não foi a cor da pele que nos levou ao delito, mas, sim, o atraso moral que nos caracterizava, naquela experiência carnal. Tanto é verdade que, embora não hajamos adquirido o sentimento do amor pleno, naquelas sociedades, conseguimos reunir outros valores que nos são úteis, auxiliando-nos na melhor maneira de aplicar a afetividade, para que não erremos por partidarismo e precipitação, em face da ignorância dos desígnios divinos.” A Benfeitora lembrou-lhes que todos somos a soma das experiências adquiridas em várias condições sociais e em países diferentes, ao longo dos milênios. “Outrossim -- acrescentou ela --, constituímos um grupo de companheiros de jornada e não mais escravos coagidos ao serviço, como supõem erradamente muitos clientes encarnados que buscam nossos recursos. Trabalhamos por amor ao próximo e também a nós mesmos, por necessidade evolutiva, e o fazemos espontaneamente, por conseqüência do dever mais elevado.” (Loucura e Obsessão, cap. 9, pp. 110 a 112.) A magia é uma ciência-arte muito antiga - Emerenciana lembrou aos que a ouviam que há quem, na sua ignorância presunçosa, exija a presença dos protetores e lhes dá ordens expressas, atado à antiga dominação de senhor, de que ainda não se libertou. “É um erro -- disse a Instrutora --, que nos cumpre corrigir com bondade, porém, com decisão, auxiliando-o a crescer para a igualdade, para a fraternidade e para a compreensão da verdade. Como não nos devemos envergonhar das nossas existências mais humildes e, portanto, mais proveitosas, delas nos não devemos orgulhar tampouco. Toda transição é demorada; apesar disso, devemos esforçar-nos para vencê-la no mais curto prazo possível.” “Cada passo dado, nesse sentido, é terreno, à frente, conquistado.” Terminados os trabalhos, o amigo Felinto permaneceu com Miranda e Dr. Bezerra em palestra edificante. Supervisionava ele, na Casa, as tarefas da chamada magia branca aplicada em favor dos que eram vítimas das práticas fetichistas que para ali acorriam, rogando que fossem desmanchados os trabalhos da magia negra. Inquirido por Miranda a respeito da ação dos feitiços, Felinto esclareceu: “A magia é uma ciência-arte tão antiga quanto as primeiras conquistas culturais do homem. Reservada à intimidade dos santuários da antigüidade oriental, é o uso do magnetismo, que começava a ser descoberto, da hipnose e do intercâmbio mediúnico, que os próprios imortais desencarnados propiciaram aos homens. A superlativa ignorância das leis vestiu essas práticas de rituais e fórmulas ensinadas pelos Espíritos, a maioria deles constituída de presunçosos e prepotentes, que se acreditavam deuses, exigindo sacrifícios humanos, animais, vegetais, conforme o processo da evolução de cada povo... Conhecendo, através do estudo e da repetição das experiências, a exteriorização magnética das chamadas forças vivas da Natureza e dos seres, manipulavam-nas com grande aparato, para impressionar, colhendo alguns resultados, que projetavam os sacerdotes e quantos as praticavam”. “Pela mesma forma -- prosseguiu Felinto --, percebeu-se que a aplicação de tais recursos podia ajudar ou entorpecer as criaturas, promovendo-as ou perturbando-as, daí nascendo as duas correntes referidas.” O amigo espiritual lembrou que as pessoas vivem dentro dos limites que suas conquistas evolutivas lhes facultam. Assinalados mais pelas 68 necessidades do que pelas realizações superiores, todos possuímos disposições naturais para mais fácil sintonia com as forças primárias e violentas. A maioria das criaturas ainda reage mais a uma ação negativa com a qual facilmente sintoniza, do que a um gesto, um ato sutil de afetividade, de gentileza. (Loucura e Obsessão, cap. 9, pp. 113 a 115.) Porque a magia negra atinge certas pessoas - É disso que decorre que nas práticas da magia negra há sempre aqueles que se fazem receptivos. Consciência de culpa inata, insegurança emocional, desajustes temperamentais, invigilância moral, insatisfação pessoal, ociosidade mental, conduta irregular e os débitos passados constituem campo vibratório propício à sintonia com as induções mentais dos maus -- telepatia e telementalização perniciosas --, assim como as ondas da magnetização de objetos ofertados para as práticas nefastas -imantações fluídicas -- e, por fim, a afinidade vibratória com os Espíritos perversos e com os Encantados que se deixam utilizar, na sua ignorância, para estes fins ignóbeis ou elevados. “Na cultura religiosa do passado e do presente -- disse Felinto -- encontramos esses seres sob a denominação de devas, elementais, fadas, gênios, silfos, elfos, djins, faunos... A senhora Helena Blavatsky fez uma exaustiva pesquisa a tal respeito e os classificou largamente. Os cabalistas também classificaram os Elementais mais evoluídos, encarregados do Ar, da Terra, do Fogo e da Água, respectivamente, Gnomos, Sílfides, Salamandras e Ondinas...” (N.R.: Houve aí um cochilo do autor: os Gnomos cuidam da Terra; os Silfos e as Sílfides são os gênios do Ar.) Felinto afirmou, então, que esses seres encontram-se em trânsito evolutivo, mediante as reencarnações entre o psiquismo do Primata homini e o Homo sapiens, ainda destituídos de discernimento, ingênuos e simples na sua estrutura espiritual íntima e que são utilizados pelos Espíritos, encarnados ou não, para uma ou outra atividade, conforme tem demonstrado a experiência nesse campo. Existem, ademais, Entidades que se atribuem valores que não possuem e que chegam às raias da autofascinação, assumindo a personificação de certas deidades e atirando-se, embriagadas de presunção, em tais misteres. Lembrando que acima de tudo, e comandando todas as ações, está o amor de Nosso Pai, sempre vigilante, Felinto acrescentou: “O determinismo não é absoluto, em face dos recursos do livre-arbítrio que está sempre alterando o destino e os rumos da vida. O renascimento, algumas ocorrências e a desencarnação constituem fatalismo durante cada existência corporal. Pode ser até que se encontre estabelecido o modo pelo qual deve ocorrer a desencarnação do homem. Apesar disso, a invigilância, a precipitação, o mau gênio podem levá-lo a um suicídio, que não estava programado, a um acidente fatal, que a sua incúria provocou, ou, no sentido inverso, a conduta moral e psíquica equilibrada, sadia, ativa no bem, pode alterar-lhe completamente, na forma e no tempo, o ato desencarnatório”. (Loucura e Obsessão, cap. 9, pp. 115 e 116.) Como desfazer o chamado feitiço ou magia negra - A conclusão decorrente das explicações de Felinto era clara: a ocorrência nefasta, obsessiva, perturbadora, se dará ou não, conforme a sintonia, a receptividade do indivíduo. Todavia, não resta dúvida de que, seja qual for o resultado da ação de quem a encaminhou para o mal, ocorrerá o “choque de retorno”, ou seja, volverá ao agente o efeito da sua realização. Miranda perguntou-lhe, na seqüência, como ele 69 atuava para desmanchar o chamado feitiço ou magia negra. “Conhecendo as leis dos fluidos, podemos, de algum modo -- respondeu Felinto --, manipulá-los, conforme a sua constituição. Utilizamo-nos de alguns recursos e materiais que foram objeto da magnetização para atrair os Espíritos, que se lhes imantaram, e os defendem, usurpando-lhes energias, em caso de alimentos e plantas, liberando-os da escravidão a que se atêm, inclusive, quando das grosseiras e macabras absorções de energia animal... Embora não recorramos a expediente idêntico no último caso, aplicamos forças fluídicas que os desconcertam emocionalmente, mudando neles a dependência da forma alimentar a que se subordinam, para outras expressões fomentadoras de vida, conhecidas por todos nós... No passo seguinte, retemo-los em barreiras magnéticas e passamos à fase da doutrinação, do esclarecimento, pois que o nosso objetivo é a libertação espiritual do ser, não a mudança de lugar ou de forma, mantendo-o aprisionado... Por fim, temos em mente os impositivos do mérito ou do demérito de cada paciente, auxiliando-o, também, no seu processo de crescimento espiritual.” Felinto explicou ter conhecimento também das técnicas de desobsessão de alta eficiência, aplicadas nas Instituições Espíritas e que, segundo ele, constituem um passo avançado na terapêutica de socorro aos sofredores de ambos os lados da vida. “Dia vem -- aduziu o amigo espiritual -- e já se apresenta em suave amanhecer, no qual Espíritos e homens, esclarecidos da realidade compreenderão melhor a finalidade da vida, emergindo do barbarismo para a civilização, da violência para a bondade, em todos os campos comportamentais, não mais se fazendo necessários os cultos e práticas ainda em voga, por se haverem, Espíritos e homens, erguido à compreensão e certeza de que só através do amor e da educação se poderá fruir da felicidade real.” (Loucura e Obsessão, cap. 9, pp. 116 a 118.) . A viagem evolutiva lembra-nos uma estrada com várias vias secundárias No retorno às suas atividades habituais, Dr. Bezerra disse a Miranda que a viagem evolutiva recorda-nos uma estrada que possui diversas vias secundárias que aumentam a distância em relação ao destino. “Assinalada por vários sítios de descanso e espairecimento para a contemplação da paisagem, pode ser percorrida sem parada ou através de estágios... A meta será fatalmente alcançada, embora a cada viajante seja facultado fazê-lo com maior ou menor rapidez”, comentou o Mentor. “A Revelação Espírita é alta concessão que chega ao homem moderno, auxiliando-o a apressar a marcha. Ainda não compreendida na sua grandeza intrínseca, é a mais alta expressão da verdade ao homem dirigida. Não obstante, são muitas as concessões de Deus, que constituem as diversas Religiões, Doutrinas de filosofia ético-moral, seitas e crenças, como não poderia deixar de ser. Uma coisa não invalida a outra. Quem alcança o planalto, de forma alguma pode desconsiderar a planície e o vale onde esteve e de onde saiu. Se é um homem sábio, envidará esforços para auxiliar os que por lá ainda transitam. Se, porém, a presunção o ensoberbece, não conseguiu outros valores éticos senão os que lhe granjearam a posição externa, a do corpo físico, sem a correspondente altura espiritual para entender o profundo significado da conquista realizada.” Dr. Bezerra disse que, por tais razões, não devemos subestimar o esforço nobre dos que militam nas diferentes escolas e igrejas espiritualistas, especialmente naquelas em que o mediunismo realiza logros muito positivos com a comunicabilidade do Espírito, os esclarecimentos sobre a reencarnação e a 70 justiça de Deus apresentada mediante as leis de causa e efeito. “É do nosso dever -- aduziu Dr. Bezerra -- alfabetizar o ignorante, esclarecê-lo e auxiliá-lo no seu desenvolvimento intelecto-moral. Todavia, indo a ele, não é pedagógico nem proveitoso falar-lhe de coisas extraordinárias, embora verdadeiras, de forma que as não entenda, gerando antipatia e animosidade. Jesus veio ter com os homens e utilizou-se da linguagem deles, das expressões que lhes eram familiares e dos temas que os interessavam, apresentando o reino de Deus com tal psicologia de amor, que passou a suplantar as outras cogitações, vindo a tornar-se a questão mais palpitante, quando puderam entender a sua magnitude e perenidade.” (Loucura e Obsessão, cap. 10, pp. 119 e 120.) . Como podem as pessoas defender-se das agressões do mal - Depois de dizer que tais assertivas causariam surpresa e até desagrado entre os companheiros muito ortodoxos e que se consideram defensores da verdade, Dr. Bezerra aditou: “Nesta faixa da evolução, na qual transitam bilhões de Espíritos, todo o empenho deve ser dirigido no sentido de auxiliá-los, entendendo-lhes a situação e ajudando-os a crescer, conforme, por sua vez, fazem conosco os Mentores da Humanidade”. “Enquanto se discutem técnicas de socorro, o auxílio chegará atrasado. São tantos os sofrimentos que grassam e de tão variada gênese, que, na falta de atendimento específico, toda contribuição que os minimiza e libera é de alto valor e muito proveitosa. Em nossa esfera de ação não ocorrem milagres, que os não existem, apenas porque a morte nos desvestiu do corpo de carne. Os hábitos e crenças arraigados permanecem, reunindo os indivíduos em grupos e ideologias afins, qual sucede na área dos idiomas, com aqueles que atravessam o portal da morte sem treino mental... A sabedoria divina, a fim de a todos atender, permite que pululem os Núcleos próprios aqui e na Terra, donde esses desencarnados têm dificuldade de afastar-se, graças à imantação que os liga ao Planeta.” Miranda aproveitou o momento, que lhe parecia oportuno, para perguntar ao Mentor como poderiam defender-se as vítimas das práticas descritas pelo irmão Felinto, de que se utilizam os indivíduos que desejam prejudicar o seu próximo. Dr. Bezerra respondeu, paciente: “A inteireza moral é uma defesa para qualquer tipo de agressão, difícil de atingida; a conduta digna irradia forças contrárias às investidas perniciosas; o hábito da prece e da mentalização edificante aureola o ser de força repelente que dilui as energias de baixo teor vibratório; a prática do bem fortalece os centros vitais do perispírito que rechaça, mediante a exteriorização de suas moléculas, qualquer petardo portador de carga danosa; o conhecimento das leis da Vida reveste o homem de paz, levando-o a pensar nas questões superiores sem campo de sintonia para com as ondas carregadas de paixão e vulgaridade...” (Loucura e Obsessão, cap. 10, pp. 121 a 123.) . Não devemos chocar a nenhum Espírito - Miranda ficou intrigado com essa resposta. Quer dizer que as pessoas que não possuam esses requisitos estão sujeitas a sofrer os trabalhos do mal que as alcancem? “Meu amigo -esclareceu o Mentor --, todos aqueles que se encontram em desalinho, em desatenção, estúrdios e frívolos, gozadores que exploram sem nada oferecer, os maus e viciados, nem necessitarão que se lhes intentem prejudicar, pois que já se encontram mergulhados no mal que cultivam, tornando-se receptivos aos fenômenos com os quais afinam...” Miranda disse recordar-se de que, nas 71 reuniões mediúnicas de que participou quando encarnado, apareciam com certa freqüência Espíritos que se diziam mandados para prejudicar certas pessoas, narrando a forma como foram contratados e o que haviam ganho para o cometimento, devendo receber a parte final, quando estivessem conhecidos os resultados danosos de suas atividades. “Por diversas vezes -- referiu Miranda --, acompanhei a técnica utilizada pelo dirigente José Petitinga, que após dialogar no mesmo diapasão verbal, oferecia-lhes vantagens maiores, como a paz, o amparo que pareciam necessitar, o alimento e o repouso a tanta faina, conseguindo, não poucas vezes, persuadi-los a uma mudança de atitude. Induzido pelo diretor espiritual, este exercia a hipnose e a ideoplastia, atendendo a tais equivocados que ali eram acolhidos e, posteriormente, elucidados quanto à desnecessidade de todos aqueles apetrechos ridículos e formalismos a que se sujeitavam.” Dr. Bezerra admitiu que tal procedimento é recurso válido que pode ser aplicado em casos análogos, acrescentando que, da mesma maneira que é contraproducente informar ao desencarnado a sua situação espiritual, bruscamente, sem lhe dar tempo mental para aceitar a idéia ou concluir, ele mesmo, pela sua ocorrência, não é recomendável chocar a nenhum Espírito, intentando extirpar-lhe, a fórceps de verbalismo agitado, crenças e superstições nele arraigadas. “Como ocorre com os homens que devem ser reeducados em muitos hábitos e esclarecidos conforme a sua capacidade de entendimento, no labor mediúnico de intercâmbio espiritual o processo não pode ser diferente. Falar ao comunicante de forma que ele possa compreender e vivenciar a informação, eis o método eficaz para os resultados felizes.” (Loucura e Obsessão, cap. 10, pp. 123 e 124.) Como tratar os indivíduos que se crêem enfeitiçados - Há pessoas, informou Dr. Bezerra, que são apologistas da informação direta ao paciente sobre o diagnóstico feito, mesmo quando grave e desesperador. A experiência, contudo, tem demonstrado que a maioria dos resultados é sempre danosa para o próprio enfermo, que, sem estrutura moral para o choque, tomba em depressões irreversíveis, em suicídio injustificável, ou se autodestrói com a ação da mente desalinhada e em revolta. “A terapêutica -- asseverou o Mentor -- é mais importante do que o conhecimento da diagnose, facultando ao paciente lúcido identificar a moléstia que sofre e, animado pelo médico, lutar, emocional e psiquicamente, pela superação dela.” Como proceder, porém, com os indivíduos que se crêem ou que realmente estejam enfeitiçados? A essa pergunta de Miranda, respondeu Dr. Bezerra: “Infundindo-lhes confiança em Deus e em si mesmos. Demonstrando-lhes que assim se encontram porque o querem, desde que deles mesmos depende a libertação, induzindo-os à renovação mental e moral, com a conseqüente alteração de conduta para melhor. Além disso, e principalmente, esclarecê-los a respeito das Leis de Ação e Reação, demonstrando que sofrem porque devem e que a sua recuperação exigir-lhes-á correspondente esforço ao nível de gravidade em que se encontram. Concomitantemente, encaminhá-los ao estudo do Espiritismo, que os auxiliará no trabalho de libertação espiritual, armando-os de valores para as futuras lutas evolutivas”. E se eles se encontrarem em tratamento em Núcleos de vinculação afro-brasileira? “Sem produzir-lhes choques desnecessários, quanto à eficiência do método utilizado ou na área da fé -- explicou Dr. Bezerra --, estimulá-los a dar mais amplos passos, fazendo que busquem o esclarecimento espírita que liberta para sempre, a fim de que, liberando-se de um problema, mas permanecendo nas 72 atitudes levianas com que se comprazem, não venham a cair em mais graves dificuldades, de solução mais complicada e difícil. Liberando os obsessos e enfermos da alma, das suas aflições, Jesus sempre recomendava uma terapia preventiva, propondo: Não voltes a pecar, a fim de que não te aconteça algo pior. Entendamos a palavra pecado de forma ampla e mais completa, como sendo todo e qualquer desrespeito à ordem, atentado à vida e desequilíbrio moral íntimo... Esse retorno às baixas vibrações atrai ondas equivalentes e companheiros do mesmo teor.” Dito isto, o Mentor falou sobre o valor terapêutico das substâncias que muitos enfermos usam em problemas dessa natureza, esclarecendo que a ação sugestiva do fato é que mais contribui para o resultado buscado. “Normalmente, as coisas têm o valor que se lhes empresta”, acrescentou o Mentor, ilustrando o ensinamento com o caso do moço rico, narrado no Evangelho, o qual parecia possuir todos os requisitos “para entrar no reino de Deus”, mas não se havia ainda apartado do apego às coisas materiais, a que emprestava mais importância do que os valores de sua fé. “Conforme consideremos algo, em nossa vã cegueira ou claridade mental, para nós assim é.” (Loucura e Obsessão, cap. 10, pp. 124 a 127.) A influência da cor branca na prática da mediunidade - Miranda aproveitou o ensejo para inquirir o Dr. Bezerra a respeito de duas questões relativas à prática do mediunismo: 1a) a idéia de que a cor branca é a ideal nessa prática, porque atrairia os Espíritos Superiores; 2a) o efeito real dos defumadores. Dr. Bezerra respondeu-lhe dizendo que, segundo algumas tradições e em determinados povos, o branco é símbolo de pureza, mas, embora seja um tom mais higiênico e absorva menos raios caloríferos, nenhuma influência vibratória exerce em relação aos Espíritos, que, na verdade, sintonizam com as emanações da mente, as irradiações da conduta. Se isso tivesse fundamento, seria cômodo para os maus e astutos manterem a sua conduta interior irregular, bastando-lhes ostentar trajes alvinitentes... “Os judeus -- afirmou Dr. Bezerra -- eram muito formais e cuidavam em demasia da aparência, sendo por Jesus reprochados com severidade, por Ele considerar mais importante a pureza interna do que a convencional, a exterior, de muito fácil apresentação, em detrimento daquela, mais difícil e respeitável. A vida íntima do homem oferece-lhe a credencial com que marcha em qualquer direção, caracterizando-lhe a individualidade eterna.” No tocante aos defumadores, Dr. Bezerra disse que não existe evidência de que o fumo que se evola dos incensadores e dos vasilhames com brasas exerça ação sobre os Espíritos perturbados, ignorantes ou perversos. “O odor agradável -comentou o Mentor -- perfuma o ambiente e, em algumas religiões, têm essas práticas um significado simbólico, recordando as oferendas que os reis do Oriente teriam apresentado a Jesus recém-nascido... As resinas e madeiras perfumadas sempre foram queimadas em cerimônias festivas como fúnebres, para odorificar o recinto. Entre os homens mais primitivos resultavam positivas as práticas, porque, sugestionados com os efeitos que lhes atribuíam os ancestrais que se demoravam no comércio espiritual com os seus, os Espíritos fugiam, apavorados. Ainda remanescem alguns estados desse teor e muitos desencarnados em fixação com as cerimônias antigas que lhes podem aceitar a aparente ação, fazendo-os afastar-se das pessoas ou lugares com quem e onde se encontram...” Concluindo, Dr. Bezerra reiterou que nenhuma força real emana de defumadores e incensos. 