II Workshop sobre Insetos Sociais
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II Workshop sobre Insetos Sociais
IUSSI wokshop Brazil II Workshop sobre Insetos Sociais International Union of the Study of Social Insects Seção Brasileira (IUSSI - SecBras) February, 24th and 25th 2014 Resumos / Abstracts Palestra / Lecture: Comportamento primitivamente eussocial nos Euglossini: biologia de nidificação de Euglossa imperialis Cockerell, 1922 Parra, A.1 & Roubik, D. W. 2 1 Ecologia e Evolução de Abelhas, Departamento de Biologia, Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. 2 Smithsonian Tropical Research Institute. Quanto mais observamos os ninhos das abelhas das orquídeas, mais conhecimentos adquirimos sobre comportamento social, sendo que, entre os membros da tribo Euglossini parece predominar comportamentos bem mais complexos do que se tem acreditado. Em abelhas, o termo eussocial se refere à expressão comportamental quando os indivíduos compartilhando um ninho apresentam divisão de tarefas, sobreposição de gerações e cooperação na elaboração do ninho. Estas características são infreqüentes nos Euglossini, o que gerou diversas discussões sobre a origem deste comportamento, considerando que Euglossini são aparentados com outros grupos de abelhas eussociais. Usando ninhos armadilha, oito ninhos da abelha imperial (Euglossa imperialis) foram observados durante 18 meses numa região de floresta úmida primaria do litoral caribe panamenho. Embora não foi observada diferencia significativa no tamanho dos ovários das fêmeas compartilhando um ninho (Kruskal-Wallis, chi-squared=1.6636, df=1, p= 0.1971), foi observada uma clara diferenciação nas labores de oviposição (fêmeas dominantes) e forrageio (fêmeas subordinadas) além de vários processos de reativação e cooperação. Somado ao fato que ninhos solitários mostraram diferencias significativas na quantidade de células de cria aprovisionadas daqueles comunais (F = 90.25; p> 0.001) nossas observações sugerem que esta espécie tem a capacidade intrínseca de desenvolver suas colônias com características daquelas de espécies consideradas primitivamente eussociais. Formigas atendentes podem influenciar a ocorrência e parasitismo em larvas de borboletas mirmecófilas (Lycaenidae)? Bächtold, A.¹, Alves-Silva, E.², Kaminski, L. A. ³ & Del-Claro, K.² ¹ Universidade de São Paulo, Avenida Bandeirantes no. 3900, CEP. 14040901, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. ² Instituto de Biologia, Universidade Federal de Uberlândia, Rua Ceará, s/n. Bloco 2D-Campus Umuarama, CEP. 38400902, Uberlândia, Minas Gerais, Brasil. ³ Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas, CEP. 13083-970, Campinas , São Paulo, Brasil. Em associações mirmecófilas obrigatórias, envolvendo borboletas Lycaenidae, a presença de formigas é uma pista para a oviposição da fêmea cujas larvas são atendidas e protegidas pelas formigas contra inimigos naturais. Entretanto, em sistemas formiga-licenídeos, duas hipóteses ainda são grandemente inexploradas: se (i) licenídeos mirmecófilos facultativos também usam formigas como pista de oviposição; e (ii) formigas protegem os ovos de licenídeos contra inimigos naturais. Portanto, para investigar essas hipóteses, o presente estudo utilizou Heteropterys byrsonimifolia (Malpighiaceae) como planta hospedeira, um arbusto que apresenta nectário extrafloral sendo visitado por várias espécies de formigas, especialmente Camponotus. O efeito da presença/ausência de formigas sobre a oviposição e parasitismo foi comparado em dois ramos por planta: um classificado como controle e outro como tratamento (onde as formigas foram experimentalmente excluídas).No total foram registrados 280 ovos de licenídeo sem Heteropterys, dos quais 39.65% foram de Allosmaitiastrophiuse 60.35% de Rekoamarius. O número de ovos registrados em ramos controle foi maior do que em ramos tratamento para ambas espécies, indicando que borboletas mirmecófilas facultativas também usam formigas como pista para oviposição. Além disso, formigas não tiveram influência sobre o parasitismo de ovos. De fato, ovos encontrados em ramos controle apresentaram maiores taxas de parasitismo. Nosso estudo mostra que escolher plantas com formigas pode não significar uma defesa expressiva contra parasitóides de ovos. Isso ocorre provavelmente porque diferente das larvas, os ovos de Lycaenidae não secretam recursos açucarados às formigas, não sendo atendidos por elas e então tornam-sealtamente susceptíveis aos inimigos naturais. Toxicidade de Stryphnodendron polyphyllum (Fabaceae) para larvas das abelhas Scaptotrigona aff. depilis, Tetragonisca angustula e Nannotrigona testaceicornis (Apidae) Silva, I. C. 1, Message, D.2, Castro, I1, Bondancia, T. M. 3, Fernandes, J. B. 3 & Soares, A. E. E.4 1 Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto/USP. Professor Visitante Nacional Senior, Departamento de Ciências Animais, Universidade Federal Rural do Semi-Àrido-UFERSA. 3 Laboratorio de Produtos Naturais, Depto. Quimica, UFSCAR, 4 Departamento de Genética, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP. 2 A fração hidroetanólica obtida do extrato de inflorescência aberta de Stryphnodendron polyphyllum (barbatimão) quando incorporada na dieta de larvas, de abelhas africanizadas, na concentração de 1,2% e utilizada a partir do terceiro dia de alimentação em condições de laboratório não permite a formação de pupas e as crias morrem com sintomas característicos da doença denominada Cria Ensacada Brasileira. O principal objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito dessa fração no desenvolvimento das larvas de Scaptotrigona aff. depilis, Tetragonisca angustula e Nannotrigona testaceicornis criadas in vitro. Para a realização dos bioensaios, ovos foram coletados das colônias, transferidos para células de placas de acrílico e mantidas em estufas B.O.D. A fração foi incorporada ao alimento larval, previamente coletado em favos de crias, nas concentrações de 1, 2 e 3%. O alimento foi distribuído nas placas na quantidade de 32, 10 e 13 µl por célula para S. aff. depilis, T. angustula e N. testaceicornis, respectivamente. Para cada espécie de abelha em estudo foram realizadas 2 repetições por tratamento, sendo que para cada tratamento foram utilizados 10 ovos. Um outro grupo constituiu o controle, alimentado somente com alimento larval. As larvas foram observadas diariamente, anotadas alterações de coloração, desenvolvimento e o número de indivíduos mortos. Os resultados obtidos foram comparados através da análise de variância e teste de Tukey-Kramer (p< 0,05). Para S. aff. depilis não se observou diferenças significativas entre o controle (alimento normal) e o tratamento com 1% do extrato hidroetanólico, no entanto, os grupos dos tratamentos com 2 e 3% apresentaram significativamente maior mortalidade e as crias morreram na fase de larva pré-defecante e sem ingerir todo o alimento. Para T. angustula também foi tóxica nas concentrações de 2 e 3%, porém, algumas crias morreram na fase de larva pós defecante. N. testaceicornis sobreviveram a todas as concentrações testadas, mostrando ser mais resistente aos efeitos tóxicos do barbatimão. Experimentos posteriores devem ser conduzidos com larvas dessas abelhas com o intuito de verificar se existem concentrações que interferem de forma semelhante no desenvolvimento das abelhas Apis mellifera e quais são os mecanismos envolvidos nas diferentes susceptibilidades encontradas nesse estudo. Aflatoxinas produzidas pelo fungo entomopatogênico Aspergillus nomius isolado de Atta sexdens rubropilosa Silva-Junior, E. A.1, Paludo, C. R.1, Valadares, L. C. A.2, Nascimento, F. S.2, Lopes, N. P.1 & Pupo, M. T.1 1 2 Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto – USP. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – USP. Formigas cortadeiras são conhecidas por coletar e fornecer material vegetal para fungos que elas cultivam como alimento em jardins subterrâneos. As colônias dessas formigas podem ser invadidas por micro-organismos especializados em causar infecções em insetos, também conhecidos como entomopatogênicos. O conhecimento dos mecanismos de como esses microorganismos parasitam e eliminam seus hospedeiros pode ser importante para o planejamento de defensivos agrícolas mais seletivos e menos tóxicos para os seres humanos. Os fungos da espécie Aspergillus nomius são conhecidos por infectarem formigas e cupins, mas a interação química envolvida nesse parasitismo ainda não foi descrita. Diante disso, o objetivo desse trabalho foi identificar as substâncias produzidas pelo fungo Aspergillus nomius em condições laboratoriais e verificar se esse micro-organismo também produz esses produtos naturais em condições ambientais. O fungo A. nomius foi isolado de uma rainha morta de Atta sexdens rubropilosa. Esse microorganismo foi cultivado em placas contendo o meio PDA durante 14 dias em estufa a 30 oC. Após esse período, as placas foram extraídas com acetato de etila, o solvente foi evaporado e o extrato bruto foi analisado por infusão direta em um espectrômetro de massas de alta resolução. Duas aflatoxinas foram identificadas nessas análises preliminares. Essas substâncias são toxinas produzidas por fungos do gênero Aspergillus e apresentam elevada toxicidade para humanos. Esses produtos naturais também foram detectados na formiga de onde o fungo foi isolado, o que indica que as aflatoxinas podem ser responsáveis pela toxicidade às formigas. Interações formiga-herbívoros em uma planta com nectários extraflorais: Curculionídeos são imunes ao ataque das formigas? Alves-Silva, E.1, Barônio, G. J.1, Bächtold, A.2, Torezan-Silingardi, H. M.1 & Del-Claro, K.1 1 2 Universidade Federal de Uberlândia, Minas Gerais, Brasil. Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. No caso de plantas com nectários extraflorais (NEFs), formigas mutualistas tendem a predar ou afugentar herbívoros que poderiam infligir danos às estruturas das plantas. No entanto, algumas espécies de herbívoros possuem adaptações morfológicas e/ou comportamentais para escapar do contato e da predação das formigas. Neste estudo, nós investigamos o efeito de Camponotus blandus (Formicinae) na abundância de herbívoros e na florivoria de Banisteriopsis malifolia (Malpighiaceae), uma espécie com NEFs. Também foi examinada uma possível segregação espacial entre formigas e herbívoros (folhas e flores, respectivamente). Os botões florais são atacados por curculionídeos (Anthonomus). As taxas de florivoria e abundância de Anthonomus foram comparadas em ramos com formigas e ramos onde formigas foram excluídas experimentalmente, pela aplicação de Tanglefoot na base dos ramos. Contrariamente às nossas expectativas, os resultados não mostraram diferença significativa na florivoria nos ramos com formigas e sem formigas. Os besouros possuem o corpo bastante esclerotizado e são imunes aos ataques das formigas. Além disso, as larvas destes besouros são endofíticas, estando protegidas do ataque das formigas durante todo o estágio imaturo. Formigas e besouros se concentravam em diferentes partes da planta. Devido à presença dos NEFs nas folhas, as C. blandus ficavam mais tempo nestas estruturas, enquanto que os besouros se concentravam nos botões florais. Nossos resultados mostraram que o sistema específico (C. blandus - B. malifolia – Anthonomus) não é estável, visto que as formigas se alimentam nos NEFs, mas não protegem a planta contra os besouros. Identificação de marcadores de envelhecimento em abelhas Martelli, F.1, Pinheiro, D. G.2, Simões, Z. L. P.2 & Nunes, F. M. F.3 1 Departamento de Genética – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto –USP. Departamento de Biologia – Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – USP. 3 Departamento de Genética e Evolução – Centro de Ciências Biológicas e da Saúde – UFSCar. 