A revolução arquitetônica do Barroco
Transcrição
A revolução arquitetônica do Barroco
CAESP - Artes Aula 15 - 05/08/2016 BARROCO: EUROPA A revolução arquitetônica do Barroco: Com o trabalho de renovação da fé no Catolicismo, foi pensado um novo tipo de organização arquitetônica das igrejas. Cruciforme: ao invés da forma circular e simétrica, ela passou a ter a forma de uma cruz (cruciforme) com uma cúpula alta e imponente onde fica o altar mor, como o ápice do próprio edifício. A nave: é o vasto espaço central onde a congregação se reúne em comunhão para participar da missa olhando na direção final do altar mor. A revolução arquitetônica do Barroco: Braços da cruz (transepto): local para a colocação de duas capelas menores que o altar mor para a adoração de outros santos e a realização de rituais menores. Também é possível que não tenham um dos braços. Nichos laterais: diversas pequenas capelas ao longo de toda a nave central. Esses espaços foram pensados para propiciar aos fiéis locais para as suas adorações particulares a determinados santos. A revolução arquitetônica do Barroco: Fachada em Profundidade: em 1603, Carlo Maderno foi incumbido de terminar o projeto da Basílica de São Pedro, ele opta por criar um efeito “em crescendo” que vai dos estremos para o centro reduzindo o espaçamento entre os elementos da fachada. As pilastras vão sendo transformadas em colunas com um espaçamento cada vez menor entre elas, e a fachada vai se projetando gradualmente. A intenção é fazer com que o olhar do observador vá se concentrando para a porta central de entrada do edifício. Carlo Maderno – Basílica de São Pedro – Vaticano – 1626 Carlo Maderno – Basílica de São Pedro – Vaticano – 1626 Carlo Maderno – Basílica de São Pedro – Vaticano – 1626 Carlo Maderno – Sant'Andrea della Valle – 1590–1650 A revolução arquitetônica do Barroco: Ornamentos desafiantes do clássico: uma característica importante do Barroco é utilizar os ornamentos não como simples adereços, mas como parte integrante do conjunto da obra. De forma tal que se forem retiradas as curvas, volutas e espirais as obras perdem completamente a identidade e desmoronam vazias. Os ornamentos são parte integrante da composição que lhe conferem unidade e coerência. A intenção dos arquitetos barrocos era a superação do clássico com novas estruturas de composição que não eram simples adereços, mas partes integrantes da nova linguagem artística. A revolução arquitetônica do Barroco: Unidade na estrutura complexa: o uso das curvas, volutas e espirais, além de ser um novo elemento para o vocabulário e a gramática arquitetônicos, era também um desafio de construção da unidade em um todo que era cada vez mais complexo. Quando eles são vistos independentemente da obra, parecem desconexos e desnecessários, porém, eles devem ser vistos em conjunto. Os barrocos tinham que ser cada vez mais engenhosos na busca da unidade em um vasto padrão de ornamentos na composição. Igreja de São Michel - Leuven, Bélgica - 1650 Escultura A Barroca (“complemento invisível”): escultura barroca busca evitar a autossuficiência do Renascimento. É como se as esculturas necessitassem de um complemento de outra ou outras esculturas. Essa ilusão da presença de outros elementos além da estátua é conhecida como “complemento invisível”. A intenção do artista é criar uma estátua que dialoga com o espaço de seu entorno formando um discurso dramático que é a própria obra em si. Escultura A Barroca (“complemento invisível”): estatuaria barroca é muito mais do que a própria peça, ela é um discurso dramático com os necessários (para a compreensão da obra) “complementos invisíveis”. Inclusive é importante lembrar que a cenografia se desenvolve muito durante o Barroco através das técnicas de construção desses espaços ilusórios com dramaticidade. Gianlorenzo Bernini – David – 1623 Gianlorenzo Bernini – O êxtase de Santa Tereza – 1645-52 Gianlorenzo Bernini – O êxtase de Santa Tereza – 1645-52 David - Donatello – Michelangelo – Bernini Críticos Entre da arte: os séculos XVI e XVII surgem os primeiros grupos de debates sobre a Arte e a Teoria da Arte. Eram mais grupos de “cavaleiros eruditos” que se enfrentavam em debates comparativos sobre a atual produção artística e os mestres do passado. Aqui, pela primeira vez, surge o debate sobre a posição hierárquica do desenho e da cor, ou seja, qual dos dois deve ter superioridade. Esse debate chegará até o século XX. Pintura barroca: Surge também como uma reação à ameaça dos estilos anteriores caírem em uma rotina perigosa para a criação artística, pois sem originalidade, a arte deixa de existir. Assim, os pintores barrocos vão dar mais ênfase à luz do que a cor, vão