73 São sempre os atos os agentes da realidade de cada Espírito, na Terra ou fora dela. Consciência tranqüila, como efeito de uma conduta digna, eis o que é fundamental para se possuir um sentimento pacificado (Loucura e Obsessão, cap. 10, pp. 127 a 129.) 74 LOUCURA E OBSESSÃO Capítulo: 24 - O Trágico Desfecho Suicídio A invigilância do homem sempre posterga as soluções - As atividades socorristas prosseguiam sem cessar, e cada momento brindava a todos, especialmente a Miranda, com experiências novas ricas de ensinamentos e convites constantes à reflexão. Dr. Bezerra dedicara-se ao caso Carlos e, por extensão, a outros, com o amor e devotamento de pai vigilante e abnegado, apesar das múltiplas tarefas que desenvolvia. Certo dia, ao cair da tarde, apresentando sinais de preocupação, o amorável Mentor convidou Miranda a seguir com ele até ao Necrotério da cidade, para atenderem, em regime de urgência, um casal desolado. O ambiente era tumultuado por Entidades de variada procedência, entre as quais se destacavam Espíritos perversos e vampirizadores, com facies lupina, dependentes das viciações psíquicas a que se entregavam, altercando umas com as outras, em pandemônio assustador. Não obstante, havia também ali Espíritos afeiçoados ao bem, que se dedicavam à proteção dos recém-desencarnados que pudessem receber ajuda, tanto quanto aos seus despojos cadavéricos. Numa sala, atendida por gentil profissional, estavam uma dama de meia idade, em aturdimento, e um senhor, algo mais velho, visivelmente abatido, quase em estado de choque, segurando duas laudas de papel, escritas, a punho, que lhe pendiam sobre o colo. Miranda não teve dificuldade em identificar os combalidos. Tratava-se do companheiro Joaquim Fernandes e sua esposa, ele afeiçoado médium receitista e trabalhador de respeitável Agremiação Espírita, que Miranda conhecia bem, em face dos seus multifários misteres sob a luz esplendorosa do Espiritismo. Ante a surpresa do amigo, Dr. Bezerra explicou: “É, sim, o nosso devotado médium, que experimenta o traspassar do punhal da aflição, difícil de ser superada. Um drama antigo tem, nesta hora, infausto desfecho nesse senhor, cujas conseqüências se arrastarão por muitos anos, qual vem acontecendo desde o eclodir das suas primeiras manifestações. A invigilância do homem sempre posterga as soluções que poderiam ser realizadas antes que se transformassem em dores acumuladas. Pensando na vida, apenas do ponto de vista material, deseja fruir hoje, e chorar, arrependido, num demorado amanhã, a renunciar agora, para beneficiar-se, largamente, depois...” Dito isto, o Mentor propôs: “Leiamos a carta, embora eu já esteja informado da ocorrência, ali narrada”. (Loucura e Obsessão, cap. 24, pp. 302 e 303.) As lágrimas que nascem do coração diminuem as dores da alma - A missiva, grafada com letra irregular, traduzindo o estado nervoso de quem a escrevera, terminava em dura sentença com pedido comovedor de perdão. Dirigida aos pais, após as palavras de amor profundo, ricas de ternura e dor, culminava dizendo: “(...) Vocês me deram a vida corporal e sacrificaram-se por toda a existência, a fim de que sua filha fosse honrada e feliz. Nunca mediram esforços em favor da minha ventura primeiro, para, depois, a sua. Facultaram-me o título universitário e o excelente trabalho a que me tenho entregue com responsabilidade e consciência de dever. Devo-lhes tudo e amo-os com total 75 empenho da alma... Todavia, sofro muito, experimentando ignota, estranha dor que me macera revelar-lhes. Sou frágil, nessa área, que é a do amor. Apesar de jamais ele me haver faltado nos seus sentimentos a mim dirigidos, a adolescência e a idade da razão levaram-me a buscá-lo em expressão diferente. Há pouco, quando o encontrei, passei a viver, no mesmo momento, um céu e um inferno que agora alcança o seu estado máximo. O homem, a quem amo e que me diz amar, é, infelizmente, para mim, casado e pai generoso. O nosso, é um amor impossível na Terra, exceto se nos dispusermos a fruí-lo no mar das lágrimas dos outros, que não lhe merecem a deserção do lar... Fui forjada nos metais da dignidade que o seu carinho de pais modelou no meu caráter... Não é necessário minudenciar mais nada. Não podendo viver com ele, nem me sendo possível prosseguir sem ele, retiro-me de cena, preferindo sofrer e fazer os seus corações amantíssimos chorarem uma filha digna, a permanecer, para desespero de muitos, inclusive de vocês, que pranteariam uma filha alucinada... Perdoem-me, anjos da minha vida. Não pensem que ajo egoisticamente, esquecida do amor de vocês. Pelo contrário, atuo em homenagem ao seu amor e por amor também. Não avalio, em profundidade, a tragédia do suicídio. Tenho-o, na mente, há algum tempo, e não o posso adiar mais, ou optarei pelo suicídio moral, que culminará, certamente, mais tarde, nesta forma infeliz.... Ele, o homem amado, ficará tão surpreso com o meu gesto tresvariado, quanto vocês estarão ao ler esta carta. Mais uma vez abençoem-me e intercedam à Mãe de Jesus, que tanto sofreu, pela filha que os ama, porém, não suporta mais viver...” Despedindo-se com palavras assinaladas pela dor selvagem, a moça assinava, trêmula, o nome. Miranda, finda a leitura, percebeu lágrimas nos olhos do afetuoso Dr. Bezerra, que envolveu os pais desolados em energias calmantes, permitindo-se detectar pelo sofrido Joaquim Fernandes, que prorrompeu, naquele instante, em pranto volumoso, que procurara conter a custo. “O choro far-lhe-á bem -- explicou o Mentor. -- As lágrimas que nascem do coração diminuem as dores da alma e acalmam o sistema nervoso em tensão.” (Loucura e Obsessão, cap. 24, pp. 304 e 305.) O suicídio é a culminância de um estado que se instala sutilmente - Em seguida, Dr. Bezerra passou a inspirar o médium, infundindo-lhe coragem para o prosseguimento da luta e recordando-lhe a esposa mais fraca e os necessitados que lhe pediam ajuda. A indução poderosa do Mentor levantou as forças do aflito, que se recompôs interiormente, voltando assim à realidade dos deveres assumidos... Entretanto, vendo o Guia bondoso e captando-lhe o pensamento, exclamou, sem palavras: “O senhor estava com a razão, naquele já remoto dia! Antes houvesse sido naquela ocasião. Oh! Deus meu!...” O Benfeitor admoestouo: “Fernandes, a lamentação é tóxico destruidor, que não podemos utilizar. A Vida é mais sábia do que nós e deveremos aceitá-la conforme se nos apresenta. Nada de lamúrias. Onde o combustível da fé, a fim de que “brilhe a sua luz”? Este é um momento de reconstrução e não de abatimento. Sobre as ruínas surgem as flores; da terra sulcada pela enxada, saem os trigais abençoados para o pão, e, na frincha da rocha, débil planta se sustenta, diminuindo a aspereza do mineral... Agora, levante-se e conforte a esposa abatida”. O alquebrado pai soergueu-se com dificuldade e, enquanto o rio das lágrimas lhe fluía dos olhos, ele falou à companheira: “Aceitemos com humildade o irrecusável e trágico acontecimento, confiando em Deus e intercedendo pela filha infeliz...” Com a voz embargada, a mãe respondeu: “Não me revolto! Dói-me a forma da evasão. Logo pelo suicídio é 76 que a perdemos? Onde ela pôs a razão, Deus meu?! Não sei se suportarei carregar esta desdita. Ajuda-nos, Senhor da Vida!” O médico que atendera o casal no necrotério, acostumado aos dramas do cotidiano, telementalizado pelo Mentor, disse a ambos os genitores de alma esfacelada: “O suicídio é a culminância de um estado de alienação que se instala sutilmente. O candidato não pensa com equilíbrio, não se dá conta dos males que o seu gesto produz naqueles que o amam. Como perde a capacidade de discernimento, apega-se-lhe como única solução, esquecido de que o tempo equaciona sempre todos os problemas, não raro, melhor do que a precipitação. A pressa nervosa por fugir, o desespero que se instala no íntimo, empurram o enfermo para a saída sem retorno... Recordemse dela, nos seus momentos juvenis, na felicidade, sobrepondo, a estas ocorrências, todos os dias de encantamento, que devem pesar mais do que os momentos atuais, na balança do amor... Religiosos, que são, considerem-lhe a alma e refugiem-se na fé”. (Loucura e Obsessão, cap. 24, pp. 306 e 307.) A prece produz mal-estar nos Espíritos ociosos e eles se retiram - À medida que a calma foi sendo restaurada, Dr. Bezerra convidou Miranda a visitar a sala de necropsia, onde se encontrava o cadáver. Atada aos despojos que se exauriam com vagar, apesar da brusca interrupção vital pelo suicídio, encontrava-se a pobre equivocada, somando às dores do tóxico que ingerira as dilacerações produzidas pela autópsia. Vigilante e triunfal, aguardando-a e alegrando-se com o seu sofrimento, encontrava-se cruel obsessor, que não escondia os sentimentos de impiedade, nem os propósitos que acalentava a respeito do prosseguimento da vil planificação. “Aí está -- referiu Dr. Bezerra, defrontando o algoz da suicida -- o pobre co-responsável pelo trágico desfecho deste drama de larga duração. Assim, a pobre irmã conduz algum atenuante. Ela retorna à nossa esfera como suicidaassassinada. Induzida à solução insolvável, é responsável por aceitar-lhe a inspiração infeliz e vitalizá-la, quando deveria reagir, valorizando os dons da vida e preservando-a a qualquer custo. Todavia, é igualmente vítima, por haver sido empurrada ao abismo por uma inteligência lúcida que lhe planejou a desdita e pôs-se vigilante, aguardando o momento para agir com impunidade. Agora, aguarda-a, antegozando a vitória e esperando prosseguir na intérmina vingança. A alucinação a que o ódio reduz o ser não tem limite... Oremos por ambos, a fim de os ajudarmos.” Com a prece fervorosa feita por ambos os amigos, a sala inundouse de tênue claridade, decorrente da vibração do amor e da oração, produzindo inesperado mal-estar no perseguidor e noutros Espíritos ociosos ali presentes, que saíram blasfemando, iracundos. Acercando-se do cadáver, junto ao qual a jovem se debatia com irrefreável desespero, o Benfeitor aplicou-lhe energias desimantadoras para o Espírito, induzindo-a ao sono, que foi logrado, depois de extenuante esforço do Mentor. “Temos que deixá-la vinculada ao corpo por algum tempo”, explicou Dr. Bezerra. “Ela preferiu este áspero caminho para aprender a ser feliz. Como não há exceção para ninguém, podemos atenuar-lhe as dores excruciantes, porém, a libertação é sempre conquista pessoal.” Retornando à sala onde estavam os pais, Miranda notou que já havia, neles, um melhor estado de alma. Em pouco tempo, iniciou-se o velório e parentes e amigos da família, surpresos, foram chegando, oferecendo seus préstimos e permanecendo solidários... Desencarnados solícitos, incluindo familiares e beneficiários da generosidade cristã do irmão Fernandes vieram igualmente, amorosos, 77 participando do acontecimento lutuoso e contribuindo, em espírito, em favor da pobre suicida e de seus pais. (Loucura e Obsessão, cap. 24, pp. 307 a 309.) As disciplinas morais e espirituais são indispensáveis ao Espírito - Estavam os amigos e parentes reunidos na sala mortuária, quando chegou nobre senhora que, tomada de emoção resignada, ajoelhou-se diante do ataúde e orou com unção e beleza, aureolando-se de safirina luz. Era a avó materna da jovem suicida, que a havia precedido no retorno à vida espiritual, muitos anos atrás, mas que a embalara nos braços durante a sua primeira infância. Depois de orar e contemplar, desolada, a neta adormecida e fixada aos liames do envoltório material, a avó, vendo o Mentor, acercou-se com respeito e indagou: “Pode-se fazer algo mais, amoroso Guia?” Dr. Bezerra respondeu-lhe: “Não. O possível já está realizado. A nossa menina repousa, após a primeira refrega. Confiemos em Deus e aguardemos, orando”. A desencarnada aproximou-se então do desolado pai e, tocando-lhe a testa, facultou-lhe vê-la e ouvi-la. Em seguida, com palavras repassadas de fé e irrestrita confiança em Deus, exortou-o à coragem, informando que a filhinha, amparada, dormia, a fim de seguir o ritmo das Leis. Miranda, embora não soubesse das causas que levaram ao infausto acontecimento, passou a meditar em torno das tramas que urde o destino, programado pelas próprias pessoas. A impaciência, a irritação, as imperfeições morais respondem pelos danos de demorado curso, que se instalam nas criaturas. São eles agentes fecundos da morte, a arrebatar mais vidas do que o câncer, a tuberculose e as enfermidades cardíacas somados, pois que são responsáveis pelo desencadeamento da maioria delas. Fatores intoxicantes perturbam o equilíbrio emocional e orgânico, psíquico e físico, facultando a instalação de doenças graves conhecidas, quanto de outras de etiopatologia por ora ignorada... Rebelde, por instinto, e indomado, o homem prefere a reação imediata à ação cautelosa, toda vez que tem os seus interesses prejudicados e até mesmo nos momentos que considera felizes. Sem o hábito salutar de meditar antes de agir, complica situações fáceis, gerando futuras dificuldades para si mesmo e para aqueles que lhe privam das horas. As disciplinas morais e espirituais são, por isso mesmo, tão necessárias para o Espírito, quanto o alimento e o ar o são para o corpo. (Loucura e Obsessão, cap. 24, pp. 309 a 311.) Cap. 25 – Socorro de Emergência O determinismo ora é absoluto, ora é relativo - Percebendo as reflexões e indagações íntimas do amigo, Dr. Bezerra observou: “As sábias Leis da Vida fundamentam-se em princípios de equilíbrio, que não podem ser derrogados sob pena de apresentarem aflições mais penosas para os seus infratores. Todas derivadas da Lei de Amor, são estatuídas com os objetivos superiores de dignificar e desenvolver os valores inatos da criatura, que traz o anjo dormente na sua estrutura profunda, aguardando o momento de despertar... Em razão disso, o determinismo é natural resultado das realizações em cada etapa do processo da evolução, ora absoluto -- mediante a fatalidade do nascer e morrer no corpo transitório, em algumas expiações mutiladoras e dilacerantes, em vários tipos de injunção penosa, nas áreas do comportamento da sociedade, dos recursos financeiros --, ora relativo -- que o livre-arbítrio altera conforme a eleição pessoal de realizações --, sempre, porém, objetivando o bem do Espírito, suas aquisições 78 libertárias, sua ascensão. O livre-arbítrio é-lhe recurso que expressa o estado evolutivo, porquanto o seu uso deflui das aspirações elevadas ou egoístas que tipificam cada qual. Porque prefere determinada realização, investe em correspondente recurso, de cuja ação recolhe os frutos amargos ou apetecíveis, que passam a nutri-lo. O imediatismo, que é remanescência da natureza animal possuidora e egoísta, responde pelos insucessos que a escolha precipitada proporciona, impondo o mecanismo redentor, de que necessitará amanhã para selecionar com sabedoria aquilo que lhe é de útil, em detrimento do pernicioso. Assim, a dor é sempre a resposta que a ignorância conduz para os desatentos. É, também, de certo modo, a lapidadora das arestas morais, a estatuária do modelo precioso para a grandeza da vida que se exalta...” Dito isto, depois de oportuna pausa, Dr. Bezerra relatou: “Há uma vintena de anos, o nosso caro Fernandes acompanhava, amargurado, grave enfermidade da filhinha Sara. Desenganada pelo médico, extenuada pela difteria, deveria ter, ali, encerrado o capítulo da atual reencarnação, em face de um suicídio anterior que a vitimou. Era o fenômeno natural da morte biológica, concluindo um ciclo para abrir-se outro, mais amplo e valioso”. “Colhido de surpresa -- prosseguiu o Mentor -- com a palavra do facultativo, que prometeu retornar, na manhã seguinte, a fim de assinar o atestado de óbito da moribunda, cuja noite seria lancinante e sem paliativo possível, em razão da ausência de terapia conveniente, nosso Fernandes, angustiado, prosternou-se, entregando-se a profunda e desesperada oração dirigida à Mãe de Jesus, cuja intercessão pela vida da filhinha solicitava, com quase absurda imposição. Nós acompanhávamos o processo aflitivo, e, ouvindo-lhe a súplica superlativa, aparecemos-lhe na penumbra do quarto e lhe informamos quanto à necessidade da submissão ao estabelecido... Sara resgatava o passado, e, retornando ao mundo espiritual, adquiriria mais amplos e seguros recursos para prosseguir mais tarde, na Terra, com possibilidades de triunfo.” (Loucura e Obsessão, cap. 25, pp. 312 a 314.) O pai suplica e Sara tem sua vida prolongada - Naquele momento, disse-lhe Dr. Bezerra, a maior caridade que o Amor podia conceder à menina era a desencarnação, mas Fernandes, obstinado, pediu a Maria de Nazaré que intercedesse junto ao Senhor Soberano da Vida, prolongando a existência da filha, seu tesouro, sua razão de luta, no mundo. Afinal -- argumentava em seu desespero --, não se dedicava ele ao atendimento das aflições dos outros? Pelas suas mãos não escorriam os fluidos curadores, que aplicava, devotadamente, aos enfermos? Rogava, então, pelo seu anjo filial! “Ouvimo-lo, demoradamente -informou Dr. Bezerra --, e o informamos de que tomaríamos providências, a fim de que o seu pedido fosse examinado. Minutos após, voltamos, enquanto ele se abrasava na oração, e apresentamos-lhe a resposta: ‘A Senhora optava pelo retorno do Espírito, após terem sido cuidadosamente estudados os motivos da sua reencarnação. O passado, meirinho rigoroso, seguia-a, com exigências para as quais ela não teria forças. Conveniente anuir ao estabelecido, quando seriam providenciados recursos para diminuir a dor da sua ausência no lar, mediante a presença contínua dos filhos do calvário a atender’. Nosso irmão, em copioso pranto, prosseguiu, instando: ‘Como auxiliar aos outros, se iria carregar no peito o coração estiolado? Como saciar a sede alheia, ardendo de necessidade de linfa? Como ter forças para diminuir o peso do fardo em seu irmão, conduzindo insuportável carga? Suplico-vos, Mãe celeste, em favor da minha filha, como 79 rogastes a Deus, na hora extrema, pelo vosso Filho. Peço ao Dr. Bezerra que retorne, fazendo chegar à Mãe dos desafortunados e sem esperança a petição deste pai inconsolado’.” Tão pungente e veraz era a rogativa do pai de Sara, que o Mentor retornou para encaminhar seu pedido, regressando horas mais tarde trazendo o resultado, que frisava: “Sara não possui resistências morais para enfrentar os insucessos que a aguardam. Debilitada, poderá cair, outra vez, no mesmo abismo donde está intentando sair. Já estão, na Terra, aqueles com os quais se encontra vinculada e faltam-lhe títulos de enobrecimento para sair-se bem do confronto. Todavia, se ficar, o seu calvário será mais vigoroso e fatal”. Sem medir a extensão do que desejava, Fernandes compreendeu, mas assinalou: “Eu assumo a responsabilidade. Minha esposa e eu cumularemos de cuidados a filhinha idolatrada; vigiaremos as suas horas; preencheremos os seus vazios com a luz do amor; colocaremos a claridade da fé na mente e no coração; choraremos suas lágrimas e viveremos para ela... A sua presença dará cor e luminosidade à nossa estrada; nela hauriremos forças para a prática do bem e nos desvelaremos no ministério do auxílio, que é porta de acesso à felicidade, porém, com ela, no mundo”. Celina, a mensageira de Maria, adentrou-se então na