2 O desaparecimento em massa das abelhas em todo mundo é um problema ecológico e agrícola sem precedentes. A desnutrição é uma das possíveis razões desta crise, conhecida por Colony Collapse Disorder (CCD). Em abelhas Apis mellifera, as operárias jovens, que desempenham tarefas dentro da colônia, apresentam uma dieta rica em proteínas e lipídeos. Já as operárias mais velhas, que desempenham tarefas fora da colônia, apresentam uma dieta a base de carboidratos. Nós investigamos como diferentes dietas influenciam o transcriptoma e buscamos por potenciais marcadores de envelhecimento. Abelhas recém-emergidas foram confinadas em caixas e mantidas em estufa a 34oC por um período de sete dias. Um grupo recebeu uma dieta rica em proteínas enquanto o outro recebeu uma dieta exclusivamente de carboidratos. Foram observados baixos níveis de expressão (RT-qPCR) de marcadores de envelhecimento clássicos, vitelogenina e miR-34, em resposta a dieta de carboidratos. Por meio de RNA-Seq (Illumina) de amostras do corpo gorduroso, identificamos 302 genes diferencialmente expressos comparando-se ambas as condições, candidatos a marcadores de envelhecimento e dieta-responsivos. Abelhas jovens alimentadas com uma dieta de carboidratos apresentaram uma alta expressão de genes que, usualmente, são muito expressos em abelhas mais velhas (Takeout, Hexokinase, Rho (TOR), CG8942, CG31140, CG111138), e níveis menores de expressão de genes usualmente ativos em abelhas jovens (JHE, Sod2, Hexamerins, AmILP2, Obp, CG5848). Em conclusão, observamos que uma dieta livre de proteínas oferecida a abelhas jovens induz a expressão de genes que disparam processos de envelhecimento. Suporte: FAPESP (2011/03171-5, 2012/02757-9), CAPES e CNPq Fisiologia de insetos: uma abordagem ecológica e de bioinspiração em Hymenoptera Gomes, G1 1 Departamento de Física e Informática, Instituto de Física de São Carlos (IFSC), Universidade de São Paulo – USP Os insetos representam o táxon mais abundante e de maior diversidade no ambiente terrestre, correspondendo a aproximadamente 70% de todas as espécies descritas de animais, sendo que esse grande sucesso se deve a características anatômicas, bioquímicas e fisiológicas, que os insetos desenvolvem durante a sua evolução. A utilização dos insetos como modelo de estudo é frequente nas ciências biológicas, e, mais recentemente, até mesmo em áreas da engenharia, nas quais os insetos servem como modelos de bioinspiração em processos de automação, em máquinas, sistemas complexos e modelagens computacionais; esta ciência é chamada de Biomimética. Dentre as diferentes ordens de insetos, os himenópteras podem ser utilizados como excelentes modelos de estudo devido à complexidade comportamental que apresentam, e grande eficiência na comunicação e realização de trabalho. Porém, estudos de respostas fisiológicas nos insetos são escassos, principalmente na compreensão da influência de estímulos ambientais no metabolismo energético, na termorregulação e na neurofisiologia sensorial. Tais estudos são fundamentais para auxiliar na compreensão da biologia, comportamento e das relações ecológicas das diversas espécies, o que facilitaria a elaboração de desenhos experimentais em várias áreas de estudo, como por exemplo: na proposição de métodos de controle de espécies praga, bio-inspiração em processos da engenharia, além de uma melhor compreensão dos resultados em estudos das neurociências e de processos ecológicos. Em Hymenoptera, o estudo da percepção sensorial, estrutura dos ninhos e termorregulação por meio de metodologias fisiológicassão recentes e têm demonstrado resultados bastante interessantes e úteis para a compreensão de processos ecológicos e também como modelos de bio-inspiração na engenharia. Análise de métodos diagnósticos de comportamento de grooming em Apis melífera Mattos, I. M.¹, De Jong, D.¹, Prata, M. A.1, Souza, J¹ & Soares, A. E. E.¹ ¹ Departamento de Genética – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto – SP O ácaro Varro destructor é atualmente uma das maiores preocupações da apicultura mundial. As abelhas Africanizadas são reconhecidas pela sua resistência à infestação promovida pelo ácaro sendo, entre outros, o comportamento de Grooming (CG) apontado como promotor de tal resistência.Este estudo teve como objetivo identificar métodos adequados para avaliar o desempenho do CG.Tal julgamento foi feito através da analise da correlação de diversos parâmetros, escolhidos para medir o CG, e os índices de Infestação (IR) observados nas colônias estudadas. Os resultados mostraram que a técnica desenvolvida por Aumeier (2000) é a mais eficaz para a identificação de colônias que possuem CG eficiente, uma vez que os parâmetros medidos através dessa técnica foram capazes de explicar mais de 87% das variações observadas no IR de cada colônia (R2 = 0,874).O conceito de que a capacidade de danificar o ácaro, através das mandíbulas das abelhas, é o principal promotor de controle populacional do ácaro foi provado não estar totalmente correto, já que todos os parâmetros medidos (frequência de ácaros com idiossoma danificado, apêndices danificados e número total de ácaros capturados) não se mostraram significativamente correlacionados ao IR. Este estudo também mostrou que o comportamento adotado pelo ácaro influencia significativamente o sucesso do CG, uma vez que a superfície dorsal do tórax da abelha expõe o ácaro a movimentos de Grooming com mais frequência(P <0,0001). Sendo assim a metodologia desenvolvida por Aumeier (2000) é altamente recomendado como método diagnóstico do CG. Desenvolvimento pós-embrionário no cupim Silvestritermes euamignathus (Isoptera: Termitidae) Haifig, I.1 & Costa-Leonardo, A. M. 1 1 Laboratório de Cupins, Departamento de Biologia, Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - UNESP – Campus Rio Claro. Os cupins são insetos com desenvolvimento hemimetábolo, ou seja, com ínstares de ninfas precursores do indivíduo adulto. Estes insetos ainda apresentam um desvio no padrão de desenvolvimento pós-embrionário, o qual é responsável pela diferenciação de castas. As castas podem ser divididas em duas linhagens, a linhagem imaginal, que compreende os reprodutores alados e as ninfas, e a linhagem áptera, que compreende os operários e soldados, e seus precursores. Este estudo objetivou determinar o número de ínstares presentes nas duas linhagens de desenvolvimento do cupim Silvestritermes euamignathus. Para tanto, foram obtidas 13 medidas morfométricas de diferentes partes do corpo de211 indivíduos pertencentes às duas linhagens. Os dados obtidos foram analisados por uma análise dos componentes principais e as diferenças entre os “scores” dos grupos foram analisadas por meio de ANOVA seguida pelo teste de Tukey (α = 0,05). Os indivíduos foram divididos em 12 grupos diferentes. A linhagem áptera apresentou cinco grupos (F5,40 = 1290; P < 0,001), sendo eles:dois ínstares larvais, um de pré-soldados, um de soldados e um de operários, este último composto por operários e dois reprodutores neotênicos ergatóides (Tukey, P = 0,994). A linhagem imaginal apresentou sete grupos(F6,158 = 629,4; P < 0,001), sendo eles:cinco ínstares de ninfas, um de reprodutores alados e umde reprodutores neotênicos ninfóides. De acordo com os resultados obtidos, pode-se inferir que os neotênicos ninfóides são derivados de ninfas de terceiro, quarto e quinto ínstares, as quais atingiram a maturidade do aparelho reprodutor antes da muda para imago. Controle da reprodução em abelhas sem ferrão (Apidae, Meliponini) Veiga, J. C.1, Menezes, C.2 & Contrera, F. A. L.1 1 2 Instituto de Ciências Biológicas – UFPA. Laboratório de Botânica – Embrapa Amazônia Oriental. Estudos sobre controle da reprodução de meliponíneos se iniciaram há cerca de 40 anos, com ênfase na cópula confinada e na inseminação artificial. Recentemente, ao retomar tais estudos com a espécie Melipona flavolineata, observamos comportamentos muito interessantes, que ainda não foram reportados para o grupo. Nos ensaios sobre cópulas controladas, percebemos que as rainhas virgens impedem a ocorrência de acasalamentos, ao fechar ativamente suas placas genitais. Com isso, a maioria dos machos, na tentativa de copular, libera o endófalo, sem conseguir inseri-lo nas rainhas virgens. São dois comportamentos muito específicos, indicadores de uma forte seleção de parceiros sexuais por parte das rainhas. Os acasalamentos ocorreram efetivamente somente quando as rainhas foram anestesiadas, ou seja, impedidas de tomar qualquer decisão em relação aos seus potenciais parceiros. Observamos ainda, que os machos que perderam suas genitálias se mantiveram vivos e, inesperadamente, chegaram a retornar para o agregado de zangões. Nos experimentos sobre inseminação artificial (IA), adaptamos o protocolo de coleta de sêmen e o aparelho inseminador para a espécie em questão. Realizamos 53 procedimentos de inseminação, seguindo os protocolos usados em Apis mellifera. A espermateca foi efetivamente preenchida com sêmen em 83% das inseminações. Contudo, ainda não conseguimos fazer essas rainhas inseminadas desenvolverem os ovários, embora algumas delas tenham sobrevivido mais de duas semanas em minicolônias, após a inseminação. Aparentemente, o CO2 não ativa seus ovários como em A. mellifera. Essa é a primeira tentativa sistemática parcialmente bem sucedida de se transferir a técnica de IA para as abelhas sem ferrão. Polimorfismo e divisão do trabalho durante o preparo de substrato das castas da formiga cortadeira, Acromyrmex rugosus rugosus F. Smith, 1858, diferenciadas por dados morfométricos Ramos, K. R. O.1,2, Silva. S. V.2 & Bueno, O. C.2 1 FHO|UNIARARAS. Av. Dr. Maximiliano Baruto, 500 - Jd. Universitário, 13607339 Araras, São Paulo, Brasil. Email: [email protected]. 2 Depto. de Biologia, Centro de Estudos de Insetos Sociais – Instituto de Biociências da UNESP de Rio Claro – SP. As formigas da tribo Attini são um dos grupos de insetos mais fascinantes para o estudo da biologia, pois vivem em uma simbiose única com um fungo que elas cultivam em seus ninhos. Nesta associação, as formigas fornecem ambiente e substrato favoráveis para o desenvolvimento do fungo e este em troca fornece alimento de diversas maneiras para a colônia. O gênero Acromyrmex é um dos grupos mais complexos a serem estudados, principalmente quanto à divisão de castas entre as operárias que apresentam um polimorfismo discreto, com tamanhos variados, e uma possível divisão de trabalho especializada. No entanto, devido à existência de variabilidade dentro de um mesmo grupo polimórfico de operárias, a divisão de castas ainda apresenta grande controvérsia. Assim, o objetivo do presente trabalho foi verificar as diferenças comportamentais entre três castas de operárias de Acromyrmex rugosus rugosus determinadas por meio de dados morfométricos, visando conhecer qual a função que cada casta exerce na colônia. Para tal, foram selecionadas 300 operárias de quatro colônias e separadas pela largura da cápsula cefálica em três classes de tamanho: pequenas, médias e grandes. Foram observados os atos comportamentais dos diferentes tamanhos durante a preparação do substrato para o cultivo do fungo simbionte. Os resultados mostraram que não ocorreu diferença estatística entre as operárias médias e grandes na maioria dos atos comportamentais desenvolvidos durante a preparação do substrato. Infere-se que as operárias médias e grandes desempenham maior papel na coleta e preparação do substrato, enquanto, as operárias pequenas são responsáveis por outras tarefas desenvolvidas na colônia. Transporte de lixo por Atta sexdens rubropilosa Forel, 1908: Um estudo piloto Viegas, L. M.1, Troitino, L.1, David, V. F., Otta, E.1 & Ribeiro, P. L.2 1 2 Instituto de Psicologia, USP. Instituto de Biociências, USP. Observamos transporte de lixo por uma colônia de Atta sexdens rubropilosa por 15 dias, em Laboratório que era mantida com folhas ad libitum de Acalypha. A área do ninho (AN) – uma bandeja de 56x34x19 cm, contendo dois potes com fungo e um pote onde o descarte de lixo era feito – foi ligada a uma ponte de 36cm de altura que dava acesso a uma plataforma em que havia três opções, todas levando a bandejas vazias (potenciais Áreas de Descarte) a três distâncias: 1) Próxima (44 cm), 2) Intermediária (82 cm) e 3) Distante (128cm). Observamos comportamentos que podem ser interpretados em termos de “imunidade social” como defesa profilática contra patógenos, de relativização custo:benefício e de aprendizagem: 1) priorização do descarte de cadáveres em relação a fungo ressecado. Em 24 horas todos os corpos haviam sido retirados; 2) após o descarte de corpos, o lixo alimentar começou a ser descartado. A retirada foi totalmente completada em 10 dias; 3) áreas de descarte mais próximas foram preferidas em relação a mais distantes, cujo acesso exigia maior custo de deslocamento, 4) jogar corpos ou detritos do alto da ponte após ter caminhado por certa distância foi uma estratégia comum, evidenciando também redução do custo na remoção de detritos. Uma pequena quantidade de lixo foi jogada da ponte para dentro da AN (1º dia), tendo sido retirada em seguida (correção de “erro”). Um experimento sugerido por este estudo piloto está em andamento para compreender os determinantes causais do comportamento de descarte de lixo. Seria mesmo o citral o repelente de Lestrimelitta limão (Hymenoptera: Apidae: Meliponini)? Von Zuben, L¹ & Nunes, T² ¹ Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto – USP. ² Falcudade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto – USP. A abelha cleptoparasita Lestrimelitta limão não visita flores e consegue seu alimento através do saque de outras