desprezar as formas mais simples e bem estabelecidas de equilíbrio e optar por composições mais complexas. Barroco, gêneros imagéticos: Cenas históricas e mitológicas: reprodução do imaginário europeu sobre a mitologia greco-romana e transposição de cenas oriundas tradição cristã para o ambiente cotidiano europeu. Retratos: são figurados grupos, indivíduos ou os autorretratos (o artista passa para “a frente” da obra). Paisagens: o gosto pelas paisagens demonstra um orgulho pelo desenvolvimento que a Europa experimenta nesse período de desenvolvimento econômico e de urbanização. Naturezas-mortas: são composições que buscam, através da disposição de elementos (tradicionalmente) inanimados, a expressão de um momento da vida cotidiana. Caravaggio: intenso em todos os aspectos, na arte e na vida. Sua intenção era retratar a verdade tal qual ela se apresentava aos seus olhos, desprezava os modelos clássicos de beleza. Ele rompia com todas as convenções da arte de seu tempo e desejava repensar a arte. Ele possuía uma atitude quase niilista em relação a arte. Seus quadros parecem trazer uma intenção de criticar e contrastar com todas as tradições artísticas e socais da época. Porém ele argumentava que era mais realista do que um incendiário. Caravaggio (luz e sombra): ele utiliza a luz e a sombra de forma que os corpos são ásperos e quase ofuscados no contraste entre a iluminação direta e as sombras profundas. Caravaggio: A Invocação de St. Mateus (1600) Caravaggio – Crucificação de São Pedro – 1601 Caravaggio – Tomé, o incrédulo – 1602-03 Caravaggio: muito provavelmente o que ocorria com ele é que, como homem muito devoto, ele desejava representar os eventos bíblicos não como apenas mensagens metafóricas, mas além disso, como acontecimentos reais, tangíveis. A ideia básica dele parece ser trazer o mito para a realidade e, assim, aproximar o fiel mais ainda dos exemplos dos santos. Artemisia Gentileschi (1593 – 1656): filha de um discípulo de Caravaggio (Orazio Gentileschi). Seus temas são centrados nas heroínas da mitologia greco-romana e judaico-cristã. A artista tem a história de vida marcada pelo estupro perpetrado por seu professor que foi inocentado do crime. Pode se falar de uma pintura com temas “feministas”, ou, ao menos, de um clamor pela presença na arte das heroínas que ficaram relegadas ao esquecimento. Artemisia Gentileschi: www.artemisia-gentileschi.com Ester perante Xerxes (1622-3) Autorretrato como alegoria da pintura (1638-9) Artemisia Gentileschi: www.artemisia-gentileschi.com Judith decapitando a Holofernes(1620-1) Judith e a serva com a cabeça de Holofernes (1625) Peter Paul Rubens (1577 – 1640): católico fervoroso oriundo dos Países Baixos da capital Antuérpia (da porção espanhola), foi para Roma para estudar a arte italiana e ali desenvolver o seu estilo próprio. De volta a Antuérpia se estabelece na corte do regente espanhol e poder atuar como artista e diplomata. Sua pintura é marcada pela influência italiana em corpos profundamente renascentistas, com a musculatura proeminente e sentimentos marcados e impiedosos. Também meticuloso nos detalhes realistas nas obras. Peter Paul Rubens: A queda de Faetonte (1604-5) Diego Velázquez (1599 – 1660): profundamente ligado a corte espanhola, assim como Rubens, do qual era amigo. Além de artistas também é historiador da arte e curador, duas funções que desempenhou não como forma de obtenção de renda, mas para o aprimoramento da sua técnica e o desenvolvimento do seu próprio estilo. Para ele, estudar arte, era buscar o desenvolvimento de sua própria técnica e estilo. Diego Velázquez (1599 – 1660): A rendição de Breda (1635-36) As Meninas (1656) Rembrandt van Rijn (1606 – 1669): inicialmente ele possui um estilo com iluminação muito forte e distribuída na tela e com extremo realismo. Isso se deve à influência do estilo de Caravaggio. Porém, depois de 1640 ele demonstrará um estilo próprio marcado pela teatralidade da luz e os elementos de decoração oriental. Após 1950 ele enfrenta uma grave crise financeira que muda tematicamente a sua pintura para mais retratos e gravuras (principalmente a água-forte). Rembrandt van Rijn (1606 – 1669): Cegamento de Sansão (1636) Tempestade no Mar da Galiléia (1633) Rembrandt van Rijn (1606 – 1669): Cavalariço polonês (1655) Boi esquartejado (1655) Muito obrigado. Bons estudos! Prof. Heleno Licurgo do Amaral <[email protected]>
Documentos relacionados
A PRESENÇA DA LUZ E DA SOMBRA NAS IGREJAS BARROCAS
emoção e não apenas pelo raciocínio. Sendo assim as igrejas barrocas transmitem essas sensações ao ser humano, assim que ele entra em contato com a magnitude desses espaços, a emoção se faz present...
Leia mais