câmara onde Fernandes e Bezerra estavam, e informou: “A Mãe de Jesus concede moratória, um prolongamento de vida, para Sara, conforme solicitado. Ela viverá. Que Deus nos abençoe!” (Loucura e Obsessão, cap. 25, pp. 314 e 315.) Nós, em nossas preces, não sabemos ainda o que pedir - Ante a notícia trazida por Celina, o irmão Fernandes foi acometido de nova explosão de lágrimas, desta vez de júbilo e gratidão profunda, e, a partir daquele momento, Sara, que contava cinco anos, adormeceu, enquanto mensageiros espirituais especializados no setor da saúde lhe aplicaram energias próprias, restauradoras, de modo que, pela manhã, quando o médico retornou, a fim de assinar o atestado de óbito, encontrou a menina sem febre, iniciando uma impossível convalescença. Os pais, tal como haviam prometido, desdobraram-se de fato em cuidados e amor pela filha. Esmeraram-se na sua educação; selecionaram os amigos para ela; infundiram-lhe a fé religiosa, que ela não conseguiu assimilar quanto deveria; encaminharam-na à Universidade; experimentaram mil venturas, seguindo-a no clima social de uma vida honrada e trabalhadora... Não puderam, porém, penetrar no imo de sua alma e auscultá-la, sentir os problemas da afetividade, na qual fracassara antes... Não se deram conta de que a filha possuía anseios do coração, que os pais mais amorosos não podem atender, e, assim, não lhe perceberam o emurchecer da alegria nos últimos dias.... Antes houvesse ela partido naquela ocasião, naquela contingência e mediante os fatores estabelecidos, porquanto se encontraria, agora, novamente reencarnada, ao invés de estirada no leito mortuário! “Ninguém foge à Lei, nem à consciência de si mesmo, pois que Deus aí escreveu os Seus soberanos códigos”, acrescentou Dr. Bezerra, em quem se podiam ver lágrimas de piedade pela jovem recém-desencarnada e por seus equivocados pais. Miranda assinala que, na verdade, nós, as criaturas humanas, não aprendemos ainda a pedir, ignorando o que seja melhor para o nosso progresso, no curso do tempo. Não possuindo uma clara visão da realidade, detectamos-lhe, apenas, algumas linhas imprecisas que não a configuram, corretamente, em razão das sombras que a encobrem. É por isso que, ao lado de pessoas que a enfermidade limitou, que os acidentes paralisaram e, no entanto, lutam tenazmente pela reconquista de parcos movimentos, que as alegram, 80 vemos indivíduos de aparência sadia que, por fatos de pequena monta ou paixão momentânea, dominados pela rebeldia, atiram-se aos lôbregos sítios do suicídio, deixando-se arrastar pelos cipoais da mágoa, imersos nos imensos corredores da loucura... Paradoxalmente, não sabemos ainda eleger o melhor, não possuímos consciência correta de valores para a aquisição da paz. Por isso, a dor renteia com os nossos passos, vigilante e assídua, para que despertemos, embora todos tenhamos ciência de quanto é breve o estágio no corpo, quão transitória é a vida física e como são rápidos os dias de prazer e alegria... (Loucura e Obsessão, cap. 25, pp. 315 a 317.) Na contabilidade do bem todos os valores são computados - Na seqüência de suas reflexões sobre o caso Sara, Miranda adverte-nos: “Somente a lucidez a respeito do bem operante confere os requisitos para que nos habilitemos a vencer distâncias, preencher vazios, recuperar prejuízos, imolar-nos. O Espírito é tudo aquilo quanto anseia e produz, num somatório de experiências e realizações que lhe constituem a estrutura íntima da evolução. Nesse labor, a fé religiosa exerce sobre ele uma preponderância que lhe define os rumos existenciais, lâmpada acesa que brilha à frente, apontando os rumos infinitos que lhe cumpre percorrer. Negar esse contributo superior sob alegações de superfície, é candidatar-se a prolongada escuridão, embora os fogos-fátuos que surgem na falsa cultura, no elitismo acadêmico, na presunção intelectual, que se esfumam céleres”. “Respeitável, portanto, toda expressão de fé dignificadora em qualquer campo do comportamento humano. No que tange ao espiritual, o apoio religioso à Vida futura, à justiça de Deus, ao amor indiscriminado e atuante, à renovação moral para melhor, é de relevante importância para a felicidade do homem.” No velório, dado o adiantado da hora, era reduzido o número de encarnados presentes, mas a movimentação espiritual era expressiva, porque muitos Espíritos que haviam sido beneficiados pelo médium caridoso, cientes da ocorrência infausta, apressaram-se a trazer-lhe solidariedade e sustentação, intercedendo por Sara, presa de terríveis angústias, que a imaginação humana não é capaz de conceber, embora adormecida pela indução de Dr. Bezerra. Miranda notou, porém, que o irmão Fernandes insistia numa tônica mental perigosa, que era o conflito de culpa pelo desfecho do caso. Afinal, ele se afirmara responsável pelo que viesse a acontecer à filha! “Jamais supusera que isto sucedesse”, pensava o aflito pai. “Não havia agido, no passado, por capricho de pai imaturo, por egoísmo irresponsável?”, perguntava-se. Dr. Bezerra, percebendo que o médium se angustiava de forma crescente, a ponto até de desequilibrar-se, acudiu, acalmando-o com palavras esclarecedoras. “A concessão da moratória -- afirmoulhe o Mentor -- fez-se independente de quaisquer protestos de vigilância e responsabilidade da tua parte. Como poderias penetrar o insondável das Leis e responder pelas ocorrências imprevisíveis da vida? Com certeza, a tua intercessão de pai constituiu quesito importante para a revisão do processo estabelecido, pois que o amor é força viva de Deus em toda parte, possuindo os recursos especiais para mover e fomentar os sucessos propiciadores do progresso, que gera a felicidade. Todavia, devemos considerar que as programações reencarnacionistas obedecem aos códigos da justiça, não se descartando os contributos da misericórdia divina.” E acentuou: “Foi a misericórdia do amor que facultou o prolongamento da existência planetária da nossa querida Sara. Se o epílogo ocorreu trágico, o transcurso da jornada foi-lhe de aquisições 81 abençoadas e enriquecido de realizações benéficas para muitas vidas que dela se aproximaram. Na contabilidade do bem todos os valores são considerados e computados”. (Loucura e Obsessão, cap. 25, pp. 317 a 320.) Se Deus sabia que Sara iria fracassar, por que permitiu a moratória? Fernandes respondeu às palavras do Mentor amigo, afirmando não desconhecer a misericórdia de Deus. “O suicídio, porém, é crime supremo contra a vida”, argumentou, agoniado. “Ela o sabia, por haver-lhe falado mil vezes sobre a sua adaga fatal, ceifadora de todas as alegrias, destruidora de todas as bênçãos.” O Benfeitor concordou, evidentemente, que o autocídio é agressão terrível que se perpetra contra si mesmo, dirigida à Divindade, geradora de tudo, mas era preciso aceitá-lo e lutar por minimizar-lhe os efeitos danosos, ao invés de bombardear com cargas mentais de inconformação a jovem desatinada, que já, por si mesma, lhe sofria os efeitos de demorado curso. “Saber é diferente de aceitar”, asseverou Dr. Bezerra. “Sara sabia dos perigos e gravames do suicídio, porém, alucinada, foi empurrada a vivenciar o conhecimento, que a armará de resistências morais para os futuros embates. Não adiciones ressentimentos inconscientes e culpas ao fardo que lhe pesará na consciência, na sucessão dos dias porvindouros, quando ela adquirirá dimensão a respeito da fuga para o pior...” O argumento do Mentor era irretocável. Se Deus permitiu que tal se desse, como poderia ele, Fernandes, evitá-lo? “A lei de liberdade -- prosseguiu Dr. Bezerra -- funciona para os homens, dentro de limites que se lhes fazem necessários, a fim de que, exercendo-a, aprendam a ser livres e não libertinos; independentes, sem prepotência; liberais, mas não permissivos... A liberdade por excelência é adquirida pela consciência do bem no reto culto do dever. Agora, retifica a postura mental e ajuda a filhinha, sem lamentar o passado nem antecipar o futuro.” Fernandes ouviu a advertência e afastou-se, reconfortado. A sós com o Mentor, Miranda aproveitou o ensejo para dizer ao Médico dos Pobres: “Também pensei que a moratória concedida a Sara fora decorrência da intervenção do pai e que as conseqüências disso iriam pesarlhe na economia da responsabilidade. Além disso, excogitei se não era do conhecimento da Divindade o que sucederia, anuindo ao pedido, e, em caso positivo, por que a concessão?” Dr. Bezerra sorriu, simpático, e elucidou: “O caro Miranda ainda raciocina em termos apressados e humanos, isto é, conforme os hábitos terrestres. Deus tudo sabe, não nos iludamos. No entanto, suas leis não nos coarctam às experiências fomentadoras da evolução pessoal. Como progredir sem agir, sem acertar e errar, nunca o experimentando? Como adquirir consciência do correto e do equivocado, do útil e do prejudicial sem o contributo da eleição pela sua vivência que ajuda a discernir? Examinando-se as aquisições de Sara, os Espíritos Superiores poderiam prever o que lhe sucederia, não, porém, em caráter absoluto, pois que não há destinação, como sabemos, para o insucesso, a desgraça, num fatalismo irreversível. Cada momento oferta oportunidade que leva a mudanças de comportamento. Se uma fagulha ateia um incêndio, uma palavra feliz e oportuna igualmente muda os rumos e toda uma existência”. (Loucura e Obsessão, cap. 25, pp. 320 e 321.) Fernandes foi filho de Sara numa existência anterior em que ela desertou Prosseguindo, Dr. Bezerra informou: “Sara vem de um suicídio moral anterior, com a natural compulsão para repetir o ato desolador. Fracassando, no amor que não soube respeitar, desertou, naquela época... Aquele que a induziu à delinqüência 82 moral, ela o reencontrou agora, não repetindo a desfortuna de destruir-lhe o lar, conforme ele lhe fizera, mas, não teve forças para superar a impossibilidade da convivência anelada. A vítima de ambos, que conhecemos horas atrás e trabalhou pelo êxito do macabro desforço, não os perdoou e prossegue insaciado. Assim estava armado o esquema que, se fora o amor dela mais santificado, poderia haver superado...” Quanto a Fernandes, informou o Mentor que ele comparecia no quadro afetivo na condição de filho do passado, que Sara havia levado ao evadirse do lar e a quem amava com extremada doação. Antes de reencarnar, Fernandes pedira para ajudá-la, motivo por que veio na investidura de pai zeloso e abnegado, socorrendo-a quanto pôde, não além disso. “Nunca esqueçamos -asseverou o Benfeitor -- que aquele que faz quanto lhe está ao alcance, realiza tudo, porque só fazemos o que nos é possível, embora nem sempre este nos seja lícito executar.” Miranda quis saber se a jovem Sara teria direito a ser hospitalizada após o sepultamento do cadáver. Dr. Bezerra respondeu: “Não o creio possível nem justo. Ela infringiu a ‘lei de conservação’ da vida. Lúcida e culta, não obstante induzida a fazê-lo, optou pela decisão corrosiva, predispondose a sofrer os inevitáveis efeitos da opção. Receberá apoio e socorro compatíveis com as suas necessidades, não porém fruirá de privilégios, que ninguém os merece em nosso campo de ação. Os fenômenos do desgaste e transformações biológicas serão vivenciados, a fim de que, em definitivo, se envolva na couraça da resistência para vencer futuras tentações de fuga ao dever que nunca fica sem atendimento. Visitá-la-emos, serão tomadas providências para evitar-se a vampirização e outras ocorrências mais afligentes. As orações daqueles que a amam luarizarão a noite da sua demorada agonia e a bondade de Maria Santíssima derramará sobre ela a misericórdia do amor, resgatando-a, oportunamente, de si mesma...” (Loucura e Obsessão, cap. 25, pp. 321 a 323.) 83 13 TRILHAS DA LIBERTAÇÃO (Fragmentos.) As Sociedades ligadas ao crime no Além são responsáveis pelas congêneres da Crosta - Prosseguindo, Miranda diz que os Espíritos mais cruéis organizam-se em grupos hediondos, nos quais aprimoram métodos e técnicas de que se utilizam para afligir, aprisionar e explorar aqueles que têm o desar de serlhes vítimas. Qual se dá na Terra, e nesta em escala menor, as Sociedades que controlam o crime e o vício no Além são as responsáveis pelas congêneres do planeta, sendo que alguns dos seus chefes e condutores procedem das originais, aquelas que imperam na erraticidade inferior. Atribuindo a si mesmos direitos e poderes que não lhes é lícito usufruir, funcionam como braços de Justiça, que alcançam os calcetas, os defraudadores, os hipócritas e criminosos de todo porte que passam triunfantes no corpo que ultrajam e degradam impunemente, como se Deus deles necessitasse para tal mister... Como não podem anular a consciência de culpa neles inscrita, despertam, ao desencarnarem, na paisagem que lhes é própria, com a qual sintonizaram, presas daqueles mesmos a quem se vincularam. O Espiritismo prático, através das sessões experimentais, de educação mediúnica ou de desobsessão, rompeu o véu que ocultava essa triste realidade e de que se tinha notícia somente de forma fragmentária, pela revelação dos santos e místicos que visitaram essas comunidades expungitivas e recuperadoras que a mitologia denominou como inferno, purgatório, Hades, Averno etc. É, portanto, compreensível que a fúria dos seus mantenedores se volte contra todos aqueles que se dedicam ao bem, que lutam contra o crime e a hediondez, particularmente os espíritas sinceros, que têm a tarefa de promover a sociedade, preparando melhores dias para a humanidade do porvir. Da mesma forma agem contra os médiuns, que são instrumentos da revelação desses antros, tentando explorá-los psiquicamente e desmoralizá-los para, dessa maneira, anularem o efeito das suas informações libertadoras. A campanha sórdida contra a mediunidade dignificada e os médiuns responsáveis, promovida pelas Entidades obsessoras, é, pois, ostensiva e vem de longa data, incessante, sem quartel, agressiva e sutil. (Trilhas da Libertação, prefácio, pp. 8 a 10.) A Medicina holística considera o ser como espírito, perispírito e matéria Concluindo sua introdução a esta obra, Miranda assevera que, não poucas vezes, esses irmãos profundamente infelizes se atreveram a arremeter contra Jesus, que os submeteu com a Sua superioridade, advertindo-nos, desde então, a respeito deles e de suas insinuações malévolas. Quando um médium, ou outra pessoa qualquer, particularmente o sensitivo, cai nas suas urdiduras, eles estuam de júbilo e se julgam fortalecidos para continuarem o louco afã, que termina por enredá-los, a eles mesmos, obrigando-os ao despertamento e, depois, à reencarnação. Para lidar com esses cultivadores do Mal, Espíritos Nobres renunciam a viver e trabalhar em Estâncias superiores, a que têm direito, a fim de mergulharem nas sombras terrestres e mais ainda nos pauis e crateras onde se homiziam, para esclarecê-los, libertá-los, amá-los e socorrer os que lhes padecem a perseguição. Enfrentam-nos, então, com misericórdia, porém com austeridade, 84 conhecendo-lhes a hipocrisia e a sandice, utilizando-se, a seu turno, de recursos especiais que desenvolvem, o que muito os surpreende e aturde. “A presente Obra -- informa Miranda -- estuda algumas dessas técnicas e lutas pela libertação dos seres, de si mesmos, de suas mazelas e imperfeições, em experiências valiosas, e também como forma de contribuição para o estabelecimento de uma Medicina holística para o futuro, que considere o ser humano como espírito, perispírito e matéria.” Aqui -- enfatiza ele -- não se verão fantasias, nem novidades que o estudioso do Espiritualismo em geral e do Espiritismo em particular não conheça, mas sim um convite à meditação, à conduta saudável e à vivência dos postulados ético-filosófico-morais da Doutrina Espírita e do Evangelho de Jesus. (Trilhas da Libertação, prefácio, pp. 10 e 11.) Muitos inimigos do bem são antigos religiosos fracassados - Miranda e seus companheiros continuaram na Casa ao lado do irmão Vicente, mesmo quando as atividades no plano físico já estavam encerradas. O Mentor da Instituição sentia-se tranqüilo quanto aos resultados da etapa de renovação iniciada naquela noite. “Conforme os nossos queridos visitantes perceberam -disse ele --, nossa Sociedade, graças à imprevidência de alguns companheiros encarnados, aos quais não culpamos, derrapava para a sintonia com Entidades perversas, que a si mesmas se intitulam Gênios das Trevas. Nesta reunião, que ora se encerrou, alguns Espíritos, subordinados à comunidade de infelizes que eles dirigem, aqui estiveram. Dando-se conta das novas diretrizes aplicadas, irão levar-lhes notícias e, certamente, ao primeiro ensejo, seremos visitados por alguns desses obsessores. O bom senso induz-nos a tomar certas providências, especialmente através de atendimento cuidadoso aos encarnados que se lhes vinculam mais diretamente. Recordo-me aqui do caro Davi que, por enquanto, elegeu a viagem mais difícil, dos irmãos Raulinda e Francisco, que atuaram mediunicamente, entre outros.” Havendo combinado visitar a jovem Raulinda dali a três horas, Miranda e seus amigos, enquanto esperavam o momento, fizeram um passeio pela orla marítima em cidade próxima. Fernando narrou então ter sido ele quem atraíra à reunião a Entidade que se comunicara por Francisco, em razão de vínculos pessoais que ambos mantiveram em existências passadas. “Além do interesse de esclarecê-lo espiritualmente -- indagou Miranda --, há algum outro motivo que me possa informar, sem ruptura do sigilo em que se devem manter labores especiais como este?” O dr. Carneiro respondeu: “Ao convidar o caro Miranda para esta excursão de trabalho, não lhe quisemos detalhar o compromisso em tela porque muitas dificuldades estavam em pauta, aguardando solução. A fim de não deixá-lo ansioso, resolvemos esperar a ajuda divina para inteirá-lo depois, qual ocorre neste momento”. O Mentor fez breve pausa e continuou: “Oportunamente, ao ser liberado das Regiões infernais antigo comandante das forças do mal -- que reencontrou em Jesus a porta estreita da salvação graças aos esforços sacrificiais e renúncias imensas de sua genitora --, aqueles que permaneceram no esquema da impiedade reuniram-se para tomar providências em conjunto contra o que denominam como os exércitos do Cordeiro, que detestam.” “Estes seres, que se extraviaram em diversas reencarnações, assumindo altíssimas responsabilidades negativas para eles mesmos, procedem, na sua maioria, de Doutrinas religiosas cujos nomes denegriram com as suas condutas relapsas, atividades escusas e cortes extravagantes, nas quais o luxo e os prazeres tinham primazia em detrimento dos rebanhos que diziam guardar, 85 mas que somente exploravam, na razão do quanto os desprezavam.” (Os Gênios das Trevas, pp. 95 a 97.) Felizmente, tudo na vida marcha na direção de Deus - “Ateus e cínicos -continuou o Mentor --, galgavam os altos postos que desfrutavam mediante o suborno, o homicídio, as perversões sexuais, a politicagem sórdida, morrendo nos tronos das honras e glórias mentirosas, para logo enfrentarem a consciência humilhada e, sob tormentos inenarráveis, sintonizando com os sequazes que os aguardavam no Além, serem reconvocados aos postos de loucura, dispostos a enfrentar Jesus e Deus, que negam e dizem desprezar...” Dr. Carneiro esclareceu, na seqüência, que as figuras mitológicas dos demônios e seus reinos, bem como os abismos infernais e seus torturadores de almas são relatos feitos inicialmente por pessoas que foram até ali conduzidas em desdobramento espiritual, por afinidade moral ou pelos Mentores, a fim de advertirem as criaturas da Terra. “Variando de denominação, cada grupamento, como ocorre na Terra, tem o seu chefe e se destina a uma finalidade coercitiva, reparadora”, disse o Mentor, informando que, periodicamente, tais chefes se reúnem e elegem um comandante a quem prestam obediência e submissão, concedendo-lhe regalias reais. Sandeus e absolutos, esses Espíritos anularam a consciência no mal e na força, tornandose adversários voluntários da Luz e do Bem, que pretendem combater e destruir, não se dando conta de que tais cousas ocorrem, porque vivem em um planeta ainda inferior e em processo de desenvolvimento, onde os que o habitam são também atrasados e padecem limites, em trânsito do instinto para a razão. Apesar disso, luz, nesta