colônias, sendo, portanto, uma cleptoparasita obrigatória. Esta estratégia alimentar teve um papel importante na evolução de características comportamentais, morfológicas e ecológicas desta espécie de abelha sem ferrão. Os saques são realizados por várias operárias de L. limão e as operárias ladras invadem as colônias hospedeiras e levam todo o recurso ali armazenado (pólen, néctar, resina e, principalmente, alimento larval). Durante os saques, as operárias hospedeiras que estão dentro do ninho são repelidas e permanecem paralisadas entre as células de cria, as forrageiras que voltam do campo também são repelidas e não entram na colônia, formando um agrupamento grande de forrageiras fora do ninho. O comportamento coeso das hospedeiras sugere que a utilização de sinais químicosé um fator importante na conquista dos ninhos pela abelha parasita. Neste contexto, foi levantada a hipótese de que as ladras liberariam um composto que teria como função repelir as hospedeiras. Mesmo sem nenhum dado experimental convincente, tornou-se amplamente aceita a hipótese de que o cheiro forte de limão (proveniente do composto conhecido como citral) liberado pelas operárias de L. limão cumpre essa função. No entanto, existem evidências contrárias que contestam essa hipótese. Assim, para investigar isso, foram analisadas as respostas da hospedeira Frieseomelitta varia aos compostos das glândulas exócrinas de L. limão.Foi testada a hipótese de queos compostos provenientes da glândula labial das ladras (i.e.os ésteres acetato de hexadecenila e acetato de hexadecila) provocam repelência nas hospedeiras semelhantes à observada nos ataques. Sendo assim, a entrada das operárias de F. varia, o número de guardas e o número de ataques à fonte do composto foram medidos antes e depois da exposição dos extratosglandulares e do controle. Os resultados obtidos mostram que o extrato da glândula labial provocou redução significativa (p<0,05) no número de operárias saindo e no número de guardas. O mesmo não aconteceu com o controle. O extrato da glândula mandibular (fonte do citral), por sua vez, provocou apenas respostas agressivas. Deste modo, estes resultados indicam que os compostos provenientes da glândula labial, não o citral, são utilizados pelas operárias de L. limão como repelentes. Check list do gênero Mischocyttarus de Saussure 1953 (Vespidae, Polistinae) no estado de Minas Gerais Souza, M. M.1 1 Professor Dr. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas, Campus Inconfidentes – [email protected]. Na última década, no estado de Minas Gerais, o número de espécies de vespas sociais aumentou de 64 para atuais 100, com esforços de coleta em diferentes regiões e ecossistemas, como Mata Atlântica, Campo Rupestre, Cerrado, Floresta Semidecidual Montana, Floresta Ripária e áreas de monocultura. A maior parte dos novos registros foram espécies do gênero Mischocyttarusde Saussure de 1853, essencialmente um táxon Neotropical com algumas espécies no norte do México. É o maior gênero de vespas sociais, e engloba cerca de 250 espécies de nove subgêneros. Possui fundação independente, ninhos do tipo astelocítaro gimnódomo, são pequenos, poucos indivíduos e podem ser altamente crípticos, especialmente em ambientes florestais. A soma desses fatores ajudam a explicar o número expressivo de novos registros em Minas Gerais. A lista atual para Minas Gerais possui 30 espécies, maior que os demais gêneros, mesmo Polybia e Polistes, porém o real número de espécies desse gênero, bem como de outros deve ser maior, considerando a dimensão territorial do estado em relação ao número de estudos já realizados, e o fato de alguns ambientes serem praticamente inexplorados, como Caatinga e Mata Seca. Apesar de algumas espécies ocorrerem em ambientes urbanos, se conhece pouco sobre comportamento, ecologia e fisiologia, o que justifica novos estudos com enfase nesse gênero de vespas sociais. Alimento larval de abelhas sem ferrão: diversidade de fitoesteróides e sua relação com a variedade de tipos polínicos Ferreira-Caliman, M. J. 1, Silva, C. I.2, Zucchi, R.1 & Nascimento, F. S.1 1 2 Departamento de Biologia da FFCLRP, Universidade de São Paulo. Departamento de Zootecnia, Universidade Federal do Ceará. A nutrição adequada para uma colônia de insetos é a base para o crescimentoe desenvolvimento das larvas. Da fase larval à adulta, a alimentação das abelhas depende das flores tanto para a ingestão de proteínas e açúcares quanto para a aquisição de hormônios precursores de ecdisteróides. Estudos mostram que uma dieta com uma baixa diversidade de tipos polínicos é um fator limitantepara o desenvolvimentodos indivíduos.O objetivo desse estudo foi o de caracterizar os fitoesteróides presentes no alimento larval de abelhas sem ferrão, correlacionando sua presença com a quantidade de tipos polínicos no mesmo.Oalimento larval de 10 células de cria recém operculadas de Melipona quadrifasciata (Mq) e Melipona scutellaris (Ms) foi coletado em duas diferentes datas: fevereiro (F) de 2012 e maio (M) de 2013. Após separação da camada protéica e do açúcar, as amostras foram analisadas por cromatografia a gás e espectrometria de massas. Foram calculados os índices de similaridade de Bray-Curtis entre as amostras e realizadas a análisemulti-dimensional não métrica (NMDS) e uma análise onewayde similaridade (ANOSIM). Os resultados mostram a presença de 6 fitoesteróides no alimento larval: campesterol, estigmasterol, sitosterol, fucosterol, lanosterol e sitostenone, sendo os quatro primeiros comuns em todas as amostras.A análise polínica mostrou a presença de 2, 5, 9 e 17 tipos polínicos nas amostras de Mq-F, Ms-F, Mq-M e Ms-M, respectivamente. De acordo com NMDS todos os 4 grupos amostrais foram segregados e os resultados do ANOSIM mostraram um alto índice de dissimilaridade entra os grupos (global R = 0.836, P = 0.0001).Desse modo, conclui-se que a presença de diferentes tipos polínicos no alimento larval não resulta em uma variação qualitativa, massim quantitativa nas proporções dos fitoesteróides encontrados. Metabolic integration between leaf-cutter ants and microorganisms Bacci Jr., M.1 1 Centro de Estudos de Insetos Sociais e Departamento de Bioquímica e Microbiologia. Universidade Estadual Paulista. Avenida 24A, 1515. Bela Vista, 13.306-900, Rio Claro, SP. Leaf-cutters (Hymenoptera: Attini) are ants associated with a great variety of microorganisms. We show that the fungus Leucoagaricus gongylophorus, mutualistic with the ants, degrades plant polysaccharides and accumulates in the extracellular space simple sugars which are taken up by the ants. Hemicellulose and starch are the major plant polysaccharides supporting mutualistic nutrition on carbohydrates. A metabolic pathway is described involving starch degradation by fungal enzymes to generate maltose and maltose degradation, likely by an ant maltase, to generate glucose, which is one of the major food sources for the mutualists. This mutualistic pathway was assembled by enzyme selection occurring in the ant gut, where some enzymes are likely degraded as others endure as functional tools resistant to proteolysis and catabolic repression. We also show that nutrition on plant matter by ants does not occur in the absence of fungal carbohydrases, which are thus essential for ant to access carbons from plants. Besides carbons, nitrogen from plants, especially from leaves, are present in very low amounts which are not enough to support the generation of billions of individuals living in a leaf-cutter colony.We show that leaf-cutter ants keep a narrow variety of microbial species in the group of nitrogen-fixing bacteria that could be mutualists mediating ant feeding on N2. We also show that leaf-cutters cuticles harbormicrobes which are closely related to antibiotic-producing bacterial species. These bacterial species may protect ants from disease caused by entomopathogens. Supported by CNPq and FAPESP. Interações agonísticas na formiga mirmecófila Pseudomyrmex concolor (Hymenoptera, Formicidae, Pseudomyrmecinae) Pacheco-Junior, P. S. M.1,2 & Del-Claro, K.1,2 1 Programa de Pós-graduação em Entomologia, Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São [email protected]. 2 Laboratório de Ecologia Comportamental e Interações (LECI), Instituto de Biologia, Universidade Federal de Uberlândia. Pseudomyrmex concolor Smith coloniza plantas de Tachigali myrmecophila Ducke na Amazônia. Estas formigas são altamente agressivas defendendo seu ninho contra intrusos e consequentemente a planta hospedeira. Neste estudo, descrevemos atos comportamentais exibidos por P. concolor durante interações agonísticas entre companheiras e não companheiras de ninho. Para isso, introduzimos (n=20 de cada espécie) tanto coespecíficos quanto interespecíficos em vinte plantas de T. myrmecophila ocupadas por P. concolor. As interações entre residente-intrusa foram observadas por cinco minutos e analisadas segundo amostragem de todas as ocorrências. Foram registrados 21 atos comportamentais distintos que variaram desde nãoagressivos como ignorar, antenar e inspecionar até agressivos como mordidas e ferroadas. Durante as interações agonísticas observamos um padrão comportamental onde P. concolor é capaz de reconhecer e discriminar companheiros de não companheiros de ninho. Quando o indivíduo é um companheiro de ninho, as formigas antenam, inspecionam e em seguida o ignoram, permitindo seu acesso à colônia. Porém, residentes atacam tanto interespecíficos quanto coespecíficos não companheiros de ninho depois de antenação e inspeção, ou mesmo antes de qualquer contato físico. Nesse caso, mordem o corpo do intruso e iniciam lutas que resultam em expulsão ou morte do não companheiro de ninho. Comportamentos agressivos são eficazes durante mecanismos de reconhecimento de companheiros de ninho em formigas que defendem territórios como P. concolor, sendo agressivas a interespecíficos e mesmo a coespecíficos de outras plantas hospedeiras. A agressividade é um comportamento que possibilita defesa e monopólio de recursos ambientais, podendo ser um fator relevante para manutenção do mutualismo entre P. concolor e T. myrmecophila. Monogamia em grandes sociedades de abelhas: Um paradoxo sem ferrão Jaffé, R.1,2, Pioker-Hara, F. C.3, Santos, C. F.4, Santiago, L. R.5, Alves, D. A.6, Kleinert, A. M. P.1, Francoy, T. M.3, Arias, M. C.5 & Imperatriz-Fonseca, V. L.1,2 1 Departamento de Ecologia, Universidade de São Paulo. Rua do Matão 321, 05508-090 São Paulo-SP, Brasil. 2 Departamento de Ciências Animais, Universidade Federal Rural do SemiÁrido, Avenida Francisco Mota 572, 59625-900, Mossoró-RN, Brasil. 3 Escola de Artes, Ciências e Humanidades, Universidade de São Paulo. Rua Arlindo Béttio 1000, 03828-000 São Paulo-SP, Brasil. 4 Departamento de Biodiversidade e Ecologia, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Av. Ipiranga 6681, 90619-900 Porto Alegre-RS, Brasil. 5 Departamento de Genética e Biologia Evolutiva, Universidade de São Paulo. Rua do Matão 277, 05508-090 São Paulo-SP, Brasil. 6 Departamento de Entomologia e Acarologia, Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", Universidade de São Paulo. Av Pádua Dias, 11, 13418-900, Piracicaba-SP, Brasil. Uma alta diversidade genética é importante para o funcionamento das grandes sociedades de insetos. Nos Hymenoptera sociais (abelhas, formigas e vespas), as espécies com maiores colônias geralmente possuem uma alta diversidade genéticaintra-colonial, resultante de ter mais de uma rainha (poliginia), ou rainhas que se acasalam com mais de um macho (poliandria). Neste trabalho estudamos a estrutura genética da Irapuá (Trigona spinipes, Apidae: Meliponini), uma abelha sem ferrão com colônias muito maiores que às da poliândrica abelha melífera (Apis mellifera). Genótipos de operárias adultas e de pupas de 43 ninhos naturais, distribuídos em três biomas Brasileiros, mostraram que as colônias de T. spinipes geralmente possuem uma rainha monândrica (acasalada com um macho). Além de revelar uma exceção notável à incidência geral de uma alta diversidade genética em grandes sociedades de insetos, nossos resultados suportam estudos anteriores que sugerem a ausência de poliandria nas abelhas sem ferrão, e constituem evidência contra a hipótese de limitação de espermatozoides para a evolução da poliandria. Assim, abelhas sem ferrão com colônias grandes, como T. spinipes, são modelos promissores de estudo para compreender melhor mecanismos alternativos para aumentar a diversidade genética nas colônias, ou entender o valor adaptativo de uma baixa diversidade genética em grandes sociedades de insetos. Desenvolvimento populacional de enxames de Apis mellifera expostos à dose subletal do inseticida fipronil Zaluski, R. 1, Kadri, S. M. 1 & Orsi, R. O.1 1 Departamento de Produção Animal - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, UNESP - Campus de Botucatu. As abelhas melíferas são indispensáveis na polinização de cultivos agrícolas e áreas de vegetação nativa, além de possuírem grande importância na produção apícola. No entanto, o atual desaparecimento das abelhas, conhecido como CCD (Colony Collapse Disorder), vêm causando grandes prejuízos econômicos. Dentre as principais causas que podem estar associadas a esse fenômeno, esta o uso indiscriminado de agrotóxicos, incluindo o uso do inseticida fipronil, em cultivos agrícolas visitados por abelhas. Resíduos de agrotóxicos em doses letais presentes em recursos coletados pelas abelhas campeiras podem ocasionar sua mortalidade imediata, ou, quando em pequenas doses (subletais), podem ser estocados nas colmeias, desencadeando mudanças fisiológicas e comportamentais que prejudicam as colônias. O presente estudo teve como objetivo avaliar as alterações no desenvolvimento populacional de enxames de abelhas Apis mellifera africanizadas, expostos a uma dose subletal do inseticida fipronil. O experimento foi conduzido no Setor de Apicultura da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, UNESP, Campus de Botucatu. Dez enxames foram divididos aleatoriamente em dois tratamentos: T1 – receberam xarope de açúcar contaminado com 8 ppb de fipronil/L de xarope de açúcar (1:1); e T2 controle – receberam apenas xarope de açúcar. Todos os enxames receberam a alimentação ad libitum em alimentadores individuais tipo Boardman, durante 11 dias, sendo as áreas (cm²) de postura da rainha (P), cria aberta (CA) e cria fechada (CF) medidas semanalmente. Nos enxames que receberam dieta contaminada, as áreas de P, CA e CF foram de 29,6 ± 28,8; 13,2 ± 18,6; 21,1 ± 38,5 cm², respectivamente. Nos enxames controle, as áreas de P, CA e CF foram 50,8 ± 41,4; 47,6 ± 39,8 e 81,1 ± 54,8 cm², respectivamente. Todos esses resultados diferiram significativamente (P˂0,05), indicando os efeitos nocivos da exposição subletal dos enxames ao fipronil. Entre a 6ª e 9ª semana a área de P nos enxames que receberam dieta contaminada reduziu significativamente, bem como a área de CA e CF entre a 3ª e 9ª semana. Foi observada mortalidade de abelhas nas fases iniciais do desenvolvimento larval, culminando no abandono e perda de todos os enxames que receberam dieta contaminada. Doses subletais do inseticida fipronil ocasionam a mortalidade de abelhas em desenvolvimento, prejudicando a manutenção das colônias, sendo importante discutir estratégias para o uso desse inseticida em cultivos agrícolas visitados por abelhas. PAINEL 01 Poster: Identificação de marcador heterocromático na distinção de castas de Melipona scutellaris Cardoso-Júnior, C. A. M.1, Ueira-Vieira, C. 1, Goulart L. R. 1, Fujimura P. T. 1 & Bonetti, A. M. 1 1 Universidade Federal de Uberlândia, UFU, Uberlândia, MG. O padrão da heterocromatina e os mecanismos epigenéticos associados podem ser agentes efetivos na regulação da expressão gênica em eucariotos. A molécula de DNA ou as proteínas que constituem o core de histonas podem sofrer modificações reversíveis, que promovem a remodelagem da cromatina com consequente modificação na taxa de transcrição, caracterizando alterações epigenéticas. Além da metilação, acetilação e outros, um dos mecanismos que podem provocar alteração do estado da cromatina é a fosforilação de histonas. Com o objetivo de investigar a importância de mecanismos epigenéticos na produção de fenótipos divergentes entre as fêmeas de Melipona scutellaris analisamos o padrão heterocromático em rainhas e operárias, por meio de anticorpos que detectam fosforilação da Treonina 3 da Histona H3 (H3T3-p) o que permite identificar regiões heterocromáticas. Proteínas histonas foram extraídas por precipitação ácida, seguida de diálise e liofilização das amostras. Oitenta (80) µg de proteína foram separadas em SDS-Page, transferidas para membrana de nitrocelulose, incubadas com anticorpo anti H3T3-p e reveladas. Operárias apresentaram maior intensidade de marcação para H3T3-p quando comparadas com amostras de rainhas. Esse resultado corrobora nossa hipótese de que o padrão de heterocromatina possa ser um marcador fenotípico para distinção de rainhas e operárias nesse gênero de abelhas e de que modificações epigenéticas possam estar envolvidas na expressão diferencial de genes, plasticidade fenotípica e a determinação de castas em Melipona scutellaris. PAINEL 02 Vias de sinalização envolvendo o desenvolvimento de castas em Apis mellifera Cervoni M. S.1, Humann F. C.1, Antonio D. S. M.2 & Hartfelder K. 1,2 1 Departamento de Biologia Celular e Molecular e Bioagentes Patogênicos, FMRP-USP ; 2Departamento de Genética, FMRP-USP. As castas de rainhas e operárias de Apis mellifera diferem em sua anatomia, fisiologia e comportamento. O desenvolvimento destas castas depende da dieta oferecida às larvas do sexo feminino, desencadeando respostas específicas de casta em vias de sinalização. Foram analisados os níveis de transcritos dos três genes centrais da hipóxia, target-of-rapamycin (tor), do receptor de hormônio juvenil (HJ) methoprene-tolerant (MET) e de krüppel homolog 1 (kr- h1), um gene de resposta a HJ. Os três genes centrais da hipóxia são mais expressos em larvas de operárias. Nós interpretamos isso como uma hipóxia endógena, tendo em vista que as larvas crescem nas mesmas condições de oxigênio. Nossa hipótese é que o óxido nítrico (NO) pode desempenhar um papel nesta resposta, pois NO compete com O2 para se ligar ao complexo citocromo c oxidase, regulando assim a respiração celular. Analisou-se a expressão do gene sintase de óxido nítrico (NOS) por PCR quantitativa e os níveis de NO foram medidos em larvas por ensaio bioquímico. Curiosamente, os níveis de NO foram altos nos estágios larvais iniciais, mas a expressão da NOS foi basal ao longo do desenvolvimento, o que sugere que os níveis de NO pode ser regulado pela proteína NOS, mas não pelos níveis de RNAm NOS. Foi demonstrado que a via de TOR, que está ligada à sinalização de hipóxia, promove em abelhas melíferas o desenvolvimento de rainha, afetando o tamanho do corpo e dos ovários. No entanto, ao analisar os níveis de transcritos de tor descobrimos que estes foram maiores em larvas de operárias. Nós inferimos que isto pode refletir um reflexo compensatório relacionado com a hipóxia. Os níveis de transcritos para met e kr- h1 foram maiores em larvas de rainha, de acordo com os títulos de HJ mais elevados na hemolinfa de rainha. Esses dados sugerem que a sinalização de hipóxia é a característica dominante subjacente no desenvolvimento de operárias, afetando negativamente o metabolismo oxidativo e, consequentemente, o crescimento, ao passo que HJ é o principal regulador para o desenvolvimento de rainha. TOR e sinalização da via de insulina parece ter apenas pequenas funções, possivelmente compensatórias na diferenciação de castas de abelhas. PAINEL 03 Manipulando informações de marcação de trilha em formigas Atta sexdens rubropilosa Do Carmo, D. V.1, Rödde, A. C.2, Ribeiro, P. L.1 & Helene, A . F.1 1 Laboratório de Ciências da Cognição, Departamento de Fisiologia, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo, São Paulo-SP/Brasil, e-mail: [email protected]. 2 Laboratório de Biologia Molecular, Centro Ciências da Saúde, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo-RS/Brasil. Este trabalho avaliou a tomada de decisão em uma situação de conflito entre a informação dada por feromônios e pela experiência prévia em um labirinto. Uma colônia de formigas saúva foi conectada a um labirinto em forma de Y. Primeiramente, foi realizado o treino das formigas colocando folhas apenas em um dos braços. Em seguida, foram coletadas formigas que passaram pelo labirinto, consideradas treinadas (FT) e as que não passaram pelo labirinto, consideradas, não treinadas (FNT). Na sequência, foi realizado o teste com as formigas treinadas e não treinadas, no qual havia uma informação conflitante no labirinto: o feromônio da trilha de forrageamento estava no lado oposto ao que as FT haviam encontrado alimento. Observou-se o deslocamento ao longo do labirinto até a escolha por um dos lados. As FT se deslocaram de forma linear, passando pela primeira parte do labirinto que não havia feromônio, escolheram um dos lados com 68.2% (p=0.0407,teste binomial). As FNT deslocaram-se não linearmente, exibindo o comportamento exploratório até chegar na bifurcação onde algumas conseguiram escolher um dos lados enquanto que outras não (deslocamento linear 54.5%, não linear 45.5%, p=0.1542) no labirinto. No teste de ANOVA 2x2, considerando braço e treino não houve efeito (p>0.05) de braço (marcado X não marcado) e treino (FT x FNT), mas encontrou-se um efeito de interação entre braço e treino (p=0.0369). As FT mostraram uma preferência pelo lado marcado enquanto que as FNT pelo lado não marcado. É possível concluir que em uma tarefa de forrageamento, o treino facilita a tomada de decisão para encontrar alimento quando há conflito de informações. Apoio financeiro: CAPES PAINEL 04 Movimento externo de Caenohalictus incertus (Apidae, Halictini) na primavera em Joinville, Santa Catarina, Brasil Golinski-Santos, A. K.¹, Mouga, D. M. D.S.¹, Warkentin, M.¹, Barbosa, R. N.¹, Feretti, V.1 ¹ Universidade da Região de Joinville. Espécies nativas brasileiras com nível de socialidade comunal têm poucos estudos realizados sobre a influência dos fatores abióticos no comportamento de atividade externa. Este trabalho objetiva reunir informações sobre os limiares do movimento externo de Caenohalictus incertus, abelha nidificante naturalmente em paredes de tijolos em Joinville, SC. O trabalho realizou-se em área de Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas, com 16 ninhos, de 23/09/2013 a 20/12/2013, no horário 8-16h, quatro vezes por semana, a 1-2 m de distância. Foram anotadas a saída e a entrada de indivíduos (com ou sem carregamentos), a temperatura (ºC), a umidade relativa (%), a intensidade luminosa (lux) e o vento (m/s). Foram utilizados termohidrômetro digital ICEL Manaus modelo HT-208, luxímetro digital ICEL Manaus modelo LD-51 e mini estação meteorológica Modelo Kestrel 3500. Em 40 dias de observações, foi verificado movimento externo em 13 (37 registros). O início da atividade externa ocorreu às 09:32 e o retorno, às 12:31. As saídas se concentraram no intervalo das 08:00-12:00 (18 registros) e os retornos, das 12:00-14:00 (18 registros). As abelhas fizeram uma só viagem (saída/ retorno) por dia. Os limiares mínimos e máximos para saída foram: 20ºC e 29,9ºC (temperatura), 45% e 89% (umidade relativa), 001lux e 014lux (valor sob a edificação)/ 026lux e 1010 lux (valor fora da edificação)(intensidade luminosa), 8,5 m/s (vento máximo). A comparação dos limiares obtidos neste trabalho com aqueles obtidos no inverno e no outono mostra que 60% dos patamares ocorreram no outono, que se configura como estação definidora, numa perspectiva de sazonalidade. PAINEL 05 Influência da estrutura da paisagem sobre a abundância e riqueza de abelhas nativas em fragmentos de Mata Atlântica Gonzalez, A. 1 & Jaffé, R.1 1 Departamento de Ecologia, Universidade de São Paulo. Rua do Matão 321, 05508-090 São Paulo-SP, Brasil. O serviço de polinização por abelhas, importante para dois terços dos cultivares do mundo, está sendo afetado pelo desmatamento e posterior fragmentação dos hábitats naturais. Pouco se conhece sobre a capacidade dos fragmentos menores de manter comunidades de abelhas. Com o intuito de cobrir essa lacuna, coletas com redes e pratos armadilha foram feitas na borda de fragmentos de mata atlântica com cafezais. As coletas foram feitas durante a florada do café em 9 paisagens com diferente cobertura florestal para assim avaliar riqueza e abundância de espécies de abelhas nativas. Foram coletadas 173 abelhas. Apidae foi à família que teve a maior riqueza é abundância, seguida pela família Halictidae, especificamente a subtribo Halictini e o gênero Dialictus. Trigona spinipes foi a espécie mais abundante e teve a maior presença em 8 das 9 paisagens, seguida por Apis mellifera coletada em 7 das 9 paisagens. Embora a curva de acumulação de espécies parecesse estar ainda em ascensão, ela começou a atingir um valor assintótico inferior as 35 morfoespécies para o total das amostras. Na borda dos fragmentos a diversidade de abelhas foi similar à reportada para a Floresta Atlântica. Não foi encontrada relação entre as variáveis da paisagem e à abundância e riqueza de abelhas. Nossos resultados podem se dever às características da amostragem, à condição de borda dos fragmentos de mata, ou à escala espacial avaliada. PAINEL 06 Genes envolvidos na regulação do polietismo etário em abelhas Apis melífera