época, o Consolador, e em toda parte doutrinas de amor e paz inauguram a Nova Idade na Terra, convidando o homem ao mergulho interior, ao rompimento dos grilhões da ignorância, à solidariedade e ao bem... “A ciência -observou dr. Carneiro -- dá as mãos à moral, e a filosofia redescobre a ética, para que a religião reate a criatura ao seu Criador em um holismo profundo de fé, conhecimento e caridade, numa síntese de sabedoria transcendental.” “Tudo marcha na direção de Deus, é inelutável. A Grande Causa, a Inteligência Suprema, é o fulcro para o qual convergem todos, mediante a vigorosa atração da Sua própria existência. As lutas de oposição desaparecem com relativa rapidez, rompendo-se as barricadas e trincheiras que se tornam inúteis. A trajetória do progresso é irrefreável. Só o Amor tem existência real e perene, lei que é da vida, por ser a própria Vida.” Dr. Carneiro calou-se novamente e, pouco depois, informou que na mencionada reunião ficou decidido que o novo substituto deveria ser impiedoso ao extremo e sem qualquer sensibilidade e que a escolha se faria um mês depois, em novo encontro. (Os Gênios das Trevas, pp. 97 a 99.) Os sicários mais abjetos candidatam-se a Comandante - Naturalmente, em face do que fora deliberado, buscaram-se nas Trevas os sicários mais abjetos da Humanidade, que fossilizavam nos antros mais hediondos das regiões de sofrimento, de onde foram retirados temporariamente para apresentação de planos, sua avaliação e imediata votação. “Difícil imaginar -- disse o Mentor -- tais conciliábulos e conseqüente escrutínio para a eleição de um Chefe. Recordando as reuniões de antigos religiosos, ontem como hoje, cada representante se vestiu com as roupagens e características do seu poder, e, acolitados pelos subalternos, compareceram em massa, diversos deles conduzindo os seus candidatos para o pleito macabro e ridículo.” Mais de vinte algozes da sociedade apresentaram-se 86 ao terrível parlamento. Uns encontravam-se hebetados em padecimentos que se auto-impuseram; outros pareciam desvairados, e um número menor, com facies patibular e olhos miúdos, fuzilantes, chamaram mais a atenção dos governantes e da turbamulta alucinada que repletava as galerias daquele simulacro infeliz de tribunal. Nomes que fizeram tremer a Terra, no passado remoto como no mais recente, foram pronunciados, enquanto eles se apresentavam, ou eram trazidos. Muitos, em estado de loucura, foram apupados, embora seus defensores prometessem despertá-los e colocá-los lúcidos para o ministério que lhes seria delegado. A balbúrdia ensurdecedora interrompeu várias vezes as decisões. Os árbitros, porém, ameaçaram expulsar a malta, que foi atacada por mastins ferozes, até o momento em que assomou ao pódio um ser implacável, com postura temerária, passos lentos, coxeando, corpo balouçante com ginga primitiva, que, erguendo os braços para dominar o cenário, com facilidade o logrou, graças ao terror que expressava nos olhos fulminantes. “Tenho a honra -- disse aquele que o conduzia -- de apresentar o inexcedível conquistador que submeteu o mundo conhecido do seu tempo, na Ásia, e esteve na Terra, novamente, apenas uma vez mais. As suas façanhas ultrapassaram em muito outros dominadores, graças à sua absoluta indiferença pela vida e aos métodos que utilizava para a destruição da raça humana. Fundou o segundo império mongol, realizando guerras cruentas. A sua existência corporal transcorreu durante o século XIV, havendo renascido na Ásia Central, próximo a Samarcanda. Informando descender de Gengis Khan, aos cinqüenta anos de idade alargou seus domínios do Eufrates à Índia, impondo-se ao Turquestão, Coraçã, Azerbajá, Curdistão, Afeganistão, Fars. Logo depois, invadiu a Rússia, a Índia, deixando um rastro de dezenas de milhares de cadáveres, somente em Delhi, às portas da cidade e nos seus arredores... Cruel até o excesso, realizou alguns trabalhos de valor na sua pátria, porém as suas memórias são feitas de atrocidade e horror, por cujas razões, ao desencarnar, mergulhou nas regiões abismais onde foi localizado, nas Trevas...” (Os Gênios das Trevas, pp. 99 a 101.) É maior do que se imagina a permuta de energias entre nós e os Espíritos O dr. Carneiro fez breve silêncio e depois prosseguiu: “À medida que a arenga apaixonada conquistava os eleitores triunfantes, o horror mais humilhava os presentes, que silenciaram diante do certamente vencedor hediondo. Encerrada a apresentação do candidato, foi ele aceito por quase todos os chefes e aclamado como o Soberano Gênio das Trevas, que se encarregaria de administrar os corretivos na humanidade, a qual ele propunha submeter e explorar”. Relatados os fatos verificados na assembléia, o Mentor lembrou aos companheiros que o intercâmbio de energias psicofísicas entre os seres inferiores desencarnados e os homens é muito maior do que se imagina. Dezenas de milhões de criaturas de ambos os planos se encharcam de vitalidade, explorando-se umas às outras, mediante complexos processos de vampirização, simbiose, dependência, gerando uma psicosfera morbífica, aterradora. “Somente o despertar da consciência -afirma dr. Carneiro -- logra interromper o comércio desastroso, no qual se exaurem os homens, e mais se decompõem moralmente os Espíritos. Para sustentarem tão tirânica interdependência, são criados mecanismos e técnicas contínuas de degradação das pessoas, que espontaneamente se deixam consumir por afinidade com os seres exploradores, viciados, inclementes, amolentados secularmente na extravagante parasitose. Pululam, incontáveis, os 87 casos dessa natureza. Enfermidades degenerativas do organismo físico, desequilíbrios mentais desesperadores, disfunções nervosas de alto porte, contendas, lutas, ódios, paixões asselvajadas, guerras e tiranias têm a sua geratriz nesses antros de hediondez, onde as Forças do Mal, em forma de novos Lucíferes da mitologia, pretendem opor-se a Deus e tomar-lhe o comando. Vão e inqualificável desvario este do ser humano inferior!” Esclarecendo que o homem marcha, na Terra, como nos círculos espirituais mais próximos, ignorando ou teimando ignorar a sua realidade de ser imortal, dr. Carneiro diz que é por isso que o ser humano dá preferência à sensação, em detrimento das emoções enobrecidas, jugulando-se à dependência do prazer, cristalizando as suas aspirações no gozo imediato e retendo-se nas faixas punitivas do processo evolutivo. Devido a desse comportamento, reencarna e desencarna por automatismo, sob lamentáveis condições de perturbação, perplexidade e interdependência psíquica. As obsessões se sucedem. O algoz de hoje, ao reencarnar, torna-se a vítima que, mais tarde, dá curso ao processo infeliz, até quando as Soberanas Leis interferem com decisão. As religiões, por sua vez, na maioria aferradas aos dogmas ultramontanos, preferem não descerrar a cortina da ignorância, mantendo os seus rebanhos submissos, em mecanismos de rude hipocrisia, desinteressadas do homem real, integral, espiritual. Sucede, também, que grande número dos condutores religiosos está vinculado aos sicários espirituais, que os mantêm em dependência psíquica e explorados, para que preservem o estado de coisas conforme se encontra. Eis o motivo por que, quando as doutrinas libertadoras se apresentam empunhando as tochas do discernimento, seus apologistas, divulgadores e realizadores são perseguidos, cumulados de aflições e tormentos, para que desistam, desanimem ou se submetam aos mentirosos padrões dos triunfos terrenos. (Os Gênios das Trevas, pp. 101 a 103.) As quatro verdades segundo o Soberano das Trevas - Dr. Carneiro calou-se por ligeiro espaço de tempo, e em seguida prosseguiu: “Pode parecer que o Pai Misericordioso permanece indiferente ao destino dos filhos sob o domínio das sombras de si mesmos. No entanto, não é assim. Incessantemente Sua Voz convida ao despertamento, à reflexão, à ação correta, usando os mais diversos instrumentos, desde as forças atuantes do Universo aos missionários e apóstolos da Verdade, que não são escutados nem seguidos. Os líderes da alucinação tornam-se campeões das massas devoradoras, enquanto as vozes do bem clamam no deserto. Milhares de obreiros desencarnados operam em silêncio, nas noites terrestres, acendendo luzes espirituais, em momentosos intercâmbios que são considerados, no estado de consciência lúcida, no corpo, como sonhos impossíveis, fantasias, construções arquetípicas, em conspiração sistemática a favor das teses materialistas. Essas explicações, algumas esdrúxulas, travestidas de científicas, são aceitas, inclusive, pelos religiosos, que aí têm seus mecanismos escapistas para fugirem aos deveres e responsabilidades maiores”. O Mentor asseverou, na seqüência, que as nobres conquistas das ciências da alma, inclusive as abençoadas experiências de Freud, de Jung e outros eminentes estudiosos, fundamentam-se em fatos incontestáveis. “Algumas das suas 88 conclusões -- afirmou o Benfeitor -- merecem, porém, reestudo, reexame e conotações mais modernas, nunca descartando a possibilidade espiritualista, hoje considerada pelas novas correntes dessas mesmas doutrinas. Quando as criaturas despertarem para a compreensão dos fenômenos profundos da vida, sem castração ou fugas, sem ganchos psicológicos ou transferências, romper-seão as algemas da obsessão na sua variedade imensa, ensejando o encontro do ser com a sua consciência, o descobrimento de si mesmo e das finalidades da existência corporal no mapa geral da sua trajetória eterna.” Feita nova pausa, o Mentor retomou o relato da eleição em que as Trevas definiram seu novo comandante. As reuniões ali sucederam-se tumultuadas e violentas, acalmadas sempre pela agressividade do Soberano, que, ciente do advento do Consolador na Terra e do seu programa de estudo e vivência do Cristianismo, decidiu escutar fracassados conhecedores do comportamento das criaturas, tanto na área sexual como na econômica e na social, após o que estabeleceu o seu programa, que ironicamente denominou como as quatro legítimas verdades, em zombeteira paráfrase do código de Buda em relação ao sofrimento. (Os Gênios das Trevas, pp. 103 a 105.) Os planos das Trevas se baseiam nas quatro verdades - Eis as verdades relacionadas pelo novo Soberano das Trevas, com suas respectivas conseqüências: 1a - O homem é um animal sexual que se compraz no prazer. Deve ser estimulado ao máximo, até a exaustão, aproveitando-se-lhe as tendências, e, quando ocorrer o cansaço, levá-lo aos abusos, às aberrações. Direcionar esse projeto aos que lutam pelo equilíbrio das forças genésicas é o empenho dos perturbadores, propondo encontros, reencontros e facilidades com pessoas dependentes dos seus comandos que se acercarão das futuras vítimas, enleando-as nos seus jogos e envolvimentos enganosos. “Atraído o animal que existe na criatura, a sua dominação será questão de pouco tempo. Se advier o despertamento tardio, as conseqüências do compromisso já serão inevitáveis, gerando decepções e problemas, sobretudo causando profundas lesões na alma. O plasma do sexo impregna os seus usuários de tal forma que ocasiona rude vinculação, somente interrompida com dolorosos lances passionais de complexa e difícil correção. 2a - O narcisismo é filho predileto do egoísmo e pai do orgulho, da vaidade, inerentes ao ser humano. Fomentar o campeonato da presunção nas modernas escolas do Espiritualismo, ensejando a fascinação, é item de alta relevância para a queda desastrosa de quem deseja a preservação do ideal de crescimento e de libertação. O orgulho entorpece os sentimentos e intoxica o indivíduo, cegando-o e enlouquecendo-o. 3a - O poder tem prevalência em a natureza humana. Remanescente dos instintos agressivos, dominadores e arbitrários, ele se expressa de várias formas, sem disfarce ou escamoteando, explorando aqueles que se lhe submetem e desprezando-os ao mesmo tempo, pela subserviência de que se fazem objeto, e aos competidores e indomáveis detestando, por projetar-lhe a sombra. O poder é alçapão que não poupa quem quer que lhe caia na trampa. 4a - O dinheiro, que compra vidas e escraviza almas, será outro excelente recurso decisivo. A ambição da riqueza, mesmo que mascarada, supera a falsa humildade, e o conforto amolenta o caráter, desestimulando os sacrifícios. O Cristianismo começou a morrer, quando o martirológio foi substituído pelo destaque social, e o dinheiro comprou coisas, pessoas e até o reino dos céus, aliciando mercenários para manter a hegemonia 89 da fé. “Quem poderá resistir a essas quatro legítimas verdades?”, perguntou o comandante. “Certamente -- acrescentou --, aquele que vencer uma ou mais de uma, tombará noutra ou em várias ao mesmo tempo.” Gargalhadas estrepitosas sacudiram, então, as furnas, e a partir de então os técnicos em obsessão, além dos métodos habituais, tornaram-se especialistas no novo e complexo programa que em todos os tempos sempre constituiu veículo de desgraça, agora mais bem aplicado, redundando em penosas derrotas. (Os Gênios das Trevas, pp. 105 a 107.) 90 TORMENTOS DA OBSESSÃO INTRODUÇÃO ...“Nalguns, ainda muito tenazes são os laços da matéria para permitirem que o Espírito se desprenda das coisas da Terra; a névoa que os envolve tira-lhes a visão do infinito, donde resulta não romperem facilmente com os seus pendores, nem com seus hábitos, não percebendo haja qualquer coisa melhor do que aquilo de que são dotados. Têm a crença nos Espíritos como um simples fato, mas que nada ou bem pouco lhes modifica as tendências instintivas. Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para dominar suas inclinações más.” Allan Kardec, O Evangelho segundo o Espiritismo. Cap. 17º, 52ª ed. FEB, p. 263 e 264. 91 TORMENTOS DA OBSESSÃO A obsessão campeia na Terra, em razão da inferioridade de alguns Espíritos que nela habitam. Mundo de provas e expiações, conforme esclareceu Allan Kardec, é também bendita escola de recuperação e reeducação, onde se matriculam os calcetas e renitentes no mal, ... Alertados para o cumprimento dos deveres morais e espirituais que são parte do programa de crescimento interior de cada qual, somente alguns optam pelo comportamento saudável... No entanto, aqueles que se tornam descuidados dos compromissos de auto-iluminação e de paz enveredam pelas trilhas do abuso das faculdades orgânicas, emocionais e mentais, comprometendo-se lamentavelmente com as soberanas Leis da Vida através da agressão e do desrespeito aos irmãos de marcha evolutiva. Não é, portanto, de estranhar que a inferioridade daqueles que sofrem injustiças e traições, enganos e perversidades, os arme com os instrumentos covardes da vingança e da perseguição quando desvestidos da indumentária carnal... E mesmo incontável número de adeptos do Espiritismo, com profundos esclarecimentos e orientação, que não poucas vezes opta pela leviandade e arrogância, comprometendo-se com a retaguarda onde ficam em expectativa aqueles que foram iludidos, defraudados, maltratados pela sua insensatez. Este livro é mais um brado de alerta aos companheiros da trilha física, para que não se descuidem dos deveres que nos dizem respeito em relação a Deus, ao próximo e a nós mesmos. Reunimos, na presente Obra, várias experiências que vivenciamos no Hospital Esperança em nossa Esfera espiritual, Nesse Nosocômio espiritual encontram-se recolhidos especialmente pacientes que foram espiritistas fracassados, Apresentamos a narração de várias vidas e suas histórias reais,... Salvador, 15 de janeiro de 2001. Manoel Philomeno de Miranda 92 1 ERRO E PUNIÇÃO Erro e punição, culpa e castigo, dolo e cobrança, fazem parte dos temas que reservamos para análise e debate,. ...chama-me a atenção a grave interferência dos desencarnados no comportamento dos homens. A reunião fora reservada para pequeno grupo de pesquisadores. Em uma área ao ar livre, reservada a tertúlias íntimas realizadas no Nosocômio, que fora programado para obsidiados que faliram nos compromissos terrestres, ... Erguido, graças aos esforços e sacrifícios do eminente Espírito Eurípedes Barsanulfo, na década de 1930 a 1940, aquele Sanatório passou a recolher desde então as vítimas da própria incúria... O missionário sacramentano havia constatado ser expressivo o número de almas falidas nos compromissos relevantes, após haverem recebido as luzes do Consolador, e que retornavam à pátria espiritual em lamentável estado de desequilíbrio,. Médiuns levianos,; divulgadores descompromissados; servidores que malograram na execução de graves tarefas da beneficência; mercenários da caridade, ali se encontravam recolhidos, muitos deles após haverem naufragado na experiência carnal, por não terem suportado as pressões dos Espíritos vingadores, inclementes perseguidores aos quais deveriam conquistar, ao invés de se lhes tornarem vítimas... ...ouvimos o Apóstolo da caridade entretecendo considerações em torno do erro e da punição, que logo o segue. — A problemática do comportamento moral do ser humano encontra-se relacionada com o seu nível de progresso espiritual. “Por essa razão, Jesus acentuou que mais se pedirá àquele a quem mais se deu, - Em razão dessa atitude, renascem os Espíritos no clima moral a que fazem jus... É certo que nunca falta, a Espírito algum, o divino amparo, “As tendências inatas, que são reflexos dos com promissos vividos, impelemnos para as condutas que lhes parecem mais agradáveis e que não lhes exigem esforços para superar. As conexões psíquicas, por afinidade, facilitam o intercâmbio com os desafetos da retaguarda, — A justiça está ínsita em a natureza, e o desenvolvimento moral do ser amplialhe os conteúdos sublimes na consciência. Das grotescas e impiedosas punições do barbarismo e da Idade Média, , já se pensa em diretrizes humanitárias a serem utilizadas, dignificando o delinqüente antes que apenas o punindo. oferecem métodos de reeducação construtiva e terapeutica para todos os males, “ “Um estudo profundo, à luz da psicologia, faculta identificar-se no delinqüente um enfermo emocional, cujas raízes do desequilíbrio se encontram nas experiências transatas das existências. Culpa, remorso, desarmonia interior, desamor, que foram vivenciados, refletem-se em forma de comportamentos transtornados e atitudes infelizes... 93 O SANATÓRIO ESPERANÇA ... interroguei ao amigo gentil, sobre a história daquele Santuário, o Dr. Ignácio Ferreira, e ele, bondosamente respondeu: — Quando ainda reencarnado, Eurípedes Barsanulfo foi portador de verdadeiro medianato, porqüanto conduziu as faculdades mediúnicas, de que era instrumento, dentro dos postulados enobrecedores da caridade e do amor, em uma vivência aureolada de exemplos de renúncia e de abnegação, havendo sido também educador emérito. Em razão dessas suas admiráveis faculdades, dedicou-se a atender os portadores de alienação mental, psiquiátrica e obsessiva, erguendo um Hospital na cidade em que nascera, para socorrê-los. ... acompanhou, também, após a desencarnação, muitos daqueles que lhe receberam o concurso, neles constatando o estado deplorável em que retornavam à Pátria, ...por identificar que muitos deles haviam recebido o patrimônio da mediunidade iluminada pelas lições libertadoras do Espiritismo, mas preferiram enveredar pelos dédalos da irresponsabilidade, “Diante da massa imensa de desesperados que haviam conhecido as diretrizes para a felicidade, mas que preferiram os jogos doentios dos prazeres exorbitantes, edificação de um Nosocômio espiritual, especializado em loucura,.. — Eurípedes providenciou a convocação de admiráveis psiquiatras e psicólogos desencarnados, que haviam na Terra cuidado das desafiadoras patologias obsessivas e auto-obsessivas, “Obedecendo a um plano cuidadoso, foram erguidos diversos blocos, que deveriam atender a patologias específicas, tais como delírios graves, possessões de longo porte, consciências autopunitivas, desespero por conflitos íntimos, fixações mórbidas, hebetação mental, autismo conseqüente a arrependimentos tardios, esquizofrenias tenebros as, obsessões compulsivas, etc. “A região, amplamente arborizada, absorve o impacto vibratório dos tormentos que se exteriorizam dos conjuntos bem desenhados e das clínicas de repouso, para onde são transferidos aqueles que se encontram em processo de recuperação. 94 O SANATÓRIO ESPERANÇA... “Desse modo, os métodos de atendimento aos enfermos espirituais são fundamentados no profundo conhecimento do ser, das suas necessidades, dos fatores que levam ao fracasso os empreendimentos nobilitantes, das injunções penosas provocadas pelo intercâmbio com Entidades infelizes e perversas, dos desequilíbrios íntimos por acomodação e aceitação da vulgaridade e do crime... “Estudadas as energias variadas que compõem o complexo espiritual de cada indivíduo, abnegados especialistas em sexologia aqui trabalham, ajudando os que vieram recambiados para este Centro de socorro, utilizando dos recursos próprios e correspondentes, de modo a agirem nas causas dos dramas que se desenrolaram por largo tempo, revigorando cada paciente com as incomparáveis lições de Jesus.” “É, sem dúvida, deplorável, o estado em que muitos aqui chegam,. Não poucos deles aqui são instalados, mantendo a imantação psíquica com os inimigos cruéis, que também passam a receber assistência conveniente, “Para esse fim, uma ampla enfermaria de recepção acolhe a todos os recémchegados, após o que são examinados por diligentes psicoterapeutas, que os encaminham aos respectivos núcleos onde poderão desfrutar do atendimento correspondente às suas necessidades. Aqui, além do ministério de recuperação de pacientes mentais, em razão da sua especialidade, muitos candidatos a reencarnações como futuros psicoterapeutas e estudiosos da alma, conforme a visão das modernas Doutrinas transpessoais, vêm fazendo estágio, a fim de adquirirem conhecimentos para lidar com os problemas volumosos da obsessão, dos transtornos psicológicos e das psicopatologias que se apresentam cada vez mais dominadoras na sociedade contemporânea. “De Thomas Willis, o psiquiatra inglês do século 17, a Filipe Pinel, de Mesmer a James Braid, de Wilhelm Griesinger a Kraepelin, a Charcot, a Freud, a Jung, apenas para nos referir a alguns dos cultos visitantes, “Algumas das tentativas terapêuticas de que foram iniciadores esses visitantes e ilustres mestres, agora são aqui aplicadas com eficiência, Somente agindo-se no mesmo nível e campo, se pode aguardar resultados satisfatórios — Musicoterapia, preceterapia, amorterapia são as bases de todos os procedimentos aqui praticados, cirurgias perispirituais de retirada de implantes perturbadores,. 95 4 NOVOS DESCORTINOS Menos de uma semana após a noite de convivência reconfortante com Dr. Bezerra de Menezes, recebemos novo convite, agora firmado por Dr. Ignácio Ferreira, para participarmos de novo encontro que deveria ocorrer no anfiteatro do Nosocômio, e cujo tema que por ele seria debatido, tinha por título Homicídios espirituais. — Que a paz de Deus seja conosco! “Peregrinos do carreiro das reencarnações, buscando a iluminação e a paz, temos mergulhado no corpo e dele saído, graças à abnegação dos generosos Guias. O egoísmo, esse algoz implacável de cada um de nós, tem sido o adversário declarado do nosso processo de desenvolvimento espiritual. Face à sua dominação, resvalamos para o orgulho, a presunção, logo despertamos para a razão, atribuindo-nos valores que estamos longe de possuir. “Esse comportamento malsão tem-nos gerado antipatias que poderiam ser evitadas,. “Mesmo quando convidados por Jesus para uma saudável mudança de conduta, as vaidades intelectuais hauridas nas Academias ou fora delas nos assaltam, conduzindo-nos à soberba e fazendo-nos desdenhar o Mestre “Soa, no entanto, o momento próprio para a nossa definição espiritual -Enquanto mergulhado no denso véu da carne, entorpece-lhe parte do discernimento e a visão global se lhe torna limitada. No entanto, face à rebeldia que se demora na conduta de expressiva maioria, eis que adia a felicidade, equivocando-se, para depois reparar,. A aprendizagem, por isso mesmo, é conseguida através do erro e do acerto,. “É mediante esse agir e arrepender-se, quando equivocado, que surgem as vinculações dolorosas, ... o mecanismo do progresso exige disciplina e testemunho,. ... a obsessão é pandemia que permanece quase ignorada.” sempre apresenta, graves oposições para o seu tratamento. Quando, ainda lúcido, o mesmo se recusa receber a conveniente orientação, e, à medida que se lhe faz mais tenaz, as resistências interiores se expressam mais vigorosas. “Iniciando-se de forma sutil e perversa, a obsessão, salvados os casos de agressão violenta, instala-se nos painéis mentais através dos delicados tecidos energéticos do perispírito até alcançar as estruturas neurais, perturbando as sinapses e a harmonia do conjunto encefálico. Ato contínuo, o quimismo neuronial se desarmoniza, face à produção desequilibrada de enzimas que irão sobrecarregar o sistema nervoso central, dando lugar aos distúrbios da razão e do sentimento. Noutras vezes, a incidência da energia mental do obsessor sobre o paciente invigilante irá alcançar, mediante o sistema nervoso central, alguns órgãos físicos que sofrerão desajustes e perturbações, registrando distonias correspondentes e comportamentos alterados. implanta delicadas células acionadas por controle remoto, que passam a funcionar como focos destruidores da arquitetura psíquica, irradiando e ampliando o campo vibratório nefasto, que atingirá outras regiões do encéfalo, ... 96 NOVOS DESCORTINOS... “Estabelecidas as fixações mentais, o hóspede desencarnado lentamente assume o comando das funções psíquicas do seu hospedeiro, passando a manipulá-lo a bel-prazer. Isso, porém, ocorre, em razão da aceitação parasitária que experimenta o enfermo, que poderia mudar de comportamento para melhor, dessa forma conseguindo anular ou destruir as induções negativas de que se torna vítima.. Vitimado, em si mesmo, pela autocompaixão ou pela rebeldia sistemática, desconsidera as orientações enobrecedoras. “Muita falta faz a palavra de Jesus no coração e na mente das criaturas humanas. , é compreensível que, além das tormentosas obsessões muito bem catalogadas por Allan Kardec, simples, por fascinação e subjugação — os objetivos mantidos pelos perseguidores sejam muito variados. Eis porque as suas maldades abarcam alguns dos crimes hediondos, tais como: autocídios, homicídios, guerras e outras calamidades, “Quando das suas graves intervenções no psiquismo dos seus hospedeiros, suas energias deletérias provocam taxas mais elevadas de serotonina e noradrenalina, produzidas pelos neurônios, que contribuem para o surgimento do transtorno psicóticomaníaco-depressivo, responsável pela diminuição do humor e desvitalização do paciente, que fica ainda mais à mercê do agressor. É nessa fase que se dá a indução ao suicídio, através de hipnose contínua, não percebendo a captação cruel da idéia autocida que se lhe fixa na mente.. “O mesmo fenômeno ocorre quando se trata de determinados homicídios, que são planejados no mundo espiritual, nos quais os algozes se utilizam de enfermos por obsessão, armando-lhes as mãos para a consumpção dos nefastos crimes. Realizam o trabalho a longo prazo, interferindo na conduta mental e moral do obsesso, a ponto de interromperem-lhe os fluxos do raciocínio e da lógica, aturdindo-os e dominando-os.. “De maneira idêntica, desencadeiam guerras entre grupos, povos e nações, ra: - Na raiz de inumeráveis males que afetam a coletividade humana, encontramos o intercâmbio espiritual manifestando-se. Isto não implica em dar margem ao pensamento de que as criaturas terrestres se encontram à mercê das forças desagregadoras da erraticidade inferior. Em toda parte está presente a misericórdia de Deus Somente, portanto, através do perdão e da reconciliação, da reparação e da edificação do bem incessante, é que o flagelo das obsessões desaparecerá da Terra... — O amor é o bem eterno que sobrepaira em todas as situações, 97 TORMENTOS DA OBSESSÃO Capítulo: 19 – Distúrbio Depressivo 19 DISTÚRBIO DEPRESSIVO Os momentos, uns após outros, enriqueciam-me com as experiências adquiridas no Hospital espiritual. As diferentes vidas que prosseguiam buscando o rumo de segurança, e que ali se encontravam ou eram trazidas para atendimento, constituíam-me um laboratório expressivo para preciosas conquistas iluminativas. Edmundo permanecia-me nas reflexões, que me facultavam compreender o amor de Nosso Pai na sua essência mais elevada, sempre vigilante e misericordioso, não se detendo nas defecções daqueles a quem socorre, porém, ajudandoos sem cessar. Assim pensando, refletia a respeito das incontáveis concessões de que fora objeto durante a existência anterior, e de que, somente, a pouco e pouco, me dava conta na vida após a morte. Como conseqüência desse conhecimento, o júbilo era-me intenso e a gratidão a Deus tornava-se-me um constante hino de louvor. Após visitar os irmãos, Ambrósio, que se renovava mui lentamente, Agenor, que prosseguia adormecido, porém agora menos agitado, Honório, em refazimento vagaroso, mas seguro, prossegui observando as terapias energéticas aplicadas no pavilhão. Detinha-me especialmente na observância dos pacientes mais agitados, compreendendo cada vez melhor o alto significado do trabalho anônimo de muitos Espíritos abnegados, que escolheram essas atividades socorristas tomados pela afetividade em favor do próximo. Não se escusavam dedicar-se à caridade em tempo integral mediante a assistência fraternal aos portadores de alienação mental e àqueloutros portadores de seqüelas das obsessões prolongadas. Gentis e pacientes, movimentavam-se em silêncio, interiorizados nos deveres que lhes diziam respeito, constituindo-se verdadeiros exemplos de psicoterapeutas do amor em jubiloso serviço de elevação pessoal. Tanto devotamento facultava-me entender quanto me encontro distante da santificação, por me faltarem os recursos indispensáveis ao serviço libertador. Não obstante, tornava-se-me estímulo para prosseguir na busca de informações que pudessem elucidar os enigmas do comportamento humano durante a vilegiatura carnal, assim facilitando a ascensão de todos os interessados no processo evolutivo. A assistência fraternal de Alberto, o seu conhecimento dos diversos setores socorristas do Nosocômio, eram-me fatores de encorajamento para a aprendizagem, impulsionando-me ao avanço. Nesse ínterim, fui convidado por dr. Ignácio a participar de um ato solene, quando um estudioso dos transtornos psicológicos deveria proferir uma conferência sobre o fascinante e grave tema do distúrbio depressivo. Enquanto estava na Terra, as informações a respeito do assunto eram relativamente escassas, sendo mais abundantes entre os estudiosos da psiquiatria e da psicologia, sem maior divulgação em relação aos leigos. Passadas algumas décadas após a desencarnação, podia constatar que os avanços na pesquisa das gêneses e terapêuticas dessa síndrome haviam avançado muito, e, no mundo 98 espiritual, sendo o conhecimento mais profundo, facultava respostas próprias para o que podemos denominar quase de epidemia na atualidade do convulsionado planeta de provas... Assim, aguardei com interesse redobrado a ocasião para participar do magno evento. À hora aprazada dirigimo-nos, Alberto e eu, ao Auditório ao ar livre, onde teria lugar o significativo cometimento. Tratava-se de um recinto de amplas proporções com capacidade para aproximadamente mil pessoas e a sua edificação recordava os anfiteatros grecoromanos, que facultavam uma bela visão do palco de qualquer lugar onde se estivesse, O entardecer estava deslumbrante, abençoado por favônios perfumados, enquanto os convidados assentavam-se nas arquibancadas semicirculares. O expositor adentrou-se no recinto acompanhado por Eurípedes, dr. Ignácio e outros nobres Espíritos que eu não conhecia pessoalmente. Apresentava um semblante calmo e demonstrava na face que houvera desencarnado com mais de setenta anos... Jovial e de agradável expressão, foi conduzido à parte central, tomando parte na mesa da cerimônia presidida pelo fundador do Nosocômio. Encontravam-se presentes médicos especializados no estudo da psique, enfermeiros e trabalhadores dos diversos departamentos do Hospital, interessados nos esclarecimentos que seriam oferecidos pelo culto conferencista e muitos outros Espíritos especialmente convidados. Após expressiva exoração ao Senhor da Vida, a todos sensibilizando, Eurípedes fez breve apresentação do cientista-orador, esclarecendo que o mesmo exercera a profissão de psiquiatra enquanto reencarnado na Terra, havendo oferecido expressivo contributo à psicanálise e à psicologia, e que se encontrava liberado do corpo havia mais de trinta anos, dando prosseguimento às pesquisas em torno da mente e da emoção humana como resultado dos processos da evolução espiritual. Sem mais delongas, o esclarecido médico acercou-se da tribuna, deteve-se em breve silêncio durante o qual exteriorizou uma suave claridade que o emoldurou delicadamente. Em seguida, deu início à conferência, saudando-nos a todos com jovialidade e adentrando-se no tema: — A depressão, também identificada anteriormente como melancolia, é conhecida na Humanidade desde recuados tempos, por estar associada ao comportamento psicológico do ser humano. A Bíblia, especialmente no Livro de Jó, dentre outros, nos apresenta vários exemplos desse distúrbio que ora aflige incontável número de criaturas terrestres. Podemos identificá-la na Grécia antiga, considerada como sendo uma punição infligida pelos deuses aos seres humanos em conseqüência dos seus atos incorretos. Encontramo-la, desse modo, também presente no século 4º a.C., graças a diversas referências feitas por Hipócrates. Mais tarde, no século 2º a.C., Galeno estudou esse transtorno como sendo resultado do desequilíbrio dos quatro humores: sangue, bílis amarela, bílis negra e fleuma, que seriam responsáveis pelo bem-estar e pela saúde ou não dos indivíduos. Aristóteles assevera que Sócrates e Platão, como muitos outros filósofos, artistas, combatentes gregos, foram portadores de melancolia, que acreditava estar vinculada às capacidades intelectuais e culturais do seu portador. A Igreja romana, a partir do século 4º, também passou a considerá-la e defini-la, ligando-a à tristeza, sendo tida como um pecado decorrente da falta de valor moral do homem para enfrentar as vicissitudes do processo existencial. Posteriormente 99 esteve associada à acídia, passando a ser definida com mais severidade como sendo um pecado cardinal, em razão de tornar os religiosos preguiçosos e amedrontados ante as tarefas que deveriam desempenhar. As lendas a seu respeito fizeram-se muito variadas e as discordâncias complexas, vinculando-a, não raro, àbílis negra, responsável pelo ato impensado de Adão ao comer a maçã no paraíso... ‘A história da medicina também relata que, já no século 10º, um médico árabe, estudando a melancolia, confirmou que a mesma resultava da referida e tradicional bílis negra. Com o Renascimento, porém, esse transtorno passou a ser tido como uma forma de insanidade mental, surgindo nessa época diferentes propostas terapêuticas de resultado duvidoso. “À medida que se processava o progresso cultural, a melancolia passou a expressar os estados depressivos e, a partir de 1580, tornou-se popular na literatura com características melhor definidas. Foi a partir do século 15II, que a tese de Galeno começou a ser superada e lentamente substituída por definições que abrangiam a natureza química e mecânica do cérebro, responsável pelo distúrbio perturbador. Não obstante a descoberta da circulação do sangue pelo eminente Harvey, que facultou a apresentação de novos conceitos explicativos para a depressão, esclarecendo que se podia tratar de uma deficiência circulatória, permaneceram ainda aceitos os conceitos ancestrais de Galeno, e, por efeito, a terapia se apresentava centrada nos métodos da aplicação de sangrias, purgantes, vomitórios com o objetivo de limpar o como, eliminando os humores negros nefastos. No século 19, ainda por um largo período foi associada à hipocondria, responsável pela ansiedade mórbida referente ao estado de saúde e às funções físicas... Logo depois, passou à condição de uma perturbação mental, de um estado emocional deprimido. “A melancolia alcançou homens e mulheres notáveis que não conseguiram superá-la, e padeceram por largos períodos a sua afugente presença, e em alguns casos, conduzindo-os a perturbações profundas e até mesmo a suicídios hediondos. Inúmeros poetas, escritores, artistas, religiosos, cientistas famosos não passaram sem sofrer-lhe a incidência cruel, dando margem a que alguns desavisados pensassem que se tratava da exteriorização da genialidade de cada um...” Houve uma pausa oportuna, a fim de facultar o entendimento do discurso na sua apresentação histórica para logo prosseguir: - A depressão é hoje classificada como sendo uma perturbação do humor, uma perturbação afetiva, um estado de mal-estar que se pode prolongar por tempo indeterminado. Foi o admirável Emil Kraepelin, o nobre psiquiatra alemão, quem apresentou melhores análises sobre a depressão no século passado, classificando-a como de natureza unipolar, quando é menos grave, mais simples e rápida, e bipolar, quando responsável pelas associações maníacas. Aprofundadas pesquisas ofereceram novas classificações nos anos sucessivos, incluindo as melancolias de involução, que se manifestam em forma de medo, de culpa e de vários distúrbios do pensamento. O eminente psicanalista Sigmund Freud sugeriu o luto como sendo responsável pela depressão, resultado de perda, de um ser amado ou de outra natureza. A perda, para o nobre mestre austríaco, produz dilacerações psicológicas muito graves, gerando distúrbios comportamentais que se prolongam por tempo indeterminado. Concomitantemente, outros pesquisadores estabeleceram que a depressão poderia ser endógena, quando 100 originada em disfunções orgânicas, portanto, de natureza biológica, e reativa, como conseqüência de fatores psicossociais, sócio-econômicos, sócio-morais, em razão das suas nefastas conseqüências emocionais. Outros observadores, no entanto, detiveram-se em analisar a depressão sob dois outros aspectos: a de natureza neurótica e a de natureza psicótica. A primeira é mais simples, com melhores possibilidades terapêuticas, enquanto que a segunda, por se caracterizar pelas alucinações e ilusões perturbadoras, exige procedimentos mais cuidadosos e prolongados. “A depressão, seja como for considerada, é sempre um distúrbio muito angustiante pelos danos que proporciona ao paciente: dores físicas, taquicardias, problemas gástricos, inapetência, cefalalgia, sentimento de inutilidade, vazio existencial, desespero, isolamento, ausência total de esperança, pensamentos negativos, ansiedade, tendência ao suicídio... O enfermo tem a sensação de que todas as suas energias se encontram em desfalecimento e as forças morais se diluem ante a sua injunção dolorosa. “A perturbação depressiva ainda pode apresentar-se como grave e menos grave, crônica ou distímica, cuja fronteira é muito difícil de ser estabelecida. Somente através dos sintomas é que se pode defini-las, tendo-se em vista as perturbações que produz nos pacientes. Nesse sentido, a somatização, decorrente de estigmas e constrangimentos que lhe facultam a instalação, pode dar lugar ao que Freud denominou perturbação de conversão, graças à qual um conflito emocional se converte em cegueira, mudez, paralisia ou equivalentes, enquanto outros psicoterapeutas, discordando da tese, acreditam que esses fenômenos resultem de perturbações fisicas não identificadas... “Por outro lado, a fadiga tem sido analisada como responsável por vários estados depressivos, especialmente a de natureza crônica, que se apresenta acima do nível tolerável de gravidade. Não obstante, a depressão também se manifesta em crianças e jovens, estruturada em fatores endógenos e outros de natureza sociológica, decorrentes do relacionamento entre pais e filhos, do convívio familiar e comunitário conflitivo. “A mania, por outro lado, é mais severa em razão das alterações manifestadas no humor, que se fazem mui amiúde em proporções gravemente elevadas. Em determinado paciente pode expressar-se como um estado de excessivo bom humor, de exaltação da emotividade, em contraste com os acontecimentos vivenciados no momento, logo regredindo com rapidez para a depressão, as lágrimas, envolvendo sentimentos contraditórios, que