Guidugli-Lazzarini, K. R.1 & Hartmann Hartfelder, K. H.1 1 Departamento de Biologia Celular e Molecular e Bioagentes Patogênicos, FMRP-USP. As abelhas da espécie Apis mellifera abrigam em sua biologia importantes aspectos da vida social como castas morfologicamente distintas e polietismo etário. Mais especificamente, o polietismo etário refere-se à progressão das tarefas desempenhadas pelas abelhas operárias para manutenção da colônia. Em uma colmeia, as operárias jovens executam tarefas de cuidado com a cria enquanto que operárias mais velhas dedicam-se as atividades de forrageamento. A divisão de trabalho entre as operárias é influenciada por vários fatores como: nutrição, dinâmica hormonal, expressão gênica diferencial, resposta à feromônios, condições da colônia, entre outros. Dentro deste cenário, o presente trabalho teve como objetivos correlacionar padrões comportamentais e fisiológicos com perfis de expressão de genes no corpo gorduroso de operárias adultas com diferentes idades. A expressão dos genes methoprene-tolerant (met), Krüppel homolog-1 (kr-h1), phosphoinositidedependent kinase-1 (PDK1), esterase do hormônio juvenil (jhe), vitelogenina (vg) e Niemann –Pick type C2 (npc2-like), relacionados com a maturação comportamental, foi avaliada por meio de PCR em tempo real. Como resultados obtivemos que os genes vg, jhe, npc2-like são mais expressos em abelhas jovens (0, 3 e 8 dias) quando comparados ás abelhas mais velhas (16, 24 e 31 dias). Por outro lado, os níveis de transcritos dos genes PDK1, met e kr-h1 são maiores nas operárias mais velhas em comparação ás operárias jovens. Tais resultados reforçam a importância da expressão gênica diferencial destes genes na maturação comportamental das operárias Apis mellifera. Apoio Financeiro: CNPq PAINEL 07 Sobrevivência de rainhas africanizadas recém-emergidas em dois sistemas de armazenamento Halak, A. L.1, Parpinelli, R. S.1, Pereira, H. L.1, Ronqui, L.1, Guty, J. C.1, Malerbo-Souza, D. T.1 & Toledo, V. A. A.1 1 Universidade Estadual de Maringá – UEM. A rainha de Apis mellifera L. é a peça chave no melhoramento, é a única fêmea fértil, responsável por toda postura e a produção de produtos economicamente importantes, como o mel, a geleia real dentre outros, o que é afetada pela atividade combinada da rainha e das operárias presentes em uma colônia. Experimento foi realizado no setor de apicultura da Universidade Estadual de Maringá de agosto a setembro de 2012. Para a produção de rainhas, foi utilizado o método modificado de Doolitlle. Objetivou-se nestas análises, avaliar a influência do armazenamento, banco de rainhas ou estufa, na sobrevivência de rainhas africanizadas recém-emergidas. Foram avaliadas no experimento 68 rainhas que ao emergirem, apresentaram uma ficha de identificação individual, contendo a data e hora do nascimento e mensurações, e distribuídas nos dois sistemas de armazenamento. Para a realização das análises foi utilizado o software R, verificando o efeito do tempo de vida da rainha e a forma de armazenamento, por meio de análises paramétricas (Kaplan-Meyer) e não paramétrica (Exponencial). As rainhas mantidas em estufa e minirrecria apresentaram longevidade média de 7,45 e 1,69 dias, respectivamente. Pelas análises paramétrica e não paramétrica houve diferença significativa rainhas mantidas em estufa e minirrecria. Além disso utilização do armazenamento em estufa de rainhas recém-emergidas foi mais eficiente, mantendo assim, a qualidade da rainha e maior potencial de aceite da colônia que irá recebê-la. PAINEL 08 Regulação genético-hormonal da metamorfose em abelhas Hernandes, N. H. 1, Bitondi, M. M. G.2, Simões, Z. L. P.2 & Nunes, F. M. F.3 1 Departamento de Genética – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto –USP. Departamento de Biologia – Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – USP; 3Departamento de Genética e Evolução – Centro de Ciências Biológicas e da Saúde – UFSCar. 2 Durante a metamorfose de insetos holometábolos ocorrem alterações morfofisiológicas e na expressão de elementos genéticos, as quais são coordenadas de maneira temporo-espacial pela ação de ecdisteroides (como a 20hidroxiecdisona, 20E) e do hormônio juvenil (HJ). Para melhor compreender a dinâmica de tais processos analisamos os perfis de expressão (por RT-qPCR) em larvas e pupas de operárias de A. mellifera de elementos genéticos relacionados: 1 - à modulação da sinalização hormonal (GCE [germ-cell expressed], Cal [calponin], Kr-h1 [Krüppel homolog 1] e FTZ-F1 [fushi tarazu transcription factor 1]), 2 - ao crescimento e à diferenciação celular (IDGF [imaginal disc growth factor]), e 3 - à progressão do desenvolvimento (microRNAs: bantam, let-7, miR-8, miR-100, miR-125, miR-252a, miR-252b e miR-281). Os genes codificadores de proteínas, em particular, foram testados em condições naturais e após tratamento com 20E e HJ (6 e 24 horas após tratamento). Os perfis de expressão de miR-252a, miR-252b e miR-281 se contrastam à curva de HJ circulante na hemolinfa, indicando um feedback negativo entre ambos. Os perfis dos demais genes codificadores e microRNAs foram bastante similares entre si, com baixa expressão nos períodos de mudas larvais (transição larva-larva) e alta abundância em PP3, logo após o pico de ecdisteroides, o qual é responsável por desencadear a muda metamórfica. O tratamento de 20E inibiu a expressão de GCE, CA e FT -F1, enquanto a expressão de r-h1 aumentou após aplicação de J. Esses achados apontam fortemente que os elementos genéticos estudados se interagem em redes biológicas complexas, controlando o desenvolvimento pós-embrionário em abelhas, especialmente na sinalização do comprometimento com a metamorfose. Apoio financeiro: (161917/2011-9). FAPESP (2011/21731-8, 2011/03171-5) e CNPq PAINEL 09 Os soldados de Coptotermes gestroi (Isoptera, Rhinotermitidae) bebem água sozinhos? Janei, V. 1, Lima, É. F. B. 1, Rocha, A. A. 1, Costa, R. R. 1 & Costa-Leonardo, A. M.1 1 Laboratório de Cupins, Departamento de Biologia, Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - UNESP – Campus Rio Claro. Coptotermes gestroi é uma espécie de cupim subterrâneo de importância econômica. Estes cupins são altamente suscetíveis à dessecação sendo a umidade um fator importante para a sobrevivência dos mesmos. O soldado de Isoptera é uma casta dependente, uma vez que é alimentado via trofalaxia pelos operários. No presente estudo testou-se a capacidade dos soldados de se reidratarem sozinhos após estresse hídrico de 4 horas. Para tanto, foram realizados dois bioensaios. No primeiro foram utilizados grupos mistos de 20 operários e 5 soldados e grupos de 5 soldados que foram submetidos a estresse hídrico e sua massa avaliada após 1 e 18 horas de reidratação. No segundo, após estresse hídrico, grupos de 10 indivíduos (soldados ou operários) foram providos de uma fonte hídrica marcada com azul de Nilo e posteriormente foi observado quais indivíduos estavam marcados de azul e qual foi a taxa de óbito. Grupos extras foram filmados para registro do comportamento no momento da introdução da fonte de água colorida. Os resultados do primeiro bioensaio mostraram que os soldados, embora tenham adquirido um pouco de massa, não atingiram sua massa inicial, mesmo após 18 horas de adição de fonte hídrica, fato provavelmente relacionado ao pequeno número de indivíduos dos grupos. No segundo bioensaio, verificou-se marcação somente nos operários, indicando que foram os únicos a beberem água, o que foi verificado posteriormente nas filmagens. Por outro lado, mesmo não ingerindo água, os soldados continuaram vivos e ativos, indicando que provavelmente haja absorção através do tegumento. Os resultados permitem sugerir que os soldados não bebem água sozinhos, adquirindo-a via trofalaxia ou tegumento sob condições de umidade elevada. PAINEL 10 Utilização da técnica ddRADseq para identificação de SNPs em populações de Apis mellifera Africanizadas Kadri, S. M.1, Campos, M. A.S. M.2, Alonso, D. P. 2, Zaluski, R. 1, Ribolla, P. E. M. 2 & Orsi, R. O.1 1 Núcleo de Ensino, Ciência e Tecnologia em Apicultura Racional (NECTAR). Departamento de Produção Animal – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – Universidade Estadual Paulista – UNESP – Campus de Botucatu, São Paulo, Brasil. 2 Departamento de Parasitologia – Instituto de Biociências – Universidade Estadual Paulista – UNESP – Campus de Botucatu – São Paulo, Brasil. Atualmente a atividade apícola tradicional no Brasil baseia-se na aquisição de enxames de produção de genética desconhecida pelos apicultores. Assim, estes enxames podem apresentar características genéticas desfavoráveis para a produção de mel. Estas diferenças podem diminuir a eficiência e competitividade do apicultor comercial, tornando-se importante um trabalho de melhoramento genético; porém, estes programas podem ser demorados e laboriosos ao apicultor. Diante do exposto, o objetivo do presente trabalho foi diferenciar populações de abelhas Apis mellifera com alta e baixa produtividade, utilizando a técnica de ddRADseq (Double Digest Restriction site Associated DNA) para o sequenciamento do DNA genômico e identificar SNPs (Single Nucleotide Polymorphism). O experimento foi realizado durante a florada silvestre (dezembro de 2013 a março de 2014) que ocorre na Fazenda Experimental Lageado, UNESP, Campus de Botucatu, São Paulo. Foram utilizadas 40 colmeias de abelhas Apis mellifera africanizadas, manejadas para a produção de mel e avaliada individualmente. Foi extraído o DNA genômico do pool de larvas de zangão dos dois grupos e submetido à técnica de ddRADseq; em seguida, foi sequenciado por meio da tecnologia de sequenciamento de DNA Illumina (DNA-Seq). Os dados obtidos foram analisados no programa STACKS versão 1.12. As colmeias foram divididas em dois grupos, Alta Produção de Mel (APM), com mais de 10 Kg de mel por colmeia (12,21±1,5 Kg), e Baixa Produção de Mel (BPM), com menos de 10 Kg de mel por colmeia (4,8±3,0 Kg). Após análise com o programa STACKS 1.12, foram obtidas 187.500 e 529.172 sequências de DNA, posteriormente submetida ao processamento dos radtags pelo pacote cstacks foram obtidos 115 e 4365 SNPs (Single Nucleotide Polymorphism), para o grupo APM e BPM, respectivamente. Conclui-se que a técnica de ddRADseq pode ser utilizada com êxito para a identificação de SNPs em populações de abelhas Apis mellifera africanizadas. PAINEL 11 Variação temporal na produção de mel da abelha Jandaíra (Melipona subnitida): manejo a longo prazo mostra o potencial da Jandaíra como espécie comercial no Nordeste brasileiro Koffler, S.1, Menezes, C.2, Menezes, P.3, Kleinert, A. M. P.1, ImperatrizFonseca, V. L.1,4 & Jaffé, R.1 1 Laboratório de Abelhas, Universidade de São Paulo, SP. Embrapa Amazônia Oriental, Belém, PA. 3 Meliponário Mons. Huberto Bruening, Mossoró, RN. 4 Grupo de Pesquisa em abelhas sem ferrão, Universidade Federal Rural do Semi-Árido, RN. 2 A produção de mel de abelhas sem ferrão é uma atividade promissora e de potencial contribuição para a conservação. No entanto, ainda não se sabe como a produção de mel varia ao longo do tempo e como essa produção é afetada por fatores climáticos e técnicas de manejo empregadas. Para investigar essas questões, analisamos um registro de dados de 83 colônias da abelha Jandaíra (Melipona subnitida), acompanhadas durante 10 anos em Mossoró-RN. A produção anual de mel, por colônia, variou entre zero e 1,8 l, com um valor médio anual de 0,375 l. Não foi encontrada uma variação significativa na produção de mel, por colônia, ao longo do tempo. Considerando-se as variáveis climáticas, a produção de mel por colônia foi correlacionada negativamente com a temperatura média, indicando uma menor produção de mel em anos com temperaturas mais altas. A mortalidade das colônias foi correlacionada negativamente com a umidade relativa, mostrando um aumento da mortalidade em anos mais secos. Em relação ao manejo, a produção de mel foi similar entre colônias que forneceram favos de cria para a fundação de novos ninhos e colônias que não forneceram. A partir de 2008, as colônias passaram a receber reforço alimentar, o que aumentou significativamente a produção de mel (aumento de 2,4 vezes). Nossos resultados mostram que a produção de mel de Jandaíra pode ser mantida constante ao longo do tempo, o que aumenta seu valor comercial e a torna ainda mais importante como uma espécie chave para o desenvolvimento sustentável no Nordeste brasileiro. Porém, caso as previsões de aquecimento global estejam corretas, a produção de mel nas regiões mais secas do país pode ficar comprometida. PAINEL 12 Desenvolvimento do sistema reprodutor em machos do cupim Silvestritermes euamignathus (Isoptera, Termitidae) Laranjo, L.T. 1 & Costa-Leonardo, A. M.1 1 Laboratório de