passam dos risos excitados aos prantos pungentes. No momento de exacerbação o enfermo delira, acreditando-se messias, gênio da política, da arte, com demasiada valorização das próprias possibilidades. Vezes outras, experimenta estados de temor, por acreditar que existe conspiração contra sua vida e seus desejos, seus valores especiais. Apresenta-se em determinado momento palrador, mudando de conduta com muita freqüência, ou então deixa-se ao abandono, sem higiene, aparecendo, noutras vezes, de maneira extravagante e vulgar. Nessa fase, tornase sexualmente excitado, exótico, irresponsável, negando-se a aceitar a enfermidade e mesmo a submeter-se ao tratamento adequado. “A incidência do distúrbio depressivo apresenta-se quantitativamente maior no sexo feminino. Nesse caso, podemos aduzir ao quadro geral, as manifestações da depressão pré epost-partum, que se originam em disfunções hormonais, conduzindo as pacientes a estados de grave perda do equilíbrio emocional e 101 mental.” O expositor calou-se por um pouco, enquanto o público atento, acompanhava-lhe o raciocínio rico de ensinamentos oportunos. De imediato, deu curso àconferência: — As influências básicas para a síndrome depressiva são muitas, e podem ser encontradas nas crenças religiosas, nos comportamentos sociais, políticos, artísticos, culturais e nas mudanças sazonais. Por outro lado, a hereditariedade é fator decisivo na ocorrência inquietante, tanto quanto diversos outros de natureza ambiental e social, como guerras, fome, abandono, seqüelas de enfermidades dilaceradoras... Pode-se, portanto, informar que é também multifatorial. Do ponto de vista psicanalítico, conforme eminentes estudiosos quais Freud, Abraham e outros, a depressão oculta uma agressão contra a pessoa ou o objeto oculto. Numa análise biológica, podemos considerar como fatores responsáveis pelo desencadear do distúrbio depressivo, as alterações do quimismo cerebral, no que diz respeito aos neurotransmissores como a serotonina e a noradrenalina. Em uma análise mais cuidadosa, além dos agentes que produzem stress, incluímos entre os geradores da depressão, os hormônios esteróides, estrênios e androgênios, relacionados com o sexo, que desempenham papel fundamental no humor e no comportamento mental. “É claro que não estamos relacionando todas as causas que predispõem ou que dão origem à depressão, antes desejamos referir-nos mui superficialmente a somente algumas daquelas que desencadeiam esse processo alienante. Nosso objetivo essencial neste momento é identificar o fator de natureza preponderante para depois concluirmos pelo de natureza predisponente. E esse, essencial, importante, é o próprio Espírito reencarnado, por nele se encontrarem ínsitas as condições indispensáveis para a instalação do distúrbio a que faz jus, em razão do seu comportamento no transcurso das experiências carnais sucessivas. “O Espírito é sempre o semeador espontâneo, que volve pelo mesmo caminho, a fim de proceder à colheita das atividades desenvolvidas através do tempo. Não bastassem as suas próprias realizações negativas para propiciar o conflito depressivo e as suas ramificações decorrentes, que geraram animosidades, mágoas e revoltas em outros seres que conviveram ao seu lado e foram lesados nos sentimentos, transformando-se em outro tipo de razão fundamental para a ocorrência nefasta. “Ao reencarnar-se o Espírito, o seu perispírito imprime no futuro programa genético do ser os requisitos depurativos que lhe são indispensáveis ao crescimento interior e à reparação dos gravames praticados. Os genes registram o desconserto vibratório produzido pelas ações incorretas no futuro reencarnante, passando a constituir-se um campo no qual se apresentarão os distúrbios do futuro quimismo cerebral. Quando se apresentam as circunstâncias predisponentes, manifesta-se o quadro já existente nas intrincadas conexões neuroniais, produzindo por fenômenos de vibração eletroquímica o transtorno, que necessitará de cuidadosa terapia específica e moral. Não apenas se fará imprescindível o acompanhamento do terapeuta especializado, mas também a psicoterapia da renovação moral e espiritual através da mudança de comportamento e da compreensão dos deveres que devem ser aceitos e praticados. “Nesse processo, no qual o indivíduo é responsável direto pelo distúrbio psicológico, face aos erros cometidos, às perdas e ao luto que lhe permanecem no 102 inconsciente e agora ressumam, o distúrbio faz-se inevitável, exceto se, adotando nova conduta, adquire recursos positivos que eliminam o componente cármico que lhe dorme interiormente. Não são da Lei Divina a punição, o castigo, a vingança, mas são impostas a necessidade da reparação do erro, da renovação do equivocado, da reconstituição daquilo que foi danificado... O Espirito reflete o amor de Deus nele insculpido, razão pela qual está fadado à perfeição relativa, que alcançará mediante o esforço empreendido na busca da meta que lhe está reservada. São, portanto, valiosas, as modernas contribuições das ciências da psique, auxiliando os alienados e depressivos a reencontrar a paz, a alegria interior, a fim de prosseguirem no desiderato da evolução.” Novamente o lúcido orador fez uma pausa oportuna, logo dando prosseguimento: — Nesse capítulo, não podemos olvidar aqueles outros Espíritos que foram vitimados pelo infrator, que agora retorna ao palco terrestre a fim de crescer interiormente. Quando permanecem em situação penosa, sem olvido do mal que padeceram, amargurados e fixados nas dores terrificantes que experimentaram, ou se demoram em regiões pungitivas, nas quais vivenciam sofrimentos incomuns, face à pertinácia nos objetivos perversos do desforço pessoal, são atraí-dos psiquicamente aos antigos verdugos, com eles mantendo intercurso vibratório danoso, que a esses últimos conduz a transtornos obsessivos infelizes, O cérebro do hospedeiro bombardeado pelas ondas mentais sucessivas do hóspede em desalinho, recebe as partículas mentais que podem ser consideradas como verdadeiros elétrons com alto poder desorganizador das conexões neuroniais, afetando-lhe os neurotransmissores como a serotonina, a noradrenalina, a dopamina e outros mais, aos quais se encontra associado o equilíbrio emocional e o do pensamento. “Instalado o plugue na tomada perispiritual, o intercâmbio doentio prosseguirá atingindo o paciente até o momento quando seja atendido por psicoterapia especial, qual seja a bioenergética, por intermédio dos passes, da água fluidificada, da oração, das vibrações favoráveis à sua restauração, à alteração da conduta mental e comportamental, que contribuirão para anular os efeitos morbosos da incidência alienadora. Simultaneamente, a desobsessão, mediante cujo contributo o perseguidor desperta para as próprias responsabilidades, modifica a visão espiritual, ajudando-o a resolver-se pela mudança de atitude perante aquele que lhe foi adversário, entregando-o, e a si mesmo também se oferecendo, aos desígnios insondáveis do Pai Criador. “Nunca será demasiado repetir que, na raiz de todo processo de desequilíbrio mental e emocional, nas psicopatologias variadas, as causas dos distúrbios são os valores morais negativos do enfermo em processo de reeducação, como decorrência das ações pretéritas ou atuais praticadas. Não existindo efeito sem causa, é compreensível que toda ocorrência infeliz de hoje resulte de atividade agressiva e destrutiva anterior. “Não poucas vezes, também se pode identificar na gênese da depressão o fator responsável pelo funcionamento sexual deficiente, receoso, frustrante, que induz o paciente ao desinteresse pela vida, à fuga da realidade... “Desse modo, a depressão, mesmo quando decorra de uma psicogênese bem delineada, seja pela hereditariedade ou pelos fatores psicossociais e outros, sua causa profunda se encontra sempre no Espírito endividado que renasce para liberar-se da injunção penosa a que se entregou. 103 “Assim sendo, aproxima-se o dia, no qual, a ciência acadêmica se dará conta da realidade do ser que transcende a matéria, e cujas experiências multifárias através dos renascimentos corporais responde pelo binômio saúde-doença. “Nós próprio, quando nos labores terrestres, muito nos aproximamos da fronteira da imortalidade, não a havendo transposto em razão dos preconceitos acadêmicos, embora não nos houvessem sido regateados os recursos que evidenciavam a indestrutibilidade do ser através da morte e isso demonstravam de forma irretocável. Como ninguém pode deter o progresso, que se multiplica por si mesmo, o amanhã constitui a esperança dos que tombaram nos processos perturbadores e degenerativos, quando encontrarão a indispensável contribuição dos cientistas e religiosos que, de mãos dadas, estarão trabalhando em favor da sua recuperação mental e orgânica.” Fez, propositadamente, uma nova pausa, que a todos nos comoveu pelo que disse de imediato: — Não há como negar-se: Jesus-Cristo é o Psicoterapeuta excepcional da Humanidade, o único que pôde penetrar psiquicamente no âmago do ser, auxiliando-o na reestruturação da personalidade, da individualidade, facultando-lhe uma perfeita identificação entre o ego e o self, harmonizando-o para que não mais incida em compromissos degenerativos. Por isso mesmo, todos aqueles que lhe buscaram o conforto moral, a assistência para a saúde combalida ou comprometida, física ou mental, defrontaram a realidade da vida, alterando a forma existencial do comportamento que lhes seria de inapreciado valor nas futuras experiências carnais. “A Ele, o afável Médico das almas e dos corpos, a nossa sincera gratidão e o nosso apelo para que nos inspire na equação dos dramas que afligem a humanidade, tornando a Terra um lar melhor para se crescer moral e espiritualmente, onde os sofrimentos decorrentes das enfermidades de vária gênese cedam lugar ao equilíbrio e à produção da vera fraternidade assim como da saúde integral.” Pairava no ambiente uma dulçurosa vibração de paz e de alegria. Todos apresentavam o semblante irradiante de júbilo. O lúcido orador mantinha-se sereno e suavemente iluminado, banhado por peregrina claridade que jorrava dos Altos Cimos... Eurípedes levantou-se, abraçou-o, conduziu-o àmesa diretora da solenidade e, visivelmente feliz, proferiu inesquecível oração gratulatória, dando como encerrada a conferência. A noite havia chegado e se encontrava banhada por argênteo luar e pelos pingentes estelares que cintilavam muito ao longe. Os mais interessados acercaram-se do palco, a fim de conhecer mais de perto o convidado eloqüente e com ele dialogarem brevemente. Nós, Alberto, dr. Ignácio e eu, fomos daqueles que se lhe acercaram, a fim de fruir mais proximamente a sua vibração penetrante e saudável, congratulando-nos com a exposição oportuna e esclarecedora. 104 SEXO E OBSESSÃO Capítulo: 15 – Sexo e Obsessão SEXO E OBSESSÃO O lúcido amigo concentrou-se, e lentamente começou a irradiar claridade argêntea que o envolvia em tonalidades variadas, produzindo-nos incomum emoção. Após a breve interiorização, começou a falar com inesquecível tonalidade de voz, em que ressumavam os seus sentimentos de amor e de paternidade espiritual, convocando-nos a reflexões muito profundas e significativas. Sem delongas, considerou: - O sexo é departamento importante do aparelho genésico criado com a finalidade específica para a procriação. Responsável pela reprodução dos seres vivos, constitui extraordinário investimento da vida, que o vem aperfeiçoando através dos milênios, a fim de o transformar em feixe de elevadas emoções que exaltam a Criação. Quando compreendido nos objetivos para os quais foi elaborado transforma-se em fonte geradora de felicidade, emulando ao amor e à ternura que expressa em forma de vitalidade e de bem-estar. Quando aviltado por qualquer forma de manifestação incorreta, faz-se cadeia retentora do ser na paisagem sórdida à qual foi atirado. Acionado pelo instinto, manifesta-se automaticamente por meio de impulsos que induzem à coabitação para o milagre da criação de novas formas de vida. Responsável pelo invólucro material, responde pela bênção de proporcionar o instrumento corporal, mediante o qual o Espírito evolve no rumo do Infinito. Com características próprias em cada fase do processo evolutivo, no ser humano alcança o seu estágio mais elevado, por vincular-se às emoções, lentamente superando as sensações mais primárias por onde passou no período das experiências iniciais da forma animal. Responsável pelos grandes envolvimentos na arte, na beleza, na fé, no conhecimento científico e filosófico, é sede de valores ainda não desvelados. "Em razão das explosões iniciais dos impulsos mais animalizados, vem governando a sociedade humana através dos tempos, constituindo-se instrumento de crimes hediondos e de guerras lancinantes, destrutivas, gerando consequências imprevisíveis para a sociedade de todas as épocas. Homens e mulheres de destaque na História utilizaram-no para fins ignóbeis, entregando-se a aberrações que celebrizaram determinados povos e períodos, assinalados pelas suas orgias e inomináveis aberrações chocantes que, no entanto, obedeciam às paixões dominantes. Da mesma forma, produziu manifestações de sentimentos afetivos celebrados em Obras de incomparável beleza, em que a renúncia e a abnegação, o sacrifício e o holocausto se transformaram em opções únicas para dignificá-lo. "Profundamente arraigado na instrumentalidade material, encontram-se as suas gêneses no ser profundo, no Espírito que, habituado às suas imposições, transfere de uma para outra existência aspirações e desejos que, não atendidos, 105 se transformam em conflitos e sofrimentos dilaceradores, mas quando vivenciados se expressam através de estímulos para o crescimento interior e para a conquista da plenitude. Inegavelmente, na raíz de inumeráveis aspirações e anseios do coração, encontra-se a libido como desencadeadora de motivações, mesmo que de forma sub-reptícia, o que induziu Freud a conceder-lhe valor excessivo. É incontestável a ação do sexo no comportamento da criatura humana, merecendo estudos cuidadosos e enobrecedores, a fim de ser avaliado no grau e no significado que possui. "Os seus impulsos e predominância no comportamento são tão vigorosos que vão além do corpo físico e imprimem-se nos tecidos sutis do ser espiritual, continuando com as suas manifestações de variada ordem, exigindo respostas que, não sendo de superação e sublimação, geram caos emocional e revinculam o ser ao carro orgânico que já se consumiu. Mediante a ideoplastia, à fixação nas suas sensações, revigora a necessidade que se transforma em tormento no AlémTúmulo, conduzindo de volta aos estágios perturbadores da organização somática. É, nessa fase, nesse terrível transtorno, que surgem as auto-obsessões, as obsessões que são impostas às criaturas terrenas que estagiam na mesma faixa de desejos ou entre os desencarnados do mesmo nível vibratório. Reunidos em grupos afins, as suas exteriorizações morbíficas eliminam energias de baixa qualidade, que se convertem em elemento construtor de regiões infelizes onde enxameiam em convulsões penosas e retêm aqueles que se lhes fazem vítimas, demorando-se por tempo indeterminado até que a exaustão dos sentidos e o tédio os induzam a mudanças de atitude, permitindo-se a ajuda do Amor que os libertará da injunção exaustiva e penosa." Fez uma pausa oportuna, a fim de dar-nos ensejo à reflexão, à absorção do conteúdo da sua mensagem. No mesmo tom, pausado e profundo, logo deu prosseguimento às explicações de alto significado: - Quando emulado pelo amor - seu dínamo possuidor de inesgotáveis reservas de energias - altera a manifestação e conduz-se rico de estímulos que fomentam a coragem, propiciam o bom ânimo, o desejo de luta e de crescimento, alterando a estrutura interna do ser humano e a condição da Humanidade que se transforma para melhor. "Diante dos grandes eventos da cultura, da arte, do pensamento, da fé, perguntese ao amor, o que constituiu razão para essa realidade, e ele responderá que foram os sentimentos de ternura e de envolvimento afetivo, sem os quais não se teria força nem valor para resistir às investidas da rebeldia, nem às incessantes provas desafiadoras, ante as quais, somente os fortes, aqueles que estão estruturados na coragem e seguros dos objetivos que perseguem, conseguem ultrapassar. O amor é o mais vigoroso instrumento de incitação para os logros que parecem umpossíveis de conquistados. Ele se manifesta através de mil faces, 106 expressando-se em todas as aspirações do enternecimento, da comunhão afetiva, da fusão dos sentimentos, que seriam o êxtase da plenitude do sexo no seu sentido mais elevado e puro. "Por enquanto, todavia, o sexo tem sido objeto de servidão e de abjeção, manifestando-se na loucura que grassa na Terra carente de ideais de enobrecimento e repleta de desaires afligentes. Como mecanismo de fuga dos compromissos de luta e de renovação, milhões de criaturas estúrdias e ansiosas atiram-se aos resvaladouros das paixões sexuais, procurando, no prazer imediato e relaxante, o que não conseguem através dos esforços renovadores do amor sem jaca e do bem sem retribuição. Eis por que, a obsessão do sexo, decorrente do seu uso e sempre exigente de mais prazer, apresenta-se dominadora na sociedade terrestre dos nossos dias. Cada vez mais chocantes, as suas manifestações alargam-se arrastando jovens e crianças inadvertidos ao paul da depravação, face à naturalidade com que os veículos de comunicação de massa exibem-no em atitudes deploráveis e aterradoras a princípio, para se tornarem naturais depois, através da saturação e da exorbitância, tornando-se mais grave a situação das suas vítimas, e mais controvertidos os métodos de reeducação e preservação da saúde emocional, psíquica e moral da criatura humana que lhe tomba nas malhas bem delicadas mas vigorosas. "Simultaneamente, as legiões de Espíritos viciosos e dependentes dos fluidos degenerativos das sensações perversas, sincronizam suas mentes nesses comportamentos doentios, passando a sofrer-lhes as injunções morbosas e devastadoras. A cada dia, mais difícil se torna a saúde sexual das pessoas, em razão desses e de outros fatores que procedem de reencarnações transatas, nas quais se comprometeram com os usos indevidos da função sexual, ou utilizaram-se do sexo para fins ignóbeis. Essa atitude gera processos danosos que as afligem, e obrigam-nas a retornar ao proscênio terrestre em situações deploráveis, atormentadas ante a multiplicidade de conflitos de comportamento, para logo tombarem nas viciações que ora predominam nos grupamentos sociais, fazendo-as vítimas de si mesmas e de outros do mesmo tipo, que se lhes acoplam em processos complexos de obsessões perversas e devastadoras." O Benfeitor silenciou novamente, exteriorizando na face a dor e a compaixão que lhe inspiravam os atormentados do sexo, aqueles que se lhe fizeram vítimas, todos os seus escravos e escravizadores. Preservando o objetivo das elucidações, continuou no mesmo tom de mestre e de psicoterapeuta: - Destituído de equipamentos sexuais, o Espírito é neutro na forma da expressão genésica, possuindo ambas as polaridades em que o sexo se expressa, necessitando, através da reencarnação, de experienciar uma como outra manifestação, a fim de desenvolver sentimentos que são compatíveis com os hormônios que produzem. Face a essa condição, assume uma ou outra postura sexual, devendo desenvolvê-la e vivenciá-la com dignificação, evitando comprometimentos que exigem retornos dolorosos ou alterações orgânicas sem a perda dos conteúdos emocionais ou psicológicos. Isto equivale dizer que, toda vez quando abusa de uma função, volta a vivenciá-la, a fim de recuperá-la, 107 mediante processos limitadores, inibitórios ou castradores. Todavia, se insiste em perverter-se, atendendo mais aos impulsos do que à razão, dominado pelo instinto antes que pelo sentimento, retorna em outra polaridade que não o capacita para a sua manifestação conforme desejara, correndo o risco de canalização das energias de forma equivocada. Em assim acontecendo, o fenômeno se torna mais grave, produzindo danos perispirituais que irão exteriorizar-se em transtornos profundos da personalidade e da aparelhagem