Cupins, Departamento de Biologia, Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - UNESP – Campus Rio Claro. Os cupins constituem um grupo de insetos eussociais, no qual a reprodução é de responsabilidade de indivíduos pertencentes à linhagem imaginal: ninfas, imagos e reprodutores. O objetivo deste estudo foi acompanhar o desenvolvimento do aparelho reprodutor em várias fases da vida de reprodutores machos de Silvestritermes euamignathus. Assim, o sistema reprodutor de machos alados foi isolado e a sua morfologia observada em montagem total. Além disso, os abdômens de reprodutores alados e primários, ninfas e neotênicos ninfoides foram fixados em FAA e processados rotineiramente para histologia e histoquímica de polissacarídeos e proteínas. O aparelho reprodutor dos machos, nas diferentes fases de vida analisadas, mostrou-se constituído por dois testículos, dois ductos deferentes com dilatações na região basal (vesículas seminais) e um ducto ejaculatório, que termina em um órgão copulador rudimentar, o pênis, projetado para o exterior pelo poro genital. Em ninfas machos e em reprodutores alados não foi possível visualizar os lóbulos individualmente, estando a vesícula seminal vazia nos primeiros e com quantidade moderada de espermatozoides nos últimos. Em todos os indivíduos, com exceção das ninfas machos, também foram observados espermatozoides em pelo menos um dos túbulos seminíferos, que estava em maior quantidade nos reis e em menor nos reprodutores neotênicos. Quando se comparou um rei de colônia natural com um rei neotênico ninfoide, os primeiros apresentaram grande parte do abdômen terminal preenchida pelos lóbulos testiculares que estavam extremamente desenvolvidos e com epitélio vesicular bastante espesso. Os resultados mostraram que o aparelho reprodutor dos neotênicos, apesar de maduro, possui um desenvolvimento inferior ao dos reis primários e suas vesículas seminais armazenam uma quantidade menor de espermatozoides em relação aquela presente em reis e reprodutores alados. PAINEL 13 Efeitos da cobertura de vegetação nativa de Floresta Atlântica no controle do bicho-mineiro Leucopteracoffeella(Lepidoptera: Lyonetiidae) por vespas sociais (Hymenoptera: Vespidae) Leite, P.1 & Jaffé, R.1 1 Departamento de Ecologia, Universidade de São Paulo. Rua do Matão 321, 05508-090 São Paulo-SP, Brasil. Estudos indicam que a biodiversidade está correlacionada com a provisão de serviços ecossistêmicos. O controle biológico de insetos pragas em culturas agrícolas é um importante serviço ecossistêmico e sua eficácia está fortemente relacionada com a estrutura das paisagens. O café e uma cultura de grande importância econômica no Brasil e uma de suas principais pragas e o bicho mineiro, cujos principais inimigos naturais são as vespas sociais. Visando colaborar com as discussões que relacionam a estrutura da paisagem com a efetividade dos serviços ecossistêmicos, foram analisadas dez paisagens compostas por plantações de café e fragmentos florestais de Mata Atlântica. Estimou-se a taxa de predação do bicho mineiro por vespas sociais assim como a riqueza e a diversidade destas vespas nas diferentes paisagens, tendo sido encontrada vinte e uma espécies no total. Não se encontrou nenhuma correlação entre a taxa de controle do bicho mineiro com a porcentagem de cobertura florestal ou com a diversidade de vespas. Fatores como o uso de pesticidas, proximidade entre os pés ou proximidade aos fragmentos de mata, podem ter escondido os efeitos esperados. PAINEL 14 Morfometria da casta operária proveniente de colônias incipientes sexuadas e partenogenéticas de Velocitermes heteropterus (Isoptera: Termitidae, Nasutitermitinae) Lima, J. T.1 & Costa-Leonardo, A. M.1 1 Universidade Estadual Paulista (UNESP), Instituto Departamento de Biologia – Campus de Rio Claro. de Biociências, Análises morfométricas prévias envolvendo os padrões de desenvolvimento da linhagem áptera do cupim Velocitermes heteropterus mostraram que larvas distintas originam operários e soldados de diferentes sexos e tamanhos, sendo que todos os soldados produzidos são machos. Estes resultados foram obtidos utilizando-se ninhos maduros coletados na natureza, porém não existem dados para colônias incipientes. Assim sendo, no presente estudo foram avaliados o comprimento da tíbia posterior e a largura máxima da cabeça de operários provenientes de colônias incipientes sexuadas e partenogenéticas, a fim de investigar se existem diferenças nas proles formadas pelos dois tipos de reprodução. Os resultados mostraram que a largura da cabeça de ambas as proles não diferiu, porém o tamanho da tíbia foi maior nos operários das colônias partenogenéticas (Rsex. = 23,7143; Rpart. = 41,5926; P = 0,0001). Verificou-se, ainda, que tanto a largura da cabeça (colônias sexuadas: 0,91 ± 0,004 mm e partenogenéticas: 0,89 ± 0,009 mm) como o comprimento da tíbia (sexuadas: 0,97 ± 0,007 mm e partenogenéticas: 1,04 ± 0,013 mm) dos operários provenientes das colônias incipientes de laboratório foram menores do que daqueles oriundos de colônias naturais. Tais resultados corroboram pesquisas prévias com outras espécies de cupins mantidas em laboratório, sugerindo a ocorrência de uma compensação de perda e ganho entre o número e o tamanho dos operários, uma situação que pode permitir que as colônias incipientes de cupins mudem suas tarefas de acordo com a necessidade, com maior investimento em um grande número de operários pequenos. Financiamento: FAPESP (Proc. 2011/01078-1). PAINEL 15 Sensibilidade de abelhas nativas Tetragonisca angustula expostas ao inseticida fipronil Magro, J. M.1 & Ruvolo-Takasusuki, M. C. C.1 1 Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Biotecnologia, Genética e Biologia Celular, Avenida Colombo, 5790, 87020-900, Maringá-PR, Brasil. Fipronil é um inseticida utilizado para controle de pragas, mas também pode afetar insetos não alvos como as abelhas. Estudos sobre a sensibilidade de abelhas aos inseticidas foram feitos na maioria para a espécie introduzida Apis mellifera, quando do registro dos agrotóxicos para comercialização. No entanto, o maior desafio para utilizar abelhas para polinização em cultivos agrícolas está na difícil conciliação dessa tecnologia com as aplicações agrícolas. Neste estudo avaliou-se em laboratório a sensibilidade das abelhas Tetragonisca angustula angustula e Tetragonisca angustula fiebrigi ao inseticida fipronil. Foram coletadas operárias de T. a. angustula e T. a. fiebrigi de ninho naturais do câmpus da Universidade Estadual de Maringá-Pr, e acondicionadas em placas de petri com papel filtro contendo 1mL de fipronil na concentração de 25% e o controle sem inseticida. Em seguida foram colocadas 20 abelhas por placa, em um total de 3 placas com inseticida e 1 controle, mantidas em estufa BOD na temperatura 28º +/- 1ºC, umidade relativa de 70%, por 24 horas. Após esse período foi realizada a contagem de mortas e vivas. No experimento com T. a. angustula, em um total de 60 abelhas, 30 continuaram vivas, ao contrário do bioensaio com T. a. fiebrigi, em que não houve sobreviventes. Os resultados indicam maior sensibilidade de T. a. fiebrigi ao fipronil, podendo inferir que a aplicação deste inseticida para proteção de cultivos, apresenta alto risco de mortalidade, afetando principalmente o processo de polinização de culturas agrícolas e árvores frutíferas. PAINEL 16 Interação inseto-flor em cultura de goiaba (Psidium guayava l.) Malerbo-Souza, D.T.1, Sanitá, D.A.2, Boti, M.F.2 & Pádua. V.B.C2 1 Professora Doutora do Departamento de Ciências Agrárias, do Centro Universitário Moura Lacerda, Av. Dr. Oscar de Moura Lacerda, 1520, 14076510, Ribeirão Preto, SP. E.mail: [email protected]. 2 Alunos do curso de Agronomia do Centro Universitário Moura Lacerda. Os objetivos desta pesquisa foram determinar os visitantes florais com comportamento propício para polinização da goiabeira (Psidium guajava L.), descrever suas características de pastejo nas flores e identificar aquela(s) espécie(s) mais eficiente(s) como polinizador (es) da goiabeira, capaz(es) de contribuir para o aumento de produtividade da cultura, quando presentes nos plantios. O experimento foi desenvolvido no pomar da Escola Técnica Agropecuária Municipal “São Francisco de Assis” em Colina/SP. Os visitantes florais observados na cultura da goiabeira foram abelhas africanizadas Apis mellifera (46,40%), abelhas Tetragonisca angustula, conhecidas como jataí (22,42%), abelhas Xylocopa frontalis, conhecidas como mamangavas (3,97%), abelhas da família Halictidae (1,66%) e abelhas sem ferrão Trigona spinipes, conhecida popularmente como irapuã (1,11%). Também foram observadas várias outras espécies de abelhas sem ferrão (24,45%). Essas espécies coletaram apenas pólen nessas flores, pelo fato da flor dessa espécie vegetal não apresentar nectário. O visitante floral que apresentou comportamento mais propício para polinização na cultura de goiabeira foi a abelha A. mellifera por ser mais frequente e apresentar maior persistência de pastejo na flor, conseguindo coletar grandes quantidades de pólen e efetividade na polinização. Apesar de menos frequente nas flores da goiabeira, as abelhas X. frontalis, por serem maiores, também foram eficientes no transferência do pólen para o estigma da flor, apresentando comportamento de envolver os órgãos reprodutivos ao coletar o pólen. PAINEL 17 Aspectos moleculares do desenvolvimento do cérebro adulto em castas de abelhas Apis mellifera Oliveira, M. T.1, Vomero, A.1, Gianelli, H. H.1, Lima, M. B.1, Vitoria, P. H. Z.1, Alvarenga, P. E.1, Moda, L. M. R.1, Vieira, J.1, Bomtorin, A. D.2, Simões, Z. L. P.2 & Barchuk, A. R.1 1 Departamento de Biologia Celular, Tecidual e do Desenvolvimento, Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade Federal de Alfenas, UNIFAL-MG. 2 Departamento de Genética, FMRP, Universidade de São Paulo. 3 Departamento de Biologia, FFCLRP, Universidade de São Paulo má[email protected]. Aprendizado e memória são habilidades associadas a regiões específicas do cérebro das abelhas, os corpos cogumelares. A alimentação diferencial oferecida às futuras rainhas de Apis mellifera durante o período larval promove maior proliferação de neuroblastos e desenvolvimento mais rápido de estruturas que formarão os corpos cogumelares, bem como maior expressão de alguns genes neurogênicos (ataxin-2, cryptocephal, dachshund, Eph Receptor, fax, shot, tetraspanin 5D e krüppel homolog-1). No entanto os corpos cogumelares são proporcionalmente mais desenvolvidos em operárias adultas, permitindo que elas desempenhem funções como forrageamento, reconhecimento do ninho e navegação. A inversão da morfogênese cerebral acontece, então, entre o fim do desenvolvimento larval e o período de desenvolvimento do cérebro adulto (fase pupal). Este trabalho teve como objetivo identificar marcadores moleculares da evolução morfológica diferencial do cérebro das castas de fêmeas de A. mellifera durante a fase pupal. Experimentos em escala genômica e determinação de perfis de transcrição gênica por RT-qPCR sugerem a ocorrência de uma inversão de padrões de expressão de genes neurogênicos em relação ao período larval (exceto krüppel homolog-1) e uma maior expressão em operárias de genes como mesencephalic astrocyte derived neurotrophic fator, minibrain, signal peptidase e tumbleweed, todos associados a eventos neurogênicos ou prevenção da morte celular. Estes resultados sugerem que de alguma forma a atividade dos produtos protéicos destes genes estejam vinculadas ao desenvolvimento diferencial do cérebro adulto. Particularmente a expressão de atx-2 e fax podem ajudar a explicar a expansão da área ocupada por neuroblastos em cérebros de rainhas e operárias: durante o estágio larval favorecendo rainhas (devido à alimentação diferencial) e durante o estágio pupal favorecendo operárias. Suporte financeiro: FAPEMIG APQ-01714-10; FAPESP 2005/03926-5; FAPESP 2012/02757-9; FINEP/PROINFRA 01/2008, LABSBIOEX UNIFALMG; PIB-PÓS e PROAP/UNIFAL-MG; CNPq; CAPES. PAINEL 18 Interações agonísticas na formiga mirmecófila Pseudomyrmex concolor (Hymenoptera, Formicidae, Pseudomyrmecinae) Pacheco-Junior, P. S. M. 1,2 & Del-Claro, K.1,2 1 Programa de Pós-graduação em Entomologia, Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo [email protected]. 