genésica. "Face aos processos evolutivos, muitos Espíritos transitam na condição homossexual, o que não lhes permite comportamentos viciosos, estando previsto para o futuro, um número tão expressivo que chamará a atenção dos psicólogos, sociólogos, pedagogos, que deverão investir melhores e mais amplos estudos em torno dos hábitos humanos e da sua conduta sexual. "Jamais, porém, se deve esquecer que o sexo, como qualquer outro órgão que constitui o corpo, foi elaborado para a vida e não esta para aquele. Respeitar-lhe a função, utilizar-se dela com dignidade e elevação, reflexionar em torno dos objetivos da vida, fazem parte do compromisso para com a existência, sem o que são programados dores e conflitos muitos graves durante o trânsito das reencarnações. "Assim considerando, o abuso na conduta sexual e o seu abastardamento, na busca atormentada de prazeres mórbidos, constituem grave desrespeito às Leis Soberanas, cujo resgate se torna difícil e de longo curso em províncias de sombra e de dores acerbas." Novamente silenciou, medindo as palavras que deveriam revestir-lhe o pensamento, a fim de dar continuidade à explicação: - Nesta noite está programado o encontro com um dos Espíritos infelizes que responde pela inspiração da onda de loucura e insensatez na vivência do sexo e das suas manifestações. As lamentáveis e alucinadas propostas que apresentou à sociedade do seu tempo e as aberrações monstruosas geradas pela sua mente insana, que se distenderam pela Terra a partir das suas narrações soturnas e cruas, de alguma forma já eram conhecidas da Humanidade. Ei-las presentes nos hediondos espetáculos de Sodoma e Gomorra, da Babilónia, de Pompéia, da Grécia e de Roma com os seus atormentados imperadores, de algumas cortes devassas da Idade Média, havendo, porém, encontrado maior ressonância e aceitação pelos infelizes após as vivências do inditoso marquês de Sade. Ele trouxe-as de experiências anteriores e ressumaram dos porões do seu inconsciente ultrajado, para oferecê-las como realizações de prazer aos desafortunados enfermos que, somente através das abjeções, da selvageria e da animalidade, lograriam proporcionar prazer nas suas buscas sexuais. Gerando obsessões incomuns, em face das vinculações que as suas esdrúxulas práticas propõem aos seus escravos, a degião de infelizesinfelicitadores é expressiva e aterradora ainda hoje na Terra. Somente através da compaixão elevada a uma grande potência é que podemos joeirar esse solo sáfaro e pedregoso sob um aspecto e pantanoso e pútrido sob outro, que é o da 108 área genésica do ser humano, quando desrespeitada, a fim de semear equilíbrio e harmonia indispensáveis à comunhão feliz das almas. "Ante a situação deplorável em que muitos estorcegam nas apertadas malhas dos vícios sexuais e daqueloutros que os acompanham, tais o alcoolismo, o tabagismo, a toxicodependência, a banalização dos valores éticos e da vida, a Lei de destruição, conforme assevera Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos (*) exercerá a sua função, destruindo para renovar, isto é, chamando ao sofrimento e aos desastres coletivos, às aflições chocantes, às lutas ensandecidas, aos trágicos acontecimentos, para que, por fim, os Espíritos rebeldes despertem para a realidade, para o significado da existência terrena, para os objetivos que têm pela frente, utilizando-se do corpo, do sexo, mas não vivendo apenas e exclusivamente deles ou para eles. Esse abuso resultante da utilização descabida responde pela loucura generalizada que a Vida se encarregará de eliminar. "A dor, a grande missionária silenciosa e dignificadora, lentamente trabalhará o ser humano, admoestando-o, esclarecendo-o e conduzindo-o à estrada reta, na qual se utilizará dos tesouros que se encontram em toda parte para a auto-iluminação e o crescimento na direção de Deus. Nesse comenos, as suas funções genésicas serão transformadas em fontes de energia construtiva e trabalharão as imagens superiores que serão criadas pela mente e pelos desejos elevados, a fim de que se tornem também co-criadoras do belo, do útil, do nobre e do feliz. Até esse momento, passarão muitos séculos de dor e de prova, nos quais o ser humano, por livre opção, ainda preferirá as obsessões calamitosas e as paixões dissolventes à sintonia com a Divindade e à intuição libertadora do primarismo que, por enquanto, caracteriza-o. ___ * O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, Cap. VI, questões 728 a 733, 76ª ed., FEB. (Nota do Autor espiritual.) "Desse modo, exortemos a proteção do Sublime Criador, a fim de que os nossos tormentos, que procedem da noite remota das manifestações primevas e dos desalinhes morais que nos permitimos, então sejam superados com amor e sublimados, abrindo espaços nobres para as vivências do sentimento aureolado de bênçãos. Agradeçamos, também, à mãe Terra, as suas dádivas fecundas que nos facultaram desenvolver o psiquismo divino em nós adormecido, enflorescendo o seu solo generoso para nele depositar perfume e pólen fecundador de diferentes expressões de beleza e vida." Silenciou. A voz estava embargada pela emoção e todos nos encontrávamos profundamente envolvidos pelas irradiações da sua mensagem de amor e de luz. Automaticamente demo-nos conta que o momento esperado acercava-se. A psicosfera reinante, no entanto, era enriquecedora, dando-nos vitalidade e confiança, ante a certeza de que os Céus sempre nos propiciavam, no ministério do amor, todos os recursos imprescindíveis aos resultados felizes. 109 Companheiros responsáveis pela sala de reuniões especiais começaram a prepará-la para o evento, movimentando singulares aparelhos que foram colocados em diferentes lugares, como que para oportuna utilização, de modo a serem evitados quaisquer prejuízos em relação ao cometimento significativo. Os Espíritos que não se encontravam comprometidos com o programa que nos trouxera à Instituição afastaram-se discretamente, após as despedidas gentis, e em breves momentos encontrávamo-nos apenas os que constituíam a nossa caravana inicial: o venerando Dr. Bezerra de Menezes, madre Clara de Jesus e mais dois assessores, que nos trouxeram D. Martina, o padre Mauro, o médium Ricardo, ambos em desdobramento espiritual e uma Entidade assinalada pelo horror, com terríveis deformações perispirituais, que foi recolhida a um leito especial. Pude depreender que se tratava do Espírito Rosa Keller, em profundo estado de hibernação, ressonando de forma dolorosa, geradora de constrangimento e de compaixão. Enfermeiros e padioleiros espirituais postaramse juntos à parede do recinto, formando um grupo de apoio preparado para socorros específicos que se fizessem necessários. Logo depois, do teto desceu um aparelho reluzente, no qual se encontrava uma lâmpada de amplas proporções que irradiava suave claridade bem diferente daquela que eu conhecia até o momento. Ante a minha muda interrogação ao Benfeitor, esse explicou-me tratar-se de um equipamento de energia especial, que seria utilizado caso a rebeldia do marquês, e de alguns dos seus asseclas que seriam recebidos, apresentasse algum perigo em relação aos aguardados resultados superiores do empreendimento em pauta. Percebi que o referido aparelho era acionado por uma espécie de controle remoto mental e a sua exteriorização luminosa obedecia ao mesmo recurso. Inesperadamente começamos a ouvir uma balada coral, como se vozes angélicas, homenageando o Criador, entoassem uma música de incomum beleza que possuía o condão de enriquecer-nos de energias, enquanto produzia emoção profunda que nos tomava os sentimentos preparados para a captação das concessões do amor. Não podíamos dominar as lágrimas que nos desciam dos olhos, que nasciam no coração invadido por profunda gratidão ao Pai Celeste, que nos honrava com imerecida deferência no culto do dever, o qual nos dizia respeito para a própria evolução. Como ficar indiferente a esse amor que é a vida da nossa alma, que se extasia, incapaz de entendê-lo em profundidade? Nesse momento, tomando a palavra, a doce e meiga voz de madre Clara de Jesus, propôs-nos: 110 - Oremos em silêncio, aguardando a vontade do Senhor de todos nós, confiando na Sua inefável misericórdia. TRILHAS DA LIBERTAÇÃO Capítulo: 1 – Medicina Holística 4. Interação mente-corpo é a base do modelo holístico de saúde - Em pleno coração da Natureza, num cenário que é um convite à reflexão, recordando um anfiteatro grego, sem as paredes circunjacentes, costumam reunir-se, ao cair da tarde, alguns milhares de ouvintes interessados nas conferências hebdomadárias que estudam e discutem temas pertinentes ao futuro da humanidade terrestre. Os oradores são ali convidados conforme suas especialidades; por isso, são geralmente cativantes, arrebatadores, como o dr. José Carneiro de Campos, médico baiano que contribuiu grandemente na Terra para o desenvolvimento e a 111 prática do sacerdócio a que se dedicara, e a quem estava destinado falar, num naqueles encontros, sobre os desafios da saúde e sua visão holística. “A perfeita interação mente-corpo, espírito-matéria -- asseverou o palestrante -- constitui desde já a base do atual modelo holístico para a saúde. A anterior separação cartesiana desses elementos, que constituem um todo, contribuiu para que a terapia médica diante das enfermidades tivesse aplicações isoladas, dissociando a influência de um sobre o outro, com a preponderância dos efeitos de cada um deles na paisagem do equilíbrio orgânico assim como da doença. Cada vez mais se evidencia que na raiz de muitos males está agindo a vontade do paciente, que se compraz na preservação do estado que experimenta, negando-se, consciente ou inconscientemente, à recuperação. Multiplicam-se, por conseqüência, as técnicas da autocura, e mediante estas são colocados à disposição do enfermo os recursos que ele deve movimentar a benefício próprio, liberando-se dos mecanismos de apoio através dos quais mascara os conflitos, estresses e desconfortos íntimos que lhe subjazem no cotidiano.” Após ligeira pausa, o palestrante prosseguiu: “As tensões mal direcionadas e suportadas por largo período, quando cessam, são substituídas por moléstias de largo porte, na área dos desequilíbrios físicos, dando gênese a cânceres, crises asmáticas, insuficiência respiratória, etc. Outras vezes, propiciando estados esquizofrênicos, catatônicos, neuróticos, psicóticos, profundamente perturbadores. Quando afetam a área do comportamento moral, conduzem à ingestão e uso de drogas aditícias, alcoólicos, tabagismo, que representam formas de enfermidades sociais, degenerando o grupo humano que lhe padece a presença perniciosa”. “A influência da mente sobre o corpo é de grande significação para a saúde, pelo estimular ou reter da energia que a sustenta, e, quando bloqueada pelo psiquismo perturbado, cede campo à proliferação dos germes que se lhe instalam, fomentando os distúrbios que se catalogam como doenças.” (Medicina Holística, pp. 13 a 15.) 5. A intimidade do ser reflete-se diretamente no corpo somático - Na seqüência à palestra, dr. Carneiro de Campos frisou que a ação da vontade, quando aplicada com equilíbrio em favor da harmonia pessoal, desbloqueia as áreas interrompidas, e a energia de sustentação das células passa a vitalizá-las, restabelecendo o campo de desenvolvimento propiciador da saúde. “A causalidade do comportamento psicofísico do indivíduo -- asseverou o médico -encontra-se no ser espiritual, artífice da existência corpórea, que conduz os fatores básicos da felicidade como da desdita, que decorrem das suas experiências ditosas ou desventuradas, responsáveis pela energia saudável ou não, que lhe constitui o organismo, bem como pela vontade ajustada ou descontrolada, que lhe assinala o psiquismo. O ser interior reflete-se no soma, que somente se recompõe e renova sob a ação da conduta mental e moral dirigida para o equilíbrio das emoções e da existência. A ação da vontade, no restabelecimento da saúde ou na manutenção da doença, é de ponderável resultado, refletindo os estados de harmonia ou os conflitos que decorrem da presença ou ausência da consciência de culpa impondo reparação. Os estresses e traumas prolongados desgastam os controles retentivos do bem-estar e desatrelam as emoções que geram a desorganização celular.” O orador deixou bem claro que, diante de qualquer problema na área da saúde, a conscientização do paciente quanto ao poder de que ele mesmo dispõe para a autocura é de 112 primacial importância. Em todos os indivíduos existe, segundo o palestrante, quase uma tendência para a autocompaixão, a autodestruição, a vingança contra os outros, por causa de ocorrências que lhes sejam desagradáveis. Ante a impossibilidade de assumir essa realidade exteriormente, transformam tal aptidão em doenças, estimulando assim a degenerescência das células que aceleram a sua multiplicação, formando tumores cancerígenos, matando as defesas imunológicas e abrindo-se às infecções, às contaminações que perturbam a maquinaria orgânica e fomentam a instalação das enfermidades. “Não raro -acrescentou o médico --, pessoas portadoras de neoplasia maligna e outras doenças, quando recuperam a saúde, sentem-se surpreendidas e algo decepcionadas, tão acostumadas se encontravam com a injunção mortificadora de que eram objeto. Por outro lado, dão-se conta de que a família já lhes não dispensa a mesma atenção e o grupo social logo se desinteressa por suas vidas, despreocupando-se em relação às mesmas. Sentindo-se isoladas desmotivam-se de viver, criam recidivas ou facultam a presença de outras mazelas com que refazem o quadro de protecionismo que passam a receber, satisfazendo-se com a ocorrência aflitiva.” (Medicina Holística, pp. 15 e 16.) 6. A doença não passa de acidente de percurso no caminho da evolução Dr. Carneiro de Campos foi enfático: “Uma terapêutica bem orientada deverá sempre fundamentar-se na realidade do Espírito e nos reflexos do seu psiquismo no corpo”. “Da mesma forma, diante dos fenômenos perturbadores da mente, o conhecimento do estado somático é de importância para aquilatar-se sobre a sua influência no comportamento mental. Espírito e corpo, mente e matéria não são partes independentes do ser, mas complementos um do outro, que se interrelacionam poderosamente através do psicossoma ou corpo intermediário -perispírito -- encarregado de plasmar as necessidades evolutivas do ser eterno na forma física e conduzir as emoções e ações às telas sutis da energia pensante, imortal, então reencarnada.” Prosseguiu o palestrante: “Os traumas, os estresses, os desconcertos psíquicos e as manifestações genéticas estão impressos nesse corpo intermediário, que é o modelo organizador biológico sob a ação do Espírito em processo de evolução, e irão expressar-se no campo objetivo como necessidade moral de reparação de crimes e erros antes praticados. Se aquelas causas não procedem desta existência, hão de ter sido em outra anterior. Igualmente, as conquistas do equilíbrio, da saúde, da inteligência, do idealismo, resultam das mesmas realizações atuais ou transatas que assinalam o ser. A evolução é inexorável, e todos a realizarão a esforço pessoal, embora sob estímulos e diretrizes superiores que a Paternidade Divina dispensa igualitariamente a todos. A transitoriedade de uma existência corporal, como a sua brevidade no tempo são insuficientes para o processo de aprimoramento, de beleza, de felicidade a que estamos destinados. As diferenças entre o bruto e o harmônico, o sábio e o ignorante, o feliz e o desventurado confirmam a boa e a má utilização das experiências anteriores, como também assinalam as maiores ou menores vivências mais ou menos numerosas de uns e de outros. A reencarnação é, portanto, processo intérmino de crescimento ético-espiritual, facultando a aquisição de valores cada vez mais expressivos na conquista da Vida”. O palestrante, lembrando que não se pode opor limites ao crescimento do Espírito projetado na sublime aventura da evolução, asseverou que a doença não passa, nesse contexto, de mero acidente de trânsito evolutivo, de fácil correção, 113 experiência que emula à aquisição do bem-estar e das emoções saudáveis, que compete tão-somente ao indivíduo obter. “Os processos degenerativos que se manifestam como enfermidades dilaceradoras e de longo trânsito -- aditou o médico -- procedem sempre do caráter moral do homem, com as exceções daqueles que os solicitam para ensinar aos demais abnegação, dignidade e sublimação. Originam-se nos profundos recessos do temperamento rebelde, violento, egoísta, e explodem como flores em decomposição nos órgãos que se esfacelam, sem possibilidades de recuperação. Pode-se dizer que esses mecanismos ulcerativos sempre se apresentam nos déspotas, nos sanguinários, nos ditadores, quando apeados do poder ou ainda durante a sua dominação, refletindo os terríveis contingentes de energias deletérias que veiculam intimamente.” “Os seus estágios finais são caracterizados por dores excruciantes e decomposição do corpo, em vida, que ultrajaram com a mente perversa e insana. Quando tal não ocorre, fogem do mundo através dos suicídios covardes, que lhes demonstram a fragilidade moral, ou partem da Terra vitimados por acidentes e homicídios dolorosos.” (Medicina Holística, pp. 16 a 19.) 7. Toda terapia deve fundamentar-se na transformação moral do paciente As mesmas vicissitudes, afirmou dr. Carneiro de Campos, alcançam aqueles que se utilizam da roupagem física para o mercado do sexo, das sensações grosseiras e vivem aspirando os tóxicos de potencial elevado de destruição vibratória. “No seu tormento -- explicou o palestrante --, são destruídos pelo psiquismo que lhes consumiu as forças e a capacidade de viver acima dos baixos padrões morais aos quais se entregaram. E mesmo quando, no cansaço dos anos e no desgaste da vitalidade, resolvem-se por mudanças éticas, por assumir nova compostura, não logram tempo para evadir-se aos efeitos dos atos passados, tombando nas engrenagens emperradas e esfaceladas do organismo escravo das construções mentais viciosas. A mente, exteriorizando as aspirações do Espírito, impõe à organização somática as suas próprias aspirações e preferências, que se corporificam, quando mórbidas, nas mais diferentes dependências e patologias, responsáveis pela desarticulação dos seus mecanismos. Assim sendo, qualquer abordagem terapêutica não deve ser parcial e sim holística, atendendo a todas as partes construtivas do ser. Em boa hora, a consciência médica confere atenção às terapias alternativas que, na sua maioria, consideram o homem um ser total e buscam-no essencial, imortal, trabalhando sobre a sua realidade profunda, que é o Espírito, a fonte de energia a manifestar-se no corpo. Assim, mediante o novo modelo biológico, todo tentame em favor do equilíbrio deve fundamentar-se na transformação moral do paciente, na sua recomposição emocional, originada na mudança dos painéis mentais para a adoção de pensamentos sadios e na vivência concorde com os ideais de engrandecimento, que são catalisadores das forças vivas presentes em a Natureza -- sintonia ecológica -- que interagem na sua constituição global. Eis por que as preocupações com o verde, a harmonia do meio ambiente e a sua preservação fazem parte do esquema de saúde social...” Dr. Carneiro de Campos, finalizando a palestra, não poderia ser mais claro: “Qualquer modelo de saúde holística terá que abranger o conjunto das necessidades humanas e nunca deter-se, apenas, nas suas partes, isoladamente. O homem é membro da Vida, tem vida integrada em a Natureza e deve ser considerado globalmente, alterando o tradicional modelo biomédico para uma visão mais completa, na qual o amor, conforme a proposta de Jesus-Cristo, tenha 114 prevalência, assinalando definitivamente as atitudes e condutas de cada um. Enquanto a Medicina não se unir à Psicologia, à Ecologia, à Agricultura e a outras doutrinas afins para um mais amplo conhecimento do ser, dando-lhe uma conduta holística, as terapias prosseguirão deficientes, incapazes de integrá-lo no contexto da realidade a que pertence, minimizando somente as doenças sem as erradicar, atendendo às partes sem maior ação no conjunto, assim, permanecendo incompleta, insuficiente portanto para a finalidade da saúde global. Jesus-Cristo, por conhecer profundamente o homem, curava-o, admoestando-o para evitar-lhe o comprometimento negativo, de modo a associá-lo ao bem geral, graças ao qual se poupava a males outros maiores”. “O homem do futuro -- concluiu o orador --, após superar as suas deficiências presentes, receberá mais amplo auxílio da Medicina, adquirindo uma saúde integral, que será também resultado da sua perfeita consciência de amor e respeito à vida.” (Medicina Holística, pp. 19 a 21.) Cap.2 – Ampliando os Conhecimentos 8. É preciso, antes de tudo, mostrar ao enfermo que doença é efeito Terminada a palestra, José Petitinga e Miranda se aproximaram para cumprimentar o orador, que logo foi rodeado de um grupo de estudiosos da Medicina no plano espiritual, que o interrogavam educadamente, buscando ampliar as informações nas suas áreas específicas. “Em face do que foi abordado -- perguntou um jovem médico --, compreendi que as doenças físicas, em geral, são resultado de um comportamento desequilibrado da mente. Assim sendo, como ficam as injunções cármicas negativas em alguém que mantivesse o equilíbrio psíquico?” O orador esclareceu: “Uma mente estúrdia, desarmonizada, em desequilíbrio, é resultado do Espírito doente, devedor. Seria incoerência encontrarmos em um calceta ou em uma vítima da consciência de culpa um estado mental harmônico. Essa distonia reflete os efeitos da conduta deteriorada, fazendo-a instrumento dos fatores degenerativos que se impõem no quadro da saúde pessoal, na condição de enfermidades reparadoras”. O consulente indagou, então, qual seria, em tais casos, o papel da Medicina holística, ao que dr. Carneiro de Campos informou: “Trabalhar o paciente globalmente. De início, demonstrar-lhe que a doença é efeito, e somente atendendo-lhe às causas torna-se possível saná-la. Logo depois, conscientizá-lo da necessidade de modificação no comportamento moral, mudando-lhe o condicionamento cármico, por cuja conduta adquirirá mérito para uma alteração no seu mapa existencial. Desse modo, as imposições reencarnacionistas, que dependem das novas ações do ser, alteramse para melhor, a mente reajusta-se a uma nova realidade, e, irradiando-se de maneira positiva, providencial, contribui para o estado de bem-estar fisiopsíquico”. “O médico, nesse programa -- aditou o orador --, torna-se também conselheiro, sacerdote que inspira confiança fraternal e dispensa ajuda moral, ampliando a sua antes restrita área de ação.” (Ampliando os Conhecimentos, pp. 22 e 23.) 9. O papel do perispírito no modelo da Medicina holística - Miranda concorda plenamente com as colocações apresentadas pelo médico baiano. É que a oficialização da Medicina tornou os seus profissionais instrumentos quase automáticos de determinados comportamentos aceitos, que vêem no paciente apenas um caso a mais, no variado número daqueles aos quais conferem assistência, preocupando-se, só razoavelmente, em propiciar-lhe suspensão dos 115 efeitos -- as dores, a ansiedade, o medo, a insegurança -- ao invés de penetrar-lhe mais profundamente as gêneses, trabalhando-as com maior soma de atenção. O órgão doente reflete o desconforto do Espírito, em si mesmo insano, que manifesta naquela área a deficiência, a mazela que o afeta. Miranda reflexionava nesses termos quando uma senhora perguntou ao dr. Carneiro de Campos qual o papel do perispírito no modelo da Medicina holística. O médico lhe respondeu: “Sabemos que o perispírito, com a sua alta sensibilidade, é o veículo modelador da forma, portador de inumeráveis potencialidades, tais como: memória, penetrabilidade, tangibilidade, elasticidade, visibilidade, que manipuladas, conscientemente ou não, pelo Espírito, através da energia psíquica, exteriorizamse no corpo físico, nele plasmando os implementos para ajudá-lo na evolução. Assim, a irradiação mental agindo no campo perispiritual alcança a organização fisiológica. Daí por que a mudança do pensamento para uma faixa superior, a da saúde, por exemplo, propicia que a energia desprendida sintonize com as vibrações desse campo, alterando o teor de irradiação que irá estimular o equilíbrio das células e a restauração da saúde física. Da mesma maneira, a reconquista do comportamento moral, trabalhando o corpo, produzirá modificações na área do psicossoma, que influenciará a conduta mental. A energia que provém do psiquismo, pelo modelo organizador biológico, alcança a matéria, assim como a conduta orgânica disciplinada, pelo mesmo processo, atinge o psiquismo, imprimindo-se no Espírito. Os hábitos, portanto, os condicionamentos vêm do exterior para o interior e os anseios, as aspirações cultivadas partem de dentro para fora, transformando-se em necessidades que se impõem”. (Ampliando os Conhecimentos, pp. 23 e 24.) 10. A matriz das obsessões é a consciência de culpa - Miranda aproveitou o ensejo para perguntar como se daria, no caso das obsessões, a assistência holística. Dr. Carneiro de Campos, em sua resposta, lembrou inicialmente que em todo processo de obsessão estão presentes dois enfermos em pugna de desequilíbrio. “De igual forma -- acentuou ele --, não ignoramos que a obsessão se torna possível, graças à ação do agente no campo perispiritual do paciente. A consciência de culpa do hospedeiro desarticula o campo vibratório que o defende do exterior e, nessa área deficiente, por sintonia fixa-se a indução perturbadora do hóspede. A essa consciência de culpa chamaremos matriz, que facultará o acoplamento do plugue mental do adversário. Não raro, a força de atração da matriz é tão intensa -- por necessidade de reparação moral do endividado -- que atrai o seu opositor espiritual, iniciando-se o processo alienador. Em outras ocasiões, quando a culpa é de menor intensidade, o cobrador sitia a usina mental do futuro hospedeiro, que termina por aceitar a inspiração perniciosa, tendo início o intercâmbio telepático, que romperá o campo de defesa, facultando, assim, a instalação da parasitose. Esta, graças à sua intensidade, através do perispírito se alojará na mente, gerando alucinações, pavores, insatisfação, manias, exacerbação do ânimo ou depressão, ou se refletirá no órgão que tenha deficiência funcional, pelo assimilar das energias destrutivas que lhe são direcionadas e absorvidas. Modelo de terapia holística para a saúde encontra-se muito bem delineado na Codificação Espírita, especialmente pela abrangência que esta faculta ao homem, que é um ser integral, importante em todos os aspectos que o constituem, em particular quando o analisa reencarnado. As recomendações espiritistas têm em mente os valores do Espírito: morais, 116 intelectuais, comportamentais, trabalhando-os em conjunto com o objetivo de propiciar a saúde, como decorrência da reparação dos erros pretéritos, e a aquisição de recursos positivos atuais para o pleno equilíbrio perante as Leis Cósmicas. Na análise dos pacientes espirituais, a terapia espírita não dispensa a de natureza psiquiátrica, seja nas depressões profundas -- transtornos psicóticos maníaco-depressivos -- seja nas exaltações esquizofrênicas e paranóides... Impõe, entretanto, como primordial, a renovação moral do paciente e a sua ação edificante, assumindo o valioso concurso da praxiterapia, especialmente direcionada para o bem, que lhe facultará créditos a serem considerados no balanço moral da sua existência. Especificamente, para atender-se obsidiados, o modelo espírita, que é holístico na sua profundidade, preocupa-se com o enfermo encarnado, mas também com o desencarnado, não menos doente, procurando demovê-lo do mal que pratica, porque esta nova atitude lhe fará bem, tanto quanto preocupando-se com a família da aparente vítima, o seu meio social e ambiental. A transformação moral do grupo familial para melhor é um efeito saudável da terapia desobsessiva, que se expressa de maneira psicológica amorosa, abrindo espaço social para o antagonizante, que então recebe o aceno para a reencarnação.” (Ampliando os Conhecimentos, pp. 25 e 26.) 11. Como tratar a ocorrência de obsessões em crianças - As explicações do dr. Carneiro de Campos mostravam, com clareza, que a obsessão é parasitose profunda e grave, que tem de ser atendida globalmente, arrancando-se-lhe as raízes perigosas, que repontam com mais vigor se não são extirpadas através da conquista plena do adversário em perturbação. No caso de crianças obsessas, o médico lembrou que a obsessão na infância possui um caráter expiatório como efeito de ações danosas de curso mais grave. “Não obstante -- esclareceu ele --, os recursos terapêuticos ministrados ao adulto serão aplicados ao enfermo infantil com mais intensa contribuição dos passes e da água fluidificada -- bioenergia -bem como proteção amorosa e paciente, usando-se a oração e a doutrinação indireta ao agente agressor -- psicoterapia --, por fim, através do atendimento desobsessivo mediante o concurso psicofônico, quando seja possível atrair o hóspede à comunicação mediúnica de conversação direta. A visão do Espiritismo em relação à criança obsidiada é holística, pois que não a dissocia, na sua forma atual, do adulto de ontem quando contraiu o débito. Ensina que infantil é somente o corpo, já que o Espírito possui uma diferente idade cronológica, nada correspondente à da matéria. Além disso, propõe que se cuide não só da saúde imediata, mas sobretudo da disposição para toda uma existência saudável, que proporcionará uma reencarnação vitoriosa, o que equivale dizer, rica de experiências iluminativas e libertadoras.” “Adimos a terapia do amor dos pais e demais familiares, igualmente envolvidos no drama que afeta a criança.” Dadas estas explicações, Miranda propôs ao Instrutor uma outra questão: “Na hipótese do ser prejudicado perdoar o seu malfeitor, desapareceria a possibilidade da obsessão. Como seria a análise da injunção cármica reparadora, numa visão de saúde espiritual holística?” Eis a resposta do atencioso médico: “Sabemos que o perdão de uma dívida não isenta o seu responsável da regularização através de uma outra forma. Quem perdoa fica bem, porém o desculpado permanece em débito perante a economia da vida. Cumpre-lhe passar adiante o que recebeu, auxiliando a outrem conforme foi ajudado. Assim no caso em tela, a consciência de culpa do devedor faz um mecanismo de remorso que se transforma em 117 desajuste da energia vitalizadora, que passa a sofrer-lhe os petardos e termina por produzir, como não desconhecemos, a auto-obsessão, ou engendra quadros de alienação mental conhecidos na psicopatologia sob denominações variadas. A consciência culpada do Espírito que se arrepende do mal que praticou mas não se reabilita, emite vibrações perniciosas que o perispírito encaminha ao cérebro, perturbando-lhe as funções. A terapia, no caso, será auto-reparadora, concitando o paciente a refazer o caminho, a dedicar-se à ação do bem possível e trabalharse moralmente reajustando-se à tranqüilidade da recuperação”. (Ampliando os Conhecimentos, pp. 27 e 28.) Cap.3 – Perspectivas Novas 12. A ação mental de uma pessoa sobre outra pode gerar várias doenças - Ao apresentar Miranda ao dr. Carneiro de Campos, que ele há muito já conhecia, José Petitinga informou-o de que, desde quando se encontrava encarnado, Miranda se dedicava à prática e ao estudo da desobsessão. “Desde que aqui chegou, há quase cinqüenta anos -- acrescentou Petitinga --, prossegue nas suas pesquisas, e vem, de quando em quando, escrevendo para a Terra, qual repórter desencarnado, que busca informar e esclarecer os companheiros da experiência carnal, a fim de adverti-los e orientá-los sobre o tema, desdobrando os ensinamentos e instruções do emérito Codificador do Espiritismo a esse respeito.” Dr. Carneiro de Campos, ciente disso, convidou Miranda a participar com ele de algumas atividades dessa natureza, que teriam começo na noite seguinte. Miranda, obviamente, aceitou o convite e, não podendo sopitar o júbilo, comentou com o amigo Petitinga, logo que o médico se despediu: “A experiência e o trato com os enfermos espirituais têm-me demonstrado que a interferência psíquica de umas criaturas sobre as outras, desencarnadas ou não, é responsável pela quase totalidade dos males que as afligem, dentro, naturalmente, das injunções cármicas de cada qual”. “A ação mental de um agente sobre outro indivíduo, se este não possui defesas e resistências específicas, termina por perturbar-lhe o campo perispiritual, abrindo brechas para a instalação de várias doenças ou a absorção de vibrações negativas, gerando lamentáveis dependências. Aí estão as ocorrências dos prazeres sexuais, dos amores descontrolados, em que um dos parceiros mantém a vampirização da vitalidade emocional do outro ou ambos se exploram reciprocamente, tombando, em exaustão, no entanto permanecendo insatisfeitos...” (Perspectivas Novas, pp. 29 a 31.) 13. Muitas pessoas se vinculam umas às outras em processo de parasitose psíquica - Na seqüência, Miranda lembrou que a emissão da onda mental invejosa, cobiçosa, inamistosa prende o emitente ao receptor, transformando-se em uma forma não menos cruel de obsessão. “O agente não consegue -- diz Miranda -- desvincular-se da vítima e esta, aturdida ou enferma, desequilibrada ou desvitalizada, não logra recompor a paisagem íntima nem a orgânica de bemestar, alegria e saúde. Quantos desencarnados pululam vinculados uns aos outros em deplorável parasitose psíquica, a alongar-se por largos períodos de infelicidade! Quantos outros que, sofrendo as exigências mentais dos amores e desafetos terrenos que continuam direcionando seus pensamentos com altas cargas de tensões negativas sobre eles, incapazes de libertar-se, tornam-se-lhes vítimas inermes, padecendo atrozmente, sem conforto íntimo nem esperança, 118 atormentados pelos apelos que recebem e não podem atender, bem como pelos ódios que os envenenam! Escritores e artistas que optaram pela obscenidade, pela violência, pelo açodar das paixões vis, tornam-se escravizados aos que se lhes sintonizam e gostam das suas obras, revivendo os clichês mentais que eles compuseram, na Terra, e ora tornam-se-lhes fonte de tormentos inimagináveis. Ainda consideremos a técnica dos Espíritos obsessores mais impiedosos, que se utilizam de intermediários para as suas cruéis reivindicações, controlando-os mentalmente e induzindo-os à agressão aos viajores carnais, e teremos um elenco expressivo de obsessões que excedem o quadro tradicional da perturbação mais conhecida e trabalhada, que é a de um desencarnado sobre outro reencarnado.” Petitinga concordou com as observações feitas por Miranda e acrescentou: “Comparemos o homem a uma árvore. As suas raízes de sustentação e nutrição fincadas no solo são o seu passado espiritual; o tronco é a existência atual; os galhos e folhagens são as suas atitudes presentes; as flores e os frutos serão o seu futuro. Se as raízes permanecem em solo árido ou pantanoso, infértil ou pedregoso, a falta de vitalidade para manter a seiva termina por exterminar-lhe a vida, que se estiola vagarosamente, mesmo que o ar generoso e a chuva contribuam para a sua preservação. Somente através da correção da terra, da sua adubação, é que as energias vitais lhe correrão por toda a estrutura, levando-a ao vigor, à florescência e à frutificação. Em caso contrário, mesmo que consiga o desenvolvimento, este será incompleto, frágil, e a produção mirrada”. “Assim também somos nós, Espíritos em processo de crescimento. O nosso passado moral torna-se-nos o terreno de sustentação das raízes e tudo dependerá das ações praticadas, que respondem pelas ocorrências em desdobramento.” (Perspectivas Novas, pp. 31 e 32.) 14. Tuberculose e úlceras diversas podem ser provocadas pela obsessão A terapia dirigida ao indivíduo doente assemelha-se, diz Petitinga, à providência de salvação da árvore explorada pela erva que lhe suga a seiva: retirar o parasita, sustentar o tronco e cuidar da seiva. “Ao ser humano -- recomenda ele -- deve-se oferecer recurso, a fim de que os plugues de fixação (as raízes) se desloquem das tomadas por falta de imantação e, lentamente, o agente estranho e explorador, devidamente esclarecido (qual parasita vegetal da árvore, podado), seja retirado sem maiores prejuízos para o hospedeiro.” Petitinga afirma ainda que a obsessão desaparecerá do nosso mapa evolutivo, por total desnecessidade, quando nos conscientizarmos dos resultados excelentes do equilíbrio mental, das ações nobres e da conversação edificante. Contudo, enquanto houver predomínio em a natureza humana dos baixos níveis de conduta e das aspirações brutalizadoras, o intercâmbio de energias desse gênero produzirá afecções psíquicas duradouras, com terríveis reflexos na saúde física. “A mente que se fixa sobre outra, sendo portadora de carga predominante, sobrepor-se-á, passando ao comando”, esclarece Petitinga. “A energia deletéria de que se constitui bloqueará o campo de equilíbrio da vítima ou o destroçará, forçando a instalação de germes e vírus destruidores ou transmitindo, em outros casos, os sintomas das enfermidades que levarão o hospedeiro à desencarnação, atacando o órgão correspondente e contaminando-o com a mesma doença. Essas obsessões físicas, muitas vezes, tomam corpo mais amplo e vigoroso em processos de cegueira, mudez, surdez, paralisias diversas, por interferência de onda mental prevalecente sobre o corpo debilitado.” Miranda lembrou, em seguida, o fato 119 mencionado por Kardec, no capítulo XXIII de “O Livro dos Médiuns”, em que um homem, agarrado pelos jarretes, era constrangido pelos adversários desencarnados a ajoelhar-se diante de jovens senhoritas. E disse ter conhecido na Terra diversos casos de pessoas com tuberculose pulmonar e laríngea provocada pela interferência de inimigos desencarnados. As úlceras gástricas e duodenais, bem como alguns distúrbios cardíacos, hepáticos e do aparelho digestivo, têm, segundo ele, procedência nessa terrível e contínua emissão de fluidos enfermiços que se infiltram nos órgãos, descompensando-lhes o ritmo celular, funcional, e provocando a sua degenerescência. (Perspectivas Novas, pp. 33 e 34.) 15. O Espiritismo demonstra a excelência das terapias preventivas - Do diálogo entre os dois amigos restou evidenciada a excelência da terapia preventiva, mediante a preservação da saúde moral, do autoconhecimento, do cultivo e vivência das idéias estimuladoras do progresso, da harmonia e do bem geral que mantêm a dinâmica do equilíbrio, irrigando a vida com paz e sustentando-a em níveis elevados. O indivíduo é, assim, responsável, próximo ou remoto, por tudo quanto lhe sucede. “Conforme aspira, delineia, e de acordo com o que vitaliza, ocorre”, asseverou José Petitinga, que logo se despediu, permanecendo Miranda a meditar a respeito do trabalho prestes a iniciar e das perspectivas novas em delineamento. “A visão holística da saúde -- considerou o amigo, mentalmente -- possui grande abrangência de temas. Nessa interdependência de questões que predispõem à doença ou fomentam o bemestar, constata-se a necessidade de uma equilibrada observância de itens de natureza ética em vários ramos do conhecimento, contribuindo para a harmonia. O efeito mais imediato não deve ser o único a receber consideração e interrupção, pelo fato de ser, de alguma forma, possível conseqüência de outros fatores que permanecem ocultos. O terapeuta alarga, então, os seus horizontes de ação e transita por diferentes métodos que se ampliam desde as experiências psicológicas às psicobiofísicas, aos acontecimentos ambientais, ecológicos, sociais, morais e econômicos, assim tornando-se um verdadeiro sacerdote do bem e não apenas um saneador de conseqüências. Sem o conhecimento do Espiritismo, difícil lhe será distinguir se uma enfermidade física resulta de uma indução obsessiva, ou se uma alienação mental não é portadora de típica psicogênese. O preconceito ancestral que separava a Física da Metafísica esfacelou-se, a Medicina das Terapias Alternativas e das Doutrinas psíquicas em geral, e da espírita em particular, cede lugar a um perfeito entrelaçamento para identificação correta do homem e suas necessidades, assim como dos melhores processos para a sua promoção, o seu equilíbrio humano, espiritual, social.” (Perspectivas Novas, pp. 34 a 36.) 120 121