2 Laboratório de Ecologia Comportamental e Interações (LECI), Instituto de Biologia, Universidade Federal de Uberlândia. Pseudomyrmex concolor Smith coloniza plantas de Tachigali myrmecophila Ducke na Amazônia. Estas formigas são altamente agressivas defendendo seu ninho contra intrusos e consequentemente a planta hospedeira. Neste estudo, descrevemos atos comportamentais exibidos por P. concolor durante interações agonísticas entre companheiras e não-companheiras de ninho. Para isso, introduzimos (n=20 de cada espécie) tanto coespecíficos quanto interespecíficos em vinte plantas de T. myrmecophila ocupadas por P. concolor. As interações entre residente-intrusa foram observadas por cinco minutos e analisadas segundo amostragem de todas as ocorrências. Foram registrados 21 atos comportamentais distintos que variaram desde nãoagressivos como ignorar, antenar e inspecionar até agressivos como mordidas e ferroadas. Durante as interações agonísticas observamos um padrão comportamental onde P. concolor é capaz de reconhecer e discriminar companheiros de não-companheiros de ninho. Quando o indivíduo é um companheiro de ninho, as formigas antenam, inspecionam e em seguida o ignoram, permitindo seu acesso à colônia. Porém, residentes atacam tanto interespecíficos quanto coespecíficos não-companheiros de ninho depois de antenação e inspeção, ou mesmo antes de qualquer contato físico. Nesse caso, mordem o corpo do intruso e iniciam lutas que resultam em expulsão ou morte do não-companheiro de ninho. Comportamentos agressivos são eficazes durante mecanismos de reconhecimento de companheiros de ninho em formigas que defendem territórios como P. concolor, sendo agressivas a interespecíficos e mesmo a coespecíficos de outras plantas hospedeiras. A agressividade é um comportamento que possibilita defesa e monopólio de recursos ambientais, podendo ser um fator relevante para manutenção do mutualismo entre P. concolor e T. myrmecophila. PAINEL 19 Taxa de aceitação de larvas para produção de geleia real e rainhas em colônias africanizadas (Apis mellifera L.) Parpinelli, R. S. 1, Halak, A. L. 1, Pareira, H. L. 1, Ronqui, L. 1, Carneiro, I. 1 , Malerbo-Souza, D. T. 1 & Toledo, V. A. A. 1 1 Universidade Estadual de Maringá – UEM. Esse experimento teve o objetivo de avaliar no processo de produção de geleia real e rainhas e a taxa de aceite de larvas transferidas por pessoas diferentes, foi realizado Universidade Estadual de Maringá no setor de apicultura. O processo de produção de geleia real e de rainhas foi adaptado do método de Doolittle. Para a produção de geleia real, foram utilizadas minirrecrias equipadas com um quadro porta-cúpulas com 50 cúpulas. Foram realizadas 150 transferências de larva obtendo-se uma taxa de aceite de 35% por pessoa. A taxa de produção média por cúpula foi de 180 mg. Para a produção de rainhas, cada quadro porta cúpula continha 30 cúpulas, que após 72 horas da realização da transferência foi analisado o percentual de aceite e após 11 dias foram calculados os percentuais de nascimento. Em seguida procedeu-se a avaliação de sua integridade física: peso ao nascer, comprimento total, comprimento do abdômen e largura do abdômen. Foram feitas 90 transferências de larva obtendo-se uma taxa de aceitação de 48%. A taxa de nascimento das rainhas foi de 71,8%. As rainhas apresentaram peso igual ou superior a 150 mg. A média de peso obtida das rainhas ao nascer foi de 170 mg. Não houve diferença significativa por pessoa realizando transferência tanto para geleia real quanto para rainhas. Além disso, os transferidores mostraramse eficientes, mantendo assim, a qualidade das rainhas e na produção de geleia real. PAINEL 20 Colônias de abelhas selecionadas, produção de geleia real e o uso de ração Pereira, H. L.1, Halak, A. L.1, Parpinelli, R. S.1, Ronqui, L.1, Menocci, C. L. S.1, Cárdenas, R. E. P.1, Ruvolo-Takasusuki, M. C. C.1 & Toledo, V. A. A.1 1 Universidade Estadual de Maringá – UEM. O objetivo desta pesquisa foi avaliar a produção de geleia real com abelhas africanizadas (Apis mellifera L.) de dois grupos genéticos, suplementadas ou não. Foram utilizadas 20 colônias minirrecrias, com um quadro porta-cúpulas com 60 cúpulas cada, 10 selecionadas para a produção de geleia real e 10 para mel, cinco de cada grupo foram suplementadas com ração de 24,7% de proteína bruta, e alimentação energética e as demais apenas com alimentação energética. Os parâmetros avaliados foram: porcentagem de aceite de larvas, geleia depositada por cúpula (mg), e geleia real produzida por colônia/coleta (g). Os dados foram analisados pelo software Statistical Analysis System. Os grupos suplementados com ração foram superiores em todos os parâmetros analisados, com médias de 47% de aceite, 0,160 g de geleia por cúpula e 4,51 g por colônia/coleta, enquanto as médias do grupo que não recebeu ração foram, 34%, 0,132 g, 3 g, respectivamente. O grupo genético selecionado para produção de geleia real teve maior aceitação de larvas (42%) e produção média por colônia/coleta (3,80 g) quando comparada com o grupo selecionado para mel (30% e 2,72 g). A adição de ração melhora a produção de geleia real em ambos os grupos genéticos, favorecendo o desempenho de abelhas selecionadas. PAINEL 21 Redes de regulação (mirna:mrna) de embriões haploides e diploides de Apis mellifera Pires, C. V.1, Freitas, F. C. P.1 & Simões, Z. L. P.2 1 Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo – Ribeirão Preto. 2 Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo – Ribeirão Preto. Em Hymenoptera a embriogênese assume uma característica especial por causa do sistema de determinação do sexo, o haplodiplóide, onde ovos fertilizados desenvolvem como fêmeas (diploides) e ovos não fertilizados como machos (haploides). No entanto, em abelhas a descrição detalhada do desenvolvimento embrionário e sua regulação são pouco estudados. Aqui, usamos modernos protocolos de biologia molecular e bioinformática para analisar as diferenças e semelhanças entre os dois tipos de embriões, destacando os genes diferencialmente expressos e a regulação destes pelos miRNAs, no início da embriogênese, utilizando bibliotecas de sequenciamento nova geração de ovócitos maduros e embriões haploides e diploides com 2, 6 e 18-24h de desenvolvimento. As maiores diferenças na expressão gênica entre os dois tipos de embriões estão na primeira hora de desenvolvimento, quando genes da ativação do ovo se destacam, e em embriões de 18-24h, quando são expressos genes ligados à determinação do sexo. Além disso, diferentes redes de regulação (microRNA:mRNA), construídas a partir destes bancos, mostraram que os mesmos miRNAs podem regular genes diferentes em embriões haploides e diploides. Mas, esses genes estão ligados a processos celulares semelhantes nos dois tipos de embriões. A diferença entre sexos já era esperada, uma vez que alguns genes de determinação do sexo estão entre os diferencialmente expressos. Entretanto, as semelhanças, principalmente, na regulação dos processos celulares do início da embriogênese, sugere que o início do desenvolvimento deve ser conservado. E esta conservação é apoiada na regulação pelos mesmos miRNAs sobre genes diferentes, construindo redes específicas, mas que demonstram um sistema biológico robusto capaz de dar origem aos dois tipos de organismos em A. mellifera, que se diferenciam no sexo e ploidia. Financiamento: FAPESP 2011/03171-5; 2010/ 08150-3. PAINEL 22 Órgãos de defesa em operários de Ruptitermes (Isoptera, Termitidae, Apicotermitinae): uma abordagem confocal Poiani, S. B.1 & Costa-Leonardo, A. M.1 1 Laboratório de Cupins, Departamento de Biologia, Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Rio Claro – SP, Brasil. A casta de soldado dos cupins não tem equivalente nos outros insetos sociais. Durante a evolução dos Isoptera, os soldados desapareceram em alguns Apicotermitinae, como é o caso das espécies do gênero Ruptitermes, na qual os operários passaram a exercer a função de defesa. As glândulas deiscentes (GD) são os órgãos responsáveis por liberar uma secreção viscosa/adesiva que imobiliza os inimigos causando a morte destes indivíduos. O presente trabalho estudou comparativamente as GD de operários de Ruptitermes reconditus, Ruptitermes xanthochiton e Ruptitermes sp B, abrangendo os aspectos morfológicos por meio de técnicas histológicas de microscopia de luz e varredura por confocal a laser. Os resultados revelaram que nas três espécies a GD é formada por uma massa compacta de unidades secretoras envolta por uma fina membrana de tecido conjuntivo. As unidades secretoras apresentam núcleos periféricos contendo muitos nucléolos e o aspecto da secreção difere entre as espécies, podendo formar grânulos ou não. A presença de actina envolvendo os grânulos nas unidades secretoras das GD de R. reconditus é uma característica exclusiva desta espécie. As características morfológicas das GD nas três espécies não parecem se encaixar nos tipos glandulares amplamente conhecidos (classe I, II e III) que caracterizam as glândulas exócrinas dos insetos, podendo indicar que as GD representam um novo tipo de glândula ou, ainda, tratar-se de outro órgão especializado, como por exemplo, corpo gorduroso modificado cujas células produzem e acumulam secreção defensiva. Entretanto, estas especulações poderão ser comprovadas por estudos futuros. PAINEL 23 Perfil eletroforético de proteínas em Tetragonisca weyrauchi do Estado de Rondônia Ronqui, L.1,2 , Galhardo, D.2, Pereira, H. L.2, Parpinelli, R. S.2, Halak, A. L.2, Lisboa, F. T.3, Ruvolo-Takasusuki, M. C. C. 4 & Toledo,V. A. A2 1 Departamento Interdisciplinar de Tecnologia e Ciências, Universidade Federal de Rondônia. 2 Departamento de Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá. 3 CEPLAC - Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira. 4 Departamento de Biotecnologia, Genética e Biologia Celular, Universidade Estadual de Maringá e-mail: [email protected]. No Brasil, a abelha sem Ferrão, Tetragonisca weyrauchi tem sua distribuição restrita à região Amazônica. Os ninhos aéreos são encontrados em ramos de árvores. Este estudo teve como objetivo caracterizar o perfil eletroforético de proteínas solúveis presentes em T. weyrauchi. Indivíduos adultos foram coletados na entrada de ninhos localizados na cidade de Alto Paraíso - RO, estocados a -20°C. Extratos individuais de cabeça/tórax das operárias foram submetidos à eletroforese SDS-PAGE em géis desnaturantes a 10% e gel de empilhamento a 5%. Os peptídeos foram evidenciados com coloração Azul de Comassie Brillant. No perfil eletroforético das proteínas foram evidenciados 24 peptídeos de acordo com peso molecular, o tamanho variou de 10 a 220kDa. O peptídeo 24 apresentou peso molecular superior a 220kDa, os peptídeos seis e sete (entre 25 e 30 KDa) apresentaram diferenças quanto as suas presença e ausência permitindo sugerir um polimorfismo que necessita de novos estudos para sua confirmação. Em T. angustula foram observados 23 peptídeos com peso molecular variando de 20 a 120kDa, indicando que T. weyrauchi apresenta peptídeos que de maneira geral são maiores do que em T. angustula, e que provavelmente apresentam diferentes papéis no metabolismo e desenvolvimento relacionados com o processo evolutivo dessas duas espécies de Jataí. PAINEL 24 Distribuição espacial e abundância de ninhos de Camponotus crassus Mayr, 1863 (Formicidae: Myrmicinae) em uma reserva de Cerrado Rosa, B. B.1, Lange, D.2* & Del Claro, K.2 1 Graduanda em Ciências Biológicas. Bolsista PIBIC – CNPq. Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG. 2 Instituto de Biologia. Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG. *Pós-doutoranda PDJ-CNPq. Camponotus crassus é uma das espécies de formigas mais abundantes forrageando sobre a vegetação do Cerrado e vários estudos apontam sua importância no controle de insetos herbívoros atuando como mutualistas, principalmente de plantas com nectários extraflorais. Entretanto, pouco é conhecido da sua história natural. Estudamos a localização, densidade e distribuição espacial dos ninhos de C. crassus em uma reserva de Cerrado em Uberlândia, MG, no período de março a setembro de 2013. Em 10 transectos (4x10m cada), foram localizados os ninhos de C. crassus. A densidade dos ninhos foi obtida dividindo a quantidade de ninhos encontrados pela área total amostrada em m2. O índice de Morisita (IM) foi utilizado para determinar o padrão de distribuição espacial. No total, encontramos 18 ninhos correspondendo a densidade de 0,045ninhos/m 2, com distribuição aleatória (0,98) e distância média de 3,73m (amplitude de 0,5m a 8m) entre os ninhos. Um total de 13 ninhos (73,3%) estavam estabelecidos no solo e cinco (27,7%) dentro de galhos podres sobre o solo. Observamos que a maioria dos ninhos são polidômicos, com até três entradas. Ninhos com aberturas localizadas em locais com pouca vegetação mudam de posição com mais frequência, podendo não ser encontrada a mesma entrada de uma semana para outra. Frequentemente, evidenciamos colônias de cupins (Nasutitermes) próximas aos ninhos de C. crassus e utilizando as mesmas entradas. Também observamos que as entradas dos ninhos de C. crassus são monitoradas por operárias, onde pelo menos uma delas de cada vez permanece em seu interior fechando-a com sua cabeça. PAINEL 25 Avaliação do consumo de estacas de Pinus sp., em diferentes períodos de exposição em ambiente natural, por cupins resultados preliminares Souza, V. B.¹, Cruz, D. E. R.¹, Viana-Junior, A. B.², Santos, A. B.3 & Reis, Y. T.4 ¹ Universidade Tiradentes, Centro de Ciências Biológicas e Saúde. ² Universidade Federal de Minas Gerais, Programa de Pós-graduação em Ecologia e Manejo da Vida Silvestre. ³ Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras de Ribeirão Preto-USP, Programa de Pós-graduação em Entomologia. 4 Universidade Federal de Sergipe, Departamento de Biologia, Laboratório de Entomologia (DBI/ENTOMOUFS). Objetivamos avaliar o consumo de estacas de Pinus sp. por cupins expostos em diferentes períodos de tempo, em uma área de Mata Atlântica. Foram instaladas 120 estacas, em quatro quadrantes (30/quadrante) Os pedaços de madeira foram pesados e depois imersos em água destilada, antes da instalação. O tempo de exposição foi de 2 (T 2), 4 (T4), 8 (T8) e 16 (T16) semanas, e após cada um dos intervalos 30 estacas eram recolhidas e analisadas. Para verificar o consumo, o índice de positividade de estaca (IPE) foi calculado e um teste de significância foi feito, para verificar diferença no consumo entre os períodos de exposição, através do peso seco das estacas após a retirada, triagem e secagem. Até o momento foram analisados os resultados de três períodos, 2 (n=30), 4 (n=29) e 8 semanas (n=27), respectivamente. Heterotermes sulcatus foi à única espécie encontrada. No período T2 o IPE foi de 20% e a média de consumo foi de 6,89 g/peso seco, no T4 foi de 10,3% e de 15,2 g/peso seco e no T 8 não foi observado consumo. Não houve diferença significativa no peso seco das estacas entre período T 2 e T4. Esses resultados corroboram outros trabalhos, que observaram uma relação negativa entre o consumo e o tempo de exposição. Uma provável hipótese, para a diminuição do consumo ao longo do tempo de exposição, seria a presença de fungos na madeira, e com este tipo de resultado existem relatos informando que tais micro-organismos podem diminuir a palatabilidade do recurso e/ou produzir substâncias repelentes. No presente trabalho foi observado que a maioria estacas retiradas no penúltimo período/III estavam infestadas por fungos. PAINEL 26 Corpo gorduroso persiste através da metamorfose em Melipona quadrifasciata (Hymenoptera: Apidae) Santos, D. E.1, Azevedo, D. O.1, Campos, L. A. O.1, Zanuncio, J. C.1 & Serrão, J. E.1 1 Departamento de Biologia Geral, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, 36570-000, Brasil. O órgão corpo gorduroso, tipicamente constituído de trofócitos, fornece energia durante a metamorfose. Em alguns insetos o corpo gorduroso pode ser renovado completamente durante a fase larval ou reciclado e realocado para formar o corpo gorduroso no inseto adulto. Estudos anteriores sugerem o que após a metamorfose trofócitos das abelhas sofrem histólise. Deste modo. este estudo objetiva acompanhar o desenvolvimento do corpo gorduroso pela identificação de morte celular programada durante a metamorfose de Melipona quadrifasciata. Usando técnicas de imunodetecção, o corpo gorduroso de larvas pós-defecantes e pupas de olho branco, rosa, marrom e preto foram testadas para caspase 3 clivada e integridade do DNA, seguida de análises ultraestruturais e identificação de autofagia por RT-qPCR para o ortólogo Atg1. Poucas células capase 3 clivada positivas foram encontradas e não houve indícios de fragmentação de DNA. Durante o desenvolvimento larval, os trofócitos do corpo gorduroso revelam um aumento do número de mitocôndrias e ribossomos livres, além de maior quantidade de expressão do mRNA Atg1 em relação a pupa. Além disso, nenhum processo de histólise foi observado. Estes dados suportam a idéia de que o corpo gorduroso de M. quadrifasciata persiste durante a metamorfose, com indícios de aumento de metabolismo e autofagia. PAINEL 27 Diversidade de polinizadores e efetividade da polinização do café em paisagens com diferentes coberturas de Mata Atlântica Saturni, F. T.1, Jaffé, R.2 & Metzger, J. P. W.1 1 Lepac - Laboratório de Ecologia da Paisagem e Conservação, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo (IB-USP). 2 BeeLab - Laboratório de Abelhas, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo (IB-USP). Diversos estudos estão sendo conduzidos a fim de relacionar provisão de serviços ecossistêmicos e biodiversidade. A polinização de cultivos agrícolas é um importante serviço ecossistêmico provido por visitantes florais, principalmente abelhas, a diversas culturas do mundo. Nas plantações de café, apesar de alguns estudos já terem demonstrado que a presença de abelhas resulta em acréscimo da produção de grãos, ainda são necessários estudos para ajudar a entender os mecanismos que controlam a efetividade da polinização numa escala espacial mais ampla. Com o intuito de cobrir essa lacuna, o presente estudo visou avaliar a relação entre a estrutura da paisagem, em particular a sua cobertura florestal, e a polinização do café. Para tal, foi estimada a riqueza e abundancia de polinizadores e avaliada a efetividade da polinização dentro de plantações de café inseridas em paisagens com diferentes quantidades de cobertura florestal. A efetividade da polinização foi medida através de experimentos de exclusão de polinizadores e posterior contagem dos frutos formados. Foi encontrada uma diferença significativa na produção de frutos entre galhos com e sem exclusão de polinizadores. No entanto, essa diferença parece não ter relação com a cobertura florestal da paisagem na escala estudada ou com a diversidade de abelhas encontrada. Outros fatores da paisagem (como proximidade a fragmento florestal e conectividade) e fatores da produção (como variedades do café e uso de pesticidas) podem ter escondido o efeito esperado. PAINEL 28 O comportamento de explosão de operários de Ruptitermes reconditus (Isoptera, Termitidae, Apicotermitinae) tem relação com a faixa etária? Silva L. H. B.1, Poiani, S. B.1 & Costa-Leonardo, A. M.1 1 Laboratório de Cupins, Departamento de Biologia, Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Rio Claro – SP, Brasil. A subfamília Apicotermitinae, a qual engloba alguns cupins sem soldados, destaca-se o gênero Ruptitermes, cujos operários praticam defesa altruística. Os operários de Ruptitermes (oR) apresentam um comportamento de defesa peculiar, caracterizado pela ruptura abdominal e liberação de secreção viscosa, proveniente das glândulas deiscentes, a qual imobiliza seus inimigos. O presente trabalho teve por finalidade verificar se o comportamento de defesa dos operários é eficiente frente a diferentes espécies de cupins (Coptotermes gestroi e Heterotermes tenuis) que foram consideradas como inimigas. Diferentes bioensaios foram realizados colocando-se 5 oR em confronto com 1 soldado e 2 operários de C. gestroi ou H. tenuis. Além disso, análises morfométricas da mandíbula dos oR foram realizadas com a finalidade de obter o índice do formato da mandíbula (I) na tentativa de correlacionar a faixa etária do indivíduo que entrou em combate com os referidos cupins inimigos, sendo que valores altos de I indicam que o indivíduo é jovem enquanto valores baixos de I estão relacionados com indivíduos mais velhos. Os resultados mostraram que dos 5 oR ao menos 2 e no máximo os 5 entram em confronto com os cupins inimigos, sendo que geralmente o confronto ocorre entre o oR e o soldado da outra espécie. Em relação ao valor I, os dados preliminares indicam que não há relação entre a faixa etária do oR e o comportamento de defesa visto que tanto o maior valor de I quanto o menor foram encontrados em oR que explodiram. Em vista dos atuais resultados, pretende-se aumentar a amostragem das mandíbulas dos oR após explosão em bioensaios. PAINEL 29 Temporal aspects of the collective organization of foraging in the leaf-cutting ant Atta sexdens rubropilosa Toledo, M. A. F.1, Ribeiro, P. L.1 & Helene, A. F.1 1 Departamento de Fisiologia,Instituto de Biociências,Universidade de São Paulo (USP); Rua do Matão, Travessa 14, 321 [email protected]. One of the aspects involved in the interplay between task allocation concerning ants polymorphism and foraging trail organization is the temporal organization of the activity by ants of different size. In the case of Atta sexdens, despite the widely known importance of polymorphism in division of labor, its role in determining the temporal activity patterns has not been investigated. It's a matter of major interest in foraging trails, considered the perspective that soldiers, which are big ants patrolling trails, perform a task whose demand is time constant, while medias are largely responsible for foraging, which has preferential time for performance. In order to access if workers of different size differ among their respective temporal activity patterns in trails, we video recorded a 10 cm length of a laboratory captive colony foraging trail, under a set photoperiod, and controlled temperature. By the development of a computational video analysis tool, we could count the ants and measure each of them. In six days we did track more than two hundred thousand ant trips. The following results may be highlighted: (i) trail activity is more intense during darkness than during light (binomial, p < 0.01) ; (ii) activity intensity within each phase is not uniform in time (Kolmogorov-Smirnov, light: K = 0.0714, p < 10e17, dark: K = 0.1269, p < 10e-17 , showing phase anticipation related transients, despite the absence of twilight in the experiment; (iii) ants of different size distinguish among their temporal activity distributions (KolmogorovSmirnov, K = 0.0606, p = 7.4365e-17 ), although not as the previously stated expectations. This observed differences of temporal activity patterns among ants of different size may result from endogenous rhythm mechanisms, and or from behavioral mechanisms of division of labor based in differential response thresholds. PAINEL 30 Resposta transcricional inicial do cérebro larval à nutrição diferencial em castas de Apis mellifera Vieira, J.1, Barbin, F. O.1, Moda, L. M. R.1, Bomtorin, A. D.2, Freitas, F. C. P2, Cristino A. S.,3 Pinheiro, D. G.2,4, Simões, Z. L. P.4, Barchuk, A. R.1 1 Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade Federal de Alfenas, UNIFALMG, Alfenas/MG, Brasil. 2 Departamento de Genética, FMRP, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto/SP, Brasil. 3 Queensland Brain Institute, University of Queensland, Austrália. 4 Departamento de Biologia, FFCLRP, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto/SP, Brasil. Em Apis mellifera, fêmeas alimentadas com grandes quantidades de geléia real ao longo do desenvolvimento larval (rainha) desenvolvem cérebros maiores e mais rapidamente do que aquelas alimentadas com quantidades menores de uma mistura contendo secreções glandulares, pólen e mel (operárias). Esta morfogênese diferencial é evidente a partir do quarto estágio larval (L4; Moda et al. 2013, PLoS One). Como não há diferenças morfológicas aparentes entre cérebros de rainhas e operárias antes deste estágio, hipotetizamos que a alimentação diferencial recebida após a eclosão larval (L1) promove o estabelecimento de cascatas moleculares que levam à morfogênese diferencial do cérebro observada a partir de L4. Usando RNA-Seq analisamos transcriptomas de cérebros de rainhas e operárias L3. Foram identificados 60 genes diferencialmente expressos (GDE), 29 superexpressos em rainhas e 31 em operárias. Entre os genes superexpressos em rainhas, AADC codifica uma enzima responsável pela síntese de dopamina. Considerando que a dopamina desempenha um papel em comportamentos específicos de rainhas e no desenvolvimento ovariano, a maior expressão de AADC pode representar a primeira etapa no caminho molecular que leva à diferenciação morfofisiológica e comportamental entre as castas. Spatzle 2 codifica um membro da família das neurotrofinas, fatores de crescimento que possibilitam a sobrevivência, o desenvolvimento e a manutenção neurais. Assim, a maior expressão de Spatzle 2 no cérebro de rainhas explica o maior e mais rápido desenvolvimento deste órgão em resposta à alimentação diferencial. Entre os genes superexpressos em cérebros de operárias encontram-se três da família das hexamerinas, proteínas envolvidas no desenvolvimento de indivíduos desta casta. Análises in silico sugerem que vários dos GDEs são alvos de miRNAs presentes nas geleias real e, assim, potenciais reguladores da expressão destes genes. Suporte financeiro: FAPEMIG APQ-01714-10; FAPESP 2005/03926-5; FAPESP 2012/02757-9; FINEP/PROINFRA 01/2008, LABSBIOEX UNIFALMG; PIB-PÓS e PROAP/UNIFAL-MG; CNPq; CAPES.